Você está na página 1de 166

Polícia Penal de Minas Gerais

Conteúdo Complementar
Agente Penitenciário
Obra

PP-MG – Polícia Penal de Minas Gerais


Agente Penitenciário

Autores

REDAÇÃO • Nelson Sartori

LEGISLAÇÃO ESPECIAL • Samantha Rodrigues, Renato Philippini, Eduardo Gigante, Bruno Oliveira e
Kamila G. S. Gomes

Edição:

Agosto/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO

REDAÇÃO..................................................................................................................................4
REDAÇÃO (DOMÍNIO DA EXPRESSÃO ESCRITA)............................................................................... 4

LEGISLAÇÃO ESPECIAL..................................................................................................17
LEI Nº 9.455/1997 E SUAS ALTERAÇÕES (ANTITORTURA)........................................................... 17

LEI Nº 12.846/2013 E SUAS ALTERAÇÕES (ANTICORRUPÇÃO)................................................... 20

LEI Nº 13.869/2019 (ABUSO DE AUTORIDADE)............................................................................... 25

LEI Nº 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES (IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA)........................... 31

LEI Nº 10.826/2003 E SUAS ALTERAÇÕES (ESTATUTO DO DESARMAMENTO).......................... 39

LEI Nº 11.343/2006 E SUAS ALTERAÇÕES (LEI DE DROGAS)........................................................ 51

LEI Nº 13.964/2019 (APERFEIÇOA A LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL PENAL)................. 65

LEI Nº 7.210/1984 (LEI DE EXECUÇÃO PENAL)............................................................................... 95

LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE 2018.......................................................................................124

DECRETO DE REGULAMENTAÇÃO Nº 9.489/2018........................................................................131

LEI ESTADUAL Nº 869, DE 05 DE JULHO DE 1952 (ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


CIVIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS)...........................................................................................139

LEI ESTADUAL Nº 11.404, DE 25 DE JANEIRO DE 1994 (CONTÉM NORMAS DE EXECUÇÃO


PENAL)...............................................................................................................................................149

LEI ESTADUAL Nº 14.695, DE 30 DE JULHO DE 2003, QUE INSTITUIU A CARREIRA DE AGENTE


DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO...................................................................................................157

REGULAMENTOS E NORMAS DE PROCEDIMENTOS DO SISTEMA PRISIONAL DE MINAS


GERAIS (RENP)..................................................................................................................................161
Importante!
O truncamento desse trabalho ocorrerá certa-

REDAÇÃO mente se o aprendiz não se dispuser a praticar


esses conceitos. É aí que começa a frustração
dos potenciais autores, pois muitas vezes só vão
tentar praticar a escritura da sua redação após
REDAÇÃO (DOMÍNIO DA EXPRESSÃO terem terminado o estudo do livro didático e
ESCRITA) sentem muita dificuldade no momento do agru-
pamento, isto é, de fazer virar o todo, aquilo que
A fim de trabalharmos com a redação discursiva, aprendeu a fazer por partes. Se o resultado não
neste tópico, você irá estudar algumas características
inovadoras no conceito de produção de textos para for satisfatório, eles simplesmente assumirão a
quem quer atingir um melhor resultado em provas que dificuldade como uma inabilidade pessoal.
exijam do candidato a habilidade de produzir um texto.
Ao longo do material, serão apresentados os aspec-
tos gerais da redação discursiva em sua estrutura Como proposta de solução para essa dificulda-
textual, bem como todos os passos para a sua produ- de, vamos partir de um princípio inverso em que se
ção com eficiência. Além disso, discutiremos sobre as começa da materialização do texto eficiente, satisfa-
principais dúvidas relatadas pelos alunos, a fim de zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo
apresentar respostas e mostrar que é possível atingir
um bom resultado nessa etapa da prova. todo para depois estudarmos as partes. Esse trabalho
consiste na elaboração de máscaras de redação, o que
Por que é tão difícil produzir um texto eficiente? proporciona a você um ponto de partida concreto na
produção de redações eficientes a partir de modelos
Sempre se ouvem os temores de alunos quanto
às provas que cobram dos candidatos habilidades na prontos e que poderão ser reproduzidos e adaptados
produção de questões discursivas. Alguns dizem se para qualquer tema proposto pela banca organizado-
sentirem tão despreparados que terminam por desis- ra do concurso, respeitando ainda o caráter da origi-
tir dos concursos que trazem a redação como critério nalidade e da criatividade de cada autor.
de classificação. As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e
que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exerci- doras dos critérios de correção dos textos, tais como
tam essa habilidade normalmente em ambientes vir- progressão textual e sequencialização, coesão e conse-
tuais como sites de comunicação e na elaboração de quentemente coerência, além de atender naturalmen-
e-mail. Nesses expedientes ocorre o que chamam de te à estrutura própria dos textos dissertativos. Outro
“pacto da mediocridade”, sem intenção ofensiva, que ponto importante é o de permitir ao candidato uma
caracteriza a postura displicente de como se escre- projeção bem aproximada da extensão do seu texto
ve e a aceitação mútua de erros e desvios da norma
culta escrita: “ele escreve tudo errado, mas eu aceito em número de linhas.
para não ser cobrado por ele da mesma forma quando Outra finalidade dessa proposta é também a de
errar”. Usam-se imagens, símbolos gráficos, abrevia- desenvolver uma maior agilidade na projeção e na
ções que mais se assemelham a códigos criptografa- construção da redação, otimizando o tempo de sua
dos do que à própria língua portuguesa. elaboração durante a prova. Então vamos lá:
O maior problema é que isso gera um reforço nega-
tivo: treina-se uma escrita que não promove a prática
DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA
ideal da comunicação verbal normatizada. O resul-
tado é que, quando ocorre a exigência da produção CONCURSOS PÚBLICOS
escrita, a prática que se tem não promove a eficiência
nessa categoria de comunicação. Selecionamos dúvidas que frequentemente apare-
cem sobre as redações para concursos públicos e que,
“Como, em pouco tempo, poderá desenvolver a
talvez, sejam, também, as suas. Vejamos:
habilidade de escrita quem tem dificuldade de
passar suas ideias para o papel?”
“Qual o peso ou a importância da redação em um
Inicialmente, em um procedimento tradicional concurso público?”
de produção de textos, começa-se pela apresentação
de exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua O peso da redação é muito grande, por isso, ela
estrutura, apresentam-se as partes que o compõem.
faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais,
Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes e
de como elaborá-las separadamente: como se constrói a redação se tornou o passaporte para o ingresso em
um parágrafo; quais são as fases de sua elaboração; grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale
quais são os diferentes tipos de parágrafos. Também é um resultado positivo na prova objetiva se não obti-
mostrado como podem ser os parágrafos que introdu- ver sucesso em sua redação.
zem, desenvolvem e concluem um texto dissertativo. Os candidatos costumam dedicar seu tempo de
E só depois de exercitar esses primeiros procedimen-
estudos à prova objetiva e deixar a redação por últi-
tos é que se passa à produção de um trabalho comple-
to, buscando a eficiência do todo por intermédio do mo. Na maioria das vezes, passam naquela e repro-
agrupamento de cada uma das partes estudadas até a vam nesta. Não dá para subestimar a redação, é
4 formação de um bloco contínuo e completo. preciso exercitar sempre.
“O que conta mais para um resultado satisfatório: ter É importante sempre se lembrar de respeitar as
bons conhecimentos sobre o assunto apresentado regras de caixa alta e caixa baixa, ou seja, maiúscula e
na proposta ou ter bons conhecimentos em língua minúscula devem ser diferenciadas:
portuguesa?”
Caixa alta <CALIGRAFIA>, caixa baixa <caligrafia>.
Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
importância. No que diz respeito aos conhecimentos “O que é texto em prosa?”
de língua portuguesa, estamos nos referindo à estru-
tura e à linguagem do texto dissertativo. Subentende- Como já dissemos, mas vale a pena repetir, tex-
-se que quem domina estes dois aspectos não tenha to em prosa é aquele que naturalmente usamos para
dificuldades com a ortografia e outros aspectos gra- escrever um bilhete, uma carta, nos comunicarmos em
maticais que, em prova, inclusive, pouco peso tem. “e-mail” etc. Ele se constrói em estrutura linear (linha
cheia) por meio de parágrafos. É a forma comum de
“Qual é a diferença entre tema e título?” escrever. É contrária ao verso, que exige uma elabora-
ção estrutural e demonstra preocupação com rimas e
Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem arranjos vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exem-
caráter geral e abrangente, e propõe questões que plo de texto em verso:
devem ser abordadas obrigatoriamente com objeti-
vidade pelo candidato. Essa objetividade é um fator A rosa de Hiroxima
determinante para que sua composição fique delimita- Pensem nas crianças
da àquilo que é possível desenvolver em sua redação. Mudas telepáticas
E o que é a delimitação do tema? É simples. É a elabo- Pensem nas meninas
ração de sua tese que, por sua vez, é seu posicionamen- Cegas inexatas
to sobre esse tema. Na maioria das vezes, o número de Pensem nas mulheres
linhas que é proposto para se desenvolver o tema é limita- Rotas alteradas
Pensem nas feridas
do. Geralmente não passa de 30 linhas, por isso é preciso
Como rosas cálidas
ser claro e direto no desenvolvimento da argumentação.
Mas oh não se esqueçam
Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem
Da rosa da rosa
a função de apresentar e chamar a atenção sobre o Da rosa de Hiroxima
assunto desenvolvido. Porém, é importante lembrar A rosa hereditária
que são poucas as instituições que solicitam que o A rosa radioativa
candidato dê um título ao texto. Se ele não for pedido, Estúpida e inválida
não é para colocá-lo. A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
“Se tiver de pôr título, qual palavra dele deve-se pôr Sem cor sem perfume
em maiúscula?” Sem rosa sem nada.

Há duas possibilidades: (http://www.revista.agulha.nom.br/vm.html/rosa)

z A primeira forma convencionada diz que só a pri- Agora um exemplo de texto em prosa:
meira palavra do título deve ser iniciada por letra Hiroshima ou Hiroxima (em japonês: 広島市) é
maiúscula, como em: uma cidade japonesa localizada na província de
Hiroshima. Fica no rio Ota (Otagawa), cujos seis
É bom fazer redação com o Nélson! canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em tor-
no de um castelo feudal do século XVI. Recebeu o
z A segunda forma permite que você coloque todas estatuto de cidade em 1589. Serviu de quartel-gene-
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção ral durante a guerra sino-japonesa (1894-95). Em 6
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti- de agosto de 1945 foi a primeira cidade do mundo
do próprio), como preposições e artigos: arrasada por uma bomba atômica: 250 mil pessoas
foram mortas ou feridas.
É bom fazer Redação com o Nélson! (http://pt.ikipedia.org/wiki/Hiroshima/28cidade/29)

„ Nomes próprios são sempre com iniciais “O que eu faço se errar uma palavra quando estiver
maiúsculas; passando a limpo minha redação?”
„ Use pontuação significativa se for necessário,
como interrogação e exclamação. O ponto final
é dispensável. Importante!
“É preciso usar letra cursiva ou pode ser de forma?“ Não se esqueça! Redação para concurso é em
REDAÇÃO

prosa.
Como já dissemos, a letra cursiva (letra de mão) só
será necessária se for uma exigência do edital. De uma Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém,
maneira geral, o que se pede é a legibilidade. Nesse muitas instituições orientam os candidatos a passar
caso você pode até misturar tudo: um traço simples sobre a palavra e continuar escre-
vendo como se nada houvesse acontecido. Geralmen-
Caligrafia / Caligrafia / CALIGRAFIA / CaliGrAfia te, nesses casos, o erro não é considerado. 5
ESTRUTURA DISSERTATIVA estatísticos, de explicações, de definições, de confron-
tos de ideias e contra argumentações. Você poderá
Neste tópico, trabalharemos alguns elemen- usar tantos parágrafos quanto achar necessário para
tos importantes para iniciarmos nossa produção desenvolver suas teorias, porém em redações de cur-
de textos. Começaremos com a estrutura do texto ta extensão o ideal é que cada parágrafo apresente
dissertativo. objetivamente apenas um dos argumentos a serem
Como todos sabem, a dissertação é um tipo de tex- desenvolvidos, ou ainda, que esses argumentos sejam
to que se caracteriza pela exposição e defesa de uma agrupados caso vários deles devam ser apresentados
ideia que será analisada e discutida a partir de um para sustentar sua tese.
ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dis-
sertativo trabalha com argumentos, com fatos, com Ex.: apresentação do primeiro argumento sobre “o
dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento da tecnologia em campos como o
desenvolvimento de suas ideias. da educação”
Para atender a esse propósito, a dissertação deve
apresentar uma organização estrutural que conduza Alguns argumentam que é importante reconhecer
as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto o papel das redes mundiais de informação para
ao reconhecimento da verdade proposta como tese. o favorecimento da construção do conhecimento.
Compreende-se como estrutura básica de uma disser- Hoje é possível visitar um museu, consultar uma biblio-
tação a divisão da exposição da argumentação em três teca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por meio da
partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a internet, muito da sabedoria mundial pode ser alcança-
conclusão: da por qualquer pessoa que a deseje. Basta estar diante
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: de um computador, ou de posse de um desses modernos
aparelhos celulares para se ligar a qualquer momento
Introdução ao universo virtual. Hoje é possível ler qualquer livro a
qualquer momento em um desses dispositivos.
A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
Ex.: apresentação do segundo argumento sobre “o
ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento desenvolvimento da tecnologia em campos como o
sobre o tema proposto pela banca. Esse momento dos serviços sociais”
é muito importante para o leitor, pois é aí que será Outro aspecto que merece destaque especial é quan-
mostrada a identificação de suas ideias com o tema. É
to ao atendimento oferecido ao cidadão pelos
um bom momento para apresentá-lo aos argumentos
órgãos do serviço público. Já é possível registrar
sequencialmente ordenados de acordo com a progres-
um boletim de ocorrências via computador ou ainda
são que você dará a sua redação (progressão textual).
agendar a emissão de passaportes junto às agencias da
A introdução deve ser clara e chamar a atenção
Policia Federal em qualquer lugar do Brasil. Consultas
para dois itens básicos: os objetivos do texto e o pla-
médicas podem ser marcadas em hospitais públicos ou
no do desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar
privados e os exames realizados podem ser consultados
alguma previsibilidade de seu projeto, você, autor,
diretamente do banco de dados dessas entidades.
deve expor os caminhos por que percorrerá em sua
explanação. Lembre-se de que o leitor, corretor de seu Ex.: apresentação do terceiro argumento sobre “as
trabalho, é um professor experiente e é a organização inovações em vários outros espaços do cotidiano”
que mais o impressionará nesse momento. Por isso,
não tenha medo de ser objetivo e previamente ilustra- E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que
tivo quanto aos seus propósitos de trabalho. de muitas outras formas a tecnologia interfere
Ex.: Parágrafo de introdução positivamente em nossas vidas. As relações sócias
Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple- se intensificaram depois do surgimento das várias
mentando novos valores à vida do homem moder- redes de relacionamento tendo início com o Orkut e o
no principalmente no que diz respeito a sua vida Facebook, permitindo que as pessoas se reencontrem
em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria mui-
tecnologia em campos como o da educação (2) e o to esforço coletivo para tais eventos. Programas como
dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda o Zoom e o Google Meet possibilitam que as pessoas
muito além disso, atingindo vários outros espaços conversem e interajam em diferentes partes do mundo
do cotidiano (4) da maioria das pessoas. sem nenhum custo além dos já dispensados com seus
(1) A tese: a tecnologia vem implementando novos provedores residenciais. Uma mãe que mora longe dos
valores à vida do homem moderno principalmente no filhos já pode vê-los ou aos netos, pela tela de um note-
que diz respeito a sua vida em sociedade; book ou celular, sempre que sentir saudade.
(2), (3), (4) Os argumentos são levantados a fim
de sustentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia Conclusão
em campos como o da educação (2) / o dos serviços
sociais (3) / inovações atingindo vários outros espaços A conclusão é a retomada da ideia principal, que
do cotidiano (4). agora deve aparecer de forma muito mais convin-
cente, uma vez que já foi fundamentada durante o
Desenvolvimento desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter
de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a
O desenvolvimento é a parte em que você deve confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argu-
expor os elementos que vão fundamentar sua tese que mentação básica empregada no desenvolvimento.
pode vir especificada por intermédio de argumentos,
6 de pormenores, de exemplos, de citações, de dados Ex.: considerações finais
Tendo em vista esses aspectos observados sobre 5° Parágrafo
esse admirável mundo de facilidades técnicas, só nos
resta comentar que não foi só o computador que Levando-se em consideração esses aspectos
tornou a vida do cidadão mais simples e confor- práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
tável, mas outros campos da tecnologia também ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
contribuíram para isso. Os aparelhos de GPS, que zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
nos orientam a qualquer direção, ou ainda diver- que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
sos dispositivos médicos portáteis, garantem a
Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
melhora da qualidade de vida de todos os homens
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
do nosso tempo.

TEORIA DAS MÁSCARAS Observe o texto e a estrutura. Imaginemos que o


tema proposto a nós fosse “A alimentação do brasileiro”
Depois de observar as dificuldades que as pessoas e que a partir desse tema tivéssemos que produzir uma
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos dissertação sobre ele. A primeira coisa a fazer seria a
aqui soluções para esses problemas, sem a pretensão delimitação do tema, ou seja, deveríamos buscar com
de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar um refe-
objetividade uma tese, dentro desse tema, sobre a qual
rencial mais concreto e imediato.
fôssemos capazes de argumentar, como essa:
O método aqui utilizado refere-se ao método Teo-
ria das Máscaras. “A comida dos brasileiros é muito saudável e tem
Leia inicialmente o texto piloto desse projeto: tudo de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”.
Projeto de dissertação O próximo passo seria o de levantar alguns argumen-
Tema: A alimentação do brasileiro. tos que sustentassem a tese proposta com valor de ver-
Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável dade. Veja como fizemos. Já que estávamos falando da
e tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de alimentação dos brasileiros, nada melhor do que falar-
trabalho. mos sobre seus pontos positivos, pontos estes reconhe-
Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; cidos até por especialistas em alimentação mundial. O
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do valor nutricional que compõe o nosso prato mais popu-
cafezinho preto com açúcar. lar. Isso mesmo, o “pf”, o “prato feito” que encontramos
em bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na
1° Parágrafo
maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei-
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi- Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos
bife com salada além da glicose no cafezinho preto o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso
com açúcar fornecem um completo abastecimento de primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas”
energia somada ao prazer. presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à
“cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
2° Parágrafo
temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
É de fundamental importância o consumo de O próximo passo é juntar tudo no primeiro parágra-
alimentos ricos no fornecimento de energia para a fo, de maneira organizada, de forma que as ideias sejam
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, apresentadas em uma sequência que deixe claro ao leitor
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente sobre o que será falado e também qual será a sequência
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em de argumentos que será apresentado para dar credibili-
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe dade a nossa tese. Veja o modelo do primeiro parágrafo:
da energia própria consumida durante o dia.
Todos sabem o quanto, em nosso país, ______________
3° Parágrafo ___________________. Verifica-se que____________________(,)
___________________ além de _____________________ fornecem (ou
Além disso, as proteínas da carne no bife que
- resultam, culminam, têm como consequência...) _____________
comemos servem para repor a massa muscular per-
____________________________________________.
dida durante o trabalho. E somando-se a isso, há as
fibras das verduras e folhas que ajudam no proces-
samento dos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a Compare agora com o parágrafo preenchido com
possibilidade de reafirmarmos o valor nutricional do a tese e com os argumentos e veja a amarração que
conjunto de alimentos de nosso prato mais tradicional conseguimos:
e de justificarmos os hábitos desenvolvidos em nossa Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é
cultura culinária. saudável e tem tudo de que os brasileiros necessitam para
o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidra-
4° Parágrafo tos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada
além da glicose no cafezinho preto com açúcar fornecem
REDAÇÃO

Ainda convém lembrarmos outro hábito que


contribui para o sucesso do nosso bem elaborado um completo abastecimento de energia somada ao prazer.
cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar seguintes, impondo a eles estruturas programadas
reabastece nosso cérebro de energia desviada para os com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
órgãos processadores da digestão no momento em que berá que a continuidade e a progressão textual foram
comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
típica da hora do almoço nos mantendo despertos. texto e aos argumentos. 7
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase de 4o Parágrafo:
apresentação que valoriza o primeiro argumento, depois
fomos completando os espaços em branco que ligavam Ainda convém lembrarmos_________________________
(que é): ________________________________________________
os argumentos entre si com relações preestabelecidas
___________. Esse _________________________________ para
de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; explicação ______________________________. Essa (s) _______________________
― com o “que” ― causa ― com a locução “por causa de”. ___________________________________________________.
Veja que, para manter a continuidade textual recupe-
rando sempre a ideia central do parágrafo, nos preocu- Teremos, após preencher o modelo:
pamos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse”
fechando com uma conclusão sobre esse argumento. Ainda convém lembrarmos outro hábito que con-
tribui para o sucesso do nosso bem elaborado cardápio
É de fundamental importância o______________________ que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições.
__________ para_____________________________________. Podemos Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece
mencionar, por exemplo, ______________que___________________ nosso cérebro de energia desviada para os órgãos pro-
_______________, por causa de _________________________________ cessadores da digestão no momento em que comemos.
_______. Esse _________________________________________________ Essas substâncias reprimem a sonolência típica da
________________________________. hora do almoço nos mantendo despertos.

Observe como ficou a sequência completa do Para os parágrafos de desenvolvimento, também


podemos relacionar frases que você poderá escolher
segundo parágrafo:
para dar originalidade ao seu texto:
É de fundamental importância o consumo de ali- z Ao se examinarem alguns; verifica-se que;
mentos ricos no fornecimento de energia para a movi- z Pode-se mencionar, por exemplo,
mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por z Em consequência disso; vê-se; a todo instante;
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece z Alguns argumentam que;
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra- z Além disso;
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia z Outro fator existente;
própria consumida durante o dia. z Outra preocupação constante;
z Ainda convém lembrar;
z Por outro lado;
Veja agora uma coletânea de frases que podem
z Porém; mas; contudo; todavia; no entanto; entre-
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais: tanto.

É de conhecimento geral que ... Todos sabem que, Lembramos que esses exemplos são apenas
em nosso país, há tempos, observa- se... sugestões e que você poderá desenvolver cons-
Cogita-se, com muita frequência, que... truções que atendam sua necessidade a partir de
Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... quando você for adquirindo experiência com a pro-
É de fundamental importância o (a).... dução de textos.
Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- Tanto quanto podemos criar padrões para a intro-
brir as causas de.... dução e para o desenvolvimento de nossas redações,
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual... também podemos criá-los para a conclusão de nossa
dissertação.
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o Acompanhe a organização de nosso último parágrafo.
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
Levando-se em consideração esses aspectos ______________
às relações de coesão. As conjunções foram posicio- ____________________ somos levados a acreditar que___________
nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de ______________________________________________________________
argumentação. Veja os parágrafos seguindo suas res- __________, mas também____________________. Sendo assim ___
pectivas estruturas vazias: ______________________________________________________________
____________________________________.
3o Parágrafo:
Teremos, após preencher o modelo:
Além disso, ______________________________. E somando-se a Levando-se em consideração esses aspectos
isso,_________________________ que _____________. Daí__________ práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
________________________________________e de__________________ ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
____________________________________. zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Teremos, após preencher o modelo: Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
Os aspectos conclusivos presentes nesse último
Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che-
mos servem para repor a massa muscular perdida
gou ao final do desenvolvimento da tese inicial. As
durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo,
das verduras e folhas que ajudam no processamento dos conduzindo a sequência textual a uma possível solu-
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de ção para os problemas propostos, ou ainda, podem
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen- gerar simples constatações das verdades idealizadas.
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os Você também pode contar com uma pequena lista de
8 hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa.
z Em virtude dos fatos mencionados; 2o Parágrafo
z Por isso tudo;
z Levando-se em consideração esses aspectos; Alguns argumentam que_______________________
z Dessa forma; _______________________ para________________________.
z Em vista dos argumentos apresentados; Isso porque _______________________________. Dessa
z Dado o exposto; forma______________________________________________.
z Por todos esses aspectos;
z Pela observação dos aspectos analisados; Portanto;
3o Parágrafo
logo; então.

Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão Outra preocupação constante é ________________
com as seguintes frases: __________________________________, pois____________
________________________. Como se isso não bastasse,
z somos levados a acreditar que; ________________________ que _______________________
z é-se levado a acreditar que; ____________ Daí _______________________________ que
z entendemos que;
____________e que__________________________________.
z entende-se que;
z concluímos que;
4o Parágrafo
z conclui-se que;
z é necessário que;
z faz-se necessário que. Também merece destaque ______________________
o (a) qual __________________________________________.
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e Diante disso ________________________para que _________
como se deu a criação da primeira máscara: _______________________________________________.
2o Parágrafo
5o Parágrafo
É de fundamental importância o_________________
_____________________ para ______________________________. Tendo em vista os aspectos observados _________
Podemos mencionar, por exemplo,_______________________ _______________________ só nos resta esperar que ___
que_________________________, por causa de____________________ ______________________________, ou quem saiba ______
___________. Esse______________________________________.
____________________________________________________.
3o Parágrafo Consequentemente _________________________________.

Além disso,________________________________________. E Sugerimos a você que faça suas primeiras redações


somando-se a isso,________________________________que_______ baseadas em uma das máscaras prontas, e conforme
___________________________. Daí_____________________________e
forem avançando as aulas, você poderá construir a
de__________________________________________________.
suas próprias máscaras personalizadas.
4o Parágrafo
Por fim, preparamos uma máscara de organização
Ainda convém lembrarmos__________________ (que é):_________ sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se
____________________. Esse_____________________________________
organizar.
________________para_______________________. Essa(s) __________
________________________________________________.
PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)
5o Parágrafo
1° Tema: __________________________________________
Levando-se em consideração esses aspectos____________
somos levados a acreditar que___________________________,
_________________________________________________
mas também_______________________________________ Sendo ass
im_____________________________________________________. 2° Tese: ________________________________________

Muito bem, agora que vimos o processo de criação a) ___________________________


das máscaras, você poderá começar também seu traba-
lho de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais 3°Argumentos
dois outros modelos de máscaras de redação que você
poderá usar como base para suas próprias criações. b)____________________________
c) ____________________________
Vá observando como as máscaras garantem o
encadeamento das ideias, a coesão entre as orações e 4° (1º parágrafo) tese + argumentos
a coerência com as várias possibilidades argumenati- ____________________________________________________
vas. A seguir temos mais um exemplo de máscara _______________________________________________________
_______________________________________________________
REDAÇÃO

MÁSCARA 02 _______________________________________________________
1o Parágrafo ________________________________________.

Entre os aspectos referentes a _______________. 5° (2º parágrafo) justificativas (por que isso
______________________ três pontos merecem destaque ocorre?): argumento “a)” + provas e exemplos
especial. O primeiro é __________________________; o (mostre casos conhecidos ou dê exemplos seme-
segundo ________________ e por fim________________ lhantes ao seu argumento). 9
6° Construa o parágrafo unindo as informações Modelo nº 1
anteriores ao argumento “a)”
____________________________________________________ É fato notório que _____________________________
_______________________________________________________ ___________________________________________________
_______________________________________________________ ______________. Sabe-se que _______________________
_______________________________________________________ ________________________, além da _____________________
________________________________________. ______________________________________________.

7° Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágrafos Preenchendo o modelo, teremos:


para os argumentos “b)” e “c)”
É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa
e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes
____________________________________________________
de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do
_______________________________________________________ arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além
_______________________________________________________ da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um
_______________________________________________________ completo abastecimento de energia somada ao prazer.
________________________________________.
____________________________________________________ „ Definição: o parágrafo por definição é entendi-
_______________________________________________________ do como um método preferencialmente didático,
_______________________________________________________ pois busca, por intermédio de uma explicação
___________________________________________. clara e breve, a exposição do significado de uma
ideia, palavra ou de uma expressão. É a forma
8° Elabore sua conclusão: (confirme sua tese de exposição dos diversos lados pelos quais se
pode encarar um assunto. Pode apresentar tan-
dizendo que, se algum dos argumentos não for con-
to o significado que o termo carrega no uso geral
siderado, a ideia inicial não poderá ser sustentada,
quanto aquele que o falante pretende determi-
ou que os resultados propostos não serão atingidos). nar para o propósito do seu discurso.

____________________________________________________ Uma definição é um enunciado que descreve um


_______________________________________________________ conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos
_______________________________________________________ associados.
_______________________________________________________ Vejam como em nosso parágrafo de exemplo explo-
_______________________________________________________ ramos o conceito global e generalizado sobre o assunto.
_____________________________________. Vocês perceberão como o modelo vazio que segue
este exemplo traz a indução do assunto a ser defini-
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO do. Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
a base dessa informação deve sustentar-se em uma
PARÁGRAFO DISSERTATIVO
verdade consagrada, diferentemente do que vimos
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.
a estrutura dos textos dissertativos. Para isso traba-
lharemos as várias modalidades de parágrafos que Modelo nº 2
podem ser utilizados para a elaboração de uma boa
dissertação. Mostraremos aqui a continuidade de nos- ______________________________ é a denominação
so projeto de máscaras e os vários arranjos que são dada a ________________________. Essa ____________
possíveis ao construí-las. ___________________, mas a hipótese mais aceita é a de
que ________________________________________________.
z Parágrafo de introdução Outra versão afirma que esse ____________ ____________,
que tem origem ____________. O que se sabe é que _____
O parágrafo de introdução tem como uma de suas __________________________________.
funções mais importantes, a de apresentar a tese que
será defendida no decorrer da redação. É também Preenchendo o modelo, teremos:
possível e bastante didático que vocês façam uma pré-
via dos argumentos que serão trabalhados na susten- Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-
tação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orientado, to típico da América Latina. Essa receita não tem uma
logo de saída, a acompanhar o ritmo do pensamento origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que
de vocês e a sequência das suas argumentações. seria fruto de uma combinação do arroz (de origem
oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o fei-
jão, que já seria consumido no Brasil pelos índios. Outra
z Tipos diferentes de parágrafos de introdução:
versão afirma que esse prato foi a união do arroz com
a feijoada, que tem origem africana ou portuguesa. O
„ Declaração inicial: na declaração afirma-se ou
que se sabe é que, ao longo dos séculos, esse prato foi se
nega-se algo de início para em seguida justifi- popularizando por todo o país, passando a ser uma par-
car-se e comprovar-se a assertiva com exem- te quase que indispensável da refeição dos brasileiros.
plos, comparações, testemunhos de autores etc.
Mais uma vez colocamos a estrutura já cons- „ Divisão: o parágrafo de divisão, processo tam-
truída e em seguida a disposição vazia do bém quase que exclusivamente didático, por
parágrafo que poderá ser utilizada por vocês causa das suas características de objetividade
10 sempre que desejarem. e clareza, que consiste em apresentar o tópico
frasal (frase que introduz o parágrafo) sob a principalmente, já se reconhece que os carboidratos
forma de divisão ou discriminação das ideias do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras
a serem desenvolvidas (normalmente a divisão fornecem um completo abastecimento de energia soma-
vem precedida por uma definição, ambas no da ao prazer, justificando os hábitos do passado como
mesmo parágrafo ou em parágrafos distintos). responsáveis pelo tradição alimentar que preservamos.
Usamos aqui como representação desse modelo
o conceito de silogismo (Um silogismo é um ter- „ Interrogação: A ideia núcleo do parágrafo por
mo filosófico com o qual Aristóteles designou interrogação é colocada por intermédio de uma
a argumentação lógica perfeita, constituída de pergunta a qual serve mais como recurso retó-
três proposições declarativas que se conectam rico, uma vez que a questão levantada deve ser
de tal modo que a partir das primeiras duas,
respondida pelo próprio autor. Seu desenvolvi-
chamadas premissas, é possível deduzir uma
mento é feito por intermédio da confecção de
conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por
uma resposta à pergunta.
Aristóteles em sua obra Analíticos Anteriores.

Modelo nº 3 Modelo nº 5

_____________ pode ser representado de duas Será possível determinar qual é ______________ par
maneiras diferentes: ___________ que é ___________ a_____________________________? (Resposta) ____________
____________ e ___________, que é _______________________ ______________________________________________.
__________. Enquanto a primeira ___________se apresen-
ta __________________. Esta, por sua vez, realiza-se por Preenchendo o modelo, teremos:
intermédio de ________________________________________
_____________________________________. Será possível determinar qual é a melhor combi-
nação de alimentos para atender às necessidades diá-
Preenchendo o modelo, teremos: rias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá
O silogismo pode ser representado de duas manei- que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e pro-
ras diferentes: silogismo simples que é formado por um teínas devem compor essa alimentação e não há quase
único núcleo argumentativo e silogismo composto que é nada mais apropriado do que nosso tradicional prato
formado por diversos núcleos argumentativos de elabo- de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções
ração complexa. Enquanto a primeira teoria se apre- perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos
senta pela estrutura filosófica básica consagrada pela têm de recomposição de força e de energia.
antiguidade. Esta, por sua vez, realiza-se por inter-
médio de vários silogismos desenvolvidos para atender z Parágrafos de desenvolvimento
às novas perspectivas de sedução e convencimento.
Após o primeiro parágrafo que, como já vimos,
„ Alusão histórica: a elaboração de um parágrafo pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
por alusão histórica é um recurso que desperta cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
sempre a curiosidade do leitor por meio de fatos dar os elementos que sustentarão essas afirmações
históricos, lendas, tradições, crendices, anedo- iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
tas ou a acontecimentos de que o autor tenha
recursos argumentativos que articularão o convenci-
sido participante ou testemunha (desenvolve-se
mento do leitor quanto à tese apresentada.
geralmente por meio da comparação com o pre-
sente ou retorno a ele). A vantagem desse méto-
do é o de podermos mostrar o desenvolvimento „ Tipos diferentes de parágrafos de desenvolvi-
cronológico de um assunto, expondo sua evo- mento: as possibilidades de ordenação do pará-
lução no tempo. Lembrem-se de que, ao se ser- grafo são várias: exploração de aspectos espaciais e
virem de um fato histórico para sustentar uma temporais, enumeração de pormenores, apresen-
tese, a História é a ciência que estuda o homem tação de analogia, ou contraste, citação de exem-
e sua ação no tempo e no espaço, concomitante à plos, apresentação de causas e consequências.
análise de processos e eventos ocorridos no pas- „ Desenvolvimento por exploração espacial:
sado - e como ela é uma ciência, tem, por conse- ao argumentar, vocês podem se servir da expo-
guinte, um grande valor argumentativo. sição de informações relativas ao lugar em que
os fatos ocorreram.
Observem como isso é simples:
Modelo nº 1
Modelo nº 4

Desde a época da ________________ sabe-se que _____ A cidade (ou região) em destaque é _____________,
______________________________________________ para ___ que fica localizada em ____________, região nobre de
_________________________________. Principalmente hoje ________ É aí onde se localiza __________________________
em dia, reconhece-se que _____________________________ _________ dessa região. Cercada por uma densa flores-
____________________________, além de__________________ ta ___________________, foi bem no centro desse ________
____________________________________________.
REDAÇÃO

______________________________.

Preenchendo o modelo, teremos: Preenchendo o modelo, teremos:

Desde a época da escravidão no Brasil sabia-se A cidade (ou região) em destaque é Pindaíba da
que a alimentação dada a esses novos brasileiros era Serra, que fica localizada em Monte Mole, região
boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó 11
medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos morado- Modelo nº 4
res dessa região. Cercada por uma densa floresta
de mambutis gigantes, foi bem no centro desse san- Muitos acreditam que __________________________
tuário tropical que a próspera cidadezinha se tornou ________________________________________________, por
uma espécie de centro cultural da região por preservar causa da _____________________________. Por outro lado,
até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa his-
sabe-se também que _________________________________
tória: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e
reverenciada pelos devotos naobilicos. _______________________________________________________
_____, quando muitas vezes __________________________
„ Desenvolvimento por exploração temporal: _______________________________________.
nesse modelo o leitor é informado do momen-
to em que os fatos ocorreram com a indicação Ao preenchermos o modelo, teremos:
de datas e outros aspectos temporais. Pode-se
recorrer nesse momento aos artifícios empre- Muitos acreditam que o cafezinho preto com açú-
gados no próprio parágrafo de alusão histórica,
car pode causar excitação e ansiedade quando consu-
já que este também se serve de referências cro-
nológicas como em: mido em excesso, por causa da cafeína e da glicose
presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que
Modelo nº 2 essas substâncias fornecem uma carga suplementar
de energia nos deixando despertos logo após o almo-
A cidade (ou região) em destaque é ____________, ço, quando muitas vezes somos acometidos por uma
que fica localizada em ____________, região nobre de
sonolência indesejada.
_________. É aí onde se localiza _______________________
_______________ dessa região. Cercada por uma densa
Desenvolvimento por exploração de ideias ana-
floresta ____________________, foi bem no centro desse
_______________________________________________________ lógicas e comparação: para organização das ideias,
________________________________________. nossos redatores valem-se de expressões que indicam
confronto valendo-se do artifício de contrapor ideias,
Preenchendo o modelo, teremos: seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto
pode ser de contrastes como de semelhanças. Analo-
No passado, quando pensávamos em alimenta- gia e comparação são também espécies de confronto:
ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência
era muito maior comparada à que vemos nos nos-
“A analogia é uma semelhança parcial que sugere
sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses
uma semelhança oculta, mais completa. Na compara-
alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio-
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul- ção, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma
tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se verbal própria, em que entram normalmente os cha-
um ritual de bem viver. mados conectivos de comparação (quanto, como, do
que, tal qual)”. – Comunicação em prosa Moderna –
„ Desenvolvimento por exploração de porme- Othon M. Garcia.
nores ou de enumerações: nesse modelo de Por exemplo:
parágrafo, vocês têm por objetivo enumerar
características, relacionar aspectos importan- Modelo nº 5
tes sobre algum assunto. A apresentação das
ideias pode ser ou não ordenada segundo uma No caso das _______________________, porque cada qual
ordem de importância. A ordem depende do
tem seus próprios valores __________________. Enquan-
que vocês pretendem enfatizar.
to a __________________________________, as ________, por
Modelo nº 3 sua vez, _____________________________.

Entre os aspectos referentes a___________________ Ao preenchermos o modelo, teremos:


______________________ três pontos merecem destaque
especial. O primeiro é ________________________________ No caso das proteínas do bife e da salada que
___; o segundo________________ e por fim ______________ comemos, seria melhor não generalizar, porque cada
__________________________________________. qual tem seus próprios valores para a alimentação.
Ao preenchermos o modelo, teremos: Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem as
perdas musculares pelo desgaste do dia-a-dia, as verdu-
Entre os aspectos referentes à alimentação dos ras, por sua vez, oferecem as fibras que nos auxiliam
brasileiros, três pontos merecem destaque especial. O no processamento dos alimentos pelo nosso organismo
primeiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz ajudando na absorção dos nutrientes.
com feijão; o segundo diz respeito às proteínas pre-
sentes no bife com salada e por fim a glicose somada à „ Desenvolvimento por exploração de causa
cafeína no cafezinho preto com açúcar que fornecem um e consequência: Dentro de uma perspectiva
completo abastecimento de energia somada ao prazer.
lógica e simples devemos compreender causa
„ Desenvolvimento por exploração de contras- como um fator como gerador de problemas e
te de ideias: na ordenação do parágrafo por consequência como os problemas gerados pela
exposição de contrastes entre si, vocês pode se causa. Trabalhar com causas e consequências é
servir de comparações, ideias paralelas, ideias apresentar os aspectos que levaram ao proble-
12 diferentes e ideias opostas. ma discutido e as suas decorrências.
Modelo nº 6 „ Conclusão por questionamento: nesse mode-
lo vocês partem de um questionamento para
É de fundamental importância o ___________ encerrar seu raciocínio. Mas não se esqueçam
___________________________________________________ de que vocês não devem colocar em dúvida os
__________ para___________________. Podemos men- argumentos desenvolvidos em sua redação.
cionar, por exemplo, ____________________________
Modelo nº 2
que____________________, por causa ________________.
O que mais há para ser tomado como _____________
Ao preenchermos o modelo, teremos: _____________________(?) _______________________ acredi-
tar que _______________________________________________
É de fundamental importância o consumo de ali- ____, mas também _____________________________________
mentos ricos no fornecimento de energia para a movi- ______________(?) Certamente que sim, pois ____________
mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por _____________________________.
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra-
Preenchendo o modelo, teremos:
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia
própria consumida durante o dia.
O que mais há para ser tomado como positivo e
prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos leva
z Parágrafo de conclusão
a acreditar que não é apenas por prazer que somos
seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo
A conclusão de uma dissertação é o momento de
o que ela nos oferece para a manutenção de nossa saú-
se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi
de. E a falta desses ingredientes mudará a saúde de nossa
atingido. É de fundamental importância que não ocor-
população? Certamente que sim, pois a carência de tais
ra contradição com a tese proposta no início de sua
ingredientes nos causará debilidade além de insatisfação.
redação, o que descaracterizaria toda a argumenta-
ção. Vocês, nesse momento, devem fazer uma síntese
„ Conclusão por resposta, solução ou proposta:
geral; ou retomar a ideia inicial, reforçando os pontos
vocês levantam uma (ou mais) hipóteses ou suges-
de partida do raciocínio. Podem também demonstrar
tões do que se deve fazer para transformar a histó-
que uma solução a um problema foi encontrada ou que
ria mostrada durante o desenrolar do texto.
uma proposta de solução pode ser alcançada, ou ainda
que uma resposta a uma pergunta foi encontrada.
Modelo nº 3
Esse momento pode também gerar um questio-
namento final, desde que não concorra com suas
Tendo em vista os aspectos observados sobre
exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser
_________________, só nos resta esperar que
contemplada na conclusão para que ele não se sinta
____________________________. Ou quem saiba ainda
frustrado pela expectativa criada quanto ao tema.
que ____________________________________ para que
Essa volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
______________________ Consequentemente ____________
que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza-
______________________________________________.
dor da conclusão também colabora para a progressão
e continuidade textual.
Preenchendo o modelo, teremos:
„ Tipos diferentes de parágrafos de conclusão:
podemos enumerar alguns exemplos de con- Tendo em vista os aspectos observados sobre
clusões satisfatórias que todos poderão usar nossa alimentação, só nos resta esperar que se
em seus textos dissertativos. garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio.
„ Conclusão por síntese ou resumo: o primei- Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de
ro recurso com que trabalharemos será o do nossa combinação alimentar para que o mundo saiba
resumo ou síntese geral. Nesse caso vocês reto- que no Brasil se come bem. Consequentemente será
mam, resumidamente, aquilo que exploraram possível a qualquer um balancear com eficiência e bai-
durante o texto: xo custo do que se põe na mesa de sua casa.

Modelo nº 1 Agora, pessoal, é começar a criar seus próprios


arranjos e utilizar essas técnicas para compor reda-
ções eficientes que garantam seu sucesso em qualquer
Levando-se em consideração esses aspectos
tipo de concurso que peça a vocês um posicionamento
__________________ somos levados a acreditar que
específico sobre qualquer tema.
não é apenas por ____________________________, mas
também _________________________________. Sendo ass
im_____________________________________________. Construindo as Máscaras de Redação

Ao preenchermos o modelo, teremos: Vamos agora montar nosso quebra-cabeças? Veja


como arranjamos os modelos de maneiras diferentes.
REDAÇÃO

Levando-se em consideração esses aspectos


práticos do prato do brasileiro, somos levados a acre- z Modelo n° 1: Introdução (declaração inicial)
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o É fato notório que _________________________________
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde. _____________________________________. Sabe-se que ____
Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredien- _________________________________________, além da ____
tes nos causará debilidade além de insatisfação. ______________________________________. 13
z Modelo n° 2: desenvolvimento (pormenores ou Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos
de enumerações) de desenvolvimento para esse projeto. Por enume-
rações, o temporal e o por contraste. Forçamos um
Entre os aspectos referentes a ___________________ três pon- pouco a barra, primeiro criando a máscara para, só
tos merecem destaque especial. O primeiro é ______________ depois, completar nossa redação. Afinal de contas,
_____________________; o segundo _________________ e por fim essa é a vantagem do projeto de máscaras.
________________________. Vejam como ficou:

Modelo nº 2: desenvolvimento (temporal)


É fato notório que a comida dos brasileiros é muito
boa e tem tudo de que eles necessitam para o seu longo dia
No passado, quando pensávamos em _______, notá-
de trabalho. Sabe-se que o arroz-com-feijão nos fornece
vamos que ___________________. era ____________ compa-
rada à que vemos recentemente . Hoje, por outro lado,
um completo abastecimento de energia somado ao prazer.
_______________________________ tornaram-se _____________. Entre os aspectos referentes a esse par considera-
O resultado disso é que ______, na atualidade, tornou-se do completo que é o arroz com feijão, três pontos mere-
cem destaque especial. O primeiro está na riqueza de
_________________________.
carboidratos presentes nele e que nos reabastece repon-
do a energia consumida durante o dia; o segundo nos
z Modelo n° 3: desenvolvimento (contraste de ideias) reporta ao sabor exótico e marcante que o alimento ofe-
rece, tornando-o sempre uma escolha positiva quanto ao
Muitos acreditam que __________________________
prazer e por fim deve-se levar em conta a vantagem do
_______________________________________, por causa da
____________________________. Por outro lado, sabe-se também baixo custo dessa combinação se comparado a outros
que_____________________________________________, quando alimentos também computados como importantes para
muitas vezes _____________. a composição de uma alimentação rica.
No passado, quando pensávamos em alimenta-
z Modelo n° 4: conclusão (síntese ou resumo) ção, notávamos que sua relação com sobrevivência era
muito maior comparada à que vemos recentemente.
Levando-se em consideração esses aspectos ______________ Hoje, por outro lado, a qualidade desses alimentos e a
somos levados a acreditar que não é apenas por ________ qualidade da saúde que eles proporcionam tornaram-
_________________________, mas também____________. Sendo -se o foco desse pensamento. O resultado disso é que
assim________________. comer, na atualidade, tornou-se um ritual de bem viver.
Muitos acreditam que a comida presente em nos-
Nova máscara sas mesas é uma das mais saudáveis do mundo, por
É fato notório que _______________________________ causa da sua variedade e equilíbrio. Por outro lado,
______. Sabe-se que ___________________________, além sabe-se também que poderá engordar, quando mui-
da ____________________. Entre os aspectos referentes a tas vezes for consumida sem medida, com inspiração
______________________________ três pontos merecem des-
apenas no sabor e no prazer que oferece.
taque especial. O primeiro é ___________________; o segun-
Levando-se em consideração esses aspectos prá-
do_____________________ e por fim __________________________
__________. No passado, quando pensávamos em __________, ticos do prato do brasileiro somos levados a acreditar
notávamos que ___________________________ era ____________ que não é apenas por prazer que somos seduzidos pela
comparada à que vemos recentemente. Hoje, por outro lado, nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos ofe-
_________________________ tornaram-se _________________. O rece para a manutenção de nossa saúde. Sendo assim,
resultado disso é que ____________, na atualidade, tornou-se concluímos que a falta desse ingrediente em nossa
__________________________. Muitos acreditam que ___________ mesa nos causará debilidade além de insatisfação.
_____________________, por causa da __________________________.
Por outro lado, sabe-se também que _________________, quan- Com esses modelos apresentados, desejamos mos-
do muitas vezes _______________. Levando-se em consideração
trar como é possível programar e treinar nossos tra-
esses aspectos _________________ somos levados a acreditar
balhos de redação se exercitarmos essas habilidades.
que não é apenas por _______________________________, mas
também _____________________. Sendo assim _________________
Porém, é de fundamental importância que você bus-
que ou crie um modelo de máscara com o qual você
____________________. mais se identifique. Isso para que, no momento de
produção de sua redação, principalmente se ocorrer
Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda- durante uma prova de concurso, você já esteja orga-
ção com uma declaração inicial. Como abordamos um nizado. Com isso, espera-se que vocês tenham a van-
tema geral, sem uma relevância científica notória e tagem de partir direto para a elaboração de seu texto
que representa na verdade um conhecimento cultural sem ter de ficar parados buscando inspiração em um
somado às observações de médicos e nutricionistas, momento em que todo segundo é importante
a declaração foi a melhor alternativa, já que não se
compromete com a obrigatoriedade de recorrência a 20 DICAS COM SÍNTESE DE ALGUNS ASPECTOS DE
uma fonte de conhecimento referencial. GRANDE RELEVÂNCIA
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desen-
volvimento mesclando os vários modelos apresenta- Reunimos aqui algumas informações importantes
dos anteriormente. para a organização e revisão de seu trabalho. Algumas
Ao mesmo tempo em que eles nos ofereciam diver- até já foram trabalhadas anteriormente, mas as retoma-
sas alternativas para a estruturação de nosso projeto, remos para criar um procedimento de observação geral.
também nos orientavam dando caminhos a seguir na
argumentação. É como se montássemos realmente z 1° Estética: grafia / alinhamento / paragrafação /
14 um quebra-cabeça. respeito às margens;
Essa serve para qualquer prova de concurso. Já Exemplo:
falamos a respeito disso, mas é importante reforçar. Depois de hoje, iremos para nossas cag casas muito
A maioria das bancas exige que os candidatos apre- felizes.
sentem uma escrita que permita a leitura clara do tex-
to sem a preocupação com o tipo de letra, respeitando z 3° Faça períodos curtos: + ou - 3 períodos por
apenas questões de caixa alta (letra grande marcan- parágrafo.
do o início de frases e nomes próprios) e caixa baixa
(letra pequena compondo o restante da palavra). Com os modelos que lhes apresentamos, vocês
A segunda parte desse item aborda o respeito às puderam observar que, para cada parágrafo de apro-
margens. É de fundamental importância a disposição ximadamente 5 linhas, usamos pelo menos 3 perío-
do texto na folha definitiva. O texto deverá respeitar
dos. Com isso conseguimos algumas vantagens como
os limites impostos pelas margens direita e esquerda,
a de ser mais objetivos e diretos ao abordar uma ideia
nunca ultrapassando seus limites nem se distancian-
e também a de isolar um possível erro dentro de um
do demasiadamente delas:
período sem projetá-lo para o resto do parágrafo.

(1)É de fundamental importância o _________________


________________________________________. para_______________
Margens ________________/(2) Podemos mencionar, por exemplo,
_______________________________que_________________________
______, por causa _______________________________/ (3) Esse
_______________________________do que_______________________
_____________________________________________________________.
Na margem esquerda da folha definitiva de reda-
ção, deve-se iniciar a escrita imediatamente ao lado z 4° A ordem direta facilita na correta pontuação;
da linha, sem deixar folga alguma entre a primeira
letra e a demarcação da margem; Uma das importantes regras de pontuação que
determina o correto emprego da vírgula orienta que,
se a oração estiver em ordem direta (sujeito + verbo +
complementos), não se deve usar vírgula para sepa-
Margens rar termos que se complementam sintaticamente. Ou
seja, se estiverem com alguma dúvida quanto ao uso
de vírgula, reorganize a oração para ver se fica mais
fácil a compreensão da estrutura.
Exemplo:
Na margem direita, a preocupação do candidato
aumenta, pois além de se preocupar com as questões
de divisão silábica e o correto emprego do hífen para
Ordem com termo deslocado:
essa função, ele também deverá se preocupar em não
ultrapassar a linha demarcatória da margem; Termo deslocado Sujeito Verbo

Hoje pela manhã, eu comprei um belo carro novo.


2 cm
Parágrafo Ordem direta:

Eu comprei um belo carro novo hoje pela manhã.


Margens
z 5° Colocação pronominal: qualquer palavra atrai
o pronome oblíquo, por isso não inicie orações e
períodos com verbo.
O último item desse quesito trata da paragrafação,
Caso você esteja com qualquer dúvida em relação
ou seja, disposição dos parágrafos dentro da redação.
à colocação pronominal, coloque uma palavra antes
O candidato deverá deixar bem clara a distância em
do verbo e o pronome será atraído para trás do verbo.
que se iniciará a escritura do parágrafo para que se
Assim a colocação pronominal sempre ficará correta.
faça a diferença com a escrita iniciada junto à mar-
gem. Um afastamento de aproximadamente 2 cm já
é suficiente, ou ainda recorra à velha dica da escola, Falaria-se muito sobre este assunto naquele dia.
pulando dois dedos. (errado)

z 2° O erro: apenas uma linha sobre as palavras Falar-se-ia muito sobre este assunto naquele dia.
REDAÇÃO

erradas; (certo)
Ou
Já falamos sobre isso, mas vou trazer esse item de Muito se falaria sobre este assunto naquele dia.
volta: (sempre certo)
Você deve apenas passar um traço sobre a palavra,
a frase, o trecho ou o sinal gráfico e escrever em segui- z 6° Impessoalidade: as verdades gerais sempre
da o respectivo substituto. têm maior valor. 15
As opiniões pessoais pouco contribuem para a z 20° Caso você tenha feito uma pergunta na tese
sustentação de uma ideia. Por isso as afirmações ou no corpo do texto, verifique se a argumenta-
apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem ção responde à pergunta. Se você eventualmente
representações gerais de valor coletivo: encerrar o texto com uma interrogação, esta pode
estar corretamente empregada desde que a argu-
Acredita-se em vez de Acredito mentação responda à questão. Se o texto for vago,
Sabe-se em vez de Sei a interrogação será retórica e vazia.
Ou outras expressões generalizantes como:
É de conhecimento geral... / Muitos entendem
que... / Muito se tem discutido sobre...
ANOTAÇÕES
z 7° A tese: é aí que você apresenta o seu ponto de
vista, o seu posicionamento diante do tema;
z 8° Os argumentos: é comum a cobrança de temas
próprios às funções dos cargos disputados, por isso
preste sempre atenção nos assuntos recorrentes
dos textos da prova;
z 9° Não se põe título nas redações para concursos: a
menos que isso seja uma exigência do edital.
z 10° Evite a repetição das palavras: use sinôni-
mos e outros termos de recuperação.
Que = o qual / a qual;
Onde = em que , no qual / na qual;
z 11° Vocabulário: procure sempre a clareza na
apropriação vocabular. A linguagem simples torna
o texto mais fluente: pense em explicar seus argu-
mentos como se falasse a uma criança de 10 anos.
Não use erudições do tipo “hodiernamente”; diga:
atualmente ou hoje em dia
z 12° Interferência positiva: se possível apresen-
te propostas que deem solução aos problemas
levantados na redação. Não fique apenas fazendo
constatações óbvias. “Se é para falar bobagem, o
melhor é ficar quieto.”
z 13° Não faça críticas ao governo: essa postura é
pobre e pouco criativa – é o que se chama de lugar
comum. É como se vocês fossem pedir emprego
em uma empresa e criticassem o patrão durante a
entrevista. Isso é ser muito ingênuo.
z 14° O rascunho é importante: é a sua garantia de
poder fazer uma revisão eliminando erros, além
disso, o acabamento bem feito garante a você até
10 % da nota da redação se a estética for um dos
critérios de pontuação. Vale sempre a pena capri-
char. Lembre-se de que é função de quem escreve
seduzir o leitor e o estímulo visual contribui para
que haja uma boa impressão;
z 15° Atente para as expressões vagas ou de signifi-
cado amplo e sua adequada contextualização. Ex.:
conceitos como “certo”, “errado”, “democracia”,
“justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
z 16° Evite expressões como “belo”, “bom’, “mau”,
“incrível”, “péssimo”, “triste”, “pobre”, “rico” etc;
são juízos de valor sem carga informativa, impre-
cisos e subjetivos.
z 17° Fuja do lugar-comum, frases feitas e expres-
sões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabe-
doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios
da linguagem oral devem ser evitados, bem como
o uso de “etc” e as abreviações.
z 18° Não se usam entre aspas palavras estrangei-
ras sem correspondência na língua portuguesa:
hippie, status, dark, punk, chips etc.
z 19° Observe se não há repetição de ideias, falta de
clareza, construções sem nexo (conjunções mal
empregadas), falta de concatenação (coesão) de
ideias nas frases e nos parágrafos entre si, divaga-
16 ção ou fuga ao tema proposto.
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento desumano ou degradante;
[...]
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e

LEGISLAÇÃO ESPECIAL insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortu-


ra, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
dos, por eles respondendo os mandantes, os exe-
cutores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
LEI Nº 9.455/1997 E SUAS [...]
ALTERAÇÕES (ANTITORTURA)
Portanto, crimes de tortura são inafiançáveis,
Antes de adentrar ao disposto na Lei nº 9.455/1997, insuscetíveis de graça e de anistia.
a qual define os crimes de tortura, é importante, pri- Vejamos essas terminologias:
meiro, entender como ela surgiu.
Para isso, observe o texto do seu art. 1º: z Inafiançáveis: não poderá ser arbitrado fiança;
z Graça: Essa competência é do Presidente da Repú-
Art. 1º Constitui crime de tortura: blica, sendo exercida por meio de Decreto. Vale
I - constranger alguém com emprego de violência mencionar que ela pode ser delegada, ou seja, o
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
Presidente da República pode autorizar – através
ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou de decreto – que o Procurador-Geral da República,
confissão da vítima ou de terceira pessoa; Advogado-Geral da União ou Ministros de Estado
b) para provocar ação ou omissão de natureza a exerçam. Importante saber que a graça atin-
criminosa; ge somente os efeitos principais da condenação,
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou subsistindo os efeitos penais secundários, assim
autoridade, com emprego de violência ou grave como os de natureza civil. A doutrina sustenta que
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, o benefício da graça somente pode ser concedido
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida após o trânsito em julgado da sentença condena-
de caráter preventivo.
tória. Todavia, esse embasamento vem sendo cada
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
vez mais superado. A aplicação da graça é indivi-
Cabe destacar, aqui, a definição do termo “tortura” dual, ou seja, possui destinatário certo e determi-
apresentada pela Convenção Contra a Tortura e Outros nado. Além disso, ela gera reincidência e depende
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degra- de pedido do sentenciado.
dantes – promulgada pelo Decreto nº 40/1991. Vejamos: z Anistia: É um benefício de competência do Con-
gresso Nacional que necessita de sanção do Presi-
1. Para os fins da presente Convenção, o termo
dente da República (inciso VIII, art. 48, da CF) e que
“tortura” designa qualquer ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infli- se destina à “extinção da prática de um fato crimi-
gidos intencionalmente a uma pessoa a fim de noso”. Importante frisar que, logicamente, por ser
obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações um benefício concedido pelo Poder Legislativo, tal
ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma concessão se dá através de lei ordinária federal. O
terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de
seu efeito é geral e atinge apenas os agentes que
ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou
outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em praticaram o ato. Como a sua aplicação “extingue”
discriminação de qualquer natureza; quando tais a existência do fato, tem-se que não gera reinci-
dores ou sofrimentos são infligidos por um funcio- dência, bem como extingue os efeitos penais prin-
nário público ou outra pessoa no exercício de fun- cipais e secundários. Atenção! A anistia extingue
ções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu
consentimento ou aquiescência. Não se considerará os efeitos penais, subsistindo os de natureza cível.
como tortura as dores ou sofrimentos que sejam con-
sequência unicamente de sanções legítimas, ou que
sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. Importante!
Crime de tortura não é imprescritível, poden-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

É muito comum, em livros, a denominação “tortu-


ra limpa” para designar os casos de torturas mentais. do ser processado e julgado a qualquer tempo,
Isso se deve ao fato de que a prática delas não deixa não extinguindo a punibilidade pelos efeitos da
vestígios materiais. prescrição.
A Constituição, com a finalidade de proteger os
direitos fundamentais, elencou, nos incisos III e XLIII,
do art. 5º, o repúdio à tortura: MODALIDADES DO CRIME DE TORTURA

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção A doutrina e os Tribunais, visando aplicar a sanção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- cabível, diferenciaram os crimes de tortura em moda-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
lidades. Temos, como exemplo, o REsp nº 1.580.470/
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: PA, j. 24/08/2018, em que o Superior Tribunal de Justi-
[...] ça apresentou o seguinte: 17
Diversamente do previsto no tipo do inciso II do Por sua vez, são crimes materiais quanto ao resul-
artigo 1º da Lei 9.455/97, definido pela doutri- tado. A primeira se consuma com o intenso sofrimento
na como tortura-pena ou tortura-castigo, a qual físico e a segunda com o sofrimento físico e mental.
requer intenso sofrimento físico ou mental, a tortu-
ra-prova, do inciso I, alínea ‘a’, não traz o tormen- Art. 1º Constitui crime de tortura:[...]
to como requisito do sofrimento causado à vítima. II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto-
Basta que a conduta haja sido praticada com o fim ridade, com emprego de violência ou grave amea-
de obter informação, declaração ou confissão da ça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
vítima ou de terceira pessoa e que haja causado forma de aplicar castigo pessoal ou medida de cará-
sofrimento físico ou mental, independentemente de ter preventivo.
sua gravidade ou sua intensidade. Pena - reclusão, de dois a oito anos
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
Como visto, a tortura é classificada de diversas for- presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
mas. Vejamos: físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal. [...]
z Tortura-Pena ou Tortura-Castigo: Intenso sofri-
mento físico ou mental, no ato de submeter alguém, Não se admite arrependimento eficaz (desistir de
sob sua guarda, poder ou autoridade, com empre- prosseguir na execução ou impedir que o resultado se
go de violência ou grave ameaça como forma produza) e nem arrependimento posterior (reparar o
de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter dano ou restituir a coisa, por ato voluntário do agente).
preventivo. A ação penal é pública e incondicionada à repre-
Ex.: pais, curadores, tutores, professores etc.; sentação, ou seja, o Ministério Público, como titular
z Tortura-Prova, Tortura Probatória ou Tortu- da ação, ingressará de ofício e independente de mani-
ra-Persecutória: Se a conduta for praticada com festação de vontade por parte da vítima, não sendo
o fim de obter informação, declaração ou con- possível a ela desistir do prosseguimento da ação.
fissão da vítima ou de terceira pessoa e tenha
causado sofrimento físico ou mental, independen- PENA DO CRIME DE TORTURA
temente de sua gravidade ou sua intensidade.
Ex.: Vemos com frequência em filmes de ação, indi- Conforme art. 1º, a pena do crime de tortura é
víduos realizando tortura, para obter uma confissão reclusão de dois a oito anos. Importa dizer ainda que
ou o paradeiro de uma determinada pessoa; com base no § 1°, do art. 1°, na mesma pena incorre
quem submete pessoa presa ou sujeita à medida de
z Tortura-crime: Provocar ação ou omissão de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermé-
natureza criminosa. dio da prática de ato não previsto em lei ou não resul-
Ex.: líder de um grupo criminoso constrange um tante de medida legal.
membro do grupo que tenha se recusado a praticar Ademais, aquele que se omite em face dessas con-
determinado crime; dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
z Tortura-Racismo, Tortura-Discriminatória ou
Tortura-Preconceituosa: Em razão de discrimi- Art. 1º [...]
nação racial ou religiosa. § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
Ex.: indivíduo que constrange alguém causando-lhe quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
sofrimento físico, por seguir determinada religião. incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Na modalidade de Tortura-Pena ou Tortura-Casti­
go, o crime é próprio (somente será rea­lizado por pes- A omissão citada concorda com o disposto no § 2º,
soa específica), vez que somente pode ser realizado do art. 13, do Código Penal, em que elenca que a omis-
por pessoa que tenha guarda, poder ou autoridade são é penalmente relevante quando o omitente devia
sobre a vítima. e podia agir para evitar o resultado.
Já nas demais modalidades, o crime é comum e
pode ser praticado por qualquer pessoa. Art. 13 [...]
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o
CARACTERÍSTICAS DOS CRIMES DE TORTURA omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
A tortura prevista no inciso I, do art. 1º, é crime a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
formal, uma vez que, para se consumar, não requer a vigilância;
obtenção do resultado almejado pelo agente. b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco
Art. 1º Constitui crime de tortura:
da ocorrência do resultado.
I - constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental: Se o crime de tortura resultar lesão corporal de
a) com o fim de obter informação, declaração ou natureza grave ou gravíssima, a pena será de reclusão
confissão da vítima ou de terceira pessoa; de quatro a dez anos. Se do crime de tortura resultar
b) para provocar ação ou omissão de natureza morte, a pena será de reclusão de oito a dezesseis anos.
criminosa; Vale ressaltar que o crime de tortura não é realiza-
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; do apenas por meio de violência física, mas também
por meio de grave ameaça.
Já a tortura castigo (inciso II, do art. 1º) é a tortura Veja, na tabela, o resumo dos prazos de acordo
18 propriamente dita (§ 1º, art. 1º, da Lei 9.455/1997). com o tipo de tortura:
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRI-
CONDUTA PENA
MENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA.
Crime de Tortura (art. 1º) 02 a 08 anos de reclusão. Não é obrigatório que o condenado por crime de
tortura inicie o cumprimento da pena no regime
Quem submete pessoa
prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei
presa ou sujeita á medida
9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e
de segurança a sofrimento dá outras providências – que “O condenado por
físico ou mental, por inter- crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,
02 a 08 anos de reclusão.
médio da prática de ato iniciará o cumprimento da pena em regime fecha-
não previsto em lei ou não do”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário
resultante de medida legal do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013),
(§ 1º, do art. 1º) afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado
Aquele que se omite em para os condenados por crimes hediondos e equi-
parados, devendo-se observar, para a fixação do
face dessas condutas,
regime inicial de cumprimento de pena, o disposto
quando tinha o dever de 01 a 04 anos de detenção.
no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser
evitá-las ou apurá-las (§ equiparado a crime hediondo, nos termos do art.
2º, do art. 1º) 2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que
Se resulta lesão corporal essa interpretação também deve ser aplicada ao
de natureza grave ou gra- 04 a 10 anos de reclusão. crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar
víssima (§ 3º, do art. 1º) a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997,
que possui a mesma disposição da norma declara-
Se resulta morte da inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar
08 a 16 anos de reclusão.
(§ 3º, do art. 1º) essa posição, não se está a violar a Súmula Vincu-
lante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a cláu-
Aumento de Pena sula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão
de órgão fracionário de tribunal que, embora não
declare expressamente a inconstitucionalidade de
O § 4º, do art. 1º, traz as causas de aumento de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
pena. Conforme esse dispositivo, a pena aumenta de incidência, no todo ou em parte”. De fato, o enten-
um sexto até um terço: dimento adotado vai ao encontro daquele proferido
pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário
z Se o crime for cometido por agente público; submeter tal questão ao Órgão Especial desta Cor-
z Se o crime for cometido contra criança, gestante, por- te, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC:
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos; “Os órgãos fracionários dos tribunais não submete-
z Se o crime for cometido mediante sequestro. rão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de
inconstitucionalidade, quando já houver pronun-
Dentre os vários conceitos de agente público, um ciamento destes ou do plenário do Supremo Tribu-
dos mais completos e esclarecedores é o constante da nal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a
orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se
Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429, de
utilizar, para a fixação do regime inicial de cumpri-
1992). Vejamos:
mento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59,
ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran­ sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal,
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição, é vedado o estabelecimento de regime prisional
nomeação, designação, contratação ou qualquer mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, imposta, com base apenas na gravidade abstrata
cargo, emprego ou função nas entidades menciona­ do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do
das no artigo anterior. regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmu-
Ainda acerca dos agentes públicos, assim dispõe o la 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-
§ 5º, do art. 1º, da Lei nº 9.455, de 1997: PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.
Art. 1º [...] (STJ - HC: 286925 RR 2014/0010114-2, Relator:
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento:
função ou emprego público e a interdição para seu 13/05/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publica-
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. ção: DJe 21/05/2014)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

O efeito da condenação é automático, ou seja, o Temos outro julgado:


juiz não precisa motivar a decisão para que ocorra
esse efeito. Decisão: Vistos. Trata-se de pedido de extensão apre-
sentado por Ramon Roberto de Oliveira nos autos do
Condenado pelo crime de tortura habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública do
Estado do Espírito Santo em favor de Edmar Lopes
Feliciano, buscando igual fixação do regime inicial
O § 7º, do art. 1º, aduz que o condenado por cri­ semiaberto para o cumprimento da pena imposta
me de tortura, exceto na hipótese de que o crime seja ao paciente. Sustenta o requerente, em síntese, haver
praticado na forma omissiva (§ 2º, do art. 1º), iniciará sido processado e condenado à pena de um (1) ano
o cumprimento da pena em regime fechado. e oito (8) meses de reclusão, em regime inicialmente
No entanto, o Supremo Tribunal Federal estipulou fechado, por infração ao disposto no art. 33 da Lei
que não é obrigatório que o condenado por crime de tor- nº 11.343/06, fazendo jus ao cumprimento inicial em
tura inicie o cumprimento da pena em regime fechado: regime semiaberto. 19
Examinado os autos, decido. O pedido de extensão é É necessário ter atenção ao fato de que tais respon-
manifestamente incabível. Observo, de início, que não sabilidades serão incumbidas às empresas nos âmbi-
se cuida o requerente de corréu no mesmo processo tos civil e administrativo.
a que alude o HC nº 111.840/ES, mas de pessoa que,
dizendo haver sido condenado por crime de tráfico de
entorpecentes, e apenado a pena corporal inferior a Dica
quatro anos, faria jus ao cumprimento de sua pena
Fique de olho nas questões de prova quanto à
em regime inicial aberto, razão pela qual inaplicável,
à espécie, o disposto no art. 580 do CPP, ensejando a cobrança das partículas e/ou. No art. 1º, por
situação, quando muito, a impetração perante Tribu- exemplo, pode-se ver que as responsabilidades
nal competente, de habeas autônomo, para o que não serão civil e administrativa. A banca examinado-
se presta a excêntrica petição (anexo de instrução 23). ra pode querer confundir você!
Ademais, além de totalmente desprovida de elemen-
tos mínimos a demonstrar a aventada condenação As empresas as quais a Lei responsabilizará civil
por tráfico, segundo informações prestadas pelo Juízo
e administrativamente estão dispostas no parágrafo
das Execuções Criminais da Comarca de Franco da
Rocha/SP, o requerente encontra-se preso em razão da único do art. 1º. Vejamos:
prática de crimes de roubo qualificado, à pena de sete
(7) anos, um (1) mês e dezesseis (16) dias de reclusão, Art. 1º [...]
em regime inicial fechado, bem como em quinze (15) Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às
dias-multa. Ante o exposto, com fundamento no art. sociedades empresárias e às sociedades sim-
21, § 1º, do RISTF, nego seguimento ao pedido, por ser ples, personificadas ou não, independentemente da
flagrantemente inadmissível. Publique-se. Arquive-se. forma de organização ou modelo societário adota-
Brasília, 21 de fevereiro de 2013. Ministro Dias Toffoli do, bem como a quaisquer fundações, associa-
Relator Documento assinado digitalmente ções de entidades ou pessoas, ou sociedades
(STF - HC: 111840 ES, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, estrangeiras, que tenham sede, filial ou repre-
Data de Julgamento: 21/02/2013, Data de Publicação: sentação no território brasileiro, constituídas de
DJe-037 DIVULG 25/02/2013 PUBLIC 26/02/2013) fato ou de direito, ainda que temporariamente.
Como visto, o STF manifestou pela inconstitucionali-
dade do § 7º, do art. 1º, da Lei 9.455, de 1997. Contudo, até Conforme se vê, o dispositivo, em seu parágrafo
a presente data, o dispositivo legal ainda não foi revogado. único, especifica quais tipos de pessoas jurídicas serão
Ou seja, o STF afastou a sua aplicação no caso concreto, responsabilizadas caso venham a cometer ações que
mas o dispositivo ainda está vigente na lei. Para a sua pro- causem dano contra a Administração Pública nacio-
va, atente-se ao enunciado da questão. Caso o enunciado nal ou estrangeira. Ainda, é importante atentar-se
mencione “nos termos da Lei nº 9.455, de 1997”, responda quanto às palavras “independentemente”, “tempora-
conforme a Lei. Todavia, caso leve em consideração o STF, riamente” e “ainda que”. Vejamos o esquema a seguir:
responda conforme o entendimento dele.

Territorialidade Sociedades Empresárias

Por fim, o art. 2º, da Lei 9.455/1997, dispõe que se Personificadas ou não,
aplica a lei brasileira ainda quando o crime não tenha Sociedades Simples
independentemente da forma
de organização ou modelo
Pessoas Jurídicas

sido cometido em território nacional, sendo a vítima societário adotado


brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
Quaisquer fundações,
jurisdição brasileira – é o que a doutrina intitula de ter- associações de entidades ou
ritorialidade mitigada. pessoas

Sociedades estrangeiras, com


sede, filial ou representação no
território brasileiro, constituídas
LEI Nº 12.846/2013 E SUAS de fato ou de direito, ainda que
temporariamente
ALTERAÇÕES (ANTICORRUPÇÃO)
A presente Lei dispõe acerca das responsabiliza-
Da Responsabilização
ções, no âmbito administrativo e civil, das pessoas
jurídicas ao praticarem atos contra a Administração
Pública nacional ou estrangeira e regulamenta provi- A Lei Anticorrupção destaca que as empresas serão
dências. Essa norma possui 31 (trinta e um) artigos, responsabilizadas de forma objetiva no âmbito civil
dos quais a leitura se mostra imprescindível. e administrativo. As responsabilidades existentes na
doutrina são duas: objetiva e subjetiva, sendo neces-
DISPOSIÇÕES GERAIS sário, para que ocorra essa última, ser apurada, em
processo competente, a existência de dolo ou culpa.
O art. 1º dispõe sobre as responsabilidades das
Conforme se depreende da Lei estudada, a respon-
pessoas jurídicas, doravante empresas, que realiza-
sabilidade das pessoas jurídicas será a objetiva, pois
rem atos contra a Administração Pública. Vejamos:
não depende da apuração de dolo ou culpa.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização Ressalta-se que não se excluirá a responsabilida-
objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas de individual de seus dirigentes ou administradores,
pela prática de atos contra a administração públi- bem como de qualquer pessoa natural, autora, coau-
20 ca, nacional ou estrangeira. tora ou partícipe do ato ilícito.
Ainda, o art. 3º destaca ainda, que as pessoas jurí- Constituem atos lesivos à Administração Pública,
dicas serão responsabilizadas independentemente da nacional ou estrangeira, aqueles que:
responsabilização individual das pessoas naturais e
ressalta ser necessária a apuração da culpabilidade z Atentem contra o patrimônio público nacional ou
dos dirigentes ou administradores, para que possam estrangeiro;
vir a ser responsabilizados por seus atos ilícitos: z Atentem contra princípios da Administração Pública;
z Atentem contra os compromissos internacionais
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não assumidos pelo Brasil.
exclui a responsabilidade individual de seus dirigen-
tes ou administradores ou de qualquer pessoa natu-
ral, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito. Dica
Mais importante do que “decorar” todos os atos
Do Ato Ilícito
lesivos é entender que qualquer ato que atente
Nos termos do art. 186 do Código Civil brasileiro, contra esses três tópicos anteriores será enqua­
tem-se a definição do que configura ato ilícito. Vejamos: drado para fins desta lei.

Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão volun- São exemplos de atos lesivos:
tária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente Art. 5º Constituem atos lesivos à administração
moral, comete ato ilícito. pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta
Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídi-
Os dirigentes e administradores serão responsabi-
cas mencionadas no parágrafo único do art. 1º, que
lizados por seus atos ilícitos na medida de sua culpabi- atentem contra o patrimônio público nacional
lidade, ou seja, é necessário que realizem atos ilícitos/ ou estrangeiro, contra princípios da administra-
ilegais. Conforme o artigo mencionado, o ato ilícito ção pública ou contra os compromissos internacio-
será toda ação (agir) ou toda omissão (deixar de agir) nais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
de forma voluntária, negligente ou imprudente que I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamen-
viole e cause dano a outrem. te, vantagem indevida a agente público, ou a tercei-
A Lei deixa claro que, além da responsabilização ra pessoa a ele relacionada;
da própria empresa (nos âmbitos civil e administrati- II - comprovadamente, financiar, custear, patroci-
vo), ela punirá dirigentes, administradores e todas as nar ou de qualquer modo subvencionar a prática
pessoas naturais que agirem como autores, coautores dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
ou partícipes. Para exemplificar, imagine que, após III - comprovadamente, utilizar-se de interposta
ter celebrado um contrato com a Administração Públi- pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular
ca, desviou-se verbas desse contrato. Nesse caso, os seus reais interesses ou a identidade dos beneficiá-
agentes da Administração que colaboraram para tal rios dos atos praticados;
ato, bem como as pessoas que trabalham na empresa IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina-
responderão por suas condutas ilícitas, pois o desvio
ção ou qualquer outro expediente, o caráter compe-
de verbas é um ato contra a Administração Pública.
titivo de procedimento licitatório público;
Encerrando as disposições gerais, o art. 4º dita que
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de
subsiste, ou seja, permanecerá a responsabilidade qualquer ato de procedimento licitatório público;
das pessoas jurídicas nas hipóteses de alteração con- c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de
tratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
societária. Vejamos a literalidade do artigo: d) fraudar licitação pública ou contrato dela
decorrente;
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurí- e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa
dica na hipótese de alteração contratual, transfor- jurídica para participar de licitação pública ou
mação, incorporação, fusão ou cisão societária. celebrar contrato administrativo;
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a res- f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo frau-
ponsabilidade da sucessora será restrita à obriga-
dulento, de modificações ou prorrogações de contratos
ção de pagamento de multa e reparação integral do
celebrados com a administração pública, sem autori-
dano causado, até o limite do patrimônio trans-
zação em lei, no ato convocatório da licitação pública
ferido, não lhe sendo aplicáveis as demais san-
ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
ções previstas nesta Lei decorrentes de atos e fatos
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-fi-
ocorridos antes da data da fusão ou incorporação,
nanceiro dos contratos celebrados com a adminis-
exceto no caso de simulação ou evidente intuito de
tração pública;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

fraude, devidamente comprovados.


V - dificultar atividade de investigação ou fiscali-
§ 2º As sociedades controladoras, controladas,
zação de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou
coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as
intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das
consorciadas serão solidariamente responsáveis
agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização
pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringin-
do sistema financeiro nacional.
do-se tal responsabilidade à obrigação de pagamen-
to de multa e reparação integral do dano causado.
Atente-se quanto aos verbos dispostos nos incisos:
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA prometer, oferecer, dar, obter e outros, pois a banca
NACIONAL OU ESTRANGEIRA examinadora pode querer confundir você.
Constam, no art. 5º, as condutas a serem pratica-
O art. 5º desta Lei aponta os atos lesivos à Adminis­ das pelos agentes ou qualquer outra pessoa, as quais
tração. Não há segredos, pois são atos muito parecidos consistirão em atos lesivos contra a Administração
com os previstos na lei de Improbidade Administrativa. Pública. 21
Ainda, a Lei considera Administração Púbica É importante ressaltar, nos termos da disposição
estrangeira os órgãos e entidades estatais, bem como legal, que as sanções poderão ser aplicadas de forma
representações diplomáticas de país estrangeiro de isolada, ou seja, somente uma das punições ou de for-
qualquer nível ou esfera de governo, além de pes- ma cumulada, o que resultará na aplicação das duas
soas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, sanções de forma conjunta.
pelo poder público ou estrangeiro. Vale lembrar que Para que tais punições sejam aplicadas, será neces-
a Administração Pública estrangeira é equiparada às sária a fundamentação da decisão, que consiste em
organizações públicas internacionais. uma justificativa, com base na Lei, sobre o porquê
Será considerado agente público estrangeiro todo daquela aplicação sancionatória.
aquele que, transitoriamente ou sem remuneração, A Lei ainda estabelece que as sanções serão apli-
exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos, cadas de acordo com as peculiaridades de cada caso
entidades estatais ou em representações diplomáticas concreto, bem como com a gravidade e a natureza das
de país estrangeiro, bem como pessoas jurídicas con- infrações. Nesse último caso, ressalta-se, por exemplo,
troladas, direta ou indiretamente, pelo poder público que a natureza das infrações poderá ser nos âmbitos
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. civil, administrativo ou penal.
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Dos Valores a serem aplicados como Sanções
A Lei Anticorrupção, conforme temos abarcado,
especifica as condutas a serem consideradas como Os valores a serem considerados para pagamento
atos lesivos contra a Administração Pública e, até esse das sanções aplicadas às empresas jurídicas responsabi-
ponto, sabemos sobre em quem as responsabilizações lizadas pela prática de ato lesivo contra a Administração
recairão, bem como quais condutas praticadas serão Pública consistirão entre 0,1% (um décimo por cento) a
consideradas como atos ilícitos. 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do exercí-
O art. 6º da Lei trata sobre as sanções que poderão cio anterior à instauração do processo administrativo.
ser aplicadas às pessoas jurídicas que forem conside- Serão excluídos os tributos, não sendo inferiores à van-
radas responsáveis pela prática de ato lesivo em des- tagem auferida quando for possível estimá-los.
favor da Administração Pública. Vejamos:
Dica
Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas
às pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos Nos termos do art. 145, da CF/88, tributos são
atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções: impostos, taxas e contribuição de melhorias.
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento)
a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do Caso não seja possível utilizar o critério do valor
último exercício anterior ao da instauração do pro-
bruto auferido do faturamento ao ano anterior à ins-
cesso administrativo, excluídos os tributos, a qual
tauração do processo administrativo, a multa aplica-
nunca será inferior à vantagem auferida, quando
for possível sua estimação; e
da poderá ser no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais)
II - publicação extraordinária da decisão condenatória. a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais). Vale
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamen- ressaltar que será necessária a manifestação jurídica
te, isolada ou cumulativamente, de acordo com as elaborada pela Advocacia Pública ou pelo órgão de
peculiaridades do caso concreto e com a gravidade assistência jurídica ou equivalente do ente público.
e natureza das infrações. Lembre-se de que, mesmo com a aplicação da san-
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo ção pecuniária, não será excluída a hipótese de haver
será precedida da manifestação jurídica elaborada a reparação integral do dano causado à Administra-
pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistên- ção Pública.
cia jurídica, ou equivalente, do ente público.
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo Publicação Extraordinária da Decisão Condenatória
não exclui, em qualquer hipótese, a obrigação da
reparação integral do dano causado.
O art. 6º especifica que uma das sanções a serem
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput, caso não seja
possível utilizar o critério do valor do faturamen- aplicadas às pessoas jurídicas será a publicação
to bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ extraordinária da decisão condenatória. Tal publica-
6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessen- ção ocorre na forma de extrato da sentença da pessoa
ta milhões de reais). jurídica em meios de comunicação de grande cir-
§ 5º A publicação extraordinária da decisão conde- culação na área da prática da infração e de atuação
natória ocorrerá na forma de extrato de sentença, daquela. Na ausência destes, a publicação dar-se-á em
a expensas da pessoa jurídica, em meios de comu- meio de publicação nacional, bem como por afixação
nicação de grande circulação na área da prática de edital em um prazo de, no mínimo, 30 (trinta) dias
da infração e de atuação da pessoa jurídica ou, no próprio estabelecimento ou no local de exercício
na sua falta, em publicação de circulação nacio- da atividade.
nal, bem como por meio de afixação de edital, pelo A publicação deverá ocorrer de modo visível ao
prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio esta- público, bem como em sítio eletrônico na rede mun-
belecimento ou no local de exercício da atividade,
dial de computadores.
de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na
rede mundial de computadores.
§ 6º (VETADO). Fatos a serem considerados para a Aplicação das
Sanções às Pessoas Jurídicas
As sanções aplicadas no caso concreto consisti-
rão em multa pecuniária e publicação extraordinária O art. 7º expõe os fatos que são levados em consi-
da decisão condenatória, conforme disposição dos deração, para que se chegue à aplicação justa, correta
22 incisos. e fundamentada das sanções, quais sejam:
Art. 7º Serão levados em consideração na aplica- § 1º A competência para a instauração e o julga-
ção das sanções: mento do processo administrativo de apuração de
I - a gravidade da infração; responsabilidade da pessoa jurídica poderá ser
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; delegada, vedada a subdelegação.
III - a consumação ou não da infração; § 2º No âmbito do Poder Executivo federal, a Con-
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão; troladoria-Geral da União - CGU terá competência
V - o efeito negativo produzido pela infração; concorrente para instaurar processos administra-
VI - a situação econômica do infrator; tivos de responsabilização de pessoas jurídicas ou
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apura- para avocar os processos instaurados com funda-
ção das infrações;
mento nesta Lei, para exame de sua regularidade
VIII - a existência de mecanismos e procedimen-
ou para corrigir-lhes o andamento.
tos internos de integridade, auditoria e incentivo
à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva
de códigos de ética e de conduta no âmbito da pes- Art. 5º (CF/88) [...]
soa jurídica; LV - Aos litigantes, em processo judicial e adminis-
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa trativo, e aos acusados em geral são assegurados o
jurídica com o órgão ou entidade pública lesados; e contraditório e ampla defesa, com os meios e recur-
X - (VETADO). sos a ela inerentes;

O referido artigo discrimina as condutas a serem O art. 5º da nossa Carta Magna estabelece de for-
consideradas para a correlata aplicação da sanção. ma expressa os princípios constitucionais da ampla
Porém, o inciso X é vetado. Os parâmetros do inciso defesa e do contraditório, os quais são garantidos aos
VIII serão estabelecidos em regulamento do Poder processos judiciais e administrativos.
Executivo Federal.
A gravidade da infração será considerada, visto Apuração dos Atos Ilícitos Praticados em Desfavor
que os danos à Administração Pública poderão trazer da Administração Pública Estrangeira
inúmeras consequências.
Quando esta é prejudicada, prejudicam-se, ainda, Os atos ilícitos praticados em desfavor da Admi-
os cofres públicos, os administrados, as pessoas liga- nistração Pública estrangeira serão apurados pela
das às empresas etc. Desta forma, é necessário anali- Controladoria Geral da União – CGU –, responsável
sar a gravidade da infração cometida, a fim de sopesar por apurar o processo e julgamento, observando-se o
a sansão na proporção do dano causado.
disposto no art. 4º da Convenção sobre o Combate à
Como vimos, não somente a pessoa jurídica será
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em
responsabilizada, mas também os dirigentes, adminis-
Transações Comerciais Internacionais, nos termos do
tradores ou qualquer pessoa natural autora, coautora
art. 9º.
ou partícipe do ato ilícito. Assim sendo, a vantagem
auferida ou pretendida pelo infrator revelará a
intenção concreta do prejuízo que estaria disposto a Dos Trâmites
causar ou que realmente causou, para que, por fim,
possa receber a sanção adequada. Art. 10 O processo administrativo para apuração
A consumação ou não da infração é algo impor- da responsabilidade de pessoa jurídica será con-
tante a ser averiguado. Da mesma forma, é preciso duzido por comissão designada pela autoridade
mensurar o efeito negativo da infração, seja aos cofres instauradora e composta por 2 (dois) ou mais ser-
públicos, aos administrados, à própria empresa etc. vidores estáveis.
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de
representação judicial, ou equivalente, a pedido da
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE
comissão a que se refere o caput, poderá requerer
RESPONSABILIZAÇÃO
as medidas judiciais necessárias para a investiga-
ção e o processamento das infrações, inclusive de
A Lei trata, ainda, sobre o funcionamento e o pro-
busca e apreensão.
cedimento a serem realizados no âmbito administra-
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à
tivo, para que se possa apurar a responsabilização das
autoridade instauradora que suspenda os efeitos
pessoas jurídicas, bem como dos dirigentes, adminis-
do ato ou processo objeto da investigação.
tradores e pessoas naturais que virão a causar danos
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no pra-
em desfavor da Administração Pública.
zo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da
publicação do ato que a instituir e, ao final, apre-
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

sentar relatórios sobre os fatos apurados e even-


administrativo para apuração da responsabilida-
tual responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo
de de pessoa jurídica cabem à autoridade máxima
de cada órgão ou entidade dos Poderes Executi- de forma motivada as sanções a serem aplicadas.
vo, Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou § 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorro-
mediante provocação, observados o contraditório gado, mediante ato fundamentado da autoridade
e a ampla defesa. instauradora.

É importante destacar que a instauração e julga- Importante!


mento do processo administrativo poderá ser uma
atividade delegada, porém é vedada a subdelegação. O processo administrativo será conduzido por
Vejamos: comissão designada pela autoridade instaurado-
ra, sendo composta por 2 (dois) ou mais servido-
Art. 8 [...] res estáveis. 23
Prazo I - a identificação dos demais envolvidos na infra-
ção, quando couber; e
O prazo de conclusão do processo administrativo II - a obtenção célere de informações e documentos
está estipulado em 180 (cento e oitenta) dias, contados que comprovem o ilícito sob apuração.
da data da publicação do ato que instituir o processo
e, ao final, deverá apresentar relatórios sobre os fatos Da mesma forma, de acordo com o § 1º do art. 16,
apurados e a eventual responsabilidade da pessoa para que seja realizado o Acordo de Leniência, será
jurídica, sugerindo, de forma motivada, as sanções necessário o preenchimento dos requisitos exigidos
a serem aplicadas. Tal prazo poderá ser prorrogado nesta Lei de forma cumulada. Isso significa que, para
mediante fundamento da autoridade instauradora. que o Acordo de Leniência seja concretizado, será
necessário que a pessoa jurídica:
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorro-
gado, mediante ato fundamentado da autoridade
instauradora. z Seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse
em cooperar para a apuração do ato ilícito;
Atente-se sempre à letra da Lei. Conforme o § 4º, z Cesse completamente seu envolvimento na infra-
vê-se que não importa quantas vezes a prorrogação ção investigada a partir da data de propositura do
do prazo poderá ser realizada. O dispositivo mencio- Acordo;
na somente que o prazo poderá ser prorrogado. z Admita sua participação no ilícito e coopere, ple-
A pessoa jurídica terá o prazo de 30 (trinta) dias na e permanentemente, com as investigações e o
para apresentar sua defesa, prazo este contado a par- processo administrativo, comparecendo, sob suas
tir da data da intimação. expensas, sempre que solicitada a todos os atos
A instauração de procedimento para que haja a processuais até seu encerramento.
reparação integral do dano não prejudica as demais
aplicações imediatas de sanções trazidas por esta Lei.
O Acordo, desde que preenchidos os requisitos
Ressalta-se, ainda, que, caso não haja o pagamen-
to, o crédito apurado será inscrito em dívida ativa da exigidos, não eximirá a pessoa jurídica da reparação
Fazenda Pública. integral do dano causado, bem como estipulará as
condições necessárias para que seja assegurada a efe-
Da Desconsideração da Personalidade Jurídica tividade da colaboração e para o resultado útil do pro-
cesso. Ainda, a celebração do Acordo isentará a pessoa
A presente Lei garante, em seu art. 14, a desconsi- jurídica da publicação extraordinária da decisão con-
deração da personalidade jurídica. Vejamos: denatória e reduzirá em até 2/3 (dois terços) do valor
da multa aplicável, nos termos do § 2º do art. 16.
Art. 14 A personalidade jurídica poderá ser descon-
siderada sempre que utilizada com abuso do direi- Art. 16 [...]
to para facilitar, encobrir ou dissimular a prática § 4º O acordo de leniência estipulará as condições
dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provo- necessárias para assegurar a efetividade da colabo-
car confusão patrimonial, sendo estendidos todos ração e o resultado útil do processo.
os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica
§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão esten-
aos seus administradores e sócios com poderes
didos às pessoas jurídicas que integram o mesmo
de administração, observados o contraditório e a
ampla defesa. grupo econômico, de fato e de direito, desde que
firmem o acordo em conjunto, respeitadas as con-
A comissão designada dará conhecimento ao MP dições nele estabelecidas.
após a conclusão do Procedimento Administrativo, § 6º A proposta de acordo de leniência somente se
para que haja apuração de eventuais delitos. tornará pública após a efetivação do respectivo
acordo, salvo no interesse das investigações e do
Art. 15 A comissão designada para apuração da processo administrativo.
responsabilidade de pessoa jurídica, após a conclu- § 7º Não importará em reconhecimento da prática
são do procedimento administrativo, dará conheci- do ato ilícito investigado a proposta de acordo de
mento ao Ministério Público de sua existência, para leniência rejeitada.
apuração de eventuais delitos. § 8º Em caso de descumprimento do acordo de
leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de
ACORDO DE LENIÊNCIA celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos
contados do conhecimento pela administração
A lei em estudo dispõe sobre a possibilidade de pública do referido descumprimento.
ser realizado um Acordo de Leniência com as pes-
soas jurídicas que forem responsáveis pelos atos e/ou A celebração de Acordo rejeitada não importará
condutas ilícitos contra a Administração Pública. Tal em reconhecimento de ato ilícito e, caso seja realiza-
Acordo será realizado caso haja a colaboração efetiva do, ocasionará a suspensão do prazo prescricional dos
com as investigações a serem realizadas, bem como atos dispostos nesta Lei.
no processo administrativo.

