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EXPEDIENTE
Foto: Rayudu NVS
Contato: quadrinhos@mpt.mp.br
Facebook: www.facebook.com/
MPT-em-Quadrinhos
ih, lá vem você
A série “MPT em Quadrinhos” teve início ih, darinha!
com esse mimimi! é só
modo de falar, darinha!
em junho de 2012 dentro do projeto “O nem te vi aí! aqui a gente usa a
linguagem do
MPT, a Sociedade e o Cidadão”, vinculado à povão!
Vitória/ES - maio/2021
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a galera que
lê nosso jornal, “sororidade*
odara! que quer saber no futebol: rivais
da nova dancinha do fazem cerco para que ai, que
gabigol, quem neymar tá jogadora muçulmana ódio!
namorando, coisas que ajeitar o hijab”
rendem cliques, e
não isso daí!
o que tem
de errado no
meu artigo? bate na madeira, odara! um
chefe racista como aquele
calma,
tá, é? ninguém merece!*
prima!
ninguém
merece, mesmo!
calma nada, tanto, que ele
larissa! você sabe como foi demitido.
eu ralei pra conseguir
esse emprego. o meu
editor é tão preconcei-
somos a editoria ...mas é nesta tuoso que quase me deu
de esportes, darinha! editoria que eu fico saudades da loja
guerra e terrorismo horrorizada com tanto de sapatos!
são na editoria de preconceito. e é
internacional! odara, não nossa,
darinha! o banheiro tá tão
organizado! nem
parece ter um
cara morando
aqui com
você!
guerra
e terror podem
ser na outra
editoria...
ei, calma,
é uma brinca-
não tem um cara deira só!
morando aqui, joão! é
uma mulher trans e o
nome dela é tainá!
mas é assim
que começa. né,
joão?
ah eu sei,
mas o fato dele,
digo, dela ter sido
um homem devia
fazer dela uma
pessoa desor- é!
eu falei que com uma
ganizada, né?
mulher numa editoria de brincadeira
esportes não dá certo! preconcei-
chega essa época do tuosa.
mês dá nisso...
ai, joão...
que vergonha!
*Sororidade: relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs. *Ver MPT em Quadrinhos nº 40 – Racismo x Igualdade
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desculpa mesmo,
viu? meu pai é meio
temperamental.
você emitiu
uma opinião sem isso! dela!
exame crítico. desculpe.
mas não
adianta essa atitu- o que o seu pai tem é
de de não falar se outro nome, querida. ele
você pensa dessa é um preconceituoso, que
forma, joão! não sabe o quanto dói ser
discriminada por ser uma
pessoa trans.
mas é que
ele é de outro
tempo e não
entende as
escolhas de
vocês...
“temperamental?” escolha?
o preconceito,
como o próprio nome diz,
é um pré-julgamento, uma eu não escolhi ser uma mulher trans,
opinião concebida sem pro- camila! eu nasci com uma identidade de gê-
fundidade. uma pessoa como a nero diferente para qual corpo que nasci.
tainá, por exemplo, que é uma escolha tem o seu pai, cliente de um plano
mulher trans atuante na área pronto! de saúde, aproveita do privilégio para
da saúde, sofre com está pronto escolher quem o atende, sem a menor
o preconceito pra tomar sua vergonha na cara!
diariamente. injeção?
não vai
doer nada, seu
gerson!
olha,
entendo sua
indignação, mas
respeite o meu
o que? eu nem sei
pai!
ah não, pai! não vou como te dizer isso,
falar isso com ela. enfermeira...
tá doido?
E o que
você quer dizer
com isso?
pessoas trans
são vítimas de precon-
ceito diariamente, joão. acho que a primeira
e não só as pessoas vez que eu percebi que ser
trans, mas negras, gor- quem eu sou traria a mim
das, mulheres, velhos... algumas dificuldades, foi
o preconceito é praticado quando meu pai me pediu
de diversas formas. para eu me “sentar
como homem”.
NO caso da Tainá,
ela até já levou isso para a
quando eu ainda usava o
administração do hospital, mas
nome de batismo, questio-
é sempre orientada a RELE-
navam tudo em mim.
VAR, porque o cliente
sempre tem razão.
não só
obrigado para você,
pelo seu querida... numa sociedade que
depoimento, privilegia o homem branco
nossa, hétero, a pessoa que tiver
tainá. que forte! mais elementos compatíveis
com essas especificidades é
mais amparada pela sociedade.
o que estamos
primeiro fazendo aqui é muito mas pensando
implicaram com o meu importante, gente... assim, uma pessoa
cabelo, depois provoca- com deficiência,
vam que eu não tinha com- negra e lésbica, por se juntarmos
petência para trabalhar exemplo, sofreria todos os homens brancos
com a empilhadeira. dez um combo de pre- empregados e tirarmos uma média
anos de experiência e te- conceitos! de rendimentos e comparamos com os
nho que ouvir isso de um das mulheres pretas, chegamos a um
colega de trabalho! nossa, ficou número alarmante*: a mulher preta
ótimo. quer dizer, ganha o equivalente a 44,4% salário
é triste, mas... de um homem branco, sendo
é verdade! a menos remunerada em
todas as comparações.
é exatamente
esta a sensação,
amor.
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vendo os
números... há e você, odara,
uma diferença parabéns pela coragem
real, chega a ser de não abaixar a cabeça
vergonhosa. diante das adversidades.
alguns campos de traba-
lhos são carregados
de preconceitos.
certo!
a mulher preta quem fez
fica atrás do homem preto/ isso?
pardo e da mulher branca, a senhora é uma
nesta ordem. meritocracia inspiração. mesmo numa
ou preconceito? sociedade racista e misógina,
conquistou um cargo de diretora
executiva do jornal.
fez o que?
por que você está
apontando esse
dedo pra mim? foi uma
denúncia anôni-
ma, senhor
jurandir!
doutora
marlene?
eu tenho
orgulho deste
time!
usaram o aplicativo
pardal do mpt e denun-
ciaram a forma racista
e capacitista* como você
trata, não só a sua única
jornalista mulher e preta,
mas também os dois eu
repórteres de também!
sua equipe.
guarde suas
explicações para o mpt,
doutora senhor jurandir. o senhor
marlene, eu vai ter que prestar
não imaginava esclarecimentos por lá
que... também. depois conversa-
mos sobre o seu futuro
neste jornal.
»joão:
Precionceito Cultural: Associados a etnocentrismo – uma etnia
hospital está fazendo
uma revista em quadrinhos
para conscientizá-los! ...quer me dar uma tainá e odara:
entrevista falando da
sua dificuldade de ser predominante, geralmente a branca – e a xenofobia – preconceito contra
um homem em
pessoas de outros países ou regiões.
e você vai .
desconstrução?
ser desenhado
na cartilha,
tainá?
FIM
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