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Engenharia das Energias Renováveis

Disciplina: Energia Eólica


Docente: António Cerejo

TURBINA DE PELTON

Aluna
Sandrina Fidalgo de Oliveira nº20121943

Janeiro 2023
Sandrina de Oliveira

ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3

2 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS ............................................................................................. 5

2.1 DISTRIBUIDOR. ................................................................................................................ 5


2.2 ROTOR. ................................................................................................................................ 7
2.3 SISTEMA DE TRAVAGEM ............................................................................................. 9
2.4 CARCAÇA ............................................................................................................................ 9
2.5 CÂMARA DE DESGASTE ..............................................................................................10
3 FUNCIONAMENTO .................................................................................................................10

4 DIMENSIONAMENTO ...........................................................................................................12

4.1 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE JATOS ...........................................................12


4.2 VELOCIDADE DO JATO ................................................................................................13
4.3 DIÂMETRO MÁXIMO DO JATO .................................................................................13
4.4 RODA ..................................................................................................................................14
4.5 DIMENSÕES DA PÁ .......................................................................................................15
5 ANÁLISE DA TURBINA DIMENSIONADA ......................................................................16

5.1 ANÁLISE ENERGÉTICA ...............................................................................................16


5.1.1Potência Hidráulica Extraída ao Fluido ................................................................16
5.1.2Escoamento de um Jato sobre uma Pá ..................................................................17
5.1.3Força do Jato sobre uma Pá Isolada e Momento Global ao Veio da
Turbina 17
5.1.4Potência de Perdas Mecânicas ao Veio, 𝑷𝒎 ........................................................18
6 VANTAGENS E DESVANTAGENS......................................................................................19

6.1 VANTAGENS ....................................................................................................................19


6.2 DESVANTAGENS ............................................................................................................19
7 CONCLUSÃO .............................................................................................................................20

8 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................21
LEER – Energia Eólica

1 INTRODUÇÃO
As turbinas hidráulicas são máquinas que transformam a energia potencial gravítica
ou a energia cinética, armazenada na água que circula pelo circuito hidráulico, em energia
mecânica, a qual faz acionar um gerador elétrico.
As turbinas podem ser classificadas como turbinas de reação ou de ação consoante a
forma de instalação do rotor, se forem instaladas totalmente imersas na água dizem-se
de reação, se funcionaram ao ar livre dizem-se de ação.
Nas turbinas de ação, a velocidade do fluxo da água é aproveitada para provocar o seu
movimento de rotação. As turbinas de ação mais utilizadas são as Pelton, as Bánki-
Mitchell e as Turgo.
As turbinas de reação quando instaladas, ficam totalmente imersas, ficando sujeitas à
pressão da água exercida nas lâminas, que vai diminuindo conforme a água vai
atravessando a turbina.
Construtivamente estas turbinas devem estar preparadas para suportas grandes
pressões quando atingidas pelo caudal de água. O escoamento na zona da roda processa-
se a uma pressão inferior à pressão atmosférica. Existem dois grandes grupos de turbinas
de reação, as Francis e as Kaplan.
Devido ao grande desgaste provocado pela pressão da água, ao longo do tempo de
vida útil é necessária uma manutenção periódica por forma a manter o bom estado da
turbina e consequentemente manter os seus níveis de eficiência.
A seleção do tipo de turbina para uma determinada central hidroelétrica é
fundamental para, do ponto de vista técnico, alcançar bons desempenhos ao nível do
rendimento sem esquecer o ponto de vista económico.
Na tabela 1 é possível relacionar de uma forma aproximada, o tipo de turbina com a
altura da queda útil.
Turbina Queda Útil [m]
Kaplan e Hélice 2<Hu<40
Francis 10<Hu<350
Pelton 50<Hu<1300
Banki-Mitchell 3<Hu<200
Turgo 50<Hu<250
Tabela 1 - Definição da queda útil por tipo de turbina
A escolha da turbina e crucial para o bom rendimento da central e devera ter sempre
em conta três parâmetros: a queda, o caudal e a potência.
Os fabricantes de turbinas normalmente disponibilizam ábacos onde estão
representadas as áreas de aplicação dos diferentes tipos de turbinas que fabricam (Fig.1),
facilitando assim a escolha de uma turbina para uma determinada queda hidráulica.

