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MESTRADO EM ESTUDOS DE EDUCAÇÃO

CURRICULUM, ENSINO E AVALIAÇÃO

ANÁLISE DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS:


Aprendizagens Essenciais do 3º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico em Estudo do Meio

Docente: Prof.ª Dr.ª Sílvia Maria Cândido de Almeida

Mestrandas: Gloria Dettmar e Helena Chivevenga

Ano letivo 2023-2024, 1º semestre

Janeiro/2024

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Conteúdo

Introdução ........................................................................................................................................ 2

Fundamentação Teórica .................................................................................................................... 3

Metodologia...................................................................................................................................... 6

Aprendizagens Essenciais .................................................................................................................. 8

Análise das Aprendizagens Essenciais de Estudo do Meio 3.º ano .................................................... 11

Conclusão........................................................................................................................................ 16

Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 17

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Introdução

O presente trabalho tem como principal objetivo analisar/avaliar o nível de Exigência


Conceptual, tendo como objeto as Aprendizagens essenciais do 3º ano do 1º Ciclo do Ensino
Básico, especificamente da disciplina de Estudo do Meio.

O instrumento metodológico que utilizamos foi criado e desenvolvido pelo Grupo ESSA
– Estudos Sociológicos da Sala de Aula – Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. O
Grupo ESSA contou com a coordenação e colaboração, por mais de vinte anos, de Ana Maria
Morais e Isabel Pestana Neves, entre outros investigadores, onde desenvolveram e
aprofundaram novas possibilidades de análise segundo o desenvolvimento da teoria do
discurso pedagógico do sociólogo inglês Basil Bernstein, articulando a teoria com os objetos
empíricos. Estudos estes que permitiram a investigadores de diversas áreas científicas e
nacionalidades, utilizarem-se da metodologia desenvolvida para compor seus trabalhos
acadêmicos. Pela importância que o grupo atribuía ao trabalho em equipa, onde os
investigadores validavam os resultados mutuamente, este exercício de análise pode ser
contemplado igualmente por duas mestrandas.

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Fundamentação Teórica

Este trabalho teve como ponto de partida o trabalho intitulado “Currículos, Manuais
Escolares e Práticas Pedagógicas – Estudo de processos de estabilidade e mudança no sistema
educativo”, de autoria das colaboradoras do Grupo ESSA, Doutoras Morais, Neves e Ferreira.

Na análise a que se propõe, havemos de percorrer o pensamento de Basil Bernstein,


onde faz uma reflexão a respeito do discurso pedagógico oficial (DPO), discurso este que está
intimamente relacionado com distribuição do poder e na manutenção da ordem social,
dispondo a educação como instrumento da reprodução cultural das relações de classe,
constituindo uma forma de controlo social. As regras contidas nos instrumentos pedagógicos
regulam as relações de poder, estão relacionadas com o “que” ensinar e “como” fazê-lo.

O discurso pedagógico é refletido no resultado final, que é o currículo. Vale clarificar


o percurso que o conceito de currículo tem sofrido em suas temporais modificações de
acordo com pensamento educacional do tempo histórico em que se situa e com o próprio
processo de construção de conhecimento. O conceito de currículo, é o testemunho de como
a estrutura da educação reflete a sociedade e suas ideologias em determinado tempo
histórico. A teoria sociológica do currículo desenvolvida por Basil Bernstein, através do
processo de recontextualização do currículo, onde a análise do discurso pedagógico oficial,
contido nas diretrizes para a educação, nos permite enxergar as estruturas existentes entre
diferentes conhecimentos, vistas como relações entre discursos, ou seja, relações
intradisciplinares.

