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Cora Reilly

#1.5 POV Luca

Série Born in Blood Mafia Chronicles

POV Copyright © 2015 Cora Reilly

~1~

POV de Luca
Luca descobre sobre seu casamento
— Boa sorte, — disse Matteo com um sorriso torcido. Eu o ignorei e
me dirigi ao escritório de nosso pai. Eu odiava precisar vir correndo
quando ele chamava. Ele era a única pessoa que podia me dar
ordens, e ele amava isso pra caralho. Ele se sentou atrás de sua
mesa com aquele sorriso narcisista que eu detestava mais que tudo.
— Você me chamou, pai, — eu disse, tentando soar como se não
desse a mínima.

Seu sorriso se alargou. — Nós encontramos uma esposa para você,


Luca.

Eu levantei uma sobrancelha. Eu sabia que ele e a Chicago Oufit1

vinham discutindo uma possível união fazia meses, mas meu pai
nunca tinha me dado maiores informações. Ele adorava ter esse
poder sobre mim. — Na Oufit?

— É claro, — disse ele, tamborilando os dedos sobre a sua mesa


enquanto me observava. Ele queria que eu lhe perguntasse quem
era, queria que isso chamasse minha atenção, queria ver eu me
contorcer.

Foda-se ele. Coloquei as mãos nos meus bolsos e encontrei


diretamente seu olhar.

A expressão dele escureceu. — Ela é a mulher mais bonita que a


Outfit tem para oferecer. Realmente a mais encantadora. Cabelos
dourados, olhos azuis, pele pálida. Um anjo que desceu à terra,
como Fiore diz. Eu espero que você vá gostar de quebrar as suas
asas.

Eu esperei pelo ―masǁ. Meu pai parecia muito satisfeito consigo


mesmo, como se estivesse escondendo alguma coisa que ele sabia
que eu odiaria.
— Talvez você tenha ouvido falar dela. É Aria Scuderi. Ela é a filha
do Consigliere2 e completou quinze anos há alguns meses.

1 É o apelido da máfia italiana em Chicago. A máfia é dividida por


regiões dentro do território dos Estados Unidos, e cada um desses
grupos funciona de forma independente, com seu próprio líder e
regras, assim como nome. O poder central, que reúne todos esses
grupos, se chama simplesmente Família. Os grupos, por sua vez,
podem ter um apelido próprio, caso desejem. No caso, a máfia de
Chicago pode se chamar Família de Chicago (a de Nova York é
Família de Nova York e assim por diante) ou pelo nome que ela
própria se deu, Chicago Outfit.

2 É o conselheiro, o braço direito do Capo (que é o chefe de todo


mundo).

~2~

Eu não fui rápido o suficiente para esconder meu choque. Quinze


anos? Será que ele estava brincando comigo? — Pensei que eles
quisessem que o casamento acontecesse logo, — eu disse com
cuidado.

Meu pai se inclinou para trás em sua cadeira, seus olhos


procurando um lampejo de fraqueza minha. — Eles querem. Todos
nós queremos.

— Eu não vou me casar com a porra de uma criança, — eu rosnei,


cansado de ser agradável. Eu estava cansado dos seus jogos de
merda.

— Você vai se casar com ela e você vai transar com ela, Luca.

Exalei antes que eu dissesse ou fizesse algo que ia me arrepender


mais tarde. — Você realmente acha que nossos homens vão olhar
para mim com respeito se eu agir como a porra de um pedófilo?
— Não seja ridículo. Eles nos olham com respeito porque têm medo
de nós. E Aria não é tão jovem. Ela tem idade suficiente para abrir
as pernas para você foder ela.

Essa não era a primeira vez que eu considerava colocar uma bala
na cabeça dele. Ele era meu pai, mas também era um filho da puta
sádico que eu odiava mais que qualquer coisa ou pessoa no mundo.

— O que a menina acha do seu plano?

Meu pai deu uma gargalhada. — Ela não sabe ainda, e não é como
se os seus sentimentos fossem importantes. Ela vai fazer o que
mandarem que ela faça, assim como você.

— O pai dela não se importa de me dar sua filha antes que ela seja
maior de idade?

— Não, ele não se importa.

Que tipo de bastardo era esse Scuderi? Eu podia ver o quanto meu
pai gostava da minha fúria.

— Mas a mãe da menina pediu a Fiore Cavallaro para adiar o


casamento.

Eu balancei a cabeça. Pelo menos uma pessoa não tinha perdido a


porra da cabeça.

— É claro que ele ainda não decidiu o que fazer. Vou deixar que
você saiba quando a decisão for tomada.

~3~

Saí do escritório, sabendo que eu estava dispensado. Matteo estava


encostado na parede em frente à porta. Eu passei por ele, querendo
encontrar um alívio para a raiva que queimava em meu corpo.

Eu queria matar alguém, de preferência nosso pai. Fui direto para o


bar que havia na sala de estar da casa.
— O que o sadista do nosso pai fez agora? — Matteo perguntou
quando começou a andar ao meu lado.

Eu o encarei. — Ele quer que eu me case com uma maldita criança.

— De que diabos você está falando? Pensei que ele estivesse


tentando te casar com a mais linda mulher da porra da Outfit. —

Matteo disse ironicamente.

— Eles devem estar sem mulheres bonitas por lá, porque querem
que eu case com Aria Scuderi, que tem apenas quinze anos do
caralho.

Matteo assobiou. — Puta merda. Eles perderam a cabeça? O que a


pobre moça fez para merecer tal destino?

Eu não estava com disposição para as suas piadas. Eu queria bater


em alguma coisa – pra valer. — Ela é a filha mais velha do
Consigliere e parece como um anjo que desceu à terra, segundo
Fiore Cavallaro.

— E daí eles vão casar a garota com o Diabo. É um casamento


arranjado no inferno.

— Você está começando a me irritar, Matteo. — Me aproximei do


balcão do bar e agarrei a garrafa do uísque mais caro, a que nosso
pai guardava para ocasiões especiais.

A Levantei até meus lábios e tomei um gole profundo.

Matteo pegou a garrafa da minha mão e a colocou na própria boca,


ingerindo uma quantidade considerável do líquido âmbar antes de a
devolver para mim. Ficamos passando a bebida de um para o outro
por um tempo até que Matteo falou novamente. — Eles realmente
vão fazer você se casar com uma menina? Quer dizer, eu sei que eu
tenho gostos peculiares, mas quinze anos é loucura pra caralho, até
mesmo pra mim.
— O idiota do seu pai vai me entregar ela amanhã. Aquele
desgraçado não parece se importar.

~4~

— Então, o que você vai fazer?

— Disse ao nosso pai que não vou me casar com uma criança.

— E ele disse a você para crescer e obedecer ao seu Capo.

— Sim, foi o que ele disse. Ele não vê nenhuma razão porque
esperar a garota ser mais velha para poder casar. Segundo ele, tudo
que ela tem que fazer é abrir as pernas para mim.

Matteo estreitou os olhos dessa forma irritante do caralho que ele


fazia quando estava tentando descobrir alguma coisa. — E você?

— E eu o quê? — eu sabia o que ele queria dizer, mas me irritou


demais que ele tivesse que perguntar. Eu esperava essa pergunta
de todos os outros, mas não dele. Ele sabia que eu tinha certos
limites que não estava disposto a cruzar. Ainda não. A vida poderia
ser uma vadia, especialmente se você estava na máfia, então
aprendi que nunca diga nunca é um lema de vida.

