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EXPEDIENTE
Foto: Rayudu NVS
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MPT-em-Quadrinhos
Vitória/ES - maio/2021
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Ah, é brincadeira!
Você tem que ficar
chateado com o seu time,
que só contrata velhos
caquéticos!
oi???
defina “povão”,
ademar!
Jurandir!
Você sabe que o
que você fez é um
tipo de preconceito
com pessoas mais
velhas? Chama-se
etarismo.
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a galera que
lê nosso jornal, “sororidade*
odara! que quer saber no futebol: rivais
da nova dancinha do fazem cerco para que
gabigol, quem neymar tá jogadora muçulmana
namorando, coisas que ajeitar o hijab”
rendem cliques, e
não isso daí!
o que tem
de errado no
meu artigo?
tá, é?
guerra
e terror podem
ser na outra
editoria...
eu falei que
mulher numa editoria de
esportes não dá certo!
chega essa época do
mês dá nisso...
*Sororidade: relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs.
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ai, que
ódio!
nossa,
o banheiro tá tão
organizado! nem
parece ter um
cara morando
aqui com
você!
ei, calma,
é uma brinca-
não tem um cara deira só!
morando aqui, joão! é
uma mulher trans e o
nome dela é tainá!
mas é assim
que começa. né,
joão?
ah, eu sei.
mas o fato dele,
digo, dela ter sido
um homem devia
fazer dela uma
pessoa desor- é!
ganizada, né? com uma
brincadeira
preconcei-
tuosa.
ai, joão...
que vergonha!
dela,
não é não, amor!
querido!
você emitiu
uma opinião sem isso! dela!
exame crítico. desculpe.
mas não
adianta essa atitu-
de de não falar se
você pensa dessa
forma, joão!
o preconceito,
como o próprio nome diz,
é um pré-julgamento, uma
opinião concebida sem pro-
fundidade. uma pessoa como a
tainá, por exemplo, que é uma
mulher trans atuante na área está pronto
da saúde, sofre com pra tomar sua
o preconceito injeção?
diariamente. não vai
doer nada, seu
gerson!
eu nem sei
o quê? ah não, pai! como te dizer isso,
não vou falar isso enfermeira...
com ela. tá doido?
hm... nem
algum precisa dizer, querida.
problema? eu estou reconhecendo
o olhar do seu pai.
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nada pessoal!
eu vou chamar só não acho que
um enfermeiro ou algumas coisas
enfermeira cis para estejam certas.
o seu pai.
desculpa mesmo,
viu? meu pai é meio
temperamental.
mas é que
ele é de outro
tempo e não
entende as
escolhas de
vocês...
“temperamental?” escolha?
olha,
entendo sua
indignação, mas
respeite o meu
pai!
E o que
você quer dizer
com isso?
eu não
acredito nesse
absurdo!
pessoas trans
são vítimas de precon-
ceito diariamente, joão.
e não só as pessoas
trans, mas negras, gor-
das, mulheres, velhos...
o preconceito é praticado
de diversas formas.
NO caso da Tainá,
ela até já levou isso para a
administração do hospital, mas
é sempre orientada a RELE-
VAR, porque o cliente
sempre tem razão.
mas eu vou
as pessoas precisar da
precisam saber o ajuda de
quanto o precon- vocês!
ceito afeta a vida
das pessoas...
e eu
acho que pode
já sei como contar com
fazer a gente,
isso! prima!
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não só
obrigado para você,
pelo seu querida...
depoimento, nossa,
tainá. que forte!
pessoas
com deficiência Assim que
são vistas como ouvem minha voz,
incapacitadas e, rola a pergunta:
muitas vezes, não você é gay? O que tem
conseguimos subir na a ver o fato de eu
carreira, mesmo com ser gay com a limpeza
vaga disponível. em bucal que ele tem
geral, as vagas que que fazer? já me
nos oferecem estão perguntaram se
muito aquém de nossa eu tenho alguma
capacidade, é quase doença,
uma ofensa. acredita?
o que estamos
primeiro fazendo aqui é muito
implicaram com o meu importante, gente...
cabelo, depois provoca-
vam que eu não tinha com-
petência para trabalhar
com a empilhadeira. dez
anos de experiência e te-
nho que ouvir isso de um
colega de trabalho! nossa, ficou
ótimo. quer dizer,
é triste, mas...
