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A Tempestade – Cia Jeová Nissi

Personagens

● Filho Pródigo (FP)

● Rico

● Dona da Hospedaria (DH)

● Prostituta

● Dracma

● Convidado da Plateia

● Cavaleiro

Todos cantando
Se eu parasse pra contar, de uma forma tão normal, talvez passariam
horas não me interprete mal, todavia no entanto certo homem escreveu,
parábolas tão lindas que quem leu estremeceu... Venham todos!
Emprestem seus ouvidos, arregalem os olhos da sua visão, podemos
caminhar juntos? Então traga a sua imaginação...Vamos brincar na pureza
dessa arte, de um jeito que é só nosso de contar, coloque dentro da
pensão, o pródigo filho que se foi...que tal juntar a prostituta, que
enfureceu o fariseu. Abra a porta para o rico que chegou, de um tesouro
avarento se apossou, e tem a dona da pensão cujo ódio a encurvou, e a
dracma perdida que a salvação tirou. Venham todos! Emprestem seus
ouvidos, arregalem os olhos da sua visão, podemos caminhar juntos?
Então tragam a sua imaginação...o cenário está montado, só falta esperar
pra ver, o resultado da mistura, que tem história pra...RENDER! Vento
forte e frio nas costas, ( todos sopram ), sinal que tempestade vem aí, se
alguém bater a porta ( toc-toc) NÃO ABRA! Pois poderá sobrar pra mim...
 Dracma e DH entram
DH: Céus! Olhe só o horário! A noite está chegando e o jantar ainda não
está pronto. Menina eu te pedi para me avisar da hora!
Dracma: O quê?
DH: Do jantar, É de noite que mais chegam clientes nessa pensão, sabe
disso.
Dracma: E eu lá tenho culpa se você foi dormir e esqueceu do almoço?!
DH: Janta!
Dracma: Quê?!
DH: JANTA!
Dracma: Ah não muito obrigada, eu não estou com fome.
DH: Ai que dor! Céus! O que eu fiz para merecer isso? Eu preciso do meu
remédio, meu unguento! Menina você viu o meu unguento?
Dracma: Não eu não vi tia, eu nem toquei nele!
DH: Ah eu só perguntei. Ai Meu Deus, eu preciso do meu remédio!
Dracma: Mas eu já disse que eu não vi! Eu só estou aqui varrendo!
DH: Varrendo?
Dracma: É..
DH: Varrendo com o que?! Com os olhos? Com as mãos?
Dracma: Com a vass...Cadê a vassoura que tava bem aqui? Eu tava com
ela varrendo, tem outra aqui mas não é essa aqui. Aí eu tava varrendo..
DH: Tá aqui óh
Dracma: Ah eu não sei onde ela tá...
DH: OH MENINA!
Dracma: Oi?
DH: Tá aqui óh!
Dracma: Ah tá aí!
DH: Ai Meu Deus eu preciso do meu remédio! Urgh, ai graças a Deus... já
tá acabando, menina vem aqui! Há um mestre balsâmico aqui perto, vá lá
e compre outro desse pra mim!
Dracma: Ah mas que cheiro horrível que isso aqui tem! É por isso que tens
esse odor tão ruim hein velha?
DH: Eu já falei que eu não gosto de ser chamada de velha!
Dracma: Cheiro de velha, voz de velha...o que mais você poderia ser?
DH: Oh menina, V-você poderia me emprestar uma das suas moedas? É
que eu estou sem dinheiro agora, custa só uma moeda!
Dracma: Eu não posso, eu esqueci as minhas dracmas, eu esqueci lá
dentro.
DH: AH Meu Deus do céu?!?! Essa menina é muito inútil mesmo!
Dracma: Me perdoe!
DH: Há tempos que te deixo morar aqui, e o que você faz? Nada! Deixa
que eu vou lá, sou cliente dele há tempos, talvez ele ache que me deva um
favor. Óh! Você fique aqui, olha a comida não deixa ela queimar e se
alguém chegar fala que eu saí mas que eu volto logo, consegue fazer isso?
Dracma: Isso o que?
DH: O que eu acabei de te pedir, meu Pai do céu!
Dracma: Pediu o que?
DH: AH MENINA BURRA SENHOR! Só fique aqui e não destrua nada! Hoje
eu quero fazer uma receita especial, aqui óh, entendeu? Aproveita e salva
esse macarrão duro aí.
 DH sai
Dracma: Pera aí fazer o que? Ok agora a velha enlouqueceu né? Agora
acha que eu tenho que fazer tudo! Sou empregada aqui porque eu tenho
que arrumar, varrer, passar, cozinhar, levar essa comida pra lá, fazer não
sei o que com o macarrão, cortar isso daqui, depois levar pra cá e eu não
sei se eu consigo fazer tudo isso! Eu preciso de ajuda (choramingando)
Dracma: Será que tem alguém que poderia me ajudar? Alguém que sabe
cozinhar? É só levantar a mão (risos)
 Ela escolhe alguém na plateia lendo as receitas, leva até o local da
peça (a hospedaria), e coloca o avental no convidado.

