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GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
AULA 2

Prof. Rafael Zamodzki


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, deseja-se que o aluno:

 Conheça os tipos de turbinas hidráulicas utilizados nas usinas


hidrelétricas;
 Conheça os tipos de geradores utilizados nas usinas e as principais
características do estator e do rotor desses geradores.

Com base nesse conhecimento, será possível identificar as


características de turbinas de ação e de reação, entender como selecionar
turbinas de acordo com a topologia da usina hidrelétrica, reconhecer os tipos de
geradores elétricos e suas características, bem como seus componentes
internos, como rotor e estator.
Esta aula está organizada em cinco temas, distribuídos da seguinte forma:

 Tema 1 – Turbina de ação e reação;


 Tema 2 – Seleção de turbinas;
 Tema 3 – Tipos de gerador;
 Tema 4 – Características elétricas e componentes do estator;
 Tema 5 – Características elétricas e componentes do rotor.

TEMA 1 – TURBINA DE AÇÃO E REAÇÃO

Segundo a ABNT, turbina de ação é a “turbina em que a energia mecânica


é obtida pela transformação da energia cinética do fluxo d’água por meio do
rotor” (2016). O mesmo documento define turbina de reação como a “turbina em
que a energia mecânica é obtida pela transformação das energias cinética e de
pressão do fluxo d’água, através do rotor”.
As turbinas de reação são dotadas de dispositivo regulador da admissão
da água, possuindo a capacidade de distribuí-la igualmente por todas as
entradas do rotor. Possuem também um tubo de sucção. Já nas turbinas de
ação, um ou mais jatos são descarregados na direção das conchas do rotor. São
dotadas de dispositivo para regular a descarga da água (Schreiber, 1978).
As turbinas de reação são divididas em dois tipos:

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 Francis;
 Kaplan.

Já as turbinas de ação são as do tipo Pelton (ABNT, 2016; Schreiber,


1978). Nas seções a seguir, cada um desses tipos de turbina será descrito com
mais detalhes.

1.1 Turbina Francis

A NBR 6445:2016 define turbina Francis como “turbina de reação, na qual


o fluxo d’água penetra radialmente no distribuidor e no rotor, no qual as pás são
fixas”.
O rotor das turbinas de reação, como é o caso da turbina Francis, gira
dentro da corrente d’água. Dessa forma, a jusante do rotor, pode ser que haja
pressão negativa, algo que deve ser considerado no projeto da turbina
(Schreiber, 1978). O rotor Francis é definido pela NBR 6445:2016 como
“elemento rotativo fixado ao eixo, constituído por certo número de pás de
curvatura adequada, fixadas ao cubo e à cinta”. O cubo e a cinta são os
elementos do rotor em que estão fixadas as bordas superiores e inferiores das
pás, respectivamente.
A Figura 1 apresenta um exemplo de turbina Francis.
Figura 1 – Aspecto construtivo da turbina Francis

Fonte: Mariusz Hajdarowicz/Shutterstock.

A água que sai do conduto forçado é conduzida ao rotor utilizando uma


caixa de aço em forma de espiral, como mostra a Figura 2. A turbina deve estar
bem fixada à estrutura da caixa espiral para que a água seja orientada
corretamente ao rotor. Em usinas de baixa queda, a caixa está ligada
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diretamente à tomada d’água (e não ao conduto forçado), sendo construída em
concreto (e não em aço) e de forma semiespiral. As turbinas Francis são
projetadas para quedas entre 20 m e 600 m (Schreiber, 1978).

Figura 2 – Caixa espiral de aço

Fonte: Emel82/Shutterstock.

Outro aspecto construtivo que podemos destacar é com relação ao


distribuidor (ou anel de aletas ajustáveis), que se encontra em frente à entrada
do rotor. Com esse dispositivo, é possível controlar a descarga pois, após o anel
receber o comando para regular o fluxo de água, esse comando é transmitido
para os mecanismos de acionamento das aletas (Schreiber, 1978).

1.2 Turbina Kaplan

A turbina Kaplan é uma turbina de reação, como a Francis, porém, em vez


de pás e aletas, tem hélices. A NBR 6445:2016 a define como “turbina de reação,
na qual o fluxo d’água tem direção radial no distribuidor, aproximadamente axial
na entrada do rotor, analogamente à turbina-hélice, porém no qual as pás têm
passo regulável em funcionamento”.
As turbinas com hélices surgiram depois que se notou a dificuldade de
operação de turbinas Francis em baixas quedas (abaixo de 20 m). Existem
outros tipos de turbinas de hélices além das Kaplan. A diferença é que estas têm
pás ajustáveis, permitindo o controle do ângulo dessas pás com o sistema em

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funcionamento. Já as turbinas-hélice (chamadas assim de forma genérica)
possuem pás fixas em funcionamento, permitindo ajustes na angulação somente
com o sistema fora de operação (Schreiber, 1978).
As turbinas com pás fixas raramente são utilizadas, pois possuem curvas
de rendimento que variam muito com a variação da carga. Já as turbinas com
pás ajustáveis (Kaplan) corrigem esse problema, ajustando a curva de
rendimento e otimizando a operação (Schreiber, 1978). A Figura 3 apresenta
uma turbina Kaplan.