— Você vai transar com ela?

— Eu sou um assassino, não um pedófilo, seu imbecil.

— Falou como um verdadeiro filantropo.

— Vai se foder, e pare de ler a porra do dicionário.

Matteo sorriu e eu balancei a cabeça com um sorriso. Esse filho da


puta sabia como me fazer sentir melhor.

Matteo mal tinha parado de falar desde que tínhamos descido do


avião. Eu estava prestes a dar um soco na sua garganta. — Deixa
de ser chato, Luca. Você deveria estar feliz. Vai conhecer sua noiva
hoje. Você não está curioso para saber como ela é? Ela poderia ser
feia pra caralho.

Eu sabia que ela não era. Meu pai não ia deixar que a Outfit nos
enganasse assim. Mas eu não tinha encontrado nenhuma foto dela
na internet. Scuderi parecia manter sua família longe dos olhos do
público.

— Estou surpreso que a empregada não tenha vindo atrás da gente.


Parece um risco deixar potenciais inimigos andarem pela casa

~5~

sem supervisão. Isso me faz perguntar se não é uma armadilha, —


disse Cesare enquanto olhava por cima do ombro.

— Isso é um jogo de poder. Scuderi que nos mostrar que não está
preocupado com a nossa presença, — eu disse enquanto
andávamos em direção ao local que a empregada tinha indicado.

De repente ouvi pessoas correndo em nossa direção. Minha mão foi


direto para minha arma. Cesare e Matteo fizeram o mesmo
enquanto virávamos o corredor. Quando vi o que causou todo o
barulho, relaxei.

Eram crianças correndo atrás umas das outras, vindo diretamente


para nós. O menino conseguiu parar, mas a pequena garota
continuou, seus braços no ar, e ela bateu em mim. Minhas mãos
dispararam para a segurar. Ela me olhou com olhos arregalados
quando eu a segurei pelos ombros.

— Liliana! — uma das outras garotas gritou. Levantei o olhar na sua


direção e, pelo seu cabelo loiro dourado, eu sabia quem ela era.

Aria Scuderi, minha futura esposa. Ela era a mais velha do grupo,
mas porra, ainda parecia jovem demais. Quer dizer, não é como se
eu estivesse esperando uma mulher adulta, mas eu esperava que
pelo menos não fosse malditamente óbvio que ela tinha apenas
quinze anos.

Não sei o que teria feito se Cavallaro e meu pai não tivessem
concordado em esperar até que ela tivesse dezoito anos.

Ela era bonita de uma forma muito infantil, mas havia uma promessa
de verdadeira beleza sob suas feições jovens. Ela era pequena,
mas com o meu tamanho a maioria das mulheres era. Em poucos
anos, até que ela tivesse idade para ser minha esposa, se tornaria
deslumbrante. Seria melhor ela aprender a esconder suas emoções
até lá. Ela parecia apavorada pra caramba. Eu estava acostumado
com as pessoas me dando esse tipo de olhar, mas das mulheres eu
geralmente preferia admiração e desejo.

— Liliana, venha aqui, — disse ela. Era bastante óbvio que ela
estava tentando parecer forte e adulta. Ela teria sido mais
convincente se sua voz não estivesse tremendo e se não houvesse
aquele brilho petrificado em seus olhos. Eu afrouxei o meu domínio
sobre sua irmã Liliana, que correu para Aria como se o diabo
estivesse em seus calcanhares. Essas meninas nunca tinham
conhecido outros homens?

Mas Scuderi provavelmente as mantinha em uma gaiola dourada, o


que me servia muito bem.

— Esse é Luca Vittiello! — uma ruiva estalou e na verdade torceu a


porra daquele nariz pra mim. Eu não estava acostumado com esse

~6~

tipo de grosseria. As pessoas sabiam que não deviam me


desrespeitar.

As pirralhas do Scuderi não pareciam saber, no entanto.

Alguém sibilou e um menino se atirou na minha direção, realmente


me atacando.
— Deixe Aria em paz! Você não vai levar ela embora!

Cesare fez um movimento para se interpor, como se eu precisasse


de ajuda contra um anão.

— Não, Cesare. — fiquei olhando para o garoto. Sua ferocidade


seria quase admirável se não fosse tão inútil. Eu peguei suas mãos.

Aria andou na minha direção, como se ela pensasse que eu ia


agarrar o pescoço do seu irmão e depois o dela. Porra, o que a sua
família disse a ela sobre mim? Eles devem ter mentido. Eu sabia
que tinha uma reputação e estava fodidamente orgulhoso dela, mas
Aria não precisava saber nada sobre isso – por enquanto.

— Se essa não é uma recepção calorosa. Essa é a infame


hospitalidade da Outfit. — Matteo falou, como sempre deixando sua
boca grande livre.

— Matteo, — eu disse em tom de advertência antes de dizer


qualquer outra coisa. Eles eram apenas crianças, até mesmo minha
futura esposa, e não precisavam ouvir o seu vocabulário colorido.

O anão estava se contorcendo em meu aperto, estalando e


rosnando como um cão selvagem.

— Fabiano, — Aria disse, seus olhos correndo para mim por um


milésimo de segundo antes que ela agarrasse o braço do irmão. —
Já basta. Não é assim que tratamos nossos convidados.

Apesar de sua aparência frágil, Aria parecia ter uma espécie de


poder sobre seus irmãos. O pequeno parou de lutar e olhou para
ela. —

Ele não é um convidado. Ele quer roubar você, Aria.

Desculpe, amigo, mas nada sobre essa porra de arranjo foi ideia
minha. E ainda assim eu precisava admitir que, depois de ver Aria,
eu não deixaria que ela escapasse de mim por nada no mundo. Ela
era minha agora.

Matteo riu. — Isso aqui está muito bom. Estou feliz que nosso pai
tenha me convencido a vir.

~7~

— Te mandou vir. — Nosso pai não convencia ninguém. Ele


ordenava, subornava ou chantageava.

Aria teve dificuldade de encontrar meu olhar; ela estava,


obviamente, envergonhada pela atenção que eu estava lhe dando.
Um profundo rubor se espalhou pelo seu rosto. Eu soltei seu irmão e
ela o apertou contra o seu corpo protetoramente. Ela era tímida e
assustada, e eu me perguntava se ela se atreveria a se opor se eu
realmente fizesse qualquer movimento na direção do seu irmão.
Não que eu fosse fazer isso. Não havia honra em atacar mulheres e
crianças.

— Sinto muito, — disse Aria com a voz baixa. — Meu irmão não
quis ser desrespeitoso.

— Eu quis sim! — o menino gritou. A mão de Aria disparou e fechou


a boca do garoto. Eu quase ri. Fazia um tempo desde que uma
mulher me fez querer rir, mesmo por acidente.

— Não se desculpe, — a garota ruiva sibilou. — Não é nossa culpa


se ele e os seus guarda-costas ocupam todo esse espaço do
corredor.

Pelo menos Fabiano é sincero. Todos pensam que precisam jogar


açúcar na bunda dele porque ele vai ser o Capo e...

Eu olhei para Matteo. Essa menina tinha o mesmo temperamento


ruim dele.
Depois de mais brigas, Aria finalmente conseguiu fazer com que
seus irmãos saíssem. Eu fiquei feliz de os ver indo embora. Eles
estavam estressando os meus nervos. Não era nenhuma surpresa
que Scuderi quisesse casar suas filhas o mais rápido possível.

