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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana

GLEISON MENDES GEROLA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE HABITAÇÕES DE


INTERESSE SOCIAL EM SARANDI – MARINGÁ - PAIÇANDU/PR

MARINGÁ
2014
  2  
   

GLEISON MENDES GEROLA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE HABITAÇÕES DE


INTERESSE SOCIAL EM SARANDI – MARINGÁ - PAIÇANDU/PR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Engenharia Urbana da
Universidade Estadual de Maringá, como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Urbana.

Orientadora: Profa. Dra. Luci Mercedes De


Mori.
Coorientador: Prof. Dr. José Luiz Miotto.

MARINGÁ
2014
 
  3  
 

 
    4    

Dedico este trabalho aos meus pais, Gentil e Rosa,


por sempre me apoiarem.

 
  5  
 

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que sempre me deu esclarecimento e sabedoria.

À Universidade Estadual de Maringá.

À Professora Luci Mercedes De Mori, pela orientação, dedicação


e sabedoria que permitiram a elaboração deste trabalho.

Ao Professor José Luiz Miotto, pela coorientação e contribuição


dada a este trabalho.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia


Urbana da Universidade Estadual de Maringá.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

A todos os colegas do mestrado e funcionários que estiveram


presentes durante a elaboração deste trabalho.

A todos meus amigos pelo apoio e amizade.

Agradeço ainda a todas as pessoas presentes, direta e


indiretamente, na elaboração deste trabalho.

 
  6  
 

“Quando nossas necessidades são satisfeitas, de


imediato, novas necessidades emergem e assim por
diante.”

(MASLOW)

 
  7  
 

RESUMO

No Brasil, para amenizar o déficit habitacional, estimado em 5,8 milhões de unidades, os


governos federal, estaduais e municipais vêm incentivando a produção em grande escala de
habitações de interesse social. Porém, o crescimento produtivo nem sempre vem
acompanhado de qualidade dessas moradias. Critérios para projetar espaços de alto padrão e
grandes obras são objetos de estudos de empresas certificadoras, a fim de legalizar o título de
edifício sustentável. No entanto, poucos estudos são realizados com enfoque em habitações de
interesse social. Deste modo, a sustentabilidade poderia ser incorporada à cadeia produtiva
destas moradias para agregar qualidade ao projeto. O presente trabalho tem por objetivo
avaliar o desempenho ambiental de empreendimentos de habitações de interesse social. O
espaço estudado foram as cidades de Maringá/PR, Sarandi/PR e Paiçandu/PR, com base em
dados referentes ao período de 2002 a 2012. Os objetos de estudo foram os projetos com áreas
construídas próximas de 40,00 m², por serem esses os projetos utilizados em programas
habitacionais desses municípios. O desempenho ambiental dos projetos foi avaliado de acordo
com a norma ABNT NBR 15575: 2013 (partes 1, 4 e 5). Adotou-se o método prescritivo do
Procel Edifica (RTQ-R) para avaliar o desempenho energético da envoltória das edificações.
A ferramenta do Selo Casa Azul serviu para avaliar o desempenho ambiental na esfera da
gestão do empreendimento: implantação dos projetos. Como resultado, obteve-se um quadro
com recomendações e orientações a serem observadas pelos gestores de empreendimentos
habitacionais, diagnosticou-se similaridades para os três municípios em estudo: semelhança
nos projetos arquitetônicos, com arranjos físicos similares; perda de informações dentro dos
órgãos públicos com o passar dos anos; projetos voltados às necessidades do programa de
financiamento ao qual se inserem, e não aos usuários e possibilidade de readequação no
processo de implantação dos projetos habitacionais.

Palavras-chave: Certificação ambiental, Edificações sustentáveis, Moradia, Sustentabilidade

 
  8  
 

ABSTRACT

In Brazil, to ease the housing deficit, estimated at 5.8 million units, federal, state and
municipal governments increasingly encourage the production of these buildings. However,
the production growth is not always accompanied by quality of these houses. Criteria for
designing spaces of high standard and great works are objects of study certifying companies
in order to legalize the title of sustainable building, however, few studies are conducted with a
focus on low-income housing. Thus, sustainability could be incorporated into the production
chain of these houses to add quality to the project. This study aims to assess the
environmental performance of enterprises of low-income. The area studied were the cities of
Maringá/PR, Sarandi/PR and Paiçandu/PR, based on data for the period 2002-2012. The
objects of study were the projects with close to 40,00 m² built-up areas, because these projects
to be used in housing programs in these municipalities. The environmental performance of the
projects was evaluated according to ABNT NBR 15575: 2013 (parts 1, 4 and 5). Adopted the
prescriptive method Procel Edifica (RTQ-R) to assess the energy performance of the
buildings envelope. The tool of the Selo Casa Azul served to assess the environmental
performance at the management level of the enterprise: implementation of projects. As a
result, a framework with recommendations and guidelines to be observed by managers of
housing developments was obtained, was diagnosed similarities to the three municipalities
under study: similarity in architectural projects, with similar physical arrangements; loss of
information within government agencies over the years; projects focused on the needs of the
funding program to which they belong, not users and possibility of readjustment in the
deployment process of the housing projects.

Keywords: Environmental certification, Sustainable building, House, Sustainability

 
  9  
 

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Mapa da evolução do parcelamento do solo urbano do Município de


Maringá/PR........................................................................................................................... 30
Figura 2.2 – Mapa de renda nos Municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu (Censo de
2000)...................................................................................................................................... 31

Figura 2.3 – Vista Panorâmica do conjunto Habitacional Mauá, em Sarandi...................... 32

Figura 2.4 – Localização do Conjunto Habitacional Mauá, em Sarandi............................... 33

Figura 3.1 – Tripé da sustentabilidade.................................................................................. 35

Figura 3.2 – Modelo de Etiqueta Procel Edifica: Residência Autônoma.............................. 49

Figura 3.3 – Modelos dos selos Casa Azul, de acordo com a classificação.......................... 50

Figura 4.1 – Fluxograma da estrutura da pesquisa................................................................ 53

Figura 5.1 – Planta baixa do projeto de Maringá/PR – ZEIS Santa Felicidade.................... 59

Figura 5.2 – Planta baixa do projeto de Sarandi/PR – Conjunto Mauá................................ 62

Figura 5.3 – Planta baixa do projeto de Paiçandu/PR – Conjunto Canadá........................... 65

 
  10  
 

LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 – Critérios do Selo Casa Azul por categorias................................................... 50

Quadro 5.1 – Ficha técnica do projeto de Maringá/PR – ZEIS Santa Felicidade............... 60

Quadro 5.2 – Ficha técnica do projeto de Sarandi/PR – Conjunto Mauá........................... 63


Quadro 5.3 – Ficha técnica do projeto de Paiçandu/PR – Conjunto Canadá...................... 66
Quadro 5.4 – Detalhamento das estratégias de condicionamento térmico para a zona
bioclimática 3...................................................................................................................... 68
Quadro 5.5 – Requisitos para a envoltória – zona bioclimatica 3....................................... 69

Quadro 5.6 – Requisitos das aberturas - zona bioclimática 3............................................. 69

Quadro 5.7 – Requisitos dos sistemas de vedações verticais externas e cobertura – zona
bioclimática 3...................................................................................................................... 70
Quadro 5.8 – Variáveis térmicas dos sistemas de cobertura e vedações verticais do
projeto de Maringá/PR (ZEIS – Santa Felicidade).............................................................. 72
Quadro 5.9 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o projeto de Maringá/PR –
ZEIS Santa Felicidade......................................................................................................... 78
Quadro 5.10 – Variáveis térmicas dos sistemas de cobertura e vedações verticais do
projeto de Sarandi/PR (Conjunto Mauá)............................................................................. 82
Quadro 5.11 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o projeto de Sarandi/PR –
Conjunto Mauá.................................................................................................................... 88
Quadro 5.12 – Variáveis térmicas dos sistemas de cobertura e vedações verticais do
projeto de Paiçandu/PR (Conjunto Canadá)........................................................................ 92
Quadro 5.13 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o projeto de Paiçandu/PR –
Conjunto Canadá................................................................................................................. 99
Quadro 5.14 – Quadro resumo dos resultados para os três municípios analisados............. 103

Quadro 5.15 – Orientações e recomendações de projeto para a região em estudo............. 104

 
  11  
 

LISTA DE TABELAS

Tabela 5. 1 – Pré-requisitos de absortância solar, transmitância térmica e capacidade


térmica para a zona bioclimática 3 (Maringá/PR)......................................................... 73
Tabela 5.2 – Percentual de áreas para ventilação em relação à área útil do ambiente
(Maringá/PR)................................................................................................................. 73

Tabela 5.3 – Área de aberturas das fachadas para ventilação cruzada (Maringá/PR).. 74
Tabela 5.4 – Percentual de áreas mínimas para iluminação natural em relação à área
útil do ambiente (Maringá/PR)...................................................................................... 75
Tabela 5.5 – Valores obtidos para graus-hora resfriamento e consumo relativo para
aquecimento (Maringá/PR)........................................................................................... 76
Tabela 5.6 – Pré-requisitos de absortância solar, transmitância térmica e capacidade
térmica para a zona bioclimática 3 (Sarandi/PR).......................................................... 83
Tabela 5.7 – Percentual de áreas para ventilação em relação à área útil do ambiente
(Sarandi/PR).................................................................................................................. 84

Tabela 5.8 – Área de aberturas das fachadas para ventilação cruzada (Sarandi/PR).... 84
Tabela 5.9 – Percentual de áreas mínimas para iluminação natural em relação à área
útil do ambiente (Sarandi/PR)....................................................................................... 85
Tabela 5.10 – Valores obtidos para graus-hora resfriamento e consumo relativo para
aquecimento (Sarandi/PR)............................................................................................ 86
Tabela 5.11 – Pré-requisitos de absortância solar, transmitância térmica e
capacidade térmica para a zona bioclimática 3 (Paiçandu/PR).................................... 93
Tabela 5.12 – Percentual de áreas para ventilação em relação à área útil do ambiente
(Paiçandu/PR)............................................................................................................... 94
Tabela 5.13 – Área de aberturas das fachadas para ventilação cruzada
(Paiçandu/PR).. ............................................................................................................ 95
Tabela 5.14 – Percentual de áreas mínimas para iluminação natural em relação à
área útil do ambiente (Paiçandu/PR)............................................................................. 95
Tabela 5.15 – Valores obtidos para graus-hora resfriamento e consumo relativo para
aquecimento (Paiçandu/PR).......................................................................................... 96
 
 
  12  
 

Tabela 5.16 – Áreas por ambientes do projeto de Maringá/PR, do projeto de


Sarandi/PR e do projeto de Paiçandu/PR...................................................................... 102

 
  13  
 

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.


AQUA – Alta Qualidade Ambiental.
CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável.
CEF – Caixa Econômica Federal.
CGIEE – Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética.
GBC Br – Green Building Council Brasil.
COHAPAR – Companhia de Habitação do Paraná.
GTMME – Grupo Técnico para Eficientização de Energia nas Edificações.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
ISO – International Organization for Standardization.
LEED – Leadership in Energy and Environmental Design.
NBR – Norma Brasileira.
PlanHab – Plano Nacional de Habitação.
PLHIS - Plano Local de Habitação de Interesse Social.
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica.
RCD – Resíduos de Construção e Demolição
RMM – Região Metropolitana de Maringá.
RTQ-R - Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de
Edificações Residenciais.
SGA – Sistema de Gestão Ambiental.
SNHIS - Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social.
USGBC – United States Green Building Council.
USP – Universidade de São Paulo.
ZEIS – Zona Especial de Interesse Social.

 
  14  
 

SUMÁRIO

Capítulo 1

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 17

1.1 JUSTIFICATIVAS................................................................................................ 19

1.2 FORMULAÇÃO DA PERGUNTA DA PESQUISA........................................... 20

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................... 20

1.4 ABORDAGEM E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA........................................... 21

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO..................................................................... 22

Capítulo 2

2 HABITAÇÃO............................................................................................................. 23

2.1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE HABITAÇÃO.............................................. 23

2.2 HABITABILIDADE............................................................................................ 25

2.3 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL........................................................... 26

2.4.1 Política Nacional de Habitação ................................................................. 28

2.4.2 Plano Local de Habitação .......................................................................... 28

Capítulo 3

3 SUSTENTABILIDADE........................................................................................... 34

3.1 SUSTENTABILIDADE: CONTEXTUALIZAÇÃO........................................... 34

3.2 SUSTENTABILIDADE URBANA..................................................................... 36

3.3 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL......................................... 38

3.4 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL......................................................................... 41

3.4.1 Procel Edifica............................................................................................... 45

 
  15  
 

3.4.1.1 O Que Avalia Cada Critério.............................................................  


47

3.4.2 Selo Casa Azul............................................................................................. 49

Capítulo 4

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................ 52

4.1 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA........................................ 53

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO: AGLOMERADO SARANDI -


MARINGÁ - PAIÇANDU/PR................................................................................... 55

4.3 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO................................................................ 55

4.3.1 O Edifício: Qualidade Ambiental.............................................................. 55

4.3.2 Guia de Orientações e Recomendações..................................................... 57

Capítulo 5

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................. 58

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO: SELEÇÃO DA


AMOSTRA................................................................................................................. 58
5.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO: DIRETRIZES PARA O
AGLOMERADO SARANDI - MARINGÁ - PAIÇANDU/PR................................ 67

5.3 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO: O EDIFÍCIO – MARINGÁ/PR........... 70

5.3.1 Desempenho ambiental – Maringá/PR..................................................... 71

5.3.1.1 O Edifício: características dos sistemas componentes – Maringá/PR....... 71


5.3.1.2 Desempenho: ABNT NBR 15220: 2005, ABNT NBR 15575: 2013 e
RTQ-R (Procel Edifica) – Maringá/PR.................................................................. 72

5.3.1.3 Método Prescritivo da Envoltória – Maringá/PR....................................... 75

5.3.2 Desempenho Ambiental: Selo Casa Azul – Maringá/PR......................... 77

 
 
  16  
 

5.4 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO: O EDIFÍCIO – SARANDI/PR........... 81

5.4.1 Desempenho ambiental – Sarandi/PR..................................................... 81

5.4.1.1 O Edifício: características dos sistemas componentes – Sarandi/PR....... 82


5.4.1.2 Desempenho: ABNT NBR 15220: 2005, ABNT NBR 15575: 2013 e
RTQ-R (Procel Edifica) – Sarandi/PR.................................................................. 83

5.4.1.3 Método Prescritivo da Envoltória – Sarandi/PR....................................... 85

5.4.2 Desempenho Ambiental: Selo Casa Azul – Sarandi/PR......................... 88

5.5 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO: O EDIFÍCIO – PAIÇANDU/PR.......... 91

5.5.1 Desempenho ambiental – Paiçandu/PR.................................................... 91

5.5.1.1 O Edifício: características dos sistemas componentes – Paiçandu/PR...... 92


5.5.1.2 Desempenho: ABNT NBR 15220: 2005, ABNT NBR 15575: 2013 e
RTQ-R (Procel Edifica) – Paiçandu/PR................................................................. 93

5.5.1.3 Método Prescritivo da Envoltória – Paiçandu/PR...................................... 95

5.5.2 Desempenho Ambiental: Selo Casa Azul – Paiçandu/PR........................ 98

5.6 RESUMO COMPARATIVO............................................................................... 101

5.7 ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................... 103

Capítulo 6

6 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 107

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 108

APÊNDICE A – Guia para Aplicação do Questionário aos Gestores


Públicos....................................................................................................................... 118

 
  17  

Capítulo 1

INTRODUÇÃO

O número de construções de habitações de interesse social (HIS) cresce


gradativamente, as quais isoladas apresentam pequena expressividade, porém, no todo
possuem volume expressivo perante o mercado da construção civil. Novos estudos são
realizados, normas e sistemas de gestão da qualidade são propostos em busca de garantir
melhores condições de desempenho dessas edificações. Uma preocupação que surge, em
relação às HIS, é a respeito do desempenho ambiental dessas construções, visto que se
observa que o foco dessa discussão nos países emergentes está voltado aos edifícios de grande
porte e alto padrão construtivo. No Brasil, boa parte das certificações ambientais vigentes tem
enfoque em construções de grande porte, percebendo-se portanto uma carência de
certificações específicas para habitações de interesse social.
De acordo com Sattler (2002), 40% dos recursos naturais são consumidos pelo
setor da construção civil. Esse alto índice deveria gerar uma preocupação e um compromisso
para com o uso racional de tais recursos. Porém, o que se observa são poucos estudos, nas
universidades, voltados para a sustentabilidade na construção civil. Sattler (2002) e Ikert
(2010) salientam a falta de práticas sustentáveis melhor adaptadas às realidades sociais e
econômicas locais, tais como a utilização de materiais de menor impacto ambiental, a busca
pela eficiência energética e o adequado gerenciamento de resíduos decorrentes do processo
construtivo. No entanto, a Política Nacional de Habitação (PNH) prevê que o Plano Local de
Habitação de Interesse Social (PLHIS) contemple ações voltadas às necessidades locais de
cada municipalidade (SILVA; SILVA, 2010) e, neste contexto, práticas sustentáveis poderiam
ser incorporadas pelos planos habitacionais de cada região.
Nos últimos anos, no Brasil, observa-se que o número de construções de
habitações de interesse social (HIS) tem aumentado, devido às políticas praticadas pelo
governo federal específicas para esse setor. Essa tipologia de habitação deve também ser
gerada a partir de conceitos de sustentabilidade, como, por exemplo, por meio da aplicação de
sistemas de certificação ambiental. No entanto, alguns dos processos de certificação
ambiental vigentes no Brasil (Leadership in Energy and Environment Design – LEED; Alta
 
  18  

Qualidade Ambiental – AQUA; e Selo Casa Azul) foram, inicialmente, voltados às


construções de grande porte e, apenas recentemente, pensou-se em uma metodologia voltada
às habitações de interesse social. Assim, percebe-se que há necessidade de que as
certificações ambientais considerem as especificidades das habitações unifamiliares populares
como forma de inserir práticas sustentáveis neste setor da construção.
A incorporação de práticas sustentáveis ao processo de elaboração das HIS
contribuirá para qualificação destas unidades com melhor desempenho ambiental e menor
custo em longo prazo (CBCS, 2010a). Cabe ressaltar a importância de se controlar a
qualidade dos processos de maneira eficaz para atingir a melhor relação custo/qualidade,
especificamente no setor da construção de HIS (BERR; FORMOSO, 2012).
O Brasil possui um déficit habitacional estimado em cerca de 5,8 milhões de
moradias com a projeção de 1,5 milhão de demanda anual futura (BRASIL, 2013a). De
acordo com IBGE (2010), os Municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu possuem 56%, 36%
e 35% das famílias, respectivamente, morando em domicílios não próprios (alugados, cedidos
e outros). Além disso, boa parte dos domicílios particulares permanentes é caracterizada por
rendimento nominal de até dois salários mínimos (Maringá 28 %, Sarandi 36% e Paiçandu
33%). De acordo com os PLHIS dos municípios, para o período de 2009 – 2023, os
municípios possuem o agravante de um déficit habitacional estimado em 2.525 unidades para
Paiçandu, 10.480 unidades para Maringá e 12.365 unidades para Sarandi (para famílias com
até três salários mínimos). Tal realidade configura uma demanda por habitações; e tais
condições enquadrariam essas famílias no plano de habitação de interesse social. O déficit
habitacional nessas cidades é ampliado pelo grande número de pessoas atraídas para a região,
em busca de melhores condições de vida. No caso da região conurbada Sarandi-Maringá-
Paiçandu/PR, ocorreu o agravante da ausência de uma política para absorção da enorme
demanda populacional de baixa renda, que para a cidade polo tentou se deslocar (SILVA;
SILVA, 2010). Essa parcela da população apresenta dificuldades de se fixar na cidade de
Maringá, sendo forçado o seu deslocamento para as cidades de Sarandi e Paiçandu, as quais
nem sempre ofertam qualidade habitacional (TONELLA; SILVA, 2007).
Para o Observatório das Metrópoles (2005) e Tonella (2011), o Município de
Maringá, como cidade polo da Região Metropolitana de Maringá (RMM), possui alta
interação com os Municípios de Sarandi e Paiçandu, devido ao fenômeno da aglomeração de
núcleos urbanos. Estes constituem uma mancha contínua de ocupação que envolve fluxos
intermunicipais, complementaridade funcional e integração socioeconômica; características

 
  19  

do fenômeno da conurbação. Portanto, configura um campo propício para a pesquisa na área


de habitação.

1.1 JUSTIFICATIVAS

A produção em massa da habitação de interesse social representa um novo


paradigma nos processos da construção civil. Assim como qualquer produto voltado para
atender às necessidades do consumidor, verifica-se que a exigência por moradias, que
atendam as práticas sustentáveis, é uma tendência que começa a ganhar espaço no mercado
brasileiro da construção civil.
Muitos são os estudos já produzidos voltados à sustentabilidade, tais como os
realizados por Berndtsson (2010); Bribián, Capilla e Usón (2011); Butler e Orions (2011);
Marino, Nucara e Pietrafesa (2012) e Thiers e Peuportier (2012). No entanto, caracterizam-se
por serem estudos de ferramentas de desempenho ambiental considerados individualmente,
pois avaliam desempenho energético, desempenho de conforto termoacústico, desempenho de
materiais, ecotécnicas construtivas e tecnologias (telhado verde, por exemplo) de forma
isolada, sem estudar a correlação entre estes fatores. Assim, uma avaliação dos projetos de
HIS naqueles municípios, por meio de ferramentas de avaliação de desempenho ambiental,
contribuirá para identificar possíveis alterações em projeto, com a finalidade de melhorar a
qualificação de projetos habitacionais na região de estudo. Ainda, tal avaliação poderá
auxiliar as tomadas de decisões projetuais pelos gestores públicos na fase de elaboração de
projetos arquitetônicos sociais.
Contudo, poucos modelos de certificação ambiental voltados para habitação de
interesse social foram desenvolvidos no País. Como consequência, faz-se necessário o estudo
de metodologias de avaliação de desempenho ambiental, que atendam a este setor específico
da construção civil.
A avaliação de desempenho ambiental focada em HIS servirá para guiar os
gestores públicos em tomadas de decisões, a respeito da forma de projetar, implantar e dar
acompanhamento na fase pós-ocupação. Além disso, permitirá melhor uso e manutenção por
parte dos moradores destas edificações ao reconhecer as reais necessidades dos usuários.

 
  20  

O aglomerado Sarandi-Maringá-Paiçandu apresenta alta interação na


conformação do espaço urbano. Possui parte da população desprovida de moradia própria e
com baixa renda per capita - cerca de 10% da população (IBGE, 2010). Fatos que a
qualificam como um campo de estudo apropriado para aplicação da avaliação proposta.

