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Cora Reilly
#1 Only Work, No Play

Série Though Games

Tradução Mecânica: Magali


Revisão: Si
Leitura: Aurora

Data: 04/2019

Only Work, No Play Copyright © 2019 Cora Reilly

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SINOPSE

Depois de dois anos cuidando de seu pai de coração partido, Evie


precisa de um novo começo. Deixar os Estados Unidos e seguir sua irmã
para a Austrália para trabalhar como assistente pessoal da estrela de
rugby Xavier - A Besta - Stevens parece ser o tipo certo de distração.

Alto, musculoso e diabolicamente bonito, Xavier é o tipo de cara


pega e larga. Ele nunca esquece o nome de uma garota porque nunca se
incomoda em lembrar disso em primeiro lugar.

Evie logo percebe que ser assistente de Xavier é um trabalho 24/7;


o homem parece não querer nem mesmo ativar um alarme.

Ao vê-lo passar de uma mulher para outra, Evie fica feliz por seu
coração estar a salvo de sua atenção. Afinal, ela está muito longe dos
modelos de tamanho zero que ele normalmente leva para a cama.

Mas logo estar perto de Xavier não parece um trabalho, e vê-lo


andando em seu apartamento seminu o tempo todo não está ajudando
também. Evie sabe que ceder à sua atração levará a um coração partido,
mas quando Xavier começa a tratá-la como mais do que apenas sua
assistente, resistir aos seus encantos parece uma tarefa impossível.

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Evie

A cabeça loira perfeitamente estilizada de Fiona apareceu na


tela. — Então, como está o pai?

Uma onda de amargura tomou conta de mim. Fiona deixara papai


e eu logo depois do ensino médio, e não apenas para ir para a
faculdade. Ela tinha circulado metade do globo para começar uma nova
vida na Austrália. Ela fugiu de nós, de sua responsabilidade. Da dor de
papai, da minha, talvez até da própria, poucos meses depois de nossa
mãe ter morrido. Nunca fomos tão inseparáveis quanto os outros gêmeos,
mas achei que sempre ficaríamos próximas uma da outra.

— Ele está vendo alguém.

Os olhos verdes de Fiona se arregalaram. — Ele está namorando?

Eu dei de ombros. Eu senti a mesma incredulidade que Fiona


quando ele me disse. Mamãe morreu há pouco menos de três anos e
papai encontrou uma substituta. — Ele está. É uma coisa boa. Ele está
muito melhor por causa disso. — Parte de mim sabia que essas palavras
eram verdadeiras, mas a outra parte se agarrava à ideia de que papai
continuaria vivendo apenas com a memória da mamãe. Era injusto. Ele
merecia ser feliz novamente. Mamãe gostaria que ele seguisse em frente.

Fiona mordeu o lábio, provavelmente sem notar que estava


arruinando o batom. — Eu suponho. Ele ficou tão quebrado depois da
morte da mamãe, é bom que ele esteja feliz de novo.

Fiona ficou em silêncio. Meus olhos ardiam e eu podia ver os dela


brilhando com lágrimas não derramadas também.

— Então, — ela disse em uma voz mais alegre. — Isso significa que
você está finalmente livre para viver sua própria vida?

— Eu vivi minha própria vida nestes últimos anos, — eu contestei,


mas não era verdade. Eu cuidava do papai desde que Fiona havia fugido
dos Estados Unidos, escolhido uma faculdade próxima para que pudesse

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ficar perto dele e encontrar tempo para cuidar dele, mesmo que suas
tendências de viciado em trabalho não facilitassem.

Seu nariz enrugou. — Você não viveu, e nós duas sabemos


disso. Quando foi a última vez que você saiu? Ficou bêbada? Festejou a
noite toda?

Eu fiz uma cara de zombaria pensativa. — Isso seria três nunca.

Fiona apontou o dedo para mim. Ela deve ter praticamente


cutucado a câmera para que ficasse tão grande na minha tela. —
Precisamos mudar isso. — Ela fez uma pausa. — Você conseguiu seu
bacharelado em marketing, certo?

Eu fiz uma careta. — Sim. Acabei de terminar. — Eu não mencionei


a triste entrevista de emprego de hoje, ou os muitos estágios mal pagos
que consegui desde que tinha terminado. Colocar o pé no mercado de
trabalho era duro como pregos.

Seu sorriso se tornou perverso, uma expressão que eu conhecia


desde a infância que me deixava cautelosa. — Fiona, — eu disse em aviso.

— Eu tenho um trabalho para você.

— Um trabalho? Onde?

— Aqui. Em Sydney. No marketing, as pessoas só se preocupam


com suas experiências de trabalho, então você precisa de suporte. Eu
tenho um trabalho que abrirá todas as portas para você. É quente.

— Sydney, — eu disse devagar. — Você quer que eu vá para


Sydney?

— Você sempre quis passar um ano no exterior. Esta é sua


chance. Papai está ocupado namorando, e conhecendo-o, ainda mais
ocupado com seu trabalho, então é sua vez de fazer algo por si
mesma. Você pode viver com Connor e eu. Nossa casa é grande o
suficiente.

Minha boca se abriu de uma maneira muito surpresa. — Você quer


que eu more com você.

O rosto de Fiona ficou mais suave, hesitante. Foi um olhar que eu


raramente vi no passado. Ela odiava parecer fraca na frente dos outros,
até mesmo na minha. — Não nos vemos há mais de dois anos, Evie. Eu
sinto sua falta. Essa pode ser nossa chance de passar um tempo juntas
e sua chance de se divertir e ganhar experiência de trabalho.

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Sentia falta de Fiona também, mas não fui eu quem partiu e nunca
mais voltou. Eu sempre soube que Fiona estava destinada a cidade
grande, mas esperava que ela escolhesse uma cidade um pouco mais
perto de mim, não em um continente diferente. — Para quem eu devo
trabalhar?

— Xavier Stevens. — Seus lábios se contraíram de um jeito que me


fez suspeitar. Era um rosto que ela fazia quando a mãe a obrigava a
comer couves de Bruxelas.

— Você terá que me dar um pouco mais que isso. Eu não sei quem
é o cara.

Fiona me deu um sorriso. — É exatamente por isso que você é


perfeita para o trabalho, Evie. Xavier precisa de alguém que não queira
beijar o chão em que ele pisa, confie em mim.

— Tudo bem, — eu disse. — Eu ainda não sei quem ele é. Preciso


usar o Google para descobrir?

Fiona revirou os olhos. — Ele é um jogador de rugby, é claro.

— Claro —, eu disse. Fiona estava namorando um jogador de rugby


do Sydney Tigers, ela era uma líder de torcida do mesmo time e uma
estrela do Instagram.

— Ele é um Fly-Half1. Superstar absoluto. Todo mundo o conhece,


toda mulher quer estar em sua cama, todo homem quer ser como ele. Ele
passou por mais assistentes do que cuecas.

Alguns anos atrás, eu não teria a menor ideia do que significa Fly-
Half, mas Fiona estava namorando Connor há quase dois anos e já tinha
tentando me explicar às regras do jogo em várias ocasiões. Eu ainda não
as entendia, mas lembrava de alguns termos. — Então ele é como um
quarterback.

— Sim, — disse Fiona.

Eu não gostava de esportes. Eu nem sequer entendia o futebol. Por


que me incomodaria em entender o rugby? — O que eu deveria fazer por
ele? Eu não entendo nada sobre esportes.

1 É provavelmente o jogador que mais exerce influência no jogo, é o cérebro da


equipe. É quem toma as decisões da linha. É o jogador mais visado pela oposição por
esta razão.

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— Você não precisa. Xavier precisa de uma assistente. Uma babá,
na verdade. Você sabe como cuidar das pessoas, e não vai deixá-lo
mandar em você ou explorá-la. Essas são qualificações perfeitas.

Eu não tinha certeza de como meu bacharelado em marketing seria


útil para isso, mas supostamente um cara assim precisava de alguém
para relações públicas também. — Você falou com ele sobre mim?

— Connor é seu melhor amigo e dissemos a ele que talvez


conhecêssemos alguém que poderia substituir sua última
assistente. Mas você precisa vir o mais rápido possível. Semana que
vem. Xavier não pode ficar sem uma assistente por muito tempo.

O cara parecia um grande idiota, mas depois da entrevista de


emprego miserável de hoje, eu realmente não detestava a ideia de tentar
a sorte sendo assistente pessoal de alguém. Era menos cansativo que
trabalhar em uma agência de marketing ou uma empresa. Eu só teria
que ter certeza de que uma pessoa pareceria bem em público. Poderia ser
um bom começo para minha carreira.

— Vamos, Evie. Faça isso por mim. Você vai adorar aqui. A
Austrália é incrível. — Ela fez o rosto de pato que a fazia conseguir o que
queria no passado. — Ou você está preocupada com o papai?

Surpreendentemente, eu não estava. Ele estava tentando me fazer


sair e assumir minha própria vida por meses agora. Talvez por culpa, ou
porque se sentisse desconfortável em levar sua namorada para casa
enquanto eu vivesse sob o mesmo teto. Não era como se ele não soubesse
como se manter ocupado. Fiona estava certa. Ele trabalhava das oito às
oito como advogado e agora passava a maior parte do tempo livre com
sua nova namorada.

— Ele não precisa mais de mim. — Eu só sairia por um ano. Isso


não era muito tempo. E se eu fosse honesta, queria uma mudança de
cenário, queria deixar para trás as memórias que assombravam cada
centímetro desta casa onde o fantasma da mamãe ainda parecia respirar
em cada canto.

Fiona sorriu. — Então você realmente virá?

— Eu vou, — eu disse devagar.

— Você precisa que eu lhe envie dinheiro para o voo?

— Não, — eu disse rapidamente. Eu ainda tinha algumas


economias na minha conta, não muito, mas daria para comprar uma
passagem para Sydney.

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Quando encerramos nossa ligação pelo Skype, deixei cair à ficha.
Eu iria para a Austrália. Para me tornar assistente de uma estrela de
rugby da qual nunca tinha ouvido falar e não sabia nada.

Isso mudaria agora, eu supus.

***

Saí do meu quarto e desci as escadas, seguindo o barulho dos


pratos tilintando. Papai estava na cozinha segurando um prato na mão
enquanto olhava para o telefone. Trabalho ou sua nova namorada. Sua
carranca se aprofundou. Trabalho.

— Ei pai, — eu disse, quando entrei e tirei o prato dele. Em seguida,


enchi com a lasanha que preparei ontem e coloquei no micro-ondas.

Papai me deu um sorriso distraído, seus cabelos grisalhos


bagunçados de passar a mão por ele. — Evie, — disse ele. Ele não
perguntou como foi minha entrevista de emprego, mas eu não esperava
que o fizesse. Ele sempre esteve muito imerso em seu trabalho para
prestar muita atenção. Esse era o trabalho da mamãe. Ela era uma dona
de casa e cuidava de mim e de Fiona enquanto meu pai construía sua
carreira. Mesmo no início de seu câncer, ainda era assim, mas depois
papai parou de trabalhar quase completamente para ficar ao lado dela.

— Dia difícil? — Eu perguntei a ele quando me inclinei ao lado do


balcão e coloquei um bocado de lasanha gelada na minha boca enquanto
esperava que o pedaço de papai esquentasse no micro-ondas.

— Este novo caso está me dando dor de cabeça. Um grande


investidor que desviou centenas de milhões. Levarei semanas para ler
todas as pastas empilhadas na minha mesa. — O micro-ondas apitou e
entreguei o prato para o papai. Ele não sentou; em vez disso, começou a
comer, encostado no balcão e lendo o e-mail importante que aparecia na
tela. Se não fosse por mim, ele provavelmente comeria e dormiria em seu
escritório. Quando mamãe ainda estava aqui, ele tentou passar mais
tempo em casa.

Eventualmente, ele notou meu olhar. — Quando você parte?

Eu pisquei. — Partir? — Então me dei conta. — Fiona já falou com


você, não é? — Ela sempre foi uma intrometida e agia como uma irmã

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mais velha e insistente, o que era ridículo, considerando que éramos
gêmeas, e eu era oito minutos mais velha que ela.

Ele assentiu. — Ela ligou para o meu escritório esta tarde. Eu achei
a ideia ótima.

— Tem certeza que está tudo bem eu deixá-lo sozinho?

Papai largou o prato e veio em minha direção, tocando meus


ombros. — Eu ficarei bem. Tenho me sentido culpado pela maneira como
você tem cuidado de mim. Não é a sua função. Eu sou capaz de cuidar
de mim mesmo. Há comida para viagem e tenho Marianne como
companhia.

Foi a primeira vez que ele realmente a mencionou, e parecia


feliz. Eu sorri. — Isso é bom. Estou feliz que você tenha encontrado
alguém.

Papai olhou para longe, suspirando. — Eu sempre amarei sua mãe,


você sabe disso.

— Eu sei, — eu disse, e beijei sua bochecha. — Ela iria querer que


você fosse feliz.

— E eu quero o mesmo para você, Evie. Então vá para Sydney e


divirta-se. Passe algum tempo com Fiona. Vá surfar.

Eu ri. Ele nunca tinha me visto tentar qualquer tipo de esporte, ou


não sugeriria esse tipo de coisa. — Eu vou para lá para trabalhar, não
para me divertir.

Papai riu. — Você parece comigo. — Ele pegou sua carteira e tirou
várias centenas de dólares. — Aqui. Para a sua passagem.

— Papai... — Eu sabia que papai ganhava dinheiro suficiente, mas


desde cedo ele e a mãe nos ensinaram a trabalhar pelo nosso dinheiro.

— Pegue.

Eu aceitei. — Obrigada.

— E prometa que vai se divertir. Trabalho não é tudo que existe na


vida.

— Eu acho que você deve ouvir o seu próprio conselho, — eu


provoquei.

A excitação borbulhava em mim. Eu iria realmente fazer isso.

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***

Meu entusiasmo, no entanto, diminuiu um pouco quando procurei


informações sobre Xavier na internet e encontrei fotos de suas ex-
assistentes. Uma avalanche de imagens me atingiu. Uau, ele estava
passando por assistentes muito rápido. Fiona havia mencionado que
nenhuma permaneceu por muito tempo, mas a julgar pelo grande
número de assistentes que encontrei na internet, ele não poderia ter
mantido nenhuma delas por mais de alguns meses. O que havia de
errado com esse cara?

E essas mulheres, e todas as suas assistentes eram mulheres, não


pareciam absolutamente nada comigo. Elas eram típicas influenciadoras
do Instagram. O sorriso de um milhão de dólares, cada fio de cabelo
perfeitamente arrumado. Todas elas eram do tipo modelo
fitness. Magras, qualificadas, sem um grama de gordura. Eu olhei para
mim mesma. Eu era curvilínea.

Não pude deixar de me perguntar se era exatamente por isso que


eu tinha sido escolhida. Eu era a opção segura, a escolha menos
arriscada a rumores.

XAVIER

Algo se agarrava firmemente às minhas costas e uma respiração


muito quente atingiu meus ombros. Aqui vamos nós novamente. Por que
todas elas tinham que ser grudentas? Se eu não tivesse muita preguiça
de expulsá-las logo após o sexo, nunca as deixaria passar a noite.

Eu tirei o braço da minha cintura e joguei minhas pernas para fora


da cama, piscando contra o sol brilhante atravessando as janelas
panorâmicas. Que horas eram?

Levantei-me, estiquei-me e depois virei-me para encontrar a


conquista da noite anterior esparramada de costas com um sorriso
malicioso. Na luz do dia ela parecia menos gostosa do que na noite

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anterior. Sua maquiagem estava manchada sob os olhos, e seu cabelo
era loiro falso que eu absolutamente detestava.

— Xavier, — ela ronronou. — Por que você não fica na cama?

Porque prefiro passar minhas bolas por um ralador do que deixá-


la tocá-las novamente. — Eu tenho treino. — Olhei em volta tentando
encontrar uma maneira de descobrir o horário.

Droga. Eu desci pela escadaria sinuosa até a parte inferior do meu


loft, procurando pelo meu celular. Onde eu tinha deixado quando
tropecei aqui com a falsa loira colada ao meu pau?

Algo preto no chão de madeira ao lado da entrada chamou minha


atenção, e peguei meu telefone de onde devo tê-lo deixado cair quando a
falsa loira arranhou minhas bolas com suas unhas vermelhas falsas.

— Foda-se, — eu gemi quando vi que já estava um minuto atrasado


para o treino. Isso vinha acontecendo todos os dias desde que minha
última assistente me esbofeteou com algumas maldições russas e nunca
mais voltou. Um dia desses o treinador cumpriria suas ameaças e me
colocaria no banco.

Sem tempo para o desjejum ou café. Eu corri escada à cima onde


a loira falsa ainda estava deitada na minha cama como uma gata no
cio. — Depressa! — Eu rosnei quando passei por ela, para meu banheiro
e closet. Eu coloquei meu short de ginástica, sem tempo para procurar
por uma cueca. Meus companheiros de equipe tinham visto minha carne
incontáveis vezes, assim como metade das líderes de torcida e um
número considerável da população feminina de Sydney entre dezoito e
sessenta e dois anos (um lamentável incidente que Connor nunca me
deixaria esquecer). Pegando uma camisa, voltei para o quarto, apenas
para encontrar a falsa loira ainda em meus lençóis, mas agora ela estava
se masturbando.

Eu estava a momentos de perder seriamente a cabeça. Ela


realmente achava que poderia me convencer a fodê-la outra vez só porque
estava se tocando quando eu já tinha empurrado o meu pau em cada
abertura de seu corpo na noite passada? Normalmente, lidava com
situações como essa com charme e mentiras, ou melhor, deixava minhas
assistentes lidar com isso, mas estava sem tempo e paciência. — Use
seus dedos gananciosos em outro lugar e saia da minha cama e
apartamento. Acabei com você.

Seus olhos se arregalaram e ela sentou, seu dedo ainda acariciando


sua vagina.

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Sufocando o meu aborrecimento, me virei e fui em direção às
escadas. — Você tem exatamente um minuto para se vestir e sair, ou eu
vou expulsá-la nua.

Cinquenta e oito segundos depois, ela desceu correndo a escada e


veio na minha direção, onde esperei ao lado da porta da frente. A blusa
dela estava meio aberta, onde eu tinha arrancado alguns botões na noite
passada e ela estava descalça, com os sapatos balançando na mão. Ela
parou na minha frente e me deu um tapa forte, me lançando uma série
de maldições em uma língua estrangeira, talvez polonesa?

— Você arruinou minha blusa, seu desgraçado! Só para você saber,


você é a pior foda que já tive.

Eu sorri cruelmente. — Você encharcou os lençóis gozando tão


duro quando eu comi você. — Eu tirei duzentos dólares da minha carteira
e coloquei-os no bolso da frente de seu jeans. — E isso é pela sua
blusa. Considere o restante minha gorjeta.

Seu rosto ficou vermelho. Abri a porta, empurrei-a para fora e


entrei no corredor também, depois tranquei a porta.

Deixei-a ali parada, cultivando sua raiva e choque. Entrando no


elevador, apertei o botão do andar térreo.

Cheguei ao saguão e acenei para o recepcionista. O elevador voltou


a subir.

— Bom dia, Teniel. Como vai a família? — Eu perguntei.

— Bem, bem. A mulher está grávida do nosso quarto filho. — Ele


me entregou as chaves do meu carro. — Eu estacionei em frente à
entrada para você quarenta minutos atrás.

Era quando eu deveria ter saído para treinar. — Parabéns, — falei


quando cheguei às portas de vidro. O elevador sinalizou. Eu olhei por
cima do meu ombro, vendo uma furiosa loira falsa invadindo o
saguão. Teniel balançou a cabeça com uma pequena carranca, mas já
estava acostumado a esse tipo de cena.

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Evie

Eu saí do avião, sentindo como se um trem tivesse me


atropelado. Mais de vinte horas de viagem me derrubaram
completamente. Minha boca provava como se algo tivesse rastejado para
dentro dela e morrido.

Puxei minha bagagem atrás de mim, meus olhos examinando a


multidão esperando. Eu não via Fiona há mais de dois anos, desde que
ela escapou para a Austrália por um capricho. Nós conversamos quase
todos os dias ao telefone, mas não era o mesmo que tê-la comigo. Eu
ainda a reconheceria pessoalmente?

No segundo em que a vi, quase ri da minha preocupação


ridícula. Ela se destacava como sempre. Alta e magra como uma modelo,
com as roupas e sorriso combinando. Eu me senti como um rinoceronte
em comparação a ela. Ela correu em minha direção, conseguindo parecer
elegante enquanto corria em saltos de dez centímetros, e me abraçou.

Ela era cerca de três centímetros mais alta do que meu um metro
e setenta e três e pelo menos dezoito quilos mais leve. Enquanto Fiona
mostrava seu jeans skinny tamanho trinta e seis, fiquei contente por meu
tamanho confortável quarenta e oito e minha blusa azul solta.

Fiona se afastou e me deu uma rápida olhada. — Você parece bem.

— E você está linda como sempre, — eu disse, querendo dizer cada


palavra. Meus olhos foram para um homem alto e musculoso atrás dela
com cabelo loiro escuro e barba. Seus olhos azuis brilhavam com malícia
e eu gostei dele imediatamente.

— Esse é Connor, — disse Fiona, seguindo o meu olhar. Eu nunca


a tinha visto olhar assim para alguém antes. Cheia de adoração e
ternura. Ela tinha sido apaixonada por seu namorado de infância, mas
aquilo era uma paixãozinha em comparação.

— Eu sei. Eu falo pelo skype com vocês dois, lembra? — Eu disse


com um sorriso provocante. Ele era mais alto do que eu imaginava e mais
amplo. — Você é um belo pedaço, — eu disse a ele.

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Ele riu e me puxou para um abraço. Fiona sacudiu a cabeça. —
Não flerte com meu homem, Evie.

Como se eu pudesse competir com a beleza de Fiona. Ela tinha sido


uma líder de torcida toda a sua vida e agora também era uma modelo
fitness. Ela era perfeita e eu não.

Connor pegou minha mala e nos conduziu para fora do


aeroporto. O ar quente do verão nos cumprimentou. Foi um choque para
o meu sistema após o frio congelante em Minnesota.

— Você vai adorar aqui, — prometeu Fiona.

Connor dirigia um jipe preto que se ajustava ao seu tamanho e eu


caí no banco de trás, sentindo que precisava de uma semana de
sono. Depois de vinte horas viajando, com minhas roupas amarrotadas,
meu cabelo despenteado e minha maquiagem arruinada, me senti ainda
mais como um patinho feio. Fiona era a caixa de chocolate belga
artesanal, e eu era o saco de Butterfingers2 esquecido debaixo do assento
do carro em um dia quente de verão no Arizona.

Fiona e Connor estavam de mãos dadas enquanto ele dirigia o


carro. Tive que admitir que meu coração encheu de calor ao vê-la tão
feliz. Eu não poderia realmente estar brava por ela ter partido se isso
significava que ela encontrou alguém que amava.

— Você vai conhecer Xavier amanhã, — disse Fiona de seu lugar


na frente. Eu esperava ter mais algum tempo para me adaptar a Sydney,
mas aparentemente Xavier realmente precisava de uma babá o mais
rápido possível.

— Eu li sobre Xavier na internet, — eu disse.

Connor sorriu para mim no espelho retrovisor. — E você ainda está


aqui. Você tem coragem, garota.

— Suponho que a maior parte seja exagerada ou falsa de qualquer


maneira. A imprensa tem a tendência de aumentar as proporções para
nos chocar.

Connor e Fiona trocaram um olhar.

— Certo? — Eu perguntei.

2Butterfinger é uma barra de chocolate criada em 1923 em Chicago, Illinois por


Otto Schnering, que atualmente é fabricada pela Ferrero. A barra consiste de um núcleo
de manteiga de amendoim crocante revestido em chocolate ao leite.

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— Certo, — disse Fiona, mas Connor não disse nada.

Eu gostava de me manter informada em situações difíceis, e Xavier


- A Besta - Stevens parecia ser uma situação difícil. Ler sobre ele tinha
sido como um drama barato do ensino médio. Ele era conhecido por seus
inúmeros casos com atrizes, atletas, jornalistas, tietes, com praticamente
tudo que se classificasse como mulher e tinha um corpo lindo de morrer.

Isso significava que eu estava segura.

***

Fiona e Connor viviam em uma bela propriedade em Darlinghurst


com vista para o oceano. Meu quarto era duas vezes o tamanho do meu
em casa e eu tinha meu próprio banheiro. Fiona realmente construiu
uma boa vida para si mesma. Era óbvio que ela decorara a casa deles. Os
tons suaves cereja e bege sempre foram seus favoritos. Connor deveria
ser um homem seguro de sua masculinidade se podia suportar tanto rosa
em sua casa.

Depois de um banho rápido, eu caí na minha cama, determinada a


descansar por apenas alguns minutos. Fui acordada muito mais tarde
por uma batida suave, e Fiona enfiou a cabeça sem esperar por uma
resposta. Algumas coisas nunca mudariam. — Eu te acordei? — Ela
perguntou com uma pequena carranca quando entrou e afundou ao meu
lado.

— Sim, — eu murmurei, sentando-me. — Que horas são? — Meu


corpo estava completamente confuso com a mudança de fuso horário.

— Quase seis. Pensei que poderíamos jantar juntos. Connor


comprou tanta carne que acho que está querendo remontar a vaca.

Eu bufei e abracei Fiona. Ela pode parecer uma tonta, mas seu
humor era cruel. — Senti sua falta.

Ela soltou um suspiro e me abraçou de volta. Depois de um


momento, ela se afastou, tão composta como sempre. — Vamos, Connor
provavelmente já está massageando o tempero na carne como se fosse a
minha bunda. Eu não quero que ele force seus dedos antes que tenha a
chance de usá-los em mim esta noite.

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Eu a empurrei levemente. — Puta merda, TMI3, Fiona. Eu não
quero imaginar Connor amassando sua bunda sempre que comer um
bife.

Ela me deu um sorriso provocante. — Quem está marinando sua


bunda, Evie?

Eu corei e passei por ela saindo do quarto. Fiona veio atrás de mim,
rindo. Da janela da cozinha, pude ver Connor cuidando do churrasco. Ele
parecia um homem prestes a zarpar para terras desconhecidas. Por que
os homens levavam o churrasco tão a sério?

Fiona começou a agrupar legumes e frutas no balcão.

Eu sufoquei um sorriso. Ela me deu uma olhada. — O quê? Eu


lembro o que você e papai gostavam de comer quando ainda estava em
casa. Duvido que a sua ingestão de verduras tenha melhorado quando
saí. Por que você não me ajuda com o prato de frutas?

Ela tinha razão. Não era que eu não gostasse de frutas e saladas, e
comia bastante, mas à noite preferia o sabor de comidas quentes e
reconfortantes como lasanha, macarrão com queijo ou um bom assado.

— Suponho que você vai mudar isso agora, — eu disse.

— Vou tentar. Não tenho certeza se vou conseguir, sabendo o quão


teimosa você pode ser — ela murmurou preparando uma salada
enquanto eu arrumava uma bandeja de frutas.

— Eu não sou teimosa, — protestei, o que era uma maldita


mentira. Fiona e eu éramos duas mulas disfarçadas de humanas.

— Isso vai beneficiar a sua saúde, confie em mim, — disse ela na


mesma voz entusiasmada que sempre usava quando falava sobre boa
forma ou alimentação saudável. Fiona realmente gostava de seu estilo de
vida e eu a invejava por isso, e mais: pelo corpo que isso lhe dera.

— Talvez eu não queira perder peso, — eu disse quando coloquei


um pedaço de manga na minha boca. Outra mentira ainda maior. Desde
que me lembrava, tinha comprado todas as revistas que prometiam
incluir a mais nova dieta que mudaria a vida. Eu tentei todas elas e
desisti delas com a mesma rapidez.

Ela franziu os lábios enquanto servia a salada. — Eu não falei nada


sobre perda de peso. Eu falei sobre melhorar sua saúde.

3 Too Much Information - muita informação.

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— Isso não é sinônimo de perda de peso?

— Não, não é. Você pode ser saudável e ter alguns quilos a mais
nas costelas. Mas se você comer saudável e praticar esportes,
provavelmente perderia peso.

Ela provavelmente estava certa, mas eu não tinha certeza se queria


ter um tamanho trinta e seis o suficiente para praticar esportes e
renunciar a carboidratos e chocolate pelo resto da minha vida.

— Não me olhe desse jeito, — disse Fiona. — Como seu eu não


soubesse do que estou falando porque sou magra. Eu trabalho duro para
isso, Evie. Compartilhamos os mesmos genes, e ganho peso com a
mesma rapidez que você, mas levanto uma hora mais cedo para poder
fazer mais exercícios, e quase nunca como carboidratos, embora o sabor
do pão me faça chorar de alegria. Isso não é um presente, é merecimento.
— Ela apontou para seu corpo. Era verdade.

— Eu sei, — eu disse suavemente.

Ela largou a pinça de salada e passou um braço em volta do meu


ombro. — E meus objetivos não deveriam ser seus. Somos gêmeas, mas
não somos a mesma pessoa. Você é linda, e eu gostaria que visse isso e
parasse de se comparar com as outras, especialmente comigo. Eu sempre
admirei sua inteligência. Você tinha melhores notas do que eu, não
importa o quanto me esforçasse, e por um tempo isso realmente me
afetou, mas depois percebi que temos pontos fortes diferentes, e está tudo
bem.

— Fiona, quando você se tornou tão sábia? — Eu provoquei, em


seguida, beijei sua bochecha.

— Estou tão feliz por você estar aqui, Evie. — Fiona sorriu.

— Eu também, — eu disse suavemente.

— Sinto muito por deixá-la sozinha lidando com o papai, sabe?

Eu toquei seu ombro. — Não vamos falar sobre isso. Isso é


passado. Eu quero me concentrar no futuro.

O alívio encheu seu lindo rosto. — Você vai amar isso aqui, Evie.

— Estou nervosa com o amanhã, — eu admiti.

— Você vai se sair bem. Xavier é encantador e engraçado quando


quer ser.

~ 17 ~
Os tabloides o faziam parecer um jogador misógino, então suas
palavras acalmaram algumas das minhas preocupações.

— Posso ajudá-la com qualquer outra coisa? — Perguntei quando


acabei de cortar a fruta.

Ela me entregou uma cesta com pão fatiado. — Você pode levar isso
para Connor para que ele coloque na grelha por um segundo?

— Pão? — Eu disse com as sobrancelhas levantadas.

Ela revirou os olhos.

Fui para o jardim, onde Connor estava virando os bifes como se


essa tarefa exigisse a máxima concentração. Homens e sua carne. Papai
sempre fazia um grande alarde com seu churrasco também.

Eu fui até Connor. — Fiona me mandou lhe dar isso.

Ele pegou a cesta com um sorriso. Ele estava fazendo muito


isso. Ele parecia descontraído e relaxado. Perfeito para alguém como
Fiona, que estava sempre tensa. Antes que ele pudesse colocar a primeira
fatia na grelha, eu peguei uma e dei uma mordida. Eu estava faminta. A
comida do avião não era comestível, então fui forçada a comer os
pãezinhos secos com cheddar que eles serviram com a refeição principal.

Ele riu. — Xavier ficará encantado em ter alguém ao seu lado que
também gosta de comer.

Eu engoli e encolhi os ombros. Connor com seu corpo de atleta e


Fiona com suas medidas de modelo provavelmente nem sequer
comprariam pão se não fosse por mim.

— Como ele é? — Perguntei. — Fiona não foi muito clara com


informações sobre ele, e a internet não retratou uma imagem muito
positiva.

— Ele é um Casanova egoísta e arrogante... E meu melhor amigo.

— Então você deveria reconsiderar suas escolhas de vida, — eu


disse com uma risada.

— Touché. — Os olhos de Connor se enrugaram em diversão. —


Ele não é um cara mau. Ele é leal.

— Não pelo que ouvi. Ele troca de garotas mais rápido do que
outros trocam suas cuecas.

~ 18 ~
— É verdade. — Ele apontou a pinça de churrasco acusadoramente
na minha direção. — Eu achei que Fiona não tivesse dito sobre ele.

— Ela mencionou isso, mas nada mais. E está por toda a imprensa
como eu disse.

— Ele rucks4 e fode. Isso é tudo — disse Connor com um sorriso de


desculpas.

Minhas bochechas aqueceram. — Ruck? — Eu tinha visto o termo


quando li sobre o rugby, mas esqueci o que significava.

— É quando todos se abraçam, — disse Fiona com um olhar para


Connor enquanto andava até nós. — Cuidado com a língua. Minha irmã
não é como eu. Ela tem ouvidos sensíveis.

Eu bufei. Eu era muitas coisas, mas não uma flor delicada.

Connor piscou para mim quando Fiona não estava olhando. Então
ele envolveu um braço ao redor de sua cintura e a puxou contra seu peito
para um beijo firme. Peguei a cesta com o pão grelhado e voltei para a
mesa, não querendo vê-los se pegando. Suas palavras sobre amassar a
bunda me assombrariam por um tempo de qualquer maneira.

Eu afundei em uma das cadeiras do jardim, olhando para o céu de


verão sem nuvens de Sydney.

Ele fode e rucks.

Oh homem, onde eu estava me metendo? Fechei os olhos, o jet lag


me alcançando. Eu precisava de algumas horas de sono.

Passos suaves me fazem abrir os olhos novamente.

Fiona sentou-se ao meu lado com uma expressão compreensiva. —


Não se preocupe. Xavier não vai mexer com você. Você não é o tipo dele.

Eu olhei para minhas curvas e me arrependi do terceiro pedaço de


pão que tinha engolido. — Por quê?

Fiona delicadamente colocou um pedaço de manga em sua boca -


sua versão de entrada. — Muito trabalho. Xavier prefere suas conquistas
fáceis e descomplicadas. Você não é nenhum dos dois.

4 "O ruck é uma fase de jogo em que um ou mais jogadores de cada equipe, que
estão em pé, em contato físico, fecham em torno da bola no chão".

~ 19 ~
— Como você saberia? Talvez eu tenha mudado? — Eu suavizei a
sugestão de amargura que minhas palavras continham com um sorriso.

Fiona fez uma pausa, depois desviou o olhar e suspirou. — Eu sei


que não foi justo deixá-la para lidar com o pai, mas tive que partir...

O passado era mais difícil de deixar para trás do que ambas


queríamos. Tomei um gole de água para reunir meus pensamentos. —
Você nunca disse por que fugiu.

— Eu não fugi... — Os olhos de Fiona encontraram Connor, que


ainda estava trabalhando no churrasco, mas lançando ocasionalmente
um olhar curioso em nossa direção. — Eu peguei Aiden na cama com
Paisley algumas semanas depois do funeral da mamãe.

Eu engasguei com a água na minha boca. — Por que você não me


contou?

Aiden tinha sido o primeiro amor de Fiona, seu namorado da escola


desde os quinze anos, e Paisley tinha sido a melhor amiga de Fiona.

Ela encolheu os ombros. — Me senti humilhada. Eu não queria que


as pessoas descobrissem. E você estava de luto pela mãe.

— Você também estava, Fiona.

— Eu sei, — ela admitiu.

— Você foi ao baile com ele.

— Como eu disse, queria manter as aparências. Mas depois disso,


só queria partir.

— E você teve que dar a volta ao mundo por causa de um idiota


traidor? — Eu murmurei indignada.

— Foi uma reação instintiva. Nunca pensei que ficaria por muito
tempo, definitivamente não para sempre, mas depois Connor apareceu.

— E agora você vai ficar.

— Sim, — ela disse suavemente, seus olhos encontrando-o


novamente. Eu estava feliz por ela, e o lampejo de ressentimento que
ainda nutria por sua fuga desapareceu. Mesmo que meu novo emprego
não desse certo, minha viagem a Sydney já valia cada centavo.

~ 20 ~
Evie

Meu jet lag melhorou um pouco da noite para o dia, mas estava
animada por este dia, pois marcava um novo começo, e o que poderia ser
mais excitante do que isso? Eu entrei na cozinha, onde Fiona já estava
comendo uma tigela de açaí no café da manhã ou qualquer que fosse o
café da manhã atual no Instagram. Era roxo brilhante com um pouco de
granola polvilhado por cima. Ela tirou uma foto, a testa franzida em
concentração.

— Bom dia, sol, — eu disse com um sorriso.

Fiona olhou para cima e sacudiu a cabeça. — Ainda uma pessoa


matutina.

— Você não parece tão mal-humorada pela manhã quanto eu me


lembro.

Ela sorriu. — Eu tive que me acostumar a acordar cedo para treinar


antes do trabalho.

— Treinar não é parte do seu trabalho? — Eu perguntei, confusa,


enquanto preparava um café da manhã com cereais e frutas para mim.

— É. Mas eu gravo meu treino matinal para o Instagram. Não posso


fazer isso com meus outros treinos. Existe uma política de não gravação
em vigor.

Eu me sentei. — Eu verifiquei na internet as assistentes anteriores


de Xavier, e muitas imagens apareceram. Por que todas elas
desistiram? Ele é um idiota mal humorado?

— Não, não mal humorado, — disse Fiona com os lábios franzidos.

Eu levantei minhas sobrancelhas.

— Ele é legal. Ele não é um chefe idiota se é com isso que você está
preocupada. Ele simplesmente não consegue manter o zíper da calça
fechado.

~ 21 ~
Eu congelei. — Ele é um pervertido?

Fiona riu. — Oh, não, Evie. Eu não faria isso com você. Xavier não
assedia mulheres que não querem ser assediadas, confie em mim. Ele
não é esse tipo de idiota. As mulheres se lançam nele mais rápido do que
pode evitá-las, não que ele tente. Todas as suas assistentes foram para a
cama com ele, e então Xavier as dispensou porque acharam que
significava algo e se tornaram carentes demais, ou as mulheres
desistiram porque perceberam que não eram nada além de uma transa e
não queriam mais ser suas assistentes.

— Então você acha que eu sou lésbica ou frígida?

Fiona bufou. — O quê?

— Porque suponho que você tenha certeza de que não vou para a
cama com ele, ou não teria me pedido para trabalhar para ele.

Ela tirou outra foto de sua comida. — Você não vai para a cama
com ele porque tem padrões e não faz sexo casual.

Eu corei. Eu não fiz nenhum tipo de sexo, para meu desgosto, mas
tinha toda a intenção de corrigir isso. Não com um mulherengo em série,
obviamente.

Fiona baixou o telefone, seus olhos vasculhando. — Você nunca


mencionou um namorado pelo Skype.

Eu comi outra colherada do meu cereal, pensando no que dizer a


Fiona. Éramos próximas antes e depois não mais, mas nos últimos meses
as coisas melhoraram. Falávamos pelo Skype frequentemente e agora eu
estava aqui. — Porque não houve ninguém.

— Você nunca…?

Eu balancei a cabeça e dei de ombros. — Não me dê esse olhar


compassivo, certo? Não é grande coisa.

Ela sorriu. — Vamos encontrar um cara legal para você. Eu posso


perguntar a Connor se ele conhece alguém.

— Não, — eu soltei. — Isso é muito embaraçoso. E eu vim para cá


trabalhar, não para namorar.

— OK. Mas mantenha seus olhos abertos. Só me prometa que não


vai se apaixonar por Xavier.

~ 22 ~
— Eu não vou, — eu disse com firmeza. — Você mostrou a Xavier
uma foto minha antes de me contratar?

Fiona sacudiu a cabeça. — Não, ele deveria parar de escolher suas


assistentes pela aparência.

Ótimo. Ele teria uma surpresa desagradável se esperava que eu


parecesse com suas antigas assistentes. — Veja, mesmo que eu me
apaixone por ele, o que não vou, não há nada para você se preocupar,
porque Xavier não vai me levar para a cama dele. Eu não sou material
para modelo.

Fiona assentiu pensativamente e finalmente tomou uma colherada


do café da manhã.

Eu me encolhi interiormente. Isso foi um golpe. Eu não esperava


que ela me contradissesse, mas assentir, isso machucou até o meu
ego. Imaginei que deveria me considerar sortuda. Eu não tinha planos de
aparecer nas manchetes como as conquistas de Xavier ou perder meu
emprego, então era melhor que eu não fosse o tipo dele.

XAVIER

Eu bebi outro gole da minha água. O suor escorria pelo meu


rosto. O treinador me fez correr quatro rodadas extras por estar atrasado
novamente. Ele provavelmente continuaria chutando minha bunda
durante o restante do treinamento se sua expressão chateada fosse um
indicador.

— Tente ser um ser humano decente em torno de Evie, tudo bem?


— Connor murmurou ao meu lado no banco.

Eu atirei-lhe um olhar. — Eu não vou pagar-lhe uma grana preta,


e ter cuidado com seus sentimentos. Pagarei para que ela cuide dos
meus.

Connor sacudiu a cabeça. — Em momentos assim, eu entendo por


que Fiona odeia suas entranhas.

O sentimento era mútuo. Nem mesmo uma bunda espetacular e


um estômago definido conseguia compensar sua personalidade

~ 23 ~
intolerável. — Você não me mostrou uma única foto dela, e ainda assim
a contratei, então estou evoluindo, você não acha?

Connor levantou os olhos para o céu como se estivesse rezando. Eu


duvidava que alguém ouvisse suas orações, não depois de toda a merda
que ele e eu tínhamos feito nos últimos anos - antes de Fiona. — Era hora
de você escolher sua assistente com base em suas habilidades e não na
aparência.

— Eu sempre baseei minhas decisões nas habilidades delas… Elas


eram todas muito habilidosas, confie em mim.

Connor bufou e esfregou a testa. — Se você estragar tudo, Fiona


vai chutar minhas bolas.

— Ela não tem coisas melhores para fazer com elas?

Connor me lançou um olhar furioso. Eu sentia falta do tempo em


que ele compartilhava todos os detalhes excêntricos de suas escapadas
sexuais comigo, mas Fiona o tinha em uma coleira curta.

— Então me diga: como é a Evie, como ela se parece? — Perguntei,


sabendo que isso empurraria os botões de Connor.

— Ela não faz o seu tipo, Xavier. Tire isso da cabeça — disse
Connor, estreitando os olhos. Fiona o treinou bem. Eu quase podia
imaginá-la acariciando sua cabeça como um bom cachorrinho.

Eu me inclinei para trás com um sorriso. — Ela é humana e uma


fêmea, certo?

Connor assentiu.

— Então ela é meu tipo.

Ele abriu a boca e então fechou. — Sabe o que, companheiro. Deixa


pra lá. Eu não vou me envolver nisso. Eu serei o único a pagar por suas
bagunças, como de costume.

— Vamos, aquela vez não conta.

Connor me deu um olhar incrédulo. — Aquela vez? Você fodeu a


esposa passiva de um gangster e deu-lhe o meu nome. Aquele idiota
tentou me bater com seus irmãos babacas.

— Em minha defesa, cheguei para ajudá-lo.

~ 24 ~
— Nossa, obrigado, — Connor murmurou, mas ele estava lutando
com um sorriso. Ele sentia falta das nossas aventuras malucas. Seus
olhos passaram por mim. Segui o seu olhar e vi Fiona e uma jovem
mulher com longos cabelos castanhos claros. Ela era muito mais
curvilínea do que Fiona e eu nunca as teria imaginado como irmãs, muito
menos gêmeas. O que foi um alívio pra caralho. Se eu fosse forçado a ter
uma assistente com o rosto de Fiona ao meu redor, vinte e quatro por
sete, perderia a cabeça. Meus olhos pararam em seu peito e soltei um
assobio baixo.

Connor me lançou um olhar — Xavier, eu juro, vou segurar um


travesseiro na sua cara enquanto dorme na próxima vez que tivermos que
dividir um quarto se você estragar tudo.

Eu sorri abertamente. — Pelo menos vou morrer feliz.

Evie

Os olhos de Xavier levaram seu tempo verificando meu


corpo. Surpresa brilhou em seu rosto, então se foi. Ele continuou falando
com Connor, que parecia estar chupando um limão, mas os olhos de
Xavier continuavam fixos em mim. Para ser honesta, eles estavam fixos
em meus seios. Eu era um 40 D, e os homens sempre notavam, mas
geralmente não eram tão ousados sobre isso. Xavier obviamente não
tinha vergonha. Vários de seus companheiros de equipe no campo
também me lançaram olhares curiosos.

Apesar das minhas melhores intenções, o calor subiu em minhas


bochechas.

Quando Fiona e eu chegamos ao banco, ele se levantou e, puta


merda, ele era um animal. As fotos que vi dele não lhe fizeram
justiça. Esse homem tinha um metro e oitenta e seis de puro
músculo. Como ele podia mover esse corpo tão rapidamente quanto o
esporte exigia era um mistério para mim. Eu senti como se alguém
estivesse segurando um secador de cabelo no meu rosto, explodindo calor
em mim com força total.

— Esta é minha irmã, Evie, — Fiona me apresentou. O aviso em


sua voz era inconfundível, e seu olhar mortal só enfatizou isso.

~ 25 ~
Eu cutuquei seu lado com o cotovelo, não querendo que ela me
envergonhasse na frente do meu futuro chefe. Era cativante que ela
quisesse me proteger de Xavier, mas eu era mais do que capaz disso
sozinha.

— Vocês não parecem gêmeas, — disse Xavier me recebendo, em


seguida, virou-se brevemente para Fiona.

Eu corei. Perdi a conta de quantas vezes ouvi essas palavras


exatas. Nem era mesmo verdade. Eu tinha visto fotos nossas quando
meninas e éramos quase indistinguíveis, só meu cabelo era mais
castanho claro do que louro dourado. Nós compartilhamos as mesmas
características faciais e sardas, éramos quase da mesma altura, mas
mais tarde, quando Fiona entrou nos esportes e eu me voltei para a
leitura, as pessoas começaram a se concentrar em nossa maior diferença:
nosso peso.

Decidindo não começar meu novo trabalho encurralada em um


canto, dei um verdadeiro show checando Xavier. O problema foi, que em
algum lugar ao longo do caminho, ao redor de seus ombros ridiculamente
largos, ou no contorno do abdômen, ou naquele delicioso V, se
transformou em mais que um show para ele. Esse homem era puro
músculo. Mãe Santíssima, sexy demais para este mundo de jogadores de
rugby. — Agora eu entendo por que eles te chamam de Besta. Não deve
ser fácil encontrar roupas que caibam em você. Eles têm lojas para altos
e fortes por aqui?

Xavier piscou para mim, em seguida, um sorriso lento de derrubar


calcinhas surgiu em seu rosto. — Eu não sei. Minhas roupas são feitas
sob medida para mim.

— É claro, — eu disse, deixando um toque de ironia tingir minhas


palavras, não muito para ofender, mas o suficiente para que ele
notasse. — Nada das prateleiras para você.

— De fato, — disse ele. Ele estendeu sua forte e grande mão. — Eu


sou Xavier. Seu novo chefe.

Eu peguei a mão dele, apertando um pouco mais do que o


necessário. — Eu sou Evie, sua nova babá.

Xavier riu, uma risada profunda e baixa que levantou os pequenos


cabelos nas minhas costas. Ele não soltou minha mão e eu não fiz
nenhum movimento para me afastar. — Oh, eu já gosto dela, — disse
Xavier a Connor.

~ 26 ~
Fiona franziu o cenho. — Certifique-se de não gostar muito dela,
tudo bem?

— Fiona, — eu assobiei, minhas bochechas ficando quentes. Não


pude acreditar nela. Ela me lançou um olhar e deu de ombros. — O
quê? Ele precisa ser lembrado, confie em mim.

Xavier sorriu e se inclinou um pouco mais perto. — Não dê ouvidos


a ela. Sou perfeitamente capaz de me comportar... se quiser.

Bom Deus. Com esse timbre baixo de voz, Xavier deveria fazer a
narração de romances. Isso me deu calafrios agradáveis que nunca senti
antes. — Vou me certificar de que você se comporte. Agora é meu
trabalho, certo?

Xavier soltou minha mão, mas seu calor permaneceu. — Ainda


não. Você tem que assinar o contrato e alguns outros documentos que
meu advogado preparou.

Eu balancei a cabeça. Isso pareceu sensato, o que me surpreendeu


um pouco, considerando o que Fiona havia dito sobre ele. — Quando?

— Esta tarde. Eu posso enviar os detalhes por Connor.

Eu levantei minhas sobrancelhas. — Por que não te dou meu


número para que você possa colocar em seus contatos? Um intermediário
não será necessário.

O sorriso de Xavier ficou mais pronunciado quando ele pegou o


telefone. — Aqui. Você será mais rápida.

Peguei o celular dele e digitei meu novo número. — Aí está.

— Primeiro trabalho bem feito, — disse Xavier, um toque de


arrogância torcendo o rosto lindo demais.

Eu bufei. — Você está me testando?

Xavier sorriu. — Não, os testes virão mais tarde.

A maneira como ele disse isso causou uma mistura de nervosismo


e excitação em mim. — Eu passarei em todos eles.

— Eu não duvido disso.

— Tragam suas bundas aqui! — Um homem de cinquenta anos


com um boné que dizia ‘treinador’ gritou.

~ 27 ~
— Tenho que ir, — disse Xavier, seus olhos fazendo um breve
desvio para o meu peito novamente. — Até logo.

Ele se virou e correu até seu treinador, seguido por Connor. Meus
olhos estavam colados no traseiro de Xavier, que seu calção não
escondia. O resto da equipe se reuniu ao redor deles. Era óbvio que
Xavier era o líder do bando.

— Eu não gosto desse olhar, — sussurrou Fiona.

— Estou apenas apreciando a paisagem.

— Sim, mas não se embrenhe na paisagem. É uma terra espinhosa


e estéril.

Eu ri. — Oh, Fiona. Eu senti falta do seu sarcasmo.

Ela me deu um sorriso. — Tenho que ir também. Aproveite o treino.

Sentei-me nos bancos e observei o time de rúgbi treinar várias


manobras táticas que não faziam nenhum sentido para mim, mas a visão
de todos os jogadores altos e musculosos de rúgbi adoçou o meu
tempo. Apenas o ocasional olhar de aviso de Fiona em minha direção
enquanto ela inclinava seu corpo acompanhando as outras líderes de
torcida refreou meu humor. Ela não precisava se preocupar. Eu podia
apreciar os bens materiais de Xavier sem o risco de agir sobre os meus
desejos.

Estava acostumada a cobiçar os tipos inatingíveis. Isso não


mudara nem um pouco desde o ensino médio.

~ 28 ~
Evie

— Você acha que esta roupa está legal? — Eu perguntei. Eu


comprei o vestido pouco antes de deixar os Estados Unidos. Era um
vestido de corte reto creme com um cinto vermelho estreito acentuando
minha cintura. Eu estava um pouco autoconsciente sobre isso porque o
vestido se agarrava às minhas curvas mais do que meus trajes habituais.

— Você está ótima, Evie. Talvez um pouco formal demais.

Eu revirei meus olhos. — Quero parecer uma mulher de negócios,


como se eu pudesse lidar com qualquer coisa, até mesmo Xavier – A Besta
- Stevens.

— Se alguém pode lidar com ele, essa é você. Ele não vai saber o
que o atingiu.

— Obrigada. Vou tentar manter o grandalhão na ponta dos pés. —


Era o que eu esperava, pelo menos. Eu ainda não tinha certeza do meu
pacote de funções, mas esperava que Xavier me informasse dos detalhes
do trabalho hoje.

— Eu poderia ir com você, — disse Fiona rapidamente.

Dei-lhe uma olhadela. — Se eu aparecer com minha irmã gêmea


como apoio, Xavier nunca me levará a sério.

— Ele não vai de qualquer forma, porque as mulheres são apenas


brinquedos para ele. Não acho que ele as veja como seres humanos.

— Você está exagerando. — Xavier parecia administrável durante


nosso primeiro encontro esta manhã. Um pouco arrogante, mas nada que
eu não pudesse aguentar. Talvez ele fosse mais intolerável se eu me
encaixasse em seu tipo, mas assim como era, ele provavelmente acabaria
me vendo como um dos caras e não como uma mulher, como todos os
outros caras pelos quais tive uma paixonite.

— Eu não estou. Com amigos homens, ele é leal e engraçado, pelo


que Connor me diz, mas com mulheres... Bem, você vai perceber logo. —

~ 29 ~
Ela arrumou uma mecha do meu cabelo que se soltou. — Ligue-me se
acontecer alguma coisa.

— Eu vou assinar um contrato de trabalho, não mergulhar em um


rio infestado de piranhas.

— Apenas certifique-se de ficar longe da anaconda de Xavier, é tudo


o que eu peço, — Fiona murmurou.

— Fiona! — Eu assobiei. — Agora não vou poder olhar para ele sem
ficar vermelha.

***

Connor foi legal o suficiente para me levar ao escritório de


advocacia onde eu deveria encontrar Xavier. Ele me deu um sorriso
encorajador quando saí do carro, o que só me deixou mais
nervosa. Acenei para ele enquanto me dirigia para a porta de vidro que
levava ao elegante prédio de escritórios.

As recepcionistas me indicaram um elevador no final do grande


saguão. No momento em que o elevador parou no andar certo e eu saí,
um homem alto de cabelos escuros veio em minha direção. Ele estava
usando um terno de três peças imaculado azul-escuro e tinha trinta e
poucos anos. Seu rosto registrou surpresa ao me ver. — Você deve ser a
senhorita Fitzgerald?

Eu assenti e sorri.

— Eu sou o advogado de Xavier, Marc Stevens. — Ele estendeu a


mão para me cumprimentar. Seu sorriso era agradável, mas
reservado. Eu me perguntei se o sobrenome em comum era coincidência,
mas ao olhar mais atentamente, ele compartilhava uma semelhança
distante com Xavier. Cabelos escuros, as maçãs do rosto altas, mas ele
não era tão alto ou largo, e tinha olhos castanhos. — Por que não vamos
até o meu escritório para que possamos examinar os detalhes do seu
contrato?

— Xavier não vai se juntar a nós?

— Vai, mas dado o fato de que sua antiga assistente saiu e você
não começou a trabalhar para ele ainda, duvido que ele chegue no
horário. — Ele fez sinal para eu segui-lo.

~ 30 ~
Suas palavras me surpreenderam. Como advogado de Xavier, eu
não esperava que ele expressasse críticas assim. Ele era definitivamente
da família. Irmão? Ou talvez primo? — Ele não tem um relógio?

— Vários, e todos eles custam mais do que um carro pequeno, mas


Xavier os usa por suas características de decoração, não para consultar
o horário. Isso será parte do seu trabalho.

Informar o horário a Xavier e fazê-lo chegar na hora certa. Ele


realmente precisava de uma babá.

— Por que você não senta? — Ele apontou para uma enorme mesa
oval feita de algum tipo de madeira avermelhada. Uma pilha de papéis
estava na frente de uma das cadeiras. Eu sentei na cadeira
surpreendentemente confortável e li a capa do que parecia ser um longo
contrato.

— Café?

Eu balancei a cabeça.

O Sr. Stevens se sentou ao meu lado. — Porque não leio em voz


alta e você expressa suas preocupações ou perguntas se elas surgirem.

— Suponho que você usou o mesmo contrato para as assistentes


anteriores de Xavier, por isso, mesmo que eu tivesse preocupações em
relação a certas partes do contrato, você relutaria em mudá-las.

Ele sorriu. — Isso está correto, mas acho que você achará tudo
razoável.

A maior parte do contrato era razoável. O único item que me deixou


um pouco preocupada foi a parte que estipulava que eu não poderia
deixar de trabalhar para ele até que encontrasse uma nova assistente ou
seis meses se passassem. Tive a sensação de que essa parte havia sido
adicionada recentemente devido às dificuldades de Xavier em manter
suas assistentes.

O Sr. Stevens havia lido quase todo o contrato para mim quando a
porta se abriu e Xavier entrou. — Estou atrasado? — Ele perguntou com
um sorriso, sabendo muito bem que estava.

— Está, como sempre, — disse Stevens. — Estávamos prestes a


passar para a cláusula de pagamento.

Xavier afundou na minha frente. — Essa é provavelmente a parte


pela qual você está mais animada.

~ 31 ~
O Sr. Stevens limpou a garganta e leu a próxima cláusula. Meu
pulso acelerou quando ouvi o quanto eu ganharia sendo uma mera
assistente. Minhas mãos ficaram suadas e fiquei um pouco tonta. Não
importa o quão estressante fosse Xavier, por tanto dinheiro me tornaria
assistente de um serial killer, talvez até o ajudasse a descartar os corpos.

— Isso não inclui despesas. Elas serão a parte. Sempre que você
pagar por algo, me avise e eu a reembolsarei.

— Como você consegue perder suas assistentes com esse tipo de


pagamento? — Eu explodi.

O Sr. Stevens soltou uma tosse sufocada que soou notavelmente


como se ele estivesse abafando a risada.

Xavier se inclinou para frente nos cotovelos, deixando os músculos


de seus braços ondularem contra as mangas justas da camisa. — Meu
charme irresistível as afastou.

— Isso nos leva ao próximo ponto. A cláusula de não divulgação,


— o Sr. Stevens disse com a testa franzida, deslizando uma única folha
de papel para mim. O sorriso de Xavier não era um bom presságio.

Estreitando meus olhos, examinei a cláusula.

A cláusula de não divulgação me fez bufar. — Em caso de relação


sexual entre o empregador e o empregado, e qualquer tipo de ação que
possa ser classificada como tal, o empregado concorda em manter os
detalhes de tais atos confidenciais, — eu li em voz alta, depois olhei para
Xavier. — Eu acho que essa cláusula não será necessária.

E nem fazia sentido. A imprensa relatava sobre as aventuras


sexuais de Xavier com as mulheres quase todos os dias. O que importava
se suas assistentes também o fizessem?

Xavier sorriu. — Meu advogado discordaria de você sobre o


assunto.

Seu advogado olhou para cima e franziu a testa. — Por um bom


motivo, — disse ele. Ao olhar mais atentamente para ambos, percebeu
que se pareciam muito para ser somente primos. Definitivamente irmãos.

Então ele se virou para mim. — É uma formalidade, mas se você


conseguir provar que isso é desnecessário pela primeira vez, eu
agradeceria, acredite em mim.

~ 32 ~
Eu sorri. — Não se preocupe. Porcos aprenderão a voar antes que
qualquer coisa aconteça entre Xavier e eu.

— No Caribe, os porcos nadam no oceano. Um pequeno passo para


voar, se você me perguntar, — Xavier falou, piscando para mim.

E meu pulso acelerou. Ele estava brincando. Eu não era o tipo dele,
e não o deixaria brincar comigo. — Eu não estou surpreso que você saiba
tudo sobre porcos. — No momento em que as palavras saíram, meus
olhos se arregalaram. Eu tinha usado todo o dinheiro que papai me dera
para comprar uma passagem só de ida para Sydney, e até parte de
minhas economias. Eu precisava desse trabalho.

Seu advogado jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada. Ele
estendeu a mão. — Me chame de Marc. Eu sou o irmão mais velho do
porco.

Um pequeno sorriso se espalhou no rosto de Xavier. Ele não ficou


ofendido, graças a Deus. Mas o sorriso dele me deixou nervosa.

Eu peguei a caneta e rabisquei minha assinatura no contrato e na


cláusula de não divulgação.

— Boa sorte, — disse Marc com um sorriso meio divertido.

— Obrigada, mas duvido que precise disso.

Xavier levantou-se de sua cadeira, todos os seus um metro e


oitenta e seis, e eu tive dificuldade em não arriscar uma espiada em seus
braços novamente. — Agora que você é oficialmente minha assistente,
por que não lhe mostro o meu apartamento e digo tudo o que precisa
saber sobre mim?

Eu me levantei também, agradeci Marc e segui Xavier para fora do


escritório. Ele me surpreendeu, segurando a porta aberta para mim e
combinando seu ritmo com o meu. Com suas pernas mais longas, achei
que ele me faria correr atrás dele. Estreitei-lhe um olhar curioso. Ele
exalava autoconfiança e descontração, como se nada pudesse acelerar
sua pulsação. Ele parecia alguém que podia assumir o controle de sua
própria vida se quisesse.

Entramos no elevador e a porta se fechou. De repente, senti-me


menos segura de mim mesma. Xavier encostou-se à parede, alto e
musculoso, completamente à vontade. Eu podia sentir seus olhos em
mim através dos espelhos que nos cercavam. Resistindo à vontade de
puxar meu vestido, apertei minha bolsa. — Por que você me deu o
trabalho? — Perguntei.

~ 33 ~
Os olhos cinzentos de Xavier encontraram os meus no espelho em
frente a nós. — Connor recomendou você. Eu confio em seu
julgamento. Bem, além de sua escolha para mulheres.

Minhas sobrancelhas se levantaram. — Eu suponho que você quer


dizer Fiona. Minha gêmea.

Sua boca curvou em um sorriso. — Sim.

— Você percebe que a maioria das pessoas questionaria sua


escolha em mulheres mais do que a dele.

