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Abstrato
Pacientes transplantados renais utilizam diversos medicamentos, o que aumenta o risco de desenvolver problemas relacionados aos medicamentos.
Trata-se de um estudo pré-pós-intervenção, realizado em um ambulatório de transplante em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, com
pacientes pós-transplante em uso de tacrolimus. As consultas de farmácia foram realizadas em consultórios individuais e o estado inicial e
final foi medido entre a primeira e a última consulta. A satisfação com o atendimento farmacêutico também foi avaliada. Foram identificados
39 problemas relacionados a medicamentos, 64,3% dos pacientes apresentaram pelo menos um, dos quais 79,5% foram resolvidos
(p<0,001). Os mais frequentes foram “uso de medicamentos desnecessários” (26,5%), sendo o omeprazol o medicamento mais prescrito
para esta situação. Pacientes polimedicados apresentaram mais problemas relacionados a medicamentos (p = 0,001). Foram realizadas 49
intervenções, 51,02% foram aceitas. As intervenções mais aceitas foram recomendações de orientações quanto ao tempo de administração
e redução de reações adversas aos medicamentos (100%) e suspensão do tratamento (92,3%). Ao final, a proporção de pacientes com
quadro clínico estável aumentou de 35,7% para 83,3% (p<0,001). Os pacientes referiram o serviço farmacêutico como muito bom, relatando
o desejo de sua continuidade. O gerenciamento abrangente da medicação impactou positivamente a situação clínica do paciente, mostrou-
se eficaz na resolução de problemas relacionados aos medicamentos e foi muito bem avaliado pelos pacientes.
Resumo
Pacientes transplantados renais utilizam diversos medicamentos, o que aumenta o risco de desenvolver problemas relacionados a
medicamentos. Trata-se de um estudo pré-pós-intervenção, realizado em um ambulatório de transplantes em Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil, como pacientes no pós-transplante e em uso de tacrolimo. As consultas farmacêuticas foram realizadas em consultórios individuais,
sendo que os estados inicial e final foram medidos entre a primeira e a última consulta. A satisfação com o serviço farmacêutico também foi
avaliada. Foram identificados 39 problemas relacionados a medicamentos, 64,3% dos pacientes apresentados pelo menos um, dos quais
79,5% foram resolvidos (p <0,001). As mais frequentes foram “uso de medicamentos necessários” (26,5%), sendo o omeprazol o
medicamento mais prescrito para essa situação. Os pacientes polimedicados apresentaram mais problemas relacionados ao medicamento
(p = 0,001). Foram realizadas 49 disciplinas, 51,02% foram aceitas. Como
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As disciplinas mais aceitas foram recomendações de orientações quanto ao tempo de administração e redução de ocorrência adversa
medicamentosa (100%) e suspensão do tratamento (92,3%). Ao final, a proporção de pacientes com quadro clínico estável a condição
aumentou de 35,7% para 83,3% (p<0,001). Os pacientes avaliaram o atendimento
farmacêutico como muito bom, relatando o desejo de sua continuidade. O gerenciamento da terapia medicamentosa
impactou positivamente a situação clínica do paciente, demonstrada ser eficaz na resolução de problemas relacionados a medicamentos e foi
muito bem avaliada pelos pacientes. Recomenda-se que a polimedicação seja prioritária para a implantação do gerenciamento da terapia
medicamentosa.
Palavras-chave: Transplante renal; Serviços farmacêuticos; Gerenciamento da terapia medicamentosa; Satisfação do paciente, Problemas
relacionados ao uso de medicamentos.
Resumo
Os pacientes com transplante de rim usam vários medicamentos, o que aumenta o risco de desenvolvimento de problemas relacionados aos
medicamentos. Trata-se de um estudo pré-pós-intervenção, realizado em um ambulatório de transplantes em Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil, com pacientes pós-transplante que utilizam tacrolimus. As consultas farmacêuticas são realizadas em consultórios individuais e midió
o estado inicial e final entre a primeira e a última consulta. Também foi avaliada a satisfação com o serviço farmacêutico. Foram identificados
39 problemas relacionados ao medicamento, 64,3% dos pacientes presentes pelo menos um, dos quais 79,5% foram resolvidos (p <0,001).
