Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
5 - Bound by Vengeance Cora Reilly
5 - Bound by Vengeance Cora Reilly
Cora Reilly
#5 Bound by Vengeance
Revisão Inicial: Anne, Bia, Nicole, Sil, Ju, Tami, Nic e Day
Data: 01/2017
~2~
SINOPSE
Growl
Ele nunca tinha tido algo para si mesmo, nunca ousou sonhar em
possuir algo tão precioso. Ele era o filho bastardo indesejado que sempre
teve que se contentar com as sobras dos outros. E agora eles haviam lhe
dado o que apenas algumas semanas atrás estava fora de seu alcance,
alguém que nem sequer lhe permitia admirar de longe, uma de suas mais
preciosas posses. Atiraram a seus pés, porque ele era quem ele era,
porque estavam certos de que ele iria quebrá-la. Ele era o castigo dela,
um destino pior do que a morte, uma forma de entregar o castigo final a
seu pai, que tanto os tinha desagradado.
Cara
~3~
A SÉRIE
Cora Reilly
~4~
Prólogo
GROWL
Olhos arregalados. Lábios separados. Bochechas coradas. Pele
pálida. Ela parecia uma boneca de porcelana: Grandes olhos azuis,
cabelos cor de chocolate e pele branca e cremosa; beleza quebrável, algo
que ele não estava destinado a tocar com suas cicatrizes e mãos letais.
Seus dedos encontraram seu pulso; Seus batimentos cardíacos pulsando
rápido como um pássaro. Ela tentou lutar, tentou ser corajosa, tentou
machucá-lo, talvez até mesmo matá-lo. Teria ela realmente esperado que
pudesse ter sucesso?
Sua mão rastejou a pele macia da sua garganta, então seus dedos
enrolaram em torno dela. Suas pupilas dilataram, mas ele não colocou
pressão em seu toque. Seu pulso batia contra a palma da mão calejada
dele. Ele era um caçador, e ela rezava. O fim era inevitável. Ele viera
reinvidicar seu prêmio. Foi por isso que Falcone a deu a ele.
Ele baixou os lábios para sua pele quente. Seu pulso pulsava sob
sua boca onde ele beijou sua garganta. O pânico e o terror batiam em um
ritmo frenético sob sua pele. E isso o deixou fodidamente duro.
~5~
o conhecia, não sabia que a parte dele que não tinha nascido um monstro,
tinha morrido há muito tempo. A misericórdia era a coisa mais distante
da sua mente enquanto seus olhos reivindicavam seu corpo.
~6~
Capítulo um
CARA
A primeira vez que o encontrei, ele estava disfarçado, vestido com
um elegante terno preto, fazendo parecer que ele era um de nós. Mas
enquanto as camadas de tecido fino cobriam suas muitas tatuagens, elas
não podiam esconder sua verdadeira natureza. Ela transpareceu,
perigosa e assustadora. Naquela época eu nunca teria pensado que eu
iria conhecer ele, e o monstro dentro dele melhor do que eu conhecia
qualquer outra pessoa, e que iria virar toda a minha vida de cabeça para
baixo. Que isso mudaria todo o meu ser para a própria essência.
***
~7~
tendência em torna-lo pessoal se Talia ou eu não estivéssemos
perfeitas.
— Tenho quinze anos, não seis. E você é apenas quatro anos mais
velha do que eu, então não banque a adulta — disse ela, indignada,
levantando-se da cadeira, deixando-a girar em torno de si mesma,
cambaleando para mim. Ela me olhou de frente, me desafiando. — Você
provavelmente disse à nossa mãe para não me levar com você porque
você estava preocupada que você teria que me vigiar e que eu iria
envergonhá-la na frente de seus amigos oh-tão-perfeitos.
~8~
era crítica, mas Trish e Anastásia eram ainda piores. Elas perceberiam
se eu combinasse o tom errado da sombra dos olhos com o meu vestido
ou se a minha mão estivesse tremula enquanto segurava o meu
delineador, mas suas fiscalizações tinham feito meus preparativos serem
meticulosos. Elas eram a razão pela qual eu nunca me descuidei. E era
para isso que os amigos serviam.
Meu vestido era verde escuro, e minha sombra dos olhos apenas
alguns tons mais claros. Perfeito. Eu verifiquei minhas unhas uma última
vez, mas elas também pareciam impecáveis em seu brilho verde escuro.
Eu alisei o meu vestido algumas vezes até que fiquei satisfeita com a
forma como a bainha roçou em meus joelhos, então verifiquei meu cabelo
novamente, virando-me para ver se os grampos ainda estavam todos no
lugar segurando minha mecha marrom do cabelo para cima.
~9~
ano que eu frequentaria. Trish e Anastásia tiveram a sorte de ter estado
lá no ano passado também, e se meu pai não tivesse me proibido de ir,
eu teria ido também. Eu me sentia pequena e deixada de fora sempre que
Trish e Anastásia falavam sobre a festa nas semanas antes e depois, e
depois, e elas tinham feito isso sem parar, provavelmente porque isso lhes
dava a chance de se divertir.
~ 10 ~
calça, mas elas estavam impecáveis. Eu pensei que as empresas deveriam
colocar uma advertência em suas embalagens, como 'Somente para ficar
de pé, movimentos não permitido', considerando o quão fácil era puxar
fio, enquanto não fazia nada além de andar. É por isso que eu coloquei
duas meias novas em minha bolsa, apenas no caso de precisar.
~ 11 ~
— Eu sei, — eu disse calmamente. Cosimo não foi uma má
escolha, não por qualquer padrão. Ele nem sequer era mau. Só que não
havia a vibração que eu esperava quando encontrasse o homem com
quem eu teria que me casar. Talvez esta noite. Ocasiões como uma festa
não eram o melhor lugar para cair de cabeça por alguém? Eu só precisava
estar aberta a esta possibilidade.
***
~ 12 ~
triturado que estavam cobertas com as maiores ostras que eu já tinha
visto, latas com caviar Ossetra2 e cada peça de luxo que eu poderia
imaginar. O mordomo se desculpou no momento em que chegamos
dentro do salão do baile e apressado se encaminhou para os próximos
convidados.
Olhei por ela para onde papai já estava falando com um homem
alto de cabelos negros. Ele segurou seus ombros em uma suposição,
como se estivesse tentando curvar-se diante de seu chefe sem se curvar.
A visão deixou um sabor amargo em minha boca. Com a palma da mão
da minha mãe descansando contra as minhas costas, eu me aproximei
de meu pai e de seu chefe. Paramos um par de passos atrás deles,
esperando que eles se virassem para nós. Os olhos escuros de Falcone
me encontraram primeiro antes que papai percebesse nossa presença. A
frieza deles me fez tremer. Sua camisa branca e gravata preta fez com que
ele parecesse ainda mais intimidante, o que era incomum, considerando
que as gravatas borboletas geralmente deixam seus usuários parecerem
engraçados para mim.
~ 13 ~
— Como você pode fazer uma careta enquanto bebe Dom
Perignon, a melhor bebida deste mundo, — disse Trish, aparecendo ao
meu lado do nada e pegando uma taça de champanhe para si mesma.
~ 14 ~
Minha mão livre voou até o ponto que ela estava olhando e eu tentei
encontrar o grampo antes que isso pudesse arruinar meu penteado.
Outros convidados estavam jogando olhares na minha direção de
qualquer maneira, já que esta era a minha estreia em uma festa. Eu não
poderia arriscar aparecer nada menos do que impecável.
Os homens que estavam em seu foco eram todos pelo menos dez
anos mais velhos do que nós, e enquanto eu examinava o resto da sala,
eu constatei que nós estávamos entre os convidados mais novos. A
maioria dos convidados trabalhava para Falcone. Era uma festa para
seus súditos; Eu duvidava que ele tivesse algum amigo. Homens como
ele não podiam pagar por esse luxo.
— Mas, claro, você não tem mais olhos para os outros homens
agora que está noiva de Cosimo, — continuou Anastásia, arrastando-me
de volta à realidade.
Eu não sabia o que dizer a isso. Sua voz tinha sido estranha. Ela
estava com ciúmes? Seu pai provavelmente já estava procurando um
partido apropriado para ela, assim logo ela estaria comprometida
também.
~ 15 ~
estaria no centro das atenções. Trish batia o pé no chão de madeira no
ritmo da música e cantarolava alguns trechos antes que Anastásia lhe
lançasse um olhar. Eu tive que reprimir uma risada. A dinâmica entre
elas era ridícula às vezes.
~ 16 ~
— Oh meu Deus, Falcone convidou o monstro, — sussurrou Trish,
segurando meu braço e quase me fazendo derramar o champanhe sobre
seu vestido. Eu segui seus olhos castanhos em choque para um canto do
salão onde um homem alto e musculoso se apoiava contra uma parede.
Ele estava vestido com uma camisa branca que se esticava perfeitamente
contra seu enorme peito, um terno preto e sapatos pretos. Na verdade ele
não parecia tão diferente dos outros homens na sala, exceto pela falta da
gravata, se você levasse apenas o seu traje em consideração. Mas o resto
dele, Deus tenha misericórdia.
Eu dei a ela um olhar. Sério? Ambos eram nomes que ele não
poderia ter escolhido para si mesmo. Alguém tinha que saber seu nome.
Pelo menos, Falcone. Ele sabia tudo sobre seus súditos. — Por que as
pessoas o chamariam assim?
~ 17 ~
— Eu não sei. Algumas pessoas dizem que a máfia russa fez isso,
outros dizem que ele tentou se matar porque não está bem da cabeça,
mas ninguém sabe ao certo, — Anastácia respondeu em voz baixa.
Não foi só o medo que fez meu coração acelerar; Havia algo perto
da emoção também. Era como assistir a um tigre através do vidro do seu
recinto e se maravilhar com seu poder. Só que aqui a única coisa que o
impedia de atacar, era as regras sociais, mesmo que alguém como ele
fosse obrigado. A coleira que Falcone colocava não era física ou visível,
mas estava ali.
~ 18 ~
Eu me perguntava o que estava acontecendo em sua cabeça. Como
ele se sentia rodeado de pessoas com as quais quase não tinha nada em
comum? Ele era um deles, mas ainda assim, não realmente. Um homem
das sombras porque ninguém o queria na luz. Quando percebi o quanto
eu estava olhando, desviei o olhar, mas a palpitação no meu pulso
continuou errática tempos depois. Eu não tinha certeza de quando tempo
eu não me sentia assim... Viva pela última vez. Minha vida sempre
serpenteava em caminhos predeterminados, mas esta noite parecia uma
aventura.
Eu não podia dizer nada. Minha língua parecia estar presa no céu
da minha boca.
Olhei para o canto onde ele tinha estado antes, mas como
Anastácia havia dito, ele tinha ido embora. Por alguma razão, eu fiquei
incomodada porque não sabia para onde ele tinha ido. Ele era uma das
pessoas que você gostaria de acompanhar porque temia que pudessem
chegar furtivamente perto de você. E eu poderia jurar que ainda podia
sentir seus olhos sobre minha pele. Eu tremi. A paranoia geralmente não
era meu estilo.
Eu virei para ver de quem ela estava falando e senti o calor subir
em minhas bochechas. Cosimo estava a caminho. Ele estava vestido com
um terno cinza, cabelos loiros escuros e óculos sob o nariz.
~ 19 ~
Ele conseguiu o dinheiro de Falcone, então isso não estava muito
longe. O terno era sua segunda pele. Eu nunca o tinha o visto em outra
coisa. Era um forte contraste do homem que eu estava espionando há
poucos segundos atrás.
Não tropece, eu disse a mim mesma uma e outra vez quando nós
começamos a nos mover conforme a música.
~ 20 ~
estava apenas chateada que pela primeira vez eu estava na liderança,
mesmo que eu não teria me importado se meu pai tivesse tido mais tempo
para encontrar alguém para mim. Eu forcei meu olhar longe de sua cara
feia e deixei meus olhos se estabelecerem no canto onde Growl estava.
Ele não estava mais lá.
Cosimo aumentou seu aperto nas minhas costas. — Ele não deve
ficar onde ele não pertence, — disse Cosimo com uma rispidez e isso me
surpreendeu, então ele me deu um olhar encorajador. — Não se preocupe.
Você está segura. Ele sabe que não é permitido chegar perto de mulheres
como você.
~ 21 ~
Capítulo dois
CARA
Eu me perdi no meio do caminho; As três taças de champanhe que
tinha bebido, realmente não ajudaram muito. Esta casa era um labirinto,
obviamente construído para impressionar e intimidar, e não tanto como
um lugar para se sentir confortável e atualmente viver. Pelo menos eu
nunca poderia imaginar me sentir confortável em um lugar como este,
mas talvez a pintura quase em tamanho natural de Falcone tinha algo a
ver com isso também. Seus olhos assombrados pareceu me seguirem
onde quer que eu fosse.
Pela primeira vez, eu desejei que Talia estivesse aqui. Nós iriamos
rir sobre isso juntas, e ela me zoaria sobre isso por um longo tempo, mas
nunca fora de sua malícia. Ela não contaria para outras pessoas.
~ 22 ~
Com um suspiro, eu continuei. Em algum momento eu teria que
ver algo que eu reconheceria e encontraria o meu caminho de volta para
a festa.
Growl.
Ele não se moveu. Apenas ficou lá. Era como se ele já estivesse
neste corredor por um tempo.
~ 23 ~
A porta atrás dele, parecia vagamente familiar. Levava ao lobby
principal. Eu não me movi. Fazer o caminho de volta para a festa,
significava ir para perto dele.
~ 24 ~
— Eu estou bem, — eu disse com firmeza. — Eu me perdi e me
deparei com ... — Eu procurei em minha mente por um nome diferente
de Growl, um que não parecesse muito com um apelido, ao redor da
minha mãe, mas fiquei de mãos vazias.
— Cara, você não pode sair andando por aí, sem pensar nas
consequências de suas ações.
Não era a primeira vez que ela dizia algo assim para mim, mas a
maneira como ela acentuou a palavra — desejo — em seu discurso me
deixou preocupada de que ela sabia da reação do meu corpo com a
proximidade de Growl.
Ela não precisava ter se preocupado. Meu medo sobre esse homem,
de tudo o que ele representava e do que ele era capaz, superou qualquer
pequena arrepio de excitação que meu corpo poderia ter sentido ao seu
redor.
GROWL
Growl as assistiu sair do corredor. A porta se fechou e ele estava
sozinho novamente. Seu aroma de baunilha ainda permanecia no ar.
~ 25 ~
Doce. As meninas gostavam sempre de escolher aromas doces. Ele não
entendia por que elas tentavam parecer ainda mais inofensivas por
cheirar como uma flor delicada.
Ele sabia que eles o viam como um animal de circo. Ele foi o
escândalo da noite. A menina com cheiro doce, também, tinha estado a
observá-lo. Ele tinha visto ela e suas amigas o observando do outro lado
do salão.
Mas a menina com cheiro doce o surpreendera. Ele sabia sobre sua
família. É claro. Falcone tinha falado sobre seu pai e sua família com
muita frequência nas últimas semanas. Cara.
Ele não se importava. Ela era apenas uma menina. Uma menina
da sociedade com um vestido bonito e um rosto ainda mais bonito. Ele
não deu a mínima para sua beleza. Não significou nada. Foi fugaz,
poderia ser levada em um piscar de olhos. Mas seus olhos haviam a
procurado várias vezes durante a noite. Ele tinha imaginado rasgando
seu vestido bonito fora de seu corpo, imaginou também passar as mãos
não dignas sobre suas curvas. Em seguida, ele forçou o olhar e deixou o
salão do baile antes que ele pudesse fazer algo muito estúpido. Ela era
alguém que ele não deveria ter. Alguém que não deveria sequer imaginar
ter. Ela era alguém para admirar de longe. E era melhor assim.
CARA
~ 26 ~
Naquele dia, pouco depois de voltarmos para casa e eu estava
deitada na cama, meus dedos encontraram o ponto ideal entre as minhas
pernas, respondendo à necessidade que tinha me atormentado desde que
eu tinha visto Growl. O manto da escuridão lavou minha resistência e
minha preocupação em ser pega. Até mesmo quando as palavras de
minha mãe ecoaram na minha cabeça isso não foi capaz de me parar. —
Seja adequada, seja virtuosa. Isso é pecado. — A imagem do temível
homem tinha causado um formigamento doce no meu núcleo, e eu era
incapaz de resistir. Errado, minha mente gritava, mas eu bani o
pensamento até que finalmente meu corpo estremeceu com a liberação.
Desde que minha mãe me pegou havia uma tensão entre nós. Eu
mal podia suportar. Ela evitou meus olhos enquanto eu evitava os dela.
Eu estava quase feliz que meu casamento estava se aproximando
rapidamente, assim eu finalmente poderia escapar do seu julgamento. Eu
ainda sentia uma onda de vergonha quando me lembrava daquele dia do
flagrante e de seu olhar em choque. Não tinha sido a primeira vez que eu
tinha me tocado, mas a primeira vez que eu realmente entendi que era
errado. Eu tinha jurado a mim mesma naquela época nunca deixar meu
corpo se sobrepor sobre meu cérebro novamente e agora eu tinha
quebrado essa promessa. Na proteção da noite, eu ousei deixar meus
dedos vaguearem de novo, tudo por causa de um homem a quem eu não
deveria sequer pensar, muito menos fantasiar. Era errado.
~ 27 ~
Capítulo três
CARA
Eu sabia que algo de errado estava acontecendo quando eu olhei
para meu pai durante o jantar. Ele tinha a energia nervosa de um animal
enjaulado. Os olhos de Talia se lançaram para mim, as sobrancelhas
escuras arqueando-se em uma pergunta silenciosa. Ela sempre tentou
agir como se ela fosse crescida, e ainda assim ela ainda parecia pensar
que eu sempre sabia mais do que ela. Mas sempre houve mais perguntas
do que respostas em nossa casa.
— Eu não estou com fome, — papai disse antes de seu olhar voltar
diretamente para o seu telefone celular.
~ 28 ~
Olhei para a barriga caída sobre o cinto. Pai gostava de comer, e
ele nunca deixava o roastbeef da mamãe ir para o lixo.
— Brando, o que...
Papai correu antes que nossa mãe pudesse terminar sua frase.
Mamãe o seguiu atrás dele e depois de um momento eu também me
levantei. Talia ainda estava colada à sua cadeira. Ela piscou para mim.
Meus olhos dispararam para a porta, dividida entre correr atrás de nossos
pais para descobrir o que estava acontecendo ou seguir as regras. Nós
não devíamos levantar da mesa de jantar sem permissão. Eu não gostava
dessa regra, mas eu sempre a seguia. Jantares era a única vez que nossa
família tinha a chance de realmente passar algum tempo de qualidade
juntos, depois de tudo.
