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ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


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ACONSELHAMENTO BÍBLICO
Tema: Entendendo o coração

“— Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Porque cada árvore
é conhecida pelos frutos que produz. Porque não se colhem figos de ervas daninhas, nem se
apanham uvas dos espinheiros. A pessoa boa tira o bem do bom tesouro do coração, e a
pessoa má tira o mal do mau tesouro; porque a boca fala do que está cheio o coração.”
(Lucas 6.43–45, NAA)

“De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida.”
(Provérbios 4.23, NAA)
INTRODUÇÃO
O contexto imediato da passagem acima é a denúncia que Jesus faz dos falsos mestres. Eles não
podem ensinar o caminho correto, porque não o conhecem, não andam nele e sequer foram transformados e
não receberam uma nova natureza e a habitação do Espírito Santo de Deus. Todavia, os falsos mestres têm um
coração mau não porque fazem obras más, e sim ao contrário: eles fazem obras más por causa de um coração não
regenerado. Os frutos acompanham o coração. O que observamos aqui é um princípio ensinado em toda a
Escritura, desde Gn 3, com a morte espiritual do ser humano. O princípio de obras más advindas de um coração
mau está presente em cada ser humano desde o seu nascimento, até que seja alcançado pela graça salvadora de
Deus e pelo lavar regenerador do Espírito Santo, Como diz Tito 3.3–6: “Pois nós também, no passado, éramos
insensatos, desobedientes, desgarrados, escravos de todo tipo de paixões e prazeres, vivendo em maldade e
inveja, sendo odiados e odiando-nos uns aos outros. Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso
Salvador, e o seu amor por todos, ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a
sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou
sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador”.
TUDO COMEÇA NA EVANGELIZAÇÃO
Apesar do estudo não tratar sobre evangelização, abaixo vamos abordar a essência bíblica dela, a fim
de entender corretamente como o coração humano funciona, como ele muda e o que deve acontecer depois
disso. Pessoas mal evangelizadas podem ter problemas sérios pelo resto de suas vidas, seja por não
compreenderem corretamente o processo seguinte da conversão, que é a santificação (Paulo teve que corrigir
o rumo da fé dos gálatas, que tentaram se santificar por mesmos, doutrinando-os corretamente); seja por não
terem sido salvas e acreditarem que estão. Importante dizer que a conversão deve ser seguida de um lento e
contínuo processo de santificação e as duas situações ocorrem no coração humano pela graça de Deus.
A primeira verdade bíblica a ser dita é que a realidade espiritual do homem natural não é bonita.
Quando vamos evangelizar muitas vezes falamos o quanto a pessoa é especial, que Deus a ama, mas o
Evangelho, na verdade, apresenta outra situação: um ser humano mau, pecador, perdido que precisa de
misericórdia e perdão – e não reconhecimento do quão especial possa ser: “pois todos pecaram e carecem da
glória de Deus” (Romanos 3.23, NAA). Além disso, é evidente que as pessoas têm extrema necessidade de
Deus, todavia, “Como está escrito: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque
a Deus. Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer.” (Romanos 3.10–12, NAA). Não estamos diante de uma humanidade boa que deseja buscar a Deus,
mas de uma humanidade necessitada de misericórdia e perdão, corrompida e extremamente afastada do Senhor.
As pessoas não são salvas por reconhecimento de mérito e sim porque precisam, pois são pecadoras. O amor
de Deus (João 3.16) é demostrado no perdão por meio da Obra de Cristo. O que motivou a obra da Cruz foi a
necessidade que o ser humano tem de salvação. Os batistas da CBB (Convenção Batista Brasileira) possuem o
seguinte entendimento sobre evangelismo, registrado no documento chamado “Princípios Batistas” adotado
por todas as igrejas da Convenção. O Item 4 trata acerca da “Nossa Tarefa Contínua”, e no ponto
“Evangelismo”, diz:
O evangelismo é a proclamação do juízo divino sobre o pecado, e das boas novas da graça divina em
Jesus Cristo. É a resposta dos cristãos às pessoas na incidência do pecado, é a ordem de Cristo aos
seus seguidores, a fim de que sejam suas testemunhas frente a todos os homens. O evangelismo
declara que o evangelho, e unicamente o evangelho, é o poder de Deus para a salvação. A obra de
evangelismo é básica na missão da igreja e no mister de cada cristão. O evangelismo, assim
concebido, exige um fundamento teológico firme e uma ênfase perene nas doutrinas básicas da
salvação. O evangelismo neotestamentário é a salvação por meio do evangelho e pelo poder do
Espírito. Visa à salvação do homem todo; confronta os perdidos com o preço do discipulado e as
exigências da soberania de Cristo; exalta a graça divina, a fé voluntária e a realidade da experiência