1.2 FORMULAÇÃO DA PERGUNTA DA PESQUISA

A habitação de interesse social tem sido vista sob a óptica de fatores


ambientais avaliados separadamente, tais como: avaliação pós-ocupacional, conforto
ambiental interno e inserção no entorno. Talvez isto se dê pela ausência de metodologias de
avaliação de desempenho ambiental específicas para esse tipo de edificação, que contemple o
conjunto de fatores que configuraria uma edificação sustentável.
A partir da identificação dessa carência, formulou-se a seguinte pergunta geral
de pesquisa:
Os projetos de HIS poderiam obter um melhor desempenho ambiental
se seguissem recomendações técnicas de processos de certificação ambiental vigentes
no Brasil?

Um segundo questionamento surgiu a partir da pergunta geral de pesquisa:


Como está a qualidade do desempenho ambiental dos projetos de HIS
no aglomerado Sarandi-Maringá-Paiçadu?
Sob um ponto de vista mais específico, a pergunta está focada em como os
projetos de habitação social podem obter um melhor desempenho ambiental, visando uma
melhor qualidade ambiental para seus usuários.

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

Diante da problemática exposta, esta pesquisa tem como objetivo geral:


avaliar o desempenho ambiental de empreendimentos habitacionais de interesse social.

 
  21  

Para que o objetivo geral seja atingido, propõem-se os seguintes objetivos


específicos:
• Analisar os processos de produção da habitação de interesse social em Maringá/PR,
Sarandi/PR e Paiçandu/PR, nas fases: projeto, implantação e construção;
• Verificar a conformidade das HIS, em Maringá, Sarandi e Paiçandu, quanto à ABNT
NBR 15575: 2013 (partes 1, 4 e 5);
• Quantificar a eficiência energética da Envoltória de edificação de HIS, em
Maringá/PR, Sarandi/PR e Paiçandu/PR, por meio do método do Procel Edifica (RTQ-
R);
• Avaliar o desempenho ambiental das HIS, em Maringá, Sarandi e Paiçandu, frente ao
Selo Casa Azul; e
• Propor um conjunto de recomendações e orientações a ser observado pelos órgãos
responsáveis pela elaboração de programas habitacionais, no aglomerado Sarandi-
Maringá-Paiçandu/PR.

1.4 ABORDAGEM E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A presente pesquisa abordou o tema “habitação de interesse social” (HIS)


delimitado nos empreendimentos de HIS produzidos no aglomerado conformado pelos
municípios de Sarandi/PR, Maringá/PR e Paiçandu/PR, no período de 2002 a 2012.
O tema HIS foi abordado com ênfase nas práticas de sustentabilidade vigentes
no País. Essa escolha decorreu do fato de que, devido à baixa complexidade técnica dada ao
processo de produção das HIS, os fatores de base produtiva (tal como mudanças dos hábitos
da cadeia produtiva, por conseguinte, nos hábitos de consumo) adquirem maior relevância
para o processo da gestão desses empreendimentos.
A produção das HIS foi abordada por meio de ferramentas de avaliação de
desempenho ambiental de uso correntes no Brasil - Selo Casa Azul, Procel Edifica (RTQ-R) –
e conformidade com a norma de desempenho de projeto ABNT NBR 15575: 2013. O
primeiro serviu para avaliar o desempenho ambiental no contexto da gestão do
empreendimento. O segundo processo de certificação avaliou o desempenho ambiental dos

 
  22  

projetos quanto ao desempenho energético da envoltória. A norma ABNT NBR 15575: 2013
serviu para avaliar os pré-requisitos estabelecidos pelo Procel Edifica (RTQ-R).
Portanto, a pesquisa concentrou-se em duas áreas principais: produção das HIS
e ferramentas de avaliação de desempenho ambiental.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O conteúdo deste trabalho está subdividido em seis capítulos. Neste primeiro


capítulo (Capítulo 1), é apresentada uma introdução na qual constam: as justificativas da
pesquisa, a formulação da pergunta da pesquisa, os objetivos do trabalho, as delimitações e
abordagem da pesquisa e a estrutura da dissertação.
Capítulo 2 – Habitação. Versa-se sobre o histórico da moradia e sua
importância para a formação da sociedade moderna. No mundo contemporâneo, a habitação é
caracterizada enquanto produto e a qualidade de projeto é descrita por meio do conceito da
habitabilidade. Ainda neste âmbito, a habitação de interesse social é abordada sob o enfoque
de agregar valor e qualidade de vida ao usuário e à comunidade na qual se insere. Por fim,
relata-se sobre a política nacional de habitação e o plano local de habitação de interesse social
como instrumentos políticos de gestão da produção do espaço urbano.
Capítulo 3 – Sustentabilidade. Discorre-se sobre a sustentabilidade em
conceitos gerais para, após, discutir sobre práticas correntes na construção civil. Abordam-se
também as ferramentas e processos para se obter certificação ambiental, com destaque para o
Selo Casa Azul e Etiqueta Procel Edifica (RTQ-R).
Capítulo 4 – Procedimentos Metodológicos. Descrevem-se os materiais e
métodos utilizados para a execução do trabalho a que se propõe esta dissertação.
Capítulo 5 – Resultados e Discussões. Apresentam-se os resultados obtidos a
partir da aplicação dos requisitos exigidos pelas normas ABNT NBR 15220: 2005, ABNT
NBR 15575: 2013, método prescritivo do Procel Edifica e Selo Casa Azul.
Capítulo 6 – Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas. Apresentam-se
as conclusões do trabalho e sugere-se algumas indicações para futuras pesquisas.

 
  23  

Capítulo 2

HABITAÇÃO

Este capítulo aborda o edifício como habitação de interesse social e trata da


caracterização do espaço em que se insere um projeto habitacional que atende as necessidades
de seus usuários. Também descreve a Política Nacional de Habitação, bem como vem sendo
aplicada nas cidades em estudo por meio dos planos locais de habitação de interesse social.

2.1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE HABITAÇÃO

Habitação é sinônimo de abrigo, sendo assim compreendida desde as origens


do ser humano.

Desde os primórdios da civilização o homem teve necessidade de se abrigar


e os povos primitivos utilizavam como abrigo, isto é, como habitação, os
espaços naturais: as cavernas e as árvores, tanto suas copas como os espaços
protegidos sob estas copas (ABIKO, 1995, p. 03).

O aperfeiçoamento das habilidades humanas permitiu o desenvolvimento de


técnicas construtivas, com emprego de diversos materiais, para criar outras formas de
habitação que não aquelas providas pela própria natureza, porém, com as mesmas finalidades:
proteção do homem das intempéries e ataques de outros povos ou animais.
Com o passar do tempo o ser humano começou a andar em grupos o que gerou
a formação de pequenos aglomerados de moradias. Futuramente, isto culminaria nas
aglomerações urbanas. Trata-se das primeiras cidades, com centro comercial, residencial e
religioso. Nascia o ideário de organização urbana, a cidade como centro de manifestações
econômicas, sociais e culturais (MUMFORD, 1998).
Essas aglomerações permitiram o desenvolvimento da indústria. A Revolução
Industrial trouxe um modo de vida baseado em moradias insalubres para os operários e uma
 
  24  

visão de burguesia que negligenciou a classe menos favorecida. Nas cidades foram destinadas
áreas distantes e com menor infraestrutura para a classe baixa, o que gerou espaços de
moradias precárias, caracterizados por cortiços. Mumford (1998) trata esse período como a
evolução das cidades em cortiços para qualificar a habitação da maior parte da população.
O meio urbano encontrava-se em deterioramento, com políticas urbanas que
correspondiam aos anseios de uma burguesia que não queria ser vizinha de operários. Os
planos de melhoramento e embelezamento iniciados por Haussmann, na França; e
incorporados por urbanistas no Brasil, consistiram em desmantelamento de áreas ocupadas
irregularmente por cortiços, a fim de criar um ambiente mais sanitarista. Mais uma vez, a
segregação socioespacial ocorreu, com a expulsão da classe baixa para áreas afastadas
(VILLAÇA, 1999).
No Brasil, após a terceira década do século XX, as políticas de habitação
tomaram consistência. Influenciadas pelos movimentos modernistas, que disseminaram um
ideário de habitação social moderno, expressaram uma renovação das tipologias de projeto,
processo construtivo, implantação urbanística, programas habitacionais e modos de morar
(BONDUKI, 1998). Presencia-se a coerência entre a confrontação das ideias com a análise
dos projetos pelos profissionais da área de arquitetura: há um consenso entre discurso e
prática (CAMARGO, 2011). O projeto habitacional passa a ser analisado sob o ponto de vista
científico, como um “derivado de uma compreensão científica da habitação, o projeto como
indutor de uma nova cultura de habitação e de um novo comportamento social” (BRUNA,
2010, p. 102).
Portanto, com o passar do tempo, a habitação adquiriu o caráter de funções que
vão além do simples abrigo:

Para que uma habitação cumpra as suas funções, é necessário que, além de
conter um espaço confortável, seguro e salubre, esteja integrado de forma
adequada ao entorno, ao ambiente que a cerca (ABIKO, 1995, p. 03).

Nesse contexto, as habitações urbanas devem estar providas dos serviços


urbanos, infraestrutura e equipamentos sociais. No âmbito dos serviços urbanos, deve atender
as necessidades coletivas de abastecimento de água, coleta de esgotos, distribuição de energia
elétrica, transporte coletivo; quanto à infraestrutura, entende-se como a inclusão de redes
físicas de distribuição dos elementos já citados agregados aos sistemas de comunicações e
sistemas viários; por fim, os equipamentos sociais referentes aos espaços destinados à
 
  25  

educação, à saúde e ao lazer (OLIVA, 2012). Em síntese, diz respeito à habitabilidade, isto é,
a garantia das condições de bem-estar, que é um direito de todos (BRASIL, 1988).

2.2 HABITABILIDADE

O conceito de habitabilidade está diretamente relacionado à ideia de conforto e


segurança. Por conseguinte, o conceito de conforto está relacionado ao bem-estar e à
privacidade; e envolve uma combinação de sensações físicas e emocionais o que, às vezes,
torna difícil de explicar ou medir (SILVA, 2011). De acordo com a ISO / TC 59 6241: 1984,
o termo habitabilidade está relacionado ao desempenho do edifício em relação às
necessidades dos seus usuários; deve-se atender a estanqueidade, segurança, conforto térmico,
conforto lumínico, conforto acústico e acessibilidade.
Para Oliva (2012), a habitabilidade é um tema que não abrange somente a
esfera da construção, compreendendo o coletivo e privado; a face psicológica, física, social e
cultural. No campo da edificação, abrange a qualidade de materiais de construção, área
construída, divisões internas e instalações. Quanto à inserção da construção no meio urbano,
engloba os sistemas de infraestrutura de abastecimento de água, esgoto, drenagem,
comunicações, sistema viário, forma do bairro e disponibilidade de equipamentos urbanos e
serviços públicos, transporte, segurança, áreas de lazer e convivência comunitária. Portanto, a
habitabilidade está diretamente interligada à qualidade de vida urbana, sendo, por fim, uma
ferramenta para mensurar a sustentabilidade local e promoção de cidades sustentáveis.
Em termos gerais, a habitabilidade trouxe um novo paradigma para a produção
das HIS, baseado no custo, prazo, qualidade, garantia, sustentabilidade urbana e
responsabilidade social (OLIVA, 2012).
Assim, o modo de produção da moradia assume um novo conceito. Baseia-se
na implantação de uma logística dentro do sistema de produção para agregar valor ao produto,
minimizar as perdas e desperdícios, aumentar a produtividade, reduzir custos de produção e,
principalmente, maximizar a satisfação do usuário. Para Blachére (1967), uma habitação deve
atender as necessidades de seus usuários, que são: trabalhar, estudar, residir, cozinhar, lavar e
secar roupas; além de atender as exigências de durabilidade, as quais devem ser cumpridas
durante a vida útil da edificação, atender os usos e resistir aos agentes agressores (SILVA et

 
  26  

al., 2011). Em suma, representa um dos desafios da produção da habitação contemporânea:


produção em larga escala com baixo custo aliada à qualidade do produto (habitabilidade).

2.3 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

O direito à moradia está previsto no Artigo 25.1 da Declaração Universal dos


Direitos Humanos (ONU, 1948), no Artigo 6 do Capítulo II da Constituição da República
(BRASIL, 1988) e o direito à assistência técnica está instituído pelo Estatuto da Cidade
(BRASIL, 2001a). Ter uma moradia digna com salubridade é um direito fundamental para a
vida e moradia regular, garantindo ao cidadão a sua existência no mapa; um endereço. O
conceito vai além de uma simples construção; trata-se da inserção social. Vai além da unidade
habitacional em si, expandindo-se para o meio externo, ou seja, o entorno deve ser
considerado. Para Foladori (1999), a relação espacial não pode ser interpretada de forma igual
para todas as classes sociais e a produção do meio físico depende do processo de produção.
Um ambiente ordenado provido de infraestrutura gerará uma sociedade organizada.
Contudo, no Brasil, segundo dados de 2007, mais de 80% da produção das
moradias populares foram feitas de modo irregular, sem acompanhamento técnico e não
dialogando com o planejamento urbano e a realidade ambiental do local (CUNHA;
ARRUDA; MEDEIROS, 2007). De acordo com Kowaltowski et al. (2006), a maioria dos
projetos de habitação de interesse social é baseada em um modelo repetitivo e desprovida de
infraestrutura urbana, seguindo um projeto padrão não adaptado às características geográficas
locais e situações sociais. O desconhecimento de parâmetros de conforto, segurança e custo
final da obra, por parte de seus produtores, trazem problemas ao indivíduo e ao coletivo
(CUNHA; ARRUDA; MEDEIROS, 2007).
Quando observada sob o enfoque da sustentabilidade, a moradia digna vai além
da salubridade: abrange aspectos sociais, ambientais e econômicos para que satisfaça às
necessidades de seus usuários, com o melhor custo benefício e menor necessidade de
manutenção em longo prazo. Para tanto, é necessário o acompanhamento por profissionais
especializados e o uso de inovações tecnológicas tanto em nível de processos quanto de
materiais e, consequentemente, de produto. Já para Kowaltowski et al. (2006), quanto se trata
de habitação de interesse social, a sustentabilidade está diretamente relacionada à redução da

 
  27  

conta de energia elétrica. Portanto, na fase de projeto deveria haver um estudo de desempenho
ambiental voltado à eficiência energética.
Para Sattler (2002), o entorno das habitações deve ser construído de modo
sustentável e adicionar valor à qualidade de vida do indivíduo e da comunidade ao atender a
esfera social. A implantação de novas construções não pode ser avaliada de forma isolada; o
entorno deve ser levado em consideração. O contexto urbano, vias, quadras, lotes e demais
edificações existentes interferem nos novos projetos implantados (IKERT, 2010), bem como,
os novos projetos, do ponto de vista da sustentabilidade, devem contribuir para melhoria do
meio ambiente onde serão inseridos. A análise deve ser feita a partir da fase de projeto, a qual
atenderá aos critérios urbanísticos, de mobilidade urbana, vitalidade e qualidade do espaço
público (IKERT, 2010).
A vitalidade dos espaços cotidianos dos loteamentos habitacionais, para Lima
(2009), depende do contato com as áreas públicas, com multiplicidade de usos nas áreas de
intervenção. Deve-se partir dos pontos negativos dos loteamentos governamentais de
habitação social para propor novos modelos eficazes, sendo estes: incapacidade de
proporcionar qualidade de vida à maioria dos usuários; desperdício e subutilização do solo
urbano pela tipologia individual térrea; subutilização da infraestrutura instalada; não
contribuição com o desenho qualificado da paisagem; ênfase, na configuração espacial. No
transporte individual com mais vias locais nos espaços internos dos loteamentos em
detrimento de vias para pedestres capazes de promover áreas de convívio coletivo; aumento
no custo de execução do sistema viário pelo excesso de vias locais; não previsão de áreas para
geração de emprego e renda no desenho urbano; nivelamento por baixo das provisões de
equipamentos comunitários, cumprindo pura e simplesmente a legislação hermética vigente; e
reprodução de ambientes urbanos sem identidade, massificados e que contribuem muito
pouco para a autoestima dos moradores.
A oferta de novas moradias não deve se restringir às construções novas, mas
também à adaptação de prédios sem usos em áreas centrais, providos de infraestrutura básica
e sistema de transporte já existente. Deste modo, têm-se maiores ganhos ambientais ao
reciclar edifícios, com redução do consumo de materiais e energia, o que resulta na redução
do valor final da obra.

 
  28  

2.4.1 Política Nacional de Habitação

Em 2003, de acordo com Silva e Silva (2010), com a criação do Ministério das
Cidades, houve o tratamento integrado de todas as políticas urbanas com integração das
secretarias de habitação, do saneamento e dos transportes, considerando o uso e ocupação do
solo. Como resultado, em 2004, foi instituída a Política Nacional de Habitação. A partir dela,
o conceito de moradia expande-se para uma totalidade do meio urbano: o direito à moradia
acompanhado do direito à cidade. A habitação passou a ser vista como um elemento
integrador da cidade, com direito de participação dos moradores na escolha de novos
processos habitacionais.
Em 2007, o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS)
promulgou o Plano Nacional de Habitação (PlanHab). Na esfera municipal, o PlanHab atua
por meio do Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS). O Plano Nacional institui
que o PLHIS deve:

[...]confeccionar de forma participativa, o diagnóstico do setor habitacional,


as diretrizes, objetivos, linhas programáticas, fonte de recursos, metas e
indicadores, que expressem o entendimento dos governos locais e dos
agentes sociais, a respeito do planejamento local do setor habitacional
(SILVA; SILVA, 2010, p.01).

Portanto, o PLHIS deve contemplar um plano de ação para solucionar os


problemas de habitação de forma a promover acesso à moradia digna à população dos
municípios.

2.4.2 Plano Local de Habitação de Interesse Social

Rodrigues, Mota e Hayashi (2008) afirmam que a estruturação espacial da


cidade de Maringá é fruto de desigualdades sociais. Estes autores ainda defendem que desde o
projeto de implantação da cidade, a população de baixa renda foi destinada a porções
afastadas do centro, distante das áreas de lazer, educação e trabalho; e que ao longo do tempo
 
  29  

este distanciamento foi se ampliando. Esta segregação deu-se por meio de especulações
imobiliárias, pois os investidores criaram loteamentos em áreas estratégicas, desprovidas de
infraestrutura urbana, a fim de criar vazios urbanos e, futuramente, elevar o valor do solo
desses espaços.

Pelo mapa de evolução do parcelamento do solo urbano da cidade de Maringá


(Figura 2.1), percebem-se como os bairros (em amarelo e vermelho) foram alocados de forma
estratégica, favorecendo à especulação imobiliária dos futuros bairros (em azul e verde).
De forma holística, uma análise entre o mapa de evolução do parcelamento do
solo urbano de Maringá/PR (Figura 2.1) e o mapa de renda dos municípios de Maringá/PR,
Sarandi/PR e Paiçandu/PR (Figura 2.2) proporciona a visualização do processo de segregação
socioespacial nesses municípios. O mapa da distribuição de renda desses três municípios
(Figura 2.2) monstra o resultado da evolução do parcelamento do solo urbano, a qual se
caracterizou pelo destino de porções centrais da cidade de Maringá à população de alta renda;
e cabendo à periferia da cidade de Maringá e às cidades de Sarandi e Paiçandu receberem a
população de mais baixa renda.

 
 
 

Figura 2.1 – Mapa de evolução do parcelamento do solo urbano do Município de Maringá/PR

Fonte: Maringá (2006)


30  
  31  

Figura 2.2 – Mapa de renda nos Municípios de Maringá, Sarandi e Paiçandu (Censo
2000)

Fonte: Maringá (2006)

Porém, para Rodrigues (2005), apesar da desigualdade predominante na


estruturação da realidade social brasileira, Maringá não apresenta grandes desigualdades
sociais devido à inexistência de favelas e ocupações irregulares. A pobreza foi segregada
para os demais municípios que compõem a Região Metropolitana de Maringá (RMM). A
população com menor poder aquisitivo foi afastada para além do perímetro urbano de
Maringá, sendo que as cidades de Paiçandu e Sarandi receberam o maior contingente
(RODRIGUES, 2005). Entre as décadas de 1970 e 1980, Maringá passou por um processo de
desfavelização, com moradores levados para conjuntos habitacionais periféricos e para as
cidades de Paiçandu e Sarandi. De acordo com as Categorias Sócioocupacionais (CATs),
Paiçandu está caracterizada pela categoria Operária e Sarandi pelas categorias Popular e
Operária, que são as categorias de menor renda. As maiores rendas e maior poder intelectual
 
  32  

concentram-se na região central da cidade de Maringá (OBSERVATÓRIO DAS


METRÓPOLES, 2005). A metodologia das CATs caracteriza o espaço de acordo com a
ocupação dos moradores, por conseguinte, a renda.
No Município de Paiçandu, o Plano Local de Habitação de Interesse Social foi
desenvolvido de forma participativa, com a reconstrução do conceito de moradia. A moradia
deixou de ser pensada isoladamente, afirma Silva e Silva (2010). Para as cidades de Maringá
e Sarandi também foram desenvolvidos os PLHIS com participação de diversos segmentos da
sociedade. Porém, em Maringá, Sarandi e Paiçandu, na realidade, o que se percebe são bairros
periféricos e com baixa qualidade dos projetos (RODRIGUES, 2005), como no caso do
Conjunto Habitacional Mauá, em Sarandi, conforme ilustram as Figuras 2.3 e 2.4.

Figura 2.3 – Vista panorâmica do Conjunto Habitacional Mauá, em Sarandi/PR

Fonte: Sarandi (2008)

 
  33  

Figura 2.4 – Localização do Conjunto Habitacional Mauá, em Sarandi

Fonte: Adaptado de Google Earth (2014), dados fornecidos pela Prefeitura do Município de Sarandi (2014),
dados compilados pelo Autor

As políticas dos municípios brasileiros pertencentes às regiões metropolitanas


contribuem para o agravamento das desigualdades (BARBOSA, 2008). Resta à dialética do
Plano Diretor, como ferramenta de planejamento urbano, o papel de organização
socioespacial, pois, como visto, os PLHIS dos Municípios supramencionados ainda se
baseiam em loteamentos populares situados em áreas periféricas (SILVA; SILVA, 2010).

 
  34  

Capítulo 3

SUSTENTABILIDADE

Este capítulo descreve as práticas ambientais adotadas mundialmente,


iniciando pelo conceito de sustentabilidade, suas origens e evolução até chegar ao conceito de
sustentabilidade na construção civil. São descritos os impactos e soluções construtivas que
devem ser evitados para se atingir a sustentabilidade ambiental, bem como o modelo de
certificação ambiental atuante no País Selo Casa Azul e o processo de etiquetagem Procel
Edifica.