~ 29 ~
Finalmente, ele se virou para nós. Ele estava tentando parecer
calmo, mas falhando miseravelmente. — Talia, Cara, por favor, arrumem
a mala. Coisas que vocês realmente precisam para sobreviver por alguns
dias.
Papai sempre nos oferecia uma risada quando dizíamos algo bobo.
Não hoje. — Não seja ridícula, Talia, — ele explodiu. Ela pulou em sua
cadeira, obviamente surpresa com o tom áspero.
~ 30 ~
— Vou te dar assim que minha família e eu estivermos seguros
em Nova York. Esse foi o acordo, Wladimir, — disse papai.
Papai se virou para nós. — O que vocês ainda estão fazendo aqui?
Eu lhes disse para arrumar suas malas. Andem.
Havia anseio em sua voz. Eu abri minha boca para lhe perguntar
sobre isso quando um estrondo soou no andar de baixo, então os homens
estavam gritando.
~ 31 ~
porta se abrir. Alguém cambaleou dentro. Por um momento, a luz atingiu
o rosto do homem e eu o reconheci como um dos russos. Ele estava
sangrando com um ferimento em seu braço. Moveu-se para a janela. Ele
iria pular? Ele tentou empurrar a janela para cima, mas ele ficou preso
por causa de seus movimentos frenéticos.
Growl, é claro.
~ 32 ~
Capítulo quatro
CARA
Sua camiseta preta colada à sua pele de suor, e seus braços
estavam cobertos de tatuagens. Sem o terno e o comportamento frio, isso
para mim sinalizava puro perigo. Nada o controlava agora. Tudo nele
gritava morte. Meu coração batia forte no meu peito enquanto eu
esperava ele se virar e me achar. Será que ele iria me matar também?
Ele não faria isso. Ele não podia. O estatuto da minha família ainda
tinha que contar para alguma coisa, certo?
Mas ele saiu do quarto sem olhar para o homem que ele matou –
ou para o guarda-roupa que eu estava escondida.
Só quando ele tinha ido embora e eu não ouvi mais seus passos eu
me atrevi a respirar. E, em seguida, um novo medo se instalou. Onde
estava papai e o que tinha acontecendo com ele? E o que dizer da minha
mãe e Talia? Eu tinha que ir a procura delas, mesmo que cada fibra do
meu corpo gritava para eu ficar onde estava. Precisávamos ficar juntas,
mas deixar meu esconderijo era um risco enorme. Olhei para o corpo
morto no meio do quarto novamente. Era esse o nosso destino também?
~ 33 ~
pai estava envolvido. Agora que eu fui jogada de cabeça, eu não tinha
certeza de como agir. Esperar como um rato em uma armadilha não era
uma solução. Em algum momento eles iriam procurar pelos quartos
corretamente, e então eu não queria tornar isso mais fácil para eles. Eu
empurrei meus pés e lentamente abri a porta, em seguida, sai. Embora
eu soubesse, eu agachei ao lado do russo e pressionei os dedos contra o
pescoço dele. Ele ainda estava quente, mas não havia pulso. Eu cogitei a
ideia de ajuda-lo, mas então percebi a maneira como seu pescoço estava
torcido e empurrei para longe.
~ 34 ~
Ele agarrou meu braço e me puxou para os meus pés. Minha visão
nadou novamente. — Leve-a com os outros, — respondeu asperamente.
Aquela voz, tão profunda e áspera, enviou um arrepio nas minhas costas.
Falcone olhou para ele. — Tudo certo, Growl? — Ele perguntou com
leve curiosidade, como se ele já soubesse a resposta e eu supus que sim.
Todas as histórias que eu tinha ouvido em vozes sussurradas
atravessaram minha mente.
~ 35 ~
terno e em sua limpa aparência, tinha o transformado em um de nós,
mas debaixo dele o mesmo monstro estava deitado em vigília. Agora não
havia dúvida de quem ou o que ele realmente era. O melhor soldado nas
linhas de frente da Camorra de Las Vegas, e um monstro. Isso é o que as
pessoas sempre diziam pelas suas costas e que agora eu também via. Ele
era uma máquina de lutar sem emoções, uma mão brutal de Benedetto
Falcone.
O pai engoliu, mas não disse nada. Por que ele não estava dizendo
nada?
~ 36 ~
Talvez ele daria o seu testemunho para papai.
Mas papai ficou pálido ao ver meu futuro marido e eu sabia que
minha esperança era em vão. Papai parecia querer dizer algo, mas ele
permaneceu em silêncio.
Ele estava olhando para o pai com uma expressão que fez meu
estômago revirar. Isso ia acabar mal.
— Por que você não me conta mais o que você me disse há alguns
dias? — Falcone disse a Cosimo, sem tirar os olhos do meu pai.
Falcone parou bem na frente de minha mãe, mais perto do que era
socialmente aceitável. Minha mãe não recuou, embora a maioria das
pessoas tivesse feito isso sob seu olhar, e eu esperava ter a mesma força
se Falcone me confrontasse. Ele estendeu a mão para sua garganta e
~ 37 ~
por um momento louco eu pensei que ele iria estrangulá-la. Papai fez um
movimento para se levantar, mas o homem de Falcone o empurrou para
baixo.
Eu não estava usando qualquer joia que ele pudesse segurar contra
mim, ou meu pai, mas eu sabia que isso não iria me proteger.
~ 38 ~
— Eu sempre ganhei mais dinheiro do que qualquer um de seus
outros gerentes. Vou trabalhar de graça, enquanto você quiser. Eu vou
fazer isso por você, eu juro.
~ 39 ~
Ficou quieto na sala ao lado. A preocupação roeu meu interior. E
se o silêncio significasse que papai havia perdido a consciência? Ou pior.
A porta rangeu. Minha mãe ficou rígida. Papai foi levado para
dentro por Growl. Ele mal conseguia manter-se ereto e sem o aperto firme
do outro homem que o pai teria derrubado. Falcone levantou-se da
cadeira. — Tudo feito?
Growl assentiu com a cabeça. Ele levou papai para o centro da sala,
depois o soltou. Ele caiu de joelhos. Growl voltou ao fundo da sala quando
Falcone pisou na frente de papai. — Você me decepcionou muito, Brando.
É uma pena, realmente. Deveria ter pensado na sua família antes de
decidir me ferir.
Growl avançou, esperando ordens. Ele ia matar meu pai, não havia
outra opção.
Eu me assustei.
Growl mal olhou para o seu caminho, mas então seus olhos me
encontraram, e eles não se moveram. Deus no céu tenha misericórdia.
~ 40 ~
Capítulo cinco
CARA
— Eu posso e eu vou. — Falcone acenou com a cabeça para o
captor do meu pai, que o golpeou no estômago, fazendo-o balbuciar e
tossir.
— Por favor — disse meu pai, com as mãos unidas num gesto de
mendicância. — Elas são inocentes. Me puna, mas não as machuque.
— Você escolhe, Growl. Pegue quem quiser. Tenho certeza que você
vai gostar de qualquer uma delas — Falcone disse com um sorriso
desagradável. Eu não queria nada além de tirar esse sorriso do seu rosto,
pegar a pesada escultura de mármore de um deus grego nu, que minha
mãe amava tanto, e esmagá-la contra o rosto feio de Falcone. Eu não
sabia de onde vinham aquelas noções brutais. Eu nunca fui do tipo
violenta, mas eu supus que alguém poderia ser levado ao pior em uma
situação como esta.
~ 41 ~
Os olhos do Growl pararam em meu rosto. Eu pensei que ele
verificaria o meu corpo, mas seu olhar nunca se afastou do meu rosto.
Eu quase desejei que fosse diferente. Seus olhos eram como lagos de
âmbar vazios. Eu não queria descobrir os segredos horríveis que se
abrigavam em sua profundidade.
— Oh, eu acho que a escolha está feita, — Falcone disse com uma
risada.
Horror, medo e desespero caíram sobre mim. Deveria ter sido alívio
também. Alívio, porque Talia tinha sido poupada, mas, ao mesmo tempo,
em que eu não queria minha irmã em meu lugar, eu não poderia sentir
alívio quando minha própria vida estava desmoronando bem diante dos
meus olhos.
— Você não pode fazer isso, — rugiu meu pai. Eu não esperava que
ainda restassem forças nele.
Falcone assentiu com a cabeça. — Você está certo. Você não deveria
ter que assistir isso. — Antes que qualquer um de nós pudesse reagir, ele
apontou sua arma para o pai e puxou o gatilho. Desta vez não foi apenas
uma demonstração. A bala rasgou a têmpora do pai. Sua cabeça girou
violentamente, os olhos arregalados em choque. Depois de um segundo,
seu corpo caiu para trás. Suas pernas ficaram presas sob suas costas em
um ângulo estranho.
~ 42 ~
— Não, — mamãe gritou. Desta vez, ela conseguiu afastar-se do
seu captor. Ela chegou no pai e caiu de joelhos. Ela acariciou seu peito,
impotente, como se isso o fosse acordar. Parecia que ela estava
procurando por sua carteira, e por um momento horrível, algo como uma
gargalhada queria sair, mas, ao mesmo tempo, minha garganta estava
tão apertada que parecia impossível trazer oxigênio suficiente para os
meus pulmões e talvez isso não teria sido a pior coisa agora. A mãe
embalou a cabeça do pai em seu colo, mas quando ela tirou as mãos, elas
saíram cobertas de sangue e algo branco.
~ 43 ~
Growl me apertou mais e me arrastou apesar de meus protestos.
Talia tentou correr até mim, mas foi interrompida por outro dos homens
de Falcone. Mamãe estava além de nosso alcance, presa em sua tristeza.
~ 44 ~
Capítulo seis
GROWL
A mente de Growl estava a mil quando ele puxou Cara em direção
ao carro dele. Muitas vezes pensara na primeira vez em que a vira na
festa de Falcone. Ele tinha se arrependido de estar presente na festa,
especialmente porque sua imagem tinha assombrado seu sono nas
semanas seguintes.
Ele era um monstro, sem dúvida. Mas ele não era o único monstro
naquela sala. Ele nem sabia se era o pior. Ele tinha matado a maioria das
pessoas com suas próprias mãos, isso ele não podia negar. E ele não
queria. Ele estava orgulhoso do que tinha feito. A maior parte, pelo
menos. Era a única coisa no que era bom, matar. Ele era o melhor. E
talvez seu talento para matar o fizesse um dos piores monstros, mas ele
sabia o quão facilmente a ordem de matar e mutilar rolava para fora das
línguas de muitos homens reunidos nesta sala, e como eles saboreavam
o seu poder para fazê-lo. Ele não tinha certeza se isso não os tornava tão
ruins. Mas não era ele quem deveria decidir, de qualquer maneira. Talvez
um dia, todos eles incluindo Growl, teriam que enfrentar um poder maior.
Esse dia não terminaria bem para nenhum deles.
~ 45 ~
Não, ele não tinha medo da dor, nem da morte. Falcone sempre
disse que isso o tornava um bem tão valioso. E isso era algo de que Growl
estava orgulhoso, mesmo que as palavras vindas da boca de Falcone
deixassem um sabor amargo.
CARA
Eu mal podia respirar. Por causa do medo e do fedor. Deus, o fedor era
pior do que qualquer coisa que eu já tinha cheirado antes. Sangue.
Metálico e doce, oprimindo. Eu ainda podia ver a poça de sangue
~ 46 ~
espalhando-se sob o corpo sem vida do pai, podia ver a mãe ajoelhada no
meio do líquido vermelho, e os olhos horrorizados de Talia. Cada
momento da noite parecia estar queimado em minha mente.
Ele era a mão brutal e violenta de Falcone. Ele se virou para mim.
~ 47 ~
calçada rachada e um gramado cheio de mato. Um grupo de adolescentes
estava reunido duas casas abaixo ouvindo música e fumando, e do outro
lado da rua uma mulher com uma regata manchada e tatuagens
serpenteando pelos braços tirava o lixo, parecia que ela daria à luz a
qualquer momento.
Growl soltou uma respiração dura. — Faça. Grite. Eles não vão te
ajudar. Eles têm seus próprios problemas.
— Isso é verdade. Mas não é por isso que eu não tenho que trancar
minha porta. A maioria das pessoas nessa área são viciados e não têm
nada a perder. — Growl me arrastou para sua casa e fechou a porta. O
interior da casa era ainda pior que seu exterior. O ar- condicionado estava
trabalhando no máximo, transformando o pequeno corredor em que
estamos em um freezer.
~ 48 ~
Eu tremi violentamente, mas Growl parecia imune ao frio. Não
haviam fotos nas paredes, nenhuma decoração. Esta casa era um lugar
solitário e escuro. Todas as portas estavam fechadas, mas de trás de uma
delas eu ouvia sons que eu não conseguia reconhecer. Parecia com um
raspar. Ele tinha outra mulher trancada lá?
~ 49 ~
Capítulo sete
CARA
Eu voltarei.
Eu não ouvi uma tranca. Ele estava tão seguro de si mesmo que
achava que não precisava disso? Seus passos se afastaram até que eu
não podia mais ouvi-los. O que ele estava fazendo?
Eu voltarei.
~ 50 ~
Me afastei da janela e apertei a faca com mais força. Esta era a
minha única chance. Poderia muito bem não ter tido uma. Eu ouvi passos
e, por um instante, fiquei congelada com indecisão e medo. Talvez as
coisas só piorassem se eu atacasse Growl, mas eu não tinha certeza de
como isso era possível. Não havia luz em seus olhos, nenhuma
misericórdia ou bondade, nada que eu pudesse me agarrar e esperar por
um destino aceitável. Talvez houvesse pouca esperança de eu ter sucesso,
mas…
Uma nova onda de pânico tomou conta de mim. Eu não sou assim. Não
era assim que eu queria ser. Pela primeira vez na minha vida eu odiava
meu pai. Ele tinha trazido isso para nós, tinha nos forçado a uma vida
que nenhum de nós tinha escolhido. Deus, o que estava acontecendo com
Talia? Ela estava bem? Ela era muito jovem para isso. E se ela fosse
entregue a outro mafioso? Ela tinha apenas quinze anos. Eu deveria estar
lá para ela, deveria protegê-la, em vez disso eu nem tinha certeza se eu
poderia me proteger.
Ele era muito mais alto do que eu, então eu teria que dirigir a faca
para cima. Eu me preocupava de não ser capaz de colocar força suficiente
na facada desse jeito. A porta começou a se abrir e então a forma alta de
Growl apareceu. A adrenalina bombeou em minhas veias quando eu pulei
nele.
~ 51 ~
Growl ergueu seu braço nu para afastar meu ataque. A lâmina
cortou ao longo de seu antebraço e o sangue jorrou. Mas seu rosto não
mostrava dor. Ele agarrou meu braço, mas eu o desviei, usando minha
baixa estatura para evitá-lo. Eu apunhalei com a faca para cima
novamente, quase cegamente. Com um som baixo dentro de sua
garganta, Growl segurou meu pulso. Eu gritei de dor por causa da força
e soltei a faca.
~ 52 ~
Seu aperto em meus pulsos não afrouxou. Ele não fez nada, exceto
me olhar fixamente. Eu sabia que deveria desviar o olhar. Não era isso o
que você deveria fazer se estivesse diante de um cão perigoso? Mas eu
não estava apenas presa pelo poderoso corpo de Growl, mas também pelo
olhar aterrorizante em seus olhos. Sua respiração estava calma, não
havia nenhum sinal de nossa luta. Para ele, isso não era nada. Uma de
suas mãos se moveu para baixo em direção ao meu estômago. Minha
camiseta tinha subido durante a nossa luta e mostrou a pele abaixo. Eu
me retesei quando Growl colocou sua mão contra meu estômago. O que
ele estava fazendo? Ele olhou atentamente para sua mão descansando
contra minha pele mais pálida. A ponta dos seus dedos e a palma mal me
tocando. Lentamente, seu olhar voltou a se juntar ao meu.
Eu fiz outra tentativa meia boca para me libertar, mas foi quase
ridículo. Talvez se ele fosse capaz desse tipo de emoção, Growl poderia
realmente ter rido de mim.
GROWL
Ele tinha uma reputação, e ele estava orgulhoso dela. Sua
reputação era temida, respeitada, e isso era muito mais do que qualquer
um esperava de alguém como ele. O filho de uma prostituta. O bastardo.
O garoto que nunca falou.
Ele nunca tinha tido algo para si mesmo, nunca ousou sonhar em
possuir algo tão precioso. Ele era o filho bastardo indesejado que sempre
teve que contentar-se com as sobras dos outros. E agora Falcone lhe dera
o que há poucas semanas atrás estava fora de seu alcance, alguém que
nem sequer o permitia admirar de longe, uma das mais valiosas posses
da sociedade.
~ 53 ~
Atirada a seus pés, porque ele era quem ele era, porque estavam
certos de que iria quebrá-la. Ele era seu castigo, um destino pior do que
a morte, uma forma de entregar o castigo final a seu pai, que tanto os
tinha desagradado.
Sua mão rastejou pela pele macia de sua garganta, então seus
dedos enrolaram em torno dela. Suas pupilas se dilataram, mas ele não
colocou pressão em seu toque. Seu pulso batia contra a palma da sua
mão. Ele era um caçador, e ela orava. O fim era inevitável. Ele viera pedir
seu prêmio. Foi por isso que Falcone a deu a ele.
Growl gostava de coisas que doíam. Ele gostava de ferir. Talvez até
amasse, se ele fosse capaz desse tipo de emoção. Ele se inclinou até que
seu nariz estava a centímetros da pele abaixo de sua orelha e cheirou.
Ela parecia doce como uma flor com uma pitada de suor. Medo. Imaginou
que podia sentir o cheiro também. Ele não podia resistir e ele não
precisava, nunca mais com ela. Dele. Ela era dele.
Ele nunca gostou de coisas doces, mas talvez ela mudasse isso.
Ele baixou os lábios até a sua pele quente. Seu pulso zumbiu sob
sua boca onde ele beijou sua garganta. O pânico e o terror batiam num
ritmo frenético sob sua pele. E isso o deixou fodidamente duro.
~ 54 ~
sabia que a parte dele que não tinha nascido um monstro tinha morrido
há muito tempo. A misericórdia era a coisa mais distante de sua mente
enquanto seus olhos reivindicavam seu corpo.
Os ossos de seu ombro eram afiados contra sua palma. Tão frágil.
Parecia uma boneca. Quebrável, mas bonita. Nada que ele estivesse
destinado a possuir. Sua pele parecia suja em relação à dela e ele ergueu
a mão alguns centímetros, esperando ela afastar a sua pele do seu toque.
