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Aula 04 - Somente em

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CBM-PE - Redação S/ Correção - 2023
(Pós-Edital)

Autor:
Carlos Roberto, Marcio
Damasceno

12 de Dezembro de 2023

15091383409 - Alice Gabrielle Soares da Silva


Carlos Roberto, Marcio Damasceno
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Sumário

PRIMEIRA RODADA DE TEMAS – ATUALIDADES I ...................................................................................... 1

Tema 1 – Corrupção............................................................................................................................ 3

Proposta de solução .......................................................................................................................... 5

Tema 2 – Impunidade ....................................................................................................................... 6

Proposta de solução .......................................................................................................................... 8

Tema 3 – Desenvolvimento sustentável ..................................................................................... 9

Proposta de solução ........................................................................................................................ 10

Tema 4 – Agrotóxicos...................................................................................................................... 11

Proposta de solução ........................................................................................................................ 12

PRIMEIRA RODADA DE TEMAS – ATUALIDADES I


Olá, meus nobres alunos. Bem-vindos à nossa primeira rodada de temas.
Inicia-se um momento muito aguardado do curso: a elaboração das suas dissertações. Essa é a hora de
colocar em prática o conhecimento absorvido nas aulas anteriores. Estejam muito atentos aos aspectos
estruturais e gramaticais, pois apenações dessa natureza poderão afastá-los do tão almejado cargo.
Aos alunos dos cursos que dão direito a correções: vocês poderão escolher para envio qualquer dos temas
desta aula. Contudo, não é obrigatório escolher um tema agora, caso prefiram aguardar os temas das
próximas rodadas. Aconselho, entretanto, que não concentrem a escolha de vocês nas últimas aulas, pois o
estudo dessa importante matéria pode acabar sendo negligenciado, o que poderá comprometer seu
desempenho no dia da prova. Uma observação: independentemente da escolha de um tema para envio,
não deixem de produzir textos manuscritos para todas as propostas que serão apresentadas.
Principalmente, é para isso que eles constam nas aulas!
Antes de começarmos, gostaria de passar para vocês algumas dicas sempre solicitadas pelos nossos alunos
em cursos anteriores.
1. Simule as mesmas condições da sua prova

Simular o ambiente de prova significa reproduzir, ao máximo, as condições da sua realização. Quanto mais
isso for levado a sério, mais natural será a realização da prova, contribuindo para que você esteja mais calmo

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nesse momento. Utilize a folha de respostas padrão da banca, incluída em aula específica. Use caneta
esferográfica de cor preta. Isso também é importante.
Outro importante aspecto a ser observado é o tempo de realização da prova. Sugiro que se planeje para
reservar 1h - 1h30min para a prova discursiva. É importante que, nos seus treinos, você cronometre o seu
tempo, como forma de verificar se o tempo sugerido é adequado a você.
Seguir esses passos é essencial para que você se conheça melhor, diagnosticando seus pontos fracos, caso
haja. Ainda há tempo para você trabalhar os possíveis pontos de melhoria, então recomendo que invista
nisto. Leve a sério a filosofia socrática do “conhece-te a ti mesmo”.
2. Vou começar a escrever, e agora?

Primeiro passo: aplique o PLE. Mas professor, não identifiquei esse assunto no edital!
Pois é, nem irá. Esse é um princípio implícito no seu edital, que vale para a prova objetiva e discursiva. É o
Princípio da Leitura do Enunciado. Leia com muita atenção o comando da questão, especialmente nos
estudos de caso, pois o bom examinador não coloca palavras a esmo. Esteja atento a todos os detalhes,
afinal “as grandes ideias surgem da observação dos pequenos detalhes”. Sublinhe e grife as palavras-chave
do enunciado, para que nenhuma delas passe despercebida.
Uma vez superado esse passo inicial, planeje a sua resposta. Não se esqueça de definir as estruturas
trabalhadas nas aulas anteriores (formal e conceitual), bem como de definir os pontos semânticos que
irão compor seu texto. Esse planejamento, em grande medida, passa pela produção de um rascunho.
O rascunho é essencial para que você possa, preliminarmente, avaliar seu texto e corrigi-lo enquanto ainda
há tempo. Logo, sempre deve ser feito. Contudo, se a gestão do seu tempo não foi boa e você não puder
fazer rascunho, é fundamental que, pelo menos, trace o esqueleto do seu texto, listando em tópicos as ideias
principais a serem trabalhadas.
É fundamental que, ao finalizar seu texto, você leia novamente o enunciado e se certifique de que respondeu
a tudo que lhe foi perguntado. E, por fim, nunca deixe de revisá-lo, combinado?
3. Top dúvidas