 Prostituta bate na porta


Dracma: Já vai pera aí!
Prostituta: Que demora para abrir essa porta! Quem eles pensam que são
para falar assim de mim? Eu! Uma adúltera!
Dracma para o convidado da plateia: Anda arruma aqui, meu filho!
Prostituta: Aiai
Dracma: Cê toma cuidado porque se eles te pegarem no flagra vão te
apedrejar!
Prostituta: Eu não ligo! Onde está a velha?
Dracma: Ela não está, acabou de sair. E você demorou hoje! O que tanto
fez na rua?
Prostituta: Não te interessa.
Dracma: Você sabe como aquela velha não gosta de você fazendo seus
trabalhos aqui, ultimamente tem surgido boatos...
Prostituta: Boatos são boatos você sabe bem disso, cê não tem mais nada
pra fazer não, Edi?
Dracma para o convidado da plateia: Senta aqui.
Prostituta: Limpar uma casa, varrer esse chão que tá imundo?
Dracma: Tô fazendo.
Dracma para o convidado da plateia: corta aqui..(risos)
Prostituta: Esse aqui é quem mesmo?
Dracma: Meu ajudante! sai daí!
Prostituta: Muito prazer..
 Rico entra
Rico: Com a vossa licença, a porta estava entreaberta então não pude
deixar de notar o local. Sou filho de um dos homens mais ricos da região e
como um jovem rico não poderei passar a noite em qualquer outro lugar,
deverei...( Ele olha para a prostituta) ah me desculpe, eu pensei que isso
aqui fosse uma pensão e não um bordel.
Prostituta: E aqui não é! Bordel? Com licença meu querido já lhe trago
uma bebida.
Rico: Eu dispenso!
Prostituta: Certeza? Me parece tão cansado que olha...talvez um pouco de
vinho lhe faça bem!
Rico: Não me referi a bebida e sim a você escarnecedora.
Dracma: ESCARNE O QUE?
Rico: Escarnecedora
Dracma: Você tá me xingando garoto! Eu sou uma mulher de família!
Cozinho, passo, varro, faço tudo e você vem e...
Rico: Eu estava falando com ela! Estou falando com ela
Dracma: Ah então isso é verdade.
Rico: Não deverei manchar a minha honra com serviços maculados que
nem os teus! Entretanto eu estou fora de... Ah, ei você meu jovem, tudo
bom? Gostaria que você fizesse esses cálculos para mim, aqui estão todas
as minhas dívidas, você sabe matemática? Agora larga essa faca! Você vai
somar os cálculos pra mim!
Dracma: Não ele tem que limpar pra mim tudo aqui óh o local!
Prostituta: Nada disso porque ele chegou aqui agora.
Dracma: Não!
Eles discutem entre si
 DH entra
DH: Mas que bagunça é essa aqui na minha pensão hein?! Menina! Um
cliente!! Olha você pode ficar a von..
Rico: “Você” não! Me chame de senhor.
DH: Me desculpe, O senhor pode ficar a vontade, logo lhe traremos pão e
vinho.
Rico: Muito obrigado.
DH: E esse aqui quem é?
Prostituta: O camareiro.
Dracma: O empregado.
Rico: O meu mordomo agora.
DH: Não importa! Vai me ajudar a cozinhar, é lá meu filho ( diz apontando
para o lado contrário) lá na cozinha! Por que que cê tá aí ? Tá fazendo o
que aqui?
Convidado: Cortando..
DH: Vai vai vai vai pra lá vai.
Dracma: Oh velha! Você conseguiu comprar o arroz?
DH: Que arroz menina?
Dracma: O arroz! Você não foi comprar o arroz?
DH: Eu fui atrás do meu remédio!
Dracma: Ah é verdade, E conseguiu comprar o remédio?
DH: Aquele moço me mandou embora com menos remédio e mais dor! E
eu já sinto que esse efeito já está enfraquecendo!
Rico: Óh Céus que cheiro é esse? Parece até um abatedouro de carnes
podres! Repugnantes os vermes, exalando os cheiros..
DH: Eu já entendi! É só o meu remédio não precisa exagerar não! Veio
alugar um quarto?
Rico: Sim, passarei aqui o vespertino até o noturno talvez, até o nascer do
poente.
Dracma: Nascer do poente?
Rico: Sim.
Dracma: rsrsrs, Você é poeta por algum acaso?
DH: Os quartos de baixo custam 3 moedas e os de cima 5.
Rico: Mas 5?? Isso é um roubo! Tal afirmação me faz pensar que tipo de
estabelecimento é esse...no entretanto estou fora a negócios e deverei
me acatar com exorbitantes preços. Eu pagarei duas moedas e nada mais.
DH: O preço mínimo são 3.
Rico: 2 para uma velha como você já são o suficiente!
DH: Não lhe dou o direito de me chamar de velha!
Prostituta: Velha, depois de tanto tempo isso deixa de ser direito e se
torna costume.
Dracma: E ele além de ser arrogante é um pão duro!
Rico: Você me chamou do que?!
Dracma: ...o chão tá duro ( bate com a vassoura no chão)
 Filho pródigo bate na porta
Prostituta: Deve ser pra mim
DH: Abre lá pra mim menina!
Dracma: Já vai! Está tão movimentada a pensão hoje!
FP: eheh que recepção hein! Meu Deus, estava a caminho de uma festa
mas a tempestade me impediu de prosseguir! Eu vou precisar de um
quarto!
DH: E um jovenzinho como você teria dinheiro para pagar?
FP: Dinheiro não é problema vovózinha! Acabo de receber parte da minha
herança como filho mais moço, eu nem sei porque eles me chamam de
filho pródigo, afinal, filho pródigo é gastar em demasiado, mas eu vou
provar para o meu pai e para o meu irmão que eu fiz a coisa certa!
Prostituta: Então além de rico o garoto é confiante?... Bem-vindo ao
mundo de prazeres, de boas mulheres, chega de afazeres na casa do Pai!
( Cantando)
FP: Hoje sou herdeiro também sou festeiro, o vinho agora é por minha
conta! Gosto da atriz, aquela que canta! Seja meretriz ou talvez uma
santa! psiu psiu (fala apontando pra Dracma) quero fugir da sombra que
me chama para a santidade, para a pureza ou felicidade...Chega!!! Nada
de voltar! Se isso é pecar eu sou o pecador, que desce ao abismo, chega
de aprisco, Eu não sou mais ovelha nem mais um discípulo...eu sou, o
dono da festa. (Cantando)
FP: (Assovia alto e grita) Eu quero um quarto!