3.1 SUSTENTABILIDADE: CONTEXTUALIZAÇÃO

A segunda metade do século XX foi marcada por dúvidas e incertezas em


relação ao futuro do meio ambiente. Entre 1960 e 1980, os desastres ambientais, como os
ocorridos na Baía de Minamata, no Japão; e o acidente na usina de Chernobyl, na extinta
União Soviética, despertaram a conscientização das Nações sobre os problemas ambientais
(BELLEN, 2004a).
Porém, a preocupação com o desenvolvimento sustentável teve seu início em
1972, a partir da publicação do relatório intitulado “Limites do Crescimento”, pelo Clube de
Roma. Esse documento afirma que a exploração dos recursos naturais é findável, baseado na
teoria de que “a maioria dos problemas ligados ao meio ambiente ocorre em escala global e se
aceleravam de forma exponencial” (BELLEN 2004a, p. 02).
Em 1984, foi organizada pelas Nações Unidas, em Genebra, uma reunião da
Comissão Mundial sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente presidida pela então primeira
ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, a qual deu nome ao relatório, que finalizou os
trabalhos da comissão em 1987: Relatório Brundtland. O termo “desenvolvimento
sustentável” foi definido por essa comissão (KEELER; BURKE, 2010). Além disto, o
relatório deixou claro o papel que as empresas devem ter na gestão ambiental, ou seja, na

 
  35  

busca por alternativas para mitigar o custo e transformar a desvantagem em vantagem


competitiva. Neste âmbito, “a gestão ambiental é tida como uma forma de reduzir custos das
operações e aumentar a receita” (HARRINGTON; KNIGHT, 2001, p. 29).
Desde a publicação do Relatório Brundtland, a atenção mundial está voltada
para o desenvolvimento sustentável, que busca conciliar as necessidades econômicas com as
ecológicas (KROTSCHEK ; NARODOSLAWSKY, 1996). O relatório mencionado definiu o
desenvolvimento sustentável como “o desenvolvimento que atende às necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às suas próprias
necessidades” (WCED, 1987, p. 16).
Ortiz, Castells e Sonneman (2009) descrevem o termo “desenvolvimento
sustentável” como um conjunto de ações que visa a melhoria das condições sociais,
econômicas e ambientais para gerações presentes e futuras, ou seja, que permite uma melhor
qualidade de vida às pessoas ao proporcionar um ambiente saudável.
O desenvolvimento sustentável apoia-se no tripé: ambiental, econômico e
social, conhecido como triple bottom line. Esse fundamento foi criado pelo cientista social
John Elkington, em 1994 (HENRIQUES; RICHARDSON, 2004). Para que se atinja a
sustentabilidade, as três esferas devem ser alcançadas (ELKINGTON, 1997). Conforme
ilustrada na Figura 3.1, uma ação deve ser econômico-ambientalmente viável,
socioambientalmente suportável e socioeconomicamente equitável, para se atingir a
sustentabilidade.

Figura 3.1 – Tripé da sustentabilidade

Fonte: EcoD (2008)

 
  36  

Em 1992, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Cúpula da Terra (também


conhecida como Eco-92), que representou um aumento do “grau de consciência sobre o
modelo de desenvolvimento sustentável adotado mundialmente” (BELLEN, 2004b, p. 03).
Oficialmente, a maioria dos países passaram a interligar o desenvolvimento socioeconômico
às transformações do meio ambiente. Da Eco-92, resultaram cinco relatórios: a Declaração do
Rio, a Agenda 21, a Declaração de Princípios das Florestas, a Convenção sobre Diversidade
Biológica e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (KEELER,
BURKE, 2010).
Dentre esses relatórios, a Agenda 21 merece destaque, pois foi incorporada por
boa parte dos municípios brasileiros, como forma de instrumento de gestão e planejamento
para o desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2013b). A Agenda 21 Local, referente aos
municípios, orienta as políticas e ações no sentido de ampliar investimentos e traz diretrizes
para melhorar aspectos ainda não satisfatórios. É resultante de um processo de planejamento
participativo a fim de analisar e “identificar potencialidades e fragilidades e, dessa forma,
visualizar o desenvolvimento futuro de forma sustentável” (MALHEIROS; PHILIPPI
JÚNIOR; COUTINHO, 2008, p. 09). Para tanto, há a necessidade do desenvolvimento
participativo, isto é, parte-se do diagnóstico elaborado com a participação de diversos setores
da sociedade, para então, lançar as premissas do futuro almejado. Portanto, a Agenda 21
Local tem função orientativa no processo e documentação para elaboração dos Planos
Diretores e orçamentos municipais (BRASIL, 2013b).

3.2 SUSTENTABILIDADE URBANA

Da Agenda 21 surgiram as premissas para o desenvolvimento do meio


ambiente urbano, com a noção de sustentabilidade agregada às políticas de produção do
espaço intraurbano (ao Plano Diretor e ao orçamento participativo). Pela participação dos
diversos atores envolvidos nos movimentos urbanos, a fim de legitimar as suas perspectivas
para o meio em que vivem (ACSERALD, 1999). Assim, garantir a sustentabilidade urbana
(BRASIL, 2013b).
Acserald (1999) define sustentabilidade urbana como a capacidade das
políticas urbanas de se adaptarem à oferta de serviços, à qualidade e à quantidade das

 
  37  

demandas sociais, visando o equilíbrio entre as demandas de serviços urbanos e investimentos


em infraestrutura. Ou seja, visa o crescimento ordenado e igualitário do espaço urbano. Para
Shen et al. (2012), a variável determinante do desempenho de sustentabilidade urbana é a
urbanização, por estar associada com desenvolvimento econômico, social e ecológico.
Entretanto, nos países desenvolvidos o que se notou, na última década, foi o
crescimento da urbanização de regiões periféricas, o que elevou o uso do automóvel,
consequentes congestionamentos e aumento da poluição. Nos países em desenvolvimento, os
problemas sociais e ambientais são agravados pelo crescimento urbano em direção às regiões
periféricas, sem acompanhamento de infraestrutura adequada para tal crescimento
(BARBOSA, 2008).
Na visão de Harvey (2006) e Aruguete (2011), a urbanização foi o fator
principal das crises mundiais ocasionadas nas últimas décadas, geradas a partir de um boom
imobiliário em países mais desenvolvidos que causaram efeito dominó. Novos modos de
morar foram projetados em locais sem infraestrutura existente, longe dos centros urbanos, que
preconizavam a vida tranquila afastada do caos urbano. Porém, o setor imobiliário não previu
o esgotamento dos usuários pela distância a ser percorrida diariamente até as atividades
cotidianas, muito menos os investimentos em infraestrutura.
Esse padrão seguiu-se nos países periféricos no século XX. Onde os conjuntos
habitacionais foram alocados em áreas periféricas dos núcleos urbanos (AGUIAR, 2003).
Adotou-se uma lógica incoerente ao descartar regiões urbanizadas, que garantiriam melhores
condições de vida aos usuários de baixa renda, em prol de regiões distantes e desprovidas de
infraestrutura urbana. Acioly Júnior e Davidson (1998) discorrem sobre a utilização de áreas
providas de infraestrutura urbana como diretriz para implantação de núcleos habitacionais a
fim de controle do crescimento urbano. O adensamento de áreas consolidadas seria uma
forma de controlar o valor do solo e garantir o direito ao território de modo igualitário e
sustentável. Assim, a habitação, enquanto construção, necessita ser pensada em termos de
sustentabilidade, não somente na unidade isolada, mas também no contexto urbano como um
todo.
Portanto, no Brasil, o setor de edificações, enquanto produtor do espaço
intraurbano, possui o desafio de assumir um modelo de desenvolvimento menos agressivo ao
meio ambiente. Deve atuar no campo dos problemas habitacionais e infraestrutura para
transportes, comunicação, abastecimento de água, saneamento, energia, atividades comerciais
e industriais (DEGANI, 2010).

 
  38  

3.3 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O setor da construção civil é fator central da economia em países em


desenvolvimento (CBCS, 2010b). Tal setor consome grande quantidade dos recursos naturais
e, no Brasil, é responsável por 43% do consumo de energia. Neste ponto, traça-se um novo
paradigma para a construção civil do século XXI: diminuir a produção de resíduos,
economizar energia e água e reduzir os custos, ou seja, garantir desempenho ambiental aliado
aos padrões de qualidade do empreendimento.
Portanto, para definição da construção sustentável é necessária uma
“abordagem da edificação integrada, que considera o ciclo de vida em todos os níveis”
(KEELER; BURKE, 2010, p. 49). Isto é, que avalie toda a cadeia produtiva, desde a fase de
projeto (concepção), especificação de materiais com comprovada procedência, execução da
obra, uso e manutenção e, por fim, a fase de demolição e reuso.
Durante o processo de concepção de um edifício deve ser feita a seleção da
melhor tecnologia e de materiais disponíveis que minimizem o impacto ambiental (BRIBIÁN;
CAPILLA; USÓN, 2011). Trata-se da escolha de tecnologia ecoeficiente, de materiais
oriundos de processos de reciclagem ou reuso e/ou que permitam serem reutilizados ou
reciclados futuramente. No entanto, não se deve ponderar somente o método e materiais
selecionados, mas se deve avaliar o processo construtivo como um todo (MOTTA;
ANDERY; AGUILAR, 2009). É nessa fase que os possíveis problemas devem ser previstos e
solucionados, evitando retrabalhos, desperdícios e resíduos nas fases posteriores, e isto
concerne à compatibilização de projetos.
Na fase de produção, o canteiro de obras deve ser organizado visando diminuir
impactos ambientais, como poeira, ruído, consumo de energia e gerenciamento de resíduos
(PICCOLI et al., 2010). Assim, garantir a qualidade do ambiente de trabalho e do entorno
imediato, no qual a obra se insere.   Dentre as ferramentas de gestão ambiental utilizadas para
adequação do canteiro de obras destaca-se a racionalização de processos construtivos, que
busca a qualidade a partir da otimização do tempo por meio de estudo do fluxo de materiais,
percursos, estoques e otimização da mão-de-obra e equipamentos (SOUZA; MELLO;
PIMENTA, 2011). Deste modo, a racionalização pode ser entendida como:

 
  39  

[...]um processo dinâmico que se desenvolve e se aperfeiçoa


sistematicamente e que tem por objetivo a otimização ao utilizar recursos
humanos, materiais e organizacionais que intervém na construção (SOUZA;
MELLO; PIMENTA, 2011, p. 2).

Portanto, a racionalização de processos construtivos tem por objetivo otimizar


o uso de recursos naturais e reduzir a geração de poluentes, o que a enquadra como uma
ferramenta ecoeficiente. Por fim, a racionalização motiva as empresas a assumirem políticas
ambientalmente corretas, que incentivam a inovação, o crescimento e a competitividade
(SOUZA; MELLO; PIMENTA, 2011).
Ainda no que concerne ao canteiro de obras, além da racionalização é preciso
cuidar da segurança e saúde dos trabalhadores, bem como se deve pensar na qualificação da
mão-de-obra, por meio de palestras e/ou cursos, a fim de aperfeiçoar a equipe técnica e
incentivar o desenvolvimento local (JOHN; PRADO, 2010; GBCBR, 2013; FCAV, 2013).
Quanto ao uso, uma construção sustentável deve satisfazer as necessidades dos
usuários, além de “oferecer um ambiente interno saudável, materiais e sistemas duráveis e
menos gastos com energia” e água (KEELER; BURKE, 2010, p. 53). Deste modo, tem-se
menos gastos com substituições e um cronograma de manutenção menos frequente, o que
reduz o consumo de materiais e, consequentemente de recursos naturais.
Na fase de demolição, deve-se estudar a possibilidade do retorno de materiais à
cadeia produtiva por meio do reuso e/ou reciclagem dos sistemas ou componentes da obra.
Assim, amenizar o consumo de novos materiais e geração de resíduos de demolição.
Desde que utilizadas as ferramentas adequadas, uma construção que visa a
sustentabilidade não implica em aumento do custo final da obra. Ao avaliar todo o ciclo de
vida desse tipo de edifício, verifica-se um acréscimo de custo inicial e uma redução de custos
nas fases de uso e manutenção, o que o torna menos custoso (SILVA; PARDINI, 2010). Pois
é durante a fase de uso e manutenção que ocorre um maior consumo de energia e gastos com
as edificações (MOTTA; ANDERY; AGUILAR, 2009). Portanto, soluções para menores
custos nessa fase dar-se-iam na fase de concepção do projeto.
Ainda que a preocupação com desempenho ambiental no setor da construção
seja uma tendência mundial, a prática dos conceitos tidos como corretos depende de fatores
como formação e capacitação dos projetistas, gestores e da mão-de-obra – e adequação da
legislação, normas e cadeia de fornecedores (PICCOLI et al: 2010). No entanto, Medrano
(2012) afirma que, mesmo em países em que há estudos e avanços sobre técnicas construtivas
inovadoras, há uma preferência por procedimentos tradicionais e poucos eficientes em relação
 
  40  

ao meio ambiente nos processos construtivos. Os modelos tradicionais de produção são


priorizados por permitir o aumento da oferta de emprego a trabalhadores pouco qualificados;
e assim obter maiores vantagens econômicas por parte das empreiteiras.
Neste novo paradigma que se instala no setor da construção civil, a produção
de HIS merece destaque, pois tem impacto expressivo devido à escassez de moradias e
incentivos do governo para produção desses espaços. Nos últimos dois anos foram
construídas dois milhões de unidades habitacionais com incentivos do governo federal e, em
dois anos, pretende-se construir 3,4 milhões de novas unidades (BRASIL, 2013a). No entanto,
a maioria dos estudos para edifícios com elevado desempenho ambiental está voltada para
grandes edifícios de alto padrão, pois o pensamento é de que consomem mais energia do que
os de menor padrão.
Deste modo, as certificações surgiram como auxílio no processo de execução
de edificações sustentáveis. Visando auxiliar na obtenção e garantir a sustentabilidade das
edificações, tem-se os selos de sustentabilidade, tais como o LEED, AQUA e Selo Casa Azul.

3.4 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

Cada vez mais se aplica o termo s”ustentáve” para qualificar processos


produtivos e organizacionais a seus produtos, porém qual a credibilidade de quem os confere?
Questões sobre sustentabilidade e relação entre evolução da sociedade e evolução do meio
ambiente são motivos de conferências e fóruns que resultam em protocolos e acordos a fim de
garantir o desenvolvimento sustentado. Desses movimentos surgem empresas e órgãos
especializados em avaliar e garantir processos ecologicamente corretos por meio da emissão
de rótulos ambientais.
Segundo Voltolini (2010), os primeiros rótulos obrigatórios surgiram na
Europa na década de 1940. Com caráter de advertência, eles tinham a função de destacar a
presença de substâncias químicas potencialmente danosas à saúde do consumidor. No final da
década de 1970, por influência de pressões do emergente movimento ambientalista,
começaram a nascer os primeiros selos ambientais. Em 1977, a Alemanha instituiu o Anjo
Azul (Blue Angel), ainda hoje garantido pelo Ministério do Meio Ambiente alemão. Este selo
certificou cerca de 11.700 produtos em 125 categorias de produtos (BLAUER ENGEL,

 
  41  

2013), segundo critérios como, por exemplo, reciclagem e baixa toxicidade. Em 1988, o
Canadá criou o Eco-logo e, em 1989, o Japão implantou o Ecomark. No ano de 1989, os EUA
tornaram público o Green Seal. Desde 1992, a União Europeia mantém o Ecolabel.
Após a Conferência do Rio, a Eco–92, aumentou a preocupação por
certificações dos produtos, bem como de empresas certificadoras no mundo todo. Nesta
lógica, no início da década de 1990, a Organização Internacional de Normalização (ISO) deu
início ao desenvolvimento da série ISO/TC 207 14000: 1996, que trata de normas voluntárias
para sistemas de gestão ambiental (SGA) (HARRINGTON; KNIGHT, 2001). Em 1993, foi
estabelecido o comitê técnico TC 207, dirigido pelo Conselho de Normas do Canadá (SCC),
que finalizou a primeira série da ISO/ TC 207 14000: 1996, em 1996.
No Brasil, a ABNT NBR ISO 14000: 2004 é caracterizada como “uma
ferramenta abrangente e holística de administrar o meio ambiente que inclui regulamentos,
prevenção de poluição, conservação de recursos e proteção ambiental” (HARRINGTON;
KNIGHT, 2001, p. 21).
A série ABNT NBR ISO14020: 2002 aborda a rotulagem ambiental, dividindo-
a em três tipos: o Tipo I compreende os programas de certificação com base em critérios
múltiplos, como o caso do LEED, AQUA, HQE e BREEAM; o Tipo II engloba as
autodeclarações de atributo ambiental utilizando termos, definições e símbolos comuns; o
Tipo III engloba as certificações por meio de boletins ambientais.
A rotulagem ambiental do Tipo I possui maior credibilidade, visto que o
processo de certificação ocorre por meio de metodologia científica detalhada e “protege os
participantes e os detentores de interesse do uso indevido desse tipo de sistema de rotulagem”
(HARRINGTON; KNIGHT, 2001, p. 55).
A partir das certificações ambientais, o que se espera é criar a consciência para
a importância dos aspectos ambientais de um produto ou serviço e influenciar a escolha do
consumidor por meio de uma mudança de comportamento do fabricante.
Desta forma, as empresas buscaram garantir credibilidade da conformidade
ambiental dos produtos oferecidos através de certificadoras privadas, Tipo I. Cada país
instituiu selos próprios com base em estudos e critérios particulares de avaliação. Neste
âmbito, surgiu em 1990, no Reino Unido, o BREEAM (Building Research Establishment
Environmental Assessment Method) que estabelece padrões para melhores práticas em projeto
sustentável e tornou-se uma ferramenta importante para garantir imóveis com baixo impacto
ambiental. Desde sua criação, o número de certificações desse selo ambiental cresce cada vez

 
  42  

mais. De acordo com o site Ciclovivo (2011), até o ano de 2011, foram registradas 110.000
construções no mundo todo com essa certificação. Já o endereço eletrônico do BREEAM traz,
para o ano de 2012, a quantia de 200.000 edifícios. Nota-se, portanto, uma procura de 90.000
empreendimentos por esta certificação no ano de 2012. Essa certificação ambiental chegou ao
Brasil no ano de 2011, tendo como primeira obra o condomínio Movimento Terras, em
Petrópolis/RJ. A desvantagem desse sistema dá-se pelo fato de ser recém-chegado ao país e
estar baseado em estudos e experiências internacionalizados.
A fim de garantirem os termos firmados na conferência Eco-92, EUA, França,
Canadá, Hong Kong e Japão criaram certificações próprias. Atualmente, cada país europeu –
além de Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Hong-Kong – possui um sistema de
avaliação do desempenho ambiental de edifícios.
Em 1992, a França lançou o sistema Haute Qualité Environnementale (HQE)
como forma de padronizar modelos de edifícios verdes baseados em sistemas de alta
qualidade ambiental por meio de metodologias sustentáveis. Posteriormente, este sistema
serviu de base para a implantação do sistema Alta Qualidade Ambiental (AQUA) no Brasil,
desenvolvido em parceria entre a Fundação Vanzolini e a Escola Politécnica de São Paulo, em
2008.
No ano de 1994 os Estados Unidos implantam o sistema Leadership in Energy
and Environmental Design (LEED), o qual conseguiu grande destaque no cenário mundial
chegando ao Brasil em 2007 com a implantação do Green Building Council Brasil (GBCBR).
O primeiro edifício a obter esse selo foi o Rochaverá Tower, em São Paulo/SP.
De acordo com Carlo e Lamberts (2010), a certificação do desempenho
ambiental de edifícios está sendo realizada mundialmente por meio de códigos e normas
desenvolvidos por diversos países. Assim, percebe-se que o Brasil também está em busca de
um selo nacional, por meio de incentivos de instituições públicas, como foi o caso do selo
Procel Edifica (2003), organizado pela Eletrobrás em parceria com a Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) e do Selo Casa Azul (2008) implantado pela Caixa Econômica
Federal.
No Brasil, certificações ambientais com base em padrões internacionais - como
AQUA e LEED - são empregadas em grandes empreendimentos imobiliários tendo
investidores de sedes de grandes corporações multinacionais, como é o caso do edifício
Rochaverá Tower, em São Paulo. Já os selos nacionais como o Procel Edifica e Selo Casa
Azul vêm como alternativa para atribuir valores ambientais ecologicamente corretos às

 
  43  

edificações habitacionais populares, como exemplo do edifício Residencial Bonelli, em


Joinville, se o qual se destina à habitação popular.

Silva e Ghisi (2014) alertam para a necessidade de tornar as edificações mais


eficientes por meio de regulamentação e normas. No entanto, para Ikert (2010), há falta de
fiscalização governamental durante o processo de certificação e regulamentação dos selos
verdes para os produtos gerados pelas empresas, o que confere incredibilidade ao processo.
Diante desta situação, os órgãos certificadores privados assumem importante papel, pois
garantem credibilidade ao empreendimento. As leis seriam a melhor forma de fiscalizar e
garantir os direitos do consumidor ao adquirir um produto (VOLTOLINI, 2010). No entanto,
para Bouabci (2010), a lógica que vigora é a do liberalismo e, até que autoridades
governamentais sintam-se de fato provocadas a criar normas que, no mínimo, orientem os
padrões de certificação, permanece a tendência de autorregulação e, com isso, a confusão de
empresas e consumidores no processo de escolha de certificações e produtos que atendam aos
seus valores. Porém, para Ikert (2010) a criação das Leis n° 14.0181 e Lei n° 14.4592 pelo
Município de São Paulo é uma forma de reação do Poder Público para garantir a
sustentabilidade do meio urbano.
Da mesma forma, a regulamentação da norma ABNT NBR 15575: 2013,
denominada como “Edificações Habitacionais – Desempenho”, traz à luz a reação
governamental para garantir, às novas edificações habitacionais, o melhor desempenho
perante o ponto de vista dos usuários. Porém, o foco da norma está no uso e não em como o
edifício foi implantado.
Para Bouabci (2010) e Voltolini (2010), o que se vê em caráter mundial é o uso
das certificações como forma de estratégia de marketing para garantir vantagens na venda de
produtos e dar legalidade à intitulação de “produto verde’’ por parte das empresas.
Atualmente, as empresas certificadoras são responsáveis pela legalidade do
título de construção “verde”, garantido por meio dos selos. Em alguns casos, como o das
certificações LEED e AQUA, é preciso pagar para obter a certificação ambiental, o que
tornaria inviável financeiramente para construções de baixo padrão. A Caixa Econômica

                                                                                                                       
1 Lei nº 14.018, de 28 de junho de 2005: lei do Município de São Paulo que cria o Programa Municipal de
Conservação e Uso Racional da Água e Reuso em Edificações.

