Você está na página 1de 38

CENTRO DE REFERÊNCIA

em Transtorno do Espectro Autista

SANTA CECÍLIA, SÃO PAULO - SP AGRADECIMENTOS:

Agradeço, primeiramente, a minha famí-


lia por todo incentivo e apoio para chegar até
aqui. Aos meus amigos, agradeço e dedico este
Trabalho Final de Graduação I apresentado trabalho como forma de retribuí-los por todo
à Universidade São Judas Tadeu, como requisito apoio, carinho e paciência que tiveram nesta
parcial para obtenção do título de Arquitetura e etapa da minha vida, principalmente por não
Urbanismo. me deixarem desistir. E também, aos meus
professores (as), por todo conhecimento e
aprendizagem, sobretudo ao Professor Anní-
bal Montaldi por me orientar na construção
ORIENTADOR: ANNIBAL MONTALDI deste trabalho.

SÃO PAULO, 2021 THAYNA BONOMO PEREIRA AVELINO


1. INTRODUÇÃO 5. LOCALIZAÇÃO DA PROPOSTA
1.1 Justificafiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 4 5.1 Escolha do Terreno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 0
SUMÁRIO 1.2 Problemática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 4
1.3 Objetivos Gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 5
5.2 Acessos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2
5.3 Levantamento da Área de Intervenção. . . . . . . . . . . . . . 3 4
1.3.1 Objetivos Específicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 5 5.4 Analise das Condicionantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 5
1.4 Metodologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 5 5.5 Legislações Pertinentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 9

2. AUTISMO 6. PROPOSTA DO CENTRO


2.1 Transtorno do Espectro Autista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 6 6.1 Programa de Necessidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1
2.2 Características. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 6 6.2 Fluxograma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1
2.3 Histórico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 9 6.3 Ambiencias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2
2.4 Estatísticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 9 6.4 Zoneamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 3
2.5 Tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 0 6.5 Diretrizes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 4
6.6 Partido Arquitetônico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 6

3. AUTISMO E ARQUITETURA 7. REFERÊNCIAS


3.1 Arquitetura para o Autista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2 7.1 Referências Bibliográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2
3.2 Integração Sensorial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 4 7.2 Lista de Figuras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 4
3.3 Elementos Construitivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 6
3.4 Conforto Ambiental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 7
3.5 Educação Especial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 8

4. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
4.1 Centro de Invidentes y Débiles Visuales. . . . . . . . . . . . . . . 2 2
4.2 Jardim de Infância e Creche OB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 4
“A arquitetura nos emancipa do abraço do presente e nos permite 4.3 Escola Infantil Rockery for Play. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 6
experimentar o fluxo lento e benéfico do tempo” - Juhani Pallasmaa 4.4 Jardim de Infância Sanhuan. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 8
METODOLOGIA
É notável que os ambientes são capazes de O presente estudo se iniciou após a revisão bi-
proporcionar diferentes sensações no indivíduo, 1.2 PROBLEMÁTICA 1.3 OBJETIVOS GERAIS
bliográfica relacionada ao Transtorno do Espectro
podendo influenciar direta ou indiretamente no Autista e Tratamentos, a Arquitetura Sensorial para
dia a dia de cada um. Sendo assim, venho por O desenvolvimento da sociedade é um reflexo O projeto tem como objetivo oferecer educação
crianças, e a importância das escolas para a formação
meio deste projeto, a partir da arquitetura, ex- da educação que é oferecida para as crianças na esco- da grade curricular tradicional e essencial destinado a
da sociedade. Com base nesses temas, e questiona-
plorar questões sensoriais como a audição, vi- la, desde a alfabetização até a interação com os cole- um público específico, com atividades socioculturais,
mentos sobre inclusão social, foi composto o referen-
são, tato, e olfato para auxiliar no tratamento e gas. Assim sendo, as escolas devem estar preparadas terapêuticas, e moradia. Auxiliando a construção da
cial teórico. Em seguida, foi realizado um estudo para
estruturalmente para receber um aluno que precisa autonomia e qualificação para o mercado de trabalho
INTRODUÇÃO

desenvolvimento de crianças com Transtorno do a definição da implantação do projeto, que devido


Espectro Autista, de forma que fique claro como o de acompanhamento especializado. Em São Paulo, é de acordo com o ritmo de cada um e visando suas ne-
efeitos de pandemia, o levantamento não pode ser re-
ambiente afeta no comportamento do ser huma- possível encontrar apoio para crianças do espectro cessidades especiais, de forma que não seja aplicado
alizado in loco, e por conta disso foi realizado através
no, e como pode ser usado de maneira mais eficaz autista no AACD, que oferece em unidades distintas apenas dentro de uma sala de aula, e sim aproveitando
do Google Maps, Geosampa e outros meios disponí-
em tratamentos com sua percepção e experiência auxílio em assistência médica, educação, acompa- todos os espaços oferecidos pela instituição. E trazendo
veis. As particularidades do local, sendo a principal, a
no espaço inserido. nhamento terapêutico, entre outros serviços que são a possibilidade de novos estudos e pesquisas que avan-
acessibilidade, junto ao estudo da Arquitetura Senso-
Devido à falta de conhecimento referente ao oferecidos sem fins lucrativos. cem o conhecimento para novos tratamentos e formas
rial, e o estudo referencial serviram de referência na
Transtorno do Espectro Autista, junto aos estu- Há uma luta constante pela igualdade e inclu- de inclusão. elaboração do programa de necessidades. Feito isso,
dos de arquitetura sobre a influência do ambien- são social, no qual é importante observar e compre-
encontra-se a fase projetual, levando sempre em con-
ender que esses direitos vão além do que já se en-
te no nosso dia a dia, viabilizou a elaboração de 1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS sideração questões de acústica e inclusão no ambien-
um projeto de pesquisa sobre o tema. Levando contram assegurados por Lei. De forma que fique
te como princípio de projeto.
em conta as atribuições presentes na arquitetura claro que não é somente inserir uma criança autis-
• Entender como a arquitetura está associada aos as-
como forma de auxílio no desenvolvimento e na ta em um ambiente comum, mas sim entender que
pectos sensoriais;
autonomia para melhor qualidade de vida e inclu- suas necessidades vão além de um profissional para
• Projetar espaços que despertam os sentidos, a curio-
são na sociedade. auxiliar. Trabalhar a estrutura do espaço e adequar
sidade e a criatividade das crianças;
Desta maneira, espero contribuir em no- de acordo com as necessidades é essencial para uma
• Desenvolver ambientes que promovam a inclusão,
vas pesquisas de campo, privilegiando sempre a boa inclusão.
autonomia e independência dos usuários.
forma como o autista se comporta no ambiente,
e como o ambiente pode trazer melhores sensa-
ções para o mesmo.

FIGURA 1
04 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 05
AUTISMO NA CID-11
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 2.2 CARACTERÍSTICAS
CÓDIGO DESCRIÇÃO
O termo Autismo tem origem do grego “autos”, De acordo com a Classificação Estatística In- maior do que o esperado para a idade da criança. E
que significa “voltar-se para si mesmo”. Inicialmen- ternacional de Doenças e Problemas Relacionados por fim, padrões restritos, repetitivos e estereotipa- 6A02 Transtorno do Espectro Autista TEA

O AUTISMO
te usado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler ao ob- com a Saúde (CID-11) recentemente publicada, fo- dos de comportamentos e interesses, como adesão
servar pacientes com esquizofrenia demonstrações ram estabelecidos critérios de diagnósticos do TEA inflexível a rotinas, maneirismo estereotipado e re- Transtorno do Espectro Autista sem deficiencia inte-
de “fuga da realidade”. Mas somente em 1943, Leo semelhantes ao Manual Diagnóstico e Estatístico de petitivo, como abanar a mão, ou os dedos, balançar 6A02.0 lectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente
Kanner, relatou a situação de onze crianças que Transtornos (DSM-V). o corpo todo são características que podem ser no- na linguagem funcional
não demonstravam interesse em se comunicar com Para a realização de um diagnóstico de Trans- tadas com facilidade.
outras pessoas, e deliberaram respostas incomum torno autístico é necessário observar pelo menos 3 Transtorno do Espectro Autista com deficiencia inte-
ao ambiente. critérios comportamentais do indivíduo. As carac- Para um diagnóstico precoce, os sintomas são 6A02.1 lectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente
O Transtorno do Espectro Autista terísticas presentes estão relacionadas a tipos de observados ainda na fase infantil, até os 3 anos de na linguagem funcional
(TEA) é um distúrbio no desenvolvimento neuro- prejuízos qualitativo nas interações sociais, que vai idade. Normalmente os pais começam a se preocu-
lógico possível de ser observado nos primeiros 30 envolver o uso de formas não verbais de comuni- par entre os 12 e 18 meses de vida, após observar Transtorno do Espectro Autista sem deficiencia inte-
atrasos no desenvolvimento de linguagem, a forma 6A02.2 lectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada
meses de idade, envolvendo alterações qualitativas cação e interação social, o não desenvolvimento de
e quantitativas na comunicação de interação social, relacionamentos com colegas, a ausência de com- como as crianças reagem ao sons de objetos como
como na linguagem verbal ou não verbal e, pela portamentos que indiquem compartilhamentos de aspirador de pó, ou a abertura de um papel de bala, Transtorno do Espectro Autista com deficiencia inte-
entre outros aspectos como a falta de interesse so- 6A02.3 lectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada
presença de comportamentos e/ou interesses re- experiências e de comunicação, e características
petitivos e restritos, como resistência a mudanças. como falta de reciprocidade emocional ou social. O cial. Podendo assim, identificar as mesmas altera-
Essas dificuldades podem ser notadas em todos os prejuízo qualitativo na comunicação, é outra carac- ções em níveis leves, intermediários e complexos a Transtorno do Espectro Autista sem deficiencia inte-
variar em cada criança. 6A02.4 lectual (DI) e com ausência de linguagem funcional
pacientes, mas a gravidade de sua apresentação é terística importante para o diagnóstico, neste caso
variável, sendo afetados em níveis de intensidades será necessário observar alguns atrasos no desen- A maioria dos pacientes com TEA possui uma
diferentes.ções para o mesmo. volvimento da linguagem verbal da criança, difi- ou mais comorbidades neurológicas, para que não Transtorno do Espectro Autista com deficiencia inte-
ocorra comprometimento na precisão do diagnós- 6A02.5 lectual (DI) e com ausência de linguagem funcional
culdade na capacidade de iniciar ou manter uma
conversação, usos estereotipados e repetitivos da tico, o CID-11 possui instruções detalhadas e códi-
linguagem, a falta de brincadeiras como de faz de gos para realizar a diferenciação entre os possíveis 6A02.Y Outro Transtorno do Espectro Autista especificado
conta ou de imitação social, este último caso em es- diagnósticos. A seguir é possível observar a tabela

