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A CURA PELO AR,

LÍNGUA E DENTES
Rozângela Auxiliadora Cândido

A CURA PELO AR,


LÍNGUA E DENTES
Copyright © 2005 Rozângela Auxiliadora Cândido.

Ilustração da Capa:
Raytato
Arte final da capa:
Victor Tagore
Revisão:
Artivida
Diagramação:
Bruno Henrique

C217c Cândido, Rozângela Auxiliadora


A cura pelo ar, língua e dentes / Rozângela
Auxiliadora Cândido. — Brasília : Thesaurus,
2005.
96 p. ; il.

1. Odontologia especializada 2. Respiração


3. Exercícios respiratórios I. Título

CDU 616.314
CDD 617.6
ISBN: 85-7062-506-5

Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei.


Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou
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Composto e impresso no Brasil


Printed in Brazil
AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha querida filha Gabriela, a


Thereza Gayozo, minha terapeuta e professora de
biodança, ao meu irmão Vitor e aos meus pacientes
pelo incentivo e apoio recebidos para que eu
escrevesse este livro.
Agradeço também ao escritor José Adirson de
Vasconcelos e Victor Alegria, que, acreditando na
idéia, colaboraram para que o projeto deste livro se
concretizasse.
Agradeço em especial a Deus por me iluminar
e dar forças para realizar este trabalho.
Dedico este livro à humanidade.
Acredito que o seu conteúdo pode ajudar
um pouco a compreender a simplicidade e
perfeição do funcionamento do nosso corpo.
Sumário

APRESENTAÇÃO ...................................................................... 15

1.Um histórico de doença


e uma busca da cura .......................................... 19

2. A respiração correta como


alternativa de cura ............................................ 31

3. Alternativas de tratamento .............................. 37

4. Melhoras ou curas.............................................. 49

5. Depoimentos........................................................69

6. Um outro enfoque sobre respiração.............. 81

CONCLUSÃO ............................................................................ 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 93


É do fruto da sua boca que o homem se nutre,
com o produto de seus lábios, ele se farta.
(Pr. 18,20)
Apresentação

E ste livro trata da respiração, que considero


correta, e sua influência no funcionamento do
nosso corpo.
Sendo o ar fonte de vida e, portanto, nosso
melhor alimento, acreditando ser ele um remédio que
possibilita a cura de várias doenças, procurei
entender, através de observações, estudos e
experimentos, a forma mais adequada de respirar,
para um melhor funcionamento do corpo.
Comecei buscando compreender o processo
da respiração correta, natural ou normal, de uma
forma simples e de uma maneira criativa. Nessa
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

busca, para surpresa minha, descobri a importância


que dentes e língua têm como complementos
essenciais para uma respiração correta.
A motivação pelo assunto foi a procura de mais
um caminho para a cura de dois problemas que
interferiam, sobremaneira, na minha qualidade de
vida e que já tinham sido objeto de tratamento, sem
sucesso, de vários especialistas da área: um
comprometimento auditivo (otoesclerose) e uma
severa rinite alérgica.
A intenção deste livro é, pois, a de dar um
testemunho de como uma prática relativamente
simples – a da respiração correta – pode
proporcionar bem-estar e ser via de acesso para a
melhora e/ou a cura de várias doenças, inclusive as
emocionais.
Assim, o primeiro capítulo – Um histórico de doença
e uma busca de cura – contém a descrição do meu
quadro patológico e de alguns episódios que
precederam a minha compreensão do processo da
respiração correta.
O segundo – A respiração correta como alternativa
de cura – traz a explicação da maneira de como se
faz essa respiração, para o melhor funcionamento
do corpo.
O terceiro capítulo – Alternativas de tratamento –
aborda alguns procedimentos que, associados à prática
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

da respiração correta, natural ou normal, contribuíram


para a cura da minha rinite alérgica e a melhora da
doença auditiva.
O quarto capítulo – Melhoras ou curas – traz o
comentário a respeito de declarações de pessoas que
experimentaram ou estão passando pelo processo
da respiração natural.
O quinto – Depoimentos – contém a descrição
de melhoras ou curas, através da respiração correta,
feitas por alguns pacientes.
O sexto capítulo – Um outro enfoque sobre respiração –
expressa a minha compreensão em relação à
profundidade da nossa ligação com o processo da
respiração correta, natural ou normal e alguns fatores
que sinalizam os seus benefícios.

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1.Um histórico de doença
e uma busca da cura

B rasília, capital da esperança! Com essa esperança


cheguei em Brasília no ano de 1976, cheia de
saúde e recém-formada em odontologia.
Em pouco tempo, desenvolvi uma forte alergia
acompanhada de espirros, em decorrência, acredito,
da poeira da cidade em construção. Tomei muito
antialérgico, ou melhor, uma vacina durante meses,
através de cápsulas. Os espirros cessaram, mas ficou
uma rinite alérgica e narinas secas quase sempre
obstruídas.
Logo ao chegar, iniciei minhas atividades
profissionais, o que me deixava um pouco isolada.
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Passei a trabalhar sozinha e quase não falava durante


o trabalho (exigência da profissão de dentista).
Com o tempo, notei que estava iniciando uma
deficiência auditiva, o que me preocupou bastante.
Procurei vários médicos, e nenhum pôde fazer muito
por mim. A orientação era: cirurgia ou aparelho auditivo.
A doença auditiva, otoesclerose, avançou
rapidamente. Em 1981, fui a São Paulo buscar
tratamento, o que culminou com uma cirurgia no
ouvido esquerdo. A melhora foi razoável; perdi parte
do tom agudo, ficando com dificuldade em
compreender as pessoas. Mas contava com o ouvido
direito, que ainda ouvia quase normalmente.
O processo da doença continuou avançando.
O ouvido direito manifestou os sintomas da doença
com maior intensidade. Voltei a São Paulo e foi-
me indicado um aparelho auditivo para esse ouvido.
Em julho de 1989, me mudei para uma cidade
com o clima mais úmido, passando a sentir um pouco
melhor, no que se referia às narinas secas, quase
sempre obstruídas, mas continuei com a rinite alérgica
e a doença auditiva progredindo.
Após dois anos, voltei para Brasília, no mês de
julho, justamente a época em que a cidade fica mais
seca e, para piorar o quadro, fui morar num bloco
em reforma. Novamente a alergia e os espirros se
manifestaram de uma forma mais aguda. Em um
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

momento de crise alérgica, a prótese implantada


cirurgicamente no meu ouvido esquerdo danificou-
se por completo. A partir daí fiquei escutando
pouquíssimo nos dois ouvidos.
De acordo com a opinião de um otologista em
São Paulo e vários otorrinolaringologistas de Brasília,
não era aconselhável mais nenhuma cirurgia nos
meus ouvidos, uma vez que a cirurgia do ouvido
esquerdo não tinha sido bem-sucedida. Foi então
que comecei uma busca incansável de um
medicamento para curar a incômoda doença.
Mas, até então, mesmo sabendo que não fazia
bem, tomava bastante antialérgico na esperança de
que, desobstruindo minhas narinas e controlando a
rinite, poderia ouvir melhor. Fazia também
freqüentes lavagens nas minhas narinas com soro
fisiológico, usando nebulizador. Aos poucos,
compreendi que o antialérgico e o soro fisiológico,
usados em excesso, ressecavam ainda mais as narinas
e os canais auditivos.
Estava cada vez mais consciente da necessidade
de encontrar um remédio para curar minhas narinas secas
e obstruídas e a rinite alérgica, pois imaginava estar aí
uma das principais causas da minha doença auditiva.
Passei a tomar antialérgico raramente e evitava
o uso de soro fisiológico, preferindo usar outras
soluções nasais. Nessa época, não conhecia outro
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

medicamento. Mesmo assim, não houve melhora


no meu sistema respiratório e a doença auditiva
continuou a piorar. Assim, restava-me apenas a
esperança de encontrar o tratamento adequado para
curar esse mal.
A boca foi o caminho inicial na busca desse
medicamento, uma vez que os condutos auditivos
estão muito próximos do sistema mastigatório.
Nessa perspectiva, em fevereiro de 1995, iniciei
um programa de reciclagem, freqüentando vários
cursos, buscando atualização e também novas
técnicas para fundamentar a minha investigação.
Através de um curso sobre oclusão, assunto do
momento, despertei para a necessidade de
aprofundar meus conhecimentos nessa área,
acreditando estar aí o caminho da melhora, senão
da cura. Com as novas informações sobre o assunto,
compreendi como as disfunções da oclusão e da
articulação têmporo-mandibular (ATM) podem
influenciar em determinadas patologias dos ouvidos
ou até mesmo serem a causa de algumas delas.
Alertada para esse fato, observei que do lado
esquerdo da minha mandíbula, quando criança, havia
perdido o primeiro molar permanente (chave da
oclusão), contribuindo para as disfunções da minha
oclusão e ATM, sendo o primeiro lado a manifestar
a doença auditiva.
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Temos uma ATM direita e uma esquerda que


são responsáveis pelos movimentos mandibulares.
Quanto à oclusão, segundo o dicionário ‘Aurélio’,
significa: ‘ato de fechar, cerramento, fechamento’.
Mas para esclarecer melhor o significado de
ATM e oclusão, recorro à explicação dada pelo
professor Jeffrey P. Okeson, D.M.D. (1992),
especialista em função mastigatória e dor orofacial,
da Faculdade de Odontologia Lexington, da
Universidade de Kentucky:

Em odontologia, oclusão refere-se à relação dos dentes


superiores e inferiores quando em contato funcional
durante a atividade mandibular. [...] A área onde a
articulação crâniomandibular ocorre é chamada de
articulação têmporo-mandibular (ATM).

Nesse sentido, comecei a fazer experimentos na


minha boca, para compreender melhor a minha oclusão
e a sua influência nos meus ouvidos. Acabei
transformando-me em cobaia. Testava vários ajustes
oclusais e placas em minha boca, procurando entender
como se processava o funcionamento desse trabalho
odontológico. Acreditava que estava no caminho certo.
Fiz outros cursos, inclusive especialização em
prótese dentária, com o interesse principal voltado,
quase sempre, para a área de oclusão.
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Na especialização em prótese dentária, ficou


bastante claro que, além das disfunções da oclusão
e ATMs, as mordidas classe II e classe III (mordidas
normalmente com problemas oclusais) podem
contribuir para os processos patológicos do sistema
respiratório e auditivo.
O meu caso, característico de mordida aberta,
classe II e desfunção na ATM, com o uso de placa
específica e tratamento da oclusão, foi possível uma
boa melhora dos distúrbios citados. (Não quis o
recurso cirúrgico para ter uma mordida normal, classe
I). (Ver Figuras a seguir).

