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UFSC

Disciplina: ECV 5356 – Técnicas de Construção Civil I


Prof. Wellington L. Repette
CTC - ECV

Material Didático

Assunto: Estruturas de Concreto Armado


Título: Manual de Execução de Estrutura de Concreto Armado
Publicação: Associação Brasileira de Cimento Portland - ABCP
Comunidade da Construção - 2004
Manual de
Estruturas de
Concreto

Manual de Estruturas 1INT


O Manual é uma das ferramentas do Projeto Estruturas Racionalizadas
disponibilizadas para a Comunidade da Construção. Por ser instrumento de uma
comunidade técnica ativa, é nosso objetivo que o Manual seja continuamente
criticado, modificado e atualizado. Para facilitar tanto a expressão de idéias dos
usuários do Manual quanto a obtenção de cópias atualizadas, foi criada uma seção
específica dentro da área logada do site www.comunidadedaconstrucao.com.br.
Questões mais polêmicas que eventualmente surjam, serão tratadas em fóruns
específicos dentro do site.

Créditos

Concepção, gerenciamento e produção


Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)

Textos
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Arq. Carlos Chaves
Eng. Bruno Szlak
Enga. Érika Mota
Eng. Paulo Flaquer
GMO Engenharia S/C Ltda

Contribuições técnicas
Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC)
Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE)
Instituto Brasileiro de Telas Soldadas (IBTS)
Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia (ABEF)
Associação Brasileira das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia
Geotécnica (ABEG)
Doka Formas para Concreto Ltda
SH Formas Andaimes e Escoramentos Ltda
ULMA Andaimes, Formas e Escoramentos Ltda

Ilustrações
Malu Dias Marques – Drops Produções e Design

Diagramação
Arq. Maria Alice Gonzales - Drops Produções e Design

Capa e Divisórias
Azul Publicidade & Propaganda S/C Ltda.

Fotos tema de capítulos


Tico Utiyama

2INT Manual de Estruturas


Introdução

A Associação Brasileira do Cimento Portland (ABCP), em um trabalho conjunto


com diversas empresas, entidades e profissionais da cadeia produtiva, apresenta o
Manual de Estruturas de Concreto.

O Manual de Estruturas, juntamente com uma série de outras ferramentas de


capacitação, organização e implantação, faz parte do esforço da construção de uma Introdução
comunidade de empresas e profissionais que lutam pela melhoria do desempenho
dos sistemas construtivos à base de cimento.

Objetivos do manual
Nota
O Manual que você está recebendo tem algumas diferenças se comparado a outras O decisor é o profissional que

publicações existentes no mercado. deve estar informado sobre as

Em primeiro lugar o Manual está inserido dentro de um Projeto, o que lhe garante opções existentes no mercado,

uma “vida” que extrapola o meio físico. Essa vida permite tanto a atualização ter base técnica para entender

constante do conteúdo, quanto canais para solução de dúvidas e aprofundamento e avaliar as tecnologias e

de certas questões. capacidade gerencial para

Em segundo lugar, é um Manual que procurou, já na sua primeira versão, reunir organizar o processo de forma a

o conjunto de informações técnicas sobre as estruturas de concreto armado otimizar resultados.

moldadas in loco, de maneira sistêmica.


Em terceiro lugar, o Manual privilegiou as necessidades do tomador de decisão
que atua em uma construtora e que enfrenta hoje o desafio de melhorar os resultados
operacionais de sua obra e empresa.

Na prática estamos falando de:


a) recuperar os conceitos químicos e físicos que são importantes para a execução
de obra, para as especificações e para o diálogo com a indústria de materiais;
b) estabelecer o conjunto de decisões que o profissional deve tomar em
cada subsistema, de forma que elas estejam organizadas no tempo e
coerentes com as soluções disponíveis no mercado;
c) discutir as interfaces com os projetistas para que o projeto estrutural incorpore
os conceitos do empreendimento e da tecnologia produtiva da construtora
d) estabelecer as bases para geração do Projeto para Produção, permitindo
que se detalhe os requisitos de projeto de um ponto de vista de facilitar a
execução
e) discutir as práticas recomendadas de produção de forma que qualidade
e produtividade sejam alcançados

Tudo isso, visando aumentar o desempenho do sistema construtivo.

Manual de Estruturas 3INT


Dimensões do desempenho

De forma direta ou indireta, o Manual aborda quatro dimensões de desempenho:

Custos
Todos os recentes estudos econômicos apontam uma diminuição na margem de
lucro das construtoras. Responsável por algo entre 20 a 35% do custo das edificações,
Introdução as estruturas definem também o espaço, plano e linhas geométricas nos quais se
ajustam os demais subsistemas.

Produtividade
Segundo o Instituto McKinsey
a produtividade da mão-de-obra
na construção brasileira seria
aproximadamente 1/3 da produtividade
americana e ficaria em um patamar
inferior a uma série de outros países.
A explicação de que esses países utilizam
processos produtivos de natureza
distinta do brasileiro não parece
explicar corretamente a diferença. Se
observamos algumas pesquisas de
produtividade realizadas em nosso país,
observaremos um quadro semelhante ao
apresentado abaixo.
O gráfico explicitanto diferenças diárias
significativas de produtividade parece
indicar que mesmo os processos
tradicionais de produção são
potencialmente capazes de atingirem
resultados muito melhores. De certa
forma, eles apontam na mesma direção
do referido relatório da McKinsey que
apontam que variáveis como
subempreiteiros especializados,
planejamento e projeto respondem pela
maior parte da diferença de
produtividade observada.

4INT Manual de Estruturas


O único paradoxo é entender porque, apesar do seu enorme potencial de resultados,
a produtividade tem sido esquecida mesmo pelas construtoras que investem em
modernização.

Durabilidade
A nova norma de Projeto de Estruturas para Concreto Estrutural - NBR-6118 - dá
um destaque especial à durabilidade.
As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as Introdução
condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme
preconizado em projeto conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante
um período mínimo de 50 anos, sem exigir medidas extras de manutenção e reparo.
A ênfase na durabilidade não implica, necessariamente, em aumentos dos custos.
De fato, problemas de durabilidade materializam-se em problemas de patologia
exigindo custos enormes para o construtor e para o usuário da edificação.

Estruturação do manual

O Manual é organizado em 9 capítulos, incluso essa introdução (capítulo 1).


O capítulo 2 trata o tema Projetos. São relacionados os métodos de cálculos
existentes e a importância do uso dos softwares. A partir de uma tipologia de
formatos estruturais, de requisitos de compatibilização de projetos e da importância
da coordenação de projetos, o decisor da construtora pode posicionar a interface
com os escritórios de cálculo.

No capítulo 3 são tratados os temas: Orçamento, Planejamento e Controle. É


apresentada a estrutura básica do orçamento, os planejamentos físico, financeiro e
de logística além dos controles de prazo, custo, produtividade, perdas e qualidade.

No capítulo 4 são apresentados os diversos tipos de Fundação, os parâmetros


que devem orientar a escolha mais adequada e um comparativo com as características
que permitem a comparação entre os diversos tipos.

O capítulo 5 aborda as Fôrmas. São abordados os fundamentos do trabalho com


fôrmas como os materiais utilizados e os esforços atuantes. A seguir é apresentada
uma análise das variáveis que devem definir a escolha do sistema. Relaciona-se
também os parâmetros para o Projeto para Produção e, finalmente, avaliam-se os
custos envolvidos.

Manual de Estruturas 5INT


O capítulo 6 apresenta o Cimbramento. São apresentados os sistemas de
cimbramento e reescoramento existentes e uma análise das variáveis importantes
para sua escolha. Finalmente, é analisado o Projeto para Produção de Cimbramento.

O capítulo 7 trata da Armação. São apresentados os critérios para escolha do


fornecedor, bem como os procedimentos necessários para a aquisição de materiais
e mão de obra, enfocando as variáveis envolvidas que afetam a produtividade do
Introdução serviço e a qualidade do produto. Nesse capítulo são abordadas também as boas
práticas que devem ser seguidas para a obtenção de um processo racionalizado.

O capítulo 8 discute a Protensão. Apresenta o que é protensão e seus tipos e na


seqüência são detalhados os sistemas de protensão leves.

No capítulo 9 apresenta a Concretagem. Inicialmente são recuperados os conceitos


fundamentais do material concreto e suas propriedades no estado fresco e
endurecido. Compara-se o processo em obra e o processo em central e os cuidados
necessários para cada etapa. Por fim, são relacionadas as principais práticas
recomendadas. Um tópico destacado no capítulo são os concretos de alto
desempenho, abordando desde a contratação da central até os cuidados em obra.

Cada um desses capítulos é estruturado atendendo a cinco requisitos:

1. As decisões estão organizadas. Ou seja, o gestor terá modelado as


variáveis que definem escolhas na obra. Riscos e ganhos são avaliados.
2. Os principais fenômenos físicos e químicos estão mencionados e,
principalmente, relacionados aos processos de execução de obra.
3. Os custos estão considerados de forma que o gestor pode avaliar o
impacto de suas decisões.
4. As principais tecnologias estão relacionadas
5. Os processos principais de execução estão relacionados em boas práticas.

Manual de estruturas: ferramenta de um processo


sistêmico

A opção pela elaboração de um Manual para os tomadores de decisão foi escolhida


a partir da percepção que é na gestão dos sistemas produtivos que se concentram
os maiores ganhos e as maiores perdas das construtoras.

É claro que o Manual é apenas parte do processo. Somam a ele os cursos de capacitação,
as palestras, e tantas outras iniciativas que têm como objetivo gerar potencial para
um salto de qualidade na cadeia produtiva ligada às estruturas de concreto.

Ao receber esse Manual sua empresa, de fato, ingressa em uma comunidade técnica
cuja sede é o site (www.comunidadedaconstrucao.com.br). Através dessa sede virtual,
sua empresa acessará as atualizações de conteúdo do Manual, colocará dúvidas que
serão respondidas e passará a compartilhar dados, como por exemplo, alguns índices
de projeto e produtividade.

6INT Manual de Estruturas


Projeto
Conceitos
Histórico
Os elementos estruturais
A importância do projeto estrutural
Projetos para Produção

Métodos de cálculo
Método Tradicional
Método dos Elementos Finitos
As Fases do Projeto Estrutural
Apresentação do Projeto Estrutural

O uso dos softwares e da informática

Menu de Estruturas
Tipologias de Estruturas
Características e Variáveis

Coordenação de projetos

Compatibilização de Projetos
Estrutura x estrutura
Estrutura x alvenaria
Estrutura x instalações
Estrutura x acabamentos
Conceitos
Estrutura x elevadores
Métodos de cálculo
Contratação do Profissional / Escritório
Interface Projetista – Contratante O uso dos softwares e da informática
Contratação
Menu de Estruturas
Indicadores de Qualidade do Projeto
Coordenação de projetos
Avaliação do Produto Projeto

Compatibilização de Projetos

Contratação do Profissional / Escritório

Indicadores de Qualidade do Projeto

Manual de Estruturas 1PRJ


2PRJ Manual de Estruturas
Conceitos

Histórico
A associação entre o concreto e o aço com fins estruturais começou a ser feita na
Europa, em meados do século XIX, para a construção de tubos, lajes e pontes.
Em 1902, foi elaborada e publicada a primeira teoria cientificamente consistente,
e então redigidas as primeiras normas para o cálculo e construção em concreto
armado. Conceitos
A partir daí, o conceito de projeto estrutural ganhou importância, enquanto os
estudos e pesquisas científicas se desenvolveram muito. Os fundamentos das idéias
daquela época continuam válidos até a atualidade.
O projeto estrutural terá, então, a função de representar graficamente a estrutura,
seus elementos e peças que a compõem, além de fornecer informações sobre as
características do concreto e do aço relativos à execução da mesma.

Notas
As seções estruturais dos
elementos de concreto são
dimensionadas em função das
solicitações mecânicas, das
capacidades resistentes e das
geométricas construtivas para
acomodações das barras e
garantia dos cobrimentos.

A resistência à tração do concreto


e a aderência açoxconcreto
influenciam diretamente na
ocorrência de fissuras do
concreto, na zona tracionada.

Glossário
Armadura passiva:
armadura que recebe a
solicitação da estrutura através
do concreto. Nesse caso, quanto
maior a aderência entre
o aço e o concreto, melhor será a
absorção dos esforços pela
armadura e, consequentemente,
a estrutura suportará um maior
esforço.

Manual de Estruturas 3PRJ


Os elementos estruturais
Os elementos estruturais podem ser, simplificadamente, separados entre:

Blocos Folhas, Placas (vertical) ou laje (horizontal)

Conceitos

Notas
Essa classificação é fundamental,
Barras de elementos Delgados Barras
porque disciplinará os
comportamentos das peças e
do sistema estrutural.

As folhas, ou estruturas
de superfície, também são
comumente chamadas de placas.

No projeto estrutural, é interessante que os elementos com funções semelhantes


possam ser agrupados em lotes, pois estarão sujeitos aos mesmos métodos de cálculo.
Daí, podem ser classificados conforme a tabela a seguir:

Elementos Estruturais Básicos


Item Características

Laje Maciça Elemento bidirecional, (placa) geralmente horizontal, constitui pisos


de compartimentos. Suporta diretamente as cargas verticais do
piso e é solicitada predominantemente à flexão.

Pilar Elemento unidirecional (barra), geralmente vertical, que garante o


vão vertical dos compartimentos (pé direito), fornecendo apoio às
vigas. É solicitado à compressão, às vezes combinado com flexão.
Glossário
Viga Elemento unidirecional (barra), geralmente horizontal, que vence vãos
Existe a discussão sobre se o pé
entre os pilares e fornece apoio às lajes, às alvenarias e, eventualmente
direito é a medida do piso à face
a outras vigas. É solicitada predominantemente à flexão.
inferior da laje, ou do piso à face
superior da laje seguinte (piso a
piso). O dicionário considera a
primeira opção. Mesmo assim,
algumas escolas de arquitetura
defendem que o pé direito mede
de piso a piso e o “pé esquerdo”
mede de piso à laje.

4PRJ Manual de Estruturas


A importância do projeto estrutural
Estudos diversos atribuem à fase de projeto a responsabilidade pela maioria das
patologias encontradas nas edificações. Sua ausência de adaptaçõa resulta da falta
de soluções adequadas ao produto e ao seu uso.

Projetista A responsabilidade do projetista é


selecionar, dentre diversas alternativas,
o melhor sistema estrutural para as Conceitos
características da edificação em questão,
pois a escolha correta de um sistema
estrutural é muito importante sob o
ponto de vista dos custos e da
funcionalidade.

As soluções Atualmente, é inconcebível pensar no


projeto sem ter em mente o processo
executivo. Um bom projeto estrutural
procura evitar improvisação no canteiro
de obras, através de compatibilização de
interfaces com os demais projetos.

Custos e qualidade A obtenção de um aumento na


produtividade e na qualidade das
estruturas está associada intimamente às
características do projeto. Uma
informação errada, ou a falta de um
dado importante, irão comprometer os
custos e a qualidade do produto final.

Tecnologia O aperfeiçoamento da tecnologia Antes


disponível, requer informações rápidas É inegável a presença do projetista já na
e precisas. É muito importante que o concepção do negócio, de forma a
processo de execução, implantação e contribuir com soluções adequadas
retroalimentação do projeto estrutural desde o anteprojeto arquitetônico;
seja ágil e preciso.
Durante
Competitividade A racionalização propiciada pelo bom A racionalização dos projetos é fator
projeto estrutural permite melhor que melhor pode contribuir para a
controle do processo produtivo, obtenção de um produto coerente e
reduzindo custos e aumentando a ajustado, visando atingir de forma mais
competitividade do produto. rápida, direta e com menor custo, os
objetivos do empreendimento;
Acompanhamento Erram o projetista e o cliente que
consideram a importância do projeto Depois
estrutural apenas durante a sua O projeto continuará sendo, sempre, a
execução. Seu acompanhamento é principal referência do empreendimento,
fundamental durante todo o ciclo do contribuindo para a sua manutenção e
empreendimento. operação correta, adequada e econômica.

Manual de Estruturas 5PRJ


Projetos para produção
Os projetos estruturais e de arquitetura mostram a forma do produto, que pode
ser, por exemplo, a estrutura e a edificação. Além desses, existem outros projetos,
que mostram como produzir, os quais são denominados de Projetos para produção.
São eles:

Projeto de Eixos
Conceitos São projetos que ajudam na marcação dos eixos principais de referência da obra

Projeto de Locação de Pilares


Glossário
é muito prático aos carpinteiros, facilitando a locação dos gastalhos das fôrmas
Em algumas regiões do Brasil, os
de pilares.
gastalhos são chamados de
“gravatas”
Projeto de Fôrmas
Caso a construtora opte por produzir as fôrmas, é recomendado que esse projeto
seja desenvolvido, para orientar a produção e diminuir as perdas de materiais.

Projeto de Lajes e Cimbramento


Esses projetos auxiliam na paginação das fôrmas das lajes, utilização do
cimbramento e posicionamento do reescoramento.

Exemplo de um Projeto de Lajes e Cimbramento

6PRJ Manual de Estruturas


Métodos de cálculo Método dos elementos finitos
Esse método é uma importante
São vários os métodos de cálculo de estruturas do edifício. De qualquer forma, ferramenta computacional para executar
os princípios básicos de comportamento estrutural se assemelham. cálculos, que, se fossem realizados
De uma forma simplicada, podemos diferenciar, por variáveis inclusive tecnológicas manualmente, seriam muito difíceis, ou
e de desenvolvimento, duas formas de cálculo. até mesmo impossíveis.
Sua concepção teórica data de 1943,
Método tradicional mas até a década de 70 seu uso era Métodos de cálculo
É o método utilizado praticamente desde que o cálculo estrutural se desenvolveu limitado e restrito apenas a centros de
de forma mais científica. pesquisa e instalações militares. Com a
Esse método tem as seguintes características e adota as seguintes premissas: evolução da capacidade e a redução dos
• A laje é considerada como placa monolítica em todas as situações; custos dos computadores, suas
• As cargas nas lajes, por questões de aproximação, são consideradas distribuídas aplicações se expandiram e se tornaram
uniformemente, sendo adotados coeficientes práticos de redução de momentos; cada vez mais precisas e sofisticadas.
• As lajes podem ser consideradas contínuas ou isoladas em cada direção; As figuras abaixo darão uma noção do
• No encontro de vigas sem pilares de apoio, se as vigas têm a mesma altura, tratamento que esse método dá às
funcionam com os vãos totais, e com um ponto de ligação; formas de se encarar um modelo
• No encontro de vigas sem pilares de apoio, se as vigas têm alturas distintas, estrutural.
considera-se simplesmente que a viga menor se “apoia” sobre a maior; Pegue-se o exemplo de uma viga de
• As vigas são calculadas como contínuas, com apoios fixos; seção retangular engastada em uma
• Muitas vezes os pilares são calculados à compressão simples, sem consideração extremidade e com uma carga
de momentos fletores; concentrada na outra.
• São muito empregados ábacos, tabelas e gráficos. Para os conhecedores da teoria,
Com o desenvolvimento científico, pesquisas específicas e logicamente com a facilmente se determinam as tensões e
utilização intensiva da informática, existe um maior refinamento no trato das cargas deformações da mesma.
e do comportamento estrutural. Dessa forma, alguns parâmetros podem ser mais Para os conhecedores da teoria,
exatos e precisos. facilmente se determinam as tensões e
Entre os métodos auxiliares de cálculo, destaca-se o Método dos Elementos Finitos. deformações da mesma.
Mas e se a viga tiver um furo no meio?
Notas
É possível se conseguir uma solução
É possível imaginar que, em
analítica, mas ela será bem mais
muitos casos práticos, as
complexa.
formas geométricas não são tão
Essa é a idéia básica do método. A viga
simples como essa e, portanto,
é considerada uma “malha”, na qual as
as soluções analíticas são
interseções formam elementos (no caso,
virtualmente impossíveis.
retângulos). A esses elementos, são
atribuídas propriedades de deformação
Mas e se a viga tiver um furo no
compatíveis com o material da viga, e
os cálculos se fazem por um sistema de meio? É possível se conseguir

equações lineares em forma de matriz. uma solução analítica, mas ela

Consegue-se, assim, uma aproximação será bem mais complexa.

muito grande do comportamento real.

Manual de Estruturas 7PRJ


As fases do projeto estrutural
No Fluxo de Projeto, o desenvolvimento do trabalho de engenharia estrutural ocorre ferramenta de gestão de projetos e
em fases. Assim, a contratação pode contemplar todas ou algumas fases, dependendo solução de interfaces com as demais
do momento e objetivos da contratação. especialidades e necessidades dos
Pretende-se, com isso, o estabelecimento de um fluxo de trabalho estável e empreendedores, ao longo do seu
padronizado na elaboração dos diversos projetos, de modo que as etapas atendam amadurecimento.
adequadamente as exigências de todos os intervenientes e entre as equipes. A tabela abaixo, idealizada pela ABECE
Métodos de cálculo Recomentda-se a adoção da padronização de fluxo e escopo preconizados pela - resume as fases de projeto.
Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE) como

Fase Objetivo

Nota
A) Apoio à Concepção do Produto Analisar a proposta arquitetônica para o terreno e indicar
O ideal para o desenvolvimento
as condições necessárias à viabilidade do ponto de vista
do projeto é que a contratação
da estrutura, através de uma análise qualitativa.
ocorra logo na primeira fase.
B) Apoio à Definição do Produto Fornecer elementos para verificar a viabilidade do
empreendimento, suprindo as informações necessárias
para o projeto legal e índices para a elaboração de um
orçamento preliminar de viabilidade.

C) Identificação e Solução de Interfaces Gerar desenhos de estruturas com todas as


indicações necessárias para intercâmbio entre todos
os projetistas envolvidos, resultando, após a
negociação de possíveis soluções, em um projeto que
considere todas essas interfaces.

D) Projeto de Detalhamento das Especialidades Desenvolver o projeto da obra. No caso de estruturas


de concreto e alvenaria estrutural, o projeto consiste
em realizar o detalhamento das armações dos
elementos estruturais e incorporação de detalhes de
produção dependendo do sistema construtivo.
Dicas E) Pós Entrega do Projeto Garantir o bom uso do projeto
No estabelecimento das referências estrutural.
fixas dos eixos, procure pontos de
F) Pós Entrega da Obra Analisar o comportamento da estrutura em serviço ou
fácil acesso e protegidos contra
adaptá-la a novas condições de uso.
deslocamentos.

Apresentação do projeto estrutural


Ao estabelecer os eixos notáveis, A representação gráfica da estrutura é feita por meio de dois tipos de desenhos:
procure não sobrepô-los sobre Os desenhos de fôrmas e os desenhos de armação.
paredes. Esses eixos servirão
também para os ser viços Desenhos de Fôrmas
posteriores, de alvenaria, Definem completamente as características
revestimentos, etc. geométricas da estrutura. Os aspectos
específicos abordados por esses desenhos são:
Se possível, a maior distância • Locação da estrutura: Consiste na definição
entre um eixo e um elemento não dos eixos de referência, principais e
deve ultrapassar os 5 metros. É secundários, em relação aos quais a estrutura
que essa é a maior medida das se posicionará, observando rigorosamente as
trenas utilizadas normalmente medidas prescritas no projeto de arquitetura.
pelos trabalhadores.

8PRJ Manual de Estruturas


• Definição dos elementos estruturais
Com base no esquema da estrutura, são detalhados todos os elementos estruturais
com relação às suas medidas essenciais.

• Cortes característicos
Esses cortes devem elucidar dúvidas e mostrar a existência de lajes rebaixadas, vigas
invertidas, lajes inclinadas, vigas superpostas, etc.
Métodos de cálculo
• Dimensões
Basicamente devem constar todas as dimensões necessárias para o entendimento
da estrutura, como:
• as distâncias entre os eixos;
• entre os eixos e as peças estruturais;
• espessuras de lajes;
• dimensões longitudinais e transversais de vigas e pilares;
• medidas entre eixos de vigas;
• rebaixos de lajes;
• rebaixos de vigas;
• vãos de shafts;
• posicionamento de inserts (se houver);
• furações de modo geral;
• ângulos de peças (se houver);
• detalhes de escadas.

Desenhos de Armação
Definem as armaduras a serem Outras informações importantes: • Uso e indicação de distanciadores
utilizadas nos elementos estruturais. Atualmente, os projetos estruturais vêm plásticos;
As diretrizes básicas para a elaboração trazendo outras informações • Cobrimentos da armadura;
desses desenhos são: complementares muito importantes, e • Amarrações com alvenaria;
• Identificação visual das barras e fios que que há pouco tempo atrás não eram • Encunhamentos com alvenaria;
compõem as armaduras; consideradas como sendo fundamentais: • Proteção térmica da estrutura (por Dica

• Módulo de deformação do concreto; exemplo no caso de pilares próximos a A falta de informações prejudica
• Definição das bitolas, formas e
• Resistência à tração do concreto; lareiras ou churrasqueiras. muito o projeto. Por outro lado, o
comprimentos das barras e fios;
• Fator água/cimento; excesso de informações (muitas
• Definição do posicionamento das
• Indicações de cura do concreto delas desnecessárias) “poluem”
barras e fios nas seções transversais
endurecido; e dificultam a interpretação
dos elementos estruturais;
eficiente do desenho.
• Tabela resumo das barras e fios do projeto.

Detalhes de armaduras de vigas

Manual de Estruturas 9PRJ


O uso dos softwares e da informática
O uso da informática e dos aplicativos (programas) de cálculo estrutural vem
rendendo longas discussões entre diferentes gerações da engenharia civil.
Freqüentemente são questionados os limites dessas ferramentas, que tem o intuito
de facilitar a vida dos projetistas.
Muitas são as opções de programas, que dependem da natureza da utilização e
também do refinamento que se espera.
Os softwares Mas um fato é inquestionável: dificilmente os projetistas prescindirão dessas
ferramentas. O que se espera é uma utilização responsável, ponderada e inteligente.
A tabela abaixo resume as principais vantagens e desvantagens desses produtos:

Vantagens Desvantagens
Dica
Todas essas informações Facilidade de manuseio. Não analisam o resultado.
complementares são também úteis
Rapidez no processamento de informações A experiência do engenheiro é imprescindível.
na especificação do material, no
pedido de compra, no recebimento Os programas calculam, detalham, desenham e Detalhamento padronizado pode não atender
e no acompanhamento de permitem análise e comparações de soluções. às necessidades específicas daquele elemento.
resultados.

Aumento significativo da possibilidade de análise Existem softwares mais e menos testados,


de soluções e simulações. podendo alguns gerar informações distorcidas.

Rapidez e agilidade na modificação de projetos. A interpretação incorreta de dados pode onerar a


obra desnecessariamente.

Permitem procurar soluções mais confiáveis, A interpretação incorreta de dados pode forçar a
estudadas e arrojadas. estrutura a trabalhar de forma diferente da
esperada, contribuindo para o aparecimento de
patologias de risco.
Nota
A informática pode realçar as O produto é intercambiável facilmente pela Aumentam a responsabilidade da coordenação e
qualidades, mas também realça Internet. da compatibilização de projetos.
os defeitos. Preços acessíveis. Todos os desenhos têm a mesma apresentação,
dificultando ao contratante a aferição visual do
conteúdo.

Muitas entradas de informações não são


digitalizadas, e devem ser lançadas à mão (por
exemplo a tabela de ferros).

As escolas de engenharia não acompanham a


evolução tecnológica da ferramenta.

10PRJ Manual de Estruturas


Menu de estruturas

Tipologias de estruturas
Podemos tipificar os projetos estruturais convencionais em três partidos básicos:
Estrutura com laje nervurada
Estrutura vigada
Estrutura com laje plana
Menu de Estruturas
Estrutura com Laje Plana
As lajes planas caracterizam-se pela eliminação das vigas como elementos estruturais
de suporte da laje. O cálculo estrutural tem uma concepção voltada à utilização de
Elementos Finitos ou de Grelha Virtual.
Os importantes fatores no cálculo de lajes planas são o limite à deformação, os esforços
horizontais sua transmissão aos pilares e a punção nos apoios.
Nessa tipologia estrutural, os poços de elevador e caixas de escada normalmente funcionam
como elementos que absorverão os esforços
horizontais, principalmente o vento.
A utilização de vigas nas bordas
externas das lajes planas também
contribuem significativamente para a
estabilidade do conjunto estrutural,
servindo como contraventamento,
absorvendo e transmitindo os esforços
horizontais advindos das solicitações
provocadas pelo vento.

Estrutura com Vigas


É a tipologia estrutural mais comum.
Baseia-se na concepção de estruturas
reticuladas com elementos horizontais
de inércia maior (vigas) suportando
chapas de concreto (lajes).
Ao se conceber uma estrutura vigada,
devemos ter em mente possíveis dificuldades
oriundos da execução no canteiro:
• baixa produtividade da carpintaria em
função da não padronização do
encontro entre vigas e pilares;
• projeto de vigas muito esbeltas, dificultando
a concretagem das peças e possibilitando o
aparecimento de “bicheiras”;
• maior consumo de fôrmas e serviços
de carpintaria.

Manual de Estruturas 11PRJ


Estrutura com Laje Nervurada
Caracteriza-se pela utilização de um reticulado
formado por vigas de pequena altura e
estreitos panos de lajes.
As lajes nervuradas podem apresentar nervuras
em uma ou nas duas direções. Desta forma,
o composto laje + vigas apresentam-se como
Menu de Estruturas um plano inferior quase contínuo.
Sendo alta a inércia dos elementos
resistentes, a espessura média final de
concreto é normalmente baixa. Também
é baixa a quantidade de aço utilizada.
Porém, a taxa de aço por m3 é alta, pois,
utiliza-se uma baixa quantidade de aço
em um volume de concreto reduzido.
Dessa forma, podemos vencer significativos
vãos estruturais com as lajes nervuradas, sem
a necessidade de protensão.

Características e variáveis
Vamos relacionar as principais características e variáveis para cada um dos tipos
de projeto descritos acima, com o intuito de auxiliar na escolha do partido
estrutural. Essas características foram divididas nos seguintes grupos:
• concepção de projeto: altura da edificação; flexibilidade na arquitetura, acabamento
do forro e espessura de concreto;
• concepção executiva: quantidade de aço, protensão, mão de obra de armação,
fôrmas e cimbramento, mão de obra de fôrma e cimbramento, concreto e não
conformidades;

Estrutura

Laje nervurada Vigada Laje plana

Característica: Altura da edificação


A laje nervurada forma em seu A laje vigada costuma A laje plana pode até propiciar
conjunto um volume de grande apresentar uma distância entre ganhos de pavimentos quando
espessura. A soma da pisos inferior à nervurada. há limitação de gabarito da
espessura da “laje” com o pé- De as tipologias, é a que pode edificação, principalmente em
direito, determina uma grande apresentar menor altura da edificações comerciais, devido
altura entre pisos. Isto trará edificação, para um mesmo às necessidades de passagem
reflexo nos outros subsistemas, número de pavimentos. de instalações.
tais como, instalações, Em alguns casos em que as
fachadas, caixilhos e etc. tubulações não podem passar
Em obras em que há limitação por furações em vigas, esta
de gabarito da edificação, pode vantagem pode ser eliminada.
ocorrer até a eliminação de um É a tipologia mais disseminada,
pavimento. e como tal, apresenta menores
exigências tecnológicas.

