Você está na página 1de 260

O estuário do rio Arade, junto à cidade de

Portimão, é uma das jóias inesperadas das


natureza da região costeira algarvia, albergando

Biodiversidade do
uma biodiversidade extraordinária e fascinante,
ainda pouco conhecida pela grande maioria de
nós. Este ecossistema fornece as condições
ambientais adequadas para a ocorrência de
centenas de espécies de peixes e de invertebrados,
como as sardinhas, os robalos, as amêijoas, as
Estuário do Rio Arade
Peixes e Invertebrados

Biodiversidade do Estuário do Rio Arade Peixes e Invertebrados


santolas, os polvos ou os chocos, entre muitas
outras. Este estuário é importante, principalmente
para os juvenis destas espécies, que encontram
aqui refúgio e alimento, assegurando a sua
sobrevivência antes de se aventurarem no mar
ou nos rios. Toda esta biodiversidade tem um
valor ambiental, cultural, social e económico
inestimável, devendo ser protegida e gerida de
forma sustentável. Conhecer a fundo e dar a
conhecer o estuário é por isso imprescindível e
urgente. Assim, surgiu o Projeto ARADE e com
ele, este livro.

CAIXAS DE TEXTO QUE DESTACAM OS


FACTOS E OS RESULTADOS DO PROJETO
ARADE

LISTAGENS DE 104 ESPÉCIES DE PEIXES E 186


INVERTEBRADOS

38 FICHAS DE ESPÉCIES DE PEIXES E DE


INVERTEBRADOS

196 TERMOS EXPLICADOS NO GLOSSÁRIO

Jorge Gonçalves | Pedro Veiga | Daniel Machado | Luís Bentes | Pedro Monteiro
Carlos Afonso | Cheila Almeida | Frederico Oliveira | Karim Erzini
Grupo de Investigação Pesqueira | CCMAR - Centro de Ciências do Mar | Universidade do Algarve
Biodiversidade do
estuário do rio Arade
Peixes e Invertebrados

Jorge Gonçalves | Pedro Veiga | Daniel Machado | Luís Bentes | Pedro Monteiro
Carlos Afonso | Cheila Almeida | Frederico Oliveira | Karim Erzini

Grupo de Investigação Pesqueira Costeira (CFRG)


Centro de Ciências do Mar (CCMAR)
Universidade do Algarve (UAlg)

Este livro foi elaborado no âmbito do Projeto “Recrutamento de Espécies Piscícolas de Interesse Comercial no
Estuário do rio Arade” (P.O. Pescas - Cód. 22-05-01-FDR-00017), desenvolvido pelo Grupo de Investigação
Pesqueira Costeira (CFRG) do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve (UAlg) e
financiado pelo Programa MARE da Direção Geral das Pescas e Aquicultura (DGPA).
Ficha Técnica

Autoria
Jorge Gonçalves | Pedro Veiga | Daniel Machado | Luís Bentes | Pedro Monteiro | Carlos Afonso | Cheila
Almeida | Frederico Oliveira | Karim Erzini (CFRG - CCMAR)

Coordenação técnica: Jorge Gonçalves (CFRG - CCMAR)


Coordenação editorial: Mundo Gobius, Lda.
Assistência técnica (pesca): Isidoro Costa (CCMAR)
Adaptação dos textos_ Mundo Gobius, Lda. (segundo o novo acordo ortográfico, 2011)
Revisão técnica: CFRG – CCMAR
Fotografia: CFRG – CCMAR [pp. 18, 34, 39, 41, 43, 45, 47, 49, 50, 73, 76, 82, 94, 106, 170-175, 194,
232-233]; Mundo Gobius Lda. [pp. 8, 20, 74-75, 86, 90, 97, 98, 200, 248]; Shutterstock [pp. 12, 22,
60, 222, 234]
Ilustração editorial | Desenho gráfico | Maquetização: Mundo Gobius, Lda.
Edição: Mundo Gobius, Comunicação e Ciência Lda.
Impressão: Gráfica Comercial

Esta obra deverá ser citada como:


Gonçalves, J. M. S.; Veiga, P.; Machado, D.; Bentes, L.; Monteiro, P.; Afonso, C.L.M.; Almeida, C.;
Oliveira, F. & Erzini, K. (2013). Biodiversidade do estuário do Arade – Peixes e Invertebrados. Centro de
Ciências do Mar (CCMAR), Faro, Portugal: 256 pp.

Esta publicação não pode ser reproduzida por qualquer forma ou quaisquer meios eletrónicos, mecânicos
ou outros, incluindo fotocópia, sem prévia autorização do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) e Mundo
Gobius Comunicação e Ciência, Lda.

Este livro foi impresso com tintas sem cloro sobre papel reciclado certificado por FSC.

CCMAR_ www.ccmar.ualg.pt | ccmar@ualg.pt


Mundo Gobius_ www.gobius.pt | info@gobius.pt

I.S.B.N. 978-989-97260-4-8
Depósito legal nº. 366692/13
© Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (2013)
Agradecimentos
Os nossos agradecimentos a todos aqueles que contribuíram para este livro, nomeadamente a
Margarida Corado, Miguel Ruano e Miguel Mateus, cujas teses de mestrado foram realizadas no
âmbito do Projeto ARADE. Uma palavra especial de reconhecimento a todos os investigadores que
ajudaram nas saídas de campo e nas amostragens biológicas em laboratório, especialmente a
David Abecasis, João Araújo, Joana Carvalho, Rui Coelho, Guilherme Faria, Pedro Guerreiro,
Humberto Hazin, Laura Leite, Margarida Machado, Hugo Meliço, João Neiva, Mafalda Rangel,
Joaquim Ribeiro, João Sendão, Inês Sousa e João Tiago Tavares.
Não esquecemos as instituições que durante o projeto ou já no decurso da realização deste livro,
nos concederam o seu apoio, nomeadamente: Marina de Portimão, Câmara Municipal de Portimão,
IPTM - Delegação de Portimão, Grupo de Estudos Oceânicos, Museu de Portimão, Capitania do
Porto de Portimão e a Tipografia União.
Prefácio
Está escuro, muito escuro e um barulho ensurdecedor. A medo apalpo o fundo do rio
Arade. O lodo e a areia correm fluidos por entre os meus dedos exceto quando encontram
algo sólido. Uma concha, um búzio, uma peça de metal, UMA ÂNFORA!
Já fora de água, enquanto os arqueólogos se regozijam com as provas da longa história
humana neste estuário, eu olho o tamanho e a diversidade das conchas do monte de areia
retirado do fundo do estuário do Arade. Uma janela no tempo abriu-se e fez-me pensar
como seria imensamente rico este rio há centenas de anos atrás.
Era mais uma obra humana a ser implementada no estuário deste rio. Desta vez o leito do
rio estava a ser dragado para acesso de navios ao seu interior. Antes disso, muito antes, a
boca do rio foi domada por dois pontões, os seus sapais foram plantados com eucaliptos,
fábricas de conservas, portos de pesca, de recreio, casas, passeios e jardins.
A montante, entretanto, a ligação do rio à sua terra foi cortada por uma...duas...três
barragens.
“Como posso sobreviver?”
Mas vive, este rio.
É o que mostra esta obra sobre a biodiversidade do estuário do rio Arade. De uma maneira
simples e apelativa este guia leva-nos a percorrer as diferentes zonas de um estuário
maltratado mas orgulhoso da sua vivência. Aqui vemos como ainda estão presentes
importantes partes da sua vida biológica; é o rio a dizer-nos “eu consigo...eu consigo....
se me deixarem!”
Importante depois desta leitura é ponderar na importância de equilibrar as nossas
atividades económicas – as pescas e os turismos – que podem ser oferecidas por este
estuário, se o deixarmos!

Alexandra Cunha
Investigadora no CCMAR, Universidade do Algarve (2000-2012)
Presidente da Liga para a Protecção da Natureza (2009-2013)
Presentemente trabalha como assessora científica no ‘Joint Nature Conservation
Committee’, Reino Unido.
Índice
Como usar este livro 9
Leitura e consulta 9
Interpretação das fichas de espécies 10
Exemplo de ficha de espécie 12
I. Os estuários 14
Estuários16
Importância17
Principais ameaças 19
Estudo e conservação 20
Estuários em Portugal 21
II. O Estuário do Arade 22
Geografia 24
Zonas  26
Habitats28
Classificação 30
Condições ambientais 31
III. O Projeto ARADE 34
Projeto ARADE 36
Arrasto de vara  38
Redinha  40
Rede de tresmalho  42
Arrasto de mão (pushnet)  44
Teia de murejonas  46
Censos visuais  48
IV. Biodiversidade 50
Diversidade do estuário 52
Juvenis e adultos 53
Espécies comerciais 54
Espécies protegidas e ameaçadas 55
Espécies residentes 56
Espécies que utilizam o estuário como viveiro 57
Espécies diádromas 58
Espécies ocasionais 59
V. Distribuição por zonas 60
Zonas62
Sapal nordeste 63
Mexilhoeira da Carregação 65
Cais comercial 67
Barra69
Costa adjacente 71
VI. Distribuição por Habitats 76
Habitats78
Canal principal 79
Margens rochosas 83
Margens não rochosas 87
Esteiros de sapal 91
Foz95
VII. Distribuição ao longo do ano 98
Primavera100
Verão101
Outono102
Inverno103
VIII. Fichas de espécies 106
Espécies de peixes 108
Anatomia geral dos peixes 109
Fotografias de algumas espécies de peixes 173
Espécies de invertebrados 176
Anatomia geral dos invertebrados 177
IX. Mapeamento 194
Distribuição espacial 196
Importância ictiológica 198
X. Tabela resumo | Projeto ARADE 200
XI. Considerações finais | Projeto ARADE 222
Abundância e distribuição 224
Gestão e conservação  230
XII. Glossário 234
XIII. Referências bibliográficas 248
O estuário do Arade é um viveiro para diversas espécies com interesse comercial.

A influência humana está presente na maior parte do estuário.

8 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Como usar este livro
Leitura e consulta
Neste livro encontram-se, de forma simples e organizada, diversos temas sobre o estuário
do Arade e acerca do modo como as diferentes espécies ocupam as diversas zonas que
o compõem e utilizam os seus habitats ao longo das estações do ano. Estes temas são
apresentados fazendo referência aos factos e aos resultados obtidos no Projeto ARADE.

Fichas de espécies
Posteriormente, encontram-se as Fichas de espécies seleccionadas de Peixes e de
Invertebrados estudados pelo projeto. Cada ficha terá bibliografia aconselhada, mas
existem outras fontes de informação adicional, como por exemplo:

Bases de dados na Internet


http://www.fishbase.org

Livros
Saldanha, L. (1995). Fauna Submarina Atlântica, Publicações Europa-América, 361pp.

Tabela resumo (Projeto ARADE)


Finalmente, apresenta-se uma tabela resumo da informação mais relevante de cada espécie
identificada durante o Projeto ARADE. Esta tabela deve ser usada para consulta, sendo
apresentada de forma muito resumida e intuitiva, de modo a facilitar a sua compreensão
e interpretação.

Considerações finais (Projeto ARADE)


De modo a conhecer mais aprofundadamente o Projeto ARADE, poder-se-á ainda
consultar o capítulo Considerações finais do Projeto ARADE, onde se discutem alguns
aspetos importantes relacionados com os resultados do projeto, explicando-se mais
detalhadamente quais as diferenças encontradas entre as diversas comunidades de peixes
e de invertebrados existentes ao longo do estuário do Arade.

Glossário
Este capítulo descreve com maior pormenor e explica as principais expressões e termos
técnicos usados ao longo do livro.

Referências bibliográficas
Aqui apresenta-se a lista de referência bibliográficas utilizadas na elaboração desta obra,
que serve também como fonte de informação adicional e complementar à sua leitura.

Como usar este livro 9


Interpretação das fichas de espécies
As fichas de espécies, no capítulo VIII, apresentam informação muito diversificada
e resumida, que está distribuída de modo a ser lida e compreendida de forma muito
intuitiva. Assim, apresenta-se a seguinte informação:

Nome comum
Nome em português mais vulgarmente atribuído à espécie.

Nome científico
Nomenclatura taxonómica, em latim, com que se classifica a espécie.

Nome do autor
Nome do naturalista ou cientista que descreveu a espécie pela primeira vez.

Ano da descrição
Ano em que a espécie foi descrita por um naturalista ou cientista pela primeira vez.

Nome inglês | Nome espanhol | Nome francês


Nome comum inglês, espanhol e francês.

Ilustração
Ilustração esquemática representativa da espécie.

Estatuto de conservação no mundo | em Portugal


Categoria oficial atribuída ao estado de conservação da espécie segundo a União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN, 2013) e, para os peixes apenas, segundo o Instituto de Conservação da
Natureza (ICN, 1993).

Descrição
Descrição anatómica e comportamental da espécie. Elementos característicos que permitem distinguir esta de
outras espécies.

Utilização do estuário do Arade


Descrição geral da forma como a espécie utiliza o estuário do Arade.

Distribuição geográfica
Descrição da distribuição geográfica atual da espécie no nosso planeta.

Alimentação
Descrição da dieta comum da espécie. Aspetos comportamentais relacionados com a alimentação.

10 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Reprodução
Descrição do comportamento reprodutor da espécie. Épocas do ano, condições ambientais necessárias para a
reprodução e ciclo de vida.

Idade e Crescimento
Descrição dos aspetos relacionados com a idade e com o crescimento da espécie. Idade e comprimento máximo.

Pesca
Descrição da pesca da espécie em Portugal e no estuário do rio Arade.

Família | Ordem (Peixes) ou Taxa | Filo (Invertebrados)


Nomenclatura taxonómica atribuída à espécie relativa aos graus Ordem e Família ou Taxa e Filo, para os Peixes
ou para os Invertebrados, respetivamente.

Tamanho máximo | Peso máximo | Idade máxima


Valores máximos de tamanho, peso e idade resgistados até à data de publicação para a espécie.

Tamanho de 1ª maturação | Idade de 1ª maturação


Tamanho e idade em que, pelo menos, 50% dos indivíduos da espécie se encontram sexualmente maduros.

Distribuição no estuário
Mapa representativo da distribuição aproximada da espécie no estuário do rio Arade.

Ícones

[Número] Indica o nº da(s) referência(s) bibliográfica(s) no livro relativas a essa espécie

[Número] Indica o nº da(s) página(s) do livro onde se apresentam fotografias dessa espécie

Surge quando a espécie possui valor comercial de algum tipo

Exemplo de ficha de espécie


Em seguida, apresenta-se a estrutura de uma ficha de espécie exemplificativa, que
apresenta todos os campos de informação que a compõem.

Como usar este livro 11


Nome inglês | Nome espanhol | Nome francês Estatuto de conservação1

Nome comum
2,3 2
Mundo (UICN, 2013) | Portugal (ICN, 1993)

Nome científico (Nome do autor, ano da 1ª descrição) Família


/Ordem2 | Taxa/Filo3

ILUSTRAÇÃO DA ESPÉCIE

silhueta
silhueta

| tamanho, peso e idade máximos (adulto) | tamanho e idade de 1ª maturação (juvenil) Número Número

Descrição

Alimentação

Reprodução

Idade e Crescimento

12 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
N

Utilização do estuário do Arade

Portimão

Distribuição geográfica

Ferragudo
Pesca

Foz Esteiros de sapal


Canal principal (Areia) Margem rochosa
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades

1
Estatuto de conservação segundo UICN (2013) e ICN (1993)

CR - Criticamente em Perigo

EN - Em Perigo

VU - Vulnerável

NT - Quase Ameaçado

LC - Pouco Preocupante
CA - Comercialmente ameaçada

DD - Dados Insuficientes

I - Indeterminado

NE - Não Avaliado

2
Peixes
3
Invertebrados

Como usar este livro 13


Maré baixa na zona da Mexilhoeira da Carregação. [André Gonçalves / Shutterstock]
Os estuários
Capítulo I
Estuários
Pontos de Biodiversidade

Os estuários são zonas de transição entre os rios e o mar, onde ocorrem grandes variações
de salinidade, de temperatura, de turbidez e da concentração de oxigénio dissolvido.
Estas variações são causadas pela influência das correntes, da turbulência da água e
também pela mistura de água doce dos rios e de água salgada do mar.

As variações sazonais destes fatores nos estuários são das maiores encontradas entre todos
os ambientes na Terra. Estes ambientes altamente dinâmicos são também bastante ricos
em nutrientes, sendo por isso um dos ecossistemas mais produtivos do nosso planeta.

Muitos estudos sobre a distribuição e a abundância de animais e de plantas em estuários


demonstraram que nestes ocorre um maior número de organismos do que nas zonas
costeiras e nas zonas de água doce adjacentes. No entanto, a quantidade de espécies
nos estuários é menor. Ou seja, por um lado, a abundância de nutrientes e a escassez de
predadores permitem que os estuários alberguem grandes concentrações de indivíduos.
Por outro lado, as grandes variações ambientais que ocorrem nestes ecossistemas são uma
limitação para o número de espécies que aí se estabelecem. De facto, a variabilidade
existente em zonas húmidas, como os estuários, funciona como um fator estruturante do
ecossistema.

Os estuários albergam assim uma grande abundância e diversidade de espécies, entre


as quais se encontram muitas espécies de interesse comercial, bem como espécies com
estatuto de conservação desfavorável, proporcionando-lhes habitat, alimento e proteção,
fatores essenciais para a sua sobrevivência.

16 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Importância
Ambiental, Cultural, Social e Económica

A biodiversidade, enquanto património natural, serve de suporte a várias atividades


humanas de grande valor socioeconómico às escalas local, regional e nacional.
Alguns exemplos destas atividades são as pescas comercial e recreativa, as indústrias
transformadora e distribuidora dos produtos pesqueiros, as indústrias farmacêutica e
cosmética, e também a restauração e o turismo.

Exemplos desta valiosa biodiversidade são muitas espécies de peixes, de moluscos e de


crustáceos, entre outras. Muitas destas espécies são essenciais para a nossa alimentação. De
facto, Portugal é o maior consumidor de pescado per capita da União Europeia (U.E.) e o
terceiro maior do mundo. Em média, um só português consome cerca de 57 Kg de peixe por
ano, sendo este alimento uma fonte de proteínas fundamental para a população portuguesa.

Na realidade, muitas das espécies marinhas e estuarinas por nós consumidas fazem parte
da gastronomia tradicional portuguesa desde há centenas de anos. São elementos chave
de muitas festas populares do nosso país, como a celebração dos Santos Populares, em que
tradicionalmente a sardinha (Sardina pilchardus) no pão é a principal iguaria. Assim, ao
longo do tempo, algumas destas espécies tornaram-se um componente essencial da cultura
portuguesa, desempenhando um papel importante no fortalecimento da identidade nacional.

Os estuários representaram desde sempre pontos de confluência de culturas e comércio,


materializados na existência de infraestruturas básicas como os portos e os mercados e na
ligação da terra e do mar e das suas gentes e costumes. Esta interface atraiu, desde muito
cedo, populações, indústrias e os serviços ligados a tão complexa rede de interesses, mas
foi no setor primário com a apanha de marisco, a pesca, e a produção de sal e de peixes
que assentou a base tradicional de sustento, associada a estes sistemas estuarinos.

À semelhança do que já acontece em muitos países do mundo, algumas espécies


marinhas e estuarinas, nomeadamente de algas, de peixes e3 de lesmas-do-mar, entre
outras, representam um valioso recurso para a indústria cosmética e farmacêutica, sendo
delas extraídas substâncias medicinais, muitas das quais utilizadas em ensaios clínicos de
doenças emergentes, como o cancro e a doença de Alzheimer.

Estes ecossistemas são ainda muito importantes para o bem estar humano, proporcionando
um espaço de lazer para passear, praticar desporto e relaxar. As suas paisagens têm um
inestimável valor estético, pelo que devem ser valorizadas e mantidas intactas tanto
quanto possível. Recentemente, com o crescimento do turismo da Natureza em Portugal,

Os estuários 17
muitas empresas de ecoturismo e de turismo aventura exploram estes espaços, dando
emprego a milhares de pessoas. Para além disso, estas empresas utilizam os estuários para
atraírem milhares de turistas todos os anos, que vêm para desfrutar da beleza natural do
nosso país, gerando divisas importantes para a nossa economia.

Assim, os estuários e a sua biodiversidade criam empregos e sustentam muitas populações


humanas ao longo de todo o país, constituindo em muitos casos a sua maior fonte de
rendimentos. Por isso, muitos defendem que estes ecossistemas são de grande importância
para o desenvolvimento socioeconómico sustentável das regiões.

Para além destes, os estuários prestam outros serviços ambientais ao ser humano, já que
a vegetação de sapal (habitat típico dos estuários) realiza uma depuração permanente
das águas e funciona como fixadora de dióxido de carbono (CO2), melhorando
significativamente a qualidade das águas e do ar.

O estuário do Arade é um foco de atividade humana e económica.

18 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Principais ameaças
Poluição, construção, dragagens, sobrepesca, pesca furtiva e alterações climáticas

Os estuários foram desde sempre explorados pelo ser humano devido à abundância
e à riqueza dos seus recursos. Cerca de dois terços da humanidade vive no litoral e
atualmente os ecossistemas costeiros encontram-se entre os mais ameaçados do planeta.

Com a ocupação humana desregrada e o crescimento demográfico, as margens dos


estuários, um pouco por todo o mundo, foram convertidas em zonas urbanas, agrícolas,
de aquacultura e de atividades extrativas e industriais. Os seus canais são utilizados como
rotas de navegação intensa ou locais de dragagem de sedimentos e de descarga de esgotos
domésticos ou provenientes da agricultura e de indústrias. Muitos destes contaminantes
são perigosos e não se degradam no ambiente e.g. plásticos, pesticidas e metais pesados.
Nos estuários e a montante, a poluição aumentou e a construção de barragens e de
açudes veio modificar a dinâmica e as características físico-químicas das águas. Para além
disso, as pescas artesanal e de subsistência deram lugar à sobrepesca e à pesca furtiva.

Estas ações, entre muitas outras, levaram à degradação dos estuários e dos meios
envolventes, com a consequente destruição dos seus frágeis habitats: as zonas entre
marés, os sapais e os canais de água. A redução da diversidade de espécies (muitas
com interesse comercial), a redução da qualidade da água, bem como o aumento da
toxicidade e da erosão, somam-se às consequências já referidas.

Em Portugal, também se desenvolveram importantes núcleos urbanos adjacentes


aos principais estuários, causando muitos impactes negativos e, de certa forma,
comprometendo o desenvolvimento sustentável e a economia das regiões a longo prazo.

Acresce que as alterações climáticas, associadas ao aquecimento global e à acidificação


dos oceanos ameaçam particularmente as zonas costeiras e os estuários. As suas
implicações no meio estuarino marinho (e.g. subida temperatura e do nível das águas,
acidificação) serão consideráveis na estrutura e dinâmicas das populações que aí residem
ou permanecem sazonalmente. Embora se pense que estas implicações sejam em grande
parte negativas, como se trata de um conjunto alargado de fatores cumulativos, a avaliação
dos impactes é complexa e ainda não foi completamente descortinada.

Os estuários 19
Estudo e conservação
Apesar da importância indiscutível dos estuários a vários níveis, estes locais são dos
ambientes aquáticos mais sujeitos à pressão humana. Como tal, os estudos sobre as
comunidades de organismos que utilizam os estuários revelam-se de especial importância,
uma vez que estas podem ser utilizadas como indicadores ambientais dos níveis de
poluição e de outros impactes antropogénicos.

Este tipo de estudos fornece dados sobre a importância ecológica dos estuários para os
próprios organismos, particularmente para as espécies de peixes com interesse comercial,
assim como para as suas larvas e juvenis, podendo dessa forma contribuir para melhorar
as políticas de conservação da Natureza, de exploração dos recursos pesqueiros e de
gestão dos estuários, de modo a garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.

O estuário do Arade serve de área de alimentação, reprodução, refúgio e proteção


para muitas espécies.

20 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Estuários em Portugal
No nosso país, existem 11 grandes estuários, distribuídos de norte a sul. Existem ainda
alguns sistemas lagunares com acesso permanente ao mar, como a ria de Aveiro, a ria de
Alvor e a ria Formosa.

Estuário do Minho
Estuário do Cávado
Estuário do Lima
Estuário do Ave
Estuário do Douro

Ria de Aveiro

Estuário do Mondego

Estuário do Tejo
Estuário do Sado

Estuário do Mira

Ria de Alvor Estuário do Guadiana


Estuário do Arade Ria Formosa

Para além destes, existem também vários rios e ribeiras formando pequenos estuários
(e.g. Liz, Seixe, Aljezur) que correm diretamente para o oceano, assim como lagoas
com acesso temporário ao mar (e.g. Óbidos, Albufeira, Melides, Sancha, Santo André,
Salgados, Almargem).

Os estuários 21
Embarcações junto a Ferragudo. [Jorge Casais/ Shutterstock]
O estuário do Arade
Capítulo II
Geografia
Este estuário está situado no Algarve (sul de Portugal), entre as povoações de Ferragudo,
da Mexilhoeira da Carregação e de Portimão (coordenadas: 37º06’N, 08º31’W e 37º39’N,
08º29´W). Tem cerca de 8 km de comprimento e menos de 1 km de largura média,
estendendo-se no sentido norte-sul. A sua bacia hidrográfica possui aproximadamente
996 km2, sendo na atualidade o segundo maior estuário do Algarve, a seguir ao Guadiana.
Presentemente, recebe água do rio Arade e das ribeiras de Odelouca e de Boina, tendo o
estuário uma profundidade média de 6 m.

N
OCEANO ATLÂNTICO

L
GA
RTU
PO

ITERRÂNEO
MAR MED

Estuário Faro
do Arade 25km

24 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


N

Mexilhoeira da
Carregação

Portimão
Parchal

Ferragudo

500m

O estuário do Arade 25
Zonas
O estuário pode ser dividido em quatro zonas principais que se distribuem de montante
para jusante, pela seguinte ordem: sapal nordeste, a Mexilhoeira da Carregação, o cais
comercial e, finalmente, a barra. A zona costeira adjacente ao estuário é também uma
zona de especial interesse para as espécies que ocorrem no estuário do Arade.

Sapal nordeste
Adjacente à zona mais a montante no estuário, e localizado na margem oposta à
povoação da Mexilhoeira da Carregação. Os esteiros de sapal são dos habitats aquáticos
mais representativos desta zona.

Mexilhoeira da Carregação
Zona localizada a montante no estuário, entre as zonas do sapal nordeste e do cais
comercial. Aqui, os habitats aquáticos mais característicos são o canal principal e as
margens não rochosas.

Cais comercial
Zona localizada mais para jusante no estuário. O canal principal, as margens rochosas e
as margens não rochosas são os habitats mais representativos desta zona.

Barra
Zona mais a jusante no estuário. Entre os habitats mais característicos desta zona
encontram--se o canal principal, as margens rochosas (molhes), as margens não rochosas
e a foz.

Costa adjacente
Zona marinha adjacente ao estuário.

26 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


N

Mexilhoeira da

Portimão Carregação

Ferragudo

Zonas
Sapal nordeste Costa adjacente
Mexilhoeira da Carregação Localidades
Cais comercial
Barra

O estuário do Arade 27
Habitats
No estuário do Arade, existem cinco grandes tipos de habitats: o canal principal, as
margens rochosas, as margens não rochosas, os esteiros de sapal e, por último, a foz. Em
cada um, obtiveram-se valores médios de profundidade em cada operação de amostragem.
São esses valores apresentados abaixo.

Canal principal
Tipo de habitat que se prolonga pela zona da Mexilhoeira da Carregação, do cais
comercial e da barra, desembocando na zona costeira adjacente ao estuário. Apresenta
fundos de areia, de vasa e mistos (de areia e de vasa), com profundidade média de 5,8 m.
Caracteriza-se por sofrer uma forte influência da água do mar e de ter associado um forte
hidrodinamismo.

Margens rochosas
Tipo de habitat situado junto ao cais comercial que se caracteriza por apresentar zonas
de enrocamento artificial sobre fundo de vasa, com uma profundidade média de 3,7 m e
uma forte influência da água do mar.

Margens não rochosas


Tipo de habitat que pode ser encontrado nas zonas da Mexilhoeira da Carregação, do cais
comercial e da barra, sofrendo uma influência marinha de moderada a forte. Caracteriza-
-se por apresentar fundos de areia, de vasa e mistos (de areia e de vasa), e ainda de
areia com rochas, sendo encontrado ao longo das margens esquerda e direita do canal
principal.

Esteiros de sapal
Tipo de habitat, de fundo vasoso, situado nas zonas do sapal nordeste e da Mexilhoeira da
Carregação, pelo que a influência da água do mar varia entre fraca e moderada.

Foz
Situado na zona da barra e na zona costeira adjacente ao estuário, sofrendo uma forte
influência da água do mar. A sua profundidade média é de aproximadamente 3,6 m.

28 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


N

Mexilhoeira da

Portimão Carregação

Ferragudo

Habitats
Foz
Canal principal (Areia)
Canal principal (Areia/Vasa)
Canal principal (Vasa)

Esteiros de sapal
Margem rochosa
Margem não rochosa

Pradarias de sebarrinha
Zostera noltii
Localidades

O estuário do Arade 29
Classificação
Atualmente, o estuário do Arade está classificado como Zona Húmida de Importância
Internacional, como Biótopo CORINE e a zona a norte da ponte ferroviária faz parte da
Rede Natura 2000, estando incluída na Zona Especial de Conservação (ZEC), outrora
denominada de Sítio de Interesse Comunitário (SIC), de Arade/Odelouca (PTCON0052).

Biótopo Corine
É um lugar que apresenta componentes físicas e biológicas sensíveis e muito impor-
tantes para a conservação do meio ambiente na Comunidade Europeia. O inventário
dos biótopos Corine, apresentado em 1991, serviu de base à construção da atual
Rede Natura 2000.

Rede Natura 2000


É a rede de áreas protegidas na União Europeia que resulta da Directiva Habitats
(92/43/CEE). Em cada área são desenvolvidas ações de gestão e de sensibilização
ambiental junto das populações, compatíveis com as suas tradições e desenvolvi-
mento, de forma a garantir a sobrevivência das espécies e o equilíbrio dos habitats,
minimizando a perda de biodiversidade derivada do impacte negativo das atividades
humanas. É o principal instrumento da conservação da Natureza na União Europeia.

Zona Húmida de Importância Internacional


Zona especialmente importante como habitat de aves aquáticas, determinada na
Convenção de Ramsar, em 1971. É um tratado de cooperação internacional no sen-
tido da conservação e do uso sustentável das zonas húmidas e dos seus recursos.

Zona Especial de Conservação (ZEC)


Nestes locais, também outrora classificados como Sítio de Interesse Comunitário
(SIC), são aplicadas as medidas necessárias para assegurar a biodiversidade, através
da conservação dos habitats naturais e dos habitats de espécies da flora e da fauna
selvagens considerados ameaçados na União Europeia.

30 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Condições ambientais
Os estuários são caracterizados pela elevada variabilidade das condições ambientais,
destacando-se as marés, a salinidade, a temperatura, a densidade da água e o oxigénio
dissolvido. Esta variabilidade influencia o funcionamento destes ecossistemas e a estrutura
das comunidades biológicas.

Marés
As marés são dos fatores ambientais mais influentes nos estuários e são a principal fonte
de renovação da água destes ecossistemas. No estuário do Arade, as marés variam entre 2
e 4 m de altura ao longo de um ciclo de marés. A subida e a descida das marés facilitam
a mistura da água salgada do mar com a água doce dos rios e das ribeiras, evitando que
a coluna de água fique estratificada verticalmente, ou seja, que se criem camadas com
diferentes características entre si ao nível dos diferentes parâmetros físicos, nomeadamente,
da sua densidade, temperatura, salinidade ou concentração em oxigénio. Deste modo, as
marés permitem a oxigenação da água e dos sedimentos estuarinos.

Salinidade
A salinidade é geralmente a característica mais importante nos estuários. Estes ecossistemas
são zonas de transição entre os rios e o mar, ocorrendo a mistura da água salgada do
oceano com a água doce das linhas de água que aí desaguam. Isto provoca uma alteração
da salinidade que assim varia ao longo do ano e ao longo do estuário. Geralmente, esta
altera-se de forma gradual de montante para jusante. Assim, nos estuários, a água na
zona da foz é geralmente salgada, enquanto que na zona dos rios e das ribeiras que o
formam é geralmente doce e nas zonas intermédias do estuário é geralmente salobra. O
mesmo acontece no estuário do Arade. De facto, na zona da foz, mais sujeita à influência
do oceano, a salinidade média anual é maior, de aproximadamente 36‰, diminuindo
gradualmente para as zonas mais a montante do estuário, onde a salinidade pode atingir
valores mais baixos, próximos de 24‰. Por outro lado, em algumas zonas mais isoladas
onde a renovação da água é menor, a salinidade pode atingir valores de aproximadamente
40‰, devido à elevada evaporação. A salinidade no estuário varia também ao longo do
ano, sendo geralmente maior no verão e menor no inverno. Isto acontece principalmente
devido à maior evaporação nos meses mais quentes e à maior precipitação nos meses
mais frios.

O estuário do Arade 31
Temperatura
Este fator ambiental é um dos parâmetros com maiores oscilações em estuários, uma vez
que são ecossistemas com um pequeno volume de água distribuído por uma grande área,
ou seja, apresentam profundidades relativamente baixas (no estuário do rio Arade, a
profundidade não ultrapassa geralmente os 10 m), estando muito sujeitos à influência das
condições climáticas. Por isso, ocorre um aquecimento da água, principalmente durante
o verão, e um arrefecimento, principalmente durante o inverno. Por outro lado, a mistura
de massas de água e o contacto com as margens também contribuem para a variação da
temperatura da água nestes ecossistemas. A temperatura média anual da água no estuário
do Arade, de aproximadamente 18ºC, varia sazonalmente, sendo mais baixa no inverno e
mais alta no verão, quando as temperaturas mínima e máxima são de aproximadamente
14ºC e 26ºC, respetivamente. Embora de forma ligeira, a temperatura da água também
varia ao longo do estuário, sendo a sua temperatura média geralmente maior a montante
(zona com menor profundidade). Por outro lado, é também nesta zona do estuário do
Arade que geralmente ocorrem as maiores variações da temperatura da água e se atingem
os seus valores mínimo e máximo anuais. Já as zonas a jusante são ligeiramente mais
estáveis a nível da temperatura.

Densidade da água
Este fator está relacionado com a temperatura e com a salinidade. No caso do estuário
do Arade, devido à sua profundidade relativamente baixa e à forte influência das marés,
ocorre uma elevada mistura da água do mar com a água dos rios e das ribeiras. Esta
mistura evita a formação de estratos de diferentes densidades na coluna de água. Desse
modo, as principais variações de densidade no estuário não ocorrem verticalmente, mas
sim horizontalmente, ou seja, de jusante para montante.

Oxigénio dissolvido
Este fator ambiental está relacionado com o funcionamento de todo o ecossistema, sendo
influenciado por vários fatores, como a degradação de matéria orgânica, a respiração e a
atividade fotossintética. Como tal, o oxigénio dissolvido é muito importante nos estuários,
uma vez que tem uma influência direta na qualidade da água. Nos ambientes estuarinos,
a coluna de água é geralmente aeróbica, ou seja, rica em oxigénio. No entanto, próximo
do substrato existem algumas zonas anóxicas (pobres em oxigénio). Por isso, no estuário
do Arade, a concentração de oxigénio dissolvido na água varia de local para local. As
concentrações mais elevadas são encontradas a jusante, devido à mistura com a água do
mar costeira, rica em oxigénio, enquanto que as concentrações mais baixas são medidas
nas zonas mais a montante, onde a influência oceânica é menor. As concentrações médias
anuais de oxigénio dissolvido no estuário do Arade variam aproximadamente entre 4,5
mg/L e 9,5 mg/L, correspondendo estes valores às zonas mais a montante e a jusante,
respetivamente. Esta concentração diminui principalmente no verão, voltando a aumentar
nos meses de inverno e de primavera.

32 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Profundidade
A profundidade média do estuário está em torno dos 6 m. A profundidade diminui de
forma relativamente acentuada ao longo do estuário, sendo geralmente menor a montante.
A profundidade mínima é de 1 m e a máxima é de 10 m, encontrando-se estes valores a
montante e a jusante, respetivamente.

MONTANTE

Temperatura da água*

Salinidade*
Densidade da água*
Oxigénio dissolvido*
Profundidade

JUSANTE

* também varia sazonalmente

O estuário do Arade 33
Amostragem científica na margem esquerda, de fundos arenosos, durante o Projeto ARADE.
O Projeto ARADE
Capítulo III
Projeto ARADE
Descrição
O Projeto ARADE - Recrutamento de Espécies Piscícolas de Interesse Comercial no Estuário
do Rio Arade, foi desenvolvido entre 2003 e 2006 pelo Grupo de Investigação Pesqueira
do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, no âmbito do
Programa MARE da Direcção Geral de Pescas e Aquicultura. As campanhas desenvolvidas
permitiram obter amostras, posteriormente analisadas de forma a caracterizar também as
comunidades de macroinvertebrados do estuário do Arade, em 2008.

Importância
As inúmeras ameaças ao equilíbrio ecológico do estuário do Arade levaram os cientistas a
estudar este frágil ecossistema, nomeadamente, a sua biodiversidade e as consequências
da ação humana sobre as valiosas comunidades de organismos que nele habitam. Este
trabalho assume particular interesse por se tratar de um dos primeiros estudos a ser
realizado num estuário da zona sul do país, nomeadamente, de modo a caracterizar
as diferentes áreas do estuário do ponto de vista das comunidades de espécies que aí
ocorrem, com o fim de avaliar a verdadeira riqueza deste ecossistema estuarino no seu
todo.