Xavier se virou para mim, então estava me olhando


diretamente. Ele era uma cabeça mais alta que eu, embora eu não fosse
exatamente baixa e usasse saltos. Mas ao lado dele parecia quase
delicada por uma vez, o que foi uma experiência agradável. — Há uma
grande diferença que você está negligenciando. Connor escolheu Fiona
como namorada. Minha escolha em mulheres só é guiada por suas
habilidades na cama.

Fui poupada de uma resposta, o que poderia ter me levado a perder


meu emprego poucos minutos depois de começar, pelas portas do
elevador quando chegamos ao andar térreo.

Nós entramos no sol quente de Sydney, e eu me arrependi da minha


escolha de vestido imediatamente. Era sufocante e eu podia sentir uma
gotinha de suor descendo pela minha coxa. — Sorria, — disse Xavier em
voz baixa, seus próprios lábios puxados em um sorriso de milhões de
dólares.

— O quê? — Eu soltei. — Meu contrato de trabalho não mencionou


que eu tinha que sorrir.

Xavier riu, ainda com aquele sorriso estranho no rosto, mesmo


quando falou. — Você não está sorrindo para mim. Os paparazzi estão
atrás de nós. Eu achei que você preferiria ter o seu rosto sorridente em
todos os tabloides da cidade e não um carrancudo.

Meus olhos se arregalaram quando olhei ao nosso redor.

— O olhar de ‘cervos nos faróis’ dificultará aos idiotas pensar sobre


todas as manchetes ridículas que podem acompanhá-lo.

Eu rapidamente mascarei meu rosto em um sorriso agradável, mas


Xavier balançou a cabeça, segurando a porta de um SUV Maserati
preto. Antes de entrar, ele se inclinou no meu ouvido, sussurrando. —

~ 34 ~
Muito tarde. Eles vão usar sua pior expressão porque isso lhes dará mais
munição contra mim.

Eu afundei no banco de couro vermelho, ainda considerando as


palavras de Xavier quando ele fechou a porta. Meus olhos examinaram
nossos arredores e finalmente vi um cara com uma câmera.

Xavier sentou no banco do motorista e ligou o carro. O rugido do


motor me fez pular. Enquanto passávamos pelos paparazzi, Xavier
acenou para o homem com um sorriso torto.

— Talvez você não deva provocar a imprensa se quiser ser retratado


sob uma luz mais favorável — falei, curiosa.

— Eles não querem me retratar em uma luz favorável. Denegrir-me


é o seu passatempo favorito.

— E você fez sua missão de vida fornecer-lhes munição suficiente?

Xavier me deu um sorriso. — Eu lhes dou o que eles querem e, por


sua vez, eles me mantêm no centro das atenções. Má imprensa é melhor
do que imprensa nenhuma, ou como é que o pessoal do marketing
sempre diz?

Enruguei meu nariz. Essa era uma das linhas da qual sempre me
ressenti. Se você quisesse apenas chamar atenção, isso poderia ser
verdade, mas se você quisesse causar um impacto digno, era a
abordagem errada. — Eu prefiro boas notícias. E você está no centro das
atenções mesmo sem fornecer fofoca. Você é uma estrela. Você não
precisa da má imprensa.

— A imprensa informará sobre mim, quer queira ou não. Minha


única opção é direcionar sua atenção em uma determinada direção.

Sua voz tinha um toque de proteção e me perguntei por que isso


acontecia. Por que ele estava se transformando em um menino mau na
cena do rugby?

— Será que eles começarão a me perseguir também? — Eu


perguntei baixinho, meus dedos dobrando sobre o meu estômago para
esconder os pequenos rolos de gordura ali. Eu sabia o quanto fotos pouco
lisonjeiras poderiam acabar comigo.

Xavier me lançou um olhar investigativo. — Provavelmente. No


passado, minhas assistentes forneciam material de fofocas divertidas.

~ 35 ~
Eu corei, lembrando que ele tinha ido para a cama com quase todas
as suas assistentes. — Eu não pretendo dar-lhes qualquer tipo de
material de fofoca, Xavier, — eu disse com firmeza.

— Eu sei, — disse Xavier com uma risada. — Sua irmã e Connor


me disseram que você é responsável e não gosta de atenção. Uma boa
mudança das minhas assistentes anteriores.

— Por que você escolheu assistentes que só queriam trabalhar para


você para que pudessem atrair a atenção da mídia?

— Escolhi minhas assistentes anteriores com base em sua


aparência.

Ai. Eu me encolhi interiormente com o que isso implicava. Eu


definitivamente não tinha sido escolhida por causa da minha aparência.

***

O apartamento de Xavier era absolutamente deslumbrante. Um


duplex situado em uma residência no coração de Rocks5, com vista para
o porto e a ponte do porto. Minha boca provavelmente estava aberta
quando entrei na área de estar. O parquet em padrão zigue-zague era da
cor de madeira descolorida pelo sol e uma cozinha aberta com fachadas
de mármore Carrara espalhadas no lado direito. Modernos sofás
cinzentos, mesas de mármore branco e luminárias de metal futuristas
faziam a sala parecer como se tivesse sido copiada de uma revista de
design de interiores. Cheguei mais perto da janela e olhei o panorama.

Deve ser incrível ver as luzes da cidade, especialmente a ponte do


porto, à noite. Mas a menos que eu trabalhasse até tarde, nunca
conseguiria ver.

Xavier se aproximou de mim. — Foi pela vista que comprei.

— É de tirar o fôlego, — eu respirei, incapaz de afastar meus


olhos. O olhar de Xavier finalmente me fez dar um passo para trás e
limpar minha garganta. — Talvez você possa me explicar o que preciso

5 The Rocks é um bairro de ruas históricas na sombra da Sydney Harbour


Bridge.Moradores e turistas se misturam nos mercados de rochas ao ar livre,
comprando comida de rua e modas artesanais.

~ 36 ~
saber e o que exatamente espera de mim. — Eu peguei uma caneta e um
caderno da minha bolsa.

Xavier levantou uma sobrancelha. — Nenhum iPad extravagante


para controlar tudo?

— Sem dinheiro sobrando para iPads extravagantes, — eu disse


com um encolher de ombros.

Xavier assentiu, me surpreendendo por não fazer um comentário


malicioso sobre minha situação financeira. Para ele, o conceito de não ter
dinheiro para qualquer coisa era provavelmente estranho.

Ele me levou até a cozinha e apontou para uma enorme máquina


cromada - uma espécie de cafeteira, presumi. — Esta é uma das suas
ferramentas de trabalho mais importantes.

Eu enviei-lhe um olhar. — Uma cafeteira para que eu possa


preparar café para você?

— É um aparelho de café expresso, e você vai fazer cappuccino para


mim com café expresso duplo. Toda manhã.

Eu pisquei. — Você sabe que eu não sou uma barista? Eu nem sei
como ligar essa coisa, muito menos como fazer um cappuccino. Isso não
fazia parte do meu programa de bacharelado. — Meu tom sarcástico não
era um que eu usaria normalmente com um empregador, mas o sorriso
de Xavier me deixou irritada.

— Tenho certeza que você é uma aprendiz rápida, Evie.

Foi a primeira vez que ele disse meu nome e gostei mais do que
deveria. — Eu tenho que fazer o café da manhã também? — Eu perguntei,
orgulhosa por fazer minha voz sair objetiva desta vez.

— Não, eu sigo uma dieta rigorosa no café da manhã para abastecer


meu corpo para treinar. Não deixo ninguém mexer nos meus shakes de
proteína.

Eu não tinha certeza se ele estava brincando comigo ou falando


sério, mas eventualmente optei pelo último. Afinal, ele era um atleta de
ponta. Sem muffins e cereais açucarados para ele. Mais uma vez me
amaldiçoei por usar o vestido justo. — OK. Cappuccino com café
expresso duplo pela manhã. — Fiz uma pausa. — Como vou saber
quando você quer o seu café? Não dormirei aqui, então não saberei
quando você estará acordado. Ou definirá um horário para eu preparar
um cappuccino para você?

~ 37 ~
Xavier sorriu. — Deixe-me mostrar o segundo andar. Tudo será
esclarecido em breve.

Ele estava brincando comigo. Estreitando meus olhos em suas


costas largas, eu o segui por uma escada em espiral em direção a uma
galeria - que também era o enorme quarto aberto com outra vista de tirar
o fôlego do porto de Sydney.

A cama, que teria reduzido qualquer quarto de tamanho normal,


estava posicionada contra uma parede que havia sido instalada no centro
da sala. Quando a contornei, encontrei um banheiro aberto com uma
enorme banheira e um chuveiro ao nível do chão, bem como um closet
atrás de outra parede. Xavier esperou por mim no quarto enquanto eu
voltava.

— Este é o meu quarto, como você pode ver. Um lugar onde você
passará muito mais tempo no futuro.

Minhas sobrancelhas se ergueram. — Isso é só trabalho. Eu não


vou dormir com você.

— Calma, — disse ele com um sorriso. — Eu não quis dizer dessa


maneira.

Claro que não. Eu puxei meu vestido, esperando que não


enfatizasse muito meus quadris largos.

Xavier apontou para a cama. — Mas você vai me acordar, então


não me atrasarei para treinar ou para outros compromissos.

Eu ri, então fechei a boca quando Xavier levantou as


sobrancelhas. Ele estava falando sério. Mesmo? Ele precisava de um
despertador humano? — Você quer que eu venha ao seu apartamento
todas as manhãs e te acorde?

— Sim, exceto nos dias da sua folga.

Batendo a caneta nas páginas do caderno e respirando


profundamente, perguntei: — Quando você gostaria que eu te acordasse?

— Tenho treino às dez todas as manhãs, exceto no final de


semana. No fim de semana depende. Assim que a temporada começar,
em março, viajaremos para partidas fora ou jogaremos aqui. Seria bom
se você sincronizasse seu calendário com o meu e desse uma boa olhada.

Eu peguei meu telefone e fiz exatamente isso, então também conferi


o e-mail de trabalho dele e quase desmaiei vendo o grande número de e-

~ 38 ~
mails não respondidos. — Quando foi a última vez que você checou sua
caixa de entrada?

— Não chequei. É trabalho da minha assistente e não tenho uma


há mais de duas semanas.

Repeti um pequeno mantra calmante na minha cabeça. — Vou


trabalhar neles hoje à noite e classificá-los de acordo com a importância.

— Você também precisa lidar com meu e-mail e minhas contas de


mídia social. Tento lidar por conta com o meu Instagram, mas o resto é
todo seu.

— Tudo bem. — Além do treino às dez da manhã de amanhã, Xavier


também tinha um compromisso à tarde marcado como treino de praia e
um evento festa N10 marcado às nove horas.

— O que significa treino de praia?

— Exatamente isso, — disse Xavier. — Treinarei na praia e você vai


filmar para que possamos postar para meus fãs no Instagram, Facebook,
YouTube.

Cinegrafista, outra função que eu não esperava. — Suponho que a


festa não seja da minha conta?

— É da sua conta. É a festa da Network 10, e eu devo fazer uma


aparição para dar um pouco de glamour à festa. Você vai me
acompanhar, nos bastidores, me falar sobre os outros convidados, seus
nomes, funções e se certificar de que eu não me comporte muito mal. —
O sorriso de derrubar calcinhas.

— Eu não tenho roupas que se encaixem na ocasião.

— Compre-as, — disse ele, depois tirou a carteira do bolso de trás


da calça jeans e me entregou um cartão de crédito dourado. — Meu
aniversário é minha senha. Vá até Harrolds ou David Jones.

Eu peguei o cartão com cuidado. — Você confia em mim com o seu


cartão?

— Você planeja quebrar minha confiança?

— Não, — eu disse com firmeza. — Mas você não me conhece muito


bem ainda. Você deu a todas as suas assistentes seu cartão de crédito?

— Não. Mas duvido que você fuja com meu dinheiro. E minhas
antigas assistentes não foram recomendadas por Connor.

~ 39 ~
— Connor só me recomendou porque Fiona o incomodou, você sabe
disso, certo?

Xavier riu. — Sim, ele é um pau mandado.

Coloquei o cartão dentro da minha bolsa. Eu teria que guardá-lo


com a minha vida. Duvidava que meu salário de um ano fosse o suficiente
para pagar a dívida que teria se alguém roubasse o cartão e fizesse uma
farra.

Meus olhos foram atraídos para uma medalha em um quadro


acima da cama. Eu me aproximei. — Medalha Clive Churchill. Melhor
jogador da Grande Final 2017, — eu li em voz alta. Eu olhei para
Xavier. Sua expressão havia mudado, se tornado quase... reverente. —
Você ganhou a medalha de melhor jogador?

Ele assentiu. — Uma vez. Mas tenho toda a intenção de ganhá-la


novamente este ano. Minha equipe é a melhor do
campeonato. Precisamos vencer a final.

Era óbvio pelo fervor em sua voz e sua expressão severa que ele
realmente vivia pelo seu esporte, o que fez seu estilo de vida escandaloso
ainda menos explicável. Eu sabia que como fly-half Xavier tinha muita
responsabilidade dirigindo o jogo do seu time, e ainda assim ele não
poderia se incomodar em organizar sua própria vida.

Antes de sair do apartamento, Xavier me entregou suas chaves


extras. — Assim você pode entrar. — Ele disse isso com um sorriso
diabólico. — Estou ansioso para trabalhar com você.

~ 40 ~
Evie

Meu alarme soou às seis e meia, o que me deu tempo suficiente


para me preparar e tomar café antes de ter que sair para acordar Xavier
e preparar café para ele.

Eu não podia acreditar que Xavier precisava de uma assistente


para acordá-lo. Quão difícil poderia ser programar um alarme? Tomei
meu café em silêncio, observando o sol da manhã brilhando no oceano
pela janela da cozinha. Fiona e Connor ainda estavam dormindo ou
fazendo outras coisas que eu não queria pensar. Fiona passou uma hora
na noite passada me interrogando sobre meu encontro com Xavier. Se ela
mantivesse a vigilância, nem o meu ridículo salário valeria a pena.

Quando cheguei ao apartamento de Xavier, trinta minutos depois,


perguntei-me se deveria me certificar de ser o mais silenciosa possível ou
anunciar minha presença de maneira audível. Eu realmente não podia
acreditar que um homem adulto precisasse ser acordado. Talvez isso
fosse apenas parte de um teste, mas pelo que seu irmão e Connor haviam
insinuado, Xavier tinha realmente preguiça de organizar mesmo essa
pequena parte de sua vida.

Optando pela opção silenciosa, enfiei a chave na fechadura e a virei


cuidadosamente antes de entrar. Um ruído baixo, como um gemido, me
assustou. Talvez Xavier estivesse tendo um pesadelo. Meu aborrecimento
vacilou quando considerei que ele tinha algo que o incomodava o
suficiente para assombrar suas noites. Talvez ele escondesse um lado
suave por trás de todos aqueles músculos e sorrisos arrogantes.

Coloquei minha bolsa em uma banqueta na ilha da cozinha e fui


em direção à escada em espiral. Outro ruído baixo me fez andar um
pouco mais rápido, e subi correndo a escada, esperando que ele não
quisesse que eu servisse café na cama. No momento em que cheguei a
um ponto na escadaria que me permitiu ter uma boa visão da cama,
congelei completamente e soltei um suspiro. Só minha mão no corrimão
parou uma queda muito indigna.

~ 41 ~
Xavier não estava sozinho e não estava dormindo. Meu cérebro
levou um momento para compreender a cena diante de mim. Uma
mulher estava deitada de costas sob Xavier, com os tornozelos em seus
ombros, e ele estava segurando seus quadris e mergulhando nela. Essa
era a fonte dos gemidos estranhos, que agora eram acompanhados pelo
bater de sua pélvis contra sua bunda. Eu realmente queria que ela fosse
uma gritadora, então não teria subido.

Ambos se voltaram para mim. Calor correu para minha cabeça.

Eu me virei, resmungando algumas desculpas, e tropecei no andar


de baixo, meu coração batendo no meu peito. Eu deveria ir
embora? Dificilmente poderia ficar enquanto eles estavam nisso. O
quarto não era realmente separado por uma porta da área de estar
abaixo. E se eles continuassem fodendo como se nada tivesse acontecido?

Mas ele me disse para acordá-lo, ele estava me pagando para fazer
isso. Talvez isso realmente tenha sido um teste. Eu não iria passar por
ele. Ou talvez ele simplesmente não se importasse se alguém o assistisse
fazendo isso? Não podia acreditar que tive medo que ele estivesse tendo
um pesadelo, mal podia acreditar que senti um segundo de piedade por
seu lado suave. Lado suave. Ele definitivamente não parecia suave um
momento atrás.

Furiosa e envergonhada, fui até a máquina de café expresso e liguei


o interruptor. Veio à vida com um assobio alto e começou a despejar
água. Aliviada pelo barulho enchendo o apartamento, encostei-me ao
balcão da cozinha, desejando que o calor deixasse minhas bochechas. Eu
não queria parecer confusa quando Xavier e sua acompanhante
finalmente descessem as escadas.

Escutei passos no andar de cima, mas concentrei toda a minha


atenção na máquina de café expresso. Infelizmente ainda estava
esquentando, então não consegui me ocupar preparando um cappuccino,
mas andei até a geladeira e peguei leite. Xavier esperava que eu fizesse
um cappuccino para a acompanhante dele também? Talvez o café da
manhã? Isso seria muito estranho. Lentamente, percebi porquê ele
pagava tão bem. No entanto, tive que admitir que o breve olhar em seu
traseiro perfeitamente esculpido me deu um pequeno chute. Ele era
magnífico por trás.

Na minha visão periférica, a forma alta de Xavier surgiu na escada


em espiral, e não pude deixar de arriscar uma olhada completa. Xavier
desceu os degraus, a mulher loira alta atrás dele. Ele estava usando
apenas cueca cinza, Calvin Klein, e elas não fizeram nada para escondê-
lo.

~ 42 ~
Se minha pele já não estivesse queimando de vergonha pelo que eu
testemunhei, teria começado agora.

Felizmente, a mulher estava completamente vestida, mesmo que


seu vestido apertado estivesse amassado além da salvação e sua
maquiagem estivesse manchada sob os olhos. Ela me lançou um olhar
curioso quando me viu na área da cozinha. Eu a reconheci de algumas
revistas de celebridades que li em preparação para o meu trabalho. Ela
fez parte da última temporada de The Bachelor6, mas não passara da
primeira noite das rosas. Shannon alguma coisa ou outra. Eu não
conseguia lembrar o nome completo dela.

— Da próxima vez é melhor anunciar sua entrada, — disse Xavier


com um sorriso arrogante, seus olhos cinzentos examinando meu rosto
vermelho, sem dúvida, divertido. Ele não parecia se importar que eu o
tivesse visto com Shannon. Ele estava brincando comigo. Shannon
também não parecia muito envergonhada com o incidente. Suponho que
se você tivesse feito parte do The Bachelor, gostava da audiência mesmo
que suas pernas estivessem nos ombros de um cara.

— Bom dia para você também, — eu disse a Xavier, não querendo


que ele levasse a melhor. Então me virei para a mulher e dei-lhe um
pequeno sorriso de desculpas. Ela me observou como se estivesse
tentando decidir se eu representava um risco para ela, então,
obviamente, determinou que não me qualificaria como material digno de
Xavier e me deu um sorriso falso antes de se voltar para Xavier com um
muito mais convincente.

Forçando a vontade de revirar os olhos, vasculhei os armários em


busca de canecas de cappuccino.

Xavier encostou-se no balcão ao meu lado, de braços cruzados. Eu


lutei contra o desejo de checá-lo. — Armário superior esquerdo, — ele
disse em um sotaque preguiçoso, um canto de sua boca inclinando-se da
maneira mais irritante.

Enviei-lhe um olhar, mas me arrependi imediatamente quando


meus olhos desceram para a parte superior do corpo esculpido.

6 The Bachelor é uma série de televisão de relacionamento e namoro americano

que estreou em 25 de março de 2002 na ABC. O show é hospedado por Chris Harrison.
Em cada episódio de Bachelor, o bacharel interage com as mulheres e apresenta uma
rosa a cada mulher que deseja que permaneça no programa. Aquelas que não recebem
uma rosa são eliminadas.

~ 43 ~
Shannon se aproximou e correu as unhas bem cuidadas de seu
abdômen para o peitoral. — Então, — ela disse flertando. — Quando vou
te ver de novo?

Peguei as canecas, desejando estar em outro lugar. Se isso se


transformasse em outro episódio pervertido, eu daria o fora daqui, foda-
se o maldito dinheiro.

Minha cabeça latejou quando mais sangue disparou para cima. Eu


poderia cozinhar o café da manhã de Xavier na minha testa. Xavier olhou
para os dedos de Shannon em seu peito como se fosse um bando de
baratas que ele queria esmagar, então a olhou com uma falsa expressão
desapontada. — Você vê, o treinador está sendo muito duro conosco
ultimamente. Mas se você der a minha assistente o seu número, ligarei
assim que ele começar a pegar leve novamente. Então Evie, você pode,
por favor, pegar... — Era óbvio que ele não tinha ideia de qual era o nome
dela.

Levantei minhas sobrancelhas para ele com um sorriso doce. Era


tão falso quanto à expressão desapontada em seu rosto.

Ele levantou uma sobrancelha, fazendo-me querer arrancar cada


último cabelo dela.

— Pegar o número de Shannon? Claro, — eu disse docemente, indo


até minha bolsa e tirando meu telefone.

Surpresa cruzou seu rosto, então ele sorriu. — Exatamente. Pegue


o número de Shannon para mim.

Shannon se virou para mim com um ar de importância quando


começou a ditar seu número. Anotei e voltei para a máquina de café
expresso. — Então dois cappuccinos.

— Infelizmente, tenho assuntos importantes para discutir com


você, então Shannon não pode ficar por aqui. — Xavier tocou as costas
da mulher e a conduziu - ou melhor, a empurrou - em direção à porta. —
Verei você em breve.

Ela sorriu enquanto saía, então ele fechou a porta na cara dela e
se virou para mim com um aceno de cabeça, parecendo que esta manhã
tinha sido um terrível inconveniente para ele. Eu mal conseguia olhar
para seus ombros sem imagens perturbadoras surgindo na minha
cabeça, e ele tinha a expressão de um mártir!

— Você pode apagar o número.

~ 44 ~
Eu levantei minhas sobrancelhas. Eu tinha a sensação de que elas
viveriam permanentemente no alto da minha testa se continuasse
trabalhando para Xavier. — Por que me deixou anotar se não quer
encontrá-la novamente?

— Eu não fodo uma garota duas vezes. Bem, eu as fodo mais de


uma vez, mas não as encontro duas vezes. — Ele deu aquele sorriso
irritante enquanto se aproximava, cada músculo flexionando, cada
centímetro dele dolorosamente perfeito. Era uma coisa boa que eu
gostasse de seu caráter um pouco menos com cada palavra exasperante
que saía de sua boca.

Meu lábio se curvou. — Por que você não diz isso a elas? Por que o
show de me deixar anotar seu número, Xavier?

— Porque faz com que elas partam. Elas sempre acham que serão
as únicas a me fazer querer ficar. — Ele riu. — Idiotas.

Ele encostou-se ao balcão novamente. — Então, e o meu


cappuccino?

Eu realmente queria que ele vestisse suas roupas. A cueca estava


me distraindo terrivelmente. Suponho que eu deveria esperar que com a
estrutura gigantesca de Xavier, o resto dele seria proporcional ao seu
tamanho, mas bom Senhor. Virei para a máquina de café expresso e
coloquei uma caneca sob os bocais. Xavier estava me observando com
diversão óbvia. — Não me lembro da última vez em que vi um rubor tão
feroz. Seu rosto está da cor da lagosta no meu restaurante favorito de
frutos do mar. Eu duvido que possa ficar mais vermelho.

Eu ia jogar a caneca na cabeça dele. Claro, ele comia


lagosta. Rolex, Maserati, lagosta, cobertura com vista para a ponte do
porto. Xavier não apenas desrespeitava suas conquistas em público, ele
também desrespeitava sua riqueza.

— E nunca vi um ato de exibicionismo tão descarado em toda a


minha vida. Você sabia que eu viria te acordar e ainda assim fez isso.

— Então você não viu muito ainda, — disse ele secamente, seguido
pela contração do lábio. Eu pisquei para ele, lembrando-me do estado
atual da minha conta bancária e do número maravilhoso que eu tinha
visto no meu contrato.

— Você ainda não moeu os grãos de café.

Atirei-lhe um olhar quando abri o recipiente ao lado da máquina


de café expresso, que continha os grãos. O problema era que eu não tinha

~ 45 ~
certeza de como operar o moedor. Xavier me assustou quando se
aproximou, se elevando sobre mim, e pegou o recipiente. — Preste muita
atenção.

Sufocando uma observação, forcei minha atenção para a mão de


Xavier, que manejava com facilidade a máquina de café expresso. Seu
perfume masculino e viril flutuou em meu nariz e, ocasionalmente, seu
braço roçou o meu. Eu não consegui me afastar, mesmo quando meus
olhos continuaram se desviando para a exibição dos músculos bem no
nível dos olhos.

Alguns minutos depois, Xavier apresentou dois cappuccinos


perfeitamente preparados com uma bela coroa de espuma de leite para
mim. É claro que eu não havia prestado a mínima atenção à criação do
café especial. — Aproveite, — disse ele. — Espero que você se lembre de
tudo.

— Obrigada. — Eu peguei, surpresa com a aparência impecável da


espuma de leite, e tomei um gole da bebida quente. Tinha um gosto
perfeito, como se preparado direto por um barista. Eu não tinha
esperança de criar algo tão gostoso logo. — Talvez você devesse nos fazer
dois cappuccinos todas as manhãs, — sugeri com um sorriso sobre a
minha caneca.

A boca de Xavier se contraiu. — Se você me pagar tão bem por isso,


como eu te pago.

— Touché. — Tomei outro gole, de repente apanhada pelo


surrealismo da situação. Eu estava em pé na cozinha com um Xavier – A
Besta – Stevens seminu, tomando cappuccino. Eu desviei meus olhos
para o meu relógio. — Você deveria se vestir. Precisamos sair para o seu
treinamento em cerca de quinze minutos.

Xavier pousou a caneca e levantou os braços sobre a cabeça se


esticando, o que fez meu coração pular uma batida. Ele sorriu
preguiçosamente quando os baixou de volta para os lados, depois se
afastou do balcão. — Eu estava errado, a propósito, — ele falou por cima
do ombro para mim. — Seu rosto pode ficar mais vermelho.

***

Se eu achava que ter Xavier andando ao meu redor em nada além


de cueca distraía, observá-lo treinar na praia era um novo nível de

~ 46 ~
insanidade. Xavier e eu escolhemos uma parte menos movimentada de
Manly Beach para a gravação. Eu achei o nome estranhamente
apropriado e me perguntei se Xavier tinha escolhido de propósito para
me atormentar ainda mais. Parecia diverti-lo me fazer corar, o que
aconteceu muito. Minha pele clara era tão culpada quanto minha falta
de experiência em torno de homens seminus.

Eu tinha escolhido shorts confortáveis e uma regata para a


ocasião. No momento em que meus dedos mergulharam na areia quente,
me senti no paraíso e esqueci que isso era realmente trabalho. O oceano
rolava preguiçosamente em direção à praia, branco e espumoso,
implorando por um mergulho. Mas eu não tinha roupa de banho comigo,
e mesmo se tivesse, não havia como desfilar o meu corpo não tão perfeito
ao redor de alguém como Xavier.

— Certifique-se de me pegar de todos os ângulos e não deixe o sol


cegá-la, — disse Xavier enquanto se posicionava na minha frente. Seus
shorts de ginástica abraçavam o V estreito de seus quadris e acentuavam
suas coxas fortes e bunda bem torneada. Logo Xavier estava fazendo
corridas de curta distância, abdominais e flexões, o que fez sua pele
brilhar com um suor fino que acentuava cada centímetro musculoso de
seu corpo. Era loucura, completa e absoluta loucura, e eu aproveitei cada
segundo enlouquecedor disso.

Mesmo que eu não estivesse me movendo tanto assim, rapidamente


me senti quente e suada, esperando que fosse por causa do sol escaldante
da tarde e sabendo muito bem que não era. O oceano parecia mais
atraente a cada segundo. Talvez eu pudesse dar um mergulho rápido
assim que terminássemos as filmagens.

— Você parece confusa, — comentou Xavier após outra rodada de


corridas e abdominais.

— Eu preciso de um sorvete. Devo trazer um para você? — Eu


balancei a cabeça em direção a um caminhão de sorvete perto da calçada.

Xavier balançou a cabeça, limpando a areia do peito brilhante.

Eu me virei e rapidamente peguei um picolé de cereja antes de


voltar para Xavier. Ele estava sentado em uma toalha e olhava para o
oceano. Eu parei ao lado dele. Ele se moveu para o lado, abrindo espaço
para mim. Surpresa, afundei ao lado dele. — Obrigada, — eu disse, em
seguida, coloquei o picolé na boca e decidi que isso chegava perto da
perfeição. Sol, praia e picolé de cereja.

Aos poucos, tomei consciência do olhar de Xavier. Eu me virei para


ele, minhas bochechas ficando quentes novamente. Eu teria dado
~ 47 ~
qualquer coisa neste momento por uma circulação sanguínea
lenta. Mostrei-lhe meu picolé. — Tem certeza de que não quer provar?

Xavier estreitou os olhos um pouco como se estivesse procurando


por algo. Eu encontrei seu olhar e lentamente puxei o picolé para fora da
minha boca, me perguntando qual diabos era o problema dele. — Eu não
gosto de doces, — disse ele finalmente, e a resposta me atordoou por um
momento. Seus olhos cinzentos cintilaram sobre minhas bochechas e
lábios.

— Como alguém pode não gostar de doces? — Eu meditei, dando


outra lambida no meu picolé.

— Por que você cora tanto? — Xavier perguntou curiosamente.

Claro, isso me fez corar mais. Suspirando, eu deslizei meu picolé


da minha boca, optando pela verdade. Eu não gostava de fazer
rodeios. Isso raramente facilitava as coisas. — Porque você corre meio nu
e está me deixando nervosa. Mas não se preocupe, tenho certeza que
daqui a alguns dias nem vou mais notar. Você só vai se misturar com o
ambiente.

Xavier me lançou um olhar, então seu lábio contraiu. Ele se


endireitou e do meu ponto de vista sentada sobre a toalha, ele parecia
ainda mais alto. Meus olhos fizeram a costumeira varredura da cabeça
aos pés, e quando eu finalmente olhei para o rosto de Xavier e vi seu
sorriso arrogante, soube que este homem nunca se misturaria ao
ambiente.

— Precisamos filmar a última sequência, — disse Xavier.

Eu me preparei para uma subida muito indigna aos meus pés


quando ele estendeu a mão para mim. A peguei, surpresa, e ele me
levantou como se eu não pesasse nada. Meu estômago deu um pequeno
pulo que definitivamente não deveria perto do meu chefe.

XAVIER

Deixei Evie na casa de Connor antes de ir para a minha


cobertura. Eu não tinha muito tempo para me preparar.

~ 48 ~
As filmagens demoraram mais que o esperado, principalmente
porque gostei de quão agitada Evie ficou. Eu nunca tinha visto alguém
corar tanto ou tão ferozmente quanto ela.

Quando ela começou a lamber o picolé, achei que tentaria flertar


comigo, mas ela estava completamente alheia ao efeito que sua língua
furtiva causava em mim. Ela era surpreendentemente agradável de estar
por perto, apesar de ser gêmea de Fiona, e seu tipo de humor, pelo que
eu vi até agora, seria, sem dúvida, divertido no futuro.

Quando estava quase na hora de sair para a festa da Network 10,


dei uma olhada no meu Rolex. Se saíssemos agora, chegaríamos a tempo,
mas Evie ainda não estava aqui. Bem na hora, as chaves giraram na
fechadura e a porta se abriu. — Estou aqui! — Ela gritou em aviso, e eu
abafei um riso. A visão de seu rosto chocado esta manhã foi divertida,
mais divertido do que foder Shannon se eu fosse honesto.

Ela entrou e bateu a mão sobre o coração quando me viu


próximo. Ela estava sem fôlego e obviamente nervosa. — Bom Deus, não
me assuste assim.

— Você está atrasada, — eu disse, meus olhos atraídos para a mão


dela, que ainda estava descansando em seus seios impressionantes.

Culpa brilhou em seu rosto. — Eu sinto muito. Levou mais tempo


do que eu esperava encontrar algo adequado para vestir, ficar pronta e
vir para cá. Eu não tenho carro, então tenho que confiar no transporte
público. Não vai acontecer de novo.

Eu realmente não me importava. Eu a contratei apenas porque


Connor tinha me pedido, e esperava o pior sabendo que ela era gêmea de
Fiona. Meus olhos examinaram o resto dela.

Ela optou por um terninho clássico de cor azul escuro com um


blazer que chegava à parte superior das coxas, calças largas e saltos
moderados.

— Calça? Foi isso que você comprou para a festa?

Ela franziu a testa. — Não. Não tive tempo de fazer compras por
causa da filmagem na praia. Por quê? Este é um traje normal de
negócios. Eu devo ficar nos bastidores depois de tudo.

Por que ela escondia suas curvas assim? Não fazia sentido. Eu
levantei minha gravata. — Você pode amarrar isso para mim?

~ 49 ~
Ela colocou a bolsa no balcão, assentindo antes de se
aproximar. Ela tirou a gravata da minha mão e ficou na ponta dos pés
para colocá-la em volta do meu pescoço, seus dedos rápidos e ágeis
enquanto dava o nó na gravata, seus olhos verdes treinados no trabalho
em mãos. Meu olhar continuava vagando, no entanto, sobre a poeira de
sardas em todo o nariz e maçãs do rosto, sobre a boca curva e sua pele
impecável, apesar da mínima maquiagem que ela usava. Eu estive com
muitas mulheres que usavam maquiagem como uma segunda pele.

Ela deu um tapinha na gravata e no meu peito uma vez, olhando


para cima. — Pronto. — Estávamos muito perto, então seu perfume doce
flutuou em meu nariz.

Ela deu um passo para trás. — Nós realmente devemos nos


apressar ou nos atrasaremos.

— Tarde é charmoso, — eu corrigi.

— Tarde é tarde, não há nada de charmoso nisso, — disse ela com


os lábios franzidos. Havia alguma coisa que ela concordaria comigo?

— Como estou? — Perguntei, mais para irritá-la do que qualquer


outra coisa. Eu sabia que estava um pedaço gostoso de homem no terno
azul escuro de Ermenegildo Zegna, e teria o meu quinhão de mulheres
dispostas para escolher.

Seus olhos se arrastaram lentamente sobre mim, tomando seu


tempo como se ela também estivesse tentando fazer um ponto. — Bem,
— ela disse de forma neutra. — Para um homem do seu tamanho, você
faz o terno funcionar muito bem.

Eu tive que abafar o riso. — Eu nunca tive um assistente que


optasse por usar calças para uma festa como esta, — eu rebati,
apontando para o tecido atroz solto sobre sua bunda cheia de curvas.

Ela corou. — Não é minha festa. Como eu disse, não quero chamar
atenção para mim mesma.

Eu dei a ela um olhar duvidoso. — Você é o completo oposto das


minhas assistentes anteriores, o que por si só te fará o centro das
atenções, e essas roupas provavelmente não lhe farão nenhum favor,
conhecendo as fúrias que desfilam como jornalistas hoje em dia.

Ela puxou uma mecha de cabelo atrás da orelha, com um olhar


que sugeria que estava pensando em se esconder atrás de mim a noite
toda.

~ 50 ~
— Não se preocupe. Vou me certificar de ser extremamente
escandaloso para manter toda a atenção em mim.

Sua boca se curvou. — Eu não acho que você precise de qualquer


inspiração para ser escandaloso.

— É verdade, — eu admiti, de repente não estava com vontade de


ir à festa e para todas as prostitutas por atenção esperando para ser
minha próxima conquista.

Ela olhou para o relógio prateado estreito. — Nós realmente


devemos ir agora.

Eu decidi agradá-la e chegar a uma festa com menos de duas horas


de atraso por uma vez.

No segundo em que chegamos à festa, já podia sentir minha


paciência escapar. Fotógrafos começaram a me circundar como abutres,
e as mulheres eram ligeiramente melhores. Evie esforçou-se para ficar
vários passos atrás de mim e me deixar ser o centro das atenções, mas
eu peguei alguns fotógrafos tirando fotos dela.

Por alguma razão, isso me incomodou ainda mais porque sabia que
ela odiava a atenção. Vi Connor e Fiona do outro lado da festa,
conversando com um dos anfitriões da Network 10 cujo nome eu não
conseguia lembrar.

Quando atravessei a multidão, apertando as mãos e trocando


gentilezas necessárias, Evie ficou perto e sussurrou os nomes das
pessoas que se dirigiam a mim, para que eu soubesse quem eram. Ela
fez isso sem indução, como se soubesse que eu não sabia um único
nome. Eu não poderia me importar menos sobre a maioria dessas
pessoas. Eles pegavam o que queriam e precisavam, e eu pegava o que
queria.

Depois de um longo bate-papo com um grupo de mulheres de meia-


idade que flertavam descaradamente comigo, finalmente chegamos ao
bar. Eu me inclinei para o garçom esperando pelo meu pedido. — Uma
água com gás com uma fatia de limão, uma fatia de pepino e gelo. —
Então eu me virei para Evie, que pairava ao meu lado, olhando em volta
de si mesma conscientemente. Ela precisava reduzir o olhar de cervos
nos faróis em público. Eu não sabia com certeza porque ela tinha
problemas em mostrar sua personalidade aguerrida em uma situação
como essa, quando ela já tinha me explodido, embora eu fosse seu chefe
- não que me importasse. — O que você quer?

— Uma cerveja, — disse ela sem hesitação.

~ 51 ~
Surpresa tomou conta de mim, e deve ter aparecido porque ela
franziu a testa. — Ou isso transmite a imagem errada? Eu posso tomar
um copo de vinho branco ou uma água, se é isso que você prefere.

— Beba o que quiser, desde que eu não tenha que arrastar seu
traseiro bêbado para casa mais tarde.

Ela estreitou os olhos, apontando para o meu copo de água. — Eu


não sou a única com gin e tônica.

Eu sorri abertamente. Isso era exatamente o que todos estavam


pensando. Eu alcancei o copo para ela, desafio em meus olhos, e ela
tomou um gole hesitante.

— Água, — ela disse incrédula.

— Eu não fico bêbado em público, ou nunca. Eu sou um atleta.

Ela piscou, mas eu me virei para o barman e pedi uma cerveja,


então entreguei para Evie. — Obrigada, — disse ela, observando-me
atentamente. — Todas as mulheres te bajulam como se você fosse o
retorno de Jesus Cristo?

Eu me inclinei contra o bar. — Não todas, mas muitas.

Ela revirou os olhos e tomou outro gole. Outro flash nos cegou, e
Evie endureceu ao meu lado. — Espero não estar em nenhuma dessas
fotos.

Ela estaria em todas elas.

Falei com mais alguns funcionários da Network 10, quando Evie


pediu licença para ir ao banheiro. Connor se juntou a mim no bar um
momento depois. — Então, companheiro, como sua nova assistente está
se saindo até agora?

— Eu não tenho nenhuma queixa, exceto por sua escolha em


roupas, — eu disse lentamente.

— Ela é um pouco autoconsciente sobre seu corpo. — Ele fez uma


careta. — Eu não deveria ter dito isso. Fiona vai chutar minha bunda.

Eu podia ver porquê Evie era autoconsciente de seu corpo em um


ambiente como esse. As mulheres que me cercavam se tornavam
famintas como em um jogo competitivo. Eu girei meu copo na minha mão
enquanto procurava na multidão pelo meu flerte da noite. Eu estava com
vontade de algo mais picante do que a chata da noite passada. — Por que

~ 52 ~
ela cora tanto? É como se ela fosse de uma cidade por trás dos bosques
e nunca esteve perto de um cara pelado.

— Você ficou pelado na frente de Evie?

— Na verdade não. Ela me pegou na cama com a minha última


foda. Conseguiu uma boa olhada do meu traseiro, talvez mais.

Connor sacudiu a cabeça. — Isso vai me custar minhas bolas, já


vejo isso chegando. — Ele esvaziou seu copo. — Vê-lo fodendo alguém
perturbaria qualquer um.

— Ela é adorável, — eu disse para provocar uma reação do meu


melhor amigo.

— Evie é uma boa menina, Xavier, — Connor murmurou,


estreitando os olhos.

Eu voltei minha atenção para ele. — Quão boa?

— Boa demais para você, — disse Fiona em alerta quando chegou


atrás de nós. Suas tendências sorrateiras grelhavam meus nervos. —
Nem pense em mexer com ela, ouviu? Evie passou os últimos anos
cuidando do nosso pai depois que nossa mãe morreu. Ela não precisa da
sua merda adicional.

— E onde você estava? — Eu atirei de volta porque não gostei do


tom dela.

Ela empalideceu, virou-se e desapareceu na direção do banheiro


feminino também.

— Ótimo, — rosnou Connor. — Isso era realmente necessário? —


Ele me deixou parado lá enquanto saía correndo atrás de sua
namorada. Eu sorri para a lente da câmera apontada na minha direção
do outro lado da sala. Logo uma mulher com o cabelo preto na altura do
queixo, em um macacão preto justo, aproximou-se de mim,
apresentando-se como Maya Nowak, como se o nome dela devesse me
dizer algo. Presumi que ela fosse uma jornalista de um dos tabloides que
faziam milhões com meus escândalos. Supus que era justo que eu
recebesse algo em troca, então depois de uma hora de paquera sem
vergonha e a segunda vez que o joelho dela acidentalmente esfregou meu
pau através da minha calça, nos dirigimos para uma sala de reunião
vazia onde ela chupou meu pau com tanta ânsia que você acharia que
ela fosse um cão faminto que ganhou um osso. Depois que a fodi na mesa
de reuniões, fechei as calças,

~ 53 ~
— Ei! — Ela chamou. — Não me diga que você vai sair assim?

Eu não olhei para ela. — O que mais eu deveria fazer? Eu não fodo
uma boceta duas vezes. Tchau, Marie. — Eu sabia que esse não era o seu
nome, mas por alguma razão queria irritá-la. Ela provavelmente me
deixou fodê-la pelo simples motivo de escrever um artigo sobre mim -
poderia muito bem dar-lhe o material necessário.

Lá fora, voltei para o bar e peguei outro copo de água. A noite ainda
era uma criança; talvez houvesse mais boceta para descobrir. Quando
não localizei Evie em nenhum lugar, verifiquei meu telefone e encontrei
uma mensagem dela.

Fiona me disse que você estava ocupado, e cito, recebendo um


boquete, então decidi pegar um táxi para casa. Tirar calcinhas de
mulheres encantadoras é seu trabalho, não meu.

Eu balancei a cabeça com um sorriso. Ela era diferente. Quando


olhei novamente para cima, fui atingido pela carranca de Maya. Eu tive
a sensação de que ela iria saborear sua vingança ainda mais do que
saboreou meu pau.

~ 54 ~
Evie

Peguei alguns jornais a caminho do apartamento de Xavier


e entrei com barulho bastante para acordar um urso pardo em
hibernação, depois segui para a área da cozinha. Tentei escutar barulhos
estranhos do andar de cima, mas estava quieto. Xavier estava sozinho?

Escolhendo não arriscar outro incidente embaraçoso, liguei a


máquina de café expresso, que veio à vida com um chiado
satisfatório. Enquanto esperava que aquecesse, sentei-me numa
banqueta e abri os jornais na minha frente, e imediatamente desejei não
tê-lo feito. Xavier ter deixado a festa com outra mulher que esteve na
última temporada do The Bachelor valeu apenas uma nota lateral. Sua
nova assistente, no caso eu, preenchia o resto do artigo.

Quando comecei a ler e a digitalizar as fotos, senti a cor sumir do


meu rosto. A primeira foto era a do olhar de cervos nos faróis como Xavier
havia chamado, mas isso nem era o pior. De alguma forma, eles tinham
escolhido o ângulo perfeito para mostrar as duas manchas de suor em
forma de meia lua, em meu vestido bege muito apertado, bem debaixo
das minhas nádegas. Eu devo ter suado enquanto lia a cláusula de não
divulgação estúpida. O subtítulo criou um nó na minha garganta. —
Nunca ouviu falar de antitranspirante? Você precisa disso para o seu
traseiro.

A foto seguinte era um close-up meu na praia em meus shorts com


um comentário desagradável sobre a falta de espaço entre as minhas
coxas. As últimas fotos finalmente me mostraram na festa. O blazer
escuro e a calça com a blusa branca me faziam parecer um pinguim nas
fotos enquanto eu me escondia alguns passos atrás de Xavier. Pior ainda
do que as fotos, o que parecia dificilmente possível, era o artigo que as
acompanhava. Especulava que Xavier tinha me contratado porque seus
conselheiros o forçaram a escolher um assistente desagradável por uma
vez. Eles me chamavam de gorda, tímida e infantil. Eu tinha sido
submetida ao meu quinhão de zombaria no ensino médio e me convenci
de que os comentários sobre a minha aparência não poderiam me
machucar mais, mas este artigo me surpreendeu. Apesar dos meus
melhores esforços, lágrimas queimaram nos meus olhos. Eu não podia

~ 55 ~
acreditar que a imprensa escolheu me atacar, mas deveria ter
esperado. Xavier era um convidado constante nos tabloides e eu era uma
nova fofoca. Mesmo que eu não quisesse a atenção deles, não me
permitiriam ficar nas sombras. Foi o que Xavier me alertou sobre eu só
poder decidir em que tipo de escândalo eles se concentrariam.

— Que tipo de besteira eles inventaram hoje? — Xavier falou


lentamente atrás de mim.

Eu pulei no meu banquinho, não tendo ouvido ele se


aproximar. Antes que eu pudesse cobrir o artigo embaraçoso, Xavier se
aproximou de mim, mais uma vez naquela irritante Calvin Kleins, e
começou a ler. Eu deslizei do banquinho e me ocupei com a máquina de
café expresso, esperando que meu rosto não mostrasse o quanto isso me
afetou. Isso era ridículo.

— Normalmente eles me atacam, — disse Xavier em voz baixa.

O tom estranho em sua voz me fez virar para ele. Seus olhos
examinaram meu rosto, demorando-se em meus próprios olhos, que
ainda se sentiam um pouco espinhosos. — Eu acho que deveria pedir um
bônus. Afinal, serei seu escudo da maldade da imprensa agora. — Minha
voz saiu surpreendentemente irreverente, pelo que fiquei feliz.

— Você não deveria ser, — Xavier murmurou.

Dei um pequeno encolher de ombros enquanto preparava a espuma


de leite e despejei no expresso. Não ficou tão fofa quanto à espuma de
Xavier, mas para minha primeira tentativa não foi tão ruim assim. Eu
entreguei-lhe a caneca. Ele recostou-se contra a ilha da cozinha e me
olhou enquanto tomava seu café. — Você deveria ignorá-los. Se você lhes
mostrar que o que eles dizem a incomoda, atacarão ainda mais. Querem
uma reação sua, ou minha.

— Isso não me incomoda, — eu disse. Tanto Xavier quanto eu sabia


que era mentira. Minha voz me traiu e meus olhos também.

A boca de Xavier puxou em um sorriso ousado. — Nós poderíamos


provar que eles estão errados, sabe? — Ele ergueu as sobrancelhas de
uma forma sugestiva. — Fazer uma boa sessão pública de amassos. Dar-
lhes um pequeno espetáculo.

Eu ri. — Sim, certo. Não vai acontecer.

Xavier riu. Eu duvidava que ele tivesse algum tipo de interesse em


mim. Ele tentou levantar meu ânimo, o que foi surpreendentemente bom,
e ainda assim me senti decepcionada. Não que eu quisesse dormir com

~ 56 ~
Xavier, mas teria sido bom se ele mostrasse pelo menos o menor interesse
em mim. Eu tinha visto como ele despia praticamente cada mulher na
festa com os olhos. Que ele não olhou para mim desse jeito foi um golpe
pior do que os artigos estúpidos, mesmo que não devesse ser.

— Então, o que temos para hoje? — Xavier perguntou


eventualmente.

— Treinamento e uma reunião com uma marca esportiva local que


o quer como garoto-propaganda, literalmente. Aparentemente, eles
querem criar uma linha exclusiva Xavier de moda esportiva. Eles
precisam fazer suas medições e escolher os desenhos e tecidos para as
roupas.

Xavier assentiu. — Parece divertido, — ele murmurou.

— É publicidade melhor do que você normalmente recebe, — eu


disse, lembrando-me dos artigos horríveis.

— Verdade.

— A reunião é logo após o treino, então você não terá muito tempo
para tomar banho.

— Se você me der uma mãozinha, tenho certeza que o banho não


vai demorar tanto, — ele disse lentamente.

Como se eu precisasse da imagem de Xavier ensaboando seu corpo


de Adônis no meu cérebro.

***

Xavier demorou mais tempo para tomar banho do que deveria e


considerei entrar no vestiário e arrastá-lo para fora pessoalmente quando
um de seus colegas de equipe, um cara grande de olhos azuis e cabelos
loiros, saiu e estendeu a mão com um sorriso caloroso. — Ei, eu sou
Blake e você é Evie, certo?

Eu sorri quando apertei sua mão. Ele não era tão alto quanto
Xavier, mas como todos os jogadores de rugby que conheci até agora, ele
estava acima da média. — Eu mesma. Xavier falou sobre mim? — Eu
esperava que ele não tivesse contado nenhuma história embaraçosa.

~ 57 ~
— Não, mas todo mundo sabe quem você é. As vítimas de Xavier
não podem realmente voar sob o radar.

— Vítima, — eu disse com uma careta. — Não é assim.

Ele balançou a cabeça com um olhar envergonhado. — Quero dizer,


porque você tem que trabalhar para aquele tirano. Não pode ser fácil.

Dei de ombros. — Poderia ser pior. — Eu não queria falar mal do


meu chefe na frente de seus companheiros de equipe.

Xavier finalmente saiu usando jeans azul-escuro e uma camisa


polo branca, parecendo surpreendentemente elegante. Seus olhos se
concentraram em Blake, que lhe deu um breve aceno antes de se
desculpar.

— O que ele queria?

— Ele se apresentou. Algumas pessoas têm boas maneiras, Xavier.

— Certo. As boas maneiras são a razão pela qual os garotos se


aproximam das garotas. — Ele pendurou sua bolsa esportiva no ombro e
ergueu as sobrancelhas. — Pronto, se você estiver, — disse ele na mesma
voz que Hannibal Lecter usara em O silêncio dos Inocentes.

— Eu amo esse filme, — eu disse enquanto seguia Xavier em


direção a sua SUV Maserati.

Ele levantou uma sobrancelha escura. — Você reconheceu a


citação.

— Eu assisti O Silencio dos Inocentes pelo menos dez vezes. Claro


que reconheci.

Xavier estendeu as chaves para mim. Eu olhei para elas. — Você


pode dirigir, quero tirar um rápido cochilo.

Eu peguei as chaves hesitantemente. — A viagem não vai demorar


tanto. E eu nunca dirigi do lado errado antes.

Xavier balançou a cabeça. — Não é o lado errado. É o lado esquerdo


e por aqui é o lado certo.

Eu revirei meus olhos. — Você é um espertinho. — Eu fechei minha


boca rapidamente. Evie, ele é seu chefe, pelo amor de Deus!

Os olhos de Xavier brilharam em diversão. — Precisar ser um para


reconhecer outro, certo?

~ 58 ~
— Certo, — eu disse, aliviada.

Eu fiquei atrás do volante, engolindo nervosamente. — É manual.

Xavier me lançou um olhar quando se recostou no banco do


passageiro. — É um Maserati, um carro esportivo, é claro que é manual.

— É um SUV.

— Dirija, Evie.

Eu girei a ignição e a fera veio à vida sob mim com um ronronar


suave. Eu me acostumei a dirigir na esquerda muito rapidamente; tocar
a marcha, no entanto, foi uma luta. Chegamos eventualmente, depois
que matei o motor ou errei a marcha cerca de um milhão de vezes.

— Eu acho que em toda a história da empresa Maserati nenhum


de seus carros levou tanto tempo para rodar cinco quilômetros, — Xavier
disse antes de sair. Eu tirei minhas mãos apertadas do volante de
couro. Suor frio corria pelas minhas costas e em minhas calças. Eu só
podia imaginar que tipo de fotos os paparazzi tirariam de mim hoje. Eu
precisava mudar minha estratégia e meu guarda-roupa, ou encontrar um
calmante que fizesse sua magia.

O suor frio transformou-se em uma sensação quente quando o


alfaiate tirou as medidas de Xavier no escritório da empresa em um dos
prédios históricos em Rocks, não muito longe do apartamento de Xavier.

Xavier ficou em sua Calvin Klein enquanto um rapaz jovem


afeminado media quase todas as partes de seu corpo. Eu poderia dizer
que havia uma parte em particular que ele adoraria medir também, mas
essa não estava na sua lista de tarefas.

Xavier notou os olhares de admiração do alfaiate e piscou para


mim.

Revirei os olhos quando voltei meu olhar para a miríade de


amostras de tecido espalhadas na mesa a minha frente. Xavier veio até
mim quando o alfaiate terminou, ainda apenas em sua Calvin Klein,
então suas partes privadas estavam no nível dos meus olhos, o que
causou uma distração muito incômoda.

Alguns membros da equipe de design logo se juntaram a nós, e eles


não pareciam incomodados com a quase nudez de Xavier. Eu supus que
acontecia muito no negócio. Xavier apoiou os braços sobre a mesa,
examinando as amostras. — O que você acha?

~ 59 ~
Surpresa, olhei para cima, mas rapidamente coloquei meu rosto
profissional de volta, considerando os padrões. Eu apontei para alguns
de cor única, depois para alguns padrões mais ousados e, finalmente,
para um com lábios vermelhos sobre o tecido.

Xavier sorriu. Ele apontou para mais alguns, mas pegou todos que
eu sugeri.

Eu tive a sensação de que ele e eu nos daríamos bem.

~ 60 ~
Evie

Depois de quatro semanas trabalhando como assistente de Xavier,


ele e eu tínhamos entrado em uma rotina confortável. Eu o acordava
fazendo barulho excessivo quando entrava em seu apartamento para que
ele tivesse a chance de parar de foder quem compartilhasse sua cama
naquela manhã, ele chegava a tempo no treino, o que fez seu treinador
me amar como um louco, cuidei de seus e-mails e mídias sociais, mas
em outros casos fiquei nos bastidores. Houve mais algumas festas em
que Xavier foi sozinho, e isso terminara nele se constrangendo por não
saber com quem estava falando ou por ofender mais pessoas do que era
aceitável, mesmo para ele.

Eu precisava ser a adulta e acompanhá-lo a esses eventos para


protegê-lo de si mesmo, mesmo que isso significasse artigos mais
desfavoráveis. Devido à minha falta de aparições públicas, tinham sido
raros, mas algumas vezes me pegaram de qualquer maneira, e é claro
que eles sempre comentavam sobre o meu peso e escolha de roupas. Pior
foi que eles começaram a incomodar Fiona. Eles perguntavam sobre mim
ou faziam comentários maliciosos a comparando comigo. Conhecendo-a,
era apenas uma questão de tempo antes que ela explodisse e causasse
um escândalo digno de Xavier.

Respirando fundo, eu pisei no terraço onde Fiona estava fazendo


uma sequência de Pilates para seus seguidores no Instagram. No
segundo em que ela terminou, se virou para mim. Era meu dia de folga,
então não tive que acordar Xavier pela primeira vez.

— Não tem trabalho hoje? — Ela perguntou, surpresa. — Você


trabalhou todos os dias desde que chegou aqui.

— Você também, — eu disse. Fiona era uma viciada em trabalho


total. Ela era impulsionada em todos os aspectos de sua carreira; era
admirável, na verdade.

Ela sorriu culpada. — Poderíamos passar o dia juntas?

— É por isso que estou aqui. Recebi meu primeiro pagamento de


Xavier e quero usá-lo para comprar roupas novas.

~ 61 ~
Os olhos de Fiona se iluminaram. — Você quer ir às compras
comigo?

— Sim, — eu disse hesitante, considerando o seu tamanho trinta e


seis de leggings de ginástica. — Não fique muito animada. Essa garota
não se encaixa nas roupas que você ama.

Fiona franziu a testa, cruzando os braços. — Você está sendo


ridícula, Evie. Você tem curvas, e daí? Você tem grandes quadris, uma
bunda grande e bem moldada e seios grandes. Você tem o pacote dourado
se não o esconder debaixo de jeans largos e camisetas feias, ou daqueles
horrendos blazers de velha. Nem todo cara quer tamanho trinta e seis.

Eu olhei para o meu jeans largo e a blusa folgada. — Tudo bem.

— Deixe-me escolher seu guarda-roupa e a imprensa vai calar a


boca de uma vez por todas.

Fiquei apreensiva com a ideia de Fiona sobre ‘de uma vez por
todas’, mas ela tinha um gosto incrível para roupas, então decidi confiar
nela. Ainda assim, sabia que nada além de um milagre impediria a
imprensa de me atacar enquanto eu fosse a assistente de Xavier.

Três horas depois, mais da metade do salário daquele mês havia


sido investido em roupas novas, e nenhuma delas era parecida com as
que eu tinha antes. Saias lápis apertadas, tops brilhantes, vestidos
justos. Cada peça acentuou pelo menos um dos meus — três grandes
atributos, — como Fiona pontuou: bunda, peitos ou quadris.

A caminho de casa, o celular de Fiona tocou. Ela arriscou uma


espiada, depois franziu a testa. — Connor diz que Xavier está vindo para
o churrasco hoje à noite. Devemos levar ingredientes para uma salada e
sobremesa. — Fiona franziu os lábios. — Tudo bem? Ele vir?

— É a sua casa e Xavier é amigo de Connor, então é claro. Por que


não estaria?

— Não será estranho ter seu chefe por perto?

Eu fiz uma careta. Até agora, o tempo que Xavier e eu passamos


juntos tinha sido estritamente relacionado ao trabalho, mas não era como
se trabalhássemos em um escritório. Eu o acordava, levava a reuniões,
filmava seus treinos e satisfazia todos os seus caprichos. — Eu não me
importo. Xavier é engraçado.

Fiona diminuiu a velocidade do carro enquanto me lançava um


olhar. — Engraçado? Evie.

~ 62 ~
— Não me dê esse olhar. Eu não estou interessada nele, e ele
definitivamente não está em mim, mas ele não é ruim para os olhos e é
de fácil convivência. Ele não faz da minha vida um inferno como eu
esperava.

— Mesmo? Não foi o que ouvi de suas assistentes do passado.

— Eu não o deixo me pisar. Eu retruco. Ele parece gostar dos meus


comentários sarcásticos. Talvez ele só precise de alguém que chute sua
bunda de vez em quando.

— Talvez. — Suspeita tingiu a voz de Fiona.

***

Eu decidi colocar uma das minhas novas roupas. A vestimenta


menos extravagante do lote, uma blusa branca apertada e jeans que
abraçavam minhas curvas mais do que minhas calças de pijama ou jeans
de sempre. Arrumei meu cabelo em ondas suaves ao redor do meu ombro
e apliquei maquiagem, depois deixei meu quarto descalça.

A voz profunda de Xavier ecoou pelas escadas e, por algum motivo,


senti-me subitamente nervosa. Tomando coragem, desci as escadas e
segui as vozes até a cozinha, onde encontrei Xavier e Connor, garrafas
daquela cerveja nojenta, sem álcool, nas mãos, e uma pilha de carne em
uma bandeja na frente deles.

Xavier levou a garrafa à boca, mas parou quando me viu. Seus


olhos me examinaram da cabeça aos pés, demorando-se em todos os
lugares que Fiona queria acentuar. No entanto, eu tinha quase certeza
de que sua intenção não era atrair o interesse de Xavier para eles.

— Connor! O churrasco começou a fazer fumaça! — Gritou Fiona


do lado de fora.

O olhar de Connor disparou entre Xavier e eu, como se ele não


tivesse certeza se deveria nos deixar sozinhos, mas, olhando para mim,
pegou a bandeja e saiu correndo.

— Ei, — eu disse sem jeito. Curiosamente, Xavier estava vestindo


uma roupa semelhante à minha. Jeans escuro e camisa branca. — Não
sabia que concordamos em combinar roupas.

~ 63 ~
Sua boca se inclinou, então seus olhos fizeram a varredura rápida
novamente. — Você parece melhor nisso do que eu.

— Eu tenho que discordar. — Um segundo tarde demais percebi o


que deixei escapar tão descuidadamente. Meu Deus. Passei pela porta,
sem saber o que fazer comigo e, pior ainda, como agir ao redor de Xavier,
especialmente agora que ele estava me olhando tão intensamente.

— É um pouco estranho ter meu chefe para o jantar, — eu divaguei,


o que não era o motivo da minha repentina falta de jeito, mas Xavier não
precisava saber disso.