Art. 16 A autoridade máxima de cada órgão ou enti- Dica


dade pública poderá celebrar acordo de leniência A Administração poderá celebrar o Acordo de
com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática
dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetiva- Leniência com pessoa jurídica responsável pela
mente com as investigações e o processo adminis- prática de atos ilícitos realizados nos ditames da
24 trativo, sendo que dessa colaboração resulte: Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações).
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL Art. 22 Fica criado no âmbito do Poder Executivo
federal o Cadastro Nacional de Empresas Punidas
Art. 18 Na esfera administrativa, a responsabilida- - CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções
de da pessoa jurídica não afasta a possibilidade de aplicadas pelos órgãos ou entidades dos Poderes
sua responsabilização na esfera judicial. Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esfe-
ras de governo com base nesta Lei.
Poderão as pessoas jurídicas ser responsabili- § 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deve-
rão informar e manter atualizados, no Cnep, os
zadas no âmbito judicial, e não somente no âmbito
dados relativos às sanções por eles aplicadas.
administrativo.
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes
Art. 19 Em razão da prática de atos previstos no informações acerca das sanções aplicadas:
art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito I - razão social e número de inscrição da pessoa
Federal e os Municípios, por meio das respectivas jurídica ou entidade no Cadastro Nacional da Pes-
Advocacias Públicas ou órgãos de representação soa Jurídica - CNPJ;
judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, II - tipo de sanção; e
poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das III - data de aplicação e data final da vigência do
seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras: efeito limitador ou impeditivo da sanção, quando
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que for o caso.
representem vantagem ou proveito direta ou indi-
retamente obtidos da infração, ressalvado o direito Posteriormente, após o cumprimento integral do
do lesado ou de terceiro de boa-fé; Acordo de Leniência realizado, bem como após a re-
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades; paração do dano integral causado, serão excluídos os
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica; registros das sanções e os acordos mediante requeri-
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, mento do órgão ou entidade sancionadora.
subvenções, doações ou empréstimos de órgãos
ou entidades públicas e de instituições financeiras Art. 25 Prescrevem em 5 (cinco) anos as infra-
públicas ou controladas pelo poder público, pelo ções previstas nesta Lei, contados da data da ciên-
prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos. cia da infração ou, no caso de infração permanente
ou continuada, do dia em que tiver cessado.
Os órgãos descritos no dispositivo mencionado pode- Art. 26 A pessoa jurídica será representada no pro-
rão ajuizar competente ação para a aplicação de san- cesso administrativo na forma do seu estatuto ou
ções às empresas jurídicas. No que concerne ao inciso contrato social.
III, para que ocorra a dissolução compulsória da pessoa § 1º As sociedades sem personalidade jurídica
jurídica, deverá ter sido a personalidade jurídica usada serão representadas pela pessoa a quem couber a
de maneira habitual com o objetivo de facilitar ou de administração de seus bens.
promover a prática dos atos ilícitos ou, ainda, ter sido § 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada
criada para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou pelo gerente, representante ou administrador de sua
a identidade de quem se beneficiaria com a prática dos filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil.
atos ilícitos. Vejamos a íntegra do dispositivo do § 1º, art. Art. 27 A autoridade competente que, tendo conhe-
19: cimento das infrações previstas nesta Lei, não ado-
tar providências para a apuração dos fatos será
Art. 19 [...] responsabilizada penal, civil e administrativamen-
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica te nos termos da legislação específica aplicável.
será determinada quando comprovado: Art. 28 Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de for- por pessoa jurídica brasileira contra a administração
ma habitual para facilitar ou promover a prática de pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior.
atos ilícitos; ou Art. 29 O disposto nesta Lei não exclui as compe-
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular tências do Conselho Administrativo de Defesa Eco-
interesses ilícitos ou a identidade dos beneficiários nômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da
dos atos praticados Fazenda para processar e julgar fato que constitua
infração à ordem econômica.
As sanções dispostas na letra da lei poderão ser apli-
cadas de forma isolada ou cumulativamente, bem como REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
as ações que forem propostas pelo Ministério Público
poderão aplicar as sanções dispostas no art. 6º desta Lei http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
juntamente com as sanções dispostas no art. 19. l10406compilada.htm. Acesso em: 02 de jul. de 2021.
Em caso de condenação, a obrigação de reparar o http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
dano será certa e o valor deverá ser apurado em liqui- 2014/2013/lei/l12846.htm. Acesso em: 05 jul. de 2021.
dação de sentença caso esta não tenha já apurado o http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
valor expressamente.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

constituicao.htm. Acesso em: 05 jul. de 2021.

Importante!
As sanções poderão ser aplicadas de forma iso-
lada ou cumulativa.
LEI Nº 13.869/2019 (ABUSO DE
AUTORIDADE)
DISPOSIÇÕES FINAIS A Lei 13.869/2019, também conhecida como Lei de
Abuso de Autoridade, apresenta em sua vertente de
Será criado, no âmbito do Poder Executivo fede- estrutura central os crimes de abuso de autoridade,
ral, o CNEP – Cadastro Nacional de Empresas Puni- cometidos por agente público, servidor ou não, que,
das –, a fim de dar publicidade às sanções que forem no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
aplicadas. -las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. 25
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de auto- Admite-se, entretanto, ação privada se a ação penal
ridade, cometidos por agente público, servidor ou pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao
não, que, no exercício de suas funções ou a pretex- Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
to de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
atribuído. processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
Nota-se que se trata de crime próprio, pois somen- retomar a ação como parte principal (§ 1º, do art. 3º).
te poderá ser praticado por agente público. A ação privada subsidiária será exercida no prazo
de 6 meses, contado da data em que se esgotar o pra-
Art. 1º [...] zo para oferecimento da denúncia.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem cri-
me de abuso de autoridade quando praticadas pelo Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação
agente com a finalidade específica de prejudicar penal pública incondicionada.
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, § 1º Será admitida ação privada se a ação penal
ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. pública não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
Nesse contexto, apenas restará caracterizado cri-
em todos os termos do processo, fornecer ele-
me de abuso de autoridade quando o ato for praticado mentos de prova, interpor recurso e, a todo tem-
pelo agente com a finalidade específica de prejudicar po, no caso de negligência do querelante, retomar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, a ação como parte principal.
ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. § 2º A ação privada subsidiária será exercida no
prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se
esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
Importante!
É de suma importância o entendimento de que se
A divergência na interpretação de lei ou na ava- trata de prazo decadencial impróprio, pois mesmo
liação de fatos e provas não configura abuso de que esgotado o prazo, o Ministério Público poderá
autoridade (§ 2°, do art. 1°). ingressar com a denúncia.

DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO


SUJEITOS DO CRIME
O art. 4º da Lei 13.869/2019 elenca os efeitos secun-
O art. 2º da Lei traz um rol de autoridades que dários da condenação. Assim, uma vez condenado, o
podem ser sujeitos ativos dos crimes previstos na Lei agente terá que: tornar certa a obrigação de inde-
de Abuso de Autoridade. Atente-se para o fato de que nizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a
se trata de um rol exemplificado. requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor
mínimo para reparação dos danos causados pela
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de auto- infração, considerando os prejuízos por ele sofridos
ridade qualquer agente público, servidor ou não, (I); ser inabilitado para o exercício de cargo, mandato
da administração direta, indireta ou fundacional ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos (II); per-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, der o cargo, o mandato ou a função pública (III).
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, É importante destacar que a inabilitação e a per-
compreendendo, mas não se limitando a: da do cargo não possuem efeitos automáticos e deve-
I - servidores públicos e militares ou pessoas a rão ser expressamente declarados na sentença pelo
eles equiparadas; juiz; também estão condicionados à reincidência em
II - membros do Poder Legislativo; crime de abuso de autoridade. (§ único, art. 4º).
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público; Efeito da Condenação
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
Pode cometer o crime qualquer agente público, ser- crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na
vidor ou não, da administração direta, indireta ou fun- sentença o valor mínimo para reparação
dacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. Inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública pelo período de 1 a 5 anos
Art. 2° [...]
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para
os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda Perda do cargo, do mandato ou da função pública
que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
mandato, cargo, emprego ou função em órgão
ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. Dentre as formas de penas cabíveis no Direito
Penal brasileiro, existem aquelas que são restritivas
DA AÇÃO PENAL de direitos, também chamadas de penas alternati-
vas. O art. 5° da Lei 13.869/2019 elencou as hipóte-
Os crimes previstos na Lei de Abuso de Auto- ses de cabimento, apresentando as penas restritivas
ridade são de ação penal pública incondicionada de direitos substitutivas das privativas de liberdade.
26 (art. 3º) Vejamos:
z Penas restritivas de direitos: estado de
necessidade
Decisões da
„ Prestação de serviços à comunidade ou a enti- esfera penal
Existência ou autoria
do fato legítima
dades públicas; que fazem coisa defesa
„ Suspensão do exercício do cargo, da função ou julgada na cível e Ato praticado em
administrativa estrito
do mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com a cumprimento
de dever legal
perda dos vencimentos e das vantagens.
exercício
regular de
As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas direito
autônoma ou cumulativamente (parágrafo único, art. 5º).
De forma isolada, aplica-se apenas uma delas, DOS CRIMES E DAS PENAS
como, por exemplo, a aplicação da pena restritiva de
direito de prestação de serviços à comunidade. A partir do art. 9º da Lei, são elencados diversos
De forma cumulativa, são aplicadas duas penas crimes. Vamos trabalhar um por um.
em conjunto. O art. 9º tipifica a conduta de decretar medida de
As penas restritivas de direito têm a finalidade de privação da liberdade em manifesta desconformida-
substituir as penas restritivas de liberdade. de com as hipóteses legais. A pena para o crime é de
detenção de 1 a 4 anos mais multa.
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E Inicialmente, cabe ressaltar que as hipóteses legais
ADMINISTRATIVA de privação da liberdade são: prisão em flagrante;
prisão temporária e prisão preventiva. Deste modo,
É importante, antes de adentrarmos no assunto, o a autoridade que dispõe de competência para determi-
conhecimento das três esferas de punição: adminis- nar a privação de liberdade, e a faz fora das hipóteses
trativa, civil e penal. legais, cometerá o crime previsto nesse artigo.
A consumação da conduta prevista no caput
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplica- dar-se-á no momento da decretação da medida de pri-
das independentemente das sanções de nature- vação da liberdade; trata-se de uma conduta comis-
za civil ou administrativa cabíveis. siva. Já a consumação do parágrafo único (descrito a
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos seguir) ocorrerá com a prática de uma das condutas
nesta Lei que descreverem falta funcional serão descritas, tratando-se de uma conduta omissiva (dei-
informadas à autoridade competente com vistas à xar de fazer).
apuração.
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em
manifesta desconformidade com as hipóteses legais:
Podemos concluir, portanto, que as notícias de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
crimes previstos na Lei que descreverem falta funcio- Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autorida-
nal serão informadas à autoridade competente tendo de judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
como objetivo a apuração. I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
O art. 7º da Lei 13.869/2019 apresenta a seguinte II - substituir a prisão preventiva por medida cau-
redação: telar diversa ou de conceder liberdade provisória,
quando manifestamente cabível;
Art. 7º As responsabilidades civil e administrati- III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus,
va são independentes da criminal, não se podendo quando manifestamente cabível.
mais questionar sobre a existência ou a autoria
do fato quando essas questões tenham sido decidi- É interessante salientar que figuram como sujei-
das no juízo criminal. tos ativos do crime os Ministros, os desembargadores
e juízes, pois são estes os responsáveis por decretar
Imagine que um agente penitenciário realiza a medida de privação da liberdade. Em contrapartida,
conduta de constranger o preso, mediante violência, preenche o polo passivo do crime a pessoa que ficou
dentro da cela. A conduta do agente gerará penali- privada de liberdade.
dade nas três esferas: administrativa (por meio de Trata-se de um crime formal, pois não há necessi-
um Processo Administrativo Disciplinar, podendo ser dade do resultado para a sua consumação.
A próxima conduta que iremos analisar é a do art. 10,
demitido), civil (por meio de processo judicial – res-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

que consiste no decreto de condução coercitiva de teste-


sarcimento à vítima por danos morais e/ou materiais)
munha ou investigado de forma manifestamente descabi-
e penal (processo judicial, aplicando-se uma pena).
da ou ainda sem prévia intimação de comparecimento
No entanto, se o agente penitenciário não for con-
ao juízo. A consumação do crime dá-se no momento em
denado na esfera penal, não poderá ser condenado que é decretada a medida de condução, sendo que a pena
nas esferas administrativa e civil. é de detenção, de um a quatro anos, e multa.
Atenção! Quando a esfera penal decide, não se pode É importante considerar que, ao contrário do cri-
mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato. me previsto no art. 9º, esse não é cometido apenas
Outras situações que fazem coisa julgada nas esfe- pelos magistrados, uma vez que pode ser cometido por
ras cível e administrativa é a sentença penal que reco- autoridade policial, membro do Ministério Público ou,
nhece ter sido o ato praticado em estado de necessidade, até mesmo, por Comissão Parlamentar de Inquérito.
em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever O sujeito ativo é a autoridade que possui competência
legal ou no exercício regular de direito (Art. 8º). para decretar a medida de condução coercitiva. 27
Art. 13 Constranger o preso ou o detento, mediante
Importante! violência, grave ameaça ou redução de sua capaci-
dade de resistência, a:
O Supremo Tribunal Federal decidiu que a con- I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido
dução coercitiva do investigado ou do réu para à curiosidade pública;
interrogatório no âmbito da investigação ou ação II - submeter-se a situação vexatória ou a cons-
penal é ilegal por afronta ao direito ao silêncio do trangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO).
acusado e ao princípio da não autoincriminação.
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
ta, sem prejuízo da pena cominada à violência.
O art. 12 da Lei tipifica a conduta de deixar injusti-
ficadamente de comunicar prisão em flagrante à auto-
O art. 15 prevê como crime o ato de obrigar alguém
ridade judiciária no prazo legal.
que possua dever legal de sigilo a depor mediante
Nesse mesmo sentido, o art. 306 do Código de Pro-
ameaça de prisão.
cesso Penal determina que a prisão de qualquer pessoa
e o local onde se encontra serão comunicados imedia-
Art. 15 Constranger a depor, sob ameaça de prisão,
tamente ao juiz competente, ao Ministério Público e pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou
à família do preso ou à pessoa por ele indicada. profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
O art. 12, portanto, criminaliza a desobediência Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
deste dispositivo que assegura um direito importan- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
tíssimo do paciente. Ou seja, a autoridade policial que prossegue com o interrogatório:
deixa de comunicar a prisão em flagrante à autoridade I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao
judiciária no prazo de 24 horas incorre no crime pre- silêncio; ou
visto neste artigo, configurando abuso de autoridade. II - de pessoa que tenha optado por ser assistida
A prisão em flagrante que não é comunicada ime- por advogado ou defensor público, sem a presença
de seu patrono.
diatamente à autoridade judiciária é, portanto, arbi-
trária e ilegal.
Nesse mesmo sentido, dispõe o art. 207 do Código
de Processo Penal:
Art. 12 Deixar injustificadamente de comunicar
prisão em flagrante à autoridade judiciária no pra-
zo legal: Art. 207 São proibidas de depor as pessoas que,
em razão de função, ministério, ofício ou profis-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
são, devam guardar seguredo, salvo se, desobri-
e multa.
gadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho.
O parágrafo único do art. 12 estabelece as condu-
tas equiparadas em seus incisos. Desse modo, incorre Um exemplo dessa situação é o advogado que
na mesma pena quem: explana seu cliente com a finalidade de constrangê-lo,
sendo que possuía o dever de guardar segredo ou res-
Art. 12 [...] guardar sigilo, em razão da profissão (cabe lembrar
§ 1º [...] que nada impede que o advogado testemunhe em
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execu- determinado crime, quando não atua como advogado
ção de prisão temporária ou preventiva à autori- da parte).
dade judiciária que a decretou; Incorre na mesma pena quem prossegue com o
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão interrogatório de pessoa que tenha decidido exercer
de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua o direito ao silêncio ou optado por ser assistida por
família ou à pessoa por ela indicada;
advogado ou defensor público, sem a presença de seu
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24
patrono (parágrafo único).
(vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
O delito tipificado no art. 16 possui relação com o
pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes
inciso LXIV, art. 5º, da Constituição Federal, segundo o
do condutor e das testemunhas;
qual o preso tem direito à identificação dos responsá-
IV - prolonga a execução de pena privativa de
veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
liberdade, de prisão temporária, de prisão preven-
tiva, de medida de segurança ou de internação, dei-
Por esse motivo, a Lei de Abuso de Autoridade tipifi-
xando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de ca a conduta de deixar de identificar-se ou identificar-
executar o alvará de soltura imediatamente após -se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
recebido ou de promover a soltura do preso quando quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão. A
esgotado o prazo judicial ou legal. pena é de detenção de 6 meses a 2 anos e multa.

Art. 16 [...]
O crime previsto nesse artigo é um crime omissi-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
vo próprio, consumando-se quando o agente deixa de
como responsável por interrogatório em sede de
fazer o que estabelece a lei. procedimento investigatório de infração penal, dei-
O art. 13 traz uma modalidade de constrangimento xa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
ilegal, sendo tipificado o ato de constranger o preso falsa identidade, cargo ou função.
ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou
redução de sua capacidade de resistência. O art. 18 estabelece como crime a conduta de sub-
Inicialmente, cabe ressaltar a diferença entre pre- meter o preso a interrogatório policial durante o
so e detento. Preso é a pessoa que teve sua prisão for- período noturno, salvo em caso de prisão em flagran-
malizada; já o detento é aquele que está sob custódia te ou se ele, devidamente assistido, consentir em pres-
do Estado, porém, não condenado por sentença transi- tar declarações. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
28 tada em julgado (não teve a prisão formalizada). (dois) anos, e multa.
O interrogatório do preso não poderá ser realizado Esse direito possui base constituicional, sendo con-
durante o repouso noturno. Segundo os professores siderado uma garantia fundamental, podendo ser loca-
e doutrinadores Rogério Sanches e Rogério Greco, o lizado no inciso LXIII, art. 5º, da Constituição Federal,
período de repouso noturno é estabelecido após as 21 expondo que o preso será informado de seus direitos,
horas e antes das 5 horas. entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe asse-
Recentemente, a Nova Lei de Abuso de Autoridade gurada a assistência da família e de advogado.
(13.869/19) tratou sobre este assunto, concretizando Ademais, podemos citar o inciso IX, art. 41, da Lei
os entendimentos doutrinários quanto ao horário: de Execução Penal:
Art. 22 Invadir ou adentrar, clandestina ou astu-
Art. 41 - Constituem direitos do preso: [...]
ciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele per-
[...]
manecer nas mesmas condições, sem determinação
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. A conduta criminosa versa sobre o impedimento
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no injustificado de entrevista pessoal e reservada com o
caput deste artigo, quem: advogado. Atente-se para a palavra “injustificado”,
[...] vez que, caso o impedimento for devidamente justifi-
III - cumpre mandado de busca e apreensão domi- cável, estaremos diante de uma conduta atípica.
ciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das Trata-se de conduta proibida, constituindo crime,
5h (cinco horas). a manutenção de presos de ambos os sexos em uma
mesma cela ou espaço de confinamento.
Apesar disso, não se pode afirmar que houve a
modificação do horário para todos os crimes do Código
Art. 21 Manter presos de ambos os sexos na mesma
Penal, porque se trata de uma legislação especial, que
cela ou espaço de confinamento:
somente se aplica aos crimes de abuso de autoridade.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
Dica mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
na companhia de maior de idade ou em ambiente
O examinador da banca pode dificultar a questão,
inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069,
portanto saiba que é atípica a conduta descrita
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
nesse artigo quando o agente estiver em flagrante. Adolescente).

De acordo com o art. 19, constitui conduta criminosa:


É imprescindível resguardar a segurança e as
condições básicas dos detentos e, por isso, é de suma
Art. 19 Impedir ou retardar, injustificadamente,
o envio de pleito de preso à autoridade judiciária importância a separação de sexos.
competente para a apreciação da legalidade de sua O art. 22 criminaliza a conduta de invadir ou aden-
prisão ou das circunstâncias de sua custódia: trar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên-
cias, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
O pleito ao qual se refere o arquivo diz respeito determinação judicial ou fora das condições estabele-
ao direito de representação e petição do preso. É uma cidas em lei.
forma de solicitação, verbal ou escrita, em defesa de
seus direitos. Art. 22 [...]
Importa dizer que é punível o magistrado, incor- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
rendo na mesma pena, quando ciente do impedimento multa.
ou da demora, deixa de tomar as providências tenden- § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
tes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir caput deste artigo, quem:
sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade I - coage alguém, mediante violência ou grave
judiciária que o seja (parágrafo único, do art. 19). ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
Vale ressaltar que deverá ser analisada a compe- dependências;
tência do juízo, porque, se o juízo for incompetente, II - (VETADO);
poderá desconstituir a conduta criminosa. III - cumpre mandado de busca e apreensão domi-
Esse crime diz respeito às condutas de impedir, sem ciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das
justa causa, entrevista pessoal e reservada do preso 5h (cinco horas).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

com seu advogado; é punível com pena de detenção § 2º Não haverá crime se o ingresso for para pres-
de acordo com o art. 20 da Lei de Abuso de Autoridade. tar socorro, ou quando houver fundados indícios
que indiquem a necessidade do ingresso em razão
Art. 20 [...] de situação de flagrante delito ou de desastre.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa. Outro crime que tem como escopo a proteção dos
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem direitos fundamentais previstos na Constituição Fede-
impede o preso, o réu solto ou o investigado de
ral refere-se ao inciso XI do art. 5º, que estabelece
entrevistar-se pessoal e reservadamente com
que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
seu lado e com ele comunicar-se durante a audiên- dor, o imóvel alheio salvo em caso de flagrante delito
cia, salvo no curso de interrogatório ou no caso de ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
audiência realizada por videoconferência. por determinação judicial. 29
Portanto, de acordo com o § 2º do art. 22 da Lei Um exemplo da doutrina é a obteção de provas por
13.869/2019, não haverá crime se o ingresso for para meio de escuta telefônica não autorizada. Portanto, se
prestar socorro, ou quando houver fundados indícios a autoridade fizer uso de prova que saiba ser ilícita,
que indiquem a necessidade do ingresso em razão de incide em conduta equiparada.
situação de flagrante delito ou de desastre. O art. 27 estabelece como conduta criminosa o
Vale pontuar que incorre na mesma pena, de acor- ato de iniciar procedimento de investigação contra
do com o § 1° do art. 22, quem: alguém sem haver qualquer prova do cometimento
do delito ou infração.
z Coage alguém, mediante violência ou grave amea-
ça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas Art. 27 Requisitar instauração ou instaurar procedi-
dependências; mento investigatório de infração penal ou adminis-
trativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer
z Cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar
indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de
após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h
infração administrativa:
(cinco horas). Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
O art. 23 desta Lei trata de uma forma do crime de Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de
fraude processual (CP): sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.
Art. 23 Inovar artificiosamente, no curso de dili-
gência, de investigação ou de processo, o estado de Podemos analisar que o referido texto traz a esfera
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se administativa e a esfera penal, tendo a finalidade de
de responsabilidade ou de responsabilizar criminal- evitar a instauração de procedimento investigatória
mente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: com a falta de indícios da prática do crime.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Vale destacar que a investigação preliminar sumá-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pra- ria constitui procedimento administrativo e tem como
tica a conduta com o intuito de: objetivo o caráter preparatório, informal e de acesso
I - eximir-se de responsabilidade civil ou adminis- restrito, visando a coleta de elementos de autoria e
trativa por excesso praticado no curso de diligência; materialidade, dados relevantes para a instauração
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados
de procedimento correcional acusatório.
ou informações incompletos para desviar o curso
A divulgação de gravação sem relação com a pro-
da investigação, da diligência ou do processo.
va que se pretenda produzir, à despeito de expor a
intimidade ou vida privada da vítima, ferindo-lhe a
Um exemplo clássico é o do policial que altera a cena honra e a imagem, constitui crime punível na forma
de um crime, por exemplo colocando drogas no local, com do art. 28.
a finalidade de agravar a responsabilidade do acusado.
Ademais, incorre na mesma pena quem pratica a Art. 28 [...]
conduta com o intuito de eximir-se de responsabilida- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
de civil ou administrativa por excesso praticado no
curso de diligência (I) ou omitir dados ou informações A grande finalidade desse crime é evitar a divul-
ou divulgar dados ou informações incompletos para gação da vida privada do investigado ou acusado,
desviar o curso da investigação, da diligência ou do valendo destacar que nesse crime é necessário que
processo (II). a gravação ou trecho de gravação decorra de uma
O art. 24 possui a mesma essência do artigo ante- interceptação legal, sem relação com a prova que se
rior; trata-se de um tipo de fraude processual que visa pretenda produzir.
punir o agente que: O art. 29 tipifica a conduta de prestar informação
falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal
Art. 24 Constranger, sob violência ou grave amea- ou administrativo com o fim de prejudicar interes-
ça, funcionário ou empregado de instituição hospi- se de investigado. (Pena - detenção, de 6 (seis) meses a
talar pública ou privada a admitir para tratamento 2 (dois) anos, e multa).
pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de De acordo com o art. 30, instaurar procedimento
alterar local ou momento de crime, prejudicando de investigação contra alguém, sabendo ser esta pes-
sua apuração: soa inocente, constitui crime:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
ta, além da pena correspondente à violência. Art. 30 Dar início ou proceder à persecução penal,
civil ou administrativa sem justa causa fundamen-
Exemplo: policial que realiza o constrangimento tada ou contra quem sabe inocente: (Promulga-
do médico de um determinado hospital, com a finali- ção partes vetadas)
dade de alterar o momento do crime. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Proceder à obtenção de prova, em procedimento de
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente O autor da conduta deverá saber que o indivíduo
ilícito é conduta tipificada no artigo 25 da Lei de Abu- era inocente; se o autor não souber e enquadrar-se
so de Autoridade. nos requisitos do art. 27 (instaurar procedimento com
a falta de indício), responderá por este crime.
Art. 25 [...] O art. 31 determina que aquele que estender, de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. forma injustificada, a investigação a fim de procrasti-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz ná-la, em prejuízo do investigado, incorre em condu-
uso de prova, em desfavor do investigado ou fisca- ta típica punível com detenção, de 6 (seis) meses a 2
30 lizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude. (dois) anos, e multa.
Art. 31 [...] Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
inexistindo prazo para execução ou conclusão de utiliza de cargo ou função pública ou invoca a con-
procedimento, o estende de forma imotivada, procras- dição de agente público para se eximir de obrigação
tinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado. legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.

O grande enfoque dessa conduta é gerar prejuízo ao Nesse ponto, relaciona-se ao Poder Judiciário, por
investigado pela procastinação da autoridade responsá- meio de um processo em que o valor extrapole exa-
vel; no entanto, nem sempre a demora no procedimento cerbadamente; no entanto, para tornar-se crime, será
constitui abuso de autoridade, devendo-se pautar pelos necessária a conduta de deixar de corrigir, mesmo
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Por- estando ciente.
tanto, atente-se à conduta e ao prejuízo causado. O art. 37 criminaliza a conduta de demorar injus-
No artigo 32, lê-se: tificadamente no exame de processo de que tenha
Art. 32 Negar ao interessado, seu defensor ou advo-
requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de
gado acesso aos autos de investigação preliminar, ao procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento.
termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
Art. 37 Demorar demasiada e injustificadamente
outro procedimento investigatório de infração penal,
no exame de processo de que tenha requerido vista
civil ou administrativa, assim como impedir a obten-
ção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar
a diligências em curso, ou que indiquem a realização seu andamento ou retardar o julgamento:
de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
e multa.
Aqui, englobam-se as turmas recursais ou órgãos
O grande eixo desse ponto relaciona-se à condu- colegiados, nos quais se demora demasiada e injusti-
ta de negar, prejudicando a defesa e a proteção dos ficadamente o exame do processo, tendo como base o
direitos fundamentais do acusado. intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o
Vale ressaltar a Súmula de nº 14 do Supremo Tri- julgamento.
bunal Federal: Finalmente, o último crime previsto nessa Lei
encontra-se no art. 38. Vejamos:
Súmula Vinculante 14 É direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos Art. 38 Antecipar o responsável pelas investiga-
elementos de prova que, já documentados em pro- ções, por meio de comunicação, inclusive rede
cedimento investigatório realizado por órgão com social, atribuição de culpa, antes de concluídas as
competência de polícia judiciária, digam respeito apurações e formalizada a acusação:
ao exercício do direito de defesa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
O acesso aos autos de investigação preliminar
limita-se aos autos já documentados, não englobando Um exemplo é quando a autoridade manda men-
aqueles em curso de investigação, protegendo assim sagem para o aplicativo WhatsApp do acusado, anteci-
as investigações. pando o resultado das investigações.
Com base no art. 33 da Lei 13.869/2019, é punível
o ato de exigir informação ou cumprimento de obri- PROCEDIMENTO
gação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem
expresso amparo legal. O art. 39 determina que deverão ser aplicadas ao
processo e ao julgamento dos delitos previstos na lei
Art. 33 [...] em comento, no que couber, as disposições do Códi-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, go de Processo Penal e da Lei dos Juizados Especiais
e multa. Cíveis e Criminais (Lei nº 9.099/1995).
Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou
função pública ou invoca a condição de agente público
para se eximir de obrigação legal ou para obter vanta-
gem ou privilégio indevido (parágrafo único, art. 33). LEI Nº 8.429/1992 E SUAS
ALTERAÇÕES (IMPROBIDADE
Importante! ADMINISTRATIVA)
A conduta de exigir informação ou cumprimento DISPOSIÇÕES INICIAIS
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de obrigação, presente no caput do art. 33, quan-


do praticada mediante violência ou grave amea- A lei de improbidade administrativa dispõe sobre
ça poderá configurar o crime de tortura. as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos
de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública
direta, indireta ou fundacional e dá outras providên-
Podemos localizar mais um crime no art. 36 da Lei cias. Sendo assim, o grande foco desta atividade legis-
13.869/2019: lativa é seguir os valores empregados de forma ilícita.
Art. 36 Decretar, em processo judicial, a indisponibi- O administrador emprega esforços no controle das
lidade de ativos financeiros em quantia que extrapole verbas e no seu uso. É uma lei que visa, objetivamen-
exacerbadamente o valor estimado para a satisfação te, “moralizar” o serviço público.
da dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, A improbidade administrativa possui base constitu-
da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: cional, na forma do § 4º, art. 37, da Constituição Federal: 31
Art. 37 (CFRB) [...] Art. 4º Os agentes públicos de qualquer nível ou
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- hierarquia são obrigados a velar pela estrita obser-
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda vância dos princípios de legalidade, impessoalida-
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o de, moralidade e publicidade no trato dos assuntos
ressarcimento ao erário, na forma e gradação pre- que lhe são afetos.
vistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Agentes públicos que exer-
O estudo de leis esparsas precisa passar pela lei- çam função pública, ainda
tura do texto da lei. Desta forma, vamos conciliar a que transitoriamente e sem
remuneração
leitura da lei com os esquemas, para melhorar o seu
Sujeitos Ativos
entendimento sobre o conteúdo da Lei 8.429, de 1992. Terceiro que, mesmo não
O art. 1º da Lei estabelece quem são os agentes que sendo agente público, induza
ou concorra para a prática do
poderão incorrer nas sanções decorrentes de impro-
ato de improbidade ou dele se
bidade administrativa: beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta
Art. 1º Os atos de improbidade praticados por
qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Importante!
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de Após algumas mudanças de posicionamento,
empresa incorporada ao patrimônio público em 2018, o STF pacificou o assunto ao concluir
ou de entidade para cuja criação ou custeio o
que os agentes políticos, com exceção do Pre-
erário haja concorrido ou concorra com mais
de cinquenta por cento do patrimônio ou da
sidente da República, encontram-se sujeitos a
receita anual, serão punidos na forma desta lei. duplo regime sancionatório, podendo responder,
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penali- ao mesmo tempo por improbidade administrati-
dades desta lei os atos de improbidade praticados va e crime de responsabilidade.
contra o patrimônio de entidade que receba subven-
ção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público bem como daquelas para cuja criação O art. 5º, por sua vez, cuida de disciplinar a hipó-
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra tese de ressarcimento do dano causado ao patrimônio
com menos de cinqüenta por cento do patrimô- público. Vejamos:
nio ou da receita anual, limitando-se, nestes
casos, a sanção patrimonial à repercussão do Art. 5º Ocorrendo lesão ao patrimônio público por
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou
de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do
dano.
Agente público, servidor ou não

O art. 6º aponta a perda dos valores e bens acresci-


Adm. Direta, Ind. e Fund. dos indevidamente ao patrimônio do agente em casos
de enriquecimento ilícito. Vejamos:

De qualquer dos poderes Art. 6º No caso de enriquecimento ilícito, perderá


da União, dos Estados,
o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou
do DF e dos Municípios
valores acrescidos ao seu patrimônio.

Erário concorrido com + De acordo com o art. 7º, quando o ato de improbi-
de 50%
dade causa lesão ao patrimônio público ou enseja enri-
quecimento ilícito, cabe à autoridade administrativa
O art. 2º traz o conceito de agente público. Vejamos: responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos Essa indisponibilidade recairá sobre bens que
desta lei, todo aquele que exerce, ainda que tran- assegurem o integral ressarcimento do dano, ou
sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
sobre o acréscimo patrimonial resultante do enri-
nomeação, designação, contratação ou qualquer
quecimento ilícito.
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades menciona- O art. 8º aponta para os casos de sucessão em que
das no artigo anterior. o valor ilícito torna-se parte de uma herança: “o suces-
sor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou
De acordo com o art. 3º, é possível a aplicação des- se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
sa lei àquele que, mesmo não sendo agente público, desta lei até o limite do valor da herança”.
induza ou concorra para a prática do ato de impro- A responsabilidade do agente, portanto, limita-se
bidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ao valor da herança, para que se respeite a intrans-
ou indireta. Estamos falando do particular. Estamos cendência da pena, a qual não pode passar da pessoa
falando da pessoa que não sendo funcionária pública do condenado de acordo com o que estabelece o inciso
32 induza ou concorra para a improbidade. XLV, art. 5º, da Constituição Federal.
ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco-
Constituem atos de improbidade administrativa nômica, direta ou indireta, a título de comissão,
os atos que importam em enriquecimento ilícito, os porcentagem, gratificação ou presente de quem
que causam lesão ao erário, os decorrentes de con- tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
ou tributário e os que atentam contra os princípios da rente das atribuições do agente público;
administração pública. II - perceber vantagem econômica, direta ou indire-
ta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de ser-
Enriquecimento ilícito viços pelas entidades referidas no art. 1° por preço
Atos de superior ao valor de mercado;
Prejuízo ao erário
Improbidade III - perceber vantagem econômica, direta ou indi-
Administrativa Concessão ou aplicação indevida de reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
benefício financeiro ou tributário de bem público ou o fornecimento de serviço por
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
Contra os princípios da
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veí-
Administração Pública
culos, máquinas, equipamentos ou material
de qualquer natureza, de propriedade ou à
Atos de Improbidade Administrativa que Importam disposição de qualquer das entidades mencio-
Enriquecimento Ilícito nadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho
de servidores públicos, empregados ou tercei-
De acordo com o art. 9º, constitui ato de improbi- ros contratados por essas entidades;
dade administrativa importando enriquecimento ilícito V - receber vantagem econômica de qualquer natu-
auferir (obter) qualquer tipo de vantagem patri- reza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
monial indevida em razão do exercício de cargo, ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar-
mandato, função, emprego ou atividade nas enti- cotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer
dades mencionadas no art. 1º da lei de improbidade. outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
Quando a lei fala sobre enriquecimento ilícito, a vantagem;
referência que deve fazer parte do raciocínio do aluno VI - receber vantagem econômica de qualquer natu-
é a seguinte: enriquecer importa, sempre, em aumen- reza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa
to de patrimônio e, dessa forma deve acontecer de for- sobre medição ou avaliação em obras públicas ou
qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso,
ma dolosa, ou seja, precisa de vontade e consciência o
medida, qualidade ou característica de mercado-
enriquecimento ilícito.
rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
Neste ponto, é muito importante esclarecer o sig-
mencionadas no art. 1º desta lei;
nificado de alguns termos que serão importantes no
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exer-
decorrer do estudo. Para compreendermos melhor a
cício de mandato, cargo, emprego ou função
Lei de Improbidade, é necessário saber com alguma
pública, bens de qualquer natureza cujo valor
profundidade alguns pontos: seja desproporcional à evolução do patrimô-
nio ou à renda do agente público;
z Dolo: Ação realizada com vontade e consciên- VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
cia, voltada a um fim; atividade de consultoria ou assessoramento
z Culpa: Sem maiores aprofundamentos, quando para pessoa física ou jurídica que tenha inte-
realizamos alguma conduta de forma culposa, não resse suscetível de ser atingido ou amparado
temos a presença da vontade e da consciência, por ação ou omissão decorrente das atribui-
ou seja, os atos de enriquecimento ilícito não ções do agente público, durante a atividade;
poderão ser culposos. (Atenção! Esse é um detalhe IX - perceber vantagem econômica para interme-
absolutamente relevante, podendo, rapidamente, diar a liberação ou aplicação de verba pública de
decidir uma questão de prova.); qualquer natureza;
z Trânsito em julgado: As decisões transitam em X - receber vantagem econômica de qualquer natu-
julgado e, ocorrido esse evento, são definitivas e reza, direta ou indiretamente, para omitir ato
não se sujeitam a novas mudanças ou recursos. de ofício, providência ou declaração a que esteja
O trânsito em julgado poderá ocorrer após o esgo- obrigado;
tamento de todas as instâncias judiciais ou quan- XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri-
do publicada a decisão as partes não impuserem mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes
recurso; do acervo patrimonial das entidades mencionadas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

z Rol exemplificativo: Sempre que tivermos situa- no art. 1° desta lei;


ções que não puderem ser limitadas e citadas XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
integralmente, criaremos um rol exemplifica- ou valores integrantes do acervo patrimonial das
tivo de situações. Essa técnica de redação traz entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
assertividade para a lei, evitando que o legislador
diga menos do que pretendia. Ou seja, sempre que Dica
encontrar um rol exemplificativo em alguma reda-
ção, use-o como vetor de interpretação. Atente-se para o fato de que, na maioria dos
incisos, é citada a expressão “receber vantagem
Os incisos do art. 9º estabelecem o rol de condutas econômica”. Preste atenção nas condutas que
que são consideradas como enriquecimento ilícito: não expressam claramente que consistem em
enriquecimento ilícito. Elas estão em negrito
Art. 9º [...] para facilitar o seu estudo e memorização. 33
As sanções para o enriquecimento ilícito são as IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
mais graves. locação de bem integrante do patrimônio de qual-
quer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou
Atos de Improbidade Administrativa que Causam ainda a prestação de serviço por parte delas, por
preço inferior ao de mercado;
Prejuízo ao Erário
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
locação de bem ou serviço por preço superior ao
Os atos de improbidade que causam prejuízo ao de mercado;
erário são longamente listados no art. 10 da Lei 8.429, VI - realizar operação financeira sem observância
de 1992, constituindo ato de improbidade administrati- das normas legais e regulamentares ou aceitar
va que causa lesão ao erário qualquer ação ou omis- garantia insuficiente ou inidônea;
são (cuidado com as omissões — “não fazer”), dolosa VII - conceder benefício administrativo ou fiscal
ou culposa (lembre-se de que as condutas culposas sem a observância das formalidades legais ou regu-
são divididas em imperícia, imprudência e negligên- lamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou
cia), que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
de processo seletivo para celebração de parcerias
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
das entidades referidas no art. 1º desta lei. Atente-se indevidamente;
aos termos que a lei apresenta: IX - ordenar ou permitir a realização de despesas
não autorizadas em lei ou regulamento;
z Perda patrimonial; X - agir negligentemente na arrecadação de tributo
z Desvio; ou renda, bem como no que diz respeito à conserva-
z Apropriação; ção do patrimônio público;
z Malbaratamento; XI - liberar verba pública sem a estrita observância
z Dilapidação dos bens ou haveres. das normas pertinentes ou influir de qualquer for-
ma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que tercei-
Quando tratamos de atos que causam prejuízo ao ro se enriqueça ilicitamente;
erário, temos que ficar bastante atentos, pois, neste XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
caso, a lei apresenta-se com outra formatação. A pri- particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
meira situação que deve ser anotada é que, diferen- material de qualquer natureza, de propriedade ou à
temente dos atos que geram enriquecimento ilícito, disposição de qualquer das entidades mencionadas
pode-se responder, por meio de atos que causam no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servi-
prejuízo ao erário, por uma ação praticada de for- dor público, empregados ou terceiros contratados
ma culposa. por essas entidades.
XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que
Neste sentido, em alguma das modalidades de cul-
tenha por objeto a prestação de serviços públicos
pa incorre-se e cria-se um prejuízo para o erário. Por por meio da gestão associada sem observar as for-
exemplo, quando um policial bate uma viatura, ele malidades previstas na lei;
age de forma culposa — ocorre um acidente de trân- XV - celebrar contrato de rateio de consórcio públi-
sito —prejuízo ao erário, que deverá ser indenizado. co sem suficiente e prévia dotação orçamentária,
Desta forma, fica claro que um ato que gera prejuízo ou sem observar as formalidades previstas na lei.
ao erário poderá ocorrer também de forma culposa. XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
É importante saber que o prejuízo ao erário é a para a incorporação, ao patrimônio particular de
única espécie de conduta que admite ação na moda- pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou
lidade culposa. valores públicos transferidos pela administração
pública a entidades privadas mediante celebração
Novamente, a lei nos apresenta uma listagem de
de parcerias, sem a observância das formalidades
atos (incisos I ao XXI, art. 10) que, se praticados, legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
serão considerados como atos de improbidade capa- XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física
zes de causar prejuízo ao erário. O termo erário, ou ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
erário público, refere-se ao conjunto do patrimônio valores públicos transferidos pela administração
do Estado, sejam valores, sejam bens. pública a entidade privada mediante celebração
de parcerias, sem a observância das formalidades
Art. 10 [...] legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a XVIII - celebrar parcerias da administração públi-
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa ca com entidades privadas sem a observância das
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valo- formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
res integrantes do acervo patrimonial das entida- espécie;
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscaliza-
des mencionadas no art. 1º desta lei;
ção e análise das prestações de contas de parcerias
II - permitir ou concorrer para que pessoa física
firmadas pela administração pública com entida-
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
des privadas;
valores integrantes do acervo patrimonial das enti-
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
dades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a obser- administração pública com entidades privadas
vância das formalidades legais ou regulamentares sem a estrita observância das normas pertinentes
aplicáveis à espécie; ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao irregular.
ente despersonalizado, ainda que de fins educativos XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do administração pública com entidades privadas
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas sem a estrita observância das normas pertinentes
no art. 1º desta lei, sem observância das formalida- ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
34 des legais e regulamentares aplicáveis à espécie; irregular.
A leitura do texto da lei é inevitável. A verdade é Portanto, o texto constitucional prevê como prin-
que, tendo conhecimento da “letra da lei”, o candidato cípios da Administração Pública a legalidade,
já estaria apto a responder diversas questões. impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Memorize-os por meio do famoso mnemônico LIMPE:
Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício e eficiência.
Financeiro ou Tributário (Art. 10-A, da Lei nº 8.429, Entretanto, você deve estar sempre atento ao que
de 1992) a literalidade da questão cobra, uma vez que, em
caso de esta exigir os princípios expressos da Lei de
Alcançamos, agora, o art. 10-A. Esse é o mais novo
Improbidade Administrativa (LIA), o aluno deve ter
dos artigos da lei e acaba sendo menos cobrado nas
em mente que são os seguintes: honestidade, impar-
provas; porém, devemos lembrar que uma das for-
cialidade, legalidade e lealdade às instituições.
mas de cobrança desse ponto é a concessão de vanta-
gens tributárias para a implementação de empresas.
Exemplo: dois municípios desejam atrair um polo de Honestidade
tecnologia e, para isso, começam uma guerra fiscal
e acabam oferecendo vantagens indevidas para as Princípios Imparcialidade
empresas que comporiam esse conglomerado. da LIA
Legalidade
Dito isso, passamos a tratar dos atos de improbida-
de administrativa decorrentes de concessão ou aplica- Lealdade às Instituições
ção indevida de benefício financeiro ou tributário.
Nos incisos do art. 11, estão previstas as condutas
z Benefício financeiro: Desembolsos efetivos. que atentam contra os princípios da administração
Exemplo: subvenções sociais (uma ajuda para a pública. Vejamos:
manutenção de instituições públicas ou privadas,
normalmente ligadas à arte, cultura ou assistência
Art. 11 [...]
— sem fins lucrativos);
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regu-
z Benefício tributário: Vantagens tributárias.
lamento ou diverso daquele previsto, na regra de
Exemplo: diminuição das alíquotas de ISSQN.
competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
Art. 10-A Constitui ato de improbidade adminis-
ato de ofício;
trativa qualquer ação ou omissão para conceder,
aplicar ou manter benefício financeiro ou tributá- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
rio contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. em razão das atribuições e que deva permanecer
8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho em segredo;
de 2003. IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
É necessário saber que, em se tratando de ato dolo- VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga-
so de improbidade administrativa, o STF estabelece do a fazê-lo;
que o ressarcimento ao erário é imprescritível. VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci-
mento de terceiro, antes da respectiva divulgação
Atos de Improbidade Administrativa que Atentam oficial, teor de medida política ou econômica capaz
Contra os Princípios da Administração Pública (Art. de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
11, da Lei nº 8.429, de 1992) VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir-
A administração pública precisa defender seus madas pela administração pública com entidades
princípios e valores; por esse motivo, estabeleceu san- privadas.
ções para aqueles que realizem atos que atentem con- IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
tra estes princípios. acessibilidade previstos na legislação.
Qualquer ação ou omissão que viole os deveres de X - transferir recurso a entidade privada, em razão
honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade da prestação de serviços na área de saúde sem a
às instituições consiste em violação aos princípios da prévia celebração de contrato, convênio ou instru-
administração pública. mento congênere, nos termos do parágrafo único
do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
Art. 11 Constitui ato de improbidade administrati- 1990.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

va que atenta contra os princípios da administra-


ção pública qualquer ação ou omissão que viole os Atualmente, o STJ tem aceitado a imposição de
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, cautelares de indisponibilidade de bens, não só para
e lealdade às instituições, e notadamente: [...] os atos de enriquecimento ilícito ou de prejuízo ao
erário, mas também para os atos que atentem contra
O caput do art. 37, da Constituição Federal, prevê os princípios da administração pública.
que: Importante ressaltar ainda a diferença entre frustrar
a licitude de procedimento licitatório ou de processo
Art. 37 A administração pública direta e indireta
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente e frustrar
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- a licitude de concurso público. Aquela conduta causa
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: lesão ao erário, enquanto esta é um ato que atenta con-
[...] tra os princípios da Administração Pública. 35
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
Frustrar a licitude dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicita-
de procedimento
licitatório ou de mente ao patrimônio, se concorrer esta circunstân-
processo seletivo
Lesão ao erário cia, perda da função pública, suspensão dos direitos
ou dispensá-los
indevidamente políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa
Condutas civil de até duas vezes o valor do dano e proibição
de contratar com o Poder Público ou receber bene-
Atenta contra os
Frustrar a licitude
princípios da Admi- fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
de concurso público
nistração Pública indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
de cinco anos;
DAS PENAS III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral
do dano, se houver, perda da função pública, sus-
O art. 12 estabelece as sanções aplicadas no caso de pensão dos direitos políticos de três a cinco anos,
cometimento de ato de improbidade administrativa. pagamento de multa civil de até cem vezes o valor
As espécies de sanções são a mesmas, mas serão gra- da remuneração percebida pelo agente e proibição
duadas de acordo com a modalidade de ato praticado. de contratar com o Poder Público ou receber bene-
A Constituição prevê no § 4º, art. 37, que: fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
Art. 37 (CF/88) [...] jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
§ 4º Os atos de improbidade administrativa impor- de três anos.
tarão a suspensão dos direitos políticos, a per- IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da fun-
da da função pública, a indisponibilidade dos ção pública, suspensão dos direitos políticos de 5
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três)
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação vezes o valor do benefício financeiro ou tributário
penal cabível. concedido. (Incluído pela Lei Complementar nº 157,
de 2016)
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas
Dica nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano
Sanções – Constituição Federal causado, assim como o proveito patrimonial obtido
pelo agente.
“Improbidade Administrativa: vai a PARIS”:
Perda da função pública
Em primeiro lugar, importa atentar para o fato de
Ação penal (sem prejuízo da ação penal cabível)
que há independência entre as sanções penais, civis e
Ressarcimento ao erário administrativas.
Indisponibilidade de bens Diante de atos que importam enriquecimento ilí-
Suspensão dos direitos políticos cito, serão aplicadas as seguintes sanções:
Atenção! Algumas bancas examinadoras procu-
ram confundir o candidato, trocando a palavra z Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente
suspensão por cassação dos direitos políticos. ao patrimônio;
z Ressarcimento integral do dano, quando houver;
A Lei de Improbidade Administrativa (LIA)acres- z Perda da função pública;
centou, ainda, dois tipos sanções: z Suspensão dos direitos políticos de 8 (oito) a 10
(dez) anos;
z Pagamento de multa civil; z Pagamento de multa civil de até 3 (três) vezes o
z Proibição de contratar com o Poder Público ou valor do acréscimo patrimonial;
de receber benefícios ou incentivos fiscais ou z Proibição de contratar com o Poder Público ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que receber benefícios ou incentivos fiscais ou cre-
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja ditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
sócio majoritário. intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de dez anos.
Art. 12 Independentemente das sanções penais,
civis e administrativas previstas na legislação espe- Ao cometer atos que importam prejuízo ao erá-
cífica, está o responsável pelo ato de improbidade rio, o agente estará sujeito a:
sujeito às seguintes cominações, que podem ser
aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo z Ressarcimento integral do dano;
com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº
z Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente
12.120, de 2009).
ao patrimônio;
I - na hipótese do art. 9º, perda dos bens ou valo-
z Perda da função pública;
res acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarci-
z Suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8
mento integral do dano, quando houver, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos de (oito) anos;
oito a dez anos, pagamento de multa civil de até z Pagamento de multa civil de até 2 (duas) vezes o
três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proi- valor do dano;
bição de contratar com o Poder Público ou receber z Proibição de contratar com o Poder Público ou
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, dire- receber benefícios ou incentivos fiscais ou cre-
ta ou indiretamente, ainda que por intermédio de ditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
36 prazo de dez anos; majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Na hipótese de o agente atentar contra os princípios da Administração Pública, estará sujeito ao:

z Ressarcimento integral do dano, se houver;


z Perda da função pública;
z Suspensão dos direitos políticos de 3 (três) a 5 (cinco) anos;
z Pagamento de multa civil de até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente;
z Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3
(três) anos.

E, finalmente, na hipótese prevista no art. 10-A (ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário), o agente estará sujeito à:

z Perda da função pública;


z Suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos;
z Multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.

Essas informações foram resumidas no quadro a seguir. Vejamos:

SUSPENSÃO DOS PROIBIÇÃO DE


MODALIDADES MULTA
DIREITOS POLÍTICOS CONTRATAR
Enriquecimento ilícito 8 a 10 anos Até 3x o valor do dano 10 anos
Prejuízo ao erário 5 a 8 anos Até 2x o valor do dano 5 anos
Atentar contra os princípios da 3 a 5 anos Até 100x a remuneração
Administração Pública 3 anos
Concessão de benefício indevido 5 a 8 anos Até 3x o valor do dano

Importante: Na fixação das penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa o juiz levará em conta a
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

DECLARAÇÃO DE BENS

De acordo com o art. 13 desta Lei, sempre a posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apre-
sentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
serviço de pessoal competente.
Isso servirá para analisar a evolução patrimonial do agente público. Essa declaração compreenderá imóveis,
móveis, semoventes (animais como bovinos ou equinos), dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens
e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica
do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
Muitas instituições, sobretudo federais, aceitam que seja utilizada cópia do imposto de renda do servidor.
Dessa maneira, alcança-se o acompanhamento do desenvolvimento patrimonial do servidor de forma simples.
De acordo com o § 1º, art. 13, a declaração de bens será anualmente atualizada (e analisada) na data em que
o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

Art. 13 [...]
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a
prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2º deste artigo.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDICIAL

O art. 14 estabelece que qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente, para que
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
A representação escrita ou reduzida a termo e assinada conterá os dados de qualificação do representante,
as informações sobre o fato e sua autoria e apontará as provas de que tenha conhecimento, de acordo com o
§ 1º, art. 14.
Tendo em vista o disposto no § 2º, a autoridade administrativa poderá rejeitar a representação, em despacho
fundamentado, se a representação não apresentar os requisitos mínimos elencados pela lei.
A rejeição da representação não impede que esta seja realizada pelo Ministério Público (§ 2º).
Realizada a representação e atendidos os seus requisitos, a autoridade determinará a imediata apuração dos
fatos, vide § 3º, art. 14. 37
No caso de servidores federais, será processada na forma da Lei 8.112, de 1990, e tratando-se de servidor mili-
tar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares, consoante dispõe o § 3º, art. 14.
Por conseguinte, uma vez estabelecida a comissão processante, essa dará conhecimento ao Ministério Público
e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo, para apurar a prática de ato
de improbidade. Vejamos:

Art. 15 A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
representante para acompanhar o procedimento administrativo.

De acordo com o art. 16, havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério
Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
agente ou de terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado danos ao patrimônio público.

Indícios fundados
de
responsabilidade

O Ministério Público, se
Representação não intervir no processo como
MP ou parte, atuará, obrigatoriamente,
Procuradoria como fiscal da lei, sob pena de
nulidade (§ 4° do art. 17).

Pedido de seques-
tro dos bens – de
forma cautelar

Em 30 dias deve
ser proposta a
ação

É possível, quando necessário, que o pedido inclua a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancá-
rias e aplicações financeiras do indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais (§ 2º, art. 16).
De acordo com o art. 17, a ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou
pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
As ações de improbidade administrativa admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos
termos da Lei de Improbidade Administrativa (§ 1º, art. 17).
Atente-se ao uso das medidas cautelares. Elas são adotadas para evitar um prejuízo irrecuperável ou de difícil
recuperação. Por isso, sempre será necessário que estejam presentes, para sua decretação, dois elementos:

z Fumus Boni Iuris — indícios de ocorrência — Comprovado;


z Periculum In Mora — risco da demora — Presumido.

A Fazenda Pública, em determinados casos, promoverá as ações necessárias à complementação do ressarci-


mento ao erário (§ 2º, art. 17). A propositura da ação enseja a prevenção da jurisdição do juízo para as ações
posteriormente promovidas, desde que, possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (§ 5º, art. 17).

Art. 17 [...]
§ 6º A ação será instruída com documentos ou justificações que contenham indícios suficientes da existência do
ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
observada a legislação vigente [...].

PROPOSITURA DA AÇÃO
Documentos ou justificações que contenham indícios sufi- Razões fundamentadas da impossibilidade de apresenta-
cientes da existência do ato de improbidade ção de qualquer dessas provas

Caso a inicial esteja em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para, por
escrito, oferecer manifestação. A manifestação poderá ser instruída com documentos e justificações, tudo no prazo
38 de 15 dias (§ 7º, art. 17).
Após o recebimento da manifestação, o juiz, em 30 De acordo com o art. 22, para apurar qualquer ilí-
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se cito previsto na lei de improbidade administrativa, o
convencido da inexistência do ato de improbida- MP, de ofício, ou a requerimento de autoridade adminis-
de, da improcedência da ação ou da inadequação trativa, ou ainda, mediante representação [...], poderá
da via eleita (§ 8º, art. 17). requisitar a instauração de inquérito policial ou
procedimento administrativo.
Art. 17 [...]
§ 9º Recebida a petição inicial, o réu será citado PRESCRIÇÃO
para apresentar a contestação.
§ 10º Da decisão que receber a petição inicial, cabe O art. 23, que dispõe sobre a prescrição, estabe-
agravo de instrumento. lece que as ações destinadas a levar a efeitos as san-
§ 11º Havendo a possibilidade de solução consen-
ções previstas na Lei de Improbidade Administrativa
sual, poderão as partes pedir ao juiz a interrupção
podem ser propostas de acordo com o estabelecido no
do prazo para a contestação. Essa interrupção será
fluxograma seguinte:
por prazo não superior a 90 dias.
§ 11º Em qualquer fase do processo, reconhecida a
inadequação da ação de improbidade, o juiz extin- 05 anos – Término do mandato, cargo em comis-
guirá o processo sem julgamento do mérito. são ou função de confiança
[...]

Prescrição
Art. 18 A sentença que julga procedente a ação civil
de reparação do dano ou decreta a perda dos bens 05 anos – Da data da apresentação de contas
havidos ilicitamente determinará o pagamento ou
a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da
pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito. No prazo da prescrição da demissão a bem do
serviço público nos cargos efetivos ou empregos

DISPOSIÇÕES PENAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
No que se refere às disposições penais, constitui
crime a representação por ato de improbidade con- PLANALTO. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispo-
tra agente público ou terceiro beneficiário, quando o nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
autor da denúncia o sabe inocente (Art. 19). l8429.htm> Acesso em: 1 ago. 2021.

Art. 19 Constitui crime a representação por ato


de improbidade contra agente público ou terceiro
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe
inocente. LEI Nº 10.826/2003 E SUAS
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. ALTERAÇÕES (ESTATUTO DO
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian-
te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos DESARMAMENTO)
materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
A Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) dispõe
acerca do registro, da posse, da comercialização de
Importante! arma de fogo e munição. Além disso, discorre a respei-
to do SINARM – Sistema Nacional de Armas – e define
A perda da função pública e a suspensão dos crimes.
direitos políticos só se efetivarão com a decisão Por meio dessa lei o Brasil impôs medidas mais res-
final irrecorrível — trânsito em julgado — da sen- tritivas, de modo a controlar e desarmar a população.
tença condenatória. Com o objetivo de desestimular a população de usar
Não esqueça de que jamais os direitos polí- armas de fogo, o país lançou a Campanha do Desar-
ticos serão perdidos, podendo, somente, ser mamento, promovendo o pagamento de indenização
suspensos. para os cidadãos entregassem suas armas de maneira
espontânea à Polícia Federal.
Por fim, conforme já mencionado, o Estatuto ins-
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão tituiu o Sistema Nacional de Armas (SINARM) pelo
dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

em julgado da sentença condenatória.


Esse Sistema possui circunscrição em todo o território
Parágrafo único. A autoridade judicial ou admi-
nacional.
nistrativa competente poderá determinar o afas-
tamento do agente público do exercício do cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, COMPETÊNCIA
quando a medida se fizer necessária à instrução
processual. O Sistema Nacional de Armas possui diver-
Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta lei sas competências, as quais serão estudadas mais
independe: detalhadamente.
I - Da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
público, salvo quanto à pena de ressarcimento; Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – SINARM,
II - Da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da
de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho Polícia Federal, tem circunscrição em todo o terri-
de Contas. tório nacional. 39
Importante! DO REGISTRO

O Departamento de Polícia Federal é um órgão Antes de adentrar ao assunto, é de extrema impor-


subordinado ao Ministério da Justiça. tância estabelecer a diferença entre armas de uso res-
trito e as de uso permitido.
As armas de uso restrito são as de uso exclusivo
O art. 2º prevê as competências do SINARM, as das Forças Armadas, instituições de segurança públi-
quais foram descritas no quadro a seguir: ca, pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamen-
te autorizadas pelo Comando do Exército, no SIGMA
COMPETÊNCIAS – Sistema de Gerenciamento Militar de Armas. Já o
Identificar as características e a propriedade de armas de fogo, conceito de armas de uso permitido pode ser enten-
mediante cadastro dido como produto controlado e listado nas Normas
Reguladoras dos Processos de Avaliação de Produtos
Cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendi-
das no País
Controlados pelo Exército (PCE), cujo acesso e utiliza-
ção podem ser autorizados para as pessoas em geral,
Cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as reno- observada a classificação elaborada pelo Comando do
vações expedidas pela Polícia Federal
Exército e prevista nos decretos regulamentadores do
Cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, rou- Estatuto do Desarmamento.
bo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados cadas- Sabendo que as armas de uso restrito são aquelas
trais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de de uso exclusivo dos citados órgãos, tem-se que não
segurança privada e de transporte de valores
podem ser adquiridas por outras pessoas. Dada a
Identificar as modificações que alterem as características ou o exclusividade das armas de uso restrito, elas deverão
funcionamento de arma de fogo ser registradas no Comando do Exército, conforme o
Integrar no cadastro os acervos policiais já existentes parágrafo único, do art. 3º, da Lei 10.826/03.
Ao contrário das armas de fogo de uso restrito, as
Cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vincu-
ladas a procedimentos policiais e judiciais de uso permitido poderão ser adquiridas por pessoas
físicas ou jurídicas. Os requisitos para adquirir uma
Cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conce- arma de uso permitido estão elencados no art. 4º, da
der licença para exercer a atividade
Lei 10.826/03. Vejamos:
Cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, vare-
jistas, exportadores e importadores autorizados de armas de
fogo, acessórios e munições Requisitos para aquisição de arma de fogo (art.
A 4º)

Cadastrar a identificação do cano da arma, as características


das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil Comprovação de idoneidade, com a apresentação de
disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente reali- certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas
zados pelo fabricante pela justiça federal, estadual, militar e eleitoral e de não
estar respondendo a inquérito policial ou a processo
Informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e criminal, que poderão ser fornecidas por meios
do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de ar- eletrônicos.
mas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o
cadastro atualizado para consulta Apresentação de documento comprobatório de ocupação
lícita e de residência certa.

São inúmeras as competências do Sistema Nacio-


Comprovação de capacidade técnica e de aptidão
nal de Armas, por isso uma boa dica é observar que psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na
todas essas competências começam com os verbos forma disposta no regulamento desta lei.
“Identificar”, “Informar”, “Cadastrar” e “Integrar” e
estão relacionadas com, respectivamente, a identifica- Art. 4° [...]
ção da propriedade das armas e suas características. § 1° O Sinarm expedirá autorização de compra de arma
O parágrafo único, do art. 2º, estabelece que tais de fogo após atendidos os requisitos anteriormente
competências não alcançam as armas de fogo das estabelecidos, em nome do requerente e para a arma
Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e indicada, sendo intransferível esta autorização.
§ 2° A aquisição de munição somente poderá ser fei-
Auxiliares (polícias militares e os corpos de bombei- ta no calibre correspondente à arma registrada e na
ros militares, forças auxiliares e reserva do Exército), quantidade estabelecida no regulamento desta Lei.
bem como as demais que constam dos seus registros § 3° A empresa que comercializar arma de fogo em
próprios. território nacional é obrigada a comunicar a
O bem jurídico tutelado é a incolumidade públi- venda à autoridade competente, como também
ca. Todavia, de acordo com o Superior Tribunal de a manter banco de dados com todas as carac-
terísticas da arma e cópia dos documentos
Justiça, além da incolumidade pública, há também a
previstos neste artigo.
paz social. § 4° A empresa que comercializa armas de fogo,
A natureza dos crimes é de perigo abstrato e exis- acessórios e munições responde legalmente por
te a presunção de que, com a prática da conduta, o essas mercadorias, ficando registradas como de
bem jurídico é violado. Ainda, vale lembrar que o sua propriedade enquanto não forem vendidas.
Estatuto do Desarmamento é uma norma penal em § 5° A comercialização de armas de fogo, acessó-
branco heterogênea, isto é, que precisa de regulamen- rios e munições entre pessoas físicas somente será
efetivada mediante autorização do Sinarm.
tação para ser aplicado – diz-se heterogênea quando
§ 6° A expedição da autorização a que se refere o §
o regulamento é realizado por um poder diferente do 1° será concedida, ou recusada com a devida fun-
legislativo (nesse caso, por meio do Decreto Federal nº damentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a
40 9.847, de 2019). contar da data do requerimento do interessado.
Estará dispensado da comprovação de capacidade Imperioso reforçar que os requisitos descritos do
técnica e de aptidão para o manuseio de arma de fogo art. 4º, da Lei 10.826/03, deve­rão ser comprovados
na forma estabelecida pelo Regulamento do Estatuto periodicamente, em período não inferior a 3 (três)
do Desarmamento, o interessado em arma de uso per- anos, para fins de renovação do Certificado de Regis-
mitido que comprovar estar autorizado a portar arma tro de Arma de Fogo.
de fogo com as mesmas características daquela que Como já dito anteriormente o Brasil incentivou a
deseja adquirir. população a se desarmar através de uma indeniza-
ção pela entrega espontânea das suas armas à Polícia
DO CERTIFICADO DE REGISTRO DE ARMA DE FOGO Federal. A referida indenização possui previsão no
art. 32 do Estatuto do Desarmamento. Vejamos:
O certificado de Registro de Arma de Fogo tem
validade em todo o território nacional e permite que Art. 32 Os possuidores e proprietários de arma
o portador a mantenha exclusivamente no interior de de fogo poderão entregá-la, espontaneamente,
sua residência ou domicílio, ou dependência desses, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja ele indenizados, na forma do regulamento, ficando
o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento extinta a punibilidade de eventual posse irregular
da referida arma..
ou empresa (Art. 5°).
A Lei 13.870, de 2019, estabeleceu tratamento diferen- Considerando a hipótese dos cidadãos não pos-
ciado aos residentes em área rural (§ 5º, do art. 5º, da Lei suírem interesse na entrega espontânea, mediante a
10.826/03. Para essas pessoas, considera-se residência ou indenização, o § 3º, do art. 5º, da Lei 10.826/03, esta-
domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. beleceu que “o proprietário de arma de fogo com certi-
Conforme previsão do § 5º, do art. 6°, desta lei, aos ficados de registro de propriedade expedido por órgão
residen­tes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e estadual ou do Distrito Federal até a data da publica-
cinco) anos que comprovem depender do emprego ção desta Lei que não optar pela entrega espontânea
de arma de fogo para prover sua subsistência ali­ prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante
mentar familiar será concedido pela Polícia Federal o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro
o porte de arma de fogo, na categoria caçador para de 2008, ante apresentação de documento de identifica-
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro ção pessoal e comprovante de residência fixa, ficando
simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento
e de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis) desde das demais exigências constantes dos incisos I a III do
que o interessado comprove a efetiva necessidade caput do art. 4º desta Lei”.
em requerimento ao qual deverão ser anexados os Para fins de cumprimento da referida renovação
seguintes documentos: de registro, o § 4º, do art. 5º, da Lei 10.826/03, estabele-
ceu que o proprietário da arma de fogo poderá obter
z Documento de identificação pessoal; certificado de registro provisório junto ao Departa-
z Comprovante de residência em área rural; mento de Polícia Federal. Essa certidão será expedi-
z Atestado de bons antecedentes. da pela rede mundial de computadores – internet –,
na forma estabelecida do Regulamento do Estatuto
No que tange ao caçador que para a subsistência do Desarmamento e obedecido os procedimentos a
necessita do uso da sua arma de fogo, independen­ seguir:
temente de outras tipificações penais, responderá,
conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de Art. 5º [...]
arma de fogo de uso permitido, conforme dispõe o § 4º [...]
I - emissão de certificado de registro provisório pela
§ 6°, do art. 6°.
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
Para portar armas de fogo de uso permitido é neces-
II - revalidação pela unidade do Departamento de
sário realizar o registro prévio da arma, além de efetuar Polícia Federal do certificado de registro provisó-
o cadastro no Sistema Nacional de Armas - SISNARM. rio pelo prazo que estimar como necessário para
Vale ressaltar que o registro será expedido pela Polícia a emissão definitiva do certificado de registro de
Federal, atendido aos requisitos expressos nos incisos I, propriedade.
II e III, do § 1º, do art. 10, do Estatuto do Desarmamento.
Vejamos: DO PORTE
Art. 10 A autorização para o porte de arma de fogo
Como visto acima, a autorização concedida pelo
de uso permitido, em todo o território nacional, é
SINARM é para a posse da arma de fogo. Portanto, não
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de competência da Polícia Federal e somente será


é lícito que a pessoa que obtenha o supramencionado
concedida após autorização do Sinarm.
registro transite com a arma de fogo, vez que só foi
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá
ser concedida com eficácia temporária e territo-
autorizado a manter a posse dela.
rial limitada, nos termos de atos regulamentares, e Em sentido contrário, o art. 6º estabelece que, em
dependerá de o requerente: regra, o porte de arma de fogo é proibido em todo o
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exer- território nacional, prevendo, no entanto, as exceções
cício de atividade profissional de risco ou de amea- estabelecidas nos seus incisosas quais serão descritas
ça à sua integridade física; a seguir.
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta
Lei; Quem é Autorizado a Portar Arma de Fogo?
III – apresentar documentação de propriedade de
arma de fogo, bem como o seu devido registro no z Integrantes das Forças Armadas - Marinha, Exérci-
órgão competente. to e Aeronáutica (Inciso I, do art. 6º); 41
Poderão, com validade em todo âmbito nacional, Poderão, com validade em todo âmbito nacional,
portar arma de fogo particular ou fornecida pela res- portar arma de fogo particular ou fornecida pela res-
pectiva corporação ou instituição, mesmo fora do ser- pectiva corporação ou instituição, mesmo fora do ser-
viço, nos termos no regulamento desta lei (§ 1º, do art. viço, nos termos no regulamento desta lei (§ 1º, do art.
6º, do Estatuto do Desarmamento). 6º, do Estatuto do Desarmamento).

z Os integrantes da polícia federal, polícia rodoviá- z Os integrantes dos órgãos policiais referidos no
ria federal, polícia ferroviária federal, polícias inciso IV, do art. 51, e no inciso XIII, do art. 52,
civis, polícias militares e corpos de bombeiros mili- da Constituição Federal – Polícia da Câmara dos
tares, bem como integrantes da Força Nacional de Deputados e Polícia do Senado Federal (Inciso VI,
Segurança Pública – policiais militares, civis, bom- do art. 6º);
beiros militares e peritos dos estados e do Distrito
Poderão, com validade em todo âmbito nacional,
Federal (Inciso II, do art. 6º);
portar arma de fogo particular ou fornecida pela res-
pectiva corporação ou instituição, mesmo fora do ser-
Poderão, com validade em todo âmbito nacional, viço, nos termos no regulamento desta lei (§ 1º, do art.
portar arma de fogo particular ou fornecida pela res- 6º, do Estatuto do Desarmamento).
pectiva corporação ou instituição, mesmo fora do ser-
viço, nos termos no regulamento desta lei (§ 1º, do art. z Os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guar­
6º, do Estatuto do Desarmamento). das prisionais, os integrantes das escoltas de presos
e as guardas portuárias (Inciso VII, do art. 6º);
z Os integrantes das guardas municipais das capitais z As empresas de segurança privada e de transporte
dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 de valores constituídas, nos termos desta lei (Inci-
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabe- so VIII, do art. 6º).
lecidas no Regulamento do Estatuto do Desarma- z Para os integrantes das entidades de desporto legal-
mento (Inciso III, do art. 6º); mente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do
Poderão portar arma de fogo particular ou forne- regulamento desta Lei, observando-se, no que cou-
cida pela respectiva corporação ou instituição mesmo ber, a legislação ambiental (Inciso IX, do art. 6º);
fora do serviço, nos termos no regulamento desta lei. z Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
O Supremo Tribunal Federal, na ADC 38, declarou Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Traba-
a inconstitucionalidade das expressões “das capitais lho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;
dos Estado” e “com mais de 500.000 (quinhentos mil) (Inciso X, do art. 6º);
habitantes”, por entender que elas desrespeitam os z Os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
princípios constitucionais da igualdade e da eficiência. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públi-
Atente-se ao enunciado da questão, pois, de acordo cos da União e dos Estados, para uso exclusivo de
com o Estatuto, será uma resposta e, de acordo com o servidores de seus quadros pessoais que efetiva-
STF, outra. mente estejam no exercício de funções de segu-
rança, na forma de regulamento a ser emitido pelo
z Os integrantes das guardas municipais dos Muni­ Conselho Nacional de Justiça – CNJ e pelo Conselho
cípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos Nacional do Ministério Público – CNMP (Inciso XI,
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando do art. 6º);.
em serviço (Inciso IV, do art. 6º);
Com a declaração da inconstitucionalidade do inci-
Poderão portar arma de fogo particular ou forne- so IV, do art. 6º, do Estatuto do Desarmamento, tem
cida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo -se que todos os integrantes das guardas municipais
fora do serviço, nos termos no regulamento desta lei. possuem direito a porte de arma de fogo, em serviço
O Supremo Tribunal Federal, na ADC 38, declarou ou fora dele, independentemente do número de habi-
a inconstitucionalidade desse dispositivo, por enten- tantes do Município.
der que ele desrespeita os princípios constitucionais Tal preceito contraria, ainda, o contido no § 7º, do
da igualdade e da eficiência. art. 6º, desta Lei. Vejamos:

É inconstitucional a restrição do porte de arma de Art. 6º [...]


fogo aos integrantes de guardas municipais das § 7º Aos integrantes das guardas municipais dos
capitais dos estados e dos municípios com mais de Municípios que integram regiões metropolitanas
500.000 (quinhentos mil) habitantes e de guardas será autorizado porte de arma de fogo, quando
municipais dos municípios com mais de 50.000 (cin- em serviço.
quenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil)
habitantes, quando em serviço. STF. Plenário. ADC Ainda em relação às guardas municipais, veja o
38/DF, ADI 5538/DF e ADI 5948/DF, Rel. Min. Alexan- que dispõe o § 3º, do art. 6º:
dre de Moraes, julgados em 27/2/2021 (INFO 1007).
Art. 6° [...]
Atente-se ao enunciado da questão, pois, de acordo § 3° A autorização para o porte de arma de fogo
com o Estatuto, será uma resposta e, de acordo com o das guardas municipais estão condicionada à for-
STF, outra. mação funcional de seus integrantes em esta-
belecimentos de ensino de atividade policial,
z Os agentes operacionais da Agência Brasileira à existência de mecanismos de fiscalização e de
de Inte­ligência e os agentes do Departamento de controle interno, nas condições estabelecidas no
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional regulamento desta Lei, observada a supervisão do
42 da Presidência da República (Inciso V, do art. 6º); Ministério da Justiça.
Quanto aos integrantes do quadro efetivo de agen- z A listagem dos servido­res deverá ser atualizada
tes e guardas prisionais, o § 1º-B estabelece que semestralmente no SINARM (§ 4°, do art. 7º-A);
z As instituições são obrigadas a regis­trar ocorrência
Art. 6 [...] policial e a comunicar à Polícia Fede­ral eventual
§ 1º-B Os integrantes do quadro efetivo de agentes e
perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
propriedade particular ou fornecida pela res- armas de fogo, acessórios e munições que estejam
pectiva corporação ou instituição, mesmo fora sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
de serviço, desde que estejam: horas depois de ocorrido o fato (§ 5°, do art. 7º-A).
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do Muita atenção, pois os servidores deverão estar
regulamento;
efetivamente no exercício de funções de segurança.
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e
de controle interno. Com relação aos empregados das empresas de
segurança privada e de transporte de valores, tem-
A autorização para o porte de arma de fogo aos -se que as armas de fogo por eles utilizadas serão de
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, propriedade, responsabilidade e guarda das res-
VII e X, do art. 6º, está condicionada à comprovação pectivas empresas (inclusive, o certificado de regis-
de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o tro e autorização para porte é expedido pela Polícia
manuseio de arma de fogo. Em contrapartida, dispen- Federal em nome da instituição). Além disso, as armas
sa-se aos integrantes das Forças Armadas, das polícias somente poderão ser utilizadas em serviço, devendo
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como
as empresas observarem as condições de uso e de
aos militares dos Estados e do Distrito Federal o cum-
primento de todos os requisitos do art. 4º desta lei. armazenagem esta­belecidas pelo órgão competente.
Cumpre lembrar que tais requisitos são: Os §§ 1º a 3º, do art. 7º, trazem informações impor-
tante acerca das empresas de segurança privada e de
Art. 4º [...] transporte de valores. Vejamos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação
de certidões negativas de antecedentes criminais Art. 7º [...]
fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar § 1º O proprietário ou diretor responsável de empre-
e Eleitoral e de não estar respondendo a inquéri-
sa de segurança privada e de transporte de valores
to policial ou a processo criminal, que poderão ser
responderá pelo crime previsto no parágrafo único
fornecidas por meios eletrônicos;
II – apresentação de documento comprobatório de do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais san-
ocupação lícita e de residência certa; ções administrativas e civis, se deixar de registrar
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atesta- perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
das na forma disposta no regulamento desta Lei. armas de fogo, acessórios e munições que estejam
sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
Já em relação aos servidores das instituições elen- horas depois de ocorrido o fato.
cadas no inciso XI, do art. 6º, tem-se que as armas de § 2º A empresa de segurança e de transporte de
fogo serão de propriedade, responsabilidade e guar- valores deverá apresentar documentação compro-
da das respectivas instituições, somente podendo ser batória do preenchimento dos requisitos constan-
utilizadas quando em serviço, devendo estas observar tes do art. 4º desta Lei quanto aos empregados que
as condições de uso e de armazenagem estabelecidas portarão arma de fogo.
pelo órgão competente, sendo o certificado de registro
§ 3º A listagem dos empregados das empresas refe-
e a autorização de porte expedidos pela Polícia Fede-
ridas neste artigo deverá ser atualizada semestral-
ral em nome da instituição, conforme dispõe o art.
mente junto ao Sinarm.
7º-A, desta lei.
Vale ressaltar que a autorização para o porte de
arma de fogo de que trata o art. 7º-A desta lei, inde- O art. 8º traz informações importantes aplicáveis
pende do pagamento de taxa. às entidades desportivas. De acordo com esse disposi-
Destaca-se,ainda, que tivo, as entidades desportivas legalmente constituídas
devem obedecer às condições de uso e de armazena-
Art. 7º-A [...] gem estabelecidas pelo órgão competente, responden-
§ 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministé- do o possuidor ou o autoriza­do a portar a arma pela
rio Público designará os servidores de seus quadros
sua guarda.
pessoais no exercício de funções de segurança que
O art. 9º trouxe dois assuntos importantes acerca
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

poderão portar arma de fogo, respeitado o limite


máximo de 50% (cinquenta por cento) do número dos estrangeiros. O primeiro diz respeito à competên-
de servidores que exerçam funções de segurança. cia para a autorização de porte arma de fogo para os
responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros
Ainda em relação aos servidores do inciso XI, do em visita ou sediados no Brasil, que, de acordo com
art. 7-A, clarifica-se: o citado artigo, é do Ministério da Justiça. Já o segun-
do diz respeito ao registro e à concessão de porte de
z O porte de arma pelos servidores dessas insti-
trânsito de arma de fogo para colecionadores, atira-
tuições ficam condicionados à apresentação de
dores e caçadores e de representantes estrangeiros
documenta­ção comprobatória do preenchimento
dos requisitos do art. 4º desta lei, bem como à for- em competição internacional oficial de tiro realizada
mação fun­cional em estabelecimentos de ensino de em território brasileiro, que, nos termos do aludido
atividade policial e à existência de mecanismos de artigo, são realizados e concedidos pelo Comando do
fiscalização e de controle interno (§ 3°, do art. 7º-A); Exército. 43
PORTE CIVIL § 2º São isentas do pagamento das taxas previstas
neste artigo as pessoas e as instituições a que se refe-
Esse tópico trata especificamente do porte civil, rem os incisos I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei.
apresentando que a autorização para o porte de arma
de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, z Os integrantes das Forças Armadas;
é de competência da Polícia Federal e somente será con- z Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia
cedida após autorização do Sinarm (Art. 10). Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Milita-
A autorização poderá ser concedida com eficá- res e Corpos de Bombeiros Militares, bem como
cia temporária e territorial limitada, nos termos integrantes da Força Nacional de Segurança Públi-
de atos regulamentares do art. 10º, e dependerá de o ca – Policiais Militares, Civis, Bombeiros Militares
requerente: e Peritos dos Estados e do Distrito Federal;
z Os integrantes das guardas municipais das capitais
Art. 10 [...] dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercí- (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabe-
cio de atividade profissional de risco ou de ameaça lecidas no regulamento desta Lei; (Trechos decla-
à sua integridade física; rados inconstitucionais pela ADC 38)
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei; z Os integrantes das guardas municipais dos Municí-
III – apresentar documentação de propriedade de
pios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos
arma de fogo, bem como o seu devido registro no
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em
órgão competente.
serviço; (Declarado inconstitucional pela ADC 38)
z Os agentes operacionais da Agência Brasileira
Importante! de Inteligência e os agentes do Departamento de
Segurança do Gabinete de Segurança Institucional
A autorização de porte de arma de fogo perde- da Presidência da República;
rá automaticamente sua eficácia, caso o porta- z Polícia da Câmara dos Deputados e Polícia do
dor dela seja detido ou abordado em estado de Senado Federal;
embriaguez ou sob efeito de substâncias quími- z Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
cas ou alucinógenas (§ 2º, do art. 10). Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Traba-
lho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;
z As polícias penais.
DAS COBRANÇAS DE TAXAS E OUTROS
Art. 11-A O Ministério da Justiça disciplinará
As taxas são fixadas nos anexos da Lei. Nas provas a forma e as condições do credenciamento de
de concurso, é raro que caiam os valores das taxas, profissionais pela Polícia Federal para comprova-
pois estão sempre em mudança. ção da aptidão psicológica e da capacidade técnica
O ponto importante deste tópico relaciona-se à para o manuseio de arma de fogo.
prestação dos serviços que geram as taxas. São eles: § 1° Na comprovação da aptidão psicológica, o
valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao
valor médio dos honorários profissionais para rea-
Registro de arma de fogo lização de avaliação psicológica constante do item
1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia.
§ 2° Na comprovação da capacidade técnica, o
Renovação de registro de arma de valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro
fogo
não poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais),
acrescido do custo da munição.
Expedição de segunda via de registro § 3° A cobrança de valores superiores, implicará o des-
de arma de fogo credenciamento do profissional pela Polícia Federal.
Cobrança de taxas
pelos serviços de DOS CRIMES E DAS PENAS
Expedição de porte federal de arma
de fogo A partir do art. 12, o Estatuto do Desarmamento
trata dos crimes em espécie.
O art. 12 criminaliza a conduta de possuir ou man-
Renovação de porte de arma de fogo
ter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou muni-
ção, de uso permitido, em desacordo com determinação
Expedição de segunda via de porte legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou
federal de arma de fogo
dependência desta, ou, ainda, no seu local de trabalho,
desde que seja o titular ou o responsável legal do esta-
Art. 11 [...] belecimento ou empresa.
§ 1° Os valores arrecadados destinam-se ao custeio Portanto, a posse de arma de fogo de uso permiti-
e à manutenção das atividades do Sinarm, da Polí- do pode ser autorizada cumprindo-se os requisitos já
cia Federal e do Comando do Exército, no âmbito de estudados. No entanto, se esta posse estiver em desa-
suas respectivas responsabilidades. cordo com determinação legal, o agente responderá
pelo crime, sendo a pena de detenção de 1 (um) a 3
São isentos do pagamento das taxas: (três) anos, e multa.
Acerca do crime em questão, já manifestou o Supe-
44 Art. 11 [...] rior Tribunal de Justiça:
A Corte Especial do STJ decidiu que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não caracte-
riza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa
(APn n. 686/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015). Tal entendimento, todavia, é
restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei nº 10.826/2003), não se aplicando ao
crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
(art. 16), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais intensa. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 885281-ES,
Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 (INFO 671).

Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

Art. 12 Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa, é considerado crime
e poderá gerar uma pena de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

O sujeito ativo no crime poderá ser qualquer pessoa, sendo considerado crime comum. O sujeito passivo é a
coletividade, considerado-se crime vago.
Os objetos materiais são armas de fogo, acessórios e munições.
O Decreto n° 10.030 estabelece, no anexo III, o glossário com os termos e definições que seguem:

z Arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combus-
tão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente solidária a um cano, que tem a função de dar
continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil;
z Arma de fogo automática: arma da qual o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento
ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado;
z Arma de fogo de repetição: arma da qual a recarga exige a ação mecânica do atirador sobre um componente
para a continuidade do tiro;
z Acessório de arma de fogo: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do
atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma.

Importante!
Parte de uma arma desmontada não constitui “acessório de arma de fogo”, vez que não melhora o desempe-
nho do armamento, assim como o coldre.

O acessório, por si só, não apresenta lesividade jurídica, porém a legislação visou coibir qualquer objeto que
desenvolvesse uma facilidade para a utilização da arma de fogo, desestimulando, desta forma, o seu uso.
Cartucho é formado pelo estojo, espoleta, pólvora e projétil unidos em um único objeto. Se esses componentes
forem apreendidos separadamente, o fato será atípico, por falta de previsão legal.
Sobre isso, há um julgado de suma importância. Vejamos:

PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
CRIME DE PERIGO ABSTRATO. APREENSÃO DE 10 MUNIÇÕES DE ARMA DE CALIBRE 38, DESACOMPANHADAS DE
ARMAMENTO CAPAZ DE DEFLAGRÁ-LAS. MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA. ATIPICIDADE MATERIAL. ANÁLISE
DO CASO CONCRETO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ABSOLVIÇÃO. PRECEDENTES DA QUINTA E
SEXTA TURMAS DESTA CORTE. RECURSO PROVIDO.
1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da ação penal por meio do habeas corpus é medi-
da excepcional, que somente deve ser adotada quando houver inequívoca comprovação da atipicidade da conduta, da
incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade
do delito.
Precedentes.
2. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a possibilidade de incidência do princípio da insignificância a casos de apreen-
são de quantidade reduzida de munição de uso permitido, desacompanhada de arma de fogo, tendo concluído pela total
inexistência de perigo à incolumidade pública (RHC 143.449/MS, Rel. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, SEGUNDA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Turma, de 9/10/2017), vindo a ser acompanhado por ambas as Turmas que compõem a Terceira Seção desta Corte. 3.
Saliente-se que, para que exista, de fato, a possibilidade de incidência do princípio da insignificância, deve-se examinar
o caso concreto, afastando-se o critério meramente matemático. Isso porque, é evidente que a aplicação ou não do prin-
cípio da bagatela está diretamente relacionada às circunstâncias do flagrante, sendo imperioso o vislumbre imediato
da ausência de lesividade da conduta, o que não ocorre, por exemplo, quando a apreensão está atrelada à prática de
outros delitos, ou mesmo quando há o acompanhamento das munições por arma de fogo, apta a preencher a tipicidade
material do delito.
4. No caso em apreço, a conduta de o agente possuir dez munições de arma calibre 38, destituídas de potencia-
lidade lesiva, desacompanhadas de armamento capaz de deflagrá-las, não gera perigo de lesão ou probabili-
dade de dano aos bens jurídicos tutelados, permitindo-se o reconhecimento da atipicidade material, uma vez
analisada a situação concreta, afastado o critério meramente matemático. Precedentes.
5. Recurso em habeas corpus provido para trancar a Ação Penal n. 019/2.17.0004175-9 (CNJ 0009712-05.2017.8.21.0019),
em trâmite na 3ª Vara Criminal da Comarca de Novo Hamburgo/RS.
45
De acordo com a jurisprudência do STJ, o crime de posse irregular de arma de fogo, acessório ou munição de
uso permitido (Art. 12, da Lei n° 10.826/03) é de perigo abstrato, prescindindo de demonstração de efetiva situa-
ção de perigo. Portanto, o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e, sim, a segurança pública e a paz
social.

z Elemento espacial do tipo: no interior de sua residência ou dependência desta ou, ainda, no seu local de
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa.
z Diferença entre posse e porte: A posse ocorre no interior da residência do infrator ou local de trabalho
(intramuros). Já o porte é extramuros, ou seja, fora da residência ou local de trabalho;
z Elemento normativo do tipo: em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

POSSE LEGAL POSSE ILEGAL


A posse ilegal de arma é aquela sem registro expedido pela
Polícia Federal. De 23/12/2003 até 31/12/2009 houve “aboli-
Arma com registro pela Polícia federal após autorização
tio criminis”, “vacatio legis” indireta ou especial”, vez que su-
do SINARM Fato atípico
cessivas leis conferiram prazos para regularização da posse
ilegal de arma e munição
A conduta somente passou a ser considerada crime a partir
— de 01/01/2010. Desse período em diante, aplica-se o art. 32,
do Estatuto do Desarmamento

Trata-se de crime de mera conduta, ou seja, para a consumação do crime, basta a realização da conduta, inde-
pendentemente de qualquer resultado naturalístico.

Omissão de Cautela

Outro crime é a conduta de deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa portadora de deficiência mental apodere-se de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja
de sua propriedade.

Art. 13 Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portado-
ra de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Sujeito ativo: possuidor ou proprietário da arma de fogo (Crime Próprio);


Sujeito passivo: Coletividade (Imediata), de forma secundária o menor de 18 anos e o deficiente mental;

Ocorre o crime mesmo que o menor de 18 anos já tenha adquirido a capacidade civil absoluta por meio de
emancipação;

Conduta: deixar de observar as cautelas necessárias (é quebra do dever de objetivo de cuidado).


É crime culposo;
Objeto material: qualquer arma de fogo pode ser objeto material do crime (arma de uso permitido ou proibi-
do). A espécie de arma será considerada na aplicação da pena;
Consumação: a consumação dá-se pelo apoderamento da vítima, não precisando se lesionar.

Aqui, cabe-nos o seguinte questionamento: O crime é material ou formal?

