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O ESTANDARTE DE CRISTO

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Adoção, por C. H. Spurgeon

Adoção, Sermão Nº 360. Pregado na noite de domingo, 10 de fevereiro de 1861. Por C. H. Spurgeon,
no Exeter Hall, Strand.

“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o
beneplácito de sua vontade.” (Efésios 1:5)

É ao mesmo tempo uma doutrina da Escritura e do senso comum, que tudo o que Deus faz no tempo,
Ele predestinou fazer na eternidade. Alguns homens encontram falha na predestinação Divina e
desafiam a justiça dos decretos eternos. Agora, se eles se lembram de que a predestinação é o talão
[de cheque] da história, como um projeto de arquitetura — cuja realização nós lemos nos fatos que
acontecem — eles podem, talvez, obter uma ligeira pista para a irracionalidade de sua hostilidade. Eu
nunca ouvi alguém entre os mestres atrevida e deliberadamente encontrar falhas nos procedimentos
de Deus, ainda assim, eu ouvi alguns que ousariam mesmo pôr em questão a justiça de Seus
conselhos. Se a coisa em si é certa, deve ser correto que Deus pretendia fazer a coisa. Se você não
encontra nenhuma falha nos fatos, como você os vê na providência, você não tem nenhuma base para
reclamar dos decretos, como os encontra na predestinação, pois os decretos e os fatos são apenas
homólogos, um do outro! Você tem alguma razão para encontrar falha em Deus, de que Ele se
agradou em salvar você e me salvar? Então, por que você encontraria falha porque a Escritura diz que
Ele predeterminou que nos salvaria? Eu não posso ver, se o fato em si é agradável, por que o decreto
deve ser censurável! Não vejo qualquer razão para que você encontre falha na predestinação de
Deus, se você não encontra falha com o que realmente acontece como o efeito disso. Deixe um
homem apenas concordar em reconhecer um ato da providência, e eu preciso saber como ele pode, a
não ser que ele corra aos próprios dentes da providência, encontrar qualquer falha na predestinação
ou intenção que Deus fez em relação a esta providência. Você me culpará por pregar, nesta manhã?
Suponho que você responda: Não. Então você pode me culpar por que eu formei uma resolução
ontem à noite que eu pregaria? Você me culpará por pregar sobre este assunto específico? Faça-o,
por favor, então, e encontre-me culpado pela intenção de fazê-lo; mas se você disser que estou
perfeitamente certo na escolha de um tal assunto, como você pode dizer que eu não estava
perfeitamente correto na intenção de pregar sobre isso? Certamente você não pode encontrar falha na
predestinação de Deus, se você não encontra falha nos efeitos que surgem imediatamente a partir
dela! Agora, somos ensinados na Escritura, eu afirmo novamente, que todas as coisas que Deus
escolhe fazer no momento, foram certamente destinadas por Ele para serem realizadas desde a
eternidade, e Ele predestinou que essas coisas deveriam ser feitas. Se eu fui chamado, eu acredito
que Deus planejou antes de todos os mundos que eu deveria ser chamado; se em Sua misericórdia
Ele me regenerou, creio que desde toda a eternidade Ele pretendia me regenerar! E se em Sua
bondade Ele deve finalmente me aperfeiçoar e me levar para o Céu, eu creio que sempre foi Sua
intenção fazê-lo. Se você não consegue encontrar defeito em algo, em si, que Deus faz, em nome da
razão, do bom senso e das Escrituras, como se atreve a encontrar falha na intenção de Deus em fazê-
lo?

Mas há um ou dois atos de Deus que, embora sejam certamente tão decretados quanto as demais
coisas, ainda assim eles têm uma relação muito especial com a predestinação de Deus, que é mais
difícil dizer se eles foram realizados na eternidade ou se foram feitos no tempo. A eleição é uma
daquelas coisas que foi realizada absolutamente na eternidade; todos os que foram eleitos, foram
eleitos, tanto na eternidade como eles são no momento. Mas você pode dizer: Será que a mesma
afirmação se aplica à adoção ou justificação? Meu antecessor eminente e agora glorificado, Dr. Gill,
estudando diligentemente essas doutrinas, disse que a adoção foi o ato de Deus na eternidade, e que,
como todos os crentes foram eleitos na eternidade, assim, sem dúvida, foram adotados na eternidade.
Ele foi mais longe do que isso para incluir a doutrina da justificação, e ele disse que na medida em que
Jesus Cristo foi antes de todos os mundos justificado por Seu Pai, e aceito por Ele como nosso
Representante, desta forma, todos os eleitos devem ter sido justificados em Cristo antes de todos os
mundos! Agora eu acredito que há uma grande dose de verdade no que ele disse, embora houvesse
um clamor considerável levantado contra ele no momento em que primeiro proferiu isso. No entanto,
sendo este um ponto elevado e misterioso, desejamos que você aceite a doutrina de que todos
aqueles que são salvos, por fim, foram eleitos na eternidade, quando os meios, bem como a
finalidade, foram determinados. No que diz respeito à adoção, creio que fomos predestinados para
isso na eternidade, mas penso que existem alguns pontos em relação à adoção que não me permitem
considerar que o ato de adoção tenha sido concluído na eternidade. Por exemplo, o positivo
transporte da minha alma de um estado natural para um estado de graça é uma parte da adoção, ou
pelo menos é um efeito dela, e assim conclui um efeito que realmente parece ser uma parte da
adoção, em si mesma, eu acredito que esta foi concebida, e na verdade que ela foi praticamente
realizada no Pacto Eterno de Deus. Eu penso que ela foi, então, na verdade, conduzida para
transcorrer em toda a sua plenitude.