2 Lei nº 14.459, de 03 de julho de 2007: lei do Município de São Paulo que torna obrigatória a instalação de
aquecimento de água por meio de uso de energia solar.

 
  44  

Federal oferece assessoria para certificação gratuita, quando se trata do Selo Casa Azul. Este
selo é específico para edificações habitacionais, no entanto, não é específico para habitação de
interesse social.
Entender os processos de certificação existentes no Brasil é de extrema
importância para identificar os critérios que são válidos e quais são as falhas. O comparativo
entre os pontos positivos e negativos de aplicabilidade dos principais sistemas de certificação
existentes é fundamental ao desenvolver diretrizes para criação de uma certificação de
desempenho ambiental de edifícios voltada ao contexto nacional, afirmam Bueno e
Rossignolo (2010, p.50).
Na busca pela melhoria dos processos de produção, deve haver participação de
todos os agentes: Poder Público, agentes privados e consumidores. O Poder Público tem o
papel importante na elaboração de leis para promover a conscientização ambiental e
incentivar a melhoria tecnológica, voltada para a prevenção da poluição (MOREIRA, 2001).
Portanto, o Poder Público pode estimular as empresas a adotarem certos critérios de
certificação (CONCEIÇÃO; BARROS, 2005), que favorecerão as condições de
competitividade entre as empresas e promoverão o avanço tecnológico. Por parte das
empresas, é necessário um esforço para adoção de um sistema de gestão ambiental e de
qualidade do produto, fundamentado em políticas, metas progressivas e formação de recursos
humanos, garantindo uma evolução contínua dos processos (AGOPYAN; JOHN, 2011). As
empresas devem adotar um sistema de certificação voluntariamente, para atender aos critérios
econômicos, ambientais e sociais. Assim, elevar seus controles a fim de fornecer melhor
qualidade de produtos e serviços aos seus clientes/consumidores. Quanto aos consumidores,
cabe dar preferência por produtos certificados ambientalmente, de forma a estimular a
redução do mercado de produtos que não estejam em conformidade com as normas de
qualidade ambiental.
No Brasil, os processos de certificação, tais como LEED, AQUA e Selo Casa
Azul, juntamente com o processo de Etiquetagem Procel Edifica, configuram ferramentas de
auxílio às empresas na obtenção de produtos com melhor desempenho ambiental. Ademais,
dão credibilidade à certificação dos empreendimentos do setor da construção civil.

 
  45  

3.4.1 Procel Edifica

No Brasil, de acordo com estudos da Eletrobrás (2013), o consumo de energia


destina-se a 24% ao uso residencial, 16% ao uso comercial e 3% às edificações públicas, o
que juntos somam 43% do total da energia consumida no País. Visando a redução dos valores
apontados nestes estudos, o governo federal (parceria entre Eletrobrás e Ministério de Minas e
Energia) desenvolveu o programa de Eficiência Energética em Edificações denominado
Procel Edifica. Os estudos tiveram início em 2003, sendo levantados como barreiras da
eficiência energética em edificações:
• Deficiência nos códigos de obras;
• Inadequações de projeto como, por exemplo: orientação inadequada da edificação em
relação à trajetória solar; aberturas mal dimensionadas; especificação inadequada de
material para cobertura e vedações de fachadas, inclusive das aberturas;
desconsideração de ventos dominantes e ausência de ventilação cruzada;
• Ausência ou insuficiência de especificação de materiais construtivos na fase de
projeto;
• Ausência de simulação energética na fase de projeto;
• Pouco aproveitamento de energia renovável;
• Mal emprego de materiais construtivos na fase de execução;
• Utilização de equipamentos não-eficientes;
• Falta de integração entre os profissionais envolvidos;
• Pouca especialização da mão de obra utilizada na construção civil; e
• Dificuldades de financiamento.

Esses resultados serviram de base para a criação de cartilhas, com


recomendações de soluções arquitetônicas de projeto para se obter um edifício com alto
desempenho energético. Dias (2011) afirma que um imóvel novo com base nas
recomendações do selo Procel Edifica pode obter até 50% de economia em relação a um
projeto de mesmo padrão que não considera tais recomendações. Já no caso de reforma, a
economia pode ser de até 30%.
Conforme afirmação do Procel (2013), objetiva-se criar uma base de dados
contendo informações sobre tipologia arquitetônica; propriedades óticas e térmicas de
 
  46  

materiais e componentes construtivos; tipos de sistemas de condicionamento de ar e de


iluminação; e consumo mensal de energia em edificações residenciais, comerciais e públicas,
de acordo com cada região bioclimática. Também se pretende obter indicadores referenciais
mínimos de eficiência energética em edificações e, por conseguinte, resultar em texto no
formato de lei para que todas as edificações no país obtenham o mínimo de eficiência
energética (DIAS, 2011).

Tal projeto está fundamentado pelo Artigo 4 da Lei 10.295, de 17 de outubro


de 2001, na qual está disposto que o Poder Executivo desenvolverá mecanismos que
promovam a eficiência energética nas edificações construídas no País (BRASIL, 2001b), e no
Decreto 4.059 de 19 de dezembro de 2001, o qual determina que as edificações atendam aos
níveis máximos de consumo ou mínimo de eficiência energética, estabelecidos com base em
indicadores técnicos e regulamentações específicas. Além disso, institui e define
competências do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética - CGIEE;
determina a constituição do Grupo Técnico para Eficientização de Energia nas Edificações –
GT MME (BRASIL, 2001c).
A metodologia do Procel Edifica foi desenvolvida inicialmente voltada para as
edificações comerciais, de serviços e públicas com área total útil mínima de 500 m² ou com
tensão de abastecimento superior ou igual a 2,3 kV - para edifícios condicionados, edifícios
parcialmente condicionados e edifícios naturalmente ventilados. O primeiro trata-se dos
edifícios que necessitem de condicionamento do ar por meio de sistemas forçados. O
segundo, dos edifícios que possuam ambientes com necessidade de sistemas de
condicionamento não passivos. Enquanto o terceiro trata-se das edificações providas de
sistemas passivos de ventilação (INMETRO, 2013).
Em 2013, entrou em vigor o manual para edifícios residenciais: o Regulamento
Técnico da Qualidade – Residencial (RTQ-R) para o nível de eficiência energética de
edificações residenciais. O processo ocorre por meio de etiquetagem em duas etapas: uma na
fase de projeto e outra na fase de ocupação. A primeira trata-se da etapa Projeto e
Documentação, na qual é emitido um certificado com etiqueta, atestando o nível de eficiência
enquanto projeto. A segunda corresponde à etapa de Auditoria, quando são realizadas
vistorias no edifício em uso, pós “habite-se” e com sistemas instalados, pelo auditor
credenciado. Após emissão do relatório, é fornecida uma placa contendo a classificação real
da edificação, que poderá ser exposta no edifício (INMETRO, 2013).

 
  47  

De acordo com o INMETRO (2013), os prédios são classificados de A (o


maior nível de eficiência energética) a E (menor nível de eficiência), e tal diferença de
consumo entre as classificações pode representar economia de até 40%. O objetivo é
aproveitar de maneira mais eficiente as tecnologias passivas, tais como a iluminação e a
ventilação naturais, além de incentivar o uso racional de água e de energia solar.

Inicialmente implantada de forma gradual e voluntária, a etiquetagem tende a


ser obrigatória no futuro. A validade da etiqueta é de cinco anos, prazo em que os edifícios
certificados deverão passar por novas avaliações do INMETRO que é o órgão responsável
pela fiscalização das etiquetas (MEDEIROS, 2009).
O processo da etiquetagem dá-se através de dois procedimentos: método
prescritivo ou por simulação. Primeiro estabelecem-se parâmetros para classificação geral,
sendo levados em consideração: a envoltória e o sistema de aquecimento de água. Cada uma
dessas categorias assume um porcentual de importância que garantirá um valor final
almejado. Utiliza-se este modelo em comparação aos reais ganhos energéticos do
empreendimento e obtém-se a classificação entre A e E. Deste modo, consegue-se saber antes
da finalização da obra qual o nível que a edificação conseguirá atingir (MEDEIROS, 2009).
Após conclusão da obra, com todos os equipamentos instalados, é feita uma medição para
garantir que foram seguidas as premissas de projeto e, por fim, é emitida a etiqueta com
classificação final.

3.4.1.1 O que avalia cada critério

As Unidades Habitacionais (UHs) e edificações unifamiliares são avaliadas de


acordo com dois sistemas individuais que compõem o nível de eficiência energética: a
envoltória e o sistema de aquecimento de água, de acordo com a Zona Bioclimática e região
geográfica em que a edificação se localiza (INMETRO, 2013).
A envoltória deve ser avaliada nas condições de inverno e verão, sendo o
Indicador Graus-hora Aquecimento para inverno e Indicador Graus-hora Resfriamento para o
verão. A soma destes fatores representam o Indicador de Consumo da unidade habitacional. O

 
  48  

Indicador de Consumo referente à envoltória do edifício proposto deve ser calculado com
uma equação que considera:
• Área de janelas;
• Existência e dimensões de proteções solares;
• Tipo de vidro;
• Dimensões da edificação; e
• Zoneamento bioclimático.
Para que uma unidade habitacional autônoma (unifamiliar) atinja o nível A, é
necessário atender aos seguintes pré-requisitos:
• Atender aos requisitos das normas ABNT NBR 15220:2005 e ABNT NBR
15575:2013;
• Permitir resfriamento natural da envoltória para as condições de verão;
• Permitir aquecimento natural da envoltória para as condições de inverno;
• Os ambientes de permanência prolongada devem ser iluminados naturalmente;
• Possuir sistema de medição individualizada de água;
• Possuir sistema de medição individualizada de energia; e
• Possuir sistema alternativo de aquecimento de água.

Há possibilidade de bonificações para as edificações residenciais, que poderão


receber até um ponto, a critério do Comitê Técnico de Edificações do INMETRO:
• Ambientes naturalmente ventilados;
• Ambientes naturalmente iluminados;
• Uso racional da água, por meio de dispositivos economizadores de água;
• Aparelhos para condicionamento artificial de ar com selo Procel A;
• Ambientes de permanência prolongada equipados com lâmpadas eficientes, atestadas
pelo selo Procel nível A;
• Ventiladores de teto com selo Procel nível A, para auxílio da ventilação no verão;
• Aparelhos refrigeradores com selo Procel nível A; e
• Medição individualizada de aquecimento de água.

De acordo com Dias (2011), no período de 2010 a 2012, ao todo 54


construções residenciais e 26 comerciais obtiveram o selo Procel Edifica. Essas edificações
foram avaliadas pelos mesmos critérios – Manual para edificações comerciais. Porém, a partir
 
  49  

de 2013, as novas edificações residenciais passaram a seguir um manual específico para


residências, cujo modelo de etiqueta está ilustrado na Figura 3.2.

Figura 3.2 – Modelo de Etiqueta Procel


Edifica: Residência Autônoma

Fonte: INMETRO (2013)

3.4.2 Selo Casa Azul

Criado em 2008, o Selo Casa Azul é um instrumento de classificação


socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais, que busca reconhecer aqueles
que adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à
manutenção das edificações, objetivando incentivar o uso racional de recursos naturais e a
melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno (JOHN; PRADO, 2010). Tem por
finalidade reconhecer e divulgar ao público os projetos de empreendimentos habitacionais
mais sustentáveis. A certificação é gratuita e agregará valor comercial ao edifício. Pode ser
requisitado por qualquer entidade construtora, seja pública ou privada. O proponente deve

 
  50  

demonstrar interesse perante o banco que concederá o Guia do Proponente com as diretrizes
do projeto a ser elaborado e encaminhado para análise (JOHN; PRADO, 2010). A graduação
da classificação é dividida em três categorias: Bronze, prata e ouro. Durante o processo de
avaliação são considerados 53 critérios divididos em seis categorias, conforme Quadro 3.1.

Quadro 3.1 – Critérios do Selo Casa Azul por categorias


CATEGORIAS CRITÉRIOS OBRIGATÓRIOS
Qualidade Urbana 5 2
Projeto e Conforto 11 5
Eficiência Energética 8 3
Gestão da Água 8 3
Conservação de Recursos Materiais
10 3
Práticas Sociais 11 3
TOTAL 53 19
Fonte: John e Prado (2010), dados organizados pelo autor

Dentre os 53 itens, 19 são obrigatórios: qualidade do entorno – infraestrutura;


qualidade do entorno – impactos; paisagismo; local para coleta seletiva; equipamentos de
lazer, sociais e esportivos; desempenho térmico – vedações; desempenho térmico – orientação
ao sol e ventos; lâmpadas de baixo consumo – áreas privativas; dispositivos economizadores
de energia para áreas comuns; medição individualizada de gás; qualidade de materiais e
componentes; fôrmas e escoras reutilizáveis; gestão de resíduos de construção civil; medição
individualizada de água; dispositivos economizadores para descargas sanitárias; áreas
permeáveis; educação para gestão de resíduos de construção e demolição; educação ambiental
dos empregados; orientação aos moradores. Além de ter que atender à ABNT NBR 9050:
2004 - acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
Conforme a pontuação atingida consegue-se a classificação: de 19 a 24
critérios, selo bronze; 25 a 30, selo prata e de 31 a 53 selo ouro. Os selos estão ilustrados na
Figura 3.3.

 
  51  

Figura 3.3 – Modelos dos selos de acordo com a classificação do Selo Casa Azul

Fonte: John e Prado (2010)

A fiscalização do processo ocorre por acompanhamento da execução da obra


por agentes do banco mensalmente, as quais geram relatórios que avaliam a conformidade da
obra de acordo com o disposto em projeto. Caso haja alguma não-conformidade, a obra
precisa ser ajustada ou a alteração ser justificada. Ao término da obra é feita a vistoria final e
após, emitido o selo (CBCS, 2010b).
Para CBCS (2010b), as vantagens em se optar por este selo em habitações de
interesse social são:  
Incentivar o uso racional dos recursos naturais na construção de unidades
habitacionais; incentivar a inclusão de itens de sustentabilidade em projetos;
reconhecer publicamente os projetos mais sustentáveis; reduzir o custo de
manutenção de edifícios e os gastos mensais dos usuários; e sensibilizar
construtores e usuários sobre as vantagens da construção sustentável (CBCS
2010b, p. 34).

 
  52  

Capítulo 4

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo caracterizou-se por uma pesquisa aplicada que objetivou gerar


conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos.
Envolveu verdades e interesses locais (SILVA; MENEZES, 2005). Produziu-se conhecimento
para aplicação de seus resultados com o objetivo de contribuir para fins práticos, visando à
solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade (BARROS;
LEHFELD, 2000).
A pesquisa iniciou-se por meio da revisão bibliográfica de artigos, teses,
dissertações e livros. Na sequência, fez-se a coleta dos dados de diversas formas: pesquisas de
campo, entrevistas semiestruturadas, análise de documentos (oficiais – cópias dos projetos
arquitetônicos, projeto social - relatórios e fotos). A coleta de campo se baseou na pesquisa
ex-post-facto, que tem por objetivo avaliar possíveis relações de causa e efeito, com dados
coletados após a ocorrência dos eventos, devido à impossibilidade de aplicação da pesquisa
experimental, pelo fato de não ser possível manipular as variáveis necessárias para o estudo
da causa e do efeito (FONSECA, 2002). Por fim, os grupos selecionados, de acordo com
características coincidentes, foram experimentados conforme as metodologias discorridas. A
Figura 4.1 traz a estruturação da pesquisa com procedimentos de cada etapa.

 
  53  

Figura 4.1 - Fluxograma da estrutura da


pesquisa

Fonte: O autor (2014)

4.1 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A pesquisa iniciou-se com a coleta de dados nas prefeituras dos três municípios
que constituem o estudo (Maringá/PR, Sarandi/PR e Paiçandu/PR. Foram coletados dados a

 
  54  

respeito dos projetos implantados no período de 2002 a 2012 a partir de documentos


disponibilizados pelos Gestores Públicos das três prefeituras e construtoras responsáveis pelas
execuções das obras. Teve-se acesso as cópias dos projetos: arquitetônico e social dos
programas habitacionais e aos PLHIS. Os PLHIS dos três municípios serviram de fonte para
identificar os modelos habitacionais adotados nos últimos anos. Dados também foram obtidos
a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com os representantes do setor de habitação
das cidades em estudo. Tais entrevistas tiveram a finalidade de se obter os detalhes do
processo de implantação de cada projeto.
No Município de Maringá foram entrevistadas a gerente da paisagem
(responsável pela coordenação do projeto social e responsável técnica pelas obras de apoio às
unidades implantadas – revitalização da Praça Zumbi dos Palmares, Cooperativa de
Reciclagem e Cooperativa de Geração de Emprego e Renda) e a secretária extraordinária de
habitação (responsável pela implantação das obras e acompanhamento pós-ocupação).
No Município de Sarandi foram entrevistados a subsecretária de habitação
(responsável por coordenar o projeto social do programa habitacional) e o engenheiro
responsável pela elaboração do projeto arquitetônico e execução da obra.
No Município de Paiçandu foi entrevistada a subsecretária de obras públicas, a
qual foi responsável pela coordenação da escolha e implantação das unidades habitacionais.
Com base nos dados obtidos, procedeu-se a classificação das edificações por
tipologias quanto à implantação, quantidade de dormitórios e área construída. Na seleção da
amostra, considerou-se a quantidade de repetições de uma mesma tipologia e incremento de
inovações tecnológicas.
Após a fase de seleção dos projetos que compuseram a amostra, os projetos
selecionados foram estudados para as possíveis orientações norte, sul, leste e oeste. Deste
modo, objetivou-se uma avaliação ampla do real desempenho dos projetos habitacionais por
meio da consideração das possíveis implantações no lote.

 
  55  

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO: AGLOMERADO SARANDI – MARINGÁ -


PAIÇANDU/PR

Para identificar a zona bioclimática a qual pertencem as cidades de Sarandi/PR,


Maringá/PR e Paiçandu/PR, foi utilizada a parte 3 da ABNT NBR 15220: 2005.
Posteriormente, com a zona bioclimática identificada, selecionaram-se as estratégias de
projeto que devem ser utilizadas para obter melhor desempenho térmico das edificações. Na
sequência, confrontaram-se os dados obtidos referentes às características construtivas
(espessura de parede, orientação solar - implantação - e sistema de cobertura) com as
recomendações dispostas nas partes 1, 4 e 5 da ABNT NBR 15575: 2013, com a finalidade de
elencar as estratégias de projeto mais abrangentes entre as normas ABNT NBR 15220: 2005 e
ABNT NBR 15575: 2013.

4.3 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO

Os edifícios foram avaliados quanto ao desempenho ambiental de acordo com


o método do Procel Edifica (RTQ-R) para classificar a eficiência da envoltória das
edificações; e o método do Selo Casa Azul para avaliar o processo de implantação e
gerenciamento dos empreendimentos.

4.3.1 O empreendimento: Qualidade Ambiental

Primeiramente, os projetos arquitetônicos selecionados foram avaliados quanto


ao desempenho ambiental de acordo com a parte 3 da ABNT NBR 15220: 2005 e as partes 1,
4 e 5 da ABNT NBR 15575: 2013. Foram avaliados sistemas de vedações verticais externas e
internas, sistema de cobertura e implantação da construção no terreno.
Em seguida, a qualidade da envoltória foi avaliada de acordo com o método
prescritivo disposto pelo RTQ-R (Regulamento Técnico da Qualidade – Residencial) para

 
  56  

classificação da etiqueta Procel Edifica. O manual está disponível para baixar pelo endereço
eletrônico
<http://www.pbeedifica.com.br/sites/default/files/projetos/etiquetagem/residencial/downloads
/Manual_de_aplicacao_do_%20RTQ-R-v02-2013.pdf.>
Conforme recomendação do manual RTQ-R, para auxiliar na quantificação do
desempenho da envoltória dos ambientes do projeto, foi utilizada a planilha de cálculo
formatada no software Excel e disponível para baixar no endereço eletrônico
http://www.pbeedifica.com.br/etiquetagem/residencial/planilhas-catalogos. A planilha
permite quantificar os valores para o equivalente numérico da envoltória para resfriamento
(EqNumEnvResf) e o equivalente numérico da envoltória para aquecimento (EqNumEnvA).
Com estes dois valores conhecidos, foi possível calcular o equivalente numérico do
desempenho térmico da envoltória dos projetos, de acordo com a Equação 1.

EqNumEnv= 0,64 x EqNumEnvResf + 0,36 x EqNumEnvA (1)

Em que:

EqNumEnv= Equivalente numérico do desempenho térmico da envoltória,


quando ventilada naturalmente.

EqNumEnvResf= Equivalente numérico da envoltória para resfriamento.

EqNumEnvA= Equivalente numérico da envoltória para aquecimento.

O equivalente numérico do desempenho térmico da envoltória foi classificado


em uma escala de valores de 1 a 5, conforme orientações do manual RTQ-R (2013). Adotou-
se o valor de 5 para nível de eficiência A e o valor 1 para o nível de eficiência E (o menor
desempenho de acordo com a classificação proposta pelo método do RTQ-R).
Por fim, atestou-se o desempenho ambiental referente ao Selo Casa Azul. Para
tanto, foi utilizado o guia de Boas Práticas para Habitação mais Sustentável, disponível no
endereço eletrônico da Caixa Econômica Federal. Para a aplicação desta ferramenta, fez-se
entrevistas estruturadas junto aos gestores públicos. As perguntas foram guiadas a fim de
identificar a presença de práticas recomendadas pelo guia de Boas Práticas. Com o objetivo
de obter dados reais sobre o processo de implantação das HIS, não foi relatado o real objetivo
das perguntas aos entrevistados, a fim de se evitar indução nas respostas. Isto é, em nenhum
momento, revelou-se o intuito em identificar a aplicação ou não das práticas recomendadas
 
  57  

pelo Selo Casa Azul. Entrevistaram-se funcionários públicos e privados que participaram do
processo de implantação dos projetos.
Optou-se pelo Selo Casa Azul devido ao fato de ser gratuito e fornecido pela
Instituição financiadora de programas habitacionais no País.

4.3.2 Guia de Recomendações e Orientações

Após avaliação individual dos projetos para cada Município, organizaram-se os


resultados gerais em um quadro resumo. A partir desta tabela e das avaliações individuais,
elaborou-se um quadro com recomendações e orientações que podem ser observadas pelos
órgãos responsáveis pela elaboração de programas habitacionais, nos três municípios de
estudo.

