Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
em face de UNIMED ARARUAMA, pessoa jurídica de direito privado, com sede à Rua Major Féliz Moreira, nº 39,
centro, Araruama - RJ, CEP: 28.970, inscrita no CNPJ 00.111.826/0001-28, endereço eletrônico não conhecido, pelos
seguintes fatos e fundamentos a seguir expostos:
PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES
Para fins de intimações e publicações, a patrona da autora, Dr. Túlio Trotta Teixeira – OAB/RJ 174.591
e Dra. Thaisa Miranda Beiriz – OAB/RJ 203.732, informam seu endereço profissional à Rua Volta Grande, 7, 101,
Del Castilho, CEP 21051-230 e endereço eletrônico thaisabeiriz@gmail.com, para recebimento de todas as intimações
e publicações, sob pena de total nulidade.
PRELIMINARMENTE
Como será exposto no mérito da petição, diversas foram as tentativas para resolução administrativa do
problema, todas sem sucesso por total desinteresse da empresa ré.
Com vistas a conferir maior celeridade e efetividade à tutela de direito, atento aos princípios da
autonomia e da duração razoável do processo (art. 4º, CPC/2015 e art. 5º, LXXVIII, da CRF/88), corroborando pela
regra do art. 3º, §2º, CPC/2015, no sentido de que a composição poderá ser efetivada a qualquer tempo, requer a
V.Exa., a dispensa da audiência de conciliação/mediação inaugural devendo a ré ser intimada para apresentar
contestação.
Se for interesse da parte ré ofertar qualquer proposta de acordo pode entrar em contato com os patronos
da parte autora.
MÉRITO
A autora que se encontra grávida de 39 semanas podendo ter o seu bebê a qualquer momento, fazia o
seu pré-natal com uma médica credenciada do plano de saúde da operadora ré.
Ocorre que quando a autora encontrava-se com 36 semanas de gestação sua médica lhe comunicou em
consulta que por motivos pessoais não poderia mais continuar acompanhando seu pré-natal e tão pouco realizar o
parto.
Além do fato de já estar na eminência de ter o bebê o que causa uma ansiedade natural para qualquer
mulher, a gestação da autora é de alto risco, haja vista possuir um quadro de anemia gravíssimo, cuja
recomendação é o parto normal (via vaginal), em unidade hospitalar com instalações de UTI e UTI neonatal,
tendo em vista haver a possibilidade de hemorragia e transfusão de sangue. (Doc. anexo – Declarações médicas
Dra. Cassia e Dra. Beatriz).
Houve contato com todos os médicos obstetras credenciados do município de Araruama, sendo o
resultado dos contatos os seguintes. (Doc. anexo – relação de médicos obstetras de Araruama).
Eulenir Maria
Google drive: https://drive.google.com/file/d/1JYqnZ078uz0Yt9-IFXlM6EbhDf1ji9E6/view?usp=sharing
You Tube: https://youtu.be/w0R4fpTF0vw
Só trabalha como ginecologista há 10 anos e o seu nome ainda consta como obstetra. A Dra.
Ana Claudia Barros citada pela secretária não é credenciada para o plano da Autora.
Nilo de Siqueira
Google Drive: https://drive.google.com/open?id=1-lTeVHEQszUTntNFEJncLcu0UrFC23a2
You Tube: https://youtu.be/UFuYvLwhNE0
Após todas as consultas acima, a autora solicitou a ré um médico que realizasse parto normal diante de
sua dificuldade, a empresa ré sem a permissão da autora marcou uma consulta com o Dr. Benito Petraglia para o
dia 05/05/2020 às 17h em Niterói, sendo que só avisaram no mesmo dia às 12:07h. (Doc. anexo – email informando
taxa de parto e marcando consulta).
A autora questionou qual eram as taxas de parto (normal e cesárea) do Dr. Benito Petraglia, haja vista
que a autora precisa de um parto normal (vaginal) e pasme Exa., a empresa ré marcou uma consulta com um
Essa foi a imagem enviada no corpo do e-mail respondendo a autora, quanto as taxas do referido
médico Dr. Benito (Doc anexo - E-mail da Unimed com percentual Dr. Benito).
Cesariana: 49
Via vaginal: 2
Um absurdo como esta empresa trata o caso de uma gestante de alto risco.