02
pecial pode ser percebido quando houver um grau com os códigos e especificações do CID-11. 6A02.Z Outro Transtorno do Espectro Autista não especificado

06 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 07


PREJUÍZO QUALITATIVOS NA INTERAÇÃO PREJUÍZO QUALITATIVOS NA COMUNICAÇÃO
2.3 HISTÓRICO
SOCIAL VERBAL, NÃO VERBAL E NAS BRINCADEIRAS
1952 1988 2007 2015
Utilizado pela primeira vez o Publicação da primeira Publicação de um estudo Criação do “Dia Mundial A Lei Brasileira de Inclusão A pesquisa do Censo
É uma característica observada pelos pais na O percentual de crianças com autismo que termo “Autismo” pelo psiquiatra edição do “Manual Diag- sobre a análise do compor- da Conscientização do Au- da Pessoa com Deficiência 2020 foi adiada para
falta de interesse na face das pessoas por parte das nunca falam diminuiu gradativamente nos últimos suíço Eugen Bleuler, para des- nóstico e Estatístico de tamento com os benefícios tismo” pela ONU, com in- (13.145/15) cria o Estatuto da setembro de 2021
crever a “fuga da realidade” por Doenças Mentais DSM-1” da terapia comportamental, tuito de alertar a população pessoa com Deficiência, no por conta da pande-
crianças, ou seja, possuem uma atenção seletiva em 15 anos graças ao diagnóstico precoce. Porém, o
seus pacientes esquizofrênicos. pela Associação America- tornando assim como um a importância de conhecer qual se tornou algo de extre- mia do COVID-19.
faces sorridentes, vozes e brincadeiras, mostrando retardo no desenvolvimento da linguagem ainda é
na de Psiquiatria. dos principais tratamentos e tratar o transtorno. ma importância na luta pela
um interesse maior em explorar o ambiente inani- o fator com mais reclamações pelos pais. Quando para o autismo e condições igualdade.
mado. No geral, o interesse social pode aumentar a criança com autismo chega a falar, é notável que relacionadas.
com o passar do tempo a depender do processo de a linguagem se torna menos flexível, um exemplo 1908 2020
desenvolvimento, e tendo variação de acordo com o disso é a não mudança do pronome usado na fra-
comprometimento do indivíduo. Os jovens podem se, tornando uma linguagem sem intenção de co- Publicação da obra “Distúrbios No Brasil, é aprovado a Lei Be-
ser mais distantes ou arredios à interação, enquan- municação. Suas habilidades semânticas tendem Autístico do Contato Afetivo” O autismo é classificado Avaliação de novos critérios renice Piana (12.764/2012), que
to indivíduos um pouco mais velhos, ou que estão a ter um desenvolvimento mais lento, tornando o pelo psiquiátrico Leo Kanner, como um distúrbio do de- para o autismo, de forma a instituiu a Política Nacional de Foi sancionada a Lei
em um processo mais avançado aceitam de forma uso de sua linguagem pragmática. Sendo assim, lin- descrevendo 11 casos de crianças senvolvimento cognitivo incluir casos mais leves, nos Proteção dos Direitos da Pessoa 13.861/2019 que inclui da-
com evidencias dos sintomas des- pelo psiquiatra Michael quais os indivíduos tendem a com Transtorno do Espectro dos específicos sobre o au-
mais passiva a interação, porém não é do seu feitio guagens humorísticas e de sarcasmo podem causar
de a primeira infância. Rutter. ser mais funcionais. Autista. tismo no Censo do IBGE.
tomar a iniciativa, e assim surgindo por decorrên- uma confusão mental no indivíduo, de forma que
1943 1978 1994 2012 2019
cia um estilo social não-usual ou excêntrico. sua interpretação seja literal.

REPERTÓRIO NOTÁVELMENTE RESTRITO DE ATIVIDADES E INTERESSES 2.4 ESTATÍSTICA


Crianças com autismo possuem dificuldades em aceitar mudanças de rotinas, podendo reagir com bastante MUNDIAL NACIONAL REGIONAL
sofrimento caso haja alguma alteração na sequência de suas atividades, ou mesmo no ambiente em que frequen- De acordo com pesquisas Pesquisas apontam, que em Em São Paulo, é possível en-
tam. Os interesses podem ser um pouco peculiares, em crianças mais jovens, os objetivos normalmente escolhidos realizadas pela Organização 2019, existiam cerca de 70 contrar 93 unidades que ofe-
são mais rígidos do que fofos, de forma que a criança queira carregar com ela para todos os lugares. Em outros Pan Americana da Saúde, em milhões de pessoas no mun- recem atendimento infanto
casos a criança pode demonstrar interesse por objetos que giram, como ventiladores, podendo permanecer longos 2017, uma a cada 160 crianças do com traços autistas, sen- juvenil e para adultos através
no mundo tem Transtorno do do 2 milhões delas somente dos Centros de Atenção Psi-
períodos observando. Alguns dos movimentos estereotipados que podem ser observados com facilidade incluem
Espectro Autista. Estatísticas no Brasil. Dados apontam cossocial (CAPS), que são lo-
andar nas pontas dos pés, estalar os dedos, balançar o corpo, entre outros maneirismos que servem como forma se resultantes de estudos epi- que uma a cada 88 crianças cais especializados em saúde
auto-acalmar, e podendo se tornar exagerados a depender da situação presente. demiológicos mostram que o têm Transtorno do Espectro mental, sem necessidade de
número de prevalência tem Autista. encaminhamento prévio.
FIGURA 2 aumentado globalmente FIGURA 3 FIGURA 4

08 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 09


TRATAMENTOS
A condição do Espectro Autista, até o presen- fala, ainda não foi comprovado que possa aconte- esse motivo é extremamente significativo que o O distúrbio da atenção compartilhada tem
te momento, ainda é caso de diversos estudos. Du- cer, pelo contrário, ao utilizar formas diferentes de diagnóstico precoce seja realizado ainda no perío- sido considerado um dos indicadores mais podero-
rante muitos anos, foi utilizado antipsicóticos atí- comunicação, as crianças podem se sentir encora- do da infância, de preferência durante seus primei- sos do autismo, junto com o jogo simbólico, permi-
picos (AAPS), originalmente desenvolvidos como jadas a utilizar a fala. ros anos de vida. Porém o plano de tratamento pode tindo diferenciar crianças autistas de crianças com
forma de tratamento para a psicose. Atualmente Estudos apontam que o sistema de sinalização ser reorganizado de acordo com a idade de cada pa- outros tipos de atraso no desenvolvimento (Carpen-
este tipo de tratamento é oferecido somente na pre- utilizado para tratar crianças autistas possui o mes- ciente. ter & Tomasello, 2000; Mundy & Stella, 2000).
sença de agressividade, acessos de ira, automutila- mo cronograma utilizado em programas de treina- Tratando-se de crianças pequenas, o planeja- O modelo TEACCH, permite o aperfeiçoa-
ção, entre outros comportamentos que possam tra- mento verbal, sendo importante ressaltar que rara- mento ideal teria como prioridade o fonólogo, para mento da linguagem de acordo com a organização
zer risco para a criança, adolecente e adultos com mente o resultado irá servir para se comunicar de ajudar no desenvolvimento da fala, ampliar a inte- do ambiente físico, através de diferentes materiais
TEA. forma recíproca, para ajudar a se expressar e com- ração social, professores e pedagogos que delibe- visuais, de forma que auxilie o aprendizado, torne
Até o presente momento, é de conhecimento partilhar experiências. É importante que no dia a ram educação especializada de acordo com o ritmo o ambiente mais fácil de se compreender, reduza
geral que não existe cura para o Transtorno do Au- dia da criança sejam realizadas estratégias que esti- de cada um e suporte familiar para ajudar a lidarem comportamentos estereotipados e inapropriados,
tismo, meios alternativos como terapias compor- mulem o desenvolvimento da fala e as habilidades com o autismo. acordo com Tomasello (1995) e To- de forma que o professor possa adequar de acordo
tamentais e psicolinguística são utilizados como imaginativas. Um exemplo disso seria deixar obje- masello & Farrar (1986): com a estratégia a ser utilizada. Um exemplo disso
meios que ajudem na estimulação constante das tos como brinquedos ou comidas em locais longe, é a utilização de cores e recipientes diferentes, que
crianças. A utilização de um sistema de sinais, ba- mas que se mantenham à vista da criança, para as- Em suma, os comportamentos de atenção com- possam facilitar a compreensão das crianças em re-
seado em símbolos, figuras ou fotos, mostram um sim chamar sua atenção e estimular a se comunicar partilhada refletem a tendência dos bebês se lação ao lugar em que estão inseridos, qual a sequ-
orientarem socialmente, enquanto observam um
pouco das necessidades ou interesses da criança, para conseguir o que deseja. objeto ou evento, para compartilhar sua experi-
ência de atividades a serem realizadas, que possam
de forma que demonstra exigir menos de suas ha- O Tratamento e Educação para Autistas e Crianças ência com os outros. Pesquisas mostram que o minimizar possíveis efeitos de confusão, entre ou-
bilidades cognitivas, linguísticas ou de memória. com Déficits relacionados à Comunicação (TEACCH) é um desenvolvimento da atenção compartilhada é tras necessidades a serem desenvolvidas para que
Este tipo de sistema permite que haja compreensão plano de tratamento multidisciplinar com enfoque no aten- capaz de predizer o desenvolvimento da lingua- a criança possa atingir o máximo de autonomia em
durante a atividade. Há uma persistente preocupa- dimento educacional e clínico, no qual será abordado neste gem. sua vida adulta.
ção dos pais em relação aos sinais e fotos que po- trabalho. Pesquisadores acreditam que o tratamento deve ser
planejado de acordo com as etapas de vida do paciente, por
dem diminuir a motivação para a desenvoltura da