Aspectos do perfil do paciente


com mordida classe II.
Dificuldade para
respirar naturalmente.

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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Aspectos do perfil do paciente


com mordida classe III.
Dificuldade para
respirar naturalmente.

Aspectos do perfil do paciente


com mordida classe I.
Facilidade para
respirar naturalmente.

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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Mesmo com o tratamento na minha oclusão,


a doença auditiva continuou aumentando. Foi então
que, além da oclusão, passei a me concentrar também
na audição. Notava que sempre que saía para me
divertir, conversar com os amigos, rir e dançar, ao
chegar em casa, estava ouvindo e respirando melhor.
Cheguei a pensar que a doença auditiva fosse mais
de origem emocional do que física.
Para verificar se era procedente essa minha
suspeita, comecei a observar melhor as pessoas que
não tinham sintomas de doença auditiva ou rinite
alérgica. O que descobri foi que aquelas que falavam
mais ou cantavam tinham menos problemas
respiratórios e auditivos. Na época, me chamou
atenção o caso de uma paciente, por natureza uma
pessoa muito calada, portadora de uma forte rinite
alérgica, mas, coincidência ou não, ficou curada
depois que iniciou uma atividade que necessitava falar
bastante em público.
Em junho de 2003, meus olhos e a entrada
dos meus ouvidos, no pavilhão externo das orelhas,
estavam bastante secos, as narinas quase sempre
obstruídas, a rinite alérgica e a doença auditiva
avançando assustadoramente, acompanhada de
insuportável zumbido.
Consciente da gravidade do estágio que havia
chegado essas minhas doenças e da necessidade
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

urgente de encontrar o caminho para reverter esse


processo patológico, procurei manter a calma e
analisei todos os conhecimentos que já havia
adquirido em relação a uma possível cura do meu
sistema respiratório e auditivo.
Concentrei-me no caso da minha paciente que
passou a falar bastante em público (hábito que eu
quase não tinha) e ficou curada da rinite alérgica. Além
da profissão que quase não me permite conversar,
havia também a dificuldade em conversar com as
pessoas, por ser difícil ouvi-las e compreendê-las.
Percebi que as pessoas com deficiência auditiva
incomodam, ou melhor, a convivência é desagradável
para a maioria das pessoas, que ficam impacientes,
pois precisam falar com calma ou repetir as palavras.
E essa doença é até mesmo motivo para se fazer
piadas. Dessa forma, os deficientes auditivos adquirem
o hábito de viver mais em silêncio. Com certeza, com
maior dificuldade para se livrar da doença.
Com base em minhas observações, cheguei às
seguintes conjeturas: a palavra poderia ser um dos
caminhos para levar à melhora ou cura das doenças
auditivas e respiratórias; a saliva poderia ser utilizada
também para aumentar a oleosidade natural do
sistema respiratório (já conhecia sua ação lubrificante
na função mastigatória, protegendo dentes, gengivas
e língua contra microorganismos).
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Saindo dos princípios naturais, fiz um


experimento injetando saliva nas minhas narinas.
Obtive uma resposta bastante positiva na
desobstrução das narinas e dos ouvidos, mas com
alguns efeitos colaterais desagradáveis. Por isso,
concluí que não seria correto usar a saliva no
tratamento do sistema respiratório e auditivo, fora
do procedimento natural.
Decidida a compreender como se processa a
nossa respiração ao pronunciar as palavras e a função
natural da saliva e língua nesse processo, comecei a
prestar atenção em como se constrói a palavra no
aparelho fonador. Iniciei as observações pelos
movimentos da língua ao pronunciar as sílabas ‘LA’
e ‘DA’.
LA – Sílaba muito energética, se repetida várias
vezes, observa-se que a ponta da língua sempre toca
no palato, ou melhor, na papila que fica na abertura,
forame incisivo, bem próxima aos dentes incisivos
centrais.
DA – O processo é semelhante, pois elevamos
a ponta da língua no mesmo ponto energético, ao
pronunciá-la.
ROZÂNGELA (meu nome) – Passei a repeti-
lo várias vezes, pois sentia que, ao pronunciar a sílaba
‘LA,’ a ponta da língua provocava um grande estímulo
no palato, ou seja, no ponto energético (ponto E).
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Uso a expressão ‘ponto E’ para esclarecer que


o forame incisivo é uma abertura por onde, acredito,
passa estímulo energético para a nossa respiração,
além de suas outras funções.
Posteriormente às minhas observações nos
movimentos da língua, ao pronunciar as sílabas ‘LA’
e ‘DA’, encontrei no texto que trata da fala, na parte
sobre a articulação do som, de Jeffrey P. Okeson
(1992), a seguinte explicação:

A língua e o palato são especialmente importantes na


emissão do som da letra ‘D’. A ponta da língua eleva-se
até tocar o palato na parte posterior dos incisivos.

O desenho abaixo representa o palato, onde


está localizado o ponto energético (forame incisivo)
de grande importância para a respiração natural.

Ponto E

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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA & D E N T R E S

Bem, de posse dessas informações e


experimentos, acreditei ter encontrado o caminho
para a melhora, senão a cura dos meus males e
porque não de outros. E assim fui em frente.

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2. A respiração correta como
alternativa de cura

P ara a melhor compreensão do processo da


respiração que chamo de correta, natural ou
normal, segue a orientação da prática de dois
exercícios respiratórios:

i) Inspire e expire pelo nariz, conectando e


estimulando com a ponta da língua o ‘ponto E’, forame
incisivo, que fica no palato, próximo aos dentes incisivos
centrais, e faça o contato entre os dentes (superiores e
inferiores) de uma forma leve e suave em ambos os
lados, distribuindo a força entre dentes e língua. Sinta o
ar entrando e saindo pelas narinas, relaxando a
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

musculatura do corpo. Em alguns momentos, solte o


contato dos dentes sem tirar a ponta da língua do ‘ponto
E’, relaxando o sistema mastigatório. (Trata-se da
respiração natural em silêncio).

ii) Agora, cante ou fale: lá, lá, lá... dá, dá, dá...
Sinta onde toca a ponta da sua língua quando você
canta ou pronuncia essas sílabas. É no ponto
energético (forame incisivo), como visto na figura
de representação do palato.

Observei que ao conectarmos a ponta da


língua na papila, principalmente nos intervalos
da pronúncia das palavras, ela se abre como um
leque, fechando completamente a entrada de ar
pela boca, levando-nos a inspirar pelo nariz.
Constatei também que, em alguns momentos nos
intervalos do falar e cantar, tocamos os dentes
de uma forma leve e suave e pressionamos com
mais intensidade a ponta da língua no ponto
energético, facilitando a absorção de energia.
Nesse instante, hidratamos e nutrimos a garganta
e relaxamos o corpo. Também, ao abrir a boca
ao pronunciar as palavras, expiramos e relaxamos
o sistema mastigatório.
Portanto, o processo da respiração correta,
natural ou normal se faz em silêncio e ao falar.
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Através da respiração correta por meio das


palavras, comecei a perceber, seja falando ou cantando,
que a minha capacidade de ouvir e respirar ficava
aumentada. Por isso, deduzi que, quando falamos ou
cantamos, a energia circula com mais intensidade nas
narinas e canais auditivos, estimulando-os e tornando-
os mais aptos para exercerem as suas funções: ouvidos
– ouvir, narinas – respirar. Atentei para essa perfeita
sintonia da natureza: os ouvidos respondem aos
estímulos das nossas palavras, ou seja, falamos e nos
ouvimos, estamos, em essência, em total harmonia.
Todavia, pela respiração natural, em silêncio,
notava que as entradas dos meus ouvidos no
pavilhão externo das orelhas ficavam mais úmidas
e oleosas. De acordo com minhas percepções,
conclui que, para o melhor funcionamento dos
ouvidos, era preciso a respiração correta em silêncio
e através das palavras.
Interessada sempre em comprovar a influência
da respiração natural para o bom funcionamento
do nosso organismo, me chamou atenção uma ma-
téria publicada pela revista Veja (edição 1856, ano
37, n.º 22, 2 jun. 2004) sobre labirintite, na qual o
doutor Arthur Menino Cartilho, otorrinolaringolo-
gista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Me-
dicina da Universidade de São Paulo (USP), dava a
seguinte explicação:
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

As células do labirinto, órgão responsável pelo


equilíbrio, são grandes consumidoras de energia e de
oxigênio. Qualquer déficit nesse suprimento faz com
que o cérebro tenha dificuldades em localizar-se no
espaço. Daí vem a sensação de tontura. Esse é o sintoma
mais comum.

Nesse sentido, passei a acreditar que, associada


ao tratamento indicado para a labirintite, a
respiração natural, em silêncio, poderia auxiliar na
melhora dessa doença auditiva, contribuindo com
a reposição da energia e do oxigênio consumidos
pelas células do labirinto.
Seguindo essa linha de raciocínio, uma
obser vação me parece procedente: na era da
informática, em que o computador tornou-se
instrumento de mediação nas relações humanas,
as pessoas ficam mais em silêncio e, talvez, mais
vulneráveis a contrair doenças, principalmente as
respiratórias e auditivas pela falta da expressão oral.
O encontro entre pessoas está deixando de ser
um ato de troca de energia pelas palavras, assim, os
nossos ouvidos estão deixando de exercer sua real
função: ouvir a nós mesmos e ao nosso próximo.
Mas tem saída. Mesmo diante do
computador, fale com a máquina, parece estranho,
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

mas faz bem, pronuncie palavras e respire


naturalmente.
Um outro recurso é ler em voz alta.
Comprovei ser um excelente exercício para quem
tem problemas auditivos, narinas obstruídas e
dificuldade de se relacionar.
Vale salientar que é recomendável cantar em
corais, como uma forma de curar doenças e ter
mais vitalidade, assim como entoar mantras
espirituais com uma vibração com a ponta da língua
no ponto energético do palato, buscando a calma,
a harmonia e a paz interior. Ajuda também a
diminuir as tensões1.
Enfim, com base na própria experiência e,
depois, de outras pessoas, conforme depoimen-
tos, a respiração correta, tal como descrita, em
silêncio ou mediante palavras, é uma poderosa
aliada contra as narinas secas e obstruídas, rinite
alérgica, algumas doenças auditivas, roncos,
olhos vermelhos ou secos, cansaço mental e
possibilidade de cura de outras doenças do nos-
so corpo.
Chamo a atenção para o fato de a respiração
natural, em silêncio, contribuir com as reservas
1. É bom lembrar que os espirros são defesas naturais do corpo, sendo
necessário respeitar esse processo natural deles: boca aberta ou semi-aberta,
sem conexão da ponta da língua no ‘ponto E’.

