Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Moacyr, Primitivo. A Instrução e o Império. 2º Vol.
Moacyr, Primitivo. A Instrução e o Império. 2º Vol.
Pl'imi ti v o M oacy1·
A INSTRUÇÃO
E O IMP E RIO
(Subs idios poro u Hh1toria da Educ:.çUo uo Brasil)
1854 • 1888
2 .0 VOLUM_E
~
~
1937
COMPANHIA EDITORA NACIONAL
s.to PAUµJ
/V~ /~;{,1,-(-: .' c-10 5'3 3 5"
G,(l . hct!V>e>_i, : g -! 56 "/
INDI C E
Capilulo I - Reforma <le 1859 . 9
li - Reforma Paulino de Souza 07
lll - Reforma João Alfredo 132
IV - Reforma Leo ncio <le Cacvalho 1G9
V - Reforma Ruy Barbosa. . 121
VI - Reforma Almeida <le Oliveira 397
VII - Reforma Dnr:io -de Mamoré ,143
Vlll - Planos, s ugcs lõcs e infor-
mações · 47-1
IX - Congresso de instrução 536
X - Um regime de educação na-
cional 602
Nolos .· 'ó11
REFORMA DE 1854
/,__u_N
_r_v_E_"_s
_,º_._º_E_º_º_ ª_R_~_s_,1.__ )
\ _, 9 1HLIOTECA
10 Rrro,nrA DE 185-i
e seus ,diretores ás penas de stispensão e multa~
nos casos e pelo modo que o governo determinar.
e) quan do o governo reconhecer que a cxistc11-
ci a tle algumas dcs las casas ê prejudicial aos hons
costumes, ou a educação da mocidade, po<lerá.
m uâdar imediatamente fecha-ln.; ficand o. todavia,
salvo ao resp etivo diretor o recurs o para o Con-
selho .de Es tado. f) ns escolas publicas de ins-
trucão primaria serão divididas em primeira e se-
gulldã classe; na segunda classe o cnsi uo deve
limitar-se á leitura, caligrafia, doutrina cristã.
-p r.iuci pios elementares de caJcuJo e 'sistcmns mais
usuais de pesos ~! medidas ; n as de primei r a clas-
se eleve, alem d islo, obran~cr a gramatica da Iin-
gua nacional, arimelica, noções de algeb ra e de
geometria e1emen lar, leitura explicada dos Evan-
gelhos e nolic ia <la his tori a sagrada, elementos de
geografia, resumo e.la historia nacional c.lcsenho
Hnca r, musica e exc"rcicios de canto. g) ha ..·erá
um extern a to, onde fica rão r:eu nido.s as aulas pu-
blicas de ins tr ução secun da1·ia, que atualmen te
exis tem no :Municipio da Cõrtc, e o governo o
cOmi>lelarâ. com as cadeiras que fal tarc~ a fim
de que o· seu curso de estu d os compreend a as mes-
mas materias que se ensi nar c.ru no Colcgio Pedro
2. 0 , cujo plano e estatutos deverá o governo re-
formar em harmon ia com os r egulame ntos que
e.-....ped· para a organiso.ç.ão e regime do e."'\.lcrna-
lo, reguJando a fo rma de exames, e a maneira
pela qual deve ser conferido o grão de hacharél
em letras. h) ; o governo designar á premias que
deverão ser conferidos aos professores e al unos.
tanto do Colegio Pedro 2. º, como do c..,_ t,crnalo, e
das escolas, devendo ser igualados os vc ncimeutos
dos p ro fessores daqueles dois estabelecimentos, e
A L'<srneçÃo E o !>iremo 11
o tempo para sua jubilação; lambem organisará
uma tabela dos emolumenlos · c das licenças que
fo r em conccdiclas para a ab er tura das escolas e
colcgios p:irticulares. e poderá cominar mnltns até.
a quantia <le 200~000 aos iiúratores <lc seus regu-
lamentos, e a pena de suspensão até três mêscs aos
profc,sorcs puhlicos que se clcslisarem de seus
deveres. i) o produto dos emolumentos e mu l-
tas formarú um f undo de reserva para ser apli-
cado ás despesas da inspeção das escolas, e do
melhoramento do ensino, ficando o governo auto-
risndo para cm caso de dcficicncio dcspcnclct'
anu almente, com es te ramo de serviço publico, a té
a qu an ti a de vi nte contos de TCis inclui<los os su-
primentos neccssarios ao Colegio Pedro 2.0 • O
go,·erno farâ p or cm pratica a reforma, sujei-
tando-a ã ·defíni liva ap rovação do poder legisla-
tivo; e -en1 qu a nto a não obLh·er serão considera-
das como provisorfo.s as nomeações <los profes-
sores <las cadeiras nov.amenle crcaclas e dos em-
pregados do cxlcrnato. (Lei rt. 630 de 17 de selem-
bro de 1851) .