Assim, no que diz respeito à justificação, devo afirmar que, no momento em que Jesus Cristo pagou
minhas dívidas, as minhas dívidas foram canceladas, na hora em que Ele operou para mim uma
justiça perfeita, esta foi imputada a mim, e, portanto, eu posso, como um crente, dizer que eu era
completo em Cristo antes de eu nascer, aceito em Jesus, assim como Levi foi abençoado nos lombos
de Abraão por Melquisedeque. Mas sei igualmente que a justificação é descrita nas Escrituras como
ocorrendo sobre mim no momento em que eu creio. “Tendo sido, pois, justificados pela fé”, é dito a
mim: “temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” [Romanos 5:1]. Eu penso, portanto, que a
adoção e justificação, embora tenham uma mui grande aliança com a eternidade, e foram
praticamente realizadas, então, ainda assim, ambas têm uma relação tão próxima a nós no momento,
e tal influência sobre a nossa própria posição pessoal e caráter, que elas têm também uma parte
integrante de si efetivamente realizadas e executadas no tempo, no coração de cada crente. Posso
estar errado nesta exposição. Isso requer muito mais tempo de estudo do assunto do que eu tenho
sido ainda capaz de dar a ele, considerando que meus anos ainda não são muitos. Vou, sem dúvida,
aos poucos, chegar ao conhecimento mais completo de tais pontos elevados e misteriosos da
doutrina do Evangelho. Mas, não obstante, enquanto eu encontro a maioria do parecer dos teólogos
considerando que as obras da justificação e adoção são esperadas em nossas vidas, eu vejo, por
outro lado, a Escritura mais me conduzindo a crer que as duas foram realizadas na eternidade. E
penso eu que a visão mais razoável do caso é que, enquanto elas foram praticamente feitas na
eternidade, ainda assim, ambas, adoção e justificação são, na verdade, ocorridas em nossas próprias
pessoas, consciências e experiências, no tempo, de modo que tanto a Confissão de Westminster e a
concepção do Dr. Gill podem ser provadas ser bíblicas. Podemos manter ambas, sem qualquer
prejuízo, de uma para a outra.

Bem, agora, amados, deixando, então, a predestinação, vamos chegar a uma tão plena consideração,
quanto a hora nos permita, sobre a doutrina de “filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,
segundo o beneplácito de sua vontade”.

Primeiro, então, a adoção, a graça de Deus demonstrada nela. Em segundo lugar, a adoção, os
privilégios que ela proporciona. Em terceiro lugar, a adoção, os deveres que necessariamente são
colocados sobre cada filho adotado.

I. Em primeiro lugar, ADOÇÃO, A GRAÇA DISSO.

A adoção é aquele ato de Deus pelo qual os homens, que eram por natureza filhos da ira, como os
outros, e eram da família perdida e arruinada de Adão, são, a partir de nenhuma razão em si mesmos,
mas inteiramente por pura graça de Deus, transportados da família má e obscurecida de Satanás, e
trazidos, verdadeira e praticamente para a família de Deus. Eles tomam o Seu nome, compartilham
os privilégios da porção, e eles são, para todos os efeitos, a descendência real e filhos de Deus!

Este é um ato de pura Graça. Nenhum homem pode jamais ter o direito, em si mesmo, de tornar-se
adotado. Se eu tivesse, então eu deveria receber a herança do meu próprio direito, mas na medida em
que não tenho qualquer direito de ser um filho de Deus, e não posso, por nenhuma possibilidade
afirmar tão elevado privilégio em e de mim mesmo; a adoção é o puro efeito gratuito da graça Divina,
e desta somente. Eu poderia supor que a justificação pode ser pelas obras sob a Antiga Aliança, mas
eu não poderia supor que a adoção estivesse sob a Antiga Aliança em absoluto! Eu poderia imaginar
um homem guardando a Lei de Deus perfeitamente, e sendo justificado por ela, se Adão não tivesse
caído. Mas, mesmo sobre tal suposição, o próprio Adão não teria direito à adoção, ele ainda teria sido
apenas um servo, e não um filho. Acima de toda contradição e controvérsia este grande e glorioso ato
pelo qual Deus nos faz de Sua família e nos une a Jesus Cristo como nosso Cabeça da Aliança, para
que sejamos Seus filhos, é um ato de pura graça! Teria sido um ato de graça soberana se Deus
tivesse adotado alguém da melhor das famílias, mas, neste caso, Ele adotou alguém que era um filho
e um rebelde! Somos, por natureza, os filhos de alguém que foi condenado por alta traição; todos nós
somos os herdeiros, e nascemos no mundo como os herdeiros naturais de alguém que pecou contra
o seu Criador, que foi um rebelde contra o seu Senhor. Ainda assim, observem isto, não obstante a
malignidade de nosso parentesco, nascidos de um ladrão, que roubou o fruto do jardim de seu Mestre,
nascidos de um traidor orgulhoso, que se atreveu a se rebelar contra o seu Deus, não obstante tudo
isso, Deus nos colocou na família! Nós bem podemos imaginar que, quando Deus considerou a nossa
origem vil, Ele poderia ter dito dentro de si mesmo: “Como eu posso colocá-los entre os filhos?”. Com
que gratidão nós devemos nos lembrar que embora fôssemos de baixíssima origem, a graça nos
colocou no número da família do Salvador! Vamos dar todas as graças à livre graça que
desconsiderou o buraco do abismo em que nos revolvíamos, e que passou pela pedreira de onde
fomos talhados, e nos coloca entre o povo escolhido do Deus vivo! Se um rei adotasse alguém em
sua família, este provavelmente seria o filho de um dos seus lordes, em todo o caso, alguma criança
de parentesco respeitável; ele não tomaria o filho de um criminoso comum, ou alguma criança cigana,
para adotá-la em sua família. Mas Deus, neste caso, tomou mesmo os piores para serem Seus filhos!
Os filhos de Deus, todos confessam que são as últimas pessoas que jamais sonharam que Ele teria
escolhido. Eles dizem de si mesmos:

“O que havia em nós que poderia merecer a estima,

Ou dar deleite ao Criador?

'Isto foi mesmo assim, Pai, nós sempre devemos cantar,

“Porque bem pareceu aos Teus olhos.”

Mais uma vez, pensemos não apenas sobre nossa linhagem original, mas em nosso caráter pessoal.
Aquele que conhece a si mesmo nunca pensará que ele tinha muito a recomendá-lo a Deus. Nos
outros casos de adoção, geralmente há alguma recomendação. Um homem, quando ele adota uma
criança, às vezes é movido a isso por sua extraordinária beleza, ou em outras ocasiões por seus
modos inteligentes e disposição atrativa. Mas, amados, quando Deus passou pelo campo em que
estávamos deitados, Ele não viu lágrimas em nossos olhos até que Ele mesmo as colocasse ali! Ele
não viu nenhuma contrição em nós até que Ele nos concedeu o arrependimento; não havia beleza em
nós que poderia induzi-lO a nos adotar, pelo contrário éramos tudo o que era repulsivo! E se Ele
tivesse dito, quando Ele passou: “Vós sois amaldiçoados, estejam perdidos para sempre”, não teria
sido nada, senão o que poderíamos esperar de um Deus que havia sido por tanto tempo provocado e
cuja majestade havia sido tão terrivelmente insultada! Mas não, embora Ele encontrasse uma criança
rebelde, uma criança imunda, terrível, feia, Ele conduziu-a para o Seu peito e disse: “Embora você
seja sombria, você é formosa aos Meus olhos, através de Meu Filho Jesus. Embora você seja indigno,
ainda assim Eu o cubro com o Seu manto, e nas vestes de Seu irmão, Eu te aceito”. E, tomando-nos,
todos profanos e imundos, exatamente como nós éramos, Ele nos tomou para sermos Seus — Seus
filhos — Seus para sempre!

Eu estava passando recentemente pelo assento de um nobre, e alguém no vagão observou que ele
não tinha filhos e que ele daria qualquer valor no mundo se ele pudesse encontrar alguém que
renunciaria a toda reivindicação de qualquer filho que ele pudesse ter. O filho nunca mais falaria com
seus pais, nem seria reconhecido, e este senhor iria adotá-lo como seu filho e deixar para ele todas as
suas propriedades. Mas ele havia encontrado grande dificuldade em conseguir que quaisquer pais
renegassem seu relacionamento e desistissem totalmente de seu filho. Se isso era correto ou não, eu
não posso dizer, mas certamente este não foi o caso com Deus. Seu Unigênito e Amado Filho era o
bastante para Ele! E se Ele precisasse de uma família, eram os anjos e Sua própria onipotência
adequados o suficiente para ter criado uma raça de seres muito superiores a nós! Ele não
permaneceu em necessidade alguma de qualquer um de Seus queridos. Isto foi, então, um ato de
pura, simples, livre graça, e nada mais, porque Ele terá misericórdia de quem tiver misericórdia, e
porque Ele tem prazer em mostrar o caráter maravilhoso de Sua condescendência. Você já pensou
em que grande honra que é ser chamado de filho de Deus? Suponha que um juiz da terra deva ter
diante de si algum traidor que estava prestes a ser condenado à morte. Suponha que a justiça e a lei
exigiam que o desgraçado derramasse o seu sangue por algum terrível castigo. Mas suponha que
fosse possível para o juiz dar um passo de seu trono e dizer: “Rebelde, você é culpado, mas eu
descobri uma maneira pela qual eu posso perdoar suas rebeliões, homem, você está perdoado”. Há
uma onda de alegria sobre suas bochechas. “Homem, você é feito rico; veja, há riqueza!”. Outro
sorriso ocorre sobre o rosto. “Homem, você é feito tão forte que você deve ser capaz de resistir a
todos os seus inimigos!”. Ele se alegra novamente. “Homem”, diz o juiz por último, “você é feito um
príncipe! Está adotado na família real, e você deve um dia usar uma coroa! Agora você é tanto filho de
Deus como você é o filho de seu próprio pai”. Você pode imaginar a miserável criatura desmaiando de
alegria com tal pensamento, que aquele cujo pescoço estava de prontidão para o enforcamento, deve
ter sua cabeça agora pronta para uma coroa, que aquele esperava ser vestido em trajes de criminoso
e levado para morte, seja agora exaltado e vestido com vestes de honra! Então, Cristão, pense no que
você merecia, vestes de vergonha e infâmia, mas você deve ter aquela de glória. Você está na família
de Deus agora? Bem disse o poeta:

“Ainda não apareceu,

Quão grandiosos nós devemos ser feitos.”