Dracma: Dá pra você sentar direito! O convidado acabou de limpar!
FP: Mesmo assim eu quero um quarto!
Rico: Meu jovem eu já vou lhe avisando que os preços aqui nessa pensão
são um roubo.
FP: Você é o dono?
Rico: Não.
FP: Então “Shut up” que eu n falei contigo.
DH: Sou eu a dona! Os quartos de baixo custam 3 moedas e os de cima 5.
FP: Eu pago 6 pela estadia, 2 por roupas lavadas e mais 2 se tu me garantir
que eu vou ter a melhor “night” da minha história!
Dracma: São...10 dracmas! ... Espera aí, onde é que estão minhas
moedas? Aquelas minhas moedas que eu tinha esquecido mas eu preciso
delas minhas dracmas, onde está, onde estão!
FP: Tá com algum problema?
Dracma: Não! Eu quero as minhas dracmas (choramingando)
FP: Aqui ôh esquisita! Edileuza!
Dracma: Viu! Eu sabia que você sabia onde estavam.
FP: blá blá blá, agora me digam que cheiro bom é esse?
Prostituta: Você acha que cheiro de comida queimada é um bom cheiro?
DH: Comida queimada?!
FP: Comida queimada.
DH: COMIDA QUEIMADA!?
Rico: Comida queimada!
DH para convidado da plateia: Você tá aqui pra fazer o que? meu
macarrão menino?!?! Senhoor! Eu preciso me apressar!
FP: É bom você se apressar mesmo, mas olha eu não estava falando deste,
eu estava falando de outro cheiro bom, mas eu sugiro que vocês se
apressem porque parece que está vindo uma grande tempestade por aí,
com furacão, tornado, “hurricane” e tempestade mas são perigosas, ainda
mais para uma velhinha igual v...
DH: EU NÃO SOU VELHA!
Rico: Então pare de andar toda encurvada!
DH: Eu não consigo! Desde que eu construí essa pensão eu olho para o
chão todos os dias.
Rico: Deveria eu saber disso dona Guadalupe? Por que não foi a um
médico?
DH: Não há médicos que curem isso!
Rico: “Não há médicos”
DH: Você... você me lembra o meu filho!
Rico: Oxi!
DH: Arrogante e mesquinho igual ele!
Rico: Oxi!! Sente-se aí senhora! Sente-se aí. , melhor pra você.
FP: Edileuza! Psiu! Didi! “come here”...”right now”.
Dracma: What do you want? ( Fala de um jeito engraçado)
FP: Vai buscar um copo de vinho pá nós!
Prostituta: Dois... três...dois!
Dracma: Isso aqui não é um bar não sabia?
FP: Não.
Dracma: E se você quiser beber, é só você ir pra outro local!
FP: Ah é mesmo?
Dracma: É!
FP: EU pago pra vocês,(Fala batendo na mesa) peço pelo melhor serviço e
é assim que vocês me tratam?!
Dracma: É!
Prostituta: Ele tem razão Edi!
FP: É disso aqui que eu tô falando Leuza! É disso aqui que eu tô falando!
Talvez eu até compre esse lugar, e eu transforme em um bordel! Em um
palácio privado!
Rico: Você seria então muito burro em investir em um lugar como esse!
FP: “serias então muito burro, em investir em um lugar...” (caçoando)
Rico: Haha meu jovem, devolva agora o meu chapéu!
FP: Já tá devolvido! “oh my God” a primeira coisa que eu faria seria proibir
jovenzinhos como você de entrar aqui! Não sabe de nada da vida, éh...
não sabe das coisas na vida, não sabe o que está ao redor, não sabe de
nada, de nada! Eu aposto que você veio parar aqui com seu caderninho da
mamãe...porque você viu as finanças caírem!( Ele pega o caderno do Rico)
Rico: Meu caderno! Devolve meu caderno! ( Corre atrás do FP)
DH: Ahhhhhh ai meu Deus vai quebrar minha casa toda! Ai Senhor!
Rico: AGORA! DEVOLVA MEU CADERNO! Meu caderno jovem, seus pais
devem se entristecer por ter você como filho! Você não os honra como
relatam as escrituras!
FP: “Stop now!” Não entramos em assuntos de família!
DH: Vamo parar os dois vamo???
FP: Vamo
Rico: Vamo.
DH: Lá fora estão surgindo algumas nuvens escuras mas acredito que não
chegarão tão perto, oh Leuza...LEUZA!
DH- Ô LEUZA? LEUZA?
FP- Ela está limpando o negócio lá!!
DH- Vamo menina, 1,2,3, vamo!
DRACMA- Tô aqui!
DH- Ó, leva esses dois para os quartos.. Esse daqui vai ficar no debaixo! E
esse aqui vai ficar no de cima, aquele de frente para a praia, que está
vazio. Aproveita e leva esse daqui (convidado) para conhecer a pensão!
PROSTITUTA- As nuvens escuras anunciam a chegada de uma grande
tempestade.
DH- Ah, pelo tom de desânimo da sua voz, essa tempestade vai atrapalhar
a sua noite com seus errantes homens, não é?
PROSTITUTA- Eu já te disse que eles não são errantes, são apenas
humanos à procura de uma fuga, eles só querem esquecer por um minuto
as seduções do mundo real.
DH- Vai se preparar para dormir, menina. Pois com o anúncio dessa
tempestade, nenhum homem virá.
PROSTITUTA- E eu tenho certeza que são dias como este, que eles só
pensam em se abrigar sob minha proteção.
DH- Você não sabe como eu espero ver um dia em que suas atitudes
mudarão, eu só não a mando embora da minha pensão, porque eu
acredito que um dia você vai perceber que ser uma prostituta, só faz você
colecionar corações derrotados, assombros do adultério que roubarão
seus sonhos de velhice. Volto logo!
 DH SAI
 FP ENTRA
FP- Sabia que eu ia te encontrar por aqui sozinha.
PROSTITUTA- Parece que você tem olhos em toda a parte.
FP- Não é preciso de olhos quando se sente um perfume como este, e não
é qualquer uma que...
PROSTITUTA- Olha, então o rapaz possui seus sentidos aguçados. Como
sabia que eu ainda estaria aqui?
FP- É muito fácil, você finge ser uma coisa que você não é! Mas aquele seu
olhar lá dentro, essa foi a resposta que eu precisava.
PROSTITUTA- Então o filhinho de papai quer ter uma noite de verdade?!
FP- E por que diz isso?
PROSTITUTA- Ai meu rapaz, é muito simples, você finge ser uma coisa que
você não é! Eu já me deitei com muitos outros assim como você, cabelo
