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Desafios Contemporâneos do Sistema Jurídico e a Importância da Regulação e

Compliance Empresarial
O sistema jurídico brasileiro enfrenta uma série de desafios os que impactam
diretamente sua eficiência e eficácia na entrega da justiça. Como bem pontua Luiz
Guilherme Marinoni em sua obra "Novo Curso de Direito Processual Civil", a morosidade
processual é um dos maiores obstáculos, afetando tanto a administração da justiça quanto
a efetivação dos direitos dos cidadãos. Além disso, Ada Pellegrini Grinover, em "As
Reformas do Código de Processo Civil", destaca a importância do acesso à justiça,
ressaltando que este é um direito fundamental assegurado pela Constituição, mas que,
assim como tantos outros direitos fundamentais, ainda é frequentemente violado.
A morosidade processual, como apontado por Marinoni (2017), decorre de uma
série de fatores, incluindo a falta de estrutura adequada do Judiciário e a cultura de
litigância excessiva, este fenômeno não apenas compromete a eficácia da justiça, mas
também mina a confiança dos cidadãos nas instituições judiciais. Como atores
fundamentais no sistema jurídico, enfrentamos o desafio de lidar com a morosidade
processual em seu cotidiano. Não é possível acelerar a prestação jurisdicional com um
poder judiciário ineficiente, para tanto, é imperativo que nós, enquanto profissionais do
direito, reconheçamos nossa responsabilidade não apenas em representar os interesses de
nossos clientes, mas também em contribuir para a eficiência do sistema como um todo,
cobrando ao poder judiciário uma postura mais correta, séria e uma perspectiva que possa
atender as demandas daquele cidadão que nos procura suplicando a aplicação de
determinada lei. Nesse contexto, a escolha de um bom advogado, bem como, de um bom
escritório, é crucial para garantir uma prestação jurisdicional eficaz; embora não acelere
necessariamente o processo, é fundamental para assegurar a proteção dos direitos em
questão.
O símbolo da justiça, enraizado na Roma antiga, busca transmitir a ideia
fundamental de igualdade perante a lei, representando a justiça como uma entidade
imparcial que julga com os olhos vendados, sem considerar a identidade das partes
envolvidas. Basicamente, o acesso à justiça é fundamental para defender interesses e
garantir a igualdade e imparcialidade perante o poder judiciário. Anteriormente, a justiça
era acessível somente para aqueles com recursos financeiros, mas a Constituição Federal
de 1988 revolucionou essa ideia ao estabelecer direitos individuais e coletivos e há um
grande rol no art. 5º desta que ressalta a importância de um sistema judiciário imparcial
e acessível a todos os cidadãos. Sob essa perspectiva, a Constituição Federal de 1988 é,
de fato, o documento mais relevante em se tratando de inclusão social, uma vez que,
quando garantimos o acesso à justiça, garantimos também inclusão social aos diversos
segmentos da sociedade.
Embora os princípios fundamentais de igualdade perante a lei e acesso efetivo à
justiça sejam pilares do Estado Democrático de Direito, a realidade muitas vezes se
distancia desse ideal. Em relação ao acesso à justiça, Grinover (2016) destaca que muitos
brasileiros enfrentam questões como burocracia excessiva, custos elevados, falta de
recursos e desigualdades sociais e econômicas, que dificultam e/ou impedem o acesso à
justiça. Os custos envolvidos em um processo legal podem ser proibitivos para grande
parte da população, especialmente para aqueles de baixa renda. Mesmo com mecanismos
de assistência jurídica gratuita, como defensorias públicas, a demanda muitas vezes
supera a capacidade de atendimento, deixando muitos sem acesso adequado à
representação legal. Além disso, a complexidade do sistema jurídico pode ser um
obstáculo para aqueles que buscam justiça; a linguagem jurídica muitas vezes é difícil de
entender para leigos, o que dificulta a defesa própria e a compreensão dos direitos e
procedimentos legais. Posto isto, A garantia do acesso à justiça não se limita apenas à
assistência jurídica, mas também engloba a efetividade dos mecanismos de tutela
jurisdicional, que devem ser acessíveis, rápidos e eficazes. Deste modo, o nosso papel
emerge como crucial para mitigar as disparidades e garantir a efetividade do acesso à
justiça, assegurando que a justiça não seja apenas um privilégio para alguns, mas sim um
direito fundamental para todos os cidadãos.
Além dos desafios relacionados à morosidade processual e ao acesso à justiça,
outro ponto de preocupação é a não garantia plena dos direitos fundamentais. Os desafios
contemporâneos enfrentados pelo sistema jurídico no tocante à não garantia dos direitos
fundamentais representam uma das questões mais prementes e complexas da atualidade,
posto que, apesar dos avanços legislativos e jurisprudenciais, ainda persistem violações
frequentes desses direitos. A falta de efetividade das políticas públicas e a impunidade de
agentes estatais e privados contribuem para a perpetuação dessas violações, evidenciando
a necessidade de uma atuação mais eficaz na proteção dos direitos fundamentais. Como