185-1. Em fevereiro, sendo ministro do Im-
perio, o autor da autorisação legislativa <le 1851,
o depu tado Couto Ferr az, foi expedido o "Regu-
lamento <la instrução primaria e secundaria <lo
Municlplo da Côrtc". ·
Da inspeção. A inspeç..-:'io dos estabelecimen-
tos publicas e particulares de ins trução primaria
e secundaria do l\Iunicipio da Côrte será exercida :
1>clo mioisho tio lmpcrio, por um inspetor ge ral,
por um conscll.Jo diretor e por delegados de dis-
trito. O inspe tor geral serú nomeado por decreto;
e não poderá exercer es_te cargo o professor ou di-
1:l REFOR){A DC 1S54
re!õr de qualquer cstabclecimcuto publico ?U par-
ticular de. instrução primaria ou secundaria. In-
cumbe ao inspetor geral: a) inspecionar por si,
por seus delegados e pelos membros que designar
dentre os do conselho diretor, todas as escolas,
colegios, casas <le educaç.ão e estabelecimentos de
instrução primaria e secundaria assim publicos co-
mo particulares. b) presidir aos exames de ca-
pacidade para o ma&>isterio e conferir os titulas
de aprovação, segundo o modelo ado tado; c)
autorisar a abertura de escolas e cslabelecimcnlos
de inslrução, guarda<las as disposições <les te regu-
lamentai d) rever os compendias ado ta dos nas
escolas publicns, corrigi-los ou faser corrigir, e
substitui-los, quando for necessario; e) coorde-
nnr os mapru! e informações qu e o presidente elas
prm·incias remeterem anualmente a o governo so-
bre a instrução prirua.rja e secundaria, e. apresen-
tar wn rclatorio circunstanciado do progresso
comparativo neste ramo entre as diversas provin-
cias e o i\lunicipio ·<la Côrte, com todos os cscla-
rccimenlos que n tal respeito puder ministrar; f)
convocar o conselho diretor, presidi-lo, e mandar
proceder aos exames e ]nformnções nccessarias
para que este possa desempenhar as suas f unções
com acerto; g) instituir anunlmenle, cm cacla
paroquia um exame dos estabelecimentos publi-
cas. e particulares <lc instrução p rimaria e secun-
daria, e enviar ao governo uma exposição circuns-
tanciada sobre o progresso comparativo destes es-
tabêlccimentos; h) organisar o regimen to in-
terno das escolas e <los outros estabelecimentos de
inslq1ção publica; i) apresen tar ao governo o
orç~enlo an ual da receita e -despesa com a i ns-
truçao a seu cargo, especificando cada uma das
A INSTRl!Ç,\O B o l )IPERJO 13
suas verbas; j) ex pedir instruções; (para os exa-
mes elos prof~sores e adjun tos; para o desempe-
nho das resp etivas obrigações, diretamente aos de-
legados tlos ·distritos e aos p rof.essores das aulas,
ora avu lsas, de instrução secund aria, e por inter-
mcdio do reitor do Colcgio Pedro 2.0 , aos 5eus
professores; cm geral para tudo q uanto fôr con-
cernente á boa execução elo Regulamento.); h)
propor ao governo: gra tificações e..-xtraordinarias e.
aumento el e vencimentos para os professores pu-
blicas; os indi víduos habilitados para o magisle-
rio publico e os que devan1 ser encarregados da
inspeção do ensino; os professores que devem ser
jubilados; os alunos que devam ser adm itidos gra-
tuitamente como internos ou meio pensionistas no
Colcgio Pedro 2. 0 ; as alterações que a experien-
cia acons-elhar que se devam faze r no Regulamen-
to; i) remeter no fim de cada trimestre um ma-
pa uomin:i1 dos al unos m a tri culados com declara-
ção de sua írcqucncia, e no fim do ono um m apa
geríll com o res ultado dos exames; j) publicar
com antccedencia o dia, -hora e lugar dos exam es.