12PRJ Manual de Estruturas


Característica: Flexibilidade na Arquitetura
De um modo geral, a laje A flexibilidade de layout é Mantidas posições das áreas
nervurada permite, sob o praticamente impossível, dada a molhadas (sanitários, copas,
aspecto estrutural, uma estrutura definida, o vigamentos cozinhas), a flexibilidade do
flexibilidade maior do layout posicionados e as lajes layout arquitetônico neste caso
arquitetônico. dimensionadas. é quase total.
Já para as áreas molhadas da
edificação, esta flexibilidade Menu de Estruturas
diminui, devido a limitação da
passagem das tubulações
hidráulicas.
Característica: Acabamento do Forro
Há necessidade de utilização de Se o fundo da laje estiver bem Se o fundo da laje estiver bem
forro neste tipo de estrutura, seja executado é suficiente a executado é suficiente a
através da aplicação de massa de aplicação de gesso ou outra aplicação de massa de ou
cimento para regularizar a textura. outra textura.
superfície, ou placas para
esconder a tubulação.
Característica: Espessura da laje
A espessura média de concreto A espessura média em Como não podem contar com
das lajes nervuradas é estruturas vigadas para a inércia das vigas, as
usualmente baixa. edificações residenciais varia de estruturas com lajes planas
A espessura média de concreto 11 a 23 cm, para resistências apresentam uma espessura
de uma laje nervurada é obtida características de concreto de média relativamente alta,
pela divisão do volume de 20 MPa. entre 15 e 26 cm.
concreto do conjunto laje + Essa variação ocorre em virtude Essas espessuras são
nervura + pilares pela área da do vão da laje. necessárias para fazer frente
laje nervurada. Panos grandes com um número às deformações estruturais.
menor de vigas acarreta uma
espessura média maior.
A espessura média de concreto
de uma estrutura vigada é
obtida pela divisão do volume de
concreto das lajes + vigas +
pilares pela área total da laje.
Característica: Quantidade de aço
A quantidade de aço aplicado Uma taxa de armadura para As taxas de aço para as estruturas
em uma estrutura com laje uma edificação residencial varia em lajes planas variam conforme a
nervurada é baixa. de 60 a 100 Kg/m3. utilização de protensão. Em lajes
Porém, a taxa de armadura A densidade de aço no encontro sem protenção, a taxa de armadura
costuma ser alta, pois o volume entre vigas e pilares, além de varia de 80 a 120 Kg/m3.
de concreto utilizado é baixo utilização de vigas com Já a taxa de protensão é de
também. Em casos em que não espessura delgada podem aproximadamente 30 a 40 kg / m3
se utilizam estribos nas propiciar o aparecimento de de volume protendido.
nervuras, a taxa de aço diminui, “bicheiras” na concretagem. A utilização de telas soldadas
oscilando entre 40 e 70 Kg/m3. agrega grandes benefícios neste
sistema estrutural, pois elas
possibilitam um maior
aproveitamento de sua sessão útil
em relação a sessão de cálculo.

Manual de Estruturas 13PRJ


Característica: Protensão
A utilização de protensão em Em obras residenciais, a A utilização de protensão em
estruturas com lajes nervuradas utilização de protensão em lajes planas é mais usual.
é muito raro. estruturas vigadas é rara. Quando vãos grandes devem
Quando a finalidade da edificação ser vencidos, principalmente
é comercial, trabalhamos com em edificações comerciais, a
vãos livres maiores, então é protensão torna-se a saída
Menu de Estruturas possível encontrarmos vigas mais viável para que as
protendidas, para vencer grandes espessuras das lajes não se
vãos sem que a altura das lajes tornem muito grandes.
cresça exageradamente.

Característica: Mão-de Obra de Armação


Os encontros entre nervuras, o A possibilidade de pré- A tarefa de armação é
vigamento principal e pilares são montagem de peças como vigas facilitada principalmente com
os locais em que a mão-de-obra e pilares pode facilitar o o uso de telas soldadas.
encontra dificuldade de execução. trabalho da mão-de obra de Devemos ter atenção especial
Por outro lado, as armações das armação. com as armaduras negativas,
nervuras resultam em peças A utilização de telas soldadas pois o trânsito de funcionários
repetitivas e com estruturas propicia eventuais benefícios sobre a laje, podem “torná-las”
leves. Com isso, a pré-montagem que devem ser considerados. positivas.
das armaduras fora dos locais de
aplicação facilita a execução dos
serviços e aumenta a
produtividade da equipe.
Característica: Fôrmas e Cimbramento
O fundo das lajes é usualmente As fôrmas e o cimbramento são Devido a quase inexistência
formado por uma superfície mais complexos e exigem um de vigas, as fôrmas e
plana e as nervuras são projeto mais elaborado, sendo cimbramentos em uma
realizadas por tijolos, blocos de preciso analisar aspectos como a estrutura com laje plana são
isopor ou qualquer outro montagem, desfôrma, extremamente fáceis de se
elemento leve, como elementos reaproveitamento de painéis e projetar, executar, montar e
de fibra de vidro reaproveitáveis reescoramento. desformar.
(cabaças). As estruturações dos painéis de A durabilidade e qualidade das
A perda de material de fôrma é vigas exigem uma quantidade fôrmas serão altas, desde que
baixa e o reaproveitamento de maior de madeira, tornando-os observemos os cuidados na
compensado é alto, devido a pesados. O cimbramento requer desfôrma e sejam utilizados]
configuração plana das fôrmas. uma quantidade maior de peças. materiais de boa qualidade.
A durabilidade dos materiais da
fôrma está relacionada ao
projeto e manuseio da mesma.

14PRJ Manual de Estruturas


Característica: Mão-de-Obra de Fôrma e Cimbramento
Para essa tipologia, a Nesse tipo de estrutura, a mão- Nessa tipologia, a mão-de-obra
dificuldade ocorre no de-obra de montagem e para montagem e desfôrma é
posicionamento das fôrmas das desmontagem está vinculada à bastante facilitada, pois quase
nervuras e na desfôrma, concepção do projeto. não temos vigas.
principalmente quando não Os encontros entre vigas em Dessa forma, conseguimos atingir
utilizamos materiais ângulos agudos, vigas e pilares altos índices de produtividade de
reaproveitáveis. O uso de isopor com diferentes configurações e carpintaria, principalmente Menu de Estruturas
ou outro material inerte gera medidas, além das caixas de quando trabalhamos com
muita sujeira. escada e elevadores são sistemas de cimbramento
Quando trabalhamos com exemplos que dificultam os metálico, em que a fôrma já está
materiais reaproveitáveis para a trabalhos com as fôrmas para acoplada a ele, eliminando a
execução das nervuras, os esse sistema estrutural. etapa de montagem dos painéis
serviços são facilitados. de assoalho.
Característica: Concreto
A dificuldade no lançamento de O lançamento de concreto é
O lançamento de concreto é
concreto depende da facilitado pela ausência de
dificultado pelo excesso de viga
quantidade, geometria (largura), vigas.
(nervuras) e sua espessura
densidade e posicionamento de Para obter ganhos na
esbelta. Além disso, a alta
armação das vigas. produtividade, pode-se estudar
densidade da armação nesta
Além disso, cuidados com o a possibilidade de utilização de
região requer cuidados
traço do concreto, velocidade de concreto bombeável ou concreto
especiais no lançamento e
lançamento, tipo de auto-adensável (eliminando o
adensamento do concreto, para
lançamento, são variáveis que adensamento).
evitarmos o aparecimento de
devem ser analisadas É importante planejar esta
bicheiras. Recomenda-se, em
previamente. atividade com antecedência,
alguns casos, a utilização de
pois ela interfere, por exemplo,
concreto mais fluído,
na concepção da fôrma
eventualmente auto nivelante.
(estanqueidade), cimbramento
Durante a tarefa de
(resistência à sobrecargas) e
concretagem, podem ocorrer
dimensionamento de equipe.
danos aos elementos inertes,
principalmente se forem tijolos
ou isopor, aumentando o
consumo de concreto. Esta
perda pode atingir, em média,
um acréscimo de consumo da
ordem de 10%.

Manual de Estruturas 15PRJ


Característica: Qualidade e Não Conformidade
Caso os materiais utilizados Os problemas de qualidade em A quase inexistência de vigas,
para a execução das nervuras uma estrutura vigada podem ser fôrmas e cimbramento simples,
(tijolos de 8 furos, blocos, isopor minimizados na elaboração do bem como armação mais
e etc.), normalmente não sejam projeto. Por exemplo, os encontros distribuída são fatores que
padronizados, teremos de vigas e pilares devem ser minimizam a ocorrência de não
variações geométricas nas lajes estudados e compatibilizados, conformidades neste tipo de
Coordenação nervuradas. considerando-se a dificuldade de estrutura.
Conseqüentemente, teremos execução no canteiro. Devemos tomar cuidados
dificuldade na execução das Larguras e alturas diferentes nas especiais na desfôrma e
fôrmas, armação e locação das peças estruturais são potenciais reescoramento da estrutura,
passagens de instalações geradores de não conformidades, para evitar o aparecimento de
elétricas e hidráulicas, além de já que sempre necessitam de flechas nos vãos das lajes. As
potencializar o aparecimento de adaptações nas fôrmas. bordas externas das lajes,
patologias. Vigas muito estreitas, com armação quando não estão enrijecidas
densas e concreto de slump por vigas de borda, são regiões
inadequado, propiciam o com grande possibilidade de
aparecimento de “bicheiras” e aparecimento de deformações.
imperfeições de concretagem.

Coordenação de projetos
A crescente complexidade operacional e gerencial dos empreendimentos, somada à
Nota
tendência de especialização cada vez maior, tem gerado uma necessidade de
não há mais espaço, atualmente,
aglutinação e organização de informações. Além disso, o aumento dos custos
para a solução “quebra-galho” ou
operacionais e da concorrência têm forçado as empresas a pensarem de maneira
“gambiarra” que sempre fizeram
o cotidiano da construção civil.
otimizada as atividades no canteiro de obras.
Também é latente que os projetos devem chegar à obra com o maior número de detalhes
e especificações possível, evitando que o engenheiro tenha que improvisar por falta de
informações técnicas e executivas nos projetos.
Nos dias de hoje, a forma utilizada para resolver este problema é a Coordenação de
Projetos. Coordenar significa dispor segundo certa ordem e método; organizar, arranjar.
A coordenação de projetos deve abranger de maneira global e sistêmica todas as
especialidades de uma edificação. Sua principal característica é acompanhar o
desenvolvimento dos projetos e conduzi-los na direção dos interesses do
empreendimento e do empreendedor, através de uma atitude pró-ativa.
As principais funções da coordenação de projetos de um empreendimento são:
• controlar os prazos de elaboração de projetos, além dos custos e qualidade dos trabalhos;
• controle de fluxos e escopo;
• controle de interfaces;
• focar as atividades sempre visando a racionalização e construtibilidade do
empreendimento;
• gerenciar e organizar as informações: arquivos, projetos, croquis, relatórios e atas de reuniões;
• compatibilizar os vários projetos do empreendimento e retroalimentar os
projetistas com as alterações e especificações técnicas;
• identificar a necessidade da participação de consultores e/ou contratação de
projetos complementares.
A coordenação de projetos deve ser executada por profissional que tenha
conhecimentos em todas as áreas de projeto e vivência em execução de obras. Por
ser uma atividade multidisciplinar, o coordenador deve possuir características de
liderança, integração e conseguir transmitir à equipe as orientações necessárias.
Podemos representar o organograma de uma equipe multidisciplinar de projetos
inserindo a figura do coordenador como condutor do processo.

16PRJ Manual de Estruturas


Compatibilização

O projeto arquitetônico é o primeiro projeto do empreendimento. Nele estão contidas Nota


as idealizações do produto e deverão constar suas principais especificações de A maior parte das patologias e
desempenho. Se considerarmos que os demais são projetos complementares a este, o problemas encontrados nas
projeto de estruturas é um dos mais importantes, não apenas devido à ordem cronológica, obras nasce da falta de soluções
mas também por detalhar o um subsistema com o maior caminho crítico e custo, e adequadas e de compatibilização
por influenciar as demais atividades do empreendimento. entre os projetos.
No processo de desenvolvimento dos projetos, elaboramos os anteprojetos dos diversos
subsistemas, priorizando os arquitetônico e estrutural. Depois de avaliados cada um
deles separadamente e compatibilizados entre si, resolvendo as interferências, então eles
poderão ser detalhados - projetos executivos.
Neste contexto, o papel do coordenador de projetos é fundamental e a comunicação
entre as partes contidas no organograma acima deve ser precisa, rápida e ordenada. Com
o intuito de melhorar essa comunicação, algumas empresas utilizam sistemas de
gerenciamento através da Internet, em que cada empreendimento recebe um endereço
próprio, disponibilizando para os diversos projetistas todas as informações do
andamento dos projetos, suas revisões, croquis, atas de reunião e etc.

Compatibilização de projetos
A compatibilização de projetos é uma forma corretiva de combinar os diversos projetos,
evitando as interferências e incompatibilidades. Ela permite a integração das soluções
adotadas para os diversos subsistemas.
A compatibilização dos projetos de um edifício tem por função principal a integração
das soluções adotadas nos projetos de arquitetura, estrutura, instalações prediais, vedações,
esquadrias, impermeabilização, contrapiso e etc., assim como, nas especificações técnicas
para a execução de cada subsistema.
A seguir, exemplificamos alguns itens a serem compatibilizados dentre os diversos
subsistemas de projetos:

Manual de Estruturas 17PRJ


Estrutura x Estrutura
Ao se desenvolver o projeto de estruturas, devemos observar alguns aspectos das peças
estruturais.

Pilares
• executar os pilares evitando dentes ou
requadros com as vigas, mantendo as
Compatibilização espessuras iguais
• executar pilares com dimensões
constantes ao longo dos andares,
procurando modificar as fôrmas na
passagem do subsolo para o térreo. Se
utilizarmos concreto de alto
desempenho, esta recomendação pode
não ser válida; devemos fazer uma
análise de valor entre o excedente de
concreto gasto para manter a seção do
pilar constante e o custo da
modificação das fôrmas;
• evitar formas de difícil execução na
obra, privilegiando formatos
retangulares e quadradas.

Vigas
• evitar a utilização de vigas invertidas,
principalmente junto aos pilares, pois
dificultam a execução de gastalhos e
atrapalham o ciclo de concretagem;
• manter uniforme as alturas das vigas
de um mesmo pavimento;
• evitar a execução de encontro de vigas
em ângulos agudos, pois complicam
tanto a montagem das fôrmas como a
desforma;

Lajes
• evitar panos de lajes com diversas
espessuras dentro de um mesmo
pavimento;
• manter as cotas de fundo de laje no
mesmo pano;
• compatibilizar espessuras com as armaduras
embutidas na mesma - malha positiva, malha
negativa, cobrimentos, reforços etc.;
• verificar as deformações previstas para
os panos de laje muito extensos,
sobretudo nas regiões que não contarão
com camada de regularização de piso;
• evitar a execução de panos de laje
formando ângulos agudos, pois
dificultam a desfôrma;

18PRJ Manual de Estruturas


Estrutura x Alvenaria
Na compatibilização entre os projetos estrutural e o de alvenaria devem ser
observados os seguintes itens:

Pilares
• compatibilizar a largura dos pilares
com as alvenarias, evitando dentes no
acabamento; Compatibilização
• no caso de pilares inclinados ou
chanfrados, executar os chanfros
perpendiculares às alvenarias;
o encontro da alvenaria e a estrutura
deve ser de topo;

Vigas
• projetar as vigas evitando dentes e
requadros com as alvenarias, tornando
as espessuras compatíveis;
• procurar modular as alturas de vigas
de acordo com o projeto de alvenaria e
de caixilharia, tornando, sempre que
possível, a quantidade de fiadas de
blocos um número inteiro;

Estrutura x Instalações
Compatibilizar o projeto de instalações
(elétrica, hidráulica, ar condicionado,
exaustão, sprinklers, automação e etc.)
com o projeto estrutural é vantajoso,
evitando retrabalhos.

Vigas Lajes
• compatibilizar os furos previstos nos • prever na fôrma, assim que o projeto
diversos projetos, locando-os e de instalações definir, a locação exata
marcando-os com exatidão no projeto das passagens de prumadas e shafts;
estrutural; • verificar se na espessura projetada da
• verificar se estes furos não interferem laje “cabem” as tubulações embutidas e
nas armaduras ou estão com dimensões as armações positiva e negativa;
compatíveis com a altura da viga; • verificar as dimensões dos sulcos criados
• verificar as espessuras de eletrodutos para passagens de tubulação de gás com a
passantes nas vigas até o limite imposto espessura da laje, armações e vigas;
pelo calculista; • verificar todos os rebaixos criados nas
• locar e verificar se os pontos de luz no lajes considerando as tubulações
teto não coincidem com posições de vigas; embutidas;
• locar e verificar se as prumadas
hidráulicas não coincidem com Blocos de transição
posições de vigas. • verificar as interferências dos mesmos com
as saídas e esgoto e locação das prumadas;

Manual de Estruturas 19PRJ


Estrutura x Acabamentos
Os aspectos ligados ao acabamento da obra devem ser observados desde o projeto
de estrutura.

Pilares
• compatibilizar a locação de pilares com a Arquitetura;
• compatibilizar a locação dos pilares com as vagas de garagem;
Compatibilização
Vigas
• atentar para o tipo de revestimentos a serem utilizados nas paredes e a necessidade
de espessuras diferenciadas para as vigas e a alvenaria;
• verificar as alturas dos peitoris e dimensões dos caixilhos para evitar a execução
de vergas sobre os mesmos;
• verificar o tipo, material e dimensões das portas para evitar que as vigas impeçam
a instalação posterior das mesmas, evitando cortes e fragilização das folhas ou a
execução de portas sob encomenda;
• verificar o detalhe de arremate dos forros nas varandas, compatibilizando as
alturas das vigas com os caixilhos e forros;
• compatibilizar a posição e altura das vigas com as passagens das rampas de garagem e escadas;
• atentar para a previsão de rebaixos em vigas quando houver:
- mudança de níveis na Arquitetura (terraços, térreo interno e externo,
jardineiras, escadas e etc.);
- chumbamento de contra-marco de porta se não houver contrapiso na laje;
- atentar para rebaixo na face das vigas invertidas nas regiões onde haverá
impermeabilização;
• sendo necessário encobrir as vigas, compatibilizar a altura das mesmas com as
cotas de forros; atentar para a região de arremate do forro nas bordas;

Lajes
• compatibilizar níveis da estrutura com espessuras previstas para os revestimentos de piso;
• compatibilizar rebaixos com as cotas previstas para o piso acabado e desníveis;
• compatibilizar rebaixos com a impermeabilização;

Estrutura x Elevadores
• para a caixa de elevadores, compatibilizar os pilares que suportam as corrida dos
elevadores com as dimensões e folgas necessárias para a obra e instalação do mesmo;
• criar condições favoráveis à desforma, principalmente nos pilares que formam a
caixa de corrida do elevador, se esta tiver formato em “C”; verificar sua real necessidade.

20PRJ Manual de Estruturas


Contratação do profissinal / escritório

Interface projetista – contratante


Inicialmente, é interessante estabelecer e identificar as figuras que intervêm em todo
o processo de projeto.
empreendedor responsável pela geração do produto;
projetista atua na formalização do produto;
construtor viabiliza a fabricação do produto; Contratação
usuário assume a utilização do produto.

Posicionando o empreendedor, o
construtor e o usuário como clientes do
projeto, o projetista deve levar em Notas
consideração suas necessidades, para Na prática, verifica-se que os

melhor satisfazê-los. escritórios estabelecem seus

Esse é, normalmente, um ponto preços em função do seu prestígio,

nevrálgico, em que muitas das críticas da área construída, da

são depositadas e muitos problemas são complexidade do projeto, do grau

originados. de repetitividade, do número de

A forma como os agentes interagem é simulações, da existência de

muito importante para a viabilização de protensão, entre outros.

projetos mais adequados e em


conformidade com as suas necessidades. Normalmente o custo de um
projeto estrutural representa entre

Contratação 1% e 3% do valor da obra, mas

Até os anos 60, as empresas mantinham em seus quadros uma equipe de projetos. pode influenciar sobremaneira nos

A partir daí, houve uma alteração na filosofia de contratação, em que passaram a resultados do empreendimento,

contratar projetos, ao invés de profissionais. nos custos de operação e

Os passos mais comuns no processo de contratação de projetos são: manutenção.

• Seleção inicial das empresas/profissionais;


• Elaboração de cartas-convite;
• Pré seleção, que é realizada considerando a experiência do profissional, situação
econômico-financeira e legal, quadro técnico e comprometimento com outros
trabalhos e clientes; Dica
• Seleção final. Uma boa maneira de ajudar a
pesar os itens de interesse de
Vale lembrar que as propostas técnicas devem ser analisadas quanto a: quem contrata, é estabelecer
• Viabilidade técnica da proposição; uma pontuação a cada um, e dar
• Capacidade técnica dos profissionais envolvidos; maior atenção à empresa/
• Quantidade de documentos a serem emitidos; profissional que acumular a
• Recursos unitários por documento emitido; maior soma.
• Acompanhamento técnico durante todo o ciclo do empreendimento;
• Preço da proposta (ver nota);
• Preço da hora trabalhada;
• Forma e condições de pagamento;
• Outros elementos de interesse do contratante.

Apesar de tudo isso, muitas construtoras não realizam concorrência em função de


parcerias já existentes com escritórios de cálculo. É muito comum encontrarmos
construtoras que trabalham ao lado de vários escritórios, pulverizando a contratação,
para não sobrecarregar apenas um escritório. E isso irá depender do tipo, tamanho
e complexidade do empreendimento.

Manual de Estruturas 21PRJ


Indicadores de qualidade do projeto
Diante das variáveis de soluções de projetos, do número de escritórios de cálculo
e ainda da influência de que cada decisão tem sobre os prazos, custos e interferências,
mostra-se necessária a adoção de indicadores para estabelecer comparativos e
subsidiar as decisões quanto às diversas opções.
Algumas construtoras não utilizam qualquer indicador, alegando as seguintes
justificativas:
Contratação • restrição da criatividade do projeto arquitetônico;
• poucas obras com características semelhantes para poder se estabelecer padrões
comparativos;
• não reconhecimento da importância de indicadores;
• desconhecimento da existência dos mesmos.
Em contrapartida, atualmente muitas outras construtoras estão aperfeiçoando esses
indicadores, conscientes do impacto que qualquer decisão desse nível tem no
resultado do empreendimento.

Avaliação do produto projeto


Sob o ponto de vista do projeto estrutural, pode-se dividir os indicadores entre
quantitativos e qualitativos, sob a ótica de custos, prazos, qualidade e influência
sobre os demais subsistemas.

A tabela abaixo destaca alguns pontos relevantes.

Indicadores Quantitativos Indicadores Qualitativos

Relação m2 de fôrma/m2 de área construída Facilidade de compatibilização com outros projetos

Relação m2 de fôrma/m3 de concreto Grau de detalhamento

Relação m3 de concreto/m2 de área construída Potencial de racionalização da produção

Relação Kg de aço/m3 de concreto Clareza nas informações

Relação Kg de aço/m2 de área construída Padronização e uniformização

Número de repetições dos elementos estruturais Coordenação modular

Mediana das áreas das seções dos pilares Correta aplicação das normas técnicas

Mediana dos comprimentos das vigas

22PRJ Manual de Estruturas


Conceitos
Fundação
Definição

Parâmetros para a escolha da fundação

Topografia da área
Características do maciço do solo
Dados da estrutura
Dados sobre as construções vizinhas
Aspectos econômicos

Fundação superficial
Bloco
Sapata
Viga de fundação
Grelha
Radier

Fundação profunda
Estaca
Tubulão

Características das fundações


Bloco
Sapata
Radier
Estacas pré-fabricadas
Metálica Conceitos
Concreto
Estacas escavadas Parâmetros para a escolha
Strauss
Fundação superficial
Barretes
Franki Fundação profunda
Raiz
Hélice Contínua Características das fundações
Tubulão
Análise de Custos
A céu aberto
A ar comprimido Conclusão
Análise de custos das fundações profundas

Conclusão

Manual de Estruturas 1FUN


2FUN Manual de Estruturas
Definição
O sistema de fundações é formado pelo elemento estrutural do edifício que fica
abaixo do solo (podendo ser constituído por bloco, estaca ou tubulão, por exemplo)
e o maciço de solo envolvente sob a base e ao longo do fuste.

Conceitos

Sua função é suportar com segurança as cargas provenientes do edifício. Dessa forma, é possível estimar os efeitos
Convencionalmente, o projetista estrutural repassa ao projetista de fundação as cargas da redistribuição dos esforços na
que serão transmitidas aos elementos de fundação. Confrontando essas informações estrutura do edifício, bem como a
com as características do solo onde será edificado, o projetista de fundações calcula intensidade e a forma dos recalques
o deslocamento desses elementos e compara com os recalques admissíveis da diferenciais. Conseqüentemente, teremos
estrutura, ou seja, primeiro elabora-se o projeto estrutural e depois o projeto de um projeto otimizado, podendo-se obter
fundação. uma economia que pode chegar a até
Quando o projeto estrutural é elaborado em separado do projeto de fundação, 50% no custo de uma fundação.
considera-se, durante o dimensionamento das estruturas, que a fundação terá um Torna-se clara a importância da união
comportamento rígido, indeslocável. Na realidade, tais apoios são deslocáveis e esse entre o projeto estrutural e o projeto de
fator tem uma grande contribuição para uma redistribuição de esforços nos fundações em um único grande projeto,
elementos da estrutura. uma vez que os dois estão totalmente
Essa redistribuição ou nova configuração de esforços nos elementos estruturais, em especial interligados e mudanças em um
nos pilares, provoca uma transferência das cargas dos pilares mais carregados para os pilares provocam reações imediatas no outro.
menos carregados.
Geralmente, os pilares centrais são os mais carregados que os da periferia.
Ao considerarmos a interação solo-estrutura no dimensionamento da fundação,
os pilares que estão mais próximos do centro terão uma carga menor do que a
calculada, havendo uma redistribuição das tensões.

Manual de Estruturas 3FUN


Parâmetros

Dica
O cálculo deve ser feito
criteriosamente pois, do Parâmetros para a escolha da fundação
contrário, o mecanismo de São diversas as variáveis a serem consideradas para a escolha do tipo de fundação.
redistribuição de cargas pode Numa primeira etapa, é preciso analisar os critérios técnicos que condicionam
causar danos à estrutura. Por a escolha por um tipo ou outro de fundação. Os principais item a serem
exemplo, para o caso do maciço considerados são:
ser horizontalmente homogêneo,
com a estrutura da fundação
Topografia da área
apoiada na mesma cota e
• dados sobre taludes e encostas no terreno, ou que possam atingir o terreno;
dimensionada para o mesmo
• necessidade de efetuar cortes e aterros
coeficiente de segurança, poderá
• dados sobre erosões, ocorrência de solos moles na superfície;
ocorrer o esmagamento dos
• presença de obstáculos, como aterros com lixo ou matacões.
pilares periféricos. Em outros
casos, a redistribuição de
Características do maciço de solo
esforços poderá resultar na
• variabilidade das camadas e a profundidade de cada uma delas;
transferência de carga dos apoios
• existência de camadas resistentes ou adensáveis;
da extremidade para os apoios do
• compressibilidade e resistência do solos;
centro e, novamente, causar o
• a posição do nível d’água.
esmagamento destes apoios.
Dados da estrutura
• a arquitetura, o tipo e o uso da estrutura, como por exemplo, se consiste em um
edifício, torre ou ponte, se há subsolo e ainda as cargas atuantes.

Realizado esse estudo, descartamos as fundações que oferecem limitações de emprego


para a obra em que se está realizando a análise. Teremos, ainda assim, uma gama
Nota
de soluções que poderão ser adotadas.
Exemplos de limitações de
emprego de algum tipo de
Alguns projetistas de fundação elaboram projetos com diversas soluções, para que
fundação: Estacas moldadas in
o construtor escolha o tipo mais adequado de acordo com o custo, disponibilidade
loco em solo mole podem ter o
financeira e o prazo desejado.
fuste estrangulado, já estacas
Dessa forma, numa segunda etapa, consideram-se os seguintes fatores:
pré-moldadas de concreto podem
quebrar quando cravadas em
Dados sobre as construções vizinhas
solo muito resistente ou em solos
• o tipo de estrutura e das fundações vizinhas;
com matacões.
• existência de subsolo;
• possíveis conseqüências de escavações e vibrações provocadas pela nova obra;
• danos já existentes.

4FUN Manual de Estruturas


Aspectos econômicos
• além do custo direto para a execução do serviço, deve-se considerar o prazo de
execução. Há situações em que uma solução mais custosa oferece um prazo de
execução menor, tornando-se mais atrativa.
Podemos perceber que, para realizar a escolha adequada do tipo de fundação, é
importante que a pessoa responsável pela contratação tenha o conhecimento dos
tipos de fundação disponíveis no mercado e de suas características.
Somente com esse conhecimento é que será possível escolher a solução que atenda Superficial
às características técnicas e ao mesmo tempo se adeque à realidade
da obra.

Fundação superficial
Também chamada de fundação rasa ou direta, transmite a carga do edifício ao Dicas
terreno através das pressões distribuídas sob a base da fundação. As fundações O levantamento de danos

superficiais estão assentadas a uma profundidade de até duas vezes a sua menor existentes pode ser realizado por

dimensão em planta. meio de uma vistoria judicial prévia.

Os principais tipos de fundação superficial são:


Em regiões densamente ocupadas,
Bloco é o elemento de fundação de concreto é importante verificar também o

simples, dimensionado de maneira que nível de ruído admissível no local.

as tensões de tração nele produzidas


possam ser resistidas pelo concreto, sem
necessidade de armadura.

Sapata é um elemento de fundação de concreto


armado, de altura menor que o bloco,
utilizando armadura para resistir a
esforços de tração.

Viga de fundação é um elemento que recebe pilares


alinhados, geralmente de concreto
armado; pode ter seção transversal tipo
bloco, sem armadura transversal, sendo
chamada de baldrame.

Grelha elemento de fundação constituído por


um conjunto de vigas que se cruzam
nos pilares.

Radier elemento de fundação que recebe todos


os pilares da obra.

Manual de Estruturas 5FUN


Fundação profunda
São aquelas em que a carga é transmitida ao terreno através de sua base (resistência de ponta)
e/ou superfície lateral (resistência de atrito). As fundações profundas estão assentadas a uma
profundidade maior que duas vezes a sua menor dimensão em planta.
Os principais tipos de fundação profunda são:

Estaca
Profunda elemento de fundação executado
com auxílio de ferramentas ou
equipamentos, execução esta que pode
ser por cravação a percussão, prensagem,
vibração ou por escavação.
Dica Os principais tipos de estaca são:
A cravação das estacas com
martelo automático é mais Estacas pré-moldadas
eficiente do que a cravação Caracterizam-se por serem cravadas no
manual, pois a força aplicada é terreno, podendo-se utilizar os seguintes
constante, permitindo avaliar as métodos:
características do solo através de
monitoramento eletrônico. • percussão – é o método de cravação
mais empregado, o qual utiliza-se pilões
de queda livre ou automáticos. Um dos
principais inconvenientes desse sistema
é o barulho produzido.