A intradisciplinaridade constitui um excelente instrumento para perceber a força


existente das fronteiras entre os conceitos distintos dentro de uma mesma disciplina. Quando
estas fronteiras são muito marcadas, indicam a não existência de relação de saberes distintos
(classificação forte), enquanto fronteiras menos marcadas denotam uma maior relação entre
os conhecimentos distintos (classificação fraca). Partindo da observação da força entre estas
fronteiras pode-se analisar o discurso pedagógico. Segundo Morais (2002), promover as
relações intradisciplinares no processo de ensino e aprendizagem, conduz a patamares de
compreensão de conceitos de ordem elevada.

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As diversas camadas que percorrem o DPO são recontextualizações, trata-se de
diversas reinterpretações a partir do DPO, que em contextos pedagógicos diferentes sofre
uma releitura resultando em interpretações novas. Os processos de recontextualização do
DPO traduzem-se por um novo discurso pedagógico de reprodução (DPR) veiculado aos
manuais escolares, que por sua vez sofre outra recontextualização na prática pedagógica em
sala de aula.

Outro fator importante no pensamento de Bernstein é a consideração da estrutura


hierárquica do conhecimento científico, que se caracteriza por “proposições integradoras que
operam a níveis crescentes de abstração, o desenvolvimento de uma teoria requer uma nova
teoria que é mais geral e mais inclusiva que a teoria anterior” (1999). Desta forma, é
expectável que a educação científica siga o mesmo percurso de compreensão de conceitos e
ideias mais abrangentes, com níveis de complexidade distintos.

Para adentrarmos na complexidade do conhecimento científico devemos atentar a


posição hierárquica dos conceitos, que atendem estes a níveis diferentes de abstração e
complexidade, onde os mais complexos dizem respeito aos temas unificadores e teorias.

A complexidade do conhecimento científico é “é baseada na distinção entre factos,


factos generalizados, conceitos simples, conceitos complexos e temas unificadores/teorias”.
Os conhecimentos de baixo nível de abstração correspondem a um “facto”, que é o resultado
de uma observação, e aos “factos generalizados” que constitui a relação de vários factos do
mesmo tipo. Os conceitos, que são construções mentais resultantes da combinação de vários
factos e outros conceitos, onde os conceitos simples se caracterizam pelo baixo nível de
abstração, enquanto os conceitos complexos tem alto nível de abstração. Os temas
unificadores são os que são aceitos pela comunidade científica, tais como as teorias
científicas.

Outro fator fundamental para analisarmos um currículo, é o que foi definido por Ana
Maria Morais define Exigência Conceptual como a “complexidade do processo de ensino e
aprendizagem em termos de capacidades científicas” e, divide em duas categorias, a se saber:

 Nível mais baixo = memorização e compreensão a nível simples


 Nível mais elevado = compreensão a nível elevado, análise e utilização do
conhecimento.

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O conceito de Exigência Conceptual foi se complementando ao longo do
desenvolvimento das análises do Grupo ESSA, através das investigadoras Isabel Pestana
Neves e Ana Maria Morais do ESSA, que somaram a complexidade das capacidades cognitivas
com a complexidade do conhecimento científico, e posteriormente com a contribuição de
Sílvia Calado, onde acrescenta a integração das relações intradisciplinares, que considera a
“força das fronteiras entre conhecimentos distintos dentro de uma dada disciplina.”

Todo este percurso de construção do conceito resultou em sua definição atual, ou


seja, pelo “nível de complexidade em educação científica traduzido pela complexidade do
conhecimento científico e pela força da fronteira das relações intradisciplinares entre
conhecimentos distintos de uma dada disciplina científica e também pela complexidade das
capacidades cognitivas.”

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Metodologia

O presente estudo realizado, teve como principal foco avaliar/analisar as


Aprendizagens Essenciais de Estudo do Meio do 3.º ano do Ensino Básico, voltado ao
instrumento desenvolvido por Morais e Neves, embasado nos pressupostos sociológicos de
Bernstein e psicológicos de Vygotsky, tendo em relevância o Conhecimento Científico, nas
áreas da Complexidade dos Conhecimentos e Relação intradisciplinar.

