O documento discute a grande quantidade de terras degradadas no Brasil, especialmente pastagens, e a oportunidade que a recuperação dessas áreas representa. Cerca de 97,7 milhões de hectares de pastagens estão degradados, mais do que a área agrícola atual. A recuperação desses solos poderia dobrar a área agrícola sem desmatar florestas. Estudos mostram que recuperando apenas 28 milhões de hectares, a área plantada com grãos aumentaria 35%. O Brasil assumiu compromissos internacion
O documento discute a grande quantidade de terras degradadas no Brasil, especialmente pastagens, e a oportunidade que a recuperação dessas áreas representa. Cerca de 97,7 milhões de hectares de pastagens estão degradados, mais do que a área agrícola atual. A recuperação desses solos poderia dobrar a área agrícola sem desmatar florestas. Estudos mostram que recuperando apenas 28 milhões de hectares, a área plantada com grãos aumentaria 35%. O Brasil assumiu compromissos internacion
O documento discute a grande quantidade de terras degradadas no Brasil, especialmente pastagens, e a oportunidade que a recuperação dessas áreas representa. Cerca de 97,7 milhões de hectares de pastagens estão degradados, mais do que a área agrícola atual. A recuperação desses solos poderia dobrar a área agrícola sem desmatar florestas. Estudos mostram que recuperando apenas 28 milhões de hectares, a área plantada com grãos aumentaria 35%. O Brasil assumiu compromissos internacion
“recuperação e restauração será um grande desafio brasileiro”
Engº. Florestal ROBERTO M. FERRON – Consultor Florestal/Ambiental
Brasil é um país continental, seu território é o quinto maior do planeta em
extensão de terras com 8.515.767 Km2 ou 851.000.000 de hectares. Já mencionamos em outros artigos, mas voltamos a mostrar qual é o uso e cobertura do solo no Brasil: destes 851 milhões de hectares, temos: 1) 65% de áreas florestas nativas, totalizando 553 milhões de hectares; 2) 21,2% de áreas de pastagens, totalizando 178 milhões; - 3) 7,8% de áreas agricultáveis, totalizando 66,38 milhões de hectares; 4) 4,8% áreas urbanizadas (cidades, vilas etc.), totalizando 40,85 milhões de hectares; 5) 1,2% áreas reflorestadas, totalizando 1,02 milhões de hectares; Estima-se que no Brasil existem 55% de áreas degradadas de pastagens, correspondentes a 97,7 milhões de hectares de áreas degradadas, sendo 44,30 milhões de hectares (45,34%) com alto grau de severidade e 53,40 milhões de hectares com degradação intermediária principalmente. (fonte: Santos et al, 2022). Observem que temos mais áreas de pastagens degradadas (97,7 milhões há) do que áreas agricultáveis (66,38 milhões de há). Estes dados mostram a relevância de restaurar ou recuperar estes solos, tornando-os produtivos novamente. Pela dimensão dos números, poderíamos dobrar a nossa área agricultável sem abrir novas fronteiras agrícolas, sem desmatar qualquer área de florestas, sem causar danos ambientais, mas sim, recuperá-las. A EMBRAPA mapeou essas áreas de pastagens, e identificou 40 milhões de hectares com alto potencial para atividades agrícolas. Há tanta confusão política na tal “reforma agraria”, com invasões de terras, destruição de florestas, danos ao patrimônio, e até mortes, especialmente no Norte do país. Todavia, temos áreas degradadas a serem recuperadas, incorporadas no sistema produtivo agrícola, maior que muitos países do planeta, maior que nossa área agrícola. As pesquisas da Embrapa mostraram um crescimento de 140% de área plantada em 50 anos, com um índice de produtividade de 600%, crescimento de tecnologia e mais capacidade de produção em menos áreas. Recentemente a nossa renomada instituição de pesquisa e desenvolvimento publicou estudo na Revista Cientifica Internacional “Land”, que se houvesse a conversão de apenas 28,0 milhões de hectares, a nossa área total plantada com grãos aumentaria em 35% em relação a safra 2022/2023. O Brasil assumiu compromissos globais e metas brasileiras de restauração com as seguintes convenções internacionais: 1) Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC): A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris (COP 21/2015) estabeleceu a meta brasileira de eliminar o desmatamento ilegal, bem como restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Este compromisso foi ratificado pelo Congresso Nacional em 2016 e promulgado em 2017 (Decreto nº 9.073) e está alinhado a outras iniciativas globais de restauração às quais o Brasil também aderiu: Desafio de Bonn e a Iniciativa 20 × 20. 2) Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB): Na COP 15/2022 realizada no Canadá, foi ratificado o novo Marco Global da Biodiversidade, composto por 23 metas destinadas a deter a perda de espécies até 2030. Além de focar na proteção e conservação dos ecossistemas naturais, o novo marco global estabelece a meta de iniciar a recuperação de 30% dos ecossistemas que estão degradados até 2030. 3) Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD): o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN) com metas de recuperação. Finalmente, depois de anos de pressão por parte de ONGS Ambientalistas, Universidades, entidades rurais, profissionais do ramo agrícola, pecuário e florestal, o atual Governo Federal em setembro de 2023, instituiu um Grupo de Trabalho para analisar, discutir e propor uma política nacional para a recuperação de áreas degradadas. Se hoje somos o grande celeiro do mundo, imaginem se incorporássemos novos 40,0 milhões de hectares, seja na produção de grãos, florestas, fruticultura, dentre tantas outras. Seria a maior de todas as “reformas agrarias”!