Objetivos
Este projeto teve como finalidade estudar a dinâmica das comunidades de peixes e de
macroinvertebrados aquáticos do estuário do rio Arade, com especial destaque para as
espécies de interesse comercial.

Tarefas
As principais tarefas do projeto foram:
(1) caracterizar as comunidades de peixes e de invertebrados e a sua distribuição no
estuário do Arade, com particular ênfase para os estados juvenis de espécies comerciais e
para as espécies com estatuto de conservação;
(2) estudar a influência dos vários fatores ambientais estuarinos e a abundância e a
distribuição dos recursos pesqueiros;
(3) identificar as áreas mais importantes do ponto de vista ecológico no estuário para as
espécies de interesse comercial, bem como o papel que estas áreas desempenham no
ciclo de vida destas espécies.

Métodos
Entre janeiro de 2004 e abril de 2005, foram realizadas dezasseis campanhas de
amostragem, nas quais foram utilizados vários métodos de amostragem, para inventariar a
ictiofauna e os macroinvertebrados aquáticos do estuário, alguns deles com base em artes

36 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


de pesca artesanais. As técnicas utilizadas foram o arrasto de vara, a redinha, o arrasto
de mão (ou pushnet), a teia de murejonas, o tresmalho e os censos visuais subaquáticos.
No fim de cada lance, as amostras/capturas (no caso das artes de pesca) foram triadas e
acondicionadas para posterior identificação no laboratório. Mais tarde, em 2008, foram
analisadas as amostras de invertebrados, entretanto armazenadas, identificando-se e
quantificando as espécies capturadas. Desde o final das amostragens do projeto (2005)
tem vindo a realizar-se a monitorização anual das comunidades do estuário.

Saiba mais
Mais informações sobre o projeto em: www.ccmar.ualg.pt/cfrg/projectoarade

Mexilhoeira da
Carregação
Portimão

Locais de Amostragem e Habitats


Arrasto
Censos visuais
Ferragudo
Pushnet
Redinha
Tresmalho
Murejonas

Foz Esteiros de sapal


Canal principal (Areia) Margem rochosa
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades

O Projeto ARADE 37
Arrasto de vara
Descrição
É uma arte “arrastante” e consiste em arrastar, com a ajuda de uma pequena embarcação,
uma rede em forma de saco, cuja boca é aberta por uma vara de metal/madeira, com o
objetivo de capturar todos os organismos que habitem próximo do fundo. É utilizada no
canal principal do estuário.

Uso
Foi utilizada na pesca comercial em estuários e rias, como no rio Arade e na ria Formosa.
No entanto, a sua utilização está proibida e é, atualmente, considerada uma arte de
pesca ilegal devido à baixa seletividade das capturas, levando à morte desnecessária
de muitos peixes, crustáceos, moluscos, etc. Pela mesma razão, é agora um método de
recolha de espécies utilizado apenas com fins científicos, pois permite obter uma boa
representatividade das comunidades dos organismos aquáticos dum determinado local.

Espécies alvo
Como opera junto ao fundo é direcionado às espécies de peixes e de invertebrados
bentónicos e demersais, normalmente juvenis, do canal principal do estuário e.g.
linguados, raias, cabozes, chocos e camarões.

2,65 m de largura
0,65 m de altura
9 mm de malhagem
Arte de pesca proibida, exceto para fins científicos

I. Aplicação do arrasto de vara (Projeto ARADE)

Métodos_ O arrasto de vara foi um dos principais métodos utilizados para a captura de organismos. A recolha de
espécies foi feita durante a maré cheia e à noite, em cinco locais do estuário. Em cada um destes locais, foram
realizados três arrastos mensais ao longo de um percurso de 200 m (530 m2). Posteriormente, os organismos
foram identificados, medidos e pesados no laboratório. Os organismos com estatuto de proteção, em perigo ou
ameaçados foram medidos e pesados no local de recolha sendo pouco depois devolvidos ao mar.

Locais_ Cinco locais situados nas zonas mais profundas do estuário no troço que vai desde a ponte da Via do
Infante até à foz (fora da barra, no anteporto junto à barra, em frente ao cais comercial, em frente à ETAR de
Portimão e a montante da ponte da EN125).

Habitat_ Canal principal (fundo arenoso, vasoso e arenoso vasoso).

38 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


9 mm

0,65 m

2,65 m

Embarcação utilizada no arrasto de vara.

O Projeto ARADE 39
Redinha
Descrição
A redinha é uma arte “envolvente-arrastante” de alar para terra. Em cada lance, uma
pessoa fica em terra com uma ponta da rede, enquanto o barco se afasta da margem
com a outra ponta, fazendo um círculo completo de forma a efetuar um cerco sobre uma
determinada zona. No fim, o barco regressa à margem e a redinha é alada para terra, onde
se verifica o que foi capturado. Utilizada em zonas pouco profundas, como as margens
dos rios, lagoas e nas zonas costeiras. Também conhecida como xávega em algumas
regiões de Portugal.

Uso
A redinha abrange toda a coluna de água, desde a superfície até ao fundo, o que faz
com que seja pouco seletiva (isto é, captura muitas espécies acessórias e organismos de
pequenas dimensões). Por esse motivo, atualmente é proibida na pesca comercial em
estuários e rias. No entanto, é um dos métodos utilizados para a recolha de espécies com
fins científicos, pois é de fácil utilização e fornece amostras representativas das espécies
destes ecossistemas.

Espécies alvo
Peixes e juvenis demersais, bentónicos e pelágicos que frequentam as margens do estuário
e.g. juvenis de sardinhas, sargos, robalos, linguados e cabozes.

25 m de comprimento
3,5 m de altura
9 mm de malhagem no saco, 11 mm no resto da rede
Arte de pesca proibida, exceto para fins científicos

II. Aplicação da redinha (Projeto ARADE)

Método_ A amostragem com redinha foi realizada mensalmente, durante o dia na maré vazia, em quatro pontos
do estuário previamente definidos. Em cada ponto, foram realizados três lances com esta arte, perfazendo um
total de doze amostras por campanha de amostragem.

Locais_ Quatro locais (praia grande junto à barra, junto a Ferragudo, junto à ETAR de Portimão e junto ao Castelo
de São João).

Habitat_ Margens do estuário (fundo arenoso, vasoso, arenoso vasoso e arenoso rochoso).

40 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Praia

3,5 m

9 mm
25 m

Lançamento e recolha da redinha.

O Projeto ARADE 41
Rede de tresmalho
Descrição
A rede de tresmalho é uma arte de pesca “passiva”, uma vez que está fixa num local,
funcionando como uma armadilha para os organismos que a tentam atravessar. É
constituída por três panos de rede: o “miúdo” que fica no centro e que tem uma malhagem
menor; e as “alvitanas” que são dois panos exteriores de malhagem superior.

Uso
Na costa algarvia, o tresmalho é muito utilizado pelos pescadores profissionais para a
captura de espécies de elevado valor comercial, como o linguado e o choco.

Espécies alvo
Peixes e invertebrados de maiores dimensões e/ou com grande mobilidade, que não são
facilmente capturados por outras artes de pesca e.g. linguados, choco, solhas, azevias,
raias, salmonete, robalo, dourada, lagosta e santola.

190 m de comprimento
3 m de altura
110 mm de malhagem no pano “miúdo” e 600 mm nos panos “alvitanas”

III. Aplicação do tresmalho (Projeto ARADE)

Métodos_ O tresmalho foi colocado mensalmente no local escolhido durante dois dias, tendo sido verificado
três vezes durante esse período.

Locais_ Um único local situado na parte terminal do estuário (na barra em frente à praia Grande.

Habitat_ Foz (fundo arenoso)

42 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


3m

110 mm
190 m
600 mm

Recolha da rede de tresmalho.

O Projeto ARADE 43
Arrasto de mão (pushnet)
Descrição
A pushnet é um arrasto de mão concebido por cientistas para estudar a fauna dos
pequenos canais e esteiros dos estuários e das rias. É semelhante a um pequeno arrasto,
com malhagem muito reduzida no saco, empurrado por uma pessoa. É eficaz em zonas de
baixa profundidade e é utilizada somente para estudos científicos, uma vez que é dirigida
aos indivíduos de pequenas dimensões, como peixes juvenis, sem tamanho comercial,
que escapam pelas malhas de outras artes.

Uso
Existe uma arte de pesca semelhante, denominada “chalrão”, que consiste numa pequena
rede presa entre duas varas, utilizada para capturar crustáceos, caranguejos e pequenos
peixes nos esteiros e nos canais de estuários e rias.

Espécies alvo
Pequenos organismos com mobilidade reduzida, como juvenis de peixes, camarões,
caranguejos e outros pequenos crustáceos e gastrópodes e.g. camarão-mouro, caranguejo-
-mouro e cabozes.

1,5 m de largura
0,5 m de altura
2 mm de malhagem
Arte de pesca proibida, exceto para fins científicos

IV. Aplicação do arrasto de mão (Projeto ARADE)

Método_ Foi utilizado durante o dia na maré vazia, nos pequenos esteiros existentes nas áreas de sapal adjacentes
ao canal principal do rio, entre a ponte do comboio e a ponte da Via do Infante. Para capturar os peixes e
invertebrados, foram realizados três arrastos ao longo de 30 m em cada um dos três locais selecionados. Na
zona estudada, o fundo era constituído por vasa (tipo de sedimento com um grão muito fino, que se assemelha
a barro).

Locais_ Três locais (a montante da ETAR de Portimão, imediatamente a montante da ponte da EN125 e
imediatamente a jusante da ponte da A22).

Habitat_ Esteiros de sapal (fundo de vasa).

44 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


2 mm

0,5 m

1,5 m

Arrasto de mão.

O Projeto ARADE 45
Teia de murejonas
Descrição
As murejonas são artes de pesca do tipo “armadilha”, em que o peixe é atraído através de
um isco para o seu interior, não conseguindo depois sair. Normalmente, são utilizadas em
zonas onde outras artes de pesca não conseguem operar (e.g. fundos rochosos).

Uso
Apesar de ainda serem utilizadas na pesca artesanal, os pescadores têm vindo a substituí-
-las por outras artes de pesca (e.g. covos), talvez devido à excessiva manutenção e a
baixas taxas de captura.

Espécies alvo
Peixes demersais, bentónicos e crípticos que frequentam recifes rochosos, como rochas
naturais ou mesmo grandes pedras e alicerces, de pontões ou barras e.g. sargos e bodiões.

10 murejonas separadas entre si cerca de 3 m


58 cm de largura
12 cm de altura
3 cm de malhagem

V. Aplicação da teia de murejonas (Projeto ARADE)

Método_ Neste estudo, as murejonas permaneceram colocadas, mensalmente, num único local de amostragem
durante dois dias, tendo sido verificadas três vezes durante esse período. O isco utilizado foi o mexilhão fresco.

Locais_ Um único local (junto ao cais comercial de Portimão).

Habitat_ Enrocamentos artificiais, alicerces dos pontões (em fundo de vasa).

46 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Isco: mexilhão M. galloprovincialis

Murejonas, uma arte de pesca tradicional.

O Projeto ARADE 47
Censos visuais
Descrição
Os censos visuais subaquáticos são um método de amostragem científica que consiste na
identificação e na quantificação subaquática num determinado momento das espécies
que ocorrem num determinado local. Uma das técnicas utilizadas nos censos visuais é a
quantificação de organismos ao longo de uma fita métrica estendida sobre o fundo, isto é,
numa distância pré-definida. Trata-se de um método de amostragem não destrutivo, pois a
identificação é realizada in situ, ou seja, no próprio local de estudo, e não é necessária a
captura dos organismos, minimizando-se o impacte no meio natural.

Uso
Esta técnica é utilizada geralmente através de mergulho com escafandro autónomo, mas
também pode ser realizada através de mergulho livre. Deve ser praticada por mergulhadores
experientes, com um vasto conhecimento sobre a identificação das espécies locais.

Espécies alvo
Peixes bentónicos, demersais e crípticos que frequentam zonas de recife, como rochas,
grandes pedras, alicerces de pontões ou barras e naufrágios, onde artes de pesca como
o arrasto e redinha não podem operar e.g. sargos, bodiões, cabozes, safios, moreias e
rascassos.

VI. Aplicação dos censos visuais (Projeto ARADE)

Método_ Foram realizados dois tipos de amostragem, uma dirigida aos peixes da coluna de água perto do fundo
(peixes demersais) e outra dirigida aos peixes que vivem no fundo (bentónicos) e de buraco (crípticos). Para as
espécies demersais foram realizados, em cada local, três transetos de 20 m de comprimento por 4 m de largura,
enquanto que para as espécies bentónicas e crípticas foram realizados três transetos de 10 m por 1 m de largura.
Em ambos os casos, foram identificadas e contadas as espécies observadas.

Locais_ Cinco locais (nos molhes leste e oeste, tanto no interior com no exterior do estuário, e num naufrágio
existente em frente ao cais comercial de Portimão). Estes pontos correspondiam a todos os locais que não
puderam ser estudados através das restantes técnicas.

Habitat_ Naufrágio e enrocamentos em zonas de fundo essencialmente arenoso e por vezes vasoso.

48 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


2m 2m

m
0,5m 0,5

Censos visuais.

O Projeto ARADE 49
Camarão-da-costa (Palaemon serratus).
Biodiversidade
Capítulo IV
Diversidade do estuário
No estuário do Arade, a diversidade de espécies é vasta (288 espécies de peixes e
invertebrados identificadas) e os organismos que aqui ocorrem são extremamente
abundantes. Associadas a este ecossistema encontram-se diversas espécies de mamíferos,
aves, répteis, anfíbios, peixes, ascídias, insetos, moluscos, crustáceos, cnidários,
hidrozoários, briozoários, esponjas, fungos, plantas e algas.

Algumas das espécies formam habitats extensos, como as pradarias de ervas marinhas,
que albergam muitas outras espécies, especialmente indivíduos juvenis de espécies
ameaçadas ou com interesse comercial. Não obstante, as pradarias de ervas marinhas no
estuário do Arade estão em declínio acentuado, devido essencialmente à ação humana
e.g. através da pesca com ganchorra e da poluição da água no passado, e das dragagens,
na atualidade. No âmbito deste livro, daremos destaque apenas ao grupo dos peixes e dos
invertebrados aquáticos.

As espécies desses grupos que ocorrem no estuário do Arade utilizam este ecossistema
ao longo do seu ciclo de vida. Nalguns casos, apenas durante a sua fase juvenil ou a fase
adulta e ainda, noutros casos, durante ambas as fases. Anteriormente às fases juvenil e
adulta, existe ainda a fase larvar, que não foi abordada no âmbito deste livro. Além disso,
muitas das espécies do estuário são espécies comerciais de grande interesse comercial
ou espécies protegidas devido à sua escassez e importância ecológica, estando algumas
ameaçadas a nível nacional e internacional.

Ilustração. Algumas das 290 espécies de peixes e invertebrados identificadas mostrando


a diversidade do estuário do rio Arade.

52 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Juvenis e adultos
Peixes (caixa VII)
As espécies que ocorrem no estuário do Arade utilizam este ecossistema como refúgio e
zona de alimentação ao longo de todo o seu ciclo de vida, com especial incidência para
a fase juvenil. Mais tarde, quando os juvenis atingem a maturidade sexual e se tornam
adultos, muitas espécies passam a utilizar o estuário do Arade também como zona de
reprodução. Finalmente, muitas espécies usam o estuário apenas durante a fase adulta,
provavelmente devido à grande abundância de alimento.

A maioria das espécies que aqui se encontram, ocorrem no estuário, pelo menos, durante
a fase juvenil (aproximadamente 90%), o que demonstra bem a importância deste
ecossistema. Mais de metade (60%) das espécies ocorre no estuário do Arade durante a
fase adulta.

VII. Idade e tamanho dos peixes capturados (Projeto ARADE)

Durante este estudo foram medidos todos os peixes capturados, tendo sido utilizado o seu tamanho de primeira
maturação para determinar se eram adultos ou juvenis. Contudo, tendo em conta este critério, um terço das
espécies de peixes capturadas (cerca de 30%) não foi incluída nesta análise, pois não foi encontrada informação
sobre o seu tamanho de primeira maturação.
40%
30%
NÃO SE SABE
COMPRIMENTO
1ª MATURAÇÃO
PEIXES MEDIDOS
COM COMPRIMENTO 10%
PEIXES DE 1ª MATURAÇÃO
CAPTURADOS CONHECIDO

50%

Espécies que ocorrem apenas Espécies que ocorrem apenas Espécies que ocorrem durante
durante a fase juvenil _ 40% durante a fase adulta_ 10% todo o ciclo de vida (fases juvenil
e.g. raias Raja spp., e.g. peixe-porco B. capriscus, e adulta)_ 50%
choupa S. cantharus, solha-das-pedras P. flesus As populações destas espécies são
salmonete M. surmuletus maioritariamente constituídas por
juvenis
e.g. sargo D. sargus,
Indivíduo com menor comprimento_ 0,8 cm robalo D. labrax,
caboz P. microps linguado-legítimo S. solea
Indivíduo com maior comprimento_ 68,6 cm
enguia A. anguilla

Biodiversidade 53
Espécies comerciais
Peixes (caixa VIII)
Mais de metade das espécies de peixes que ocorrem neste estuário possuem interesse
comercial. Alguns exemplos de espécies de maior valor de mercado são o salmonete
(Mullus surmuletus), os linguados (Solea spp.), o rodovalho (Scophthalmus rhombus), o
robalo (Dicentrarchus labrax), os sargos (Diplodus spp.), o pargo (Dentex spp.) e a dourada
(Sparus aurata).

Algumas destas espécies, como é o caso da sardinha (Sardina pilchardus), o carapau


(Trachurus trachurus) e a cavala (Scomber colias), estão entre as mais capturadas a nível
nacional. Vinte oito espécies estão atualmente consideradas “Comercialmente Ameaçadas”
pelo livro vermelho dos vertebrados. Por isso, é fundamental gerir este ecossistema de
forma adequada, de modo a conservar eficazmente estes recursos naturais tão valiosos.

Invertebrados (caixa VIII)


No estuário do Arade também existem 38 espécies de invertebrados com interesse
comercial que pertencem principalmente ao grupo dos crustáceos, dos cefalópodes e
dos bivalves. Entre estas, destacam-se a santola (Maja brachydactyla), navalheira (Necora
puber), o polvo-comum (Octopus vulgaris), o choco (Sepia officinalis), as ostras (Crassostrea
gigas e Ostrea edulis), a amêijoa-boa (Venerupis decussata) e a amêijoa-cão (Polititapes
aureus), o berbigão (Cerastoderma edule) e a conquilha (Donax trunculus), entre outras.

VIII. Espécies com interesse comercial (Projeto ARADE)

64 sp. 38 sp.
Espécies com interesse comercial
63,4% 20%

37 sp. PEIXES 152 sp. INVERTEBRADOS

54 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Espécies protegidas e ameaçadas
Peixes (caixa IX)
No estuário do Arade ocorrem várias espécies com estatuto de conservação desfavorável,
destacando-se a enguia (Anguilla anguilla), a savelha (Alosa fallax) e os cavalos-marinhos
(Hippocampus hippocampus e Hippocampus guttulatus), que, segundo o Livro Vermelho
dos Vertebrados de Portugal (ICN, 1993), possuem estatuto “Em Perigo”, “Vulnerável” e
“Indeterminado”, respetivamente.

É importante salientar a grande importância do estuário do Arade para a conservação


de muitas outras espécies, especialmente espécies comerciais (pelo menos 28 estão
“Comercialmente Ameaçadas”) e.g. o sargo-legítimo (Diplodus sargus), o sargo-safia
(Diplodus vulgaris), a dourada (Sparus aurata), o robalo (Dicentrarchus labrax), o salmonete
(Mullus surmuletus), o rodovalho (Scophthalmus rhombus) ou os linguados (Solea spp.).

IX. Espécies protegidas e ameaçadas (Projeto ARADE)

1 1 2 28

<Em Perigo> <Vulnerável> <Indeterminado> <Comercialmente


EN VU NE Ameaçada>

Enguia Savelha Cavalos-marinhos E.g. robalo


A. anguilla A. fallax Hippocampus spp. D. labrax

Biodiversidade 55
Espécies residentes
As espécies residentes são aquelas que vivem no estuário durante todo o seu ciclo de
vida.

Peixes (caixa X)
Apesar de existirem poucas espécies residentes (dezasseis num total de 104), as suas
populações são formadas por muitos indivíduos. Por esse motivo, a maioria dos peixes
existentes no estuário é residente. Os peixes-rei (Atherina spp.), o charroco (Halobatrachus
didactylus), o caboz (Pomatoschistus microps) e o caboz-negro (Gobius niger) estão entre
as espécies residentes mais representativas do estuário.

X. Espécies residentes (Projeto ARADE)

Residentes

16 70,5% 39,0%

ESPÉCIES
ABUNDÂNCIA PESO
DETETADAS

E.g. peixes-rei E.g. charroco E.g. caboz-da-areia


Atherina spp. H. didactylus P. microps

56 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Espécies que utilizam o estuário
como viveiro
As espécies que utilizam o estuário como viveiro são aquelas que se alimentam e que
crescem durante, pelo menos, uma parte do seu ciclo de vida no interior do estuário,
principalmente durante a fase juvenil.

Peixes (caixa XI)


Existem, pelo menos, dezassete espécies (das 104 detetadas) que utilizam o estuário
do Arade essencialmente como viveiro. A sardinha (Sardina pilchardus), o sargo-safia
(Diplodus vulgaris), o robalo (Dicentrarchus labrax), o sargo-legítimo (Diplodus sargus), o
biqueirão (Engraulis encrasicolus) e a tainha-garrento (Liza aurata) são algumas das mais
representativas.

XI. Espécies que utilizam o estuário como viveiro (Projeto ARADE)

Utilizam estuário como viveiro

17 25,1% 39,2%

ESPÉCIES
ABUNDÂNCIA PESO
DETETADAS

E.g. sardinha E.g. sargo-safia E.g. robalo


S. pilchardus D. vulgaris D. labrax

Biodiversidade 57
Espécies diádromas
Anádromas e catádromas
Estas espécies utilizam o estuário apenas como local de passagem durante a sua migração
para realizar a desova. Entre as espécies diádromas, distinguem-se dois tipos: as espécies
anádromas, que passam todo o seu ciclo de vida no mar, migrando até aos rios onde
desovam; e as espécies catádromas, que passam todo o seu ciclo de vida nos rios,
migrando para o mar para desovarem.

Peixes (caixa XII)


Este tipo de espécies é muito pouco representativo no estuário do Arade, ocorrendo
apenas duas espécies: a enguia (Anguilla anguilla), uma espécie catádroma; e a savelha
(Alosa fallax), uma espécie anádroma.

XII. Espécies diádromas (Projeto ARADE)

Diádromas 2
0,1% 3,3%

ESPÉCIES
ABUNDÂNCIA PESO
DETETADAS

Enguia Savelha
A. anguilla A. fallax

58 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Espécies ocasionais
As espécies ocasionais são aquelas que visitam o estuário de forma casual, não tendo
nenhuma preferência específica por este tipo de ecossistema.

Peixes (caixa XIII)


No estuário do Arade, existem cerca de cinquenta espécies ocasionais, geralmente
representadas por indivíduos de grandes dimensões. Existem mais espécies ocasionais do
que espécies residentes ou espécies que utilizam este ecossistema como viveiro.

Entre as espécies ocasionais, encontram-se a língua-de-gato (Buglossidium luteum), o


peixe-pau-pintado (Callyonimus risso), o linguado-da-areia (Pegusa lascaris), a cascarra
(Monochirus hispidus), o peixe-aranha-menor (Echiichthys vipera), o bodião (Symphodus
bailloni) e a cabra-cabaço (Chelidonichthys lucerna).

XIII. Espécies ocasionais (Projeto ARADE)

Ocasionais
4,3% 18,4%
50

ESPÉCIES
ABUNDÂNCIA PESO
DETETADAS

E.g. língua-de-gato E.g. peixe-pau-pintado E.g. bodião


B. luteum C. risso S. bailloni

Biodiversidade 59
Mexilhoeira da Carregação e a cidade de Portimão visível atrás da ponte do Caminho
de Ferro. [Inácio Pires / Shutterstock]
Distribuição por zonas
Capítulo V
Zonas
O estuário está dividido em várias zonas geográficas que se estendem de montante
para jusante, por esta ordem: o “sapal nordeste”, a “Mexilhoeira da Carregação”, o cais
comercial, a barra e a costa adjacente, na zona exterior.

Mexilhoeira da
Portimão Carregação

Ferragudo

Zonas
Sapal nordeste
Mexilhoeira da Carregação
Cais comercial
Barra

Costa adjacente
Localidades

62 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Sapal nordeste
Peixes (caixa XIV)
As famílias mais representativas desta zona são os cabozes (família Gobiidae), as tainhas
(família Mugilidae), os peixes-rei (família Atherinidae), os cavalos-marinhos (família
Syngnathidae) e os esparídeos (família Sparidae).

É uma das zonas onde ocorrem várias espécies comerciais. No entanto, as suas populações
são pouco abundantes em número de indivíduos e em peso.

Nesta zona, também a quantidade de indivíduos juvenis é superior à de adultos, o que


demonstra bem a importância desta zona de sapal para os juvenis das espécies que aqui
ocorrem.

XIV. Peixes da zona “sapal nordeste” (Projeto ARADE)

Espécies com interesse comercial Juvenis

FAMÍLIAS MAIS REPRESENTATIVAS


Cabozes (Gobiidae) e tainhas (Mugilidae)

64% 18 sp.
7% 18% 67%

TOTAL NÚMERO DE PROPORÇÃO DE


PESO TOTAL
35 ESPÉCIES INDIVÍDUOS JUVENIS

E.g. marinha-comum S. acus; E.g. dourada S. aurata,


tainha-fataça L. ramada linguado-legítimo S. solea

Distribuição por zonas 63


Invertebrados (caixa XV)
As espécies mais representativas do sapal nordeste são os camarões (camarão-mouro,
Crangon crangon; camarão-da-costa, Palaemon serratus; camarão-branco, Palaemon
longirostris; camarão-processa, Processa macrophthalma), o caranguejo-mouro (Carcinus
maenas), o mexilhão (Mytilus galloprovincialis) e pequenos búzios (Bittium reticulatum;
búzio, Rissoa membranacea; Peringia ulvae).

XV. Invertebrados da zona “sapal nordeste” (Projeto ARADE)

ESPÉCIES MAIS REPRESENTATIVAS


Camarão-mouro C. crangon - 35%, caranguejo-mouro C. maenas - 33%, ostra O. edulis - 8%, ascídia
M. exasperatus - 6% e mexilhão M. galloprovincialis - 5%

46 sp.
=
9647
INDIVÍDUOS
CAPTURADOS
=
28,3 Kg

ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE EM ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS


NÚMERO EM PESO FREQUENTEMENTE
Camarão-mouro Mexilhões Camarão-mouro
C. crangon M. galloprovincialis e M. C. crangon,
edulis caranguejo-mouro
C. maenas,
camarão-da-costa
P. serratus

64 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Mexilhoeira da Carregação
Peixes (caixa XVI)
As espécies mais representativas pertencem à família dos cabozes (Gobiidae) e dos
esparídeos (Sparidae). As tainhas (Mugilidae), o charroco (Batrachoididae) e, em menor
escala, os peixes-rei (Atherinidae) também aparecem bem representadas.

Apesar da menor diversidade de espécies comerciais, esta é das zonas com maior
abundância de peixes pertencentes a este grupo. Também aqui, a maioria das espécies é
representada por juvenis.

XVI. Peixes da zona “Mexilhoeira da Carregação” (Projeto ARADE)

Espécies com interesse comercial Juvenis

FAMÍLIAS MAIS REPRESENTATIVAS


Cabozes (Gobiidae) - 36,7%, esparídeos (Sparidae) - 27,1%, charrocos (Batrachoididae) - 14,6%, tainhas
(Mugilidae) - 9,9% e peixes-rei (Atherinidae) - 4,1%

61% 28 sp.

88% 98% 69%

TOTAL NÚMERO DE PROPORÇÃO DE


PESO TOTAL
46 ESPÉCIES INDIVÍDUOS JUVENIS

E.g. charroco H. didactylus, E.g. enguia A. anguilla,


tainha-garrento L. aurata, dourada S. aurata,
caboz-da-rocha G. paganellus biqueirão E. encrasicolus

Distribuição por zonas 65


Invertebrados (caixa XVII)
As espécies mais representativas nesta zona do estuário do Arade são a ascídia
(Microcosmus exasperatus), o camarão-mouro (Crangon crangon), o caranguejo-mouro
(Carcinus maenas), os mexilhões (Mytilus spp.) e as ostras (Crassostrea gigas e Ostrea
edulis).

XVII. Invertebrados da zona “Mexilhoeira da Carregação” (Projeto ARADE)

ESPÉCIES MAIS REPRESENTATIVAS


Ascídia M. exasperatus - 83%, camarão-mouro C. crangon - 4% e caranguejo-mouro C. maenas - 3%

79 taxa
14184
INDIVÍDUOS
CAPTURADOS
=
64,3 Kg

ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE EM ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE ESPÉCIE CAPTURADA MAIS


NÚMERO EM PESO FREQUENTEMENTE
Ascídia Ascídia Ascídia
M. exasperatus M. exasperatus M. exasperatus

66 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Cais comercial
Peixes (caixa XVIII)
Nesta zona, encontramos principalmente peixes das famílias dos esparídeos (Sparidae) e
das sardinhas (Clupeidae), assim como dos cabozes (Gobiidae) e dos linguados (Soleidae)
e ainda, em menor quantidade, das tainhas (Mugilidae).

O cais comercial destaca-se por ser a zona do estuário com maior número de indivíduos
de espécies comerciais. Para além disso, é a zona com maior proporção de indivíduos
juvenis, sendo uma zona de extrema importância para a sobrevivência destas espécies.

XVIII. Peixes da zona “cais comercial” (Projeto ARADE)


Espécies com interesse comercial Juvenis

FAMÍLIAS MAIS REPRESENTATIVAS


Esparídeos (Sparidae) - 31,8%, sardinhas (Clupeidae) - 26,2%, cabozes (Gobiidae) - 18.3%, linguados
(Soleidae) - 10,5% e tainhas (Mugilidae) - 4,2%

63% 34 sp.

92% 95% 92%

TOTAL NÚMERO DE PROPORÇÃO DE


PESO TOTAL
54 ESPÉCIES INDIVÍDUOS JUVENIS

E.g. sardinha S. pilchardus, E.g. salmonete M. surmuletus,


caboz-negro G. niger, robalo D. labrax,
sargo-safia D. vulgaris biqueirão E. encrasicolus

Distribuição por zonas 67


Invertebrados (caixa XIX)
A espécie mais representativa desta zona do estuário do Arade é a ascídia (Microcosmus
exasperatus), destacando-se ainda o ofiurídeo (Ophiura ophiura), o búzio (Nassarius
reticulatus), o camarão-processa (Processa macrophthalma) e o caranguejo-eremita
(Diogenes pugilator).

XIX. Invertebrados da zona “cais comercial” (Projeto ARADE)

ESPÉCIES MAIS REPRESENTATIVAS


Ascídia M. exasperatus - 43%, ofiurídeo O. ophiura - 18%, búzio N. reticulatus - 9%, camarão-processa
P. macrophthalma - 4% e caranguejo-eremita D. pugilator - 4%

153 sp.
=
25282
INDIVÍDUOS
CAPTURADOS
=
48,3 Kg

ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE EM ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE ESPÉCIE CAPTURADA MAIS


NÚMERO EM PESO FREQUENTEMENTE
Ofiurídeo O. ophiura Ascídia M. exasperatus Búzio N. reticulatus,
aranha-do-mar
M. rostrata

68 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Barra
Peixes (caixa XX)
Os peixes da família dos linguados (Soleidae) e dos esparídeos (Sparidae) são os mais
representativos desta zona do estuário. Para além destas famílias, também os cabozes
(Gobiidae), as tainhas (Mugilidae) e os peixes-rei (Atherinidae) se encontram aqui bem
representados.

As espécies comerciais representam a maioria das espécies que aqui ocorrem. De facto, a
barra é também das zonas com mais indivíduos e biomassa destas espécies.

Para além disso, cerca de dois terços dos peixes que aqui vivem são juvenis, revelando-
-se uma zona essencial para estes e demonstrando a importância do estuário para a
sobrevivência das espécies que aqui ocorrem.

XX. Peixes da zona “barra” (Projeto ARADE)


Espécies com interesse comercial Juvenis

FAMÍLIAS MAIS REPRESENTATIVAS


Linguados (Soleidae) - 31,7%, esparídeos (Sparidae) - 26,%, cabozes (Gobiidae) - 11,6%, tainhas (Mugilidae) -
9,5% e peixes-rei (Atherinidae) - 8,6%

69% 48 sp.

81% 94% 69%

TOTAL NÚMERO DE PROPORÇÃO DE


INDIVÍDUOS PESO TOTAL
70 ESPÉCIES JUVENIS

E.g. sardinha S. pilchardus, E.g. peixes-rei Atherina spp.,


caboz-da-areia P. minutus, azevia M. azevia,
língua-de-gato B. luteum, peixe-aranha-menor E. vipera
caboz-transparente A. minuta

Distribuição por zonas 69


Invertebrados (caixa XXI)
Nesta zona do estuário do Arade podem-se encontrar várias espécies de camarões
(camarão-processa, Processa macrophthalma; camarão-mouro, Crangon crangon;
camarão-da-costa, Palaemon spp.; camarões, Philocheras monacanthus, Philocheras
trispinosus, Sycionia carinata), de caranguejos (Polybius spp.), de caranguejos-eremita
(Diogenes pugilator, Paguristes oculatus) e também o pepino-do-mar (Holothuria
arguinensis) e a aranha-do-mar (Macropodia rostrata).

XXI. Invertebrados da zona “barra” (Projeto ARADE)

ESPÉCIES MAIS REPRESENTATIVAS


Camarão-processa P. macrophthalma - 57%, caranguejo L. vernalis - 11%, pepino-do-mar H. arguinensis - 4%,
aranha-do-mar M. rostrata - 3%, camarão P. trispinosus - 3% e caranguejo-eremita D. pugilator - 3%

73 sp.
=
3750
INDIVÍDUOS
CAPTURADOS
=
12,3 Kg

ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE EM ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE ESPÉCIE CAPTURADA MAIS


NÚMERO EM PESO FREQUENTEMENTE
Camarão-processa Pepinos-do-mar Camarão-processa
P. macrophthalma Holothuria spp. P. macrophthalma

70 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Costa adjacente
Peixes (caixa XXII)
Nesta zona adjacente ao estuário, as espécies de peixes mais representativas pertencem
principalmente à família dos linguados (Soleidae) e, em menor quantidade, à dos esparídeos
(Sparidae). No entanto, aqui também se destacam a famílias das cartas (Bothidae) e dos
rodovalhos (Scophthalmidae).

É nesta zona que existem mais espécies de interesse comercial, sendo constituídas por
populações de poucos indivíduos, mas de grandes dimensões.

Apesar da maioria das espécies ser representada por juvenis, esta é a zona que apresenta
uma maior proporção de adultos comparativamente com as restantes.

XXII. Peixes da zona “costa adjacente” (Projeto ARADE)


Espécies com interesse comercial Juvenis

FAMÍLIAS MAIS REPRESENTATIVAS


Linguados (Soleidae) - 66,1%, esparídeos (Sparidae) - 22,2%, cabozes (Gobiidae) - 5,3%

77% 31 sp.

13% 75% 63%

TOTAL NÚMERO DE PROPORÇÃO DE


INDIVÍDUOS PESO TOTAL
40 ESPÉCIES JUVENIS

E.g. peixe-pau-pintado C. risso, E.g. sargo D. sargus,


raia-riscada R. undulata, ruivos Chelidonichthys spp.,
caboz-da-areia P. minutus linguado-da-areia P. lascaris

Distribuição por zonas 71


Invertebrados (caixa XXIII)
As espécies de invertebrados mais características desta zona adjacente ao estuário do
Arade são o camarão-processa (Processa macrophthalma), o caranguejos (Polybius spp.),
a santola (Maja brachydactyla), o ferro-de-engomar (Cymbium olla) e o ofiurídeo (Ophiura
ophiura).

XXIII. Invertebrados da zona “costa adjacente” (Projeto ARADE)

ESPÉCIES MAIS REPRESENTATIVAS


Camarão-processa P. macrophthalma, caranguejo L. vernalis, santola M. brachydactyla, ferro-de-engomar C. olla
e o ofiurídeo O. ophiura

53 sp.
=
3863
INDIVÍDUOS
CAPTURADOS
=
17,8 Kg

ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE EM ESPÉCIE MAIS ABUNDANTE ESPÉCIE CAPTURADA MAIS


NÚMERO EM PESO FREQUENTEMENTE
Camarão-processa Santola Camarão-processa
P. macrophthalma M. brachydactyla P. macrophthalma

72 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Mexilhoeira da Carregação

Esteiro no sapal nordeste

Distribuição por zonas 73


Cais comercial

Barra

74 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Costa adjacente

Margem esquerda, na zona do cais comercial.

Distribuição por zonas 75


Caboz-da-rocha (Gobius paganellus), uma da espécies residentes no estuário.
Distribuição por habitats
Capítulo VI
Habitats
No estuário encontram-se os seguintes habitats: o canal principal, as margens rochosas,
as margens não rochosas, os esteiros de sapal e a foz.