A autora desde o dia 06/03/2020 solicita junto a empresa ré o percentual de partos (normal e cesárea)
dos médicos, de acordo com a resolução 368 da ANS. (Doc. anexo – E-mail - primeira solicitação percentual
parto)
Art. 1º Esta Resolução Normativa - RN dispõe sobre o direito de acesso à informação das beneficiárias
aos percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais, por operadora, por estabelecimento de
saúde e por médico e sobre a utilização do partograma, do cartão da gestante, e da carta de informação
à gestante no âmbito da saúde suplementar.
(...)
§ 2º Esta Resolução atende à determinação judicial expedida nos autos da Ação Civil Pública nº
0017488-30.2010.4.03.6100, que tramita perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Mesmo com reclamação na Agência Reguladora ANS (protocolo 6898972) aberta pela autora, até o
momento não obteve resposta e como a consumidora não tem mais tempo para esperar precisou socorrer-se a tutela
jurisdicional. (Doc. anexo - reclamação ANS).
Somente após vários e-mails a ré enviou uma mensagem no corpo do e-mail informando:
** Mensagem no e-mail: Doc. anexo - E-mail informando taxa de parto e marcando consulta. Página 4.
Fica claro que a taxa de parto é totalmente fora do que recomenda a Organização Mundial da Saúde,
Ministério da Saúde e ANS, já que todos determinam uma taxa de até 15% de cesárea.
Tendo em vista QUE A AUTORA NÃO CONSEGUIU NENHUM MÉDICO CREDENCIADO A EMPRESA
RÉ PARA ACOMPANHAR A RETA FINAL DO SEU PRÉ-NATAL E QUE REALIZASSE PARTO NORMAL, diante da
gravidade existente em seu caso, a autora não teve outra alternativa e procurou uma médica particular – Dra. Anna
Beatriz Herief Gomes.
A lista de médicos credenciados e hospitais de Araruama confirmam que não existem obstetras que
realizam parto normal (vaginal) e o mais importante, não existem maternidades equipadas com UTI e UTI
neonatal.
Ou seja, a autora possui plano de saúde, mas não tem o serviço necessário para sua situação médica do
momento (Doc. anexo - Relação de médicos Obstetras – Araruama) (Doc. anexo - Relação hospitais Araruama).
Porém os problemas da autora estavam longe de terminar, apesar de ter encontrado ainda que de forma
particular uma médica que lhe aceitasse com todos os problemas gestacionais e já no fim da gravidez, a médica só
realiza o parto da autora na maternidade Perinatal da Barra da Tijuca-RJ.
Essa exigência ocorre por tratar-se de uma maternidade que possui toda a estrutura necessária
para assistir a partos normais de maneira segura.
Ocorre Exa., que o plano da autora não prevê a cobertura da maternidade Perinatal da Barra da Tijuca-
RJ, que é a maternidade totalmente adequada para a situação médica da consumidora.
Trata-se de um estado clínico delicado e emergencial, onde por falta de rede credenciada de
atendimento e ainda, por falta de profissionais (obstetras) que atendam a situação da autora, a consumidora
precisou se socorrer em uma maternidade que ofereça a infraestrutura adequada onde sua médica particular realize o
atendimento.
Cumpre ressaltar que a maternidade Perinatal unidade Barra da Tijuca-RJ faz parte da rede de
atendimento da ré, contudo em outros tipos (níveis) de plano de saúde, por isso não será nenhuma dificuldade
ou impossibilidade a simples autorização para o atendimento da autora na unidade.
A autora não possui mais tempo para buscar de outro médico que realize parto (ainda que particular) em
outro hospital.
Aliado a isso, sua médica atual, Dra. Beatriz, declara que a maternidade Perinatal da Barra é a
maternidade mais segura para assistir partos normais e como o parto da parte autora precisa ser normal (via
vaginal) por conta de todos os riscos envolvidos a autora necessita que o plano cubra as suas despesas
hospitalares na predita maternidade.
Cumpre salientar que a autora só chegou a esta situação por culpa exclusiva da empresa ré, a qual
não lhe forneceu médico que realizasse parto normal, dentro do que preconiza a Organização Mundial da Saúde,
Ministério da Saúde e ANS.
Isso fez com que a autora ficasse sem opções e precisasse ir buscar uma médica particular, contudo a
predita médica impôs a condição de somente realizar o parto na maternidade Perinatal da Barra da Tijuca por julgar
ser mais segura para a autora. (Doc. anexo - Declaração Dra. Beatriz - obstetra particular)
Desta forma Exa., tendo em vista a ausência de prestação de serviço da empresa ré, requer que a
operadora ré custeie o parto da autora na maternidade Perinatal da Barra da Tijuca-RJ, bem como todas as despesas
relacionadas com equipe médica particular, deslocamento, hospedagem e alimentação, da paciente e acompanhante.