— Eu posso pedir-lhe para me fazer um café, se fizer você se sentir


melhor, — disse Xavier, tomando um longo gole de sua cerveja.

Eu ri. — Não, obrigada.

Ele encolheu os ombros, sorrindo. — Deixe-me saber se você


mudar de ideia. Mandarei em você sempre que precisar.

— Estou bem, confie em mim, — eu disse com um sorriso quando


entrei na cozinha e me dirigi à geladeira. — Você quer uma cerveja de
verdade? Os dois pombinhos não querem arruinar seus corpos, mas
talvez você esteja disposto a isso.

— Uma cerveja de verdade?

— Sim, você sabe, o tipo com muitos carboidratos, calorias e álcool,


— eu disse com um pequeno encolher de ombros. — Eu não sigo a mesma
rotina de não-carboidratos como a maioria das garotas.

Os olhos de Xavier deslizaram pelas minhas curvas, e eu tive que


lutar contra o desejo de me cobrir. Eu tinha escolhido esse novo estilo,
agora precisava assumi-lo.

— Então, e a cerveja? — Perguntei, abrindo a geladeira e olhando


para Xavier por cima do meu ombro. Ele ainda estava me observando
com uma expressão estranha. Isso estava me deixando cada vez mais
nervosa. Cerveja definitivamente ajudaria.

— Eu como e bebo carboidratos se a ocasião exigir, então me dê a


sua cerveja.

— E esta ocasião exige isso?

— Definitivamente, — ele murmurou.

~ 64 ~
Eu escondi meu sorriso atrás da porta aberta enquanto pegava
duas garrafas.

XAVIER

Meus olhos foram atraídos para a bunda de Evie, que ela não
escondeu pela primeira vez. Era redonda e maior do que a de qualquer
garota com a qual já estive, e eu não conseguia parar de pensar como
seria a sensação de espremer meu pau entre ela.

— Eu espero que você goste de cerveja artesanal. Estas são duas


Indian Pale Ales de uma microcervejaria local, — a voz de Evie me
arrancou de meus pensamentos inapropriados. Ela se virou para mim
com as garrafas. Levei um momento para registrar o que exatamente ela
havia dito e depois outro para confiar nos meus ouvidos.

Minhas sobrancelhas subiram na minha testa. — Ok, — eu disse


devagar. — Esses foram os sons mais sexys que já ouvi de uma mulher.
— E eu tinha ouvido cada gemido, grunhido, grito, guincho e suspiros
imagináveis.

Eu nunca estive perto de uma mulher que gostava de beber cerveja,


muito menos sabia o que diabos era uma microcervejaria ou uma Indian
Pale Ale. Evie era um pacote surpresa completo.

Ela franziu os lábios, as sobrancelhas loiras franzidas. — Você está


zombando de mim?

— Eu nem sonharia com isso, — eu disse, sufocando o riso. Sempre


que ela me dava aquele olhar severo, eu sentia o desejo de sorrir. Com
suas ondas castanhas, sardas e pequena boca fofa, a expressão severa
simplesmente não tinha o efeito desejado.

Ela abriu uma garrafa, enfiando a tampa de uma garrafa sob a


tampa da outra e forçando para cima, depois me entregou a garrafa agora
aberta. Eu estava tão atordoado que podia sentir meu queixo caindo na
porra do chão.

Evie corou e bufou. Dois de seus passatempos favoritos. — O quê?


— Ela murmurou enquanto se inclinava contra o balcão, apoiando seu

~ 65 ~
amplo quadril contra ele de uma maneira que acentuava ainda mais suas
curvas - e eu sabia que ela não estava ciente disso.

— Nada. — Levantei a garrafa aos meus lábios e tomei um longo


gole. O sabor era incrível e me atingiu com suas notas frutadas e
amargas. — Uau. Isso é ótimo. — Eu chequei a garrafa, mas não
reconheci o nome da cervejaria. — Nunca ouvi falar dessa cervejaria
antes, embora tenha visitado algumas cervejarias locais.

Evie pareceu surpresa com a minha admissão. Só porque eu não


tinha álcool em casa não significava que não gostasse de uma cerveja
ocasional, se não interferisse na minha rotina de treinamento. — Eles são
bem novos. Ouvi dizer que têm ótimas degustações e passeios pela
cervejaria.

Eu olhei para Evie. — Você não fez um?

Ela deu um pequeno encolher de ombros. — Eu não queria ir


sozinha, e ainda não conheço ninguém exceto Fiona e Connor. Você é um
feitor de escravos que me impede de ter uma vida social.

Por um momento insano, pensei em perguntar se ela queria fazer


uma turnê comigo. Eu amava e Marc estava ocupado com seus filhos e
trabalho. Mas eu nunca havia saído com uma mulher assim, só porque
apreciávamos as mesmas coisas que não envolvia ficar sujos entre os
lençóis. Cruzaria uma fronteira que eu não deveria com Evie. E eu
realmente não queria que a imprensa tirasse fotos minhas passando bons
momentos com minha assistente. Isso levaria a um novo ataque de
especulações do qual Evie não precisava. Por alguma razão eu queria
protegê-la da merda que a imprensa jogava em meu caminho, e não só
porque Fiona era ameaçadora como o inferno no que dizia respeito a sua
irmã gêmea. Evie tinha ficado destroçada depois dos últimos artigos
desagradáveis. Ela realmente não precisava de mais abuso jogado em seu
caminho, e não apenas porque Fiona chutaria minhas bolas até que elas
ficassem em diferentes tons de azul e violeta.

Minha atenção voltou para Evie, que usou uma colher para abrir
sua própria garrafa, depois tomou um gole e soltou um pequeno
gemido. Mas esse som não foi o que fez minha mente vaguear para outro
nível de inadequação novamente. Uma gotinha de água pingara da
garrafa gelada e caíra no decote de Evie, e agora deslizava lentamente
pela fenda entre os grandes seios de Evie. Meu Deus. Ela nunca usara
um decote baixo antes, e eu tive muita dificuldade - em mais de um
sentido - de não olhar para ele.

~ 66 ~
Eu tomei outro grande gole da garrafa, esperando que o líquido frio
limpasse minha cabeça. Isso não aconteceu.

Evie franziu a testa, seu nariz perfeito enrugando. — Você está


bem?

Eu forcei meus olhos para cima. Tarde demais, claro. Evie seguiu
meu olhar e revirou os olhos. Então ela deu um passo em minha direção
e deu um soco no meu ombro. Eu dei um passo para trás, totalmente
surpreso com a reação dela. Ela nunca tinha feito nada assim antes. —
Olhos no meu rosto, Xavier.

Eu fiz um show esfregando o lugar. — Você percebe que bater em


seu chefe não é sua melhor ideia.

— Você está em minha casa, e não estou trabalhando, então no


momento atual você não é meu chefe, apenas um visitante muito rude.

Lancei-lhe um sorriso culpado, depois bati minha garrafa contra a


dela. — Não se preocupe, eu gosto quando você me maltrata.

— Se eu te maltratar, você saberá, — disse ela com um sorriso em


resposta. Quando Evie sorria, sempre se apoderava de todo o seu
rosto. Não era o tipo de sorriso cauteloso, o sorriso que as mulheres
usavam para que continuassem bonitas. Evie mostrava suas emoções
sem se conter, sem se preocupar em como isso a faria parecer, e era uma
lufada de ar fresco. Eu não precisava adivinhar como ela se sentia. Ela
mostrava isso claramente ou me dizia abertamente. Nenhuma sutileza
feminina que me levava a subir pelas paredes. Evie era como um dos
caras, mas com curvas que davam ao meu pau ideias que fariam Fiona
me sufocar até a morte se ela soubesse.

Falando da gêmea malvada, Fiona entrou na cozinha, seus olhos


correndo entre Evie e eu com uma expressão desconfiada. — O que está
acontecendo aqui? Achei que iríamos jantar juntos do lado de fora, não
fazer uma festa na cozinha.

— Estamos pegando bebidas, — disse Evie, levantando sua garrafa.

Fiona estreitou os olhos para mim como se achasse que eu estava


fazendo coisas nefastas com sua irmã. Se alguém precisava de proteção,
era eu. Evie poderia dar um bom soco para uma mulher. — Isso é
cerveja? — Ela perguntou. — Você percebe que tem treinamento pela
manhã?

— É uma cerveja e eu sou um adulto. Eu posso lidar com isso, mãe.

~ 67 ~
Fiona se virou para Evie. — Você não deveria encorajá-lo a agir
assim. Como sua assistente, você precisa ter certeza de que ele coma
saudável.

Evie começou a rir. — Você quer que eu diga a Xavier o que comer,
Fiona? Considero um bolo de cenoura um começo nutritivo para o meu
dia.

— Talvez você devesse mudar seus hábitos alimentares também, —


disse Fiona com um suspiro.

As bochechas de Evie ficaram vermelhas, mas Fiona não


percebeu. Ela estava ocupada pegando água e uma salada na
geladeira. Evie passou um braço por cima do estômago e franziu o cenho
para a cerveja na mão. No segundo que Fiona saiu, inclinei-me para Evie
e sussurrei: — Coma todo o bolo de cenoura que você quiser, contanto
que seja legal quanto é e não se transforme em uma cadela como sua
irmã.

Evie riu e tomou outro gole. — Ela não é uma cadela.

Eu levantei minhas sobrancelhas.

Evie deu de ombros. — A maior parte do tempo.

Eu sorri abertamente. — Agora vamos, antes que Fiona ordene que


Connor venha nos buscar. Ele pode ser um sujeito desagradável se for
provocado.

Evie me seguiu, com um sorriso no rosto que me deixou


estranhamente à vontade.

Duas horas depois do churrasco, Evie e eu estávamos em plena


discussão sobre os filmes da Marvel.

— Incrível Homem-Aranha foi um completo golpe de sorte. Eles


devem manter as mãos longe dos filmes antigos. Toda vez que tentam
uma nova versão do Homem-Aranha, estragam um pouco mais a história
— Evie argumentou, suas bochechas coradas, a cadeira voltada para
mim.

— Tobey Maguire era um homem aranha de merda, — eu disse,


jogando meu braço sobre o encosto da minha cadeira para virar
totalmente para Evie. — Eu não comprei sua interpretação do vilão por
um segundo. Esse cara é muito certinho.

— E Andrew Garfield não é? — Resmungou Evie.

~ 68 ~
— Você sabia que eles eram nerds? — Connor interveio.

Fiona sacudiu a cabeça. — Eu sabia que Evie gostava de um bom


livro ou filme mais do que interação humana real. Mas isso... não.

Connor sacudiu a cabeça para mim. — O que há de errado com


você, companheiro?

— Agora vamos lá, você assistiu os filmes do Homem-Aranha.

— Eu assisti. Mas isso não significa que eu possa passar horas


discutindo os méritos do universo Marvel.

Não os escute, murmurou Evie. — Eles nem sequer gostam de Pale


Ale.

Eu ri. — Um dia desses nós vamos ter que fazer uma noite de
cinema, assistiremos todos os filmes do Homem-Aranha, e então teremos
essa discussão novamente.

— Combinado, — disse Evie.

Fiona pigarreou. — Evie, eu duvido que as noites de cinema sejam


parte da descrição do seu trabalho?

— Ela precisa atender aos meus caprichos, — eu disse com um


encolher de ombros.

Fiona me deu uma carranca que poderia ter congelado o inferno


antes de se virar para sua irmã com uma expressão que não consegui
decifrar, mas Evie pôde e suspirou.

Antes de sair, Fiona me encurralou na entrada, suas unhas bem


cuidadas cravando no meu antebraço. — Ouça, Xavier, eu não sei que
tipo de jogo você está jogando, mas pare com a ofensiva de charme sobre
a minha irmã, certo? Ela não terá uma noite de cinema com você. Ela
não trabalha a noite, especialmente do tipo que você quer.

Eu retirei meu braço de seu domínio apertado, sufocando minha


raiva antes de dizer algo desagradável que faria Connor chutar minha
bunda. — Você não é a guardiã de Evie, nem minha, Fiona. Por que não
tira o nariz do nosso negócio?

— Porque eu não quero que você machuque minha irmã, e essa é


a única coisa em que você é bom - machucar mulheres.

Eu fiz uma careta. — Evie é minha assistente. Se eu decidir incluir


horas assistindo filmes juntos, então é o que ela vai fazer, entendeu?

~ 69 ~
— Você é tão idiota.

— E orgulhoso disso, — eu murmurei. — Se despeça de Connor e


Evie por mim. Já tive o bastante de sua maldade por um dia.

Se já não fosse tarde e se eu não soubesse que Evie estaria me


chutando para fora da cama de manhã, não importa quanto tempo
tivesse a minha noite, eu teria ido direto para um bar para pegar uma
foda para a noite. Em vez disso, voltei para casa como um bom atleta e
adormeci com a imagem da bunda de Evie me dando a ereção de uma
vida.

~ 70 ~
Evie

No dia seguinte ao churrasco, Xavier estava com um humor


azedo. Eu não sabia exatamente por quê. Depois de ter certeza de que ele
chegasse no horário em seu treino, dirigi o carro de Xavier até o escritório
da marca esportiva para pegar as cuecas recém-projetadas para que
Xavier pudesse experimentá-las à tarde. Eu ainda estava admirada que
Xavier me deixasse dirigir seu Maserati para tarefas como essa. Apesar
de seu ponto fraco por qualquer coisa que pudesse ser classificada como
luxo, ele não era muito ligado a nenhuma de suas posses. Às vezes
parecia que era um mal necessário para ele. Quem não gostaria de um
Rolex e Maserati como seu mal necessário, certo? Seu desrespeito a sua
fortuna não causava boa impressão, no entanto, e isso ocasionou mais
de uma investigação da National Rugby League para ver se seu salário
não ultrapassava o limite salarial.

Seu humor melhorou consideravelmente quando o peguei no treino


no início da tarde, como costumava acontecer.

— Bom treino? — Eu perguntei quando ele se jogou no banco do


passageiro. Às vezes eu me sentia como uma motorista. Não que eu me
importasse. Depois dos meus problemas iniciais com o câmbio e o tráfego
do lado esquerdo, gostei de dirigir em torno de Sydney, apesar do tráfego
irritante.

— As coisas estão se encaixando. Precisamos chegar à grande


final. Precisamos vencer.

— Quando é o primeiro jogo mesmo? — Eu perguntei.

— Segunda semana de março. Mas a pré-temporada começa na


próxima semana.

— Sim, eu sei. Eu vi isso. Central Coast Stadium contra o Sea


Eagles. — Seria meu primeiro jogo de rúgbi ao vivo. Eu nunca tinha ido
sequer a um jogo de futebol, então estava curiosa para saber se gostaria.

A expressão de Xavier estava focada e ansiosa. Sem arrogância ou


flerte, apenas uma determinação feroz. — Este é o nosso ano.

~ 71 ~
De volta ao seu apartamento, mandei-o subir com o pacote de
cuecas para que pudesse ver quais mais gostava enquanto eu preparava
o almoço. Uma enorme salada com abacate, frango e queijo feta. Xavier,
claro, pegou três ovos cozidos e outro peito de frango à parte para
alcançar sua meta de proteína do dia. Eu nunca pensei que me tornaria
uma mestra em macronutriente, mas estando perto de Xavier e Fiona era
inevitável, não que isso tivesse algum impacto em minha própria
figura. Eu tinha perdido alguns quilos sem tentar, no entanto, por causa
de toda a correria com Xavier e o regime saudável forçado na companhia
dele e de Fiona.

Larguei os talheres ao lado das duas tigelas de saladas quando


Xavier desceu a escada em espiral em uma das cuecas. Cueca de cintura
baixa abraçando o corpo como uma segunda pele em verde oliva. Eu
podia sentir o calor subindo pela minha garganta e rosto quando Xavier
se virou para que eu pudesse vê-lo de todos os ângulos. Eu não tinha
certeza do motivo pelo qual a marca queria que Xavier fosse o rosto e o
corpo de suas campanhas, como se alguém prestasse atenção às roupas
nesse anúncio de cuecas.

— O que você acha da cor?

— É legal, — eu disse.

— Verde não é minha cor favorita, embora corresponda com seus


olhos.

Eu bufei. — Suas cuecas não devem corresponder com os meus


olhos.

Seu sorriso de resposta era diabólico, e eu levantei o garfo ainda


em minhas mãos em advertência. — O que quer que você esteja prestes
a dizer, não o faça. Eu vou cutucá-lo com este garfo e não de uma
maneira provocante e feminina, tudo bem?

Xavier levantou os braços e recuou devagar. — Então, isso é um


não para este modelo?

Ele virou, dando-me uma visão premium de sua bunda e costas


definidas. Peguei um copo de água e tomei alguns goles desesperados.

As coisas não melhoraram a partir daí. A cada novo modelo que


Xavier apresentava, a temperatura na sala parecia aumentar até que eu
desejasse ter absorventes para colocá-los sob minhas axilas e evitar outro
incidente embaraçoso de suor.

— Oh, esta é a minha favorita, — Xavier gritou, depois riu.

~ 72 ~
Eu me empoleirei em um banquinho, meus cotovelos apoiados na
ilha da cozinha, enquanto colocava um bocado após outro de abacate e
frango na minha boca, e quase engasguei quando Xavier apareceu. Este
modelo não era uma boxer. Era uma tira, e mesmo esse termo não fez
justiça à coisa. O tecido roxo brilhante não cobria muito.

Eu tossi. O sorriso de Xavier aumentou, e então ele se virou, e eu


tinha quase certeza de que minhas pernas teriam cedido se não estivesse
sentada. Era uma espécie de tanga que revelava a bunda perfeitamente
em forma de Xavier, com duas cordas estranhas sob as bochechas da
bunda dele. Ele se virou para mim. — O que você acha?

Não muito. Qualquer pensamento sensato fugiu de minha


mente. Minha cabeça estava a momentos de disparar um alarme de
incêndio. Sentei-me devagar, tentando formar uma resposta articulada
apesar do sorriso de Xavier. — O que é isso?

— Um jockstrap7. Você nunca viu um?

— Até você eu não estive muito em torno de atletas, — eu


murmurei, tentando muito não olhar como o jock alguma coisa
acentuava a coisa de Xavier. Mas era realmente muito difícil não arriscar
uma espiada ocasional porque esse homem não estava apenas em forma,
ele também tinha todos os motivos para ser arrogante, tanto quanto eu
poderia dizer.

Xavier estava gostando muito disso. Aposto que ele não teria
experimentado cada peça de roupa se não fosse pela minha reação. —
Sim ou não, Evie?

— Para ser honesta, acho que noventa e nove vírgula nove por cento
da população masculina não deve sequer pensar em usar algo assim.

Xavier se aproximou de mim. Esse homem não tinha nenhum tipo


de vergonha? — Mas eu deveria?

— Deus não, — eu disse, forçando meu olhar a descansar


firmemente em seu rosto irritantemente arrogante. Claro, a razão pela
qual Xavier não deveria estar usando uma tira de atleta era
completamente diferente. Era para preservar os últimos fragmentos da
minha sanidade mental porque vê-lo em suas Calvin Kleins já era ruim,
mas isso?

7 Uma jockstrap (também conhecida como jock, strap, cup, supporter ou atl
athletic) é uma roupa íntima para apoiar a genitália masculina durante o ciclismo,
esportes de contato ou outras atividades físicas vigorosas.

~ 73 ~
— Por que não? Compartilhe seus pensamentos comigo. — Ele
cruzou os braços sobre o peito.

— Eu não acho muito viril os caras usando tangas.

O que realmente pensei foi que, se Xavier não começasse a usar


mais do que cuecas à minha volta em breve, a cláusula de não divulgação
seria útil afinal.

— Certo. É por isso, — Xavier disse, então se virou para subir as


escadas. Eu não tinha certeza, mas achei que ele flexionou suas nádegas
para me dar um show adicional.

— Só mais uma, — ele me informou alguns minutos depois.

— Se tem menos tecido do que a anterior, estou fora, Xavier. Estou


te avisando, — eu gritei.

Sua risada em resposta me fez sorrir estupidamente. Para meu


alívio - ou desapontamento, era difícil determinar neste momento - o
último modelo era outra cueca baixa com o padrão de lábios vermelhos.

— Este é o meu padrão favorito, — anunciou ele, de pé no último


degrau.

— Por quê? — Perguntei desconfiada.

— Eu gosto de lábios no meu pau, — disse ele enquanto desfilava


e sentou-se no banquinho ao meu lado.

— Claro.

Xavier olhou para sua salada e depois para a minha. — Onde está
seu frango e abacate?

— Seu show me deixou com fome, — eu disse sem pensar sobre


isso.

A expressão de Xavier me fez levantar o garfo e cutucar sua lateral


com ele.

Eu estreitei meus olhos. — Último aviso.

— Eu não ia dizer nada, — disse ele, esfregando o lado.

— Sua expressão disse.

~ 74 ~
Passamos o resto da tarde passando por várias perguntas para
entrevistas em revistas on-line e Rugby World, além de alguns e-mails de
fãs que exigiam uma resposta mais completa.

Eram quase sete quando olhei para o relógio. — É mais tarde do


que eu pensava.

Xavier levantou os olhos da última carta de fã. Felizmente, ele havia


colocado jeans e uma camisa cinza. — Por que não tentamos a maratona
de filmes do Homem-Aranha que você me prometeu?

Eu fiz uma careta. Eu realmente gostei da ideia, mas depois de ver


Xavier seminu a maior parte do dia, não tinha mais certeza se era seguro
estar perto dele depois do trabalho. Não seja ridícula, Evie.

Mesmo que o corpo de Xavier me causasse todos os tipos de


fantasias, meu corpo definitivamente não tinha esse efeito sobre ele. No
mês em que trabalhei para ele, eu o vira com vinte mulheres, todas altas,
magras, em forma e de tirar o fôlego. Eu poderia me amarrar a Xavier
nua e não conseguiria acelerar sua pulsação. — Por que não, — eu disse.

Surpresa brilhou no rosto de Xavier, e então ele sorriu. Não o


convencido, o desafiador, sorriso arrogante. Um sorriso de verdade. Um
que eu nunca tinha visto em seu rosto antes, e minha pulsação duplicou.

— Como não tenho treino amanhã, por que não nos presenteamos
com algumas costelas e batatas fritas do meu fast-food favorito? — Xavier
perguntou, levantando-se da banqueta para pegar seu telefone e um
menu de tele-entrega.

— Parece perfeito, — eu disse.

Depois que Xavier fez seu pedido, ele abriu a geladeira e pegou duas
garrafas de cerveja que não se pareciam com a água que ele chamava de
cerveja. — Tenho algumas cervejas artesanais à espera.

Eu saí do banco e me juntei a ele na frente da geladeira,


surpresa. — Você não sabia que eu concordaria com uma noite de
cinema.

Ele encolheu os ombros. — Você trabalha até tarde o tempo todo,


pode muito bem tomar uma cerveja que gosta quando está aqui.

Eu pisquei para ele, mas ele afastou os olhos com uma pequena
carranca. Eu fiz a varredura no interior da geladeira, encontrando
garrafas de cerveja de diferentes tamanhos e formas. Todas elas

~ 75 ~
artesanais. — Qual a sua recomendação para as costelas? — Eu
perguntei.

Xavier levantou as duas garrafas. — Oatmeal Stout de uma


cervejaria que visitei com Marc um tempo atrás. Eles vendem suas
cervejas em uma pequena loja de cerveja artesanal em Rocks.

Ele abriu as garrafas e me entregou uma. Nós batemos as


garrafas. — Um brinde, — eu disse.

— Um brinde.

Por alguma razão, a atmosfera mudou ligeiramente. Talvez fosse


porque era a primeira vez que estávamos em seu apartamento sem estar
relacionado ao trabalho. Tomei um gole da cerveja e sorri ao redor do
gargalo. — Isso é o que eu chamo de cerveja.

— É uma das minhas favoritas.

— Se Fiona souber que não estou impedindo você de tomar uma


bebida alcoólica, ela explodiria uma artéria.

— Não acho que seja isso o que mais a irritaria.

Eu fiz uma careta. — Ela lhe disse alguma coisa no churrasco?

— Ela não quer que passemos tempo juntos.

— Nós trabalhamos juntos.

— Fora do trabalho. Ela acha que eu tenho motivos ocultos.

— E? Tem? — Eu disse com uma risada.

Ele sorriu. — Sempre. Mas você não precisa se preocupar. Você


não é o foco de nenhum deles.

Ai. Tomei outro gole. — Faz sentido começar com o filme?

Xavier assentiu.

Nós nos sentamos juntos no sofá, o que pareceu estranho. Nós


sentamos lá antes, enquanto trabalhávamos, mas não assim. Xavier se
certificou de manter um comprimento de braço entre nós quando
afundou.

Felizmente a comida chegou logo e junto com o filme conseguiu me


relaxar. Xavier e eu rapidamente retomamos nossa brincadeira enquanto

~ 76 ~
bebíamos cerveja e comíamos as mais deliciosas costelas que tive em
muito tempo.

— Você é a única garota que conheço que gosta de beber e comer


tanto quanto eu, — disse ele com uma risada.

Eu corei. Era por isso que meu tamanho não era trinta e seis. Eu
encarei minhas coxas, que estavam grudadas. Nenhuma lacuna entre as
coxas para mim. Nunca.

Xavier recostou-se novamente, seus olhos voltando para o filme,


mas agora seu braço estava estendido no encosto, sua mão nas minhas
costas. Por alguma razão, era terrivelmente perturbador.

— Você não pode preferi-lo como Homem-Aranha, — disse Xavier


quando a famosa cena do beijo passou na tela da TV. — Ele beija a garota
como se fosse um pano de prato frouxo. Não há paixão. Nada.

— Para mim, o beijo parece bom, — eu disse com um pequeno


encolher de ombros, mas discutir técnicas de beijos realmente não estava
na minha agenda com Xavier, ou em tudo.

Xavier se virou para mim. — Então você nunca foi beijada


corretamente. Confie em mim, se eu te beijasse, você não me deixaria
desaparecer - você iria rasgar minha roupa e me foder naquele beco.

Eu engoli porque tive a sensação de que ele estava certo. Seus


olhos cinzentos seguraram os meus com uma intensidade que não tinha
visto neles antes. Eu balancei a cabeça em direção à tela. — Homem
Aranha não é sobre beijar, — eu disse, minha voz um pouco sem fôlego
para os meus ouvidos.

Depois disso, beijo estava fora dos limites e encontramos tópicos


menos complicados, embora tivesse a sensação de ser a única sentindo
desconforto. Xavier estava calmo e relaxado como de costume.

Depois do segundo filme, me preparei para sair. — Eu deveria levá-


la para casa? — Ele perguntou quando me acompanhou até a porta.

— Normalmente eu sou sua motorista, — eu provoquei.

— Verdade. Mas ambos tomamos algumas cervejas, mas sou muito


maior e mais resistente ao álcool.

— Eu duvido disso, — eu disse com uma risada. — Não sou eu que


costumo beber cerveja light.

— É tarde, Evie. Você não deveria andar sozinha.

~ 77 ~
Eu revirei meus olhos. — Eu vou ficar bem. Não sou a única
mulher que usa transporte público para ir para casa. É só meia noite. E
você não pode arriscar ser pego atrás do volante com álcool em seu
sistema. A Liga de Rugby pode bani-lo por alguns jogos.

Ele fez uma careta. — Então me deixe levá-la até o ponto de ônibus.

— Ok, — eu disse, pegando minha bolsa e seguindo Xavier para


fora de seu apartamento. Caminhamos em um silêncio confortável em
direção ao ponto, onde um homem mais velho e uma jovem também
estavam esperando o ônibus para Bondi Junction.

— Isso foi legal, — eu disse baixinho quando o ônibus finalmente


se aproximou.

Xavier olhou para mim. — Sim. — Eu não conseguia identificar sua


expressão. Ele parecia quase... apreensivo.

Entrei no ônibus. Xavier assistiu com as mãos enfiadas nos bolsos


da calça jeans, e meu coração bateu um pouco mais rápido no meu peito.

~ 78 ~
Evie

Nem mesmo o interrogatório de Fiona conseguiu diminuir meu


humor depois da noite do filme com Xavier. Eu gostava da companhia
dele, mesmo que ela não pudesse entender. Eu sabia que ele poderia ser
um grande idiota, mas não era comigo.

As chances de eu interpretar mal seus motivos foram sopradas pela


janela quando entrei em seu apartamento dois dias depois para acordá-
lo para o treino, como de costume. Uma voz feminina soou no andar de
cima.

Meu sorriso caiu e fui para a máquina de café expresso e liguei o


botão, anunciando a minha presença.

Por um momento, a mulher se acalmou, mas então sua voz soou


novamente. Eu não escutei, não queria, muito preocupada com a
percepção de que, pela primeira vez, realmente me incomodava que
Xavier estivesse com uma garota fodendo seus miolos. Eu o vi fazer isso
desde o começo, então o que mudou? E mais importante, como eu
poderia voltar à minha indiferença anterior?

Peguei o jarro, enchi de leite e comecei a espumá-lo. Pelo canto do


meu olho, vi Xavier descendo a escada, parecendo muito chateado. Atrás
dele, uma das mulheres que tentara uma posição na equipe de líderes de
torcida, uma garota flexível com longos cabelos negros, seguia, falando
sem parar.

— Nós poderíamos trabalhar juntos. Tenho certeza de que você


pode me mostrar alguns novos movimentos.

Xavier parou ao lado da ilha da cozinha, em sua costumeira Calvin


Klein. — Ouça... — ele começou, então parou.

Ele olhou para mim. Ele não sabia o nome da garota. Claro.

Eu lutei contra o desejo de deixá-lo passar por essa situação


sozinho, mas isso o envergonharia menos que a garota. Xavier tinha sorte
de eu ter uma boa memória, e que Fiona tinha reclamado das candidatas

~ 79 ~
quase sem parar enquanto assistia aos testes repetidamente em
casa. Ainda assim, vacilei entre dois nomes. Samantha ou Cameron.

Cameron, eu sussurrei para ele.

— Ouça, Cameron, nosso treinador está chutando nossas bundas


agora, mas se você der a minha assistente o seu número, ligarei para
você assim que tiver tempo.

Nunca.

A garota me deu seu número e coloquei no celular. Xavier guiou-a


para fora de seu apartamento com a mão na parte inferior das suas
costas. Ela roubou outro beijo dele que transformou meu estômago em
gelo antes dele finalmente fechar a porta. E com a mesma rapidez, ele
teria esquecido tudo sobre ela. Eu apaguei o número dela do meu celular
novamente.

— O que há para hoje? — Ele me perguntou.

Fiz uma pausa, resistindo à vontade de perguntar o nome da garota


apenas para fazer um ponto. Ele já havia esquecido de qualquer
maneira. — Você tem um encontro com fãs à tarde e, por favor, não vá
para a cama com nenhuma delas. A imprensa vai te despedaçar, se você
fizer.

— Eles fazem assim mesmo. Mas eu não levo as fãs para a cama a
princípio.

Eu fiz uma careta. — Xavier, você dorme com tudo o que se


qualifica como feminino.

— Não, — disse ele com firmeza, quase com raiva. — Não as


fãs. Elas se apaixonam por mim porque acham que sou alguém que não
sou. Só fodo mulheres que não se importam com quem eu sou, apenas
que tipo de atenção posso lhes dar. Há uma diferença.

Eu inclinei minha cabeça. — Não foda nenhuma jornalista por um


tempo, se possível. Estou realmente tentando melhorar sua imagem
aqui. A temporada está prestes a começar. Você tem sua primeira partida
amistosa em dois dias. Você deve se concentrar no que realmente
importa, não em aventuras sem sentido com mulheres que se aproveitam
de você.

Xavier tocou meu ombro. — Você está preocupada comigo, Evie? —


Ele brincou com aquela rouquidão profunda que sua voz assumia pela
manhã. Sua mão forte e grande estava quente mesmo através do material

~ 80 ~
fino da minha blusa. — Você realmente não precisa estar. Estou me
aproveitando dessas mulheres tanto quanto elas de mim. É uma relação
simbiótica.

— A maioria dessas mulheres deixa sua simbiose odiando suas


entranhas.

— Eu não me importo se elas me odeiam ou me amam. Elas não


são as pessoas que me interessam.

— Com quem você se importa?

A expressão de Xavier ficou cautelosa, mas ele respondeu de


qualquer maneira. — Connor, você, minha família.

Apesar da tontura que sua menção a mim me dera, eu disse: —


Você nunca fala sobre sua família. E eles nunca vieram nos visitar.

— Eu não os quero aqui onde a imprensa circula sobre minha


cabeça como abutres. Minha mãe e minha irmã moram em uma fazenda
no interior, perto de Blue Mountains. Eu as visitei há duas semanas.

— Quando você saiu por dois dias? — Eu disse enquanto despejava


a espuma de leite em seu café expresso e entregava a caneca para ele.

Ele assentiu.

Eu achei que ele tinha estado em uma viagem sexual com uma de
suas conquistas, mas a verdade me caiu muito melhor.

— Que idade tem a tua irmã?

— Willow tem dezessete anos, — ele disse, e eu praticamente podia


ver seu modo de irmão protetor aparecendo e eu tive que abafar um
sorriso. Era um lado de Xavier que eu não tinha visto até agora, mas
gostava dele. Ele era oito anos mais velho que sua irmã, então era normal
que quisesse protegê-la.

— Aposto que as amigas dela perguntam sobre seu irmão superstar


o tempo todo. O que ela diz sobre seus escândalos?

Ele largou a caneca. — Willow está sendo educada em casa. E ela


não lê os tabloides. Ela sabe quem eu realmente sou.

Às vezes ele me deixava ver esse lado dele também, e nos últimos
dias, isso se tornou mais frequente. Como durante nossa noite de cinema
ou quando ele me comprou um picolé de cereja quando filmamos seu
segundo treino de praia. E era um lado dele que representava uma

~ 81 ~
ameaça maior a minha determinação do que qualquer jockstrap jamais
poderia.

***

Eu tinha assentos premium para o primeiro jogo amistoso do time


de Xavier, logo atrás do banco do técnico, e eu estava estranhamente
nervosa. Não só porque era a primeira vez que eu via Xavier em ação, mas
também Connor e Fiona. Eu tinha visto as habilidades de líder de torcida
de Fiona no ensino médio, mas nunca me importei muito com isso.

Depois que o árbitro jogou a moeda e apontou para o cara da equipe


adversária, que conseguiu escolher em qual lado sua equipe iria jogar,
Xavier pegou a bola e posicionou-se no centro da linha do meio-
campo. Ele parecia incrivelmente gostoso em seu uniforme de
rúgbi. Todos esses homens tinham coxas musculosas para morrer, tudo
musculoso. Mas Xavier... ele roubou o show. Quando o árbitro deu o
sinal, Xavier deu o chute inicial, enviando a bola voando no comprimento
do campo enquanto seus companheiros de equipe avançavam. Um
membro da equipe adversária pegou a bola e, em seguida, as duas
equipes entraram em confronto e, logo depois, houve um grande
amontoado. Era selvagem e confuso, e com os aplausos e gritos da
multidão, totalmente inebriante.

Eu não entendia todos os detalhes do jogo, mas aplaudi sempre


que Xavier e seus companheiros aplaudiam, e gritava obscenidades
quando a multidão ao meu redor fazia isso.

Eu tive um tempo esplêndido, e quando a equipe de Xavier fez sua


pequena dança da vitória no final, eu senti vontade de dançar
também. Fiona acenou para mim, então correu em seu fofo uniforme de
líder de torcida e disse aos comissários para me deixar passar. Eu desci
até a borda do campo e abracei minha irmã gêmea. — Eu não faço parte
da equipe, — eu protestei. — Eu pertenço às arquibancadas.

— Por garantir que Xavier chegue na hora, você merece estar aqui
— disse Connor, enquanto corria em nossa direção, suado, enlameado e
desgrenhado. Ele beijou Fiona e puxou-a com força contra o seu lado.

Meu coração deu uma pequena e estúpida cambalhota quando vi


Xavier vindo em nossa direção. Ele estava sorrindo, um sorriso enorme,
honesto. Ele bateu no ombro de Connor, em seguida, me chocou,
envolvendo os braços em volta de mim e me levantando do chão por um

~ 82 ~
momento. Meus dedos agarraram seus ombros, meus olhos se
arregalaram e soltei um grito embaraçoso. Quando ele me soltou, ambos
hesitamos por um momento. Fiona e Connor estavam nos observando
com os olhos arregalados, mas felizmente alguns companheiros de equipe
se juntaram a nós, impedindo um comentário de Fiona.

XAVIER

Eu não abraçava meninas depois de jogos como muitos dos outros


caras. Não uma namorada porque nunca tive uma, e nem as líderes de
torcida, porque metade delas queria esmagar minhas bolas. E eu
definitivamente não falava sobre minha família, não com meus colegas
de equipe, exceto Connor, e definitivamente com nenhuma mulher do
passado, mas com Evie minhas barreiras pareciam estar desmoronando
e não me importei. Eu sabia que ela não me venderia para a
imprensa. Ela não tinha absolutamente nenhuma ambição em chamar
atenção, e era responsável e leal. Eu gostava de tê-la por perto. Com
minhas assistentes anteriores, elas trabalhavam em casa, não no meu
apartamento. Eu passei o menor tempo possível com eles, mas com Evie,
me encontrei delegando tarefas apenas para que ela estivesse na minha
cobertura com mais frequência.

— Eu não posso imaginá-lo em um cavalo, — Evie disse durante a


nossa próxima noite de cinema depois que eu lhe disse que minha mãe e
irmã moravam em uma fazenda com estábulos, um lugar onde passei
parte da minha juventude. — Que tipo de pobre criatura pode carregar
seu corpo?

— Cavalos são fortes. Eles podem carregar muito peso, acredite em


mim.

Ela parecia duvidosa. — Mesmo assim. Eu não posso imaginar


você como um cowboy.

Eu ri. — Eu não uso um chapéu de cowboy ou botas de cowboy


quando monto, se é isso que você está pensando.

Ela inclinou a cabeça daquele jeito pensativo, onde enfiou o canto


do lábio inferior entre os dentes. Era uma distração de merda. — Agora

~ 83 ~
eu quero ver você em um cavalo, — disse ela com um aceno de cabeça e
uma risada.

— Por que você não vem comigo da próxima vez que visitar a minha
família? — Eu não tinha pensado em convidar Evie, mas curiosamente
percebi que queria que ela visse de onde eu vinha e conhecesse minha
família. Marc já estava completamente fascinado por ela, e pelas poucas
coisas que deixei escapar para minha mãe, ela também estava.

Evie piscou. — Sério? Eles não se perguntariam por que você está
levando sua assistente para seu momento em família?

— Você é mais do que isso, e elas ficarão em êxtase se eu levar


qualquer mulher para casa.

— Você nunca levou uma garota?

— Não, — eu cortei. — Nunca namorei, nunca vou. Eu não queria


que nenhuma das mulheres com quem dormi chegassem perto da minha
família.

— Então vai levar uma mulher com quem não dorme, — disse ela
com uma contração daquela boca rosada. — Pergunte a sua família se
está tudo bem. Eu realmente não quero impor.

— Você não vai. — Eu tinha a sensação de que tanto minha irmã


quanto minha mãe gostariam da natureza peculiar de Evie.

Evie me olhou por alguns segundos antes de soltar um pequeno


suspiro. — Minha mãe teve câncer de mama, — ela disse suavemente.

Eu inclinei meu corpo em direção a ela, mas não disse nada. Ela
estava procurando por mais palavras.

— Fiona e eu tínhamos quinze anos quando ela foi diagnosticada


com o estágio três. No começo, parecia que ela poderia vencê-lo, mas
depois ele voltou e... — Ela engoliu em seco, seus olhos verdes tristes e
lacrimosos, e eu estendi a mão e toquei seu ombro, esfregando-o com o
polegar.

Ela me deu um pequeno sorriso.

Ela era macia e quente ao toque, e cheirava a essa mistura de mel


e um toque de canela. — Quantos anos você tinha quando ela morreu?

— Dezessete. Foi no meu último ano do ensino médio.

— Isso deve ter sido difícil.

~ 84 ~
— Foi, — ela admitiu. — Teria sido mais fácil se Fiona não tivesse
partido logo após a formatura. Eu precisava dela ao meu lado.

— Por que ela partiu então?

— Essa é a história de Fiona para contar, — disse Evie. Essa era


outra razão pela qual eu sabia que podia confiar nela com informações
pessoais.

Ela enxugou os olhos, em seguida, apertou os olhos com um sorriso


envergonhado. — Eu não queria estragar a nossa noite de cinema com
uma explosão emocional.

— Eu perguntei, — eu disse. — Que tal algo engraçado como The


Hangover?

— Por que eu sabia que era um filme que você gostaria?

— Connor e eu experimentamos algo muito semelhante quando


estávamos em Las Vegas há alguns anos.

Ela se animou. — Diga.

— Acho que vou deixar pra lá. Não quero que você tenha a
impressão errada, — eu falei com uma piscadela.

— É um pouco tarde demais para isso, Xavier.

Percebi que ainda estava tocando seu ombro e tirei a mão, depois
voltei para a TV e procurei pelo filme. Evie colocou os pés por baixo dela
e apoiou a cabeça no encosto do sofá com uma expressão que tive
dificuldade em ler, então não me preocupei.

Estávamos na metade do filme quando a cabeça de Evie caiu para


frente e sua respiração se aprofundou. Eu a deixei dormir. Quando ela
não acordou antes do final do filme, decidi deixá-la dormir aqui. Já
passava da meia-noite e teríamos que acordar cedo. Se Evie ainda
precisasse voltar para casa, dificilmente conseguiria dormir. Eu
cuidadosamente me levantei, em seguida, peguei um cobertor dobrado
do segundo sofá, desdobrei e cobri Evie com ele. A posição em que ela
estava parecia um pouco desconfortável, então a abaixei gentilmente de
lado. Por um momento, considerei seu rosto pacífico, então a tela do seu
celular iluminada chamou minha atenção. O volume estava desligado.

Fiona.

Eu peguei e subi as escadas antes de atender, para não acordar


Evie.

~ 85 ~
— Onde você está?

— Ela está comigo.

Pausa. — Xavier? — Fiona perguntou, soando surpreendida.

— O primeiro e único.

Pausa.

— Está tarde. Quando ela chegará em casa?

— Evie vai passar a noite.

— Eu avisei para você manter as mãos longe dela! — Ela


murmurou. Eu podia ouvir a voz profunda de Connor no fundo,
provavelmente tentando acalmar sua namorada louca.

— Ela adormeceu no sofá. — Eu estava muito cansado para irritar


Fiona com uma meia verdade, só para vê-la explodir.

— Não faça coisas pervertidas enquanto ela estiver dormindo.

Fúria queimou através de mim. Eu nunca toquei em uma mulher


que não estivesse cem por cento disposta e consciente. Connor falou
novamente.

Depois de vários momentos de silêncio, Fiona disse: —


Desculpe. Isso foi fora da linha.

— Sim, foi. Boa noite. — Eu desliguei.

Acertei o alarme, uma nova experiência, depois, com um último


olhar para baixo na mulher adormecida, fui para a cama. Esta era a
primeira vez que uma mulher passava a noite na minha cobertura sem
abrir as pernas.

Evie me afetava de uma maneira que eu não conseguia entender.

~ 86 ~
Evie

Um assobio alto me arrancou do sono. Eu acordei com um


torcicolo, desorientada. Olhando para o teto alto, levei vários minutos
para me recompor. Quando me sentei e meu entorno entrou em foco,
percebi onde estava. Apartamento de Xavier.

— Bom dia, sol, — disse Xavier.

Minha cabeça girou em direção à fonte do som. Xavier estava


encostado no balcão ao lado da máquina de café expresso em sua cueca,
espumando o leite.

Eu me desenrolei do cobertor e me levantei. — Que horas são?

— Seis e quarenta e cinco.

— Você acordou sozinho, — eu disse, surpresa, quando puxei


minha camisa de volta ao lugar, imaginando que tipo de ninho de pássaro
meu cabelo criara no momento.

— Você estava dormindo.

— Acordou sozinho, fazendo café. Isso significa que você vai me


demitir? — Eu provoquei.

— Nenhuma chance no inferno de deixá-la ir.

Meu coração fez aquela idiotice que adotara recentemente.

Xavier despejou a espuma de leite nas duas canecas no balcão e


depois se aproximou de mim.

Eu levantei minha palma. — Não se aproxime. Ainda não escovei


os dentes.

Xavier levantou uma sobrancelha. — Eu não ia beijá-la. Estou te


dando café.

~ 87 ~
Mantendo meus lábios fechados, peguei a caneca dele. Eu prefiro
o beijo.

Oh Evie, sua grande idiota.

— Obrigada, — eu murmurei, em seguida, tomei um grande gole,


esperando banisse o gosto ruim da minha boca. Eu podia imaginar que
tipo de visão indigna forneci deitada no sofá como uma baleia
encalhada; Eu não precisava piorar, cheirando a lixeira.

— Devo escrever meu número agora e apagá-lo depois? Já que esse


é o seu modus operandi quando as mulheres passam a noite? — Eu
brinquei.

Xavier me deu um sorriso, se aproximando, perto demais, porque


seu perfume viril e a visão de todos os músculos causaram estragos no
meu corpo. — Meu modus operandi usual inclui sexo quente. Que tal
isso?

Ele estava brincando, alegre e provocante, então forcei uma risada,


mesmo que o calor tivesse percorrido minha espinha. — Desculpa. Este
café é a única coisa quente que você terá.

***

Depois que Xavier partiu para seu treino, dirigi para casa, onde
encontrei Fiona na cozinha. Ela parou no momento em que entrei,
estreitando os olhos. — Você perdeu a cabeça?

Eu pisquei, colocando minha bolsa na mesa. — Desculpe? O que


se enfiou na sua bunda?

— Xavier o fez.

— Ai credo. Essa é uma imagem que eu realmente não preciso tão


cedo de manhã, ou nunca.

Fiona não deu um sorriso. — Você passou a noite.

— Sim passei. Tenho vinte anos, Fiona, não doze.

— Mas você está deixando o encanto de Xavier te seduzir.

~ 88 ~
— Ele não está tentando me seduzir, confie em mim. Eu não sou o
tipo dele, como você bem sabe.

— Talvez ele queira tentar algo diferente pela primeira vez.

— Ele não quer, Fiona. Xavier não tem o menor interesse em mim
a esse respeito. Eu não acho que ele me vê como uma mulher.

— E você?

— Eu sei que sou uma mulher. Eu comprovo toda vez que me dispo
ou amaldiçoo o fato de que não posso fazer xixi em pé durante uma
viagem.

Fiona suspirou. — Você sabe o que eu quero dizer.

— Sim, e também sei que posso cuidar de mim mesma. Sou a


assistente de Xavier e talvez sua amiga, mas nada mais, ok?

— Ok, — admitiu Fiona, mas eu sabia que ela realmente não


acreditava em mim - e quem poderia culpá-la quando eu não acreditava
em mim mesma.

XAVIER

Eu deveria viajar para casa amanhã e ainda tinha que fazer a


ligação que Evie queria que eu fizesse. Eu sabia como minha mãe reagiria
se mencionasse levar uma mulher comigo. Peguei o telefone e liguei para
ela.

— Xavier, — disse a mãe antes que eu pudesse dizer uma palavra.

— Ei mãe, só queria que você soubesse que estou levando alguém


amanhã.

— Alguém? Que tipo de alguém? — Ela perguntou curiosa.

— Uma alguém mulher...

— Oh Xavier! Isso é maravilhoso. Pensei que você nunca se


acomodaria...

~ 89 ~
Eu a interrompi antes que ela começasse a fazer planos de
casamento. — Mãe, não é assim. Estou levando minha assistente Evie.

— Então ela é apenas sua assistente, mas você quer que a


conheçamos? — Confusão soou clara em sua voz.

— Evie é uma amiga, não apenas uma assistente. — Fiz uma


pausa, percebendo que era verdade. Nas últimas seis semanas, Evie e eu
nos tornamos amigos. Ela era engraçada e chutava minha bunda da
maneira mais gentil possível.

— Tudo bem, — disse a mãe lentamente, tentando parecer


indiferente, mas peguei uma pitada de excitação em sua voz. Eu nunca
tinha levado uma garota para casa e ela faria um grande negócio disso,
eu poderia dizer, e assim faria o resto da minha família.

***

Nem mesmo trinta minutos depois, meu celular tocou e o nome de


Marc apareceu na tela. Aqui vamos nós. — Mamãe ligou para você, não
foi? — Falei, cumprimentando-o.

Houve uma breve pausa do outro lado, depois uma risada. — Ela
ligou. Você pode culpá-la? É o destaque do ano dela.

— Ela não precisa ficar tão animada, certo? Evie é uma amiga e
minha assistente.

— Ela é. A cláusula de não divulgação já veio a calhar?

Eu desliguei.

Cinco minutos depois, meu celular piscou com uma mensagem de


Milena, a esposa de Marc.

Eu mal posso esperar para conhecer a sua “assistente”. ;-)

Não respondi. Talvez a introdução de Evie à minha família tenha


transmitido à mensagem errada, mas eu queria que ela fosse comigo,
mesmo que minha família tivesse a intenção de me fazer subir as paredes.

Fiquei contente por meus planos de encontrar Connor para um


treino radical mais tarde. Eu realmente precisava aliviar o stress.

~ 90 ~
Claro, eu deveria saber que até meu melhor amigo não me daria
um momento de paz.

— Você está passando muito tempo com Evie, — disse ele em vinte
minutos do nosso treino.

— Ela é minha assistente, — eu disse a ele enquanto colocava mais


peso na barra para o meu próximo conjunto de levantamento.

Connor encolheu os ombros, olhando-me com curiosidade. —


Certo. Mas com suas assistentes anteriores você não tinha noites de
cinema.

— Porque elas me irritavam tentando puxar meu saco.

— Você não as levou para visitar sua família também.

— Então, Evie te contou sobre isso?

— Ela deixou escapar. Fiona está um pouco desconfiada sobre seus


motivos em relação à irmã dela, para ser honesto.

Eu grunhi quando puxei a barra para cima, em seguida, terminei


a sequência antes de responder a Connor. — Eu não tenho motivos. Evie
nunca saiu da cidade desde que chegou aqui. Ela sequer esteve perto de
uma sela. Eu quero corrigir isso.

— Há outras coisas que ela não fez. Eu espero que você não as
corrija também, — Connor murmurou enquanto tomava meu lugar na
frente da barra.

— O que significa isso?

— Nada, — disse Connor entre os levantamentos. — Eu não vou


me envolver nisso.

— Para quem não quer se envolver você está fazendo muitas


perguntas, cara.

Ele se endireitou, olhando-me nos olhos. — Eu não quero que você


sacaneie Evie. Ou transe com ela. Ponto.

Minhas sobrancelhas subiram na minha testa. — Eu não tenho


intenção de sacanear a Evie.

Os olhos de Connor se estreitaram. — E transar com ela?

~ 91 ~
Eu não disse nada por que não gostava de mentir para o meu
melhor amigo. Embora o termo transar não me caísse bem quando
pensava em Evie.

Connor tocou meu ombro. — Só me faça um favor: não, ok? Não


com ela. Mantenha seu pau em suas calças pela primeira vez.

— Não se preocupe. Eu gosto de estar perto de Evie, é tudo, — eu


disse, e era a verdade sincera. Ela era a primeira mulher, exceto minha
mãe e irmã cuja companhia eu gostava.

Evie

Xavier me pegou naquela manhã em casa sob os olhos atentos de


minha irmã e Connor. Eles não disseram nada, mais pelo meu olhar de
advertência do que qualquer outra coisa, mas a expressão de Fiona me
disse tudo que eu precisava saber sobre seus pensamentos em relação a
viagem.

No carro, perguntei de novo: — Você perguntou a sua mãe, certo?

— Sim, — disse Xavier com uma careta.

— Você não parece muito feliz. Eu não tenho que ir.

— Você tem que ir. Minha família já está planejando o casamento.

Eu me engasguei com uma risada. — Só para você saber, se for


propor, espero o pacote completo: de joelhos, rosas vermelhas, violinos e
fogos de artifício.

Xavier mostrou os dentes. — Eu tenho o pacote completo - o que


mais você poderia querer?

O calor soprou pelo meu corpo como um fluxo piroclástico8. — Você


é muito cheio de si, isso é tudo.

Xavier deu de ombros. — Eu acho que você nunca vai descobrir.

8 Os fluxos piroclásticos (também conhecida como nuvem piroclástica ou


onda piroclástica) são o resultado devastador de algumas erupções vulcânicas.

~ 92 ~
Eu fiz uma careta para a janela lateral. Imaginei que ele estivesse
certo.

Apesar das palavras de Xavier, ou talvez por causa delas, eu estava


inexplicavelmente nervosa em conhecer sua família. Parecia como ser
apresentada aos pais do seu namorado pela primeira vez, não que eu
tivesse alguma experiência a esse respeito. Não que Xavier fosse meu
namorado. Eu era sua assistente.

Eu lancei-lhe uma olhadela, ainda surpresa por ele ter me


convidado para ir para a casa de sua família com ele. — Você realmente
tem certeza que sua família ficará bem comigo passando a noite?

— É claro, — disse Xavier sem hesitação. — Talvez com você lá,


eles não fiquem em cima de mim o tempo todo sobre meus modos de
prostituto.

Eu bufei. — Então eu sou seu escudo de segurança?

Xavier me deu um sorriso. — Temo que você se junte a eles. Eu sei


o que você acha dos meus modos de prostituto.

— Você age como um homem das cavernas e porco com as


mulheres, Xavier.

Seus dedos ao redor do volante apertaram ligeiramente. — Elas


sabem o que vão ganhar quando vão para casa comigo. Eu nunca minto
antes. Elas vêm livremente, apesar do que leem sobre mim nos tabloides.

Fiquei surpresa com o tom sério na voz de Xavier. — Eu sei. Elas


são adultas, Xavier.

Ele relaxou. — Eu não ajo como um homem das cavernas com


todas as mulheres. Eu nunca ajo assim perto de você.

Meus lábios se torceram. Isso era verdade e, por alguma razão


inexplicável, me incomodava. Eu era assistente de Xavier, sua amiga, e
definitivamente não o seu tipo, e era melhor assim. Os olhos de Xavier
piscaram para mim novamente. — Ou ajo?

A pitada de dúvida em sua voz era quase adorável.

Eu dei a ele um pequeno sorriso. — Não, você é


surpreendentemente tolerável ao meu redor.

O canto da sua boca inclinou-se daquele jeito irritante que me fez


querer estapeá-lo e beijá-lo com igual fervor.

~ 93 ~
***

A casa da família de Xavier era uma bela casa de fazenda branca


com um telhado vermelho desbotado. Era cercada por pastagens para os
cavalos da família. Os estábulos espalhavam-se a esquerda da casa e, ao
longe, consegui distinguir os primeiros sinais do Blues Mountains. —
Esta era a casa dos meus avós, mas estava bem desolador antes da
minha mãe reformá-la há alguns anos. Os estábulos são novos. Meus
avós criavam ovelhas e não cavalos.

Dois cães dispararam em direção ao carro no momento em que


Xavier desligou o motor, criaturas enormes com pelo avermelhado e
focinhos ligeiramente mais escuros. Eu não tinha medo de cachorros,
mas seus latidos altos me fizeram pular ligeiramente. — Sherlock e
Watson são grandes gatinhos. Você não precisa se preocupar.

— Sherlock e Watson?

A boca de Xavier se curvou daquele jeito sexy. — Minha irmã é


obcecada pela série, e ela conseguiu nomear os cães.

— Que raça eles são? — Eu perguntei enquanto observava os cães


rondando o carro.

— Rhodesian Ridgebacks9. — Xavier saiu do carro e eu o segui após


uma respiração profunda. Os cachorros estavam ocupados recebendo
Xavier, mas no segundo em que terminaram, eles correram para mim,
abanando o rabo ligeiramente. Eu endureci quando eles me cutucaram
com seus focinhos e Xavier se aproximou de mim, pegando minha
mão. — Vamos, Evie. Você costuma me controlar. Você pode lidar com
dois cachorros.

Eu enviei-lhe um olhar, tentando ignorar quão boa a sua mão se


sentia na minha. — Com você eu não tenho que me preocupar em ter
meus dedos mastigados.

~ 94 ~
— Eu não me importaria de mordiscar certas partes sua, — ele
disse, e nós dois enrijecemos ao mesmo tempo.

Meus olhos voaram para os dele, minhas bochechas


arderam. Xavier nunca tinha flertado comigo assim, não como se
quisesse dizer isso, mas soou como algo que ele diria para alguém que
não era eu. Pelo olhar em seu rosto, ele não queria que as palavras
escapassem também. Eu supus que era hábito.

— Eu terei que colocar você na coleira? — Eu disse para aliviar o


clima.

Xavier piscou. — Eu não gosto desse tipo de fetiche, lamento.

Felizmente, a porta se abriu naquele momento e uma mulher


magra e alta de cinquenta e poucos anos apareceu à porta. Ela estava
usando jeans e uma camisa xadrez solta, o cabelo escuro puxado para
cima em um coque bagunçado. Os cachorros voltaram para a casa.

O nervosismo me atingiu com força, o que na verdade era


ridículo. Xavier me liberou quando sua mãe desceu os degraus. Ela não
o cumprimentou primeiro; Em vez disso, ela me puxou para um abraço
apertado. — É tão bom conhecer você, Evie. Xavier não foi muito aberto
a informações. — Ela recuou com um sorriso caloroso. — Eu tenho
esperado por este dia por muito tempo. Finalmente, Xavier traz uma
garota para casa.

— Xavier não recebe um abraço também? — Xavier murmurou.

Sua mãe se afastou de mim e foi até seu filho, tocando sua
bochecha. Ele se abaixou para beijar sua bochecha, e ela deu-lhe um leve
tapa no peito, uma repreensão silenciosa. — Eu li o último artigo no Daily
Mail.

Xavier franziu a testa. — Eu te disse para não ler essa besteira.

Ela franziu os lábios. — É mais fácil conseguir informações sobre


você do que de você mesmo. — Ela acenou com a cabeça em direção a
casa. — O resto já está lá dentro, ansiosos para conhecer sua garota.

— Xavier e eu, não estamos juntos, — eu disse hesitante,


preocupada que ela poderia ter esquecido esse pequeno detalhe.

Ela balançou a cabeça. — Me chame de Georgia. Agora entre.

Eu dei a Xavier um olhar confuso. — Eles sabem que eu sou sua


assistente, certo?

~ 95 ~
— Eles sabem, — Xavier murmurou quando tirou nossas malas do
porta-malas. — Mas isso não significa que vão te tratar assim.

Segui Georgia pelas escadas, percebendo uma rampa que levava à


varanda. No momento em que entrei, soube por que ela estava ali.

Uma adolescente com cabelos escuros e olhos cinzentos como


Xavier esperava no hall de entrada em uma cadeira de rodas. Seu rosto
abriu um sorriso ofuscante quando viu Xavier. Depois de deixar as
malas, ele foi direto para ela, inclinou-se e a abraçou antes de beijar o
topo de sua cabeça duas vezes e se endireitar. Sherlock e Watson ficaram
na ponta dos pés ao redor de Xavier e Willow, animados, abanando seus
rabos.

— Esta é minha irmã Willow, — Xavier apresentou a pequena


adolescente. Sua voz soou protetora e seus olhos ficaram apreensivos,
como se ele achasse que eu iria surtar porque sua irmã estava
incapacitada.

Willow sorriu timidamente. Tive a sensação de que ela não recebia


visitas com muita frequência aqui.

Eu sorri de volta, andei até ela e estendi minha mão. — Eu sou


Evie. É tão bom conhecer você.

Seus olhos cinzentos voaram entre Xavier, que estava ao lado dela
com uma mão no ombro delgado, e eu, então ela apertou minha mão. Seu
aperto era leve, mas seu sorriso se iluminou. — Prazer em conhecê-la
também.

— Eu amo o seu vestido, — eu disse a ela. Era um lindo vestido


florido que combinava perfeitamente com sua figura esbelta, mas que me
faria parecer um buquê explodindo de flores.

Os olhos de Xavier suavizaram e sua postura relaxou. Eu enviei-


lhe um olhar. Ele já deveria me conhecer. Passos soaram, e um segundo
depois um garoto entrou no vestíbulo e se agarrou à perna de Xavier. Era
um garotinho de três anos talvez. Logo depois, Marc e uma mulher com
cabelos castanhos e ondulados, carregando uma menininha,
surgiram. Seus olhos se concentraram em mim.

A esposa de Marc se aproximou de mim e estendeu a mão que não


segurava a criança. — Eu sou Milena. A cunhada de Xavier. Esta é
Sarah. — Ela acenou com a cabeça em direção a menina que estava
olhando para mim com olhos enormes. — E você é Evie...

— Assistente, — eu forneci para evitar qualquer mal-entendido.