• prensagem – empregada onde há a


necessidade de evitar barulhos e
vibrações, utiliza macacos hidráulicos que
reagem contra uma plataforma com
sobrecarga ou contra a própria estrutura.

• vibração – sistema que emprega um


martelo dotado de garras (para fixar a
estaca), com massas excêntricas que
giram com alta rotação, produzindo
uma vibração de alta freqüência à estaca.
Pode ser empregada tanto para cravação
como para remoção de estacas, tendo o
inconveniente de transmitir vibrações
para os arredores.
Podem ser fabricadas com diversos
materiais, sendo as estacas de concreto
e metálicas as mais usuais.

Concreto
As estacas de concreto são comercializadas
com diferentes formatos geométricos.
A capacidade de carga é bastante
abrangente, podendo ser simplesmente
armadas, protendidas, produzidas por
vibração ou centrifugação.

6FUN Manual de Estruturas


Metálicas
São encontradas na forma de trilhos ou perfis.
Não há possibilidade de quebra e, caso seja necessário realizar emendas, essas devem
ser soldadas, não devendo permitir o uso de luvas ou anéis.
Um problema que ocorre com relativa freqüência em estacas cravadas por percussão
através de espessas camadas de argila mole é o drapejamento, isto é, encurvamento
das estacas, mesmo quando se tomam cuidados com o prumo durante a cravação.
Tal fato, no entanto, é raramente detectado. Profunda
O tratamento teórico deste fenômeno só vem sendo realizado muito recentemente,
não havendo, ainda, meios de quantificá-lo na fase de projeto. Por esse motivo a
eficiência das estacas e principalmente das emendas só pode ser comprovada após
experiência acumulada em várias cravações e provas de cargas nestas formações de
argilas moles. Dicas
No dimensionamento das

Estacas moldadas in loco com tubo de revestimento estacas metálicas na forma


de trilhos é interessante
dimensionar de modo a evitar
Estacas Tipo Franki Estaca de concreto armado moldada in loco que emprega um tubo de revestimento soldas. Por exemplo, ao invés de

com ponta fechada, de modo que não há limitação de profundidade devido à utilizar duas estacas de 80 t,

presença de água do subsolo. utilizar quatro de 40 t.

Para a cravação da estaca, lança-se areia e brita no interior do tubo, materiais esses
que são compactados através de golpes de um pilão. Realizada a cravação, executa- Nas estacas cravadas em terrenos

se o alargamento da base, a armação e, finalmente, a concretagem. que provoquem levantamento é

A cravação de estacas tipo Franki pode provocar o levantamento das estacas já deve ser feito o engastamento da

instaladas devido ao empolamento do solo circundante que se desloca lateral e armação na base.

verticalmente. A estaca danificada pode ter sua capacidade de carga prejudicada ou


perdida devido a uma ruptura do fuste ou pela perda de contato da base com o O estrangulamento do fuste

solo de apoio. pode ser evitado reforçando-se

Quando a estaca Franki é moldada em espessas camadas submersas de turfa, argila o solo mole com a cravação

orgânica e areias fofas, pode ocorrer estrangulamento do fuste devido à invasão de prévia do tubo seguido por sua

água e/ou lama dentro do tubo e o encurtamento da armação ocasionado por retirada, preenchendo-se o furo

insuficiência de seção de aço. com brita e areia. Quando o dano


do fuste for provocado pelo
Estacas Tipo Strauss Elemento de fundação escavado mecanicamente, com o emprego de uma camisa metálica encur tamento da armação,

recuperável, que define o diâmetro das estacas. deve-se aumentar o diâmetro

O equipamento utilizado é leve e de pequeno porte, facilitando a locomoção dentro da das barras ou o número de

obra e possibilitando a montagem do equipamento em terrenos de pequenas dimensões. barras da armação.

A perfuração é feita através da queda livre da piteira com a utilização de água. O furo
geralmente é revestido. Atingida a profundidade de projeto, o furo é limpo e concretado.
Durante a concretagem, o apiloamento do concreto e a retirada cuidadosa do
revestimento devem ser observados, para que não haja interrupção do fuste.
Dicionário
Piteira: sonda mecânica,
constituída por um tubo de
aproximadamente 2,5m com
diâmetro menor que o da camisa
metálica.

Manual de Estruturas 7FUN


Estacas moldadas in loco escavadas mecanicamente

Hélice Contínua Estaca de concreto moldada in loco,


executada através de um equipamento
que possui um trado helicoidal
contínuo, que retira o solo conforme
se realiza a escavação, e injeta o concreto
Profunda simultaneamente, utilizando a haste
central desse mesmo trado.
É um sistema que proporciona uma boa
produtividade e, por esse motivo, é
recomendável que haja uma central de
Dica concreto nas proximidades do local de
Para execução da estaca tipo trabalho. Além disso, as áreas de
Hélice Contínua, recomenda-se trabalho devem ser planas e de fácil
utilizar concreto com maior movimentação.
tempo de pega possível. O sistema pode ser empregado na
maioria dos tipos de solos, exceto em
locais onde há a presença de matacões
e rochas. Estacas muito curtas, ou que
atravessam materiais extremamente
moles também devem ter sua utilização
analisada cuidadosamente.
Dicionário
Estacas-Raiz Estacas escavadas com perfuratriz,
Lama bentonítica:
executadas com equipamento de rotação
fluído utilizado para estabilização
ou rotopercussão com circulação de
de paredes das escavações,
água, lama bentonítica ou ar
sendo uma mistura de água e
comprimido.
bentonita. A bentonita é uma
É recomendado para obras com
argila que, em presença de água,
dificuldade de acesso para o
forma uma película impermeável
equipamento de cravação, pois emprega
(“cake”) sobre uma superfície
equipamento com pequenas dimensões
porosa, como é o caso do solo.
(altura de aproximadamente 2m). Pode
Não mistura com o concreto e,
atravessar terrenos de qualquer natureza,
além disso, tem a capacidade de
sendo indicado também quando o solo
tornar-se líquida quando agitada
possui matacões e rocha, por exemplo.
e gelificada quando cessado
Pode ser executada de forma inclinada,
o movimento, permitindo o
resistindo a esforços horizontais.
reaproveitamento do material.

Estacas escavadas com uso de lama


Estaca barrete bentonítica, executadas com
equipamentos de grande porte, como o
“clam-shell”.
Pode ser escavada abaixo do nível
d´água, até a profundidade de projeto.
Na execução, a escavação é preenchida
pela lama simultaneamente à retirada do
solo escavado.

8FUN Manual de Estruturas


Tubulão
elemento de forma cilíndrica, em que, pelo menos na sua fase final de execução,
há a descida do operário por dentro deste. Pode ser feito a céu aberto ou sob ar
comprimido (pneumático).

Tubulão a céu aberto Escavada manualmente, não pode ser


executado abaixo do nível d´água.
Dispensa escoramento em terreno Características
coesivo, mostrando-se uma alternativa
econômica para altas cargas solicitadas,
superior a 250 Tf.

Tubulão a ar comprimido Utilizado em terrenos que apresentam Notas


dificuldade de empregar escavação O tubulão difere da estaca não

mecânica ou cravação de estacas, como por suas dimensões, mas pelo

em áreas com alta densidade de matacões, processo de execução.

lençóis d´água elevados ou cotas


insuficiente entre o terreno e o apoio da Custos elevados e riscos de

fundação. acidentes no trabalho são

Nesse tipo de fundação, pode-se utilizar fatores que limitam o processo

uma camisa metálica, de concreto ou de de utilização dos tubulões a ar

concreto moldado in loco, sendo comprimido.

empregada uma pressão máxima de 3,4


atm, limitando, dessa forma, a
profundidade do tubulão a 34 m abaixo
do nível d´água.
Dicas
Características das fundações O tubulão com diâmetro inferior
a 80 cm dificulta a execução,
pois o operário não consegue
Fundações superficiais uma boa movimentação.

Tipos Quando utilizar Custo Características Executivas


Os blocos e sapatas mais
Bloco Utilizados quando Baixo Simples execução econômicos são aqueles que
o solo apresenta possuem comprimento e largura
alta resistência, com dimensões próximas e
Sapata Baixo, porém maior Simples execução
não havendo apresentam momentos fletores
que o bloco para cargas
restrição ao parecidos em ambas as direções,
reduzidas Pode assumir diversas
emprego em simplificando a execução da
formas geométricas, para
cargas elevadas armadura.
facilitar o apoio de pilares
com formatos excêntricos.
O radier é indicado para áreas
totais de fundação que
Radier Quando as sapatas Custo alto Prazo alto, devido
ultrapassam metade da área da
se aproximam umas a necessidade de
construção.
das outras ou se deixar toda a área a
sobrepõem ser executada
desimpedida antes
Quando se deseja de iniciar o serviço.
uniformizar os
recalques

Manual de Estruturas 9FUN


Fundações profundas
Produtividade Capacidade Profundidade Vibrações
de carga máxima causadas

Estacas pré-fabricadas

Metálica 50 m diários, 20 a 200 tf Não possui Apresenta problemas


ocorrendo variações limitação de de barulho durante a
Características em função das profundidade. cravação.
características do A estaca possui Podem ser cravadas sem
solo, profundidade aproximadamente causar grandes
da fundação, 12 m, podendo vibrações
condições do ser
terreno e distância emendadas.
entre estacas

Concreto 50 m diários, 25 a 170 tf Depende do Apresenta problemas


ocorrendo variações tipo de estaca, de barulho e vibrações
em função das variando de durante a cravação
características do 8 a 12 m.
solo, profundidade Podem ser
da fundação, emendadas.
condições do
terreno e distância
entre estacas
Estacas escavadas

Strauss 30m diários 20 a 100 tf 20 a 25 m Ausência de trepidações


e vibrações em prédios
vizinhos

Barretes 50 m por dia, para 500 a 1250 tf Superior a 50 m


uma espessura
de 40 cm.
Além disso, a
produtividade varia
em função do tipo
de solo e condições
do terreno

Franki 40 m diários 60 a 400 tf Até 36 m Provoca vibração e


ruídos intensos durante
a execução

10FUN Manual de Estruturas


Produtividade Capacidade Profundidade Vibrações
de carga máxima causadas

Raiz 30 m diários 10 a 180 tf Ausência de vibrações

Hélice 150 a 400 m por 25 a 390 tf 20 a 24m, Não produz distúrbios, Características
contínua
dia, dependendo da existindo alguns vibrações e
profundidade da equipamentos descompressão
estaca, do diâmetro que chegam do terreno
da hélice, do tipo e a 30 m
resistência do
terreno e do torque
do equipamento

Tubulão

Tubulão a 4,0 m3 de 150 a 1000 tf Limitada pelo Ausência de trepidações


céu aberto
escavação manual Nível de Água e vibrações em prédios
para tubulões até vizinhos
10 m de
produndidade
80 m3 de escavação
mecânica para
tubulões até 15 m
de profundidade

Tubulão a ar Variável, pois 800 a 1000 tf 34 m abaixo do Ausência de trepidações


comprimido depende muito do nível d´água e vibrações em prédios
tipo de solo vizinhos

Manual de Estruturas 11FUN


Análise de custo das fundações profundas

Considerando uma escala relativa de custos da utilização de fundações profundas,


podemos, de um modo genérico, afirmar que:
• a estaca pré-moldada é uma das soluções mais econômicas;
• a estaca tipo hélice já foi considerada de custo elevado porém, devido a sua alta
produtividade e ao aumento da demanda, houve uma progressiva redução de custos
Análise/Conclusão ao longo dos anos;
• a estaca Franki é considerada mais custosa que as estacas anteriores (pré-moldada
e hélice), porém de custo inferior a estaca raiz;
• a estaca do tipo raiz apresenta alto custo;
• O tubulão é uma solução viável quando utilizado acima do nível d’água e com
Nota pequenas profundidades, de 4 a 6 m.
Devemos salientar que o custo
de um tipo de fundação envolve Conclusão
variáveis importantes, tais como,
o prazo de execução e os O melhor tipo de fundação é aquela que suporta as cargas da estrutura com
parâmetros técnicos que segurança e se adequa aos fatores topográficos, maciço de solos, aspectos técnicos
determinam ou limitam a e econômicos, sem afetar a integridade das construções vizinhas.
escolha da fundação. Dessa É importante a união entre os projetos estrutural e o projeto de fundações num
forma, afirmar que um tipo de grande e único projeto, uma vez que mudanças em um provocam reações imediatas
fundação é mais econômico que no outro, resultando obras mais seguras e otimizadas.
outro depende de cada projeto.

12FUN Manual de Estruturas


Conceitos
Fôrma
Definição
Cargas Atuantes
Nomenclaturas
Materiais utilizados

Sistematização

Projeto Arquitetônico
Projeto Estrutural
Planejamento
Tipo de Concreto
Forma de Lançamento do Concreto
Forma de Adensamento do Concreto
Custo
Número de Utilizações
Movimentação
Produtividade
Espaço no Canteiro
Perdas no Processo
Disponibilidade no Mercado
Confiança nos Fornecedores
Segurança

Equipamentos
Conceitos
Projetos para Produção
Projetos de Fabricação Sistematização
Projetos de Montagem
Variáveis
Equipamentos

Aquisição de Materiais e Serviços Projeto para Produção


Madeira Serrada
Aquisição de Materiais e Serviços
Compensado
Práticas Recomendadas Práticas Recomendadas
Análise de Custos
Análise de Custos
Conclusão
Conclusão

Manual de Estruturas 1FOR


2FOR Manual de Estruturas
Definição

(Definição segundo Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis):


Modelo, molde de qualquer coisa.

Conceitos

Nota
Embora a palavra formas não te-
nha o acento diferencial, opta-
mos neste Manual pelo seu uso,
a fim de evitar ambiguidades
como, por exemplo: “a forma da
fôrma retangular é a melhor.”

Além de modelar, de dar a forma a qualquer peça em concreto que dese-


jarmos construir, as fôrmas são responsáveis por atender a várias exigênci-
as não menos importantes:

• Garantir a geometria (dimensões e formatos)


• Garantir o posicionamento das peças (junto com o cimbramento permite a Fica claro a grande importância das
locação exato no espaço de todas as peças estruturais) fôrmas, porém, por se tratar de um
• Manter a conformação do concreto “fresco” elemento “provisório” que não fica
• Permitir a obtenção de superfícies especificadas (concreto aparente, a ser revestido, incorporado ao produto final (o
texturado, etc) apartamento, a sala comercial, o
• Possibilitar o posicionamento de outros elementos nas peças (furos de galpão, etc.), as fôrmas muitas ve-
passagem, inserts, elementos de instalações elétricas e hidráulicas, espaçadores, a zes não recebem a atenção neces-
própria armadura, etc.) sária.
• Proteger o concreto novo (devido à fragilidade do concreto novo, as fôrmas o
Neste capítulo, apresentamos os cui-
protegem contra impactos acidentais bem como contra variações bruscas da tem-
dados que devemos ter quando da
peratura ambiente)
escolha da melhor solução de fôr-
• Evitar a fuga de finos (as fôrmas devem ser estanques, evitando perdas de mas, sua interelação com as demais
argamassa ou nata de cimento) ativades e como acompanhar o seu
• Limitar a perda de água do concreto fresco (mantendo a quantidade de água uso visando o máximo desempe-
necessária para a hidratação do cimento). nho.

Manual de Estruturas 3FOR


Cargas Atuantes

A fim de atender às exigências cita-


das no item anterior, as fôrmas pre-
cisam ser projetadas de maneira a
suportar, mantendo sua geometria
e posição dentro de limites aceitá-
Conceitos veis, às cargas atuantes.

Estas cargas, que influem diretamente sobre


os painéis de fôrmas (e consequentemente
no cimbramento), são:

1. Peso próprio do concreto


2. Altura e velocidade de lan-çamento
3. Vibração
4.Temperatura
5. Carga menores, como: movimentação de operários, armadura, etc.

Nomenclatura
Fôrma

Para um melhor entendimento dos ter-


mos adotados neste Manual, utiliza- Cimbramento Fôrma de Laje
mos uma nomenclatura que classifica
como fôrma todo elemento necessário Longarinas
para moldar as peças concretadas,
Transversinas
inclusive os elementos que estruturam barrotes Mão francesa
e travam os painéis; e como
cimbramento (detalhado em capítulo es-
Fôrma de Viga
pecífico) toda a estrutura necessária
para posicionar a fôrma no espaço.
Cruzeta Forcado

Travamento

Escora Torre Ancoragem


Metálica Metálica
Fôrma de Pilar

Gastalho

Além disto, as fôrmas podem apresentar-se como:

Convencional = fabricadas no próprio canteiro de obras.


Industrializada de Madeira = fabricadas sob medida, por empresas especializadas
(também conhecida como “formapronta”).
Industrializada Modulada = painéis fabricados com medidas padronizadas, geralmente metálicos,
fornecidas por empresas especializadas.

4FOR Manual de Estruturas


Materiais Utilizados

Graça ao processo contínuo de industrialização da construção civil, que vem ocorrendo desde o fim da Segunda Guerra
Mundial na Europa e Estados Unidos, e após a década de 80 no Brasil, contamos hoje com uma ampla gama de opções de
materiais e tecnologias de fabricação de fôrmas.

Madeira Serrada O primeiro material utilizado como fôrma para concreto, tem como vantagens o seu Conceitos
baixo custo, facilidade de corte e montagem e sua disponibilidade. Como desvantagems
temos a sua baixa durabilidade, sua variabilidade (que exige cálculos muitas vezes
superdimensionados) e poucos fornecedores “profissionalizados”, além de ser um
recurso natural que precisa ser explorado de maneira sustentável.
Amplamente utilizado como estruturação, travamento e muitas vezes como
complementos dos sistemas industrilizados. Devido à sua facilidade de corte é
muito utilizada também na confecção de painéis curvos.
Antes do surgimento das chapa de madeira revestida, a madeira era utilizada
também como tal, ficando em contato direto com o concreto, hoje, devido ao seu
baixíssimo reaproveitamento neste uso, só é utilizado quando deseja-se que o con-
creto adquira a textura dos veios da madeira.

Chapas de Madeira Surgidas década de 60, unem a facilidade de corte da madeira com um alto índice
Revestidas de reaproveitamento. Apresentam-se principalmente com revestimento resinado
reutilização de aproximadamente 8 vezes e aspecto superficial do concreto rugo-
so; e com revestimento plastificado um filme fenólico que permite aproximada-
mente 18 reutilizações e deixa uma superfície do concreto lisa.
Utilizada como elemento que está em contato com o concreto em praticamente
todos os tipo de fôrmas, desde a mais simples, passando por fôrmas curvas
(moldadas com chapas de 4 e 6mm), até nas fôrmas moduladas.

Aço Muito utilizado nas fôrmas que demandam um alto índice de reaproveitamento,
tanto na forma de perfis (mais usual) que servem de estruturação e travamento
dos painéis, como na forma de chapas revestindo os painéis e proporcionando
em aspecto bastante liso e uniforme ao concreto. Devido ao seu alto custo é nor-
malmente fornecido por empresas especializadas na forma de locação.

Alumínio Agrega as vantagens do aço com a leveza do própria do alumínio, sua desvantagem
é o seu alto custo de aquisição e manutenção.

Plástico Material bastante leve, resistente e reciclável. Cuidado especial deve ser tomado
em relação à estruturação dos painéis, devido à sua grande deformabilidade.

Papelão Utilização basicamente em pilares redondos até 1,0m aproximadamente. Sua prin-
cipal vantagem é ser uma fôrma auto estruturada, necessitando apenas de elementos
de posicionamento e prumo. A desvantagem é ser destruída no momento da
desforma, restringindo-se a apenas um uso.

Manual de Estruturas 5FOR


Com tantos detalhes e variáveis, como escolher o melhor sistema de fôrmas, ou melhor, como escolher o sistema de fôrmas
mais ADEQUADO às necessidades de nossa obra.

Não existe uma regra, porém podemos descrever as variáveis que mais necessitam de nossa atenção no momento
da escolha do sistema de fôrmas:

Sistematização Projeto Arquitetônico

Impacto na Decisão
Determina a geometria do produto final, influenciando diretamento o projeto estrutural e
consequentemente todo o processo construtivo.

Análise
O arquiteto é um profissional habituado a trabalhar com um grande número de variáves: desejo do
cliente, legislação, custo, topografia, materiais, e vários outros. A geometria estrutural que visa uma
possível modulação pode e deve fazer parte dessas variáveis.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

As fôrmas de madeira se adaptam a praticamente qualquer Uma geometria extremamente recortada e não direcionada
geometria. O principal cuidado deve ser em relação aos equi- ao uso de painéis modulados, pode dificultar e até
pamentos necessários para execução de fôrmas mais com- inviabilizar o uso destes. Portanto, se a opção for por este
plexas e muitas vezes não disponíveis no canteiro de obras. tipo de fôrmas, o arquiteto deve conhecer a modulação dos
Exemplo: fôrmas curvas (cambotadas) exigem o uso de serra painéis.
de fita.

Projeto estrutural

Impacto na Decisão
É o projeto que estabelece a geometria das peças a serem concretadas e, consequentemente, desqualifica materiais
e sistemas que não se adaptam a essa exigência.

Análise
A base de nosso estudo. Índices como fôrma montada / fôrma fabricada (= número de reutilizações)
são tão importantes quanto os de consumo de concreto ou de aço.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

Como buscamos a solução de fôrmas com o melhor custo, Além dos cuidados ao lado, a fim de conseguirmos a melhor
é neste momento que devemos tomar cuidados como, por relação custo-benefício no uso de fôrmas metálicas
exemplo: padronização da largura de pilares e vigas evi- industrializadas, é neste momento que devemos envolver os
tando “dentes” nos encontros; evitar transições desnecessá- fornecedores, entendendo a modulação dos painéis e
rias entre os pavimentos de estacionamento e a torre; “nive- tentando adequar a geometria dos elementos estruturais à
lar” os fundos de vigas, etc. essa modulação

6FOR Manual de Estruturas


Planejamento
Impacto na Decisão
Fornece, entre outras coisas, o ritmo de execução da estrutura, bem como a seqüência dos trabalhos.
Análise
Uma fôrma alugada pode ser extremamente econômica quando utilizada várias vezes por mês; ou pode ser
inviável em obras onde o prazo de execução da estrutura é lento ou sujeito a interrupções.
Sistematização

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

Como neste caso ocorre invariavelmente a compra dos As fôrmas metálicas normalmente podem ser adquiridas ou alugadas.
materiais (madeira ou formapronta), o prazo influencia Na aquisição os cuidados são os mesmos das fôrmas de madeira. No
somente a quantidade de fôrmas a fabricar ou adquirir. Em caso de locação, o prazo influi diretamente na economia que estas
obras lentas podemos, por exemplo, utilizar ½ jogo de fôr- podem proporcionar, exemplo: o valor do aluguel mensal de uma
mas no pavimento tipo (se este for simétrico). fôrma utilizada 2 vezes no mês é o mesmo de uma utilizada 4 vezes.

Tipo de concreto
Impacto na Decisão
Dependendo do tipo de concreto a ser utilizado, as fôrmas deverão atender com mais ênfase a quesitos
como estanqueidade, inexistência de reação química, etc.

Forma de lançamento do concreto


Impacto na Decisão
Nunca é demais lembrar: uma concretagem bombeada exerce um esforço maior sobre as fôrmas do
que uma com grua. As fôrmas devem ser escolhidas para que seus materiais atendam às solicitações
de cada processo.

Forma de adensamento do concreto

Impacto na Decisão
Vale o mesmo raciocínio com relação ao tipo de adensamento. As fôrmas respondem diferentemente
às solicitações de um adensamento com vibradores de imersão em comparação a, por exemplo,
vibradores de placa.
Análise
Informações como abatimento (slump) do concreto, lançamento e adensamento do concreto devem ser analisadas
e discutidas com o fornecedor e/ou projetista de fôrmas. Uma fôrma onde o travamento cede ao bombearmos
o concreto, pode não estar errada, ela simplesmente não foi dimensionada para tal.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

As fôrmas de madeira são projetadas e fabricadas adequan- Estas fôrmas são pensadas para atender aos mais variados tipos
do-se à geometria da obra. Da mesma maneira, elas devem de solicitações, além de possuírem encaixes precisos
ser dimensionadas para atender às solicitações específicas garantindo a estanqueidade. De qualquer maneira, é
de execução, basendo-se nas informações de tipo de concre- importante que o fornecedor conheça as características de
to, forma de lançamento e de adensamento. Estas informa- concreto, lançamento e adensamento, a fim de dimensionar
ções influenciam a quantidade de elementos de estruturação os travementos e ancoragens destas fôrmas.
e de travamento, e até mesmo o tipo de madeira que deverá
ser utilizado.

Manual de Estruturas 7FOR


Custo

Impacto na Decisão
No mercado cada vez mais competitivo, este item é, via de regra, o de maior importância na decisão.
Este capítulo “Sistematização” procura apresentar e discutir as varáveis envolvidas, habilitando-nos a
perceber a diferença entre o MENOR preço e o MELHOR preço.

Sistematização Análise
Custo ou investimento. Nunca deve ser analisado individualmente; cada alternativa deverá ter seus
custos muito bem apurados, levando-se em conta os custos de montagem e desmontagem (mão-de-obra) e os
custos marginais, como reposições, valor residual após o uso, etc.
Devemos também envolver aqueles fornecedores com os quais desejamos trabalhar, explicitando
nossas necessidades e expectativas, e consequentemente capacitando-os a nos atender.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

Se analisarmos somente uma obra, as fôrmas de madeira As fôrmas metálicas são normalmente disponibilizadas de duas
são geralmente mais baratas, graças ao material emprega- maneiras:
do, da mão-de-obra menos especializada e de equipamen- • Aquisição: opção inicialmente mais cara do que a madeira,
tos mais simples. Em contrapartida o reuso destas em outras porém se levado em conta as possibilidades de
obras limita-se a execução de peças menos “nobres”como reaproveitamento em várias obras esta torna-se bastante m
fundações e cortinas. interessante.
• Locação: como já foi dito no item Planejamento, quanto
mais utilizarmos as fôrmas mais barato o aluguel
destas se torna.

Número de utilizações

Impacto na Decisão
Devemos, juntamente com o acabamento superficial esperado do concreto, escolher os materiais que
permitem o número de reutilizações mais próximo da nossa necessidade. É anti-econômico buscarmos
uma solução que permite 20 usos para uma obra de 4 pavimentos.

Análise
O bom projeto de fôrmas não é aquele apenas fácil de montar, mas sim aquele fácil de DESMONTAR. É no
momento da desforma que os painéis sofrem os maiores impactos, comprometendo sua vida útil. Cuidados
como usar cunhas de madeira ao invés do pé-de-cabra, passar cordas pelas escoras criando uma “cama”
onde as chapas de lajes caem sem danificar suas bordas, são fundamentais para garantir a durabilidade dos
painéis de fôrmas.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

Número de utilizações normalmente garantido pelos fabri- Estes painéis são concebidos buscando o maior número de
cantes de compensado (todos com colagem fenólica): reutilizações possível com uma baixa manutenção. Mesmo
Compensado resinado = 8x aqueles que recebem compensado plastificado, este fica
Compensado plastificado = 18x “embutido” no painel metálico consequentemente com sua
Alguns fabricantes ainda oferecem o compensado vitrificado borda (a parte mais sensível da chapa de compensado)
(onde aplica-se a cola fenólica nas superfícies externas e prensa- protegida, permitindo um uso acima de 100 vezes.
se a quente), com uma garantia de 12 a 14x.
Estas garantias valem para a colagem das lâminas e integri-
dade da superfície em contato com o concreto. Painéis sem o
topo devidamente selados, desforma com pés-de-cabra, que-
bras decorrentes de impactos, não são cobertos por essas ga-
rantias.

8FOR Manual de Estruturas


Movimentação

Impacto na Decisão
Aqui a decisão está ligada aos equipamentos que a obra terá a disposição, e muitas vezes extrapola a
execução da estrutura de concreto. Por exemplo, uma grua pode movimentar fôrmas, aço, e concreto,
e também blocos, argamassas, esquadrias, fachadas pré-fabricadas, etc.

Análise Sistematização
A escolha do tipo de material vai depender da forma como vai ser movimentado. Se a obra espera contar
com o apoio de uma grua, pode-se pensar em trabalhar com elementos pré-moldados (maiores) e, portanto, mais
pesados. Se a movimentação for manual, haverá um direcionamento para materiais e sistemas mais leves. Mesmo
assim o raciocínio inverso acontece, ou seja, no caso da grua, esta deve ser dimensionada para movimentar as
fôrmas escolhidas.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

No caso das fôrmas de madeira é importante projetá-las e No caso das fôrmas metálicas, mesmo aquelas que podem ser
fabricá-las levando em conta o tipo de movimentação: transportadas manualmente, deve-se solicitar ao fornecedor
• Manual: pressupõe uma facilidade no manuseio e pallets onde, a cada desforma, organizam-se os vários
posicionamento porém um maior número de elementos a componentes e, com o auxílio de carinhos hidráulicos e do
serem desmontados, transportados e montados. guincho de carga, passam para o próximo andar / trecho.
• Com grua ou guindaste: pressupõe painéis com os ele-
mentos de estruturação e travamento dos painéis já fixados
porém mais difíceis de serem posicionados.

Produtividade

Impacto na Decisão
Com reflexo imediato na mão-de-obra direta, o tipo de material eleito deve respeitar a forma de
organização do trabalho planejada, além dos aspectos culturais regionais, de resistências naturais e de
treinamento aplicado.

Análise
É fundamental que o encarregado responsável por utilizar as fôrmas (bem como sua equipe) sejam consultados
no momento de escolhermos o sistema de fôrmas. Pequenos detalhes de fabricação dos painéis sugeridos pelos
trabalhadores que trabalharão com eles nos próximos meses, transformam uma fôrma padrão em uma fôrma
feita sob medida para sua obra.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

Como é feita sob medida, a fôrma de madeira obtém melhores Quando o projeto leva em conta a modulação dos painéis
resultados (em comparação com fôrmas moduladas) em obras metálicos e a estrutura conta com, por exemplo, reduzido
mais complexas. (panos pequenos de lajes, grande concentração número de vigas (além da atenção aos outros aspectos citados
de pilares e vigas, peças curvas, etc) anteriormente), a produtividade conseguida com fôrmas
metálicas é imbatível.

Manual de Estruturas 9FOR


Espaço no canteiro

Impacto na Decisão
Importante lembrar que a fôrma dividirá espaço com outros materiais como: aço, blocos, argamassas,
etc. Por isto, esta decisão tem como principal suporte o Projeto de Canteiro, que leva em conta a
disposição dos materiais em cada uma das etapas da obra.

Sistematização Análise
Dependendo da escolha do material, a obra deverá contar com maior ou menor espaço no canteiro para
estocagem intermediária, fabricação in loco ou cuidados especiais de armazenamento antes, durante ou
após o uso.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

Se a opção for fabricar a fôrma em obra, deve-se prever o Da mesma forma como na aquisição de fôrmas, as fôrmas
espaço necessário para o posicionamento das máquinas ne- metálicas devem chegar na obra no momento de sua utilização,
cessárias (vide item Equipamentos). Importante consultar os evitando estoques intermediários.
profissionais envolvidos para conhecermos as áreas de traba- Quando a fôrma é alugada, este cuidado torna-se imperativo,
lho que cada equipamento exige. visto que o custo de locação incidirá utilizando-a ou não.
No caso de aquisição de fôrmas industrializada de madeira,
deve-se combinar com o fornecedor um cronograma de entre-
gas adequado à sequência executiva.