A - DA TUTELA DE EVIDÊNCIA
Nos termos do art. 311, CPC/2015, cabe a tutela de evidência no presente caso já que a autora possui
provas expressas que o plano de saúde contratado não possui médico que realize parto normal (via vaginal), fazendo
com que a autora tivesse que contratar equipe particular.
O direito à vida está mais do que provado com os laudos médicos que demonstram claramente o
estado clínico da paciente.
Pelo exposto, requer o deferimento da tutela de evidência para que a ré autorize a internação da autora
na unidade Perinatal Barra da Tijuca-RJ, incluindo todo o custo necessário para o parto e internação do seu filho e
da própria autora, se necessário, além da autorização para o acompanhante e suas despesas vinculadas.
Em caso de descumprimento, requer a aplicação de multa única a ser arbitrada por V.Exa., tendo em
vista que a autora está na iminência de ocorrer o parto.
B - DA TUTELA DE URGÊNCIA
Não sendo o entendimento pela concessão da tutela de evidência, cumpre ressaltar que os requisitos
para a tutela de urgência também estão presentes.
Nos termos da legislação processual civil, o art. 300 determina que: a tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.
A autora demonstrou claramente com declarações médicas que necessita de médico que realize parto
normal (via vaginal) e internação para o parto em maternidade que possua UTI e UTI neonatal, justamente pelo seu
quadro clínico.
O PERIGO DE DANO é evidente, já que a autora está grávida e possui recomendação médica
expressa para resguardar sua vida e do seu filho, sendo obrigatória a internação em uma maternidade
equipada com UTI e UTI neonatal.
Por fim, o RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO também fica evidenciado, já que a autora
encontra-se com 39 semanas de gestação, ou seja, já na iminência de ter o seu filho.
Pelo exposto, requer o deferimento da tutela de urgência para que a ré autorize a internação da autora na
unidade Perinatal Barra da Tijuca-RJ, incluindo todo o custo necessário para o parto e internação do seu filho e da
própria autora, se necessário, além da autorização para o acompanhante e suas despesas vinculadas.
Em caso de descumprimento, requer a aplicação de multa única a ser arbitrada por V.Exa., tendo em
vista que a autora está na iminência de ocorrer o parto.
O fato dos autos versa sobre omissão contratual: A inexistência de médicos obstetras que realizem
parto normal (via vaginal).
Ao contratar um plano de saúde com cobertura obstetrícia a autora tem direito ao parto normal e
cesariana, contudo, a realidade é que nenhum médico credenciado a ré realiza parto normal.
Essa linha de entendimento tem amparo também da própria resolução 259 da ANS que versa:
Subseção I
Da Indisponibilidade de Prestador Integrante da Rede
Assistencial no Município
(...)
Art. 4º Na hipótese de indisponibilidade de prestador integrante da rede assistencial que ofereça o
serviço ou procedimento demandado, no município pertencente à área geográfica de abrangência e à
área de atuação do produto, a operadora deverá garantir o atendimento em:
(...)
II - prestador integrante ou não da rede assistencial nos municípios limítrofes a este.
§ 1º No caso de atendimento por prestador não integrante da rede assistencial, o pagamento do serviço
ou procedimento será realizado pela operadora ao prestador do serviço ou do procedimento, mediante
acordo entre as partes.
Ficou claro que a rede de atendimento do plano de saúde contratado NÃO possui obstetras com incides
de partos DENTRO do que recomenda a ANS, Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde que é de 15%
cesárea.
Além disso, é muito claro também que não existem maternidades com UTI e UTI neonatal como
determinado pela médica obstetra, fato esse que coloca em total risco a vida da autora e seu filho no momento do
parto.
Por fim, um detalhe muito importante é, a maternidade recomendada pela obstetra faz parte da rede
credenciada da ré, contudo não integra a modalidade (nível) do plano de saúde da autora, ou seja, não há qualquer
impedimento para a operadora simplesmente autorizar a internação da consumidora na maternidade escolhida, a
Perinatal unidade Barra da Tijuca-RJ.
O período que era para ser da mais alta felicidade para uma família está cercado de transtornos,
ansiedade e danos.