Embora esses pontos já tenham sido tratados anteriormente, como recebemos muitos questionamentos,
vale a pena repisarmos.
1. Letra de fôrma x cursiva: pode as duas, contanto que você não misture. Se usar a letra de fôrma,
quando empregar letras maiúsculas, você deverá destacá-las, deixando-as maiores que as demais, de
modo que o examinador saiba, exatamente, quando elas foram usadas.
2. Rasura: um traço no centro do trecho ou palavra inadequada. Só isso.
3. Citação de número de artigos, incisos: só se você tiver certeza absoluta. Se estiver em dúvida, não
use, a menos que lhe seja perguntado diretamente.
4. Minha letra é um garrancho, e agora? Fato é que a ilegibilidade da letra poderá acarretar prejuízo à
nota do candidato. Se é seu caso, vale muito a pena caprichar e, acredite, a prática da escrita manuscrita

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pode amenizar o seu problema. Fora isso, não sendo ininteligível, ninguém será desclassificado por
conta disso. Segue o jogo!

Bem, agora chega de conversa. Está na hora de “arregaçar as mangas”. Após o enunciado, há sempre a
apresentação de uma abordagem teórica, cujo objetivo é relembrar os principais pontos necessários à
resolução da questão, caso você necessite.
Espero que você goste dos temas selecionados e, sobretudo, realmente faça as redações propostas. O treino
é seu maior aliado: somente por meio dele você conhecerá seus pontos de melhoria, que, devidamente
trabalhados, permitirão sua evolução.
Então, quero ver todos com a sua caneta esferográfica fabricada em material transparente a postos. Façam
um excelente trabalho!

Prof. Marcio

Tema 1 – Corrupção

Corrupção - uma questão cultural ou falta de controle?


Suborno, propina, carteirada, “rouba, mas faz”. Casos como Mensalão e Operação Lava Jato estampando
manchetes de jornal. Quem já não escutou alguém dizer que no Brasil a corrupção é algo natural? Muito se
fala que ela faz parte de quem somos. No entanto, a corrupção é fenômeno inerente a qualquer forma de
governo, seja democrático ou despótico, em países ricos ou em desenvolvimento. Então o que nos faz
acreditar que a prática é uma característica brasileira, parte do modo de viver que nós chamamos de
“jeitinho brasileiro”?
Bem, primeiro vamos entender o que é corrupção. A palavra corrupção vem do latim corruptus, que significa
quebrado em pedaços. Na república romana, ela se referia à corrupção de costumes. No mundo
contemporâneo, sua prática pode ser definida como utilização do poder, cargo público ou autoridade –
também chamada de tráfico de influência - para obter vantagens e fazer uso do dinheiro público ilegalmente
em benefício próprio ou de pessoas próximas.
[...]
Para muitos, a corrupção é um fator moral e cultural. Como descreveu o antropólogo Sérgio Buarque
Holanda no livro Raízes do Brasil (1936), o brasileiro (segundo ele, um indivíduo cordial, que pensa com a
emoção) teria desenvolvido uma histórica propensão à informalidade, o que se refletiria nas suas relações
com outros indivíduos, instituições, leis e a política.
Esse comportamento explicaria a origem, mais tarde, do “jeitinho brasileiro”. Nessa predisposição à
informalidade, entre o que pode e o que não pode por meios legais, a malandragem, o "jeitinho" e frases
como "você sabe com quem está falando?", como cita Roberto DaMatta, surgem como formas de se obter
vantagens e burlar regras seja no âmbito do poder seja nas nossas relações do dia a dia.