Os delegados de clislrito scr:io nomeados pelo go-
·veri10, sob proposta do inspetor geral. e não po-
derão exercer o magisterio publico ou particular,
J>rimnrio ou secundaria. Tem a sen cargo: a) ins-
pecionar, pelo menos uma vez mensalmente as es-
colas publicas dos respectivos disldlos, procuran-
do saber se ne las se cumprem fielmente os regu ..
lamentos e as ordens superiores, dando conta ao
inspetor geral do que observarem, e propondo-lhes
as medidas que julgarem convenientes; b) im-
J>edir que se abra alguma escola ou colegio, sem
proceder a ulorizaçüo para ~ste fim; e) visitar, ao
menos uma vez cnda t:rjmestrc, todos os es tabelc-
14 REFORMA DE 185•1
.cimen tos par tfonlnres deste gencro, que tenham
s ido autorizados, obsc1.·,•anclo se nele são guar-
dados os preceitos da moral e as regras higicni-
ca.s; se o ensino dado não é contrario :í Co_nsti-
tuição :i moral e tis Ic.is; e se cumprem as clispo-
sicões' des te Regulamento; d) I'ece ber e lra ns-
mÍUr ao j nspelor geral, com informação s ua, to-
das ãs participações e r eclamações <los p rofesso-
res, ê. com cspeciali da<lc, de lrês em ·três m êscs,
o mapa dos al unos das diversas casas de educação
publicas e particulares, verificando p r imeiro sua
exatidão -e ajunta ndo-lhe as observações e not as,
que lhes percçom neccssar ias, en Ire as quais de-
vem declarar lambem as vêzcs q ue tenham sido
inspeciona dos as dilas casas; e) pr eparar, so-
bre p ropostas dos professores pu blicas e enviar ao
inspe tor geral, o orçamento anual <las des1>esas d as
escolas respe tivas; bem como remeter-lhes de-
pois de ,•crificndas. as con tas das mesmas despe-
sas, que devem sempre ser assinadas po r aqueles
professores; f ) fo.zer inventariar os ulcnsilios de
cada escola pub1ica, man dando extrair <lu as co-
pias do invent ario, uma para ser transnli tida ao
inspetor geral e a ou tra para fica r em seu pod er,
sendo ambas assinadas pelo profCSsor, que será
responsnvel pela conservação dos r eferidos uleu-
silios denlro do pra20 que for marcado em uma la-
bela especial .
O consell10 diretor s·erá composto : do inspe-
tor g~r al que servirá de presidente; do reitor do
Colegio Pedro 2.Q; de dois professores p ub licos e
um par ticular <l e ins trução prim n.r:ia ou secun<l a-
riat ~u c _se houverem <listing11ido no exercido do
~1ag1s tcno, e forem pelo govern o designados no
fim de cada ano. E d e mais dois membros nomca-
A INsTn u~:.\.o E o lMP1~mo 15
dos anu nln1cnle fam bcm pclo govern o. O gover-
no desi gnará um substit uto para os impc<limen-
tos de qualquer rleslc.s dois ullim.os membros, as-
sim como os . professores qu e devam e.m caso ig ual
substituir aos que forem m embros do conselho .
No impedimen to do reitor do Colegio Pedro 2.0 ;
scrvirâ o vice-reit or. Estas substituições some nte
lerão l ugar ou tiuando o impedimen to f ôr de mais
de quinze dias, ou quando não fõr p ossivel reunir
a maiorfa dos membr os d o conselho, ou finalmen-
te q uando as dccjsõcs dependerem <lo n um ero
com1)lelo dos di tos mcin bros. O inspetor geral
scr-.i substi fui do por quem o m inistro e secretario
d'Estado elos. negoci os <lo I mp erio designar qu nnclo
o impedimento exceder d e <fuinze dias. Não pas-
sand o deste 1>razo scrvir:i cm seu l ugar o membro
mais antigo do conselho. O conseJho diretor tomar a
parte em todos os negocios em que a intervenção
é exigida por este Regu l amento. Terâ especial-
mente a seu cuid ad o: a) o cxan1e <los melhores
meloclos e sistemas pra ticas <lo ensino; h) a de-
5ignação e revisão ,dos eompen<lios; e) a creação
de novas cadeiras; f) o sistema e mate.ria <los
exames. Em geral ser á ouvido sobre to<los os as-
suntos li terarios que interessem a i ns tr ução pri-
maria e secun daria, cujos melhoramen tos e pro-
gressos <leverú promover e fi scali zar, auxiliando
o inspetor geral. Ju lga rá ·as infrações disci plina-
res, a q ue esteja imposta para maior que as de
a dm oestação, rcprcensfio ou nmlla., q uer <los pro-
fesso res primarias e secun<larios, quer dos pro-
f.essores e diretores das escolas, aulas e colegios
particulares.
Do magistcrio p11blico. Sô p odem exercer o
m::igisterj o publico os cidadãos b rasi leiros que 11ro-
16 RcFon,rA DE 185'1
varem: m a ioridade legal, moralidade e capacidade
r.rofi~ional. A prova de moralidade será dncla
perante o inspetor geral, aprcscnlàn~o o c~n~i da lo:
folhas cdrridas nos lugares onde haJa resHh do nos
três anos mais pro:dmos ú data do requ erimcnlo e
atestações dos respectivos parócos. A de maiori-
dade legal por certidão ou justificação de idade.