Figura 3 – Turbina Kaplan

Fonte: Nos acalmamos/Shutterstock.

O rotor da turbina Kaplan possui de 4 a 8 pás, parâmetro que influencia


diretamente na sua velocidade de rotação. As pás são ajustadas pelas
manivelas, bielas e uma cruzeta; esta, por sua vez, é movimentada por um
servomotor, geralmente alojado na ogiva do cubo do rotor (parte inferior da
turbina mostrada na Figura 3). Apresenta-se, na Figura 4, o corte de uma turbina
Kaplan instalada dentro de uma estrutura metálica.

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Figura 4 – Corte de turbina Kaplan em estrutura metálica

Fonte: Karel Gallas/Shutterstock.

1.3 Turbina Pelton

A definição de turbina Pelton para a NBR 6445:2016 é “turbina de ação


na qual o fluxo d’água incide sob a forma de jato sobre o rotor possuindo pás em
forma de duas conchas. A direção dos jatos é paralela em relação ao plano do
rotor”. Dessa forma, diferente das turbinas Francis e Kaplan, a Pelton é uma
turbina de ação, e não de reação, e sua rotação é feita pelos jatos lançados em
suas conchas. Na Figura 5, apresenta-se uma turbina Pelton.

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Figura 5 – Turbina Pelton

Fonte: Satakorn/Shutterstock.

Dentre as turbinas já citadas, as Pelton são as projetadas para as maiores


quedas d’água, chegando a 1000 m, por exemplo. A turbina é construída de
forma que um ou vários jatos de água são orientados contra as conchas do rotor
da turbina. As rotações do rotor dependem da altura da queda e do seu diâmetro.
Já a potência da turbina depende do diâmetro do jato (Schreiber, 1978).
Para o projeto de turbinas Pelton, deve-se considerar o diâmetro do jato,
as dimensões da concha e o número de injetores. Na prática, convenciona-se
que a relação entre o diâmetro do rotor (D, medido do centro do jato ao centro
do eixo da turbina) e o diâmetro do jato (d) não deve ser menor que 10,
conforme (1) (Schreiber, 1978).
D
 10 (1)
d
Outro componente da turbina Pelton é a agulha, a qual tem a função de
regular a vazão que passa pelos injetores e a potência da turbina. As agulhas
podem se fechar totalmente com a abertura do injetor, sendo movimentadas por
hastes e servomotores. Outro dispositivo presente nessas turbinas é o defletor,
que desvia o rotor do jato d’água (Schreiber, 1978).
As Figuras 6 e 7 apresentam, respectivamente, as conchas da turbina
Pelton em detalhe e um injetor utilizado em turbinas Pelton.

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Figura 6 – Detalhe das conchas da turbina Pelton

Fonte: Satakorn/Shutterstock.

Figura 7 – Detalhe de um injetor usado em turbinas Pelton

Fonte: David Hajes Hajek/Shutterstock.

TEMA 2 – SELEÇÃO DE TURBINAS

Para selecionar o tipo de turbina a ser utilizado em uma usina, deve-se


levar em conta a queda líquida, medida em metros, e a vazão de projeto por
turbina, em m³/s. A Figura 8 apresenta a relação entre os parâmetros citados,
em que discharge (eixo vertical) corresponde à vazão, e head (eixo horizontal),
à altura da queda.

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Figura 8 – Parâmetros utilizados para determinar o tipo de turbina

Fonte: Hidroenergia, 2018.

Percebe-se que as turbinas Kaplan são utilizadas para quedas d’água


entre 2 e 50 m e para vazões entre 0,5 e 100 m³/s. As turbinas Francis são mais
aplicadas nos casos em que a queda d’água vai de 7 a 300 m, e a vazão, de 0,2
a 40 m³/s. As turbinas Pelton, por sua vez, são aplicadas para quedas d’água de
60 a 1000 m e vazões de 0,02 a 9 m³/s.
Nota-se que há sobreposição de aplicação entre a turbina Francis e os
outros dois tipos. Por isso, fatores como custo e local de instalação devem ser
considerados para definir qual tipo de turbina será utilizado.
Questões relacionadas ao transporte das peças das turbinas também
influenciam na escolha. A turbina Kaplan pode ser transportada em várias partes,
enquanto o rotor de uma turbina Francis deve ser transportado sem ser
desmontado (Schreiber, 1978).