Os mais frequentes foram o “uso de medicamentos desnecessários” (26,5%), sendo o omeprazol o medicamento mais prescrito para esta
situação. Os pacientes polimedicados tiveram mais problemas relacionados com os medicamentos (p = 0,001). Se realizaram 49 intervenções,
aceitaram 51,02%. As intervenções mais aceitas foram as recomendações de guias no que diz respeito ao tempo de administração e redução
de reações adversas a medicamentos (100%) e suspensão do tratamento (92,3%). A proporção de pacientes com estado clínico estável
passou de 35,7% para 83,3% (p <0,001). Os pacientes qualificaram o serviço farmacêutico como muito bom, informando o desejo de sua
continuidade. O manejo da terapia com medicamentos teve um impacto positivo na situação clínica do paciente, demonstrou ser eficaz para
resolver os problemas relacionados aos medicamentos e foi muito bem avaliado pelo grupo. Recomenda-se que a polimedicação seja um
critério prioritário para este serviço.
Palavras-chave: Transplante de riñón; Serviços farmacêuticos; Satisfação do paciente; Problemas relacionados com os medicamentos.
1. Introdução
O transplante renal é uma modalidade de tratamento disponível para pacientes em estágio final da doença renal crônica (DRC)
(Brasil, 2021; Prates et al., 2016) e está associado a maiores taxas de sobrevivência, melhor qualidade de vida e menores custos em comparação
à hemodiálise (Berns, 2020; Molnar-Varga et al., 2011; Schunelle et al., 1998). Entretanto, esse paciente convive com o
possibilidade de rejeição do enxerto, necessidade de mudanças no estilo de vida e uso contínuo de medicamentos para manter
imunossupressão (Naik, 2020; Prates et al., 2016; Brito et al., 2016). Além dos imunossupressores, o paciente faz uso
vários outros medicamentos para tratar doenças concomitantes, o que aumenta o risco de desenvolver problemas relacionados a medicamentos (PRM),
impactando negativamente a sobrevida do enxerto e do paciente (Chisholm-Burns et al., 2016; Lee et al., 2016).
Idealmente, a farmacoterapia para problemas clínicos deveria ser a mais indicada, eficaz, segura e conveniente para o
Individual. Esses pilares sustentam o gerenciamento integral de medicamentos (GMC) “definido como o padrão de atendimento que
garante que os medicamentos de cada paciente (sejam eles prescritos, não prescritos, alternativos, tradicionais, vitaminas ou
suplementos nutricionais) são avaliados individualmente para determinar se cada medicamento é apropriado para o paciente, eficaz para
a condição médica, seguro dadas as comorbidades e outros medicamentos em uso, e capaz de ser tomado pelo paciente conforme
pretendido". Neste processo, os farmacêuticos clínicos trabalham em colaboração com outros profissionais para otimizar os resultados dos pacientes em
quatro etapas: avaliação do paciente, avaliação da terapia medicamentosa, desenvolvimento e início do plano e acompanhamento e
Os impactos clínicos e humanísticos do CMM aplicado neste estudo referem-se à melhoria nas condições laboratoriais e
parâmetros sintomáticos relacionados ao uso de medicamentos prescritos e não prescritos e a experiência subjetiva do paciente para
intervenções farmacêuticas e serviços prestados (ACCP, 2021; Joost et al., 2014; Cipolle, Strand e Morley, 2012).