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Fig.1 – Ábaco para selecionar o tipo de turbina

No presente trabalho iremos abordar a turbina Pelton.


A Turbina Pelton surgiu por volta de 1878, quando o norte-americano Lester Pelton
(1829 – 1908) fez experiências com rodas de água, utilizando um novo conceito chamado
“splitter” (Fig.2).
Em 1887 uma turbina Pelton foi ligada a um gerador de energia elétrica e foi assim
criada a primeira fonte de energia hidroelétrica.

Fig.2 - Patente original da turbina de Pelton


LEER – Energia Eólica

Nos capítulos seguintes iremos apresentar os seguintes aspetos relativos a essa


turbina nomeadamente:
• Constituição
• Funcionamento
• Dimensionamento
• Vantagens e Desvantagens

2 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS
A turbina Pelton é constituída essencialmente por seis elementos (Fig.3):
• Distribuidor;
• Injetor;
• Rotor;
• Sistema de travagem;
• Carcaça;
• Câmara de descarga;

Fig.3 – Esquema de montagem de uma turbina Pelton

2.1 DISTRIBUIDOR.
O distribuidor é um bocal de forma apropriada a guiar a água, proporcionado um jato
cilíndrico sobre a pá do rotor, o que é conseguido por meio de uma agulha.
O distribuidor é composto por um injetor (Fig.4) e este é composto por um bocal, uma
agulha, um defletor e um regulador de velocidade.

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Fig 4 – Tipo de Injetor de turbina Pelton


O injetor é o responsável pela transformação de energia de pressão em cinética
através do seu formato convergente cónico. Caso se pretenda aumentar a potência de
uma determinada turbina Pelton para um determinado salto hidráulico devem ser
colocados mais injetores na periferia (Fig.5).

Fig 5 – Turbina Pelton com seis injetores


O número de injetores utilizados varia consoante a potência desejada. Os injetores
são colocados na circunferência ao redor do impulsor e com igual ângulo de espaçamento
entre eles para garantir um balanceamento dinâmico do rotor. Nas turbinas Pelton de
eixo vertical podem ser utilizados até 6 bicos injetores.
Os fabricantes têm abacos que permitem a seleção do número de injetores constante
a potencia e altura útil (Fig.6).
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Fig.6- Abaco da Hitachi para seleção da turbina Pelton.

A agulha reguladora de caudal e o bico do bocal são feitos em aço com crómio,
tungstênio ou vanádio visto que estes componentes sofrem abrasão violenta devido à
elevada velocidade do jato de água. É Também usada nestes componentes uma liga de
crómio e cobalto designada stellite.
Tanto o bocal quanto a agulha sofrem severo desgaste, sendo feitos de material de
alta qualidade, normalmente um aço com manganês que apresenta grande resistência ao
desgaste, provocado por partículas como areia.
Algumas máquinas possuem a agulha do bocal construídas em bronze e apresentam
boa resistência ao desgaste.

2.2 ROTOR.
O rotor é a componente principal da turbina Pelton já que é responsável pela
transformação da energia cinética do fluido em trabalho sob a forma de rotação. O rotor
é composto pela roda e pelas pás. A roda é em forma de um disco contendo várias pás
(Fig.7). As pás (Fig.8). recebem o impulso direto do jato de água e têm um formato
peculiar de pás simétricas para compensar o efeito dos impulsos axiais.