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TEMA 3 – TIPOS DE GERADOR

A energia elétrica não é gerada apenas por turbinas. A energia potencial


da água contida no reservatório é convertida em energia cinética quando desce
pelo conduto forçado. Quando atinge as pás da turbina esta energia cinética é
convertida em energia mecânica permitindo a rotação do rotor. A interação
eletromagnética entre o rotor em movimento e o estator gerará a energia elétrica.
Na maioria das usinas hidrelétricas, o tipo de gerador utilizado é o
síncrono, que tem uma vantagem sobre outros geradores de corrente alternada:
operar com fator de potência indutivo, capacitivo e resistivo (Bim, 2012).
Pode-se dividir os geradores síncronos em “geradores de polos lisos” e
“geradores de polos salientes”, de acordo com o aspecto construtivo do seu rotor.
Aqueles operam com velocidade bem maior do que estes, e são aplicados em
usinas termelétricas, nas quais as turbinas são movidas a vapor com a queima
de combustíveis fósseis (carvão, gás, óleo etc.). Nesse caso, são utilizados
poucos polos, geralmente geradores de dois e quatro polos. Já os geradores de
polos salientes são aplicados nas usinas hidrelétricas, operando em velocidade
menor, e o número de polos pode chegar a 78 (Bim, 2012).
Neste tema serão apresentadas as principais características dos
geradores de polos lisos e de polos salientes.

3.1 Geradores de polos lisos

São amplamente utilizados nas usinas termelétricas, podendo atingir


potências de até 1500 MW por unidade geradora. Atingem velocidades mais
altas do que os geradores de polos salientes, podendo chegar a 3600 rpm.
Também podem ser chamados de “turbogeradores”, possuindo rotores com
diâmetro de até 1,5 m, comprimento superior a 8 m e peso em torno de 120
toneladas (Moreira, 2017). A Figura 9 apresenta um exemplo de gerador de
polos lisos.

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Figura 9 – Gerador síncrono de polos liso

Fonte: Arrogante/Shutterstock.

Juntamente à estrutura robusta de um gerador, existem outros


subsistemas necessários para garantir sua operação adequada. É importante
considerar aspectos ligados à termodinâmica e à mecânica. A relação D/L (D =
diâmetro do rotor; L = comprimento axial do rotor) nos geradores de polos lisos
é, geralmente, inferior a 0,2 com eixo horizontal. Esses geradores podem ser
utilizados também em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) (Moreira, 2017).

3.2 Geradores de polos salientes

São amplamente utilizados nas usinas hidrelétricas, devido às suas


características de elevado número de polos e baixa velocidade de rotação (72 a
180 rpm). As unidades geradoras nas hidrelétricas chegam a atingir 800 MW de
potência. Quando aplicados nas hidrelétricas, são conhecidos como
“hidrogeradores” (Moreira, 2017).
Nesse caso, a razão D/L é geralmente maior que 4 para eixo vertical, e o
diâmetro do rotor pode atingir 18 m e pesar 1700 toneladas. Na Figura 10,
apresenta-se um gerador síncrono de polos salientes. A imagem em primeiro
plano é do estator da máquina e, em segundo plano, do rotor (Moreira, 2017).
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Figura 10 – Gerador síncrono de polos salientes

Fonte: Angelo Modesti/Shutterstock.

Esses geradores não se limitam às usinas hidrelétricas; também são


utilizados em usinas térmicas de pequeno e médio porte, de até 25 MW. Quando
usados nessas usinas, apresentam características diferentes das usadas nas
hidrelétricas. O número de polos é reduzido para valores entre 4 e 8, e as
rotações elevam-se para 900 a 1800 rpm. A relação D/L cai para valores entre
0,5 e 1 (Moreira, 2017).

TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS E COMPONENTES DO ESTATOR

Uma máquina síncrona é composta basicamente por dois componentes:


estator e rotor, que formam sua parte ativa, ou seja, a porção do gerador que
promove a conversão eletromecânica de energia. A característica do estator não

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depende de o rotor ser composto por polos lisos ou salientes; segue sempre os
mesmos padrões construtivos (Moreira, 2017).
Esse estator é representado pela Figura 11.

Figura 11 – Estator do gerador síncrono

Fonte: Moreira, 2017.