O mesmo instrumento foi de grande utilidade, mas admitimos que analisar/avaliar as


Aprendizagens Essenciais de Estudo do Meio do 3.º ano do Ensino Básico não foi uma tarefa
fácil, mas com ajuda que tivemos de uma das autoras (Isabel Neves) e da docente Sílvia de
Almeida, conseguimos realizar a presente tarefa.

Os estudos descritos neste trabalho usam a perspetiva mais recente do conceito de


exigência conceptual. A exigência conceptual é, assim, definida como o nível de complexidade
em educação científica traduzido pela complexidade do conhecimento científico e pela força
da fronteira das relações intradisciplinares entre conhecimentos distintos de uma dada
disciplina científica e também pela complexidade das capacidades cognitivas, como
apresentado na página anterior.

O documento AE estrutura-se de acordo com os domínios mencionados, sendo que,


em cada um são identificados os conhecimentos a adquirir, as capacidades e as atitudes a
desenvolver indispensáveis, relevantes e significativos. Também são indicadas, a título
exemplificativo, ações estratégicas de ensino orientadas para as áreas de competências
definidas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PA).

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Abaixo apresentamos o modelo de instrumento, desenvolvido por Morais e Neves que
utilizamos para analisar/avaliar as Aprendizagens Essenciais do 3.ºano do Ensino Básico.

Complexidade dos conhecimentos Relação intradisciplinar

Grau Grau
1 Factos C++ Ausência de relação
2 Conceitos Simples C+ Ordem complexa; mesmo tema
3 Conceitos Complexos C- Ordem simples; temas diferentes
4 Modelos teóricos C-- Ordem complexa; temas diferentes

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Aprendizagens Essenciais

As Aprendizagens Essenciais (AE) são documentos de orientação curricular base na


planificação, realização e avaliação do ensino e da aprendizagem, conducentes ao
desenvolvimento das competências inscritas no Perfil dos Alunos à saída da escolaridade
obrigatória (PA). Para cada ano e área disciplinar/disciplina, as AE elencam os conhecimentos,
as capacidades e atitudes a desenvolver por todos os alunos.

As Aprendizagens Essenciais (AE) de Estudo do Meio visam desenvolver um conjunto


de competências de diferentes áreas do saber, nomeadamente Biologia, Física, Geografia,
Geologia, História, Química e Tecnologia. Considerando que o Estudo do Meio tem um vasto
objeto de estudo, a sua abordagem alicerça-se em conceitos e métodos das várias disciplinas
enunciadas, contribuindo para a compreensão progressiva da Sociedade, da Natureza e da
Tecnologia, bem como das inter-relações entre estes domínios. Nesta perspetiva,
organizaram-se as presentes AE tendo por base as três áreas Ciência-Tecnologia-Sociedade
(CTS).

A seguir, poderemos observar o discurso a respeito das competências que o aluno


deve ser capaz de desenvolver ao longo do 3.º ano o aluno estabelecidas, competências estas
que são uma sequência dos anos anteriores (1.º e 2.º ano), como por exemplo:

a) Adquirir um conhecimento de si próprio, desenvolvendo atitudes de autoestima e


de autoconfiança;

b) Valorizar a sua identidade e raízes, respeitando o território e o seu ordenamento,


outros povos e outras culturas, reconhecendo a diversidade como fonte de aprendizagem
para todos;

c) Identificar elementos naturais, sociais e tecnológicos do meio envolvente e suas


inter-relações;

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d) Identificar acontecimentos relacionados com a história pessoal e familiar, local e
nacional, localizando-os no espaço e no tempo, utilizando diferentes representações
cartográficas e unidades de referência temporal;

e) Utilizar processos científicos simples na realização de atividades experimentais;

f) Reconhecer o contributo da ciência para o progresso tecnológico e para a melhoria


da qualidade de vida;

g) Manipular, imaginar, criar ou transformar objetos técnicos simples;

h) Mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade


e para resolver situações e problemas do quotidiano;

i) Assumir atitudes e valores que promovam uma participação cívica de forma


responsável, solidária e crítica;

j) Utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação no desenvolvimento de


pesquisas e na apresentação de trabalhos;

k) Comunicar adequadamente as suas ideias, através da utilização de diferentes


linguagens (oral, escrita, iconográfica, gráfica, matemática, cartográfica, etc.),
fundamentando-as e argumentando face às ideias dos outros.