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Disponível em: www.vestibular.uol.br/atualidades Acesso em 09 de junho de 2020. Texto


original escrito por Andreia Martins. (Adaptado).

Corrupção - uma doença social


Sair às ruas para protestar contra a corrupção tem sido um ato cada vez mais comum. Claro, a corrupção
está aí, corrompendo nossas instituições, “surrupiando” o dinheiro dos nossos impostos, dizimando o pouco
de esperança que resta em uma população “honesta”, que honra com seus mais profundos preceitos éticos,
códigos morais e que educa seus descendentes pelo exemplo...
A corrupção é uma praga realmente, um mal que precisa ser combatido. Mas vejamos só... Pensando no
antídoto...
A corrupção é uma síndrome que se manifesta apenas em políticos e administradores de grandes
construtoras? É uma doença transmitida por algum inseto? Um inseto que escolhe quem picar? Ela é
genética, é transmitida de uma geração para outra? Ela foi importada de outro país ou quem sabe de outro
planeta?
Não, claro que não! A corrupção nasce em nossas casas, todos os dias. Está presente dentro do nosso mais
profundo ser,enraizada em velhos e novos hábitos. Ela se perpetua como uma praga, age como o mais
potente vírus, pois é capaz de se reinventar a uma velocidade incalculável. Parece muitas vezes invisível,
mas ataca todas as raças e classes sociais. O período de incubação é variável, em alguns casos pode nunca
se manifestar. Mas quem padece deste mal nega sempre que está doente...
A corrupção está presente em nossas casas, nas ligações irregulares de água, na TV a cabo pirata, nos filmes
baixados por torrent, na versão “beta” do Windows e de todo o pacote Office, na árvore cortada sem
autorização, no valor do imóvel subestimado, no imposto de renda parcial.
A corrupção está presente nas ruas, no desrespeito às vagas preferenciais, no suborno ao guarda, no bem
achado e não devolvido, no troco errado não relatado...
A corrupção está presente nas escolas, nas provas coladas, nos trabalhos plagiados, nas respostas
compradas, no livro “xerocado”...
Ela está presente nas empresas, nos impostos omitidos, no “por fora” do trabalhador, na contratação
informal, nos favorecimentos contratuais, na nota fria...
E não podia ser diferente, ela está presente nos órgãos públicos, nas licitações direcionadas, nas decisões
políticas onerosas, nas indicações pessoais...
A ocasião e a oportunidade fazem o corrupto, se a corrupção vem de berço, o político é mero retrato de uma
sociedade corrupta. Ele não é a causa dos problemas, mas a consequência de uma epidemia de doentes
morais, de cegos éticos, que fecham os olhos para os pequenos atos de corrupção do dia a dia.
Por isso, protestar é um direito, mas não praticar atos de corrupção é mais do que uma obrigação."
ZSCHORNACK, Thiago. Disponível em:
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/atualidades/corrupcao-uma-doenca-social.htm.
Acesso em 09 de junho de 2020.

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Considerando os textos acima como meramente motivadores, redija um dissertativo sobre:

CORRUPÇÃO NO BRASIL: FENÔMENO SOCIAL A SER COMBATIDO A PARTIR DA PERSPECTIVA


INDIVIDUAL

Proposta de solução

A corrupção é um problema histórico e, no Brasil: vem desde o período colonial, o


qual teve como caraterística o patrimonialismo e o clientelismo. Trata-se de um grave estorvo
social, que traz sérios prejuízos à sociedade, o que exige ações por parte desta para a superação
==29b4ab==

do problema.
Inicialmente, no que pese haver uma noção de que é restrita à classe política, pode-se
afirmar que a corrupção é um fenômeno social, visto que se encontra disseminada na sociedade.
Nesse contexto, Sergio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil,
apresenta o conceito de “homem cordial”, o qual define um padrão comportamental
tipicamente brasileiro e que se caracteriza pela informalidade, pela aversão às regras e uso da
impessoalidade para resolver os problemas. Assim, as ideias do historiador reforçam as
matrizes históricas da corrupção no país e condizem com diversas práticas corriqueiras e
censuráveis, mas revestidas de normalidade, como o suborno de agentes públicos para evitar a
aplicação de multas no trânsito.
Nesse sentido, é necessário compreender que o ponto inicial para a modificação desse
paradigma envolve ações individuais. A partir de cada pequeno ato, os cidadãos podem
modificar práticas enraizadas na sociedade e, por meio de bons exemplos, gerar um efeito
multiplicador. Uma sociedade consciente e intolerante com posturas reprováveis do ponto de
vista ético evita o exercício do poder por agentes de índole questionável e transmite uma
mensagem positiva no sentido de coibir atos de corrupção.

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Assim, observa-se que a corrupção é fenômeno social cuja combate envolve a


participação de todos. É Por meio das condutas individuais que se chegará à transformação
almejada pela coletividade e se romperá padrões historicamente consolidados, como o do
“homem cordial”.

Tema 2 – Impunidade

Brasil, o país da impunidade?


Pressão popular pode reduzir a corrupção política do país e tornar as punições mais severas, diz especialista
Além de ser considerado o país do futebol, o Brasil carrega outra característica que não está com a bola
toda: a constante impunidade em sua política.
Essa má fama, assentida pelos próprios brasileiros, tem a ver com uma questão histórica, segundo o
especialista em ciência política Marcos Tarcísio Florindo. Para ele, é preciso ter um olhar retrospectivo para
a história do Brasil.
“Esse é um problema na história do sistema político. A gente construiu ao longo dos anos uma república
pouco pública e sem transparência, ‘sequestrada’ por interesses particulares”, diz.
“Não que tudo isso tenha tornado a corrupção uma exclusividade do nosso país, mas acredito que, ao
construir um Estado pouco transparente e muito relacionado a interesses particulares, nós abrimos uma
brecha histórica para que isso continuasse acontecendo até hoje”, afirma Marcos.
A impunidade é vista hoje pela população de duas maneiras: quando falta disposição do Estado fazer
prevalecer a punição estabelecida e quando a própria lei ou o magistrado que a aplica são considerados
benevolentes com determinado ato criminoso.
Para Florindo, a explicação para isso é que a lei é outra para quem está envolvido em cargos políticos. "A
legislação que reprimi o nepotismo, a corrupção e o crime do colarinho branco sempre será mais branda e
falha com a elite das políticas brasileiras, privilegiando-os. Para esses, a lei é uma coisa, e para o resto da
população é outra”, afirma. [...]
Disponível em:
https://entretenimento.band.uol.com.br/aquinaband/noticias/100000459438/br
asil-o-pais-da-impunidade. Acesso em 23 de junho de 2020. (Adaptado)

O Brasil é o paraíso da impunidade para réus do colarinho branco


Vivemos no paraíso da impunidade dos colarinhos brancos. A pena da corrupção, no Brasil, é uma piada de
mau gosto. Embora a pena máxima, de 12 anos, impressione, a tradição nacional orienta que a punição fique
próxima à mínima, que é de 2 anos.