Mexilhoeira da

Portimão Carregação

Habitats
Ferragudo Foz
Canal principal (Areia)
Canal principal (Areia/Vasa)
Canal principal (Vasa)

Esteiros de sapal
Margem rochosa
Margem não rochosa

Pradarias de sebarrinha
Zostera noltii
Localidades

78 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Canal principal
Peixes (caixa XXIV)
As espécies mais representativas deste tipo de habitat são o charroco (Halobatrachus
didactylus), a língua-de-gato (Buglossidium luteum), o caboz-negro (Gobius niger), o
sargo-safia (Diplodus vulgaris) e o caboz-da-areia (Pomatoschistus minutus). No canal
principal, encontram-se ainda a faneca (Trisopterus luscus), o trombeiro (Spicara maena),
a dobradiça (Oblada melanura), a bica (Pagellus erythrinus), a língua (Dicologlossa
cuneata), a raia-manchada (Raja montagui), a cabra-riscada (Trigloporus lastoviza), a
cabra-de-bandeira (Chelidonichthys obscurus) e a marinha (Nerophis lumbriciformis).
Neste habitat, encontram-se também duas espécies de cabozes – o caboz (Gobius
roulei) e o caboz-de-escama (Gobius gasteveni) - identificadas pela primeira vez para a
zona costeira portuguesa e para a costa algarvia, respectivamente, em 2004, durante o
projeto ARADE.

Este é um dos habitats mais importantes do estuário para os peixes juvenis. Aqui, a
quantidade de indivíduos juvenis é cerca de três vezes superior à de adultos. É também
um habitat muito importante para as espécies de interesse comercial, pois cerca de
dois terços das espécies que aqui ocorrem possuem valor comercial. Para além disso, a
quase totalidade dos indivíduos no canal principal pertence a espécies comerciais, o que
demonstra bem a importância potencial deste habitat para a pesca.

Invertebrados (caixa XXV)


As espécies mais características do canal principal do estuário são a ascídia (Microcosmus
exasperatus), os camarões (camarão-mouro, Crangon crangon; camarão-processa,
Processa macrophthalma), o ofiurídeo (Ophiura ophiura), os búzios (Nassarius spp.), e o
caranguejo-eremita (Diogenes pugilator).

Distribuição por habitats 79


XXIV. Peixes do habitat “canal principal” (Projeto ARADE)

TOTAL
64 ESPÉCIES

23,0% 52,6%

TOTAL
8,9% 3,3% TOTAL
9703
3,6% 122 Kg
INDIVÍDUOS
20,5% 3,62%
11,3%
3,7%
16,3% 4,1%
6,9%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM NÚMERO ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM PESO


Língua-de-gato B. luteum Charroco H. didactylus
Charroco H. didactylus Sargo-safia D. vulgaris
Caboz-negro G. niger Língua-de-gato B. luteum
Caboz-da-areia P. minutus Enguia A. anguilla
Sargo-safia D. vulgaris Dourada S. aurata
Caboz-negro G. niger
Linguado-branco S. senegalensis

100%
180 AMOSTRAS

0%
72,8% 71,7% 54,4% 52,2% 49,4% 43,0%

ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE


Charroco H. didactylus
Caboz-negro G. niger
Caboz-da-areia P. minutus
Língua-de-gato B. luteum
Sargo-safia D. vulgaris
Peixes-rei Atherina spp.

80 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


XXIV (cont.). Peixes do habitat “canal principal” (Projeto ARADE)

Espécies com interesse comercial Juvenis

61% 42 sp.

57% 94% 77%

TOTAL TOTAL TOTAL PROPORÇÃO DE


64 ESPÉCIES 9703 122 Kg JUVENIS
INDIVÍDUOS

E.g. sargo-safia D. vulgaris, azevia, M. azevia, mucharra-branca D. bellottii

XXV. Invertebrados do habitat “canal principal” (Projeto ARADE)

24,67% 44,90% 100%


180 AMOSTRAS

TOTAL
TOTAL
TOTAL
56726
171Kg
171 Kg
INDIVÍDUOS 9,90%

5,91% 8,62%
11,35% 8,86%
0%
4,5% 4,1%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE
EM NÚMERO EM PESO
Camarão-processa P. macrophthalma
Ascídia Ascídia Aranha-do-mar M. rostrata)
M. exasperatus M. exasperatus
Camarão-mouro caranguejo-mouro
C. crangon C. maenas
Camarão-processa
P. macrophthalma
Ofiurídeo
O. ophiura TOTAL
Búzio N. reticulatus 199 ESPÉCIES

Distribuição por habitats 81


Canal principal, zona de fundo misto (vasoso e arenoso) perto de Ferragudo.

82 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Margens rochosas
Peixes (caixa XXVI)
Nas margens rochosas, as espécies mais representativas são o sargo-safia (Diplodus
vulgaris), o sargo-legítimo (Diplodus sargus), a salema (Sarpa salpa), o bodião (Symphodus
bailloni), caboz-de-cabeça-amarela (Gobius xanthocephalus) e caboz-da-areia
(Pomatoschistus pictus). Neste habitat, também se encontram a marachomba-babosa
(Parablennius gattorugine), a marachomba-de-risca (Parablennius rouxi), o ferreiro-serrano
(Serranus hepatus), os cabozes (Gobius cruentatus, Gobius xanthocephalus, Gobiusculus
flavescens e Pomatoschistus quagga), a judia (Coris julis), o bodião-rupestre (Ctenolabrus
rupestris), o rascasso (Scorpaena porcus) e o caboz-de-três-dorsais (Tripterygion delaisi).
Há ainda a destacar a presença do caboz (Gobius roulei) e do caboz-de-escama (Gobius
gasteveni), duas espécies identificadas pela primeira vez para a zona costeira portuguesa
e para a costa algarvia, respectivamente, em 2004, durante o projeto ARADE.

Este é um habitat muito importante para os peixes juvenis que correspondem a uma
grande fração dos peixes que usam este habitat no estuário.

É também um habitat muito importante para as espécies comerciais, sendo que quase
todas as espécies aqui encontradas são de interesse comercial. O mesmo acontece em
termos do número de indivíduos e de biomassa.

Invertebrados (caixa XXVII)


As espécies de búzios (Nassarius reticulatus, N. incrassatus e N. nitidus), a vinagreira
(Aplysia puntacta), o polvo-comum (Octopus vulgaris), a navalheira (Necora puber), o
caranguejo-furta-camisas (Pachygrapsus marmoratus), os mexilhões (família Mytilidae)
e as lapas (família Patellidae) são representativas das margens rochosas do estuário do
Arade.

NOTA: Este habitat foi estudado através de pesca com murejonas e de censos visuais em mergulho, dirigidos
apenas aos peixes. Contudo, não foram recolhidas as dimensões dos exemplares observados durante os censos
visuais, pelo que não foi possível determinar o peso de cada espécime observado, nem o peso total dos
indivíduos observados. Assim, apenas se apresenta o peso das espécies de peixes capturadas com murejonas.
Além disso, porque a teia de murejonas é uma arte bastante seletiva, não captura a grande maioria das espécies
de invertebrados que ocorrem nesta habitat. Por essa razão, os dados sobre as comunidades de fauna deste
habitat podem não ser completamente representativos do mesmo.

Distribuição por habitats 83


XXVI. Peixes do habitat “margens rochosas”
(Projeto ARADE) TOTAL
64 ESPÉCIES

26,8% 52,6%

TOTAL
TOTAL
474
17 Kg
INDIVÍDUOS
12,7% 3,3%
3,6%
10,0% 3,62%
5,5% 3,7%
5,8% 6,9%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM NÚMERO (MUREJONAS) ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM PESO (MUREJONAS)
Sargo-safia D. vulgaris Charroco H. didactylus
Caboz P. quagga Sargo-safia D. vulgaris
Sargo-legítimo D. sargus Enguia A. anguilla
Salema S. salpa Dourada S. aurata
Caboz-cabeça-amarela G. xanthocephalus Caboz-negro G. niger
Linguado-branco S. senegalensis

100%
36 LANCES

36 TRANSECTOS
0%
72,8% 71,7% 54,4% 52,2% 49,4% 43,9%

ESPÉCIES OBSERVADAS MAIS FREQUENTEMENTE (CENSOS VISUAIS) ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE (MUREJONAS)
Sargo-safia D. vulgaris Charroco H. didactylus
Caboz-cabeça-amarela G. xanthocephalus caboz-negro G. niger
Bodião S. bailloni caboz-da-areia P. minutus
Sargo-legítimo D. sargus Azevia-marginada M. boscanion
Sargo-safia D. vulgaris
peixes-rei Atherina spp.

84 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


XXVI (cont.). Peixes do habitat “margens rochosas” (Projeto ARADE)

Espécies com interesse comercial (MUREJONAS) Juvenis (MUREJONAS)

44% 20 sp.

63% 65% 95%

TOTAL TOTAL TOTAL PROPORÇÃO DE


64 ESPÉCIES 407 17 Kg JUVENIS
INDIVÍDUOS

E.g. sargo-safia D. vulgaris, sargo D. sargus, salema S. salpa

XXVII. Invertebrados do habitat “margens rochosas” (MUREJONAS) (Projeto ARADE)

65,8% 47,5% 100%


36 LANCES

TOTAL
TOTAL
TOTAL
15,8% 38 INDIVÍDUOS 0,43Kg
171 Kg

26,0%

0%
4,5% 4,1% 4,1%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE
EM NÚMERO EM PESO Búzio N. reticulatus
Búzio Polvo-comum Lebre-do-mar A. punctata
N. reticulatus O. vulgaris Polvo-comum O. vulgaris
Lebre-do-mar Navalheira
A. punctata N. puber

TOTAL
7 ESPÉCIES

Distribuição por habitats 85


Margens rochosas.

86 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Margens não rochosas
Peixes (caixa XXVIII)
As espécies mais representativas deste habitat são principalmente os peixes-rei (Atherina
spp.) e a sardinha (Sardina pilchardus), a tainha-garrento (Liza aurata), o robalo
(Dicentrarchus labrax), a tainha-liça (Chelon labrosus) e o sargo-legítimo (Diplodus sargus).
Para além disso, encontram-se o peixe-agulha (Belone belone), o biqueirão (Engraulis
encrasicolus), a palmeta (Trachinotus ovatus), as tainhas (Liza spp. e Mugil cephalus) e o
papa-tabaco (Uranoscopus scaber).

Neste habitat, a quantidade de indivíduos juvenis é muito superior à de adultos, o que


demonstra a importância das margens (zonas de menor profundidade) para os peixes mais
jovens. De destacar que aqui também se encontram exemplares juvenis de savelha (Alosa
fallax), espécie com estatuto “Vulnerável”.

Invertebrados (caixa XXIX)


As espécies mais representativas nesta zona do estuário do Arade são a ascídia
(Microcosmus exasperatus), o camarão-mouro (Crangon crangon), o caranguejo-mouro
(Carcinus maenas), os mexilhões (Mytilus spp.) e as ostras (Crassostrea gigas e Ostrea
edulis).

Distribuição por habitats 87


XXVIII.Peixes do habitat “margens não rochosas” (Projeto ARADE)

TOTAL
58 ESPÉCIES

2,20%
59,1% 20,7%
2,95%

TOTAL
TOTAL
21124
24,9% 84 Kg
INDIVÍDUOS 18,0%

11,4% 11,6%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM NÚMERO ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM PESO


Sardinha S. pichardus Peixes-rei Atherina spp.
Peixes-rei Atherina spp. Robalo D. labrax
Biqueirão E. encrasicolus Tainha-garrento L. aurata
Sargo-legítimo D. sargus Sardinha S. pilchardus

100%
164 AMOSTRAS

0%
60,98% 35,98% 34,15% 34,15% 33,54% 30,49% 23,78% 22,56% 21,95%

ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE


Peixes-rei Atherina spp.
Sardinha S. pilchardus
Tainha-garrento L. aurata
Caboz-da-areia P. minutus
Robalo D. labrax
Sargo-legítimo D. sargus
Sargo-safia D. vulgaris
Cavalo-marinho H. guttulatus
Tainha-liça C. labrosus

88 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


XXVIII (cont.). Peixes do habitat “margens não rochosas” (Projeto ARADE)

Espécies com interesse comercial Juvenis

65% 38 sp.

96% 97% 61%

TOTAL
TOTAL TOTAL PROPORÇÃO DE
21124
58 ESPÉCIES 84 Kg JUVENIS
INDIVÍDUOS

E.g. sardinha S. pilchardus, biqueirão E. encrasicolus, sargo-legítimo D. sargus

XXIX. Invertebrados do habitat “margens não rochosas” (Projeto ARADE)

27,3% 53,7% 100%


7,1%
8,1%
164 AMOSTRAS

3,9% TOTAL
TOTAL
1537 INDIVÍDUOS
5,91% 171
20 Kg
Kg

8,1% 19,3% 25,5%

14,4%
0%
18,3% 18,3% 17,6% 15,9% 15,2%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE
EM NÚMERO EM PESO Caranguejo-mouro C. maenas
Caranguejo-mouro Polvo-comum Aranha-do-mar M. rostrata
C. maenas O. vulgaris Camarão-mouro C. crangon
Ascídia Caranguejo-mouro Ascídia M. exasperatus
M. exasperatus C. maenas Choco S. officinallis
Isópode Ascídia
A. physodes M. exasperatus
Búzio Choco
N. reticulatus S. officinallis TOTAL
Camarão-mouro 43 ESPÉCIES
Crangon crangon
Aranha-do-mar
M. rostrata
Distribuição por habitats 89
Margens não rochosas.

90 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Esteiros de sapal
Peixes (caixa XXX)
As espécies mais representativas deste tipo de habitat são sobretudo o caboz (Pomatoschistus
microps) e também a tainha-garrento (Liza aurata) e os peixes-rei (Atherina spp.). Aqui,
também se encontram outras tainhas, o pargo-dentão (Dentex dentex), sargos (Diplodus
spp.), marinhas-de-focinho-curto (Nerophis ophidion e Syngnathus abaster) e de-focinho-
grosso (Syngnathus typhle).

Este é também um habitat muito importante para os peixes juvenis, sendo a sua
abundância superior à de adultos. No entanto, é o habitat menos importante para as
espécies comerciais, pois o número e a abundância de indivíduos de espécies deste tipo
são baixos. Contudo, em termos de peso, os poucos indivíduos das espécies comerciais
que existem possuem o dobro do peso das espécies não comerciais por serem de maiores
dimensões.

Invertebrados (caixa XXXI)


As espécies de invertebrados mais representativas dos esteiros de sapal são o camarão-
mouro (Crangon crangon), o caranguejo-mouro (Carcinus maenas), o camarão-da-costa
(Palaemon serratus) e o búzio (Peringia ulvae).

Distribuição por habitats 91


XXX. Peixes do habitat “esteiros de sapal” (Projeto ARADE)

TOTAL
28 ESPÉCIES

1,42%
1,57%
2,05%
3,22% 1,69%
93,49% 82,52%
9,51%

TOTAL
TOTAL
41332
6,7 Kg
INDIVÍDUOS

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM NÚMERO ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM PESO


Caboz P. microps Caboz P. microps
Tainha-garrento L. aurata Tainha-garrento L. aurata
Peixes-rei Atherina spp. Enguia A. anguilla
Sardinha S. pilchardus
Peixes-rei Atherina spp.

100%
126 AMOSTRAS

0%
99,19% 30,08% 27,64% 18,70% 14,63%

ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE


Caboz P. microps
Tainha-garrento L. aurata
Peixes-rei Atherina spp.
Marinha-de-focinho-curto S. abaster
Marinha-comum S. acus

92 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


XXX (cont.). Peixes do habitat “esteiros de sapal” (Projeto ARADE)

Espécies com interesse comercial Juvenis

64% 18 sp.

6% 16% 67%

TOTAL
TOTAL TOTAL PROPORÇÃO DE
41332
28 ESPÉCIES 6,7 Kg JUVENIS
INDIVÍDUOS

E.g. tainha-garrento L. aurata, Peixe-rei A. presbyter, sardinha S. pilchardus, sargo-bicudo D. puntazzo

XXXI. Inverterbrados do habitat “esteiros de sapal” (Projeto ARADE)

5,7%

32,69% 60,5% 100%


2,5%
4,1%
126 AMOSTRAS

7,5% TOTAL
TOTAL
26974
9,5% 171
11 Kg
Kg
INDIVÍDUOS

10,8% 10,4% 26,8%

10,1%
0%
16,0% 14,1% 12,1% 6,8% 6,7%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE
EM NÚMERO EM PESO Camarão-mouro C. crangon
Camarão-mouro Caranguejo-mouro Caranguejo-mouro C. maenas
C. crangon C. maenas Camarão-da-costa P. serratus
Camarão-da-costa Camarão-mouro Búzio P. ulvae
P. serratus C. crangon Búzio B. reticulatum
Camarões da família Camarão-da-costa
Mysidacea P. serratus
Búzio Berbigão
R. membranacea C. edule TOTAL
Camarão 60 ESPÉCIES
P. flexuosus
Caranguejo-mouro
C. maenas
Distribuição por habitats 93
Esteiro de sapal, habitat muito influenciado pelo movimento das marés.

94 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Foz
Peixes (caixa XXXII)
As espécies mais representativas deste habitat são o linguado-branco (Solea senegalensis),
o rodovalho (Scophthalmus rhombus), o charroco (Halobatrachus didactylus), a tremelga-
de-olhos (Torpedo torpedo), a cavala (Scomber colias) e a cabra-cabaço (Chelidonichthys
lucerna). Aqui, também se encontram a solha-das-pedras (Platichthys flesus) e o peixe-
porco (Balistes capriscus). Destaca-se ainda a ocorrência da savelha (Alosa fallax),
uma espécie diádroma que em Portugal está atualmente ameaçada e tem o estatuto de
conservação “Vulnerável”.

Ao contrário do que acontece noutros habitats do estuário do Arade, a quantidade de


indivíduos adultos na foz é superior à de juvenis. Isto faz deste habitat o mais importante
do estuário para os peixes adultos. Este resultado estará de certa forma influenciado pela
técnica de amostragem adicional aqui utilizada, as redes de tresmalho.

Este habitat é também extremamente importante para as espécies comerciais, pois quase
todas as espécies que aqui ocorrem possuem valor de mercado.

Invertebrados (caixa XXXIII)


O choco (Sepia officinalis), as ostras (Ostrea edulis e Crassostrea gigas), a santola (Maja
brachydactyla), o polvo-comum (Octopus vulgaris) e o ferro-de-engomar (Cymbium olla)
são as espécies mais representativas da foz do estuário do Arade.

Distribuição por habitats 95


XXXII. Peixes do habitat “foz” (Projeto ARADE)

TOTAL
28 ESPÉCIES

20,17% 17,62%

TOTAL
TOTAL
119 16,7%
14,3% 38,5 Kg
INDIVÍDUOS
11,65%
9,24% 13,84%
11,93%

5,88% 6,72%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM NÚMERO ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM PESO


Linguado-branco S. senegalensis Linguado-branco S. senegalensis
Charroco H. didactylus Tremelga-de-olhos T. torpedo
Rodovalho S. rhombus Salema S. salpa
Salema S. salpa Charroco H. didactylus
Tremelga-de-olhos T. torpedo Rodovalho S. rhombus

100%
24 AMOSTRAS

0%
37,84% 24,32% 18,92% 16,22% 13,51% 13,51% 10,81% 10,81%

ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE


Linguado-branco S. senegalensis
Rodovalho S. rhombus
Charroco H. didactylus
Tremelga-de-olhos T. torpedo
Cavala S. colias
Cabra-cabaço C. lucerna
Sardinha S. pilchardus
Azevia M. azevia

96 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


XXXII (cont.). Peixes do habitat “foz” (Projeto ARADE)

Espécies com interesse comercial Juvenis

92% 22 sp.

96,6% 99,9% 40%

TOTAL
TOTAL TOTAL PROPORÇÃO DE
119 INDIVÍDUOS
24 ESPÉCIES 38,5 Kg JUVENIS

E.g. Linguado-branco S. senegalensis, rodovalho S. rhombus, cavala S. colias

Molhe oeste na foz do rio Arade

Distribuição por habitats 97


Amanhecer no estuário do Arade. As sessões de amostragem ocorreram frequentemente
durante a madrugada e a noite, de forma a aproveitar as marés mais adequadas.
Distribuição ao longo do ano
Capítulo VII
Primavera
Peixes
De forma geral, as espécies residentes são as mais representadas no estuário do Arade
durante a primavera. Não obstante, nesta época verifica-se um afluxo de espécies
migradoras que utilizam o estuário como viveiro. De facto, nesta época do ano, as
espécies de peixes mais predominantes no estuário são, principalmente, o caboz
(Pomatoschistus microps), seguido do charroco (Halobatrachus didactylus), da sardinha
(Sardina pilchardus), dos peixes-rei (Atherina spp.), do sargo-safia (Diplodus vulgaris), do
robalo (Dicentrarchus labrax) e, ainda, do caboz-negro (Gobius niger) (caixa XXXIII).
Assim, as famílias de peixes mais representativas do estuário do Arade na primavera são
os cabozes (Gobiidae), os esparídeos (Sparidae), os linguados (Soleidae), as sardinhas
(Clupeidae) e o charroco (Batrachoididae) (caixa XXXVII), sendo de salientar novamente a
presença de relevo das espécies migradoras com importância sazonal.

Invertebrados
As espécies mais predominantes durante esta estação são Microcosmus exasperatus,
Processa macrophthalma, Crangon crangon, Liocarcinus vernalis, Nassarius reticulatus,
Carcinus maenas, Sepia officinalis, Diogenes pugilator e Palaemon serratus (caixa XXXIII).

XXXIII. Espécies mais representativas na primavera (Projeto ARADE)

Caboz P. microps Charroco H. didactylus Sardinha S. pilchardus

Ascídia M. exasperatus Camarão-processa P. macrophthalma Camarão-mouro C. crangon

100 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Verão
Peixes
Tal como acontece na primavera, no verão, as espécies residentes são as mais representadas
no estuário, sendo o caboz (Pomatoschistus microps) a espécie de peixe mais predominante.
Não obstante, nesta época verifica-se um afluxo de espécies migradoras que utilizam
o estuário como viveiro. As restantes espécies com maior predominância no estuário
são o charroco (Halobatrachus didactylus), o sargo-safia (Diplodus vulgaris), os peixes-
-rei (Atherina spp.), o sargo-legítimo (Diplodus sargus), a sardinha (Sardina pilchardus), a
tainha-liça (Chelon labrosus) e a dourada (Sparus aurata) (caixa XXXIV).
As famílias de peixes mais representativas do estuário do Arade no período do verão
são os cabozes (Gobiidae), os esparídeos (Sparidae), os linguados (Soleidae), o charroco
(Batrachoididae) e as tainhas (Mugilidae) (caixa XXXVII). As espécies migradoras marcam
novamente a sua presença sazonal no estuário, apesar de não serem as espécies mais
predominantes.

Invertebrados
No verão, as espécies mais predominantes são Microcosmus exasperatus, Processa
macrophthalma, Ophiura ophiura, Nassarius reticulatus, Diogenes pugilator, Macropodia
rostrata, Sepia officinalis, Ostrea edulis, Liocarcinus vernalis, Maja brachydactyla, Anomia
ephippium e Mytilus galloprovincialis (caixa XXXIV).

XXXIV. Espécies mais representativas no verão (Projeto ARADE)

Caboz P. microps Charroco H. didactylus Sargo-safia D. vulgaris

Ascídia M. exasperatus Camarão-processa P. macrophthalma Ofiúro O. ophiura

Distribuição ao longo do Ano 101


Outono
Peixes
Tal como nas restantes estações do ano, no outono, as espécies residentes são as mais
predominantes no estuário do Arade. As espécies com maior predominância no estuário
são os peixes-rei (Atherina spp.), seguidos do caboz (Pomatoschistus microps), do charroco
(Halobatrachus didactylus), do sargo-safia (Diplodus vulgaris), da tainha-garrento (Liza
aurata), da língua-de-gato (Buglossidium luteum), do sargo-legítimo (Diplodus sargus),
do caboz-negro (Gobius niger) e, ainda, do linguado-branco (Solea senegalensis) (caixa
XXXV).
As famílias de peixes mais representativas no estuário do Arade no período do outono
são os cabozes (Gobiidae), os linguados (Soleidae), os esparídeos (Sparidae), as tainhas
(Mugilidae) e os peixes-rei (Atherinidae) (caixa XXXVII).

Invertebrados
As espécies mais predominantes nesta estação do ano são Microcosmus exasperatus,
Ophiura ophiura, Macropodia rostrata, Liocarcinus vernalis, Maja brachydactyla, Processa
macrophthalma, Carcinus maenas, Nassarius reticulatus, Diogenes pugilator, Crangon
crangon, Psammechinus miliaris, Polybius arcuatus e mexilhões do género Mytilus (Mytilus
spp.) (caixa XXXV).

XXXV. Espécies mais representativas no outono (Projeto ARADE)

Peixes-rei Atherina spp. Caboz P. microps Charroco H. didactylus

Ascídia M. exasperatus Ofiúro O. ophiura Aranha-do-mar M. rostrata

102 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Inverno
Peixes
No inverno, tal como acontece no resto do ano, as espécies residentes são as mais
predominantes no estuário do Arade. As espécies de peixes com maior predominância
no estuário do Arade são, principalmente, o caboz (Pomatoschistus microps) e, também,
os peixes-rei (Atherina spp.), o charroco (Halobatrachus didactylus), a sardinha (Sardina
pilchardus), o caboz-negro (Gobius niger), a tainha-garrento (Liza aurata), a língua-de-gato
(Buglossidium luteum) e o caboz-da-areia (Pomatoschistus minutus) (caixa XXXVI).
As famílias de peixes que mais representam o estuário do Arade no período do inverno
são os cabozes (Gobiidae), os esparídeos (Sparidae), os linguados (Soleidae), as tainhas
(Mugilidae) e as sardinhas (Clupeidae) (caixa XXXVII).

Invertebrados
No inverno, as espécies mais predominantes são Microcosmus exasperatus, Crangon
crangon, Carcinus maenas, Ophiura ophiura, Nassarius reticulatus, Processa
macrophthalma e Diogenes pugilator (caixa XXXVI).

XXXVI. Espécies mais representativas no inverno (Projeto ARADE)

Caboz P. microps Peixes-rei Atherina sp. Charroco H. didactylus

Ascídia M. exasperatus Caranguejo-mouro C. maenas Ofiúro O. ophiura

Distribuição ao longo do Ano 103


XXXVII. Projeto ARADE
FAMÍLIAS DE PEIXES MAIS REPRESENTATIVAS EM CADA ÉPOCA DO ANO.

Gobiidae
RESIDENTES

JUNHO

e
AI
O
id ida
Sparidae M o
ch
MIGRADORES
rt a e
Usam estuário como viveiro
Ba e ida
up e
Cl e ida
l ae
So arid
Sp ae
iid

IL
Soleidae
ob
ABR
MIGRADORES G

Clupeidae
MIGRADORES
MARÇO

Batrachoididae
RESIDENTES
O
REIR
VE
FE

Cl
Atherinidae up
RESIDENTES eid
ae
O
EIR
JAN
O
Mugilidae
RESIDENTES

104 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Distribuição ao longo do Ano 105
SETEMBRO
OU
TUB
RO
O
OST e
id a
AG ae e
ilid oidida
rin
ae he
ug
M trach
ili d At
e ug
Ba

NO
id a M
ar

VE
e
da Sp

MB
lei

RO
So

HO
JUL

DEZEMB
Macho adulto de marachomba-cornuda Parablennius pilicornis.
Fichas de espécies
Capítulo VIII
Espécies de peixes
No estuário do rio Arade ocorrem, pelo menos, 104 espécies de peixes: 100 são peixes
ósseos (Actinopterygii) e as restantes são peixes cartilagíneos (Elasmobranchii), que
pertencem a 35 famílias diferentes.

As famílias com mais espécies no estuário são: os esparídeos (Sparidae), com 16 espécies;
os cabozes (Gobiidae), com 13 espécies; os linguados (Soleidae), com 8 espécies; os
cavalos-marinhos (Syngnathidae) e os bodiões (Labridae), com 7 espécies cada uma.

De forma geral, as famílias mais representativas no estuário do Arade são os cabozes


(Gobiidae), os esparídeos (Sparidae), os linguados (Soleidae) e as tainhas (Mugilidae).

Para além disso, o caboz (P. microps) e o charroco (H. didactylus) são as espécies com
maior predominância no estuário do Arade, seguidas dos peixes-rei (Atherina spp.), do
sargo-safia (D. vulgaris) e da sardinha (S. pilchardus).

XXXVIII. Espécies de peixes (Projeto ARADE)

53,9% 27,3%
3,1%
2,9%
TOTAL
8,8% TOTAL
72761
268,5 Kg
INDIVÍDUOS
7,2%
17,4% 6,9%
6,2%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM NÚMERO ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM PESO


Caboz P. microps Charroco H. didactylus
Sardinha S. pilchardus Sargo-safia D. vulgaris
Peixes-rei Atherina spp. Peixes-rei Atherina spp.
Azevia M. azevia Robalo D. labrax
Charroco H. didactylus

100% ESPÉCIES CAPTURADAS MAIS FREQUENTEMENTE


Peixes-rei Atherina spp.
Caboz P. microps
Charroco H. didactylus
AMOSTRAS

Caboz-negro G. niger
Sargo-safia D. vulgaris

0%
38,6% 37,5% 33% 29,2% 29%

108 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Anatomia geral dos peixes
zona dorsal

primeira
barbatana segunda
dorsal barbatana
barbatana dorsal
mandíbula pedúnculo
peitoral
superior caudal

olho
dorso

região cabeça flanco região


boca
anterior posterior
ventre linha
lateral
opérculo barbatana
caudal
mandíbula
barbatana
inferior barbatana anal
pélvica

zona ventral

Nota
Através da leitura do glossário, poderá ficar a conhecer a anatomia geral dos peixes de forma mais detalhada.
Existem outros termos técnicos muito úteis, como escamas, raios, entre muitos outros, que se referem à anatomia
destes animais, para além daqueles aqui mencionados.

Fichas de espécies | Peixes 109


Eel | Anguilla | Anguille CR | EN
Enguia, eiró
Anguilla anguilla (Linnaeus, 1758) Anguillidae | Anguilliformes

| até 133 cm | 20-30 anos | juvenil até 60 cm | 5 anos 9,18

Descrição
Corpo alongado, sendo cilíndrico na parte dianteira e um pouco mais achatado na
parte traseira. Mandíbula inferior um pouco maior e mais projetada do que a de cima. A
barbatana caudal junta-se às barbatanas dorsal e anal que são alongadas, formando uma
única barbatana com, pelo menos, quinhentos raios moles. Cor verde acastanhada.

Alimentação
Em Portugal, parece alimentar-se de pequenos peixes e de crustáceos (caranguejos e
camarões). Noutras regiões, também fazem parte da sua dieta regular outras espécies
de pequenos crustáceos (anfípodes), poliquetas e até mesmo insetos, o que indica que
esta espécie pode ter uma estratégia alimentar generalista (isto é, pouco específica e
dependente das presas que encontra em cada local).

Reprodução
A época de reprodução normalmente ocorre entre março e maio, podendo começar dois
meses mais cedo e terminar dois meses mais tarde, tendo a particularidade de ocorrer
no “Mar dos Sargaços” (Atlântico Oeste, perto das Ilhas Bermudas). Esta época está de
acordo com o aparecimento de juvenis no estuário do Arade, em abril e maio.

110 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Idade e Crescimento Habitats
Pode atingir os 133 cm de comprimento,
N
encontrando-se indivíduos no estuário do
Arade a partir dos 6,5 cm e chegando aos
68,6 cm. A idade máxima ronda os 20-30
anos.
Portimão

Habitat
Demersal, catádromo, pode viver em água
salgada, salobra e doce e em profundidades
entre os 0 e os 700 m.
Ferragudo

Utilização do estuário do Arade


A enguia é uma espécie pouco abundante
no estuário do Arade. A sua entrada no
estuário dá-se entre janeiro e abril, quando
tem cerca de 6,5 cm, principalmente nos
esteiros do sapal da zona superior do
Foz Esteiros de sapal
estuário. Os locais de maior concentração
Canal principal (Areia) Margem rochosa
de enguias são as partes superiores e
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
intermédias do estuário. No entanto,
Canal principal (Vasa) Localidades
também ocorrem indivíduos na margem
adjacente ao Forte de S. João, na parte inferior do estuário. Os habitats preferidos são
constituídos por fundos arenosos e/ou vasosos de profundidade variável, sendo os juvenis
encontrados somente a baixas profundidades.

Distribuição geográfica
Costa Atlântica, desde a Escandinávia até Marrocos, assim como nos Mares Báltico e
Mediterrâneo. Reproduz-se no Atlântico Oeste, no chamado “Mar dos Sargaços”.

Pesca
As nassas são a arte de pesca mais importante para a enguia. No entanto, também pode ser
pescada através de arrasto de vara, por redinha e, ainda, por aparelho de anzol. Apresenta
um elevado valor comercial para a pesca e é, também, produzida em aquacultura. Em
Portugal, o tamanho mínimo legal de captura é de 22 cm de comprimento. Nos últimos
cinco anos, a quantidade média anual desembarcada no Algarve foi de 0,03 toneladas.

Projeto ARADE
Foram encontrados somente 59 exemplares de enguia no estuário do Arade durante este projeto.

Fichas de espécies | Peixes 111


Sand smelt | Abichón | Prêtre LC | NE
Peixe-rei
Atherina presbyter Cuvier, 1829 Atherinidae | Atheriniformes

| até 20 cm | 4 anos | juvenil até 6,5-7,3 cm 18,27

Descrição
Peixe pequeno, de corpo alongado e subcilíndrico. Cabeça de tamanho reduzido,
achatada dorsalmente e olhos muito grandes em relação ao tamanho da cabeça. Boca
pequena e terminal (isto é, na extremidade anterior do corpo). Duas barbatanas dorsais
bem separadas. O corpo é cinzento prateado, pintalgado com pequenos pontos pretos.
Linha lateral prateada brilhante, seguida de uma tonalidade azul escuro na região dorsal
do corpo.

Alimentação
Alimenta-se de pequenos crustáceos e de larvas de peixe.

Reprodução
A reprodução ocorre na primavera e no verão. O tamanho de primeira maturação é
alcançado com cerca de 7,3 cm nas fêmeas e 6,5 cm nos machos.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 20 cm de comprimento (Arade: 3-12,2 cm). A idade máxima registada é
de 4 anos.

112 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
Espécie pelágica litoral que habita tanto a
N
zona costeira como estuários e rias. Vive
geralmente em grandes cardumes. É uma
espécie eurihalina (isto é, tolera grandes
variações de salinidade).
Portimão

Utilização do estuário do Arade


O peixe-rei é uma espécie residente
e está entre as três espécies mais
abundantes do Arade, sendo geralmente
Ferragudo
encontrado em cardumes de muitos
indivíduos ao longo do estuário. Em
termos ecológicos, desempenha um papel
semelhante ao da sardinha: dadas as suas
pequenas dimensões, serve de alimento
para várias espécies, muitas delas de
interesse comercial. É encontrado mais
Foz Esteiros de sapal
frequentemente nas margens do estuário,
Canal principal (Areia) Margem rochosa
em águas pouco profundas.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Distribuição geográfica
Oceano Atlântico Este, desde as Ilhas Britânicas até Cabo Verde. Mar Mediterrâneo Oeste.

Pesca
O peixe-rei é uma espécie sem valor comercial, em Portugal, apesar de apreciado em
alguns locais do Algarve, onde é considerado uma iguaria, podendo ser encontrado em
mercados e restaurantes. É pescado com arte do cerco e com xávega, mas é geralmente
rejeitado pelos pescadores. No entanto, em países como Espanha e Marrocos é apreciado
e tem valor comercial.

Fichas de espécies | Peixes 113


Lusitanian toadfish | Sapo lusitánico, pez sapo | Crapaud-lusitanien, crapaud NE | NE

Charroco
Halobatrachus didactylus (Bloch & Schneider, 1801) Batrachoididae | Batrachoidiformes

| até 60 cm | 25 anos | juvenil até 26-30 cm 18,32 170

Descrição
Corpo achatado dorsoventralmente, com a cabeça e a boca grandes. Duas barbatanas
dorsais e uma barbatana peitoral grande. O opérculo e a primeira barbatana dorsal
possuem espinhos. As maxilas inferior e superior têm tentáculos cutâneos (parecidos a
barbilhos de pele na zona da boca). O corpo é castanho amarelado com manchas escuras.

Alimentação
Alimenta-se de crustáceos, de moluscos e de pequenos peixes. No estuário do Arade, o
caranguejo-mouro (Carcinus maenas) está entre as suas presas preferidas.

Reprodução
A época de postura dá-se de março a agosto, com um pico em maio/junho. Depois da
fêmea depositar os ovos, estes são deixados à guarda do macho. O tamanho de primeira
maturação é alcançado com cerca de 26 cm nas fêmeas e de 30 cm nos machos.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 60 cm de comprimento (Arade: 5,1-33,8 cm) e alcançar os 25 anos de
idade.

114 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitats
Habitat
N
É uma espécie sedentária e solitária
que habita em fundos de areia fina e de
vasa, sendo frequentemente encontrada
ligeiramente enterrada ou em buracos (de
Portimão
rochas ou de objetos perdidos que possam
servir de esconderijo, como e.g. caixas,
armadilhas de pesca e tubos). Prefere
águas pouco profundas de estuários e de
rias, apesar de também ser encontrada na
Ferragudo
zona costeira. É uma espécie eurihalina
que tolera salinidades baixas, apesar de se
deslocar para águas mais salinas, a jusante,
quando existe uma descida acentuada de
salinidade.