No 3.º ano de escolaridade, como frisado acima, dá-se continuidade a algumas das
temáticas propostas para o 1.º e 2.º ano, apresentando as aprendizagens um maior grau de
complexidade. Houve, também, a preocupação de integrar temas atuais, como as questões
ambientais e sociais, a importância dos media e os Direitos da Criança. Neste ano de
escolaridade, privilegia-se ainda o aprofundamento do ensino experimental das ciências e das
produções/utilizações tecnológicas.

A operacionalização das aprendizagens do Estudo do Meio implica a contextualização


dos temas a tratar. Para tal, considera-se importante que os professores conheçam os
contextos locais, e que identifiquem situações a partir das quais possam emergir questões-
problema que sirvam de base para as aprendizagens a realizar. As AE de Estudo do Meio estão
associadas a dinâmicas interdisciplinares pela natureza dos temas e conteúdos abrangidos,

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pelo que a articulação destes saberes com outros, de outras componentes do currículo,
potencia a construção de novas aprendizagens.

No processo de ensino, devem ser implementadas as ações estratégicas que melhor


promovam o desenvolvimento das AE explicitadas neste documento. Neste sentido, revela-
se importante:

a) Centrar os processos de ensino nos alunos, enquanto agentes ativos na construção do seu
próprio conhecimento;

b) Tomar como referência o conhecimento prévio dos alunos, os seus interesses e


necessidades, valorizando situações do dia a dia e questões de âmbito local, enquanto
instrumentos facilitadores da aprendizagem;

c) Privilegiar atividades práticas como parte integrante e fundamental do processo de


aprendizagem;

d) Promover uma abordagem integradora dos conhecimentos, valorizando a compreensão e


a interpretação dos processos naturais, sociais e tecnológicos, numa perspetiva Ciência-
Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA);

e) Valorizar a natureza da Ciência, dando continuidade ao desenvolvimento da metodologia


científica nas suas diferentes etapas.

A gestão deste documento deve promover uma abordagem interdisciplinar,


respeitando os temas e o respetivo desenvolvimento e ter em conta a atualidade dos
assuntos, os interesses e as características dos alunos, ou ainda questões de âmbito local.

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Análise das Aprendizagens Essenciais de Estudo do Meio 3.º ano

TEMA: “SOCIEDADE” Análise


Complexidade Relação
Excertos dos intradisciplinar
conhecimentos
Reconhecer as unidades de tempo: década, século e milénio Grau 1 C++
e as referências temporais a.C. e d.C..
Relacionar datas e factos importantes para a compreensão Grau 2 C+
da história local (origem da povoação, batalhas, lendas
históricas, personagens/personalidades históricas, feriado
municipal).
Reconhecer vestígios do passado local: - construções; - Grau 1 C++
instrumentos antigos e atividades a que estavam ligados; -
costumes e tradições.
Reconstituir o passado de uma instituição local (escola, Grau 4 C- -
autarquia, instituições religiosas, associações, etc.),
recorrendo a fontes orais e documentais.
Reconhecer e valorizar a diversidade de etnias e culturas Grau 2 C++
existentes na sua comunidade.
Identificar alguns Estados Europeus, localizando-os no mapa Grau 1 C++
da Europa.
Reconhecer a existência de semelhanças e diferenças entre Grau 2 C++
os diversos povos europeus, valorizando a sua diversidade.
Reconhecer casos de desrespeito dos direitos consagrados Grau 3 C-
na Convenção sobre os Direitos da Criança, sabendo como
atuar em algumas situações, nomeadamente que pode
recorrer ao apoio de um adulto.