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Uma pena inferior a 4 anos, quando não é cumprida em regime aberto, em casa e sem fiscalização (na falta
de casa de albergado), é substituída por penas restritivas de direitos – ou seja, prestação de serviços à
comunidade e doação de cestas básicas. Para piorar o cenário, decretos de indulto natalino determinam a
extinção dessas penas após apenas um quarto delas terem sido cumpridas, ainda que penas alternativas não
gerem superlotação carcerária, a qual o indulto, em tese, buscaria remediar.
Além de ser baixa, a pena raramente é aplicada contra colarinhos brancos. Ela prescreve. Advogados
habilidosos, contratados a peso de ouro – do nosso ouro, desviado dos cofres públicos – manejam petições
e recursos protelatórios sucessivos até alcançarem a prescrição e, consequentemente, a completa
impunidade dos réus. O sistema estimula a barrigada.
Nosso sistema prescricional, aliado ao congestionamento dos tribunais, é uma máquina de impunidade.
Somos o único país com quatro instâncias de julgamento, que abrem suas portas à bem manejada técnica
recursal. Dentro de cada uma, são possíveis novos recursos, alguns dos quais se repetem sem fim. Enquanto
a Corte Suprema americana julga cem casos por ano, a nossa julga cem mil casos por ano.
A prescrição criminal foi criada para estabilizar relações sociais diante da inércia do autor da ação penal,
mas hoje ela funciona como uma punição do autor e, consequentemente, da vítima e da sociedade, por uma
demora do Judiciário da qual aqueles não têm qualquer culpa.
É como se você planejasse uma viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro e a estimasse em seis horas. No
trajeto, entretanto, enfrenta-se congestionamento decorrente do excesso de veículos, o que permite que a
viagem só seja concluída após oito horas. Então, uma bruxa má, chamada prescrição, determina o
cancelamento da viagem num passe de mágica, devolve-o a São Paulo e o condena a nunca mais sair de lá.
Assim foi no caso Propinoduto, que apurou corrupção de fiscais estaduais do Rio de Janeiro, os quais
esconderam propinas na Suíça que chegaram a US$ 34 milhões. A acusação aconteceu em 2003, mesmo
ano em que a sentença foi proferida, condenando os auditores. Mas, lembrem-se, no Brasil réus ricos
alcançam quatro julgamentos, e esse foi só o primeiro.
O segundo julgamento aconteceu em 2007. O terceiro, em dezembro de 2014, e ainda pendem recursos
para o mesmo tribunal. Em 2013, a Suíça ameaçou devolver o dinheiro para os réus, em razão da demora.
Se o quarto julgamento demorar o mesmo tempo que o terceiro, esse caso será concluído em 2021, quase
20 anos após a acusação e mais de 20 anos após os fatos, que ocorreram desde 1999.
Guardei a cereja do bolo para o fim: os crimes de corrupção já prescreveram. É como se a corrupção jamais
tivesse existido, embora tenha sido amplamente provada e os réus tenham sido condenados.
Infelizmente, essa é a regra em relação aos colarinhos brancos. O caso Maluf prescreveu no tocante ao
político, embora tenham sido encontradas centenas de milhões de dólares no exterior. O caso Luís Estêvão,
relacionado a desvios de dinheiro público na construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo,
prescreverá ano que vem, se não se encerrar até lá.
Analisei dados fornecidos pelo Estado do Paraná e constatei que ou não há corruptos do colarinho branco
que desviem milhões no Paraná, ou eles não vão para a cadeia. Se esse fosse um teste de múltipla escolha,
optaria pela segunda alternativa com segurança.

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O Paraná tem quase 30 mil presos, e apenas 53 deles cumprem pena por corrupção. Eles todos, menos dois,
praticaram crimes como furto, roubo, tráfico de drogas, embriaguez ao volante ou contrabando. Em geral,
tentaram corromper o policial que efetuou a prisão. Dos dois restantes, um foi submetido a medida de
segurança, o que indica que é alguém que está fora do juízo pleno, e outro é um oficial de justiça que recebeu
gratificação para cumprir um mandado. Nenhum dos presos tem o perfil do corrupto que desvia milhões.
Não há dúvidas de que a corrupção é, no Brasil, um crime de baixo risco. Para réus do colarinho branco, o
sistema de justiça penal ainda tem que melhorar muito para ser ruim, quanto mais para ser bom. Os mais
reconhecidos estudiosos da corrupção no mundo dizem que, se queremos ser um país livre da corrupção,
ela deve ser um crime de alto risco.
Deve ter uma punição séria e que seja aplicada. [...] Até mudarmos a legislação, criando um ambiente
menos favorável à corrupção, seremos o paraíso dos grandes corruptos e o inferno daqueles que sofrem
diariamente com a falta do dinheiro desviado na educação, na saúde, no saneamento e na segurança
pública.
Adaptado. Deltan Dallagnol. Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2015/10/01/brasil-e-o-paraiso-da-
impunidade-para-reus-do-colarinho-branco.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em
19 de junho de 2020.