 
  58  

Capítulo 5

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo é descrita a caracterização da região, à qual se inserem os três


municípios em estudo. Na sequência, os projetos identificados para os três municípios são
analisados separadamente quanto aos requisitos das normas ABNT NBR 15220: 2005 (Parte
3) e ABNT NBR 15575: 2013 (Partes 1, 4 e 5). A seguir, discute-se os resultados referentes
ao desempenho energético dos projetos identificados nos três municípios em análise, de
acordo com os requisitos exigidos pelo método prescritivo do Procel Edifica (Manual de
Etiquetagem RTQ-R); após avalia-se o desempenho ambiental frente aos requisitos do Selo
Casa Azul. Em consequência, apresenta-se uma análise comparativa entre os resultados
obtidos para os projetos identificados para os três municípios para, finalmente, traçar medidas
a serem seguidas para elaboração de projetos habitacionais na região de estudo.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO: SELEÇÃO DA AMOSTRA

A análise dos documentos e entrevistas dos responsáveis técnicos pelo setor de


habitação dos três Municípios (Sarandi/PR, Maringá/PR e Paiçandu/PR) permitiu identificar
um projeto de HIS para cada municipalidade que foram utilizados no período de 2008 a 2010.
Os três projetos possuem áreas construídas próximas de 40,00 m2, constituídos por dois
dormitórios, um banheiro e uma sala conjugada com a cozinha.
O projeto de Maringá/PR foi utilizado no Programa Habitacional Zona
Especial de Interesse Social (ZEIS) Santa Felicidade. O Programa foi realizado com verbas do
governo federal (Programa de Aceleração do Crescimento – PAC), do governo estadual e
verba municipal. O Programa consistiu em uma requalificação urbana do bairro Santa
Felicidade. O empreendimento envolveu, além de moradores deste bairro, moradores de
outros bairros da cidade. As unidades habitacionais foram implantadas em terrenos públicos
vazios dispersos ao longo de toda a malha urbana. Além da utilização de terrenos vazios
inseridos em bairros existentes, também foram projetados bairros como no caso do Conjunto

 
  59  

Odwaldo Bueno Neto e Conjunto Pioneiro Honorato Vecchi. Devida à complexidade e


quantidade de habitações (943 unidades ao todo), as obras que tiveram início em 2008 foram
finalizadas em 2014 com a implantação das últimas unidades no Conjunto Pioneiro Honorato
Vecchi.
A Figura 5.1 permite a visualização da planta baixa do projeto padrão utilizado
neste empreendimento e o Quadro 5.1 contém os dados do projeto. O projeto de Maringá/PR
foi fornecido pela Companhia de Habitação do Paraná (COHAPAR). A escolha do projeto, de
acordo com entrevista aos gestores, foi por ser o modelo que atendia às necessidades previstas
no programa ZEIS Santa Felicidade, pois a área do projeto enquadrava-se no orçamento e era
adequado ao programa de necessidades do público-alvo.

Figura 5.1 – Planta baixa do projeto de Maringá/PR – ZEIS Santa Felicidade

Fonte: Prefeitura do Município de Maringá (2013), adaptado pelo autor


 
  60  

Quadro 5.1 – Ficha técnica do projeto de Maringá/PR


COMPONENTE DESCRIÇÃO IMAGEM

Área Total 40,08 m2 __

Pé-direito 2,60 m __

Cor da Parede
Variável em tom claro __
Externa
Sistema de Cobertura

Telha de cerâmica tom


laranja com forro de
PVC e câmara de ar
maior que 5,0 cm

Parede em alvenaria
Sistema de Vedações

convencional composta
Verticais

de argamassa interna,
bloco cerâmico de seis
furos, argamassa externa
(espessura de 14 cm)

Porta de abrir em ferro


Porta da cozinha

com visor em vidro


incolor translúcido na
Aberturas Externas

parte superior (0,80 x


2,10 m)
Janela Cozinha

Janela basculante com


vidro incolor translúcido
(0,80 x 1,20 m)

Continua...

 
  61  

Quadro 5.1 – Ficha técnica do projeto de Maringá/PR (Continuação)


COMPONENTE DESCRIÇÃO IMAGEM

Janela deslizante com


Pinázio, 4 folhas (2 fixas
Janela Sala

e 2 móveis) em ferro
com vidro translúcido
(1,20 x 0,90 m)

Janela deslizante com


Janela Dorm. 1

Pinázio, 4 folhas (2 fixas


e 2 móveis) em ferro
com vidro translúcido
(1,20 x 0,90 m)

Janela deslizante com


Janela Dorm. 2

Pinázio, 4 folhas (2 fixas


e 2 móveis) em ferro
com vidro translúcido
(1,20 x 0,90 m)

Janela basculante em
Janela BWC

ferro com vidro


translúcido
(0,60 x 0,60 m)
Fonte: Prefeitura do Município de Maringá (2013), organizado pelo autor

O projeto de Sarandi/PR, ilustrado pela Figura 5.2, foi implantando no


Conjunto Mauá com uma repetição de 343 unidades habitacionais. O bairro está localizado
além do perímetro urbano e houve a necessidade de prever toda a infraestrutura para o local
(rede de esgoto, abastecimento de energia elétrica, abastecimento de água potável,
comunicação etc). No projeto do bairro, foram previsto uma área para equipamento
comunitário e uma área para uma praça. No entanto, ainda não foram executadas. De acordo

 
  62  

com a assessora do Secretário de Habitação de Sarandi, serão realizados pela Prefeitura uma
creche e uma unidade básica de saúde (UBS) na área destinada a equipamentos comunitários,
além da praça. O Centro de Educação Infantil Beatriz Pacheco foi inaugurado no início de
2014 com recursos do governo federal, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE).

Figura 5.2 – Planta baixa do projeto de Sarandi/PR – Conjunto Mauá

Fonte: Prefeitura do Município de Sarandi (2013), adaptado pelo autor

Diferente do que ocorre em Maringá/PR, o projeto de Sarandi/PR (Conjunto


Mauá) não foi desenvolvido dentro da Prefeitura; e sim em parceria com uma empresa
 
  63  

privada. A empresa que executou o empreendimento possuía o terreno onde foi implantado o
Conjunto Mauá. Também coube mesma empresa o parcelamento do solo e o projeto
arquitetônico das habitações. A Prefeitura ficou responsável apenas pela confecção do projeto
social. Nem a Prefeitura nem os moradores participaram do processo de elaboração do projeto
arquitetônico. A Figura 5.2 permite a visualização da planta baixa do projeto padrão utilizado
neste empreendimento e o Quadro 5.2 contém os dados do projeto.

Quadro 5.2 – Ficha técnica do projeto de Sarandi/PR – Conjunto Mauá


COMPONENTE DESCRIÇÃO IMAGEM

Área Total 45,51 m2 __

Pé-direito 2,40 m __

Cor da Parede
Variável em tom claro __
Externa
Sistema de Cobertura

Telha de cerâmica tom


laranja com forro de PVC e
câmara de ar maior que
5,0 cm

Parede em alvenaria
Sistema de Vedações

convencional composta de
Verticais

argamassa interna, bloco


cerâmico de seis furos,
argamassa externa
(espessura de 14 cm)
Aberturas Externas

Porta de abrir em ferro


Porta da cozinha

com visor em vidro incolor


translúcido na parte
superior (0,80 x 2,10 m)

Continua...

 
  64  

Quadro 5.2 – Ficha técnica do projeto de Sarandi/PR – Conjunto Mauá (Continuação)


Janela Cozinha

Janela basculante com


vidro incolor translúcido
(0,80 x 1,20 m)

Janela deslizante com


Pinázio, 4 folhas (2 fixas e
Janela Sala

2 móveis) em ferro com


vidro translúcido
(1,50 x 1,20 m)

Janela deslizante com


Janela Dorm. 1

Pinázio, 4 folhas (2 fixas e


2 móveis) em ferro com
vidro translúcido
(1,50 x 1,20 m)

Janela deslizante com


Janela Dorm. 2

Pinázio, 4 folhas (2 fixas e


2 móveis) em ferro com
vidro translúcido
(1,50 x 1,20 m)

Janela basculante em ferro


Janela BWC

com vidro translúcido


(0,80 X 0,60 m)

Fonte: Prefeitura do Município de Sarandi (2013), organizado pelo autor

 
  65  

O projeto de Paiçandu/PR foi implantado no Conjunto Canadá com uma


repetição de 34 unidades habitacionais. Foram utilizados terrenos dispostos ao longo do
bairro. O projeto é fornecido pela COHAPAR e a execução foi realizada pelo processo de
mutirão, no qual os moradores construíram as unidades habitacionais sob supervisão de um
técnico da Prefeitura de Paiçandu/PR. A Figura 5.3 permite a visualização da planta baixa do
projeto padrão utilizado neste empreendimento e o Quadro 5.3 contém os dados do projeto.

Figura 5.3 – Planta baixa do projeto de Paiçandu/PR – Conjunto Canadá

Fonte: Prefeitura do Município de Paiçandu (2013), adaptado pelo autor

 
  66  

Quadro 5.3 – Ficha técnica do projeto de Paiçandu/PR – Conjunto Canadá


COMPONENTE DESCRIÇÃO IMAGEM

Área Total 40,80 m2 __


Pé-direito 2,40 m __
Cor da Parede
Variável em tom claro __
Externa
Sistema de Cobertura

Telha de cerâmica tom


laranja com forro de
madeira e câmara de ar
maior que 5,0 cm

Parede em alvenaria
Sistema de Vedações

convencional composta
Verticais

de argamassa interna,
bloco cerâmico de seis
furos, argamassa externa
(espessura de 14 cm)

Porta de abrir em ferro


Porta da cozinha

com visor em vidro


incolor translúcido na
Aberturas Externas

parte superior (0,80 x


2,10 m)
Janela Cozinha

Janela basculante com


vidro incolor translúcido
(0,80 x 1,00 m)

Continua...

 
  67  

Quadro 5.3 – Ficha técnica do projeto de Paiçandu/PR – Conjunto Canadá


(Continuação)
COMPONENTE DESCRIÇÃO IMAGEM

Janela deslizante com


Pinázio, 4 folhas (2 fixas
Janela Sala

e 2 móveis) em ferro
com vidro translúcido
(1,20 x 1,00 m)

Janela deslizante com


Janela Dorm. 1

Pinázio, 4 folhas (2 fixas


e 2 móveis) em ferro
com vidro translúcido
(1,50 x 1,00 m)

Janela deslizante com


Janela Dorm. 2

Pinázio, 4 folhas (2 fixas


e 2 móveis) em ferro
com vidro translúcido
(1,20 x 1,00 m)

Janela basculante em
Janela BWC

ferro com vidro


translúcido
(0,60 X 0,60 m)
Fonte: Prefeitura do Município de Paiçandu (2013), organizado pelo autor

5.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO: DIRETRIZES PARA AGLOMERADO SARANDI


- MARINGÁ - PAIÇANDU/PR

Com a compilação dos dados constantes na ABNT NBR 15220: 2005 e ABNT
NBR 15575: 2013, foi possível caracterizar estratégias bioclimáticas para a cidade de
Maringá e regiões próximas. A região onde se insere a cidade de Maringá, segundo ABNT

 
  68  

NBR 15220: 2005, está caracterizada por zona bioclimática 1, porém, em nota técnica emitida
pelo Laboratório de Eficiência Energética de Edificações (Labeee) da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), a zona bioclimática para a cidade de Maringá/PR deverá ser
considerada como zona bioclimática 3 (a mesma que contempla a cidade de Londrina/PR).
Trata-se de uma zona de conforto em dias de umidade baixa. Essas normas trazem
recomendações e estratégias para este bioclima com premissas de projeto que auxiliam na
redução do consumo de energia durante a fase de uso e manutenção dos edifícios, ao evitar
aquecimento e resfriamento por equipamentos elétricos.
O Quadro 5.4 expõe o detalhamento das estratégias de condicionamento
térmico da zona bioclimática 3, na qual se insere a região da cidade de Maringá/PR.

Quadro 5.4 - Detalhamento das estratégias de condicionamento térmico para a zona


bioclimática 3
Estratégia Detalhamento

B A forma, a orientação e a implantação da edificação, além da correta orientação


das superfícies envidraçadas, podem contribuir para otimizar o seu aquecimento
no período frio através da incidência de radiação solar, A cor externa dos
componentes desempenha papel importante no aquecimento dos ambientes por
meio do aproveitamento da radiação solar.

C Adoção de paredes internas pesadas pode contribuir para manter o interior da


edificação aquecido.

F As sensações térmicas são melhoradas através da desumidificação dos


ambientes. Esta estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno
por ar externo através da ventilação dos ambientes.

IeJ A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da


edificação. Isto significa que se o ambiente tem janelas em apenas uma fachada,
a porta deveria ser mantida aberta para permitir a ventilação cruzada. Também
se deve atentar para os ventos dominantes predominantes da região e para o
entorno, pois o entorno pode alterar significativamente a direção dos ventos.

Fonte: ABNT NBR 15220: 2005, dados organizados pelo autor

No Quadro 5.5 são expostos os requisitos da ABNT NBR 15575-4: 2013 e


ABNT NBR 15220-3: 2005 para que a envoltória de edificações obtenha o melhor

 
  69  

desempenho nos períodos de inverno e verão, assim garantirmos o melhor conforto térmico
aos usuários, com o menor consumo de energia pela edificação.

Quadro 5.5 – Requisitos para a envoltória - zona bioclimática 3  


ESTRATÉGIAS ABNT NBR 15220: 2005 e ABNT NBR 15575: 2013

Verão Inverno

a) Aquecimento solar da edificação;


a) Ventilação cruzada
b) Vedações internas pesadas (inércia térmica).

Fonte: ABNT NBR 15575-4: 2013 e ABNT NBR 15220-3: 2005, organizado pelo autor

O Quadro 5.6 explana os requisitos da ABNT NBR 15575-4: 2013 e da ABNT


NBR 15220-3: 2005 quanto ao desempenho ambiental das aberturas das edificações, para que
esses edifícios garantam um maior conforto térmico aos usuários. A ABNT NBR 15575: 2013
traz recomendação de aberturas médias com área acima de 8% em relação à área do piso, no
entanto, segundo ABNT NBR 15220: 2005 esta área deverá ser entre 15% e 25% em relação
à área do piso dos ambientes de permanência prolongada. Portanto, deve-se seguir as
recomendações da ABNT NBR 15220-3: 2005.

Quadro 5.6 – Requisitos das aberturas - zona bioclimática 3  


ABNT NBR 15220-3: 2005 ABNT NBR 15575-4: 2013

Aberturas para Aberturas para


Sombreamento das Sombreamento das
ventilação (em % da ventilação (em %
aberturas aberturas
área de piso) da área de piso)

Médias Aberturas médias Possibilitar o controle


Permitir sol durante
de entrada de luz e
15%< A <25% o inverno A ≥ 8% calor pelas aberturas

Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005; ABNT NBR 15575-4: 2013, dados organizados pelo autor  

 
  70  

Os requisitos para os sistemas de vedações verticais externas e sistemas de


coberturas estão apresentados no Quadro 5.7, tanto para as solicitações da ABNT NBR
15575: 2013, quanto para a ABNT NBR 15220: 2005.
 
Quadro 5.7 – Requisitos dos sistemas de vedações verticais externas e cobertura - zona
bioclimática 3  
PAREDES EXTERNAS COBERTURA

ABNT NBR 15220: ABNT NBR 15575: ABNT NBR 15220: ABNT NBR
2005 2013 2005 15575: 2013

U φ FSo Umin CTmin U φ FSo U α

≤ 3,70 e α ≤ 2,00
≤ 3,60 ≤ ≤
≤4,3 ≤4,0 ≤ 0,60 ≥ 130 (leve ≤ 2,30 ≤ 0,60
(leve) 3,3 6,5
isolada)

Símbolos e unidades: Transmitância térmica – U: W/m2.K / Absortância – α / Capacidade


Térmica – CT: kJ/(m²K) / Atraso térmico – φ: h / Fator solar - FSo  

Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005; ABNT NBR 15575-4: 2013; ABNT NBR 15575-5: 2013, dados organizados
pelo autor

5.3 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO: O EDIFÍCIO – MARINGÁ/PR

Nesta fase, o projeto de Maringá /PR (ZEIS – Santa Felicidade) foi avaliado
quanto aos resultados de desempenho ambiental frente aos requisitos dispostos na norma
ABNT NBR 15220: 2003 e ABNT NBR 15575: 2013 (Partes 1, 4 e 5), para verificar os pré-
requisitos dispostos no RTQ-R e após avaliar o desempenho energético da envoltória -
Etiquetagem Procel Edifica. Por fim, apresenta-se uma análise do desempenho ambiental do
empreendimento frente aos requisitos do Selo Casa Azul.

 
  71  

5.3.1 Desempenho ambiental - Maringá/PR

Para avaliação do desempenho ambiental, o projeto de Maringá/PR passou


pelos critérios da ABNT NBR 15220: 2005 e ABNT NBR 15575: 2013, quanto ao sistema de
vedações verticais, aberturas externas e sistema de cobertura. Os dados foram atestados
quanto ao desempenho da eficiência energética frente ao método do Procel Edifica e o
desempenho ambiental do empreendimento frente aos requisitos do Selo Casa Azul. Assim,
obtiveram-se resultados abrangentes na esfera de gerenciamento, diretrizes e implantação de
projeto.

5.3.1.1 O Edifício: características dos sistemas componentes – Maringá/PR

O projeto de Maringá/PR utiliza-se do sistema de cobertura composto por telha


cerâmica, câmara de ar (> 5,0 cm) e forro de PVC (1,0 cm). Quanto ao sistema de vedações
verticais, caracterizou-se pelo sistema composto por argamassa interna (2,5 cm), bloco
cerâmico (9,0 x 14,0 x 24,0 cm), argamassa externa (2,5 cm) e pintura externa.
O Quadro 5.8 traz as informações referentes às variáveis térmicas desses
sistemas, dispostas na ABNT NBR 15220-3: 2005. O sistema de cobertura possui uma
transmitância térmica (U) de 1,75 W/(m2.K), com um fator solar (FCS) de 4,2 h para uma
absortância de 0,6 (cor laranja). Esses valores enquadram-se dentro das exigências
estabelecidas pela norma ABNT NBR 15220-3: 2005 para a zona bioclimatica 3. O sistema
de vedações verticais externas possui uma transmitância térmica de 2,59 W/(m2.K) e uma
capacitância térmica (CT) de 145 kJ/m2K, esses valores também se enquadram dentro das
exigências estabelecidas pela NBR ABNT 15220-3: 2005.

 
  72  

Quadro 5.8 – Variáveis térmicas dos sistemas de cobertura e vedações verticais do


projeto de Maringá/PR , ZEIS – Santa Felicidade
Composição dos sistemas
Sistema de Cobertura
Sistema de Vedações
Verticais

Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005, organizado pelo autor

5.3.1.2 Desempenho: ABNT NBR 15220: 2003, ABNT NBR 15575: 2013 e RTQ-R (Procel
Edifica) – Maringá/PR

Segundo as orientações do RTQ-R, ao analisar o desempenho energético de


uma edificação, necessita-se avaliar o desempenho do edifício quanto aos requisitos
constantes na norma ABNT NBR 15575: 2013.
Conforme ilustra a Tabela 5.1, para o projeto de Maringá/PR, os resultados
para os pré-requisitos demonstraram eficiência quanto ao modelo de sistema de vedação
vertical externo (paredes de tijolo cerâmico de seis furos com reboco de 2,5 cm interno e
externo e pintura externa na cor clara) e cobertura (sistema de telha de cerâmica cor laranja
com câmara de ar maior que 0,50 m e forro de PVC), desde que o telhado seja mantido limpo,
assim, mantendo o fator solar em 4,2 h. Portanto, parte-se do princípio de que a edificação
pode atingir o nível de eficiência energética A, quanto à envoltória para equivalentes
numéricos de resfriamento, aquecimento e refrigeração da envoltória.

 
  73  

Tabela 5.1 - Pré-requisitos de absortância solar, transmitância térmica e capacidade


térmica para a Zona Bioclimática 3 (Maringá/PR)
Transmitância Capacidade
Absortância
Modelo Componente Térmica térmica Atende
solar
[W/(m²K)] [kJ/(m²K)]
α ≤ 0,6 U ≤ 3,70 CT ≥ 130
Parede
α > 0,6 U ≤ 2,50 CT ≥ 130
RTQ-R
α ≤ 0,6 U ≤ 2,30 Sem exigência
Cobertura
α > 0,6 U ≤ 1,50 Sem exigência
Projeto Parede α = 0,4 U= 2,59 CT= 145 Sim
Maringá/PR Cobertura α = 0,6 U= 1,75 CT= 21,4 Sim
Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005; ABNT NBR 15575-4: 2013; ABNT NBR 15575-5: 2013, dados organizados
pelo autor

Quanto ao pré-requisito do percentual de áreas mínimas de abertura para


ventilação dos ambientes de permanência prolongada, o projeto não atingiu as aberturas
mínimas, conforme os dados apresentados na Tabela 5.2. Portanto, na categoria eficiência
para resfriamento da envoltória atingirá no máximo o nível C. Ou seja, para o verão a
envoltória não possui desempenho de resfriamento satisfatório o suficiente para atender aos
níveis A ou B. A recomendação de projeto seria aumentar as aberturas efetivas de ventilação
das janelas ou adotar modelos de janelas que permitam maior ventilação, por exemplo, o
modelo basculante.

Tabela 5.2 - Percentual de áreas para ventilação em relação à área útil do


ambiente (Maringá/PR)
Área Ambiente Área Aberturas Área Abertura
Ambiente Atende
(m²) NBR 15575 (m²) Projeto (m²)
Dorm. 01 8,40 0,67 0,49 Não
Dorm. 02 5,99 0,48 0,49 Sim
Sala/Coz. 14,05 1,32 1,09 Não
Fonte: ABNT NBR 15575-4: 2013, dados organizados pelo autor

No pré-requisito para ventilação cruzada das paredes externas, o projeto de


Maringá/PR atendeu ao coeficiente mínimo de 0,25 da fachada com maior abertura em

 
  74  

relação ao somatório das áreas de aberturas para ventilação das demais fachadas, conforme a
Tabela 5.3.
Tabela 5.3 – Área de aberturas das fachadas para ventilação
cruzada (Maringá/PR)
Área Aberturas Projeto
Fachada
Maringá/PR(m²)
1 0,98
2 0,49
3 0,61
4 0,34
Proporção de Aberturas (AAb) 1,47
Atende a AAb ≥ 0,25? Sim
Fonte: O autor

Os dados apresentados na Tabela 5.4 são referentes aos resultados do pré-


requisito do percentual de áreas mínimas para iluminação natural. Para tal análise foram
utilizadas as recomendações da norma ABNT NBR 15220: 2005, visto que, para este
requisito, esta norma é mais exigente do que a ABNT NBR 15575: 2013 (conforme
apresentado no Quadro 5.6).
Neste pré-requisito, os ambientes de permanência prolongada Dormitório 1 e
Dormitório 2 não atendem ao percentual mínimo exigido de 12,5% de área de abertura para
iluminação em relação à área do piso do ambiente, conforme recomendação da norma ABNT
NBR 15220: 2005. Para que o percentual fosse atingido seria necessária a troca por janelas
com maiores aberturas translúcidas (aumentar a dimensão das janelas). Portanto, implica no
máximo nível C de eficiência energética, para os equivalentes numéricos da envoltória do
ambiente para resfriamento, para aquecimento e para refrigeração. Ou seja, significa que, nos
meses de inverno, não possuem mecanismos que permitam a entrada de luz e raios solares
para o aquecimento interior dos ambientes em dias frios e, para os meses de verão, há um
ganho térmico devido à entrada direta dos raios solares no interior dos ambientes.