Utilização do estuário do Arade


Foz Esteiros de sapal
O charroco é uma das espécies
Canal principal (Areia) Margem rochosa
emblemáticas do estuário, podendo
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
ser encontrado todo o ano em grandes
Canal principal (Vasa) Localidades
abundâncias, desde a foz até às zonas
mais a montante. No entanto, na zona da foz ocorre em menores densidades, devido à
forte influência marinha. É uma espécie residente que passa todo o seu ciclo de vida no
estuário.

Distribuição geográfica
No Atlântico Este, desde o sul da Baía da Biscaia até ao Gana, incluindo o Mediterrâneo
Oeste.

Pesca
Trata-se de uma espécie de baixo valor comercial, sendo geralmente capturada na pesca
comercial como espécie acessória. No entanto, é capturada em quantidades suficientes
para ser uma espécie frequente em mercados e lotas. As artes de pesca mais utilizadas
para a sua captura são o aparelho de anzol, o cerco e, em menor escala, as redes de
emalhar e de arrasto. Tem pouco valor gastronómico, contudo é utilizada na conhecida
caldeirada algarvia.

Fichas de espécies | Peixes 115


Pilchard, sardine | Sardina | Sardine NE | NE
Sardinha, petinga
Sardina pilchardus (Walbaum, 1792) Clupeidae | Perciformes

| até 30 cm | 15 anos | juvenil até 7,9 cm 18,50

Descrição
Corpo alongado do tipo mais ou menos cilíndrico, com pequenas manchas verdes e azuis
no dorso e prateado nos flancos e no ventre. Uma série de pequenos pontos escuros ao
longo da parte superior dos flancos. Parte inferior do opérculo com 3-5 estrias ósseas
horizontais distintas.

Alimentação
É planctívoro: os juvenis alimentam-se de fitoplâncton (diatomáceas) e os adultos de
zooplâncton, em especial de crustáceos (copépodes).

Reprodução
A época de postura é entre setembro e maio, até uma distância máxima de 100 km da
costa, em grandes cardumes. As fêmeas desovam cerca de 50.000 a 60.000 ovos. O
tamanho de primeira maturação é de cerca de 7,9 cm.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 30 cm de comprimento (Arade: 6,5-20 cm), sendo comum entre os 15
e os 25 cm. A idade máxima ronda os 15 anos, sendo o crescimento muito rápido nos
primeiros anos de vida.

116 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitats
Habitat
N
É um peixe pelágico que geralmente vive
entre os 25-55 m (até 100 m) durante o dia
e entre os 15-35 m durante a noite.

Portimão
Utilização do estuário do Arade
As sardinhas são uma espécie abundante
no estuário, utilizando-o essencialmente
enquanto juvenis, tirando proveito
da abundância de alimento para um
Ferragudo
crescimento rápido. Entram no estuário
entre abril e agosto (maior intensidade de
abril a junho), com cerca de 1,5-3 cm, e
a saída para o mar dá-se entre outubro e
março (máximo em dezembro), com mais
de 9 cm de comprimento. Permanece, no
entanto, uma pequena porção no interior
Foz Esteiros de sapal
do estuário. Ocorrem essencialmente nas
Canal principal (Areia) Margem rochosa
zonas mais a jusante, nomeadamente do
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
cais comercial à barra do estuário.
Canal principal (Vasa) Localidades

Distribuição geográfica
No Mediterrâneo Ocidental e na Costa Atlântica Este, desde Bergen (na Noruega) até
Dakar (no Senegal).

Pesca
É uma espécie com grande interesse comercial e é capturada pela arte de cerco (por
vezes com o auxilio de atração luminosa), sendo a espécie mais capturada em águas
portuguesas. Existe uma gestão controlada das suas capturas e o tamanho mínimo legal
de captura, em Portugal, é de 11 cm. Nos últimos cinco anos, a quantidade média anual
desembarcada, no Algarve, foi de 4729 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 117


Twaite shad | Alosa, saboga | Alose feinte LC | VU
Savelha
Alosa fallax (Lacepède, 1803) Clupeidae | Clupeiformes

| até 60 cm | 25 anos | juvenil até 30 cm | 3 anos 18,50

Descrição
Corpo mais ou menos achatado lateralmente. Cor prateada com uma mancha negra junto
à cabeça, seguida de sete ou oito manchas idênticas ao longo dos flancos (por vezes
pouco visíveis).

Alimentação
Carnívora, com uma dieta baseada essencialmente em pequenos peixes e crustáceos.

Reprodução
Entra nas zonas entre marés dos rios em maio/junho, onde se reproduz. A postura ocorre
durante a noite, sobre fundos de areia ou de cascalho, com a temperatura da água entre
os 15-20ºC. Os adultos regressam ao mar após a reprodução, podendo voltar mais tarde
para uma segunda ou terceira postura. Os alevins movem-se para junto da foz à medida
que se desenvolvem. Esta espécie alcança a maturidade sexual aos 3-4 anos (30-40 cm).

Idade e Crescimento
Pode atingir 60 cm de comprimento (Arade: 31,3-36,9 cm). A idade máxima ronda os 25
anos.

118 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
Espécie pelágica anádroma, fortemente
N
migradora, que aparentemente não penetra
nas zonas mais superiores dos rios. Sofre
bastante com a poluição dos rios e, em certa
medida, com a construção de diques e de
Portimão
barragens que impedem as suas migrações.
Forma cardumes. Sobrevive em condições
de salinidade muito elevada.

Utilização do estuário do Arade


Ferragudo
É uma espécie rara no estuário do Arade.
Normalmente, ocorre na zona do cais
comercial e na foz, mas, tratando-se de
uma espécie anádroma, supõe-se que
ocorra também mais a montante.

Distribuição geográfica
Foz Esteiros de sapal
No Oceano Atlântico Nordeste, desde o sul
Canal principal (Areia) Margem rochosa
da Escandinávia até à costa de Marrocos,
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
incluindo o Mar Mediterrâneo, o Mar
Canal principal (Vasa) Localidades
Negro e o Mar Báltico.

Pesca
É uma espécie com valor comercial, mas, dada a sua raridade, atualmente é pouco
capturada. Em Portugal, o tamanho mínimo legal de captura é de 30 cm. Nos últimos
cinco anos, a quantidade média anual desembarcada no Algarve foi de 0,37 toneladas.

Projeto ARADE
Durante este projeto , foram encontrados apenas 5 indivíduos de savelha no estuário do Arade.

Fichas de espécies | Peixes 119


European anchovy | Anchoa, boquerón | Anchois NE | NE
Biqueirão
Engraulis encrasicolus (Linnaeus, 1758) Engraulidae | Perciformes

| até 20 cm | 5 anos | juvenil até 9,7 cm 18,41

Descrição
Corpo alongado e ligeiramente achatado lateralmente. Possui uma linha prateada ao longo
dos flancos, que acaba por desaparecer com a idade. Focinho proeminente, projetado
bastante à frente da mandíbula inferior. Boca inferior.

Alimentação
Esta espécie alimenta-se de pequenos organismos planctónicos que se encontram na
coluna de água.

Reprodução
A reprodução desta espécie ocorre de abril a novembro, especialmente durante os meses
mais quentes. Os ovos apresentam forma elíptica e flutuam nos primeiros 50 m da coluna
de água, eclodindo em 24 a 65 horas. Atinge a maturidade sexual aos 9,7 cm.

Idade e Crescimento
Os indivíduos desta espécie podem atingir um comprimento máximo de 20 cm (Arade:
3,6-14,2 cm) e ter uma esperança de vida de 5 anos.

120 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É uma espécie pelágica marinha costeira
N
e apresenta uma elevada tolerância a
diferentes gamas de salinidade (4-41‰).
Em algumas áreas, entra em estuários,
lagoas ou lagos, principalmente durante a
Portimão
reprodução. Tende a deslocar-se para norte
e para águas superficiais durante o verão.
Forma grandes cardumes.

Utilização do estuário do Arade


Ferragudo
O biqueirão é uma espécie pouco frequente
no estuário do Arade. No entanto, ocorre
geralmente em cardumes de muitos
indivíduos, embora numa escala muito
inferior à sardinha. O recrutamento no
estuário inicia-se em setembro, com cerca
de 5-6 cm de comprimento, e prolonga-se
Foz Esteiros de sapal
até março.
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Distribuição geográfica
Canal principal (Vasa) Localidades
No Atlântico Este, desde a Noruega até à
África do Sul. Ocorre nos mares Mediterrâneo, Negro e de Azov. Ocorre também no
Oceano Índico Oeste, nas Ilhas Maurícias e Seicheles, e nas áreas de afloramento costeiro
ao largo da Somália.

Pesca
Espécie com grande interesse comercial. É essencialmente capturado pela arte do
cerco, do cerco-rapa e, em bastante menor escala, pelo arrasto. Em Portugal o tamanho
mínimo legal de captura é de 12 cm. Nos últimos cinco anos, a quantidade média anual
desembarcada no Algarve foi de 44,13 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 121


Golden grey mullet | Lisa dorada, galupe | Muge doré, mulet doré LC | NE
Tainha-garrento
Liza aurata (Risso, 1810) Mugilidae | Mugiliformes

| até 59 cm | juvenil até 26 cm 18,23

Descrição
Corpo fusiforme (isto é, em forma de fuso) alongado e ligeiramente achatado lateralmente.
Cabeça larga, arredondada e achatada na parte superior. Escamas largas na cabeça,
ultrapassando as narinas posteriores. Cor azul acinzentada na parte superior e prateada
nas partes lateral e ventral. Mancha dourada no opérculo.

Alimentação
Pequenos organismos bentónicos, detritos e ocasionalmente insetos e plâncton.

Reprodução
Reproduz-se no mar, entre julho e novembro. É uma espécie ovípara e os ovos são
pelágicos e de pequenas dimensões. A maturidade sexual ocorre por volta dos 26 cm de
comprimento à furca (isto é, medindo da ponta dianteira da cabeça até à zona onde a
barbatana caudal inicia a bifurcação).

Idade e Crescimento
Pode atingir 59 cm de comprimento (Arade: 4-25,4 cm), sendo mais comum por volta
dos 30 cm.

122 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitats
Habitat
N
É uma espécie nerítica, catádroma. Muitos
indivíduos desta espécie passam grande
parte do ciclo de vida em lagoas e estuários,
saindo para o mar somente para desovar.
Portimão
Ocorre raramente em água doce.

Utilização do estuário do Arade


A tainha-garrento é uma das espécies de
peixe mais abundantes no estuário do
Ferragudo
Arade. Esta espécie pode ser encontrada
por todo o estuário, desde a foz até aos
esteiros de sapal, e durante todo o ano.
Enquanto os indivíduos maiores ocorrem
geralmente no canal principal, os juvenis
de pequenas dimensões (<6 cm) preferem
o abrigo e a proteção dos esteiros de sapal.
Foz Esteiros de sapal
O recrutamento de juvenis no estuário,
Canal principal (Areia) Margem rochosa
que ocorre quando estes atingem entre
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
1,5 e 2,5 cm de comprimento, parece dar-
Canal principal (Vasa) Localidades
se em duas alturas: em março e depois
novamente em setembro. Pensa-se que esta espécie fique 2-3 anos no estuário, antes de
migrar novamente para o mar.

Distribuição geográfica
No Atlântico Este, da Escócia até Cabo Verde, incluindo o Mediterrâneo e o Mar Negro.

Pesca
Em Portugal, trata-se de uma espécie sem valor comercial, apesar de existirem algumas
espécies deste grupo que são apreciadas gastronomicamente, tais como a tainha-liça
(Chelon labrosus) e a tainha-olhalvo (Mugil cephalus).

Fichas de espécies | Peixes 123


Blenny | Babosa de banda oscura | Blennie de Roux LC | NE
Marachomba-de-risca
Parablennius rouxi (Cocco, 1833) Blenniidae | Perciformes

| até 8 cm 18 171

Descrição
Peixe de pequenas dimensões, de corpo alongado, esbranquiçado, com uma banda negra
ao longo do corpo. Pequenos tentáculos e uma mancha dourada longitudinal no topo da
cabeça.

Alimentação
Alimenta-se de pequenos crustáceos (copépodes) e de algas.

Reprodução
É uma espécie territorial, com comportamentos de corte variados (abano da cabeça,
natação vertical). Os machos rivais são ameaçados com bocejos, demonstrações laterais
e circulares. É uma espécie ovípara. A reprodução ocorre de maio a junho. As fêmeas são
atraídas pelos machos para as suas tocas, onde posteriormente os machos guardam os
ovos. Os ovos são demersais e adesivos.

Idade e Crescimento
Esta espécie pode atingir um comprimento máximo de cerca de 8 cm (Arade: 4,0-5,0 cm).

124 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É um peixe bentónico/críptico que
N
ocorre desde as zonas litorais de pouca
profundidade até águas mais profundas,
normalmente sobre fundos de pequenas
rochas, zonas rochosas de origem coralina
Portimão
e em cavidades nas rochas.

Utilização do estuário do Arade


Espécie pouco abundante e pouco
frequente no estuário. Encontra-se
Ferragudo
geralmente associada aos recifes rochosos
artificiais presentes na zona próxima da foz
do rio, onde pode ser encontrada todo o
ano.

Distribuição geográfica
Espécie com distribuição principal no norte
Foz Esteiros de sapal
do Mediterrâneo, com limite oeste da sua
Canal principal (Areia) Margem rochosa
distribuição geográfica em Portugal.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Pesca
Espécie sem interesse comercial.

Fichas de espécies | Peixes 125


Dragonet | Fardatxo | Callionyme bélène NE | NE
Peixe-pau-pintado
Callionymus risso Lesueur, 1814 Callionymidae | Perciformes

| até 6,5-11 cm | longevidade desconhecida 18

Descrição
Corpo achatado dorsoventralmente, com a cabeça relativamente grande. Possui espinhos
característicos no opérculo. Coloração castanha amarelada com pequenos pontos negros
ao longo do corpo.

Alimentação
É carnívoro e alimenta-se principalmente de poliquetas e de pequenos crustáceos
bentónicos.

Reprodução
É uma espécie ovípara (isto é, desova eclodindo as larvas diretamente para o exterior). Os
ovos e as larvas apresentam um comportamento pelágico.

Idade e Crescimento
Os machos atingem 11 cm de comprimento total, enquanto que as fêmeas são geralmente
mais pequenas, atingindo um comprimento máximo de 6,5 cm. No estuário do rio Arade,
mediram-se indivíduos entre os 2,5 cm e os 6,9 cm.

126 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
Espécie bentónica, encontra-se sobre
N
fundos arenosos nas zonas costeiras pouco
profundas, até aos 150 metros.

Utilização do estuário do Arade


Portimão
Esta espécie de peixe-pau ocorre durante
todo o ano no estuário do Arade, embora
seja pouco abundante. Uma vez que
se trata de uma espécie essencialmente
marinha, ocorre essencialmente nos
Ferragudo
fundos arenosos da foz do estuário, onde
a salinidade é mais semelhante à área
marinha adjacente.
Obteve-se no presente trabalho uma das
primeiras citações para áreas estuarinas.

Distribuição geográfica
Foz Esteiros de sapal
Atlântico Este e Mediterrâneo, desde
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Gibraltar até à costa de Israel, incluindo
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
os mares Adriático, Egeu e Negro. Ocorre
Canal principal (Vasa) Localidades
também nas costas da Argélia e da Tunísia.
Espécie Mediterrânica no limite da sua
distribuição geográfica.

Pesca
Espécie sem interesse comercial.

Fichas de espécies | Peixes 127


Transparent goby | Chanquete, lorco | Nonnat NE | NE
Caboz-transparente
Aphia minuta (Risso, 1810) Gobiidae | Perciformes

| até 8 cm | juvenil até 3,8 cm | 1 ano 18

Descrição
Peixe de pequenas dimensões, achatado lateralmente. Duas barbatanas dorsais. Corpo
transparente, com pequenos pontos escuros (cromatóforos) na região da cabeça e da base
das barbatanas dorsais, anal e caudal. Geralmente com uma bolha na região abdominal.

Alimentação
Zooplâncton, principalmente copépodes, larvas de cirrípedes e misidáceos.

Reprodução
Reproduz-se no verão, altura em que passa a ter hábitos bentónicos, depositando os ovos
em conchas vazias de bivalves. Alguns estudos referem que se desloca para águas mais
profundas na época de reprodução. Atinge a maturidade sexual com 1 ano de idade.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 8 cm de comprimento (Arade: 2,7-6,9 cm).

128 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É demersal e frequente em estuários e zonas
N
costeiras até aos 60 m de profundidade.
Habita geralmente zonas de areia, de vasa
ou de pradarias de ervas marinhas.

Portimão
Utilização do estuário do Arade
É uma espécie residente, passando todo
o seu ciclo de vida no seu interior. É
abundante em toda a área do estuário
do Arade, ocorrendo principalmente nas
Ferragudo
partes mais profundas do canal principal,
a montante do cais comercial. Também está
presente nas margens e nos esteiros dos
sapais adjacentes ao estuário.

Distribuição geográfica
Oceano Atlântico, desde a Noruega até
Foz Esteiros de sapal
Marrocos, Mediterrâneo, Mar Negro e Mar
Canal principal (Areia) Margem rochosa
de Azov.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Pesca
Espécie sem valor comercial.

Fichas de espécies | Peixes 129


Black goby | Chaparrudo | Gobie noir NE | NE
Caboz-negro
Gobius niger Linnaeus, 1758 Gobiidae | Perciformes

| até 18 cm | 4 anos | juvenil até 6 cm 4,18,48

Descrição
Corpo cilíndrico e parte superior da cabeça com escamas. Coloração de tom cinzento
acastanhado, com pequenas manchas mais escuras ao longo do corpo. Duas barbatanas
dorsais. A característica mais evidente desta espécie é a primeira barbatana dorsal bastante
mais alta do que a segunda, apresentando uma mancha escura nos três primeiros raios,
no caso dos machos.

Alimentação
Esta espécie tem uma alimentação muito diversificada, podendo variar de pequenos
crustáceos (anfípodes, isópodes, camarões, misidáceos, pequenos caranguejos), de
moluscos e de anelídeos, até pequenos peixes.

Reprodução
Em Portugal, reproduz-se na primavera e, no Mar do Norte, de abril a maio. O tamanho
de primeira maturação é de cerca de 6 cm.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 18 cm de comprimento (Arade: 2-11,1 cm). A idade máxima descrita para a

130 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


espécie é de 4 anos. Habitats
N
Habitat
É uma espécie bentónica que habita
estuários, rias e águas costeiras, em fundos
de areia, de vasa e de rocha coberta de
Portimão
sedimento, entre algas ou ervas marinhas,
de 1 a 75 m de profundidade.

Utilização do estuário do Arade


Tal como o seu parente caboz
Ferragudo
(Pomatoschistus microps), o caboz-negro é
uma espécie residente, que passa todo o seu
ciclo de vida no estuário. Ocorre também
ao longo de todo o estuário, desde a foz
até à ponte da Via do Infante, sendo mais
abundante nas zonas mais a montante, de
fundos vasosos. É uma espécie eurihalina.
Foz Esteiros de sapal
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Distribuição geográfica
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
No Atlântico Este e no Mar Mediterrâneo,
Canal principal (Vasa) Localidades
abrangendo todo o Norte de África, desde
o Cabo Branco (Norte da Mauritânia) até ao Canal do Suez, no Mediterrâneo Este.

Pesca
É uma espécie com pouco interesse comercial, em Portugal, apesar de ser apreciada em
certas zonas do Algarve e utilizada em algumas receitas regionais e.g. peixe frito. Não
existem registos de descargas em lota, sendo que os exemplares comercializados são
geralmente capturados por artes de pesca já proibidas para fins comerciais, como é o caso
do arrasto de vara e da redinha.

Fichas de espécies | Peixes 131


Rock goby | Bobi, gobio de arena, cabozo | Gobie paganel NE | DD
Caboz-da-rocha
Gobius paganellus Linnaeus, 1758 Gobiidae | Perciformes

| até 12 cm | 10 anos | juvenil até 2-3 anos 4,18,28 172

Descrição
Peixe de pequenas dimensões, em que a parte superior da cabeça possui escamas que
alcançam o nível dos olhos. Ausência de pontos negros na zona posterior de cada
barbatana dorsal. A primeira dorsal apresenta uma banda alaranjada na extremidade. Cor
variável, normalmente acastanhada.

Alimentação
É carnívora, alimentando-se essencialmente de pequenos crustáceos.

Reprodução
É ovípara. Os ovos são demersais com filamentos adesivos. A fêmea coloca os ovos em
conchas vazias ou debaixo de pedras, onde estes são guardados pelos machos até à sua
eclosão. A maturidade sexual dá-se aos 2-3 anos de idade.

Idade e Crescimento
Pode atingir 12 cm de comprimento, existindo no estuário do rio Arade com dimensões
entre os 3,3 e os 9,2 cm. Esta espécie apresenta uma idade máxima de 10 anos.

132 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É uma espécie bentónica, predominante-
N
mente marinha, embora possa ocorrer em
zonas de água salobra, como é o caso
do estuário do Arade. Encontra-se nas
zonas entre marés e sublitoral, debaixo de
Portimão
pedras, em poças de maré e outros habitats
rochosos costeiros abrigados.

Utilização do estuário do Arade


É uma espécie residente que, como tal,
Ferragudo
passa todo o seu ciclo de vida no estuário
do Arade. Ocorre com maior frequência
nas zonas mais interiores, a montante da
ponte da EN125.

Distribuição geográfica
No Atlântico Este, desde a Costa Oeste da
Foz Esteiros de sapal
Escócia até ao Senegal. Também ocorre no
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Mar Mediterâneo e no Mar Negro.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Pesca
Tal como outros cabozes, trata-se de uma espécie sem valor comercial. No entanto, é
apreciada em algumas regiões de Portugal e noutros países europeus. É capturada com
artes de alar para terra, semelhantes à redinha e à xávega, com malhagem reduzida.
Comercializada fresca. Sem registos de desembarques.

Fichas de espécies | Peixes 133


Common goby | Gobito | Gobie commun NE | NE
Caboz
Pomatoschistus microps (Krøyer, 1838) Gobiidae | Perciformes

| até 9 cm | 3 anos | juvenil até 3 cm 4,18,29,38

Descrição
Peixe de pequenas dimensões, geralmente não ultrapassando os 6-7 cm. Possui duas
barbatanas dorsais e barbatanas pélvicas fundidas numa só com uma membrana na base.
O corpo é cor de areia ou cinzento acastanhado, mas não tão claro como a espécie muito
similar de caboz-da-areia (Pomatoschistus minutus). Os machos adultos possuem dez
ou mais riscas verticais de ambos os lados e uma mancha escura na parte posterior da
primeira barbatana dorsal.

Alimentação
Alimenta-se de pequenos crustáceos, como os caprelídeos, e também de anelídeos
(minhocas).

Reprodução
Reproduz-se na primavera e no verão e os ovos são geralmente depositados em conchas,
sendo depois protegidos e arejados pelos machos. Os indivíduos desta espécie atingem a
maturidade sexual com aproximadamente 3 cm.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 9 cm de comprimento. No estuário, foram encontrados exemplares desde
0,8 a 5,8 cm e a idade máxima descrita para a espécie é de 3 anos.

134 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É bentónico e habita nas águas pouco
N
profundas, da zona costeira e estuários,
em fundos arenosos e vasosos. Muito
abundante nas zonas entre marés dos
sapais adjacentes aos estuários, como o do
Portimão
Arade.

Utilização do estuário do Arade


O caboz é uma espécie residente e,
também, a mais abundante do estuário do
Ferragudo
Arade. São encontrados indivíduos desde
a foz do estuário até à ponte da Via do
Infante, apesar de ser mais abundante nas
zonas mais a montante do estuário, em
particular nos esteiros de sapal existentes
nessa área. Como se trata de uma espécie
eurihalina que prefere águas salobras, pode
Foz Esteiros de sapal
também ser encontrada até zonas mais a
Canal principal (Areia) Margem rochosa
montante, próximo de Silves.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Distribuição geográfica
No Atlântico Este, desde a Noruega até Marrocos, incluindo o Mar Báltico e o Mediterrâneo
Oeste. Também na Mauritânia e nas Ilhas Canárias.

Pesca
Espécie sem interesse comercial.

Fichas de espécies | Peixes 135


Baillon’s wrasse | Bello, porredano | Vieille LC | NE
Bodião
Symphodus bailloni (Valenciennes, 1839) Labridae | Perciformes

| até 20 cm 18

Descrição
Corpo achatado lateralmente, de cabeça grande. Com variações de padrão, normalmente
castanho avermelhado ou esverdeado com manchas, linhas e/ou pontos azuis iridescentes
que mudam de cor consoante o ângulo de observação. Possui uma mancha negra na zona
terminal da barbatana dorsal e no pedúnculo da barbatana caudal. A boca tem lábios
salientes e o opérculo apresenta um padrão com pontos alaranjados.

Alimentação
É essencialmente carnívora, alimentando-se de moluscos (bivalves e gastrópodes), de
camarões, de ouriços-do-mar e de hidróides.

Reprodução
A época de postura ocorre entre março e maio, em que os machos constroem um ninho
de pequenas pedras e de algas onde as fêmeas desovam.

Idade e Crescimento
Os indivíduos desta espécie podem atingir um comprimento máximo de 20 cm (Arade:
3,4-17,4 cm).

136 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitats
Habitat
N
É uma espécie demersal, habitualmente
encontrada entre 1-50 m junto a recifes
rochosos costeiros, embora também ocorra com
frequência em pradarias de ervas marinhas.
Portimão

Utilização do estuário do Arade


É uma espécie marinha pouco abundante
e rara no estuário, embora seja observada
em toda a sua extensão. Ocorre em maior
Ferragudo
número em recifes rochosos artificiais,
nomeadamente nos pontões dos portos e da
marina e nos molhes da foz do estuário.

Distribuição geográfica
Esta espécie ocorre no Atlântico Este, desde
a Península Escandinava até à Mauritânia.
Foz Esteiros de sapal
Também ocorre no Mediterrâneo, ao largo
Canal principal (Areia) Margem rochosa
da costa espanhola e nas Ilhas Baleares.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Pesca
Espécie sem interesse comercial.

Fichas de espécies | Peixes 137


Sea bass | Lubina | Loup LC | CA
Robalo
Dicentrarchus labrax (Linnaeus, 1758) Moronidae | Perciformes

| até 100 cm | 12 Kg | 20 anos | juvenil até 32-36 cm 18,34

Descrição
Corpo alongado com um pedúnculo caudal grosso. Dentes do vómer numa banda
crescente em forma de “V”. É cinzento prata.

Alimentação
É carnívoro, alimentando-se de camarões, de moluscos e de peixes. Os juvenis alimentam-
se essencialmente de invertebrados, aumentando a sua dieta em peixes com a idade.

Reprodução
A época de postura dá-se entre novembro e março. Os ovos são pelágicos. O tamanho de
primeira maturação é geralmente entre os 32-36 cm.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 100 cm (12 Kg) de comprimento, sendo usual nas capturas entre 25-70
cm (Arade: 7-47,9 cm). A idade máxima ronda os 15-20 anos, sendo o crescimento muito
rápido nos primeiros 5 anos de vida.

138 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É demersal e vive em fundos arenosos e
N
rochosos pouco profundos, inclusive na
zona de rebentação das ondas, entrando em
lagoas, rias e estuários. Os juvenis formam
cardumes. Suporta grandes variações de
Portimão
temperatura (2-32ºC) e de salinidade (0,5-
>40‰).

Utilização do estuário do Arade


O robalo, apesar de não ser das espécies
Ferragudo
mais abundantes no estuário do Arade,
ocorre aí durante todo o ano e ao longo
de toda a sua área. No entanto, frequenta
essencialmente as zonas marginais entre a
ponte EN125 e a foz do estuário durante os
meses de verão e de inverno.

Foz Esteiros de sapal


Distribuição geográfica
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Mediterrâneo e Costa Atlântica, desde a
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Noruega ao Senegal.
Canal principal (Vasa) Localidades

Pesca
É um dos peixes mais apreciados na alimentação, portanto, possui um elevado valor
comercial. As artes de pesca mais importantes para a sua captura são o aparelho de
anzol, o cerco-rapa e as redes de emalhar; e para a pesca recreativa o corrico e a pesca
submarina. Também é uma das espécies produzidas em aquacultura. Em Portugal, o
tamanho mínimo legal de captura é de 36 cm. Nos últimos cinco anos, a quantidade
média anual desembarcada no Algarve foi de 52,82 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 139


Striped red mullet | Salmonete de roca | Rouget de roche, surmulet NE | CA
Salmonete
Mullus surmuletus Linnaeus, 1758 Mullidae | Perciformes

| até 40 cm | 10 anos | juvenil até 15-17 cm | 1 ano 18,35 172

Descrição
Corpo ligeiramente achatado lateralmente. Cor avermelhada com três linhas laterais
amarelas dispostas longitudinalmente e a primeira barbatana dorsal com marcas negras.
Um par de barbilhos presentes abaixo da mandíbula inferior.

Alimentação
Alimenta-se de crustáceos (camarões e anfípodes), de poliquetas, e de moluscos. Procuram
as presas enterradas no substrato (e.g. areia) com os dois barbilhos equipados com órgãos
sensoriais táteis e gustativos.

Reprodução
A época de desova na costa portuguesa ocorre no verão (maio-julho). Os ovos são
pelágicos e o tamanho de primeira maturação é de cerca de 15-17 cm e com cerca de 1
ano de idade.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 40 cm de comprimento, sendo frequente entre os 20-30 cm (Arade: 4,9-
17,2 cm). A idade máxima ronda os 10 anos.

140 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É bentónico, vive em fundos de areia e de
N
gravilha no litoral rochoso, até aos 300 m,
sendo mais comum entre os 20 e os 50 m de
profundidade. É moderadamente gregário.

Portimão
Utilização do estuário do Arade
O salmonete é uma espécie pouco
abundante e que ocorre ocasionalmente
no estuário, geralmente enquanto juvenil.
Isto atribui-se, em grande parte, ao facto
Ferragudo
de ser uma espécie que prefere condições
marinhas.

Distribuição geográfica
No Atlântico Este, da Escócia até Cabo
Verde, incluindo o Mediterrâneo e o Mar
Negro.
Foz Esteiros de sapal
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Pesca
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
É uma espécie de elevado valor comercial
Canal principal (Vasa) Localidades
e gastronómico. Os salmonetes são
capturados essencialmente por tresmalho, arrasto e redes de emalhar. Em Portugal, o
tamanho mínimo legal de captura é de 18 cm. Nos últimos cinco anos, a quantidade
média anual de salmonetes Mullus spp. desembarcada no Algarve foi de 112,07 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 141


Senegal sea bream | Raspallón senegalés | Sparaillon africain NE | CA
Mucharra-branca
Diplodus bellottii (Steindachner, 1882) Sparidae | Perciformes

| até 30 cm | juvenil até 11,4-12 cm 13,14,18,39

Descrição
Corpo com uma forma oval, achatado lateralmente e estreito junto da barbatana caudal.
A cor é prateada no dorso, no ventre e nos flancos. As barbatanas pélvicas são incolores.
Apresenta uma banda preta no pedúnculo caudal, outra longitudinal do opérculo até à
cauda e uma mancha escura na origem da linha lateral.

Alimentação
É carnívora, com uma dieta baseada em pequenos invertebrados bentónicos,
fundamentalmente moluscos e crustáceos.

Reprodução
A época de postura na costa portuguesa dá-se entre janeiro e junho. O tamanho de
primeira maturação é alcançado aos 11,4 cm nas fêmeas e aos 12 cm nos machos.

Idade e Crescimento
Pode alcançar os 30 cm de comprimento, é frequente até os 15 cm e existe no estuário
entre 3,4-20,5 cm.

142 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É uma espécie demersal litoral que prefere
N
viver em fundos de areia e de enclaves
rochosos e em zonas com pradarias de ervas
marinhas, normalmente até aos 30-50 m de
profundidade. É gregária, podendo formar
Portimão
cardumes de grandes dimensões. Utiliza
estuários e lagoas costeiras como zona de
viveiro de juvenis.

Utilização do estuário do Arade


Ferragudo
Espécie abundante no estuário, com uma
maior afinidade para o meio marinho, sendo
encontrada essencialmente nas zonas da foz
e na zona costeira adjacente. Geralmente,
não são encontrados indivíduos acima da
zona da piscicultura, perto da ponte do
comboio. Ocorre no estuário durante todo
Foz Esteiros de sapal
o ano, embora com maiores abundâncias
Canal principal (Areia) Margem rochosa
no verão e no outono, altura em que se dá
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
a entrada dos juvenis pequenos (4-5 cm).
Canal principal (Vasa) Localidades
Os juvenis permanecem no estuário até
janeiro do ano seguinte, quando atingem comprimentos de 8-8,5 cm.

Distribuição geográfica
Na costa Atlântica Este, desde a costa ocidental de Portugal continental até Cabo Verde.
Ausente no arquipélago das Canárias. A mucharra-branca é muito comum nos estuários e
sistemas lagunares do sul de Portugal, sendo particularmente abundante nos estuários do
Sado e do Tejo. Espécie no limite Norte da sua distribuição geográfica.

Pesca
As artes de pesca utilizadas para a mucharra-branca são o cerco, o aparelho de anzol,
as redes de emalhar e, em menor escala, as armadilhas (murejonas) e a pesca recreativa,
particularmente a pesca à linha. Em Portugal, o tamanho mínimo legal de captura é de
15 cm. Não existem estatísticas de desembarques discriminadas para esta espécie (ver
informação relativa ao Sargo-legítimo, na página seguinte).

Fichas de espécies | Peixes 143


White sea bream | Sargo | Sar commun NE | CA
Sargo-legítimo
Diplodus sargus (Linnaeus, 1758) Sparidae | Perciformes

| até 49 cm | 2,1 Kg | 20 anos | juvenil até 17 cm | 2 anos 13,14,18,39

Descrição
Corpo ovalado, cabeça grande e boca extensível. Cor prateada, com nove bandas negras
verticais nos adultos, enquanto que os juvenis têm apenas cinco bandas negras nos
flancos. Possui oito dentes incisivos em ambas as mandíbulas, atrás dos quais se dispõem
várias séries de dentes molares bem desenvolvidos.

Alimentação
Os juvenis são omnívoros (alimentam-se de algas, de poliquetas, de pequenos crustáceos
e de hidrozoários). Os adultos são carnívoros (alimentam-se de poliquetas, de moluscos,
de crustáceos e de equinodermes). Considera-se que possui uma estratégia alimentar
generalista.

Reprodução
A época de postura dá-se de janeiro a março na costa ocidental, prolongando-se até maio/
junho, na costa sul de Portugal. A estratégia reprodutiva desta espécie é caracterizada por
hermafroditismo protândrico (inversão sexual de macho para fêmea entre os 24 e 25 cm).
O tamanho de primeira maturação é de cerca de 17 cm com cerca de 2 anos de idade.

144 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Idade e Crescimento Habitats
Pode atingir os 49 cm de comprimento
N
(Arade: 8,5-28,3 cm) e 2,1 Kg de peso. A
idade máxima ronda os 20 anos, sendo o
crescimento muito rápido nos primeiros
cinco anos de vida.
Portimão

Habitat
É uma espécie demersal que ocupa
substratos rochosos e de areia perto de
rochas, desde uma profundidade de 1
Ferragudo
até 70 m. Os juvenis formam cardumes e
vivem em águas pouco profundas, podendo
entrar em estuários e lagunas. Os adultos
vivem a maiores profundidades e formam
cardumes bastante compactos na época de
reprodução.

Foz Esteiros de sapal


Utilização do estuário do Arade
Canal principal (Areia) Margem rochosa
O sargo-legítimo é uma espécie abundante
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
no estuário. Pode ser encontrado ao longo
Canal principal (Vasa) Localidades
deste, concentrando-se essencialmente nos
enrocamentos e nas margens da zona do cais comercial e da foz. Esta espécie utiliza
o estuário do Arade nas primeiras fases do seu ciclo de vida. Os juvenis entram no
estuário entre abril e agosto (maior intensidade de abril a junho), com cerca de 1,5-3 cm
e saem para o mar entre outubro e março (máximo em dezembro) com mais de 9 cm,
permanecendo uma pequena porção dos mesmos no interior do estuário.

Distribuição geográfica
No Mediterrâneo e Costa Atlântica Este, desde o Senegal até ao Golfo da Biscaia, incluindo
os arquipélagos da Madeira, das Canárias e dos Açores.

Pesca
Espécie de elevado valor comercial. As artes de pesca utilizadas para a sua captura são
o aparelho de anzol, o tresmalho e, em menor escala, a arte do cerco. São igualmente
capturadas com armadilhas (covos e murejonas) e pela pesca recreativa: caça submarina
e pesca à linha. Em Portugal, o tamanho mínimo legal de captura é de 15 cm. Nos últimos
cinco anos, a quantidade média anual de sargos sensu lato (Diplodus spp.) desembarcada
no Algarve foi de 125,72 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 145


Two-banded sea bream | Sargo mojarra | Sar à tête noire NE | CA
Sargo-safia, safia
Diplodus vulgaris (Geoffroy Saint-Hilaire, 1817) Sparidae | Perciformes

13,14,18,19
| até 40 cm | 16 anos | juvenil até 18,3 cm 21,22,39 174

Descrição
Corpo achatado lateralmente, cabeça grande e boca extensível. Cor prateada com duas bandas
negras verticais, uma junto à cabeça e outra junto ao pedúnculo caudal.

Alimentação
É carnívoro, com uma dieta baseada em ofiurídeos, poliquetas e pequenos crustáceos (anfípodes).
A estratégia alimentar é generalista, com fortes afinidades para o alimento disponível no meio.

