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#4 Twisted Bonds
Série The Camorra Chronicles
Tradução Mecânica: Si
Revisão: Si
Leitura: Aurora
Data: 09/2019
***
NINO
KIARA
NINO
KIARA
KIARA
NINO
KIARA
KIARA
NINO
NINO
NINO
NINO
KIARA
NINO
NINO
KIARA
NINO
NINO
KIARA
Eu abracei Adamo firmemente. — Vou sentir sua
falta. Comporte-se em Nova York certo? Luca é rigoroso.
Adamo concordou com a cabeça e recuou. — Voltarei no
verão para o casamento de Fabiano e quando você der à luz a
ele.
— Ele? — Eu disse com curiosidade.
— Você é uma mãe de menino. Não consigo te ver com
uma filha. Você nos colocou na linha.
Eu ri de sua avaliação. — OK. Veremos. Ainda é cedo
para dizer. Você vai voltar para casa no Natal?
— Eu não sei. Isso é só daqui a três meses. Eu sinto que
deveria realmente tentar me tornar útil em Nova York para
agradecer a Luca por me receber.
Remo bufou. — Ele não está fazendo isso pela bondade
de seu coração, confie em mim. Ele vai querer algo em troca e
logo, e não é como se você fosse morar na casa dele.
— Você provavelmente vai dividir um pequeno
apartamento com milhões de baratas, — disse Savio com um
sorriso. Adamo deu-lhe o dedo que Savio retornou.
Adamo entrou em um carro com Remo, que o levaria
para o aeroporto, mas não o acompanharia para Nova
York. Adamo não queria chegar com um Capo e eu
entendi. Ele queria provar seu valor.
Nino passou o braço em volta dos meus ombros
enquanto os assistíamos partir e depois voltamos para
dentro. — Vai ser estranho sem ele, — eu disse.
Nino suspirou. — Remo ainda não engoliu isso. É difícil
para ele deixar isso assim, mas acho que é o melhor para a
Adamo. — Paramos no berço de Alessio. — Luca não pune
injustamente. Nós temos que confiar nisso.
— Eu acho que Adamo vai aprender a lidar com ele, —
eu disse. Alessio abriu os olhos e eu me inclinei e o peguei,
pressionando-o contra o peito. — Talvez seja bom para a paz
também. Poderia estreitar nosso vínculo com a Famiglia.
Nino assentiu pensativo. Eu realmente esperava que a
trégua fosse válida, não só porque me permitia falar com
Giulia e ocasionalmente visitá-la. Isso significava que
estávamos mais seguros.
— Estou morrendo de fome, — disse Savio enquanto
passeava até o sofá e se sentou. — Que tal uma pizza da tarde?
Eu zombei. — Existe algo assim?
— Costumava existir, — disse Savio, levantando uma
sobrancelha. Como Remo e Nino, ele parou de usar ataduras
nos pulsos alguns dias atrás. Os cortes pareciam um vermelho
irritado em seus pulsos. Nino os cobriria com tatuagens assim
que as feridas estivessem curadas. Os olhos de Savio pegaram
os meus e ele me deu um sorriso irônico.
— Então peça pizza. Tenho certeza de que Remo estará
morrendo de fome quando voltar — disse Serafina, enquanto
entrava carregando Greta. Nevio cambaleou na direção de
Savio, que se levantou do sofá e pegou o cardápio de
pizza. Nevio seguiu atrás dele como uma sombra.
Sávio olhou por cima do ombro. — Ele parece um pouco
com aqueles bonecos assassinos assustadores de filmes de
terror pela maneira que me persegue e sorri como um pequeno
Remo maníaco.
Serafina pareceu indignada. — Não diga isso.
Observando Nevio, que se agarrava à sua perna, Savio
pegou seu telefone e pediu pizzas. Quando ele desligou,
balançou a cabeça para Nevio, em seguida, pegou-o de
qualquer maneira. — Você fez xixi em mim. Eu não esqueci e
não vou perdoar.
Eu fui até ele. — E você já teve alguma sorte com
garotas emo?
Savio tentou impedir que Nevio tocasse nas
cicatrizes. — Não. Ainda não tentei. Eu preciso de mais alguns
dias para me recuperar e dar tudo de mim. Não gosto de
desapontar as senhoras.
Eu me perguntei se o que aconteceu o atingiu mais do
que ele deixava transparecer. Ele ergueu os olhos e sacudiu a
cabeça com um sorriso.
— Não me dê esse olhar, Kiara. Cuide de Nino, Alessio
e o pão no seu forno. Sou mais resistente que ervas
daninha. Eu vou foder as memórias diretamente do meu
cérebro. Isso sempre funciona.