10 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 11


AUTISMO &
ACÚSTICA SEQUENCIAMENTO ESPACIAL COMPARTIMENTALIZAÇÃO ZONEAMENTO SENSORIAL
Tem como objetivo trabalhar Este critério tem como fun- Diferente de um projeto fun-
a rotina e a previsibilidade do ção realizar a delimitação do cional típico, projetar para

ARQUITETURA
indivíduo com autismo para ambiente sensorial, seja uma autistas é organizar os am-
evitar desconfortos causa- sala ou de um edifício inteiro bientes de acordo com sua
dos pelas mudanças de am- em compartimentos. Essa se- qualidade sensorial, e esse
bientes e atividades. Junto paração pode ocorrer de for- critério tem como função
do critério de Zoneamento ma natural, através das dis- classificar seus espaços de
Sensorial, tem como função FIGURA 8 posições dos móveis, através FIGURA 10 acordo com seu nível de estí-
FIGURA 5 FIGURA 6 organizar o espaço com base de alternâncias no revestimento do piso, do desnível mulo desejado, podendo ser de alto e baixo estímulo,
É um dos principais fatores a ser con- em seu uso, e de forma lógica, sem tirá-los de sua ou mudanças na iluminação. De forma que cada am- com zonas de transições auxiliando esta mudança de
siderado ao realizar tomadas de decisões em “zona de conforto”. O ideal é que o espaço haja como biente sempre tenha sua função claramente definida área.
um projeto, no qual deve ser levado como um percurso de circulação unilateral entre uma ati- e com única finalidade.
3.1 ARQUITETURA PARA AUTISTA uma de suas prioridades por seus indivídu- vidade e outra, contendo o mínimo de interrupções
os possuírem uma maior sensibilidade aos possíveis através das Zonas de Transições que serão
Quando falamos em arquitetura para autista, é impor- sons, podendo se distrair com mais facilida- abordadas futuramente.
tante falarmos sobre Magda Mostafa, que é considerada uma de. Controlar a acústica do ambiente permi-
das arquitetas pioneiras no campo de pesquisa de projetos te com que haja variações dentro do espaço ESPAÇO DE FUGA TRANSIÇÕES SEGURANÇA
para o autismo. Em seu índice, realizado em 2002, Magda de acordo com o nível de foco exigido em de-
apresenta sete critérios testados que influenciam no com- terminados momentos. Alguns tipos de ve- Esse espaço tem como objeti- Esse critério trabalha junto Um ponto fundamental em
portamento de forma positiva e no desenvolvimento de ha- dações são formas que ajudam o isolamento vo oferecer uma “fuga” para ao sequenciamento espacial projetos para crianças, prin-
bilidades para auxiliar o indivíduo autista a conquistar sua acústico, outro meio é a remoção de objetos o indivíduo autista, propor- e o zoneamento para auxiliar cipalmente com autismo, no
independência. Sendo eles: que realizam ruídos, como evitar a utilização cionar pequenos lugares que e preparar o indivíduo duran- qual terão uma percepção al-
de lâmpadas fluorescentes que podem emi- servem como refúgios para te sua mudança de ambiente, terada do ambiente. É muito
tir ruídos que passam despercebidos para a quando houver sobrecarga estimulando-o para sua próxi- importante se preocupar com
maioria das pessoas, mas não para aqueles FIGURA 7 sensorial. Esse ambiente deve FIGURA 9 ma atividade. Essa zona não FIGURA 11 cantos afiados, objetos pontu-
com hipersensibilidade. ser de fácil acesso, contendo apenas elementos míni- precisa ser necessariamente um ambiente, pode ser dos, água quente, entre outros objetos que podem se
mos que ajudem o relaxamento, sem muitas estimu- um objeto de forma variada para apenas indicar que tornar perigosos.
lações. Estar próximo ao ambiente e de fácil acesso,

03
irá ocorrer uma mudança, antes que a mesma acon-
de forma que permita a permanência do indivíduo teça.
até que o mesmo se sinta confortável para voltar a re-
alizar suas atividades.

12 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 13


“Na cultura ocidental, a visão tem sido histo- Esta análise mostra que durante muitos anos De acordo com alguns filósofos do século
INTEGRAÇÃO SENSORIAL ricamente considerada o mais nobre dos sentidos, os olhos como sentido dominante tem uma narra- XVIII, o tato pode ser considerado como um sen-
e o próprio pensamento é igualado na visão. Já na tiva muito forte, que se elevou ainda mais após ter tido inconsciente da visão, sem ele não seria possí-
filosofia grega, as certezas se baseiam na visão e vi- o observador desvinculado com o ambiente carnal vel ter noção de espacialidade, dimensões, profun-
sibilidade.” (PALLASMAA, 2011, p.15). devido ao surgimento de extensões tecnológicas, didades, e por consequência do espaço ou corpo.
Durante a Renascença, no século XIV, a vi- como as fotografias. Por consequência, sem incluir Com isso, Pallasmaa (2011, p.31) conclui que “Até
são se encontrava no topo do sistema hierárquico renomados nomes da área, a arquitetura tem caído mesmo os olhos tocam; o olhar fixo implica um to-

FIGURA 12
considerado em relação aos cinco sentidos, segui- em um redutivismo sensorial, no qual a tatilidade e que inconsciente, uma mimese e identificação cor-
do pela audição, enquanto os outros sentidos eram outros sentidos estão sendo deixados de lado, per- poral.”. Sendo assim, podemos concluir que, o olho
considerados como pequenos fragmentos senso- dendo sua sensibilidade e predominando exemplos é o órgão que dá sensação de distanciamento e se-
riais, cada um com sua notoriedade. de obras que buscam imagens visuais, no lugar de paração, enquanto o tato é o que dá sentido de pro-
A arquitetura, como todas as artes, está es- uma experiência plástica e espacial. ximidade, intimidade e afeição. Logo, a visão revela
sencialmente ligada à existência humana no espaço “Na nossa cultura da fotografia, o olhar inten- o que o tato já sabe.
e no tempo, mostrando a interdependência do seu so é arrasado em uma imagem bidimensional e per- No entanto, quando falamos da audição, pode-
espaço interno e externo, do físico e do espiritual, de sua plasticidade.” (PALLASMAA, 2011, p.29). -se dizer que é um exemplo de um sentido que pode
do material e do mental. Segundo Pallasmaa (2011, Sendo assim, pode ser entendido que a sensa- permitir experiências de espacialidades diferentes
v.2, p.17) “A falta de humanismo da arquitetura e ção que a fotografia nos transmite é como se fosse e únicas, a um filme que nunca tenhamos assistido,
das cidades contemporâneas pode ser entendida possível viajar o mundo sem sair de casa, como se pode ser usado como exemplo. Ao remover o som
como consequência da negligência com o corpo estivesse mais disponível do que realmente está. Fa- deste filme, as cenas se tornam desconexas, e per-
e os sentidos e um desequilíbrio de nosso sistema zendo com que as edificações percam sua plastici- dem sua plasticidade. A menos quando falamos do