O primeiro tema da disciplina “Sociedade”, apresenta oito (8) subtemas, e o mesmo


segundo a análise feita, atendem maioritariamente ao Grau 1 (Conhecimento de baixo nível
de complexidade, como factos) e Grau 2 (Conhecimento de nível de complexidade superior
ao grau 1, como factos generalizados ou conceitos simples) isto é, quanto a Complexidade
dos conhecimentos. Em relação a intradisciplinaridade o mesmo tema atende em um número
maior ao Grau 1, onde regista-se a ausência de relação entre conhecimentos.

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TEMA: “NATUREZA” Análise
Complexidade Relação
Excertos dos intradisciplinar
conhecimentos
Conhecer procedimentos adequados em situação de Grau 2 C+
queimaduras, hemorragias, distensões, fraturas,
mordeduras de animais e hematomas.
Relacionar hábitos quotidianos com estilos de vida saudável, Grau 2 C++
reconhecendo que o consumo de álcool, de tabaco e de
outras drogas é prejudicial para a saúde.
Compreender que os seres vivos dependem uns dos outros, Grau 3 C-
nomeadamente através de relações alimentares, e do meio
físico, reconhecendo a importância da preservação da
Natureza.
Reconhecer que os seres vivos se reproduzem e que os seus Grau 2 C++
descendentes apresentam características semelhantes aos
progenitores, mas também diferem em algumas delas.
Relacionar fatores do ambiente (ar, luz, temperatura, água, Grau 2 C+
solo) com condições indispensáveis a diferentes etapas da
vida das plantas e dos animais, a partir da realização de
atividades experimentais.
Localizar, no planisfério ou no globo terrestre, as principais Grau 1 C++
formas físicas da superfície da Terra (continentes, oceanos,
cadeias montanhosas, rios, florestas, desertos).
Distinguir formas de relevo (diferentes elevações, vales e Grau 2 C+
planícies) e recursos hídricos (cursos de água, oceano, lagos,
lagoas, etc.), do meio local, localizando-os em plantas ou
mapas de grande escala.
Identificar os diferentes agentes erosivos (vento, águas Grau 2 C++
correntes, ondas, precipitação, etc.), reconhecendo que dão
origem a diferentes paisagens à superfície da Terra.
Relacionar os movimentos de rotação e translação da Terra Grau 3 C- -
com a sucessão do dia e da noite e a existência de estações
do ano.
Compreender, recorrendo a um modelo, que as fases da Lua Grau 3 C+
resultam do seu movimento em torno da Terra e dependem
das posições relativas da Terra e da Lua em relação ao Sol.
Utilizar instrumentos de medida para orientação e Grau 4 C+
localização no espaço de elementos naturais e humanos do
meio local e da região onde vive, tendo como referência os
pontos cardeais.
Distinguir as diferenças existentes entre sólidos, líquidos e Grau 2 C++
gases.
Identificar a existência de transformações reversíveis Grau 2 C+
(condensação, evaporação, solidificação, dissolução, fusão).

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O segundo tema da disciplina “Natureza”, apresenta treze (13) subtemas, e o mesmo,
segundo a análise feita atendem maioritariamente ao Grau 2 (Conhecimento de nível de
complexidade superior ao grau 1, como factos generalizados ou conceitos simples) isto é,
quanto a Complexidade dos conhecimentos. Em relação a intradisciplinaridade do mesmo
tema atende em um número maior ao Grau 2, onde regista-se a relação entre conhecimentos
(simples ou complexos) do mesmo tema.