Ela não era como nada que ele já tivesse pensado em ter sob seu
alcance. Não era para ela estar. Nada que ele estivesse destinado a tocar
com suas mãos cicatrizadas e brutais.
Algo quente e afiado agarrou-se ao seu peito. Ele não gostou, nem
um pouquinho. Ele se empurrou da cama, cambaleando de pé. Ela ficou
de costas, os olhos cheios de confusão e perguntas, e novamente aquela
piscada de esperança. — É melhor parar com isso, — ele rosnou.
~ 55 ~
Ele não deve… não importava porque Falcone a tinha dado a ele.
Ela era dele para fazer o que ele quisesse. Ele andou para a porta e a
fechou atrás de si mesmo. Amanhã ele a reivindicaria. Valendo a pena ou
não. Ele merecia algo bom em sua vida.
~ 56 ~
Capítulo oito
CARA
Eu estremeci quando a porta se fechou. Surpresa que o som tinha
conseguido penetrar o nevoeiro do medo e o martelar do meu coração.
Senti-me atordoada. Lentamente, sentei-me. Meu corpo doía, e eu não
tinha certeza se era da minha briga com Growl ou se era o terror se
manifestando em forma de dor física. Eu não sabia mais nada. Meu
mundo tinha sido destruído, e logo eu dividiria o mesmo destino. Growl
tinha partido, me poupou por enquanto, mas ele voltaria.
Ele voltaria.
Eu queria que fosse assim tão fácil, esquecer seu corpo, indo para
lugares e tempos melhores. Mas isso era um pensamento idiota. Não
haveria nenhum milagre que me tirasse desse lugar, do alcance de Growl.
A maior parte da minha vida eu vivi em uma bolha, afastada da realidade
que tantas pessoas enfrentavam. Eu não podia me permitir esse luxo
mais. Se eu quisesse fugir do meu destino, teria que me salvar. Ninguém
viria em meu socorro, e não meus guarda-costas que agora serviam a
Falcone, provavelmente sempre serviram. Não meu noivo traidor. Não
meu pai, que provavelmente já tinha sido despejado em algum lugar que
ninguém poderia encontrá-lo, ou Falcone o tinha jogado para os cães
como um lanche. Meu peito apertou, mas eu lutei com esse sentimento.
Não havia sentido em compadecer os mortos. Eles não tinham mais nada
a perder. Mas eu tinha, minha mãe, Talia.
~ 57 ~
Eu soltei um soluço trêmulo e rapidamente apertei minha palma
sobre meus lábios. Eu não queria que Growl me ouvisse, para que não o
excitasse e ele mudasse de ideia em me poupar hoje à noite. Eu rastejei
na direção da borda da cama e coloquei um pé no chão de madeira, então
esperei que meus músculos parassem de tremer antes que eu ousasse
me levantar. Minhas pernas estavam instáveis. Eu estava instável.
Olhei em volta. Este quarto era ainda mais escasso do que o último.
As paredes estavam vazias. O piso de madeira completamente arranhado.
~ 58 ~
fechei meus olhos. Lá fora um casal estava gritando obscenidades um
para o outro, carros passavam cantando pneus, e portas eram batidas.
GROWL
Ele odiava esse sentimento. Odiava a nitidez e a intensidade do
mesmo. Odiava ser lembrado que ele ainda era humano a esse respeito.
~ 59 ~
Ele precisava ser o monstro que todos esperavam dele, ele queria ser
aquele monstro.
Ele lutou tanto para ser algo, qualquer coisa, mais do que o
bastardo e a cicatriz em torno de sua garganta, mais do que o filho de
uma prostituta, mais do que isso. Sempre mais.
~ 60 ~
inteligente o bastante para não se meter no caminho dele de qualquer
maneira.
O cara gordo apertou uma mão carnuda na coxa de Lola, mas ela
o sacudiu e abriu as pernas para gritar. Seu vestido se revirou, revelando
uma buceta bem depilada, um piercing cintilando sob a luz. O cara gordo
franziu o cenho e seguiu o olhar de Lola em direção a Growl. Sua
expressão caiu. Ele rapidamente deslizou fora de seu banquinho e
desapareceu de vista, procurando por outra prostituta talvez.
~ 61 ~
Capítulo nove
CARA
Fui acordada por um som que não consegui distinguir. Como
garras na madeira. Meus olhos se abriram, olhando para um teto branco,
não para minha cama de dossel. Algumas manchas escuras pontilhavam
o branco que era realmente mais cinzento, como se alguém tivesse
matado moscas ou mosquitos e não tivesse se preocupado em limpar
depois. A confusão deslizou através da minha mente sonolenta, e então
tudo o que tinha acontecido veio à tona. Eu me ajeitei em uma posição
sentada. Demorou um momento antes de descobrir de onde barulho que
tinha vindo. Os cachorros. Eles estavam na frente da minha porta
novamente.
~ 62 ~
A porta rangeu. Eu girei ao redor, meu corpo tensionado com medo.
Growl entrou, seus olhos pousando em mim. Eu rapidamente cobri meu
sutiã com meus braços.
— Você está acordada, — ele disse em voz baixa. Ele nunca havia
levantado a voz nas poucas vezes que eu o ouvira falar, mas suas palavras
emanavam poder suficiente de qualquer maneira.
— Mas você deve saber algo, qualquer coisa. O que Falcone lhe
disse antes de vir para nossa casa?
~ 63 ~
Growl fez uma pausa, franzindo o cenho. — E por que não foi?
— Você pode andar pela casa sempre que quiser. Não vou trancar
você no seu quarto. Você não é uma criança.
— Você é minha.
~ 64 ~
— Não julgue as coisas por seus olhares. Isso pode te enganar.
~ 65 ~
Nenhum perfume ou outros produtos de cuidados para o corpo. Coloquei
um pouco de pasta de dentes no meu dedo indicador e usei para escovar
os dentes.
Quando saí do banheiro, Growl não estava lá, nem seus cães.
~ 66 ~
Ele olhou para cima e seus olhos percorreram todo o meu corpo,
permanecendo nas minhas pernas, quadris e seios.
~ 67 ~
senti isso da ponta dos dedos das mãos até os pés. Em toda parte.
Estava errado. Deus, tão errado. Como o homem na minha frente.
GROWL
Emoções, ele nunca tinha entendido bem. A maioria das pessoas
tinha muitas, e lhes deixava ainda mais dispostas. Especialmente as
mulheres pareciam muito despreocupadas em mostrar essa parte de si
mesmas. Cara não era diferente. O ódio, estava claro em seu rosto.
Ela o odiava.
Todos o odiavam.
Ela o temia.
Todos o temiam.
Ele não era um homem esperto; Nem sequer perto de ser tão
inteligente quanto ela. Ele sabia disso, e talvez isso o tornasse mais
inteligente do que a maioria dos homens de Falcone. Ele conhecia suas
limitações, as sentia todos os dias e as aceitava, mas nunca as deixava
pará-lo. Mas apesar de sua falta de inteligência, ele sabia que Cara não
era realmente uma recompensa para ele. Não era por isso que lhe fora
dada. Claro, ela era uma recompensa, era o maior presente que alguém
como ele poderia esperar, era mais do que alguém tão sombrio e sujo
merecia, mas não era por isso que Falcone lhe dera como seu presente.
Esta não foi uma recompensa para ele, era um castigo para ela e
seu pai, e se tinha alguma coisa de verdade nisso, era que tudo não
passava de um verdadeiro castigo. Growl sabia disso, e talvez ele deveria
~ 68 ~
ter se sentido revoltado, deveria ter se sentido culpado, deveria ter
recusado um presente como esse, mas ele não era esse tipo de homem, e
foi por isso que Falcone o tinha escolhido sabiamente. Ele era a punição
que ninguém merecia, muito menos ela. Mas agora que ele a tinha, Cara,
seu dom, ele nunca a deixaria ir. O beijo, tinha lhe dado um gosto do que
estava por vir, de Cara, e malditamente, ela tinha um sabor doce com
uma pitada de amargura do café. Mais doce do que qualquer mulher que
ele tinha beijado, mas não tinha havido muitas e seu último beijo foi há
muito tempo. Ele não gostava de beijar as putas. Não porque tinham o
gosto de outros homens em sua boca, embora isso também contasse se
ele fosse perfeitamente honesto consigo mesmo, mas principalmente
porque era muito íntimo. Ele nunca tinha entendido o valor de beijar,
quando o sexo e um bom boquete traziam uma satisfação mais rápida,
mas desde a primeira vez que ele viu os lábios rosados de Cara, ele se
perguntou como seria beijá-la. No começo, tinha sido uma fantasia
ridícula, que nunca se tornaria realidade, mas então se tornara uma
possibilidade.
Ele olhou para baixo para seu rosto furioso, e o duro conjunto de
seus lábios. Ele queria beijá-la de novo, prová-la novamente, mas ele
tinha aprendido a controlar seus desejos. A forma como ela olhava para
ele agora, o fazia lembrar da primeira vez que eles se encontraram, dos
olhares que cada mulher na sociedade lhe deu. Ele deu um passo atrás
antes que sua raiva pudesse tirar o melhor dele, como se tivesse passado
a última vez. Ele não teve tempo para outra visita com Lola. E se ele fosse
honesto, tinha sido tão satisfatório com ela como de costume.
Ela era. Mas ele não podia imaginar tratá-la como tratava Lola. Não
apenas porque Cara não reagiria do jeito que Growl queria, mas também
porque não gostava da ideia de tratá-la dessa maneira. Ela era muito
preciosa.
Ele olhou para ela. Ela ainda estava sentada no balcão onde ele a
colocou, mas ela cruzou as pernas protetoramente e estava observando-
o cautelosamente. Mesmo assim, ela conseguiu parecer elegante e
absolutamente fora de lugar em sua casa.
~ 69 ~
Talvez Falcone não se limitasse a gritar como uma punição para
Cara. Talvez ele também tivesse esperado colocar Growl em seu lugar,
para mostrar que apesar de seus anos de serviço, ele ainda não era digno.
~ 70 ~
Capítulo dez
CARA
Meus lábios ainda estão formigando do beijo, apesar do meu nojo
e raiva de Growl. Ele se afasta lentamente, com uma expressão que não
consigo decifrar. Eu pulo do balcão, tentando sair dessa situação
comprometedora, e congelo de medo quando os cachorros saltam de onde
estavam descansando no canto da cozinha.
O único cachorro com que tive contato nos últimos anos foi o
Chihuahua de Anastasia, que ela comprou depois que isso se tornou um
item essencial das fashionistas, de acordo com as revistas que ela lia.
Mas aquele cachorro tinha o tamanho de um porquinho-da-índia, e seus
dentes mal tinham força para arranhar a pele de alguém. Esses
cachorros, no entanto, eram monstros no tamanho e, principalmente, na
personalidade, assim como o seu mestre. Eu puxei uma respiração e me
encostei contra o balcão outra vez. Não havia nenhum outro lugar que eu
pudesse ir, e pelo jeito que eles me olhavam, iam me seguir de qualquer
maneira. Meu coração acelerou e eu congelei completamente.
— Se você agir com medo, eles vão ficar desconfiados, — ele disse
como se eu fosse uma criança.
~ 71 ~
Ele congelou com o braço no ar e a falta de compreensão cresceu
ainda mais em seu rosto.
Pela sua reação ontem, eu pensei que mal tinha deixado uma
marca nele com a faca, mas ele provavelmente era muito cuidadoso para
mostrar a extensão do seu ferimento durante uma luta. Embora chamar
nossa pequena desavença de luta era algo risível.
— No armário.
~ 72 ~
Growl assentiu. — Ele era o inimigo.
— E eu não sou?
Por alguma razão, ele parecia mais próximo do que antes, e seu
cheiro finalmente chegou até mim. Não o cheiro de suor, sangue e morte,
como na noite passada, mas algo fresco e almiscarado. Parecia normal
demais para alguém como ele.
— Não pensei muito sobre isso ainda. Eu não sabia que Falcone
ia te dar para mim, ou eu teria feito planos, — ele disse.
~ 73 ~
Eles não hesitaram. Dentro de segundos eles estavam ao lado de
Growl e olhavam para ele com o que eu só podia descrever como
adoração. — Eles são bem treinados, — ele explicou. — Você pode chegar
perto.
Ele franziu o cenho. — Você vai ter que se acostumar com eles.
Você vai passar muito tempo com eles no futuro, e eu não vou estar
sempre por perto para te ajudar.
~ 74 ~
ainda houvesse as bordas afiadas da rouquidão das suas cordas vocais
danificadas.
— Por quê?
~ 75 ~
Growl colocou minha mão no meio das suas costas, a seguir. — Essa é
Coco. Ela tem oito anos, e eu estou com ela há dois, — Coco, parece um
nome tão doméstico para um cachorro como esse.
Corri minha mão para cima e para baixo pelo comprimento das
costas de Coco. Seu pelo era suave, e eu me encantei na sensação dos
seus músculos. Ela era forte, mais forte do que parecia. Eu só podia
imaginar a cadela na arena de lutas, e a pena por ela cresceu em mim
novamente. Seus olhos castanhos eram curiosos e gentis. Eu não podia
ver uma pitada de agressividade.
Growl pegou minha mão outra vez e a levou para o outro cachorro,
Bandit, inspecionar. Ele também me cheirou algumas vezes, mas não
balançou o rabo ou reagiu de qualquer outra forma. Ele não parecia se
importar muito com a minha presença.
Growl fez uma careta por cima do ombro na minha direção. Ele não
disse nada.
~ 76 ~
a fechou ao passar. Um momento depois, ouvi o som dela sendo
trancada e eu estava sozinha.
~ 77 ~
Parei de rir, fiquei em silêncio e fechei os olhos, então lentamente
deixei minha cabeça cair para frente até que ela descansou em minhas
pernas. Deixei as imagens da noite passada me assaltarem, esperando
que as revivendo, elas parassem de me assombrar. Levaria tempo, eu
sabia disso. Talvez elas nunca fossem embora.
Eu não tinha como encontrar elas, não tinha como lhes dizer que
eu estava bem e que era para elas serem fortes. Talvez isso fosse a pior
parte, pior até do que ser prisioneira de Growl. Algo fungou no meu
pescoço e eu levantei a cabeça para encontrar Coco parada bem ao meu
lado, seu hálito quente de cachorro no meu rosto. Primeiro eu fiquei com
medo, mas então percebi que a cadela estava tentando me consolar. Não
me mexi, com medo de assustá-la. — Obrigada, — eu sussurrei, embora
me sentisse boba por falar com um cachorro. Coco trotou até onde Bandit
estava cavando em um ponto perto da cerca.
Voltei para a casa antes que meu mau-humor piorasse ainda mais.
Os cachorros ainda estavam ocupados perto da cerca.
~ 78 ~
quase um inimigo por si só. Sem decorações, sem móveis aconchegantes.
Esse lugar estava equipado apenas para as necessidades mais básicas.
Dei uma olhada na geladeira, mas além de uma dúzia de ovos e algumas
latas de Coca, estava tudo vazio. Considerei preparar uma omelete,
embora eu só tivesse feito isso uma vez antes. Não estava com tanta fome
assim, de qualquer forma.
Ainda tinha luz lá fora, então eu pelo menos sabia que não era
noite.
~ 79 ~
Growl estendeu uma caixa de leite. — Para o seu café.
Ele era surdo? — Não estou com fome, — isso era mentira. — E
sobre a minha pergunta? Você se encontrou com Falcone, ele disse algo
sobre a minha mãe e a minha irmã?
— O que você espera quando você está gritando com o dono dele?
Ele olhou para o seu braço enfaixado, então deu de ombros. — Você
não é um perigo para mim, mas está sendo desrespeitosa.
~ 80 ~
— Isso quer dizer que você sabe mais?
~ 81 ~
Capítulo onze
CARA
Meus dedos tremiam ante a perspectiva de notícias sobre minha
mãe e minha irmã. — Está bem. Vou comer a pizza. Apenas me diga o
que você sabe.
— Que tipo?
Growl pegou o telefone e pediu a pizza para seis. Isso iria demorar
mais de uma hora.
Ele deve ter visto o desânimo em minha expressão porque ele disse:
— Coco e Bandit precisam caminhar. Se você vir, eu te direi tudo o que
sei.
~ 82 ~
— Então minha mãe e minha irmã estão bem? — Eu perguntei
aliviada.
— Sua mãe está em sua casa velha. Ainda não sei onde está sua
irmã.
— O que você quer dizer, você não sabe? O que aconteceu com
ela? Como você pode ter certeza que Falcone não vai machucá-la se você
não sabe qualquer detalhe? E se ele a entregar a alguém como presente?
— Mas-
~ 83 ~
GROWL
Growl cambaleou para o pátio em direção à sua área de fitness. Ele
precisava deixar escapar algum vapor e ele precisava treinar de qualquer
maneira.
Algo estava mal com ele. Ele tinha Cara em sua casa. Ele tinha
permissão para fazer com ela o que quisesse, e o que ele tinha feito até
agora? Nada. Algo sobre ela o deixava incapaz de apenas agarrá-la e fazer
o que quiser com ela.
Ele nunca forçou uma mulher a dormir com ele. Talvez fosse isso.
Ele gostava quando elas lutavam contra ele, quando elas mordiam e
arranhavam e às vezes até gritavam, mas não porque não queriam, mas
porque sim. Ele não tinha problemas em machucar as pessoas, machucar
mulheres, mas isso era diferente. Esse era seu trabalho. E ele gostava.
Não havia como negar. Mas o sexo era outra coisa. Ele não queria forçar
uma mulher. Queria que a mulher o desejasse.
O pior foi o modo como ele pegou Cara olhando para ele hoje. Ela
gostava de ver seus músculos. Ele tinha certeza de que ela estava atraída
por ele em algum nível básico. Ela também o odiava, e isso era mais forte
do que qualquer desejo que ela pudesse ou não sentir por ele.
~ 84 ~
Como ela inventou esse tipo de lógica? — Não, — ele disse,
baixando a barra no suporte. — Eu não sabia que você moraria comigo.
Você queria usá-la para pular a cerca? — Ele suspeitava que ela pudesse
tentar escapar. Ele também sabia que ela não conseguiria.
Porque, porque, porque. Por que ela sempre tinha que fazer
perguntas?
Growl a deixou, mesmo que fosse uma das coisas mais difíceis que
já fizera. Ele olhou para sua protuberância. O corpo de Cara respondeu,
só que a porra da sua mente ainda estava bagunçando as coisas. Growl
sabia agora que ela estava molhada para ele, não havia como ser capaz
de manter as mãos para si mesmo. Ele queria prová-la, queria fazer o
corpo dela anular sua mente.