é exatamente
esta a sensação,
amor.
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maricas! preto!
sapatão! aleijada!
balofo!
carvão!
macho
babaca!
mas pensando
assim, uma pessoa
com deficiência,
negra e lésbica, por se juntarmos
exemplo, sofreria todos os homens brancos
um combo de pre- empregados e tirarmos uma média
conceitos! de rendimentos e comparamos com os
das mulheres pretas, chegamos a um
número alarmante*: a mulher preta
ganha o equivalente a 44,4% salário
de um homem branco, sendo
é verdade! a menos remunerada em
todas as comparações.
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vendo os
números... há
uma diferença
real, chega a ser
vergonhosa.
certo!
a mulher preta quem fez
fica atrás do homem preto/ isso?
pardo e da mulher branca,
nesta ordem. meritocracia
ou preconceito?
o ministério
público do trabalho
recebeu uma denúncia de
preconceito contra mim, dizendo
que eu estava assediando
funcionários, e isso só
pode ter vindo
de você!
fez o quê?
por que você está
apontando esse
dedo pra mim? foi uma
denúncia anôni-
ma, senhor
jurandir!
doutora
marlene?
usaram o aplicativo
pardal do mpt e denun-
ciaram a forma racista
e capacitista* como você
trata, não só a sua única
jornalista mulher e preta,
mas também os dois
repórteres de
sua equipe.
Pelo jeito,
a denúncia era verdadeira.
sabe que o jornal foi intima-
do a dar esclarecimen-
tos por sus conduta,
não?
guarde suas
explicações para o mpt,
doutora senhor jurandir. o senhor
marlene, eu vai ter que prestar
não imaginava esclarecimentos por lá
que... também. depois conversa-
mos sobre o seu futuro
neste jornal.
e você, odara,
parabéns pela coragem
de não abaixar a cabeça
diante das adversidades.
alguns campos de traba-
lho são carregados
de preconceitos.
a senhora é uma
inspiração. mesmo numa
sociedade racista e misógina,
conquistou um cargo de diretora
executiva do jornal.
eu tenho
orgulho deste
time!
eu
também!
e por falar só
em ideias, você não vai se for
me mostrar o que tra- agora!
balho que seus colegas
elogiaram?
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No final de
semana...
quer dizer que
você vai comandar um
canal do jornal, na
web? que massa,
odara!
é! o jornal já
tinha um projeto de
fazer mini documentários
e esse também mudou a
ideia que tinham de cha-
mar os nossos leitores
de “povão”, como se o
adjetivo os eu estou
desmerecessem! orgulhosíssima
da minha
prima!
desenhada,
né joão? gasp!
desculp a,
tain... cof!
cof!
e eu? graças
a ela, conversei com
a empresa sobre os
abusos que eu sofria
por parte dos clientes e
o hospital está fazendo
uma revista em quadrinhos
para conscientizá-los! ...quer me dar uma
entrevista falando da
sua dificuldade de ser
um homem em
e você vai desconstrução?
ser desenhado
na cartilha,
tainá?
há! há!
há! hã...
há! há!
há!
FIM
Além do racismo, que é o preconceito contra pessoas de etnias
diferentes, do qual no Brasil se destaca o ódio contra pessoas
pretas, há diversos tipos de preconceitos que comprometem o
convívio social e afetivo que precisam ter um fim já:
» Capacitismo:
tainá: Ofender PcDs (Pessoas com Deficiências) ou usar
termos relacionados a PcDs como xingamento.
joão:
larissa:
»joão:
Precionceito Cultural: Associados a etnocentrismo – uma etnia
tainá e odara:
predominante, geralmente a branca – e a xenofobia – preconceito contra
pessoas de outros países ou regiões.
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Realização