Nós ainda não conhecemos a grandeza da adoção. Sim, eu acredito que, mesmo na eternidade
vamos escassamente ser capazes de medir a profundidade infinita do amor de Deus nesta única
bênção de “adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.

Ainda assim, eu acho que há alguém aqui que diz: “Eu creio, senhor, que os homens são adotados
porque Deus prevê que eles serão santos, justos e fiéis, e, portanto, sem dúvida, Deus os adotou na
previsão disso”. Essa é uma objeção que muitas vezes eu tenho que responder. Suponham, meus
amigos, que vocês e eu devemos fazer uma viagem pelo país um dia, e devemos nos encontrar com
uma pessoa e devemos dizer-lhe: “Senhor, você pode me dizer por que as velas do moinho de vento
giram ali?”. Ele, claro, responderia: “é o vento”. Mas, suponham que vocês devem perguntar-lhe: “O
que faz o vento?”, e ele respondesse: “as velas do moinho de vento”, vocês não pensariam
exatamente que ele era um tolo? Em primeiro lugar, ele disse que o vento causou a rotação das velas
e então, depois, ele diz que as velas fazem o vento, que um efeito pode ser o pai daquilo que é a sua
própria causa! Agora, a qualquer homem que vocês perguntassem dirá que a fé é o dom de Deus, que
as boas obras são feitura de Deus. Bem, então, qual é a causa das boas obras em um Cristão? “Ora,
a graça”, dizem eles! Então, como é que as boas obras são a causa da graça? Por tudo o que é
racional, onde estão as suas cabeças? É mui tola suposição para qualquer homem replicar, sem fazer
vocês rirem, e isto eu não opto a fazer. E, portanto, eu deixo isso. Digo mais uma vez, amados, se os
frutos sobre um Cristão são causados pela raiz, como pode a fruta, em qualquer grau, ser a causa da
raiz? Se as boas obras de qualquer homem lhe são dadas por graça, como elas podem, por qualquer
pretexto que seja, serem alegadas como a razão pela qual Deus lhe dá a graça? O fato é que somos
por natureza completamente perdidos e arruinados, e não há um santo no Céu, que não teria sido
condenado, e que não merecia ser condenado na desgraça comum dos pecadores! A razão pela qual
Deus fez uma distinção é um segredo dEle mesmo; Ele tinha o direito de fazer essa distinção se Ele
quisesse, e Ele o fez. Ele escolheu alguns para a vida eterna, para o louvor da Sua gloriosa graça; Ele
deixou os outros serem punidos por seus pecados, para o louvor da Sua gloriosa justiça e tanto em
um, como no outro, Ele agiu com toda a razão, pois Ele tem o direito de fazer o que quer com Suas
próprias criaturas! Vendo que todos eles mereciam ser punidos, Ele tem o direito de punir a todos!
Assim também, como Ele reconciliou a justiça com a misericórdia ou os uniu com o julgamento, Ele
tem o direito de perdoar e indultar alguns, e deixar os outros permanecerem não-regenerados, não
perdoados e não salvos, obstinadamente seguirem o erro de seus caminhos, a rejeitarem a Cristo,
desprezarem o Seu Evangelho, e arruinarem as suas próprias almas. Aquele que não concorda com
isso, não concorda com as Escrituras! Eu não tenho que provar isso, eu só tenho que pregá-lo! Aquele
que contende com isso, discute com Deus, deixem-no lutar sua querela ele mesmo!

II. A segunda coisa é: OS PRIVILÉGIOS QUE VÊM ATÉ NÓS ATRAVÉS DA ADOÇÃO.

Para a conveniência dos meus jovens membros da Igreja, eu apenas por um momento lhes darei uma
lista dos privilégios da adoção, como eles podem ser encontrados em nossa antiga Confissão de Fé.
Eu sei que muitos de vocês têm esse livro, e eu tenho certeza que a maioria de vocês estudarão em
casa hoje à tarde se tiverem oportunidade, olhando para todas as passagens. É o décimo segundo
Artigo, sobre a adoção, onde lemos: “Todos os que são justificados, Deus garante, por causa de Seu
único Filho, Jesus Cristo, fazê-los participantes da graça da adoção, pelo qual são contados no
número e desfrutam das liberdades e privilégios dos filhos de Deus, têm Seu nome colocado sobre
eles, recebem o espírito de adoção, têm acesso ao trono da graça com ousadia, são habilitados a
clamar ‘Aba, Pai’, são apiedados, protegidos, providos e castigados por Ele como um Pai, ainda
assim, nunca lançados fora, mas selados para o dia da redenção e herdam as promessas, como
herdeiros da salvação eterna”.