Estudos com pacientes transplantados renais têm demonstrado a importância do farmacêutico na equipe multidisciplinar,
atuando principalmente em problemas de adesão, revisão farmacoterapêutica e orientações pós-alta hospitalar (Manyama, Tshitake e
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Moloto, ,2020; Leite et al.,2018; Joost et al., 2014; Lee e outros, 2016; Lima et al., 2016). Contudo, a participação do farmacêutico
A satisfação pode ser utilizada como indicador de eficácia de um serviço. A pesquisa de satisfação envolve a avaliação subjetiva do usuário
percepção sobre o cuidado recebido e identifica os aspectos que necessitam de maior atenção, buscando opções para adequar o cuidado às suas
precisa. A existência de medidas para identificar os aspectos que afetam a satisfação torna-se cada vez mais importante, ajudando a
uso de outros medicamentos que possam alterar a terapia medicamentosa, além das vantagens do acompanhamento farmacêutico para prevenir PRM em
doenças crônicas. Analisando os poucos estudos sobre acompanhamento ambulatorial desses pacientes por farmacêuticos no Brasil, espera-se que
os resultados desses estudos poderão incentivar a atuação clínica e prática desse profissional para otimizar a
Portanto, esta proposta é avaliar as necessidades farmacoterapêuticas do indivíduo, de forma holística, e fazer com que o farmacêutico
2. Metodologia
Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e do hospital
(CAAE número 56059216.8.0000.5149), em julho de 2016. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Trata-se de um estudo pré-pós-intervenção realizado de novembro de 2016 a agosto de 2018 no ambulatório de transplante
clínica de um hospital de grande porte em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. O estudo incluiu pacientes com tempo pós-transplante de
18 dias a 18 meses em uso de tacrolimus, que foram escolhidos de acordo com cronograma enviado pela equipe ambulatorial que
forneceram informações sobre o momento do transplante desses pacientes. Foram medidos problemas relacionados a medicamentos (PRM) no mesmo
paciente antes e depois da intervenção farmacêutica. Os farmacêuticos abordaram esses pacientes e verificaram se eles usavam
tacrolimus como terapia imunossupressora. Esta pesquisa faz parte do projeto “Integração da farmacogenética do tacrolimus na
manejo da terapia medicamentosa (MTM) em transplantados renais” (de Oliveira et al., 2021). Pacientes que foram submetidos
foram excluídos transplantes em outros órgãos, receptores de transplante renal de novo e aqueles com doença hepática avançada.
Os principais desfechos referem-se a alterações no quadro clínico segundo Cipolle, Strand e Morley (2012). O primeiro
as consultas foram em estado inicial, considerando todos os quadros clínicos e medicamentosos analisados. E o status final foi medido no
Foi utilizado o método Pharmacotherapy Work-up (PW) do CMM (Cipolle, Strand e Morley, 2012; Oliveira, 2011).
A data dos agendamentos foi registrada em formulário específico. Os atendimentos foram feitos individualmente, em sala privativa, no
os mesmos dias das consultas médicas desses pacientes no ambulatório; cada paciente teve pelo menos três consultas com
o farmacêutico. Após essas marcações, os investigadores estabeleceram as prioridades de intervenção de acordo com a identificação
de PRM, que poderia ocorrer entre a primeira e a última consulta de acompanhamento. Os PRM foram classificados de acordo com
Cipolle, Strand e Morley, 2012 (Cipolle, Strand e Morley, 2012; Oliveira, 2011). Dados referentes a exames laboratoriais e
os procedimentos clínicos foram coletados do prontuário do paciente. As intervenções visaram a resolução dos PRM, o alcance terapêutico
resultados da terapia imunossupressora e medicamentosa para outras doenças e prevenção de problemas clínicos futuros.
O estado clínico do paciente foi analisado entre a primeira e a última consulta, sendo classificado em: inicial, resolvido, estável,
melhora parcial, melhora, sem melhora e piora, de acordo com os parâmetros clínicos de sua saúde
problemas (Cipolle, Strand e Morley, 2012). A polimedicação foi classificada em não polimedicada, polimedicada menor e
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Após a última consulta, a satisfação do paciente com o CMM foi avaliada através da aplicação do Farmacêutico
Questionário de Satisfação com Serviços (PSSQ) desenvolvido para Larson et al (2002), traduzido e validado para o Brasil
Português para Correr et al. (2009) (Correr et al., 2009; Larson et al., 1996). Outros pesquisadores que não participaram
acompanhamento farmacoterapêutico prévio aplicou o questionário. A pontuação do PSSQ foi calculada usando o Likert de cinco pontos
escala conforme instrumento original: 1 = ruim, 2 = regular, 3 = bom, 4 = muito bom e 5 = excelente. Para todo o
instrumento, ou para cada domínio, a pontuação é calculada pela soma das respostas do usuário dividida pelo número de
perguntas correspondentes.