Aria se contorceu quando olhou para mim. — Peço desculpas pelas


minhas irmãs e meu irmão. Eles são...

— Protetores com você, — eu a ajudei a terminar. — Este é o meu


irmão Matteo.

Aria mal olhou para ele, mas ela não estava realmente encontrando
meus olhos também.

Acenei com a cabeça para o meu outro lado. — E este é o meu


braço direito, Cesare.

Ela piscou. Parecia que ela ia sair em disparada se eu desse um


passo na sua direção. — Eu deveria ir com os meus irmãos. — ela
se virou e saiu correndo até que seus cabelos loiros desapareceram
de vista.

~8~

— Você ainda consegue fazer isso, Luca. Aterrorizar meninas a torto


e a direito com seu charme rústico, — disse Matteo.

— Vamos lá. Scuderi deve estar se perguntando porque estamos


demorando tanto. — Scuderi era a última pessoa com quem eu
queria encontrar, a menos que esse encontro envolvesse facas,
armas de fogo e um banho de sangue. Eu já o odiava e ainda nem
tinha o encontrado.

Que tipo de pai casava uma garota como Aria com um cara como
eu?

Ela parecia um anjo, era tímida e inocente como um, e eu não tinha
absolutamente nenhuma ilusão de quem eu era: um filho da puta frio
nos melhores dias, um monstro no resto do tempo. Pelo menos ela
tinha mais três anos antes que eu tivesse a chance de destruir a sua
vida com a minha escuridão.

Não havia álcool suficiente no mundo que fizesse as presenças de


Scuderi e Fiore Cavallaro mais suportáveis. Eu não queria nada
mais do que cortar as suas gargantas e os ver sangrar até a morte.
Matteo me lançou um olhar de canto de olho, provavelmente
sabendo exatamente o que eu estava pensando. Ele não hesitaria
um segundo se eu lhe pedisse para puxar as facas. Matteo estava
sempre pronto para enfiar a faca em qualquer pessoa que o
irritasse.

— Ela é uma verdadeira beleza, Luca, — Scuderi disse com


orgulho. — Você não vai se arrepender de sua escolha.

Realmente não tinha havido nenhuma escolha da minha parte, mas


eu guardei esse pensamento para mim mesmo. Não adiantava nada
começar uma briga, especialmente com meu pai me observando
como um falcão.

— Ela é completamente pura. Ela nunca tem permissão para ir a


qualquer lugar sem seus guarda-costas. Ela é só sua.

Forcei um sorriso. Não que eu não apreciasse isso. Eu não gostava


de dividir. Eu sempre fui um idiota possessivo.

— Não há nada melhor do que quebrar essas garotinhas, — disse o


primo de Aria, Raffaele. Ele era uma cabeça menor do que eu. Se
esta noite terminasse em um banho de sangue, ele seria aquele que
eu mataria por último, só para ter o meu tempo com ele. Vamos ver
se ele

~9~

ainda vai ter esse sorriso feio no rosto com a minha faca cravada na
sua órbita ocular.
Alguém bateu na porta.

Quando a porta se abriu e Aria entrou, de costas para nós, eu


endureci. Ela não se parecia com a garota que eu tinha visto ontem.
Ela estava usando um vestido justo e curto, que revelava pernas
longas e magras, pele cremosa e uma bela bunda. Droga. Quando
ela finalmente se virou, percebi que a frente era igualmente boa de
olhar. Então meus olhos viajaram mais para cima. Aria manteve a
cabeça baixa, os olhos cravados no chão, e eu podia ver a garota
tremendo de medo e desconforto.

Algo protetor e furioso se levantou no meu peito. Como poderia sua


mãe ter deixado que ela andasse vestida assim? Eu apostaria
minha bola esquerda que Aria não tinha tido uma palavra a dizer na
escolha desse maldito vestido. Eu já tinha fodido garotas que se
vestiam igual, mas essa era a minha futura esposa, e ela tinha
apenas quinze anos. Seus pais a deveriam proteger, não a tratar
desse jeito. Ela finalmente arriscou uma olhada para cima e
encontrou o meu olhar.

Pelo amor de Deus, parecia que ela queria chorar. Se eu tivesse a


chance, mataria Scuderi e apreciaria muito isso. Larguei meu copo
antes que eu o arremessasse contra a parede.

Os olhos de Aria correram pela sala nervosamente. Os outros


homens da sala a olhavam com o devido respeito, mas aquele filho
da puta do Raffaele estava lhe despindo com os malditos olhos.

Se isso fosse Nova York, eu iria lhe aliviar do fardo de ver qualquer
coisa no futuro. E talvez eu fizesse isso de qualquer maneira, se ele
não tirasse esse olhar malicioso de cima dela. Alheio ao desrespeito
de Raffaele, Scuderi me apresentou a Aria. Ele me olhou como se
esperasse que meu queixo caísse no chão por causa dela. Ela era
linda, e em três anos eu apreciaria muito a ver vestida assim, mas
agora só me irritava que Scuderi tentou fazer Aria parecer uma
gostosona quando ela obviamente odiava.
— Esta é a minha filha, Aria, — Scuderi disse com um olhar ansioso
como o de um cachorro que espera seu mestre jogar o pedaço de
pau.

Fiore me deu um sorriso de autossatisfação. — Eu não exagerei,


não é?

Vai se foder. — Não, você não exagerou.

~ 10 ~

O irmão mais novo de Aria parou sorrateiramente ao seu lado e


deslizou sua mão na dela. Meus olhos foram para as pernas dela
por um momento, mas eu os afastei.

— Talvez o futuro casal queira ficar sozinho por alguns minutos?

— disse meu pai com um olhar que eu conhecia muito bem. Ele
provavelmente pensava que estava me fazendo a porra de um
enorme favor. Eu não perdi a expressão de pânico de Aria, ou a
forma como ela praticamente implorou ao seu pai com os olhos para
que isso não acontecesse.

Claro que Scuderi não fez nada. Ele provavelmente me deixaria


maltratar livremente a menina na sua frente, desde que eu não
roubasse a sua virgindade antes do casamento.

— Eu devo ficar? — perguntou o seu guarda-costas.

Alívio passou pelo rosto de Aria.

— Deixe que eles fiquem uns minutos a sós, — disse Scuderi, e Aria
congelou. O que ela pensava que eu faria com ela? A estupraria em
cima do sofá? Meu pai piscou para mim. Ele, obviamente, pensava
que eu ia apalpar minha noiva de quinze anos de idade. Ele
provavelmente teria feito isso.

Todo mundo começou a sair até que apenas o garoto ficou,


agarrado protetoramente à irmã. Eu tinha que respeitar o anão, ele
era o único na Outfit que tinha um pingo de coragem.

— Fabiano. Saia daí agora, — Scuderi retrucou e o menino soltou


Aria e me lançou um olhar fulminante antes de sair. Eu gostava
desse pirralho insolente.

A porta se fechou e Aria e eu ficamos sozinhos. Ela olhou para mim


através de seus longos cílios, mordendo o lábio. Será que ela tinha
que parecer tão malditamente aterrorizada? Eu sabia como eu
parecia para os outros, e para uma menina pequena como ela eu
provavelmente parecia um gigante ameaçador prestes a esmagar
ela, mas eu não tinha a menor intenção de a machucar, muito
menos ter um gostinho dela, não importava que ela parecesse
deliciosa. Eu não era tão depravado.

Para a distrair de seu terror óbvio, eu perguntei. — Foi você que


escolheu esse vestido?