ainda penteado, barba aparada, primeira noite fora de casa.
FP- Mas eu ainda posso te surpreender, eu vou te provar.
PROSTITUTA- Bom, disso eu tenho certeza, mas antes eu quero saber de
uma coisa. Por que você fugiu de casa?
FP- Do que isso importa para você? Eu tenho dinheiro, o resto é o resto.
PROSTITUTA- Eu sei que existem aqueles que gostam de se abrir na
primeira noite, e não é somente pelo dinheiro, mas vamos logo com isso
porque eu não tenho muito tempo, onde?
FP- Pode ser aqui mesmo.
PROSTITUTA- Garoto, não sei se você percebeu, mas tem uma
tempestade vindo aí.
FP- Idaí?
PROSTITUTA- Idaí, que são dias assim que lugares como esses ficam
cheios.
FP- Mas você mesma ouviu, talvez ninguém venha para cá, mas se vier, a
minha noite vai ter até plateia. Você está com medo? Está esperando
alguém?
PROSTITUTA- E se eu estiver? O que isso importa para você, garoto?
Afinal, como você mesmo disse: o resto é o resto!
FP- Vamos fazer o seguinte, vamos continuar com os nossos segredos,
porque ninguém precisa saber de mais nada agora!
 FP SAI
PROSTITUTA- Você quer ter a sua primeira noite dessa vida, e eu, com
sorte a minha última.
 RICO ENTRA
RICO- O garoto subiu as escadas e estava muito entusiasmado pelo que
parece.
PROSTITUTA- Pelo jeito, não é só um que possui seus sentidos aguçados
por aqui. O que é que você tem comigo em garoto?
RICO- Eu não possuo nenhum atrito contigo. Você é o próprio problema
da sociedade, afinal, dorme com homens todos os dias (PROSTITUTA DÁ
UM TAPA NO ROSTO DO RICO, PORÉM ELE SEGURA SUA MÃO). Talvez, eu
devesse chamar os sacerdotes para cuidar de você! Você possui o
perfume mais doce que eu já senti nessa vida(O RICO CHEIRA A MÃO
DELA). Passa essa noite comigo?
PROSTITUTA- O quê? Eu não entendo homens ricos como você, possui
tanta fortuna, mas parece que o dinheiro endureceu seus corações como
uma pedra! E olha, eu já tenho um cliente.
RICO- Eu pago mais que seu cliente.
PROSTITUTA- É impossível você pagar mais que meu cliente!
RICO- Eu tenho dinheiro.
 FP ENTRA
FP- É impossível você pagar mais que o cliente dela. Eu achei que eu fosse
mais do que um cliente!
PROSTITUTA- Bem, se resolvam e me procurem no quarto depois.
FP- O que você estava fazendo com a minha mulher?!
RICO- Oi?? Sua mulher? Ela é mulher de todos, consequentemente,
mulher de nenhum.
FP- Você acha que tem dinheiro...
RICO- Sim, eu tenho dinheiro suficiente.
FP- Você é um falido (PEGA O CADERNO DO RICO) você já parou para
olhar...
RICO- Não pegue o meu caderno!! Devolva meu caderno agora!
FP- Você está perdido, é isso que você está!!
RICO- Você é um filhinho de papai.
FP- Eu já me cansei de você, garoto! Pega esse caderno. (JOGUE-O NO
CHÃO)
 TODOS ENTRAM
DH- O que tá acontecendo aqui, hein? Eita meu pai do céu, todo dia que
eu chego aqui é essa briga, toda vez, eita meu pai. O menino (convidado),
volta a cozinhar! Dracma, ponha a mesa do jantar!
DRACMA- Ah não, muito obrigada, não estou com fome!
DH- Não é pra você menina, é para os outros!!
DRACMA- Tá bom, vou fazer!!
DH- Vamos, vamos jantar todo mundo.
RICO- Escute aqui, o jantar está pronto ou não?
DH- Já está pronto, menino. Venha jantar! Vamos todos sentar e comer.
(A TEMPESTADE CHEGA) A tempestade!! Fechem as janelas, senão tudo
isso aqui vai virar de cabeça para baixo!!
FP- Eu já me cansei de você, garoto!
RICO- Você não passa de um nojento, soberbo.
DH- Parem vocês dois!!
FP- Mesquinho, arrogante!!
RICO- Soberbo, irritante!!.
FP- Você não vale o chão que pisa
RICO- Vossa vida é desonrada!
FP- Quer resolver isso com uma espada?
PROSTITUTA- Chega!! Homens como vocês nunca mudam, somos objetos
e troféus.
RICO- Idiota, prostituta! É ladra absoluta, roubou o homem de outra
mulher...
PROSTITUTA- Não é minha culpa se ele quer
FP- Em ti eu confiei, em seus braços me lancei e só querias o meu ouro...
PROSTITUTA- Como a ovelha e o matadouro...
FP- Onde está o amor, que me prometeu??
PROSTITUTA- Garoto, você quer um conselho? Você quer viver amor de
verdade, volta pra casa do seu pai, que ele sim te ama!
DH- Chega, parem de falar, a tempestade vai destruir tudo. Querem saber
de uma coisa? Eu não me importo mais com vocês, eu vou focar nas coisas
que são importantes para mim.
DRACMA- 7,8,9... Nãoo!! Eu perdi meu dracma, eu preciso encontrar, eu
preciso!!
FP- Garota, pare com isso, você acha que vai encontrar alguma coisa no
meio dessa bagunça?
DRACMA- Você não sabe o que ela significa para mim, sem ela eu não
estarei pronta!!
RICO- Espere garota! Você não vai achar nada nessa confusão, eu posso te
emprestar uma moeda, está dentro do meu caderno! Você, você pegou
meu caderno!!
FP- Você está louco? Porque eu faria isso?
RICO- Você era o único que eu sabia que lá estava as minhas dívidas, os
meus devedores, as minhas riquezas!
FP- Me chame de qualquer coisa, menos de ladrão, seu idiota. O meu anel
de herdeiro, valia muito mais do que as suas... Aonde está o meu anel?
Velha? Velha? O meu anel sumiu, você deve ter visto por algum lugar,
hein...
DH- Ai, vocês em, perdendo as coisas... Você deixou o seu anel cair, e eu
coloquei bem aqui, perto do meu remédio! O meu remédio não está
aqui!!!
FP- E o meu anel?
DH- Também não!
FP- me ajude a procurar!
RICO- Ei, pra mim está claro o que aconteceu aqui. Nós fomos
ROUBADOS!
FP- ROUBADOS! Eu também percebi e só uma pessoa que não perdeu
nada até agora.
RICO- Só pode ter sido ela!
PROSTITUTA- Antes que você fale qualquer coisa, o que tenho de mais