Os dados foram analisados no software SPSS versão 24. A análise descritiva das variáveis foi feita por frequência e
percentual de variáveis qualitativas e média ± desvio padrão para variáveis quantitativas. A análise comparativa do estado clínico pré-pós-intervenção
e da associação entre polifarmácia e PRM foi realizada por meio do Teste X2 de Pearson . O
a comparação entre as médias do PRM pré-pós-intervenção foi analisada pelo teste t pareado de Student. As análises univariadas foram
realizada por meio do teste ou teste exato de Fisher quando o valor esperado de uma ou mais células era cinco ou menos. Somente polifarmácia
apresentou p<0,15 nas análises univariadas, portanto não foi possível realizar um modelo multivariado. O intervalo de confiança foi de 95%
3. Resultados
Dos 44 pacientes convidados no dia das consultas médicas periódicas realizadas no ambulatório, 42
aceitaram participar do estudo, dos quais 57,1% eram homens. Quanto à idade, 28,6% dos transplantados com
80,9% dos doadores falecidos tinham entre 51 e 60 anos e 38% tinham entre 181 e 360 dias.
A média de idade foi de 44,9 (± 13,3) anos. Observou-se que as mulheres eram mais jovens (39,8±13,1 anos) que os homens
(47,3±13,9). Quanto à raça autodeclarada, predominou a parda, correspondendo a 40,5%. Os dados demográficos são
descrito na Tabela 1.
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Variável n (%)
Sexo
Fêmea uma 18 42,9
Malebe 24 57,1
Idoso
20 a 30 anos 31 09 21.4
a 40 anos 41 a 11 26,2
50 anos 51 a 60 04 9,5
anos >60 anos 12 28,6
06 14,3
Tempo de transplantec
18 a 90 dias 90 8 19
Foram realizadas em média 3,1 ± 1,1 consultas por paciente, sendo o tempo médio de seguimento de 8 ± (4,1) meses.
Esse número variou de acordo com o quadro clínico dos pacientes, pois alguns médicos recomendavam o retorno em períodos
mais de um mês. Consultas após avaliação inicial de seis pacientes foram canceladas em situações em que não houve
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Todos os pacientes relataram ter histórico familiar de doença renal, e a maioria o diagnóstico foi há cerca de 10 anos
Observou-se que 54,8% dos pacientes apresentavam até duas doenças concomitantes, além do transplante, dentre elas
hipertensão (47,6%), distúrbios gástricos (11,9%), diabetes (7,1%), hipercolesterolemia (7,1%) e epilepsia (2,4%).
A hipertensão foi a principal causa conhecida de DRC que levou 40,5% dos pacientes deste estudo ao transplante renal. Outro
A maioria dos pacientes (97,6%) utilizou três medicamentos para transplante e o número médio de medicamentos para tratar
outros problemas de saúde foi de 3,7 ± 2,1. Dessa forma, 16,7% dos pacientes foram considerados polimedicados menores e 83,3% maiores.
polimedicados, com média de 6,6 ± 2,1 medicamentos. Segundo Bjerrum et al (1999), o uso de cinco ou mais medicamentos
aumenta simultaneamente o risco de reações adversas, erros de medicação e aumento do risco de hospitalização (Bjerrum L et al.,
1999).