Perdas no processo

Impacto na Decisão
Algumas alternativas são mais duráveis ou exigem menos reformas do que outras. As perdas e reposições
durante o processo devem também serem levadas em conta.

Análise
Tem impacto direto no custo. Muitas vezes a fôrma inicialmente mais barata torna-se a mais cara por
exigir complementos e reposições durante seu uso.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

A madeira, por ser mais frágil do que o metal, exige maiores Tendo a durabilidade como principal característica, devemos
cuidados principalmente no momento da desforma. Além voltar nossa atenção para sistemas de fôrmas metálicas que
disso, um projeto onde temos um grande número de refor- tenham o mínimo de peças soltas, evitando sua perda, e que
mas e adaptações implica em maiores perdas de material. não exijam ferramentas especiais para sua utilização. Pro-
Um cuidado importante é identificar (através de marcação cure entender todos os elementos que comporão o sistema. Evite
ou pintura) as peças que compõem o sistema de fôrmas, peças pequenas e frágeis. No caso de locação, analise os preços
evitando que estas sejam confundidas com madeira “sol- e os critérios de indenização.
ta” e utilizadas para outros fins.

10FOR Manual de Estruturas


Disponibilidade no mercado

Impacto na Decisão
De nada adianta escolher uma alternativa que não seja colocada à disposição da obra.

Confiança nos fornecedores

Impacto na Decisão Sistematização


Muitas vezes pode-se optar por uma alternativa inédita para determinada construtora. Ela deve ter
confiança no fornecedor do material no que diz respeito à assistência técnica, cumprimento de prazos
de entrega e garantias comerciais.

Análise
Aqui a política do “boca-a-boca” é a mais indicada. Converse com empresas que já trabalharam com
aquele fornecedor, peça para conhecer obras atendidas por ele, e, sempre que possível, visite suas
instalações. Características como: organização da empresa, atenção aos detalhes, funcionários treinados
e solícitos, são mais importantes do que equipamentos de última geração.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

A madeira está disponível em praticamente qualquer re- Graças à crescente industrialização da construção civil, hoje
gião do Brasil. Empresas especializadas na fabricação, es- encontramos representantes de empresas fornecedoras em pra-
tão restritas aos grandes centros. Em obras mais distantes ticamente todas as capitais brasileiras.
devemos avaliar o impacto do custo do frete.

Segurança

Impacto na Decisão
Influência total na decisão. Desnecessário dizer a importância da segurança dos trabalhadores.

Análise
Garantir condições seguras de trabalho é obrigação primária dos supervisores e deve ser preocupação
constante que atinge também todos os fornecedores.

Fôrmas de Madeira Fôrmas Industrializadas Moduladas


(Convencional ou Industrializada) (Metálicas)

O projeto de fôrmas de madeira deve contemplar este aspec- Normalmente os sistemas de fôrmas metálicas possuem peças
to criando elementos específicos para a segurança durante que visam a segurança na montagem como, por exemplo,
a montagem e a desforma. guarda-corpos que são fixados aos painéis de vigas de borda.

Manual de Estruturas 11FOR


Sistematização Caso a escolha seja de fôrmas de madeira, surge a pergunta:
O que é melhor: “bater” as fôrmas no canteiro ou comprar “forma pronta”?
Esta escolha deverá se basear nas respostas às seguintes perguntas:

1. Espaço Físico
O canteiro dispõe de uma área para montagem de um central de fôrmas e
para estoque de chapas e madeira serrada?

2. Aquisição de Máquinas
A empresa posssui ou pretende adquirir equipamentos como serras circulares,
desengrossos, serras de fita, etc., que serão utilizadas nesta e em outras obras?

3. Mão-de-obra capacitada
A empresa dispõe de profissionais habilitados para a coordenação e para fabri-
cação dos painéis de fôrmas? (Um engano comum é acharmos que o encarre-
gado e os carpinteiros habituados em montagem de fôrmas, são necessaria-
mente habilitados na fabricação desta. A fabricação dos painéis envolve dife-
rentes detalhes, equipamentos e normalmente uma precisão maior.)

4. Cronograma
O prazo de execução da estrutura contempla o tempo necessário para a fabri-
cação das fôrmas?

5. Preços
Os custos decorrentes da fabricação no canteiro são menores do que os preços
ofertados pelos fabricantes de fôrmas? (Atualmente, graças à concorrência, ao
ganho de escala, à redução de perdas e dos equipamentos utilizados, os preços
de fôrmas industrializadas tornaram-se bastante competitivos).

12FOR Manual de Estruturas


Equipamentos
Principais equipamentos para fabricação dos painéis de fôrmas:

• serra circular de bancada (para cortes longitudinais de chapas e desdo-


bramento de madeira)
• serra esquadrejadeira (para corte transversais de chapas e destopamento
de madeira)
Glossário
• desengrossadeira para bitolamento de madeira
desdobramento de madeira
• serra de fita para cortes curvos
dividir pela largura - por exem-
• martelos pneumáticos e compressor (não imprescindível porém extre- plo: uma tábua de 30cm de
mamente produtivo) largura pode ser subdividida em
5 sarrafos de 5cm ou em 4
sarrafos de 7cm e assim por di-
ante.
Principais equipamentos para montagem das fôrmas:
destopamento
corte pelo comprimento das pe-
• martelo comum ças de madeira um sarrafo de
• trena de 5 metros (mínimo) 5m de comprimento pode ser di-
vidido em, por exemplo, dois de
• cunhas de madeira 2,45m
• linha de nylon
• prumo de centro bitolamento
ajuste na espessura da madeira
• prumo de face em função de encontrarmos no
• mangueira de nível mercado uma grande variação
• esquadro metálico entre espessuras. Uma peça de
teóricos 2,54cm (1 polegada)
• nível a laser / teodolito em um fornecedor pode ter
• cordas 2,2cm ou menos (bitola “fraca”)
e em outro ter mais de 2,6cm
• desmoldante
(bitola “forte”), daí a necessida-
• broxa, pincel e rolo (aplicação do desmoldante) de de, além de escolhermos bem
• espaçadores e distanciadores plásticos o fornecedor, “bitolarmos” a ma-
deira na espessura especificada
• barras e porcas de ancoragem
no projeto de fôrmas.
• tubo de PVC 3/4” (para passagem da barra de ancoragem)
• fita de PVC
• isopor (para execução de juntas de dilatação ou nichos)
• lavajato (para limpeza após a concretagem)

Dica
Quando da necessidade de reformar ou ajustar a fôrma:
Lembre-se que o disco de serra
“come” cerca de 5mm em cada
• serrote corte. Ou seja, ao dividirmos
• serra circular manual uma peça de 30cm em peças
menores de, por exemplo, 5cm
• disco de vídea (para serra circular) de largura, teremos:
• serra "Tico Tico" 5 peças de 5cm e uma sobra
• furadeira de aproximadamente 2,5cm (em
cada corte a serra “comeu”
• broca de aço rápido (para furar madeira) 5mm x 5 cortes teremos 2,5cm
transformados em serragem.

Manual de Estruturas 13FOR


Os projetos de fôrmas são fundamentais para instrumentalizar a fabricação dos painéis de fôrmas e a sua montagem/
desforma, visando garantir: a otimização do uso dos materias empregados na fabricação das fôrmas, a geometria das
peças que serão moldadas, a produtividade no uso desses painéis e o reaproveitamento esperado. Além de, através do
cálculo das cargas atuantes, dimensionar e detalhar as diversas peças que comporão o sistema de fôrmas
São divididos em:
Projetos de Fabricação
plantas, cortes, vistas, etc., que explicam e detalham cada painel das peças a
Projeto serem moldadas (pilares, vigas, lajes, etc.). Contém também informações como:
material a ser utilizado, bitolamento/aparelhamento das peças de madeira, lis-
ta de corte de materiais, dimensionamento e posicionamento dos travamentos.
Normalmente estes projetos só são necessários no momento da fabricação das
peças, sendo dispensáveis na montagem da fôrma.

14FOR Manual de Estruturas


Projetos de Montagem Variáveis
plantas que, tendo como base o projeto estrutural, apresentam a posição de
cada um dos painéis de fôrmas, instrumentalizando a equipe encarregada As principais variáveis e condicionantes
da montagem das fôrmas e sua desforma. Contém também cotas de que influenciam o projeto de fôrmas
posionamento das peças em função dos eixos da obra. Estes projetos não são são:
necessários no momento da fabricação dos painéis de fôrmas.
Projeto Estrutural
P2 P3
define a geometria das peças, seu Projeto
40,2

40,2
107

P1 6 4 5 4 4 4 4 5 4 6 P4

melhor ou pior reaproveitamento e


9 10 12 10 9
122 60,5 37,5 60,5 122

a complexidade do sistema de fôr-


244

3 1 2 1 1 1 1 2 1 3

mas.
1 8 11 8 1
244

244
88 122 23 122 122 122 122 23 122 88

Movimentação da Fôrma
3 1 2 1 1 1 1 2 1 3

define o tamanho/peso máximo de


244

244
19,5

19,5
7 7
P7 P5 P6 P8

cada um dos painéis.


128

128
14

14
13 13 13 13
1 2 1 1 1 1 2 1
60,5

30 30 30 30
14
8 23 14
244

244
31,5
40,2 244

40,2 244

22 24

Tipo de Lançamento
244 149
60,5

4 5 4 4 8 23 4 4 5 4
16

16

15 15 15 15

define as cargas atuantes no mo-


33,7
244 40,2

244 40,2
81,5

4 5 4 4 69 20 4 4 5 4
80

33,7

17 18
154 20
21,5

mento do lançamento do concreto


19
50

21
128

128

1 2 1 1 18 21 1 1 2 1
80

50
14

14

(ex.: o lançamento com bomba


13 13 156,6 152 13 13

P11 P9 P10 P12

produz esforços maiores do que o


19,5

19,5

7 7
244

244

3 1 2 1 1
P13 P14 1 1 2 1 3 lançamento com grua ou giricas).

Cimbramento
88 122 122 122 122 122 88
244

244

23 23 122

1 8 11 8 1

3 1 2 1 1 1 1 2 1 3
define a paginação dos fundos de
244

9
122 60,5 37,5 60,5

10 12 10 9
122
vigas e painéis de lajes, bem como
107
40,2

40,2

P18
a compatibilização entre os
P15 6 4 5 4 4 4 4 5 4 6

P16 P17

Planta de
PaginaÁ„o de Laj
es para Pavim
o ento Tipo
travamentos metálicos e os painéis.

V1a Y P2 V1b Y P3 V1c Y Aparência do Concreto


P1 X X X P4
define o tipo de compensado a ser
utilizado, juntas e paginação das
X

Pil
ares
peças.
Recomendações para execução de
V19
V15

Y
X

A
V2 Y
C D
B V3
X
Y um bom projeto de fôrmas:
V12c

V23c
D

X1 X2

P7 P8

• Utilizar materiais “locais” e, no


X

P5 P6
A

V17

caso de madeira, aparelhados e bi-


V4 Y1 Y2
X2

Y2
X2

Y2
X2

Y2
X2

Y2
C

tolados.
X2

Y2

X2

Y2

VIgas
V5 Y V6 Y V7 Y

• Evitar o uso de tensores. Utilizar


Y2

X X
V14c

X1 X2
X1

Y1

X1

Y1
V20c

X Y V8 Y

barras de ancoragem.
V16 X

V18 X

Z X
X1

Y1
X1

V23b Y1
V12b X1

Y1
X1

Y1

Y1

P10
• Detalhar furações, rebaixos,
P9 Y1 Y2
V22
V13

V9 X
Y

aberturas e passagens, constantes


Z

P11 P12
X

V20b X

do projeto de estruturas e instalações.


V14b

• Especificar tamanhos máximos


V10 Y
X

Y
X

P13 X P14

das peças.
• Trabalhar em conjunto com a
V12a

V23a

empresa/projeto de cimbramento.
V14a

V14a
V20a

• Especificar desforma.
P15 V11a Y V11b Y V11c Y P18

X P16 X P17 X

Planta deEncaixes dePainéisde Vigas doPavimento Tipo • Dar atenção especial ao encon-
tro de pilares e vigas.

Manual de Estruturas 15FOR


Madeira Serrada

As peças de madeira usadas na construção civil são comercialmente fornecidas em forma de pontaletes, sarrafos, tábuas e
vigas.

No Brasil, as espécimes mais utilizadas são as madeiras serradas de Folhosas (por exemplo: cedrinho e peroba) e as madeiras
serradas de Coníferas (por exemplo: pinho e pinus).
Aquisição
As medidas comerciais mais comuns são:
• sarrafos : 1" x 2", 1" x 3", 1" x 4" e 1" x 6"
• tábuas : 1" x 12" e 2" x 12" (conhecidas como pranchão)
• pontaletes : 3" x 3";
• vigas : 6 x 12 cm. e 6 x 16 cm.

Seleção do fornecedor Recebimento Aceitação


Para escolher o fornecedor de madei- No caso de não se desejar inspecionar todas Se a inspeção realizada for em 100% do
ra, além de procurar referências e indicações as peças de um determinado lote, a material recebido, o lote será aceitável se
com clientes já atendidos, considere os inspeção deve ser feita da seguinte forma: até 10% das peças estiverem defeituosas;
seguintes aspectos: retirar aleatoriamente do lote 13 peças, para caso contrário,
• demonstre de maneira clara suas cada 500 peças recebidas, as quais devem o lote é rejeitado.
necessidades quanto às especificações ser inspecionadas.
e condições comerciais. inspecionar as peças retiradas, verifi- Caso a inspeção tenha sido realizada
• visite o depósito do fornecedor para certificar- cando se suas características atendem por amostragem, o critério é o seguinte:
se de que as madeiras são selecionadas às especificações requeridas da seguin- • para aceitar o lote, o número de peças
e classificadas (1a, 2a, 3a, etc.). te maneira: defeituosas deve ser menor ou igual a 02 (dois).
• certifique-se de que nas épocas em que • comprimento, largura e espessura : • se o número de peças defeituosas for
há dificuldades para extração da madeira medir com trena metálica. superior ou igual a 05 (cinco) o lote é
(chuvas, por exemplo) o fornecedor • presença de nós: verificação visual. rejeitado.
mantém estoque suficiente • arqueamento: ligar as extremidades • se o número de peças defeituosas for
para atendê-lo. do comprimento com um fio 03 (três) ou 04 (quatro), retirar mais
• avalie junto a clientes do fornecedor tensionado e medir com trena 13 peças para nova inspeção.
a qualidade da prestação dos serviços metálica o ponto mais distante. • lote será aceito se o total de peças
(atendimento a prazos, flexibilidade). • encurvamento: esticar defeituosas das duas amostragens for
um fio nas extremidades menor ou igual a 06 (seis); caso con-
Pedido e medir o ponto trário o lote será rejeitado.
Contate o fornecedor selecionado para: mais distante.
• encaminhar os dados de entrada. • encanoamento: (para peças maio- Armazenamento
• verificar o prazo de entrega e a ante- res ou iguais a 6" de largura) com Devem-se tomar as seguintes providências:
cedência necessária para se fazer os uma régua ou esquadro, apoiar sobre • local de estocagem deve estar protegido
pedidos. a superfície da peça no sentido trans- ou coberto.
• solicitar uma proposta técnica e comercial. versal e medir o ponto mais distante. • proximidade do local de uso ou do
• analise a proposta quanto a prazos de transporte vertical ou horizontal.
entrega, quantidade, preço e demais con- • separar a madeira por tipo e bitola.
dições (transporte, carga, descarga, etc.). • empilhar sobre pontaletes.
• certifique-se de que todos os requisi- • evitar misturar as sobras (ou pontas)
tos estão definidos e documentados. com peças inteiras.

16FOR Manual de Estruturas


Compensado

O compensado surgiu para suprir duas falhas básicas da madeira bruta : a resistência mecânica somente em uma
direção e a irregularidade de sua geometria.

Para avaliação da qualidade do compensado, observamos quatro pontos :

• A colagem deve ser a prova d’água, pois a chapa sofrerá vários ciclos de umidecimento e secagem (quanto melhor Aquisição
a colagem mais usos poderá ter a chapa).
• As propriedades físicas e mecânicas têm influência sobre o custo e sobre o acabamento.
• A garantia da geometria, pois se houver um desvio grande na espessura, teremos dentes ou degraus na paginação
do concreto, se houver desvios de esquadros teremos fendas entre as formas e vazamento na concretagem, se houver
desvio na largura ou comprimento haverá “descasamento” de formas aumentando as perdas.
• A aparência, pois, se, por exemplo, houver buraco no filme de superfície, haverá penetração de água e a vida útil
da chapa será menor.

Seleção de fornecedor
Para selecionar o fornecedor de com- Se imaginarmos um centro geomé- A escolha entre as chapas resinadas
pensado considere os seguintes as- trico em relação à espessura, o com- e as plastificadas deve ser feita em
pectos: pensado terá a mesma massa em função do número de usos requeri-
• fornecedor deve conhecer e aplicar a ambos os lados. dos e/ou da aparência desejada do
norma NBR 9532 e outras referentes concreto. Para um maior
ao produto. No Brasil, as chapas devem ter um reaproveitamento e melhor aparên-
• solicite amostras do produto para número mínimo de lâminas e a es- cia do concreto, recomenda-se o uso
verificar, através de inspeção e/ou en- pessura variar dentro de um padrão da chapa plastificada.
saios, se as dimensões, o número de de tolerância.
lâminas, Pedido
o aspecto superficial, a colagem das As dimensões frequentemente encon- Elabore o pedido ao fornecedor com os seguin-
tes ítens:
lâminas e a resistência mecânica, es- tradas no mercado são de 110cm x
• número da Norma Técnica apli-
tão de acordo com as especificações. 220cm (resinada) e 122cm x 244cm
cável, que deverá ser seguida.
• verifique se o fornecedor oferece o (resinada e plastificada). Eventual-
• tipo da chapa (resinada ou
serviço de assistência técnica e atendi- mente, encontram-se chapas nas
plastificada).
mento pós-venda. dimensões de 125cm x 250cm (tipo
• dimensões desejadas (comprimen-
• demonstre de maneira mais clara exportação).
to, largura, espessura).
possível suas necessidades quanto às
• quantidade.
especificações e condições comerciais. Em qualquer destas situações a tole-
• forma de embalagem (unitário,
• avalie junto a outros clientes do for- rância é de + 2mm na largura e no
pallets com 33 ou 50 unidades, etc.).
necedor o desempenho do produto. comprimento da chapa.
• método de inspeção no recebi-
Nas diagonais aceita-se um desvio
Especificação mento.
de + 5mm.
A especificação das chapas de ma- • aviso esclarecendo que as unida-
deira compensada deve seguir os re- des fora de especificação ou mesmo
Quanto à superfície, encontramos
quisitos da norma NBR 9532 - o lote podem ser devolvidos.
chapas cujas capas são tratadas com
“Chapas de madeira compensada - resina ou com aplicação de uma
Especificação”. película plástica. Assim, as chapas
são denominadas resinadas e
Este material é obtido pela colagem plastificadas, respectivamente.
de lâminas de madeira dispostas de
maneira que as direções das fibras Esta última pode ter melhor desem-
tenham um ângulo reto entre si. penho (maior reaproveitamento)
quanto maior for a gramatura do
“film” plástico, normalmente espe-
cificado com 120g/m², 180g/m² ou
240g/m².
Manual de Estruturas 17FOR
Recebimento Após o término das imersões ou da
Para uma quantidade pedida de até fervura, as chapas não devem apre-
500 chapas retire 13 unidade para sentar descolamento das lâminas.
inspeção (conforme norma NBR 5426
- “Plano de amostragem e procedimen- Aceitação
to na inspeção por atributos”). Os critérios de aceitação são :
• para aceitar o lote inteiro não deve
Aquisição Para cada uma das amostras deve-se haver nenhuma chapa defeituosa
verificar o atendimento às nas 13 inspecionadas.
especificações do seguinte modo: • se houver 04 (quatro) ou mais
unidades com defeitos, das 13
Dimensões: inspecionadas, o lote é reprovado.
• largura e comprimento: medir com • se encontradas até 03 (três) cha-
trena aproximadamente no meio da pas defeituosas, das 13
chapa. inspecionadas, retirar mais 13 peças
• espessura: medir com paquímetro para inspeção.
em um ponto aproximadamente no • para aceitar o lote, neste último
meio da chapa. caso, o total de chapas defeituosas,
• diagonais: medir as duas diagonais nas duas amostragens, deve ser me-
com a trena. nor ou igual a 03 (três).

Número de lâminas: Armazenamento


• contagem visual pela borda da chapa Devem-se tomar as seguintes provi-
dências:
Aspecto visual: • local protegido ou coberto.
• não deve apresentar bolhas, furos, • proximidade do local de uso ou
rachaduras ou arranhões na superfície do transporte vertical ou horizontal.
da chapa • empilhar sobre pontaletes ou
• as bordas devem estar seladas e não pallets.
apresentar descolamento das lâminas. • caso seja necessário armazenar
sobre lajes, atentar para a sobrecar-
Ensaio ga permitida.
Caso se julgue necessário, podem-se • evitar misturar sobras com peças
fazer ensaios tecnológicos em labo- inteiras.
ratórios especializados, que são res-
ponsáveis pela retirada das amostras,
realização do ensaio e emissão do
laudo técnico.

A resistência à água pode ser ensaia-


da na própria obra, através do se-
guinte método:

Imergir em água 10 (dez) corpos de


prova de 10x10cm por 12 horas.
Deixar secar ao sol por 12 horas e
imergi-las novamente por 12 horas.
Pode-se, também, substituir este tes-
te por fervura das chapas em água
por 10 minutos.

18FOR Manual de Estruturas


Fôrma pronta

Este item estabelece os cuidados na compra caso, ao invés de adquirir os materiais e “bater” a fôrma no canteteiro,
a obra opte por adquirir fôrmapronta.

Seleção do fornecedor
Para selecionar o fornecedor de fôr- • projeto estrutural (preferencialmente • verificação visual do aspecto do
mas para concreto, considere os se- definitivo). compensado e da madeira. Aquisição
guintes aspectos: • aparência desejada da superfície do • caso ocorra alguma dúvida quan-
• verifique se o fornecedor mantém concreto. to às dimensões, medir com a trena
inspeção no recebimento das maté- • cronograma de execução da estru- alguns painéis e comparar
rias-primas. tura de concreto. as medidas reais com as dos dese-
• verifique se são fornecidos dese- • plano de ataque da obra. nhos fornecidos e as respectivas to-
nhos e projetos que orientem a mon- •características do concreto (especifi- lerâncias.
tagem na obra. cação, forma de adensamento, pagi- • verifique se todas as bordas dos
• verifique se o fornecedor oferece o nação da laje). compensados estão seladas.
serviço de assistência técnica na • tipo de cimbramento.
montagem e atendimento pós-ven- •número desejado de reaproveita- Aceitação
da. mento. A carga recebida deve atender aos
• verifique se é fornecido, junto à • tipo do transporte vertical da fôrma seguintes ítens:
carga, um romaneio discriminando (manual ou mecânico). • compensado não deve apresentar
o que está sendo entregue. furos, bolhas ou qualquer dano na
• verifique a carteira de clientes e Pedido película plástica, para não
obras já executadas. Contate o fornecedor selecionado permitir penetração de água e não
• recomenda-se uma visita às insta- para: “fotografar” defeitos na superfície do
lações do fornecedor para conhecer • encaminhar os dados de entrada. concreto.
o processo de fabricação e controle • verificar o prazo de entrega e a • os componentes de madeira não
das fôrmas. antecedência necessária para se fa- devem apresentar rachaduras e de-
zer os pedidos. vem apresentar boa fixação.
Especificação • solicite uma proposta técnica e • as dimensões da fôrma devem es-
Para se chegar a um resultado ade- comercial. tar coerentes com os desenhos for-
quado na execução de uma estrutu- • análise a proposta quanto a pra- necidos e compatíveis com as
ra de concreto, as fôrmas devem ter zos de entrega, quantidade, preço e dimensões das peças (pilar, viga e
as seguintes características: demais condições laje) do projeto estrutural.
• definir dimensões e formatos. (transporte, carga, descarga, etc.).
• permitir encaixe e posicionamento • certifique-se de que todos os requi- Caso alguns destes ítens não sejam
exatos. sitos estão definidos e documenta- atendidos, informar ao fornecedor a
• permitir a obtenção do acabamento dos. ocorrência e solicitar providências.
superficial desejado. • mantenha sempre o fornecedor
• ter estabilidade quando do lança- atualizado quanto às revisões dos Armazenamento
mento do concreto. projetos estruturais. Devem-se tomar as seguintes provi-
• facilitar a colocação de componen- dências:
tes, como “inserts”, caixas de instala- Recebimento • local protegido ou coberto.
ções, etc. Adote os seguintes procedimentos: • proximidade do local de uso ou
• garantir estanqueidade. • verifique se a carga contém todos do transporte vertical ou horizontal.
os elementos, através do romaneio • empilhar sobre pontaletes ou
Para tanto, é imprescindível que haja de embarque. pallets.
um projeto de fôrmas. Tal projeto pode • certifique-se de que os componen- • caso seja necessário armazenar
ser realizado pelo fabricante das fôr- tes (painéis, “sanduíches”, etc.) es- sobre lajes, atentar para a sobrecar-
mas, a partir das seguintes informa- tejam claramente identificados ga permitida.
ções do cliente: e de acordo com os projetos e dese-
nhos de montagem fornecidos.

Manual de Estruturas 19FOR


Práticas Recomendadas

Montagem das fôrmas

Pilares
A execução da montagem das fôrmas e escoramento de pilar pode ser dividida em:
• transferência dos eixos coordenados e execução dos gastalhos
Práticas • montagem da fôrma

Eixos e Gastalhos
Inicialmente, os eixos coordenados devem ser transferidos para a laje em execução,
tomando os cuidados necessários para que fiquem precisos.
Notas Esse lançamento deve ser feito, preferencialmente, através de aparelhos - teodolito
A locação perfeita dos eixos será e trena, por equipe treinada, ou mesmo por topógrafo da empresa ou terceirizado.
a base para a execução de um Deve-se também transferir o nível de referência para a laje em execução.
trabalho com qualidade e precisão Após a marcação dos eixos coordenados, estica-se linhas de nylon para sua
dimensional desejadas. visualização e procedemos então a execução dos gastalhos. Nesta fase, a laje deve
estar livre e devemos evitar o trânsito de pessoas não envolvidas na tarefa.
Os gastalhos com pescoços de
concreto tornam a tarefa mais
precisa, além de agilizar a
posterior montagem da fôrma,
porém demanda mais tempo para
sua execução.

Utilizando sempre trenas metálicas ou de PVC, lançam-se as distâncias entre os


eixos e os gastalhos, sempre em duas direções. O gastalho deve ser bem fixado,
solidarizado com a laje.
Pode-se trabalhar com gastalhos não nivelados (mais usual), nivelados ou com
pescoços de concreto.
A escolha do tipo de gastalho a ser utilizado está atrelada às características do
projeto de fôrmas e ao planejamento executivo da estrutura.
Apicoe a superfície de concreto na base dos pilares, removendo a nata de cimento
“vitrificada” que fica após a concretagem.

Montagem das Fôrmas de Pilares

Fixar dois pontaletes-guia bitolados nas extremidades de um mesmo lado do


gastalho, aprumando-os e travando-os com sarrafos nas duas direções do pilar.
Marcar nos pontaletes-guia o nível a que se deve chegar a extremidade superior de
cada painel do pilar, para conferência durante o processo de montagem.
Passar desmoldante nas faces internas da fôrma e posicionar os painéis nos pontaletes-guia.

20FOR Manual de Estruturas


Colocar os demais montantes verticais terminando a montagem de uma das faces
da fôrma. Montar os painéis menores (de fundo), pregando-os na primeira lateral
de fôrma já montada.
Quando o projeto prevê a utilização de painéis únicos, em que, para cada face da
fôrma, a estruturação e a folha compensada formam uma peça única, a montagem
se dá com o simples posicionamento do painel sobre o gastalho, e o prumo será
feito após a montagem completa da fôrma.
Posicionar a armação, não esquecendo os espaçadores. Colocar as galgas e Práticas
distanciadores, que impedirão o estrangulamento da seção do pilar.
Os distanciadores também têm a função de proteger e guiar a passagem dos
travamentos da fôrma.
Após a montagem dos distanciadores, fecha-se a última face da fôrma, travando
todas as laterais. Notas
O travamento pode ser feito com Devemos utilizar, preferencialmente,

tensores e castanhas ou porcas e barras distanciadores compostos de

de ancoragem. Este último é mais tubos plásticos acoplando em suas

prático e seguro e possui a vantagem extremidades chupetas plásticas -

de ter regulagem fina para ajuste. estes materiais podem ser

Nas bordas da fôrma, podemos utilizar posteriormente retirados e

sargentos de aço CA 50 com diâmetros a reaproveitados.

partir de 10 mm, de acordo com a largura


do pilar, encunhados por pares de cunhas A utilização de escoras prumadoras

de madeira. metálicas para a função de

Porém, aqui também é mais interessante a escoramento do conjunto tem a

utilização dos próprios sanduíches de grande vantagem de possibilitar o

madeira, necessários à estruturação do painel, ajuste milimétrico do prumo.

travados com barras e porcas de ancoragem.


Tais detalhes devem ser previstos no
projeto de fôrmas.
Após o fechamento da fôrma, procede-
se ao ajuste do escoramento do
conjunto. As faces montadas devem ser
niveladas, verificando a necessidade de
se colocar mosquito na abertura da
base do pilar.
Verifica-se o prumo dos painéis em
todas as faces, utilizando aparelhos (teodolito) ou um simples prumo de face. Se
necessário, ajustamos as escoras - metálicas ou de madeira, levando o conjunto
para a posição correta.
Após a montagem das fôrmas de pilares, devemos proceder à inspeção de qualidade
e controle dimensional, e, posteriormente, executar a montagem das fôrmas de
vigas e lajes.

Vigas e Lajes
Após a execução dos pilares devemos proceder à montagem das vigas e lajes.
O início do trabalho ocorre com a montagem dos fundos de vigas. Para tal,
lançam-se os painéis a partir das cabeças dos pilares, apoiando-os diretamente em
alguns garfos do vão.
O fundo da viga deve ser pregado na lateral das cabeças dos pilares e nos garfos,
de forma que resulte a espessura do painel lateral da viga de um lado, e esta
espessura acrescida de um espaço para o encunhamento do outro.