Ela saltou, seus olhos se ampliaram. — Não. Meu pai escolheu, —

disse ela com aquela voz suave e gentil.

~ 11 ~

Sim, claro que ele escolheu. Eu decidi cortar esse encontro ridículo
e estendi minha mão para pegar o anel que tinha comprado para
Aria alguns dias atrás. Minha pequena noiva se encolheu e meu
humor caiu ainda mais. Eu lhe mostrei a caixa de veludo, na
esperança de a deixar mais à vontade, mas ela só ficou olhando. Eu
queria lhe sacudir, mas isso só teria justificado seus medos. Deslizei
a caixa para ela, que finalmente a pegou. Quando seus dedos
tocaram os meus, ela se afastou com um suspiro. Tive que sufocar
meu aborrecimento, não só com ela, mas pelos seus pais, Cavallaro
e o meu pai, que foi o responsável por trazer toda essa confusão até
nós. Eu só podia esperar que ela ganhasse alguma confiança nos
próximos três anos. Eu não queria uma esposa que se encolhia
diante de mim.
— Obrigada, — disse ela depois de conferir seu anel. Seus olhos
encontraram os meus. Estendi meu braço. Ela o pegou com uma
certa hesitação e eu a levei para a sala de estar, de volta para as
pessoas que a tinham traído.

Encontro depois de três anos

— Então, você está nervoso, Luca? — Matteo sorriu.

— Não. Eu nunca estou nervoso.

— Mas você não viu Aria em três anos. E se ela não for gostosa?

Você vai ser obrigado a foder uma mulher feia pelo resto da vida.

Como sempre, o passatempo favorito de Matteo era me tirar do


sério. — Não é como se ela fosse a única mulher que eu vou foder
pelo resto da minha vida.

Chegamos à porta da suíte de Aria. Fiz uma pausa, olhando em


volta procurando pelo guarda-costas que deveria estar fazendo
guarda aqui. Ele não estava lá. — Eu deveria ter mandado você
para fazer a segurança de Aria anos atrás, — eu disse a Romero,
então bati.

Passos leves correram na nossa direção e a porta foi aberta por


uma menina de cabelo loiro escuro que estava vestida como uma fã
de banda de rock. Ela estava obviamente tentando me impressionar
com

~ 12 ~

seus quadris estreitos e seu peito modesto. Eu estava tendo


dificuldades para me lembrar do nome dela. Tinha que ser a irmã
mais nova.

— Oi, Luca, — ela disse, sorrindo de forma sedutora. Eu tive que


sufocar uma risada. Será que ela realmente achava que eu não via
como ela era jovem? Em seguida eu finalmente lembrei. — Você é
Liliana, a irmã mais nova.

— Eu não sou tão jovem.

— Sim, você é, — uma voz suave e familiar disse. — Vá com a


Gianna.

E lá estava ela. Droga. Três anos atrás ela tinha se mostrado


promissora, mas hoje ela parecia a porra de um sonho molhado se
tornando realidade. Longos cabelos loiros, pele impecável, longas
pernas magras, seios firmes. Eu mal podia esperar para ver cada
maldita polegada desse corpo.

— Eu não sabia que nos encontraríamos na minha suíte, — disse


ela com um toque de desaprovação. Que recepção calorosa.

— Você vai me deixar entrar?

Ela deu um passo para o lado. Eu dei a Cesare um sinal para


esperar lá fora antes que o resto de nós entrasse na suíte. Matteo
foi direto na direção da ruiva. Como de costume, ele era atraído pela
encrenca. Meus olhos foram novamente presos pela porra do corpo
quente de Aria. Mais alguns dias e ela seria minha. Eu mal podia
esperar.

— Você não deveria estar aqui sozinho com a gente. Não é


apropriado, — Gianna murmurou.

É claro que não era. É por isso que deveria haver um guarda na
porta da frente. — Onde está Umberto? Ele não deveria estar
guardando a porta?

Aria deu de ombros. — Ele provavelmente está no banheiro ou fez


uma pausa para fumar.

— Ele te deixa sem proteção muitas vezes?


— Ah, o tempo todo, — disse Gianna ironicamente. — Você vê, Lily,
Aria e eu saímos todo final de semana porque temos uma aposta de
quem pode pegar mais caras.

~ 13 ~

Matteo me lançou um sorriso. Eu não tinha certeza de como ele


podia estar com esse bom humor repugnante. Se eu tivesse que
passar mais tempo com essa ruiva boca grande eu ia perder a
cabeça. — Eu quero ter uma palavra com você, Aria, — eu disse.

Gianna tinha que se meter de novo, é claro. — Eu estava brincando,


pelo amor de Deus! — a pirralha realmente tentou dar um passo
entre Aria e eu. Felizmente Matteo a arrastou para longe. Eu
realmente esperava que o brilho de fascínio nos olhos dele não
fosse nada mais do que isso.

— Me solte ou eu vou quebrar seus dedos, — Gianna rosnou.


Matteo levantou as mãos com um sorriso largo. Aqueles dois eram
mais do que até mesmo o santo mais paciente poderia suportar.

— Vamos. — eu me virei para Aria e mal toquei sua parte inferior


das costas. Ela engoliu em seco e ficou tensa. Ela ainda não tinha
superado seu medo de mim? — Onde é o seu quarto?

Não, ela definitivamente não tinha superado. Eu normalmente só via


esse olhar nos rostos dos meus inimigos depois de já estar com as
minhas mãos sobre eles. Aria apontou para uma porta à nossa
direita e eu a empurrei nessa direção, tentando ignorar o modo
como ela tremia sob o meu toque. Isso estava começando a me
irritar seriamente.

Claro que a bocão tinha que dar a última palavra. — Vou ligar para o
nosso pai! Você não pode fazer isso.

Como se Scuderi se importasse.


Entramos no quarto e fechei a porta antes de enfrentar Aria, que
estava olhando para mim com olhos arregalados de medo. —
Gianna estava brincando. Eu ainda nem sequer beijei alguém ainda,
eu juro. —

Ela corou deliciosamente quando disse isso. É por isso que ela
estava com tanto medo? Eu tinha que admitir que lhe ouvir
confirmar o que eu já sabia fez com que a minha possessividade
ronronasse. — Eu sei.

Aqueles lábios beijáveis se separaram em surpresa. Droga. Eu a


queria empurrar contra a porta e lhe beijar. — Ah. Então por que
você está com raiva?

— Eu pareço com raiva para você?

Sua expressão era como um livro aberto. Isso faria as coisas mais
fáceis para mim.

~ 14 ~

— Você não me conhece muito bem.

Ela me lançou um olhar irritado. — Isso não é minha culpa. —

Este foi o primeiro sinal real de rebeldia que vi nela, e isso me


deixou fodidamente feliz. Eu não poderia viver com uma esposa
sempre aterrorizada e passiva. Eu não era o cara mais sensível e
perderia a paciência muito rápido se tivesse que andar na ponta dos
pés ao redor de Aria, como se ela fosse quebrável.

Eu peguei seu queixo entre meu polegar e o indicador. Ela


endureceu e o desafio foi substituído por preocupação. — Você é
como uma ovelha selvagem nas garras de um lobo. Eu não vou
espancar você. — eu faria muitas outras coisas com ela, mas ela iria
gostar de todas.
Ela apertou os lábios, obviamente não acreditando em mim. Ela era
linda pra caralho e sua pele era como veludo sob meus dedos. Será
que cada centímetro dela ia ser assim tão suave? Eu me inclinei
para lhe beijar, querendo saber se ela deixaria.

