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Universidade Politécnica

A politécnica

Instituto Superior Universitário de Tete

Disciplina: Electrónica de Potencia

Docente: Lévio da Silva

1.CHAVES SEMICONDUTORAS DE POTÊNCIA

1.1.Introdução

As aplicações da electrónica de estado sólido no campo de potencia eléctrica crescem


continuamente. Assim, cursos sobre electrónica de potencia tornaram – se comuns nos
currículos relativos a tecnologia de engenharia eléctrica. O termo eletrónica vem sendo
usado desde a década 60, após a criação de SCR (silicon controlled rectifier –
Rectificador controlado de silício) pela General Electric.

A Electrónica de potencia progrediu com rigidez nos últimos anos, com


desenvolvimento dos dispositivos semicondutores de potencia que podem chaver altas
correntes eficientemente em altas tensões.

Uma vez que os dispositivos oferecem alta confiabilidade e são de pequeno porte, a
electronic de potencia expandiu sua abrangência para diversas aplicações, como
controle de iluminação e de aquecimento, fontes reguladas de energia, motores
acionadores DC (direct current ou corrente continua) ou AC (alternating current ou
corrent alternada) de velocidade variável, compensador estático VAR (vol-ampere
reactive- reativo volt-ampere) e sistemas de transmissão DC em alta tensão.

1.2.O que é Electrónica de potencia?

O extenso campo da engenharia eléctrica pode ser dividido em três ramos principais:
Potência eletrônica e controle. A eletrônica de potencia trará da aplicação de
dispositivos semicondutores de potencia, como tirístores e transistores na conversão e
no controle de energia elétrica em níveis altos de potencia.

Essa conversão normalmente é de AC para DC ou vice-versa, enquanto os parâmetros


controlados são tensão, corrente e freqüência. A simples retificação de AC para DC, por
exemplo é uma conversão de Potencia. Mas, caso se aplique ajuste de nível de tensão na
retificação, tanto a converso como o controle de energia elétrica passam a estar
envolvidos no processo. Portanto, a eletrônica de potencia pode ser considerada uma
tecnologia interdisciplinar que envolve três campos básicos: a potência, a eletrônica e o
controle.

1.3 Porque a Electrónica de potência?

A transferência de potencia eléctrica de uma fonte para uma carga pode ser controlada
pela variação de tensão de alimentação (com o uso de transformador variável) ou pela
inserção de um regulador (como um reostato, um reator variável ou uma chave).

Os dispositivos semicondutores utilizados como chave têm a vantagem do porte


pequeno, do custo baixo, da eficiência e da utilização para o controle automático da
potencia.

Fig 1.1. Eletrônica de potencia: uma combinação entre potencia, eletrônica e controle

1.3.1. Um reostato como dispositivo de controle

A figura 1.2. Mostra um reostato controlando uma carga. Quando R1 tem zero de
resistência, a carga recebe toda a potência. Quando R1 é máxima, a potência entregue a
carga é praticamente igual a zero.

Nas aplicações em que a potencia a ser controlada é grande, a eficiência de conversão


passa a ser importante. Uma eficiência baixa significa grandes perdas, uma preocupação
de caráter econômico, alem de gerar calor, que terá de ser removido do sistema para
evitar superaquecimento.
Fig 1.2. Um reostato controlando uma carga

1.3.2. Uma chave como dispositivo de controle

Na figura 1.3, uma chave é usada para o controle da carga. Quando a chave esta ligada,
um Maximo de potencia é transferido para a carga. A perda de potencia na chave é nula,
uma vez que não há tensão sobre ela. Quando a chave esta desligada, não existe
potencia entre a carga. Da mesma maneira, nesse caso não há perda de potencia na
chave, uma vez que não passa nenhuma carga por ela. A eficiência é 100%, porque a
chave não consome energia em qualquer um dos dois casos.

Fig 1.3. Uma chave controlando uma carga

O problema existente nesse modelo é que, ao contrario do reostato, a chave não pode ser
colocada em posições intermediarias, de modo que proporcione variação de potencia.
No entanto, podemos criar o efeito abrindo e fechando a chave periodicamente.