— Foda, — disse Nevio, deliciado.
Os olhos de Savio se arregalaram e ele começou a
rir. Serafina se aproximou e beliscou o braço dele.
— Eu não posso acreditar que uma de suas primeiras
palavras é foda.
— Não é só culpa de Savio, — Nino argumentou com
um sorriso. — Remo também tem uma queda pela palavra.
Serafina assentiu com relutância e soltou um suspiro
exasperado. Savio levou Nevio para Serafina. — Aqui, pegue
seu pequeno boneco assassino.
— Foda! — Nevio gritou, fazendo Greta sorrir onde
estava sentada no chão. Ela abriu a boca. Savio foi até ela e se
agachou. — Oh não, bonequinha. Essa palavra não é para
você.
Eu bufei e comecei a balançar Alessio mais uma vez,
depois o entreguei a Nino. Fabiano e Leona se juntaram a nós
como tinham feito quase todas as noites nas últimas duas
semanas desde o ataque. Nós estávamos mais próximos que
antes, se isso era possível, e eu saboreei a percepção de que
um dia horrível havia trazido algo de bom para nós.
Alessio dormiu no berço enquanto o resto de nós se
acomodava nos sofás da sala de jogos. Apesar do que havia
acontecido nessas paredes, o bem de muitas outras noites
ainda superava tudo. Nino passou o braço a minha volta
enquanto comíamos nossa pizza, ouvindo Fabiano e Leona
enquanto discutiam se queriam um grande banquete ou uma
pequena cerimônia no jardim.
Eu sorri para mim mesma, cercada pela família. Eu
pressionei minha palma contra a minha barriga e depois de um
momento, Nino cobriu minha mão com a dele. Valia a pena
lutar por isso. Cada dia, cada hora, cada minuto.
Epílogo
NINO
KIARA
Alessio rolou de bruços e se ajoelhou, depois se apoiou
nas mãos, empurrando a bunda no ar. Com apenas dez meses,
ele já estava empenhado em começar a andar. Com seu traseiro
no ar, ele olhou para cima, sem saber como se endireitar.
Ele sorriu quando me viu assistindo e meu coração
explodiu de amor. — Nino! — Eu gritei. Dois dias depois da
minha data de vencimento, eu tinha dificuldade em me
levantar do sofá sem ajuda, menos ainda me abaixar para
pegar Alessio.
Nino correu para a sala de jogos, com o rosto
alarmado. — Contrações?
Eu balancei a cabeça, acariciando minha barriga. —
Massimo parece bem contente aqui. Eu realmente espero que
ele venha logo. Sinto que vou explodir a qualquer momento.
Nino se aproximou devagar e viu Alessio ainda em sua
posição desconfortável. Ele o pegou e levantou-o sobre a
cabeça, para grande deleite de Alessio. Ele não era um bebê
muito vocal, definitivamente não tão alto ou barulhento como
Nevio.
— Ele estava tentando se levantar, — eu disse. Nino
aproximou-se do sofá, sentou-se ao meu lado e colocou
Alessio no chão sentado entre suas pernas. Ele estendeu os
dedos e Alessio segurou-os com as mãos pequenas. Nino
puxou um pouco e, por fim, Alessio se levantou com as pernas
trêmulas e deu alguns passos instáveis. Segurando as pernas de
Nino, ele deu outro sorriso desdentado.
— Isso é bom, — eu disse. Nino acariciou o cabelo de
Alessio e nosso filho sorriu para ele com aqueles olhos azul-
oceano.
— Você mudou de ideia sobre o parto em casa? — Nino
perguntou baixinho.
Eu me inclinei e beijei sua bochecha. — Não, e eu não
mudarei. Eu quero um parto natural.
— Eu não vejo por que não devemos usar as opções que
a medicina moderna pode nos oferecer. Nós evoluímos desde a
idade média.
Eu ri. — Eu sei que você não gosta, mas não quero dar à
luz em um hospital. Eu quero estar em casa, cercada por
pessoas em quem confio. Este é o lugar mais seguro para mim
e para o bebê.
Nino me deu um olhar que deixou claro como ele estava
infeliz com minha decisão. — O aspecto da segurança é
realmente o único benefício.
Desde o incidente com a mãe, Remo forçou os donos da
outra casa vizinha a vender também. Aquela mansão era agora
o novo ginásio da Camorra e o centro de segurança em Las
Vegas, o que significava que sempre tínhamos um grande
número de camorristas por perto.
— O médico disse que está tudo bem. Eu tive uma
gravidez saudável, temos um bebê saudável. Tudo vai ficar
bem. Eu sei que posso lidar com isso.