Manual de Estruturas 21FOR


Práticas

Pelo menos em um dos lados do fundo, deve ser colocado um mosquito, para Pregar sarrafos-guia na lateral dos
Dica facilitar a posterior desforma. garfos a uma distância igual à altura da
A ocorrência de folgas indica que os
O encaixe dos fundos de vigas entre os pilares deve ser preciso e perfeito. longarina, medida a partir do fundo do
pilares podem estar desaprumados,
Ajustadas as imperfeições, posicionam-se todos os garfos (ou escoras, ou torres assoalho. Estas peças servirão de apoio
sendo necessário corrigi-los antes
metálicas), tomando o cuidado com o espaçamento, prumo e alinhamento entre para as longarinas da fôrma de laje.
da continuação dos trabalhos.
eles. Nivela-se o fundo da viga com cunhas de madeira aplicadas na base dos Posicionar as escoras de madeira (ou
garfos e travamos-os, ponteando um sarrafo. metálicas, ou torres) conforme
O procedimento para nivelar o fundo das vigas quando utilizamos escoramento solicitação de projeto, obedecendo
metálico é mais fácil e preciso; tais equipamentos possuem uma rosca que permite espaçamento, prumo e alinhamento
o ajuste milimétrico da altura. Neste caso, a definição do tipo de escoramento entre elas.
deve ser feita com critério, levando-se em consideração todas as variáveis. Lançar, então, os barroteamentos
A seguir, lançar os painéis laterais, encostando-os na borda do painel de fundo. principal e secundário seguindo
o detalhamento de projeto. Sobre
eles, lançar o assoalho da laje do
andar superior.

22FOR Manual de Estruturas


Pregar as chapas compensadas nos sarrafos laterais das fôrmas de viga e nas
transversinas (barrote secundário).
Nivelar os panos de lajes e verificar a contraflecha, quando o projeto solicitar.
O nivelamento é feito ajustando-se a altura das escoras de apoio da fôrma por
meio de cunhas. Quando utilizamos escoras metálicas ou torres, o ajuste é feito
rosqueando a flange das peças.
A melhor opção para a realização do
nivelamento é a utilização de um aparelho Práticas
de nível a laser na parte inferior da fôrma,
onde podemos checar o nivelamento do
cimbramento e fôrmas. Posteriormente,
podemos posicionar o nível a laser na parte
superior da fôrma para nivelar as taliscas
ou mestras de concretagem e rechecar o
nivelamento do assoalho.
A partir de então, iniciar o trabalho de
ajustes e travamentos. Travar as laterais das
vigas com cunhas duplas pressionadas
contra um dos dentes dos garfos.
Tratando-se de vigas de bordas, é
necessário travar os garfos com mãos-
francesas ou tirantes. Quando forem
vigas isoladas, é preciso assegurar a sua
largura pregando sarrafos de
travamento unindo as bordas superiores.
Fixar na fôrma de laje os gabaritos de
furação elétrica e hidráulica.
Passar desmoldante em toda a
superfície do assoalho, e liberar a
fôrma para as checagens e o
lançamento da armação.

Desforma

A desforma de um pavimento é uma


etapa muito importante no processo de
execução da estrutura. A realização desta
tarefa com critérios, preocupando-se com
a qualidade dos painéis, pode determinar
a vida útil das fôrmas.
Dica
O que se observa em alguns canteiros
É útil o cuidado de agrupar as
de obras é um certo descaso na execução
peças em caixotes metálicos ou
desta fase construtiva, em que não são
de madeira, após a limpeza e
realizados os procedimentos corretos, e,
lubrificação do conjunto (no caso
muitas vezes, os prazos necessários para
de barras e porcas de
reescoramento não são obedecidos.
ancoragens), preparando-os para
o uso na próxima laje.
Pilares
A desforma começa pelos painéis de
pilares, normalmente nos dias
subsequentes a concretagem de vigas e lajes.

Manual de Estruturas 23FOR


Soltar o travamento dos pilares - tensores, sargentos ou barras de ancoragem.
Retirar os painéis, manuseando com cuidado para não danificar as fôrmas,
desprendendo-os com ferramentas apropriadas ou por intermédio de cunhas de madeira.
Painéis de dimensões maiores e principalmente pilares de canto podem ser
preservados, amarrando-os com cordas para evitar eventuais choques ou quedas.
As chupetas plásticas e as mangueiras devem ser retiradas e reaproveitadas
posteriormente.
Práticas
Vigas e Lajes
Posicionar as reescoras das vigas, retirar os sarrafos-guia e remover as cunhas laterais
e da base dos garfos, liberando os painéis laterais de vigas.
O desprendimento desta fôrma não deve ser feita com pé de cabra, para não danificar
os painéis. O procedimento correto é a utilização de cunhas de madeira, batendo
em vários lugares entre o compensado e o concreto, forçando a descolagem destes.
Também devemos tomar precauções para evitar a queda do painel diretamente no
chão, onde se danificam as bordas. Os funcionários devem trabalhar sobre andaimes,
segurando as fôrmas tão logo elas se soltem e apoiando-as sobre o mesmo.
Além disto, estando eles mais próximos às fôrmas, possibilita a retirada de todos
os mosquitos remanescentes, evitando o retrabalho posterior quando da liberação
para as próximas etapas (alvenaria e revestimento).
Para proceder a desforma das lajes, posicionar o reescoramento nas tiras de
sacrifício do assoalho e retirar as escoras, longarinas e transversinas.
A desforma dos compensados deve ser iniciada pela peça munida de uma alça,
evitando-se o uso de pé de cabra.
Para evitar estragos nas peças da fôrma, podemos utilizar uma rede, cordas ou
cavaletes de apoio sob a laje, de maneira a amortecer os impactos.
Limpar os painéis, escoras, longarinas e transversinas, e organizar as peças em
carrinhos, facilitando assim o transporte e deixando-as prontas para o próximo
ciclo de trabalho.

Liberação dos serviços

Pilares
Após a execução da montagem das fôrmas de pilares, antes de liberarmos a frente
de serviço para as etapas seguintes, é importante procedermos a uma inspeção
final, checando alguns tópicos desta fase do trabalho e, com isso, garantir a
Dica qualidade do produto.
Para facilitar o trabalho de Esta checagem pode ser feita pelo engenheiro, mestre ou mesmo o encarregado de
conferência é recomendável a carpintaria.
utilização das Listas de Os principais pontos a serem conferidos quando a montagem do pilar está pronta são:
Verificações - Liberação para • verificar se o desmoldante foi aplicado nas fôrmas
Início do Serviço e Verificação • checar o posicionamento das galgas e dos espaçadores e o espaçamento entre
do Serviço. Ao mesmo tempo em tensores ou barras de ancoragem atendem ao projeto
que elas parametrizam a • conferir o prumo das fôrmas dos pilares utilizando um prumo de face
checagem dos trabalhos, • checar a altura do topo de cada painel
também determinam as • verificar o travamento dos painéis, conferindo a imobilidade do conjunto escoras,
responsabilidades das pessoas barras de ancoragens (ou tensores, ou sargentos) e gastalhos
pelo serviço. • checar todos os encaixes das fôrmas para que não haja folgas
• verificar a estruturação e vedação dos painéis.

24FOR Manual de Estruturas


Lajes e Vigas
Após a execução da montagem das fôrmas de vigas e lajes, antes de liberarmos a
frente de serviço para as etapas seguintes, é importante procedermos a uma
inspeção final, checando alguns tópicos desta fase do trabalho e, com isso, garantir
a qualidade do produto.
Esta checagem pode ser feita pelo engenheiro, mestre ou mesmo o encarregado de
carpintaria.
Para procedermos às verificações necessárias, deveremos transferir os eixos Práticas
coordenados da obra, da laje inferior concretada, para a laje recém montada.
Esticar linhas de nylon entre estes pontos, demarcando assim os eixos. Os
principais pontos a serem conferidos são:

Fôrmas de vigas
• verificar se o desmoldante foi
aplicado nas fôrmas.
• verificar a locação das fôrmas dos
pilares no nível da laje assoalhada (boca
do pilar), corrigindo quando descoberto
erros de 2 mm.
• certificar-se do perfeito encaixe das
fôrmas no encontro entre vigas e pilares.
• conferir o alinhamento dos painéis
laterais de vigas, na região entre pilares,
ou em toda a sua extensão - para o caso
de vigas periféricas.
• checar a seção de todas as vigas,
corrigindo os erros de 2 mm.
• verificar o nivelamento dos fundos
de vigas, utilizando preferencialmente
nível a laser.
• checar a estruturação dos painéis de vigas.
• conferir o travamento dos painéis,
verificando a imobilidade do conjunto.
• verificar a vedação dos painéis

Fôrmas de lajes
• verificar se o desmoldante foi aplicado nas fôrmas.
• checar o nivelamento do assoalho com um aparelho de nível a laser, pela parte
inferior da fôrma.
• conferir as contraflechas, quando solicitado em projeto.
• certificar-se do perfeito encaixe dos compensados, conferindo se os mesmos
estão pregados às longarinas e se não há folgas.
• verificar a vedação do assoalho.
• checar a locação de furos e shafts.
• verificar o posicionamento de rebaixos - quando especificado em projeto.

Manual de Estruturas 25FOR


A fim de enterdermos o posicionamento do item fôrmas na composição de custos de um obra, tomaremos como
base uma obra hipotética com os seguintes dados gerais:

• Edifício residencial com estrutura vigada (otimizada)


• 4 apartamentos por andar, 12 andares tipo, 2 subsolos
• Área de projeção de laje tipo = 500 m2
• Área de Fôrmas do pavimento tipo = 1.100 m2
Análise de Custos • Volume de Concreto do pavimento tipo = 80 m3
• Armação do Pavimento Tipo = 8 ton (100kg/m3)
• Área construída (estrutura) total = 10.000 m2
• Área de Fôrmas Total = 23.500 m2
• Volume de Concreto Total = 1.650 m3
• Armação Total = 165 ton
Analisando o gráfico, verificamos que o material fôrma representa menos de 10% do custo da estrutura, ficando

Distribuição de Custos - Estruturas de Concreto

25%

20%

15%

10%

5%

0% Mão-de-obra
Concreto
Aço
Fôrmas Material
Cimbramento
Movimentação e
Equipamentos

abaixo dos materiais concreto e aço. Em contrapartida a mão de obra envolvida diretamente na atividade de
montagem e desmontagem das fôrmas ultrapassa todas as demais atividades, tornando-se o maior custo existente
na execução de estruturas e posicionando-se como o maior candidato a receber a nossa atenção quando o assun-
to é gerenciamento de custos do empreendimento.

Nota Note-se que citamos que a mão de obra está envolvida com a montagem e com a desmotagem das fôrmas,
Esta afirmação vale para a grande omitimos propositalmente a mão de obra necessária para a fabricação destas, pois o tempo gasto para fabricar as
maioria das estruturas verticais, fôrmas é inexpressivo quando comparado com o tempo gasto na sua utilização.
porém quando tratamos de obras
com poucas repetições ou com Se desmembrarmos os 24% do item mão de obra de fôrmas teríamos algo próximo de:
peças complexas, o tempo gasto Fabricação = 2%
na fabricação dos painéis de fôr- Montagem = 12%
mas passa a ser representativo. Desforma = 6%
Transporte = 2%
Reformas e Ajustes = 2%

26FOR Manual de Estruturas


Conclusão
O melhor sistema de fôrmas para a nossa estrutura é aquele que, por ter sido
bem projetado e fabricado com materiais adequados, otimize a mão de obra de
montagem e de desforma, exija o mínimo de reformas e/ou ajustes e que seja
compatível com nosso método e equipamentos de movimentação.

Mas e se não for assim


Conclusão
Se as fôrmas são as responsáveis pela “modelagem” de nossa estrutura e como a
estrutura é a base de todos os demais elementos de nossa obra (fechamentos,
revestimentos, esqua-drias, pisos, forros, etc.), um erro nesta modelagem acarreta-
rá inúmeros problemas difíceis até de serem mensurados.
Por exemplo, uma estrutura que teve um desaprumo total de 5cm exigirá, além de
um consumo maior de massa para regularização e revestimento da fachada, mais
“homens-hora”, mais tempo de equipamentos (andaimes) além de um cuidado
especial com a argamassa de revestimento que, por ser mais espessa, exige técnicas
que evitem que esta fissure ou até se destaque da fachada. Imagine o transtorno
que é ter de voltar um ano após entregue a obra para recuperar uma fachada.
Quando isto acontece, muitas vezes a culpa recai somente na argamassa e na
técnica de aplicação, esquecendo-se do início dos problemas: a pouca atenção dada
às fôrmas.

Manual de Estruturas 27FOR


Conceitos
Cimbramento
Definição e nomenclatura
Cargas Atuantes
Materiais utilizados (principais características e usos)
Sistemas de Cimbramento
Sistemas de Reescoramento

Sistematização

Cimbramento
Reescoramento

Projetos para Produção

Práticas Recomendadas

Conclusão

Conceitos

Sistematização

Projeto para Produção

Práticas Recomendadas

Conclusão

Manual de Estruturas 1CIM


Conceitos

2CIM Manual de Estruturas


Definição e nomenclatura

Cimbramento
É um estrutura de suporte provisória composta por um conjunto de elemen-
tos que apoiam as fôrmas horizontais (vigas e lajes), suportando as cargas
atuantes (peso próprio do concreto, movimentação de operários e equipa-
mentos, etc.) e transmitindo-as ao piso ou ao pavimento inferior. Para tanto
deve ser dimensionado, entre outras coisas, em função da magnitude de Conceitos
carga a ser transferida, do pé-direito e da resistência do material utilizado.
Estes elementos normalmente divididem-se em:
• Suporte: escoras, torres, etc.,
• Trama: vigotas principais (conhecidas também como longarinas) e vigotas
Nota
secundárias – conhecidas também como barrotes)
Neste Manual, adotamos o termo
• Acessórios: peças que unem, posicionam e ajustam as anteriores.
cimbramento ao invés de
escoramento por entender este
ser uma denominação mais
ampla, abrangendo todos os
sistemas e não só os que usam
escoras. Já no caso do
reescoramento, apesar de em
alguns casos ser necessário
reescorar com torres ou outros
elementos, é muito mais usual
utilizarmos escoras para tal, daí
o uso do termo reescoramento
ao invés de recimbramento.

Reescoramento
Após a concretagem, inicia-se o pro-
cesso de endurecimento do concre-
Dica
to, onde as peças atingem a condi-
posicionamos novas escoras e
ção de serem autoportantes (em
DEPOIS desmontamos o
média 72 horas após) até atingirem
cimbramento. Em NENHUM
a resistência para a qual foram
momento as peças recém-
projetadas (28 dias). A fim de libe-
concretadas devem ficar sem
rarmos a maioria das peças de
apoio, mesmo que seja por
cimbramento para o próximo uso, posicionamos novas escoras (ou, nos sistemas que permitem a
alguns minutos.
desmontagem das outras peças sem movimentarmos as escoras, deixamos parte delas) e depois desmontamos as
demais peças para uso na próxima laje.

Manual de Estruturas 3CIM


Cargas Atuantes

Enquanto o cimbramento é um sis-


tema estático, onde as cargas de
montagem e concretagem são
transferidas para o apoio, o
reescoramento é um sistema dinâ-
Conceitos mico que deve prever, além das car-
gas dos elementos recém-
concretados, o quanto os pilares, vi-
gas e lajes dos pavimentos inferiores
podem (e devem) receber destas car-
Dica gas. Por isso é fundamental discutir
posicionamos novas escoras e
com o Projetista Estrutural o plano
DEPOIS desmontamos o
de reescoramento. Somente ele pode
cimbramento. Em NENHUM
definir o espaçamento máximo entre
momento as peças recém-
escoras, o prazo que estas ficaram
concretadas devem ficar sem
“presas” e o número de pavimentos a
apoio, mesmo que seja por
serem reescorados.
alguns minutos.

Materiais Utilizados

Madeira Bruta Normalmente na forma de troncos de eucalipto utilizados como escoras, é


um sistema bastante rudimentar, com material bastante heterogêneo (ne-
cessidade de “dimensionar pelo pior caso”), nivelamento impreciso através
de cunhas de madeira, custo baixo de material e facilmente encontrado.

Madeira Serrada Criado em conjunto com o sistema “formapronta”, apresenta peças de ma-
deira aparelhadas, peças padronizadas e com encaixes previstos. Como van-
tagens temos também o seu baixo custo (em obras lentas são imbatíveis
quando comparamos o seu valor de aquisição com o valor de locação dos
sistemas industrializados) e sua disponibilidade. Já as suas desvantagens são
o nivelamento através de cunhas e seu uso normalmente restrito a uma
única obra (principalmente devido à dificuldade em ser reformado e ade-
quado a outras dimensões)
Normalmente composto de:
·escoras simples de pontaletes 3”x3” para as lajes
·escoras duplas (conhecidas como “garfos”) de pontaletes 3”x3” para as
vigas
·longarinas de sarrafos 1”x6” duplos
·barrotes de sarrafos 1”x4”duplos ou pontaletes 3”x3”

Metálicos Atualmente, dispomos de várias empresas especializadas no fornecimento,


através de venda ou locação, de sistemas de cimbramento e reescoramento.
São peças, na sua grande maioria, de aço ou alumínio, que têm como
características principais: flexibilidade, ajustes precisos, resistência, uniões e
encaixes simples.
Estas empresas geralmente dispõem de equipes técnicas que, em conjunto
com a obra, estudam e escolhem a solução mais adequada.

4CIM Manual de Estruturas


Sistemas de Cimbramento

Como já foi dito, contamo hoje com diversas empresas especializadas no


fornecimento de sistemas de cimbramento/reescoramento, cada qual com
suas características próprias, porém, de maneira geral, podemos dividi-los
em três tipos:

Escoras / Torres / Mesas Voadoras Conceitos

Glossário
Escoras (ou sistema pontual) Contraventamento: travamento
Elementos verticais isolados e fáceis de montar ,necessitando apenas de ele- entre escoras, através de outro
mentos que os deixem em pé durante a montagem, normalmente conheci- elemento, criando uma “malha”
dos como tripés. Sua área de abrangência varia normalmente de 1,5 a 4,5 estrutural e evitando a flexão das
metros de altura, sendo que, entre 3 e 4,5 metros geralmente devem ser escoras.
contraventados.

Nota
Existem escoras com altura de
5,5m, sendo utilizadas para
A capacidade de carga, a precisão do nivelamento e a durabilidade, dão às escoras reescoramento
metálicas larga vantagem em relação às de madeira. Além disto, a estabilidade
dimensional possibilitada pelas escoras metálicas as faz recomendada para
requisitos da qualidade onde não se aceitam deformações (caso da “laje zero”).

Outra vantagem das escoras metálicas é que, em determinados sistemas, são


acoplados às suas cabeças descendentes (drop heads) que possibilitam a desforma
de todo o sistema de distribuição de cargas sem que a escora seja removida, não
havendo a perda de contato da escora com a laje.

Isto confere uma segurança contra deformações impostas em idades baixas do


concreto e a possibilidade do reaproveitamento das fôrmas e do vigamento de
suporte. Para tanto são utilizadas tiras de sacrifício ou reescoramento que ficam
presas até a retirada da escora.

Já para as escoras de madeira são normalmente utilizados pontaletes. Sua


capacidade de carga é baixa dependendo do tipo de madeira, gerando grande concentração de peças sob a laje escorada
dificultando o trânsito.
O nivelamento é feito através de sistemas de cunhas de madeira. A madeira não é recomendável quando se buscam atender
requisitos da qualidade muito rígidos, já que ela sofre deformações até em função das condições atmosféricas e são de
difícil ajuste quando há variação no pé direito.

Conjuntos de pontaletes e sarrafos são utilizados para a confecção de “garfos” largamente usados no escoramento de vigas
de borda. Para as vigas internas, os mais indicados são as escoras metálicas.

Manual de Estruturas 5CIM


Torres metálicas
Elementos verticais multiplos, ligados entre si (ou seja,
contraventados) formando quadros. Mais complexos de
montar do que as escoras, porém com uma capacidade de
carga maior, resultando em menos pontos de apoio. Sua área
de abrangência é praticamente ilimitada, iniciando normal-
mente em 1,0 metro de altura até dezenas de metros. Para
Conceitos grandes alturas as torres são contraventadas entre si.
As torres metálicas montáveis são encontradas sob várias
formas, diferindo no tipo de ajuste, encaixe das peças,
diagonais, tamanhos e diâmetro dos tubos metálicos.
O princípio de funcionamento é, sempre, sistemas
Nota tubulares em que as peças são interligadas formando
O uso de torres junto com as quadros.
escoras são utilizados como Normalmente suportam mais carga que os sistemas pon-
elemento de contraventamento. tuais, vencem alturas maiores, são mais estáveis, apre-
sentando um peso maior e um número maior de ele-
mentos.
Sua utilização nas edificações é feita normalmente em
trechos de pé-direito maior, em que as escoras não têm aplicação
e também em vigas de periferia, onde podem ser produzidas
plataformas de trabalho com guarda corpo acoplado,
garantindo segurança ao operário.

Mesas Voadoras

Os sistemas de distribuição de carga e de


suporte (escoramento) são unificados. São
integrados, também, os escoramentos de
vigas e laje. É encontrado sob a forma
tubular (semelhante às torres) ou de alu-
mínio, formando grandes treliças.
Trata-se de um complexo metálico rígido
e/ou protendidas indeformável, transpor-
tado por inteiro (inclusive, com a fôrma
incorporada), em que se ganha agilidade,
tempo e mão-de-obra.
O seu uso depende principalmente das
características do projeto (lajes planas e/
ou protendidas são candidatas natas) e
da necessidade de uma grua com razoá-
vel capacidade de carga para sua
movimentação.

6CIM Manual de Estruturas


Sistemas de Reescoramento

Diferentemente do escoramento, o reescoramento é utilizado com um número


inferior de opções. Como sua função é a de transmitir a carga de pavimentos
superiores sendo concretados, a carga transferida a esse sistema é menor, além de
apoiar diretamente as lajes e vigas já concretadas.

Portanto, a complexidade dessa etapa é menor (mas não menos importante), como Conceitos
também é menor o número de elementos responsáveis pelo cumprimento dessa função.

Tipos mais utilizados

Reescoramento • Troncos: é um sistema extremamente rudimentar e desaconselhável. Geralmente


de Madeira de eucalipto, esses troncos têm um diâmetro de aproximadamente 10cm. O material
é heterogêneo, as peças são disformes e diferentes entre si e a capacidade de carga,
limitada. O ajuste de altura é extremamente difícil e o reaproveitamento é baixo.

• Pontaletes: o pontalete de pinho já é utilizado em escala na construção.


Com seção quadrada de 3 x 3 polegadas (7,5 x 7,5cm), trata-se de um
material mais homogêneo. As peças são retilíneas e sua capacidade de carga
ainda é limitada. É instável no manuseio e não possui ajuste de altura.
Dependendo da laje e viga a serem reescorados, há necessidade de uma
grande quantidade de elementos.

• Garfos: os garfos consistem em uma estruturação pontalete-sarrafo, muito


utilizados para vigas. Sua capacidade de carga bem como estabilidade são
um pouco melhores. O ajuste de altura ainda é precário, através de cunhas
de madeira.

Reescoramento • Escoras: são as mais utilizadas. São encontradas no mercado para locação e
Metálico venda, sua capacidade de carga é elevada e duram muitas obras. O sistema de ajuste
conta com tubo tipo “flauta” furado para o ajuste grosso e rosca para o ajuste fino.
Podem-se reescorar lajes e vigas com a mesma facilidade. Se o projeto de fôrmas
previr faixas de reescoramento, essas escoras poderão ser colocadas abaixo dessas
faixas, estando posicionadas já como reescoramento após a desforma.

• Torres: a utilização de torres metálicas como reescoramento é menos co-


mum. Isso acontece em casos especiais em que a carga transferida aos pavi-
mentos inferiores é muito elevada ou o pé direito é muito alto.
Dentro do possível deve ser utilizado outro sistema, uma vez que
as torres compõem-se de muitos elementos e ocupam muito espaço
sobre a laje.

Manual de Estruturas 7CIM


Cimbramento

A escolha do tipo de cimbramento e reescoramento mais adequados a um determinado projeto depende de uma série
de variáveis que devem ser consideradas já na fase de planejamento da obra:

Projeto de Fôrmas Fornece subsídios para a escolha do melhor sistema ao mesmo tempo em que leva
em conta o tipo de cimbramento. A paginação das chapas de lajes, por exemplo,
Sistematização leva em conta a posição das escoras, longarinas e barrotes e também do reescoramento.

Projeto Estrutural Fornece elementos tais como o volume e conseqüentemente peso das peças a serem
concretadas. É fundamental que o Projetista Estrutural participe na análise das
deformações admitidas e pontos de apoio descartando alternativas não compatí-
veis de cimbramento e reescoramento. Além disso, as exigências relativas ao acaba-
mento da laje, se vai receber contrapiso ou não para seu nivelamento também
devem ser consideradas.

Planejamento Determina o ritmo de execução da estrutura, bem como a sequência dos trabalhos.
Os sistemas considerados devem ser compatíveis com estas exigências, principal-
mente no que se refere ao equipamentos de movimentação necessários. O custo do
material (compra ou locação) não pode ser avaliado isoladamente. Esse será definido
pela composição de materiais e horas trabalhadas para a montagem e desmontagem.

Custo Além dos custos diretos na obra, devemos levar em conta os custos marginais,
como: reposições, indenizações, valor residual no caso de compra, opção de com-
pra x locação, manutenção, etc.

Durabilidade Cada sistema, em função do(s) material(is) empregado e da tecnologia envolvida,


está dimensionado para uma vida útil e número de utilizações. Isto deve ser levado
em conta principalmente quando a opção for a compra do equipamento. Quando
alugado, devemos nos certificar de que os equipamentos suportarão o uso, evitan-
do interrupções não previstas para troca de peças.

Movimentação Pensar na maneira de movimentar o cimbramento influência a sua escolha. Se a


obra contará com grua, pode-se pensar em elementos mais pesados e paletizados. Já,
se o transporte for manual, deve-se pensar em elementos mais leves.

Produtividade Cada sistema detemina etapas de montagem e desmontagem mais simples ou mais
complexas, alguns ainda permitem um pré-montagem inicial e uma apenas uma
desmontagem parcial no decorrer do ciclo de concretagens. É fundamental que os
operários envolvidos sejam treinados no uso do equipamento.

Segurança O sistema deve contemplar peças específicas para a segurança dos operários, como:
plataformas de trabalho, guarda-corpos, etc.

Flexibilidade Um bom sistema também deve ser flexível, adaptando-se as variações geométricas
das peças a serem concretadas.

8CIM Manual de Estruturas


Facilidade de ajustes Durante a montagem, deve-se contar com um sistema que permita ajustes precisos.

Estabilidade Por questões óbvias de segurança e qualidade, a alternativa de escoramento deve ser
estável no pavimento onde se apóia e propiciar estabilidade também nas fôrmas
que suporta.

Pé-direito Muitos sistemas leves vencem pequenas alturas e os sistemas que atendam a pé
direitos altos são pesados. Um bom sistema vence a altura de projeto, sem ser Sistematização
extremamente pesado.

Quantidade de Quanto maior o número de elementos do sistema, maior a possibilidade de se


elementos perderem componentes e mais difícil a montagem e desmontagem.

Abaixo demonstramos uma comparação entre os sistemas apresentado o


desempenho esperado para cada variável:

Madeira Escoras Escoras Metálicos


Mesa Voadora
Torres

Custo Inicial Baixo Médio Médio/alto Alto

Durabilidade Baixa Alta Alta Alta

Geralmente Geralmente Manual ou Exclusivamente


Movimentação manual manual mecânico Mecânico

Produtividade Baixa Média/Alta Média Alta

Segurança Baixa Média Média/Alta Média/Alta

Flexibilidade Baixa Média Alta Média

Facilidade
de Ajustes Baixa Alta Alta Alta

Estabilidade Baixa Baixa Alta Alta

Nota
Até 3 metros Normalmente Praticamente Normalmente
Pé-direito (sem contraven- até 4,5 metros qualquer altura até 4,5 metros Peças soltas: peças que devem
tamento) ser montadas e desmontadas a
cada concretagem.
Quantidade de
‘peças soltas’* Média Média Variável Mínima

Manual de Estruturas 9CIM


Reescoramento

Nem sempre o tipo de reescoramento acompanha a alternativa escolhida para o escoramento. Por exemplo, se uma
laje é escorada através de mesa voadora, o reescoramento não adotará esse sistema, uma vez que a mesa será
transferida ao pavimento superior. A laje será reescorada, por exemplo, com escoras metálicas.

A escolha dos sistemas de reescoramento deve levar em conta alguns aspectos, como:
Sistematização

Características do projeto muitas vezes é interessante que já no projeto de fôrmas (na etapa de pagina-
de fôrmas ção de chapas) sejam previstas faixas de reescoramento para que, após a
concretagem, sejam deixados elementos de reescoramento, sem que se tenha
o trabalho de movimentar excessivamente peças durante a desforma.

Características do projeto deverá haver compatibilidade entre os sistemas, a fim de que não se perca
de escoramento qualidade e produtividade.

Projeto Estrutural com o conhecimento do projeto e orientações específicas conseguidas junto


ao calculista, teremos informações a respeito de deformações, cargas e pon-
tos corretos de apoio.

Planejamento o planejamento fornecerá os ciclos e seqüências de trabalho para que se


dimensione corretamente o número de elementos de apoio e a quantidade
de pavimentos a serem reescorados.

10CIM Manual de Estruturas


O projeto de cimbramento tem a função de orientar a montagem das diversas peças que compõem o sistema,
identificando cada elemento e sua posição. O tipo e a quantidade de peças necessários são definidos e dimensionados
através do cálculo das cargas atuantes.

Projeto

As principais variáveis e condicionantes necessárias para execução do projeto de cimbramento são:

Projeto Estrutural
define a geometria das peças e sua posição no espaço.

Projeto de Fôrmas
define a paginação dos fundos de vigas e painéis de lajes, bem como a compatibilização entre os travamentos
metálicos e os painéis.

Movimentação do Cimbramento
define o tamanho/peso máximo de cada um dos elementos do sistema.

Tipo de Lançamento
define as cargas atuantes no momento do lançamento do concreto.

Manual de Estruturas 11CIM


Práticas Recomendadas

Os procedimentos para a execução de cimbramento envolvem no processo das


fôrmas, o “esquadrejamento” das fôrmas de vigas e o nivelamento geral do
conjunto. Conforme descrito nos procedimentos para execução das fôrmas, os
ajustes são feitos através de cunhas de madeira (principalmente para cimbramentos
em madeira) e roscas e pinos para os cimbramentos metálicos.
Práticas No caso de cimbramento metálico, cada sistema disponível tem suas peculiaridades
e deve ser objeto de treinamento por parte do fornecedor.
Durante a execução da fôrma e cimbramento, é preciso atentar para os seguintes itens:

Vigas e Lajes

• verificar no projeto de fôrmas e


escoramento a seqüência correta de
montagem.
• checar se as proteções de periferia
foram instaladas no perímetro da área
de trabalho.
• conferir se os equipamentos de
proteção individual (EPI´s) estão
disponíveis em número e estado de
conservação adequados.
• conferir se os equipamentos de
travamento e escoramento estão
disponíveis e em condições de uso.
• realizar as checagens necessárias nas
fôrmas de pilares, vigas e lajes.
Além disto, existem alguns itens que
deverão ser checados, conforme as
características dos projetos de fôrmas
e cimbramento. São eles:

Escoramento de vigas

• verificar o alinhamento e espaçamento


das escoras ou garfos de vigas.
• conferir o prumo das escoras ou garfos.
• verificar o nivelamento dos fundos
de vigas, utilizando nível a laser
preferencialmente.
• checar a imobilidade das escoras,
batendo com uma madeira, por
exemplo; no caso de utilização de
garfos, observar a fixação nos painéis
de vigas e as cunhas.
• verificar o apoio das escoras ou garfos,
principalmente quando estivermos
trabalhando sobre terreno irregular

12CIM Manual de Estruturas


Escoramento de lajes

• conferir o prumo das escoras.


