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IFPE – CAMPUS BELO JARDIM

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SOFTWARE

DAVID LUCAS ALVES DE ALMEIDA

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL:

Interferência e substituição na força de trabalho humana

Belo Jardim – PE
2023
David Lucas Alves de Almeida

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL:
Inteligência e substituição na força de trabalho humana

Artigo apresentado como requisito para


obtenção de nota da primeira unidade da
cadeira de Metodologia Científica, pelo
programa de Graduação em Engenharia
de Software do Instituto Federal de
Pernambuco – IFPE.

Orientador(a): Prof(a) Dr(a). Alyson Celson Medeiros de Oliveira

Belo Jardim – PE
2023
Inteligência Artificial: Interferência e substituição na força de trabalho humana

Aluno(a): David Lucas Alves de Almeida

Orientador(a): Alyson Celson Medeiros de Oliveira

Resumo: Este artigo científico tem como objetivo propor uma discussão sobre
como a inteligência artificial (IA) e sua constante evolução, sobretudo nos setores
da economia e do mercado de trabalho, pode afetar a vida de toda a população,
em especial a vida profissional e a força de trabalho humana, levantando pautas
como a substituição, extinção, surgimento e demais interferências que as IAs
tendem a trazer a cargos trabalhistas em diversas áreas de atuação profissional,
apresentando fatos e teorias que envolvem a possibilidade das máquinas
assumirem os papéis dos seres humanos de forma integral e/ou parcial, e
também apontando as oportunidades que essas mudanças podem trazer para os
profissionais. Por meio do estudo, nota-se que a substituição dos humanos por
máquinas no mercado de trabalho é inevitável, porém essa interferência ocorre
somente em áreas específicas, onde o poder de processamento da IA supera a
capacidade humana de raciocínio. Porém, mesmo algumas atividades atuais não
entrando no escopo de substituíveis, o avanço constante da tecnologia faz com
que isso possa mudar a qualquer momento, com outras atividades surgindo
juntamente a esse movimento.

Palavras-chave: Inteligência Artificial. Mercado de trabalho. Evolução


Tecnológica. Tecnologia.
Artificial Intelligence: Interference and replacement in the human workforce

Student: David Lucas Alves de Almeida

Advisor: Alyson Celson Medeiros de Oliveira

Abstract: This scientific article aims to propose a discussion on how artificial


intelligence (AI) and its constant evolution, especially in the sectors of the
economy and the labor market, can affect the lives of the entire population,
especially the professional life and the human workforce, raising guidelines such
as replacement, extinction, emergence and other interferences that AIs tend to
bring to labor positions in several areas of professional activity, presenting facts
and theories that involve the possibility of machines assuming the roles of human
beings in a way full and/or partial, and also pointing out the opportunities that
these changes can bring to professionals. Through the study, it is noted that the
replacement of humans by machines in the labor market is inevitable, but this
interference only occurs in specific areas, where the processing power of AI
exceeds the human capacity for reasoning. However, even some current activities
do not enter the scope of replaceable, the constant advancement of technology
means that this can change at any time, with other activities emerging along with
this movement.

Keywords: Artificial Intelligence. Job market. Technological evolution. Technology.


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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o crescimento da tecnologia ao redor do mundo vem


afetando e trazendo inovações em todas as áreas envolvidas. Em um intervalo de
tempo de apenas 80 anos, vimos o homem inventar o primeiro automóvel e ir até a
lua, um espaço muito curto, quando se é comparado com as evoluções que a
humanidade já presenciou.

Dentre as diversas ramificações da tecnologia, uma das vertentes que mais


vem crescendo e se destacando nos dias atuais são as Inteligências Artificiais (IA).

Inteligência artificial é um campo de estudo tecnológico que busca criar


sistemas com a capacidade de aplicação de tarefas e procedimentos que,
normalmente, seriam realizados por uma inteligência proveniente de humanos, como
tomada de decisões, visão computacional e aprendizado [1]. O desenvolvimento de
uma IA é feito por meio de algoritmos com a capacidade de coletar e processar
dados em grandes quantidades e, por meio do tratamento estratégico desses dados,
produzir resultados úteis e valiosos em informação.

Esses sistemas podem ser arquitetados para realizar atividades específicas e


pré-determinadas, como, por exemplo, a categorização e classificação de dados,
conhecida como IA simbólica, ou podem ser projetados para se adaptar e aprender
com as novas situações com base nas experiências anteriores as quais ela foi
imposta, conhecida como IA conexionista.