Foram identificados 39 PRM, dos quais 69,2% (27) dos pacientes apresentaram pelo menos um e 79,5% (31) foram resolvidos
(p<0,001). Pacientes que tiveram pelo menos dois PRM, tomaram mais de cinco medicamentos (grandes polimedicados), portanto, polimedicação
Foram realizadas 49 intervenções, das quais 53% (26) foram aceitas. As principais doenças envolvidas no
as intervenções foram hipertensão (36,7%), distúrbio gástrico (24,5%) e transplante (8%). O mais frequente aceito
intervenções foram recomendações para orientação sobre horário de administração e para amenizar reações adversas aos medicamentos (100%),
recomendação de suspensão do tratamento (92,3%), recomendação de adesão ao tratamento farmacológico (43,7%). mesa 2
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Tabela 2. Relação dos problemas de saúde com medicamentos envolvidos, PRM e intervenções.
Intervenção (n=49)
Medicamento Tipo DRP
Problema de saúde
(frequência)
Tipo Total
Indicação Não / % Aceitaram
(%)
Eficácia
Segurança
Reavaliar com o
Hipertensão OAH 5 (2) prescritor/alterações de dosagem 0 4,0
Reavaliar com o
Hiperglicemia Insulina 6(1)
prescritor/alterações de dosagem 10.2
1 (20%)
Hipertensão
OAH 6(3)
Hipertensão
OAH 7(7)
Total 39
bOAH: Anti-hipertensivo oral; RAMc: reação adversa a medicamento; d Ácido Acetil Salicílico eProblema de saúde não tratado. Fonte: Autores (2022)
Apenas um dos oito pacientes com 18 dias a 3 meses de transplante apresentou PRM e o problema foi resolvido. Houve
Resolução de 100% do PRM em pacientes com até 6 meses de transplante (p<0,0001). Os 16 pacientes transplantados
o tempo entre 6 e 12 meses juntos teve 25 PRM no início do CMM e ao final foram resolvidos 19 PRM (p =
0,001). Pode-se inferir, portanto, que quanto maior o tempo de transplante, maior o número de DRP e o CMM podem resolver
eles.
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Quinze pacientes mantiveram a situação clínica estável, dos 26 indivíduos com quadro clínico inicial “piora”
de acordo com a doença, 21 (80,8%) melhoraram o quadro (p<0,001). A proporção de pacientes com quadro clínico estável
Dos 42 pacientes com CMM, 30 responderam ao PSSQ. A média geral foi de 4,32±0,71 e o serviço CMM foi
considerado “muito bom”. Os pacientes com mais consultas ficaram mais satisfeitos (p<0,001). A resposta "excelente" foi mais
QUESTÕES Média ± DP
Q1. A capacidade do farmacêutico de alertá-lo sobre problemas que você possa ter com seus medicamentos? 4,2±0,7
Q5. O compromisso do farmacêutico em resolver os problemas que você tem com seus medicamentos? 4,4±0,7
Q10. O compromisso do farmacêutico em garantir que seus medicamentos tenham o efeito esperado? 4,2±0,6
Q11. A explicação do farmacêutico sobre os possíveis efeitos adversos dos medicamentos? 4,3±0,6
Q12. O tempo que o farmacêutico oferece para passar com você? 4,4±0,8
A proporção de pacientes transplantados renais que tiveram pelo menos um PRM (69,2%) foi menor que Welch et al (2009).
Mendonça et al (2016) e Detoni et al (2017) encontraram dados semelhantes em estudos (Detoni et al., 2017; Mendonça et al., 2016).
pacientes major polimedicados devem ser incluídos preferencialmente no serviço de CMM, para evitar o aparecimento de PRM.