Tomando como referência os textos motivadores acima, escreva um texto que responda à pergunta feita
no primeiro texto motivador: Brasil, o país da impunidade?

Proposta de solução

Apesar de contar com uma das maiores populações carcerárias do mundo, a


impunidade é parte da realidade brasileira. Essa convicção não é desprovida de fundamento,
eis que se ampara em fatos como a baixa taxa de esclarecimento de homicídios e na leniência
da justiça com os crimes de “colarinho branco”. [Introdução]
Inicialmente, destaque-se a baixa taxa de esclarecimento no país, a qual evidencia a
relação entre o número de denúncias oferecidas e o de crimes registrados. Isso reflete a
existência de limitações na capacidade investigativa de algumas Polícias Civis, a quem cabe,
em regra, a instrução de um inquérito que aponte indícios de autoria e materialidade acerca
de um determinado delito. Esse fato grave é ainda mais grave por se tratar de um crime de
elevado potencial lesivo à sociedade, aumentando a angústia e o sentimento de impunidade.

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Além disso, outro elemento que intensifica a impunidade no país é a leniência da justiça
com os crimes de “colarinho branco” permitindo a incidência da prescrição. Não obstante
ser um instituto jurídico importante, tem sido usada para garantir a impunidade,
principalmente nos crimes cometidos por indivíduos de maior capacidade econômica. Esses
réus têm condições financeiras para contratar e manter advogados ou escritórios de advocacia
renomados, fazendo com que o processo não se desenvolva e que a pretensão punitiva do Estado
seja fulminada.
Diante do exposto, evidenciam-se elementos que justificam o Brasil ser conhecido, de
forma nada honrosa, como o país da impunidade. Isso repercute de inúmeras formas
negativas, entre as quais menciona-se o descrédito em relação às instituições e o sentimento
generalizado de que o crime, no Brasil, compensa.

Tema 3 – Desenvolvimento sustentável

O problema do modelo econômico tradicional é o fato de não considerar o meio ambiente, baseando-se
apenas em ganhos com a produtividade e ignorando que nenhuma atividade econômica será viável se a
natureza fornecedora dos recursos materiais e energéticos estiver comprometida. Contudo, o crescimento
econômico não pode sensatamente ser considerado um fim em si mesmo, tendo de estar relacionado
sobretudo com a melhoria da qualidade de vida e da própria vida, afinal a vida é o maior de todos os valores.
De fato, a única porta de saída para a crise ambiental é a economia, que deve ser rediscutida e redesenhada
no intuito de levar em consideração o meio ambiente e suas complexas relações. A despeito de uma ou
outra análise pontual, o fato é que por muito tempo a economia ignorou a ecologia, como se esta não fosse
o pano de fundo daquela. Um bom exemplo disso é o Produto Interno Bruto (PIB), que, além de ignorar a
dimensão ambiental, pode considerar a degradação como algo positivo.
A Constituição Federal de 1988 consagrou o desenvolvimento sustentável ao afirmar no artigo 225 que
"todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e de
preservá-lo para as presentes e futuras gerações". O mesmo ocorre com a Lei 6.938/81, que dispõe no inciso
I do artigo 4º que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à compatibilização do desenvolvimento
econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. O meio
ambiente é tão importante que foi transformado pelo inciso VI do artigo 170 da Constituição Federal em um