precioso é o meu perfume, que eu deixei em cima dessa mesa aqui. Cadê
o meu perfume? Me devolva o meu perfume agora!
FP- Eu? Por que você acha que eu peguei?
PROSTITUTA- Porque eu deixei o meu perfume aqui, e você foi o único
que sentiu o cheiro dele. Me devolva esse perfume!!
FP- Eu não peguei nada!!!
PROSTITUTA- Vai garoto! Me devolve esse perfume!
FP- Eu vou tirar meu casaco, pode olhar.
DH- Você que pegou meu remédio?
RICO- Escute aqui, eu fui o primeiro a notar o ladrão nessa sala, não
percebeu que foi eu quem percebi que ele estava aqui?
PROSTITUTA- O meu perfume garoto, você sabe onde está o meu
perfume!?!!
FP- Eu não peguei nada!
 CAVALEIRO BATE NA PORTA
RICO- Que som foi esse?
DH- Deve ser a chuva lá fora!
DRACMA- Eu também ouvi, há alguém na porta!
 CAVALEIRO BATE NOVAMENTE NA PORTA
DH- Não abra!! Deve ser o meu filho que veio se abrigar da tempestade,
mas eu não vou perdoá-lo, não abra!!
FP- Esperem, não abram essa porta, talvez seja um dos empregados de
meu pai. Ele deve ter mandado alguém aqui para me buscar, mas eu não
estou pronto para voltar para casa. Não agora!
DRACMA- Não abra! Se for o meu noivo que tenha vindo me buscar, eu
não estarei pronta, porque eu perdi a minha dracma.
PROSTITUTA- Eu vou abrir a porta.
RICO- Faça isso! Deve ser um dos homens prontos pra te levar, você vai
ser apedrejada, sua hora está chegando, meretriz!
PROSTITUTA- E quem te garante que não será um ladrão pronto para
levar todo o seu dinheiro, garoto? Eu conheço muitos homens, tanto bons,
como maus e poderia ser um deles. Não, é o meu cliente favorito. Se eu
estivesse com o meu perfume ele poderia fazer algo
 MÚSICA- VENTO FORTE, FRIO NAS COSTAS. SINAL QUE A
TEMPESTADE VEM AÍ. SE ALGUÉM BATER NA PORTA.
TODOS- NÃO ABRA!
FP- Espere, vamos fazer silêncio, talvez ele ache que não tem ninguém
aqui e vai embora. Ele vai desistir!!
DRACMA- Depois dessa gritaria toda, eu duvido que ele vá embora.
PROSTITUTA- Ah, então ninguém vai lá abrir essa porta mesmo?
TODOS- NÃO!
 CONVIDADO ABRE A PORTA PARA O CAVALEIRO
CAVALEIRO- Perdão pela pergunta, mas teria algo para eu comer? É que
eu estou faminto e me falaram que por aqui, eu encontraria a melhor
comida e hospitalidade! Estão me ouvido?
DH- Mas era só o que faltava mesmo, um cavaleiro querer me atrapalhar
durante essa tempestade. E como pode estar tão seco, em meio a tanta
chuva?
CAVALEIRO- Não perceberam, que a tempestade passou? Deveríamos
todos sentar e comer! O jantar vai se esfriar, parecem ansiosos.
FP- Eu prometo que vou jogar esse ladrão no meio dessa tempestade. O
meu anel sumiu!
RICO- Você continua insistindo em me chamar de ladrão, não é? Eu não
peguei nada!!
FP- Vamos ver quando as autoridades te pegar, você vai pagar pelo o que
fez garoto!
RICO- Chame as autoridades!
PROSTITUTA- Eu não sei porquê você se importa tanto, você me disse que
queria sair da casa do seu pai.
DRACMA- Se em um dia seco, as autoridades já não vem, imaginem
debaixo dessa terrível tempestade.
CAVALEIRO- Acalmem-se todos! Vamos sentar e comer.
DH- Preciso do meu remédio..
CAVALEIRO- Tolos, amantes de si mesmos, todos entregues ao seu
próprio eu, veja como estão ofegantes, em busca de suas próprias
verdades, impressionante, como correm tão acelerados que não
conseguem visualizar a linha de chegada, mas ouçam, assim como passa a
tempestade, da mesma forma desaparece o perverso, mas o justo não. O
justo tem fundamentos eternos, ele tem a verdade guardada em seu
coração, e a sua fé o faz inabalável. Ei, o barulho dos teus problemas, das
tuas dores e até mesmo do seu pecado não podem soar mais alto do que
a minha voz de comando. Há de ser uma soberania sobre a tua vida. E
acredite, nada, nada, sai do controle das minhas mãos, mas em algumas
situações, podem ser um convite para que me encontre sobre as águas.
FP- Essa casa velha está prestes a desabar sobre nós, ela não vai
aguentar. Se meu pai estivesse aqui, seria tudo diferente, mas ele não
está. Então eu quero saber onde está o meu anel., ANEL!
DH- Saiam todos, não temos tempo para ouvir reclamações de ninguém!
TODOS- Por que essa tempestade nunca passa? Por que insiste tanto em
parar os meus planos? Até quando iremos acreditar que alguém virá ao
meu encontro? Por que? Por que? Por que?
CAVALEIRO- Olha, realmente essa comida é digna de ser elogiada, meus
parabéns! Já que não me ouvem, vou deixar uma carta. Consiga por favor
um papel e uma tinta.
DH- Meu Deus, quanta dor! Não aguento mais! Não aguento mais viver
nesse lugar. Não aguento mais tanta briga, não aguento mais tanta
indisposição. Meu marido me largou, me arruinou! Vocês não têm o
direito de reclamar de nada! Não tem! Vocês não sabem o que é viver
encurvada o tempo inteiro!
CAVALEIRO PARA O CONVIDADO- Pode me fazer um favor? Após a
tempestade deles passar, entregue isso a eles. Agora eu preciso ir e
aproveitar o dia lindo que está lá fora. Meu caro, Muito obrigado!
DH- Vejam, eu acho que a tempestade já está se acalmando. Ai, graças a
Deus.
RICO- Verdade, parece que a tempestade parou. Vamos sentar e comer
então, pois estou faminto.
DH- Cavaleiro sem cavalheirismo nenhum.
DRACMA- Eu não vou desistir, eu preciso encontrar a minha dracma.
DH- Comeu da minha comida e saiu sem pagar nada. O que é isso aí?
(FALA PRO CONVIDADO)
CONVIDADO- É UMA CARTA TIA ANASTÁCIA
DRACMA- Tia Anastácia?.
DH- Um pedaço de papel não vai pagar a comida que aquele homem
comeu. Já que você não impediu de sair sem pagar, Leia o que está
escrito.

