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SUMÁRIO
Nº TÓPICO PÁGINA
01 Informações do Requerente 03
02 Resumo Executivo 03
03 Questionamentos do Juízo 04
04 Conclusão 09
05 Referências bibliográficas 10
COMITÊ ESTADUAL DE SAÚDE DO AMAZONAS
NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO DO JUDICIÁRIO – NATJUS/AM
1. INFORMAÇÕES DO REQUERENTE
Nome: R. K. F. d. S. D.
Data de Nascimento: 25/01/1982
Idade: 41 anos
Sexo: Feminino
2. RESUMO EXECUTIVO
Trata-se de ação de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência antecipada,
ajuizada por R. K. F. d. S., em face do Estado do Amazonas objetivando seja o
Requerido compelido a realizar procedimento cirúrgico em favor da Requerente.
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3. QUESTIONAMENTOS DO JUÍZO
Encaminhem-se os autos ao NATJUS/AM para, no prazo de 05 (cinco) dias, apresentar
aos autos as informações técnicas necessárias, esclarecendo:
Segundo o Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz, a paciente passou por consulta no
dia no dia 16/05/2023, onde foi avaliada pelo ginecologista que solicitou exames, e
aprovados para o dia seguinte, entrando assim no circuito cirúrgico, na sequência do
fluxo da unidade, a mesma deve passar pela avaliação pré-anestésica após resultados
do exame, bem como agendar seu retorno com ginecologista para apresentação dos
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exames e avaliação pré-anestésica, após circuito cirúrgico a mesma encontrara-se apta
para agendamento da internação e realização do procedimento.
Segundo a análise dos documentos médicos colacionados aos autos, a paciente possui
indicação de cirurgia desde 31/03/2023, ocasião em que o Hospital Universitário
Getúlio Vargas, solicitou consulta em Cirurgia Ginecológica, conforme fls. 43, e está
aguardando a realização do procedimento desde o dia 16/05/2023, quando passou por
consulta com cirurgião ginecológico no Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz. O
motivo da demora foi a demanda da fila de prioridade em que a paciente estava
inserida.
VI) Há riscos à saúde da Autora caso aguarde por demasiado tempo para a
realização do procedimento cirúrgico? Quais? Justifica-se a alegação de
urgência/emergência?
Não existe alternativa que possa ser indicada ao caso da paciente, contudo a mesma
está em processo pré-anestésico para realizado do procedimento.
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VIII) Informar tudo mais quanto for necessário ao esclarecimento e resolução do
caso.
Em atenção ao caso sub judice informamos que a adenomiose é uma condição comum
que afeta cerca de 20 a 35% das mulheres e é caracterizada pela presença de
glândulas endometriais e estroma na camada miometrial do útero. Originalmente, tinha-
se como uma entidade de diagnóstico necessariamente histopatológico, porém, com o
avanço tecnológico na medicina, conseguimos que muitas mulheres tenham
diagnóstico clínico-radiológico precoce para instalação de tratamento e
acompanhamento adequados.
Apesar de tais progressos, ainda há controvérsias quanto à propedêutica dessa
doença. A apresentação clínica é ampla, estando o sangramento uterino anormal,
dismenorreia e infertilidade entre os sintomas mais prevalentes. Tal heterogeneidade
torna o diagnóstico ainda mais desafiador. Ademais, a adenomiose frequentemente
está associada a outras doenças ginecológicas, como endometriose (até 80% de
associação), miomatose (cerca de 20%) e pólipo endometrial (7%).
O sangramento uterino anormal e a dismenorreia são os sintomas mais frequentes,
chegando a estar presente em 60% das mulheres. Também podem apresentar quadro
de dor pélvica crônica e infertilidade. Ademais, aproximadamente 1/3 das pacientes são
assintomáticas.
A adenomiose é uma das doenças estruturais presentes na classificação de PALM-
COEIN da FIGO para causas de sangramento uterino anormal (conforme protocolo de
Sangramento Uterino Anormal). Geralmente, apresenta-se com sangramento menstrual
prolongado e abundante. A frequência e gravidade estão associados à extensão da
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doença.
O sintoma de dor é fortemente associado. Geralmente antecede até uma semana do
início da menstruação. Estudos mostram que há relação entre a gravidade da
dismenorreia e a profundidade e grau de invasão da adenomiose no miométrio. Em
pacientes com miomatose coexistente, a propensão para dor é maior. Algumas séries
também observaram que dor durante a menstruação, dispareunia e dor pélvica não
cíclica são significativamente mais frequentes quando associação de comorbidades.
Ademais, a adenomiose se relaciona com a endometriose de acometimento profundo.
Dessa forma, disúria e disquezia podem estar presentes.
O tratamento clínico objetiva aliviar sintomas de sangramento uterino anormal e dor
pélvica. Tratamento não curativo indicado para mulher que não desejam gestar. Entre
as opções estão os anticoncepcionais hormonais (combinados ou progestágenos
isolados), análogos de GnRH e sistema intrauterino de levonorgestrel (SIU-LNG).
Importante salientar que para a escolha do método devem considerados critérios de
elegibilidade, tolerância, efeitos colaterais, followup e custo.
Os anticoncepcionais orais e os análogos de GnRH atuam suprimindo o eixo
hipotálamohipófise-ovário, melhorando sangramento e dismenorreia. O SIU-LNG é uma
ótima opção terapêutica eficaz que age localmente causando atrofia do tecido.
A histerectomia está indicada em paciente que já apresentam prole definida e
sintomáticas com sangramento uterino e dismenorreia refratários ao tratamento clínico.
A via cirúrgica pode ser laparotômica, vaginal, laparoscópica ou robótica, devendo-se
levar em consideração tamanho e mobilidade do útero, cirurgias prévias e condições
associadas, como endometriose e miomatose.
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4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Chapron C, Vannuccini S, Santulli P, Abrão MS, Carmona F, Fraser IS, Gordts S, Guo
SW, Just PA, Noël JC, et al. Diagnosing adenomyosis: An integrated clinical and
Imaging approach. Hum. Reprod. Update 2020, 26: 392–411.
2. Chapron C, Tosti C, Marcellin L, Bourdon M, Lafay-Pillet M C, Millischer A E, et al.
Relationship between the magnetic resonance imaging appearance of adenomyosis
and endometriosis phenotypes. Human reproduction 2017; 32(7): 1393-1401.
3. García-Solares J, Donnez J, Donnez O, Dolmans M M. Pathogenesis of uterine
adenomyosis: invagination or metaplasia? Fertility and sterility, 2018; 109(3): 371-379
4. Gordts S, Grimbizis G, Campo R. Symptoms and classification of uterine
adenomyosis, including the place of hysteroscopy in diagnosis. Fertility and sterility,
2018; 109(3): 380-388.
5. Horton J, Sterrenburg M, Lane S, et al. Reproductive, obstetric, and perinatal
outcomes of women with adenomyosis and endometriosis: a systematic review and
meta-analysis. Hum Reprod Update 2019; 25:592.
Redator:
Jocimar Brito Sousa Lacerda – Enfermeiro – COREN/AM nº 351.847
Revisor:
Dr. Roberto Fleck – Médico auditor CRM/AM - 1641
COMISSÃO TÉCNICA NATJUS-SES/AM