1ª corrente: Para alguns, o crime é material porque exige o resultado naturalístico do apoderamento da arma,
(Fernando Capez), entendimento que prevalece.
2ª corrente: Para outros, o crime é formal, pois o resultado naturalístico é a lesão ou morte da vítima que não
precisa ocorrer para o crime estar consumado, sendo para alguns de mera conduta (NUCCI).

O parágrafo único, do art. 13, traz a omissão de cautela em sua forma equiparada. Vejamos:

Art. 13 [...]
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e
transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto,
roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primei-
ras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Sujeito ativo: só pode ser sujeito ativo do crime na forma equiparada o proprietário ou diretor responsável
de empresa de segurança e transporte de valores. Portanto, trata-se de crime próprio;
Sujeito passivo: é o Estado, porque se não cumprirem a comunicação, não haverá como promover o controle
das armas de fogo;
Condutas: deixar de registrar ocorrência policial e deixar de comunicar a polícia federal (a falta de qualquer
46 uma dessas comunicações constitui crime);
Objeto material: arma de fogo, acessório e muni- “[...] Logo, uma vez comprovada a absoluta inap-
ção (deixar de comunicar qualquer um deles respon- tidão do artefato bélico apreendido na posse do
derá pelo crime), independentemente de serem de apelante, não há falar em exposição da incolu-
uso permitido ou proibido; midade pública a perigo, razão por que a reforma
Consumação: a consumação só ocorre depois de da sentença de modo a absolvê-lo, com fundamento
24 horas depois do fato (a doutrina lê depois de 24 no art. 386, III, do Código de Processo Penal, é de
horas da ciência do fato, porque, antes de tomar ciên-
rigor”. Diante desse quadro, o acórdão recorrido
cia do fato, não tem como comunicar). Considerado
deve ser mantido, uma vez que se encontra em per-
crime a prazo;
feita sintonia com o entendimento pacificado des-
Tentativa: não é cabível, crime omissivo próprio –
crimes de mera conduta. te Superior Tribunal de Justiça no sentido de que
a posse de arma de fogo com ineficácia para
Para facilitar o seu entendimento: realização de disparos, devidamente compro-
vada por meio de laudo pericial, é figura atí-
z Art. 13, caput: é crime culposo; pica, ante a ausência de potencialidade lesiva
z Art. 13, Parágrafo único: é crime doloso. do objeto. STJ – Resp 1756172 SC 2018/0185939-0,
Relator: Ministra Laurita Vaz, p. 20.09.2018
Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido – Art.
14
Importante!
O crime de posse irregular de arma de fogo de uso
permitido previsto no art. 12, do Estatuto do Desarma- O crime do art. 14, do Estatuto do Desarmamen-
mento, diferencia-se do crime de porte ilegal de arma to, derrogou o art. 19, da Lei de Contravenções
de fogo de uso permitido previsto no art. 14, também penais, no que tange à arma de fogo, permane-
desse Estatuto. Enquanto, no crime de posse irregular cendo em vigor em relação à arma branca.
ou em desacordo com a determinação legal (Art. 12),
o agente detém a arma, acessório ou munição em sua
residência ou em local de trabalho, no crime de porte Disparo de Arma de Fogo – Art.15
ilegal (Art. 14), o agente manipula a arma, praticando
algum dos diversos verbos nele previstos: Conduta eminentemente preventiva, o disparo
de arma de fogo é consumado apenas com o próprio
Art. 14 Portar, deter, adquirir, fornecer, receber,
disparo ou acionamento da munição. Trata-se de um
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra­
tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter delito subsidiário, pois somente é punível se a condu-
sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou ta não se referir a outro crime.
munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamen­ Art. 15 Disparar arma de fogo ou acionar munição
tar, é considerado crime e possui a pena – reclusão, em lugar habitado ou em suas adjacências, em
de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. via pública ou em direção a ela, desde que essa
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é conduta não tenha como finalidade a prática de
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
outro crime, terá uma pena de reclusão, de 2 (dois)
registrada em nome do agente.
a 4 (quatro) anos, e multa, poderá existir o arbitra­
O parágrafo único, do art. 14, foi declarado incons- mento de fiança pela autoridade policial.
titucional pelo STF (ADIN 3.112-1). Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum); inafiançável.
Sujeito passivo: Coletividade (crime vago);
Conduta: Crime de conteúdo variado/tipo misto O parágrafo único, do art. 15, foi declarado incons-
alternativo, crime de ação múltipla (crime único); titucional pelo STF (ADIN 3.112-1).
Objeto Material: Arma de fogo, acessório ou
munição de uso permitido; Sujeito Ativo: qualquer pessoa (Crime Comum);
Consumação: A consumação se dá com a prática Sujeito Passivo: coletividade (Crime Vago);
de qualquer conduta prevista no tipo. Conduta: disparar arma de fogo ou acionar muni-
Tentativa: É possível a tentativa no porte ilegal de ção sem disparo (ex.: o indivíduo dispara um tiro, mas
arma (ex.: tentar adquirir); a munição falha. Tal conduta será considerada como
Causas de aumento de pena: a pena será aumen-
crime de acionar munição);
tada de metade se o agente for reincidente específico
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

em crimes dessa natureza ou, ainda, se o crime for Elemento Espacial: em lugar habitado ou em suas
praticado por integrante dos órgãos e empresas refe- adjacências, em via pública ou em direção a ela (se o
ridos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei. disparo ocorrer em local ermo, não ocorrerá o crime).
Consumação: com o disparo da arma de fogo ou o
Não obstante terem os tribunais superiores muda- acionamento da munição;
do de posicionamento algumas vezes, atualmente Tentativa: é cabível (ex.: quando alguém vai des-
entendem que, para que o crime de porte de arma de ferir ou realizar os disparos, mas é impedido);
fogo se consume, não é necessário que a arma esteja
Causas de aumento de pena: a pena será aumen-
municiada. Entretanto, o STJ já decidiu que, caso a
arma de fogo esteja inapta, inutilizável, não há crime, tada de metade se o agente for reincidente específico
uma vez ausente a exposição da incolumidade pública em crimes dessa natureza ou, ainda, se o crime for
a perigo devido à ausência de potencialidade lesiva do praticado por integrante dos órgãos e empresas refe-
objeto. ridos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei. 47
ART. 15 Vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
DOUTRINA
LEI 10.826/03 arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a crian-
O art. 15 não se aplica se ça ou adolescente
o disparo tem a finalidade Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,
O dispositivo não se aplica de outro crime mais grave, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo
se o disparo tem por finali- se o disparo tem a finalida-
dade a prática de outro cri- de de crime menos grave
Crime hediondo: Nos termos do § 2º, do art. 16:
me (mais grave ou menos (não pode absorver crime
grave). mais grave – princípio da
consunção) ou de igual Art. 16 [...]
gravidade. § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º des-
te artigo envolverem arma de fogo de uso proibido,
a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso
Restrito – Art. 16 Antes do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964, de 2019),
o crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento não
O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo distinguia armas de fogo, acessório ou munição de
de uso restrito é mais grave do que aqueles previstos uso proibido das de uso restrito. Contudo, depois do
nos arts. 12 ou 14. No caso do art. 16, o agente porta ou Pacote Anticrime, a Lei nº 8.072, de 1990, que tutela
possui arma de uso restrito, que possui maior poten- os crimes hediondos, passou a distinguir, consideran-
cial lesivo do que as armas de uso permitido. do que apenas é hediondo o crime de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso proibido (§ 2º, do art.
Art. 16 Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, rece- 16, do Estatuto do Desarmamento). Logo, o crime de
ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter não constitui mais crime hediondo.
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou Ganha destaque a conduta equiparada de vender,
munição de uso restrito, sem autorização e em desa- entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma
cordo com determinação legal ou regulamentar: de fogo, acessório, munição ou explosivo à criança ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. adolescente (Inciso V, § 1º, do art. 16, da Lei nº 10.826,
de 2003). Importa observar que o inciso em destaque
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); derrogou parcialmente a conduta descrita no art. 242,
Sujeito passivo: coletividade (crime vago); do Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, em
Conduta: crime de conteúdo variado ou tipo misto relação às armas brancas, aplica-se o art. 242 do Esta-
alternativo ou crime de ação múltipla; tuto da Criança e do Adolescente.
Objeto material: arma de fogo, acessório ou muni-
ção de uso de restrito; Art. 242 Vender, fornecer ainda que gratuitamente
Consumação: a consumação dá-se com a prática ou entregar, de qualquer forma, à criança ou ado-
de qualquer conduta prevista no tipo; lescente arma, munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
Tentativa: é possível (ex.: na conduta de tentar
adquirir); INCISO V, § 1º, DO ART. ART. 242 DO ECA (LEI
Causas de aumento de pena: a pena será aumen- 16, DA LEI 10.826/03 8.069/90)
tada de metade se o agente for reincidente específico
Continua em vigor contra
em crimes dessa natureza ou, ainda, se o crime for Aplica-se para arma de
arma branca (ex.: entregar
praticado por integrante dos órgãos e empresas refe- fogo (pistola)
um soco inglês)
ridos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei;
O § 1º, do art. 16, prevê condutas equiparadas ao
Comércio Ilegal de Arma de Fogo – Art. 17
crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito. Art. 17 Adquirir, alugar, receber, transportar, con-
duzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
CONDUTAS EQUIPARADAS AO CRIME DE POSSE remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou
OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
RESTRITO ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer si- industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
nal de identificação de arma de fogo ou artefato sem autorização ou em desacordo com determina-
ção legal ou regulamentar:
Modificar as características de arma de fogo, de forma Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou § 1° Equipara-se à atividade comercial ou indus-
restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo trial, qualquer forma de prestação de serviços,
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz fabricação ou comércio irregular ou clandes-
Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explo- tino, inclusive o exercido em residência.
sivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo § 2° Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
com determinação legal ou regulamentar arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza-
ção ou em desacordo com a determinação legal ou
Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de presentes elementos probatórios razoáveis de con-
48 identificação raspado, suprimido ou adulterado duta criminal preexistente.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que comercializar Art. 21 Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são
ou industrializar, de forma irregular ou clandestina, insuscetíveis de liberdade provisória.
inclusive em sua residência;
Sujeito passivo: coletividade (Crime Vago); Este artigo foi declarado inconstitucional pelo STF
Conduta: crime de conteúdo variado ou tipo misto (ADIN 3.112-1).
alternativo ou crime de ação múltipla;
Objeto material: arma de fogo, acessório e DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
munição.
Crime habitual: Trata-se de crime habitual, tendo De acordo com o art. 22, o Ministério da Justiça
em vista que o legislador usa “no exercício de ativi- poderá celebrar convênios com os Estados e o Distrito
dade comercial ou industrial”. Logo, para a consu- Federal para o cumprimento da Lei.
mação, exige-se a reiteração da conduta;
Art. 22 O Ministério da Justiça poderá celebrar
Tentativa: é perfeitamente possível (ex.: verbos
convênios com os Estados e o Distrito Federal para
adquirir e desmontar.)
o cumprimento do disposto nesta Lei.
Causa de aumento de pena: a pena será aumen-
tada de metade se a arma, acessório ou munição for Já no que tange à classificação legal, técnica e geral
de uso restrito ou proibido, se o agente for reinci-
presente no art. 23, bem como à definição das armas
dente específico em crimes dessa natureza ou, ainda,
de fogo e demais produtos controlados, de usos proi-
se o crime for praticado por integrante dos órgãos e
bidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor his-
empresas referidos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei.
tórico, serão disciplinadas em ato do chefe do Poder
Tráfico Internacional de Arma de Fogo – Art. 18 Executivo Federal, mediante proposta do Comando do
Exército.
O crime de tráfico internacional de arma de fogo
é de competência da Justiça Federal. As condutas são Art. 23 A classificação legal, técnica e geral bem
as de importar, exportar, favorecer a entrada ou saída como a definição das armas de fogo e demais pro-
de arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- dutos controlados, de usos proibidos, restritos,
ção da autoridade competente, do território nacional. permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo
Art. 18 Importar, exportar, favorecer a entrada ou Federal, mediante proposta do Comando do Exérci-
saída do território nacional, a qualquer título, de to. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- § 1º Todas as munições comercializadas no País
ção da autoridade competente: deverão estar acondicionadas em embalagens com
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) sistema de código de barras, gravado na caixa,
anos, e multa visando possibilitar a identificação do fabricante e
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem do adquirente, entre outras informações definidas
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou muni- pelo regulamento desta Lei.
ção, em operação de importação, sem autorização § 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente
da autoridade competente, a agente policial dis- serão expedidas autorizações de compra de muni-
farçado, quando presentes elementos probatórios ção com identificação do lote e do adquirente no
razoáveis de conduta criminal preexistente.
culote dos projéteis, na forma do regulamento des-
ta Lei.
Haverá, ainda, aumento da metade da pena se § 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso ano da data de publicação desta Lei conterão dis-
proibido ou restrito. positivo intrínseco de segurança e de identificação,
gravado no corpo da arma, definido pelo regula-
Sujeito ativo: qualquer pessoa (Crime Comum); mento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos
Sujeito passivo: Estado; no art. 6º.
Condutas: importar, exportar ou favorecer; § 4º As instituições de ensino policial e as guardas
municipais referidas nos incisos III e IV do caput
ART. 318 DO CP (FACILI- do art. 6o desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir
ESTATUTO DO
TAÇÃO DE CONTRABAN- insumos e máquinas de recarga de munição para
DESARMAMENTO
DO OU DESCAMINHO) o fim exclusivo de suprimento de suas atividades,
mediante autorização concedida nos termos defini-
Crime comum: que pode Crime funcional: quando
dos em regulamento.
ser praticado por qualquer é praticado no exercício
pessoa, funcionário públi- da função (funcionário
co ou não público) Excetuadas as atribuições apresentadas no art. 2º,
consoante dispõe o art. 24, compete ao Comando do
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Objeto material: arma de fogo, acessório e muni- Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação,
ção (não se menciona “explosivo”); importação, desembaraço alfandegário e o comércio
Consumação: com a importação, exportação ou de armas de fogo e demais produtos controlados, inclu-
favorecimento; sive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
Tentativa: é cabível. colecionadores, atiradores e caçadores (Art. 24).
Passou a ser considerado crime hediondo, art. 1º,
IV, da Lei 8.072/90 (uso permitido, restrito ou proibido). Art. 25 As armas de fogo apreendidas, após a ela-
Causa de aumento de pena: a pena será aumen- boração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
tada de metade se a arma, acessório ou munição for quando não mais interessarem à persecução
de uso restrito ou proibido, se o agente for reinci- penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao
dente específico em crimes dessa natureza ou, ainda, Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e
se o crime for praticado por integrante dos órgãos e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos
empresas referidos nos arts. 6º. 7º, ou 8º desta Lei. de segurança pública ou às Forças Armadas. 49
Com isso, de acordo com o § 1º do referido artigo, Já, de acordo com o art. 30 da Lei, os possuido­res
as armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exér- e proprietários de arma de fogo de uso permitido ain-
cito que receberem parecer favorável à doação, obe- da não registrada deveriam solicitar seu registro até o
decidos o padrão e a dotação de cada Força Armada dia 31 de dezembro de 2008, mediante aposentação de
ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios documento de identificação pessoal e com­provante de
de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justi- residência fixa, acompanhados de nota fiscal de com-
ça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas pra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos
meios de prova admitidos em direito, ou declaração
em relatório reservado trimestral a ser encaminhado
firmada na qual constem as características da arma
àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo para mani-
e a sua condição de proprietário, ficando este dispen-
festação de interesse. sado do pagamento de taxas e do cumprimento das
demais exigências previstas no art. 4º, cuja redação
Art. 25 [...] cumpre relembrar:
§ 1°-A As armas de fogo e munições apreendidas
em decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permiti-
qualquer forma utilizadas em atividades ilícitas de do o interessado deverá, além de declarar a efetiva
produção ou comercialização de drogas abusivas, necessidade, atender aos seguintes requisitos:
ou, ainda, que tenham sido adquiridas com recur- I - comprovação de idoneidade, com a apresentação
sos provenientes do tráfico de drogas de abuso, de certidões negativas de antecedentes criminais
perdidas em favor da União e encaminhadas para fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar
o Comando do Exército, devem ser, após perícia ou e Eleitoral e de não estar respondendo a inquéri-
vistoria que atestem seu bom estado, destinadas to policial ou a processo criminal, que poderão ser
com prioridade para os órgãos de segurança públi- fornecidas por meios eletrônicos; (Redação dada
ca e do sistema penitenciário da unidade da federa- pela Lei nº 11.706, de 2008)
II – apresentação de documento comprobatório de
ção responsável pela apreensão.
ocupação lícita e de residência certa;
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
Portanto, de acordo com o §2°, o Comando do Exér- psicológica para o manuseio de arma de fogo, atesta-
cito encaminhará a relação das armas a serem doadas das na forma disposta no regulamento desta Lei.
ao juiz competente, que determinará o seu perdimen-
to em favor da instituição beneficiada. Para Fins De Cumprimento do que dispõe o art.
O transporte das armas de fogo doadas será de res- 30, caput, o proprietário poderá obter o poderá obter
ponsabilidade da instituição beneficiada, que procede- certificado de registro provisório junto ao Departa-
rá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma (§ 3°). mento de Polícia Federal, certidão esta expedida pela
No que tange ao Poder Judiciário, esse instituirá rede mundial de computadores – internet –, na forma
instrumentos para o encaminhamento ao Sinarm ou estabelecida do Regulamento do Estatuto do Desarma-
ao Sigma, conforme se trate de arma de uso permiti- mento e obedecidos os procedimentos dos incisos I e
do ou de uso restrito, semestralmente, da relação de II, do § 4º, do art. 5º, desta lei.
armas acauteladas em juízo, mencionando suas carac-
Art. 5º [...]
terísticas e o local onde se encontram. I - emissão de certificado de registro provisório pela
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias;
Art. 26 São vedadas a fabricação, a venda, a comer- II - revalidação pela unidade do Departamento de
cialização e a importação de brinquedos, réplicas Polícia Federal do certificado de registro provisó-
e simulacros de armas de fogo, que com estas se rio pelo prazo que estimar como necessário para
possam confundir. a emissão definitiva do certificado de registro de
Parágrafo único: Excetuam-se da proibição as propriedade.
réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao Art. 31 Os possuidores e proprietários de armas
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, de fogo adquiridas regularmente poderão, a qual-
nas condições fixadas pelo Comando do Exército. quer tempo, entregá-las à Polícia Federal, median-
te recibo e indenização, nos termos do regulamento
desta Lei.
Destaca-se que caberá ao Comando do Exército Art. 32 Os possuidores e proprietários de arma de
autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas fogo poderão entregá-la, espontaneamente, median-
de fogo de uso restrito, não se aplicando às aquisições te recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indeni-
dos Comandos Militares. zados, na forma do regulamento, ficando extinta
a punibilidade de eventual posse irregular da
Art. 28 É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) referida arma.
anos adquirir arma de fogo, ressalvados os inte-
grantes das entidades já apresentadas. Conforme amplamente discutido anteriormente, o
Estatuto do Desarmamento visou desestimular o uso e
Com relação às autorizações de porte de armas porte das armas de fogo pelos cidadãos. Nessa mesma
de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias linha pensamento, o legislador, no art. 33, incluiu uma
multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00
após a publicação da Lei, sendo outro dispositivo que
(trezentos mil reais) aplicável a:
se encontra obsoleto, tendo em vista o art. 29.
Art. 33 [...]
Art. 29 [...] I - À empresa de transporte aéreo, rodoviário, fer-
Parágrafo único. O detentor de autorização com roviário, marítimo, fluvial ou lacustre que delibera-
prazo de validade superior a 90 (noventa) dias damente, por qualquer meio, faça, promova, facilite
poderá renová-la, perante a Polícia Federal, no pra- ou permita o transporte de arma ou munição sem a
zo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem devida autorização ou com inobservância das nor-
50 ônus para o requerente. mas de segurança;
II - À empresa de produção ou comércio de arma- Importante!
mentos que realize publicidade para venda, esti-
mulando o uso indiscriminado de armas de fogo, Consideram-se drogas as substâncias ou os pro-
exceto nas publicações especializadas. dutos capazes de causar dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas
Dispõe o art. 34 que os promotores de eventos em atualizadas, periodicamente, pelo Poder Executi-
locais fechados, com aglomeração superior a 1000 (um vo da União (Parágrafo único, art. 1º).
mil) pessoas, adotarão, sob pena de responsa­bilidade,
as providências necessárias para evitar o ingresso de Podemos destacar que a Lei de Drogas é uma nor-
pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos ma penal em branco, ou seja, ela necessita de um
pela inviolabilidade de consciência e crença (Inciso complemento que traga a definição do que são dro-
VI, do art. 5º, da Constituição Federal). gas. Essa complementação se realiza por meio da por-
taria1 SVS/MS de nº 344, de 12 de maio de 1998, que
Art. 34 [...] traz os princípios ativos das substâncias que poderão
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela ser enquadradas como drogas e, consequentemente, a
prestação dos serviços de transporte internacional tipificação da conduta do agente nos crimes elencados
e interestadual de passageiros adotarão as provi- nesta Lei.
dências necessárias para evitar o embarque de pas- A previsão legal de que a referida Lei é uma nor-
sageiros armados. ma penal em branco heterogênea provém como visto
anteriormente, do art. 1º, parágrafo único, combinado
Por fim, o art. 34-A, do Estatuto do Desarmamen- com o art. 66, disposto a seguir:
to, estabelece a criação do Banco Nacional de Perfis
Balísticos: Art. 66 Para fins do disposto no parágrafo único
do art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a ter-
Art. 34-A Os dados relacionados à coleta de regis- minologia da lista mencionada no preceito, deno-
tros balísticos serão armazenados no Banco Nacio- minam-se drogas substâncias entorpecentes,
nal de Perfis Balísticos. psicotrópicas, precursoras e outras sob contro-
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem le especial, da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de
como objetivo cadastrar armas de fogo e armaze- maio de 1998.
nar características de classe e individualizadoras
de projéteis e de estojos de munição deflagrados
Consoante ao art. 2º, da Lei nº 11.343, de 2006, é
permitido o uso de substâncias psicotrópicas deriva-
por arma de fogo.
das das plantas de uso estritamente ritualístico-reli-
§ 2º Banco Nacional de Perfis Balísticos será cons-
gioso quando for utilizada para essa finalidade. Um
tituído pelos registros de elementos de munição
exemplo de planta que apresenta substâncias psico-
deflagrados por armas de fogo relacionados a cri-
trópicas usada para ritual religioso é a Ayahuasca
mes, para subsidiar ações destinadas às apurações
(também conhecida como Santo Daime).
criminais federais, estaduais e distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será geri-
Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacio-
do pela unidade oficial de perícia criminal. nal, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de colheita e a exploração de vegetais e substratos dos
Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele quais possam ser extraídas ou produzidas drogas,
que permitir ou promover sua utilização para fins ressalvada a hipótese de autorização legal ou regu-
diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judi- lamentar, bem como o que estabelece a Convenção
cial responderá civil, penal e administrativamente. de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias
§ 5° É vedada a comercialização, total ou parcial, da Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso
base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos. estritamente ritualístico-religioso.
§ 6° A formação, a gestão e o acesso ao Banco Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio,
Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados a cultura e a colheita dos vegetais referidos na lei,
exclusivamente para fins medicinais ou científicos,
em ato do Poder Executivo federal.
em local e prazo predeterminados, mediante fiscali-
zação, respeitadas as ressalvas supramencionadas.

LEI Nº 11.343/2006 E SUAS SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS


SOBRE DROGAS
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ALTERAÇÕES (LEI DE DROGAS)


O SISNAD é o conjunto ordenado de princípios,
A Lei nº 11.343, de 2006, apresenta como sua ver-
regras, critérios e recursos materiais e humanos que
tente de estrutura central o Sistema Nacional de Polí-
envolvem as políticas, planos, programas, ações e pro-
ticas Públicas sobre Drogas (SISNAD), prescrevendo jetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, o
medidas de prevenção do uso indevido dessas subs- Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Esta-
tâncias, além de promover a atenção e a reinserção dos, Distrito Federal e Municípios (§ 1º, do art. 3º)
social aos usuários e dependentes e, ainda, estabele- De acordo com o art. 3º, esse Sistema tem como
cer normas de repressão à produção não autorizada e finalidade articular, integrar, organizar e coordenar
ao tráfico ilícito de drogas (art. 1º). as atividades relacionadas com:
1 Você pode encontrar a lista das substâncias previstas na portaria no link a seguir: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/1998/
prt0344_12_05_1998_rep.html 51
II - promover a construção e a socialização do
A prevenção do uso conhecimento sobre drogas no país;
indevido, a atenção e III - promover a integração entre as políticas de pre-
a reinserção social de venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
usuários e dependentes de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
drogas produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as polí-
Sisnad
ticas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo
da União, Distrito Federal, Estados e Municípios;
A repressão da produção IV - assegurar as condições para a coordenação,
não autorizada e do a integração e a articulação das atividades de que
tráfico ilícito de drogas trata o art. 3º desta Lei.
Possuindo os princípios e objetivos, podemos afir-
mar que a organização do Sisnad assegura a orien-
Art. 3 [...] tação central e a execução descentralizada das
§ 2° O Sisnad atuará em articulação com o Siste- atividades realizadas em seu âmbito e nas esferas
ma Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de federal, distrital, estadual e municipal e se constitui
Assistência Social - SUAS. matéria definida no regulamento desta Lei de Dro-
gas (art. 7º).
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS DO SISNAD
Dica
O art. 4º estabelece os princípios do SISNAD.
Vejamos: Atente-se aos verbos que iniciam os objetivos,
quais sejam: contribuir, promover e assegurar.
Art. 4º [...]
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa
humana, especialmente quanto à sua autonomia e COMPETÊNCIAS
à sua liberdade;
II - o respeito à diversidade e às especificidades O art. 8º-A estabelece as competências da União
populacionais existentes; com relação à política de combate às drogas. Para fins
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de de prova, basta a leitura atenta dos incisos.
cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os
como fatores de proteção para o uso indevido de
drogas e outros comportamentos correlacionados; Art. 8º-A [...]
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla I - formular e coordenar a execução da Política
participação social, para o estabelecimento dos Nacional sobre Drogas;
fundamentos e estratégias do Sisnad; II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre
V - a promoção da responsabilidade compartilhada Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal,
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importân- Municípios e a sociedade;
cia da participação social nas atividades do Sisnad; III - coordenar o Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos
IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e fun-
fatores correlacionados com o uso indevido de dro-
gas, com a sua produção não autorizada e o seu cionamento do Sisnad e suas normas de referência;
tráfico ilícito; V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas,
VII - a integração das estratégias nacionais e inter- prioridades, indicadores e definir formas de finan-
nacionais de prevenção do uso indevido, atenção e ciamento e gestão das políticas sobre drogas;
reinserção social de usuários e dependentes de dro- VIII - promover a integração das políticas sobre
gas e de repressão à sua produção não autorizada drogas com os Estados, o Distrito Federal e os
e ao seu tráfico ilícito; Municípios;
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério
IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e Muni-
Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visan-
do à cooperação mútua nas atividades do Sisnad; cípios, a execução das políticas sobre drogas, obser-
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que vadas as obrigações dos integrantes do Sisnad;
reconheça a interdependência e a natureza com- X - estabelecer formas de colaboração com Estados,
plementar das atividades de prevenção do uso Distrito Federal e Municípios para a execução das
indevido, atenção e reinserção social de usuários e políticas sobre drogas;
dependentes de drogas, repressão da produção não XI - garantir publicidade de dados e informações
autorizada e do tráfico ilícito de drogas; sobre repasses de recursos para financiamento das
X - a observância do equilíbrio entre as atividades
políticas sobre drogas;
de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas e de XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos
repressão à sua produção não autorizada e ao seu nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento,
tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o reinserção social e econômica e repressão ao tráfi-
bem-estar social; co ilícito de drogas;
XI - a observância às orientações e normas emana- XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes
das do Conselho Nacional Antidrogas - Conad. transfronteiriços;
XIV - estabelecer uma política nacional de controle
O art. 5º, por sua vez, estabelece os objetivos do de fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas
SISNAD. Vejamos: no País.

Art. 5º [...]
Do Plano Nacional de Políticas Sobre Drogas
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamen-
tos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico São objetivos específicos do Plano Nacional de dro-
52 ilícito e outros comportamentos correlacionados; gas, dentre outros:
z Promover a interdisciplinaridade e integração dos II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamen-
programas, ações, atividades e projetos dos órgãos tação científica como forma de orientar as ações
e entidades públicas e privadas nas áreas de saú- dos serviços públicos comunitários e privados e de
de, educação, trabalho, assistência social, previ- evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e
dência social, habitação, cultura, desporto e lazer, dos serviços que as atendam;
III - o fortalecimento da autonomia e da responsa-
visando à prevenção do uso de drogas, atenção e
bilidade individual em relação ao uso indevido de
reinserção social dos usuários ou dependentes de
drogas;
drogas; IV - o compartilhamento de responsabilidades e a
z Viabilizar a ampla participação social na formula- colaboração mútua com as instituições do setor pri-
ção, implementação e avaliação das políticas sobre vado e com os diversos segmentos sociais, incluindo
drogas; usuários e dependentes de drogas e respectivos fami-
z Priorizar programas, ações, atividades e projetos liares, por meio do estabelecimento de parcerias;
articulados com os estabelecimentos de ensino, V - a adoção de estratégias preventivas diferencia-
com a sociedade e com a família para a prevenção das e adequadas às especificidades socioculturais
do uso de drogas; das diversas populações, bem como das diferentes
z Ampliar as alternativas de inserção social e econô- drogas utilizadas;
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
mica do usuário ou dependente de drogas, promo-
do uso” e da redução de riscos como resultados dese-
vendo programas que priorizem a melhoria de sua
jáveis das atividades de natureza preventiva, quando
escolarização e a qualificação profissional; da definição dos objetivos a serem alcançados;
z Promover o acesso do usuário ou dependente de VII - o tratamento especial dirigido às parcelas
drogas a todos os serviços públicos; mais vulneráveis da população, levando em consi-
z Estabelecer diretrizes para garantir a efetividade deração as suas necessidades específicas;
dos programas, ações e projetos das políticas sobre VIII - a articulação entre os serviços e organiza-
drogas; ções que atuam em atividades de prevenção do uso
z Fomentar a criação de serviço de atendimento indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e
telefônico com orientações e informações para dependentes de drogas e respectivos familiares;
apoio aos usuários ou dependentes de drogas; IX - o investimento em alternativas esportivas, cultu-
z Articular programas, ações e projetos de incentivo rais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma
de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
ao emprego, renda e capacitação para o trabalho,
X - o estabelecimento de políticas de formação con-
com objetivo de promover a inserção profissio- tinuada na área da prevenção do uso indevido de
nal da pessoa que haja cumprido o plano indivi- drogas para profissionais de educação nos 3 (três)
dual de atendimento nas fases de tratamento ou níveis de ensino;
acolhimento; XI - a implantação de projetos pedagógicos de pre-
z Promover formas coletivas de organização para o venção do uso indevido de drogas, nas instituições
trabalho, redes de economia solidária e o coopera- de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes
tivismo, como forma de promover autonomia ao Curriculares Nacionais e aos conhecimentos rela-
usuário ou dependente de drogas egresso de trata- cionados a drogas;
mento ou acolhimento, observando-se as especifi- XII - a observância das orientações e normas ema-
cidades regionais; nadas do Conad;
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de
z Propor a formulação de políticas públicas que con-
controle social de políticas setoriais específicas.
duzam à efetivação das diretrizes e princípios pre-
vistos no art. 22;
z Articular as instâncias de saúde, assistência social
Importante!
e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas;
z Promover estudos e avaliação dos resultados das As atividades de prevenção do uso indevido
políticas sobre drogas. de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
deverão estar em consonância com as diretrizes
Salienta-se que o referido plano terá duração de 5 emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos
(cinco) anos contados da sua aprovação. da Criança e do Adolescente – Conanda (Pará-
grafo único do art. 19).
ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO,
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
DEPENDENTES DE DROGAS Da Semana Nacional de Políticas sobre Drogas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Criou-se a Semana Nacional de Políticas sobre Dro-


Da Prevenção
gas, a qual comemorada anualmente na quarta sema-
na de junho, visando à intensificação de ações de:
Art. 18 Constituem atividades de prevenção do uso
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas Art. 19-A [...]
direcionadas para a redução dos fatores de vulne- I - difusão de informações sobre os problemas
rabilidade e risco e para a promoção e o fortaleci- decorrentes do uso de drogas;
mento dos fatores de proteção. II - promoção de eventos para o debate público
Art. 19 As atividades de prevenção do uso indevido sobre as políticas sobre drogas;
de drogas devem observar os seguintes princípios III - difusão de boas práticas de prevenção, trata-
e diretrizes: mento, acolhimento e reinserção social e econômi-
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como ca de usuários de drogas;
fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas
e na sua relação com a comunidade à qual pertence; de prevenção do uso indevido de drogas; 53
V - mobilização da comunidade para a participação X - orientação adequada ao usuário ou dependente
nas ações de prevenção e enfrentamento às drogas; de drogas quanto às consequências lesivas do uso
VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos de drogas, ainda que ocasional. (Incluído pela Lei
na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de nº 13.840, de 2019)
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na reali- Art. 23 As redes dos serviços de saúde da União,
zação de atividades de prevenção ao uso de drogas. dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
desenvolverão programas de atenção ao usuário e
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO, ao dependente de drogas, respeitadas as diretrizes
ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E do Ministério da Saúde e os princípios explicitados
no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orça-
ECONÔMICA DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE mentária adequada.
DROGAS Art. 23-A O tratamento do usuário ou dependen-
te de drogas deverá ser ordenado em uma rede de
É essencial destacar que as atividades de atenção atenção à saúde, com prioridade para as modalida-
ao usuário, ao dependente de drogas e respectivos des de tratamento ambulatorial, incluindo excep-
familiares são aquelas que visam à melhoria da qua- cionalmente formas de internação em unidades de
lidade de vida e à redução dos riscos e dos danos saúde e hospitais gerais nos termos de normas dis-
associados ao uso de drogas. postas pela União e articuladas com os serviços de
assistência social e em etapas que permitam:
Art. 20 Constituem atividades de atenção ao usuá- I - articular a atenção com ações preventivas que
rio e dependente de drogas e respectivos familiares, atinjam toda a população;
II - orientar-se por protocolos técnicos predefini-
para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria
dos, baseados em evidências científicas, oferecendo
da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos
atendimento individualizado ao usuário ou depen-
danos associados ao uso de drogas. dente de drogas com abordagem preventiva e, sem-
pre que indicado, ambulatorial;
Ademais, as atividades de reinserção social do III - preparar para a reinserção social e econômica,
usuário ou do dependente de drogas e respectivos respeitando as habilidades e projetos individuais
familiares, para efeito desta Lei, são aquelas direcio- por meio de programas que articulem educação,
nadas para a sua integração ou reintegração em capacitação para o trabalho, esporte, cultura e
redes sociais. Ou seja, um dos maiores objetivos da acompanhamento individualizado;
Política Nacional de Drogas é a reinserção do usuário IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sis-
ao convívio social e familiar. nad, de forma articulada.
Portanto, caberá à União dispor sobre os protoco-
Art. 21 Constituem atividades de reinserção social los técnicos de tratamento, em âmbito nacional.
do usuário ou do dependente de drogas e respecti- Já a internação de dependentes de drogas somen-
vos familiares, para efeito desta Lei, aquelas dire- te será realizada em unidades de saúde ou hospi-
tais gerais, dotados de equipes multidisciplinares e
cionadas para sua integração ou reintegração em
deverá ser obrigatoriamente autorizada por médi-
redes sociais.
co devidamente registrado no Conselho Regional de
Medicina - CRM do Estado onde se localize o esta-
Vale dizer que, de acordo com o art. 22, as ativi-
belecimento no qual se dará a internação, vide art.
dades descritas no artigo anterior deverão respeitar 23-A, § 2º.
princípios e diretrizes previamente fixados. São eles:

Art. 22 [...]
As medidas de internação só serão realizadas
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas,
quando os recursos extra-hospitalares demonstrarem
independentemente de quaisquer condições, obser-
insuficiência na solução do problema. Sendo assim,
vados os direitos fundamentais da pessoa humana,
estas devem ser comunicadas (tanto as internações
os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
quanto as altas) ao Ministério Público, à Defensoria
Pública e aos demais órgãos de fiscalização no prazo
e da Política Nacional de Assistência Social;
máximo de 72 horas.
II - a adoção de estratégias diferenciadas de aten-
É importante destacar que há dois tipos de inter-
ção e reinserção social do usuário e do dependente
nação, vide § 3º do art. 23-A. Vejamos:
de drogas e respectivos familiares que considerem
as suas peculiaridades socioculturais;
III - definição de projeto terapêutico individualiza- z Internação voluntária – aquela que se dá com o
do, orientado para a inclusão social e para a redu- consentimento do dependente de drogas. O usuá-
ção de riscos e de danos sociais e à saúde; rio, por livre manifestação de vontade, consen-
IV - atenção ao usuário ou dependente de dro- te com a internação. A manifestação de vontade
gas e aos respectivos familiares, sempre que pos- deverá ser realizada por declaração escrita. O tér-
sível, de forma multidisciplinar e por equipes mino da internação poderá ser dado:
multiprofissionais; „ Por determinação médica;
V - observância das orientações e normas emana- „ Por solicitação escrita daquele que estiver em
das do Conad; tratamento.
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de con-
trole social de políticas setoriais específicas. z Internação involuntária – aquela que se dá sem
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional; o consentimento do dependente. Trata-se de um
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) caso mais extremo, no qual a internação é rea-
VIII - efetivação de políticas de reinserção social lizada a pedido (devidamente fundamentado e
voltadas à educação continuada e ao trabalho; demonstrados os motivos que justificam a medida
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) de internação) de familiar ou do responsável legal
IX - observância do plano individual de atendimen- ou, na falta destes, de servidor público da área de
to na forma do art. 23-B desta Lei; (Incluído pela Lei saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos
54 nº 13.840, de 2019) integrantes do Sisnad.
Consoante, dispõem os §§ 4º e 5°, do art. 23-A. V - formas de participação da família para efetivo
Outros detalhes da internação involuntária merecem cumprimento do plano individual; (Incluído pela
destaque: Lei nº 13.840, de 2019)
VI - designação do projeto terapêutico mais ade-
„ A internação involuntária só será realizada quado para o cumprimento do previsto no plano; e
após formalização de decisão médica, que (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
deverá indicar o tipo de droga, o padrão de uso, VII - as medidas específicas de atenção à saúde do
bem como justificar, devidamente, a impossibi- atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
lidade de se utilizar meios alternativos que não
sejam a internação; O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta)
„ A internação terá prazo máximo de 90 dias, dias da data do ingresso no atendimento (§ 6º, do
porém só deverá ser realizada pelo tempo
art. 23-B). As informações colhidas na avaliação serão
necessário à desintoxicação do internado e terá
seu término definido por determinação médica; consideradas sigilosas.
„ A família ou o representante legal poderá reque- Com o fim de incentivar a reinserção do usuário
rer a interrupção da internação/tratamento. e dependente de drogas no mercado de trabalho, a
União, os Estados, o DF e os Municípios poderão con-
Todas as internações e altas deverão ser informa- ceder benefícios às instituições privadas, vide art. 24.
das, em, no máximo, 72 (setenta e duas) horas, ao Vale destacar que, segundo o art. 25, as instituições
Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros da sociedade civil sem fins lucrativos com atuação nas
órgãos de fiscalização por meio de sistema informa-
áreas de atenção à saúde e de assistência social que
tizado único, sendo garantido o sigilo das informa-
atendam usuários ou dependentes de drogas pode-
ções disponíveis no sistema e o acesso será permitido
apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena rão receber recursos do Fundo Nacional Antidrogas
de responsabilidade, de acordo com o § 7º. (FUNAD) condicionados à sua disponibilidade orça-
mentária e financeira.
Art. 23-A [...]
§ 9º É vedada a realização de qualquer modalida- DOS CRIMES E DAS PENAS
de de internação nas comunidades terapêuticas
acolhedoras. Este tópico é o mais importante para fins de pro-
va. Portanto, preste, sempre, muita atenção a todos os
DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO aspectos da Lei de Drogas, principalmente aos polê-
micos, a fim de que você tenha sucesso na resolução
O plano individual de atendimento visa o atendi- de questões.
mento ao usuário ou dependente de drogas na rede de
atenção à saúde e dependerá de avaliação prévia por Art. 27 As penas previstas neste Capítulo poderão
equipe multidisciplinar e multissetorial e Elabora- ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem
ção de um Plano Individual de Atendimento – PIA como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
(Art. 23-B). Ministério Público e o defensor.
A avaliação prévia, que consta no art. 23-B, será
utilizada como base para elaborar um plano terapêu- O art. 27 é autoexplicativo. As penas poderão ser
tico de cada indivíduo e deverá levantar, no mínimo, aplicadas de forma isolada ou cumulativamente,
o tipo de droga e padrão de uso, bem como o risco à
cabendo a sua substituição.
saúde física e mental do usuário.
Já o PIA deverá contemplar a participação dos fami- O art. 28 traz-nos um importante dispositivo da Lei
liares ou responsáveis, os quais têm o dever de contri- de Drogas, pois criminaliza a conduta de posse de dro-
buir com o processo, sendo esses, no caso de crianças gas para consumo pessoal. Veja:
e adolescentes, passíveis de responsabilização civil,
administrativa e criminal, além de ser, inicialmente, Art. 28 Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do transportar ou trouxer consigo, para consumo pes-
primeiro projeto terapêutico que atender o usuário ou soal, drogas sem autorização ou em desacordo com
dependente de drogas e será atualizado ao longo das determinação legal ou regulamentar será submeti-
diversas fases do atendimento (§§ 3º e 4º, do art. 23-B). do às seguintes penas
Preenchidos os requisitos, deverão constar, no I - advertência sobre os efeitos das drogas;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

plano individual, no mínimo, os elementos listados a II - prestação de serviços à comunidade;


seguir: III - medida educativa de comparecimento a pro-
grama ou curso educativo.
Art. 23-B [...]
§ 5º [...]
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; O § 1º equipara, ainda, a conduta de quem, para
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plan-
II - os objetivos declarados pelo atendido; (Incluído tas destinadas à preparação de pequena quan-
pela Lei nº 13.840, de 2019) tidade de substância ou produto capaz de causar
III - a previsão de suas atividades de integração
dependência física ou psíquica.
social ou capacitação profissional; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019) A título de exemplo, podemos citar o agente que
IV - atividades de integração e apoio à família; cultiva pequena quantidade para consumo pessoal no
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) quintal de sua casa. 55
Importante! § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos
incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
O STF decidiu (RE 430.105-9-RJ) que houve a pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
despenalização da conduta do art. 28 da Lei de
Drogas, uma vez que a conduta é criminosa, mas No que tange às penas de prestação de serviços à
não se admite a submissão à pena privativa de comunidade e medida educativa de comparecimento à
liberdade para os referidos tipos. programa ou curso educativo, serão aplicadas pelo pra-
zo máximo de 5 (cinco) meses e, em caso de reinci-
dência, pelo prazo máximo de 10 (dez) meses (§§ 2º e
Quanto a este entendimento, há posições doutriná- 3º, do art. 28). Ademais, a imposição e a execução das
rias divergentes. Para a sua prova, o que importa é o penas prescrevem em 2 (dois) anos (Art. 30).
posicionamento do STF.
Art. 28 [...]
z Bem jurídico tutelado ou objetividade jurídica § 5º A prestação de serviços à comunidade será
cumprida em programas comunitários, entidades
— a Saúde Pública colocada em risco pelo compor-
educacionais ou assistenciais, hospitais, estabeleci-
tamento do usuário: Não se pune o porte da droga mentos congêneres, públicos ou privados sem fins
para o uso próprio em função da proteção à saú- lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da
de do agente, mas em razão do mal potencial que prevenção do consumo ou da recuperação de usuá-
pode gerar à coletividade; rios e dependentes de drogas.
z Sujeito ativo — aquele que pratica a conduta pre-
vista como crime: Pode ser qualquer pessoa, ou O § 6º, do art. 28, dita que para garantia do cum-
seja, crime comum; primento das medidas educativas, a que injustificada-
z Sujeito passivo — aquele que sofre a conduta pre- mente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo,
vista como crime: É a coletividade, ou seja, crime sucessivamente a admoestação verbal e/ou multa.
vago; De acordo com o art. 29, correspondente à imposi-
z Conceito de crime vago — é aquele que tem, por ção da medida educativa de multa, o juiz, atendendo à
sujeito passivo, uma entidade destituída de perso- reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-
nalidade jurídica, como a sociedade, o público, a -multa em quantidade nunca inferior a 40 (quaren-
família etc.; ta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a
z Uso pretérito — não se pune o agente se for sur- cada um, segundo a capacidade econômica do agen-
te, o valor de 1/30 até 3 (três) vezes o valor do maior
preendido usando ou logo depois de usar a droga,
salário mínimo, sendo creditados à conta do Fundo
sem possibilidade de se usar a droga em seu poder.
Nacional Antidrogas.
z Elemento subjetivo — o crime é punido a título de
dolo mais fim especial (consumo próprio);
z Consumação — consuma-se com prática de qual-
Importante!
quer um dos núcleos: quem adquirir, guardar,
tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo; Em 2014, o STF decidiu acerca da impossibili-
z Crime de Perigo Abstrato — para a maioria, o dade de imposição de medida de internação a
crime é de perigo abstrato (crime absolutamente adolescente que cometa ato infracional análogo
previsto em lei). ao crime do art. 28.

O eminente jurista Guilherme de Souza Nucci rotu-


la o art. 28, da Lei nº 11.343, de 2006, como de “ínfimo DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E
AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
potencial ofensivo”, tendo em vista que, mesmo sendo
inviável, no caso concreto, a transação penal, ainda
Em alguns casos excepcionais, a Lei permite utili-
que reincidente o agente e com maus antecedentes ou
zação de drogas ou matérias-primas destinadas à sua
péssima conduta social, jamais será aplicada a pena
preparação. Tais casos, obviamente, necessitarão de
privativa liberdade, mas penas alternativas, com autorização prévia do Poder Público, mediante licen-
medidas assecuratórias de cumprimento. ça, na forma da Lei. Neste sentido, prevê o art. 31:
Com relação às penas, vejamos o texto constante
do referido dispositivo: Art. 31 É indispensável a licença prévia da auto-
ridade competente para produzir, extrair, fabricar,
Art. 28 [...] transformar, preparar, possuir, manter em depósi-
I - advertência sobre os efeitos das drogas; to, importar, exportar, reexportar, remeter, trans-
II - prestação de serviços à comunidade; portar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar,
III - medida educativa de comparecimento à pro- ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou
grama ou curso educativo. matéria-prima destinada à sua preparação, obser-
[...] vadas as demais exigências legais
§ 2º Para determinar se a droga se destinava a
consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à A previsão legal da destruição das plantações ilíci-
quantidade da substância apreendida, ao local e tas está no art. 32 e, da destruição das drogas ilícitas,
às condições em que se desenvolveu a ação, às no art. 50, da lei em estudo.
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à A destruição das drogas apreendidas sem a ocor-
conduta e aos antecedentes do agente. rência de prisão em flagrante será feita por incinera-
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput ção no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de da data da apreensão, guardando-se amostra neces-
56 5 (cinco) meses. sária à realização do laudo definitivo.
Art. 32 As plantações ilícitas serão imediatamente z Conduta: o art. 33 possui 18 (dezoito) condutas,
destruídas pelo delegado de polícia, que recolhe- sendo considerado, pela doutrina, como crime de
rá quantidade suficiente para exame pericial, de ação múltipla ou conteúdo variado e, também, cri-
tudo lavrando auto de levantamento das condições me plurinuclear;
encontradas, com a delimitação do local, assegura-
das as medidas necessárias para a preservação da Atenção! mesmo que o agente pratique, no mesmo
prova. contexto fático e, sucessivamente, mais de uma ação
típica (ex.: importa, guarda e vende), por força do prin-
A seguir, montamos uma tabela trazendo as dife- cípio da alternatividade, responderá por crime único.
renças e a literalidade dos artigos mencionados: O juiz deve considerar a pluralidade de núcleos na fixa-
ção da pena. Faltando proximidade comportamental
PLANTAÇÕES ILÍCITAS DROGAS ILÍCITAS entre as várias condutas, haverá concurso de crimes.
Equivale à ausência de autorização o desvio de
Quem pode destruir? Quem pode destruir? autorização, ainda que regularmente concedida.
R.: Delegado de Polícia. R.: Delegado de Polícia. Para a Jurisprudência, a dificuldade de subsistên-
cia por meios lícitos decorrentes de doença, embora
Precisa de Autorização Precisa de Autorização grave, não justifica apelo ao recurso ilícito, moral-
Judicial? Judicial? mente reprovável e socialmente perigoso, de se entre-
R.: Não. R.: Sim. gar o agente ao comércio de drogas.
Quando ocorre a Outra decisão importante do STF relaciona-se ao
destruição? fato de configurar crime, previsto no art. 33, em sua
R.: Depois da Determina- forma consumada, a simples negociação da entrega
Quando ocorrerá a ção Judicial, a Autoridade das drogas por meio de telefone (HC 212.528-SC, Rel.
destruição? Policial tem o prazo de 15 Min. Nefi Cordeiro, julgado em 1/9/2015, DJe 23/9/2015).
O § 1º, do art. 33, estabelece as condutas equipa-
R.: Imediatamente. dias para destruir a droga
radas ao tráfico de drogas, incorrendo nas mesmas
na presença do ministério
penas do caput aquele que praticá-las.
Público e da Autoridade
sanitária.
Art. 33 [...]
§ 1º [...]
Se a destruição for realizada mediante queimada, I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adqui-
não é necessária a autorização do Sistema Nacional re, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda
do Meio Ambiente (Sisnama). As glebas cultivadas
que gratuitamente, sem autorização ou em desa-
com plantação ilícitas serão expropriadas. cordo com determinação legal ou regulamentar,
matéria-prima, insumo ou produto químico desti-
DOS CRIMES nado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autori-
Um dos artigos mais importantes a ser estudado zação ou em desacordo com determinação legal
na análise da Lei de Drogas é o art. 33, o qual trata ou regulamentar, de plantas que se constituam em
crime de Tráfico de Drogas. Esse é um crime que matéria-prima para a preparação de drogas;
prevê diversas condutas, sendo: importar, exportar, III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de
que tem a propriedade, posse, administração, guar-
remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
da ou vigilância, ou consente que outrem dele se
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ou em desacordo com determinação legal ou regu-
ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro- lamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
gas. Trata-se, pois, de um tipo misto alternativo: se o IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima,
agente incorrer em mais de uma conduta, não respon- insumo ou produto químico destinado à preparação
de por concurso de crimes. de drogas, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente poli-
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro- cial disfarçado, quando presentes elementos proba-
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe- tórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo Para o enquadramento nos crimes equiparados,
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem não é necessário que a substância já contenha o efeito
autorização ou em desacordo com determinação da droga. Para isso, basta que a autoridade e o Minis-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

legal ou regulamentar: tério Público concluam que a substância se destina ao


Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e preparo da droga.
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui- Em contrapartida a este entendimento, há decisão
nhentos) dias-multa. do STF acerca do não enquadramento em conduta
equiparada no caso de posse de sementes da planta
O delito do art. 33 possui as seguintes características: cannabis sativa (maconha):

A Turma entendeu que a matéria-prima ou insu-


z Bem jurídico tutelado ou objetividade jurídi- mo deve ter condições e qualidades químicas que
ca: saúde pública (tutela imediata) e saúde indivi- permitam, mediante transformação ou adição, por
dual das pessoas que integram a sociedade (tutela exemplo, a produção da droga ilícita. Não é esse o
imediata); caso das sementes da planta cannabis sativa, as
z Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum); quais não possuem a substância psicoativa THC.
z Sujeito passivo: a coletividade (crime vago); (HC – 144161). (Informativo 915, Segunda Turma) 57
De acordo com o entendimento do STJ, não é pos-
Tráfico privilegiado
sível a aplicação do princípio da insignificância nos
(§ 4º, do art.33)
delitos de tráfico de drogas e porte de substâncias
entorpecentes para consumo, pois se tratam de crimes
de perigo abstrato.

Apologia ao Uso de Drogas Redução de 1/6


(um sexto) a (2/3 dois terços)
A conduta prevista no § 2º do art. 33 foi descrimi-
nalizada por incompatibilidade de manifestação do Não se dedique às
pensamento assegurada pela Constituição. atividades criminosas
Agente nem integre organização
Art. 33 [...] primário criminosa
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao
uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274) Bons
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa antecedentes
de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
As atividades criminosas mencionadas não pre-
Cessão Gratuita de Droga para Consumo Conjunto cisam, necessariamente, ter relação com o tráfico de
drogas.
A disposição acerca da cessão gratuita de droga para Os requisitos descritos devem estar presentes
consumo conjunto é um crime de uso compartilhado, cumulativamente, para que seja concedida a redu-
previsto no art. 33, parágrafo 3º da Lei 11.343/2006, ção da pena.
dispondo que oferecer droga, eventualmente e sem Ao contrário do que defende o STJ, o STF possui o
entendimento de que a quantidade de drogas, por si
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento,
só, não é motivo para afastamento da minorante pre-
para juntos a consumirem, terá uma pena de deten- vista para o tráfico privilegiado.
ção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de Outro importante entendimento jurisprudencial
700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. a ser considerado é a da possibilidade de serem con-
Perceba os requisitos para que se concretize a con- siderados inquéritos policiais ou investigações crimi-
nais em andamento, a fim de afastar a aplicação do
duta do oferecimento a título gratuito:
§ 4º ao agente. Tal entendimento colide com o pre-
visto na Súmula nº 444 do STJ, que veda a utilização
z Oferecimento de forma eventual de droga para de inquéritos policiais e ações penais em curso para
pessoa íntima; agravar a pena base.
z Ausência de lucro (deve ser oferecimento a título Portanto, a regra geral é que não se pode utilizar
gratuito); inquéritos policiais e ações penais em curso para agra-
z Para consumo conjunto (a famosa “rodinha” para var a pena base. Contudo, quanto ao crime de tráfico
de drogas, isto é possível, a fim de afastar a aplicação
uso de drogas)
do privilégio no tráfico de drogas, conforme posicio-
namento do STJ.
„ Exemplo: um amigo que oferece droga ao A vedação da substituição da pena privativa de
outro, gratuitamente, para juntos consumirem liberdade por pena restritiva de direitos for declarada
em uma “festinha”. inconstitucional pelo STF. A parte do artigo que esta-
belece a vedação teve sua eficácia suspensa pela Reso-
TRÁFICO PRIVILEGIADO lução nº 5/2012 do Senado Federal.
Vale notar também que o STF não reconhece a
natureza hedionda do tráfico de drogas privilegiado.
O tráfico privilegiado, causa especial de diminui-
ção de pena, está disposto no § 4º, do art. 33, prevendo INSTRUMENTOS DO TRÁFICO DE DROGAS
que, nos delitos definidos no caput e no § 1º deste arti-
go, as penas poderão ser reduzidas de 1/6 (um sexto) O crime do art. 34 aplica-se às hipóteses de manu-
a 2/3 (dois terços), desde que o agente seja primário, tenção de instrumentos para preparação da droga
de bons antecedentes, não se dedique às atividades (maquinários, aparelhos, instrumentos ou qual-
quer objeto para preparo de drogas).
criminosas nem integre organização criminosa.
Art. 34 Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofe-
Art. 33 [...] recer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º des- possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuita-
te artigo, as penas poderão ser reduzidas de mente, maquinário, aparelho, instrumento ou qual-
um sexto a dois terços, vedada a conversão em quer objeto destinado à fabricação, preparação,
produção ou transformação de drogas, sem auto-
penas restritivas de direitos , desde que o agente
rização ou em desacordo com determinação legal
seja primário, de bons antecedentes, não se dedique ou regulamentar terá uma pena de reclusão, de 3
às atividades criminosas nem integre organização (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e
58 criminosa duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
Em regra geral, o crime do art. 33 absorve o do art. COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE
34, mas há entendimentos divergentes do STJ neste
sentido, considerando a quantidade e situações de O art. 37 criminaliza a conduta de colaborar, como
maquinários e drogas sob a custódia do agente. informante, com grupo, organização ou associação
destinados para com a prática de qualquer dos crimes
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO previstos no caput e § 1º, do art. 33, e no art. 34. Aqui,
criminaliza-se a conduta da famigerada “mula”.
O crime de Associação para o Tráfico está previsto
Art. 37 Colaborar, como informante, com grupo,
no art. 35 e consiste na conduta de associarem-se 2
organização ou associação destinados à prática de
(duas) ou mais pessoas para o fim de praticar, rei- qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e
teradamente ou não, quaisquer dos crimes previstos § 1º, e 34 desta Lei:
no caput e § 1º, do art. 33, e no art. 34. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos)
Art. 35 Associarem-se duas ou mais pessoas para dias-multa.
o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 Este delito comporta um caráter subsidiário, uma vez
desta Lei: que se refere aquele agente que praticou uma conduta
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- eventual de auxílio a uma conduta de tráfico de droga.
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
dias-multa. z Exemplo: João está desempregado e seu primo lhe
oferece uma quantia para que ele informe sobre
O art. 288 do Código Penal prevê o crime de Asso- a movimentação quanto ao tráfico de drogas local
ciação Criminosa. Então, a seguir, disponibilizamos durante um dia inteiro. João, nesse contexto, pode
um quadro comparativo, a fim de que você não con- ser considerado como “mula”, “olheiro”, “infor-
mante” etc.
funda esses institutos:
Nesta pena incorre, ainda, o policial que sabe de
ART. 288 (ASSOCIAÇÃO ART. 35 (ASSOCIAÇÃO ações de repressões contra o tráfico de drogas e infor-
CRIMINOSA) DO PARA O TRÁFICO) DA ma aos criminosos.
CÓDIGO PENAL LEI 11.343/2006

Requisitos: Requisitos:
z Pluralidade de agentes z Pluralidade de agen- Importante!
(mínimo de 3) tes (mínimo de 2 O STJ posiciona-se no sentido de que o crime do
z Reunião estável e agentes) art. 37 absorve o previsto no art. 35.
permanente z Reunião estável e
z Visando à prática de permanente
crimes z Visando à prática de PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA DE
qualquer dos crimes DROGAS
previstos no caput, §
1º, do art. 33, e no art. O art. 38 criminaliza a conduta de prescrever
34, ambos da Lei nº ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas
11.343/06 necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas
ou em desacordo com determinação legal ou regu-
lamentar, tendo, como pena, a detenção, de 6 (seis)
Caso os agentes pratiquem o crime de Associação
meses a 2 (dois) anos e pagamento de 50 (cinquenta) a
para o Tráfico, responderão, também, pelo crime de
200 (duzentos) dias-multa.
Tráfico de Drogas em concurso material. Ressalte-se
O juiz comunicará a condenação ao Conselho Fede-
que não é necessária a consumação do crime de Trá- ral da categoria profissional a que pertença o agente.
fico de Drogas para que os agentes respondam pela
associação. Art. 38 Prescrever ou ministrar, culposamente, dro-
Nas mesmas penas, incorre quem se associa para gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo
a prática reiterada do crime de financiamento ou em doses excessivas ou em desacordo com determi-
custeio das práticas dos crimes previstos no caput nação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e § 1º, do art. 33, e no art. 34, desta Lei (previsto no


e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
art. 36).
dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação
Art. 36 Financiar ou custear a prática de qualquer ao Conselho Federal da categoria profissional a que
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1°, e 34 pertença o agente.
desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga- Trata-se da única modalidade culposa prevista
mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro na Lei de Drogas. Caso a conduta seja praticada na
mil) dias-multa. modalidade dolosa, o agente incorrerá no crime de
Tráfico ilícito de Drogas.
O STF posiciona-se no sentido de que a Associa- O art. 38 consiste em crime próprio, uma vez que
ção para o Tráfico não apresenta natureza de crime só poderá ser cometido por agentes credenciados em
hediondo. determinadas profissões (ex.: médico). 59
CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB Em contrapartida, em relação aos estabelecimen-
O EFEITO DE DROGAS tos prisionais, o STJ já decidiu que basta o delito ser
realizado nas imediações, não sendo necessário o
O art. 39 estabelece como crime o ato de conduzir envolvimento de detento ou de pessoas que se dirigis-
embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, sem ao estabelecimento prisional.
expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação
ou entre estes e o Distrito Federal, para que ocorra a
Art. 39 Conduzir embarcação ou aeronave após aplicação dessa causa de aumento de pena, não pre-
o consumo de drogas, expondo a dano potencial a cisa ocorrer a efetiva transposição da fronteira, de
incolumidade de outrem: acordo com o HC 122791/MS, REL.MIN DIAS TOFFOLI,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, 17/11/2015. STF, transcrito a seguir:
além da apreensão do veículo, cassação da habilita-
ção respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo A incidência da causa de aumento de pena previs-
prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e ta na Lei 11.343/2006 [“Art. 40 As penas previstas
pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) nos artigos 33 a 37 desta Lei são aumentadas de
dias-multa. um sexto a dois terços, se: (...) V - caracterizado o
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, apli- tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e
cadas cumulativamente com as demais, serão de o Distrito Federal”] não demanda a efetiva transpo-
4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) sição da fronteira da unidade da Federação. Seria
a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo referido suficiente a reunião dos elementos que identifi-
no caput deste artigo for de transporte coletivo de cassem o tráfico interestadual, que se consumaria
passageiros. instantaneamente, sem depender de um resultado
externo naturalístico.
Este tipo penal não engloba a condução de veículos
automotores. Esta conduta possui previsão própria no Veja, ainda, a Súmula 587 do STJ:
art. 306, do Código de Trânsito Brasileiro.
Se o agente estiver sob efeito de álcool, não há Súmula 587: Para a incidência ad majorante pre-
enquadramento no tipo previsto no art. 39. vista no art. 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária
a efetiva transposição de fronteiras entre estados da
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA federação, sendo suficiente a demonstração inequí-
voca da intenção de realizar o tráfico interestadual.
O art. 40 estabelece, para os casos elencados,
aumento de pena de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois ter- A respeito do tráfico internacional de drogas, impor-
ços). Veja a seguir: ta conhecer o conteúdo da Súmula 528 do STJ, o qual
estabelece que, nos casos de apreensão de droga a ser
Art. 40 [...] remetida ao exterior, a competência para o julgamento
I - a natureza, a procedência da substância ou do do réu será do juiz federal do local da apreensão.
produto apreendido e as circunstâncias do fato evi-
denciarem a transnacionalidade do delito; Súmula 528: Compete ao juiz federal do local da
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de apreensão da droga remetida do exterior pela via pos-
função pública ou no desempenho de missão de tal processar e julgar o crime de tráfico internacional.
educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências No mesmo sentido do tráfico interestadual, no trá-
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensi- fico transnacional dispensa-se a efetiva transposição
no ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, de fronteiras para a consumação do delito.
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou benefi-
centes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde Súmula 607: A majorante do tráfico transnacional de
se realizem espetáculos ou diversões de qualquer drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura com a
natureza, de serviços de tratamento de dependentes prova da destinação internacional das drogas, ainda
de drogas ou de reinserção social, de unidades milita- que não consumada a transposição de fronteiras.
res ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, gra- Quanto à causa de aumento de pena em virtude de
ve ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer envolvimento de criança ou adolescente, o STJ posicio-
processo de intimidação difusa ou coletiva; na-se no sentido de que, praticada a conduta, a aplica-
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federa- ção da causa de aumento prevalece sobre a aplicação
ção ou entre estes e o Distrito Federal; da pena prevista no art. 244- B do Estatuto da Criança
VI - sua prática envolver ou visar a atingir crian- e do Adolescente que prevê da corrupção de menores.
ça ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer
motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de OUTRAS INFORMAÇÕES
entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do Delação Premiada
crime.
O art. 41 prevê a delação premiada, a fim de esti-
mular o acusado a fornecer informações aptas a auxi-
Para ocorrer a incidência da causa de aumento de
liarem nas investigações realizadas.
pena no que diz respeito aos transportes públicos
(III), o sujeito ativo deverá comercializar a droga ilícita Art. 41 O indiciado ou acusado que colaborar volun-
dentro do transporte; caso ele utilize o meio de deslo- tariamente com a investigação policial e o processo
camento apenas para ir ao local de destino da comer- criminal na identificação dos demais coautores ou
cialização, não é aplicada a causa de aumento de pena, partícipes do crime e na recuperação total ou par-
conforme o entendimento pacífico do STF (Supremo cial do produto do crime, no caso de condenação,
60 Tribunal Federal) e STJ (Superior Tribunal de Justiça). terá pena reduzida de um terço a dois terços.
Portanto, caso as informações do acusado sejam O STF decidiu ser inconstitucional a não conces-
realizadas de forma voluntária, ajudem na identifi- são de liberdade provisória para os delitos previstos
cação dos demais autores e haja recuperação total na Lei de Drogas.
ou parcial do produto do crime, o delator poderá No tocante à vedação da substituição de pena pri-
beneficiar-se com a redução da pena de 1/3 (um ter- vativa de liberdade por restritivas de direitos, vimos
ço) a 2/3 (dois terços). que essa regra se encontra com a eficácia suspensa e,
portanto, tal substituição é plenamente possível.
DELAÇÃO O livramento condicional poderá ser concedido
PREMIADA mediante o cumprimento de 2/3 (dois terços) da
pena e não poderá ocorrer se o condenado for rein-
cidente específico.
Redução da pena Vale ressaltar, de acordo com o art. 45, que é isento
de 1/3 (um terço) de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob
a 2/3 (dois terços) o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior,
de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer
Recuperação que tenha sido a infração penal praticada, inteiramen-
Voluntária
total ou parcial te incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
do produto do determinar-se de acordo com esse entendimento.
Identificação dos crime
demais autores Art. 45 É isento de pena o agente que, em razão da
da infração dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso
fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo
Outras Considerações da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a
infração penal praticada, inteiramente incapaz de
Conforme os arts. 42 e 43: entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
-se de acordo com esse entendimento.
Art. 42 O juiz, na fixação das penas, considerará, Parágrafo único: Quando absolver o agente, reco-
com preponderância sobre o previsto no art. 59 do nhecendo, por força pericial, que este apresentava,
Código Penal, a natureza e a quantidade da subs- à época do fato previsto neste artigo, as condições
tância ou do produto, a personalidade e a conduta referidas no caput deste artigo, poderá determinar
social do agente. o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
Art. 43 Na fixação da multa a que se referem os tratamento médico adequado.
arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dis-
põe o art. 42 desta Lei, determinará o número de Exemplo: uma pessoa é forçada a ingerir drogas e
dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as con- comete um crime, estando totalmente inconsciente do
dições econômicas dos acusados, valor não inferior ato que praticou. O fato a isenta, pois não cooperou para
a um trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o
o estado de inconsciência o qual acarretou a ilicitude.
maior salário-mínimo.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso Para que seja aplicada a isenção de pena prevista
de crimes serão impostas sempre cumulativamente, neste dispositivo, é necessária a produção de prova
podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude pericial.
da situação econômica do acusado, considerá-las o Já as penas podem ser reduzidas de um terço a
juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo. dois terços se o agente não possuir, ao tempo da ação
ou da omissão, a plena capacidade de entender o cará-
Já na fixação da multa, o juiz, determinará o núme- ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
ro de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as esse entendimento.
condições econômicas dos acusados, valor não infe-
rior a 1/30 (um trinta avos) nem superior a 5 (cin- Art. 46 As penas podem ser reduzidas de um terço
co) vezes o maior salário-mínimo. a dois terços se, por força das circunstâncias pre-
vistas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade
Importante! de entender o caráter ilícito do fato ou de determi-
As multas que, em caso de concurso de cri- nar-se de acordo com esse entendimento.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

mes, serão impostas sempre cumulativamente Art. 47 Na sentença condenatória, o juiz, com base
em avaliação que ateste a necessidade de encami-
podem ser aumentadas até o décuplo se, em vir-
nhamento do agente para tratamento, realizada
tude da situação econômica do acusado, o juiz
por profissional de saúde com competência especí-
as considerar ineficazes, ainda que aplicadas no
fica na forma da lei, determinará que a tal se proce-
máximo. da, observado o disposto no art. 26 desta Lei.

De acordo com o art. 44, os crimes são inafian- DO PROCEDIMENTO PENAL


çáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
anistia e liberdade provisória, podendo dar-se o Aos procedimentos relativos aos processos por
livramento condicional após o cumprimento de crimes definidos na Lei de Drogas aplicam-se, subsi-
(2/3) dois terços da pena, vedada sua concessão ao diariamente, as disposições do Código de Processo
reincidente específico. Penal e da Lei de Execução Penal. 61
Art. 48 O procedimento relativo aos processos por Importante !
crimes definidos, aplica-se, subsidiariamente, as
disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Salienta-se que o laudo de constatação é condi-
Execução Penal. ção objetiva de procedibilidade. Caso a denúncia
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas não seja acompanhada deste, não haverá justa
no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com causa para a ação penal.
os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será
processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguin-
tes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que Ademais, o perito que subscrever o laudo de cons-
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais; tatação da natureza e quantidade da droga não fica-
§ 2º Tratando-se da conduta dita no parágrafo ante- rá impedido de participar da elaboração do laudo
rior, não se imporá prisão em flagrante, devendo o definitivo.
autor do fato ser imediatamente encaminhado ao
juízo competente ou, na falta deste, assumir o com- Art. 50 [...]
promisso de a ele comparecer, lavrando-se termo § 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagran-
circunstanciado e providenciando-se as requisições te, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
dos exames e perícias necessários; regularidade formal do laudo de constatação e
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providên- determinará a destruição das drogas apreendidas,
cias serão tomadas de imediato pela autoridade guardando-se amostra necessária à realização do
policial, no local em que se encontrar, vedada a laudo definitivo;
detenção do agente; § 4º A destruição das drogas será executada pelo
§ 4º Concluídos os procedimentos, o agente será delegado de polícia competente no prazo de 15
submetido a exame de corpo de delito, se o requerer (quinze) dias na presença do Ministério Público e
ou se a autoridade de polícia judiciária entender da autoridade sanitária;
conveniente, e em seguida liberado; § 5º O local será vistoriado antes e depois de efeti-
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº vada a destruição das drogas, sendo lavrado auto
9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Espe- circunstanciado pelo delegado de polícia, certifi-
ciais Criminais, o Ministério Público poderá propor cando-se neste a destruição total delas.
a aplicação imediata de pena de quem adquirir, Art. 50-A A destruição das drogas apreendidas
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer sem a ocorrência de prisão em flagrante será fei-
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autori- ta por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta)
zação ou em desacordo com determinação legal ou dias contados da data da apreensão, guardando-se
regulamentar será submetido às seguintes penas, a amostra necessária à realização do laudo definitivo.
ser especificada na proposta.
No que corresponde ao inquérito policial, este será
O agente que praticar a conduta prevista no art. concluído no prazo de 30 (trinta) dias se o indiciado
28 (posse para consumo pessoal) não será submeti- estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
do à prisão em flagrante, bem como serão aplicadas Os prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
as disposições do Juizado Especial Criminal (art. 60 e Ministério Público, mediante pedido justificado da
seguintes da Lei nº 9.099/95). autoridade de polícia judiciária (art. 51).

Art. 49 Tratando-se de condutas tipificadas nos PRAZO PARA


arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sem- CONCLUSÃO DO
pre que as circunstâncias o recomendem, emprega- INQUÉRITO
rá os instrumentos protetivos de colaboradores e
POLICIAL
testemunhas. Nos casos de determinada testemu-
nha prestar o compromisso de colaborar para com
a persecução penal, o juiz deverá zelar pela sua
segurança, quando as circunstâncias requererem.

DA INVESTIGAÇÃO Réu preso Réu solto

O art. 50 prevê o procedimento de praxe para a


ocorrência de prisão em flagrante: a autoridade de
polícia judiciária fará, imediatamente, comunica- 30 dias 90 dias
ção ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto (+30) (+90)
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministé-
rio Público em 24 (vinte e quatro) horas. Findos os prazos mencionados, de acordo com o
art. 52, a autoridade de polícia judiciária, remetendo
Art. 50 Ocorrendo prisão em flagrante, a autorida- os autos do inquérito ao juízo:
de de polícia judiciária fará, imediatamente, comu-
nicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do Art. 52 [...]
auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do I - relatará sumariamente as circunstâncias do
Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. fato, justificando as razões que a levaram à classifi-
§ 1º Para os efeitos da lavratura do auto de prisão cação do delito, indicando a quantidade e natureza
em flagrante e estabelecimento da materialidade do da substância ou do produto apreendido, o local e
delito, é suficiente o laudo de constatação da natu- as condições em que se desenvolveu a ação crimi-
reza e quantidade da droga, firmado por perito ofi- nosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qua-
62 cial ou, na falta deste, por pessoa idônea. lificação e os antecedentes do agente; ou
II - requererá sua devolução para a realização de Quando tratar das condutas tipificadas como infra-
diligências necessárias. ção do disposto no caput e § 1º, do art. 33, e nos arts.
Parágrafo único: A remessa dos autos far-se-á sem 34 e 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, pode-
prejuízo de diligências complementares: rá decretar o afastamento cautelar do denunciado de
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, suas atividades, se for funcionário público, comuni-
cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo cando ao órgão respectivo (§ 1º).
competente até 3 (três) dias antes da audiência de
A audiência será realizada dentro dos 30 (trinta)
instrução e julgamento;
dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direi-
determinada a realização de avaliação para atestar
tos e valores de que seja titular o agente, ou que
figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser dependência de drogas quando se realizará em 90
encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias (noventa) dias (§ 2º).
antes da audiência de instrução e julgamento.
Art. 57 Na audiência de instrução e julgamento,
Art. 53 Em qualquer fase da persecução criminal
após o interrogatório do acusado e a inquirição das
relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permi-
testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente,
tidos, além dos previstos em lei, mediante autori-
ao representante do Ministério Público e ao defen-
zação judicial e ouvido o Ministério Público, os
sor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo
seguintes procedimentos investigatórios:
de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável
I - A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
por mais 10 (dez), a critério do juiz.
investigação, constituída pelos órgãos especializa-
Parágrafo único: Após proceder ao interrogatório,
dos pertinentes;
o juiz indagará das partes se restou algum fato
II - A não-atuação policial sobre os portadores de
para ser esclarecido, formulando as perguntas cor-
drogas, seus precursores químicos ou outros pro-
dutos utilizados em sua produção, que se encon- respondentes se o entender pertinente e relevante.
trem no território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número de inte-
grantes de operações de tráfico e distribuição, sem Importante !
prejuízo da ação penal cabível.
Apesar do presente artigo dispor de forma diver-
sa, o STF entende que o interrogatório do acusa-
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
do será o último ato, mesmo na Lei de Drogas.
Recebidos em juízo os autos do inquérito policial,
de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de
informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, Art. 58 Encerrados os debates, proferirá o juiz sen-
no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma as providên- tença de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, orde-
cias abaixo apontadas, na forma do art. 54: nando que os autos para isso lhe sejam conclusos.
Art. 54 [...]
Já nos crimes previstos no caput e § 1º, do art. 33,
I - requerer o arquivamento;
II - requisitar as diligências que entender necessárias; e nos arts. 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) teste- sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de
munhas e requerer as demais provas que entender bons antecedentes, assim reconhecido na sentença
pertinentes. condenatória (art. 59).
Art. 55 Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a
notificação do acusado para oferecer defesa prévia, DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. DE BENS DO ACUSADO
§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar
e exceções, o acusado poderá arguir preliminares De acordo com o art. 60, o juiz, a requerimento
e invocar todas as razões de defesa, oferecer docu- do Ministério Público ou do assistente de acusação,
mentos e justificações, especificar as provas que ou mediante representação da autoridade de polícia
pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), judiciária, poderá decretar, no curso do inquérito
arrolar testemunhas.
ou da ação penal, a apreensão e outras medidas
As exceções serão processadas em apartado. assecuratórias nos casos em que haja suspeita de que
Já se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz os bens, direitos ou valores sejam produto do crime
nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, ou constituam proveito dos crimes.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.


Art. 60 O juiz, a requerimento do Ministério Públi-
Art. 55 [...] co ou do assistente de acusação, ou mediante
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cin- representação da autoridade de polícia judiciária,
co) dias. poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação
§ 5º Se acaso entender imprescindível, o juiz, no penal, a apreensão e outras medidas assecurató-
prazo máximo de 10 (dez) dias, determinará a apre- rias nos casos em que haja suspeita de que os bens,
sentação do preso, realização de diligências, exa- direitos ou valores sejam produto do crime ou cons-
mes e perícias. tituam proveito dos crimes.
Art. 56 Recebida a denúncia, o juiz designará dia e Art. 61 [...]
hora para a audiência de instrução e julgamento, § 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da
ordenará a citação pessoal do acusado, a intima- comunicação, determinará a alienação dos bens
ção do Ministério Público, do assistente, se for o apreendidos, excetuadas as armas, que serão reco-
caso, e requisitará os laudos periciais. lhidas na forma da legislação específica. 63
O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimen- Importante!
to, além de aplicar-se a todos os tipos de bens con-
fiscados (§ 9º). Constatada a depreciação, o ente federado ou a
Art. 61 [...] entidade que utilizou o bem indenizará o deten-
§ 2º A alienação será realizada em autos apartados, tor ou proprietário dos bens (§ 6º, do art. 62).
dos quais constará a exposição sucinta do nexo de
instrumentalidade entre o delito e os bens apreen-
Com relação ao depósito, em dinheiro, de valores
didos, a descrição e especificação dos objetos, as
referentes ao produto da alienação, ou a numerários
informações sobre quem os tiver sob custódia e o
apreendidos ou, ainda, que tenham sido convertidos,
local em que se encontrem;
deve ser efetuado na Caixa Econômica Federal, por
§ 3º O juiz, ele determinará a avaliação dos bens
meio de documento de arrecadação destinado a essa
apreendidos, que será realizada por oficial de justi-
finalidade (Art. 62-A).
ça, no prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuação,
Já os depósitos devem ser transferidos pela Caixa
ou, caso sejam necessários conhecimentos especia-
Econômica Federal, para a conta única do Tesouro
lizados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo
Nacional, independentemente de qualquer formalida-
não superior a 10 (dez) dias;
de, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contado do
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão ges-
momento da realização do depósito, os quais ficarão à
tor do Funad, o Ministério Público e o interessado disposição do Funad (§ 1º, do art. 62-A).
para se manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, Na hipótese de absolvição do acusado em decisão
dirimidas eventuais divergências, homologará o judicial, o valor do depósito será devolvido a ele pela
valor atribuído aos bens; Caixa Econômica Federal no prazo de até 3 (três) dias
[...] úteis, acrescido de juros (§ 2º, do art. 62-A).
§ 11 Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos Com relação à decretação do seu perdimento em
por meio de hasta pública, preferencialmente por favor da União, o valor do depósito será transformado
meio eletrônico, assegurada a venda pelo maior em pagamento definitivo, respeitados os direitos de
lance, por preço não inferior a 50% (cinquenta por eventuais lesados e de terceiros de boa-fé (§ 3º, do art.
cento) do valor da avaliação judicial. 62-A).
De acordo com o Art. 63, ao proferir a sentença, o
Com isso, o juiz ordenará às secretarias de fazen- juiz decidirá sobre:
da e aos órgãos de registro e controle que efetuem as
averbações necessárias, tão logo tenha conhecimento Art. 63 [...]
da apreensão. I - O perdimento do produto, bem, direito ou valor
apreendido ou objeto de medidas assecuratórias;
Art. 61 [...] II - O levantamento dos valores depositados em
§ 13 Na alienação de veículos, embarcações ou conta remunerada e a liberação dos bens utilizados.
Art. 63-C Compete à Senad, do Ministério da Justi-
aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão
ça e Segurança Pública, proceder à destinação dos
congênere competente para o registro, bem como
bens apreendidos e não leiloados em caráter cau-
as secretarias de fazenda, devem proceder à regula-
telar, cujo perdimento seja decretado em favor da
rização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias, fican- União, por meio das seguintes modalidades:
do o arrematante isento do pagamento de multas, I – alienação, mediante:
encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de exe- a) licitação;
cução fiscal em relação ao antigo proprietário. b) doação com encargo a entidades ou órgãos
Art. 62 Comprovado interesse público na utiliza- públicos, bem como a comunidades terapêuticas
ção de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, acolhedoras que contribuam para o alcance das
os órgãos de polícia judiciária, militar e rodoviária finalidades do Funad; ou
poderão deles fazer uso, sob sua responsabilida- c) venda direta, observado o disposto no inciso II
de e com o objetivo de sua conservação, mediante do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
autorização judicial, ouvido o Ministério Público e de 1993;
garantida a prévia avaliação dos respectivos bens. II – incorporação ao patrimônio de órgão da admi-
nistração pública, observadas as finalidades do
Funad;
Nesse caso, o juízo deve cientificar o órgão gestor
III – destruição; ou
do Funad, para que, em 10 (dez) dias, avalie a existên- IV – inutilização.
cia do interesse público e indique o órgão que deve § 1º A alienação por meio de licitação deve ser rea-
receber o bem (§ 1º, do art. 62). lizada na modalidade leilão, para bens móveis e
Tem prioridade os órgãos de segurança pública que imóveis, independentemente do valor de avaliação,
participaram das ações de investigação o ou repressão isolado ou global, de bem ou de lotes, assegurada
ao crime que deu causa à medida (§ 1º, do art. 62). a venda pelo maior lance, por preço não inferior a
50% (cinquenta por cento) do valor da avaliação;
§ 2º O edital do leilão, será amplamente divulgado
Art. 62 [...]
em jornais de grande circulação e em sítios eletrô-
§ 3º A autorização judicial de uso de bens deverá
nicos oficiais, principalmente no Município em que
conter a descrição do bem e a respectiva avaliação será realizado, dispensada a publicação em diário
e indicar o órgão responsável por sua utilização. oficial;
§ 4º O órgão responsável pela utilização do bem § 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema
deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a qual- eletrônico da administração pública, a publicidade
quer momento quando por este solicitado, informa- dada pelo sistema substituirá a publicação em diá-
64 ções sobre seu estado de conservação. rio oficial e em jornais de grande circulação;
§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica I - determinar, imediatamente à ciência da falência
livre do pagamento de encargos e tributos anterio- ou liquidação, sejam lacradas suas instalações;
res, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao II - ordenar à autoridade sanitária competente a
antigo proprietário. urgente adoção das medidas necessárias ao recebi-
mento e guarda, em depósito, das drogas arrecadadas;
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL III - dar ciência ao órgão do Ministério Público,
para acompanhar o feito.
O governo brasileiro prestará, quando solicita-
do, cooperação a outros países e organismos inter- Com relação à licitação para alienação de subs-
nacionais e, quando necessário, deles solicitará a tâncias ou produtos não proscritos, somente podem
colaboração. participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas
na área de saúde ou de pesquisa científica que com-
Art. 65 De conformidade com os princípios da não- provem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser
-intervenção em assuntos internos, da igualdade arrematado (§ 1º, do art. 69).
jurídica e do respeito à integridade territorial dos
Estados e às leis e aos regulamentos nacionais em
Art. 69 [...]
vigor, e observado o espírito das Convenções das
§ 2º Ressalvada a presente hipótese, o produto não
Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos
arrematado será, ato contínuo à hasta pública, des-
internacionais relacionados à questão das drogas,
de que o Brasil é parte, o governo brasileiro presta- truído pela autoridade sanitária, na presença dos Con-
rá, quando solicitado, cooperação a outros países selhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público.
e organismos internacionais e, quando necessário, § 3º Figurando entre o praceado e não arremata-
deles solicitará a colaboração, nas áreas de: das especialidades farmacêuticas em condições de
I - intercâmbio de informações sobre legislações, emprego terapêutico, ficarão elas depositadas sob a
experiências, projetos e programas voltados para guarda do Ministério da Saúde, que as destinará à
atividades de prevenção do uso indevido, de aten- rede pública de saúde.
ção e de reinserção social de usuários e dependen-
tes de drogas; O processo e o julgamento dos crimes previstos
II - intercâmbio de inteligência policial sobre produ- nos arts. 33 a 37, da Lei 11.343/2006, se caracterizado
ção e tráfico de drogas e delitos conexos, em espe- ilícito transnacional, são da competência da Justiça
cial o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o Federal. Com relação aos crimes praticados nos Muni-
desvio de precursores químicos;
cípios que não sejam sede de vara federal serão pro-
III - intercâmbio de informações policiais e judiciais
sobre produtores e traficantes de drogas e seus pre- cessados e julgados na vara federal da circunscrição
cursores químico. respectiva (Art. 70).
Ademais, encerrado o processo criminal ou arqui-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS vado o inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante
representação da autoridade de polícia judiciária, ou
Art. 66 Para fins desta Lei, consideram-se como dro- a requerimento do Ministério Público, determinará a
gas as substâncias ou os produtos capazes de causar destruição das amostras guardadas para contraprova,
dependência, assim especificados em lei ou relaciona- certificando nos autos (Art. 72).
dos em listas atualizadas periodicamente pelo Poder E, por fim, a União poderá estabelecer convênios
Executivo da União, até que seja atualizada a termi- com os Estados e com o Distrito Federal, visando à pre-
nologia da lista mencionada no preceito, denominam- venção e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido
-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, de drogas, e com os Municípios, com o objetivo de pre-
precursoras e outras sob controle especial, da Porta-
venir o uso indevido delas e de possibilitar a atenção e
ria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.
Art. 67 A liberação dos recursos, em favor de Esta- reinserção social de usuários e dependentes de drogas
dos e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão (Art. 73).
e respeito às diretrizes básicas contidas nos convê-
nios firmados e do fornecimento de dados neces-
sários à atualização do sistema, pelas respectivas
polícias judiciárias.
Art. 67-A Os gestores e entidades que recebam recur-
LEI Nº 13.964/2019 (APERFEIÇOA A
sos públicos para execução das políticas sobre dro- LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL
gas deverão garantir o acesso às suas instalações, à
documentação e a todos os elementos necessários à
PENAL)
efetiva fiscalização pelos órgãos competentes.
Art. 68 A União, os Estados, o Distrito Federal e os A Lei nº 13.964 surgiu de um projeto do Governo
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros, denominado de Pacote Anticrime, a qual foi sancio-
destinados às pessoas físicas e jurídicas que colabo- nada em 24 de dezembro de 2019, entrando em vigor a
rem na prevenção do uso indevido de drogas, aten- partir de 23 de janeiro de 2020. É considerada a maior
ção e reinserção social de usuários e dependentes mudança na legislação criminal desde a reforma da
e na repressão da produção não autorizada e do Parte Geral, do Código Penal, em 1984.
tráfico ilícito de drogas. No primeiro artigo da nova lei, é dito que o seu
Art. 69 No caso de falência ou liquidação extrajudi-
objetivo é o aperfeiçoamento legislativo. Vejamos:
cial de empresas ou estabelecimentos hospitalares,
de pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como
nos serviços de saúde que produzirem, venderem, Art. 1º Esta Lei aperfeiçoa a legislação penal e
adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornece- processual penal.
rem drogas ou de qualquer outro em que existam
essas substâncias ou produtos, incumbe ao juízo Com efeito, os 20 (vinte) artigos que compõem o
perante o qual tramite o feito: Pacote Anticrime provocaram mudanças no(a): 65
z Código Penal; Legítima defesa é uma causa excludente de ilicitu-
z Código de Processo Penal; de, que consiste em repelir, de si mesmo ou de outrem,
z Lei de Execução Penal; uma injusta agressão, atual ou iminente. A injusta
z Lei dos Crimes Hediondos; agressão é o que torna lícita a conduta do agente.
z Lei de Improbidade Administrativa; A novidade trazida pelo Pacote Anticrime é que
z Lei de Interceptação Telefônica; passa a ser considerado, também, em legítima defesa,
z Lei de Lavagem de Dinheiro; o agente de segurança pública que repele agressão ou
z Estatuto do Desarmamento; risco de agressão à vítima mantida refém durante a
z Lei de Drogas; prática de crimes.
z Lei que dispõe a transferência e inclusão de presos
em estabelecimentos penais federais de segurança Art. 25 Entende-se em legítima defesa quem, usan-
máxima; do moderadamente dos meios necessários, repele
z Lei de identificação criminal; injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
z Lei que dispõe sobre a formação de juízos colegia- de outrem.
dos para o julgamento de crimes praticados por Parágrafo único. Observados os requisitos previs-
organização criminosa; tos no caput deste artigo, considera-se também em
z Lei das Organizações Criminosas; legítima defesa o agente de segurança pública que
z Lei que dispõe sobre o serviço telefônico de rece- repele agressão ou risco de agressão a vítima man-
bimento de denúncias e sobre recompensa por tida refém durante a prática de crimes.
informações;
z Lei que trata sobre o procedimento originário dos Antes da nova legislação, não existia a figura da
tribunais; legítima defesa do agente de segurança pública que
z Lei do Fundo Nacional de Segurança Pública; repele agressão à vítima refém de crime. Cabia aos
z Código de Processo Penal Militar. tribunais decidir sobre a punição do agente público.
Agora, esse entendimento está apoiado na lei.
Neste sentido, pode-se afirmar que, com a nova lei, Outra novidade é que, anteriormente, após transi-
diversos dispositivos do Código Penal (CP) e do Código tada em julgado a sentença condenatória, a multa era
de Processo Penal (CPP), além dos de outras normas, considerada dívida de valor e eram aplicadas as nor-
como a Lei nº 7.210, de 1984 (LEP), foram revogados, mas da legislação relativas à dívida ativa da Fazenda
alterados ou acrescentados. Esse conjunto de altera- Pública, inclusive no que concerne às causas interrup-
ções visa aumentar a eficácia no combate ao crime tivas e suspensivas da prescrição.
organizado, ao crime violento e à corrupção.
O Projeto de Lei 882, de 2019, foi apresentado no Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Congresso Nacional no início de 2019, sistematizando, de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
de forma rigorosa, o enfrentamento à criminalidade seguintes alterações:
pelo Ministro da Justiça na época, Sérgio Moro. Toda- Art. 51 Transitada em julgado a sentença conde-
via, o projeto não passou na íntegra pelo Congresso. natória, a multa será executada perante o juiz da
Em março de 2019, a Câmara dos Deputados criou execução penal e será considerada dívida de valor,
uma comissão para apreciar o Pacote Anticrime. Nes- aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da
se episódio, foram introduzidas algumas ideias do Fazenda Pública, inclusive no que concerne às cau-
Ministro Alexandre de Moraes, que tinham sido pro- sas interruptivas e suspensivas da prescrição.
postas quando ele ocupava o cargo de Ministro da Jus-
tiça. Alguns exemplos do “Projeto Moraes” são: Com a nova lei, a multa passa a ser executada
perante o juiz da execução penal e será considerada
z Acordo de não persecução penal; dívida de valor, sendo aplicáveis as normas relativas
z Cadeia de custódia das provas; à dívida ativa da Fazenda Pública. Antes da nova legis-
z Limite de 40 (quarenta) anos para o cumprimento lação, existia controvérsia sobre a legitimidade e com-
de penas. petência para a execução da pena de multa. Agora, a
execução da pena de multa só pode ser proposta pelo
No entanto, entre o projeto de Moro e o projeto de Ministério Público e diante do Juiz das Execuções. O
Moraes, o Congresso reconsiderou os planos garan- Pacote Anticrime, assim, encerrou a dubiedade na
tistas apresentados no Projeto de Lei 8.045, de 2010. interpretação do órgão legitimado e do juízo compe-
Dentre eles, destaca-se a figura do juiz das garantias. tente para a execução da pena de multa.
Nesse contexto, estruturou-se o Pacote Anticrime. O tempo máximo de cumprimento da pena priva-
Trata-se, pois, de uma lei que contempla a soma das
tiva de liberdade também foi alterado, sob o funda-
ideias de Sérgio Moro e de Alexandre de Moraes, além
mento de que a expectativa dos brasileiros aumentou,
de um projeto antigo apoiado na doutrina garantista.
tornando a norma mais gravosa:
ALTERAÇÕES NO CÓDIGO PENAL
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
seguintes alterações: Art. 75 O tempo de cumprimento das penas priva-
Art. 25 [...] tivas de liberdade não pode ser superior a 40 (qua-
Parágrafo único. Observados os requisitos previs- renta) anos.
tos no caput deste artigo, considera-se também em § 1º Quando o agente for condenado a penas pri-
legítima defesa o agente de segurança pública que vativas de liberdade cuja soma seja superior a 40
repele agressão ou risco de agressão a vítima man- (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para
66 tida refém durante a prática de crimes. atender ao limite máximo deste artigo.
ANTES DA LEI 13.964/19 DEPOIS DA LEI 13.964/19
40 anos

30 anos Obs.: Novatio legis in pejus não retroage, uma vez que pre-
judica o réu e isso não é admitido na sistemática do Direito
Penal

Outro artigo alterado corresponde a mudanças no livramento condicional. Vejamos:

Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 83 [...]
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;”

Observe que a nova lei trouxe mais um requisito a ser cumprido, para que o benefício seja conquistado: o não
cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses. Observe como ficou o artigo na íntegra com a alteração:

Art. 83 O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior
a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico
em crimes dessa natureza.
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão
do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não
voltará a delinquir.