TEMA: “TECNOLOGIA” Análise


Complexidade Relação
Excertos dos intradisciplinar
conhecimentos
Comparar o comportamento da luz no que Grau 2 C++
respeita à linearidade da sua propagação em
diferentes materiais (transparentes,
translúcidos e opacos).
Estabelecer uma relação de causa-efeito Grau 4 C+
decorrente da aplicação de uma força sobre
um objeto e do movimento exercido sobre o
mesmo em diferentes superfícies.
Manusear operadores tecnológicos (elásticos, Grau 4 C- -
molas, interruptor, alavanca, roldana, etc.) de
acordo com as suas funções, princípios e
relações.
Reconhecer o efeito das forças de atração e Grau 2 C++
repulsão na interação entre magnetes.
Utilizar informações e simbologias como Grau 3 C+
linguagem específica da tecnologia.

O terceiro tema da disciplina “Tecnologia”, apresenta cinco (5) subtemas, e o mesmo segundo
a análise feita atendem maioritariamente ao Grau 2 (Conhecimento de nível de complexidade
superior ao grau 1, como factos generalizados ou conceitos simples) e Grau 4 (Conhecimento
de nível de complexidade muito elevado, envolvendo temas unificadores e/ou teorias) isto é,
quanto a Complexidade dos conhecimentos. Em relação a intradisciplinariedade o mesmo
tema atende em um número maior ao Grau 1, onde regista-se a ausência de relação entre
conhecimentos e ao Grau 2, onde há relação entre conhecimentos (simples ou complexos do
mesmo tema).

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TEMA: “SOCIEDADE/ NATUREZA/ TECNOLOGIA” Análise

Complexidade Relação
Excertos dos intradisciplinar
conhecimentos
Distinguir diferentes formas de interferência do Grau 3 C-
Oceano na vida humana (clima, saúde, alimentação,
etc.).
Reconhecer o modo como as modificações Grau 4 C- -
ambientais (desflorestação, incêndios,
assoreamento, poluição) provocam desequilíbrios
nos ecossistemas e influenciam a vida dos seres
vivos (sobrevivência, morte e migração) e da
sociedade.
Identificar um problema ambiental ou social Grau 4 C+
existente na sua comunidade (resíduos sólidos
urbanos, poluição, pobreza, desemprego, exclusão
social, etc.), propondo soluções de resolução.
Identificar diferenças e semelhanças entre o Grau 3 C-
passado e o presente de um lugar quanto a aspetos
naturais, sociais, culturais e tecnológicos.
Reconhecer as potencialidades da internet, Grau 4 C+
utilizando as tecnologias de informação e da
comunicação com segurança e respeito, mantendo
as informações pessoais em sigilo.
Reconhecer o papel dos media na informação sobre Grau 1 C++
o mundo atual.
Saber colocar questões, levantar hipóteses, fazer Grau 3 C- -
inferências, comprovar resultados e saber
comunicá-los, reconhecendo como se constrói o
conhecimento.

O quarto e último tema da disciplina “Sociedade/Natureza/Tecnologia”, apresenta


sete (7) subtemas, e o mesmo segundo a análise feita, atende maioritariamente ao Grau 3
(Conhecimento de nível de complexidade superior ao grau 2, envolvendo conceitos
complexos) e o Grau 4 (Conhecimento de nível de complexidade superior muito elevado,
envolvendo temas unificadores e/ou teorias) isto é, quanto a Complexidade dos
conhecimentos. Em relação a intradisciplinariedade o mesmo tema atende em um número
maior e igual aos seguintes graus:

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Grau 2/C+ Onde os mesmos, apresentam relação entre conhecimentos
complexos do mesmo tema, conhecimentos simples de temas
Grau 3/C-
diferentes e entre conhecimentos complexos de temas diferentes.
Grau 4/C- -

Quanto a Complexidade dos Conhecimentos, com base a análise realizada nas


Aprendizagens Essenciais do 3.º ano do Ensino Básico, na disciplina de Estudo do Meio e com
auxílio dos instumentos elaborados por Morais e Neves, foi possível verificar um alto índice
de Conhecimento de nível de complexidade superior ao grau 1, como factos generalizados ou
conceitos simples, há um nível de 80%, e um baixo índice quanto ao Conhecimento de baixo
nível de complexidade como factos, há um nível de 3%.