Pelo laudo médico anexo percebe-se claramente que a parte autora sofreu um agravamento em
seu estado emocional. (doc. anexo - Laudos Psiquiátricos)
Reforça-se que pelo estado de saúde delicado da paciente foi necessária a prescrição de
medicamentos, fragilizando ainda mais sua gestação que é de risco.
Tudo isso deve ser levado em conta para analisar o desdobramento negativo que a parte autora suportou
em um momento que era para ser apenas de felicidade.
Portanto, a ré deverá ser condenada em danos morais por atuar da seguinte forma:
1 – Falta de presteza do serviço que cabia para o caso, ante o risco de saúde verificado;
2 – Ausência de médicos e maternidades credenciadas no município da autora;
3 – Descumprimento das orientações e recomendações da Organização Mundial da Saúde, ANS e Ministério da
Saúde;
4 – Risco de morte ignorado completamente pela operadora ré.
DANO MORAL
De acordo com os fatos sofridos pela autora, a ré violou os princípios da boa-fé, informação,
transparência e cooperação, além da frustração da legítima expectativa.
E hoje, pela péssima rede credenciada e ausência de médicos credenciados que realizem parto normal e
dentro das recomendações da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e ANS, A PARTE AUTORA ESTÁ
GRÁVIDA E SEM A COBERTURA PARA PARTO.
A situação está privando a parte autora de uma gestação calma e tranquila, como são as
recomendações médicas para mulheres grávidas.
Sabe quanto à parte Autora poderá viver a gestação novamente Exa.? Talvez nunca mais!
Se a autora decidir por outra gravidez ou mesmo que isso não esteja nos seus planos, essa gestação
ficou marcada para sempre em sua vida.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Além da indenização por danos morais servir como recompensa por todo o abalo sofrido, não podemos
esquecer do seu caráter punitivo-pedagógico, principalmente nos casos que envolvem bens essenciais como a vida.
O valor da condenação a ser arbitrado de forma que exerça o caráter punitivo-pedagógico precisa levar
em consideração os danos sofridos pela parte autora, como também o poder financeiro da empresa ré, caso contrário
será “apenas mais uma” condenação a ser paga pela empresa.
Por todo o exposto, a autora deve ser indenizada pelos danos morais suportados no montante de R$
10.000,00.
Já está bem nítido que no presente caso a parte autora TENTOU POR VÁRIAS VEZES RESOLVER de
forma amigável com a ré.
A quantidade de PROTOCOLOS abertos junto a operadora de plano de saúde e junto a ANS deixa
claro que por diversas vezes a autora grávida parou tudo que tinha para fazer na tentativa de solucionar o
problema.
Além disso, É ENTENDIMENTO DO NOSSO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA que o consumidor que perde
seu tempo útil para resolver problemas junto aos fornecedores, e não consegue, merece ser indenizado.
Requerente, obrigando-a a recorrer ao Judiciário para solucionar a questão. Tal situação configura
DESVIO PRODUTIVO caracterizador da violação a direito da personalidade e ensejando, pois, dano
moral indenizável. (...).
Portanto, nitidamente ficou demonstrado que a autora tentou de todos os meios ter seu direito
respeitado, contudo nada foi resolvido.
DOS PEDIDOS
3) Que seja CONCEDIDA A TUTELA para que a ré autorize a internação da autora na unidade Perinatal Barra da
Tijuca-RJ, incluindo todo o custo necessário para o parto e internação do seu filho e da própria autora, se
necessário, além da autorização para o acompanhante e suas despesas vinculadas. Em caso de
descumprimento, requer a aplicação de multa única a ser arbitrada por V.Exa., tendo em vista que a autora está
na iminência de ocorrer o parto.
4) A intimação das rés, por OFICIAL DE JUSTIÇA ou meio eletrônico, o que for mais rápido, para que cumpra a
liminar requerida, além de contestar a presente ação, sob pena de revelia e confissão. As custas do oficial de
justiça foram recolhidas no Grerj inicial.
5) Que seja determinada a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6, VIII, do CDC;
6) A condenação das rés a pagar a título de danos morais o valor de R$ 10.000,00, atendendo o caráter punitivo-
pedagógico que visa este tipo de condenação, bem como ao desvio produtivo sofrido pela autora;
7) A confirmação da obrigação de fazer para que a tutela antecipada seja convertida em definitiva;
Protesta por todos os meios de prova em direito admitidas, em especial a documental e testemunhal.