Alguns conceitos doutrinários também foram introduzidos. Por exemplo, o conceito de “confisco alargado ou
ampliado” foi construído, pelo fato de não abranger meramente o produto e os instrumentos do crime, tal como
o confisco “tradicional” previsto no art. 91, do Código Penal. Isso, porque o instituto anunciado no art. 91-A, do
Código Penal (com redação dada pelo Pacote Anticrime), considera produto ou proveito os bens correspondentes à
diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.

Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 91-A Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de
reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença
entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito.
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens:
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infra-
ção penal ou recebidos posteriormente; e
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade
criminal.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.


§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do ofere-
cimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda
for decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser decla-
rados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não
ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados
para o cometimento de novos crimes.

É importante destacar que não se aplica a qualquer crime ou contravenção penal, visto que seu âmbito de
incidência é restrito às infrações penais a que a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão
(infrações de elevado potencial ofensivo). 67
Nesse contexto, conforme o § 1º, art. 91-A, do Códi- § 1º Se o crime é cometido mediante paga ou pro-
go Penal, considera-se patrimônio do condenado tan- messa de recompensa, aplica-se a pena em
to os bens de sua titularidade, ou em relação aos quais dobro.
ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto na § 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quais-
data da infração penal ou recebidos posteriormente, quer modalidades das redes sociais da rede
quanto os transferidos a terceiros a título gratuito ou mundial de computadores, aplica-se em triplo
mediante contraprestação irrisória a partir do início a pena.
da atividade criminal.
A nova lei trouxe novas causas impeditivas da Essas alterações foram embasadas na realida-
prescrição antes do trânsito em julgado (incisos III e de atual: cada vez mais capitalista e conectada pela
IV, do art. 16). Além disso, o inciso II teve modificada internet.
a sua redação. O crime de roubo é extremamente polêmico e,
visando maior repressão, foram implementadas as
seguintes mudanças:
ANTES DO PACOTE DEPOIS DO PACOTE
ANTICRIME ANTICRIME
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
Art. 116 Antes de passar Art. 116 Antes de passar de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
em julgado a sentença em julgado a sentença fi- seguintes alterações:
da final, a prescrição nal, a prescrição não corre: Art. 157 [...]
não corre: I - enquanto não resol- § 2º [...]
I - enquanto não resol- vida, em outro processo, VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
vida, em outro processo, questão de que dependa emprego de arma branca;
questão de que dependa o reconhecimento da exis- [...]
o reconhecimento da tência do crime; § 2º-B Se a violência ou grave ameaça é exercida
existência do crime; II - enquanto o agente com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
II - enquanto o agen- cumpre pena no exterior; proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
te cumpre pena no III - na pendência de em- caput deste artigo.
estrangeiro. bargos de declaração ou
Parágrafo único. Depois de recursos aos Tribunais EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO
de passada em julgado a Superiores, quando inad- ARMA BRANCA RESTRITO OU PROIBIDO
sentença condenatória, missíveis; e
a prescrição não corre IV - enquanto não cum- Aumento de 1/3 até Aplica-se em dobro a pena
durante o tempo em que prido ou não rescindido o a metade
o condenado está preso acordo de não persecução
por outro motivo. penal. Perceba que a pena aumenta se a violência ou
Parágrafo único. Depois ameaça é exercida com emprego de arma de fogo
de passada em julgado a (sem ser de uso restrito ou proibido).
sentença condenatória, a
O crime de estelionato também foi substancial-
prescrição não corre du-
mente afetado. Agora, a regra é que a Ação seja Públi-
rante o tempo em que o
ca Condicionada à Representação e as exceções são
condenado está preso por
elencadas nos incisos do § 5º, do art. 171. Vejamos:
outro motivo.
Art. 171 [...]
Assim, para os crimes cometidos a partir de 23 de § 5º Somente se procede mediante representação,
janeiro de 2020, a prescrição não deverá correr na salvo se a vítima for:
pendência de embargos de declaração ou recursos I - a Administração Pública, direta ou indireta;
aos Tribunais Superiores quando inadmissíveis, bem II - criança ou adolescente;
como enquanto não cumprido ou não rescindido o III - pessoa com deficiência mental; ou
acordo de não persecução penal. IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
Ademais, o Pacote Anticrime alterou o homicídio,
que passou a ser qualificado pelo emprego de arma de Por fim, ocorreu alteração no crime de concussão
fogo de uso restrito ou proibido. Vejamos: no tocante à pena.

Art. 121 [...] Art. 316 [...]


§ 2º [...] Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”
VIII - (VETADO):
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito Essa é uma novatio legis in pejus, logo, não retroage.
ou proibido: (Promulgação partes vetadas)
ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Vale mencionar que o jogo Baleia Azul inspirou a
figura penal, pois, pela rede móvel, muitas crianças O Código de Processo Penal foi o diploma mais afe-
foram incentivadas a se mutilarem/suicidarem. tado com o Pacote Anticrime, principalmente porque
Nos crimes contra a honra, operou-se a seguinte foi criada a polêmica figura do juiz de garantia, que
alteração: visa reforçar o sistema acusatório. Ademais, contra
diversos artigos introduzidos no CPP, foram ajuizadas
Art. 141 As penas cominadas neste Capítulo aumen- Ações Diretas de Inconstitucionalidade (6.298; 6.299;
68 tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 6.300; 6.305).
O relator Ministro Luiz Fux suspendeu a eficácia z Decidir sobre o recebimento da denúncia ou
da implantação do juiz das garantias, a alteração do queixa;
procedimento do arquivamento do inquérito, a libe- z Assegurar prontamente, quando se fizer necessá-
ração em caso de falta de audiência de custódia em rio, o direito outorgado ao investigado e ao seu
24 horas. O tema encontra-se pendente de julgamento defensor de acesso a todos os elementos informati-
no STF. vos e provas produzidos no âmbito da investigação
A nova legislação, após dispor que o processo penal criminal, salvo no que concerne, estritamente, às
terá estrutura acusatória, veda a iniciativa do juiz na diligências em andamento;
fase de investigação e a substituição da atuação pro- z Deferir pedido de admissão de assistente técnico
batória do órgão de acusação. Ainda, passa a prever a para acompanhar a produção da perícia;
figura do juiz das garantias, o qual ficou responsável z Decidir sobre a homologação de acordo de não
pelo controle da investigação criminal e pela proteção persecução penal ou os de colaboração premiada
dos direitos fundamentais. quando formalizados durante a investigação;
Vale lembrar que, no sistema acusatório, a figura z Decidir sobre os requerimentos de:
de acusação e julgamento são completamente distin-
tas e separadas. Assim, o art. 3º-A trouxe a seguinte „ Interceptação telefônica, do fluxo de comunica-
redação:
ções em sistemas de informática e telemática
ou de outras formas de comunicação;
Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
„ Afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a
vigorar com as seguintes alterações: dados e telefônico;
Juiz das Garantias „ Busca e apreensão domiciliar;
Art. 3º-A O processo penal terá estrutura acusató- „ Acesso a informações sigilosas;
ria, vedadas a iniciativa do juiz na fase de inves- „ Outros meios de obtenção da prova que restrin-
tigação e a substituição da atuação probatória do jam direitos fundamentais do investigado;
órgão de acusação.
z Outras matérias inerentes às atribuições definidas.
Anteriormente, não existia um dispositivo expres-
so que tratasse do sistema acusatório. Deste modo, a
doutrina e a jurisprudência construíram tal conceito Importante!
a partir da interpretação do ordenamento processual
penal. Se o investigado estiver preso, o juiz das garan-
Pela nova lei, o juiz das garantias foi colocado tias poderá, mediante representação da auto-
como o responsável pelo controle da legalidade da ridade policial e ouvido o Ministério Público,
investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos prorrogar uma única vez a duração do inquéri-
individuais. Vejamos as competências atribuídas a ele: to por até 15 (quinze) dias. Após isso, se ainda
assim a investigação não for concluída, a prisão
z Receber a comunicação imediata da prisão; será imediatamente relaxada.
z Receber o auto da prisão em flagrante para o con-
trole da legalidade da prisão;
z Zelar pela observância dos direitos do preso, Art. 3º-B O juiz das garantias é responsável pelo
podendo determinar que este seja conduzido à sua controle da legalidade da investigação criminal e
presença, a qualquer tempo; pela salvaguarda dos direitos individuais cuja fran-
z Ser informado sobre a instauração de qualquer quia tenha sido reservada à autorização prévia do
investigação criminal; Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:
z Decidir sobre o requerimento de prisão provisória I - receber a comunicação imediata da prisão, nos
ou outra medida cautelar; termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Consti-
z Prorrogar a prisão provisória ou outra medida tuição Federal;
II - receber o auto da prisão em flagrante para o
cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
controle da legalidade da prisão, observado o dis-
assegurado, no primeiro caso, o exercício do con-
posto no art. 310 deste Código;
traditório em audiência pública e oral;
III - zelar pela observância dos direitos do preso,
z Decidir sobre o requerimento de produção ante-
podendo determinar que este seja conduzido à sua
cipada de provas consideradas urgentes e não
presença, a qualquer tempo;
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer
defesa em audiência pública e oral; investigação criminal;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

z Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estan- V - decidir sobre o requerimento de prisão provisó-
do o investigado preso, em vista das razões apre- ria ou outra medida cautelar, observado o disposto
sentadas pela autoridade policial; no § 1º deste artigo;
z Determinar o trancamento do inquérito policial VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medi-
quando não houver fundamento razoável para sua da cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
instauração ou prosseguimento; assegurado, no primeiro caso, o exercício do con-
z Requisitar documentos, laudos e informações traditório em audiência pública e oral, na forma
ao delegado de polícia sobre o andamento da do disposto neste Código ou em legislação especial
investigação; pertinente;
z Julgar o habeas corpus impetrado antes do ofereci- VII - decidir sobre o requerimento de produção
mento da denúncia; antecipada de provas consideradas urgentes e não
z Determinar a instauração de incidente de insani- repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla
dade mental; defesa em audiência pública e oral; 69
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, O juiz das garantias será designado, conforme
estando o investigado preso, em vista das razões as normas de organização judiciária da União, dos
apresentadas pela autoridade policial e observado Estados e do Distrito Federal, observando critérios
o disposto no § 2º deste artigo; objetivos a serem periodicamente divulgados pelo
IX - determinar o trancamento do inquérito policial respectivo tribunal.
quando não houver fundamento razoável para sua Sabe-se que o juiz das garantias é responsável
instauração ou prosseguimento; pelo controle da legalidade da investigação e pela
X - requisitar documentos, laudos e informações salvaguarda dos direitos individuais, que consiste
ao delegado de polícia sobre o andamento da na outorga a um determinado órgão jurisdicional da
investigação; competência para exercício da função de garantidor
XI - decidir sobre os requerimentos de: na fase investigatória. Após a atuação dessa figura, ele
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunica- fica impedido de funcionar no processo.
ções em sistemas de informática e telemática ou de
outras formas de comunicação; COMPETÊNCIA ENTRE COMPETÊNCIA APÓS
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados A INSTAURAÇÃO DA O RECEBIMENTO DA
e telefônico; INVESTIGAÇÃO E O DENÚNCIA OU QUEIXA
c) busca e apreensão domiciliar;
RECEBIMENTO DA ATÉ O TRÂNSITO EM
d) acesso a informações sigilosas;
ACUSAÇÃO JULGADO DA SENTENÇA
e) outros meios de obtenção da prova que restrin-
jam direitos fundamentais do investigado; Competência do Juiz das Competência do juiz da
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do ofe- Garantias instrução e julgamento
recimento da denúncia;
XIII - determinar a instauração de incidente de Art. 3º-C A competência do juiz das garantias
insanidade mental; abrange todas as infrações penais, exceto as de
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou menor potencial ofensivo, e cessa com o recebi-
queixa, nos termos do art. 399 deste Código; mento da denúncia ou queixa na forma do art. 399
XV - assegurar prontamente, quando se fizer neces- deste Código.
sário, o direito outorgado ao investigado e ao seu § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões
defensor de acesso a todos os elementos informati- pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e
vos e provas produzidos no âmbito da investigação julgamento.
criminal, salvo no que concerne, estritamente, às § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias
diligências em andamento; não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que,
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técni- após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá
co para acompanhar a produção da perícia; reexaminar a necessidade das medidas cautelares
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
não persecução penal ou os de colaboração premia- § 3º Os autos que compõem as matérias de com-
da, quando formalizados durante a investigação; petência do juiz das garantias ficarão acautelados
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições na secretaria desse juízo, à disposição do Ministé-
definidas no caput deste artigo. rio Público e da defesa, e não serão apensados aos
§ 1º O preso em flagrante ou por força de mandado autos do processo enviados ao juiz da instrução e
de prisão provisória será encaminhado à presença julgamento, ressalvados os documentos relativos
do juiz de garantias no prazo de 24 (vinte e qua- às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de pro-
tro) horas, momento em que se realizará audiência vas ou de antecipação de provas, que deverão ser
com a presença do Ministério Público e da Defenso- remetidos para apensamento em apartado.
ria Pública ou de advogado constituído, vedado o § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos
autos acautelados na secretaria do juízo das garantias.
emprego de videoconferência.
Art. 3º-D O juiz que, na fase de investigação, pra-
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garan-
ticar qualquer ato incluído nas competências dos
tias poderá, mediante representação da autoridade
arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcio-
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar,
nar no processo.
uma única vez, a duração do inquérito por até 15
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a inves-
apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de
tigação não for concluída, a prisão será imediata- rodízio de magistrados, a fim de atender às disposi-
mente relaxada. ções deste Capítulo.

A competência do juiz das garantias abrange todas as O Pacote Anticrime reconheceu que não há impar-
infrações penais exceto as de menor potencial ofensi- cialidade, se o mesmo julgador intervém na fase
vo e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa. Ao investigatória e, ao mesmo tempo, aprecia o mérito,
ser recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes condenando ou absolvendo o acusado. Isso é perceptí-
serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. vel, uma vez que, na investigação, o juiz contamina-se
As decisões proferidas pelo juiz das garantias não com elementos de informação. Logo, a nova legislação
vinculam o juiz da instrução e julgamento, o qual, separa a figura do juiz das garantias da figura do juiz
após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá da instrução e julgamento.
reexaminar a necessidade das medidas cautelares em No entanto, perceba que o juiz das garantias pos-
curso no prazo máximo de 10 (dez) dias. sui a função de garantidor dos direitos fundamentais
Vale mencionar que o juiz que, na fase de inves- na fase investigatória, mas não é dotado de iniciati-
tigação, praticar qualquer ato relacionado ao inqué- va acusatória, como erroneamente pode ser pensado.
rito ficará impedido de funcionar no processo. Isso Alerte-se para o fato de que o Pacote Anticrime veda
significa que, nas comarcas em que funcionar apenas expressamente a iniciativa do juiz na fase de inves-
um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de tigação. A intervenção do juiz das garantias na fase
70 magistrados, a fim de atender esse dispositivo. investigatória deve ser contingente e excepcional.
Importante! Art. 14-A Nos casos em que servidores vincula-
dos às instituições dispostas no art. 144 da Cons-
O juiz das garantias deverá assegurar o cumpri- tituição Federal figurarem como investigados em
mento das regras para o tratamento dos presos, inquéritos policiais, inquéritos policiais militares
impedindo o acordo ou o ajuste de qualquer auto- e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
ridade com órgãos da imprensa, para explorar a for a investigação de fatos relacionados ao uso da
força letal praticados no exercício profissional, de
imagem da pessoa submetida à prisão sob pena
forma consumada ou tentada, incluindo as situa-
de responsabilidade civil, administrativa e penal. ções dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado
poderá constituir defensor.
Art. 3º-E O juiz das garantias será designado con-
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo,
forme as normas de organização judiciária da o investigado deverá ser citado da instauração do
União, dos Estados e do Distrito Federal, obser- procedimento investigatório, podendo constituir
vando critérios objetivos a serem periodicamente defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas
divulgados pelo respectivo tribunal. a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo
A nova lei também se preocupa com a imagem do com ausência de nomeação de defensor pelo inves-
réu perante a sociedade. Vejamos: tigado, a autoridade responsável pela investigação
deverá intimar a instituição a que estava vincula-
Art. 3º-F O juiz das garantias deverá assegurar o do o investigado à época da ocorrência dos fatos,
cumprimento das regras para o tratamento dos para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito)
presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer horas, indique defensor para a representação do
autoridade com órgãos da imprensa para explorar investigado.
a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena § 3º Havendo necessidade de indicação de defensor
de responsabilidade civil, administrativa e penal. nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as auto- preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos
locais em que ela não estiver instalada, a União
ridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oiten-
ou a Unidade da Federação correspondente à res-
ta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a
pectiva competência territorial do procedimento
realização da prisão e a identidade do preso serão,
instaurado deverá disponibilizar profissional para
de modo padronizado e respeitada a programação
acompanhamento e realização de todos os atos
normativa aludida no caput deste artigo, transmi- relacionados à defesa administrativa do investiga-
tidas à imprensa, assegurados a efetividade da per- do. (Promulgação partes vetadas)
secução penal, o direito à informação e a dignidade § 4º A indicação do profissional a que se refere o
da pessoa submetida à prisão. § 3º deste artigo deverá ser precedida de manifes-
tação de que não existe defensor público lotado na
O Pacote Anticrime trouxe a figura da assistência área territorial onde tramita o inquérito e com atri-
jurídica em favor de servidores vinculados aos órgãos buição para nele atuar, hipótese em que poderá ser
de segurança pública diante da instauração de inqué- indicado profissional que não integre os quadros
rito, para fins de investigação de fatos relacionados ao próprios da Administração. (Promulgação partes
uso da força letal praticados no exercício funcional. vetadas)
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria
Essa mudança se justifica, pelo fato de figurar
Pública, os custos com o patrocínio dos interesses
como suposto autor ou partícipe da infração penal em
dos investigados nos procedimentos de que trata
uma investigação criminal. Por si só, funciona como este artigo correrão por conta do orçamento pró-
uma imputação em sentido amplo que acarreta con- prio da instituição a que este esteja vinculado à
sequências. Logo, a observância do contraditório e da época da ocorrência dos fatos investigados. (Pro-
ampla defesa não pode ficar restrita à fase processual mulgação partes vetadas)
da persecução penal. § 6º As disposições constantes deste artigo se apli-
Na investigação de fatos relacionados ao uso da cam aos servidores militares vinculados às institui-
força letal praticados no exercício profissional — polí- ções dispostas no art. 142 da Constituição Federal,
cia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviá- desde que os fatos investigados digam respeito a
missões para a Garantia da Lei e da Ordem.”
ria federal, polícias civis, polícias militares e corpos de
bombeiros militares, polícias penais federal, estaduais
O Pacote Anticrime trouxe novo procedimento
e distrital —, o indiciado poderá constituir defensor
para o arquivamento nos âmbitos da justiça estadual,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

no prazo de até 48 horas, a contar do recebimento da


justiça federal e justiça comum do DF. De acordo com
citação, devendo ser citado da instauração do procedi-
o art. 28, do CPP reformado, deixará de haver qual-
mento investigatório. quer controle judicial sobre a promoção de arquiva-
Em caso de ausência de nomeação de defensor mento apresentada pelo Ministério Público.
pelo investigado, a autoridade responsável pela inves- Ocorre que a eficácia desse dispositivo foi sus-
tigação deverá intimar a instituição a que estava vin- pensa, em virtude de medida cautelar concedida nos
culado o investigado à época da ocorrência dos fatos, autos de Ação Direta de Inconstitucionalidade. Inclu-
para que essa, no prazo de 48 horas, indique defensor sive, foi determinado que o antigo art. 28 permaneça
para a representação do investigado. em vigor enquanto perdurar a cautelar:

Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro


de 1941 (Código de Processo Penal), passa a de 1941 (Código de Processo Penal), passa a
vigorar com as seguintes alterações: vigorar com as seguintes alterações: 71
Art. 28 Ordenado o arquivamento do inquérito O dispositivo que trata do acordo de não perse-
policial ou de quaisquer elementos informativos cução penal possui grande relevância ao nosso estu-
da mesma natureza, o órgão do Ministério Público do, pois, certamente, será cobrado em prova. Por isso,
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade atente-se à matéria disposta a seguir.
policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na Requisitos
forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não con-
Memorize o esquema:
cordar com o arquivamento do inquérito policial,
Não é caso de arquivamento + confessou + não há
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento
da comunicação, submeter a matéria à revisão da
violência nem grave ameaça + pena mínima inferior
instância competente do órgão ministerial, confor- a 4 anos = O MP pode propor o acordo de não perse-
me dispuser a respectiva lei orgânica. cução penal.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes pratica-
dos em detrimento da União, Estados e Municípios, Condições
a revisão do arquivamento do inquérito policial
poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem São possíveis condições estabelecidas para a
couber a sua representação judicial. concessão:

z Reparar o dano;
Importante! z Renunciar voluntariamente a bens e direitos indi-
cados pelo Ministério Público como instrumentos,
Atente-se ao novo procedimento de arquivamento:
produto ou proveito do crime;
� O MP ordena o arquivamento do inquérito z Prestar serviço à comunidade correspondente à
policial; pena mínima cominada ao delito diminuída de um
� O MP comunica a vítima, o investigado e a a dois terços (1/3 a 2/3);
autoridade policial; z Pagar prestação pecuniária a entidade pública ou
� O MP encaminha os autos para a instância de de interesse social;
revisão ministerial, para fins de homologação, z Cumprir, por prazo determinado, outra condi-
na forma da lei; ção indicada pelo Ministério Público, desde que
� Se a vítima, ou seu representante legal, não proporcional e compatível com a infração penal
concordar com o arquivamento do inquérito imputada.
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias
Vedações
do recebimento da comunicação, submeter
a matéria à revisão da instância competente
Não caberá o acordo de não persecução penal
do órgão ministerial, conforme dispuser a res-
quando:
pectiva lei orgânica;
� Nas ações penais relativas a crimes praticados z É cabível a transação penal no JECRIM;
em detrimento da União, Estados e Municípios, z Criminoso profissional;
a revisão do arquivamento do inquérito policial z Beneficiado, nos 5 (cinco) anos anteriores, ao
poderá ser provocada pela chefia do órgão a cometimento da infração por acordo de não perse-
quem couber a sua representação judicial. cução penal, transação penal ou suspensão condi-
Obs.: As etapas foram dispostas em tópicos, cional do processo;
z Caso de violência doméstica contra a mulher.
conforme a ordem em que ocorrem.
Controle Jurisdicional
No antigo procedimento de arquivamento, o Minis-
tério Público oferecia o arquivamento e o juiz deci- z Celebração por escrito (firmada pelo MP) + inves-
dia se acolhia ou não. Caso a autoridade judicial não tigado + advogado, seguida de homologação pelo
acolhesse o arquivamento, remetia ao PGJ, para que juiz em audiência — verifica-se a voluntariedade
dele partisse a decisão final, no sentido de arquivar por oitiva do investigado na presença do advogado
ou não. Ainda, se não entendesse pelo arquivamen- e a legalidade;
to, o PGJ designava um longa manus — expressão que z Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou
designa o executor de ordens, ou seja, PGJ designa —, abusivas as condições dispostas no acordo de não per-
para propor a ação penal ou ele mesmo o fazia. secução penal, devolverá os autos ao Ministério Públi-
Com a mudança trazida pelo Pacote Anticrime, o co, para que seja reformulada a proposta de acordo,
controle do arquivamento passa a ser realizado no com concordância do investigado e seu defensor;
âmbito exclusivo do Ministério Público, atribuindo-se z Homologado judicialmente o acordo de não perse-
à vítima a legitimidade para questionar a correção da cução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministé-
postura adotada pelo órgão ministerial. rio Público, para que inicie sua execução perante o
Vale destacar que o arquivamento continua fun- juízo de execução penal;
cionando como um ato plural, porém, agora, consti- z Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos
tuindo, em um primeiro momento, pela decisão do ao Ministério Público, para a análise da necessida-
promotor e, após ser ou não homologada, pela instân- de de complementação das investigações ou o ofe-
72 cia de revisão ministerial. recimento da denúncia.
Descumprimento § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica
nas seguintes hipóteses:
z Descumpridas quaisquer das condições estipula- I - se for cabível transação penal de competência
das no acordo de não persecução penal, o Ministé- dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
rio Público deverá comunicar ao juízo, para fins de II - se o investigado for reincidente ou se houver ele-
sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia; mentos probatórios que indiquem conduta criminal
z O descumprimento do acordo de não persecução habitual, reiterada ou profissional, exceto se insig-
penal pelo investigado também poderá ser utiliza- nificantes as infrações penais pretéritas;
do pelo Ministério Público como justificativa para III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos
o eventual não oferecimento de suspensão condi- anteriores ao cometimento da infração, em acordo
cional do processo. de não persecução penal, transação penal ou sus-
pensão condicional do processo; e
Cumprimento Integral IV - nos crimes praticados no âmbito de violên-
cia doméstica ou familiar, ou praticados contra a
z Cumprido integralmente o acordo de não persecu- mulher por razões da condição de sexo feminino,
ção penal, o juízo competente decretará a extinção em favor do agressor.
de punibilidade; § 3º O acordo de não persecução penal será formaliza-
z A celebração e o cumprimento do acordo de não do por escrito e será firmado pelo membro do Minis-
persecução penal não constarão de certidão de tério Público, pelo investigado e por seu defensor.
antecedentes criminais. § 4º Para a homologação do acordo de não perse-
cução penal, será realizada audiência na qual o juiz
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da
Recusa
oitiva do investigado na presença do seu defensor,
e sua legalidade.
z No caso de recusa por parte do Ministério Públi- § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes
co em propor o acordo de não persecução penal, o ou abusivas as condições dispostas no acordo de
investigado poderá requerer a remessa dos autos não persecução penal, devolverá os autos ao Minis-
a órgão superior (instância de revisão ministerial); tério Público para que seja reformulada a proposta
z Caberá RESE da decisão, despacho ou sentença que de acordo, com concordância do investigado e seu
recusar homologação à proposta de acordo de não defensor.
persecução penal. Isso se fundamenta, uma vez § 6º Homologado judicialmente o acordo de não
que o RESE é utilizado para impugnar decisões persecução penal, o juiz devolverá os autos ao
interlocutórias. Ministério Público para que inicie sua execução
perante o juízo de execução penal.
Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro § 7º O juiz poderá recusar homologação à propos-
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a ta que não atender aos requisitos legais ou quando
vigorar com as seguintes alterações: não for realizada a adequação a que se refere o § 5º
Art. 28-A Não sendo caso de arquivamento e tendo deste artigo.
o investigado confessado formal e circunstancial- § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá
mente a prática de infração penal sem violência os autos ao Ministério Público para a análise da
ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 necessidade de complementação das investigações
(quatro) anos, o Ministério Público poderá propor ou o oferecimento da denúncia.
acordo de não persecução penal, desde que neces- § 9º A vítima será intimada da homologação
sário e suficiente para reprovação e prevenção do do acordo de não persecução penal e de seu
crime, mediante as seguintes condições ajustadas descumprimento.
cumulativa e alternativamente: § 10 Descumpridas quaisquer das condições estipu-
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exce- ladas no acordo de não persecução penal, o Ministé-
to na impossibilidade de fazê-lo; rio Público deverá comunicar ao juízo, para fins de
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
indicados pelo Ministério Público como instrumen- § 11 O descumprimento do acordo de não perse-
tos, produto ou proveito do crime; cução penal pelo investigado também poderá ser
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades utilizado pelo Ministério Público como justificati-
públicas por período correspondente à pena míni- va para o eventual não oferecimento de suspensão
ma cominada ao delito diminuída de um a dois ter- condicional do processo.
ços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, § 12 A celebração e o cumprimento do acordo de
na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de não persecução penal não constarão de certidão de
dezembro de 1940 (Código Penal); antecedentes criminais, exceto para os fins previs-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos tos no inciso III do § 2º deste artigo.
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de § 13 Cumprido integralmente o acordo de não
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública persecução penal, o juízo competente decretará a
ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da extinção de punibilidade.
execução, que tenha, preferencialmente, como fun- § 14 No caso de recusa, por parte do Ministério Públi-
ção proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes co, em propor o acordo de não persecução penal, o
aos aparentemente lesados pelo delito; ou investigado poderá requerer a remessa dos autos a
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
indicada pelo Ministério Público, desde que propor-
cional e compatível com a infração penal imputada. Alguns dispositivos sobre bens foram alterados.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao Na hipótese de decretação de perdimento de obras
delito a que se refere o caput deste artigo, serão de arte ou de outros bens de relevante valor cultural
consideradas as causas de aumento e diminuição ou artístico, se o crime não tiver vítima determinada,
aplicáveis ao caso concreto. poderá haver destinação dos bens a museus públicos. 73
Ao transitar em julgado a sentença condenatória, o § 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o
juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do
Ministério Público, determinará a avaliação e a ven- bem pelos demais órgãos públicos.
da dos bens em leilão público, cujo perdimento tenha § 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for
sido decretado. Do dinheiro apurado, será recolhido veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará
aos cofres públicos o que não couber ao lesado ou a à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e
terceiro de boa-fé. O valor apurado deverá ser recolhi- controle a expedição de certificado provisório de
registro e licenciamento em favor do órgão público
do ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se hou-
beneficiário, o qual estará isento do pagamento de
ver previsão diversa em lei especial.
multas, encargos e tributos anteriores à disponibi-
O juiz poderá autorizar, se constatado o interesse
lização do bem para a sua utilização, que deverão
público, a utilização de bem sequestrado, apreendi- ser cobrados de seu responsável.
do ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos § 4º Transitada em julgado a sentença penal conde-
órgãos de segurança pública, do sistema prisional, do natória com a decretação de perdimento dos bens,
sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segu- ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé,
rança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o o juiz poderá determinar a transferência definitiva
desempenho de suas atividades. da propriedade ao órgão público beneficiário ao
O órgão de segurança pública participante das qual foi custodiado o bem.
ações de investigação ou repressão da infração
penal que ensejou a constrição do bem terá prio-
ridade na sua utilização. Todavia, se demonstrado Importante!
o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do
bem pelos demais órgãos públicos.
Em relação às provas, o Pacote Anticrime trou-
Se o bem for veículo, embarcação ou aeronave, o xe o seguinte entendimento de que o juiz que
juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de conhecer do conteúdo da prova declarada inad-
registro e controle a expedição de certificado provi- missível (ex.: prova ilícita) não poderá proferir a
sório de registro e licenciamento em favor do órgão sentença ou acórdão (Art. 157).
público beneficiário, o qual estará isento do pagamen-
to de multas, encargos e tributos anteriores à disponi-
Quanto às perícias, muitas mudanças aconte-
bilização do bem para a sua utilização, que deverão
ceram. Primeiramente, é preciso entender o que é
ser cobrados de seu responsável.
cadeia de custódia. Trata-se de documentar a histó-
Ao transitar em julgado a sentença penal conde-
ria cronológica da evidência, quem foram os respon-
natória com a decretação de perdimento dos bens,
sáveis por seu manuseio, garantir a inviolabilidade do
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o
material, lacrar as evidências, restringir acesso. Em
juiz poderá determinar a transferência definitiva da
outras palavras, consiste no caminho que deve ser
propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi
percorrido pela prova até a sua análise pelo magistra-
custodiado o bem.
do, sendo certo que qualquer interferência indevida
Art. 122 Sem prejuízo do disposto no art. 120, as durante esse trâmite processual pode resultar na sua
coisas apreendidas serão alienadas nos termos do imprestabilidade.
disposto no art. 133 deste Código. Você deve ter contato com a lei seca, pois o tema foi
Parágrafo único. (Revogado). (NR) alvo de mudanças e implementos. Vejamos:
Art. 124-A Na hipótese de decretação de perdimen-
to de obras de arte ou de outros bens de relevante DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA
valor cultural ou artístico, se o crime não tiver víti- DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL
ma determinada, poderá haver destinação dos bens Art. 158-A Considera-se cadeia de custódia o
a museus públicos. conjunto de todos os procedimentos utilizados
Art. 133 Transitada em julgado a sentença conde- para manter e documentar a história cronoló-
natória, o juiz, de ofício ou a requerimento do inte- gica do vestígio coletado em locais ou em vítimas
ressado ou do Ministério Público, determinará a de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a
avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo partir de seu reconhecimento até o descarte.
perdimento tenha sido decretado. § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a pre-
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres servação do local de crime ou com procedimen-
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro tos policiais ou periciais nos quais seja detectada a
de boa-fé. existência de vestígio.
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo § 2º O agente público que reconhecer um elemento
Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão como de potencial interesse para a produção da pro-
diversa em lei especial. (NR) va pericial fica responsável por sua preservação.
Art. 133-A O juiz poderá autorizar, constatado o § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto,
interesse público, a utilização de bem sequestrado, visível ou latente, constatado ou recolhido,
apreendido ou sujeito a qualquer medida assecura- que se relaciona à infração penal.
tória pelos órgãos de segurança pública previstos Art. 158-B A cadeia de custódia compreende o ras-
no art. 144 da Constituição Federal, do sistema pri- treamento do vestígio nas seguintes etapas:
sional, do sistema socioeducativo, da Força Nacio- I - reconhecimento: ato de distinguir um elemen-
nal de Segurança Pública e do Instituto Geral de to como de potencial interesse para a produção da
Perícia, para o desempenho de suas atividades. prova pericial;
§ 1º O órgão de segurança pública participante das II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado
ações de investigação ou repressão da infração das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente
penal que ensejou a constrição do bem terá priori- imediato, mediato e relacionado aos vestígios e
74 dade na sua utilização. local de crime;
III - fixação: descrição detalhada do vestígio con- § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito
forme se encontra no local de crime ou no corpo de que vai proceder à análise e, motivadamente, por
delito, e a sua posição na área de exames, poden- pessoa autorizada.
do ser ilustrada por fotografias, filmagens ou cro- § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer
qui, sendo indispensável a sua descrição no laudo constar na ficha de acompanhamento de vestígio o
pericial produzido pelo perito responsável pelo nome e a matrícula do responsável, a data, o local,
atendimento; a finalidade, bem como as informações referentes
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será sub- ao novo lacre utilizado.
metido à análise pericial, respeitando suas caracte- § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no
rísticas e natureza; interior do novo recipiente.
V - acondicionamento: procedimento por meio do Art. 158-E Todos os Institutos de Criminalística
qual cada vestígio coletado é embalado de forma deverão ter uma central de custódia destinada à
individualizada, de acordo com suas característi- guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve
cas físicas, químicas e biológicas, para posterior ser vinculada diretamente ao órgão central de perí-
análise, com anotação da data, hora e nome de cia oficial de natureza criminal.
quem realizou a coleta e o acondicionamento; § 1º Toda central de custódia deve possuir os ser-
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um viços de protocolo, com local para conferência,
local para o outro, utilizando as condições ade- recepção, devolução de materiais e documentos,
quadas (embalagens, veículos, temperatura, entre possibilitando a seleção, a classificação e a distri-
outras), de modo a garantir a manutenção de suas buição de materiais, devendo ser um espaço seguro
características originais, bem como o controle de e apresentar condições ambientais que não interfi-
sua posse; ram nas características do vestígio.
VII - recebimento: ato formal de transferência da § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de
posse do vestígio, que deve ser documentado com, vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se
no mínimo, informações referentes ao número de informações sobre a ocorrência no inquérito que a
procedimento e unidade de polícia judiciária rela- eles se relacionam.
cionada, local de origem, nome de quem transpor- § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestí-
tou o vestígio, código de rastreamento, natureza gio armazenado deverão ser identificadas e deve-
do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e rão ser registradas a data e a hora do acesso.
identificação de quem o recebeu; § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio arma-
VIII - processamento: exame pericial em si, mani- zenado, todas as ações deverão ser registradas,
pulação do vestígio de acordo com a metodologia consignando-se a identificação do responsável pela
adequada às suas características biológicas, físicas tramitação, a destinação, a data e horário da ação.
e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, Art. 158-F Após a realização da perícia, o material
que deverá ser formalizado em laudo produzido deverá ser devolvido à central de custódia, devendo
por perito; nela permanecer.
IX - armazenamento: procedimento referente à Parágrafo único. Caso a central de custódia não
guarda, em condições adequadas, do material a ser possua espaço ou condições de armazenar deter-
processado, guardado para realização de contrape- minado material, deverá a autoridade policial ou
rícia, descartado ou transportado, com vinculação judiciária determinar as condições de depósito do
ao número do laudo correspondente; referido material em local diverso, mediante reque-
X - descarte: procedimento referente à liberação do rimento do diretor do órgão central de perícia ofi-
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando cial de natureza criminal.
pertinente, mediante autorização judicial.
Art. 158-C A coleta dos vestígios deverá ser realiza-
O Pacote Anticrime trouxe esse mecanismo como
da preferencialmente por perito oficial, que dará o
garantidor da autenticidade das evidências coletadas
encaminhamento necessário para a central de cus-
e examinadas sem que haja espaço para adulteração.
tódia, mesmo quando for necessária a realização
de exames complementares. Assim, documenta-se, de maneira formal, um proce-
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inqué- dimento destinado a manter a história cronológica de
rito ou processo devem ser tratados como descrito uma evidência.
nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de A consequência da quebra da cadeia de custódia
natureza criminal responsável por detalhar a for- (break on the chain of custody) é a proibição de valora-
ma do seu cumprimento. ção probatória com a consequente exclusão dela e de
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova
como a remoção de quaisquer vestígios de locais de garante a validade da prova.
crime antes da liberação por parte do perito res- O período da cadeia de custódia vai do reconheci-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ponsável, sendo tipificada como fraude processual mento do elemento de prova até o seu descarte. São
a sua realização. etapas do rastreamento do vestígio:
Art. 158-D O recipiente para acondicionamen-
to do vestígio será determinado pela natureza do
z Reconhecimento como elemento potencial para a
material.
produção de prova;
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com
z Isolamento para evitar que se altere o estado das
lacres, com numeração individualizada, de forma
a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestí- coisas;
gio durante o transporte. z Fixação (descrição detalhada do vestígio, como se
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, encontra no local do crime ou no corpo de delito);
preservar suas características, impedir contamina- z Coleta para análise pericial;
ção e vazamento, ter grau de resistência adequado z Acondicionamento (o vestígio é embalado de for-
e espaço para registro de informações sobre seu ma individualizada, com anotação da data, hora e
conteúdo. nome de quem fez a coleta e o acondicionamento); 75
z Transporte, garantindo a manutenção das características originais e o controle da posse;
z Recebimento (com informações);
z Processamento (exame pericial com laudo do perito);
z Armazenamento para realização de contraperícia ser descartado ou transportado;
z Descarte, liberação do vestígio, com ou sem autorização judicial, a depender do caso.

Lembre-se de que, em uma mera coleta de sangue para exames de rotina, já existe uma sistemática rígida, para
evitar erros no resultado. Imagine, agora, todos os cuidados que precisam ser adotados, para não ser cometida
nenhuma injustiça em âmbito penal. Logo, todos os procedimentos elencados na lei precisam ser obedecidos,
para a valoração de uma prova.
A alteração disposta a seguir é relativa às medidas cautelares e audiência de custódia.
A preocupação com a audiência de custódia iniciou-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando o ex-jo-
gador de futebol e então ator, O. J. Simpson, foi acusado de ser o executor do homicídio de sua ex-esposa e de
um amigo dela, sendo absolvido. A defesa conseguiu absolvição, justamente porque a preservação do local foi
inadequada. A partir de então, a cadeia de custódia passou a ser pensada e desenvolvida pela maioria dos países.
Quanto às medidas cautelares, de acordo com a inovação trazida pelo Pacote Anticrime no § 2º, do art. 282, o
juiz não poderá mais as decretar de ofício. Elas serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quan-
do no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento
do Ministério Público.
Deste modo, de acordo com o § 3º, do art. 282, recebido o pedido de medida cautelar, o juiz deverá intimar a
parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. Os casos de urgência ou de perigo deverão ser jus-
tificados e fundamentados em decisão.
No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Minis-
tério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou,
em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do § 4º, do art. 282. Deste modo, o juiz não poderá
mais, de ofício, substituir a medida, impor outra em cumulação ou decretar a prisão preventiva nos casos de
descumprimento.
Em contrapartida, quando faltar motivo para que subsista a medida cautelar imposta ou quando sobrevierem
razões que a justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou substituí-la respectivamente, nos termos do § 5º, do
art. 282.
Já de acordo com o § 6º, do art. 282, a prisão preventiva somente será determinada quando não for cabí-
vel a sua substituição por outra medida cautelar. Ademais, o não cabimento da substituição por outra medi-
da cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma
individualizada.
Tratando-se, ainda, dos artigos alterados, temos o art. 283 que dita em quais hipóteses o indivíduo poderá ser
preso.

Importante!
Ninguém poderá ser preso senão:
� Em flagrante delito;
� Ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente;
� Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preventiva etc.);
� Condenação criminal transitada em julgado.

Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não impede a prisão. O preso será imediatamen-
te apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia — é o que rege
o art. 287, o qual também foi alterado pelo Pacote Anticrime.
Perceba que o Pacote Anticrime dividiu a prisão em duas espécies, quais sejam: prisão cautelar e prisão para
execução de pena. Ademais, a nova legislação impôs a realização da audiência de custódia seguida da prisão.
Uma vez explicado cada dispositivo, vejamos o texto de lei, que deverá ser seu foco de estudo:

Art. 282 [...]


§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investiga-
ção criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida
cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada
de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de
perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifi-
quem essa medida excepcional.
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério
Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último
caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida
cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá
76 ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada. (NR)
ANTES DO PACOTE ANTICRIME APÓS O PACOTE ANTICRIME
Art. 283 Ninguém poderá ser preso senão em flagrante Art. 283 Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de sentença con- judiciária competente, em decorrência de prisão caute-
denatória transitada em julgado ou, no curso da investi- lar ou em virtude de condenação criminal transitada em
gação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou julgado.
prisão preventiva.
Art. 287 Se a infração for inafiançável, a falta de exibição Art. 287 Se a infração for inafiançável, a falta de exibição
do mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso,
será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedi- será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido
do o mandado. o mandado, para a realização de audiência de custódia.

Ademais, rege o art. 310 que, após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de 24 horas (con-
tadas da realização da prisão), o juiz deverá promover audiência de custódia, com a presença do acusado, seu
advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público.
De acordo com o § 4º, do art. 310, se transcorrido o prazo máximo de 24 horas, a não realização da audiência
de custódia (sem motivação idônea) ensejará a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente
sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. Além disso, a autoridade que deu
causa, sem motivação idônea, a não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido responderá admi-
nistrativa, civil e penalmente pela omissão.
No entanto, cabe mencionar que, em 22 de janeiro de 2020, o Ministro Luiz Fux suspendeu a eficácia da libe-
ração da prisão pela não realização da audiência de custódia no prazo de 24 horas.
Na audiência de custódia, o juiz decide fundamentadamente:

z Relaxar a prisão ilegal;


z Converter a prisão em flagrante em preventiva quando presentes os requisitos e se revelarem inadequadas ou
insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
z Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

ANTES DO PACOTE ANTICRIME APÓS O PACOTE ANTICRIME

Art. 310 Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz Art. 310 Após receber o auto de prisão em flagrante, no
deverá fundamentadamente: prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a
I - relaxar a prisão ilegal; ou realização da prisão, o juiz deverá promover audiência
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quan- de custódia com a presença do acusado, seu advogado
do presentes os requisitos constantes do art. 312 deste constituído ou membro da Defensoria Pública e o mem-
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as bro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deve-
medidas cautelares diversas da prisão; ou rá, fundamentadamente:
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. I - relaxar a prisão ilegal; ou
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quan-
em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições do presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decre- Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
to-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Pe- medidas cautelares diversas da prisão; ou
nal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,
a todos os atos processuais, sob pena de revogação. que o agente praticou o fato em qualquer das condições
constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusa-
do liberdade provisória, mediante termo de compareci-
mento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

integra organização criminosa armada ou milícia, ou que


porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a li-
berdade provisória, com ou sem medidas cautelares.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea,
à não realização da audiência de custódia no prazo esta-
belecido no caput deste artigo responderá administrativa,
civil e penalmente pela omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decur-
so do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não rea-
lização de audiência de custódia sem motivação idônea
ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilida-
de de imediata decretação de prisão preventiva.
77
De acordo com a jurisprudência, a decisão proferida na audiência de custódia reconhecendo a atipicidade do
fato não faz coisa julgada. A decisão não vincula o titular da ação penal, que poderá oferecer acusação contra o
indivíduo, narrando os mesmos fatos, e o juiz poderá receber a denúncia.
Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em legítima defesa, o juiz
pode, de maneira fundamentada, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimen-
to obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação, nos termos do § 1º, do art. 310.
Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia ou,
ainda, que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas
cautelares, nos termos do § 2º, do art. 310.
Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal caberá a prisão preventiva decretada
pelo juiz, a requerimento do ministério público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autori-
dade policial, nos termos do art. 311.
A prisão preventiva poderá ser decretada, nos termos do art. 312, como:

z Garantia da ordem pública;


z Garantia da ordem econômica;
z Por conveniência da instrução criminal;
z Assegurar a aplicação da lei penal (risco de fuga).

No entanto, será decretada, desde que haja prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. A decisão que decreta a prisão preventiva, de acordo com
o § 2º, do art. 312, precisa ser motivada e fundamentada, mostrando receio de perigo e existência concreta de
fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
Vale lembrar que as prisões cautelares não se confundem com a prisão-pena, pois as primeiras buscam assegu-
rar a boa aplicação do Direito Penal em casos que exigem tal medida de urgência; já a segunda advém do trânsito
em julgado da condenação criminal.
Outra importante alteração é relativa ao fato de que não será admitida a decretação da prisão preventiva com
a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou
da apresentação ou recebimento de denúncia, de acordo com o § 2º, do art. 313.

ANTES DO PACOTE ANTICRIME APÓS O PACOTE ANTICRIME


Art. 311 Em qualquer fase da investigação policial ou do processo pe- Art. 311 Em qualquer fase da investigação policial ou do processo
nal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento
da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por repre-
ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. sentação da autoridade policial.
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
Parágrafo Único. A prisão preventiva também poderá ser decretada gerado pelo estado de liberdade do imputado.
em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas § 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de
Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a de- outras medidas cautelares (art. 282, § 4o).
cretação da prisão preventiva:(Redação dada pela Lei nº 12.403, de § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada
2011). e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxi- novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
ma superior a 4 (quatro) anos; adotada.
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença tran- Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decre-
sitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. tação da prisão preventiva:
64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxi-
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, ma superior a 4 (quatro) anos;
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença tran-
garantir a execução das medidas protetivas de urgência; sitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art.
Parágrafo Único. Também será admitida a prisão preventiva quando 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
outra hipótese recomendar a manutenção da medida. § 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer ele-
sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer ele- mentos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
mentos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipó-
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipó- tese recomendar a manutenção da medida.
tese recomendar a manutenção da medida. § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a fina-
Art. 316 O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do lidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. de denúncia.
Art. 316 O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a pri-
são preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar
a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decre-
tá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emis-
sor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90
(noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena
de tornar a prisão ilegal.
78
Perceba que, com o Pacote Anticrime, o juiz não No caso de condenação a uma pena igual ou supe-
pode mais decretar, de ofício, a prisão preventiva, rior a 15 (quinze) anos de reclusão, o juiz determinará
para que seja preservado o sistema acusatório no a execução provisória da pena, com expedição do man-
qual as funções de acusar e julgar são extremamente dado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conheci-
separadas. Ademais, a nova lei ressaltou que a prisão mento de recursos que vierem a ser interpostos.
preventiva exige demonstração do perigo que cau- Ainda no art. 492, o § 2º dita que o presidente do
sa a liberdade do acusado. Por fim, como espelho do Tribunal do Júri poderá, excepcionalmente, deixar de
Código de Processo Civil de 2015, alguns requisitos são autorizar a execução provisória da pena, se houver
estabelecidos quanto à motivação da prisão, que são questão substancial, cuja resolução pelo tribunal ao
apresentados no art. 315, o qual veremos em seguida.
qual competir o julgamento possa, plausivelmente,
Atenção! O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
levar à revisão da condenação.
partes, revogar a prisão preventiva, se, no correr
A apelação, nos termos do § 4º, do art. 492, inter-
da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente posta contra decisão condenatória do Júri a uma pena
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não
Sendo decretada, deve-se revisar a necessidade de sua terá efeito suspensivo.
manutenção a cada 90 (noventa) dias, nos termos do
art. 316. Art. 492 [...]
I - [...]
Art. 315 A decisão que decretar, substituir ou dene- e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-
gar a prisão preventiva será sempre motivada e -lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
fundamentada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de con-
de 2019) denação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze)
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preven- anos de reclusão, determinará a execução provisó-
tiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá ria das penas, com expedição do mandado de pri-
indicar concretamente a existência de fatos são, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de
novos ou contemporâneos que justifiquem a recursos que vierem a ser interpostos;
aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei [...]
nº 13.964, de 2019) § 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar
§ 2º Não se considera fundamentada qual- de autorizar a execução provisória das penas de
quer decisão judicial, seja ela interlocutória, que trata a alínea e do inciso I do caput deste arti-
sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei nº go, se houver questão substancial cuja resolução
13.964, de 2019)
pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à pará-
plausivelmente levar à revisão da condenação.
frase de ato normativo, sem explicar sua relação
§ 4º A apelação interposta contra decisão conde-
com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) natória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, superior a 15 (quinze) anos de reclusão não
sem explicar o motivo concreto de sua incidência terá efeito suspensivo.
no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir
III - invocar motivos que se prestariam a justifi- efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º
car qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei nº deste artigo, quando verificado cumulativamente
13.964, de 2019) que o recurso:
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos I - não tem propósito meramente protelatório; e
no processo capazes de, em tese, infirmar a con- II - levanta questão substancial e que pode
clusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei nº resultar em absolvição, anulação da sentença,
13.964, de 2019) novo julgamento ou redução da pena para pata-
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de mar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.
súmula, sem identificar seus fundamentos determi- § 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo
nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento poderá ser feito incidentemente na apelação ou por
se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº meio de petição em separado dirigida diretamente
13.964, de 2019)
ao relator, instruída com cópias da sentença conde-
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, juris-
natória, das razões da apelação e de prova da tem-
prudência ou precedente invocado pela parte, sem
pestividade, das contrarrazões e das demais peças
demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento. necessárias à compreensão da controvérsia. (NR)
Art. 316 O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
No campo das nulidades, foi acrescido um disposi-
partes, revogar a prisão preventiva se, no correr
tivo no sentido de que a nulidade ocorrerá em decor-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

da investigação ou do processo, verificar a falta de


motivo para que ela subsista, bem como novamente rência de decisão carente de fundamentação.
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, Art. 564 [...]
deverá o órgão emissor da decisão revisar a neces- V - em decorrência de decisão carente de fundamentação.
sidade de sua manutenção a cada 90 (noventa)
dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, Atente-se ao fato de que, conforme o art. 581,
sob pena de tornar a prisão ilegal. (NR)
Art. 581 Caberá recurso, no sentido estrito, da deci-
Nos termos da alínea e, inciso I, do art. 492, o são, despacho ou sentença:
juiz, ao proferir sentença condenatória, mandará o [...]
acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em XXV - que recusar homologação à proposta de acor-
que se encontra, se presentes os requisitos da prisão do de não persecução penal, previsto no art. 28-A
preventiva. desta Lei. 79
Quanto ao Recurso Extraordinário e Recurso Espe- § 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração
cial, vejamos o que ficou sedimentado no dispositivo do respectivo laudo serão realizadas por perito
a seguir: oficial.
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado
Art. 638 O recurso extraordinário e o recurso espe- em submeter-se ao procedimento de identificação
cial serão processados e julgados no Supremo Tri- do perfil genético.
bunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça na
forma estabelecida por leis especiais, pela lei proces- Atente-se para o fato de que comete falta grave
sual civil e pelos respectivos regimentos internos. aquele que recusar se submeter ao procedimento de
identificação do perfil genético, nos termos do art. 50.
ALTERAÇÕES NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL Cumpre destacar que o Regime Disciplinar Dife-
renciado (RDD) sofreu substanciais alterações. A
A primeira mudança ocasionada pelo Pacote Anti- seguir, reuniu-se as informações presentes no art. 52,
crime na Lei de Execução Penal (LEP) envolve o exame da LEP, já alteradas pelo Pacote Anticrime. Vejamos:
de identificação do perfil genético. Os condenados por
crime praticado dolosamente, com violência de natu- z Quem está sujeito?
reza grave contra pessoa, ou por crime hediondo são
submetidos, obrigatoriamente, à identificação do per- O preso provisório, ou condenado, nacional ou
fil genético, mediante extração de DNA — ácido deso- estrangeiro.
xirribonucleico —, por técnica adequada e indolor.
A identificação do perfil genético será armazenada z Hipóteses de cabimento
em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a
ser expedido pelo Poder Executivo, nos termos do art. „ Prática de crime doloso, quando ocasione sub-
9º-A, da Lei nº 7.210, de 1984 (Lei de Execução Penal), versão da ordem ou disciplina internas;
alterada pelo Pacote Anticrime. O Pacote Anticrime, „ Presos que apresentem alto risco para a ordem
ainda, de acordo com o § 1º-A, do art. 9º-A, acrescen- e a segurança do estabelecimento penal ou da
tou que, na regulamentação, deverá constar garantias sociedade;
mínimas de proteção de dados genéticos, observadas „ Presos sob os quais recaiam fundadas suspeitas
as melhores práticas da genética forense. Vejamos a de envolvimento ou participação, a qualquer
disposição da lei a respeito dessas mudanças: título, em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada, independente-
Art. 9o-A Os condenados por crime praticado, dolo-
mente da prática de falta grave.
samente, com violência de natureza grave contra
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no
art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990 (cri- z Características:
mes hediondos), serão submetidos, obrigatoria-
mente, à identificação do perfil genético, mediante „ Duração máxima de até 2 (dois) anos sem pre-
extração de DNA – ácido desoxirribonucleico, por juízo de repetição da sanção por nova falta gra-
técnica adequada e indolor. ve de mesma espécie;
§ 1o A identificação do perfil genético será armaze- „ Cela individual;
nada em banco de dados sigiloso, conforme regu- „ Visitas quinzenais, de 2 pessoas por vez, a
lamento a ser expedido pelo Poder Executivo. serem realizadas em instalações equipadas
§ 1º-A A regulamentação deverá fazer constar para impedir o contato físico e a passagem de
garantias mínimas de proteção de dados gené- objetos, por pessoa da família ou, no caso de
ticos, observando as melhores práticas da genética
terceiro, autorizado judicialmente, com dura-
forense.
ção de 2 horas;
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual,
poderá requerer ao juiz competente, no caso
„ Direito do preso à saída da cela por 2 horas
de inquérito instaurado, o acesso ao banco de diárias para banho de sol, em grupos de até 4
dados de identificação de perfil genético. (quatro) presos, desde que não haja contato
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéti- com presos do mesmo grupo criminoso;
cos o acesso aos seus dados constantes nos bancos „ Entrevistas sempre monitoradas, exceto aque-
de perfis genéticos, bem como a todos os documen- las com seu defensor, em instalações equipadas
tos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de para impedir o contato físico e a passagem de
maneira que possa ser contraditado pela defesa. objetos, salvo expressa autorização judicial em
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no contrário;
caput deste artigo que não tiver sido subme- „ Fiscalização do conteúdo da correspondência;
tido à identificação do perfil genético por oca- „ Participação em audiências judiciais preferen-
sião do ingresso no estabelecimento prisional cialmente por videoconferência, garantindo-se
deverá ser submetido ao procedimento duran-
a participação do defensor no mesmo ambiente
te o cumprimento da pena.
do preso.
§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser uti-
lizada para o único e exclusivo fim de permitir a
identificação pelo perfil genético, não estando auto- z Presídio e Prorrogações
rizadas as práticas de fenotipagem genética ou de
busca familiar. „ Existindo indícios de que o preso exerce lide-
§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amos- rança em organização criminosa, associação
tra biológica recolhida nos termos do caput deste criminosa ou milícia privada, ou que tenha
artigo deverá ser correta e imediatamente descar- atuação criminosa em dois ou mais Estados da
tada, de maneira a impedir a sua utilização para Federação, será obrigatoriamente cumprido
80 qualquer outro fim. em estabelecimento prisional federal;
„ Poderá ser prorrogado sucessivamente por IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas)
períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de horas diárias para banho de sol, em grupos de até
que o preso continua apresentando alto risco 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com
para a ordem e a segurança do estabelecimento presos do mesmo grupo criminoso;
penal de origem ou da sociedade; mantém os V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas
vínculos com organização criminosa, associa- com seu defensor, em instalações equipadas para
ção criminosa ou milícia privada, considerados impedir o contato físico e a passagem de objetos,
também o perfil criminal e a função desem- salvo expressa autorização judicial em contrário;
VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
penhada por ele no grupo criminoso, a opera-
VII - participação em audiências judiciais prefe-
ção duradoura do grupo, a superveniência de
rencialmente por videoconferência, garantindo-se
novos processos criminais e os resultados do
a participação do defensor no mesmo ambiente do
tratamento penitenciário. preso.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será
z Visitas
aplicado aos presos provisórios ou condenados,
„ As visitas quinzenais de 2 (duas) pessoas por nacionais ou estrangeiros:
vez serão gravadas em sistema de áudio ou de I - que apresentem alto risco para a ordem e a segu-
rança do estabelecimento penal ou da sociedade;
áudio e vídeo e, com autorização judicial, fisca-
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de
lizadas por agente penitenciário;
envolvimento ou participação, a qualquer título,
„ Após os primeiros 6 (seis) meses de RDD, o pre-
em organização criminosa, associação criminosa
so que não receber visita poderá, após prévio ou milícia privada, independentemente da prática
agendamento, ter contato telefônico, que será de falta grave.
gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) § 2º (Revogado).
vezes por mês e por 10 minutos. § 3º Existindo indícios de que o preso exerce lide-
rança em organização criminosa, associação cri-
Antes do Pacote Anticrime, a redação sobre o RDD minosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
era assim: criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federa-
ção, o regime disciplinar diferenciado será obriga-
Art. 52 A prática de fato previsto como crime dolo- toriamente cumprido em estabelecimento prisional
so constitui falta grave e, quando ocasione subver- federal.
são da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regi-
provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção me disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, exis-
seguintes características: tindo indícios de que o preso:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, I - continua apresentando alto risco para a ordem
sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta e a segurança do estabelecimento penal de origem
grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da ou da sociedade;
pena aplicada; II - mantém os vínculos com organização crimi-
II - recolhimento em cela individual; nosa, associação criminosa ou milícia privada,
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar considerados também o perfil criminal e a função
as crianças, com duração de duas horas; desempenhada por ele no grupo criminoso, a ope-
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas ração duradoura do grupo, a superveniência de
diárias para banho de sol. novos processos criminais e os resultados do trata-
mento penitenciário.
Sem dúvidas, o Pacote Anticrime tornou mais rígi- § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regi-
das as regras do RDD. Vale lembrar que o RDD não é me disciplinar diferenciado deverá contar com alta
um regime de cumprimento de pena, mas, sim, uma segurança interna e externa, principalmente no que
espécie de sanção disciplinar. diz respeito à necessidade de se evitar contato do
As principais mudanças que podem ser destacadas preso com membros de sua organização crimino-
são o prazo de duração e a limitação de visitas. Essas sa, associação criminosa ou milícia privada, ou de
vêm sofrendo críticas, no sentido de que tal repres- grupos rivais.
são é desacerbada e configura uma espécie de Direito § 6º A visita de que trata o inciso III do caput des-
Penal do Inimigo. Atualmente, essa é a redação do te artigo será gravada em sistema de áudio ou de
áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscaliza-
art. 52, da LEP:
da por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
Art. 52 A prática de fato previsto como crime
disciplinar diferenciado, o preso que não receber a
doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

visita de que trata o inciso III do caput deste arti-


subversão da ordem ou disciplina internas, sujei-
go poderá, após prévio agendamento, ter contato
tará o preso provisório, ou condenado, nacional
telefônico, que será gravado, com uma pessoa da
ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao
família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minu-
regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
tos. (NR)
características:
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuí-
zo de repetição da sanção por nova falta grave de Outro ponto severamente alterado foi a progres-
mesma espécie; são de regime, que consiste na disposição do art. 112,
II - recolhimento em cela individual; da LEP, alterado pelo Pacote Anticrime. Vejamos:
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez,
a serem realizadas em instalações equipadas para Art. 112 A pena privativa de liberdade será exe-
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por cutada em forma progressiva com a transferência
pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado para regime menos rigoroso, a ser determinada
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: 81
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste
for primário e o crime tiver sido cometido sem vio- artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto
lência à pessoa ou grave ameaça; a dois terços, desde que o agente seja primário, de
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for bons antecedentes, não se dedique às atividades cri-
reincidente em crime cometido sem violência à pes- minosas nem integre organização criminosa.
soa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o ape-
nado for primário e o crime tiver sido cometido Importante!
com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado A decisão do juiz que determinar a progressão
for reincidente em crime cometido com violência à de regime será sempre motivada e precedida de
pessoa ou grave ameaça; manifestação do Ministério Público e do defen-
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado sor, procedimento que também será adotado na
for condenado pela prática de crime hediondo ou concessão de livramento condicional, indulto e
equiparado, se for primário;
comutação de penas.
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o ape-
nado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou
Quanto à saída temporária, o art. 122, da LEP, esti-
equiparado, com resultado morte, se for primário,
pulou que:
vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual
ou coletivo, de organização criminosa estruturada Art. 122 [...]
para a prática de crime hediondo ou equiparado; § 1º A ausência de vigilância direta não impede a
ou utilização de equipamento de monitoração eletrô-
c) condenado pela prática do crime de constituição nica pelo condenado, quando assim determinar o
de milícia privada; juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apena- de 2019)
do for reincidente na prática de crime hediondo ou § 2º Não terá direito à saída temporária a que se
equiparado; refere o caput deste artigo o condenado que cumpre
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apena- pena por praticar crime hediondo com resultado
do for reincidente em crime hediondo ou equipa- morte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).
rado com resultado morte, vedado o livramento
condicional. Atente-se, também, para a novidade do Pacote
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à Anticrime sobre o tempo de duração do cumpri-
progressão de regime se ostentar boa conduta car- mento das penas previstas no Código Penal. Essa
cerária, comprovada pelo diretor do estabelecimen- novidade torna mais rígido o sistema penal, uma vez
to, respeitadas as normas que vedam a progressão. que aumentou em 10 (dez) anos o tempo de cumpri-
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão mento de pena:
de regime será sempre motivada e precedida de
manifestação do Ministério Público e do defensor, ANTES DO PACOTE DEPOIS DO PACOTE
procedimento que também será adotado na conces- ANTICRIME ANTICRIME
são de livramento condicional, indulto e comutação
de penas, respeitados os prazos previstos nas nor- Art. 75 O tempo de cum- Art. 75 O tempo de cum-
mas vigentes. primento das penas pri- primento das penas pri-
[...] vativas de liberdade não vativas de liberdade não
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, pode ser superior a trinta pode ser superior a 40
para os fins deste artigo, o crime de tráfico de anos. (quarenta) anos.
drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, § 1º Quando o agente for § 1º Quando o agente for
de 23 de agosto de 2006. condenado a penas pri- condenado a penas pri-
§ 6º O cometimento de falta grave durante a exe- vativas de liberdade cuja vativas de liberdade cuja
cução da pena privativa de liberdade interrompe soma seja superior a trinta soma seja superior a 40
o prazo para a obtenção da progressão no regime anos, devem elas ser uni- (quarenta) anos, devem
de cumprimento da pena, caso em que o reinício da ficadas para atender ao li- elas ser unificadas para
contagem do requisito objetivo terá como base a mite máximo deste artigo. atender ao limite máximo
pena remanescente. § 2º Sobrevindo condena- deste artigo.
§ 7º O bom comportamento é readquirido após ção por fato posterior ao § 2º Sobrevindo condena-
1 (um) ano da ocorrência do fato, ou antes, após o
início do cumprimento da ção por fato posterior ao
cumprimento do requisito temporal exigível para a
pena, far-se-á nova uni- início do cumprimento da
obtenção do direito. (NR)
ficação, desprezando-se, pena, far-se-á nova uni-
para esse fim, o período de ficação, desprezando-se,
O Pacote Anticrime introduziu, de acordo com o
pena já cumprido. para esse fim, o período de
§ 5º, do art. 112, o entendimento que já estava sen-
pena já cumprido.
do pacificado pelos Tribunais Superiores, no sentido
de que não se considera hediondo ou equiparado
o crime de tráfico de drogas privilegiado — agente Ademais, o inadimplemento deliberado da pena
primário, de bons antecedentes, que não se dedique de multa cumulativamente aplicada ao sentenciado
às atividades criminosas nem integre organização impede a progressão do regime prisional, salvo se
criminosa. comprovada a absoluta impossibilidade econômica
do apenado em quitar a multa, ainda que parcelada-
Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 mente. Inclusive, caso deixe de pagar injustificada-
82 Art. 33 [...] mente o parcelamento, haverá a regressão de regime.
Por fim, o Pacote Anticrime trouxe mudança no II - a autoridade administrativa chamará a atenção
instituto do Livramento Condicional. Trata-se de um do liberando para as condições impostas na senten-
benefício que permite ao condenado à pena privativa ça de livramento;
de liberdade superior a 2 (dois) anos a liberdade anteci- III - o liberando declarará se aceita as condições.
pada, condicional e precária, desde que cumprida parte § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
da reprimenda imposta e sejam observados os demais subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo libe-
rando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não
requisitos legais. Considera-se a última etapa da execu-
puder escrever.
ção, com liberdade responsável e reinserção social.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz
Os requisitos objetivos são: condenado à pena da execução.
privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos; Art. 138 Ao sair o liberado do estabelecimento
reparação do dano; cumprimento de 1/3 da pena, ou penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
1/2 da pena em caso de reincidente em crime doloso, pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que
ou, ainda, 2/3 da pena em caso de condenado não rein- exibirá à autoridade judiciária ou administrativa,
cidente em crime hediondo. Já os requisitos subjeti- sempre que lhe for exigida.
vos se baseiam no bom comportamento e aptidão para § 1º A caderneta conterá:
prover a própria subsistência pelo trabalho honesto. a) a identificação do liberado;
A revogação é obrigatória em caso de condena- b) o texto impresso do presente Capítulo;
ção irrecorrível à pena privativa de liberdade e facul- c) as condições impostas.
tativa em caso de condenação irrecorrível, por crime § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao libe-
ou contravenção, à pena não privativa de liberdade, rado um salvo-conduto, em que constem as condi-
bem como o descumprimento das condições impostas. ções do livramento, podendo substituir-se a ficha
Atente-se ao fato de que o Pacote Anticrime alterou de identificação ou o seu retrato pela descrição dos
sinais que possam ornafica-lo.
o instituto do Livramento Condicional, de maneira que,
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
agora, exige-se o não cometimento de falta grave nos
espaço para consignar-se o cumprimento das con-
últimos 12 meses para a concessão do benefício. dições referidas no artigo 132 desta Lei.
Art. 139 A observação cautelar e a proteção rea-
Art. 131 O livramento condicional poderá ser con- lizadas por serviço social penitenciário, Patronato
cedido pelo Juiz da execução, presentes os requi- ou Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
sitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do I - fazer observar o cumprimento das condições
Código Penal, ouvidos o Ministério Público e Con- especificadas na sentença concessiva do benefício;
selho Penitenciário. II - proteger o beneficiário, orientando-o na execu-
Art. 132 Deferido o pedido, o Juiz especificará as ção de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção
condições a que fica subordinado o livramento. de atividade laborativa.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional Parágrafo único. A entidade encarregada da obser-
as obrigações seguintes: vação cautelar e da proteção do liberado apre-
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável sentará relatório ao Conselho Penitenciário, para
se for apto para o trabalho; efeito da representação prevista nos artigos 143 e
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; 144 desta Lei.
c) não mudar do território da comarca do Juízo da Art. 140 A revogação do livramento condicional
execução, sem prévia autorização deste. dar-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87
§ 2º Poderão ainda ser impostas ao liberado condi- do Código Penal.
cional, entre outras obrigações, as seguintes: Parágrafo único. Mantido o livramento condicio-
a) não mudar de residência sem comunicação ao nal, na hipótese da revogação facultativa, o Juiz
Juiz e à autoridade incumbida da observação cau- deverá advertir o liberado ou agravar as condições.
telar e de proteção; Art. 141 Se a revogação for motivada por infração
b) recolher-se à habitação em hora fixada; penal anterior à vigência do livramento, computar-
c) não frequentar determinados lugares. -se-á como tempo de cumprimento da pena o perío-
Art. 133 Se for permitido ao liberado residir fora do de prova, sendo permitida, para a concessão de
da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas)
cópia da sentença do livramento ao Juízo do lugar penas.
para onde ele se houver transferido e à autoridade Art. 142 No caso de revogação por outro motivo,
incumbida da observação cautelar e de proteção. não se computará na pena o tempo em que esteve
Art. 134 O liberado será advertido da obrigação de solto o liberado, e tampouco se concederá, em rela-
apresentar-se imediatamente às autoridades referi- ção à mesma pena, novo livramento.
das no artigo anterior. Art. 143 A revogação será decretada a requerimen-
Art. 135 Reformada a sentença denegatória do to do Ministério Público, mediante representação
livramento, os autos baixarão ao Juízo da execu- do Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz,
ção, para as providências cabíveis. ouvido o liberado.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 136 Concedido o benefício, será expedida a car- Art. 144 O Juiz, de ofício, a requerimento do Minis-
ta de livramento com a cópia integral da sentença tério Público, da Defensoria Pública ou mediante
em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade representação do Conselho Penitenciário, e ouvido
administrativa incumbida da execução e outra ao o liberado, poderá modificar as condições especifi-
Conselho Penitenciário. cadas na sentença, devendo o respectivo ato decisó-
Art. 137 A cerimônia do livramento condicional rio ser lido ao liberado por uma das autoridades ou
será realizada solenemente no dia marcado pelo funcionários indicados no inciso I do caput do art.
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabele- 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e
cimento onde está sendo cumprida a pena, obser- III e §§ 1º e 2º do mesmo artigo.
vando-se o seguinte: Art. 145 Praticada pelo liberado outra infração penal,
I - a sentença será lida ao liberando, na presença o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse-
dos demais condenados, pelo Presidente do Conse- lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo
lho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, o curso do livramento condicional, cuja revogação,
na falta, pelo Juiz; entretanto, ficará dependendo da decisão final. 83
Art. 146 O Juiz, de ofício, a requerimento do interes- § 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente
sado, do Ministério Público ou mediante represen- à entidade fiscalizadora, para comprovar a obser-
tação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a vância das condições a que está sujeito, comu-
pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do nicará, também, a sua ocupação e os salários ou
livramento sem revogação. proventos de que vive.
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar
Suspensão Condicional da Pena imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins
legais, qualquer fato capaz de acarretar a revo-
Sursis é a suspensão condicional da pena privati- gação do benefício, a prorrogação do prazo ou a
va de liberdade, situação na qual o réu se submete, modificação das condições.
durante o período de prova (lapso temporal), à fisca- § 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
lização e ao cumprimento de condições judicialmen- feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
te estabelecidas. Cuida-se de execução mitigada da do local da nova residência, aos quais o primeiro
deverá apresentar-se imediatamente.
pena privativa de liberdade, uma vez que o condena-
Art. 159 Quando a suspensão condicional da pena
do cumpre a pena que lhe foi imposta, mas de forma for concedida por Tribunal, a este caberá estabele-
menos gravosa. cer as condições do benefício.
Os requisitos objetivos são: pena privativa de § 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribu-
liberdade aplicada na sentença não superior a 2 (dois) nal modificar as condições estabelecidas na senten-
anos. Já os requisitos subjetivos são: não seja caso de ça recorrida.
pena substituída por restritiva de direitos; o réu não § 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicio-
seja reincidente em doloso; a culpabilidade, os ante- nal da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da
cedentes, a conduta social e a personalidade do agen- execução a incumbência de estabelecer as condi-
te, bem como os motivos e as circunstâncias do crime ções do benefício, e, em qualquer caso, a de realizar
a audiência admonitória.
autorizem a concessão do benefício.
Art. 160 Transitada em julgado a sentença conde-
O período de prova dura de 2 (dois) a 4 (quatro) natória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência,
anos, salvo se tratar de sursis etário ou humanitário, advertindo-o das consequências de nova infra-
pois, nesses casos, o prazo dura de 4 a 6 anos. ção penal e do descumprimento das condições
A revogação é obrigatória em caso de superve- impostas.
niência de condenação irrecorrível pela prática de Art. 161 Se, intimado pessoalmente ou por edital
crime doloso, não reparação do dano e descumpri- com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer
mento das condições dos sursis simples. A revogação injustificadamente à audiência admonitória, a sus-
é facultativa em caso de superveniência de condena- pensão ficará sem efeito e será executada imediata-
ção irrecorrível pela prática de contravenção penal mente a pena.
Art. 162 A revogação da suspensão condicional da
ou crime culposo, descumprimento de condições
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-
do sursis especial (condições do primeiro ano), bem -ão na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos
como descumprimento de qualquer condição judicial. do Código Penal.
Art. 163 A sentença condenatória será registrada,
Art. 156 O Juiz poderá suspender, pelo período de com a nota de suspensão em livro especial do Juízo
2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena pri- a que couber a execução da pena.
vativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será
forma prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal. o fato averbado à margem do registro.
Art. 157 O Juiz ou Tribunal, na sentença que apli- § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo
car pena privativa de liberdade, na situação deter- para efeito de informações requisitadas por órgão
minada no artigo anterior, deverá pronunciar-se, judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir
motivadamente, sobre a suspensão condicional, processo penal.
quer a conceda, quer a denegue.
Art. 158 Concedida a suspensão, o Juiz especificará ALTERAÇÕES NA LEI DOS CRIMES HEDIONDOS
as condições a que fica sujeito o condenado, pelo
prazo fixado, começando este a correr da audiência O ordenamento jurídico penal adotou o sistema
prevista no artigo 160 desta Lei. legal para definir o rol dos crimes hediondos (tenta-
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situa- dos e consumados). Isso significa dizer que apenas os
ção pessoal do condenado, devendo ser incluída crimes considerados pela lei podem ser tratados como
entre as mesmas a de prestar serviços à comunida- hediondos.
de, ou limitação de fim de semana, salvo hipótese Assim, cumpre conhecer a lista atual dos crimes
do artigo 78, § 2º, do Código Penal. hediondos, que foi alterada recentemente com a
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a entrada em vigor do Pacote Anticrime. A Lei nº 8.072,
requerimento do Ministério Público ou mediante de 25 de julho de 1990, passa a vigorar com as seguin-
proposta do Conselho Penitenciário, modificar as tes alterações:
condições e regras estabelecidas na sentença, ouvi-
do o condenado. Art. 1º [...]
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, I - homicídio (art. 121), quando praticado em ati-
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Fede- vidade típica de grupo de extermínio, ainda que
ral por normas supletivas, será atribuída a serviço cometido por um só agente, e homicídio qualificado
social penitenciário, Patronato, Conselho da Comu- (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
nidade ou instituição beneficiada com a prestação [...]
de serviços, inspecionados pelo Conselho Peniten- II - roubo:
ciário, pelo Ministério Público, ou ambos, devendo [...]
o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das nor- a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
84 mas supletivas. vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
(art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma I - suprimir ou alterar marca, numeração ou qual-
de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); quer sinal de identificação de arma de fogo ou
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave artefato;
ou morte (art. 157, § 3º); II - modificar as características de arma de fogo, de
III - extorsão qualificada pela restrição da liberda-
forma a orna-la equivalente a arma de fogo de uso
de da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
(art. 158, § 3º);
[...] qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou perito ou juiz;
de artefato análogo que cause perigo comum (art. III - possuir, detiver, fabricar ou empregar arte-
155, § 4º-A). fato explosivo ou incendiário, sem autorização
Parágrafo único. Consideram-se também hedion- ou em desacordo com determinação legal ou
dos, tentados ou consumados: regulamentar;
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º IV - portar, possuir, adquirir, transportar ou for-
da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; necer arma de fogo com numeração, marca ou
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo qualquer outro sinal de identificação raspado,
de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826,
suprimido ou adulterado;
de 22 de dezembro de 2003;
V - vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo,
previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezem- mente, arma de fogo, acessório, munição ou explo-
bro de 2003; sivo a criança ou adolescente; e
IV - o crime de tráfico internacional de arma de VI - produzir, recarregar ou reciclar, sem autoriza-
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da ção legal, ou adulterar, de qualquer forma, muni-
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; ção ou explosivo.
V - o crime de organização criminosa, quando dire- § 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º des-
cionado à prática de crime hediondo ou equipara- te artigo envolverem arma de fogo de uso proibido,
do. (NR) a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Perceba que não é todo homicídio considerado
hediondo, bem como nem toda lesão corporal. Por Quanto à progressão de regime, a novidade consis-
outro lado, tanto o estupro como o estupro de vulnerá- te na necessidade de cumprimento de novas porcen-
vel são classificados como crimes hediondos. Dessa for- tagens. Vejamos:
ma, perceba que a memorização de todos os requisitos
do crime considerado hediondo é essencial para con- Art. 112 [...]
seguir identificá-lo ou não como um crime hediondo. V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado
A lei equipara o tráfico ilícito de entorpecentes, for condenado pela prática de crime hediondo
a tortura e o terrorismo ao rol de crimes hediondos ou equiparado, se for primário;
e determina que são insuscetíveis à anistia, graça, VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o ape-
indulto e fiança. A prisão temporária terá o prazo de nado for:
30 dias, sendo prorrogável por igual período. a) condenado pela prática de crime hediondo
ou equiparado, com resultado morte, se for
Dica primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual
Mnemônico 3TH — Insuscetíveis de graça, anis-
ou coletivo, de organização criminosa estru-
tia e fiança:
turada para a prática de crime hediondo ou
3T = Tráfico, Terrorismo e Tortura
equiparado; ou
H = Hediondos
c) condenado pela prática do crime de constitui-
O Pacote Anticrime passou a dizer que é crime ção de milícia privada;
hediondo a posse ou porte ilegal de arma de fogo de VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apena-
uso proibido. Desse modo, o Estatuto do Desarmamen- do for reincidente na prática de crime hediondo
to começou a diferenciar a arma de fogo de uso restri- ou equiparado;
to e a arma de fogo de uso proibido. Com isso, não é VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apena-
mais crime hediondo a posse ou porte ilegal de arma do for reincidente em crime hediondo ou equipa-
de fogo de uso restrito, mas apenas a posse ou o porte rado com resultado morte, vedado o livramento
da arma de fogo de uso proibido. condicional.
Trata-se, pois, de uma novatio legis in mellius aos
condenados ao porte ou posse ilegal de arma de fogo Antes do Pacote Anticrime, o condenado por crime
de uso restrito, que não receberão mais um tratamen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

hediondo estava sujeito aos seguintes requisitos obje-


to hediondo. Para facilitar seu estudo, vejamos a dis- tivos: cumprimento de 2/5 da pena (primário) ou 3/5
posição do Estatuto do Desarmamento: da pena (reincidente); quando o crime não era hedion-
Lei nº 10.826, de 2003 do, o cumprimento exigido era de 1/6. Neste sentido,
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso o objetivo da nova lei é tornar mais rígidas as regras
restrito carcerárias. Todavia, alguns estudiosos criticam essa
Art. 16 Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, visão de prolongar o encarceramento nacional.
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda O STF, mesmo antes da mudança objetiva para a
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, concessão da progressão de regime, já tinha decidido
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autori- que o regime inicial da pena não precisa ser obrigato-
zação e em desacordo com determinação legal ou riamente o fechado, sob o argumento de que a pena
regulamentar: precisa ser individualizada em todas as etapas, de
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. acordo com as características de cada um. 85
Outra novidade é que não terá direito à saída tem- Por fim, para demonstrar tanto as alterações quan-
porária o condenado que cumpre pena por praticar to as previsões anteriores ao Pacote Anticrime, conhe-
crime hediondo com resultado morte, nos termos ça a íntegra do art. 1º, da Lei de Crimes Hediondos:
do § 2º, do art. 122.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes
Art. 122 Os condenados que cumprem pena em crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848,
regime semi-aberto poderão obter autorização de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, consuma-
para saída temporária do estabelecimento, sem dos ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930,
vigilância direta, nos seguintes casos: de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984)
I - visita à família; I - homicídio (art. 121), quando praticado em ati-
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, vidade típica de grupo de extermínio, ainda que
bem como de instrução do 2º grau ou superior, na cometido por um só agente, e homicídio qualificado
Comarca do Juízo da Execução; (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
III - participação em atividades que concorram (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I-A - lesão corporal dolosa de natureza gravíssima
para o retorno ao convívio social.
(art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a
(art. 129, § 3º), quando praticadas contra autorida-
utilização de equipamento de monitoração eletrô- de ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Cons-
nica pelo condenado, quando assim determinar o tituição Federal, integrantes do sistema prisional e
juiz da execução. da Força Nacional de Segurança Pública, no exercí-
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se cio da função ou em decorrência dela, ou contra seu
refere o caput deste artigo o condenado que cum- cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
pre pena por praticar crime hediondo com resul- terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído
tado morte. pela Lei nº 13.142, de 2015)
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
Ademais, vale lembrar que o Pacote Anticrime 2019)
legislou o entendimento de que não se considera a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
hediondo o crime de tráfico de drogas privilegiado, vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
isto é, se o agente é primário, de bons antecedentes, e
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo
não se dedique a atividades criminosas nem à organi- (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma
zação criminosa. Para tanto, vejamos o dispositivo da de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
Lei nº 11.343, de 2006: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal gra-
Lei nº 11. 343, de 23 de agosto de 2006 ve ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº
Art. 33 [...] 13.964, de 2019)
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste III - extorsão qualificada pela restrição da liberda-
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto de da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte
a dois terços, desde que o agente seja primário, de (art. 158, § 3º); (Redação dada pela Lei nº 13.964,
bons antecedentes, não se dedique às atividades cri- de 2019)
minosas nem integre organização criminosa. IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualifi-
cada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); (Inciso incluí-
do pela Lei nº 8.930, de 1994)
Os tribunais superiores enquadram as “mulas” V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação
como caso comum de tráfico privilegiado. A habitua- dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
lidade no crime e o pertencimento a organizações cri- VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§
minosas deverão ser comprovadas pela acusação, não 1º, 2º, 3º e 4º); (Redação dada pela Lei nº 12.015,
sendo possível que o benefício do tráfico privilegiado de 2009)
seja afastado por simples presunção. VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
A jurisprudência é polêmica quanto à possibilida- (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
de de aplicar o privilégio em caso de elevada quan- VII-A - (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695,
de 1998)
tidade de droga. O que tem prevalecido é que as
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alte-
peculiaridades do caso concreto podem servir para ração de produto destinado a fins terapêuticos ou
impedir a redução. Por outro lado, o simples fato de o medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B,
réu ter alguma ocupação lícita não significa que terá com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho
direito, necessariamente, à minorante. de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
Ademais, a Quinta Turma do STJ trouxe importan- VIII - favorecimento da prostituição ou de outra
te decisão sobre o tráfico privilegiado. Vejamos: forma de exploração sexual de criança ou adoles-
cente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e
A causa redutora de pena prevista no § 4º do art. 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
33, da Lei n. 11.343/06 poderá ser aplicada quan- IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum (art.
do cumpridos os seguintes requisitos: ser primá-
155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
rio, possuir bons antecedentes, não se dedicar a
Parágrafo único. Consideram-se também hedion-
atividades criminosa e não integrar organização dos, tentados ou consumados: (Redação dada pela
criminosa. De acordo com a jurisprudência desta Lei nº 13.964, de 2019)
Quinta Turma, é possível utilizar processos em I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º
andamento para justificar o afastamento da da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; (Incluído
benesse em questão quando comprovem que o pela Lei nº 13.964, de 2019)
agente se dedicava ao tráfico ilícito de entorpe- II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo
centes, como no caso dos autos. (STJ, Quinta Tur- de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826,
ma, HC 365.103/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº
86 julgado em 02/10/2018) 13.964, de 2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, § 3º A captação ambiental não poderá exceder o
previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezem- prazo de 15 dias, renovável por decisão judicial por
bro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) iguais períodos, se comprovada a indispensabilida-
IV - o crime de tráfico internacional de arma de de do meio de prova e quando presente atividade
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da criminal permanente, habitual ou continuada.
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído § 4º A captação ambiental feita por um dos interlo-
pela Lei nº 13.964, de 2019) cutores sem o prévio conhecimento da autoridade
V - o crime de organização criminosa, quando dire- policial ou do Ministério Público poderá ser utili-
cionado à prática de crime hediondo ou equiparado. zada, em matéria de defesa, quando demonstrada a
integridade da gravação.
ALTERAÇÕES NA LEI DE IMPROBIDADE § 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação
ADMINISTRATIVA ambiental as regras previstas na legislação espe-
cífica para a interceptação telefônica e telemática.
Na Lei de Improbidade Administrativa, passou a
ser admitido o acordo de não persecução cível, uma A nova lei tipificou como crime a conduta de rea-
espécie de transação entre as partes. Além disso, lizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
havendo a possibilidade de solução consensual, pode- ópticos ou acústicos para investigação ou instrução
rão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo criminal sem autorização judicial quando esta for exi-
para a contestação, por prazo não superior a 90 dias. gida, atribuindo-lhe pena de reclusão de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, e multa. No entanto, ressalvou que não
Art. 6º A Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, pas-
sa a vigorar com as seguintes alterações: há crime se a captação é realizada por um dos interlo-
Art. 17 [...] cutores, nos termos do art. 10-A.
§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a
Art. 10-A Realizar captação ambiental de sinais
celebração de acordo de não persecução cível, nos
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para inves-
termos desta Lei.
tigação ou instrução criminal sem autorização
[...]
§ 10-A Havendo a possibilidade de solução consen- judicial, quando esta for exigida:
sual, poderão as partes requerer ao juiz a interrup- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
ção do prazo para a contestação, por prazo não § 1º Não há crime se a captação é realizada por
superior a 90 (noventa) dias. [...] um dos interlocutores.
Art. 17-A (VETADO): § 2º A pena será aplicada em dobro ao funcio-
I - (VETADO); nário público que descumprir determinação de
II - (VETADO); sigilo das investigações que envolvam a capta-
III - (VETADO). ção ambiental ou revelar o conteúdo das gravações
§ 1º (VETADO). enquanto mantido o sigilo judicial.”
§ 2º (VETADO).
§ 3º (VETADO). ALTERAÇÕES NA LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
Na Lei de Lavagem de Dinheiro, o Pacote Anti-
crime apenas esclareceu que, para a apuração do
ALTERAÇÕES NA LEI DE INTERCEPTAÇÃO crime, admite-se a utilização da ação controlada e
TELEFÔNICA da infiltração de agentes. A ação controlada consis-
te em retardar a intervenção policial relativa à ação
O Pacote Anticrime mudou o texto da Lei de Inter- praticada por estrutura criminosa, desde que man-
ceptações Telefônicas, para introduzir a possibilidade tida sob observação e acompanhamento, para que a
de captação ambiental de sinais, mediante prévia auto- medida legal se concretize no momento mais eficaz à
rização judicial. É da essência da captação a participa- formação de provas e obtenção de informações. Já a
ção de um terceiro, que passa a ter ciência do conteúdo infiltração de agentes consiste no fato de os agentes
de uma comunicação entre duas ou mais pessoas, geral- passarem a integrar a estrutura criminosa, para apu-
mente sem o conhecimento dos interlocutores. rar os crimes que ali são cometidos.
Neste sentido, a lei passou a estabelecer o procedi-
mento correto para a obtenção desse meio de prova: Art. 8º O art. 1º da Lei nº 9.613, de 3 de março de
1998, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6º:
Art. 8º-A Para investigação ou instrução criminal, Art. 1º [...]
poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da § 6º Para a apuração do crime de que trata este
autoridade policial ou do Ministério Público, a cap- artigo, admite-se a utilização da ação controlada e
tação ambiental de sinais eletromagnéticos, da infiltração de agentes.
ópticos ou acústicos, quando:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

I - a prova não puder ser feita por outros meios dis- ALTERAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO
poníveis e igualmente eficazes; e
II - houver elementos probatórios razoáveis de
autoria e participação em infrações criminais cujas No que tange à posse ou porte ilegal de arma de
penas máximas sejam superiores a 4 anos ou em fogo de uso restrito, o crime passou a ser tipificado da
infrações penais conexas. seguinte maneira:
§ 1º O requerimento deverá descrever circunstan-
ciadamente o local e a forma de instalação do dis- Art. 16 Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, rece-
positivo de captação ambiental. ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
§ 2º A instalação do dispositivo de captação ambien- gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
tal poderá ser realizada, quando necessária, por sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
meio de operação policial disfarçada ou no período ou munição de uso restrito, sem autorização e em
noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do desacordo com determinação legal ou regulamentar:
caput do art. 5º da Constituição Federal. [...] 87
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º A introdução da figura do agente policial disfarça-
deste artigo envolverem arma de fogo de uso do deu-se, ainda, no crime de tráfico internacional de
proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a
arma de fogo. Vejamos:
12 (doze) anos. (NR)

Para facilitar o entendimento, segue uma tabela, Art. 18 Importar, exportar, favorecer a entrada ou
comparando a redação atual e antiga. Vejamos: saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza-
ANTES DO PACOTE APÓS O PACOTE ção da autoridade competente:
ANTICRIME ANTICRIME
Art. 16 Possuir, deter, por- Art. 16 Possuir, deter, portar, PENA ANTES DO PACOTE PENA APÓS O PACOTE
tar, adquirir, fornecer, re- adquirir, fornecer, receber, ANTICRIME ANTICRIME
ceber, ter em depósito, ter em depósito, trans-
transportar, ceder, ainda portar, ceder, ainda que Reclusão, de 4 (quatro) a 8 Reclusão, de 8 (oito) a 16
que gratuitamente, em- gratuitamente, emprestar, (oito) anos, e multa (dezesseis) anos, e multa
prestar, remeter, empregar, remeter, empregar, manter
manter sob sua guarda sob sua guarda ou ocultar Art. 18 [...]
ou ocultar arma de fogo, arma de fogo, acessório Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem ven-
acessório ou munição de ou munição de uso restrito,
de ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
uso proibido ou restrito, sem autorização e em de-
em operação de importação, sem autorização da
sem autorização e em de- sacordo com determinação
autoridade competente, a agente policial disfarça-
sacordo com determina- legal ou regulamentar.
do, quando presentes elementos probatórios razoá-
ção legal ou regulamentar.
veis de conduta criminal preexistente.