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Fig.7 -Rotor de uma turbina Pelton

Fig.8 -Pá de uma turbina Pelton


As formas concavas das pás mudam a direção do jato para as laterais, quando este
tem já uma energia desprezável. No meio da separação das pás existe uma aresta com
um entalhe em W na extremidade que recebe a água sem choque, dividindo o jato em
duas partes iguais (Fig.9). Deste modo, é maximizado o momento provocado na roda já
que as pás apenas recebem o jato de água quando este está perpendicular à aresta.
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Fig. 9 – Configuração da roda e das pás

Os materiais utilizados no rotor e nas pás dependem da altura de queda bruta que
alimenta a turbina. Para quedas até cerca de 650 metros é usado aço fundido e para
quedas maiores é usado aço inoxidável.

2.3 SISTEMA DE TRAVAGEM


O sistema de travagem é composto por “contra-jatos” que embatem na superfície
convexa das pás e dão uma rotação contrária à de funcionamento normal. Além disso, e
tal como já foi citado anteriormente, o defletor pode desviar a água em caso de
necessidade de paragem.

2.4 CARCAÇA
A carcaça é uma envoltura metálica que protege o distribuidor e o impulsor e evita
que a água salpique para o exterior depois de o jato embater nas pás (Fig.10).

Fig.10 – Carcaça de uma turbina Pelton de bancada


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2.5 CÂMARA DE DESGASTE


A câmara de descarga é a zona onde a água cai livremente após o choque com o
impulsor e é através dela que a água é recolocada no sistema ou então é expulsa para o
exterior do conjunto.

3 FUNCIONAMENTO
A Figura 11 representa um esquema de funcionamento de uma turbina Pelton.
O fluido entra na central, (A) e é dividido pelos injetores (B). Os injetores têm a função
de transformar a energia de pressão do escoamento em energia cinética pela saída de
jatos orientados para a roda (C). Após o jato atuar na pá da roda, o fluido, por ação de
forças gravíticas, é direcionado para o canal de restituição, (D).

Fig. 11 – Esquema do funcionamento da turbina Pelton


Quando o jato atinge a pá da roda produz uma força de impulsão que faz a turbina
rodar (Fig.12a). Quando existem flutuações na quantidade de energia necessária, existe
um mecanismo (a agulha) que controla os injetores diminuindo o caudal que atravessa o
injetor. Este método permite que a turbina continue a rodar a um número de rotações
específico constante. O número de injetores depende da orientação do eixo, no caso do
eixo horizontal possui dois injetores. Em turbinas com eixo vertical podem ter até seis
injetores.
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Fig. 12a - Incidência do jato sobre as pás.

A dificuldade da utilização deste tipo de turbina prende-se no dimensionamento do


máximo número de pás da turbina. Um parâmetro importante no dimensionamento da
roda é o número de pás duplas na roda. Caso o número de pás duplas não seja o
adequado, o jato de água não é totalmente colhido pela pá, reduzindo a eficiência da
turbina (Fig. 12b).

Fig.12b– Redução da eficiência da turbina Pelton

Ao eixo da turbina é geralmente acoplado diretamente o gerador por meio de apoios


(Fig.13).

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1. Entrada de água, 2. Injector, 3. Turbina, 4. Apoios, 5. Gerador


Fig. 13 – Esquema simplificado do funcionamento da turbina Pelton

4 DIMENSIONAMENTO

4.1 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE JATOS


As turbinas Pelton podem ter um ou mais jatos de água totalizando uma quantidade
de seis jatos. A incidência de jatos sobre o rotor, em cada volta, depende do número
destes, de modo que, quanto maior a queda, menor deverá ser o número de impactos
sobre a pá por minuto, do mesmo modo, quanto maior o número de jatos, maior a
potência para uma mesma queda e também maior será o desgaste por abrasão, caso a
água contiver areia em suspensão.
Para calcular a quantidade do número adequado de jatos, utiliza-se a seguinte
Equação sugerida por Macintyre (1983).