A capacidade profission al prova-se cm exame,
oral e por ·escrito, que lerá lugar sob a presiclcn-
cia do inspetor geral e pêranlc dois exaniinadorcs
nomcn dos pelo governo. O exame versará não sô so-
bre as ma tcrias como do metada do mesmo ensino.
segundo as instruções exp~dic1as pelo inspetor ge-
ral, depois de aprovadas pelo go,•erno, e tendo pre-
cedido a udfoncia do cousel ho diretor. "Nos exames
para professoras, mn•irão os exrunin ado res acerca
dos diversos trabalhos de agulhn a j uizo de uma
professora publica ou de uma senhora para e s te
fim nomeada pelo governo. Quando vagar ou
sr: ·crear qualquer cadeir a, o inspetor o fará a m m-
ci ar prJo-; jornais marcando o prazo de 30 dias p a-
ra a inscrição e processo de habilítacão dos ca.n-..
dida tas. O inspetor proporá ao goverflo, dentre os
candidatos aprovados, aquele ou aqueles que lhe
parecerem preferidos, acompanhantlo â sua pr0-
11osta as provas dos exames de toüos os concor-
rC.n tcs. A nome.ação cios professores será f eita
por tlccr-eto imperial. En:1 igualdade de circuns-
tancias Ilrcferirão para o provimento nas escolas:
a) os profe~orcs das do 1.º grau para as elo 2.0 ,
tendo lecionado por três . anos com disti nção; b)
os professores adjuntos que ainda DÕ.o contarcn1
25 uno~ de s~r,·iç:o -efe tivo, maS houverem pratica-
do salrsí ato namcnte por três anos; e) os pro-
fcs ~orcs p artic ulares que por ma is de 5 anos te-
A INSTRUÇÃO E o IMPERIO 17
ses, onde t_cm prod usi <lo bons resulta dos: quero
falar das escolas normai..::, e dos professores adjun-
tos ou al unos mestres. Dtt primeira, pouco pro-
vei to se tem colhi elo no Br::1sil, e parccc mlo-mc
que se deve isso anles atribuir a c n:::nios mal <liri-
gic..Ios, e á pratica p o uco c.-...:atn <la ins tituiçã o, elo
que á def eito inhercnle á sua na lu rcsa, inclino-
me a crer q llc ainda não é decisiva a cxpcriencia,
e que não s e podendo por ora condenar como im-
proficuas as escolas normais seri a conveniente
tentar n ovo!-. -ensaios, es tudando previa mente com
circumpcç5o e madurcsa os obs tacu los que impe-
-cliram de produsircm -el as os e~cele nles efeitos
que vemos cm outros pniscs. Da segund a insti-
tuição, a dos professore,r:: adjttnlos ou alllnos-mes-
lres, -estabelecida pelo Hcg ul amcnto, m uito espe-
ro, logo que estej a re alisada em to das as condi-
ções que teve em vista a lei, deveria a primeira no-
m eação desses professores ler tid o lugar cm fim•
de 1854 : não se tendo porém, podid o faser nas
escolas pu1)licas os •exames anuais, não se p ôs em
exccuçfio es~a disposição. Parecen do-me p orém
indispensavcl dar-lhe imediato cumprimento, p a-
ra que pudessem os professores das escolas mais
frc quenta<las ter quem os coadjuvasse nos se·us
trah:úho, e para com o cx.crcicio e a pra tica rio
ensino ir-se formando um pessoal hnbi1Íta.do p ara
o m agistcrio, dirigir um n circular aos p rofessores
para que declarassem qu a is dos seus alunos se
acl1avam nns circumstancias indicadas no Regula-
mento, não obstante falta r -lhes o exame a nu al que
se exige. Das escolas do sexo m ascu lino apenas se
aprc:entarmn set_c concurrcntes aos lu gares de ad -
juntos, e -esses mesmos túo pouco Jmb Hi tados, que
ucnhu m deles pôde ser nomeado, Eslc resultado
52 RrffoAMA DE 1854
é por si 150 signifi cativo que dispensa comentarias.
As C!'3colns do sexo f eminino tamhem aprcseuta-
rrun cinco alunas pnra o concurs o; dessas foran1
nomeacl ns adjuntas, p or mostraren1 os conh eci-
m entos -neccssarios, lres. Tudo se liga e .se enca-
de ia n u1 il s istema -compl et o de jnstrução P\.lblica:
a instituição dos professores ndjuntos supõe alunos
habilitados nas. matcrfas que constituem o progra-
ma do e nsino prim aria ; e no estado pouco 1ison-
geiro en1 que se achavam as nossas escoJas, não se
devia -esperar resultad os satisfalorios de um con-
cur.!=.O feit o ,entre alunos qu e ncn1 um i ncentivo ti-
nham pnrn se aperf eiçoarem no es tudo~ e q ne
aPandonnraru .as escolas apenas tinh am adqui-
do ligeiras noções das matcrias do ensino ...