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princípio da ordem econômica, passando a se compatibilizar com ele os princípios da livre-iniciativa e da


livre concorrência.
É um reconhecimento de que não se pode tratar a problemática econômica sem lidar com a questão
ambiental, pois, se o Estado tem a obrigação de promover o desenvolvimento, esse desenvolvimento tem
a obrigação de ser ecologicamente correto.
Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2014/08/25/desenvolvimento-economico-x-
crise-ambiental-a-superacao-da-dicotomia-entrevista-com-sergio-besserman-
vianna/.Acesso em 14 de julho de 2021.

Considerando o caráter meramente motivador do fragmento de texto acima, redija um texto dissertativo-
argumentativo que responda ao seguinte questionamento: é possível aliar crescimento econômico e
preservação ambiental?

Proposta de solução

O surgimento de consequências ambientais fez a humanidade perceber que a lógica


meramente exploratória, concebida como inerente ao progresso, apresentava limitações. No
entanto, apesar de aparentemente paradoxais, é possível conciliar crescimento econômico e
preservação ambiental, desde que se altere o entendimento da relação homem-natureza e se
utilize a tecnologia como instrumento de mitigação do impacto humano sob o planeta.
Inicialmente, ressalte-se ser necessária a mudança conceitual da relação homem-
natureza. De fato, já no século XVIII, a visão antropocêntrica iluminista coloca a
natureza como algo destituído de valor intrínseco, como algo a ser dominado e utilizado para
a utilidade da espécie humana. Essa visão, ainda vigente, deve ser alterada, o que envolve,
principalmente, a percepção de que o homem é parte da natureza, devendo, portanto, respeitá-
la e preservá-la.
Essa mudança de paradigma deve-se concretizar a partir de modificações no agir dos
indivíduos, especialmente no campo tecnológico. Com efeito, não obstante ter sido a
tecnologia um elemento impulsionador de uma intervenção mais radical do homem sobre o

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meio ambiente, ela pode ser utilizada para a mitigação da “pegada ecológica” humana, o que
pode ocorrer, por exemplo, a partir do desenvolvimento de energias mais limpas.
Portanto, observa-se ser possível conciliar crescimento econômico e preservação
ambiental, mas isso envolve uma nova forma de pensar e agir. A degradação ambiental,
verificada em inúmeros ecossistemas, e a crescente presença de eventos climáticos extremos
reclamam medidas urgentes, as quais, se negligenciadas, comprometerão o futuro das próximas
gerações.

Tema 4 – Agrotóxicos

Inédita
Agrotóxicos
Nunca se liberou tanto agrotóxico no país quanto no primeiro semestre de 2019. Esse presente de grego
coloca a população na mira: substâncias altamente ou extremamente tóxicas estão sendo despejadas sobre
nossas cabeças
Mantendo o ritmo acelerado de aprovações de agrotóxicos, o governo liberou nesta segunda-feira, 24 de
junho, mais 42 venenos no mercado brasileiro, totalizando 239 desde o começo de 2019. Esse volume de
aprovações é inédito e preocupante.
Além dos 239 agrotóxicos já liberados, há 538 novos pedidos de registro acatados pelo novo governo. Se o
ritmo de liberação seguir assim, podemos encerrar 2019 com novo recorde de aprovação de agrotóxicos,
superando 2018 (maior registro de aprovações até então).
Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil/blog/capitulo-venenoso-na-historia-do-
brasil/?gclid=CjwKCAjw5fzrBRASEiwAD2OSV1AJ5PjJNGpSterAtnWeBUk84_ys1-
eJvnohi2Jkh9UxfOyWv35NTxoCtFEQAvD_BwE. Com adaptações. Acesso em: 16 set. 2019.