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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA & D E N T R E S

energéticas do corpo; já a respiração por meio das


palavras, com a vitalidade.
Diante do que foi colocado, torna-se
procedente observar que as pessoas que usam
próteses dentárias, com resina acrílica ou outros
materiais, no ponto energético do palato (forame
incisivo), podem melhorar a qualidade do estímulo
na respiração, retirando as mesmas nos momentos
possíveis para praticar os exercícios respiratórios.
Também as pessoas que possuem mordida
classe II ou classe III, tendo dificuldade para tocar o
forame incisivo com a ponta da língua, ao falar e
cantar, dificultando a respiração normal, podem
sanar esse problema através de exercícios.
Portanto, a ordem é: respire sempre de uma
forma natural e sinta as modificações em seu corpo
e experimente a possível cura de suas doenças.
A era é de cura!

***
Obs. É bom salientar que a respiração em silêncio com a boca
aberta ou semi-aberta pode ser feita pelo nariz, desde que a ponta
da língua esteja conectada com a papila que fica na abertura, forame
incisivo.

36
3. Alternativas de tratamento

I nicialmente, esclareço para o leitor que todas as


alternativas para melhorar a prática da respiração
correta, citadas neste livro, foram experimentadas
e tiveram a sua eficiência comprovada no meu
corpo e no de alguns pacientes.

O tratamento das disfunções da oclusão e


ATMs é de grande importância no processo da
respiração normal, ou melhor, relaxamos o nosso
corpo quando respiramos e tocamos os dentes em
ambos os lados de uma forma harmônica e suave,
evitando também traumatismo nos ouvidos.
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Para algumas pessoas, é necessário o uso das placas


oclusais, quando estão dormindo. Elas contribuem para
melhorar a oclusão, o relaxamento muscular e auxiliam a
respirar corretamente nesse horário.
Pela falta da respiração normal, quando estamos
dormindo, as narinas podem ficar secas e obstruídas,
a boca aberta ou a língua voltada para a garganta,
dificultando a entrada do ar, provocando em alguns
casos roncos e paradas respiratórias (apnéia),
conseqüência de outros distúrbios.
Considero as placas também bastante úteis para
o tratamento do sistema respiratório (roncos, rinites,
bronquites, etc.), bem como na cura ou melhora de
doenças auditivas e outros distúrbios do corpo. Elas
são os melhores guias para dormimos conectados
com nossa fonte nutritiva.
Assim de acordo com os experimentos feitos
em minha boca e nas de alguns pacientes, cheguei à
conclusão que as placas poderiam ser guias para as
possíveis curas dos distúrbios respiratórios, especial-
mente quando se deixa bem aberto na resina acrílica
o espaço da papila que fica na abertura, forame inci-
sivo, para que a ponta da língua possa conectar com
este ponto energético.
Observo que para o tratamento do sistema res-
piratório é preciso, na maioria dos casos, ao fazer as
placas, conservar o máximo possível a dimensão ver-
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ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

tical (DV). Deixar a abertura na resina acrílica, apro-


ximadamente até um terço das faces palatinas dos
incisivos centrais estendendo até as faces palatinas
dos incisivos laterais. Assim, ao usá-las, fica mais fá-
cil a adaptação da ponta da língua no ‘ponto E’.
Exemplo de uma placa:

Observo também que em alguns casos, para


auxiliar pacientes que têm dificuldades em respirar
naturalmente, é recomendável colocar pequenas
saliências com resina composta nas cervicais das
faces palatinas dos incisivos centrais superiores.
Funciona como um lembrete para manter a
ponta da língua no ‘ponto E’, ao respirar
normalmente, ou seja, colocar a ponta da língua
próximo às saliências, evitando o contato dela
nos dentes 2.
2. As minhas observações sobre as placas e saliências com resina composta nas
faces palatinas dos incisivos centrais, se destinam ao colega dentista.

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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Acredito na possibilidade de desenvolvermos


próteses totais (dentaduras) com modelo e material
específico para permitir que a ponta da língua
conecte com a papila que fica na abertura, forame
incisivo, para serem usadas somente ao dormir,
possibilitando aos pacientes, portadores das
mesmas, respirarem naturalmente nesse horário.
Em alguns casos de respiração inadequada,
provocada por alterações no sistema mastigatório,
indico, além de exercícios respiratórios, placas, ajustes
oclusais, próteses dentárias, sem ou com implantes,
podendo ser completados com outros tratamentos
dentários, através da ortodontia.
Sugiro evitar medicamento nas narinas quando
iniciar o tratamento proposto neste livro.
Quando as narinas estiverem ressecadas pela falta
da lubrificação natural ou pela presença de coriza
(característica da falta de oleosidade natural), também
nos casos de zumbidos, podemos amenizar o problema
de forma indireta: passando água ligeiramente oleosa
por fora da entrada das narinas, como se passa um
creme, sem deixar excesso, usando a proporção de uma
a duas gotas de óleo mineral diluído na palma da mão
com um pouco de água destilada (usada para diluir
remédio), encontrada em farmácias.
A orientação é de usá-la sem exagero, pois o
objetivo que proponho nessa alternativa é apenas
40
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

contribuir com a respiração normal, na lubrificação


das narinas e ouvidos.
Uma alternativa nos casos de narinas
obstruidas, principalmente pela manhã, é a respiração
normal, através do falar e cantar.
Um outro recurso aliado da respiração natural,
diz respeito ao uso do óleo de semente de linhaça e
o leite de soja na alimentação, pois são produtos
que auxiliam bastante a lubrificação das narinas,
ouvidos, olhos e articulações, contribuindo na cura
ou melhora de rinites, olhos secos, dores auditivas e
articulares.

Sugestões:

i) Triturar uma porção de semente de linhaça


com um pouco de leite de soja no liquidificador, em
seguida, coar para retirar as fibras e adoçar, de
preferência com mel. Tomar esse alimento pela
manhã, ou antes, de praticar exercícios físicos. Após
algumas horas repetir a dose caso ache necessário.

ii) Tomar suco preparado com a semente de


linhaça, quando não for possível associá-la ao leite
de soja.
Ao usar o óleo de semente de linhaça, é bom
observar seu organismo para saber a quantidade ideal
41
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

que deve ser consumida no dia. Caso exceda no


consumo desse alimento, você poderá perceber
sintomas tais como: sensação de ressecamento,
irritação no couro cabeludo e pele, secreções em
excesso e zumbido muito desagradável. Nesses casos
diminua essa alimentação, tome bastante água e fale
ou cante mais para normalizar a situação.
Na época em que o clima estiver muito seco, é
bom, para conservar e aumentar a umidade e
oleosidade natural do nosso sistema respiratório,
fazer uma leitura num lugar bem limpo e úmido, seja
à sombra de uma árvore, ao lado de uma fonte com
água corrente, ou no banheiro da casa com um
recipiente ou uma banheira com água fria. Sentar-se
nesses locais e fazer a leitura alternando-a, um tempo
em voz alta e outro em silêncio, ou simplesmente
descansar respirando naturalmente.
Acredito que essas alternativas, associadas ao
equilibrio entre respirar naturalmente, em silêncio e
mediante palavras, auxiliam o organismo doente a
repor suas reservas energéticas, aumentando a
vitalidade.
Em meu consultório, oriento todos os meus
pacientes de todas as idades, indiferentemente de
terem ou não alguma disfunção orgânica, para
fazerem a respiração normal ou natural. Muitos
pacientes, ao iniciar o tratamento com os exercícios
42
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

respiratórios, atestam ter obtido uma boa melhora.


Todos afirmam sua satisfação pelo bem-estar e
relaxamento proporcionado.
Muitas vezes, a melhora não se realiza por
completo ao iniciar o tratamento pela respiração
normal, pelo hábito já enraizado de dormir com a
boca aberta e sem a conexão da ponta da língua
com o ‘ponto E’, e em alguns momentos, ao dormir,
solta-se a ponta da língua desse espaço, voltando
novamente a respirar de forma inadequada,
reaparecendo os sintomas das doenças.
É de suma importância treinar sempre os
exercícios da respiração normal durante o dia,
quando estamos acordados. É preciso ter consciência
de que ficamos quase uma vida respirando de maneira
incorreta, e agora é preciso paciência e persistência
para adquirir e manter o hábito de respirar de forma
natural.
Observei, nesses meus estudos e experimentos,
que os jovens têm muita facilidade para curar suas
disfunções respiratórias, através da respiração natural.
Detectei também que, ainda na juventude, pode-se
contrair distúrbios, concernentes à velhice, pela falta
de informação e uso de uma respiração correta.
Por isso, um dos objetivos principais desse trabalho
é orientá-los para a necessidade de respirar
conectando e estimulando a ponta da língua no
43
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

forame incisivo e, em alguns momentos, tocar os


dentes de uma forma leve e suave. Além disso, cantar
e falar mais durante suas atividades.
Estamos vivendo numa época em que não
existem mais dúvidas sobre a necessidade de uma
boa respiração para a cura das doenças, associada
ou não a outros tratamentos.

***
Na minha caminhada em busca de tratamento
para curar a disfunção respiratória e auditiva, com
conseqüências emocionais, busquei ajuda também
em trabalhos a nível espiritual e emocional.
Nos trabalhos espirituais, sempre fiquei e fico
fortalecida para continuar o meu caminho, alcançar
minhas metas e evoluir.
Na terapia a nível emocional, expressava minhas
emoções pelas palavras e algumas vezes pelas lágrimas.
Normalmente, saía das sessões aliviada, sentindo
bem-estar e ouvindo melhor.
Lendo a revista Veja (ano 35, 18 set. 2002), me
chamou atenção uma matéria sobre stress, que
consistia em uma entrevista de Diogo Schelp feita
ao psicólogo americano James Campbell Quick, PHD
em administração de empresas; pioneiro no controle
do stress no ambiente de trabalho; professor de
comportamento organizacional da Universidade do
44
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Texas e editor do principal jornal de psicologia e


saúde no trabalho.
Gostei muito da entrevista. Todavia, transcrevo
apenas uma das perguntas e conseqüente resposta,
objeto maior de meu interesse, por se tratar do uso
da escrita para expressar as emoções, como se segue:

Veja – Como se pode evitar que situações desgastantes


na vida pessoal levem ao stress no trabalho, ou vice-
versa?
Quick – Isso é possível, sim. Podem-se minimizar os
efeitos ruins escrevendo diários, como orações ou
como confissão. Trabalhei com jovens oficiais do
Pentágono que estavam tendo dificuldade para impedir
que o stress daquele ambiente tenso contaminasse a
vida doméstica. Escrevendo os mais profundos e
perturbadores sentimentos no computador, toda
manhã, eles se livraram de boa parte da carga de stress
e estavam aptos para trabalhar de forma produtiva
durante o dia. É suficiente escrever por cinco, quinze
minutos ou meia hora.