 
  75  

Tabela 5.4 - Percentual de áreas mínimas para iluminação natural em relação à


área útil do ambiente (Maringá/PR)
Área Aberturas
Área Ambiente Área Abertura
Ambiente ABNT NBR Atende
(m²) Projeto (m²)
15220: 2013 (m²)
Dorm. 01 8,40 1,05 0,65 Não
Dorm. 02 5,99 0,75 0,65 Não
Sala/Coz. 16,46 2,06 2,19 Sim
BWC 2,41 0,30 0,43 Sim
Fonte: O autor

5.3.1.3 Método Prescritivo da Envoltória – Maringá/PR

Com os pré-requisitos estabelecidos, foi permitida a análise dos resultados pelo


método prescritivo, conforme os resultados para o projeto de Maringá/PR explanados na
Tabela 5.5. Partiu-se do princípio de que a envoltória não ultrapassará o nível C, devido ao
não atendimento dos pré-requisitos quanto à ventilação e iluminação natural. Ou seja, as
envoltórias para verão e para inverno não ultrapassarão o nível C, em eficiência energética.
Em termos gerais, o projeto atingiu o nível C para a eficiência energética da
unidade habitacional (UH), para as quatro orientações da fachada principal. Na orientação
leste foi obtido o menor valor (2,5), dentre o intervalo de valores para o nível C, que varia de
2,5 pontos (incluindo este valor) até 3,5 pontos (excluindo este valor).
O cálculo do valor de graus-hora resfriamento (GHR) indica a quantidade de
horas que uma edificação leva para elevar a temperatura interna de um ambiente para 26 °C,
no período de verão. Neste requisito, para as quatro orientações da fachada principal, o
projeto de Maringá/PR atingiu o nível D em eficiência energética. O nível de eficiência
energética mais baixo foi encontrado para o ambiente dormitório 2 (nível E) quando o projeto
foi posicionado com a fachada principal voltada para o leste. Isto ocorreu devido ao
dormitório 2 possuir uma maior quantidade de paredes externas voltada para o oeste, o que
influenciou no nível E para o resfriamento da envoltória desse ambiente. Ou seja, para o
período de verão, esse ambiente possui um desempenho térmico muito baixo, havendo a
 
  76  

necessidade de condicionamento de ar para garantir o conforto térmico no interior desse


ambiente.

Tabela 5.5 – Valores obtidos para Graus-hora resfriamento e consumo relativo para
aquecimento (Maringá/PR)
Pontua- Nível
Indicadores
Orientação

Ponderação
Dorm. 1 Dorm. 2 Sala/Coz. ção Eficiência
pelas áreas
Final** da UH

2538 2664 3119 2


GHR
D D D D
Norte

2,76 C
13,971 12,123* 13,156 3
CA
C C C C
2910 2646 2469 2
GHR
D D D D
2,76 C
Sul

11,645* 9,846* 15,431 3


CA
C C C C
2651 3323 2900 1,79
GHR
D E D D
Leste

2,63 C
13,642 10,448* 14,767 3
CA
C C C C
2921 3169 2693 2
GHR
D D D D
Oeste

2,76 C
12,101* 11,996* 14,661 3
CA
C C C C
GHR= Graus-hora resfriamento (°C.h), CA= Consumo relativo para aquecimento (kWh/m².ano), UH= Unidade
Habitacional
*Valor que enquadraria no nível B
**Valor acrescido da bonificação
Fonte: O autor

Uma das soluções seria a adoção de janela que possibilite uma área de
ventilação efetiva maior e equipada de mecanismo de controle da entrada da incidência solar.
Essa solução também ajudaria no atendimento ao pré-requisito quanto à iluminação natural, o

 
  77  

que permitiria atingir uma melhor qualificação. Outra solução seria reduzir o valor da
absortância solar da cobertura, com adoção de uma telha de cor clara ou, simplesmente,
pintando o telhado na cor branca. Isto reduziria o valor da absortância solar (α) de 0,6 para
0,2, o que resultaria numa redução do fator solar da cobertura (FCS) de 4,2 H para 1,4 H.
Esse conjunto de soluções ajudaria o projeto de Maringá/PR a elevar suas
pontuações finais, visto que os resultados para o consumo relativo para aquecimento (CA),
para as quatro orientações, sofreram um decréscimo na qualificação final, devido ao não
atendimento aos pré-requisitos quanto à ventilação e iluminação natural. Isto ocorreu no caso
dos ambientes dormitório 1 e dormitório 2, os quais atingiram níveis de eficiência energética
B. Porém, devido ao não atendimento aos pré-requisitos mencionados, foram qualificados
como nível C. Caso os pré-requisitos fossem solucionados, o valor para o consumo relativo
para aquecimento da envoltória subiria para o nível B, para as quatro orientações.
O projeto atendeu aos pré-requisitos da unidade habitacional quanto à medição
individualizada de água, medição individualizada de energia, ventilação cruzada e banheiro
com iluminação natural.
Quanto às bonificações, atendeu ao requisito de profundidade dos ambientes
em relação às áreas de abertura para ventilação e à refletância do teto da cozinha ser maior
que 0,6, o que, juntos, somaram uma bonificação de 0,3 pontos acrescidos no cálculo para se
obter a pontuação final. Outras bonificações poderiam ser somadas caso a unidade
habitacional fosse provida de refrigeradores e lâmpadas com selo Procel A.
No quesito aquecimento de água, o projeto classifica-se entre os níveis D e E,
pois não possui sistema de aquecimento solar. Caso a unidade habitacional possua chuveiro
elétrico com potência de até 4500 W, a classificação se enquadra-se no nível D caso a
potência seja maior que 4500 W, a classificação seria o nível E.

5.3.2 Desempenho: Selo Casa Azul - Maringá/PR

O programa ZEIS Santa Felicidade atendeu a 24 dos 53 critérios estabelecidos


pelo processo do Selo Casa Azul, conforme dados apresentados no Quadro 5.9. O que
resultaria em uma classificação Bronze. No entanto, 10 critérios obrigatórios não foram
alcançados, principalmente no que se refere à solução de projeto e reaproveitamento de

 
  78  

resíduos de construção civil. Se estes critérios tivessem sido atendidos, a pontuação passaria
para 34, a qual garantiria o selo Ouro. Contudo, por não atender aos critérios obrigatórios, ele
não poderia ser classificado.
A categoria que mais teve critérios atendidos foi a Qualidade Urbana, com os
cinco critérios solucionados: qualidade do entorno – infraestrutura, qualidade do entorno –
impactos, melhoria do entorno, recuperação de áreas degradadas e reabilitação de imóveis.

Quadro 5.9 – Resultados do processo Selo Casa Azul para Projeto de Maringá/PR -
ZEIS Santa Felicidade
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
1. Qualidade Urbana
Qualidade do entorno -
1.1 obrigatório Sim
Infraestrutura
1.2 Qualidade do entorno - Impactos obrigatório Sim
1.3 Melhorias do entorno livre escolha Sim
1.4 Recuperação de áreas degradadas livre escolha Sim
1.5 Reabilitação de imóveis livre escolha Sim
2. Projeto e Conforto
2.1 Paisagismo obrigatório Não
2.2 Flexibilidade de projeto livre escolha Não
2.3 Relação com a vizinhança livre escolha Sim
2.4 Solução alternativa de transporte livre escolha Sim
2.5 Local para coleta seletiva obrigatório Não
Equipamentos de lazer, sociais e
2.6 obrigatório Sim
esportivos
2.7 Desempenho térmico - vedações obrigatório Não
Desempenho térmico - orientação
2.8 obrigatório Não
ao sol e ventos
Iluminação natural de áreas
2.9 livre escolha Sim
comuns
Ventilação e iluminação natural
2.10 livre escolha Sim
de banheiros
Adequação às condições físicas
2.11 livre escolha Não
do terreno
Continua...

 
  79  

Quadro 5.9 – Resultados do processo Selo Casa Azul para Projeto de Maringá/PR -
ZEIS Santa Felicidade (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/ Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
3. Eficiência Energética
Lâmpadas de baixo consumo - obrigatório p/ HIS - 0 a
3.1 Sim
áreas privativas 3 s.m.
Dispositivos economizadores -
3.2 obrigatório Não
áreas comuns
3.3 Sistema de aquecimento solar livre escolha Não
3.4 Sistema de aquecimento a gás livre escolha Não
3.5 Medição individualizada - Gás obrigatório Sim
3.6 Elevadores eficientes livre escolha -
3.7 Eletrodomésticos eficientes livre escolha Não
3.8 Fontes alternativas de energia livre escolha Não
4. Conservação de recursos materiais
4.1 Modulação de projeto livre escolha Sim
Qualidade de materiais e
4.2 obrigatório Não
componentes
Componentes industrializados ou
4.3 livre escolha Não
pré-fabricados
4.4 Fôrmas e escoras reutilizáveis Obrigatório Sim
Gestão de resíduos de construção
4.5 obrigatório Não
de demolição RCD
4.6 Concreto com dosagem otimizada livre escolha Não
Cimento de alto-forno (CP III) e
4.7 livre escolha Sim
pozolânico (CP IV)
4.8 Pavimentação com RCD livre escolha Não
4.9 Madeira plantada ou certificada livre escolha Não
Facilidade de manutenção da
4.10 livre escolha Sim
fachada
5. Gestão da água
5.1 Medição individualizada - água obrigatório Sim
Dispositivos economizadores -
5.2 Obrigatório Não
sistema de descarga
Dispositivos economizadores -
5.3 livre escolha Não
arejadores
Dispositivos economizadores -
5.4 livre escolha Não
outros reguladores de vazão
5.5 Aproveitamento de águas pluviais livre escolha Não
5.6 Retenção de águas pluviais livre escolha Não
5.7 Infiltração de águas pluviais livre escolha Sim
5.8 Áreas permeáveis obrigatório Sim
Continua...

 
  80  

Quadro 5.9 – Resultados do processo Selo Casa Azul para Projeto de Maringá/PR -
ZEIS Santa Felicidade (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/ Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
6. Práticas Sociais
6.1 Educação para a gestão de RCD obrigatório Não
Educação ambiental dos
6.2 obrigatório Não
empregados
Desenvolvimento pessoal dos
6.3 livre escolha Não
empregados
Capacitação profissional dos
6.4 livre escolha Não
empregados
6.5 Inclusão de trabalhadores locais livre escolha Sim
Participação da comunidade na
6.6 livre escolha Não
elaboração do projeto
6.7 Orientação aos moradores obrigatório Sim
Educação ambiental dos
6.8 livre escolha Sim
moradores
Capacitação para gestão do
6.9 livre escolha Sim
empreendimento
Ações para mitigação de riscos
6.10 livre escolha Não
sociais
Ações para a geração de emprego
6.11 livre escolha Sim
e renda
TOTAL 24
Fonte: O autor, dados das entrevistas com os gestores dos projetos

Na categoria “Projeto e Conforto”, quatro critérios obrigatórios não foram


atendidos: paisagismo, local para coleta seletiva, desempenho térmico – vedações e
desempenho térmico - orientação ao sol e vento. O paisagismo ajudaria no sombreamento
natural da edificação, reduzindo o ganho térmico devido à incidência solar na edificação e
solo. Não houve estudo de orientação em relação ao sol e aproveitamento dos ventos para
ventilação interna, além da ausência de materiais ou dispositivos de controle de raios solares
pelas fachadas. A implantação de locais para coleta seletiva não foi realizada, o que garantiria
gestão de resíduos domésticos.
Quanto à “Conservação de Recursos Materiais” o critério “qualidade de
materiais e componentes” não foi atingido, por não ter sido exigido co”mpras de fornecedores
com comprovada procedência de controle de qualidade. Não houve uma gestão de resíduos de
construção civil para benefício da própria obra, apenas destino para aterro regularizado.

 
  81  

Na “Gestão da Água” não se utilizou sistemas economizadores de descarga e


dispositivos arejadores para evitar desperdício de água.
As “Práticas Sociais” não demonstraram qualificação para os trabalhadores
quanto à educação ambiental e gerenciamento de resíduos de construção.
Portanto, um conjunto de melhorias no projeto das habitações, como: proteção
de janelas contra incidência de raios solares, paisagismo ou sistemas economizadores de água;
agregaria valor ao projeto com influência direta na qualidade do produto final, pois passaria a
ter um melhor desempenho ambiental.

5.4 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO: O EDIFÍCIO – SARANDI/PR

Nesta fase, o projeto habitacional de Sarandi /PR (Conjunto Mauá) foi avaliado
quanto aos resultados de desempenho ambiental frente aos requisitos dispostos na norma
ABNT NBR 15220: 2003 e ABNT NBR 15575: 2013 (Partes 1, 4 e 5), para verificar os pré-
requisitos dispostos no RTQ-R e após avaliar o desempenho energético da envoltória -
etiquetagem Procel Edifica; Por fim, apresenta-se uma análise do desempenho ambiental do
empreendimento frente aos requisitos do Selo Casa Azul.

5.4.1 Desempenho ambiental - Sarandi/PR

Para avaliação do desempenho ambiental, o projeto de Sarandi/PR passou


pelos critérios da ABNT NBR 15220: 2005 e ABNT NBR 15575: 2013, quanto ao sistema de
vedações verticais, aberturas externas e sistema de cobertura. Os dados foram atestados
quanto ao desempenho da eficiência energética da envoltória pelo método do Procel Edifica e
o desempenho ambiental do empreendimento pelo processo do Selo Casa Azul. Assim,
obtiveram-se resultados abrangentes na esfera de gerenciamento, diretrizes e implantação de
projeto.

 
  82  

5.4.1.1 O Edifício: características dos sistemas componentes - Sarandi/PR

O projeto analisado para o Município de Sarandi/PR se utiliza-se do sistema de


cobertura composto por telha cerâmica, câmara de ar (> 5,0 cm) e forro de PVC (1,0 cm).
Quanto ao sistema de vedações verticais, utiliza-se do sistema composto por argamassa
interna (2,5 cm), bloco cerâmico (9,0 x 14,0 x 24,0 cm), argamassa externa (2,5 cm) e pintura
externa.
O Quadro 5.10 traz as informações referentes às variáveis térmicas desses
sistemas, dispostas na ABNT NBR 15220-3: 2005. O sistema de cobertura possui uma
transmitância térmica (U) de 1,75 W/(m2.K), com um fator solar (FCS) de 4,2 h para uma
absortância solar de 0,6 (cor laranja). Esses valores se enquadram-se dentro das exigências
estabelecidas pela norma ABNT NBR 15220-3: 2005 para a zona bioclimatica 3. O sistema
de vedações verticais externas possui uma transmitância térmica de 2,59 W/(m2.K) e uma
capacitância térmica (CT) de 145 kJ/m2K. Estes valores também se enquadram dentro das
exigências estabelecidas pela NBR ABNT 15220-3: 2005.

Quadro 5.10 – Variáveis térmicas dos sistemas de cobertura e vedações verticais


(Sarandi/PR)
Composição dos sistemas
Sistema de Cobertura
Sistema de Vedações
Verticais

Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005, organizado pelo autor


 
  83  

5.4.1.2 Desempenho: ABNT NBR 15220: 2003, ABNT NBR 15575: 2013 e RTQ-R (Procel
Edifica) – Sarandi/PR

Conforme ilustra a Tabela 5.6, para o projeto de Sarandi/PR, os resultados para


os pré-requisitos demonstraram eficiência quanto ao modelo de sistema de vedação vertical
externo (paredes de tijolo cerâmico de seis furos com reboco de 2,5 cm interno e externo e
pintura externa na cor clara) e cobertura (sistema de telha de cerâmica cor laranja com câmara
de ar maior que 0,50 m e forro de PVC), desde que o telhado seja mantido limpo (esta medida
evita que se altere o valor para a absortância solar, com consequente aumento dos ganhos
térmicos pela cobertura). Portanto, parte-se do princípio de que a edificação pode atingir o
nível de eficiência energética A, quanto à envoltória para equivalentes numéricos de
resfriamento, aquecimento e refrigeração da envoltória.

Tabela 5.6 - Pré-requisitos de absortância solar, transmitância térmica e capacidade


térmica para a Zona Bioclimática 3 (Sarandi/PR)
Transmitância Capacidade
Absortância
Componente Térmica térmica Atende
solar
[W/(m²K)] [kJ/(m²K)]
α ≤ 0,6 U ≤ 3,70 CT ≥ 130
Parede
α > 0,6 U ≤ 2,50 CT ≥ 130
RTQ-R
α ≤ 0,6 U ≤ 2,30 Sem exigência
Cobertura
α > 0,6 U ≤ 1,50 Sem exigência
Projeto Parede α = 0,4 U= 2,59 CT= 145 Sim
Sarandi Cobertura α = 0,6 U= 1,75 CT= 21,4 Sim
Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005; ABNT NBR 15575-4: 2013; ABNT NBR 15575-5: 2013, dados organizados
pelo autor

Quanto ao pré-requisito do percentual de áreas mínimas de abertura para


ventilação dos ambientes de permanência prolongada, o projeto de Sarandi/PR não atingiu as
aberturas mínimas, conforme os dados apresentados na Tabela 5.7. Isto implica que na
categoria eficiência para resfriamento da envoltória, o projeto atingirá no máximo o nível C.
Ou seja, para o verão a envoltória não possui desempenho de resfriamento satisfatório o
suficiente para atender aos níveis A ou B. A recomendação de projeto seria aumentar a área

 
  84  

das aberturas efetivas de ventilação das janelas ou adotar modelos de janelas que permitam
maior ventilação, por exemplo, o modelo basculante.

Tabela 5.7 - Percentual de áreas para ventilação em relação à área útil do ambiente –
Sarandi/PR
Área Ambiente Área Aberturas Área Abertura
Ambiente Atende?
(m²) NBR 15575 (m²) Projeto (m²)
Dorm. 01 8,63 0,69 0,49 Não
Dorm. 02 7,68 0,61 0,49 Não
Sala/Coz. 17,22 1,38 1,09 Não
Fonte: ABNT NBR 15575-4: 2013, dados organizados pelo autor

No pré-requisito para ventilação cruzada das paredes externas estabelecido


pelo RTQ-R, o projeto de Sarandi/PR atendeu ao coeficiente mínimo de 0,25 da fachada com
maior abertura em relação ao somatório das áreas de aberturas para ventilação das demais
fachadas, conforme a Tabela 5.8.

Tabela 5.8 – Área de aberturas das fachadas para ventilação


cruzada – Sarandi/PR
Área Aberturas Projeto
Fachada
Sarandi/PR (m²)
1 0,43
2 0,00
3 1,62
4 1,35
Proporção de Aberturas (AAb) 1,10
Atende a AAb ≥ 0,25? Sim
Fonte: O autor

 
  85  

No pré-requisito iluminação natural, os ambientes dormitório 1, dormitório 2 e


banheiro não atendem ao percentual mínimo recomendado pela norma ABNT NBR 15220:
2005 de 12,5% de área de abertura para iluminação em relação à área do piso do ambiente,
conforme dados apresentados na Tabela 5.9. Para que o percentual fosse atingido seria
necessária a troca por janelas com maiores aberturas translúcidas. Portanto, implica no
máximo nível C, para os equivalentes numéricos da envoltória do ambiente para resfriamento,
para aquecimento e para refrigeração. Ou seja, significa que, nos meses de inverno, não
possuem mecanismos que permitam a entrada de luz e raios solares para o aquecimento
interior dos ambientes em dias frios e, para os meses de verão, há um ganho térmico devido à
entrada direta dos raios solares no interior dos ambientes.

Tabela 5.9 - Percentual de áreas mínimas para iluminação natural em


relação à área útil do ambiente – Sarandi/PR
Área Ambiente Área Aberturas Área Abertura
Ambiente Atende?
(m²) RTQ-R (m²) Projeto (m²)
Dorm. 01 8,63 1,08 0,49 Não
Dorm. 02 7,68 0,96 0,49 Não
Sala/Coz. 17,22 2,15 2,19 Sim
BWC 4,77 0,59 0,43 Não
Fonte: O autor

5.4.1.3 Método Prescritivo da Envoltória – Sarandi/PR

Com os pré-requisitos estabelecidos, fez-se a análise dos resultados pelo


método prescritivo para o projeto de Sarandi/PR, conforme os dados ilustrados na Tabela
5.10. Partiu-se do princípio de que a envoltória não ultrapassará o nível C, devido ao não
atendimento dos pré-requisitos quanto à ventilação e iluminação natural. Ou seja, as
envoltórias para verão e para inverno não ultrapassarão o nível C, em eficiência energética.
Em termos gerais, o projeto de Sarandi/PR classificou-se no nível C para a
eficiência energética da unidade habitacional (UH), independente da orientação solar. Dentro
do intervalo de valores do nível C (2,5 ≤ pontos < 3,5), o menor valor foi encontrado para a
 
  86  

orientação da fachada principal voltada para o leste (2,53) e o maior para a orientação norte
(3,17).

No quesito de graus-hora resfriamento (GHR), o projeto de Sarandi/PR atingiu


o nível D em eficiência energética, quando a fachada principal estiver posicionada para a
orientação leste, oeste ou sul. Para a fachada principal posicionada na orientação norte, o GHR
foi classificado no nível C. Ou seja, para o período de verão, nesta posição, o projeto possui
um desempenho térmico melhor do que para as outras posições.