Seus olhos se arregalaram. — O que você está fazendo?

Porra, ela tinha sempre que agir como se eu fosse um verme que a
tinha encurralado em um beco escuro? — Eu não vou te tomar
agora, se é isso que te preocupa. Eu posso esperar mais uns dias.
Esperei três anos, afinal.

Fúria cintilou em seu rosto bonito, e eu amei a porra dessa visão. —


Você me chamou de criança da última vez.

Ela se lembrava disso? Eu deixei meus olhos trilharem sobre seu


corpo incrível, então sorri.

— Mas você não é mais uma criança. — droga, eu a queria mais do


que eu alguma vez quis uma mulher, mas o brilho em seus olhos
horrorizados fez meu pau parar de ter qualquer ideia. Eu me
aproximei mais dela. — Você está fazendo isso muito difícil para
mim. Eu não posso te beijar enquanto você me olha assim.

— Então talvez eu devesse usar esse olhar em nossa noite de


núpcias, — a pequena megera disse. Dois podiam jogar esse jogo.

— Então talvez eu tenha que te tomar por trás, assim eu não vou
precisar te ver.

Era para ser uma piada, mas Aria empalideceu e se encolheu para
longe de mim, batendo na porra da parede. Pelo amor de Deus,

~ 15 ~

será que ela realmente acreditava que eu a ia jogar na cama e


montar seu corpo por trás em nossa primeira noite juntos? Não que
eu não tivesse a intenção de alguma vez foder com ela de quatro,
bater nela enquanto ela estivesse em suas mãos e joelhos na minha
frente, mas isso teria que esperar. Pela sua expressão temerosa, ela
realmente pensava que eu ia tirar sua virgindade como uma besta.

Sufocando o meu aborrecimento, eu disse com a voz mais calma


que eu era capaz de fazer, — Relaxe. Eu estava brincando. Eu não
sou um monstro.

— Não é?

Que porra é essa? Eu não vim até aqui para ouvir ela me insultando.
Se ela queria me ver como um monstro, então eu poderia
alegremente agir como um. Eu a encarei. — Queria discutir com
você a questão da sua proteção. Depois que você se mudar para o
meu apartamento depois do casamento, Cesare e Romero serão os
responsáveis pela sua segurança. Mas eu quero Romero junto com
você antes disso.

— Eu já tenho Umberto, — disse ela com uma careta.

Certo. É por isso que eu podia andar pela sua suíte sem ninguém
tentando me parar.

— Aparentemente ele está fazendo muitas pausas para ir ao


banheiro. Romero não vai sair do seu lado a partir de agora.

— Ele vai ficar comigo enquanto eu estiver tomando banho


também?

Nem em um milhão de anos. — Se eu quiser.

O desafio voltou com força total. — Você deixaria outro homem me


ver nua? Você realmente deve confiar muito que Romero não vai
tirar proveito da situação. — ela tentou se fazer mais alta, mas ainda
era pequena.

— Romero é leal, — eu disse, então me inclinei até que nossos


olhos estivessem no mesmo nível. — Não se preocupe, eu vou ser o
único homem a te ver nua. Mal posso esperar. — eu fiz todo um
show despindo seu corpo com os olhos e, claro, ela colocou os
braços ao redor de si mesma, parecendo estar prestes a chorar. Eu
não podia lidar com choro de mulher.

~ 16 ~

— E quanto a Lily? — ela perguntou em voz baixa. Se ela não


parasse de parecer tão malditamente vulnerável, eu poderia
começar a sentir a necessidade de ter que lhe consolar e isso seria
a porra de algo inédito para mim. Eu não era do tipo que consolava.
— Ela e Gianna compartilham essa suíte comigo. Ela fará de tudo
para chamar a atenção dele. Ela não percebe com o que está
mexendo. Preciso ter certeza de que ela esteja a salvo.

— Romero não vai tocar na sua irmã. Liliana está brincando. Ela é
uma menina. Romero gosta de mulheres mais velhas e dispostas,
— eu disse a ela. Eu confiava em Romero. Ele levava seu trabalho a
sério, e não importava se a irmã de Aria flertasse muito ou pouco,
isso não mudaria o fato de que ela era uma criança. Eu sabia que
havia homens iniciados3 que não hesitariam em tirar proveito de
uma menina dessa idade, e que alguns deles gostavam delas até
mais jovens, mas esses pedaços de merda nunca estariam no seu
círculo íntimo.

Os olhos de Aria correram para a cama, e eu me perguntei o que ela


estava pensando. Antes que minha mente suja pudesse começar a
imaginar todas as coisas que eu queria fazer com Aria na cama, eu
disse: — Tem mais uma coisa. Você está tomando pílula?

— Claro que não. — Foi quase fofo o jeito como ela ficou ofendida,
se fofo fosse uma palavra que existisse no meu vocabulário.

— Sua mãe poderia ter feito você já ter começado com os


preparativos para o casamento. — eu não tinha absolutamente
nenhuma intenção de usar a porra de uma camisinha com a minha
esposa. Eu queria enterrar meu pau na buceta de Aria sem nada
entre nós. Eu era o único homem que alguma vez ia ter seu corpo, e
eu sempre tinha feito questão de usar preservativo com as mulheres
que tinha fodido no passado.

O lábio inferior de Aria tremeu. — Minha mãe nunca faria isso. Ela
não vai mesmo falar comigo sobre nada disso.

Eu adorava que Aria fosse só minha, mas eu não estava


acostumado a este nível de inexperiência.

Meio brincando, eu perguntei. — Mas você sabe o que acontece


entre um homem e uma mulher em uma noite de núpcias? — se eu
3 Homens iniciados são aqueles que passaram pelo ritual de
iniciação da máfia e são membros plenos. No livro 1, Bound by
Honor, é comentado que o ritual de iniciação envolve matar alguém,
e que os homens são iniciados bem jovens, por volta dos 13 aos 15
anos.

~ 17 ~

tivesse que ter essa conversa sobre sexo com ela, ia ter que matar
alguém ou ia perder a minha cabeça de vez.

— Eu sei o que acontece entre os casais normais. No nosso caso,


no entanto, acho que a palavra que você está procurando é estupro.

Fúria estourou através do meu corpo, me fazendo querer me lançar


sobre qualquer coisa ou pessoa por perto. Eu tinha aprendido a me
controlar melhor ao longo dos anos, mas tive que esperar um
momento antes de ter certeza que não ia rosnar para ela. — Quero
que você comece a tomar pílula. — Entreguei a ela o pacote que
nosso médico tinha me dado.

— Eu não preciso ver um médico antes de começar a tomar isso?

— Nós temos um médico que trabalha para a Família há décadas.


Isto

veio
dele. Você

precisa

começar

tomar

imediatamente. Demora 48 horas para que elas façam efeito.

— E se eu não tomar? — Ela desafiou. A raiva ainda estava


fervendo sob a minha pele, mas na verdade, ela raramente não
estava. — Então eu vou usar camisinha. De qualquer forma, na
nossa noite de núpcias, você vai ser minha.

Noite de núpcias

Se eu não tivesse coisas melhores para fazer, ia lá fora para chutar


a porra do rabo de Matteo.

— Cale a boca, Matteo, e vai encontrar uma puta para foder, — eu


gritei.