FIGURA 13
sensorial.” dade, tatilidade e todas possíveis sensações que po- cinema mudo, que necessita de uma maior entrega
Há escritos de muitos modernistas que acre- dem ser transmitidas, tornando as repulsivamente de demonstração de representação.
ditam que os olhos têm seu papel fundamental na planas, imateriais e irreais. Um exemplo de espacialidade que o som nos
prática da arquitetura, tanto de forma consciente, A teoria psicanalítica introduziu o esquema proporciona que a maioria já experimentou são as
quanto inconsciente. De acordo com Le Corbusier corporal como centro da interação, entendendo imaginações dos sonhos, em algum momento da
(1991, p. 115) “Eu existo na vida apenas se posso que os corpos estão em constante interação com vida você já acordou com um alarme, ou barulhos
ver” e segue sendo afirmado pelo filósofo Marx W. o ambiente, sendo assim, pode-se dizer que não da cidade noturna que adentrou em seu sonho e
Wartofsky (1994, p.5) “ A visão humana em si é um há corpo separado do espaço. E a arquitetura tem criou cenas desconexas.
artefato, produzido por outros artefatos, que são as como papel trazer essa experiência multissensorial De acordo com Pallasmaa (2011, p.47)
fotografias”. para a vida cotidiana. Além dos cinco sentidos, a ar-

3.2 quitetura realiza uma mistura interagindo diversas


esferas da experiência sensorial.
A visão isola, enquanto o som incorpora; a vi-
são é direcional, o som é onidirecional. O senso

FIGURA 14
14 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 15
da visão implica exterioridade, mas a audição Quando entrei no magnífico espaço exter- A materialidade está ligada diretamente à super- que seja domesticado o espaço sem limites. Se possuí-
cria uma experiência de interioridade. Eu ob- no do Salk Institute, de Louis Kahn em La Jolla, ficialidade da construção padrão observada nos dias mos o desejo de que a arquitetura seja acolhedora, ou
servo um objeto, mas o som me aborda; o olho na Califórnia, senti uma tentação irresistível de
alcança, mas o ouvido recebe. As edificações
de hoje. A utilização de materiais como pedra, tijolo e curadora, é necessário refletir sobre a diversidade pe-
caminhar diretamente até a parede de concre-
não reagem ao nosso olhar, mas efetivamente to, e ao tocar a maciez aveludada e a tempera- madeiras permite que a visão percorra pela sua super- las quais a arquitetura está ligada à realidade cultural
retornam os sons de volta aos nossos ouvidos. tura de sua pele, Nossa pele acompanha a tem- fície, e expressem sua identidade, sua história, o tempo e mental de nossa época, realizando uma ligação entre
peratura dos espaços com precisão infalível; a de seu material, entre outras sensações. Pelo contrário a experiência sensorial, perceptual do mundo e princi-
A audição nos faz sentir afinidade com o espaço, sombra fresca e revigorante de uma árvore ou dos materiais industrializados, e pré montados utiliza- palmente a percepção de uma pessoa no Espectro Au-
seus ecos permitem que sintamos os limites do espaço calor de um lugar que o sol que nos acaricia se dos atualmente como por exemplo chapas de vidro, me- tista.
tornam experiências de espaço e lugar.
em nossos ouvidos, tornando-nos cientes da imensidão tais esmaltados e plásticos sintéticos que mostram sua Para um indivíduo no Espectro, existem diversos
que pode ou não existir. Além da dimensão de espacia- superficialidade, escondendo sua essência material ou cuidados a se tomar na escolha dos materiais, por exem-
A fome dos olhos, é a sutil mudança entre o tato
lidade que a audição nos proporciona, a arquitetura sua idade. Esses prédios refletem nosso olhar, de forma plo a utilização de superfícies lisas e resistentes, que
e o paladar, certas cores e detalhes são capazes de pro-
pode nos mostrar sua tranquilidade, podendo cessar que sejamos incapazes de ver ou imaginar as situações permitam diferentes percepções sensoriais, e formas
vocar sensações orais. “Nossa experiência sensorial
qualquer ruído originário da rua ou interno. Já diziam que se passam do outro lado. harmônicas que evitam rachaduras, detalhes pontiagu-
do mundo se origina na sensação interna da boca, e o
Pallasmaa (2011, v.2, p.49) “O silêncio da arquitetura é De acordo com Pallasmaa ( 2011, p.31): dos, ou que possam se tornar de risco para as crianças,
mundo tende a retornar às suas origens orais.” (2011,
um silêncio afável e memorável”. ou que venham a sobrecarregar o ambiente.
v.2, p.55).
Muitas vezes podemos não recordar a aparência Os prédios de nossa era tecnológica em geral A utilização de cores deve ser muito bem pensada, de
A arquitetura relaciona o corpo de uma pessoa, visam de maneira deliberada à perfeição atem-
de um ambiente, mas seu aroma, de modo inconscien- forma que quando utilizada, seja relacionada com os es-
ela direciona o comportamento e o movimento. A ex- poral e não incorporam a dimensão do tempo
te, é capaz de reentrar em um espaço esquecido pela tímulos que pretende despertar, podendo ser associada
periência do lar é composta por atividades distintas. A ou o processo inevitável e mentalmente im-
retina. Através do cheiro podemos tornar a memória de FIGURA 15
portante do envelhecimento. Esse temor dos a uma função no edifício. Quando utilizada de forma
arquitetura contemporânea, tem como teoria e crítica a
ambientes muito mais presentes, trazendo sensação de traços do desgaste e da idade se relaciona com incorreta, a cor pode despertar perturbações, estimula-
3.3 ELEMENTOS
tendência de considerar o espaço com um objeto imate-
conforto. nosso medo da morte. ções como, calmantes, irritabilidade, entre outros.
rial, ao invés de entendê-lo através de suas interações.
Enquanto o tato é o que permite que a textura seja Mostafa (2002), afirma a importância do zoneamento
No entanto, o pensamento japonês tenta entender as re-

CONSTRUTIVOS
sentida, além do peso, da densidade, e da temperatura A arte e a arquitetura tem como temas funda- como espaços de transições , de forma simples e de fácil
lações do espaço. De acordo com Pallasmaa (2011, v.2,
da matéria. É através das mãos e dos pés que podemos mentais a transparência e as sensações. O enfraqueci- compreensão. Seguindo esta linha de raciocínio, o volu-
p.61) “Contemplamos, tocamos, ouvimos e medimos o
notar a sensação de materialidade que os olhos não po- mento da experiência nos ambientes atuais tem como me arquitetônico, pode seguir uma forma livre, desde
mundo com toda nossa existência corporal, e o mundo
dem captar. Pallasmaa (2011, p.55) descreve sua experi- reflexo efeitos mentais devastadores. No mundo criado que não interfira em sua funcionalidade e acessibili-
que experimentamos se torna organizado e articulado
ência: pelos homens, a arquitetura tem como função transmi- dade.
em torno do centro do nosso corpo”.
tir a sensação de continuidade do tempo, permitindo

16 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 17


CONFORTO LUMINOTÉCNICO CONFORTO ACÚSTICO
Nos dias atuais, o conforto luminotécnico tem sido Nos dias atuais a qualidade acústica tem ganhado Existem infinitas variantes para responder o porque é Segundo Rau (2006, p. 25), “[...] se o objetivo é for-
CONFORTO AMBIENTAL
deixado cada vez mais de lado, se tornando apenas matéria maior relevância devido aos inúmeros barulhos recorren- difícil realizar a inclusão em escolas públicas, sendo algu- mar seres criativos, críticos e aptos para tomar decisões,