LEITURA DA CARTA
CONVIDADO: “Eis que tenho olhado suas aflições e conflitos, suas
almas estão presas, agitadas e doentes. E por mais que não
aceitem isso, sabem que é verdade”
DH toma a carta e diz: O que? Deixe-me ver. “A você, cujo as
dores se alastram, que o tormento desce sobre seus ombros, saiba
que eu estou disposto a te perdoar e te livrar se fizeres o mesmo.
Quanta mágoa, quanto ódio, você tinha razão em dizer que não há
médicos que curem isso, mas a ti eu digo, eu sou a cura”. Mas que
raios, quem esse homem pensa que ele é?
Dracma pega a carta e lê: “A você que desistiu de resgatar seus
valores, lembre-se que o noivo está voltando, e você precisa do 1°
amor, não deixe o cansaço te impedir de estar pronta, busque em
mim a razão para continuar procurando. A você eu digo, eu sou a
força”. Como ele pode saber de tanta coisa assim? ele nem me
conhece para escrever essas coisas. Olha o que ele escreveu:
Dracma: “Eu senti seu perfume a distância, você se pergunta...”
Prostituta interrompe: ESPERA! Isso aqui fala sobre mim,
ninguém pode falar sobre mim... “Eu senti seu perfume a distância,
você se pergunta ‘Como posso existir em um mundo como esse?’
Ah, quando era eras apenas uma criança, eu te amei, te chamei de
filha, quando estava no lamaçal, te ensinei a andar, tomando-a nos
braços, mas quando cresceu saiu e quis viver a vida e enquanto
dormia com outros, meu coração palpitava para ver você em meus
braços novamente. Veja! O inverno passou, acabou a tempestade e
eu quero te ver. A você eu digo ‘Eu sou o verdadeiro amor’ ” Como
ele sabe de tudo isso em? Sem ao menos me conhecer, O que
mais tá falando aqui?