Vou começar, então, com os privilégios da adoção. Há um privilégio não mencionado na Confissão
que deveria estar lá. É este, quando um homem é adotado em uma família, e adentra, assim, sob o
regime de seu novo pai, ele não tem nada a ver com a antiga família que deixou para trás, e ele é
liberado da sujeição àqueles a quem ele deixou. E assim, no momento em que eu sou retirado da
família de Satanás, o príncipe deste mundo não tem nada a ver comigo como o meu pai e ele não é
mais meu pai! Eu não sou um filho de Satanás! Eu não sou um filho da ira! No momento em que eu
sou retirado da família legal, não tenho nada a ver com Hagar. Se Hagar vem interferir-se comigo, eu
digo a ela: “Sara é minha mãe, meu pai é Abraão e Hagar, tu és minha serva, e eu não sou seu. Você
é uma escrava e eu não serei seu escravo, pois você é minha”. Quando a Lei vem a um Cristão com
todas as suas ameaças terríveis, horríveis denúncias, o Cristão diz: “Lei! Por que você me ameaça?
Não tenho nada a ver com você. Eu sigo você como minha regra, mas eu não vou deixar você ser
minha governante; eu a tomo para ser o meu padrão e molde, porque eu não posso encontrar um
melhor código de moralidade, e de vida, mas eu não estou sob você como minha maldição
condenatória. Sente-se em sua cadeira de juiz, ó Lei, e condene-me; eu sorrio para você, pois você
não é meu juiz, eu não estou sob sua jurisdição! Você não tem o direito de me condenar”. Se, como os
antigos teólogos dizem, o rei da Espanha fosse condenar um habitante da Escócia, o que ele diria?
Ele diria: “Muito bem, condenar-me, se quiser, mas eu não estou sob sua jurisdição”. Assim, quando a
Lei condena um santo, o santo diz: “Se o meu Pai me condena, e me castiga, eu me curvo a Ele com
submissão filial, por que eu O tenho ofendido, mas, ó Lei, não estou mais sob você; eu sou livre de
você; eu não ouvirei a sua sentença, nem me preocuparei com seus trovões! Tudo o que você pode
fazer contra mim, vá e faça-o a Cristo! Ou melhor, você o fez. Se você exige punição pelo meu
pecado, olhe, ali está o meu Substituto; você não deve procurá-lo em minhas mãos. Você me acusa
de culpa. É verdade, eu sou culpado, mas é igualmente verdade que a minha culpa é colocada sobre
a cabeça do Bode Expiatório! Eu digo a você, eu não sou da sua família; não devo ser castigado por
você; eu não terei um castigo legal, uma punição legal; eu estou, agora, sob a dispensação do
Evangelho, não estou sob você. Eu sou um filho de Deus, não o seu servo. Temos um mandamento de
obedecer agora ao nosso Pai; mas, quanto à família com a qual estávamos vinculados, não temos
mais nada a ver com ela”. Isso não é pouco privilégio, oh que pudéssemos compreender e apreciar
isso corretamente, e caminhar na liberdade com a qual Cristo nos libertou!

Mas agora, como a Confissão o apresenta, uma das grandes bênçãos que Deus nos dá é que temos o
Seu nome sobre nós. Ele nos dará um novo nome, como é a promessa no Livro do Apocalipse.
Devemos ser chamados pelo nome de Deus. Ah, lembrem-se, irmãos e irmãs, nós somos homens e
mulheres, mas, agora, nós somos homens e mulheres de Deus! Já não somos mais meros mortais;
somos assim em nós mesmos, mas pela Divina graça nós somos eleitos imortais, filhos de Deus, filhas
de Deus, tomados para Ele mesmo! Lembre-se, Cristão, você carrega o nome de Deus sobre você!

Observem uma outra coisa. Nós temos o espírito de filhos, bem como o nome de filhos. Agora, se um
homem adota uma outra criança em sua família, ele não pode dar-lhe sua própria natureza, como seu
próprio filho teria. E se aquela criança que ele adota tivesse sido um tolo, ele ainda pode permanecer
assim, ele não pode torná-lo um filho digno dele. Mas nosso Pai celestial, quando Ele vem a realizar a
adoção, nos dá não somente o nome de filhos, mas a natureza de filhos, também! Ele nos dá uma
natureza como a de Seu Filho amado, Jesus Cristo. Tivemos, uma vez, por natureza, como nosso pai,
Adão, depois que ele pecou. Deus lança isso fora e nos concede uma natureza semelhante a Ele
mesmo, por assim dizer, “à imagem de Deus”. Ele supera a velha natureza, e Ele coloca em nós a
natureza de filhos. “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho,
que clama: Aba, Pai” [Gálatas 4:6]. E Ele nos dá a natureza e o caráter de filhos, para que sejamos,
tanto pela graça, participantes do espírito de filhos de Deus quanto se tivéssemos sido Seus filhos
legitimamente nascidos, e não tivéssemos sido adotados em Sua família! Irmãos e irmãs, a adoção
nos assegura a regeneração; e regeneração nos assegura a natureza de filhos, pelo que não somos
feitos apenas filhos, mas nós somos feitos participantes da graça de Deus, de modo que somos, em
nós mesmos, feitos por Deus, pela nossa nova natureza, como filhos vivificados, efetiva e realmente
semelhantes a Ele mesmo!