— Eu sei, — Nino murmurou, em seguida, inclinou-se e
beijou minha têmpora antes de tocar minha barriga.
Nevio correu para a sala de jogos, brandindo um
marcador permanente em seu pequeno punho, rindo como um
pequeno louco. Eu sorri abertamente. Seu cabelo escuro estava
por todo lugar e ele estava usando apenas cueca. Toda a parte
superior do corpo estava coberta de rabiscos, provavelmente
em marcador permanente. Ele tropeçou até parar diante de nós,
sorrindo primeiro para Alessio e depois para Nino. Então ele
apontou o dedo contra o próprio peito antes de apontar para o
braço tatuado de Nino com o marcador permanente.
— Dattoo, — ele exclamou.
Eu cobri minha boca com a mão. — Oh, Savio está com
tantos problemas.
Nino pegou o marcador e gentilmente tirou a mão de
Nevio, que olhou e disse: — Não!
— Nevio, se comporte, — disse Nino com firmeza,
colocando o marcador sobre a mesa. Nevio fez um movimento
em direção a ele. Nino balançou a cabeça e o garotinho deixou
cair o braço com um beicinho.
Savio cambaleou, respirando com dificuldade,
carregando Greta, que segurava seu coelho de pelúcia
branco. — Onde está o diabinho?
Um dos braços de Greta também estava coberto de
marcador permanente.
Nino sacudiu a cabeça. — Eu lhe disse para parar de
olhar o seu telefone.
Os olhos de Savio examinaram a parte superior do corpo
de Nevio. — Foda-se. — Ele olhou para Greta que estava
olhando seu braço pintado curiosamente. — Você deveria tê-lo
dedurado.
Greta olhou para o tio com aqueles grandes olhos.
— Serafina vai chutar o seu traseiro, — eu sussurrei,
sufocando o riso.
— Talvez da próxima vez ela não me peça para bancar a
babá, para que ela e Remo possam festejar.
Savio seguiu em nossa direção e o sorriso de Nevio ficou
travesso. — Não se atreva a correr novamente.
Savio colocou Greta de pé e ela andou na ponta dos pés
até nós e subiu no sofá. Nevio recuou devagar e então se virou,
rindo. Savio pulou do outro sofá e alcançou Nevio em dois
grandes passos, colocando o garoto debaixo do braço como se
fosse um saco de batatas.
Com um gemido, ele se virou para nós. — Vocês podem
cuidar de Greta enquanto eu tento limpar esse PIA?
— Não! — Nevio exclamou, lutando.
Savio sorriu para ele. — Sim, você me ouviu bem. Hora
do banho. Eu sei o quanto você ama um bom esfoliante.
Nevio começou a gritar.
Savio olhou para mim. — Que tal você dizer que foi sua
culpa?
Eu levantei minhas sobrancelhas. — Eu não vou deixá-
lo me culpar por isso.
— Vamos, Kiara, ninguém vai ficar bravo com uma
mulher grávida.
— Se eu fosse você, começaria a esfregar logo. Remo e
Serafina voltarão do encontro em aproximadamente duas
horas. Tenho a sensação de que isso vai levar tempo — disse
Nino, inspecionando o braço pintado de Greta.
Sávio desapareceu com Nevio debaixo do braço.
Nino levantou Alessio e colocou-o entre Greta e ele. Ela
estendeu o seu bicho de pelúcia para Alessio, que o agarrou e
apertou-o contra o peito, depois o levou à boca e roeu a orelha
do coelho. Nino acariciou a cabeça de Greta.
— Eu não posso acreditar que haverá quatro crianças
nesta casa em breve, que teremos dois meninos. Um ano atrás,
eu não achava que teríamos um bebê em breve.
Os olhos de Nino encontraram os meus. — Você merece
felicidade, e é isso que você terá.
— Assim como você, sabe?
Três dias depois, dei à luz a Massimo em um quarto de
hóspedes da nossa mansão com a ajuda de Serafina e Nino, o
lar que sempre sonhei.
Toda a dor foi esquecida enquanto eu me maravilhava
com o menino no meu peito, em seu rosto amassado. Ele era
um bebê grande com olhos castanhos e cabelos castanhos
escuros.
Serafina beijou minha bochecha. — Ele é lindo, Kiara.
— Ela estava coberta de suor e sangue, mas estava
sorrindo. Nino estava ao lado da cama, observando a parteira
que nos apoiara, e de vez em quando olhando na minha
direção e de Massimo.
— Por que você não tenta amamentá-lo? — Perguntou
Serafina.