EDUCAÇÃO ESPECIAL
quantitativa, e a janela perdeu sua real função de divisão tes da cidade urbana, seja durante a vida diurna, ou no- mas delas falta de infraestrutura nos projetos das escolas, um dos requisitos é o enriquecimento do cotidiano infatil
entre o sombra e luz, privado e público. Assim como relata- turna. Para o indivíduo autista, esses sons têm uma maior a falta de incentivos e investimentos governamentais, falta com a inserção de contos, lendas, brinquedos e brincadei-
do pelo arquiteto Barragan (1989, p.242): proporção, até os mínimos barulhos, como por exemplo de formação e capacitação no corpo pedagógico, conceitos ra”. O lúdico é extremamente importante no processo de
uma goteira, que para a maioria das pessoas podem passar incompreendidos por crianças autistas, entre outros as- aprendizagem, pois é através deste recurso que desenvol-
Observe [...] o uso das enormes janelas com cai- despercebidos, para um autista pode se tornar uma distra- pectos. Quando falamos em educar crianças, adolescentes, ve, e estimula o conhecimento e a linguagem, ensinando a
xilhos fixos [...] elas privam nossas edificações da ção, ou motivo de irritabilidade. “A ação centralizadora do jovens e adultos dentro dos “padrões”, não é uma tarefa fá- criança a se comportar em meio a sociedade.
intimidade, do efeito da sombra da atmosfera. Os
arquitetos do mundo têm se enganado nas propor- som afeta o senso de cosmos do homem [...]”, relata Walter cil, e ensinar crianças autistas se torna algo mais complexo Para trazer mais conforto para os ambientes, visan-
ções que têm usado nas grandes janelas com cai- Ong (p.73). Portanto, é importante determinar estratégias ainda. do a interação, estimulando a criatividade, e melhorando o
xilhos fixos nas aberturas externas [...] Perdemos para promover o isolamento acústico, diminuindo o som Sendo assim, novas metodologias de ensino devem aprendizado, podemos utilizar o sistema de cores que são
nosso senso de vida íntima e nos tornamos força- do ambiente em relação ao exterior, e impedindo que os ser desenvolvidas para melhorar o ambiente de aprendiza- capazes de proporcionar sensações de alegria ou tristeza,
dos a vidas públicas, essencialmente afastados de ruídos transpassem de um ambiente para o outro, visando gem. O espaço como forma de métodos para ensino é mui- calor ou frio, ordem ou desordem, entre outras sensações.
nossas casas.
e determinando materiais que absorvam ruídos. to importante dado que há uma restrição no domínio da Cada cor possui seu significado, trazendo diversos tipos de
linguagem, fazendo com que os alunos tenham um melhor experiências para o ambiente, influenciando na produtivi-
A imaginação é despertada pela névoa e o crepús-
desenvolvimento. O ambiente é capaz de influenciar o usu- dade, ou no humor da criança.
culo, que assim como nas ruas de cidades antiga, a alter- CONFORTO TÉRMICO ário através de uma linguagem não verbal, no qual pode A teoria Montessori tem como prioridade a autoe-
nância entre luz e escuridão, reduzem a precisão da visão,
Um ambiente com grande iluminância natural, impactar de forma direta e simbólica no comportamento ducação, também considerado como uma educação para a
tornando o local muito mais misterioso e convidativo que
pode causar desconfortos no decorrer do dia a depender dos seus ocupantes, sendo um dos principais elementos na vida, de forma que as atividades sejam realizadas de acordo
as ruas das cidades atuais, que possuem iluminação forte e
da estação do ano, por este motivo, o conforto térmico é de formação de personalidade. com suas necessidades, utilizando todos os métodos cita-
homogênea.
extrema importância para se manter uma boa qualidade do dos a cima de forma que instigue a própria criança a buscar
“A sombra da forma e vida ao objeto sob luz. Ela Esta formação da personalidade baseada em arti-
espaço. quais são as atividades mais apropriadas para ela, fazendo
também cria o ambiente no qual surgem as fantasias e os fícios palpáveis consiste em ambientes que valori-
Pensar em formas de sombrear a fachada, através com que ela seja capaz de descobrir o mundo sozinha, tor-
sonhos.” (PALLASMAA, 2011, p.44). Dessa forma, torna-se zam a dinâmica para alcançar o processo de ensino-
de estratégias passivas, como de climatização natural, com -aprendizagem. Espaços que propiciem aconchego nando-a independente.
fundamental que o arquiteto elabore espaços que possu-
a utilização de arborização, e espelhos d’água, buscando às crianças, com mobiliário planejado, cores que Desta forma, podemos dizer que esta metodologia
am respirações constantes e profundas de sombra e luzes,
harmonia entre o espaço construído e o ambiente natu- transmitam tranquilidade e despertam sensações seria a mais adequada para se trabalhar com as crianças
criando ambientes acolhedores, privativos e que permitam em todos os setores do edifício, área externa que
ral. A utilização da ventilação cruzada, utilizando zonas de autistas, visando todas suas necessidades envolvendo os

3.5
estímulos sensoriais mais refinados.
3.4
possibilite integração entre as crianças e o meio, sentidos, espacialidade, círculo social e ainda trabalhando
Quando se trata do autista, a luz natural se torna pressão opostas, podem permitir que haja uma troca de ar aliando paisagem com educação, além de estrutura
diminuindo a temperatura, e evitando o uso de equipamen- criativa que ofereça conhecimento através de for- de uma for integra a educação.
ainda mais importante, pois é através dela que pode-se ter
uma concepção da visão de forma nítida e direta. Já a ilumi- tos de ventilação artificial, e se necessário, sempre optar mas, cores, escalas, tamanhos (AZEVEDO, 2002).
nação artificial, é utilizada apenas para pontos localizados, por equipamentos o mais silenciosos possível.
em espaços que exijam uma maior necessidade de foco.

18 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 19


REFERÊNCIAS PROJETUAIS .01
Centro de Invidentes y Débiles Visuales - Ciudad de México, México
Mauricio Rocha

.02
Jardim de Infância e Creche OB - Nagasaki, Japão
FIGURA 18 Hibinosekkei e Youji no Shiro

FIGURA 16
.03
Escola Infantil Rockery for Play - Beijing, China
Archstudio

.04
Jardim de Infância Sanhuan - Yangzhong, China

04 FIGURA 19
Perform Design Studio

20 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA


FIGURA 17
CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 21
Localizado na cidade do México, o Centro para Cegos e
4.1 CENTRO DE INVIDENTES Y DÉBILES VISUALES Deficientes Visuais presta serviços com intenção de melhorar
a interação dos cegos na vida urbana diária. O edifício ocupa
um terreno de esquina envolto por uma parede cega que serve
como barreira acústica (Figura 20).
Sua fachada interna possui encostas que alteram sua for-
ma, alturas e orientações gerando diferentes pátios em dife-
rentes escalas. O edifício é dividido em três blocos de formas
retangulares simples, com estruturas de concreto e telhados
planos (Figura 21), de forma que cada bloco explore diferentes
relações espaciais, tornando cada espaço de fácil identifica-
ção para o usuário. O bloco 1 é composto pela biblioteca, cafe-
Figura .20
teria, e salas de oficinas. O bloco 2 conta com a parte adminis-
trativa e uma vasta gama de salas, e uma praça que possui um
canal de água (Figura 22), fazendo com que seu som guie o uti-
lizador pelo seu percurso, além de diminuir ruídos do local.
Enquanto o bloco 3 reúne o auditório, ginásio, piscina e afins.
EPÍLOGO:
A escolha deste projeto como referência se dá pela
sua estrutura simples que permite que haja um jogo de altu-
ras transpondo iluminação natural em todos os ambientes de
acordo com sua necessidade, e propondo diferentes tipos de
ambientes e alturas (Figura 23).
Figura .21 Figura .22 A organização projetual dividida em blocos, foi outro
aspecto importante para essa escolha, o edifício é separado
por funções, tornando-o funcional e de fácil acesso para o
usuário, de forma que sejam proporcionados diversas áreas
CORTE LONGITUDINAL - DIAGRAMA DE VENTILAÇÃO Figura .23
de convívios com percepções sensoriais pela circulação (Figu-
ra 24).
Para o meu projeto estes aspectos são de extrema rele-
vância devido ao cuidado com as questões sensoriais exigida
pelas crianças autistas, de forma que tenha um melhor desen-
volvimento pelo usuário. PLANTA A NÍVEL DA RUA Figura .24

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 23


4.2 Jardim de Infância e Creche OB
PLANTA 1º PAVIMENTO .29 PLANTA 2º PAVIMENTO .30
Este projeto é parte de uma extensão da construção já
existente do Jardim de Infância e Creche OB, no Japão. Este
novo bloco tem como função proporcionar espaços que
atraiam as crianças.
Foi utilizado um sistema estrutural simples, e reserva-
do espaços pela circulação que são utilizados como pequenos
refúgios que permitem a permanência e alteram o humor da
criança (25,26 e 27).
A circulação vertical, além das escadas comuns, é pro-
posto também barras de escaladas e cordas para realizar a
.26 transposição de andares, de forma que melhore a força física
e atenção das crianças (28).
Em todos os andares foram propostos terraços frente
às vastas janelas de vidro, que permitem maior interação en-
.25 tre os ambientes (29 e 30).
EPÍLOGO:

A escolha deste projeto como referência se dá pela sua


espacialidade e materialidade simples que permite maior in-
teração do espaço e da criança de forma mais acolhedora. E
suas vastas janelas de vidro permitem maior interação entre o
ambiente interno e externo.
O diagrama de circulação ajuda no entendimento da
organização das zonas de escape, por este motivo, este projeto
se torna uma referência necessária.

.27 .28

24 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 25


4.3
ESCOLA INFANTIL ROCKERY FOR PLAY
DIAGRAMA DE MATERIALIDADE .34 PLANTA - DIAGRAMA DE CIRCULAÇÃO .35
A Escola Infantil Rockery for Play, tem como foco usos
de música, dança, chá, culinária e artesanato para crianças.
A escola está localizada no segundo pavimento de um edifício
na China. Sua circulação de forma sinuosa e paredes curvas
tem como objetivo diferenciar as diferentes funções das salas
.31 e aguçar a curiosidade das crianças.
Diversas aberturas são realizadas nas paredes e tetos,
criando um maior interesse visual (31). Grande parte das sa-
las são vedadas, evitando que o som vaze para os corredores e
torne os ambientes mais privativos (32).
Usos como culinária e artes, que emitem menos ruídos,
são dispostos com divisórias e grandes aberturas sem a veda-
ção de vidro, que permitem que o olhar percorra pelo corre-
dor e o ambiente de aprendizagem (33). Enquanto os usos de
música e danças ficam em salas mais reservadas, com veda-
ção para diminuir o ruído.

.32 EPÍLOGO:

A escolha deste projeto se dá ao conceito de planta livre


existente, que permite que o ambiente seja organizado da ma-
neira que achar melhor, além disso a disposição de divisórias
de formas sinuosas que proporcionam ambientes diversifica-
dos, e sua materialidade (34) foi outro fator a ser considerado
para a escolha (35).