FP: “Você que, confia na sua riqueza, e se acha...”


RICO: Para de ler isso... isso é pra mim
RICO: “Você que confia na sua riqueza, que se acha abençoado e
salvo por ser próspero, saiba que nada disso importa pra mim. Eu
sou o dono do ouro e da prata, que levanta com a mão forte os reis
e destrona os ímpios. Pare com isso, deixe de ser... Um religioso e
venha viver a plenitude que separei pra ti, a você eu digo, EU SOU
A PAZ”. Que insolente, quem esse homem pensa que é?
FP: “Meu filho, você viveu nos átrios do seu pai, era o herdeiro mas
o teu coração caiu e resolveu sair da presença, do olhar de
cuidado, Em verdade eu te digo, em verdade eu te... essa carta
com certeza não é pra mim.
DH lê:
“em verdade eu te digo, que agora tens alegria e riquezas, mas
sabes que são passageiras, mas o meu amor por ti é eterno, pare
de viver no pecado e volte. Acredite, estou na colina te esperando
para te abraçar, não interessa se está sujo, se achando podre. Não
é tarde para voltar a minha presença. À você eu digo: ‘Eu sou o
perdão’. Venham a mim, cansados, doentes e oprimidos
TODOS: Peçam e lhes será dado, busquem-me e me acharão, eu
estou batendo na porta do seu coração, me deixa acalmar essa tua
tempestade, se ouvir eu bater e abrir, eu entrarei, cearei contigo e
te sararei.”
DH: mas que raios! Quem ele pensa que é? Será que ele conhece nossos
pensamentos? Essas palavras me lembram meu marido. Suas palavras
feriam o meu coração, mas eu não pude aceitar a verdade, mas quando
você me deixou, por que você me deixou? Por que me atormenta?!!
FP: Já chega!! Vocês querem saber? Ele é um mentiroso! É isso que ele é!
Eu não tenho a menor ideia de como ele descobriu isso, mas... eu preciso
tomar um ar, eu preciso dar uma volta, não estou me sentindo bem!
RICO: Espere1 Algumas verdades precisam ser esclarecidas! As palavras
desse homem, elas me intrigaram... Eu preciso descobrir quem ele é. Eu
vou atrás dele..
DRACMA: Mas esse cavaleiro já estava com todas as respostas, nós é que
não o ouvimos... Ele foi o único que me deu forças para continuar
procurando minha dracma e agora, nada e nem ninguém vai me fazer
parar até que eu esteja com ela.
DH: Quer saber? Saiam todos! Saiam sem me pagar mesmo. Nada disso
aqui vai mudar... eu preciso sair. Amanhã é sábado e eu vou à sinagoga.
Quem sabe Deus fale comigo lá...
 CAVALEIRO ENTRA
CAVALEIRO PARA CONVIDADO: Você percebeu o que está acontecendo
aqui? Eu sei que pode parecer confuso, misturar personagens da bíblia
dentro de uma pensão, não sei se conhece cada uma dessas histórias, mas
deixe eu contar como foi o desfecho de cada uma delas.
Eu estava caminhando com uma multidão a me seguir, já estava
acostumado, mas aquele dia foi diferente, ele estava ansioso, ofegante...
ele olhou dentro dos meus olhos e me disse:
RICO: Mestre, Mestre! O que farei para ter a vida eterna?
CAVALEIRO: Venda o que tem, dê tudo aos pobres e me siga!......
Me pareceu tão desapontado com aquilo que eu disse... mas eu espero
que ele realmente tenha entendido, que é mais fácil um camelo passar
pelo fio de uma agulha do que um rico entrar no céu. Sabe, ele poderia ter
a maior prosperidade que há na terra, mas não, o seu coração estava no
dinheiro e por isso não conseguiu ouvir a minha voz. Isso me faz lembrar a
história de outro rapaz também. É difícil de acreditar como alguém decide
sair da proteção de seu pai pra desejar comer comida de porcos, não é?
Ele chegou em um grau de sujeira tão grande que ele mal podia acreditar
 FP ENTRA
FP: Pecado? Quem está falando de pecado? O que é pecado? Eu nunca
entendi direito o que meu pai tinha pra falar sobre o que era certo e o que
era errado, eu passei anos dentro da casa do meu pai, tentando imaginar
como era o mundo lá fora. Me assentar à mesa com ele sempre foi
maravilhoso e isso eu não posso negar, mas sabe o que doía? O que doía é
que todas as vezes que eu sentava à mesa com meu pai, a minha mente
estava lá fora. Eu queria saber o que tinha depois dos montes, na verdade,
eu já subi a montanha muitas vezes com meu pai, mas é que as vezes, as
vezes os meus olhos eram como os olhos de um falcão que traziam pra
perto das minhas vistas as luzes das cidades ao longe, as vezes eu me
sentia como uma coruja de celeiro, que tinha os ouvidos tão sensíveis a
ponto de distinguir o fafalhá causado por um camundongo sobre um fardo
de feno a dezenas de metros de distância e é com esses ouvidos que eu
pude ouvir o som da alegria dos que moravam longe de mim. Por que que
eu não poderia ser feliz também? Não é nada fácil, largar o seu pai que te
ama, o pai que cuidou tão bem de você. As vezes uma faísca de realidade
se acende que eu consigo perceber que eu estou à beira de um abismo, à
beira de um precipício, caindo mas eu prefiro continuar errando, eu
prefiro continuar fugindo, pecando e sussurrando pra mim mesmo. Já é o
fim, estar fora de casa dói, mas a gente sempre vai tentar preencher esse
buraco, esse vazio, que só aumenta a cada dia. Eu não consigo mais me
olhar ao espelho e imaginar como eu decidi comer a comida dos porcos,
não bastasse, zombar do teu nome em momentos de embriaguez, eu me
sentei à roda dos escarnecedores, o que eu julgava ser abominável, agora
eu estava fazendo o mesmo. Quantas pessoas eu olhava ao meu redor e
dizia: “Meu Deus, como pode? Alguém fazer isso com o próprio pai?” eu
jamais serei capaz de fazer isso com meu pai, isso é desumano, mas agora
eu estava fazendo pior, eu estava fazendo pior, mostrando meu pecado,
pra que todos soubessem que eu havia saído da casa do meu pai. Os meus
olhos, já não tem mais os brilhos de paz, os meus olhos tem os brilhos das
trevas, somente. Trevas densas e obscuras. Sabe o que você é, jovem?
Você é o filho pródigo. É isso mesmo que você é! Um filho pródigo! Diga,
por que você fez isso? O que você ganhou fazendo isso? Não adianta se
precipitar e correr aos conselhos dos sábios, você está sozinho, eles não
poderão te ajudar! A tempestade já passou, é hora de voltar pra casa! Eu
sei que preciso voltar. Mas eu preciso provar pra mim mesmo que eu
aproveitei o máximo dessa vida, tudo que eu podia. Eu quero ainda luzes