• verificar o alinhamento e espaçamento das escoras
• conferir o posicionamento das longarinas e transversinas, bem como seu apoio
nas escoras.
• verificar a fixação e o posicionamento dos sarrafos-guia para apoio das
longarinas (conforme projeto). Práticas
• verificar o nivelamento do assoalhos, utilizando nível a laser preferencialmente;
• checar a imobilidade das escoras, batendo com uma madeira, por exemplo.
• verificar o apoio das escoras, principalmente quando estivermos trabalhando
sobre terreno irregular.
• conferir as contraflechas, quando solicitado em projeto.
Para facilitar o trabalho de conferência é recomendável a utilização das Listas de
Verificações - Verificação dos Serviços. Ao mesmo tempo em que elas parametrizam
a checagem dos trabalhos, também determinam as responsabilidades das pessoas
pelo serviço. Esta Lista de Verificações pode ser incorporada às Verificações de
Fôrmas de Vigas e Lajes.

Manual de Estruturas 13CIM


Reescoramento

Para a realização do reescoramento de vigas e lajes, é importante seguir as


determinações do Projeto de Reescoramento, bem como obter o aval do calculista
da estrutura com relação a prazos mínimos para a retirada destes.
O reescoramento de vigas deve ser feito antes da desforma dos painéis laterais.
Retiramos os garfos ou escoras do terço central do vão, posicionamos as reescoras
Práticas e, só então, procedemos à retirada das escoras e ao reescoramento dos terços
restantes.
Observar que o painel de fundo de viga fica preso ao concreto, sendo liberado
somente quando retiramos as reescoras.
O reescoramento de lajes também deve ser feito antes da desforma do assoalho.
Colocamos as reescoras, posicionando-as sobre as tiras de sacrifício e, só então,
liberamos a retirada das escoras, longarinas, transversinas e compensado.
Também neste caso, as tiras de sacrifício só poderão ser liberadas quando a laje tiver
resistência suficiente e não apresentar sobrecarga acidental não prevista em projeto.
O tempo mínimo necessário para a permanência do reescoramento em uma peça
estrutural deve ser definido em projeto e depende de algumas variáveis, tais como:
• concepção do projeto estrutural
• propriedades e características do concreto
• planejamento executivo do ciclo de trabalho

Inspeção

A inspeção dos serviços de reescoramento é simples e rápida. Devemos ter em


mãos o projeto de reescoramento, constando informações como: quantidade de
escoras para reescoramento, posição das reescoras (espaçamento) e número de
lajes que deverão manter estas peças.
Esta inspeção deve ser realizada no dia anterior à concretagem da laje, em todos
os pavimentos solicitados por projeto.
Visualmente podemos verificar o posicionamento, o prumo, o apoio e a fixação
das reescoras dos fundos de viga e das tiras de sacrifício de laje.
A manutenção do reescoramento é necessária até a liberação final da laje, conforme
informações constantes em projeto ou aprovação do calculista. Por isto, sempre
que possível, inspecionar visualmente o reescoramento, evitando retiradas
prematuras ou não programadas por funcionários desavisados.

14CIM Manual de Estruturas


Conclusão

Se as fôrmas são os elementos que dão forma à nossa estrutura, o cimbramento


é o sistema que posiciona e suporta. Assim como nas fôrmas, o cimbramento
mais adequado à nossa estrutura é aquele que: seja dimensionado aos esforços
atuantes garantindo a segurança da obra; seja compatível com nosso(s)
equipamento(s) de movimentação e, principalmente, que o processo de montagem
e desmontagem seja simples e conhecido pelos operários. Esta última qualidade Conclusão
tem uma importância maior ainda, quando, devido à impossibilidade de
movimentar peças montadas, devemos montar e desmontar todo o cimbramento
à cada laje / etapa.

Mas e se não for assim...

Fôrmas e cimbramento compõem um sistema único, que molda e posiciona os


elementos estruturais. Dessa forma, o que foi dito para fôrmas aplica-se no caso
do cimbramento: devemos dar atenção especial a este sistema a fim de garantirmos
a correta geometria de nossa estrutura, facilitando as demais etapas da obra.

Manual de Estruturas 15CIM


Conceitos
Armação
Definição
Nomenclaturas

Sistematização

Aquisição
Escolha do Fornecedor
Pedido de Compra
Recebimento
Controle Tecnológico do Material
Aceitação
Transporte
Armazenamento

Práticas Recomendadas
Corte
Dobra
Pré-Montagem
Montagem

Conclusão

Conceitos

Sistematização

Aquisição

Práticas Recomendadas

Conclusão

Manual de Estruturas 1ARM


2ARM Manual de Estruturas
Armação

Numa estrutura de concreto armado,


o aço tem como função básica resistir
aos esforços de tração. Isso ocorre pois
o concreto não possui resistência à tra-
ção suficiente para absorver os esfor-
ços solicitados numa edificação. Conceitos
Nessa lógica, durante a realização do
cálculo estrutural, as regiões sujeitas aos
esforços de tração devem ser armadas.
Por exemplo, no caso de lajes simples-
mente apoiadas, sob a ação de cargas
verticais dirigidas de cima para baixo,
a armadura deve ser colocada na face
inferior da laje.

Nota
Armação ou Armadura?
Armação: conjunto de
atividades relativas à prepara-
ção e posicionamento do aço
na estrutura.
Armadura: associação das
diversas peças de aço, forman-
do um conjunto para um deter-
minado componente estrutural.

O trabalho solidário do concreto com o aço é possível graças às compatibilida- Aço beneficiado
des física e química que ocorrem entre os dois materiais: barras de aço cortadas e dobradas.
• Compatibilidade física – o aço e o concreto possuem deformações próximas Montagem
durante as variações térmicas. processo de posiciona-mento da armadura
• Compatibilidade química – o aço não se corrói com o ambiente alcalino do no local definitivo, na estrutura.
concreto.
Além disso, para que o concreto e o aço trabalhem solidariamente, resistindo aos
esforços a que são submetidos, deve haver uma aderência entre os dois materiais. Peça
Essa aderência é garantida através de ligação mecânica, propiciada pela rugosidade parcela separável da armadura, com as
das barras de aço e também pela introdução de mossas e saliências na superfície características geométricas definidas no
das barras. projeto estrutural. A associação de diversas
Durante a execução, deve-se tomar o cuidado para que as armaduras sejam peças gera a armadura.
totalmente cobertas pelo concreto, para evitar a corrosão do aço.
Pré-montagem
Nomenclatura é a etapa de processamento das peças em
armadura.
Para que haja um entendimento sobre os termos aqui citados, vamos utilizar as seguintes
definições: Vergalhão
barras ou fios de aço.

Manual de Estruturas 3ARM


Basicamente, o processo para a execução da armação é compreendido pelas seguintes etapas:

Corte Dobra
Sistematização
Pre- Montagem
Montagem

Aço
Aquisição beneficiado

Execução de armadura

Telas
Soldadas
Execução de armação

No serviço de armação de pilares e vigas, a principal decisão a ser tomada é:


a armadura será cortada e ou dobrada na obra?
Para isso, analise:

Aço em barras Aço beneficiado

Precisão dimensional das peças Médio Alto


Área para estocagem do material Grande Baixa

Perdas do material Variável Zero


Produtividade Pequena Alta
Versatilidade Alta Alta

Para a execução de lajes, a questão chave é:


o aço será em barras ou em telas?
Analise:

Aço em barras Aço em telas

Precisão dimensional no posicionamento Pequena Alta


Área de estocagem do material Grande Média
Facilidade na execução Média Alta

Velocidade na execução Baixa Alta

4ARM Manual de Estruturas


Percebemos que, para a execução da armação, a escolha estratégica está relacionada
ao tipo de fornecimento. Em função do cruzamento das variáveis, cada obra optará
pelo sistema de armadura mais adequado à sua realidade.
Cada sistema possui suas peculiaridades, sendo que, para cada solução adotada, o
tempo entre o pedido do material e o seu recebimento é diferente. Além disso, as
etapas inerentes em cada processo são distintas, sendo importante considerar todos
esses fatores durante o planejamento do serviço.
Sistematização

Nota
O uso de aço beneficiado ou em
telas soldadas aumenta a produ-
tividade do serviço. Considere
esse fator para dimensionar sua
equipe e também para negociar
o preço da mão de obra.

Para explorar o potencial de racionali-


zação que o serviço oferece, a sua
capacidade de planejamento e progra-
mação das atividades é muito impor-
tante. Paralelamente, deve ser considera-
da a sua capacidade de negociação com
o fornecedor, que deve ser realizada de
modo que seja assegurado e respeitado
o prazo de entrega do material.

Manual de Estruturas 5ARM


A etapa de aquisição não se restringe somente à compra dos insumos, compreendendo as seguintes atividades:

Aquisição

Escolha do fornecedor
Nota
Mesmo optando por adquirir o Considere os seguintes itens para selecionar o fornecedor de aço:
aço já cortado e dobrado, é • O fornecedor oferece serviço de apoio à especificação?
importante manter na obra um • O fornecedor oferece serviço assistência técnica pós-venda?
estoque mínimo de aço, com as • O produtor assegura o fornecimento conforme especificado na norma da ABNT?
bitolas usuais no projeto, para
suprir alguma eventualidade. Pedido de Compra
Para a elaboração do pedido de compras, o ideal é que se tenha uma planilha específica,
Verifique com o projetista de
contendo as seguintes informações:
estruturas os critérios consi-
derados para a previsão de
Fornecimento Informações necessárias
perdas.
• número da norma que o produto deve atender – NBR 7480 fornecedor – “barras e
Como comprar aço beneficiado? de aço destinados às armaduras para concreto armado – especificação”;
Aço • diâmetro, categoria e classe da barra ou do fio;
Numa etapa anterior à realiza-
ção do pedido, a obra passa em fios • quantidade, em toneladas, de acordo com a previsão de projeto.
ao fornecedor os projetos es-
truturais, para que as peças
• número da norma que o produto deve atender – NBR 7481 – “Telas de aço
sejam cadastradas.
soldadas para armadura de concreto – especificação”;
Dessa forma, para a Aço
• modo de fornecimento das telas – rolo ou painel;
especificação do aço benefici- em telas • dimensões do painel ou rolo, quantidade e designação das telas,
ado, é preciso somente indicar
soldadas para os pavimentos ou trechos que serão executados.
os pavimentos e os elementos
estruturais que serão armados.

• número da norma que o produto deve atender – NBR 7480 fornecedor – “barras e fios
Aço de aço destinados às armaduras para concreto armado – especificação”;
beneficiado • pavimentos e elementos estruturais pretendidos;
• quantidade, em toneladas;
• forma de inspeção;
• números dos desenhos do projeto estrutural.

Pode ser solicitado ao produtor uma cópia do laudo do ensaio referente ao lote entregue.

6ARM Manual de Estruturas


Recebimento
Aço em barras Aço beneficiado Aço em telas soldadas
Para o recebimento do aço em barras, Para o recebimento, verifique inicialmen- No recebimento das telas, é preciso estar
verifique: te se a quantidade entregue confere com atento e verificar se as informações
• se confere a quantidade; a nota fiscal e o pedido de compra. contidas na etiqueta conferem com o
• o comprimento das barras; Em seguida, veja se as informações material entregue.
• a bitola do aço; contidas na etiqueta – bitola, formato, Recomenda-se também que se faça as
dimensões e quantidade – conferem com seguintes verificações: Aquisição
• se os ensaios abrangem todos os lotes
as peças recebidas. • meça as dimensões principais: compri-
entregues;
Veja também o aspecto geral das peças: mento, largura, espaçamentos, através de
• se o nome do fabricante está estampa-
fissuras, esfoliações e corrosão. uma trena metálica com precisão de 1mm.
do nas barras de diâmetro superior a Nota
10 mm; • verifique se a quantidade entregue
O aço está oxidado. Posso acei-
• o aspecto geral do aço, observando se corresponde ao pedido de compra.
tar o material?
• observe o aspecto geral do material
há defeitos ou impurezas (fissuras, Se conseguir remover a oxida-
(corrosão, fissuras nas barras, pontos
esfoliações, corrosão);
de solda solto) ção com uma escova ou um pano
Caso a quantidade de material seja grosso e, após essa atividade,
considerável, é recomendável verifi- não houver evidências de pon-
car a massa, através da pesagem do tos localizados de corrosão, tudo
caminhão em balança neutra, an- bem.
tes e depois da descarga. Caso tenha dúvidas, submeta o
material a realização de ensaios,
para verificar suas propriedades
Controle Tecnológico do Material mecânicas.

Os fabricantes de aço realizam ensaios de controle tecnológico durante a fabricação das barras. Peça: parcela separável da ar-
Uma das práticas que as construtoras vêm empregando para se assegurar da garantia da qualidade do material é solicitar uma madura de um componente da
cópia do laudo de ensaio referente ao lote adquirido. estrutura, constante do projeto

Aço em barras, aço pré-cortado e aço pré-dobrado esturutral, com dimensões e for-

Ao receber o laudo, verifique se os resultados apresentados atendem aos critérios abaixo: mato característicos que, quan-
do associada a outras, gera a
armadura.
Propriedades mecânicas a serem atendidas por barras e fios de aço (NBR 7480)
Categoria Valor mínimo Valor mínimo Alongamento Dobramento a 180 0
fyk (Mpa) fst (Mpa) mínimo em 10
diâmetros Na etiqueta, você encontrará as
seguintes informações
CA50 500 1,10 fy 8% NBR 6153
• nome do fabricante
• o tipo de aço
CA60 600 1,05 fy 5% NBR 6153 • a designação da tela
• a largura e comprimento da tela

Telas Soldadas
Os ensaios quanto as características dos fios das telas devem atender o quadro acima,
sendo ainda necessário o ensaio de resistência ao cisalhamento dos nós soldados, NBR 5916.

Manual de Estruturas 7ARM


Aceitação

Aço em barras
Na conferência do comprimento das barras, aceite o lote se não forem constatadas irregularidades na inspeção visual e se o
comprimento das barras for de 11 m e a tolerância de comprimento é de 9%. Pode-se aceitar um máximo de 2% de barras curtas,
as quais não devem nunca ser inferiores a 6m.
Se houver diferenças de quantidade em relação ao pedido, informe o fornecedor para que haja reposição nos materiais faltantes.
Aquisição Ao analisar o laudo, se houver reprovação de lotes, o laboratório deve providenciar a realização de contraprova do lote
ensaiado ou proceder à inspeção de um novo lote.

Telas
As tolerâncias para aceitação dos produtos nas verificações visuais podem ser vistas na tabela

Tolerância para aceitação de telas em verificação visual


Verificação Tolerência
Largura total ± 2,5 cm ou 1% (o que for maior)
Comprimento total ± 1%
Comprimento das franjas ± 2 cm
Diâmetro (3 a 6 mm) ± 0,05 mm
Diâmetro (6,3 a 8 mm) ± 0,07 mm
Diâmetro (9 a 12,5 mm) ± 0,10 mm
Espaçamento ± 6 mm

Transporte

Através do esquema, podemos perceber que o tipo de fornecimento influencia diretamente no número de vezes (etapas) do
transporte do aço e, consequentemente, no tempo e na mão-de-obra necessários para a realização do serviço.
Vejamos na tabela as características do transporte do aço conforme o tipo de fornecimento:

Aço em barras Aço beneficiado Aço em Telas

Quantidade de etapas de transporte Três Duas Uma


Qtde. de homens/hora na obra Alto Médio Baixo

8ARM Manual de Estruturas


Armazenamento

O fluxo de armazenamento dos materiais e a área a disponibilizar no canteiro pode, em alguns casos,
determinar o tipo de fornecimento do aço (em telas soldadas, em barras, aço beneficiado).
Para entendermos melhor essa situação, vejamos o esquema abaixo:

Aquisição

Nota
O caminhão que transporta as
barras de aço possui um compri-
mento superior a 12 m. Por isso,
é preciso considerar também
o acesso do caminhão ao can-
teiro!

Barras de aço
Quando se utiliza barras de aço, percebemos que precisamos de um espaço no
canteiro para estocar as barras de aço em três estágios distintos: aço em barras, aço
cortado, aço cortado e dobrado.
Há de se considerar ainda que, na estocagem do aço em barras, é preciso disponibilizar
uma área cujo comprimento seja superior a 12m.

Barras pré-cortadas
Ao adquirir o aço dessa forma, o espaço para a armazenagem no canteiro não
requer comprimentos tão extensos quanto o aço em barras.
Na estocagem, pode-se organizar as barras por elemento estrutural (barras
de pilar, de vigas) ou por pavimento.
Dessa forma, em função da quantidade estocada e da forma de organização,
teremos variações no tamanho das áreas, sendo importante a realização de
um estudo prévio para encontrar um ponto ótimo entre quantidade de
estocagem, área de armazenamento e fluxo de transporte do aço.
Nota
Com o aço pré dobrado, temos
Barras pré-dobradas
uma redução na área de
A vantagem na aquisição do ao pré-dobrado, em relação ao pré-cortado, é
estocagem mas, em contra-
que, além de eliminar uma etapa no processamento do aço, necessita so-
partida, temos um aumento no
mente de uma área para estocagem, ao contrário da barra em aço, por
volume.
exemplo.
Quanto à area de estocagem, considerar os mesmos itens apresentados no
item “Barras pré-cortadas”.

Telas Soldadas
As telas podem ser fornecidas em rolo ou em painéis.
Em painéis, é comum a aquisição de telas de diferentes tipos, nessa situação podemos
estocá-los em pé minimizando a necessidade de áreas maiores para sua estocagem.
Se o transporte das telas for realizado com grua, seu estoque pode ser descentralizado.

Manual de Estruturas 9ARM


A execução da armação envolve as seguintes atividades:

Práticas
Corte Dobra Pré-Montagem Montagem

Corte
Nota
O uso de ferramentas manuais Antes de efetuar os cortes, faça um estudo para minimizar as sobras.
de corte é recomendado para Dessa forma, você poderá obter uma economia significativa no serviço.
corte de telas soldadas. Para cor-
tes de barras, seu emprego é Equipamentos e ferramentas
indicado somente quando há pou- A escolha dos equipamentos e ferramentas de corte precisa levar em consideração os materiais
ca quantidade de aço, pois a pro- definidos no projeto (aço em barras ou em telas soldadas) e o volume do serviço.
dutividade do serviço é baixa. As ferramentas e equipamentos empregados são:
• Manuais: arco de serra e tesoura de cortar ferro (tesourão). Utilizado quando o
serviço é realizado em obras de pequeno porte.
• Elétricas: policorte. Em obras de pequeno, médio e grande porte que realizam o
corte do aço no canteiro.
• Hidráulico: utilizada em centrais de corte e dobra de aço e em canteiros de
grandes obras, devido ao seu alto custo.

Execução
A execução do corte está intimamente ligada aos equipamentos de corte que
serão empregados. Vejamos as diferenças entre as ferramentas manuais e os equipamentos elétricos:

Ferramenta Manual Equipamento elétrico


Processo que demanda um esforço equipamento elétrico que permite o
físico do operário, proporcionando corte de várias barras de aço simul
uma baixa produtividade taneamente, tornando o trabalho
Produtividade produtivo, pois o armador não precisa
medir várias vezes peças de mesma
dimensão.

Precisão Dimensional Pequena Média

O serviço é realizado próximo É preciso fixar a policorte numa


à área de estocagem, no próprio piso bancada de madeira que tenha o
Espaço necessário para comprimento das barras de aço 12m),
realização de serviço para que seja possível marcar na pró
pria bancada os comprimentos de corte
das barras.

10ARM Manual de Estruturas


Dobra

Ferramentas Execução
Quando a dobra é realizada no cantei- Para realizar a dobra do aço, preste atenção na montagem da bancada,
ro, utiliza-se a chave de dobra. para que o diâmetro do pino de dobramento seja compatível com o aço
Possui um baixo custo e a dobra da a ser dobrado.
barra de aço é feita uma de cada vez. A falta de cuidado nesse item pode fazer com que as barras de aço,
quando dobradas, sofram um esforço demasiado, ocorrendo a sua ruptura. Práticas

Notas
Além dos cuidados necessários com
a segurança do operário, fique
atento, pois ao dobrar o aço, há um
aumento no comprimento da peça.
Essa informação é importante para
que o corte seja realizado conside-
rando-se esse aumento.

Espaçador fabricado em
obra x industrializado?
Numa estrutura de concreto,
Pré-Montagem
o espaçador possui um custo
baixo.
Execução O importante, nesse caso, é pon-
Após o corte e a dobra do aço, ocorre a Durante o planejamento, procure definir as peças que serão montadas na central de derar a produtividade na execu-
etapa de montagem, que é a fase em que armação e aquelas que serão montadas na própria fôrma. Para isso, considere: ção da estrutura e a precisão
são produzidas as armaduras. dimensões das peças, sistema de transporte e facilidade de execução. dimensional desejada para
Nessa etapa, é preciso colocar espaçadores em quantidade suficiente, para garantir o o cobrimento das armaduras.
posicionamento da armadura no elemento final a ser concretado.
A escolha e o uso de um bom espaçador é importante, para que a estrutura tenha o
cobrimento adequado às condições de exposição da estrutura, protegendo a armadura
contra a corrosão.
Dica
Quando utilizar telas de aço, você
pode seccionar a franja a cada
60 cm e dobrar a 90o, para que
esse pedaço desempenhe a fun-
ção do espaçador.

Caso a armadura do pilar seja


montada previamente, coloque o
estribo da parte inferior posterior-
mente, para facilitar a execução.

Manual de Estruturas 11ARM


Montagem

Esteja atento para que a armadura esteja


na posição especificada no espaçamento
correto. Se for necessário, coloque mais
espaçadores, de modoa garantir o
cobrimento da armadura.
Práticas No caso da laje, o problema fundamental
a ser evitado é o posicionamento incorreto
da armadura negativa. para que a arma-
dura negativa fique na posição correta,
utilize gabaritos (carangueijo)Respeite o
comprimento de ancoragem especificado
no projeto, para que não haja
escorregamento da armadura e,
consequentemente, patologias na estruutra.

12ARM Manual de Estruturas


Conclusão

O serviço de armação representa aproximadamente 25% do custo da estrutura,


distribuindo-se da seguinte maneira:

Conclusão

Ao analisar o gráfico, perceba que, num processo tradicional, tanto o custo do material
como da mão-de-obra não podem ser desprezados. Dessa forma, fica evidente que as
negociações com os fornecedores é estratégica para a otimização dos custos.
Otimizar os custos não significa que devemos adquirir os insumos do fornecedor
que oferecer o menor preço. O segredo para a racionalização nesse item consiste em
realizar um planejamento para o corte dos aços, pois, assim, conseguimos minimizar
a quantidade de sobras.
Além disso, é preciso planejar como será o fluxo dos materiais e do serviço, para
que não haja desperdício de tempo.
É preciso lembrar que a qualidade da mão-de-obra está intimamente relacionada
com a qualidade da armação.

Manual de Estruturas 13ARM


Concretagem
Conceitos
Conceitos fundamentais
Propriedades no estado fresco
Propriedades no estado endurecido
As deformações do concreto

Sistematização
Concreto preparado na obra
Seleção e aquisição de materiais
Recebimento e estocagem dos materiais
Dosagem do concreto
Mistura do concreto
Concreto dosado em central
Escolha do fornecedor
Pedido
Recebimento

Práticas recomendadas
Transporte
Lançamento
Adensamento Conceitos
Nivelamento
Sistematização
Acabamento superficial
Cura Práticas recomendadas

Adensamento

Nivelamento

Acabamento superficial

Manual de Estruturas 1CON


2CON Manual de Estruturas
Em uma estrutura de concreto armado, o material concreto possui duas funções
básicas:
• Resistir aos esforços de compressão ao qual a estrutura está submetida
• Conferir proteção ao aço.
Para que a estrutura de concreto atenda às especificações do projeto, além dos
cuidados referentes à armadura, cimbramento e fôrmas, é preciso considerar uma
série de fatores do próprio concreto: propriedades dos materiais constituintes do
concreto, dosagem da mistura e execução da concretagem. Conceitos

Dicionário
Concretagem: ato de receber,
transportar, lançar, espalhar,
adensar, nivelar e fazer o
acabamento do concreto.

Se algum desses itens não for realizado adequadamente, há uma grande probabilidade
de ocorrência de problemas na estrutura. Salienta-se que não há a possibilidade de
compensar a deficiência em uma das operações com cuidados especiais em outra.

Conceitos fundamentais
Você já deve ter questionado ao menos uma vez por que o concreto, com o passar
do tempo, passa do estado pastoso a um material endurecido.
Vejamos então como ocorre o endurecimento do concreto.
O cimento, ao entrar em contato com a água, reage quimicamente, passando por
um processo de hidratação.
Durante a hidratação, cada grão do cimento desdobra-se em inúmeras partículas,
formando um sólido poroso denominado gel de silicato de cálcio hidratado.
Como resultado dessa reação, o volume dos sólidos cresce dentro dos limites da
pasta, produzindo embricamentos. Para a formação desses embricamentos, parte
da água utilizada na mistura é utilizada.
Essa “malha” formada reduz a porosidade do concreto e aumenta a sua
resistência mecânica.
Seguindo esse raciocínio, teremos uma maior resistência à compressão quanto maior
a quantidade de embricamentos, pois obteremos um concreto menos poroso com
estrutura mais compacta.
Esse processo é complexo e envolve diversas variáveis e, para avaliar a qualidade
do concreto, é importante conhecer as suas propriedades, seja no estado fresco,
desde o momento da colocação da água até o adensamento na fôrma; seja no estado
endurecido, resistindo às ações solicitadas ao longo da vida útil.

Manual de Estruturas 3CON


Propriedades no estado fresco
No espaço de tempo que o concreto permanece plástico, as características de maior
importância são: a consistência, a coesão e a homogeneidade. A combinação dessas
três características é denominada trabalhabilidade.

Trabalhabilidade
É a propriedade do concreto associada a três características:
Conceitos
1. facilidade de redução de vazios e de adensamento do concreto
2. facilidade de moldagem, relacionada com o preenchimento da fôrma e
dos espaços entre as barras de aço
3. resistência à segregação e manutenção da homogeneidade da mistura,
Dicionário durante manuseio e vibração.
Consistência: medida da
mobilidade da mistura A trabalhabilidade é uma propriedade transitória que depende de diversos fatores,
(plasticidade), ou seja, maior ou dentre os quais se destacam: as características e dosagens dos materiais constituintes
menor facilidade de deformar-se e o modo de produção do concreto.
sob a ação de cargas. É expressa O ensaio de consistência deve iniciar até 5 minutos da coleta da amostra e a
pelo ensaio de abatimento do trabalhabilidade deve ser controlada ao longo do intervalo de tempo entre a
tronco de cone (slump test) produção e a aplicação.
Nenhum ensaio é capaz de fornecer uma avaliação completa da trabalhabilidade do
Coesão: forças que agem de concreto. O ensaio mais conhecido, que mede a consistência do concreto, é o denominado
forma a manter os grãos ligados ensaio de abatimento do tronco de cone, mais conhecido como Slump Test.
entre si. O abatimento do concreto é uma das medidas de referência das características do
concreto, motivo pelo qual seu valor costuma ser especificado no pedido do
Segregação: processo de concreto.
separação dos constituintes do
concreto, em que os materiais Propriedades no estado endurecido
mais densos (brita) ficam no Basicamente, o concreto endurecido deve apresentar resistência mecânica e
fundo e a pasta, na superfície. A durabilidade compatíveis com as condições do projeto e ao ambiente ao qual a
segregação é ocasionada por estrutura fica exposta.
excesso de vibração durante o
adensamento ou lançamento Como obter a resistência desejada?
em alturas elevadas. Para obter a resistência especificada no projeto estrutural, vários fatores devem ser
considerados.
- Para a dosagem do concreto, é importante ter a especificação da relação água/
cimento, as características dos agregados, a especificação do cimento.
- Durante a execução, devem ser tomados cuidados no recebimento, transporte,
Nota lançamento, adensamento e cura.
O conhecimento das características
geométricas da estrutura é Resistência característica do concreto - fck
importante para definir a É o valor da resistência abaixo do qual é esperada a probabilidade de 5% de todas
trabalhabilidade desejada para a as medições possíveis da resistência especificada.
produção da estrutura. Para o concreto, admite-se a distribuição normal de Gauss para as resistências
mecânicas.
O concreto de uma estrutura deve ser especificado através de sua resistência
característica à compressão (fck), estimada pela moldagem e ensaios de corpos de
prova cilíndricos aos 28 dias de idade.

4CON Manual de Estruturas


Resistência à tração simples
Nas obras, geralmente não são realizados ensaios de resistência à tração do concreto.
A sua determinação pode ser útil para procurar prevenir as fissuras no concreto, a
partir do conhecimento das condições de carregamento e movimentações térmicas
e higroscópicas.
No Brasil, sua determinação deve obedecer as prescrições da norma NBR 7222 –
Resistência à tração simples de argamassa e concreto por compressão diametral dos
corpos-de-prova cilíndricos. Conceitos
Uma outra forma de determinar a resistência à tração é através da realização do
ensaio de flexão simples.

Flexão à fadiga.
Avalia a resistência do concreto quando submetido à ação de cargas repetidas. Notas
A capacidade do concreto em resistir aos esforços de tração por flexão se reduz à Definir o abatimento do concreto

medida que aumenta o número de vezes que a carga atua. não significa que a obra terá o

Dessa forma, a consideração dessa característica no projeto é extremamente concreto ideal para a execução

importante, principalmente quando a estrutura receberá ações repetidas de cargas. da estrutura. É necessário um
estudo em laboratório para a

As deformações do concreto definição da dosagem do

As variações de volume do concreto podem ser oriundas de diversos fatores: concreto, antes de chegar a uma

• higrométricas, ocorrem devido à variação do teor de água e independe de causas externas; trabalhabilidade considerada

• químicas, sendo as retrações resultantes das reações químicas provocadas durante satisfatória, podendo haver,

o processo de endurecimento do concreto; ainda assim, ajustes posteriores

• térmicas, sendo as variações volumétricas ocasionadas pelo gradiente de no canteiro.

temperatura;
• mecânicas, ocasionadas pela ação de cargas. O controle da resistência à
compressão do concreto permite
Fluência avaliar se o que está sendo
É a deformação lenta que cresce com o correr do tempo, quando uma carga é mantida. produzido corresponde ao que foi
São diversos os fatores que afetam a fluência, dentre os quais se destacam: especificado no dimensionamento
• as condições ambientais, que com o aumento da temperatura e baixas umidades da estrutura.
relativas, concorrem para seu aumento;
• a resistência da pasta, que, ao aumentar, reduz a fluência; Durante a retirada da
• a relação entre a tensão sobre o corpo-de-prova e a resistência da pasta que, amostragem para o ensaio de
aumentando, concorre para o aumento da fluência; resistência, utilize o concreto
• a quantidade de pasta no concreto que, ao aumentar, concorre para o aumento situado no terço médio do
da fluência. caminhão, ou seja, não permita
Na prática, a deformação instantânea e a retração hidráulica ocorrem que a amostra seja retirada nem
simultaneamente na maioria das vezes, de modo que o tratamento de ambos no princípio nem no final da
conjuntamente é muito mais conveniente. descarga da betoneira.