Os tirístores e os SCRs usados como chaves podem abrir e fechar de maneira


automática centenas de vezes por segundo. Se precisarmos de potencia, a chave
electrónica deve ficar ligar ligada por períodos maiores e desligada durante a menor
parte do tempo. Do contrario, basta deixar a chave desligada por mais tempo.

1.4.Chaves semicondutoras de potência

As chaves semicondutoras de potencia são os elementos mais importantes em circuitos


de Electrónica de potencia. Os principais tipos de dispositivos semicondutores usados
como chaves em circuitos de Electrónica de potencia são:

I. Diodos;
II. Transistores bipolares de junção (BJTs);
III. Transistores de efeito de campo metal-óxido-semicondutor (MOSFETs);
IV. Transistores bipolares de porta isolada (IGBTs);
V. Triacs
VI. Tirístores de desligamento por porta(GTO);
VII. Tirístores controlados MOS (MCT)
Em Electrónica de potência, esses dispositivos são operados no modo de chaveamento.
As chaves podem ser operadas em alta frequência, a fim de converter e controlar a
energia eléctrica com alta eficiência e alta resolução. A perda de potencia na chave, em
si, é muito pequena, uma vez que ou a tensão é quase igual a zero quando a chave está
ligada ou a corrente é quase nula quando a chave está desligada.

Uma chave ideal satisfaz as seguintes condições:

i. Liga e desliga instantaneamente;


ii. Quando está ligada, a queda de tensão nela é zero;
iii. Quando está desligada, a corrente que passa por ela é zero;
iv. Não dissipa a potência.

Alem disso, as seguintes condições são desejáveis:

v. Quando ligada, que possa suportar correntes altas;


vi. Quando desligada, que possa suportar tensões altas;
vii. Que utilize pouca potencia para o controle da operação;
viii. Que seja altamente confiável;
ix. Que seja pequena e leve;
x. Que não requeira manutenção.

1.5.perdas de potencia em chaves não ideais.

A figura 1.5. Mostra uma chave ideal. A perda de potencia atribuída a chave é o produto
da corrente através da chave pela tensão sobre ela. Quando a chave estiver aberta, nela
não passará corrente (embora sobre ela exista uma tensão Vs) e portanto não haverá
dissipação de potencia. Quando a chave estiver ligada, passará por ela uma corrente
(Vs/RL), mas não haverá queda de tensão; portanto também nesse caso, não haverá
dissipação de potencia. Suponhamos também que, para uma chave ideal, o tempo de
subida e de descida seja zero. Isto é, a chave passaria instantaneamente do estado
desligado para o ligado (e vice-versa).

A perda da potencia durante o chaveamento seria, igual a zero.

Ao contrario do que ocorre em uma chave ideal, uma chave real, assim como um
transistor bipolar de junção, tem duas grandes fontes de perda de potência: perda na
condução e perda no chaveamento.
Figura 1.5. Perdas de potência em chaves não ideais

1.5.1. Perda na condução

Figura 1.6 perda de Potencia em uma chave transistorizada

Quando o transistor de potencia da figura 1.6ª estiver desligado, por ele passara uma
corrente de fuga (𝐼𝐿𝐸𝐴𝐾 ). a perda de potencia associada a essa corrente de fuga é
𝑃𝑂𝐹𝐹 = 𝑉𝑠 ∗ 𝐼𝐿𝐸𝐴𝐾 . Entretanto, uma vez que a corrente de fuga é muito pequena e não
varia de maneira significativa com a tensão, costuma ser desprezada. Assim, a perda de
potencia no transmissor é essencialmente igual a zero. Quando o transmissor estiver
ligado, como na figura 16.b, ocorre uma pequena queda de tensão sobre ele.

