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Sim. O fato de ser doador de órgãos não impede a doação do corpo para
estudo. Você deverá comunicar a sua família sobre a sua decisão, sendo que a
doação de órgãos ficará a cargo da sua família e do hospital que realizará o
procedimento. A universidade deverá ser comunicada no momento que se
iniciarem os procedimentos para remoção dos órgãos, para que a equipe possa
se organizar para a busca do corpo.
Mãe e dois filhos de Curitiba decidiram doar seus corpos para a UFPR depois
da morte, contribuindo com a educação de estudantes da área de saúde
Falar de morte na casa da família Mozzilli nunca foi um tabu. Desde a infância,
Miguel, engenheiro de 60 anos, se lembra de conversar com a mãe e os irmãos
sobre o assunto e, quando os avós faleceram, com quase 100 anos de idade,
foi ele e a mãe, Miris, quem tomaram os primeiros cuidados com os corpos dos
parentes, trocando a roupa e dando o último adeus. Sem vontade de “viver” a
eternidade no cemitério, Miguel tomou uma decisão impactante para o além-
vida: doaria seu corpo para uma instituição de ensino.
O impulso para decidir o destino final do corpo foi repentino, segundo Miguel.
“Eu vi uma entrevista com a professora Djanira [Djanira Aparecida da Luz
Veronez, chefe de pesquisa e do departamento de Anatomia da UFPR], na
qual ela dizia que a universidade tinha uma carência de corpos. O ideal seria
receber 40 por ano e eles recebiam apenas dois. Então eu pensei que, depois
que vamos embora, o corpo apodrece. Se eu doá-lo para a universidade, eu
seria de alguma forma útil para a sociedade.”
E esse é o primeiro passo indicado para quem deseja, assim como a família
Mozzilli, doar o corpo para uma instituição de ensino no Paraná. O estado é o
único no Brasil com um Conselho Estadual de Distribuição de Cadáveres
(CEDC), ligado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que
orienta em seu site o caminho para a doação.
“O CEDC tem uma lista de universidades que precisam dos corpos e essa lista
roda. Então, quando uma instituição receber um corpo, ela vai para o final da
fila até chegar a vez novamente de receber a doação. A não ser que a pessoa
faça esse detalhamento no documento assinado em cartório, que tem o desejo
de ir para alguma universidade específica”, explica a professora.
Outra dúvida comum é com relação ao tipo de morte que a pessoa teve e,
aí sim, há contra-indicações. “Só podem vir para as universidades as mortes
de causa natural. Morte violenta, como é o caso de acidentes de trânsito,
homicídio ou suicídio, o corpo segue para o Instituto Médico Legal, onde é feita
uma verificação, é aberto um processo e a investigação pode ser longa”,
reforça.
Também vale lembrar que a pessoa que manifesta o desejo de doar o corpo
em vida, ela não recebe absolutamente nada de nenhuma instituição para
tomar essa decisão. Trata-se, de acordo com Djanira, de uma doação de fato.