.33
26 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 27
4.4 JARDIM DE INFÂNCIA SANHUAN
.36
Na China, os jardins de infân-
PLANTA TÉRREO .40 PLANTA 1º PAVIMENTO .41 PLANTA 2º PAVIMENTO .42
cia são adotados por um sistema de
três séries. Foram propostos três
pátios hexagonais para realizar um
edifício de menor escala, sendo um
pátio para cada série (38), com cin-
co lados do hexágono sendo salas de
.37 aula e um dos lados utilizado para
circulação entre os prédios (40, 41 e
42).
O programa é disposto em
torno dos pátios, com a utilização de
plantas tipo diferenciando apenas o
número de pavimentos. As salas de
aulas foram alocadas na parte su-
perior do prédio por possuir mais
.38 iluminação, e as outras atividades
de apoio ficam nos andares inferio-
res. As fachadas são cobertas por
brises metálicas que possuem cores
diferentes relacionando cada uma a
uma série (37).
EPÍLOGO:

.39 A escolha deste projeto como


referência se dá pela organização do
edifício separada por séries e pela
ligação que ocorre entre os prédios,
propondo pátios (36) que permitem
a entrada de iluminação e ventilação
natural (39), além de proporcionar
terraços verdes em seu telhado (41).
28 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 29
LOCALIZAÇÃO DA PROPOSTA 5.1 ESCOLHA DO TERRENO

O terreno é um ponto importante para o projeto, um


bom lugar deve fornecer educação às crianças sem que haja
comprometimento com o funcionamento ao seu redor, levan-
do em consideração que os indivíduos que farão uso do edifí-
cio encontram-se em uma fase da vida em que a atividade ao
ar livre é de extrema importância.
Para a implantação do projeto, foi escolhido o lote F
0086, localizado na cidade de São Paulo, em Santa Cecília, no
cruzamento entre a Rua Cruzeiro e a Rua Cônego Vicente Mi-
guel Marino, com o fundo do lote fazendo divisão com a linha
férrea do trem Barra Funda e a praça Nicolau de Moraes Bar-
ros Filhos.
O terreno atualmente cercado por grades, e coberto por
mato, possui aproximadamente 9.931m² de área, com topo-
grafia relativamente plana, e ausência de um desnível signi-
ficativo.

05
30 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 31
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
A Figura 43 mostra o muro de divisa do loteamento com
a praça Nicolau de Moraes Barros Filhos. A praça possui uma
quadra de futebol, com todo o restante em situação deplorá-
vel.

A Figura 44 mostra o cruzamento da Rua Cruzeiro com a


Rua Cônego Vicente Miguel Marino. Onde é possível observar
uma enorme árvore com suas raízes expostas pela calçada, di-
ficultando a passagem de quem realiza o percurso.

.43 A Figura 45 mostra o fundo do terreno com a linha férrea


do trem Barra Funda, uma rua de pouco movimento devido ao
uso do seu entorno que não agregam pessoas.

Como um todo, o terreno está sem uso, fazendo parte de


uma área sujeita a alagamento e coberta por grama descui-
dada. A calçada não segue um perímetro igualitário, fazendo
com quem caminha pela rua correndo riscos de atropelamen-
to.
.45

.44

32 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 33


5.2 ACESSOS

O terreno se insere em vias coletoras, nas quais possuem


um fluxo moderado de veículos. Todavia, ressalta a Rodovia
Presidente Castelo Branco, considerada via de eixo estrutu-
rante da malha viária de São Paulo, na qual possui o maior
tráfego e permite que haja ligação entre municípios.
Na proximidade são encontradas vias arteriais, conside-
radas como algumas dos principais eixos da malha, no quais
possuem tráfego intenso e maior relação com as linhas de ôni-
bus locais, são elas a Avenida Doutor Abraão Ribeiro, Avenida
Rudge, a Avenida Pompéia, Avenida Francisco Matarazzo e a
Avenida Ipiranga. No qual são vias que possibilitam o acesso
à cidade. Fator importante para o projeto, dado que o público
alvo não possui uma concentração em local específico.
Para quem utiliza transporte público, é possível percor-
rer um caminho de 2 km do Terminal Barra Funda, uma das
principais estações que realiza distribuição para diversos des-
tinos do Estado de São Paulo, e a Estação Marechal Deodoro,
que encontra-se localizada a 1,5 km do loteamento proposto,
onde é possível ir andando ou utilizar ônibus.

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 35


5.3 LEVANTAMENTO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

ANÁLISE DE CHEIOS E VAZIOS

É possível observar que o entorno possui uma área


abrangente edificada, com poucos espaços vazios, sendo pos-
sível observar o desenho da malha viária sem a necessidade
da marcação do leito carroçado ou do trilho ferroviário.
As edificações existentes ocupam a maior porcentagem
de ocupação de seus lotes, sendo essas construções as quais
transparecem a idade de sua materialidade, com fachadas an-
tigas e teor histórico da área. Já as construções mais recen-
tes passaram a respeitar as regras de recuo existentes no lote,
sendo de fácil percepção onde se torna área pública e privada.

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 37


ANÁLISE DE GABARITOS

O entorno do terreno possui diversas alturas de edifica-


ções, em maioria, de até 10m de altura, possuindo variação de
tipologias térreas, e com uma baixa porcentagem de edifícios
com variedade de pavimentos. Podendo concluir que a área
em questão é de baixo gabarito, com prevalência de constru-
ções mais horizontais. Estabelecendo uma relação harmonio-
sa com o entorno, sem descaracterizá-lo.
Nas faces Norte e Leste do terreno são encontrados edi-
fícios de baixo gabarito, possuindo até 2 pavimentos. Na face
Sul encontra-se o muro de divisão com a linha férrea, e na
Oeste encontra-se a vista da praça Nicolau de Moraes Barros.

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 39


ANÁLISE DE OCUPAÇÃO DO SOLO

É possível observar que o entorno imediato apresenta


um predomínio de uso Comercial e/ou Armazéns, seguido
por uma grande parcela de uso residencial. Por possuir um
grande número de armazéns, o local não possui altos níveis de
ruídos no dia a dia, podendo ser controlados facilmente com
material isolante.
Além disso, os poucos usos que diferem, que estão em
proximidade com o terreno, não apresentam grandes interfe-
rências quanto a geração de ruídos constante, sendo propício
para os requisitos de instalação do projeto.

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 41


ANÁLISE DE MOBILIDADE

Para a análise de mobilidade foram considerados meios


de transportes no raio de aproximadamente de 1 km, sendo
assim podemos observar rotas e paradas de ônibus, ciclovias e
ciclofaixas que são de maior relevância para esta análise.
Nota-se um bom atendimento neste quesito ao entorno,
de modo que os pontos analisados são locados a uma distân-
cia menor que 200 m de distância, se tornando local de fácil
acesso.
Em relação às rotas de ônibus, é possível encontrar uma
parada na Rua Cônego Vicente Miguel Marino, poucos metros
de distância do terreno, ou na Rua do Bosque, de esquina com
a Rua Cruzeiro.
Enquanto a rede cicloviária, é possível encontrar uma
passando ao lado do terreno, na Rua Cruzeiro.

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 43


ANÁLISE DE EQUIPAMENTOS
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
DE SAÚDE - TEA
A Figura 43 mostra o muro de divisa do loteamento com
a praça Nicolau de Moraes Barros Filhos. A praça possui uma
quadra de futebol, com todo o restante em situação deplorá-
vel.
Para esta análise foi considerada uma área de abrangên-
cia maisAampla
Figuraque as anteriores,
44 mostra mostrando
o cruzamento da Ruadiversos
Cruzeiro bairros
com a
para
Ruaconseguirmos
Cônego Vicente ter uma
Miguelideia da quantidade
Marino. de equipamen-
Onde é possível observar
tosuma
existentes
enormevoltados ao atendimento
árvore com de pessoas
suas raízes expostas pelano espectro
calçada, di-
autistas, na cidade de São Paulo.
ficultando a passagem de quem realiza o percurso.
É possível notar claramente que temos poucas institui-
.43 ções queArealizam
Figura 45esses
mostraatendimentos, além de
o fundo do terreno que,
com cada férrea
a linha insti-
tuição atende
do trem uma
Barra ou duas
Funda, umafunções específicas,
rua de pouco tornando
movimento invi-
devido ao
ável para pessoas que já possuem uma
uso do seu entorno que não agregam pessoas.certa dificuldade no dia
a dia. Tornando-se necessário o deslocamento entre unidades
para que hajaum
Como umtodo,
atendimento
o terreno mais completo,
está sem causando
uso, fazendo partedi-
de
versos tipos de transtornos nos pacientes, até por terem
uma área sujeita a alagamento e coberta por grama descui- que se
deslocar
dada. A quilômetros
calçada nãoaté umaum
segue outra unidade.igualitário, fazendo
perímetro
com quem caminha pela rua correndo riscos de atropelamen-
to.
.45

.44

32 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 33


45
5.4 ANÁLISE DAS CONDICIONANTES

ANÁLISE TOPOGRÁFICO

A topografia do lugar escolhido possui uma declividade


quase imperceptível, com desnível de um metro. Faz-se ne-
cessário frisar a característica de risco de alagamento da área,
o que acarreta na escolha de soluções projetuais as quais pre-
vejam questões da drenagem na água e dificultam o apareci-
mento de manifestações patológicas causadas por problemas
de humidades vinda do solo.

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 45


47
ANÁLISE DE RECURSOS NATURAIS

É possível observar uma massa arbórea espalhada pelo


desenho da malha viária, e em alguns lugares há uma maior
concentração da vegetação. Além disso, é de fácil percepção
a escassez de praças próximo ao terreno, a única existente é
a praça Nicolau de Moraes Barros, onde possui uma quadra e
muita grama descuidada.
Embora os rios estejam em um raio de distância maior,
o terreno está localizado em área sujeita a inundação. Faz-se
necessário que haja uma requalificação da praça, tornando-a
mais convidativa para a convivência de pessoas.