O estator é uma das partes essenciais da máquina síncrona, justamente


porque é a porção da máquina na qual a energia é produzida e posteriormente
fornecida para o sistema elétrico (Moreira, 2017).
Ele é formado por um núcleo ferromagnético e possui formato cilíndrico.
Esse núcleo é composto por chapas de aço silicioso de espessura muito
pequena, isoladas umas das outras e prensadas axialmente. Como nos
transformadores elétricos, a construção com chapas metálicas é feita com o
objetivo de limitar as perdas no ferro, devido à variação no tempo do campo
magnético estabelecido no núcleo (Moreira, 2017).
As bobinas do estator ficam presas às ranhuras feitas na parte interna do
cilindro do núcleo, e são distribuídas ao longo de todo o perímetro do estator.
Elas constituem o que podemos chamar de “enrolamento do estator”, sendo
compostas por condutores de cobre isolados entre si por um verniz isolante.
Também podemos chamá-las de “enrolamento de armadura” (Moreira, 2017).
Entre o estator e o rotor da máquina, existe um pequeno espaço chamado
“entreferro”, no qual o campo magnético varia, induzindo uma tensão na bobina
do estator. Essa tensão gerada possui ordem de 6,6 a 24 kV e, posteriormente,
será elevada com um transformador para os níveis adequados de transmissão
de energia (Moreira, 2017).

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TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS E COMPONENTES DO ROTOR

O rotor, diferentemente do estator, é a parte rotativa da máquina, que


interage com o estator para converter a energia cinética transmitida ao gerador
pela turbina em energia elétrica (por meio do eixo que conecta a turbina ao
gerador). O rotor possui a função de produzir um campo magnético variável no
entreferro da máquina, para que a tensão seja induzida no enrolamento de
armadura (bobinas do estator) (Moreira, 2017).
Neste capítulo será possível entender quais são as características
elétricas e os componentes dos rotores de polos salientes e de polos lisos.

5.1 Rotor de polos salientes

Possui poucos polos (4 ou 6) e é construído em peça única, obtida pela


estampagem de chapas de elevada espessura ou pela usinagem de um cilindro
forjado em aço. O aspecto construtivo de um rotor de polos salientes é
apresentado na Figura 12.

Figura 12 – Rotor de polos salientes

Fonte: Moreira, 2017.

O núcleo do rotor, diferentemente do estator, pode ser constituído de aço


carbono maciço ou laminação espessa, já que o fluxo magnético no rotor é
invariante no tempo, fazendo com que não haja perdas no ferro. Ao redor de
cada um dos polos, existem os enrolamentos de excitação, chamados também
de “enrolamentos de campo”. Estes recebem alimentação em corrente contínua

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(CC) de uma fonte externa à máquina. Essa corrente de excitação é transmitida
ao enrolamento de campo pelos anéis coletores e pelas escovas de contato
(Moreira, 2017).
Nas superfícies das sapatas polares existem pequenas ranhuras, cujas
extremidades são usadas, no processo de fabricação, para inserir barras
condutoras curto-circuitadas. Essa estrutura é chamada de “enrolamento
amortecedor” e possui uma importante função: ajudar a garantir a estabilidade
do gerador frente às perturbações que ocorrem no sistema elétrico (Moreira,
2017).
Quando as máquinas síncronas de polos salientes possuem muitos polos,
não é possível construir o núcleo do rotor em peça única. Dessa forma, é
necessário que os polos sejam construídos individualmente e, posteriormente,
sejam conectados por um anel rotativo ligado ao eixo. Nesses casos, os polos
são construídos com lâminas espessas de aço carbono sobrepostas, que
formam um conjunto sólido sobre o qual são montadas as bobinas de excitação
(Moreira, 2017). A Figura 13 ilustra esse tipo de estrutura.

Figura 13 – Rotor de polos salientes com número elevado de polos

Fonte: Moreira, 2017.

Pode-se perceber na Figura 13 uma estrutura chamada “roda polar”, que


se caracteriza pelo conjunto de polos e pelo anel de fixação. Essa roda é
conectada ao eixo por meio de braços ou nervuras (Moreira, 2017).
No rotor de polos salientes, a abertura entre as sapatas polares tem um
tamanho bastante considerável se comparada à distância ocupada por um polo
magnético. Assim, pode-se dizer que, do ponto de vista do estator, esse tipo de

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máquina possui uma permeância magnética elevada na direção do eixo dos
polos, chamado de “eixo direto” (E.D.), e uma permeância bem menor na linha
estabelecida entre os polos, chamada de “eixo em quadratura” (E.Q.). A estrutura
é chamada de “saliente” justamente por essa diferença de permeância entre os
eixos magnéticos (Moreira, 2017).