Ele finalmente fechou aquela boca grande, ou talvez só tenha


desmaiado. Pela quantidade de álcool que ele tomou eu não ficaria
surpreso. Aria soltou um suspiro e correu atrás de mim, então me
virei para ela, meu corpo vibrando de desejo. Eu tive que ver ela
durante toda a noite com esse vestido sexy, para não mencionar os
três anos que passei esperando por ela antes. Mas essa noite a
espera finalmente tinha acabado.

~ 18 ~

Ela era linda pra caralho. Cintura fina, pele perfeita, lábios rosados.
Eu não poderia evitar me perguntar se seus mamilos eram da
mesma cor. Porra, eu precisava dela. Joguei meu paletó sobre a
poltrona. Eu realmente esperava que Aria estivesse pronta para
mais do que apenas uma foda essa noite. Não acho que meu pai
estaria satisfeito após somente uma rodada.

— Quando meu pai me disse que eu ia casar com você, disse que
você era a mulher mais bonita da Chicago Outfit, ainda mais linda
que as mulheres de Nova York. Eu não acreditei nele, — eu disse.
Eu odiava que meu pai tivesse razão, mas foda-se, nesse caso ele
tinha acertado.

Caminhei em direção a Aria e agarrei sua cintura. Ela se acalmou


completamente, não encontrando meu olhar. Eu me inclinei,
inalando seu perfume doce. — Mas ele disse a verdade. Você é a
mulher mais linda que eu já vi, e hoje à noite você é minha. — Eu
beijei sua garganta, mas ela continuou a me ignorar. Isso era uma
espécie de jogo?

— Não! — ela assobiou e tropeçou para longe de mim, os olhos


arregalados e horrorizados.

O que diabos ela quis dizer com isso? — Não?

Ela me encarou, mas por trás de sua bravata havia outra emoção
que eu estava zangado demais para ler.

— O Quê? Você nunca ouviu a palavra não antes?

— Ah, eu ouvi muitas vezes. O cara de quem eu esmaguei a


garganta com as minhas mãos disse isso uma e outra vez, até que
ele não podia mais dizer nada.

Ela se afastou. — Então você vai esmagar a minha garganta


também?

Ela realmente sabia como empurrar os meus malditos botões. Será


que ela realmente achava que me irritar em nossa noite de núpcias
era o melhor caminho a tomar? — Não, isso seria tornar o propósito
desse casamento inútil, você não acha?
— Eu não acho que meu pai ficaria feliz se você me machucasse,

— ela disse com altivez.

— Isso é uma ameaça? — perguntei em voz baixa, sentindo minha


pulsação correndo em minhas veias. Eu tive que lutar contra a
vontade

~ 19 ~

de a jogar na cama e lhe mostrar o que eu realmente queria fazer


com ela.

Talvez ela fosse mais parecida com a pirralha insolente que era sua
irmã, Gianna, do que ela deixava transparecer. Talvez toda essa
pose de inocente timidez fosse só atuação.

Mas então ela baixou o olhar e eu podia ver que ela estava
tremendo quando sussurrou. — Não.

A raiva ainda fervia sob a minha pele e eu não estava com vontade
de a deixar ir tão fácil.

— Mas você me nega o que é meu?

— Eu não posso negar a você algo que não é seu direito tomar, em
primeiro lugar. Meu corpo não pertence a você. Ele é meu, — ela
disse ferozmente, os olhos me enviando adagas. Eu não podia
acredita nessa audácia.

Estendi a mão para o seu ombro para puxar seu corpo contra o meu
e lhe silenciar com um beijo antes de dizer qualquer coisa que
piorasse tudo, mas Aria estremeceu violentamente e cerrou os olhos
com força, como se esperasse um golpe. Baixei a mão, atordoado
com a reação dela. Será que ela pensou que eu ia bater nela? Eu
era um homem violento e não tinha nada de violência sobrando,
assim como minha reputação brutal me precedia, mas eu tinha
jurado a mim mesmo que nunca ia abusar da minha esposa. Eu vi
meu pai estuprar e bater na minha mãe antes de a matar. Eu não
queria ser igual a ele até nisso. Em todas as outras áreas da minha
vida nós já éramos muito parecidos. — Eu poderia simplesmente
pegar o que eu quero, — eu disse, porque não sabia mais o que
fazer.

Aria não precisava saber que era uma ameaça vazia. Enquanto eu
certamente poderia seguir com a minha ameaça, eu nunca faria
isso.

Eu odiava minha própria confusão. Eu sempre soube o que fazer,


mas as coisas com Aria eram mais complicadas.

Ela olhou para mim com seus lindos olhos. — Você poderia. E eu te
odiaria por isso até o fim dos meus dias.

O ódio era a emoção que prevalecia na maioria dos casamentos em


nosso mundo e eu sabia disso. — Você acha que eu me importo
com isso? Este não é um casamento de amor. E você já me odeia.
Eu posso ver nos seus olhos.

~ 20 ~

Essa discussão era um desperdício de tempo de qualquer maneira.


Nós tínhamos as nossas tradições. Aria e eu estávamos presos a
elas. Eu apontei para os lençóis brancos. — Você ouviu o que meu
pai disse sobre a nossa tradição? — era uma tradição ridícula. Nem
todas as mulheres sangravam na primeira vez, a menos que o
homem fizesse questão de ser rude, o que alguns maridos de fato
eram para garantir a esperada mancha de sangue.

Aria se afastou de mim e foi para a cama, olhando para ela como se
fosse sua condenação. Será que ela tinha pensando que
conseguiria me convencer a não consumar nosso casamento se não
fosse pela tradição? Então, ela não me conhecia muito bem.

Eu andei até ela. Ela parecia uma deusa. Eu não podia esperar para
tirar esse vestido, para provar cada polegada dela. Coloquei minhas
mãos em seus ombros nus. Ela era quente e macia, mas não se
virou. Eu sufoquei meu aborrecimento pela sua recusa em
reconhecer minha presença. Gostaria de ser paciente, mesmo com
a sua provocação. Passei minhas mãos pela sua clavícula e desci
até a elevação suave dos seus seios. Podia sentir meu pau
responder à sensação da sua pele perfeita, seu aroma tentador.
Porra, eu estava queimando para me enterrar nela.

Algo molhado caiu na minha mão. Eu não tinha que ver para saber
que era uma lágrima, uma porra de uma lágrima. Ela estava
chorando. Eu agarrei seus ombros e a virei antes de encaixar meu
dedo sobre seu queixo e inclinar sua cabeça. Lágrimas escorriam
pelo seu rosto. Eu sabia que algumas mulheres podiam chorar
sempre que quisessem, mas o olhar nos olhos de Aria me disse
tudo que eu precisava saber. Eu era um bom juiz de caráter
humano, eu tinha que ser para manter meus homens sob controle.
Aria não lutaria comigo se eu a levasse até a cama, rasgasse suas
roupas e a tomasse. Ela iria chorar, mas não ia me recusar, não
mais. Ela era minha para ser tomada. E todos esperavam que eu
fizesse isso, que eu a fizesse minha.

Lágrimas nunca antes tinham enfraquecido a minha determinação.


Mas antes essas lágrimas nunca tinham pertencido a minha esposa,
à mulher com quem eu deveria passar o resto da vida.