Nessa época, não fazia mais terapia a nível


emocional, regular mente, ficando as minhas
consultas terapêuticas apenas como uma opção em
momentos difíceis de superar sozinha. Utilizava,
45
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

como ainda uso, outras maneiras para trabalhar


minhas emoções. Aprendi também a escrever como
mais uma forma de liberar meus sentimentos.
Costumava escrever, porém sem disciplina e quase
sempre mensagens positivas, raramente sobre
acontecimentos tristes.
Depois que li a entrevista de James Campbell
Quick, mudei minha maneira de escrever. Fiquei mais
disciplinada com o horário. Continuei escrevendo
mensagens positivas, mas registrando também
lembranças desagradáveis e acontecimentos tristes
do passado e os do momento.
Após conscientizar-me sobre a importância da
respiração através das palavras para a saúde do corpo,
associei o falar no momento que escrevia sobre os
meus sentimentos. Incorporei mais uma elemento
na minha busca determinada para consecução de
meus objetivos: curar meus males físicos e
emocionais, ter uma melhor qualidade de vida,
aproximando-me da minha essência.
Hoje, tenho o hábito de escrever e falar um
texto, escrito por mim, todas as noites antes de
dormir, quase como uma confissão, ou apenas como
um diário. Procuro ter minar o meu trabalho
escrevendo e falando uma mensagem de otimismo
e amor, como uma oração. Dessa forma, durmo
tranqüila e respirando melhor. Acordo bem-
46
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

humorada e descansada para iniciar meus


compromissos do dia.

***
Lembrando: os ouvidos respondem ao estímulo
das nossas palavras. Para ter ouvidos sadios e
normais, é preciso também pronunciar as palavras
ou cantar, mas chorar também faz bem.
Durante consultas terapêuticas esporádicas,
depois da minha compreensão sobre a respiração
normal, algumas vezes, sem conseguir compartilhar
minhas emoções por meio das palavras, expressei
meus sentimentos pelas lágrimas. Nessas ocasiões,
sempre atenta às respostas dos meus ouvidos,
comecei a perceber que saía das consultas ouvindo
melhor em relação ao que já havia conquistado pela
prática da respiração normal.
Por esse motivo, estar ouvindo um pouco mais,
associei as lágrimas à respiração natural, entendendo
que as lágrimas, ao deixarem o corpo menos tenso
pela liberação da dor, também umidificam os canais
respiratórios contribuindo com a hidratação deles,
melhorando a respiração e também permitindo-nos
ouvir melhor.
Acreditei mais ainda nesse benefício que a
psicologia nos ensina: liberar nossas emoções pelas
palavras e lágrimas. Certamente, tal postura contribui
47
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA & D E N T R E S

com a respiração natural e, assim, melhorar ou curar


nossas doenças físicas e emocionais.
Um outro elemento incorporado ao meu
tratamento foi a biodança. Através da música, da
dança, dos exercícios feitos com amor, o encontro
com amigos, sentia-me mais leve e feliz; falava,
respirava melhor e ouvia mais. Ao associar a
respiração natural aos exercícios, a energia circulava
com mais intensidade e fluidez por todo o meu
corpo.
Ar, alimento energético.
Amor, bênção de cura.

48
4. Melhoras ou curas

R elato o meu caso como referência inicial neste


capítulo, colocando-me como minha própria
observadora. Na realidade, são 27 anos de luta contra
a doença auditiva: otoesclerose.
Com o equilíbrio entre respirar sempre
naturalmente, em silêncio e por meio das palavras,
incorporando as alternativas citadas neste livro, para
facilitar a respiração correta, fez com que eu ficasse
curada do meu problema respiratório e obtido uma
melhora sensível da audição.
Minhas narinas e meus olhos estão nutridos e
hidratados; a rinite alérgica e os roncos
49
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

desapareceram. As narinas quase sempre obstruídas


agora estão desobstruídas. Observo que, em alguns
momentos, a direita inspira mais que a esquerda ou
vice-versa; considero normal.
As entradas dos meus ouvidos no pavilhão
externo das orelhas estão lubrificadas e hidratadas,
raramente sinto zumbido muito desagradável. Minha
audição apresentou melhoras, principalmente
comparando com a época anterior ao meu
reencontro3 com a respiração natural. Uso aparelho
auditivo, mas agora o som e a compreensão estão
bem melhores.
Apesar de ter consciência de que o meu
reencontro com a respiração natural se deu numa
época em que eu quase não ouvia, mesmo com o
uso de aparelho auditivo, tenho esperanças em voltar
a ouvir de forma normal. Acredito também que,
agora, há maior probabilidade de uma cirurgia nos
meus ouvidos ser bem-sucedida.

***
Minha filha, portadora de uma bronquite e rinite,
desde os três anos de idade, tinha uma mordida aberta,
classe II, pelo fator genético, além de ter feito o uso

3. Uso a expressão ‘reencontro com a respiração natural’, considerando o


momento da tomada de consciência de como se faz esse tipo de respiração.

50
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

da chupeta de borracha dos dezenove meses aos


quatro anos. Fez vários tratamentos com médicos,
ortodontista e fonoaudiólogo.
No seu caso, a mordida aberta, classe II, foi
corrigida para a classe I (normal). A partir daí, os
sintomas da bronquite melhoraram bastante, mas
não se chegou à cura completa. Aos quinze anos
(ano 2003), ainda apresentava o seguinte quadro
patológico: rinite alérgica, narinas obstruídas,
principalmente pela manhã, e lábios muito secos.
Tinha dificuldade em eliminar as secreções em casos
de gripe, recorrendo ao uso de nebulização.
Desde que ela passou a fazer a respiração
natural, não manifestou nenhum sintoma de
bronquite e rinite (julho de 2003). Julho de 2004,
minha filha está bem e continua sem sintomas dos
distúrbios. Os lábios ressecados e trincados quase
não ressecam mais.

***
Em agosto de 2003, um paciente meu, que já
estava consciente e fazendo a respiração normal,
comentou: “Neste ano não houve seca em Brasília,
porque meus lábios não trincaram!” Na realidade,
houve uma seca bem forte, nessa época, em Brasília.

***
51
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Em novembro de 2003, encontrei com uma


afilhada (18 anos) que mora em Ribeirão Preto. Ela
me falou que estava com as narinas quase sempre
obstruídas, iniciando, possivelmente, uma rinite
alérgica. Sua médica disse que era emocional, porque
ela se preocupava muito com o vestibular. Imaginei
que, pela dedicação aos estudos, ela estaria vivendo
muito em silêncio, além de não praticar a respiração
natural. Falei com ela sobre essa forma de respirar,
orientando como fazê-la, sugerindo que, a estudar,
procurasse ler em voz alta. Ela iniciou os exercícios
respiratórios e ficou logo livre do problema.

***
A secretária do meu consultório, 18 anos,
sempre reclamava de uma dor no ouvido direito,
faltava dias ao trabalho por causa da dor. Os
exames que ela fez não mostraram nenhum
indicativo de lesão no ouvido, mas a dor persistia.
Em julho de 2003, conscientizei-a do
processo da respiração normal. Ela começou a
praticá-la e, sem auxílio de tratamento médico
ou odontológico, a dor logo desapareceu. Julho
de 2004, minha secretária continua sem dores
no ouvido.

***
52
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Um caso que me chamou a atenção foi o de


uma paciente, portadora do mal de Parkinson em
estágio avançado. Ela iniciou o tratamento em
agosto de 2003: prática da respiração normal e uso
de placa oclusal. Segundo ela, a incômoda secura que
sentia na boca logo desapareceu.
Em julho de 2004 comentou: “Além do uso da
placa e os exercícios respiratórios estou fazendo
leitura em voz alta e cantando em coral. Sinto-me
bem melhor.”

***
Um caso interessante que tive no consultório
foi de uma paciente que iniciou o tratamento dos
dentes comigo com a idade de nove anos, levada
por sua mãe. Hoje ela tem 36 anos. Na época em
que me mudei de Brasília, perdemos o contato.
Por acaso, ela me encontrou novamente e
voltou a ser minha cliente. Relatou que com a idade
de vinte e seis anos (há dez anos) começou a
apresentar um quadro de perda de audição e também
dores no ouvido direito. Além da doença auditiva,
ela tinha uma grande disfunção na oclusão e ATM
(perdera o primeiro molar direito, chave da oclusão,
quando criança) e era por natureza bastante calada.
O tratamento da oclusão começou em 2002,
quando um otorrinolaringologista orientou-a para
53
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

esse recurso que a odontologia oferece. Na ocasião,


concomitante ao tratamento dentário, sugeri a ela
conversar mais e cantar, atividades que poderiam
auxiliar na melhora do seu ouvido, uma vez que esta
minha experiência já estava em andamento.
Em julho de 2003, havíamos conseguido uma
boa melhora na oclusão e ATM, mas os sintomas
do ouvido continuavam acentuados.
Então, mais bem informada dos benefícios da
respiração normal, adaptei sua placa para que a
ponta da língua pudesse conectar com o ponto
energético, orientando-a sobre essa forma de
respirar (a ponta da língua no forame incisivo ou
‘ponto E’, o contato bem suave dos dentes em
ambos os lados) e para continuar com os exercícios
do falar e do cantar. A melhora dos sintomas
patológicos do ouvido veio de imediato.
Março de 2004 – a paciente está satisfeita com
o tratamento. As dores quase desapareceram e a
audição está normal (segundo ela).
Julho desse mesmo ano, a paciente declarou:
“No mês de maio, só em um único dia senti dor
no ouvido. Continuo acreditando no sucesso do
tratamento. Antes dele, a dor era quase
diariamente”.