A próxima bênção é que sendo adotados, nós temos acesso ao trono. Quando chegamos ao trono de
Deus, uma coisa que devemos sempre pleitear é a nossa adoção. O anjo que mantém o Propiciatório
pode nos parar no caminho, dizendo: “Qual é a sua pretensão de vir aqui? Você vem como um sujeito,
ou um servo? Se você o faz, não tem o direito de vir; mas se você vem como um filho, venha e seja
bem-vindo”. Você pode dizer que é um filho em suas orações, Cristão? Então, nunca tenha medo de
orar! Desde que você conheça sua filiação, terá a certeza de obter tudo que você precisa, para que
você possa dizer: “Pai, eu não peço como um servo. Se eu fosse um servo eu esperaria Teus salários,
e sabendo que como um servo eu fui rebelde, eu poderia esperar os salários da ira eterna. Mas eu sou
Teu filho. Embora como um servo eu tenha muitas vezes violado as regras, e podia esperar a Tua
vara, ainda, ó Pai, embora eu seja pecador, em e de mim mesmo, eu sou Teu filho por adoção e graça.
Não me lance fora; não me retire de Teu joelho; Eu sou o Teu próprio filho; Rogo isto! O Espírito
testifica com o meu espírito, que eu sou nascido de Deus. Pai, Tu engarás que sou Seu filho?”. O quê?
Quando você implora por causa de seu Irmão mais velho, por meio de Quem você é filho de Deus,
sendo feito um herdeiro com Cristo em todas as coisas, Ele afastará Seu filho? Não, amados, Ele não
vai! Ele voltará novamente; Ele ouvirá a nossa oração; Ele terá misericórdia de nós. Se nós somos
Seus filhos, podemos ter acesso à graça na qual estamos firmes, e acesso com confiança ao trono da
graça celestial!

Outra bênção é que Deus tem piedade de nós. Pensem nisso, filhos, em todos os seus sofrimentos e
tristezas. “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o
temem”. Você repousa doente? O Senhor permanece ao lado de sua cama, com piedade de você.
Você é tentado por Satanás? Cristo está olhando para baixo sobre você, sentindo em Seu coração os
seus suspiros e seus gemidos. Você veio aqui esta manhã com o coração pesado, um espírito
desolado? Lembre-se, o amoroso coração de Deus se compadece de você! Em Sua medida, Cristo
sente novamente o que cada membro suporta; Ele tem compaixão de você, e esta piedade de Deus é
um dos estímulos que fluem para o seu coração por sua adoção.
No próximo lugar, Ele protege você. Assim como a galinha protege os seus pintinhos debaixo das
suas penas, das aves de rapina que procuram a sua morte, assim o Senhor faz os Seus próprios
braços amorosos cercarem Seus filhos. Nenhum pai permitirá que o seu filho morra sem fazer alguma
tentativa de resistir ao adversário que o mataria. Deus nunca permitirá que Seus filhos pereçam, pois
Sua onipotência é capaz de guardá-los. Se, uma vez o braço eterno pode ser paralisado; se, uma vez
a mão eterna pode se tornar menos do que todo-poderosa, então você pode morrer; mas enquanto
seu Pai vive, o escudo de seu Pai deve ser o seu preservador, e Seu braço forte será sua proteção
eficaz.

Mais uma vez, existe a provisão, bem como proteção. Todo pai cuidará de, ao máximo de sua
capacidade, prover para seus filhos. Assim fará Deus. Se vocês são adotados, tendo sido
predestinados para isso, mui certamente Ele proverá para vocês:

“Toda a graça necessária, Deus concederá,

E coroa esta graça de glória, também;

Ele nos dá todas as coisas e não retém

Nenhum bem real de almas retas.”

Misericórdias temporais, misericórdias espirituais, você deve ter, e tudo porque você é filho de Deus,
Seu filho redimido, feito assim pelo sangue de Jesus Cristo.

E então, você terá, igualmente, educação. Deus educará todos os Seus filhos até que Ele os torne
perfeitos em Cristo Jesus. Ele ensinará a você, doutrina após doutrina. Ele o conduzirá em todas as
Suas verdades, até que, finalmente, aperfeiçoado em toda a sabedoria celestial, você será feito capaz
de se unir aos seus conservos no grande Céu acima.

Há também uma coisa que, talvez, vocês às vezes se esquecem de que são certos de ter no percurso:
a disciplina, se vocês são filhos de Deus, e isso é a vara de Deus. Esse é outro fruto da adoção. A
menos que tenhamos a vara, podemos tremer, temendo que não sejamos filhos de Deus. Deus não é
um pai tolo, se Ele adota uma criança, Ele a adota, de forma que Ele possa ser um pai amável e
sábio. E embora Ele não aflija voluntariamente, nem entristeça os filhos dos homens por nada,
todavia, quando Seus açoites são sentidos, Seus açoites são menores do que os nossos crimes e
mais leves do que a nossa culpa, mas ao mesmo tempo Ele nunca poupa a vara. Ele sabe que
arruinaria Seus filhos se Ele o fizesse, e, portanto, Ele a usa sem mão mui poupadora, e faz com que
eles clamem e gemam, enquanto eles pensam que Ele tornou-se seu inimigo.