Falho este processo recorri ao expediente de
outro di5-positivo <lo R c gulanten lo: propúz ao
governo para os lugar es de adjun tos pessoas
que nos concursos e exa.mes de habili tação lrn-
virun m ostra do ter conhecimento das matcdas do
ensino prj mario, embora n ão tivessem si do pro-
vidos nas ·cadeiras qu e pretendbm, ou não tives-
sem m os tra do toda a habllit ação qu e se requer
p3.ra r eger por si uma cadeira. Foram nomeados
quatro adjuntos e uma adjunta. que entran do em
exerclcios -cm diversos escolas, tem · regularmente
d esempen hado os seus deveres, coadj uvand o os
professores na dfreção - das classes. O conhcci-
n1en lo q ue já possuem da inslrução primaria, o
cx-crcicio do magisterio so b a direção e vigila ncia
de professores experimentados, e os trcs cxrunes
porque te.m ain cln de pas$.a r, na forma cio Regula-
n1ento, são garanlias s ufi cientes 1>ar a acreditar-se
qu e cios atuais. adj untoS se venham a formar b ons
prof.esso.rcs. As esco las que foram con templa-
A 1"STfiUÇÂO E O !MPERIO 53
das com adjuntos terão sem duvida n1aior regu-
laridade nos trabalhos das classes e poderá nelas
ler o ensino notavcl m-clhoramenlo n1csmo neslc
ano corrente. Outras ha, entretanto, que csUio
tamb cm cm ·circumstancias de ler professores ad-
j unto~. porquanto o decreto de 28 de novembro
do ano p:·êslahclece um adjunto para cada cs-
cÕla cuja frcqucncia ,cf.cliva, durante mais de um
ano, fõr de 50 alunos; dois para as do zelo e de-
<licação pelo ensino, prestar a necessaria ateação
a ca da classe, ocupar-se. especialmente com cada
11ma rlelas e dirigi r todos os processos escol ares, é
consequcncia for-çosa que sofra a instrução dos alu-
nos de algumas das cJas~s confia<las a monito-
res .ou decuriões. A.ICm disso deve se supor que a
reforma porque passou a instrução publica da Côr-
te, inspirando mais c01úiança, convide os pais para
nelas matricula rem os. se us filhos; e então o já
consideravel numero de alunos que freq uen tam
algumas escolas ela -ci dad~ vio·do ainda a amncn-
tar-se, tonui.râ impossivel para ·t tm só p rofessor
dedicar-se ás lições de todas as classes e promover
o adiantamento dos alunos qu e as compõem. jj:s-
l"as considerações, a lé m de moslrarein a falta que
sentem as .escolas de professores adjuntos, levam-
me a considerar como ncccssarias a creacão· de
1nais algumas cadeiras <lc primeiras letras n-as f re-
guesias mais importantes, mais populosas e <lo
mais extenso lerrilorio. como Santa Ana, Sacra-
mento e Santa Rita . . .Creadns essas cadeiras po<jc-
ria distrfüuir-sc por elns o numero de alunos. que
atualmente frequentam as escolas das freguesias
indicadas, e atenuar os inconvenientes que devem
resultar da falia de adjuntos.
54 RE,on,r,, DE 1&,4
As cadeiras publicas que exis,t cm crcadas não
são igualmente distribuidas para os dois sexos
nas fr.cguesias de fôra da cidade; nssim é que das
29 que possue a Capital só onze pertencem ao sexo
femi n ino, e ·dcstns só ha fóra da cidade a de Pa-
quetâ, q uando aliás es tabelece o Rcgulruncn to umn
escola para cada um dos sexos cm todas as paro-
quias da Côrtc. Não obs tante, porém, o pcns«·
m enta liberal do R egulamento, que não só julgou
nccessario o mesmo grú o de inst r ução para ambos
os -sexos, mas ainda estabelece para cada um de-
les o numero. de cadeiras corresponden tes ao das
paroquias, fôra imprudente crear de imp roviso
nas írcgucsi::is de fórn <la cidade oito escolas de
meninas, quando com tantas dificuldades ai nda
se luta para o provimento das cadeiras vagas na
cidade". O Rcgulrunen to prevê, porém, o caso de
a uxilio ás escolas particulares, que quisessem en-
sinar a crcanças pobres. E' assim que o govr.r no
abouou ·uma gr:itificaç5o a pr ofessora particular,
cstabelecitla no curato de Sauta Cruz.