destaca José Afonso da Silva em sua obra "Curso de Direito Constitucional", os direitos
fundamentais são os elementos essenciais que dão existência ao Estado Democrático de
Direito e devem ser respeitados e garantidos pelo sistema jurídico. No entanto, a falta de
efetividade das políticas públicas e a impunidade de agentes estatais e privados
contribuem para a perpetuação dessas violações, evidenciando a necessidade de uma
atuação mais eficaz na proteção dos direitos fundamentais. Nessa conjuntura, nós temos
o dever ético e moral de agir como defensores dos direitos fundamentais, representando
aqueles que foram injustiçados ou marginalizados e defendendo seus interesses perante
os tribunais, conduta esta que não requer apenas competência técnica, mas também
sensibilidade para as questões sociais e uma compreensão profunda dos valores
democráticos e dos direitos humanos.
Diante desses desafios, a regulação e o compliance empresarial surgem como
instrumentos fundamentais para mitigar riscos e promover a integridade corporativa. A
etimologia do termo 'Compliance' significa 'agir em conformidade', seja com as leis,
normas, valores, princípios e, sobretudo, com a ética. A importância da regulação e
compliance empresarial tem sido amplamente reconhecida, especialmente em resposta
aos escândalos de corrupção que têm marcado nosso cenário global. O advento do
compliance surge como uma resposta direta a essas questões, refletindo a crescente
necessidade de combater a corrupção e promover uma cultura de integridade nas
organizações. À medida que o mundo passa por transformações significativas, espera-se
que, tanto os cidadãos, quanto as empresas, adotem posturas mais alinhadas não apenas
com a lei, mas também com os valores, princípios e ética da sociedade. Nesse contexto,
a implementação de programas de compliance pode ajudar as empresas a prevenir
fraudes, evitar litígios judiciais e proteger sua reputação no mercado.
Para implementar efetivamente programas de compliance, é essencial a
participação de advogados especialistas, capazes de acompanhar e interpretar essa
evolução legislativa, a fim de desempenhar um papel fundamental na identificação e
prevenção de riscos jurídicos, o que, por sua vez, protege a reputação e a imagem da
empresa. Logo, o ponto de partida para um programa de compliance eficaz é a prevenção
de riscos jurídicos, com o suporte de advogados especializados que possam analisar a
complexidade jurídica e garantir que todas as práticas estejam em conformidade com a
lei, ética, valores e princípios estabelecidos. Essa abordagem não apenas protege a
empresa de possíveis consequências legais, mas também fortalece sua marca e
credibilidade no mercado.
Já a regulação, consiste na elaboração e aplicação de normas e padrões
governamentais que visam orientar o comportamento das empresas em conformidade
com a lei. Ambos os mecanismos são essenciais para garantir que as empresas atuem de
acordo com os princípios legais e éticos, contribuindo para um ambiente de negócios mais
transparente e responsável.
Destarte, o nosso papel na assessoria jurídica empresarial torna-se ainda mais
relevante. Nos cabe não apenas interpretar e aplicar a legislação vigente, mas também
orientar as empresas na adoção de práticas e políticas que estejam em conformidade com
a lei e que promovam a integridade corporativa, uma vez que, desempenhamos um papel
estratégico na elaboração de programas de compliance, auxiliando na identificação de
riscos jurídicos e na implementação de medidas preventivas para mitigá-los. Além disso,
cabe também representar a empresa em questões legais e litígios judiciais, buscando a
defesa dos interesses do cliente de forma ética e responsável. Como ressalta Grinover
(2016), o advogado é um agente fundamental na busca pela efetivação dos direitos e na
promoção da justiça, desempenhando um papel essencial na construção de um sistema
jurídico mais justo e acessível a todos.
Em conclusão, os desafios enfrentados pelo sistema jurídico brasileiro exigem
uma abordagem coletiva e colaborativa por parte de todos os atores do sistema jurídico;
somente através de esforços conjuntos e comprometidos será possível superar os desafios
que envolvem a morosidade processual, o acesso à justiça e a não garantia dos direitos
fundamentais e, desta forma, fortalecer a integridade e eficácia do sistema jurídico
contemporâneo. A regulação e o compliance empresarial surgem como ferramentas
indispensáveis para promover a legalidade e a ética nas organizações, e o papel de nós,
operadores do direito, é essencial para garantir a conformidade legal e a integridade
corporativa.

Referências:
Grinover, Ada Pellegrini. As Reformas do Código de Processo Civil. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016.
Marinoni, Luiz Guilherme. Novo Curso de Direito Processual Civil. 3. ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
O que é compliance e como o conceito é aplicado em empresas. Disponível em:
https://capitalaberto.com.br/secoes/explicando/o-que-e-
compliance/#:~:text=A%20palavra%20 Acesso em: 8 fev. 2024.

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