~ 96 ~
— Assistente de Xavier, — disse ela com um sorriso divertido. Ela
apertou minha mão, em seguida, virou para Xavier. Ele pegou sua
sobrinha e beijou sua bochecha rechonchuda antes de dar um abraço em
Milena.

Meus ovários explodiram em um espetacular fogo de artifício com


a visão. Droga. Por que ele tinha que ser fofo com crianças e protetor com
sua irmã? Eu estava tão perdida.

Marc entrou na minha linha de visão e estendeu a mão. Eu a


balancei, feliz pela distração. — É bom vê-la novamente e que manteve
sua promessa até agora.

Eu corei, percebendo que ele se referia ao meu comentário sobre a


cláusula de não divulgação.

— Que promessa? — Willow perguntou curiosamente.

— Nada, — Xavier e eu dissemos ao mesmo tempo.

Willow franziu a testa. — Eu não sou uma criança.

Xavier bateu com o dedo no nariz dela. — Você sempre será minha
irmãzinha.

Ela revirou os olhos e se dirigiu para a sala ao lado - uma sala de


estar e jantar combinada, percebi enquanto seguia o resto da família lá
para dentro. A mesa estava posta com louça rústica e talheres de
prata. Um buquê fresco do que pareciam flores silvestres brancas e rosa
montadas em um vaso de barro no centro.

— Eu espero que você goste de carne? — Georgia me perguntou.

Eu nunca tive a chance de responder por que Xavier me venceu


nisso. — Evie adora carne. Eu nunca vi uma garota que gosta de seu bife
tão mal passado quanto ela.

— A vaca morreu uma vez, não precisa de uma segunda morte, —


eu repliquei.

— É verdade, mas se você comer seus filés mais crus, vai começar
a mugir.

— Diz o homem obcecado com sushi porque é melhor para o seu


corpo.

~ 97 ~
— Keto-sushi10, — corrigiu Xavier.

— Couve-flor não pertence a sushi, Xavier. Aceite meu conselho e


não mencione seus estranhos hábitos de sushi em público, ou você será
preso se tentar entrar no Japão.

Xavier me deu um sorriso. — Eu conheço alguém que me salvaria.

— Depois de alguns dias para você repensar suas transgressões.

— Alguns dias não serão suficientes para isso, — disse Xavier.

— Como se eu não soubesse.

Eu sorri e Xavier sorriu de volta.

De repente, percebi que todos estavam nos encarando como se em


cada um de nós tivesse crescido uma segunda cabeça. Marc e Milena
trocaram um olhar significativo. A boca de Willow estava levemente
aberta e Georgia sorria largamente.

Eu limpei minha garganta, sentindo um pouco na berlinda.

— Eu fiz cordeiro assado e batata cozida, — disse Geórgia, e com


um último olhar demorado para Xavier e eu, ela desapareceu de
vista. Watson e Sherlock correram atrás dela, provavelmente esperando
por um deleite.

— Por que você não leva Evie para o quarto dela, Xavier? — Milena
sugeriu.

Xavier franziu o cenho brevemente para sua cunhada, então fez


sinal para eu segui-lo. Ele pegou nossas malas e me levou para cima. —
Eles são incríveis, — eu disse.

— Espere até eles começarem a ser irritantes.

Sua voz continha afeição apesar de suas palavras.

Eu sufoquei um sorriso. Xavier abriu a primeira porta à direita, um


quarto de hóspedes pequeno e aconchegante com um tapete xadrez e
uma estreita cama de madeira.

Xavier colocou minha mala na mesa redonda ao lado de uma


poltrona antes de se virar para mim. — Nada chique.

10 Sushi sem carboidrato, geralmente de couve flor.

~ 98 ~
Dei de ombros. — Eu amo isso aqui. Aposto que foi maravilhoso
crescer nesta casa.

Algo sombrio passou pelo rosto de Xavier, mas tão rapidamente


quanto havia surgido, desapareceu. Ele não me deu a chance de refletir
sobre sua reação. — Vou levar minha mala para o meu quarto, então
devemos voltar para minha família. Eles provavelmente estão
aprontando.

Suprimindo minha curiosidade, assenti. Juntos nós voltamos para


a sala de jantar.

No momento em que peguei os olhos de Milena, ela piscou para


mim.

Eu não sabia por que ela fez isso, mas não tinha intenção de
perguntar. Eu não queria me fazer de boba na frente da família de Xavier.

O cordeiro assado estava incrível e eu elogiei Geórgia várias vezes


por isto, até que ela perguntou se podia me adotar. Suas palavras
criaram um nó na minha garganta, lembrando-me da minha mãe, e eu
me desculpei sob o pretexto de ter que ir ao banheiro. Levou apenas
alguns minutos para me recompor e, quando saí do banheiro de
hóspedes, fiquei surpresa ao encontrar Xavier esperando na frente
dele. — Minha mãe não sabia sobre sua mãe, — ele disse baixinho, seus
olhos examinando meu rosto.

Eu sorri com embaraço. — Não é grande coisa. Eu me emocionei


por um momento, mas estou bem agora.

— Tem certeza disso?

A preocupação na expressão de Xavier aqueceu minhas


entranhas. — Absolutamente. Agora vamos. Eu preciso de outro pedaço
daquele assado.

— Você não é uma daquelas meninas que tem escrúpulos em comer


animais fofinhos, não é? — Ele sorriu.

Eu bufei. — Eles não são mais fofos e bonitinhos quando eu os


como. Se eu tivesse que matar minha carne, me tornaria vegetariana.

Nós voltamos para a mesa da sala de jantar, e novamente


recebemos alguns olhares curiosos.

Depois do jantar, conversamos por um longo tempo,


principalmente sobre o meu tempo nos EUA, mas acabamos passando

~ 99 ~
para histórias engraçadas da infância de Xavier. Eu rapidamente notei
que todos contornavam certo tópico: o pai de Xavier.

Tive a sensação de que não era porque o homem havia morrido e


todos lamentavam sua ausência. Como eu sabia por experiência, o
silêncio em torno do buraco que uma pessoa amada deixou para trás era
diferente - não tão categórico e mais crônico. Eu não tinha visto uma
única foto de um homem na entrada ou na sala de estar, embora
houvesse muitas fotos de família.

Era quase meia-noite quando Milena e Marc subiram as escadas,


onde seus filhos já estavam dormindo. Willow tinha adormecido em sua
cadeira de rodas, seu cabelo escuro cobrindo seu rosto. Ela me lembrou
da Branca de Neve de uma maneira trágica. Então me senti culpada pelo
pensamento. Só porque ela estava em uma cadeira de rodas, isso não
fazia dela uma figura trágica. Ela tinha uma família amorosa.

Georgia se levantou e foi até a filha, mas Xavier se levantou da


cadeira. — Não a acorde. Posso levá-la para o andar de cima — sussurrou
ele.

Georgia assentiu, depois deu boa noite antes de subir também.

Xavier pegou sua irmã com cuidado, como se ela fosse a coisa mais
preciosa que ele tinha. A cabeça dela caiu contra o peito dele e ela parecia
frágil e pequena contra o seu corpo forte. Ele levantou os olhos, me
olhando fixamente.

E naquele momento, percebi o que eu estava negando há muito


tempo: em algum lugar ao longo do caminho eu me apaixonei por
Xavier. Não pelo homem impetuoso ou o idiota arrogante, mas pelos
vislumbres do tipo engraçado que Xavier tão raramente mostrava ao
mundo exterior.

Oh, Evie, sua idiota.

— Você precisa da minha ajuda? — Eu perguntei em um sussurro.

Ele assentiu e caminhou em minha direção. — Você pode abrir a


porta de Willow para mim?

— Claro.

Subimos em silêncio, Xavier carregando sua irmã como se ela não


pesasse nada, e eu carregando meus sentimentos como um peso de pedra
algemado ao meu tornozelo, arrastando-me mais profundamente para o
fundo do oceano.

~ 100 ~
Eu fiquei na porta enquanto Xavier colocava sua irmã na cama e a
cobria com um cobertor antes de pressionar um beijo em sua
testa. Sherlock e Watson se enrolaram no tapete ao lado da cama. Eu
recuei e Xavier saiu, fechando a porta.

Por um momento, nenhum de nós disse nada. O cheiro quente de


Xavier me cercou, e eu podia sentir meu corpo respondendo a isso. Meus
olhos se demoraram na boca de Xavier.

— Boa noite, Xavier, — eu murmurei, minha voz entalada na minha


garganta.

— Boa noite, Evie, — disse Xavier um pouco rudemente.

Um pequeno arrepio passou pela minha espinha e eu rapidamente


desapareci no meu quarto.

~ 101 ~
Evie

A cavalgada estava programada para o final da manhã. Tanto para


não me fazer de boba na frente da família de Xavier. Mas ver Xavier de
jeans desbotado e uma camisa jeans aberta igualmente desbotada com
uma camiseta branca apertada por baixo, um cinto de cowboy marrom e
botas, compensou isso. O Homem de Marlboro teria chorado lágrimas de
ciúmes ao ver Xavier, não que Xavier chegasse perto dos cigarros.

Quando Xavier me levou para os estábulos e avistei as cinco bestas


enormes, meu pulso acelerou. Georgia, Marc e Willow já estavam
esperando por nós enquanto Milena ficava para vigiar as crianças. Eu
desejei que pudesse ter sido eu. Eu sabia que muitas garotas sonhavam
em possuir seu próprio cavalo e cavalgar todos os dias, mas eu nunca fui
uma delas. A ideia de estar à mercê de um animal que pesava mais do
que muitos modelos de carros asiáticos nunca me pareceu algo
agradável.

— Xavier, — eu sussurrei quando chegamos ao lado dos


animais. — Eu disse a você que nunca na minha vida montei em um
cavalo, e honestamente o tamanho deles me assusta.

Os olhos de Xavier brilharam. — Estando perto de mim o tempo


todo, o tamanho não deve mais incomodá-la.

Eu revirei meus olhos e empurrei seu ombro. Ele sorriu.

Eu podia sentir os olhos de todos em nós e corar. Marc e sua mãe


trocaram um olhar, e Willow parecia estar prestes a surtar de alegria.

— Você vai ficar bem, Evie. Eu vou ficar perto, — Xavier


murmurou.

— É melhor.

Xavier foi até a sua irmã. Para ser honesta, fiquei surpresa por ela
se juntar a nós. Eu não sabia muito sobre equitação, mas não tinha
considerado uma possibilidade para alguém incapacitado. A sela em seu

~ 102 ~
cavalo, uma beleza arlequim, tinha cintas e suportes adicionais para as
coxas.

Xavier tirou a irmã da cadeira de rodas, os braços dela ao redor do


seu pescoço e, mais uma vez, meu coração deu uma cambalhota que
começou a me assustar sem sentido. Ele a levantou no cavalo e ajudou
prendê-la. Eu me perguntei como ela poderia guiar um cavalo sem suas
pernas. Talvez apenas através das rédeas. Xavier deu um tapinha no
cavalo antes de voltar para mim. A única coisa que faltava para ele se
tornar a estrela de um romance ocidental era um chapéu de caubói, e a
única coisa que faltava para me transformar na estrela da minha novela
embaraçosa era se Xavier percebesse que seu charme tinha o mesmo
efeito sobre mim que em todas as outras mulheres neste planeta.

Meu Deus, Evie, controle-se, ok?

— Você está bem? Você tem um olhar estranho no seu rosto —


disse Xavier enquanto me levava em direção a dois cavalos majestosos
com pelo marrom escuro enquanto sua família trotava à frente.

— Estou bem. Apenas nervosa.

Ele apontou para o maior dos dois animais. — Esse é meu cavalo,
Adobe. E a sua égua é Cinnamon.

Minha boca se contraiu. — Você está me dando uma égua com o


nome de comida.

Xavier riu. — Eu não escolhi Cinnamon por causa disso. Ela é a


mais calma do grupo. Ela é uma boa égua para principiantes. Mas é
apropriado. Você cheira a canela.

— Provavelmente porque eu amo pãezinhos de canela, — eu disse.

— Provavelmente, — Xavier murmurou. Ele desviou os olhos de


mim e acenou em direção à égua. — Vamos colocá-la na sela.

— Ok, — eu disse, incerta, olhando para o enorme animal. Ela


tinha belos olhos castanhos escuros com cílios longos e escuros. Essa
égua era mais bonita que a maioria das pessoas. Meu olhar foi atraído
para as costas dela. Como eu deveria subir na sela? — O que eu faço
agora?

Xavier pegou minha mão e a pressionou levemente na lateral do


pescoço do cavalo, depois passou nossas mãos sobre o pelo macio. —
Mostre a ela que seu toque é bom, — ele disse baixinho, seus olhos na
égua.

~ 103 ~
Eu tremi ao sentir o toque gentil de Xavier e sua proximidade. Seus
olhos encontraram os meus e por um momento minha respiração ficou
presa. Então eu limpei minha garganta. — Ela é linda.

Xavier assentiu. Lentamente, ele olhou de volta para nossas mãos


pressionadas contra o pescoço do cavalo. Ele baixou a mão. — Por que
você não tenta montá-la?

Eu bufei uma risada, não pude evitar.

Xavier sorriu perigosamente. — Você tem uma mente suja, Evie.

Corei, mas passei por Xavier e olhei para a sela.

— Agarre o arco, — instruiu Xavier.

Eu olhei automaticamente para a cabeça do cavalo como se tivesse


brotado um chifre como um rinoceronte. Xavier riu, o estrondo profundo
me distraindo terrivelmente. Ele tocou um pequeno arco na frente da
sela. Ele, sendo um gigante, não teria dificuldade em montar o cavalo,
mas eu não era nem apta ou leve. Eu estava feliz que a família de Xavier
tivesse ido em frente e não estivesse mais assistindo.

Eu segurei o arco.

— Coloque o pé no estribo, — disse Xavier.

Isso já provou ser um pequeno desafio. Eu não conseguia me


lembrar da última vez que tive que erguer tanto minha perna. — Não se
atreva a rir, — eu murmurei quando vi a expressão de Xavier.

— Eu não ousaria.

Eu enviei-lhe um olhar, mas tive que abafar um sorriso.

— Agora levante-se.

Como se fosse tão fácil assim. Eu tentei usar minha mão no arco
para me puxar para cima, mas no ângulo em que minha perna estava eu
não tinha como me levantar. Calor subiu para minhas bochechas. Xavier
era um atleta profissional, e todas as mulheres com quem ele costumava
lidar estavam em forma, e eu não conseguia nem subir em um cavalo. Eu
nem queria pensar no jeito que minha bunda parecia nesse ângulo.

— Eu não consigo, — eu disse, e me encolhi em como a minha voz


vacilou. Eu não era mais uma adolescente que se escondia no banheiro
depois das aulas de ginástica, droga.

~ 104 ~
Xavier veio por trás de mim e colocou as mãos na minha cintura. A
tensão atravessou meu corpo com a proximidade inesperada, pela
maneira como meu corpo respondeu a isso. Então outro pensamento me
ocorreu. O que Xavier achou da minha sensação suave? Eu não era
músculo e osso.

Ele me soltou com uma pequena carranca. — Eu queria ajudá-


la. Eu deveria ter perguntado primeiro.

Ele parecia arrependido, mas havia uma nota mais sombria. Eu


procurei no rosto dele, mas estava fechado.

— Não seja ridículo. Eu só fiquei assustada. Você já me tocou


antes. — Não na minha cintura, nem perto disso, e o céu tenha piedade,
eu queria o seu toque de volta, apesar da minha preocupação com a
opinião dele sobre o meu corpo macio. — Preciso da sua ajuda. Mas
duvido que você possa me levantar.

Xavier balançou a cabeça. — Não seja ridícula, Evie, — ele jogou


minhas palavras de volta para mim com um sorriso confiante. Suas mãos
voltaram para a minha cintura, grandes mãos quentes, mãos que eu
queria sentir em todo o meu corpo. — No três, você puxa.

— Tudo bem, — eu disse baixinho.

— Um... dois... — Seus dedos na minha cintura apertaram,


afundando na minha maciez, mas antes que eu pudesse me sentir
nervosa sobre isso, ele disse, — Três, — e me levantou. Eu rapidamente
puxei o arco enquanto empurrava contra o estribo ao mesmo tempo, e de
repente eu estava em cima da égua, seguramente posicionado em sua
sela. Eu olhei para Xavier com os olhos arregalados.

Xavier era uma fera. Todo músculo, todo força, todo homem. Deus
tenha piedade.

— Viu? — Ele disse presunçosamente.

Eu engoli enquanto olhava para seus olhos cinzentos arrogantes e


rosto bonito. Isso estava ficando perigoso. — Obrigada, — eu disse com
um sorriso trêmulo.

Xavier se aproximou. — Você está bem aí em cima? Você parece


assustada.

Eu estava com medo, muito assustada, mas não da égua ou da


cavalgada. — Estou bem. Só preciso de algum tempo para me acostumar
a ficar nessa altura, — eu menti.

~ 105 ~
— Você vai se acostumar com isso rapidamente. — Ele tocou meu
joelho brevemente, levemente, como um amigo, mas o contato me
atravessou como eletricidade. Xavier se afastou, foi até o Adobe e subiu
como se fosse a coisa mais fácil do mundo, então pegou as rédeas em
uma mão e se endireitou na sela.

Meus olhos percorreram suas coxas musculosas pressionadas no


cavalo, sobre as ondulações de seu estômago que sua camisa não
escondia, pelos seus braços flexionados. Ele bateu levemente em seu
cavalo, depois o dirigiu até mim. Ele agarrou as rédeas do meu cavalo
também. — Eu vou liderar por agora porque você nunca fez isso antes. Se
você se sentir confiante sobre Cinnamon, pode assumir as rédeas, tudo
bem?

Eu balancei a cabeça. Havia tantas coisas que eu não tinha feito e


queria que ele assumisse a liderança. Ele estalou a língua, puxou as
rédeas e Cinnamon começou a andar ao lado de Adobe.

Soltei um suspiro assustado e agarrei o arco como se minha vida


dependesse disso, minhas coxas grudadas no flanco da égua.

— Endireite suas costas. Não fique pendurada aí como um pano de


prato frouxo — instruiu Xavier.

Eu enrijeci minha espinha com uma carranca, mas Xavier apenas


riu e se virou para frente. Por fim, comecei a me sentir mais confortável
com Cinnamon. Ela seguiu Xavier e Adobe obedientemente, e Xavier a
acalmou o suficiente por nós dois. Ele parecia em paz, como se isso fosse
quem ele realmente era. Que ele me deixou ver esse lado dele significava
alguma coisa. O problema era que eu não sabia exatamente o quê.

Após cerca de trinta minutos em que consegui magníficas vistas da


paisagem acidentada das Blue Mountains, Xavier me entregou as
rédeas. — Você pode fazer isso, — ele me assegurou quando lhe lancei
um olhar incerto. — É como andar de bicicleta.

Eu não mencionei que sempre odiei andar de bicicleta e não fazia


isso há anos. A bela paisagem compensava meu medo de cair para a
minha morte de cima da égua. Eu teria que visitar o Blue Mountains
National Park quando Xavier e eu não estivéssemos em uma visita
familiar. Mesmo à distância, as formações rochosas arborizadas eram de
tirar o fôlego.

Agarrei as rédeas de couro e estalei minha língua como Xavier


havia feito enquanto pressionava minhas coxas contra os flancos da
égua. Cinnamon começou a trotar imediatamente. Xavier ficou perto o
tempo todo até que Geórgia voltou e conduziu seu cavalo ao nosso
~ 106 ~
lado. — Por que você não conversa um pouco com Willow? — Ela sugeriu
a seu filho.

— Não interrogue Evie, — Xavier murmurou antes de pressionar


as coxas e Adobe acelerou.

— Não há realmente nada de interessante que eu possa contar-lhe


sobre Xavier, nada que você não possa ler em todos os tabloides do país,
— eu disse quando ela começou a cavalgar ao meu lado.

— Eu não me importo com fofocas, — ela disse baixinho. Por um


tempo ela não disse nada, apenas deixou seu olhar vagar pela vegetação
ao redor e montanhas distantes, brilhando em azul e cinza no
horizonte. — Esta casa teve sua hipoteca executada há alguns anos.

Lancei-lhe um olhar curioso.

— Marc ainda estava pagando suas mensalidades e Xavier tinha


acabado de começar a jogar para sua equipe. Não havia como eu pagar
ao banco. Eu tinha me conformado com o fato de que perderia a minha
casa, mas Xavier pegou um empréstimo para salvar a propriedade. Sem
ele, eu teria perdido a fazenda dos meus pais e avós.

Por que ela estava me dizendo isso? — Eu sei que Xavier é um bom
homem. Os tabloides relatam sobre um lado que ele permite que eles
vejam, um lado que ele quer que eles vejam. Mas ele é muito mais que
isso.

Ela deu um aceno conciso. — Ele precisa de uma mulher que o faça
acreditar em sua bondade.

— Não é assim entre Xavier e eu. Sou sua assistente e amiga. Ele
não me vê como mais do que isso. Eu não sou o tipo dele, por razões
óbvias.

Seus olhos fizeram uma rápida varredura do meu corpo. Eu não


tive que explicar. Nós duas sabíamos que eu estava cerca de dezoito
quilos e um milhão de abdominais longe de ser o tipo de Xavier. — Eu
tenho olhos e conheço meu filho, — ela disse enigmaticamente. — Tenho
a sensação de que você pode ser a única a quebrar sua concha.

***

~ 107 ~
Xavier preparou a carroceria de uma picape Ford enorme,
limpando-a de bagunça e colocando sacos de dormir dentro. Xavier e eu
deveríamos sair e observar as estrelas. Milena sugeriu isso depois que
voltamos da cavalgada, e todos ficaram entusiasmados com a ideia,
especialmente Georgia e Willow.

A ideia pareceu boa no começo, mas quanto mais eu pensava nisso,


menos me convencia de que um tempo sozinho com Xavier era seguro. As
palavras da Geórgia me agitaram. Isso combinado com meus sentimentos
evoluindo por Xavier fez uma aventura romântica parecer menos
desejável, mesmo que não fosse isso.

— Pronta? — Xavier perguntou. — Temos apenas cerca de trinta


minutos até o pôr do sol.

Eu balancei a cabeça e entrei na frente do caminhão. Xavier se


juntou a mim um momento depois e afastou o carro da casa. Nós
dirigimos em silêncio. Xavier estava estranhamente quieto desde o nosso
passeio e eu me perguntava por que isso acontecia. Sua mãe lhe disse
algo parecido? Eu esperava que não. Eu não queria que ela nos
empurrasse quando era óbvio que Xavier não estava interessado em mim
desse jeito. E para ser honesta, eu não tinha certeza se deveria considerar
seguir meus sentimentos. O estilo de vida de Xavier realmente não
favorecia uma mulher como eu ao seu lado.

Xavier finalmente parou o carro no meio do nada, e nós saímos e


subimos na carroceria do caminhão.

O ar estava ficando surpreendentemente frio enquanto o sol se


punha, e logo arrepios cobriram minha pele. Meus chinelos e o suéter
fino realmente não impediam o frio. Eu arrastei o saco de dormir até o
meu peito enquanto olhava para o céu noturno com admiração. Apesar
do frio, eu podia apreciar a beleza cintilante que a natureza tinha para
oferecer.

— Você está com frio? — Xavier murmurou, me assustando. Ele


não falava desde que saímos da fazenda. Era inquietante vê-lo tão quieto.

— Sim, — eu admiti.

Xavier se aproximou um pouco e passou um braço em volta de mim


levemente. — Eu posso ser seu aquecedor pessoal. — Ele fez uma pausa,
olhando para o meu rosto. — Está tudo bem? — Ele apertou meu braço.

— Sim, — eu disse sem fôlego. Seu perfume me cercou e o tecido


macio de sua camisa jeans roçou meu pescoço. Cada terminação nervosa
em meu corpo estava atenta a sua proximidade.

~ 108 ~
Xavier era um mulherengo. Eu tinha visto como ele fazia um
movimento. Ele nunca foi contido. É claro que, com aquelas mulheres,
ele as queria em sua cama e elas deixavam claro que queriam estar em
sua cama também, então ele sabia que seu toque era bem-vindo. Eu
supus que era uma coisa boa que ele não me quisesse dessa forma, e
ainda melhor que não soubesse que eu queria o que todas aquelas
mulheres queriam. — O que minha mãe queria de você? Ela tentou se
intrometer?

Meu cérebro levou um piscar de olhos para processar suas


palavras. Minhas sinapses11 estavam dando um tempo. — Nada
importante. E não, ela não tentou. — Eu não sabia por que estava
mentindo para Xavier porque tinha quase certeza de que Georgia, na
verdade, tentara se intrometer.

— Isso não parece com minha mãe. Intrometer-se é seu


passatempo favorito quando se trata de mim.

— Isso realmente parece muito com Fiona.

Eu ri, olhando para Xavier, e de repente nossos rostos estavam


muito próximos. A respiração de Xavier se tornou minha respiração
enquanto nos encarávamos. Afaste-se.

Mas meu corpo estava congelado no tempo e no espaço, porque eu


não conseguia parar de olhar para ele, para aqueles olhos cinzentos, para
aquela boca, que vomitava besteira autoconfiante na metade do tempo,
mas no resto do tempo, falava besteira engraçada e reconfortante, que
fazia meu coraçãozinho estúpido pular uma batida. E o céu tenha
piedade, inclinei-me para frente. Isso foi todo o encorajamento que Xavier
precisou porque de repente não havia mais ar entre nós e ele me beijou,
e não tinha nada de contido sobre Xavier naquele momento.

E, no entanto, não foi um beijo Xavier, não como os que eu


testemunhei.

Não o tipo ‘vamos acabar logo com isso’, ou o tipo ‘cale a boca’. Não
foi impaciente. Ele espalmou minha bochecha e me beijou, me consumiu,
com seus lábios e língua. Eu estava tonta do seu gosto, seu calor, seu
toque. Eu nunca tinha sido beijada assim, nem perto disso, não tinha
imaginado que seria possível me perder em um beijo, na sensação de
alguém assim.

11 No sistema nervoso, uma sinapse é uma estrutura que permite que um


neurônio (ou célula nervosa) passe um sinal elétrico ou químico para outro neurônio ou
para a célula efetora alvo.

~ 109 ~
Sua outra mão tocou minhas costas e ele nos aproximou ainda
mais até que seu calor estivesse em toda parte. O tecido da minha camisa
poderia muito bem nem estar lá. Meu corpo respondeu ansioso e faminto
por seu toque. Eu queria Xavier. Meu corpo queria, mas meu coração
também. O que isso significava para ele? Sua palma se afastou das
minhas costas para as minhas costelas, o toque suave. Eu enrijeci. Eu
precisava parar com isso agora.

Mas Xavier fez isso antes que eu pudesse.

Quando ele se afastou, pisquei para ele, atordoada. Xavier também


parecia quase surpreso. Por um tempo nenhum de nós disse nada. Eu
limpei minha garganta e coloquei um pouco mais de distância entre nós,
mas fiquei no braço de Xavier porque estava muito frio para deixar seu
calor. Meus olhos foram atraídos de volta para o deslumbrante céu
noturno, tentando me distrair com a visão, tentando ignorar os fogos de
artifício em meu corpo e o modo como Xavier ainda estava me
observando.

Esse beijo poderia estragar tudo.

O perfume quente de Xavier se agarrava a mim, e eu ainda podia


sentir o gosto dele em meus lábios, ainda senti-lo. Eu tentei pensar em
algo para dizer, qualquer coisa, mas minha mente estava um completo
vazio.

Xavier finalmente desviou o olhar para o céu noturno também. Ele


estava tenso. Meu olhar foi atraído para a mão dele, que estava
descansando em seu colo, e meus olhos se arregalaram. Eu levantei
minha cabeça. Havia uma protuberância inconfundível em suas calças.

Eu fiz isso com ele.

Eu, Evie, o bolinho. Eu tive que resistir ao impulso de arrastá-lo


para mais perto e continuar o beijo.

Eventualmente, Xavier suspirou. — Isso deixará as coisas


estranhas?

— Nós não precisamos deixar ficar estranho. Somos dois adultos


que conseguem lidar com a situação de uma maneira adulta, certo? —
Minha voz era estranhamente áspera e sem fôlego.

Xavier olhou para mim e eu engoli em seco. — Sim, — ele


murmurou, e seus olhos correram de volta para os meus lábios.

O constrangimento era abundante.

~ 110 ~
— Talvez devêssemos voltar, — eu disse. Tive a sensação de que
nem Xavier nem eu estávamos em condições de tomar decisões
responsáveis neste momento.

Ele assentiu e tirou o braço ao meu redor. Eu rapidamente deslizei


da carroceria do caminhão e dei a volta no carro, meu pulso ainda
correndo em minhas veias. Xavier e eu não conversamos enquanto
voltávamos pela escuridão.

Só piorou quando entramos na casa escura. Apenas Sherlock e


Watson nos cumprimentaram. O resto da família provavelmente já estava
na cama. Subimos as escadas juntos, Xavier logo atrás de mim. Eu podia
sentir sua presença e me perguntei o que ele via quando olhava para
mim. Uma soma de imperfeições? Esse beijo foi um acaso? Ele estava
com tesão e me beijou porque não havia mais ninguém por perto para
fazer um movimento? Talvez a intromissão de sua família tivesse lhe
subido à cabeça, afinal de contas. O que quer que tenha provocado o
beijo, não foi pelas mesmas razões que desfrutei.

Eu parei na frente da porta do meu quarto. Xavier estava mais


perto do que eu pensava, elevando-se sobre mim, olhando para mim de
um jeito que eu não conseguia ler. — Boa noite, — eu disse rapidamente,
antes de fazer algo estúpido como perguntar a ele.

— Boa noite, Evie, — Xavier disse calmamente quando eu entrei e


fechei a porta na cara dele.

Eu me inclinei contra a porta e fechei meus olhos. O que eu fiz?

O arrependimento pelo beijo era apenas uma pequena parte dos


meus sentimentos, mas era a pior - porque mais do que o beijo, eu me
arrependi por não ter permitido que Xavier levasse as coisas adiante.

XAVIER

Eu me encostei na parede por vários minutos, atordoado com o que


tinha acontecido. Eu beijei Evie. Eu beijei tantas mulheres e
praticamente todas as minhas assistentes, mas por alguma razão isso
pareceu diferente.

~ 111 ~
Evie não era uma garota que eu considerava meu tipo. No entanto,
a personalidade de Evie a teria tornado atraente, mesmo que ela fosse
feia.

Mas ela era linda, perfeita com todas as suas imperfeições, e apesar
de seus seios incríveis e bunda digna de amassar, essa não foi a razão
pela qual eu a beijei. Quando eu estava perto dela, silêncios não pareciam
oportunidades perdidas para deixar minha marca; eles não eram
carregados ou estranhos. Poderíamos nos sentar ao lado um do outro em
um silêncio confortável, apreciando a companhia mútua, além disso,
felizes em sermos nós mesmos. Porra, eu soava como um maldito
horóscopo de psicologia do amor.

Eu me arrastei para o meu quarto, revivendo o beijo. Claro, meu


pau saltou a vida quando me lembrei do gosto de Evie, seu cheiro, o
gemido que ela deu, o jeito que seus seios roçaram meu braço. Eu não
conseguia me lembrar da última vez que uma sessão de amassos me
deixou tão desesperado por mais, junto com a percepção esmagadora de
que nunca haveria mais, nunca poderia haver.

Evie tinha me beijado como se ela quisesse isso, como se também


quisesse levar as coisas adiante, mas ela enrijeceu, uma merda de alerta
se eu precisasse de um. Eu não podia dormir com Evie. Eu não queria
perdê-la, e sexo tornaria inevitável esse resultado.

As coisas continuaram desajeitadas entre Evie e eu na manhã


seguinte e, é claro, minha família percebeu isso, trocando olhares
questionadores e sussurrando nas nossas costas quando achavam que
Evie e eu não estávamos prestando atenção.

Para minha surpresa, nem minha mãe, Marc ou Milena me


interrogaram sobre isso, mas pouco antes da hora de partir, Willow se
despediu falando o que pensava. Eu me agachei na frente dela, minhas
mãos embalando as dela enquanto ela me olhava com um sorriso
suave. — Eu realmente gosto de Evie. Ela é engraçada e legal.

— Ela é, — eu concordei, arriscando um olhar para o resto da


minha família, que estava abraçando Evie como se ela fosse a filha há
muito perdida que eles não poderiam suportar deixar ir embora.

— Você vai trazê-la de novo?

Suspirei, dei um beijo na palma de Willow e me endireitei. — Eu


não sei.

— Eu gostaria que você estivesse namorando-a.

~ 112 ~
— Eu não namoro, Willow, e o que é mais importante, eu não
discuto minha vida amorosa com minha irmãzinha. — Eu me abaixei e
beijei sua testa para suavizar minhas palavras. Willow agarrou-se aos
meus braços, forçando-me a encontrar seus olhos. — Eu não sou mais
uma garotinha. Estar presa em uma cadeira de rodas não significa que
eu não vejo as coisas. E vejo como você olha para ela e como ela olha para
você.

Willow tinha razão. Eu frequentemente ignorava o fato de que ela


logo seria adulta, mas ela estava errada sobre todo o resto. Tudo o que
ela viu, nasceu de um pensamento positivo da parte dela. Pelo menos, foi
o que eu disse a mim mesmo enquanto dava adeus a minha irmã.

~ 113 ~
Evie

Tenho a sensação de que você pode ser a única a quebrar sua


concha.

Eu ocasionalmente me animava com a ideia de que talvez as


palavras de Georgia pudessem ser verdade, que o beijo tivesse significado
alguma coisa, que poderia haver mais entre Xavier e eu.

Isso provou que tipo de idiota eu era.

Um dia depois de nosso retorno, entrei no apartamento de Xavier


só para ouvir uma mulher gritando como uma lunática em óbvio êxtase.

Essa era a resposta que eu queria e a chamada de despertar que


precisava. O beijo que nós compartilhamos não significou nada para
ele. Não deveria importar porque tinha sido apenas um beijo. Nada para
se orgulhar, certo? Mas aquele beijo... a lembrança ainda dava
palpitações no meu coração.

Por um momento, considerei me virar e sair. Ele já estava acordado


e sabia como chegar ao treino. E talvez ele esquecesse e se
atrasasse. Então o técnico o colocaria no banco no próximo jogo
amistoso. Faltava apenas três semanas para o início da temporada, então
ele era menos tolerante quando se tratava das besteiras de Xavier.

Mas eu era assistente de Xavier e até mesmo sua amiga, e ser


mesquinha não era da minha natureza, então liguei a máquina de café
expresso para que ele pudesse terminar seus negócios sem que eu
ouvisse cada segundo.

Respirando fundo, esperei que Xavier terminasse com sua mulher


da noite e me ocupei com a correspondência. O único compromisso,
exceto o treino, era algo que Xavier só havia acrescentado ao calendário
ontem à noite depois que me deixou em casa. Dizia apenas ‘tarde WS’, e
eu não tinha ideia do que fazer com isso. Mas o problema mais urgente
era que eu precisava fazer Xavier chegar ao treino em exatamente
quarenta minutos, e ele ainda estava ocupado fodendo sua namorada.

~ 114 ~
Com a boca torcida, peguei o leite e as canecas e fiz um
cappuccino. Eu tomei um gole quando mais gritos ecoaram, só que desta
vez soaram furiosos, e uma mulher invadiu o patamar, meio vestida e
parecendo realmente irritada. Normalmente, as mulheres deixavam o
quarto de Xavier com um sorrisinho sonhador ou uma expressão de
paixão doentia. A raiva vinha depois, quando ele não ligava de volta. —
Você é um idiota.

Ele era.

Xavier saiu do quarto, em sua Calvin Klein branca, parecendo um


sonho molhado se tornando realidade. — Ouça...

Ela o interrompeu. — Qual é o meu nome?

Ele fez uma careta.

Ele esfregou a cabeça, os olhos me encontrando. Eu não tinha ideia


de quem ela era. Ela não era alguém que eu conhecia dos tabloides, então
ele não podia esperar minha ajuda nesse caso. Eu sorri para ele sobre a
borda da minha caneca enquanto tomava um gole do meu café.

Um canto da sua boca se inclinou. Ele nem se importava em não


se lembrar do nome da mulher.

— Você não se lembra, certo? — Ela sussurrou. — Eu posso lidar


com isso, mas me chamar pelo nome de outra mulher? Sério? Você é um
idiota. — A mulher desceu os degraus restantes. Xavier seguiu sem
pressa. Levantei a alavanca da cafeteira e o líquido escuro caiu na xícara
de Xavier. Eu adicionei um cubo de açúcar como ele gostava. Era
praticamente o único açúcar que ele permitia em sua dieta.

Os olhos da mulher pousaram em mim, reconhecimento piscando


em seus olhos. Era difícil ficar em segundo plano como assistente de
Xavier. Seu olhar disparou de Xavier para mim. — Deixe-me adivinhar,
você é Evie?

Eu fiz uma careta. — Sim. Sou a assistente de Xavier.

Ela balançou a cabeça, depois saiu sem outra palavra.

— O que foi isso? — Eu perguntei, entregando a caneca a Xavier.

Ele pegou. — O habitual, — disse ele, em seguida, acrescentou


rapidamente: — O que tem para hoje?

Eu parei. Xavier nunca perguntava sobre seus compromissos por


conta própria. Ele precisava ser chutado e lembrado vinte e quatro horas

~ 115 ~
por dia. — Treino em trinta e cinco minutos, então você precisa mover
sua bunda, e algo que você marcou como WS, mas eu não sei o que
é. Você nunca me disse.

Xavier bebeu seu café e pareceu quase desconfortável quando


disse: — É uma abreviação para o abrigo das mulheres.

— Oh, — eu murmurei. Eu não esperava isso. — O que você quer


lá?

— Me pediram para visitá-las.

— OK. Quem da imprensa estará lá? — Perguntei, pegando meu


telefone para anotar os nomes e reunir informações sobre eles. Eu
precisava ter certeza de que Xavier não dissesse algo politicamente
incorreto. Fiquei realmente surpresa que ele tivesse a ideia de melhorar
sua imagem visitando uma instalação desse tipo. Não era seu estilo
habitual.

— Sem imprensa, — Xavier murmurou. Ele largou a caneca sem


outra palavra e voltou para o andar de cima para se arrumar, eu
supus. Ele surgiu dez minutos depois em seu traje de treino. Sua
expressão estava fechada, então não o incomodei sobre o abrigo das
mulheres apesar da minha curiosidade. Talvez ele ainda estivesse
chateado por causa do incidente com sua conquista, embora geralmente
isso nunca o atingisse.

Uma vez que estávamos no carro de Xavier, perguntei: — Você vai


sozinho para o abrigo?

Xavier balançou a cabeça devagar enquanto dirigia o carro para a


rua. — Eu quero que você venha comigo.

— Tudo bem, — eu disse. De alguma forma, isso era um grande


negócio para ele.

Conseguimos chegar ao treino com cinco minutos de sobra. O


treinador Brennan veio em minha direção e bateu na minha mão, como
fizera todos os dias nas últimas duas semanas. — Sete semanas no
horário. Esse é um novo recorde. Você merece um prêmio, mocinha.

— Ela tem permissão para ver meu lindo rosto todos os dias. Isso
é um prêmio se alguma vez houve um, — Xavier disse enquanto jogava a
bola de rugby de uma mão para a outra.

Revirei os olhos para ele e sorri para o treinador. — Eu mereço


elogios da rainha, se você me perguntar.

~ 116 ~
Brennan riu. — Eu a amo.

Xavier me olhou com os olhos ligeiramente estreitos, ainda


brincando com a bola. Então Connor esbarrou nele, e os dois começaram
a empurrar um ao outro em tom de brincadeira.

***

Xavier estava estranhamente quieto a caminho do abrigo das


mulheres à tarde. Esses estranhos silêncios haviam se tornado mais
frequente, e não apenas desde o beijo.

— Por que a imprensa não é convidada para isso? — Perguntei. —


Se você tivesse me avisado com antecedência, eu poderia ter arranjado
alguma coisa. Você poderia realmente usar esse tipo de publicidade
positiva, Xavier.

— Não é da conta de ninguém o que eu faço no meu tempo livre.

Eu bufei. — Xavier, você desconsidera praticamente todos os


aspectos da sua vida para todo mundo ver. As pessoas sabem sobre suas
mulheres, suas escapadas de festa, suas rotinas matinais, de
treinamento e à noite.

Ele estacionou o carro em uma rua estreita em Yennora, um


subúrbio de Sydney onde eu nunca estive, aparentemente um dos bairros
mais pobres da região. Muitas das casas eram precárias e o carro de
Xavier chamou a atenção desnecessária para nós. — Isso é negócio.

Eu inclinei minha cabeça. Sua família nunca esteve na


imprensa. Ele sequer os mencionava em entrevistas, exceto por
referências muito gerais. — Como são seus negócios de escapadas
sexuais?

Xavier sorriu maliciosamente. — Eles me mantêm na boca de


todos.

A maneira como ele falou segurava mais do que uma pequena


insinuação.

Claro que ele não poderia deixar por isso mesmo. — E na boca de
todas.

Eu bufei. — Você é um idiota.

~ 117 ~
Aquele sorriso de lobo torceu minhas entranhas em um nó quente
e pegajoso. — Estou dando às pessoas o que elas querem. A imprensa,
as mulheres e até ao pessoal de marketing da equipe.

— E o que é que você quer? — Eu perguntei curiosamente.

Xavier não disse nada, apenas olhou para fora do para-brisa,


deixando-me olhando para o seu perfil marcante. Meus dedos coçaram
para estender a mão e passar minhas unhas sobre a barba escura. O ar
ficou abafado e quente dentro do carro. Eu balancei a gola da minha
blusa para esfriar. Os olhos de Xavier desceram para o meu peito. Soltei
o tecido, engoli e encontrei seu olhar atento. — Nós devemos sair. Está
ficando muito quente.

A boca de Xavier se contorceu e eu estreitei meus olhos para ele,


mas depois rapidamente saí do carro antes que as coisas ficassem ainda
mais quentes.

Eu olhei ao redor. Não havia sinal em lugar algum que sugerisse


um abrigo para mulheres, mas supus que isso fosse necessário para
proteção. — Tem certeza de que este é o endereço certo? — Perguntei.

Xavier assentiu. — Eu estive aqui duas vezes antes.

Como se na sugestão, uma porta na casa de três andares na nossa


frente se abriu e uma mulher pequena e redonda com cabelos grisalhos
em um corte repicado saiu. Como as outras casas na rua, a tinta estava
descascando na frente e as lixeiras transbordavam.

Xavier se dirigiu a ela e apertou sua mão. — Esta é minha amiga


Evie, como mencionei na minha ligação.

A mulher assentiu e cumprimentou-me com um aperto firme de


sua mão.

Ela nos levou através do abrigo, que era organizado como uma
comunidade residencial com uma sala comum e cozinha, e vários quartos
para as mulheres e seus filhos. O interior estava em uma condição muito
melhor do que o exterior. — Eu não posso mostrar todos os quartos
porque algumas mulheres não querem ser vistas por ninguém. Elas estão
receosas.

Xavier assentiu. — Eu sei. Você não precisa me mostrar tudo.

— Queremos garantir que seu dinheiro foi usado para fazer o bem,
Sr. Stevens. Nós não conseguimos apoio suficiente através de fundos do
governo, então sem o seu dinheiro não poderíamos ter feito essa

~ 118 ~
reforma. Há tantas mulheres que precisam de um lugar seguro, e
apreciamos que você nos ajude a dar isso a elas.

Xavier assentiu, mas não disse nada. Foi surpreendente vê-lo


assim... sério. Nós nos mudamos para a parte comunal do abrigo com
uma enorme cozinha e várias mesas de jantar. Algumas mulheres e
crianças se reuniam na sala. Eu tive que sufocar um suspiro quando
notei uma mulher cujo rosto estava inchado, sua pele vermelha e azul,
um braço engessado. Duas garotas estavam com ela. A mais velha das
duas tinha uma contusão na bochecha. Meu coração apertou vendo isso,
mas a reação de Xavier chamou minha atenção para ele. Ele parecia um
assassino. Eu nunca tinha visto esse tipo de raiva em seu rosto. Sua
expressão mudou no segundo em que as garotas se voltaram para ele,
tornando-se gentil e suave.

A menina mais velha correu em direção a Xavier, um livro agarrado


ao peito. Ele se agachou imediatamente quando ela sorriu timidamente
para ele e estendeu um livro de amizade. — Você pode escrever nele?

Os olhos de Xavier foram até o hematoma em sua bochecha e ele


deu-lhe um sorriso gentil. — Claro. Será um prazer. — Ele pegou e ela se
aproximou do seu lado, torcendo as mãos nervosamente. — Qual o seu
nome?

— Millie. Emilia. Mas meus amigos me chamam de Millie, — disse


ela. Meu coração explodiu em calor, vendo a expressão gentil de Xavier,
o jeito como ele se tornava pequeno para essa garotinha.

Ele poderia ser o maior idiota egocêntrico e arrogante às vezes, mas


por isso eu lhe daria uma folga no futuro. E droga, se a visão não deixou
meu coração e minha calcinha em chamas novamente.

***

Alguns dias depois da visita ao abrigo, Xavier e eu nos


encontramos na mesa da sala de jantar, onde verificamos algumas
solicitações de entrevista, além de dois contratos de publicidade, um para
um pó de proteína sofisticado e outro para uma nova lâmina de
barbear. Considerando que Xavier quase sempre usava barba cerrada,
achei a escolha curiosa, mas eles pagavam o suficiente para que Xavier
sobrevivesse a um barbear completo por uma vez. Estava chegando às
seis horas quando finalmente terminamos.

~ 119 ~
— Eu preciso de uma noite relaxante e amanhã não há treino,
então que tal uma noite de cinema? — Xavier perguntou, parecendo
indiferente. Não houvera nenhuma noite aconchegante entre nós desde o
incidente na carroceria do caminhão.

— Estou pronta para isso, — eu disse com um sorriso. Eu queria


que as coisas entre Xavier e eu voltassem a como eram antes do infeliz
beijo. Nós éramos adultos e o beijo tinha sido um deslize de julgamento,
nada mais.

Xavier parecia ter esquecido tudo sobre isso, afinal. Ele já havia
beijado, só Deus sabe quantas mulheres desde então, embora eu fosse
provavelmente a único cujo nome ele lembrava.

— Que filme você tem em mente? — Eu perguntei quando deslizei


para baixo da banqueta e sacudi minhas pernas rígidas. Este foi um
longo dia. A maioria dos dias com Xavier era, mas eles nunca se sentiam
como trabalho.

— Hoje achei que poderíamos ir com um clássico. Alien, — Xavier


disse, levantando uma sobrancelha em desafio.

— Alien?

— Ou é muito sangrento para você?

Eu bufei e dei um tapinha no ombro dele. — Sangrento é o meu


preferido, como você deve saber agora.

— Ainda é difícil acreditar que há uma mulher por aí que não gosta
de dramas e filmes de garota.

— Eu me ressinto desse nome, — eu murmurei. — E eu gosto de


um drama ocasional ou de filmes de garota, como The Colour
Purple ou The Devil Wears Prada12, mas eu prefiro ação a romance ou
filmes sentimentais. — Eu puxei meu suéter por cima da minha cabeça
porque estava simplesmente muito quente. Os olhos de Xavier
examinaram minha camiseta e eu resisti ao desejo de me cobrir
novamente.

Xavier balançou a cabeça novamente, me observando com uma


expressão que tive dificuldade em ler. Decidindo não me incomodar antes
de acabar interpretando errado, peguei uma garrafa de água e me movi
em direção ao sofá, onde me senti confortável.

12 A Cor Púrpura e O Diabo Veste Prada, respectivamente.

~ 120 ~
— O que tem para o jantar, querido? — Eu cantarolei enquanto
jogava meus pés na mesa de Xavier.

Xavier balançou a cabeça, mas a expressão estranha permaneceu


em seu rosto. — Que tal hambúrguer?

— Certo. Vou querer tudo o que você pedir — falei e liguei a TV.

Xavier, é claro, não pediu qualquer tipo de hambúrguer. Ele pediu


um hambúrguer keto sem pão com um pouco de abacate frito e salada
de algum café orgânico da esquina. Ele veio com a cerveja não alcoólica
com baixo teor de carboidrato a qual eu tinha me acostumado quando
estava em seu apartamento. Cervejas artesanais quase nunca eram
permitidas em sua dieta rigorosa, para minha grande decepção.

— De nós dois, eu como feito o homem, — eu murmurei, aceitando


a garrafa dele.

Xavier riu. — Eu preciso reduzir minha ingestão de carboidratos e


aumentar a minha proteína se não quiser treinar com uma barriguinha
em breve. — Ele bateu no abdômen que nem mesmo sua camisa
conseguia esconder.

Eu estreitei meus olhos. — Sim, você está realmente ficando gordo


no centro. — Eu balancei a cabeça. — Só para você saber, eu estou
ofendida em nome de todas as pessoas pouco perfeitas neste planeta.

Xavier se sentou ao meu lado, seu braço roçando o meu. —


Primeiro de tudo, meu corpo é meu capital. E segundo, você é perfeita do
seu jeito.

Eu parei com a garrafa contra a minha boca, meus olhos correndo


para ele. Ele realmente acabou de dizer isso? E o que diabos isso
significava?

Xavier estava franzindo a testa para a TV enquanto procurava pelo


filme. Como ele poderia voltar a agir normalmente depois de dizer algo
assim? Ele pode voltar a foder com garotas aleatórias depois de me beijar,
então por que eu estava surpresa?

Ele começou o filme, e logo qualquer tipo de estranheza foi


esquecida. — Essa é a minha cena favorita! — Eu disse quando o
primeiro alienígena explodiu em um peito, espalhando sangue por toda
parte.

Xavier fechou os olhos com seu profundo rugido de riso. — Evie,


algo está seriamente errado com você.

~ 121 ~
— O quê? — Eu disse, apenas meio ofendida. — Foi você quem
sugeriu que assistíssemos Alien.

Seus olhos se abriram, cheios de diversão e calor. — Quantas vezes


você assistiu a série?

— Os três primeiros filmes foram cerca de dez vezes cada, os outros


apenas uma vez. Eles não são tão bons quanto os filmes antigos, se você
me perguntar, e nem me fale no Alien vs. Predator.

Xavier assentiu, mas não tinha certeza se ele tinha escutado uma
palavra que eu disse. Seus olhos baixaram para a minha boca, mas o
toque da campainha nos poupou de outra desgraça. Eu pausei o filme
enquanto Xavier se dirigiu para a porta para pegar nossa comida. Ele
retornou alguns minutos depois com os sacos de comida compostáveis13
que continham caixas igualmente compostáveis com nossos
hambúrgueres.

Apenas a salada era servida em uma caixa de plástico, mas isso


também era provavelmente biodegradável em algum grau. Eu balancei
minha cabeça com um pequeno sorriso. Xavier me entregou minha
caixa. Os dois hambúrgueres de carne estavam prensados entre metades
de cogumelo portobello grelhado. — E eu pensando que nunca comeria
hambúrgueres sem pão, — murmurei quando dei uma grande mordida.

Xavier já havia engolido metade de seu hambúrguer, que já era o


seu segundo hambúrguer. — Admita, eles são deliciosos.

— Eles são, — eu concordei, — mas eu ainda gosto de pão.

— Eu também gosto de pão, mas é cheio de carboidratos vazios e


não sustenta o corpo por muito tempo.

Eu caí de costas contra o encosto e gemi. — Você e Fiona poderiam


ter sido o casal ideal se não odiassem tanto as entranhas um do outro.

— Eu não odeio suas entranhas. Ela é irritante. E eu não quero


sua irmã. Não temos nada em comum, exceto nossas convicções
alimentares.

Dei mais uma mordida no hambúrguer e peguei um pedaço de


abacate e mergulhei no molho picante. — Isso é mais do que muitos
outros casais têm.

13 O composto é matéria orgânica que foi decomposta em um processo chamado


compostagem. Este processo recicla vários materiais orgânicos, considerados como
resíduos e produz um condicionador de solo. O composto é rico em nutrientes.

~ 122 ~
Xavier franziu a testa. — Você e eu temos muito mais em comum.

Ele disse isso com naturalidade, mas causou estragos nas minhas
entranhas.

— Nós temos, — eu concordei. — Somos como irmão e irmã sem as


brigas.

Xavier me deu um olhar incrédulo.

— OK. Com mais brigas.

— Eu não vejo você como uma irmã, confie em mim, Evie, — Xavier
murmurou.

Eu parei com um abacate frito contra os meus lábios. Ele


escorregou para o lado, manchando o canto da minha boca com o
molho. Eu olhei para Xavier. Piscando. Piscando. Ele estendeu a mão e
limpou a mancha e meus lábios no processo, em seguida, colocou o dedo
na boca com um brilho em seus olhos que eu nunca tinha visto dirigido
a mim. Piscando. Piscando. Explosão de ovário em andamento.

Ele levou os olhos de volta para a TV e ligou o filme de novo, como


se eu ainda pudesse me concentrar em um alienígena ficando furioso
depois do que acabou de acontecer. Xavier não compartilhou dos meus
problemas, obviamente, porque se recostou no sofá, frio como um pepino,
cerveja de baixo carboidrato empoleirada em seu estômago musculoso, e
olhou fixamente para a tela.

Eu coloquei o abacate frito de volta em sua caixa e tomei um gole


de cerveja gelada, tentando entender suas palavras e ações, mas como de
costume, encontrando uma completa lacuna. Decidindo jogar legal e
controlar meus hormônios, relaxei contra o encosto e foquei no filme. Em
algum momento perto do fim, Xavier esticou os braços de ambos os lados
dele como costumava fazer, mas desta vez a presença de seus bíceps
musculosos tão perto dos meus ombros era a distração adicional que eu
realmente não precisava.

Eu olhei para mim mesma, certificando-me de que não tinha a


barriga estufada sobre a minha saia, em seguida, me movi um pouco para
que minhas pernas parecessem mais magras.

— Tudo bem? — Xavier perguntou curiosamente.

— Claro, — eu disse, e finalmente aceitei que, independentemente


da posição que adotasse, isso não me faria parecer as modelos de
tamanho trinta e seis que Xavier geralmente levava para a cama.

~ 123 ~
Quando os créditos finais desceram na tela, considerei fingir
exaustão e sair rapidamente, mas então Xavier falou.

— Minha mãe tentou entrar em um abrigo de mulheres com a gente


quando eu era criança, — ele murmurou.

Eu me virei para ele, pega de surpresa por essa admissão. — Por


causa do seu pai?

Ele nunca o mencionara, mas se tornara evidente que o homem era


uma presença sombria na vida de sua família.

Xavier assentiu. Eu não insisti. Era óbvio que ele não divulgaria
mais informações por enquanto. Por alguma razão, eu queria acariciar
seu queixo, sentir a barba por fazer e dar um beijo na bochecha dele para
mostrar que gostava que ele me permitisse ver esse lado dele.

— Só Marc sabe que ajudo abrigos, — continuou ele na mesma voz


destacada.

Mordi meu lábio e toquei seu ombro. — Obrigada por me deixar


fazer parte disso. Significa muito para mim.

Ele assentiu, torcendo o corpo para longe da tela e na minha


direção. Seu braço no encosto se mexeu e as pontas dos dedos roçaram
levemente meu ombro nu. Eu não tinha certeza se ele fez isso de
propósito, mas definitivamente não os afastou. Eu exalei, tremendo, meu
corpo explodindo com o calor sob o toque suave.

Xavier se inclinou para frente, nos aproximando ainda mais. Ele


segurou meu rosto, olhos fixos nos meus, seus dedos deslizando em meu
cabelo. Prendi a respiração e, em seguida, seus lábios estavam nos meus,
suavemente, interrogativamente.

E eu respondi ao seu beijo, meu corpo vindo à vida com uma


descarga de adrenalina e saudade. Eu me aproximei, agarrei sua camisa,
precisando sentir seu calor e força. Eu quis isso por tanto tempo, ainda
queria depois do primeiro beijo na carroceria do caminhão.

O beijo de Xavier tornou-se menos contido, exigente, consumindo


tudo.

Suas mãos percorriam minhas costas e lados, acariciando e


puxando, e eu tive dificuldade em acompanhar, mesmo quando minhas
próprias mãos arranharam suas roupas. Eu nunca me senti assim,
nunca almejei alguém com tanto abandono.

~ 124 ~
A mão de Xavier escorregou debaixo da minha blusa, e antes que
eu pudesse me conter com preocupação, ele segurou meu peito através
do sutiã. Ele gemeu contra a minha boca e eu o beijei ainda mais forte,
tentando combinar sua ânsia e habilidade. Bom Deus. Esse homem.

— Esta é uma má ideia, — eu sussurrei entre beijos enquanto


deslizava minhas mãos sob a camisa e sobre o estômago de Xavier,
sentindo as linhas duras, os cabelos macios. Sua pele se contraiu sob o
meu toque.

— É, — ele concordou antes de sua boca agarrar a minha garganta,


encontrando um ponto que eu poderia sentir bem entre as minhas
coxas. Seus dedos seguraram meu mamilo, e ele girou levemente o que
me fez gemer em sua boca. Eu não sabia que meus seios eram tão
sensíveis, muito menos que eu pudesse fazer esses sons.

Ele se afastou e tirou a camisa, e eu estava acabada. Eu soube


disso então. Seus lábios recuperaram minha boca e seu dedo meu
mamilo. Eu pressionei minhas coxas, precisando de atrito. Seus olhos
brilharam para o meu rosto ardente. — Eu quero você, — ele disse
asperamente.

Eu não sabia por quanto tempo desejei essas palavras, e elas


derrubaram minha última parede, destruindo minha última ponta de
dúvida. — Então me tome, — eu sussurrei, um arrepio de emoção me
atravessando.

Xavier rosnou contra a minha boca. — Andar de cima.

Eu balancei a cabeça, meio delirante de desejo, meio


aterrorizada. Xavier me puxou para os meus pés e me beijou
novamente. De alguma forma tropeçamos no andar de cima, beijando e
tocando.

O brilho do andar de baixo era a única fonte de luz, pelo que fiquei
feliz quando Xavier puxou minha blusa por cima da minha cabeça,
deixando-me de sutiã. Eu não tive a chance de me preocupar porque suas
mãos já estavam na minha saia, abrindo-a mais rápido do que eu já havia
conseguido, e então sua boca estava de volta na minha e seus dedos
deslizaram em minha calcinha.

Oh sagrada mãe da bondade.

Xavier gemeu profundamente quando seus dedos deslizaram entre


minhas dobras. — Bom Deus, Evie, você está tão molhada.

~ 125 ~
Ninguém nunca me tocou lá. Eu não tive a chance de ficar
constrangida, porque Xavier começou a acariciar a pequena
protuberância que logo se tornou o foco da minha existência. Eu ofeguei
em sua boca. Ele recuou para me observar e eu abaixei a cabeça, minhas
bochechas esquentando. Minha mão roçou seu pacote curiosamente e
pareceu ser a última gota, porque Xavier me ajudou a sair da minha saia
e meias e me apoiou na cama, removendo meu sutiã no processo. Eu caí
para trás, e ele estava fora de suas calças e completamente, incrivelmente
nu antes que eu tivesse tempo de processar qualquer coisa.

Sua boca estava quente no meu joelho enquanto ele beijava minha
pele, em seguida, seus dedos agarraram minha calcinha e a puxaram
para baixo.

No fundo da minha mente, percebi que deveria avisá-lo. Não só por


mim, mas também porque talvez ele gostasse de saber. Mas então Xavier
moldou seu corpo forte no meu para um beijo que obliterou qualquer
pensamento sensato.

~ 126 ~
Evie

Seus beijos eram calor e poder. Eu mal conseguia


acompanhar. Suas mãos percorreram meus lados e costas até que ele
segurou minha bunda e apertou, seus dedos deliciosamente perto de
onde eu estava dolorida. Eu ofeguei em sua boca.

Ele sentou-se, pegou algo. Na penumbra do andar de baixo,


vislumbrei uma embalagem vermelha brilhante. Um preservativo.

Isso estava realmente acontecendo.

Ele trabalhou rápido no pacote de preservativo, rasgando-o com


um puxão de dentes. Com facilidade praticada, ele rolou em sua
ereção; ele era longo e grosso, bom Deus.

Amanhã de manhã eu seria apenas outra garota que ele tinha


fodido. Outro entalhe na cabeceira da cama. Eu o assisti chutar uma
mulher depois da outra para fora de sua cama. A única diferença era que
amanhã de manhã nenhuma assistente estaria esperando para anotar
meu número só para excluir momentos depois.

Xavier.

Minha ruína.

Ele subiu novamente em cima de mim, músculos flexionando,


expressão faminta e ansiosa como a de um lobo faminto. Seu peso
parecia perfeito em cima de mim, como deveria ser.

Mas isso não significava nada para ele. Um foda como milhares
antes. Dentro e fora. Então ele seguia em frente.

— Eu queria fazer isso há muito tempo, — ele murmurou.

