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Obra
Autores
LEGISLAÇÃO ESPECIAL • Samantha Rodrigues, Renato Philippini, Eduardo Gigante, Bruno Oliveira e
Kamila G. S. Gomes
Edição:
Agosto/2021
REDAÇÃO..................................................................................................................................4
REDAÇÃO (DOMÍNIO DA EXPRESSÃO ESCRITA)............................................................................... 4
LEGISLAÇÃO ESPECIAL..................................................................................................17
LEI Nº 9.455/1997 E SUAS ALTERAÇÕES (ANTITORTURA)........................................................... 17
z A primeira forma convencionada diz que só a pri- Agora um exemplo de texto em prosa:
meira palavra do título deve ser iniciada por letra Hiroshima ou Hiroxima (em japonês: 広島市) é
maiúscula, como em: uma cidade japonesa localizada na província de
Hiroshima. Fica no rio Ota (Otagawa), cujos seis
É bom fazer redação com o Nélson! canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em tor-
no de um castelo feudal do século XVI. Recebeu o
z A segunda forma permite que você coloque todas estatuto de cidade em 1589. Serviu de quartel-gene-
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção ral durante a guerra sino-japonesa (1894-95). Em 6
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti- de agosto de 1945 foi a primeira cidade do mundo
do próprio), como preposições e artigos: arrasada por uma bomba atômica: 250 mil pessoas
foram mortas ou feridas.
É bom fazer Redação com o Nélson! (http://pt.ikipedia.org/wiki/Hiroshima/28cidade/29)
Nomes próprios são sempre com iniciais “O que eu faço se errar uma palavra quando estiver
maiúsculas; passando a limpo minha redação?”
Use pontuação significativa se for necessário,
como interrogação e exclamação. O ponto final
é dispensável. Importante!
“É preciso usar letra cursiva ou pode ser de forma?“ Não se esqueça! Redação para concurso é em
REDAÇÃO
prosa.
Como já dissemos, a letra cursiva (letra de mão) só
será necessária se for uma exigência do edital. De uma Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém,
maneira geral, o que se pede é a legibilidade. Nesse muitas instituições orientam os candidatos a passar
caso você pode até misturar tudo: um traço simples sobre a palavra e continuar escre-
vendo como se nada houvesse acontecido. Geralmen-
Caligrafia / Caligrafia / CALIGRAFIA / CaliGrAfia te, nesses casos, o erro não é considerado. 5
ESTRUTURA DISSERTATIVA estatísticos, de explicações, de definições, de confron-
tos de ideias e contra argumentações. Você poderá
Neste tópico, trabalharemos alguns elemen- usar tantos parágrafos quanto achar necessário para
tos importantes para iniciarmos nossa produção desenvolver suas teorias, porém em redações de cur-
de textos. Começaremos com a estrutura do texto ta extensão o ideal é que cada parágrafo apresente
dissertativo. objetivamente apenas um dos argumentos a serem
Como todos sabem, a dissertação é um tipo de tex- desenvolvidos, ou ainda, que esses argumentos sejam
to que se caracteriza pela exposição e defesa de uma agrupados caso vários deles devam ser apresentados
ideia que será analisada e discutida a partir de um para sustentar sua tese.
ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dis-
sertativo trabalha com argumentos, com fatos, com Ex.: apresentação do primeiro argumento sobre “o
dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento da tecnologia em campos como o
desenvolvimento de suas ideias. da educação”
Para atender a esse propósito, a dissertação deve
apresentar uma organização estrutural que conduza Alguns argumentam que é importante reconhecer
as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto o papel das redes mundiais de informação para
ao reconhecimento da verdade proposta como tese. o favorecimento da construção do conhecimento.
Compreende-se como estrutura básica de uma disser- Hoje é possível visitar um museu, consultar uma biblio-
tação a divisão da exposição da argumentação em três teca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por meio da
partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a internet, muito da sabedoria mundial pode ser alcança-
conclusão: da por qualquer pessoa que a deseje. Basta estar diante
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: de um computador, ou de posse de um desses modernos
aparelhos celulares para se ligar a qualquer momento
Introdução ao universo virtual. Hoje é possível ler qualquer livro a
qualquer momento em um desses dispositivos.
A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
Ex.: apresentação do segundo argumento sobre “o
ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento desenvolvimento da tecnologia em campos como o
sobre o tema proposto pela banca. Esse momento dos serviços sociais”
é muito importante para o leitor, pois é aí que será Outro aspecto que merece destaque especial é quan-
mostrada a identificação de suas ideias com o tema. É
to ao atendimento oferecido ao cidadão pelos
um bom momento para apresentá-lo aos argumentos
órgãos do serviço público. Já é possível registrar
sequencialmente ordenados de acordo com a progres-
um boletim de ocorrências via computador ou ainda
são que você dará a sua redação (progressão textual).
agendar a emissão de passaportes junto às agencias da
A introdução deve ser clara e chamar a atenção
Policia Federal em qualquer lugar do Brasil. Consultas
para dois itens básicos: os objetivos do texto e o pla-
médicas podem ser marcadas em hospitais públicos ou
no do desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar
privados e os exames realizados podem ser consultados
alguma previsibilidade de seu projeto, você, autor,
diretamente do banco de dados dessas entidades.
deve expor os caminhos por que percorrerá em sua
explanação. Lembre-se de que o leitor, corretor de seu Ex.: apresentação do terceiro argumento sobre “as
trabalho, é um professor experiente e é a organização inovações em vários outros espaços do cotidiano”
que mais o impressionará nesse momento. Por isso,
não tenha medo de ser objetivo e previamente ilustra- E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que
tivo quanto aos seus propósitos de trabalho. de muitas outras formas a tecnologia interfere
Ex.: Parágrafo de introdução positivamente em nossas vidas. As relações sócias
Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple- se intensificaram depois do surgimento das várias
mentando novos valores à vida do homem moder- redes de relacionamento tendo início com o Orkut e o
no principalmente no que diz respeito a sua vida Facebook, permitindo que as pessoas se reencontrem
em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria mui-
tecnologia em campos como o da educação (2) e o to esforço coletivo para tais eventos. Programas como
dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda o Zoom e o Google Meet possibilitam que as pessoas
muito além disso, atingindo vários outros espaços conversem e interajam em diferentes partes do mundo
do cotidiano (4) da maioria das pessoas. sem nenhum custo além dos já dispensados com seus
(1) A tese: a tecnologia vem implementando novos provedores residenciais. Uma mãe que mora longe dos
valores à vida do homem moderno principalmente no filhos já pode vê-los ou aos netos, pela tela de um note-
que diz respeito a sua vida em sociedade; book ou celular, sempre que sentir saudade.
(2), (3), (4) Os argumentos são levantados a fim
de sustentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia Conclusão
em campos como o da educação (2) / o dos serviços
sociais (3) / inovações atingindo vários outros espaços A conclusão é a retomada da ideia principal, que
do cotidiano (4). agora deve aparecer de forma muito mais convin-
cente, uma vez que já foi fundamentada durante o
Desenvolvimento desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter
de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a
O desenvolvimento é a parte em que você deve confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argu-
expor os elementos que vão fundamentar sua tese que mentação básica empregada no desenvolvimento.
pode vir especificada por intermédio de argumentos,
6 de pormenores, de exemplos, de citações, de dados Ex.: considerações finais
Tendo em vista esses aspectos observados sobre 5° Parágrafo
esse admirável mundo de facilidades técnicas, só nos
resta comentar que não foi só o computador que Levando-se em consideração esses aspectos
tornou a vida do cidadão mais simples e confor- práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
tável, mas outros campos da tecnologia também ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
contribuíram para isso. Os aparelhos de GPS, que zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
nos orientam a qualquer direção, ou ainda diver- que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
sos dispositivos médicos portáteis, garantem a
Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
melhora da qualidade de vida de todos os homens
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
do nosso tempo.
É de conhecimento geral que ... Todos sabem que, Lembramos que esses exemplos são apenas
em nosso país, há tempos, observa- se... sugestões e que você poderá desenvolver cons-
Cogita-se, com muita frequência, que... truções que atendam sua necessidade a partir de
Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... quando você for adquirindo experiência com a pro-
É de fundamental importância o (a).... dução de textos.
Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- Tanto quanto podemos criar padrões para a intro-
brir as causas de.... dução e para o desenvolvimento de nossas redações,
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual... também podemos criá-los para a conclusão de nossa
dissertação.
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o Acompanhe a organização de nosso último parágrafo.
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
Levando-se em consideração esses aspectos ______________
às relações de coesão. As conjunções foram posicio- ____________________ somos levados a acreditar que___________
nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de ______________________________________________________________
argumentação. Veja os parágrafos seguindo suas res- __________, mas também____________________. Sendo assim ___
pectivas estruturas vazias: ______________________________________________________________
____________________________________.
3o Parágrafo:
Teremos, após preencher o modelo:
Além disso, ______________________________. E somando-se a Levando-se em consideração esses aspectos
isso,_________________________ que _____________. Daí__________ práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
________________________________________e de__________________ ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
____________________________________. zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Teremos, após preencher o modelo: Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
Os aspectos conclusivos presentes nesse último
Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che-
mos servem para repor a massa muscular perdida
gou ao final do desenvolvimento da tese inicial. As
durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo,
das verduras e folhas que ajudam no processamento dos conduzindo a sequência textual a uma possível solu-
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de ção para os problemas propostos, ou ainda, podem
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen- gerar simples constatações das verdades idealizadas.
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os Você também pode contar com uma pequena lista de
8 hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa.
z Em virtude dos fatos mencionados; 2o Parágrafo
z Por isso tudo;
z Levando-se em consideração esses aspectos; Alguns argumentam que_______________________
z Dessa forma; _______________________ para________________________.
z Em vista dos argumentos apresentados; Isso porque _______________________________. Dessa
z Dado o exposto; forma______________________________________________.
z Por todos esses aspectos;
z Pela observação dos aspectos analisados; Portanto;
3o Parágrafo
logo; então.
Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão Outra preocupação constante é ________________
com as seguintes frases: __________________________________, pois____________
________________________. Como se isso não bastasse,
z somos levados a acreditar que; ________________________ que _______________________
z é-se levado a acreditar que; ____________ Daí _______________________________ que
z entendemos que;
____________e que__________________________________.
z entende-se que;
z concluímos que;
4o Parágrafo
z conclui-se que;
z é necessário que;
z faz-se necessário que. Também merece destaque ______________________
o (a) qual __________________________________________.
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e Diante disso ________________________para que _________
como se deu a criação da primeira máscara: _______________________________________________.
2o Parágrafo
5o Parágrafo
É de fundamental importância o_________________
_____________________ para ______________________________. Tendo em vista os aspectos observados _________
Podemos mencionar, por exemplo,_______________________ _______________________ só nos resta esperar que ___
que_________________________, por causa de____________________ ______________________________, ou quem saiba ______
___________. Esse______________________________________.
____________________________________________________.
3o Parágrafo Consequentemente _________________________________.
MÁSCARA 02 _______________________________________________________
1o Parágrafo ________________________________________.
Entre os aspectos referentes a _______________. 5° (2º parágrafo) justificativas (por que isso
______________________ três pontos merecem destaque ocorre?): argumento “a)” + provas e exemplos
especial. O primeiro é __________________________; o (mostre casos conhecidos ou dê exemplos seme-
segundo ________________ e por fim________________ lhantes ao seu argumento). 9
6° Construa o parágrafo unindo as informações Modelo nº 1
anteriores ao argumento “a)”
____________________________________________________ É fato notório que _____________________________
_______________________________________________________ ___________________________________________________
_______________________________________________________ ______________. Sabe-se que _______________________
_______________________________________________________ ________________________, além da _____________________
________________________________________. ______________________________________________.
Modelo nº 3 Modelo nº 5
_____________ pode ser representado de duas Será possível determinar qual é ______________ par
maneiras diferentes: ___________ que é ___________ a_____________________________? (Resposta) ____________
____________ e ___________, que é _______________________ ______________________________________________.
__________. Enquanto a primeira ___________se apresen-
ta __________________. Esta, por sua vez, realiza-se por Preenchendo o modelo, teremos:
intermédio de ________________________________________
_____________________________________. Será possível determinar qual é a melhor combi-
nação de alimentos para atender às necessidades diá-
Preenchendo o modelo, teremos: rias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá
O silogismo pode ser representado de duas manei- que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e pro-
ras diferentes: silogismo simples que é formado por um teínas devem compor essa alimentação e não há quase
único núcleo argumentativo e silogismo composto que é nada mais apropriado do que nosso tradicional prato
formado por diversos núcleos argumentativos de elabo- de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções
ração complexa. Enquanto a primeira teoria se apre- perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos
senta pela estrutura filosófica básica consagrada pela têm de recomposição de força e de energia.
antiguidade. Esta, por sua vez, realiza-se por inter-
médio de vários silogismos desenvolvidos para atender z Parágrafos de desenvolvimento
às novas perspectivas de sedução e convencimento.
Após o primeiro parágrafo que, como já vimos,
Alusão histórica: a elaboração de um parágrafo pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
por alusão histórica é um recurso que desperta cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
sempre a curiosidade do leitor por meio de fatos dar os elementos que sustentarão essas afirmações
históricos, lendas, tradições, crendices, anedo- iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
tas ou a acontecimentos de que o autor tenha
recursos argumentativos que articularão o convenci-
sido participante ou testemunha (desenvolve-se
mento do leitor quanto à tese apresentada.
geralmente por meio da comparação com o pre-
sente ou retorno a ele). A vantagem desse méto-
do é o de podermos mostrar o desenvolvimento Tipos diferentes de parágrafos de desenvolvi-
cronológico de um assunto, expondo sua evo- mento: as possibilidades de ordenação do pará-
lução no tempo. Lembrem-se de que, ao se ser- grafo são várias: exploração de aspectos espaciais e
virem de um fato histórico para sustentar uma temporais, enumeração de pormenores, apresen-
tese, a História é a ciência que estuda o homem tação de analogia, ou contraste, citação de exem-
e sua ação no tempo e no espaço, concomitante à plos, apresentação de causas e consequências.
análise de processos e eventos ocorridos no pas- Desenvolvimento por exploração espacial:
sado - e como ela é uma ciência, tem, por conse- ao argumentar, vocês podem se servir da expo-
guinte, um grande valor argumentativo. sição de informações relativas ao lugar em que
os fatos ocorreram.
Observem como isso é simples:
Modelo nº 1
Modelo nº 4
Desde a época da ________________ sabe-se que _____ A cidade (ou região) em destaque é _____________,
______________________________________________ para ___ que fica localizada em ____________, região nobre de
_________________________________. Principalmente hoje ________ É aí onde se localiza __________________________
em dia, reconhece-se que _____________________________ _________ dessa região. Cercada por uma densa flores-
____________________________, além de__________________ ta ___________________, foi bem no centro desse ________
____________________________________________.
REDAÇÃO
______________________________.
Desde a época da escravidão no Brasil sabia-se A cidade (ou região) em destaque é Pindaíba da
que a alimentação dada a esses novos brasileiros era Serra, que fica localizada em Monte Mole, região
boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó 11
medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos morado- Modelo nº 4
res dessa região. Cercada por uma densa floresta
de mambutis gigantes, foi bem no centro desse san- Muitos acreditam que __________________________
tuário tropical que a próspera cidadezinha se tornou ________________________________________________, por
uma espécie de centro cultural da região por preservar causa da _____________________________. Por outro lado,
até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa his-
sabe-se também que _________________________________
tória: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e
reverenciada pelos devotos naobilicos. _______________________________________________________
_____, quando muitas vezes __________________________
Desenvolvimento por exploração temporal: _______________________________________.
nesse modelo o leitor é informado do momen-
to em que os fatos ocorreram com a indicação Ao preenchermos o modelo, teremos:
de datas e outros aspectos temporais. Pode-se
recorrer nesse momento aos artifícios empre- Muitos acreditam que o cafezinho preto com açú-
gados no próprio parágrafo de alusão histórica,
car pode causar excitação e ansiedade quando consu-
já que este também se serve de referências cro-
nológicas como em: mido em excesso, por causa da cafeína e da glicose
presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que
Modelo nº 2 essas substâncias fornecem uma carga suplementar
de energia nos deixando despertos logo após o almo-
A cidade (ou região) em destaque é ____________, ço, quando muitas vezes somos acometidos por uma
que fica localizada em ____________, região nobre de
sonolência indesejada.
_________. É aí onde se localiza _______________________
_______________ dessa região. Cercada por uma densa
Desenvolvimento por exploração de ideias ana-
floresta ____________________, foi bem no centro desse
_______________________________________________________ lógicas e comparação: para organização das ideias,
________________________________________. nossos redatores valem-se de expressões que indicam
confronto valendo-se do artifício de contrapor ideias,
Preenchendo o modelo, teremos: seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto
pode ser de contrastes como de semelhanças. Analo-
No passado, quando pensávamos em alimenta- gia e comparação são também espécies de confronto:
ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência
era muito maior comparada à que vemos nos nos-
“A analogia é uma semelhança parcial que sugere
sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses
uma semelhança oculta, mais completa. Na compara-
alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio-
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul- ção, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma
tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se verbal própria, em que entram normalmente os cha-
um ritual de bem viver. mados conectivos de comparação (quanto, como, do
que, tal qual)”. – Comunicação em prosa Moderna –
Desenvolvimento por exploração de porme- Othon M. Garcia.
nores ou de enumerações: nesse modelo de Por exemplo:
parágrafo, vocês têm por objetivo enumerar
características, relacionar aspectos importan- Modelo nº 5
tes sobre algum assunto. A apresentação das
ideias pode ser ou não ordenada segundo uma No caso das _______________________, porque cada qual
ordem de importância. A ordem depende do
tem seus próprios valores __________________. Enquan-
que vocês pretendem enfatizar.
to a __________________________________, as ________, por
Modelo nº 3 sua vez, _____________________________.
z 2° O erro: apenas uma linha sobre as palavras Falar-se-ia muito sobre este assunto naquele dia.
REDAÇÃO
erradas; (certo)
Ou
Já falamos sobre isso, mas vou trazer esse item de Muito se falaria sobre este assunto naquele dia.
volta: (sempre certo)
Você deve apenas passar um traço sobre a palavra,
a frase, o trecho ou o sinal gráfico e escrever em segui- z 6° Impessoalidade: as verdades gerais sempre
da o respectivo substituto. têm maior valor. 15
As opiniões pessoais pouco contribuem para a z 20° Caso você tenha feito uma pergunta na tese
sustentação de uma ideia. Por isso as afirmações ou no corpo do texto, verifique se a argumenta-
apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem ção responde à pergunta. Se você eventualmente
representações gerais de valor coletivo: encerrar o texto com uma interrogação, esta pode
estar corretamente empregada desde que a argu-
Acredita-se em vez de Acredito mentação responda à questão. Se o texto for vago,
Sabe-se em vez de Sei a interrogação será retórica e vazia.
Ou outras expressões generalizantes como:
É de conhecimento geral... / Muitos entendem
que... / Muito se tem discutido sobre...
ANOTAÇÕES
z 7° A tese: é aí que você apresenta o seu ponto de
vista, o seu posicionamento diante do tema;
z 8° Os argumentos: é comum a cobrança de temas
próprios às funções dos cargos disputados, por isso
preste sempre atenção nos assuntos recorrentes
dos textos da prova;
z 9° Não se põe título nas redações para concursos: a
menos que isso seja uma exigência do edital.
z 10° Evite a repetição das palavras: use sinôni-
mos e outros termos de recuperação.
Que = o qual / a qual;
Onde = em que , no qual / na qual;
z 11° Vocabulário: procure sempre a clareza na
apropriação vocabular. A linguagem simples torna
o texto mais fluente: pense em explicar seus argu-
mentos como se falasse a uma criança de 10 anos.
Não use erudições do tipo “hodiernamente”; diga:
atualmente ou hoje em dia
z 12° Interferência positiva: se possível apresen-
te propostas que deem solução aos problemas
levantados na redação. Não fique apenas fazendo
constatações óbvias. “Se é para falar bobagem, o
melhor é ficar quieto.”
z 13° Não faça críticas ao governo: essa postura é
pobre e pouco criativa – é o que se chama de lugar
comum. É como se vocês fossem pedir emprego
em uma empresa e criticassem o patrão durante a
entrevista. Isso é ser muito ingênuo.
z 14° O rascunho é importante: é a sua garantia de
poder fazer uma revisão eliminando erros, além
disso, o acabamento bem feito garante a você até
10 % da nota da redação se a estética for um dos
critérios de pontuação. Vale sempre a pena capri-
char. Lembre-se de que é função de quem escreve
seduzir o leitor e o estímulo visual contribui para
que haja uma boa impressão;
z 15° Atente para as expressões vagas ou de signifi-
cado amplo e sua adequada contextualização. Ex.:
conceitos como “certo”, “errado”, “democracia”,
“justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
z 16° Evite expressões como “belo”, “bom’, “mau”,
“incrível”, “péssimo”, “triste”, “pobre”, “rico” etc;
são juízos de valor sem carga informativa, impre-
cisos e subjetivos.
z 17° Fuja do lugar-comum, frases feitas e expres-
sões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabe-
doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios
da linguagem oral devem ser evitados, bem como
o uso de “etc” e as abreviações.
z 18° Não se usam entre aspas palavras estrangei-
ras sem correspondência na língua portuguesa:
hippie, status, dark, punk, chips etc.
z 19° Observe se não há repetição de ideias, falta de
clareza, construções sem nexo (conjunções mal
empregadas), falta de concatenação (coesão) de
ideias nas frases e nos parágrafos entre si, divaga-
16 ção ou fuga ao tema proposto.
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento desumano ou degradante;
[...]
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção A doutrina e os Tribunais, visando aplicar a sanção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- cabível, diferenciaram os crimes de tortura em moda-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
lidades. Temos, como exemplo, o REsp nº 1.580.470/
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: PA, j. 24/08/2018, em que o Superior Tribunal de Justi-
[...] ça apresentou o seguinte: 17
Diversamente do previsto no tipo do inciso II do Por sua vez, são crimes materiais quanto ao resul-
artigo 1º da Lei 9.455/97, definido pela doutri- tado. A primeira se consuma com o intenso sofrimento
na como tortura-pena ou tortura-castigo, a qual físico e a segunda com o sofrimento físico e mental.
requer intenso sofrimento físico ou mental, a tortu-
ra-prova, do inciso I, alínea ‘a’, não traz o tormen- Art. 1º Constitui crime de tortura:[...]
to como requisito do sofrimento causado à vítima. II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto-
Basta que a conduta haja sido praticada com o fim ridade, com emprego de violência ou grave amea-
de obter informação, declaração ou confissão da ça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
vítima ou de terceira pessoa e que haja causado forma de aplicar castigo pessoal ou medida de cará-
sofrimento físico ou mental, independentemente de ter preventivo.
sua gravidade ou sua intensidade. Pena - reclusão, de dois a oito anos
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
Como visto, a tortura é classificada de diversas for- presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
mas. Vejamos: físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal. [...]
z Tortura-Pena ou Tortura-Castigo: Intenso sofri-
mento físico ou mental, no ato de submeter alguém, Não se admite arrependimento eficaz (desistir de
sob sua guarda, poder ou autoridade, com empre- prosseguir na execução ou impedir que o resultado se
go de violência ou grave ameaça como forma produza) e nem arrependimento posterior (reparar o
de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter dano ou restituir a coisa, por ato voluntário do agente).
preventivo. A ação penal é pública e incondicionada à repre-
Ex.: pais, curadores, tutores, professores etc.; sentação, ou seja, o Ministério Público, como titular
z Tortura-Prova, Tortura Probatória ou Tortu- da ação, ingressará de ofício e independente de mani-
ra-Persecutória: Se a conduta for praticada com festação de vontade por parte da vítima, não sendo
o fim de obter informação, declaração ou con- possível a ela desistir do prosseguimento da ação.
fissão da vítima ou de terceira pessoa e tenha
causado sofrimento físico ou mental, independen- PENA DO CRIME DE TORTURA
temente de sua gravidade ou sua intensidade.
Ex.: Vemos com frequência em filmes de ação, indi- Conforme art. 1º, a pena do crime de tortura é
víduos realizando tortura, para obter uma confissão reclusão de dois a oito anos. Importa dizer ainda que
ou o paradeiro de uma determinada pessoa; com base no § 1°, do art. 1°, na mesma pena incorre
quem submete pessoa presa ou sujeita à medida de
z Tortura-crime: Provocar ação ou omissão de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermé-
natureza criminosa. dio da prática de ato não previsto em lei ou não resul-
Ex.: líder de um grupo criminoso constrange um tante de medida legal.
membro do grupo que tenha se recusado a praticar Ademais, aquele que se omite em face dessas con-
determinado crime; dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
z Tortura-Racismo, Tortura-Discriminatória ou
Tortura-Preconceituosa: Em razão de discrimi- Art. 1º [...]
nação racial ou religiosa. § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
Ex.: indivíduo que constrange alguém causando-lhe quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
sofrimento físico, por seguir determinada religião. incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Na modalidade de Tortura-Pena ou Tortura-Casti
go, o crime é próprio (somente será realizado por pes- A omissão citada concorda com o disposto no § 2º,
soa específica), vez que somente pode ser realizado do art. 13, do Código Penal, em que elenca que a omis-
por pessoa que tenha guarda, poder ou autoridade são é penalmente relevante quando o omitente devia
sobre a vítima. e podia agir para evitar o resultado.
Já nas demais modalidades, o crime é comum e
pode ser praticado por qualquer pessoa. Art. 13 [...]
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o
CARACTERÍSTICAS DOS CRIMES DE TORTURA omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
A tortura prevista no inciso I, do art. 1º, é crime a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
formal, uma vez que, para se consumar, não requer a vigilância;
obtenção do resultado almejado pelo agente. b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco
Art. 1º Constitui crime de tortura:
da ocorrência do resultado.
I - constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental: Se o crime de tortura resultar lesão corporal de
a) com o fim de obter informação, declaração ou natureza grave ou gravíssima, a pena será de reclusão
confissão da vítima ou de terceira pessoa; de quatro a dez anos. Se do crime de tortura resultar
b) para provocar ação ou omissão de natureza morte, a pena será de reclusão de oito a dezesseis anos.
criminosa; Vale ressaltar que o crime de tortura não é realiza-
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; do apenas por meio de violência física, mas também
por meio de grave ameaça.
Já a tortura castigo (inciso II, do art. 1º) é a tortura Veja, na tabela, o resumo dos prazos de acordo
18 propriamente dita (§ 1º, art. 1º, da Lei 9.455/1997). com o tipo de tortura:
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRI-
CONDUTA PENA
MENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA.
Crime de Tortura (art. 1º) 02 a 08 anos de reclusão. Não é obrigatório que o condenado por crime de
tortura inicie o cumprimento da pena no regime
Quem submete pessoa
prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei
presa ou sujeita á medida
9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e
de segurança a sofrimento dá outras providências – que “O condenado por
físico ou mental, por inter- crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,
02 a 08 anos de reclusão.
médio da prática de ato iniciará o cumprimento da pena em regime fecha-
não previsto em lei ou não do”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário
resultante de medida legal do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013),
(§ 1º, do art. 1º) afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado
Aquele que se omite em para os condenados por crimes hediondos e equi-
parados, devendo-se observar, para a fixação do
face dessas condutas,
regime inicial de cumprimento de pena, o disposto
quando tinha o dever de 01 a 04 anos de detenção.
no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser
evitá-las ou apurá-las (§ equiparado a crime hediondo, nos termos do art.
2º, do art. 1º) 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que
Se resulta lesão corporal essa interpretação também deve ser aplicada ao
de natureza grave ou gra- 04 a 10 anos de reclusão. crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar
víssima (§ 3º, do art. 1º) a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997,
que possui a mesma disposição da norma declara-
Se resulta morte da inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar
08 a 16 anos de reclusão.
(§ 3º, do art. 1º) essa posição, não se está a violar a Súmula Vincu-
lante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a cláu-
Aumento de Pena sula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão
de órgão fracionário de tribunal que, embora não
declare expressamente a inconstitucionalidade de
O § 4º, do art. 1º, traz as causas de aumento de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
pena. Conforme esse dispositivo, a pena aumenta de incidência, no todo ou em parte”. De fato, o enten-
um sexto até um terço: dimento adotado vai ao encontro daquele proferido
pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário
z Se o crime for cometido por agente público; submeter tal questão ao Órgão Especial desta Cor-
z Se o crime for cometido contra criança, gestante, por- te, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC:
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos; “Os órgãos fracionários dos tribunais não submete-
z Se o crime for cometido mediante sequestro. rão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de
inconstitucionalidade, quando já houver pronun-
Dentre os vários conceitos de agente público, um ciamento destes ou do plenário do Supremo Tribu-
dos mais completos e esclarecedores é o constante da nal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a
orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se
Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429, de
utilizar, para a fixação do regime inicial de cumpri-
1992). Vejamos:
mento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59,
ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal,
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição, é vedado o estabelecimento de regime prisional
nomeação, designação, contratação ou qualquer mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, imposta, com base apenas na gravidade abstrata
cargo, emprego ou função nas entidades menciona do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do
das no artigo anterior. regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmu-
Ainda acerca dos agentes públicos, assim dispõe o la 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-
§ 5º, do art. 1º, da Lei nº 9.455, de 1997: PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.
Art. 1º [...] (STJ - HC: 286925 RR 2014/0010114-2, Relator:
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento:
função ou emprego público e a interdição para seu 13/05/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publica-
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. ção: DJe 21/05/2014)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Por fim, o art. 2º, da Lei 9.455/1997, dispõe que se Personificadas ou não,
aplica a lei brasileira ainda quando o crime não tenha Sociedades Simples
independentemente da forma
de organização ou modelo
Pessoas Jurídicas
Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão volun- São exemplos de atos lesivos:
tária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente Art. 5º Constituem atos lesivos à administração
moral, comete ato ilícito. pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta
Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídi-
Os dirigentes e administradores serão responsabi-
cas mencionadas no parágrafo único do art. 1º, que
lizados por seus atos ilícitos na medida de sua culpabi- atentem contra o patrimônio público nacional
lidade, ou seja, é necessário que realizem atos ilícitos/ ou estrangeiro, contra princípios da administra-
ilegais. Conforme o artigo mencionado, o ato ilícito ção pública ou contra os compromissos internacio-
será toda ação (agir) ou toda omissão (deixar de agir) nais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
de forma voluntária, negligente ou imprudente que I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamen-
viole e cause dano a outrem. te, vantagem indevida a agente público, ou a tercei-
A Lei deixa claro que, além da responsabilização ra pessoa a ele relacionada;
da própria empresa (nos âmbitos civil e administrati- II - comprovadamente, financiar, custear, patroci-
vo), ela punirá dirigentes, administradores e todas as nar ou de qualquer modo subvencionar a prática
pessoas naturais que agirem como autores, coautores dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
ou partícipes. Para exemplificar, imagine que, após III - comprovadamente, utilizar-se de interposta
ter celebrado um contrato com a Administração Públi- pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular
ca, desviou-se verbas desse contrato. Nesse caso, os seus reais interesses ou a identidade dos beneficiá-
agentes da Administração que colaboraram para tal rios dos atos praticados;
ato, bem como as pessoas que trabalham na empresa IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina-
responderão por suas condutas ilícitas, pois o desvio
ção ou qualquer outro expediente, o caráter compe-
de verbas é um ato contra a Administração Pública.
titivo de procedimento licitatório público;
Encerrando as disposições gerais, o art. 4º dita que
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de
subsiste, ou seja, permanecerá a responsabilidade qualquer ato de procedimento licitatório público;
das pessoas jurídicas nas hipóteses de alteração con- c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de
tratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
societária. Vejamos a literalidade do artigo: d) fraudar licitação pública ou contrato dela
decorrente;
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurí- e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa
dica na hipótese de alteração contratual, transfor- jurídica para participar de licitação pública ou
mação, incorporação, fusão ou cisão societária. celebrar contrato administrativo;
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a res- f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo frau-
ponsabilidade da sucessora será restrita à obriga-
dulento, de modificações ou prorrogações de contratos
ção de pagamento de multa e reparação integral do
celebrados com a administração pública, sem autori-
dano causado, até o limite do patrimônio trans-
zação em lei, no ato convocatório da licitação pública
ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais san-
ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
ções previstas nesta Lei decorrentes de atos e fatos
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-fi-
ocorridos antes da data da fusão ou incorporação,
nanceiro dos contratos celebrados com a adminis-
exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
tração pública;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
O referido artigo discrimina as condutas a serem O art. 5º da nossa Carta Magna estabelece de for-
consideradas para a correlata aplicação da sanção. ma expressa os princípios constitucionais da ampla
Porém, o inciso X é vetado. Os parâmetros do inciso defesa e do contraditório, os quais são garantidos aos
VIII serão estabelecidos em regulamento do Poder processos judiciais e administrativos.
Executivo Federal.
A gravidade da infração será considerada, visto Apuração dos Atos Ilícitos Praticados em Desfavor
que os danos à Administração Pública poderão trazer da Administração Pública Estrangeira
inúmeras consequências.
Quando esta é prejudicada, prejudicam-se, ainda, Os atos ilícitos praticados em desfavor da Admi-
os cofres públicos, os administrados, as pessoas liga- nistração Pública estrangeira serão apurados pela
das às empresas etc. Desta forma, é necessário anali- Controladoria Geral da União – CGU –, responsável
sar a gravidade da infração cometida, a fim de sopesar por apurar o processo e julgamento, observando-se o
a sansão na proporção do dano causado.
disposto no art. 4º da Convenção sobre o Combate à
Como vimos, não somente a pessoa jurídica será
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em
responsabilizada, mas também os dirigentes, adminis-
Transações Comerciais Internacionais, nos termos do
tradores ou qualquer pessoa natural autora, coautora
art. 9º.
ou partícipe do ato ilícito. Assim sendo, a vantagem
auferida ou pretendida pelo infrator revelará a
intenção concreta do prejuízo que estaria disposto a Dos Trâmites
causar ou que realmente causou, para que, por fim,
possa receber a sanção adequada. Art. 10 O processo administrativo para apuração
A consumação ou não da infração é algo impor- da responsabilidade de pessoa jurídica será con-
tante a ser averiguado. Da mesma forma, é preciso duzido por comissão designada pela autoridade
mensurar o efeito negativo da infração, seja aos cofres instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser-
públicos, aos administrados, à própria empresa etc. vidores estáveis.
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de
representação judicial, ou equivalente, a pedido da
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE
comissão a que se refere o caput, poderá requerer
RESPONSABILIZAÇÃO
as medidas judiciais necessárias para a investiga-
ção e o processamento das infrações, inclusive de
A Lei trata, ainda, sobre o funcionamento e o pro-
busca e apreensão.
cedimento a serem realizados no âmbito administra-
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à
tivo, para que se possa apurar a responsabilização das
autoridade instauradora que suspenda os efeitos
pessoas jurídicas, bem como dos dirigentes, adminis-
do ato ou processo objeto da investigação.
tradores e pessoas naturais que virão a causar danos
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no pra-
em desfavor da Administração Pública.
zo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da
publicação do ato que a instituir e, ao final, apre-
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Importante!
As sanções poderão ser aplicadas de forma iso-
lada ou cumulativa.
