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No início nada me parece claro, então paro… Paro para rapidamente reiniciar.
Sou resistente ao extremo ao influxo destas ordens interiores. Estas que vêem de
um ponto que não ouso identificar, mas que intimamente sei de onde vêem.
Por outro lado, outro sentimento, qual seja o de ternura, atenua o movimento
urgente. Parece que o mundo por alguns momentos, esqueceu-se de mim e eu
posso, no resvalar da impessoalidade serenar o traço e escrever, apenas
escrever. O sono é conciliado e, pensando no amanhã tomo parte na dança da
noite de lua cheia, e durmo, durmo…
Nesta noite, e quem sabe em quantas outras, ás quais simplesmente não recordo,
nesta noite enxergo por detrás de grandes janelas pintadas (seriam vitrais?) uma
estrela, uma Estrela e grito simplesmente que Vi! Eu vi a Estrela que ostenta na
fronte o nome do Indizível, do Inominado.
Noto, ao meu lado, observando atentamente, alguns bons Homens, munidos cada
um com uma alavanca. Percebo então, em minhas mãos, uma outra Alavanca. No
imenso salão que ocupamos, no lado de disco solar, vejo um outro ser humano,
porém muitíssimo mais novo do que todos nós, ocupando um trono.
Por um momento, enxergo outros clarões, aqui e acolá, dando início à uma
história que não entendo, pois a língua usada não me é familiar. Sonho dentro do
sonho e estou em pé, segurando uma alavanca, que finco firmemente por sob
uma grande rocha. Faço, exerço força, aplico Vontade até que, do interior brota a
exata percepção de que ocupo os dois lados da alavanca sagrada. Sou Eu que
exerço e aplico força e vontade num dos lados, porém na outra extremidade, sou
eu adormecido e inacabado.
Tal percepção é uma revelação, penso eu e, cada vez que penso, a percepção se
esvai, no sonho. Ao deixar livre a percepção ela se faz forte. Diz-me que não
deixe a razão falar, que apenas sinta com o coração esta nova dimensão, esta
dupla condição de movimento e inércia, de vida e morte, de clareza e confusão,
do que movimenta e daquele que é movimentado.
Acordei e, suavemente, abri a janela para observar a Lua Cheia, que ainda voava
pelo céu escuro da madrugada. Restou apenas, em minhas mãos, uma
Alavanca…