que não se apagam, eu quero me deitar com o pecado e conhecer o gosto
ruim da taça da luxúria. Parem de me olhar assim, senão eu serei obrigado
a gritar aos 4 cantos que vocês me colocaram pra fora, vocês... na verdade
a culpa é minha, fui eu que quis sair, não é?! Fui eu quem quis sair de
casa. Mas quando eu saí de casa meu pai disse: “filho, eu estarei te
esperando todos os dias, ao entardecer com os braços abertos, Volta
Logo”!
ORAÇÃO PELOS FILHOS PRÓDIGOS E SUAS FAMÍLIAS!
FP: Meu pai disse que estaria me esperando todos os dias, mas eu estou
tão sujo, eu estou sujo, mas eu preciso tentar... Pai... Ô pai, eu posso
voltar pra casa? Eu fiz tantas coisas abomináveis, mas eu estou
arrependido. Me deixa voltar? Mas... e se meu pai estiver magoado? E se
ele bater a porta com a violência da dor? Não vai me perdoar... mas eu
preciso tentar. Eu preciso tentar! Pai, eu me deitei com tantas mulheres,
eu me assentei à roda dos escarnecedores, eu concordei quando as
pessoas diziam que você não existia, que você não era bom, mas eu
mentia. Eu estou arrependido, pai! Me deixa voltar, por favor, eu estou
impuro! Se ele souber com quantas mulheres eu me deitei, não haverá
perdão pra mim, não haverá perdão pra mim! PAAAIII (GRITO), me deixa
ser um dos teus servos? Me deixa voltar pra casa? Por favor? Por que que
eu saí de casa? Cadê meu casaco? Eu preciso voltar! Eu não deveria ter
saído da casa do meu pai, eu não deveria ter abandonado meu pai. É hora
de voltar pra casa!
 FP SAI DE CENA
CAVALEIRO: Enquanto isso, seu pai estava na colina, todos os dias
esperando ele voltar. Mas deixa eu fazer uma breve pausa pra te contar o
final de uma outra história.
Pegue sua cadeira e me acompanhe (Falando para o convidado), imagine
agora que você está em uma sinagoga. Eu estava no altar a ministrar,
quando vi aquela mulher entrar, ela que há 18 anos sofria. Assim como eu
vejo aqui pessoas que sofrem há 10,18,20 anos, mas aquele dia, aquela
mulher entendeu que precisava tomar uma atitude (DH ENTRA EM CENA).
Ela precisava liberar perdão... sim, ela teve que abrir mão de muitas
coisas. Resta saber o que será necessário de se abrir mão hoje, pra
alcançar também o (não entendi). Ela me olhou, eu a olhei...
 DH CANTA: TOCOU-ME, JESUS TOCOU-ME
 DH SAI DE CENA CANTANDO E CONTINUA DE FUNDO
CAVALEIRO: Pelas pisaduras dele você é sarado, pela morte de cruz você é
livre de toda dor, de toda enfermidade. Esse poder se faz presente, sabe
por que? Porque ele ressuscitou, Ele venceu a morte, receba a tua cura
agora em nome de Jesus, que seu interior seja curado, que as tuas
emoções sejam restauradas. Você não é casa de enfermidades, você é
templo, é santuário, daquele que vive e reina para todo sempre!
 IGREJA TERMINA CANTANDO A MÚSICA
CAVALEIRO: Sabe, aquele dia eu ouvi grandes críticas por ter curado no
sábado, mas quando eu quero agir, nada pode impedir! E aquela menina
encontrou a sua moeda, aquele era o bem mais precioso de uma mulher,
uma noiva nunca estaria pronta sem todas as suas moedas. Mas, uma
outra mulher que não se importou, não se importou com todos aqueles
fariseus que estavam naquela casa, ela foi correndo ao meu encontro, ela
se lançou aos meus pés, e encheu aquele lugar com o verdadeiro perfume
da adoração
 PROSTITUTA ENTRA, SE JOGA AOS PÉS DO CAVALEIRO E CANTA
 PROSTITUTA SAI DE CENA
CAVALEIRO: Todas essas histórias, a bíblia conta. Personagens que
passaram por uma tempestade, cada um da sua forma reagiu a minha voz.
Quais destes pertences fazem parte da sua identidade? (PERGUNTANDO
AO CONVIDADO), eu não sei quais destes pertences são teus, mas eu sei
que você não está aqui por acaso. Eu quero te agradecer por ter aberto
essa porta, porque se você não tivesse feito isso, muita coisa aqui não
teria acontecido. Eu declaro também, que a partir de hoje, as portas do
céu estão abertas sobre a tua vida. Aquela menina encontrou a sua
moeda, um bem que estava perdido. Eu dou ordem pra tudo aquilo que
esteja perdido ao seu redor, seja encontrado também. Que haja uma
restauração por completa dos seus sonhos, daquilo que não há mais
esperança. Eu restauro a esperança no seu coração. Não há lugar mais pra
preocupação, como aquele jovem vivia. Há lugar para uma paz que excede
todo o entendimento. Hoje, você recebe essa paz. Não andará nem
ansioso, nem preocupado com coisa alguma. Aquela mulher estava
enganada, ela acreditou o tempo todo que sua cura estava no remédio e
não, Eu sou a cura! E se estiver alguém enfermo na sua família ou aqui
presente, eu quero declarar que o bálsamo de Gileade seja derramado
sobre as tuas feridas, sarando você e a sua casa que o Espírito Santo visite
seu lar agora, não há limitação pra este poder, não há barreiras! Se você
crer, você e sua casa é sarada pelo sangue de Jesus!
Aquela mulher, me encontrou com seu perfume mais caro, mas foi a
verdadeira adoração, de um coração quebrantado que me alcançou. Que
o seu coração, permaneça quebrantado e todos os dias, nos
encontraremos no secreto. Eu tenho uma aliança com vocês, assim como
aquele anel que foi dado ao filho pródigo. O anel representava o amor, a
aliança de um pai. Um pai que pode ordenar que a tempestade comece ou
que ela cesse. E essa aliança hoje, é com você, é com a sua casa. Eu
restauro aliança entre nós. Não há mais culpa, não há mais condenação.
As suas vestes estão brancas outra vez, a cruz te garante: a graça e o
perdão. Meu sangue cobre a sua casa, o meu sangue cobre você!
Nunca se esqueça, que um dia nos encontramos face-a-face, por isso que
hoje você não permanece o mesmo.
O Espírito Santo é com você, te guiando em verdade. Você sabe que você
nunca esteve sozinho. A sua tempestade já passou! O Senhor se levantou
do trono dele a seu favor! E quando o mar da agitação, da acusação e do
pecado se levantar, lembre-se de que você é filho, que há uma identidade
sendo restaurada com você hoje. Há um lugar de descanso no braço do
pai, sabe por quê? Eu tenho um abraço que silencia todo o pecado.
 SE ABRAÇAM
 MÚSICA: ME AMA

FIM

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