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ACONSELHAMENTO BÍBLICO
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https://www.bbc.com/portuguese/geral-59720773 (extraído e adaptado)
uma dessas ideias enganosas que se popularizou é uma fórmula que diz que 50% da felicidade depende dos
genes, 40% da vontade própria e 10% das circunstâncias. Ou seja, 90% da felicidade dependeria só do
indivíduo e não de tudo o que é circunstancial na vida: o salário, a classe social, a cultura em que se vive, a
família, o apoio que a pessoa tem. É curioso que tudo isso seja apenas 10%. Geralmente essa ideia de que a
felicidade depende apenas de você é perfeita para vender mais um produto de consumo. Porque um guru
não pode oferecer uma nova família, um emprego melhor, mais dinheiro, melhores relações sociais ou
melhores circunstâncias na vida. Então ele vai querer vender conselhos que dependem inteiramente de
você. Embora esta promessa seja bastante atraente, a mensagem é perversa porque faz com que a pessoa se
sinta culpada quando não consegue ser plenamente feliz — o que na maioria dos casos é o resultado. Ela se
sente culpada porque foi dito a ela que sua felicidade era algo que dependia exclusivamente dela. Ficamos
sem alternativa porque somos os únicos responsáveis. Isso gera um sentimento de frustração, de culpa pelo
fracasso. Mas a princípio atrai, porque parece um discurso fortalecedor, de incentivo. Mas eliminar o papel
das circunstâncias e dos fatores sobre os quais não temos controle não é nem realista nem útil em última
análise, funciona contra essas pessoas quando elas tentam se sentir melhor.
Você vê semelhanças com promessas que são feitas em nome de Deus em certas igrejas?
BBC - Nessa busca por tentar ser feliz, existe também um grande medo da dor ou da tristeza.
Não é por isso, talvez, que sejamos obcecados por felicidade?
Cabanas - Sim. E toda vez que se tenta enfatizar que a felicidade é a coisa mais importante da
vida. Ou mesmo que é a única coisa importante na vida, como se fosse nossa única meta e como se
tivéssemos clareza sobre o que é a felicidade.
Como lidar biblicamente com medo da dor e da tristeza?
A tristeza não é agradável, mas esse fato não significa que não seja uma reação normal sob
certas circunstâncias ou que não seja uma reação saudável. Como não ficar triste quando se sofre uma
perda? As perdas, grandes ou pequenas, estão associadas a uma certa tristeza e isso é normal e
saudável.
A tristeza pode ser saudável? O que a Bíblia diz?
O que não é saudável é sentir-se mal também por se estar triste, porque somos punidos
duplamente: por um lado, somos punidos por nossa própria emoção e pelo sofrimento que ela acarreta.
Pelo outro, está a ideia — típica dessa mensagem positiva de felicidade ligada a uma responsabilidade
pessoal — que nos faz sofrer por nos sentirmos culpados.
BBC - E nesse processo o bem comum e um projeto de sociedade estão ficando um pouco de
lado?
Cabanas - Eu acho que sim. E é curioso porque a ideia de bem-estar, o estado de bem-estar,
sempre foi uma ideia de estado de bem-estar social, político, econômico. A ideia de bem-estar sempre
esteve associada a essa sociedade, a esses valores que garantiram certas bases de justiça, equidade e
dignidade humanas. Mas hoje, quando se trata de bem-estar, trata-se de bem-estar pessoal, como se
fosse possível ficar bem quando tudo ao redor está desmoronando. A pessoa pode se preocupar
consigo mesma o quanto ela quiser, mas não é possível ser feliz o tempo todo e não é possível estar
bem se as coisas vão muito mal ao seu redor, porque somos seres sociais. Quer a gente queira ou não,
dependemos uns dos outros. Nossa alegria depende da alegria ao nosso redor. Se não houver bem-estar
social, não há bem-estar individual. Mas todo esse discurso da felicidade está substituindo a ideia de
alegria (que é momentânea) compartilhada e de bem-estar social pela de felicidade individual. E isso é
um erro.
Leiamos Jeremias 29.7; Mateus 26.36-40 e vamos interagir com esta última pergunta.
Todavia, lembremos que o Evangelho não tem um “fim social”, e sim espiritual e eterno, mas
que a Palavra de Deus vivida por Seus filhos deve nos levar ao equilíbrio dos dois maiores
mandamentos, e, assim, o próximo e suas necessidades, inclusive materiais não podem ficar de
fora do nosso foco de atenção (Mt 25.31-46). Todavia, não vivemos para o próximo como
forma de nos justificar ou santificar, como quer o catolicismo, espiritismo e o “Evangelho
Social”.