Eu não podia acreditar na porra da visão da minha esposa com


medo de mim. Eu me afastei, xingando e tão furioso que mal
conseguia enxergar direito. Dei um soco na parede, feliz pela dor
cega que rasgou meus dedos. Eu ia ser o Capo em poucos anos.
Eu tinha matado, chantageado, torturado, mas não conseguia tirar a
virgindade da minha esposa contra a sua vontade. O que isso me
torna? Meu pai diria que eu

~ 21 ~

sou um viadinho. Talvez ele decida que eu não estava apto para ser
o seu herdeiro se eu nem conseguia sequer foder a minha esposa.
Mas eu sabia que não estava amolecendo, não no geral. Eu podia ir
ali para fora e matar todos os membros do caralho da Chicago Outfit
sem uma centelha de remorso.

É claro que ainda era necessário garantir que todos acreditassem


que eu tinha fodido Aria.

Só havia uma maneira de fazer isso. Me virei para minha esposa


ainda tremendo e peguei minha faca. Não bastava eu me negar o
prazer de estar dentro da sua buceta apertada essa noite, eu
também ia sangrar por ela.

O pensamento não me caiu bem. Não porque eu me preocupava


com um corte, eu já tinha sofrido ferimentos muito piores, mas eu
não podia evitar, sentia que as minhas ações dariam a Aria muito
poder sobre mim. Mas eu já estava determinado. Aria estava me
observando com uma ansiedade mal contida quando andei até ela,
e ela se encolheu. Mais uma vez.

Ela esperava o pior, porque eu era um monstro. Eu cortei meu


braço, coloquei a faca em cima da mesa de cabeceira e peguei um
copo para juntar algumas gotas de sangue. A surpresa de Aria teria
sido divertida se eu ainda não estivesse tão furioso comigo. Fui até
o banheiro para adicionar algumas gotas de água ao sangue,
porque assim ficaria mais convincente. Eu nunca tinha transado com
uma virgem antes. Meus gostos sempre foram mais brutos, então
mulheres mais experientes pareciam uma escolha melhor. Mas eu
tinha presenciado algumas apresentações de lençóis ao longo dos
anos, então sabia o que era esperado.

Aria não tinha se movido de seu lugar quando voltei para o quarto e
fui até a cama, onde espalhei algumas gotas do líquido rosa. Com o
canto do olho, pude ver Aria se aproximando com cuidado. Ela
parou a alguns metros de mim, e esperança se misturou com
confusão em seu rosto bonito. Algumas meninas ficavam feias
quando choravam. Eu não acho que Aria poder ser nada menos que
impressionante. O profundo rubor em seu rosto me fez me odiar
ainda mais pela minha franqueza.
Esta noite eu poderia ter tido seu corpo delicioso debaixo do meu,
mas em vez disso estava pintando a porra de um quadro com o meu
próprio sangue para as malditas tradições da minha família.

— O que você está fazendo?

~ 22 ~

— Eles querem sangue. Eles vão ter sangue.

— Por que a água?

— Sangue nem sempre tem a mesma aparência.

— É sangue o suficiente?

O que as mulheres da sua família tinham lhe contado sobre as


primeiras vezes? — Você esperava um banho de sangue? É sexo,
não uma briga de faca.

Ela mordeu o lábio outra vez, e uma imagem dela fazendo isso no
auge da paixão entrou na minha mente.

— Será que não vão saber que este é o seu sangue? — ela
perguntou em voz baixa. Ela estava linda demais com essa porra de
rubor e pequeno sorriso esperançoso no rosto. Eu queria ver se eu
conseguiria fazer esse rubor bonito se espalhar pelo seu corpo.

Eu precisava da porra de uma bebida. Se eu não ia transar hoje,


pelo menos eu ia ficar bêbado. Foi uma noite perdida de merda. —
Não.

— eu derramei o uísque escocês no copo que tinha a mistura de


água e sangue. Aria não tirou os olhos de mim quando joguei a
cabeça para trás e tomei minha bebida. Ela me deu um olhar de
desgosto.

— E um teste de DNA?
Ela estava falando sério? — Eles vão acreditar na minha palavra.
Ninguém vai ter dúvidas de que eu tomei sua virgindade quando
estivemos sozinhos. E não vão ter dúvidas porque eu sou quem eu
sou. — Eu tinha uma reputação. Eu nunca recuei em nada que
deveria fazer. Então por que eu não tirei esse vestido de Aria e
estava transando com ela?

O medo encheu seu rosto e ela deu um passo para trás como se ela
pudesse ler minha mente e estivesse pensando em correr.

Isso foi foda. Enquanto eu gostava de ver o medo nos rostos dos
meus inimigos e, ocasionalmente, no dos meus próprios soldados, a
ideia de ter Aria deitada debaixo de mim com uma expressão similar
não me excitou em nada. Eu não queria que ela tivesse pavor de
mim.

— Não, — eu disse. — Essa é a quinta vez que você recua quanto


eu estou perto, esta noite. — coloquei meu copo sobre a mesa e
peguei minha faca antes de caminhar em direção a ela. Parecia que
ela queria

~ 23 ~

fugir. — Será que seu pai nunca te ensinou a esconder o seu medo
de monstros? Eles consideram um desafio se você foge.

Ela não disse nada, mas eu a podia ver começar a tremer quando
olhou para mim. Será que ela achava que eu a ia cortar, porra? Se
eu realmente fosse esse tipo de monstro, não estaríamos aqui. Ela
estaria esparramada na cama, chorando sem parar enquanto eu a
tomava.

— Esse sangue nos lençóis precisa de uma história, — eu disse a


ela, na porra da esperança de a acalmar, mas ela se encolheu
novamente. — Agora são seis vezes. — eu levei a faca até a borda
do seu vestido, me certificando que a lâmina não tocasse em sua
pele imaculada. Cortei o tecido lentamente até que o vestido
finalmente se desfez e se agrupou em torno de seus saltos. — É
uma tradição na nossa família despir a noiva assim. — Aria ficou
usando nada além de um espartilho apertado e uma calcinha
rendada branca. Droga. Ela era a porra do sexo sobre pernas. E
então ela se encolheu novamente. —

Sete, — eu disse, desejando que pudesse tirar os olhos do seu


corpo lindo. A elevação dos seus pequenos seios perfeitos, a cintura
estreita, o tecido fino da calcinha que mal escondia a sua buceta.

— Vire de costas.

Porra. As costas de Aria eram ainda mais tentadoras que a sua


frente. O que era aquela coisa ela estava usando? Ela tinha a porra
de um laço sobre a sua bunda perfeitamente redonda, praticamente
me convidado para o desamarrar. Seria tão fácil rasgar aquela
calcinha frágil e me enterrar nela. Ela tinha um cheiro doce e
perfeito, que era meu, só meu. Eu puxei o laço. Seria tão fácil.

— Você já sangrou por mim, — ela sussurrou em voz baixa. — Por


favor, não. — Minha esposa estava implorando que eu não a
machucasse. Talvez eu fosse um monstro. Corri meus dedos sobre
a pele sedosa de suas costas, precisando a tocar antes de cortar
seu espartilho.

Ela segurou o espartilho na frente, antes que eu pudesse ter um


vislumbre de seus seios. Enrolei meu próprio braço ao redor dela, a
puxando contra mim. Ela engasgou e ficou tensa quando meu pau
cavou a parte inferior das suas costas, e o rubor nas suas
bochechas se aprofundou ainda mais.

— Hoje à noite você está me implorando para te poupar, mas um dia


você vai pedir para que te foda. Não pense que porque não estou
exercendo meus direitos sobre você esta noite, Aria, que você não é

~ 24 ~

minha. Nenhum outro homem nunca vai ter o que me pertence.