Ademais, a pena do crime de comércio ilegal de z Novidade legislativa: incorre na mesma pena
arma de fogo previsto no art. 17 foi alterada. Vejamos:
quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
Art. 17 Adquirir, alugar, receber, transportar, con- munição em operação de importação, sem autori-
duzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, zação da autoridade competente, a agente policial
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou disfarçado quando presentes elementos probató-
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou rios razoáveis de conduta criminal preexistente,
industrial, arma de fogo, acessório ou munição, nos termos do parágrafo único, do art. 18. Aten-
sem autorização ou em desacordo com determina- ção! Não confunda essa previsão com o disposto
ção legal ou regulamentar: no § 2º, do art. 17, pois são figuras penais muito
próximas.
PENA ANTES DO PACO- PENA APÓS O PACOTE
TE ANTICRIME ANTICRIME
Outro ponto importante é o que dispõe o art. 20,
Reclusão, de 4 (quatro) a 8 Reclusão, de 6 (seis) a 12
que foi alterado pelo Pacote Anticrime. Vejamos as
(oito) anos, e multa (doze) anos, e multa
diferenças entre as previsões anterior e atual na tabe-
la a seguir:
O Pacote Anticrime acresceu, no referido dispositi-
vo, os seguintes parágrafos:
CAUSAS DE AUMENTO CAUSAS DE AUMENTO
Art. 17 [...] ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
para efeito deste artigo, qualquer forma de presta- Art. 20 Nos crimes pre- Art. 20 Nos crimes pre-
ção de serviços, fabricação ou comércio irregular ou vistos nos arts. 14, 15, vistos nos arts. 14, 15, 16,
clandestino, inclusive o exercido em residência. 16, 17 e 18, a pena é au- 17 e 18, a pena é aumen-
mentada da metade (1/2), tada da metade se:
Exemplo: é comércio ilegal de arma de fogo o
comércio de arma não registrada. se forem praticados por I - forem praticados por
integrante dos órgãos e integrante dos órgãos e
Art. 17 [...] empresas referidas nos empresas referidas nos
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arts. 6º, 7º e 8º desta Lei. arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- ou
ção ou em desacordo com a determinação legal ou II - o agente for reinciden-
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando te específico em crimes
presentes elementos probatórios razoáveis de con-
dessa natureza. (NR)
duta criminal preexistente.

Exemplo: Pedrinho vende, ilegalmente, para um


De acordo com a redação atual do art. 20, nos cri-
policial disfarçado uma arma, sem obedecer aos dis-
positivos dessa lei referentes ao registro, sabendo que mes de comércio ilegal e tráfico internacional, a pena
o policial vai usar a arma para coagir a sua esposa. é aumentada da metade, se a arma de fogo, acessório
ou munição forem de uso proibido ou restrito. Já nos
z Novidade legislativa: incorre na mesma pena crimes de porte ilegal, disparo, posse ou porte ilegal
quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal e trá-
munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente poli- fico internacional, a pena é aumentada da metade, se
cial disfarçado, quando presentes elementos proba- é praticado por quem tem direito ao porte ou é reinci-
88 tórios razoáveis de conduta criminal preexistente. dente específico.
Por fim, foi instituído o Banco Nacional de Perfis Balísticos, para a coleta de registros balísticos e formação de
um banco de dados.
De acordo com o § 1º, do art. 34-A, o Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de
fogo e armazenar características de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados
por arma de fogo. Trata-se de uma plataforma composta pelos registros de elementos de munição deflagrados
por armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações criminais, sendo gerida
pela unidade oficial de perícia criminal. Ademais, os dados são de caráter sigiloso, vedada a comercialização, nos
termos dos §§ 2º e 3º, do art. 34-A.

Art. 34-A Os dados relacionados à coleta de registros balísticos serão armazenados no Banco Nacional de Perfis
Balísticos.
§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar características
de classe e individualizadoras de projéteis e de estojos de munição deflagrados por arma de fogo.
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será constituído pelos registros de elementos de munição deflagrados por
armas de fogo relacionados a crimes, para subsidiar ações destinadas às apurações criminais federais, estaduais e
distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido pela unidade oficial de perícia criminal.
§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que permitir ou
promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil, penal e
administrativamente.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato do Poder
Executivo federal.

ALTERAÇÕES NA LEI DE DROGAS

O art. 33, da Lei de Drogas, teve a sua redação alterada:

Art. 10 O § 1º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte
inciso IV:
Art. 33 [...]
§ 1º [...]
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando pre-
sentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. [...] (NR)

ANTES DO PACOTE ANTICRIME APÓS O PACOTE ANTICRIME


IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico des-
tinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a deter-
Não existia essa figura equiparada
minação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
O Pacote Anticrime passa a prever expressamente que o tráfico privilegiado não
é hediondo na Lei de Execução Penal:
A jurisprudência reconhecia que o
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o
tráfico privilegiado não era hediondo
crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23
de agosto de 2006.

ALTERAÇÃO NA LEI DE TRANSFERÊNCIA/INCLUSÃO DE PRESOS EM ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS DE


SEGURANÇA MÁXIMA

A Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008, sofreu alterações, de modo que o juiz federal de execução penal passou
a ser competente para decidir incidentes relacionados à execução da pena ou infrações penais ocorridas no esta-
belecimento penal federal, nos termos do parágrafo único, do art. 2º, alterado pelo Pacote Anticrime. Vejamos:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 11 A Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 2º [...]
Parágrafo único. O juízo federal de execução penal será competente para as ações de natureza penal que tenham
por objeto fatos ou incidentes relacionados à execução da pena ou infrações penais ocorridas no estabelecimento
penal federal. (NR)

Ademais, ocorreram diversas modificações no art. 3º, da Lei nº 11.671, de 2008, no que tange à inclusão de
presos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima. Vejamos:

Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles para quem a medida se
justifique no interesse da segurança pública ou do próprio preso, condenado ou provisório.
§ 1º A inclusão em estabelecimento penal federal de segurança máxima, no atendimento do interesse da segurança
pública, será em regime fechado de segurança máxima, com as seguintes características:
I - recolhimento em cela individual; 89
II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e Ademais, ficou autorizada a criação, no Ministé-
de amigos somente em dias determinados, por meio rio da Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional
virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) Multibiométrico e de Impressões Digitais, tendo por
pessoas por vez, além de eventuais crianças, sepa- objetivo armazenar dados de registros biométricos,
rados por vidro e comunicação por meio de interfo- de impressões digitais e, quando possível, de íris, face
ne, com filmagem e gravações; e voz, para subsidiar investigações criminais. Inclusi-
III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e ve, poderão ser colhidos os registros biométricos, de
IV - monitoramento de todos os meios de comunica- impressões digitais, de íris, face e voz dos presos provi-
ção, inclusive de correspondência escrita. sórios ou definitivos quando não tiverem sido extraí-
§ 2º Os estabelecimentos penais federais de segu- dos por ocasião da identificação criminal, na forma
rança máxima deverão dispor de monitoramento do art. 7º-C, também alterado pelo Pacote Anticrime.
de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas comuns,
para fins de preservação da ordem interna e da
segurança pública, vedado seu uso nas celas e no
atendimento advocatício, salvo expressa autoriza-
Importante!
ção judicial em contrário. No caso de bancos de dados de identificação de
§ 3º As gravações das visitas não poderão ser uti- natureza civil, administrativa ou eleitoral, a inte-
lizadas como meio de prova de infrações penais gração ou o compartilhamento dos registros do
pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento.
Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões
§ 4º Os diretores dos estabelecimentos penais fede-
Digitais será limitado às impressões digitais e às
rais de segurança máxima ou o Diretor do Sistema
Penitenciário Federal poderão suspender e restrin- informações necessárias para identificação do
gir o direito de visitas previsto no inciso II do § 1º seu titular.
deste artigo por meio de ato fundamentado.
§ 5º Configura o crime do art. 325 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a Vejamos as disposições do texto legal:
violação ao disposto no § 2º deste artigo. (NR)
Art. 7º-C Fica autorizada a criação, no Ministério
da Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional
O período de permanência será de até 3 anos,
Multibiométrico e de Impressões Digitais.
renovável por igual período quando solicitado, moti- § 1º A formação, a gestão e o acesso ao Banco
vadamente, pelo juízo de origem, nos termos do § 1º, Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais
do art. 10. serão regulamentados em ato do Poder Executivo
As decisões relativas à transferência ou à prorro- federal.
gação da permanência do preso em estabelecimento § 2º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impres-
penal federal de segurança máxima, à concessão ou sões Digitais tem como objetivo armazenar dados
à denegação de benefícios prisionais ou à imposição de registros biométricos, de impressões digitais
de sanções ao preso federal poderão ser tomadas por e, quando possível, de íris, face e voz, para subsi-
órgão colegiado de juízes, nos termos do art. 11-A. diar investigações criminais federais, estaduais ou
distritais.
Vejamos a disposição da lei:
§ 3º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impres-
sões Digitais será integrado pelos registros biomé-
Art. 10 [...] tricos, de impressões digitais, de íris, face e voz
§ 1º O período de permanência será de até 3 (três) colhidos em investigações criminais ou por ocasião
anos, renovável por iguais períodos, quando solici- da identificação criminal.
tado motivadamente pelo juízo de origem, observa- § 4º Poderão ser colhidos os registros biométricos,
dos os requisitos da transferência, e se persistirem de impressões digitais, de íris, face e voz dos presos
os motivos que a determinaram. [...] (NR) provisórios ou definitivos quando não tiverem sido
Art. 11-A As decisões relativas à transferência ou à extraídos por ocasião da identificação criminal.
prorrogação da permanência do preso em estabele- § 5º Poderão integrar o Banco Nacional Multi-
cimento penal federal de segurança máxima, à con- biométrico e de Impressões Digitais, ou com ele
cessão ou à denegação de benefícios prisionais ou à interoperar, os dados de registros constantes em
imposição de sanções ao preso federal poderão ser quaisquer bancos de dados geridos por órgãos
tomadas por órgão colegiado de juízes, na forma dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário das
das normas de organização interna dos tribunais. esferas federal, estadual e distrital, inclusive pelo
Art. 11-B Os Estados e o Distrito Federal poderão Tribunal Superior Eleitoral e pelos Institutos de
construir estabelecimentos penais de segurança Identificação Civil.
máxima, ou adaptar os já existentes, aos quais será § 6º No caso de bancos de dados de identificação de
aplicável, no que couber, o disposto nesta Lei. natureza civil, administrativa ou eleitoral, a inte-
gração ou o compartilhamento dos registros do
ALTERAÇÕES NA LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões
Digitais será limitado às impressões digitais e às
informações necessárias para identificação do seu
O Pacote Anticrime realizou algumas alterações na
titular.
Lei de Identificação Criminal. Vejamos: § 7º A integração ou a interoperação dos dados de
registros multibiométricos constantes de outros
Art. 12 A Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, bancos de dados com o Banco Nacional Multibio-
passa a vigorar com as seguintes alterações: métrico e de Impressões Digitais ocorrerá por meio
Art. 7º-A A exclusão dos perfis genéticos dos ban- de acordo ou convênio com a unidade gestora.
cos de dados ocorrerá: § 8º Os dados constantes do Banco Nacional Multibio-
I - no caso de absolvição do acusado; ou métrico e de Impressões Digitais terão caráter sigiloso,
II - no caso de condenação do acusado, mediante e aquele que permitir ou promover sua utilização para
requerimento, após decorridos 20 (vinte) anos do fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão
90 cumprimento da pena. (NR) judicial responderá civil, penal e administrativamente.
§ 9º As informações obtidas a partir da coincidên- § 8º As lideranças de organizações criminosas
cia de registros biométricos relacionados a crimes armadas ou que tenham armas à disposição deve-
deverão ser consignadas em laudo pericial firmado rão iniciar o cumprimento da pena em estabeleci-
por perito oficial habilitado. mentos penais de segurança máxima.
§ 10 É vedada a comercialização, total ou parcial, da § 9º O condenado expressamente em sentença por
base de dados do Banco Nacional Multibiométrico e integrar organização criminosa ou por crime prati-
de Impressões Digitais. cado por meio de organização criminosa não pode-
§ 11 A autoridade policial e o Ministério Público pode- rá progredir de regime de cumprimento de pena ou
rão requerer ao juiz competente, no caso de inquérito obter livramento condicional ou outros benefícios
ou ação penal instaurados, o acesso ao Banco Nacio- prisionais se houver elementos probatórios que
nal Multibiométrico e de Impressões Digitais.” indiquem a manutenção do vínculo associativo.

ALTERAÇÕES NA LEI DE PROCESSO E Quanto à colaboração premiada, pode ser definida


JULGAMENTO COLEGIADO EM PRIMEIRO GRAU como um acordo (negócio jurídico processual) que serve
DE JURISDIÇÃO DE CRIMES PRATICADOS POR como meio de obtenção de prova. De um lado, o acusado
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS auxilia nas investigações; de outro, ganha “prêmios”.
O Pacote Anticrime introduziu na legislação algu-
De acordo com a recente alteração do Pacote Anti-
mas ideias que a doutrina e a jurisprudência já tra-
crime no art. 1º-A, da Lei nº 12.694, de 24 de julho de
ziam. Como exemplos, podem-se citar o recebimento
2012, os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais
da proposta para a formalização do acordo de cola-
Federais poderão instalar, nas comarcas sedes de Cir-
boração, que marca o início das negociações e a con-
cunscrição ou Seção Judiciária, mediante resolução,
fidencialidade; o fato de que o acordo de colaboração
Varas Criminais Colegiadas com competência para o
premiada é negócio jurídico processual e meio de
processo e julgamento de determinados crimes. Veja-
obtenção de prova; entre outras.
mos as alterações:
Art. 3º-A O acordo de colaboração premiada é
Art. 13 A Lei nº 12.694, de 24 de julho de 2012,
passa a vigorar acrescida do seguinte art. 1º-A: negócio jurídico processual e meio de obtenção de
Art. 1º-A Os Tribunais de Justiça e os Tribunais prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos.
Regionais Federais poderão instalar, nas comarcas (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
sedes de Circunscrição ou Seção Judiciária, median- Art. 3º-B O recebimento da proposta para forma-
te resolução, Varas Criminais Colegiadas com com- lização de acordo de colaboração demarca o iní-
petência para o processo e julgamento: cio das negociações e constitui também marco de
I - de crimes de pertinência a organizações crimi- confidencialidade, configurando violação de sigilo
nosas armadas ou que tenham armas à disposição; e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de
II - do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, tais tratativas iniciais ou de documento que as for-
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e malize, até o levantamento de sigilo por decisão
III - das infrações penais conexas aos crimes a que judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
se referem os incisos I e II do caput deste artigo. § 1º A proposta de acordo de colaboração premiada
§ 1º As Varas Criminais Colegiadas terão competên- poderá ser sumariamente indeferida, com a devida
cia para todos os atos jurisdicionais no decorrer da justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluí-
investigação, da ação penal e da execução da pena, do pela Lei nº 13.964, de 2019)
inclusive a transferência do preso para estabele- § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as par-
cimento prisional de segurança máxima ou para tes deverão firmar Termo de Confidencialidade
regime disciplinar diferenciado. para prosseguimento das tratativas, o que vincula-
§ 2º Ao receber, segundo as regras normais de dis- rá os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o
tribuição, processos ou procedimentos que tenham indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído
por objeto os crimes mencionados no caput des- pela Lei nº 13.964, de 2019)
te artigo, o juiz deverá declinar da competência § 3º O recebimento de proposta de colaboração
e remeter os autos, em qualquer fase em que se para análise ou o Termo de Confidencialidade não
encontrem, à Vara Criminal Colegiada de sua Cir- implica, por si só, a suspensão da investigação, res-
cunscrição ou Seção Judiciária. salvado acordo em contrário quanto à propositura
§ 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste arti- de medidas processuais penais cautelares e asse-
go, a Vara Criminal Colegiada terá competência curatórias, bem como medidas processuais cíveis
para todos os atos processuais posteriores, incluin- admitidas pela legislação processual civil em vigor.
do os da fase de execução. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser
ALTERAÇÕES NA LEI DE ORGANIZAÇÃO precedido de instrução, quando houver necessidade
CRIMINOSA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de identificação ou complementação de seu objeto,


dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevân-
A Lei de Organização Criminosa, Lei nº 12.850, de cia, utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei
2 de agosto de 2013, sofreu significativas mudanças nº 13.964, de 2019)
pelo Pacote Anticrime. Para começar, foi estabelecido § 5º Os termos de recebimento de proposta de cola-
que as lideranças de organizações criminosas arma- boração e de confidencialidade serão elaborados
das devem iniciar o cumprimento da pena em esta- pelo celebrante e assinados por ele, pelo colabora-
belecimentos penais de segurança máxima. Ademais, dor e pelo advogado ou defensor público com pode-
nenhum condenado poderá ter benefícios prisionais res específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
enquanto mantiver o vínculo associativo. § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por
iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de
Art. 14 A Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, nenhuma das informações ou provas apresentadas
passa a vigorar com as seguintes alterações: pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra
Art. 2º [...] finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 91
Art. 3º-C A proposta de colaboração premiada deve IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
estar instruída com procuração do interessado com proveito das infrações penais praticadas pela orga-
poderes específicos para iniciar o procedimento de nização criminosa;
colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoal- V - a localização de eventual vítima com a sua inte-
mente pela parte que pretende a colaboração e seu gridade física preservada.
advogado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) Cumpre destacar que o colaborador, ao prestar o
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premia- seu depoimento, renuncia o direito ao silêncio e fica
da deve ser realizada sem a presença de advogado sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei Uma vez entendido do que trata o art. 4º aqui
nº 13.964, de 2019) exposto, vejamos as modificações realizadas pelo
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou Pacote Anticrime quando comparadas com a disposi-
de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá ção anterior da lei:
solicitar a presença de outro advogado ou a parti-
cipação de defensor público. (Incluído pela Lei nº Antes do Pacote Anticrime
13.964, de 2019)
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colabora- Art. 4º [...]
dor deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais § 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério
concorreu e que tenham relação direta com os fatos Público poderá deixar de oferecer denúncia se o
investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) colaborador:
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de cola- I - não for o líder da organização criminosa;
boração e os anexos com os fatos adequadamente II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos
descritos, com todas as suas circunstâncias, indi- termos deste artigo.
cando as provas e os elementos de corroboração. [...]
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o respecti-
vo termo, acompanhado das declarações do colabo-
O recebimento da proposta é marco de confiden- rador e de cópia da investigação, será remetido ao
cialidade. Caso não haja indeferimento sumário da juiz para homologação, o qual deverá verificar sua
proposta, as partes deverão firmar “Termo de Confi- regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo
dencialidade”, para prosseguimento das tratativas, o para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador,
que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e na presença de seu defensor.
impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. § 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta
que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la
Nenhuma tratativa pode ser feita sem advogado cons-
ao caso concreto.
tituído ou sem a presença de defensor público.
[...]
§ 13 Sempre que possível, o registro dos atos de
Importante! colaboração será feito pelos meios ou recursos de
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
Se não for celebrado o acordo por iniciativa do cele- similar, inclusive audiovisual, destinados a obter
brante, esse não poderá se valer de nenhuma das maior fidelidade das informações.
informações ou provas apresentadas pelo colabo- [...]
rador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. § 16 Nenhuma sentença condenatória será profe-
rida com fundamento apenas nas declarações de
agente colaborador.
Outro dispositivo que sofreu modificações foi o
Após o Pacote Anticrime
art. 4º, da Lei 12.850, de 2013. O artigo em comento
dispõe sobre a possibilidade de o juiz conceder o per- Art. 4º [...]
dão judicial, reduzir a pena privativa de liberdade em § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo,
até 2/3 ou substituí-la por restritiva de direitos quan- o Ministério Público poderá deixar de oferecer
do o indivíduo tenha colaborado, de modo efetivo e denúncia se a proposta de acordo de colaboração
voluntário, com a investigação ou processo criminal. referir-se a infração de cuja existência não tenha
Para facilitar e nortear seu estudo quanto essas modi- prévio conhecimento e o colaborador:
ficações, é necessário que tenha o conhecimento da I - não for o líder da organização criminosa;
disposição do caput, do art. 4º. Vejamos: II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos
termos deste artigo.
Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013 § 4º-A Considera-se existente o conhecimento pré-
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, vio da infração quando o Ministério Público ou a
conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois autoridade policial competente tenha instaurado
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la inquérito ou procedimento investigatório para apu-
por restritiva de direitos daquele que tenha colabo- ração dos fatos apresentados pelo colaborador.
rado efetiva e voluntariamente com a investigação e [...]
com o processo criminal, desde que dessa colabora- § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste arti-
ção advenha um ou mais dos seguintes resultados: go, serão remetidos ao juiz, para análise, o respecti-
I - a identificação dos demais coautores e partícipes vo termo, as declarações do colaborador e cópia da
da organização criminosa e das infrações penais investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o
por eles praticadas; colaborador, acompanhado de seu defensor, oportuni-
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divi- dade em que analisará os seguintes aspectos na homo-
são de tarefas da organização criminosa; logação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - a prevenção de infrações penais decorrentes I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº
92 das atividades da organização criminosa; 13.964, de 2019)
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles Art. 5º [...]
previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabeleci-
sendo nulas as cláusulas que violem o critério de mento penal diverso dos demais corréus ou conde-
definição do regime inicial de cumprimento de pena nados. (NR)
do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro Art. 7º [...]
de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoi-
regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, mentos do colaborador serão mantidos em sigilo
de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime,
requisitos de progressão de regime não abrangidos sendo vedado ao magistrado decidir por sua publi-
pelo § 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, cidade em qualquer hipótese. (NR)
de 2019)
III - adequação dos resultados da colaboração aos Vale salientar que o acordo de colaboração pre-
resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, miada e os depoimentos do colaborador são manti-
IV e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº dos em sigilo até o recebimento da denúncia ou da
13.964, de 2019)
queixa-crime.
IV - voluntariedade da manifestação de vontade,
Vejamos, a seguir, as diferenças entre as disposi-
especialmente nos casos em que o colaborador está
ções antiga, do § 3º, do art. 7º, e atual após o Pacote
ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluí-
do pela Lei nº 13.964, de 2019) Anticrime:
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análi-
se fundamentada do mérito da denúncia, do per- ANTES DO PACOTE APÓS O PACOTE
dão judicial e das primeiras etapas de aplicação ANTICRIME ANTICRIME
da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto- § 3º O acordo de cola- § 3º O acordo de cola-
-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de boração premiada dei- boração premiada e os
Processo Penal), antes de conceder os benefícios xa de ser sigiloso assim depoimentos do colabo-
pactuados, exceto quando o acordo prever o não que recebida a denúncia, rador serão mantidos em
oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A observado o disposto no sigilo até o recebimento
deste artigo ou já tiver sido proferida sentença. art. 5º. da denúncia ou da quei-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) xa-crime, sendo vedado
§ 7º-B São nulas de pleno direito as previsões ao magistrado decidir por
de renúncia ao direito de impugnar a decisão sua publicidade em qual-
homologatória. quer hipótese.
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da pro-
posta que não atender aos requisitos legais, devol-
vendo-a às partes para as adequações necessárias. Ainda sobre as alterações na Lei nº 12.850, de
[...] 2013, o art. 10-A dispõe que a infiltração de agentes,
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se uma medida para obtenção de prova, é representada
garantir ao réu delatado a oportunidade de mani- pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministé-
festar-se após o decurso do prazo concedido ao réu rio Público após manifestação técnica do delegado de
que o delatou. polícia. O juiz precisa autorizar a medida — por até 6
[...] (seis) meses, renovável — e estabelecer os seus limites
§ 13 O registro das tratativas e dos atos de cola- de maneira sigilosa.
boração deverá ser feito pelos meios ou recursos A lei não descarta a possibilidade de a infiltração
de gravação magnética, estenotipia, digital ou
ocorrer pelo meio virtual pelo prazo de até 6 (seis)
técnica similar, inclusive audiovisual, destinados
meses sem prejuízo de eventuais renovações, desde
a obter maior fidelidade das informações, garan-
que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e
tindo-se a disponibilização de cópia do material ao
colaborador. seja comprovada sua necessidade.
[...] O policial não comete nenhum crime, salvo se
§ 16 Nenhuma das seguintes medidas será decreta- cometer excessos. A sua identidade e a intimidade dos
da ou proferida com fundamento apenas nas decla- envolvidos deve ser preservada. Se houver indícios de
rações do colaborador: (Redação dada pela Lei nº que o agente infiltrado sofre risco iminente, a opera-
13.964, de 2019) ção será sustada. Inclusive, é direito do agente recusar
I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído a sua participação.
pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; Art. 10-A Será admitida a ação de agentes de polí-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do


III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº caput do art. 10, na internet, com o fim de investi-
13.964, de 2019) gar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos,
§ 17 O acordo homologado poderá ser rescindido praticados por organizações criminosas, desde que
em caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto demonstrada sua necessidade e indicados o alcance
da colaboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das
2019) pessoas investigadas e, quando possível, os dados
§ 18 O acordo de colaboração premiada pressupõe de conexão ou cadastrais que permitam a identifi-
que o colaborador cesse o envolvimento em condu- cação dessas pessoas.
ta ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se:
pena de rescisão. I - dados de conexão: informações referentes a
hora, data, início, término, duração, endereço de
Outras modificações realizadas pelo Pacote Anti- Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de
crime versam sobre os arts. 5º e 7º da Lei. Vejamos: origem da conexão; 93
II - dados cadastrais: informações referentes a nome Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou público poderão incluir nos bancos de dados pró-
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, prios, mediante procedimento sigiloso e requisição
identificação de usuário ou código de acesso tenha da autoridade judicial, as informações necessárias
sido atribuído no momento da conexão. à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de de infiltração de agentes na internet. (Incluído pela
polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Lei nº 13.964, de 2019)
Ministério Público.
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios ALTERAÇÕES NA LEI DO DISQUE DENÚNCIA
de infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se
O Pacote Anticrime alterou a Lei nº 13.608, de 10 de
as provas não puderem ser produzidas por outros
meios disponíveis. janeiro de 2018, e estabeleceu, no art. 4º-A, que a União,
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e suas
6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renova- autarquias e fundações, empresas públicas e socieda-
ções, mediante ordem judicial fundamentada e des- des de economia mista manterão unidade de ouvidoria
de que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) ou correição, para assegurar a qualquer pessoa o direi-
dias e seja comprovada sua necessidade. to de relatar informações sobre crimes contra a Admi-
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o nistração Pública, ilícitos administrativos ou quaisquer
relatório circunstanciado, juntamente com todos ações ou omissões lesivas ao interesse público.
os atos eletrônicos praticados durante a operação, Ao informante serão asseguradas proteção inte-
deverão ser registrados, gravados, armazenados gral contra retaliações e isenção de responsabilização
e apresentados ao juiz competente, que imediata- civil ou penal em relação ao relato, exceto se o infor-
mente cientificará o Ministério Público. mante tiver apresentado, de modo consciente, infor-
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de mações ou provas falsas. O informante terá direito,
polícia poderá determinar aos seus agentes, e o ainda, à preservação de sua identidade, a qual apenas
Ministério Público e o juiz competente poderão será revelada em caso de relevante interesse público
requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade ou interesse concreto para a apuração dos fatos, com
de infiltração. comunicação prévia e com sua concordância formal.
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do Ademais, assegura-se ao informante a proteção
disposto neste artigo. contra ações ou omissões praticadas em retaliação
Art. 10-B As informações da operação de infiltra- ao exercício do direito de relatar, tais como demissão
ção serão encaminhadas diretamente ao juiz res- arbitrária, alteração injustificada de funções ou atri-
ponsável pela autorização da medida, que zelará buições, imposição de sanções, de prejuízos remune-
por seu sigilo. ratórios ou materiais de qualquer espécie, retirada de
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação,
benefícios, diretos ou indiretos, ou negativa de forne-
o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Minis-
cimento de referências profissionais positivas. Inclu-
tério Público e ao delegado de polícia responsável
sive, a prática de ações ou omissões de retaliação ao
pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo
informante configurará falta disciplinar grave e sujei-
das investigações.
Art. 10-C Não comete crime o policial que oculta a
tará o agente à demissão a bem do serviço público,
sua identidade para, por meio da internet, colher nos termos do art. 4º-C.
indícios de autoria e materialidade dos crimes pre- O informante será ressarcido em dobro por even-
vistos no art. 1º desta Lei. tuais danos materiais causados por ações ou omis-
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que sões praticadas em retaliação sem prejuízo de danos
deixar de observar a estrita finalidade da investiga- morais, tendo em vista o disposto no § 2º, do art. 4º-C.
ção responderá pelos excessos praticados. Ademais, quando as informações disponibilizadas
Art. 10-D Concluída a investigação, todos os atos resultarem em recuperação de produto de crime con-
eletrônicos praticados durante a operação deverão tra a Administração Pública, poderá ser fixada recom-
ser registrados, gravados, armazenados e encami- pensa em favor do informante em até 5% do valor
nhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente recuperado, vide § 3º, do art. 4º-C.
com relatório circunstanciado. Vejamos, agora, a disposição na íntegra dos artigos
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados alterados pelo Pacote Anticrime:
citados no caput deste artigo serão reunidos em
autos apartados e apensados ao processo criminal Art. 15 A Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de 2018,
juntamente com o inquérito policial, assegurando- passa a vigorar com as seguintes alterações:
-se a preservação da identidade do agente policial Art. 4º-A A União, os Estados, o Distrito Federal
infiltrado e a intimidade dos envolvidos. e os Municípios e suas autarquias e fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista
manterão unidade de ouvidoria ou correição, para
Na Lei nº 12.850, de 2013, foi acrescido o parágra-
assegurar a qualquer pessoa o direito de relatar
fo único no art. 11, para complementar os dispositi-
informações sobre crimes contra a administração
vos mencionados. Deste modo, estabeleceu-se a ideia pública, ilícitos administrativos ou quaisquer ações
de banco de dados sigiloso com informações sobre a ou omissões lesivas ao interesse público.
identidade fictícia criada. Vejamos: Parágrafo único. Considerado razoável o relato
pela unidade de ouvidoria ou correição e procedido
Art. 11 O requerimento do Ministério Público ou a o encaminhamento para apuração, ao informante
representação do delegado de polícia para a infil- serão asseguradas proteção integral contra retalia-
tração de agentes conterão a demonstração da ções e isenção de responsabilização civil ou penal
necessidade da medida, o alcance das tarefas dos em relação ao relato, exceto se o informante tiver
agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos apresentado, de modo consciente, informações ou
94 das pessoas investigadas e o local da infiltração. provas falsas.
Art. 4º-B O informante terá direito à preservação 4. Deveras, o artigo 113 do Ato das Disposições
de sua identidade, a qual apenas será revelada em Constitucionais Transitórias, acrescentado pela
caso de relevante interesse público ou interesse Emenda Constitucional n. 95/2016, determina que
concreto para a apuração dos fatos. “[a] proposição legislativa que crie ou altere des-
Parágrafo único. A revelação da identidade somen- pesa obrigatória ou renúncia de receita deverá ser
te será efetivada mediante comunicação prévia ao acompanhada da estimativa do seu impacto orça-
informante e com sua concordância formal. mentário e financeiro”;
Art. 4º-C Além das medidas de proteção previstas 5. É cediço em abalizados estudos comportamen-
na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, será asse- tais que, mercê de os seres humanos desenvolverem
gurada ao informante proteção contra ações ou vieses em seus processos decisórios, isso por si só
omissões praticadas em retaliação ao exercício do não autoriza a aplicação automática dessa premis-
direito de relatar, tais como demissão arbitrária, sa ao sistema de justiça criminal brasileiro, crian-
alteração injustificada de funções ou atribuições, do-se uma presunção generalizada de que qualquer
imposição de sanções, de prejuízos remuneratórios juiz criminal do país tem tendências que favoreçam
ou materiais de qualquer espécie, retirada de bene- a acusação, nem permite inferir, a partir dessa
fícios, diretos ou indiretos, ou negativa de forneci- ideia geral, que a estratégia institucional mais efi-
mento de referências profissionais positivas. ciente para minimizar eventuais vieses cognitivos
§ 1º A prática de ações ou omissões de retaliação de juízes criminais seja repartir as funções entre o
ao informante configurará falta disciplinar grave juiz das garantias e o juiz da instrução;
e sujeitará o agente à demissão a bem do serviço 6. A complexidade da matéria em análise reclama a
público. reunião de melhores subsídios que indiquem, acima
§ 2º O informante será ressarcido em dobro por de qualquer dúvida razoável, os reais impactos do
eventuais danos materiais causados por ações ou juízo das garantias para os diversos interesses tute-
omissões praticadas em retaliação, sem prejuízo de lados pela Constituição Federal, incluídos o devido
danos morais. processo legal, a duração razoável do processo e a
§ 3º Quando as informações disponibilizadas resul- eficiência da justiça criminal;
tarem em recuperação de produto de crime contra
a administração pública, poderá ser fixada recom-
Por fim, também foram suspensas:
pensa em favor do informante em até 5% (cinco por
cento) do valor recuperado.
z Novas regras para o arquivamento de inquéritos,
O PACOTE ANTICRIME NO STF que, no entender do Ministro Fux, violam as cláu-
sulas que exigem prévia dotação orçamentária
para a realização de despesas (Art. 169, da CF, de
Em 22 de janeiro de 2020, o Ministro Luiz Fux,
1988), além da autonomia financeira dos Ministé-
Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
suspendeu por tempo indeterminado a eficácia das rios Públicos (Art. 127, da CF, de 1988);
regras do Pacote Anticrime (Lei 13.964, de 2019) as z A ilegalidade de prisões, caso os detidos não pas-
quais instituem a figura do juiz das garantias. Em sem pela audiência de custódia em até 24 horas;
sua decisão, afirma que a implementação do juiz das z A proibição de que juízes decidam processos nos
garantias é uma questão complexa que exige a reu- quais acessaram provas consideradas inadmis-
nião de melhores subsídios que indiquem, “acima de síveis. As suspensões valem até o julgamento de
qualquer dúvida razoável”, os reais impactos para mérito das respectivas ações de constitucionalida-
os diversos interesses tutelados pela Constituição de pelo plenário.
Federal, entre eles o devido processo legal, a duração
razoável do processo e a eficiência da justiça criminal.
Vejamos os seis argumentos do Ministro Fux para
a suspensão do juiz de garantias: LEI Nº 7.210/1984 (LEI DE EXECUÇÃO
1. O juiz das garantias, embora formalmente con-
PENAL)
cebido pela lei como norma processual geral, altera
materialmente a divisão e a organização de ser- Quando um indivíduo tem sua liberdade privada
viços judiciários em nível tal que enseja completa por força de uma decisão judicial criminal — que pode
reorganização da justiça criminal do país, de sor- ser uma sentença, isto é, uma decisão que pôs fim a
te que inafastável considerar que os artigos 3º-A a um processo criminal condenando alguém; ou uma
3º-F consistem preponderantemente em normas de decisão que determinou a prisão preventiva; ou, ain-
organização judiciária, sobre as quais o Poder Judi- da, a chamada absolvição imprópria, que determinou
ciário tem iniciativa legislativa própria (Art. 96 da a aplicação de medida de segurança e a consequente
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Constituição); internação do sujeito — surge uma série de questões


2. O juízo das garantias e sua implementação que precisam ser resolvidas em relação à situação da
causam impacto financeiro relevante ao Poder pessoa condenada ou internada. Por exemplo, como
Judiciário, especialmente com as necessárias rees- vai correr o processo de execução da pena? Quais são
truturações e redistribuições de recursos humanos
os direitos e os deveres da pessoa privada de liberda-
e materiais, bem como com o incremento dos sis-
de? A resposta para estes questionamentos encontra-
temas processuais e das soluções de tecnologia da
informação correlatas;
-se na Lei de Execução Penal (LEP), Lei nº 7.210/84.
3. A ausência de prévia dotação orçamentária Inicialmente, é importante ressaltar alguns dos
para a instituição de gastos por parte da União princípios que estão relacionados à execução penal.
e dos Estados viola diretamente o artigo 169 da Os princípios da humanidade, da proporcionali-
Constituição e prejudica a autonomia financeira dade, da legalidade, da individualização e intrans-
do Poder Judiciário, assegurada pelo artigo 99 da cendência da pena são os mais habituais em provas.
Constituição; Vejamos cada um deles: 95
z Princípio da humanidade: está intimamente rela- Em relação ao primeiro objeto (tornar efetivas as
cionado à prevalência dos direitos humanos. De disposições que constam na sentença ou na decisão
acordo com os incisos XLVII e XLIX, ambos do art. criminal), cumpre dizer que de nada adianta deter-
5º da Constituição Federal, o princípio da humani- minar a privação da liberdade do indivíduo se não
dade é estabelecido por meio da vedação de penas forem estabelecidas uma série de providências, tan-
de caráter perpétuo e cruel, de banimento, de tra- to jurisdicionais quanto administrativas, para fazer
balhos forçados, de morte (em regra), bem como valer a ordem judicial que determinou a privação de
pela necessidade de observância à integridade físi- liberdade.
ca e moral do condenado. Nesse mesmo sentido, a Já em relação ao segundo objetivo da LEP (propor-
LEP estabelece, em seus §§ 1º a 3º, do art. 45, que cionar condições para a harmônica integração social
não haverá sanções que coloquem em risco a inte- do condenado e do internado), a execução não visa
gridade física e moral do condenado, vedando-se apenas punir, mas também reeducar e ressocializar
também o emprego de cela escura como sanção, a pessoa.
assim como as sanções coletivas;
z Princípio da proporcionalidade: estabelece que Aplicação da LEP
deverá ocorrer um equilíbrio entre o crime prati-
cado e a sanção imposta ao indivíduo; O âmbito de aplicação da LEP é entendido por
z Princípio da Legalidade: diz respeito à necessida- meio da conjugação dos arts. 1º e 2º. Pela leitura do
de de anterior previsão legal ao crime praticado. art. 1º, como visto anteriormente, a LEP aplica-se aos
Em outras palavras, para que um comportamento condenados e aos internados, considerando-se que:
possa ser considerado crime, é necessário que a
conduta seja estabelecida em uma lei, e que esta lei z Condenado é o indivíduo que se encontra preso
seja anterior ao crime. O art. 45, da LEP, estabele- por força de uma sentença penal condenatória
ce em seu caput que “não haverá falta nem sanção transitada em julgado, a qual não cabe mais recur-
disciplinar sem expressa e anterior previsão legal sos. Ou seja, trata-se de uma pessoa que foi proces-
ou regulamentar”; sada, julgada e condenada de maneira definitiva
z Princípio da Individualização da Pena: refere-se pela prática de uma infração penal;
à necessidade de aferir as particularidades, o grau z Internado é a pessoa submetida à tratamento em
de lesividade do bem jurídico tutelado e a perso- Hospital de Custódia e/ou Tratamento Psiquiátrico,
nalidade do agente infrator, para então aplicar o por força de uma sentença absolutória imprópria,
direito ao caso concreto; que é aquela que determina a aplicação da medida
z Princípio da Intranscendência da Pena: em de segurança ao inimputável ou semi-imputável.
linhas gerais, a pena poderá atingir somente o
infrator. O exemplo mais comum utilizado em pro- A LEP aplica-se, ainda, aos presos provisórios.
vas é o pai que pede para ser preso no lugar do filho
que praticou um delito. Este princípio está previs- Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais
to no inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal, da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional,
“nenhuma pena passará da pessoa do condenado, será exercida, no processo de execução, na confor-
podendo a obrigação de reparar o dano e a decre- midade desta Lei e do Código de Processo Penal.
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igual-
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, mente ao preso provisório e ao condenado pela
até o limite do valor do patrimônio transferido”. Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.
Estabelecida as considerações iniciais e os prin-
cípios norteadores das normas de execução penal, Presos provisórios são aqueles ainda sem conde-
adentraremos no estudo da LEP. Trata-se de uma Lei nação definitiva, que se encontram privados de liber-
extensa que sofreu importantes modificações pela dade em razão de alguma espécie de prisão provisória
chamada Lei Anticrime e entrou em vigor em 2020. (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão pre-
Vamos, pois, ao seu estudo! ventiva). A prisão provisória também é chamada de
cautelar.
DO OBJETO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO Assim, pela leitura dos arts. 1º e 2º, temos, esque-
PENAL maticamente, que a LEP se aplica aos:

O Título I, da LEP, que vai do art. 1º ao 4º, trata do LEP


objeto e da aplicação da Lei nº 7.210/84. O art. 1º, da (Aplicação)
LEP, apresenta tanto seu objeto quanto sua aplicação.

Objeto da LEP

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar


as disposições de sentença ou decisão criminal Condenado Internado Preso Provisório
e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.
No final do art. 2º se encontra a disposição de que
A LEP tem dupla finalidade. Tanto tornar efetivas aos presos condenados pela Justiça Eleitoral ou pela
as disposições que constam na sentença ou na deci- Justiça Militar (as quais são Justiças especiais), que
são criminal quanto prover condições para a rein- cumprem pena em estabelecimentos prisionais
96 tegração do condenado e do internado. comuns, será aplicada a LEP.
Os arts. 3º e 4º complementam as disposições A classificação prevista no art. 5º será realizada
gerais relativas à aplicação da LEP. por uma comissão técnica, responsável por elaborar o
chamado programa individualizador da pena privativa
DIREITOS DO CONDENADO E DO INTERNADO de liberdade.

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão asse- Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação,


gurados todos os direitos não atingidos pela existente em cada estabelecimento, será presidida
sentença ou pela lei. pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois)
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicó-
de natureza racial, social, religiosa ou política. logo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de
condenado à pena privativa de liberdade.
O art. 3º ressalta, ainda, que o condenado e o inter- Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão
nado mantêm todos os direitos que não forem objeto atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada
por fiscais do serviço social.
da sentença ou que constarem em lei. O fato de estar
custodiado pelo Estado não retira todos os direitos
do indivíduo, de acordo com o princípio da dignida- Veja que a composição da Comissão varia, caso se
trate de preso condenado ou de outro tipo de internado.
de humana. Além disso, o artigo determina que não
haverá distinção entre os custodiados (presos ou
internados) por motivos raciais, sociais, religiosos ou Exame Criminológico
políticos.
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena pri-
vativa de liberdade, em regime fechado, será sub-
COOPERAÇÃO DA COMUNIDADE NA EXECUÇÃO
metido a exame criminológico para a obtenção
dos elementos necessários a uma adequada classifi-
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação cação e com vistas à individualização da execução.
da comunidade nas atividades de execução da Parágrafo único. Ao exame de que trata este arti-
pena e da medida de segurança. go, poderá ser submetido o condenado ao cum-
primento da pena privativa de liberdade em regime
Atente-se à palavra “deverá”, pois o Estado é obri- semiaberto.
gado a recorrer à cooperação da comunidade, sendo
esta importante para a ressocialização do condenado. O art. 8º, da LEP, prevê a realização do exame cri-
Há várias formas de cooperação possíveis entre a minológico, que consiste em uma avaliação psiquiá-
comunidade e Justiça Penal. O art. 80, da LEP, prevê, trica e psicológica do preso, visando apurar fatores
por exemplo, a instituição dos Conselhos da Comuni- como periculosidade, agressividade, maturidade e
dade. A participação da família na ressocialização do vínculos afetivos.
preso também é outra espécie importante de colabo- Não confunda o exame de classificação previsto
ração, assim como os convênios com empresas que no art. 6º com o exame criminológico, previsto no art.
disponibilizam vagas para os presos ou egressos. 8º (previsto, também, no art. 34, do Código Penal). O
exame criminológico busca avaliar a probabilidade
DO CONDENADO E DO INTERNADO de o condenado voltar a delinquir ao ser reinserido
no convívio social.
O Título II, que vai do art. 5º ao art. 60 da LEP, esta- De acordo com o texto do art. 8º, o exame seria obri-
belece uma série de normas relativas ao condenado e gatório para o preso em regime fechado; no entanto, o
ao internado. posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (vide
Súmula nº 439) é de que o exame criminológico pode
Da Classificação ser realizado somente quando justificada a necessida-
de de perícia técnica (portanto, não pode ser exercido
Art. 5º Os condenados serão classificados, segun- sem fundamentação). A Súmula Vinculante nº 26, do
do os seus antecedentes e personalidade, para Supremo Tribunal Federal, acompanha o mesmo sen-
orientar a individualização da execução penal. tido de somente aceitar o exame criminológico se hou-
ve justificativa para tal, não sendo, pois, obrigatório.
O princípio da individualização da pena trata-se de
uma garantia individual, consagrada no inciso XLVI, Súmula 439 (STJ): Admite-se o exame criminológi-
do art. 5º da Constituição Federal, consistindo-se no co pelas peculiaridades do caso, desde que em deci-
fato de que a aplicação da pena deve observar a com- são motivada.
plexidade das pessoas, tendo em vista suas condições Súmula Vinculante 26 (STF): Para efeito de pro-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

gressão de regime no cumprimento de pena por


pessoais, sociais, físicas, psicológicas e individuais.
crime hediondo ou equiparado, o juízo da execução
Neste sentido, o art. 5º da LEP é reflexo dessa
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei
garantia constitucional. Assim, uma forma de garan- 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de ava-
tir a individualização da pena é promover a classifi- liar se o condenado preenche ou não os requisitos
cação dos presos, de acordo com seus antecedentes e objetivos e subjetivos do benefício, podendo deter-
sua personalidade. minar, para tal fim, de modo fundamentado, a rea-
lização de exame criminológico.
Comissão Técnica de Classificação
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de
Art. 6º A classificação será feita por Comissão Téc- dados reveladores da personalidade, observando a
nica de Classificação que elaborará o programa ética profissional e tendo sempre presentes peças
individualizador da pena privativa de liberda- ou informações do processo, poderá:
de adequada ao condenado ou preso provisório. I - entrevistar pessoas; 97
II - requisitar, de repartições ou estabelecimen- Veja os pontos mais importantes sobre o banco de
tos privados, dados e informações a respeito do dados genético:
condenado;
III - realizar outras diligências e exames necessários. z Condenados por: crime doloso praticado com vio-
lência grave contra a pessoa; crime contra a vida;
A fim de realizar o exame criminológico, a Comis- crime contra a liberdade sexual; crime sexual con-
são tem amplos meios para investigar a personalidade tra vulnerável;
do preso. z Identificação obrigatória no ingresso no estabe-
lecimento (caso não tenha sido realizada a iden-
Banco de dados genético tificação, acontecerá durante o cumprimento). A
recusa do preso consiste em falta grave;
Art. 9º-A O condenado por crime doloso pra- z Coleta por perito oficial e armazenado em banco
ticado com violência grave contra a pessoa, de dados sigilos;
bem como por crime contra a vida, contra a z A polícia pode requerer ao juiz o acesso. O preso
liberdade sexual ou por crime sexual contra poderá ter acesso.
vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à
identificação do perfil genético, mediante extra- Atenção! O fato de a recusa do preso em fornecer
ção de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técni- o material genético consistir em falta grave não cons-
ca adequada e indolor, por ocasião do ingresso no titui violação ao princípio da não culpabilidade (ou
estabelecimento prisional. seja, de não produzir provas contra si mesmo), uma
§ 1º A identificação do perfil genético será arma- vez que se trata de processo de identificação em pro-
zenada em banco de dados sigiloso, conforme
cesso penal, que é obrigatório (o que é diferente de,
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.
por exemplo, fazer teste de etilômetro).
§ 1º-A A regulamentação deverá fazer constar garan-
tias mínimas de proteção de dados genéticos, obser- DA ASSISTÊNCIA MATERIAL
vando as melhores práticas da genética forense.
§ 2º A autoridade policial, federal ou estadual, Art. 10 A assistência ao preso e ao internado é
poderá requerer ao juiz competente, no caso dever do Estado, objetivando prevenir o crime
de inquérito instaurado, o acesso ao banco de e orientar o retorno à convivência em sociedade.
dados de identificação de perfil genético. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados gené- Art. 11 A assistência será:
ticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos I - material;
de perfis genéticos, bem como a todos os documen- II - à saúde;
tos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de III -jurídica;
maneira que possa ser contraditado pela defesa. IV - educacional;
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput V - social;
deste artigo que não tiver sido submetido à identifi- VI - religiosa.
cação do perfil genético por ocasião do ingresso no
estabelecimento prisional deverá ser submetido ao Os arts. 10 ao 27, da LEP, tratam da assistência ao
procedimento durante o cumprimento da pena. preso como dever do Estado, sempre tendo em vista
§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser uti- o objetivo de prevenir o crime e reintegrar o indi-
lizada para o único e exclusivo fim de permitir víduo ao convívio em sociedade. Nos termos da Lei,
a identificação pelo perfil genético, não estando
a assistência se dá em seis aspectos e se estende ao
autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou
egresso (liberado definitivo, até um ano após sua saída
de busca familiar.
§ 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amos- do sistema prisional; e liberado condicional, durante
tra biológica recolhida nos termos do caput deste o período de prova, conforme o art. 26, da LEP).
artigo deverá ser correta e imediatamente descar- A primeira forma de assistência prevista é a mate-
tada, de maneira a impedir a sua utilização para rial, assegurada nos arts. 12 e 13, da LEP.
qualquer outro fim.
§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração Art. 12 A assistência material ao preso e ao
do respectivo laudo serão realizadas por perito internado consistirá no fornecimento de alimenta-
oficial. ção, vestuário e instalações higiênicas.
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado Art. 13 O estabelecimento disporá de instalações e
em submeter-se ao procedimento de identificação serviços que atendam aos presos nas suas necessi-
do perfil genético. dades pessoais, além de locais destinados à venda
de produtos e objetos permitidos e não fornecidos
pela Administração.
Importante!
Esquematicamente, a assistência material consiste
O art. 9º-A sofreu significativas modificações
em:
por meio da Lei nº 13.964/19, conhecida como
Lei Anticrime, que entrou em vigor em 2020 e
tem boa possibilidade de aparecer em questões Alimentação
elaboradas pela banca.
Assistência Material Vestuário
Esse artigo disciplina a controversa coleta de
material genético de certos presos para fins de iden-
tificação criminal, visando abastecer banco de dados Instalações
98 que facilite a investigação. Higiênicas
ASSISTÊNCIA À SAÚDE Dica
Art. 14 A assistência à saúde do preso e do internado Assistência judiciária e assistência jurídica não
de caráter preventivo e curativo, compreenderá aten- são termos sinônimos. A primeira diz respeito
dimento médico, farmacêutico e odontológico. ao serviço de representação em juízo de forma
§ 1º (Vetado). gratuita; a segunda é mais ampla e engloba a
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver assistência judiciária, mas também consiste em
aparelhado para prover a assistência médica neces- orientação e consultoria jurídica.
sária, esta será prestada em outro local, mediante
autorização da direção do estabelecimento. DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL
§ 3º Será assegurado acompanhamento médico
à mulher, principalmente no pré-natal e no pós- Art. 17 A assistência educacional compreenderá a
-parto, extensivo ao recém-nascido. instrução escolar e a formação profissional do
preso e do internado.
Esquematicamente, a assistência à saúde consiste
em: Esquematicamente, a assistência educacional com-
preende:

Atendimento Médico
Instrução Escolar

Assistência
Educacional
Assistência à Saúde Farmacêutico
Formação
Profissional

Odontológico Veja que a Lei se preocupou, também, em garantir


a formação profissional, que é uma importante ferra-
menta de ressocialização.

Importante destacar que a mulher terá atendimen- Art. 18 O ensino de 1º grau será obrigatório,
to especial, tendo em vista suas necessidades, sobretu- integrando-se no sistema escolar da Unidade
do, durante a gestação, na qual os cuidados vão desde Federativa.
o pré-natal até o pós-parto (com atenção, também, aos
filhos). O atual ensino fundamental é dever do Estado,
sendo, poranto, obrigatório e gratuito, em consonân-
DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA cia ao que prevê o art. 208, da Constituição Federal.

Art. 15 A assistência jurídica é destinada aos pre- Art. 18-A O ensino médio, regular ou supletivo,
sos e aos internados sem recursos financeiros com formação geral ou educação profissional
para constituir advogado. de nível médio, será implantado nos presídios,
Art. 16 As Unidades da Federação deverão ter ser- em obediência ao preceito constitucional de sua
universalização.
viços de assistência jurídica, integral e gratuita,
§ 1º O ensino ministrado aos presos e presas inte-
pela Defensoria Pública, dentro e fora dos esta-
grar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino
belecimentos penais
e será mantido, administrativa e financeiramente,
§ 1º As Unidades da Federação deverão prestar
com o apoio da União, não só com os recursos des-
auxílio estrutural, pessoal e material à Defen-
tinados à educação, mas pelo sistema estadual de
soria Pública, no exercício de suas funções,
justiça ou administração penitenciária.
dentro e fora dos estabelecimentos penais.
§ 2º Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e
§ 2º Em todos os estabelecimentos penais, have-
às presas cursos supletivos de educação de jovens
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

rá local apropriado destinado ao atendimento


e adultos.
pelo Defensor Público.
§ 3º A União, os Estados, os Municípios e o Distrito
§ 3º Fora dos estabelecimentos penais, serão imple-
Federal incluirão em seus programas de educação
mentados Núcleos Especializados da Defensoria
a distância e de utilização de novas tecnologias de
Pública para a prestação de assistência jurídica ensino, o atendimento aos presos e às presas.
integral e gratuita aos réus, sentenciados em liber- Art. 19 O ensino profissional será ministrado em
dade, egressos e seus familiares, sem recursos nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
financeiros para constituir advogado. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensi-
no profissional adequado à sua condição.
A assistência jurídica busca garantir aos presos Art. 20 As atividades educacionais podem ser obje-
e internados sem recursos para constituir advogado to de convênio com entidades públicas ou parti-
— chamados de hipossuficientes — o acesso a seus culares, que instalem escolas ou ofereçam cursos
direitos. especializados. 99
Art. 21 Em atendimento às condições locais, dotar- Amparar o preso e o
-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para Finalidade da internado e prepará-
uso de todas as categorias de reclusos, provida de Assistência Social los para o retorno à
livros instrutivos, recreativos e didáticos.
liberdade

Note que há preocupação do legislador em ofere-


cer capacitação técnica (Art. 18-A) e, também, a de DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
garantir à mulher a educação profissional, mesmo
durante a gravidez ou pós-parto (parágrafo único, do Art. 24 A assistência religiosa, com liberdade de
culto, será prestada aos presos e aos internados,
art. 19).
permitindo-se-lhes a participação nos serviços
Atenção! As atividades educacionais podem
organizados no estabelecimento penal, bem como a
ser objeto de convênio com entidades públicas ou
posse de livros de instrução religiosa.
particulares.
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado
Cumpre destacar a possibilidade de serem firma-
para os cultos religiosos.
dos convênios para o oferecimento de cursos profis- § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser
sionalizantes (Art. 20), e a previsão de bibliotecas, obrigado a participar de atividade religiosa.
com acesso a todos os presos e internados (Art. 21).
A liberdade de professar todas as religiões assim
Art. 21-A O censo penitenciário deverá apurar:
como também a de não as aderir — caso dos agnós-
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas;
ticos e adeptos de filosofias não religiosas — é um
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e
direito dos presos e não uma autoridade adminis-
médio e o número de presos e presas atendidos
III - a implementação de cursos profissionais em trativa. Da mesma maneira, não se trata de algo que
nível de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o possa ser imposto. Não pode, portanto, haver qual-
número de presos e presas atendidos; quer tipo de benefício a uma religião em detrimento
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu de outra, tampouco a tentativa de conversão forçada.
acervo;
V - outros dados relevantes para o aprimoramento DA ASSISTÊNCIA AO EGRESSO
educacional de presos e presas.
Art. 25 A assistência ao egresso consiste:
O art. 21-A, incluído na LEP em 2015, dispõe sobre I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida
o censo penitenciário, que consiste em um importan- em liberdade;
te instrumento de gestão do sistema prisional o qual II - na concessão, se necessário, de alojamento e
coleta informações para a tomada de futuras decisões alimentação, em estabelecimento adequado, pelo
e políticas públicas. prazo de 2 (dois) meses.
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL poderá ser prorrogado uma única vez, comprova-
do, por declaração do assistente social, o empenho
Art. 22 A assistência social tem por finalidade na obtenção de emprego.
amparar o preso e o internado e prepará-los
para o retorno à liberdade. Esquematicamente, a assistência ao egresso con-
Art. 23 Incumbe ao serviço de assistência social: siste em:
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabeleci-
mento, os problemas e as dificuldades enfrentadas
pelo assistido; Orientação e Apoio
III - acompanhar o resultado das permissões de saí-
das e das saídas temporárias; Assistência ao
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios dis- Egresso
poníveis, a recreação;
V - promover a orientação do assistido, na fase final Se necessário,
do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a alojamento (2 meses)
facilitar o seu retorno à liberdade;
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos
benefícios da Previdência Social e do seguro por Art. 26 Considera-se egresso para os efeitos desta
acidente no trabalho; Lei:
VII - orientar e amparar, quando necessário, a I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano
família do preso, do internado e da vítima. a contar da saída do estabelecimento;
II - o liberado condicional, durante o período de
A assistência social prestada aos presos e interna- prova.
dos é uma das mais importantes e essenciais, tendo
em vista que a população privada de liberdade é extre- O art. 26 apresenta um importante conceito de
mamente carente e rechaçada socialmente, em vários egresso. O período de prova a que se refere o inciso
aspectos, o que dificulta sua inserção no sistema e, II é o tempo restante da pena, no qual o egresso fica
posteriormente, sua ressocialização. Por exemplo, é em liberdade e está sujeito a determinadas condições.
extremamente comum os recém-inseridos no sistema
prisional não adquirirem documentos básicos, como Art. 27 O serviço de assistência social colabo-
100 carteira de trabalho e outros documentos pessoais. rará com o egresso para a obtenção de trabalho.
Veja que o legislador se preocupou em estabelecer Merece destaque o fato de o trabalho não ser obri-
que o serviço de assistência social preste auxílio na gatório para o preso provisório; no entanto é um
recolocação profissional do egresso, ciente das dificul- direito do preso, caso cumpra as exigências neces-
dades pelas quais passam aqueles que deixam o siste- sárias. Neste caso, somente pode realizar o trabalho
ma prisional. interno, sendo vedado o externo.

DO TRABALHO INTERNO E EXTERNO Art. 32 Na atribuição do trabalho deverão ser


levadas em conta a habilitação, a condição pes-
Art. 28 O trabalho do condenado, como dever soal e as necessidades futuras do preso, bem
social e condição de dignidade humana, terá finali- como as oportunidades oferecidas pelo mercado.
dade educativa e produtiva.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível,
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de
o artesanato sem expressão econômica, salvo
trabalho as precauções relativas à segurança e à
nas regiões de turismo.
higiene.
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regi-
me da Consolidação das Leis do Trabalho. solicitar ocupação adequada à sua idade.
Art. 29 O trabalho do preso será remunerado, § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente
mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
3/4 (três quartos) do salário-mínimo.
§ 1º O produto da remuneração pelo trabalho As disposições contidas no art. 32 são decorrência
deverá atender: do princípio da individualização da pena e visam
a) à indenização dos danos causados pelo crime, proporcionar o trabalho adequado à condição parti-
desde que determinados judicialmente e não repa- cular da pessoa privada de liberdade. Note as preocu-
rados por outros meios;
pações com idosos, doentes e pessoas com deficiência
b) à assistência à família;
física.
c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas rea-
lizadas com a manutenção do condenado, em pro- Art. 33 A jornada normal de trabalho não será
porção a ser fixada e sem prejuízo da destinação inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com
prevista nas letras anteriores. descanso nos domingos e feriados.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário
depositada a parte restante para constituição do especial de trabalho aos presos designados para os
pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entre- serviços de conservação e manutenção do estabele-
gue ao condenado quando posto em liberdade. cimento penal.
Art. 30 As tarefas executadas como prestação de
serviço à comunidade não serão remuneradas. O art. 33 disciplina a jornada de trabalho, com pre-
visão de horários para descanso e dias de folga.
O trabalho do preso, nos termos da LEP, tem fina-
lidade educativa (reeducar o indivíduo preparando-o Art. 34 O trabalho poderá ser gerenciado por
para a reinserção social, por meio de atividade labo- fundação, ou empresa pública, com autonomia
rativa) e produtiva (gerar renda, para os fins previstos administrativa, e terá por objetivo a formação pro-
no § 1º, do art. 29). Pode ser interno (dentro do esta- fissional do condenado.
belecimento penal) ou externo. O trabalho interno é § 1º Nessa hipótese, incumbirá à entidade geren-
disciplinado nos arts. 31 a 35; já o trabalho externo, ciadora promover e supervisionar a produção, com
nos arts. 36 a 37. critérios e métodos empresariais, encarregar-se de
sua comercialização, bem como suportar despesas,
Do Trabalho Interno inclusive pagamento de remuneração adequada.
§ 2º Os governos federal, estadual e municipal pode-
Art. 31 O condenado à pena privativa de liber- rão celebrar convênio com a iniciativa privada,
dade está obrigado ao trabalho na medida de
para implantação de oficinas de trabalho referentes
suas aptidões e capacidade.
a setores de apoio dos presídios.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o tra-
Art. 35 Os órgãos da Administração Direta ou Indi-
balho não é obrigatório e só poderá ser executa-
reta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal
do no interior do estabelecimento.
e dos Municípios adquirirão, com dispensa de con-
corrência pública, os bens ou produtos do trabalho
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Importante! prisional, sempre que não for possível ou recomen-


O trabalho do preso é obrigatório, nos termos do dável realizar-se a venda a particulares.
caput do art. 31. O não cumprimento do trabalho Parágrafo único. Todas as importâncias arreca-
como forma de ressocialização (que é remunera- dadas com as vendas reverterão em favor da fun-
do e regulamentado) constitui em falta grave por dação ou empresa pública a que alude o artigo
parte do preso (o que vai atrapalhar, por exemplo, anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal.
sua progressão de regime). O preso, contudo,
não pode ser coagido a trabalhar. Não confunda, O trabalho do preso pode ser indiretamente geren-
portanto, com trabalho forçado, aquele realizado ciado por fundação ou empresa pública. A adminis-
sem remuneração, sem a observância de direi- tração direta sempre será do Estado, que pode, ainda,
tos, e que é constitucionalmente proibido. promover convênios com a iniciativa privada para a
implantação de oficinas nos estabelecimentos penais. 101
Do Trabalho Externo DOS DEVERES, DOS DIREITOS E DA DISCIPLINA

Art. 36 O trabalho externo será admissível para O Capítulo IV, do Título II, da LEP, trata dos deve-
os presos em regime fechado somente em servi- res, dos direitos e da disciplina.
ço ou obras públicas realizadas por órgãos da
Administração Direta ou Indireta, ou entida- Dos Deveres
des privadas, desde que tomadas as cautelas
contra a fuga e em favor da disciplina. [...] Art. 38 Cumpre ao condenado, além das obrigações
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às nor-
Veja que o trabalho externo, ou seja, realizado fora mas de execução da pena.
do estabelecimento prisional, é restrito ao preso em Art. 39 Constituem deveres do condenado:
regime fechado e pode ocorrer: I - comportamento disciplinado e cumprimen-
to fiel da sentença;
Serviços ou Obras II - obediência ao servidor e respeito a qualquer
Públicas pessoa com quem deva relacionar-se;
Trabalho III - urbanidade e respeito no trato com os demais
Externo condenados;
Empresas IV - conduta oposta aos movimentos individuais
Privadas ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou
à disciplina;
Medidas V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens
Se forem
recebidas;
tomadas em favor da
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
medidas disciplina
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
contra fugas
VIII - indenização ao Estado, quando possível,
das despesas realizadas com a sua manutenção,
Art. 36 [...] mediante desconto proporcional da remuneração
§ 1º O limite máximo do número de presos será de do trabalho;
10% (dez por cento) do total de empregados na obra. IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entida- X - conservação dos objetos de uso pessoal.
de ou à empresa empreiteira a remuneração desse Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório,
trabalho. no que couber, o disposto neste artigo.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada
depende do consentimento expresso do preso. O art. 39 elenca uma série de deveres do preso, que
Art. 37 A prestação de trabalho externo, a ser auto- se aplicam também, ao preso provisório.
rizada pela direção do estabelecimento, depen-
derá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além
Dos Direitos
do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de
Art. 40 Impõe-se a todas as autoridades o respeito
trabalho externo ao preso que vier a praticar fato
à integridade física e moral dos condenados e
definido como crime, for punido por falta grave,
dos presos provisórios.
ou tiver comportamento contrário aos requisi-
tos estabelecidos neste artigo. Art. 41 Constituem direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
Atente-se para duas disposições. Em primeiro lu-
III - Previdência Social;
gar, o trabalho externo em entidade privada somente IV - constituição de pecúlio;
ocorre com o consentimento do preso. Em segundo V - proporcionalidade na distribuição do tempo
lugar, deve ser autorizado pela direção do estabele- para o trabalho, o descanso e a recreação;
cimento prisional, que levará em conta os requisitos VI - exercício das atividades profissionais, inte-
do caput do art. 37. Também é importante conhecer lectuais, artísticas e desportivas anteriores,
as hipóteses de revogação da autorização de trabalho desde que compatíveis com a execução da pena;
que constam no parágrafo único, do art. 37: VII - assistência material, à saúde, jurídica,
educacional, social e religiosa;
z Revogação da Autorização de Trabalho Externo; VIII - proteção contra qualquer forma de
sensacionalismo;
„ Prática de Crime; IX - entrevista pessoal e reservada com o
„ Cometimento de Falta Grave; advogado;
„ Descumprimento dos Requisitos do caput, do X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes
art. 37. e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às
Dica exigências da individualização da pena;
Em relação ao requisito de 1/6 de pena, que XIII - audiência especial com o diretor do
estabelecimento;
consta no caput do art. 37 existe jurisprudência
XIV - representação e petição a qualquer autori-
do STF e do STJ, no sentido de que não é obri- dade, em defesa de direito;
gatório, ou seja, o preso pode exercer o trabalho XV - contato com o mundo exterior por meio
mesmo não tendo cumprido 1/6 da pena (vide de correspondência escrita, da leitura e de outros
HC 93.320/RS, julgado pelo STJ e Ação Penal meios de informação que não comprometam a
102 470/2014, julgada pelo STF). moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anual- Veja três importantes vedações:
mente, sob pena da responsabilidade da autoridade
judiciária competente.
Que coloquem em
Parágrafo único. Os direitos previstos nos inci-
sos V, X e XV poderão ser suspensos ou restrin- perigo a integridade
gidos mediante ato motivado do diretor do física e moral
estabelecimento.
Art. 42 Aplica-se ao preso provisório e ao sub-
metido à medida de segurança, no que couber, o Sanções Proibidas Em cela escura
disposto nesta Seção.
Art. 43 É garantida a liberdade de contratar médi-
co de confiança pessoal do internado ou do subme-
Coletivas
tido a tratamento ambulatorial, por seus familiares
ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o
tratamento.
Da mesma forma que se proíbe a sanção em cela
Parágrafo único. As divergências entre o médico
escura, se veda a sanção em cela permanentemente
oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da
execução. clara (Regras de Mandela).
As sanções coletivas são proibidas por força do
Veja que, conforme consta no inciso II, do art. 41, princípio da individualização da pena.
que o trabalho, além de obrigação do preso é, tam-
Art. 46 O condenado ou denunciado, no início da
bém, um direito, e que, apesar de não ser regido pela
execução da pena ou da prisão, será cientificado
CLT, é garantido pela Previdência Social, nos termos
das normas disciplinares.
do inc. III (ou seja, caso ocorra, por exemplo, um aci-
Art. 47 O poder disciplinar, na execução da
dente em serviço, o preso será considerado segurado pena privativa de liberdade, será exercido pela
para fins previdenciários). autoridade administrativa conforme as disposi-
Em relação ao que dispõe o inciso VIII, do art. 41, ções regulamentares.
vale mencionar que a exposição do preso ao sensacio- Art. 48 Na execução das penas restritivas de
nalismo configura crime de abuso de autoridade, nos direitos, o poder disciplinar será exercido pela
termos da Lei nº 13.869/19. autoridade administrativa a que estiver sujei-
Observe, ainda, que existe proibição expressa para to o condenado.
tratar o preso como “número”, devendo ser feito seu Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade
chamamento nominal, conforme determina o art. 41, representará ao Juiz da execução para os fins dos
inc. XI. artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e
Conforme determina o parágrafo único, do art. 2º desta Lei.
41, mediante ato motivado do diretor do estabeleci-
mento, os seguintes direitos podem ser suspensos ou O poder disciplinar compete, nas penas privati-
restringidos: vas de liberdade, ao diretor do estabelecimento; nas
penas restritivas de direitos como, por exemplo, pres-
z Proporcionalidade na distribuição do tempo para tação de serviços à comunidade em uma prefeitura,
o trabalho, o descanso e a recreação; será da competência da autoridade a que estiver sujei-
z Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e to o condenado.
amigos em dias determinados;
z Contato com o mundo exterior. DAS FALTAS DISCIPLINARES
Da Disciplina Art. 49 As faltas disciplinares classificam-se em
leves, médias e graves. A legislação local especifica-
Art. 44 A disciplina consiste na colaboração com a
rá as leves e médias, bem assim as respectivas sanções.
ordem, na obediência às determinações das autori-
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a san-
dades e seus agentes e no desempenho do trabalho.
ção correspondente à falta consumada.
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o
condenado à pena privativa de liberdade ou res-
tritiva de direitos e o preso provisório. As faltas graves encontram-se previstas nos arts.
50 e 51, da LEP; as médias e leves são previstas em
Veja que a disciplina, que consiste na colaboração legislações dos Estados e do Distrito Federal.
da pessoa com liberdade restrita, se aplica tanto ao
condenado (por pena privativa de liberdade ou restri-
Importante!
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tiva de direitos) quando ao preso provisório.

Art. 45 Não haverá falta nem sanção discipli- Nos termos do parágrafo único, do art. 49, pune-
nar sem expressa e anterior previsão legal ou -se a tentativa de falta disciplinar com mesma
regulamentar. pena prevista para a falta consumada.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a
integridade física e moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. Respectivamente, os arts. 50 e 51 elencam as fal-
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. tas graves para os condenados à pena privativa de
liberdade e para os condenados à pena restritiva de
Em atenção ao princípio da legalidade, previsto direitos.
no art. 1º, do Código Penal, não existe falta ou sanção
disciplinar sem que haja expressa previsão em lei ou Art. 50 Comete falta grave o condenado à pena
regulamento. privativa de liberdade que: 103
I - incitar ou participar de movimento para sub- V - entrevistas sempre monitoradas, exceto
verter a ordem ou a disciplina; aquelas com seu defensor, em instalações equi-
II - fugir; padas para impedir o contato físico e a passagem
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de de objetos, salvo expressa autorização judicial em
ofender a integridade física de outrem; contrário;
IV - provocar acidente de trabalho; VI - fiscalização do conteúdo da correspondência;
V - descumprir, no regime aberto, as condições VII - participação em audiências judiciais prefe-
impostas; rencialmente por videoconferência, garantin-
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II do-se a participação do defensor no mesmo
e V, do artigo 39, desta Lei. ambiente do preso.

O condenado cometerá falta grave quando inob- O art. 52, em seu caput, cuida da aplicação do RDD
servar os deveres dos incisos II e V, do art. 39, da LEP. para aquele que pratique falta grave e ocasione sub-
Esses incisos refletem os deveres de: obediência ao versão da ordem interna. Por sua vez, o § 1º, do art.
servidor e respeito às pessoas com as quais deva rela- 52, prevê a aplicação do RDD para o preso de alto risco
cionar-se (inciso II); e execução do trabalho, das tare- para a ordem interna ou para aquele que participa ou
fas e ordens recebidas (inciso V). integra organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada.
Art. 39 [...]
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer Art. 52 [...]
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que § 1º O regime disciplinar diferenciado também
permita a comunicação com outros presos ou com será aplicado aos presos provisórios ou condena-
o ambiente externo. dos, nacionais ou estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segu-
Observe bem que são três os verbos: ter em posse;
rança do estabelecimento penal ou da sociedade;
utilizar; ou fornecer.
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de
Art. 39 [...] envolvimento ou participação, a qualquer título,
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de em organização criminosa, associação criminosa
identificação do perfil genético. ou milícia privada, independentemente da prática
de falta grave.
Complementando o que foi estudado anteriormen- § 2º (Revogado).
te sobre banco de dados genético, a recusa à identifi- § 3º Existindo indícios de que o preso exerce lide-
cação genética constitui falta grave por parte do preso. rança em organização criminosa, associação cri-
minosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
Art. 39 [...] criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Fede-
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, ração, o regime disciplinar diferenciado será
no que couber, ao preso provisório. obrigatoriamente cumprido em estabeleci-
Art. 51 Comete falta grave o condenado à pena mento prisional federal.
Restritiva De Direitos que: § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regi-
I - descumprir, injustificadamente, a restrição me disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
imposta; sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, exis-
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento tindo indícios de que o preso:
da obrigação imposta; I - continua apresentando alto risco para a ordem
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e a segurança do estabelecimento penal de origem
e V, do artigo 39, desta Lei. ou da sociedade;
II - mantém os vínculos com organização crimi-
O art. 52 teve redação alterada pela Lei nº 13.964/19 nosa, associação criminosa ou milícia privada,
e cuida do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). considerados também o perfil criminal e a função
desempenhada por ele no grupo criminoso, a ope-
Art. 52 A prática de fato previsto como crime ração duradoura do grupo, a superveniência de
doloso constitui falta grave e, quando ocasio- novos processos criminais e os resultados do trata-
nar subversão da ordem ou disciplina inter- mento penitenciário.
nas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regi-
nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção me disciplinar diferenciado deverá contar com alta
penal, ao regime disciplinar diferenciado, com segurança interna e externa, principalmente no que
as seguintes características: diz respeito à necessidade de se evitar contato do
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem preso com membros de sua organização crimino-
prejuízo de repetição da sanção por nova falta sa, associação criminosa ou milícia privada, ou de
grave de mesma espécie; grupos rivais.
II - recolhimento em cela individual; § 6º A visita de que trata o inciso III do caput des-
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, te artigo será gravada em sistema de áudio ou de
a serem realizadas em instalações equipadas para áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscaliza-
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por da por agente penitenciário.
pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; disciplinar diferenciado, o preso que não receber a
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) visita de que trata o inciso III do caput deste artigo
horas diárias para banho de sol, em grupos de até poderá, após prévio agendamento, ter contato tele-
4 (quatro) presos, desde que não haja contato com fônico, que será gravado, com uma pessoa da famí-
104 presos do mesmo grupo criminoso; lia, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.
Art. 55 As recompensas têm em vista o bom com-
Importante! portamento reconhecido em favor do condena-
do, de sua colaboração com a disciplina e de sua
Os líderes de organizações criminosas, associa- dedicação ao trabalho.
ções criminosas ou de milícias privadas deverão Art. 56 São recompensas:
obrigatoriamente cumprir o RDD em presídios I - o elogio;
federais de segurança máxima. II - a concessão de regalias.
Parágrafo único. A legislação local e os regula-
mentos estabelecerão a natureza e a forma de
Resumidamente, o RDD, impõe ao preso: concessão de regalias.

z O cumprimento do regime diferenciado por dois As recompensas são concedidas com fundamento:
anos (repetíveis);
z Permanência em cela individual; z No bom comportamento;
z Visitas quinzenais, por duas horas e sem contato z Na colaboração com a disciplina;
físico; z Na dedicação ao trabalho.
z Após seis meses, direito a telefonema;
z Banho de sol de duas horas, sem contato com pre- O elogio é lançado na ficha de acompanhamento
sos da mesma organização ou rivais; do preso.
z Entrevistas monitoradas (exceto com o defensor) e As regalias, conforme prevê o parágrafo único do
sem contato físico e correspondência controlada; e art. 56, encontram-se previstas em legislação dos Esta-
z Preferencialmente, participação em audiências dos e do DF, bem como em outros regulamentos. Um
por meio de videoconferência. exemplo de regalia é a permissão de visita íntima.

DAS SANÇÕES E DAS RECOMPENSAS Aplicação das Sanções

Art. 53 Constituem sanções disciplinares: Art. 57 Na aplicação das sanções disciplinares,


I - advertência verbal; levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as cir-
II - repreensão; cunstâncias e as conseqüências do fato, bem como
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.
41, parágrafo único); Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as
IV - isolamento na própria cela, ou em local sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta
adequado, nos estabelecimentos que possuam alo- Lei.
jamento coletivo, observado o disposto no artigo 88
desta Lei. O art. 57, mais uma vez, apresenta decorrência do
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. princípio da individualização da pena, desta vez no
que se refere à aplicação das sanções.
Veja que são cinco os tipos de sanções discipli-
nares. O art. 54, por sua vez, vai indicar quem pode Art. 58 O isolamento, a suspensão e a restrição
aplicá-las. de direitos não poderão exceder a trinta dias,
ressalvada a hipótese do regime disciplinar
Art. 54 As sanções dos incisos I a IV do art. 53 diferenciado.
serão aplicadas por ato motivado do diretor do Parágrafo único. O isolamento será sempre
estabelecimento e a do inciso V, por prévio e comunicado ao Juiz da execução.
fundamentado despacho do juiz competente.
§ 1º A autorização para a inclusão do preso em O prazo máximo de trinta dias aplica-se ao isola-
regime disciplinar dependerá de requerimento mento, à suspensão e à restrição de direitos, exceto se
circunstanciado elaborado pelo diretor do estabe- o preso estiver submetido ao RDD.
lecimento ou outra autoridade administrativa.
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de preso em
DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
regime disciplinar será precedida de manifes-
tação do Ministério Público e da defesa e prola-
Art. 59 Praticada a falta disciplinar, deverá ser
tada no prazo máximo de quinze dias.
instaurado o procedimento para sua apura-
ção, conforme regulamento, assegurado o direito
Veja que a inclusão no RDD deve cumprir os de defesa.
seguintes requisitos: Parágrafo único. A decisão será motivada.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

z Requerimento circunstanciado (do diretor ou A sanção disciplinar deve ser apurada por proce-
de outra autoridade, como o delegado de polícia, dimento administrativo que assegure o direito de
no caso de preso ainda não inserido no sistema defesa ao preso. Quando de sua decisão, a autoridade
prisional); administrativa, ao aplicar ou não a sanção, se mani-
z Quem autoriza é o juiz competente, por meio de festará de forma motivada, apresentado suas razões.
despacho fundamentado;
z O Ministério Público e a defesa devem ser ouvidos Art. 60 A autoridade administrativa pode-
previamente; e rá decretar o isolamento preventivo do faltoso
z A decisão do juiz deve ser prolatada no máximo pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso
em 15 dias. no regime disciplinar diferenciado, no interesse da
disciplina e da averiguação do fato, dependerá de
Os arts. 55 e 56, por sua vez, cuidam das recompensas. despacho do juiz competente. 105
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclu- Parágrafo único. O mandato dos membros do Con-
são preventiva no regime disciplinar diferenciado selho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3
será computado no período de cumprimento da (um terço) em cada ano.
sanção disciplinar.
O art. 63 trata da composição do Conselho. São
treze conselheiros nomeados pelo Ministro da Justiça
Importante! com conhecimento técnico nas áreas do direito penal,
O isolamento preventivo, por até 10 dias, pode processual penal e penitenciário, bem como em ciên-
ser determinado pela autoridade administrativa cias relacionadas, tais como ciência política, sociologia,
(diretor do presídio); a inclusão no RDD somente antropologia, entre outros, além de representantes da
pelo juiz. comunidade civil e dos Ministérios da área social.
O objetivo é que esses membros possam auxiliar o
Ministro nas questões atinentes à política criminal e
DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL penitenciária por meio de distintos pontos de vista e
conhecimentos variados. Para garantir esse intercâm-
O Título III, da LEP (arts. 61 ao 81) disciplina os bio de conhecimento técnico, o mandato dos conse-
órgãos da Execução Penal lheiros tem duração de dois anos, sendo a renovação
procedida anualmente e de maneira parcial, ou seja, a
Art. 61 São órgãos da execução penal: cada ano renova-se um terço dos seus membros.
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária;
II - o Juízo da Execução; Art. 64 Ao Conselho Nacional de Política Criminal
III - o Ministério Público; e Penitenciária, no exercício de suas atividades, em
IV - o Conselho Penitenciário; âmbito federal ou estadual, incumbe:
V - os Departamentos Penitenciários; I - propor diretrizes da política criminal quanto
VI - o Patronato; à prevenção do delito, administração da Justiça
VII - o Conselho da Comunidade. Criminal e execução das penas e das medidas de
VIII - a Defensoria Pública. segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de
O art. 61 da LEP elenca os órgãos envolvidos na desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades
Execução Penal. da política criminal e penitenciária;
Em síntese, os Juízos da Execução são órgãos deci- III - promover a avaliação periódica do sistema
sórios. O Ministério Público é órgão de fiscalização criminal para a sua adequação às necessidades do
e controle, enquanto a Defensoria Pública é órgão País;
de defesa dos condenados à execução penal no Bra- IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
sil. Os Conselhos Nacional e Penitenciário são órgãos V - elaborar programa nacional penitenciário de
consultivos. Os Departamentos Penitenciários são os formação e aperfeiçoamento do servidor;
órgãos da execução propriamente dita. Já o Patronato VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e cons-
acompanha os presos em condicional, os egressos. Os trução de estabelecimentos penais e casas de
Conselhos da Comunidade são órgãos que auxiliam na albergados;
inclusão do preso na ressocialização. Por fim, a Defen- VII - estabelecer os critérios para a elaboração da
soria Pública é a instituição que atua em defesa dos estatística criminal;
necessitados. VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos
penais, bem assim informar-se, mediante relatórios
Conselho Nacional de Política Criminal e do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou
Penitenciária outros meios, acerca do desenvolvimento da execu-
ção penal nos Estados, Territórios e Distrito Fede-
O Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- ral, propondo às autoridades dela incumbida as
tenciária é um dos órgãos consultivos de Execução medidas necessárias ao seu aprimoramento;
Penal. Ele está disciplinado nos arts. 62 a 64 da LEP. IX - representar ao Juiz da execução ou à autorida-
de administrativa para instauração de sindicância
Art. 62 O Conselho Nacional de Política Criminal e ou procedimento administrativo, em caso de viola-
Penitenciária, com sede na Capital da República, é ção das normas referentes à execução penal;
subordinado ao Ministério da Justiça. X - representar à autoridade competente para a
interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento
O art. 62 estabelece a vinculação hierárquica do penal.
Conselho Nacional de Política Criminal. Trata-se, por-
tanto, de um dos órgãos colegiados ligados ao Ministé- O art. 64 estabelece as atribuições do Conselho
rio da Justiça e Segurança Pública e a ele subordinados, Nacional. Em síntese, ao Conselho Nacional compete
sendo sediado em Brasília. A estrutura do Ministério elaborar o Plano Nacional de Política Criminal e Peni-
da Justiça e Segurança Pública é detalhada no Decreto tenciária, em conformidade com as dez diretrizes con-
nº 9.662/19, alterado pelo Decreto nº 10.379/20. feridas por este dispositivo. Assim, cabe ao Conselho
oferecer os subsídios necessários para implementar as
Art. 63 O Conselho Nacional de Política Criminal e políticas no âmbito criminal e penitenciário em todo o
Penitenciária será integrado por 13 (treze) mem-
território nacional, por meio de avaliações periódicas
bros designados através de ato do Ministério da
Justiça, dentre professores e profissionais da área dos sistemas criminal, criminológico e penitenciário,
do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e além de execução de planos nacionais de desenvolvi-
ciências correlatas, bem como por representantes mento no que se refere às metas e prioridades da polí-
106 da comunidade e dos Ministérios da área social. tica a ser executada.
A primeira atribuição do art. 64 é propor as bases b) progressão ou regressão nos regimes;
da política criminal no que tange à prevenção do deli- c) detração e remição da pena;
to, à administração da Justiça criminal e à execução d) suspensão condicional da pena;
das penas e medidas de segurança. A segunda atribui- e) livramento condicional;
ção é sugerir as metas e prioridades quando da ela- f) incidentes da execução.
boração dos planos nacionais. Isso é possível porque
Resumidamente, o juiz da execução é o competen-
o Conselho Nacional recebe relatórios periódicos dos
te para decidir sobre todos os incidentes que ocorram
Conselhos Estaduais, de modo a ter acesso às neces-
durante a execução.
sidades relativas ao sistema criminal e penitenciário.
Por ser alimentado por informações regionais, Art. 66 [...]
pode o Conselho Nacional exercer sua terceira atri- IV - autorizar saídas temporárias;
buição, que é avaliar periodicamente o sistema crimi-
nal para sua adequação às necessidades brasileiras. A Conforme veremos um pouco mais adiante, exis-
quarta atribuição é promover e estimular o estudo da tem permissões de saída e saídas temporárias. As
criminologia, ou seja, do crime, do criminoso, da víti- permissões da saída são as autorizações concedidas
ma e do controle social. pelo diretor do estabelecimento prisional para que
A quinta atribuição é manter o constante aperfei- o preso deixe a unidade prisional por motivos como
çoamento de seus servidores por meio de formação falecimento ou doença grave do cônjuge, companhei-
e cursos de aperfeiçoamento. A sexta atribuição é ro, ascendente, descendente ou irmão ou, ainda, para
estabelecer as regras a respeito dos estabelecimentos realizar tratamento médico. Durante a saída, o preso
penais e casas de albergado (para regime aberto, limi- permanece o tempo todo sob escolta.
tação de final de semana). Já a saída temporária é autorizada pelo juiz da
A sétima atribuição é elaborar os critérios para execução aos sentenciados ao regime semiaberto que
desenvolvimento das estatísticas criminais, de modo já tenham cumprido 1/6 de pena (se primário) e 1/4 (se
a entender onde existe maior efetividade ou não. A reincidente), que possuam bom comportamento, para
oitava atribuição do Conselho Nacional refere-se à que visitem a família ou para estudo. Não há escolta,
inspeção e fiscalização dos estabelecimentos penais. mas pode haver a imposição de monitoramento ele-
A nona atribuição é representar ao órgão de deci- trônico (tornozeleira).
são, ou seja, ao Juiz de Execução ou aos órgãos admi-
Art. 66 [...]
nistrativos, para que estes apurem as violações ou
V - determinar:
excessos praticados pelos servidores públicos. Por a) a forma de cumprimento da pena restritiva de
fim, a décima e última atribuição é representar pela direitos e fiscalizar sua execução;
interdição do estabelecimento penal. b) a conversão da pena restritiva de direitos e de
multa em privativa de liberdade;
Juízo da Execução
A pena restritiva de direitos, se não cumprida, pode
O juízo da execução, também chamado de juízo ser convertida em privativa de liberdade. A multa nun-
competente, é o órgão judiciário ao qual cabe resolver ca pode ser convertida em privativa de liberdade.
as questões que surgem durante a execução penal.
Art. 66 [...]
Art. 65 A execução penal competirá ao Juiz indi- c) a conversão da pena privativa de liberdade em
cado na lei local de organização judiciária e, na restritiva de direitos;
sua ausência, ao da sentença. d) a aplicação da medida de segurança, bem como
a substituição da pena por medida de segurança;
O art. 65 dispõe sobre a competência do juiz da e) a revogação da medida de segurança;
execução. Como regra, o juiz competente é indicado f) a desinternação e o restabelecimento da situação
na lei do Estado (normalmente na lei de execução anterior;
penal estadual). Na falta de vara especializada em g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
algumas comarcas, a função é exercida pelo juiz que em outra comarca;
proferiu a sentença. h) a remoção do condenado na hipótese prevista no
§ 1º, do artigo 86, desta Lei.
Art. 66 Compete ao Juiz da execução: i) (VETADO);
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da
de qualquer modo favorecer o condenado; medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabeleci-
De acordo com princípio constitucional da irre- mentos penais, tomando providências para o ade-
troatividade, previsto no art. 5º, XL, da Constituição
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

quado funcionamento e promovendo, quando for o


Federal (e repetido no art. 2º, parágrafo único, do Códi- caso, a apuração de responsabilidade;
go Penal), a lei penal nova somente se aplica aos casos VIII - interditar, no todo ou em parte, estabele-
anteriores à sua vigência se for para beneficiar o réu. cimento penal que estiver funcionando em con-
Assim, pode ser que, durante a execução da pena, pos- dições inadequadas ou com infringência aos
sa surgir uma nova lei que, de qualquer forma, seja dispositivos desta Lei;
mais benéfica ao condenado. Nestes casos, conforme IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
indica o art. 66, inc. I, da LEP, o juiz da execução é o X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
competente para aplicar a nova lei mais benéfica.
Veja que, conforme determinam os inc. VII e VIII,
Art. 66 [...] é atribuição do juiz da execução inspecionar mensal-
II - declarar extinta a punibilidade; mente os estabelecimentos penais e, caso encontre con-
III - decidir sobre: dições inadequadas ou contrárias ao que a LEP prevê,
a) soma ou unificação de penas; deve, inclusive, interditar o local (no todo ou em parte). 107
Ministério Público Cumpre mencionar que a LEP não estabelece o
número de membros nem o funcionamento do Conse-
Nos termos do art. 127, da Constituição Fede- lho Penitenciário. No entanto, dispõe que tais regras
ral, o Ministério Público (MP) é instituição perma- devem ser elaboradas por meio de norma federal e
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, à estadual. Por fim, o dispositivo estabelece que o man-
qual incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime dato dos conselheiros é de quatro anos de duração.
democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis. Art. 70 Incumbe ao Conselho Penitenciário:
O MP atua durante toda a execução da pena ou da I - emitir parecer sobre indulto e comutação de
pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto
medida de segurança e tem a competência de fiscali-
com base no estado de saúde do preso;
zar o procedimento. II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada
Art. 67 O Ministério Público fiscalizará a execu- ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e
ção da pena e da medida de segurança, oficiando Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no
no processo executivo e nos incidentes da execução. exercício anterior;
Art. 68 Incumbe, ainda, ao Ministério Público: IV - supervisionar os patronatos, bem como a assis-
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de tência aos egressos.
recolhimento e de internamento;
II - requerer: O art. 70 estabelece as atribuições dos Conselhos
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- Penitenciários. Trata-se de quatro incumbências.
mento do processo executivo; A primeira atribuição é a emissão de parecer sobre
b) a instauração dos incidentes de excesso ou des- indulto e comutação da pena do preso, exceto aqueles
vio de execução; relacionados ao indulto humanitário, ou seja, aquele
c) a aplicação de medida de segurança, bem como perdão que decorre do estado de saúde do preso, no
a substituição da pena por medida de segurança; qual o juiz da execução se baseia em laudos médicos.
d) a revogação da medida de segurança; Graça, indulto e anistia são modalidades de extin-
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão
ção da punibilidade previstos no inciso II, do art. 107
nos regimes e a revogação da suspensão condicio-
do Código Penal. Observe o disposto a seguir:
nal da pena e do livramento condicional;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimen-
to da situação anterior.
z Graça: Perdão da pena concedido pelo Presiden-
III - interpor recursos de decisões proferidas pela te da República de forma individual, atentando-se
autoridade judiciária, durante a execução. para determinado condenado;
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público z Indulto: Perdão da pena concedido pelo Presiden-
visitará mensalmente os estabelecimentos te da República de forma coletiva, isto é, direciona-
penais, registrando a sua presença em livro do a diversos condenados quando se enquadrarem
próprio. nas hipóteses de indulgência;
z Anistia: Concedida por meio de lei do Congresso
Conforme nota-se na redação dos arts. 67 e 68, ao Nacional e atinge todos os efeitos penais decorren-
Ministério Público compete a fiscalização da execu- tes da conduta criminosa, incidindo, assim, sobre
os fatos, e não sobre as pessoas;
ção. Dentre as atribuições do MP está a visita mensal
z Comutação: Perdão parcial da pena concedido
aos estabelecimentos penais (visita esta que deve ser
por ato do Presidente da República.
registrada em livro próprio para tal ato, conforme
determina o parágrafo único, do art. 68).
A segunda atribuição estabelecida no art. 70 da
LEP refere-se ao dever de fiscalização dos Conselhos
Conselho Penitenciário Previdenciários. Assim, cabe ao Conselho a inspeção
dos estabelecimentos penais. A terceira atribuição diz
Os Conselhos Penitenciários também são órgãos respeito aos relatórios a serem apresentados ao Con-
consultivos de execução penal, estando disciplinados selho Nacional de Política Criminal no primeiro tri-
nos arts. 69 e 70, da LEP. Tratam-se dos conselhos esta- mestre de cada ano. Tratam-se das informações que
duais que auxiliam o Conselho Nacional. irão alimentar o sistema nacional. A última atribuição
refere-se ao dever de supervisionar os patronatos e
Art. 69 O Conselho Penitenciário é órgão consulti- prestar assistência aos egressos.
vo e fiscalizador da execução da pena.
§ 1º O Conselho será integrado por membros no- Departamento Penitenciário
meados pelo Governador do Estado, do Distrito
Federal e dos Territórios, dentre professores e pro- Art. 71 O Departamento Penitenciário Nacio-
fissionais da área do Direito Penal, Processual Pe- nal, subordinado ao Ministério da Justiça, é
nal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como órgão executivo da Política Penitenciária Nacional
por representantes da comunidade. A legislação fe- e de apoio administrativo e financeiro do Con-
deral e estadual regulará o seu funcionamento. selho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
§ 2º O mandato dos membros do Conselho Peniten-
ciário terá a duração de 4 (quatro) anos. O Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) é
o órgão executivo que acompanha e controla as dire-
Nos termos do art. 69, compete ao Conselho Peni- trizes da Política Penitenciária Nacional e, também,
tenciário prestar assistência e fiscalizar a execução da de apoio ao Conselho Nacional de Política Criminal e
pena em âmbito regional e local. Cada Conselho Peni- Penitenciária (CNPCP)
tenciário é composto por profissionais da área jurí-
dica, professores e representantes da sociedade civil Art. 72 São atribuições do Departamento Peniten-
108 nomeados pelos Governadores de cada Estado. ciário Nacional:
I - acompanhar a fiel aplicação das normas de exe- O parágrafo único, do art. 74, refere-se às mulhe-
cução penal em todo o Território Nacional; res gestantes ou responsáveis por crianças ou defi-
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os cientes; caso elas não tenham praticado crime com
estabelecimentos e serviços penais; violência ou grave ameaça e, desde que o delito não
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas tenha sido cometido contra o dependente, precisam
na implementação dos princípios e regras estabele-
cumprir apenas 1/8 da pena.
cidos nesta Lei;
IV - colaborar com as Unidades Federativas median- Os Estados e o Distrito Federal também podem
te convênios, na implantação de estabelecimentos e criar seus respectivos departamentos penitenciários,
serviços penais; cuja finalidade é supervisionar e coordenar os estabe-
V - colaborar com as Unidades Federativas para a lecimentos penais estaduais.
realização de cursos de formação de pessoal peni-
tenciário e de ensino profissionalizante do conde- Direção e Pessoal dos Estabelecimentos Penais
nado e do internado.
VI – estabelecer, mediante convênios com as unida- Art. 75 O ocupante do cargo de diretor de esta-
des federativas, o cadastro nacional das vagas exis- belecimento deverá satisfazer os seguintes
tentes em estabelecimentos locais destinadas ao requisitos:
cumprimento de penas privativas de liberdade apli- I - ser portador de diploma de nível superior de
cadas pela justiça de outra unidade federativa, em Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou
especial para presos sujeitos a regime disciplinar.
Pedagogia, ou Serviços Sociais;
VII - acompanhar a execução da pena das mulheres
II - possuir experiência administrativa na área;
beneficiadas pela progressão especial de que trata o
III - ter idoneidade moral e reconhecida apti-
§ 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integra-
dão para o desempenho da função.
ção social e a ocorrência de reincidência, específica
ou não, mediante a realização de avaliações perió- Parágrafo único. O diretor deverá residir no
dicas e de estatísticas criminais. [...] estabelecimento, ou nas proximidades, e dedi-
cará tempo integral à sua função.
Observe que são várias as atribuições do DEPEN:
acompanhamento da correta aplicação, em todo o ter- Os diretores de estabelecimentos penais são figu-
ritório nacional, das normas previstas na LEP; inspe- ras decisivas na execução penal e possuem uma série
ção em estabelecimentos penais; assistência técnica de atribuições impostas pela LEP. O art. 75, da LEP,
aos Estados e ao DF; e realização de convênios com apresenta os requisitos para ocupar tal cargo.
estes. Observe atentamente a disposição contida no
parágrafo único, do art. 75: o diretor deve residir no
Art. 72 [...] estabelecimento ou em suas proximidades. Deve, ain-
§ 1º Incumbem também ao Departamento a coor- da, dedicar tempo integral à sua função.
denação e supervisão dos estabelecimentos
penais e de internamento federais. Art. 76 O Quadro do Pessoal Penitenciário
será organizado em diferentes categorias fun-
Além das atribuições de órgão executivo e apoio cionais, segundo as necessidades do serviço, com
administrativo, o DEPEN é responsável pelo Sistema especificação de atribuições relativas às funções de
Penitenciário Federal, que tem como finalidade o iso- direção, chefia e assessoramento do estabelecimen-
lamento de lideranças do crime organizado, a custódia to e às demais funções.
de presos sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, Art. 77 A escolha do pessoal administrativo, espe-
réus colaboradores presos ou delatores premiados, cializado, de instrução técnica e de vigilância
entre outros. atenderá a vocação, preparação profissional e
antecedentes pessoais do candidato.
Art. 72 [...] § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como
§ 2º Os resultados obtidos por meio do monitora- a progressão ou a ascensão funcional dependerão
mento e das avaliações periódicas previstas no inci- de cursos específicos de formação, proceden-
so VII do caput deste artigo serão utilizados para, do-se à reciclagem periódica dos servidores em
em função da efetividade da progressão especial exercício.
para a ressocialização das mulheres de que trata § 2º No estabelecimento para mulheres somente
o § 3º do art. 112 desta Lei, avaliar eventual des- se permitirá o trabalho de pessoal do sexo femi-
necessidade do regime fechado de cumprimento nino, salvo quando se tratar de pessoal técnico
de pena para essas mulheres nos casos de crimes especializado.
cometidos sem violência ou grave ameaça.
Os arts. 76 e 77 tratam da carreira de agente de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Departamento Penitenciário Local segurança penitenciário/policial penal. A eles com-


pete o exercício das atividades de atendimento, vigi-
Art. 73 A legislação local poderá criar Departa- lância, custódia, guarda, assistência e orientação de
mento Penitenciário ou órgão similar, com as atri- pessoas recolhidas aos estabelecimentos penais e das
buições que estabelecer. atividades de natureza técnica, administrativa e de
Art. 74 O Departamento Penitenciário local, ou
apoio a elas relacionadas.
órgão similar, tem por finalidade supervisionar
e coordenar os estabelecimentos penais da Unida-
de da Federação a que pertencer. Patronato
Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste
artigo realizarão o acompanhamento de que trata Art. 78 O Patronato público ou particular desti-
o inciso VII do caput do art. 72 desta Lei e encami- na-se a prestar assistência aos albergados e aos
nharão ao Departamento Penitenciário Nacional egressos (artigo 26).
os resultados obtidos. Art. 79 Incumbe também ao Patronato: 109
I - orientar os condenados à pena restritiva de De acordo com o art. 80 da LEP, deve existir um
direitos; Conselho da Comunidade em cada comarca. Sua com-
II - fiscalizar o cumprimento das penas de presta- posição é de, no mínimo, quatro pessoas, sendo:
ção de serviço à comunidade e de limitação de
fim de semana; z Um representante da associação comercial ou in-
III - colaborar na fiscalização do cumprimen- dustrial;
to das condições da suspensão e do livramento z Um advogado indicado pela OAB;
condicional. z Um defensor público;
z Um assistente social.
Dica
Cabe ao juiz de execução instalar e compor o Con-
A palavra patronato tem origem no Direito Roma- selho da Comunidade. No entanto, na falta de qual-
no. Na Roma Antiga, o patrocínio era uma forma quer um desses membros, como, por exemplo, o
de relacionamento que previa uma série de obri- assistente social, cabe ao juiz da execução a escolha
gações mútuas entre o patrono e os seus clien- do conselheiro.
Comarca é a área circunscricional de um juiz.
tes (o patrono era sempre mais rico, poderoso ou
de maior prestígio, o que lhe dava capacidade de Art. 81 Incumbe ao Conselho da Comunidade:
ajudar seus clientes). I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabeleci-
mentos penais existentes na comarca;
O patronato é o órgão de execução penal voltado II - entrevistar presos;
para o processo de reintegração social do preso, auxi- III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execu-
liando o albergado e o egresso a superar as dificul- ção e ao Conselho Penitenciário;
IV - diligenciar a obtenção de recursos mate-
dades na sua inserção no mercado de trabalho, nas
riais e humanos para melhor assistência ao pre-
relações com a família etc. so ou internado, em harmonia com a direção do
Além de tal função, ainda compete ao patronato: estabelecimento.