~ 85 ~
CARA
Eu não parei de correr até eu ter fechado a porta do meu quarto
atrás de mim. O que eu tinha feito? O que eu deixei Growl fazer? Deus.
Meu coração estava pulsando descontroladamente em meu peito. Eu
podia sentir o baque, até a batida entre minhas pernas. Cobri os olhos
com a mão e respirei profundamente. Eu nunca senti isso antes. Mas,
movida pelos instintos, minha mente estava em silêncio.
***
~ 86 ~
conseguiria me esconder para sempre, mas meu embaraço ainda estava
muito fresco. Pelo menos, ele não procurou a minha companhia.
***
~ 87 ~
Eu tremi. Havia tantos rumores sobre como tinha acontecido, e ainda
mais sobre como ele tinha sobrevivido. Eu suspeitava que muitos deles
eram o pilar sobre o qual a notória reputação de Growl tinha sido
fundada. Por que ele estava vivo? Uma ferida assim, uma garganta
cortada, quase sempre significava morte. Por que alguém como ele,
alguém que não merecia viver, sobreviveu, enquanto outros morreram
por menos? Parecia injusto e cruel. Talvez fosse estúpido da minha parte
esperar que a vida fosse justa, dar a todos o que mereciam.
Eu afastei meu olhar, receosa que ele notaria e ficasse irritado. Mas
ele provavelmente estava acostumado a encaradas até agora. Onde quer
que ele fosse, as pessoas observavam com temor e horror. Eu duvidava
que ele gostava da atenção, tão diferente de seu chefe. Eu tinha visto o
orgulho e o prazer no rosto de Falcone sempre que as pessoas fugiam de
seu assassino mais temido.
Eu o encarei. Essa não foi uma resposta, pelo menos não uma que
me permitiu descobrir mais sobre Growl. Era genérica e sem emoção, mas
me mostrou algo. Que eu tinha encontrado um tópico que Growl estava
desconfortável.
~ 88 ~
Ele balançou a cabeça em direção à minha pizza intocada. — Ou
você come ou eu vou dar para os cães.
Eu estava com muita fome para dar a pizza para os cães e então
comecei a comer.
~ 89 ~
Capítulo doze
GROWL
Growl sabia que ela estava olhando para ele de seu quarto. Ele a
vira pela janela. Isso estava consumindo seu controle. Não conseguia
mais pensar em nada além de seu corpo.
Growl voltou para a casa depois de uma hora de treino intenso, mas
ele ainda não sentia que isso o tinha acalmado. Foi até o banheiro e pegou
uma toalha para limpar o suor.
Por que ele ainda estava parado aqui? Ele agarrou a maçaneta e
abriu a porta. Ele se certificou de ser o mais silencioso possível. Ele não
queria que ela o notasse imediatamente. Ele olhou para dentro, e não
podia acreditar em seus olhos. Ela nem estava acordada. Seus olhos
estavam fechados e sua respiração muito baixa. Ele entrou e viu uma de
suas mãos mover-se entre suas pernas.
~ 90 ~
contorceu, então abriu as pernas sob o cobertor. Growl sufocou um
gemido ao ver. Ele pegou a borda do cobertor e lentamente puxou até os
joelhos. Ela estava usando uma camisola que tinha subido até seus
quadris, deixando sua vagina nua para ele. Ele respirou fundo enquanto
observava um de seus dedos delgados deslizar lentamente sobre seus
lábios inferiores. Foi a primeira vez que ele viu sua vagina. Ela não estava
bem barbeada como a puta que ele tinha no passado. Ela estava aparada,
mas os cabelos castanhos macios cobriam sua montanha. Seu pau estava
tão duro, Growl ficou surpreso por não ter explodido ainda. Talvez esta
fosse a primeira vez que Growl viesse em suas calças. Ela choramingou
novamente, necessitada, mas seu próprio toque não parecia levá-la mais
longe. Growl podia dizer que seu toque não era praticado. Droga. Ele
estava cansado de resistir quando era tão óbvio que ela o queria tanto
quanto ele a queria.
Ele se inclinou sobre ela, deixando que seu cheiro inundasse seu
nariz. Ele deu uma longa lambida sobre seus lábios inchados, e seu gosto
era tão doce, isso o deixou louco. Ela estremeceu e gemeu alto. Growl não
aguentou mais. Afastou a mão dela e deslizou a língua entre os lábios.
Ele lambeu seu buraco apertado e lentamente viajou até a pequena
protuberância no topo. Ela gemeu e depois ficou tensa. Ela estava
acordada, mas Growl estava decidido a não deixar que sua mente tirasse
o melhor dela. Ele puxou o clitóris em sua boca, e sugou em um ritmo
suave.
— Nós não podemos fazer isso, — ela disse trêmula, mas não havia
quase nenhuma convicção em sua voz, e isso era tudo o que ele precisava.
Ele a lambeu mais forte, mergulhou sua língua dentro dela, então sugou
seu clitóris novamente. Ela gritou, e assim já gozou, inundando sua boca
com sua doçura. Ele não parou. Esta tinha sido apenas a primeira
batalha. Ele continuou lambendo, depois a fodeu com a língua
novamente. Ele não lhe deu tempo para se recuperar. Ele deslizou um
dedo nela. Ela estava tão molhada, que não foi encontrado quase
nenhuma resistência.
~ 91 ~
Seu pau estava quase cru de esfregar contra suas calças, mas ele
precisava de mais tempo para ela. Ele precisava prepará-la para o que
estava por vir. Dessa vez ele não iria parar.
CARA
Eu mal podia respirar. Meu corpo estava queimando, meu pulso
acelerado. Tudo parecia tão incrivelmente intenso. Growl estava
praticamente enterrado no meu colo, lambendo e beijando e chupando.
Eu estava tão perto do meu segundo orgasmo. Sua mão serpenteou sob
minha camisola até meu peito. Seus dedos fecharam em torno do meu
mamilo e torceu, e assim outra onda caiu sobre mim, ainda mais difícil
do que antes. O que estava acontecendo? Eu não conseguia entender um
pensamento claro.
~ 92 ~
de mim, mas eu mantive meus olhos abertos, continuava olhando para
aquele rosto impressionante do meu captor, meu dono, e agora amante.
O ódio deveria estar na vanguarda da minha mente, mas não estava.
Ainda estava lá, ainda forte, mas estava lutando com outras emoções.
Emoções que eu não queria sentir. Compaixão e compreensão.
Agradecimento por sua quase bondade e até mesmo sugestões de
piedade.
Então pare-o. Faça isso, enquanto ainda reste algo de você. Minhas
unhas enterraram mais profundamente nos braços de Growl e ele
grunhiu, os olhos brilhando de prazer. Ele estava gostando. E, por sua
vez, meu próprio corpo zumbiu de prazer. Ele nunca desacelerou, nunca
desviou os olhos de mim. Seu peito musculoso reluzia de suor. A dor deu
lugar a algo mais quente, algo que emocionou meu corpo mais do que
qualquer picada poderia. Eu levantei meus dedos até os ombros de Growl,
arranhando, deixando um caminho vermelho no meu caminho, e
saboreando nele, e nas gotas de sangue que pontilhavam o ponto onde
eu me agarrei a ele.
~ 93 ~
nunca teve a chance de se encontrar? — Eu empurrei o pensamento para
longe, banindo a miríade de pensamentos aglomerando-se no cérebro. Eu
não poderia levá-los mais. Growl estava ofegante ao meu lado. Seu rosto
parecia relaxado, em branco, mais do que nunca, como se através do ato
carnal de sexo, ele conseguira se libertar, conseguisse banir qualquer
demônio que o assombrasse.
Esta não seria a última vez. E eu não fiquei horrorizada com a ideia.
Apesar do estado dolorido e até da dor que latejava entre minhas pernas,
eu queria de novo. Eu admiti para mim mesma esse momento de
realização. O dano já foi feito. Eu não tinha mais nada a perder.
Growl olhou para mim por cima do ombro, e agora seu olhar em
minha pele nua não fazia meu corpo zumbir de prazer e triunfo. Eu
segurei os cobertores sobre meu peito, agarrando-se ao tecido rápido
como eu tinha agarrado os braços fortes de Growl poucos minutos antes.
Eu não dei voz às minhas perguntas, não queria soar desesperada e
necessitada, especialmente quando ele era a última pessoa que eu deveria
precisar. Por um momento nós dois parecíamos estar congelados, mas
então eu desviei meus olhos sob o poder da minha própria vergonha e
Growl levantou-se. Do canto do olho, eu o vi reunir suas roupas do chão,
mas ele não se incomodou em se vestir. Em vez disso, ele saiu e começou
a fechar a porta, mas parou.
~ 94 ~
GROWL
Ele tomou vários goles longos de água gelada. Até agora seu corpo
parecia ferver de luxúria. Seu orgasmo não tinha diminuído nem um
pouco seu desejo por Cara. Não porque o sexo não tinha sido satisfatório,
embora isso fosse verdade também. Ele tinha tido orgasmos mais fortes,
tinha tido sexo melhor, mas o que tinha acontecido entre ele e Cara tinha
sido a coisa mais intensa que ele já tinha experimentado. Não fazia
sentido.
Ela não era alguém que pudesse saciar sua fome, e ela não era
alguém que ele normalmente escolhia para seu desejo, e mesmo assim
neste segundo de merda ele não podia imaginar estar com outra mulher.
Ele queria Cara, queria ver se conseguiria tirá-la de sua concha, torná-la
mais adiante e exigente. Ele queria liberta-la de sua fome. Ela tentou
esconder isso, mas naquela noite ele tinha visto e ele queria mais.
Antes de Cara, ele estava satisfeito com o que tinha, com as cartas
que recebera, mas ela o fez querer mais e isso não era exatamente seguro
em seu mundo.
~ 95 ~
Growl estendeu a mão para a maçaneta da porta, seus dedos
apertando o metal frio até que seus ossos doeram da pressão. Ele soltou
e deu um passo atrás. Por que ela estava chorando?
Growl enrolou as mãos nos punhos e olhou para o céu noturno. Ele
nunca encontrara a visão calmante ou mesmo inspiradora. Para Growl
sempre tinha sido muito vasto, muito incerto. Algo que ele não podia
controlar ou compreender, nem mesmo começar.
Cara, ela, também, era como o céu noturno. Tão linda, não havia
dúvida sobre isso.
Ele também estava bravo com ele. Ele não deveria dar uma merda
sobre seus sentimentos. Ele tinha ouvido as pessoas chorando antes,
ouvido eles implorando e gritando de terror. O que era uma mulher
chorando? Nada. Mas isso não diminuiu sua raiva. Ele chutou o chão
novamente. Coco se escondeu atrás das cadeiras e Bandit se afastou
ainda mais longe dele.
~ 96 ~
Ele ficou de joelhos e fez um barulho reconfortante. Seus cachorros
nunca tiveram medo dele. Depois de um momento de hesitação, primeiro
Coco e, em seguida, Bandit aproximaram-se dele e apertaram-lhe o corpo.
Ele os acariciou por um longo tempo e, finalmente, parte do fogo debaixo
de sua pele desapareceu. É por isso que ele preferia a companhia de cães.
Eles não eram complicados. Eles mostravam o que eles estavam sentindo.
Ele se levantou e voltou para a casa. Ele não permitiria que nada
ou alguém o expulsasse de sua própria casa. Coco e Bandit o seguiram
de perto. Growl fechou a porta do terraço e depois ouviu. O chuveiro não
estava mais ligado. Ele esperou mais um momento, mas ficou em silêncio.
Nenhum soluço, nada. Coco saiu de seu lado e trotou em direção à porta
de Cara, cheirando antes de se sentar. Growl suspirou. Especialmente
Coco tinha se afeiçoado a Cara, mas mesmo Bandit, que nunca gostou
de ninguém, parecia gostar da presença da mulher.
Isso não o fez se sentir melhor. Ele não devia ter sentido nada à
vista.
~ 97 ~
Capítulo treze
CARA
Eu considerei ficar no meu quarto, mas então eu decidi que seria
estúpido fazer isso. Eu me odiava pelo que acontecera na noite passada,
mas talvez eu pudesse usar isso para minha vantagem. Eu queria ficar
no lado bom do Growl, então ele iria ajudar a mim e a minha família.
Dormir com ele talvez fosse o primeiro passo na direção certa, por mais
louco que isso fosse.
~ 98 ~
— Growl, — ele repetiu e ouvi-lo dizer o nome, se encaixou ainda
melhor.
— Por que você diz isso? É o nome que sua mãe escolheu para
você.
— Mas o menino que recebeu esse nome não existe mais. Ele foi
apagado para sempre.
— Mas seu antigo nome não é melhor do que um nome que lembra
todos os dias do que aconteceu com você? — Eu queria perguntar a ele
sobre os eventos, mas ele já estava tenso e eu tinha a sensação de que
ele não estaria aberto a dar mais informações se eu perguntasse a ele
agora.
***
~ 99 ~
imediatamente se juntou a mim na sala de estar, mas ele não se sentou
e ficou na porta em vez disso. Sempre cauteloso para não chegar muito
perto, exceto quando éramos íntimos.
— Ele não disse onde? E por que ele a está escondendo? O que ele
quer com ela? E se eles a estão machucando? — Eu apertei meus joelhos,
a mera ideia da minha irmã estar machucada de alguma forma me
rasgou.
— Sua mãe não precisa saber nada sobre negócios. Seu sangue é
o que importa.
~ 100 ~
Growl procurou meu rosto como se ele não pudesse acreditar que
eu não soubesse. — Sua mãe não é de Las Vegas. Ela nasceu em Nova
York, mas fugiu com seu pai.
Eu suspeitava que a mãe tivesse fugido com o pai. Ela sugeriu algo
assim. Mas em Nova York? Pensei nas poucas vezes em que conversei
sobre Nova York com minha mãe. Ela sempre evitava o assunto. Eu
nunca tinha pensado muito, mas tudo fazia sentido agora. No entanto,
ainda não explicava por que isso a tornava um trunfo para Falcone.
— Está. Suponho que ela e seu irmão nunca se deram muito bem,
essa foi outra razão pela qual ela deixou Nova York.
— Eu pensei que Las Vegas não queria nada com Nova York. Eles
se odeiam. Foi o que meu pai sempre disse.
~ 101 ~
Eu bufei. — Eu não estou surpresa. Ele é um bastardo sádico, e
nunca se importava em trabalhar com ninguém. Por que os Vitiellos
deveriam considerar ajudar a Camorra?
— Por que Falcone não pediu a minha mãe antes? Porque agora?
— Eu digo que os Bratva tomem a cidade. Eles não podem ser pior
do que os Falcone. A cidade ficará melhor sem o bastardo.
— É uma possibilidade.
— Quando posso ver minha mãe? Quero falar com ela para ter
certeza de que ela está bem.
~ 102 ~
Growl ergueu as sobrancelhas. — Você acha que eu menti para
você? Ela está bem, considerando tudo, acredite em mim.
— Ou talvez ele achou que você me diria e ele espera que isso me
faça ficar fácil de ser controlada. Ele não pode acreditar que você não
mencionará nada a mim, — eu disse. Ele parecia duvidoso. Ele estava
escorregando novamente. Eu não sabia como ligá-lo a mim. A única vez
que baixou a guarda foi quando tínhamos feito sexo.
Growl deve ter visto algo na minha expressão, porque ele soltou um
gemido baixo e me puxou para ele, alegando a minha boca para um beijo.
Quando ele se afastou, ele murmurou: — Você sabe o que está fazendo?
~ 103 ~
Capítulo catorze
CARA
Eu sabia que estava fazendo? Deus, não, eu não sabia. A única
coisa de que eu tinha certeza era o que meu corpo o queria, o desejava
desde o primeiro momento em que nos vimos, e agora eu podia justificar
meu desejo com outra coisa. Ele era minha única chance de conseguir o
que eu queria e se isso exigisse usar meu corpo para obtê- lo, eu estava
disposta a fazê-lo. Ele me beijou novamente, mais forte desta vez e
começou a rasgar a minha camisa. Eu queria protestar, mas antes que
eu pudesse, ele já tinha rasgado, me deixando só de sutiã. E então isso
também se foi e ele chupou meu mamilo em sua boca. Eu gritei de
surpresa e luxúria, e mal tive tempo de recuperar o fôlego quando Growl
cambaleou em seus pés. Fiquei confusa. Ele estava indo embora? Eu tinha
feito algo errado? Eu pensei que ele me queria mais do que eu o queria.
Olhei para ele, sentindo uma vergonha tomar conta de mim, mas
então eu o vi tateando seu cinto e empurrando suas calças para baixo.
Seu pênis saltou pra fora, já grande e brilhando na ponta. Um calor se
espalhou entre minhas pernas só de olhar, apesar da dor que eu ainda
estava sentindo.
~ 104 ~
em mim senão uma coisa para lhe dar prazer. Por um instante meus
instintos me disseram para travar a mandíbula, mas então deixei que ele
deslizasse em minha boca. Ele era um pouco salgado, mas não de forma
ruim.
~ 105 ~
profundamente em mim e eu podia sentir as minhas terminações
nervosas, que eu nunca tinha sentido antes. Growl começou a deslizar os
dedos para dentro e para fora lentamente, e eu fiquei envergonhada com
o quão fácil era, já que eu estava molhada, quente e ansiosa. Dar- lhe
prazer tinha me excitado. Era mesmo normal que isso acontecesse com
algo tão sujo? Minha testa caiu contra seu peito forte. Eu não poderia me
segurar mais, não poderia mesmo ficar em minhas próprias pernas. As
sensações me seguraram em sua fortaleza. O polegar de Growl passou
por cima do nó dos meus nervos, novamente na eminência de ser quase
doloroso. Todo o meu corpo reverberava de desejo.
~ 106 ~
nenhum. Ele sempre se retirava depois do sexo. Como se ele não pudesse
suportar a proximidade física após o ato real. Eu não tinha certeza de
como mudar isso. O pior era que eu realmente queria estar perto dele. A
proximidade física do sexo me fazia ansiar por mais proximidade depois.
Growl não disse nada, mas pensei que talvez tivesse percebido a
dica. Era difícil dizer, pois seus olhos estavam sempre vazios ou
desconfiados, e sua expressão era a mesma. Ele pegou seu telefone e
pediu duas pizzas, ainda completamente nu. Eu não conseguia parar de
admirar sua bunda musculosa. Quando ele se virou, eu pude ler o que
estava escrito sobre seu peito pela primeira vez. Até agora eu sempre
estive muito ocupada com outras coisas. As enormes letras negras
diziam: — Vou banhar-me no sangue de meus inimigos e banhar-me-ei
do seu medo também.