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 47


49
5.5 LEGISLAÇÕES PERTINENTES
Segundo o Plano Diretor Estratégico de São Paulo, o ter- A parte em marcada em laranja indica os afastamentos a
reno em estudo se classifica dentro das Zona Especial de Inte- serem respeitados de acordo com o Plano Diretor Estadual. A
resse Social 3 (ZEIS-3) que são imóveis ociosos, galpões aban- rua principal, Cônego Vicente Miguel Marino, é considerada
donados, deteriorados, e/ou cortiços, em locais que possuem como uma via coletora, onde o afastamento frontal deve ser
boa oferta de infraestrutura, buscando o estímulo de ativida- de 5 metros, e o passeio mínimo 3,5 metros, sendo que se o
des produtivas e atração de mais moradores. passeio for maior pode-se descontar este aumento do afasta-
São poucos os usos que não são permitidos nas ZEIS, mento frontal. O fundo do lote, no qual encontra-se com o pa-
são permitidos usos diversificados como comércio, serviços, redão da linha férrea, exige um afastamento mínimo de 3 me-
usos institucionais, equipamentos sociais, de forma que seja tros, enquanto as laterais não há necessidade de recuos, desde
atendido o percentual mínimo obrigatório de destinação de que respeite as medidas mínimas de passeio da Rua Cruzeiro.
área construída para HIS 1 e HIS 2 com o objetivo de mesclar
moradia com atividades econômicas.
Segue abaixo a tabela de Índices Urbanísticos e Uso do
solo a ser utilizada para a obtenção dos índices urbanísticos
do terreno utilizado.

TABELA POTENCIAL CONSTRUTIVO


C.A C.A C.A T.O Gabarito
Mínimo Básico Máximo Máximo Máximo .52 .53
Área = 9.331 m² TO = 75% = 7.000 m²
ZEIS-3 0,5 1 4 0,70 N/A

TABELA DE RECUOS
Fundos e Laterais
Menor ou Superior
Frente igual a 10m a 10m
0,5 N/A 3 .54 .55
TO = 50% = 4.665 m² TO = 30% = 2.800 m²

CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 49


51
Setor Quantidade Ambiente Área Total
1 Recepção 500m2 600m² O programa se organiza em torno da área de per-
manência do uso social, que realiza a distribuição para

Triagem + Administração
1 Secretaria 240m²
1 Alfoxarifado 560m² demais setores, tanto aos alunos, quanto aos familia-
1 Arquivo 300m² res.
1 Sala de Reuniões A área social, ou de triagem distribui para o se-
1 Sala dos Professores tor de atendimento médico, onde está em local de fácil
1 Diretoria 160 m² acesso para o setor terapêutico, que por sua vez possui
1 Sala de atendimento rápido 560m² um espaço mais livre com diversas áreas de escape e
2 Conjunto de Sanitários (1/20) atividades de entretenimento. O setor de atendimen-
1 Nutricionista 30m² to médico encontra-se logo na entrada, onde ocorre a

Atendimento
2 Fonoaudiologia 15m² distribuição entre eles, tornando-o de fácil acesso, e

Médico
1 Psicologia 15m² com uma característica única, independente do setor.
2 Atendimento Geral 60m² Enquanto o setor educacional encontra-se próximo ao
Conjunto de Sanitários (1/50) de pedagógico, de forma que os funcionários não pre-
3 Sala de Aula Leve 360m² cisem percorrer o prédio para chegar ao seu destino. O
3 Sala de Aula Moderado 45m² setor terapêutico encontra-se no canto do terreno, tor-
nando-o mais privativo e ao mesmo tempo integrado

Pedagógico
3 Sala de Aula Severo 55m²
3 Sala de Aula em Grupo 120m² com o restante dos blocos..
3 Sala de Interação Social 160m²
3 Sala de Multiuso 100m² TRIAGEM
Conjunto de Sanitários (1/20)
2 Brinquedoteca
2 Sala de Musica 30m² 30m²
2 Sala de Arte
ATENDIMENTO

Terapêutico
2 Sala de informática 50m² 50m² PEDAGÓGICO
1
MEDICO
Biblioteca 15m² 15m²
1 Academia 15m² 15m²
1 Sala livre
1 Piscina 15m² 15m² TERAPEUTICO
Conjunto de Sanitários (1/50)
1 Recepção

Educacional
1 Sala de apoio 30m² 30m²
6 Sala de Aulas
Conjunto de Sanitários (1/50)
EDUCACIONAL HOTELARIA
1 Recepção
1

otelaria
Refeitório
1 Brinquedoteca
53
15
O setor de triagem é onde concentra-se todos O setor terapêutico abriga toda diver- O zoneamento foi proposto atra-
os usuários do Centro, possuindo espaços de uso sidade de salas para o aprendizado e, vés da separação de seis blocos, de forma
público, sem restrições, e responsável pela distri- entre elas, tem sala de música, artes, que as áreas sejam separadas não apenas
buição das atividades que ocorrem no prédio, prin- informática, brinquedoteca, bibliote- de acordo com suas funções, mas tam-
cipalmente as que permitem maiores aglomerações ca, piscina, cantina, entre outras. Este bém em relação aos aspectos sensoriais
entre os usuários, como área de lazer, biblioteca, au- setor está localizado no centro do ter- que cada ambiente remete.
ditório, cafeteria entre outros. reno até o fundo, permitindo que haja Zoneamento esse que possibilita a
uma passagem sensorial entre os blo- gradação entre as áreas públicas e priva-
cos. Com funcionalidade de mostrar das criando áreas de respiros e de conví-
O setor de atendimento médico O setor pedagógico reúne com uma forma mais didática a rotina vios para os usuários.
abriga toda parte de acompanhamento todas as salas de ensino, do do dia a dia, ensinando que é possí- A área destinada ao apoio de ho-
necessária para a evolução do diagnós- uso leve, ao severo, de salas vel uma pessoa com TEA ter uma vida telaria encontra-se ao lado, afastado dos
tico do usuário, sala de atendimento de integração social, e em normal, brincando, se exercitando e outros blocos, onde possui um pátio de
rápido, nutricionista, fonoaudiologia grupo. O bloco é dividido em tendo contato com outras pessoas. convívio e uma horta para estimular a
e psicologia. Ele ditará como será o andares que separam por ida- sensorialidade. Enquanto a área dos con-
percurso do paciente, por este motivo de, e nesses andares ocorre a sultórios encontra-se logo na entrada, dis-
encontra-se logo na entrada, próximo separação em níveis, para O setor de hotelaria tem como finalidade trazer inde- tribuindo para os outros blocos, próximo
ao térreo principal, tornando de fácil que possa ser atendimento pendência para os pacientes no dia a dia, permitindo à zona social e a área administrativa, se
acesso para haja a distribuições para os de forma sequencial sem que que ao final do dia possam ter seu espaço individu- tornando de fácil acesso para quem chega
demais blocos. fique confuso para o usuário. al, simulando a rotina de casa, de forma que mesmo e para quem já encontra-se no edifício, e
após a escola, um dia de trabalho eles continuem todo o setor terapêutico encontra-se mais
O setor educacional existe para que possa aprendendo a se cuidar sem que sejam dependentes a fundo do terreno, onde possui um pátio
capacitar profissionais para poder ajudar no de suas famílias a longo prazo. A ideia é que em um privativo para as crianças antes que haja a
tratamento de pessoas no espectro, de forma único espaço, eles tenham toda a rotina de uma vida distribuição para os seus respectivos an-
que ao aprenderem na teoria possam ter con- normal para trazer integração à sociedade. Permitin- dares.
tato para aprender na prática também, para do também que caso seja necessário seus familiares se
que estejam preparados para o contato com abriguem a curto prazo para ajudar na evolução dos
os pacientes no dia a dia. pacientes.