𝑛√𝑁
𝑎=( )
25𝐻
Onde:
𝑛 - Rotação em (rpm);
𝑁 - Potência (cv);
𝐻 - Altura de queda (m).

O número de jatos também pode ser obtido através de abacos em função da rotação
e da altura de queda (Fig.14)
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Fig.14- Ábaco para determinação do número de jatos

4.2 VELOCIDADE DO JATO


O jato tem a sua velocidade (𝐶1) determinada a partir da saída do bocal do injetor em
𝑚/𝑠, sendo calculada pela equação seguinte sugerida por PFleiderer (1979).

𝐶1 = 𝜑√2𝑔𝐻
Onde:
𝜑 = coeficiente de velocidade (0,99)
𝑔 = gravidade em (𝑚/𝑠^2 )
𝐻 = altura (𝑚)

4.3 DIÂMETRO MÁXIMO DO JATO


De acordo com Pfleiderer (1979), o dimensionamento da pá é unicamente calculado
através de dados práticos e em função do máximo diâmetro do jato em milímetro (dmax)
determinado pela seguinte expressão:

𝑁
𝑑𝑚𝑎𝑥 = 151√
𝑎𝜂

Onde:
N - Potência unitária (cv)
a - Número de jatos
η - Rendimento total da turbina

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O mesmo pode ser calculado segundo Macintyre (1983) em função do caudal


conforme a equação seguinte:

4𝑄
𝑑𝑚𝑎𝑥 = √
𝜋𝐶1

Onde:
Q - Caudal (m^3/s)
C1 – Velocidade do jato na saída do injetor (m/s)

4.4 RODA
A roda da turbina onde são fixadas as pás, recebe o jato proveniente do injetor. O
dimensionamento do rotor requer o conhecimento da velocidade periférica da roda(μ2)
obtido através da seguinte equação:
𝜋𝐷𝑛
𝜇2 =
6000
Onde:
D - Diâmetro do rotor em centímetro;
N - Rpm do motor a ser utilizado;
6000 - uma constate atingida pelo impulsor estando entre 4000 a 6000 podendo atingir uma
média de velocidade equivalente ao valor de 18 a 25 m/s.

O Ábaco da Escher Wyss permite a determinação de N (MW), n (rpm) e Droda (m).


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4.5 DIMENSÕES DA PÁ
A peça da roda Pelton que exige maior cuidado no projeto e na execução é a pá,
podendo comprometer o funcionamento da máquina quando fabricada de forma
incorreta. Conforme vimos anteriormente, a mesma possui duas partes côncavas, onde a
água transforma a energia cinética em trabalho mecânico e no centro possui um gume
para quebrar o choque do jato contra a pá, dividindo o jato em duas partes por igual.
O dimensionamento da pá é feito exclusivamente mediante dados práticos e em
função do máximo diâmetro dmax do jato, através da seguinte expressão:
𝜋 𝑑 2 2 𝑑𝑚𝑎𝑥 𝑄𝑖 75 𝑁𝑖
= =
4 𝑎 𝑉0 1000 𝜂 𝑎 𝑉0
Em que:
Qi e Ni - descarga e potência unitárias para a sobrecarga máxima, em m^3/s e cv
A - numero de jatos
V0 - Velocidade do jato em m/s
η - Rendimento total da turbina

Admitindo V0=4,29m/s, obtém-se uma simplificação da equação

151√𝑁1
𝑑𝑚𝑎𝑥 = 𝜂 [𝑚𝑚]
𝑎

As pás da turbina Pelton são, compreensivelmente, o elemento que exige maior cuidado
no anteprojeto e fabricação. A figura seguinte apresenta as Vistas a, b e c que servirão de
referência no anteprojeto das pás.