LEI Nº 13.869/2019 (ABUSO DE
AUTORIDADE)
DISPOSIÇÕES FINAIS A Lei 13.869/2019, também conhecida como Lei de
Abuso de Autoridade, apresenta em sua vertente de
Será criado, no âmbito do Poder Executivo fede- estrutura central os crimes de abuso de autoridade,
ral, o CNEP – Cadastro Nacional de Empresas Puni- cometidos por agente público, servidor ou não, que,
das –, a fim de dar publicidade às sanções que forem no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
aplicadas. -las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. 25
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de auto- Admite-se, entretanto, ação privada se a ação penal
ridade, cometidos por agente público, servidor ou pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao
não, que, no exercício de suas funções ou a pretex- Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
to de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
atribuído. processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
Nota-se que se trata de crime próprio, pois somen- retomar a ação como parte principal (§ 1º, do art. 3º).
te poderá ser praticado por agente público. A ação privada subsidiária será exercida no prazo
de 6 meses, contado da data em que se esgotar o pra-
Art. 1º [...] zo para oferecimento da denúncia.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem cri-
me de abuso de autoridade quando praticadas pelo Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação
agente com a finalidade específica de prejudicar penal pública incondicionada.
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, § 1º Será admitida ação privada se a ação penal
ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. pública não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
Nesse contexto, apenas restará caracterizado cri-
em todos os termos do processo, fornecer ele-
me de abuso de autoridade quando o ato for praticado mentos de prova, interpor recurso e, a todo tem-
pelo agente com a finalidade específica de prejudicar po, no caso de negligência do querelante, retomar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, a ação como parte principal.
ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. § 2º A ação privada subsidiária será exercida no
prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se
esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
Importante!
É de suma importância o entendimento de que se
A divergência na interpretação de lei ou na ava- trata de prazo decadencial impróprio, pois mesmo
liação de fatos e provas não configura abuso de que esgotado o prazo, o Ministério Público poderá
autoridade (§ 2°, do art. 1°). ingressar com a denúncia.
Art. 16 [...]
O crime previsto nesse artigo é um crime omissi-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
vo próprio, consumando-se quando o agente deixa de
como responsável por interrogatório em sede de
fazer o que estabelece a lei. procedimento investigatório de infração penal, dei-
O art. 13 traz uma modalidade de constrangimento xa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
ilegal, sendo tipificado o ato de constranger o preso falsa identidade, cargo ou função.
ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou
redução de sua capacidade de resistência. O art. 18 estabelece como crime a conduta de sub-
Inicialmente, cabe ressaltar a diferença entre pre- meter o preso a interrogatório policial durante o
so e detento. Preso é a pessoa que teve sua prisão for- período noturno, salvo em caso de prisão em flagran-
malizada; já o detento é aquele que está sob custódia te ou se ele, devidamente assistido, consentir em pres-
do Estado, porém, não condenado por sentença transi- tar declarações. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
28 tada em julgado (não teve a prisão formalizada). (dois) anos, e multa.
O interrogatório do preso não poderá ser realizado Esse direito possui base constituicional, sendo con-
durante o repouso noturno. Segundo os professores siderado uma garantia fundamental, podendo ser loca-
e doutrinadores Rogério Sanches e Rogério Greco, o lizado no inciso LXIII, art. 5º, da Constituição Federal,
período de repouso noturno é estabelecido após as 21 expondo que o preso será informado de seus direitos,
horas e antes das 5 horas. entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe asse-
Recentemente, a Nova Lei de Abuso de Autoridade gurada a assistência da família e de advogado.
(13.869/19) tratou sobre este assunto, concretizando Ademais, podemos citar o inciso IX, art. 41, da Lei
os entendimentos doutrinários quanto ao horário: de Execução Penal:
Art. 22 Invadir ou adentrar, clandestina ou astu-
Art. 41 - Constituem direitos do preso: [...]
ciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele per-
[...]
manecer nas mesmas condições, sem determinação
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. A conduta criminosa versa sobre o impedimento
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no injustificado de entrevista pessoal e reservada com o
caput deste artigo, quem: advogado. Atente-se para a palavra “injustificado”,
[...] vez que, caso o impedimento for devidamente justifi-
III - cumpre mandado de busca e apreensão domi- cável, estaremos diante de uma conduta atípica.
ciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das Trata-se de conduta proibida, constituindo crime,
5h (cinco horas). a manutenção de presos de ambos os sexos em uma
mesma cela ou espaço de confinamento.
Apesar disso, não se pode afirmar que houve a
modificação do horário para todos os crimes do Código
Art. 21 Manter presos de ambos os sexos na mesma
Penal, porque se trata de uma legislação especial, que
cela ou espaço de confinamento:
somente se aplica aos crimes de abuso de autoridade.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
Dica mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
na companhia de maior de idade ou em ambiente
O examinador da banca pode dificultar a questão,
inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069,
portanto saiba que é atípica a conduta descrita
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
nesse artigo quando o agente estiver em flagrante. Adolescente).
com seu advogado; é punível com pena de detenção § 2º Não haverá crime se o ingresso for para pres-
de acordo com o art. 20 da Lei de Abuso de Autoridade. tar socorro, ou quando houver fundados indícios
que indiquem a necessidade do ingresso em razão
Art. 20 [...] de situação de flagrante delito ou de desastre.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa. Outro crime que tem como escopo a proteção dos
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem direitos fundamentais previstos na Constituição Fede-
impede o preso, o réu solto ou o investigado de
ral refere-se ao inciso XI do art. 5º, que estabelece
entrevistar-se pessoal e reservadamente com
que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
seu lado e com ele comunicar-se durante a audiên- dor, o imóvel alheio salvo em caso de flagrante delito
cia, salvo no curso de interrogatório ou no caso de ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
audiência realizada por videoconferência. por determinação judicial. 29
Portanto, de acordo com o § 2º do art. 22 da Lei Um exemplo da doutrina é a obteção de provas por
13.869/2019, não haverá crime se o ingresso for para meio de escuta telefônica não autorizada. Portanto, se
prestar socorro, ou quando houver fundados indícios a autoridade fizer uso de prova que saiba ser ilícita,
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de incide em conduta equiparada.
situação de flagrante delito ou de desastre. O art. 27 estabelece como conduta criminosa o
Vale pontuar que incorre na mesma pena, de acor- ato de iniciar procedimento de investigação contra
do com o § 1° do art. 22, quem: alguém sem haver qualquer prova do cometimento
do delito ou infração.
z Coage alguém, mediante violência ou grave amea-
ça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas Art. 27 Requisitar instauração ou instaurar procedi-
dependências; mento investigatório de infração penal ou adminis-
trativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer
z Cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar
indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de
após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h
infração administrativa:
(cinco horas). Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
O art. 23 desta Lei trata de uma forma do crime de Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de
fraude processual (CP): sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.
Art. 23 Inovar artificiosamente, no curso de dili-
gência, de investigação ou de processo, o estado de Podemos analisar que o referido texto traz a esfera
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se administativa e a esfera penal, tendo a finalidade de
de responsabilidade ou de responsabilizar criminal- evitar a instauração de procedimento investigatória
mente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: com a falta de indícios da prática do crime.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Vale destacar que a investigação preliminar sumá-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pra- ria constitui procedimento administrativo e tem como
tica a conduta com o intuito de: objetivo o caráter preparatório, informal e de acesso
I - eximir-se de responsabilidade civil ou adminis- restrito, visando a coleta de elementos de autoria e
trativa por excesso praticado no curso de diligência; materialidade, dados relevantes para a instauração
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados
de procedimento correcional acusatório.
ou informações incompletos para desviar o curso
A divulgação de gravação sem relação com a pro-
da investigação, da diligência ou do processo.
va que se pretenda produzir, à despeito de expor a
intimidade ou vida privada da vítima, ferindo-lhe a
Um exemplo clássico é o do policial que altera a cena honra e a imagem, constitui crime punível na forma
de um crime, por exemplo colocando drogas no local, com do art. 28.
a finalidade de agravar a responsabilidade do acusado.
Ademais, incorre na mesma pena quem pratica a Art. 28 [...]
conduta com o intuito de eximir-se de responsabilida- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de civil ou administrativa por excesso praticado no
curso de diligência (I) ou omitir dados ou informações A grande finalidade desse crime é evitar a divul-
ou divulgar dados ou informações incompletos para gação da vida privada do investigado ou acusado,
desviar o curso da investigação, da diligência ou do valendo destacar que nesse crime é necessário que
processo (II). a gravação ou trecho de gravação decorra de uma
O art. 24 possui a mesma essência do artigo ante- interceptação legal, sem relação com a prova que se
rior; trata-se de um tipo de fraude processual que visa pretenda produzir.
punir o agente que: O art. 29 tipifica a conduta de prestar informação
falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal
Art. 24 Constranger, sob violência ou grave amea- ou administrativo com o fim de prejudicar interes-
ça, funcionário ou empregado de instituição hospi- se de investigado. (Pena - detenção, de 6 (seis) meses a
talar pública ou privada a admitir para tratamento 2 (dois) anos, e multa).
pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de De acordo com o art. 30, instaurar procedimento
alterar local ou momento de crime, prejudicando de investigação contra alguém, sabendo ser esta pes-
sua apuração: soa inocente, constitui crime:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
ta, além da pena correspondente à violência. Art. 30 Dar início ou proceder à persecução penal,
civil ou administrativa sem justa causa fundamen-
Exemplo: policial que realiza o constrangimento tada ou contra quem sabe inocente: (Promulga-
do médico de um determinado hospital, com a finali- ção partes vetadas)
dade de alterar o momento do crime. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Proceder à obtenção de prova, em procedimento de
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente O autor da conduta deverá saber que o indivíduo
ilícito é conduta tipificada no artigo 25 da Lei de Abu- era inocente; se o autor não souber e enquadrar-se
so de Autoridade. nos requisitos do art. 27 (instaurar procedimento com
a falta de indício), responderá por este crime.
Art. 25 [...] O art. 31 determina que aquele que estender, de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. forma injustificada, a investigação a fim de procrasti-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz ná-la, em prejuízo do investigado, incorre em condu-
uso de prova, em desfavor do investigado ou fisca- ta típica punível com detenção, de 6 (seis) meses a 2
30 lizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude. (dois) anos, e multa.
Art. 31 [...] Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
inexistindo prazo para execução ou conclusão de utiliza de cargo ou função pública ou invoca a con-
procedimento, o estende de forma imotivada, procras- dição de agente público para se eximir de obrigação
tinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado. legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.
O grande enfoque dessa conduta é gerar prejuízo ao Nesse ponto, relaciona-se ao Poder Judiciário, por
investigado pela procastinação da autoridade responsá- meio de um processo em que o valor extrapole exa-
vel; no entanto, nem sempre a demora no procedimento cerbadamente; no entanto, para tornar-se crime, será
constitui abuso de autoridade, devendo-se pautar pelos necessária a conduta de deixar de corrigir, mesmo
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Por- estando ciente.
tanto, atente-se à conduta e ao prejuízo causado. O art. 37 criminaliza a conduta de demorar injus-
No artigo 32, lê-se: tificadamente no exame de processo de que tenha
Art. 32 Negar ao interessado, seu defensor ou advo-
requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de
gado acesso aos autos de investigação preliminar, ao procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento.
termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
Art. 37 Demorar demasiada e injustificadamente
outro procedimento investigatório de infração penal,
no exame de processo de que tenha requerido vista
civil ou administrativa, assim como impedir a obten-
ção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar
a diligências em curso, ou que indiquem a realização seu andamento ou retardar o julgamento:
de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
e multa.
Aqui, englobam-se as turmas recursais ou órgãos
O grande eixo desse ponto relaciona-se à condu- colegiados, nos quais se demora demasiada e injusti-
ta de negar, prejudicando a defesa e a proteção dos ficadamente o exame do processo, tendo como base o
direitos fundamentais do acusado. intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o
Vale ressaltar a Súmula de nº 14 do Supremo Tri- julgamento.
bunal Federal: Finalmente, o último crime previsto nessa Lei
encontra-se no art. 38. Vejamos:
Súmula Vinculante 14 É direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos Art. 38 Antecipar o responsável pelas investiga-
elementos de prova que, já documentados em pro- ções, por meio de comunicação, inclusive rede
cedimento investigatório realizado por órgão com social, atribuição de culpa, antes de concluídas as
competência de polícia judiciária, digam respeito apurações e formalizada a acusação:
ao exercício do direito de defesa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
O acesso aos autos de investigação preliminar
limita-se aos autos já documentados, não englobando Um exemplo é quando a autoridade manda men-
aqueles em curso de investigação, protegendo assim sagem para o aplicativo WhatsApp do acusado, anteci-
as investigações. pando o resultado das investigações.
Com base no art. 33 da Lei 13.869/2019, é punível
o ato de exigir informação ou cumprimento de obri- PROCEDIMENTO
gação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem
expresso amparo legal. O art. 39 determina que deverão ser aplicadas ao
processo e ao julgamento dos delitos previstos na lei
Art. 33 [...] em comento, no que couber, as disposições do Códi-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, go de Processo Penal e da Lei dos Juizados Especiais
e multa. Cíveis e Criminais (Lei nº 9.099/1995).
Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou
função pública ou invoca a condição de agente público
para se eximir de obrigação legal ou para obter vanta-
gem ou privilégio indevido (parágrafo único, art. 33). LEI Nº 8.429/1992 E SUAS
ALTERAÇÕES (IMPROBIDADE
Importante! ADMINISTRATIVA)
A conduta de exigir informação ou cumprimento DISPOSIÇÕES INICIAIS
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Erário concorrido com + De acordo com o art. 7º, quando o ato de improbi-
de 50%
dade causa lesão ao patrimônio público ou enseja enri-
quecimento ilícito, cabe à autoridade administrativa
O art. 2º traz o conceito de agente público. Vejamos: responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos Essa indisponibilidade recairá sobre bens que
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran- assegurem o integral ressarcimento do dano, ou
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
sobre o acréscimo patrimonial resultante do enri-
nomeação, designação, contratação ou qualquer
quecimento ilícito.
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades menciona- O art. 8º aponta para os casos de sucessão em que
das no artigo anterior. o valor ilícito torna-se parte de uma herança: “o suces-
sor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou
De acordo com o art. 3º, é possível a aplicação des- se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
sa lei àquele que, mesmo não sendo agente público, desta lei até o limite do valor da herança”.
induza ou concorra para a prática do ato de impro- A responsabilidade do agente, portanto, limita-se
bidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ao valor da herança, para que se respeite a intrans-
ou indireta. Estamos falando do particular. Estamos cendência da pena, a qual não pode passar da pessoa
falando da pessoa que não sendo funcionária pública do condenado de acordo com o que estabelece o inciso
32 induza ou concorra para a improbidade. XLV, art. 5º, da Constituição Federal.
ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco-
Constituem atos de improbidade administrativa nômica, direta ou indireta, a título de comissão,
os atos que importam em enriquecimento ilícito, os porcentagem, gratificação ou presente de quem
que causam lesão ao erário, os decorrentes de con- tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
ou tributário e os que atentam contra os princípios da rente das atribuições do agente público;
administração pública. II - perceber vantagem econômica, direta ou indire-
ta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de ser-
Enriquecimento ilícito viços pelas entidades referidas no art. 1° por preço
Atos de superior ao valor de mercado;
Prejuízo ao erário
Improbidade III - perceber vantagem econômica, direta ou indi-
Administrativa Concessão ou aplicação indevida de reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
benefício financeiro ou tributário de bem público ou o fornecimento de serviço por
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
Contra os princípios da
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veí-
Administração Pública
culos, máquinas, equipamentos ou material
de qualquer natureza, de propriedade ou à
Atos de Improbidade Administrativa que Importam disposição de qualquer das entidades mencio-
Enriquecimento Ilícito nadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho
de servidores públicos, empregados ou tercei-
De acordo com o art. 9º, constitui ato de improbi- ros contratados por essas entidades;
dade administrativa importando enriquecimento ilícito V - receber vantagem econômica de qualquer natu-
auferir (obter) qualquer tipo de vantagem patri- reza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
monial indevida em razão do exercício de cargo, ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar-
mandato, função, emprego ou atividade nas enti- cotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer
dades mencionadas no art. 1º da lei de improbidade. outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
Quando a lei fala sobre enriquecimento ilícito, a vantagem;
referência que deve fazer parte do raciocínio do aluno VI - receber vantagem econômica de qualquer natu-
é a seguinte: enriquecer importa, sempre, em aumen- reza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa
to de patrimônio e, dessa forma deve acontecer de for- sobre medição ou avaliação em obras públicas ou
qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso,
ma dolosa, ou seja, precisa de vontade e consciência o
medida, qualidade ou característica de mercado-
enriquecimento ilícito.
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
Neste ponto, é muito importante esclarecer o sig-
mencionadas no art. 1º desta lei;
nificado de alguns termos que serão importantes no
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exer-
decorrer do estudo. Para compreendermos melhor a
cício de mandato, cargo, emprego ou função
Lei de Improbidade, é necessário saber com alguma
pública, bens de qualquer natureza cujo valor
profundidade alguns pontos: seja desproporcional à evolução do patrimô-
nio ou à renda do agente público;
z Dolo: Ação realizada com vontade e consciên- VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
cia, voltada a um fim; atividade de consultoria ou assessoramento
z Culpa: Sem maiores aprofundamentos, quando para pessoa física ou jurídica que tenha inte-
realizamos alguma conduta de forma culposa, não resse suscetível de ser atingido ou amparado
temos a presença da vontade e da consciência, por ação ou omissão decorrente das atribui-
ou seja, os atos de enriquecimento ilícito não ções do agente público, durante a atividade;
poderão ser culposos. (Atenção! Esse é um detalhe IX - perceber vantagem econômica para interme-
absolutamente relevante, podendo, rapidamente, diar a liberação ou aplicação de verba pública de
decidir uma questão de prova.); qualquer natureza;
z Trânsito em julgado: As decisões transitam em X - receber vantagem econômica de qualquer natu-
julgado e, ocorrido esse evento, são definitivas e reza, direta ou indiretamente, para omitir ato
não se sujeitam a novas mudanças ou recursos. de ofício, providência ou declaração a que esteja
O trânsito em julgado poderá ocorrer após o esgo- obrigado;
tamento de todas as instâncias judiciais ou quan- XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri-
do publicada a decisão as partes não impuserem mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes
recurso; do acervo patrimonial das entidades mencionadas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
E, finalmente, na hipótese prevista no art. 10-A (ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário), o agente estará sujeito à:
Importante: Na fixação das penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa o juiz levará em conta a
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
DECLARAÇÃO DE BENS
De acordo com o art. 13 desta Lei, sempre a posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apre-
sentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
serviço de pessoal competente.
Isso servirá para analisar a evolução patrimonial do agente público. Essa declaração compreenderá imóveis,
móveis, semoventes (animais como bovinos ou equinos), dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens
e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica
do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
Muitas instituições, sobretudo federais, aceitam que seja utilizada cópia do imposto de renda do servidor.
Dessa maneira, alcança-se o acompanhamento do desenvolvimento patrimonial do servidor de forma simples.
De acordo com o § 1º, art. 13, a declaração de bens será anualmente atualizada (e analisada) na data em que
o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
Art. 13 [...]
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a
prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2º deste artigo.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
O art. 14 estabelece que qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente, para que
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
A representação escrita ou reduzida a termo e assinada conterá os dados de qualificação do representante,
as informações sobre o fato e sua autoria e apontará as provas de que tenha conhecimento, de acordo com o
§ 1º, art. 14.
Tendo em vista o disposto no § 2º, a autoridade administrativa poderá rejeitar a representação, em despacho
fundamentado, se a representação não apresentar os requisitos mínimos elencados pela lei.
A rejeição da representação não impede que esta seja realizada pelo Ministério Público (§ 2º).
Realizada a representação e atendidos os seus requisitos, a autoridade determinará a imediata apuração dos
fatos, vide § 3º, art. 14. 37
No caso de servidores federais, será processada na forma da Lei 8.112, de 1990, e tratando-se de servidor mili-
tar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares, consoante dispõe o § 3º, art. 14.
Por conseguinte, uma vez estabelecida a comissão processante, essa dará conhecimento ao Ministério Público
e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo, para apurar a prática de ato
de improbidade. Vejamos:
Art. 15 A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
representante para acompanhar o procedimento administrativo.
De acordo com o art. 16, havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério
Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
agente ou de terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado danos ao patrimônio público.
Indícios fundados
de
responsabilidade
O Ministério Público, se
Representação não intervir no processo como
MP ou parte, atuará, obrigatoriamente,
Procuradoria como fiscal da lei, sob pena de
nulidade (§ 4° do art. 17).
Pedido de seques-
tro dos bens – de
forma cautelar
Em 30 dias deve
ser proposta a
ação
É possível, quando necessário, que o pedido inclua a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancá-
rias e aplicações financeiras do indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais (§ 2º, art. 16).
De acordo com o art. 17, a ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou
pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
As ações de improbidade administrativa admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos
termos da Lei de Improbidade Administrativa (§ 1º, art. 17).
Atente-se ao uso das medidas cautelares. Elas são adotadas para evitar um prejuízo irrecuperável ou de difícil
recuperação. Por isso, sempre será necessário que estejam presentes, para sua decretação, dois elementos:
Art. 17 [...]
§ 6º A ação será instruída com documentos ou justificações que contenham indícios suficientes da existência do
ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
observada a legislação vigente [...].
PROPOSITURA DA AÇÃO
Documentos ou justificações que contenham indícios sufi- Razões fundamentadas da impossibilidade de apresenta-
cientes da existência do ato de improbidade ção de qualquer dessas provas
Caso a inicial esteja em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para, por
escrito, oferecer manifestação. A manifestação poderá ser instruída com documentos e justificações, tudo no prazo
38 de 15 dias (§ 7º, art. 17).
Após o recebimento da manifestação, o juiz, em 30 De acordo com o art. 22, para apurar qualquer ilí-
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se cito previsto na lei de improbidade administrativa, o
convencido da inexistência do ato de improbida- MP, de ofício, ou a requerimento de autoridade adminis-
de, da improcedência da ação ou da inadequação trativa, ou ainda, mediante representação [...], poderá
da via eleita (§ 8º, art. 17). requisitar a instauração de inquérito policial ou
procedimento administrativo.
Art. 17 [...]
§ 9º Recebida a petição inicial, o réu será citado PRESCRIÇÃO
para apresentar a contestação.
§ 10º Da decisão que receber a petição inicial, cabe O art. 23, que dispõe sobre a prescrição, estabe-
agravo de instrumento. lece que as ações destinadas a levar a efeitos as san-
§ 11º Havendo a possibilidade de solução consen-
ções previstas na Lei de Improbidade Administrativa
sual, poderão as partes pedir ao juiz a interrupção
podem ser propostas de acordo com o estabelecido no
do prazo para a contestação. Essa interrupção será
fluxograma seguinte:
por prazo não superior a 90 dias.
§ 11º Em qualquer fase do processo, reconhecida a
inadequação da ação de improbidade, o juiz extin- 05 anos – Término do mandato, cargo em comis-
guirá o processo sem julgamento do mérito. são ou função de confiança
[...]
Prescrição
Art. 18 A sentença que julga procedente a ação civil
de reparação do dano ou decreta a perda dos bens 05 anos – Da data da apresentação de contas
havidos ilicitamente determinará o pagamento ou
a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da
pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. No prazo da prescrição da demissão a bem do
serviço público nos cargos efetivos ou empregos
DISPOSIÇÕES PENAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
No que se refere às disposições penais, constitui
crime a representação por ato de improbidade con- PLANALTO. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispo-
tra agente público ou terceiro beneficiário, quando o nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
autor da denúncia o sabe inocente (Art. 19). l8429.htm> Acesso em: 1 ago. 2021.
z Os integrantes da polícia federal, polícia rodoviá- z Os integrantes dos órgãos policiais referidos no
ria federal, polícia ferroviária federal, polícias inciso IV, do art. 51, e no inciso XIII, do art. 52,
civis, polícias militares e corpos de bombeiros mili- da Constituição Federal – Polícia da Câmara dos
tares, bem como integrantes da Força Nacional de Deputados e Polícia do Senado Federal (Inciso VI,
Segurança Pública – policiais militares, civis, bom- do art. 6º);
beiros militares e peritos dos estados e do Distrito
Poderão, com validade em todo âmbito nacional,
Federal (Inciso II, do art. 6º);
portar arma de fogo particular ou fornecida pela res-
pectiva corporação ou instituição, mesmo fora do ser-
Poderão, com validade em todo âmbito nacional, viço, nos termos no regulamento desta lei (§ 1º, do art.
portar arma de fogo particular ou fornecida pela res- 6º, do Estatuto do Desarmamento).
pectiva corporação ou instituição, mesmo fora do ser-
viço, nos termos no regulamento desta lei (§ 1º, do art. z Os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guar
6º, do Estatuto do Desarmamento). das prisionais, os integrantes das escoltas de presos
e as guardas portuárias (Inciso VII, do art. 6º);
z Os integrantes das guardas municipais das capitais z As empresas de segurança privada e de transporte
dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 de valores constituídas, nos termos desta lei (Inci-
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabe- so VIII, do art. 6º).
lecidas no Regulamento do Estatuto do Desarma- z Para os integrantes das entidades de desporto legal-
mento (Inciso III, do art. 6º); mente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do
Poderão portar arma de fogo particular ou forne- regulamento desta Lei, observando-se, no que cou-
cida pela respectiva corporação ou instituição mesmo ber, a legislação ambiental (Inciso IX, do art. 6º);
fora do serviço, nos termos no regulamento desta lei. z Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
O Supremo Tribunal Federal, na ADC 38, declarou Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Traba-
a inconstitucionalidade das expressões “das capitais lho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;
dos Estado” e “com mais de 500.000 (quinhentos mil) (Inciso X, do art. 6º);
habitantes”, por entender que elas desrespeitam os z Os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
princípios constitucionais da igualdade e da eficiência. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públi-
Atente-se ao enunciado da questão, pois, de acordo cos da União e dos Estados, para uso exclusivo de
com o Estatuto, será uma resposta e, de acordo com o servidores de seus quadros pessoais que efetiva-
STF, outra. mente estejam no exercício de funções de segu-
rança, na forma de regulamento a ser emitido pelo
z Os integrantes das guardas municipais dos Muni Conselho Nacional de Justiça – CNJ e pelo Conselho
cípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos Nacional do Ministério Público – CNMP (Inciso XI,
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando do art. 6º);.
em serviço (Inciso IV, do art. 6º);
Com a declaração da inconstitucionalidade do inci-
Poderão portar arma de fogo particular ou forne- so IV, do art. 6º, do Estatuto do Desarmamento, tem
cida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo -se que todos os integrantes das guardas municipais
fora do serviço, nos termos no regulamento desta lei. possuem direito a porte de arma de fogo, em serviço
O Supremo Tribunal Federal, na ADC 38, declarou ou fora dele, independentemente do número de habi-
a inconstitucionalidade desse dispositivo, por enten- tantes do Município.
der que ele desrespeita os princípios constitucionais Tal preceito contraria, ainda, o contido no § 7º, do
da igualdade e da eficiência. art. 6º, desta Lei. Vejamos:
Art. 12 Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa, é considerado crime
e poderá gerar uma pena de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
O sujeito ativo no crime poderá ser qualquer pessoa, sendo considerado crime comum. O sujeito passivo é a
coletividade, considerado-se crime vago.
Os objetos materiais são armas de fogo, acessórios e munições.
O Decreto n° 10.030 estabelece, no anexo III, o glossário com os termos e definições que seguem:
z Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combus-
tão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente solidária a um cano, que tem a função de dar
continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil;
z Arma de fogo automática: arma da qual o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento
ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado;
z Arma de fogo de repetição: arma da qual a recarga exige a ação mecânica do atirador sobre um componente
para a continuidade do tiro;
z Acessório de arma de fogo: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do
atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma.
Importante!
Parte de uma arma desmontada não constitui “acessório de arma de fogo”, vez que não melhora o desempe-
nho do armamento, assim como o coldre.
O acessório, por si só, não apresenta lesividade jurídica, porém a legislação visou coibir qualquer objeto que
desenvolvesse uma facilidade para a utilização da arma de fogo, desestimulando, desta forma, o seu uso.
Cartucho é formado pelo estojo, espoleta, pólvora e projétil unidos em um único objeto. Se esses componentes
forem apreendidos separadamente, o fato será atípico, por falta de previsão legal.
Sobre isso, há um julgado de suma importância. Vejamos:
PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
CRIME DE PERIGO ABSTRATO. APREENSÃO DE 10 MUNIÇÕES DE ARMA DE CALIBRE 38, DESACOMPANHADAS DE
ARMAMENTO CAPAZ DE DEFLAGRÁ-LAS. MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA. ATIPICIDADE MATERIAL. ANÁLISE
DO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ABSOLVIÇÃO. PRECEDENTES DA QUINTA E
SEXTA TURMAS DESTA CORTE. RECURSO PROVIDO.
1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da ação penal por meio do habeas corpus é medi-
da excepcional, que somente deve ser adotada quando houver inequívoca comprovação da atipicidade da conduta, da
incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade
do delito.
Precedentes.
2. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a possibilidade de incidência do princípio da insignificância a casos de apreen-
são de quantidade reduzida de munição de uso permitido, desacompanhada de arma de fogo, tendo concluído pela total
inexistência de perigo à incolumidade pública (RHC 143.449/MS, Rel. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, SEGUNDA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Turma, de 9/10/2017), vindo a ser acompanhado por ambas as Turmas que compõem a Terceira Seção desta Corte. 3.
Saliente-se que, para que exista, de fato, a possibilidade de incidência do princípio da insignificância, deve-se examinar
o caso concreto, afastando-se o critério meramente matemático. Isso porque, é evidente que a aplicação ou não do prin-
cípio da bagatela está diretamente relacionada às circunstâncias do flagrante, sendo imperioso o vislumbre imediato
da ausência de lesividade da conduta, o que não ocorre, por exemplo, quando a apreensão está atrelada à prática de
outros delitos, ou mesmo quando há o acompanhamento das munições por arma de fogo, apta a preencher a tipicidade
material do delito.
4. No caso em apreço, a conduta de o agente possuir dez munições de arma calibre 38, destituídas de potencia-
lidade lesiva, desacompanhadas de armamento capaz de deflagrá-las, não gera perigo de lesão ou probabili-
dade de dano aos bens jurídicos tutelados, permitindo-se o reconhecimento da atipicidade material, uma vez
analisada a situação concreta, afastado o critério meramente matemático. Precedentes.
5. Recurso em habeas corpus provido para trancar a Ação Penal n. 019/2.17.0004175-9 (CNJ 0009712-05.2017.8.21.0019),
em trâmite na 3ª Vara Criminal da Comarca de Novo Hamburgo/RS.
45
De acordo com a jurisprudência do STJ, o crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de
uso permitido (Art. 12, da Lei n° 10.826/03) é de perigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva situa-
ção de perigo. Portanto, o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e, sim, a segurança pública e a paz
social.
z Elemento espacial do tipo: no interior de sua residência ou dependência desta ou, ainda, no seu local de
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa.
z Diferença entre posse e porte: A posse ocorre no interior da residência do infrator ou local de trabalho
(intramuros). Já o porte é extramuros, ou seja, fora da residência ou local de trabalho;
z Elemento normativo do tipo: em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Trata-se de crime de mera conduta, ou seja, para a consumação do crime, basta a realização da conduta, inde-
pendentemente de qualquer resultado naturalístico.
Omissão de Cautela
Outro crime é a conduta de deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa portadora de deficiência mental apodere-se de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja
de sua propriedade.
Art. 13 Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portado-
ra de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Ocorre o crime mesmo que o menor de 18 anos já tenha adquirido a capacidade civil absoluta por meio de
emancipação;
1ª corrente: Para alguns, o crime é material porque exige o resultado naturalístico do apoderamento da arma,
(Fernando Capez), entendimento que prevalece.
2ª corrente: Para outros, o crime é formal, pois o resultado naturalístico é a lesão ou morte da vítima que não
precisa ocorrer para o crime estar consumado, sendo para alguns de mera conduta (NUCCI).
O parágrafo único, do art. 13, traz a omissão de cautela em sua forma equiparada. Vejamos:
Art. 13 [...]
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e
transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primei-
ras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
Sujeito ativo: só pode ser sujeito ativo do crime na forma equiparada o proprietário ou diretor responsável
de empresa de segurança e transporte de valores. Portanto, trata-se de crime próprio;
Sujeito passivo: é o Estado, porque se não cumprirem a comunicação, não haverá como promover o controle
das armas de fogo;
Condutas: deixar de registrar ocorrência policial e deixar de comunicar a polícia federal (a falta de qualquer
46 uma dessas comunicações constitui crime);
Objeto material: arma de fogo, acessório e muni- “[...] Logo, uma vez comprovada a absoluta inap-
ção (deixar de comunicar qualquer um deles respon- tidão do artefato bélico apreendido na posse do
derá pelo crime), independentemente de serem de apelante, não há falar em exposição da incolu-
uso permitido ou proibido; midade pública a perigo, razão por que a reforma
Consumação: a consumação só ocorre depois de da sentença de modo a absolvê-lo, com fundamento
24 horas depois do fato (a doutrina lê depois de 24 no art. 386, III, do Código de Processo Penal, é de
horas da ciência do fato, porque, antes de tomar ciên-
rigor”. Diante desse quadro, o acórdão recorrido
cia do fato, não tem como comunicar). Considerado
deve ser mantido, uma vez que se encontra em per-
crime a prazo;
feita sintonia com o entendimento pacificado des-
Tentativa: não é cabível, crime omissivo próprio –
crimes de mera conduta. te Superior Tribunal de Justiça no sentido de que
a posse de arma de fogo com ineficácia para
Para facilitar o seu entendimento: realização de disparos, devidamente compro-
vada por meio de laudo pericial, é figura atí-
z Art. 13, caput: é crime culposo; pica, ante a ausência de potencialidade lesiva
z Art. 13, Parágrafo único: é crime doloso. do objeto. STJ – Resp 1756172 SC 2018/0185939-0,
Relator: Ministra Laurita Vaz, p. 20.09.2018
Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido – Art.
14
Importante!
O crime de posse irregular de arma de fogo de uso
permitido previsto no art. 12, do Estatuto do Desarma- O crime do art. 14, do Estatuto do Desarmamen-
mento, diferencia-se do crime de porte ilegal de arma to, derrogou o art. 19, da Lei de Contravenções
de fogo de uso permitido previsto no art. 14, também penais, no que tange à arma de fogo, permane-
desse Estatuto. Enquanto, no crime de posse irregular cendo em vigor em relação à arma branca.
ou em desacordo com a determinação legal (Art. 12),
o agente detém a arma, acessório ou munição em sua
residência ou em local de trabalho, no crime de porte Disparo de Arma de Fogo – Art.15
ilegal (Art. 14), o agente manipula a arma, praticando
algum dos diversos verbos nele previstos: Conduta eminentemente preventiva, o disparo
de arma de fogo é consumado apenas com o próprio
Art. 14 Portar, deter, adquirir, fornecer, receber,
disparo ou acionamento da munição. Trata-se de um
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra
tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter delito subsidiário, pois somente é punível se a condu-
sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou ta não se referir a outro crime.
munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamen Art. 15 Disparar arma de fogo ou acionar munição
tar, é considerado crime e possui a pena – reclusão, em lugar habitado ou em suas adjacências, em
de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. via pública ou em direção a ela, desde que essa
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é conduta não tenha como finalidade a prática de
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
outro crime, terá uma pena de reclusão, de 2 (dois)
registrada em nome do agente.
a 4 (quatro) anos, e multa, poderá existir o arbitra
O parágrafo único, do art. 14, foi declarado incons- mento de fiança pela autoridade policial.
titucional pelo STF (ADIN 3.112-1). Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum); inafiançável.