O art. 81 estabelece as atribuições do Conselho da


Prestação de
serviços à Comunidade. Trata-se de quatro incumbências. A pri-
comunidade meira diz respeito às visitas dos membros do Conselho
nos estabelecimentos penais existentes na comarca,
Fiscalizar com o objetivo de verificar as instalações e a situação
dos presos. A segunda atribuição decorre da primeira,
Limitação de final de competindo ao Conselho da Comunidade entrevistar
semana os presos.
Com os dados colhidos, cabe ao Conselho elabo-
rar mensamente relatórios ao juiz da execução e ao
Conselho Penitenciário. Assim, a terceira atribuição
trata-se das informações que irão alimentar o sistema
Suspensão regional. Por fim, a quarta atribuição é realizar ativi-
condicional dades relacionadas à obtenção de recursos materiais
e humanos para auxílio ao preso ou internado.
Colaborar na
Fiscalização Defensoria Pública
Livramento
Art. 81-A A Defensoria Pública velará pela regular
condicional execução da pena e da medida de segurança,
oficiando, no processo executivo e nos incidentes
da execução, para a defesa dos necessitados em
Conselho da Comunidade todos os graus e instâncias, de forma individual
e coletiva.
O último conselho consultivo estabelecido na LEP
é o Conselho da Comunidade. Tal órgão encontra-se A Defensoria Pública, nos termos do art. 1º da Lei
Complementar nº 80/94, é a instituição permanente,
disciplinado nos arts. 80 e 81, da LEP, auxiliando os
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbin-
presos a voltarem com dignidade à vida na sociedade.
do-lhe, como expressão e instrumento do regime demo-
crático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a
Art. 80 Haverá, em cada comarca, um Conse-
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os
lho da Comunidade composto, no mínimo, por graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais
1 (um) representante de associação comercial ou e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessita-
industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção da dos, assim considerados na forma do inciso LXXIV, do
Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor art. 5º, da Constituição Federal.
Público indicado pelo Defensor Público Geral e 1 Como órgão da execução, a Defensoria Pública cui-
(um) assistente social escolhido pela Delegacia Sec- da da defesa dos interesses dos necessitados. Veja que
cional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais. essa defesa se dá:
Parágrafo único. Na falta da representação previs-
ta neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução z Em todos os graus e instâncias;
110 a escolha dos integrantes do Conselho. z De maneira individual ou coletiva.
Art. 81-B Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: De nada adianta a LEP estabelecer objetivos visan-
I - requerer: do a reinserção da pessoa privada de liberdade se não
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- existem locais adequados dentro dos estabelecimen-
mento do processo executivo; tos penais onde se possa implementá-los. Por isso é
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior
de maior importância garantir esses espaços onde se
que de qualquer modo favorecer o condenado;
possa realizar as atividades educacionais, culturais e
c) a declaração de extinção da punibilidade;
d) a unificação de penas; de formação profissional integrando-os ao funciona-
e) a detração e remição da pena; mento dos estabelecimentos penais.
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
de execução; Art. 83 [...]
g) a aplicação de medida de segurança e sua revo- § 2º Os estabelecimentos penais destinados
gação, bem como a substituição da pena por medi- a mulheres serão dotados de berçário, onde as
da de segurança; condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de
a suspensão condicional da pena, o livramento con- idade. [...]
dicional, a comutação de pena e o indulto;
i) a autorização de saídas temporárias; O encarceramento feminino é um fenômeno cres-
j) a internação, a desinternação e o restabelecimen- cente, sobretudo motivado pela criminalidade envol-
to da situação anterior; vendo o tráfico de drogas. As presas podem ser mães de
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança filhos pequenos, estarem grávidas ou mesmo ficarem
em outra comarca; grávidas durante o período de privação de liberdade.
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no Nesse sentido, a Lei de Execução Penal prevê, que o esta-
§ 1o do art. 86 desta Lei; belecimento prisional para mulheres contará com um
II - requerer a emissão anual do atestado de pena uma seção para gestante e parturiente (na qual a mãe
a cumprir;
pode permanecer com a criança até os 6 meses), assim
III - interpor recursos de decisões proferidas pela
autoridade judiciária ou administrativa durante a como com uma creche para acolher as crianças entre 6
execução; meses e menores de 7 anos. As crianças menores de 6
IV - representar ao Juiz da execução ou à autorida- meses, em fase de amamentação, ficam no berçário.
de administrativa para instauração de sindicância
ou procedimento administrativo em caso de viola- Art. 83 [...]
ção das normas referentes à execução penal; § 3º Os estabelecimentos de que trata o § 2º deste
V - visitar os estabelecimentos penais, toman- artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes
do providências para o adequado funcionamen- do sexo feminino na segurança de suas depen-
to, e requerer, quando for o caso, a apuração de dências internas.
responsabilidade; § 4º Serão instaladas salas de aulas destinadas a
VI - requerer à autoridade competente a inter- cursos do ensino básico e profissionalizante.
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento § 5º Haverá instalação destinada à Defensoria
penal. Pública.
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Públi-
ca visitará periodicamente os estabelecimen- Veja que a Defensoria Pública deve ter instalação
tos penais, registrando a sua presença em livro própria para seu funcionamento dentro do estabeleci-
próprio. mento prisional.
Na sequência, o art. 84, alterado em 2015, dispõe
O art. 81-B, da LEP, apresenta uma lista meramente sobre importante previsão, que diz respeito aos crité-
exemplificativa das atribuições da Defensoria Pública rios para separação de presos; infelizmente, na prá-
no curso da execução.
tica, poucos são os estabelecimentos que conseguem
DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS cumprir trais diretrizes.

Art. 82 Os estabelecimentos penais destinam-se ao Art. 84 O preso provisório ficará separado do


condenado, ao submetido à medida de segurança, condenado por sentença transitada em julgado.
ao preso provisório e ao egresso. [...]
§ 1º A mulher e o maior de sessenta anos, separada-
mente, serão recolhidos a estabelecimento próprio Observe que presos provisórios e presos conde-
e adequado à sua condição pessoal. nados não são colocados juntos. Estabelecido isto, a
§ 2º O mesmo conjunto arquitetônico poderá abri- Lei passa, no art. 84, § 1º, a estabelecer os critérios de
gar estabelecimentos de destinação diversa desde separação dos presos provisórios entre si e, no § 3º,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

que devidamente isolados. os critérios de separação a serem adotados entre dos


presos condenados.
A LEP, a partir de seu art. 82, passa a definir o que
são estabelecimentos penais, bem como dispor sobre Art. 84 [...]
normas gerais (aplicáveis a todos os tipos) e algumas § 1º Os presos provisórios ficarão separados de
normas específicas a certos tipos de estabelecimentos. acordo com os seguintes critérios
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou
Art. 83 O estabelecimento penal, conforme a sua equiparados;
natureza, deverá contar em suas dependências com II - acusados pela prática de crimes cometidos com
áreas e serviços destinados a dar assistência, edu- violência ou grave ameaça à pessoa;
cação, trabalho, recreação e prática esportiva. III - acusados pela prática de outros crimes ou
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estu- contravenções diversos dos apontados nos inci-
dantes universitários. [...] sos I e II. [...] 111
A divisão prevista na LEP tem dupla finalidade: Art. 87 A penitenciária destina-se ao condenado à
garantir a individualização da pena e impedir que pena de reclusão, em regime fechado.
presos reincidentes, com maior periculosidade, aca- Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o
bem por influenciar presos que cometeram crimes Distrito Federal e os Territórios poderão construir
mais leves ou que não sejam reincidentes. Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos
presos provisórios e condenados que estejam em
Art. 84 [...] regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar
§ 2º O preso que, ao tempo do fato, era funcio- diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei.
nário da Administração da Justiça Criminal
ficará em dependência separada. A penitenciária é o estabelecimento penal des-
tinado ao cumprimento de pena de reclusão em
Com forma de garantir a integridade de indivíduos regime fechado.
que eram policiais, agentes penitenciários ou outros Nos termos do parágrafo único, do art. 87, podem
funcionários da administração da Justiça Criminal e
ser construídas penitenciárias federais, estaduais e
que vieram a ser presos, existe a previsão da segrega-
distritais exclusivas para o cumprimento de RDD.
ção destes dos demais presos.
Art. 88 O condenado será alojado em cela indivi-
Art. 84 [...]
dual que conterá dormitório, aparelho sanitário e
§ 3º Os presos condenados ficarão separados de
lavatório.
acordo com os seguintes critérios:
Parágrafo único. São requisitos básicos da unida-
I - condenados pela prática de crimes hediondos
ou equiparados; de celular:
II - reincidentes condenados pela prática de cri- a) salubridade do ambiente pela concorrência dos
mes cometidos com violência ou grave ameaça fatores de aeração, insolação e condicionamento
à pessoa térmico adequado à existência humana;
III - primários condenados pela prática de crimes b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).
cometidos com violência ou grave ameaça à Art. 89 Além dos requisitos referidos no art. 88, a
pessoa; penitenciária de mulheres será dotada de seção
IV - demais condenados pela prática de outros cri- para gestante e parturiente e de creche para
mes ou contravenções em situação diversa das abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e meno-
previstas nos incisos I, II e III. res de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir
§ 4º O preso que tiver sua integridade física, a criança desamparada cuja responsável estiver
moral ou psicológica ameaçada pela convivên- presa.
cia com os demais presos ficará segregado em local Parágrafo único. São requisitos básicos da seção
próprio. e da creche referidas neste artigo:
I – atendimento por pessoal qualificado, de acor-
Conforme se percebe, busca-se, ao máximo, separar do com as diretrizes adotadas pela legislação edu-
os presos tendo em vista determinadas características, cacional e em unidades autônomas; e
visando evitar a influência de uns sobre os outros ou, II – horário de funcionamento que garanta a
ainda, que se ameace a integridade dos indivíduos. melhor assistência à criança e à sua responsável
Art. 90 A penitenciária de homens será construída,
Art. 85 O estabelecimento penal deverá ter
em local afastado do centro urbano, à distância que
lotação compatível com a sua estrutura e
não restrinja a visitação.
finalidade.
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Políti-
ca Criminal e Penitenciária determinará o limite Vale destacar a previsão legal da seção especial
máximo de capacidade do estabelecimento, aten- para gestante e parturiente, além da creche para
dendo a sua natureza e peculiaridades. assistência às crianças maiores de 6 meses e menores
Art. 86 As penas privativas de liberdade aplicadas de 7 anos. As crianças menores de 6 meses, em fase de
pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser amamentação, permanecem no berçário.
executadas em outra unidade, em estabeleci-
mento local ou da União. Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
§ 1º A União Federal poderá construir estabeleci-
mento penal em local distante da condenação para Art. 91 A Colônia Agrícola, Industrial ou Simi-
recolher os condenados, quando a medida se justi-
lar destina-se ao cumprimento da pena em regi-
fique no interesse da segurança pública ou do pró-
me semi-aberto.
prio condenado.
Art. 92 O condenado poderá ser alojado em com-
§ 2º Conforme a natureza do estabelecimento, nele
partimento coletivo, observados os requisitos da
poderão trabalhar os liberados ou egressos que se
letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento
de terras ociosas. Parágrafo único. São também requisitos básicos
§ 3º Caberá ao juiz competente, a requerimento da das dependências coletivas:
autoridade administrativa definir o estabelecimen- a) a seleção adequada dos presos;
to prisional adequado para abrigar o preso provi- b) o limite de capacidade máxima que atenda os
sório ou condenado, em atenção ao regime e aos objetivos de individualização da pena.
requisitos estabelecidos.
Os presos em regime semiaberto cumprem a
Estabelecidas estas diretrizes gerais, a LEP passa, a pena em colônias agrícolas, industriais ou similares,
partir do art. 87, a dispor sobre normas específicas aos alojados em quartos coletivos e onde exercem ativi-
tipos singulares de estabelecimentos penais. dades laborais.

112 Da Penitenciária Da Casa do Albergado


Art. 93 A Casa do Albergado destina-se ao cum- Pode, ainda, ser o local onde se realiza o tratamen-
primento de pena privativa de liberdade, em regi- to ambulatorial, no caso de medida de segurança não
me aberto, e da pena de limitação de fim de restritiva (o tratamento ambulatorial e pode ser reali-
semana. zado, também, em outra instalação médica adequada).
Art. 94 O prédio deverá situar-se em centro urba-
no, separado dos demais estabelecimentos, e
Da Cadeia Pública
caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos
contra a fuga.
Art. 95 Em cada região haverá, pelo menos, uma Art. 102 A cadeia pública destina-se ao recolhi-
Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos mento de presos provisórios.
aposentos para acomodar os presos, local adequa- Art. 103 Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma)
do para cursos e palestras. cadeia pública a fim de resguardar o interesse da
Parágrafo único. O estabelecimento terá instala- Administração da Justiça Criminal e a permanên-
ções para os serviços de fiscalização e orientação cia do preso em local próximo ao seu meio social
dos condenados. e familiar.
Art. 104 O estabelecimento de que trata este Capí-
Apesar da previsão legal, casas do albergado são tulo será instalado próximo de centro urbano,
uma raridade no Brasil. Nelas está estabelecido que observando-se na construção as exigências míni-
mas referidas no artigo 88 e seu parágrafo único
deveriam cumprir a pena o preso em regime aberto
desta Lei.
(aquele que trabalha durante o dia e se recolhe à noite
e aos finais de semana) e aquele que cumpre limitação
de final de semana (fica em liberdade durante a sema- A cadeia pública é o estabelecimento penal des-
na e deve se recolher na casa do albergado aos sába- tinado aos presos provisórios (recolhidos em razão
dos e domingos). Na prática, o que o ocorre, tendo em de prisão em flagrante, prisão temporária ou prisão
vista a ausência de casas do albergado, é que o indiví- preventiva).
duo cumpre prisão domiciliar, recolhendo-se em sua
própria casa nos dias e horários em que deveria estar DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
no estabelecimento.
Os arts. 1º ao 104, da LEP, são uma espécie de “Par-
Do Centro de Observação te Geral”, onde constam os objetivos, princípios, con-
ceitos e definições da Lei. Do art. 105 em diante, a LEP
Art. 96 No Centro de Observação realizar-se-ão os passa a tratar da execução das penas, isto é, das nor-
exames gerais e o criminológico, cujos resulta- mas aplicáveis aos presos definitivos (e aos provisó-
dos serão encaminhados à Comissão Técnica de rios no que se aplicar) a partir do momento que estes
Classificação. ingressam no sistema penitenciário.
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas
pesquisas criminológicas. DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Art. 97 O Centro de Observação será instalado em
unidade autônoma ou em anexo a estabeleci-
Nos arts. 105 ao 146-D, encontram-se as disposi-
mento penal.
Art. 98 Os exames poderão ser realizados pela ções relativas às penas privativas de liberdade.
Comissão Técnica de Classificação, na falta do Cen-
tro de Observação.
Importante!
Os centros de observação, por sua vez, são os locais Vale lembrar as espécies de pena previstas no
onde são realizados os exames gerais e o exame crimi-
Código Penal.
nológico, podendo ser instalados em unidades autô-
Art. 32 As penas são:
nomas ou em anexo a estabelecimento penal.
I - privativas de liberdade;
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico II - restritivas de direitos;
III - de multa.
Art. 99 O Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-
-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo Disposições Gerais
único do Código Penal.
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que cou- Art. 105 Transitando em julgado a sentença
ber, o disposto no parágrafo único, do artigo 88, que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

desta Lei. estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expe-


Art. 100 O exame psiquiátrico e os demais exames dição de guia de recolhimento para a execução.
necessários ao tratamento são obrigatórios para
todos os internados. A guia de recolhimento é o documento que viabi-
Art. 101 O tratamento ambulatorial, previsto liza a execução da pena privativa de liberdade e cuja
no artigo 97, segunda parte, do Código Penal, será expedição cabe ao juízo da condenação. A forma e os
realizado no Hospital de Custódia e Tratamento requisitos da guia de recolhimentos encontram-se no
Psiquiátrico ou em outro local com dependência art. 106 e seus incisos.
médica adequada.
Art. 106 A guia de recolhimento, extraída pelo
O Hospital de Custódia é o estabelecimento penal escrivão, que a rubricará em todas as folhas e
destinado aos inimputáveis e aos semi-imputáveis a assinará com o Juiz, será remetida à autori-
internados por força de medida de segurança detenti- dade administrativa incumbida da execução e
va ou privativa de liberdade. conterá: 113
O escrivão judicial é o responsável por produzir Veja que compete à autoridade administrativa que
a guia, devendo rubricá-la e assiná-la ao final, junto recebe o preso dar recibo da guia de recolhimento e
com o juiz. O documento, a ser enviado para a autori- dar ciência do que consta na guia ao condenado.
dade administrativa deve conter as informações que
constam nos incisos abaixo. Art. 107 [...]
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas
Art. 106 [...]
em livro especial, segundo a ordem cronológica
I - o nome do condenado;
do recebimento, e anexadas ao prontuário do con-
II - a sua qualificação civil e o número do regis-
tro geral no órgão oficial de identificação; denado, aditando-se, no curso da execução, o cálcu-
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença lo das remições e de outras retificações posteriores.
condenatória, bem como certidão do trânsito Art. 108 O condenado a quem sobrevier doença
em julgado; mental será internado em Hospital de Custódia
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau e Tratamento Psiquiátrico.
de instrução;
V - a data da terminação da pena;
VI - outras peças do processo reputadas indispen- Importante!
sáveis ao adequado tratamento penitenciário.
Se o condenado apresentar doença mental
Veja que os requisitos dizem respeito a informa- durante a execução da pena, será encaminhado
ções essenciais para o ingresso do condenado no sis- para internação em Hospital de Custódia e Trata-
tema penal. mento Psiquiátrico. Caso ele se recupere, volta
Art. 106 [...] para cumprir a pena.
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da
guia de recolhimento.
Art. 109 Cumprida ou extinta a pena, o condenado
Deve ser dado conhecimento da guia de recolhi- será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se
mento ao Ministério Público, uma vez que à institui- por outro motivo não estiver preso.
ção compete a fiscalização da execução.
A liberação do condenado somente se dá com
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sem- ordem judicial.
pre que sobrevier modificação quanto ao início da
execução ou ao tempo de duração da pena.
Regimes
A guia de recolhimento é emitida pelo juiz da con-
denação, mas é retificada, caso necessário, pelo juízo Entre os arts. 110 e 119, a LEP apresenta uma série
da execução. de disposições relativas aos regimes de cumprimento
de penas privativas de liberdade.
Art. 106 [...]
§ 3º Se o condenado, ao tempo do fato, era funcio-
Art. 110 O Juiz, na sentença, estabelecerá o regi-
nário da Administração da Justiça Criminal,
me no qual o condenado iniciará o cumprimento
far-se-á, na guia, menção dessa circunstância,
da pena privativa de liberdade, observado o dispos-
para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei.
to no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal.
Os presos que eram funcionário da Administração Art. 111 Quando houver condenação por mais de
da Justiça Criminal, por razões de segurança, ficam um crime, no mesmo processo ou em processos dis-
em dependências separadas dos demais presos. tintos, a determinação do regime de cumprimento
será feita pelo resultado da soma ou unificação das
Art. 107 Ninguém será recolhido, para cumpri- penas, observada, quando for o caso, a detração ou
mento de pena privativa de liberdade, sem a guia remição.
expedida pela autoridade judiciária. Parágrafo único. Sobrevindo condenação no cur-
so da execução, somar-se-á a pena ao restante da
Para que o condenado seja recolhido pela admi- que está sendo cumprida, para determinação do
nistração do estabelecimento penal, deve ser obriga- regime.
toriamente apresentada a guia expedida pelo juiz. A
mesma previsão encontra-se no art. 288, do Código de Vale lembrar que, para o cumprimento das penas
Processo Penal:
privativas de liberdade, são três os regimes prisionais
Art. 288 Ninguém será recolhido à prisão, sem que previstos pela lei brasileira, no Código Penal e na Lei
seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou car- de Execução Penal: o fechado, o semiaberto e o aberto.
cereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo
executor ou apresentada a guia expedida pela auto- Progressão de Regime
ridade competente, devendo ser passado recibo da
entrega do preso, com declaração de dia e hora. Entre os arts. 112 e 117, a LEP dispõe sobre a pro-
gressão de regime e, no art. 118, disciplina a regressão
O recolhimento de preso sem essa formalidade de regime.
constitui crime de exercício arbitrário ou abuso de
A progressão de regime é um direito garantido aos
poder, previsto no art. 350, do Código Penal.
condenados que, cumprindo determinados requisi-
tos, têm direito a um regime de cumprimento de pena
Art. 107 [...]
§ 1º A autoridade administrativa incumbida da privativa de liberdade menos rigoroso. Os requisitos
execução passará recibo da guia de recolhimento encontram-se no art. 112, tratando-se de outra maté-
para juntá-la aos autos do processo, e dará ciência ria que foi bastante alterada pela Lei nº 13.964/19 (Lei
114 dos seus termos ao condenado. Anticrime).
Art. 112 A pena privativa de liberdade será exe- Quem determina a progressão de regime é o juiz,
cutada em forma progressiva com a transferência por meio de decisão motivada, sempre após serem
para regime menos rigoroso, a ser determinada ouvidos o Ministério Público e o defensor.
pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado Art. 112 [...]
for primário e o crime tiver sido cometido sem vio- § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe
lência à pessoa ou grave ameaça; ou responsável por crianças ou pessoas com
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for deficiência, os requisitos para progressão de regi-
reincidente em crime cometido sem violência à pes- me são, cumulativamente:
soa ou grave ameaça; I - não ter cometido crime com violência ou grave
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o ape- ameaça a pessoa;
nado for primário e o crime tiver sido cometido II - não ter cometido o crime contra seu filho ou
com violência à pessoa ou grave ameaça; dependente;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena
for reincidente em crime cometido com violência à
no regime anterior;
pessoa ou grave ameaça;
IV - ser primária e ter bom comportamen-
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado
to carcerário, comprovado pelo diretor do
for condenado pela prática de crime hediondo ou
estabelecimento;
equiparado, se for primário;
V - não ter integrado organização criminosa.
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o ape-
nado for: § 4º O cometimento de novo crime doloso ou fal-
a) condenado pela prática de crime hediondo ou ta grave implicará a revogação do benefício pre-
equiparado, com resultado morte, se for primário, visto no § 3º deste artigo.
vedado o livramento condicional
b) condenado por exercer o comando, individual
Os §§ 3º e 4º cuidam da progressão de regime para
ou coletivo, de organização criminosa estruturada a gestante e para a mulher que for mãe ou responsá-
para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou vel por crianças ou pessoas com deficiência. Veja que
c) condenado pela prática do crime de constituição os requisitos são diferentes das hipóteses anteriores e
de milícia privada; são cumulativos, isto é, todos devem estar presentes
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apena- para que a condenada faça jus.
do for reincidente na prática de crime hediondo ou O § 4º cuida, especificamente, da revogação do
equiparado; benefício previsto no § 3º.
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apena-
do for reincidente em crime hediondo ou equipa- Art. 112 [...]
rado com resultado morte, vedado o livramento § 5º Não se considera hediondo ou equiparado,
condicional. para os fins deste artigo, o crime de tráfico
de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº
A LEP não veda a progressão de regime ao conde- 11.343, de 23 de agosto de 2006.
nado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
bem como para aquele condenado por exercer coman- Para os fins de progressão de regime, não se con-
do em organização criminosa ou crime de constitui- sidera como hediondo ou equiparado o tráfico de
ção de milícia privada. O que ocorre em tais situações drogas com redução de pena previsto no § 4º, art. 33
é o incremento na quantidade de pena a ser cumprida da Lei de Drogas (que, apesar de estar tecnicamente
antes de fazer jus ao benefício (o que aumenta ainda incorreto, é chamado de tráfico privilegiado). Ou seja,
mais no caso de reincidência). se for o caso desta espécie em particular de tráfico,
vão se aplicar as disposições relativas à progressão de
Art. 112 [...] regime sem que se considere tal delito como hediondo
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direi- ou equiparado (o que importaria em adotar critérios
to à progressão de regime se ostentar boa con-
mais rígidos para a obtenção da progressão).
duta carcerária, comprovada pelo diretor do
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam Art. 112 [...]
a progressão. § 6º O cometimento de falta grave durante a exe-
cução da pena privativa de liberdade interrompe
O comportamento do preso é acompanhado por o prazo para a obtenção da progressão no regime
meio de um prontuário no qual são feitas as anotações de cumprimento da pena, caso em que o reinício da
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

dos méritos e das faltas disciplinares. A boa conduta contagem do requisito objetivo terá como base a
carcerária é comprovada mediante a emissão de um pena remanescente.
atestado de comprovação de conduta, emitido pelo § 7º O bom comportamento é readquirido após
diretor da unidade prisional. 1 (um) ano da ocorrência do fato, ou antes, após o
cumprimento do requisito temporal exigível para a
Art. 112 [...]
obtenção do direito.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progres-
são de regime será sempre motivada e precedi-
da de manifestação do Ministério Público e do Por fim, no que diz respeito à progressão de regi-
defensor, procedimento que também será adotado me, os §§ 6º e 7º cuidam da interrupção do prazo para
na concessão de livramento condicional, indulto e obtenção da progressão, por cometimento de falta
comutação de penas, respeitados os prazos previs- grave por parte do condenado e da requisição do bom
tos nas normas vigentes. comportamento. 115
Autorizações de Saída z Não tem direito à saída o condenado por crime
hediondo com resultado morte. Atenção! Aqui,
Os arts. 120 ao 125 da LEP tratam de duas situações não é qualquer crime hediondo que faz perder o
distintas: a permissão de saída (arts. 120 e 121) e saída direito à saída prevista no art. 122 da LEP, mas,
temporária (arts. 122 ao 125). sim, a condenação por crime hediondo que tem
como resultado a morte. Por exemplo: homicí-
Permissão de Saída dio, art. 121 do CP quando praticado em atividade
típica de grupo de extermínio ou a lesão corporal
Art. 120 Os condenados que cumprem pena em seguida de morte, § 3º do art. 129, do CP, quando
regime fechado ou semiaberto e os presos provi- praticadas contra autoridade ou agente das forças
sórios poderão obter permissão para sair do esta- de segurança do Estado.
belecimento, mediante escolta, quando ocorrer um
dos seguintes fatos: Art. 123 A autorização será concedida por ato
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, com- motivado do Juiz da execução, ouvidos o Minis-
panheira, ascendente, descendente ou irmão; tério Público e a administração penitenciária e
II - necessidade de tratamento médico (parágra- dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
fo único do artigo 14). I - comportamento adequado;
Parágrafo único. A permissão de saída será conce- II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da
dida pelo diretor do estabelecimento onde se pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quar-
encontra o preso. to), se reincidente;
Art. 121 A permanência do preso fora do estabele- III - compatibilidade do benefício com os objeti-
cimento terá a duração necessária à finalidade vos da pena.
da saída.
Quem autoriza a saída temporária é o juiz da exe-
Em ambos os casos, falecimento ou doença grave cução, depois de ouvir o membro do MP e a adminis-
de familiar ou necessidade de tratamento médico, é tração penitenciária. Deve-se observar os seguintes
concedida pelo diretor a permissão de saída, que se dá requisitos:
mediante escolta. O prazo é o necessário para a reali-
zação do ato (por exemplo, pela duração do velório/ z O preso deve ter comportamento adequado;
sepultamento do familiar ou do procedimento médico). z Deve ter cumprido 1/6 da pena, se primário;
z Deve ter cumprido 1/4 da pena, se reincidente;
Saída Temporária z Deve ser a saída compatível com os objetivos da
pena: a pena, no Brasil, serve como forma de retri-
Aplica-se somente aos condenados em regime buição pela infração cometida, assim como para
semiaberto. prevenir novas ocorrências e para ressocializar
Atenção! Os arts. relativos à saída temporária e reeducar o preso. Liberar um preso que tenta
foram modificados recentemente pela Lei Anticrime constantemente fugir não é compatível com essa
(lembre-se que as bancas gostam de cobrar modifica- finalidade.
ções recém-feitas).
Art. 124 A autorização será concedida por prazo
não superior a 7 (sete) dias, podendo ser reno-
Art. 122 Os condenados que cumprem pena em
vada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
regime semiaberto poderão obter autorização
§ 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz impo-
para saída temporária do estabelecimento, sem
rá ao beneficiário as seguintes condições, entre
vigilância direta, nos seguintes casos:
outras que entender compatíveis com as cir-
I - visita à família;
cunstâncias do caso e a situação pessoal do
II - frequência a curso supletivo profissionalizan-
condenado:
te, bem como de instrução do 2º grau ou superior,
I - fornecimento do endereço onde reside a família a
na Comarca do Juízo da Execução;
ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante
III - participação em atividades que concorram
o gozo do benefício.
para o retorno ao convívio social.
II - recolhimento à residência visitada, no período
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede
noturno.
a utilização de equipamento de monitoração III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e
eletrônica pelo condenado, quando assim determi- estabelecimentos congêneres.
nar o juiz da execução. § 2º Quando se tratar de frequência a curso pro-
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que fissionalizante, de instrução de ensino médio ou
se refere o caput deste artigo o condenado que cum- superior, o tempo de saída será o necessário para o
pre pena por praticar crime hediondo com resul- cumprimento das atividades discentes.
tado morte. § 3º Nos demais casos, as autorizações de saída
somente poderão ser concedidas com prazo míni-
Alguns comentários importantes em relação ao mo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre
art. 122, da LEP: uma e outra.

z O condenado pode obter o direito para visitar a O prazo máximo da saída temporária é de 7 dias,
família ou frequentar curso; podendo ser renovada por mais 4 vezes durante o ano
z Ao contrário da permissão de saída, a saída tem- (com intervalo mínimo de 45 dias). Se for para estudar,
porária é feita sem vigilância direta (sem escolta) o tempo de saída é o necessário para cumprir o curso.
mas, caso o juiz determine, pode ser feito uso de O beneficiário deve cumprir as seguintes condições:
equipamento e monitoração eletrônica (a famosa
116 tornozeleira); z Fornecer endereço onde poderá ser encontrado;
z Deve recolher-se à noite; Vale destacar as atividades de estudo podem ser
z Não pode frequentar determinados lugares. realizadas tanto de forma presencial quanto à distân-
cia (em todos os níveis, inclusive no ensino profissio-
Art. 125 O benefício será automaticamente revo- nalizante ou de requalificação profissional).
gado quando o condenado praticar fato definido É possível cumular o trabalho com o estudo, desde
como crime doloso, for punido por falta grave, que os horários sejam compatíveis (§ 3º, do art. 126).
desatender as condições impostas na autoriza- De acordo com o § 7º, do art. 126, o preso provi-
ção ou revelar baixo grau de aproveitamento do
sório tem o direito de remir a pena e terá os dias
curso.
descontados caso seja condenado.
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída
temporária dependerá da absolvição no processo Vale, ainda, mencionar que, para que surta efeito,
penal, do cancelamento da punição disciplinar ou a remição deve ser reconhecida por decisão judicial,
da demonstração do merecimento do condenado. não servindo a mera comprovação documental do
estudo e/ou trabalho para que se garanta o desconto
Remição de Pena de pena (§ 8º, art. 126).

Art. 126 O condenado que cumpre a pena em regi- Art. 127 Em caso de falta grave, o juiz poderá
me fechado ou semiaberto poderá remir, por revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
trabalho ou por estudo, parte do tempo de exe- observado o disposto no art. 57, recomeçando a
cução da pena. contagem a partir da data da infração disciplinar.
§ 1º A contagem de tempo referida no caput será
feita à razão de: Apurada falta grave por parte do preso, o juiz pode
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de revogar até 1/3 do tempo remido.
frequência escolar - atividade de ensino fundamen-
tal, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, Art. 128 O tempo remido será computado como
ou ainda de requalificação profissional - divididas, pena cumprida, para todos os efeitos.
no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº Art. 129 A autoridade administrativa encaminha-
12.433, de 2011) rá mensalmente ao juízo da execução cópia do
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de registro de todos os condenados que estejam traba-
trabalho.
lhando ou estudando, com informação dos dias de
§ 2º As atividades de estudo a que se refere o § 1º
trabalho ou das horas de frequência escolar ou de
deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma
atividades de ensino de cada um deles.
presencial ou por metodologia de ensino a dis-
§ 1º O condenado autorizado a estudar fora do esta-
tância e deverão ser certificadas pelas autoridades
belecimento penal deverá comprovar mensalmente,
educacionais competentes dos cursos frequentados.
por meio de declaração da respectiva unidade de
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de remição,
ensino, a frequência e o aproveitamento escolar.
as horas diárias de trabalho e de estudo serão defi-
nidas de forma a se compatibilizarem § 2º Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias
§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, de pros- remidos.
seguir no trabalho ou nos estudos continuará a Art. 130 Constitui o crime do artigo 299 do Códi-
beneficiar-se com a remição. go Penal declarar ou atestar falsamente prestação
§ 5º O tempo a remir em função das horas de estu- de serviço para fim de instruir pedido de remição.
do será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de
conclusão do ensino fundamental, médio ou supe- Declarar ou atestar falsamente, para fins de remi-
rior durante o cumprimento da pena, desde que ção, que o preso prestou serviços, configura o crime
certificada pelo órgão competente do sistema de de falsidade ideológica.
educação.
§ 6º O condenado que cumpre pena em regime aber- Livramento Condicional
to ou semiaberto e o que usufrui liberdade condi-
cional poderão remir, pela frequência a curso de Entre os arts. 131 ao 146, a LEP apresenta disposi-
ensino regular ou de educação profissional, parte
ções relativas ao livramento condicional.
do tempo de execução da pena ou do período de
O livramento (ou liberdade) condicional é um
prova, observado o disposto no inciso I do § 1º des-
te artigo. benefício concedido ao condenado que permite o
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses cumprimento da pena em liberdade. É outro instituto
de prisão cautelar. que foi modificado pela lei 13.964/19 (Lei Anticrime).
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da exe-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. Art. 131 O livramento condicional poderá ser
concedido pelo Juiz da execução, presentes os
A remição é a diminuição do tempo de cumpri- requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único,
mento da pena do preso por trabalho ou por estudo. do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e
Atenção! Não confunda remição com remissão. Conselho Penitenciário.
Remição consiste no perdão oneroso, obtido por meio
de alguma contrapartida, como o estudo ou trabalho; Vale uma leitura do art. 83, do CP, no qual constam
remissão, por sua vez, é o perdão por compaixão. os requisitos objetivos e subjetivos para a concessão
Aplica-se ao condenado que cumpre pena em do livramento condicional, sobretudo após as altera-
regime fechado ou semiaberto. A cada três dias tra- ções no que diz respeito aos requisitos de ordem sub-
balhados ou a cada 12 horas de frequência escolar jetiva, realizadas pela Lei Anticrime.
(divididas em no mínimo 3 dias), o condenado tem Resumidamente, os requisitos para a concessão do
direito a diminuir um dia de sua pena. livramento são: 117
z Requisitos objetivos: pena igual ou superior a 2 Vale observar que o livramento condicional
anos; ter cumprido mais de 1/3, se primário, mais somente surte efeito se o preso aceitar as condições
da 1/2, se reincidente em crime doloso ou mais de impostas.
2/3, se condenado por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de drogas, tráfico de pessoas Art. 138 Ao sair o liberado do estabelecimento
e terrorismo (se não for reincidente específico em penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu
crimes desta natureza); pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta,
z Requisitos subjetivos: bom comportamento duran- que exibirá à autoridade judiciária ou administra-
te a execução da pena; não cometimento de falta tiva, sempre que lhe for exigida.
grave nos últimos 12 meses; bom desempenho no § 1º A caderneta conterá:
trabalho a que lhe foi atribuído; aptidão para pro- a) a identificação do liberado;
ver a própria subsistência por meio de trabalho b) o texto impresso do presente Capítulo;
honesto; reparação do dano, salvo efetiva impos- c) as condições impostas.
sibilidade de fazê-la; e, no caso de crime doloso, § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao libe-
cometido com violência ou grave ameaça, deverá rado um salvo-conduto, em que constem as con-
dições do livramento, podendo substituir-se a ficha
ser constatado que as condições pessoais façam
de identificação ou o seu retrato pela descrição dos
presumir que o liberado não voltará a delinquir.
sinais que possam identificá-lo.
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
Art. 132 Deferido o pedido, o Juiz especificará as espaço para consignar-se o cumprimento das con-
condições a que fica subordinado o livramento. dições referidas no artigo 132 desta Lei.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicio-
Art. 139 A observação cautelar e a proteção rea-
nal as obrigações seguintes:
lizadas por serviço social penitenciário, Patronato
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável
ou Conselho da Comunidade terão a finalidade de:
se for apto para o trabalho;
I - fazer observar o cumprimento das condições
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
especificadas na sentença concessiva do benefício;
c) não mudar do território da comarca do Juízo
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execu-
da execução, sem prévia autorização deste.
ção de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado con-
de atividade laborativa.
dicional, entre outras obrigações, as seguintes:
Parágrafo único. A entidade encarregada da obser-
a) não mudar de residência sem comunicação ao
vação cautelar e da proteção do liberado apre-
Juiz e à autoridade incumbida da observação cau-
sentará relatório ao Conselho Penitenciário, para
telar e de proteção;
efeito da representação prevista nos artigos 143 e
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não freqüentar determinados lugares. 144 desta Lei.
d) (Vetado).
Art. 133 Se for permitido ao liberado residir fora No ato da liberação é entregue ao liberado o saldo
da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á do pecúlio (saldo dos valores que tenha percebido tra-
cópia da sentença do livramento ao Juízo do lugar balhando), seus pertences e uma caderneta, que é o
para onde ele se houver transferido e à autoridade documento competente para comprovar sua situação
incumbida da observação cautelar e de proteção. perante as autoridades (caso não esteja disponível a
Art. 134 O liberado será advertido da obrigação de caderneta é entregue um salvo-conduto, com a mes-
apresentar-se imediatamente às autoridades referi- ma função).
das no artigo anterior.
Art. 140 A revogação do livramento condicional
Observe que o art. 132 estabelece as condições às dar-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87
quais o liberado fica sujeito: algumas serão sempre do Código Penal.
aplicadas a todos os liberados (§ 1º) e outras podem Parágrafo único. Mantido o livramento condicio-
ser aplicadas, dependendo do caso (§ 2º). Atenção nal, na hipótese da revogação facultativa, o Juiz
para não confundir a letra “c” do §1º (não mudar do deverá advertir o liberado ou agravar as condições.
território da comarca; pode mudar de residência, des- Art. 141 Se a revogação for motivada por infração
de que dentro da comarca) com a letra “a”, do § 2º penal anterior à vigência do livramento, computar-
(não mudar de residência). -se-á como tempo de cumprimento da pena o perío-
do de prova, sendo permitida, para a concessão de
Art. 137 A cerimônia do livramento condicional novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas)
será realizada solenemente no dia marcado pelo penas.
Presidente do Conselho Penitenciário, no estabele- Art. 142 No caso de revogação por outro motivo,
cimento onde está sendo cumprida a pena, obser- não se computará na pena o tempo em que esteve
vando-se o seguinte: solto o liberado, e tampouco se concederá, em rela-
I - a sentença será lida ao liberando, na presença ção à mesma pena, novo livramento.
dos demais condenados, pelo Presidente do Conse- Art. 143 A revogação será decretada a requeri-
lho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, mento do Ministério Público, mediante repre-
na falta, pelo Juiz; sentação do Conselho Penitenciário, ou, de
II - a autoridade administrativa chamará a atenção ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
do liberando para as condições impostas na senten- Art. 144 O Juiz, de ofício, a requerimento do Minis-
ça de livramento; tério Público, da Defensoria Pública ou mediante
III - o liberando declarará se aceita as condições. representação do Conselho Penitenciário, e ouvido
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo o liberado, poderá modificar as condições especifi-
subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo libe- cadas na sentença, devendo o respectivo ato decisó-
rando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não rio ser lido ao liberado por uma das autoridades ou
puder escrever. funcionários indicados no inciso I do caput do art.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e
118 da execução. III e §§ 1ºe 2º do mesmo artigo.
Art. 145 Praticada pelo liberado outra infração penal, As penas restritivas de direito normalmente têm
o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conse- caráter substitutivo, isto é, são aplicadas em substitui-
lho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo ção às penas privativas de liberdade; há exceção, no
o curso do livramento condicional, cuja revogação, entanto, como no caso de condenação pelo art. 28 da
entretanto, ficará dependendo da decisão final. Lei de Drogas (art. 28, da Lei nº 11.343/06).
Art. 146 O Juiz, de ofício, a requerimento do interes-
sado, do Ministério Público ou mediante represen- Disposições Gerais
tação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a
pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do Art. 147 Transitada em julgado a sentença que
livramento sem revogação. aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da
execução, de ofício ou a requerimento do Ministé-
A revogação do livramento provisório se dá nos rio Público, promoverá a execução, podendo, para
casos previstos no Código Penal, sendo decreta pelo tanto, requisitar, quando necessário, a colabo-
juiz, de ofício ou após ter sido provocado pelo Minis- ração de entidades públicas ou solicitá-la a
tério Público. particulares.

Monitoração Eletrônica O início da execução da pena restritiva de direi-


tos é determinado pelo juiz da execução. Nem sempre
existem lugares públicos disponíveis para o cumpri-
Os arts. 146-B e 146-D tratam, respetivamente, das
mento dessas penas (como, por exemplo, fóruns, pre-
hipóteses de cabimento da monitoração eletrônica e
feituras, hospitais públicos etc.); na indisponibilidade
de sua revogação:
de tais lugares, é muito comum que se firmar acordo
com particulares, tais como asilos, onde os sentencia-
Art. 146-B O juiz poderá definir a fiscalização por
dos podem prestar os serviços à comunidade.
meio da monitoração eletrônica quando:
I - (VETADO);
Art. 148 Em qualquer fase da execução, pode-
II - autorizar a saída temporária no regime
rá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma de
semiaberto;
cumprimento das penas de prestação de serviços
III - (VETADO); à comunidade e de limitação de fim de semana,
IV - determinar a prisão domiciliar; ajustando-as às condições pessoais do condenado
V - (VETADO); e às características do estabelecimento, da entida-
Parágrafo único. (VETADO). de ou do programa comunitário ou estatal.

Note que a lei fala na possibilidade do monito- Os ajustes são muito comuns para não atrapalhar
ramento eletrônico, não em uma obrigação. Seu uso os horários de trabalho e de estudo do condenado,
deve ser avaliado caso a caso. uma vez que a prestação de serviço é uma pena sem
A monitoração pode ocorrer em duas situações; remuneração, conforme se nota do que dispõe o art.
149.

Saída temporária Prestação de Serviços à Comunidade

Monitoração A pena de Prestação de Serviços à Comunidade


Eletrônica consiste na atribuição de tarefas sem remuneração ao
condenado, a ser cumprida em entidades públicas ou
Prisão domiciliar privadas, tais como escolas, hospitais, asilos, prefeitu-
ras etc.

Art. 149 Caberá ao Juiz da execução:


A monitoração eletrônica pode ser revogada nas
I - designar a entidade ou programa comunitário
hipóteses do art. 146-D, da LEP: ou estatal, devidamente credenciado ou convencio-
nado, junto ao qual o condenado deverá trabalhar
Art. 146-D A monitoração eletrônica poderá ser gratuitamente, de acordo com as suas aptidões;
revogada II - determinar a intimação do condenado,
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; cientificando-o da entidade, dias e horário em que
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a deverá cumprir a pena;
que estiver sujeito durante a sua vigência ou come- III - alterar a forma de execução, a fim de ajus-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ter falta grave. tá-la às modificações ocorridas na jornada de


trabalho.
São alguns exemplos de faltas graves, segundo o § 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas
artigo 50 da LEP: participar de movimentos para sub- semanais e será realizado aos sábados, domin-
verter a ordem, fugir, possuir instrumentos capazes gos e feriados, ou em dias úteis, de modo a não
prejudicar a jornada normal de trabalho, nos
de atentar contra a integridade física de terceiros etc.
horários estabelecidos pelo Juiz.
§ 2º A execução terá início a partir da data do pri-
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS meiro comparecimento.

Entre os arts. 147 e 155, da LEP, encontram-se as


Dica
disposições relativas às penas restritivas de direitos:
prestação de serviços à comunidade; limitação de fim As horas de serviços à comunidade são sema-
de semana; e interdição temporária de direitos. nais e, não, diárias (§ 1º, do art. 148). 119
Art. 150 A entidade beneficiada com a prestação Art. 154 Caberá ao Juiz da execução comunicar
de serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da à autoridade competente a pena aplicada, deter-
execução, relatório circunstanciado das ativi- minada a intimação do condenado.
dades do condenado, bem como, a qualquer tempo, § 1º Na hipótese de pena de interdição do arti-
comunicação sobre ausência ou falta disciplinar. go 47, inciso I, do Código Penal, a autoridade
deverá, em 24 (vinte e quatro) horas, contadas do
recebimento do ofício, baixar ato, a partir do qual
A entidade onde o condenado presta seu serviço
a execução terá seu início.
comunitário é responsável por encaminhar relatório § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do
mensal com todas as circunstâncias que envolvem o Código Penal, o Juízo da execução determinará
cumprimento da pena. Lembre-se de que a fiscaliza- a apreensão dos documentos, que autorizam o
ção do cumprimento dessas penas cabe ao Patronato exercício do direito interditado.
(art. 79, LEP) e, também, ao Ministério Público (67, da Art. 155 A autoridade deverá comunicar ime-
LEP). diatamente ao Juiz da execução o descumpri-
mento da pena.
Da Limitação de Fim de Semana Parágrafo único. A comunicação prevista neste
artigo poderá ser feita por qualquer prejudicado.
A Limitação de Fim de Semana, conforme o art. 48,
De acordo com o art. 155, o descumprimento da
do Código Penal, consiste na obrigação de permanecer,
pena de interdição temporária deve ser feito pela
aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias,
autoridade administrativa ou, ainda, pode ser feito
em casa de albergado ou outro estabelecimento ade- por qualquer prejudicado (pela vítima do crime, por
quado, oportunidade em que podem ser ministrados exemplo).
aos condenados cursos, palestras ou outras atividades
educativas. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL

Art. 151 Caberá ao Juiz da execução determinar Os arts. 156 ao 163, da LEP, tratam da suspensão
a intimação do condenado, cientificando-o do condicional da pena.
local, dias e horário em que deverá cumprir a pena. A suspensão condicional da pena, também conhe-
Parágrafo único. A execução terá início a partir da cida como sursis, é um benefício concedido ao
data do primeiro comparecimento. sentenciado a pena privativa de liberdade que,
Art. 152 Poderão ser ministrados ao con- mediante o cumprimento de certas condições, tem a
denado, durante o tempo de permanência, execução de sua pena suspensa por um período de 2 a
cursos e palestras, ou atribuídas atividades 4 anos (chamado de período de prova). Findo o perío-
educativas. do de prova sem que tenha havido a revogação do
Parágrafo único. Nos casos de violência domés- benefício, o condenado tem sua punibilidade extinta.
tica contra a mulher, o juiz poderá determinar
o comparecimento obrigatório do agressor a pro-
Art. 156 O Juiz poderá suspender, pelo período de
gramas de recuperação e reeducação. 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena
Art. 153 O estabelecimento designado encami- privativa de liberdade, não superior a 2 (dois)
nhará, mensalmente, ao Juiz da execução, relató- anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do Códi-
rio, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a go Penal.
ausência ou falta disciplinar do condenado.
Os requisitos da suspensão condicional da pena
A Limitação de Fim de Semana deve ser cumprida estão nos arts. 77 a 82 do CP: o condenado não pode ser
na casa do albergado (veja o art. 93, da LEP). No entan- reincidente em crime doloso; deve ter elementos tais
to, conforme já comentado anteriormente, na ausên- como a culpabilidade, antecedentes, conduta social e
cia de tais lugares (que é a regra) o condenado acaba personalidade que permitam a concessão do benefí-
cumprindo a pena em sua residência. cio e, por último, que não seja cabível a substituição
A fiscalização do cumprimento desta pena tam- da privativa de liberdade por restritiva de direitos (se
bém cabe ao Patronato (art. 79, LEP) e ao Ministério for possível, faz-se a substituição).
Público (art. 67, da LEP).
Art. 157 O Juiz ou Tribunal, na sentença que
Da Interdição Temporária de Direitos aplicar pena privativa de liberdade, na situação
determinada no artigo anterior, deverá pronun-
ciar-se, motivadamente, sobre a suspensão
As penas de Interdição Temporária de Direitos, nos condicional, quer a conceda, quer a denegue.
termos do art. 47, do CP são:
Quando da sentença condenatória a pena privativa
Art. 47 As penas de interdição temporária de direi- de liberdade, o juiz ou Tribunal deve obrigatoriamen-
tos são: te dizer se concede ou não a suspensão condicional.
I - proibição do exercício de cargo, função ou ativi-
dade pública, bem como de mandato eletivo; Art. 158 Concedida a suspensão, o Juiz especificará
II - proibição do exercício de profissão, atividade as condições a que fica sujeito o condenado, pelo
ou ofício que dependam de habilitação especial, de prazo fixado, começando este a correr da audiên-
licença ou autorização do poder público; cia prevista no artigo 160 desta Lei.
III - suspensão de autorização ou de habilitação § 1° As condições serão adequadas ao fato e à
para dirigir veículo. situação pessoal do condenado, devendo ser
IV – proibição de freqüentar determinados lugares. incluída entre as mesmas a de prestar serviços
V - proibição de inscrever-se em concurso, avalia- à comunidade, ou limitação de fim de semana,
120 ção ou exame públicos. salvo hipótese do artigo 78, § 2º, do Código Penal.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a Art. 160 Transitada em julgado a sentença conde-
requerimento do Ministério Público ou mediante natória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência,
proposta do Conselho Penitenciário, modificar as advertindo-o das conseqüências de nova infração
condições e regras estabelecidas na sentença, ouvi- penal e do descumprimento das condições impostas.
do o condenado. Art. 161 Se, intimado pessoalmente ou por edital
com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer
Durante o prazo de suspensão, o beneficiado fica injustificadamente à audiência admonitória, a
obrigado a cumprir uma série de condições, nos ter- suspensão ficará sem efeito e será executada ime-
mos do art. 78, do CP: no primeiro ano do período de diatamente a pena.
prova, deve prestar serviços à comunidade ou cumprir
a limitação de fim de semana. Caso o condenado tenha O beneficiário do sursis toma conhecimento das
reparado o dano (salvo a impossibilidade de fazê-lo) e condições a que fica sujeito em uma audiência deno-
se as circunstâncias judiciais forem favoráveis (art. 59, minada admonitória (“de advertência”). Caso não
do CP), o juiz pode substituir essa exigência pelas con- compareça sem que apresente justificativa, o benefí-
dições a serem cumpridas de forma cumulativa: proi- cio é tornado sem efeito.
bição de frequentar determinados lugares; proibição
de ausentar-se da comarca onde reside, sem a autori- Art. 162 A revogação da suspensão condicional da
zação do juiz; e comparecimento pessoal e obrigatório pena e a prorrogação do período de prova dar-se-
a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas -ão na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos
atividades; além destas, o juiz pode determinar outras do Código Penal.
que entender necessárias.
O caput do art. 158 refere-se à audiência prevista A revogação da suspensão pode ser:
no art. 160, da LEP: trata-se da audiência admonitória,
na qual o juiz adverte ao condenado as consequências z Obrigatória (incisos I a III, do art. 81, do CP) quan-
da prática de nova infração penal bem como do des- do o beneficiado é condenado de forma definitiva
cumprimento das condições impostas. por crime doloso; quando, embora com condições,
não paga a pena de multa ou não repara o dano;
Art. 158 [...] ou quando descumpre as condições estabelecidas
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, para o primeiro ano do prazo (prestação de servi-
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Fede- ços ou limitação de fim de semana);
ral por normas supletivas, será atribuída a serviço z Facultativa (§ 1º, do art. 81, do CP): quando o bene-
social penitenciário, Patronato, Conselho da
ficiado descumpre qualquer outra condição ou é
Comunidade ou instituição beneficiada com a
irrecorrivelmente condenado por crime culposo
prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho
Penitenciário, pelo Ministério Público, ou ambos, ou por contravenção, a pena privativa de liberda-
devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta de ou restritiva de direitos.
das normas supletivas.
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodica- A prorrogação do período de prova (§ 2º, do art.
mente à entidade fiscalizadora, para compro- 81, do CP), por sua vez, ocorre enquanto o beneficiá-
var a observância das condições a que está rio estiver sendo processado por outro crime ou con-
sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os travenção; ou quando a revogação for facultativa, o
salários ou proventos de que vive. juiz, ao invés de decretá-la, resolve estender o período
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comuni- de prova ao máximo (caso já não houvesse fixado no
car imediatamente ao órgão de inspeção, para os máximo anteriormente).
fins legais, qualquer fato capaz de acarretar a
revogação do benefício, a prorrogação do pra-
Art. 163 A sentença condenatória será registrada,
zo ou a modificação das condições.
com a nota de suspensão em livro especial do Juízo
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
a que couber a execução da pena.
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será
do local da nova residência, aos quais o primeiro
o fato averbado à margem do registro.
deverá apresentar-se imediatamente.
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo
Art. 159 Quando a suspensão condicional da pena
para efeito de informações requisitadas por órgão
for concedida por Tribunal, a este caberá esta-
belecer as condições do benefício. judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribu- processo penal.
nal modificar as condições estabelecidas na senten-
ça recorrida. DA PENA DE MULTA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicio-


nal da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo A pena de multa consiste na sanção penal de natu-
da execução a incumbência de estabelecer as reza patrimonial (prevista no art. 49 e seguintes do
condições do benefício, e, em qualquer caso, a de CP). Consiste no pagamento ao fundo penitenciário de
realizar a audiência admonitória. quantia fixada na sentença, que é calculada em dias-
-multa (entre 10 e 360).
O art. 159 estabelece as normas relativas à suspen-
são condicional, quando ela for concedida diretamen- Art. 164 Extraída certidão da sentença condenató-
te por Tribunal. Veja que quem estabelece a suspensão ria com trânsito em julgado, que valerá como título
condicional é o juiz da sentença; no entanto, no caso executivo judicial, o Ministério Público requererá,
de ser concedido o sursis por Tribunal, este pode dele- em autos apartados, a citação do condenado para,
gar ao juiz da execução o estabelecimento da suspen- no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou
são (por ter este melhores condições de fazê-lo). nomear bens à penhora. 121
§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da mul- Da mesma forma como é feita na execução da
ta, ou o depósito da respectiva importância, proce- pena privativa de liberdade, na execução medida de
der-se-á à penhora de tantos bens quantos bastem segurança é necessária a expedição de guia, sendo
para garantir a execução. proibida a internação ou submissão a tratamento sem
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior exe- a guia expedida pelo juiz.
cução seguirão o que dispuser a lei processual civil.
Art. 173 A guia de internamento ou de tratamento
O Ministério Público é o principal legitimado para ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubri-
executar a cobrança das multas fixadas em senten- cará em todas as folhas e a subscreverá com o Juiz,
ças penais condenatórias; a Procuradoria da Fazenda será remetida à autoridade administrativa incum-
Pública somente pode fazer tal cobrança caso o MP bida da execução e conterá:
fique inerte (este é o entendimento do STF, conforme I - a qualificação do agente e o número do registro
consta na ADIn 3.150 e na 12ª questão de ordem na AP geral do órgão oficial de identificação;
470, firmado em dezembro de 2018). II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que
tiver aplicado a medida de segurança, bem como a
Art. 165 Se a penhora recair em bem imóvel, os certidão do trânsito em julgado;
autos apartados serão remetidos ao Juízo Cível III - a data em que terminará o prazo mínimo de
para prosseguimento. internação, ou do tratamento ambulatorial;
Art. 166 Recaindo a penhora em outros bens, dar- IV - outras peças do processo reputadas indispen-
-se-á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo sáveis ao adequado tratamento ou internamento.
164, desta Lei. § 1º Ao Ministério Público será dada ciência da guia
Art. 167 A execução da pena de multa será suspen- de recolhimento e de sujeição a tratamento.
sa quando sobrevier ao condenado doença mental § 2º A guia será retificada sempre que sobrevier
(artigo 52 do Código Penal). modificações quanto ao prazo de execução.
Art. 168 O Juiz poderá determinar que a cobrança
da multa se efetue mediante desconto no vencimen- O art. 173 guarda similaridade com o art. 106, da
to ou salário do condenado, nas hipóteses do artigo LEP, valendo os mesmos comentários feitos para o
50, § 1º, do Código Penal, observando-se o seguinte: referido artigo.
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quar-
ta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo; Art. 174 Aplicar-se-á, na execução da medida de
II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a segurança, naquilo que couber, o disposto nos arti-
quem de direito; gos 8° e 9° desta Lei.
III - o responsável pelo desconto será intimado a
recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a Os arts. 8º e 9º, da LEP, referem-se ao exame
importância determinada. criminológico.
Art. 169 Até o término do prazo a que se refere o
artigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer Cessão da Periculosidade
ao Juiz o pagamento da multa em prestações men-
sais, iguais e sucessivas.
Art. 175 A cessação da periculosidade será
§ 1º O Juiz, antes de decidir, poderá determinar dili-
averiguada no fim do prazo mínimo de dura-
gências para verificar a real situação econômica do
ção da medida de segurança, pelo exame das
condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o
condições pessoais do agente, observando-se o
número de prestações. seguinte:
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês
de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a reque- antes de expirar o prazo de duração mínima da
rimento do Ministério Público, revogará o benefício medida, remeterá ao Juiz minucioso relatório
executando-se a multa, na forma prevista neste Capí- que o habilite a resolver sobre a revogação ou per-
tulo, ou prosseguindo-se na execução já iniciada. manência da medida;
Art. 170 Quando a pena de multa for aplicada II - o relatório será instruído com o laudo
cumulativamente com pena privativa da liberda- psiquiátrico;
de, enquanto esta estiver sendo executada, poderá III - juntado aos autos o relatório ou realizadas
aquela ser cobrada mediante desconto na remune- as diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o
ração do condenado (artigo 168). Ministério Público e o curador ou defensor, no
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de prazo de 3 (três) dias para cada um;
liberdade ou obtiver livramento condicional, sem IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o
haver resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos agente que não o tiver;
termos deste Capítulo. V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior das partes, poderá determinar novas diligências,
aos casos em que for concedida a suspensão condi- ainda que expirado o prazo de duração mínima da
cional da pena. medida de segurança;
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA a que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a
sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 171 Transitada em julgado a sentença que apli- Art. 176 Em qualquer tempo, ainda no decorrer
car medida de segurança, será ordenada a expedi- do prazo mínimo de duração da medida de segu-
ção de guia para a execução. rança, poderá o Juiz da execução, diante de reque-
Art. 172 Ninguém será internado em Hospital de rimento fundamentado do Ministério Público
Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido ou do interessado, seu procurador ou defen-
a tratamento ambulatorial, para cumprimento sor, ordenar o exame para que se verifique a ces-
de medida de segurança, sem a guia expedida sação da periculosidade, procedendo-se nos termos
122 pela autoridade judiciária. do artigo anterior.
Art. 177 Nos exames sucessivos para verificar-se a Na verdade, tanto o indulto quanto a comutação
cessação da periculosidade, observar-se-á, no que fazem parte de uma política criminal que tem por
lhes for aplicável, o disposto no artigo anterior. finalidade diminuir a superlotação carcerária.
Art. 178 Nas hipóteses de desinternação ou de libe- Vale lembrar que crimes hediondos ou equipara-
ração (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á
dos não permitem a concessão nem de indulto nem
o disposto nos artigos 132 e 133 desta Lei.
Art. 179 Transitada em julgado a sentença, o de comutação.
Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a O indulto possui várias modalidades, entre as
liberação. quais pode-se destacar o indulto comum; o indulto
etário (leva em conta a idade avançada do preso); o
A medida de segurança, vale lembrar, se aplica ao indulto assistencial (concedido no caso de o preso pos-
indivíduo que, por ser portador de doença mental, suir filhos que necessitem do apenado para manter
não pode ser considerado responsável penalmente sua subsistência); indulto humanitário (para aqueles
por seus atos, devendo receber tratamento (interna- com graves problemas de saúde), entre outros.
ção em Hospital de Custódia ou tratamento ambula- O indulto pode ser concedido de forma individual
torial) a fim de curá-lo ou torna-lo apto a viver em ou de forma coletiva
sociedade sem voltar a cometer novas infrações. A LEP trata do indulto nos arts. 188 ao 193.
Nos termos do § 1º, do art. 97, do CP, o prazo míni-
mo da medida de segurança imposta é de 1 a 3 anos; Indulto Individual
não há prazo máximo, mas, no entanto, a medida não
pode ultrapassar o prazo previsto no art. 75, do CP (40 Art. 188 O indulto individual poderá ser provo-
anos). cado por petição do condenado, por iniciativa do
Os arts. 175 ao 179 cuidam da cessação de pericu- Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou
losidade, isto é, da hipótese, comprovada por perícia da autoridade administrativa.
médica, de que o interno não está mais doente ou que Art. 189 A petição do indulto, acompanhada dos
não vai mais voltar a delinquir. documentos que a instruírem, será entregue ao
Conselho Penitenciário, para a elaboração de
DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO parecer e posterior encaminhamento ao Minis-
tério da Justiça.
Os arts. 180 a 197 tratam de determinados inciden- Art. 190 O Conselho Penitenciário, à vista dos autos
tes que podem ocorrer durante a execução da pena. do processo e do prontuário, promoverá as diligên-
cias que entender necessárias e fará, em relatório,
Comutação a narração do ilícito penal e dos fundamentos da
sentença condenatória, a exposição dos anteceden-
A comutação é outra espécie de benefício e consis- tes do condenado e do procedimento deste depois
te na substituição de uma pena mais grave por uma da prisão, emitindo seu parecer sobre o mérito do
pena mais leve, estando condicionado, entre outros pedido e esclarecendo qualquer formalidade ou cir-
fatores, ao não cometimento de falta grave e ao fato de cunstâncias omitidas na petição.
o beneficiado não estar sendo processado, quando da Art. 191 Processada no Ministério da Justiça
concessão, por outro crime praticado com violência com documentos e o relatório do Conselho Peni-
contra a pessoa ou outros crimes para os quais não se tenciário, a petição será submetida a despacho do
concede indulto. Presidente da República, a quem serão presentes
os autos do processo ou a certidão de qualquer de
Dica suas peças, se ele o determinar.
Art. 192 Concedido o indulto e anexada aos autos
A comutação pode se dar por sentença ou por cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou
meio de Decreto. ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
de comutação.
A LEP menciona a comutação em três dispositivos:
O indulto individual, via de regra, deve ser solici-
z No art. 70 ao mencionar que cabe ao Conselho tado pelo condenado ou por iniciativa do Ministério
Penitenciário emitir parecer sobre a comutação;
Público, do Conselho Penitenciário o da autoridade
z No §2º do art. 112, ao estabelecer que a comutação
administrativa; no entanto, o Presidente da República
segue idêntico procedimento estabelecido para a
pode concedê-lo de forma espontânea.
concessão de livramento condicional e de indulto; e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

z No art. 192, que dispõe sobre o ajuste na execução,


no caso de comutação. Indulto Coletivo

Indulto Art. 193 Se o sentenciado for beneficiado por indul-


to coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do inte-
ressado, do Ministério Público, ou por iniciativa do
Ao contrário da comutação, que é uma redução de
Conselho Penitenciário ou da autoridade adminis-
pena (transformação da privativa de liberdade em outra,
trativa, providenciará de acordo com o disposto no
de menor quantidade ou de diferente qualidade), o indul-
artigo anterior.
to é um benefício que consiste no perdão da pena.
Para ser beneficiado, o apenado deve cumprir cer-
tos requisitos que são estabelecidos em Decreto emi- O indulto coletivo, por sua vez, não se procede a
tido pelo Presidente da República (normalmente, no pedido, mas sim se origina da própria Presidência da
mesmo Decreto são concedidos indultos e comutações). República. 123
Dica De acordo com a Constituição Federal de 1988,
temos que:
Existe, ainda outro benefício, denominado anis-
tia, e tratado pelo art. 187, da LEP. Uma das
CFRB/1988
diferenças é que a anistia somente pode ser con-
cedida por meio de Lei.
Art. 144 A segurança pública, dever do Estado,
DISPOSIÇÕES FINAIS direito e responsabilidade de todos, é exercida para
a preservação da ordem pública e da incolumi-
Os arts. 198 ao 204, da LEP, apresentam algumas dade das pessoas e do patrimônio, através dos
disposições finais e transitórias. seguintes órgãos:
Em relação a estes, cabe tratar de três dispositivos I - polícia federal;
da LEP que são de interesse da atividade policial: II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
Art. 198 É defesa ao integrante dos órgãos da IV - polícias civis;
execução penal, e ao servidor, a divulgação de
V - polícias militares e corpos de bombeiros
ocorrência que perturbe a segurança e a disci-
plina dos estabelecimentos, bem como exponha o militares.
preso à inconveniente notoriedade, durante o cum- VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
primento da pena.
Em 2019, por meio da Emenda Constitucional nº
O art. 198 da LEP trata da proteção da imagem do 104/2019, houve a inserção do inciso VI no art. 144,
preso, que não pode ser exposto ao sensacionalismo por prevendo que as polícias penais, tanto de nível
órgão ou servidores que exerçam funções de custódia.
federal quanto estadual e distrital, também compo-
Art. 199 O emprego de algemas será disciplinado riam os órgãos de segurança pública.
por decreto federal. No mesmo sentido do art. 144 da Constituição
Federal, o art. 2º da Lei 13.675/18 também resguarda a
O Decreto nº 8.858/16 regula o uso de algemas em segurança pública como um dever do Estado e respon-
seus arts. 2º e 3º da seguinte forma: sabilidade de todos. Vejamos:
Decreto nº 8.858/16
Art. 2º É permitido o emprego de algemas apenas Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e res-
em casos de resistência e de fundado receio de fuga ponsabilidade de todos, compreendendo a União,
ou de perigo à integridade física própria ou alheia, os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios, no
causado pelo preso ou por terceiros, justificada a âmbito das competências e atribuições legais de
sua excepcionalidade por escrito. cada um.
Art. 3º É vedado emprego de algemas em mulheres
presas em qualquer unidade do sistema penitenciá-
rio nacional durante o trabalho de parto, no trajeto POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E
da parturiente entre a unidade prisional e a unida- DEFESA SOCIAL (PNSPDS)
de hospitalar e após o parto, durante o período em
que se encontrar hospitalizada. O estabelecimento da Política Nacional de Segu-
rança Pública e Defesa Social (PNSPDS) é de res-
Por fim, o art. 202 da LEP traz outra disposição
ponsabilidade da União e caberá aos Estados, DF e
para proteger a imagem do condenado:
Municípios estabelecer suas respectivas políticas. A
Art. 202 Cumprida ou extinta a pena, não cons- Lei nº 13.675/18 enumera como princípios da PNSPDS:
tarão da folha corrida, atestados ou certidões for-
necidas por autoridade policial ou por auxiliares Art. 4º São princípios da PNSPDS:
da Justiça, qualquer notícia ou referência à conde- I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e
nação, salvo para instruir processo pela prá- garantias individuais e coletivos;
tica de nova infração penal ou outros casos
II - proteção, valorização e reconhecimento dos
expressos em lei.
profissionais de segurança pública;
III - proteção dos direitos humanos, respeito aos
Assim, finalizamos o estudo da Lei de Execução Penal.
direitos fundamentais e promoção da cidadania e
da dignidade da pessoa humana;
IV - eficiência na prevenção e no controle das infra-
ções penais;
LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE V - eficiência na repressão e na apuração das infra-
2018 ções penais;
VI - eficiência na prevenção e na redução de riscos
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES em situações de emergência e desastres que afetam
a vida, o patrimônio e o meio ambiente;
A Lei nº 13.675/2018, de acordo com seu art. 1º, é VII - participação e controle social;
responsável por instituir o Sistema Único de Segu- VIII - resolução pacífica de conflitos;
rança Pública (Susp) e criar a Política Nacional de IX - uso comedido e proporcional da força;
Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), com X - proteção da vida, do patrimônio e do meio
a finalidade de preservação da ordem pública e da ambiente;
incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio XI - publicidade das informações não sigilosas;
de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integra- XII - promoção da produção de conhecimento sobre
da dos órgãos de segurança pública e defesa social da segurança pública;
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- XIII - otimização dos recursos materiais, humanos
124 pios, em articulação com a sociedade. e financeiros das instituições;
XIV - simplicidade, informalidade, economia pro- XXI - deontologia policial e de bombeiro militar
cedimental e celeridade no serviço prestado à comuns, respeitados os regimes jurídicos e as pecu-
sociedade; liaridades de cada instituição;
XV - relação harmônica e colaborativa entre os XXII - unidade de registro de ocorrência policial;
Poderes; XXIII - uso de sistema integrado de informações e
XVI - transparência, responsabilização e prestação dados eletrônicos;
de contas. XXIV – (VETADO);
XXV - incentivo à designação de servidores da car-
A Política Nacional de Segurança Pública e Defe- reira para os cargos de chefia, levando em consi-
sa Social (PNSPDS) possui, dentro outras, as seguintes deração a graduação, a capacitação, o mérito e
diretrizes: a experiência do servidor na atividade policial
específica;
Art. 5º São diretrizes da PNSPDS: XXVI - celebração de termo de parceria e protocolos
I - atendimento imediato ao cidadão; com agências de vigilância privada, respeitada a lei
II - planejamento estratégico e sistêmico; de licitações.
III - fortalecimento das ações de prevenção e reso-
lução pacífica de conflitos, priorizando políticas de Destaca-se, ainda, os objetivos da PNSPDS, os quais
redução da letalidade violenta, com ênfase para os estão dispostos no art. 6º. Vejamos:
grupos vulneráveis;
IV - atuação integrada entre a União, os Estados, o Art. 6º São objetivos da PNSPDS:
Distrito Federal e os Municípios em ações de segu- I - fomentar a integração em ações estratégi-
rança pública e políticas transversais para a pre- cas e operacionais, em atividades de inteligên-
servação da vida, do meio ambiente e da dignidade cia de segurança pública e em gerenciamento
da pessoa humana; de crises e incidentes;
V - coordenação, cooperação e colaboração dos II - apoiar as ações de manutenção da ordem públi-
órgãos e instituições de segurança pública nas ca e da incolumidade das pessoas, do patrimônio,
fases de planejamento, execução, monitoramento e do meio ambiente e de bens e direitos;
avaliação das ações, respeitando-se as respectivas III - incentivar medidas para a modernização
atribuições legais e promovendo-se a racionaliza- de equipamentos, da investigação e da perí-
ção de meios com base nas melhores práticas; cia e para a padronização de tecnologia dos
VI - formação e capacitação continuada e qualifica- órgãos e das instituições de segurança pública;
da dos profissionais de segurança pública, em con- IV - estimular e apoiar a realização de ações
sonância com a matriz curricular nacional; de prevenção à violência e à criminalidade,
VII - fortalecimento das instituições de segurança
com prioridade para aquelas relacionadas à letali-
pública por meio de investimentos e do desenvol-
dade da população jovem negra, das mulheres e de
vimento de projetos estruturantes e de inovação
outros grupos vulneráveis;
tecnológica;
V - promover a participação social nos Conse-
VIII - sistematização e compartilhamento das infor-
lhos de segurança pública;
mações de segurança pública, prisionais e sobre
VI - estimular a produção e a publicação de estudos
drogas, em âmbito nacional;
e diagnósticos para a formulação e a avaliação de
IX - atuação com base em pesquisas, estudos e
políticas públicas;
diagnósticos em áreas de interesse da segurança
VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de
pública;
segurança pública;
X - atendimento prioritário, qualificado e humani-
VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção,
zado às pessoas em situação de vulnerabilidade;
XI - padronização de estruturas, de capacitação, de controle e fiscalização para a repressão aos crimes
tecnologia e de equipamentos de interesse da segu- transfronteiriços;
rança pública; IX - estimular o intercâmbio de informações de
XII - ênfase nas ações de policiamento de proximi- inteligência de segurança pública com instituições
dade, com foco na resolução de problemas; estrangeiras congêneres;
XIII - modernização do sistema e da legislação de X - integrar e compartilhar as informações de segu-
acordo com a evolução social; rança pública, prisionais e sobre drogas;
XIV - participação social nas questões de segurança XI - estimular a padronização da formação, da
pública; capacitação e da qualificação dos profissionais de
XV - integração entre os Poderes Legislativo, Execu- segurança pública, respeitadas as especificidades
tivo e Judiciário no aprimoramento e na aplicação e as diversidades regionais, em consonância com
da legislação penal; esta Política, nos âmbitos federal, estadual, distri-
XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Ministé- tal e municipal;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

rio Público e da Defensoria Pública na elaboração XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação


de estratégias e metas para alcançar os objetivos e do cumprimento de medidas restritivas de
desta Política; direito e de penas alternativas à prisão;
XVII - fomento de políticas públicas voltadas à rein- XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de
serção social dos egressos do sistema prisional; cumprimento de pena restritiva de liberdade em
XVIII - (VETADO); relação à gravidade dos crimes cometidos;
XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas e XIV - (VETADO);
projetos com foco na promoção da cultura de paz, XV - racionalizar e humanizar o sistema peniten-
na segurança comunitária e na integração das polí- ciário e outros ambientes de encarceramento;
ticas de segurança com as políticas sociais existen- XVI - fomentar estudos, pesquisas e publica-
tes em outros órgãos e entidades não pertencentes ções sobre a política de enfrentamento às
ao sistema de segurança pública; drogas e de redução de danos relacionados
XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios aos seus usuários e aos grupos sociais com os
técnicos; quais convivem; 125
XVII - fomentar ações permanentes para o combate ao crime organizado e à corrupção;
XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento e de avaliação das ações implementadas;
XIX - promover uma relação colaborativa entre os órgãos de segurança pública e os integrantes do sistema judiciário
para a construção das estratégias e o desenvolvimento das ações necessárias ao alcance das metas estabelecidas;
XX - estimular a concessão de medidas protetivas em favor de pessoas em situação de vulnerabilidade;
XXI - estimular a criação de mecanismos de proteção dos agentes públicos que compõem o sistema nacio-
nal de segurança pública e de seus familiares;
XXII - estimular e incentivar a elaboração, a execução e o monitoramento de ações nas áreas de valorização pro-
fissional, de saúde, de qualidade de vida e de segurança dos servidores que compõem o sistema nacional de
segurança pública;
XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade violenta;
XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação de crimes hediondos e de homicídios;
XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas de fogo e munições, com vistas à redução da violência
armada;
XXVI - fortalecer as ações de prevenção e repressão aos crimes cibernéticos.
Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos direcionarão a formulação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa
Social, documento que estabelecerá as estratégias, as metas, os indicadores e as ações para o alcance desses objetivos.

Para que os objetivos sejam alcançados a PNSPDS utilizará de diversos meios e instrumentos. São eles pre-
vistos no art. 8º:

MEIOS E INSTRUMENTOS (ART. 8º)


I - Planos de segurança pública e defesa social
Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
Segurança Pública e Defesa Social (Sinaped)
Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digi-
II - Sistema Nacional de Informações e de Gestão de Seguran- tais e de Drogas (Sinesp)
ça Pública e Defesa Social
Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap)
Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp)
Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segu-
rança Pública (Pró-Vida)
IV - Plano Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jovens
V - Mecanismos formados por órgãos de prevenção e controle de atos ilícitos contra a Administração Pública e referentes a ocultação
ou dissimulação de bens, direitos e valores

SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA

O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) é formado por um órgão central (Ministério Extraordinário da
Segurança Pública) e outros órgãos que atuarão de forma cooperativa, sistêmica e harmônica. Vejam, esquemati-
camente, a formação (caput do art. 9º):

Órgãos do art.
144, da CF/88

Demais Ministério
integrantes Extraordinário Agentes
estratégicos e da Segurança penitenciários
operacionais Pública

Guardas
municipais

126
Como citado, compõem o SUSP órgão estratégicos e AÇÕES DO MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SE-
operacionais. Os § 1° e 2°, do art. 9º, enumeram quais GURANÇA PÚBLICA
serão esses órgãos. Leiam com muita atenção:
Valorizar a autonomia técnica, científica e funcional
dos institutos oficiais de criminalística, medicina legal
Art. 9º [...]
e identificação, garantindo-lhes condições plenas para
§ 1º São integrantes estratégicos do Susp:
o exercício de suas funções
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios, por intermédio dos respectivos Poderes Promover a qualificação profissional dos integrantes da
Executivos; segurança pública e defesa social, especialmente nas
II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa dimensões operacional, ética e técnico-científica
Social dos três entes federados. Realizar estudos e pesquisas nacionais e consolidar
§ 2º São integrantes operacionais do Susp: dados e informações estatísticas sobre criminalidade e
I - polícia federal; vitimização
II - polícia rodoviária federal;
Coordenar as atividades de inteligência da segurança
III – (VETADO);
pública e defesa social integradas ao Sisbin
IV - polícias civis;
V - polícias militares; Desenvolver a doutrina de inteligência policial
VI - corpos de bombeiros militares;
VII - guardas municipais; Art. 13 O Ministério Extraordinário da Segurança
VIII - órgãos do sistema penitenciário; Pública, responsável pela gestão do Susp, deverá
IX - (VETADO); orientar e acompanhar as atividades dos órgãos
X - institutos oficiais de criminalística, medicina integrados ao Sistema, além de promover as
legal e identificação; seguintes ações:
XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública I - apoiar os programas de aparelhamento e moder-
(Senasp); nização dos órgãos de segurança pública e defesa
XII - secretarias estaduais de segurança pública ou social do País;
congêneres; II - implementar, manter e expandir, observadas as
XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil restrições previstas em lei quanto a sigilo, o Siste-
(Sedec); ma Nacional de Informações e de Gestão de Segu-
XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas rança Pública e Defesa Social;
(Senad); III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas
XV - agentes de trânsito; e operacionais entre os órgãos policiais federais,
XVI - guarda portuária. estaduais, distrital e as guardas municipais;
IV - valorizar a autonomia técnica, científica e
funcional dos institutos oficiais de criminalística,
A coordenação do SUSP é de responsabilidade
medicina legal e identificação, garantindo-lhes con-
do Ministério Extraordinário da Segurança Públi- dições plenas para o exercício de suas funções;
ca e as operações serão combinadas, planejadas e V - promover a qualificação profissional dos inte-
desencadeadas em equipe, podendo ser: ostensivas, grantes da segurança pública e defesa social,
investigativas, de inteligência ou mistas. Como as especialmente nas dimensões operacional, ética e
operações envolverão diversos órgãos, deve haver técnico-científica;
um compartilhamento de informações, preferencial- VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e conso-
mente por meio eletrônico, com acesso recíproco aos lidar dados e informações estatísticas sobre crimi-
bancos de dados. nalidade e vitimização;
VII - coordenar as atividades de inteligência da
É de competência do Ministério Extraordinário
segurança pública e defesa social integradas ao
da Segurança Pública fixar, anualmente, metas de
Sisbin;
excelência no âmbito das respectivas competências, VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.
visando à prevenção e à repressão das infrações
penais e administrativas, considerando aspectos rela- Caberá ao Ministério Extraordinário da Segu-
tivos à estrutura de trabalho físico e de equipamentos, rança Pública disponibilizar sistema padronizado,
bem como de efetivo. informatizado e seguro que permita o intercâmbio
Serão ações promovidas pelo Ministério Extraor- de informações entre os integrantes do Susp; apoiar
dinário da Segurança Pública: e avaliar periodicamente a infraestrutura tecnológica
e a segurança dos processos, das redes e dos sistemas;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

AÇÕES DO MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SE- e estabelecer cronograma para adequação dos inte-
GURANÇA PÚBLICA grantes do Susp às normas e aos procedimentos de
Apoiar os programas de aparelhamento e moderniza- funcionamento do Sistema.
ção dos órgãos de segurança pública e defesa social Agora, precisamos levantar alguns questionamen-
do País tos relevantes:
Implementar, manter e expandir, observadas as restri-
z A união prestará apoio aos estados para imple-
ções previstas em lei quanto a sigilo, o Sistema Nacio-
nal de Informações e de Gestão de Segurança Pública e mentar o Susp?
Defesa Social
Sim. A União poderá apoiar os Estados, o Distri-
Efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e ope- to Federal e os Municípios quando não dispuserem
racionais entre os órgãos policiais federais, estaduais, de condições técnicas e operacionais necessárias à
distrital e as guardas municipais implementação do Susp. 127
z Qual a abrangência de atuação dos órgãos inte- Importante!
grantes do Susp?
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Poderão atuar em vias urbanas, rodovias, termi- deverão, com base no Plano Nacional de Segu-
nais rodoviários, ferrovias e hidrovias federais, esta- rança Pública e Defesa Social, elaborar e implan-
duais, distrital ou municipais, portos e aeroportos, tar seus planos correspondentes em até 2 (dois)
no âmbito das respectivas competências, em efetiva anos a partir da publicação do documento nacio-
integração com o órgão cujo local de atuação esteja nal, sob pena de não poderem receber recursos
sob sua circunscrição, ressalvado o sigilo das investi- da União para a execução de programas ou
gações policiais. ações de segurança pública e defesa social.

CONSELHOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA


Com o objetivo de verificar se o Plano Nacional de
SOCIAL
Segurança Pública e Defesa Social está conseguindo
atingir os objetivos propostos, a União, em articulação
Estruturalmente, o Sistema Único de Segurança com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, rea-
Pública é formado por Conselhos permanentes. lizará avaliações anuais (Art. 23).
Serão criados Conselhos de Segurança Pública Destacamos, dentre as finalidades do Plano Nacio-
e Defesa Social, mediante proposta dos chefes dos nal de Segurança Pública e Defesa Social, as seguintes:
Poderes Executivos, encaminhadas aos respectivos
Poderes Legislativos, com competência consultiva, Art. 22 [...]
sugestiva e de acompanhamento social das ativida- I - promover a melhora da qualidade da gestão das
des de segurança pública e defesa social. políticas sobre segurança pública e defesa social;
Caberão aos Conselhos de Segurança Pública e II - contribuir para a organização dos Conselhos de
Defesa Social, além de propor diretrizes para as polí- Segurança Pública e Defesa Social;
ticas públicas de segurança pública e defesa social, III - assegurar a produção de conhecimento no
com vistas à prevenção e à repressão da violência e tema, a definição de metas e a avaliação dos resul-
da criminalidade, acompanhar as condições de traba- tados das políticas de segurança pública e defesa
social;
lho, a valorização e o respeito pela integridade física
IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias de
e moral dos seus integrantes, o atingimento das metas segurança interna nas divisas, fronteiras, portos e
previstas nesta Lei, o resultado célere na apuração aeroportos.
das denúncias em tramitação nas respectivas correge-
dorias e elevar o grau de confiabilidade e aceitabilida- Para o cumprimento do Plano Nacional de Segu-
de do órgão pela população por ele atendida. rança Pública e Defesa Social, serão observadas várias
A composição dos Conselhos de Segurança Públi- diretrizes. De acordo com o art. 24, teremos:
ca e Defesa Social é disposta pelo art. 21:
Art. 24 Os agentes públicos deverão observar as
Art. 21 Os Conselhos serão compostos por: seguintes diretrizes na elaboração e na execução
I - representantes de cada órgão ou entidade inte- dos planos:
grante do Susp; I - adotar estratégias de articulação entre órgãos
II - representante do Poder Judiciário; públicos, entidades privadas, corporações policiais
III - representante do Ministério Público; e organismos internacionais, a fim de implantar
IV - representante da Ordem dos Advogados do Bra- parcerias para a execução de políticas de seguran-
sil (OAB); ça pública e defesa social;
V - representante da Defensoria Pública; II - realizar a integração de programas, ações, ati-
VI - representantes de entidades e organizações da vidades e projetos dos órgãos e entidades públi-
sociedade cuja finalidade esteja relacionada com cas e privadas nas áreas de saúde, planejamento
políticas de segurança pública e defesa social; familiar, educação, trabalho, assistência social,
VII - representantes de entidades de profissionais previdência social, cultura, desporto e lazer, visan-
de segurança pública do à prevenção da criminalidade e à prevenção de
desastres;
III - viabilizar ampla participação social na formu-
Cada um dos conselheiros terá 1 (um) suplente e
lação, na implementação e na avaliação das políti-
os mandatos dos representantes de entidades e orga- cas de segurança pública e defesa social;
nizações da sociedade e representantes de entidades IV - desenvolver programas, ações, atividades
de profissionais de segurança pública cuja finalidade e projetos articulados com os estabelecimentos
esteja relacionada à políticas de segurança pública e de ensino, com a sociedade e com a família para
defesa social, terão a duração de 2 (dois) anos, per- a prevenção da criminalidade e a prevenção de
mitida apenas uma recondução ou reeleição. desastres;
V - incentivar a inclusão das disciplinas de pre-
FORMULAÇÃO DOS PLANOS DE SEGURANÇA venção da violência e de prevenção de desastres
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL nos conteúdos curriculares dos diversos níveis de
ensino;
VI - ampliar as alternativas de inserção econômica
É de competência da União instituir o Plano Nacio-
e social dos egressos do sistema prisional, promo-
nal de Segurança Pública e Defesa Social que terá vendo programas que priorizem a melhoria de sua
duração de 10 (dez) anos a contar de sua publica- escolarização e a qualificação profissional;
ção, sendo que as ações de prevenção à criminalidade VII - garantir a efetividade dos programas, ações,
devem ser consideradas prioritárias na elaboração do atividades e projetos das políticas de segurança
128 Plano. pública e defesa social;
VIII - promover o monitoramento e a avaliação das a) a compatibilidade da forma de processamento
políticas de segurança pública e defesa social; do planejamento orçamentário e de sua execução
IX - fomentar a criação de grupos de estudos for- com as necessidades do respectivo sistema de segu-
mados por agentes públicos dos órgãos integrantes rança pública e defesa social;
do Susp, professores e pesquisadores, para produ- b) a eficácia da utilização dos recursos públicos;
ção de conhecimento e reflexão sobre o fenômeno c) a manutenção do fluxo financeiro, consideradas
da criminalidade, com o apoio e a coordenação dos as necessidades operacionais dos programas, as
órgãos públicos de cada unidade da Federação; normas de referência e as condições previstas nos
X - fomentar a harmonização e o trabalho conjunto instrumentos jurídicos celebrados entre os entes
dos integrantes do Susp; federados, os órgãos gestores e os integrantes do
XI - garantir o planejamento e a execução de políti- Susp;
cas de segurança pública e defesa social; d) a implementação dos demais compromissos
XII - fomentar estudos de planejamento urbano assumidos por ocasião da celebração dos instru-
para que medidas de prevenção da criminalidade mentos jurídicos relativos à efetivação das políti-
façam parte do plano diretor das cidades, de forma cas de segurança pública e defesa social;
a estimular, entre outras ações, o reforço na ilumi-
e) a articulação interinstitucional e intersetorial
nação pública e a verificação de pessoas e de famí-
das políticas.
lias em situação de risco social e criminal.
Como já citado acima, o Plano Nacional de Segu-
Como se trata de um Plano bem abrangente, para
rança Pública e Defesa Social será avaliado e, ao final,
o cumprimento dos seus objetivos será necessário o
será elaborado um relatório contemplando o histórico
estabelecimento de metas claras e objetivas. Deste
e a caracterização do trabalho. Após a avaliação, os
modo, as metas para Acompanhamento e Avaliação
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social resultados do relatório, que serão enviados aos Con-
são (Art. 25): selhos de Segurança Pública e Defesa Social, serão
utilizados para uma gama de objetivos (Art. 27):
Art. 25 Os integrantes do Susp fixarão, anualmen-
te, metas de excelência no âmbito das respectivas Art. 27 Ao final da avaliação do Plano Nacional de
competências, visando à prevenção e à repressão Segurança Pública e Defesa Social, será elabora-
de infrações penais e administrativas e à prevenção do relatório com o histórico e a caracterização do
de desastres, que tenham como finalidade: trabalho, as recomendações e os prazos para que
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e elas sejam cumpridas, além de outros elementos a
supervisionar as atividades de educação gerencial, serem definidos em regulamento.
técnica e operacional, em cooperação com as uni- § 1º Os resultados da avaliação das políticas serão
dades da Federação; utilizados para:
II - apoiar e promover educação qualificada, conti- I - planejar as metas e eleger as prioridades para
nuada e integrada; execução e financiamento;
III - identificar e propor novas metodologias e téc- II - reestruturar ou ampliar os programas de pre-
nicas de educação voltadas ao aprimoramento de venção e controle;
suas atividades; III - adequar os objetivos e a natureza dos progra-
IV - identificar e propor mecanismos de valorização mas, ações e projetos;
profissional; IV - celebrar instrumentos de cooperação com
V - apoiar e promover o sistema de saúde para os vistas à correção de problemas constatados na
profissionais de segurança pública e defesa social; avaliação;
VI - apoiar e promover o sistema habitacional V - aumentar o financiamento para fortalecer o sis-
para os profissionais de segurança pública e defesa tema de segurança pública e defesa social;
social. VI - melhorar e ampliar a capacitação dos opera-
dores do Susp.
O art. 26, da Lei nº 13.675/18, apresenta a criação
do Sistema Nacional de Acompanhamento e Ava- É de suma importância que as autoridades, os
liação das Políticas de Segurança Pública e Defesa gestores, as entidades e os órgãos envolvidos com a
Social (Sinaped) que possui os seguintes objetivos: segurança pública e defesa social colaborem com o
processo de avaliação. Cabe ressaltar que o processo de
Art. 26 É instituído, no âmbito do Susp, o Siste- avaliação contará com a participação de representan-
ma Nacional de Acompanhamento e Avaliação
tes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
Ministério Público, da Defensoria Pública e dos Conse-
(Sinaped), com os seguintes objetivos:
lhos de Segurança Pública e Defesa Social (Art. 28).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

I - contribuir para organização e integração dos


membros do Susp, dos projetos das políticas de
segurança pública e defesa social e dos respec-
tivos diagnósticos, planos de ação, resultados e Importante!
avaliações;
II - assegurar o conhecimento sobre os programas,
Cabe ao Poder Legislativo acompanhar as ava-
ações e atividades e promover a melhora da quali- liações do respectivo ente federado.
dade da gestão dos programas, ações, atividades e
projetos de segurança pública e defesa social;
III - garantir que as políticas de segurança pública Para a avaliação dos objetivos e metas do Plano
e defesa social abranjam, no mínimo, o adequado Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, ter-se-
diagnóstico, a gestão e os resultados das políticas -á a participação de uma comissão permanente e de
e dos programas de prevenção e de controle da vio- comissões temporárias. Sobre as comissões, destaca-
lência, com o objetivo de verificar: -se os seguintes pontos (Art. 32): 129
z As comissões temporárias, são compostas, no mí- Todos os entes federados integrarão o SINESP, con-
nimo, por 3 (três) membros; forme determina o art. 37 da Lei nº 13.675/2018:
z É vedado à comissão permanente designar avalia-
dores que sejam titulares ou servidores dos órgãos Art. 37 Integram o Sinesp todos os entes federados,
gestores avaliados, caso tenham relação de paren- por intermédio de órgãos criados ou designados
tesco até terceiro grau com titulares ou servidores para esse fim.
dos órgãos gestores avaliados e estejam respon- § 1º Os dados e as informações de que trata esta Lei
dendo a processo criminal ou administrativo. deverão ser padronizados e categorizados e serão
fornecidos e atualizados pelos integrantes do Sinesp.
CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA § 2º O integrante que deixar de fornecer ou atua-
lizar seus dados e informações no Sinesp poderá
Aos órgãos de correição, dotados de autonomia no não receber recursos nem celebrar parcerias com a
exercício de suas competências, caberá o gerencia- União para financiamento de programas, projetos
mento e a realização dos processos e procedimen- ou ações de segurança pública e defesa social e do
tos de apuração de responsabilidade funcional, por sistema prisional, na forma do regulamento.
meio de sindicância e processo administrativo disci- § 3º O Ministério Extraordinário da Segurança
plinar, além da proposição de subsídios para o aper- Pública é autorizado a celebrar convênios com
feiçoamento das atividades dos órgãos de segurança órgãos do Poder Executivo que não integrem o
pública e defesa social (Art. 33). Susp, com o Poder Judiciário e com o Ministério
Além disso, a União, os Estados, o Distrito Federal Público, para compatibilização de sistemas de
e os Municípios deverão instituir órgãos de ouvidoria informação e integração de dados, ressalvadas as
dotados de autonomia e independência no exercí- vedações constitucionais de sigilo e desde que o
cio de suas atribuições, competindo o recebimento e objeto fundamental dos acordos seja a prevenção e
tratamento de representações, elogios e sugestões de a repressão da violência.
§ 4º A omissão no fornecimento das informações
qualquer pessoa sobre as ações e atividades dos pro-
legais implica responsabilidade administrativa do
fissionais e membros integrantes do Susp, devendo
agente público.
encaminhá-los ao órgão com atribuição para as pro-
vidências legais e a resposta ao requerente (Art. 34).
CAPACITAÇÃO E DA VALORIZAÇÃO DO
Será instituído o Sistema Nacional de Informa-
PROFISSIONAL EM SEGURANÇA PÚBLICA E
ções de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabi-
DEFESA SOCIAL
lidade de Armas e Munições, de Material Genético,
de Digitais e de Drogas (Sinesp) seguindo padrões de
integridade, disponibilidade, confidencialidade, con- O art. 38 aborda sobre o Sistema Integrado de
fiabilidade e tempestividade dos sistemas informatiza- Educação e Valorização Profissional (Sievap), cons-
dos do governo federal. O Sistema terá como finalidade tituído pela matriz curricular nacional, Rede Nacional
armazenar, tratar e integrar dados e informações de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp),
para auxiliar na formulação, implementação, execu- Rede Nacional de Educação a Distância em Seguran-
ção, acompanhamento e avaliação das políticas. ça Pública (Rede EaD-Senasp) e o programa nacional
As políticas supracitadas deverão ter relação com de qualidade de vida para segurança pública e defesa
os seguintes campos: social.
O SIEVAP terá as seguintes finalidades:
Art. 35 [...]
I - segurança pública e defesa social; Art. 38 [...]
II - sistema prisional e execução penal; I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
III - rastreabilidade de armas e munições; supervisionar as atividades de educação gerencial,
IV - banco de dados de perfil genético e digitais; técnica e operacional, em cooperação com as uni-
V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas. dades da Federação;
II - identificar e propor novas metodologias e téc-
Os objetivos do Sistema Nacional de Informações nicas de educação voltadas ao aprimoramento de
de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade suas atividades;
de Armas e Munições, de Material Genético, de Digi- III - apoiar e promover educação qualificada, conti-
tais e de Drogas (Sinesp) são aqueles definidos no art. nuada e integrada;
36, da Lei nº 13.675/18. Vejamos: IV - identificar e propor mecanismos de valorização
profissional.
Art. 36 [...]
I - proceder à coleta, análise, atualização, siste- Sobre a matriz curricular que faz parte do Siste-
matização, integração e interpretação de dados ma Integrado de Educação e Valorização Profissional
e informações relativos às políticas de segurança (Sievap), destaca-se o seguinte (Art. 39):
pública e defesa social;
II - disponibilizar estudos, estatísticas, indicadores MATRIZ CURRICULAR
e outras informações para auxiliar na formulação, Constitui-se em referencial teórico, metodológico e ava-
implementação, execução, monitoramento e ava- liativo para as ações de educação aos profissionais de
liação de políticas públicas; segurança pública e defesa social e deverá ser obser-
III - promover a integração das redes e sistemas de
vada nas atividades formativas de ingresso, aperfeiçoa-
dados e informações de segurança pública e defesa
mento, atualização, capacitação e especialização na
social, criminais, do sistema prisional e sobre drogas;
área de segurança pública e defesa social, nas moda-
IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas de
lidades presencial e a distância, respeitados o regime
dados e informações, conforme os padrões defini-
130 dos pelo conselho gestor.
jurídico e as peculiaridades de cada instituição
z É princípio da PNSPDS a proteção dos direitos
Pautada nos direitos humanos, nos princípios da andra-
humanos, respeito aos direitos fundamentais e
gogia e nas teorias que enfocam o processo de constru-
promoção da cidadania e da dignidade da pessoa
ção do conhecimento
humana e a resolução pacífica de conflitos;
Os programas de educação deverão estar em conso- z São diretrizes da PNSPDS o fortalecimento das
nância com os princípios da matriz curricular nacional ações de prevenção e resolução pacífica de confli-
tos, priorizando políticas de redução da letalidade
Em relação à Rede Nacional de Altos Estudos em violenta, com ênfase para os grupos vulneráveis e
Segurança Pública, integrada por instituições de ensi- ênfase nas ações de policiamento de proximidade,
no superior, destacam-se os seguintes objetivos: com foco na resolução de problemas;
z A PNSPDS será implementada por estratégias que
Art. 40 [...] garantam integração, coordenação e cooperação
I - promover cursos de graduação, extensão e pós- federativa, interoperabilidade, liderança situacio-
-graduação em segurança pública e defesa social; nal, modernização da gestão das instituições de
II - fomentar a integração entre as ações dos pro- segurança pública;
fissionais, em conformidade com as políticas nacio- z É instituído o Sistema Único de Segurança Pública
nais de segurança pública e defesa social; (Susp), que tem como órgão central o Ministério
III - promover a compreensão do fenômeno da Extraordinário da Segurança Pública;
violência; z O Susp será coordenado pelo Ministério Extraordi-
IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e a nário da Segurança Pública;
educação para a paz; z O compartilhamento de informações será fei-
V - articular o conhecimento prático dos profissio- to preferencialmente por meio eletrônico, com
nais de segurança pública e defesa social com os acesso recíproco aos bancos de dados, nos termos
conhecimentos acadêmicos; estabelecidos pelo Ministério Extraordinário da
VI - difundir e reforçar a construção de cultura Segurança Pública;
de segurança pública e defesa social fundada nos z O Ministério Extraordinário da Segurança Pública,
paradigmas da contemporaneidade, da inteligên- responsável pela gestão do Susp, deverá orientar e
cia, da informação e do exercício de atribuições acompanhar as atividades dos órgãos integrados
estratégicas, técnicas e científicas; ao Sistema;
VII - incentivar produção técnico-científica que con- z É de responsabilidade do Ministério Extraordinário
tribua para as atividades desenvolvidas pelo Susp. da Segurança Pública disponibilizar sistema padro-
nizado, inf­ormatizado e seguro que permita o inter-
Já a Rede EaD-Senasp é uma escola virtual des- câmbio de informações entre os integrantes do Susp;
tinada aos profissionais de segurança pública e defe- z Serão criados Conselhos de Segurança Pública e
sa social e que tem como objetivo viabilizar o acesso Defesa Social, no âmbito da União, dos Estados, do
aos processos de aprendizagem, independentemente Distrito Federal e dos Municípios, mediante pro-
das limitações geográficas e sociais existentes, com o posta dos chefes dos Poderes Executivos, encami-
propósito de democratizar a educação em segurança nhadas aos respectivos Poderes Legislativos;
pública e defesa social (Art. 41). z Os integrantes do Susp fixarão, anualmente, metas
O art. 42 da Lei nº 13.675/18 aborda sobre o Pro- de excelência no âmbito das respectivas compe-
grama Nacional de Qualidade de Vida para Profis- tências, visando à prevenção e à repressão de
sionais de Segurança Pública (Pró-Vida). infrações penais e administrativas e à prevenção
de desastres.
Art. 42 O Programa Nacional de Qualidade de
Vida para Profissionais de Segurança Pública
(Pró-Vida) tem por objetivo elaborar, implemen-
tar, apoiar, monitorar e avaliar, entre outros, os DECRETO DE REGULAMENTAÇÃO Nº
projetos de programas de atenção psicossocial e de
saúde no trabalho dos profissionais de segurança 9.489/2018
pública e defesa social, bem como a integração sis-
têmica das unidades de saúde dos órgãos que com- O Agente Penitenciário é responsável por vigiar
põem o Susp. as instituições prisionais, zelando pela segurança da
sociedade e integridade física dos presos. Por isso, é
Os documentos de identificação funcional dos extremamente importante o estudo do Decreto nº
profissionais da área de segurança pública e defesa 9.489, de 2018, pois ele regulamenta, no âmbito da
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

social serão padronizados mediante ato do Ministro União, a Lei nº 13.675, de 2018, além de estabelecer
de Estado Extraordinário da Segurança Pública e terão normas, estrutura e procedimentos para a execução
fé pública e validade em todo o território nacional. da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa
Para finalizarmos o nosso estudo, vale ressaltar Social.
A Lei nº 13.675, de 2018, disciplina:
pontos importantes a serem considerados durante a
realização de sua prova. São eles: z A organização e o funcionamento dos órgãos res-
ponsáveis pela segurança pública, nos termos do §
z A segurança pública é dever do Estado e responsa-
7º, art. 144, da Constituição Federal;
bilidade de todos, compreendendo a União, os Esta-
z Cria a Política Nacional de Segurança Pública e
dos, o Distrito Federal e os Munícipios, no âmbito Defesa Social (PNSPDS);
das competências e atribuições legais de cada um; z Institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp).
z Compete à União estabelecer a Política Nacional de
Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); Além disso, ela alterou: 131
z A Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994; I - apoiar os programas de aparelhamento e moder-
z A Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001; nização dos órgãos de segurança pública e defesa
z A Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; social do País;
II - implementar, manter e expandir, observadas as
A Lei 13.675, de 2018, também revogou dispositi- restrições previstas em lei quanto ao sigilo, o Siste-
vos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012. ma Nacional de Informações e de Gestão de Segu-
A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa rança Pública e Defesa Social;
Social é o conjunto de diretrizes, princípios e objetivos III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas
e operacionais entre os órgãos policiais federais,
que condicionam a estratégia de segurança pública a ser
estaduais, distrital e as guardas municipais;
implementada pelo governo de forma integrada e coor- IV - valorizar a autonomia técnica, científica e funcio-
denada. Ou seja, a Política visa a integração em ações nal dos institutos oficiais de criminalística, medicina
estratégicas e operacionais, em atividades de inteligência legal e identificação, de modo a lhes garantir condi-
de segurança pública e em gerenciamento de crises e inci- ções plenas para o exercício de suas competências;
dentes, estimulando e apoiando a realização de ações de V - promover a qualificação profissional dos inte-
prevenção à violência e à criminalidade. grantes da segurança pública e defesa social,
Assim, para que a Política Nacional de Segurança especialmente nos âmbitos operacional, ético e
Pública e Defesa Social seja implementada, as estraté- técnico-científico;
gias deverão garantir: VI - elaborar estudos e pesquisas nacionais e conso-
lidar dados e informações estatísticas sobre crimi-
z Integração, coordenação e cooperação federativa; nalidade e vitimização;
z Interoperabilidade; VII - coordenar as atividades de inteligência de
z Liderança situacional; segurança pública e defesa social integradas ao Sis-
z Modernização da gestão das instituições de segu- tema Brasileiro de Inteligência; e
VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.
rança pública;
z Valorização e proteção dos profissionais; DO PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E
z Complementaridade; DEFESA SOCIAL
z Dotação de recursos humanos;
z Diagnóstico dos problemas a serem enfrentados; Do Regime de Formulação
z Excelência técnica;
z Avaliação continuada dos resultados; A elaboração do Plano Nacional de Segurança Públi-
z Garantia da regularidade orçamentária para exe- ca e Defesa Social é de incumbência do Ministério da
cução de planos e programas de segurança pública. Justiça e Segurança Pública, que deverá incluir Plano
de Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jovens
Além disso, a implementação da Política Nacio- e estabelecer estratégias, metas, ações e indicadores.
nal de Segurança Pública e Defesa Social dar-se-á por
meio dos seguintes meios e instrumentos: Ministério da Justiça e Segurança
Pública
Política Nacional de Segurança
Pública e Defesa Social
Elaboração do plano nacional de
segurança pública e defesa social

Meios e Instrumentos O tempo de duração do plano nacional de seguran-


ça pública e defesa social está previsto no § 2º, art. 4º,
do Decreto 9.489, de 2018:

Art. 4º [...]
Plano Nacional Sistema Órgãos federais § 2º O PNSP terá duração de dez anos, contado da
de Segurança Nacional de de prevenção e data de sua publicação e deverá ser estruturado em
Pública e Informações controle de atos ciclos de implementação de dois anos.
Defesa Social e Gestão de ilícitos contra a
(PNSP) Segurança administração O principal objetivo pretendido com a implemen-
Pública pública e tação do plano nacional de segurança pública e defesa
Plano e Defesa referentes à social por meio dos ciclos bianuais é a abordagem de
Nacional de Social ocultação ou à temas de segurança pública de acordo com as necessi-
Enfrentamento dissimulação dades do período. Desta forma, a governança do Plano
de Homicídios de bens, direitos Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, aliada ao
de Jovens e valores monitoramento, acompanhamento e avaliação, realiza-
rá os ajustes necessários e o aperfeiçoamento dos ciclos
seguintes. O primeiro ciclo, por sua vez, teve sua temá-
O Ministério da Justiça e Segurança Pública é o res- tica abordada no § 3º, art. 4º, do Decreto 9.489, de 2018:
ponsável pela gestão, pela coordenação e pelo acom-
panhamento do Sistema Único de Segurança Pública, Art. 4º [...]
§ 3º Sem prejuízo do pressuposto de que as ações
conforme dispõe o art. 3º do Decreto nº 9.489, de 2018:
de prevenção à criminalidade devem ser considera-
das prioritárias na elaboração do PNSP, o primeiro
Art. 3º O Ministério da Justiça e Segurança Pública, ciclo do PNSP editado após a data de entrada em
responsável pela gestão, pela coordenação e pelo vigor deste Decreto deverá priorizar ações destina-
acompanhamento do SUSEP, orientará e acompa- das a viabilizar a coleta, a análise, a atualização, a
nhará as atividades dos órgãos integrados ao Siste- sistematização, a interoperabilidade de sistemas, a
132 ma, além de promover as seguintes ações: integração e a interpretação de dados:
I - de segurança pública e defesa social; Além disso, caberá ao Ministério da Justiça e Segu-
II - prisionais; rança Pública instituir mecanismos de registro, acom-
III - de rastreabilidade de armas e munições; panhamento e avaliação, em âmbito nacional, dos
IV - relacionados com perfil genético e digitais; e
V - sobre drogas.
órgãos de correição, e poderá, para tanto, solicitar [...]
o fornecimento de dados e informações que entender
Das Metas para o Acompanhamento e a Avaliação necessários, de acordo com o § 1º, art. 8º.
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES E
As metas do Plano Nacional de Segurança Pública GESTÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA
e Defesa Social visam alcançar resultados em temas SOCIAL
que impactam no desenvolvimento do país e, conse-
quentemente, no cotidiano das pessoas. O Sistema Nacional de Informações e Gestão de
Assim, os integrantes do Sistema Único de Segu- Segurança Pública e Defesa Social é uma plataforma
rança Pública elaborarão, estabelecerão e divulgarão, de informações integradas composta pelos seguintes
anualmente, programas de ação baseados em parâme- sistemas e programas (incisos do art. 10):
tros de avaliação e metas de excelência com vistas à
prevenção e à repressão, no âmbito de suas competên- z Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação
cias, de infrações penais e administrativas e à preven- das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social;
ção de desastres, que tenham como finalidade (art. 6º):
z Sistema Nacional de Informações de Segurança Públi-
Art. 6º [...] ca, Prisionais e de Rastreabilidade de Armas e Muni-
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e super- ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas;
visionar as atividades de educação gerencial, técnica e z Sistema Integrado de Educação e Valorização
operacional, em cooperação com os entes federativos; Profissional;
II - apoiar e promover educação qualificada, conti-
z Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança
nuada e integrada;
III - identificar e propor novas metodologias e técni- Pública;
cas de educação destinadas ao aprimoramento de z Programa Nacional de Qualidade de Vida para Pro-
suas atividades; fissionais de Segurança.
IV - identificar e propor mecanismos de valorização
profissional; A seguir, vamos analisar cada um desses sistemas
V - apoiar e promover o sistema de saúde para os e programas.
profissionais de segurança pública e defesa social; e
VI - apoiar e promover o sistema habitacional para Do Sistema Nacional de Acompanhamento e
os profissionais de segurança pública e defesa social. Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
Dos Mecanismos de Transparência e Avaliação e de Defesa Social
Controle e Correição de Atos dos Órgãos do Sistema
Único de Segurança Pública Esse sistema visa a contribuir para a organização
dos membros do Susp, assegurando o conhecimento
A questão da qualidade e transparência das infor- sobre programas, ações e atividades e promover a sua
mações criminais no Brasil tem sido amplamente melhora de qualidade, bem como garantir que as polí-
discutida nos últimos anos, pois é extremamente ticas de segurança pública e defesa social abranjam o
importante para a aplicação eficaz das políticas públi- adequado diagnóstico, a gestão e os resultados, con-
cas voltadas para segurança pública. Pensando nisso, o forme previsto no art. 26, da Lei nº 13.675, de 2018:
Decreto 9.489, de 2018, estipula mecanismos para que
a realidade seja abarcada de maneira confiável para Art. 26 É instituído, no âmbito do Susp, o Siste-
subsidiar a propositura de políticas e ações públicas.
ma Nacional de Acompanhamento e Avaliação
Nesse sentido é a redação do art. 8º:
das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
(Sinaped), com os seguintes objetivos:
Art. 8º Aos órgãos de correição dos integrantes
I - contribuir para organização e integração dos
operacionais do Susp, no exercício de suas com-
petências, caberão o gerenciamento e a realização membros do Susp, dos projetos das políticas de segu-
dos procedimentos de apuração de responsabilida- rança pública e defesa social e dos respectivos diag-
de funcional, por meio de sindicância e processo nósticos, planos de ação, resultados e avaliações;
administrativo disciplinar, e a proposição de sub- II - assegurar o conhecimento sobre os programas,
sídios para o aperfeiçoamento das atividades dos ações e atividades e promover a melhora da quali-
órgãos de segurança pública e defesa social. dade da gestão dos programas, ações, atividades e
projetos de segurança pública e defesa social;
Órgãos de correição dos III - garantir que as políticas de segurança pública
integrantes operacionais do SUSP e defesa social abranjam, no mínimo, o adequado
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

diagnóstico, a gestão e os resultados das políticas


e dos programas de prevenção e de controle da vio-
lência, com o objetivo de verificar: [...]

Gerenciamento Proposição de
Comissão Permanente do Sistema Nacional de
e realização dos subsídios para o
Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
procedimentos aperfeiçoamento
Segurança Pública e Defesa Social
de apuração de das atividades dos
responsabilidade órgãos de segurança
Visando a função de coordenação e a avaliação dos
funcional, por meio de pública e defesa
objetivos e das metas do PNSP, o Decreto nº 9.489, de
sindicância e processo social
2018, criou a Comissão Permanente do Sistema Nacio-
administrativo
nal de Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
disciplinar
Segurança Pública e Defesa Social (art. 12). 133
Essa comissão é composta por cinco representantes, VII - condenações, penas, mandados de prisão e
titulares e suplentes, indicados e designados pelo Minis- contramandados de prisão;
tro de Estado da Justiça e Segurança Pública (§ 1º, art. VIII - repressão à produção, à fabricação e ao trá-
12) que, dentre os membros por ele indicados, deverá fico de drogas ilícitas e a crimes correlacionados,
designar o Presidente da Comissão (§ 2º, art. 12). além da apreensão de drogas ilícitas;
XIX - índices de elucidação de crimes;
Os representantes da Comissão Permanente terão
X - veículos e condutores; e
mandato de dois anos, sendo admitida uma recondu-
XI - banco de dados de perfil genético e digitais.
ção (§ 3º).
As reuniões da comissão serão realizadas, preferen-
O Ministério da Justiça e Segurança Pública bus-
cialmente, por videoconferência (§ 9º), bem como ocor-
cará a integração desse sistema com sistemas de
rerão trimestralmente, em caráter ordinário. Já as informação de outros países, conforme determina o
reuniões extraordinárias ocorrerão sempre que con- parágrafo único do art. 17:
vocado por seu Presidente ou pelo Ministro de Estado
da Justiça e Segurança Pública (§ 5º). Art. 17 O Sistema Nacional de Informações de
A Comissão Permanente deliberará por maioria Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilida-
simples, com a presença da maioria de seus represen- de de Armas e Munições, de Material Genético, de
tantes (§ 6º). Digitais e de Drogas, instituído pelo art. 35 da Lei
nº 13.675, de 2018, será integrado por órgãos cria-
Comissões Temporárias de Avaliação dos ou designados para esse fim por todos os entes
federativos.
A comissão permanente poderá criar até 10 (dez) Parágrafo único. O Ministério da Justiça e Segu-
comissões de avaliação com, no máximo, 7 (sete) mem- rança Pública buscará a integração do Sistema
Nacional de Informações de Segurança Pública,
bros, sendo vedado designar pessoa que tenha relação
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Muni-
de parentesco até o 3º grau com titulares ou servido-
ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas
res dos órgãos gestores avaliados, ou que estejam res- com sistemas de informação de outros países, de
pondendo a processo criminal ou administrativo: modo a conferir prioridade aos países que fazem
fronteira com a República Federativa do Brasil.
Art. 12 [...]
§ 4º A Comissão Permanente poderá criar, por meio Conselho Gestor do Sistema Nacional de
de portaria, até dez comissões temporárias de ava- Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
liação com duração não superior a um ano, que Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
serão constituídas por, no máximo, sete membros,
Genético, de Digitais e de Drogas
observado o disposto em seu regimento interno e
no art. 32 da Lei nº 13.675, de 2018.
O Conselho Gestor do Sistema Nacional de Infor-
[...]
mações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastrea-
§ 7º É vedado à Comissão Permanente designar
para as comissões temporárias avaliadores que bilidade de Armas e Munições, de Material Genético,
sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores de Digitais e de Drogas é um órgão consultivo do Minis-
avaliados, caso: tério da Justiça e Segurança Pública que propõe pro-
I - tenham relação de parentesco até terceiro grau cedimentos sobre coleta, análise, sistematização,
com titulares ou servidores dos órgãos gestores integração, atualização, interpretação de dados e
avaliados; ou informações referentes às políticas relacionadas com
II - estejam respondendo a processo criminal ou segurança pública e defesa social; sistema prisional e
administrativo. execução penal, rastreabilidade de armas e munições,
banco de dados de perfil genético e digitais e enfrenta-
Do Sistema Nacional de Informações de Segurança mento do tráfico de drogas ilícitas, conforme descrito
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e no art. 19 do Decreto nº 9.489, de 2018:
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas
Art. 19 Compete ao Conselho Gestor do Sistema
O Sistema Nacional de Informações de Seguran- Nacional de Informações de Segurança Pública,
ça Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Muni-
ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas,
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Dro-
órgão consultivo do Ministério da Justiça e Segu-
gas (Sinesp) é uma plataforma de informações integra-
rança Pública, por meio de resolução:
das, na qual são possibilitadas consultas operacionais, I - propor procedimentos sobre coleta, análise, sis-
investigativas e estratégicas sobre segurança pública, tematização, integração, atualização, interpreta-
implementada em parceria com os entes federados. ção de dados e informações referentes às políticas
Nesse sistema constarão dados e informações rela- relacionadas com:
tivos a: a) segurança pública e defesa social;
b) sistema prisional e execução penal;
Art. 18 [...] c) rastreabilidade de armas e munições;
I - ocorrências criminais registradas e comunica- d) banco de dados de perfil genético e digitais; e
ções legais; e) enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas;
II - registro e rastreabilidade de armas de fogo e II - propor:
munições; a) metodologia, padronização, categorias e regras
III - entrada e saída de estrangeiros; para tratamento dos dados e das informações a
IV - pessoas desaparecidas; serem fornecidos ao Sistema Nacional de Informa-
V - execução penal e sistema prisional; ções de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabi-
VI - recursos humanos e materiais dos órgãos e das lidade de Armas e Munições, de Material Genético,
134 entidades de segurança pública e defesa social; de Digitais e de Drogas;
b) dados e informações a serem integrados ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas, observado o disposto no art. 18;
c) padrões de interoperabilidade dos sistemas de dados e informações que integrarão o Sistema Nacional de Infor-
mações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais
e de Drogas;
d) critérios para integração e gestão centralizada dos sistemas de dados e informações a que se refere o art. 18;
e) rol de crimes de comunicação imediata; e
f) forma e condições para adesão dos Municípios, do Poder Judiciário, da Defensoria Pública, do Ministério Público,
e dos demais entes públicos que considerar pertinentes;
III - propor normas, critérios e padrões para disponibilização de estudos, estatísticas, indicadores e outras informa-
ções para auxiliar na formulação, na implementação, na execução, no monitoramento e na avaliação das políticas
públicas relacionadas com segurança pública e defesa social, sistema prisional e de execução penal, rastreabilidade
de armas e munições, banco de dados de perfil genético e digitais, e enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas;
IV - sugerir procedimentos para implementação, operacionalização, aprimoramento e fiscalização do Sistema Nacional
de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de
Digitais e de Drogas;
V - instituir grupos de trabalho relacionados com segurança pública e defesa social, sistema prisional e execução
penal, enfrentamento do tráfico ilícito de drogas e prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e depen-
dentes de drogas;
VI - promover a elaboração de estudos com vistas à integração das redes e dos sistemas de dados e informações
relacionados com segurança pública e defesa social, sistema prisional e execução penal, e enfrentamento do tráfico
ilícito de drogas;
VII - propor condições, parâmetros, níveis e formas de acesso aos dados e às informações do Sistema Nacional de
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de
Digitais e de Drogas, assegurada a preservação do sigilo;
VIII - controlar e dar publicidade a situações de inadimplemento dos integrantes do Sistema Nacional de Informa-
ções de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e
de Drogas, em relação ao fornecimento de informações obrigatórias, ao Ministro de Estado da Justiça e Segurança
Pública, para aplicação do disposto no § 2º do art. 37 da Lei nº 13.675, de 2018; e
IX - publicar relatórios anuais que contemplem estatísticas, indicadores e análises relacionadas com segurança
pública e defesa social, sistema prisional e de execução penal, rastreabilidade de armas e munições, banco de dados
de perfil genético e digitais, e enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.

Esse conselho será composto pelos seguintes representantes, titulares e suplentes:

Será o Presidente do
Conselho Gestor
Um da Diretoria de
Gestão e Integração
e Informações da
Secretaria Nacional de
Segurança Pública

Um do Departamento
Quatro representantes Penitenciário Nacional
do Ministério da
Justiça e Segurança
Pública Um da Polícia Federal

Conselho
Gestor Um da Polícia
Sinesp Rodoviária Federal

Um representante do Ministério da Mulher,


LEGISLAÇÃO ESPECIAL

da Família e dos Direitos Humanos

Cinco representantes dos Estados ou do


Distrito Federal, sendo um de cada região
geográfica, que serão escolhidos por meio
de eleição direta pelos gestores dos entes
federativos de sua região

Serão escolhidos por meio de


eleição direta pelos gestores dos
entes federativos de sua região
135
Os representantes do Conselho Gestor terão man- z Auxiliar na execução das atividades de coleta, tra-
dato de dois anos, sendo admitida uma recondução (§ tamento, fornecimento e atualização de dados e de
3º). informações de cada área de atuação;
As reuniões do conselho ocorrerão trimestralmen- z Gerir as rotinas e as atividades referentes ao Siste-
te, em caráter ordinário, ao passo que as reuniões ma Nacional de Informações de Segurança Pública,
extraordinárias ocorrerão sempre que convocadas Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Muni-
por seu Presidente (§ 7º, art. 20). ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas.
Por fim, o Conselho Gestor deliberará por maioria
simples, com a presença da maioria de seus represen- Do Sistema Integrado de Educação e Valorização
tantes, cabendo ao seu presidente o voto para desem- Profissional
pate (art. 21).
O Sistema Integrado de Educação e Valorização
Estrutura Administrativa do Conselho Gestor do Profissional (Sievap) tem como finalidade o planeja-
Sistema Nacional de Informações de Segurança mento, implementação, coordenação e supervisão das
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas atividades de educação gerencial, técnica e operacio-
e Munições, de Material Genético, de Digitais e de nal, propondo novas metodologias e técnicas, visando
Drogas apoiar e promover educação qualificada e valoriza-
ção profissional, conforme previsto no art. 38, da Lei
A estrutura administrativa é composta por:
nº 13.675, de 2018.
Uma Secretaria-Executiva Art. 38 É instituído o Sistema Integrado de Educa-
ção e Valorização Profissional (Sievap), com a fina-
Será exercida pela Diretoria de Gestão e Integração lidade de:
de Informações da Secretaria Nacional de Segurança I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública e supervisionar as atividades de educação gerencial,
terá competência para: técnica e operacional, em cooperação com as uni-
dades da Federação;
z Organizar as reuniões do Conselho Gestor, das II - identificar e propor novas metodologias e téc-
câmaras técnicas e as eleições dos representantes nicas de educação voltadas ao aprimoramento de
do referido Conselho; suas atividades;
z Prestar apoio técnico-administrativo, logístico e III - apoiar e promover educação qualificada, conti-
financeiro ao Conselho Gestor; nuada e integrada;
z Promover a articulação entre os integrantes do Siste- IV - identificar e propor mecanismos de valorização
ma Nacional de Informações de Segurança Pública, profissional.
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições,
de Material Genético, de Digitais e de Drogas. Além disso, é de competência da Secretaria Nacio-
nal de Segurança Pública do Ministério da Justiça e
Três câmaras técnicas Segurança Pública, em coordenação com os demais
órgãos e entidades federais com competências con-
De caráter temporário e com duração não superior correntes “assegurar, no âmbito do SUSP, o acesso às
a um ano, têm por objetivo oferecer sugestões e emba- ações de educação, presenciais ou a distância, aos pro-
samento técnico para subsidiar as decisões do Conse- fissionais de segurança pública e defesa social”, confor-
lho Gestor. Cada câmara técnica atuará em uma das me previsto no parágrafo único do art. 32, do Decreto
seguintes áreas: nº 9.489, de 2018.

z Estatística e análise; Art. 32 A implementação do Sistema Integrado de


z Inteligência; Educação e Valorização Profissional observará o dis-
z Tecnologia da informação. posto no art. 38 ao art. 41 da Lei nº 13.675, de 2018.
Parágrafo único. Compete à Secretaria Nacional
Gestores dos entes federativos de Segurança Pública do Ministério da Justiça e
Segurança Pública, em coordenação com os demais
Caberá aos gestores dos entes federativos, sem pre- órgãos e entidades federais com competências con-
juízo de outras competências conferidas pelo Conse- correntes, executar os programas de que tratam
lho Gestor: o inciso I ao inciso IV do § 1º do art. 38 da Lei nº
13.675, de 2018, com o fim de assegurar, no âmbi-
z Repassar dados e informações sobre as suas áreas to do Susp, o acesso às ações de educação, presen-
de atuação sempre que solicitado pelo Conselho ciais ou a distância, aos profissionais de segurança
Gestor; pública e defesa social.
z Acompanhar a qualidade e a frequência do forne-
cimento e da atualização de dados e informações Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança
do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas
e Munições, de Material Genético, de Digitais e de A Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança
Drogas e comunicar ao ente federativo correspon- Pública é voltada para estudos, pesquisas e demais
dente a respeito do fornecimento de dados e infor- projetos ligados à segurança pública em âmbito
136 mações obrigatórios; nacional.
Do Programa Nacional de Qualidade de Vida para Da Composição do Conselho Nacional de Segurança
Profissionais de Segurança Pública Pública e Defesa Social

O Programa Nacional de Qualidade de Vida dos O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defe-
Profissionais da Segurança Pública tem como princi- sa Social é integrado por representantes da União, dos
pal objetivo a valorização do profissional da área de Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que vão
segurança, reduzindo os riscos de morte como tam- propor diretrizes para prevenir e conter a violência e
bém atuando na prevenção da saúde durante o exer- a criminalidade, cabendo ao Ministério Justiça e Segu-
cício de suas relevantes funções, conforme descreve o rança Pública orientar e acompanhar as atividades do
art. 33, do Decreto nº 9.489, de 2018. conselho.
Sua composição está descrita no art. 35, do Decreto
Art. 33 Fica instituído o Programa Nacional de nº 9.489, de 2018:
Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança
Pública, com o objetivo de elaborar, implementar, Art. 35 O Conselho Nacional de Segurança Pública
e Defesa Social - CNSP terá a seguinte composição:
apoiar, monitorar e avaliar os projetos de progra-
I - o Ministro de Estado da Justiça e Segurança
mas de atenção psicossocial e de saúde no traba-
Pública, que o presidirá;
lho dos profissionais de segurança pública e defesa
II - o Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e
social, e de promover a integração sistêmica das
Segurança Pública, que exercerá a vice-presidência
unidades de saúde dos órgãos que compõem o Susp. e substituirá o Presidente em suas ausências e seus
Parágrafo único. Compete à Secretaria Nacional impedimentos;
de Segurança Pública do Ministério da Justiça e III - o Diretor-Geral da Polícia Federal;
Segurança Pública, em coordenação com os demais IV - o Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal;
órgãos e entidades federais com competências con- V - o Diretor-Geral do Departamento Penitenciário
correntes, executar os programas de que trata o Nacional;
caput, por meio de programas e ações especificadas VI - o Secretário Nacional de Segurança Pública;
em planos quinquenais. VII - o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil;
VIII - o Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas;
DA INTEGRAÇÃO DOS MECANISMOS DE IX - os seguintes representantes da administração
PREVENÇÃO E CONTROLE DE ATOS ILÍCITOS pública federal, indicados pelo Ministro de Estado
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA correspondente:
a) um representante da Casa Civil da Presidência
da República;
O art. 34, do Decreto nº 9.489, de 2018, determina
b) um representante do Ministério da Defesa;
que caberá ao Ministério da Justiça e Segurança Públi-
c) um representante do Ministério da Mulher, da
ca integrar os mecanismos formados por órgãos de Família e dos Direitos Humanos;
prevenção e controle de atos ilícitos contra a Adminis- d) um representante do Gabinete de Segurança Ins-
tração Pública e referentes a ocultação ou dissimula- titucional da Presidência da República;
ção de bens, direitos e valores: X - os seguintes representantes estaduais e distrital:
a) um representante das polícias civis, indicado
Art. 34 Sem prejuízo das competências atribuídas pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil;
à Controladoria-Geral da União pela Lei nº 12.846, b) um representante das polícias militares, indica-
de 1º de agosto de 2013, caberá ao Ministério da do pelo Conselho Nacional de Comandantes Gerais;
Justiça e Segurança Pública praticar os atos neces- c) um representante dos corpos de bombeiros mili-
sários para integrar e coordenar as ações dos tares, indicado pelo Conselho Nacional dos Corpos
órgãos e das entidades federais de prevenção e con- de Bombeiros Militares do Brasil;
trole de atos ilícitos contra a administração pública d) um representante das secretarias de segurança
e referentes à ocultação ou à dissimulação de bens, pública ou de órgãos congêneres, indicado pelo
Colégio Nacional dos Secretários de Segurança
direitos e valores, definidos em plano estratégico
Pública;
anual, aprovado de acordo com os critérios e os
e) um representante dos institutos oficiais de crimi-
procedimentos estabelecidos em ato do Ministro de
nalística, medicina legal e identificação, indicado
Estado da Justiça e Segurança Pública.
pelo Conselho Nacional de Perícia Criminal; e
f) um representante dos agentes penitenciários,
DO CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA indicado por conselho nacional devidamente
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL constituído;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

XI - um representante dos agentes de trânsito,


Instituído pela Lei nº 13.675, de 2018, o Conselho indicado por conselho nacional devidamente
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (CNSP) constituído;
é um órgão colegiado permanente, de natureza con- XII - um representante das guardas municipais,
sultiva, sugestiva e de acompanhamento social das indicado por conselho nacional devidamente
atividades de segurança pública. constituído;
XIII - um representante da Guarda Portuária,
Sua finalidade é formular e propor diretrizes para
indicado por conselho nacional devidamente
as políticas públicas voltadas à promoção da segu- constituído;
rança pública, prevenção e repressão à violência e à XIV - um representante do Poder Judiciário, indica-
criminalidade, além da análise e o enfrentamento dos do pelo Conselho Nacional de Justiça;
riscos que possam afetar a harmonia da convivência XV - um representante do Ministério Público, indi-
social. cado pelo Conselho Nacional do Ministério Público; 137
XVI - um representante da Defensoria Pública, indi- § 6º A participação no CNSP será considerada pres-
cado pelo Colégio Nacional de Defensores Públicos tação de serviço público relevante, não remunerada.
Gerais;
XVII - um representante da Ordem dos Advogados O mandato dos representantes de comissão e con-
do Brasil, indicado pelo Conselho Federal da Ordem selhos de que se trata o Decreto nº 9.489, de 2018, é de
dos Advogados do Brasil; 2 (dois) anos, sendo admitida uma recondução.
XVIII - dois representantes de entidades da socie- Comissão Permanente do Sistema Nacional de
dade civil organizada cuja finalidade esteja relacio- Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
nada com políticas de segurança pública e defesa
Segurança Pública e Defesa Social: os represen-
social, eleitos nos termos do disposto no § 3º;
tantes da Comissão Permanente terão mandato de 2
XIX - dois representantes de entidades de profissio-
nais de segurança pública, eleitos nos termos do
(dois) anos, sendo admitida uma recondução;
disposto no § 3º; Conselho Gestor do Sistema Nacional de Infor-
XX - os seguintes indicados, de livre escolha e desig- mações de Segurança Pública, Prisionais, de Ras-
nação pelo Ministro de Estado da Justiça e Seguran- treabilidade de Armas e Munições, de Material
ça Pública: Genético, de Digitais e de Drogas: os representantes
a) um representante do Poder Judiciário; do Conselho Gestor terão mandato de 2 (dois) anos,
b) um representante do Ministério Público; e sendo admitida uma recondução;
c) até oito representantes com notórios conheci- Conselho Nacional de Segurança Pública e Defe-
mentos na área de políticas de segurança pública e sa Social: os representantes indicados nos incisos IX
defesa social e com reputação ilibada. ao XX, do art. 35, terão mandato de dois anos, sendo
XXI - o Secretário de Operações Integradas do admitida uma recondução.
Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Do Funcionamento do Conselho Nacional de
Cada um dos representantes titulares indicados Segurança Pública e Defesa Social
nos incisos do art. 35 terão um representante suplen-
te para substituí-lo em suas ausências e seus impedi- O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defe-
mentos, nos termos do § 2º do art. 35. sa Social reunir-se-á, ordinariamente, a cada semestre
Os representantes listados nos incisos IX a XVII (2 reuniões anuais) e, extraordinariamente, sempre
serão designados pelo Ministro de Estado da Justiça e que convocado por seu Presidente. As reuniões serão
Segurança Pública, nos termos do § 1º do art. 35. realizadas com a presença da maioria simples de seus
Já os 2 (dois) representantes de entidades da socie- representantes. Vale ressaltar ainda que o CNSP pode-
dade civil organizada cuja finalidade esteja relaciona- rá convidar representantes de outros órgãos e enti-
da com políticas de segurança pública e defesa social dades, públicos ou privados, para participar de suas
e os 2 (dois) representantes de entidades de profissio- reuniões, sem direito a voto, nos termos do art. 37.
nais de segurança pública serão eleitos por meio de Vejamos o dispositivo na íntegra:
processo aberto, o qual será precedido de convocação
pública que terão seus termos aprovados na primeira Art. 37 O CNSP se reunirá, em caráter ordinário,
reunião deliberativa do CNSP, observados os requisi- semestralmente, e, em caráter extraordinário, sem-
tos de representatividade e os critérios objetivos defi- pre que convocado por seu Presidente.
nidos também na primeira reunião, vide disposição § 1º As reuniões ordinárias e extraordinárias do
do § 3º e § 4º do art. 35. CNSP serão realizadas com a presença da maioria
Por fim, os representantes indicados nos incisos simples de seus representantes.
IX a XX, terão mandato de dois anos, sendo admitida § 2º As reuniões do CNSP ocorrerão, preferencial-
uma recondução, nos termos do § 5º do art. 35. Veja- mente, por videoconferência.
mos a literalidade dos dispositivos logo a seguir: § 3º As recomendações do CNSP serão aprovadas
pela maioria simples de seus representantes e cabe-
Art. 35 [...] rá ao seu Presidente, além do voto ordinário, o voto
§ 1º O Ministro de Estado da Justiça e Segurança de qualidade para desempate.
Pública designará os representantes a que se refe- § 4º O CNSP poderá convidar representantes de
rem o inciso IX ao inciso XVII do caput. (Redação outros órgãos e entidades, públicos ou privados,
dada pelo Decreto nº 9.876, de 2019) para participar de suas reuniões, sem direito a voto.
§ 2º Cada representante titular terá um represen-
tante suplente para substituí-lo em suas ausências
O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defe-
e seus impedimentos. sa Social poderá criar até dez câmaras técnicas com
§ 3º Os representantes a que se referem os incisos exercício simultâneo, todas de caráter temporário e
XVIII e XIX do caput serão escolhidos por meio com duração não superior a um ano, que serão consti-
de processo aberto a entidades da sociedade civil tuídas por, no máximo, sete membros, nos termos do
organizada cuja finalidade esteja relacionada com art. 38.
políticas de segurança pública e entidades de pro- Por fim, ao Ministério da Justiça e Segurança Públi-
fissionais de segurança pública que manifestem ca caberá a edição dos demais atos administrativos
interesse em participar do CNSP. necessários à consecução das atividades do CNSP, ten-
§ 4º O processo a que se refere o § 3º será precedido do em vista o disposto no art. 39. Vejamos na íntegra
de convocação pública, cujos termos serão apro- os artigos mencionados:
vados na primeira reunião deliberativa do CNSP,
observados o requisito de representatividade e os Art. 38 O CNSP poderá criar até dez câmaras técni-
critérios objetivos definidos também na primeira cas com exercício simultâneo. (Redação dada pelo
reunião. Decreto nº 9.876, de 2019)
§ 5º O mandato dos representantes a que se referem Parágrafo único. As câmaras técnicas terão caráter
o inciso IX ao inciso XX do caput será de dois anos, temporário, com duração não superior a um ano, e
138 admitida uma recondução. serão constituídas por, no máximo, sete membros.
Art. 39 Caberá ao Ministério da Justiça e Seguran- IV - contribuir para a integração e a interopera-
ça Pública a edição dos demais atos administrati- bilidade de informações e dados eletrônicos sobre
vos necessários à consecução das atividades do segurança pública e defesa social, prisionais e
CNSP, por intermédio de sua Secretaria-Executiva sobre drogas, e para a unidade de registro das ocor-
ou de unidade que venha a ser instituída para esse rências policiais;
fim em regimento interno, que prestará apoio téc- V - propor a criação de grupos de trabalho com o
nico e administrativo ao CNSP e às suas câmaras objetivo de produzir e publicar estudos e diagnós-
técnicas. ticos para a formulação e a avaliação de políticas
públicas relacionadas com segurança pública e
Da Competência do Conselho Nacional de Segurança defesa social;
Pública e Defesa Social VI - prestar apoio e articular-se, sistematicamente,
com os conselhos estaduais, distrital e municipais
Compete ao Conselho Nacional de Segurança
de segurança pública e defesa social, com vistas à
Pública e Defesa Social CNSP atuar de forma consul-
formulação de diretrizes básicas comuns e à poten-
tiva, sugestiva e de acompanhamento social das ativi-
cialização do exercício de suas atribuições legais e
dades de segurança pública e defesa social, bem com
regulamentares;
contribuir para a integração e a interoperabilidade
VII - estudar, analisar e sugerir alterações na legis-
de informações e dados eletrônicos sobre segurança lação pertinente; e
pública, apreciando o Plano Nacional de Segurança VIII - promover a articulação entre os órgãos que
Pública e Defesa Social. Vejamos: integram o Susp e a sociedade civil.
Parágrafo único. O CNSP divulgará anualmente
Art. 40 O CNSP, órgão colegiado permanente, inte-
grante estratégico do Susp, tem competência con- e, de forma extraordinária, quando necessário, as
sultiva, sugestiva e de acompanhamento social avaliações e as recomendações que emitir a respei-
das atividades de segurança pública e defesa social, to das matérias de sua competência.
respeitadas as instâncias decisórias e as normas de
organização da administração pública. DISPOSIÇÕES FINAIS
Parágrafo único. O CNSP exercerá o acompanha-
mento dos integrantes operacionais do Susp, a que O Decreto nº 9.489, de 2018, revogou os seguintes
se refere o § 2º do art. 9º da Lei nº 13.675, de 2018, decretos:
e poderá recomendar providências legais às auto-
ridades competentes, de modo a considerar, entre
Que instituía, no âmbito do Ministé-
outros definidos em regimento interno ou em nor-
rio da Justiça, a Rede de Integração
ma específica, os seguintes aspectos: DECRETO
Nacional de Informações de Segu-
I - as condições de trabalho, a valorização e o Nº 6.138/2007
rança Pública, Justiça e Fiscaliza-
respeito pela integridade física e moral de seus
integrantes; ção – Rede Infoseg
II - o cumprimento das metas definidas de acordo Que dispunha da estrutura, com-
com o disposto na Lei nº 13.675, de 2018 , para a DECRETO posição, competências e funcio-
consecução dos objetivos do órgão; Nº 7.413/2010 namento do Conselho Nacional de
III - o resultado célere na apuração das denúncias
Segurança Pública – CONASP
em tramitação nas corregedorias; e
IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do Que dispunha sobre o Conselho
órgão pela população por ele atendida. DECRETO Gestor do Sistema Nacional de In-
Nº 8.075/2013 formações de Segurança Pública,
Além das competências elencadas no art. 40, com- Prisionais e sobre Drogas
pete ao CNSP as seguintes disposições:

Art. 41 Compete, ainda, ao CNSP:


I - propor diretrizes para políticas públicas relacio-
nadas com segurança pública e defesa social, com
vistas à prevenção e à repressão da violência e da LEI ESTADUAL Nº 869, DE 05 DE
criminalidade e à satisfação de princípios, diretri- JULHO DE 1952 (ESTATUTO DOS
zes, objetivos, estratégias, meios e instrumentos da
Política Nacional de Segurança Pública e Defesa FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO
Social, estabelecidos no art. 4º ao art. 8º da Lei nº ESTADO DE MINAS GERAIS)
13.675, de 2018 ;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

II - apreciar o Plano Nacional de Segurança Pública Neste capítulo conheceremos o Estatuto dos ser-
e Defesa Social e, quando necessário, fazer reco- vidores do Estado. Abordaremos os tópicos que têm
mendações relativamente aos objetivos, às ações maior probabilidade de serem cobrados em provas,
estratégicas, às metas, às prioridades, aos indica- pois se trata de uma lei bastante extensa. Entretanto,
dores e às formas de financiamento e gestão das assim como todo e qualquer estudo que seja pautado
políticas de segurança pública e defesa social nele em uma lei específica, aconselhamos que você se pla-
estabelecidos;
neje, de forma que possa ler a letra fria da Lei, tendo
III - propor ao Ministério da Justiça e Segurança
contato com a norma na sua forma original e integral.
Pública e aos integrantes do Susp a definição anual
de metas de excelência com vistas à prevenção e à Ao longo do texto, você perceberá a ausência de
repressão das infrações penais e administrativas e incisos ou parágrafos eventualmente. Por ser muito
à prevenção de desastres, por meio de indicadores antiga a Lei, são muitos os dispositivos revogados,
públicos que demonstrem, de forma objetiva, os o quais foram omitidos para que a sua leitura fosse
resultados pretendidos; mais leve. 139
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES II – Promoção;
III – Transferência;
O Estatuto regula as condições do provimento dos IV – Reintegração;
cargos públicos, os direitos e as vantagens, os deveres V – Readmissão;
e responsabilidades dos funcionários civis do Estado, VI – Reversão;
sendo suas disposições aplicáveis ao Ministério Públi- VII – Aproveitamento.
co e ao Magistério, conforme art. 1º.
Os arts. 2º e 3º trazem conceitos basilares, impor- Esses dispositivos riscados ainda constam da Lei,
tantes para sua prova. mas são inconstitucionais. Portanto, é improvável que
sejam cobrados em prova.
Art. 2º Funcionário público é a pessoa legalmen- Em seguida, temos o art. 13, que traz os requisitos
te investida em cargo público. para ocupar o cargo público. Trata-se de um conteúdo
Art. 3º Cargo público, para os efeitos deste estatuto, bastante cobrado e, por isso, merece atenção.
é o criado por lei em número certo, com a denomina-
ção própria e pago pelos cofres do Estado. Art. 13 Só poderá ser provido em cargo público
Parágrafo único. Os vencimentos dos cargos públicos quem satisfizer os seguintes requisitos:
obedecerão a padrões previamente fixados em lei. I – ser brasileiro;
II – ter completado dezoito anos de idade;
Os cargos podem estar organizados em carreira ou III – haver cumprido as obrigações militares fixa-
não. No entanto, para entendermos o dispositivo que das em lei;
trata desse assunto, é importante vermos os concei- IV – estar em gozo dos direitos políticos;
V – ter boa conduta;
tos de classe e carreira primeiramente, constantes nos
VI – gozar de boa saúde, comprovada em inspeção
arts. 5º e 6º. médica;
VII – ter-se habilitado previamente em concurso,
Art. 5º Classe é um agrupamento de cargos da mes-
salvo quando se tratar de cargos isolados para os
ma profissão e de igual padrão de vencimento.
quais não haja essa exigência;
Art. 6º Carreira é um conjunto de classes da mes- VIII – ter atendido às condições especiais, inclusi-
ma profissão, escalonadas segundo os padrões de ve quanto à idade, prescrita no respectivo edital de
vencimentos. concurso.
Padrão de vencimento nada mais é do que o parâ-
NOMEAÇÕES
metro estabelecido em Lei para remunerar o agente
público. São subdivisões dentro das classes.
O art. 14 trata das nomeações, as quais podem ser
Agora, poderemos compreender melhor o conteú-
em caráter efetivo ou em comissão. Vejamos:
do do art. 4º, que dispõe sobre os cargos a serem isola-
dos ou organizados em carreira. Art. 14 As nomeações serão feitas:
I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
Art. 4º Os cargos são de carreira ou isolados.
carreira ou isolado que, por lei, assim deva ser provido;
Parágrafo único. São de carreira os que se inte-
II – em comissão, quando se tratar de cargo isola-
gram em classes e correspondem a uma profissão;
do que, em virtude de lei, assim deva ser provido;
isolados, os que não se podem integrar em clas- IV – em substituição no impedimento legal ou tem-
ses e correspondem a certa e determinada função. porário de ocupante de cargo isolado de provimen-
to efetivo ou em comissão.
Por sua vez, um conjunto de carreiras forma um
quadro, conforme colocado pelo art. 8º. O art. 16 impõe que a primeira investidura em car-
go de carreira e em outros que a Lei determinar efe-
Art. 8º Quadro é um conjunto de carreiras, de car- tuar-se-á mediante concurso, precedida de inspeção
gos isolados e de funções gratificadas. de saúde.

Não haverá equivalência entre as diferentes carrei- Art. 16 A primeira investidura em cargo de car-
ras, nem entre cargos isolados ou funções gratificadas, reira e em outros que a lei determinar efetuar-se-
conforme art. 9º. -á mediante concurso, precedida de inspeção de
A seguir, apresentamos um esquema hipotético saúde.
para facilitar o seu entendimento da correlação dos Parágrafo único. Os concursos serão de provas e,
subsidiariamente, de títulos.
conceitos abordados.
No entanto, aqui, temos uma possível incompa-
QUADRO tibilidade com a CF/88, pois abre-se o caminho para
que haja uma mudança de carreira sem concurso. No
Carreira B Carreira A entanto, o aprofundamento desse tema não é nosso
objetivo.
Classe 1: Padrões Classe 1
Classe 1: Padrões Classe 1
Classe 2: Padrões Classe 2
ESTÁGIO PROBATÓRIO

DO PROVIMENTO No que diz respeito ao estágio probatório, o art.


23 traz o período de 2 (dois) anos de efetivo exercício
O art. 12 traz a forma de provimento dos cargos. para o servidor nomeado por meio de concurso em
Vejamos: dissonância tanto com a Constituição Federal, quanto
com a Constituição Estadual, que trazem o período de 3
Art. 12 Os cargos públicos são providos por: (três) anos. Ainda, traz o período de 5 (cinco) anos para
140 I – Nomeação; demais casos, o que, também, não é mais possível.
Vejamos o dispositivo com o devido cuidado, uma § 3º O funcionário reintegrado será submetido a ins-
vez que os requisitos são assuntos recorrentes em peção médica; verificada a incapacidade será apo-
provas. sentado no cargo em que houver sido reintegrado.

A readmissão, além de ser inconstitucional, tam-


Dica bém teve os dispositivos a ela relacionados revogados.
Use o mnemônico “IDADE” para memorizar: REVERSÃO
ID oneidade moral;
A ssiduidade; Veremos, a seguir, a reversão, cujas principais
D isciplina; informações constam do art. 54.
E ficiência.
Art. 54 Reversão é o ato pelo qual o aposentado
reingresse no serviço público, após verificação,
Art. 23 Estágio probatório é o período de dois anos em processo, de que não subsistem os motivos
de efetivo exercício do funcionário nomeado em vir- determinantes da aposentadoria.
tude de concurso, e de cinco anos para os demais § 1º A reversão far-se-á a pedido ou «ex-officio”.
casos. § 2º O aposentado não poderá reverter à atividade
§ 1º No período de estágio apurar-se-ão os seguin- se contar mais de cinqüenta e cinco anos de idade.
tes requisitos: § 3º Em nenhum caso poderá efetuar-se a reversão,
I – idoneidade moral; sem que mediante inspeção médica fique provada a
II – assiduidade; capacidade para o exercício da função.
III – disciplina; § 4º Será cassada a aposentadoria do funcionário
IV – eficiência. que reverter e não tomar posse e entrar em exercí-
§ 2º Não ficará sujeito a novo estágio probatório o cio dentro dos prazos legais.
funcionário que, nomeado para outro cargo públi-
co, já houver adquirido estabilidade em virtude de O art. 57 traz o instituto do aproveitamento, que é
qualquer prescrição legal. o reingresso no serviço público do funcionário em dis-
ponibilidade. Em resumo, a situação de disponibilida-
de é quando o servidor fica “em casa”, aguardando ser
ESTÁGIO
PROBATÓRIO aproveitado pela Administração Pública.
Conforme art. 61, posse é o ato que investe o cida-
dão em cargo ou em função gratificada. As autoridades
Requisitos competentes para dar posse ao agente público são:

Art. 62 São competentes para dar posse:


I - o Governador do Estado;
Idoneidade Disciplina
Assiduidade Eficiência II - os Secretários de Estado;
Moral
III - os Diretores de Departamentos diretamente
subordinados ao Governador;
SUBSTITUIÇÃO IV - as demais autoridades designadas em regulamentos.

Sobre a substituição, a Lei impõe que ela ocorre- POSSE


rá no impedimento do ocupante de cargo isolado, de
provimento efetivo ou em comissão e de função gra- A posse ocorrerá mediante a lavratura de um
tificada, sendo automática ou dependente de ato da termo que, assinado pela autoridade que a der e pelo
Administração. funcionário, será arquivado no órgão de pessoal da res-
Os dispositivos que tratavam, especificamente, da pectiva Repartição, depois dos competentes registros
promoção foram todos revogados, portanto nada res- (art. 63), podendo ser tomada por procuração, quando
ta a abordar. se tratar de funcionário ausente do Estado, em missão
Em relação aos arts. 44 a 48, trata-se do instituto da do Governo ou, em casos especiais, a critério da autori-
transferência, também incompatível com a CF/88, o dade competente (art. 64).
que torna remota sua chance de cobrança. O art. 68 traz informações a respeito do exercício,
Vejamos, agora, a reintegração, constante do art. que é muito importante devido a sua íntima ligação
com a aquisição de numerosos direitos pelo agente
50 do Estatuto.
público. Por isso, a necessidade de seu registro nos
Art. 50 A reintegração, que decorrerá de decisão casos de início, interrupção e suspensão.
administrativa ou sentença judiciária passada em
EXERCÍCIO
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

julgado, é o ato pelo qual o funcionário demitido


reingressa no serviço público, com ressarcimento Art. 68 O início, a interrupção e o reinício do exer-
dos prejuízos decorrentes do afastamento. cício serão registrados no assentamento individual
§ 1º A reintegração será feita no cargo anterior- do funcionário.
mente ocupado se esse houver sido transformado, Parágrafo único. O início do exercício e as altera-
no cargo resultante da transformação; e, se provi- ções que neste ocorrerem serão comunicados, pelo
do ou extinto, em cargo de natureza, vencimento ou chefe da repartição ou serviço em que estiver lota-
remuneração equivalentes, respeitada a habilita- do o funcionário, ao respectivo serviço de pessoal e
ção profissional. às autoridades, a quem caiba tomar conhecimento.
§ 2º Não sendo possível fazer a reintegração pela
forma prescrita no parágrafo anterior, será o Conforme art. 69, o chefe da repartição ou do servi-
ex-funcionário posto em disponibilidade no cargo ço para que for designado o funcionário é a autoridade
que exercia, com provento igual ao vencimento ou competente para lhe dar exercício, sendo o prazo de 30
remuneração. dias contados dos seguintes parâmetros: 141
z Da data da publicação oficial do ato, nos casos de Art. 88 Serão considerados de efetivo exercício
promoção, remoção, reintegração e designação para os efeitos do artigo anterior os dias em que o fun-
para função gratificada; cionário estiver afastado do serviço em virtude de:
z Da data da posse, nos demais casos. (Incisos I e II I – férias e férias-prêmio;
do art. 70). II – casamento, até oito dias;
III – luto pelo falecimento do cônjuge, filho, pai,
REMOÇÃO mãe e irmão até oito dias;
IV – exercício de outro cargo estadual, de provi-
A remoção poderá acontecer a pedido ou “ex officio”, mento em comissão;
que é por impulso da própria Administração Pública. V – convocação para serviço militar;
VI – júri e outros serviços obrigatórios por lei;
Art. 80 A remoção, que se processará a pedido do VII – exercício de funções de governo ou adminis-
funcionário ou “ex-officio”, dar-se-á: tração em qualquer parte do território estadual,
I – de uma para outra repartição ou serviço; por nomeação do Governador do Estado;
II – de um para outro órgão de repartição, ou VIII – exercício de funções de governo ou adminis-
serviço. tração em qualquer parte do território nacional,
§ 1º A remoção só poderá ser feita respeitada a por nomeação do Presidente da República;
lotação de cada repartição ou serviço. IX – desempenho de mandato eletivo federal, esta-
§ 2º A autoridade competente para ordenar a remo- dual ou municipal;
ção será aquela a quem estiverem subordinados os X – licença ao funcionário acidentado em servi-
órgãos, ou as repartições ou serviços entre os quais ço ou atacado de doença profissional;
ela se faz. XI – licença à funcionária gestante;
§ 3º Ficam asseguradas à professora primária casa- XII – missão ou estudo de interesse da adminis-
da com servidor federal, estadual e militar as garan- tração, noutros pontos do território nacional ou no
tias previstas pela Lei nº 814, de 14/12/51. estrangeiro, quando o afastamento houver sido expres-
samente autorizado pelo Governador do Estado.
Parágrafo único. Para efeito de promoção por anti-
a pedido güidade, computar-se-á, como de efetivo exercício,
REMOÇÃO o período de licença para tratamento de saúde.

ex officio FREQUÊNCIA E HORÁRIO

A frequência será apurada por meio do ponto,


READAPTAÇÃO segundo o art. 94. De acordo com o art. 95, ponto é o
registro pelo qual se verificarão, diariamente, as entra-
Vejamos os casos em que ocorrerá a readaptação das e saídas dos funcionários em serviço.
do servidor, constantes do art. 81. De acordo com o art. 99, o funcionário perderá:

Art. 99 [...]
Art. 81 Dar-se-á readaptação: I - o vencimento ou remuneração do dia, se não
a) nos casos de perda da capacidade funcional comparecer ao serviço;
decorrente da modificação do estado físico ou das II - 1/5 do vencimento ou remuneração, quando
condições de saúde do funcionário, que não justifi- comparecer depois da hora marcada para início do
quem a aposentadoria; expediente, até 55 minutos;
b) nos casos de desajustamento funcional no exer- III - o vencimento ou remuneração do dia, quando
cício das atribuições do cargo isolado de que for comparecer na repartição sem a observância do
titular o funcionário ou da carreira a que pertencer. limite de 55 minutos;
IV - 4/5 do vencimento ou remuneração, quando se
TEMPO DE SERVIÇO retirar da repartição no fim da segunda hora do
expediente;
O art. 87 define a apuração do tempo de serviço em V - 3/5 do vencimento ou remuneração, quando se
dias e eventual conversão em anos. Vejamos: retirar no período compreendido entre o princípio e
o fim da terceira hora do expediente;
Art. 87 A apuração do tempo de serviço, para efei- VI - 2/5 do vencimento ou remuneração, quando se
to de aposentadoria, promoção e adicionais, será retirar no período compreendido entre o princípio e
feita em dias. o fim da quarta hora;
§ 1º Serão computados os dias de efetivo exercício, VII - 1/5 do vencimento ou remuneração, quando se
à vista de documentação própria que comprove a retirar do princípio da quinta hora em diante.
freqüência, especialmente livro de ponto e folha de
pagamento. até 55 min
§ 2º Para efeito de aposentadoria e adicionais, o núme- 1/5
ro de dias será convertido em anos, considerados sem- Atraso
pre estes como de trezentos e sessenta e cinco dias. Total mais que 55 min
§ 3º Feita a conversão de que trata o parágrafo
anterior, os dias restantes até cento e oitenta e dois PERDA DA
não serão computados, arredondando-se para um 4/5 fim da 2ª hora
REMUNERAÇÃO
ano quando excederem esse número.
3/5 fim da 3ª hora
Como dito anteriormente, a contagem do tempo Saída mais
de exercício é importante para vários direitos. Por cedo 2/5 4ª hora
isso, há algumas situações que, ainda que o servidor
não esteja efetivamente trabalhando, são considera-
das efetivo exercício para todos os efeitos legais. Elas 5ª hora em
1/5
142 constam do art. 88. diante
VACÂNCIA d) quando inválido em conseqüência de acidente ou
agressão, não provocada, no exercício de suas atri-
A vacância, como o próprio significado da palavra buições, ou doença profissional;
expõe, são as situações em que o cargo se torna vago, e) quando acometido de tuberculose ativa, aliena-
desocupado. O art. 103 traz as hipóteses de ocorrência. ção mental, neoplasia maligna, cegueira, cardiopa-
tia descompensada, hanseníase, leucemia, pênfigo
Art. 103 A vacância do cargo decorrerá de: foliáceo, paralisia, síndrome da imunodeficiência
a) exoneração; adquirida – AIDS-, nefropatia grave, esclerose múl-
b) demissão; tipla, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui-
c) promoção; losante, mal de Paget, hepatopatia grave ou outra
d) transferência; doença que o incapacite para o exercício da função
e) aposentadoria; pública.
f) posse em outro cargo, desde que dela se verifique § 1º Acidente é o evento danoso que tiver como cau-
acumulação vedada; sa mediata ou imediata o exercício das atribuições
g) falecimento. inerentes ao cargo.
§ 2º Equipara-se a acidente a agressão sofrida e não
EXONERAÇÃO provocada pelo funcionário no exercício de suas
atribuições.
Vejamos a exoneração, que tem suas peculiarida-
des previstas no art. 106. Conforme imposto pelo art. 115, os vencimentos
da aposentadoria não poderão ser superiores ao ven-
Art. 106 Dar-se-á exoneração: cimento ou remuneração da atividade, nem inferiores
a) a pedido do funcionário; a um terço (1/3).
b) a critério do Governo quando se tratar de ocu-
pante de cargo em comissão ou interino em cargo
DIREITOS, VANTAGENS E CONCESSÕES
de carreira ou isolado, de provimento efetivo;
c) quando o funcionário não satisfizer as condições
Disposições Gerais
de estágio probatório;
d) quando o funcionário interino em cargo de car-
reira ou isolado, de provimento efetivo, não satis-
O art. 118 lista as vantagens que poderão ser aferi-
fizer as exigências para a inscrição, em concurso; das pelo servidor com base no Estatuto.
e) automaticamente, após a homologação do resul-
tado do concurso para provimento do cargo ocupa- Art. 118 Além de vencimento ou da remuneração
do interinamente pelo funcionário. do cargo o funcionário poderá auferir as seguintes
vantagens:
I – ajuda de custo;
Duas considerações são importantes a fazer sobre II – diárias;
o dispositivo exposto. Primeiramente, a nomeação III – auxílio para diferença de caixa;
em caráter interino foi revogada (art. 14), portanto é IV – abono de família;
improvável a sua cobrança em prova. Já em relação V – gratificações;
à hipótese da alínea “c”), perceba que não se trata de VI – honorários;
sanção, mas apenas de consequência do não cumpri- VII – quotas-partes e percentagens previstas em lei;
mento das condições do estágio probatório. VIII – adicionais previstos em lei.

Vencimento e da Remuneração
Importante!
z Vencimento: é a retribuição paga ao funcionário pelo
A exoneração não é uma hipótese de sanção efetivo exercício do cargo correspondente ao padrão
disciplinar. fixado em lei, conforme previsão do art. 120;
z Remuneração: é a retribuição paga ao funcionário
pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao
DEMISSÃO
padrão de vencimento e mais as quotas ou porcen-
tagens, que, por lei, lhe tenham sido atribuídas (art.
O art. 107 é o único dispositivo que trata desse con- 121).
texto, sendo as demais informações abordadas no tre-
cho do Estatuto referentes ao processo administrativo. Art. 123 O funcionário nomeado para exercer cargo
isolado, provido em comissão, perderá o vencimen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 107 A demissão será aplicada como penalidade. to ou remuneração ao cargo efetivo, salvo opção.
Art. 124 O vencimento ou a remuneração dos
APOSENTADORIA funcionários não poderão ser objeto de arresto,
sequestro ou penhora, salvo quando se tratar:
O art. 108 traz as hipóteses de aposentadoria. Veja- I - de prestação de alimentos, na forma da lei civil;
mos o dispositivo com atenção especial aos detalhes. II - de dívida à Fazenda Pública.

Art. 108 O funcionário, ocupante de cargo de provi-


mento efetivo, será aposentado:
a) compulsoriamente, aos setenta anos de idade; + =
Vencimento Vantagens Remuneração
b) se o requerer, quando contar 30 anos de serviço;
c) quando verificada a sua invalidez para o serviço
público; 143
Ajuda de Custo Art. 140 O pagamento de diária, que pode ser feito
antecipadamente, destina-se a indenizar o funcio-
O tema da ajuda de custo é recorrente em provas, nário por despesas com alimentação e pousada,
portanto é importante que vejamos as suas disposi- devendo ocorrer por dia de afastamento e pelo
ções. O art. 132 traz as hipóteses de sua concessão. valor fixado no regulamento.
§ 1º A diária é integral quando o afastamento se der
Art. 132 Será concedida ajuda de custo ao funcio- por mais de doze horas e exigir pousada paga pelo
funcionário.
nário que, em virtude de transferência, remoção,
§ 2º Ocorrendo afastamento por até doze horas,
designação para função gratificada, passar a ter
é devida apenas a parcela da diária relativa a
exercício em nova sede, ou quando designado para
alimentação.
serviço ou estudo fora do Estado.
§ 1º A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcio-
nário das despesas de viagem e de nova instalação. Conforme comando do art. 141, é vedado o paga-
§ 2º O transporte do funcionário e de sua família mento de diária cumulativamente com qualquer
correrá por conta do Estado. outra retribuição de caráter indenizatório de des-
pesa com alimentação e pousada.
Perceba que a ajuda de custo tem a finalidade de
indenizar uma despesa que o servidor tenha em razão Gratificações
de uma mudança de residência. A ajuda de custo não
poderá ser inferior à importância correspondente a um O art. 143 lista as gratificações que podem ser
mês de vencimento e nem superior a três, salvo quan- pagas ao agente público. Vejamos:
do se tratar do funcionário designado para serviço ou
estudo no estrangeiro (§ 1º, art. 133). Art. 143 Será concedida gratificação ao funcionário:
O art. 135 traz as hipóteses em que possivelmente a) pelo exercício em determinadas zonas ou locais;
b) pela execução de trabalho de natureza especial,
ocorrerá a mudança de domicílio, mas não ocorrerá o
com risco de vida ou saúde;
pagamento.
c) pela elaboração de trabalho técnico ou científico
de utilidade para o serviço público;
Art. 135 Não será concedida a ajuda de custo:
d) de representação, quando em serviço ou estudo
I – quando o funcionário se afastar da sede, ou a ela
no estrangeiro ou no país;
voltar, em virtude de mandato eletivo; e) quando regularmente nomeado ou designado
II - quando for posto à disposição do Governo para fazer parte do órgão legal de deliberação cole-
Federal, municipal e de outro Estado; tiva ou para cargo ou função de confiança;
III – quando for transferido ou removido a pedi- f) pela prestação de serviço extraordinário;
do ou permuta, inclusive. g) de função de chefia prevista em lei;
h) adicional por tempo de serviço, nos termos de lei.
Diárias § 1º A gratificação a que se refere a alínea «e» deste
artigo será fixada no limite máximo de um terço do
A diária é devida ao servidor por deslocamento vencimento ou remuneração.
eventual em face do serviço. É importante você não § 2º Será estabelecido em decreto o quanto das gra-
a confundir com a ajuda de custo, que é paga quan- tificações a que se referem as alíneas «a» e «b» deste
do ocorrida uma mudança de domicílio. As hipó- artigo.
teses de vedações estão no art. 130. Mas as hipóteses
de pagamento não, a não ser as elencadas no próprio Função Gratificada
caput, que é uma regra geral.
Função gratificada é a instituída em lei para aten-
Art. 139 O funcionário que se deslocar de sua sede, der os encargos de chefia e outros que a lei determinar,
eventualmente e por motivo de serviço, faz jus à conforme previsão do art. 150.
percepção de diária, nos termos de regulamento. Não perderá a gratificação o funcionário que deixar
§ 1º A diária não é devida: de comparecer ao serviço em virtude de férias, luto,
1) no período de trânsito, ao funcionário removido casamento, doença comprovada e serviços obrigató-
ou transferido. rios por lei (art. 151).
2) quando o deslocamento do funcionário durar
menos de seis horas; Férias
3) quando o deslocamento se der para a localida-
de onde o funcionário resida; Outro tema importante para fins de prova é o rela-
4) quando relativa a sábado, domingo ou feria-
tivo às férias. Vejamos o conteúdo do art. 152.
do, salvo se a permanência do funcionário fora da
sede nesses dias for conveniente ou necessária ao
Art. 152 O funcionário gozará, obrigatoriamente,
serviço.
por ano vinte e cinco dias úteis de férias, obser-
§ 2º Sede é a localidade onde o funcionário tem
vada a escala que for organizada de acordo com
exercício.
conveniência do serviço, não sendo permitida a
acumulação de férias.
O dispositivo confirma o que vimos anteriormen- § 1º Na elaboração da escala, não será permiti-
te a respeito da diferença entre a ajuda de custo e a do que entrem em gozo de férias, em um só mês,
diária. mais de um terço de funcionários de uma seção ou
A seguir, temos a descrição da finalidade no caput serviço.
do art. 140, que traz importantes parâmetros de paga- § 2º É proibido levar à conta de férias qualquer
144 mento em seus parágrafos. falta ao trabalho.
§ 3º Ingressando no serviço público estadual, IV – no caso previsto no art. 175;
somente depois do 11º mês de exercício poderá o V – quando convocado para serviço militar;
funcionário gozar férias. VI – para tratar de interesses particulares;
VII – no caso previsto no art. 186.
Durante as férias, o funcionário terá direito ao ven-
cimento ou remuneração e a todas as vantagens, como Os casos previstos nos arts. 175 e 186 são, respecti-
se estivesse em exercício exceto a gratificação por ser- vamente, “licença à funcionária gestante” e “licença à
viço extraordinário (art. 153). funcionária casada com funcionário”.
Aos funcionários em comissão não será concedi-
da licença para tratar de interesses particulares (art.
25 dias úteis 159).
A licença para tratamento de saúde será conce-
dida a pedido do funcionário ou ex officio, sendo indis-
proibida
FÉRIAS cumulação pensável a inspeção médica em qualquer dos casos
(art. 168).
proibido O funcionário licenciado para tratamento de saúde
descontar faltas não poderá dedicar-se a qualquer atividade remunera-
da, conforme art. 169.
Quando licenciado para tratamento de saúde, aciden-
Férias-Prêmio te no serviço de suas atribuições, ou doença profissional,
o funcionário receberá, integralmente, o vencimento ou
Você deve se lembrar do que vimos sobre o exercí- a remuneração e demais vantagens (art. 170).
cio e a sua importância para a aquisição de determi- Ao funcionário licenciado para tratamento de saúde
nados direitos pelo servidor. Aqui, teremos um bom poderá ser concedido transporte, inclusive para as pes-
exemplo disso. soas de sua família, por conta do Estado, fora da sede
As férias-prêmio são adquiridas a cada 10 anos de de serviço, se assim o exigir o laudo médico oficial, con-
efetivo exercício. Muita atenção ao parágrafo segun- forme art. 202.
do, no qual são listadas situações em que, na prática, As informações referentes à licença à funcioná-
o servidor não está em efetivo exercício, mas não afe- ria gestante se resumem ao constante no art. 175.
tarão a aquisição. Vejamos, atentando-nos aos destaques.
Art. 156 O funcionário gozará férias-prêmio cor- Art. 175 À funcionária gestante será concedida,
respondente a decênio de efetivo exercício em
mediante inspeção médica, licença, por três
cargos estaduais na base de quatro meses por
meses, com vencimento ou remuneração e demais
decênio.
vantagens.
§ 1º As férias-prêmio serão concedidas com o ven-
§ 1º A licença só poderá ser concedida para o
cimento ou remuneração e todas as demais vanta-
período que compreenda, tanto quanto possível,
gens do cargo, excetuadas somente as gratificações
os últimos quarenta e cinco dias da gestação e
por serviços extraordinários, e sem perda da con-
tagem de tempo para todos os efeitos, como se esti- o puerpério.
vesse em exercício. § 2º A licença deverá ser requerida até o oitavo mês
§ 2º Para tal fim, não se computará o afastamento da gestação, competindo à junta médica fixar a
do exercício das funções, por motivo de: data do seu início.
a) gala ou nojo, até 8 dias cada afastamento; § 3º O pedido encaminhado depois do oitavo mês
b) férias anuais; da gestação será prejudicado quanto à duração da
c) requisição de outras entidades públicas, com licença, que se reduzirá dos dias correspondentes
afastamento autorizado pelo Governo do Estado; ao atraso na formulação do pedido.
d) viagem de estudo, aperfeiçoamento ou repre- § 4º Se a criança nascer viva, prematuramente,
sentação fora da sede, autorizada pelo Governo do antes que a funcionária tenha requerido a licença,
Estado; o início desta será a partir da data do parto.
e) licença para tratamento de saúde até 180 dias;
f) júri e outros serviços obrigatórios por lei; Em seguida, temos a licença por motivo de doença
g) exercício de funções de governo ou administra- em pessoa da família, que poderá ser obtida pelo fun-
ção em qualquer parte do território estadual, por cionário por motivo de doença nas pessoas de pai, mãe,
nomeação do Governo do Estado. filhos ou cônjuge, de que não esteja legalmente separa-
§ 3º O servidor público terá, automaticamente, con- do (art. 176). Será provada a doença mediante inspeção
tado em dobro, para fins de aposentadoria e van-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

médica, na forma prevista em Lei, conforme art. 176.


tagens dela decorrentes, o tempo de férias-prêmio A licença para tratar de interesses particulares,
não gozadas. que é uma das licenças mais cobradas, está prevista
no artigo 179.
Licenças
Art. 179 Depois de dois anos de exercício, o fun-
Vejamos, agora, as licenças que podem ser conce- cionário poderá obter licença, sem vencimen-
didas com base no Estatuto. to ou remuneração, para tratar de interesses
particulares.
Art. 158 O funcionário poderá ser licenciado: § 1º A licença poderá ser negada quando o afasta-
I – para tratamento de saúde; mento do funcionário for inconveniente ao interes-
II – quando acidentado no exercício de suas atribui- se do serviço.
ções ou atacado de doença profissional; § 2º O funcionário deverá aguardar em exercício a
III – por motivo de doença em pessoa de sua família; concessão da licença. 145
A licença para funcionária casada com funcioná- É possível o pedido de reconsideração;
rio estadual, federal ou militar, terá direito à licença,
sem vencimento ou remuneração, quando o marido for Art. 193 O pedido de reconsideração será dirigido à
autoridade que houver expedido o ato ou proferido
mandado servir, independentemente de solicitação, em
a primeira decisão, não podendo ser renovado.
outro ponto do Estado ou do território nacional ou no
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de recon-
estrangeiro. (art. 186) sideração deverão ser despachados no prazo de cin-
co dias e decididos dentro de trinta, improrrogáveis.
Art. 186 [...]
§1º A licença será concedida mediante pedido, devi-
Além do pedido de reconsideração, que é encami-
damente instruído e vigorará pelo tempo que durar
nhado à própria autoridade que proferiu a decisão, há
a comissão ou nova função do marido.
a possibilidade dos recursos.
Estabilidade Art. 194 Caberá recurso:
I – do indeferimento do pedido de reconsideração;
Em relação à estabilidade, que está prevista nos
II – das decisões sobre os recursos sucessivamente
arts. 187 e seguintes, temos as ressalvas quanto à interpostos.
incompatibilidade com as Constituições federal e § 1º O recurso será dirigido à autoridade imedia-
estadual. tamente superior à que tiver expedido o ato ou
proferido a decisão e, sucessivamente, em escala
Art. 187 O funcionário adquirirá estabilidade ascendente, às demais autoridades.
depois de: § 2º No encaminhamento do recurso observar-se-á
I – dois anos de exercício, quando nomeado em vir- o disposto na parte final do art. 192.
tude de concurso; Art. 195 Os pedidos de reconsideração e os recur-
II – cinco anos de exercício, o efetivo nomeado sem sos que não têm efeito suspensivo; os que forem
concurso. providos, porém, darão lugar às retificações neces-
Parágrafo único. Não adquirirão estabilidade, qual- sárias, retroagindo os seus efeitos à data do ato
quer que seja o tempo de serviço o funcionário interino impugnado, desde que outra solução jurídica não
e no cargo em que estiver substituindo ou comissiona- determine a autoridade, quanto aos efeitos relati-
do, o nomeado em comissão ou em substituição. vos ao passado.

