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O EVANGELHO
As temporadas de férias sempre chegam acompanhadas de notícias de pessoas que sofreram
afogamento. Os motivos podem variar, mas, via de regra, dois fatores favoreceram a tragédia:
não havia guarda-vidas por perto e/ou a vítima desconsiderou os alertas de perigo. A falta de
responsabilidade pode levar (e muitas vezes leva) ao desastre.
A CENTRALIDADE DO EVANGELHO
Há muitas maneiras pelas quais podemos conhecer alguém. Revelamos muito acerca de nós
mesmos através das pessoas com quem andamos, a maneira como gastamos o nosso tempo e
dinheiro, bem como pelas coisas que demonstramos apreço ou indiferença. No entanto, a
reação diante da cruz de Cristo é o teste definitivo. O mundo está dividido em dois grupos de
pessoas. O apóstolo Paulo disse: “Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se
perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus” (1 Co 1.18). Existem os que veem a
cruz de Cristo como uma loucura e há os que se regozijam na mensagem da cruz.
“O evangelho é o tesouro da igreja”, disse Martinho Lutero. Ah, como seria bom se todos
entendessem a mensagem da cruz! Não existe nada mais precioso e sublime do que o
evangelho “das insondáveis riquezas de Cristo”. A igreja é a comunidade dos remidos, o fruto
visível do evangelho da salvação. É missão da igreja proteger o evangelho (da corrupção e
detração) e promovê-lo, tornando-o conhecido pela pregação e pelo testemunho.
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Quando o missionário inglês Henry Martin passou pelo Brasil, no início do século 19, ele
observou que havia muitas cruzes, mas os brasileiros não conheciam a mensagem da cruz. Ainda
hoje, passados mais de duzentos anos, essa continua sendo uma triste realidade, inclusive nas
igrejas evangélicas.
O evangelho é uma mensagem que envolve Deus, o homem, Cristo e uma resposta do homem.
Deus é o santo e soberano criador. O homem pecou contra Deus e está espiritualmente morto
por causa dessa separação. Cristo foi enviado como o mediador para promover a reconciliação
através de sua morte e ressurreição. A pregação do evangelho é um chamado para que o
homem se arrependa e confie em Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador.
Vide os textos: 1 Pe 3.18; Rm 3.23; 1 Tm 1.15; Cl 1.22; Jo 3.6-8
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O EVANGELHO PURO E SIMPLES
O evangelho é boa notícia acerca do que Deus fez para salvar pecadores através da morte
sacrificial e ressurreição de Cristo. De uma maneira perfeita e suficiente, eficaz e gratuita, Cristo
pagou pelos nossos pecados e garantiu a nossa eterna salvação. A carta de Paulo aos Romanos
apresenta a mensagem do evangelho nos seguintes termos: 1) o ser humano é responsável
diante de Deus (1.18-25); 2) o problema do homem é que ele se rebelou contra o Deus criador
(2.1-2;3.9-20); 3) a solução de Deus para o pecado da humanidade consiste na morte sacrificial
e na ressurreição de Jesus Cristo (3.21-26); 4) a resposta ao evangelho consiste em
arrependimento dos pecados e fé na obra de Cristo (3.22; 4.18-25).
“Uma vez que todos os seres humanos, aos olhos de Deus, são pecadores
perdidos, sustentamos ser Cristo a nossa única justiça, visto que, por sua
obediência, ele pagou nossas transgressões; por seu sacrifício, aplacou a
ira divina; por seu sangue, lavou nossos pecados; por sua cruz, tomou
sobre si nossa maldição; e, por sua morte, fez expiação por nós.
Asseveramos que, desse modo, o homem é reconciliado em Cristo com
Deus Pai, não por mérito próprio, não pelo valor de suas obras, mas por
misericórdia gratuita”.
João Calvino, in: Carta ao Cardeal Sadoleto.
Estrasburgo, Primeiro de setembro de 1539
O evangelho é tanto o meio pelo qual nos tornamos cristãos como o poder que nos capacita a
crescer como cristãos. Nos cinco primeiros capítulos da carta aos Romanos, Paulo fala do que
Deus fez em Cristo para nos salvar. Por sua livre e soberana graça, sem mérito algum da nossa
parte, fomos salvos. A partir do capítulo seis, Paulo se antecipa a uma possível indagação e
levanta algumas hipotéticas questões de natureza prática. Se a salvação é somente pela graça,
podemos viver de qualquer maneira? Se as obras não salvam por quê viver uma vida correta?