Eu peguei seu olhar. Era faminto, ansioso, possessivo. O que isso


significava para ele? Eu não era alguém que ele pudesse ignorar depois
da ação. Eu era sua assistente. Mas isso o incomodaria? Fiona dissera
que suas últimas assistentes tinham saído exatamente por esse

~ 127 ~
motivo. Ele as tinha fodido e depois seguiu em frente. Mas eu era apenas
sua assistente? Não me senti assim nas últimas semanas.

Ele se posicionou entre as minhas coxas. Todo músculo e


glória. Esse homem era lindo demais para as palavras. Ele poderia ter
qualquer garota e sabia disso; ele gostava disso. Por que ele iria querer
alguém como eu?

Ele apoiou-se em um braço, segurou meu quadril com a mão livre,


em seguida, pressionou a ponta contra a minha abertura. Seu olhar era
intenso, cheio de desejo.

Evie, última chance.

As palavras subiram pela minha garganta.

Xavier moveu seus quadris, empurrando para frente, mas não foi
muito longe.

Minha bunda arqueou-se para fora da cama, meus dedos


agarraram os lençóis. Eu apertei meus olhos, tentando respirar através
da dor. Bom Deus. Meus músculos apertaram sua ereção, meu corpo
obviamente muito avesso a aceitá-lo.

Xavier congelou. — Evie, — ele sussurrou. De repente, ele se


mexeu, causando uma dor aguda que me fez estremecer. As luzes do teto
se acenderam e eu pisquei para me acostumar com o clarão brilhante.

Eu abri meus olhos. Xavier estava apoiado em cima de mim,


perfeitamente imóvel, perfeitamente bonito. Quase perfeito demais para
suportar. Seu olhar perfurou o meu, procurando, confuso, incrédulo. Eu
nunca vi esse olhar em seu rosto.

— O que... — ele começou. — Diga-me isso não é...

Seus olhos cinzentos pareciam quase como se estivessem me


implorando. Pelo que exatamente?

Ele se mexeu um pouco e eu soltei uma respiração dolorosa. Até


agora, perder minha virgindade não era o que as pessoas fizeram parecer.

— Porra, — ele respirou antes de se abaixar lentamente,


flexionando os braços, e pressionou o rosto no travesseiro ao lado da
minha cabeça. Ele ainda estava em mim, mas seus quadris não estavam
pressionados contra os meus. Ele definitivamente não estava todo dentro
ainda. O tamanho é importante. Eu tive que concordar. Mas neste

~ 128 ~
momento um pequeno teria sido a minha escolha preferida. Claro, nada
sobre Xavier era pequeno.

Deitei-me imóvel sob ele, sem saber o que fazer. Ele também não
estava se mexendo, apenas respirando com dificuldade no travesseiro ao
meu lado. Eu tinha certeza que não era assim que ele geralmente fodia
as garotas. Esperei alguns segundos, mas estava começando a me sentir
desconfortável.

— Xavier? — Eu perguntei em voz baixa, envergonhada.

— Hmm, — veio sua resposta abafada. Lentamente ele levantou a


cabeça. — Você deveria ter me dito, — disse ele, voz e olhos cheios de
arrependimento.

— Por quê? Não é como se isso importasse.

Ele sorriu como se eu tivesse feito uma piada que só ele


entendeu. — Você sabe que sim.

— E daí, — eu disse baixinho. — Você tirou minha virgindade. Isso


tinha que acontecer em algum momento.

As palavras soaram quase como se fossem verdade. Mas meu


coração contava uma história diferente. Talvez Xavier pudesse ver,
porque balançou a cabeça. — Eu ainda não fiz. Só a minha ponta está
dentro. E está contra sua barreira. — Ele fez uma careta. — Pelo menos
eu acho. Você está ficando mais apertada e sequer estou dentro, então
tem que ser o seu hímen, ou eu não sei... Porra.

Xavier estava divagando? — Oh, — eu disse incerta. — Isso é muita


dor para tão pouco progresso.

Xavier soltou uma risada. Ele pressionou um beijo contra o meu


cabelo. — Deus, Evie, ainda brincando em uma situação como esta.

Ele se ergueu em seus braços e começou a sair. Eu cavei meus


dedos em seus ombros. — O que você está fazendo? — Perguntei
incrédula. Eu não tinha chegado tão longe para que ele recuasse.

Ele me deu uma olhada como se eu tivesse perdido a cabeça. — Eu


não vou mais adiante. Não sou o cara que deveria tirar sua virgindade.

Eu odiava essa frase. Aumentei meu aperto. — Não se atreva a


parar agora, — eu disse ferozmente. Ele franziu a testa para mim.

— Você já está dentro de mim. O que importa mais alguns


centímetros?

~ 129 ~
— Mais que alguns centímetros. Você me viu nu — ele disse
secamente.

Eu bufei.

Então ele ficou sério novamente, sua voz baixa e convincente. —


Evie, você não pode querer isso.

Raiva surgiu através de mim. — Você quer dizer que você não quer
isso agora que acendeu a luz e pode ver tudo de mim. — Meu lábio inferior
começou a tremer. Tremer. Eu queria me estapear.

Xavier parecia que não tinha ideia do que diabos eu estava


falando. — Não seja ridícula.

Eu tentei me afastar, mas com ele sobre mim e sua ereção ainda
em mim, isso era impossível. — Claro. Por que alguém iria querer foder a
pobre virgem gorda, especialmente Xavier, a Besta, Stevens?

Sua boca desceu nos meus lábios com força, me silenciando. Sua
língua empurrou em minha boca, calando-me da melhor maneira
possível. Depois de um momento de surpresa, eu o beijei de volta
ferozmente. E então ele se abaixou, seu peito musculoso pressionando
contra meus seios. Ele segurou minha cabeça com as palmas das mãos,
me prendendo com seus antebraços. Ele beijou meu ouvido,
murmurando. — Eu espero que você não se arrependa disso, Evie, como
eu vou.

Eu não tive a chance de considerar suas palavras porque ele


empurrou seus quadris para frente. A pressão dentro de mim tornou-se
quase insuportável. Ele olhou para o meu rosto, um olhar intenso por si
só. Meu olhar se fixou no dele, na nota mais gentil e preocupada em seus
olhos cinzentos.

Eu cravei minhas unhas mais fundo em seus ombros, mas ele nem
sequer estremeceu. Ele continuou lentamente empurrando mais fundo
em mim até que eu podia sentir meu corpo cedendo à sua pressão, e
então ele deslizou todo para dentro O ar deixou meus pulmões em um
sopro. Doeu como o inferno.

Ele beijou meu cabelo, depois minha testa. Meu coração acelerou
com o gesto gentil, tão diferente do Xavier dos tabloides. Nossos corpos
estavam unidos. Ele era tão forte e poderoso, por uma vez me fazendo
sentir pequena e delicada, e não a gordinha que eu era. Queria lhe dizer
que me apaixonei por ele muitas noites de filme atrás. — Eu realmente
gostaria que seu Maserati fosse uma compensação pelo tamanho do seu
pênis, — eu disse, sem fôlego.

~ 130 ~
Ele riu. — Desculpe, Evie. Eu não preciso compensar nada.

Como se eu não soubesse. Estremeci novamente. Seu polegar


acariciou minha bochecha, levemente, quase amorosamente. — Diga-me
quando estiver tudo bem para eu me mover.

Eu não tinha certeza se esse seria o caso. Meu corpo


definitivamente não era a favor do movimento.

— Você está fazendo uma careta como se estivesse tentando


resolver uma equação complicada. Isso é sexo, não Sudoku.

Eu bufei. — Você não está sendo dividido em dois.

Sua expressão se suavizou. — Isso é ruim, humm?

Essa expressão no rosto dele valia a pena.

— Eu tive experiências melhores.

— Com quem? — Ele perguntou asperamente.

Eu fiz uma careta. — Não assim. Você foi o primeiro cara a chegar
à segunda base. E os poucos beijos que eu tive foram mais perturbadores
do que memoráveis.

— Vocês americanos e suas bases, — disse ele com um sorriso,


depois abaixou a voz. — Nenhum cara tocou seus peitos maravilhosos?

— Essa é a coisa que chamou sua atenção? — Eu perguntei


indignada.

Seus olhos percorreram minha parte superior do corpo em


aparente admiração. Calor subiu em minhas bochechas.

— Eles são maravilhosos, — disse ele com reverência.

Comecei a rir e, lentamente, a tensão no meu núcleo se


afrouxou. Eu fiquei em silêncio. Mais uma vez, atordoada pelo homem
acima de mim - dentro de mim. — Você pode se mover, — eu disse
baixinho.

E ele fez. Ele foi lento e gentil, como se tivéssemos todo o tempo do
mundo. Ele nunca tirou os olhos do meu rosto, mesmo quando o dele se
tornou mais e mais tenso. Eu poderia olhá-lo para sempre, se não
houvesse a pequena questão da dor. Xavier não vacilou em suas
estocadas, e quando ele levou a mão entre nós e seus dedos encontraram
meu ponto certo, um pouco da dor desapareceu. Eu não tinha certeza de

~ 131 ~
quanto tempo ele poderia continuar, mas sua resistência era
admirável. Eventualmente, eu ousei sussurrar: — Você pode gozar?

As sobrancelhas de Xavier se juntaram. — Eu quero que você goze


primeiro.

Admirável, mas irrealista. — Eu não acho que possa gozar, — eu


disse, corando.

Xavier vacilou em suas investidas. — Isso é ruim? Devo parar?

— Eu quero ver você gozar, — eu admiti.

— Eu não quero te machucar mais.

— Por favor, Xavier.

Algo em seus olhos mudou, algo que encheu meu peito com calor.

Ele me beijou levemente. — Eu serei rápido. Eu não vou durar


muito mais se eu me soltar. Você é muito apertada. — Ele acelerou um
pouco, seus impulsos atingindo mais fundo do que antes.

Eu me agarrei ao pescoço dele. — Goze.

A essa altura, ele estava se movendo mais rápido e mais forte do


que o meu corpo estava feliz, mas queria vê-lo gozar. Nunca desejei mais
nada.

E então ele finalmente ficou tenso, sua cabeça caindo para frente
quando empurrou dentro de mim. O suor escorria pelo seu peito. Eu
deslizei meus dedos pelos finos cabelos escuros ali, sobre o aço de seus
músculos. Ele respirou, seu estômago flexionando. Ele ficou assim por
um tempo, e não pude deixar de sentir uma sensação estúpida de triunfo
de que um homem como ele me queria.

Ele puxou para fora e se deixou cair na cama ao meu lado antes de
deslizar sua mão sob a minha cintura e me puxar para ele como se eu
não pesasse nada. Pressionei meu rosto em seu peito, maravilhada com
o martelar de seu coração, com seu perfume almiscarado.

Eu estava completamente e totalmente apaixonada.

E o latejar entre as minhas pernas foi acompanhado por outra dor,


uma sensação oca no meu peito, porque Xavier não fez amor. Ele nem
namorava. Ele fodia e saía. Todo mundo sabia disso.

~ 132 ~
— Você está bem? — Xavier perguntou em um profundo tom depois
do sexo que eu nunca tinha ouvido antes, uma voz como mel quente e
folhas de outono nítidas.

Minha garganta apertou.

Xavier ficou tenso. — Evie?

— Estou bem, — eu disse baixinho, mas com firmeza.

Xavier se afastou, provavelmente para olhar para o meu rosto, mas


eu pressionei minha bochecha com mais força contra o peito dele, com
medo de que meus sentimentos por ele fossem claros como o dia.

— Eu quero ver seu rosto, — ele murmurou. Sua voz tinha algo que
eu não reconheci. Minha curiosidade ganhou e finalmente ergui minha
cabeça.

As sobrancelhas escuras de Xavier estavam unidas, o cabelo curto


despenteado, e a culpa brilhando em seus olhos. Ele não tinha motivos
para se sentir culpado. Tudo entre nós tinha sido minha escolha. Ele não
disse nada, só observou meu rosto e eu deixei. Eu levei meu tempo
admirando-o, a barba por fazer escura marcando sua mandíbula forte e
maçãs do rosto afiadas, o cinza penetrante de seus olhos como um céu
de verão diante de uma tempestade iminente, aqueles lábios capazes de
provocar o mais irritante sorriso da história da humanidade. O amor não
fazia parte do plano.

— Eu te machuquei? — Ele perguntou baixinho. Sua preocupação


aumentou minhas emoções, e foi preciso um esforço considerável para
evitar que isso aparecesse no meu rosto.

— Está ficando melhor. — Eu tinha a sensação de que a verdadeira


dor ainda estava por vir, de manhã, quando a dura realidade me atingisse
no rosto. — Podemos dormir agora?

Ele assentiu, mas o olhar de arrependimento e culpa permaneceu,


e eu sabia o porquê: ele também estava pensando na manhã seguinte.

Beijei Xavier uma vez, levemente, docemente, depois descansei


minha bochecha contra seu peito firme. Ele se mexeu e as luzes se
apagaram. Levei um tempo para me sentir cansada e ainda mais para
adormecer.

~ 133 ~
Evie

O sol fez cócegas no meu rosto. Eu abri meus olhos, olhando para
horizonte familiar, no céu azul de final de verão sobre a ponte do
porto. Soube imediatamente onde estava e a dor me lembrou do que havia
acontecido. Estive aqui muitas manhãs pegando as peças depois que
Xavier terminou com sua mais recente conquista.

E agora eu era essa conquista, só que ninguém me diria mentiras


bonitas. A cama mudou sob o peso de alguém. Ele ainda estava aqui?

A esperança me inundou. Lentamente, rolei em sua direção até


enfrentá-lo.

Ele estava de costas para mim, musculoso e largo. Músculos


gloriosos. Eu lutei contra o desejo de passar meus dedos por eles. Eu
lambi meus lábios, me perguntando o que dizer. Muitos pensamentos
giraram na minha cabeça.

Fiquei feliz que não encontrei palavras antes de Xavier se virar para
mim. Sua expressão silenciava qualquer absurdo romântico que eu
queria expressar.

Eu era uma daquelas garotas.

As meninas das quais tive pena por serem idiotas o suficiente em


pensar que finalmente poderiam ser as únicas para Xavier. A única a
mudar seus modos de Casanova. O próprio Xavier não tinha
ridicularizado suas esperanças idiotas?

Meu Deus, eu era uma vaca estúpida.

Os olhos de Xavier estavam receosos e, pior: culpados. Ele não


disse nada, não precisou. Eu sabia como isso geralmente acabava, tinha
estado lá para acompanhar as garotas até a saída ou ver Xavier
praticamente empurrá-las para fora. Eu não deixaria chegar a
isso. Queria salvar o pouco de dignidade que ainda tinha. Eu deslizei
para fora da cama, puxando os cobertores comigo, não suportava a ideia
de Xavier ver minha imperfeição na luz da manhã brilhante.

~ 134 ~
Envolvendo o cobertor em volta do meu corpo, comecei a pegar
minhas roupas no chão, depois saí rapidamente do quarto e fui para o
banheiro de hóspedes no andar de baixo. Minha primeira caminhada da
vergonha.

Eu não me incomodei com um banho. Precisava sair do


apartamento de Xavier o mais rápido possível. Minha compostura estava
pendurada por um fio.

Entrei na minha saia, arrastando-a pelos meus quadris largos


demais. Então minhas meias de nylon rasgaram enquanto eu tentava
puxá-las para cima. Larguei-os na lata de lixo e coloquei minha camiseta
e blusa sobre a cabeça. Coloquei meus sapatos antes de sair correndo do
banheiro. Xavier estava parado em sua cozinha aberta, duas canecas de
café na frente dele, seus olhos me seguindo com aquele horrível brilho
culpado neles.

Se ele achava que eu iria tomar café pós-coito desajeitado com ele,
havia perdido a cabeça. Era óbvio que ele não tinha certeza de como me
dispensar gentilmente. Eu era sua assistente, afinal, e não alguma
estranha para quem pudesse dar um número de telefone
falso. Considerei dizer algo como ‘obrigada pela noite’ ou ‘boa foda’, mas
sabia que não seria capaz de fazê-lo.

Em vez disso, peguei minha bolsa no sofá e praticamente fugi do


apartamento sem outra palavra. Eu não tinha certeza se poderia
enfrentá-lo novamente.

XAVIER

Evie escapou do meu apartamento como se o diabo estivesse atrás


dela. Não havia outra maneira de descrevê-lo. Eu não podia negar: fiquei
aliviado. Esfreguei minha têmpora. A noite passada foi um grande
erro. Não meu primeiro e definitivamente não meu último, mas talvez o
que eu mais lamentaria.

Levantei-me e subi para o quarto. Eu precisava tomar um


banho. Meus olhos pousaram nos lençóis brancos. Eu parei. — Foda-se,
— eu disse para os lençóis não tão brancos. Evie era a mulher mais
engraçada que eu conhecia. Ela era a melhor assistente que eu já tive. A

~ 135 ~
primeira amiga feminina. E eu tinha seguido a porra do meu pau e tirado
sua virgindade.

Ela me conhecia. Ela sabia que eu não namorava. Então por que
eu estava me sentindo o maior babaca do mundo?

Ela me conhecia. Talvez isso fosse apenas sexo para ela, uma
maneira fácil de livrar-se de sua virgindade. Porra. Evie era uma
amiga. Ela era... mais do que isso: minha consciência e minha
proteção. E mesmo isso ainda era uma descrição inadequada demais do
que Evie significava para mim.

O som de uma chave sendo girada me deu uma explosão de


esperança quando corri para o patamar, mas desapareceu quando vi
Nancy entrar para limpar o apartamento.

Era meu dia de folga, nada programado para o dia, exceto treinar
com Connor à tarde, mas me senti inquieto.

Nancy subiu as escadas e deu-me um breve aceno de


saudação. Ela era uma das mulheres menos falantes que eu
conhecia. Como de costume, ela foi em direção à cama primeiro para tirar
e lavar os lençóis. Ela parou, os olhos indo do ponto vermelho para mim.

— Evie é uma boa mulher, — foi tudo o que ela disse. Eu não tinha
certeza de como ela soube. — Ela saiu do seu apartamento parecendo ter
visto um fantasma. O que você fez agora, Xavier?

Foi um sentimento de culpa que eu não precisava. Fui para o


banheiro e entrei no chuveiro, precisando limpar minha mente. Se Nancy
não quisesse ver meu pau, teria que limpar com os olhos fechados, raios.

***

Eu arrastei minha bunda para a academia. Connor e eu queríamos


fazer pesos. Claro que vi Fiona com ele, sentada em seu colo na área de
espera do ginásio. Ela já estava vestida com roupas normais, então não
iria nos incomodar durante a nossa sessão.

— Ei, — eu disse.

— Ei, idiota, — disse Fiona com um revirar de olhos. Connor sorriu


como se ela tivesse contado a piada de sua vida.

~ 136 ~
— Posso te perguntar uma coisa sobre sua irmã Evie? — Eu
perguntei enquanto colocava minha bolsa de ginástica no chão, parando
a poucos passos deles - a uma distância segura.

Fiona me deu um olhar questionador. — Você não é o tipo dela.

— Você nem sabe o que eu ia perguntar, — eu murmurei. — E eu


sou o tipo dela. Sou o tipo de toda mulher.

Fiona sacudiu a cabeça. — Você não é meu tipo, Xavier.

Ignorando sua malícia habitual, eu disse: — Sua irmã é o tipo de


garota sem amarras?

Ela gargalhou. — Tire essa ideia da sua cabeça rapidamente,


Xavier, — disse ela. — Evie é a garota do tipo esperando-pelo-amor-da-
sua-vida. Ela não vai abrir as pernas para ninguém além de um cara por
quem está apaixonada.

Onde estava uma garrafa de uísque quando você precisava? Eu


temia que pudesse ser o caso. No fundo, talvez soubesse disso.

Ela congelou, os olhos se arregalando, depois se levantou devagar.

Connor me deu um olhar louco de raiva enquanto olhava entre a


namorada e eu.

Merda estava prestes a bater no ventilador.

— Oh não, — disse Fiona, rindo incerta. — Não me diga... — Ela


ficou em silêncio, examinando meu rosto. Ela balançou a cabeça. —
Você não fez.

— Você faz parecer que eu a forcei. Ela estava mais do que disposta,
acredite em mim.

Boca estúpida.

Fiona enlouqueceu. Ela jogou sua bolsa em mim, da qual me


esquivei. Acertou um cara atrás de mim, mas Fiona não se importou. Ela
cambaleou na minha direção. Eu não me incomodei em tentar fugir. Eu
provavelmente merecia qualquer chute que ela tinha preparado.

— Você pode ter qualquer garota, mas não pôde manter suas calças
nesse único caso? Isso não é brincadeira, Xavier. Evie merece o
melhor. Espero que seu tesão tenha valido a pena machucar a pessoa
mais gentil que você conhecerá.

~ 137 ~
Eu fiquei em silêncio. Não havia nenhum comentário engraçado
nos meus lábios. Evie era a garota mais legal que eu conhecia, e a única
cujos comentários sarcásticos quase fizeram cerveja sair pelo meu nariz.

Ela balançou a cabeça novamente, desgostosa desta vez. — Eu vou


pegar os pedaços do seu egoísmo, seu bastardo, porque pela primeira vez,
Evie não pode fazer isso.

Fiona passou por mim, pegou sua bolsa no chão e correu para fora
da academia sem olhar para trás.

Quando ela se foi, olhei para Connor. — Ela faz parecer que fui o
único que fez besteira. Evie é minha assistente. Ela me conhece.

— Todo mundo conhece, — Connor concordou enquanto se


levantava. — A imprensa informa sobre isso todos os dias.

Eu joguei minha mochila no meu ombro. — Olha. Ela sabia no que


estava se metendo.

Connor encolheu os ombros. Gostaria que ele não estivesse me


dando esse olhar desapontado, como se eu tivesse quebrado seu pequeno
coração estúpido.

Não foi o coração dele que você quebrou.

— O quê? — Eu perguntei com raiva.

— Ela sabia que você jogava fora as tietes e modelos. Mas você
passou quase todos os dias com ela. Você a apresentou a sua
família. Você teve noites de cinema com ela.

— Eu a apresentei como minha assistente!

— Você nunca fez isso antes com outras assistentes. — Connor


suspirou e agarrou sua bolsa de ginástica. — Sabe o que, companheiro,
eu não me importo. Só sei que vou ter que viver com uma enlouquecida
Fiona pelos próximos dias enquanto você provavelmente vai foder a
próxima garota hoje à noite.

— Ninguém te força a ficar com Fiona.

Ele me deu um sorriso condescendente. — Veja, é isso que você


não entende. Enquanto Fiona me faz subir as paredes na metade do
tempo, a outra metade me faz o mais feliz que já estive.

Revirei meus olhos. Eu gostava mais dele antes de Fiona. — Você


sabia que Evie era virgem?

~ 138 ~
Connor fez uma careta. — Fiona mencionou isso para mim.

— E você não me contou?

— Companheiro, por que eu falaria sobre a virgindade de Evie com


você, ou com qualquer pessoa, aliás?

Eu balancei a cabeça.

— Para ser honesto, eu não achei que você faria um movimento


sobre ela.

— Sim, bem, você estava errado.

— Obviamente. — Ele balançou a cabeça. — Típico de você foder


qualquer coisa, desde que tenha uma boceta.

— Cuidado, — eu rosnei.

Um sorriso lento se espalhou no rosto de Connor. — Você está


sendo protetor de Evie?

— Estamos aqui para levantar pesos, não fofocar, — eu disse,


aumentando meu aperto na minha bolsa e passando por Connor antes
de sua expressão irritante me fazer querer socá-lo.

Evie

Uma chave girou na fechadura.

Eu não me movi do meu lugar no sofá, nem olhei para cima do


balde vazio de sorvete no meu colo, gotas de chocolate com massa de
biscoito. Eu estava prestes a começar o segundo balde, embora já
estivesse me sentindo muito enjoada. Saltos de sapatos clicaram no piso
de madeira quando Fiona se aproximou de mim e sentou ao meu lado,
carregando uma sacola com outro balde de sorvete e um pacote de
batatas fritas. Ela me conhecia muito bem.

Ela me olhou e eu sabia que ela sabia. — Como você descobriu? —


Eu resmunguei.

— Encontrei o rei dos idiotas no ginásio.

~ 139 ~
Eu me encolhi. — E ele contou a você?

— Ele perguntou se você era o tipo de garota sem amarras. Eu


joguei minha bolsa nele.

Ela acariciou minha cabeça, então estendeu a mão, pegando o


balde de sorvete e roubando minha colher antes de enfiar uma colherada
em sua boca. Minhas sobrancelhas se ergueram. Ela comeu mais uma
vez antes de me oferecer uma colherada.

— Eu devo ser uma visão lamentável se você vai esquecer seus


carboidratos e arriscar seu tamanho trinta e seis, — eu disse
brincando. Minha voz estava rouca de chorar por horas.

Fiona enfiou outra colherada na boca, quase desafiadora, depois


falou com sorvete na boca. Eu não conseguia me lembrar da última vez
que Fiona demonstrou um comportamento tão inadequado. — Quem se
importa com carboidratos?

E então as lágrimas vieram novamente. — Eu sou uma vaca tão


estúpida, Fiona.

— Eu sei, — disse Fiona calmamente, colocando o balde de lado e


envolvendo o braço em volta do meu ombro.

Eu lhe dei uma olhadela.

— Você é, — ela disse carinhosamente. — Como você pode deixar


aquele idiota chegar tão perto, e pior, seu pau?

— Eu não sei. Apenas aconteceu. Ele pode ser tão engraçado,


carinhoso e gentil.

— Mas ele também pode ser o maior imbecil egocêntrico


mulherengo do mundo, Evie. E você sabe disso. Inferno, você o viu fazer
todo tipo de coisa. Você reclamou comigo sobre todas elas.

— Eu sei. — Mas ele nunca foi assim comigo. Até agora. Por alguma
razão eu achei que as coisas poderiam ser diferentes entre nós.

— É minha culpa. Eu não deveria ter pedido para você se tornar


sua assistente. Mas não achei que ele fosse se aproximar de você.

Eu me afastei, percebendo algo. — Você achou que ele não iria se


aproximar porque ele não fode garotas gordas, certo?

Culpa brilhou no rosto de Fiona. — Você não é gorda, — disse ela.

~ 140 ~
— Não amenize. Não estou nem perto de um tamanho trinta e seis.

Não por falta de tentativa, por Deus. No fundo, me perguntava por


que Xavier havia dormido comigo. Eu não podia culpá-lo por um erro de
julgamento induzido pelo álcool porque tínhamos bebido apenas cerveja
sem álcool. Talvez ele quisesse descobrir como era foder uma garota
curvilínea.

— Sinto muito, Evie. Eu sou uma cadela.

Eu balancei a cabeça. Ela me abraçou. — Faça-me um favor:


esqueça-o. Siga em frente. Há tantos homens decentes por aí que vão te
tratar bem.

Como se fosse assim tão fácil. — Eu não acho que posso, — eu


disse miseravelmente. — Sou sua assistente pessoal. Eu tenho que
encará-lo todos os dias. Não acho que posso suportar vê-lo com outra
garota novamente.

— Então saia. Você encontrará um novo emprego. Dê-lhe seu aviso


de três semanas e deixe-o continuar sua vida de merda. Com um pouco
de sorte, ele vai ter um caso grave de sífilis e seu pau cairá.

— Há uma cláusula no meu contrato que não posso sair até que eu
encontre uma assistente adequada ou seis meses se passem.

— Não pode ser tão difícil encontrar uma nova assistente para ele.

— Da última vez você teve que me trazer dos Estados Unidos


porque nenhuma assistente respeitável queria algo com ele.

— Bem, então ele terá que se contentar com uma assistente


ruim. Isso não é problema seu.

Suspirei. Se isso tivesse sido apenas sexo, talvez então pudesse


funcionar, mas pelo menos para mim as emoções estavam envolvidas.

— Vamos lá, vamos assistir a um dos filmes horríveis que você


gosta, — disse ela, ligando a TV. — Deixe-me colocar o sorvete no freezer
já que você tem dois baldes.

Eu balancei a cabeça e me inclinei para trás. Fiona voltou,


envolvendo um braço em volta de mim. Ligando a TV, nós assistimos em
silêncio por um longo tempo até que cansei da comichão na minha pele
que lembrava muito da noite passada. — Eu deveria tomar um banho. Eu
não quis fazer isso na cobertura de Xavier esta manhã.

~ 141 ~
Fiona franziu o nariz. — Você deveria ter me dito que ainda tinha
Xavier em cima de você, então eu teria colocado luvas para abraçá-la, —
disse ela brincando. Eu a empurrei e ela recuou com um sorriso.

Meus próprios lábios se abriram em um pequeno sorriso. Sabia que


Fiona me faria sentir melhor. Ela sempre foi boa em me consolar. Quando
as pessoas me provocavam pelo meu peso na escola, ela me deixava
chorar em seu ombro e depois chutava suas bundas.

Eu levantei e estremeci. Deus, doía pra caralho. Fiona me deu um


olhar de compreensão. — Dolorida?

— Sim, — eu disse, envergonhada.

Fiona se levantou. — Eu não posso acreditar que você perdeu sua


virgindade com aquele imbecil.

— Eu já estou com dor, você precisa adicionar combustível ao fogo?

— Tão ruim assim? — Ela perguntou, então encolheu os ombros. —


Quero dizer que você meio que merece.

Eu revirei meus olhos.

Seus olhos endureceram, tornando-se protetores. — Ele foi um


babaca insensível?

— Ele não sabia.

— Sim, bem, não significa que ele tenha que agir como um homem
das cavernas.

— Fiona, eu realmente não quero falar sobre isso, mas ele foi muito
cuidadoso depois que descobriu.

— Então por que você está tão dolorida?

Eu levantei uma sobrancelha como Xavier. — Eu não tenho que


compensar nada. — Mesmo só imitá-lo cravou uma faca em meu coração.

— Oh cara, eu vou anunciar a minha entrada na próxima vez, —


murmurou Connor.

Nossas cabeças viraram. Ele estava encostado na porta com uma


expressão perturbada no rosto e sua bolsa de ginástica na mão.

Calor correu para minhas bochechas. Essa foi a cereja no meu bolo
de vergonha.

~ 142 ~
— Há quanto tempo você está ouvindo? — Perguntou Fiona,
acusadora.

— Eu não estava ouvindo. Esta é a minha casa e você estava


falando em voz alta no meio da sala de estar.

Fiona lançou-lhe um olhar que poderia ter incendiado um pedaço


de madeira encharcado.

— Ótimo, — eu murmurei. — Agora não posso encarar


Xavier e você.

Connor me deu um olhar compreensivo, mas eu não queria sua


piedade. Foi minha culpa esquecer que tipo de homem Xavier era.

— Você precisa de analgésicos? — Fiona perguntou calmamente.

Connor sacudiu a cabeça, fazendo uma careta e subiu as


escadas. — Faça-me um favor e abaixem suas vozes quando discutir suas
necessidades femininas.

Lancei-lhe um olhar exasperado. — Este dia precisa acabar logo.

~ 143 ~
XAVIER

No dia seguinte, não acordei com os comentários sarcásticos de


Evie nem com o assobio de aviso da minha máquina de café
expresso. Quando chequei meu telefone, a primeira coisa que registrei foi
a mensagem curta de Evie, dizendo que estava doente e que não podia ir
trabalhar. Depois disso, meus olhos encontraram o horário: eu tinha
exatamente cinco minutos para chegar ao treino. Droga!

Eu pulei da cama. Tão perto do início da temporada eu realmente


não podia arriscar o treinador me colocar no banco.

Me aprontei e cheguei aos campos de treinamento em tempo


recorde, mas ainda atrasado.

Connor correu na minha direção depois que o treinador terminou


de gritar comigo por estar vinte minutos atrasado. — Um dia sem Evie e
você já está chegando atrasado.

— Ela deveria me acordar. E não apareceu com uma desculpa meia


boca sobre estar doente. — Ela não estava doente. Nós dois sabíamos
disso. A culpa me atingiu como uma maldita bola de demolição
novamente.

Connor estreitou os olhos. — Você realmente pode culpá-la? Ela


provavelmente não queria te ver.

— Ela é minha assistente. — A possibilidade de ela ainda ser minha


amiga era altamente improvável, e a facada que me acertou quase me
tirou o fôlego.

— E ela ainda estava dormindo quando eu saí. Os analgésicos a


derrubaram.

Eu parei no meio da corrida. — Analgésicos?

Connor continuou correndo ao meu lado, os cantos dos olhos dele


se enrugando daquela maneira irritante. — Aparentemente, você agiu
como um homem das cavernas com seu pau enorme.

~ 144 ~
— Eu a machuquei?

Connor começou a rir baixinho, os olhos cheios de alegria enquanto


corria na minha frente.

Eu empurrei seu ombro, empurrando-o para fora do meu


caminho. — Você sabe o que, Connor, foda-se.

Comecei a correr novamente. Eu não levaria outro sermão do


treinador porque Connor estava mexendo com a minha cabeça. Connor
voltou a correr ao meu lado novamente, ainda com aquele ar de falso
moralismo.

— Eu não sei por que você está chateado. Você não teve que ouvir
Fiona e Evie falarem sobre estar dolorida a noite toda. Essa não é a minha
ideia de uma noite relaxante, acredite em mim.

— Ela está bem? — Perguntei.

— Pergunte a ela você mesmo se realmente quer saber. Eu não vou


me envolver nisso. Eu já sou o cara mau porque você é meu melhor
amigo, então obrigado.

— Suponho que isso significa que não estou mais convidado para
o churrasco amanhã?

Connor gemeu. — Porra, eu me esqueci disso. — Ele olhou em


minha direção. — Não tenho certeza se é do seu interesse estar perto de
Fiona no momento. Eu não posso garantir sua segurança. Fiona está
regiamente chateada com você.

— Mais chateada do que o habitual dela?

— Confie em mim, Xavier, você não viu Fiona muito chateada


ainda.

Eu adoraria ver Fiona muito chateada. Chateá-la era meu


passatempo favorito, mas estava cauteloso em estar perto de Evie depois
do que aconteceu. — Não se preocupe, Connor. Eu posso me manter
entretido. Aproveite o seu churrasco enquanto encontro um lugar onde
possa colocar meu pau enorme.

Connor me lançou um olhar. — Sério? Você simplesmente vai foder


a próxima garota aleatória?

Eu retornei seu olhar. — O que mais eu deveria fazer?

~ 145 ~
Ele zombou. — Eu não sei, mas talvez você deva começar a pensar
nisso. — Com isso, ele acelerou ainda mais. O que diabos significava
isso? Desde quando ele era uma autoridade sobre as mulheres? Ainda
lembrava muito bem dos nossos dias de solteiro, antes de Fiona.

Depois do treino, peguei meu telefone e tentei ligar para Evie, mas
ela não atendeu. Ela também ignorou minhas mensagens. Evie não era
do tipo mesquinho ou vingativo, então se estava agindo dessa maneira,
ela estava realmente ferida.

Eu não tinha certeza do que fazer, e isso era o pior.

Evie

Enviei uma mensagem a Xavier que estava doente e ignorei suas


mensagens e ligações. Quando também não apareci no dia seguinte,
Connor me encurralou na cozinha onde eu estava preparando um lanche
da tarde para mim. Fiona tinha saído para gravar um treino com outra
estrela fitness do Instagram, ou ele provavelmente não ousaria tocar no
‘assunto proibido’.

— Xavier precisa de você. Você precisa voltar ao trabalho, na


verdade — disse ele, implorando ao entrar na cozinha.

Eu levantei minhas sobrancelhas sobre a minha xícara de café, em


seguida, dei uma mordida no bolo de chocolate que fiz no micro-ondas. —
Eu estou doente.

— Não, você não está, — disse ele. — Xavier é um idiota, vou


concordar nisso, mas ele é meu melhor amigo e o melhor jogador do nosso
time. Eu não posso deixá-lo estragar essa temporada porque você não
chuta a bunda dele. Eu sei que você está machucada porque ele fez o que
sempre faz e nunca se cansa de falar.

Eu corei com a percepção de que Xavier provavelmente


compartilhava tudo com seu melhor amigo. Eles deram boas risadas
sobre mim? Eu não queria saber o quanto me envergonhei, não tendo
experiência e não parecendo uma modelo. — Espero que você tenha
gostado de suas histórias sobre mim, — eu murmurei.

~ 146 ~
Os olhos de Connor se arregalaram. — Ele não disse nada sobre
você, Evie, eu juro. E se ele tivesse tentado, eu o teria calado com um
soco na boca.

Eu bati no seu ombro levemente. — Você é um cara legal. Fiona


tem sorte de ter você.

Connor sorriu brevemente, depois suspirou. — Ele está nos


fazendo subir pelas paredes. A equipe e eu em particular. Ele chegou
atrasado a uma conferência de imprensa e dois treinamentos até agora. O
treinador vai perder a cabeça logo.

— Isso não é problema meu, — eu disse, mas era. Connor estava


certo, e apesar do que Xavier havia feito, ou melhor, do que ele e
eu tínhamos feito, eu não queria prejudicar a carreira de Xavier. Ele vivia
para o seu esporte.

— Isto é. Você é a assistente dele. Aja como uma adulta sobre isso,
ok? Apenas salve sua bunda triste até que encontre uma nova babá. —
Ele saiu sem outra palavra, e eu olhei para suas costas. Ampla e
musculosa como a de Xavier. Eu nunca deveria ter chegado perto de um
jogador de rugby para começar.

Mas Connor tinha um ponto. Eu era uma mulher adulta. Eu fui


criada para ser responsável por minhas ações e aceitar as consequências
que elas traziam. E faria exatamente isso. Amanhã de manhã eu
acordaria Xavier como tinha feito todos os dias nos últimos meses. Agiria
como sua assistente e babá como antes. Eu faria o meu trabalho até
encontrar outra pessoa para fazer isso por mim.

Xavier - A Besta - Stevens não me impediria. Não por causa de uma


noite lamentável. Tantas mulheres perderam sua virgindade de uma
maneira pior; E daí, e se eu não conseguisse meu feliz para sempre?

***

Eu destranquei o apartamento de Xavier e entrei, meu estômago


em nós. Eu cheguei um pouco mais tarde do que o habitual. Levou mais
tempo do que pensei para me convencer. Coloquei a correspondência no
balcão do bar e minha bolsa no banco, depois hesitei por um instante,
respirando fundo. Fui em direção à escada sinuosa para chamá-lo para
descer quando a voz de Xavier soou.

~ 147 ~
— Porra, sim! — Xavier gemeu.

Eu dei um passo para trás enquanto o silêncio se seguia.

Então uma voz feminina soou. — Eu sabia que você adoraria


acordar assim.

— Chupar meu pau foi uma boa jogada, sim.

Eu me virei e corri de volta para a área da cozinha. Peguei minha


bolsa e corri para a porta da frente, em seguida, parei com minha bolsa
apertada contra o meu peito. Eu não fugiria. Este era o meu trabalho.

Evie, você vai passar por isso.

Eu sabia no que estava me metendo quando comecei este


trabalho. Tinha lido os tabloides, tinha ouvido as histórias de
Fiona. Respirei fundo, coloquei minha bolsa no balcão, liguei a máquina
de expresso para anunciar minha chegada alta e clara, depois subi na
banqueta do bar.

Eu classifiquei a correspondência e coloquei sobre o bar ordenado


por importância. Coloquei duas cartas fofas de fãs da escola no topo
porque elas me faziam sorrir. Então verifiquei os compromissos do dia no
meu telefone. Xavier tinha treino às nove da manhã e uma entrevista às
três da tarde. Olhei para o relógio. Era oito e quinze. Se ele conseguisse
terminar seu negócio com sua conquista rapidamente, deveríamos chegar
no horário ao treino de hoje.

Estava silencioso no andar de cima por um tempo agora. Eu


esperava que isso significasse que eles tinham terminado e não que suas
bocas estivessem ocupadas. E como se na sugestão, uma cabeça loira
apareceu no patamar do andar de cima. Tudo o que eu não era. Magra,
em forma, perfeita. Meu estômago apertou com tanta força que fiquei
surpresa por não ter vomitado meu café da manhã.

Ela desceu lentamente, vestida com uma micro-saia que nem


caberia na minha coxa e em um top brilhante. Xavier seguiu logo atrás
dela, seu rosto ‘dê o fora’ já preparado, e como de costume vestia nada
além de cuecas, preta desta vez. Mas ao contrário de todas as outras
manhãs antes de hoje, eu sabia agora como era correr meus dedos pelos
sulcos de seu estômago, como sua boca sentia na minha pele, como era
tê-lo dentro de mim, e não conseguia esquecer-me disso.

Ele fez uma breve pausa quando me viu, e sua expressão vacilou:
culpa.

~ 148 ~
Abaixei meus olhos para o meu celular, fingindo estar ocupada com
o trabalho, o que não era uma mentira. Eu ainda tinha cerca de vinte e
cinco e-mails que precisava ler e responder.

— Esta é sua assistente? — Perguntou a menina.

Xavier não disse nada, e eu não me preocupei em olhar para cima


ou confirmar sua suposição. Suas pernas fortes apareceram na minha
visão periférica. — Evie, — ele disse simplesmente.

Essa voz profunda. Eu era uma comilona sendo


castigada. Mascarei minhas emoções e olhei para ele. — Temos quarenta
minutos para chegar ao treino, — eu disse em uma voz
profissional. Sofisticada e controlada, ambas qualidades que eu desejava
no momento.

— Você não respondeu nenhuma das minhas mensagens.

— Você não pode se atrasar novamente. Seu técnico te colocará no


banco no próximo jogo.

— Estava preocupado com você.

— Você também tem uma entrevista com a Women's Health às três


da tarde

A loira seguiu nossa conversa como uma partida de tênis.

— Poupe-se do constrangimento e vá embora, — eu disse a ela. —


Ele não vai encontrá-la novamente. Ele nunca faz.

Ela empalideceu, então franziu os lábios. — Só porque você não


transa, gorda, não significa que tem que descontar isso em mim.

Eu nem me senti ofendida. Eu já estava muito cansada para me


importar com um insulto dela, e tinha ouvido pior na escola. Nada era
tão cruel quanto adolescentes.

Xavier se virou para ela, fazendo-a dar um passo para trás. — Eu


gostava mais de você quando sua boca estava ocupada engolindo meu
esperma.

Ela chupou uma respiração chocada. E eu sufoquei meu próprio


suspiro. Isso foi baixo, mesmo para Xavier. Eu nunca o ouvi falar com
uma mulher assim.

— Saia, você ouviu o que Evie disse.

~ 149 ~
Ela me lançou o mais desagradável olhar possível antes de sair,
com a cabeça erguida. Desejei ter conseguido esse tipo de saída há três
dias e me senti aliviada por ninguém ter registrado minha caminhada da
vergonha. Essa teria sido a manchete do ano.

— Isso foi desnecessariamente cruel, — eu disse a ele.

Ele se virou para mim, com um olhar que me deixou mais do que
um pouco nervosa. — Ela teve o que mereceu. Não sei por que é sempre
a mesma coisa.

— Oh, você sabe, as mulheres podem ser tolas às vezes, — eu disse


delicadamente.

Xavier fez uma careta. Ele esfregou a parte de trás da cabeça. —


Ouça, Evie, eu estou...

— Atrasado, eu sei, — eu o interrompi. — Precisamos sair agora. Se


vista. — Eu pulei da banqueta, peguei minha bolsa e me dirigi para a
porta. — Eu estarei esperando por você. Você tem cinco minutos.

Joguei um olhar por cima do meu ombro para um Xavier de


aparência magoada. — Eu sairei em exatamente cinco minutos com ou
sem você, — eu avisei quando saí, fechei a porta e encostei-me à parede
no corredor.

Quatro minutos e cinquenta e cinco segundos depois, Xavier saiu


de seu apartamento, vestido com seu equipamento habitual de
treinamento. Eu me virei e rapidamente andei para o elevador, de costas
para ele.

Ele parou perto de mim. — Como você está?

Oh meu Deus, ele estava falando sério? — Esta conversa não está
acontecendo.

— Evie...

O elevador parou no andar e eu avancei, encostando na


parede. Xavier hesitou um momento antes de se juntar a mim e apertar
o botão do andar térreo.

Eu tive dificuldade em não checá-lo nos espelhos. — Vou me


demitir, — eu disse.

Sua cabeça se virou para mim. — Nós temos um contrato.

~ 150 ~
— Eu sei. E vou encontrar uma boa substituta para você, não se
preocupe.

— Eu não quero uma substituta. Eu quero você.

Não do jeito que eu quero você.

— Seis meses. Esse é o máximo que você tem. Depois disso, posso
sair sem uma substituta.

Ele olhou — Se é o que você quer.

Eu balancei a cabeça. Estava longe do que eu queria, mas era o


melhor resultado que poderia esperar. No momento em que o elevador
chegou lá embaixo, saí correndo. Nós não falamos novamente durante a
viagem.

Chegamos ao campo de treinamento as cinco para as nove. Xavier


correu em direção ao campo enquanto eu tomava meu assento habitual
nas arquibancadas.

— Essa menina salvou seu rabo novamente, — o treinador disse


com um aceno para mim.

Eu sorri de volta. Logo outra pessoa teria que salvar o rabo de


Xavier, mesmo que fosse a bunda mais sexy que eu já tive a infelicidade
de conhecer.

~ 151 ~
Evie

Xavier e eu mal conversamos nos dias seguintes. Principalmente


porque minhas respostas consistiam em uma única palavra e Xavier não
estava acostumado com as mulheres o ignorando, então ele
simplesmente desistiu.

Entrei em seu apartamento como fazia todas as manhãs,


ruidosamente, para evitar que mais incidentes embaraçosos ocorressem.

Estava ocupada preparando um cappuccino para mim quando o


som de passos me fez erguer os olhos, e eu congelei quando a mesma
garota de ontem de manhã desceu a escada. Xavier não fodia uma garota
duas vezes. Nunca.

Eu ainda estava olhando quando Xavier seguiu a mulher. Então


finalmente me concentrei na espuma de leite, mas escutei.

— Então, esta noite? — A garota disse em um tom de flerte.

— Certo. Você me encontrará em casa às oito?

Não pude evitar olhar para cima. Um terceiro encontro? Quando


ele pulava de uma garota para outra, era suportável, mas vê-lo com
alguém de verdade, do jeito que eu queria estar com ele, partiu meu
coração em pequenos pedaços.

— Eu mal posso esperar, — ela cantarolou.

Meu peito se contraiu dolorosamente. Xavier levou a garota até a


porta, deixou-a sair, então se virou e nossos olhos se encontraram. Ele
franziu a testa. — Então, o que tem para hoje?

Ele parecia todo profissional. Como meu chefe. Ele nunca tinha
soado assim antes. Então era assim que ia ser?

Bom. Isso tornaria as coisas mais fáceis para mim também.

— Não muito. Treinamento. À tarde, eu ia responder ao e-mail de


fãs e atualizar sua mídia social, mas farei isso de casa.

~ 152 ~
— Claro, — disse Xavier casualmente.

XAVIER

Connor veio à tarde para me pegar para uma corrida na praia. Ele
ainda estava me dando aquele olhar decepcionado e mal disfarçado, e
isso estava me deixando furioso.

Nós estávamos correndo por menos de cinco minutos quando perdi


a cabeça com ele. — Você pode parar com essa besteira chata de falso
moralismo? Você não era um santo antes de Fiona também.

Connor parou. — É isso mesmo, mas não fui estúpido para


perceber quando encontrei alguém bom.

— Eu dormi com Evie uma vez, é isso.

Connor franziu o cenho. — Então você vai deixá-la ir embora? Para


quê? Por aquela garota Dakota cujas tripas provavelmente você já está
odiando? O que é tudo isso de qualquer maneira?

Levei um segundo para lembrar quem diabos era Dakota. — Foda-


se se eu sei. E Evie decidiu desistir. Não há nada que eu possa fazer para
impedi-la.

— Você sabe o que teria que fazer para fazê-la ficar.

— Eu não namoro, Connor, e você sabe muito bem, e especialmente


não alguém como Evie.

Connor me encarou. — O que isso significa? Você não teve


problemas em transar com ela apesar de sua aparência, mas ela não é
material de namoro por causa disso ou o quê?

— Não é isso, seu estúpido idiota, — eu rosnei.

— Então o que é?

— Evie não está interessada em atenção da mídia, e ela é uma boa


menina. Ela não é a garota para mim. Ela precisa de alguém correto,
algum cara decente que a faça feliz.

~ 153 ~
— Você é um idiota.

— Eu sei, — eu disse com pesar. — Mas se isso te faz feliz vou


terminar com Dakota hoje à noite. Vamos nos encontrar naquele novo
clube badalado que todo mundo está falando. Ela provavelmente espera
que alguém da imprensa esteja lá como sempre.

Evie

Eu fiz a varredura de meus e-mails no meu tablet. A empresa de


recrutamento que contatei para me ajudar a encontrar uma nova
assistente para Xavier solicitou uma reunião na semana que vem. —
Blake perguntou novamente se Evie estava disponível, — disse Connor
de dentro da cozinha para onde eu estava indo.

Meus olhos se arregalaram. Eu não sabia que Blake tinha


perguntado sobre mim em primeiro lugar, mas ele sempre foi legal
quando o encontrei. Ele estava flertando comigo? Eu sempre estive tão
focado em Xavier que não tinha prestado muita atenção em nenhum de
seus companheiros de equipe.

— O que você disse? — Eu perguntei, entrando antes que Fiona


pudesse dizer qualquer coisa. Eu não gostei deles discutindo minha vida
amorosa, ou a falta dela, sem mim.

Connor e Fiona se viraram como se eu os tivesse pego no


ato. Connor esfregou a parte de trás de sua cabeça, então olhou para
minha irmã como se precisasse que ela sussurrasse a resposta.

— Eu disse a ele que não tinha certeza.

Fiona franziu o cenho. — Eu lhe disse para dizer que ela estava
disponível.

— Sim, bem. Eu não tinha certeza por causa de... Xavier.

— Não há nada entre Xavier e Evie.

— Com licença, eu estou aqui, — eu disse. — Quando Blake


perguntou antes?

~ 154 ~
— Algumas semanas atrás, na época em que você foi para a fazenda
da família de Xavier com ele. Eu achei…

— Achou o quê? — Eu perguntei.

— Achei que significava que Xavier poderia estar interessado em


você como mais do que sua assistente.

— Ele estava interessado em mais dela e conseguiu, — murmurou


Fiona.

Ela estava certa, mas Connor também. Eu também acreditava que


significava algo quando Xavier me levou para sua família. Eu não tinha
exatamente achado que ele me queria como namorada, mas tinha certeza
de que éramos amigos. Mas amigos não dormiam um com o outro, e
definitivamente não passavam para a próxima conquista logo depois.

— Você tem o número de Blake? — Fiona perguntou a Connor.

Estreitei meus olhos para ela. Ela estava se intrometendo


novamente.

— Claro, — disse Connor lentamente.

— Então, envie-lhe uma mensagem que você perguntou a Evie e


ela está disponível.

— Eu nunca disse que estava disponível.

— Você teve seu coração partido por um mulherengo que já está


caçando a próxima saia. Você está disponível — disse Fiona com firmeza.

Eu mordi meu lábio. Blake era meio fofo. Ele era bom, agradável de
conversar e era um jogador de rugby sexy. Havia apenas o pequeno
problema de que ele não era Xavier. — Não tenho certeza se é uma boa
ideia.

— Por quê? — Fiona perguntou quase com raiva. — Ele está


exibindo sua última conquista na sua cara, e você senta e chora porque
ele tirou sua virgindade e jogou no chão como um cupom vencido.

— Uau, ai, — eu murmurei.

Fiona parecia arrependida. — Desculpe, mas é verdade. Não tenha


pena de si mesma. Faça algo para se sentir bem sobre você. E Blake é o
cara certo para isso.

Connor olhava entre nós, com o celular na mão.

~ 155 ~
— Ok, diga a ele que estou disponível, — eu disse finalmente.

Fiona sorriu e beijou a bochecha de Connor como se tivesse


acabado de ganhar uma partida. Eu revirei meus olhos. Fiona estava um
pouco investida demais na minha vida amorosa.

Connor digitou uma mensagem curta, depois assentiu. — Tudo


feito.

— Talvez ele não esteja mais interessado em mim. Ou talvez tenha


perguntado para ser educado. Quem disse que ele está interessado em
mim? — Eu puxei minha blusa.

Connor bufou. — Os homens não perguntam sobre o status de


namoro de uma garota se não estiverem interessados em ficar quente e
pesado com ela.

— Quente e pesado, hein? — Eu disse com uma risada. — A última


experiência quente e pesada me deixou dolorida por dois dias, então
obrigada, mas não.

Connor fez uma careta. Mas eles começaram a meter seus narizes
no meu negócio. Agora tinham que lidar com as consequências.

Fiona se inclinou ao meu lado contra o balcão. — Sua segunda vez


será melhor, confie em mim.

— Vou levar isso como minha deixa para sair, — murmurou


Connor, e saiu.

Fiona sacudiu a cabeça com um pequeno sorriso. — Frouxo.

Meu telefone tocou com uma mensagem. Os olhos de Fiona se


arregalaram. — É ele.

— Você não sabe disso, — eu disse, mas quando olhei para o meu
celular, vi que era de fato Blake e ele estava me convidando para um
encontro.

— E o que ele está dizendo? — Fiona perguntou, torcendo o pescoço


para dar uma olhada no meu telefone.

— Ele está perguntando se eu gostaria de sair com ele hoje à noite.

— Uau, ele está ansioso. Isso é bom.

~ 156 ~
Parecia uma coisa boa, e era lisonjeiro, embora eu ainda não tivesse
certeza se Blake estava realmente interessado em mim assim. — O que
eu digo?

— Você diz sim, pelo amor de Deus. Saia com ele.

— Eu não sei. Não tenho certeza de que estou pronta para ter meu
coração partido novamente.

— Então mantenha seu coração fora disso.

Como se fosse assim tão fácil.

— Evie, me faça um favor e vá a um encontro com Blake. Ele é um


cara decente, apesar de ser um jogador de rugby. Ele nunca agiu como
um prostituto por aí.

Eu hesitei, mas Fiona estava me implorando com seus olhos, e


então lembrei que Xavier deveria se encontrar com Dakota novamente
esta noite. Por que eu deveria estar sozinha em casa quando ele estava
se divertindo?

Mandei uma mensagem para Blake e aceitei encontrá-lo na mesma


noite. Ele respondeu alguns minutos depois, dizendo que me pegaria as
oito para jantar e depois iríamos a um clube se eu estivesse disposta a
isso. Eu estava.

Fiona bateu palmas. — OK. Agora precisamos nos preparar.

— Nós?

— Você vai parecer espetacular. Blake cairá de costas quando te


ver.

Eu não protestei. Fiona era uma mulher em uma missão, e as


últimas vezes que ela me ajudou a me preparar funcionaram bem. Muito
bem no caso de Xavier... Mas eu definitivamente não iria dormir com
Blake ou qualquer um em breve.

***

Blake me pegou as oito, usando calças e uma camisa branca, as


mangas empurradas até os cotovelos. Seus olhos azuis deslizaram pelo
meu corpo. Eu ainda ficava insegura em roupas como essa. A saia de

~ 157 ~
couro vermelha escura apertada alcançando minha cintura marcando-a,
e o top de seda brilhante enfiado no cós. A roupa acentuava minha
cintura, quadris e seios. Tudo o que deveria, como disse Fiona. De saltos,
eu estava quase no nível dos olhos de Blake, o que era novo, já que Xavier
era quase uma cabeça mais alta que eu com esses mesmos
sapatos. Blake ainda era alto e incrivelmente musculoso.

— Você está linda, — Blake disse com um sorriso descontraído, e


eu rapidamente afastei Xavier da minha mente. Seria injusto da minha
parte comparar Blake a Xavier.

— Obrigada, — eu disse com um sorriso sincero.

— Pronta para ir? — Ele perguntou.

Eu balancei a cabeça. — Aonde vamos?

— Há um bom restaurante de frutos do mar perto do porto. Eu


estive lá algumas vezes. Eles servem deliciosas ostras.

Ostras e eu não combinávamos, mas não disse nada. — Isso parece


ótimo.

Felizmente, eles tinham mais que ostras e eu ordenei um bife de


atum delicioso. Conversar com Blake foi fácil. Ele estava interessado em
minha vida nos Estados Unidos e nunca mencionou meu trabalho
atual. Uma grande vantagem. Quando saímos do restaurante por volta
das onze, eu estava relaxada e feliz por ter aceitado o convite de Blake. Ele
era um cavalheiro como Fiona dissera. — Ainda a fim de dançar? — Ele
perguntou com um sorriso convidativo quando nos instalamos em seu
carro.

— Definitivamente, — eu disse. Seus olhos correram para os meus


lábios e meu estômago caiu. Eu rapidamente abaixei meu olhar para
minhas mãos descansando no meu colo, tentando dissuadi-lo de uma
possível tentativa de me beijar. Blake parecia adorável, sem dúvida, mas
não estava pronta para esse tipo de salto ainda.

Dançar parecia o tipo certo de distração. Claro, beijar ainda seria


uma opção também. Eu cruzaria a ponte quando chegasse a ela.

Blake ligou o carro e o rádio. — Que tipo de música você gosta?

— Para ser sincera, sou uma ouvinte preguiçosa. Eu sempre escuto


as músicas atuais.

— Então esta estação de rádio deve servir.

~ 158 ~
Foi o que aconteceu, mas a falta de conversa também permitiu que
minha mente se afastasse e, como de costume, se dirigiu ao homem em
quem eu não deveria estar pensando, o homem que provavelmente estava
fodendo Dakota naquele exato segundo.

Havia uma fila longa em frente ao clube quando nós caminhamos


em direção a ele. Blake estava com a mão apoiada nas minhas costas
enquanto me guiava além da fila com passos seguros.

Ele acenou para alguns fãs gritando seu nome antes de apertar a
mão dos seguranças, que acenaram para mim. Eles nos deixaram passar
sem hesitação. — Os jogadores de rugby precisam ficar na fila para
alguma coisa? — Perguntei rindo, lembrando-me de como Xavier entrara
em todos os clubes ou restaurantes sem esperar.

Blake riu. — Não por aqui, não.

O clube já estava lotado apesar do horário, mas a maioria das


pessoas ainda estava na área do bar, se aquecendo para a pista de dança.

— Bebida?

— Sim, por favor. — Nós nos movemos em direção a uma mesa livre
perto do bar. As mesas perto das janelas com vista para o porto já
estavam ocupadas.

Dois mojitos depois, eu estava pronta para ir para a pista de


dança. Eu normalmente não ficava bêbada com pessoas que mal
conhecia, mas precisava tirar Xavier da minha cabeça. Eu não estava
completamente bêbada, mas um bom zumbido tinha soltado meus
membros. Blake pegou minha mão enquanto me levava através da
multidão. O baixo pulsou através do meu corpo e eu comecei a me mover
no ritmo, balançando meus quadris como nunca havia feito antes. Blake
sorriu, um sorriso mais lento e íntimo e tocou meus quadris levemente,
suas sobrancelhas levantando-se em um questionamento silencioso.

Coloquei uma mão no ombro dele para mostrar que o toque era
bom. Eu não estava nem preocupado com o que ele pensaria da minha
suavidade. Era porque eu não estava interessada nele? Ou era apenas o
álcool no meu sistema?

Ele era um bom dançarino e eu me diverti muito. Blake se


aproximou um pouco e seu rosto se moveu ainda mais perto. Ele ia me
beijar. Seus olhos azuis eram suaves. Seria tão ruim beijá-lo? Ele era
legal e sexy. Não arrogante, irritante, seguro de si e um mulherengo, e
ainda assim não eram seus lábios que eu queria nos meus.

~ 159 ~
A boca de Blake estava a apenas um centímetro da minha, e meus
olhos estavam prestes a se fechar quando de repente Xavier surgiu,
empurrando Blake para longe de mim. Blake tropeçou alguns passos
para trás, mas se equilibrou rapidamente.

— Você perdeu a cabeça? — Eu assobiei.

Xavier olhou para Blake, me ignorando. — Afaste as mãos.

— Qual é o seu problema? — Blake gritou, se aproximando de


Xavier.

— Meu problema é que você estava com suas mãos fodidas por toda
a Evie.

— Evie é solteira. Ela pode sair com quem ela quiser, — disse
Blake.

Xavier deu um passo em direção a ele e Blake fez o mesmo. Eles


pareciam dois touros prestes a trancar chifres. Homens. Eu notei um par
de rostos familiares assistindo com muita atenção e tirando fotos com
seus celulares: os farejadores dos tabloides. Eles não podiam trazer suas
câmeras para dentro do clube, mas é claro que encontravam uma
maneira de tirar fotos. Droga. Essa era a última coisa que eu precisava. E
se o treinador encontrasse fotos de Blake e Xavier brigando em público,
os dois estariam no banco no próximo jogo.