***
54
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Este caso também merece atenção. Em março


de 2004, uma paciente, com aproximadamente 50 anos,
apresenta-se como estando sempre cansada,
desanimada, tem a pele muito seca e ronca. Observei
que ela tinha uma mordida classe II e na pronúncia das
palavras elevava a ponta da língua, na maioria das vezes,
quase no centro do palato; raramente tocando no
forame incisivo. Apresentava dificuldade para respirar
normal, ao dormir e também quando acordada.
Ela iniciou os exercícios para respirar de forma
correta, assim que eu a orientei. Também passou a
usar a placa, e outro recurso foi colocar na face palatina
(posterior) dos dois incisivos centrais superiores, bem
próximo ao forame incisivo, pequenas saliências com
resina composta. Assim, ela teria o referencial do
espaço correto para apoiar a ponta da língua, quando
não estivesse usando a placa, e fazer a respiração
normal, por meio das palavras e em silêncio.
Esse caso é bastante complexo e ao mesmo
tempo gratificante, pois, embora ela tivesse, no início,
obtido uma melhora, esta foi abaixo da expectativa.
Mesmo assim, essa paciente está dedicada ao
tratamento para ficar curada. Ela tem conhecimento
de que é possível corrigir a mordida classe II para classe
I (normal), através de cirurgia, preferindo não fazê-la.

***
55
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Tenho casos no meu consultório de casais que


reclamam de noites mal-dormidas por causa de
roncos. Sempre falo com eles da importância da
respiração natural e, se necessário, completando com
o uso da placa oclusal, ao dormir.
Na maioria das vezes, a cura dos roncos
acontece de forma gradativa, ou seja, à medida que
o paciente vai adaptando a ponta da língua na
abertura da placa, no espaço do forame incisivo, os
roncos vão desaparecendo. Não interfere no
tratamento se a pessoa abrir a boca quando estiver
dormindo, o que importa é a ponta da língua ficar
sempre conectada com o ponto energético do palato.
Comparando alguns casos relacionados com os
roncos, observei que as pessoas que têm sono muito
profundo ou tomam medicação para dormir têm
mais dificuldades para ficar livre deles.

***
Um outro caso sobre a cura de roncos e dos
ouvidos. Esta paciente, 25 anos, tem uma boa
oclusão, somente com pequenas alterações, mas
sentia sempre dores nos ouvidos. Procurou
tratamento médico e também odontológico, mas
não obteve melhora.
Por indicação de seu pai (meu paciente), veio
ao meu consultório para mais uma tentativa. Nesse
56
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

caso, além da respiração natural, indiquei o uso da


placa, para melhorar, ao dormir, as pequenas
irregularidades na oclusão, sendo também guia
respiratório. Logo após o início do tratamento, as
dores diminuíram. Isso em abril de 2004.
Em julho desse mesmo ano a paciente declarou:
“Não sinto mais dores nos meus ouvidos; considero-
me curada dessa doença”. Acrescentou que orientou
um amigo que roncava para respirar da mesma
forma. Ele seguiu seus conselhos e parou de roncar,
o que foi confirmado pela mãe dele.

***
Um caso relacionado com apnéia, roncos e
narinas obstruídas. O paciente, 53 anos, veio ao meu
consultório buscando tratamento para o sistema
respiratório, indicado pela sua esposa que já conhecia
esta alternativa de cura pela boca (orientada por mim,
através de uma consulta anterior a dele).
Inicialmente, como sempre, falei sobre a
importância da prática da respiração correta,
durante o dia e ao dormir. Após uma semana, ele
voltou ao meu consultório e disse que havia obtido
melhora na sua respiração, porém tinha dificuldade
em dormir a noite toda com a ponta da língua
conectada no forame incisivo. Devido a isso,
aconselhei o uso da placa.
57
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Após um mês, o paciente bastante satisfeito


relatou-me que estava respirando quase normal, os
roncos e as crises de apnéia, que o estavam deixando
muito preocupado, desapareceram por completo.
Comentou que havia pensado antes em fazer uma
cirurgia nas narinas.

***
Outro caso é de um paciente, 45 anos, que
ronca e tem disfunção na oclusão. Indiquei para ele,
além do tratamento para normalizar sua oclusão,
uma placa para relaxamento muscular e também
como guia respiratório, como possibilidade de curar
ou melhorar os roncos.
Acompanhei a parte relacionada com os roncos
conversando com a esposa dele. Inicialmente, ela
contou que, após o uso da placa, seu marido parara
de roncar. Seis meses depois, deixando de usá-la e,
portanto, de praticar a respiração correta, os roncos
voltaram com a mesma intensidade de antes. Isso
significa que, para o tratamento dar certo, é preciso
paciência e persistência.

***
Este caso é sobre a cura dos roncos e dores
de cabeça de uma paciente, 41 anos, mãe da minha
secretária. Ela perdeu vários dentes e usa uma
58
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

prótese parcial removível superior (PPR) com resina


acrílica no palato.
Nesse caso, substituí a prótese, ao dormir, por
uma placa com as mesmas características, mas com
uma abertura no espaço do forame incisivo, para
facilitar os exercícios respiratórios e conservar a
estabilidade do sistema mastigatório.
Já na primeira noite em que a paciente iniciou
o tratamento, com o uso da placa e os exercícios
respiratórios, não roncou nem sentiu dores de
cabeça, dormindo a noite toda, o que foi atestado
por ela e pela sua filha. Após um mês, ela continuava
bem, sem roncar e sem sentir dores de cabeça.

***
Um caso sobre a melhora de roncos e cura de
narinas secas e obstruídas. O paciente, 46 anos, ronca
e tem as narinas secas e quase sempre obstruídas.
Iniciou o tratamento no ano de 2003, com a prática
dos exercícios respiratórios e o uso da placa ao dormir
(Ele tem problemas de saúde, necessitando de tomar
remédios antes de dormir).
Após o início do uso da placa, ele comentou
ter havido uma melhora na intensidade dos seus
roncos, confirmada pela sua esposa.
Alguns meses depois, ele relatou-me que,
embora de forma mais atenuada, ele continuava
59
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

roncando, mesmo fazendo uso da placa. Aconselhei


paciência e persistência. (Acredito que, nesse caso, a
expectativa pela cura completa foi maior que a
melhora alcançada).
Depois de algum tempo, ele me ligou bastante
aborrecido, dizendo que a placa havia se quebrado,
e os roncos tinham voltado com a mesma intensidade
de antes. Agora sua esposa quase não dormia, devido
ao incômodo provocado por eles.
Reconstituí a placa. Após uma semana, ele
disse não ter mais dúvidas; com o seu uso, os seus
roncos, se não desapareceram, pelo menos
diminuíram. Também estava respirando melhor,
pois suas narinas estavam lubrificadas e
desobstruídas.

***
Vou destacar também o caso de uma paciente
de 35 anos que perdeu os dentes anteriores
superiores, ainda criança, e usa uma prótese parcial
removível com resina acrílica no palato, sente-se bem
com ela e prefere mantê-la.
Dessa forma, apenas a informei sobre o
processo da respiração natural e orientei quanto à
necessidade de retirar a prótese nos momentos
possíveis para fazer os exercícios respiratórios.
Assim que iniciou esse procedimento, segundo ela,
60
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

sentiu-se bem melhor, e que o cansaço e desânimo,


que antes sentia, provavelmente eram decorrentes
da falta da respiração normal.

***
Outro caso é de um paciente jovem, 18 anos,
que tem bronquite, bruxismo cêntrico, disfunção
na oclusão e ATM. Inicialmente, prestei
orientação quanto aos procedimentos da
respiração natural. Em seguida, fiz uma placa para
ser usada, ao dormir, para relaxar a musculatura
e contribuir para manter a mesma postura de
respirar corretamente.
Após a melhora do quadro, fiz os ajustes
oclusais necessários para harmonizar e estabilizar
o sistema mastigatório.
Iniciamos esse tratamento em março de
2004. Julho desse ano ele disse: “Iniciei um leve
sintoma de bronquite, melhorei rápido usando
apenas medicação caseira”. Acrescentou também
que acreditava que com a respiração correta e o
uso da placa logo ficaria totalmente curado da
bronquite.
O jovem está bem, não teve mais crises de
bronquite e o bruxismo cêntrico está controlado.
Acredito que, nesse caso, a utilização da placa
logo será desnecessária, pois ele é persistente e
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A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

bastante atento ao tratamento. Já asseverou: “A


respiração natural é ‘nor mal’ em todos os
momentos”.

***
Outro caso de uma jovem, 26 anos. Ela diz
estar quase sempre com as narinas secas e obstruídas,
lábios muito secos, tem rinite alérgica, faringite e
sinusite desde criança, também apresenta disfunção
na oclusão e ATM.
O tratamento teve início em abril de 2004, com
a utilização da placa para melhorar a oclusão e a
respiração, como uma emergência, pelo fato de a
paciente quase só respirar pela boca, principalmente
ao dormir.
Logo que começou a usar a placa, associada
aos exercícios respiratórios indicados, voltou a respirar
pelo nariz e quase não manifestava sintomas alérgicos,
inclusive os lábios ficaram bem menos ressecados.
Raramente tinha crises dos problemas citados.
Nos primeiros dias, recomendei o uso da placa
o máximo possível, enquanto fazia os ajustes oclusais
necessários para harmonizar o sistema mastigatório.
Após normalizar a oclusão, a jovem passou a usar a
placa somente ao dormir, como um guia respiratório.
Julho de 2004, a paciente comentou:
“Considero-me curada da rinite alérgica, da sinusite
62
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

e faringite. Às vezes, pela manhã, minhas narinas


ficam um pouco obstruídas, mas logo voltam ao
normal”.
Aproveitei para enfatizar a importância de
pronunciar palavras ou mesmo cantar pela manhã.
É um excelente exercício para desobstruir narinas.

***
Este outro caso está relacionado com rinite
alérgica. Trata-se de uma senhora de 42 anos. Os
sintomas da doença eram tão persistentes e
desagradáveis que a paciente usava remédio nas
narinas várias vezes ao dia e à noite, portando o
mesmo sempre na bolsa.
Após uma semana do início da respiração
natural e fazer os exercícios respiratórios, sem auxílio
odontológico, as crises diminuíram. Passou a usar
mais a medicação nas narinas somente à noite. Com
o uso da placa, para melhorar a sua oclusão ao dormir
e também servir como guia respiratório, conseguiu
controlar o problema.
A paciente declarou: “Agora tenho mais
sintomas da rinite alérgica durante o dia, acredito
ser pela falta da placa (guia respiratório). Raramente
uso remédios nas narinas à noite ou durante o dia”.
Em setembro de 2004, ela disse que se sentia
bem melhor da rinite, quase não usava remédios.
63
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Ela também comentou que, além de ser, por


natureza, muito calada, trabalhava muito em silêncio
e que tinha dificuldade em fazer leitura em voz alta e
cantar. Para este caso, sugeri o óleo de semente de
linhaça e o leite de soja na alimentação. A paciente
não fez uso, por não gostar destes alimentos.