As IAs vem sendo aplicadas em diversos setores além da tecnologia, como


economia, manufatura, educação, saúde, influenciando fortemente o mercado de
trabalho, com a promessa de um grande potencial de revolucionar os empregos
como conhecemos atualmente, tornando a realização de tarefas mais rápida,
eficiente e precisa.

Essas tendências citadas anteriormente nos fazem questionar os impactos e


interferências que a IA pode trazer na força de trabalho humana. “Pesquisas
apontam para previsões e tendências diversas, desde as que indicam riscos de
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substituições de muitos postos de trabalho a outras que defendem um efeito positivo


com a criação de novas ocupações.” [2].

2 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL SIMBÓLICA

A inteligência artificial simbólica tem como objetivo a abordagem de


aproximação entre a forma como nós, humanos, processamos as informações com
o modelo cognitivo do algoritmo da máquina, buscando aperfeiçoar o entendimento
do mundo por meio da perspectiva de uma IA, com noções de palavras, formas,
cores, sons, idiomas, comunicação, entre outros [3]. Tendo isso em mente, vemos
que a IA simbólica vem com a premissa de ser capaz de sintetizar atividades
cognitivas por meio de conhecimento prévio de forma geral, ou seja, ela é pré-
ajustada com os dados e informações que ela precisará ter entendimento para
desenvolver suas funcionalidades, onde tais funcionalidades são regradas e
limitadas de acordo com o conhecimento recebido pela máquina.

O nome que esse ramo da inteligência artificial recebe remente a símbolos,


que são formas de representar informações do pensamento humano e conceitos
abstratos. É essa capacidade de se comunicar por meio de simbologia que faz dos
humanos seres racionais e com inteligência.

Para os desbravadores da IA, “todo aspecto do aprendizado ou qualquer


outro recurso da inteligência pode, em princípio, ser descrito com tanta precisão que
é possível criar uma máquina para simulá-la” [4]. A IA simbólica é perfeitamente
aplicável em situações onde as regras são claras e bem definidas, sendo possível
ver abertamente essas configurações por meio de símbolos, como um fluxograma,
por exemplo.

Pensando em situações aplicáveis no mundo da atualidade, esse tipo de IA


não é capaz de lidar com as mudanças e atualizações constantes que o mundo real
recebe em grande escala, pois ela não foi preparada para aquela situação.
Circunstâncias em que apenas regras pré-designadas não são o bastante para
resolver a problemática, sendo necessária uma detecção constante de novos
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preceitos, nos mostram que existem limitações ao uso desse tipo de IA, abrindo
espaço para o que veio a ficar conhecida como IA conexionista.

Entretanto, IAs simbólicas continuam sendo, até então, o método principal de


resolução de dificuldades que envolvem pensamento lógico e representação do
conhecimento [4].

3 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL CONEXIONISTA

A inteligência artificial conexionista se caracteriza como uma forma mais


robusta da inteligência artificial simbólica, a qual discutimos anteriormente. Como foi
abordado, há algumas limitações que envelopam as IAs simbólicas quando se trata
do seu uso para situações que exigem adaptação a situações minimamente
desconhecidas pelo algoritmo. E é por meio dessa problemática que a IA
conexionista se apresenta, mostrando-se capaz de completar essa lacuna deixada
pela IA simbólica, simulando uma estrutura cerebral.

Partindo desse pressuposto, a possibilidade de criação de sistemas


inteligentes com habilidade de se adaptar e aprender com as situações e o contexto
a qual for inserido se torna praticável, trazendo um potencial de implementação e
realizações gigantesco no mundo contemporâneo. Um exemplo prático e atual
dessas iniciativas é o Machine Learning, que consiste em uma ramificação da
inteligência artificial que busca equiparar o processo de aprendizado dos seres
humanos, concentrando o uso de dados para se aprimorar por meio da tentativa e
erro, executando diferentes processos e procedimentos, de forma independente das
instruções passadas pelo algoritmo [5].

Outra demonstração da aplicabilidade das IAs conexionistas é a tecnologia de


recomendação baseada no que o usuário consome, que se encontra presente na
maioria das plataformas online atualmente. Plataformas como Netflix, YouTube,
Instagram, entre diversas outras, apresentam conteúdos selecionados para o
consumidor, baseando-se nas atividades recentes dele na aplicação. Essa
estratégia consiste no uso de uma IA que aprende o que o utilizador desfruta e
desenvolve uma rede de outros itens semelhantes, a fim de chamar a atenção do
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usuário. “O sucesso das redes conexionistas em imitar o desenvolvimento


comportamental, cognitivo e linguístico reside na sua sensibilidade às regularidades
estatísticas inerentes ao ambiente.”[6].