Reprodução
A época de postura na costa portuguesa dá-se de outubro a março e é ativada pela descida de
temperatura abaixo dos 15ºC. Cada fêmea pode produzir cerca de 130.000 ovos. O tamanho
de primeira maturação é de cerca de 18,3 cm.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 40 cm de comprimento, existindo no estuário exemplares com comprimentos
entre os 1,5 e 25,9 cm. A idade máxima rondará os 16 anos, sendo o crescimento muito rápido
nos primeiros dois anos de vida.

146 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É demersal e ocupa substratos rochosos e
N
de areia perto de rochas, de 1 aos 90 m de
profundidade. Os juvenis formam cardumes
e vivem em águas pouco profundas,
constituindo a espécie demersal mais
Portimão
importante dos sistemas lagunares e estuarinos
do sul de Portugal. Os adultos vivem a
maiores profundidades e formam cardumes
compactos na altura da reprodução.

Ferragudo
Utilização do estuário do Arade
O sargo-safia é das espécies mais
abundantes do estuário. Pode ser
encontrada ao longo de toda a sua
extensão, mas é mais frequente junto das
zonas de enrocamento, na margem direita
do estuário e nos fundos de vasa em frente
Foz Esteiros de sapal
ao cais comercial. Os juvenis de sargo-safia
Canal principal (Areia) Margem rochosa
entram no estuário entre fevereiro e agosto
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
(maior intensidade de abril a junho), com
Canal principal (Vasa) Localidades
cerca de 2-3 cm, e saem para o mar entre
outubro e dezembro, com cerca de 12-14 cm. No entanto, tal como outras espécies,
alguns peixes permanecem no estuário durante períodos de tempo mais longos.

Distribuição geográfica
No Mediterrâneo e na Costa Atlântica, da Bretanha até Cabo Verde, incluindo os
arquipélagos da Madeira e das Canárias.

Pesca
É uma espécie de elevado valor comercial. As artes de pesca para a sua captura são o aparelho
de anzol, as redes de emalhar e, em menor escala, a arte do cerco. São igualmente capturadas
por armadilhas (covos e murejonas) e pela pesca recreativa, como a caça submarina e a
pesca à linha. Em Portugal, o tamanho mínimo legal de captura é de 15 cm. Nos últimos
cinco anos, a quantidade média anual desembarcada no Algarve foi de 262,48 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 147


Gilthead sea bream | Dorada | Dorade NE | CA
Dourada
Sparus aurata Linnaeus, 1758 Sparidae | Perciformes

8,13,14,18
| até 70 cm | até 7 Kg | 11 anos | juvenil até 32 cm 39

Descrição
Corpo oval e achatado lateralmente, cinza prateado, com uma grande mancha escura
junto ao opérculo no início da linha lateral e uma faixa dourada entre os olhos. Cada
maxila apresenta quatro a seis dentes caninos numa posição anterior e dois a quatro
fiadas de dentes molares numa posição posterior.

Alimentação
É uma espécie essencialmente carnívora, mas que pode completar a sua dieta com
plantas e algas. A dieta dos juvenis é baseada em poliquetas e crustáceos, enquanto que
os adultos se alimentam principalmente de moluscos bivalves (incluindo mexilhões e
ostras) e gastrópodes, de crustáceos, de equinodermes, de peixes e, por vezes, de algas.

Reprodução
A época de postura ocorre de novembro a dezembro, com desova em zonas costeiras
entre 5 e 25 m de profundidade, à temperatura de 14-19ºC. É hermafrodita protândrica,
com alguns machos a mudarem para fêmeas entre os 2 e os 4 anos de idade. O tamanho
de primeira maturação é alcançado com cerca de 32 cm.

148 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Idade e Crescimento Habitats
Pode alcançar os 70 cm de comprimento
N
(correspondente a 7 Kg), sendo frequente
até aos 40 cm (Arade: 6,6-37,3 cm). A idade
máxima confirmada é de 11 anos.

Portimão
Habitat
É uma espécie demersal litoral que prefere
viver em fundos arenosos e junto de
pradarias de ervas marinhas, desde a zona
de rebentação das ondas na costa até aos
Ferragudo
30 m de profundidade, podendo os adultos
ocorrer até aos 150 m. Ocorre em lagoas,
rias e estuários, sobretudo na fase juvenil
e durante a primavera e o verão. É uma
espécie com comportamento sedentário,
vivendo isolada ou em pequenos cardumes.

Foz Esteiros de sapal


Utilização do estuário do Arade
Canal principal (Areia) Margem rochosa
A dourada é uma espécie que, apesar de
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
ser encontrada frequentemente, é pouco
Canal principal (Vasa) Localidades
abundante no estuário do Arade. As áreas
de maior concentração são os esteiros de sapal e as margens do estuário na zona de
junção da ribeira de Boina e do rio Arade. A sua entrada no estuário dá-se nos meses de
fevereiro e março, altura em que se dá o recrutamento desta espécie. É também conhecida
a entrada de indivíduos adultos nos estuários e nas lagoas durante a primavera e o verão.

Distribuição geográfica
No Mediterrâneo e na Costa Atlântica Este, das Ilhas Britânicas até Cabo Verde, incluindo
o arquipélago das Canárias.

Pesca
As artes de pesca utilizadas para a dourada são o aparelho de anzol, as redes de tresmalho
e de emalhar e, em menor escala, a arte do cerco. São igualmente capturadas pela
pesca recreativa, como a caça submarina e a pesca à linha. Em Portugal, o tamanho
mínimo legal de captura é de 19 cm. Nos últimos cinco anos, a quantidade média anual
desembarcada, no Algarve, foi de 81,8 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 149


Black sea bream | Chopra, chopa | Dorade grise, griset NE | CA
Choupa
Spondyliosoma cantharus (Linnaeus, 1758) Sparidae | Perciformes

13,14,18
| até 60 cm | juvenil até 20-22 cm 19,20,39

Descrição
Corpo oval e comprimido, cinza prateado escuro, com linhas longitudinais douradas,
desde o opérculo até à barbatana caudal. Possui uma boca pequena, com quatro, cinco
ou seis filas de dentes finos de forma cónica. As barbatanas são escuras.

Alimentação
É omnívoro, com uma dieta baseada em algas e pequenos invertebrados, fundamentalmente
poliquetas, crustáceos (anfípodes) e hidrozoários.

Reprodução
A época de postura na costa portuguesa ocorre entre fevereiro e abril. É hermafrodita
protogínico, com algumas fêmeas a mudarem o seu sexo para machos ao longo do seu
ciclo de vida. Os machos fazem ninhos e guardam os ovos (bentónicos) até à sua eclosão.
O tamanho de primeira maturação é alcançado mais cedo pelas fêmeas, quando atingem
20 cm de comprimento, e posteriormente pelos machos, quando alcançam os 22 cm.

150 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Os machos adquirem uma coloração Habitats
mais escura e azulada durante a época de
N
reprodução.

Idade e Crescimento
Pode alcançar comprimentos de 60 cm de
Portimão
comprimento, sendo frequente até aos 30 cm
(Arade: 4-21 cm).

Habitat
É uma espécie demersal litoral que prefere
Ferragudo
viver em fundos rochosos, arenosos e
rochosos arenosos. Os juvenis vivem
entre os 10 e os 50 m de profundidade e
os adultos até aos 300 m. Apresenta um
comportamento solitário, ainda que possa
ocasionalmente formar cardumes, por vezes
compactos. Utilizam sistemas lagunares
Foz Esteiros de sapal
costeiros e estuários como viveiro.
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Utilização do estuário do Arade
Canal principal (Vasa) Localidades
Encontra-se desde a foz até à Mexilhoeira da
Carregação, apesar de ser mais abundante nesta última zona do estuário. É a espécie de
esparídeo com a sazonalidade mais marcada, ocorrendo no estuário apenas no período de
junho a novembro, durante a sua fase juvenil.

Distribuição geográfica
No Mediterrâneo e na Costa Atlântica Este, da Escandinávia até Angola, incluindo os
arquipélagos da Madeira, das Canárias e de Cabo Verde.

Pesca
As artes de pesca mais importantes para a captura de choupa são o aparelho de anzol,
as redes de emalhar e, em menor escala, a arte do cerco. São igualmente capturadas por
armadilhas, como os covos e as murejonas, e também pela pesca recreativa, como a caça
submarina e a pesca à linha. Em Portugal, o tamanho mínimo legal de desembarque é de
23 cm. Os desembarques de choupa capturada com aparelho de anzol são constituídos
por cerca de 85% de indivíduos entre 21,5 e 27,5 cm de comprimento, o que corresponde
a uma idade entre 2 a 6 anos.

Fichas de espécies | Peixes 151


Lesser weever | Salvariego | Petite vive NE | NE
Peixe-aranha-menor
Echiichthys vipera (Cuvier, 1829) Trachinidae | Perciformes

| até 15 cm 18,33

Descrição
Corpo alongado de coloração cinza acastanhada no dorso e branca prateada nos flancos
e no ventre. A primeira barbatana dorsal é relativamente pequena e completamente
negra. Possui glândulas de veneno nos espinhos da primeira barbatana dorsal e do
opérculo.

Alimentação
Alimenta-se sobretudo de invertebrados bentónicos e de pequenos peixes.

Reprodução
Não existe informação relativa à reprodução desta espécie.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 15 cm de comprimento (Arade: 4,1-12,7 cm). No entanto, a sua longevidade
é desconhecida.

152 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É uma espécie litoral, de hábitos bentónicos,
N
ocorrendo em fundos de areia grosseira,
areia fina ou vasa. Passa bastante tempo
enterrada apenas com os olhos e a primeira
dorsal expostos de forma visível, sendo
Portimão
provavelmente mais ativa à noite. Ocorre
a poucos metros de profundidade até
cerca de 50 m. Também conhecida como
peixe-aranha, é geralmente associada às
dolorosas “picadas” nos pés que ocorrem
Ferragudo
nas praias. O efeito do veneno é intenso
e doloroso. É um peixe muito resistente
permanecendo vivo durante muito tempo
após a sua captura.

Utilização do estuário do Arade


É pouco abundante no estuário, pois esta
Foz Esteiros de sapal
espécie utiliza quase exclusivamente
Canal principal (Areia) Margem rochosa
as zonas arenosas junto da foz, onde a
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
influência do mar é mais intensa.
Canal principal (Vasa) Localidades

Distribuição geográfica
Vive no Atlântico Este, desde o Mar do Norte até Marrocos, incluindo o Mediterrâneo.
Ocorre também na Madeira e já foi registada no arquipélago das Canárias.

Pesca
Espécie com pouco interesse comercial.

Fichas de espécies | Peixes 153


Bastard sole | Lenguado negro, soldado, acevía | Sole-perdrix brune NE | CA
Azevia
Mircrochirus azevia (de Brito Capello, 1867) Soleida | Pleuronectiformes

| até 40 cm | juvenil até 23 cm | 3 anos 1,18

Descrição
Corpo chato e ovalado, habitualmente de coloração castanha e barbatanas dorsal e
anal com um rebordo branco. Apresenta uma linha lateral característica com um “S”
pronunciado junto da cabeça. Os juvenis (8-10 cm) têm geralmente 5-6 pontos escuros
grandes no “dorso”, isto é, no lado direito do corpo.

Alimentação
É carnívora, alimentando-se de pequenos invertebrados bentónicos, preferencialmente de
pequenos crustáceos e de poliquetas.

Reprodução
A época de postura ocorre durante os meses de inverno e de primavera e os indivíduos
desta espécie atingem a maturidade sexual com aproximadamente 23 cm e 3 anos de
idade.

Idade e Crescimento
Pode atingir um comprimento máximo de 40 cm (Arade: 2,4-4,2 cm).

154 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É uma espécie bentónica, habitualmente
N
associada a fundos de vasa e de areia da
plataforma continental, desde a zona
costeira até aos 250 m de profundidade.

Portimão
Utilização do estuário do Arade
A azevia ocorre preferencialmente
nas zonas mais a jusante do estuário,
desde o cais comercial até à barra. O
recrutamento parece iniciar-se no mês de
Ferragudo
junho e estender-se até janeiro. Durante
o mês de junho, surgem os primeiros
juvenis com 2-2,5 cm de comprimento.
A época de saída do estuário não é clara
e, provavelmente, alguns indivíduos desta
espécie permanecem neste sistema durante
bastante tempo.
Foz Esteiros de sapal
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Distribuição geográfica
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
No Mediterrâneo e na Costa Atlântica Este,
Canal principal (Vasa) Localidades
desde o Canal da Mancha até ao Senegal.

Pesca
É uma espécie de elevado valor comercial. As artes de pesca mais utilizadas para a sua
captura são as redes de tresmalho e de emalhar, o aparelho de anzol e o arrasto. Em
Portugal, o tamanho mínimo legal de captura é de 18 cm. Nos últimos cinco anos, a
quantidade média anual de “peixes chatos” (grupo que inclui a azevia) desembarcada no
Algarve foi de 218,50 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 155


Solenette | Acevía, tambor, lenguado amarillo | Petite sole jaune LC | NE
Língua-de-gato
Buglossidium luteum (Risso, 1810) Soleidae | Pleuronectiformes

| até 15 cm | 13 anos | juvenil até 6-8 cm 2,18

Descrição
Corpo chato e ovalado, de coloração castanha. Por vezes com pequenas manchas pretas
ao longo do lado dorsal. Barbatanas dorsal e anal com raios escuros intercaladas a cada
quatro a sete raios.

Alimentação
É carnívora e alimenta-se de uma vasta gama de pequenos organismos que vivem
associados ao fundo, como pequenos crustáceos, moluscos bivalves e poliquetas.

Reprodução
A desova dá-se geralmente entre fevereiro e agosto. Os ovos são pelágicos. Atinge a
maturidade sexual entre os 6 e os 8 cm.

Idade e Crescimento
Pode atingir 15 cm de comprimento (Arade: 1,5-11,8 cm) e alcançar os 13 anos de idade.

156 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É uma espécie bentónica e ocorre em
N
fundos arenosos e vasosos da plataforma
continental, desde os 5 aos 450 m de
profundidade.

Portimão
Utilização do estuário do Arade
A língua-de-gato é a espécie de linguado
mais abundante no estuário do Arade.
Ocorre essencialmente no centro do canal
ao longo de todo o estuário. No entanto,
Ferragudo
por se tratar de uma espécie marinha, é
mais abundante na foz e na zona costeira
adjacente. Pode ser encontrada durante
todo o ano, mas aparece em maior número
no outono e no inverno.

Distribuição geográfica
Foz Esteiros de sapal
Oceano Atlântico Este, desde o Mar
Canal principal (Areia) Margem rochosa
do Norte e do Mar Báltico ao Mar
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Mediterrâneo.
Canal principal (Vasa) Localidades

Pesca
Espécie sem valor comercial.

Fichas de espécies | Peixes 157


Sand sole | Acedía de arena, lenguado de arena | Sole pole NE | CT
Lingua-da-areia, macaca
Pegusa lascaris (Risso, 1810) Soleidae | Pleuronectiformes

| até 40 cm | 15 anos | juvenil até 17,5 cm 18,31,38 173

Descrição
Corpo chato e ovalado, de coloração variável entre o castanho amarelado e o vermelho
acastanhado, com manchas e pontos escuros ao longo do lado dorsal. A barbatana peitoral
do lado dos olhos apresenta uma coloração característica com uma mancha negra de
margem branca (exceto na base da barbatana), por vezes interrompida por pontos ou por
linhas.

Alimentação
Alimenta-se de uma enorme variedade de invertebrados marinhos bentónicos, como
poliquetas e bivalves, mas são os pequenos crustáceos que constituem a fonte principal
da sua dieta.

Reprodução
Em Portugal, a desova dá-se ao longo de todo o ano, apesar do seu auge ser no inverno
e na primavera. O tamanho de primeira maturação é alcançado com cerca de 17,5 cm.

Idade e Crescimento
Pode alcançar os 40 cm de comprimento, sendo frequente até aos 30 cm (Arade: 3,3-24,2
cm). A idade máxima confirmada é de 15 anos.
158 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados
Habitats
Habitat
N
É uma espécie bentónica que habita fundos
de gravilha, de areia ou de vasa.

Utilização do estuário do Arade


Portimão
Apesar de se tratar de uma espécie marinha,
que utiliza preferencialmente a zona mais
a jusante do estuário (junto da barra e da
zona costeira adjacente), o linguado-da-
-areia é a terceira espécie mais abundante
Ferragudo
neste sistema. Ocorre durante todo o ano,
embora em menor número no inverno.

Distribuição geográfica
Ocorre ao longo da Costa Este do Atlântico
até ao Golfo da Guiné. Ocorre também
no Mediterrâneo e no Mar Negro e já foi
Foz Esteiros de sapal
registada no Canal do Suez e no Mar de
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Azov.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Pesca
As artes de pesca mais importantes para o linguado-da-areia são as redes de tresmalho
e de emalhar e, em menor escala, o arrasto. Em Portugal, o tamanho mínimo legal de
desembarque é de 24 cm para todas as espécies de linguados (género Solea spp., designação
que oficialmente inclui esta espécie). Nos últimos cinco anos, a quantidade média anual de
linguados desembarcada no Algarve foi de 45,12 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 159


Tub gurnard | Bejel, alfóndiga | Grondin perlon NE | NE
Cabra-cabaço
Chelidonichthys lucerna (Linnaeus, 1758) Triglidae | Scorpaeniformes

| até 75 cm | 6 Kg | 15 anos | juvenil até 18-20 cm 18,24 175

Descrição
Barbatanas peitorais bastante desenvolvidas, atingindo a parte dianteira da barbatana
anal. Barbatanas peitorais de coloração azul e verde intensa na zona interior. Coloração
vermelha no dorso, com o ventre esbranquiçado. Possui três raios isolados nas barbatanas
pélvicas que funcionam como apêndices locomotores, sobre os quais o peixe descansa,
ajudando-o também na procura de alimento em fundos arenosos.

Alimentação
É essencialmente carnívora, alimentando-se de peixes, de crustáceos e de moluscos.

Reprodução
A época de postura é de dezembro a maio no Mediterrâneo Este e o tamanho de primeira
maturação é alcançado com cerca de 20 cm nas fêmeas e 18 cm nos machos.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 75 cm de comprimento (Arade: 6-32,4 cm), um peso total de 6 Kg e viver
cerca de 15 anos.

160 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
Espécie bentónica que ocorre entre 20
N
e 318 m de profundidade, em zonas de
fundo móvel (desde areia grossa até vasa).

Utilização do estuário do Arade


Portimão
Esta espécie de ruivo ocorre ocasionalmente
no estuário e é muito pouco abundante.
É uma espécie marinha que ocorre
essencialmente na zona da foz do estuário.
No entanto, podem ser encontrados
Ferragudo
alguns peixes juvenis em várias partes
do estuário e em diferentes épocas do
ano, provavelmente tirando partido da
abundância de alimento disponível neste
ecossistema.

Distribuição geográfica
Foz Esteiros de sapal
Esta espécie distribui-se desde a Noruega
Canal principal (Areia) Margem rochosa
até ao Cabo Blanc (ao longo da costa
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
africana) e nos mares Mediterrâneo e Negro.
Canal principal (Vasa) Localidades
Não existem registos para os arquipélagos
da Madeira e dos Açores.

Pesca
É uma espécie com interesse comercial, contudo é desembarcada em conjunto com
outras espécies de ruivos. As artes de pesca mais importantes para a sua captura no sul de
Portugal são as redes de tresmalho e emalhar, arrasto e aparelho de anzol. Em Portugal,
não existe tamanho mínimo legal de captura para este grupo de espécies (ruivos, família
Triglidae). Nos últimos cinco anos, a quantidade média anual desembarcada de ruivos
(Trigla spp., denominação desactualizada do grupo que inclui a cabra-cabaço) no Algarve
foi de 12,67 toneladas.

Fichas de espécies | Peixes 161


Long-snouted seahorse | Caballito de mar | Hippocampe moucheté DD | I
Cavalo-marinho
Hippocampus guttulatus Cuvier, 1829 Syngnathidae | Syngnathiformes

| até 18 cm | juvenil até 10 cm 10,18

Descrição
Corpo coberto de placas rígidas com espinhos arredondados bem desenvolvidos e com
extensões dérmicas (como prolongamentos de pele que saem do corpo). Cabeça com uma
coroa pequena com cinco espinhos. Focinho comprido. Barbatanas de pequena dimensão.
Coloração variável entre castanho e preto, com linhas e pontos iridescentes que variam de
cor consoante o ângulo de observação. Cauda preênsil que lhe permite agarrar-se a objetos
no fundo, a algas e a plantas.

Alimentação
Alimenta-se de pequenos crustáceos (e.g. copépodes, misidáceos).

Reprodução
É uma espécie ovovivípara, em que o macho fertiliza e guarda os ovos até à sua eclosão,
numa estrutura semelhante a uma bolsa incubadora. A reprodução ocorre de abril a outubro.

162 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Idade e Crescimento Habitats
Os juvenis eclodem quando atingem 1,2
N
cm de comprimento, alcançando em
adultos um comprimento máximo de 18 cm
(Arade: 3,6-18,5 cm). Atinge a maturidade
com 10 cm.
Portimão

Habitat
É um peixe bentónico/críptico, costeiro
e ocorre geralmente em zonas de pouca
profundidade e lagoas costeiras, entre
Ferragudo
algas ou plantas marinhas, embora possa
invernar em águas mais profundas. Tem
a capacidade de se camuflar entre a
vegetação, adquirindo a coloração das
plantas em redor para se esconder. É a
espécie de cavalo-marinho mais abundante
na ria Formosa, mas pouco comum na faixa
Foz Esteiros de sapal
costeira algarvia.
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Utilização do estuário do Arade
Canal principal (Vasa) Localidades
Tal como no caso do parente Hippocampus
hippocampus, existe uma população residente desta espécie no estuário do Arade. Estes
cavalos-marinhos podem ser encontrados desde a zona junto à barra até à zona adjacente
à ETAR de Portimão, geralmente associados a pradarias de ervas marinhas presentes nas
margens e que ainda subsistem no estuário.

Distribuição geográfica
No Atlântico Este, desde as Ilhas Britânicas até Marrocos, incluindo o Mediterrâneo.
Também nos arquipélagos das Canárias, da Madeira e dos Açores. Ocorre ainda no Mar
Negro, embora estes espécimes possam representar uma espécie diferente.

Pesca
O género Hippocampus encontra-se protegido por leis internacionais que regulam o seu
comércio (Anexo II do CITES desde 15/05/2004). Esta espécie não sofre pesca direta,
sendo a destruição do habitat o maior perigo para estas populações. No entanto, é
acidentalmente apanhada por artes de pesca (e.g. redes de emalhar) e guardado como
adorno ou decoração. Em Portugal, esta espécie está presente no Livro Vermelho dos
Vertebrados.

Fichas de espécies | Peixes 163


Short-snouted seahorse | Caballito de mar | Hippocampe à museau court DD | I
Cavalo-marinho
Hippocampus hippocampus (Linnaeus, 1758) Syngnathidae | Syngnathiformes

| até 15 cm | juvenil até 8 cm 10,18

Descrição
Corpo coberto de placas rigídas com poucos espinhos. Cabeça com coroa em forma de
cunha e com um espinho proeminente sobre o olho. Focinho pequeno, normalmente
menor que um terço do comprimento total da cabeça. Barbatanas de pequena dimensão.
Coloração variável entre castanho e preto, muitas vezes com pequenos pontos iridescentes
que variam de cor segundo o ângulo em que são observados. Possui uma cauda preênsil
que permite agarrar-se aos objetos no fundo, bem como, a algas e a plantas.

Alimentação
Alimenta-se de pequenos crustáceos (copépodes, misidáceos, etc.)

Reprodução
É uma espécie ovovivípara, em que o macho guarda os ovos até à sua eclosão numa
estrutura semelhante a uma bolsa incubadora. A reprodução ocorre de abril a outubro.

164 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Atinge a maturidade sexual com 8 cm. Habitats
N
Idade e Crescimento
Os juvenis eclodem com 9,2 mm de
comprimento, atingindo em adultos um
comprimento máximo de 15 cm (Arade:
Portimão
4,5-13,7 cm).

Habitat
É um peixe bentónico/críptico, costeiro,
ocorrendo geralmente em zonas de pouca
Ferragudo
profundidade e lagoas costeiras, entre algas
ou ervas marinhas. Contudo, pode invernar
em águas mais profundas. Apresenta a
capacidade de camuflagem, adquirindo
a coloração das plantas para se esconder
entre a vegetação. É a espécie de cavalo-
-marinho mais comum na costa algarvia.
Foz Esteiros de sapal
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Utilização do estuário do Arade
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
É uma espécie residente no estuário do
Canal principal (Vasa) Localidades
Arade, que está presente desde a zona
junto à barra até à zona adjacente à ETAR de Portimão, geralmente associada a pradarias
de ervas marinhas que ainda subsistem no estuário.

Distribuição geográfica
Desde o Mar de Wadden até ao Golfo da Guiné. Ocorre também no Mediterrâneo.

Pesca
O género Hippocampus encontra-se protegido por leis internacionais que regulam o seu
comércio (Anexo II do CITES desde 15/05/2004). Esta espécie não sofre pesca direta,
sendo a destruição do habitat o maior perigo para estas populações. No entanto, é
acidentalmente apanhada por artes de pesca (e.g. redes de emalhar) e guardado como
adorno ou decoração. Em Portugal, esta espécie está presente no Livro Vermelho dos
Vertebrados. É também capturada acidentalmente pela pesca de cerco e de redes de
emalhar e tresmalho, sobretudo nas imediações de sistemas lagunares (e.g. ria Formosa).

Fichas de espécies | Peixes 165


Worm pipefish | Serpeta | Nérophis lombriciforme NE | DD
Marinha
Nerophis lumbriciformis (Jenyns, 1835) Syngnathidae | Syngnathiformes

| até 15-17 cm | 2 anos 10,18,29

Descrição
Corpo bastante alongado, em de forma de serpente (serpentiforme). Focinho curto e ligeiramente
voltado para cima. Ausência de barbatanas peitorais e caudal. Cor variável, desde castanho a
verde, muitas vezes com marcas iridescentes que variam de cor segundo o ângulo de observação.

Alimentação
Alimenta-se de pequenas presas, essencialmente de pequenos crustáceos e de larvas de peixe.

Reprodução
Esta espécie reproduz-se nos meses de inverno e de primavera, em Portugal (a 13-16ºC).
Os ovos são depositados na superfície ventral dos machos, onde são incubados até à
sua eclosão. A espécie presenta rituais de acasalamento elaborados. Atinge a maturidade
sexual com aproximadamente 2 anos.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 15-17 cm de comprimento. No estuário do rio Arade esta espécie ocorre
entre os 9,6 e os 13 cm de comprimento.

166 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitat Habitats
É uma espécie costeira de hábitos crípticos,
N
ocorrendo até aos 30 m de profundidade,
entre rochas ou substratos com cobertura
vegetal. Muitas vezes encontra-se entre
as algas junto ao fundo. É mais comum
Portimão
na zona entre marés e dentro de sistemas
lagunares como a ria Formosa.

Utilização do estuário do Arade


Embora seja uma espécie residente no rio
Ferragudo
Arade, é relativamente rara.

Distribuição geográfica
No Atlântico Este, desde as Ilhas Britânicas
até Rio de Oro, no Saara Ocidental.

Pesca
Foz Esteiros de sapal
Espécie sem valor comercial.
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades

Fichas de espécies | Peixes 167


Black-striped pipefish | Aguja de río | Syngnathe de lagune LC | NE
Marinha
Syngnathus abaster Risso, 1827 Syngnathidae | Syngnathiformes

| até 21 cm | 17 meses 10,18,43

Descrição
Possui um corpo bastante alongado, serpentiforme, coberto de placas rígidas e um focinho
curto. As barbatanas são de pequenas dimensões. A coloração varia entre castanho e
preto, com linhas e pontos iridescentes que mudam de cor segundo o ângulo em que são
observados.

Alimentação
É carnívoro, alimentando-se essencialmente de pequenos crustáceos (copépodes,
misidáceos e anfípodes).

Reprodução
É uma espécie ovovivípara, em que o macho guarda os ovos até à sua eclosão numa
estrutura semelhante a uma bolsa ventral (menos complexa do que a dos cavalos-
-marinhos), composta por duas pregas de pele.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 21 cm de comprimento, embora geralmente apresente dimensões bastante
inferiores (Arade: 2,9-10,5 cm). Esta espécie apresenta um tempo de vida curto, de
aproximadamente 17 meses.

168 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Habitats
Habitat
N
É uma espécie bentónica / críptica, eurihalina,
que ocorre em áreas costeiras com fundos
de areia ou de vasa com vegetação. Pode
ocorrer em condições de água salobra e de
Portimão
água doce. É uma espécie abundante na ria
Formosa.

Utilização do estuário do Arade


É uma espécie residente no estuário,
Ferragudo
apesar de pouco abundante. Ocorre com
maior frequência nos esteiros de sapal das
zonas mais interiores do estuário, perto da Portimão
Mexilhoeira da Carregação. Ferragudo

Distribuição geográfica
No Atlântico Este, desde a Baía da
Foz Esteiros de sapal
Biscaia até Gibraltar, incluindo os mares
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Mediterrâneo e Negro.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Pesca
É uma espécie sem interesse comercial. A destruição do habitat, nomeadamente das
pradarias de ervas marinhas, é a maior ameaça para as suas populações.

Fichas de espécies | Peixes 169


Charroco (Halobatrachus didactylus).

Marachomba-cornuda (Parablennius pilicornis), uma fêmea do morfotipo amarelo.

170 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Marachomba-cornuda (Parablennius pilicornis).

Marachomba-de-risca (Parablennius rouxi).

Fichas de espécies | Peixes 171


Caboz-da-rocha (Gobius paganellus).

Salmonete (Mullus surmuletus).

172 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Língua-da-areia (Pegusa lascaris).

Rodovalho (Scophthalmus rhombus).

Fichas de espécies | Peixes 173


Sargo-bicudo (Diplodus puntazzo).

Sargo-safia (Diplodus vulgaris).

174 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Cabra-cabaço (Chelidonichthys lucerna).

Fichas de espécies | Peixes 175


Espécies de invertebrados
No estuário do Arade, ocorrem, pelo menos, 186 espécies de macroinvertebrados
aquáticos pertencentes a 147 famílias.

As famílias mais representativas no estuário são a Portunidae, a Crangonidae, a Nassariidae


e a Pyuridae.

Já as espécies mais predominantes são o camarão-mouro (Crangon crangon), a ascídia


(Microcosmus exasperatus), o caranguejo-mouro (Carcinus maenas), o camarão-da-costa
(Palaemon serratus), o camarão-processa (Processa macrophthalma), o ofiurídeo (Ophiura
ophiura), o búzio (Nassarius reticulatus) e a aranha-do-mar (Macropodia rostrata).

XXXIX. Espécies de invertebrados (Projeto ARADE)

Neste estudo, foram identificados 228 grupos taxonómicos, dos quais 186 são espécies,
30 são géneros, enquanto que os restantes 11 correspondem a um nível taxonómico
superior. No total, foram capturados 88.111 organismos invertebrados que pesavam
aproximadamente 262,2 Kg.

17% 30,5%

TOTAL
16,5% TOTAL
88111
6,2% 262,2 Kg
INDIVÍDUOS

9,3%
7,3%
19,3%
6,2% 10,6%
4%

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM NÚMERO ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES EM PESO


Camarão-mouro C. crangon Ascídia M. exasperatus
Ascídia M. exasperatus Polvo-comum O. vulgaris
Ofiurídeo O. ophiura Caranguejo-mouro C. maenas
Camarão-processa P. macrophthalma Santola M. brachydactyla
Camarão-da-costa P. serratus Choco S. officinalis

176 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Anatomia geral dos invertebrados

Carapaça Télson Decápodes Quelípedes


Antenas
Antênulas

Carapaça
Pleópodes Urópodes Pereiópodes
Pereiópodes

Ascídias Gastrópodes Ofiúrideos


Disco
central
Sifão
oral Protoconcha
Sifão
atrial
Voltas
espirais

Última
volta

Columela Abertura
Braço
Canal
sifonal

Fichas de espécies | Invertebrados 177


Netted dogwhelk | Margarita reticulada | Nasse réticulée NE | -
Búzio
Nassarius reticulatus (Linnaeus, 1758) Gastropoda | Mollusca

| até 3 cm | até 10-15 anos 5

Descrição
Apresenta uma concha ovóide-acuminada com cerca de sete voltas em espiral,
regularmente reticulada, e com cerca de 2 a 3 cm de altura. A cor da concha varia entre
tons de castanho claro e amarelo. Possui um opérculo córneo. As partes moles são de cor
clara, com pequenas manchas brancas e castanhas.

Alimentação
Alimenta-se de pequenos invertebrados, como bivalves, usando o sifão. Também apresenta
comportamentos necrófagos.

Reprodução
São hermafroditas e as desovas, sob a forma de cápsulas com 30-50 ovos, são depositadas
nas superfícies das rochas, das algas e das conchas de outros moluscos (fecundidade: 6000
ovos/ano). As larvas, quando eclodem, são pelágicas (velígeras), uma fase muito importante
para a dispersão espacial da espécie. Depois da metamorfose (passagem da fase plantónica

178 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


para a fase bentónica) a pós-larva adapta-se Habitats
à vida no fundo.
N

Idade e Crescimento
A idade de primeira maturação é de
aproximadamente 4 anos (1,5 cm). Pode ter
Portimão
uma longevidade de 10-15 anos de vida.

Habitat
Vive em zonas desde o limite da maré aos
fundos marinhos, sobretudo arenosos, com
Ferragudo
cerca de 40-50 m de profundidade. Refugia-
se em fundos arenosos/vasosos onde se
enterra. Por vezes também presente em
enclaves arenosos nos fundos rochosos. As
conchas vazias dos indivíduos mortos são
muitas vezes ocupadas por caranguejos-
eremita.
Foz Esteiros de sapal
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Utilização do estuário do Arade
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Comum no estuário do Arade.
Canal principal (Vasa) Localidades

Distribuição geográfica
Costas europeias do Oceano Atlântico, do Mar Báltico, do Mar Mediterrâneo, do Mar do
Norte e do Canal da Mancha e na costa de Marrocos. Este búzio é um dos moluscos mais
comuns na costa e nas zonas de estuário portuguesas.

Pesca
É uma espécie acessória, capturada nas pescarias artesanais, principalmente por
armadilhas (covos) iscadas com cavala/caranguejo-mouro destinadas à captura do polvo-
comum (Octopus vulgaris). Dependendo do tipo de fundo onde os covos são colocados,
várias centenas de indivíduos podem ser atraídos pelo isco e capturados acidentalmente.
Também é vulgarmente capturada pela ganchorra. No entanto, em ambos os métodos de
pesca, esta espécie sem valor comercial é sempre rejeitada ao mar.

Fichas de espécies | Peixes 179


Green crab, common shore crab | Cangrejo verde | Crabe vert NE | -
Caranguejo-mouro
Carcinus maenas (Linnaeus, 1758) Brachyura | Arthropoda

| até 9-10 cm | 4-7 anos | juvenil até 1-2 anos

Descrição
Corpo verde e com cerca de 7 cm de largura. Apresenta uma carapaça com três dentes
arredondados na frente e nos bordos com cinco dentes dirigidos para diante. O último
artículo do quinto par de patas é estreito e agudo.

Alimentação
É um predador muito voraz de uma grande variedade de organismos como poliquetas,
bivalves e outros crustáceos e até de outras espécies de caranguejos, incluindo indivíduos
da própria espécie (canibalismo). Nos ecossistemas estuarinos pode ser mesmo
considerado um predador de topo.

Reprodução
Apresenta um ciclo de vida complexo que se alterna entre adultos bentónicos e larvas
plantónicas. Depois de eclodirem, as larvas dispersam-se eficientemente; passados 2-3
anos assentam como caranguejos jovens, atingindo a maturidade passado um ano.

180 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Idade e Crescimento Habitats
Vivem entre os 4-7 anos, podendo chegar a
N
um tamanho máximo entre 9-10 cm.

Habitat
Habita em zonas entre marés, desde a linha
Portimão
superior da maré cheia até ao infralitoral.
É um crustáceo comum no litoral e nos
estuários de toda a Europa, podendo ser
observado em substratos finos ou duros e
debaixo de rochas. São bastante tolerantes
Ferragudo
às variação ambientais, como a temperatura
e a salinidade, conseguindo viver em águas
salgadas ou salobras

Utilização do estuário do Arade


É uma espécie dominante no estuário
do Arade, sendo resistente às alterações
Foz Esteiros de sapal
de salinidade, vivendo até mesmo nas
Canal principal (Areia) Margem rochosa
zonas mais a montante do estuário, onde
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
a salinidade é menor. É um caranguejo
Canal principal (Vasa) Localidades
bastante ativo há noite e durante a maré
cheia. Durante a maré vazia é predado, principalmente por aves.

Distribuição geográfica
É nativa da costa Atlântica da Europa e do Norte de África, desde a Noruega à Mauritânia.
Contudo, existe na costa da América do Norte, África do Sul e Austrália, onde é considerada
uma espécie invasora muito voraz e competidora. Pensa-se que o transporte marítimo seja
a causa das suas invações e colonizações.

Pesca
É pescado no nordeste do Oceano Atlântico, sobretudo em França e no Reino Unido. Em
Portugal, o tamanho mínimo de captura é de 5 cm e é uma espécie acessória na pesca
artesanal “com teias de carteira” dirigida aos búzios. Na ria de Aveiro, é pescado com
nassas ou camaroeiros. Na ria Formosa é vulgarmente capturado à mão, sem recurso a
utensílio de pesca, durante a maré baixa. Também é utilizado como isco para a pesca,
especialmente nas armadilhas (covos) para a captura do polvo-comum. Apesar de ser
pescado comercialmente, esta espécie atualmente não se encontra ameaçada, sendo até
bastante comum e considerada invasora em algumas partes do mundo.