Sujeito passivo: Coletividade (crime vago);
Conduta: Crime de conteúdo variado/tipo misto O parágrafo único, do art. 15, foi declarado incons-
alternativo, crime de ação múltipla (crime único); titucional pelo STF (ADIN 3.112-1).
Objeto Material: Arma de fogo, acessório ou
munição de uso permitido; Sujeito Ativo: qualquer pessoa (Crime Comum);
Consumação: A consumação se dá com a prática Sujeito Passivo: coletividade (Crime Vago);
de qualquer conduta prevista no tipo. Conduta: disparar arma de fogo ou acionar muni-
Tentativa: É possível a tentativa no porte ilegal de ção sem disparo (ex.: o indivíduo dispara um tiro, mas
arma (ex.: tentar adquirir); a munição falha. Tal conduta será considerada como
Causas de aumento de pena: a pena será aumen-
crime de acionar munição);
tada de metade se o agente for reincidente específico
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
em crimes dessa natureza ou, ainda, se o crime for Elemento Espacial: em lugar habitado ou em suas
praticado por integrante dos órgãos e empresas refe- adjacências, em via pública ou em direção a ela (se o
ridos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei. disparo ocorrer em local ermo, não ocorrerá o crime).
Consumação: com o disparo da arma de fogo ou o
Não obstante terem os tribunais superiores muda- acionamento da munição;
do de posicionamento algumas vezes, atualmente Tentativa: é cabível (ex.: quando alguém vai des-
entendem que, para que o crime de porte de arma de ferir ou realizar os disparos, mas é impedido);
fogo se consume, não é necessário que a arma esteja
Causas de aumento de pena: a pena será aumen-
municiada. Entretanto, o STJ já decidiu que, caso a
arma de fogo esteja inapta, inutilizável, não há crime, tada de metade se o agente for reincidente específico
uma vez ausente a exposição da incolumidade pública em crimes dessa natureza ou, ainda, se o crime for
a perigo devido à ausência de potencialidade lesiva do praticado por integrante dos órgãos e empresas refe-
objeto. ridos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei. 47
ART. 15 Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
DOUTRINA
LEI 10.826/03 arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a crian-
O art. 15 não se aplica se ça ou adolescente
o disparo tem a finalidade Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,
O dispositivo não se aplica de outro crime mais grave, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo
se o disparo tem por finali- se o disparo tem a finalida-
dade a prática de outro cri- de de crime menos grave
Crime hediondo: Nos termos do § 2º, do art. 16:
me (mais grave ou menos (não pode absorver crime
grave). mais grave – princípio da
consunção) ou de igual Art. 16 [...]
gravidade. § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º des-
te artigo envolverem arma de fogo de uso proibido,
a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso
Restrito – Art. 16 Antes do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964, de 2019),
o crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento não
O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo distinguia armas de fogo, acessório ou munição de
de uso restrito é mais grave do que aqueles previstos uso proibido das de uso restrito. Contudo, depois do
nos arts. 12 ou 14. No caso do art. 16, o agente porta ou Pacote Anticrime, a Lei nº 8.072, de 1990, que tutela
possui arma de uso restrito, que possui maior poten- os crimes hediondos, passou a distinguir, consideran-
cial lesivo do que as armas de uso permitido. do que apenas é hediondo o crime de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso proibido (§ 2º, do art.
Art. 16 Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, rece- 16, do Estatuto do Desarmamento). Logo, o crime de
ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter não constitui mais crime hediondo.
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou Ganha destaque a conduta equiparada de vender,
munição de uso restrito, sem autorização e em desa- entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma
cordo com determinação legal ou regulamentar: de fogo, acessório, munição ou explosivo à criança ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. adolescente (Inciso V, § 1º, do art. 16, da Lei nº 10.826,
de 2003). Importa observar que o inciso em destaque
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); derrogou parcialmente a conduta descrita no art. 242,
Sujeito passivo: coletividade (crime vago); do Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, em
Conduta: crime de conteúdo variado ou tipo misto relação às armas brancas, aplica-se o art. 242 do Esta-
alternativo ou crime de ação múltipla; tuto da Criança e do Adolescente.
Objeto material: arma de fogo, acessório ou muni-
ção de uso de restrito; Art. 242 Vender, fornecer ainda que gratuitamente
Consumação: a consumação dá-se com a prática ou entregar, de qualquer forma, à criança ou ado-
de qualquer conduta prevista no tipo; lescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
Tentativa: é possível (ex.: na conduta de tentar
adquirir); INCISO V, § 1º, DO ART. ART. 242 DO ECA (LEI
Causas de aumento de pena: a pena será aumen- 16, DA LEI 10.826/03 8.069/90)
tada de metade se o agente for reincidente específico
Continua em vigor contra
em crimes dessa natureza ou, ainda, se o crime for Aplica-se para arma de
arma branca (ex.: entregar
praticado por integrante dos órgãos e empresas refe- fogo (pistola)
um soco inglês)
ridos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei;
O § 1º, do art. 16, prevê condutas equiparadas ao
Comércio Ilegal de Arma de Fogo – Art. 17
crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito. Art. 17 Adquirir, alugar, receber, transportar, con-
duzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
CONDUTAS EQUIPARADAS AO CRIME DE POSSE remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou
OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
RESTRITO ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer si- industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
nal de identificação de arma de fogo ou artefato sem autorização ou em desacordo com determina-
ção legal ou regulamentar:
Modificar as características de arma de fogo, de forma Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou § 1° Equipara-se à atividade comercial ou indus-
restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo trial, qualquer forma de prestação de serviços,
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz fabricação ou comércio irregular ou clandes-
Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explo- tino, inclusive o exercido em residência.
sivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo § 2° Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
com determinação legal ou regulamentar arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza-
ção ou em desacordo com a determinação legal ou
Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de presentes elementos probatórios razoáveis de con-
48 identificação raspado, suprimido ou adulterado duta criminal preexistente.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que comercializar Art. 21 Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são
ou industrializar, de forma irregular ou clandestina, insuscetíveis de liberdade provisória.
inclusive em sua residência;
Sujeito passivo: coletividade (Crime Vago); Este artigo foi declarado inconstitucional pelo STF
Conduta: crime de conteúdo variado ou tipo misto (ADIN 3.112-1).
alternativo ou crime de ação múltipla;
Objeto material: arma de fogo, acessório e DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
munição.
Crime habitual: Trata-se de crime habitual, tendo De acordo com o art. 22, o Ministério da Justiça
em vista que o legislador usa “no exercício de ativi- poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito
dade comercial ou industrial”. Logo, para a consu- Federal para o cumprimento da Lei.
mação, exige-se a reiteração da conduta;
Art. 22 O Ministério da Justiça poderá celebrar
Tentativa: é perfeitamente possível (ex.: verbos
convênios com os Estados e o Distrito Federal para
adquirir e desmontar.)
o cumprimento do disposto nesta Lei.
Causa de aumento de pena: a pena será aumen-
tada de metade se a arma, acessório ou munição for Já no que tange à classificação legal, técnica e geral
de uso restrito ou proibido, se o agente for reinci-
presente no art. 23, bem como à definição das armas
dente específico em crimes dessa natureza ou, ainda,
de fogo e demais produtos controlados, de usos proi-
se o crime for praticado por integrante dos órgãos e
bidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor his-
empresas referidos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei.
tórico, serão disciplinadas em ato do chefe do Poder
Tráfico Internacional de Arma de Fogo – Art. 18 Executivo Federal, mediante proposta do Comando do
Exército.
O crime de tráfico internacional de arma de fogo
é de competência da Justiça Federal. As condutas são Art. 23 A classificação legal, técnica e geral bem
as de importar, exportar, favorecer a entrada ou saída como a definição das armas de fogo e demais pro-
de arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- dutos controlados, de usos proibidos, restritos,
ção da autoridade competente, do território nacional. permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo
Art. 18 Importar, exportar, favorecer a entrada ou Federal, mediante proposta do Comando do Exérci-
saída do território nacional, a qualquer título, de to. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- § 1º Todas as munições comercializadas no País
ção da autoridade competente: deverão estar acondicionadas em embalagens com
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) sistema de código de barras, gravado na caixa,
anos, e multa visando possibilitar a identificação do fabricante e
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem do adquirente, entre outras informações definidas
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou muni- pelo regulamento desta Lei.
ção, em operação de importação, sem autorização § 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente
da autoridade competente, a agente policial dis- serão expedidas autorizações de compra de muni-
farçado, quando presentes elementos probatórios ção com identificação do lote e do adquirente no
razoáveis de conduta criminal preexistente.
culote dos projéteis, na forma do regulamento des-
ta Lei.
Haverá, ainda, aumento da metade da pena se § 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso ano da data de publicação desta Lei conterão dis-
proibido ou restrito. positivo intrínseco de segurança e de identificação,
gravado no corpo da arma, definido pelo regula-
Sujeito ativo: qualquer pessoa (Crime Comum); mento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos
Sujeito passivo: Estado; no art. 6º.
Condutas: importar, exportar ou favorecer; § 4º As instituições de ensino policial e as guardas
municipais referidas nos incisos III e IV do caput
ART. 318 DO CP (FACILI- do art. 6o desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir
ESTATUTO DO
TAÇÃO DE CONTRABAN- insumos e máquinas de recarga de munição para
DESARMAMENTO
DO OU DESCAMINHO) o fim exclusivo de suprimento de suas atividades,
mediante autorização concedida nos termos defini-
Crime comum: que pode Crime funcional: quando
dos em regulamento.
ser praticado por qualquer é praticado no exercício
pessoa, funcionário públi- da função (funcionário
co ou não público) Excetuadas as atribuições apresentadas no art. 2º,
consoante dispõe o art. 24, compete ao Comando do
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Objeto material: arma de fogo, acessório e muni- Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação,
ção (não se menciona “explosivo”); importação, desembaraço alfandegário e o comércio
Consumação: com a importação, exportação ou de armas de fogo e demais produtos controlados, inclu-
favorecimento; sive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
Tentativa: é cabível. colecionadores, atiradores e caçadores (Art. 24).
Passou a ser considerado crime hediondo, art. 1º,
IV, da Lei 8.072/90 (uso permitido, restrito ou proibido). Art. 25 As armas de fogo apreendidas, após a ela-
Causa de aumento de pena: a pena será aumen- boração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
tada de metade se a arma, acessório ou munição for quando não mais interessarem à persecução
de uso restrito ou proibido, se o agente for reinci- penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao
dente específico em crimes dessa natureza ou, ainda, Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e
se o crime for praticado por integrante dos órgãos e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos
empresas referidos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei. de segurança pública ou às Forças Armadas. 49
Com isso, de acordo com o § 1º do referido artigo, Já, de acordo com o art. 30 da Lei, os possuidores
as armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exér- e proprietários de arma de fogo de uso permitido ain-
cito que receberem parecer favorável à doação, obe- da não registrada deveriam solicitar seu registro até o
decidos o padrão e a dotação de cada Força Armada dia 31 de dezembro de 2008, mediante aposentação de
ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios documento de identificação pessoal e comprovante de
de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justi- residência fixa, acompanhados de nota fiscal de com-
ça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas pra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos
meios de prova admitidos em direito, ou declaração
em relatório reservado trimestral a ser encaminhado
firmada na qual constem as características da arma
àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo para mani-
e a sua condição de proprietário, ficando este dispen-
festação de interesse. sado do pagamento de taxas e do cumprimento das
demais exigências previstas no art. 4º, cuja redação
Art. 25 [...] cumpre relembrar:
§ 1°-A As armas de fogo e munições apreendidas
em decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permiti-
qualquer forma utilizadas em atividades ilícitas de do o interessado deverá, além de declarar a efetiva
produção ou comercialização de drogas abusivas, necessidade, atender aos seguintes requisitos:
ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recur- I - comprovação de idoneidade, com a apresentação
sos provenientes do tráfico de drogas de abuso, de certidões negativas de antecedentes criminais
perdidas em favor da União e encaminhadas para fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar
o Comando do Exército, devem ser, após perícia ou e Eleitoral e de não estar respondendo a inquéri-
vistoria que atestem seu bom estado, destinadas to policial ou a processo criminal, que poderão ser
com prioridade para os órgãos de segurança públi- fornecidas por meios eletrônicos; (Redação dada
ca e do sistema penitenciário da unidade da federa- pela Lei nº 11.706, de 2008)
II – apresentação de documento comprobatório de
ção responsável pela apreensão.
ocupação lícita e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
Portanto, de acordo com o §2°, o Comando do Exér- psicológica para o manuseio de arma de fogo, atesta-
cito encaminhará a relação das armas a serem doadas das na forma disposta no regulamento desta Lei.
ao juiz competente, que determinará o seu perdimen-
to em favor da instituição beneficiada. Para Fins De Cumprimento do que dispõe o art.
O transporte das armas de fogo doadas será de res- 30, caput, o proprietário poderá obter o poderá obter
ponsabilidade da instituição beneficiada, que procede- certificado de registro provisório junto ao Departa-
rá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma (§ 3°). mento de Polícia Federal, certidão esta expedida pela
No que tange ao Poder Judiciário, esse instituirá rede mundial de computadores – internet –, na forma
instrumentos para o encaminhamento ao Sinarm ou estabelecida do Regulamento do Estatuto do Desarma-
ao Sigma, conforme se trate de arma de uso permiti- mento e obedecidos os procedimentos dos incisos I e
do ou de uso restrito, semestralmente, da relação de II, do § 4º, do art. 5º, desta lei.
armas acauteladas em juízo, mencionando suas carac-
Art. 5º [...]
terísticas e o local onde se encontram. I - emissão de certificado de registro provisório pela
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias;
Art. 26 São vedadas a fabricação, a venda, a comer- II - revalidação pela unidade do Departamento de
cialização e a importação de brinquedos, réplicas Polícia Federal do certificado de registro provisó-
e simulacros de armas de fogo, que com estas se rio pelo prazo que estimar como necessário para
possam confundir. a emissão definitiva do certificado de registro de
Parágrafo único: Excetuam-se da proibição as propriedade.
réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao Art. 31 Os possuidores e proprietários de armas
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, de fogo adquiridas regularmente poderão, a qual-
nas condições fixadas pelo Comando do Exército. quer tempo, entregá-las à Polícia Federal, median-
te recibo e indenização, nos termos do regulamento
desta Lei.
Destaca-se que caberá ao Comando do Exército Art. 32 Os possuidores e proprietários de arma de
autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas fogo poderão entregá-la, espontaneamente, median-
de fogo de uso restrito, não se aplicando às aquisições te recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indeni-
dos Comandos Militares. zados, na forma do regulamento, ficando extinta
a punibilidade de eventual posse irregular da
Art. 28 É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) referida arma.
anos adquirir arma de fogo, ressalvados os inte-
grantes das entidades já apresentadas. Conforme amplamente discutido anteriormente, o
Estatuto do Desarmamento visou desestimular o uso e
Com relação às autorizações de porte de armas porte das armas de fogo pelos cidadãos. Nessa mesma
de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias linha pensamento, o legislador, no art. 33, incluiu uma
multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00
após a publicação da Lei, sendo outro dispositivo que
(trezentos mil reais) aplicável a:
se encontra obsoleto, tendo em vista o art. 29.
Art. 33 [...]
Art. 29 [...] I - À empresa de transporte aéreo, rodoviário, fer-
Parágrafo único. O detentor de autorização com roviário, marítimo, fluvial ou lacustre que delibera-
prazo de validade superior a 90 (noventa) dias damente, por qualquer meio, faça, promova, facilite
poderá renová-la, perante a Polícia Federal, no pra- ou permita o transporte de arma ou munição sem a
zo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem devida autorização ou com inobservância das nor-
50 ônus para o requerente. mas de segurança;
II - À empresa de produção ou comércio de arma- Importante!
mentos que realize publicidade para venda, esti-
mulando o uso indiscriminado de armas de fogo, Consideram-se drogas as substâncias ou os pro-
exceto nas publicações especializadas. dutos capazes de causar dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas
Dispõe o art. 34 que os promotores de eventos em atualizadas, periodicamente, pelo Poder Executi-
locais fechados, com aglomeração superior a 1000 (um vo da União (Parágrafo único, art. 1º).
mil) pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade,
as providências necessárias para evitar o ingresso de Podemos destacar que a Lei de Drogas é uma nor-
pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos ma penal em branco, ou seja, ela necessita de um
pela inviolabilidade de consciência e crença (Inciso complemento que traga a definição do que são dro-
VI, do art. 5º, da Constituição Federal). gas. Essa complementação se realiza por meio da por-
taria1 SVS/MS de nº 344, de 12 de maio de 1998, que
Art. 34 [...] traz os princípios ativos das substâncias que poderão
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela ser enquadradas como drogas e, consequentemente, a
prestação dos serviços de transporte internacional tipificação da conduta do agente nos crimes elencados
e interestadual de passageiros adotarão as provi- nesta Lei.
dências necessárias para evitar o embarque de pas- A previsão legal de que a referida Lei é uma nor-
sageiros armados. ma penal em branco heterogênea provém como visto
anteriormente, do art. 1º, parágrafo único, combinado
Por fim, o art. 34-A, do Estatuto do Desarmamen- com o art. 66, disposto a seguir:
to, estabelece a criação do Banco Nacional de Perfis
Balísticos: Art. 66 Para fins do disposto no parágrafo único
do art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a ter-
Art. 34-A Os dados relacionados à coleta de regis- minologia da lista mencionada no preceito, deno-
tros balísticos serão armazenados no Banco Nacio- minam-se drogas substâncias entorpecentes,
nal de Perfis Balísticos. psicotrópicas, precursoras e outras sob contro-
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem le especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de
como objetivo cadastrar armas de fogo e armaze- maio de 1998.
nar características de classe e individualizadoras
de projéteis e de estojos de munição deflagrados
Consoante ao art. 2º, da Lei nº 11.343, de 2006, é
permitido o uso de substâncias psicotrópicas deriva-
por arma de fogo.
das das plantas de uso estritamente ritualístico-reli-
§ 2º Banco Nacional de Perfis Balísticos será cons-
gioso quando for utilizada para essa finalidade. Um
tituído pelos registros de elementos de munição
exemplo de planta que apresenta substâncias psico-
deflagrados por armas de fogo relacionados a cri-
trópicas usada para ritual religioso é a Ayahuasca
mes, para subsidiar ações destinadas às apurações
(também conhecida como Santo Daime).
criminais federais, estaduais e distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será geri-
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacio-
do pela unidade oficial de perícia criminal. nal, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de colheita e a exploração de vegetais e substratos dos
Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele quais possam ser extraídas ou produzidas drogas,
que permitir ou promover sua utilização para fins ressalvada a hipótese de autorização legal ou regu-
diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judi- lamentar, bem como o que estabelece a Convenção
cial responderá civil, penal e administrativamente. de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias
§ 5° É vedada a comercialização, total ou parcial, da Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso
base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. estritamente ritualístico-religioso.
§ 6° A formação, a gestão e o acesso ao Banco Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio,
Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados a cultura e a colheita dos vegetais referidos na lei,
exclusivamente para fins medicinais ou científicos,
em ato do Poder Executivo federal.
em local e prazo predeterminados, mediante fiscali-
zação, respeitadas as ressalvas supramencionadas.
Art. 5º [...]
Do Plano Nacional de Políticas Sobre Drogas
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamen-
tos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico São objetivos específicos do Plano Nacional de dro-
52 ilícito e outros comportamentos correlacionados; gas, dentre outros:
z Promover a interdisciplinaridade e integração dos II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamen-
programas, ações, atividades e projetos dos órgãos tação científica como forma de orientar as ações
e entidades públicas e privadas nas áreas de saú- dos serviços públicos comunitários e privados e de
de, educação, trabalho, assistência social, previ- evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e
dência social, habitação, cultura, desporto e lazer, dos serviços que as atendam;
III - o fortalecimento da autonomia e da responsa-
visando à prevenção do uso de drogas, atenção e
bilidade individual em relação ao uso indevido de
reinserção social dos usuários ou dependentes de
drogas;
drogas; IV - o compartilhamento de responsabilidades e a
z Viabilizar a ampla participação social na formula- colaboração mútua com as instituições do setor pri-
ção, implementação e avaliação das políticas sobre vado e com os diversos segmentos sociais, incluindo
drogas; usuários e dependentes de drogas e respectivos fami-
z Priorizar programas, ações, atividades e projetos liares, por meio do estabelecimento de parcerias;
articulados com os estabelecimentos de ensino, V - a adoção de estratégias preventivas diferencia-
com a sociedade e com a família para a prevenção das e adequadas às especificidades socioculturais
do uso de drogas; das diversas populações, bem como das diferentes
z Ampliar as alternativas de inserção social e econô- drogas utilizadas;
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
mica do usuário ou dependente de drogas, promo-
do uso” e da redução de riscos como resultados dese-
vendo programas que priorizem a melhoria de sua
jáveis das atividades de natureza preventiva, quando
escolarização e a qualificação profissional; da definição dos objetivos a serem alcançados;
z Promover o acesso do usuário ou dependente de VII - o tratamento especial dirigido às parcelas
drogas a todos os serviços públicos; mais vulneráveis da população, levando em consi-
z Estabelecer diretrizes para garantir a efetividade deração as suas necessidades específicas;
dos programas, ações e projetos das políticas sobre VIII - a articulação entre os serviços e organiza-
drogas; ções que atuam em atividades de prevenção do uso
z Fomentar a criação de serviço de atendimento indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e
telefônico com orientações e informações para dependentes de drogas e respectivos familiares;
apoio aos usuários ou dependentes de drogas; IX - o investimento em alternativas esportivas, cultu-
z Articular programas, ações e projetos de incentivo rais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma
de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
ao emprego, renda e capacitação para o trabalho,
X - o estabelecimento de políticas de formação con-
com objetivo de promover a inserção profissio- tinuada na área da prevenção do uso indevido de
nal da pessoa que haja cumprido o plano indivi- drogas para profissionais de educação nos 3 (três)
dual de atendimento nas fases de tratamento ou níveis de ensino;
acolhimento; XI - a implantação de projetos pedagógicos de pre-
z Promover formas coletivas de organização para o venção do uso indevido de drogas, nas instituições
trabalho, redes de economia solidária e o coopera- de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes
tivismo, como forma de promover autonomia ao Curriculares Nacionais e aos conhecimentos rela-
usuário ou dependente de drogas egresso de trata- cionados a drogas;
mento ou acolhimento, observando-se as especifi- XII - a observância das orientações e normas ema-
cidades regionais; nadas do Conad;
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de
z Propor a formulação de políticas públicas que con-
controle social de políticas setoriais específicas.
duzam à efetivação das diretrizes e princípios pre-
vistos no art. 22;
z Articular as instâncias de saúde, assistência social
Importante!
e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas;
z Promover estudos e avaliação dos resultados das As atividades de prevenção do uso indevido
políticas sobre drogas. de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
deverão estar em consonância com as diretrizes
Salienta-se que o referido plano terá duração de 5 emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos
(cinco) anos contados da sua aprovação. da Criança e do Adolescente – Conanda (Pará-
grafo único do art. 19).
ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO,
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
DEPENDENTES DE DROGAS Da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 22 [...]
As medidas de internação só serão realizadas
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas,
quando os recursos extra-hospitalares demonstrarem
independentemente de quaisquer condições, obser-
insuficiência na solução do problema. Sendo assim,
vados os direitos fundamentais da pessoa humana,
estas devem ser comunicadas (tanto as internações
os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
quanto as altas) ao Ministério Público, à Defensoria
Pública e aos demais órgãos de fiscalização no prazo
e da Política Nacional de Assistência Social;
máximo de 72 horas.
II - a adoção de estratégias diferenciadas de aten-
É importante destacar que há dois tipos de inter-
ção e reinserção social do usuário e do dependente
nação, vide § 3º do art. 23-A. Vejamos:
de drogas e respectivos familiares que considerem
as suas peculiaridades socioculturais;
III - definição de projeto terapêutico individualiza- z Internação voluntária – aquela que se dá com o
do, orientado para a inclusão social e para a redu- consentimento do dependente de drogas. O usuá-
ção de riscos e de danos sociais e à saúde; rio, por livre manifestação de vontade, consen-
IV - atenção ao usuário ou dependente de dro- te com a internação. A manifestação de vontade
gas e aos respectivos familiares, sempre que pos- deverá ser realizada por declaração escrita. O tér-
sível, de forma multidisciplinar e por equipes mino da internação poderá ser dado:
multiprofissionais; Por determinação médica;
V - observância das orientações e normas emana- Por solicitação escrita daquele que estiver em
das do Conad; tratamento.
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de con-
trole social de políticas setoriais específicas. z Internação involuntária – aquela que se dá sem
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; o consentimento do dependente. Trata-se de um
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) caso mais extremo, no qual a internação é rea-
VIII - efetivação de políticas de reinserção social lizada a pedido (devidamente fundamentado e
voltadas à educação continuada e ao trabalho; demonstrados os motivos que justificam a medida
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) de internação) de familiar ou do responsável legal
IX - observância do plano individual de atendimen- ou, na falta destes, de servidor público da área de
to na forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos
54 nº 13.840, de 2019) integrantes do Sisnad.
Consoante, dispõem os §§ 4º e 5°, do art. 23-A. V - formas de participação da família para efetivo
Outros detalhes da internação involuntária merecem cumprimento do plano individual; (Incluído pela
destaque: Lei nº 13.840, de 2019)
VI - designação do projeto terapêutico mais ade-
A internação involuntária só será realizada quado para o cumprimento do previsto no plano; e
após formalização de decisão médica, que (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
deverá indicar o tipo de droga, o padrão de uso, VII - as medidas específicas de atenção à saúde do
bem como justificar, devidamente, a impossibi- atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
lidade de se utilizar meios alternativos que não
sejam a internação; O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta)
A internação terá prazo máximo de 90 dias, dias da data do ingresso no atendimento (§ 6º, do
porém só deverá ser realizada pelo tempo
art. 23-B). As informações colhidas na avaliação serão
necessário à desintoxicação do internado e terá
seu término definido por determinação médica; consideradas sigilosas.
A família ou o representante legal poderá reque- Com o fim de incentivar a reinserção do usuário
rer a interrupção da internação/tratamento. e dependente de drogas no mercado de trabalho, a
União, os Estados, o DF e os Municípios poderão con-
Todas as internações e altas deverão ser informa- ceder benefícios às instituições privadas, vide art. 24.
das, em, no máximo, 72 (setenta e duas) horas, ao Vale destacar que, segundo o art. 25, as instituições
Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros da sociedade civil sem fins lucrativos com atuação nas
órgãos de fiscalização por meio de sistema informa-
áreas de atenção à saúde e de assistência social que
tizado único, sendo garantido o sigilo das informa-
atendam usuários ou dependentes de drogas pode-
ções disponíveis no sistema e o acesso será permitido
apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena rão receber recursos do Fundo Nacional Antidrogas
de responsabilidade, de acordo com o § 7º. (FUNAD) condicionados à sua disponibilidade orça-
mentária e financeira.
Art. 23-A [...]
§ 9º É vedada a realização de qualquer modalida- DOS CRIMES E DAS PENAS
de de internação nas comunidades terapêuticas
acolhedoras. Este tópico é o mais importante para fins de pro-
va. Portanto, preste, sempre, muita atenção a todos os
DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO aspectos da Lei de Drogas, principalmente aos polê-
micos, a fim de que você tenha sucesso na resolução
O plano individual de atendimento visa o atendi- de questões.
mento ao usuário ou dependente de drogas na rede de
atenção à saúde e dependerá de avaliação prévia por Art. 27 As penas previstas neste Capítulo poderão
equipe multidisciplinar e multissetorial e Elabora- ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem
ção de um Plano Individual de Atendimento – PIA como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
(Art. 23-B). Ministério Público e o defensor.
A avaliação prévia, que consta no art. 23-B, será
utilizada como base para elaborar um plano terapêu- O art. 27 é autoexplicativo. As penas poderão ser
tico de cada indivíduo e deverá levantar, no mínimo, aplicadas de forma isolada ou cumulativamente,
o tipo de droga e padrão de uso, bem como o risco à
cabendo a sua substituição.
saúde física e mental do usuário.
Já o PIA deverá contemplar a participação dos fami- O art. 28 traz-nos um importante dispositivo da Lei
liares ou responsáveis, os quais têm o dever de contri- de Drogas, pois criminaliza a conduta de posse de dro-
buir com o processo, sendo esses, no caso de crianças gas para consumo pessoal. Veja:
e adolescentes, passíveis de responsabilização civil,
administrativa e criminal, além de ser, inicialmente, Art. 28 Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do transportar ou trouxer consigo, para consumo pes-
primeiro projeto terapêutico que atender o usuário ou soal, drogas sem autorização ou em desacordo com
dependente de drogas e será atualizado ao longo das determinação legal ou regulamentar será submeti-
diversas fases do atendimento (§§ 3º e 4º, do art. 23-B). do às seguintes penas
Preenchidos os requisitos, deverão constar, no I - advertência sobre os efeitos das drogas;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Requisitos: Requisitos:
z Pluralidade de agentes z Pluralidade de agen- Importante!
(mínimo de 3) tes (mínimo de 2 O STJ posiciona-se no sentido de que o crime do
z Reunião estável e agentes) art. 37 absorve o previsto no art. 35.
permanente z Reunião estável e
z Visando à prática de permanente
crimes z Visando à prática de PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA DE
qualquer dos crimes DROGAS
previstos no caput, §
1º, do art. 33, e no art. O art. 38 criminaliza a conduta de prescrever
34, ambos da Lei nº ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas
11.343/06 necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas
ou em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar, tendo, como pena, a detenção, de 6 (seis)
Caso os agentes pratiquem o crime de Associação
meses a 2 (dois) anos e pagamento de 50 (cinquenta) a
para o Tráfico, responderão, também, pelo crime de
200 (duzentos) dias-multa.
Tráfico de Drogas em concurso material. Ressalte-se
O juiz comunicará a condenação ao Conselho Fede-
que não é necessária a consumação do crime de Trá- ral da categoria profissional a que pertença o agente.
fico de Drogas para que os agentes respondam pela
associação. Art. 38 Prescrever ou ministrar, culposamente, dro-
Nas mesmas penas, incorre quem se associa para gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo
a prática reiterada do crime de financiamento ou em doses excessivas ou em desacordo com determi-
custeio das práticas dos crimes previstos no caput nação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
mes, serão impostas sempre cumulativamente Art. 47 Na sentença condenatória, o juiz, com base
em avaliação que ateste a necessidade de encami-
podem ser aumentadas até o décuplo se, em vir-
nhamento do agente para tratamento, realizada
tude da situação econômica do acusado, o juiz
por profissional de saúde com competência especí-
as considerar ineficazes, ainda que aplicadas no
fica na forma da lei, determinará que a tal se proce-
máximo. da, observado o disposto no art. 26 desta Lei.
Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros, denominado de Pacote Anticrime, a qual foi sancio-
destinados às pessoas físicas e jurídicas que colabo- nada em 24 de dezembro de 2019, entrando em vigor a
rem na prevenção do uso indevido de drogas, aten- partir de 23 de janeiro de 2020. É considerada a maior
ção e reinserção social de usuários e dependentes mudança na legislação criminal desde a reforma da
e na repressão da produção não autorizada e do Parte Geral, do Código Penal, em 1984.
tráfico ilícito de drogas. No primeiro artigo da nova lei, é dito que o seu
Art. 69 No caso de falência ou liquidação extrajudi-
objetivo é o aperfeiçoamento legislativo. Vejamos:
cial de empresas ou estabelecimentos hospitalares,
de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como
nos serviços de saúde que produzirem, venderem, Art. 1º Esta Lei aperfeiçoa a legislação penal e
adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornece- processual penal.
rem drogas ou de qualquer outro em que existam
essas substâncias ou produtos, incumbe ao juízo Com efeito, os 20 (vinte) artigos que compõem o
perante o qual tramite o feito: Pacote Anticrime provocaram mudanças no(a): 65
z Código Penal; Legítima defesa é uma causa excludente de ilicitu-
z Código de Processo Penal; de, que consiste em repelir, de si mesmo ou de outrem,
z Lei de Execução Penal; uma injusta agressão, atual ou iminente. A injusta
z Lei dos Crimes Hediondos; agressão é o que torna lícita a conduta do agente.
z Lei de Improbidade Administrativa; A novidade trazida pelo Pacote Anticrime é que
z Lei de Interceptação Telefônica; passa a ser considerado, também, em legítima defesa,
z Lei de Lavagem de Dinheiro; o agente de segurança pública que repele agressão ou
z Estatuto do Desarmamento; risco de agressão à vítima mantida refém durante a
z Lei de Drogas; prática de crimes.
z Lei que dispõe a transferência e inclusão de presos
em estabelecimentos penais federais de segurança Art. 25 Entende-se em legítima defesa quem, usan-
máxima; do moderadamente dos meios necessários, repele
z Lei de identificação criminal; injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
z Lei que dispõe sobre a formação de juízos colegia- de outrem.
dos para o julgamento de crimes praticados por Parágrafo único. Observados os requisitos previs-
organização criminosa; tos no caput deste artigo, considera-se também em
z Lei das Organizações Criminosas; legítima defesa o agente de segurança pública que
z Lei que dispõe sobre o serviço telefônico de rece- repele agressão ou risco de agressão a vítima man-
bimento de denúncias e sobre recompensa por tida refém durante a prática de crimes.
informações;
z Lei que trata sobre o procedimento originário dos Antes da nova legislação, não existia a figura da
tribunais; legítima defesa do agente de segurança pública que
z Lei do Fundo Nacional de Segurança Pública; repele agressão à vítima refém de crime. Cabia aos
z Código de Processo Penal Militar. tribunais decidir sobre a punição do agente público.
Agora, esse entendimento está apoiado na lei.
Neste sentido, pode-se afirmar que, com a nova lei, Outra novidade é que, anteriormente, após transi-
diversos dispositivos do Código Penal (CP) e do Código tada em julgado a sentença condenatória, a multa era
de Processo Penal (CPP), além dos de outras normas, considerada dívida de valor e eram aplicadas as nor-
como a Lei nº 7.210, de 1984 (LEP), foram revogados, mas da legislação relativas à dívida ativa da Fazenda
alterados ou acrescentados. Esse conjunto de altera- Pública, inclusive no que concerne às causas interrup-
ções visa aumentar a eficácia no combate ao crime tivas e suspensivas da prescrição.
organizado, ao crime violento e à corrupção.