Ministra diz que liberação de agrotóxicos não traz riscos


De acordo com Tereza Cristina, exigências continuam as mesmas
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse hoje (5) que a liberação de agrotóxicos não coloca em risco
a saúde dos consumidores nem o meio ambiente. Segundo ela, a liberação de registro para que novos
produtos sejam usados no país foi acelerada, mas as exigências continuam as mesmas.
“Não mudou nada, o que mudou, somente, foi a celeridade. Foi colocado mais gente no Ministério da
Agricultura, pesquisadores da Embrapa que vieram ajudar essa fila [de pedidos de registro]. Foi colocado mais
gente no Ministério de Meio Ambiente, também a fila anda. E a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância

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Sanitária] resolveu pegar esse assunto em que o Brasil está muito atrasado em relação a outros países”, disse
após participar da abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio.
Os pesticidas e herbicidas usados no Brasil também são, de acordo com Tereza Cristina, usados em outras
partes do mundo. “Quase todos os países do mundo já usam esses produtos. E quando não usam é porque não
precisam”, disse sobre a segurança dos produtos.
Para a ministra, há uma má compreensão sobre o assunto. “É inadmissível que o agronegócio brasileiro tenha
tido nessa última semana um bombardeio pela mídia nacional, querendo colocar desinformação aos brasileiros,
falando sobre o alimento inseguro, o que não é verdade”, acrescentou.
Na quarta-feira passada (31), foi publicado no Diário Oficial da União o marco regulatório para agrotóxicos.
Detalhado por meio de três resoluções e uma instrução normativa, o marco atualiza e dá maior clareza aos
critérios adotados para avaliação e classificação toxicológica desse tipo de produto. Estão previstas
alterações nos rótulos e nas bulas dos agrotóxicos, definindo regras para a disposição de informações,
palavras e imagens de alerta.
Como forma de combater as críticas, a ministra defendeu um reforço nas ações de comunicação direta e
mediação com jornalistas sobre os temas relativos ao agronegócio brasileiro. “Nós precisamos ganhar a
guerra da comunicação”, enfatizou.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-
08/ministra-diz-que-liberacao-de-agrotoxicos-nao-traz-riscos. Acesso em: 16
set. 2019.

A partir da leitura dos textos de motivadores, redija um texto dissertativo sobre o tema:
AGROTÓXICOS: ENTRE A GARANTIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR E O RISCO À SAÚDE

Proposta de solução

O uso dos agrotóxicos é um assunto de grande interesse para a sociedade e alvo de embates
entre os ambientalistas e os ruralistas. Não obstante o cenário de expansão da liberação do
seu uso no território brasileiro, os agrotóxicos são produtos extremamente perigosos à saúde
humana e ao meio ambiente.
Inicialmente, destaque-se a existência de inúmeras pesquisas que apontam a nocividade
do uso de agrotóxicos à saúde da população. Os principais afetados são os agricultores e
trabalhadores das indústrias produtoras desses produtos, que sofrem diretamente os efeitos deles
durante a manipulação e aplicação. Contudo, toda a população está suscetível a exposições

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múltiplas a agrotóxicos, por meio de consumo de alimentos e água contaminados. Associam-


se, também, ao uso dos agrotóxicos problemas neurológicos, como o mal de Alzheimer, e
redução da fertilidade.
Além dos danos à saúde, o meio ambiente é outra “vítima” desse tipo de remédio, o qual
tem potencial de atingir o solo, a água e o ar. O uso dessas substâncias fragiliza o solo e reduz
a sua fertilidade. No ar, as partículas nocivas ficam em suspensão, o que pode desencadear a
intoxicação de pessoas e de outros organismos vivos que respiram o ar contaminado. Os
animais também são negativamente impactados por esses produtos, como é o caso das abelhas,
cujo papel é fundamental para a polinização e para a biodiversidade.
Diante do exposto, podem-se perceber os efeitos deletérios decorrentes do uso dessas
substâncias, os quais não consideram as premissas de um desenvolvimento sustentável. Nesse
sentido, fundamental que o seu uso seja devidamente controlado.

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