>
102 I\E:ron,L, PAt:L1,;o DE: SoozA
habilitações em absoluto. Demos porém que o
alllllo julgado distinto seja-o cm absoluto, e sailia
bem quanto lhe cusinar.au1 na escola de que saiu.
E> adjunto do prlmciro ano e. vai aperfeiçoando-se
.cru trc.s unos 1.>ara ser afinal professor. De,·em.os
supor que -tsles tres anos são destinados a alar-
gar-lhe n esfera tlos conhecimentos adquiridos, a
abrir-lhe á inteligcncia uo vos horisonles, a prepa-
ral-o tlc discipulo que era para ser mestre~ E' is-
to que a razáo diz, tal porem não acontece. O acl-
junto continua a ouvir as-mcsww; lições e sobre as
mesmas mate1:lus nas quais já se havia <listin-
guitlo. O mais que pode lucrar é iru1,rllnir-sc-lhe
cada vez mais na nwriíoria, 1>cla repetição aquilo
mesmo que jâ aprendera. E quaulo aO u1etodo de
cnsjno, o que vê e fica sabendo e a ro lina dn es-
cola. A instituição dos professores adju.nlos niio
é idéa nova, mas já experimenlada e cerlamente
muito util. Entre nós tem, porém ficado redu-
zida a proporção muito a.canilada, e emquanio
se nii.o desenvolver, é euidenle que não dará as
uantagens que dela se poden1 esperar. Hcposn.ndo
a instiluição no IJI"iucipio da habilitação grad ual
,e segura para o 1n·ofcssorado, a necessidade de cs-
tabclcc.imento.s, ciu que os adjuntos vão aumen tar
o cabedal de seus conhecimentos, é oonsequcuciu
forçosa ·de sua creação. Quer-se o aperfeiçoa-
mento; uão se ll1cs dá, n em se lhe diz como ha
de alcançal~o. Si alguns professores se distinguem,
e os ba uu1 on outro, dignos de elogios, devem-no
a seus esforços isolados, e nõ.o se lhes facultar a
ac1túsiç..;,o de. novos conhecimentos. No regula.-
111enlo de 1854 temos o meio de melhorar 1nuito
o nosso sistema tle instrução prhnaria; refiro-me
A L'ISTnUÇÃO E o I><PEnlO 103
o governo fixará. ·
O curso d a escola JH"imaria elementar, que.
durará r egularmen te dois anos comJ>reende: a)
o ensino concreto e.Ias fórma ~, côrc.s, numeras, cl i-
1uc11sões, tempo, sons, qualidades dos objétos, mc-
did:1s, seu uso e aplicaç.ão; b) desenho; e)
escrita " leitura ; <l) ensino pratico da lingua
matern«; e) primeiros rucürnenfos das ciencias
fis}cas -e !nalur:tis, aspéto das coiSas e ,cxperi ...
m cn tnçi'io ,elementar <los fcnome nos e. llropric-
dadcs. D cscdção do corpo humano e ele an imais.
Noções <le hotan ica :estudadas dirc.Jamcnte nas
pl antas; f) arimelica pratica até a divisão 11or
mn alga d smo. P.l'imciras idéas de frações. Pro-
blemas faccis, concrclan1cntc formuln.dos; g) ele-
men tos Tn dimcnlarcs de geografia, por lições de
coisas, comcçnndo pelo cslmlo lopografico da es-
cola e do sitio escolar, do qual se scglÜrá o do
numicipio. Orientação. Lc\'antamcnto da pJantu
ela escola e suas dcpcudcncias; h) gran des fàtos
da h istoria, espccialmcn le palria, anedoticamente
ensinados, por lições do professor, li\'ros de lei-
tura, estampas, quadros apropriados, sem tar e-
fas de cór. Execução de trabalhos e distrações
fendentes a descnvoJyer a agilidade- das mãos, o·
ZIO REFon~A Ru Y BAuuosA
Cursos - 11
Na Escola PolitCcnica s e lecionam
os cursos que conferem os titulas de bachareis cm
ciencias fisicas e niaten1:1licas, ,engenheiros geo-
grafo e engenheiro constrn!or e Jelegrafista. O
primeiro curso, que abrange todas as disciplinas
ensinadas na Escola, C. divi<lido cm lrcs anos, as-
sim: 1. 0 ano: - calculo tliferencial e integral (1."