Massimo já estava se contorcendo em direção ao meu
peito e fazendo pequenos movimentos de sucção. Serafina me
ajudou e depois de algumas tentativas, ele finalmente pegou.
A parteira saiu quinze minutos depois e logo depois
Serafina também. Nino se inclinou sobre mim, beijando minha
testa. — Você é tão forte, Kiara.
Levantei meu olhar de Massimo e sorri para Nino. Ele
gentilmente cobriu as costas de Massimo com a palma da mão.
— Eu sempre condenei pessoas que aceitavam seu
medo, que não lutavam contra isso. Eu nunca entendi o
conceito de medo, não o seu potencial total. Era um conceito
abstrato para mim durante a maior parte da minha vida e, no
inicio, quando comecei a sentir as coisas por sua causa,
esperava que o medo não estivesse entre elas. Mas então no
ano passado e hoje novamente, eu senti isso, medo de perdê-la.
— Você não perdeu e não vai, — eu disse. — Alessio,
Massimo e eu, nunca vamos deixá-lo.
Nino afastou o cabelo da minha testa suada. — Eu
sei. Passei a apreciar o medo porque me mostrou o que está em
jogo, o que não perderei, não permitirei que ninguém destrua.
— Seus olhos estavam cheios de fria determinação e da
promessa de violência. — Remo e eu temos mais a perder
agora do que no passado, e nada que valha a pena vem sem um
preço, sem uma luta. E estamos dispostos a lutar, a dar nosso
sangue e a derramar o dos nossos inimigos. Por um tempo nos
tornamos satisfeitos com o que conquistamos e passamos a
pensar que éramos invencíveis, mas não somos. Ainda não,
mas seremos. Você e nossos filhos estarão sempre seguros, não
importa o preço.
— Beije-me, — eu sussurrei, e ele o fez, suavemente,
mas cheio de intenção.
— Eu vou buscar Alessio para que ele possa conhecer
seu irmão, — Nino murmurou depois de um momento. Ele se
endireitou e com um último olhar demorado para Massimo e
eu, ele saiu. Eu acariciava as costas do meu filho enquanto ele
tentava mamar. Nino voltou com Alessio apoiado na curva de
um braço e quase caindo no sono.
— Este é seu irmão, Alessio, — disse Nino, apontando
para Massimo enquanto abaixava Alessio até a cama.
Alessio observou com grandes olhos curiosos.
Eu levantei meu braço e passei um dedo por sua
bochecha. — Você é um irmão mais velho agora.
Meus olhos captaram a rosa tatuada no meu pulso. —
Você vai ter que adicionar seus nomes. — Toquei no antebraço
de Nino, onde os nomes de nossos filhos já estavam gravados
em sua pele. — Sua fé me deu força.
Quando eu tentei dissuadi-lo de fazer uma tatuagem com
o nome de Massimo antes de dar à luz, ele insistiu que nada
aconteceria a qualquer um de nós, que ele não permitiria, e eu
acreditei nele.
Nino balançou a cabeça enquanto envolvia um braço em
volta do meu ombro. — Não fé, determinação brutal. Nunca
colocarei suas vidas nas mãos do destino. Eu vou curvar o
destino a minha vontade, como Remo e eu sempre fizemos.
— Eu te amo.
— E eu amo você.
Alessio se aproximou de Massimo e Nino lhe mostrou
como dar tapinhas nas costas de seu irmão. Eu balancei a
cabeça, ainda incapaz de acreditar que isso era real.
— Considerando que o nosso casamento foi apenas para
trazer a paz temporária, isso é… incrível.
Nino segurou meu rosto e apontou para o coração
dele. — Trouxe paz aqui, e uma que sobreviverá a qualquer
trégua entre a Camorra e a Famiglia.
— Você me deu paz também, — eu sussurrei, então
descansei minha cabeça contra seu ombro. — Eu e meus
meninos.
Fim
Notas
[←1]
Best friend forever - Melhores amigas para sempre
[←2]
Uma sala ou salão em que o judô e outras artes marciais são
praticadas.
[←3]
PIA – Pain in Ass, dor na bunda, mimado, arteiro.
[←4]
MIA - missing in action, desaparecido em ação, sumido, morto.
[←5]
O Nine Inch Nails, comumente abreviado como NIN (estilizado
como NIИ), é uma banda de rock industrial americana formada em 1988 em
Cleveland, Ohio.
[←6]
A espada de Dâmocles é uma alusão frequentemente usada para
remeter a este conto, representando a insegurança daqueles com grande
poder (devido à possibilidade deste poder lhes ser tomado de repente) ou,
mais genericamente, a qualquer sentimento de danação iminente.