54 55
1. Com 9.931m, o terreno possui uma ampla ex- 2. Dessa forma, foi feito uma malha de 10m x 10m, 3. De acordo com as necessidades exigidas, foram 5. Com isso, dispomos volumes de alturas menores
tensã0. Levando em consideração os estudos reali- que configura a melhor modulação para o projeto. propostos blocos interligados, distribuindo os vo- criando diferentes terraços, proporcionando espa-
zados anteriormente referente às legislações perti- Respeitando todos os seus recuos frontais, de fun- lumes de forma irregular seguindo a malha orto- ços de convívios diversos.
nentes, foi realizado um estudo de massas a partir do e laterais. gonal inicial.
da área total do programa de necessidades. 6.De forma que a volumetria final permitisse que o
4.4. Com os módulos lançados, às alturas se deu fosse possível percorrer entre os edifícios interna-
de acordo com a necessidade programática de cada mente e externamente. Além de proporcionar ven-
bloco, respeitando o gabarito do seu entorno. Con- tilação natural, iluminação, recuos e vistas.
tendo o pé direito do maior bloco de 18m.
7.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICA

AGUIAR, Valéria. Bolsonaro anuncia inclusão de autistas no censo JUNIOR, Francisco Paiva. Nova classificação de doenças, CID-11, MOSTAFA, Magda. The Autism ASPECTSS - Design Index.
2020. unifica Transtorno do Espectro do Autismo: 6A02. Disponível: https://www.autism.archi/aspectss#:~:text=The%20
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noti- Disponível: https://tismoo.us/saude/diagnostico/nova-classificacao- Autism%20ASPECTSS%E2%84%A2%20Design%20Index%20
cia/2019-07/bolsonaro-anuncia inclusao-de-autistas-no-censo-2020 -de-doencas-cid-11-unifica-transtorno-do-espectro-do-autismo-6a02/ is%20the%20first%20set,individuals%20with%20Autism%20
REFERÊNCIAS

Spectrum%20Disorder.&text=It%20is%20used%20as%20both%20
ALMEIDA, Marina S. R. Diagnóstico do Autismo no CID-11, CID- KLIN, Ami. Autismo e Síndrome de Asperger: Uma visão geral. an%20assessment%20and%20design%20development%20tool.
10 e DSM-V. Disponível: https://www.scielo.br/scielo.php?pi-
Disponível em: https://institutoinclusaobrasil.com.br/diagnostico-do- d=s1516-44462006000500002&script=sci_arttext REV, Cevac vol.11 supl.2 São Paulo 2009. Autismo: Uma avaliação
-autismo-no-cid-11-cid-10-e-dsm-v/ transdisciplinar baseada no Programa TEACCH.
KHARE, Rachna & Mullick, Abir. (2009). Designing Inclusive Edu- D i s p o n í v e l : h t t p s : / / w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? p i -
ALVARES, S. L. Arquiteturas e Pedagogias. cational Spaces for Autism. d=S1516-18462009000600012&script=sci_arttext
Disponível em: http://www.arquiteturasepedagogias.com.br
LAMPREIA, Carolina. A Perspectiva desenvolvimentista para a in- RAU, M. C. T. D. O lúdico na prática pedagógica do professor de
BOSA, Cleonice Alves. Autismo: Intervenções psicoeducacionais. tervenção precoce no autismo. educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental: concep-
Disponível: https://www.scielo.br/scielo.php?pi- Disponível: https://www.scielo.br/scielo.php?pi- ções e práticas. 2006. 151 f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Uni-
d=S1516-44462006000500007&script=sci_arttext d=S0103-166X2007000100012&script=sci_arttext&tlng=pt versidade Católica do Paraná, Curitiba, 2006.

FERNANDES, Salomé Frederica da Silva Neto. A adequabilidade do MORAIS, Telma Liliana de Campos. Modelo de TEACCH - Inter- Rochele Thais Minato(1); Adriana Kunen(2); Maria Fernanda Miran-
modelo TEACCH para a promoção do desenvolvimento da criança venção Pedagógica em Crianças com perturbações do Espectro do da Pezente(3); Daniele Kunz Pagno(4). Diálogo entre arquitetura e
com autismo. Autismo. ensino: contribuições da arquitetura aliada ao método montessoria-
Disponível: http://repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/796/2/ Disponível: https://recil.grupolusofona.pt/bitstre- no para o processo de ensino-aprendizagem.
PG-EE-2010_SalomeFernandes.pdf am/10437/2673/1/_D.pdf Disponível: https://seer.imed.edu.br/index.php/arqimed/article/
view/3042/2147
HOWLIN, P. Changing approaches to communication training with NIKOLOV, Roumen. Jonker, Jacob. Scahill, Lawrence. Autismo: tra-
autistic children. Br J Disord Commun.1989;24(2):151-68. tamentos psicofarmacológicos e áreas de interesse para desenvolvi- SILVA, Francisco Macena. Texto da Lei.
mentos futuros. Disponível:
INFORMATIVA, Folha. Transtorno do Espectro Autista. D i s p o n í v e l : h t t p s : / / w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? p i - https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/zonea-
Disponível: https://www.paho.org/bra/index.php?Itemid=1098#:~:- d=S1516-44462006000500006&script=sci_arttext&tlng=pt mento/texto-da-lei/

07
text=Estima%2Dse%20que%2C%20em%20todo,que%20s%-
C3%A3o%20significativamente%20mais%20elevados.

62 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 63


7.2 LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma de metodologia - Ilustração da autora……....05 Figura 15 - As Cariátides do Erecteion - Wikipédia com alteração da Figura 27 - Sala de jogos Jardim de Infância e Creche OB - Archdai Figura 39 - Diagrama de Ventilação, Jardim de Infância Sanhuan - Figura 50 - Mapa base ocupação do solo (25/05/2021) - Geosampa
autora.......................................................................17 ly...............................................................................24 Archdaily com atualização da autora....................................28 com atualização da autora................................................40
Figura 2 - Estatística mundial - Ilustração da autora…..................07
Figura 16 - Praça Centro de Invidentes y Débiles - Archdaily..........20 Figura 29 - Planta nível 1º Pavimento, Jardim de Infância e Creche Figura 40 - Planta Térreo Pavimento, Jardim de Infância Sanhuan - Figura 51 - Mapa base mobilidade (25/05/2021) - Geosampa com
Figura 3 - Estatística nacional - Ilustração da autora….................07 OB - Archdaily com atualização da autora..............................25 Archdaily com atualização da autora....................................28 atualização da autora......................................................42
Figura 17 - Escola Infantil Rockery for Play - Archdaily.............20
Figura 4 - Estatística regional - Ilustração da autora…..................07 Figura 30 - Planta nível 2º Pavimento, Jardim de Infância e Creche Figura 41 - Planta 1º Pavimento, Jardim de Infância Sanhuan - Ar- Figura 52 - Mapa base topográfico (25/05/2021) - Geosampa com
Figura 18 - Jardim da Infância e Creche OB - Archdaily..............20 OB - Archdaily com atualização da autora..............................25 chdaily com atualização da autora.......................................29 atualização da autora......................................................44
Figura 5 - Acústica - Ilustração da autora …..............................08
Figura 19 - Espaço de Convivência Jardim da Infância Sanhuan - Figura 31 - Corredor Escola Infantil Rockery For Play - Archdai Figura 42 - Planta 2º Pavimento, Jardim de Infância Sanhuan - Ar- Figura 53 - Mapa base Recursos Naturais (25/05/2021) - Geosampa
Figura 6 - Sequenciamento espacial - Ilustração da autora…...........08 Archdaily .....................................................................20 ly...............................................................................26 chdaily com atualização da autora.......................................29 com atualização da autora................................................46

Figura 7 - Espaço de fuga - Ilustração da autora…........................08 Figura 20 - Parede cega Centro de Invidentes - Archdaily ..........22 Figura 32 - Sala de Música, Escola Infantil Rockery For Play - Ar- Figura 43 - Mapa base localização (25/05/2021) -Geosampa com Figura 54 - Diagrama de Recuos - Ilustração da autora............49
chdaily........................................................................26 atualização da autora......................................................30
Figura 8 - Compartimentalização - Ilustração da autora…..............09 Figura 21 - Corredor Centro de Invidentes - Archdaily...............22 Figura 55 - Diagrama de TO 75% - Ilustração da autora...........49
Figura 33 - Sala de Arte, Escola Infantil Rockery For Play - Archdai Figura 44 - Imagem loteamento - Google Earth.....................32
Figura 9 - Transições - Ilustração da autora…….....................09 Figura 22 - Praça Centro de Invidentes y Débiles - Archdaily......22 ly...............................................................................26 Figura 56 - Diagrama de TO 50% - Ilustração da autora...........49
Figura 45 - Imagem da Rua Cruzeiro com a Rua Cônego Vicente
Figura 10 - Zoneamento Sensorial - Ilustração da autora...............09 Figura 23 - Corte Longitudinal, Centro de Invidentes y Débiles - Figura 34 - Diagrama de Materialidade, Escola Infantil Rockery For Miguel Marino - Google Earth..........................................32 Figura 57 - Diagrama de TO 30% - Ilustração da autora...........49
Archdaily com atualização da autora.....................................22 Play - Archdaily com atualização da autora............................26
Figura 11 - Segurança - Ilustração da autora.….........................09 Figura 46 - Imagem Fundo do lote - Google Earth.................32
Figura 24 - Planta nível da Rua, Centro de Invidentes y Débiles - Figura 35 - Diagrama de Circulação, Escola Infantil Rockery For
Figura 12 - O metroólitano solitário - Art.net.............................14 Archdaily com atualização da autora.....................................23 Play - Archdaily com atualização da autora............................27 Figura 47 - Mapa base acessos (25/05/2021) - Geosampa com atua-
lização da autora..........................................................34
Figura 13 - A criação de Adão - Toda Materia com alteração da Figura 25 - Zona de Escape Jardim de Infância e Creche OB - Arch- Figura 36 - Área de Permanência Jardim de Infância Sanhuan - Ar-
autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 daily............................................................................24 chdaily........................................................................28 Figura 48 - Mapa base cheios e vazios (25/05/2021) - Geosampa
com atualização da autora...............................................36
Figura 14 - Os amantes - Arte e Artista com alteração da au- Figura 26 - Zona de Escape 2 Jardim de Infância e Creche OB - Ar- Figura 37 - Área de Permanência 2, Jardim de Infância Sanhuan -
tora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 chdaily.........................................................................24 Archdaily.....................................................................28 Figura 49 - Mapa base gabaritos (25/05/2021) - Geosampa com
atualização da autora.....................................................38

64 CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA CENTRO DE REFERÊNCIA EM TEA 65

Você também pode gostar