***
Este caso está também relacionado com rinite
alérgica e dores de ouvido, de um paciente (21 anos),
estudante de medicina em uma universidade fora
do país.
Ele veio ao meu consultório, uma semana antes
de viajar (setembro de 2004), como uma emergência:
estava com dores no ouvido esquerdo e acreditava
também que tinha disfunção na oclusão e ATM.
De acordo com meus conhecimentos, observei
que sua oclusão era normal e que ele havia adquirido
um hábito errado nos movimentos mandibulares,
procurando, talvez, dessa forma, aliviar a dor de
ouvido. Disse que teve bronquite quando criança e
o quadro apresentado era de rinite alérgica, lábios
secos, acne e dor de ouvido. Pelo meu diagnóstico,
todos esses distúrbios citados estavam relacionados
com a respiração de forna inadequada.
Indiquei os exercícios respiratórios e uma placa
para melhorar alguns estalos que ocorriam na ATM,
64
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

adquiridos pelo hábito errado em movimentar a


mandíbula, sendo também guia respiratório.
Após cinco dias do início do tratamento, ele
voltou ao meu consultório sem queixas, assegurando
que o ouvido não doía, a rinite estava controlada, os
lábios estavam nutridos, a pele apresentava uma boa
melhora e quase não havia mais estalos na ATM.
Ele ficou feliz e curioso com o tratamento,
muito interessado em ler o meu livro, assim que fosse
publicado, e, por essa razão, aceitou também ser mais
um testemunho dessa minha experiência, ao que
tudo indica, bem-sucedida.

***
Este caso é de uma paciente, 50 anos, que
sentia dores de cabeça há vários anos e nos últimos
meses surgiu com dores de ouvido, apresentando
também disfunção na oclusão. Para melhorar as
dores, principalmente de cabeça, ela fazia uso de
analgésicos quase todos os dias.
Além de informá-la sobre a importância da
respiração natural, bem como sobre os
procedimentos a serem adotados, fiz alguns ajustes
oclusais com resina composta e prótese fixa,
completando o tratamento com uma placa
indicada para relaxamento muscular e como guia
respiratório.
65
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Seis meses após o término do tratamento, a


cliente voltou ao meu consultório para revisão.
Nessa consulta, ela relatou que as dores de ouvido
tinham desaparecido por completo e sua cabeça
raramente doía.
***
Mais um caso de uma paciente, médica
cardiologista, também com especialização em
medicina chinesa, que se sentia sempre cansada e
tensa, principalmente ao acordar, além de apresentar
pequenas disfunções na oclusão.
O primeiro passo foi adotar alguns
procedimentos para normalizar a sua oclusão,
acompanhados de informação quanto aos efeitos
benéficos da respiração natural e conseqüente
orientação de exercícios específicos. Ela preferiu
também usar a placa ao dormir, para relaxamento
muscular e como guia respiratório.
Esta médica, baseada no sucesso do seu
tratamento, passou a indicar pessoas para se tratarem
comigo, de preferência, com o auxílio da placa que,
segundo ela, é uma das melhores formas que conhece
para dormir e respirar normalmente. Concordo com
ela, desde que haja indicação e possibilidade de
favorecimento para o caso.

***
66
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Este último caso é semelhante aos que já


descrevi, a ênfase dada é na observação que a
paciente fez, assim que teve seus problemas
resolvidos, mediante a prática da respiração normal
e com o auxílio da placa ao dormir: “Este trabalho
só terá realmente muito valor, quando você divulgá-
lo para as pessoas”.
Foi assim que recebi mais um incentivo para
escrever este livro.

***

Obs. Todos esses pacientes que declararam terem obtido melhora


ou cura, em 2003/2004, até o momento (julho de 2005) não tive-
ram recaída.

67
4. Depoimentos (2005)

N este capítulo coloco cópias de depoimentos


sobre melhoras ou curas feitos por alguns
pacientes que estão praticando a respiração correta,
natural ou normal. Informo que os originais desses
depoimentos estão arquivados, assinados pelos
próprios pacientes e com firma reconhecida.

I
Desde a infância e adolescência a visita ao dentista foi
uma constante em minha rotina, afinal de contas, usei aparelho
ortodôntico por aproximadamente 12 anos.
Como tinha o péssimo hábito de chupar dedo na in-

69
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

fância, foi sugerido por uma ortodontista que eu utilizasse


um aparelho especial com uma espécie de ‘grade’, por um
período de quase seis meses, para impedir que eu pusesse o
dedo na boca. Nessa época, surgiram as primeiras crises de
sinusite, rinite alérgica e faringite.
Respirando apenas pela boca, sentia muita dificuldade
na prática de esportes, cansava-me muito rápido em atividades
que exigiam esforço e tinha um sono bastante agitado.
Procurei vários médicos para tratar do problema da sinusite,
rinite alérgica e faringite, já que coriza, coceiras no nariz e dores
de cabeça tornaram-se comuns com o decorrer dos anos.
Assim, após a indicação da doutora Rozângela pela
minha médica, que já conhecia os benefícios da utilização da
placa de acrílico para os problemas respiratórios e afins, iniciei,
em abril de 2004, um tratamento odontológico com o escopo
de sanar o problema de oclusão e crises de rinite.
A Dra. Rozangela, além de me explicar a utilidade da
placa de acrílico, orientou-me a posicionar a língua, encostando-
a no palato e manter o hábito de falar bastante ou cantar pela
manhã, para evitar crises de rinite. Observou que a colocação
correta da língua colaboraria para uma respiração mais saudável.
Depois de um ano de utilização da placa de acrílico
para dormir, considero-me curada das doenças respiratórias,
quais sejam: sinusite, rinite alérgica e faringite, e tenho re-
parado que meus lábios estão menos ressecados e minha pele
mais bonita, minhas noites de sono são mais agradáveis,
porque aprendi a respirar de forma mais correta.
Por oportuno, autorizo a utilização do presente de-
poimento em qualquer meio de comunicação, com o escopo
de auxiliar outras pessoas que, porventura, necessitem de
tratamento similar, pois sou testemunha da eficiência do
tratamento (Jamile). Vide pág 61/63
70
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

II
O meu filho, desde os nove anos de idade, apresentava
doenças respiratórias acentuadas e de difícil tratamento.
Aproximadamente, aos 16 anos ele começou apresentar uns
estalos na mandíbula.
No ano de 2004, procuramos uma dentista para
fazermos a extração dos dentes ‘sizos’, que, após radiografá-
los, sugeriu que procurássemos a dra. Rozangela, a fim de
tratar da oclusão, já que estava afetando a sua audição.
Após procurá-la, seu diagnóstico apresentou mais pro-
blemas respiratórios do que de oclusão. Para isso, foi con-
feccionada uma placa para ele usar ao dormir e também o
orientou para fazer alguns exercícios com a língua no palato.
Para a nossa surpresa, após o terceiro dia de uso da
placa, as crises de alergia e dores no ouvido cessaram. Hoje
meu filho está com 21 anos, cursa medicina, continua com
o uso da placa, não apresentando mais problemas (Michel).
Vide pág. 64/65

III
Desde criança até os dezoito anos tive bronquite. Ela
vinha todo ano, até duas vezes em alguns períodos. Sofria de
bronquite crônica. Percebi que ela começava como uma dor
de garganta que descia e chegava aos pulmões. Um mês ou
mais ela durava e por uma semana ficava muito abatido. Numa
dessas crises, parei de fumar. Já era algo normal para mim,
estava acostumado.
Fiquei uns três anos sem ir ao dentista, e, por indicação
da minha irmã, fui me consultar com a dra. Rozangela. Após
alguns exames, ela detectou que eu sofria de bruxismo e ainda

71
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

tinha uns acertos a fazer na oclusão. Indicou-me um tratamento


com uma placa. Segundo a doutora, com o uso dessa placa, eu
iria dormir sempre respirando pelo nariz, além de tirar a tensão
de minha maxila e mandíbula, causada pelo bruxismo, o que
me ajudaria a acordar mais disposto e, ainda, minha língua ficaria
na posição certa, posição que estimula a respiração nasal.
Já com o tratamento da oclusão, em que ela
aumentou uns dentes aqui e diminuiu outros ali, minha
respiração iria melhorar com eles bem ocluídos, ajudando
também no bruxismo. Parece que tudo estava ligado. O
bruxismo, a oclusão, a respiração e, talvez, o mais impor-
tante: a bronquite.
Essa época de minha vida, por volta de um ano atrás, eu
estava prestando atenção em como respirar bem, devido ao
canto popular que pratico, e até como uma filosofia de vida.
Acredito que o ar é nosso principal alimento, que a res-
piração tem fundamental importância no canto e respirando
bem se vive melhor e com mais saúde. (Respirando como as
crianças, usando a parte de baixo do pulmão onde ele é mais
volumoso e expandindo o diafragma). A doutora Rozângela
veio para confirmar isso e me ajudar com um tratamento mais
pragmático e com uma esperança de curar minha bronquite.