parle), e mecani ca recional (l.ª parte); a parte
superior <la gemnctrja descritiva; sombras; pers-
petiva; slcrcotomia; qulmica mine ral; anatomia e
fisiol ogia; fisica (dclricitladc e magn etismo;· apli-
cações); 1ncteoro1o&,iia (curso complementar fe ito
pelo snhsliluto) 2.ª ano: - calculo integral (2.ª
parle) e mccanica racional (2." parle); física (som,
luz, calor ; aplicações); analise guimicn; trigono-
metria ,csfcrica; as tronoruin; 1nccnn ica e n1aqui-
nas; quiruica organíca; geometria superior. 3.0
ano: - calculo das ,•arü1ções; calculas das dife-
rencias : aplicações; calculo das probabílid..adcs;
arquitctura ; .coostruções de ferro; telegrafia, seus
diversos gcneros ; fotografia, co1n suas aplicações
ó cngcnliaria e it a$tronou1iu; gcotléSía; hidro~ra-
fia; 1uccanica celeste; aplicação das matematicas
ás ques tõ es de fisicn.
Acompanharão respe tivumentc o e nsino des-
sas disciplinas os trabalhos de. desenho, os excr-
cicios de laboraforíos, e os concursos entre alunos,
Um ano de pratica no Impcrfal Observatorio de-
pois do tercciio ·deste curso, com1>ktará o bacha-
relando em ciencias fi si cas <! mnfemaücas.
Aos alunos que vencerem ns matcrias dos dois
primeiros anos e as do te rceiro ate a 3.0 cadeira
inclusi\'C (topografia e seus diversos gcncros), se
A lNS'IRUÇÃO !! o brPER!o 345
conforirh o diploma de engenheiros construtores
e tclcgrnfistns.
Os que Ycncerem o curso geral n1enos a sext a
e scfima cadeira( mecanica celeste e aplicações
das niatematicas ás questões de física), receberão,
depois de. uma ano de pratica ao Imperial Obscr-
v:1torio, o diploma de engenheiro gcografo,
Para os- diversos cursos deste -estabelecimen-
to h averá, com o pessoal preciso: um l abora.torio
<lc quimica organica; um de quitnica inorga.nica;
um de q uimlca analitica; um de fisica (clclrcci -
dade, m agnetismo e meteorologia) outro de. fisi-
ca, (som, luz,~ calor ) , um ele telegrafia; um de
mccanic:1 .e maquinas; um ga.bincnte de astrono-
mia; um de gcodcsia; u1n de observações oncJc se
ensiuc aos alunos o mm dos instrumentos, antes
de os cmpl'cgar nos trnba)hos de aplicação; urn
Jaborator.io de fisiologia;.:snlas de anatomia, len-
do as mesas precisas para di ~cçõcs; cada fohorato-
do e gabincle com o seu museu.
Todos sob a direção dos lentes respe tivos. Os
dois primeir os Iaboratoríos terão o pessoal cientí-
fico de um só; rlo mesmo modo o quarto e o quin-
to ; a$Sim os gabinetes de ge·odcsia e astronomia;
igualmente o laboratorio <le f~síologi::i e salas de
anatontin.
~ ara inscrição elo primeiro ano da Escola Po-
litecnica se exige como h abilitação prcparp to:ria
o curso de agri mensura ·tlo Liceu Pe dro II, mais a
aprovação nas l íngua alemã e inglesa.
Frcquencia ~ A Escola Pofifecnica scrú obri-
_qaloriamcnle frequen tada nos <lias ut eis pelos alu-
nos desde ás 8 horas da mallhã, cm que comcçnrú
n p~imcira nula, até ás 17 horas, qu::indo termina-
346 REFOR)(,\ Rt:Y BARBOSA
c:wt.o do pino o . Cou.s:i tão rnr.t nÕs nposcu tos do fQtnilia pro,·ocou
n minb:a curiosiU:1dc. Era uni r omnncc; qunndo o .Colbeara, o dono
dn cnsa .1.Jlarccc e obser\'ou, cut \"O?: alto, (lU C nii.o cr:i leitura pro ·
Jlrin Jl:ita mulheres. Eis u m li.no qu o uc:ibo do compr:ar p:ir:i. nú·
ulL~ f.ilh33 o niiuha mulher . Abri cslo preciosn ,·olumo: cr:i. uma
cspccic do pequeno t..rnt:ido iJo wornl, .chcio do ll:rn:ilid!td~ ttcn!_i-
ml!nt::t.is o do fr::t..scs feitas oudo domm:ix::i. um Ulm U.c prot«.:ao
0 coudrsecntlcllcia p:i.111 n pohrc intcligenci:i f cmii1Ul:l, pois ns mu·
JhcrC9 são, .ant es de tud o, as múc-s dos homens e e3:erccm um
614 NOTAS
p cuco do influl'nci.a n:,. educação deles. Nad3 desperU mais a.