O Projeto de Lei 882, de 2019, foi apresentado no Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Congresso Nacional no início de 2019, sistematizando, de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
de forma rigorosa, o enfrentamento à criminalidade seguintes alterações:
pelo Ministro da Justiça na época, Sérgio Moro. Toda- Art. 51 Transitada em julgado a sentença conde-
via, o projeto não passou na íntegra pelo Congresso. natória, a multa será executada perante o juiz da
Em março de 2019, a Câmara dos Deputados criou execução penal e será considerada dívida de valor,
uma comissão para apreciar o Pacote Anticrime. Nes- aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
se episódio, foram introduzidas algumas ideias do Fazenda Pública, inclusive no que concerne às cau-
Ministro Alexandre de Moraes, que tinham sido pro- sas interruptivas e suspensivas da prescrição.
postas quando ele ocupava o cargo de Ministro da Jus-
tiça. Alguns exemplos do “Projeto Moraes” são: Com a nova lei, a multa passa a ser executada
perante o juiz da execução penal e será considerada
z Acordo de não persecução penal; dívida de valor, sendo aplicáveis as normas relativas
z Cadeia de custódia das provas; à dívida ativa da Fazenda Pública. Antes da nova legis-
z Limite de 40 (quarenta) anos para o cumprimento lação, existia controvérsia sobre a legitimidade e com-
de penas. petência para a execução da pena de multa. Agora, a
execução da pena de multa só pode ser proposta pelo
No entanto, entre o projeto de Moro e o projeto de Ministério Público e diante do Juiz das Execuções. O
Moraes, o Congresso reconsiderou os planos garan- Pacote Anticrime, assim, encerrou a dubiedade na
tistas apresentados no Projeto de Lei 8.045, de 2010. interpretação do órgão legitimado e do juízo compe-
Dentre eles, destaca-se a figura do juiz das garantias. tente para a execução da pena de multa.
Nesse contexto, estruturou-se o Pacote Anticrime. O tempo máximo de cumprimento da pena priva-
Trata-se, pois, de uma lei que contempla a soma das
tiva de liberdade também foi alterado, sob o funda-
ideias de Sérgio Moro e de Alexandre de Moraes, além
mento de que a expectativa dos brasileiros aumentou,
de um projeto antigo apoiado na doutrina garantista.
tornando a norma mais gravosa:
ALTERAÇÕES NO CÓDIGO PENAL
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
seguintes alterações: Art. 75 O tempo de cumprimento das penas priva-
Art. 25 [...] tivas de liberdade não pode ser superior a 40 (qua-
Parágrafo único. Observados os requisitos previs- renta) anos.
tos no caput deste artigo, considera-se também em § 1º Quando o agente for condenado a penas pri-
legítima defesa o agente de segurança pública que vativas de liberdade cuja soma seja superior a 40
repele agressão ou risco de agressão a vítima man- (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para
66 tida refém durante a prática de crimes. atender ao limite máximo deste artigo.
ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
40 anos
30 anos Obs.: Novatio legis in pejus não retroage, uma vez que pre-
judica o réu e isso não é admitido na sistemática do Direito
Penal
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 83 [...]
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;”
Observe que a nova lei trouxe mais um requisito a ser cumprido, para que o benefício seja conquistado: o não
cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses. Observe como ficou o artigo na íntegra com a alteração:
Art. 83 O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior
a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico
em crimes dessa natureza.
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão
do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não
voltará a delinquir.
Alguns conceitos doutrinários também foram introduzidos. Por exemplo, o conceito de “confisco alargado ou
ampliado” foi construído, pelo fato de não abranger meramente o produto e os instrumentos do crime, tal como
o confisco “tradicional” previsto no art. 91, do Código Penal. Isso, porque o instituto anunciado no art. 91-A, do
Código Penal (com redação dada pelo Pacote Anticrime), considera produto ou proveito os bens correspondentes à
diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 91-A Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de
reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença
entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infra-
ção penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade
criminal.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
É importante destacar que não se aplica a qualquer crime ou contravenção penal, visto que seu âmbito de
incidência é restrito às infrações penais a que a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão
(infrações de elevado potencial ofensivo). 67
Nesse contexto, conforme o § 1º, art. 91-A, do Códi- § 1º Se o crime é cometido mediante paga ou pro-
go Penal, considera-se patrimônio do condenado tan- messa de recompensa, aplica-se a pena em
to os bens de sua titularidade, ou em relação aos quais dobro.
ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto na § 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quais-
data da infração penal ou recebidos posteriormente, quer modalidades das redes sociais da rede
quanto os transferidos a terceiros a título gratuito ou mundial de computadores, aplica-se em triplo
mediante contraprestação irrisória a partir do início a pena.
da atividade criminal.
A nova lei trouxe novas causas impeditivas da Essas alterações foram embasadas na realida-
prescrição antes do trânsito em julgado (incisos III e de atual: cada vez mais capitalista e conectada pela
IV, do art. 16). Além disso, o inciso II teve modificada internet.
a sua redação. O crime de roubo é extremamente polêmico e,
visando maior repressão, foram implementadas as
seguintes mudanças:
ANTES DO PACOTE DEPOIS DO PACOTE
ANTICRIME ANTICRIME
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Art. 116 Antes de passar Art. 116 Antes de passar de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
em julgado a sentença em julgado a sentença fi- seguintes alterações:
da final, a prescrição nal, a prescrição não corre: Art. 157 [...]
não corre: I - enquanto não resol- § 2º [...]
I - enquanto não resol- vida, em outro processo, VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
vida, em outro processo, questão de que dependa emprego de arma branca;
questão de que dependa o reconhecimento da exis- [...]
o reconhecimento da tência do crime; § 2º-B Se a violência ou grave ameaça é exercida
existência do crime; II - enquanto o agente com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
II - enquanto o agen- cumpre pena no exterior; proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
te cumpre pena no III - na pendência de em- caput deste artigo.
estrangeiro. bargos de declaração ou
Parágrafo único. Depois de recursos aos Tribunais EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO
de passada em julgado a Superiores, quando inad- ARMA BRANCA RESTRITO OU PROIBIDO
sentença condenatória, missíveis; e
a prescrição não corre IV - enquanto não cum- Aumento de 1/3 até Aplica-se em dobro a pena
durante o tempo em que prido ou não rescindido o a metade
o condenado está preso acordo de não persecução
por outro motivo. penal. Perceba que a pena aumenta se a violência ou
Parágrafo único. Depois ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de passada em julgado a (sem ser de uso restrito ou proibido).
sentença condenatória, a
O crime de estelionato também foi substancial-
prescrição não corre du-
mente afetado. Agora, a regra é que a Ação seja Públi-
rante o tempo em que o
ca Condicionada à Representação e as exceções são
condenado está preso por
elencadas nos incisos do § 5º, do art. 171. Vejamos:
outro motivo.
Art. 171 [...]
Assim, para os crimes cometidos a partir de 23 de § 5º Somente se procede mediante representação,
janeiro de 2020, a prescrição não deverá correr na salvo se a vítima for:
pendência de embargos de declaração ou recursos I - a Administração Pública, direta ou indireta;
aos Tribunais Superiores quando inadmissíveis, bem II - criança ou adolescente;
como enquanto não cumprido ou não rescindido o III - pessoa com deficiência mental; ou
acordo de não persecução penal. IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
Ademais, o Pacote Anticrime alterou o homicídio,
que passou a ser qualificado pelo emprego de arma de Por fim, ocorreu alteração no crime de concussão
fogo de uso restrito ou proibido. Vejamos: no tocante à pena.
z Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estan- V - decidir sobre o requerimento de prisão provisó-
do o investigado preso, em vista das razões apre- ria ou outra medida cautelar, observado o disposto
sentadas pela autoridade policial; no § 1º deste artigo;
z Determinar o trancamento do inquérito policial VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medi-
quando não houver fundamento razoável para sua da cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
instauração ou prosseguimento; assegurado, no primeiro caso, o exercício do con-
z Requisitar documentos, laudos e informações traditório em audiência pública e oral, na forma
ao delegado de polícia sobre o andamento da do disposto neste Código ou em legislação especial
investigação; pertinente;
z Julgar o habeas corpus impetrado antes do ofereci- VII - decidir sobre o requerimento de produção
mento da denúncia; antecipada de provas consideradas urgentes e não
z Determinar a instauração de incidente de insani- repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla
dade mental; defesa em audiência pública e oral; 69
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, O juiz das garantias será designado, conforme
estando o investigado preso, em vista das razões as normas de organização judiciária da União, dos
apresentadas pela autoridade policial e observado Estados e do Distrito Federal, observando critérios
o disposto no § 2º deste artigo; objetivos a serem periodicamente divulgados pelo
IX - determinar o trancamento do inquérito policial respectivo tribunal.
quando não houver fundamento razoável para sua Sabe-se que o juiz das garantias é responsável
instauração ou prosseguimento; pelo controle da legalidade da investigação e pela
X - requisitar documentos, laudos e informações salvaguarda dos direitos individuais, que consiste
ao delegado de polícia sobre o andamento da na outorga a um determinado órgão jurisdicional da
investigação; competência para exercício da função de garantidor
XI - decidir sobre os requerimentos de: na fase investigatória. Após a atuação dessa figura, ele
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunica- fica impedido de funcionar no processo.
ções em sistemas de informática e telemática ou de
outras formas de comunicação; COMPETÊNCIA ENTRE COMPETÊNCIA APÓS
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados A INSTAURAÇÃO DA O RECEBIMENTO DA
e telefônico; INVESTIGAÇÃO E O DENÚNCIA OU QUEIXA
c) busca e apreensão domiciliar;
RECEBIMENTO DA ATÉ O TRÂNSITO EM
d) acesso a informações sigilosas;
ACUSAÇÃO JULGADO DA SENTENÇA
e) outros meios de obtenção da prova que restrin-
jam direitos fundamentais do investigado; Competência do Juiz das Competência do juiz da
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do ofe- Garantias instrução e julgamento
recimento da denúncia;
XIII - determinar a instauração de incidente de Art. 3º-C A competência do juiz das garantias
insanidade mental; abrange todas as infrações penais, exceto as de
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou menor potencial ofensivo, e cessa com o recebi-
queixa, nos termos do art. 399 deste Código; mento da denúncia ou queixa na forma do art. 399
XV - assegurar prontamente, quando se fizer neces- deste Código.
sário, o direito outorgado ao investigado e ao seu § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões
defensor de acesso a todos os elementos informati- pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e
vos e provas produzidos no âmbito da investigação julgamento.
criminal, salvo no que concerne, estritamente, às § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias
diligências em andamento; não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que,
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técni- após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá
co para acompanhar a produção da perícia; reexaminar a necessidade das medidas cautelares
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
não persecução penal ou os de colaboração premia- § 3º Os autos que compõem as matérias de com-
da, quando formalizados durante a investigação; petência do juiz das garantias ficarão acautelados
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições na secretaria desse juízo, à disposição do Ministé-
definidas no caput deste artigo. rio Público e da defesa, e não serão apensados aos
§ 1º O preso em flagrante ou por força de mandado autos do processo enviados ao juiz da instrução e
de prisão provisória será encaminhado à presença julgamento, ressalvados os documentos relativos
do juiz de garantias no prazo de 24 (vinte e qua- às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de pro-
tro) horas, momento em que se realizará audiência vas ou de antecipação de provas, que deverão ser
com a presença do Ministério Público e da Defenso- remetidos para apensamento em apartado.
ria Pública ou de advogado constituído, vedado o § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos
autos acautelados na secretaria do juízo das garantias.
emprego de videoconferência.
Art. 3º-D O juiz que, na fase de investigação, pra-
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garan-
ticar qualquer ato incluído nas competências dos
tias poderá, mediante representação da autoridade
arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcio-
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar,
nar no processo.
uma única vez, a duração do inquérito por até 15
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a inves-
apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de
tigação não for concluída, a prisão será imediata- rodízio de magistrados, a fim de atender às disposi-
mente relaxada. ções deste Capítulo.
A competência do juiz das garantias abrange todas as O Pacote Anticrime reconheceu que não há impar-
infrações penais exceto as de menor potencial ofensi- cialidade, se o mesmo julgador intervém na fase
vo e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa. Ao investigatória e, ao mesmo tempo, aprecia o mérito,
ser recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes condenando ou absolvendo o acusado. Isso é perceptí-
serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. vel, uma vez que, na investigação, o juiz contamina-se
As decisões proferidas pelo juiz das garantias não com elementos de informação. Logo, a nova legislação
vinculam o juiz da instrução e julgamento, o qual, separa a figura do juiz das garantias da figura do juiz
após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá da instrução e julgamento.
reexaminar a necessidade das medidas cautelares em No entanto, perceba que o juiz das garantias pos-
curso no prazo máximo de 10 (dez) dias. sui a função de garantidor dos direitos fundamentais
Vale mencionar que o juiz que, na fase de inves- na fase investigatória, mas não é dotado de iniciati-
tigação, praticar qualquer ato relacionado ao inqué- va acusatória, como erroneamente pode ser pensado.
rito ficará impedido de funcionar no processo. Isso Alerte-se para o fato de que o Pacote Anticrime veda
significa que, nas comarcas em que funcionar apenas expressamente a iniciativa do juiz na fase de inves-
um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de tigação. A intervenção do juiz das garantias na fase
70 magistrados, a fim de atender esse dispositivo. investigatória deve ser contingente e excepcional.
Importante! Art. 14-A Nos casos em que servidores vincula-
dos às instituições dispostas no art. 144 da Cons-
O juiz das garantias deverá assegurar o cumpri- tituição Federal figurarem como investigados em
mento das regras para o tratamento dos presos, inquéritos policiais, inquéritos policiais militares
impedindo o acordo ou o ajuste de qualquer auto- e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
ridade com órgãos da imprensa, para explorar a for a investigação de fatos relacionados ao uso da
força letal praticados no exercício profissional, de
imagem da pessoa submetida à prisão sob pena
forma consumada ou tentada, incluindo as situa-
de responsabilidade civil, administrativa e penal. ções dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado
poderá constituir defensor.
Art. 3º-E O juiz das garantias será designado con-
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo,
forme as normas de organização judiciária da o investigado deverá ser citado da instauração do
União, dos Estados e do Distrito Federal, obser- procedimento investigatório, podendo constituir
vando critérios objetivos a serem periodicamente defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas
divulgados pelo respectivo tribunal. a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo
A nova lei também se preocupa com a imagem do com ausência de nomeação de defensor pelo inves-
réu perante a sociedade. Vejamos: tigado, a autoridade responsável pela investigação
deverá intimar a instituição a que estava vincula-
Art. 3º-F O juiz das garantias deverá assegurar o do o investigado à época da ocorrência dos fatos,
cumprimento das regras para o tratamento dos para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito)
presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer horas, indique defensor para a representação do
autoridade com órgãos da imprensa para explorar investigado.
a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena § 3º Havendo necessidade de indicação de defensor
de responsabilidade civil, administrativa e penal. nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as auto- preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos
locais em que ela não estiver instalada, a União
ridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oiten-
ou a Unidade da Federação correspondente à res-
ta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a
pectiva competência territorial do procedimento
realização da prisão e a identidade do preso serão,
instaurado deverá disponibilizar profissional para
de modo padronizado e respeitada a programação
acompanhamento e realização de todos os atos
normativa aludida no caput deste artigo, transmi- relacionados à defesa administrativa do investiga-
tidas à imprensa, assegurados a efetividade da per- do. (Promulgação partes vetadas)
secução penal, o direito à informação e a dignidade § 4º A indicação do profissional a que se refere o
da pessoa submetida à prisão. § 3º deste artigo deverá ser precedida de manifes-
tação de que não existe defensor público lotado na
O Pacote Anticrime trouxe a figura da assistência área territorial onde tramita o inquérito e com atri-
jurídica em favor de servidores vinculados aos órgãos buição para nele atuar, hipótese em que poderá ser
de segurança pública diante da instauração de inqué- indicado profissional que não integre os quadros
rito, para fins de investigação de fatos relacionados ao próprios da Administração. (Promulgação partes
uso da força letal praticados no exercício funcional. vetadas)
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria
Essa mudança se justifica, pelo fato de figurar
Pública, os custos com o patrocínio dos interesses
como suposto autor ou partícipe da infração penal em
dos investigados nos procedimentos de que trata
uma investigação criminal. Por si só, funciona como este artigo correrão por conta do orçamento pró-
uma imputação em sentido amplo que acarreta con- prio da instituição a que este esteja vinculado à
sequências. Logo, a observância do contraditório e da época da ocorrência dos fatos investigados. (Pro-
ampla defesa não pode ficar restrita à fase processual mulgação partes vetadas)
da persecução penal. § 6º As disposições constantes deste artigo se apli-
Na investigação de fatos relacionados ao uso da cam aos servidores militares vinculados às institui-
força letal praticados no exercício profissional — polí- ções dispostas no art. 142 da Constituição Federal,
cia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviá- desde que os fatos investigados digam respeito a
missões para a Garantia da Lei e da Ordem.”
ria federal, polícias civis, polícias militares e corpos de
bombeiros militares, polícias penais federal, estaduais
O Pacote Anticrime trouxe novo procedimento
e distrital —, o indiciado poderá constituir defensor
para o arquivamento nos âmbitos da justiça estadual,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
z Reparar o dano;
Importante! z Renunciar voluntariamente a bens e direitos indi-
cados pelo Ministério Público como instrumentos,
Atente-se ao novo procedimento de arquivamento:
produto ou proveito do crime;
� O MP ordena o arquivamento do inquérito z Prestar serviço à comunidade correspondente à
policial; pena mínima cominada ao delito diminuída de um
� O MP comunica a vítima, o investigado e a a dois terços (1/3 a 2/3);
autoridade policial; z Pagar prestação pecuniária a entidade pública ou
� O MP encaminha os autos para a instância de de interesse social;
revisão ministerial, para fins de homologação, z Cumprir, por prazo determinado, outra condi-
na forma da lei; ção indicada pelo Ministério Público, desde que
� Se a vítima, ou seu representante legal, não proporcional e compatível com a infração penal
concordar com o arquivamento do inquérito imputada.
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias
Vedações
do recebimento da comunicação, submeter
a matéria à revisão da instância competente
Não caberá o acordo de não persecução penal
do órgão ministerial, conforme dispuser a res-
quando:
pectiva lei orgânica;
� Nas ações penais relativas a crimes praticados z É cabível a transação penal no JECRIM;
em detrimento da União, Estados e Municípios, z Criminoso profissional;
a revisão do arquivamento do inquérito policial z Beneficiado, nos 5 (cinco) anos anteriores, ao
poderá ser provocada pela chefia do órgão a cometimento da infração por acordo de não perse-
quem couber a sua representação judicial. cução penal, transação penal ou suspensão condi-
Obs.: As etapas foram dispostas em tópicos, cional do processo;
z Caso de violência doméstica contra a mulher.
conforme a ordem em que ocorrem.
Controle Jurisdicional
No antigo procedimento de arquivamento, o Minis-
tério Público oferecia o arquivamento e o juiz deci- z Celebração por escrito (firmada pelo MP) + inves-
dia se acolhia ou não. Caso a autoridade judicial não tigado + advogado, seguida de homologação pelo
acolhesse o arquivamento, remetia ao PGJ, para que juiz em audiência — verifica-se a voluntariedade
dele partisse a decisão final, no sentido de arquivar por oitiva do investigado na presença do advogado
ou não. Ainda, se não entendesse pelo arquivamen- e a legalidade;
to, o PGJ designava um longa manus — expressão que z Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou
designa o executor de ordens, ou seja, PGJ designa —, abusivas as condições dispostas no acordo de não per-
para propor a ação penal ou ele mesmo o fazia. secução penal, devolverá os autos ao Ministério Públi-
Com a mudança trazida pelo Pacote Anticrime, o co, para que seja reformulada a proposta de acordo,
controle do arquivamento passa a ser realizado no com concordância do investigado e seu defensor;
âmbito exclusivo do Ministério Público, atribuindo-se z Homologado judicialmente o acordo de não perse-
à vítima a legitimidade para questionar a correção da cução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministé-
postura adotada pelo órgão ministerial. rio Público, para que inicie sua execução perante o
Vale destacar que o arquivamento continua fun- juízo de execução penal;
cionando como um ato plural, porém, agora, consti- z Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos
tuindo, em um primeiro momento, pela decisão do ao Ministério Público, para a análise da necessida-
promotor e, após ser ou não homologada, pela instân- de de complementação das investigações ou o ofe-
72 cia de revisão ministerial. recimento da denúncia.
Descumprimento § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica
nas seguintes hipóteses:
z Descumpridas quaisquer das condições estipula- I - se for cabível transação penal de competência
das no acordo de não persecução penal, o Ministé- dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
rio Público deverá comunicar ao juízo, para fins de II - se o investigado for reincidente ou se houver ele-
sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia; mentos probatórios que indiquem conduta criminal
z O descumprimento do acordo de não persecução habitual, reiterada ou profissional, exceto se insig-
penal pelo investigado também poderá ser utiliza- nificantes as infrações penais pretéritas;
do pelo Ministério Público como justificativa para III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos
o eventual não oferecimento de suspensão condi- anteriores ao cometimento da infração, em acordo
cional do processo. de não persecução penal, transação penal ou sus-
pensão condicional do processo; e
Cumprimento Integral IV - nos crimes praticados no âmbito de violên-
cia doméstica ou familiar, ou praticados contra a
z Cumprido integralmente o acordo de não persecu- mulher por razões da condição de sexo feminino,
ção penal, o juízo competente decretará a extinção em favor do agressor.
de punibilidade; § 3º O acordo de não persecução penal será formaliza-
z A celebração e o cumprimento do acordo de não do por escrito e será firmado pelo membro do Minis-
persecução penal não constarão de certidão de tério Público, pelo investigado e por seu defensor.
antecedentes criminais. § 4º Para a homologação do acordo de não perse-
cução penal, será realizada audiência na qual o juiz
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da
Recusa
oitiva do investigado na presença do seu defensor,
e sua legalidade.
z No caso de recusa por parte do Ministério Públi- § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes
co em propor o acordo de não persecução penal, o ou abusivas as condições dispostas no acordo de
investigado poderá requerer a remessa dos autos não persecução penal, devolverá os autos ao Minis-
a órgão superior (instância de revisão ministerial); tério Público para que seja reformulada a proposta
z Caberá RESE da decisão, despacho ou sentença que de acordo, com concordância do investigado e seu
recusar homologação à proposta de acordo de não defensor.
persecução penal. Isso se fundamenta, uma vez § 6º Homologado judicialmente o acordo de não
que o RESE é utilizado para impugnar decisões persecução penal, o juiz devolverá os autos ao
interlocutórias. Ministério Público para que inicie sua execução
perante o juízo de execução penal.
Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro § 7º O juiz poderá recusar homologação à propos-
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a ta que não atender aos requisitos legais ou quando
vigorar com as seguintes alterações: não for realizada a adequação a que se refere o § 5º
Art. 28-A Não sendo caso de arquivamento e tendo deste artigo.
o investigado confessado formal e circunstancial- § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá
mente a prática de infração penal sem violência os autos ao Ministério Público para a análise da
ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 necessidade de complementação das investigações
(quatro) anos, o Ministério Público poderá propor ou o oferecimento da denúncia.
acordo de não persecução penal, desde que neces- § 9º A vítima será intimada da homologação
sário e suficiente para reprovação e prevenção do do acordo de não persecução penal e de seu
crime, mediante as seguintes condições ajustadas descumprimento.
cumulativa e alternativamente: § 10 Descumpridas quaisquer das condições estipu-
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exce- ladas no acordo de não persecução penal, o Ministé-
to na impossibilidade de fazê-lo; rio Público deverá comunicar ao juízo, para fins de
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
indicados pelo Ministério Público como instrumen- § 11 O descumprimento do acordo de não perse-
tos, produto ou proveito do crime; cução penal pelo investigado também poderá ser
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades utilizado pelo Ministério Público como justificati-
públicas por período correspondente à pena míni- va para o eventual não oferecimento de suspensão
ma cominada ao delito diminuída de um a dois ter- condicional do processo.
ços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, § 12 A celebração e o cumprimento do acordo de
na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de não persecução penal não constarão de certidão de
dezembro de 1940 (Código Penal); antecedentes criminais, exceto para os fins previs-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos tos no inciso III do § 2º deste artigo.
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de § 13 Cumprido integralmente o acordo de não
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública persecução penal, o juízo competente decretará a
ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da extinção de punibilidade.
execução, que tenha, preferencialmente, como fun- § 14 No caso de recusa, por parte do Ministério Públi-
ção proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes co, em propor o acordo de não persecução penal, o
aos aparentemente lesados pelo delito; ou investigado poderá requerer a remessa dos autos a
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
indicada pelo Ministério Público, desde que propor-
cional e compatível com a infração penal imputada. Alguns dispositivos sobre bens foram alterados.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao Na hipótese de decretação de perdimento de obras
delito a que se refere o caput deste artigo, serão de arte ou de outros bens de relevante valor cultural
consideradas as causas de aumento e diminuição ou artístico, se o crime não tiver vítima determinada,
aplicáveis ao caso concreto. poderá haver destinação dos bens a museus públicos. 73
Ao transitar em julgado a sentença condenatória, o § 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o
juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do
Ministério Público, determinará a avaliação e a ven- bem pelos demais órgãos públicos.
da dos bens em leilão público, cujo perdimento tenha § 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for
sido decretado. Do dinheiro apurado, será recolhido veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará
aos cofres públicos o que não couber ao lesado ou a à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e
terceiro de boa-fé. O valor apurado deverá ser recolhi- controle a expedição de certificado provisório de
registro e licenciamento em favor do órgão público
do ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se hou-
beneficiário, o qual estará isento do pagamento de
ver previsão diversa em lei especial.
multas, encargos e tributos anteriores à disponibi-
O juiz poderá autorizar, se constatado o interesse
lização do bem para a sua utilização, que deverão
público, a utilização de bem sequestrado, apreendi- ser cobrados de seu responsável.
do ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos § 4º Transitada em julgado a sentença penal conde-
órgãos de segurança pública, do sistema prisional, do natória com a decretação de perdimento dos bens,
sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segu- ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé,
rança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o o juiz poderá determinar a transferência definitiva
desempenho de suas atividades. da propriedade ao órgão público beneficiário ao
O órgão de segurança pública participante das qual foi custodiado o bem.
ações de investigação ou repressão da infração
penal que ensejou a constrição do bem terá prio-
ridade na sua utilização. Todavia, se demonstrado Importante!
o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do
bem pelos demais órgãos públicos.
Em relação às provas, o Pacote Anticrime trou-
Se o bem for veículo, embarcação ou aeronave, o xe o seguinte entendimento de que o juiz que
juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de conhecer do conteúdo da prova declarada inad-
registro e controle a expedição de certificado provi- missível (ex.: prova ilícita) não poderá proferir a
sório de registro e licenciamento em favor do órgão sentença ou acórdão (Art. 157).
público beneficiário, o qual estará isento do pagamen-
to de multas, encargos e tributos anteriores à disponi-
Quanto às perícias, muitas mudanças aconte-
bilização do bem para a sua utilização, que deverão
ceram. Primeiramente, é preciso entender o que é
ser cobrados de seu responsável.
cadeia de custódia. Trata-se de documentar a histó-
Ao transitar em julgado a sentença penal conde-
ria cronológica da evidência, quem foram os respon-
natória com a decretação de perdimento dos bens,
sáveis por seu manuseio, garantir a inviolabilidade do
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o
material, lacrar as evidências, restringir acesso. Em
juiz poderá determinar a transferência definitiva da
outras palavras, consiste no caminho que deve ser
propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi
percorrido pela prova até a sua análise pelo magistra-
custodiado o bem.
do, sendo certo que qualquer interferência indevida
Art. 122 Sem prejuízo do disposto no art. 120, as durante esse trâmite processual pode resultar na sua
coisas apreendidas serão alienadas nos termos do imprestabilidade.
disposto no art. 133 deste Código. Você deve ter contato com a lei seca, pois o tema foi
Parágrafo único. (Revogado). (NR) alvo de mudanças e implementos. Vejamos:
Art. 124-A Na hipótese de decretação de perdimen-
to de obras de arte ou de outros bens de relevante DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA
valor cultural ou artístico, se o crime não tiver víti- DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL
ma determinada, poderá haver destinação dos bens Art. 158-A Considera-se cadeia de custódia o
a museus públicos. conjunto de todos os procedimentos utilizados
Art. 133 Transitada em julgado a sentença conde- para manter e documentar a história cronoló-
natória, o juiz, de ofício ou a requerimento do inte- gica do vestígio coletado em locais ou em vítimas
ressado ou do Ministério Público, determinará a de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a
avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo partir de seu reconhecimento até o descarte.
perdimento tenha sido decretado. § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a pre-
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres servação do local de crime ou com procedimen-
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro tos policiais ou periciais nos quais seja detectada a
de boa-fé. existência de vestígio.
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo § 2º O agente público que reconhecer um elemento
Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão como de potencial interesse para a produção da pro-
diversa em lei especial. (NR) va pericial fica responsável por sua preservação.
Art. 133-A O juiz poderá autorizar, constatado o § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto,
interesse público, a utilização de bem sequestrado, visível ou latente, constatado ou recolhido,
apreendido ou sujeito a qualquer medida assecura- que se relaciona à infração penal.
tória pelos órgãos de segurança pública previstos Art. 158-B A cadeia de custódia compreende o ras-
no art. 144 da Constituição Federal, do sistema pri- treamento do vestígio nas seguintes etapas:
sional, do sistema socioeducativo, da Força Nacio- I - reconhecimento: ato de distinguir um elemen-
nal de Segurança Pública e do Instituto Geral de to como de potencial interesse para a produção da
Perícia, para o desempenho de suas atividades. prova pericial;
§ 1º O órgão de segurança pública participante das II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado
ações de investigação ou repressão da infração das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente
penal que ensejou a constrição do bem terá priori- imediato, mediato e relacionado aos vestígios e
74 dade na sua utilização. local de crime;
III - fixação: descrição detalhada do vestígio con- § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito
forme se encontra no local de crime ou no corpo de que vai proceder à análise e, motivadamente, por
delito, e a sua posição na área de exames, poden- pessoa autorizada.
do ser ilustrada por fotografias, filmagens ou cro- § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer
qui, sendo indispensável a sua descrição no laudo constar na ficha de acompanhamento de vestígio o
pericial produzido pelo perito responsável pelo nome e a matrícula do responsável, a data, o local,
atendimento; a finalidade, bem como as informações referentes
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será sub- ao novo lacre utilizado.
metido à análise pericial, respeitando suas caracte- § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no
rísticas e natureza; interior do novo recipiente.
V - acondicionamento: procedimento por meio do Art. 158-E Todos os Institutos de Criminalística
qual cada vestígio coletado é embalado de forma deverão ter uma central de custódia destinada à
individualizada, de acordo com suas característi- guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve
cas físicas, químicas e biológicas, para posterior ser vinculada diretamente ao órgão central de perí-
análise, com anotação da data, hora e nome de cia oficial de natureza criminal.
quem realizou a coleta e o acondicionamento; § 1º Toda central de custódia deve possuir os ser-
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um viços de protocolo, com local para conferência,
local para o outro, utilizando as condições ade- recepção, devolução de materiais e documentos,
quadas (embalagens, veículos, temperatura, entre possibilitando a seleção, a classificação e a distri-
outras), de modo a garantir a manutenção de suas buição de materiais, devendo ser um espaço seguro
características originais, bem como o controle de e apresentar condições ambientais que não interfi-
sua posse; ram nas características do vestígio.
VII - recebimento: ato formal de transferência da § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de
posse do vestígio, que deve ser documentado com, vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se
no mínimo, informações referentes ao número de informações sobre a ocorrência no inquérito que a
procedimento e unidade de polícia judiciária rela- eles se relacionam.
cionada, local de origem, nome de quem transpor- § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestí-
tou o vestígio, código de rastreamento, natureza gio armazenado deverão ser identificadas e deve-
do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e rão ser registradas a data e a hora do acesso.
identificação de quem o recebeu; § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio arma-
VIII - processamento: exame pericial em si, mani- zenado, todas as ações deverão ser registradas,
pulação do vestígio de acordo com a metodologia consignando-se a identificação do responsável pela
adequada às suas características biológicas, físicas tramitação, a destinação, a data e horário da ação.
e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, Art. 158-F Após a realização da perícia, o material
que deverá ser formalizado em laudo produzido deverá ser devolvido à central de custódia, devendo
por perito; nela permanecer.
IX - armazenamento: procedimento referente à Parágrafo único. Caso a central de custódia não
guarda, em condições adequadas, do material a ser possua espaço ou condições de armazenar deter-
processado, guardado para realização de contrape- minado material, deverá a autoridade policial ou
rícia, descartado ou transportado, com vinculação judiciária determinar as condições de depósito do
ao número do laudo correspondente; referido material em local diverso, mediante reque-
X - descarte: procedimento referente à liberação do rimento do diretor do órgão central de perícia ofi-
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando cial de natureza criminal.
pertinente, mediante autorização judicial.
Art. 158-C A coleta dos vestígios deverá ser realiza-
O Pacote Anticrime trouxe esse mecanismo como
da preferencialmente por perito oficial, que dará o
garantidor da autenticidade das evidências coletadas
encaminhamento necessário para a central de cus-
e examinadas sem que haja espaço para adulteração.
tódia, mesmo quando for necessária a realização
de exames complementares. Assim, documenta-se, de maneira formal, um proce-
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inqué- dimento destinado a manter a história cronológica de
rito ou processo devem ser tratados como descrito uma evidência.
nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de A consequência da quebra da cadeia de custódia
natureza criminal responsável por detalhar a for- (break on the chain of custody) é a proibição de valora-
ma do seu cumprimento. ção probatória com a consequente exclusão dela e de
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova
como a remoção de quaisquer vestígios de locais de garante a validade da prova.
crime antes da liberação por parte do perito res- O período da cadeia de custódia vai do reconheci-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ponsável, sendo tipificada como fraude processual mento do elemento de prova até o seu descarte. São
a sua realização. etapas do rastreamento do vestígio:
Art. 158-D O recipiente para acondicionamen-
to do vestígio será determinado pela natureza do
z Reconhecimento como elemento potencial para a
material.
produção de prova;
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com
z Isolamento para evitar que se altere o estado das
lacres, com numeração individualizada, de forma
a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestí- coisas;
gio durante o transporte. z Fixação (descrição detalhada do vestígio, como se
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, encontra no local do crime ou no corpo de delito);
preservar suas características, impedir contamina- z Coleta para análise pericial;
ção e vazamento, ter grau de resistência adequado z Acondicionamento (o vestígio é embalado de for-
e espaço para registro de informações sobre seu ma individualizada, com anotação da data, hora e
conteúdo. nome de quem fez a coleta e o acondicionamento); 75
z Transporte, garantindo a manutenção das características originais e o controle da posse;
z Recebimento (com informações);
z Processamento (exame pericial com laudo do perito);
z Armazenamento para realização de contraperícia ser descartado ou transportado;
z Descarte, liberação do vestígio, com ou sem autorização judicial, a depender do caso.
Lembre-se de que, em uma mera coleta de sangue para exames de rotina, já existe uma sistemática rígida, para
evitar erros no resultado. Imagine, agora, todos os cuidados que precisam ser adotados, para não ser cometida
nenhuma injustiça em âmbito penal. Logo, todos os procedimentos elencados na lei precisam ser obedecidos,
para a valoração de uma prova.
A alteração disposta a seguir é relativa às medidas cautelares e audiência de custódia.
A preocupação com a audiência de custódia iniciou-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando o ex-jo-
gador de futebol e então ator, O. J. Simpson, foi acusado de ser o executor do homicídio de sua ex-esposa e de
um amigo dela, sendo absolvido. A defesa conseguiu absolvição, justamente porque a preservação do local foi
inadequada. A partir de então, a cadeia de custódia passou a ser pensada e desenvolvida pela maioria dos países.
Quanto às medidas cautelares, de acordo com a inovação trazida pelo Pacote Anticrime no § 2º, do art. 282, o
juiz não poderá mais as decretar de ofício. Elas serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quan-
do no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento
do Ministério Público.
Deste modo, de acordo com o § 3º, do art. 282, recebido o pedido de medida cautelar, o juiz deverá intimar a
parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. Os casos de urgência ou de perigo deverão ser jus-
tificados e fundamentados em decisão.