Tabela 5.10 – Valores obtidos para Graus-hora resfriamento e consumo relativo para
aquecimento (Sarandi/PR)
Pontua- Nível
Indicadores
Orientação

Ponderação
Dorm. 1 Dorm. 2 Sala/Coz. ção Eficiência
pelas áreas
Final** da UH

2456 2410 2805 2,49


GHR
C C D C
Norte

3,17 C
14,113 13,596 13,085 3
CA
C C C C
2584 2725 2726 2
GHR
D D D D
2,86 C
Sul

11,785* 11,272* 15,913 3


CA
C C C C
2577 3091 3391 1,49
GHR
D D D D
Leste

2,53 C
13,802 11,874* 15,503 3
CA
C C C C
3108 2694 3024 2
GHR
D D D D
Oeste

2,86 C
12,260* 13,421 15,590 3
CA
C C C C
GHR= Graus-hora resfriamento (°C.h), CA= Consumo relativo para aquecimento (kWh/m².ano), UH= Unidade
Habitacional
*Valor que enquadraria no nível B **Valor acrescido da bonificação
Fonte: O autor (2014)
 
  87  

O consumo relativo para aquecimento (CA) foi classificado no nível de


eficiência energética C, independente da orientação da fachada principal. Contudo, quando a
fachada principal foi posicionada nas orientações leste, oeste e sul, os dormitórios
apresentaram possibilidade de obter uma classificação no nível B. No entanto, por não
cumprirem aos pré-requisitos de abertura efetiva para iluminação e ventilação natural, tiveram
que ser classificados como nível C. Uma das soluções seria a adoção de janela que possibilite
uma área de ventilação efetiva maior e equipada de mecanismo de controle da entrada da
incidência solar. Outra solução seria reduzir o valor da absortância solar da cobertura, com
adoção de uma telha de cor clara ou, simplesmente, pintando o telhado na cor branca. Esse
conjunto de medidas também influenciaria em uma melhor classificação do graus-hora
resfriamento.
Portanto, o projeto de Sarandi/PR, quando voltado para a orientação sul, leste
ou oeste, possui possibilidades de se obter um melhor desempenho térmico se solucionadas as
ineficiências de projetos identificadas.
O projeto de Sarandi/PR atendeu aos pré-requisitos da unidade habitacional
quanto à medição individualizada de água, medição individualizada de energia, ventilação
cruzada e banheiro com iluminação natural.
No quesito aquecimento de água, o projeto de Sarandi/PR está equipado com
sistema de aquecimento solar. Não foi possível a classificação do nível de eficiência
energética exata do sistema, pois o engenheiro responsável pela execução da obra não tinha
mais todas as informações referentes a este empreendimento. De acordo com os dados
fornecidos pelo engenheiro responsável, o sistema de aquecimento de água classificaria-se
entre os níveis A e C, dependendo da fração solar anual do backup elétrico (a qual não soube
informar). Entretanto, o engenheiro responsável alegou que foram utilizados aquecedores com
nível de eficiência energética A, como um dos requisitos estabelecidos pela Caixa Econômica
Federal.
Quanto às bonificações, o projeto atendeu ao requisito de profundidade dos
ambientes em relação às áreas de abertura para ventilação, à refletância do teto da cozinha ser
maior que 0,6 e possuir sistema de aquecimento solar de água para banho, o que, juntos,
somaram uma bonificação de 0,4 pontos acrescidos no cálculo para se obter a pontuação final.

 
  88  

Outras bonificações poderiam ser somadas caso a unidade habitacional fosse provida de
refrigeradores e lâmpadas com selo Procel A.

5.4.2 Desempenho: Selo Casa Azul - Sarandi/PR

O empreendimento do Conjunto Mauá atendeu a 23 dos 53 critérios


estabelecidos pelo processo do Selo Casa Azul, conforme ilustrado no Quadro 5.11, o que
resultaria em uma classificação Bronze. No entanto, 11 dos 19 critérios obrigatórios não
foram alcançados, principalmente no que se refere à solução de projeto e reaproveitamento de
resíduos de construção civil. Se estes critérios tivessem sido atendidos, a pontuação passaria
para 34, a qual garantiria selo Ouro. Contudo, por não atender aos critérios obrigatórios, ele
não poderia ser classificado.
As categorias que mais tiveram critérios atendidos foram “Projeto e Conforto”
e “Práticas Sociais”, com cinco critérios solucionados em cada uma das categorias.

Quadro 5.11 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o Projeto de Sarandi/PR –
Conjunto Mauá
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
1. Qualidade Urbana
Qualidade do entorno -
1.1 obrigatório Sim
Infraestrutura
1.2 Qualidade do entorno - Impactos obrigatório Sim
1.3 Melhorias do entorno livre escolha Sim
1.4 Recuperação de áreas degradadas livre escolha Não
1.5 Reabilitação de imóveis livre escolha Não
2. Projeto e Conforto
2.1 Paisagismo obrigatório Não
2.2 Flexibilidade de projeto livre escolha Sim
2.3 Relação com a vizinhança livre escolha Sim
2.4 Solução alternativa de transporte livre escolha Sim
2.5 Local para coleta seletiva obrigatório Não
Equipamentos de lazer, sociais e
2.6 obrigatório Sim
esportivos
2.7 Desempenho térmico - vedações obrigatório Não
Continua...
 
  89  

Quadro 5.11 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o Projeto de Sarandi/PR –
Conjunto Mauá (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
Desempenho térmico - orientação
2.8 obrigatório Não
ao sol e ventos
Iluminação natural de áreas
2.9 livre escolha Sim
comuns
Ventilação e iluminação natural
2.10 livre escolha Sim
de banheiros
Adequação às condições físicas
2.11 livre escolha Não
do terreno
3. Eficiência Energética
Lâmpadas de baixo consumo - obrigatório p/ HIS - 0 a
3.1 Sim
áreas privativas 3 s.m.
Dispositivos economizadores -
3.2 obrigatório Não
áreas comuns
3.3 Sistema de aquecimento solar livre escolha Sim
3.4 Sistema de aquecimento a gás livre escolha Não
3.5 Medição individualizada - Gás obrigatório Sim
3.6 Elevadores eficientes livre escolha -
3.7 Eletrodomésticos eficientes livre escolha Não
3.8 Fontes alternativas de energia livre escolha Não
4. Conservação de recursos materiais
4.1 Modulação de projeto livre escolha Sim
Qualidade de materiais e
4.2 obrigatório Não
componentes
Componentes industrializados ou
4.3 livre escolha Não
pré-fabricados
4.4 Fôrmas e escoras reutilizáveis Obrigatório Sim
Gestão de resíduos de construção
4.5 obrigatório Não
de demolição RCD
4.6 Concreto com dosagem otimizada livre escolha Não
Cimento de alto-forno (CP III) e
4.7 livre escolha Não
pozolânico (CP IV)
4.8 Pavimentação com RCD livre escolha Não
4.9 Madeira plantada ou certificada livre escolha Não
Facilidade de manutenção da
4.10 livre escolha Sim
fachada
5. Gestão da água
5.1 Medição individualizada - água obrigatório Sim
Dispositivos economizadores -
5.2 obrigatório Não
sistema de descarga
Dispositivos economizadores -
5.3 livre escolha Não
arejadores
Dispositivos economizadores -
5.4 livre escolha Não
outros reguladores de vazão
Continua...
 
  90  

 
Quadro 5.11 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o Projeto de Sarandi/PR
– Conjunto Mauá (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/ Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
5.5 Aproveitamento de águas pluviais livre escolha Não
5.6 Retenção de águas pluviais livre escolha Não
5.7 Infiltração de águas pluviais livre escolha Sim
5.8 Áreas permeáveis obrigatório Sim
6. Práticas Sociais
6.1 Educação para a gestão de RCD obrigatório Não
Educação ambiental dos
6.2 obrigatório Não
empregados
Desenvolvimento pessoal dos
6.3 livre escolha Não
empregados
Capacitação profissional dos
6.4 livre escolha Não
empregados
6.5 Inclusão de trabalhadores locais livre escolha Sim
Participação da comunidade na
6.6 livre escolha Não
elaboração do projeto
6.7 Orientação aos moradores obrigatório Sim
Educação ambiental dos
6.8 livre escolha Sim
moradores
Capacitação para gestão do
6.9 livre escolha Sim
empreendimento
Ações para mitigação de riscos
6.10 livre escolha Não
sociais
Ações para a geração de emprego
6.11 livre escolha Sim
e renda
TOTAL 23
Fonte: O autor, dados das entrevistas com os gestores dos projetos

Na categoria “Projeto e Conforto” quatro critérios obrigatórios não foram


atendidos: paisagismo, local para coleta seletiva, desempenho térmico – vedações e
desempenho térmico - orientação ao sol e vento. O paisagismo ajudaria no sombreamento
natural da edificação reduzindo o ganho térmico devido à incidência solar na edificação e
solo. Não houve estudo de orientação em relação ao sol e aproveitamento dos ventos para
ventilação interna, além da ausência de materiais ou dispositivos de controle de raios solares
pelas fachadas. A implantação de locais para coleta seletiva não foi realizada, o que garantiria
gestão de resíduos domésticos.
Quanto à “Conservação de Recursos Materiais”, o critério qualidade de
materiais e componentes não foi atingido, por não terem sido exigidas compras de

 
  91  

fornecedores com comprovada procedência de controle de qualidade. Não houve gestão de


resíduos de construção civil para benefício da própria obra, apenas destino para aterro
regularizado.

Na categoria “Gestão da Água”, não se utilizou sistemas economizadores de


descarga e dispositivos arejadores para evitar desperdício de água. Bem como, não se utilizou
sistema de captação de águas pluviais.
Quanto à categoria “Práticas Sociais”, não houve educação dos trabalhadores
quanto à gestão de resíduos de construção civil nem educação ambiental. O critério que se
refere à participação da comunidade na elaboração do projeto também não foi atingido.

5.5 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO: O EDIFÍCIO – PAIÇANDU/PR

O projeto de Paiçandu/PR (Conjunto Canadá) foi avaliado quanto aos


resultados de desempenho ambiental frente aos requisitos dispostos na norma ABNT NBR
15220: 2003 e ABNT NBR 15575: 2013 (Partes 1, 4 e 5), para verificar os pré-requisitos
dispostos no RTQ-R e assim avaliar o desempenho energético da envoltória - Etiquetagem
Procel Edifica; por fim, apresenta-se uma análise do desempenho ambiental do
empreendimento frente aos requisitos do Selo Casa Azul.

5.5.1 Desempenho ambiental - Paiçandu/PR

Primeiramente, para avaliação do desempenho ambiental do projeto, utilizou-


se os critérios da ABNT NBR 15220: 2005 e ABNT NBR 15575: 2013, quanto à envoltória,
aberturas e sistema de cobertura. Os dados foram atestados quanto ao desempenho energético
frente aos requisitos do método do Procel Edifica e o desempenho ambiental do
empreendimento foi avaliado frente aos requisitos do Selo Casa Azul. Assim, obtiveram-se
resultados abrangentes na esfera de gerenciamento, diretrizes e manutenção de projeto.

 
  92  

5.5.1.1 O Edifício: características dos sistemas componentes - Paiçandu/PR

O projeto analisado para o Município de Paiçandu/PR utiliza-se do sistema de


cobertura composto por telha cerâmica (1,0 cm), câmara de ar (> 5,0 cm) e forro de madeira
(1,0 cm). Quanto ao sistema de vedações verticais, caracterizou-se pelo sistema composto por
argamassa interna (2,5 cm), bloco cerâmico (9,0 x 14,0 x 24,0 cm), argamassa externa (2,5
cm) e pintura externa.
O Quadro 5.12 traz as informações referentes às variáveis térmicas desses
sistemas, dispostas na ABNT NBR 15220-3: 2005. O sistema de cobertura possui uma
transmitância térmica (U) de 2,00 W/(m2.K), com um fator solar (FCS) de 4,2 h para uma
absortância de 0,6 (cor laranja). Esses valores enquadram-se dentro das exigências
estabelecidas pela norma ABNT NBR 15220-3: 2005 para a zona bioclimatica 3. O sistema
de vedações verticais externas possui uma transmitância térmica de 2,59 W/(m2.K) e uma
capacitância térmica (CT) de 145 kJ/m2K, Estes valores também se enquadram dentro das
exigências estabelecidas pela NBR ABNT 15220-3: 2005.

Quadro 5.12 – Variáveis térmicas dos sistemas de cobertura e vedações verticais


(Paiçandu/PR)
Composição dos sistemas
Sistema de Cobertura

 
  93  

Sistema de Vedações
Verticais

Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005, organizado pelo autor

5.5.1.2 Desempenho: ABNT NBR 15220: 2003, ABNT NBR 15575: 2013 e RTQ-R (Procel
Edifica) – Paiçandu/PR

Conforme ilustra a Tabela 5.11, para o projeto de Sarandi/PR, os resultados


para os pré-requisitos demonstraram eficiência quanto ao modelo de sistema de vedação
vertical externo (paredes de tijolo cerâmico de seis furos com reboco de 2,5 cm interno e
externo e pintura externa na cor clara) e cobertura (sistema de telha de cerâmica cor laranja
com câmara de ar maior que 0,50 m e forro de PVC), desde que o telhado seja mantido limpo
(esta medida evita que altere o valor para a absortância solar, com consequente aumento dos
ganhos térmicos pela cobertura). Portanto, parte-se do princípio de que a edificação pode
atingir o nível de eficiência energética A, quanto à envoltória para equivalentes numéricos de
resfriamento, aquecimento e refrigeração da envoltória.

Tabela 5.11 - Pré-requisitos de absortância solar, transmitância térmica e capacidade


térmica para a Zona Bioclimática 3 (Paiçandu/PR)
Transmitância Capacidade
Absortância
Modelo Componente Térmica térmica Atende
solar
[W/(m²K)] [kJ/(m²K)]
α ≤ 0,6 U ≤ 3,70 CT ≥ 130
Parede
α > 0,6 U ≤ 2,50 CT ≥ 130
RTQ-R
α ≤ 0,6 U ≤ 2,30 Sem exigência
Cobertura
α > 0,6 U ≤ 1,50 Sem exigência
Projeto Parede α = 0,4 U= 2,59 CT= 145 Sim
Paiçandu/PR Cobertura α = 0,6 U= 2,00 CT= 32 Sim
Fonte: ABNT NBR 15220-3: 2005; ABNT NBR 15575-4: 2013; ABNT NBR 15575-5: 2013, dados organizados
pelo autor

 
  94  

Quanto ao pré-requisito do percentual de áreas mínimas de abertura para


ventilação dos ambientes de permanência prolongada, o projeto de Paiçandu/PR não atingiu
as aberturas mínimas para os dormitórios, conforme os dados apresentados no Tabela 5.12.
Portanto, na categoria eficiência para resfriamento da envoltória atingirá no máximo o nível
C. Ou seja, para o verão a envoltória não possui desempenho de resfriamento satisfatório o
suficiente para atender aos níveis A ou B. A recomendação de projeto seria aumentar as
aberturas efetivas de ventilação das janelas ou adotar modelos de janelas que permitam maior
ventilação, por exemplo, o modelo basculante.

Tabela 5.12 - Percentual de áreas para ventilação em relação à área útil do


ambiente (Paiçandu/PR)
Área Ambiente Área Aberturas Área Abertura
Ambiente Atende
(m²) NBR 15575 (m²) Projeto (m²)
Dorm. 01 7,92 0,63 0,49 Não
Dorm. 02 6,51 0,52 0,49 Não
Sala/Coz. 14,91 1,19 1,38 Sim
Fonte: ABNT NBR 15575-4: 2013, dados organizados pelo autor

No pré-requisito para ventilação cruzada das paredes externas, o projeto


atendeu ao coeficiente mínimo de 0,25 da fachada com maior abertura em relação ao
somatório das áreas de aberturas para ventilação das demais fachadas, conforme a Tabela 5.13

No pré-requisito iluminação natural, os ambientes de permanência prolongada


dormitório 1 e dormitório 2 não atendem ao percentual mínimo exigido de 12,5% de área de
abertura para iluminação em relação à área do piso do ambiente, conforme recomendação da
norma ABNT NBR 15220: 2005 (norma mais exigente do que a norma ABNT NBR 1575:
2013). Para que o percentual fosse atingido seria necessária a troca por janelas com maiores
aberturas translúcidas (aumentar a dimensão das janelas). Portanto, implica no máximo nível
C de eficiência energética, para os equivalentes numéricos da envoltória do ambiente para
resfriamento, para aquecimento e para refrigeração. Ou seja, significa que, nos meses de
inverno, não possuí mecanismos que permitam a entrada de luz e raios solares para o

 
  95  

aquecimento interior dos ambientes em dias frios e, para os meses de verão, há um ganho
térmico devido à entrada direta dos raios solares no interior dos ambientes.

Tabela 5.13 – Área de aberturas das fachadas para


ventilação cruzada (Paiçandu/PR)
Área Aberturas Projeto
Fachada
Paiçandu/PR (m²)
1 1,46
2 0,65
3 0,65
4 0,23
Proporção de Aberturas (AAb) 1,05
Atende a AAb ≥ 0,25? Sim
Fonte: O autor

Tabela 5.14 - Percentual de áreas mínimas para iluminação natural em relação à área
útil do ambiente (Paiçandu/PR)
Área Ambiente Área Aberturas ABNT Área Abertura
Ambiente Atende
(m²) NBR 15220: 2005 (m²) Projeto (m²)

Dorm. 01 7,92 0,99 0,49 Não


Dorm. 02 6,51 0,81 0,49 Não
Sala/Coz. 14,91 1,86 2,03 Sim
BWC 2,31 0,29 0,43 Sim
Fonte: O autor (2014)

5.5.1.3 Método Prescritivo da Envoltória - Paiçandu/PR

Com os pré-requisitos estabelecidos, foi permitida a análise dos resultados pelo


método prescritivo, conforme os resultados para o projeto de Paiçandu/PR explanados na
Tabela 5.15. Partiu-se do princípio de que a envoltória não ultrapassará o nível C, devido ao

 
  96  

não atendimento dos pré-requisitos quanto à ventilação e iluminação natural. Ou seja, as


envoltórias para verão e para inverno não ultrapassarão o nível C, em eficiência energética.

Tabela 5.15 – Valores obtidos para Graus-hora resfriamento e consumo relativo para
aquecimento (Paiçandu/PR)
Pontua- Nível
Indicadores
Orientação

Ponderação
Dorm. 1 Dorm. 2 Sala/Coz. ção Eficiência
pelas áreas
Final** da UH

2394 2600 3033 1,73


GHR
D D D D
Norte

2,53 C
14,064 13,293 13,258 3
CA
C C C C
2744 2690 2875 2
GHR
D D D D
2,46 C
Sul

11,778* 11,049* 15,502 3,27


CA
C C C C
2169 2631 2735 2,27
GHR
C D D D
Leste

2,53 C
13,258 13,224 14,787 3
CA
C C C C
2704 3202 2655 2
GHR
D D D D
Oeste

2,36 C
13,802 11,592 14,835 3
CA
C C C C
GHR= Graus-hora resfriamento (°C.h), CA= Consumo relativo para aquecimento (kWh/m².ano), UH= Unidade
Habitacional
*Valor que enquadraria no nível B
**Valor acrescido da bonificação

Fonte: O autor (2014)

Em termos gerais, o projeto de Paiçandu/PR se classificou-se no nível C para a


eficiência energética da unidade habitacional (UH), independente da orientação solar. Dentro
do intervalo de valores do nível C (2,5 ≤ pontos < 3,5), o menor valor foi encontrado para a
 
  97  

orientação da fachada principal voltada para o oeste (2,36) e o maior valor para as orientações
norte e leste (2,53).
No quesito de graus-hora resfriamento (GHR), para as quatro orientações da
fachada principal, o projeto de Paiçandu/PR atingiu o nível D em eficiência energética. O
nível de eficiência energética mais baixo foi encontrado para o ambiente sala/cozinha (nível
E) quando o projeto foi posicionado com a fachada principal voltada para o leste. Isto ocorreu
devido ao dormitório 2 possuir uma maior quantidade de paredes externas voltada para o
oeste, o que influenciou no nível E para o resfriamento da envoltória desse ambiente. Ou seja,
para o período de verão, este ambiente possui um desempenho térmico muito baixo. Portanto,
há necessidade de condicionamento de ar para garantir o conforto térmico no interior desse
ambiente.
Quando a fachada principal foi posicionada nas orientações leste, oeste e sul,
os dormitórios apresentaram possibilidade de obter uma classificação no nível B. No entanto,
por não cumprirem aos pré-requisitos de abertura efetiva para iluminação e ventilação natural,
tiveram que ser classificados como nível C. Uma das soluções seria a adoção de janela que
possibilite uma área de ventilação efetiva maior e equipada de mecanismo de controle da
entrada da incidência solar. Outra solução seria reduzir o valor da absortância solar da
cobertura, com adoção de uma telha de cor clara ou, simplesmente, pintando o telhado na cor
branca.
O consumo relativo para aquecimento (CA) foi classificado no nível de
eficiência energética C, independente da orientação da fachada principal. Contudo, quando a
fachada principal foi posicionada nas orientações leste, oeste e sul, os dormitórios
apresentaram possibilidade de obter uma classificação no nível B. No entanto, por não
cumprirem aos pré-requisitos de abertura efetiva para iluminação e ventilação natural, tiveram
que ser classificados como nível C. Uma das soluções seria a adoção de janela que possibilite
uma área de ventilação efetiva maior e equipada de mecanismo de controle da entrada da
incidência solar. Outra solução seria reduzir o valor da absortância solar da cobertura, com
adoção de uma telha de cor clara ou, simplesmente, pintando o telhado na cor branca. Esse
conjunto de medidas também influenciaria em uma melhor classificação do graus-hora
resfriamento.
Portanto, o projeto de Paiçandu/PR, quando voltado para a orientação sul, leste
ou oeste, possui possibilidades de se obter um melhor desempenho térmico se solucionadas as
ineficiências de projetos identificadas.

 
  98  

O projeto de Paiçandu/PR atendeu aos pré-requisitos da unidade habitacional


quanto à medição individualizada de água, medição individualizada de energia, ventilação
cruzada e banheiro com iluminação natural.
No quesito aquecimento de água, o projeto se classificar-se-ia entre os níveis D
e E, pois não possui sistema de aquecimento solar. Caso a unidade habitacional possua
chuveiro elétrico com potência de até 4500 W, a classificação se enquadrar-se-ia no nível D,
caso a potência seja maior que 4500 W, a classificação seria o nível E.
Quanto às bonificações, o projeto de Paiçandu/PR atendeu ao requisito de
profundidade dos ambientes em relação às áreas de abertura para ventilação e à refletância do
teto da cozinha ser maior que 0,6, o que, juntos, somaram uma bonificação de 0,3 pontos
acrescidos no cálculo para se obter a pontuação final. Outras bonificações poderiam ser
somadas caso a unidade habitacional fosse provida de refrigeradores e lâmpadas com selo
Procel A.

5.5.2 Desempenho: Selo Casa Azul - Paiçandu/PR

O empreendimento do Conjunto Canadá atendeu a 23 dos 53 critérios


estabelecidos pelo processo do Selo Casa Azul, conforme ilustrado no Quadro 5.13, o que
resultaria em uma classificação Bronze. No entanto, 11 dos 19 critérios obrigatórios não
foram alcançados, principalmente no que se refere à solução de projeto e reaproveitamento de
resíduos de construção civil. Se estes critérios tivessem sido atendidos, a pontuação passaria
para 34, a qual garantiria selo Ouro. Contudo, por não atender aos critérios obrigatórios, ele
não poderia ser classificado.
As categorias que mais tiveram critérios atendidos foram “Projeto e Conforto”
e “Práticas Sociais”, com cinco critérios solucionados em cada uma das categorias.