Esses achados reforçam a necessidade de monitoramento constante desses pacientes pela potencial incidência de PRM. O
número de doenças concomitantes, idade, diagnóstico de hipertensão, diabetes, dislipidemia não apresentaram
relação significativa com o número de PRM totais encontrados. No entanto, o tempo do transplante sim. Pode estar relacionado com o paciente
monitoramento, pois até os primeiros 3 meses após o procedimento as consultas médicas devem ser semanais para dosagem
ajuste de imunossupressores através da concentração sanguínea, conforme preconizado pelo protocolo brasileiro para
Os PRM mais frequentes foram “uso desnecessário de medicamentos” (26,5%). Omeprazol foi o medicamento mais frequentemente associado
distúrbios com inibidores da bomba de prótons, principalmente omeprazol, são comuns. Porém, o medicamento acaba sendo usado
cronicamente, sem reavaliação quanto à necessidade de continuidade ou não da terapia. De acordo com a literatura, existem
relatos de riscos associados ao uso crônico de inibidores da bomba de prótons (Farrel et al., 2019; 2017; Ho et al., 2017; Elaine et al., 2019; 2017; Ho et al., 2017; Elaine et al.,
al., 2011). Farrel et al (2019; 2017) tem trabalhado nas diretrizes de prescrição de medicamentos como antipsicóticos,
benzodiazepínicos e inibidores da bomba de prótons, visando apoiar os profissionais de saúde envolvidos no cuidado, identificando e com segurança
O segundo PRM mais frequente foi a não adesão (22,4%). Em outros estudos, encontramos uma grande variação de 36 a 55%
(Gokoel et al., 2020; Chisholm-Burns et al, 2016; Joost et al, 2014). Foi percebido pelos farmacêuticos durante a consulta que
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os pacientes valorizaram mais o uso de imunossupressores e acreditaram que teriam maior benefício na adesão a este
terapia do que ao adjuvante. Segundo Loghman-Adham (2003), a percepção do paciente sobre o benefício do tratamento está entre os
fatores associados à baixa adesão. Assim, os pacientes acreditam que os medicamentos imunossupressores são os mais benéficos para a sua saúde.
saúde, investindo mais no uso desses medicamentos para tratar as doenças concomitantes (Loghman-Adham, 2003). Além disso, o
a etiologia da não adesão é multifatorial, com os fatores de risco mais fortes incluindo a não adesão no passado e ser adolescente
ou adulto jovem (Gokoel et al, 2020). Os PRM relacionados à não adesão estavam ligados ao uso de medicamentos concomitantes e não ao
imunossupressores.
Outro fator indiretamente relacionado à maior adesão aos imunossupressores deve-se à facilidade de agendamento da
retorno às consultas médicas, situação não vivenciada para outras doenças crônicas. Isso ocorre porque o acompanhamento da doença renal
pacientes transplantados faz parte da prestação de serviços clínicos de alta complexidade, que possui a organização mais delineada
orientações e é pouco afetada pela falta de profissionais. Portanto, em serviços ambulatoriais de baixa complexidade, como no
caso de doenças crônicas prevalentes (hipertensão, diabetes etc.), relatam usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)
interrupção no atendimento, falta de profissionais clínicos e outros problemas, o que dificulta o acesso e acompanhamento de
tratamento. Esses achados corroboram com os achados de Santana (2013) sobre a percepção do SUS pelos diferentes atores do
contexto legislativo e assistencial. Assim, o acompanhamento irregular de doenças concomitantes pode diminuir a adesão medicamentosa (Santana,
2013).