Fichas de espécies | Peixes 181


Long-legged spider crab | Cangrejo araña narigudo | Macrópode NE | -
Aranha-do-mar
Macropodia rostrata (Linnaeus, 1761) Brachyura | Arthropoda

| até 3 cm | 2 anos 11

Descrição
Este pequeno caranguejo tem patas muito longas e finas, uma carapaça triangular com
cerca de 2 cm de comprimento e um rostro curto. A coloração do corpo varia entre
o cinzento, amarelo ou castanho avermelhado. Apresenta uma forma de nadar muito
curiosa, semelhante de “andar de bicicleta”, e tem o hábito de se camuflar usando algas,
alguns invertebrados ou conchas, que prende à carapaça e às patas. Pensa-se que este
comportamento servirá para enganar e proteger-se dos predadores e como reserva de
comida.

Alimentação
Alimenta-se de pedaços de esponjas e algas que cultiva sobre a sua carapaça, servindo
ainda de camuflagem.

182 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Reprodução Habitats
Existe dimorfismo sexual, ou seja, diferenças
N
entre o corpo da fêmea e do macho. Este
último tem as pinças maiores e mais fortes
do que as da fêmea. A fecundação é interna
e quando as fêmeas desovam as larvas
Portimão
plantónicas eclodem no estado de “zoea”.
Esta fase plantónica dura cerca de 11-30
dias e as larvas têm bastante potencial de
dispersão. Antes de se tornarem bentónicas
e viverem no fundo, passam por um último
Ferragudo
estado – “megalopa”. Atingem a maturidade
passado um ano.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 3 cm de comprimento e
pensa-se que vivem até aos 2 anos.

Foz Esteiros de sapal


Habitat
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Vive desde a zona entre marés até
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
profundidade de 375 m em fundos duros
Canal principal (Vasa) Localidades
ou mistos, com areia grossa, cascalho e
conchas, com detritos e vasa, sobre as rochas cobertas de algas ou em fundos arenosos
com ervas marinhas.

Utilização do estuário do Arade


Abundante, em particular nas zonas mais profundas do canal principal do estuário.
Ocorre durante todo o ano.

Distribuição geográfica
Atlântico Nordeste, desde a Noruega à costa de Marrocos, Mar Mediterrâneo e Mar Negro.

Pesca
Na ria Formosa esta espécie é frequentemente capturada por redes de tresmalho que
operam sob fundos de vasa e de ervas marinhas entre os 2 e os 10 metros de profundidade.
Espécie sempre rejeitada e sem valor comercial.

Fichas de espécies | Peixes 183


Common shrimp | Quisquilla gris | Crevette grise NE | -
Camarão-do-rio
Crangon crangon (Linnaeus, 1758) Caridea | Arthropoda

| até 9 cm | 3 anos | juvenil até 1-2 anos 23,48

Descrição
Corpo cinzento, constituído por um abdómen e uma carapaça lisos, esta última contendo
três espinhos, bem separados na sua parte anterior.

Alimentação
Alimenta-se de pequenos animais e de algas que vivem nos sedimentos.

Reprodução
Pensa-se que apresenta hermafroditismo protândrico. A fecundação é interna e a fêmea
desova duas a três vezes por ano, carregando os ovos no seu abdómen. As larvas são
denominadas “zoea”. São plantónicas durante cerca de cinco semanas, tornando-se
depois bentónicas ao assentarem no fundo. Atinge a maturidade entre 1-2 anos.

184 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Idade e Crescimento Habitats
Em média apresenta 5-6 cm de comprimento,
N
mas pode atingir os 9 cm. Vive cerca de 3
anos.

Habitat
Portimão
Vive em águas de pouca profundidade
(0 a 20 m), em fundos de areia ou de
vasa, existindo também registos a 130 m
de profundidade. Geralmente, enterra-
-se no sedimento apenas com os olhos e
Ferragudo
antenas descobertos, escondendo-se dos
seus predadores ou esperando caçar uma
presa. São bastante tolerantes às variações
ambientais, como as de temperatura e
as de salinidade, conseguindo viver em
águas salgadas ou salobras. São muito
importantes do ponto de vista ecológico,
Foz Esteiros de sapal
por serem o alimento de peixes como os
Canal principal (Areia) Margem rochosa
robalos e os cabozes.
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Canal principal (Vasa) Localidades
Utilização do estuário do Arade
É uma espécie dominante no estuário do Arade, sendo resistente às variações de salinidade,
vivendo até mesmo nas zonas mais a montante do estuário, onde a salinidade é menor.

Distribuição geográfica
É uma espécie muito representativa nos sapais dos estuários do Norte da Europa. Na
costa atlântica desde o Mar Báltico ao Mar Branco, Portugal e Marrocos. Existe no Mar
Mediterrâneo e no Mar Negro.

Pesca
Apresenta importância económica, pois a sua carne é apreciada e comercializada em
Portugal e na Europa. É pescada com redes e arrastos no Oceano Atlântico Norte e no
Mediterrâneo. Em Portugal, está autorizada a pesca com arrasto de vara no estuário do
rio Tejo. Em Portugal, o tamanho mínimo de captura é de 5 cm. Apesar desta espécie de
camarão ser pescada comercialmente, atualmente não se encontra ameaçada, sendo até
bastante comum.

Fichas de espécies | Peixes 185


Common prawn | Camarón común | Crevette rose, bouquet commun NE | -
Camarão-da-costa
Palaemon serratus (Pennant, 1777) Caridea | Arthropoda

| até 10-11 cm | 3-5 anos 16,17 50

Descrição
Corpo cilíndrico e translúcido constituído por uma carapaça e seis segmentos abdominais com
linhas castanhas e vermelhas, podendo-se distinguir de outras espécies pelo seu rostro alongado
com vários dentes nos bordos inferior e superior. Os dois primeiros pares de pernas têm pequenas
pinças e riscas vermelhas e amarelas. Os indivíduos podem atingir os 11 cm de comprimento.

Alimentação
Alimenta-se de algas e de pequenos crustáceos, podendo também ser canibal de
indivíduos da própria espécie. É um predador mais ativo durante a noite.

Reprodução
Esta espécie apresenta dimorfismo sexual, ou seja, existe diferença a nível da anatomia
sexual entre machos e fêmeas. Os sexos são separados e o ciclo de vida é constituído por
um período embrionário, larvar e juvenil até atingir a idade adulta. Os ovos, depois de
libertados e fecundados, fixam-se no abdómen da fêmea, através de uma substância adesiva,

186 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


permanecendo até à eclosão. As fêmeas Habitats
transportam os ovos durante cerca de quatro
N
meses e o desenvolvimento embrionário
ocorre sob sua protecção e compreende oito
estados diferentes, eclodindo os ovos num
estado de desenvolvimento já avançado.
Portimão
As larvas plantónicas são robustas e muito
vorazes (aproximadamente durante um mês),
depois sofrem a metamorfose e transformam-
-se em pós-larvas e assentam no fundo
quando têm um comprimento total de 1 cm.
Ferragudo
Os jovens camarões crescem rapidamente.

Idade e Crescimento
Pode atingir os 10-11 cm de comprimento e
viver entre 3 a 5 anos de idade.

Habitat
Foz Esteiros de sapal
Vive normalmente em grupos, em enclaves,
Canal principal (Areia) Margem rochosa
poças de maré ou debaixo de rochas desde a
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
zona entre marés até profundidades de 40 m
Canal principal (Vasa) Localidades
e, frequentemente, nas zonas inferiores dos
estuários. Sobrevive em condições de salinidade muito elevada.

Utilização do estuário do Arade


É uma espécie muito comum no estuário do Arade.

Distribuição geográfica
É uma espécie com uma vasta distribuição na Europa e está presente nas águas do Atlântico Este,
desde a Dinamarca até à Mauritânia, no Mar Mediterrâneo e no Mar Negro. Em Portugal, é mais
abundante e de maiores dimensões no norte do país.

Pesca
É pescada em muitas áreas, dado o elevado valor comercial que atinge. A pesca em
Portugal é praticada sobretudo na zona costeira do norte do país, recorrendo ao uso
de três artes de pesca artesanal: as redes camaroeiras e do pilado (arrasto com portas
e de vara), as redes de levantar (sombreira) e as armadilhas de gaiola (bombos). Na ria
de Aveiro é pescada com nassas ou camaroeiros. Apresenta elevado valor comercial,
sendo o seu tamanho mínimo de captura, em Portugal, de 6 cm. É também pescado no
Mediterrâneo, na Península Ibérica, em França, no Reino Unido e na Irlanda. O impacte
da pesca comercial nesta espécie ainda foi pouco estudado.

Fichas de espécies | Peixes 187


Shrimp | Camarón processa | Crevette-autruche à gros yeu NE | -
Camarão-processa
Processa macrophthalma Nouvel & Holthuis, 1957 Caridea | Arthropoda

| até 2-5 cm | 2-3 anos 12,23

Descrição
No corpo deste camarão destacam-se os seus olhos de grandes dimensões, um rostro
curto, que termina numa ponta com um pequeno dente superior, e o primeiro par de
patas com um desenvolvimento desigual. De dia, é geralmente branco translúcido (por
vezes rosa) e, à noite, as fêmeas são avermelhadas, enquanto que os machos são quase
transparentes. O corpo pode medir até 5 cm.

Alimentação
Apresenta hábitos noturnos, passando o dia enterrado no sedimento e há noite caça as
suas pequenas presas auxiliando-se das suas patas dianteiras como uma faca e um garfo:
larvas de outros organismos marinhos como anelídeos, moluscos e outros crustáceos.

Reprodução
Apresenta hermafroditismo protrândico. A fecundação é interna e a fêmea incuba os ovos
durante algum tempo carregando-os com ela no seu abdómen. Depois, as larvas eclodem

188 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


e são plantónicas durante 3 a 4 semanas, Habitats
passadas as quais sofre a metamorfose,
N
tornando-se bentónica e adaptando-se a
viver no fundo.

Idade e Crescimento
Portimão
Mede entre 2 a 5 cm e apresenta uma
longevidade de 2 a 3 anos.

Habitat
Habita principalmente em fundos arenosos
Ferragudo
até aos 40 m de profundidade e gosta
de viver próximo de pradarias de ervas
marinhas.

Utilização do estuário do Arade


É uma espécie comum no estuário do
Arade.
Foz Esteiros de sapal
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Distribuição geográfica
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
Este crustáceo existe em todo o
Canal principal (Vasa) Localidades
Mediterrâneo (especialmente na parte
ocidental) e no Atlântico Este, até ao Golfo da Guiné.

Pesca
Em Portugal, aparece com frequência na pesca de arrasto de fundo dirigida a crustáceos
ou peixes, onde normalmente são rejeitados e devolvidos ao mar.

Fichas de espécies | Peixes 189


Serpent star | Ofiura | Ophiure commune, ophiure rose NE | -
Ofíuro, ofiurídeo
Ophiura ophiura (Linnaeus, 1758) Ophiuroidea | Echinodermata

| até 6-10 anos | juvenil até 1-2 anos

Descrição
São animais semelhantes às estrelas-do-mar. Possuem um corpo constituído por um disco
central (com cerca de 3 cm) e cinco braços finos (3 a 4 vezes maiores do que o diâmetro
do disco central). A sua cor varia de castanho acinzentada a laranja claro. Podem viver
em associação com espécies de esponjas e de corais.

Alimentação
Apresenta uma alimentação muito variada. Ao mover-se no sedimento, caça pequenos
invertebrados, como poliquetas, moluscos e crustáceos, ou alimenta-se de detritos na
superfície dos sedimentos ou em suspensão na água.

Reprodução
A fecundação é externa, ocorre na coluna de água, com desenvolvimento indireto das
larvas, ou seja, estas passam por vários estados, fazendo parte do plâncton marinho antes

190 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


de assentarem como seres bentónicos. A Habitats
larva dos ofiurídeos chama-se ofiopluteus,
N
ocorrendo uma metamorfose, (passagem
do estado plantónico para bentónico). A
maturação sexual dá-se entre os 1-2 anos.

Portimão
Idade e Crescimento
Longevidade de 6 a 10 anos.

Habitat
Ocorre desde a zona entre marés até
Ferragudo
profundidades de 220 m. Vive na superfície
de fundos de areia ou de vasa, enterrando-
-se ocasionalmente.

Utilização do estuário do Arade


Comum no estuário do Arade.

Foz Esteiros de sapal


Distribuição geográfica
Canal principal (Areia) Margem rochosa
Existe no Oceano Atlântico, desde a Noruega
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
até à Madeira, e no Mar Mediterrâneo.
Canal principal (Vasa) Localidades

Pesca
É considerada uma espécie rejeitada (rejeições) durante a pesca de arrasto de fundo,
dirigida a crustáceos e a peixes, e na pesca de ganchorra, destinada à captura de amêijoa-
-branca (Spisula solida), sendo posteriormente devolvida ao mar. Pensa-se que, após ser
devolvida ao mar, a sua capacidade de recuperação fique diminuída, devido à exposição
ao ar a que está sujeita a bordo e aos danos causados pelos aparelhos de pesca. É
vulgarmente encontrada nas praias arenosas durante a baixa-mar, por rejeição da pesca
de ganchorra manual, dirigida à conquilha (Donax spp.).

Fichas de espécies | Peixes 191


Tunicate, ascidian | Ascídia | Ascidie NE | -
Ascídia
Microcosmus exasperatus Heller, 1878 Ascidiacea | Chordata

| até 6 cm | 2 anos

Descrição
Corpo globoso com cerca de 4-6 cm de comprimento e os seus longos sifões são uma
particularidade. Apresenta um corpo constituído por uma túnica grossa e resistente, com
uma coloração variando entre o alaranjado e o arroxeado e, geralmente, incrustrada por
sedimentos, algas, esponjas, hidrozoários (pequenas medusas ou pólipos) e até outras
ascídeas. É uma ascídia solitária e um ser bentónico, mas com uma fase larvar plantónica.

Alimentação
As ascídeas são organismos filtradores, alimentando-se da matéria orgânica que se
encontra em suspensão na água.

Reprodução
Muitas espécies incubam as larvas, libertando-as num estado avançado de desenvolvimento.
Estas têm capacidade de natação, durante um curto espaço de tempo, e depois fixam-se num
lugar, onde vivem e se transformam numa ascídea já com a forma do corpo de um adulto.

192 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Idade e Crescimento Habitats
O seu corpo pode atingir os 6 cm e tem
N
uma longevidade de cerca de 2 anos.

Habitat
Estes animais podem fixar-se e crescer
Portimão
sobre vários substratos duros, como recifes
de coral, rochas, raízes de mangais e até
mesmo em pilares existentes nos portos e
nas marinas. Também se conseguem fixar
em áreas de areia grossa e de cascalho.
Ferragudo
Serve também de substrato ou de refúgio
a outras espécies e.g. é hospedeira de
pequenos crustáceos parasitas.

Utilização do estuário do Arade


É muito comum no estuário do Arade,
sendo abundante em locais com matéria
Foz Esteiros de sapal
em suspensão na água, proveniente de
Canal principal (Areia) Margem rochosa
atividades antropogénicas ligadas à cidade
Canal principal (Areia/Vasa) Margem não rochosa
de Portimão, como as zonas adjacentes a
Canal principal (Vasa) Localidades
ETARs ou a pisciculturas. Pensa-se que têm
elevada importância na fixação e na organização de outras comunidades do estuário.

Distribuição geográfica
É uma espécie cosmopolita, apresentando ampla distribuição nos mares e em todos os
oceanos tropicais e subtropicais. De facto, é uma das espécies bioinvasoras mais comuns,
registando-se anualmente novas observações. Uma das possíveis causas da ampla
distribuição está relacionada com o transporte de indivíduos incrustados nos cascos dos
barcos e dos navios, que conseguem invadir e colonizar com sucesso novos locais e.g. os
portos do Mar Mediterrâneo.

Pesca
Sem interesse comercial.

Fichas de espécies | Peixes 193


Ponte sobre o rio Arade.
Mapeamento
Capítulo IX
Distribuição espacial
Peixes
Em termos do número de espécies de peixes com valor comercial, existe uma clara zonação
do estuário do Arade, havendo uma área relativamente central, localizada em frente ao
porto comercial, que possui um maior número de espécies, seguida de áreas concêntricas
com um número de espécies gradualmente decrescente, tanto para montante como para
jusante.

Relativamente ao número de exemplares de peixes com valor comercial no estuário, a área


com maior número de indivíduos, encontra-se em frente ao porto comercial.

Já no que respeita ao número de exemplares juvenis de espécies de peixes com valor


comercial, a parte mais a norte do estuário apresenta maiores abundâncias do que a parte
sul, realçando-se assim a importância que áreas de sapal têm para as espécies comerciais
como áreas de alimentação e de proteção de juvenis.

5-6 23-40 5,8-21,2


6-7 40-60 21,2-36,7
7-8 60-80 36,7-52,1
8-9 80-100 52,1-67,5
9-10 100-109 67,5-83

Previsão da distribuição: (1) do número de espécies de peixes; (2) do número de exemplares de peixes; (3) do
número de exemplares juvenis de espécies de peixes com estatuto comercial (valores por 1000 m2).

196 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


XL. Distribuição espacial (Projeto ARADE)
A distribuição espacial das espécies de peixes foi estudada durante este projeto. De facto, o mapeamento da
distribuição espacial das espécies é de grande utilidade para a gestão da biodiversidade do estuário do Arade,
principalmente porque revela, a partir de uma série de locais de amostragem, como é que um determinado
parâmetro ou um conjunto de parâmetros ecológicos (e.g. número de espécies, peso, número de exemplares,
índices de diversidade, proporção de juvenis e de espécies com valor comercial) varia espacialmente, permitindo
assim identificar padrões e utilizar os resultados obtidos para a criação de instrumentos de gestão ambiental
mais adequados.

Mapeamento 197
Importância ictiológica
No estuário do Arade, existe uma clara zonação da importância ictiológica, nomeadamente,
das espécies com valor comercial. A área compreendida entre o porto de pesca e o início da
bacia de desembocadura do rio é, de facto, aquela que apresenta uma maior importância
ictiológica, ou seja, é a área do estuário que conjuga o maior número de espécies com as
maiores abundâncias de exemplares de espécies de peixes com valor comercial.

ETAR

Mexilhoeira da Carregação

Porto de Pesca

ÍNDICE DE IMPORTÂNCIA ICTIOLÓGICA

1 (menor importância)
2
3
4 (maior importância)

Cartografia dos níveis de importância ictiológica para o estuário do Arade com base em dados de abundância e
diversidade de peixes de espécies com valor comercial, provenientes de amostragens com arrasto de vara.

198 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


XLI. Importância ictiológica (Projeto ARADE)
A partir do mapeamento da distribuição espacial de diferentes parâmetros ecológicos, como por exemplo os
índices de diversidade, é possível determinar a importância ictiológica de uma determinada área geográfica.
Este parâmetro tem como principal objetivo representar graficamente a área ou as áreas geográficas, onde uma
determinada conjugação de fatores/parâmetros indica a existência de zonas de diferente valor ictiológico.

Neste estudo, a importância ictiológica foi calculada usando um modelo baseado nos seguintes parâmetros: o
Índice de Shannon-Wiener, o Índice de Pielou, o Índice de Margalef, a densidade de exemplares comerciais
adultos e a densidade de exemplares comerciais juvenis. Os resultados deste modelo variaram entre 1 e 4,
definindo-se assim quatro níveis de importância Ictiológica no estuário do Arade.

É importante realçar que estes dados dizem respeito apenas às amostragens com arrasto de vara, pelo que
a incorporação de outras técnicas de amostragem, como as redes tresmalho e as redinhas, poderia trazer
novos dados e certamente evidenciar a importância que a desembocadura do rio representa para as espécies
comerciais, nomeadamente para os peixes planos (Pleuronectiformes) de elevado valor comercial (e.g. linguado-
-branco Solea senegalensis e rodovalhos Scophthalmus rhombus).

A melhoria destes modelos passaria igualmente pela integração de outras variáveis, como a distribuição espacial
de espécies com estatuto de conservação, e pela inclusão de outros grupos taxonómicos, como os invertebrados,
valorizando desta forma a componente de conservação da biodiversidade.

Mapeamento 199
Embarcação pesqueira no canal principal, a caminho da barra.
Tabela resumo | Projeto ARADE
Capítulo X
Abundância Ecologia Valor comercial
+ < 0,05 % (raro) R Residente € 0,01 - 5,00 €/kg
++ 0,05 - 0,1 % AN Anádroma €€ 5,01 - 12,00 €/kg
+++ 0,1 - 1 % CT Catádroma €€€ Mais de 12,00 €/kg
++++ 1-5% MJ Usa o estuário como viveiro - Sem valor
+++++ > 5 % (muito abundante) MO Marinha ocasional
M Marinha
- Informação insuficiente
* Espécies muito provavelmente introduzidas acidentalmente no Arade; produto das rejeições da pesca de emalhar, tresmalho
ou arrasto (limpeza de redes).

Classe Família Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Actinopterygii Anguillidae Anguilla anguilla Enguia

Actinopterygii Congridae Conger conger Safio

Actinopterygii Atherinidae Atherina presbyter Peixe-rei

Actinopterygii Batrachoididae Halobatrachus didactylus Charroco

Actinopterygii Belonidae Belone belone Peixe-agulha

Actinopterygii Clupeidae Sardina pilchardus Sardinha

Actinopterygii Clupeidae Alosa fallax Savelha

Actinopterygii Engraulidae Engraulis encrasicolus Biqueirão

Actinopterygii Gadidae Trisoptperus luscus Faneca

Actinopterygii Mugilidae Chelon labrosus Tainha-liça

Actinopterygii Mugilidae Liza aurata Tainha-garrento

Actinopterygii Mugilidae Liza ramada Tainha-fataça

Actinopterygii Mugilidae Liza saliens Tainha-de-salto

Actinopterygii Mugilidae Mugil cephalus Tainha

Actinopterygii Ammodytidae Ammodytes tobianus Galeota-menor

Actinopterygii Blennidae Parablennius gattorugine Marachomba-babosa

Actinopterygii Blennidae Parablennius pilicornis Marachomba-cornuda

Actinopterygii Blennidae Parablennius rouxi Marachomba-de-risca

Actinopterygii Callionymidae Callionymus lyra Peixe-pau-lira

Actinopterygii Callionymidae Callionymus maculatus Peixe-pau-malhado

Actinopterygii Callionymidae Callionymus reticulatus Peixe-pau-listado

Actinopterygii Callionymidae Callionymus risso Peixe-pau-pintado

Actinopterygii Carangidae Trachurus trachurus Carapau

Actinopterygii Carangidae Trachinotus ovatus Plombeta

Actinopterygii Cetracanthidae Spicara maena Trombeiro

202 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Estatuto de conservação - segundo UICN (2013) e ICN (1993) Habitats
CR Criticamente em perigo CA Comercialmente ameaçada • Ocorre
EN Em perigo DD Informação insuficiente
VU Vulnerável I Indeterminado
NT Quase ameaçado NE Não avaliado
LC Pouco preocupante
Comunidades

PEIXES

INVERTEBRADOS

Abundância Ecologia Valor Estatuto Estatuto Canal Margens Margens não Esteiros Foz
comercial UICN ICN principal rochosas rochosas de sapal

++ CT €€ CR EN • • •

+ MO € NE NE • •

+++++ R € LC NE • • • •

++++ R € NE NE • • • •

+ MO € NE NE •

+++++ MJ €€ NE NE • • • • •

+ AN €€ LC VU • •

+++ MJ €€ NE NE •

+ MO € NE CA •

+++ MJ € LC NE • •

++++ MJ € LC NE • •

++ MJ € NE NE • •

+ MJ € LC NE • •

+ MO € NE NE •

+ R € NE CA • •

+ R - NE NE •

+ MO - NE NE • •

+ R - LC NE •

+ MO - NE NE • •

+ MO - NE NE • • • •

+ MO - NE NE • • •

++ MO - NE NE • • •

+ MO € NE NE • •

+ MO € NE NE •

+ MO € NE NE •

Tabela resumo | Projeto ARADE 203


Classe Família Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Actinopterygii Gobiidae Aphia minuta Caboz-transparente

Actinopterygii Gobiidae Gobius cruentatus Caboz-de-boca-vermelha

Actinopterygii Gobiidae Gobius gasteveni Caboz-de-escama

Actinopterygii Gobiidae Gobius niger Caboz-negro

Actinopterygii Gobiidae Gobius paganellus Caboz-da-rocha

Actinopterygii Gobiidae Gobius xanthocephalus Caboz-de-cabeça-amarela

Actinopterygii Gobiidae Gobiusculus flavescens Caboz

Actinopterygii Gobiidae Gobius roulei Caboz

Actinopterygii Gobiidae Pomatoschistus quagga Caboz

Actinopterygii Gobiidae Pomatoschistus microps Caboz

Actinopterygii Gobiidae Pomatoschistus minutus Caboz-da-areia

Actinopterygii Gobiidae Pomatoschistus pictus Caboz-da-areia

Actinopterygii Gobiidae Pseudaphya ferreri Caboz

Actinopterygii Labridae Centrolabrus exoletus Bodião

Actinopterygii Labridae Symphodus bailloni Bodião

Actinopterygii Labridae Symphodus cinereus Bodião-cinzento

Actinopterygii Labridae Symphodus melops Bodião-vulgar

Actinopterygii Labridae Symphodus roissali Bodião-manchado

Actinopterygii Labridae Ctenolabrus rupestris Bodião-rupestre

Actinopterygii Labridae Coris julis Judia

Actinopterygii Moronidae Dicentrarchus labrax Robalo

Actinopterygii Moronidae Dicentrarchus puntactus Baila

Actinopterygii Mullidae Mullus surmuletus Salmonete-legítimo

Actinopterygii Sciaenidae Argyrosomus regius Corvina

Actinopterygii Sciaenidae Sciaena umbra Roncador

Actinopterygii Scombridae Scomber colias Cavala

Actinopterygii Serranidae Serranus hepatus Serrano-ferreiro

Actinopterygii Sparidae Boops boops Boga

Actinopterygii Sparidae Diplodus annularis Mucharra

Actinopterygii Sparidae Diplodus bellottii Mucharra-branca

Actinopterygii Sparidae Diplodus puntazzo Sargo-bicudo

Actinopterygii Sparidae Diplodus sargus Sargo-legítimo

204 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Ecologia Valor Estatuto Estatuto Canal Margens Margens não Esteiros Foz
comercial UICN ICN principal rochosas rochosas de sapal

+++ R - NE NE • • •

+ MO - NE NE • •

+ MO - NE NE •

++++ R € NE NE • • • •

+++ R € NE DD • • •

+++ R - LC NE •

+ MO - NE NE •

+ MO - NE NE •

++ MO - LC NE •

+++++ R € NE NE • • •

++++ R € NE NE • • • •

++ R - NE NE • • •

+ MO - NE NE •

+ MO - LC NE •

++ MO € LC NE • • • •

+ MO - LC NE • • •

+ MO - LC NE • •

+ MO € LC NE • • •

++ R - LC NE •

+ R - LC NE •

+++ MJ €€€ LC CA • • • •

++ MJ €€€ NE NE •

++ MJ €€€ NE CA • • •

+ MO €€€ NE NE •

+ MO € NE NE •

+ MO € LC CA • •

+ MO - NE NE • • • •

+ MO € NE CA • •

+ MO € NE CA • • •

+++ MJ € NE CA • • • • •

++ MJ €€€ NE CA • • • •

+++ MJ €€€ NE CA • • • • •

Tabela resumo | Projeto ARADE 205


Classe Família Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Actinopterygii Sparidae Diplodus cervinus Sargo-veado

Actinopterygii Sparidae Diplodus vulgaris Sargo-safia

Actinopterygii Sparidae Lithognathus mormyrus Ferreira

Actinopterygii Sparidae Oblada melanura Dobradiça

Actinopterygii Sparidae Pagellus acarne Besugo

Actinopterygii Sparidae Pagellus erythrinus Bica

Actinopterygii Sparidae Sarpa salpa Salema

Actinopterygii Sparidae Sparus aurata Dourada

Actinopterygii Sparidae Spondyliosoma cantharus Choupa

Actinopterygii Sparidae Dentex dentex Pargo-dentão

Actinopterygii Sparidae Dentex macrophthalmus Cachucho

Actinopterygii Sparidae Dentex gibbosus Pargo-de-bandeira

Actinopterygii Sparidae Pagrus pagrus Pargo-legítimo

Actinopterygii Trachinidae Echiichthys vipera Peixe-aranha-menor

Actinopterygii Trachinidae Trachinus draco Peixe-aranha-maior

Actinopterygii Trypterygiidae Tripterygion delaisi Caboz-de-três-dorsais

Actinopterygii Uranoscopidae Uranoscopus scaber Papa-tabaco

Actinopterygii Bothidae Arnoglossus laterna Carta-do-Mediterrâneo

Actinopterygii Bothidae Arnoglossus thori Carta-pontuada

Actinopterygii Bothidae Bothus podas Carta-de-olhos-grandes

Actinopterygii Pleuronectidae Platichthys flesus Solha-das-pedras

Actinopterygii Scophthalmidae Scophthalmus rhombus Rodovalho

Actinopterygii Soleidae Dicologlossa cuneata Língua

Actinopterygii Soleidae Microchirus azevia Azevia

Actinopterygii Soleidae Buglossidium luteum Língua-de-gato

Actinopterygii Soleidae Monochirus hispidus Cascarra

Actinopterygii Soleidae Pegusa lascaris Linguado-da-areia

Actinopterygii Soleidae Solea senegalensis Linguado-branco

Actinopterygii Soleidae Solea solea Linguado-legítimo

Actinopterygii Soleidae Synaptura lusitanica Língua-de-vaca

Actinopterygii Scorpaenidae Scorpaena notata Rascasso-escorpião

Actinopterygii Scorpaenidae Scorpaena porcus Rascasso-de-pintas

206 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Ecologia Valor Estatuto Estatuto Canal Margens Margens não Esteiros Foz
comercial UICN ICN principal rochosas rochosas de sapal

+ MO €€€ NE CA • •

++++ MJ €€€ NE CA • • • • •

+ MO €€€ NE CA •

+ M € NE NE •

+ MO €€€ NE CA • •

+ M €€€ NE CA •

+ MO € NE CA • • • •

++ MJ €€€ NE CA • • • •

+++ MJ €€ NE CA • • • •

+ MO €€€ NE NE •

++ MO €€€ NE NE •

+ MO €€€ NE NE •

+ MO €€€ EN CA •

++ MO € NE NE • •

+ MO € NE NE •

+ R - NE NE •

+ MO € NE NE •

++ MO € NE NE • •

+ MO € NE NE • •

+ MO € NE NE •

+ MO €€ LC CA •

+ MO €€€ NE CA • • •

+ MO €€€ LC CA •

+++ MJ €€€ NE CA • • • •

++++ MO - LC NE • • •

++ MO - NE NE • •

+++ MO €€ NE CA • •

++ MJ €€€ LC CA • • • •

+ MJ €€€ NE CA • • •

+ MO €€€ NE NE • •

+ MO - NE NE • •

+ MO € NE NE • • •

Tabela resumo | Projeto ARADE 207


Classe Família Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Actinopterygii Triglidae Trigloporus lastoviza Cabra-riscada

Actinopterygii Triglidae Chelidonichthys lucerna Cabra-cabaço

Actinopterygii Triglidae Chelidonichthys obscurus Cabra-de-bandeira

Actinopterygii Syngnathidae Hippocampus guttulatus Cavalo-marinho (-de-focinho-longo)

Actinopterygii Syngnathidae Hippocampus hippocampus Cavalo-marinho (-de-focinho-curto)

Actinopterygii Syngnathidae Nerophis ophidion Marinha

Actinopterygii Syngnathidae Nerophis lumbriciformis Marinha

Actinopterygii Syngnathidae Syngnathus acus Marinha-comum

Actinopterygii Syngnathidae Syngnathus abaster Marinha-de-focinho-curto

Actinopterygii Syngnathidae Syngnathus typhle Marinha-de-focinho-grosso

Actinopterygii Balistidae Balistes capriscus Peixe-porco

Elasmobranchii Rajidae Raja brachyura Raia-pontuada

Elasmobranchii Rajidae Raja montagui Raia-manchada

Elasmobranchii Rajidae Raja undulata Raia-curva

Elasmobranchii Torpedinidae Torpedo torpedo Tremelga-de-olhos

208 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Ecologia Valor Estatuto Estatuto Canal Margens Margens não Esteiros Foz
comercial UICN ICN principal rochosas rochosas de sapal

+ MO € NE NE •

++ MO € NE NE • • • •

+ MO € NE NE •

+++ R - DD I • • •

+ R - DD I • • •

+ R - NE NE •

+ R - NE DD •

++ R - NE NE • • • •

+++ R - LC NE •

+ R - NE NE •

+ MO € NE NE •

+ MO €€ NT NE • •

+ MO €€ LC NE •

+ MO €€ EN NE • •

+ MO € DD NE • •

Tabela resumo | Projeto ARADE 209


Filo Taxa Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Cnidaria Anthozoa Adamsia carciniopados Anémona-dos-caranguejos-eremita

Cnidaria Anthozoa Alicia mirabilis Alicia, Anémona-noturna

Cnidaria Anthozoa Calliactis parasitica Anémona-dos-caranguejos-eremita

Annelida Polychaeta Chaetopterus variopedatus Poliqueta, Minhoca-do-mar

Annelida Polychaeta Lagis sp. Poliqueta-trompeta

Annelida Polychaeta Lanice conchilega Verme-de-areia

Annelida Polychaeta Nereis sp. Minhoca

Annelida Polychaeta Sabella spp. Espirógrafo

Annelida Polychaeta Serpulidae n. id. Poliqueta

Annelida Polychaeta Sternaspis cf. scutata Poliqueta

Bryozoa Gymnolaemata Bugula neritina Briozoário

Sipuncula Sipunculidea Phascolion (Phascolion) strombus strombus Sipunculídeo

Mollusca Bivalvia Abra alba Bivalve

Mollusca Bivalvia Abra prismatica Bivalve

Mollusca Bivalvia Abra sp. Bivalve

Mollusca Bivalvia Acanthocardia aculeata Berbigão-de-bicos

Mollusca Bivalvia Acanthocardia paucicostata Bivalve

Mollusca Bivalvia Acanthocardia tuberculata Berbigão-burro

Mollusca Bivalvia Allogramma formosa Bivalve

Mollusca Bivalvia Anomia ephippium Ostra-cão

Mollusca Bivalvia Atrina pectinata Funil

Mollusca Bivalvia Cerastoderma edule Berbigão

Mollusca Bivalvia Cerastoderma glaucum Berbigão

Mollusca Bivalvia Chamelea gallina Pé-de-burrinho

Mollusca Bivalvia Chamelea striatula Amêijoa

Mollusca Bivalvia Corbula gibba Bivalve

Mollusca Bivalvia Crassostrea gigas Ostra-portuguesa, Carcanholas

Mollusca Bivalvia Donax trunculus Conquilha

Mollusca Bivalvia Dosinia exoleta Amêijoa-redonda

Mollusca Bivalvia Dosinia lupinus Amêijoa

Mollusca Bivalvia Ensis siliqua Longueirão, Faca

Mollusca Bivalvia Flexopecten flexuosus Leque, Vieirinha

210 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Valor comercial Estatuto IUCN Canal Margens Margens não Esteiros Foz
principal rochosas rochosas de sapal

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+++ - NE •

++ - NE •

+++ - NE •

+ € NE •

+++ - NE •

+ € NE •

+ - NE •

+++ - NE • • •

+ - NE •

+++ € NE • •

+ - NE •

++ € NE • •

+ - NE •

+++ - NE •

+++ € NE • •

+ €€ NE •

+ € NE •

+ - NE •

+ €€ NE • •

+ - NE •

Tabela resumo | Projeto ARADE 211


Filo Taxa Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Mollusca Bivalvia Gari fervensis Bivalve

Mollusca Bivalvia Gibbomodiola adriatica Bivalve

Mollusca Bivalvia Hiatella arctica Bivalve

Mollusca Bivalvia Limaria tuberculata Lima

Mollusca Bivalvia Mactra stultorum Amêijoa-lisa

Mollusca Bivalvia Mimachlamys varia Pente

Mollusca Bivalvia Moerella donacina Bivalve

Mollusca Bivalvia Musculus costulatus Bivalve

Mollusca Bivalvia Musculus subpictus Bivalve

Mollusca Bivalvia Mytilus edulis Mexilhão

Mollusca Bivalvia Mytilus galloprovincialis Mexilhão

Mollusca Bivalvia Nucula nucleus Bivalve

Mollusca Bivalvia Ostrea edulis Ostra-redonda

Mollusca Bivalvia Pandora inaequivalvis Bivalve

Mollusca Bivalvia Panopea glycimeris Taralhão-gigante

Mollusca Bivalvia Parvicardium exiguum Bivalve

Mollusca Bivalvia Parvicardium scabrum Bivalve

Mollusca Bivalvia Pitar rudis Bivalve

Mollusca Bivalvia Polititapes aureus Amêijoa-cão, Amêijoa-bicuda

Mollusca Bivalvia Polititapes virgineus Amêijoa-macha, Amêijoa-vermelha

Mollusca Bivalvia Psammotreta cumana Bivalve

Mollusca Bivalvia Pteria hirundo Bivalve

Mollusca Bivalvia Scrobicularia plana Lambujinha

Mollusca Bivalvia Spisula solida Amêijoa-branca

Mollusca Bivalvia Spisula subtruncata Amêijoa-dourada

Mollusca Bivalvia Tellina pulchella Bivalve

Mollusca Bivalvia Venerupis corrugata Amêijoa-judia, Amêijoa-falsa

Mollusca Bivalvia Venerupis decussata Amêijoa-boa, Amêijoa-cristã

Mollusca Cephalopoda Alloteuthis subulata Lula

Mollusca Cephalopoda Eledone cirrhosa Polvo-cabeçudo

Mollusca Cephalopoda Octopus vulgaris Polvo-comum

Mollusca Cephalopoda Sepia officinalis Choco

212 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Valor comercial Estatuto IUCN Canal Margens Margens não Esteiros Foz
principal rochosas rochosas de sapal