A batalha

Foi até que um dia senti um sintoma de bronquite: a


dor de garganta já descia. Quando percebi meu peito chiar,
tomei meus cuidados e fiquei mais atento com a respiração.
Vaporização e chá. Minha atenção em respirar bem era
redobrada nesse momento. Os sintomas logo se foram.
Alguns meses se passaram e um novo sintoma surgiu.
Ficava na garganta como dor e inflamação, e era mais forte.
72
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Nessa época, estava cheio de compromissos e pouco tratei,


pois os sintomas ficaram, por um longo período, fracos e
persistentes. Era uma briga. Não deixava a inflamação na
garganta descer para o pulmão como era de costume.
Daí que ela ficou mais forte na garganta, acumulou
catarro e acabou por subir em minha face. Fiquei com o rosto
pesado, sentia o catarro ali. Nunca algo assim havia me
acontecido. E foi fácil tratar e dispensar o catarro, espirrando.
Foi uma briga com minha bronquite que eu ganhei.
Fica claro que o tratamento de oclusão e o uso da pla-
quinha melhoraram muito minha respiração e eu também fiz
minha parte dando mais atenção a ela. Com certeza, minha
participação consciente tentando respirar bem foi fundamen-
tal, eu e minha bronquite travamos uma bela batalha.
Esse foi meu primeiro ano de tratamento, passei por
secas e épocas de chuva. Vivo melhor (João). Vide pág. 61/62

IV
Doutora Rozangela, este é o meu depoimento de me-
lhora nos sintomas de duas disfunções relacionadas à res-
piração, em função da prática da respiração preconizada nos
registros de suas experiências e de seus estudos.
Devo registrar que tenho usado a placa oclusal, e que
esta placa já me ajudou a posicionar a língua no palato
(popularmente céu da boca) e que ela propicia também um
maior grau de conforto durante seu uso.
Após ter iniciado o exercício, para deixar a língua em
repouso no palato (principalmente ao dormir), identifiquei
melhora na qualidade de minha respiração. Inicialmente,
percebi uma melhora na respiração representada por uma
redução importante na obstrução dos canais nasais. Ainda há
alguma obstrução, mas nada que prejudique a respiração.
73
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Minha esposa notou que não estou mais roncando como


vinha fazendo anteriormente. Segundo ela, a ocorrência de
roncos está perto de zero.
Para mim, o mais importante foi a liberação de episódios
de apnéia que me acometiam, nos últimos meses, numa
freqüência de um por semana. Em tais ocorrências, eu
acordava no meio da noite percebendo que havia ficado muitos
segundos sem respirar . Esses incidentes me traziam muito
desconforto e preocupação. Depois de ter iniciado a prática
da respiração com a língua no palato, conforme proposto, não
registrei nem uma ocorrência de apnéia.
Também reparei que, fazendo uma pequena massagem
com a língua no forame incisivo (ponto E), em vez de deixá-la
em repouso, o resultado desejado aparece com maior rapidez.
Esta é minha percepção da mudança na respiração e no
melhor aproveitamento do sono (Paulo). Vide pág. 57/58

V
Durante alguns meses, foram dois tipos de suplício: a
dor de ouvido, que persistia, e a falta de solução para comba-
ter o mal. Fiz várias consultas a médicos especialistas,
otorrinos e dentistas. Nada! Pior: já estava me intoxicando
com analgésicos, a única forma de aliviar a tal dor no ouvido
direito, que começava quando eu menos esperava, princi-
palmente após um vento frio ou molhar o ouvido.
Em conversa com amigos, me foi indicada uma dentista.
Mas uma dentista, imaginei! Mas, afinal, diante dos relatos
que fizeram a respeito da profissional, doutora Rozangela, lá
fui eu para mais uma consulta. Com desesperança, porém, a
bem da verdade.
Depois de narrar o que se passava comigo, a doutora
Rozângela começou a fazer alguns testes e identificou tam-
74
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

bém problemas de respiração, além do problema de mordida.


Era um ponto de partida, pois até então ninguém havia me
falado que a forma de respirar poderia influenciar em outra
parte do organismo. Ao final da consulta, ela me recomendou
mais algumas sessões e o uso de uma placa na arcada supe-
rior, que seria moldada em acrílico.
O tratamento continuaria em casa, pressionando a ponta
da língua no céu da boca, na parte imediatamente posterior
aos dois dentes da frente. Essa técnica, segundo a dentista,
ajudaria a melhorar a respiração e dava resultados até para
pessoas com problemas de roncos.
Em pouco tempo, com esse exercício e o uso
contínuo da placa, observei que a dor não aparecia com
tanta freqüência. Tornou-se esparsa até desaparecer por
completo. Realizei todo o tratamento como indicado pela
dra. Rozângela e desde então não mais senti nada me
incomodando.
Posteriormente, indiquei o tratamento para um co-
nhecido que roncava muito. Ensinei-o a usar a ponta da
língua sob o céu da boca e, para a minha surpresa, ele me
relatou, mais tarde, que os roncos haviam desaparecidos.
Foi assim que me conscientizei de que os tratamentos
alternativos podem ser úteis ao nosso organismo, liberando-
nos das drogas que, em muitos casos, têm efeitos colaterais
desastrosos (Patrícia). Vide pág. 56/57

VI
Meu nome é Ana Paula.
Há aproximadamente 10 anos sofri com persistentes e
fortes dores de ouvido. Procurei diversos médicos, inclusive
otorrinolaringologistas, todos os que me foram indicados por
pessoas conhecidas.
75
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

Ouvi os mais diversos diagnósticos. Alguns me disseram


que se tratava de espinha, furúnculo, até que um me alertou
para a chamada ATM e me orientou a procurar um dentista,
pois acreditava haver alguma relação da parte oral com essas
dores, já que nos exames locais nada havia no meu ouvido.
Além das dores muito fortes, já me preocupava a questão
auditiva, pois algumas vezes tinha a impressão de não estar
ouvindo bem, principalmente quando falava ao telefone.
Ao ser atendida pela doutora Rozangela, ela me indicou
a necessidade de fazer um ajuste de oclusão, concomitante
com o uso de uma placa, além de alguns exercícios de
relaxamento para oxigenar a região do ouvido.
Foram intermináveis horas na cadeira da dentista. O
tratamento durou meses, com consultas semanais, e eu
comecei a perceber que as fortes dores ficaram mais espaçadas
e até posso dizer que menos intensas.
Hoje, raramente tenho dores e também não me pre-
ocupa mais a questão auditiva, pois em situações normais
ouço bem e sem notar nenhuma dificuldade, antes apresentada
(Ana Paula). Vide pág. 53/54

VII
Desde a adolescência sofro com problemas relacionados
aos dentes e sempre fiz inúmeros tratamentos: de canais,
obturações, ‘blocos’, sendo que, no intuito de conservar os
dentes, consultei e fiz tratamentos com vários dentistas, que
não conseguiram acabar com as dores que sentia em alguns
dentes, maxila e mandíbula.
Além das dores de dentes, sempre senti muita dor de
cabeça, na maioria das vezes localizada do lado esquerdo,
nos ossos laterais da nuca até em cima, o que me levava a
tomar vários analgésicos, quase todos os dias. Também ficava
76
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

quase todo o tempo com a boca semi-aberta, devido à má


respiração e com as narinas ressecadas.
Por volta de 1996, a dra. Rozângela fez uma placa de
resina acrílica para o uso noturno, para aliviar a tensão sobre
os dentes, pois tinha disfunção na oclusão. Quase não usei,
porque não sentia melhora das dores e da respiração.
À medida que o tempo passava, as dores na face fi-
caram mais constantes, sendo mais fortes do lado esquerdo,
o que me levou a refazer os canais de um dente e, como as
dores continuavam, o endodontista prescreveu cirurgia na raiz:
não quis e preferi extraí-lo e fazer uma prótese fixa. Mesmo
com a prótese, as dores persistiram.
Depois de certo tempo, passou a doer também o pes-
coço e o ouvido esquerdo. Como nunca tive dores de ouvido,
consultei um médico otorrinolaringologista, tendo ele afir-
mado que meus ouvidos eram perfeitos e que as dores pode-
riam ser de origem dentária.
Procurei a doutora Rozângela e contei-lhe o que o
médico falou. Ela examinou-me e informou que havia feito
uma especialização em prótese e oclusão; que iria tratar a
oclusão e fazer nova placa de acrílico, mais leve e aberta no
palato, e falou dos benefícios de ficar com a ponta da língua
apoiada próximo aos dentes incisivos, tanto durante à noite
como ao dia, pois ativaria a respiração, oxigenaria melhor e
aliviaria as dores.
Assim procurei fazer e, até hoje, insisto em ficar
com a língua na região indicada, todos os momentos, o
que proporcionou uma melhora sensível na minha
respiração, pois não fico mais com a boca aberta e as
narinas não ressecam tanto.
Desde esse último tratamento não durmo mais sem a
placa e procuro ficar com a ponta da língua no palato. Com
77
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

isso, as dores de ouvido, face, maxila e mandíbula sumiram


completamente, sendo que delas me considero curada. Quanto
às dores no pescoço, cabeça e nuca, sinto-as raramente. O
certo é que com esse tratamento senti uma grande melhora
na minha saúde e qualidade de vida.
Coloco-me à disposição para outros esclarecimentos
(Alvarina). Vide pág. 65/66

VIII
A placa que a doutora Rozângela fez para mim é ótima.
Sentia muitas dores de cabeça na madrugada, e, depois que
comecei a usá-la, fiquei livre dessas dores. Também tinha
dificuldade para dormir, pois não fechava a boca e roncava
muito. Com a placa, melhorou muito a minha respiração.
Depois desse tratamento, durmo mais tranqüila e não ronco
mais (Maria Ananias). Vide pág. 58/59

IX
Desde criança que eu me lembro de ir ao médico devido
às crises de bronquite e dor de garganta, além de ter que fazer
em casa nebulizações, o que para mim era uma chatice, mas
acabava fazendo, pois era a única forma de acabar com o chiado
do meu peito.
Além dessas doenças, eu sofria também de uma rinite
alérgica; tinha alergia por quase tudo, até dos ursinhos do meu
quarto. Por causa disso, às vezes, precisava dormir em outro quarto.
No ano de 2003, passei a respirar colocando a ponta da
língua no palato e tocando os dentes bem de leve, em ambos
os lados, também procurei falar mais e ler em voz alta, orientada
pela minha mãe (Rozangela).
Desde essa época, que modifiquei a minha maneira de
respirar, não tive mais crises de bronquite, rinite alérgica e
78
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

dor de garganta. Estou muito feliz com esta cura. Com ela,
também pude colocar um piercing no nariz, que era um sonho
meu (Gabriela). Vide pág. 50/51

X
No ano de 2003 passei a usar uma placa para dormir,
feita pela doutora Rozangela.
Com o uso dessa placa e também pelo hábito que adquiri
em respirar colocando a ponta da língua no palato, os meus
roncos diminuíram de intensidade e as minhas narinas secas
e obstruídas ficaram lubrificadas e desobstruídas. Com isso,
melhorou o conforto da minha respiração, principalmente à
noite, ao dormir (César). Vide pág. 59/60

XI
Eu tenho o mal de Parkinson desde 1994. Nessa época,
também apareceu uma secura na minha boca. Sempre tinha
que estar com uma garrafa com água, próxima a mim, para
tomar aos pouquinhos, aliviando um pouco a secura da boca.
No ano de 2003, fiz um tratamento dentário com a
doutora Rozângela e passei também a usar uma placa com
uma abertura no palato, que acomoda bem a minha língua.
Mesmo quando estou sem a placa, procuro colocar a
ponta da língua no ponto em que ela me orientou para man-
tê-la e deixo os dentes tocarem bem de leve. Além disso, ela
me sugeriu cantar e fazer leitura em voz alta.
Procuro praticar todos esses exercícios, inclusive canto
em coral. A partir desse tratamento, não tive mais secura na
boca e passei a respirar e me sentir bem melhor (Vandair).
Vide pág. 53

79
5. Um outro enfoque
sobre respiração

A fundamentação teórica do processo da


respiração que chamo de correta, normal ou
natural eu encontrei em Anatomia Oral de Sicher e
Dubrul (1991), professores da Faculdade de
Medicina da Universidade de Illinois.
De acordo com esses autores, “do ponto de
vista mecânico, o crânio é composto por duas
partes: crânio e mandíbula”. Os ossos que formam
a boca são os maxilares (ou maxila) e a mandíbula.
A maxila é fundida com a cavidade nasal e também
com outros ossos que formam o crânio e nela
está presente a abertura, forame incisivo (parte
81
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

da minha referência para o processo da respiração


natural).
No palato é feita a união ou junção dos ossos
maxilares.
Já a mandíbula é um osso móvel e não tem
ligação óssea com o crânio. Ela é sustentada por
músculos, ligamentos e se articula com o crânio
através das ATMs.