~ 107 ~
pudesse sentir seu cheiro almiscarado misturado com sexo, mas sem
me tocar.
— Por que você não compra móveis de cozinha para que possamos
comer lá? — Eu perguntei quando ficou claro que ele não se importava
em ficar sentado em silêncio absoluto. Sua cabeça tinha que ser um lugar
incrivelmente excitante considerando quanto tempo ele passava lá.
Growl olhou para mim, depois para minha mão. Ele parecia não
saber como reagir. Eu podia ver que ele estava desconfortável, mas ele
não me empurrou para longe.
~ 108 ~
Enquanto meus dedos permaneciam em movimento, meu cérebro
parecia desacelerar um pouco.
Meu olhar foi até seu rosto, mas ele estava olhando para o teto com
uma expressão ilegível. Ele não queria que eu visse seus olhos, e isso só
me deixou mais curiosa para vê-los. — O que aconteceu com ela?
— Ele não está morto. — Por que ele não respondeu a minha
segunda pergunta?
— Cinco.
~ 109 ~
Deus, como poderia alguém machucar uma criança de cinco anos
assim? As pessoas chamavam Growl de monstro, até eu pensava nele
assim, mas quem quer que tivesse tentado matar Growl quando criança
era muito pior. — Todo mundo é inocente nessa idade. Ninguém nasce
mal. Você era tão pequeno. Por que você não tentou caçar a pessoa que
fez isso com você? Você não é o menininho do passado, você tem conexões
e poder agora. Tenho certeza de que Falcone não se importaria se você
vingasse sua mãe.
Uma risada curta vibrou em seu peito. Isso fez os pequenos cabelos
em meus braços ficarem em pé. — Falcone se importaria.
— Falcone foi o homem que fez tudo isso — disse Growl, fazendo
sinal para a garganta.
~ 110 ~
Eu tinha desistido de dar uma resposta a Growl quando ele disse:
— Porque ele é meu pai.
Ele assentiu novamente. — Essa foi uma das razões pelas quais ele
quis se livrar de mim. E por que ele matou minha mãe. Ela ameaçou
contar às pessoas. Falcone não deixa ninguém ameaçá-lo.
— Ele matou a sua mãe. A mulher com quem ele teve um filho, —
eu disse lentamente.
— Como ele poderia fazer isso? Que tipo de monstro faria algo
assim? — Eu estremeci, de repente preocupada por ter ido longe demais.
Por alguma razão ridícula, Growl era leal a seu pai cruel.
Ele soltou um suspiro, o que poderia ter sido uma risada, eu não
tinha certeza.
~ 111 ~
Growl balançou a cabeça. — Você é ingênua se acha que isso é uma
opção. Eu não vou mudar. Eu não quero. Minha vida é boa assim.
~ 112 ~
Capítulo quinze
CARA
Eu decidi não insistir mais com Growl sobre Falcone e o que
aconteceu. Eu tinha a sensação de que ele iria se fechar completamente
se eu tentasse muito cedo novamente. Pelo menos ele não parecia muito
irritado com minhas perguntas para parar de dormir comigo.
Growl não parecia entender. — Talvez. Não consigo ver como isso
ajuda.
~ 113 ~
— Você não precisa entender, — eu disse calmamente. — Apenas
aceite. Eu realmente preciso saber onde está o corpo do meu pai. Preciso
dizer adeus a ele para conseguir ter paz.
~ 114 ~
faria muito pior para os outros. Embora isso ter me surpreendido, era
ridículo. Eu sabia que tipo de homem era Growl. Mais monstro do que o
homem.
— Ele não me matou, embora ele pudesse ter matado. E ele nunca
me tocou. Ele deixou um de seus homens cortar minha garganta. E Bud
sempre se assegurou de me bater e me queimar onde ninguém podia ver.
~ 115 ~
— Então você acha que Falcone não sabia o que estava
acontecendo?
Movi-me para que eu pudesse ver seu rosto e fiquei atordoada pela
expressão quase serena nele. Eu esperava que fosse uma máscara
perfeita, porque se ele estivesse realmente tão bem sobre tudo isso, havia
pouca esperança para ele. Quando seus olhos encontraram os meus, eu
vi um lampejo, uma rachadura na máscara perfeita que ele tinha
construído ao longo do tempo e quase exalei em alívio. Eu coloquei meu
queixo para baixo em seu ombro, trazendo meu rosto mais perto dele. —
Há outras coisas que fazem as pessoas fortes, não apenas dor. É horrível
o que aconteceu com você. Alguém deveria ter protegido você. Todas as
pessoas que ficaram de pé enquanto eram torturadas, podiam apodrecer
no inferno.
~ 116 ~
— Quando eu tinha dez anos — disse Growl com um tom de
orgulho em sua voz profunda. Talvez isso tivesse me deixado inquieta e
talvez, mesmo que Bud tivesse merecido morrer, se a ideia de se vingar
de Falcone não tivesse dominado meus pensamentos nas últimas
semanas.
— Não, ele decidiu que era hora de me levar sob suas asas e me
mostrar o que eu era capaz de fazer.
~ 117 ~
Growl pensou sobre isso por um momento. — Eu matei o segundo
homem alguns meses depois de eu ter matado Bud. Falcone me disse o
nome do cara que me cortou a garganta e onde eu poderia encontrá-lo.
— Ele não disse, mas eu fui matá-lo. Falcone me disse que esse era
seu presente para mim e que eu nunca mais iria matar sem sua
permissão explícita novamente, e eu nunca fiz.
— Ele é a razão por que você tem isso. — Eu estendi a mão para
tocar a cicatriz em sua garganta, curiosa como ele iria se sentir, mas a
mão de Growl disparou e seus dedos enrolaram em torno de meu pulso.
Puxei minha mão e coloquei a mão no colo. — Por quê? Não é como
se eu não tivesse tocado as outras cicatrizes. — E cada centímetro de seu
corpo.
***
~ 118 ~
Growl estava mais desligado nos dias que se seguiram. Eu pensei
que finalmente tínhamos uma conexão verdadeira durante nossa última
conversa, mas agora ele estava se afastando novamente. Ele não me
queria perto. E eu não tinha certeza de como mudar isso. Se ele não
confiasse em mim, como eu poderia sugerir que ele ajudasse minha mãe
e minha irmã? E se ele contasse tudo a Falcone? Então tudo terminaria.
E, no entanto, parte de mim tinha certeza de que ele não contaria a
Falcone nada do que conversamos. Growl guardava as coisas para si
mesmo. Ele era esse tipo de cara.
***
Deus, por que ele tinha que ser tão difícil de ler?
~ 119 ~
Eu não podia esperar para vê-la novamente, mas ao mesmo tempo
eu estava aterrorizada de encará-la depois do que eu tinha feito nas
últimas semanas. Eu estava dormindo com Growl, e não porque ele me
forçou, nem mesmo porque eu esperava ganhar sua confiança. Eu
gostava. Não havia como negar. Se minha mãe soubesse, ela nunca mais
me olharia.
***
~ 120 ~
salientes. Ela não usava maquiagem. Ela sempre usava. E seu vestido
estava enrugado como se ela não se importasse em passá-lo. Mãe nunca
usaria um vestido que não tivesse sido passado. Ela tinha mudado. Eu
tinha mudado. Era ridículo pensar que minha mãe ou irmã não tivessem.
Deus, Talia. Como estava ela?
Minha mãe procurou no meu rosto, então olhou meus braços como
se estivesse procurando contusões. — Eu pensei que não iria vê-la
novamente. Eu tinha certeza que esse monstro iria matá-la.
~ 121 ~
— Você não falhou. O que você poderia ter feito? Estavam
armados. Não tivemos chance contra eles.
— O pai é a razão pela qual isso aconteceu. Ele é a razão pela qual
passamos pelo inferno. Foi a sua punição que tivemos de suportar. Se
estivesse vivo, não teria direito de nos julgar. Ele teria que nos desculpar
por ser tão egoísta, e não pensar nas consequências! — eu estourei. Até
agora eu não me permitia ficar com raiva, mas agora eu percebi que
estava. Eu estava furiosa porque meu pai deveria saber. Era seu trabalho
nos proteger e ele falhou.
Isso era uma mentira. Meu pai não tinha sido um pai ruim, mas ele
estava longe de ser um bom pai. Ele estava muito ocupado com seu
trabalho, e muitas vezes impaciente demais para passar tempo com suas
duas filhas. Eu o amava e sentia falta dele. Eu desejava que ele ainda
estivesse vivo e eu o perdoasse pelo que ele tinha feito, porque ele
certamente não poderia ter imaginado para onde isso nos levaria.
~ 122 ~
Minha mãe olhou fixamente. Ela não protestou novamente, mas eu
poderia dizer que ela não estava pronta para admitir as falhas do meu
pai ainda. Sua morte ainda era muito recente.
~ 123 ~
Nova York. — Então ela sorriu tristemente e balançou a cabeça. —
Embora eu estivesse com a cabeça virada e apaixonada por seu pai e teria
seguido ele em qualquer lugar.
— Sim, sim. Nas três semanas que ele estava na cidade, ele
capturou completamente meu coração. Eu implorei a meus pais que me
deixassem casar com ele, mas é claro que eles se recusaram e Salvatore
ficou furioso por eu ter sugerido uma coisa tão horrível. Ele escolheu
outra pessoa para mim, mas eu não queria ninguém além de Brando e
assim seu pai me levou com ele, e disse a Salvatore que ele tinha feito
isso como vingança pelos insultos que Salvatore tinha dito sobre Falcone.
Eu não tenho certeza se Falcone acreditou na história, mas ele estava
feliz de insultar Salvatore assim, então seu pai e eu nos casamos dois
dias depois de termos saído de Nova York. A festa foi notícia em todos os
jornais em Las Vegas e por isso, qualquer tipo de paz estava fora de
questão. Então Falcone conseguiu exatamente o que queria, assim como
o seu pai e eu. Parecia a solução perfeita na época.
— Você acha que o chefe da Família, que Luca, nos permitiria ficar
em Nova York? — Eu perguntei sussurrando.
~ 124 ~
casar com meu irmão sádico. E uma vez, quando eu estava grávida de
você, eu estava em Aspen na mesma época que a esposa de Salvatore.
Ela estava lá com as crianças e então nos conhecemos em segredo. Nós
vínhamos nos falando pelo telefone regularmente, mas essa foi a primeira
vez que nos conhecemos desde que fugi. Foi maravilhoso. E os meninos
eram realmente uns fofos, embora fosse inconfundível que meu irmão
era seu pai. Eles eram muito controlados e sérios para meninos tão
jovens. Especialmente Luca, que me deu arrepios algumas vezes.
~ 125 ~
Capítulo dezesseis
CARA
Eu mal olhei em direção a Growl enquanto voltávamos para sua
casa. Ele me deu uma olhada. — O que está errado?
***
~ 126 ~
menos reagia de alguma forma. Eu podia ver frustração e confusão em
seus olhos, então ele rastejou em minha direção e pairava sobre meu
corpo. Seu cheiro me envolveu. Eu coloquei minhas mãos contra seu
peito, pensando entre empurrando-o para longe e puxa-lo para mais
perto. Growl tomou a decisão por mim. Ele agarrou minhas mãos e as
pressionou no colchão acima da minha cabeça. Então ele baixou a cabeça
para meus seios e sugou um mamilo em sua boca através do tecido
sedoso da minha camisola. Apertei meus lábios, tentando conter um
gemido. Mas isso parecia estimular Growl. Ele moveu sua cabeça para
baixo em direção a minha calcinha. Eu sabia que estaria em suas mãos
se eu o deixasse ir até lá. Eu me esforcei, mas sua outra mão desceu no
meu quadril, me segurando rapidamente. Quando seu rosto estava a
poucos centímetros do meu centro, ele inspirou profundamente. O calor
subiu em minhas bochechas como sempre fazia quando ele fazia algo
assim. Mas, apesar do meu embaraço, meu corpo inundou de calor.
Ele deslizou a língua para cima e para baixo, com lambidas firmes,
uma e outra vez. Uma umidade se agrupou entre as minhas pernas. Eu
odiava meu corpo por isso, por sempre se render a ele.
~ 127 ~
Novamente minhas mãos encontraram a cabeça de Growl, mas
então ele enrolou a língua de uma maneira que me fez gritar com a
sensação.
~ 128 ~
— Isso é louco. Ninguém pretende ser um assassino. Ninguém deve
ser como você. Você quer ser assim. Você disse que gostava de sangue,
dor e morte, e fingir que nasceu um monstro é sua desculpa para
justificar os horrores que cometeu.
~ 129 ~
não os qualificava como cães de guarda, ou eles me consideravam muito
desinteressante para uma reação. Growl parecia solitário. No curto
espaço de tempo em que o conhecia, aprendi a ler melhor suas
expressões, mas ainda não o entendia.
— Você também.
— Nem eu.
Ele era quente e forte. Eu inalei seu cheiro. Não demorou muito
para que meus olhos se sentissem pesados. Quando eu estava quase
dormindo, senti os dedos de Growl deslizarem sobre meu cabelo. Para
cima e para baixo. E então eu adormeci.
***
— Vou lhe mostrar onde enterraram seu pai — disse Growl sem
aviso prévio.
~ 130 ~
Growl assentiu, com os olhos quase gentis. — Você deveria ter a
chance de dizer adeus. Se isso facilitar as coisas.
***
~ 131 ~
nunca viria meu pai esforçar-se para manter o fogo queimando na lareira,
xingando enquanto a mãe o repreendia por isso. Eu nem sequer tinha
certeza se voltaria a ver minha irmã, e se algo acontecesse com ela, nem
minha mãe e nem eu poderíamos viver isso.
— Está aqui — Growl disse com naturalidade. Ele olhou para mim
como se estivesse esperando por algum tipo de resposta, mas não havia
palavras em mim no momento. Eu acenei com a cabeça apenas para
mostrar a ele que eu tinha entendido. Ele abriu a porta e saiu. Eu respirei
fundo e pressionei minha palma contra o meu estômago, esperando me
acalmar. Sem chance.
~ 132 ~
Enquanto eu seguia Growl através da areia, outro pensamento de
repente me atingiu. E se Growl estivesse cansado de mim e decidisse se
desfazer de mim no deserto? Talvez eu tivesse feito muitas perguntas,
chegado muito perto da sua zona de conforto? Eu não sobreviveria muito
tempo aqui se ele me abandonasse. Ele nem precisava me matar, o
deserto o faria.
— Eu sei que Falcone já fez isso antes. O pai contou à mãe sobre
isso, e até me perguntou quando eu a visitei. Cheguei a ouvir rumores de
que ele alimentava os seus cães de briga com os corpos e fazia com que
as famílias observassem.
Isso era pelo menos alguma coisa, eu supus. — Você já o viu fazer
algo assim?
Abaixei meus olhos de volta ao chão. Era difícil imaginar que meu
pai estivesse abaixo de mim. O pai tinha conhecia os riscos de seu
trabalho, tinha ganhado muito dinheiro com ele, e provavelmente era
responsável pela morte de várias pessoas, mas ele não merecia isso. Eu
desejei que ele estivesse aqui, então eu poderia ter uma longa conversa
~ 133 ~
com ele. Eu não conseguia me lembrar quando tivemos a nossa última.
Há muito tempo. — Quando você veio para a nossa casa, você pensou
que era precisaria matar meu pai? — Eu não tinha certeza por que isso
importava. Eu sabia que Growl era um assassino e que ele não hesitaria
em puxar o gatilho.
— Mas você sabia que ele o queria morto. — Eu levantei meus olhos
para encontrar o dele.
— Não, — disse ele. Não havia emoção em sua voz. — É apenas seu
corpo lá embaixo. E nem me lembro dela muito. Prefiro não ficar no
passado.
Growl balançou a cabeça. — Eu lhe disse, o que ele fez para mim
me fez quem eu sou. Eu não estaria aqui sem ele. Eu não estaria aqui
com você sem ele. Ele me deu você e isso é mais do que eu esperava.
~ 134 ~
aquele homem, aquele monstro disse, significar alguma coisa? Parecia
impossível, mesmo agora.
— Falcone esperava que eu fizesse com você o que ele fez comigo.
Transformar você em algo horrível. Quebra-la.
~ 135 ~
mesmo que ele me disse para não continuar? Ou devo apenas aceitar o
que, obviamente, nada poderia ser mudado e esperar que tudo ficasse
bem para minha mãe e irmã de qualquer maneira?
~ 136 ~
Capítulo dezessete
CARA
Growl afastou-se de mim nos dias depois da minha visita ao
túmulo. Eu o deixei. Eu não sabia o que fazer.
~ 137 ~
Coco não parecia de mau humor. Ela parou ao lado de minhas pernas e
colocou a cabeça grande no meu joelho, olhando para mim com
expectativa. Levantei minha mão com cuidado, não querendo assustá- la,
e segurei-a em frente ao nariz para que ela pudesse cheirar como Growl
tinha me mostrado no começo.
Coco não fez, entretanto, ela lambeu minha mão. Sua língua era
quente e áspera, mas contra minha expectativa não era nojenta, embora
a ideia de todos os lugares que a língua tinha estado antes não era
reconfortante. A respiração morna do cão na minha pele e aquele sinal
óbvio de ternura trouxeram lágrimas aos meus olhos. Eu gentilmente
passei minha mão por suas macias orelhas e cabeça, e ela deixou escapar
uma respiração profunda. Eu não pude deixar de sorrir. Estiquei-me no
sofá e bati no estofado ao meu lado. Coco não hesitou. Ela se levantou e
se deitou ao meu lado, seu corpo musculoso pressionado contra mim. Eu
acariciei o comprimento de suas costas, saboreando a sensação de seu
corpo quente ao meu lado. O som de garras na madeira me fez levantar a
cabeça, bem a tempo de ver Bandit pular do chão e pousar no sofá aos
meus pés onde ele se enrolou, suas costas pressionadas contra a curva
dos meus joelhos. Eu sabia que estaria segura com eles, e os ruídos
assustadores do lado de fora deixaram de me incomodar.
***
~ 138 ~
Sentei-me, o que não era fácil, já que Coco e Bandit estavam tão
perto de mim. Ambos os cães me deram o que eu só poderia chamar
olhares reprovadores, porque eu perturbei o seu sono, mas finalmente
meus pés descalços atingiram o chão e eu estava sentada.
— Por que eles estariam? Eles não estão sozinhos. Eles têm um ao
outro e eu não os deixo sozinhos muito frequentemente.
— Só porque alguém não está sozinho não significa que ele não
está solitário — eu disse calmamente.