Fig.15 - Forma e dimensões das pás do rotor Pelton

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Largura 𝐵=(2 a 3)⋅d3


Comprimento 𝐿=(2.25 a 2.8)⋅ d3
Excesso 𝑚=(0.5 a 0.7)⋅ d3
Largura do rasgo 𝑎=(1.2 a 1.25)⋅ d3
Distância do centro do jato ao excesso 𝐸=(0.5 a 0.7)⋅ d3
Profundidade 𝑃=𝐵4
Ângulo do Gume Central e do Bordo de 𝛽2=𝛽𝑠 com 𝛽𝑠=7 a 15°
Ataque
Ângulo do Bordo de Fuga 𝛽1=𝛽2

5 ANÁLISE DA TURBINA DIMENSIONADA


Uma turbina é selecionada e dimensionada para operar em certas condições de 𝑄𝑛,
𝐻𝑛 e 𝑁. No entanto, destas variáveis, apenas a velocidade de rotação 𝑁 é uma variável de
controlo independente, sendo o caudal e altura útil dependentes da instalação hidráulica
onde a turbina está integrada, sendo fatores que não se podem controlar e que podem
variar ao longo do tempo (nível e caudal do rio a montante). Desta forma, a estimativa
das curvas características de uma turbina constitui um complemento relevante para se
poder antecipar como se irá comportar.

5.1 ANÁLISE ENERGÉTICA


Durante o processo de conversão da energia hidráulica em mecânica, existem perdas
associadas que diminuem a energia total que poderia ser transformada. Como tal,
definem-se os rendimentos hidráulico interno 𝜂𝑖, mecânico 𝜂𝑚 e global 𝜂 da turbina, em
função, respetivamente, das potências extraída ao fluido 𝑃ℎ, entregue ao veio antes de
perdas mecânicas 𝑃𝑖, e efetivamente disponível ao veio 𝑃, para quantificar essas perda de
acordo com as equações abaixo.

𝑃𝑖
Rendimento hidráulico interno 𝜂𝑖 =
𝑃ℎ
𝑃
Rendimento mecânico 𝜂𝑚 =
𝑃𝑖
𝑃
Rendimento global 𝜂=
𝑃ℎ

5.1.1 Potência Hidráulica Extraída ao Fluido


A potência hidráulica extraída ao fluido é, simplesmente:
𝑃ℎ = 𝜌𝑄𝑔𝐻
LEER – Energia Eólica

5.1.2 Escoamento de um Jato sobre uma Pá


Assume-se que o gume central da pá divide o jato em duas partes iguais, e que o jato,
ao atingir a pá com velocidade absoluta c3, lhe imprime um movimento com velocidade
tangencial 𝑢 no referencial absoluto. As partículas de água deslizam sobre cada concha
desde uma velocidade relativa inicial 𝑤2 até à final 𝑤1, existindo durante o percurso,
perdas por atrito, que reduzem a velocidade de um fator 𝜓𝑣~0.95. A magnitude das
várias velocidades do escoamento, relativas e absolutas, obtêm-se utilizando as seguintes
relações:

Velocidade relativa do jato à entrada na concha 𝑤2 = 𝑤3 = 𝑐3 − 𝑢

Velocidade relativa do jato à saída da concha 𝑤0 = 𝑤1 = 𝑤2 ∗ 𝜓𝑣

Velocidade absoluta do jato após a saída da concha 𝑐0 = 𝑢 ∗ cos 𝛼0 + √𝑢2 ∗ cos 𝛼0 2 + 𝑤𝑜 2 − 𝑢2

O valor ótimo do ângulo entre c0e 𝑢 é 𝛼0=90º. No entanto, tendo em conta a relação
empírica entre (𝛽1, 𝛽0), e a relação decorrente do triângulo de velocidades no Ponto 0, o
ângulo 𝛼0 é determinado de forma a assegurar que 𝛽1=𝛽2, conforme prescrito acima no
desenho e dimensionamento das pás
𝑑3
𝛽1 = 𝛽0 − 15º ∗ ( )
𝐵
180º 𝑐0 ∗ sin 𝛼0
𝛽0 = ∗ 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑖𝑛
𝜋 𝑤0