Mas, como a Confissão belamente o apresenta, exatamente de acordo com a Escritura: “Embora
castigados por Deus como por um pai, mas nunca lançados fora, mas selados para o dia da redenção,
eles herdam as promessas, como herdeiros da salvação”. É uma grande doutrina da Escritura que
Deus não pode, assim como não irá, abandonar Seus filhos! Muitas vezes maravilho-me de como
qualquer pessoa pode ver alguma consistência na fraseologia da Escritura quando eles falam sobre o
povo de Deus sendo filhos de Deus um dia, e filhos de Satanás, no dia seguinte. Agora, eu me
surpreenderia, não um pouco, se eu entrasse em uma sala de aula, e ouvisse o professor afirmar que
meus filhos pudessem ser meus filhos hoje e seus filhos no próximo. Eu deveria olhar para ele e dizer:
“Eu não compreendo isso. Se eles são realmente meus, eles são meus. Se eles não são meus, não
são meus, mas eu não vejo como eles podem ser meus, hoje e seus amanhã”. O fato é que aqueles
que pregam assim acreditam na salvação pelas obras, embora eles o mascarem e o cobrem com
qualificações ilusórias, tanto quanto eles possam. Há tanta necessidade de um Lutero sair contra eles
como houve para ele sair contra os Romanistas! Ah, amados, é bom saber que a nossa posição não é
de outro caráter, mas se nós somos filhos de Deus nada pode nos desfilhar, embora sejamos
castigados e afligidos como filhos, jamais seremos punidos sendo expulsos da família, e deixando de
ser Seus filhos. Deus sabe como guardar Seus próprios filhos do pecado; Ele nunca vai dar-lhes
liberdade para fazer o que quiserem. Ele lhes dirá: “Eu não te matarei, este era um ato que Eu não
faria, mas isso te ferirá; e você deve ser levado a gemer e chorar debaixo da vara”, assim, você odiará
o pecado, e você unir-se-á a Ele e andará em santidade até o fim. Esta não é uma doutrina licenciosa
porque existe a vara. Se não houvesse a vara de castigo, então seria uma coisa ousada dizer que os
filhos de Deus ficarão impunes! Eles ficarão, na medida em que a penalidade legal é referida. Nenhum
juiz deve condená-los; mas, enquanto o castigo paterno é referido, de modo nenhum escaparão. “De
todas as famílias da terra só a vós vos tenho conhecido”, diz o Senhor, “portanto eu vos punirei por
todas as vossas iniquidades” [Amós 3:2].

Por último, tão certo como somos filhos de Deus por adoção, devemos herdar a promessa que
pertence a isso. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e
coerdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos
glorificados [Romanos 8:17].

III. E agora, o ponto final: HÁ ALGUNS DEVERES QUE ESTÃO VINCULADOS À ADOÇÃO.

Quando o crente é adotado na família do Senhor, há muitos relacionamentos que são quebrados, a
relação com o velho Adão, e com a Lei cessa imediatamente. Mas, então, ele está sob uma nova Lei,
a lei da graça, sob novas regras e sob um novo Pacto. E agora eu imploro para adverti-los sobre os
deveres, filhos de Deus! Porque vocês são filhos de Deus, tornou-se, então, o seu dever obedecer a
Deus. Um espírito servil não tem nada a ver com você; você é um filho. E na medida em que você é
um filho, você é obrigado a obedecer ao mais sútil desejo de seu Pai, ao mínimo sinal de Sua vontade.
O que Ele diz para você? Será que Ele manda cumprir tal-e-tal ordenança? É para seu perigo, se você
o negligenciar! Então você está desobedecendo ao seu Pai, que lhe diz para fazer isso! Ele lhes
ordena a buscar a imagem de Jesus? Busquem-na. Ele lhes diz: “Sede perfeitos, como vosso Pai que
está no Céu é perfeito”? Então, não porque a Lei assim o diz, mas porque seu Pai o diz, sejam-no!
Procurem ser perfeitos no amor e na santidade. Ele lhes diz para amar uns aos outros? Amem um ao
outro! Não porque a Lei diz: “Amarás o teu Deus”, mas porque Cristo diz: “Se me amais, guardareis os
meus mandamentos. E este é o mandamento que vos dou: que vos ameis uns aos outros”. Vocês são
ordenados a distribuir aos pobres, e ministrar aos santos nas suas necessidades? Façam-no, não
porque acham que são obrigados a fazê-lo pela Lei, mas façam-no, porque Cristo assim o diz, porque
Ele é o seu Irmão mais velho, Ele é o Mestre da casa, e vocês pensam de si mesmos mais
docemente obrigados a obedecer. Diz-se: “Ame a Deus com todo o teu coração”? Olhem para a
ordenança e digam: “Ah, mandamento, procurarei cumpri-lo. Cristo já o cumpriu, eu não tenho
nenhuma necessidade, portanto, de cumpri-lo para a minha salvação, mas me esforçarei para fazê-lo,
porque Ele é meu Pai, agora, e ele tem uma nova reivindicação sobre mim”. Ele diz: “Lembra-te do
Sabath, para o santificar”? Lembrarei do que Jesus disse: “O Sabath foi feito para o homem e não o
homem para o Sabath”, e, portanto, eu não serei escravo do Sabath. Mas, na medida em que meu Pai
descansou no sétimo dia, assim serei também eu em todas as minhas obras, e eu não terei obras de
legalidade que contaminem o Seu repouso; farei o maior número de atos de misericórdia, sempre que
puder; procurarei me esforçar para servi-lO com honra filial. Porque meu Pai descansou, assim eu o
farei na obra consumada de Cristo. E assim, com cada um dos Dez Mandamentos. Tomem-nos da Lei;
coloquem-nos no Evangelho, e então os obedeçam. Não os obedeçam simplesmente como sendo a
Lei gravada em tábuas de pedra, os obedeçam como o Evangelho escrito em tábuas de carne do
coração, “pois não estais debaixo da Lei, mas debaixo da graça”.

