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RESUMO - ONESHOT 30/12

Após o achado de um inquisidor da Ordem Cristã no coração da Europa, o mundo


nunca mais foi o mesmo. Anuk Schleger encontrou um basilisco denominado Verhu no ano
de 1505, anotando as profecias sussurradas dessa criatura. Esses textos perdidos vieram a
ser conhecidos como Escrituras Sem Nome. Duzentos anos depois, um obscuro ramo
ortodoxo cristão denominado 'Ordem da Dupla Anunciação' desvendou a tumba de
Schleger e, ao fazê-lo, revelou as Escrituras durante a construção de uma nova catedral na
Espanha. Desde então, todos os eventos descritos nelas vieram a ocorrer. As profecias são
absolutamente e factualmente verdade, e desmontam todas as outras escrituras sagradas
que já existiram.
Não demorou muito tempo para que o caos passasse a se instaurar ao redor da
catedral, se espalhando, então, para o resto da Espanha e, finalmente, por todo o
continente europeu. A miséria, a fome, a dor e a morte atingiram até mesmo a mais podre
burguesia. Não obstante, a realidade decaiu. A verdade transformou-se em sonhos e
pesadelos se tornaram verdade. Rachaduras cresceram na outrora estável estrutura
ocidental, permitindo com que coisas disformes e vis rastejassem, emergindo na luz pálida
do dia. O velho continente se fechou, limitado em si mesmo pelo imenso colapso das
estruturas sociais. Em um movimento desesperado, as famílias reais europeias e parte dos
burgueses se deslocaram em grande número para outros continentes, especificamente em
direção às inúmeras colônias espalhadas pelo mundo “pertencentes” às coroas ocidentais.
Da mesma forma, Filipe III, conhecido como o 'Piedoso', monarca de Espanha e
Portugal, refugiou-se com sua família na colônia americana mais próxima da Península
Ibérica: o Estado do Grão-Pará e Maranhão. Por volta de 1750, a família real, junto com a
burguesia portuguesa, chega ao novo mundo. As atrocidades cometidas à distância em
terras americanas agora se intensificam com a chegada da realeza. O número de escravos
aumenta exponencialmente, a miséria se alastra de forma nunca antes vista, a burguesia se
isola e tenta cada vez mais construir um forte impenetrável à sua volta, enquanto toma a
terra de nativos e aniquila ribeirinhos para o seu bem estar. A coroa portuguesa passa a
reconstruir seu reinado em um jovem e ainda inexplorado continente.
Entretanto, após breves anos, o mesmo processo que se instaurou na Europa
começou a se repetir no resto do mundo. A diáspora europeia aparentemente levou consigo
o apocalipse para os quatro cantos do planeta, transformando o céu em um eterno cinza
agonizante, tornando todos os habitantes da terra incapazes de enxergar o sol por anos
ininterruptos. O trecho mais famoso da escritura, então, se esclarece. “Os ventos que
arejam os velhos solos viajarão com notícias e apresentarão ao inferno os prazeres vis que
o aguarda na terra. Aquele que com o chicote bate flagela o mundo inteiro, inclusive a si
mesmo, com o incontornável fim”. Mesmo para os loucos, a resposta é una e clara: as
atrocidades cometidas pelos europeus foram tantas que acordaram as mais perversas e
profundas criaturas do inferno, assim como entidades esquecidas e o lado mais animalesco
de uma sociedade que um dia pareceu funcional – pelo menos para alguns.

● Este oneshot se passará em Santa Maria de Belém do Grão-Pará, em 1772;

● Seu personagem pode ser originário de qualquer lugar do mundo, mas as principais
nacionalidades/etnias presentes nesse cenário são: indígena; negro; português;
espanhol; holandês.

Em 1772, o velho continente europeu já foi esquecido há anos. Não existem registros de
retorno daqueles que ousam revisitar a ‘Terra das Desgraças’. Há quem acredite que o
basilisco vaga pelos destroços do que um dia foram civilizações, enrolando-se nas pilastras
que sustentavam a administração ocidental. Os contos dos imigrantes dizem que o solo e o
próprio ar é letal.

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