O ensaio de resistência à tração


por flexão é muito empregado
para o controle de qualidade de
pavimentos de concreto.

Manual de Estruturas 5CON


Sistematização
A execução da concretagem envolve as seguintes atividades:

Sistematização

Notas
Concreto dosado na obra x
dosado em central
Para decidir sobre a viabilidade
ou não de adquirir concreto
dosado em central, analise:
• espaço disponível do canteiro,
devido à área necessária para
estocagem dos materiais Concreto preparado na obra
constituintes – cimento, areia e brita
• aquisição de equipamento Seleção e aquisição dos materiais
para mistura do concreto Atualmente, muitas empresas solicitam concreto dosado em central. Essa é uma
• implantação de método de prática recomendada, pois reduz o estoque dos materiais na obra, agiliza o processo
controle para garantir a de produção e proporciona um maior grau de controle do concreto.
uniformidade na dosagem O preparo do concreto no canteiro somente é recomendável para situações de
• tempo e mão-de-obra extrema urgência ou quando há a necessidade de pequena quantidade de concreto.
demandada para produção do Mesmo que seja pequena a quantidade de concreto a ser produzida na obra, é
concreto. importante conhecer as características dos materiais constituintes, para que a escolha
dos materiais seja realizada tecnicamente. No caso do concreto dosado em central,
Geralmente, os agregados o conhecimento das características dos materiais permite que o pedido do concreto
representam cerca de 60 a 75% seja feito balizando-se em parâmetros técnicos, não considerando somente o preço
do volume total do concreto. do fornecedor.
Concluindo, podemos dizer que, seja produzido na obra, seja dosado em central,
Quando a areia estiver muito o conhecimento dos cuidados necessários para a seleção dos materiais torna-se
úmida, não esqueça que o seu imprescindível, pois a qualidade do concreto está diretamente relacionada às
volume pode chegar a aumentar características dos constituintes.
até 30%, devido ao fenômeno do
inchamento. Cimento Portland
é o material mais importante que constitui o concreto. Basicamente, as principais
características físicas dos cimentos que influenciam no desempenho do concreto
dizem respeito à resistência da argamassa, à finura dos grãos que compõem o
cimento e ao tempo de início de pega.
A resistência e durabilidade da estrutura dependem diretamente da quantidade,
qualidade e tipo de cimento empregado. Atualmente os seguintes tipos de cimento
são fabricados no Brasil:

6CON Manual de Estruturas


Influências Tipo de Cimento

Comum e de Alto-Forno Pozolânico ARI Resistente Branco


Composto aos Sulfatos Estrutural
Resistência Padrão Menor nos Menor nos Muito maior Padrão Padrão
à compressão primeiros dias primeiros dias nos primeiros
e maior no e maior no dias
final da cura final da cura
Sistematização
Calor gerado na Padrão Menor Menor Maior Padrão Maior
reação do cimento
com a água

Impermeabilidade Padrão Maior Maior Padrão Padrão Padrão

Resistência aos Padrão Maior Maior Menor Maior Menor


agentes agressivos
(água do mar e de
esgotos)

Durabilidade Padrão Maior Maior Padrão Menor Padrão

Podemos observar que o tipo de cimento exerce uma grande influência no


comportamento da estrutura, principalmente durante o processo de endurecimento.
É importante, pois, conhecer as características de cada tipo, para especificar o
cimento mais adequado para a finalidade requerida.
A variação do comportamento dos vários tipos de cimento pode ser melhor
visualizada no gráfico a seguir.

Manual de Estruturas 7CON


Agregados
Os agregados possuem as seguintes finalidades no concreto:

1. Transmitir as tensões aplicadas ao concreto através de seus grãos.


Geralmente, a resistência à compressão dos agregados é superior que a
do concreto;
2. Reduzir o efeito das variações volumétricas ocasionadas pela retração.
Sistematização Nessa lógica, quanto maior o teor de agregados em relação à pasta de
cimento, menor será a retração;
3. Reduzir o custo do concreto.

No concreto, utilizamos dois tipos de agregados: o graúdo (brita) e o miúdo (areia),


Nota cada qual com funções e propriedades específicas.
Geralmente, os agregados
representam cerca de 60 a 75% Agregado miúdo (areia) não devem conter grãos de um único
do volume total do concreto. tamanho, ou seja, deve-se procurar
adquirir agregados com boa
distribuição granulométrica.
A quantidade de água no concreto é um
fator importante que condiciona
inclusive a resistência e durabilidade da
estrutura. Dessa forma, é importante
considerar a quantidade de água
presente na areia (umidade) na dosagem
do concreto.

Agregado graúdo (brita) atentar para o diâmetro máximo,


levando-se em consideração as
dimensões da peça estrutural e a
distribuição das armaduras. O teor de
material pulverulento deve ser o menor
possível, pois sua presença aumenta
consideravelmente a superfície
específica, exigindo uma quantidade
maior de água, o que ocasiona correções
no consumo de cimento (para não
mudar a relação água/cimento) e,
conseqüentemente, influenciando no
custo do concreto.
O formato dos grãos também é relevante
sobre a qualidade e o custo do concreto.
Para isso, costuma-se calcular o índice de
forma do agregado, que é a relação entre
a maior e a menor dimensão do grão
(analogamente, podemos dizer que seria
a relação entre o comprimento e a altura).
Quanto menor o índice de forma, menor
será o teor de vazios do agregado, de
modo que a quantidade de argamassa
para preenche-los também será menor,
exigindo uma menor quantidade de água.

8CON Manual de Estruturas


Recebimento e estocagem dos materiais

Cimento Portland
para a estocagem, o cimento deve ser armazenado em pilhas, que não devem conter
mais de 10 sacos. Além disso, deve estar em local coberto e bem protegido e os
sacos não devem estar em contato direto com o piso.

Agregado miúdo Sistematização


a areia deve ser estocada em baias drenadas, para evitar que as parcelas dos grãos
finos sejam carreados.

Agregado graúdo
o cuidado a ser tomado na estocagem é evitar que haja a segregação. Geralmente, Notas
os grãos maiores tendem a ficar na base das pilhas. Dessa forma, no preparo do Esteja atento com o período de

concreto, deve-se pegar o material desde a base até o topo das pilhas. estocagem do cimento. O
período médio de estocagem é

Dosagem do concreto de aproximadamente um mês.

Consiste em determinar a quantidade necessária de material para que o concreto Esse prazo deve ser reduzido em

atinja as características desejadas. locais de climas úmidos e pode

O traço pode ser determinado em massa ou em volume. Dessa forma, é importante ser aumentado para dois meses

que, ao se estabelecer a dosagem, esteja claro o que o traço está representando. em locais de clima seco.

Nos concretos preparados na obra, a dosagem em volume é a mais empregada,


devido à praticidade na execução. Porém, é um processo que oferece uma menor Na estocagem dos agregados,

precisão, em função das variações que podem ocorrer devido às diferenças no deixe previsto um local para a

enchimento, na compactação dos materiais, no rasamento mal feito. descarga de materiais de

A dosagem em massa é realizada com o uso de balanças. É o método mais seguro, qualidade diferente do que está

pois permite determinações precisas das quantidades dos componentes do concreto. sendo utilizado.

Além disso, pode-se realizar eventuais correções necessárias, em virtude da variação


da umidade da areia. O enchimento e rasamento mal

Independente do método de dosagem adotado, o traço do concreto sempre deve feito das caixas utilizadas para

ser calculado para número inteiro de sacos de cimento. Não deve ser permitido o dosagem volumétrica pode gerar

fracionamento de sacos, pois o cimento deve ser sempre medido em massa. uma diferença de 6 a 9% do peso
do material, chegando a

Mistura do concreto representar uma diferença de

Numa mistura, as duas qualidades desejadas para uma boa mistura são: até 6% do volume do concreto.

• a homogeneidade
• a integridade Os materiais cuja alteração de
quantidade exerce maior

A mistura pode ser realizada manual ou mecanicamente. influência nas propriedades do

Na primeira situação, recomenda-se o emprego de caixas ou estrados impermeáveis, para concreto são a água e o cimento.

evitar a perda de água devido a absorção.


A dosagem manual é indicada somente quando será utilizada uma quantidade muito
pequena de concreto, misturando-se em uma amassada no máximo de 100 kg de cimento.
Na dosagem mecânica, o equipamento empregado é a betoneira. Existem diversos
tipos de betoneiras, variando-se o eixo de rotação do tambor, que pode ser Dicionário
horizontal, vertical ou inclinado. Integridade: situação em que
Nas betoneiras de eixo horizontal, a eficiência da mistura é um pouco todas as partículas sólidas estão
comprometida, pois o agregado graúdo tende ir para o fundo, ocorrendo um início em contato com a água.
de segregação dos materiais.

Manual de Estruturas 9CON


Dependendo do equipamento, a seqüência de colocação dos materiais é importante
para a obtenção de uma boa mistura. De um modo geral, recomenda-se a seguinte
seqüência e quantidades:

1. 1/3 da quantidade de água


2. todo agregado graúdo, (proceder a lavagem dos agregados)
3. todo cimento mais 1/3 de água
Sistematização 4. homogeneizar por um minuto
5. todo agregado miúdo mais o restante da água

Concreto dosado em central


Uma das diferenças mais significativas entre o concreto preparado na obra e o
Notas dosado em central está na composição dos materiais.
Sempre que solicitar aditivo,
O concreto dosado em central utiliza aditivos, que são produtos químicos
recomenda-se verificar a
adicionados durante o preparo do concreto, em proporções inferiores a 5% em
compatibilidade do produto no
relação à massa do cimento. Tem a finalidade de modificar algumas propriedades
concreto.
do concreto ou conferir a ele qualidades para melhorar o seu comportamento.
De acordo com sua finalidade, podem ser aplicados no concreto fresco ou
Os aditivos servem para
endurecido.
melhorar ou conferir boas
Existem diversos tipos de aditivos, com funções distintas, entre os quais destacam-se:
características de desempenho
ao concreto. Não resolvem
qualquer problema ligado às
propriedades do concreto e
tampouco tranforma um mau
Tipos Efeitos Vantagens Desvantagens
concreto em um bom concreto.

Plastificante aumenta o índice de maior trabalhabilidade para retarda o início de pega


consistência possibilita a determinada resistência para dosagens elevadas
redução de pelo menos 6% menor consumo de cimento do aditivo
da água de amassamento para determinada resistência risco de segregação
e trabalhabilidade

Retardador de pega aumenta o tempo de mantém a trabalhabilidade pode promover exsudação


início de pega a temperaturas elevadas pode aumentar a retração
retarda a elevação do calor plástica do concreto
de hidratação
amplia os tempos de
aplicação

Acelerador de pega pegamais rápida ganho de resistência possível fissuração devido


resistência inicial em baixas temperaturas ao calor de hidratação
mais elevada redução do tempo de risco de corrosão de
desfôrma armaduras
Plastificante efeito combinado do reduz a perda de aumento da exsudação
e Retardador
plastificante e retardador consistência em climas e retração plástica
de pega quentes e úmidos risco de segregação
Plastificante efeito combinado do reduz a quantidade de risco de corrosão
e Acelerador
plastificante e acelerador água e permite ganho de armadura
de pega mais rápido de resistência

10CON Manual de Estruturas


Incorporador de ar incorpora pequenas aumenta a durabilidade ao necessita controle
bolhas de ar no concreto congelamento do concreto cuidadoso da
sem elevar o consumo de porcentagem de ar
cimento e o conseqüente incorporado e do tempo
aumento do calor de de mistura
hidratação
reduz o teor de água e a
permeabilidade do concreto Sistematização
Superplastificante elevado aumento do eficiente re redutor riscos de segregação
índice de consistência de água da mistura
possibilita a redução proporciona ganhos efeito do fluidificante
de, no mínimo, 12% da de resistência para é num tempo menor
água de amassamento determinada que o plastificante
trabalhabilidade pode elevar a perda de
reduz o consumo consistência
de cimento

Escolha do fornecedor
Atualmente são diversos os fornecedores de concreto dosado em central.
Como escolher aquele que melhor atende às minhas necessidades?
É evidente que não há a necessidade de realizar a escolha pelo método da tentativa
e erro. Para isso, verifique com antecedência à data de concretagem as seguintes
informações das concreteiras:

Informação O que verificar

Dados gerais da empresa se é associada à Associação Brasileira de Empresas de Serviços de


Concretagem (ABESC)
a configuração jurídica da empresa – capital social, contrato de
prestação de serviços, notas fiscais e faturas, recolhimento de tributos;
o tempo de funcionamento e experiência no mercado;
principais clientes e obras

Materiais e Equipamentos a procedência e a qualidade dos materiais componentes do concreto;


a idade média dos caminhões betoneiras
as condições dos equipamentos utilizados para o transporte e
lançamento do concreto – caminhões e bombas;

Controle tecnológico se possui laboratórios de controle e responsável técnico;


a automação, a informatização e o grau de controle dos ensaios;
se possui certificado de aferição de equipamentos de medição
(balanças e equipamentos de laboratório);

Outros a localização da central de dosagem em relação à obra;


se a empresa respeita o meio ambiente, através de controles
ambientais (filtros, reciclagem, disposição de rejeitos, etc.)

Manual de Estruturas 11CON


A avaliação do fornecedor não deve ser efetuada somente para a escolha da central dosadora.Uma forma de avaliar posteriormente
consiste em atribuir pontuação para itens que julgar importante, como por exemplo, prazo, preço e qualidade. Dessa forma, é
possível mensurar aquelas que melhor atendem, além de possibilitar uma melhoria na qualidade do fornecimento,
retroalimentando os pontos positivos e alertando as concreteiras sobre os pontos que devem ser melhorados.

Pedido
Ao realizar o pedido do concreto, informe:
Sistematização • a quantidade requerida, em m3;
• o volume de concreto que deve vir no caminhão betoneira e o intervalo de entrega;
• o horário de início de concretagem, que deve estar atrelado ao plano de concretagem;
• a forma de lançamento – convencional, bomba estacionário, auto-bomba com
lança, grua, entre outros;
Notas • o fck do concreto;
É responsabilidade da obra a • o slump;
perda de consistência (slump) • a dimensão máxima da brita.
devido à espera prolongada para
o recebimento e/ou descarga do Um vez que o fornecedor influencia diretamente no ritmo da concretagem - através
caminhão betoneira. Dessa da entrega dos caminhões no intervalo desejado e também no fornecimento de
forma, programe-se para evitar bomba - é importante que o plano de concretagem já tenha sido definido
problemas posteriores. previamente à realização do pedido.
Para assegurar que o concreto solicitado atenda aos requisitos desejados, pode-se,
O ensaio de abatimento do tronco no momento do pedido, informar, por exemplo, o tipo e a marca do cimento, o
de cone é o único instrumento de tipo e a marca do aditivo, a relação água/cimento, o teor de ar incorporado e a
qualificação do material para o massa específica.
recebimento. Dessa forma, efetue
o ensaio sempre, ainda que o Recebimento
motorista do caminhão betoneira Designe um profissional responsável para o recebimento do concreto, que deverá
ou o próprio responsável pelo conferir:
recebimento tenha uma larga • A nota fiscal, verificando se o volume e a resistência característica conferem com
experiência. o pedido de compra;
• A integridade do lacre do caminhão, que é uma forma de garantir que o concreto
Não adicione água após o início não foi descarregado desde a sua saída da central;
da concretagem, pois isso altera • A consistência do concreto, através do ensaio de abatimento do tronco de cone.
as propriedades do concreto, além
de perder a garantia do produto. No recebimento do concreto, a realização do slump test é importante para verificar
se a quantidade de água existente no produto está compatível com as especificações.
A falta de água dificulta a aplicação do concreto, propiciando a ocorrência de
“bicheiras” na estrutura. Já o excesso de água, apesar de facilitar a aplicação, reduz
a resistência da estrutura.
É comum que, durante o trajeto do caminhão betoneira, ocorra a perda de
consistência do concreto, seja devido à temperatura, seja devido à umidade. Nesse
caso, a quantidade de água a ser reposta deve ser efetuada de modo a corrigir o
abatimento de todo o volume transportado.

12CON Manual de Estruturas


Concretagem: práticas recomendadas
A concretagem é a etapa final de um ciclo de execução da estrutura e, embora seja
a de menor duração, necessita de um planejamento que considere os diversos fatores
que interferem na produção, visando um melhor aproveitamento de recursos.
Basicamente, as etapas da concretagem podem ser resumidas em:

Transporte
O transporte do concreto é um item importante numa concretagem, pois é um Práticas
condicionante que interfere diretamente nas definições das características do
concreto (trabalhabilidade desejada, por exemplo), na produtividade do serviço e,
se houver, na elaboração de um projeto para produção.
O sistema de transporte deve ser tal que permita o lançamento direto nas fôrmas,
evitando-se depósitos intermediários ou transferência de equipamentos. Nota
O tempo de duração do transporte deve ser o menor possível, para minimizar os Para a escolha do tipo de

efeitos relativos à redução da trabalhabilidade com o passar do tempo. transporte do concreto, deve-se

De acordo com o grau de racionalização proporcionado pelo sistema de transporte, optar por aquele que não

podemos classificá-los como: acarrete segregação de seus


constituintes ou perda sensível
de seus componentes, seja por
vazamento, seja por evaporação

Sistema de transporte Capacidade Cacterísticas

Carrinho de mão Menos de 80 litros Concebido para movimentação de terra, seu uso é
improdutivo, pois há a dificuldade de equilíbrio em
apenas uma roda

Jerica 110 a 180 litros Evolução do carrinho de mão, facilita a movimentação


horizontal do concreto

Bombas de concreto 35 a 45 m3/hora Permite a continuidade no fluxo do material. Reduz


a quantidade de mão-de-obra

Grua e caçamba 15 m3/h Realiza a movimentação horizontal e vertical com


único equipamento. Apresenta um abastecimento do
concreto descontinuado. Libera o elevador de cargas.

Para a escolha e o dimensionamento do sistema de transporte


do concreto, considere:
• O volume a ser concretado
• A velocidade de aplicação
• A distância – horizontal e vertical – entre o recebimento e a
utilização
• O arranjo físico do canteiro

Manual de Estruturas 13CON


Tipos de bomba
As bombas de concreto podem ser estacionárias ou acopladas a lanças.
A bomba lança é um equipamento com tubulação acoplada a uma lança móvel,
montados sobre um veículo automotor.
Tem a praticidade de movimentar mecanicamente o mangote, além de não ter a
necessidade de montar e desmontar a tubulação fixa. Tem como desvantagem a
limitação da altura, as dimensões da laje e os espaços no canteiro.
Práticas Já a bomba estacionária é um equipamento rebocável para o lançamento do concreto.
Tem uma pressão maior, alcançando maiores alturas. Tem como desvantagem a
necessidade de ter uma tubulação fixa, bem como a retirada e remontagem dos
tubos no decorrer da concretagem.

Nota Lançamento
Para a opção do tipo de bomba Essa atividade geralmente é realizada pelo próprio equipamento de transporte.
deve-se considerar a altura do local Devido à maior probabilidade de segregação do concreto durante as operações de
onde será concretado, dimensões lançamento, a consistência deve ser escolhida em função do sistema a ser adotado.
e condições do canteiro. Os cuidados necessários durante o lançamento são:
• o concreto preparado na obra deve ser lançado logo após o amassamento, não
O concreto bombeado exerce sendo permitido o intervalo superior a
uma pressão maior sobre o uma hora após o preparo;
escoramento lateral, se • no concreto bombeado, o tamanho
compararmos com o lançamento máximo dos agregados não deve ser superior
convencional. Assim sendo, é a 1/3 do diâmetro do tubo no caso de brita
importante que o travamento ou 2/5 no caso de seixo rolado;
das fôrmas, bem como o • Em nenhuma hipótese o lançamento
escoramento, sejam reforçados. pode ocorrer após o início da pega;
• Nos pilares, a altura de queda livre
Nos pilares, há empresas que do concreto não pode ser superior a
realizam o lançamento só da 2m, pois pode ocorrer a segregação dos
argamassa no fundo da peça componentes.
estrutural, para evitar o • Nas lajes e vigas, o concreto deve ser
aparecimento de bicheiras. Esse lançado encostado à porção colocada
procedimento não é necessário e, anteriormente, não devendo formar
quando utilizado, devem ser montes separados de concreto para
tomados cuidados especiais para distribui-lo posteriormente. Esse
que a argamassa não permaneça procedimento deve ser respeitado, pois
no fundo, sem misturar com o possibilita a separação da argamassa que
restante do concreto. flui à frente do agregado graúdo.
• Nas lajes, se o transporte do concreto
for realizado com jericas, é necessário o
emprego de passarelas ou caminhos
apoiados sobre o assoalho da fôrma, para
Dica proteger a armadura e facilitar o transporte.
Nos pilares, realize o lançamento Quando o lançamento é interrompido,
do concreto em camadas formam-se juntas de concretagem. Essas
inferiores a 50 cm, para que a juntas devem ser tratadas, para garantir a ligação do concreto endurecido com o novo.
vibração seja realizada de forma Para isso, os locais da parada de concretagem devem ser estudados previamente, de
eficiente. modo que estejam localizadas em seções pouco solicitadas, para não influir no
comportamento da estrutura.
Em locais de maior solicitação, pode-se aplicar um adesivo estrutural na junta.

14CON Manual de Estruturas


Adensamento
Atividade que tem como função retirar os vazios do concreto, diminuindo a
porosidade e, consequentemente, aumentando a resistência do elemento estrutural.
Tem também a função de acomodar o concreto na fôrma, para tornar as superfícies
aparentes com textura lisa, plana e estética.
A energia e o tempo de adensamento dependem da trabalhabilidade do concreto, devendo
crescer o sentido do emprego de concretos de consistências pláticas para secas.
O adensamento pode ser realizado de forma manual ou mecânica. Adensamento
No adensamento manual, utilizam-se barras de aço ou de madeira, que atuam como
soquetes estreitos, que expulsam as bolhas de ar do concreto.
É um procedimento que exige experiência e baixa eficiência, de modo que deve
ficar restrito em serviços de pequeno porte, utilizando-se nesse caso concretos com
abatimentos superiores a 8 cm, tendo as camadas de concreto uma espessura máxima Na concretagem das lajes, os

de 20 cm. caminhos de madeira devem ser

Geralmente, o adensamento é realizado mecanicamente e, nesse caso, o equipamento dispostos de modo a otimizar as

mais utilizado é o vibrador de imersão. relocações e remoções dos

Quando utilizar esse equipamento, a espessura das camadas não deve ser superior a mesmos, minimizando as

3/4 do comprimento da agulha e a distância entre os pontos de aplicação do vibrador interferências e proporcionando

deve ser de 6 a 10 vezes o diâmetro da agulha. Nesse caso, para agulhas com diâmetro um fluxo adequado durante o

de 35 a 45 cm, as distâncias variam de 25 a 35 cm. lançamento do concreto.

No caso de lajes, pode-se empregar também a régua vibratória, que tem a vantagem
de nivelar e adensar simultaneamente. Por outro lado, o manuseio desse
equipamento exige uma certa habilidade por parte de quem opera, além de possuir
limitações quanto às dimensões e espessura da laje.
Notas
Durante o adensamento, deve-se
evitar a vibração da armadura, para
que não formem vazios ao seu
redor, prejudicando a aderência da
armadura ao concreto.
Deve-se também manter uma
distância de aproximadamente 10
cm da fôrma, para não forçar
excessivamente as paredes laterais.

O tempo de vibração depende da


freqüência de vibração, abatimento,
forma dos agregados e densidade
da armadura. É melhor vibrar por
períodos curtos em pontos próximos
do que por muito tempo em pontos
mais distantes.
O excesso de vibração produz
segregação, de modo que o
adensamento deve ser cessado
quando a superfície se tornar lisa
e brilhante e quando não aparecer
mais bolhas de ar na superfície.

Manual de Estruturas 15CON


Nivelamento
Também denominada sarrafeamento, é uma atividade realizada nas lajes.e vigas.
A ferramenta empregada é o sarrafo, que pode ficar apoiado em mestras, que definem
a espessura das lajes.
Para essa atividade, é recomendável que a fôrma da laje esteja nivelada, pois isso
facilita o posicionamento correto das mestras.
A fim de obter um maior controle no nivelamento das lajes, pode-se empregar
Nivelamento taliscas ou mestras metálicas.
No caso dos pilares, ao invés do nivelamento, é realizada uma conferência do
prumo, pois durante a concretagem as fôrmas podem sair do ajuste inicial.

Acabamento superficial
Nota Etapa em que procura-se proporcionar à laje a textura desejada. De acordo com o
para a definição da espessura padrão desejado, podemos ter os seguintes tipos de laje:
das lajes, pode-se empregar • convencionais: aquelas em que não são realizados controles do nivelamento e
taliscas, de aço, madeira ou da rugosidade superficial
argamassa. • nivelada: possuem controle do nivelamento, para que o contrapiso seja aplicado
com a espessura definida no projeto
• acabada: também conhecida como laje zero, oferecem um substrato com
rugosidade superficial adequada, bem como controle de planeza e nivelamento, sem
a camada de contrapiso.
Existem diversos equipamentos que proporcionam rugosidade diferente na superfície
do concreto. Dessa forma, é preciso utilizar o equipamento adequado para cada tipo
de acabamento.
Para essa operação, pode-se utilizar desempenadeiras metálica ou de madeira.
As primeiras são empregadas quando se deseja um acabamento liso na superfície
de concreto.
Pelo fato da desempenadeira de madeira
propiciar um acabamento rugoso, são
utilizadas quando a especificação do
projeto indicar o uso de contrapiso.
Dicionário
Ganho na produtividade pode ser
a laje zero é aquela executada
obtido com o uso de desempenadeiras
com controle de nivelamento,
motorizadas, devendo ser aplicada a
planeza e textura superficial
partir do instante em que for possível
coerente com o revestimento que
caminhar sobre o concreto, sem esse
o piso irá receber. Para isso, o
estar completamente endurecido. O
controle dos níveis é mais rígido
momento adequado para essa operação
que o convencional, empregando-
ocorre quando o concreto suporta a
se, muitas vezes, equipamentos
pressão do operário, deixando apenas
acabadores de superfície.
uma pequena marca da bota, com cerca
de 2 mm de produndidade.
Cura: conjunto de medidas que tem
como finalidade evitar a evaporação
prematura da água necessária à
hidratação do cimento, consistindo
em realizar o controle do tempo,
temperatura e condições de
umidade após o lançamento do
concreto nas fôrmas.

16CON Manual de Estruturas


Cura
A realização da cura é fundamental para a garantia da resistência desejada na estrutura,
pois evita a ocorrência de fissuração plástica do concreto, uma vez que impede a
perda precoce da umidade.
Essa proteção precisa ser feita atentando-se para os seguintes fatos:
• a cura deve ser iniciada assim que a superfície tenha resistência à ação da água;
• no caso de lajes, recomenda-se a cura por um período mínimo de 7 dias;
• o concreto deve estar saturado com água até que os espaços ocupados pela água Cura
sejam inteirados por produtos da hidratação do cimento;
• em peças estruturais mais esbeltas ou quando empregado concreto de baixa resistência
à compressão, deve-se realizar a cura com bastante cuidado, pois, nessas situações,
ocorre um decréscimo de resistência à compressão caso a cura não seja realizada.
As temperaturas iniciais são as mais importantes para o concreto, sendo as baixas Dicas
temperaturas mais prejudiciais ao crescimento da resistência, enquanto as altas o Para a garantia contra o

aceleram. Dessa forma, no inverno, deve-se tomar cuidado com resistências menores aparecimento de fissuras na

em idades baixas (7 ou 14 dias), enquanto no verão haverá maior crescimento, estrutura, recomenda-se a

desde que a cura seja realizada adequadamente. realização da cura até os 14 dias
após o lançamento do concreto.

Tipos de cura
A cura da obra pode ser realizada por: Evite que os procedimentos de

• Molhagem das fôrmas, no caso de pilares; cura sejam realizados apenas

• Irrigação periódica das superfícies; nos primeiros dias.

• Recobrimento com material para manter a estrutura sempre úmida, podendo Em dias excessivamente

ser areia, sacos de aniagem, papel impermeável ou mantas; quentes e secos, a cura com

• Películas de cura; água deve ser iniciada antes da

• Submersão; pega, para evitar fissuras

• Cura a vapor. originadas por retração plástica.

O melhor agente de cura é a água potável. Na impossibilidade de utilizá-la, pode-


se empregar as películas.
Essas películas são produtos obtidos por soluções ou emulsões aquosas de resinas
e parafinas, que se depositam durante um certo prazo sobre a superfície do concreto, Nota
impedindo a dessecação prematura. As películas de cura também são
Após esse período são naturalmente destruídas ou carreadas pela ação das denominadas impermeabilização
intempéries, restabelecendo a superfície natural do concreto. superficial.

Manual de Estruturas 17CON


CAD
CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO

Conceitos
Definição
Princípios do CAD
Quando utilizar o CAD

CAD x concreto convencional: como decidir?

Sistematização
Definição do traço do concreto
Aquisição do concreto
Definição dos materiais
Seleção do fornecedor
Pedido do concreto
Recebimento do concreto

Práticas Recomendadas
Transporte
Lançamento
Adensamento
Desfôrma
Cura

Controle Tecnológico

18CON Manual de Estruturas


Conceitos fundamentais

Concreto que, além de alta resistência, é concebido considerando-se a vida útil, a


durabilidade da estrutura. (NOTA 1)
De um maneira bem simples, podemos dizer que a combinação de alta resistência
e durabilidade é obtida através da redução da relação água/cimento.
Num concreto convencional, a relação água/cimento é de aproximadamente 0,60.
No CAD, essa relação fica em torno de 0,25 a 0,30. Conceitos

Nota
Há uma diferença entre concreto
de alta resistência (CAR) e
concreto de alto desempenho
(CAD). O CAR envolve apenas a
resistência do concreto,
enquanto o CAD considera
também a durabilidade.

Com menor quantidade de água, o concreto fica mais compacto, pois possui menos
poros e, consequentemente, adquire uma maior resistência à compressão.
Além do aumento da resistência à compressão, a menor porosidade do concreto
dificulta a entrada de agentes agressivos, melhorando a durabilidade da estrutura.
O CAD possui também as seguintes características:
• Resistência à compressão elevada em baixas idades;
• Retração menor que o concreto convencional;
• Ausência de exsudação;
• Maior coesão, reduzindo o problema de segregação do concreto;
• Menor deformação ao longo do tempo (fluência);
• Baixa permeabilidade.

Manual de Estruturas 19CON


Princípios do CAD
Para que o concreto adquira a resistência desejada, é preciso promover a hidratação
do cimento, o que é feito adicionando-se água na mistura.
Porém, na prática, é preciso adicionar uma quantidade de água além da necessária
para o endurecimento do concreto, para possibilitar o manuseio do material no
estado fresco, ou seja, obter a trabalhabilidade desejada.
Assim sendo, uma parte da água é utilizada para promover o endurecimento do
Conceitos concreto, através de reações químicas dos seus constituintes, e a outra parte é
evaporada, criando-se vazios.
No CAD, é empregada uma menor quantidade de água (ocorre a redução da relação
água/cimento) e, consequentemente, obtém-se um concreto com menor quantidade
de vazios.
Nota Tendo um concreto mais compacto, aumenta-se a resistência à compressão. Ao
No CAD, para obter a mesmo tempo, a menor porosidade dificulta a penetração de agentes agressivos,
trabalhabilidade necessária, utiliza- motivo pelo qual possui uma maior durabilidade.
se aditivos superplastificantes.