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

++ - NE •

+++ - NE • • •

++ € NE

+++ € NE • •

+ - NE •

+++ € NE • • • •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+++ - NE •

+++ €€€ NE • •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ € NE •

+ € NE •

++++ - NE •

+ - NE •

+ €€ NE • •

+ €€€ NE • •

++ € NE • •

+ € NE •

+ €€ NE • • • •

+++ €€ NE • • • •

Tabela resumo | Projeto ARADE 213


Filo Taxa Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Mollusca Cephalopoda Sepiola rondeletii Choco

Mollusca Gastropoda Acteon tornatilis Búzio

Mollusca Gastropoda Aeolidiella alderi Lesma-do-mar

Mollusca Gastropoda Aglaja tricolorata Lesma-do-mar

Mollusca Gastropoda Akera bullata Búzio

Mollusca Gastropoda Aplysia punctata Vinagreira

Mollusca Gastropoda Aporrhais pespelecani Pé-de-pelicano

Mollusca Gastropoda Bittium reticulatum Búzio

Mollusca Gastropoda Bolma rugosa Caracol-do-mar

Mollusca Gastropoda Bulla striata Caracol-do-mar

Mollusca Gastropoda Calliostoma cf. laugieri Pião

Mollusca Gastropoda Calliostoma gubbiolii * Pião

Mollusca Gastropoda Calliostoma zizyphinum Pião-pintado

Mollusca Gastropoda Calyptraea chinensis Chapéu-chinês

Mollusca Gastropoda Cerithium vulgatum Búzio

Mollusca Gastropoda Charonia lampas Buzina

Mollusca Gastropoda Cymbium olla Ferro-de-engomar

Mollusca Gastropoda Dendrodoris limbata Lesma-do-mar

Mollusca Gastropoda Doriopsilla areolata Lesma-do-mar

Mollusca Gastropoda Euspira nitida Caracol-do-mar

Mollusca Gastropoda Gibbula cineraria Burrié

Mollusca Gastropoda Gibbula philberti Burrié

Mollusca Gastropoda Gibbula umbilicalis Burrié

Mollusca Gastropoda Gibbula umbilicaris Burrié

Mollusca Gastropoda Haminoea sp. Lesma-do-mar

Mollusca Gastropoda Hexaplex trunculus Búzia

Mollusca Gastropoda Mangelia attenuata Búzio

Mollusca Gastropoda Mangelia sp. Búzio

Mollusca Gastropoda Mesalia varia Parafuso

Mollusca Gastropoda Nassarius elatus * Búzio

Mollusca Gastropoda Nassarius incrassatus Búzio

Mollusca Gastropoda Nassarius nitidus Búzio

214 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Valor comercial Estatuto IUCN Canal Margens Margens não Esteiros Foz
principal rochosas rochosas de sapal

+ - NE • •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+++ - NE • • • •

+ - NE •

++++ - NE • •

+ - NE •

+++ - NE • •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+++ - NE • •

+ - NE •

+ €€ NE •

++ - NE • •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+++ - NE •

+++ - NE • • •

+++ €€ NE • • •

++ - NE • • •

+++ - NE • •

+ €€ NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE • •

+++ - NE • • • •

+++ - NE • • • •

Tabela resumo | Projeto ARADE 215


Filo Taxa Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Mollusca Gastropoda Nassarius pfeifferi Búzio

Mollusca Gastropoda Nassarius pygmaeus Búzio

Mollusca Gastropoda Nassarius reticulatus Búzio

Mollusca Gastropoda Nassarius vaucheri Búzio

Mollusca Gastropoda Natica vittata Caracol-do-mar

Mollusca Gastropoda Ocenebra erinaceus Búzio

Mollusca Gastropoda Ocinebrina aciculata Búzio

Mollusca Gastropoda Ocinebrina edwardsi Búzio

Mollusca Gastropoda Peringia ulvae Búzio

Mollusca Gastropoda Philine aperta Lesma-do-mar

Mollusca Gastropoda Phorcus lineatus Caramujo

Mollusca Gastropoda Pleurobranchaea meckelii Lesma-do-mar

Mollusca Gastropoda Ringicula auriculata Búzio

Mollusca Gastropoda Rissoa lilacina Búzio

Mollusca Gastropoda Rissoa membranacea Búzio

Mollusca Gastropoda Tricolia pullus Caracol-do-mar

Mollusca Gastropoda Turritella communis Parafuso-comum

Mollusca Polyplacophora Lepidochitona cf. corrugata Chiton

Mollusca Scaphopoda Antalis spp. Dente-de-elefante

Arthropoda Achelata Scyllarus arctus Bruxinhas, Cigarra-do-mar

Arthropoda Amphipoda Dexamine spinosa Anfípode

Arthropoda Amphipoda Gammarus cf. insensibilis Anfípode

Arthropoda Amphipoda Gammarus sp. Anfípode

Arthropoda Amphipoda Microdeutopus cf. gryllotalpa Anfípode

Arthropoda Amphipoda Phtisica marina Caprelídeo

Arthropoda Anomura Anapagurus laevis Caranguejo-eremita, Casa-alugada

Arthropoda Anomura Cestopagurus timidus Caranguejo-eremita, Casa-alugada

Arthropoda Anomura Clibanarius erythropus Caranguejo-eremita

Arthropoda Anomura Diogenes pugilator Caranguejo-eremita

Arthropoda Anomura Galathea intermedia Camarão-lagosta

Arthropoda Anomura Paguristes eremita Caranguejo-eremita-de-óculos

Arthropoda Anomura Pagurus cuanensis Caranguejo-eremita, Casa-alugada

216 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Valor comercial Estatuto IUCN Canal Margens Margens não Esteiros Foz
principal rochosas rochosas de sapal

+ - NE • •

++++ - NE • •

++++ - NE • • • •

+++ - NE • •

++ - NE •

+++ - NE • •

+ - NE •

+ - NE •

++++ - NE • •

++ - NE • • •

+ €€ NE •

++ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

++++ - NE • •

+ - NE •

+++ - NE • •

+ - NE •

+ - NE •

+ €€€ NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

++++ - NE • • •

+ - NE •

+ €€€ NE • •

+ - NE •

Tabela resumo | Projeto ARADE 217


Filo Taxa Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Arthropoda Anomura Pagurus excavatus Caranguejo-eremita, Casa-alugada

Arthropoda Anomura Spiropagurus elegans Caranguejo-eremita, Casa-alugada

Arthropoda Brachyura Atelecyclus undecimdentatus Caranguejo

Arthropoda Brachyura Carcinus maenas Caranguejo-mouro

Arthropoda Brachyura Ebalia spp. Caranguejo

Arthropoda Brachyura Goneplax rhomboides * Caranguejo

Arthropoda Brachyura Inachus dorsettensis Aranhiço-do-mar

Arthropoda Brachyura Inachus phalangium Aranhiço-do-mar

Arthropoda Brachyura Liocarcinus navigator Caranguejo

Arthropoda Brachyura Liocarcinus vernalis Caranguejo

Arthropoda Brachyura Macropodia rostrata Caranguejo-aranha, Aranha-do-mar

Arthropoda Brachyura Maja brachydactyla Santola

Arthropoda Brachyura Medorippe lanata Caranguejo

Arthropoda Brachyura Necora puber Navalheira

Arthropoda Brachyura Panopeus africanus Caranguejo-africano

Arthropoda Brachyura Pilumnus hirtellus Caranguejo-peludo

Arthropoda Brachyura Pilumnus spinifer Caranguejo-peludo-vermelho

Arthropoda Brachyura Pirimela denticulata Caranguejo

Arthropoda Brachyura Pisa carinimana Caranguejo

Arthropoda Brachyura Pisidia longicornis Caranguejo-porcelana

Arthropoda Brachyura Polybius henslowii * Pilado

Arthropoda Caridea Alpheus dentipes Camarão-pistola

Arthropoda Caridea Athanas nitescens Camarão

Arthropoda Caridea Crangon crangon Camarão-mouro

Arthropoda Caridea Ethusa mascarone Camarão

Arthropoda Caridea Eualus cranchii Camarão

Arthropoda Caridea Hippolyte leptocerus Camarão

Arthropoda Caridea Hippolyte varians Camarão

Arthropoda Caridea Melicertus kerathurus Camarão da Quarteira

Arthropoda Caridea Palaemon longirostris Camarão

Arthropoda Caridea Palaemon serratus Camarão-da-costa

Arthropoda Caridea Philocheras monacanthus Camarão

218 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Valor comercial Estatuto IUCN Canal Margens Margens não Esteiros Foz
principal rochosas rochosas de sapal

+ - NE •

++ - NE • •

+ - NE • •

++++ € NE • • •

+ - NE •

+ - NE •

++ - NE • •

+ - NE • •

+++ - NE • • •

++++ - NE • • •

++++ - NE • • •

++ €€€ NE • •

+ - NE •

+ €€€ NE • •

+ - NE •

+++ - NE • • •

+ - NE •

+ - NE

+ - NE •

+++ - NE • • •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+++++ €€ NE • • •

+ - NE •

+ - NE • • •

+ - NE •

+ - NE • •

+++ €€€ NE • •

+ - NE •

++++ €€ NE • • •

+++ - NE •

Tabela resumo | Projeto ARADE 219


Filo Taxa Espécie (nome científico) Espécie (nome comum)

Arthropoda Caridea Philocheras trispinosus Camarão

Arthropoda Caridea Processa macrophthalma Camarão-processa

Arthropoda Caridea Processa modica modica Camarão

Arthropoda Caridea Processa sp. Camarão

Arthropoda Caridea Sicyonia carinata Camarão

Arthropoda Gebiidae Upogebia pusilla Ralo

Arthropoda Isopoda Anilocra physodes Piolho-do-mar

Arthropoda Isopoda Idotea cf. balthica Isópode

Arthropoda Isopoda Idotea chelipes Isópode

Arthropoda Isopoda Sphaeromatidae n. id. Isópode

Arthropoda Mysida Mesopodopsis slabberi Misidáceo

Arthropoda Mysida Paramysis (Longidentia) nouveli Misidáceo

Arthropoda Mysida Praunus flexuosus Camarão-mimético

Arthropoda Sessilia Balanus spp. Craca

Arthropoda Sessilia Semibalanus balanoides Craca

Echinodermata Asteroidea Astropecten aranciacus Estrela-do-mar-escavadora

Echinodermata Echinoidea Echinocardium cordatum Ouriço-coração

Echinodermata Echinoidea Paracentrotus lividus Ouriço-do-mar-comum

Echinodermata Echinoidea Psammechinus miliaris Ouriço-do-mar

Echinodermata Holothuroidea Holothuria (Platyperona) sanctori * Pepino-do-mar

Echinodermata Holothuroidea Holothuria (Rowethuria) arguinensis Pepino-do-mar-pardo

Echinodermata Ophiuroidea Ophiura ophiura Serpente-do-mar

Chordata Ascidiacea Microcosmus exasperatus Ascídia

Chordata Ascidiacea Phallusia mammillata Pinha-do-mar

Chordata Ascidiacea Polycarpa sp. Ascídia

Chordata Ascidiacea Styela plicata Ascídia

220 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Abundância Valor comercial Estatuto IUCN Canal Margens Margens não Esteiros Foz
principal rochosas rochosas de sapal

+++ - NE • •

+++++ - NE • •

+ - NE •

+ - NE •

+++ - NE •

+ €€€ NE •

+++ - NE • • •

+ - NE •

+ - NE •

+ - NE • •

+++ - NE •

++++ - NE •

++++ - NE •

+ - NE •

+ - NE •

+++ - NE •

++ - NE •

+ €€ NE •

+++ - NE • • •

+ - NE •

+ - NE •

+++++ - NE •

+++++ - NE • • •

+ - NE • • •

+ - NE •

+ - NE •

Tabela resumo | Projeto ARADE 221


Embarcações ancoradas junto a Ferragudo. [Luís Monteiro / Shutterstock]
Considerações finais | Projeto ARADE
Capítulo XI
Abundância e distribuição
Peixes
O Projeto ARADE permitiu inventariar um total de 104 espécies de peixes (4 das quais
correspondem a peixes cartilagíneos), pertencentes a 35 famílias. As famílias mais
representadas foram Sparidae (18 espécies), seguida de Gobiidae (13), Soleidae (8),
Syngnathidae (7) e Labridae (7). Este foi, sem dúvida, o maior número de espécies registado
num estuário português num único estudo, o que revela desde já a importância que o
estuário do Arade representa para a fauna piscícola. Uma importante contribuição para
estes resultados foi o facto de terem sido utilizadas uma série de técnicas de amostragem em
conjunto (arrasto, tresmalho, redinha, murejonas, pushnet e censos visuais por mergulho),
associadas a habitats específicos (canal principal, margem arenosa, margem rochosa,
esteiros de sapal).

No entanto, em termos gerais, a composição de espécies encontradas no estuário do Arade


foi relativamente semelhante à encontrada noutros estuários portugueses (e.g. Mondego,
Tejo, Guadiana e Rias de Alvor e Formosa) e europeus (e.g. Elba, Gironde), com as seguintes
famílias dominantes: Gobiidae, Sparidae, Mugilidae e Soleidae. Trata-se de famílias nas
quais se encontram espécies como os cabozes, os sargos, as tainhas e os linguados, que
habitualmente são encontradas em estuários, e que pelo facto de apresentarem alguma
tolerância às variações dos parâmetros ambientais, como a salinidade e a temperatura,
características dos estuários, prosperam neste tipo de ecossistemas ricos em alimento.

Das espécies inventariadas, 64 possuem interesse económico, entre as quais algumas de


elevado valor, nomeadamente os sargos (Diplodus vulgaris e Diplodus sargus), o robalo
(Dicentrarchus labrax), os linguados (Solea spp. e Microchirus azevia) e os pequenos
pelágicos, como a sardinha (Sardina pilchardus) e o biqueirão (Engraulis encrasicolus).

Acresce que estas espécies foram representadas quase exclusivamente por juvenis (>90%),
acentuando, mais uma vez, a importância que o estuário tem para as espécies de valor
comercial, nomeadamente nas primeiras fases do seu ciclo de vida. O recrutamento da
maioria destas espécies dá-se nos meses de primavera-verão, sobretudo na área intermédia
do estuário (zona do cais comercial e Mexilhoeira da Carregação).

As espécies de interesse comercial parecem escolher as diferentes zonas do estuário


em função da disponibilidade de alimento, parecendo ocorrer entre elas mecanismos
de redução da competição inter-específica, quer pelo desfasamento das épocas de
recrutamento quer pela escolha de locais preferenciais diferentes.

224 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


A zona da barra evidenciou uma densidade considerável de soleídeos (linguados,
rodovalho, azevia), tanto em estados juvenis como adultos, podendo representar um
papel preponderante para o desenvolvimento destas espécies.

Importa ainda destacar o registo de 31 espécies com estatuto de conservação, com


destaque para duas de cavalos-marinhos (Hippocampus guttulatus e Hippocampus
hippocampus) e para a savelha (Alosa fallax), pela situação potencialmente vulnerável em
que as respectivas populações se encontram nas nossas águas. Maior preocupação para a
savelha, uma espécie que sobe os rios para se reproduzir, e que teve uma representação
modesta, com apenas 5 peixes a serem capturados. No entanto, no caso dos cavalos-
-marinhos, foram amostrados (com reposição ao rio) mais de uma centena de indivíduos,
o que parece indicar que a sua utilização do estuário do Arade não é ocasional, e que
este ecossistema representa uma certa importância para este mediático grupo de peixes.

A espécie mais abundante foi o caboz (Pomatoschistus microps), representando 53,9% do


total das capturas em número. Seguiram-se, por ordem decrescente, a sardinha (Sardina
pilchardus, 17,4%), os peixes-rei (Atherina spp., 8,8%), a língua-de-gato (Buglossidium
luteum, 3,1%) e o charroco (Halobatrachus didactylus, 2,9%). Relativamente à biomassa,
as espécies mais representativas foram o charroco (27,2%), o sargo-safia (Diplodus vulgaris,
7,2%), o peixe-rei (6,9%) e o robalo (Dicentrarchus labrax, 6,2%), juntos perfazendo
47,5% do total de peso capturado.

A espécie mais importante, o caboz (Pomatoschistus microps), costuma dominar os


estuários de Portugal e da Europa e, apesar de não possuir valor comercial, poderá ter
uma importância indireta para as pescas, uma vez que servirá de alimento para muitas das
espécies comerciais que utilizam o estuário.

Os peixes-rei (Atherina spp.) e o charroco (Halobatrachus didactylus) também costumam


dominar os estuários portugueses, sendo geralmente encontrados em grandes quantidades
e durante todo o ano nestes ecossistemas (e.g. Tejo, Sado, Guadiana, ria de Aveiro). No
caso do peixe-rei, esta espécie pode, apesar de ter um valor comercial baixo, ter uma
importância ecológica relevante, servindo de alimento para outras espécies de interesse
comercial, em semelhança ao que acontece com o caboz (Pomatoschistus microps).

A diferenciação espacial da fauna piscícola ao longo do estuário foi evidente, sendo as


comunidades das zonas mais próximas da foz constituídas por muitas espécies marinhas,
enquanto que as zonas mais a montante no estuário são representadas, essencialmente,
por espécies tipicamente estuarinas, como o charroco. Por outro lado, as zonas de maior
riqueza específica foram as que apresentaram uma maior complexidade em termos de
habitat.

Considerações finais | Projeto ARADE 225


Em termos de classificação ecológica o grupo mais representativo foi o das espécies
migradoras ocasionais, com mais de metade das espécies inventariadas a terem esta
classificação. No entanto, as espécies residentes dominaram, tanto em número como em
peso, resultados que vão de encontro ao padrão geralmente observado em estuários (e.g.
sapal de Castro Marim e Guadiana). Isto porque os estuários são ambientes rigorosos,
com grande instabilidade nos parâmetros físico-químicos e hidrológicos, o que faz com
que poucas espécies consigam aqui permanecer todo o seu ciclo de vida. No entanto, as
espécies residentes tiram proveito da abundância em alimento e da existência de poucos
predadores, atingindo elevadas densidades.

Outro grupo importante foi o das espécies que utilizam o estuário como viveiro. Dentro
deste grupo estão incluídas a maior parte das espécies de interesse comercial registadas
no presente estudo. Não se pode descurar também o papel fundamental dos estuários
para as espécies migradoras, como a enguia (única espécie catádroma amostrada), o
sável e a savelha (única espécie anádroma amostrada), que não poderiam completar
os seus ciclos reprodutores não fossem estes ecossistemas. Apesar disto, neste estudo
não foi capturado nenhum sável e apenas se capturaram cinco savelhas. Estes resultados
vêm reforçar a grave situação em que as populações destas duas espécies se encontram.
Tal poder-se-á dever, essencialmente, à construção de barragens, que funcionam como
barreiras artificiais, impedindo a passagem dos peixes aquando das suas migrações.

Outros fatores a que também não nos podemos alhear são os potenciais efeitos nefastos
que a poluição e a pesca nos estuários terão nestas populações de peixes. Todavia, no
caso do estuário do Arade não se dispõe de dados suficientes sobre poluição para reforçar
esta hipótese. No caso da pesca profissional, esta é proibida no estuário do Arade, de
acordo com o decreto Regulamentar nº 43/87, de 17 de julho, com a redação que lhe foi
dada pelo Decreto Regulamentar 7/2000 de 30 de Maio e admite-se que a pesca ilegal
seja residual, apesar de ter sido observada ao longo do período de estudo.

Não foram capturadas espécies dulciaquícolas. A não ocorrência de espécies


dulciaquícolas na área de estudo pode dever-se ao facto do ano em que decorreram as
amostragens (2004/2005) ter sido um ano muito seco, tendo as salinidades desse inverno,
registadas nos pontos mais a montante, sido sempre superiores a 20 ‰. Este grupo ocorre
geralmente em estuários, nos meses de inverno, quando as escorrências de água doce são
elevadas e a salinidade baixa para níveis dentro da sua tolerância fisiológica.

Pela análise dos resultados obtidos na amostragem do estuário do rio Arade foi possível
retirar duas conclusões acerca do funcionamento e distribuição das comunidades de
peixes neste ecossistema:
1. As zonas intermédias, nomeadamente o cais comercial e a Mexilhoeira da
Carregação são as áreas mais ricas e mais diversas do estuário;

226 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


2. A comunidade estuarina sofre uma alteração significativa durante os meses de
primavera e verão com a entrada massiva de diversas espécies marinhas que utilizam
as diferentes áreas do estuário durante um período variável de tempo.

A maior riqueza e diversidade das áreas intermédias de amostragem derivará da


conjugação de diferentes fatores e de entre os quais se destacam a variação dos parâmetros
físico-químicos, o tipo de substrato e as características hidrológicas da área. Todos
estes fatores influenciam os organismos, pois afectam diretamente a disponibilidade
de alimento e os gastos energéticos. As áreas mais ricas apresentam uma comunidade
macrobentónica bastante complexa composta por diferentes taxa, como os poliquetas,
os moluscos, os crustáceos e outros, que por sua vez estão na base da alimentação da
maioria das espécies de peixes, bentónicas e demersais, que aí ocorrem. A zona da barra,
por possuir um sedimento predominantemente arenoso, apresenta uma comunidade de
macroinvertebrados bastante mais pobre, o que se reflecte numa comunidade de peixes
igualmente menos diversificada, composta essencialmente por pleuronectiformes cuja
principal presa são os poliquetas e pequenos crustáceos.

Por outro lado, as espécies pelágicas estarão mais dependentes das características
hidrológicas da área, pois dependem diretamente da coluna de água para alimentação.
Assim, as zonas de junção de massas de água, de interface e de hidrodinamismo moderado
deverão beneficiar estas espécies, congregando nas suas imediações uma maior densidade
de organismos planctónicos. As zonas do cais comercial e da Mexilhoeira da Carregação
apresentam as referidas características, pelo que a abundância de espécies pelágicas é
maior nessas áreas.

Do ponto de vista temporal, a diversificação da comunidade nos meses de primavera e


verão é sobejamente conhecida para estuários de zonas temperadas (e.g. Sado, Gironde
e Guadiana). Esta diversificação está intrinsecamente ligada à entrada massiva de diversas
espécies marinhas que utilizam o estuário em estados juvenis e larvares, ocorrendo este
fenómeno em diversos sistemas costeiros da zona sul de Portugal nomeadamente a ria
Formosa, o rio Guadiana, a ria de Alvor ou o rio Sado.

Dos parâmetros abióticos registados, foi possível verificar um padrão sazonal na


temperatura e na salinidade, apresentando valores médios mais baixos nos meses de
inverno e mais elevados no verão. Já ao longo do estuário, foi possível observar um
aumento da salinidade e oxigénio dissolvido de montante para jusante. O contrário foi
observado no parâmetro temperatura, que apresentou valores médios mais elevados
nos locais mais a montante. Todavia, em todos os casos as variações observadas foram
reduzidas.

Considerações finais | Projeto ARADE 227


Os parâmetros físico-químicos apresentaram correlações significativas com a abundância
das espécies, sugerindo que a profundidade e, em menor escala, a salinidade têm
influência na dinâmica e estrutura das comunidades no estuário do Arade.

A variação sazonal nas comunidades também se verificou no presente trabalho, embora


em menor escala que a variação espacial. Este facto poderá estar associado ao ano muito
seco em que decorreram as campanhas de amostragem, não se tendo registado grandes
oscilações dos parâmetros físico-químicos, que se sabem influenciar a dinâmica das
comunidades de peixes.

Mesmo assim, foi possível a observação de duas comunidades distintas: a comunidade


de primavera-verão, composta por um maior número de espécies, entre as quais
muitas espécies marinhas que entram no estuário enquanto juvenis e outras que aqui
ocorrem provavelmente para se alimentarem. Por outro lado, a comunidade de inverno é
essencialmente caracterizada por espécies residentes como o charroco, os cabozes e as
marinhas, com efeitos diretos numa redução da diversidade e da riqueza do ecossistema,
sendo também este o padrão geralmente observado em estuários de todo o mundo.

O recrutamento no estuário de várias espécies de peixes de interesse comercial, como o


sargo, o sargo-safia, os linguados, a sardinha e o biqueirão entre outras, parece ocorrer
essencialmente entre a primavera e o verão, com mais ênfase nas zonas do cais comercial
e da Mexilhoeira da Carregação. Diversas outras espécies utilizam ou habitam no estuário
com alguma importância, como é caso do robalo, da enguia e do salmonete. Estas espécies
parecem fazer a escolha dos locais de permanência em função de diversos fatores, entre
os quais se destacam a disponibilidade de alimento, a variação dos parâmetros físico-
-químicos e a competição interespecífica.

228 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Invertebrados
Para os invertebrados foram identificados 228 grupos taxonómicos, dos quais 186 são
espécies, distribuídos por 147 famílias, o que representa o maior número de espécies
registadas para qualquer estuário português, tendo em conta os estudos dirigidos à fauna
bentónica existentes em Portugal. Uma espécie de crustáceo, o camarão-mouro (Crangon
crangon) foi aquela encontrada mais frequentemente e em maior número, sendo a ascídia
(Microcosmus exasperatus) aquela que representou a maior parte da biomassa no estuário.
O caranguejo-mouro (Carcinus maenas) e o camarão-da-costa (Palaemon serratus) foram
as outras espécies dominantes neste estuário e que, juntamente com o camarão-mouro,
são características de outros estuários portugueses (e.g. Tejo).

O camarão-mouro (Crangon crangon) domina as comunidades epibentónicas móveis nos


estuários do Norte da Europa, sendo a sua importância também referida em estudos em
Portugal e.g. no Tejo e no Guadiana. Esta espécie será uma presa relevante para espécies,
como cabozes (Pomatoschistus microps) e robalos (Dicentrarchus labrax), podendo
também apresentar importância económica.

Foram também registadas várias espécies de crustáceos e moluscos com elevado valor
comercial, das quais se destacam a santola (Maja brachydactyla), o polvo-comum
(Octopus vulgaris), a navalheira (Necora puber), o choco (Sepia officinalis), o camarão
de Quarteira (Melicertus kerathurus), a amêijoa-boa (Venerupis decussata), as bruxinhas
(Scyllarus arctus) e o referido camarão-da-costa (Palaemon serratus), entre outras.

À semelhança do que se passa para as comunidades de peixes, ao longo do estuário


foi observada uma estruturação das comunidades de invertebrados, sendo a zona em
frente ao cais comercial a que apresentou uma maior diversidade em oposição à zona
do sapal nordeste. Os fatores salinidade e profundidade influenciaram a estruturação das
comunidades e foi registada sazonalidade nas áreas de sapal, existindo diferenças entre
inverno–verão e primavera–outono.

Considerações finais | Projeto ARADE 229


Gestão e conservação
Estuário do Arade
A riqueza do ecossistema estuarino do rio Arade é notória na análise do projeto ARADE.
Estudos deste tipo deverão não só, estabelecer a situação atual do ecossistema em função
de um determinado nível ecológico, mas igualmente utilizar essa informação como
mecanismo de gestão e conservação do habitat estuarino.

O estuário pode, neste momento, ser dividido em duas áreas fundamentais em termos de
alteração das características naturais: a zona a jusante da ponte da Via do Infante (A22),
bastante modificada e humanizada, quer a nível das margens quer no próprio leito do rio,
e a zona a montante da ponte onde se podem encontrar as margens com características
naturais e um leito do rio não intervencionado. Qualquer intervenção futura em alguma
das duas áreas referidas deverá ser acompanhada de um estudo integrado, que contemple
não só as vertentes socioeconómica e arqueológica mas igualmente a vertente biológica
(fauna e flora, tanto marinhas como terrestres).

Algumas das mudanças, que têm sido ministradas ao longo dos últimos anos, promoveram
a melhoria da qualidade do habitat estuarino, nomeadamente a redução significativa dos
resíduos urbanos não tratados que são descarregados no rio. No entanto, algumas medidas
urgem ser postas em prática, como por exemplo uma melhoria do funcionamento da ETAR
de Portimão, nomeadamente nos meses de verão, época em que a sobrecarga orgânica
é uma realidade. Outro fator importante seria a regularização dos efluentes provenientes
das suiniculturas nas áreas mais a montante do curso do rio. A adoção destas medidas
teria, com certeza, um efeito muito benéfico na melhoria da qualidade ambiental do rio
Arade.
No que concerne às intervenções previstas para o estuário num futuro próximo, destaca-se
a construção de marinas e as dragagens para manutenção/ampliação da navegabilidade
do rio.

Quanto aos primeiros empreendimentos, é de salientar que estes deverão evitar situar-se
nas áreas mais produtivas e diversas do estuário. As intervenções a realizar nas margens
e leito do rio terão, certamente, um impacte nas comunidades que aí se fixam (e.g. ervas
marinhas), sendo no entanto difícil de avaliar efeitos a longo prazo. Se, por um lado, a
criação de zonas de enrocamento nesta área criará um novo tipo de habitat para diversas
espécies que neste momento povoam maioritariamente a zona dos molhes, por outro,
as marinas são fontes potenciais de diversos poluentes, nomeadamente óleos e seus
derivados e produtos resultantes da utilização de tintas anti-vegetativas, que têm efeitos
nefastos quer nas populações de peixes quer nas comunidades macrobentónicas.
Assim, na construção deste tipo de empreendimentos deverão ser criados mecanismos

230 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


que reduzam significativamente a introdução de tais produtos no meio estuarino, facto
que se torna de extrema importância nesta área, quer pela comunidade biológica que
alberga, quer por se tratar de uma zona de sedimentação, com pouca circulação. O
descurar destas medidas produzirá, nesta zona, uma contaminação bastante elevada de
diversos compostos, com um efeito negativo não só a nível biológico, mas igualmente a
nível da qualidade turística do empreendimento.

Quanto às dragagens, estas terão um impacte direto no leito do rio, ressuspendendo


uma grande quantidade de produtos poluentes, atualmente alojados no sedimento. Para
além disto, a dragagem provoca a destruição total dos fundos e, consequentemente,
da comunidade macrobentónica das zonas intervencionadas. Para além destes efeitos
diretos no corpo do estuário, esta obra gerará o desenvolvimento de empreendimentos
em áreas até agora naturais. Este fator deverá sempre ser tido em conta, avaliando-se as
mais-valias económicas versus as perdas de património natural, que pode igualmente
ser rentabilizado. Igualmente, a construção de campos de golfe nas áreas marginais do
estuário deverá ser bem analisada, devido essencialmente às escorrências de fertilizantes
que têm um efeito nocivo, causando fenómenos de eutrofização e poluindo corpos de
água como estuários e lagoas costeiras, causando uma grande redução da diversidade
biológica destes habitats.

Em suma, o estuário do rio Arade é um sistema alterado, que perdeu grande parte das suas
características naturais, principalmente nas zonas mais a jusante, mas que no entanto ainda
alberga uma comunidade de peixes e invertebrados bastante diversa, podendo o estado
das populações de muitas espécies a nível regional depender diretamente da qualidade
deste ecossistema. Esta riqueza é, pois, importante para a pesca comercial e recreativa
e consequentemente para todas as atividades relacionadas, destacando-se o turismo e a
restauração. Qualquer intervenção a realizar no estuário deverá ser enquadrada numa
lógica de respeito e conservação do que ainda existe, procurando valorizar a qualidade
ambiental da zona estuarina.

Numa altura em que a região do Algarve deve focar o seu desenvolvimento turístico de
uma forma mais sustentável, as áreas mais a montante do estuário do rio Arade e as zonas
envolventes devem ser encaradas como áreas bastante naturais, cuja intervenção deve ser
cuidadosamente estudada de modo a não comprometer o seu valor ecológico. A realização
de projetos turísticos nesta área só deverá ser admitida mediante uma lógica de respeito
e conservação do património natural, gerando um impacte socioeconómico positivo e,
privilegiando quem procura a qualidade de uma área ambientalmente conservada.

Este estudo constitui, sem dúvida, mais uma ferramenta a utilizar na gestão do estuário do
Arade. No entanto, trata-se de uma situação de referência, que revela apenas a realidade
da área e do período estudados. Como tal, o Centro e Ciências do Mar (CCMAR) da

Considerações finais | Projeto ARADE 231


Universidade do Algarve tem vindo a realizar, desde 2006, amostragens periódicas de
monitorização das comunidades de peixes e invertebrados deste estuário, nos meses
de julho-agosto, de forma a acompanhar a sua evolução e avaliar o impacte de futuros
empreendimentos, considerando-se que a continuidade desta monitorização no futuro é
de extrema importância para uma correta gestão do ecossistema estuarino.

Este estudo constitui assim um importante contributo para o conhecimento da estrutura


e dinâmica da fauna piscícola do estuário do Arade, nomeadamente das espécies de
interesse comercial e acessoriamente da principal fauna de invertebrados epibentónicos.
Desta feita, o intensivo esforço de amostragem empregue permitiu obter um cenário
bastante completo das comunidades de peixes e invertebrados que utilizam este estuário.
Pensa-se ainda que o valor económico e ecológico do estuário do Arade ficou aqui
reforçado, sendo que este aspeto deverá ser tido em conta no futuro, sempre que forem
tomadas medidas que possam de alguma forma afetar o equilíbrio deste ecossistema.

Em trabalho de campo.

232 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Triando e catalogando as amostras.

No cais.

Considerações finais | Projeto ARADE 233


Ponte sobre o rio Arade, junto à Mexilhoeira da Carregação.
[AMA / Shutterstock]
Glossário
Capítulo XII
Glossário
• Abundância_ Quantidade de seres vivos em número ou em peso, quer seja de
espécies ou de indivíduos.
• Adjacente_ O que está junto, próximo ou contíguo.
• Adulto/a_ Indivíduo que já atingiu o seu desenvolvimento e está dotado de capacidade
reprodutiva.
• Aeróbico/a_ Característica de um meio com oxigénio ou de um ser vivo que nele
viva.
• Alar_ Recolher a rede ou outra arte de pesca para terra ou para o interior da
embarcação.
• Alevino / alevins_ Larva(s) de peixe logo após o nascimento.
• Alvitanas_ Redes de malha miúda que constituem cada um dos dois panos exteriores
da arte de pesca - o tresmalho.
• Amostragem_ Processo de recolha de amostras.
• Anádromo/a_ Refere-se às espécies que passam todo o seu ciclo de vida no mar,
utilizando o estuário como local de passagem para ir desovar nos rios (e.g. sável).
• Anelídeo_ Vermes com o corpo formado por “anéis”, como as minhocas e as
poliquetas.
• Anfípode_ Pequeno crustáceo pertencente ao grupo Anfipoda, como a pulga-do-mar.
• Anóxico/a_ Característica de um meio pobre em oxigénio.
• Aparelho de anzol_ Arte de pesca constituída por uma linha principal, “a madre”,
na qual se encontram os “estralhos”, linhas secundárias que terminam em anzóis
iscados. Também conhecido por palangre.
• Arenoso_ Composto por areia (e.g. um fundo arenoso é constituído por areia).
• Arrasto_ Arte de pesca que consiste no reboque [arrasto] de redes pelo fundo do mar,
a uma velocidade que permite que as capturas fiquem retidas dentro da rede. Podem
ser puxadas manualmente (e.g. arrasto de mão) ou puxadas por barcos equipados
(e.g. arrasto de vara).
• Arte de pesca_ Equipamento ou material para pescar. A cada método de pesca
corresponde uma arte de pesca específica.
• Bacia hidrográfica_ Área de terreno com determinadas características geológicas que
faz a drenagem da água das precipitações para um curso de água e.g. para um rio e
os seus afluentes.
• Barbatana anal_ Barbatana situada atrás do ânus do peixe.

236 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


• Barbatana dorsal_ Barbatana situada na parte superior (dorso) do corpo do peixe.
• Barbatana caudal_ Barbatana situada na parte terminal do corpo do peixe.
• Barbatanas peitorais ou toráxicas_ Par de barbatanas situadas nos dois lados do
corpo do peixe, atrás da cabeça.
• Barbatanas pélvicas_ Par de barbatanas situadas na parte inferior (ventre) do corpo
do peixe, atrás da cabeça.
• Barbilhos_ Filamentos semelhantes a barbas existentes próximo da boca de alguns
peixes, usados para orientação e deteção de alimento.
• Bentónico/a_ Ser vivo que habita junto ao substrato do fundo marinho.
• Biodiversidade_ Diversidade da vida ao nível dos ecossistemas, dos habitats, das
espécies e dos genes.
• Biomassa_ Refere-se à quantidade de seres vivos em peso.
• Bivalve_ Animais aquáticos do grupo dos moluscos. Caracterizam-se pela presença
de uma concha formada por duas valvas (duas conchas), como o mexilhão.
• Boca inferior_ Boca posicionada na parte inferior da cabeça.
• Boca terminal_ Boca posicionada e centrada no final da cabeça.
• Boca superior_ Boca posicionada na parte superior da cabeça.
• Brânquias_ Órgãos do sistema respiratório dos peixes. Através das brânquias ocorrem
as trocas gasosas entre o sangue dos seus portadores e a água.
• Caça submarina_ É uma atividade que consiste na pesca de espécies marinhas no seu
habitat com recurso a uma arma com arpão. Também designada por pesca submarina
ou pesca subaquática.
• Cardume_ Grupo de peixes, normalmente da mesma espécie e do mesmo grupo
etário, que nadam em conjunto, encontrando assim uma forma de proteção.
• Carnívoro/a_ Animal que se alimenta predominantemente de carne, proveniente de
animais vivos ou mortos.
• Catádromo/a_ Refere-se às espécies que passam todo o seu ciclo de vida nos rios,
utilizando o estuário como local de passagem para ir desovar no mar (e.g. enguia).
• Censos visuais_ Técnica de amostragem científica que consiste em identificar e
quantificar os organismos e as espécies num determinado local ou percursos de
dimensões pré-determinadas e/ou durante um período de tempo pré-definido.
• Cerco_ Tipo de aparelho utilizado para pescar que cerca o cardume de peixes; é
constituído por uma rede que possui argolas na linha de fundo por onde passa um
cabo que permite fechar a rede por baixo, formando um saco onde o peixe fica
aprisionado.

