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ÁREAS DEGRADADAS NO BRASIL

“recuperação e restauração será um grande desafio brasileiro”


Engº. Florestal ROBERTO M. FERRON – Consultor Florestal/Ambiental

Brasil é um país continental, seu território é o quinto maior do planeta em


extensão de terras com 8.515.767 Km2 ou 851.000.000 de hectares.
Já mencionamos em outros artigos, mas voltamos a mostrar qual é o uso e
cobertura do solo no Brasil: destes 851 milhões de hectares, temos: 1) 65% de
áreas florestas nativas, totalizando 553 milhões de hectares; 2) 21,2% de áreas
de pastagens, totalizando 178 milhões; - 3) 7,8% de áreas agricultáveis,
totalizando 66,38 milhões de hectares; 4) 4,8% áreas urbanizadas (cidades, vilas
etc.), totalizando 40,85 milhões de hectares; 5) 1,2% áreas reflorestadas,
totalizando 1,02 milhões de hectares;
Estima-se que no Brasil existem 55% de áreas degradadas de pastagens,
correspondentes a 97,7 milhões de hectares de áreas degradadas, sendo 44,30
milhões de hectares (45,34%) com alto grau de severidade e 53,40 milhões de
hectares com degradação intermediária principalmente. (fonte: Santos et al,
2022).
Observem que temos mais áreas de pastagens degradadas (97,7 milhões há)
do que áreas agricultáveis (66,38 milhões de há).
Estes dados mostram a relevância de restaurar ou recuperar estes solos,
tornando-os produtivos novamente. Pela dimensão dos números, poderíamos dobrar
a nossa área agricultável sem abrir novas fronteiras agrícolas, sem desmatar qualquer
área de florestas, sem causar danos ambientais, mas sim, recuperá-las.
A EMBRAPA mapeou essas áreas de pastagens, e identificou 40 milhões de
hectares com alto potencial para atividades agrícolas.
Há tanta confusão política na tal “reforma agraria”, com invasões de terras,
destruição de florestas, danos ao patrimônio, e até mortes, especialmente no Norte do
país.
Todavia, temos áreas degradadas a serem recuperadas, incorporadas no
sistema produtivo agrícola, maior que muitos países do planeta, maior que nossa área
agrícola.
As pesquisas da Embrapa mostraram um crescimento de 140% de área
plantada em 50 anos, com um índice de produtividade de 600%, crescimento de
tecnologia e mais capacidade de produção em menos áreas. Recentemente a nossa
renomada instituição de pesquisa e desenvolvimento publicou estudo na Revista
Cientifica Internacional “Land”, que se houvesse a conversão de apenas 28,0 milhões
de hectares, a nossa área total plantada com grãos aumentaria em 35% em relação a
safra 2022/2023.
O Brasil assumiu compromissos globais e metas brasileiras de restauração com
as seguintes convenções internacionais:
1) Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC):
A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris (COP
21/2015) estabeleceu a meta brasileira de eliminar o desmatamento ilegal, bem como
restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Este
compromisso foi ratificado pelo Congresso Nacional em 2016 e promulgado em 2017
(Decreto nº 9.073) e está alinhado a outras iniciativas globais de restauração às quais
o Brasil também aderiu: Desafio de Bonn e a Iniciativa 20 × 20.
2) Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB): Na COP 15/2022 realizada no
Canadá, foi ratificado o novo Marco Global da Biodiversidade, composto por 23 metas
destinadas a deter a perda de espécies até 2030. Além de focar na proteção e
conservação dos ecossistemas naturais, o novo marco global estabelece a meta de
iniciar a recuperação de 30% dos ecossistemas que estão degradados até 2030.
3) Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD): o
Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN) com metas de
recuperação.
Finalmente, depois de anos de pressão por parte de ONGS Ambientalistas,
Universidades, entidades rurais, profissionais do ramo agrícola, pecuário e florestal, o
atual Governo Federal em setembro de 2023, instituiu um Grupo de Trabalho para
analisar, discutir e propor uma política nacional para a recuperação de áreas
degradadas.
Se hoje somos o grande celeiro do mundo, imaginem se incorporássemos
novos 40,0 milhões de hectares, seja na produção de grãos, florestas,
fruticultura, dentre tantas outras. Seria a maior de todas as “reformas agrarias”!

Erechim, 21 de fevereiro de 2024.

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