No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Minis-
tério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou,
em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do § 4º, do art. 282. Deste modo, o juiz não poderá
mais, de ofício, substituir a medida, impor outra em cumulação ou decretar a prisão preventiva nos casos de
descumprimento.
Em contrapartida, quando faltar motivo para que subsista a medida cautelar imposta ou quando sobrevierem
razões que a justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou substituí-la respectivamente, nos termos do § 5º, do
art. 282.
Já de acordo com o § 6º, do art. 282, a prisão preventiva somente será determinada quando não for cabí-
vel a sua substituição por outra medida cautelar. Ademais, o não cabimento da substituição por outra medi-
da cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma
individualizada.
Tratando-se, ainda, dos artigos alterados, temos o art. 283 que dita em quais hipóteses o indivíduo poderá ser
preso.
Importante!
Ninguém poderá ser preso senão:
� Em flagrante delito;
� Ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente;
� Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preventiva etc.);
� Condenação criminal transitada em julgado.
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não impede a prisão. O preso será imediatamen-
te apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia — é o que rege
o art. 287, o qual também foi alterado pelo Pacote Anticrime.
Perceba que o Pacote Anticrime dividiu a prisão em duas espécies, quais sejam: prisão cautelar e prisão para
execução de pena. Ademais, a nova legislação impôs a realização da audiência de custódia seguida da prisão.
Uma vez explicado cada dispositivo, vejamos o texto de lei, que deverá ser seu foco de estudo:
Ademais, rege o art. 310 que, após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de 24 horas (con-
tadas da realização da prisão), o juiz deverá promover audiência de custódia, com a presença do acusado, seu
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público.
De acordo com o § 4º, do art. 310, se transcorrido o prazo máximo de 24 horas, a não realização da audiência
de custódia (sem motivação idônea) ensejará a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente
sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. Além disso, a autoridade que deu
causa, sem motivação idônea, a não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido responderá admi-
nistrativa, civil e penalmente pela omissão.
No entanto, cabe mencionar que, em 22 de janeiro de 2020, o Ministro Luiz Fux suspendeu a eficácia da libe-
ração da prisão pela não realização da audiência de custódia no prazo de 24 horas.
Na audiência de custódia, o juiz decide fundamentadamente:
Art. 310 Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz Art. 310 Após receber o auto de prisão em flagrante, no
deverá fundamentadamente: prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a
I - relaxar a prisão ilegal; ou realização da prisão, o juiz deverá promover audiência
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quan- de custódia com a presença do acusado, seu advogado
do presentes os requisitos constantes do art. 312 deste constituído ou membro da Defensoria Pública e o mem-
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as bro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deve-
medidas cautelares diversas da prisão; ou rá, fundamentadamente:
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. I - relaxar a prisão ilegal; ou
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quan-
em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições do presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decre- Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
to-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Pe- medidas cautelares diversas da prisão; ou
nal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,
a todos os atos processuais, sob pena de revogação. que o agente praticou o fato em qualquer das condições
constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusa-
do liberdade provisória, mediante termo de compareci-
mento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
No entanto, será decretada, desde que haja prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. A decisão que decreta a prisão preventiva, de acordo com
o § 2º, do art. 312, precisa ser motivada e fundamentada, mostrando receio de perigo e existência concreta de
fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
Vale lembrar que as prisões cautelares não se confundem com a prisão-pena, pois as primeiras buscam assegu-
rar a boa aplicação do Direito Penal em casos que exigem tal medida de urgência; já a segunda advém do trânsito
em julgado da condenação criminal.
Outra importante alteração é relativa ao fato de que não será admitida a decretação da prisão preventiva com
a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou
da apresentação ou recebimento de denúncia, de acordo com o § 2º, do art. 313.
Art. 136 Concedido o benefício, será expedida a car- Art. 144 O Juiz, de ofício, a requerimento do Minis-
ta de livramento com a cópia integral da sentença tério Público, da Defensoria Pública ou mediante
em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade representação do Conselho Penitenciário, e ouvido
administrativa incumbida da execução e outra ao o liberado, poderá modificar as condições especifi-
Conselho Penitenciário. cadas na sentença, devendo o respectivo ato decisó-
Art. 137 A cerimônia do livramento condicional rio ser lido ao liberado por uma das autoridades ou
será realizada solenemente no dia marcado pelo funcionários indicados no inciso I do caput do art.
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabele- 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e
cimento onde está sendo cumprida a pena, obser- III e §§ 1º e 2º do mesmo artigo.
vando-se o seguinte: Art. 145 Praticada pelo liberado outra infração penal,
I - a sentença será lida ao liberando, na presença o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse-
dos demais condenados, pelo Presidente do Conse- lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo
lho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, o curso do livramento condicional, cuja revogação,
na falta, pelo Juiz; entretanto, ficará dependendo da decisão final. 83
Art. 146 O Juiz, de ofício, a requerimento do interes- § 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente
sado, do Ministério Público ou mediante represen- à entidade fiscalizadora, para comprovar a obser-
tação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a vância das condições a que está sujeito, comu-
pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do nicará, também, a sua ocupação e os salários ou
livramento sem revogação. proventos de que vive.
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar
Suspensão Condicional da Pena imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins
legais, qualquer fato capaz de acarretar a revo-
Sursis é a suspensão condicional da pena privati- gação do benefício, a prorrogação do prazo ou a
va de liberdade, situação na qual o réu se submete, modificação das condições.
durante o período de prova (lapso temporal), à fisca- § 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
lização e ao cumprimento de condições judicialmen- feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
te estabelecidas. Cuida-se de execução mitigada da do local da nova residência, aos quais o primeiro
deverá apresentar-se imediatamente.
pena privativa de liberdade, uma vez que o condena-
Art. 159 Quando a suspensão condicional da pena
do cumpre a pena que lhe foi imposta, mas de forma for concedida por Tribunal, a este caberá estabele-
menos gravosa. cer as condições do benefício.
Os requisitos objetivos são: pena privativa de § 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribu-
liberdade aplicada na sentença não superior a 2 (dois) nal modificar as condições estabelecidas na senten-
anos. Já os requisitos subjetivos são: não seja caso de ça recorrida.
pena substituída por restritiva de direitos; o réu não § 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicio-
seja reincidente em doloso; a culpabilidade, os ante- nal da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da
cedentes, a conduta social e a personalidade do agen- execução a incumbência de estabelecer as condi-
te, bem como os motivos e as circunstâncias do crime ções do benefício, e, em qualquer caso, a de realizar
a audiência admonitória.
autorizem a concessão do benefício.
Art. 160 Transitada em julgado a sentença conde-
O período de prova dura de 2 (dois) a 4 (quatro) natória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência,
anos, salvo se tratar de sursis etário ou humanitário, advertindo-o das consequências de nova infra-
pois, nesses casos, o prazo dura de 4 a 6 anos. ção penal e do descumprimento das condições
A revogação é obrigatória em caso de superve- impostas.
niência de condenação irrecorrível pela prática de Art. 161 Se, intimado pessoalmente ou por edital
crime doloso, não reparação do dano e descumpri- com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer
mento das condições dos sursis simples. A revogação injustificadamente à audiência admonitória, a sus-
é facultativa em caso de superveniência de condena- pensão ficará sem efeito e será executada imediata-
ção irrecorrível pela prática de contravenção penal mente a pena.
Art. 162 A revogação da suspensão condicional da
ou crime culposo, descumprimento de condições
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-
do sursis especial (condições do primeiro ano), bem -ão na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos
como descumprimento de qualquer condição judicial. do Código Penal.
Art. 163 A sentença condenatória será registrada,
Art. 156 O Juiz poderá suspender, pelo período de com a nota de suspensão em livro especial do Juízo
2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena pri- a que couber a execução da pena.
vativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será
forma prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal. o fato averbado à margem do registro.
Art. 157 O Juiz ou Tribunal, na sentença que apli- § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo
car pena privativa de liberdade, na situação deter- para efeito de informações requisitadas por órgão
minada no artigo anterior, deverá pronunciar-se, judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir
motivadamente, sobre a suspensão condicional, processo penal.
quer a conceda, quer a denegue.
Art. 158 Concedida a suspensão, o Juiz especificará ALTERAÇÕES NA LEI DOS CRIMES HEDIONDOS
as condições a que fica sujeito o condenado, pelo
prazo fixado, começando este a correr da audiência O ordenamento jurídico penal adotou o sistema
prevista no artigo 160 desta Lei. legal para definir o rol dos crimes hediondos (tenta-
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situa- dos e consumados). Isso significa dizer que apenas os
ção pessoal do condenado, devendo ser incluída crimes considerados pela lei podem ser tratados como
entre as mesmas a de prestar serviços à comunida- hediondos.
de, ou limitação de fim de semana, salvo hipótese Assim, cumpre conhecer a lista atual dos crimes
do artigo 78, § 2º, do Código Penal. hediondos, que foi alterada recentemente com a
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a entrada em vigor do Pacote Anticrime. A Lei nº 8.072,
requerimento do Ministério Público ou mediante de 25 de julho de 1990, passa a vigorar com as seguin-
proposta do Conselho Penitenciário, modificar as tes alterações:
condições e regras estabelecidas na sentença, ouvi-
do o condenado. Art. 1º [...]
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, I - homicídio (art. 121), quando praticado em ati-
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Fede- vidade típica de grupo de extermínio, ainda que
ral por normas supletivas, será atribuída a serviço cometido por um só agente, e homicídio qualificado
social penitenciário, Patronato, Conselho da Comu- (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
nidade ou instituição beneficiada com a prestação [...]
de serviços, inspecionados pelo Conselho Peniten- II - roubo:
ciário, pelo Ministério Público, ou ambos, devendo [...]
o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das nor- a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
84 mas supletivas. vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
(art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qual-
de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); quer sinal de identificação de arma de fogo ou
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave artefato;
ou morte (art. 157, § 3º); II - modificar as características de arma de fogo, de
III - extorsão qualificada pela restrição da liberda-
forma a orna-la equivalente a arma de fogo de uso
de da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
(art. 158, § 3º);
[...] qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou perito ou juiz;
de artefato análogo que cause perigo comum (art. III - possuir, detiver, fabricar ou empregar arte-
155, § 4º-A). fato explosivo ou incendiário, sem autorização
Parágrafo único. Consideram-se também hedion- ou em desacordo com determinação legal ou
dos, tentados ou consumados: regulamentar;
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou for-
da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; necer arma de fogo com numeração, marca ou
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo qualquer outro sinal de identificação raspado,
de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826,
suprimido ou adulterado;
de 22 de dezembro de 2003;
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo,
previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezem- mente, arma de fogo, acessório, munição ou explo-
bro de 2003; sivo a criança ou adolescente; e
IV - o crime de tráfico internacional de arma de VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem autoriza-
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da ção legal, ou adulterar, de qualquer forma, muni-
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; ção ou explosivo.
V - o crime de organização criminosa, quando dire- § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º des-
cionado à prática de crime hediondo ou equipara- te artigo envolverem arma de fogo de uso proibido,
do. (NR) a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Perceba que não é todo homicídio considerado
hediondo, bem como nem toda lesão corporal. Por Quanto à progressão de regime, a novidade consis-
outro lado, tanto o estupro como o estupro de vulnerá- te na necessidade de cumprimento de novas porcen-
vel são classificados como crimes hediondos. Dessa for- tagens. Vejamos:
ma, perceba que a memorização de todos os requisitos
do crime considerado hediondo é essencial para con- Art. 112 [...]
seguir identificá-lo ou não como um crime hediondo. V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado
A lei equipara o tráfico ilícito de entorpecentes, for condenado pela prática de crime hediondo
a tortura e o terrorismo ao rol de crimes hediondos ou equiparado, se for primário;
e determina que são insuscetíveis à anistia, graça, VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o ape-
indulto e fiança. A prisão temporária terá o prazo de nado for:
30 dias, sendo prorrogável por igual período. a) condenado pela prática de crime hediondo
ou equiparado, com resultado morte, se for
Dica primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual
Mnemônico 3TH — Insuscetíveis de graça, anis-
ou coletivo, de organização criminosa estru-
tia e fiança:
turada para a prática de crime hediondo ou
3T = Tráfico, Terrorismo e Tortura
equiparado; ou
H = Hediondos
c) condenado pela prática do crime de constitui-
O Pacote Anticrime passou a dizer que é crime ção de milícia privada;
hediondo a posse ou porte ilegal de arma de fogo de VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apena-
uso proibido. Desse modo, o Estatuto do Desarmamen- do for reincidente na prática de crime hediondo
to começou a diferenciar a arma de fogo de uso restri- ou equiparado;
to e a arma de fogo de uso proibido. Com isso, não é VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apena-
mais crime hediondo a posse ou porte ilegal de arma do for reincidente em crime hediondo ou equipa-
de fogo de uso restrito, mas apenas a posse ou o porte rado com resultado morte, vedado o livramento
da arma de fogo de uso proibido. condicional.
Trata-se, pois, de uma novatio legis in mellius aos
condenados ao porte ou posse ilegal de arma de fogo Antes do Pacote Anticrime, o condenado por crime
de uso restrito, que não receberão mais um tratamen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
I - a prova não puder ser feita por outros meios dis- ALTERAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
poníveis e igualmente eficazes; e
II - houver elementos probatórios razoáveis de
autoria e participação em infrações criminais cujas No que tange à posse ou porte ilegal de arma de
penas máximas sejam superiores a 4 anos ou em fogo de uso restrito, o crime passou a ser tipificado da
infrações penais conexas. seguinte maneira:
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstan-
ciadamente o local e a forma de instalação do dis- Art. 16 Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, rece-
positivo de captação ambiental. ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambien- gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
tal poderá ser realizada, quando necessária, por sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
meio de operação policial disfarçada ou no período ou munição de uso restrito, sem autorização e em
noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do desacordo com determinação legal ou regulamentar:
caput do art. 5º da Constituição Federal. [...] 87
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º A introdução da figura do agente policial disfarça-
deste artigo envolverem arma de fogo de uso do deu-se, ainda, no crime de tráfico internacional de
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a
arma de fogo. Vejamos:
12 (doze) anos. (NR)
Para facilitar o entendimento, segue uma tabela, Art. 18 Importar, exportar, favorecer a entrada ou
comparando a redação atual e antiga. Vejamos: saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza-
ANTES DO PACOTE APÓS O PACOTE ção da autoridade competente:
ANTICRIME ANTICRIME
Art. 16 Possuir, deter, por- Art. 16 Possuir, deter, portar, PENA ANTES DO PACOTE PENA APÓS O PACOTE
tar, adquirir, fornecer, re- adquirir, fornecer, receber, ANTICRIME ANTICRIME
ceber, ter em depósito, ter em depósito, trans-
transportar, ceder, ainda portar, ceder, ainda que Reclusão, de 4 (quatro) a 8 Reclusão, de 8 (oito) a 16
que gratuitamente, em- gratuitamente, emprestar, (oito) anos, e multa (dezesseis) anos, e multa
prestar, remeter, empregar, remeter, empregar, manter
manter sob sua guarda sob sua guarda ou ocultar Art. 18 [...]
ou ocultar arma de fogo, arma de fogo, acessório Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem ven-
acessório ou munição de ou munição de uso restrito,
de ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
uso proibido ou restrito, sem autorização e em de-
em operação de importação, sem autorização da
sem autorização e em de- sacordo com determinação
autoridade competente, a agente policial disfarça-
sacordo com determina- legal ou regulamentar.
do, quando presentes elementos probatórios razoá-
ção legal ou regulamentar.
veis de conduta criminal preexistente.
Ademais, a pena do crime de comércio ilegal de z Novidade legislativa: incorre na mesma pena
arma de fogo previsto no art. 17 foi alterada. Vejamos:
quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
Art. 17 Adquirir, alugar, receber, transportar, con- munição em operação de importação, sem autori-
duzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, zação da autoridade competente, a agente policial
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou disfarçado quando presentes elementos probató-
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou rios razoáveis de conduta criminal preexistente,
industrial, arma de fogo, acessório ou munição, nos termos do parágrafo único, do art. 18. Aten-
sem autorização ou em desacordo com determina- ção! Não confunda essa previsão com o disposto
ção legal ou regulamentar: no § 2º, do art. 17, pois são figuras penais muito
próximas.
PENA ANTES DO PACO- PENA APÓS O PACOTE
TE ANTICRIME ANTICRIME
Outro ponto importante é o que dispõe o art. 20,
Reclusão, de 4 (quatro) a 8 Reclusão, de 6 (seis) a 12
que foi alterado pelo Pacote Anticrime. Vejamos as
(oito) anos, e multa (doze) anos, e multa
diferenças entre as previsões anterior e atual na tabe-
la a seguir:
O Pacote Anticrime acresceu, no referido dispositi-
vo, os seguintes parágrafos:
CAUSAS DE AUMENTO CAUSAS DE AUMENTO
Art. 17 [...] ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
para efeito deste artigo, qualquer forma de presta- Art. 20 Nos crimes pre- Art. 20 Nos crimes pre-
ção de serviços, fabricação ou comércio irregular ou vistos nos arts. 14, 15, vistos nos arts. 14, 15, 16,
clandestino, inclusive o exercido em residência. 16, 17 e 18, a pena é au- 17 e 18, a pena é aumen-
mentada da metade (1/2), tada da metade se:
Exemplo: é comércio ilegal de arma de fogo o
comércio de arma não registrada. se forem praticados por I - forem praticados por
integrante dos órgãos e integrante dos órgãos e
Art. 17 [...] empresas referidas nos empresas referidas nos
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arts. 6º, 7º e 8º desta Lei. arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- ou
ção ou em desacordo com a determinação legal ou II - o agente for reinciden-
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando te específico em crimes
presentes elementos probatórios razoáveis de con-
dessa natureza. (NR)
duta criminal preexistente.
Art. 34-A Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco Nacional de Perfis
Balísticos.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar características
de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma de fogo.
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de munição deflagrados por
armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações criminais federais, estaduais e
distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia criminal.
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou
promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil, penal e
administrativamente.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder
Executivo federal.
Art. 10 O § 1º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte
inciso IV:
Art. 33 [...]
§ 1º [...]
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando pre-
sentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. [...] (NR)
A Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008, sofreu alterações, de modo que o juiz federal de execução penal passou
a ser competente para decidir incidentes relacionados à execução da pena ou infrações penais ocorridas no esta-
belecimento penal federal, nos termos do parágrafo único, do art. 2º, alterado pelo Pacote Anticrime. Vejamos:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 11 A Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 2º [...]
Parágrafo único. O juízo federal de execução penal será competente para as ações de natureza penal que tenham
por objeto fatos ou incidentes relacionados à execução da pena ou infrações penais ocorridas no estabelecimento
penal federal. (NR)
Ademais, ocorreram diversas modificações no art. 3º, da Lei nº 11.671, de 2008, no que tange à inclusão de
presos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima. Vejamos:
Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles para quem a medida se
justifique no interesse da segurança pública ou do próprio preso, condenado ou provisório.
§ 1º A inclusão em estabelecimento penal federal de segurança máxima, no atendimento do interesse da segurança
pública, será em regime fechado de segurança máxima, com as seguintes características:
I - recolhimento em cela individual; 89
II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e Ademais, ficou autorizada a criação, no Ministé-
de amigos somente em dias determinados, por meio rio da Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional
virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) Multibiométrico e de Impressões Digitais, tendo por
pessoas por vez, além de eventuais crianças, sepa- objetivo armazenar dados de registros biométricos,
rados por vidro e comunicação por meio de interfo- de impressões digitais e, quando possível, de íris, face
ne, com filmagem e gravações; e voz, para subsidiar investigações criminais. Inclusi-
III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e ve, poderão ser colhidos os registros biométricos, de
IV - monitoramento de todos os meios de comunica- impressões digitais, de íris, face e voz dos presos provi-
ção, inclusive de correspondência escrita. sórios ou definitivos quando não tiverem sido extraí-
§ 2º Os estabelecimentos penais federais de segu- dos por ocasião da identificação criminal, na forma
rança máxima deverão dispor de monitoramento do art. 7º-C, também alterado pelo Pacote Anticrime.
de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas comuns,
para fins de preservação da ordem interna e da
segurança pública, vedado seu uso nas celas e no
atendimento advocatício, salvo expressa autoriza-
Importante!
ção judicial em contrário. No caso de bancos de dados de identificação de
§ 3º As gravações das visitas não poderão ser uti- natureza civil, administrativa ou eleitoral, a inte-
lizadas como meio de prova de infrações penais gração ou o compartilhamento dos registros do
pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento.
Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões
§ 4º Os diretores dos estabelecimentos penais fede-
Digitais será limitado às impressões digitais e às
rais de segurança máxima ou o Diretor do Sistema
Penitenciário Federal poderão suspender e restrin- informações necessárias para identificação do
gir o direito de visitas previsto no inciso II do § 1º seu titular.
deste artigo por meio de ato fundamentado.
§ 5º Configura o crime do art. 325 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a Vejamos as disposições do texto legal:
violação ao disposto no § 2º deste artigo. (NR)
Art. 7º-C Fica autorizada a criação, no Ministério
da Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional
O período de permanência será de até 3 anos,
Multibiométrico e de Impressões Digitais.
renovável por igual período quando solicitado, moti- § 1º A formação, a gestão e o acesso ao Banco
vadamente, pelo juízo de origem, nos termos do § 1º, Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais
do art. 10. serão regulamentados em ato do Poder Executivo
As decisões relativas à transferência ou à prorro- federal.
gação da permanência do preso em estabelecimento § 2º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impres-
penal federal de segurança máxima, à concessão ou sões Digitais tem como objetivo armazenar dados
à denegação de benefícios prisionais ou à imposição de registros biométricos, de impressões digitais
de sanções ao preso federal poderão ser tomadas por e, quando possível, de íris, face e voz, para subsi-
órgão colegiado de juízes, nos termos do art. 11-A. diar investigações criminais federais, estaduais ou
distritais.
Vejamos a disposição da lei:
§ 3º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impres-
sões Digitais será integrado pelos registros biomé-
Art. 10 [...] tricos, de impressões digitais, de íris, face e voz
§ 1º O período de permanência será de até 3 (três) colhidos em investigações criminais ou por ocasião
anos, renovável por iguais períodos, quando solici- da identificação criminal.
tado motivadamente pelo juízo de origem, observa- § 4º Poderão ser colhidos os registros biométricos,
dos os requisitos da transferência, e se persistirem de impressões digitais, de íris, face e voz dos presos
os motivos que a determinaram. [...] (NR) provisórios ou definitivos quando não tiverem sido
Art. 11-A As decisões relativas à transferência ou à extraídos por ocasião da identificação criminal.
prorrogação da permanência do preso em estabele- § 5º Poderão integrar o Banco Nacional Multi-
cimento penal federal de segurança máxima, à con- biométrico e de Impressões Digitais, ou com ele
cessão ou à denegação de benefícios prisionais ou à interoperar, os dados de registros constantes em
imposição de sanções ao preso federal poderão ser quaisquer bancos de dados geridos por órgãos
tomadas por órgão colegiado de juízes, na forma dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário das
das normas de organização interna dos tribunais. esferas federal, estadual e distrital, inclusive pelo
Art. 11-B Os Estados e o Distrito Federal poderão Tribunal Superior Eleitoral e pelos Institutos de
construir estabelecimentos penais de segurança Identificação Civil.
máxima, ou adaptar os já existentes, aos quais será § 6º No caso de bancos de dados de identificação de
aplicável, no que couber, o disposto nesta Lei. natureza civil, administrativa ou eleitoral, a inte-
gração ou o compartilhamento dos registros do
ALTERAÇÕES NA LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões
Digitais será limitado às impressões digitais e às
informações necessárias para identificação do seu
O Pacote Anticrime realizou algumas alterações na
titular.
Lei de Identificação Criminal. Vejamos: § 7º A integração ou a interoperação dos dados de
registros multibiométricos constantes de outros
Art. 12 A Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, bancos de dados com o Banco Nacional Multibio-
passa a vigorar com as seguintes alterações: métrico e de Impressões Digitais ocorrerá por meio
Art. 7º-A A exclusão dos perfis genéticos dos ban- de acordo ou convênio com a unidade gestora.
cos de dados ocorrerá: § 8º Os dados constantes do Banco Nacional Multibio-
I - no caso de absolvição do acusado; ou métrico e de Impressões Digitais terão caráter sigiloso,
II - no caso de condenação do acusado, mediante e aquele que permitir ou promover sua utilização para
requerimento, após decorridos 20 (vinte) anos do fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão
90 cumprimento da pena. (NR) judicial responderá civil, penal e administrativamente.
§ 9º As informações obtidas a partir da coincidên- § 8º As lideranças de organizações criminosas
cia de registros biométricos relacionados a crimes armadas ou que tenham armas à disposição deve-
deverão ser consignadas em laudo pericial firmado rão iniciar o cumprimento da pena em estabeleci-
por perito oficial habilitado. mentos penais de segurança máxima.
§ 10 É vedada a comercialização, total ou parcial, da § 9º O condenado expressamente em sentença por
base de dados do Banco Nacional Multibiométrico e integrar organização criminosa ou por crime prati-
de Impressões Digitais. cado por meio de organização criminosa não pode-
§ 11 A autoridade policial e o Ministério Público pode- rá progredir de regime de cumprimento de pena ou
rão requerer ao juiz competente, no caso de inquérito obter livramento condicional ou outros benefícios
ou ação penal instaurados, o acesso ao Banco Nacio- prisionais se houver elementos probatórios que
nal Multibiométrico e de Impressões Digitais.” indiquem a manutenção do vínculo associativo.
Objeto da LEP
Atendimento Médico
Instrução Escolar
Assistência
Educacional
Assistência à Saúde Farmacêutico
Formação
Profissional
Importante destacar que a mulher terá atendimen- Art. 18 O ensino de 1º grau será obrigatório,
to especial, tendo em vista suas necessidades, sobretu- integrando-se no sistema escolar da Unidade
do, durante a gestação, na qual os cuidados vão desde Federativa.
o pré-natal até o pós-parto (com atenção, também, aos
filhos). O atual ensino fundamental é dever do Estado,
sendo, poranto, obrigatório e gratuito, em consonân-
DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA cia ao que prevê o art. 208, da Constituição Federal.
Art. 15 A assistência jurídica é destinada aos pre- Art. 18-A O ensino médio, regular ou supletivo,
sos e aos internados sem recursos financeiros com formação geral ou educação profissional
para constituir advogado. de nível médio, será implantado nos presídios,
Art. 16 As Unidades da Federação deverão ter ser- em obediência ao preceito constitucional de sua
universalização.
viços de assistência jurídica, integral e gratuita,
§ 1º O ensino ministrado aos presos e presas inte-
pela Defensoria Pública, dentro e fora dos esta-
grar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino
belecimentos penais
e será mantido, administrativa e financeiramente,
§ 1º As Unidades da Federação deverão prestar
com o apoio da União, não só com os recursos des-
auxílio estrutural, pessoal e material à Defen-
tinados à educação, mas pelo sistema estadual de
soria Pública, no exercício de suas funções,
justiça ou administração penitenciária.
dentro e fora dos estabelecimentos penais.
§ 2º Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e
§ 2º Em todos os estabelecimentos penais, have-
às presas cursos supletivos de educação de jovens
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 36 O trabalho externo será admissível para O Capítulo IV, do Título II, da LEP, trata dos deve-
os presos em regime fechado somente em servi- res, dos direitos e da disciplina.
ço ou obras públicas realizadas por órgãos da
Administração Direta ou Indireta, ou entida- Dos Deveres
des privadas, desde que tomadas as cautelas
contra a fuga e em favor da disciplina. [...] Art. 38 Cumpre ao condenado, além das obrigações
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às nor-
Veja que o trabalho externo, ou seja, realizado fora mas de execução da pena.
do estabelecimento prisional, é restrito ao preso em Art. 39 Constituem deveres do condenado:
regime fechado e pode ocorrer: I - comportamento disciplinado e cumprimen-
to fiel da sentença;
Serviços ou Obras II - obediência ao servidor e respeito a qualquer
Públicas pessoa com quem deva relacionar-se;
Trabalho III - urbanidade e respeito no trato com os demais
Externo condenados;
Empresas IV - conduta oposta aos movimentos individuais
Privadas ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou
à disciplina;
Medidas V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens
Se forem
recebidas;
tomadas em favor da
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
medidas disciplina
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
contra fugas
VIII - indenização ao Estado, quando possível,
das despesas realizadas com a sua manutenção,
Art. 36 [...] mediante desconto proporcional da remuneração
§ 1º O limite máximo do número de presos será de do trabalho;
10% (dez por cento) do total de empregados na obra. IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entida- X - conservação dos objetos de uso pessoal.
de ou à empresa empreiteira a remuneração desse Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório,
trabalho. no que couber, o disposto neste artigo.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada
depende do consentimento expresso do preso. O art. 39 elenca uma série de deveres do preso, que
Art. 37 A prestação de trabalho externo, a ser auto- se aplicam também, ao preso provisório.
rizada pela direção do estabelecimento, depen-
derá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além
Dos Direitos
do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de
Art. 40 Impõe-se a todas as autoridades o respeito
trabalho externo ao preso que vier a praticar fato
à integridade física e moral dos condenados e
definido como crime, for punido por falta grave,
dos presos provisórios.
ou tiver comportamento contrário aos requisi-
tos estabelecidos neste artigo. Art. 41 Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
Atente-se para duas disposições. Em primeiro lu-
III - Previdência Social;
gar, o trabalho externo em entidade privada somente IV - constituição de pecúlio;
ocorre com o consentimento do preso. Em segundo V - proporcionalidade na distribuição do tempo
lugar, deve ser autorizado pela direção do estabele- para o trabalho, o descanso e a recreação;
cimento prisional, que levará em conta os requisitos VI - exercício das atividades profissionais, inte-
do caput do art. 37. Também é importante conhecer lectuais, artísticas e desportivas anteriores,
as hipóteses de revogação da autorização de trabalho desde que compatíveis com a execução da pena;
que constam no parágrafo único, do art. 37: VII - assistência material, à saúde, jurídica,
educacional, social e religiosa;
z Revogação da Autorização de Trabalho Externo; VIII - proteção contra qualquer forma de
sensacionalismo;
Prática de Crime; IX - entrevista pessoal e reservada com o
Cometimento de Falta Grave; advogado;
Descumprimento dos Requisitos do caput, do X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes
art. 37. e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às
Dica exigências da individualização da pena;
Em relação ao requisito de 1/6 de pena, que XIII - audiência especial com o diretor do
estabelecimento;
consta no caput do art. 37 existe jurisprudência
XIV - representação e petição a qualquer autori-
do STF e do STJ, no sentido de que não é obri- dade, em defesa de direito;
gatório, ou seja, o preso pode exercer o trabalho XV - contato com o mundo exterior por meio
mesmo não tendo cumprido 1/6 da pena (vide de correspondência escrita, da leitura e de outros
HC 93.320/RS, julgado pelo STJ e Ação Penal meios de informação que não comprometam a
102 470/2014, julgada pelo STF). moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anual- Veja três importantes vedações:
mente, sob pena da responsabilidade da autoridade
judiciária competente.
Que coloquem em
Parágrafo único. Os direitos previstos nos inci-
sos V, X e XV poderão ser suspensos ou restrin- perigo a integridade
gidos mediante ato motivado do diretor do física e moral
estabelecimento.
Art. 42 Aplica-se ao preso provisório e ao sub-
metido à medida de segurança, no que couber, o Sanções Proibidas Em cela escura
disposto nesta Seção.
Art. 43 É garantida a liberdade de contratar médi-
co de confiança pessoal do internado ou do subme-
Coletivas
tido a tratamento ambulatorial, por seus familiares
ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o
tratamento.
Da mesma forma que se proíbe a sanção em cela
Parágrafo único. As divergências entre o médico
escura, se veda a sanção em cela permanentemente
oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da
execução. clara (Regras de Mandela).
As sanções coletivas são proibidas por força do
Veja que, conforme consta no inciso II, do art. 41, princípio da individualização da pena.
que o trabalho, além de obrigação do preso é, tam-
Art. 46 O condenado ou denunciado, no início da
bém, um direito, e que, apesar de não ser regido pela
execução da pena ou da prisão, será cientificado
CLT, é garantido pela Previdência Social, nos termos
das normas disciplinares.
do inc. III (ou seja, caso ocorra, por exemplo, um aci-
Art. 47 O poder disciplinar, na execução da
dente em serviço, o preso será considerado segurado pena privativa de liberdade, será exercido pela
para fins previdenciários). autoridade administrativa conforme as disposi-
Em relação ao que dispõe o inciso VIII, do art. 41, ções regulamentares.
vale mencionar que a exposição do preso ao sensacio- Art. 48 Na execução das penas restritivas de
nalismo configura crime de abuso de autoridade, nos direitos, o poder disciplinar será exercido pela
termos da Lei nº 13.869/19. autoridade administrativa a que estiver sujei-
Observe, ainda, que existe proibição expressa para to o condenado.
tratar o preso como “número”, devendo ser feito seu Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade
chamamento nominal, conforme determina o art. 41, representará ao Juiz da execução para os fins dos
inc. XI. artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e
Conforme determina o parágrafo único, do art. 2º desta Lei.
41, mediante ato motivado do diretor do estabeleci-
mento, os seguintes direitos podem ser suspensos ou O poder disciplinar compete, nas penas privati-
restringidos: vas de liberdade, ao diretor do estabelecimento; nas
penas restritivas de direitos como, por exemplo, pres-
z Proporcionalidade na distribuição do tempo para tação de serviços à comunidade em uma prefeitura,
o trabalho, o descanso e a recreação; será da competência da autoridade a que estiver sujei-
z Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e to o condenado.
amigos em dias determinados;
z Contato com o mundo exterior. DAS FALTAS DISCIPLINARES
Da Disciplina Art. 49 As faltas disciplinares classificam-se em
leves, médias e graves. A legislação local especifica-
Art. 44 A disciplina consiste na colaboração com a
rá as leves e médias, bem assim as respectivas sanções.
ordem, na obediência às determinações das autori-
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a san-
dades e seus agentes e no desempenho do trabalho.
ção correspondente à falta consumada.
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o
condenado à pena privativa de liberdade ou res-
tritiva de direitos e o preso provisório. As faltas graves encontram-se previstas nos arts.
50 e 51, da LEP; as médias e leves são previstas em
Veja que a disciplina, que consiste na colaboração legislações dos Estados e do Distrito Federal.
da pessoa com liberdade restrita, se aplica tanto ao
condenado (por pena privativa de liberdade ou restri-
Importante!
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 45 Não haverá falta nem sanção discipli- Nos termos do parágrafo único, do art. 49, pune-
nar sem expressa e anterior previsão legal ou -se a tentativa de falta disciplinar com mesma
regulamentar. pena prevista para a falta consumada.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a
integridade física e moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. Respectivamente, os arts. 50 e 51 elencam as fal-
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. tas graves para os condenados à pena privativa de
liberdade e para os condenados à pena restritiva de
Em atenção ao princípio da legalidade, previsto direitos.
no art. 1º, do Código Penal, não existe falta ou sanção
disciplinar sem que haja expressa previsão em lei ou Art. 50 Comete falta grave o condenado à pena
regulamento. privativa de liberdade que: 103
I - incitar ou participar de movimento para sub- V - entrevistas sempre monitoradas, exceto
verter a ordem ou a disciplina; aquelas com seu defensor, em instalações equi-
II - fugir; padas para impedir o contato físico e a passagem
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de de objetos, salvo expressa autorização judicial em
ofender a integridade física de outrem; contrário;
IV - provocar acidente de trabalho; VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
V - descumprir, no regime aberto, as condições VII - participação em audiências judiciais prefe-
impostas; rencialmente por videoconferência, garantin-
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II do-se a participação do defensor no mesmo
e V, do artigo 39, desta Lei. ambiente do preso.