~ 139 ~
eu gemi alto. Minha cabeça caiu para trás e pousou em seu ombro. Eu já
estava tão molhada, e quando Growl puxou meus mamilos no ritmo com
seu dedo empurrando em mim, eu quase desmoronei. Lutei contra o meu
orgasmo. Eu não queria dar a ele a satisfação de me fazer gozar depois
de um minuto de que ele começou a me tocar.
~ 140 ~
luxúria. Eu girei minha língua em torno de sua ponta, então puxei de
volta outra vez para correr minha língua de sua base até sua ponta.
Enrolei meus dedos em torno de seu comprimento e movi-o para cima e
para baixo lentamente, tentando descobrir como se mover. Growl me
observou enquanto eu lambia suas bolas. Eles se apertaram e uma nova
gota apareceu na ponta de seu pênis, me encorajando ainda mais. Uma
das minhas mãos cobriu seu traseiro duro. Os músculos se dobraram
sob minha palma. A sensação de sua força me deu uma emoção. Como
poderia seu poder me intimidar em todas as outras situações, mas me
transformar no momento em que fazíamos sexo?
Growl soltou meus ombros e deu outro passo para trás, bem desse
jeito construindo uma parede entre nós novamente.
Eu não deveria esperar por algo que nunca iria acontecer. E o que
era ainda mais importante: eu não deveria desejar algo que era tão
errado. Eu não podia me permitir esquecer por que eu estava aqui,
mesmo se fingir tornasse a vida mais fácil. Mas eu era uma prisioneira.
Growl era praticamente meu dono, e mesmo se ele alguma vez decidisse
me deixar ir, o que eu duvidava que ele alguma vez fizesse, ninguém no
nosso mundo me tocaria depois que eu estive com o Growl, muito menos
casaria comigo. Eu estava manchada. Não servia como um bom partido.
Eu nunca poderia voltar para a sociedade. Las Vegas estava
~ 141 ~
morta para mim. Recostei-me no sofá. Uma onda de solidão estava
prestes a arrancar seu caminho para fora do meu peito novamente.
GROWL
Seus cães não gostavam de seres humanos. Mesmo ele teve que
lutar por muito tempo para que confiassem nele. Mas Cara, eles pareciam
amá-la. Se os cães fossem mesmo capazes de ter esse tipo de emoção.
Growl estava certo de que a maioria dos humanos também não. Eles
gostavam da ideia do amor, mas nunca chegaram a esse nível com
alguém.
Growl não pensou que ele já tinha sentido algo parecido. Pelo
menos ele não conseguia se lembrar. Talvez ele tivesse amado sua mãe
quando ele era pequeno. Ele tinha conseguido uma cicatriz por isso.
Amor.
Ele sentiu algo. Mas ele não sabia o que era. Nunca se sentira
assim antes.
~ 142 ~
Ela o fez querer tratá-la bem. Ela o fez querer ser melhor. Ela o fez
querer tantas coisas que ele não deveria querer.
Ela era perigosa para ele, para a vida que tinha construído, para a
pessoa em que se tornara.
Ela queria que ele fosse contra Falcone, contra tudo o que ele tinha
trabalhado tão duro para conseguir. Era por isso que ela deixava que ele
a tocasse e por que ela às vezes sorria para ele, por que ela falava com ele
e aceitava sua proximidade. Não poderia haver outra explicação.
Ele sabia disso, e ainda assim ele era como uma mariposa atraída
pela luz dela. A única luz que já havia penetrado na escuridão que era ele
e sua vida.
~ 143 ~
Capítulo dezoito
CARA
— Há algo que você precisa saber. — Growl inclinou-se contra o
balcão da cozinha como ele frequentemente fazia. Ele quase nunca se
sentava, como se ele sempre quisesse estar preparado para correr.
Embora em seu caso o ataque fosse provavelmente mais exato. Mas seu
olhar me preocupava. Algo me disse que não gostaria do que ele tinha a
dizer.
— Duvido que ele ainda seja meu noivo — murmurei. Quem iria
me querer depois de tudo o que tinha acontecido? Eu era uma piada em
nossa sociedade.
~ 144 ~
Eu bufei. — Por quê? Você realmente precisa perguntar?
— Ele traiu meu pai para melhorar sua própria posição. Ele traiu
minha família. Ele me traiu. Eu não quero um homem assim. Um homem
que só olha para seu próprio umbigo, que não se importa com quem ele
destrói para alcançar seus objetivos. Eu não quero um homem em quem
eu não possa confiar. Ele é um porco, e eu gostaria de poder cuspir em
seu rosto.
~ 145 ~
Eu não queria acreditar que minha amiga não teria me avisado.
Parecia cruel. Mais cruel do que o que Anastasia era capaz de fazer. Ela
gostava de conversas fúteis e destruir a reputação das pessoas, mas este
era um assunto diferente.
Ele estava falando sério? — Oh vamos lá. Mesmo você deve perceber
o que está acontecendo em nossa sociedade. Mesmo se você não se
importa com nada disso. Existem regras. E eu sou tão boa quanto exilada.
— Porque você está comigo. — Havia dor em sua voz. Seu rosnado
constante tornou ainda mais difícil ouvir as nuances de suas emoções.
Growl assentiu. — Você era. Mas agora que você é minha, você tem
o mesmo status que eu tenho.
~ 146 ~
Growl parecia frustrado como eu me sentia, mas eu não me
importava. Eu não tinha energia para explicar nada a ele. Às vezes, sua
deficiência para entender os relacionamentos humanos me deixava louca.
— Talvez você não seja tão especial como antes — disse Growl, a
palavra especial como uma maldição de seus lábios. — Mas você é parte
deste mundo.
— Sim, você vai. Falcone nos quer lá, então estaremos lá.
— Ninguém vai rir de você quando estiver ao seu lado, — disse ele
em voz baixa.
Claro. Era uma coisa do ego. Ele não se importava comigo. Ele só
queria ter certeza de que as pessoas lhe mostraram o respeito necessário
e que incluíam respeitando seus pertences. Eu queria gritar de
frustração, mas eu o mordi de volta. Esta festa era a minha chance de
pedir aos meus amigos por ajuda. Nós nos conhecíamos
~ 147 ~
praticamente por toda as nossas vidas. Agora que Growl tinha deixado
claro que ele não iria me ajudar contra Falcone, eles eram provavelmente
a minha última chance.
***
Eu tinha temido este dia desde que Growl tinha me dito há dois
dias, mas eu prometi manter a cabeça erguida. Eu era mais forte do que
costumava ser. Eu passaria por essa festa.
Era óbvio que ele se sentia incômodo vestido assim. Não era quem
ele era. Colocá-lo em um terno era como colocar um tigre em uma gaiola.
Na festa de Falcone, ele escondia seu desconforto por trás de uma
máscara de indiferença, mas agora, num momento em que pensava que
estava sozinho, suas defesas estavam perdidas. Não era a primeira vez
que eu via um vislumbre de algo humano. Foi desconcertante porque eu
não queria vê-lo como qualquer coisa além de um monstro. Ele tornou as
coisas mais fáceis. Eu não queria arriscar realmente esperar por algo que
era absolutamente irreal.
~ 148 ~
— Claro, — eu disse enquanto caminhava em direção a ele. Seus
olhos seguiam cada movimento. Muitas vezes eu tinha problemas para
ler suas expressões, mas agora não havia necessidade de adivinhar:
luxúria e apreço. Isso enviou uma emoção através do meu corpo.
GROWL
Seus movimentos eram pura graça. Não havia nada mundano,
nada barato sobre Cara. Ela era uma menina nascida para ser uma
princesa e agora ela tinha sido degradada a ser uma simples serva. Talvez
Falcone tivesse querido tirar tudo dela, mas isso, sua educação, sua
beleza e graça, isso ele não podia tirar. Talvez ele tivesse esperado que a
quebrasse tão irrevogavelmente que se tornaria outra pessoa, que
perderia aquela parte de si mesma. Mas ele não fez isso.
Ele era um monstro. Sempre seria. Mas ele podia apreciar algo
precioso, algo tão valioso quanto Cara, e ele nunca iria destruí-la. Ele não
era bom, não havia nada de cinza nele. Ele era todo negro, mas ele estava
tentando ser bom para ela. Nunca seria tão bom quanto ela merecia, mas
tão bom quanto ele era capaz. Não era suficiente, ele percebia isso todos
os dias. Ele nunca seria suficiente.
— Feito.
~ 149 ~
Nunca se sentira menos digno do que naquele momento. O vestido
que ela usava era perfeição sobre ela, como se tivesse sido feito para ela.
Ela foi feita para coquetéis e recepções elegantes. Ele foi feito para pubs
sujos e clubes de beco escuro.
— Você vale mais do que qualquer coisa que eu algum dia possuí
ou que possua.
CARA
Ele quis dizer isso como um elogio, mas as palavras pungiam
mesmo assim. Ser comparada a um relógio, mesmo se você o ganhou no
final, não era algo que eu gostava. Eu sabia que ele não conseguia
entender o efeito que sua comparação teve comigo. Ele estava tentando
ser gentil comigo, e isso ainda me surpreendia todos os dias.
~ 150 ~
mas eu tinha que manter minha calma se eu quisesse passar a noite
sem um completo constrangimento.
Para minha surpresa Growl abriu a porta de seu carro para mim e
eu subi, com cuidado para não atolar a bainha do meu vestido na porta.
— Por quê?
~ 151 ~
Muitas vezes eu esquecia o pouco que Growl sabia da natureza
humana. Ele me lembrou de alguém que cresceu em torno de animais e
agora tinha que descobrir como as interações humanas trabalhavam.
Havia uma sugestão de algo duro e escuro em sua voz. E desta vez
eu peguei a emoção escondida por trás de sua frieza. Vulnerabilidade e
mágoa. Eu balancei a cabeça. Amor? Eu não sabia nada de amor.
— Não. Eu nunca quis casar com ele. Mal o conhecia. Meus pais o
escolheram para mim. — Meu pai. Mas dizer seu nome em voz alta era
demais esta noite. Eu não chegaria àquela festa horrível com os olhos
cheios de lágrimas. Eu não daria a nenhum deles essa satisfação.
— Então por que você está triste, por você o ter perdido e que ele
vai se casar com aquela garota?
~ 152 ~
por ele só havia crescido desde então. Parar de tentar arranhar seus olhos
para fora ou melhor ainda cortar sua garganta com uma faca de ostra
seria difícil.
— Eu sei que você não é estúpida. Mas a estupidez não tem nada
a ver com isso. As emoções seguem suas próprias regras.
***
~ 153 ~
meu rosto se tornou doloroso. Eu precisava de algo para beber. Algo forte.
Growl parecia ler minha mente porque um momento depois, um copo
com vinho tinto apareceu na frente do meu rosto. As outras mulheres
bebiam champanhe ou vinho branco, então fiquei surpresa com sua
escolha.
— Espero que você esteja tão feliz por sua amiga e Cosimo como
todo mundo, — disse ele falsamente.
Diga algo. Diga algo. Mas tudo o que eu conseguia pensar era se
era possível esmagar o copo e cortar a garganta de Falcone com um dos
cacos antes que qualquer um dos homens ao nosso redor viesse em sua
ajuda.
~ 154 ~
— Estou feliz, — eu me forcei a dizer, mas as palavras soaram
falsas até mesmo para meus próprios ouvidos. Falcone zombou, depois
voltou-se para Growl.
Growl não disse nada. Seu rosto era de pedra, e seu aperto na
minha cintura doloroso. Olhei para Falcone, esperando que ele pudesse
ver a promessa em meus olhos. Você vai morrer.
~ 155 ~
Eu olhei para ele. Seu olhar estava posto em frente, expressão
rochosa. As pessoas o observavam com medo e repulsa, mas ele não se
importava. O único homem que podia controlar Growl era Falcone e isso
me assustava. — Não me dê a ele.
— Você tem certeza? Ele é seu chefe. Ele poderia dizer para você
me dar a ele. — Foi uma surpreendente reviravolta do destino que eu
preferia ser a posse de Growl, mas qualquer coisa era melhor do que
pertencer a Falcone.
~ 156 ~
Capítulo dezenove
CARA
Eu exalava lentamente. Eu precisava ter o controle. Eu quase o
perdi na frente de Falcone. Pelo menos na frente do meu ex-noivo idiota
e traiçoeiro, eu queria manter minha calma. Ele não precisava saber como
eu estava quebrada. Anastasia estava ocupada sem olhar em minha
direção, mas mesmo ela deve ter percebido que eu tinha chegado à festa.
Afinal, todos haviam ficado em silêncio à nossa chegada, e Anastasia
sempre teve ouvidos e olhos para fofoca. Mas ela me ignorando me deu a
chance de classificar meus pensamentos e me acalmar. Eu tomei um gole
no meu vinho tinto. O álcool estava começando a me relaxar. Não era de
surpreender que tantas pessoas em nosso círculo fossem alcoólatras.
Esta vida muitas vezes só poderia ser tolerada bêbada.
~ 157 ~
forçado. Eu não sabia o que fazer com isso. Ela não fez nenhum
movimento para me abraçar ou se aproximar. Quando Cosimo e Growl
apertaram as mãos e conversaram, usei minha chance e puxei Trish
firmemente contra mim, tentando ignorar a forma como seu corpo se
tencionou em nossa proximidade. Ela estava preocupada que eu a
atacasse? Ou ela estava realmente enojada por estar tão perto de mim
agora que eu era menos? Eu bani o pensamento antes que pudesse me
distrair de meu plano. Eu trouxe minha boca perto de sua orelha. — Por
favor, Anastasia, ajude-me. Você pode ajudar a nós duas a fugir.
~ 158 ~
Eu esvaziei o meu copo e o coloquei na bandeja de um garçom que
estava passando. De repente eu me senti cansada, e não apenas de álcool.
Esta noite era como um pesadelo que eu nunca iria acordar.
~ 159 ~
— Ok, — eu disse distraidamente, já pensando em como melhor ir
falar com Trish. Eu não poderia arriscar assustá-la.
— Não vou.
Tudo o que importava era falar com Trish e descobrir o máximo que
pudesse.
Trish seguiu meu olhar e assentiu. — Sinto muito, Cara. Você sabe
que Anastasia sempre consegue o que quer.
~ 160 ~
— Ela o queria por causa de sua posição. Ele é um bom partido, e
depois da coisa com seu pai, ele ficou disponível. Isso é tudo.
Parei por um momento. Mas ele era a única pessoa que eu podia ir.
Eu olhei ao redor de novo, em direção às portas e janelas, então olhei
para os meus pés e ri amargamente. Quando eu levantei os olhos, Growl
estava me observando. Eu sabia que ele nunca tinha tirado seus olhos de
mim. Não havia jeito de escapar, não sem ajuda, e embora doesse
reconhecer, eu não conhecia ninguém naquela festa que se preocupasse
~ 161 ~
o suficiente comigo para se arriscar. Trish girou em torno da pequena
pista de dança com um jovem que eu não conhecia e Anastasia estava
sorrindo largamente ao lado de Cosimo. Todo mundo estava bebendo e
rindo e vivendo sua vida. Mas eu não perdi os olhares que eles
mantinham em minha direção. Em alguns eu peguei piedade e simpatia,
mas assim que esses poucos me notaram olhando para eles, eles
rapidamente desviaram seus olhos como se eles estivessem preocupados
que minha má sorte esfregasse em cima deles ou talvez que eles se
sentissem obrigados a me ajudar.
Growl não riu nem sorriu, só me reuniu com seus olhos âmbar
afiados. Ele ainda estava segurando o copo e eu finalmente o peguei.
— Você mata para ganhar a vida. Não acho que fique muito pior.
~ 162 ~
Eu estava começando a me sentir trêmula e tonta. — Talvez seja o
suficiente. Se as coisas não puderem melhorar, pelo menos eu posso
fingir que sim.
~ 163 ~
De repente, Growl se afastou de mim e eu tropecei, mas peguei meu
equilíbrio no último segundo, me segurando novamente em outro carro.
Eu engasguei então girei ao redor quando ouvi um grito abafado. Growl
tinha agarrado o homem pelo pescoço e jogou-o no chão. Ele chutou-o
nas costelas duas vezes, em seguida, se inclinou para baixo e deu um
soco no rosto. O homem gemeu e sangue saiu do nariz e da boca.
O homem tossiu.
~ 164 ~
meus, e um lampejo de esperança surgiu em mim. Eu não desistiria. Ele
era minha única chance.
GROWL
Growl tinha suspeitado desde o início. Por que Falcone os
convidaria? Agora ele sabia. Era para humilhar Cara, e ao fazê-lo, ele.
Growl nunca se importava com o que as pessoas diziam, o que Falcone
dizia. Ele viveu sua vida, tentou sobreviver, nunca quis ou precisou de
muito.
Por alguma razão aquela garota significava algo para ele. Ele nunca
se importou com ninguém, exceto com seus cachorros e talvez com ele,
mas com Cara, ele não sabia ao certo o que estava acontecendo com ele.
Ele não queria se importar com ela. Ele sabia que ela não o queria. O que
ela estava fazendo era uma tática, uma maneira para ela sobreviver ao
que tinha sido significado como um castigo horrível.
Growl não sabia o que estava acontecendo com ela. Se talvez ela
não o odiasse tanto quanto ele suspeitava. Às vezes parecia que ela não
odiava estar perto dele tanto assim. Ela gostava de seu toque e sexo e
seus beijos, o que era óbvio. Isso era algo que ele podia entender, mas
além disso ela permanecia um mistério para ele.
~ 165 ~
conseguia sequer responder a essa pergunta. E agora ele não precisava
mais. Era irrelevante por que ele ainda não se vingara do homem.
~ 166 ~
Capítulo vinte
CARA
Growl estava muito quieto desde que tínhamos voltado da festa
ontem. Eu não podia dizer se isso significava que ele ainda estava
pensando em me ajudar.
Eu me enchi de vergonha. A última vez que fiz isso minha mãe viu
e não terminou bem. — Não está certo, — eu disse.
Olhei para ele, os braços ao meu lado. — Eu não posso fazer isso
com você assistindo.
~ 167 ~
Growl levantou uma sobrancelha. Ele segurou meu pulso e
empurrou minha mão entre minhas pernas. Eu pulei na sensação de
meus dedos escovando meu centro. Tentei me afastar, mas Growl estava
me segurando com força. — Pare de tentar fazer o que é certo e faça o que
é bom para você. Você pensa demais.
Growl olhou para mim. Ele cobriu meu dedo indicador com o dele
e guiou o meu entre as minhas dobras. A ponta do meu dedo escovou meu
clitóris, então deslizou através da minha umidade. Estremeci com a
sensação. Growl continuou deslizando os dedos para trás e para frente
em um ritmo lento. Seus olhos encararam os meus e levou toda a força
que eu não tinha para fechar meus olhos para me esconder de seu olhar.