Quanto a Relação intradisciplinar, com base a análise realizada nas Aprendizagens


Essenciais do 3.º ano do Ensino Básico, na disciplina de Estudo do Meio e com auxílio dos
instrumentos elaborados por Morais e Neves, foi possível verificar um alto índice da Ausência
de relação entre conhecimentos, há um nível de 82%, e um baixo índice quanto a Relação
entre conhecimentos simples de temas diferentes, há um nível de 3%.

Em relação a análise feita, podemos afirmar que os objetivos traçados pelo Ministério
da Educação, ajudam os alunos a desenvolver, mas não há um nível elevado como desenhado
e esperado pela OCDE, visto que a mesma organização opta por elevar o grau de exigência
conceptual, afim de tornar os alunos em indivíduos capazes de usar o conhecimento em prol
do desenvolvimento da sociedade.

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Conclusão

Após uma análise realizada ao documento de Aprendizagens Essenciais de Estudo do


Meio 3.º ano, chegamos as seguintes conclusões:

O currículo tem a função de ajudar os alunos a alcançar uma compreensão geral e


abrangente, baseada em uma estrutura conceptual das ideias fundamentais e explicativas da
ciência e uma compreensão dos procedimentos científicos que têm um impacto fundamental
no mundo atual, de forma a relevar a importância de elevar o nível de exigência conceptual
no ensino das ciências e não só.

O nível de exigência conceptual não é tão elevado, visto que quanto a complexidade
dos conhecimentos a maior percentagem recai ao conceito simples e quanto a relação
intradisciplinar a sua maior percentagem recai na ausência de relação entre conhecimentos;
o que acaba por dificultar o desenvolvimento dos alunos, a um nível elevado assim como
propostos pela OCDE.

Concluímos que trata-se de um contexto que precariza o desenvolvimento do


pensamento complexo, e da existente necessidade de superar este fato através de práticas
interdisciplinares em sala de aula. A sala de aula é o lugar privilegiado para a reflexão do
conhecimento científico e cabe a toda sociedade buscar soluções para a precariedade que
ocorre nas etapas de recontextualização dos currículos, bem como dotar a formação de
professores de maneira a capacitá-los a desenvolver as potencialidades existentes nos
instrumentos de orientação pedagógica.

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Referências Bibliográficas

ALVES, Vanda; MORAIS, Ana M. Currículo e práticas pedagógicas: uma análise sociológica de
textos e contextos da educação em ciências. Revista Portuguesa de Educação , Lisboa, 2013.

Aprendizagens Essenciais do 3º Ano do 1º Ciclo do Ensino Básico. Ministério da Educação,


República Portuguesa. Lisboa, 2018.

FERREIRA, Sílvia; MORAIS, Ana M. A natureza da ciência nos currículos de ciências: estudo do
currículo de ciências naturais do 3.º ciclo do ensino básico. Revista Portuguesa de Educação ,
Lisboa, 2010.

MORAIS, Ana M.; NEVES, Isabel Pestana. A Teoria de Basil Bernstein – Alguns Aspetos
Fundamentais. Revista Práxis Educativa, 2 (2). Lisboa. 2007.

MORAIS, Ana M.; NEVES, Isabel Pestana; FERREIRA, Sílvia. Currículos, Manuais Escolares e
Práticas Pedagógicas – Estudo de processos de estabilidade e mudança no sistema educativo.
Edições Sílabo, cap. 2. Lisboa, 2014.

MORAIS, Ana M.; NEVES, Isabel Pestana; FERREIRA, Sílvia. O currículo nas suas dimensões
estrutural e interacional: perspetiva de Basil Bernstein. Revista Práxis Educativa v.14, n2.001,
Lisboa, Junho - 2019.

NEVES, Isabel Pestana. Ensino das Ciências numa Perspetiva Sociológica. Reflexões sobre uma
trajetória de Investigação. IE Universidade de Lisboa, 2023.

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