O condenado cometerá falta grave quando inob- O art. 52, em seu caput, cuida da aplicação do RDD
servar os deveres dos incisos II e V, do art. 39, da LEP. para aquele que pratique falta grave e ocasione sub-
Esses incisos refletem os deveres de: obediência ao versão da ordem interna. Por sua vez, o § 1º, do art.
servidor e respeito às pessoas com as quais deva rela- 52, prevê a aplicação do RDD para o preso de alto risco
cionar-se (inciso II); e execução do trabalho, das tare- para a ordem interna ou para aquele que participa ou
fas e ordens recebidas (inciso V). integra organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada.
Art. 39 [...]
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer Art. 52 [...]
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que § 1º O regime disciplinar diferenciado também
permita a comunicação com outros presos ou com será aplicado aos presos provisórios ou condena-
o ambiente externo. dos, nacionais ou estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segu-
Observe bem que são três os verbos: ter em posse;
rança do estabelecimento penal ou da sociedade;
utilizar; ou fornecer.
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de
Art. 39 [...] envolvimento ou participação, a qualquer título,
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de em organização criminosa, associação criminosa
identificação do perfil genético. ou milícia privada, independentemente da prática
de falta grave.
Complementando o que foi estudado anteriormen- § 2º (Revogado).
te sobre banco de dados genético, a recusa à identifi- § 3º Existindo indícios de que o preso exerce lide-
cação genética constitui falta grave por parte do preso. rança em organização criminosa, associação cri-
minosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
Art. 39 [...] criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Fede-
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, ração, o regime disciplinar diferenciado será
no que couber, ao preso provisório. obrigatoriamente cumprido em estabeleci-
Art. 51 Comete falta grave o condenado à pena mento prisional federal.
Restritiva De Direitos que: § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regi-
I - descumprir, injustificadamente, a restrição me disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
imposta; sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, exis-
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento tindo indícios de que o preso:
da obrigação imposta; I - continua apresentando alto risco para a ordem
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e a segurança do estabelecimento penal de origem
e V, do artigo 39, desta Lei. ou da sociedade;
II - mantém os vínculos com organização crimi-
O art. 52 teve redação alterada pela Lei nº 13.964/19 nosa, associação criminosa ou milícia privada,
e cuida do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). considerados também o perfil criminal e a função
desempenhada por ele no grupo criminoso, a ope-
Art. 52 A prática de fato previsto como crime ração duradoura do grupo, a superveniência de
doloso constitui falta grave e, quando ocasio- novos processos criminais e os resultados do trata-
nar subversão da ordem ou disciplina inter- mento penitenciário.
nas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regi-
nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção me disciplinar diferenciado deverá contar com alta
penal, ao regime disciplinar diferenciado, com segurança interna e externa, principalmente no que
as seguintes características: diz respeito à necessidade de se evitar contato do
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem preso com membros de sua organização crimino-
prejuízo de repetição da sanção por nova falta sa, associação criminosa ou milícia privada, ou de
grave de mesma espécie; grupos rivais.
II - recolhimento em cela individual; § 6º A visita de que trata o inciso III do caput des-
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, te artigo será gravada em sistema de áudio ou de
a serem realizadas em instalações equipadas para áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscaliza-
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por da por agente penitenciário.
pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; disciplinar diferenciado, o preso que não receber a
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) visita de que trata o inciso III do caput deste artigo
horas diárias para banho de sol, em grupos de até poderá, após prévio agendamento, ter contato tele-
4 (quatro) presos, desde que não haja contato com fônico, que será gravado, com uma pessoa da famí-
104 presos do mesmo grupo criminoso; lia, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.
Art. 55 As recompensas têm em vista o bom com-
Importante! portamento reconhecido em favor do condena-
do, de sua colaboração com a disciplina e de sua
Os líderes de organizações criminosas, associa- dedicação ao trabalho.
ções criminosas ou de milícias privadas deverão Art. 56 São recompensas:
obrigatoriamente cumprir o RDD em presídios I - o elogio;
federais de segurança máxima. II - a concessão de regalias.
Parágrafo único. A legislação local e os regula-
mentos estabelecerão a natureza e a forma de
Resumidamente, o RDD, impõe ao preso: concessão de regalias.
z O cumprimento do regime diferenciado por dois As recompensas são concedidas com fundamento:
anos (repetíveis);
z Permanência em cela individual; z No bom comportamento;
z Visitas quinzenais, por duas horas e sem contato z Na colaboração com a disciplina;
físico; z Na dedicação ao trabalho.
z Após seis meses, direito a telefonema;
z Banho de sol de duas horas, sem contato com pre- O elogio é lançado na ficha de acompanhamento
sos da mesma organização ou rivais; do preso.
z Entrevistas monitoradas (exceto com o defensor) e As regalias, conforme prevê o parágrafo único do
sem contato físico e correspondência controlada; e art. 56, encontram-se previstas em legislação dos Esta-
z Preferencialmente, participação em audiências dos e do DF, bem como em outros regulamentos. Um
por meio de videoconferência. exemplo de regalia é a permissão de visita íntima.
z Requerimento circunstanciado (do diretor ou A sanção disciplinar deve ser apurada por proce-
de outra autoridade, como o delegado de polícia, dimento administrativo que assegure o direito de
no caso de preso ainda não inserido no sistema defesa ao preso. Quando de sua decisão, a autoridade
prisional); administrativa, ao aplicar ou não a sanção, se mani-
z Quem autoriza é o juiz competente, por meio de festará de forma motivada, apresentado suas razões.
despacho fundamentado;
z O Ministério Público e a defesa devem ser ouvidos Art. 60 A autoridade administrativa pode-
previamente; e rá decretar o isolamento preventivo do faltoso
z A decisão do juiz deve ser prolatada no máximo pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso
em 15 dias. no regime disciplinar diferenciado, no interesse da
disciplina e da averiguação do fato, dependerá de
Os arts. 55 e 56, por sua vez, cuidam das recompensas. despacho do juiz competente. 105
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclu- Parágrafo único. O mandato dos membros do Con-
são preventiva no regime disciplinar diferenciado selho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3
será computado no período de cumprimento da (um terço) em cada ano.
sanção disciplinar.
O art. 63 trata da composição do Conselho. São
treze conselheiros nomeados pelo Ministro da Justiça
Importante! com conhecimento técnico nas áreas do direito penal,
O isolamento preventivo, por até 10 dias, pode processual penal e penitenciário, bem como em ciên-
ser determinado pela autoridade administrativa cias relacionadas, tais como ciência política, sociologia,
(diretor do presídio); a inclusão no RDD somente antropologia, entre outros, além de representantes da
pelo juiz. comunidade civil e dos Ministérios da área social.
O objetivo é que esses membros possam auxiliar o
Ministro nas questões atinentes à política criminal e
DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL penitenciária por meio de distintos pontos de vista e
conhecimentos variados. Para garantir esse intercâm-
O Título III, da LEP (arts. 61 ao 81) disciplina os bio de conhecimento técnico, o mandato dos conse-
órgãos da Execução Penal lheiros tem duração de dois anos, sendo a renovação
procedida anualmente e de maneira parcial, ou seja, a
Art. 61 São órgãos da execução penal: cada ano renova-se um terço dos seus membros.
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária;
II - o Juízo da Execução; Art. 64 Ao Conselho Nacional de Política Criminal
III - o Ministério Público; e Penitenciária, no exercício de suas atividades, em
IV - o Conselho Penitenciário; âmbito federal ou estadual, incumbe:
V - os Departamentos Penitenciários; I - propor diretrizes da política criminal quanto
VI - o Patronato; à prevenção do delito, administração da Justiça
VII - o Conselho da Comunidade. Criminal e execução das penas e das medidas de
VIII - a Defensoria Pública. segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de
O art. 61 da LEP elenca os órgãos envolvidos na desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades
Execução Penal. da política criminal e penitenciária;
Em síntese, os Juízos da Execução são órgãos deci- III - promover a avaliação periódica do sistema
sórios. O Ministério Público é órgão de fiscalização criminal para a sua adequação às necessidades do
e controle, enquanto a Defensoria Pública é órgão País;
de defesa dos condenados à execução penal no Bra- IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
sil. Os Conselhos Nacional e Penitenciário são órgãos V - elaborar programa nacional penitenciário de
consultivos. Os Departamentos Penitenciários são os formação e aperfeiçoamento do servidor;
órgãos da execução propriamente dita. Já o Patronato VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e cons-
acompanha os presos em condicional, os egressos. Os trução de estabelecimentos penais e casas de
Conselhos da Comunidade são órgãos que auxiliam na albergados;
inclusão do preso na ressocialização. Por fim, a Defen- VII - estabelecer os critérios para a elaboração da
soria Pública é a instituição que atua em defesa dos estatística criminal;
necessitados. VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos
penais, bem assim informar-se, mediante relatórios
Conselho Nacional de Política Criminal e do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou
Penitenciária outros meios, acerca do desenvolvimento da execu-
ção penal nos Estados, Territórios e Distrito Fede-
O Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- ral, propondo às autoridades dela incumbida as
tenciária é um dos órgãos consultivos de Execução medidas necessárias ao seu aprimoramento;
Penal. Ele está disciplinado nos arts. 62 a 64 da LEP. IX - representar ao Juiz da execução ou à autorida-
de administrativa para instauração de sindicância
Art. 62 O Conselho Nacional de Política Criminal e ou procedimento administrativo, em caso de viola-
Penitenciária, com sede na Capital da República, é ção das normas referentes à execução penal;
subordinado ao Ministério da Justiça. X - representar à autoridade competente para a
interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento
O art. 62 estabelece a vinculação hierárquica do penal.
Conselho Nacional de Política Criminal. Trata-se, por-
tanto, de um dos órgãos colegiados ligados ao Ministé- O art. 64 estabelece as atribuições do Conselho
rio da Justiça e Segurança Pública e a ele subordinados, Nacional. Em síntese, ao Conselho Nacional compete
sendo sediado em Brasília. A estrutura do Ministério elaborar o Plano Nacional de Política Criminal e Peni-
da Justiça e Segurança Pública é detalhada no Decreto tenciária, em conformidade com as dez diretrizes con-
nº 9.662/19, alterado pelo Decreto nº 10.379/20. feridas por este dispositivo. Assim, cabe ao Conselho
oferecer os subsídios necessários para implementar as
Art. 63 O Conselho Nacional de Política Criminal e políticas no âmbito criminal e penitenciário em todo o
Penitenciária será integrado por 13 (treze) mem-
território nacional, por meio de avaliações periódicas
bros designados através de ato do Ministério da
Justiça, dentre professores e profissionais da área dos sistemas criminal, criminológico e penitenciário,
do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e além de execução de planos nacionais de desenvolvi-
ciências correlatas, bem como por representantes mento no que se refere às metas e prioridades da polí-
106 da comunidade e dos Ministérios da área social. tica a ser executada.
A primeira atribuição do art. 64 é propor as bases b) progressão ou regressão nos regimes;
da política criminal no que tange à prevenção do deli- c) detração e remição da pena;
to, à administração da Justiça criminal e à execução d) suspensão condicional da pena;
das penas e medidas de segurança. A segunda atribui- e) livramento condicional;
ção é sugerir as metas e prioridades quando da ela- f) incidentes da execução.
boração dos planos nacionais. Isso é possível porque
Resumidamente, o juiz da execução é o competen-
o Conselho Nacional recebe relatórios periódicos dos
te para decidir sobre todos os incidentes que ocorram
Conselhos Estaduais, de modo a ter acesso às neces-
durante a execução.
sidades relativas ao sistema criminal e penitenciário.
Por ser alimentado por informações regionais, Art. 66 [...]
pode o Conselho Nacional exercer sua terceira atri- IV - autorizar saídas temporárias;
buição, que é avaliar periodicamente o sistema crimi-
nal para sua adequação às necessidades brasileiras. A Conforme veremos um pouco mais adiante, exis-
quarta atribuição é promover e estimular o estudo da tem permissões de saída e saídas temporárias. As
criminologia, ou seja, do crime, do criminoso, da víti- permissões da saída são as autorizações concedidas
ma e do controle social. pelo diretor do estabelecimento prisional para que
A quinta atribuição é manter o constante aperfei- o preso deixe a unidade prisional por motivos como
çoamento de seus servidores por meio de formação falecimento ou doença grave do cônjuge, companhei-
e cursos de aperfeiçoamento. A sexta atribuição é ro, ascendente, descendente ou irmão ou, ainda, para
estabelecer as regras a respeito dos estabelecimentos realizar tratamento médico. Durante a saída, o preso
penais e casas de albergado (para regime aberto, limi- permanece o tempo todo sob escolta.
tação de final de semana). Já a saída temporária é autorizada pelo juiz da
A sétima atribuição é elaborar os critérios para execução aos sentenciados ao regime semiaberto que
desenvolvimento das estatísticas criminais, de modo já tenham cumprido 1/6 de pena (se primário) e 1/4 (se
a entender onde existe maior efetividade ou não. A reincidente), que possuam bom comportamento, para
oitava atribuição do Conselho Nacional refere-se à que visitem a família ou para estudo. Não há escolta,
inspeção e fiscalização dos estabelecimentos penais. mas pode haver a imposição de monitoramento ele-
A nona atribuição é representar ao órgão de deci- trônico (tornozeleira).
são, ou seja, ao Juiz de Execução ou aos órgãos admi-
Art. 66 [...]
nistrativos, para que estes apurem as violações ou
V - determinar:
excessos praticados pelos servidores públicos. Por a) a forma de cumprimento da pena restritiva de
fim, a décima e última atribuição é representar pela direitos e fiscalizar sua execução;
interdição do estabelecimento penal. b) a conversão da pena restritiva de direitos e de
multa em privativa de liberdade;
Juízo da Execução
A pena restritiva de direitos, se não cumprida, pode
O juízo da execução, também chamado de juízo ser convertida em privativa de liberdade. A multa nun-
competente, é o órgão judiciário ao qual cabe resolver ca pode ser convertida em privativa de liberdade.
as questões que surgem durante a execução penal.
Art. 66 [...]
Art. 65 A execução penal competirá ao Juiz indi- c) a conversão da pena privativa de liberdade em
cado na lei local de organização judiciária e, na restritiva de direitos;
sua ausência, ao da sentença. d) a aplicação da medida de segurança, bem como
a substituição da pena por medida de segurança;
O art. 65 dispõe sobre a competência do juiz da e) a revogação da medida de segurança;
execução. Como regra, o juiz competente é indicado f) a desinternação e o restabelecimento da situação
na lei do Estado (normalmente na lei de execução anterior;
penal estadual). Na falta de vara especializada em g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
algumas comarcas, a função é exercida pelo juiz que em outra comarca;
proferiu a sentença. h) a remoção do condenado na hipótese prevista no
§ 1º, do artigo 86, desta Lei.
Art. 66 Compete ao Juiz da execução: i) (VETADO);
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da
de qualquer modo favorecer o condenado; medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabeleci-
De acordo com princípio constitucional da irre- mentos penais, tomando providências para o ade-
troatividade, previsto no art. 5º, XL, da Constituição
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
dos méritos e das faltas disciplinares. A boa conduta contagem do requisito objetivo terá como base a
carcerária é comprovada mediante a emissão de um pena remanescente.
atestado de comprovação de conduta, emitido pelo § 7º O bom comportamento é readquirido após
diretor da unidade prisional. 1 (um) ano da ocorrência do fato, ou antes, após o
cumprimento do requisito temporal exigível para a
Art. 112 [...]
obtenção do direito.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progres-
são de regime será sempre motivada e precedi-
da de manifestação do Ministério Público e do Por fim, no que diz respeito à progressão de regi-
defensor, procedimento que também será adotado me, os §§ 6º e 7º cuidam da interrupção do prazo para
na concessão de livramento condicional, indulto e obtenção da progressão, por cometimento de falta
comutação de penas, respeitados os prazos previs- grave por parte do condenado e da requisição do bom
tos nas normas vigentes. comportamento. 115
Autorizações de Saída z Não tem direito à saída o condenado por crime
hediondo com resultado morte. Atenção! Aqui,
Os arts. 120 ao 125 da LEP tratam de duas situações não é qualquer crime hediondo que faz perder o
distintas: a permissão de saída (arts. 120 e 121) e saída direito à saída prevista no art. 122 da LEP, mas,
temporária (arts. 122 ao 125). sim, a condenação por crime hediondo que tem
como resultado a morte. Por exemplo: homicí-
Permissão de Saída dio, art. 121 do CP quando praticado em atividade
típica de grupo de extermínio ou a lesão corporal
Art. 120 Os condenados que cumprem pena em seguida de morte, § 3º do art. 129, do CP, quando
regime fechado ou semiaberto e os presos provi- praticadas contra autoridade ou agente das forças
sórios poderão obter permissão para sair do esta- de segurança do Estado.
belecimento, mediante escolta, quando ocorrer um
dos seguintes fatos: Art. 123 A autorização será concedida por ato
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, com- motivado do Juiz da execução, ouvidos o Minis-
panheira, ascendente, descendente ou irmão; tério Público e a administração penitenciária e
II - necessidade de tratamento médico (parágra- dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
fo único do artigo 14). I - comportamento adequado;
Parágrafo único. A permissão de saída será conce- II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da
dida pelo diretor do estabelecimento onde se pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quar-
encontra o preso. to), se reincidente;
Art. 121 A permanência do preso fora do estabele- III - compatibilidade do benefício com os objeti-
cimento terá a duração necessária à finalidade vos da pena.
da saída.
Quem autoriza a saída temporária é o juiz da exe-
Em ambos os casos, falecimento ou doença grave cução, depois de ouvir o membro do MP e a adminis-
de familiar ou necessidade de tratamento médico, é tração penitenciária. Deve-se observar os seguintes
concedida pelo diretor a permissão de saída, que se dá requisitos:
mediante escolta. O prazo é o necessário para a reali-
zação do ato (por exemplo, pela duração do velório/ z O preso deve ter comportamento adequado;
sepultamento do familiar ou do procedimento médico). z Deve ter cumprido 1/6 da pena, se primário;
z Deve ter cumprido 1/4 da pena, se reincidente;
Saída Temporária z Deve ser a saída compatível com os objetivos da
pena: a pena, no Brasil, serve como forma de retri-
Aplica-se somente aos condenados em regime buição pela infração cometida, assim como para
semiaberto. prevenir novas ocorrências e para ressocializar
Atenção! Os arts. relativos à saída temporária e reeducar o preso. Liberar um preso que tenta
foram modificados recentemente pela Lei Anticrime constantemente fugir não é compatível com essa
(lembre-se que as bancas gostam de cobrar modifica- finalidade.
ções recém-feitas).
Art. 124 A autorização será concedida por prazo
não superior a 7 (sete) dias, podendo ser reno-
Art. 122 Os condenados que cumprem pena em
vada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
regime semiaberto poderão obter autorização
§ 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz impo-
para saída temporária do estabelecimento, sem
rá ao beneficiário as seguintes condições, entre
vigilância direta, nos seguintes casos:
outras que entender compatíveis com as cir-
I - visita à família;
cunstâncias do caso e a situação pessoal do
II - frequência a curso supletivo profissionalizan-
condenado:
te, bem como de instrução do 2º grau ou superior,
I - fornecimento do endereço onde reside a família a
na Comarca do Juízo da Execução;
ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante
III - participação em atividades que concorram
o gozo do benefício.
para o retorno ao convívio social.
II - recolhimento à residência visitada, no período
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede
noturno.
a utilização de equipamento de monitoração III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e
eletrônica pelo condenado, quando assim determi- estabelecimentos congêneres.
nar o juiz da execução. § 2º Quando se tratar de frequência a curso pro-
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que fissionalizante, de instrução de ensino médio ou
se refere o caput deste artigo o condenado que cum- superior, o tempo de saída será o necessário para o
pre pena por praticar crime hediondo com resul- cumprimento das atividades discentes.
tado morte. § 3º Nos demais casos, as autorizações de saída
somente poderão ser concedidas com prazo míni-
Alguns comentários importantes em relação ao mo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre
art. 122, da LEP: uma e outra.
z O condenado pode obter o direito para visitar a O prazo máximo da saída temporária é de 7 dias,
família ou frequentar curso; podendo ser renovada por mais 4 vezes durante o ano
z Ao contrário da permissão de saída, a saída tem- (com intervalo mínimo de 45 dias). Se for para estudar,
porária é feita sem vigilância direta (sem escolta) o tempo de saída é o necessário para cumprir o curso.
mas, caso o juiz determine, pode ser feito uso de O beneficiário deve cumprir as seguintes condições:
equipamento e monitoração eletrônica (a famosa
116 tornozeleira); z Fornecer endereço onde poderá ser encontrado;
z Deve recolher-se à noite; Vale destacar as atividades de estudo podem ser
z Não pode frequentar determinados lugares. realizadas tanto de forma presencial quanto à distân-
cia (em todos os níveis, inclusive no ensino profissio-
Art. 125 O benefício será automaticamente revo- nalizante ou de requalificação profissional).
gado quando o condenado praticar fato definido É possível cumular o trabalho com o estudo, desde
como crime doloso, for punido por falta grave, que os horários sejam compatíveis (§ 3º, do art. 126).
desatender as condições impostas na autoriza- De acordo com o § 7º, do art. 126, o preso provi-
ção ou revelar baixo grau de aproveitamento do
sório tem o direito de remir a pena e terá os dias
curso.
descontados caso seja condenado.
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída
temporária dependerá da absolvição no processo Vale, ainda, mencionar que, para que surta efeito,
penal, do cancelamento da punição disciplinar ou a remição deve ser reconhecida por decisão judicial,
da demonstração do merecimento do condenado. não servindo a mera comprovação documental do
estudo e/ou trabalho para que se garanta o desconto
Remição de Pena de pena (§ 8º, art. 126).
Art. 126 O condenado que cumpre a pena em regi- Art. 127 Em caso de falta grave, o juiz poderá
me fechado ou semiaberto poderá remir, por revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
trabalho ou por estudo, parte do tempo de exe- observado o disposto no art. 57, recomeçando a
cução da pena. contagem a partir da data da infração disciplinar.
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será
feita à razão de: Apurada falta grave por parte do preso, o juiz pode
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de revogar até 1/3 do tempo remido.
frequência escolar - atividade de ensino fundamen-
tal, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, Art. 128 O tempo remido será computado como
ou ainda de requalificação profissional - divididas, pena cumprida, para todos os efeitos.
no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº Art. 129 A autoridade administrativa encaminha-
12.433, de 2011) rá mensalmente ao juízo da execução cópia do
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de registro de todos os condenados que estejam traba-
trabalho.
lhando ou estudando, com informação dos dias de
§ 2º As atividades de estudo a que se refere o § 1º
trabalho ou das horas de frequência escolar ou de
deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma
atividades de ensino de cada um deles.
presencial ou por metodologia de ensino a dis-
§ 1º O condenado autorizado a estudar fora do esta-
tância e deverão ser certificadas pelas autoridades
belecimento penal deverá comprovar mensalmente,
educacionais competentes dos cursos frequentados.
por meio de declaração da respectiva unidade de
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição,
ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.
as horas diárias de trabalho e de estudo serão defi-
nidas de forma a se compatibilizarem § 2º Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de pros- remidos.
seguir no trabalho ou nos estudos continuará a Art. 130 Constitui o crime do artigo 299 do Códi-
beneficiar-se com a remição. go Penal declarar ou atestar falsamente prestação
§ 5º O tempo a remir em função das horas de estu- de serviço para fim de instruir pedido de remição.
do será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de
conclusão do ensino fundamental, médio ou supe- Declarar ou atestar falsamente, para fins de remi-
rior durante o cumprimento da pena, desde que ção, que o preso prestou serviços, configura o crime
certificada pelo órgão competente do sistema de de falsidade ideológica.
educação.
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aber- Livramento Condicional
to ou semiaberto e o que usufrui liberdade condi-
cional poderão remir, pela frequência a curso de Entre os arts. 131 ao 146, a LEP apresenta disposi-
ensino regular ou de educação profissional, parte
ções relativas ao livramento condicional.
do tempo de execução da pena ou do período de
O livramento (ou liberdade) condicional é um
prova, observado o disposto no inciso I do § 1º des-
te artigo. benefício concedido ao condenado que permite o
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses cumprimento da pena em liberdade. É outro instituto
de prisão cautelar. que foi modificado pela lei 13.964/19 (Lei Anticrime).
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da exe-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
cução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. Art. 131 O livramento condicional poderá ser
concedido pelo Juiz da execução, presentes os
A remição é a diminuição do tempo de cumpri- requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único,
mento da pena do preso por trabalho ou por estudo. do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e
Atenção! Não confunda remição com remissão. Conselho Penitenciário.
Remição consiste no perdão oneroso, obtido por meio
de alguma contrapartida, como o estudo ou trabalho; Vale uma leitura do art. 83, do CP, no qual constam
remissão, por sua vez, é o perdão por compaixão. os requisitos objetivos e subjetivos para a concessão
Aplica-se ao condenado que cumpre pena em do livramento condicional, sobretudo após as altera-
regime fechado ou semiaberto. A cada três dias tra- ções no que diz respeito aos requisitos de ordem sub-
balhados ou a cada 12 horas de frequência escolar jetiva, realizadas pela Lei Anticrime.
(divididas em no mínimo 3 dias), o condenado tem Resumidamente, os requisitos para a concessão do
direito a diminuir um dia de sua pena. livramento são: 117
z Requisitos objetivos: pena igual ou superior a 2 Vale observar que o livramento condicional
anos; ter cumprido mais de 1/3, se primário, mais somente surte efeito se o preso aceitar as condições
da 1/2, se reincidente em crime doloso ou mais de impostas.
2/3, se condenado por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de drogas, tráfico de pessoas Art. 138 Ao sair o liberado do estabelecimento
e terrorismo (se não for reincidente específico em penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
crimes desta natureza); pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta,
z Requisitos subjetivos: bom comportamento duran- que exibirá à autoridade judiciária ou administra-
te a execução da pena; não cometimento de falta tiva, sempre que lhe for exigida.
grave nos últimos 12 meses; bom desempenho no § 1º A caderneta conterá:
trabalho a que lhe foi atribuído; aptidão para pro- a) a identificação do liberado;
ver a própria subsistência por meio de trabalho b) o texto impresso do presente Capítulo;
honesto; reparação do dano, salvo efetiva impos- c) as condições impostas.
sibilidade de fazê-la; e, no caso de crime doloso, § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao libe-
cometido com violência ou grave ameaça, deverá rado um salvo-conduto, em que constem as con-
dições do livramento, podendo substituir-se a ficha
ser constatado que as condições pessoais façam
de identificação ou o seu retrato pela descrição dos
presumir que o liberado não voltará a delinquir.
sinais que possam identificá-lo.
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
Art. 132 Deferido o pedido, o Juiz especificará as espaço para consignar-se o cumprimento das con-
condições a que fica subordinado o livramento. dições referidas no artigo 132 desta Lei.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicio-
Art. 139 A observação cautelar e a proteção rea-
nal as obrigações seguintes:
lizadas por serviço social penitenciário, Patronato
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável
ou Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
se for apto para o trabalho;
I - fazer observar o cumprimento das condições
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
especificadas na sentença concessiva do benefício;
c) não mudar do território da comarca do Juízo
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execu-
da execução, sem prévia autorização deste.
ção de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado con-
de atividade laborativa.
dicional, entre outras obrigações, as seguintes:
Parágrafo único. A entidade encarregada da obser-
a) não mudar de residência sem comunicação ao
vação cautelar e da proteção do liberado apre-
Juiz e à autoridade incumbida da observação cau-
sentará relatório ao Conselho Penitenciário, para
telar e de proteção;
efeito da representação prevista nos artigos 143 e
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não freqüentar determinados lugares. 144 desta Lei.
d) (Vetado).
Art. 133 Se for permitido ao liberado residir fora No ato da liberação é entregue ao liberado o saldo
da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á do pecúlio (saldo dos valores que tenha percebido tra-
cópia da sentença do livramento ao Juízo do lugar balhando), seus pertences e uma caderneta, que é o
para onde ele se houver transferido e à autoridade documento competente para comprovar sua situação
incumbida da observação cautelar e de proteção. perante as autoridades (caso não esteja disponível a
Art. 134 O liberado será advertido da obrigação de caderneta é entregue um salvo-conduto, com a mes-
apresentar-se imediatamente às autoridades referi- ma função).
das no artigo anterior.
Art. 140 A revogação do livramento condicional
Observe que o art. 132 estabelece as condições às dar-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87
quais o liberado fica sujeito: algumas serão sempre do Código Penal.
aplicadas a todos os liberados (§ 1º) e outras podem Parágrafo único. Mantido o livramento condicio-
ser aplicadas, dependendo do caso (§ 2º). Atenção nal, na hipótese da revogação facultativa, o Juiz
para não confundir a letra “c” do §1º (não mudar do deverá advertir o liberado ou agravar as condições.
território da comarca; pode mudar de residência, des- Art. 141 Se a revogação for motivada por infração
de que dentro da comarca) com a letra “a”, do § 2º penal anterior à vigência do livramento, computar-
(não mudar de residência). -se-á como tempo de cumprimento da pena o perío-
do de prova, sendo permitida, para a concessão de
Art. 137 A cerimônia do livramento condicional novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas)
será realizada solenemente no dia marcado pelo penas.
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabele- Art. 142 No caso de revogação por outro motivo,
cimento onde está sendo cumprida a pena, obser- não se computará na pena o tempo em que esteve
vando-se o seguinte: solto o liberado, e tampouco se concederá, em rela-
I - a sentença será lida ao liberando, na presença ção à mesma pena, novo livramento.
dos demais condenados, pelo Presidente do Conse- Art. 143 A revogação será decretada a requeri-
lho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, mento do Ministério Público, mediante repre-
na falta, pelo Juiz; sentação do Conselho Penitenciário, ou, de
II - a autoridade administrativa chamará a atenção ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
do liberando para as condições impostas na senten- Art. 144 O Juiz, de ofício, a requerimento do Minis-
ça de livramento; tério Público, da Defensoria Pública ou mediante
III - o liberando declarará se aceita as condições. representação do Conselho Penitenciário, e ouvido
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo o liberado, poderá modificar as condições especifi-
subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo libe- cadas na sentença, devendo o respectivo ato decisó-
rando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não rio ser lido ao liberado por uma das autoridades ou
puder escrever. funcionários indicados no inciso I do caput do art.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e
118 da execução. III e §§ 1ºe 2º do mesmo artigo.
Art. 145 Praticada pelo liberado outra infração penal, As penas restritivas de direito normalmente têm
o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse- caráter substitutivo, isto é, são aplicadas em substitui-
lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo ção às penas privativas de liberdade; há exceção, no
o curso do livramento condicional, cuja revogação, entanto, como no caso de condenação pelo art. 28 da
entretanto, ficará dependendo da decisão final. Lei de Drogas (art. 28, da Lei nº 11.343/06).
Art. 146 O Juiz, de ofício, a requerimento do interes-
sado, do Ministério Público ou mediante represen- Disposições Gerais
tação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a
pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do Art. 147 Transitada em julgado a sentença que
livramento sem revogação. aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da
execução, de ofício ou a requerimento do Ministé-
A revogação do livramento provisório se dá nos rio Público, promoverá a execução, podendo, para
casos previstos no Código Penal, sendo decreta pelo tanto, requisitar, quando necessário, a colabo-
juiz, de ofício ou após ter sido provocado pelo Minis- ração de entidades públicas ou solicitá-la a
tério Público. particulares.
Note que a lei fala na possibilidade do monito- Os ajustes são muito comuns para não atrapalhar
ramento eletrônico, não em uma obrigação. Seu uso os horários de trabalho e de estudo do condenado,
deve ser avaliado caso a caso. uma vez que a prestação de serviço é uma pena sem
A monitoração pode ocorrer em duas situações; remuneração, conforme se nota do que dispõe o art.
149.
Art. 151 Caberá ao Juiz da execução determinar Os arts. 156 ao 163, da LEP, tratam da suspensão
a intimação do condenado, cientificando-o do condicional da pena.
local, dias e horário em que deverá cumprir a pena. A suspensão condicional da pena, também conhe-
Parágrafo único. A execução terá início a partir da cida como sursis, é um benefício concedido ao
data do primeiro comparecimento. sentenciado a pena privativa de liberdade que,
Art. 152 Poderão ser ministrados ao con- mediante o cumprimento de certas condições, tem a
denado, durante o tempo de permanência, execução de sua pena suspensa por um período de 2 a
cursos e palestras, ou atribuídas atividades 4 anos (chamado de período de prova). Findo o perío-
educativas. do de prova sem que tenha havido a revogação do
Parágrafo único. Nos casos de violência domés- benefício, o condenado tem sua punibilidade extinta.
tica contra a mulher, o juiz poderá determinar
o comparecimento obrigatório do agressor a pro-
Art. 156 O Juiz poderá suspender, pelo período de
gramas de recuperação e reeducação. 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena
Art. 153 O estabelecimento designado encami- privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
nhará, mensalmente, ao Juiz da execução, relató- anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do Códi-
rio, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a go Penal.
ausência ou falta disciplinar do condenado.
Os requisitos da suspensão condicional da pena
A Limitação de Fim de Semana deve ser cumprida estão nos arts. 77 a 82 do CP: o condenado não pode ser
na casa do albergado (veja o art. 93, da LEP). No entan- reincidente em crime doloso; deve ter elementos tais
to, conforme já comentado anteriormente, na ausên- como a culpabilidade, antecedentes, conduta social e
cia de tais lugares (que é a regra) o condenado acaba personalidade que permitam a concessão do benefí-
cumprindo a pena em sua residência. cio e, por último, que não seja cabível a substituição
A fiscalização do cumprimento desta pena tam- da privativa de liberdade por restritiva de direitos (se
bém cabe ao Patronato (art. 79, LEP) e ao Ministério for possível, faz-se a substituição).
Público (art. 67, da LEP).
Art. 157 O Juiz ou Tribunal, na sentença que
Da Interdição Temporária de Direitos aplicar pena privativa de liberdade, na situação
determinada no artigo anterior, deverá pronun-
ciar-se, motivadamente, sobre a suspensão
As penas de Interdição Temporária de Direitos, nos condicional, quer a conceda, quer a denegue.
termos do art. 47, do CP são:
Quando da sentença condenatória a pena privativa
Art. 47 As penas de interdição temporária de direi- de liberdade, o juiz ou Tribunal deve obrigatoriamen-
tos são: te dizer se concede ou não a suspensão condicional.
I - proibição do exercício de cargo, função ou ativi-
dade pública, bem como de mandato eletivo; Art. 158 Concedida a suspensão, o Juiz especificará
II - proibição do exercício de profissão, atividade as condições a que fica sujeito o condenado, pelo
ou ofício que dependam de habilitação especial, de prazo fixado, começando este a correr da audiên-
licença ou autorização do poder público; cia prevista no artigo 160 desta Lei.