Ele guiou meu dedo para baixo até que eu cutuquei minha abertura.
Meus olhos se arregalaram. Eu nunca fiz isso. Eu sabia o quanto eu
gostava quando Growl fazia. Eu hesitei, mas Growl não deixou minha
insegurança me parar. Ele empurrou meu dedo dentro de mim com o
dele. Eu ofeguei em surpresa e luxúria quando os dois dedos me
encheram. A sensação era incrível, e a fome nos olhos âmbar de Growl só
aumentava meu desejo. Isso parecia tão errado, e era extremamente bom.
Growl estabeleceu um ritmo lento, deslizando nossos dedos dentro e fora
de mim. Foi incrível quão molhado e suave eu estava.
~ 168 ~
Desta vez eu não hesitei. Minha outra mão desceu e eu pressionei
dois dedos lá. Eu gemi, mas rapidamente apertei meus lábios,
envergonhada pelo som quando Growl estava me observando tão de perto.
Como se ele pudesse dizer que eu tinha problemas para me soltar
enquanto ele estava assistindo, seu olhar percorreu meu corpo e ele
observou enquanto nossas mãos e dedos se moviam em sincronia para
me levar mais perto do limite. E então quando isso finalmente caiu sobre
mim, tudo saiu de foco e eu me deixei levar, mesmo quando Growl voltou
seus olhos para mim. Eu não podia me segurar, não queria. Eu não tinha
nem mesmo regulado minha respiração quando Growl se levantou e
começou a se despir. Eu acho que eu nunca me vou me acostumar com
a visão dele nu. Sua tatuagem, suas cicatrizes, seus músculos, tudo
sobre ele gritava perigo, gritava para eu me afastar, e ainda cada célula
em meu corpo parecia amar sua proximidade. Seu pau já estava de pé e
isso intensificou a dor entre as minhas pernas novamente. Eu sabia o que
estava vindo agora e eu mal podia esperar. Por um momento ele ficou de
pé no meio do quarto, me admirando. Mas, eu também não consegui me
soltar o suficiente para deixar meus olhos percorrerem seu corpo. Isso
iria parar?
Quando meus olhos voltaram para seu rosto, sua expressão quase
me fez gemer. Ele veio até a mim e subiu na cama. Eu o esperei subir em
cima de mim e me foder. Mas ele me surpreendeu quando se deitou de
costas. Confusão fez com que minhas sobrancelhas arqueassem, mas
antes que eu pudesse perguntar o que ele estava fazendo, ele agarrou
meus quadris e me levantou em cima dele, então eu estava montada em
seus quadris. Sua ponta pressionou contra a minha abertura e uma
emoção disparou através de meu corpo com a sensação. As mãos de
Growl na minha cintura apertaram depois de um momento. Um incerteza
me inundou. Eu não estava exatamente certa como fazer isso, mas eu
não queria admitir isso em voz alta. Recolhendo minha coragem, eu me
contraí contra o peito duro de Growl. Focalizando seus músculos e não a
intensidade de seus olhos, eu lentamente me abaixei em seu pau. Um
longo gemido escapou de meus lábios na sensação de seu comprimento
deslizando em mim mais profundo do que nunca. Eu exalei lentamente
quando ele entrou todo o caminho e eu me sentei confortavelmente em
cima dele. Eu nunca tinha me sentido tão cheia antes. Foi incrível.
~ 169 ~
tornar isso ainda mais intenso para Growl, querendo levá-lo à beira da
insanidade. Ele deu uma palmada na minha bunda, fazendo meus olhos
se arregalarem e um suspiro de surpresa sair, seguido por uma risada
que escorregou da minha boca.
Growl correu seu dedo sobre meu peito, então lentamente abaixo
do meu estômago até que veio descansar sobre meu clitóris. Eu
estremeci, ainda muito sensível para seu toque.
~ 170 ~
que eu ouvi a mulher do outro lado da rua gritar, e nada nunca tinha
acontecido.
GROWL
Vê-la se tocar foi a coisa mais sensual que Growl já tinha visto.
Deus, ele tinha dito a outras mulheres para fazerem a mesma coisa para
ele, mas isso sempre parecia falso e errado. Mas com Cara, ela realmente
se soltava. Ela confiava nele na cama. Era mais do que ele merecia com
certeza.
~ 171 ~
Surpresa encheu o lindo rosto dela. Mesmo ela não entendia por
que ele tinha feito isso, e ela geralmente era boa em emoções e ações
humanas.
Ela pôs uma mão no peito dele. Um pequeno gesto que também não
fazia sentido. Talvez nem tudo tivesse sentido. — Você está bem?
Growl assentiu. Não havia volta agora. Ele tomara sua decisão e
nada o deteria. Ele morreria se necessário. Ela valeria a pena. — Eu vou
te ajudar a se vingar.
CARA
Eu não podia acreditar. Eu esperava por isso, claro, sonhei sobre
isso. Parecia improvável, impossível. Growl era o homem de Falcone, seu
assassino mais temido. Como eu poderia ter mudado isso?
Cale a boca, Cara. Minha mente estava gritando para mim, mas eu
precisava saber. Eu estava começando a aceitar que por alguma razão
parte de mim sentia algo pelo homem na minha frente. E eu precisava
saber se ele também.
— Não é por causa do seu pai. Não me importo que ele esteja morto.
— as palavras mal doíam mais. Eu tinha me acostumado às palavras
duras de Growl. Ele era honesto, isso era algo que eu apreciava.
~ 172 ~
Os olhos âmbar de Growl traçaram meu rosto. — Falcone foi longe
demais. Você não mereceu o que ele fez com você.
— Você era inocente. Ele te puniu por algo que seu pai fez. Isso não
está certo.
— E ele puniu você quando você era um garotinho por algo que sua
mãe poderia ter feito, te puniu por não fazer absolutamente nada. Isso
deveria ter sido suficiente para fazer você querer matá-lo.
~ 173 ~
— O que vamos fazer com a minha irmã? Nem sabemos onde ela
está.
Growl puxou a mão para longe do meu braço. Eu me senti mal,
mas eu sabia que não tinha motivo. Eu nunca tinha escolhido isso.
— Até agora não. Mas agora que as coisas estão piorando com
Nova York, acho que ele logo terá razão para me contar sobre o
paradeiro de sua irmã.
Ele tinha sido um monstro toda a sua vida. Mesmo que eu dissesse
a ele que ele poderia se redimir me ajudando, eu nunca tinha realmente
acreditado, tinha? Como eu poderia estar com alguém assim? Como eu
poderia explicar isso para minha mãe e minha irmã? Eu não podia.
~ 174 ~
Capítulo vinte e um
CARA
Os gritos dos vizinhos voltaram a aumentar. Era de manhã cedo. O
sol mal se levantara ainda, mas eu estava acordada por horas. Não
apenas por causa das brigas na casa vizinha, mas também por causa do
acordo de Growl para me ajudar.
Saí da cama e olhei pela janela para a casa do outro lado da rua.
Desta vez, o casal tinha levado a briga para fora. Ambos estavam de frente
um para o outro no gramado da frente. Um menino pequeno estava na
porta, talvez de dois anos de idade, observando enquanto seus pais
gritavam um para o outro.
— Growl, — eu chamei.
Growl deu o seu ‘e daí’ com o olhar. — Ele está fazendo isso quase
todos os dias e ela não o deixa. Não é problema nosso.
~ 175 ~
Growl estava perto de mim. — Você precisa aprender a cuidar do
dos seus problemas.
— Não deixe ele matar meu Dave, — ela disse quase implorando.
~ 176 ~
Eu fiquei de pé. Growl empurrou o homem em direção ao carro. —
Dê o fora, — ele rosnou, soando tão ameaçador como ele parecia. O
homem entrou no carro e foi embora.
Growl me deu uma olhada, mas não comentou quando saí com o
garoto. Atravessamos a rua e só quando entramos na casa de Growl, ele
disse. — Você não pode ficar com ele.
***
~ 177 ~
estivesse errada, talvez ele pudesse compensar seus pecados fazendo o
bem.
— Eu sei, e eu sou grata por isso. Mas você está fazendo isso por
mim. É como se você ainda não achasse que você merece algo de bom.
— eu disse. — Você mora neste lugar, embora você não precise. Não
consigo imaginar que Falcone esteja te pagando tão mal. Você é como
aquela mulher a esse respeito.
Ele se sentou. — Esta casa não é como ser espancado por alguém.
— ele hesitou. — Isso é ruim para você?
~ 178 ~
Growl hesitou, mas depois saiu novamente. Cada vez que eu
achava que estávamos chegando em algum lugar, uma ação como esta
me lembrava de que não podíamos. Talvez em algum momento meu
coração entenderia isso também.
***
Seis semanas. Sem a minha irmã. Ela estava bem, Growl tinha me
assegurado. E minha mãe, eu não a via há tanto tempo.
~ 179 ~
Falcone me deu como pagamento por um trabalho bem feito, mas eu não
uso. — ele me deu outra coca, mas eu só a usei para deixar o frio me
ajudar a me focar.
Parei na janela e deixei meu olhar vagar sobre Las Vegas abaixo de
nós. Na distância eu podia ver o interminável deserto vermelho. Eu
preferia viver em uma casa, sempre tinha amado a minha antiga casa e
o jardim, mas tudo era melhor do que a barraca que Growl chamava de
casa. — Para alguém como você? — eu repeti suas palavras.
Eu dei a ele um olhar, mas ele evitou os meus olhos. Havia algo
estranhamente vulnerável e fora de lugar em Growl. Por que ele se sentia
tão desconfortável em um apartamento luxuoso? — Não é como se a área
onde vivemos fosse ótima para passeios com os cães.
~ 180 ~
Ele deve ter lido meus pensamentos do meu rosto. Ele assentiu. —
As pessoas normais não me querem em seu bairro, eles teriam medo de
mim. E as pessoas por aqui também não me querem, porque elas também
me temem.
— E?
— Nós podemos viver aqui por um tempo. Vai fazer você se sentir
melhor até que eu descobrir o melhor dia para o nosso plano.
~ 181 ~
muitas vezes fora, onde eles podem correr. E eu não vou vender a casa,
então podemos voltar para lá se não quisermos ficar aqui.
~ 182 ~
— Você se importa?
~ 183 ~
Capítulo vinte e dois
CARA
— Por que você sempre vai embora depois de ficarmos juntos? —
Tentei parecer curiosa, mas deixei escapar uma pitada de
vulnerabilidade.
Meu coração se apertou por ele. Tanto horror em seu passado. Não
sabia se eu ou qualquer outra coisa poderia competir com isso, contra as
sombras de seu passado.
~ 184 ~
— Os seres humanos não foram feitos para ficarem sozinhos.
Precisamos de alguém. É a nossa natureza. Precisamos ser tocados.
Precisamos conversar com alguém. Ter alguém em quem confiar. Caso
contrário, nos tornamos...
Não tentei impedi-lo quando ele levantou dessa vez. Meus olhos
analisaram desde a linha de músculos dos seus ombros largos até sua
bunda firme. Minhas bochechas não aqueceram, mas o fogo na parte de
baixo da minha barriga acendeu novamente com aquela visão. Eu nunca
tinha sentido nada parecido antes. Já tive alguns namorados, já senti
borboletas no estômago, mas isso era algo mais, mais forte, mais
profundo. Eu o desejava, talvez até... o amasse. Eu não tinha certeza. Não
agora, não quando minha vida estava essa confusão e as escolhas não
eram minhas. O amor poderia começar em um cativeiro? Não era algo
que só poderia prosperar em liberdade?
~ 185 ~
outra escolha a não ser me render a ela. Era idiota pensar que eu poderia
ensinar a ele como lidar com suas emoções, assim como ele tinha me
ensinado a lidar com o desejo e a paixão?
Meus olhos foram atraídos para a vista de Las Vegas. Ele tinha se
mudado para esse lugar por mim. Por alguma razão, ele havia virado sua
vida de cabeça para baixo por mim. As próximas semanas trariam as
respostas. Se o nosso plano de vingança desse errado, nada mais
importaria. Muito menos todas as minhas emoções. Logo tudo isso seria
decidido.
CARA
— Falcone não quer me contar onde está a sua irmã, e acho que
ele está ficando desconfiado do meu interesse. As negociações com Nova
York não parecem estar indo muito bem, o que pode significar que
Falcone não vai precisar da ajuda de sua mãe por muito mais tempo. Nós
não podemos esperar mais muito tempo. — Growl disse alguns dias
depois, quando voltou para o apartamento depois de algo que Falcone lhe
pediu para fazer. Coco e Bandit o receberam abanando o rabo
descontroladamente.
— E eu e a minha mãe?
~ 186 ~
Eu balancei a cabeça.
— Você não tem como ajudar. Você só vai atrapalhar porque vou
ter que ficar de olho em você também, e não vou conseguir lutar tão
livremente como de costume.
— Eu falei que não vou embora. Vou ficar o tempo que for preciso
para garantir que todos nós estejamos seguros e que Falcone esteja
morto.
— Não. Ela pode falar dar algo sem querer. Ela não precisa saber.
— Ele fez uma pausa. — Cara, eu realmente quero que você vá embora
com a sua mãe. Você não deve ficar em Las Vegas um minuto a mais do
que o necessário.
~ 187 ~
— Tem certeza de que você quer isso? Isso vai te mudar, acredite
em mim. Ter sangue nas mãos muda tudo.
— Minha vida mudou quando Falcone matou meu pai. Ver Falcone
morrer pelos seus pecados só vai melhorar as coisas.
Growl assentiu.
— Eu prometi. Vou fazer isso por você, então talvez você possa me
perdoar.
***
~ 188 ~
Congelei, meu olhar se dirigindo para Growl. Ele ainda estava
esparramado na cama com os olhos fechados. Nada em seu semblante
havia mudado, e se não fosse por sua mão segurando meu braço com
força, teria de me convencer que tinha imaginado aquela palavra.
Não dei muita atenção ao fato de que ele tinha mudado de ideia.
Escorreguei sob as cobertas, e só quando eu estava deitada ao lado dele
é que Growl soltou meu pulso.
~ 189 ~
Capítulo vinte e três
CARA
Naquela noite, fui acordada duas vezes por pesadelos. Não meu
próprio. Growl estava se contorcendo e ofegante em seu sono. Eu não
ousei acordá-lo. Tive a sensação de que ele não gostaria que eu soubesse
de seus problemas.
Ele olhou para Coco e Bandit. — Você vai cuidar dos meus cães
caso alguma coisa aconteça comigo?
Eu fiz uma careta. — Nada vai acontecer com você. Vamos todos
para Nova York juntos.
~ 190 ~
Eu deveria esperar por isso, e no começo eu tinha. Eu mesmo tentei
matá-lo, afinal. Em breve arriscaríamos nossas vidas. Talvez fosse a
última vez que estaríamos juntos. Era estranho pensar nisso. Ainda mais
estranho que eu fiquei triste com isso. Eu examinei seu rosto. Eu não
estava mais com medo dele, e eu não queria mais que ele morresse.
Não importava. Uma vez em Nova York, não haveria futuro para
nós. Eu não ficaria com Growl. Eu não poderia, não poderia fazer isso
com minha mãe e irmã. Elas não entenderiam, e como elas poderiam, se
nem eu sabia como isso aconteceu.
GROWL
— Vou cuidar de seus cães, se é isso que você quer — disse Cara.
Growl queria muitas coisas, coisas que ele nunca quis antes.
Acima de tudo, queria lhe dizer que não queria perdê-la. E que, pela
primeira vez em sua vida, ele estava com medo de morrer porque queria
~ 191 ~
ter mais tempo com ela, e ao mesmo tempo estava com medo de não
morrer e vê-la deixá-lo no momento em que estivessem em Nova York.
Ela procurou nos olhos dele, mas ele não tinha certeza do que ela
estava procurando. Mesmo agora ele mal compreendia o funcionamento
de seu cérebro. Ela era um mistério para ele, provavelmente seria sempre,
mas não importava. De alguma forma, ela tinha feito o que ninguém mais
tinha. Ela o ligara a ele e ele sempre seria leal a ela.
Ele também era leal a Falcone. E ele teria morrido por ele, porque
Growl jamais se importara se ele morresse. Mas agora... agora ele queria
viver, e mesmo assim ele daria sua vida por Cara, para que ela pudesse
ser feliz.
A palavra ‘amor’ dos lábios de Cara fez algo em Growl que ele não
conseguia entender.
CARA
Na manhã seguinte, Growl me acordou antes do nascer do sol. Ele
tinha sumido a noite toda e eu estava doente de preocupação porque ele
não tinha me avisado que ele ficaria fora por tanto tempo.
~ 192 ~
— Podemos confiar nele?
— Não. Eu não tinha amigos. Ele estava com medo de mim mesmo
naquela época, mas muitas vezes nos escondíamos de Bud juntos, então
éramos aliados.
— Ok, se você acha que ele não vai nos trair, eu acredito em você.
~ 193 ~
Eu arrisquei um olhar para o homem ao meu lado. Quase dois
meses atrás, estávamos em um carro juntos também, e naquela época
minha vida tinha acabado. Eu o odiava, o temia, o queria morto. Ele não
passara de um monstro aos meus olhos. Suas tatuagens horríveis não
me repeliram mais, e nem sua cicatriz, que eu sabia agora era apenas
uma de muitas. Eu o entendia melhor agora.
Ele não era um monstro. Ele era monstruoso por partes, não tinha
escolha a não se ser virar para sobreviver aos horrores de seu passado.
Mas havia um lado humano nele também. Tinha brilhado mais e mais no
tempo que passamos juntos. Talvez acabasse por conquistar seu lado
monstruoso, mas eu sabia que não poderia seguir seu caminho para a
humanidade com ele. Eu tive que pensar em minha mãe e irmã.
— Eu não disse a ninguém que nós estaríamos indo para sua mãe
hoje. Primeiro, pensei em fingir que você queria visitá-la, mas depois das
palavras de Falcone ontem, isso só teria causado suspeita. Ele poderia
ter se preocupado com o fato de você avisar sua mãe sobre os planos dele
de parar as negociações.
Growl não hesitou. Tudo tinha que ser muito rápido. Ele
praticamente saltou do carro e correu em direção à casa. Ele tocou a
campainha, e um homem que eu não conhecia abriu a porta depois de
um momento. Growl agarrou sua cabeça e torceu violentamente como eu
o tinha visto faz meses atrás. O homem caiu no chão, e então Growl
desapareceu dentro da casa. Minha mão se estendeu para a porta. Era
~ 194 ~
difícil ficar no carro e esperar. E se alguma coisa desse errado e eu não
estivesse lá para ajudar?