5.1.3 Força do Jato sobre uma Pá Isolada e Momento Global ao Veio da Turbina
Para determinar a força 𝐹𝑝á do jato sobre uma pá isolada, aplica-se uma equação
simplificada:
𝐹𝑝á=𝜌𝑄𝑤3=𝜌𝑄(𝑐3−𝑢)

No entanto, esta relação não pode ser empregue para obter o momento global 𝑀 exercido
pelo jato sobre o rotor (na forma: 𝑀=𝐹𝑝á∙𝐷/2), porque, na verdade, o jato (ou cada jato,
se houver mais do que um) interage instantaneamente com mais do que uma pá, como se
mostra na Figura 16 e se quantifica abaixo. Sob este aspeto, o número de jatos é
irrelevante, já que o mesmo caudal global 𝑄 se reparte pelos vários jatos.

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Fig.16 - Interação do jato com pás sucessivas

O Momento 𝑀 ao veio da turbina (antes de perdas mecânicas) induzido pelo(s) jato(s)


sobre as pás é determinado com base na equação de conservação do momento angular
em relação ao eixo da turbina, no referencial absoluto, da seguinte forma:
𝑀=𝜌𝑄⋅𝐷2⋅(𝑐3−𝑐0𝑢)

Das equações supra para (𝐹𝑝á,𝑀), conclui-se que o jato (admitindo agora, para
simplificar, de que se trata de um só) interage com um n.º de pás: 𝑛=(𝑐3−𝑐0𝑢)/(𝑐3−𝑢).
Por exemplo, no ponto de operação próximo do nominal, em que 𝑐3=2𝑢 e 𝑐0𝑢≈0, seria
𝑛=2.

5.1.4 Potência de Perdas Mecânicas ao Veio, 𝑷𝒎


A potência 𝑃𝑚=𝑀𝑚∙𝑁 de perdas mecânicas ao veio, em atritos nas chumaceiras e no
acoplamento ao alternador, é determinada com o seguinte modelo empírico simples para
o binário resistente 𝑀𝑚, com dois coeficientes (𝑀𝑚0,d𝑀𝑚/d𝑁), respetivamente, de atrito
estático e dinâmico:
𝑑 ∗ 𝑀𝑚
𝑀𝑚 = 𝑀𝑚0 + ( )∗𝑁
𝑑∗𝑁
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6 VANTAGENS E DESVANTAGENS
6.1 VANTAGENS
• Pode operar com água com grandes níveis de impureza (silted water).
• As turbinas Pelton, devido à possibilidade de acionamento independente nos
diferentes bocais, têm uma curva geral de eficiência plana, que lhe garante bom
desempenho em diversas condições de operação, sobretudo se usados múltiplos
bicos injetores, tendo uma alta eficiência geral alta (até 90-92%).
• São de construção e manutenção simples (pode ser feita a partir de metal,
plástico, ou materiais de cerâmica)
• São adequadas para operar entre quedas de 350 m até 1100 m, sendo por
isto, muito mais comuns em países montanhosos. Este modelo de turbina opera com
velocidades de rotação maiores que os outros, então é possível conectar o gerador
de forma direta, sem perdas de transmissão mecânica.
• As vantagens deste tipo de turbinas são a facilidade com que se pode trocar pecas,
a facilidade de reduzir as sobrepressões nas tubagens e a exigência de pouco caudal
• É Compacta e de baixo custo sendo uma solução atrativa para microgeração