III - suspensão de autorização ou de habilitação § 1° As condições serão adequadas ao fato e à
para dirigir veículo. situação pessoal do condenado, devendo ser
IV – proibição de freqüentar determinados lugares. incluída entre as mesmas a de prestar serviços
V - proibição de inscrever-se em concurso, avalia- à comunidade, ou limitação de fim de semana,
120 ção ou exame públicos. salvo hipótese do artigo 78, § 2º, do Código Penal.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a Art. 160 Transitada em julgado a sentença conde-
requerimento do Ministério Público ou mediante natória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência,
proposta do Conselho Penitenciário, modificar as advertindo-o das conseqüências de nova infração
condições e regras estabelecidas na sentença, ouvi- penal e do descumprimento das condições impostas.
do o condenado. Art. 161 Se, intimado pessoalmente ou por edital
com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer
Durante o prazo de suspensão, o beneficiado fica injustificadamente à audiência admonitória, a
obrigado a cumprir uma série de condições, nos ter- suspensão ficará sem efeito e será executada ime-
mos do art. 78, do CP: no primeiro ano do período de diatamente a pena.
prova, deve prestar serviços à comunidade ou cumprir
a limitação de fim de semana. Caso o condenado tenha O beneficiário do sursis toma conhecimento das
reparado o dano (salvo a impossibilidade de fazê-lo) e condições a que fica sujeito em uma audiência deno-
se as circunstâncias judiciais forem favoráveis (art. 59, minada admonitória (“de advertência”). Caso não
do CP), o juiz pode substituir essa exigência pelas con- compareça sem que apresente justificativa, o benefí-
dições a serem cumpridas de forma cumulativa: proi- cio é tornado sem efeito.
bição de frequentar determinados lugares; proibição
de ausentar-se da comarca onde reside, sem a autori- Art. 162 A revogação da suspensão condicional da
zação do juiz; e comparecimento pessoal e obrigatório pena e a prorrogação do período de prova dar-se-
a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas -ão na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos
atividades; além destas, o juiz pode determinar outras do Código Penal.
que entender necessárias.
O caput do art. 158 refere-se à audiência prevista A revogação da suspensão pode ser:
no art. 160, da LEP: trata-se da audiência admonitória,
na qual o juiz adverte ao condenado as consequências z Obrigatória (incisos I a III, do art. 81, do CP) quan-
da prática de nova infração penal bem como do des- do o beneficiado é condenado de forma definitiva
cumprimento das condições impostas. por crime doloso; quando, embora com condições,
não paga a pena de multa ou não repara o dano;
Art. 158 [...] ou quando descumpre as condições estabelecidas
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, para o primeiro ano do prazo (prestação de servi-
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Fede- ços ou limitação de fim de semana);
ral por normas supletivas, será atribuída a serviço z Facultativa (§ 1º, do art. 81, do CP): quando o bene-
social penitenciário, Patronato, Conselho da
ficiado descumpre qualquer outra condição ou é
Comunidade ou instituição beneficiada com a
irrecorrivelmente condenado por crime culposo
prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho
Penitenciário, pelo Ministério Público, ou ambos, ou por contravenção, a pena privativa de liberda-
devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta de ou restritiva de direitos.
das normas supletivas.
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodica- A prorrogação do período de prova (§ 2º, do art.
mente à entidade fiscalizadora, para compro- 81, do CP), por sua vez, ocorre enquanto o beneficiá-
var a observância das condições a que está rio estiver sendo processado por outro crime ou con-
sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os travenção; ou quando a revogação for facultativa, o
salários ou proventos de que vive. juiz, ao invés de decretá-la, resolve estender o período
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comuni- de prova ao máximo (caso já não houvesse fixado no
car imediatamente ao órgão de inspeção, para os máximo anteriormente).
fins legais, qualquer fato capaz de acarretar a
revogação do benefício, a prorrogação do pra-
Art. 163 A sentença condenatória será registrada,
zo ou a modificação das condições.
com a nota de suspensão em livro especial do Juízo
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
a que couber a execução da pena.
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será
do local da nova residência, aos quais o primeiro
o fato averbado à margem do registro.
deverá apresentar-se imediatamente.
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo
Art. 159 Quando a suspensão condicional da pena
para efeito de informações requisitadas por órgão
for concedida por Tribunal, a este caberá esta-
belecer as condições do benefício. judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribu- processo penal.
nal modificar as condições estabelecidas na senten-
ça recorrida. DA PENA DE MULTA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Para que os objetivos sejam alcançados a PNSPDS utilizará de diversos meios e instrumentos. São eles pre-
vistos no art. 8º:
O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) é formado por um órgão central (Ministério Extraordinário da
Segurança Pública) e outros órgãos que atuarão de forma cooperativa, sistêmica e harmônica. Vejam, esquemati-
camente, a formação (caput do art. 9º):
Órgãos do art.
144, da CF/88
Demais Ministério
integrantes Extraordinário Agentes
estratégicos e da Segurança penitenciários
operacionais Pública
Guardas
municipais
126
Como citado, compõem o SUSP órgão estratégicos e AÇÕES DO MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SE-
operacionais. Os § 1° e 2°, do art. 9º, enumeram quais GURANÇA PÚBLICA
serão esses órgãos. Leiam com muita atenção:
Valorizar a autonomia técnica, científica e funcional
dos institutos oficiais de criminalística, medicina legal
Art. 9º [...]
e identificação, garantindo-lhes condições plenas para
§ 1º São integrantes estratégicos do Susp:
o exercício de suas funções
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios, por intermédio dos respectivos Poderes Promover a qualificação profissional dos integrantes da
Executivos; segurança pública e defesa social, especialmente nas
II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa dimensões operacional, ética e técnico-científica
Social dos três entes federados. Realizar estudos e pesquisas nacionais e consolidar
§ 2º São integrantes operacionais do Susp: dados e informações estatísticas sobre criminalidade e
I - polícia federal; vitimização
II - polícia rodoviária federal;
Coordenar as atividades de inteligência da segurança
III – (VETADO);
pública e defesa social integradas ao Sisbin
IV - polícias civis;
V - polícias militares; Desenvolver a doutrina de inteligência policial
VI - corpos de bombeiros militares;
VII - guardas municipais; Art. 13 O Ministério Extraordinário da Segurança
VIII - órgãos do sistema penitenciário; Pública, responsável pela gestão do Susp, deverá
IX - (VETADO); orientar e acompanhar as atividades dos órgãos
X - institutos oficiais de criminalística, medicina integrados ao Sistema, além de promover as
legal e identificação; seguintes ações:
XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública I - apoiar os programas de aparelhamento e moder-
(Senasp); nização dos órgãos de segurança pública e defesa
XII - secretarias estaduais de segurança pública ou social do País;
congêneres; II - implementar, manter e expandir, observadas as
XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil restrições previstas em lei quanto a sigilo, o Siste-
(Sedec); ma Nacional de Informações e de Gestão de Segu-
XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas rança Pública e Defesa Social;
(Senad); III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas
XV - agentes de trânsito; e operacionais entre os órgãos policiais federais,
XVI - guarda portuária. estaduais, distrital e as guardas municipais;
IV - valorizar a autonomia técnica, científica e
funcional dos institutos oficiais de criminalística,
A coordenação do SUSP é de responsabilidade
medicina legal e identificação, garantindo-lhes con-
do Ministério Extraordinário da Segurança Públi- dições plenas para o exercício de suas funções;
ca e as operações serão combinadas, planejadas e V - promover a qualificação profissional dos inte-
desencadeadas em equipe, podendo ser: ostensivas, grantes da segurança pública e defesa social,
investigativas, de inteligência ou mistas. Como as especialmente nas dimensões operacional, ética e
operações envolverão diversos órgãos, deve haver técnico-científica;
um compartilhamento de informações, preferencial- VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e conso-
mente por meio eletrônico, com acesso recíproco aos lidar dados e informações estatísticas sobre crimi-
bancos de dados. nalidade e vitimização;
VII - coordenar as atividades de inteligência da
É de competência do Ministério Extraordinário
segurança pública e defesa social integradas ao
da Segurança Pública fixar, anualmente, metas de
Sisbin;
excelência no âmbito das respectivas competências, VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.
visando à prevenção e à repressão das infrações
penais e administrativas, considerando aspectos rela- Caberá ao Ministério Extraordinário da Segu-
tivos à estrutura de trabalho físico e de equipamentos, rança Pública disponibilizar sistema padronizado,
bem como de efetivo. informatizado e seguro que permita o intercâmbio
Serão ações promovidas pelo Ministério Extraor- de informações entre os integrantes do Susp; apoiar
dinário da Segurança Pública: e avaliar periodicamente a infraestrutura tecnológica
e a segurança dos processos, das redes e dos sistemas;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
AÇÕES DO MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SE- e estabelecer cronograma para adequação dos inte-
GURANÇA PÚBLICA grantes do Susp às normas e aos procedimentos de
Apoiar os programas de aparelhamento e moderniza- funcionamento do Sistema.
ção dos órgãos de segurança pública e defesa social Agora, precisamos levantar alguns questionamen-
do País tos relevantes:
Implementar, manter e expandir, observadas as restri-
z A união prestará apoio aos estados para imple-
ções previstas em lei quanto a sigilo, o Sistema Nacio-
nal de Informações e de Gestão de Segurança Pública e mentar o Susp?
Defesa Social
Sim. A União poderá apoiar os Estados, o Distri-
Efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e ope- to Federal e os Municípios quando não dispuserem
racionais entre os órgãos policiais federais, estaduais, de condições técnicas e operacionais necessárias à
distrital e as guardas municipais implementação do Susp. 127
z Qual a abrangência de atuação dos órgãos inte- Importante!
grantes do Susp?
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Poderão atuar em vias urbanas, rodovias, termi- deverão, com base no Plano Nacional de Segu-
nais rodoviários, ferrovias e hidrovias federais, esta- rança Pública e Defesa Social, elaborar e implan-
duais, distrital ou municipais, portos e aeroportos, tar seus planos correspondentes em até 2 (dois)
no âmbito das respectivas competências, em efetiva anos a partir da publicação do documento nacio-
integração com o órgão cujo local de atuação esteja nal, sob pena de não poderem receber recursos
sob sua circunscrição, ressalvado o sigilo das investi- da União para a execução de programas ou
gações policiais. ações de segurança pública e defesa social.
social serão padronizados mediante ato do Ministro União, a Lei nº 13.675, de 2018, além de estabelecer
de Estado Extraordinário da Segurança Pública e terão normas, estrutura e procedimentos para a execução
fé pública e validade em todo o território nacional. da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa
Para finalizarmos o nosso estudo, vale ressaltar Social.
A Lei nº 13.675, de 2018, disciplina:
pontos importantes a serem considerados durante a
realização de sua prova. São eles: z A organização e o funcionamento dos órgãos res-
ponsáveis pela segurança pública, nos termos do §
z A segurança pública é dever do Estado e responsa-
7º, art. 144, da Constituição Federal;
bilidade de todos, compreendendo a União, os Esta-
z Cria a Política Nacional de Segurança Pública e
dos, o Distrito Federal e os Munícipios, no âmbito Defesa Social (PNSPDS);
das competências e atribuições legais de cada um; z Institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp).
z Compete à União estabelecer a Política Nacional de
Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); Além disso, ela alterou: 131
z A Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994; I - apoiar os programas de aparelhamento e moder-
z A Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001; nização dos órgãos de segurança pública e defesa
z A Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; social do País;
II - implementar, manter e expandir, observadas as
A Lei 13.675, de 2018, também revogou dispositi- restrições previstas em lei quanto ao sigilo, o Siste-
vos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012. ma Nacional de Informações e de Gestão de Segu-
A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa rança Pública e Defesa Social;
Social é o conjunto de diretrizes, princípios e objetivos III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas
e operacionais entre os órgãos policiais federais,
que condicionam a estratégia de segurança pública a ser
estaduais, distrital e as guardas municipais;
implementada pelo governo de forma integrada e coor- IV - valorizar a autonomia técnica, científica e funcio-
denada. Ou seja, a Política visa a integração em ações nal dos institutos oficiais de criminalística, medicina
estratégicas e operacionais, em atividades de inteligência legal e identificação, de modo a lhes garantir condi-
de segurança pública e em gerenciamento de crises e inci- ções plenas para o exercício de suas competências;
dentes, estimulando e apoiando a realização de ações de V - promover a qualificação profissional dos inte-
prevenção à violência e à criminalidade. grantes da segurança pública e defesa social,
Assim, para que a Política Nacional de Segurança especialmente nos âmbitos operacional, ético e
Pública e Defesa Social seja implementada, as estraté- técnico-científico;
gias deverão garantir: VI - elaborar estudos e pesquisas nacionais e conso-
lidar dados e informações estatísticas sobre crimi-
z Integração, coordenação e cooperação federativa; nalidade e vitimização;
z Interoperabilidade; VII - coordenar as atividades de inteligência de
z Liderança situacional; segurança pública e defesa social integradas ao Sis-
z Modernização da gestão das instituições de segu- tema Brasileiro de Inteligência; e
VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.
rança pública;
z Valorização e proteção dos profissionais; DO PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E
z Complementaridade; DEFESA SOCIAL
z Dotação de recursos humanos;
z Diagnóstico dos problemas a serem enfrentados; Do Regime de Formulação
z Excelência técnica;
z Avaliação continuada dos resultados; A elaboração do Plano Nacional de Segurança Públi-
z Garantia da regularidade orçamentária para exe- ca e Defesa Social é de incumbência do Ministério da
cução de planos e programas de segurança pública. Justiça e Segurança Pública, que deverá incluir Plano
de Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jovens
Além disso, a implementação da Política Nacio- e estabelecer estratégias, metas, ações e indicadores.
nal de Segurança Pública e Defesa Social dar-se-á por
meio dos seguintes meios e instrumentos: Ministério da Justiça e Segurança
Pública
Política Nacional de Segurança
Pública e Defesa Social
Elaboração do plano nacional de
segurança pública e defesa social
Art. 4º [...]
Plano Nacional Sistema Órgãos federais § 2º O PNSP terá duração de dez anos, contado da
de Segurança Nacional de de prevenção e data de sua publicação e deverá ser estruturado em
Pública e Informações controle de atos ciclos de implementação de dois anos.
Defesa Social e Gestão de ilícitos contra a
(PNSP) Segurança administração O principal objetivo pretendido com a implemen-
Pública pública e tação do plano nacional de segurança pública e defesa
Plano e Defesa referentes à social por meio dos ciclos bianuais é a abordagem de
Nacional de Social ocultação ou à temas de segurança pública de acordo com as necessi-
Enfrentamento dissimulação dades do período. Desta forma, a governança do Plano
de Homicídios de bens, direitos Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, aliada ao
de Jovens e valores monitoramento, acompanhamento e avaliação, realiza-
rá os ajustes necessários e o aperfeiçoamento dos ciclos
seguintes. O primeiro ciclo, por sua vez, teve sua temá-
O Ministério da Justiça e Segurança Pública é o res- tica abordada no § 3º, art. 4º, do Decreto 9.489, de 2018:
ponsável pela gestão, pela coordenação e pelo acom-
panhamento do Sistema Único de Segurança Pública, Art. 4º [...]
§ 3º Sem prejuízo do pressuposto de que as ações
conforme dispõe o art. 3º do Decreto nº 9.489, de 2018:
de prevenção à criminalidade devem ser considera-
das prioritárias na elaboração do PNSP, o primeiro
Art. 3º O Ministério da Justiça e Segurança Pública, ciclo do PNSP editado após a data de entrada em
responsável pela gestão, pela coordenação e pelo vigor deste Decreto deverá priorizar ações destina-
acompanhamento do SUSEP, orientará e acompa- das a viabilizar a coleta, a análise, a atualização, a
nhará as atividades dos órgãos integrados ao Siste- sistematização, a interoperabilidade de sistemas, a
132 ma, além de promover as seguintes ações: integração e a interpretação de dados:
I - de segurança pública e defesa social; Além disso, caberá ao Ministério da Justiça e Segu-
II - prisionais; rança Pública instituir mecanismos de registro, acom-
III - de rastreabilidade de armas e munições; panhamento e avaliação, em âmbito nacional, dos
IV - relacionados com perfil genético e digitais; e
V - sobre drogas.
órgãos de correição, e poderá, para tanto, solicitar [...]
o fornecimento de dados e informações que entender
Das Metas para o Acompanhamento e a Avaliação necessários, de acordo com o § 1º, art. 8º.
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES E
As metas do Plano Nacional de Segurança Pública GESTÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA
e Defesa Social visam alcançar resultados em temas SOCIAL
que impactam no desenvolvimento do país e, conse-
quentemente, no cotidiano das pessoas. O Sistema Nacional de Informações e Gestão de
Assim, os integrantes do Sistema Único de Segu- Segurança Pública e Defesa Social é uma plataforma
rança Pública elaborarão, estabelecerão e divulgarão, de informações integradas composta pelos seguintes
anualmente, programas de ação baseados em parâme- sistemas e programas (incisos do art. 10):
tros de avaliação e metas de excelência com vistas à
prevenção e à repressão, no âmbito de suas competên- z Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação
cias, de infrações penais e administrativas e à preven- das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social;
ção de desastres, que tenham como finalidade (art. 6º):
z Sistema Nacional de Informações de Segurança Públi-
Art. 6º [...] ca, Prisionais e de Rastreabilidade de Armas e Muni-
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e super- ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas;
visionar as atividades de educação gerencial, técnica e z Sistema Integrado de Educação e Valorização
operacional, em cooperação com os entes federativos; Profissional;
II - apoiar e promover educação qualificada, conti-
z Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança
nuada e integrada;
III - identificar e propor novas metodologias e técni- Pública;
cas de educação destinadas ao aprimoramento de z Programa Nacional de Qualidade de Vida para Pro-
suas atividades; fissionais de Segurança.
IV - identificar e propor mecanismos de valorização
profissional; A seguir, vamos analisar cada um desses sistemas
V - apoiar e promover o sistema de saúde para os e programas.
profissionais de segurança pública e defesa social; e
VI - apoiar e promover o sistema habitacional para Do Sistema Nacional de Acompanhamento e
os profissionais de segurança pública e defesa social. Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
Dos Mecanismos de Transparência e Avaliação e de Defesa Social
Controle e Correição de Atos dos Órgãos do Sistema
Único de Segurança Pública Esse sistema visa a contribuir para a organização
dos membros do Susp, assegurando o conhecimento
A questão da qualidade e transparência das infor- sobre programas, ações e atividades e promover a sua
mações criminais no Brasil tem sido amplamente melhora de qualidade, bem como garantir que as polí-
discutida nos últimos anos, pois é extremamente ticas de segurança pública e defesa social abranjam o
importante para a aplicação eficaz das políticas públi- adequado diagnóstico, a gestão e os resultados, con-
cas voltadas para segurança pública. Pensando nisso, o forme previsto no art. 26, da Lei nº 13.675, de 2018:
Decreto 9.489, de 2018, estipula mecanismos para que
a realidade seja abarcada de maneira confiável para Art. 26 É instituído, no âmbito do Susp, o Siste-
subsidiar a propositura de políticas e ações públicas.
ma Nacional de Acompanhamento e Avaliação
Nesse sentido é a redação do art. 8º:
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
(Sinaped), com os seguintes objetivos:
Art. 8º Aos órgãos de correição dos integrantes
I - contribuir para organização e integração dos
operacionais do Susp, no exercício de suas com-
petências, caberão o gerenciamento e a realização membros do Susp, dos projetos das políticas de segu-
dos procedimentos de apuração de responsabilida- rança pública e defesa social e dos respectivos diag-
de funcional, por meio de sindicância e processo nósticos, planos de ação, resultados e avaliações;
administrativo disciplinar, e a proposição de sub- II - assegurar o conhecimento sobre os programas,
sídios para o aperfeiçoamento das atividades dos ações e atividades e promover a melhora da quali-
órgãos de segurança pública e defesa social. dade da gestão dos programas, ações, atividades e
projetos de segurança pública e defesa social;
Órgãos de correição dos III - garantir que as políticas de segurança pública
integrantes operacionais do SUSP e defesa social abranjam, no mínimo, o adequado
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Gerenciamento Proposição de
Comissão Permanente do Sistema Nacional de
e realização dos subsídios para o
Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
procedimentos aperfeiçoamento
Segurança Pública e Defesa Social
de apuração de das atividades dos
responsabilidade órgãos de segurança
Visando a função de coordenação e a avaliação dos
funcional, por meio de pública e defesa
objetivos e das metas do PNSP, o Decreto nº 9.489, de
sindicância e processo social
2018, criou a Comissão Permanente do Sistema Nacio-
administrativo
nal de Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
disciplinar
Segurança Pública e Defesa Social (art. 12). 133
Essa comissão é composta por cinco representantes, VII - condenações, penas, mandados de prisão e
titulares e suplentes, indicados e designados pelo Minis- contramandados de prisão;
tro de Estado da Justiça e Segurança Pública (§ 1º, art. VIII - repressão à produção, à fabricação e ao trá-
12) que, dentre os membros por ele indicados, deverá fico de drogas ilícitas e a crimes correlacionados,
designar o Presidente da Comissão (§ 2º, art. 12). além da apreensão de drogas ilícitas;
XIX - índices de elucidação de crimes;
Os representantes da Comissão Permanente terão
X - veículos e condutores; e
mandato de dois anos, sendo admitida uma recondu-
XI - banco de dados de perfil genético e digitais.
ção (§ 3º).
As reuniões da comissão serão realizadas, preferen-
O Ministério da Justiça e Segurança Pública bus-
cialmente, por videoconferência (§ 9º), bem como ocor-
cará a integração desse sistema com sistemas de
rerão trimestralmente, em caráter ordinário. Já as informação de outros países, conforme determina o
reuniões extraordinárias ocorrerão sempre que con- parágrafo único do art. 17:
vocado por seu Presidente ou pelo Ministro de Estado
da Justiça e Segurança Pública (§ 5º). Art. 17 O Sistema Nacional de Informações de
A Comissão Permanente deliberará por maioria Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilida-
simples, com a presença da maioria de seus represen- de de Armas e Munições, de Material Genético, de
tantes (§ 6º). Digitais e de Drogas, instituído pelo art. 35 da Lei
nº 13.675, de 2018, será integrado por órgãos cria-
Comissões Temporárias de Avaliação dos ou designados para esse fim por todos os entes
federativos.
A comissão permanente poderá criar até 10 (dez) Parágrafo único. O Ministério da Justiça e Segu-
comissões de avaliação com, no máximo, 7 (sete) mem- rança Pública buscará a integração do Sistema
Nacional de Informações de Segurança Pública,
bros, sendo vedado designar pessoa que tenha relação
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Muni-
de parentesco até o 3º grau com titulares ou servido-
ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas
res dos órgãos gestores avaliados, ou que estejam res- com sistemas de informação de outros países, de
pondendo a processo criminal ou administrativo: modo a conferir prioridade aos países que fazem
fronteira com a República Federativa do Brasil.
Art. 12 [...]
§ 4º A Comissão Permanente poderá criar, por meio Conselho Gestor do Sistema Nacional de
de portaria, até dez comissões temporárias de ava- Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
liação com duração não superior a um ano, que Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
serão constituídas por, no máximo, sete membros,
Genético, de Digitais e de Drogas
observado o disposto em seu regimento interno e
no art. 32 da Lei nº 13.675, de 2018.
O Conselho Gestor do Sistema Nacional de Infor-
[...]
mações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastrea-
§ 7º É vedado à Comissão Permanente designar
para as comissões temporárias avaliadores que bilidade de Armas e Munições, de Material Genético,
sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores de Digitais e de Drogas é um órgão consultivo do Minis-
avaliados, caso: tério da Justiça e Segurança Pública que propõe pro-
I - tenham relação de parentesco até terceiro grau cedimentos sobre coleta, análise, sistematização,
com titulares ou servidores dos órgãos gestores integração, atualização, interpretação de dados e
avaliados; ou informações referentes às políticas relacionadas com
II - estejam respondendo a processo criminal ou segurança pública e defesa social; sistema prisional e
administrativo. execução penal, rastreabilidade de armas e munições,
banco de dados de perfil genético e digitais e enfrenta-
Do Sistema Nacional de Informações de Segurança mento do tráfico de drogas ilícitas, conforme descrito
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e no art. 19 do Decreto nº 9.489, de 2018:
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas
Art. 19 Compete ao Conselho Gestor do Sistema
O Sistema Nacional de Informações de Seguran- Nacional de Informações de Segurança Pública,
ça Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Muni-
ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas,
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Dro-
órgão consultivo do Ministério da Justiça e Segu-
gas (Sinesp) é uma plataforma de informações integra-
rança Pública, por meio de resolução:
das, na qual são possibilitadas consultas operacionais, I - propor procedimentos sobre coleta, análise, sis-
investigativas e estratégicas sobre segurança pública, tematização, integração, atualização, interpreta-
implementada em parceria com os entes federados. ção de dados e informações referentes às políticas
Nesse sistema constarão dados e informações rela- relacionadas com:
tivos a: a) segurança pública e defesa social;
b) sistema prisional e execução penal;
Art. 18 [...] c) rastreabilidade de armas e munições;
I - ocorrências criminais registradas e comunica- d) banco de dados de perfil genético e digitais; e
ções legais; e) enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas;
II - registro e rastreabilidade de armas de fogo e II - propor:
munições; a) metodologia, padronização, categorias e regras
III - entrada e saída de estrangeiros; para tratamento dos dados e das informações a
IV - pessoas desaparecidas; serem fornecidos ao Sistema Nacional de Informa-
V - execução penal e sistema prisional; ções de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabi-
VI - recursos humanos e materiais dos órgãos e das lidade de Armas e Munições, de Material Genético,
134 entidades de segurança pública e defesa social; de Digitais e de Drogas;
b) dados e informações a serem integrados ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas, observado o disposto no art. 18;
c) padrões de interoperabilidade dos sistemas de dados e informações que integrarão o Sistema Nacional de Infor-
mações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais
e de Drogas;
d) critérios para integração e gestão centralizada dos sistemas de dados e informações a que se refere o art. 18;
e) rol de crimes de comunicação imediata; e
f) forma e condições para adesão dos Municípios, do Poder Judiciário, da Defensoria Pública, do Ministério Público,
e dos demais entes públicos que considerar pertinentes;
III - propor normas, critérios e padrões para disponibilização de estudos, estatísticas, indicadores e outras informa-
ções para auxiliar na formulação, na implementação, na execução, no monitoramento e na avaliação das políticas
públicas relacionadas com segurança pública e defesa social, sistema prisional e de execução penal, rastreabilidade
de armas e munições, banco de dados de perfil genético e digitais, e enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas;
IV - sugerir procedimentos para implementação, operacionalização, aprimoramento e fiscalização do Sistema Nacional
de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de
Digitais e de Drogas;
V - instituir grupos de trabalho relacionados com segurança pública e defesa social, sistema prisional e execução
penal, enfrentamento do tráfico ilícito de drogas e prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e depen-
dentes de drogas;
VI - promover a elaboração de estudos com vistas à integração das redes e dos sistemas de dados e informações
relacionados com segurança pública e defesa social, sistema prisional e execução penal, e enfrentamento do tráfico
ilícito de drogas;
VII - propor condições, parâmetros, níveis e formas de acesso aos dados e às informações do Sistema Nacional de
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de
Digitais e de Drogas, assegurada a preservação do sigilo;
VIII - controlar e dar publicidade a situações de inadimplemento dos integrantes do Sistema Nacional de Informa-
ções de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e
de Drogas, em relação ao fornecimento de informações obrigatórias, ao Ministro de Estado da Justiça e Segurança
Pública, para aplicação do disposto no § 2º do art. 37 da Lei nº 13.675, de 2018; e
IX - publicar relatórios anuais que contemplem estatísticas, indicadores e análises relacionadas com segurança
pública e defesa social, sistema prisional e de execução penal, rastreabilidade de armas e munições, banco de dados
de perfil genético e digitais, e enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.
Será o Presidente do
Conselho Gestor
Um da Diretoria de
Gestão e Integração
e Informações da
Secretaria Nacional de
Segurança Pública
Um do Departamento
Quatro representantes Penitenciário Nacional
do Ministério da
Justiça e Segurança
Pública Um da Polícia Federal
Conselho
Gestor Um da Polícia
Sinesp Rodoviária Federal
O Programa Nacional de Qualidade de Vida dos O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defe-
Profissionais da Segurança Pública tem como princi- sa Social é integrado por representantes da União, dos
pal objetivo a valorização do profissional da área de Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que vão
segurança, reduzindo os riscos de morte como tam- propor diretrizes para prevenir e conter a violência e
bém atuando na prevenção da saúde durante o exer- a criminalidade, cabendo ao Ministério Justiça e Segu-
cício de suas relevantes funções, conforme descreve o rança Pública orientar e acompanhar as atividades do
art. 33, do Decreto nº 9.489, de 2018. conselho.
Sua composição está descrita no art. 35, do Decreto
Art. 33 Fica instituído o Programa Nacional de nº 9.489, de 2018:
Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança
Pública, com o objetivo de elaborar, implementar, Art. 35 O Conselho Nacional de Segurança Pública
e Defesa Social - CNSP terá a seguinte composição:
apoiar, monitorar e avaliar os projetos de progra-
I - o Ministro de Estado da Justiça e Segurança
mas de atenção psicossocial e de saúde no traba-
Pública, que o presidirá;
lho dos profissionais de segurança pública e defesa
II - o Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e
social, e de promover a integração sistêmica das
Segurança Pública, que exercerá a vice-presidência
unidades de saúde dos órgãos que compõem o Susp. e substituirá o Presidente em suas ausências e seus
Parágrafo único. Compete à Secretaria Nacional impedimentos;
de Segurança Pública do Ministério da Justiça e III - o Diretor-Geral da Polícia Federal;
Segurança Pública, em coordenação com os demais IV - o Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal;
órgãos e entidades federais com competências con- V - o Diretor-Geral do Departamento Penitenciário
correntes, executar os programas de que trata o Nacional;
caput, por meio de programas e ações especificadas VI - o Secretário Nacional de Segurança Pública;
em planos quinquenais. VII - o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil;
VIII - o Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas;
DA INTEGRAÇÃO DOS MECANISMOS DE IX - os seguintes representantes da administração
PREVENÇÃO E CONTROLE DE ATOS ILÍCITOS pública federal, indicados pelo Ministro de Estado
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA correspondente:
a) um representante da Casa Civil da Presidência
da República;
O art. 34, do Decreto nº 9.489, de 2018, determina
b) um representante do Ministério da Defesa;
que caberá ao Ministério da Justiça e Segurança Públi-
c) um representante do Ministério da Mulher, da
ca integrar os mecanismos formados por órgãos de Família e dos Direitos Humanos;
prevenção e controle de atos ilícitos contra a Adminis- d) um representante do Gabinete de Segurança Ins-
tração Pública e referentes a ocultação ou dissimula- titucional da Presidência da República;
ção de bens, direitos e valores: X - os seguintes representantes estaduais e distrital:
a) um representante das polícias civis, indicado
Art. 34 Sem prejuízo das competências atribuídas pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil;
à Controladoria-Geral da União pela Lei nº 12.846, b) um representante das polícias militares, indica-
de 1º de agosto de 2013, caberá ao Ministério da do pelo Conselho Nacional de Comandantes Gerais;
Justiça e Segurança Pública praticar os atos neces- c) um representante dos corpos de bombeiros mili-
sários para integrar e coordenar as ações dos tares, indicado pelo Conselho Nacional dos Corpos
órgãos e das entidades federais de prevenção e con- de Bombeiros Militares do Brasil;
trole de atos ilícitos contra a administração pública d) um representante das secretarias de segurança
e referentes à ocultação ou à dissimulação de bens, pública ou de órgãos congêneres, indicado pelo
Colégio Nacional dos Secretários de Segurança
direitos e valores, definidos em plano estratégico
Pública;
anual, aprovado de acordo com os critérios e os
e) um representante dos institutos oficiais de crimi-
procedimentos estabelecidos em ato do Ministro de
nalística, medicina legal e identificação, indicado
Estado da Justiça e Segurança Pública.
pelo Conselho Nacional de Perícia Criminal; e
f) um representante dos agentes penitenciários,
DO CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA indicado por conselho nacional devidamente
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL constituído;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
II - apreciar o Plano Nacional de Segurança Pública Neste capítulo conheceremos o Estatuto dos ser-
e Defesa Social e, quando necessário, fazer reco- vidores do Estado. Abordaremos os tópicos que têm
mendações relativamente aos objetivos, às ações maior probabilidade de serem cobrados em provas,
estratégicas, às metas, às prioridades, aos indica- pois se trata de uma lei bastante extensa. Entretanto,
dores e às formas de financiamento e gestão das assim como todo e qualquer estudo que seja pautado
políticas de segurança pública e defesa social nele em uma lei específica, aconselhamos que você se pla-
estabelecidos;
neje, de forma que possa ler a letra fria da Lei, tendo
III - propor ao Ministério da Justiça e Segurança
contato com a norma na sua forma original e integral.
Pública e aos integrantes do Susp a definição anual
de metas de excelência com vistas à prevenção e à Ao longo do texto, você perceberá a ausência de
repressão das infrações penais e administrativas e incisos ou parágrafos eventualmente. Por ser muito
à prevenção de desastres, por meio de indicadores antiga a Lei, são muitos os dispositivos revogados,
públicos que demonstrem, de forma objetiva, os o quais foram omitidos para que a sua leitura fosse
resultados pretendidos; mais leve. 139
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES II – Promoção;
III – Transferência;
O Estatuto regula as condições do provimento dos IV – Reintegração;
cargos públicos, os direitos e as vantagens, os deveres V – Readmissão;
e responsabilidades dos funcionários civis do Estado, VI – Reversão;
sendo suas disposições aplicáveis ao Ministério Públi- VII – Aproveitamento.
co e ao Magistério, conforme art. 1º.
Os arts. 2º e 3º trazem conceitos basilares, impor- Esses dispositivos riscados ainda constam da Lei,
tantes para sua prova. mas são inconstitucionais. Portanto, é improvável que
sejam cobrados em prova.
Art. 2º Funcionário público é a pessoa legalmen- Em seguida, temos o art. 13, que traz os requisitos
te investida em cargo público. para ocupar o cargo público. Trata-se de um conteúdo
Art. 3º Cargo público, para os efeitos deste estatuto, bastante cobrado e, por isso, merece atenção.
é o criado por lei em número certo, com a denomina-
ção própria e pago pelos cofres do Estado. Art. 13 Só poderá ser provido em cargo público
Parágrafo único. Os vencimentos dos cargos públicos quem satisfizer os seguintes requisitos:
obedecerão a padrões previamente fixados em lei. I – ser brasileiro;
II – ter completado dezoito anos de idade;
Os cargos podem estar organizados em carreira ou III – haver cumprido as obrigações militares fixa-
não. No entanto, para entendermos o dispositivo que das em lei;
trata desse assunto, é importante vermos os concei- IV – estar em gozo dos direitos políticos;
V – ter boa conduta;
tos de classe e carreira primeiramente, constantes nos
VI – gozar de boa saúde, comprovada em inspeção
arts. 5º e 6º. médica;
VII – ter-se habilitado previamente em concurso,
Art. 5º Classe é um agrupamento de cargos da mes-
salvo quando se tratar de cargos isolados para os
ma profissão e de igual padrão de vencimento.
quais não haja essa exigência;
Art. 6º Carreira é um conjunto de classes da mes- VIII – ter atendido às condições especiais, inclusi-
ma profissão, escalonadas segundo os padrões de ve quanto à idade, prescrita no respectivo edital de
vencimentos. concurso.
Padrão de vencimento nada mais é do que o parâ-
NOMEAÇÕES
metro estabelecido em Lei para remunerar o agente
público. São subdivisões dentro das classes.