Rlenr;:.:io do es trangeiro que csb. :1uscnci:1 de linos naa ~ br:i.-
sil el rn.!. So o p:li quo exerce UDl!l. proriss:"io Jibcr.i.1, tcui wnn pc·
qul?nn biblio teca de tr:i.tados de i::r.cd.icin:1 ou direito, mas não so
\'écm os linos csp:i.lh:idos na c:1s:i como objét.as de um uso consb.ntc;
nft.o fn~m run tc das cous:i.s d e 11 ccessidndc corrente. Repilo q ue
h:i. execi;üc:1; :i.ssim nu: r~ordo de t er encontrado, 110 a]l3tt.!lmcnto
do u.in:i. moç:i, cujn í.:un.iiin ·uos dera urna ::úctuos:i ho!tpitalidaüc,
cw uina bib lioteca bem escolhid a :is mel hores obr11s do his toria o
d o litC'rntur:i írnncêsa e nlcmã; ! oi, porém, o unico exe mplo nu
g cnoro, dur:i.nto um ano de cstadi:i. no Dr:i.sil. Embora recebam os
b cnl' ficio11 do im1l mçâo, h:i. na cicist.cnei:1 domcsticn tlns bmsilcir:is
tanto co m1tri:111gimcnto, cbs cstiio f;"'io raras \'êscs em r elaç:io com
o mundo c.,:tcrior, q110 s6 is.'lO b.,st:i p.u:1 pôr um ob~L,cn lo ao seu
dc.~e11,olvimcnto inll'ktn:il ; os sr u., prn.zercs são mr.squinJ1os o t.;o
r.1.ro9 como O!l seus meios do instniç~i ô.
E:sprimiudo est3S dW':'I.S .crdades, sou 6co t.l c um gr:r.ndc llU ·
m c.ro do brasilei ros i1Ú.digcntcs q ue deplo ram ~ to csLido de cou·
!j.ll./;1 1 mau o pcrigostt, e sem f.<"l.b cr como Ycformal·o .. Nus pc·
pequenas cid.ndcs Uo norte e do interior, as malbcrC'S t ecm urn:r. Cl.'.ls·
t.cnci:i J.iorrh·elmcnt.c 1uonoton.'L, privada do nkgri ns sãs ouclc so
reuovnm as f orças; um sofrimento p.'l!c,;i,·o entretido ma..i!I nindn
pcb. faltn :ibsolut., de distrnçúcs, que fN}r maks positi.•os, o qo··
n.tlo é tnl!UOS doplor.i:rcl; um ~tado do estagnnçiio o do b erci3
com11let:i..
"Além dos ,icios dos u1cU1dos d e instrução, b., o.inda u w:i
:tU Sl.'llci.'I llc cducnçüo domt"Slic."l.. profu ud:m1c11tc- cntrislttcdor; é /\
coa51.'quccci:i. do contato incCSS:lnto com o3 domcslicos ncg rns e
m:lis n.iutb. dos negri1tlt0s, dos quais h:i. sempre quantitbdo nns
cn.sa..s. QuP. n bai.J:cs.'I. lmbitunl o os ricios dos 11cgros scj:un ou não
o efeito d4 Csern,;d.i o, n.:io é menos ine(,Pü\"Cl que ck>ll c.1istcrn; o é
c,lr:\llho \'C r .indidduos, nli:.ís cuid:nlosos o escru pulosos cm rcb.ção
:aos seus Cilho!I, dci::i.::tl·03 const:rntemen tc nn. comp.1nlli:i. d a_ tiC Us cs·
cr:it>os, ,i.f:i:1dos pelo!! m:ti!I ,olhos o brinc.,ndo com os mni! no\"OS.
N:i c:.1 pit.'ll do Imp<'rio C'SlCS perigos s:io j[o menor~, pois todos
os que conl1cccmo1 o Rio de J:mciro h:1 40 :1nos :.e :u:o rd~m cm
p rocl:1.m:1r que um:i. m111!ori11 dn!5 mais not a-reis s e 11r0Uuziu J10s
cost ume!! socfa.iA. De\"O confessar quo a. m:'lis nlt.1. :i.utorid:i.do (Pe-
dro 2.•) se pronun ciou cm fa•or de uma cduc:1ç,!io liberal ao.,
mulhcrc.,. Todo mundo s.1.lic qno n instTUçiio d:i, priuCCS.19 foi. n:io
soml.'nt.c ,;gi:1d:i, m:'I.S mC"Smo cm p:u lc pes30:i.lmc11te di.rigidn JlC·
lo pai."
(Agnssiz. Voyngc au Drtril, 1SG5·186G).
-- = --
/ ~ ; ;~êoõ-sRf>.SIL /\
\ s 1eL I OT EC A