Glossário 237
• Cerco-rapa_ Arte de pesca de cerco que usa uma rede idêntica à da pesca da sardinha,
mas de pequenas dimensões, para poder ser usada em locais pouco profundos,
normalmente rochosos, onde se aglomeram espécies demersais valiosas, mas onde
também há o risco de a rede se prender ao fundo, danificando-se mutuamente.
• Ciclo de marés_ Corresponde à variação das marés, desde a maré vazia até à maré
cheia. Existem 2 ciclos de marés no período de 24h.
• Coluna de água_ Porção de água que se encontra sobre um determinado substrato.
• Comprimento à furca_ Distância tomada entre a ponta do focinho e a furca da
barbatana caudal.
• Comprimento total_ Distância tomada entre a ponta do focinho e a extremidade da
barbatana caudal mais alongada.
• Comunidade_ Conjunto de organismos de várias espécies que ocorrem numa
determinada área em simultâneo.
• Copépode_ Microcrustáceos que se encontram em vários ecossistemas, servindo de
alimento ou sendo parasitas de peixes e invertebrados.
• Corrico_ Técnica de pesca que consiste no lançamento de uma ou de mais amostras
com anzóis para uma determinada área, sendo de imediato recuperada, esperando
que algum peixe a agarre, tentando capturá-lo. Pode ser efetuada a partir de terra ou
de uma embarcação.
• Corte_ comportamento de atração e estimulação de indivíduos do sexo oposto com
o intuito de viabilizar a reprodução.
• Covo_ Armadilha rígida, de formato cónico e transportável. Consiste numa espécie
de cesto comprido feito de verga, vime, cana, plástico ou arame, com duas entradas
e um endiche que deixa o peixe entrar e o impede de sair.
• Críptico/a_ Indivíduos que não percorrem grandes distâncias e que recorrem
frequentemente a abrigos, como buracos e frechas nas rochas. A coloração mimetiza
muitas vezes o ambiente em redor como forma de proteção (e.g. algumas espécies
de cabozes).
• Crustáceo_ Animal invertebrado do meio aquático. Caracteriza-se pela presença de
um exoesqueleto, ou seja, possui uma carapaça que lhe protege o corpo, como o
caranguejo.
• Demersal_ Organismo que vive próximo do fundo e que se alimenta de organismos
bentónicos.
• Dentes caninos_ Situam-se na parte frontal da mandíbula. São em forma de cone e
pontiagudos, e servem para rasgar e para cortar alimentos.
• Dentes incisivos_ Situam-se na parte frontal da mandíbula. São em forma de lâmina

238 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


e têm função de preensão e servem para cortar alimentos.
• Dentes molares_ Situam-se na parte posterior da mandíbula e servem para triturar os
alimentos.
• Dentes do vómer_ Pares achatados de ossos na parte anterior da boca do peixe.
• Desembarque_ Ato de trazer o peixe para terra.
• Desova_ Momento da reprodução em que são libertados para a água os óvulos e
espermatozóides (no caso da fertilização externa) ou os ovos já fecundados (no caso
da fecundação interna).
• Dorsal_ Zona do dorso.
• Diádroma_ Refere-se às espécies anádromas e catádromas.
• Diatomácea_ Alga unicelular microscópica com carapaça.
• Dulciaquícola_ Relacionado com água doce.
• Eclosão_ Abertura natural de um ovo incubado fora do corpo do progenitor.
• Ecossistema_ Conjunto de seres vivos e do meio ambiente em que vivem, e todas as
interações desses seres com o meio e entre si.
• Elíptica_ Em forma de elipse.
• Emalhar_ Prender o pescado (peixes, moluscos ou os crustáceos) em malhas devido
aos seus próprios movimentos.
• Enrocamento_ Estruturas rochosas de origem artificial.
• Entre marés_ Zona da costa que fica sujeita à influência das marés. Zona que fica
exposta ao ar durante a maré vazia, ficando submersa com a subida da maré. Também
designado intertidal ou intermareal.
• Equinoderme_ Animal invertebrado que pertence ao grupo das estrelas-do-mar, dos
ofiurídeos, dos ouriços-do-mar e dos pepinos-do-mar.
• Erva marinha_ Planta aquática que tem raízes para se fixar, rizomas que servem para a
planta se expandir e folhas para respirar e alimentar-se. Tem a capacidade de produzir
flores, frutos e sementes, ao contrário das algas.
• Escama_ Cada uma das pequenas placas ou lâminas de origem córnea ou óssea que
cobrem o corpo de certos vertebrados, nomeadamente de muitos peixes.
• Espécie_ Unidade básica de classificação taxonómica dos seres vivos. Conjunto
de indivíduos com características genéticas, morfológicas, fisiológicas, estruturais
e funcionais semelhantes entre si, com a capacidade de se reproduzir entre si em
condições naturais, dando origem a indivíduos férteis.
• Espécie acessória_ Capturada acidentalmente conjuntamente com as espécies alvo.
Se possuir valor comercial pode ser vendida, senão normalmente é rejeitada ao mar.

Glossário 239
• Espécie alvo _ Espécie à qual é dirigida a pesca.
• Espécie rejeitada_ Espécie capturada que é devolvida ao mar. Geralmente i) espécies
acessórias sem valor comercial, ii) sem tamanho mínimo de desembarque, iii) em mau
estado de conservação, iv) com estatuto de conservação ou v) quando se ultrapassam
as quotas para as espécies em causa.
• Espécie comercial_ Uma espécie explorada como recurso para venda.
• Espécie comercialmente ameaçada_ Espécie explorada pela pesca como recurso
para venda, cujas populações estão a decrescer a ponto da sua exploração ser
insustentável.
• Espécime_ Organismo, indivíduo ou exemplar de uma espécie.
• Estatuto de conservação_ Classificação atribuída às espécies em termos de estado de
conservação.
• Esteiro de sapal_ Canal pouco profundo localizado num sapal, que se enche e que
se inunda com a maré.
• Estratificação aquática_ Separação da água em camadas. Uma vez que a água quente
é menos densa do que a água fria, verifica-se a água quente na camada superior à da
água fria. O mesmo ocorre com a mistura de água salgada com água doce. A água
salgada é mais densa e encontra-se numa camada inferior, existindo estratificação.
• Estrato_ Camadas (e.g. diferentes camadas de água – doce e salgada).
• Estuário_ Zona transitória entre o mar e um rio, caracterizada por apresentar uma
variação gradual dos seus parâmetros biológicos, físicos e químicos ao longo do seu
curso.
• Estuarino/a_ Relacionado com o estuário.
• Eurihalino/a_ Organismo ou espécie com a capacidade de tolerar grandes variações
de salinidade.
• Euritérmico/a_ Organismo ou espécie com a capacidade de tolerar grandes variações
de temperatura.
• Estofo de maré_ Momento entre as marés cheia e vazia em que não ocorre nenhuma
alteração no nível da maré.
• Fauna_ Conjunto de espécies animais.
• Fitoplâncton_ Fração vegetal do plâncton. É formado por microalgas que flutuam
livremente.
• Flora_ Conjunto de espécies vegetais.
• Fotossíntese_ Atividade realizada pelas plantas e algas quando captam a luz solar e
o dióxido de carbono, a água e os sais minerais, transformando-os em alimento para

240 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


elas próprias e produzindo oxigénio disponível para os seres vivos respirarem.
• Foz_ Zona do rio onde este termina, junto do mar.
• Furca_ Região onde a barbatana caudal inicia a sua bifurcação.
• Fusiforme_ Forma em fuso, adelgaçada e alongada.
• Gastrópode_ Classe de animal que pertence ao grupo dos moluscos, que pode possuir
concha externa, como os caracóis e búzios, ou não, como as lesmas.
• Gravilha_ Pedra de pequenas dimensões, natural, granulada e grosseira.
• Gregário/a _ Ser que vive agrupado ou associado a outros.
• Habitat_ Ambiente ou zona caracterizados por condições ambientais específicas,
definidas por um conjunto de parâmetros físicos e químicos, que permitem a
ocorrência de uma determinada espécie.
• Herbívoro_ Ser vivo que se alimenta de plantas e/ou algas.
• Hermafrodita_ Ser vivo que possui os órgãos sexuais do sexo masculino e do sexo
feminino.
• Hidróide_ A forma hidróide é um estado de desenvolvimento de um hidrozoário,
normalmente colonial com vários pólipos.
• Hidrozoário_ Organismo marinho solitário ou colonial cujo corpo tem a forma de
medusa ou de pólipo.
• Ictiofauna_ Conjunto das espécies de peixes que existem num deteminado local.
• Idade de 1ª maturação_ Idade em que os indivíduos se conseguem reproduzir pela
primeira vez.
• Incubação_ Fase de desenvolvimento do ovo até à forma de larva.
• Infralitoral_ Área permanentemente submersa. Estende-se desde o limite inferior do
andar mediolitoral até à profundidade onde vivem organismos fotossintéticos.
• Invertebrado_ Ser vivo que não possui coluna vertebral durante o estado adulto e.g.
as poliquetas, os caranguejos, os caracóis e os polvos.
• Iridiscente_ Materiais com a propriedade de dividir a luz em cores.
• Isópode_ Pequenos crustáceos, servindo de alimento ou sendo parasitas de peixes e
invertebrados.
• Jusante_ Zona do rio mais próxima da foz.
• Juvenil_ Refere-se à fase do ciclo de vida que decorre até os indivíduos atingirem
a idade de 1ª maturação. Durante esta fase os indivíduos ainda não adquiriram a
capacidade reprodutora.
• Larva_ Estado de desenvolvimento inicial do ciclo de vida que difere do estado adulto
em características como a estrutura, os hábitos alimentares, o comportamento e o

Glossário 241
meio ambiente.
• Linha lateral_ Órgão sensorial dos peixes para detetar movimentos na água. Formada
por uma linha de escamas com poros ou aberturas na pele que expõem as células
recetoras para o meio exterior.
• Litoral_ Conjunto de ecossistemas localizados na faixa de terra junto à costa marítima,
que sofre a influência das marés. Divide-se em “andares”: supralitoral, mediolitoral
e infralitoral.
• Livro Vermelho dos Vertebrados_ Livro que contém indicações quanto ao estatuto de
ameaça das espécies selvagens, informações sobre as populações, causas de ameaça
e medidas de conservação.
• Macrofauna_ Conjunto dos animais que vivem no substrato dos ecossistemas
aquáticos e que são visíveis a olho nu (isto é, sem a ajuda de uma lupa ou de um
microscópio).
• Macroinvertebrado_ Invertebrados que são visíveis a olho nu (isto é, sem a ajuda de
uma lupa ou de um microscópio).
• Malhagem_Tamanho de abertura da malha das redes de pesca.
• Mamífero_ Animais vertebrados que se caracterizam pela presença de glândulas
mamárias e de pêlos. Respiram através de pulmões, possuem sangue e são quase
todos vivíparos.
• Mandíbula_ Componente móvel do crânio dos vertebrados que forma a parte inferior
da cabeça.
• Maré_ Alterações do nível das águas do mar causadas pela interferência gravitacional
da Lua e do Sol sobre a Terra.
• Maré cheia_ É o nível mais alto da maré relativamente à linha de costa. Também
designada maré alta e preia-mar.
• Maré morta_ Marés de amplitude mais reduzida que ocorrem próximo do quarto
crescente ou do quarto minguante, quando as forças atrativas devidas ao Sol e à Lua
se cancelam mutuamente.
• Maré vazia _ É o nível mais baixo da maré relativamente à linha de costa. Também
designada maré baixa ou baixa-mar.
• Maré viva_ Marés de maior amplitude que ocorrem próximo da lua cheia ou da lua
nova, quando as forças atrativas devidas ao Sol e à Lua se reforçam mutuamente.
• Marinho/a_ Refere-se ao mar (e.g. meio marinho), aos seus habitats e aos organismos
ou espécies que aí vivem (e.g. organismo marinho, espécie marinha). Também se
refere às espécies pertencentes à família Syngnathidae, comummente chamadas de
“marinhas” (e.g. Syngnathus acus).

242 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


• Matéria orgânica_ Matéria de origem animal ou vegetal que contém compostos de
carbono.
• Maturação_ Processo de desenvolvimento dos seres vivos a fim de se tornarem aptos
para a reprodução.
• Maxila_ Osso da boca, de forma plana e irregular que sustenta os dentes.
• Mediolitoral_ Zona compreendida entre a maré vazia e a maré cheia. Esta zona fica
diariamente submersa e emersa ao longo de todo o ano.
• Migração_ Processo biológico no qual uma determinada espécie, população ou
organismo se desloca de forma temporária ou permanente de um ambiente ou local
para outro. As migrações temporárias podem ser anuais, sazonais ou diárias.
• Migrador/a_ Refere-se aos organismos, às populações ou às espécies que realizam
migrações.
• Misidáceo_ Pequeno crustáceo pertencente ao grupo Misidaceae que se assemelha
a uma fase larvar dos camarões. Geralmente, forma grandes grupos, originando
“nuvens” de indivíduos debaixo de água, que servem de alimento a muitas espécies
marinhas
• Molusco_ Animais invertebrados de corpo mole e viscoso. Podem possuir uma
concha interna, como a lula e o choco, ou externa, como a amêijoa e o caracol, ou
não possuírem concha, como o polvo-comum e a lesma.
• Montante_ Zona do rio mais próxima da nascente.
• Murejona_ Armadilhas de forma esférica com aros concêntricos envolvidos por uma
rede metálica.
• Nassa_ Armadilha desmontável, em forma de cone. É constituída por um saco de
rede, de pequena malhagem, montada num número variável de aros, cujo tamanho
diminui de diâmetro da boca para o saco.
• Nerítica_ Zona oceânica que corresponde ao relevo da plataforma continental e à
camada de água situada sobre ela.
• Nutriente_ Substância necessária para o metabolismo dos seres vivos que pode ser
adquirida a partir do meio ambiente.
• Ocasional_ Refere-se aos organismos ou espécies que visitam um lugar ocasionalmente,
não possuindo nenhuma preferência conhecida por este.
• Ocelo_ Olho primitivo de numerosos artrópodes e vermes. Os ocelos detetam a
intensidade e a direção da luz, mas não são capazes de formar imagens.
• Ofiurídeo_ Animal invertebrado que pertence ao grupo dos equinodermes, como a
estrela-do-mar e o ouriço-do-mar.
• Omnívoro/a_ Animal que se alimenta tanto de produtos de origem animal como de

Glossário 243
origem vegetal.
• Opérculos_ Placas ósseas localizadas na cabeça dos peixes que cobrem a fenda
branquial. Podem ser lisas, cobertas por escamas ou ornamentadas com cristas ou
espinhos.
• Ovíparo/a_ Espécie em que os embriões se desenvolvem nos ovos, mas externamente
ao corpo da mãe.
• Ovovivíparo/a_ Espécie em que os embriões se desenvolvem em ovos no interior do
corpo da mãe (e.g. tubarões e raias).
• Oxigénio dissolvido_ Oxigénio presente na água necessário para a respiração da
maioria dos organismos que habitam no meio aquático.
• Pedúnculo caudal_ Região no corpo de um peixe onde se insere a barbatana caudal.
• Peixes cartilagíneos_ Peixes que têm o esqueleto composto por cartilagem, como a
raia, a tremelga ou o tubarão.
• Peixes ósseos_ Peixes que têm o esqueleto composto por ossos, como a sardinha ou
o robalo.
• Pelágico/a_ Refere-se aos organismos ou espécies que vivem associados à superfície
ou às camadas superiores da coluna de água.
• Per capita_ Locução proveniente do latim e que significa por cada indivíduo.
• Piscícola_ Adjetivo que se aplica a algo relacionado com os peixes. A pesca é uma
atividade piscícola.
• Plâncton_ Conjunto de seres vivos de pequeno tamanho (algas, larvas de peixes ou de
outros animais), que habita na coluna de água movendo-se com as correntes. Servem
de alimento a outros seres marinhos.
• Planctónico/a_ relativo ao plâncton.
• Planctívoro/a_ Ser vivo que se alimenta de plâncton.
• Plataforma continental_ Fundos marinhos submersos que começam na linha de costa
e descem com um declive suave até ao talude continental.
• Poliqueta_ Vermes aquáticos do grupo Polychaeta, aparentados com as minhocas,
comuns no meio marinho. Geralmente formam tubos em fundos arenosos ou rochosos
e também em estruturas subaquáticas.
• População_ Conjunto de organismos de uma determinada espécie que ocorrem numa
determinada área.
• Postura_ Conjunto dos ovos que uma espécie desova. Pode ter várias formas e
colorações e até possuir substâncias adesivas.
• Pradaria marinha_ Formada por plantas marinhas que crescem em fundos de areia

244 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


ou vasa.
• Preênsil_ Capacidade que algumas estruturas do corpo dos animais têm de se agarrar
a alguma coisa e.g. a cauda do cavalo-marinho.
• Protândrico/a_ Organismo ou espécie em que os órgãos sexuais masculinos são os
primeiros a atingirem a maturidade e a tornarem-se ativos.
• Protogínico/a_ Organismo ou espécie em que os órgãos sexuais femininos são os
primeiros a atingirem a maturidade e a tornarem-se ativos.
• Pushnet_ Palavra proveniente do inglês, arte de pesca de arrasto de mão desenvolvida
por cientistas para amostragem biológica. Também chamada arrasto de mão.
• Raios_ Estruturas que sustentam as barbatanas. Podem ser ósseos ou cartilaginosos.
• Recife_ Zona de substrato duro (e.g. rocha) localizada no fundo marinho.
• Recrutamento_ Entrada de novas gerações disponíveis para a pesca. No caso dos
peixes, o recrutamento leva à geração de novos indivíduos de menor idade para a
população (os chamados “recrutas”).
• Recursos pesqueiros_ Organismos de origem vegetal ou animal suscetíveis de
aproveitamento económico para a pesca.
• Rede de emalhar_ Constituída por um único pano de rede, de monofilamento de
nylon, entralhado no cabo das bóias (cabo superior) e no cabo dos chumbos (cabo
inferior). A rede pode ser de diferentes malhagens, consoante a espécie alvo.
• Rede de tresmalho_ Constituída por três panos de rede retangulares sobrepostos,
entralhados no cabo das bóias (cabo superior) e no cabo dos chumbos (cabo inferior).
• Redinha_ Arte de pesca “envolvente-arrastante” de alar para terra, constituída por asas
de rede de malhagem pequena, com ou sem bolsa/saco e que tem na parte superior
o cabo das bóias e no inferior o dos chumbos. Na operação de pesca, um pescador
segura uma das pontas da rede enquanto uma embarção (ou outro pescador) faz
um cerco com a outra ponta numa pequena área até chegar à margem, onde será
realizada a alagem da arte.
• Residente_ Refere-se aos organismos de espécies que vivem num mesmo local
durante todo o seu ciclo de vida.
• Rejeições_ Conjunto de organismos aquáticos rejeitados pela pesca. Rejeições são
geralmente compostas por: i) espécies acessórias sem valor comercial; ii) espécies
alvo que possuem tamanho inferior ao mínimo legal permitido, ou que se encontram
deterioradas.
• Ria_ Vale fluvial com características geológicas que permitem que seja inundada pelo mar.
• Rochoso_ Composto por rocha; e.g. um fundo rochoso é composto por rocha.
• Salinidade_ Medida da quantidade de sais minerais e.g. dissolvidos na água do mar.

Glossário 245
• Salobro/a_ Meio com salinidade intermédia entre a água salgada e a água doce. No
caso dos estuários, forma-se pela mistura da água doce dos rios e das ribeiras com a
água salgada do mar.
• Sapal_ Zona húmida de fundo sedimentar vasoso, alagado periodicamente com água
do mar e onde existe vegetação tolerante a salinidade elevada.
• Sedentário_ Espécie ou organismo que passa a maior parte do tempo no mesmo sítio.
• Sedimento_ Partícula que resulta da erosão e do desgaste das rochas ou de conchas e
carapaças de seres vivos e.g. a areia, a argila, etc.
• Sedimentar_ Meio constituído por sedimentos (e.g. rocha sedimentar) ou local onde
ocorre deposição de sedimentos (e.g. canal sedimentar).
• Seletividade_ Capacidade de ser seletivo. Uma arte de pesca seletiva diminui a
captura de indivíduos de espécies e/ou tamanhos não desejados.
• Sobrepesca_ Situação em que a atividade pesqueira de uma espécie ou de uma
determinada região deixa de ser sustentável, quer do ponto de vista biológico quer
do ponto de vista económico.
• Sublitoral_ Zona marinha que se encontra permanentemente submergida, ou seja,
abaixo da zona entre marés. Também designada submareal ou subtidal.
• Substrato_ Superfície no fundo da coluna de água onde vivem alguns seres vivos.
Pode ser de diferentes tipos: arenoso, rochoso, vasoso, etc.
• Supralitoral_ Zona da costa situada acima da zona entre marés, contudo, pode ser
influenciada pelo efeito de vaporização das ondas. Também designada supramareal
ou supratidal.
• Tamanho de primeira maturação_ Tamanho a partir do qual mais de metade dos
indivíduos de uma determinada população de peixes atingiram a maturidade sexual.
Este tipo de informação específica para cada espécie é, normalmente, recolhido
durante estudos científicos de idade e de crescimento.
• Tamanho mínimo legal_ Medida em centímetros prevista na lei que estabelece o
tamanho mínimo legal de desembarque de uma espécie.
• Taxonómico_ Relacionado com taxonomia, o sistema de classificação dos seres vivos
em grupos, descrevendo-os, ordenando-os, hierarquizando-os e atribuindo-lhes um
nome em latim.
• Taxon_ Em biologia um taxon (plural: taxa) é uma unidade de um sistema de
classificação para um organismo ou o grupo a que pertence e é estabelecido por um
taxomista (pessoa que estuda os taxa).
• Transeto_ Percurso linear percorrido durante uma amostragem científica na qual se
usa uma técnica de recolha de dados e.g. os censos visuais ou os arrastos.

246 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


• Turbidez_ Propriedade física da água que se deve à presença de sedimentos finos
não solúveis, visíveis e em suspensão que impedem ou dificultam a passagem da luz.
• Variações sazonais_ São alterações que ocorrem com as estações do ano e.g. a
variação da pluviosidade entre estações.
• Vasa_ Tipo de sedimento muito fino que se assemelha a argila (sinónimo: lodo).
• Vasoso/a_ Tipo de fundo composto por vasa.
• Vertebrado_ Ser vivo que possui coluna vertebral durante o estado adulto e.g. os
peixes, as tartarugas e os seres humanos.
• Zooplâncton_ Conjunto de organismos aquáticos de origem animal que vivem
dispersos na coluna de água e que se deslocam com as correntes.

Glossário 247
Ferragudo.
Referências bibliográficas
Capítulo XIII
Referências bibliográficas
1. Afonso-Dias, I., Reis, C. & Andrade, J. P. (2005) Reproductive aspects of Microchirus
azevia (Risso, 1810) (Pisces: Soleidae) from the south coast of Portugal. Scientia
Marina, 69 (2): 275-283.

2. Amara, R., Mahé, K., LePape, O. & Desroy, N. (2004). Growth, feeding and distribution
of the solenette Buglossidium luteum with particular reference to its habitat preference.
Journal of Sea Research, 51: 211-217.

3. Arkive, Images of Life on Earth (www.arkive.org). Acesso em 20 dez. 2013.

4. Arruda, L.M., Azevedo, J.N. & Neto, A.I. (1993) Abundance, Age-structure and
Growth, and production of Gobies (Pisces, Gobiidae) in the Ria de Aveiro Lagoon
(Portugal). Estuarine, Coastal and Shelf Science, 37: 509-523.

5. Barroso, C. M. & Moreira, M. H. (1998). Reproductive cycle of Nassarius reticulatus


in the Ria de Aveiro, Portugal: Implications for imposex studies. Journal of the Marine
Biological Association of the United Kingdom, 78: 1233-1246.

6. Biorede (www.biorede.pt). Acesso em 20 dez. 2013.

7. Canário, A. V. M., Erzini, K., Castro, M., Gonçalves, J. M. S., Galhardo, C., Ribeiro,
J., Bentes, L., Cruz, J. & Souto, P. (1994). Estudos Base para a Conservação do
Ictiopovoamentos e Gestão da Pesca Costeira no Litoral Sudoeste. UAL-UCTRA/
SNPRCN-APPSACV, Faro: 219p.

8. Chaoui, L., Kara, M. H., Faure, E. & Quignard, J. P. (2006). Growth and reproduction
of the gilthead seabream Sparus aurata in Mellah lagoon (north-eastern Algeria).
Scientia Marina, 70 (3): 545-552.

9. Costa, J. L., Domingos, L., Assis, C. A., Almeida,P.R., Moreira, F., Feunteun, E. & Costa,
M. J. (2008). Comparative ecology of the European eel, Anguilla anguilla (L., 1758), in
a large Iberian river. Environmental Biology of Fishes, 81( 4): 421-434.

10. Dawson, C. E. (1986). Syngnathidae. In: Fishes of the North-eastern Atlantic and the
Mediterranean (Eds. Whitehead, P. J. P., Bauchot, M. L., Hureau, J. C., Nielsen, J. &
Tortonese, E.). Unesco: 628-639.

11. DORIS, 19/7/2009 : Macropodia rostrata (Linnaeus,1761), http://doris.ffessm.fr/


fiche2.asp?fiche_numero=1411

12. DORIS, 5/5/2010: Processa macrophthalma Nouvel & Holthuis, 1957, http://doris.

250 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


ffessm.fr/fiche2.asp?fiche_numero=1473

13. Encyclopedia of Life (www.eol.org). Acesso em 20 dez. 2013.

14. Erzini, K., Bentes, L., Coelho, R., Correia, C., Lino, P., Monteiro, P., Ribeiro, J. &
Gonçalves, J. M. S. (2001). Fisheries biology and assessment of demersal species
(Sparidae) from the South of Portugal. Relatório final. UE-DG XIV- 98/082: 263pp.

15. Erzini, K., Bentes, L., Coelho, R., Correia, C., Lino, P., Monteiro, P., Ribeiro, J. &
Gonçalves, J. M. S. (2002). Recruitment of sea breams (Sparidae) and other
commercially important species in the Algarve (Southern Portugal). Relatório final.
UE-DG XIV- 99/061: 182 pp + Anexos

16. Fazli, H., Janbaz, A. A., Taleshian, H. & Bagherzadeh, F. (2008). Maturity and fecundity
of golden grey mullet (Liza aurata Risso, 1810) in Iranian waters of the Caspian Sea.
Journal of Applied Ichthyology, 24 (5): 610-613.

17. Felício, M. I. (2003). Biologia e exploração do camarão-da-costa (Palaemon serratus)


na Costa Norte de Portugal. Tese de Mestrado em Ciências do Mar – Recursos
Marinhos, Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar. Universidade do Porto:
151pp.

18. FishBase (http://www.fishbase.org). Acesso em 20 dez. 2013.

19. Gonçalves, J. M. S. & Erzini, K. (1998). Feeding habits of the two-banded (Diplodus
vulgaris) and the black (Spondyliosoma cantharus) sea breams (Sparidae) from the
south-west coast of Portugal. Cybium, 22 (3): 245-254.

20. Gonçalves, J.M.S. & Erzini, K. (2000). The reproductive biology of Spondyliosoma
cantharus (L.) from the SW Coast of Portugal. Scientia Marina, 64: 403-411.

21. Gonçalves, J. M. S. & Erzini, K. (2000). The reproductive biology of the two-banded
sea bream (Diplodus vulgaris) from the SW Coast of Portugal. Journal of Applied
Ichthyology, 16: 110-116.

22. Gonçalves, J. M. S., Bentes, L., Coelho, R., Correia, C., Lino, P. G., Monteiro, P.,
Ribeiro, J. & Erzini., K. (2003). Age and growth, maturity, mortality and yield per
recruit for two banded bream (Diplodus vulgaris GEOFFR.) from the south coast of
Portugal. Fisheries Research, 62(3): 349-359.

Referências bibliográficas 251


23. Holthuis, L. B. (1980). FAO Catalogue Vol.1 - Shrimps and Prawns of the World.
An Annotated Catalogue of Species of Interest to Fisheries. FAO Fisheries Synopsis
No.125, Volume1.

24. Ismen, A., Ismen, P. & Basusta, N. (2004). Age. Growth and reproduction of tub
gurnard Chelidonichthys lucerna L. 1758) in the bay of Iskenderun in the Eastern
Mediterranean. Turkish Journal of Veterinary and Animal Sciences, 28: 289-295.

25. MarBEF, Marine Biodiversity and Ecosystem Functioning (www.marbef.org). Acesso


em 20 dez. 2013.

26. MarLIN, The Marine Life Information Network (www.marlin.ac.uk). Acesso em 20


dez. 2013.

27. Moreno, T., Castro, J. J. & Socorro, J. (2005). Reproductive biology of the sand smelt
Atherina presbyter Cuvier, 1829 (Pisces: Atherinidae) in the central-east Atlantic.
Fisheries Research, 72: 121-131.

28. Miller, P. J. (1961). Age, growth, and reproduction of the rock goby, Gobius paganellus
L., in the Isle of Man. Journal of the Marine Biological Association of the United
Kingdom, 41: 737-769.

29. Monteiro, N. M., Vieira, N. M. & Almada, V. C. (2001). The breeding ecology of the
pipefish Nerophis lumbriciformis and its relation to latitude and water temperature.
Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom UK, 81: 1031-
1033.

30. Moreira, F., Costa, J. L., Almeida, P. R., Assis, C. & Costa, M. J. (1991). Age determination
in Pomatoschistus minutus (Pallas) and Pomatoschistus microps (Kreyer) (Pisces:
Gobiidae) from the upper Tagus estuary, Portugal. Journal of Fish Biology, 39: 433–440.

31. Pajuelo, J.G. & Lorenzo, J.M. (2008). Reproductive characteristics of the sand sole
Pegusa lascaris (Soleidae), from the eastern-central Atlantic. Journal of the Marine
Biological Association of the United Kingdom, 88: 629-635.

32. Palazón-Fernández, J. L., Arias, A. M. & Sarasquete, C. (2001). Aspects of the


reproductive biology of the toadfish, Halobatrachus didactylus (Bloch & Schneider,
1801) (Pisces: Batrachoididae). Scientia Marina, 65: 131-138.

33. Paolo P. (2002). Echiichthys vipera. Lesser weever fish. Marine Life Information
Network: Biology and Sensitivity Key Information Sub-program [on-line]. Plymouth:
Marine Biological Association of the United Kingdom. [cited 07/07/2010].

252 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


34. Pawson, M. G. & Pickett, G. D. (1996). The annual pattern of condition and maturity
in bass, Dicentrarchus labrax, in waters around England and Wales. Journal of the
Marine Biological Association of the United Kingdom, 76: 107-125.

35. Reñones, O., Massuti, E. & Morales-Nin, B. (1995). Life history of the red mullet
Mullus surmuletus from the bottom-trawl fishery off the Island of Majorca (north-west
Mediterranean). Marine Biology, 123: 411–419.

36. Ribeiro, J., Bentes, L., Coelho, R., Gonçalves, J. M. S., Lino, P. G., Monteiro, P. &
Erzini, K. (2006). Seasonal, tidal and diurnal changes in fish assemblages in the Ria
Formosa lagoon (Portugal). Estuarine, Coastal and Shelf Science, 67: 461-474.

37. Saldanha, L. (1995). Fauna Submarina Atlântica, Publicações Europa-América: 361pp.

38. Salgado, P., Cabral, H. N., Costa, M. J. (2004). Feeding ecology of the gobies
Pomatoschistus minutus (Pallas, 1770) and Pomatoschistus microps (Krøyer, 1838) in
the upper Tagus estuary, Portugal. Scientia Marina, 68 (3): 425-434.

39. Santos, M. N., Monteiro, C. C., Erzini, K. & Lasserre, G. (1998). Maturation and gill-
-net selectivity of two small sea breams (genus Diplodus) from the Algarve coast (south
Portugal). Fisheries Research, 36: 185-194.

40. Sea Life Base (www.sealifebase.org). Acesso em 20 dez. 2013.

41. Sinovcic, G. & Zorica, B. (2006). Reproductive cycle and minimal length at sexual
maturity of Engraulis encrasicolus (L.) in the Zrmanja River estuary (Adriatic Sea,
Croatia). Estuarine, Coastal and Shelf Science, 69: 439-448.

42. Silva, A., Santos, M. B., Caneco, B., Pestana, G., Porteiro, C., Carrera, P. & Stratoudakis,
Y. (2006). Temporal and geographic variability of sardine maturity at length in the
north-eastern Atlantic and the western Mediterranean. ICES Journal of Marine Science,
63: 663–676.

43. Silva, K., Monteiro, N. M., Almada, V. C. & Vieira, M. N. (2006). Early life history of
Syngnathus abaster. Journal of Fish Biology, 68: 80-86.

44. Teixeira, C. M., Pinheiro, A. & Cabral, H. N. (2009). Feeding ecology, growth and
sexual cycle of the sand sole, Solea lascaris, along the Portuguese coast. Journal of the
Marine Biological Association of the United Kingdom, 89: 621-627.

45. Vasconcelos, P., Gaspar, M. B. & Monteiro, C. C. (2008). A pescaria de gastrópodes


muricídeos com teias-de-carteiras na Ria Formosa: Contribuição para a gestão do
recurso. Relatórios Científicos e Técnicos IPIMAR, Série digital (http://ipimar-iniap.

Referências bibliográficas 253


ipimar.pt), n.º 47: 61pp.

46. Vasconcelos, R.P., P. Reis-Santos, V. Fonseca, M. Ruano, S. Tanner, M.J. Costa & H.N.
Cabral (2009). Juvenile fish condition in estuaries nurseries along the Portuguese
coast. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 82: 128-138.

47. Veiga, P., Vieira, L., Bexiga, C., Sá, R. & Erzini, K. (2006). Structure and temporal
variations of fish assemblages of the Castro Marim salt marsh, southern Portugal.
Estuarine, Coastal and Shelf Science, 70 (1-2): 27-38.

48. Vesey, G. & Langford, T. E. (1985). The biology of the black goby, Gobius niger L. in
an English south-coast bay. Journal of Fish Biology, 27: 417-429.

49. Viegas, I., Martinho, F., Neto, J. & Pardal, M. (2007). Population dynamics, distribution
and secondary production of the brown shrimp Crangon crangon (L.) in a southern
European estuary. Latitudinal variations. Scientia Marina, 71 (3): 451-460.

50. Whitehead, P. J. P. (1985). FAO Species catalogue Vol. 7. Clupeoid fishes of the
world. (Suborder Clupeoidei) An annotated and illustrated catalogue of the herrings,
sardines, pilchards, sprats, anchovies and wolf-herrings. Part 2. Engraulididae. FAO
Fish. Synop., (125) Vol. 7 Pt. 2: 305-579.

51. WoRMS, World register of Marine Species (www.marinespecies.org). Acesso em 20


dez. 2013.

254 Biodiversidade do estuário do rio Arade | Peixes e Invertebrados


Referências bibliográficas 255
O estuário do rio Arade, junto à cidade de
Portimão, é uma das jóias inesperadas das
natureza da região costeira algarvia, albergando

Biodiversidade do
uma biodiversidade extraordinária e fascinante,
ainda pouco conhecida pela grande maioria de
nós. Este ecossistema fornece as condições
ambientais adequadas para a ocorrência de
centenas de espécies de peixes e de invertebrados,
como as sardinhas, os robalos, as amêijoas, as
Estuário do Rio Arade
Peixes e Invertebrados

Biodiversidade do Estuário do Rio Arade Peixes e Invertebrados


santolas, os polvos ou os chocos, entre muitas
outras. Este estuário é importante, principalmente
para os juvenis destas espécies, que encontram
aqui refúgio e alimento, assegurando a sua
sobrevivência antes de se aventurarem no mar
ou nos rios. Toda esta biodiversidade tem um
valor ambiental, cultural, social e económico
inestimável, devendo ser protegida e gerida de
forma sustentável. Conhecer a fundo e dar a
conhecer o estuário é por isso imprescindível e
urgente. Assim, surgiu o Projeto ARADE e com
ele, este livro.

CAIXAS DE TEXTO QUE DESTACAM OS


FACTOS E OS RESULTADOS DO PROJETO
ARADE

LISTAGENS DE 104 ESPÉCIES DE PEIXES E 186


INVERTEBRADOS

38 FICHAS DE ESPÉCIES DE PEIXES E DE


INVERTEBRADOS

196 TERMOS EXPLICADOS NO GLOSSÁRIO

Jorge Gonçalves | Pedro Veiga | Daniel Machado | Luís Bentes | Pedro Monteiro
Carlos Afonso | Cheila Almeida | Frederico Oliveira | Karim Erzini
Grupo de Investigação Pesqueira | CCMAR - Centro de Ciências do Mar | Universidade do Algarve

Você também pode gostar