4 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO MERCADO DE TRABALHO

De acordo com Kai-Ful Lee, escritor do livro “Inteligência Artificial”, de 2019, a


IA interferirá diretamente na forma de trabalho, podendo até, futuramente, substituir
algumas profissões da atualidade [1].

Já conseguimos ver as movimentações desse processo. A Amazon, famosa


multinacional de tecnologia, começou recentemente, em 2022, a implementar uma
solução de logística onde drones são responsáveis pelas entregas de objetos, até
determinado tamanho e peso, substituindo os tradicionais entregadores ou carteiros
[7]. Seguindo a mesma linha, outra empresa multinacional, dessa vez da área
farmacêutica, a Eurofarma, está utilizando os serviços da IA da IBM (International
Business Machines Corporation), conhecida como IBM Watson, implementando
assistentes virtuais para solucionar as demandas dos clientes com um atendimento
24 horas por dia e 7 dias na semana, obtendo um alto nível de satisfação [8].

Entretanto, mesmo com o avanço constante do uso das IAs em atividades


comerciais, podemos constatar que essas tarefas são de caráter lógico e preditivo,
como tomadas de decisão e previsão de informações a partir de análise de dados e
logística, as quais o poder computacional supera a capacidade humana
enfaticamente. Contudo, existem alguns aspectos provenientes da natureza humana
que são irreplicáveis pela IA, como compaixão, empatia, além de outros aspectos
que se relacionam com o mercado de trabalho, como a capacidade de usar e
entender analogias para facilitar situações e a habilidade de solucionar
problemáticas por meio da abstração.

Todas essas transformações e interferências trazem uma necessidade dos


trabalhadores se adaptarem com novos conhecimentos e habilidades, talvez até
mudando sua área de atuação, para conseguir se ajustar as demandas de
atualização do mercado de trabalho.
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5 IMPACTOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Tendo em mente o que foi explanado até então, é indiscutível que,


independente de positivos ou negativos, a IA traz impactos consideráveis no nosso
cotidiano, e aqui abordaremos as diversas implicações apresentadas no cenário
profissional do ser humano.

Um estudo de 2013 feito nos Estados Unidos, de Carl Frey e Michael


Osbourne, notórios pesquisadores, relatava que 47% dos empregos estariam
passíveis de substituição por IAs [2]. Em contrapartida, Sividanes declara que a
Inteligência Artificial “tem o potencial não de apenas substituir a mão de obra
humana, como também complementá-la e até mesmo, gerar novas ocupações.”[9].

Como abordado anteriormente, um dos impactos decorrentes da Inteligência


Artificial é a necessidade de requalificação dos trabalhadores para se adequar ao
mercado de trabalho e suas novas demandas. Alguns pontos chamam a atenção
sobre essa problemática, pois para ocorrer essa requalificação é necessário
recursos e oportunidades sendo ofertadas a população, com formações para os
novos empregos advindos dessa nova era.

Outro ponto interessante é visto quando tratamos do ganho econômico que a


substituição de humanos por máquinas apresenta, pois com menos trabalhadores
em determinado setor, menos salários serão distribuídos, além de que as máquinas
não precisam de intervalos de tempo sem exercerem o seu papel ocupacional. Não
obstante, por mais simplista que o trabalho seja, o ser humano está sempre
suscetível a erros, possibilidade esta que é praticamente anulada com a
implementação de robôs.

Todavia, outro ponto que pode ser impactado por essas mudanças é o fato de
que, cada vez mais, o lucro ficará concentrado em grupos menores de pessoas,
sendo estes os proprietários. Levantando a perspectiva de que essas mudanças
ocorrerão, em um primeiro momento, em países desenvolvidos, a concentração de
renda nesses países tende a acarretar problemas sociais e políticos.
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Ademais, o uso da IA pode impactar negativamente na forma como as


pessoas se comportam e se relacionam com os outros e com as informações que
lhe são passadas. Um exemplo disso é a tecnologia Deepfake, uma técnica que usa
de inteligência artificial para criar o rosto de uma pessoa de verdade, possibilitando
que ele seja manipulado da maneira desejada. Recentemente, um perfil no LinkedIn
criado com deepfake se conectou com importantes políticos norte-americanos,
sendo um assessor sênior de um dos senadores e o economista Paul Winfree [10].