Foram resolvidos trinta e um DRP, demonstrando que o CMM é uma estratégia eficaz para a resolução de DRP. Em um
estudo de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), no qual foi utilizado o método PW, o acompanhamento dos pacientes foi
feito de forma semelhante a este estudo (sem a colaboração dos farmacêuticos locais), 53,1% dos PRM foram resolvidos. Em contraste,
Lee et al (2016) ao realizar CMM em Serviço de Farmácia Clínica em Ambulatório de Transplantes alcançou 100%
resolução do DRP. Ressalta-se que neste estudo o fato de ter um farmacêutico na equipe multidisciplinar pode
contribuíram para a alta taxa de resolução do DRP. No presente estudo, assim como em Detoni et al (2017), os farmacêuticos que
desde que o serviço do CMM fosse externo à instituição do estudo, isso poderia ser uma limitação. No entanto, o número de
intervenções aceitas (51,02%), próximo ao encontrado por Detoni et al (2017) (55,2%), foi considerável e mostra que embora
o atendimento do CMM foi realizado por farmacêuticos externos à equipe multidisciplinar do ambulatório de transplantes,
As intervenções farmacêuticas mais aceitas foram aquelas que dependiam apenas de orientação sobre o uso correto de
medicação. A modificação do esquema de administração do ácido acetilsalicílico é importante para garantir sua eficácia, pois o uso
do tacrolimus foram bem aceitos. Quanto à orientação para suspensão do tratamento com omeprazol, fica claro que o
maioria dos pacientes suspendeu após a consulta farmacêutica, pois relataram que não faziam mais uso frequente. O
restante dos pacientes que não aceitaram esta intervenção, encaminharam esta informação ao prescritor, que optou por continuar a
A estratificação dos desfechos e a intervenção precoce foram relatadas em poucos estudos que acompanharam e identificaram o PRM em
pacientes transplantados renais demonstrando um campo a ser explorado pelos profissionais de saúde, especialmente farmacêuticos. Além de um
valor expressivo do PRM resolvido, o serviço do CMM conseguiu melhorar o quadro clínico dos pacientes, o que mostra que o PRM
resolução reflete diretamente na melhora do estado de saúde do paciente transplantado renal. Estudos em outras especialidades têm
conseguiu demonstrar que o CMM pode melhorar a situação clínica do paciente. Entretanto, em pacientes transplantados renais não
ter esses dados para comparação, reforçando a importância deste estudo (El Raichani et al.,2019; Lee et al.,2016).
O elevado número de respostas “excelentes” aos itens 5 e 7 demonstra envolvimento e confiança nas orientações dadas pelos
o farmacêutico. Segundo Bonadiman et al (2018), os estudos sobre a satisfação dos usuários dos serviços farmacêuticos apontam
que a relação farmacêutico-paciente existente e o ambiente são elementos importantes que podem desempenhar um papel fundamental na
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apropriado; os atendimentos foram realizados nos consultórios, com total privacidade, o que gerou o maior número de
respostas “excelentes” ao item 9. Merece atenção o fato dos pacientes atendidos permanecerem por muito tempo no ambulatório
clínica aguardando consulta médica, com isso, os farmacêuticos aproveitaram esse momento de espera para realizar as consultas,
utilizando o tempo necessário para ouvir o relato do paciente com tranquilidade, o que pode ter refletido na maior frequência de
Este trabalho corrobora outros estudos que demonstraram que a satisfação com os serviços de saúde oferecidos está ligada à
diferentes dimensões que abrangem não só a qualidade técnica, mas a atenção recebida e a qualidade interpessoal dos
cuidados (Bonadiman et al.,2018; Arruda et al.,2017; Batbaatar et al., 2017, Foppa et al., 2014). A maioria dos pacientes que
esse serviço na assistência à saúde, bem como a construção da relação entre paciente e profissional. A ligação entre o paciente
e profissional é um dos pilares para o estabelecimento de uma relação de confiança, onde, através de uma escuta ativa,
identifica necessidades de saúde e, desta forma, contribui para a eficácia das intervenções farmacêuticas (Foppa et al., 2014)
É importante destacar um ponto trazido pelos pacientes e que refletiu na satisfação, refere-se à contribuição na
o manejo da farmacoterapia. Alguns pacientes relataram que as consultas com o farmacêutico eram importantes para
elucidação de dúvidas e entendimento sobre os medicamentos utilizados no tratamento. Segundo Modes e Gaíva (2013), há
maior satisfação por parte dos usuários dos serviços de saúde quando lhes é oferecido espaço para sanar dúvidas (Modes e Gaíva,
2013).
Esse resultado pode ser explicado pela assistência farmacêutica, referencial teórico utilizado pelo farmacêutico no CMM
consultas, que são centradas no paciente, focam na relação do paciente com a medicação, abordando o indivíduo de forma
de forma integral, na busca pela compreensão de questões sociais e familiares que possam estar contribuindo ou dificultando a
Ressalta-se que o CMM foi muito bem recebido pelos pacientes, o que reforça a importância do
continuidade desse serviço que, portanto, necessita de farmacêutico na equipe ambulatorial deste hospital. Soeiro et al. (2017)
descreve associação entre continuidade do cuidado e satisfação do paciente (Brasil,2021; Soeiro et al.,2017).