O art. 14 trata das nomeações, as quais podem ser
Agora, poderemos compreender melhor o conteú-
em caráter efetivo ou em comissão. Vejamos:
do do art. 4º, que dispõe sobre os cargos a serem isola-
dos ou organizados em carreira. Art. 14 As nomeações serão feitas:
I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
Art. 4º Os cargos são de carreira ou isolados.
carreira ou isolado que, por lei, assim deva ser provido;
Parágrafo único. São de carreira os que se inte-
II – em comissão, quando se tratar de cargo isola-
gram em classes e correspondem a uma profissão;
do que, em virtude de lei, assim deva ser provido;
isolados, os que não se podem integrar em clas- IV – em substituição no impedimento legal ou tem-
ses e correspondem a certa e determinada função. porário de ocupante de cargo isolado de provimen-
to efetivo ou em comissão.
Por sua vez, um conjunto de carreiras forma um
quadro, conforme colocado pelo art. 8º. O art. 16 impõe que a primeira investidura em car-
go de carreira e em outros que a Lei determinar efe-
Art. 8º Quadro é um conjunto de carreiras, de car- tuar-se-á mediante concurso, precedida de inspeção
gos isolados e de funções gratificadas. de saúde.
Não haverá equivalência entre as diferentes carrei- Art. 16 A primeira investidura em cargo de car-
ras, nem entre cargos isolados ou funções gratificadas, reira e em outros que a lei determinar efetuar-se-
conforme art. 9º. -á mediante concurso, precedida de inspeção de
A seguir, apresentamos um esquema hipotético saúde.
para facilitar o seu entendimento da correlação dos Parágrafo único. Os concursos serão de provas e,
subsidiariamente, de títulos.
conceitos abordados.
No entanto, aqui, temos uma possível incompa-
QUADRO tibilidade com a CF/88, pois abre-se o caminho para
que haja uma mudança de carreira sem concurso. No
Carreira B Carreira A entanto, o aprofundamento desse tema não é nosso
objetivo.
Classe 1: Padrões Classe 1
Classe 1: Padrões Classe 1
Classe 2: Padrões Classe 2
ESTÁGIO PROBATÓRIO
Art. 99 [...]
Art. 81 Dar-se-á readaptação: I - o vencimento ou remuneração do dia, se não
a) nos casos de perda da capacidade funcional comparecer ao serviço;
decorrente da modificação do estado físico ou das II - 1/5 do vencimento ou remuneração, quando
condições de saúde do funcionário, que não justifi- comparecer depois da hora marcada para início do
quem a aposentadoria; expediente, até 55 minutos;
b) nos casos de desajustamento funcional no exer- III - o vencimento ou remuneração do dia, quando
cício das atribuições do cargo isolado de que for comparecer na repartição sem a observância do
titular o funcionário ou da carreira a que pertencer. limite de 55 minutos;
IV - 4/5 do vencimento ou remuneração, quando se
TEMPO DE SERVIÇO retirar da repartição no fim da segunda hora do
expediente;
O art. 87 define a apuração do tempo de serviço em V - 3/5 do vencimento ou remuneração, quando se
dias e eventual conversão em anos. Vejamos: retirar no período compreendido entre o princípio e
o fim da terceira hora do expediente;
Art. 87 A apuração do tempo de serviço, para efei- VI - 2/5 do vencimento ou remuneração, quando se
to de aposentadoria, promoção e adicionais, será retirar no período compreendido entre o princípio e
feita em dias. o fim da quarta hora;
§ 1º Serão computados os dias de efetivo exercício, VII - 1/5 do vencimento ou remuneração, quando se
à vista de documentação própria que comprove a retirar do princípio da quinta hora em diante.
freqüência, especialmente livro de ponto e folha de
pagamento. até 55 min
§ 2º Para efeito de aposentadoria e adicionais, o núme- 1/5
ro de dias será convertido em anos, considerados sem- Atraso
pre estes como de trezentos e sessenta e cinco dias. Total mais que 55 min
§ 3º Feita a conversão de que trata o parágrafo
anterior, os dias restantes até cento e oitenta e dois PERDA DA
não serão computados, arredondando-se para um 4/5 fim da 2ª hora
REMUNERAÇÃO
ano quando excederem esse número.
3/5 fim da 3ª hora
Como dito anteriormente, a contagem do tempo Saída mais
de exercício é importante para vários direitos. Por cedo 2/5 4ª hora
isso, há algumas situações que, ainda que o servidor
não esteja efetivamente trabalhando, são considera-
das efetivo exercício para todos os efeitos legais. Elas 5ª hora em
1/5
142 constam do art. 88. diante
VACÂNCIA d) quando inválido em conseqüência de acidente ou
agressão, não provocada, no exercício de suas atri-
A vacância, como o próprio significado da palavra buições, ou doença profissional;
expõe, são as situações em que o cargo se torna vago, e) quando acometido de tuberculose ativa, aliena-
desocupado. O art. 103 traz as hipóteses de ocorrência. ção mental, neoplasia maligna, cegueira, cardiopa-
tia descompensada, hanseníase, leucemia, pênfigo
Art. 103 A vacância do cargo decorrerá de: foliáceo, paralisia, síndrome da imunodeficiência
a) exoneração; adquirida – AIDS-, nefropatia grave, esclerose múl-
b) demissão; tipla, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui-
c) promoção; losante, mal de Paget, hepatopatia grave ou outra
d) transferência; doença que o incapacite para o exercício da função
e) aposentadoria; pública.
f) posse em outro cargo, desde que dela se verifique § 1º Acidente é o evento danoso que tiver como cau-
acumulação vedada; sa mediata ou imediata o exercício das atribuições
g) falecimento. inerentes ao cargo.
§ 2º Equipara-se a acidente a agressão sofrida e não
EXONERAÇÃO provocada pelo funcionário no exercício de suas
atribuições.
Vejamos a exoneração, que tem suas peculiarida-
des previstas no art. 106. Conforme imposto pelo art. 115, os vencimentos
da aposentadoria não poderão ser superiores ao ven-
Art. 106 Dar-se-á exoneração: cimento ou remuneração da atividade, nem inferiores
a) a pedido do funcionário; a um terço (1/3).
b) a critério do Governo quando se tratar de ocu-
pante de cargo em comissão ou interino em cargo
DIREITOS, VANTAGENS E CONCESSÕES
de carreira ou isolado, de provimento efetivo;
c) quando o funcionário não satisfizer as condições
Disposições Gerais
de estágio probatório;
d) quando o funcionário interino em cargo de car-
reira ou isolado, de provimento efetivo, não satis-
O art. 118 lista as vantagens que poderão ser aferi-
fizer as exigências para a inscrição, em concurso; das pelo servidor com base no Estatuto.
e) automaticamente, após a homologação do resul-
tado do concurso para provimento do cargo ocupa- Art. 118 Além de vencimento ou da remuneração
do interinamente pelo funcionário. do cargo o funcionário poderá auferir as seguintes
vantagens:
I – ajuda de custo;
Duas considerações são importantes a fazer sobre II – diárias;
o dispositivo exposto. Primeiramente, a nomeação III – auxílio para diferença de caixa;
em caráter interino foi revogada (art. 14), portanto é IV – abono de família;
improvável a sua cobrança em prova. Já em relação V – gratificações;
à hipótese da alínea “c”), perceba que não se trata de VI – honorários;
sanção, mas apenas de consequência do não cumpri- VII – quotas-partes e percentagens previstas em lei;
mento das condições do estágio probatório. VIII – adicionais previstos em lei.
Vencimento e da Remuneração
Importante!
z Vencimento: é a retribuição paga ao funcionário pelo
A exoneração não é uma hipótese de sanção efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão
disciplinar. fixado em lei, conforme previsão do art. 120;
z Remuneração: é a retribuição paga ao funcionário
pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao
DEMISSÃO
padrão de vencimento e mais as quotas ou porcen-
tagens, que, por lei, lhe tenham sido atribuídas (art.
O art. 107 é o único dispositivo que trata desse con- 121).
texto, sendo as demais informações abordadas no tre-
cho do Estatuto referentes ao processo administrativo. Art. 123 O funcionário nomeado para exercer cargo
isolado, provido em comissão, perderá o vencimen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 107 A demissão será aplicada como penalidade. to ou remuneração ao cargo efetivo, salvo opção.
Art. 124 O vencimento ou a remuneração dos
APOSENTADORIA funcionários não poderão ser objeto de arresto,
sequestro ou penhora, salvo quando se tratar:
O art. 108 traz as hipóteses de aposentadoria. Veja- I - de prestação de alimentos, na forma da lei civil;
mos o dispositivo com atenção especial aos detalhes. II - de dívida à Fazenda Pública.
Art. 217 Ao funcionário é proibido: Parágrafo único. Se o processo não for julgado no
prazo indicado neste artigo, o indiciado reassumi-
I – referir-se de modo depreciativo, em informa-
rá, automaticamente, o exercício de seu cargo ou
ção, parecer ou despacho, às autoridades e atos da
função, e aguardará em exercício o julgamento,
administração pública, podendo, porém, em traba-
salvo o caso de prisão administrativa que ainda
lho assinado, criticá-los do ponto de vista doutriná-
perdure.
rio ou da organização do serviço;
II – retirar sem prévia autorização da autoridade com-
petente qualquer documento ou objeto da repartição; PENALIDADES
III – promover manifestações de apreço ou desapre-
ço e fazer circular ou subscrever lista de donativos O art. 244 lista as penalidades que podem ser apli-
no recinto da repartição; cadas ao servidor. Vejamos:
IV – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
em detrimento da dignidade da função; Art. 244 São penas disciplinares: 147
I – Repreensão; III – aplicar indevidamente dinheiros públicos;
II – Multa; IV – exercer a advocacia administrativa;
III – Suspensão; V – receber em avaliação periódica de desempenho:
IV – Destituição de função; a) dois conceitos sucessivos de desempenho insatis-
V – Demissão; fatório;
VI – Demissão a bem do serviço público. b) três conceitos interpolados de desempenho insa-
Parágrafo único. A aplicação das penas disciplina- tisfatório em cinco avaliações consecutivas; ou
res não se sujeita à seqüência estabelecida neste c) quatro conceitos interpolados de desempenho
artigo, mas é autônoma, segundo cada caso e con- insatisfatório em dez avaliações consecutivas.
sideradas a natureza e a gravidade da infração e os Parágrafo único. Receberá conceito de desempenho
danos que dela provierem para o serviço público. insatisfatório o servidor cuja avaliação total, consi-
derados todos os critérios de julgamento aplicáveis
O art. 245 traz as penalidades aplicáveis em caso em cada caso, seja inferior a 50% (cinqüenta por
de desobediência ou falta de cumprimento de deveres. cento) da pontuação máxima admitida.
O art. 288 diz respeito estritamente aos funcioná- De acordo com o art. 4º, no regime e no tratamento
rios da PCMG: penitenciário serão observados o respeito e a prote-
ção aos direitos do homem. Portanto, a dignidade
Art. 288 Os funcionários da Polícia Civil, que traba- da pessoa humana é um vetor de interpretação da lei
lhem em serviço de natureza estritamente policial, estadual.
terão direito à aposentadoria com o vencimento
integral e a incorporação das vantagens a que se Art. 5º O sentenciado deve ser estimulado a colabo-
refere o art. 116 desta lei, quando completarem 25 rar voluntariamente na execução de seu tratamen-
anos de serviço dedicado exclusivamente às aludi- to reeducativo.
das atividades policiais. Art. 6º O Estado e a comunidade são co-respon-
Parágrafo único – Consideram-se atividades poli- sáveis na realização das atividades de execução
ciais, para os fins deste artigo, as exercidas por: penal.
a) Delegados de polícia; Art. 7º Na execução penal não haverá distinção de
b) médicos legistas; caráter racial, religioso ou político.
c) investigadores;
d) guardas civis; TRATAMENTO REEDUCATIVO
e) fiscais e inspetores de trânsito;
f) escrivães e escreventes da polícia; A partir do art. 8º da Lei nº 11.404/1994, observa-
g) peritos do Departamento da Polícia Técnica. remos regras sobre o tratamento reeducativo, que
consiste na adoção de um conjunto de medidas médi-
co-psicológicas e sociais, com vistas à reeducação
do sentenciado e à sua reintegração na sociedade.
Vejamos:
LEI ESTADUAL Nº 11.404, DE 25 DE
JANEIRO DE 1994 (CONTÉM NORMAS Art. 8º O tratamento reeducativo consiste na ado-
DE EXECUÇÃO PENAL) ção de um conjunto de medidas médico-psicológicas
e sociais, com vistas à reeducação do sentenciado e
à sua reintegração na sociedade.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 9º O tratamento reeducativo será individua-
lizado e levará em conta a personalidade de
A Lei Estadual nº 11.404/1994 trata especificamen- cada sentenciado.
te de como deve ser executada a pena no sistema Art. 10 O sentenciado está sujeito ao exame cri-
carcerário mineiro, de forma complementar à Lei minológico para verificação de carência físico-psí-
de âmbito nacional nº 7.210/1984 (Lei de Execução quica e outras causas de inadaptação social.
Penal). Art. 11 Com base no exame criminológico, serão
Geralmente, cobra-se a Lei Estadual em sua litera- realizados a classificação e o programa de tra-
lidade, mas, aqui, vamos ressaltar apenas os princi- tamento do sentenciado.
pais pontos da Lei Estadual nº 11.404/1994, por isso, Art. 12 A colaboração do sentenciado no processo
sugerimos a leitura da lei seca (na íntegra). de sua observação psicossocial e de seu tratamento
é voluntária.
Art. 13 A observação do sentenciado se fará do iní-
Art. 1º Esta lei regula a execução das medidas
cio ao fim da execução da pena.
privativas de liberdade e restritivas de direito,
bem como a manutenção e a custódia do preso
Os arts. 14 a 18 dispõem sobre a observação psicos-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
provisório.
social. Acompanhe:
O objetivo da execução penal é cumprir a senten-
Art. 14 A observação médico-psicossocial com-
ça/decisão criminal e proporcionar condições para a
preende os exames biológico, psicológico e comple-
integração social do condenado/internado. mentares e o estudo social do sentenciado.
Art. 15 A observação empírica se realizará no tra-
Art. 2º A execução penal destina-se à reeducação balho, na sala de aula, no refeitório, na praça de
do sentenciado e à sua reintegração na sociedade. esportes e em todas as situações da vida cotidiana
§ 1º A execução penal visa, ainda, a prevenir a rein- do sentenciado.
cidência, para proteção e defesa da sociedade. Art. 16 O exame criminológico será realizado no
§ 2º O controle da execução penal será realiza- centro de observação ou na seção de observação do
do com o auxílio de programas eletrônicos de estabelecimento penitenciário ou por especialista
computador. da comunidade. 149
Art. 17 A equipe de observação se reunirá semanalmente para apreciar o resultado de cada exame e, afinal, redigir
o relatório social de síntese.
Art. 18 O relatório social de síntese, de caráter interdisciplinar, será levado à Comissão Técnica de Classificação, que
elaborará o programa de tratamento.
Segundo o art. 19, cada estabelecimento penitenciário contará com uma Comissão Técnica de Classificação,
à qual incumbe elaborar o programa de tratamento reeducativo e acompanhar a evolução da execução da pena.
A Comissão é presidida pelo Diretor do estabelecimento e composta de, no mínimo, um psiquiatra, um psicó-
logo, um assistente social, um chefe da Seção de Educação e Disciplina e um representante de obras sociais da
comunidade.
Embora o disposto seja suficiente para o entendimento da matéria, é de suma importância que o leitor tenha
contato também com a legislação pura:
Art. 19 Cada estabelecimento penitenciário contará com uma Comissão Técnica de Classificação, à qual incumbe
elaborar o programa de tratamento reeducativo e acompanhar a evolução da execução da pena.
Art. 20 A Comissão Técnica de Classificação é presidida pelo Diretor do estabelecimento e composta de, no mínimo,
um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social, um chefe da Seção de Educação e Disciplina e um representante
de obras sociais da comunidade.
Art. 21 Compete à Comissão Técnica de Classificação opinar sobre a progressão ou a regressão do regime de cum-
primento da pena, a remição da pena, o monitoramento eletrônico, o livramento condicional e o indulto.
Parágrafo único. No caso de progressão ou regressão de regime, as reuniões da Comissão Técnica de Classificação
serão presididas pelo Juiz da Execução, presente o Ministério Público.
Art. 22 A Comissão Técnica de Classificação proporá o programa de tratamento reeducativo, com base na sentença
condenatória e no relatório social de síntese do Centro de Observação ou da equipe interdisciplinar.
Art. 23 O programa individual de tratamento compreenderá a indicação do regime de cumprimento da pena, do
estabelecimento penitenciário adequado, da escolarização, do trabalho e da orientação profissional, das atividades
culturais e esportivas e das medidas especiais de assistência ou tratamento.
Para isso, o tratamento reeducativo contemplará, resumidamente, conforme segue na tabela, as seguintes
medidas:
OBSERVAÇÃO PSICOSSOCIAL
Levará em conta a personalidade de cada sentenciado
INDIVIDUALIZAÇÃO DO TRATAMENTO
Compreende os exames biológico, psicológico e complementares e o estudo social do sentenciado
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS COM INSTRUÇÃO, TRABALHO, RELIGIÃO, DISCIPLINA,
CULTURA, RECREAÇÃO E ESPORTE, CONTATO COM O MUNDO EXTERIOR E RELAÇÕES COM A FAMÍLIA
Instrução: Os sentenciados trabalharão em oficina de aprendizagem industrial e artesanato rural ou em serviço agrícola
do estabelecimento, conforme suas preferências, origem urbana ou rural, aptidão física, habilidade manual, inteligência
e nível de escolaridade
Trabalho: É obrigatório para os sentenciado. A jornada diária não excederá 8 (oito) horas no dia
Religião: O sentenciado tem direito à liberdade de crença e culto, permitida a manifestação religiosa pelo aprendizado
e pelo exercício do culto
ATIVIDADES CULTURAIS, RECREATIVAS E ESPORTIVAS
Os programas de atividades esportivas destinam-se, em particular, ao jovem adulto, podendo ser solicitada à Diretoria
de Esportes e a outros órgãos da comunidade a colaboração em seu desenvolvimento
CONTATO COM O EXTERIOR E RELAÇÃO COM A FAMÍLIA
Estimular o contato do sentenciado com o mundo exterior pela prática das medidas de semiliberdade e pelo trabalho
com pessoas da sociedade, com o objetivo de conscientizá-lo de sua cidadania e de sua condição de parte da comuni-
dade livre
Sobre o trabalho do sentenciado, devemos destacar a remuneração. Se, porventura, a remuneração não for
fixada pelo órgão competente, ela será estabelecida pela Comissão Técnica de Classificação. De acordo com o art.
51, temos:
Art. 51 A remuneração do trabalho do sentenciado, quando não for fixada pelo órgão competente, será estabelecida
pela Comissão Técnica de Classificação.
§ 1º A remuneração será fixada, para o trabalho interno, em quantia não inferior a 3/4 (três quartos) do salário
mínimo.
§ 2º A remuneração do sentenciado que tiver concluído curso de formação profissional, bem como a do que tiver bom
comportamento e progresso na sua recuperação, será acrescida de 1/4 (um quarto) do seu valor.
Art. 57 Excetuam-se da obrigação de trabalhar os maiores de 70 (setenta) anos, os que sofram enfermidade que os
impossibilite para o trabalho e a mulher antes e após o parto, nos termos da legislação trabalhista.
150 Art. 58 O sentenciado fará jus ao repouso semanal, de preferência no domingo.
Art. 59 Será concedido descanso de até 1 (um) mês ao sentenciado não perigoso, de bom comportamento, após 12
(doze) meses contínuos de trabalho, dedicação e produtividade.
Importante!
Excetuam-se da obrigação de trabalhar:
� Maiores de 70 (setenta) anos;
� Pessoas que sofrem enfermidade que as impossibilite para o trabalho;
� A mulher antes e após o parto, nos termos da legislação trabalhista.
ESTABELECIMENTOS PENITENCIÁRIOS
z Presídio e cadeia pública: Destinados à custódia dos presos à disposição do Juiz processante. Consistem em
estabelecimentos do regime fechado;
z Penitenciária: Para o sentenciado em regime fechado. O sentenciado será alojado em quarto individual, pro-
vido de cama, lavatório, chuveiro e aparelho sanitário;
z Colônia agrícola, industrial ou similar: Para sentenciado em regime semiaberto. Nesse contexto, os senten-
ciados poderão ser alojados em dormitório coletivo;
z Casa do albergado: Para sentenciado em regime aberto. Onde não houver casa do albergado, o regime aberto
poderá ser cumprido em seção independente, separada do estabelecimento de regime fechado ou semiaberto;
z Centro de reeducação do jovem adulto: Para sentenciado em regime aberto ou semiaberto, na faixa etária
de 18 a 21 anos de idade;
z Centro de observação: Funciona para a realização do exame criminológico de classificação. Consiste em esta-
belecimento de regime fechado, que tem por objetivo estudar a personalidade do delinquente nos planos
físico, psíquico e social, para sua afetação ao estabelecimento adequado ao regime penitenciário, indicando as
medidas de ordem escolar, profissional, terapêutica e moral que fundamentarão a elaboração do programa de
tratamento reeducativo;
z Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico: Direcionado a inimputáveis e semi-imputáveis.
É muito importante atentar-se às diferenças entre “presídio e cadeia pública” e “penitenciária”. Conforme os
arts. 80 e 84, temos que:
Art. 80 O presídio e a cadeia pública, estabelecimentos de regime fechado, destinam-se à custódia do preso provi-
sório e à execução da pena privativa de liberdade para o preso residente e domiciliado na comarca.
[...]
Art. 84 A penitenciária destina-se à execução da pena privativa de liberdade em regime fechado.
Ainda sobre o regime de execução e o local apropriado, veja agora as diferenças entre penitenciária, colônias
agrícola e industrial e as casas do albergado:
COLÔNIAS AGRÍCOLA E
PENITENCIÁRIA CASA DO ALBERGADO
INDUSTRIAL
Execução da pena privativa de li- Execução da pena privativa de li- Execução da pena privativa de
berdade em regime fechado berdade em regime semiaberto liberdade em regime aberto
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 125 A administração do estabelecimento fornecerá alimentação aos sentenciados, controlada por nutricionista,
convenientemente preparada e de acordo com as normas dietéticas e de higiene.
Importante!
Conforme o art. 128 preceitua, o estabelecimento penitenciário destinado às mulheres disporá de dependên-
cia dotada de material de obstetrícia, para atender à mulher grávida ou à parturiente cuja urgência do estado
não permita sua transferência para hospital civil.
A Lei nº 11.404/1994 coloca à tona direitos dos presos à comunicação exterior. O primeiro desses direitos é
a correspondência. O direito ao sigilo da correspondência é relativo em virtude do que prevê o parágrafo único
do art. 131, pois, em caso de perigo para a ordem ou para a segurança do estabelecimento, o Diretor deste poderá
censurar a correspondência dos sentenciados, respeitando os seus direitos.
Art. 129 Os sentenciados têm direito de enviar e receber correspondência epistolar e telegráfica.
Art. 130 A correspondência do sentenciado analfabeto pode ser, a seu pedido, lida e escrita por funcionário ou visi-
tador indicado.
Art. 131 Em caso de perigo para a ordem ou para a segurança do estabelecimento, o Diretor deste poderá censurar
a correspondência dos sentenciados, respeitados os seus direitos.
Parágrafo único. A correspondência por telefone será autorizada pelo Diretor do estabelecimento, por escrito e
motivadamente.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 132 As visitas destinam-se a manter os vínculos familiares e sociais do sentenciado e a prepará-lo para a rein-
tegração na sociedade.
Art. 133 As visitas de advogado terão lugar em local reservado, em que as conversas não sejam ouvidas.
Art. 134 Não pode ser ouvido o colóquio do sentenciado com o Juiz, com o representante do Ministério Público, com
o funcionário no exercício de suas funções e com os membros da equipe interdisciplinar.
Art. 135 O estabelecimento disporá de anexo especialmente adequado para visitas familiares ao sentenciado que
não possa obter autorização de saída.
É importante, agora, diferenciar autorização de saída de permissão de saída. Veja a tabela a seguir: 153
PERMISSÃO DE SAÍDA – ART. 136 AUTORIZAÇÃO PARA SAÍDA TEMPORÁRIA – ART. 137
Destina-se a todos os presos (em regime fechado inclu- Destina-se aos presos em regime semiaberto em caso de
sive), por razões de humanidade – necessidade de trata- visita à família, frequência a curso supletivo profissionali-
mento médico e falecimento ou doença grave de cônjuge, zante bem como de instrução do segundo grau ou superior
companheiro, ascendente, descendente ou irmão na Comarca do Juízo da Execução e participação em ati-
vidades que concorram para o retorno ao convívio social
A permissão de saída será concedida pelo Diretor do esta- Ocorre sem vigilância direta, mediante concessão judicial
belecimento e ocorre por meio de escolta
A autorização de saída ocorre após cumpridos seis meses da pena, por até sete dias, limitada ao total de
trinta e cinco dias por ano.
Art. 138 Com base em parecer da equipe interdisciplinar e como preparação para a liberação, será autorizada, pelo
Juiz da execução que tenha participado de seu processo de reeducação, a saída do sentenciado que cumpra pena
nos regimes aberto e semiaberto, após cumpridos seis meses da pena, por até sete dias, limitada ao total de trinta e
cinco dias por ano.
Parágrafo único. A autorização de saída será concedida ou revogada por ato motivado do Juiz da execução.
Art. 138-A No caso de nascimento de filho ou outro motivo comprovadamente relevante, será autorizada, pelo
Diretor do estabelecimento, a saída do sentenciado ou do preso provisório, com as medidas de custódia adequadas.
Parágrafo único. A autorização de saída será concedida ou revogada por ato motivado do Diretor do estabelecimento.
REGIME DISCIPLINAR
Quanto ao Regime Disciplinar, o art. 142 da Lei Estadual nº 11.404/1994 estabelece um rol de condutas consi-
deradas infrações disciplinares:
Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou
do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil.
De acordo com o que dispõe a Súmula Vinculante nº 11, o simples fato de estar preso não configura o uso de
algemas, devendo ser utilizadas somente nos casos previstos na Súmula, sob pena de responsabilidade do agente
ou autoridade e de nulidade da prisão ou ato processual.
Dica
Mnemônico para decorar os casos em que o uso de algemas é previsto: PRF.
Perigo à integridade física própria ou alheia
Resistência
Fundado receio de fuga
Temos, ainda, o monitoramento eletrônico, introduzido pela Lei nº 12.258/2021. Trata-se de um meio de
vigilância indireta do condenado pela utilização de equipamento operado por meio de GPS, ondas de rádio ou
outro sistema mais moderno.
O uso do monitoramento eletrônico previsto pela Lei Estadual nº 11.404/94 será possível em caso de saída temporária,
prisão domiciliar e no caso de presos em regime aberto, nos termos do art. 156-A da citada Lei. Vejamos:
Art. 156-A O Juiz poderá determinar o monitoramento eletrônico, por ato motivado, nos casos de autorização de saída
temporária no regime semiaberto e de prisão domiciliar, e quando julgar necessário.
Parágrafo único. O usuário do monitoramento eletrônico que estiver cumprindo pena em regime aberto, quando
determinar o Juiz da execução, deverá recolher-se ao local estabelecido na decisão durante o período noturno e nos
dias de folga.
Art. 156-B São deveres do sentenciado submetido ao monitoramento eletrônico, além dos cuidados a serem adota-
dos com o equipamento:
I - receber visitas do servidor responsável pelo monitoramento eletrônico, responder aos seus contatos e cumprir as
suas orientações;
II - abster-se de remover, violar, modificar ou danificar o equipamento de monitoramento eletrônico ou de permitir
que outrem o faça;
III - informar, de imediato, as falhas no equipamento ao órgão ou à entidade responsável pelo monitoramento
eletrônico.
Art. 156-C O descumprimento dos deveres de que trata o art. 156-B poderá acarretar, a critério do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a defesa:
I - a regressão do regime;
II - a revogação da autorização de saída, da permissão de saída ou da saída temporária;
III - a revogação da suspensão condicional da pena;
IV - a revogação do livramento condicional;
V - a conversão da pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade;
VI - a revogação da prisão domiciliar;
VII - a advertência escrita.
Art. 156-D O monitoramento eletrônico poderá ser revogado pelo Juiz competente, em ato motivado, quando o sen-
tenciado descumprir os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou quando se tornar desnecessário ou
inadequado, a critério do Juiz.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Importante!
Informativo 595 do STJ: Inobservância do perímetro rastreado pelo monitoramento eletrônico não configura
falta grave. O descumprimento da condição autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas por si só, não
configura falta grave.
Esquematicamente, de acordo com o art. 157 da Lei nº 11.404/1994, são órgãos de execução penal:
PESSOAL PENITENCIÁRIO
De acordo com o art. 177 da Lei Estadual nº 11.404/1994, o pessoal penitenciário terá estatuto próprio, que
fixará seus direitos e deveres. Além disso, segundo o art. 180, o ingresso do pessoal penitenciário dependerá de
curso específico de formação, procedendo-se à reciclagem dos servidores em exercício.
Art. 180 O ingresso do pessoal penitenciário e sua ascensão funcional dependerão de curso específico de formação,
procedendo-se à reciclagem dos servidores em exercício.
Cabe, ainda, afirmar que os cursos de formação profissional intensiva destinados ao pessoal da vigilância
serão compostos por três estágios:
Os arts. 191 ao 195 enumeram uma série de direi- Art. 196 São deveres do sentenciado:
I - submeter-se ao cumprimento da pena ou à medi-
tos dos sentenciados e dos presos provisórios. Dentre
da de segurança;
eles, temos os direitos civis, os políticos, os sociais e
II - permanecer no estabelecimento até a sua libertação;
os especificamente penitenciários. III - respeitar as normas do regime penitenciário;
IV - manter atitude de respeito e consideração
Art. 191 São direitos do preso os direitos civis, com os funcionários do estabelecimento e com as
os políticos, os sociais e os especificamente autoridades;
penitenciários. V - observar conduta correta com seus companheiros;
Art. 192 Os direitos civis, sociais e políticos, inclusi- VI - indenizar os danos causados à administração
ve o de sufrágio, permanecem com o preso, quando do estabelecimento;
não forem retirados expressa e necessariamente VII - indenizar as despesas de sua manutenção;
pela lei ou pela sentença. VIII - cumprir as prestações alimentícias devidas à
Art. 193 Os direitos penitenciários derivam da família;
relação jurídica constituída entre o sentenciado e a IX - assistir o cônjuge ou o companheiro na manu-
administração penitenciária. tenção e na educação dos filhos.
Art. 194 Enumeram-se, antes da sentença, os direi-
tos à presunção de inocência, ao contraditório, à
igualdade entre os sujeitos processuais, à ampla
defesa, à assistência judiciária gratuita, nos termos
da lei, o de ser ouvido pessoalmente pela autorida- LEI ESTADUAL Nº 14.695, DE 30 DE
de competente, o de receber visitas, o de comunicar- JULHO DE 2003, QUE INSTITUIU A
-se com advogado e familiares e o de permanecer CARREIRA DE AGENTE DE SEGURANÇA
no estabelecimento da localidade ou naquele mais
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
7. (SELECON – 2020) Enéas foi designado para organi- 10. (AOCP – 2018) A Lei de Execução Penal dispõe sobre
zar, no município Z, uma lista de órgãos capazes de o trabalho do condenado, como dever social e condi-
receber presos em regime semiaberto para auxiliar o ção de dignidade humana. Quanto às previsões legais
Poder Judiciário local no cumprimento da pena. Nos dessa matéria, assinale a alternativa correta.
termos da Lei federal nº 13.675/2018, esse ato realiza
uma das suas diretrizes que busca para o egresso sua a) O trabalho do preso está sujeito ao regime da Consoli-
162 reinserção: dação das Leis do Trabalho.
b) O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia 1. cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
tabela, não podendo ser inferior a 2/4 (dois quartos) como conceder licença para exercer a atividade.
do salário mínimo. 2. identificar as características e a propriedade de armas
c) As tarefas executadas como prestação de serviço à de fogo, mediante cadastro.
comunidade serão remuneradas. 3. cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive
d) O trabalho externo será admissível para os presos em as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais.
regime fechado somente em serviço ou obras públi- 4. cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e
cas realizadas por órgãos da Administração Direta ou vendidas no País e no exterior.
Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as
cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
e) A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela corretas.
direção do estabelecimento, dependerá de aptidão,
disciplina e responsabilidade, além do cumprimento a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
mínimo de 1/5 (um quinto) da pena. b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
11. (INSTITUTO AOCP – 2020) O respeito à integridade d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
física do preso é uma preocupação de diversos docu-
mentos jurídicos nacionais e internacionais, desta-
13. (FUNDAÇÃO LA SALLE – 2017) Considerando a legis-
cando, por exemplo, “As Regras Mínimas da ONU
lação que dispõe sobre registro, posse e comercializa-
para o tratamento de pessoas presas” e o “Programa
ção de armas de fogo e munição (Lei n° 10.826/2003),
Nacional de Direitos Humanos” (Decreto nº 7.037/09).
os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas
Tendo por base esses documentos jurídicos, o Códi-
prisionais poderão portar arma de fogo de proprie-
go Penal e o disposto na Lei nº 9.455/97, imagine a
dade particular ou fornecida pela respectiva corpora-
seguinte situação hipotética: ção ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que
estejam:
Durante procedimento de rotina realizado em um dos
presídios do Estado de Roraima, os agentes peniten- I. submetidos a regime de dedicação exclusiva.
ciários José e Paulo flagraram o detento João sen- II. sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento.
do agredido pelo seu companheiro de cela de nome III. subordinados a mecanismos de fiscalização e de
Afonso. Diante da situação, os agentes penitenciários controle.
foram em direção aos detentos e conseguiram imo-
bilizar Afonso, salvando João, que estava gravemente Das afirmações acima, qual(is) está(ão) correta(s)?
ferido e foi encaminhado para a ala médica. Inconfor-
mados com a atitude de Afonso, a fim de castigá-lo, a) Apenas a I.
José e Paulo levaram o detento para uma das salas b) Apenas I e II.
do estabelecimento prisional. Em seguida, enquanto c) Apenas II e III.
José vigiava o ambiente para evitar a aproximação de d) Apenas I e III.
outros servidores, Paulo agrediu Afonso com diver- e) I, II e III.
sos socos e chutes, causando-lhe intenso sofrimento
físico. Quando se sentiram satisfeitos com o castigo 14. (FCC – 2018) O crime de posse de drogas para uso
pessoal aplicado, os agentes penitenciários levaram pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/2006) está submeti-
Afonso para o setor hospitalar do estabelecimento pri- do à pena de
sional. Diante dessa situação hipotética, no tocante à
aplicação do direito penal, é correto afirmar que a) reclusão em regime fechado.
b) advertência sobre os efeitos das drogas.
a) os agentes penitenciários José e Paulo não deverão c) liberdade assistida.
responder penalmente pelo castigo aplicado ao deten- d) perda de bens e valores.
to Afonso, pois agiram em legítima defesa de terceiro. e) detenção em regime aberto.
b) o agente penitenciário Paulo deverá responder penal-
mente pelo crime de tortura praticado contra o detento
Afonso, enquanto o agente penitenciário José respon-
derá apenas por omissão de socorro. GABARITO COMENTADO
c) os agentes penitenciários José e Paulo deverão res- 1.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
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