A resposta é muito clara e contundente.
Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais
abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que
para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados
em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?
Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo
foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós
em novidade de vida. Romanos 6.1-4
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O cristão é alguém que morreu para o pecado (verso 2) e foi unido a Cristo na morte,
simbolizada pelo batismo. Agora, é seu dever viver em “novidade de vida” (versos 3-4). A velha
natureza humana foi crucificada com Cristo e não tem mais poder sobre os salvos (verso 6).
Liberto do pecado (verso 7) e trazido da morte para vida (verso 13), o cristão deve considerar a
si mesmo morto para o pecado e vivo para Deus (verso 11). A Bíblia chama esse processo de
santificação. Os que foram justificados estão sendo santificados e serão glorificados. Essa
linguagem, bíblica e teológica, aponta para a obra completa do evangelho da graça. O cristão
é alguém que foi salvo pela graça para as boas obras (Ef. 2.8-10).
O evangelho não é uma tese, nem uma filosofia religiosa. O evangelho é apresentado como “o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). O Espírito Santo é o agente
da santificação por meio da Palavra. O cristão santificado apresenta o evangelho por meio do
que fala (proclamação), através da maneira como vive (testemunho) e pelo que faz (serviço).
Uma vida dirigida pelo evangelho, está habilitada a cumprir a palavra de Cristo: “Assim brilhe
também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a
vosso Pai que está nos céus”. Mt 5.16
O evangelho liberta indivíduos e os integra ao corpo de Cristo que é a igreja. Essa comunidade
de homens e mulheres salvos deve ser o evangelho visível aos olhos do mundo. Décadas atrás,
Francis Schaeffer fez uma afirmação cirúrgica que se aplica ainda hoje. “Nossas igrejas muitas
vezes têm sido apenas pontos de pregação, com pouca ênfase na comunidade, mas a
manifestação do amor de Deus na prática é bela e deve estar presente”. Deve-se considerar o
fato de que “a beleza das relações humanas, é a primeira coisa que as pessoas de fora
provavelmente observarão ao entrarem em uma igreja. A verdadeira beleza faz com que as
pessoas parem e observem” (Ray Ortlund). Uma igreja centrada no evangelho impacta as
pessoas pela maneira como seus membros vivem em comunidade.
A igreja deve ser uma mãe que acolhe e uma escola que instrui. O trabalho catequético é uma
bênção. Todo cristão precisa crescer no conhecimento de Cristo por meio da leitura, pregação
e ensino da Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, quando a igreja é dirigida pelo evangelho ela
é mais que uma escola. A igreja torna-se um lugar de acolhimento. A igreja é uma comunidade
de amor, grande e carinhoso como um coração de uma mãe.
Romanos 12 contem uma série de recomendações práticas aos cristãos.
Jesus disse que a boca fala do que o coração está cheio (Mt. 12.34). Uma igreja saudável
transborda o evangelho e esse derramamento da graça se evidencia através de seus membros
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falando do amor de Cristo. A boa notícia que encheu o coração do cristão de alegria deve ser
compartilhada com outros para que também experimentem a verdadeira alegria.
Os membros das igrejas passam a maior parte do seu tempo com pessoas não cristãs, quer seja
no trabalho, na escola/faculdade, na vizinhança ou mesmo em casa. Essas oportunidades são
preciosíssimas e devem ser intencionalmente aproveitadas para levar a boa notícia, falar do
evangelho da salvação. Um historiador esclarece de modo impactante como a igreja cresceu
nos primeiros séculos, em um contexto de tantas provações.
Uma palavra de encorajamento a você. De forma bem prática, enumere algumas pessoas que
você conhece e com as quais você convive com regularidade. Ore por elas diariamente.
Convide-as para ir a sua casa, quem sabe tomar um café ou jantar. Invista tempo em conhecê-
las. Ajuste a sua agenda e priorize ganhar seus amigos para Cristo ou mesmo fazer novos amigos
a fim de levá-los a ter a doce alegria de conhecer a Jesus, o Salvador. Seja como André, o
discípulo que conduziu outras pessoas a Jesus.
Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho
de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem
disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus João 1.40-42ª