Você é minha. — Ela balançou a cabeça rapidamente. — Se eu
pegar um homem te beijando, vou cortar a língua dele. Se eu pegar
um homem te tocando, vou cortar os dedos dele, um de cada vez.
Se eu pegar um cara te fodendo, eu vou cortar seu pau e suas
bolas, e vou o alimentar com eles. E vou fazer você assistir. — ela
sabia que eu não estava brincando.

Ela tinha visto o que eu fiz para o bastardo do seu primo três anos
atrás. E isso não era nada. Eu a soltei. Sua proximidade estava me
dando ideias que eu realmente não precisava agora. Andei em
direção à cadeira e me servi de outra bebida enquanto Aria
desaparecia no banheiro. Ouvi a porta ser trancada com um clique e
tive que segurar uma risada. Minha esposa estava se escondendo
de mim atrás de uma porta trancada. Todos nessa porra de mansão
provavelmente estavam tendo mais ação do que eu esta noite.
Droga.

Eu já havia tomado mais três copos de uísque quando Aria


finalmente voltou. E foi a porra de uma tortura. Ela estava usando
uma leve e diáfana camisola que não escondia nada. Ela estava
brincando comigo? — Isso é o que você escolhe usar quando não
quer que eu te foda?

Seus olhos correram entre eu e a cama. Eu não precisava ler sua


mente para saber que ela ainda não confiava em mim. Usando essa
roupa, ela provavelmente tinha razão de não confiar em
absolutamente nenhum homem. — Não fui eu que escolhi.

É claro que não foi ela. — Minha madrasta? — aquela mulher era
uma vadia sádica intrometida.

Ela deu um aceno rápido. Eu estava cansado de sua expressão


aterrorizada. Baixei meu copo e me levantei. Como de costume, Aria
se encolheu. Eu nem sequer me preocupei em fazer um comentário.
Eu já estava irritada pra caralho. Não era assim que uma noite de
núpcias deveria ser. Sem outra palavra, fui para o banheiro e fechei
a porta atrás de mim. Tirei minha roupa e entrei no chuveiro. Sob a
água quente, me masturbei pensando no corpo delicioso de Aria.
Me senti como a porra de um adolescente, e mesmo naquela época
eu nunca tive que usar minha mão quando compartilhei meu quarto
com uma garota linda. Atirar meu esperma nos azulejos do chuveiro
não me deu qualquer satisfação, mas, pelo menos, minhas bolas
não pareciam mais prestes a estourar.

Quando eu voltei para o quarto quinze minutos depois, Aria estava


escondida debaixo das cobertas, apenas seu cabelo dourado se

~ 25 ~

espalhava como um halo sobre o travesseiro. Eu apaguei a luz a fui


para cama. Aria estava tão quieta que ela poderia muito bem não
estar lá. Eu sabia que ela não estava dormindo. Sua respiração não
estava mais devagar. Ela gritava medo. Cruzei os braços atrás da
minha cabeça e olhei para a escuridão, e então ouvi, um soluço.
Logo em seguida pude sentir a vibração do colchão quando Aria
começou a chorar. Eu estava furioso, mas, além disso, havia uma
emoção com a qual eu não estava acostumado: compaixão. Eu
queria consolar a garota. Eu odiava essa minha parte fraca. A
família Vittiello nunca mostrou simpatia, e com certeza nunca se
curvou para os caprichos ridículos de uma mulher. Isso foi o que
meu pai ensinou a mim e a Matteo.

— Você vai chorar a noite toda? — eu perguntei bruscamente,


deixando minha raiva correr livre. Foi a escolha mais familiar.

Aria não respondeu, mas eu ainda podia ouvir os soluços abafados.


— Eu não posso ver como você estaria chorando mais se eu tivesse
te tomado. Talvez eu devesse te foder e te dar uma verdadeira
razão para chorar. — este era o homem que meu pai criou para ser.

Deixar minha raiva correr solta sempre fez com que eu me sentisse
bem, então por que não dessa vez?

Aria se mexeu, mas seus soluços só ficaram piores. Eu acendi a luz


e me sentei. Por um momento fiquei atordoado com a visão da
minha mulher enrolada em posição fetal ao meu lado, ombros
enrolados de forma protetora e seu corpo tremendo com os soluços.
Era difícil manter a raiva desse jeito. Havia homens que tinham uma
ereção ao ver uma mulher chorando. Eu nunca os entendi.

O problema era que eu não tinha ideia do que fazer com uma
mulher chorando. Eu nunca tinha consolado ninguém na minha vida.
Toquei seu braço. Isso, obviamente, não era o melhor caminho,
porque ela se encolheu e teria saído da porra da cama se eu não
tivesse agarrado seu quadril e a puxado para mim.

— Já basta, — eu disse, tentando manter minha frustração sob


controle. Ela já estava com medo, se eu deixasse minha raiva cair
sobre elas, as coisas não iriam melhorar.

Eu a rolei até que ela deitou de costas. Ela estava imóvel, os olhos
bem fechados, como se ela estivesse esperando que eu fizesse
uma jogada sobre ela.

~ 26 ~

— Olhe para mim. — Seus olhos se abriram bem, grandes e azuis,


e se encheram de lágrimas. — Eu quero que você pare de chorar.
Eu quero que você pare de recuar ao meu toque.

Ela piscou uma vez, depois assentiu. Ela teria concordado com
qualquer coisa naquele momento. Eu já tinha visto aquele olhar nos
olhos de outras pessoas antes. — Um aceno não significa nada.
Você não acha que eu reconheço o medo quando você olha para
mim? No momento em que eu apagar a luz você vai voltar a chorar
como se tivesse acabado de ser estuprada, porra. — estupro foi
uma das poucas coisas desprezíveis da qual eu não era culpado, e
não tinha absolutamente nenhuma intenção de mudar isso. —
Então, para lhe dar paz de espírito e calar a sua boca, vou fazer um
juramento.

Esperança encheu seu rosto, a fazendo parecer ainda mais


impressionante. Eu não tinha certeza de por que me importava. Eu
não deveria me importar com ela. Aria lambeu os lábios e eu quase
gemi. —
Um juramento?

Eu peguei sua pequena mão e a coloquei sobre a tatuagem que


havia no meu coração. A palma da sua mão era quente e suave, e
eu me senti bem. Repeti parte das palavras que eu disse há muitos
anos, durante a minha iniciação. — Nascido em sangue, jurado em
sangue, eu prometo que não vou tentar roubar sua virgindade ou te
machucar de qualquer forma hoje à noite. — se Matteo pudesse me
ver agora, ele não me deixaria ouvir o final disso. Apontei para o
meu corpo. — Eu já sangrei por você, então isso está selado.
Nascido em sangue. Jurado em sangue. — eu cobri a mão dela e
esperei que ela dissesse as palavras.

— Nascido em sangue, jurado em sangue, — ela disse baixinho.

Havia a menor sombra de um sorriso em seus lábios, e a visão


disso não deveria fazer com que eu me sentisse tão... contente. Eu
a soltei e apaguei as luzes. Ela não chorou novamente. Finalmente
sua respiração se aprofundou. Claro que eu continuei bem
acordado, mas não consegui sair do quarto. Se alguém me visse
andando por aí enquanto eu deveria estar fodendo a minha mulher,
isso não acabaria bem. Ninguém jamais poderia descobrir.

~ 27 ~

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