— Deixe-me falar com Xavier, — eu disse a Blake com um sorriso


de desculpas. — Eu estarei de volta em um minuto.

Segurei o antebraço de Xavier e comecei a arrastá-lo através da


multidão, me encolhendo quando vi mais câmeras de celular virando em
nosso caminho. Ele seguiu sem protestar. Eu não parei até que
estávamos do lado de fora em um beco lateral, longe das batidas
estridentes e olhos curiosos. Eu o soltei e ele se inclinou para me beijar,
seus lábios roçando-me levemente antes de empurrá-lo para trás.

— O que você está fazendo? — Eu murmurei. Eu não pude


acreditar em sua coragem.

Ele se deixou cair de costas contra a parede. — Eu achei que este


fosse o começo do sexo quente de reconciliação.

— Você é impossível, — eu disse, tentando não olhar para quão


apertada sua camisa abraçava seu peito, quão desgrenhado seu cabelo
parecia, quão sexy sua barba escura era. Deus tenha piedade. Por que

~ 160 ~
esse homem tem que ser tão lindo? Não era justo. — Não haverá qualquer
tipo de sexo entre nós.

Um sorriso lento se espalhou no rosto de Xavier. — Eu odeio


negócios inacabados.

— Do que você está falando?

— Você não gozou da última vez.

— Pare com isso, — eu disse bruscamente. Eu não gostei do jeito


que ele falou sobre isso. — Onde está Dakota?

Ele fez uma careta. — Em algum lugar lá dentro. Eu não sei. Não
me importo.

— Talvez você devesse voltar para ela.

Ele se endireitou, suspirando. — Escute, Evie, não consigo parar


de pensar em você. Eu não namoro...

— E Dakota? Este é o seu terceiro encontro. Você não chama isso


de namoro?

Ele riu. — Não. Eu definitivamente não estou namorando-a. Foram


três noites e termina hoje.

— Tem certeza? — Eu disse.

— Sim eu tenho certeza. E você e Blake? — Ele disse quase com


raiva. Ele estava com raiva?

— Blake e eu não somos da sua conta, mas se você quer saber, este
é o nosso primeiro encontro.

Xavier se aproximou. — Então você não...?

— Não o quê? — Perguntei.

— Não dormiu com ele?

Meus olhos se arregalaram. — Claro que não! Eu nem sequer o


beijei ou qualquer outro cara. Eu não segui em frente tão rápido quanto
você, Xavier. — E eu nem deveria ter concordado com o encontro com
Blake, eu percebi agora. Minhas emoções estavam por toda a parte para
arrastar alguém para a bagunça.

~ 161 ~
Xavier passou a mão pelo cabelo, suspirando. — Isso é o que eu
estava tentando lhe dizer antes. Eu não namoro, você sabe disso, mas
nós poderíamos ser...

— Poderíamos ser o quê? — Eu desafiei.

Ele não disse nada, mas seus olhos se moveram para o meu peito,
e o olhar neles mandou um arrepio doce pelo meu corpo.

Eu dei um passo para trás. — Eu poderia ser sua assistente com


benefícios? É isso que você tem em mente?

Ele franziu a testa como se minha veemência o surpreendesse. Ele


realmente achou que eu concordaria com algo assim?

— Certo. Isso funcionaria bem para você. Eu ainda organizaria sua


vida e você poderia dormir comigo sempre que quisesse, e como um
bônus, nem precisaria ser fiel e manter os encontros de uma noite.

Ele levantou uma sobrancelha arrogante. — Você teria sexo


alucinante no arranjo. Poderia ser pior.

— Você simplesmente não entende. Tudo o que importa para você


é a próxima dose, a próxima conquista. Para você, é tudo sobre
diversão. Mas eu não sou assim. Para mim, sexo é sobre intimidade,
sobre permitir proximidade e confiança. É sobre cuidar e amar.

— Se isso fosse verdade, você não teria dormido comigo.

Lágrimas se acumularam nos meus olhos. Minhas unhas cravaram


nas palmas das minhas mãos em uma tentativa de manter a minha
compostura. Eu nunca tinha realmente chorado na frente de Xavier, e
nunca iria.

A expressão de Xavier congelou. Seus olhos cinzentos chamejaram


com culpa. — Evie, eu não...

— Namoro, eu sei, Xavier, — eu gritei, cansada de ouvi-lo dizer isso.

— As pessoas esperam certas coisas de mim. Eu tenho uma


reputação a defender. Namorá-la iria...

— Arruinar sua reputação? Deus me livre Xavier - A Besta -


Stevens ser visto com um bolinho de massa.

— Bolinho de massa? De que diabos você está falando?

~ 162 ~
— Não finja que você não sabe. Sou muito gorda para namorar
alguém como você. Pela primeira vez esta noite, desejei ter escolhido uma
roupa diferente, não uma que acentuasse minhas curvas assim.

Xavier se aproximou, me envolvendo com seu aroma tentador,


fazendo-me desejar algo que não ia acontecer. — Você é linda pra caralho,
Evie. Seus seios são maravilhosos e sua bunda e seus quadris
também. Você é suave em todos os lugares certos.

Eu olhei para ele, meu coração se enchendo de emoções sem


esperança. Ele segurou minhas bochechas e me beijou, suave e
apaixonado. Eu queria mais, queria tudo dele, e esse era o problema. Eu
me afastei antes que me perdesse. — Eu não posso. Assim não. Não sem
compromisso. Eu não quero ser como todas as outras garotas
novamente.

— Você não é nada como elas, — ele murmurou, suas mãos ainda
contra as minhas bochechas, quentes e gentis.

Eu podia sentir-me caindo por seus olhos novamente. — Mas você


me tratou como elas.

— Eu não sabia como agir ao seu redor. Eu… eu estava confuso.

— Confuso? Você?

Ele sorriu. — Porque era você. E porque você foi minha primeira
virgem. Eu nunca quis o fardo de ter esse tipo importância na memória
de uma mulher. E então essa virgem era você.

Ai. Eu me afastei de seu alcance. — Desculpe por ter


sobrecarregado você assim, — eu disse com um revirar de olhos.

— Não, — disse ele em voz baixa que enviou um doce formigamento


na minha espinha novamente. Eu estava completamente ferrada. —
Tenho que dizer que gosto de ser o único.

— O único implicaria que não haverá outros, mas como não


estamos nem namorando, eventualmente haverá outra pessoa.

O rosto de Xavier ficou sombrio. Ele agarrou meus quadris. — Eu


não quero que haja outra pessoa. Não Blake, e nem mais ninguém.

Eu balancei a cabeça. — Então estamos em um impasse.

— Evie, — disse Xavier com uma voz dolorida.

~ 163 ~
Eu recuei e ele soltou as mãos dos meus quadris. — Não. Xavier,
só há uma maneira de você me ter, e isso é um relacionamento real e não
como um caso.

Ele não me parou quando me virei e saí. Meu coração estava


batendo descontroladamente no meu peito, e me senti quente e
confusa. Quando encontrei Blake no bar, tomando uma bebida, tentando
ignorar a multidão de mulheres que estavam tentando chamar sua
atenção, uma onda de culpa tomou conta de mim. — Sinto muito, — eu
disse a ele.

Ele sorriu, mas era menos brilhante do que antes. — Você está
bem?

— Sim, estou bem. Sinto muito pelo que Xavier fez.

Ele ficou de pé, franzindo a testa. — Não é você que tem que se
desculpar. Você quer ir embora?

— Sim, não estou mais com vontade de dançar. Por favor, não fique
bravo.

Ele balançou a cabeça. — Eu não estou. Foi uma noite linda até
Xavier surgir.

— Foi, — eu disse com uma risadinha. Meus olhos foram atraídos


para uma cena atrás de Blake, onde Dakota jogou sua bebida no rosto
de Xavier, se virou e saiu correndo.

Blake seguiu meus olhos. — Você e ele? — Não havia julgamento


em sua voz, apenas uma sugestão de resignação.

— Não, não é assim, — eu disse rapidamente.

— Ok, — disse Blake, mas poderia dizer que ele não acreditou em
mim. Nós saímos do clube e no caminho de volta para minha casa, ele
me envolveu em uma conversa educada, mas poderia dizer que estava
mais cauteloso do que antes.

Quando ele parou na frente da casa, eu me virei para ele. — Foi


uma noite linda e você é um cara maravilhoso.

Ele fez uma careta. — Eu já ouvi essas palavras antes, — ele disse
amargamente. — As mulheres sempre se interessam pelo tipo
idiota. Xavier é a prova viva.

~ 164 ~
Eu queria protestar, mas fechei os lábios. — Sinto muito, — eu
disse finalmente. — Não seria justo continuar saindo com você. Neste
momento, não é o momento certo para eu procurar alguém.

Blake assentiu. — Está tudo bem. Obrigado pela noite.

Com um último sorriso, saí.

Fiona estava me esperando na entrada como um cachorrinho


ansioso. Um olhar para o meu rosto e ela franziu a testa. — Não me diga
que ele acabou por ser um idiota também.

— Não, ele foi um cavalheiro.

— Então o quê?

— Xavier empurrou Blake quando ele tentou me beijar.

— Ele fez o quê? Ele perdeu a cabeça? Você é sua assistente, não
sua namorada. Vou chutar o traseiro dele amanhã.

Eu toquei o braço dela. — Não. Apenas deixe para lá. Eu não quero
mais drama. Já tive o suficiente por toda a vida.

~ 165 ~
XAVIER

Encontrei meu irmão em nosso pub favorito, onde eles tinham uma
nova seleção de cervejas artesanais na torneira toda semana e os
melhores peixes e batatas fritas da cidade. Marc já estava em nosso
estande habitual quando entrei. Acenei para o dono do bar, que nunca
fez um grande alvoroço quando cheguei. Este era um lugar onde eu não
precisava me preocupar com paparazzi tirando fotos minha. Eles tinham
feito o suficiente disso ontem à noite. Eu não comprei os tabloides, mas
tinha vislumbrado as manchetes, e todos eles me incluíam. A maioria
com Blake e Evie, alguns com Dakota quando ela jogou sua bebida na
minha cara. O último eu não me importei. O primeiro me deixou furioso
porque sabia que as imagens incomodariam Evie.

— Quinze minutos atrasado, — Marc comentou quando eu deslizei


para a cadeira em frente a ele. — Antes de Evie-Xavier isso teria sido bom,
mas agora esperava mais. — Ele já havia pedido dois copos de uma
cerveja âmbar escuro. Levantei o copo aos meus lábios e tomei um gole
generoso.

Marc examinou meu rosto. — O que está acontecendo?

— Estraguei tudo, — eu disse.

Marc me deu uma olhada. — Diga-me algo que eu não sei, — ele
brincou, então ficou sério. — Não é sobre Evie, é?

Parecia que isso iria esmagá-lo. O que havia com Evie e conquistar
todos que ela conhecia? O treinador, meus companheiros de equipe,
minha família... Blake. Eu ainda queria dar um soco no rosto dele por
dançar com Evie, por ter as mãos nos quadris dela, por tentar beijá-
la. Ele a queria, queria o que eu queria para mim. E se Evie decidisse sair
com ele de novo? Ou outra pessoa?

— Eu dormi com ela, — eu murmurei, colocando o copo para baixo


e esperando a bronca começar.

~ 166 ~
Marc sacudiu a cabeça uma vez, desaprovando, depois tomou um
longo gole da cerveja, o tempo todo me avaliando como se eu tivesse
admitido cometer assassinato e não sexo.

— Você pode parar com esse olhar desapontado do irmão mais


velho? Estou me sentindo uma merda o suficiente.

— Por quê? — Ele perguntou. — Você dormiu com quase todas as


suas assistentes e nunca se sentiu mal por isso, nem com as outras
mulheres com quem dormiu e descartou como um trapo sujo.

— Evie não é uma mulher qualquer. Ela é...

Marc se inclinou para frente, curioso. — Ela é o quê?

Eu fiz uma careta. Evie era importante. Importante para mim. —


Deixa pra lá.

Marc se afastou com um suspiro e afundou em seu assento. — Ok,


então você dormiu com ela... mas suponho que você não a jogou para
fora do seu apartamento logo depois?

Ele estava começando a me irritar. — Eu não a joguei para fora. Ela


saiu na manhã seguinte antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— O que provavelmente foi o melhor, porque você certamente não


teria melhorado as coisas com as palavras.

— Provavelmente, — eu concedi, tomando outro gole. Eu não tinha


certeza do que teria dito, mas não o que Evie queria ouvir, isso estava
claro.

— Se ela saiu, talvez as coisas não sejam tão ruins assim. Talvez
ela pelo menos concorde em continuar trabalhando como sua assistente.

— Eu fui o primeiro dela, Marc.

Suas sobrancelhas se uniram. — Primeiro o quê?

— Você é muito lento para um advogado, — eu murmurei. Então


suspirei. — Evie era virgem.

Marc baixou o copo e olhou. De repente, a raiva tomou conta do


rosto dele. — Você dormiu com ela sabendo que ela nunca esteve com
um cara? Isso é baixo, mesmo para você, Xavier. Porra. Até mesmo um
idiota perceberia que ela tem sentimentos por você e foi por isso que ela
quis que você fosse o primeiro.

~ 167 ~
Para Marc dizer porra, ele deveria estar realmente chateado em
nome de Evie, e alcançou seu objetivo. Eu me senti ainda pior, o que
parecia dificilmente possível. Todas as mulheres com quem estive desde
que dormi com Evie me fizeram sentir mais culpado. Elas não tinham
sido a distração que eu esperava. Tudo o que fizeram foi me mostrar que
Evie era única.

— Eu não sabia… no começo. E quando percebi, já era tarde


demais.

Marc sacudiu a cabeça novamente. Ele pegou os copos vazios e se


levantou. — Vou buscar outra rodada. Tenho a sensação de que ambos
precisaremos disso.

Ele voltou com dois copos cheios de uma mistura quase preta. —
Cerveja inglesa escura. Uma pitada de chocolate e malte — ele disse
enquanto colocava um copo na minha frente e sentava.

— Eu suponho que ela vai deixar o emprego.

Eu balancei a cabeça.

— Isso deixa seis meses para encontrar uma substituta.

Eu balancei a cabeça novamente.

Marc suspirou. — Mamãe ficará muito triste e Willow também. E


Milena e as crianças também.

Eu fiz uma careta. — Entendi. Eu arruinei isso para todos. Nós


todos amamos Evie e eu a perdi.

Marc inclinou a cabeça naquele irritante jeito de advogado, como


se eu tivesse acabado de revelar uma pista crucial. — Todos nós a
amamos?

— É uma figura de linguagem, Marc. Deixe-me em paz, — eu disse,


ficando com raiva.

Marc sentou-se e ficou quieto por um longo tempo. — Talvez não


seja tarde demais. Vá até ela, diga como você se sente. Evie parece uma
mulher que não guarda rancor. Talvez ela te dê outra chance.

— Para quê? Um relacionamento? Você sabe que eu não namoro,


Marc. Nunca, nunca, nunca.

— Eu amo Milena, — Marc disse calmamente, e eu me preparei


porque esse tom de voz disparou todos os meus alarmes. Sabia que ele

~ 168 ~
iria abordar um assunto que eu odiava. — Houve uma época em que eu
pensava como você, quando achava que o mundo era melhor sem
mergulhar os dedos na piscina do namoro, mas ela não podia deixar
escapar. Eu não sou como ele. Às vezes fico com raiva e grito, e Milena
grita de volta, mas nem uma vez eu a amaldiçoei, a ameacei ou levantei
minha mão para ela. E não só porque não quero perdê-la - porque a
perderia se a tratasse assim, mas porque não quero tratá-la assim.

— Bom para você, porque eu te atropelaria com a porra do meu


carro se você tratasse Milena e as crianças como merda.

Marc sorriu. — Eu sei. — Ele suspirou. — Você e Evie pareciam


perfeitos um para o outro. Eu nunca vi você rir tanto em torno de uma
mulher.

— Evie é a mulher mais engraçada e inteligente que conheço.

— Qual é o problema então? É porque ela não se parece com as


supermodelos que você costuma desfilar por aí?

Estreitei meus olhos. — Evie é gostosa, e eu não dou à mínima se


ela é tipo uma supermodelo ou não. — A imprensa era um assunto
diferente. Eles cairiam sobre ela como abutres se a notícia de que
estávamos namorando se espalhasse.

— Então o quê?

Suspirei. Ele não entendia. — Há sempre aquele filhote de cachorro


problemático na ninhada que vai mastigar seu rosto quando você estiver
dormindo. Nós dois sabemos que você e Willow não são esse filhote.

Marc sacudiu a cabeça. — Você não vai mastigar ninguém, Xavier.

— Nunca se sabe. Não quero estragar a vida de Evie.

Marc bufou em sua cerveja. — Você está fazendo um trabalho


horrível até agora.

Nada como um irmão mais velho que fazia você se sentir o maior
babaca do mundo. Ele e Fiona se dariam bem se eles se conhecessem.

***

~ 169 ~
Evie ainda fazia tudo o que deveria fazer. Ela era responsável e
levava seu trabalho a sério, mas agora se certificava de manter
distância. Nossas brincadeiras se foram, e ela nunca chegava perto o
suficiente para que nos tocássemos acidentalmente.

— Xavier, você está ouvindo uma palavra do que estou


dizendo? Você não pode pelo menos fingir se importar? — Evie
disse. Meus olhos foram atraídos para onde ela estava empoleirada na
banqueta, tablet na sua frente, franzindo a testa para mim.

Eu não tinha escutado. Eu ainda estava trabalhando em minha


coragem para dizer o que precisava ser dito.

Ela suspirou. — Eu terminei o primeiro rascunho do contrato de


emprego. Você não precisa se preocupar com que nada vá a
público. Entrei em contato com uma empresa de recrutamento que irá
procurar discretamente possíveis candidatas. Se quiser, posso passar o
contrato com Marc.

— Eu não quero outra assistente, Evie, — eu disse com firmeza.

Seus olhos verdes encontraram os meus, e o brilho neles foi um


soco nas bolas. Porra. Eu nunca quis machucar Evie. — Eu disse que
não vou continuar trabalhando para você. Não vai funcionar. Depois do
que aconteceu... — Ela engoliu em seco. — Isso simplesmente não vai
funcionar.

Eu me endireitei de onde estava encostado na geladeira e me


aproximei dela, mas parei quando ela ficou tensa. — Evie, ouça, sei que
agi como um grande babaca.

— Você agiu, mas não posso culpá-lo por isso. Eu sabia como você
tratava as mulheres.

Ai. Outro golpe. — Você não é como outras mulheres.

— Com certeza, — ela murmurou, analisando o comprimento de si


mesma, em seguida, franzindo a testa para o seu iPad.

Dane-se. Eu me aproximei dela e ela levantou a cabeça em


confusão. — Eu não quero perdê-la.

Ela franziu os lábios. — Eu não vou me tornar sua assistente com


benefícios.

— Não quero que você seja uma assistente com benefícios... —


Porra, eu realmente ia dizer isso? — Quero você, tudo de você. Quero dar

~ 170 ~
uma chance a essa coisa de namoro. Quero nos dar uma chance, se você
quiser.

Seus olhos se arregalaram e depois se estreitaram. — Você não


namora. Você mesmo disse.

— Eu sei, — eu disse baixinho, inclinando-me mais perto de Evie


até que pudesse contar as sardas no nariz e nas maçãs do rosto. — Mas
eu quero namorar você.

Lá estava. Eu disse isso, e apesar da explosão de pânico, fodido


pânico, eu não queria retirar as palavras. Se namorar Evie era o que seria
necessário para mantê-la, eu tentaria. Eu tinha certeza de que teria feito
qualquer coisa naquele momento, só para mantê-la.

Evie

Essas palavras eram boas demais para serem verdade. — O que


exatamente você considera namorar?

Xavier ainda estava perto, tão perto que eu tinha dificuldade em


me concentrar em algo mais do que a curva de sua boca e seu cheiro viril.

— Ir a encontros, passar tempo juntos, dormir juntos. Não sou


especialista em namoro, Evie.

— Nem eu, — eu disse. Eu observei Xavier. Ele parecia sincero, e


sabia que ele não mentiria sobre algo assim, certamente não para me
levar para sua cama novamente. Meu coração queria pular em sua
sugestão, mas meu cérebro pisou nos freios. — Da última vez que
conversamos sobre isso, você disse que as pessoas esperam certas coisas
de você. Isso não mudou. A imprensa estará em cima de nós quando
souberem que estamos namorando.

Um lampejo de preocupação passou pelo rosto de Xavier, e meu


estômago apertou. — Veja, esse olhar me diz tudo que eu preciso
saber. Você está preocupado em ser visto em público comigo. — Tentei
me afastar, mas Xavier se apoiou no balcão de ambos os meus lados.

— Isso é besteira, Evie. Somos vistos juntos o tempo todo.

~ 171 ~
— Não como um casal e você sabe disso.

— Eu não dou a mínima para o que a imprensa escreva sobre nós,


mas da última vez que eles jogaram merda em você, você ficou chateado
e eu não quero isso, e isso só vai piorar. O incidente de Blake já foi um
sonho molhado que se tornou realidade para os tabloides.

— Você está preocupado comigo?

— Porra, sim. Claro que estou preocupado com você. Eu conheço a


merda desagradável que a imprensa gosta de jogar em mim, e eles não
vão pegar leve com você quando descobrirem que estamos namorando.

Engoli. — Você disse a palavra g14.

Xavier riu. — Eu prefiro encontrar o seu ponto G.

Eu empurrei o ombro de Xavier levemente. — Você é impossível. —


Mas não estava zangada ou irritada. Eu estava confusa e feliz e com
medo, no entanto. — Xavier, isso é um grande negócio para mim, para
nós. Se você está fazendo isso porque se sente culpado ou quer resolver
negócios inacabados ou não quer perder uma boa assistente, então
prefiro que diga isso agora.

Xavier se afastou um pouco, parecendo que eu tinha batido nele. —


Eu não iria mexer com você assim apenas para resolver negócios
inacabados. Pensei que você ficaria feliz.

— Estou feliz, mas também estou preocupada. Você sempre foi tão
inflexível em não namorar e agora muda de ideia. Alguns dias atrás você
ainda estava transando com Dakota, e agora sou eu quem você quer. Isso
não faz sentido.

Xavier suspirou. — Eu nunca quis Dakota. Ela serviu para me


distrair de você. Eu me senti culpado depois que dormi com você, e
quando percebi que iria perdê-la para sempre, isso só me assustou, mas
estava sendo um filho da puta teimoso e achei que não poderia namorar
ninguém, muito menos você.

— Muito menos eu, — repeti. — Sim, eu posso ver como namorar


a ruiva gordinha seria um golpe para a sua imagem.

Xavier agarrou meus quadris e se colocou entre as minhas pernas,


aproximando nossos rostos. — Não torça as palavras da minha boca, e
não deixe suas inseguranças sobre o seu corpo serem minhas.

14 Referência a palavra girlfriend = namorada.

~ 172 ~
Eu fechei minha boca. Xavier nunca estivera realmente zangado
comigo, mas agora ele parecia louco. Ele se inclinou devagar e roçou os
lábios nos meus. Prendi a respiração, mas ele não aprofundou o beijo; em
vez disso, ele recuou alguns centímetros. — O que eu quis dizer é, —
disse ele com firmeza, — eu nunca quis namorar porque não achei que
seria bom nisso.

Eu bufei. — Se você nunca tentou, então não pode saber.

— Meu pai era um grande idiota, Evie, — disse Xavier de repente,


e eu fiquei imóvel. Exceto por aquela breve menção após o abrigo das
mulheres, ele nunca havia falado sobre seu pai, nem ninguém mais de
sua família. Seus olhos cinzentos tinham apreensão e dor em uma
lembrança de seu passado. Toquei seu peito, tentando encorajá-lo sem
palavras para continuar. — Um idiota abusivo, fisicamente e
mentalmente. Ele batia na minha mãe e depois no Marc e em mim. Ele
era um ser humano horrível, mas minha mãe ficou com ele por um longo
tempo. Ele poderia ser encantador se tentasse, e sempre conseguia
convencê-la de que mudaria, que não iria espancá-la novamente. Ela
tentava nos proteger e era espancada por isso o tempo todo. Ele a socava
e chutava, arrancava seus cabelos, a chamava de nomes horríveis...

Ele ficou em silêncio.

— Então, — comecei. — Você está preocupado em ser como ele? —


Era uma noção ridícula. Xavier não era violento ou cruel. Ele era um
mulherengo, e enquanto ele certamente tinha quebrado alguns corações,
isso estava muito longe de ser um idiota abusivo. A maioria das mulheres
sabia exatamente em que estavam se metendo quando dormiram com
Xavier. Ele estava em todos os noticiários com seus desempenhos
sexuais. Até eu sabia.

— Eu pareço com ele, — disse Xavier. — E tenho o charme dele. As


mulheres acreditam no que eu digo. Eu posso ser convincente.

— Deixe-me pará-lo bem aí, — eu disse. Eu enfiei meu dedo em seu


peito duro. — Eu não conheço seu pai, mas te conheço e você não é
abusivo, Xavier. Você é engraçado e arrogante e atencioso. Você cuida da
sua família, os protege, os ama. Você nunca machucaria alguém que ama
ou se preocupa. Você não é seu pai, confie em mim.

Ele ainda não parecia convencido.

Peguei sua mão forte e áspera. Eu enrolei seus dedos até que eles
formaram um punho, então eu levantei entre nós. — Você pode se
imaginar me socando? — Eu perguntei, trazendo seu punho para o meu
rosto.
~ 173 ~
Ele ficou tenso, com os olhos arregalados e horrorizados. — Não.

Um pequeno sorriso puxou meus lábios. Eu levei o punho dele aos


meus lábios e beijei seus dedos. — Nem mesmo quando eu te irrito? —
Eu provoquei.

— Não, nunca, e muito menos quando você me irrita.

Desdobrei a mão dele e pressionei a palma contra a minha


bochecha. — Que tal um tapa? Já pensou em me dar um tapa?

— Não, — disse Xavier em voz baixa. Ele ainda estava tenso, com
os olhos intensos como se eu estivesse contando uma história que o
deixava na borda da cadeira.

— Me machucar?

— Não.

— Me ofender?

— Não, foda-se não, — ele quase rosnou.

Eu soltei a mão dele e sorri. — Viu. Você não tem nada com o que
se preocupar.

Xavier suspirou. — Eu nunca quis arriscar nada. O amor


transformou minha mãe em tola. Ela o deixou machucá-la. E ele quase
destruiu toda a nossa família.

— Mas ele não fez. Você tem uma família maravilhosa. E ele? Onde
ele está?

— Eu não sei e não me importo. A última vez que o vi foi quando


ele foi mandado para a cadeia há treze anos.

Meus olhos se arregalaram. — Oh. Por quê?

— Minha mãe o deixou. Ela tentou entrar em um abrigo para


mulheres, mas estavam todos lotados, então ela foi até um amigo. Meu
pai a encontrou, espancou-a e jogou Willow escada abaixo.

Lágrimas surgiram em meus olhos. — É por isso que ela está em


uma cadeira de rodas?

— Sim, — Xavier disse calmamente. Ele desviou o olhar e engoliu


em seco. Escorreguei do banquinho e envolvi meu braço em torno de sua
cintura, em seguida, pressionei minha bochecha contra seu peito,

~ 174 ~
segurando-o com força. Xavier me envolveu em um abraço apertado e
descansou o queixo no topo da minha cabeça. Ficamos assim por muito
tempo e me perguntei se alguma coisa seria tão maravilhosa quanto estar
nos braços de Xavier, ouvindo seu batimento cardíaco, sentindo seu calor
e força.

Quando finalmente recuamos, eu não sabia o que dizer. Eu


duvidava que Xavier tivesse conversado com alguém fora de sua família
sobre o que aconteceu, e que ele confiou uma memória tão horrível para
mim me pareceu um presente incrível.

— Fazer uma viagem deprimente pela estrada da memória não foi


como imaginei que essa conversa seria. Eu achei que haveria sexo quente
de reconciliação.

Revirei os olhos, permitindo que Xavier aliviasse o clima. — Não


haverá qualquer tipo de sexo hoje. — Então, acrescentei quando Xavier
me deu um sorriso arrogante, — Ou amanhã. Ou depois de amanhã.

Xavier acenou com a cabeça uma vez, resignado. — Eu acho que


isso significa que é não para namorar comigo. Entendi. Depois dessa
história deprimente, eu não gostaria de me namorar também, — ele disse
brincando, mas peguei a sugestão de vulnerabilidade por trás de suas
palavras.

— Não seja ridículo, — eu disse. — Eu não disse não para o


namoro. Eu disse não ao sexo.

— Não é o mesmo?

Eu bufei. — Para você, talvez. — Então fiquei séria. — Se você está


falando sério sobre dar uma chance ao namoro, sobre nós, então devemos
começar nosso relacionamento do zero. E isso significa ir a encontros e
sem sexo. Para você, sempre foi sobre sexo quando estava com uma
mulher, mas preciso que seja mais do que isso. Só posso nos dar uma
chance se você concordar com uma regra de não sexo por enquanto.

— Você quer dizer não fazer sexo com outras mulheres, certo? —
Ele disse, sorrindo, em seguida, sóbrio com um olhar meu. — Se é isso
que é preciso, posso lidar com a regra do não sexo.

— Tem certeza? Você está fazendo uma cara como se tivesse sido
proibido de jogar rugby por toda a vida.

Xavier se inclinou. — Parece com isso.

~ 175 ~
Eu levantei minhas sobrancelhas. — Se você acha que não pode
fazer isso, então devemos esquecer. Eu não quero me machucar,
Xavier. Mais do que já estou machucada, é isso.

— Eu não quero te machucar, Evie. Quero tentar namorar, mas


não posso prometer que serei bom nisso. Talvez estrague tudo, mas farei
o que puder para fazer isso funcionar. Até suportar bolas azuis.

— Ok, — eu disse, sentindo meu pulso acelerar com o que eu ia


dizer. — Então vamos tentar isso.

Xavier sorriu. — Então você está concordando em namorar


comigo?

— Em 'tentar namorar' é como se diz, mas sim.

— Isso significa que eu estou autorizado a beijá-la agora? — Xavier


murmurou, seus lábios já tão perto de sua respiração leve sobre a minha
boca.

Minhas próximas palavras me custaram um esforço incrível e ainda


mais contenção. — Ainda não. Talvez depois do nosso primeiro encontro
oficial, se tudo correr bem.

Xavier levantou uma sobrancelha daquele jeito irritantemente


arrogante e sexy. — Primeiro encontro? O que nós vamos fazer?

— Surpreenda-me. Sua agenda me diz que você está livre esta


noite.

Ele riu. — Talvez namorar minha assistente não seja a melhor


ideia, afinal.

Eu mordi meu lábio. — Você acha que vai ser um problema? Eu já


tenho esse contrato escrito.

— Não, — ele disse rapidamente. — Não quero mais ninguém. Eu


quero que você seja minha assistente. E é um pouco quente.

Eu estava secretamente aliviada. A ideia de Xavier trabalhar em


estreita colaboração com outra mulher não caiu bem comigo. Xavier
queria tentar namorar, mas estava acostumado a perseguir cada saia. Eu
não confiava nele o suficiente ainda para estar confortável com outra
assistente em sua vida, e eu precisava do emprego. — Então vou
continuar sendo sua assistente por agora. — Eu olhei para o meu
relógio. — E isso significa que temos exatamente vinte minutos para
chegar ao treino. Ah. Merda!

~ 176 ~
Eu passei por Xavier. — Se vista. Nós precisamos sair. Seu
treinador vai explodir uma artéria se você se atrasar.

— Mandona como de costume, — disse Xavier, mas correu para as


escadas e depois subiu. Meus olhos seguiram sua bunda perfeitamente
formada naquela cueca apertada. Namorar Xavier seria difícil.

Eu rapidamente examinei minha agenda, então amaldiçoei. Eu


precisava pegar o smoking de Xavier e meu vestido da lavanderia, falar
com o fornecedor sobre a festa de aniversário de Xavier, que aconteceria
em apenas duas semanas, e tinha um almoço com Fiona. Quando Xavier
desceu as escadas em suas roupas de treino, eu o levei para fora. — Você
terá que dirigir por conta própria. Eu tenho algumas coisas para
fazer. Você não tem nada programado à tarde, exceto surfar com Connor,
então não precisa de mim para isso também. Eu acho que isso significa
que não nos veremos até hoje à noite. Deixe-me saber o horário que vai
me pegar para o nosso encontro e se eu preciso me arrumar. Pensando
bem, algo em que não precisamos nos vestir bem seria bom. Eu não quero
que a gente vá a algum lugar, vamos ser o centro das atenções. Algum
lugar privado seria melhor.

Eu parei.

Xavier estava me observando em diversão.

— O quê? — Eu perguntei, corando. Eu estava divagando.

— É fofo quando você está nervosa. Namorar comigo deixa você


nervosa, Evie? — Xavier perguntou em voz baixa, inclinando-se para
perto, aquele sorriso de lobo no rosto.

Sem chance de deixá-lo levar a melhor sobre mim, eu toquei seu


quadril e pressionei meus seios contra seu peito. — Claro que
não. Namorar comigo deixa você nervoso?

Os olhos de Xavier se lançaram para o meu decote e seu peito se


ergueu contra o meu. Antes que eu perdesse meu próprio jogo, recuei,
bati em seu peito e disse: — Eu mal posso esperar para ver o que você
planejou para o nosso primeiro encontro.

Então rapidamente saí e fui em direção à scooter 15de Fiona, que


eu tinha emprestado com frequência nos últimos dias desde que estava
evitando ficar em um carro com Xavier. Corri antes que meu corpo

15 Uma scooter é um tipo de motocicleta com uma estrutura de passagem e uma


plataforma para os pés do ciclista.

~ 177 ~
dominasse minha mente e eu arrastasse Xavier de volta para seu
apartamento e o deixasse me levar para a cama.

~ 178 ~
Evie

Eu estava completamente distraída durante o meu almoço com


Fiona, e é claro que ela percebeu isso. Mesmo alguns anos de separação
não mudou o fato de que, como gêmeas, percebíamos o humor uma da
outra.

— OK. O que aconteceu? Você está nervosa e distraída.

— Eu não estou, — tentei salvar a situação.

Ela levantou uma sobrancelha loira de um jeito muito parecido com


Xavier, o que aumentou meu nervosismo. — Você acabou de colocar sal
em seu cappuccino.

Eu olhei para a minha xícara, em seguida, levei aos meus lábios,


tomei um gole hesitante e fiz uma careta. — OK tudo bem. Eu tenho
muita coisa na cabeça agora.

— Ainda é por causa daquele idiota? Ele está lhe dando um tempo
difícil?

Por menos de um segundo, considerei contar a Fiona sobre Xavier


e eu, mas então meu medo prevaleceu. Xavier e eu não éramos realmente
Xavier e eu ainda. Nós tínhamos concordado em tentar namorar, mas
isso era tudo. Eu sabia o que Fiona diria se lhe contasse sobre isso. Ela
me declararia insana, e talvez eu fosse por dar uma chance a Xavier
depois de tudo. Embora realmente, ele não tivesse feito nada de errado
se você analisasse. Ele nunca mentiu para mim, nunca fingiu que nossa
noite juntos seria mais do que sexo, e ainda assim eu dormi com ele. Fui
eu quem não tinha sido cem por cento honesta, que mantive minha
virgindade em segredo. Dada a reação de Xavier, ele provavelmente não
teria levado as coisas tão longe entre nós se eu tivesse lhe dito em uma
situação menos precária. Eu era tão culpada por aquela noite quanto
ele. Ele ter passado para outra mulher tão rapidamente, foi obra dele,
mas nada que eu não poderia ter previsto.

— Evie? — Fiona perguntou.

~ 179 ~
Eu pisquei. Eu divaguei novamente. — Desculpa. Ele não fez
nada. Ele está sendo o arrogante habitual. — O que não era uma mentira.

— Você fez progresso em encontrar uma nova assistente?

— Eu ainda preciso repassar o contrato de emprego com o irmão


de Xavier.

Fiona franziu a testa. — Está demorando muito. E demorará ainda


mais para encontrar alguém que esteja disposto a se tornar sua
assistente.

— Há mulheres o suficiente por aí que fariam qualquer coisa para


estar perto dele, — eu disse com uma pitada de amargura.

Fiona me examinou. — Você parece com ciúmes.

— Eu não estou.

— Você não está mais ligada a ele, certo? Ele esteve com várias
mulheres, e você deveria seguir em frente também. Ele não vale a pena
desperdiçar outro pensamento. Só porque ele foi seu primeiro, não
significa que tenha que significar alguma coisa.

Não era tão fácil, e Fiona sabia disso. Ela havia deixado os Estados
Unidos porque pegou seu primeiro amor a traindo. É certo que isso foi
pior do que o que aconteceu comigo. Ela e Aiden estavam namorando há
três anos, e ele fodeu sua melhor amiga. Eu tive sorte em comparação. —
Não vamos falar sobre Xavier, tudo bem? — Eu simplesmente acabaria
deixando algo escorregar, e então o nosso almoço iria mudar para pior.

— Então vamos falar sobre Blake, — disse Fiona.

Suspirei. — Eu te disse que não funcionou entre nós.

— Você saiu com ele uma vez e seu encontro foi rudemente
interrompido por Xavier. Você não pode contá-lo. Dê a ele outra chance.

Meu celular tocou na minha bolsa. Feliz pela distração, o peguei e


olhei para a tela. A mensagem era de Xavier.

Vou buscá-la as sete na esquina da sua rua. Não quero cruzar o


caminho da sua irmã gêmea do mal. Código de vestimenta:
casual. Certifique-se de estar com fome e com sede.

Sorrindo, rapidamente digitei minha resposta.

Boa ideia, ou seja, Fiona. PS Não a chame de malvada.

~ 180 ~
Devolvi meu celular para minha bolsa, em seguida, olhei para cima
e peguei Fiona me observando com olhos estreitos. O sorriso caiu do meu
rosto e um rubor traiçoeiro subiu pela minha garganta.

— Quem era?

— Uh, ninguém.

— Esse sorriso apaixonado não se parecia com ninguém.

Droga. Por que Fiona tinha que ser um cão de caça quando
cheirava minhas emoções? — Eu… eu conheci alguém. — Lá estava, a
mentira que eu não queria confiar.

— Um cara? — Fiona perguntou, atordoada.

— Não, uma lhama, — eu murmurei. — Claro que é um cara.

— Onde você o conheceu? E por que você não me disse que estava
procurando alguém? É por isso que você não quer ver Blake de novo?

— É muito novo... e eu o conheci online.

— Tem certeza de que ele não é um serial killer maluco?

— Eu sou uma adulta, Fiona. Eu posso lidar com minha própria


vida amorosa. Eu prometo que vou te contar quando tiver mais para
contar, ok? — E uma vez que eu tenha certeza que namorar Xavier não é
a pior ideia da minha vida.

— Ok, — disse Fiona lentamente, mas eu sabia que ela iria me


manter na ponta dos pés. Eu tinha que garantir que ela não se
intrometeria. Essa coisa, o que quer que fosse, entre Xavier e eu ainda
era muito recente para deixá-la se meter.

***

Xavier me pegou na esquina como havíamos combinado. Eu fiz


questão de checar a rua procurando o rosto curioso de Fiona várias vezes,
mas não a vi. Eu deslizei no banco do passageiro. — Você chegou no
horário, — eu disse, surpresa.

Xavier me deu um sorriso. — Não por isso.

~ 181 ~
Eu balancei minha cabeça com uma risada, mas vacilei quando os
olhos de Xavier vagaram lentamente sobre mim. Eu não estava vestida
de uma maneira excessivamente sexy, mas a saia lápis acentuou meus
quadris e minha blusa deu uma bela visão do meu decote. O brilho
apreciativo nos olhos de Xavier enviou um arrepio agradável na minha
espinha. — Você está linda, Evie, — disse ele em voz baixa que eu pude
sentir todo o caminho entre as minhas pernas. Não doeu que Xavier
parecesse bom o suficiente para ser devorado com a camisa azul escura
e calças bege.

— Então, para onde estamos indo? — Eu perguntei para me distrair


das sensações perigosas que estava sentindo.

— Uma microcervejaria e pub que costumo visitar com meu


irmão. Eles têm uma seleção agradável e opções de degustação
fantásticas com comida deliciosa para acompanhar.

Eu sorri abertamente. Xavier havia acertado na sua escolha. Então


outro pensamento passou pela minha cabeça. — Então, em
público? Você não está preocupado em sermos vistos? — Ainda era cedo
demais. Eu sabia que a imprensa arruinaria isso para nós dois se
descobrissem no início da nossa... tentativa de namoro.

Xavier saiu da rua e acelerou. — Como eu disse, já estive lá


antes. É fora do circuito da moda. Eu conheço bem o dono. Ele sempre
me dá uma cabine isolada.

— Ok, isso soa bem, — eu disse lentamente. Xavier tinha mais


experiência em lidar com a imprensa e com eles o seguindo, então eu
tinha que confiar que ele sabia o que estava fazendo.

Xavier olhou na minha direção. — Então eu fiz bem?

— Muito bem até agora. Vamos ver como você continua se saindo.

— E se eu me sair bem, recebo aquele beijo que você prometeu?

Engoli. — Talvez.

***

Eu não perdi o olhar surpreso que o dono da cervejaria nos deu


quando entramos e, é claro, me senti autoconsciente por causa
disso. Xavier provavelmente nunca trouxe ninguém como eu aqui. A mão

~ 182 ~
de Xavier descansava levemente na parte inferior das minhas costas, e
seus bíceps roçaram minha omoplata quando ele me levou para dentro.

Como se pudesse ler minha mente, Xavier disse baixinho: — Eu


nunca trouxe ninguém além de Marc aqui.

Isso me fez sorrir, e a expressão de Xavier suavizou de uma maneira


que raramente fazia. Nós nos instalamos em um reservado aconchegante
em um canto com confortáveis bancos de couro vintage e uma mesa, que
parecia ser feita de velhos barris de vinho. Quando o dono veio com o
menu, Xavier balançou a cabeça. — A degustação de cerveja com os
acompanhamentos correspondentes.

— Você vai amar a comida deles, — disse Xavier quando se virou


para mim. Se o aroma picante e quente fosse qualquer indicação, Xavier
estava certo.

Mordi meu lábio, de repente, sem saber o que dizer, como agir em
torno de Xavier. Felizmente, o dono veio em nossa direção com duas
bandejas de madeira que continham quatro pequenos copos de cerveja.

— Você sabe o que fazer, — disse o dono com uma piscadela.

Xavier assentiu.

Eu olhei para as quatro cervejas. Os copos eram um pouco maior


que os de shots16, não mais. — Espero que a comida não seja tão pequena
assim ou teremos que parar em lanchonete depois.

Xavier riu. — Oh Evie, você é perfeita.

Eu corei. — Então, qual é o lance com esses pequenos copos de


cerveja?

— A degustação consiste em doze cervejas no total. Se todos fossem


de tamanho regular, eu teria que te carregar depois.

— Primeiro de tudo, eu posso aguentar o álcool muito bem, e


segundo, não tem como você me carregar. Eu sou muito pesada.

— Quer apostar nisso?

— Não tenho certeza se quero apostar com você.

16 Um copo é um pequeno copo originalmente concebido para armazenar ou


medir bebidas alcoólicas ou bebidas alcoólicas, que é bebido diretamente do copo ou
colocado em um coquetel.

~ 183 ~
O sorriso de lobo. — Por que não?

— Porque você não joga limpo.

— Vamos.

Eu apontei para as cervejas. — Conte-me um pouco sobre elas.

Xavier me deu um olhar conhecedor, mas me deixou distraí-lo. —


O primeiro que você deve provar é a da direita - é a mais leve e não estraga
o seu paladar para as outras.

— Você parece um sommelier17. Há algo assim para a cerveja?

Ele sorriu e ergueu o copo. — A nós.

Eu bati meu copo contra o dele e esvaziei em um gole.

O sorriso de Xavier se alargou. — Só porque eles são copos de shot


não significa que você tem que engoli-los.

Eu levantei minhas sobrancelhas em desafio. — Não me diga que é


demais para você engolir. — No momento em que as palavras saíram da
minha boca, eu sabia que tinha dado a Xavier a abertura perfeita.

— Eu prefiro ver você engolir, — ele rosnou, depois bebeu a cerveja.

Minhas bochechas explodiram com o calor, os olhos arregalando.

Xavier balançou a cabeça, arrependimento passando por seu


rosto. — Eu não deveria ter dito isso. Porra. Eu já estou bagunçando
tudo.

Eu dei de ombros e apontei para o próximo copo. — O que vem a


seguir?

Xavier se inclinou para frente, roçou levemente minha bochecha


aquecida com o polegar e depois beijou a pele quente. Meus olhos voaram
até os dele. — Eu não sei como tratá-la, — ele admitiu em voz baixa. —
Um momento eu quero fodê-la, no seguinte quero protegê-la de mim.

Eu fiz uma careta. — Você não precisa me proteger. Eu posso me


proteger. Só me trate como me tratava antes que o sexo fosse um

17 Um sommelier, ou mordomo de vinho, é um profissional de vinho treinado e


experiente, normalmente trabalhando em bons restaurantes, que se especializa em
todos os aspectos do serviço de vinhos, bem como vinho e comida emparelhamento.

~ 184 ~
problema. Como uma amiga, um ser humano. Não uma vagina com
membros.

Xavier soltou uma risada. — OK. Essa imagem definitivamente


garante que sua proibição de sexo seja bem sucedida hoje à noite.

Eu sorri. — Teria sido bem sucedida de qualquer maneira.

Xavier não teve a chance de um retorno porque o dono chegou com


a comida. Uma bandeja com pratos de aperitivos. Tudo parecia delicioso,
e no momento em que coloquei uma pequena bola frita do que provou ser
carne de porco lentamente na minha boca, eu sabia que amava esse
lugar. Eu gemi quando o sabor delicioso se espalhou na minha boca.

Xavier me observou com muita atenção e fiquei imaginando para


quem a proibição sexual seria mais difícil, eu ou ele.

— Você contou a alguém sobre isso? — Eu perguntei curiosamente


quando terminei minha oitava dose de cerveja.

— Só Willow, e foi por acaso. Ela me ligou esta tarde e eu deixei


escapar alguma coisa. E você?

— Se eu contar a Fiona, ela ficará furiosa conosco e ainda não


conheço muitas pessoas por aqui. Eu não quero azarar isso.

Ele assentiu. — Minha família provavelmente ficará mais feliz com


isso do que a sua.

Dei de ombros. — Fiona não precisa gostar de você tanto quanto


eu.

— E você gosta? — Xavier perguntou em voz baixa.

— Você tem que perguntar? Eu não estaria sentada aqui se não te


achasse bastante tolerável.

— Ah, Evie, suas declarações românticas aquecem meu coração, —


ele murmurou com uma risada suave.

Eu sorri abertamente. — Você sabe o que está recebendo. O


sarcasmo permanecerá.

— Espero que sim.

Nós sorrimos um para o outro, e os olhos de Xavier desceram para


os meus lábios mais uma vez. Se ele continuasse, eu teria que pedir gelo
para colocar na minha calcinha.

~ 185 ~
— Então, como Willow reagiu às notícias?

— O que você acha? Ela estava na lua. Ela está querendo que eu
encontre alguém há muito tempo.

— Isso é adorável, — eu disse.

A expressão de Xavier ficou sombria. — É porque ela mesma não


tem vida. Ela está sempre em casa com a mamãe. Ela deveria estar
fazendo o que outras garotas fazem. Saindo escondida, ficando bêbada e
flertando com caras para que eu possa chutar com força suas bundas. —
Ele esvaziou sua última cerveja. — Mas ela não vai porque não pode,
porque está presa naquela cadeira de rodas.

Toquei a mão de Xavier e ele se virou e uniu nossos dedos, seus


olhos cinzentos tristes e escuros. — Aquela cadeira de rodas não precisa
impedi-la de viver sua vida. Ela pode namorar, ela pode flertar e ficar
bêbada. Uma deficiência não precisa impedi-la, não precisa definir quem
ela quer ser, — eu disse a ele.

— Isso não vai acontecer naquela fazenda.

— Ela poderia se mudar para Sydney depois da escola. Ela não


estaria sozinha. Você e eu poderíamos ajudá-la.

Xavier apertou minha mão, depois levou-a aos lábios e beijou-a. —


Evie, eu não te mereço, espero que você perceba, mas devo dizer que
tenho toda a intenção de mantê-la, merecendo ou não.

Um rubor satisfeito se espalhou pelo meu corpo, e eu me inclinei


para frente e dei a Xavier um beijo leve e suave, em seguida me afastei
antes que se transformasse em algo mais aquecido.

Foi o único beijo que nós compartilhamos naquela noite, embora


eu pudesse dizer que Xavier queria me beijar quando me deixou na minha
rua. — Obrigada pelo lindo encontro, — eu disse a ele, virando-me na
direção dele do meu lugar.

— Isso significa que você vai concordar com outro encontro


amanhã? — Xavier perguntou com aquela contração sexy e irritante de
sua boca.

— Sim. O que você tem em mente?

— Nós poderíamos ir à praia, tomar sol e dar um mergulho.

~ 186 ~
Desfilar meus defeitos na frente de Xavier em uma roupa de
banho? Não, obrigada. Eu fiz uma careta. — Eu não acho que seja uma
boa ideia. A última vez os paparazzi nos pegaram na praia.

— Isso porque anunciei no meu Instagram que estaria filmando um


treino lá, mas é um dia de semana.

Eu desviei o olhar. — Eu preferiria se fizéssemos outra coisa.

— Evie, — Xavier começou, mas eu levantei a minha mão.

— Que tal irmos ao Royal Botanic Garden? Eu queria visitá-lo por


um tempo.

— Ok, mas o risco de as pessoas me reconhecerem também é alto


demais.

— Coloque um boné, — eu disse com um sorriso.

Ele riu. — Eu duvido que isso engane alguém. Mas se é isso que
você quer?

— Eu quero, — eu disse. Eu sabia que provavelmente não teríamos


muito tempo para ir a encontros nos dias seguintes, já que faltava menos
de uma semana para o início da temporada.

Eu saí do carro com um último sorriso e fechei a porta, então


praticamente flutuei para casa porque o encontro tinha ido muito melhor
do que eu esperava. Xavier tinha sido tão cavalheiro quanto era capaz, e
nós não tivemos um momento de tédio ou silêncio constrangedor. Eu
arrisquei outro olhar por cima do meu ombro. Xavier não tinha ido
embora ainda, e um pequeno arrepio passou pela minha espinha
novamente. Eu queria tanto beijá-lo no carro agora.

Eu só podia esperar que Xavier tivesse controle suficiente por nós


dois, porque se a proibição de sexo dependesse apenas do meu controle,
estava condenada.

~ 187 ~
Evie

Xavier de fato apareceu usando um boné para nosso encontro no


Royal Botanic Garden, o que, para ser honesta, não o fez menos
impressionante. Um homem do seu tamanho e massa muscular tinha
dificuldade em se misturar, mesmo que cobrisse a cabeça. Eu havia
escolhido um lindo vestido de verão com cintura estreita, decote baixo e
sapatilhas de bailarina. Xavier levou seu tempo me admirando enquanto
eu caminhava em direção a ele. Nós tínhamos concordado em nos
encontrar na entrada da frente e que Xavier não me buscasse, então
Connor e Fiona não suspeitaram, embora me vestir desse jeito
definitivamente tenha chamado a atenção de Fiona. Ela acabaria
descobrindo, eventualmente, e provavelmente ficaria magoada por eu não
ter confiado nela desde o começo.

Quando cheguei à sua frente, fiquei na ponta dos pés e beijei sua
bochecha. Seu braço veio imediatamente ao redor da minha cintura e sua
cabeça abaixou, seus olhos travando com os meus. — Esta roupa é para
me matar, certo?

Eu tentei esconder minha presunção, mas falhei quando Xavier


soltou um grunhido baixo. — Você é uma megera.

Seus lábios levemente roçaram os meus, mas eu gentilmente me


afastei. Xavier estendeu a mão. — Podemos arriscar dar as mãos? —
Diversão tingiu sua voz profunda.

Nós nos arriscamos e passeamos pelo jardim botânico de mãos


dadas. Não estava muito cheio, e muitas pessoas pareciam turistas que
não sabiam quem era Xavier. A visão do Opera House18 era espetacular,
assim como o jardim de rosas e as fontes. — Você não me pareceu uma
menina das flores, — disse Xavier depois de um tempo. — Você gosta de
cerveja, costelas e filmes de ação. Mas rosas te atraem?

18 O Sydney Opera House é um centro de artes performáticas em Sydney


Harbour em Sydney, New South Wales, Austrália. É um dos edifícios mais famosos e
distintos do século XX.

~ 188 ~
— Elas são bonitas. Eu tenho permissão para apreciar coisas
bonitas também, certo?

Xavier me puxou para uma parada e aproximou-se. — Certo. Você


gosta das lindas flores, eu gosto de você.

Eu revirei meus olhos. — Boa tentativa de entrar na minha


calcinha novamente. Não vai funcionar hoje.

Xavier soltou aquele rugido profundo de uma risada. — Então a


proibição ainda está em vigor?

— Está, — eu confirmei.

— Eu estou autorizado a um beijo, pelo menos?

Considerando que estávamos em um lugar público, eu considerei


um beijo uma opção segura. — Ok — As palavras mal saíram da minha
boca quando Xavier reivindicou meus lábios e me beijou. Beijou-me como
se ele realmente quisesse isso, e meus dedos dos pés se curvaram em
minhas sapatilhas de bailarina quando sua língua me provou, me
provocou, e sua palma quente pressionou contra minhas costas.

Recuei depois de um momento, um pouco atordoada. Nós ainda


estávamos próximos e Xavier estava olhando para mim como se quisesse
me comer.

— Eu acho que é o suficiente de beijos por agora, — eu murmurei.

Xavier exalou, mas recuou como se não confiasse em si mesmo tão


perto de mim. Para ser sincera, eu confiava em mim mesma muito menos
que nele.

***

Nos dias após o nosso segundo encontro, Xavier e eu não tivemos


tempo para outro. Sua primeira partida da temporada o deixou ocupado,
corpo e mente, e eu estava realmente feliz pelo pequeno intervalo, uma
vez que me permitiu ter uma melhor compreensão dos meus sentimentos
e desejos - ou era o que eu estava tentando dizer a mim mesma, pelo
menos. Nós só nos víamos por razões relacionadas ao trabalho, e não
permiti nenhuma proximidade física durante esse tempo, mas agora que
o primeiro jogo havia passado e o time de Xavier venceu de uma forma
espetacular, nós concordamos em um terceiro encontro, mais íntimo. Eu

~ 189 ~
não tinha certeza de o porquê ter concordado com um encontro em sua
cobertura, talvez por ele ter me convidado logo após a partida, quando eu
ainda estava chapada com a euforia de assistir Xavier em um jogo de tirar
o fôlego. Mas era tarde demais para recuar agora. Eu não queria que
Xavier percebesse o quão forte o efeito de sua proximidade tinha sobre
meu corpo.

No entanto, eu não conseguia controlar meu nervosismo sobre meu


terceiro encontro com Xavier. O que era ridículo. Eu passei muitas noites
com ele em sua cobertura, e muitas outras horas de trabalho, mas isso
parecia diferente. Esta era a primeira vez que ia ao seu apartamento não
como sua assistente, mas como seu encontro, como sua namorada.

Eu tinha pensado em usar algo sexy, mas em vez disso optei por
um suéter de cashmere de coral suave que abraçava meu peito e
jeans. Eu queria me sentir confortável, e não dar ideias a Xavier, embora
o conhecendo, ele as teria de qualquer maneira.

No momento em que Xavier abriu a porta, lembrei-lhe. — Não


haverá sexo hoje à noite.

Então eu o notei. A camisa apertada, o jeans de corte baixo, a barba


cerrada e aqueles olhos. De repente, senti que precisava lembrar mais do
que ele.

Ele sorriu. — Você já disse isso.

Eu disse isso mais de uma vez, mandei dois textos para ele hoje
com a mesma mensagem. Eu balancei a cabeça uma vez, de repente me
sentindo tímida. Nunca me senti tímida em torno de Xavier. Talvez isso
tenha sido uma má ideia.

Xavier abriu a porta um pouco mais. — Você não vai entrar? Eu


prometo que não vou morder a menos que você queira.

— Xavier, — eu disse em advertência, mas meu estômago deu uma


virada estúpida.

Este homem seria definitivamente minha ruína.

Dei um passo decidido em sua cobertura e caminhei em direção à


ilha da cozinha, onde deixei minha bolsa em um dos bancos antes de me
dirigir para a geladeira e abri-la. Sorrindo para mim mesma em sua
consideração, peguei uma cerveja artesanal para mim e outra para
Xavier. Nenhuma cerveja sem álcool hoje à noite. Coloquei-as no balcão
e estava prestes a checar o armário de petiscos de Xavier quando seu

~ 190 ~
hálito quente passou sobre meu ouvido. — Eu diria 'fique à vontade', mas
você já está fazendo exatamente isso.

Eu me virei, assustada e golpeei seu peito. — Você me assustou! —


Eu não tirei a mão de seu peito. Por que eu não estava me afastando? Ele
estava ainda mais perto do que eu esperava. Um braço apoiado na ilha
da cozinha, inclinado sobre mim. Respirar tornou-se difícil com ele tão
perto, com seu cheiro viril, com o jeito que seu corpo alto me fazia sentir
delicada pela primeira vez, com a maneira como seus olhos me despiam
como se eu fosse realmente sexy.

Seu rosto chegou mais perto. Inferno, ele ia me beijar


novamente. Eu sabia onde isso levara a última vez que estivemos
sozinhos em seu apartamento.

Eu rapidamente voltei para o balcão, e Xavier soltou uma risada


contra a parte de trás da minha cabeça. Mesmo aquele ronco baixo
enviou um arrepio doce pela minha espinha.

Isso foi uma ideia tão ruim. A pior ideia de uma longa série de más
ideias.

Eu deveria sair antes de cometer um erro ainda maior.

Peguei as duas garrafas de cerveja e usei uma para abrir a outra,


depois a entreguei a Xavier antes de pegar uma colher da gaveta e abrir
a minha cerveja com ela.

— Você é a única mulher que eu conheço que pode fazer isso, e é


sexy pra caralho, — ele disse com um sorriso estranho. — Desde o
momento em que te vi pela primeira vez, soube que você era perfeita.

Eu tomei um gole da minha garrafa. — Imperfeita. No fundo eu sou


preguiçosa. Eu estava cansada de procurar pelo abridor o tempo todo e
desde que nunca tive um namorado que pudesse fazer isso por mim, tive
que aprender como fazer isso.

Xavier me observou estranhamente sobre sua garrafa, depois


tomou um gole profundo também. — Por que você nunca teve um
namorado?

Eu suspirei, corando. Esse não era um tópico que eu queria


discutir em detalhes, mas pelo menos me distraía de pensamentos mais
perigosos, como o quanto queria agarrar Xavier pelos bolsos da calça
jeans e puxá-lo na minha direção. Eu me inclinei contra o balcão para
trazer mais espaço entre Xavier e eu. — Enquanto minha irmã ainda

~ 191 ~
morava conosco, os meninos sempre a notavam, não eu. Ela era a líder
de torcida atlética e eu era o bicho-papão gordinho.

Xavier fez uma cara de desgosto. — Eu não entendo o apelo.

— Vamos, — eu disse. — Fiona é seu tipo, não finja que não é


assim. Eu vi as mulheres que você levou para a sua cama nos últimos
meses.

Eu olhei para mim mesma. Eu não era nada parecida com


elas. Empurrando esse pensamento desagradável de lado, tomei outro
gole da minha cerveja.

— Ela é bonita, tudo bem, mas ela é irritante pra caralho.

— Mas você fez um movimento antes dela estar com Connor.

Xavier fez uma careta. — Ela te contou?

Eu bufei. — Somos irmãs. Claro que ela me contou. Estou muito


feliz por ela ter recusado você. Isso teria sido muito estranho.

— Eu fiz coisas mais estranhas.

— Não me lembre, — eu murmurei.

Xavier tornou-se sério novamente. — Vamos, Evie. Eu não posso


acreditar que não havia nenhum cara fazendo um movimento em
você. Tenho certeza de que um deles teria prazer em ajudá-la com a sua
virgindade.

— Havia alguns, mas eu não queria fazer nada só para me livrar


disso. Eu queria que isso acontecesse com alguém de quem eu gostava
muito e que se importava profundamente comigo. — Meu interior se
apertou. Por que eu não conseguia manter minha boca estúpida
fechada? Esta era a segunda vez que admitia a Xavier que estava
apaixonada por ele. Eu era uma vaca tão estúpida.

Eu bebi o resto da minha cerveja, evitando o olhar de


Xavier. Droga. Eu podia sentir o início das lágrimas. Eu lutei e quando
isso não funcionou rapidamente empurrei Xavier, abrindo a geladeira
para pegar outra cerveja para mim. Se eu mantivesse o ritmo, estaria
bêbada antes mesmo de começar o filme.