Há um outro dever, crente. É este: se Deus é o seu Pai, e você é Seu filho, você é obrigado a confiar
nEle. Oh, se Ele fosse apenas o seu Mestre, e você sempre tão miserável servo, você seria obrigado
a confiar nEle! Mas quando você sabe que Ele é o seu Pai, você alguma vez duvidará dEle? Eu posso
duvidar de qualquer homem neste mundo, mas eu não duvido de meu pai. Se ele diz uma coisa, se ele
promete uma coisa, eu sei que se estiver em seu poder, ele o fará. E se ele declara um fato para mim,
eu não posso duvidar de sua palavra. E, no entanto, oh filho de Deus, quantas vezes você desconfia
de seu Pai celestial? Não o faça mais! Seja Ele verdadeiro; seja todo homem um mentiroso, continue a
não duvidar de seu Pai. O quê? Ele poderia dizer uma mentira? Ele o enganaria? Não, o seu Pai,
quando Ele fala, significa o que Ele diz. Você não pode confiar em Seu amor? O quê? Ele o deixará
afundar, enquanto Ele é capaz de mantê-lo à tona? Ele deixará você morrer de fome enquanto Seus
celeiros estão cheios? Ele deixará você morrer de sede enquanto Seus odres estouram com vinho
novo? Há gado sobre Suas mil colinas, e Ele deixará faltar uma refeição a você? É a terra do Senhor
e toda a sua plenitude, e Ele deixará você ir embora vazio e pobre, e miserável? Certamente não! É
dEle toda a graça, e Ele a esconderá de você? Não, Ele nos diz hoje: “Filho, tu estás sempre coMigo,
e tudo o que Eu tenho é seu. Tome o que quiser, é tudo seu. Mas confie no seu Pai:

“Deixe a Sua Soberana vontade,

Escolher e ordenar.

Com maravilha plena, então, você reconhecerá,

Quão sábia, quão forte é a Sua mão.”

Agora, vão embora, herdeiros do céu, com os pés leves, e com alegria em seus rostos, dizendo que
sabem que são Seus filhos, e que Ele lhes ama e não lhes rejeita! Acreditem que para o Seu seio Ele
agora lhes pressiona, que o Seu coração está cheio de amor por vocês! Creiam que Ele proverá para
vocês, os protegerá, sustentará, e que Ele, finalmente, os conduzirá a uma herança feliz quando
vocês tiverem aperfeiçoado os anos de sua peregrinação e forem maduros para a bem-aventurança!
“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de
sua vontade”.

Eu não preciso nesta manhã atrasar vocês por mais tempo na abordagem pessoal dirigida aos não-
convertidos. O bem-estar deles, eu sempre busco. Tenho procurado, ao falar para os santos, nesta
manhã, por assim dizer que todo pecador possa aprender pelo menos este fato: a salvação é de Deus
somente, e que ele pode ser trazido para este estado de espírito, sentir que se ele é salvo, Deus o
salvará, ou então ele não pode ser salvo absolutamente! Se algum de vocês reconhece esta verdade,
então em nome de Deus eu agora lhe ordeno a crer em Jesus, pois, tão certo como alguma vez você
possa sentir que Deus tem o direito de salvar ou destruir você, a graça deve ter feito você sentir isso,
e, portanto, agora você tem o direito de vir e crer em Jesus! Se você sabe disto, sabe tudo o que fará
você se sentir vazio e, portanto, tem o suficiente para fazer você lançar toda a sua esperança sobre
esta plenitude que há em Jesus Cristo.

O Senhor te abençoe e te salve! Amém.

Tradução por Camila Almeida e Revisão por William Teixeira


Via: SpurgeonGems.org • Traduzido com Permissão • Baixe este texto em formato E-book/PDF

Charles Haddon Spurgeon (1834 - 1892) foi um pregador Batista Calvinista. Nasceu
em Kelvedon, Essex, Inglaterra. Aos quinze anos de idade olhou para Jesus Cristo e foi salvo. Aos
vinte anos, foi chamado para ser pastor em New Park Street, Londres, que mais tarde seria o
Tabernáculo Metropolitano. O Príncipe dos Pregadores e Último dos Puritanos gastou-se pela causa
de Cristo e da Verdade. Casou-se em 1856 com Susannah Thompson e teve dois filhos, os gêmeos
Thomas e Charles. Até o último dia de pastorado, havia batizado 14.692 pessoas.

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