Ainda, temos o artigo 189, que traz os casos de per- Concessões


da de cargo pelos servidores.
São duas as hipóteses, trazidas pelo art. 201, nas
Art. 189 Os funcionários públicos perderão o cargo:
quais o agente público poderá afastar-se sem qual-
I – quando vitalícios, somente em virtude de senten-
quer prejuízo.
ça judiciária;
II – quando estáveis, no caso do número anterior,
Art. 201 Sem prejuízo do vencimento, remune-
no de extinguir o cargo ou no de serem demitidos
ração ou qualquer outro direito ou vantagem
mediante processo administrativo em que se lhes
legal, o funcionário poderá faltar ao serviço até
tenha assegurada ampla defesa.
oito dias consecutivos por motivo de:
Parágrafo único. A estabilidade não diz respeito ao
a) casamento;
cargo, ressalvando-se à administração o direito de rea-
b) falecimento do cônjuge, filhos, pais ou irmãos.
daptar o funcionário em outro cargo, removê-lo, trans-
feri-lo ou transformar o cargo, no interesse do serviço. DOS DEVERES E DA AÇÃO DISCIPLINAR

Dica. Das Responsabilidades

Atente-se para o que indica a Constituição Começaremos a adentrar à parte disciplinar do


Federal de 1988: “o prazo para que o funcioná- Estatuto. Para isso, primeiramente, temos a indepen-
rio adquira estabilidade é de 3 anos”, conforme dência das esferas de responsabilidades do servidor,
explicado anteriormente. podendo a apuração ocorrer de forma independente.

Disponibilidade Art. 208 Pelo exercício irregular de suas atri-


buições, o funcionário responde civil, penal e
Vejamos o conceito de disponibilidade. Conforme administrativamente.
o art. 190, quando se extinguir o cargo, o funcionário Art. 209 A responsabilidade civil decorre de pro-
cedimento doloso ou culposo, que importe em pre-
estável ficará em disponibilidade remunerada, com
juízo da Fazenda Estadual, ou de terceiro.
vencimento ou remuneração integrais e demais vanta-
gens, até o seu obrigatório aproveitamento em outro A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
cargo de natureza, vencimentos ou remuneração com- travenções imputados ao funcionário nessa qualidade,
patíveis com o que ocupava. conforme art. 210.
Direito de Petição Art. 211 A responsabilidade administrativa resul-
ta de atos ou omissões praticados no desempenho do
Art. 191 É assegurado ao funcionário o direito de cargo ou função.
requerer ou representar.
Sendo o requerimento: SUSPENSÃO PREVENTIVA
Art. 192 O requerimento será dirigido à autoridade
competente para decidi-lo e encaminhado por inter- O Estatuto traz a possibilidade de suspensão pre-
médio daquela a que estiver imediatamente subordi- ventiva, desde que necessária para apuração das fal-
146 nado o requerente. tas cometidas pelo servidor.
Art. 214 Poderá ser ordenada, pelo Secretário de V – coagir ou aliciar subordinados com objetivos de
Estado e Diretores de Departamentos diretamente natureza partidária;
subordinados ao Governador do Estado, dentro da VI – participar da gerência ou administração de
respectiva competência, a suspensão preventiva empresa comercial ou industrial, salvo os casos
do funcionário, até trinta dias, desde que seu expressos em lei;
afastamento seja necessário para a averiguação VII – exercer comércio ou participar de socieda-
de faltas cometidas, podendo ser prorrogada até de comercial, exceto como acionista, quotista ou
noventa dias, findos os quais cessarão os efeitos comandatário;
da suspensão, ainda que o processo administrativo VIII – praticar a usura em qualquer de suas formas;
não esteja concluído. IX – pleitear, como procurador ou intermediário,
junto às repartições públicas, salvo quando se tra-
Ocorrido o afastamento, o funcionário terá direito, tar de percepção de vencimentos e vantagens, de
conforme art. 215: parente até segundo grau;
X – receber propinas, comissões, presentes e vanta-
Art. 215 [...] gens de qualquer espécie em razão das atribuições;
I - à contagem de tempo de serviço relativo ao perío- XI – contar a pessoa estranha à repartição, fora dos
do da prisão ou da suspensão, quando do processo casos previstos em lei, o desempenho de encargo
não resultar punição, ou esta se limitar às penas de que lhe competir ou a seus subordinados.
advertências, multa ou repreensão;
II - à diferença de vencimento ou remuneração e à APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES
contagem de tempo de serviço correspondente ao
período de afastamento excedente do prazo de sus- O Estatuto divide o processo administrativo em
pensão efetivamente aplicada.
duas fases, conforme dispõe o art. 220:
DEVERES E PROIBIÇÕES
z Inquérito administrativo;
Veremos, agora, os deveres e proibições, o que z Processo administrativo propriamente dito.
abrirá caminho para que cheguemos às sanções disci-
plinares. Os deveres são bastante intuitivos, destaca- Dispensa-se a fase do inquérito administrativo, que
mos a menção à possibilidade de descumprimento de se trata de uma averiguação sumária e sigilosa, quando
ordem quando manifestamente ilegais. forem evidentes as provas que demonstrem a responsa-
bilidade do indiciado ou indiciados (§ 1º, art. 220).
Art. 216 São deveres do funcionário: O inquérito administrativo deverá ser concluído
I – assiduidade; em prazo improrrogável de 30 dias, só podendo, em
II – pontualidade; caso de infração, dele decorrer as sanções de repreen-
III – discrição; são multa e suspensão (§ 2º).
IV – urbanidade; A autoridade que determinar a instauração deverá
V – lealdade às instituições constitucionais e admi-
designar comissão com três funcionários estáveis para
nistrativas a que servir;
apuração, que ficarão afastados das suas respectivas fun-
VI – observância das normas legais e regulamentares;
ções, dedicando-se, exclusivamente, à apuração dos fatos.
VII – obediência às ordens superiores, exceto
quando manifestamente ilegais;
VIII – levar ao conhecimento da autoridade supe- Art. 224 A comissão procederá a todas as dili-
rior irregularidade de que tiver ciência em razão gências que julgar convenientes, ouvindo, quando
do cargo; necessário, a opinião de técnicos ou peritos. [...]
IX – zelar pela economia e conservação do material Art. 225 Ultimado o processo, a comissão manda-
que lhe for confiado; rá, dentro de quarenta e oito horas, citar o acusado
X – providenciar para que esteja sempre em ordem para, no prazo de dez dias, apresentar defesa.
no assentamento individual a sua declaração de
família; Em seguida, a comissão apresentará seu relatório
XI – atender prontamente: em 10 dias.
a) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; Após a apresentação do relatório à autoridade, o pra-
b) à expedição das certidões requeridas para a defe- zo para julgamento será de 60 dias, conforme art. 229.
sa de direito.
Art. 229 Entregue o relatório da comissão, acom-
Vejamos as proibições, que também são bastante panhado do processo, à autoridade que houver
intuitivas, pois são condutas que se distanciam do que determinado à sua instauração, essa autoridade
se espera de um agente público: deverá proferir o julgamento dentro do prazo
improrrogável de sessenta dias.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 217 Ao funcionário é proibido: Parágrafo único. Se o processo não for julgado no
prazo indicado neste artigo, o indiciado reassumi-
I – referir-se de modo depreciativo, em informa-
rá, automaticamente, o exercício de seu cargo ou
ção, parecer ou despacho, às autoridades e atos da
função, e aguardará em exercício o julgamento,
administração pública, podendo, porém, em traba-
salvo o caso de prisão administrativa que ainda
lho assinado, criticá-los do ponto de vista doutriná-
perdure.
rio ou da organização do serviço;
II – retirar sem prévia autorização da autoridade com-
petente qualquer documento ou objeto da repartição; PENALIDADES
III – promover manifestações de apreço ou desapre-
ço e fazer circular ou subscrever lista de donativos O art. 244 lista as penalidades que podem ser apli-
no recinto da repartição; cadas ao servidor. Vejamos:
IV – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
em detrimento da dignidade da função; Art. 244 São penas disciplinares: 147
I – Repreensão; III – aplicar indevidamente dinheiros públicos;
II – Multa; IV – exercer a advocacia administrativa;
III – Suspensão; V – receber em avaliação periódica de desempenho:
IV – Destituição de função; a) dois conceitos sucessivos de desempenho insatis-
V – Demissão; fatório;
VI – Demissão a bem do serviço público. b) três conceitos interpolados de desempenho insa-
Parágrafo único. A aplicação das penas disciplina- tisfatório em cinco avaliações consecutivas; ou
res não se sujeita à seqüência estabelecida neste c) quatro conceitos interpolados de desempenho
artigo, mas é autônoma, segundo cada caso e con- insatisfatório em dez avaliações consecutivas.
sideradas a natureza e a gravidade da infração e os Parágrafo único. Receberá conceito de desempenho
danos que dela provierem para o serviço público. insatisfatório o servidor cuja avaliação total, consi-
derados todos os critérios de julgamento aplicáveis
O art. 245 traz as penalidades aplicáveis em caso em cada caso, seja inferior a 50% (cinqüenta por
de desobediência ou falta de cumprimento de deveres. cento) da pontuação máxima admitida.

A advocacia administrativa é quando o servidor,


Art. 245 A pena de repreensão será aplicada por
aproveitando-se da sua posição, defende interesse
escrito em caso de desobediência ou falta de cum-
particular indevidamente.
primento de deveres.
Parágrafo único. Havendo dolo ou má-fé, a falta de
Vejamos, agora, as hipóteses de demissão a bem do
cumprimento de deveres, será punida com a pena serviço:
de suspensão.
Art. 250 Será aplicada a pena de demissão a bem
do serviço ao funcionário que:
Em seguida, temos os casos de aplicação da pena I – for convencido de incontinência pública e
de suspensão. escandalosa, de vício de jogos proibidos e de
embriaguez habitual;
Art. 246 A pena de suspensão será aplicada em II – praticar crime contra a boa ordem e adminis-
casos de: tração pública e a Fazenda Estadual;
I – Falta grave; III – revelar segredos de que tenha conhecimen-
II – Recusa do funcionário em submeter-se à inspe- to em razão do cargo ou função, desde que o
ção médica quando necessária; faça dolosamente e com prejuízo para o Estado ou
III – Desrespeito às proibições consignadas neste particulares;
Estatuto; IV – praticar, em serviço, ofensas físicas contra
IV – Reincidência em falta já punida com repreensão; funcionários ou particulares, salvo se em legí-
V – Recebimento doloso e indevido de vencimento, tima defesa;
ou remuneração ou vantagens; V – lesar os cofres públicos ou delapidar o patri-
VI – Requisição irregular de transporte; mônio do Estado;
VII – Concessão de laudo médico gracioso. VI – receber ou solicitar propinas, comissões,
§ 1º A pena de suspensão não poderá exceder de presentes ou vantagens de qualquer espécie.
noventa dias.
§ 2º O funcionário suspenso perderá todas as van- O art. 252 traz as autoridades competentes para
tagens e direitos decorrentes do exercício do cargo. aplicar as penalidades previstas no Estatuto. A corre-
lação é a seguinte:
O Estatuto não definiu as hipóteses para a pena
z O chefe do Governo — demissão;
de multa, deixando que seja feito por regulamento
z Os Secretários de Estado e Diretores de Departa-
próprio.
mentos diretamente subordinados ao Governador
A destituição de função é prevista no art. 248 e
do Estado — suspensão por mais de trinta dias;
é aplicável em duas hipóteses apenas, que são as
z Os chefes de Departamentos — repreensão e sus-
seguintes:
pensão até trinta dias;
z Destituição de função — autoridade que houver
Art. 248 [...]
feito a designação.
I - quando se verificar a falta de exação no seu
desempenho;
Terá cassada a licença e será demitido do cargo o
II - quando se verificar que, por negligência ou
funcionário licenciado para tratamento de saúde que
benevolência, o funcionário contribuiu para que se
se dedicar a qualquer atividade remunerada, conforme
não apurasse, no devido tempo, a falta de outro.
art. 256.
Há, também, a possibilidade de sanção a quem
Restam, ainda, as hipóteses de aplicação de pena
estiver aposentado ou em disponibilidade, conforme
de demissão e demissão a bem do serviço público.
art. 257.
Vejamos, primeiramente, o art. 249, que traz as hipó-
teses de demissão. Art. 257 Será cassada, por decreto do Governador
do Estado, a aposentadoria ou disponibilidade,
Art. 249 A pena de demissão será aplicada ao ser- se ficar provado, em processo, que o aposentado ou
vidor que: funcionário em disponibilidade:
I – acumular, ilegalmente, cargos, funções ou I – praticou, quando em atividade, qualquer dos atos
cargos com funções; para os quais é cominada neste Estatuto a pena de
II – incorrer em abandono de cargo ou função demissão, ou de demissão a bem do serviço público;
pública pelo não comparecimento ao serviço sem II – aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
causa justificada por mais de trinta dias conse- III – aceitou representação de Estado estrangeiro,
cutivos ou mais de noventa dias não consecuti- sem prévia autorização do Governador do Estado;
148 vos em um ano; IV – praticou a usura, em qualquer de suas formas.
Parágrafo único. Será igualmente cassada a dispo- Importante!
nibilidade do servidor que não assumir, no prazo
legal, o cargo ou função em que for aproveitado. Ao condenado e ao internado serão assegurados
todos os direitos não atingidos pela sentença ou
De acordo com o art. 258, as penas de repreensão, lei.
multa e suspensão prescrevem no prazo de dois anos
e a de demissão, por abandono do cargo, no prazo de
Art. 3º Ao sentenciado é garantido o exercício de
quatro anos. seus direitos civis, políticos, sociais e econômicos,
exceto os que forem incompatíveis com a detenção
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ou com a condenação.

O art. 288 diz respeito estritamente aos funcioná- De acordo com o art. 4º, no regime e no tratamento
rios da PCMG: penitenciário serão observados o respeito e a prote-
ção aos direitos do homem. Portanto, a dignidade
Art. 288 Os funcionários da Polícia Civil, que traba- da pessoa humana é um vetor de interpretação da lei
lhem em serviço de natureza estritamente policial, estadual.
terão direito à aposentadoria com o vencimento
integral e a incorporação das vantagens a que se Art. 5º O sentenciado deve ser estimulado a colabo-
refere o art. 116 desta lei, quando completarem 25 rar voluntariamente na execução de seu tratamen-
anos de serviço dedicado exclusivamente às aludi- to reeducativo.
das atividades policiais. Art. 6º O Estado e a comunidade são co-respon-
Parágrafo único – Consideram-se atividades poli- sáveis na realização das atividades de execução
ciais, para os fins deste artigo, as exercidas por: penal.
a) Delegados de polícia; Art. 7º Na execução penal não haverá distinção de
b) médicos legistas; caráter racial, religioso ou político.
c) investigadores;
d) guardas civis; TRATAMENTO REEDUCATIVO
e) fiscais e inspetores de trânsito;
f) escrivães e escreventes da polícia; A partir do art. 8º da Lei nº 11.404/1994, observa-
g) peritos do Departamento da Polícia Técnica. remos regras sobre o tratamento reeducativo, que
consiste na adoção de um conjunto de medidas médi-
co-psicológicas e sociais, com vistas à reeducação
do sentenciado e à sua reintegração na sociedade.
Vejamos:
LEI ESTADUAL Nº 11.404, DE 25 DE
JANEIRO DE 1994 (CONTÉM NORMAS Art. 8º O tratamento reeducativo consiste na ado-
DE EXECUÇÃO PENAL) ção de um conjunto de medidas médico-psicológicas
e sociais, com vistas à reeducação do sentenciado e
à sua reintegração na sociedade.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 9º O tratamento reeducativo será individua-
lizado e levará em conta a personalidade de
A Lei Estadual nº 11.404/1994 trata especificamen- cada sentenciado.
te de como deve ser executada a pena no sistema Art. 10 O sentenciado está sujeito ao exame cri-
carcerário mineiro, de forma complementar à Lei minológico para verificação de carência físico-psí-
de âmbito nacional nº 7.210/1984 (Lei de Execução quica e outras causas de inadaptação social.
Penal). Art. 11 Com base no exame criminológico, serão
Geralmente, cobra-se a Lei Estadual em sua litera- realizados a classificação e o programa de tra-
lidade, mas, aqui, vamos ressaltar apenas os princi- tamento do sentenciado.
pais pontos da Lei Estadual nº 11.404/1994, por isso, Art. 12 A colaboração do sentenciado no processo
sugerimos a leitura da lei seca (na íntegra). de sua observação psicossocial e de seu tratamento
é voluntária.
Art. 13 A observação do sentenciado se fará do iní-
Art. 1º Esta lei regula a execução das medidas
cio ao fim da execução da pena.
privativas de liberdade e restritivas de direito,
bem como a manutenção e a custódia do preso
Os arts. 14 a 18 dispõem sobre a observação psicos-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

provisório.
social. Acompanhe:
O objetivo da execução penal é cumprir a senten-
Art. 14 A observação médico-psicossocial com-
ça/decisão criminal e proporcionar condições para a
preende os exames biológico, psicológico e comple-
integração social do condenado/internado. mentares e o estudo social do sentenciado.
Art. 15 A observação empírica se realizará no tra-
Art. 2º A execução penal destina-se à reeducação balho, na sala de aula, no refeitório, na praça de
do sentenciado e à sua reintegração na sociedade. esportes e em todas as situações da vida cotidiana
§ 1º A execução penal visa, ainda, a prevenir a rein- do sentenciado.
cidência, para proteção e defesa da sociedade. Art. 16 O exame criminológico será realizado no
§ 2º O controle da execução penal será realiza- centro de observação ou na seção de observação do
do com o auxílio de programas eletrônicos de estabelecimento penitenciário ou por especialista
computador. da comunidade. 149
Art. 17 A equipe de observação se reunirá semanalmente para apreciar o resultado de cada exame e, afinal, redigir
o relatório social de síntese.
Art. 18 O relatório social de síntese, de caráter interdisciplinar, será levado à Comissão Técnica de Classificação, que
elaborará o programa de tratamento.

Segundo o art. 19, cada estabelecimento penitenciário contará com uma Comissão Técnica de Classificação,
à qual incumbe elaborar o programa de tratamento reeducativo e acompanhar a evolução da execução da pena.
A Comissão é presidida pelo Diretor do estabelecimento e composta de, no mínimo, um psiquiatra, um psicó-
logo, um assistente social, um chefe da Seção de Educação e Disciplina e um representante de obras sociais da
comunidade.
Embora o disposto seja suficiente para o entendimento da matéria, é de suma importância que o leitor tenha
contato também com a legislação pura:

Art. 19 Cada estabelecimento penitenciário contará com uma Comissão Técnica de Classificação, à qual incumbe
elaborar o programa de tratamento reeducativo e acompanhar a evolução da execução da pena.
Art. 20 A Comissão Técnica de Classificação é presidida pelo Diretor do estabelecimento e composta de, no mínimo,
um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social, um chefe da Seção de Educação e Disciplina e um representante
de obras sociais da comunidade.
Art. 21 Compete à Comissão Técnica de Classificação opinar sobre a progressão ou a regressão do regime de cum-
primento da pena, a remição da pena, o monitoramento eletrônico, o livramento condicional e o indulto.
Parágrafo único. No caso de progressão ou regressão de regime, as reuniões da Comissão Técnica de Classificação
serão presididas pelo Juiz da Execução, presente o Ministério Público.
Art. 22 A Comissão Técnica de Classificação proporá o programa de tratamento reeducativo, com base na sentença
condenatória e no relatório social de síntese do Centro de Observação ou da equipe interdisciplinar.
Art. 23 O programa individual de tratamento compreenderá a indicação do regime de cumprimento da pena, do
estabelecimento penitenciário adequado, da escolarização, do trabalho e da orientação profissional, das atividades
culturais e esportivas e das medidas especiais de assistência ou tratamento.

Para isso, o tratamento reeducativo contemplará, resumidamente, conforme segue na tabela, as seguintes
medidas:

OBSERVAÇÃO PSICOSSOCIAL
Levará em conta a personalidade de cada sentenciado
INDIVIDUALIZAÇÃO DO TRATAMENTO
Compreende os exames biológico, psicológico e complementares e o estudo social do sentenciado
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS COM INSTRUÇÃO, TRABALHO, RELIGIÃO, DISCIPLINA,
CULTURA, RECREAÇÃO E ESPORTE, CONTATO COM O MUNDO EXTERIOR E RELAÇÕES COM A FAMÍLIA
Instrução: Os sentenciados trabalharão em oficina de aprendizagem industrial e artesanato rural ou em serviço agrícola
do estabelecimento, conforme suas preferências, origem urbana ou rural, aptidão física, habilidade manual, inteligência
e nível de escolaridade
Trabalho: É obrigatório para os sentenciado. A jornada diária não excederá 8 (oito) horas no dia
Religião: O sentenciado tem direito à liberdade de crença e culto, permitida a manifestação religiosa pelo aprendizado
e pelo exercício do culto
ATIVIDADES CULTURAIS, RECREATIVAS E ESPORTIVAS
Os programas de atividades esportivas destinam-se, em particular, ao jovem adulto, podendo ser solicitada à Diretoria
de Esportes e a outros órgãos da comunidade a colaboração em seu desenvolvimento
CONTATO COM O EXTERIOR E RELAÇÃO COM A FAMÍLIA
Estimular o contato do sentenciado com o mundo exterior pela prática das medidas de semiliberdade e pelo trabalho
com pessoas da sociedade, com o objetivo de conscientizá-lo de sua cidadania e de sua condição de parte da comuni-
dade livre

Sobre o trabalho do sentenciado, devemos destacar a remuneração. Se, porventura, a remuneração não for
fixada pelo órgão competente, ela será estabelecida pela Comissão Técnica de Classificação. De acordo com o art.
51, temos:

Art. 51 A remuneração do trabalho do sentenciado, quando não for fixada pelo órgão competente, será estabelecida
pela Comissão Técnica de Classificação.
§ 1º A remuneração será fixada, para o trabalho interno, em quantia não inferior a 3/4 (três quartos) do salário
mínimo.
§ 2º A remuneração do sentenciado que tiver concluído curso de formação profissional, bem como a do que tiver bom
comportamento e progresso na sua recuperação, será acrescida de 1/4 (um quarto) do seu valor.

Além dessas disposições, é preciso ressaltar o seguinte:

Art. 57 Excetuam-se da obrigação de trabalhar os maiores de 70 (setenta) anos, os que sofram enfermidade que os
impossibilite para o trabalho e a mulher antes e após o parto, nos termos da legislação trabalhista.
150 Art. 58 O sentenciado fará jus ao repouso semanal, de preferência no domingo.
Art. 59 Será concedido descanso de até 1 (um) mês ao sentenciado não perigoso, de bom comportamento, após 12
(doze) meses contínuos de trabalho, dedicação e produtividade.

Importante!
Excetuam-se da obrigação de trabalhar:
� Maiores de 70 (setenta) anos;
� Pessoas que sofrem enfermidade que as impossibilite para o trabalho;
� A mulher antes e após o parto, nos termos da legislação trabalhista.

ESTABELECIMENTOS PENITENCIÁRIOS

A Lei nº 11.404/1994, em seu art. 71, classifica os estabelecimentos penitenciários em:

z Presídio e cadeia pública: Destinados à custódia dos presos à disposição do Juiz processante. Consistem em
estabelecimentos do regime fechado;
z Penitenciária: Para o sentenciado em regime fechado. O sentenciado será alojado em quarto individual, pro-
vido de cama, lavatório, chuveiro e aparelho sanitário;
z Colônia agrícola, industrial ou similar: Para sentenciado em regime semiaberto. Nesse contexto, os senten-
ciados poderão ser alojados em dormitório coletivo;
z Casa do albergado: Para sentenciado em regime aberto. Onde não houver casa do albergado, o regime aberto
poderá ser cumprido em seção independente, separada do estabelecimento de regime fechado ou semiaberto;
z Centro de reeducação do jovem adulto: Para sentenciado em regime aberto ou semiaberto, na faixa etária
de 18 a 21 anos de idade;
z Centro de observação: Funciona para a realização do exame criminológico de classificação. Consiste em esta-
belecimento de regime fechado, que tem por objetivo estudar a personalidade do delinquente nos planos
físico, psíquico e social, para sua afetação ao estabelecimento adequado ao regime penitenciário, indicando as
medidas de ordem escolar, profissional, terapêutica e moral que fundamentarão a elaboração do programa de
tratamento reeducativo;
z Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico: Direcionado a inimputáveis e semi-imputáveis.

É muito importante atentar-se às diferenças entre “presídio e cadeia pública” e “penitenciária”. Conforme os
arts. 80 e 84, temos que:

Art. 80 O presídio e a cadeia pública, estabelecimentos de regime fechado, destinam-se à custódia do preso provi-
sório e à execução da pena privativa de liberdade para o preso residente e domiciliado na comarca.
[...]
Art. 84 A penitenciária destina-se à execução da pena privativa de liberdade em regime fechado.

Assim, temos o seguinte:

PRESÍDIO E CADEIA PÚBLICA PENITENCIÁRIA


Custódia do preso provisório e execução da pena
Execução da pena privativa de liberdade em regime
privativa de liberdade para o preso residente e do-
fechado
miciliado na comarca

Ainda sobre o regime de execução e o local apropriado, veja agora as diferenças entre penitenciária, colônias
agrícola e industrial e as casas do albergado:

COLÔNIAS AGRÍCOLA E
PENITENCIÁRIA CASA DO ALBERGADO
INDUSTRIAL
Execução da pena privativa de li- Execução da pena privativa de li- Execução da pena privativa de
berdade em regime fechado berdade em regime semiaberto liberdade em regime aberto
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Os arts. 84 a 89 disciplinam o que se refere à penitenciária:

Art. 84 A penitenciária destina-se à execução da pena privativa de liberdade em regime fechado.


Art. 85 O sentenciado será alojado em quarto individual, provido de cama, lavatório, chuveiro e aparelho sanitário.
Art. 86 São requisitos básicos da unidade celular:
I - salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequa-
dos à existência humana;
II - área mínima de 6m2 (seis metros quadrados).
Art. 87 A penitenciária para mulheres será dotada, ainda, de dependência para atendimento da gestante e da partu-
riente, de creche e de unidade de educação pré-escolar.
Art. 88 O alojamento coletivo terá suas instalações sanitárias localizadas em área separada e somente será ocupa-
do por sentenciados que preencham as necessárias condições para a sua utilização.
151
Art. 89 No regime fechado, predominam as normas
PRESÍDIO
de segurança e disciplina, que cobrirão, durante
24 (vinte e quatro) horas, a vida diária dos reclu- 400 acusados
sos, que serão classificados em grupos, segundo as CADEIA PÚBLICA
necessidades de tratamento, submetendo-se às dife-
rentes atividades do processo de ressocialização: 50 presos
trabalho, instrução, religião, recreação e esporte.
REGIME PENITENCIÁRIO
As colônias agrícola e industrial são disciplina-
das nos arts. 90 a 92. Vejamos:
Ao entrar no sistema penitenciário, existe a admis-
Art. 90 A colônia agrícola e a industrial destinam- são e o registro do preso, seja ele sentenciado ou
-se à execução da pena privativa de liberdade em preso provisório.
regime semi-aberto.
Art. 91 Os sentenciados poderão ser alojados em Art. 110 A admissão do sentenciado ou do preso
dormitório coletivo, observados os requisitos do provisório se fará à vista de ordem da autoridade
art. 88. competente.
Art. 92 No regime semi-aberto, serão observadas as Art. 111 O registro de detenção ou internação será
normas de segurança, ordem e disciplina necessá- feito em livro próprio ou em meio eletrônico, e nele
constarão:
rias à convivência normal dentro do estabelecimen-
I - a identidade do sentenciado ou do preso
to e à adaptação às peculiaridades do tratamento
provisório;
reeducativo.
II - os motivos da detenção ou da internação e a
Parágrafo único. No regime semi-aberto, a agenda
autoridade que a determinou;
diária elaborada pela Comissão Técnica de Classifica- III - o dia e a hora da admissão e da saída.
ção disporá sobre as atividades preceptivas, recrea-
tivas e esportivas para o sentenciado, que manterá
Quanto aos alojamentos, de acordo com o art. 118
contato com a sociedade para o trabalho externo, fre-
da Lei Estadual nº 11.404/1994, em regra, aos presos
quentará cursos de instrução escolar e profissional
e desenvolverá outras atividades de reintegração na
sentenciados serão destinadas celas individuais.
sociedade, sob a assistência e a orientação do pessoal
penitenciário ou do serviço social. Art. 118 Aos sentenciados serão destinadas celas
individuais.
Os arts. 95 e 96 enumeram os requisitos que deve- Parágrafo único. Em caso de necessidade, a adminis-
rão ser cumpridos pelas casas do albergado e as tração da penitenciária poderá autorizar a colocação
de mais de um sentenciado na cela ou no quarto indi-
condições para cumprimento de pena em casa do
vidual, adequadamente selecionado, vedada, nesse
albergado: caso, a ocupação apenas por dois sentenciados.
Art. 95 A casa do albergado deverá preencher os
seguintes requisitos: Ainda deverão ser preservados os direitos funda-
I - localização em meio urbano com autonomia mentais dos presos, garantindo condições mínimas
administrativa; de higiene, além de se levar em conta espaço, venti-
II - ocupação por número reduzido de candidatos, sele- lação, água, luz e calefação (aquecimento de locais
cionados segundo sua aptidão para o regime aberto. fechados).
Art. 96 São condições para o cumprimento da pena Como visto, de acordo com o art. 118, em regra,
na casa do albergado: aos sentenciados serão destinadas celas individuais.
I - aceitação, pelo candidato, do programa de tra- Contudo, em caso de necessidade, a administração
tamento; da penitenciária poderá autorizar a colocação de mais
II - afetação do semilivre ao trabalho, com prepara- de um sentenciado na cela ou no quarto individual,
ção profissional para a reintegração na sociedade; adequadamente selecionado, vedada, nesse caso, a
III - colaboração da comunidade. ocupação apenas por dois sentenciados.

Art. 119 Os locais destinados ao dormitório e à


Outro ponto relevante é a lotação máxima de cada
vida em comum devem atender às exigências da
tipo de estabelecimento penal. Para isso, é necessário higiene, levando-se em conta espaço, ventilação,
diferenciar os estabelecimentos de regime fechado, água, luz e calefação.
semiaberto, aberto, presídio e cadeia pública: Art. 120 É permitido o alojamento em comum no
estabelecimento aberto, com o consentimento do
Art. 78 Os estabelecimentos de regime fechado sentenciado.
terão a lotação máxima de 500 (quinhentos) sen- Art. 121 Haverá alojamento coletivo, de uso tempo-
tenciados; os de regime semi-aberto, de 300 (tre- rário, para atender a necessidade urgente.
zentos); os de regime aberto, de 50 (cinquenta)
semilivres; o presídio, de 400 (quatrocentos) acu- O alojamento comum no estabelecimento aberto é
sados e a cadeia pública, de 50 (cinquenta) presos. permitido, desde que haja o consentimento do senten-
ciado. Por outro lado, haverá alojamento coletivo, de
REGIME FECHADO uso temporário, em caso de necessidade urgente.
É direito do sentenciado o uso de vestuário próprio
500 sentenciados ou fornecido pela administração penitenciária, além
SEMIABERTO de roupa para a cama que o mesmo utiliza.
300 sentenciados Art. 122 O sentenciado poderá usar o vestuário
ABERTO próprio ou o fornecido pela administração, adap-
tado às condições climáticas e que não afete sua
152 50 sentenciados dignidade.
A higiene será exigida de todos os sentenciados. Trata-se de uma obrigação; porém, a administração do
estabelecimento prisional deverá colocar à disposição do preso todo o material necessário para manter a higiene
pessoal, de acordo com o que estabelece o caput e o parágrafo único do art. 124.
Será também direito dos presos uma alimentação adequada, controlada por nutricionista, e assistência
sanitária.

Art. 125 A administração do estabelecimento fornecerá alimentação aos sentenciados, controlada por nutricionista,
convenientemente preparada e de acordo com as normas dietéticas e de higiene.

A assistência sanitária contemplará, no estabelecimento penitenciário, clínico geral, odontólogo e psiquia-


tra. Vejamos:

Art. 126 O estabelecimento penitenciário disporá de clínico geral, odontólogo e psiquiatra.


§ 1º O doente que tiver necessidade de cuidados especiais será transferido para estabelecimento penitenciário espe-
cializado ou hospital civil.
§ 2º Ao sentenciado será prestada assistência odontológica.
Art. 127 Para a assistência sanitária, os estabelecimentos penitenciários serão dotados de:
I - enfermaria com camas, material clínico, instrumental adequado e produtos farmacêuticos para a internação
médica ou odontológica de urgência;
II - dependência para observação psiquiátrica e cuidados de toxicômano;
III - unidade para doenças infecciosas.
Art. 128 O estabelecimento penitenciário destinado às mulheres disporá de dependência dotada de material
de obstetrícia, para atender à mulher grávida ou à parturiente cuja urgência do estado não permita a
transferência para hospital civil.
Parágrafo único. As unidades do sistema prisional e penitenciário notificarão à unidade de atenção básica de saúde
que referencie o seu território:
I - a existência de presa grávida, lactante ou acompanhada de filho na primeira infância, para a regularização do
atendimento à saúde materno-infantil;
II - a transferência para outra unidade prisional, com indicação do novo local de internação, de presa grávida, lac-
tante ou acompanhada de filho na primeira infância, para a regularização e continuidade do atendimento à saúde
materno-infantil.

Importante!
Conforme o art. 128 preceitua, o estabelecimento penitenciário destinado às mulheres disporá de dependên-
cia dotada de material de obstetrícia, para atender à mulher grávida ou à parturiente cuja urgência do estado
não permita sua transferência para hospital civil.

COMUNICAÇÃO COM O EXTERIOR

A Lei nº 11.404/1994 coloca à tona direitos dos presos à comunicação exterior. O primeiro desses direitos é
a correspondência. O direito ao sigilo da correspondência é relativo em virtude do que prevê o parágrafo único
do art. 131, pois, em caso de perigo para a ordem ou para a segurança do estabelecimento, o Diretor deste poderá
censurar a correspondência dos sentenciados, respeitando os seus direitos.

Art. 129 Os sentenciados têm direito de enviar e receber correspondência epistolar e telegráfica.
Art. 130 A correspondência do sentenciado analfabeto pode ser, a seu pedido, lida e escrita por funcionário ou visi-
tador indicado.
Art. 131 Em caso de perigo para a ordem ou para a segurança do estabelecimento, o Diretor deste poderá censurar
a correspondência dos sentenciados, respeitados os seus direitos.
Parágrafo único. A correspondência por telefone será autorizada pelo Diretor do estabelecimento, por escrito e
motivadamente.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Outro direito é em relação às visitas. Vejamos os dispositivos:

Art. 132 As visitas destinam-se a manter os vínculos familiares e sociais do sentenciado e a prepará-lo para a rein-
tegração na sociedade.
Art. 133 As visitas de advogado terão lugar em local reservado, em que as conversas não sejam ouvidas.
Art. 134 Não pode ser ouvido o colóquio do sentenciado com o Juiz, com o representante do Ministério Público, com
o funcionário no exercício de suas funções e com os membros da equipe interdisciplinar.
Art. 135 O estabelecimento disporá de anexo especialmente adequado para visitas familiares ao sentenciado que
não possa obter autorização de saída.

É importante, agora, diferenciar autorização de saída de permissão de saída. Veja a tabela a seguir: 153
PERMISSÃO DE SAÍDA – ART. 136 AUTORIZAÇÃO PARA SAÍDA TEMPORÁRIA – ART. 137
Destina-se a todos os presos (em regime fechado inclu- Destina-se aos presos em regime semiaberto em caso de
sive), por razões de humanidade – necessidade de trata- visita à família, frequência a curso supletivo profissionali-
mento médico e falecimento ou doença grave de cônjuge, zante bem como de instrução do segundo grau ou superior
companheiro, ascendente, descendente ou irmão na Comarca do Juízo da Execução e participação em ati-
vidades que concorram para o retorno ao convívio social
A permissão de saída será concedida pelo Diretor do esta- Ocorre sem vigilância direta, mediante concessão judicial
belecimento e ocorre por meio de escolta

A autorização de saída ocorre após cumpridos seis meses da pena, por até sete dias, limitada ao total de
trinta e cinco dias por ano.

Art. 138 Com base em parecer da equipe interdisciplinar e como preparação para a liberação, será autorizada, pelo
Juiz da execução que tenha participado de seu processo de reeducação, a saída do sentenciado que cumpra pena
nos regimes aberto e semiaberto, após cumpridos seis meses da pena, por até sete dias, limitada ao total de trinta e
cinco dias por ano.
Parágrafo único. A autorização de saída será concedida ou revogada por ato motivado do Juiz da execução.

A Lei também faz previsão específica para caso de nascimento de filho:

Art. 138-A No caso de nascimento de filho ou outro motivo comprovadamente relevante, será autorizada, pelo
Diretor do estabelecimento, a saída do sentenciado ou do preso provisório, com as medidas de custódia adequadas.
Parágrafo único. A autorização de saída será concedida ou revogada por ato motivado do Diretor do estabelecimento.

REGIME DISCIPLINAR

Quanto ao Regime Disciplinar, o art. 142 da Lei Estadual nº 11.404/1994 estabelece um rol de condutas consi-
deradas infrações disciplinares:

Art. 142 Constituem infrações disciplinares:


I - negligência na limpeza e na ordem da cela e no asseio pessoal;
II - abandono voluntário do local de tratamento;
III - descumprimento das obrigações do trabalho;
IV - atitude molesta para com os companheiros;
V - linguagem injuriosa;
VI - jogos e atividades proibidas pelo Regimento Interno;
VII - simulação de doença;
VIII - posse ou tráfico de bens não permitidos;
IX - comunicação proibida com o exterior ou, no caso de isolamento, com o interior;
X - atos obscenos ou contrários ao decoro;
XI - falsificação de documento da administração;
XII - apropriação ou danificação de bem da administração;
XIII - posse ou tráfico de arma ou de instrumento de ofensa;
XIV - atitude ofensiva ao Diretor, a funcionário do estabelecimento ou a visitante;
XV - inobservância de ordem ou prescrição e demora injustificada no seu cumprimento;
XVI - participação em desordem ou motim;
XVII - evasão;
XVIII - fato previsto como crime, cometido contra companheiro, funcionário do estabelecimento ou visitante;
XIX - realização ou contribuição para a realização de visita íntima em desacordo com esta lei ou com o ato da auto-
ridade competente.

A Lei também elenca as sanções disciplinares:

Art. 143 Constituem sanções disciplinares:


I - admoestação;
II - privação de autorização de saída por até dois meses;
III - limitação do tempo previsto para comunicação oral durante 1 (um) mês;
IV - privação do uso da cantina, de autorização de saída e de atos de recreação por até um mês
V - isolamento em cela individual por até 15 (quinze) dias;
VI – isolamento em cela disciplinar por até 1 (um) mês;
VII - suspensão ou restrição à visita íntima
§ 1º As sanções previstas nos incisos I e II são de competência do Diretor do estabelecimento e as demais, da Comis-
são Técnica de Classificação.
§ 2º A execução da sanção disciplinar está sujeita a sursis e a remição.

Dentre os meios de correção, temos o uso de algemas. Acompanhe o art. 150:

Art. 150 O uso de algemas se limitará aos seguintes casos:


I - como medida de precaução contra fuga, durante a transferência do sentenciado, devendo ser retiradas imediata-
154 mente quando do comparecimento em audiência perante a autoridade judiciária ou administrativa;
II - por motivo de saúde, segundo recomendação médica;
III - em circunstâncias excepcionais, quando for indispensável utilizá-las em razão de perigo iminente para a vida do
funcionário, do sentenciado ou de terceiros.

Acompanhe também o que preconiza a Súmula Vinculante nº 11:

Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou
do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil.

De acordo com o que dispõe a Súmula Vinculante nº 11, o simples fato de estar preso não configura o uso de
algemas, devendo ser utilizadas somente nos casos previstos na Súmula, sob pena de responsabilidade do agente
ou autoridade e de nulidade da prisão ou ato processual.

Dica
Mnemônico para decorar os casos em que o uso de algemas é previsto: PRF.
Perigo à integridade física própria ou alheia
Resistência
Fundado receio de fuga

Temos, ainda, o monitoramento eletrônico, introduzido pela Lei nº 12.258/2021. Trata-se de um meio de
vigilância indireta do condenado pela utilização de equipamento operado por meio de GPS, ondas de rádio ou
outro sistema mais moderno.
O uso do monitoramento eletrônico previsto pela Lei Estadual nº 11.404/94 será possível em caso de saída temporária,
prisão domiciliar e no caso de presos em regime aberto, nos termos do art. 156-A da citada Lei. Vejamos:

Art. 156-A O Juiz poderá determinar o monitoramento eletrônico, por ato motivado, nos casos de autorização de saída
temporária no regime semiaberto e de prisão domiciliar, e quando julgar necessário.
Parágrafo único. O usuário do monitoramento eletrônico que estiver cumprindo pena em regime aberto, quando
determinar o Juiz da execução, deverá recolher-se ao local estabelecido na decisão durante o período noturno e nos
dias de folga.

A lei preocupa-se em estabelecer os deveres do monitorado e as consequências pelo descumprimento de seus


deveres.

Art. 156-B São deveres do sentenciado submetido ao monitoramento eletrônico, além dos cuidados a serem adota-
dos com o equipamento:
I - receber visitas do servidor responsável pelo monitoramento eletrônico, responder aos seus contatos e cumprir as
suas orientações;
II - abster-se de remover, violar, modificar ou danificar o equipamento de monitoramento eletrônico ou de permitir
que outrem o faça;
III - informar, de imediato, as falhas no equipamento ao órgão ou à entidade responsável pelo monitoramento
eletrônico.
Art. 156-C O descumprimento dos deveres de que trata o art. 156-B poderá acarretar, a critério do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a defesa:
I - a regressão do regime;
II - a revogação da autorização de saída, da permissão de saída ou da saída temporária;
III - a revogação da suspensão condicional da pena;
IV - a revogação do livramento condicional;
V - a conversão da pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade;
VI - a revogação da prisão domiciliar;
VII - a advertência escrita.
Art. 156-D O monitoramento eletrônico poderá ser revogado pelo Juiz competente, em ato motivado, quando o sen-
tenciado descumprir os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou quando se tornar desnecessário ou
inadequado, a critério do Juiz.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Importante!
Informativo 595 do STJ: Inobservância do perímetro rastreado pelo monitoramento eletrônico não configura
falta grave. O descumprimento da condição autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas por si só, não
configura falta grave.

ÓRGÃOS DE EXECUÇÃO PENAL

Art. 157 São órgãos da execução penal:


I - o Conselho de Criminologia e Política Criminal;
II - o Juízo da Execução;
III - o Conselho Penitenciário;
IV - a Superintendência de Organização Penitenciária; 155
V - a Direção do Estabelecimento;
VI - o Patronato;
VII - o Conselho da Comunidade.
VIII - as entidades civis de direito privado sem fins lucrativos que tenham firmado convênio com o Estado para a
administração de unidades prisionais destinadas ao cumprimento de pena privativa de liberdade.

Esquematicamente, de acordo com o art. 157 da Lei nº 11.404/1994, são órgãos de execução penal:

CONSELHO DE CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL


Possui sede na Capital do Estado de Minas Gerais e é subordinado à Secretaria de Estado da Justiça. Dentre as suas
atribuições, destaca-se formular a política penitenciária do Estado (Art. 158). Integrado por 13 (treze) membros desig-
nados pelo Secretário de Estado da Justiça e escolhidos entre professores e profissionais das áreas de Direito Penal,
Processual Penal e Penitenciário, de Criminologia e de Ciências Sociais, bem como entre representantes de organismos
da área social
JUÍZO DA EXECUÇÃO
Localizado na comarca da Capital e em comarca sede da região na qual houver estabelecimento penitenciário. Com-
preende o Juiz da Execução, o representante do Ministério Público, a Defensoria Pública e o Serviço Social Penitenciário
(Art. 161)
CONSELHO PENITENCIÁRIO
Órgão consultivo e fiscalizador da execução penal (Art. 167). Integrado por membros nomeados pelo Governador do
Estado e escolhidos entre profissionais, professores nas áreas de Direito Penal, Processual Penal e Penitenciário e das
Ciências Sociais, bem como entre representantes da comunidade. O mandato dos Conselheiros terá a duração de 4
(quatro) anos
SUPERINTENDÊNCIA DE ORGANIZAÇÃO PENITENCIÁRIA
Órgão integrante da estrutura orgânica da Secretaria de Estado da Justiça, estabelecido com objetivo de assegurar a
aplicação da Lei de Execução Penal, a custódia e a manutenção do sentenciado e do preso provisório, garantindo-lhes
o respeito à dignidade inerente à pessoa (Art. 170)
DIREÇÃO DO ESTABELECIMENTO
Dirige as atividades do estabelecimento
PATRONATO
Instituído em cada comarca por decreto do Governador do Estado, é integrado pelo Juiz da Execução Penal, que o pre-
sidirá, pelo Promotor de Justiça da Execução, por representantes da administração penitenciária, por representantes
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de representantes de confissões religiosas, de clubes de serviço e de obras
sociais. Dentre suas atribuições, destaca-se orientar e assistir o semilivre e o egresso (Art. 173)
CONSELHO DA COMUNIDADE
Composto, no mínimo, por 1 representante da associação comercial ou industrial, 1 advogado indicado pela Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), 1 assistente social escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assisten-
tes Sociais e por representantes de obras sociais e de clubes de serviço. Uma de suas atribuições é visitar mensalmente
os estabelecimentos e serviços penais da comarca (Art. 175)
ENTIDADES CIVIS DE DIREITO PRIVADO SEM FINS LUCRATIVOS
Compete às entidades que tenham firmado convênio com o Estado para a administração de unidades prisionais desti-
nadas ao cumprimento de pena privativa de liberdade: gerenciar os regimes de cumprimento de pena das unidades que
administrarem, nos termos definidos em convênio; responsabilizar-se pela vigilância e conservação do imóvel prisional;
solicitar segurança externa; entre outras competências (Art. 176-A)

PESSOAL PENITENCIÁRIO

De acordo com o art. 177 da Lei Estadual nº 11.404/1994, o pessoal penitenciário terá estatuto próprio, que
fixará seus direitos e deveres. Além disso, segundo o art. 180, o ingresso do pessoal penitenciário dependerá de
curso específico de formação, procedendo-se à reciclagem dos servidores em exercício.

Art. 180 O ingresso do pessoal penitenciário e sua ascensão funcional dependerão de curso específico de formação,
procedendo-se à reciclagem dos servidores em exercício.

Cabe, ainda, afirmar que os cursos de formação profissional intensiva destinados ao pessoal da vigilância
serão compostos por três estágios:

z 1º estágio: Acontece no estabelecimento penitenciário e destina-se a familiarizar o candidato com os proble-


mas profissionais;
z 2º estágio: Desenvolvido na Escola Penitenciária, ou em curso organizado pela administração. Destina-se à
formação técnica e prática do funcionário;
z 3º estágio: Aberto a candidato que não for eliminado nas fases anteriores, consiste na colocação efetiva do
156 candidato em serviço.
Outro ponto de suma importância é a respeito do Art. 195 São especificamente penitenciários os
Diretor de Estabelecimento. São requisitos para ser direitos:
diretor, de acordo com o art. 190: I - ao tratamento reeducativo;
II - à instrução, priorizada a escolarização de nível
Art. 190 [...] fundamental;
I - ter diploma de nível superior de Direito, Psicolo- III - à profissionalização;
gia, Pedagogia ou Ciências Sociais; IV - ao trabalho, à sua remuneração e à seguridade
social;
II - ter capacidade administrativa e vocação para
V - à assistência material e à saúde, em especial o
a função;
tratamento clínico e a assistência psicossocial ao
III - ter idoneidade moral, boa cultura geral, forma-
portador de AIDS;
ção especializada e preparação adequada ao servi-
VI - à assistência social, nomeadamente ao proba-
ço penitenciário.
cionário e ao egresso;
§ 1º O Diretor de Estabelecimento deverá residir no VII - à assistência jurídica;
estabelecimento ou em suas proximidades. VIII - à assistência religiosa;
§ 2º O Diretor de Estabelecimento dedicará tempo IX - ao esporte e à recreação;
integral à sua função e não poderá exercer advo- X - à comunicação com o mundo exterior como pre-
cacia nem outra atividade, exceto a de profes- paração para sua reinserção na sociedade;
sor universitário. XI - à visita de advogado, familiar e cônjuge ou com-
§ 3º O Diretor de Estabelecimento que não for panheiro;
recrutado entre os membros do pessoal penitenciá- XII - ao acesso aos meios de comunicação social;
rio deve, antes de entrar em função, receber forma- XIII - de petição e representação a qualquer autori-
ção técnica e prática sobre o trabalho de direção, dade, para defesa de direito;
salvo se for diplomado em escola profissional ou XIV - de entrevista regular com o Diretor;
tiver título universitário em matéria pertinente. XV - ao recebimento de atestado de pena a cumprir,
emitido semestralmente, sob pena de responsabili-
O Diretor de Estabelecimento deverá dedicar zação da autoridade judiciária competente.
tempo integral à sua função como diretor e somente
poderá cumular funções com a profissão de profes- DEVERES DOS SENTENCIADOS
sor universitário.
A Lei em estudo não especifica somente os direitos
DIREITOS DO SENTENCIADO E DO PRESO dos sentenciados. Em seu art. 196, apresenta-se uma
PROVISÓRIO série de deveres a serem cumpridos:

Os arts. 191 ao 195 enumeram uma série de direi- Art. 196 São deveres do sentenciado:
I - submeter-se ao cumprimento da pena ou à medi-
tos dos sentenciados e dos presos provisórios. Dentre
da de segurança;
eles, temos os direitos civis, os políticos, os sociais e
II - permanecer no estabelecimento até a sua libertação;
os especificamente penitenciários. III - respeitar as normas do regime penitenciário;
IV - manter atitude de respeito e consideração
Art. 191 São direitos do preso os direitos civis, com os funcionários do estabelecimento e com as
os políticos, os sociais e os especificamente autoridades;
penitenciários. V - observar conduta correta com seus companheiros;
Art. 192 Os direitos civis, sociais e políticos, inclusi- VI - indenizar os danos causados à administração
ve o de sufrágio, permanecem com o preso, quando do estabelecimento;
não forem retirados expressa e necessariamente VII - indenizar as despesas de sua manutenção;
pela lei ou pela sentença. VIII - cumprir as prestações alimentícias devidas à
Art. 193 Os direitos penitenciários derivam da família;
relação jurídica constituída entre o sentenciado e a IX - assistir o cônjuge ou o companheiro na manu-
administração penitenciária. tenção e na educação dos filhos.
Art. 194 Enumeram-se, antes da sentença, os direi-
tos à presunção de inocência, ao contraditório, à
igualdade entre os sujeitos processuais, à ampla
defesa, à assistência judiciária gratuita, nos termos
da lei, o de ser ouvido pessoalmente pela autorida- LEI ESTADUAL Nº 14.695, DE 30 DE
de competente, o de receber visitas, o de comunicar- JULHO DE 2003, QUE INSTITUIU A
-se com advogado e familiares e o de permanecer CARREIRA DE AGENTE DE SEGURANÇA
no estabelecimento da localidade ou naquele mais
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

próximo de seu domicílio. PENITENCIÁRIO


A Lei nº 14.695, de 30 de julho de 2003, cria a Supe-
Importante! rintendência de Coordenação da Guarda Peniten-
ciária, que conforme o art. 3º é composta por duas
Os direitos civis, sociais e políticos, inclusive o Diretorias, cuja denominação, competência e a descri-
de sufrágio, permanecem com o preso quando ção das unidades administrativas serão definidos por
não forem retirados expressa e necessariamente meio de decreto.
pela lei ou pela sentença. A legislação em questão cria também a Diretoria
de Inteligência Penitenciária dentro da estrutura
da Subsecretaria de Administração Penitenciária da
Temos, ainda, os direitos especificamente Secretaria de Estado de Defesa Social, conforme dis-
penitenciários: põe o art. 1º. 157
II- exercer atividades de escolta e custódia de
Importante! sentenciados;
III - desempenhar ações de vigilância interna e
A Superintendência de Coordenação da Guarda externa dos estabelecimentos penais, inclusive nas
Penitenciária pertence à Subsecretaria de Admi- muralhas e guaritas que compõem suas edificações.
nistração Penitenciária da Secretaria de Estado
de Defesa Social. Com o objetivo de garantir a segurança do agente
de segurança penitenciário em serviço, a Lei Estadual
nº 14.695, de 2003, autoriza o porte de arma de fogo
Dentre as competências da Superintendência de em serviço, contudo não é permitido nas dependên-
Coordenação da Guarda Penitenciária (art. 2º), temos: cias internas do estabelecimento penal. Além disso, o
agente se dedicará em tempo integral ao serviço, pois,
Art. 2º [...] conforme orienta o § 3º, do art. 6º, o cargo será exerci-
I - normatizar, coordenar e controlar as atividades do em regime de dedicação exclusiva.
pertinentes à segurança e à vigilância interna e
externa dos estabelecimentos penais da Subsecre- Art. 6º [...]
taria de Administração Penitenciária; § 3º O cargo de Agente de Segurança Penitenciário
II - zelar pela observância da lei e dos regulamentos será exercido em regime de dedicação exclusi-
va, podendo seu ocupante ser convocado a qual-
penitenciários;
quer momento, por necessidade do serviço.
III - coordenar e orientar as operações de trans-
porte, escolta e custódia de sentenciados em movi-
mentações externas, bem como de transferências Acerca do porte de arma de fogo pelos Agentes de
interestaduais ou entre unidades no interior do Segurança Penitenciários, é importante o conheci-
Estado; mento da redação do art. 1º da Lei Estadual nº 21.068,
IV - exercer outras atividades que lhe forem corre- de 27 de dezembro de 2013 (MG):
latas, definidas em regulamento.
Art. 1º O ocupante do quadro efetivo de Agente de
Segurança Penitenciário, de que trata a Lei nº
A Lei nº 14.695/2003 incluiu no quadro especial 14.695, de 30 de julho de 2003, terá direito a por-
constante da Lei Delegada nº 108, de 2003, bem como tar arma de fogo institucional ou particular,
no anexo I do Decreto nº 43.187, de 2003, alguns car- ainda que fora de serviço, dentro dos limites
gos de provimento em comissão, em que a lotação e do Estado de Minas Gerais, desde que:
a identificação serão estabelecidas através de decreto. I - preencha os requisitos do inciso III do art. 4º da
De acordo com o art. 4º, temos: Lei Federal nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - não esteja em gozo de licença médica por doen-
Art. 4º Ficam criados no Quadro Especial constan- ça que contraindique o uso de armamento;
III - não esteja sendo processado por infração
te no Anexo da Lei Delegada nº 108, de 29 de janeiro
penal, exceto aquelas de que trata a Lei Federal nº
de 2003, e no Anexo I do Decreto nº 43.187, de 10 de
9.099, de 26 de setembro de 1995.
fevereiro de 2003, os seguintes cargos de provimen-
to em comissão, de recrutamento amplo:
Veja que a Lei Estadual nº 21.068, de 30 de julho
I - um cargo de Diretor II, código MG-05, símbolo
2013, estendeu o porte de arma de fogo pelo Agente
DR-05;
de Segurança Penitenciário mesmo que fora do servi-
II - três cargos de Diretor I, código MG-06, sím-
ço, atendendo determinados requisitos. Entendimento
bolo DR- 06;
este que, por sua vez, foi recepcionado e abrangido para
III - dois cargos de Comandante de Avião, códi-
o âmbito nacional através da Lei Federal nº 12.993, de
go EX-24, símbolo 12/A;
17 de junho de 2014, que incluiu no Estatuto do Desar-
IV - dois cargos de Piloto de Helicóptero, código
mamento (Lei Federal nº 10.826/2003) o seguinte:
EX-35, símbolo 12/A.
Art. 6º [...]
Os cargos em comissão das unidades administrati- § 1º-B Os integrantes do quadro efetivo de agentes e
vas da Superintendência de Coordenação da Guarda guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
Penitenciária serão ocupados, preferencialmente, por propriedade particular ou fornecida pela respecti-
Agentes de Segurança Penitenciários posicionados va corporação ou instituição, mesmo fora de ser-
nos níveis III, IV e V da carreira, com formação viço, desde que estejam:
superior relacionada às atividades fim da Superin- I - submetidos a regime de dedicação exclusiva
tendência (§ 1º, do art. 4º). II - sujeitos à formação funcional, nos termos do
O Agente de Segurança Penitenciário integra o regulamento; e
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e
Quadro de Pessoal da Secretaria de Estado de Admi-
de controle interno.
nistração Prisional, e a carreira dele está compreen-
dida no Grupo de Atividades de Defesa Social do Ao agente de segurança penitenciário será con-
Poder Executivo. Nos termos do § 2º, do art. 6º, o ferido uma gratificação denominada (Gratificação
agente de segurança penitenciário alocado em estabe- de Agente de Segurança Penitenciário em Estabele-
lecimento penal subordina-se às ordens do Diretor do cimento Penal — GAPEP) que é inacumulável com
respectivo estabelecimento. qualquer outra vantagem da mesma natureza ou que
Quais são as competências do Agente de Seguran- tenha como critério para concessão as condições do
ça Penitenciário? Nos termos do art. 6º, temos: local de trabalho. Ademais, a base de cálculo para a
concessão da GAPEP será de 85% (oitenta e cinco por
Art. 6º Compete ao Agente de Segurança Penitenciário: cento) do vencimento básico correspondente ao
I - garantir a ordem e a segurança no interior dos grau “J” da faixa de vencimento em que o servidor
158 estabelecimentos penais; estiver posicionado (art. 7º da Lei nº 14.695, de 2003).
Em quais situações a GAEP não será concedida? § 1º As instruções reguladoras dos processos
Em regra, a GAPEP não será devida nos períodos de seletivos serão publicadas em edital, que deverá
afastamento do servidor, contudo como toda regra tem especificar:
exceção. Veja, agora, as exceções do § 3º, do art. 7º: a) o número de vagas a serem preenchi-
das, para a matrícula no curso de formação
técnico-profissional;
HIPÓTESES DE CONCESSÃO DA GAEP
b) o limite de idade do candidato;
Férias c) as condições exigidas de sanidade física e
Férias-Prêmio psíquica;
d) os conteúdos sobre os quais versarão as provas e
Licença para tratamento de saúde os respectivos programas;
Licença à servidora gestante e) o desempenho mínimo exigido para aprovação
nas provas, inclusive as de capacidade física;
Exercício de mandato sindical
f) as técnicas psicológicas a serem aplicadas;
g) os critérios de avaliação dos títulos;
Sobre a jornada de trabalho dos Agentes de Segu- h) o caráter eliminatório ou classificatório das eta-
rança Penitenciário será de 8 (oito) horas diárias e pas do concurso a que se refere este artigo.
40 (quarenta) horas semanais, podendo ser cumpri-
da em escala de plantão, conforme art. 15. No edital constarão, também, os requisitos para
É importante abordar sobre a Escola de Formação inscrição no processo de seleção pública. Estes encon-
e Aperfeiçoamento Penitenciário (Antiga Escola de tram-se previstos no § 2º, do art. 9º, e deverão ser com-
Justiça e Cidadania) que, conforme dispõe parágrafo provados no ato da posse (§ 3º, do art. 9º).
único, do art. 17, é responsável pela elaboração da
grade curricular, bem como por ministrar os cursos Ser brasileiro
de formação, aperfeiçoamento e qualificação necessá-
rios ao ingresso e desenvolvimento na carreira. Estar no gozo dos direitos políticos

Estar quite com as obrigações militares


Importante!
A GAPEP será incorporada para fins de aposen- Possuir certificado de conclusão do ensino médio
tadoria (§ 4º, do art. 7º).

Anteriormente, citamos que a última etapa do pro-


A carreira do agente de segurança penitenciário é cesso de seleção é o curso de formação técnico-profis-
composta por 3 (três) fases. São elas: sional. Para que o candidato seja inscrito nesta etapa,
dependerá de aprovação em todas as etapas anterio-
z 1º Ingresso; res, quais sejam:
z 2º Promoção;
z 3º Progressão. z Provas ou provas e títulos;
z Comprovação de idoneidade e conduta ilibada,
Agora vamos abordar cada uma destas fases para nos termos de regulamento;
melhor compreensão de como se forma a carreira de z Prova de aptidão psicológica e psicotécnica;
agente de segurança penitenciário, começando pelo z Prova de condicionamento físico por testes
ingresso. Conforme o art. 9º da Lei nº 14.695, de 2003, o específicos;
ingresso se dará no primeiro grau do nível inicial da z Exame médico.
carreira, mediante aprovação em concurso público.
O concurso será formado por 6 (seis) etapas Nos termos do § 4º, do art. 9º, a aprovação nestas
sucessivas: etapas objetiva saber se o candidato possui:

z Idoneidade moral e conduta ilibada;


Comprovação Prova de aptidão z Boa saúde física e psíquica (que serão comprova-
Provas ou provas e
de idoneidade e psicológica e
títulos
conduta ilibada psicotécnica
das em inspeção médica);
z Temperamento adequado ao exercício das ativida-
des inerentes à categoria funcional (que será apu-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Condicionamento rado por meio de exame psicotécnico);


Curso de formação z Aptidão física (que será verificada mediante prova
físico por testes Exame médico
técnico-profissional
específicos de condicionamento físico).

O curso de formação técnico-profissional, que


O processo seletivo (concurso) dependerá de um terá duração definida em regulamento, ocorrerá em
edital contemplando informações úteis ao decorrer horário integral e na grade curricular específica serão
de todas as etapas. As regras precisam ser claras e incluídos conteúdos relativos a Noções de Direitos
objetivas, isto é, não podendo dar azo a dúvidas. O § Humanos e de Direito Penal (§ 5º, do art. 9º). O can-
1º, do art. 9º, enumera o que deverá conter no edital. didato no curso de formação será reprovado se não
Vejam: obtiver 60% (sessenta por cento) do aproveitamento
total do curso ou for reprovado em três ou mais dis-
Art. 9º [...] ciplinas (§ 7º, do art. 9º). 159
A participação no curso de formação é remune- IX - uso adequado dos equipamentos e instalações
rada? A resposta é sim. Conforme o § 6º, do art. 9º, os de serviço;
participantes receberão uma bolsa no valor de 50% X - contribuição para redução de despesas e racio-
(cinquenta por cento) do vencimento básico relati- nalização de processos no âmbito da instituição;
vo à faixa de vencimento 1 — grau A. XI - capacidade de trabalho em equipe.
Após a aprovação no curso de formação, o servi-
dor entrará em exercício e aguardará, ansiosamente,
que comecem as progressões funcionais. Nos termos Importante!
do art. 10:
A comissão de avaliação de desempenho será
Art. 10 Progressão é a passagem do servidor ocu- presidida pelo Diretor do estabelecimento penal.
pante de cargo efetivo para o grau imediatamen-
te subsequente do mesmo nível da carreira a que
pertencer. A Lei 14.695, de 2003, criou a Comissão das Pro-
moções, cujo principal objetivo é analisar a promo-
De acordo com o § 1º, do art. 10, os graus serão ção na carreira de Agente de Segurança Penitenciário
identificados por letras de A até a J. A progressão ocor- (art. 13). Esta comissão é composta pelo Secretário
rerá a cada dois anos e para que o agente de seguran- de Estado de Administração Prisional (preside a
ça penitenciário seja progrida é necessário que ele Comissão), dois representantes da entidade de clas-
preencha alguns requisitos (§ 2º, do art. 10): se dos Agentes de Segurança Penitenciários e outros
membros gestores da Secretaria de Estado de Admi-
z Não ter sofrido punição disciplinar no período; nistração Penitenciária (SEAP), que são indicados nos
z Encontrar-se em efetivo exercício; termos de regulamento.
z Ter recebido duas avaliações periódicas de desem- Então, atenção:
penho individual satisfatórias desde a sua progres-
são anterior, nos termos da legislação específica. MEMBROS DA COMISSÃO DE PROMOÇÕES
Secretário de Estado de Administração Prisional (Presi-
Por outro lado, temos a promoção que é a passa- dente da Comissão)
gem do servidor do nível em que se encontra para
o nível subsequente, na carreira a que pertence (art. 2 (dois) representantes da entidade de classe dos Agen-
11). Os requisitos para a promoção estão localizados § tes de Segurança Penitenciários
1º, do art. 11: Outros membros gestores da Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária (SEAP)
Art. 11 [...]
§ 1º Fará jus à promoção o servidor que preencher Acerca do funcionamento da Comissão de Promo-
os seguintes requisitos: ções, observe o seguinte:
I - encontrar-se em efetivo exercício;
II - ter cumprido o interstício de cinco anos de efeti- Art. 13 [...]
vo exercício no mesmo nível; § 3º As normas de funcionamento da Comissão de
III - ter recebido cinco avaliações periódicas de Promoções serão estabelecidas em regimento inter-
desempenho individual satisfatórias desde a sua
no, aprovado por resolução do Secretário de Estado
promoção anterior, nos termos da legislação
de Administração Prisional.
específica;
IV - comprovar a escolaridade mínima exigida para
o nível ao qual pretende ser promovido; Para finalizarmos, veja o resumo de dicas na tabe-
V - comprovar participação e aprovação em ativi- la seguinte:
dades de formação e aperfeiçoamento, se houver
disponibilidade orçamentária e financeira para a RECAPITULANDO
implementação de tais atividades. Compete à Superintendência de Coordenação da Guar-
da Penitenciária normatizar, coordenar e controlar as
O servidor passará ao longo da sua carreira, por atividades pertinentes à segurança e à vigilância inter-
avaliações de desempenho, que possibilitarão as cha- na e externa dos estabelecimentos penais da Subse-
madas progressões e promoções. cretaria de Administração Penitenciária (caput e inciso
I, do art. 2º)
Critérios na Avaliação de Desempenho Individual
A Superintendência de Coordenação da Guarda Peni-
tenciária é composta por duas diretorias (art. 3º)
Nestas avaliações, de acordo com o art. 12, serão
observadas: Compete ao Agente de Segurança Penitenciário garan-
tir a ordem e a segurança no interior dos estabeleci-
Art. 12 [...] mentos penais (caput e inciso I, do art. 6º)
I - qualidade do trabalho; O cargo de Agente de Segurança Penitenciário será
II - produtividade no trabalho; exercido em regime de dedicação exclusiva (§ 3º, do
III - iniciativa; art. 6º)
IV - presteza;
A base de cálculo para a concessão da GAPEP será de
V - aproveitamento em programa de capacitação;
85% (oitenta e cinco por cento) do vencimento básico
VI - assiduidade;
correspondente ao grau “J” da faixa de vencimento (§
VII - pontualidade;
160 VIII - administração do tempo e tempestividade;
1º, do art. 7º)
RECAPITULANDO Nestes casos, recomenda-se uma boa leitura, pois
ela será a sua melhor amiga na almejada aprovação.
O curso de formação [...] ocorrerá em horário integral, Considerando a extensão e, também, que os Regula-
terá duração definida em regulamento e grade curricu- mentos e Normas de Procedimento do Sistema Prisional
lar específica, na qual serão incluídos conteúdos rela- de Minas (ReNP) se relacionam às atividades internas
tivos a noções de Direitos Humanos e de Direito Penal do seu próximo ofício, é essencial a sua leitura deta-
(§ 5º, do art. 9º) lhada na íntegra. Acesse o conteúdo clicando aqui.
Será reprovado no curso de formação técnico-profis- Lembre-se de que a meta é estudar até passar!
sional o candidato que não obtiver 60% (sessenta por
cento) do aproveitamento total do curso ou for reprova- Cordialmente,
do em três ou mais disciplinas (§ 7º, do art. 9º) Editorial Nova Concursos
A comissão de avaliação de desempenho será presidi-
da pelo Diretor do estabelecimento penal (§ 2º, do art.
12)
HORA DE PRATICAR!
A Comissão de Promoções será presidida pelo Secre-
tário de Estado de Administração Prisional (§ 2º, do art. 1. (SELECON – 2019) Xisto, na condição de sócio fun-
13) dador, com poderes de gestão de uma empresa que
explora o ramo de papelaria para venda de materiais
escolares e para escritório, ajusta com Sólon, servidor
público de Município Y, a prática de fraude em um pro-
REGULAMENTOS E NORMAS DE cesso de compra (de licitação pública) iniciado pela
respectiva Municipalidade. A finalidade é para que a
PROCEDIMENTOS DO SISTEMA empresa de Xisto seja contratada para fornecimento
PRISIONAL DE MINAS GERAIS (RENP) de materiais de uso administrativo, tais como canetas,
diversos tamanhos de papel para impressão, dentre
Prezado Candidato, outros materiais, por um preço total muito além dos
preços praticados pelo mercado local. À luz da Lei nº
Se você chegou até aqui, é porque está buscando 8.429/92, Lei de Improbidade Administrativa, consta-
se preparar com qualidade para o seu certame. Como ta-se que, nesse caso:
visto, o edital da Polícia Penal – 2021 foi bem mais
abrangente que os exames anteriores. Abordando, a) Xisto e Sólon responderão pelo referido ato de impro-
diferente do edital de 2018, matérias novas, como, por bidade administrativa
b) somente Xisto responderá pelo referido ato de impro-
exemplo, Raciocínio Lógico, Informática e Noções de
bidade administrativa
Direito Constitucional.
c) somente Sólon responderá pelo referido ato de impro-
Além disso, o edital inseriu novas legislações que
bidade administrativa
regem a atuação do Agente de Segurança Penitenciá- d) Xisto e Sólon não responderão pelo referido ato de
rio, quais sejam: improbidade administrativa
e) Sólon responderá pelo referido ato de improbidade
z Lei nº 13.675/2018 (disciplina a organização e o administrativa e Xisto somente responderá na hipóte-
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segu- se de ausência da responsabilidade de Sólon
rança pública; cria a Política Nacional de Seguran-
ça Pública e Defesa Social; institui o Sistema Único 2. (SELECON – 2019) Improbidade administrativa é o
de Segurança Pública) ato contrário aos princípios básicos da Administração
z Decreto de Regulamentação nº 9.489/2018. Pública, cometidos por agentes públicos no exercício
z Lei Estadual nº 14.695, de 30 de julho de 2.003, da função ou em decorrência desta. De acordo com
que instituiu a carreira de Agente de Segurança a Lei nº 8.429/92, NÃO constitui ato de improbidade
Penitenciário; administrativa:
z Regulamentos e Normas de Procedimentos do Sis-
tema Prisional de Minas Gerais (ReNP). a) receber vantagem econômica de qualquer natureza
para permitir a exploração ou prática de jogos de azar
Comparando os editais de 2018 e de 2021, nota-se e contrabando
b) ordenar ou permitir a realização de despesas públicas
que as disciplinas mantidas sofreram forte reestrutu-
não autorizadas em lei
ração, especialmente para ampliar os conteúdos. Disso
c) receber de amigos bens de qualquer natureza conside-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tudo, extrai-se que a Segurança de Estado e Adminis-


rados como presentes, ainda que de pequeno valor
tração Penitenciária de Minas Gerais (SEAP-MG) está d) usar, em serviço particular e proveito próprio, veículo
cada vez mais comprometida com os anseios de o ou equipamento, bem como ajuda de servidores públi-
Estado Democrático de Direito, bem como objetiva cos ou terceirizados contratados
que o seu quadro pessoal se comporte em conformi-
dade com ele. 3. (SELECON – 2019) A Lei nº 8.429/1992, e suas alte-
No decorrer do conteúdo, nossa equipe de profes- rações, ao tratar do ato de improbidade decorrente
sores preocupou-se em trazer todas as legislações que de concessão ou de aplicação indevida de benefício
demandavam muita interpretação, de maneira cla- financeiro ou tributário, aplica ao responsável, sem
ra, precisa e dinâmica. Assim, todas as legislações e prejuízo das sanções penais, civis e administrativas
decretos foram paulatinamente explicados, no entan- previstas na legislação específica, as seguintes penas,
to, nem sempre todos os conteúdos demandam forte que podem ser a ele imputadas isolada ou cumulativa-
interpretação, por serem autoexplicativos. mente, de acordo com a gravidade do fato: 161
a) perda da função pública, suspensão dos direitos políti- a) pessoal
cos de oito a dez anos e multa civil de até duas vezes b) peculiar
o valor do benefício financeiro ou tributário c) pública
b) perda da função pública, suspensão dos direitos políti- d) social
cos de cinco a oito anos e multa civil de até três vezes
o valor do benefício financeiro ou tributário 8. (INSTITUTO AOCP – 2020) Determinada pessoa jurídi-
c) ressarcimento integral do dano, suspensão dos direi- ca, que estava sendo investigada pela prática de atos
tos políticos de quatro a oito anos, pagamento de mul- lesivos à administração pública nacional, celebrou
ta civil de até três vezes o valor do dano e estipulação
acordo de leniência previsto na Lei nº12.846/2013
de dano moral e/ou material a critério do julgador
(Lei Anticorrupção). Considerando apenas o disposto
d) ressarcimento integral do dano, se houver, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos de nessa Lei, é correto afirmar que
três a cinco anos, pagamento de multa civil de até
duzentas vezes o valor da remuneração percebida a) o acordo de leniência exime a pessoa jurídica da obri-
pelo agente e estipulação de dano moral e/ou material gação de reparar integralmente o dano causado.
a critério do julgador b) em caso de descumprimento do acordo de leniên-
e) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao cia, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando novo acordo pelo prazo de 7 sete anos contados do
houver, perda da função pública, suspensão dos direi- conhecimento pela administração pública do referido
tos políticos de oito a doze anos, pagamento de multa descumprimento.
civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial c) a celebração do acordo de leniência não interrompe o
prazo prescricional dos atos ilícitos previstos na Lei nº
4. (SELECON – 2019) Érico preside comissão de inquéri-
12.846/2013.
to administrativo que constata a existência de delitos
d) a celebração do acordo de leniência isentará a pes-
de improbidade praticados pelo servidor público Gene.
soa jurídica da publicação extraordinária da decisão
Nos termos da Lei nº 8.429/92, deve a comissão pro-
cessante dar conhecimento da existência de procedi- condenatória.
mento administrativo para apurar a prática de ato de e) a celebração do acordo de leniência isentará a pessoa
improbidade ao: jurídica do pagamento da multa aplicável.

a) Tribunal de Contas 9. (IADES – 2019) A Lei nº 7.210/1984 dispõe, no art. 1º,


b) Chefe do Setor que a execução penal tem por objetivo proporcionar
c) órgão legislativo condições para a harmônica integração social do con-
d) Poder Judiciário denado e do internado. Nesse sentido, ela prevê uma
série de direitos e deveres aos condenados e inter-
5. (SELECON – 2020) Teotônio é proprietário rural,
nados para efetivar os próprios objetivos. Considere
atuando em área de pequeno porte onde habita com
sua família e colhe para subsistência. E com peque- que, durante a execução das próprias atividades, um
no excesso de produção, atua vendendo os produtos agente de segurança prisional é questionado por um
nas feiras próximas. Tendo em vista que não existem preso condenado a pena privativa de liberdade acerca
órgãos de segurança pública no distrito onde exerce a dos direitos e deveres deste, relacionados ao trabalho
agricultura, requer autorização para portar arma. Nos prisional.
termos do estatuto do desarmamento, aos residentes
em áreas rurais, maiores de vinte e cinco anos, que Com relação a essa situação, assinale a alternativa
comprovem depender do emprego de arma de fogo correta.
para prover sua subsistência alimentar familiar será
concedido pela Polícia Federal o porte de arma de a) O preso provisório, diferentemente do condenado à
fogo, comprovados os requisitos legais, na categoria: pena definitiva, não está obrigado ao trabalho.
b) O trabalho do preso será remunerado, estando sujeito
a) atirador amador
ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho.
b) competidor eventual
c) caçador para subsistência c) O trabalho externo será admitido, mesmo para o pre-
d) profissional de segurança so do regime fechado, desde que cumpridas algumas
condições dispostas em lei, bem como expressa auto-
6. (SELECON – 2020) Caio Tácito coordena o setor anti- rização judicial.
drogas do município X e busca organizar eventos d) Entre os deveres do condenado a pena privativa de
educativos quanto aos efeitos nocivos da utilização liberdade, não está o de executar eventual trabalho
de drogas ilícitas. Nos termos da Lei nº 11.343/2006, recebido, pois não há comando legal que o obrigue a
deve ser instituído: trabalhar.
e) A contagem do tempo de remição de pena para o con-
a) o dia nacional de Políticas sobre drogas
denado em regime fechado que trabalha no estabele-
b) a semana nacional de Políticas sobre drogas
cimento prisional será de um dia de pena para cada
c) o mês nacional de Políticas sobre drogas
d) o ano nacional de Políticas sobre drogas 12horas de trabalho.

7. (SELECON – 2020) Enéas foi designado para organi- 10. (AOCP – 2018) A Lei de Execução Penal dispõe sobre
zar, no município Z, uma lista de órgãos capazes de o trabalho do condenado, como dever social e condi-
receber presos em regime semiaberto para auxiliar o ção de dignidade humana. Quanto às previsões legais
Poder Judiciário local no cumprimento da pena. Nos dessa matéria, assinale a alternativa correta.
termos da Lei federal nº 13.675/2018, esse ato realiza
uma das suas diretrizes que busca para o egresso sua a) O trabalho do preso está sujeito ao regime da Consoli-
162 reinserção: dação das Leis do Trabalho.
b) O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia 1. cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
tabela, não podendo ser inferior a 2/4 (dois quartos) como conceder licença para exercer a atividade.
do salário mínimo. 2. identificar as características e a propriedade de armas
c) As tarefas executadas como prestação de serviço à de fogo, mediante cadastro.
comunidade serão remuneradas. 3. cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive
d) O trabalho externo será admissível para os presos em as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais.
regime fechado somente em serviço ou obras públi- 4. cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e
cas realizadas por órgãos da Administração Direta ou vendidas no País e no exterior.
Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as
cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
e) A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela corretas.
direção do estabelecimento, dependerá de aptidão,
disciplina e responsabilidade, além do cumprimento a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
mínimo de 1/5 (um quinto) da pena. b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
11. (INSTITUTO AOCP – 2020) O respeito à integridade d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
física do preso é uma preocupação de diversos docu-
mentos jurídicos nacionais e internacionais, desta-
13. (FUNDAÇÃO LA SALLE – 2017) Considerando a legis-
cando, por exemplo, “As Regras Mínimas da ONU
lação que dispõe sobre registro, posse e comercializa-
para o tratamento de pessoas presas” e o “Programa
ção de armas de fogo e munição (Lei n° 10.826/2003),
Nacional de Direitos Humanos” (Decreto nº 7.037/09).
os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas
Tendo por base esses documentos jurídicos, o Códi-
prisionais poderão portar arma de fogo de proprie-
go Penal e o disposto na Lei nº 9.455/97, imagine a
dade particular ou fornecida pela respectiva corpora-
seguinte situação hipotética: ção ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que
estejam:
Durante procedimento de rotina realizado em um dos
presídios do Estado de Roraima, os agentes peniten- I. submetidos a regime de dedicação exclusiva.
ciários José e Paulo flagraram o detento João sen- II. sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento.
do agredido pelo seu companheiro de cela de nome III. subordinados a mecanismos de fiscalização e de
Afonso. Diante da situação, os agentes penitenciários controle.
foram em direção aos detentos e conseguiram imo-
bilizar Afonso, salvando João, que estava gravemente Das afirmações acima, qual(is) está(ão) correta(s)?
ferido e foi encaminhado para a ala médica. Inconfor-
mados com a atitude de Afonso, a fim de castigá-lo, a) Apenas a I.
José e Paulo levaram o detento para uma das salas b) Apenas I e II.
do estabelecimento prisional. Em seguida, enquanto c) Apenas II e III.
José vigiava o ambiente para evitar a aproximação de d) Apenas I e III.
outros servidores, Paulo agrediu Afonso com diver- e) I, II e III.
sos socos e chutes, causando-lhe intenso sofrimento
físico. Quando se sentiram satisfeitos com o castigo 14. (FCC – 2018) O crime de posse de drogas para uso
pessoal aplicado, os agentes penitenciários levaram pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/2006) está submeti-
Afonso para o setor hospitalar do estabelecimento pri- do à pena de
sional. Diante dessa situação hipotética, no tocante à
aplicação do direito penal, é correto afirmar que a) reclusão em regime fechado.
b) advertência sobre os efeitos das drogas.
a) os agentes penitenciários José e Paulo não deverão c) liberdade assistida.
responder penalmente pelo castigo aplicado ao deten- d) perda de bens e valores.
to Afonso, pois agiram em legítima defesa de terceiro. e) detenção em regime aberto.
b) o agente penitenciário Paulo deverá responder penal-
mente pelo crime de tortura praticado contra o detento
Afonso, enquanto o agente penitenciário José respon-
derá apenas por omissão de socorro. GABARITO COMENTADO
c) os agentes penitenciários José e Paulo deverão res- 1.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ponder penalmente pelo crime de tortura praticado


contra o detento Afonso. Em “a” Correta, ambos responderão pelo crime de
d) os agentes penitenciários José e Paulo não deverão improbidade administrativa, visto que nessa moda-
responder penalmente por terem castigado o detento lidade criminosa sempre haverá um agente público
Afonso, pois a emoção exclui a imputabilidade penal. como autor ou co-autor do crime. A fraude à lici-
e) os agentes penitenciários José e Paulo não deverão tação é modalidade de improbidade constante da
responder penalmente pelas agressões praticadas legislação.
contra o detento Afonso, pois agiram em estado de Em “b” Incorreta, pela teoria monista ou unitária
necessidade de terceiro. ambos os agentes responderão pelo mesmo crime.
Em “c” Incorreta, ambos os agentes responderão
12. (FEPESE – 2019) De acordo com o Estatuto do Desar- pelo mesmo crime.
mamento (Lei no 10.826, de 2003), compete ao Siste- Em “d” Incorreta, fraudar licitação é modalidade de
ma Nacional de Armas – Sinarm: improbidade administrativa. 163
Em “e” Incorreta, pela teoria monista ou unitária, Em “d” Incorreta, pois o produtor rural não se
adotada pelo nosso Código Penal, ambos responde- enquadra na modalidade profissional de segurança.
rão pelo mesmo crime.
6.
2.
Em “a” Incorreta, pois a lei determina que haja não
Em “a” Incorreta, pois “constitui ato de improbida-
apenas um dia, mas a semana nacional de políticas
de administrativa que causa lesão ao erário públi-
sobre drogas.
co qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, Em “b” Correta, a semana nacional da política sobre
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, drogas é comemorada anualmente na quarta sema-
malbaratamento ou dilapidação dos bens”, logo na de junho.
os crimes de jogos de azar e contrabando desviam Em “c” Incorreta, a lei Antidrogas (11343/2006)
do poder público a cobrança dos impostos devidos, institui e determina que haja a semana nacional de
lesando o erário público. políticas sobre drogas.
Em “b” Incorreta, pois lesa o erário público permitir Em “d” Incorreta, pois a lei institui apenas a semana
a realização de despesas públicas não autorizadas nacional de política antidrogas e não um ano intei-
em lei, logo temos a improbidade administrativa. ro, como dito na alternativa.
Em “c” Correta, pois o agente público receber de
amigos presentes não lesa o erário público. 7.
Em “d” Incorreta, pois usar um bem público em seu
favor causa lesão ao erário público. Em “a” Incorreta, pois as diretrizes da lei determi-
nam que hajam esforços para a reinserção social
3.
dos egressos.
Em “a” Incorreta, pois a multa civil a ser aplicada é Em “b” Incorreta, a lei citada pelo enunciado não
de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro menciona a reinserção peculiar do condenado, mas
ou tributário a reinserção social.
Em “b” Correta, a lei prevê a perda da função públi- Em “c” Incorreta, a legislação não traz qualquer
ca, suspensão dos direitos políticos por 5 a 8 anos e menção quanto à reinserção pública do egresso.
ainda as multa civil de até 3 vezes o valor do bene- Em “d” Correta, uma das diretrizes da lei mencio-
nada é o fomento de políticas públicas destinadas à
fício financeiro ou tributário (inciso IV, art. 12, da
reinserção social dos egressos.
Lei 8429/92).
Em “c” Incorreta, pois a questão diz respeito às
8.
penas cominadas na hipótese do art. 10-A da Lei
8429/92 e, nesta hipótese, não há a possibilidade de
Em “a” Incorreta, pois o acordo de leniência não exi-
ressarcimento integral do dano.
me a pessoa jurídica de reparar a integralidade do
Em “d” Incorreta, não há a modalidade de ressarci-
dano causado.
mento integral do dano no caso de concessão inde-
Em “b” Incorreta, em caso de descumprimento do
vida de benefício financeiro ou tributário.
acordo a pessoa jurídica ficará impedida de cele-
Em “e” Incorreta, a perda de bens ou valores não é
brar novo acordo pelo prazo de 3 anos, somente.
aplicada no caso de concessão indevida de benefício
Em “c” Incorreta, pois o acordo de leniência inter-
financeiro ou tributário.
rompe o prazo prescricional dos crimes previstos na
4. mesma lei.
Em “d” Correta, o acordo de leniência isentará a pes-
Em “a” Correta, deverá ser dado conhecimento do soa jurídica da publicação da decisão condenatória.
procedimento administrativo da prática de improbi- Em “e” Incorreta, o acordo de leniência não resulta-
dade ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. rá na isenção da multa aplicada, mas sua redução
Em “b” Incorreta, a lei não determina que ao chefe em até 2/3.
do setor seja dado conhecimento do procedimento
administrativo. 9.
Em “c” Incorreta, a lei não determina que seja dada
ciência da instauração de procedimento ao o órgão Em “a” Correta, pois o trabalho não será obrigató-
legislativo. rio para o preso provisório e só poderá ser execu-
Em “d” Incorreta, pois não cabe ao Poder Judiciário tado no interior do estabelecimento prisional, ao
ter ciência de um procedimento administrativo. contrário dos condenados ou presos definitivos.
Em “b” Incorreta, pois o trabalho do preso não
5. se sujeita às regras da Consolidação das Leis do
Trabalho.
Em “a” Incorreta, pois ao produtor rural será con- Em “c” Incorreta, o trabalho externo do preso será
cedido o porte de arma na categoria caçador para admitido, em serviços e obras públicas, e não depen-
subsistência. de de autorização judicial, mas observadas as cau-
Em “b” Incorreta, pois ao produtor rural de pequena telas quanto à fuga e à disciplina carcerária.
propriedade será concedido o porte de arma de fogo Em “d” Incorreta, um dos deveres do preso é execu-
na modalidade caçador para subsistência. tar o trabalho recebido, na medida de suas aptidões
Em “c” Correta, ao produtor rural será concedido o e capacidades.
porte de arma de fogo na modalidade caçador para Em “e” Incorreta , a medida de contagem da remi-
subsistência de arma de uso permitido, de tiro sim- ção da condenação pelo trabalho é de 3 dias labora-
164 ples com um ou dois canos. dos por um dia de pena.
10. X – cadastrar a identificação do cano da arma, as
características das impressões de raiamento e de
Em “a” Incorreta, pois o trabalho do preso NÃO microestriamento de projétil disparado, conforme
está sujeito às normas da Consolidação das Leis marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo
Trabalhistas.
fabricante;
Em “b” Incorreta, o trabalho do preso será remune-
rado em valor não inferior a 3 /4 do valor do salário XI – informar às Secretarias de Segurança Pública
mínimo. dos Estados e do Distrito Federal os registros e auto-
Em “c” Incorreta, pois a prestação de serviços à rizações de porte de armas de fogo nos respectivos
comunidade ou a entidades públicas não será remu- territórios, bem como manter o cadastro atualizado
nerada, de acordo com o art. 30 da LEP. para consulta.
Em “d” Correta, admite-se o trabalho externo do Parágrafo único. As disposições deste artigo não
preso em regime fechado desde que em obras públi- alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e
cas, tomando-se as devidas cautelas contra a fuga e
Auxiliares, bem como as demais que constem dos
em favor da disciplina.
Em “e” Incorreta, o trabalho externo dependerá, seus registros próprios.”
além dos demais requisitos, do cumprimento de 1/6 Portanto, está incorreta apenas a afirmativa “4”
da pena. pois ao Sinarm não compete cadastrar armas
vendidas no Exterior.
11.
13.
Em “a” Incorreta, pois a agressão posterior ao
detento não configura a exclusão de ilicitude da Em “a” Incorreta, pois os agentes de segurança
legítima defesa. pública poderão portar arma de fogo desde que
Em “b” Incorreta, pela teoria unitária ou monista
estejam submetidos ao regime de dedicação exclu-
ambos responderão pelo mesmo crime, no caso cri-
me de tortura contra o detento. siva e também sujeitos à formação funcional e ain-
Em “c” Correta, ambos os agentes praticaram o cri- da subordinados a mecanismos de fiscalização e
me de tortura contra o detento e deverão responder controle.
criminalmente pelo fato. Em “b” Incorreta, pois a alternativa não cita a últi-
Em “d” Incorreta, a emoção não exclui a imputabili- ma exigência para o agente de segurança pública
dade penal, portanto os agentes deverão responder portar arma de fogo fora do serviço, qual seja, a
pelo crime de tortura.
subordinação aos mecanismos de fiscalização e
Em “e” Incorreta, não existe estado de necessidade
controle.
de terceiro após o fim da agressão injusta de um
detento contra o outro, não há nenhuma excludente Em “c” Incorreta, pois os agentes de segurança
de ilicitude na hipótese narrada. pública, para portarem arma de fogo fora de serviço
deverão estar ainda sujeitos ao regime de dedicação
12. exclusiva.
Em “d” Incorreta, pois os agentes de segurança,
Em “a” Correta. De acordo com o art. 2º da lei para portar arma de fogo fora de serviço, deverão
10826/2003: ainda estar sujeitos à formação funcional.
“Art. 2° Ao Sinarm compete:
Em “e” Correta, pois reúne todos os requisitos para
I – identificar as características e a propriedade de
armas de fogo, mediante cadastro; que os agentes de segurança pública possam portar
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, impor- arma de fogo fora de serviço.
tadas e vendidas no País;
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de 14.
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
IV – cadastrar as transferências de propriedade, Em “a” Incorreta, o crime de posse de drogas para
extravio, furto, roubo e outras ocorrências susce- uso pessoal não prevê a pena de reclusão em regime
tíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as fechado.
decorrentes de fechamento de empresas de seguran-
Em “b” Correta, o crime de posse de drogas será
ça privada e de transporte de valores;
apenado, além da advertência sobre o uso de drogas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

V – identificar as modificações que alterem as carac-


terísticas ou o funcionamento de arma de fogo; com prestação de serviços à comunidade e à medida
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já educativa de comparecimento à programa ou curso
existentes; educativo.
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, Em “c” Incorreta, a liberdade assistida não é modali-
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e dade de pena prevista pela legislação penal especial,
judiciais; mas sim pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País,
Em “d” Incorreta, a pena de perda de bens e valores
bem como conceder licença para exercer a atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores, não é prevista pelo art. 28 da lei 11343/2006.
atacadistas, varejistas, exportadores e importa- Em “e” Incorreta, o crime previsto no art. 28 não
dores autorizados de armas de fogo, acessórios e prevê como pena a detenção em qualquer regime de
munições; cumprimento que seja. 165
ANOTAÇÕES

166

Você também pode gostar