Quando me virei com a garrafa, uma lágrima traidora deslizou pela


minha bochecha. Xavier limpou com o polegar e eu queria morrer no
local.

~ 192 ~
— Evie...

— Não diga nada só porque você se sente culpado, — eu o


interrompi.

Raiva brilhou no rosto de Xavier e ele me encostou no balcão, então


se apoiou em ambos os meus lados e olhou para mim. — Não pense que
você sabe tudo sobre mim, Evie, só porque me conhece melhor do que
ninguém. Você é importante para mim e eu me importo com você. E me
importei com você quando tirei sua virgindade.

Engoli. — Eu te conheço melhor do que ninguém?

Xavier riu e se afastou. Ele pegou minha cerveja, abriu com a


colher e acenou em direção à área de estar. — Vamos assistir a um filme.

— Essa é a minha cerveja. Devolva, — eu disse.

Xavier sorriu. — Obrigue-me. — Ele tomou um gole provocante


enquanto andava de costas em direção ao sofá. Algo estalou em mim, e
eu corri em direção a ele e o ataquei. Abordei Xavier - A Besta -
Stevens. Deus me ajude, Xavier deve ter fodido meu cérebro.

Os olhos de Xavier se arregalaram de surpresa quando colidi com


ele, mas não teve chance de se apoiar. O ar foi arrancado de mim pelo
impacto contra seus músculos duros, e então nós estávamos
caindo. Soltei um guincho muito embaraçoso, fechando os olhos
enquanto descíamos pelo encosto do sofá. Eu aterrissei duro em cima de
Xavier, montando-o.

Quando finalmente abri os olhos, Xavier estava me observando,


incrédulo. De alguma forma ele conseguiu pousar com a garrafa de
cerveja ainda na mão e milagrosamente cheia. — O que foi isso? — Ele
perguntou.

Eu olhei para ele, percebendo que estava montada nele, e corei,


não pude evitar, porque podia senti-lo ficando duro contra mim. Ele
baixou a cerveja lentamente, e eu deveria ter me afastado dele. Em vez
disso, continuei olhando enquanto ele ficava ainda mais duro contra
mim.

Evie, saia de cima de Xavier.

E então os lábios de Xavier se curvaram daquele jeito arrogante, e


me perdi. Eu esmaguei minha boca contra a dele e ele respondeu
imediatamente. Agarrando minha bunda com uma mão e reivindicando

~ 193 ~
minha boca com a língua, ele rolou até que estava preso entre as minhas
pernas e eu podia senti-lo exatamente onde estava dolorida.

Ele se apoiou contra mim, duro, ansioso por mais, e me beijou


ainda mais. Corri minhas mãos por suas costas, agarrei a bainha de sua
camisa e puxei-a sobre sua cabeça.

Meu Deus, esse corpo.

Sua mão emaranhou no meu cabelo quando ele inclinou minha


cabeça do jeito que queria e sua língua mergulhou ainda mais
fundo. Meus dedos se curvaram. Antes de Xavier, eu não sabia que eles
poderiam fazer isso. Mas Xavier sabia beijar. Rapaz, esse homem sabe
beijar.

Sua outra mão deslizou do meu lado, em seguida, ele sentou e


puxou meu suéter, e então isso também sumiu. Ele soltou um grunhido
baixo. — Outra camada?

Eu olhei para baixo, para a blusa fina que eu tinha colocado sob o
suéter, e finalmente a sanidade retornou. Eu coloquei uma mão contra o
peito nu de Xavier, e balancei a cabeça. — Nós devemos parar.

Xavier se inclinou para frente. — Você realmente quer parar?

Sua voz era sexo puro, sedução posta em palavras, e meu núcleo
respondeu com uma avalanche de calor. O que eu queria era continuar
beijando Xavier, arrancar cada pedaço de roupa dele e provar cada
centímetro de seu corpo perfeito, descobrir todos os lugares que não tinha
prestado atenção na última vez.

Fechei meus olhos, tentando organizar minhas emoções.

— Evie? — Xavier perguntou, a voz mais suave do que antes.

— Pare, — eu disse.

O peso de Xavier me deixou, e eu tive que morder minha língua


para não alcançá-lo e puxá-lo de volta. Quando abri os olhos novamente,
Xavier estava sentado no final do sofá, bebericando sua cerveja, seu corpo
tenso e sua camisa de volta.

Eu me endireitei também e afastei o cabelo do meu rosto. Ele estava


com raiva? — Não me diga que você está chateado porque te pedi para
parar. Eu falei sem sexo.

Xavier levantou as sobrancelhas. — O que faz você pensar que eu


estou chateado?

~ 194 ~
— Você está todo tenso e sentado do outro lado do sofá.

Ele sorriu. — Estou tenso porque meu pau ameaça estourar


minhas calças, e você não tem intenção de me ajudar com isso. E estou
sentado aqui porque você é ainda pior nessa regra sem sexo do que eu.

Eu corei e me sentei contra o sofá. Xavier não era o único que tinha
um problema em suas calças. Minhas partes privadas pareciam como se
tivessem se transformado em uma poça de lava. Eu estava realmente
preocupada que pareceria que tinha molhado minhas calças se me
levantasse. Eu me remexi para aliviar um pouco da tensão.

Os olhos atentos de Xavier me observaram. — Evie, por que você


insiste nessa regra estúpida de não sexo? Você quer isso tanto quanto
eu.

Eu não neguei. — Porque eu quero que isso seja mais do que


sexo. Não sou uma de suas conquistas. Bem, não quero ser.

— Você não é. Você sabe que significa muito para mim. É por isso
que estamos aqui. Foi por isso que concordei em dar uma chance a essa
coisa de namoro.

— Essa coisa de namoro, — eu murmurei.

Ele suspirou e aproximou-se. Eu olhei para ele cautelosamente. —


Isso não é fácil para mim, Evie. Eu nunca namorei ninguém. Mas estou
aqui, disposto a dar uma chance, porque não quero perder você.

Eu prendi minha respiração, meu coração se encheu de


emoções. Ele segurou meu rosto e eu me perdi em seus olhos. Eu não
tinha certeza se seria forte o suficiente para detê-lo novamente, mesmo
que soubesse que precisava se quisesse proteger meu coração. Seus
lábios roçaram os meus, mas com uma resolução final recuei um
centímetro. — Por favor, Xavier, não... — Engoli em seco. — Eu sei que
você está ciente do seu efeito sobre as mulheres e o usa, mas não... eu
não posso fazer isso ainda.

~ 195 ~
XAVIER

A emoção nos olhos de Evie e seu sussurro quebrado foram um


balde de água gelada. Porra. Ela me implorou para não levar as coisas
adiante porque sabia que não seria capaz de resistir. Ela me queria tanto
quanto eu a queria. Ela estava molhada. Eu sabia, e seria apertada e
quente ao redor do meu pau, mas sua expressão era quase desesperada
e não poderia ser esse tipo de babaca com ela. Não com Evie.

— Que tal beijar? Porque eu realmente quero beijar você, Evie, —


eu murmurei, e ela deu um pequeno aceno resignado, e mergulhei, meus
lábios tomando sua boca suave. Evie se abriu como sempre fazia, me
deixando entrar, encontrando minha língua com ansiedade e com um
toque de inocência que me deixou completamente insano. Eu nunca
pensei que isso me excitaria, mas com Evie, porra. Talvez tenha sido
porque tudo sobre Evie me excitava.

Emaranhei minha mão em seus cachos macios, puxando-a ainda


mais perto e suas palmas pressionaram contra o meu peito, unhas
roçando minha pele, e meu pau realmente vazou pré-gozo. Foda-se. Sua
mão deslizou mais baixo sobre minhas costelas, meu abdômen, e eu
quase perdi a cabeça e joguei-a por cima do meu ombro estilo homem
das cavernas e levei-a para cima para fodê-la em todos os sentidos que
poderia imaginar.

Eu afastei minha boca, respirei fundo e peguei minha cerveja


tomando um grande gole. Os lábios de Evie estavam vermelhos e
inchados e ela estava ofegante, o que fez seus seios impressionantes
aumentarem a cada inalação de ar, e essa pequena blusa não estava
escondendo nada. Porra, eu quase pedi para ela colocar o suéter de
volta. Isso tornaria o esforço de ‘sem sexo’ muito mais fácil. — Você
mencionou um filme, — Evie disse em uma voz atordoada.

— Sim, — eu falei, então limpei minha garganta. — Peguei o


novo Missão Impossível para nós.

— Ótimo, — disse Evie. — Vou pegar outra cerveja desde que você
pegou a minha e alguns petiscos.

~ 196 ~
— Eu vou, — eu disse, mas Evie foi mais rápida.

— Fique. Eu preciso espirrar um pouco de água no meu rosto de


qualquer maneira.

Isso soou como um bom plano. Eu precisava de um pouco de água


gelada nas minhas calças. Eu assisti a bunda de Evie enquanto ela se
dirigia para a geladeira, e minha mente a despiu, curvou-a sobre o sofá e
meu pau meteu entre aqueles globos incríveis em um segundo.

Gemendo, me inclinei para trás e esfreguei minha têmpora. Isso ia


ser muito difícil.

— Você está com dor, Xavier? — Evie perguntou provocante de seu


lugar na porta da geladeira aberta.

— Você precisa de uma calcinha seca? — Eu atirei de volta, e os


olhos de Evie se arregalaram, bochechas cor de rosa. Bingo.

Ela pegou a cerveja antes de pegar um saco de batatas fritas do


meu armário de salgadinhos. Antes de Evie, a maior parte estava vazia,
mas eu sabia que ela gostava de doces e salgados, então sempre
mantinha alguns lanches à mão.

— Cerveja e batatas fritas, você realmente caprichou na nossa noite


de encontro, — disse ela.

Eu fiquei tenso. — Você disse que não queria nada de


especial. Ainda podemos pedir algo para comer. O lugar indiano que você
tanto ama.

Pressionando a garrafa fria contra sua bochecha, ela veio em minha


direção, deixou cair o saco no meu colo e tocou meu ombro. — Eu na
verdade não estou com fome. Batata frita, cerveja e um filme em que Tom
Cruise chuta traseiros é meu tipo de encontro.

Sorri porque era Evie. Abri o saco de batatas fritas e Evie se


acomodou ao meu lado. Coloquei o braço sobre o encosto, sem saber se
era uma boa ideia envolvê-lo em torno dela, para aproximá-la. Evie me
olhou com aqueles lindos olhos verdes e mordeu seu lábio inferior. —
Como vamos fazer isso?

Eu ri. — Ligamos a TV e assistimos.

Ela me deu uma olhada. — Não foi isso o que eu quis dizer.

— O que você quer?

~ 197 ~
Ela fez uma cara engraçada, o que me fez gemer interiormente
porque eu podia imaginar o que ela queria, mas era teimosa demais para
pedir. — Eu acho que seria bom estar em seus braços. — Suas bochechas
coraram e ela pegou o saco do meu colo e pegou uma batata. — Mas
podemos nos sentar em ambos os lados do sofá. Tudo bem comigo
também. — Não estava. Sua expressão e voz deixaram isso bem claro e,
para ser sincero, eu queria Evie em meus braços.

Decidindo esquecer esse absurdo, envolvi meu braço em volta de


sua cintura e a puxei contra o meu lado. Depois de um grito de surpresa,
ela colocou a cabeça no meu ombro, uma mão no meu estômago e seu
corpo macio se curvou sobre mim. Alguns cabelos rebeldes teimosos
fizeram cócegas no meu nariz, então eu os alisei. Evie soltou um suspiro
suave e relaxou contra mim. Peguei o controle remoto e iniciei o filme,
depois coloquei o saco de batatas fritas de volta no meu colo.

— Se isso é algum truque para eu tocá-lo por acidente, não vai


funcionar, — disse ela provocando.

— Eu não quero que você toque meu pau por acidente, quero que
você faça isso de propósito, porque quer, — eu disse em voz baixa, e Evie
estremeceu ligeiramente.

Sorrindo para mim mesmo, voltei para a tela. Logo nós dois
estávamos imersos no filme, o que, como de costume, foi muito mais
divertido graças aos comentários sarcásticos de Evie. Minha mão em sua
cintura começou a subir e descer do lado dela, apreciando suas curvas
suaves. Não foi algo que considerei gostar. A respiração de Evie se
aprofundou quando meus dedos tocaram suas costelas.

Até agora, eu estava feliz pelo saco de batatas fritas no meu colo
porque escondia a porra da minha ereção.

Quando o filme finalmente acabou, Evie levantou a cabeça,


parecendo ligeiramente desgrenhada. Ela reprimiu um bocejo. — Eu
provavelmente deveria ir para casa.

— Você bebeu algumas cervejas. Por que você não passa a noite?

— Xavier, — ela começou, mas eu rapidamente a interrompi.

— Apenas durma. Eu não quero que você vá para casa agora e não
é como se você nunca tivesse dormido aqui antes, e não estou falando da
última vez.

— Mas as coisas são diferentes agora, — ela disse suavemente,


depois suspirou. Vendo Evie hesitante e cautelosa ao meu redor me fez

~ 198 ~
perceber o quanto tinha estragado tudo. Eu nunca pretendi levar as
coisas tão longe com Evie. No começo, nem me interessara por ela, mas
isso mudou muito rapidamente, e agora eu estava aqui, excitado como
um adolescente.

— Eu não posso falar por você, mas vou manter minhas mãos para
mim.

Ela revirou os olhos daquele jeito adorável. — Sua virtude está


segura comigo.

— Esse navio já navegou há muito tempo.

— Quanto tempo? — Ela perguntou, curiosidade assumindo.

Eu ri, inclinando-me mais perto. — Há muito tempo. — Evie não


precisava saber que eu tinha perdido em um carro quando tinha quinze
anos com uma mulher cinco anos mais velha que também era ex do meu
irmão. Ela fez isso para irritá-lo, e eu estava desesperado demais por uma
boceta para dizer não.

Suas sobrancelhas franziram. — Talvez eu pergunte ao seu irmão


da próxima vez que o encontrar.

— Ele provavelmente vai lhe contar. Minha família está caidinha


por você.

— Eles estão, não estão? — Ela disse com uma pitada de


presunção.

Eu poderia ter me chutado. Não era algo que queria compartilhar


com Evie. Todos estavam no meu pé, perguntando sobre Evie desde que
a levei lá. Eles soltaram fogos de artifício no momento em que lhes contei
que realmente estávamos namorando.

— Fique esta noite, Evie, — eu disse baixinho, segurando sua


bochecha.

Seus cílios tremeram e ela assentiu. — OK.

Por um momento, a aceitação dela quase me imobilizou. Eu. Xavier


- A Besta - Stevens. Eu poderia aguentar uma pedra de cima de mim,
mas aquele sussurro ofegante me afetou.

Peguei o saco de batatas fritas do meu colo e o guardei. Evie tinha


recuado, e seus olhos estavam fazendo uma avaliação rápida do meu
corpo o que enviou uma mensagem clara diretamente para o meu

~ 199 ~
pau. Eu me levantei, sabendo que estava lhe dando um show do que
exatamente sua avaliação fez comigo.

Evie desviou os olhos, enfiou uma mecha de cabelo atrás da orelha


e engoliu em seco. Estendi minha mão para ela. Ela inclinou a cabeça
para cima, estreitando os olhos levemente enquanto considerava minha
expressão. Então ela colocou a mão na minha para que eu pudesse
levantá-la. — Onde eu vou dormir?

— Minha cama, — as palavras praticamente saltaram da minha


boca.

— Eu realmente não acho que seja uma boa ideia.

Não era. Não com o jeito que Evie ficava me despindo com os olhos,
não com o jeito que meu pau estava esticando contra as minhas calças,
não com o perfume doce de Evie inundando meu nariz. — Eu vou me
comportar se você o fizer, — murmurei.

Seus cílios tremularam e ela não disse nada, que era toda a
resposta que eu precisava, e isso deu ao meu pau mais incentivo do que
o necessário.

Evie me seguiu até o meu quarto. Seus dedos tensos nos meus.

— Só dormir, — ela disse em advertência, mas ainda havia aquele


indício de insegurança em sua expressão.

— Evie, eu nunca faria nada que você não quisesse.

Ela me deu um olhar resoluto. — Só dormir. — Eu realmente não


tinha certeza se ela estava me lembrando ou a si mesma.

Eu a soltei e fui até a minha gaveta pegar uma das minhas


camisetas que ela podia usar para dormir. Eu tirei uma das minhas
camisetas favoritas e entreguei a ela. Depois de um momento de
hesitação, ela desapareceu no meu banheiro. Passando a mão pelo meu
cabelo, meus olhos encontraram minha cama. Dormir era a última coisa
que eu queria fazer, mas não queria estragar tudo com Evie novamente.

Quando Evie apareceu cinco minutos depois usando apenas minha


camiseta enorme, meu coração pulou uma batida com a visão dela em
minhas roupas. Minha camiseta alcançava suas coxas, e meus olhos
foram atraídos para sua carne macia, imaginando como seria me enfiar
entre suas pernas e prová-la. Nenhum homem jamais fizera isso com
Evie, nenhum homem jamais estivera entre essas coxas deliciosas. Eu
poderia chutar meu eu-passado excitado por não ter saboreado Evie. Por

~ 200 ~
que saltei sobre ela como um veado na época do cio? E minha camiseta
não fez nada para esconder os peitos maravilhosos de Evie. Eu nunca me
considerei um homem de peito. Mas com Evie...

— Xavier, — Evie disse lentamente, em aviso. Meus olhos foram até


o rosto dela. Suas bochechas estavam vermelhas, suas pupilas
dilatadas. Ela estaria molhada e quente se eu levasse a mão sob a bainha
da minha camiseta. Seu olhar disparou para minha cueca e o tesão que
ela não tinha chance de esconder.

Eu saí e fui em direção ao banheiro, mas parei ao lado de Evie para


murmurar em seu ouvido. — Você está linda. — Ela estremeceu e eu
rapidamente entrei no banheiro para me preparar para dormir, e espirrar
um pouco de água na minha cara, não que isso faria qualquer coisa pelo
meu pau.

Evie estava deitada de lado na minha cama, as cobertas puxadas


até os ombros quando voltei para o quarto. Seus olhos me seguiram
quando caminhei até ela. Estive com mulheres o suficiente para conhecer
o desejo, mas porra, eu não tinha certeza do que fazer com a outra
emoção em seus olhos.

Escorreguei debaixo das cobertas e o calor e o cheiro de Evie me


atingiram como uma bola de demolição. Aproximando-me sem pensar
duas vezes, coloquei a mão na cintura de Evie. Ela respirou fundo,
aqueles olhos verdes deslumbrantes me prendendo e fazendo meu
estômago agitar como nunca havia feito em toda a minha vida. Eu
precisava prová-la. Inclinei-me para frente e as palmas de Evie se
aproximaram do meu peito, mas ela não empurrou e nossos lábios se
conectaram.

Seu gosto, seus lábios macios, seu cheiro e os suspiros


desesperados que ela deu, tudo isso causou estragos no meu
controle. Minha mão deslizou sobre seus quadris e desceu, até que
alcancei a pele nua, a coxa macia de Evie, e ela gemeu na minha boca e
se aproximou mais. Ela estava quente e suave, e espalmei sua coxa e
coloquei a perna dela sobre o meu quadril, então a puxei para mais
perto. Seu centro quente pressionou contra o meu pau, e o tecido fino de
nossas roupas não fez nada para esconder a prova da excitação de Evie
de mim.

Ela fez uma pausa em nosso beijo, seus olhos se abrindo, olhando
diretamente para mim, e eu sabia que ela desistiria da regra do sem
sexo. Se eu deslizasse meus dedos entre suas coxas, ela deixaria, e não
me impediria de me enterrar em seu calor apertado também.

~ 201 ~
Mas as palavras anteriores de Evie passaram pela minha mente,
sobre o meu efeito sobre as mulheres, e como o usava, e seu apelo para
não levar as coisas além do que ela estava preparada, mentalmente,
porque seu corpo estava pronto para o programa completo, sem dúvida
nenhuma.

Fechei meus olhos e respirei fundo. — Você não é boa nesta regra
sem-sexo, Evie, — eu gemi.

— Desculpe, — disse ela. — Mas é muito difícil pensar direito se


você continuar me beijando assim. Isso me faz pensar como seria sentir
suas mãos em mim. Eu só gozei com minhas próprias mãos.

Esse lembrete não estava ajudando. Eu era o único homem que já


havia tocado a adorável boceta de Evie. E também fui o babaca que não
a fez gozar na primeira vez. Achei que ela gozaria durante a relação
sexual. Achei que iríamos foder mais de uma vez naquela noite. Se eu
soubesse que Evie era virgem, a teria feito gozar algumas vezes antes de
enfiar meu pau nela. Se soubesse que ela era virgem, provavelmente não
teria dormido com ela.

Eu segurei sua bunda e disse em voz baixa: — Deixe-me mostrar-


lhe como é gozar, Evie.

— Isso se opõe a regra de sem sexo, — ela sussurrou.

— Prometo não fazer sexo, apenas um orgasmo alucinante para


você. — Eu tracei meus lábios por sua garganta e mordisquei sua pele
macia.

— Você… você é tão cheio de si mesmo. É irritante.

Eu sorri contra sua pele. — Eu amo te irritar.

Ela bufou, mas acalmou quando beijei o local abaixo da orelha


dela. — Então, orgasmo alucinante, sim ou não?

Houve uma pausa, depois uma palavra suave saiu de seus


lábios. — Sim.

A palavra era ofegante e rouca, e porra se isso não me deixou ainda


mais duro. — Porra, Evie. Eu nunca estive tão duro na minha vida. Nem
mesmo adamantium19 pode comparar.

19 Adamantium é uma liga de metal ficcional que aparece nos quadrinhos


americanos publicados pela Marvel Comics. É mais conhecido como a substância ligada
ao esqueleto e às garras do personagem Wolverine.

~ 202 ~
— Se você continuar com as referências dos X-Men, eu poderia
reconsiderar a regra de sem sexo, — ela disse com aquela risada suja que
eu amava.

— Não me dê ideias, — eu avisei quando me apoiei nos cotovelos e


gentilmente empurrei Evie em suas costas antes de descer por seu corpo,
em seguida, passei minhas mãos sobre suas panturrilhas e coxas. Eu as
abri e estava prestes a me mover entre elas quando Evie fechou as pernas.

— O que você está fazendo? — Evie perguntou, com os olhos


arregalados.

Eu pairei acima de suas pernas. — Colocando minha língua em


bom uso.

Ela corou um belo tom de rosa. — Você não precisa.

Eu sorri abertamente. — Eu quero.

— Sério?

Ela parecia incrédula e seu rubor se aprofundou ainda mais. Evie


seria minha ruína. Eu balancei a cabeça. — Porra, eu continuo
esquecendo o quão pouco você fez até agora.

Ela franziu os lábios beijáveis. — Você tem que me fazer parecer


um caso médico?

— Eu sou um bom médico. — Eu mostrei a ela o meu sorriso mais


sujo.

Ela fechou os olhos. — Meu Deus, Xavier, você parece um lobo


prestes a atacar.

— Eu sou um lobo faminto prestes a comer você, — eu disse em


voz baixa.

Seus olhos se abriram. Eu acariciei suas pernas e enganchei meus


dedos em sua calcinha e os arrastei devagar. Evie estremeceu, mordendo
o lábio.

Suas bochechas ainda estavam um lindo tom de rosa. Eu não sabia


como poderia ter perdido todos os sinais reveladores de sua inexperiência
durante a nossa primeira noite juntos. Eu estava muito envolvido na
minha própria necessidade.

Meus olhos percorreram as pernas dela, até o triângulo louro


escuro no ápice de suas coxas. Uma visão deslumbrante.

~ 203 ~
Evie ainda estava tensa sob mim enquanto meus dedos
acariciavam suas coxas.

Eu abaixei minha cabeça para os cachos aparados e pressionei um


beijo contra seu monte, meu lábio inferior roçando levemente suas
dobras suaves que escondiam seu clitóris.

— Oh, — ela suspirou, os olhos abrindo. Suas pernas ainda


estavam unidas. Seus olhos voaram para mim. Eu a beijei novamente,
mas desta vez usei meu lábio inferior para separar suas dobras e escovar
seu clitóris.

— Oh! — Ela engasgou.

— Oh? — Eu perguntei baixinho. Os músculos da perna dela


relaxaram. Eu prendi minha mão sob o joelho dela e guiei sua perna para
o lado, expondo-a para mim.

Seus olhos brilhavam com insegurança e nervosismo. Eu mordi


levemente a carne macia de sua coxa, sentindo-me inesperadamente
possessivo. Meu olhar voltou para sua boceta convidativa. Ninguém
jamais tinha visto Evie assim. Eu soltei um suspiro longo e lambi o
interior macio de sua coxa.

Ela estremeceu, as pernas se separaram um pouco mais. Sorri


contra sua pele enquanto me abaixei entre as coxas de Evie, deslizei as
palmas das mãos sob a bunda dela e a puxei em direção à minha
boca. Ela ficou tensa novamente, mas eu sabia que não duraria muito.

Eu dei uma leve lambida em seu clitóris e ela empurrou. — Oh


inferno!

— Isso parece o Inferno? — Eu deslizei a ponta da minha língua ao


longo de sua fenda, até seu clitóris.

Ela gemeu.

— Diga-me como se sente, Evie, — eu sussurrei enquanto dava


outra longa lambida em suas dobras, dando ao clitóris uma gentil no
final.

— Bom, — ela engasgou quando suguei seu clitóris com meus


lábios.

— Apenas bom?

~ 204 ~
— Pare de falar, Xavier, — ela murmurou, e eu ri e realmente
mergulhei. Dividindo suas dobras, provei sua doçura, certificando-me de
deixar Evie ouvir quão deliciosa ela era para mim.

Os sons saindo dos lábios de Evie enquanto eu a adorava com a


minha língua eram música para os meus ouvidos. Seu corpo era
lindamente responsivo e sensível as minhas ministrações, e eu não
conseguia o suficiente dele. Ela me recompensou com seu primeiro
orgasmo muito facilmente, mas mantive a leve sucção em seu clitóris, o
que a deixou completamente selvagem e empurrei um dedo dentro dela,
curvando-o para cima, tentando ver se poderia encontrar o ponto G de
Evie. Ela arqueou quando meu dedo pressionou contra sua parede
interna. Bingo.

Desta vez eu levei meu tempo levando-a ao limite, só para recuar e


focar minha atenção em pontos menos sensíveis, como a parte interna
da sua coxa. Logo Evie estava se contorcendo e gemendo sem se conter,
desesperada por outro orgasmo. — Xavier, — ela engasgou. — Por favor...

— Por favor, o quê? — Eu perguntei enquanto arrastava a ponta da


minha língua sobre o vale entre sua coxa e boceta antes de dar a seu
clitóris a mais leve pressão, fazendo Evie ofegar de novo.

— Por favor, pare de ser um idiota.

Eu ri e chupei seu clitóris um pouco mais enquanto empurrei meu


dedo dentro dela até Evie gritar novamente quando gozou. Ela tremeu
embaixo de mim. Eu beijei seu estômago, fingindo não notar sua
tensão. Ela ainda era envergonhada sobre seu corpo, mas eu esperava
que pudéssemos trabalhar nisso.

Seu cabelo castanho claro se espalhou ao redor dela enquanto


tentava recuperar o fôlego.

Ela era uma deusa.

Por um momento, considerei levar isso mais longe e me enterrar


nela, mas ela sorriu daquele jeito bonito e envergonhado que deixou
minha proteção anular o meu desejo.

Ignorando meu pau, me estiquei ao lado de Evie e a puxei para


mais perto. Seu olhar procurou o meu como se ela esperasse que eu
fizesse um movimento.

~ 205 ~
Evie

Meu coração estava galopando no meu peito como um rebanho de


mustangs20. Eu não podia acreditar quão incrível isso tinha sido, quão
absolutamente deslumbrante. Xavier me olhou com uma pitada de
presunção e eu realmente queria espancá-lo, mas porra, ele tinha razão
para ser presunçoso. Eu queria empurrá-lo de volta entre as minhas
pernas para mais uma rodada, mas isso definitivamente teria anulado
minha decisão de sem-sexo. Poderia ainda ser considerado em
vigor? Sexo oral definitivamente contava como uma forma de
sexo. Contava em nossa estúpida cláusula de não divulgação, isso era
certo.

Xavier fez um som baixo em sua garganta, segurou a parte de trás


da minha cabeça e me puxou para um beijo lânguido. Saborear-me em
seus lábios era estranhamente erótico.

— Eu tinha que calá-la, — ele murmurou depois que recuou alguns


centímetros.

— Eu não disse nada.

— Sua mente estava trabalhando em excesso. Eu podia ver pela


expressão tensa que você sempre faz. Não pense demais nisso, Evie.

— Eu não tenho uma expressão tensa, — eu disse indignada.

Xavier me mostrou o sorriso que derretia cada calcinha em um raio


de pelo menos um quilometro. — Você tem, e nunca é uma coisa boa. Só
aproveite o momento.

— Você me conhece muito bem, — eu disse com um suspiro. — É


um pouco inquietante.

Ele me olhou. — É.

Mordi o lábio, surpresa com o tom sério na voz de Xavier. Ele ainda
estava duro contra a minha coxa, e mesmo assim não fez nenhum
movimento. Ele deveria saber que aboliria a regra do sem-sexo em um
piscar de olhos, se tentasse. No entanto, ele não fez. — Por que você
concordou em tentar isso? — Eu sussurrei.

20 Raça de cavalos selvagens.

~ 206 ~
— Eu te disse: porque não quero perder você.

— Como assistente?

Xavier assentiu, então segurou minha bochecha. — Como


assistente, como minha amiga, como a mulher que me deixa duro sem
sequer tentar. Eu não quero perder seus comentários sarcásticos quando
assistimos a filmes, ou quando você faz algo que te incomoda. Você não
aceita minhas besteiras. Você não me bajula. Você me enfrenta, mas
nunca é má ou mesquinha sobre isso. Você não faz joguinhos. Você é
incrível pra caralho.

Engoli. — Esta não é sua tentativa de me fazer dormir com você


novamente.

Xavier sorriu maliciosamente. — Evie, ambos sabemos que você


mudou de ideia sobre a regra do sem-sexo no momento em que comecei
a lambê-la.

Talvez ele achasse que eu o retrucaria, mas Xavier estava sendo


honesto, tinha dito palavras que nunca pensei ser possível, e eu seria
honesta também. — Você está certo, — eu admiti baixinho.

A expressão de Xavier tornou-se decidida. Eu me inclinei para ele


e depois de respirar fundo, eu sussurrei: — Não me importo mais com a
regra do sem sexo. Eu já perdi meu coração para você e o sexo não vai
mudar isso. Não posso resistir aos seus encantos e você sabe disso. Eu
quero você.

Xavier enterrou o rosto no meu pescoço, sua respiração quente


contra a minha pele. — Porra, Evie, por que você está fazendo isso
comigo? — Ele murmurou. — Não deixar que eu faça a coisa honrosa. Eu
nunca fiz nada honroso em minha vida.

Não era verdade. Ele só nunca agiu com honra em público. Ele era
arrogante sobre tudo, mostrava suas mulheres e riqueza para todo
mundo ver, menos suas boas ações, aquelas que ele guardava para si
mesmo. Ele salvou a fazenda de seus avós, brincou com aquelas crianças
no abrigo das mulheres e contribuía por causas que significavam muito
para ele, especialmente os abrigos que lutavam contra a violência
doméstica. — Eu não quero que você faça a coisa honrosa agora.

Ele rolou de costas, fechando os olhos como se estivesse com


dor. — Eu prometi a você que respeitaria sua regra de sem sexo, — ele
disse com pesar. — E eu vou, mesmo que isso me mate.

Eu sorri, apesar do grito de protesto do meu corpo.

~ 207 ~
— Veja, esse olhar me diz que você queria que eu fizesse a coisa
honrosa depois de tudo, — ele murmurou, olhando-me através dos olhos
semicerrados.

Eu o beijei. Então me sentei e, afastando o nervosismo, desci até


que estava no nível dos olhos com a barraca na cueca de Xavier.

— Evie, — disse ele em voz baixa.

— Shh, — eu disse. — Preciso lembrar o que diziam as instruções.

Xavier riu. — O quê?

Eu olhei para ele. — Eu li sobre isso. Existem artigos muito úteis


na internet.

Ele sorriu, mas estava tenso de desejo. — Adoraria ler esses


artigos.

— Eu não sabia que você gostaria de aprender como fazer um


boquete. — Peguei seu cós e arrastei sua cueca, transformando a
resposta indubitavelmente arrogante de Xavier em um gemido quando
sua ereção saltou livre.

Eu balancei a cabeça. — Você é tão grande que é ridículo.

O olhar em seu rosto explodiu fogos de artifício no meu corpo. Eu


enrolei meus dedos em torno de sua base, depois abaixei minha
cabeça. Xavier ficou ainda mais tenso sob o meu toque. Parei a
centímetros de sua ponta, meu olhar indo para o rosto dele.

Ele me observou ansiosamente. Eu tive que abafar um sorriso. Era


difícil acreditar que fiz isso com ele, com Xavier.

— Eu não vou ser boa nisso, — eu disse baixinho. — Nem de perto


tão boa quanto às mulheres com quem você esteve. — Eu senti que
precisava deixar isso claro, para que suas expectativas não fossem muito
elevadas.

Xavier balançou a cabeça e tocou minha bochecha antes de deslizar


lentamente os dedos em meu cabelo. — Eu não dou a mínima para
nenhuma delas, mas dou sobre você, Evie.

Voltei meu olhar para sua ereção antes de me emocionar e fechei


meus lábios em torno de sua ponta. Xavier soltou um gemido baixo. Eu
levei meu tempo explorando-o até descobrir o que fazia Xavier
gemer. Surpreendentemente, me vi gostando disso mais do que jamais
imaginara possível, e não apenas porque me fazia sentir desejável e no

~ 208 ~
controle. Logo ele estava ofegando e fazendo pequenos impulsos para
cima em minha boca.

— Evie, você precisa recuar, se não quiser engolir, — Xavier gemeu


quando balançou os quadris para cima com mais força.

Minhas sobrancelhas se uniram em consideração. Eu ainda não


tinha me decidido se era algo que queria. Xavier tirou a escolha das
minhas mãos e me afastou. Segundos depois, ele gozou sobre o seu
estômago, estremecendo e gemendo.

Eu podia sentir um sorriso puxando minha boca, e Xavier balançou


a cabeça com uma maldição baixa. Ele segurou meu braço e me puxou
contra o seu lado, reivindicando minha boca. — Você é boa em tudo que
faz, certo, pequena senhorita perfeita.

Eu era muitas coisas, mas pequena ou perfeita definitivamente não


estavam entre elas. — Tenho certeza de que ainda há espaço para
melhorias. Alguma dica?

Xavier riu contra a minha boca, e o brilho em seus olhos era como
um chocolate quente depois de um dia no frio. — A dica é sempre um
bom pau.

Eu o empurrei levemente. — A verdade. Eu só posso melhorar com


críticas honestas.

Xavier limpou o estômago com um lenço antes de me puxar pela


cintura em cima dele. Seus olhos se moveram para os meus seios que
foram empurrados contra seu peito firme, então eles voltaram para o meu
rosto. — Isso não é a escola, Evie. Você não precisa provar nada. Seja
você mesma.

— Eu não sou sempre?

Ele me olhou em silêncio por um momento. — Sim. Você é. Nada


de falso com você.

Eu engoli, decidindo que era hora de aliviar o clima. — Nem mesmo


meus seios.

Claro, isso teve o efeito desejado. Meus seios sempre foram um bom
quebra-gelo com Xavier. Seus olhos levaram seu tempo na maneira que
meus seios foram empurrados para cima, e ele sorriu. — Seus seios são
perfeitos.

~ 209 ~
Eu me perguntei o que ele achava do resto do meu corpo. Em vez
de questionar, revirei os olhos para ele. Sua expressão se iluminou e ele
se inclinou para frente e me beijou. Só beijou. Devagar e gentil. Não havia
urgência no beijo, nenhuma tensão subjacente. Nós apenas nos
beijamos, nossas bocas levemente escovadas, línguas explorando, por
um longo tempo.

Os dedos de Xavier acariciaram suavemente meu couro cabeludo e


eu tracei as pontas dos meus dedos pelo cabelo macio do seu
peito. Eventualmente, Xavier apagou as luzes, e eu adormeci com a
minha bochecha contra o peito dele.

~ 210 ~
Evie

Eu acordei antes do amanhecer, ainda pressionada contra


Xavier. Parecia a perfeição, mas com que frequência à perfeição
realmente durava?

De repente, eu estava preocupada em acordar ao lado dele pela


manhã, em tê-lo acordando ao meu lado e não me querendo aqui. Nós
não tínhamos partido para a ação, mas não ficamos exatamente em nada
também.

Eu queria ser a única a definir a manhã seguinte dessa


vez. Desembaraçando-me de Xavier, que rolou com um gemido suave,
mas continuou dormindo, saí da cama e me tropecei em direção ao
banheiro. Peguei minhas roupas descartadas, rapidamente me vesti e
desci as escadas. Meu telefone mostrou que eu tinha perdido cinco
ligações de Fiona e cerca de vinte de suas mensagens.

Eu deveria ter lhe dito que passaria a noite em outro lugar, mas
nunca tinha sido o plano, e ela teria feito perguntas que não queria
responder ainda. Fiona me mataria se descobrisse que voltei para a cama
de Xavier.

Peguei minha bolsa e decidi deixar uma nota para Xavier. O


problema era que eu não tinha ideia do que escrever.

Eventualmente me decidi por:

Obrigada pelas batatas fritas e pela cerveja. Foi um encontro


perfeito.

Eu decidi não assinar. Primeiro, Xavier sabia quem tinha escrito a


nota, e até mesmo o meu nome, e segundo eu não tinha certeza de como
assinar a nota. ‘Amor, Evie’ estava fora de questão. Se eu mencionasse a
palavra amor ao redor de Xavier, ele correria para as montanhas.

~ 211 ~
‘Beijos’ ou ‘XOXO21’ podem ter o mesmo efeito.

Eu ainda não tinha certeza de como classificar essa coisa entre


nós. Um teste de namoro? Essa opção não existia no Facebook.

Checando o calendário, percebi que Xavier só tinha um treino


vespertino hoje, então eu teria tempo suficiente para ir para casa, dormir
mais algumas horas e tomar banho antes de ter que voltar ao seu
apartamento para acordá-lo.

Agarrando minha bolsa, deixei a nota na frente da cafeteira e saí.

***

Entrei na casa de Fiona e Connor e fechei a porta silenciosamente


para não acordá-los.

— Onde você esteve? — Veio uma voz do escuro.

Eu gritei, segurando minha bolsa contra o meu peito. — Jesus,


Connor, tendo um metro e noventa e grande como uma parede, você não
deve espreitar mulheres no escuro. Isso pode dar a alguém um ataque
cardíaco um dia, ou jogá-lo na cadeia.

As luzes da sala de estar se acenderam, revelando Connor


encostado na porta, cabelos bagunçados e apenas em calça de moletom
baixa. Eu não tinha certeza do que havia com jogadores de rugby e sua
aversão a andar por aí completamente vestido.

— Eu prometi a Fiona esperar por você para que ela pudesse


finalmente dormir um pouco. — Ele observou meu estado
amarrotado. Eu não me preocupei em arrumar meu cabelo e minhas
roupas tinham visto dias melhores. — Você estava com Xavier.

Eu corei. — O que te faz pensar isso? Eu poderia estar com outra


pessoa.

Connor sacudiu a cabeça. — Você não é do tipo que pula de um


cara para o outro tão rapidamente.

21 XOXO é uma gíria na língua inglesa e significa "hugs and kisses", que é
traduzido para "beijos e abraço" em português. Costuma ser usada para encerrar
mensagens informais, trocadas principalmente entre amigos próximos.

~ 212 ~
Eu não tinha certeza se deveria ficar aborrecida ou satisfeita por
ele me atrelar ao tipo constante.

— Não diga a Fiona, — eu sussurrei.

Connor se aproximou, parecendo preocupado. — Escute, Evie, você


é uma mulher adulta e perfeitamente capaz de tomar suas próprias
decisões, mesmo que Fiona discorde, mas essa é realmente muito
ruim. Eu amo Xavier como um irmão, mas ele não é material para
namoro. Ele não quer ser. Ele está contente em ser o filho da puta idiota
da imprensa.

— Eu sou uma adulta, você mesmo disse. Eu sou perfeitamente


capaz de cavar a minha própria sepultura, — eu disse provocando,
mesmo que suas palavras atingissem muito perto do alvo.

Connor pareceu duvidoso.

— Eu vou dormir mais algumas horas. Estou cansada, — eu


disse. Minhas bochechas aqueceram quando Connor fez uma careta. Eu
rapidamente corri para o meu quarto, esperando que Connor ficasse de
boca fechada. Fiona me mataria se descobrisse que eu estava dando a
Xavier outra chance. Eu sabia que ela estava preocupada comigo, e
minha fuga covarde do apartamento de Xavier esta manhã provou que
ela tinha razão para estar. O aviso de Connor repetiu em meu cérebro
uma e outra vez enquanto eu rastejava sob as cobertas.

Xavier estava tentando ser um namorado... tipo isso, por mim. Não
estava? Nós estávamos dando uma chance ao namoro. Nós não tínhamos
exatamente nomeado o que éramos ainda, porém nesta fase inicial do
teste era de se esperar. Ele não queria me perder, e eu não queria perdê-
lo. Meu coração já estava irrevogavelmente perdido de qualquer maneira.

***

Nem mesmo o chocolate quente e o pão de banana que comi com o


único propósito de seu conteúdo açucarado acalmar meu nervosismo
funcionou. Eu estava ridiculamente nervosa quando cheguei em frente a
porta de Xavier para acordá-lo. Como deveria agir em torno dele depois
da noite passada? Cumprimentá-lo com um beijo? Ou isso presumiria
muito? Entrei no apartamento de Xavier, meio preocupada em encontrá-
lo em uma situação comprometedora, preocupada que ele tivesse
mudado de ideia sobre a coisa do namoro depois da noite passada.

~ 213 ~
Eu congelei quando vi Xavier em pé perto da janela, olhando para
a ponte do porto.

Ele se virou, uma xícara de cappuccino em uma mão e minha nota


na outra. Eu me encolhi interiormente. Talvez essa nota não tenha sido
uma boa ideia. Xavier parecia... desapontado... ou triste. Eu não tinha
certeza.

— Você está acordado, — eu disse baixinho enquanto caminhava


em direção à ilha da cozinha, onde me empoleirei em um banquinho e
coloquei a correspondência no balcão.

Por um momento, Xavier não fez nada; então ele caminhou em


minha direção. Meus olhos foram atraídos para os músculos flexionados
de seu estômago como sempre eram. Xavier era a perfeição masculina
absoluta. Por que ele consideraria mudar seu jeito por mim? Pela pobre
gordinha Evie?

Quando ele parou perto o suficiente para que o cheiro do café


expresso fresco e seu próprio perfume viril flutuassem no meu nariz, eu
finalmente olhei de volta para o rosto dele. Seu rosto
carrancudo. Nenhuma malicia ou sorriso ou arrogância por uma vez. —
Eu acordei em uma cama vazia e quando desci esperando encontrar você
aqui, encontrei isso. — Ele ergueu a nota amassada.

— Eu sou sempre boa em surpresas. Você mesmo disse, — eu


brinquei sem entusiasmo, mas pelo jeito que os olhos cinzentos de Xavier
estavam me examinando, era difícil fazer piadas.

Ele se aproximou. — Por que você foi embora, Evie?

— Eu não queria me impor a você ou extrapolar minhas boas-


vindas, — eu disse suavemente.

Suas mãos fortes desceram sobre minhas coxas e ele me beijou


levemente. — Você é sempre bem-vinda e sabe disso.

Eu olhei para ele. — Depois da nossa primeira noite juntos, não


parecia assim.

— Porra, — ele gemeu. Ele segurou minha bochecha, seu rosto tão
perto que estava se tornando cada vez mais difícil não terminar esta
conversa beijando-o. — Me sinto como um idiota por causa disso. Eu te
disse que lamento. Não posso mudar o que aconteceu, mas estou
tentando compensar isso, e para o registro, eu não quero que você
saia. Eu quero acordar ao seu lado.

~ 214 ~
Engoli. — Anotado. Da próxima vez vou ficar.

Xavier sorriu. — Que tal hoje à noite? Vamos fazer outra noite de
cinema e desta vez você vai ficar para o café da manhã.

Eu bufei. — Essa é uma linha em que a maioria dos caras se dá


mal, você percebe isso, certo? Está no manual do jogador de cantadas
ruins. Você não recebeu o memorando?

Xavier riu, e minhas entranhas começaram a agitação habitual. —


Você deixará eu me dar mal pela minha cantada?

Seus lábios encontraram os meus novamente, e eu me permiti


desfrutar do seu beijo por mais um momento antes de me afastar. — É
um sim para o encontro. Se vou passar a noite, dependerá do seu
comportamento.

Embora realmente, tenha sido um pouco hipócrita da minha parte


colocar toda a culpa em Xavier. Eu tinha falhado em manter minha
própria regra na noite passada, e tinha a sensação de que esta noite não
seria muito mais fácil.

O lobo sorriu. — Eu serei um bom menino, Evie.

Eu ri. — Vamos ver. — Talvez Xavier não fosse o cara mau que a
imprensa o fazia ser, mas ele definitivamente não era um bom
menino. Não que eu quisesse que ele fosse.

***

Dessa vez entrei no apartamento de Xavier sem o aviso da noite


anterior. Comemos sushi e assistimos a um velho filme de James Bond
com Sean Connery, mesmo que eu preferisse as versões mais recentes. A
proibição sem sexo estava firmemente em vigor. Nós estávamos sendo
bons, mesmo que o braço de Xavier em volta de mim fosse uma distração,
embora não tanto quanto a mão dele espalmando minha bunda o tempo
todo. Meus dedos continuavam desenhando círculos preguiçosos no
peito e no estômago de Xavier, mas nossos olhos estavam firmemente
focados na tela até cerca de metade do filme, quando Xavier apertou
minha bunda com firmeza e meus dedos acidentalmente roçaram a
protuberância em suas calças. Tudo despencou rapidamente a partir daí,
no que dizia respeito à proibição, pelo menos.

~ 215 ~
Com duas horas de encontro, eu estava esparramada de costas no
sofá, minhas pernas sobre os ombros largos de Xavier e seu rosto
enterrado entre as minhas coxas enquanto ele fazia coisas indescritíveis
com sua língua e boca. Eu agarrei o encosto do sofá com uma mão
enquanto a outra segurava a cabeça de Xavier no lugar. Não que ele
precisasse de algum encorajamento. Ele estava me comendo como um
homem faminto faria com um prato de burritos.

— Você tem gosto de céu, Evie, — Xavier rosnou contra o meu


centro antes de fechar a boca sobre minhas dobras novamente e
chupar. Ele me puxou ainda mais perto, seus ombros pressionando a
parte de trás das minhas coxas. Eu gritei, aproximando-me cada vez
mais. Parecia tão sujo tê-lo fazendo isso comigo no sofá. Eu senti o dedo
dele contra mim antes dele escorregar para dentro. Exalando, ainda me
maravilhava com a sensação de ter algo dentro de mim. Xavier gemeu
contra a minha carne aquecida, as vibrações enviando outro pico de
prazer através das minhas regiões inferiores. — Foda-se, você é tão
apertada.

Ele moveu o dedo dentro e fora lentamente antes que seus lábios
encontrassem meu clitóris novamente, sugando quase rudemente, e eu
me soltei. Agarrando-me ao sofá, eu balancei desesperadamente quando
uma onda de prazer de tirar o fôlego me atravessou e pequenos pontos
explodiram na minha visão. Xavier manteve sua magia, fazendo sons de
aprovação enquanto me enviava ao esquecimento abençoado.

Enquanto tentava recuperar o fôlego, meus dedos escorregaram do


encosto do sofá e caíram ao lado do meu corpo. Xavier pressionou beijos
no meu centro e nas coxas antes de abaixar minhas pernas, que eram
inúteis neste momento, e subiu pairando sobre mim novamente. Seu
cabelo estava todo bagunçado do meu puxão e seu queixo brilhava com
a minha excitação. Minhas bochechas explodiram de calor com a visão,
mas ao mesmo tempo uma nova onda de desejo tomou conta de mim.

A expressão de Xavier também escureceu de desejo, enquanto


observava meu peito arfante, mas ele não fez nenhum movimento para
levar as coisas adiante. Ele se inclinou e me beijou, exalando uma
respiração baixa. Mesmo ainda em seu jeans, o calor de sua ereção
parecia queimar a parte interna da minha coxa. Ele me queria e eu o
queria. Eu tinha que ser louca para insistir na proibição estúpida neste
momento. Eu não podia nem resistir a um pedaço de doce no primeiro
dia do Ano Novo depois de outra resolução de perda de peso; como eu
deveria resistir a Xavier? Esse homem era puro macho para os olhos.

— Podemos ir lá para cima? — Eu perguntei, sem fôlego, minha


pele aquecendo mais no que eu estava sugerindo.

~ 216 ~
Xavier gemeu contra a minha boca, em seguida, beijou-me com o
meu gosto ainda em seus lábios. Ele saiu do sofá e estendeu a
mão. Pegando-a, eu permiti que ele me puxasse aos meus pés. Meu
vestido caiu pelas minhas pernas, cobrindo minha bunda e áreas
privadas. Xavier me puxou na direção da escada em espiral. Era
impossível perder a enorme protuberância em suas calças, e uma
sugestão de nervosismo me encheu. A última vez foi muito dolorosa, mas
eu queria sentir Xavier dentro de mim novamente. Nunca quis mais
nada.

~ 217 ~
XAVIER

Eu estava prestes a gozar nas minhas calças. Tentando abafar a


minha ânsia, levei Evie até a minha cama em um passo comedido, mesmo
que quisesse jogá-la por cima do ombro e correr em direção ao meu
quarto no momento em que ela me pediu para levá-la para cima. Eu tinha
jurado me controlar, mas Evie estava tão ansiosa, tão responsiva, que
causou estragos na minha determinação. Chegando à cama, me virei
para ela. Suas bochechas estavam vermelhas, seu cabelo despenteado e
seus olhos brilhavam de desejo.

Segurando suas bochechas, eu a puxei para outro beijo, querendo


que ela provasse sua doçura. Ela gemeu na minha boca, pressionando os
seios incríveis contra o meu peito. Bom Deus. Eu me virei com ela em
meus braços e puxei seu vestido. Ela parou, mas me permitiu puxar a
peça de roupa sobre sua cabeça. Apenas a luz do andar de baixo me
permitiu ver Evie, mas ela estava principalmente nas sombras, uma
vergonha do caralho. Cheguei por trás das costas dela e soltei o sutiã,
permitindo que seus seios se soltassem e exalei. Mesmo na penumbra,
eles eram um espetáculo para ser visto.

— Xavier, — sussurrou Evie, insegurança em sua voz.

— Deite-se, — eu murmurei, e pela primeira vez ela não retrucou,


o que me mostrou como ela estava nervosa sobre sua nudez. Eu queria
vê-la, toda ela, mas acender a luz apenas aumentaria o nervosismo de
Evie. Decidindo distraí-la, comecei a me despir para ela lentamente,
apesar da urgência do meu pau em encontrar um lar acolhedor. Os olhos
de Evie seguiram minhas mãos enquanto eu soltava meu cinto e baixava
minhas calças, seguida por minha cueca.

Ela soltou um suspiro suave, tão perto de um gemido que enviou


um choque direto para minhas bolas. Eu sorri, satisfeito que meu corpo
tivesse esse efeito em Evie.

— Esse sorriso de satisfação brilha na escuridão da maneira mais


irritante, — murmurou Evie. O sarcasmo sempre foi um bom indicador
de que Evie estava começando a relaxar. Liguei o interruptor que acendia

~ 218 ~
as luzes do banheiro. O brilho suave se derramou sobre a cama e Evie,
permitindo-me ver seu lindo rosto.

Eu subi na cama antes que ela pudesse voltar a ficar nervosa sobre
seu corpo e reivindiquei sua boca em um beijo, mas tive que provar seus
seios. Evie se contorceu debaixo do meu corpo, gemendo e ofegando
enquanto eu acariciava e beijava seus seios.

— Xavier, — ela sussurrou, carente e gutural.

Minha mão acariciou sua lateral, ao longo de sua carne macia,


sobre seus quadris redondos enquanto minha boca ao redor de seu
mamilo mantinha Evie distraída demais para se preocupar com todas as
coisas que ela tendia a se preocupar. Meus dedos roçaram seu pelo
macio, depois abaixaram, sentindo sua umidade. Empurrei um dedo
nela, depois acrescentei um segundo, e Evie gozou com um violento
tremor, seus músculos me apertando com força. Eu gemi em torno de
seu mamilo. Meu pau estava tentando extrair petróleo do colchão. Mas
ainda havia a proibição do sem sexo em vigor.

Eu não queria presumir que seu pedido para subir significava que
ela queria sexo. Com qualquer outra mulher, sim, mas com Evie eu não
queria estragar tudo novamente. Ela era importante demais para deixar
meu pau assumir e arruinar o show de novo.

Como se Evie pudesse ler minha mente, ela disse: — Eu quero você.

— E sobre a proibição? — Eu provoquei quando beijei meu caminho


até sua garganta.

— Cale a boca, — ela murmurou, então engasgou quando passei


meu polegar sobre o clitóris escorregadio.

Sorrindo, eu estendi a mão para o pacote de preservativos na


minha gaveta. Rasguei-o com os dentes e rolei a camisinha pelo meu
pau. Eu me apertei uma vez. Tão forte quanto poderia. Quando olhei para
cima, meu sorriso caiu. Evie parecia ansiosa.

Subi até meu corpo cobrir o dela, meu peso descansando nos
antebraços. Ela levantou a cabeça e me encontrou com um beijo. Seus
braços vieram ao redor das minhas costas, em seguida, deslizaram para
a parte inferior das costas, onde pararam como se ela não ousasse se
mover para baixo. — Todo seu, — eu disse com um sorriso.

Ela apertou minha bunda e eu flexionei meus músculos em


resposta, fazendo-a rir naquela gargalhada desenfreada de corpo inteiro
da qual eu não cansava.

~ 219 ~
Eu movi meus quadris até meu pau estar pressionado contra sua
abertura. Quente e úmida e acolhedora.

Ela segurou a respiração, os dedos contra a minha bunda


enrijecendo, seu corpo se preparando para a dor.

— Respire, Evie. Eu não quero que você desmaie. Você vai perder
uma performance que mudará sua vida, — eu disse, porque estava muito
perto de perder cada pedacinho da minha sanidade.

Ela sorriu, mas estava trêmula. Porra. Dor era a última coisa que
eu queria que ela sentisse. Eu queria que isso fosse bom para ela.

— Vai ser menos doloroso desta vez, — eu disse a ela. Eu realmente


esperava que fosse verdade. A ideia de machucá-la novamente não me
deixava bem.

— Como você saberia?

— Eu li alguns artigos em preparação para esta noite.

Seu corpo tremeu de rir sob mim, os olhos brilhantes e


brincalhões. — Você não fez isso.

— Eu não posso deixá-la rir de mim, — eu murmurei em voz baixa,


sorrindo. Eu me movi para frente, minha ponta entrando nela, e quase
dei um suspiro de alívio quando escorreguei mais facilmente desta
vez. Ela ainda era incrivelmente apertada, deliciosamente, mas não havia
aquela resistência firme como da última vez.

Ela ficou em silêncio. Eu assisti seu rosto enquanto empurrei para


frente. O ocasional estremecimento me fez diminuir ainda mais até que
finalmente estava completamente enterrado dentro dela. Por um
momento, tive a certeza de que gozaria neste instante porque ela era tão
apertada e as sensações ameaçavam me esmagar, mas poderia exercer o
controle se quisesse.

Evie respirou fundo. — Você é muito grande. Não entendo por que
as mulheres cantam louvores a homens bem dotados.

Eu ri enquanto acariciava sua bochecha. — Você vai cantar os


mesmos louvores muito em breve, Evie, confie em mim.

Ela se contorceu um pouco embaixo de mim, como se estivesse


tentando encontrar uma posição confortável e falhando. Seu movimento
enviou choques de prazer através do meu pau e eu soltei um gemido

~ 220 ~
baixo. Evie me observou com curiosidade, depois repetiu o
movimento. Eu assobiei. Claro, ela se moveu novamente.

— Sua megera, — eu murmurei. — Se você continuar, isso vai


acabar logo. — Eu passei pela minha lista mental de imagens repelentes
e rapidamente controlei meu pau excessivamente ansioso. Eu não
conseguia lembrar a última vez que corri o risco de disparar minha carga
tão cedo.

Evie finalmente ficou imóvel embaixo de mim e seus músculos não


me apertaram com tanta força. — Ok? — Eu perguntei, não querendo
machucá-la.

Ela sorriu, olhos confiantes e ternos. — Tudo bem, — ela


sussurrou. Eu tive que beijá-la novamente. Seus lábios eram pura
perfeição. Eu deslizei para fora dela alguns centímetros depois empurrei
de volta. Eu mantive um ritmo lento até que seus estremecimentos se
transformaram em pequenos sons de prazer. Com cada gemido de seus
lábios, eu empurrei um pouco mais fundo. Eu não aumentei minha
velocidade. Tive a impressão de que o corpo dela ainda não estava pronto
para isso. Haveria tempo para isso mais tarde - e haveria mais tarde,
porque não tinha intenção de deixar que Evie escapasse das minhas
mãos e da minha cama de novo.

Eu capturei seus lábios com os meus. Não parei de beijar Evie


enquanto a levava cada vez mais perto do orgasmo. Seus olhos
seguraram os meus o tempo todo, e pela primeira vez não tive problema
em devolver um olhar porque não tinha que fingir que me importava com
a mulher embaixo de mim. Eu não tinha certeza quando meus
sentimentos mudaram, quando comecei a me importar com Evie
assim. Eu gostei dela desde o começo, seu sarcasmo e respostas afiadas,
seu riso sincero e temperamento divertido, mas isso era mais do que...

Afastei os pensamentos e beijei Evie com mais força, depois abaixei


minha boca para o mamilo.

Ela gemeu, depois apertou os lábios, como se estivesse


envergonhada pelo som. — Deixe-me ouvir você, — eu murmurei, e o
adorável rosa em suas bochechas se espalhou por todo o caminho até
seus seios. Porra. Eles eram absolutamente maravilhosos. Cheios,
redondos e grandes. Mesmo eu não conseguia encaixá-los nas palmas
das minhas mãos. Voltei meu olhar para o rosto dela quando minhas
bolas se apertaram. De jeito nenhum eu gozaria antes de Evie dessa vez.

Apoiei-me em um braço, levei a mão entre nós, e Evie ficou tensa


quando meus dedos roçaram seu estômago. Eu congelei, gemendo

~ 221 ~
quando suas paredes me apertaram ainda mais. — Evie, relaxe, — eu
disse e imaginei as bundas peludas de Connor e dos outros ruggers22.

Felizmente, Evie relaxou e meu pau deslizou para dentro e para


fora com mais facilidade. Eu finalmente alcancei meu objetivo, seu
clitóris, e comecei a esfregá-lo. Evie soltou um longo gemido e apertou de
novo.

Bundas peludas. Tetas de velhas flácidas.

Porra.

Eu beijei Evie com força, meus dedos se movendo mais rápido


contra seu cerne quando diminuí meus impulsos para estar seguro. E
então os olhos de Evie se arregalaram e ela estremeceu embaixo de
mim. Eu rapidamente recuei para ouvi-la gemer e observar seu rosto
enquanto ele se contorcia de prazer. Eu me apoiei nas palmas das
minhas mãos e bati mais forte nela, mas não demorou muito para que
meu próprio orgasmo me atingisse como uma bola de demolição.

Evie

Xavier deslizou de mim lentamente, então saiu de cima de mim e


me envolveu em um abraço gentil. Ele cheirava mais picante, mais
quente, como sexo e sândalo, talvez. Eu tentei recuperar o fôlego nos
braços de Xavier. Fechando meus olhos brevemente, pressionei minha
bochecha contra seu peito. Os dedos de Xavier encontraram seu caminho
no meu cabelo, acariciando levemente meu couro cabeludo. Seus lábios
roçaram minha têmpora como ele havia feito antes. Foi um gesto tão
carinhoso e gentil que as borboletas flutuaram na boca do meu estômago.

Ele puxou a cabeça para trás. — Você está bem, Evie?

Eu olhei para ele. — Melhor do que bem.

Um sorriso lento se espalhou em seu rosto. — Bom.