Não houve evidência de avaliação prévia de um paciente sobre o que eles acreditavam ser o medicamento clínico farmacêutico
serviço oferecido e quais competências foram importantes para a aplicação do mesmo. Correr et al (2009) afirma que esta ausência de
avaliação prévia pode levar o paciente a ter baixas expectativas em relação ao serviço e pode contribuir para o aumento da
Devido às poucas publicações que avaliam as intervenções farmacêuticas em pacientes transplantados renais no Brasil, é
sugeriram que este trabalho se configurou como uma etapa importante dessa atuação profissional em indivíduos com doença crônica
doenças (Gnatta et a.,2019). Experiências bem-sucedidas de atuação do farmacêutico clínico foram relatadas no acompanhamento
de pacientes diabéticos (Moura et al.,2013) e hipertensos com hipercolesterolemia (Planas et al., 2009) Além disso,
as principais entidades clínicas farmacêuticas recomendam a atuação deste profissional no serviço ambulatorial devido à
benefícios clínicos já consolidados, também em relação à redução de custos (Mourao et al.,2013; Planas et al.,2009)
A pesquisa de satisfação retrata resultados que refletem as condições dos serviços oferecidos, ao longo de um período, e
demonstrar a qualidade e também a necessidade de melhoria contínua destes. As sugestões dos usuários são frequentemente aplicadas na prática
e ajudar na melhoria contínua do serviço. Pela relevância e necessidade de melhoria dos serviços de farmácia clínica,
são necessários mais estudos sobre a satisfação dos usuários em um serviço CMM, tanto para avaliar a qualidade do serviço prestado quanto para
orientar melhorias no manejo da farmacoterapia dos pacientes, e neste ambulatório específico reforça a
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As principais limitações do trabalho referem-se à disponibilidade de consultórios para atendimento aos pacientes, devido à rotina agitada do
clínica. Outro ponto limitante é que a pesquisa foi realizada por farmacêuticos que não faziam parte da equipe multidisciplinar
equipe da clínica de transplante, o que impacta na captação do paciente e diversas questões logísticas.
5. Conclusão
O presente estudo demonstrou que o CMM pode detectar PRM e atingir objetivos terapêuticos, dentro de uma abordagem holística
e melhorar a situação clínica do paciente através de intervenções individualizadas, bem como determinar quais indivíduos irão
A satisfação do utilizador com o serviço prestado é um indicador de qualidade válido que contribuirá para a sua
melhoria. Recomenda-se que a polimedicação seja critério prioritário para MMC. Finalmente, a complexidade
farmacoterapia e o número de problemas relacionados a medicamentos encontrados demonstram a necessidade da medicação abrangente
Este trabalho reforça a atuação do farmacêutico clínico diante das adversidades no tratamento ambulatorial de
pacientes transplantados renais, melhorando consideravelmente seu estado de saúde. Vários estudos demonstraram impacto clínico positivo
de CMM entre pacientes pertencentes a diversas condições clínicas (Rodis et al., 2017; Nascimento, 2009; Planas, 2009) e também
entre pacientes transplantados renais (Gnata et al., 2019; Pinheiro et al., 2019; Falcão et al, 2016). No entanto, no Brasil, encontramos
poucos estudos utilizando o CMM como método clínico de acompanhamento farmacêutico nesta população, o que reforça a necessidade de
aprofundar pesquisas sobre essa prática para fortalecer a Assistência Farmacêutica nesse segmento.
Acredita-se que seria interessante a CMM por pelo menos 12 meses para identificar e prevenir PRM além de
incluir definitivamente na equipe outros profissionais de saúde que contribuam para a melhoria da qualidade de vida desses
pacientes.
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