Uma outra implicação positiva desse processo de automatização e


robotização é encontrado na redução de doenças ocupacionais e acidentes de
trabalho, pois as tarefas repetitivas, mecânicas e perigosas serão retiradas dos
seres humanos e passadas para máquinas, implicando e beneficiando o bem-estar e
saúde dos empregados.

Apesar da possibilidade de novos empregos surgirem para os que sofrerem a


substituição, existe uma problemática que envolve essa temática. A reformação do
ambiente ocupacional com inserção de máquinas implementadas com IA demandam
um alto custo de produção e manutenção, podendo ocasionar uma inviabilização de
aplicabilidade para as empresas de pequeno porte, ficando assim sem os benefícios
dos avanços tecnológicos dessa ferramenta, o que pode gerar desempregos e/ou
emprego informal.

6 CONCLUSÃO

Por fim, por meio desse estudo desenvolvido, podemos concluir que a
inteligência artificial tem uma capacidade de interferência muito forte na nossa
sociedade, mudando completamente a forma como enxergamos e conhecemos o
mundo contemporâneo, sendo imprescindível estarmos atentos as influências e
interferências que ela pode causar aos nossos sentidos e percepções no que
envolvem o universo ao nosso redor.

A todo momento que se sucede, as máquinas evoluem cada vez mais,


chegando ao ponto de executar tarefas anteriormente executáveis somente por
humanos, mostrando a importância de se adequar e se atualizar alinhado aos
10

avanços tecnológicos, evitando que se tornem trabalhadores com habilidades e


práticas obsoletas, encontrando cada vez mais dificuldade de se encaixar na força
de trabalho da sociedade atual.

Porém, de modo geral, a inteligência artificial não deve ser vista como uma
ameaça, mas como uma grande oportunidade de crescimento e solução para
impulsionar o mercado de trabalho. Mesmo com todas as problemáticas
apresentadas sobre a tecnologia em questão, as vantagens de sua utilização
superam expectativas, trazendo uma redução de custo e aumento de produtividade
e lucratividade considerável, sendo muito vantajoso para todos os lados envolvidos a
sua implementação no ramo de atividades trabalhistas.

REFERÊNCIAS

[1] J. A. Alves, “Impactos da inteligência artificial na sociedade”, 2020.


[2] J. Valente, “Inteligência artificial e o impacto nos empregos e profissões”,
Agência Brasil, 2020.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-08/inteligencia-artificial-e-o-
impacto-nos-empregos-e-profissoes (acessado 12 de março de 2023).
[3] C. Maschio, “Inteligência artificial Simbólica”, Medium, 2020.
https://medium.com/botsbrasil/inteligência-artificial-simbólica-186df6dcfcc
(acessado 17 de março de 2023).
[4] R. Leite, “O que é inteligência artificial simbólica?”, Tecnologia em Foco, 2022.
https://tecfoco.com.br/o-que-e-inteligencia-artificial-simbolica (acessado 17 de
março de 2023).
[5] “O que é machine learning?”, Education, IBM Cloud, 2020.
https://www.ibm.com/br-pt/cloud/learn/machine-learning (acessado 18 de
março de 2023).
[6] J. M. POERSCH, “A new paradigm for learning language: Connectionist
artificial inteligence”, vol. 8, no 1, 2005.
[7] G. Nichols, “Prime Air : Amazon officially rolls out drone delivery to customers”,
ZDNET, 2022. https://www.zdnet.com/article/prime-air-amazon-brings-drone-
delivery-to-customers/ (acessado 17 de março de 2023).
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[8] Redação, “Eurofarma aprimora atendimento ao cliente com IBM Watson”, TI


Inside, 2023. https://tiinside.com.br/31/01/2023/eurofarma-aprimora-
atendimento-ao-cliente-com-ibm-watson/ (acessado 17 de março de 2023).
[9] F. de P. Sividanes, “Inovação, Inteligência Artificial e Mercado de Trabalho”,
2020.
[10] F. Mendes, “Deepfake : rostos criados por IA parecem mais reais que de
gente de verdade”, Uol, 2023.
https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2023/01/30/deepfake-rostos-criados-por-
ia-parecem-reais.htm (acessado 18 de março de 2023).

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