22 O termo que jogadores de rugby usam para se descrever. Tal como os


jogadores de lacrosse são 'laxers' ou 'lax bros', ruggers é um termo usado amplamente
em todo o mundo na cultura do rugby.

~ 222 ~
Eu poderia dizer que ele estava tentando e não conseguindo
impedir a arrogância de aparecer.

Eu revirei meus olhos. — Não seja tão presunçoso sobre isso.

— Eu não posso evitar. Estou me sentindo todo homem das


cavernas sabendo que sou o único cara que esteve dentro de você.

— Esta é a segunda vez que você esteve dentro de mim. Nenhuma


razão para ser presunçoso sobre isso.

— Da última vez, não pude apreciar a situação como ela


merecia. Eu me senti muito mal por te machucar.

Eu me apoiei no peito dele. — Você realmente se sentiu mal?

Suas sobrancelhas se uniram. — Claro que sim. Eu queria fazer


você gozar, não sangrar. Quando vi o sangue em meus lençóis, me senti
o maior babaca do planeta.

O horror alargou meus olhos. — Havia sangue?

Xavier assentiu.

— Oh Deus, por favor, me diga, Nancy não lavou os lençóis.

— É com isso que você está preocupada?

— Ela os lavou, não foi?

— Ela limpa tudo.

Eu deixei cair minha testa em seu peito. — Por favor, diga-me que
pelo menos ela não sabia que era meu.

— Ela viu você saindo do meu apartamento.

Eu gemi. Xavier riu. — Vamos lá, há coisas piores do que ser


virgem. Ou você está com vergonha de ter me dado isso?

Levantei a cabeça, tentando descobrir se Xavier estava


brincando. Ele não estava. — Não há mais ninguém cujos lençóis eu
preferiria arruinar, — eu provoquei.

Xavier balançou a cabeça com um sorriso, então me beijou


novamente. Logo a escovação suave de boca contra a boca se
transformou em algo mais aquecido.

~ 223 ~
Xavier se afastou para olhar para mim. — Você está cansada? Eu
estou pronto para outra rodada, se você quiser. Aquele sorriso de lobo.

Meu núcleo apertou, mas balancei a cabeça. — Muito dolorida, seu


bruto, — eu disse.

Seu sorriso vacilou.

— Estou brincando, — eu disse, e ele rosnou e se enrolou em cima


de mim. — Eu estava brincando sobre a parte bruta, não a parte dolorida.

Ele me beijou e eu podia senti-lo endurecer contra a minha coxa,


mas antes que eu pudesse mudar minha opinião sobre a parte dolorida,
Xavier saiu de mim e me envolveu em seus braços. — Ficar em cima de
você me dá ideias que não funcionam enquanto você está dolorida, — ele
murmurou.

Eu sorri contra sua pele.

— Durma bem, Evie, — Xavier disse eventualmente, beijando


minha têmpora.

Levou muito tempo para eu adormecer. Eu estava com muito medo


da manhã seguinte e da reação de Xavier, o que não fazia sentido porque
ele tinha me dito que queria que eu acordasse ao seu lado.

***

Eu acordei de frente para as janelas novamente, olhando para o


oceano. Eu fiquei tensa, lembrando minha caminhada da vergonha da
última vez que dormi com Xavier. Escutei Xavier e quando ouvi sua
respiração, relaxei um pouco. Ele provavelmente ainda estava
dormindo. Afinal, era geralmente eu quem o acordava. Considerei
levantar e sair de novo, de repente preocupada em encará-
lo. Mentalmente me enchendo de coragem, me virei e respirei fundo
quando encontrei olhos cinzentos. Xavier estava apoiado em seu cotovelo,
a cabeça na palma da mão, cobertas em torno de seus quadris, revelando
cada centímetro do peito perfeitamente esculpido, e me observava com
um olhar que eu não conseguia ler. O que ele estava pensando? Ele
estava arrependido de sua decisão de tentar namorar? Definitivamente
não sobre a parte do sexo, mas tudo mais?

~ 224 ~
— Bom dia, — ele disse em sua voz rouca. Arrepios subiram pela
minha pele ouvindo aquela voz, e o olhar de Xavier mergulhou mais
baixo. Calor encheu minhas bochechas quando percebi que as cobertas
tinham se agrupado em torno dos meus quadris também, expondo meus
seios nus para Xavier. Eu rapidamente as puxei para cima, mas Xavier
pegou o tecido dos meus dedos e se aproximou. Seu cheiro, todo homem
e sexo e algo mais quente, encheu meu nariz. — Ainda dolorida? — Ele
perguntou em voz baixa, e sua ereção cavou na minha coxa.

Mais calor atirou no meu rosto. Ele passou o polegar pela minha
bochecha. — Oh, Evie. — Sua mão deslizou pelas minhas costas até
minha bunda. Eu mal tive tempo de me preocupar com seu tamanho ou
flacidez antes de Xavier apertar uma bochecha, seus dedos pastando
minha carne sensível no processo.

Eu ofeguei, curvei minha mão sobre o pescoço de Xavier e o puxei


para um beijo. Ele obedeceu à ânsia desenfreada e antes que eu tivesse
tempo de processar o que estava acontecendo, ele estava em cima de
mim, suas coxas fortes espalhando minhas pernas, e esqueci toda a
minha dor, beijei-o com mais força e me esfreguei contra sua ereção,
querendo fricção. Sua ponta deslizou sobre a minha umidade, e eu
ofeguei quando Xavier gemeu. Eu arqueei de novo, precisando de mais,
mas Xavier resistiu e se ergueu em seus braços.

Eu fiz uma careta, de repente nervosa. Eu fiz algo errado? Fui


muito ansiosa? — O quê? — Eu perguntei hesitante.

Xavier fez uma careta. — Preservativo.

— Oh, — eu disse. — Eu esqueci. Achei que tivesse feito algo


errado. Isso é novo para mim. — Eu fechei meus lábios na curva divertida
dos lábios de Xavier.

Ele deslizou sua boca sobre a minha e depois até meu ouvido. —
Eu sei. Mas você não pode fazer nada de errado. Estou aqui para te
ensinar.

Eu bufei e bati em seu ombro. — Você é tão cheio de si!

Ele levantou os olhos. — Sou? — O brilho desafiador me deixou


nervosa e excitada ao mesmo tempo. Ele se endireitou então estava
ajoelhado entre as minhas pernas, seu corpo nu em exposição e sua
ereção impressionantemente dura.

Eu não conseguia tirar meus olhos dele enquanto meu rosto


queimava. Tudo nele era perfeito, todo músculo, todo cabelo, até sua

~ 225 ~
ereção. — Se você continuar me olhando assim e não serei responsável
por minhas ações, Evie. Até meu controle tem seus limites.

Eu lhe dei um sorriso provocante. — Quando você já mostrou


controle? E quem disse que quero que você se controle?

— Foda-se. — Xavier pegou um preservativo, rasgou o pacote e


rolou o preservativo em seu pau. Então seus lábios reivindicaram os
meus e ele empurrou em mim quase até o fundo.

Eu recuei de sua boca, estremecendo. — Controle seria bom depois


de tudo.

Xavier parou de repente, os olhos cinzentos brilhando de


preocupação. — Eu não queria te machucar.

— É minha culpa. Eu fui um pouco prematura na minha avaliação


do meu nível de dor.

Xavier riu. — Eu adoro quando você fala sujo.

Eu lhe mostrei a língua.

Ele balançou a cabeça e me beijou novamente. — Me desculpe se


eu fui muito áspero novamente. Isso é novo para mim também. Eu nunca
estive com uma mulher que não tem muita experiência.

Como se eu não soubesse disso. Eu tinha visto suas últimas


cinquenta conquistas. — Podemos aprender isso juntos, — eu disse
suavemente.

Seus olhos ficaram incrivelmente quentes. — Você se soltou ao


meu redor.

— Eu estou bem.

Ele puxou e empurrou de volta, em seguida, estabeleceu-se em um


ritmo lento e suave.

— Você pode ir mais difícil, — eu disse quando a dor entre as


minhas pernas se transformou em um latejar agradável.

Xavier espalmou minha perna, levantou-a para que meu pé


pressionasse seu traseiro e deslizou ainda mais para dentro de mim.

— Oh, — eu ofeguei, cavando em seus ombros. — Sim, assim.

~ 226 ~
— Mesmo durante o sexo você manda em mim, — ele murmurou
contra a minha garganta antes de morder levemente. Eu não me
incomodei com uma resposta, também embrulhado nas sensações.

Sua respiração ficou mais alta enquanto ele empurrava em mim


com precisão praticada, sem vacilar, nunca tirando os olhos de mim,
mesmo quando sua expressão se tornou mais tensa. Ele moveu a mão
entre nossos corpos escorregadios e pressionou meu clitóris, e eu me
soltei. — Xavier! — Eu gritei quando meu corpo convulsionou com
disparos de prazer.

Xavier bateu mais forte em mim e apesar da pontada que causou,


as ondas do meu orgasmo aumentaram e então ele empurrou com força,
seus movimentos se tornando descoordenados enquanto gozava dentro
de mim.

Eu corri minhas mãos sobre seus peitorais, minha respiração


acelerada, mas pela primeira vez não tão rápida quanto à dele enquanto
ele ofegava, seus músculos firmes flexionando e ondulando sob as pontas
dos meus dedos. Ele agarrou a base de seu pau quando puxou para fora
e descartou o preservativo com um movimento descuidado de seu pulso
antes de se abaixar em cima de mim e enterrar o nariz no meu
cabelo. Fechei meus olhos, querendo que esse momento durasse para
sempre. Mas então me lembrei de algo. Hoje era sexta-feira. Meus olhos
se abriram. — Xavier. Eu preciso ver meu celular.

— Hmm?

Eu tentei empurrá-lo, mas mover uma montanha teria sido mais


fácil. Quando ficou claro que ele não tinha intenção de se mexer, passei
meus dedos das costelas dele até a axila. Ele sufocou e me empurrou. —
Você tem sorte que seus adversários não sabem que há uma maneira fácil
de derrubar Xavier – a Besta - Stevens, — eu disse com um sorriso.

— Você é uma megera, — disse Xavier, estendendo-se de costas.

Sentei-me, procurando na mesinha de cabeceira, mas tanto o


celular de Xavier quanto o meu estavam no andar de baixo, onde os
deixamos na noite anterior. Claro, não havia outro relógio em seu quarto
desde que eu era seu alarme. Pegando o cobertor, eu tentei levá-lo comigo
e me cobrir com ele enquanto fazia um movimento para ficar de pé, mas
Xavier estava meio em cima dele.

Eu puxei. — Xavier. Eu realmente preciso verificar o horário.

— Eu não estou te impedindo, — disse ele em diversão.

~ 227 ~
Eu estreitei meus olhos para ele. — Eu preciso do cobertor para me
cobrir.

— Ninguém pode enxergar dentro do apartamento. Você sabe que


é vidro espelhado.

— Dê-me o cobertor, — eu murmurei, puxando com mais força. Eu


tinha visto as garotas com quem ele esteve. Fitness e modelos de biquínis,
atrizes que não desempenhavam papéis simples, atletas. Nada balançava
em seus corpos. Tudo era firme e suave. E Xavier... ele era um atleta
modelo. Seu percentual de gordura corporal tinha um único dígito. Nem
o tamanho do meu vestido tinha um dígito.

Eu não poderia ficar nua na frente dele em plena luz do dia.

Xavier se sentou, mas não soltou os cobertores, e ele era pesado


demais para eu libertá-los sem a sua cooperação.

— Não se esconda de mim, Evie.

Engoli em seco e disse com a firmeza que minhas emoções


permitiram: — Me dê esse cobertor, Xavier. — Em seguida, acrescentei
suavemente: — Por favor.

Ele saiu da cama e eu puxei os cobertores em minha direção,


envolvendo-os antes de levantar. Eu me certifiquei de que tudo estava
coberto de uma forma satisfatória antes de me atrever a me mover, mas
Xavier estava no meu caminho. Ele não tinha absolutamente nenhum
problema em desfilar nu. — Precisamos trabalhar nisso, — ele disse
baixinho, segurando minha bochecha.

Minhas sobrancelhas se uniram. — Em quê?

— Na sua confiança.

Fácil para ele dizer. Eu tinha visto as fotos dele quando criança e
adolescente. Ele sempre foi um atleta, e agora ele era puro homem e
lindo. — Hoje não, — eu disse levemente e rapidamente passei por Xavier
e desci as escadas, mal evitando quebrar meu pescoço enquanto meu pé
embrulhava no cobertor. Eu evitei minha queda com um aperto firme no
corrimão. Xavier me lançou um olhar.

Ignorando-o, corri em direção à minha bolsa e me atrapalhei com


o meu telefone. Meu coração parou quando vi a hora. Eram quase 9h40
e a equipe tinha uma coletiva de imprensa no campo às dez.

~ 228 ~
— Oh merda, estamos atrasados! — Eu assobiei. — Xavier, se
vista! E pare de olhar!

Ele riu. — Mandona. — Mas ele foi para seu quarto. Peguei minhas
próprias roupas do chão da sala e do quarto e corri para o banheiro. Não
havia tempo para preparação excessiva. Se Xavier chegasse atrasado
para esta coletiva de imprensa, seu treinador iria matá-lo, e a mim.

Minha camisa jeans e calças de algodão não eram realmente a


roupa que eu escolheria para uma coletiva de imprensa. Para piorar a
situação, minha camisa estava amarrotada e eu não conseguia encontrar
minha calcinha. Eu tentei ao máximo suavizar as rugas e escovar meu
cabelo com os dedos enquanto saía do banheiro. Xavier estava vestido
com seu short branco de treinamento e uma camiseta vermelha. Ele não
parecia ter tido uma noite difícil. Claro, ele tinha anos de prática em se
arrumar após o sexo, e ele tinha roupas limpas à sua disposição.

Xavier riu. — Você parece um pouco abatida.

Eu olhei para mim mesma. — Eu não tenho tempo para ir até em


casa e me trocar.

Xavier me beijou. — Você está bem.

Nós descemos as escadas, onde peguei minha bolsa antes de nos


apressarmos em direção ao carro de Xavier e sairmos correndo. Nós
tivemos sorte de não sermos parados considerando todas as regras de
trânsito que quebramos no caminho.

Chegamos ao campo de treinamento com cinco minutos de


atraso. Xavier estacionou seu carro no meio do estacionamento, então
nenhum dos seus companheiros de equipe podia sair, e abriu a
porta. Segui atrás dele enquanto ele andava em direção à equipe reunida
e à imprensa, o tempo todo tentando informá-lo sobre os jornalistas
presentes. A maioria deles eram jornalistas esportivos, mas havia alguns
propensos a fazer perguntas comprometedoras, e Xavier era propenso a
comprometer as respostas.

Cabeças viraram na nossa direção, olhando para Xavier antes que


se movesse para mim, e eu quase me encolhi quando peguei as
sobrancelhas levantadas de Connor e a expressão chocada de Fiona. Os
jornalistas não pareciam muito impressionados comigo, e alguns
pareciam se divertir.

Era óbvio o que havia acontecido entre Xavier e eu?

~ 229 ~
Eu tentei me impedir de corar, o que foi uma batalha perdida. O
treinador estreitou os olhos para Xavier, antes de franzir a testa para
mim.

Eu me movi para as costas dos jornalistas quando Xavier se juntou


a sua equipe na frente.

— Agora que estamos finalmente completos, podemos começar, —


disse o treinador aborrecido.

Fiona tentou pegar meus olhos do seu lugar ao lado da


equipe. Como líder de torcida, seu lugar era na frente. Ela iria chutar
minha bunda no momento em que estivéssemos sozinhas. Eu tinha lhe
prometido ficar longe de Xavier, e agora dormi com ele mais duas
vezes. Mas as coisas tinham mudado.

De repente, algo me ocorreu. Xavier não segurou minha mão ou


deu qualquer tipo de indicação de que estávamos juntos. Para todos ao
nosso redor, parecia que eu era um dos brinquedos dele.

Meu estômago se agitou. Mal escutei as perguntas dos jornalistas


esportivos, mas Maya Nowak falou, dirigindo sua pergunta a Xavier. Ela
era a jornalista que Xavier havia transado há algumas semanas e que
escrevera alguns artigos desfavoráveis sobre ele depois disso. — Algumas
pessoas se perguntam como você consegue se concentrar no esporte,
considerando as noites que você gasta em festas e suas outras aventuras.

Xavier sorriu. — Eu tenho uma assistente que me mantém na


linha. — Meu estômago começou a despencar. Então ele acrescentou: —
Que também é a minha namorada, o que vai parar futuras escapadas. —
Ele olhou para mim e assim fez todo mundo. Os jornalistas, na verdade,
viraram a cabeça para olhar diretamente para mim, e alguns dos
fotógrafos tiraram fotos.

Connor e Fiona olharam para Xavier como se ele tivesse crescido


uma segunda cabeça.

Levei um momento para me recompor e sorrir.

— Isso é tudo muito interessante, — disse o treinador Brennan. —


Mas estamos aqui pelo rugby, não por fofocas.

Xavier piscou, e uma pequena parte de mim se alegrou por ele nos
tornar públicos, mas a outra parte se preocupou com as reações de
todos. Maya me examinava como se eu fosse um inseto que ela queria
esmagar, e ela provavelmente não era a única que não ficaria feliz que
Xavier tivesse escolhido alguém como eu.

~ 230 ~
Uma caça às bruxas estava prestes a começar.

~ 231 ~
Evie

Maya não era aquela com quem eu deveria estar preocupada. Fiona
era aquela que parecia querer me perseguir com um forcado, e talvez
cutucar as partes íntimas de Xavier repetidamente. Eu me empoleirei no
banco, observando seu treinamento aberto e recebendo sua raiva
silenciosa. Talvez eu tenha merecido isso. Blake me deu um rápido
sorriso quando nossos olhos se encontraram, mas não havia nada mais
de flerte sobre isso. Ele reagiu bem sobre a coisa toda e eu tinha que
admitir, ele era um cara pelo qual poderia ter me apaixonado se Xavier
não tivesse ficado no caminho.

No segundo em que o treino das líderes de torcida acabou Fiona


veio direto para mim. Eu sabia que correr seria inútil. Fiona estava mais
em forma do que eu e alimentada pela raiva. Ela me pegaria.

Ela parou bem na minha frente e colocou as mãos nos quadris. —


Espero que isso seja brincadeira.

— Bom dia para você também, — eu cantarolei.

Ela não abriu um sorriso. — Passei um dia e uma noite inteira


secando suas lágrimas depois que o idiota tirou sua virgindade e agora
você é namorada dele?

— Shhh, — eu assobiei, olhando em volta. — Você pode, por favor,


abaixar sua voz? Eu não acho que todo mundo precisa saber sobre meus
casos particulares.

— Essa é a palavra certa. Caso. Você realmente acha que Xavier


está falando sério? Ele é preguiçoso. Ele não quer perder uma assistente
e pensou em porque não adoçar o negócio, ficando desagradável com você
também.

— Sente-se, — eu pedi e apontei para o local ao meu lado, cansada


dela me tratar como uma criança. Se eu quisesse ser desagradável com
Xavier, dentro ou fora de um relacionamento, essa era uma decisão
minha.

~ 232 ~
Fiona se afundou.

— Escute, Fiona, sei que você está falando sério, mas você me
deixou sozinha por mais de dois anos, quando mais precisei de você e,
nesse tempo, aprendi a cuidar de mim mesma. Eu não preciso da sua
proteção.

Mágoa brilhou em seu rosto e me senti mal instantaneamente. Eu


peguei a mão dela. — Isso saiu mais duro do que eu pretendia. Aprecio o
quão protetora você é, mas preciso que confie em mim. Eu sei o que estou
fazendo. Xavier e eu discutimos isso.

Ela ainda parecia duvidosa, mas assentiu. — Estou dando a ele o


benefício da dúvida por enquanto, mesmo que não mereça isso.

— Você está? — Isso parecia muito compreensivo para a Fiona que


eu conhecia. Ela não cedia tão facilmente.

— Eu realmente espero que isso funcione. Eu não quero que você


se machuque. Se ele te trair, eu vou enfiar um dos meus saltos agulha
no seu traseiro arrogante.

— Eu não acho que ele vai me trair, — eu disse, e era


verdade. Xavier terminaria antes que isso acontecesse.

— Isso é o que eu sempre pensei, — ela murmurou.

— Você nunca falou comigo sobre o que aconteceu com Aiden.

Seu rosto se fechou, mas então ela suspirou. — Talvez à


noite. Certifique-se de me embebedar. Isso vai facilitar as coisas.

— Vermelho ou branco?

— Um chardonnay.

Eu revirei meus olhos. — Menos carboidratos?

— Não, mais gostoso, — disse ela com um sorriso.

O treinador Brennan andou em nossa direção. — Posso ter uma


palavra rápida com você?

— Claro, — eu disse hesitante.

Fiona se levantou. — Eu não vou incomodá-los.

— Fiquei muito preocupado quando soube que Xavier estava


procurando por uma nova assistente.
~ 233 ~
Onde ele tinha ouvido isso? Meu Deus, os jogadores de rugby eram
os piores fofoqueiros.

— Espero que sua declaração hoje signifique que não terei que me
preocupar mais com isso. Aquele menino precisa de você.

Ele era o único que chamava Xavier de ‘menino’. Construído como


um touro e com o dobro da idade de Xavier, ele provavelmente era o único
que poderia fazer isso.

— Eu vou ficar onde estou. Chutar o traseiro de Xavier em marcha


é muito divertido.

Ele riu.

Meu sorriso morreu em meus lábios quando notei Fiona entrando


nos vestiários e, um momento depois, Connor saindo. Eu não podia
acreditar nela!

XAVIER

Connor sacudiu a cabeça. — Você tem certeza disso, Xavier? Eu


realmente gosto de Evie e não quero que ela se machuque. Ela é uma
garota legal.

Ela não era apenas uma garota legal. Ela era uma garota
incrível. — Eu também gosto de Evie, e machucá-la é a última coisa que
quero, — eu disse, por uma vez não fazendo piadas.

Connor assentiu. — Fiona não acredita em sua palavra. Ela está


furiosa.

— Eu vi o rosto dela. Ela parecia querer jogar pingue-pongue com


minhas bolas.

— Provavelmente.

— Ela terá que lidar com isso. Evie é adulta e pode tomar suas
próprias decisões — eu disse enquanto me dirigia para o chuveiro. Como
de costume, levei meu tempo, até ouvir uma voz estridente.

— Eu preciso falar com Xavier, — disse Fiona.

~ 234 ~
— Talvez você deva se acalmar antes.

Eu podia imaginar como Connor estava tentando aplacar sua


namorada, e também sabia que não funcionaria.

— Eu não preciso de tempo para me acalmar. Preciso falar com o


idiota. Nos dê um momento.

Não ouvi as próximas palavras, mas desliguei o chuveiro e


saí. Fiona ficou com os braços cruzados contra a parede, olhando para
mim.

Ela não parecia se importar com a minha nudez, e se ela achava


que eu tinha dificuldade em ter uma conversa nu, então ela não me
conhecia.

— Fiona, que surpresa agradável, — eu disse, espelhando sua


postura contra a parede do chuveiro.

Seus lábios se curvaram e ela jogou a toalha que estava segurando


na minha cabeça. — Você não tem vergonha.

Eu a peguei antes que pudesse me acertar na boca e enrolei na


minha cintura. — Você entrou no nosso vestiário e perturbou meu
banho.

— O que foi aquilo?

— O que foi o quê?

— Você sabe o que eu quero dizer! Por que você disse à imprensa
que está namorando minha irmã?

— Porque é a verdade. Evie e eu estamos namorando há alguns


dias agora.

Fiona franziu a testa. — Isso é algum tipo de jogo para você? Uma
nova forma de entretenimento para manter a imprensa ocupada? Evie
não é seu brinquedo.

Raiva surgiu através de mim. Eu me endireitei. — Talvez você


pense que é a única que se importa com Evie, mas está errada. Sua irmã
não é um jogo ou brinquedo para mim ou o que mais você pensa, e você
a subestima muito se acha que ela me deixaria tratá-la assim. Evie pode
cuidar de si mesma. Porra, ela até consegue cuidar de mim.

O rosto de Fiona parecia um pouco menos hostil, mas isso poderia


ter sido a luz bruxuleante. — Então você realmente quis dizer aquilo?

~ 235 ~
— Eu quero dizer isso, — eu disse com um suspiro. — Sua irmã é
a mulher mais engraçada, mais gentil e sarcástica que eu conheço.

— Ela é, — Fiona concordou suavemente.

— Eu vou fazer tudo o que puder para tratá-la bem, Fiona.

Fiona assentiu e eu tinha certeza de que seus olhos estavam


umedecidos. Claro que ela teve que estragar o nosso momento. — A
recompense por aquela merda de primeira vez que você deu a ela, isso é
tudo que eu peço. Sua boca tem que ser boa para mais do que falar
besteira.

Eu levantei uma sobrancelha e sorri arrogantemente. — Evie acha


minha boca muito divertida, confie em mim.

Fiona me surpreendeu ainda mais ao sorrir. Ela chegou mais perto


e deu um tapinha no meu ombro. — Bom para você e bom para ela.

Ela se virou, seu longo cabelo me deu um tapa no rosto e caminhou


em direção à porta. — E eu vou te castrar com minhas unhas postiças se
você machucá-la, só para você saber.

— Devidamente anotado, — eu murmurei antes que ela saísse.

Alguém bateu, então a voz de Evie soou. — Xavier, você está bem?

Eu comecei a rir.

Ela enfiou a cabeça dentro — O que é tão engraçado? Eu estava


preocupada que Fiona pudesse ter te estrangulado com uma toalha, e
aqui estão vocês todos felizes.

— Eu ficaria ainda melhor se você entrasse e tomasse banho


comigo, — eu disse enquanto deixava cair à toalha para dar-lhe uma boa
visão do meu pau já endurecendo. Evie corou e arrastou seu olhar de
volta para o meu quando parei na frente dela. Eu toquei sua bochecha e
a beijei lentamente. — Vamos, Evie. Ajude um cara aqui.

Ela se afastou, suspirando, depois balançou a cabeça. — Eu não


quero que as pessoas tenham a impressão errada.

— Que impressão? Você é minha namorada e, acredite em mim, se


eles quiserem ter a impressão errada, se certificarão de consegui-la,
mesmo que você não lhes dê razão para isso.

— Mesmo assim. Isso ainda é novo. Não quero dar mais munição à
imprensa do que o absolutamente necessário.

~ 236 ~
— Ok, — eu disse, em seguida, soltei um suspiro monumental. —
Eu posso demorar um pouco mais me masturbando.

Evie gemeu. — Agora eu não vou conseguir tirar essa imagem da


minha cabeça.

Eu sorri para ela. — Peça a sua irmã uma calcinha extra. Tenho
certeza de que ela tem muitas delas guardadas no armário por toda
aquela tensão sexual entre ela e Connor.

— Outra imagem que me assombrará. Divirta-se — disse ela com


uma risada, depois fechou a porta na minha cara. Eu inclinei minha testa
contra a superfície fria, sorrindo como um imbecil do caralho. Essa
mulher era boa demais para ser verdade.

~ 237 ~
Evie

A festa do vigésimo quinto aniversário de Xavier estava marcada


para hoje à noite. Eu passei semanas convidando as pessoas e a
imprensa, testando serviços de bufê (completamente altruísta da minha
parte), e procurando pelo local perfeito, só para Xavier me dizer esta
manhã que ele gostaria que pudéssemos passá-lo em algum lugar
sozinhos, mas infelizmente não ia acontecer.

Eu não estava muito ansiosa pela festa porque a lista de


convidados incluía cerca de duas dúzias de mulheres que estavam de
olho em Xavier, e a quem ele havia escolhido convidar especificamente
como conquistas em potencial antes de começarmos a namorar. Agora
éramos um casal, e todas essas mulheres provavelmente ainda cairiam
sobre ele como um enxame de gafanhotos.

Fiona tinha me preparado a perfeição. Ela tinha alisado meu cabelo


naturalmente encaracolado com uma chapinha, só para enrolar com um
babyliss depois. Não fazia sentido, mas ela insistiu que era crucial dar
aos meus cachos o brilho necessário.

O brilho do meu cabelo era a menor das minhas preocupações.

— Esta é a primeira vez que você e Xavier vão aparecer em um


evento público como um casal, — disse Fiona gentilmente enquanto
aplicava meu batom, então se empoleirou no canto da penteadeira.

— Sim, — eu admiti. — Quando enviei os convites, ainda não


éramos um casal, e haverá muitas mulheres solteiras fazendo uma
aparição.

Fiona deu de ombros. — Ele está com você agora, então não deveria
importar.

— Você realmente acha que eu posso segurar alguém como


Xavier? Ele poderia ter qualquer garota que quisesse.

Fiona agarrou meus ombros. — A questão é se ele pode segurá-la,


porque eu ainda não estou convencida que ele merece você. Ele pode

~ 238 ~
agradecer a sua estrela da sorte que você lhe deu outra chance depois de
tirar sua virgindade tão rudemente.

— Ele não fez isso rudemente. O que veio depois foi rude, mas nada
que eu não esperava.

— Sim, bem. Eu não o perdoei por essa façanha ainda. Estou com
raiva por nós duas, já que você não tem a maldade necessária para
guardar rancor.

Eu ri. — Você acabou de insultar ou elogiar-me?

— Ambos, — disse Fiona com um sorriso.

— Só você, — eu murmurei.

Ela ficou séria. — Ele é bom para você?

Eu tinha perdido a conta das vezes que ela me fez essa pergunta
desde a coletiva de imprensa há alguns dias. — Ele é. Ele é paciente e
gentil, amoroso e engraçado.

Fiona suspirou. — Bom Senhor. — Então ela sorriu. — E como é o


sexo? Quero dizer, com toda a prática que ele teve, deveria ser uma
granada na cama. Ou ele é um daqueles que só se importam com eles
mesmos, e não sabem como agradar uma mulher?

Eu levantei. — Não tenho certeza se quero ter esse tipo de conversa.

— Vamos, me dê alguma coisa.

Eu podia sentir minhas bochechas esquentando. — Ele é muito


atencioso. — Então, porque não conseguia segurar, — E eu simplesmente
não consigo manter minhas mãos longe dele. Tudo o que ele faz é incrível.

Fiona sorriu. — Isso é o que eu queria ouvir.

Eu não conseguia me lembrar da última vez que fiquei tão nervosa.

A campainha tocou e Fiona pulou da penteadeira. — É Xavier. Ah,


o queixo dele vai bater no chão.

Eu me levantei e me permiti mais uma olhada no espelho. A saia


de couro preta justa ia da minha cintura até os joelhos com uma fenda
na esquerda até a minha coxa, e na parte superior a blusa transpassada
em um tecido verde brilhante tinha um baixo decote em V. Os sapatos
pretos faziam minhas pernas parecerem muito mais longas do que eram.

~ 239 ~
— Vamos lá, — Fiona pediu. — Você está fabulosa.

Meus olhos deslizaram sobre o vestido apertado de Fiona, mas pela


primeira vez não tentei nos comparar. Com um sorriso nervoso, passei
por ela e fui em direção às escadas. Eu não estava nem na metade do
caminho quando Xavier me viu, e Fiona estava certa: seus lábios se
abriram e seus olhos se arregalaram, e ele olhou para mim como se eu
fosse a mulher mais sexy que já havia andado na Terra. Xavier em seu
terno escuro com a camisa branca, sem gravata, parecia perfeitamente
bonito também.

Xavier balançou a cabeça enquanto me beijava com força. — Evie,


como posso deixá-la sair assim?

Fiquei tensa até ele murmurar suas próximas palavras em meu


ouvido. — Você parece sexy pra caralho, eu não vou conseguir tirar
minhas mãos de você. Você realmente quer que eu estrague o meu terno
gozando nas minhas calças?

Eu ri. — Você é um menino grande com muito controle.

— Não, eu não sou, e nós dois sabemos disso.

Eu já tinha desejado um feliz aniversário para ele esta manhã, duas


vezes, mas agora eu sentia que outra felicitação era devida.

— Ei, mantenham a decência, ok? — Fiona murmurou quando caiu


nos braços de Connor, que a observou com adoração aberta.

— Nós faremos, se você fizer, — eu repliquei.

— Eu não posso garantir nada, — disse Connor, envolvendo um


braço em volta da minha irmã.

Xavier trocou um sorriso com seu melhor amigo. — Nem eu.

Chegamos à festa com os primeiros convidados, já que eu insistira


para que Xavier chegasse no horário para sua própria festa de aniversário
e porque eu queria dar algumas instruções de última hora ao pessoal de
serviço. Eles trabalhavam para o hotel mais badalado da cidade, então
eu sabia que eles poderiam dar uma festa de aniversário, mas queria ter
certeza. Afinal, esperávamos cerca de quatrocentos convidados
exclusivos.

O bar do hotel que aluguei para a ocasião oferecia uma vista


espetacular do Opera House e das luzes noturnas da cidade de Sydney.

~ 240 ~
Xavier aceitou as felicitações com seu charme e arrogância usuais,
mas seu braço permaneceu firmemente em volta da minha cintura, não
permitindo que eu ficasse ao fundo como fizera no passado.

Notei os olhares curiosos das pessoas, especialmente das mulheres


que haviam sido convidadas como potenciais conquistas, mas tentei
ignorá-las. Na maior parte do tempo, ficamos com os colegas de equipe
de Xavier - até mesmo o seu treinador viera - já que Xavier não parecia
se importar muito com praticamente qualquer outra pessoa. Sua família
não foi convidada desde que ficava fora dos olhos do público. Iríamos
visitá-los para uma celebração de aniversário mais tarde naquela
semana.

No momento em que me desembaracei de Xavier para ir ao


banheiro feminino, notei que uma das mulheres se aproximou dele, mas
seus olhos estavam em mim e quando ele finalmente olhou para ela, sua
expressão não poderia ter sido mais hostil. Sorrindo para mim mesma,
eu desapareci no banheiro e me dirigi ao único reservado livre.

Deram a descarga nos reservados próximos e os saltos altos


clicaram antes de a água começar a correr. — Eu não posso acreditar que
ele escolheu aquela garota para ser sua namorada.

— Eu sei, — disse outra voz feminina. — Você viu seus quadris e


bunda? Quer dizer, eu sei que a mídia está em cima das modelos plus-
sized23 no momento, mas ele é um atleta.

Eu olhei através da abertura entre a porta e o reservado, avistando


duas mulheres altas e magras com cabelos escuros.

— Todo mundo precisa de um deleite gorduroso de vez em quando,


— disse a que tinha o cabelo mais escuro e quase preto, e então as duas
riram. Elas aplicaram batom quando me inclinei contra o reservado,
sentindo o calor subir na minha cabeça e as lágrimas arderem nos meus
olhos.

— Eu acho que é isso, mas ainda assim. Eu realmente queria


investir nele hoje à noite. Ele é um idiota, mas deve ser muito bom na
cama.

— Eu sei. Apenas faça. Quero dizer, vamos lá. Se ele tiver que
escolher entre você e aquela garota, vai esquecer tudo sobre ela.

Mais risadinhas, e finalmente elas saíram.

23 Roupas de tamanho extra são roupas fornecidas especificamente para pessoas


cujos corpos são maiores do que a média das pessoas.

~ 241 ~
Respirei fundo, tentando não deixar suas palavras me atingir, mas
foi uma batalha perdida. Elas expressaram todas as minhas
preocupações. Como eu poderia segurar Xavier quando garotas assim
continuavam jogando-se sobre ele? Eu não podia competir com seus
corpos. Todos com olhos na cabeça podiam ver isso.

Eu me forcei a sair do reservado. Mesmo que as palavras delas


soassem muito verdadeiras, eu não me esconderia como quando tinha
catorze anos das meninas malvadas da escola.

Verificando meu reflexo para ter certeza de que meus olhos


estavam satisfatoriamente secos - minha pele corada era uma batalha
perdida - voltei para a festa.

Xavier estava conversando com as duas vadias do banheiro


feminino, que o adoravam com os olhos como se ele fosse a reencarnação
de Cristo. Seu corpo era digno de um deus grego, nenhuma dúvida, mas
eu arrancaria meus olhos com meus saltos agulha antes de dar-lhe esse
tipo de olhar afetado.

Endireitei meus ombros e caminhei até o bar para pegar uma


cerveja. Foda-se parecer sofisticada com um bom copo de vinho branco,
eu queria meus carboidratos líquidos. O barman me entregou a garrafa
e um copo. Peguei o primeiro, não o segundo, e tomei um grande gole
enquanto tentava parecer completamente imperturbável. Fiona e Connor
estavam fazendo algo que poderia ser considerado dançar, mas
provavelmente seria classificado como uma contravenção pública em
alguns países. Eu não sabia que Fiona poderia rebolar. Com uma
pequena bunda como a dela, isso não deveria ter funcionado, mas ela
conseguiu magnificamente e Connor parecia mais do que um pouco
impressionado.

— Você vai rebolar para mim também? — Xavier rosnou no meu


ouvido, me fazendo pular e quase soltar minha garrafa. — Com sua
bunda perversa isso me faria gozar na minha calça pela primeira vez
desde a minha adolescência.

— Eu não rebolo, — eu disse rapidamente.

Xavier passou os braços em volta de mim por trás, me puxando


contra seu corpo. — Isso é uma vergonha.

Eu podia ver várias cabeças virando em nossa direção, incluindo


as duas vadias do banheiro. — Nós temos uma audiência.

Xavier seguiu meu olhar para as duas meninas sussurrando entre


si.

~ 242 ~
— Eu não dou uma foda voadora, — ele murmurou, em seguida,
beijou minha garganta antes de pegar minha mão e me puxar para a pista
de dança. — Dance comigo.

Eu rapidamente deixei a garrafa de cerveja no bar e o segui. —


Xavier, eu não sei dançar.

— Nós já estabelecemos que você é uma aprendiz rápida, — disse


ele com seu sorriso de lobo. — E eu sou um bom professor.

Santa mãe dos ruggers muito sexy.

Xavier agarrou meus quadris e começou a se mover na batida. Logo


estávamos roçando e girando e sacudindo e esfregando, e a sala
desapareceu ao fundo. O braço de Xavier serpenteou ao redor da minha
cintura quando ele me puxou para mais perto de seu corpo, sua boca
descendo para o meu ouvido. — No momento em que sairmos daqui, eu
vou comer sua boceta e te foder sem sentido se você deixar.

Sufoquei uma risada. Se eu deixá-lo? Se eu não estivesse


preocupada em aparecer nas manchetes amanhã, teria pulado sobre
Xavier aqui na pista de dança. Meus olhos devem ter respondido sua
pergunta porque ele gemeu. — Esta pode ser a primeira vez que não serei
o último a sair da minha festa de aniversário.

Ficamos mais duas horas porque, como Xavier havia indicado, era
sua festa de aniversário e teria sido rude se o convidado de honra saísse
primeiro. Não conseguimos chegar em casa para o negócio
impertinente. Nós nem sequer saímos da garagem do hotel antes que os
dedos de Xavier deslizassem por baixo da minha saia e me levassem ao
primeiro orgasmo da noite. Conseguimos, no entanto, entrar no elevador
de seu prédio antes que suas calças caíssem no chão e mostrei a ele o
que havia aprendido - enquanto a voz de Teniel soava nos alto-falantes,
perguntando por que o elevador havia parado. Eventualmente ele
desistiu.

Xavier não me deixou fazê-lo gozar, no entanto. Ao invés disso, nós


tropeçamos em sua cobertura, onde caímos no chão e Xavier cumpriu
sua promessa de me devorar. Depois disso ele me fodeu ali mesmo no
chão com minhas roupas ainda. A queimadura do tapete nunca foi tão
apreciada.

~ 243 ~
Evie

Eu acordei antes de Xavier e saí da cama para verificar meu


telefone por hábito, sabendo que a festa da noite anterior iria para as
manchetes em algum lugar. Eu peguei meu roupão de banho e coloquei
sobre a camiseta de Xavier, desesperada para cobrir o máximo de mim
possível. Movendo-me em direção à janela panorâmica no quarto,
percorri os e-mails quando avistei uma mensagem de Maya
Nowak. Continha apenas um link. Eu cliquei mesmo quando o medo se
instalou no meu estômago.

Ela deve ter trabalhado nisso a noite toda para publicar isso tão
cedo. O artigo de Maya era ainda mais desagradável do que eu temia. Eu
deveria ter esperado isso. Quando convidamos a imprensa originalmente,
Xavier e eu não éramos namorados ainda, e ele a queria lá pela simples
razão de seus artigos sempre chamarem mais atenção.

Ela comentou sobre cada uma das minhas imperfeições: a celulite


na parte superior das coxas, que aparentemente era perceptível através
do couro barato da minha saia, meus quadris largos, minha barriga mole,
minha bunda grande. Ela fez parecer que Xavier só tinha me escolhido
para ser castigado por todas as suas conquistas passadas, por estar com
alguém tão nojento.

Calor correu para minha cabeça enquanto eu lia suas palavras. Eu


sabia que não era material de modelo fitness do Instagram, mas eu
definitivamente não era o desastre visual que ela descreveu. Minhas
emoções oscilavam entre raiva e constrangimento. O último me deixou
com raiva de mim mesma por permitir que alguém que eu nem gostava
me fizesse sentir assim com algumas palavras. As cobertas farfalharam
quando Xavier se sentou na cama.

— Evie? O que há de errado? — Xavier perguntou quando saiu da


cama completamente nu, completamente perfeito. Eu estava prestes a
fechar o artigo quando Xavier pegou meu telefone e o digitalizou. Sua
expressão ficou furiosa, então ele jogou meu celular na cama e segurou
meu rosto.

~ 244 ~
— Ela é uma criatura rancorosa, Evie. Não perca um único
pensamento sobre essa cadela.

— Ela está certa em um ponto, no entanto. Olhe para você — eu


disse, apontando para o corpo dele, para os músculos perfeitos. Nem um
grama de gordura, nem flacidez, nada além de beleza masculina
pura. Todos que olhavam para nós sempre se perguntavam por que um
homem como Xavier se contentaria com uma mulher como eu. Eu tinha
visto esses olhares surpresos e os sussurros que se seguiram. Eu
finalmente gesticulei para baixo, em segurança coberta por um roupão
de banho, escondendo todos os meus lugares desfavoráveis, que de
acordo com Maya era todo o meu corpo. — E olhe para mim, Xavier. Nós
não combinamos. Você combina com alguém como Dakota. Alguém que
não parece gostar de cerveja e hambúrgueres com pão. Alguém que se
encaixa no tamanho trinta e seis.

Engoli em seco, porque esse sentimento de nunca ser suficiente, de


falhar, porque eu não era magra o suficiente, cortava fundo. Foi uma
parte de mim por tanto tempo que era difícil me livrar.

— Esta é a maior pilha de besteiras que eu já ouvi, — resmungou


Xavier.

Eu lhe lancei um olhar. — Sei que tipo de garotas você teve antes
de mim, e elas eram todas em forma e magras.

Ele acariciou minha bochecha com o polegar. — Sim, elas eram.

Meu estômago despencou em sua admissão, o que era ridículo,


considerando que ele estava afirmando fatos que todos sabiam.

— Escolhi aquelas mulheres por uma noite. Eu não dava a mínima


para a personalidade delas, ou qualquer coisa realmente, exceto por seus
corpos. Mas você, não quero por apenas algumas noites. Eu te quero para
sempre.

Meus olhos se arregalaram e Xavier também parecia um pouco


atordoado. — Você... eu não posso acreditar que você disse isso.

Xavier beijou minha boca, um beijo suave e lento. — Porra. Nem


eu. Mas é verdade, Evie. Eu nunca gostei tanto da companhia de alguém
como da sua. Eu confio em você. Adoro a seu senso de humor, a sua
lealdade, o seu sarcasmo e o seu sorriso. Eu amo cada pedaço de você,
Evie.

Eu pisquei. — E eu te amo.

~ 245 ~
— Foda-se, — ele respirou, em seguida, me beijou novamente.

Xavier deslizou as palmas das mãos sob o meu roupão e


lentamente empurrou-o dos meus ombros. Ele caiu no chão. Eu ainda
estava na camiseta de Xavier, mas ele agarrou a barra e começou a puxar
para cima. Eu toquei seus braços, parando-o. — Xavier. — Comecei, com
medo de ser exposta a ele em plena luz do dia, quando minhas falhas
sempre estiveram escondidas na meia-luz até agora.

— Evie, — disse Xavier com firmeza. — Acabei de expor meus


sentimentos para você. Deixe-me vê-la. — Ele suavizou sua voz. — Eu
toquei em cada centímetro do seu corpo. Eu sei onde você é
macia. Minhas mãos conhecem cada centímetro de você. Não há nada
que você precise esconder de mim, querida.

Essa foi a primeira vez que ele me chamou de querida e quebrou


minhas paredes. Engoli em seco, em seguida, levantei meus braços sobre
a minha cabeça. Xavier puxou a camiseta por cima da minha cabeça e
jogou no chão. Comecei a tremer, não pude evitar, e tive que lutar contra
o desejo de cobrir meu corpo. Eu temia a rejeição de Xavier. Eu não
achava que poderia viver se ele se sentisse enojado com o meu corpo.

Por um longo tempo, seus olhos permaneceram firmes nos meus


antes de finalmente beijar minha boca, depois a ponta do meu nariz,
depois minhas bochechas. — Eu amo essas sardas, — ele murmurou.

Ele beijou minha omoplata, minha clavícula, depois o inchaço do


meu peito. Meus mamilos enrugaram sob seus lábios. — Eu amo seus
seios, — disse ele em uma voz ligeiramente mais profunda.

Ele tocou minha cintura e ficou de joelhos. Eu endureci quando


sua boca beijou minhas costelas, então meu estômago, que nunca seria
firme. Ele mergulhou a língua no meu umbigo inesperadamente, e eu
chiei de rir e tentei empurrá-lo para longe, mas ele era muito forte e me
segurou enquanto soltava aquela risada profunda e viril que
transformava meu corpo em uma piscina de calor. Ele inclinou a cabeça
para cima, me dando aquele sorriso lupino enquanto sua bochecha
pressionava contra a minha barriga quase perfeita. — Eu amo o seu
umbigo e os sons que ele cria.

Eu bufei, então me acalmei quando Xavier se afastou e vi quando


suas mãos deslizaram pela minha cintura sobre meus quadris para as
minhas coxas. Ele beijou a parte interna da minha coxa tão perto do meu
centro que prendi a respiração em antecipação. — Eu amo suas coxas
deliciosas que sempre espremem a vida da minha cabeça quando estou
comendo você.

~ 246 ~
Calor brilhou em minhas bochechas e a expressão de Xavier se
tornou mais intensa, mais faminta quando ele me olhou. — Eu amo esse
rubor que me diz que tudo isso é só meu. — Suas mãos deslizaram e
seguraram minha bunda, apertando. — E foda-se, eu amo sua
bunda. Eu não posso te dizer com que frequência curvá-la para que eu
possa realmente apreciá-la completamente. — Ele pressionou um leve
beijo no meu osso púbico, em seguida, fez o seu caminho de volta,
beijando os mesmos pontos que quando desceu, antes de reivindicar
minha boca em um beijo muito menos contido. — Eu amo cada
centímetro seu, Evie. Você pode colocar isso em sua cabeça teimosa?

— Ok. — Eu sorri contra sua boca. — E eu não sou teimosa.

Ele rosnou de brincadeira e me puxou contra seu corpo. Nós nos


beijamos e acariciamos e finalmente nos encontramos na cama.

Xavier subiu entre as minhas pernas e abriu sua gaveta, mas eu o


parei. Ele franziu a testa.

— Eu comecei a tomar pílulas. — Então eu hesitei. — Então, não


precisamos de proteção, a menos que você... — Eu não queria trazer o
passado, mas neste caso era necessário.

Xavier pareceu atordoado por um momento. — Eu sempre usei


proteção. Eu nunca fiz sexo sem camisinha.

— Você gostaria de tentar comigo?

Ele exalou, em seguida, trouxe a ponta para a minha entrada e


lentamente empurrou para dentro. Ele parou quando estava todo
enterrado dentro de mim. — Porra, Evie, você é tão gostosa.

Ele fez amor comigo lentamente, reverentemente, até que meu


corpo pulsou com uma profunda dor, mas ele parecia contente em me
manter no limite para sempre. Um som de protesto explodiu dos meus
lábios quando ele se afastou e rolou de costas. — Por que você não faz
um pouco do trabalho agora?

Eu engoli e sentei. Até agora eu não estive no topo porque isso


permitiria a Xavier uma boa olhada no meu corpo. Como ele podia ver a
minha luta, ele acariciou minha bochecha em segurança.

— Eu mal posso esperar para ter você no topo, Evie.

— Ok, — eu disse, apesar do lampejo de nervosismo.

~ 247 ~
Eu montei Xavier, tentando não me preocupar em ser muito
pesada, porque Xavier era uma fera, mas não me sentei
verticalmente. Em vez disso, pressionei meu peito contra o dele enquanto
nos beijávamos e suas mãos percorriam minhas costas e bunda. Ele
apertou as bochechas da minha bunda, em seguida, chegou atrás de nós
e se alinhou. Ele mexeu os quadris e deslizou alguns centímetros. —
Deixe-me ver você, — ele disse asperamente, e eu reuni minha coragem
e me empurrei para uma posição sentada, meus dedos se espalharam
pelo peito de Xavier enquanto ele segurava meu olhar. Ele não olhou em
nenhum outro lugar e eu poderia tê-lo beijado porque sabia que ele
queria, mas não queria me pressionar muito rápido.

Ele apertou meus quadris levemente. — Você terá que se mover, —


disse ele com um olhar divertido.

Eu revirei meus olhos. — Deixe-me recuperar o fôlego aqui, — eu


disse, sentindo-me esticada e totalmente cheia.

A boca de Xavier se inclinou para cima. — Leve o tempo que


precisar. Mas eu vou aproveitar a vista enquanto você está nisso.

Seus olhos baixaram para os meus seios quando ele segurou-os e


começou a amassá-los suavemente antes de escovar meus mamilos com
os polegares. Eu ofeguei e seus olhos cintilaram em meu rosto. Suas
ministrações gentis rapidamente me deixaram relaxada e desesperada
por mais, então eu coloquei minhas mãos mais firmemente contra seu
peito e levantei meus quadris experimentalmente. Eu não sabia
exatamente como me mexer. — Você vai me mostrar? — Eu perguntei
depois de um momento, mordendo meu lábio, e levantando uma
sobrancelha em desafio, apesar do rubor aquecendo minhas bochechas.

Xavier se contorceu dentro de mim, sua mandíbula


apertando. Depois de um momento, o sorriso voltou. — Da próxima vez
que eu encontrar com Connor, lembre-me de agradecê-lo por sua bunda
peluda.

Eu gargalhei. — Você está pensando em Connor enquanto estamos


transando?

Ele riu. — Isso puxa as rédeas um pouco. — Suas mãos vieram até
a minha cintura, e ele começou a guiar meus quadris em uma rotação
lenta para cima e para baixo quando ele encontrou meus movimentos
com seus próprios impulsos suaves.

Logo estabelecemos um ritmo lento e sensual que fez meus dedos


se curvarem deliciosamente. Os olhos de Xavier percorreram a parte
superior do meu corpo e rosto enquanto ele amassava minha bunda, e
~ 248 ~
eu não me senti constrangida porque o brilho nos olhos de Xavier tinha
tanta adoração e apreciação que até os sussurros desagradáveis em
minha cabeça foram silenciados pela primeira vez.

Eu o deixei olhar para mim enquanto olhava para ele. Logo pude
sentir o puxão familiar, como um nó sendo solto da maneira mais lenta
possível até que estourou repentinamente, e gozei com um arrepio
violento.

— Porra. Sim, Evie, goza para mim, — Xavier rosnou quando ele
empurrou mais forte em mim, até que eu meio caí em cima dele. Ele
passou um braço em volta das minhas costas e nos levou para a posição
sentada, onde recuperamos o fôlego por um momento. — Que tal eu te
mostrar outra posição?

Eu sorri abertamente. — Você sabe que adoro aprender coisas


novas e é um bom professor.

Com o sorriso de lobo, ele nos virou, então pairou sobre mim, e eu
tive que admitir que gostei da visão de seus braços flexionados e rosto
lindo acima de mim. Xavier segurou uma das minhas pernas e quando
ele se inclinou para frente, posicionou meu tornozelo contra sua
omoplata.

— Eu não sabia que habilidades de yoga eram necessárias para o


sexo, — eu murmurei no ligeiro estiramento na minha perna.

Ele empurrou em mim de uma só vez, me preenchendo de forma


eficaz. Ele esperou um momento antes de começar mergulhar para
dentro de mim. Ele beijou minha bochecha. — Diga-me se eu estou indo
muito duro ou se dói, — ele murmurou, seus olhos encontrando os meus
para se certificar de que eu estava bem. Beijei sua boca, tão
perdidamente apaixonada pelo homem acima de mim, que parecia que
meu coração explodiria pelo volume das minhas emoções.

Seu impulso se tornou mais duro, mais profundo, mas eu seria


amaldiçoada se lhe pedisse para parar. A pontada foi logo substituída por
uma intensidade que puxou meu núcleo com insistência, de forma
convincente, e eu não queria nada além de ceder a ela. Como se ele
pudesse ver que eu precisava de um pequeno empurrão, Xavier alcançou
entre nós para tocar meu ponto doce, sua boca reivindicando a minha, e
eu relaxei debaixo dele.

Depois de algumas investidas duras, Xavier encontrou seu próprio


lançamento. Ainda a visão mais incrível que eu poderia imaginar.

~ 249 ~
Xavier soltou minha perna da posição desajeitada e se abaixou em
cima de mim. Nós nos beijamos suavemente por um tempo, com ele ainda
dentro de mim. Então ele alcançou entre nós para tirar o preservativo
antes que lembrasse e risse. — Vai levar algum tempo para me
acostumar. — Ele saiu de mim e passou os braços a minha volta.

Eu aproveitei seu calor, mas, eventualmente, um gotejamento me


fez mudar minhas pernas e meu estômago soltou um grunhido de
raiva. Xavier beijou minha testa com uma risada. — Por que você não se
limpa e eu vou preparar o café da manhã?

Ele balançou as pernas para fora da cama e ficou de pé, depois


caminhou descaradamente nu para as escadas. Eu tive que abafar uma
risada aliviada. Eu rapidamente tomei banho antes de voltar para a cama
e encostei-me à cabeceira, os cobertores puxados até a minha cintura.

Alguns minutos depois, Xavier voltou com uma bandeja com duas
canecas fumegantes de cappuccino e as tigelas de vitaminas com as quais
me acostumei ao longo do tempo. — Tenho a sensação de que estou
fazendo algo errado, — ele murmurou enquanto colocava a bandeja na
mesinha de cabeceira. — Eu estou pagando você, mas sou o único
servindo café da manhã e um bonitão gostoso.

Eu bufei. — Bonitão gostoso?

O canto da boca dele se inclinou quando ele me entregou uma


xícara. — Você está dizendo que eu não sou um bonitão gostoso?

— Pescando elogios? — Eu disse, segurando minha caneca e


sorrindo. Ele era tudo de bom, nenhum argumento, e era só meu.

Ele se sentou contra a cabeceira ao meu lado com sua própria


caneca. — Não é para isso que servem as namoradas?

Eu tomei um gole. — Eu acho que no seu caso isso não é


necessário. Você tem um ego grande o suficiente como é, — eu provoquei.

Xavier tomou um gole profundo e pousou a caneca na mesa de


cabeceira, um sorriso contorcendo seu rosto. — Você tem exatamente
cinco segundos antes de eu mostrar que meu ego não é a única coisa
grande.

— Cinco.

Eu bebi o cappuccino, em seguida, lambi espuma dos meus lábios.

— Quatro.

~ 250 ~
— Estou com fome, — eu disse.

— Três.

— Xavier, — eu avisei.

— Dois.

Eu rapidamente larguei o cappuccino porque tinha a sensação de


que Xavier não se importaria se derramasse café por toda a cama, mas
eu não queria que a pobre Nancy encontrasse esse tipo de confusão.

— Um. — Xavier me agarrou pela cintura e me ergueu contra ele.

Trinta minutos depois, terminei meu café gelado e comi minha


tigela de vitamina, tentando ignorar o sorriso presunçoso de Xavier e
abafar o meu.

~ 251 ~
Evie

Cerca de dois meses depois que Xavier tornou nosso


relacionamento público, as coisas finalmente começaram a se
acalmar. Papai pediu a Marianne para morar com ele, então não me senti
mal em dizer que provavelmente não voltaria aos Estados Unidos depois
de um ano. Eles já estavam planejando férias na Austrália durante o
Natal. E a família de Xavier? Eles me aceitaram em sua família sem
reservas.

Até a imprensa parecia sentir que não iríamos fornecer fofocas a


qualquer momento e voltaram sua atenção para outras vítimas. Eu sabia
que eles eventualmente encontrariam algo sobre nós, que poderiam
distorcer em sua própria versão da verdade, mas não deixei isso me afetar
mais. Eu tinha adotado o modo de pensar de Xavier. Por que eu deveria
me importar com as pessoas para quem não dava a mínima sobre o que
pensavam de mim?

Nem o ciúme era o grande problema que eu achava que seria em


nosso relacionamento. Xavier viajava com sua equipe para partidas fora
sozinho, porque havia uma restrição a mulheres em vigor, mas isso não
me incomodava. Apesar de seu passado, Xavier era leal. Ele não iria me
trair. Além disso, ele e Connor sempre dividiam um quarto, e eu sabia
que ele seria o primeiro a delatar Xavier se ele pisasse fora da linha.

Sorri ao lembrar quando Xavier e eu passeamos pela praia de mãos


dadas em um dos dias de folga de Xavier. Era outono na Austrália agora,
e coloquei um dos grossos suéteres de Xavier que me fizeram sentir
protegida e pequena.

— Por que você está sorrindo assim? Tem uma sensação sinistra,
— disse Xavier, tirando-me do meu devaneio.

Eu lancei outro sorriso secreto para ele. — Oh nada. Apenas


pensando em como sua família e Connor chutariam sua bunda se você
estragasse tudo comigo.

Xavier gemeu. — Eles me matariam. Eles te amam mais do que


eu. Você envolveu-os em torno de seus dedos habilidosos.

~ 252 ~
Eu inclinei minha cabeça para cima e deixei meus dedos deslizarem
sob sua camisa para acariciar seu peito enquanto ele andava para trás e
eu o perseguia.

Xavier cobriu minha mão sob o tecido. — Eu quero que você more
comigo, — disse ele.

— O quê? — Eu quase tropecei em meus próprios pés enquanto


olhava boquiaberta para ele em choque total. Para um homem que não
namorava, ele mudou mais rápido do que eu esperava.

— Você me ouviu, — disse ele, me fazendo parar.

— Não é cedo demais?

— Evie, você passou tanto tempo no meu apartamento nestes


últimos meses. Eu nunca passei tanto tempo com ninguém, e isso parece
certo. Com você eu não sinto que preciso ser ninguém além de mim.

— Eu suponho que Fiona ficará feliz em vê-lo menos quando eu for


embora, — eu provoquei.

— Esse é um sentimento que compartilho, confie em mim, — disse


ele.

— Vocês dois terão que se dar bem eventualmente. Por mim.

Xavier me puxou contra ele. — Não se preocupe. Nós temos uma


coisa importante em comum. Nós te adoramos.

Eu dei um tapinha no peito dele com um sorriso. — Devo dizer que


entendo por que você gosta de toda a atenção. Eu também gosto da sua
bajulação.

Xavier riu. — Você merece por me aturar.

— Claro que eu te aturo. Você é o yin para o meu yang, o Ernie


para o meu Bert, o biscoito para o meu leite, — eu sussurrei.

Xavier sorriu. — O Batman para o seu Robin, o Bonnie para o seu


Clyde?

— A manteiga de amendoim para minha geleia.

Xavier fez uma careta. — Combinação nojenta. Vocês americanos


têm um gosto estranho.

~ 253 ~
— O bacon para os meus ovos, — eu admiti. — O Han Solo para o
meu Chewbacca.

— Melhor, — Xavier murmurou contra a minha boca. — A Laurel


para o seu Hardy?

— O Mulder para minha Scully, — eu disse entre beijos.

— O Sheldon Cooper para a sua Amy Farrah Fowler?

— O Beavis para o meu Butthead, — eu disse. — Nós dois sabemos


que você é o Butthead, é claro.

Xavier soltou aquela risada sexy e profunda. — Oh Evie, eu não


posso competir com isso. — Ele aumentou o aperto em minha cintura e
olhou para mim com adoração, e eu não me importei com quem nos viu
e o que eles pensavam sobre nós, porque nós tínhamos um ao outro e
isso era tudo o que importava.

— Eu te amo, Butthead, — eu disse com um sorriso.

— E eu te amo, Beavis, — disse Xavier com aquele sorriso de lobo


antes de me puxar para outro beijo.

Fim!!!

~ 254 ~

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