Maxilares

Mandíbula

Crânio humano (adulto). Vista frontal.

82
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Na Figura abaixo, do palato, retirada do livro


de Sicher e Dubrul (1991), pode-se observar as
suturas, os forames, a espinha nasal posterior e o
hámulo pterigóide.
Chamo a atenção para o ponto de localização
do forame incisivo, bem próximo aos dentes incisivos
centrais.

E são ainda esses dois autores citados acima


que explicam, com clareza, o sistema da formação
da abertura – forame incisivo e canal nasopalatino.
Segundo eles:

No limite entre estas duas porções, na crista nasal,


começa um canal no assoalho nasal perto da linha média

83
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

que continua para baixo, anterior e medialmente, para


unir-se ao canal do outro lado numa abertura comum,
fossa incisiva ou forame palatino anterior. O canal é
chamado de canal nasopalatino ou canal incisivo;
abertura comum é a fossa incisiva ou forame palatino
anterior. Os canais abrigam os ner vos e vasos
nasopalatinos (ou de scarpa).

Após a compreensão do processo da respiração


correta, normal ou natural e da comprovação de seus
benefícios, passei a pensar que esse canal não abriga
apenas nervos e vasos. Acredito que passa por ele,
até a crista nasal, os estímulos energéticos que
fazemos com a ponta da língua e saliva na papila
que fica na abertura, forame incisivo, ao respirarmos
de forma normal, possibilitando a união desses
estímulos com o ar que respiramos, contribuindo com
a transformação do mesmo em elementos para o
nosso corpo, essenciais para as nossas necessidades
metabólicas.

***
Posteriormente ao meu reencontro com a
respiração natural e conscientizada da sua
importância, lembrei-me de uma conversa sobre
doenças que tive com um amigo: “A medicina só
curará mais as doenças quando unir o corpo à alma”.
84
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

Acreditando na sabedoria do que ouvi, procurei


compreender um dos possíveis meios que
aproximam o corpo da alma. Na época, eu havia
despertado para uma dimensão maior na boca para
propiciar a cura de doenças. Possibilidade que eu
vislumbrei pelo processo da respiração natural. Nessa
perspectiva, a respiração correta pode ser uma via
de comunicação – corpo e alma. A língua, órgão
físico, um estímulo para a nossa evolução espiritual.
Ao respirarmos normal, principalmente com o
auxílio de exercícios, como mantras espirituais e
meditações, encontramos uma fonte de vida interior.
Chegamos a um estado de calma, paz, abrindo-nos
para o amor. Com esse encontro interior, é possível
acreditar numa vida mais saudável e feliz.

***
É comum, na velhice, as pessoas viverem mais
em silêncio e acomodadas (seja por falta de
companhia, de oportunidade de se expressar, seja
para não incomodar ou por problemas de saúde etc.),
comportamento esse, a ciência já alertou, favorece a
instalação de várias doenças. E é indiscutível que
nessa fase da vida os problemas respiratórios se
apresentam com maior intensidade: roncos e apnéia.
Também é verdade que, no início da velhice, o
nosso corpo passa a produzir menos os elementos
85
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

essenciais para suprir as nossas necessidades


metabólicas, principalmente os fluidos. Acredito que
a diminuição desses elementos essenciais no
organismo contribui para que fiquemos doentes,
cansados, secos e velhos.
Creio que o hábito de uma respiração
inadequada possa acelerar a diminuição da produção
desses elementos, assim como acredito que a
respiração natural possa contribuir para estimular uma
maior produção dessas substâncias. Assim, torna-se
fator fundamental para uma vida mais saudável e
prazerosa.

***
Assim como na velhice se manifestam com
mais intensidade as causas dos maus hábitos
respiratórios, na criança, desde o nascimento, inicia
o aprendizado da respiração natural, através da
amamentação, ficando apta para respirar normal, sem
a ajuda da mãe, após a erupção dos dentes e a
pronúncia das palavras.
Vale observar, que a palavra mais pronunciada
pela criança, logo que começa a falar, é ‘dá’, ou seja:
‘dá, dá’.
Com a pronúncia do ‘dá’, a criança eleva a ponta
da língua e faz o estímulo energético no forame
incisivo – respiração através das palavras, lembrando
86
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

o que já foi falado no início deste livro sobre o


processo da respiração natural.
Logo, quando se diz que nos dois primeiros anos
de vida o leite materno é indispensável para a criança,
como se fosse uma vacina, para protegê-la de várias
doenças, não importando a qualidade do leite da mãe,
agora eu suponho que o leite materno seja apenas
parte da alimentação do bebê. O mamilo tem papel
importante, substituindo a ponta da língua, ou melhor,
exercitando, através da sucção, a ponta da língua do
bebê para mantê-la no ‘ponto E’, e, dessa forma, ele
pode respirar naturalmente, completando assim a
alimentação dele pelo ar transformado,
proporcionando-lhe saúde e bem-estar.
Portanto, com o uso da chupeta de borracha,
o bebê começa a exercitar a língua de uma forma
errada, empurrando-a para fora da boca, respirando
sem o toque natural (ponta da língua) no ponto
energético do palato (forame incisivo).
Nessa época, na maior parte dos casos, talvez
esteja o início do aprendizado da respiração
inadequada, causa provável de muitos males que
atormentam o ser humano.

***

87
Conclusão

N ascemos para viver saudáveis sem sofrimentos


e doenças! Nossa vida é sagrada: “Foi feita à
imagem e semelhança de Deus”.
Acredito que a conscientização da prática de
uma respiração correta abre mais um caminho para
a cura ou melhora de várias doenças que afligem a
humanidade, processo relativamente simples de ser
desenvolvido por qualquer pessoa.
Todos podem observar, experimentar e usufruir
dos benefícios da respiração natural. É importante
lembrar que, ao experimentar esse tratamento, deve-
89
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

se levar em consideração as diferenças em relação


ao estágio das doenças, a genética, as alterações físicas
(mutilações), idade, comportamentos e hábitos.
Recapitulando, seguem alguns procedimentos
fundamentais para o bom funcionamento do
sistema respiratório e auditivo:

• Respirar, inspirando e expirando pelo nariz, com a ponta


da língua conectada e estimulando o ponto energético
(ponto E) e os dentes tocando de uma forma leve e suave
em ambos os lados, contribuindo para a recomposição
da energia do corpo – respiração em silêncio.
• Falar e cantar, não apenas como forma de expressar
pensamentos, emoções e sentimentos, mas também
como uma maneira de respirar normal, curar doenças,
ter mais vitalidade – respiração através das palavras.
• Alimentar-se corretamente e tomar água suficiente
para o nosso organismo, lembrando que os alimen-
tos e a água, além de serem fontes de energia, con-
tribuem com a respiração natural, através do estí-
mulo feito pela ponta da língua e saliva no forame
incisivo ou ‘ponto E’.
• Passar uma ou duas gotas de óleo mineral diluído em
água destilada (usada para diluir remédio) por fora das
entradas das narinas, quando estiverem ressecadas,
contribuindo com a respiração natural na lubrificação
das mesmas.

90
ROZÂNGELA AUXILIADORA CÂNDIDO

• Evitar máscaras que impeçam a entrada normal do ar


e a saída do gás carbônico.
• Evitar limpezas profundas nas narinas ao retirar as
secreções, para não agredir o processo de oleosidade
natural delas e dos ouvidos.
• Retirar as próteses dentárias com resina acrílica e
outros materiais no ponto energético do palato (forame
incisivo), nos momentos possíveis, para possibilitar a
melhor qualidade do estímulo energético, respirando
naturalmente.
• Usar a escrita associada às palavras, como mais uma
forma de curar doenças emocionais, físicas e respirar
naturalmente.
• Manter a casa limpa e arejada e, em dias muito secos,
umidecida.
• Cuidar do meio ambiente, medida para uma boa res-
piração e uma vida mais saudável.

Respire muito! Viva muito! Ame, caminhe,


descanse, medite, durma, dance, fale, cante, grite,
chore! Entre em contato com a lei universal: “É
dando que se recebe!”. Doamos energia e recebemos
energia. Deixe essa energia circular por todo o seu
corpo.
Reflita sobre o que acabou de ler. Experimente.
Se atendeu às suas expectativas, bom, passe para a

91
A C U R A P E L O A R , L Í N G UA E D E N T R E S

frente. Se não, conteste. É assim que a humanidade


caminha. É assim que se escreve a história.

***

92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA. 27. ed. São Paulo: Ed. Ave Maria, 1980.
OCLUSÃO. In: NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999.
DUBRUL, E. L. Anatomia oral de Sicher e Dubrul. 8. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1991.
OKESON, Jeffrey P. Fundamentos de oclusão e desordens têmporo-mandibulares. 2.
ed. Tradução de Milton Edson Miranda. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
REVISTA VEJA. São Paulo, Editora Abril, ano 37, 2. jun. 2004.
SCHELP, Diogo. Entrevista com James Campbell Quick.Veja, ano 35, 18
set. 2002.

93
A CURA PELO AR, LÍNGUA E DENTES
foi
composto em tipologia Palatino
Lynotype, corpo 12pt e impresso
em papel Paperfect 75g. nas
oficinas da THESAURUS EDITORA DE
BRASÍLIA . Acabou-se de imprimir
em setembro de 2005.
***
LAVS DEO
95

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