5.2 Rotor de polos lisos

Possui pequena diferença de permeância entre os eixos magnéticos, pois


nesse caso, diferentemente do rotor de polos salientes, as aberturas entre os
polos são menores, fazendo com que a estrutura magnética seja praticamente
invariante com a posição (Moreira, 2017).
A Figura 14 apresenta o rotor de polos lisos.

Figura 14 – Rotor de polos lisos

Fonte: Moreira, 2017.

Nas grandes máquinas síncronas de polos lisos, o núcleo é fabricado com


uma peça única forjada em aço, na qual são realizadas as ranhuras. As bobinas
do enrolamento de excitação ficam alojadas nelas, como apresenta a Figura 14.
Quando se utiliza o método construtivo com uma só peça, a porção metálica na
superfície do rotor se comporta como um enrolamento amortecedor. Dessa
forma, não é necessário inserir barras curto-circuitadas, como no caso do rotor
de polos salientes (Moreira, 2017).
A transmissão da corrente contínua da fonte externa para o enrolamento
de campo é realizada de forma similar ao rotor de polos salientes, utilizando-se
anéis coletores e escovas (Moreira, 2017).

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A Figura 15 apresenta mais alguns exemplos de geradores de polos lisos
e de polos salientes.

Figura 15 – Máquinas de polos salientes (esquerda) e máquinas de polos lisos


(direita)

Fonte: Moreira, 2017.

Pode-se perceber que as diferenças construtivas são claras. Os


geradores de polos salientes geralmente possuem diâmetro maior e
comprimento menor, com relação ao de polos lisos, e seus polos possuem uma
divisão bem clara a olho nu. Esses geradores operam em velocidades mais
baixas e são mais aplicados nas usinas hidrelétricas. Já os geradores de polos
lisos possuem um comprimento mais elevado e diâmetros pequenos. Ao
observar o rotor do gerador, muitas vezes é difícil perceber a divisão entre os
polos. Esse tipo é mais empregado quando se trabalha com velocidades de
rotação mais altas, geralmente usinas termelétricas (Moreira, 2017).

FINALIZANDO

Nesta aula, foram abordados cinco temas principais, divididos em


subitens para uma melhor organização do documento.

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Tratou-se inicialmente do conceito de turbinas de ação e reação,
diferenciando-o das definições apresentadas na NBR 6445:2016 e em literaturas
da área. Com base nessas definições, foi possível aprofundar os conceitos e
conhecer as principais turbinas de ação e reação utilizadas nas usinas geradoras
de energia elétrica: Francis, Kaplan e Pelton. Cada uma delas foi detalhada em
suas características construtivas e operacionais.
No segundo tema, vimos como selecionar uma turbina nas usinas
hidrelétricas de acordo com características como altura da queda d’água e vazão
disponível para a turbina. Foi possível perceber que cada caso é muito específico
e particular, sendo necessária uma análise detalhada para fazer a melhor
escolha.
O terceiro tema tratou dos tipos de geradores utilizados para gerar energia
elétrica. O gerador abordado foi o síncrono, pois é a tecnologia mais utilizada
atualmente no mercado. Abordamos duas variações com relação à construção
do rotor desse tipo de máquina: o rotor de polos lisos e o de polos salientes.
Cada tipo foi detalhado em suas características e principais aplicações.
Os temas quatro e cinco continuaram a tratar das unidades geradoras,
levando em conta especificamente as características relacionadas ao estator e
ao rotor das máquinas, respectivamente. O estator das máquinas síncronas foi
detalhado em seus aspectos construtivos e em suas funções dentro da máquina,
no que concerne à geração de energia elétrica. Da mesma forma, o rotor também
foi detalhado, novamente dividindo-se a análise em rotor de polos lisos e de
polos salientes. Foi possível perceber claramente as diferenças nos detalhes
construtivos de cada tipo de rotor e o quanto isso influencia na sua utilização.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6445: turbinas


hidráulicas, turbinas-bombas e bombas de acumulação. Rio de Janeiro: ABNT:
mar. 2016.

BIM, E. Máquinas elétricas e acionamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,


2012.

HIDROENERGIA. Tipos de turbinas hidráulicas. 21 jun. 2018. Disponível em:


<https://www.hidroenergia.com.br/tipos-de-turbinas-hidraulicas/>. Acesso em: 3
out. 2019.

MOREIRA, J. R. S. Energias renováveis, geração distribuída e eficiência


energética. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

SCHREIBER, G. P. Usinas hidrelétricas. São Paulo: Edgard Blucher; Engevix,


1978.

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