de conversão. Convites feitos a pessoas não salvas nunca devem desvalorizar essa realidade
imperativa. O uso de truques de psicologia das massas, os substitutivos da convicção e todos os
esquemas vaidosos são pecados contra Deus e contra o indivíduo. O amor cristão, o destino dos
pecadores e a força do pecado constituem uma urgência obrigatória. A norma de evangelismo exigida
pelos tempos críticos dos nossos dias é o evangelismo pessoal e coletivo, o uso de métodos sãos e
dignos, o testemunho de piedade pessoal e dum espírito semelhante ao de Cristo, a intercessão pela
misericórdia e pelo poder de Deus, e a dependência completa do Espírito Santo. O evangelismo, que
é básico no ministério da igreja e na vocação do crente, é a proclamação do juízo e da graça de Deus
em Jesus Cristo e a chamada para aceitá-lo como Salvador e segui-lo como Senhor.
Evangelizar não é somente falar do amor de Deus, EMBORA NÃO SE ESTEJA DIZENDO QUE
É ERRADO FALAR DO AMOR DE DEUS!!! Mas evangelizar é compartilhar a verdade da Bíblia sobre a
condenação e em seguida as boas novas de salvação (sem o entendimento da perdição eterna (más notícias),
não há anúncio do Evangelho (boas notícias)), ou seja: evangelizar é proclamar boas notícias a alguém culpado
e pecador. Não está sendo dito aqui que nós não devemos amar as pessoas ao evangelizar (isso é necessário),
mas sim a real situação espiritual do ser humano. Quando estamos evangelizando, devemos começar
demonstrando compaixão frente aos problemas da pessoa, orar por ela e suas emoções e até ajudar
materialmente, se for o caso, não precisamos necessariamente falar logo do juízo e da salvação, devemos
demonstrar os frutos disso com nossa vida, amor, serviço e testemunho. Mas, em algum momento, vamos
compartilhar a mensagem da cruz, boas novas diante da nossa condenação, senão não é evangelização.
AS DINÂMICAS DO CORAÇÃO
Voltando à passagem de Lucas 6.43-45, resta claro que antes do novo nascimento o coração humano
é mau. Nossa esperança é sempre Cristo, tanto para conversão quanto para a santificação. A conversão é uma
obra imediata operada pelo Espírito Santo, a santificação é um processo lento na minha vida. E o que me
santifica depois da conversão? O Evangelho. Eu não me santifico, somente Cristo me santifica, “...Deus é quem
efetua em vocês tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2.13, NAA). No
versículo acima Paulo usa a expressão “desenvolver a salvação”, isto é a santificação. Assim, existe uma
responsabilidade humana que conseguimos cumprir por causa da obra do novo nascimento e uma operação de
Deus pelos meios de graça para o desenvolvimento da nossa salvação (a santificação).
O alvo da santificação é a centralidade de Cristo em nosso coração. Assim, todas a mudanças que
precisamos e todas as necessidades que se apresentam, demandam ser trabalhadas no coração à luz do
Evangelho de Cristo, sempre e de novo, pelo resto da vida, até sermos libertos da presença do pecado. Não
somos mais escravos do pecado, mas ainda somos tentados por ele. E as tentações que enfrentamos, como
medo irracional, angústia, raiva, preguiça, idolatria, lascívia, inveja, mentira, engano, tudo isso tem origem nos
resíduos do pecado que permanecem em nós. Depois da conversão nos é acrescentada uma nova natureza, cuja
identidade está em Cristo. Mas quanto à velha natureza, em que pese tenhamos sido libertos do poder dela e
tenhamos sido declarados justos, e, portanto, libertos da condenação dela (isso é justificação), ainda não
estamos livres da sua presença e efeitos, “...cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e
seduz.” (Tiago 1.14, NAA). Louvado seja Deus que Cristo venceu os meus pecados e assim pode nos santificar.
Infelizmente, nem sempre lidamos com as tentações ou pecados através do Evangelho e a Bíblia
revela que ainda podemos cair em pecado dentro do nosso coração, mesmo em silêncio, e isso gera problemas
na caminhada, lembrando que pecados podem ser atos ou pensamentos (Ef 2.3). 1João 1.10, diz: “Se dissermos
que não cometemos pecado, fazemos dele um mentiroso, e a sua palavra não está em nós”. Aprendemos no
mundo, por causa da incredulidade, que em cada situação da vida devemos abraçar o pecado para encontrar
apoio, seja confiando em nós mesmos, em outra pessoa ou coisa, mesmo quando há aparência religiosa, mas
negando o poder (2Tm 3.5) – e o mundo continua a nos influenciar, quando não o rejeitamos. Na igreja,
aprendemos pela Bíblia que devemos confiar cada vez mais na obra já consumada, perfeita e suficiente de
Cristo em nosso favor (inclusive para lidar com nossas emoções, por exemplo, sem desconsiderar as questões
orgânicas). O papel do Aconselhamento Bíblico é nos ajudar a lidar com a dinâmica do nosso coração, ilustrada
no gráfico da capa desta aula, buscando Cristo e Suas provisões. Que o Senhor nos ajude, amém!

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