6.2 DESVANTAGENS
• Um dos maiores problemas destas turbinas, devido à alta velocidade com que a
água choca com o rotor, é a erosão provocada pelo efeito abrasivo da areia
misturada com a água, comum em rios de montanhas. Assim, há um decrescimento
na eficiência com o tempo maior que nos outros tipos de turbina.
• Os componentes são muito grandes, gerando inconvenientes para logística e
infraestrutura.
• O impacto ambiental e o custo de instalação inicial são altos em casos de grandes
centrais hidrelétricas.
• Quando o fluxo do rio é baixo acontece muita perda de carga.
• Altura mínima para o funcionamento é de 20 metros.
• Os rotores atuais são fundidos em uma só peça, com as pás e a roda formando um
só conjunto. Entretanto é possível a fabricação separada das pás e da roda e a fixação
por meio de pinos e parafusos. No primeiro caso, caso haja uma concha danificada o
rotor precisa ser substituído por inteiro, enquanto no segundo caso, basta substituir
a pá danificada.

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7 CONCLUSÃO

As turbinas Pelton são utilizadas principalmente em aproveitamentos hidroelétricos


caracterizados por pequenos caudais e elevadas quedas úteis
As turbinas Pelton podem ser de eixo horizontal ou vertical: A turbina de eixo
horizontal é geralmente utilizada para um ou dois jatos, a instalação é mais econômica,
de fácil manutenção, além de ser possível montar dois rotores; as turbinas de eixo vertical
são geralmente utilizadas para quatro ou seis jatos sobre as pás do rotor.
Por serem de fabricação, instalação e funcionamento relativamente simples, além de
serem usadas em centrais de grande potência, são também largamente utilizadas em
mini-hídricas.
Nos pequenos aproveitamentos hidroelétricos costuma-se utilizar turbinas de eixo
horizontal, porque assim utiliza-se um gerador de eixo que tem um custo menor. São
caracterizadas por terem um baixo número de rotações, tendo, no entanto, um
rendimento até 93%.
Normalmente as turbinas Pelton são usadas para alturas superiores a 150m e podem
chegar até 2000m (O uso mais adequado é entre 350m e 1100m).
Caso se queira utilizar a Turbina Pelton para mini e micro geração (baixas quedas,
alturas menores de 20m inclusive) também é possível (É utilizada normalmente para
pequenas quedas, que podem variar de 6 a 20 m).
No caso de baixa altura útil e elevado caudal, devem ser tomadas algumas
previdências já que a turbina pode ser muito grande em relação a potência que vai gerar.
Nesta situação as principais soluções são o uso de mais jatos de água que irão levar a
um menor diâmetro do rotor para o mesmo caudal.
Ainda, dois rotores podem ser usados lado a lado montados no mesmo eixo ou nos
extremos do gerador montados também sobre o mesmo eixo. Essa opção normalmente
só é utilizada quando não existe condições de maximizar o número de jatos.
LEER – Energia Eólica

8 BIBLIOGRAFIA

MACINTYRE A. J. e Hidráulicas, 1983


PFLEIDERER C; PETERMANN H. Máquinas de Fluxo, 1979
QUINTELA, A -Hidráulica, Fundação Gulbenkian, Lisboa 1998

CALADO, TÂNIA VANESSA RAVASQUEIRA - Microprodução de energia – Caso de Loures,


Dissertação de mestrado, Instituto Superior Técnico, 2014.
CARDOSO, GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA - Caracterização metrológica de modelo de
turbina Pelton para laboratório didático, Dissertação de mestrado, Faculdade de
engenharia da faculdade do Porto, 2016.
GOMEZ, DAVID PEREIRA NOGUEIRA - Dimensionamento de uma Pequena Hídrica por via
do Aproveitamento e Transformação de Moinhos, Dissertação de mestrado, Faculdade de
engenharia da faculdade do Porto, 2016.

https://theconstructor.org/practical-guide/pelton-turbine-parts-working-design-
aspects/2894/
http://siaram.azores.gov.pt/energia/energia-hidrica/_texto1.html
https://colinnovacion.com/wp-content/uploads/2020/05/DESGASTE-DE-MÁQUINAS-
HIDRÁULICAS-EN-LA-GENERACION-HIDROELÉCTRICA.pdf
(consultas 22/10/2022)

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