Quando utilizar o CAD?


Nos edifícios, o emprego do CAD
pode proporcionar ganho de Um projeto estrutural bem concebido deve explorar o potencial que cada tipo de
área útil, pois há uma redução arranjo e ou tipologia estrutural proporciona.
na seção dos pilares ou até No caso do CAD, podemos obter vantagens no seu emprego sobretudo nas seguintes
mesmo na quantidade dos situações:
mesmos. Consequentemente,
temos um ganho de flexibilidade Pilares de edifícios
no lay out do empreendimento. uma das características do CAD é a alta resistência à compressão. Dessa forma, as
vantagens da utilização do CAD são mais sensíveis nos pilares pois, além da redução
É interessante que o projetista de seção, acabam tendo redução na taxa de armadura, facilitando a concretagem.
realize estudos analisando a
possibilidade de utilização de Regiões marítimas e ambientes agressivos
diferentes resistências para Pelo fato de ser menos poroso, o CAD também é indicado para ser empregado em
pilares e lajes/vigas, pois isso ambientes agressivos, pois os agentes deletérios terão mais dificuldade em penetrar
influi diretamente no custo da no concreto.
estrutura.

Pisos industriais
o aumento da resistência à abrasão, somada à resistência a agentes agressivos são
fatores considerados para o emprego do CAD em pisos industriais.

Obras de arte
o fato de ter um aumento na durabilidade torna vantajoso utilizar também em
obras de arte, pois o intervalo necessário para a manutenção torna-se maior.

CAD x concreto convencional: como decidir?

A decisão do tipo de concreto a ser empregado deve ser feita na etapa de projeto.
Devido às particularidades de cada obra, o projetista precisa analisar cada caso,
para verificar a viabilidade ou não de se empregar o CAD.

20CON Manual de Estruturas


Nessa análise, é importante considerar:
• As características arquitetônicas da obra, como grandes vãos e ou altura,
quantidade de pavimentos;
• A resistência à compressão desejada para a estrutura;
• A vida útil do empreendimento;
• As condições ambientais que a obra será executada, analisando-se a umidade do
ar, a temperatura, a salinidade, presença de agentes químicos.
• A análise de viabilidade dos diferentes modelos estruturais. CAD x Concreto

A escolha pelo emprego do CAD tem como principais objetivos:


• Ganho de área útil, através da concepção de elementos estruturais de menor
dimensão
• Baixo custo de manutenção da estrutura, ou seja, execução de estrutura com maior
durabilidade.

Além desses custos, é importante considerar os gastos com a manutenção da


estrutura e também o ganho de área útil obtido.

Concreto convencional

CAD

Manual de Estruturas 21CON


Sistematização

Uma vez definido no projeto, a execução de uma estrutura com CAD segue as
seguintes etapas:

Sistematização

Nota
O tecnologista é um profissional
conhecedor das características do
concreto e métodos de dosagem.
Geralmente, as centrais
dosadoras de concreto possuem Podemos perceber que as etapas para a execução de uma estrutura com CAD não
esse profissional. difere de uma estrutura convencional.
É preciso, porém, que alguns cuidados sejam tomados em cada etapa, para que a
estrutura tenha o resultado desejado.

Definição do traço do concreto


A definição do traço do concreto implica em definir os materiais a serem
empregados, definir as suas proporções e a seqüência da mistura.
Por isso, é importante que essa atividade seja realizada por um profissional com
conhecimento técnico, denominado tecnologista.
Além de todo o conhecimento necessário para o desenvolvimento das atividades
anteriormente descritas, é interessante que o tecnologista proponha ensaios de
módulos de deformação do concreto.
A relação do tecnologista com a dosadora de concreto deve ser bastante estreita,
sendo importante realizar as seguintes ações:

1. Documentar o resultado das análises dos materiais, das dosagens


experimentais, as correções necessárias e os novos resultados;
2. Realizar ou participar do treinamento das pessoas que serão parceiras
no processo das concretagens, pois a “linguagem” entre os envolvidos
deverá ser a mesma;
3. Confrontar os procedimentos técnicos de fiscalizações na central
dosadora e no local de aplicação do CAD;
4. Documentar e retroalimentar os sucessos e os fracassos durante o
processo, para que as eventuais falhas durante o processo não se repitam
e também para que haja uma evolução na tecnologia de dosagem do CAD.
5. Definir tempos de transporte e aplicação do concreto.

22CON Manual de Estruturas


Aquisição do concreto
O processo de aquisição do concreto consiste em realizar as seguintes atividades:

Sistematização

Definição dos materiais


Na dosagem do CAD, a definição dos materiais a serem empregados deve ser feito
de forma criteriosa, devendo atender SEMPRE as exigências das normas.
Dessa forma, é importante que essa definição seja realizada junto com o tecnologista
e, numa segunda etapa, sejam buscados fornecedores que tenham capacidade de
atender aos critérios estabelecidos.
De um modo geral, esteja atento aos seguintes itens para a escolha dos materiais:

Cimento
Em princípio, qualquer cimento
brasileiro é adequado para a produção Dica
do CAD, sendo desejável priorizar a Cuidado: o excesso de aditivo

maior compatibilidade com os aditivos superplastificante pode

superplastificantes. ocasionar:

Dessa forma, na escolha dos materiais, • Aumento no custo do concreto

é importante otimizar a combinação • Retardamento de pega

cimento/aditivo. A partir disso, escolhe- Aumento do teor de ar incorporado

se os agregados, de acordo com as (aumento da porosidade da

características de desempenho estrutura, prejudicando a

solicitados no projeto da estrutura. resistência do concreto).

Aditivos superplastificantes
Os aditivos superplastificantes tem como
função melhorar a trabalhabilidade do
concreto, sem a necessidade de adicionar
água para tal.
Com isso, pode-se obter um grande
abatimento no concreto com uma baixa
relação água/cimento.

Manual de Estruturas 23CON


Aditivo retardador ou estabilizador de pega
O CAD tem uma perda rápida de trabalhabilidade, sendo necessário, em alguns
casos,utilizar aditivo retardador ou estabilizador de pega, para manter a
trabalhabilidade do concreto por um tempo maior.
O cuidado a ser tomado, nesse caso, é encontrar um equilíbrio entre a dosagem
do superplastificante e do retardador de pega, para evitar a perda de abatimento
durante o lançamento sem atrasar o desenvolvimento da resistência do concreto.
Sistematização
Agregado miúdo (areia)
O agregado deve demandar uma menor quantidade de água e ao mesmo tempo a
máxima plasticidade do concreto fresco.
É preferível que os grãos sejam esféricos, não angulosos.
Dicas
É importante definir: o tipo de Agregado graúdo (brita)
agregado miúdo, sua granulometria Deve possuir as seguintes características:
e o formato dos grãos. • resistência à compressão superior à do concreto
• baixo índice de abrasão
É recomendável que o diâmetro • boa aderência à pasta de cimento
máximo do agregado seja de 19 • formato dos grãos preferencialmente cúbicos
mm (brita 1).

Adições (sílica ativa)


Nos casos em que o concreto possui uma alta resistência à compressão (superior a
50 MPa, aproximadamente), costuma-se utilizar adições.
A adição empregada comumente nesse caso é a sílica ativa. Devido aos tamanhos
Dicionário dos grãos, as partículas de sílica podem preencher os vazios entre as partículas
Adições: produto adicionado ao maiores de cimento.
concreto em quantidade Dessa forma, o concreto resulta numa microestrutura muito densa, motivo pelo
superior a 5% da massa de qual é possível obter o aumento da resistência à compressão do concreto.
cimento. A decisão de utilizar ou não a sílica deve levar em conta razões econômicas e
tecnológicas, como a diminuição do calor de hidratação, por exemplo.
É preciso analisar a vantagem no ganho de resistência x custo do material em
substituição ao cimento.

24CON Manual de Estruturas


Seleção do fornecedor
A escolha do fornecedor de concreto deve ser feita de forma criteriosa, ou seja,
devem ser tomadas precauções na escolha do fornecedor, para que o concreto
adquirido realmente atenda às condições desejadas.
Para isso, entre em contato com os fornecedores locais e verifique se são atendidos
os seguintes itens:

1. A dosadora possui condição para estocagem de mais de um tipo de cimento? Sistematização


2. A dosadora possui condição para estocagem de agregados sem
contaminações, de forma a mantê-los isolados em caso de averiguações técnicas?
3. Possui um estoque regular para 3 dias (em média) de operação, sem
reposição de materiais?
4. O sistema de dosagem é informatizado/automatizado, com registros Dica
de pesagens automáticos? (Sem interferência do “homem”) A disponibilidade de uma

5. Há medidor de umidade do agregado realizado no silo, com correção máquina operatriz é super

automática de água? importante, pois a paralisação

6. Possui medidor de água por vazão? (é preferível em relação ao medidor desse tipo de equipamento

de volume, por oferecer maior precisão). compromete o funcionamento

7. A dosadora segue procedimentos de manutenções regulares regular da central e seu

preventivas, para evitar paralisações que venham a comprometer o fornecimento.

andamento de uma concretagem?


8. Há frota disponível para a sustentação do fluxo a ser determinado para
o ritmo de concretagem?
9. Dispõe de máquina operatriz (pá-carregadeira) reserva?
10. Disponibilidade de equipamentos e equipe de bombeamento em Nota
situações de grandes volumes em curto espaço de tempo para aplicação? É importante a realização de
11. A empresa conta com uma equipe treinada conforme necessidade da obra? uma RIO (Reunião de Início de
Obra) para definir as condições
Pedido do concreto gerais do processo, incluindo
Para realizar o pedido do concreto dosado em central, tenha as seguintes definições: segundo turno de trabalho, se for
• Quantidade desejada em cada caminhão; necessário.
• Intervalo entre os caminhões;
• Trabalhabilidade requerida - abatimento (‘Slump’); Para concretos com slump de
• Resistência característica do concreto (fck); 160 ± 3 mm, limite a quantidade
• Dimensão máxima do agregado; de concreto para cerca de 75%
• Tipo de lançamento – convencional ou bombeado. da capacidade do caminhão,
para não prejudicar a
No caso do CAD, é interessante também que as definições do tecnologista sejam transmitidas: homogeneidade do concreto.
• Relação água/cimento;
• Tipo do cimento; Procure realizar a programação
• Tipo e marca do aditivo e da adição; e o pedido do CAD com
• Tipo de agregado miúdo e graúdo; antecedência, sobretudo se o
• Módulo de deformação; concreto for bombeado.
• Temperatura no estado fresco.

Manual de Estruturas 25CON


Recebimento do concreto
Eleja um responsável pelo recebimento do concreto, o qual deve verificar no
documento da entrega:
• Se o volume indicado na nota fiscal confere com o pedido de compra;
• Se o concreto possui a trabalhabilidade especificada;
• Se o fck indicado na Nota Fiscal está de acordo com o pedido de compra;
• Se há alguma informação sobre os aditivos e se esses conferem com o pedido.
Práticas
O CAD possui uma perda rápida de trabalhabilidade. Dessa forma, fique atento
ao tempo de adição do superplastificante, para não dificultar ou até mesmo
inviabilizar a execução da concretagem.

Práticas recomendadas
A execução de uma estrutura com o emprego do CAD possui o mesmo processo
de uma estrutura em concreto convencional. Atente apenas aos seguintes detalhes:

Transporte
O transporte do CAD pode ser feito do
mesmo modo que o convencional: por
meio de grua, caçamba, jerica ou
bomba.
No caso da utilização do concreto
bombeado, a granulometria do agregado
miúdo é um parâmetro importante,
para se obter a coesão desejada.

Lançamento
No CAD, pelo fato do concreto ter
baixa segregação, é possível o
lançamento do concreto a uma altura
maior que o convencional.
Nos pilares executados com CAD e que
receberão na laje um concreto com
resistência menor, é preciso alargar o
capitel com o CAD, para que não haja
o problema da punção.
Além disso, deve-se tomar cuidado na
sobreposição dos dois concretos, para que
não seja criada uma junta fria. Para evitar
esse problema, recomenda-se o emprego de
um retardador de pega, para que o CAD
esteja plástico o suficiente para ligar com
o concreto convencional da laje.

26CON Manual de Estruturas


Adensamento
O CAD é bastante coeso e possui alta viscosidade. Dessa forma, é preciso atentar
para os seguintes cuidados na vibração:
• No caso de lajes, pode-se utilizar vibradores de imersão (agulhas) ou réguas
vibratórias, devendo-se adensar o concreto por um tempo maior que o utilizado
no concreto convencional.
• Nos pilares e vigas, além dos vibradores por imersão, é recomendável empregar
também vibradores externos, para eliminar as bolhas de ar que ficam aprisionadas Práticas
no concreto.

Manual de Estruturas 27CON


Desfôrma
De um modo geral, numa estrutura executada com CAD, a desfõrma pode ocorrer num
prazo menor que o convencional, pois o concreto atinge uma resistência inicial superior.

Cura
O rigor da cura no CAD é maior do que em relação ao concreto convencional.
No CAD, a cura deve ser realizada tão cedo quando possível, para garantir a
Práticas hidratação do cimento presente na mistura e, também, reduzir a retração da peça
estrutural.
Pode ser realizada com uma membrana de cura, aspersão de água (no caso de lajes)
ou pela utilização de uma película de água.
O período para a realização da cura com água não deve ser inferior a 3 dias, sendo
Notas 7 dias um período adequado, para reduzir o problema da retração do concreto.
Como o CAD possui uma alta
resistência inicial, é difícil
introduzir pregos na estrutura.
Dessa forma, é preciso prever e
emprego de furadeiras eletro-
mecânicas ou pneumáticas,
para a fixação de gastalhos e
escoras, por exemplo.

E se a cura não for realizada?


Se a cura não for realizada,
poderá haver o impedimento de
um desenvolvimento satisfatório
da resistência à compressão.

28CON Manual de Estruturas


Controle tecnológico
O ensaio de resistência à compressão do concreto é realizado com corpos de prova
menores, com dimensões de 100 x 200 mm, devido à capacidade das prensas
utilizadas para realizar a ruptura dos mesmos.

Controle

Notas
Uma outra diferença está no tratamento Dependendo do tipo de cimento
dos topos do corpo de prova. No empregado, pode haver um
concreto convencional, geralmente ganho significativo (até 20%) de
realiza-se o capeamento com enxofre. resistência do concreto após 28
No CAD, a resistência do composto do dias, motivo pelo qual realiza-se,
capeamento pode ser inferior à em algumas situações, ensaios
resistência do concreto. aos 63 e 91 dias.
Dessa forma, recomenda-se realizar a
retífica dos corpos de prova, que As idades mais avançadas para
consiste em regularizar as bases com a ruptura dos corpos de prova
uma máquina politriz. (63 e 91 dias) servem para
Quanto aos números de corpos de eliminar dúvidas a respeito dos
prova de cada betonada, recomenda-se resultados da moldagem aos 28
moldar dois corpos de prova para o dias, evitando-se a extração de
rompimento aos 28 dias, para a corpos de prova na estrutura.
determinação do fck do lote. Além
disso, caso se deseje acompanhar a
evolução da resistência do concreto, ou
decidir pela desfôrma ou reescoramento
da estrutura, pode-se retirar um corpo de
prova para cada idade desejada (3, 7, 63
e ou 91 dias).

Manual de Estruturas 29CON


Conceitos
Protensão
Definição
Tipos de protensão
Protensão leve

Materiais empregados
Ancoragem
Ancoragem ativa
Ancoragem passiva
Cabos de protensão
Cordoalhas engraxadas e plastificadas

Quando utilizar

Projeto

Sistematização
Produção dos cabos
Recebimento dos materiais e equipamentos
Armazenamento e manuseio
Execução
Montagem das fôrmas e cimbramento
Posicionamento das ancoragens e armaduras passivas
Posicionamento dos cabos
Concretagem
Protensão dos cabos Conceitos
Desfôrma
Materiais empregados
Preenchimento dos nichos de protensão

Quando utilizar

Projeto

Sistematização

Manual de Estruturas 1PTN


2PTN Manual de Estruturas
A palavra protensão ou pré-tensão já transmite a idéia de se instalar um estado
prévio de tensão em algo.

Conceitos

Para entendermos melhor esse conceito, Nessa lógica, podemos definir uma
vejamos o que ocorre, por exemplo, estrutura de concreto protendida como
quando resolvemos carregar um sendo aquela que recebe um conjunto
conjunto de livros enfileirados na de esforços permanentemente aplicados,
horizontal. cuja ação neutraliza - parcial ou
Como os livros são peças soltas, para totalmente - os efeitos das cargas
que se mantenham em equilíbrio, é externas que incidem sobre a estrutura.
Notas
necessário que se aplique uma força O concreto protendido surgiu da
O dimensionamento do concreto
horizontal comprimindo os livros uns necessidade de suplantar algumas
armado conduz a elevadas
contra os outros. limitações do concreto armado, aos
tensões de cisalhamento. Como
Veja que, para que seja possível levantar quais se destacam:
a capacidade do concreto resistir
a pilha de livros, a força horizontal deve • Aumentar as resistências à tração
à compressão é maior do que à
ser aplicada antes da força vertical. Essa e ao cisalhamento do concreto;
tração, as seções da estrutura
força horizontal cria tensões prévias
tornam-se espessas. O concreto
(protendidas) e contrárias àquelas que
protendido visa suplantar essas
possam vir a prejudicar o uso ou a
limitações.
operação desejada.
A resistência à tração do concreto
Ao aplicarmos a força de protensão na estrutura, temos as seguintes características melhoradas: e a aderência açoxconcreto
influenciam diretamente na
Concreto armado Concreto protendido
ocorrência de fissuras do
concreto, na zona tracionada.

Armadura Utiliza armadura passiva Utiliza armadura ativa,


melhorando a resistência
à fissuração.

Tensão de tração Considerável tensão de tração Redução ou eliminação Glossário


das tensões de tração, Armadura passiva:
eliminando o potencial de armadura que recebe a
aparecimento de fissuras solicitação da estrutura através
do concreto. Nesse caso, quanto
Tensão de cisalhamento Considerável tensão Redução da tensão de maior a aderência entre
de cisalhamento cisalhamento, reduzindo as o aço e o concreto, melhor será a
seções das peças estruturais. absorção dos esforços pela
armadura e, consequentemente,
a estrutura suportará um maior
esforço.

Manual de Estruturas 3PTN


Tipos de protensão

A aplicação da força de protensão numa estrutura pode ocorrer em momentos


distintos, denominando-se:
Concreto protendido com pré- Concreto protendido com pós-
tração da armadura tração da armadura
quando a força de protensão é aplicada quando a força de protensão é aplicada
Tipos de Protensão antes da concretagem. após a concretagem.

Ao utilizarmos a pós-tensão, podemos empregar os sistemas aderentes e os não aderentes.


No sistema aderente, procura-se impedir a movimentação relativa entre a cordoalha
e a estrutura de concreto. Para isso, injeta-se a nata de cimento dentro da bainha
Glossário após a protensão da estrutura, garantindo a aderência da cordoalha à pasta. As
Armadura ativa: aço que introduz bainhas, por sua vez, são corrugadas, ficando aderidas à estrutura de concreto e
uma tensão na estrutura, pois é impedindo o movimento entre as cordoalhas e o concreto.
submetida à força de protensão. Com esse processo, a estrutura responde por uma melhor distribuição das fissuras,
Dessa forma, o aço não tem mais maior segurança à ruína e por uma maior segurança diante de situações como
a tensão limitada pela aderência incêndios e explosões.
com o concreto. No sistema não aderente, possibilita-se a movimentação entre a cordoalha e a
estrutura de concreto, sendo dispensada a utilização de bainhas metálicas e a injeção
de pasta de cimento. Com essa solução, obtemos maior rapidez na colocação das
cordoalhas, ausência da operação da injeção e um menor custo.

Características dos tipos de sistemas de pós-tensão em estruturas de concreto

Sistema aderente Sistema não aderente

Colocação das
Complexo Fácil
cordoalhas nas fôrmas

Excentricidade Menor Maior

Perda por atrito Maior Menor

Segurança à ruína Maior Menor

Protensão Leve
Denomina-se protensão leve o sistema não aderente com o emprego de cordoalhas
engraxadas e plastificadas.
Inicialmente, esse sistema tinha seu emprego restrito às indústrias de pré-fabricados.
Devido à praticidade na execução e a possibilidade de aumento dos vãos, atualmente
a protensão leve é difundida também na construção de edificações, sobretudo no
emprego em lajes.
Neste capítulo, o foco será dado para a estrutura de concreto protendido com o
sistema de protensão leve, por ser um sistema recente cujo emprego nos edifícios
vem se tornando crescente no Brasil.

4PTN Manual de Estruturas


Materiais empregados

Ancoragem no sistema de protensão leve, a


ancoragem é o elemento que realiza o
travamento da cordoalha e distribui as
tensões geradas pela peça estrutural.

Ancoragem ativa a protensão ocorre pelas extremidades Materiais


ativas, sendo a ancoragem ativa aquela em
que se acoplam os macacos de protensão.

Ancoragem passiva possuem cunhas pré-cravadas durante a


Nota
fabricação dos cabos, sendo essa a
No caso do sistema de cordoalha
extremidade a qual não se acopla o macaco.
engraxada, a ancoragem é
composta por uma fôrma plástica
Cabos de protensão conjunto formado por ancoragens,
que protege o furo tronco-cônico
composto por cunha e cordoalha de
contra a entrada de nata de
protensão.
cimento, proporcionando ainda o
correto afastamento da
Cordoalhas engraxadas cordoalhas envolvidas por uma graxa
ancoragem em relação à fôrma.
e plastificadas especial, que permite deslizar livremente no
interior de uma bainha extrudada de
polietileno reticulado de alta densidade.
A graxa age como um elemento protetor e
inibidor da corrosão, além de servir como
lubrificante entre a cordoalha e a capa. Dicionário
Cordoalhas:
conjunto de fios de pequeno
diâmetro (aproximadamente

Quando utilizar? O projeto 5 mm), dispostos em hélice ao


redor de um fio central

De um modo geral, a estrutura protendida é empregada quando existem: ligeiramente mais grosso.
Para que a execução do concreto protendido
• Viabilidade técnica tenha o resultado esperado, é preciso alguns
• Viabilidade econômica cuidados na etapa do projeto.
• Conveniências arquitetônicas É fundamental que haja um
entrosamento entre os diversos projetos do
Técnica ou economicamente, a utilização da protensão leve torna-se vantajosa nas empreendimento: Dica
seguintes situações: Analise a viabilidade de empregar a
• Quando o projeto da estrutura de concreto armado for concebido Arquitetura laje protendida nos edifícios cuja laje
com espaçamento de 3 a 6 metros entre pilares, ou quando houver uma grande é preciso pensar numa disposição de seja repetida mais que três vezes,
quantidade de vigas; modo a facilitar a disposição das nos edifícios residenciais com vãos
• Para otimizar as vagas das garagens, através de um maior espaçamento ancoragens. superiores a 4 metros, nos edifícios
entre os pilares; comerciais e em hotéis.
• Para facilitar a passagens das instalações prediais no forro. Estrutura
o projeto de arquitetura deve ser
compatibilizado com o de estrutura, o
qual deve dimensionar os pilares
considerando-se a localização e as
características geométricas, para não
interferir no projeto arquitetônico e, ao
mesmo tempo, garantir a estabilidade
global da estrutura.

Manual de Estruturas 5PTN


Instalações
em princípio, não há interferências para
o encaminhamento horizontal das
instalações. Mas é possível otimizar a
disposição das passagens verticais das
instalações que correm sobre a laje, para
que a passagens de shafts não venha a
Sistematização provocar regiões de grandes
concentrações de esforços.

Sistematização
Dicas
Produção dos cabos
No projeto arquitetônico, pode-
Essa atividade pode ser realizada fora do canteiro de obras (terceirizada)
se, por exemplo, utilizar os
e compreende:
pontos de ancoragens como
• cortar as cordoalhas nos comprimentos especificados no projeto;
elemento de acabamento.
• cravar as ancoragens passivas, caso seja previsto; e
• identificar os cabos.
Na etapa de produção dos cabos
Para facilitar a identificação dos cabos, além da etiqueta identificando o edifício,
é importante realizar o pedido
a peça ou o setor a ser concretado, utiliza-se também cores diferentes nos cabos,
com pelo menos 14 dias de
de acordo com o comprimento.
antecedência ao fornecedor de
cabos cortados, para não
Recebimento dos materiais e equipamentos
comprometer o cronograma da
No recebimento dos materiais, verifique inicialmente se as informações que constam
obra.
no romaneio conferem com o pedido de compra.
Num segundo momento, veja se as informações contidas no romaneio conferem
O romaneio indica:
com o material entregue.
• a quantidade de cabos com os
É preciso conferir também se as bainhas plásticas apresentam algum dano, como
seus respectivos comprimentos;
rasgos ou falhas.
• número total de ancoragens
No caso dos equipamentos de protensão – macacos hidráulicos e manômetro – confira
ativas, passivas e intermediáriais;
os registros de calibração. Se a data de validade da calibração estiver vencida, entre em
• quantidade de cunhas, luvas
contato com a empresa de protensão, para que sejam tomadas as devidas providências.
plásticas, tubos e fôrmas para nicho.
A correta calibração do macaco e do manômetro garantem que a força de protensão
especificada no projeto seja efetivamente aplicada na estrutura.
Em hipótese alguma, nas cargas
e descargas, utilize cabos de aço
Armazenamento e manuseio
ou correntes, pois esses podem
Os cabos são entregues em rolos. Para a sua descarga, utilize correias de nylon, a No caso da armazenagem dos
provocar danos na capa plástica.
qual deve passar no centro dos rolos. equipamentos de protensão, assegure
Enganche a alça da correia no equipamento de içamento, tomando o cuidado para que o macaco e o manômetro da
Nesse caso, pode-se utilizar
não estrangular a correia nem os cabos de aço durante o manuseio. bomba estejam sempre juntos, pois
peças de outras concretagens,
O armazenamento deve ser realizado em um ambiente seco, coberto e protegido ambos são calibrados conjuntamente.
desde que atendam às mesmas
das intempéries. Esses equipamentos devem estar num
características. Porém, deve-se
No caso dos cabos, espaçadores e demais acessórios, a estocagem deve ser realizada de modo local com acesso controlado, sendo
comunicar essa alteração à
que as peças sejam identificadas individualmente por seqüência de concretagem ou pavimentação. permitido somente a entrada de pessoas
empresa de protensão, pois
A peça programada para a concretagem não está disponível na obra. treinadas e qualificadas.
todas as peças são rastreadas e
Posso utilizar outra peça?
as informações precisam ser
atualizadas.

6PTN Manual de Estruturas


Execução da estrutura
A execução da estrutura envolve as seguintes atividades:
1. montagem das fôrmas e cimbramento
2. posicionamento das ancoragens e armaduras passivas
3. posicionamento dos cabos
4. concretagem
5. protensão dos cabos
6. desfôrma Sistematização
7. preenchimento dos nichos de protensão

Montagem das fôrmas e cimbramento


Na montagem das fôrmas, se possível, monte o assoalho numa dimensão maior
que o pano da laje, para facilitar o acesso à borda externa no momento da protensão. Dica
No caso do cimbramento, a preferência é pelo emprego da escoras do tipo “drop É importante que a obra tenha

head”, para facilitar o reescoramento. um plano de reescoramento

Posicionamento das ancoragens e devidamente projetado.

armaduras passivas
As ancoragens são marcadas na tabeira
(fôrma de borda). Durante a montagem
dos cabos e das ancoragens, deve-se atentar
para que fiquem perpendiculares à tabeira
(fôrma de borda).
As ancoragens e os cabos não devem conter
nenhuma curva ou desvio numa distância
mínima de 50 cm, a partir da tabeira (fôrma
de borda).
As ancoragens devem ser organizadas
juntamente com as armaduras passivas,
para facilitar a aplicação do concreto.
Além disso, os vazios entre o aço e o
concreto podem ser eliminados durante
o processo de adensamento.

Posicionamento dos cabos na estrutura


Durante a colocação dos cabos, deve-se
tomar o cuidado para que esses mantenham
a posição definida nos projetos.
No plano vertical, recomenda-se o
emprego do espaçador, que deve ser
colocado, no máximo, a cada um metro.
No cruzamento entre os cabos e a
armadura passiva, deve-se amarrá-los
para evitar que ocorra a movimentação
dos mesmos durante a concretagem.
No encontro entre a bainha plástica e
a ancoragem, deve ser realizada uma
vedação com fita adesiva à prova de
umidade, para impedir a penetração da
nata de concreto nessa região.

Manual de Estruturas 7PTN


Concretagem
A concretagem é realizada do mesmo modo que a estrutura de concreto tradicional.
Atenção especial deve ser dada na vibração em algumas regiões suscetívies às falhas
na concretagem, como a região da ancoragem, nos pontos de congestionamento
dos cabos e mudança na direção dos cabos.

Sistematização Protensão dos cabos


Geralmente quatro dias após a concretagem, realiza-se o ensaio de resistência à
compresão do concreto. Estando os resultados de acordo com o esperado em projeto,
pode-se realizar a protensão da estrutura.
Para a protensão dos cabos, utiliza-se macacos hidráulicos com pistões paralelos,
os quais seguram a cordoalha no centro dos dois pistões.
No sistema aderente, utiliza-se um macaco com furo central, que precisa ser enfiado
pela ponta da cordoalha, que é de aproximadamente 50 cm da face do concreto.
No sistema não aderente, o macaco de dois cilindros se apoia na cordoalha junto
à face do concreto, facilitando a execução.
A leitura do alongamento pode ser realizada somente ao final da protensão, pois no sistema
de cordoalhas engraxadas não há o risco da
entrada de nata de cimento que possa
prender a cordoalha e também não há a
Dica preocupação de eventuais amassamentos nas
Caso não seja aprovado, o bainhas.
projetista determinará uma nova Uma planilha contendo a identificação de
data para a protensão ou, na sua cada cabo, seu comprimento inicial e final,
impossibilidade, a verificação da além de seu alongamento calculado pela
capacidade resistente da laje, a empresa que executou a protensão. Essas
necessidade da realização de informações devem ser enviadas ao projetista
algum reforço ou até mesmo a da estrutura para que sejam conferidos e
redução da carga de utilização.

aprovados. Uma vez aprovado, poderá ser realizado o corte e o preenchimento dos nichos
de ancoragem.
Desfôrma
A desfôrma de uma laje pode ser feita logo após a sua protensão, geralmente após
o quarto dia da concretagem.
O escoramento também pode ser removido, devendo-se permanecer o reescoramento,
na localização e nos prazos determinados pelo projetista estrutural.

Preenchimento dos nichos de protensão


Os nichos de protensão devem ficar bem vedados, para que fiquem devidamente
protegidos das agressões do meio ambiente. Dessa forma, o preenchimento desses
nichos deve ser realizado com material cimentício compacto e de baixa retração.

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