 
  99  

Quadro 5.13 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o Projeto de Paiçandu/PR
- Conjunto Canadá
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
1. Qualidade Urbana
Qualidade do entorno -
1.1 obrigatório Sim
Infraestrutura
1.2 Qualidade do entorno - Impactos obrigatório Sim
1.3 Melhorias do entorno livre escolha Sim
1.4 Recuperação de áreas degradadas livre escolha Não
1.5 Reabilitação de imóveis livre escolha Não
2. Projeto e Conforto
2.1 Paisagismo obrigatório Não
2.2 Flexibilidade de projeto livre escolha Sim
2.3 Relação com a vizinhança livre escolha Sim
2.4 Solução alternativa de transporte livre escolha Sim
2.5 Local para coleta seletiva obrigatório Não
Equipamentos de lazer, sociais e
2.6 obrigatório Sim
esportivos
2.7 Desempenho térmico - vedações obrigatório Não
Desempenho térmico - orientação
2.8 obrigatório Não
ao sol e ventos
Iluminação natural de áreas
2.9 livre escolha Sim
comuns
Ventilação e iluminação natural de
2.10 livre escolha Sim
banheiros
Adequação às condições físicas do
2.11 livre escolha Não
terreno
3. Eficiência Energética
Lâmpadas de baixo consumo - obrigatório p/ HIS - 0
3.1 Sim
áreas privativas a 3 s.m.
Dispositivos economizadores -
3.2 obrigatório Não
áreas comuns
3.3 Sistema de aquecimento solar livre escolha Não
3.4 Sistema de aquecimento a gás livre escolha Não
3.5 Medição individualizada - Gás obrigatório Sim
3.6 Elevadores eficientes livre escolha -
3.7 Eletrodomésticos eficientes livre escolha Não
3.8 Fontes alternativas de energia livre escolha Não
4. Conservação de recursos materiais
4.1 Modulação de projeto livre escolha Sim
Qualidade de materiais e
4.2 obrigatório Sim
componentes
Componentes industrializados ou
4.3 livre escolha Não
pré-fabricados
Continua...

 
  100  

Quadro 5.13 – Resultados do processo Selo Casa Azul para o Projeto de


Paiçandu/PR - Conjunto Canadá (Continuação)
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS
CATEGORIAS/ Critérios
AVALIAÇÃO ATENDIDOS
4.4 Fôrmas e escoras reutilizáveis Obrigatório Sim
Gestão de resíduos de construção
4.5 obrigatório Não
de demolição RCD
4.6 Concreto com dosagem otimizada livre escolha Não
Cimento de alto-forno (CP III) e
4.7 livre escolha Não
pozolânico (CP IV)
4.8 Pavimentação com RCD livre escolha Não
4.9 Madeira plantada ou certificada livre escolha Não
Facilidade de manutenção da
4.10 livre escolha Sim
fachada
5. Gestão da água
5.1 Medição individualizada - água obrigatório Sim
Dispositivos economizadores -
5.2 obrigatório Sim
sistema de descarga
Dispositivos economizadores -
5.3 livre escolha Não
arejadores
Dispositivos economizadores -
5.4 livre escolha Não
outros reguladores de vazão
5.5 Aproveitamento de águas pluviais livre escolha Não
5.6 Retenção de águas pluviais livre escolha Não
5.7 Infiltração de águas pluviais livre escolha Sim
5.8 Áreas permeáveis obrigatório Sim
6. Práticas Sociais
6.1 Educação para a gestão de RCD obrigatório Não
Educação ambiental dos
6.2 obrigatório Não
empregados
Desenvolvimento pessoal dos
6.3 livre escolha Não
empregados
Capacitação profissional dos
6.4 livre escolha Não
empregados
6.5 Inclusão de trabalhadores locais livre escolha Sim
Participação da comunidade na
6.6 livre escolha Não
elaboração do projeto
6.7 Orientação aos moradores obrigatório Sim
6.8 Educação ambiental dos moradores livre escolha Sim
Capacitação para gestão do
6.9 livre escolha Sim
empreendimento
Ações para mitigação de riscos
6.10 livre escolha Não
sociais
Ações para a geração de emprego e
6.11 livre escolha Sim
renda
TOTAL 23
Fonte: O autor, dados das entrevistas com os gestores dos projetos (2014)
 
  101  

Na categoria “Projeto e Conforto”, os quatro critérios obrigatórios não foram


atendidos: paisagismo, local para coleta seletiva, desempenho térmico – vedações e
desempenho térmico - orientação ao sol e vento. O paisagismo ajudaria no sombreamento
natural da edificação reduzindo o ganho térmico devido à incidência solar na edificação e
solo. Não houve estudo de orientação em relação ao sol e aproveitamento dos ventos para
ventilação interna, além da ausência de materiais ou dispositivos de controle de raios solares
pelas fachadas. A implantação de locais para coleta seletiva não foi realizada, o que garantiria
gestão de resíduos domésticos.
Quanto à “Conservação de Recursos Materiais”, não houve gestão de resíduos
de construção civil para benefício da própria obra, apenas destino para aterro regularizado.
Na categoria “Gestão da Água”, não se utilizou sistemas economizadores de
descarga e dispositivos arejadores para evitar desperdício de água. Bem como, não se utilizou
sistema de captação de águas pluviais.
Quanto à categoria “Práticas Sociais”, não houve educação dos trabalhadores
quanto à gestão de resíduos de construção civil nem educação ambiental. O critério que se
refere à participação da comunidade na elaboração do projeto também não foi atingido.
Contudo, utilizou-se da mão de obra local, dos próprios moradores, para execução das
unidades habitacionais.

5.6 RESUMO COMPARATIVO

Os três projetos analisados apresentaram características semelhantes em


relação ao arranjo físico, principalmente o projeto de Maringá/PR e o projeto de Paiçandu/PR,
que são modelos ofertados pela COHAPAR. O projeto de Sarandi/PR não possui varanda
frontal, além de possuir a menor área para circulação interior (1,10 m2). Na Tabela 5.16, estão
apresentados os dados geométricos referentes às áreas dos ambientes dos três projetos em
estudo.

 
  102  

Tabela 5.16 – Áreas por ambientes do projeto de Maringá/PR, do projeto de


Sarandi/PR e do projeto de Paiçandu/PR

Áreas Projeto Áreas Projeto Áreas Projeto


Ambiente
Maringá/PR(m²) Sarandi/PR (m²) Paiçandu/PR (m²)

1º Dormitório 8,40 8,63 7,92


2º Dormitório 5,99 7,68 6,51
Sala/Cozinha 14,05 17,22 14,91
Banheiro 2,41 4,77 2,31
Varanda 2,36 -- 2,36
Circulação 1,26 1,10 1,13
Total Área Útil 34,71 39,04 35,14

A. Const. Total 40,80 45,51 40,80


Fonte: Prefeitura do Município de Maringá (2013); Prefeitura do Município de Sarandi (2013);
Prefeitura do Município de Paiçandu (2013), organizada pelo autor

No Quadro 5.14, apresenta-se um resumo comparativo dos resultados para os


três projetos frente aos requisitos da norma ABNT NBR 15575: 2013, do Procel Edifica e do
Selo Casa Azul. Os projetos encontrados para os três municípios apresentaram características
similares, quanto aos sistemas de cobertura, vedações verticais externas, sistema de aberturas
e disposição do arranjo físico. Os três projetos apresentaram deficiências quanto aos
requisitos da área de ventilação natural proporcionado pelas janelas, com o agravante da
ausência de mecanismos para controle da incidência solar no interior dos ambientes. Fato que
gerou similaridades nos resultados, com uma classificação geral da eficiência energética da
envoltória em nível C. Os três projetos classificaram-se dentro do intervalo de valores
estipulados para o nível C, conforme o RTQ-R (C= 2,5 ≤ pontos < 3,5). O maior valor foi
obtido para o projeto de Sarandi/PR para a orientação da fachada principal voltada para o
norte (3,17). O menor valor foi obtido para o projeto de Paiçandu/PR com orientação da
fachada principal voltada para oeste (2,36).
Quanto aos requisitos do Selo Casa Azul, os três empreendimentos
conseguiriam atingir as pontuações mínimas. No entanto, não cumpriram requisitos
obrigatórios - como paisagismo, gestão dos resíduos de construção e educação para a gestão
de resíduos de construção - o que não permitiria obter o selo. O empreendimento de
Maringá/PR obteve uma pontuação final de 24 pontos de um total de 59 pontos possíveis,
enquanto os empreendimentos de Sarandi/PR e de Paiçandu/PR obtiveram 23 pontos cada
um. O empreendimento de Maringá/PR contemplou a revitalização de áreas urbanas degradas
 
  103  

(Praça do Palmares e Parque Ecológico Tarumã) o que resultou em um ponto a mais em


relação à pontuação dos outros dois empreendimentos.

Quadro 5.14 – Quadro resumo dos resultados para os três municípios analisados
Classificação
Método de Avaliação Projeto Projeto Projeto
Maringá/PR Sarandi/PR Paiçandu/PR
Sist. Vedações Atende
NBR ABNT 15575: 2013

Atende Atende
Verticais
(Pré-requisitos)

Sist. Cobertura Atende Atende Atende


Sistema
Não Atende Não Atende Não Atende
Iluminação
Sistema
Não Atende Não Atende Não Atende
Ventilação
Procel Edifica - RTQ-R
2,63 – 2,76 2,53 – 3,17 2,36 - 2,53
(Nível de eficiência
(Nível C) (Nível C) (Nível C)
energética)
Selo Casa Azul
24 pontos 23 pontos 23 pontos
(Desempenho ambiental)

5.7 ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

O estudo apontou falhas durante a fase de concepção do projeto, implantação e


gerenciamento dos empreendimentos. Tais falhas serviram de orientação para traçar diretrizes
a serem tomadas ao se iniciar novos empreendimentos de HIS, na região do aglomerado
Sarandi – Maringá – Paiçandu. O Quadro 5.15 traz as recomendações divididas em cinco
áreas: comunidade integrada e segurança; planejamento local; sistema viário; espaços
públicos abertos e privados; paisagismo; e projeto arquitetônico.

 
  104  

Quadro 5.15 – Orientações e recomendações de projeto para a região em estudo


ÁREAS ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Implantar as habitações próximas de locais de trabalho, escolas, parques e


Comunidade Integrada e

instalações civis (curta distância)


Segurança

Conservar os recursos e minimizar os desperdícios

Usar métodos e materiais de construção específicos regionais


Implantar muros para delimitação e proteção ao acesso às residências
Facilitar acesso ao bairro e do bairro as outras localidades
Implantar paisagismo em relação a locação das edificações dentro do lote, para
Planejamento

controlar a exposição ao sol durante a estação quente


Local

Maximizar o uso de ventilação natural

Implantar calçadas pavimentadas com utilização de resíduos de construção civil


Sistema Viário

Prever projeto de arborização para sombreamento das vias, além de proporcionar a


redução de ruído e aumentar a área de sombreamento do lote

Prever caixa viária provida de faixas para bicicletas, pedestres e veículos


automotores separadas

Introduzir o paisagismo na concepção do projeto dos espaços públicos abertos

Usar plantas nativas resistentes e de fácil manutenção


Escolher vegetação adequada para cada fachada (espécies caducifólias para
fachadas leste e sul; espécies perenifólias para as fachadas norte e oeste)
Paisagismo

Prever corredores ecológicos por meio de projeto paisagístico viário


Fornecer boa sombra nos espaços públicos abertos
Aumentar o sombreamento das áreas pavimentadas
Fornecer paisagismo dentro dos lotes, para auxiliar no sombreamento do
estacionamento dos veículos automotores
Arquitetônico

Proporcionar o acesso das pessoas com deficiências através da disponibilização de


Projeto

rampas com inclinações e larguras adequadas, além de pavimentação livre de


obstruções

Continua...
 
  105  

Quadro 5.15 – Orientações e recomendações de projeto para a região em estudo


(Continuação)
ÁREAS ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
Otimizar a orientação das fachadas, para reduzir ganhos de radiação solar nas
fachadas leste e oeste

Fornecer diversidade de modelos de projetos habitacionais

Prever mecanismos de proteção nas aberturas externas, para reduzir ganhos


Projeto Arquitetônico

energéticos devido à radiação solar no interior das edificações


Prever espaço para coleta seletiva de lixo
Permitir a participação dos futuros usuários nos processo de escolha do projeto,
para reduzir alterações no imóvel após a ocupação
Preferir cores claras para as fachadas
Prever sistema de aquecimento solar para banho
Prever sistema de captação e reutilização de águas pluviais
Prever sistema de cobertura com telhas de cor clara
Fonte: O autor ( 2014)

Para os empreendimentos dos três municípios, quando analisada a eficiência


energética, constatou-se baixa classificação, se avaliadas frente aos critérios do Procel
Edifica. Uma das causas deve-se ao dimensionamento e modelo inadequado das aberturas
externas. Assim, faz-se necessária a reavaliação dos critérios de aprovação de projetos
arquitetônicos de HIS, por parte dos órgãos públicos. Também se constatou que o paisagismo
no interior do lote poderia amenizar os ganhos térmicos pelas aberturas externas.
A falta de um sistema de aquecimento solar para água do banho foi outro
motivo para os empreendimentos situados nos municípios de Maringá/PR e Paiçandu/PR não
apresentarem eficiência energética satisfatória. Este conjunto de medidas serviria para reduzir
contas de serviços públicos, o que auxiliaria nas condições de quitação da moradia.
Os projetos analisados não apresentaram sistema de captação e reutilização de
águas pluviais. No caso do projeto de Paiçandu/PR, a ausência deste sistema não permitiu ao
projeto receber a bonificação do Procel Edifica quanto à presença de dispositivos
economizadores de água. Isto porque de acordo com o RTQ-R, somente será concedida esta

 
  106  

bonificação se houver o sistema referido. Portanto, mesmo que os projetos fossem equipados
com dispositivos economizadores de água, também necessitaria a instalação de um sistema de
captação e reutilização de águas pluviais.
Quando analisado o desempenho ambiental frente aos requisitos do Selo Casa
Azul, os projetos demostraram baixo desempenho ambiental, principalmente, quanto à
utilização de resíduos de construção civil. Tais resíduos poderiam servir para pavimentação
de calçadas internas e externas ao lote.
Apesar dos programas preverem cooperativas de reciclagem e geração de
emprego e renda, dentro dos lotes, e mesmo nos espaços públicos abertos, não são
implantados sistemas de coleta seletiva do lixo. O estímulo deveria partir de dentro dos
domicílios para o exterior, assim desenvolver o espírito de uma comunidade mais sustentável.
O paisagismo não é visto como parte integrante do projeto, cumprindo apenas a
função de arborização viária. Não apresenta caráter estético funcional, sendo ausente dentro
dos lotes o que não colabora no desempenho ambiental das unidades habitacionais.
As áreas recreativas são caracterizadas por espaços desprovidos de paisagismo
contemplativo, com equipamentos pouco convidativos e de pouca diversidade de usos
(normalmente se trata de uma praça com uma academia da terceira idade e/ou campo de
futebol). Há necessidade da implantação de equipamentos distribuídos por setor de acordo
com as faixas etárias e dispostas ao longo do bairro todo. Assim, evitaria o destino de áreas
recreativas por porcentagens quantitativas, daria lugar para espaços de usos coletivos com
base em estudos de valores qualitativos.
Os projetos arquitetônicos estudados são adaptados para portadores de
necessidades especiais apenas nos casos em que um morador estiver nesta condição. No
entanto, não é proporcionada a mobilidade destes usuários ao longo do bairro nem a
comunicabilidade entre um vizinho e outro, caso um deles seja portador de alguma
necessidade especial.

 
  107  

Capítulo 6

CONCLUSÕES

O método proposto possibilitou atingir os objetivos propostos para este


trabalho. A aplicação do método prescritivo do RTQ-R (Procel Edifica) possibilitou
reconhecer as ineficiências de projeto baseado no que prescreve a norma ABNT NBR 15575:
2013. O Selo Casa Azul avaliou o desempenho ambiental dos empreendimentos
habitacionais, apontou os pontos negativos e positivos dos programas habitacionais, nos três
municípios em estudo. Em conjunto, as ferramentas (ABNT NBR 15220: 2005, ABNT NBR
15575: 2013, RTQ-R e Selo Casa Azul) possibilitaram uma avaliação ampla ao atingir os
objetivos da pesquisa. Porém, se fossem utilizadas separadas, talvez não fosse possível obter
os mesmos resultados.
As orientações e recomendações apontadas neste estudo devem ser
introduzidas sistematicamente, para criar uma melhor qualidade de projeto e gerar
comunidades mais sustentáveis. Neste quesito, as prefeituras dos municípios, a Caixa
Econômica Federal e a Companhia de Habitação do Paraná assumem um papel importante
como incentivadores de mudanças nos modelos e processos de produção local. As prefeituras
deveriam adotar um código de obras com requisitos que atendam aos padrões de aberturas
prescritas pela ABNT NBR 15575: 2013. A Caixa Econômica Federal, como financiadora,
deveria ter, como um dos critérios para aprovação de financiamentos habitacionais, o
cumprimento das recomendações do Selo Casa Azul. A COHAPAR, enquanto fornecedora de
projeto padrão, deveria revisar os projetos de acordo com as especificidades de cada
localidade a qual a instituição se propõem a atender. Portanto, fornecer um conjunto de
projetos específicos para cada Zona Bioclimática, conforme requisitos da ABNT NBR 15575:
2013, ABNT NBR 15220: 2005 e RTQ-R.
Novos estudos são necessários para uma avaliação mais aprofundada da
relação do projeto no desempenho ambiental de habitações de interesse social. Deve-se
avaliar o custo que as recomendações deste estudo apontaram, para que se tenha uma análise
mais ampla quanto as decisões de projeto.

 
  108  

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  118  

APÊNDICE

 
  119  

APÊNDICE A – Guia para Aplicação do Questionário aos Gestores Públicos


Identificação
Nome: Cargo: Secretaria: Município:

Pergunta 01 – No período de 2002 a 2012, quais programas habitacionais foram elaborados no


Município?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________.
Pergunta 02 – No período de 2002 a 2012, quantas famílias foram por programas habitacionais no
Município? ______________________________________________________________________.

Pergunta 03 – No período de 2002 a 2012, existiram programas habitacionais elaborados com o


incremento de inovações tecnológicas (ex. telhado verde, sistema de aquecimento solar) no
Município? ( ) Sim ( ) Não

Pergunta 04 – Se sim, Quais?


_________________________________________________________________________________.

Pergunta 05 – Se sim para a pergunta 03, qual a sua percepção quanto ao uso dessas tecnologias
(foram bem sucedidas, recomendaria)?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________.

Pergunta 06 – Em quais fases de um programa habitacional há participação dos contemplados


(futuros usuários)?

 
  120  

( ) Concepção do programa ( ) Escolha do projeto


( ) Escolha dos terrenos ( ) Execução do projeto
( ) Implantação do projeto ( ) Outra____________________________.

Pergunta 07 – Existe a possibilidade de escolha de mais de um de tipo de planta (layout)?


( ) Sim ( ) Não

Pergunta 08 – Há estudo da qualidade de projeto na fase de escolha/concepção do projeto?


( ) Sim ( ) Não
Pergunta 09 – Há estudo de bioclimatologia para as soluções de projeto?
( ) Sim ( ) Não

Pergunta 10 – Qual tipo de apoio técnico a Prefeitura dá na fase pós-ocupação?


( ) Oficinas para geração de emprego e renda ( ) Palestras/oficinas para promoção do
desenvolvimento social
( ) Atividades de apoio ao desenvolvimento ( ) Palestras/oficinas para tratamento de
cultural resíduos domésticos
( ) Atividades para o desenvolvimento ecológica ( ) Acompanhamento das transformações
das comunidades de projeto
( ) Adaptação dos novos moradores ao entorno ( ) Outro_________________________
no qual foram inseridos ________________________________.

Pergunta 11 – A Prefeitura possui um sistema integrado do banco de dados, que envolva todas as
secretarias envolvidas em um programa de HIS?
( ) Sim ( ) Não

Pergunta 12 – Quais dos critérios abaixo correlacionados, a Prefeitura aborda em seus


empreendimentos habitacionais de interesse social?

CATEGORIAS/Critérios ATENDE?

1.1 Qualidade do entorno - Infraestrutura


1.2 Qualidade do entorno - Impactos
1.3 Melhorias do entorno
1.4 Recuperação de áreas degradadas

 
  121  

1.5 Reabilitação de imóveis


2.1 Paisagismo
2.2 Flexibilidade de projeto
2.3 Relação com a vizinhança
2.4 Solução alternativa de transporte
2.5 Local para coleta seletiva
2.6 Equipamentos de lazer, sociais e esportivos
2.7 Desempenho térmico - vedações
2.8 Desempenho térmico - orientação ao sol e ventos
Continua...

 
  122  

Continuação...

CATEGORIAS/Critérios ATENDE?
2.9 Iluminação natural de áreas comuns
2.10 Ventilação e iluminação natural de banheiros
2.11 Adequação às condições físicas do terreno
3.1 Lâmpadas de baixo consumo - áreas privativas
3.2 Dispositivos economizadores - áreas comuns
3.3 Sistema de aquecimento solar
3.4 Sistema de aquecimento a gás
3.5 Medição individualizada - Gás
3.6 Elevadores eficientes
3.7 Eletrodomésticos eficientes
3.8 Fontes alternativas de energia
4.1 Modulação de projeto
4.2 Qualidade de materiais e componentes
4.3 Componentes industrializados ou pré-fabricados
4.4 Fôrmas e escoras reutilizáveis
4.5 Gestão de resíduos de construção de demolição RCD
4.6 Concreto com dosagem otimizada
4.7 Cimento de alto-forno (CP III) e pozolânico (CP IV)
4.8 Pavimentação com RCD
4.9 Madeira plantada ou certificada
4.10 Facilidade de manutenção da fachada
5.1 Medição individualizada - água
5.2 Dispositivos economizadores - sistema de descarga
5.3 Dispositivos economizadores - arejadores
Dispositivos economizadores - outros reguladores de
5.4
vazão
5.5 Aproveitamento de águas pluviais
5.6 Retenção de águas pluviais
5.7 Infiltração de águas pluviais
5.8 Áreas permeáveis
6.1 Educação para a gestão de RCD
6.2 Educação ambiental dos empregados
6.3 Desenvolvimento pessoal dos empregados
6.4 Capacitação profissional dos empregados
6.5 Inclusão de trabalhadores locais
6.6 Participação da comunidade na elaboração do projeto
6.7 Orientação aos moradores
6.8 Educação ambiental dos moradores
6.9 Capacitação para gestão do empreendimento
6.10 Ações para mitigação de riscos sociais
6.11 Ações para a geração de emprego e renda

 
  123  

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