Essa tensão é chamada de tensão saturada (𝑉𝐶𝐸(𝑆𝑎𝑡 ) ). A dissipação de potencia no


transmissor ou perda na condução devida a tensão de saturação é:

A equação 1.1 fornece o valor da perda de potencia devida a condução se a chave


permanecer ligada (fechada) indefinidamente. Entretanto, para haver controle da
potencia para certa aplicação, a chave deve ser ligada e desligada de maneira periódica.
Portanto, para determinar a potencia media devemos considerar o ciclo de trabalho:
1.5.2. Perda por chaveamento

Alem da condução, uma chave não ideal também tem perdas em virtude do
chaveamento porque não pode passar de um estado para o outro, de ligado para
desligado e (vice-versa), de modo instantâneo. Uma chave não ideal leva certo tempo
finito 𝑡𝑆𝑊(𝑂𝑁) para ligar e certo tempo finito 𝑡𝑆𝑊(𝑂𝐹𝐹) para desligar. Esses períodos não
apenas introduzem dissipação de potencia, como também limitam a máxima freqüência
de chaveamento possível. Os tempos de transição 𝑡𝑆𝑊(𝑂𝑁) e 𝑡𝑆𝑊(𝑂𝐹𝐹) para chaves não
ideais não são, normalmente iguais; 𝑡𝑆𝑊(𝑂𝑁) é em gral maior. Entretanto, vamos supor
que 𝑡𝑆𝑊(𝑂𝑁) seja igual a 𝑡𝑆𝑊(𝑂𝐹𝐹) . A figura 1.7 mostra as formas de onda de
chaveamento para a) a tensão na chave e b) a corrente que passa por ela. Quando a
chave estiver desligada, a tensão nela será igual à fonte de tensão. Durante o
fechamento, que leva um tempo finito, a tensão na chave cai a zero. Durante o mesmo
período, a corrente através da chave aumenta de zero a 𝐼𝐶 . Durante o chaveamento, uma
corrente passa pelo transmissor e há tensão em seus terminais; portanto, existe perda de
potencia.

Para encontrar a potencia dissipada em um transistor durante o intervalo de


chaveamento, multiplicamos o valor instantâneo de 𝐼𝐶 pelo valor correspondente de 𝑉𝐶𝐸 .
A curva de potencia instantânea é mostrada na figura 1.7c. a energia dissipada na chave
é igual a área sob a curva de forma de onda de potencia. Observe que a potencia
máxima é dissipada quando tanto a tensão como a corrente estão passando por seus
pontos médios na curva. Portanto, a perda máxima de potencia, na passagem do estado
desligado para o ligado, é:
1.6. Tipos de circuitos de electrónica de potência

Os circuitos de Electrónica de potencia (ou conversores, como são usualmente


chamados) podem ser divididos nas seguintes categorias:

1. Rectificadores não-controlados (AC para DC)- o Rectificador não- controlado


converte uma tensão monofásica ou trifásica em uma tensão DC. Para essa
conversão de potencia são usados diodos como elementos de retificação.
2. Rectificadores controlados (AC para DC) – o Rectificador controlado converte
uma tensão monofásica ou trifásica em uma tensão DC variável. Para essa
conversão de potencia e controle são usados SCRs como elementos de
rectificação.
3. Choppers DC (DC para DC)- o chopper DC converte uma tensão DC fixa em
tensões DC variaveis.
4. Controladores de tensão AC (AC para AC) – o controlador de tensão de tensão
AC converte uma tensão AC fixa em uma tensão AC variável na mesma
freqüência. Há dois métodos básicos utilizados em controladores de tensão AC:
controle liga- desliga e controle de fase.
5. Inversores (DC para AC) – o inversor converte uma tensão DC fixa em uma
tensão monofásica ou trifasica AC, fixa ou variável, e com freqüências também
fixas ou variaveis.
6. Conversores cíclicos (AC para AC) – O conversor cíclico converte uma tensao e
freqüência AC fixa em uma tensao e freqüência AC variável. Essa conversão
pode ser obtida de forma indirecta, primeiramente por meio de uma rectificacao
AC para DC e depois retornando para AC na freqüência desejada.
7. Chaves estáticas (AC ou DC)- O dispositivo de potencia (SCR e Triac) pode ser
operado como uma chave AC ou DC, substituindo, dessa maneira, as chaves
mecânicas e electromagneticas tradicionais.

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