Mãe balançou a cabeça. — Eu não tive sucesso. Luca não quer nada
com a Camorra.
~ 195 ~
Notei o olhar da mãe e afastei meus olhos de Growl. Ela não
conseguia entender os meus sentimentos.
— Eu não quero você por perto quando estiver lidando com ele.
Você vai acabar me atrapalhando, e não há espaço suficiente para
Falcone, se você e sua mãe estiverem lá.
Growl apertou os lábios. Ele estava ficando com raiva, mas eu não
me importava. Eu queria fazer parte disso. — Tudo bem, — ele
murmurou. — Mas sua mãe vai.
— Sua mãe está segura. Mino precisa de nossa ajuda. Ele e sua
família só podem esperar por segurança se Nova York lhes conceder
proteção, e a única maneira que isso pode acontecer, é se sua mãe falar
as coisas certas para ele. Ele não tem escolha a não ser fazer nosso plano
funcionar.
~ 196 ~
Agarrei o cobertor e fiz o que ele pedira, tentando ficar o mais quieta
possível. Alguns minutos depois, o carro parou e ouvi a janela deslizar
para baixo, então uma voz masculina.
~ 197 ~
Capítulo vinte e quatro
CARA
— Fique aqui. Vou provavelmente demorar um pouco mais para
acabar com os guardas de Falcone, — disse Growl enquanto puxava o
cobertor para fora de mim. Ele segurou uma arma para mim. — Sabe
como usá-la?
~ 198 ~
Growl entrou em seu assento e ligou o carro. Precisávamos ficar
longe da casa o mais rápido possível. Ninguém tentou nos parar quando
saímos das instalações. — Está tudo bem? — Eu perguntei, examinando
o corte na cabeça de Growl. Não parecia muito profundo, mas o sangue
estava correndo pelo seu rosto e parando em seu olho esquerdo. Ele
limpou com impaciência. — Eu matei todos eles antes que eles pudessem
tocar um alarme.
~ 199 ~
— Você me manipulou toda a vida, — rosnou Growl.
Ele tentou se sentar, mas com suas mãos amarradas isso não era
fácil. Eventualmente ele desistiu. O que provavelmente foi melhor
considerando que Bandit tinha colado a cabeça sobre o banco traseiro e
estava muito ansioso para provar Falcone de novo. — Ela vale a pena
perder tudo? Você poderia ter se tornado meu sucessor. Você ainda pode,
se você matar essa puta agora.
— Esta vida é tudo que você conhece, tudo que você tem. Se você
arriscar por ela, você será deixado com nada. Ela não vale a pena,
acredite.
~ 200 ~
— Meus homens vão te matar. Você não pode deter a todos.
Provavelmente já estão procurando por mim.
Eu congelo. Como?
Growl sorriu severamente. — Oh, você vai. — Ele se virou para mim.
— Você deveria voltar para o carro. Isso ficará feio.
~ 201 ~
Uma mão no meu ombro me fez ofegar e eu me virei para encontrar
Growl me observando com olhos assombrados. — Nós precisamos ir. Eu
sei onde sua irmã está. Não é longe daqui. — Eu olho atrás dele para
onde Falcone estava deitado no asfalto, segurando sua mão sangrando
contra seu peito e chorando. Quando ele me notou olhando, ele franziu o
cenho. Ele me mataria se tivesse a chance, isso era certo. — Isso foi
rápido, — eu disse aliviada.
***
~ 202 ~
Nesse momento, outro carro parou. Cosimo estava atrás do volante.
Abriu a porta do carro.
~ 203 ~
Capítulo vinto e cinco
CARA
Dois carros nos seguiram, mas eventualmente conseguimos
despistá-los. Growl conduziu nosso carro em direção à fábrica vazia que
ele e Mino determinaram como ponto de encontro. Quando chegamos, já
havia um carro esperando e Mino estava fumando um cigarro. Não vi
minha mãe em lugar nenhum.
~ 204 ~
— Cara — Talia gemeu. Seus olhos estavam suplicantes, e isso fez
com que eu me movesse. Mino e eu a levamos até o carro. Minha mãe
estava no banco de trás e quando Mino destrancou o carro percebi por
que ela não tinha saído para nos ajudar. Ele tinha deixado ela trancada.
Provavelmente por um bom motivo. Talia sentou no banco de trás com
nossa mãe, mas eu queria voltar e ajudar Growl. Não tive a chance.
— Me deixe sair!
GROWL
Growl permitiu-se um momento para observar o carro se afastar e
Cara partir. Ele provavelmente nunca mais a veria, o que era melhor. Ela
seria mais feliz sem ele em sua vida.
CARA
Bati os punhos contra a janela, ignorando a dor maçante que corria
através de meus braços devido à força.
~ 205 ~
metros de distância um do outro. Em vez de prestar atenção em meu
pedido, ele dirigiu ainda mais rápido.
Gritei.
Eu não sabia o que ela tinha passado nos dois últimos meses, desde
que eu a tinha visto pela última vez. Ela parecia fisicamente bem, mas
isso não significava nada.
— Acho que ele se sentiu culpado pelo que fez e quis se redimir.
— Respondi.
~ 206 ~
Minha mãe franziu os lábios.
Eu não podia negar. Growl era cruel. Ele era um assassino. Tinha
feito mais coisas horríveis que eu pudesse enumerar. Não tinha como
explicar tudo isso para minha mãe, porque eu não podia explicar sozinha.
— O que não entendo é por que você está chorando por causa dele.
Você não deveria estar aliviada por se livrar dele? Ele era um monstro. —
Mino continuou.
~ 207 ~
A raiva irradiou por meu corpo. Eu odiava que ele tivesse colocado
uma etiqueta em meus sentimentos. Minha mãe tocou meu braço e
percebi que ela concordava com ele.
***
~ 208 ~
***
Coco latiu atrás de mim. Me virei e cocei atrás de sua orelha. Ela
inclinou a cabeça para me dar melhor acesso. Bandit enfiou a cabeça sob
meu braço, pedindo atenção também. Comecei a fazer cócegas sob seu
queixo, do jeito que ele amava, e ele fechou os olhos em evidente
satisfação. Esses animais, que me assustaram tanto no começo tinham,
de algum modo, entrado no meu coração. Assim como seu dono. Eles
compartilhavam a aparência assustadora e grande potencial de
destruição, mas por baixo disso, havia algo sensível e vulnerável, algo que
fazia você querer cuidar deles e amá-los. Agora Coco e Bandit eram tudo
o que restava de Growl. Eu cuidaria deles o máximo que pudesse, tentaria
protegê-los. Eu devia isso a Growl. Meus olhos começaram a arder, da
mesma forma que acontecera tantas vezes nos últimos dias, mas pisquei
para afastar as lágrimas. Eu não conseguia mais chorar. Aquilo parecia
drenar toda minha energia, e eu precisava dela para o encontro com a
Família de Nova York. Há apenas dois meses, minha vida estava em
ruínas, ou parecia que estava. Eu pensei que não sobreviveria, mas tinha
sido mais forte do que pensava ser possível. Eu era forte. Meu tempo com
Growl tinha me ensinado isso. Eu tinha que descobrir uma maneira de
convencer Luca de que não éramos inimigos.
— Talvez devêssemos sair para que eles possam ver que não
somos perigosos. — Sugeri.
~ 209 ~
armada. Meu coração bateu forte contra a caixa torácica quando dei
alguns passos para longe do carro. Depois de um momento de hesitação,
minha mãe e Talia seguiram meu exemplo e se juntaram a mim. Nós não
nos movimentamos, só esperamos.
Encarei Mino e acenei para que ele saísse. Seus olhos se dirigiram
para Luca.
— Se ele não sair logo, eu mesmo vou tirá-lo de lá, e ele não vai
gostar muito disso. — O outro homem advertiu. Seu cabelo era marrom
escuro, um pouco mais longo do que o de Luca, e percebi que eles
compartilhavam as mesmas características. Provavelmente Matteo, se eu
me lembrava corretamente.
~ 210 ~
ficou em silêncio quando foi atingido com o cabo de uma arma. Ele
caiu, inconsciente.
~ 211 ~
Capítulo vinte e seis
CARA
Eles não nos deixaram falar, mas nos levaram para o que parecia
ser algum tipo de clube que estava deserto quando chegamos. Ninguém
nos disse nada enquanto fomos levados para um quarto na parte de trás.
Matteo riu.
Luca suspirou.
~ 212 ~
— Precisamos da sua ajuda, Luca. — Minha mãe falou,
suplicante. — Nós somos da família.
— Você deixou sua família para ir à Las Vegas. Você se casou com
um membro dos Camorra.
— Bem, nós sabemos que pelo menos você sabe como lidar com
monstros, certo? — Matteo disse. — E não se esqueça que é do nosso pai
que você está falando.
— Eu conheci seu pai, meu irmão, bem o suficiente para saber que
você não deve sentir muito sua falta. — Minha mãe respondeu.
— Já chega. — Ela falou. Sua voz era baixa e calma, mas tinha um
óbvio poder sobre Luca.
Ela era resplandecente. Foi tudo o que pude pensar quando a vi.
Sua pele era pálida, cabelos dourados e olhos azuis. Resplandecente.
~ 213 ~
Seu sorriso acolhedor me atingiu e o nó no meu estômago afrouxou.
Talvez houvesse esperança, afinal de contas. Ela caminhou em minha
direção. Era difícil não perceber a desaprovação no rosto de seu marido
ou a forma que seu corpo tencionou em antecipação. Como se ele
estivesse preocupado que eu fosse atacá-la. Essa era a última coisa na
minha cabeça, principalmente quando ela poderia significar nossa
segurança.
— Eu sou Cara, e esta é minha irmã Talia. — Acenei para Talia que
parecia completamente congelada de medo. Aria deu um tapinha no
ombro da minha irmã.
— Elas são da família. E passaram por muita coisa, você não está
vendo? Precisamos ajudá-las.
— Nós nem sabemos por que elas estão aqui. — Matteo ressaltou.
***
~ 214 ~
Estávamos um passo mais perto de um futuro melhor. Quando Aria nos
mostrou nossos quartos, eu disse:
Ela sorriu.
— Seja bem-vinda.
— Claro. — Ela disse sem hesitar. — Vou garantir que eles fiquem
seguros.
— Eu estava tão assustada, mas agora tudo vai ficar bem, não
vai? — Ela sussurrou.
— Você não pode mudar o que sente. Está tudo bem. — Talia disse
suavemente, me abraçando com mais força.
Eu esperava que Talia estivesse certa. Mesmo que ela não estivesse,
não havia nada que eu pudesse fazer com meus sentimentos.
***
~ 215 ~
Aria manteve sua promessa. No dia seguinte, Coco e Bandit
chegaram à mansão. Porém Luca se recusou a deixá-los correr pela casa.
Eu tinha que mantê-los em uma coleira quando estava fora do quarto.
Aria juntou-se a mim enquanto mostrava o jardim a eles. Tanto Coco
como Bandit pareciam gostar de sua presença.
~ 216 ~
Dei outro tapinha na cama com mais firmeza e repeti meu convite.
Coco foi a primeira a trotar em direção à cama e se juntar a mim com um
salto hesitante. Quando eu não a repreendi, ela se aconchegou,
pressionada contra a lateral do meu corpo. Bandit não precisou de mais
um convite. Ele se aconchegou rapidamente contra eu e Coco. Eu coçava
atrás de suas orelhas, apreciando a sensação da pele macia. Com seus
corpos quentes me dando o conforto que tanto precisava, relaxei contra
os travesseiros e apaguei as luzes. Eu não tinha dormido bem ontem à
noite, tinha sonhado com a morte de Growl imaginando um final terrível
atrás do outro. Eu queria saber exatamente o que tinha acontecido com
ele. A verdade, por mais difícil que fosse, era sempre melhor do que não
saber nada.
~ 217 ~
Capítulo vinte e sete
CARA
Algumas semanas mais tarde, minha família e eu estávamos
começando a nos instalar, e Talia estava quase de volta ao seu eu
habitual.
Fazia duas semanas desde que nos vimos pela última vez. Onde ele
esteve? Por que ele não me deu um sinal de que estava vivo? Chorei sua
morte, fiz planos para um futuro sem ele, mas agora que ele estava aqui,
eu me perguntava se teríamos um futuro juntos. Nós nunca conversamos
sobre isso. Eu tinha sido dele, não por escolha, e agora que eu estava
livre, me perguntava se poderíamos fazer isso funcionar.
~ 218 ~
Será que eu realmente queria viver com o homem que era meu dono?
Será que ele ainda me queria, agora que eu não era mais apenas um
presente? Milhares de perguntas percorreram minha mente e me
deixaram cambaleando.
— É difícil de me matar.
— Está feito?
Luca pareceu satisfeito com isso. Negócios. Era tudo sempre sobre
negócios. Era por isso que eles tinham colocado Growl lá? Porque Growl
tinha informações importantes sobre os Camorra em Vegas?
Eu queria correr para Growl, mas ele não parecia querer isso.
Confusão nublou meus sentidos. Eu precisava de ar fresco. Eu precisava
pensar. Me virei e corri pra fora. Parei quando cheguei a um banco e
sentei nele.
— Porque ele não me ama. Ele não pode. Essa coisa entre nós não
tem futuro.
~ 219 ~
recuperar todas as peças quebradas. Algumas delas poderiam estar
perdidas para sempre.
Assenti para mostrar a ela que tinha escutado, mas não consegui
responder nada.
GROWL
Growl caminhava pelo corredor em frente ao quarto de Cara. Ele
não sabia por que estava esperando que ela aparecesse. O que ainda
restava para falar?
No momento em que ela partiu para Nova York sem ele, sabia que
isso significava o fim para os dois. Aquilo tinha sido como um soco no
estômago, a compreensão de que ela não ficaria com ele, um monstro.
Ninguém ficaria. Ela parecia desfrutar de sua companhia no final,
gostava de sua proximidade e do seu toque, mas ele não se enganou. Sua
afeição por ele havia nascido por necessidade. Ela não tinha
~ 220 ~
escolha. Ela não conseguia fugir dele. Mas agora tudo tinha mudado. Em
Nova York, Cara seria livre para fazer o que quisesse. Ninguém a estava
impedindo de fazer nada. Growl conhecia Luca o suficiente para saber
que ele não iria apoiá-lo em ficar com Cara. E embora tivesse levado
algum tempo para que Growl percebesse, ele não queria ter Cara como
uma posse. Ele queria que ela quisesse estar com ele. Ele sabia que
aquela ideia ridícula significava que a perderia completamente. Ela
viveria sua vida sem ele. Ela encontraria um novo cara, um cara legal,
alguém que não tivesse causado a ela tantos pesadelos.
Muitas vezes ele desejava nunca ter a possuído. Era mais fácil viver
sem algo que você nunca teve, porque você não sabia o que estava
perdendo. Mas uma vez que você tinha algo, era difícil deixar para trás.
CARA
Eu congelei quando vi Growl na frente do meu quarto. Bandit e
Coco estavam encolhidos a seus pés como se todos estivessem esperando
por um tempo.
~ 221 ~
Me aproximei lentamente, tentando controlar minhas emoções.
Coco balançou o rabo quando parei na frente de Growl.
Ele colocou as mãos nos bolsos, mas seu corpo estava tenso como
um arco.
— Não há motivos para você ficar comigo. Você está livre. Mesmo
que eu pudesse te forçar a ficar comigo, eu não vou. Você é livre para
decidir a sua própria vida.
Minha mãe iria preferir isso, e teria sido a escolha mais certa
moralmente, se eu estivesse sendo honesta comigo mesma.
— Uma vez você me disse que eu precisava ser corajosa. Quem não
é corajoso agora? — O desafiei.
~ 222 ~
Growl se virou, me agarrou pelos ombros e me pressionou contra
a parede.
Eu exalei.
— Eu quero.
Growl me soltou.
— Quer o quê?
— Por quê?
~ 223 ~
Deixei escapar um suspiro trêmulo. Eu nunca pensei que ouviria
essas palavras de Growl. Nem em um milhão de anos. Toquei seu coração
e sua bochecha.
— Ryan?
— Quero que Nova York seja um novo começo para mim e para
você, se você quiser. E eu quero ser conhecido como Ryan nesta nova
vida.
EPÍLOGO
Cara
Ele tinha que provar a si mesmo para seus companheiros Homens Feitos.
Muitas pessoas ainda desconfiavam dele, e isso não mudaria tão cedo. A
Camorra era odiada nesta cidade. Eu o segui para dentro e apertei sua
mão. Coco e Bandit se pressionaram contra mim com entusiasmo, latindo
e abanando os rabos. Dei um tapinha na cabeça deles quando Ryan me
levou para o pequeno corredor até a sala de estar. Não era tão espaçoso
quanto os quartos da casa da minha família, mas também não era
exatamente minúsculo. Os únicos móveis eram um sofá bege, uma mesa
de café e uma TV presa à parede.
Eu não esperava por isso. Desde que ele veio para Nova York, três semanas
atrás, nosso relacionamento tinha sido cuidadoso, hesitante.
— Conheço as regras do nosso mundo. Sei que uma mulher honrada como
você não deveria morar com um homem antes que ela se case, e eu quero
me casar com você, mas pensei…
— Sim. Eu… você não deveria perder a sua inocência antes do casamento,
e as pessoas na Famiglia podem julgá-la por isso. Mas a culpa foi minha.
~ 226 ~
Você não teve escolha e eu quero consertar as coisas.
— Eu não quero que a gente se case porque você se sente culpado. Se nos
casarmos, deve ser porque queremos.
Eu olhei ao redor.
Ryan sorriu. A expressão ainda parecia sem prática em seu rosto, mas eu
adorava vê-la.
— Vou trabalhar duro para que possamos ter algo maior em breve.
Toquei sua bochecha e fiquei na ponta dos pés, pressionando meus lábios
contra os dele.
Ele não disse nada, mas ainda havia uma pitada de dúvida em seus olhos.
Ele pensava que não merecia ser feliz, mas eu provaria que ele estava
errado, então sussurrei: — Eu quero estar com você. — Os olhos de Ryan
brilharam com desejo, mas ele hesitou, mesmo quando suas mãos roçaram
levemente meu quadril.
— Eu pensei que você poderia querer esperar até que nos casássemos
antes de fazer sexo novamente.
Eu ri e balancei a cabeça.
Ele fez um som baixo na garganta e, finalmente, seus beijos ficaram mais
ansiosos. Ele me levantou e me carregou em direção ao seu quarto, onde
me deitou com cuidado na cama. Ele me despiu sem pressa, com os olhos
~ 227 ~
em cada centímetro meu.
— Ninguém nunca olhou para mim como você. — Ele rosnou quando se
colocou em cima de mim.
~ 228 ~