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6º ENCONTRO

A. Planejamento das atividades de


leitura do texto

Professor(a),

Como bem sabemos, a leitura é um processo de interação entre o leitor e o


texto. É, portanto, um processo que deve ser construído. Mas essa construção
deve ser feita pelo aluno. Para isso, você deve se colocar como um guia, um
mediador e não como um detentor do saber.

Nesse ENCONTRO iniciaremos nossas atividades com um planejamento da


leitura “O dia em que o Arco-Íris estancou a Chuva”.

Na semana anterior à aula, peça aos alunos para fazerem arco-íris com os
mais diversos materiais, ou mesmo pintar alguns deles. Enfeite toda a sala com
os arco-íris. Reveja com os alunos a sequência de cores, antes da produção. O
arco-íris é composto por 7 cores, que são apresentadas nesta ordem: vermelho,
laranja, amarelo, verde, azul, anil (ou índigo) e violeta.

Antes de pedir que os alunos façam a primeira leitura, coloque apenas o


título no quadro e comece a averiguar o que eles já sabem sobre o assunto.

Todos já observaram arco-íris no céu?


Quando aparecem os arco-íris?
O que vocês fazem quando vêm arco-íris?

Nesse momento, você pode fazer antecipações com os alunos.

Será que o autor vai descrever um arco-íris?


Será que ele vai contar algum episódio entre o arco-íris e a chuva?

Agora, mostre o texto aos alunos e procure articular essas informações com
outras, como:

Quem escreveu esse texto?


Este texto está escrito em prosa ou em verso?

Essa é a hora da primeira leitura do texto, que pode ser silenciosa. Leitura
feita, vamos levar os alunos a buscar o sentido das palavras que constam do
Glossário. Caso haja muitas dúvidas ou divergências entre eles, convide-os a
consultar o dicionário.

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Ao término dessa atividade, peça aos alunos que falem sobre as impressões
do que leram (livremente) para que você tenha uma ideia do perfil de cada
aluno/leitor. Em seguida, você pode fazer um exercício de compreensão do
texto, uma exploração topográfica, isto é, um exame parágrafo a parágrafo,
linha a linha, de tudo o que compõe visualmente o texto, com as seguintes
perguntas:

Quem era Ifá?


Como era chamado o filho feio de Nanã?
Qual era o nome do filho bonito de Nanã?
Como Oxumaré costuma aparecer?
Quais seriam as cores da roupa de Oxumaré quando ele aparece no céu?

Depois dessa primeira leitura, você pode ler o texto em voz alta, ou fazer uma
leitura compartilhada e, em seguida, pode levá-los a fazer algumas inferências,
ou seja, a construir novos sentidos para o texto. É o plano da interpretação do
texto, em que se usam estratégias que caracterizam o comportamento reflexivo,
de nível consciente do leitor.

Por que Oxumaré era tão invejado?


Que outro título vocês dariam ao texto?
Qual a relação de Oxumaré com a chuva?

Você pode aproveitar a leitura para relacionar o texto à época atual.

O que vocês sentem quando veem um arco-íris no céu?


Vocês preferem dias de sol ou de chuva?
Se o arco-íris tem relação com a chuva, o que teria relação com o Sol?

Outras estratégias de leitura podem ser adotadas. Estas representam apenas


algumas sugestões. Passemos, então, às atividades complementares que
deverão ser realizadas após a leitura do texto.

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O dia em que o Arco-Íris


estancou a Chuva
Quando havia escravidão em nosso
país, milhares de africanos que pertenciam
aos povos iorubás foram caçados e trazidos
ao Brasil para serem escravos. Assim como
outros africanos aqui escravizados, os iorubás,
que também são chamados nagôs, trouxeram
seus costumes, suas tradições, seus deuses,
os orixás. E, até hoje, muitas dessas tradições
dos antigos nagôs estão vivas, tanto no Brasil
como na própria África. Fazem parte delas as
histórias de Ifá.
Ifá, o adivinho, aquele que conhece
todas as histórias já acontecidas e as que vão
acontecer, conta que na antiga África negra,
em tempos imemoriais, vivia a mais velha das
mulheres, a mais antiga de todas.
[...]
Apesar de velha, era mulher bela e
formosa, era uma deusa, e Nanã era seu
nome. Teve dois filhos, um muito bonito, o
outro feio. O filho feio é conhecido pelo nome
de Omulu, o outro, o belo, nós o chamamos de
Oxumaré.
O príncipe Oxumaré usava roupas
vistosas tingidas de todas as cores, que
realçavam ainda mais sua beleza e o faziam
invejado por todos.
[...]
Contam muitas histórias sobre Oxumaré e dizem que ele costuma aparecer
ora na forma de uma cobra, ora como o próprio arco-íris enfeitando o céu. Pois bem,
dizem que houve um tempo em que a terra foi quase destruída pela chuva. Chovia o
tempo todo, o solo ficou todo encharcado, os rios pularam fora de seus leitos, de tanta
água. As plantas e os animais morriam afogados, a umidade e o mofo se alastravam
por todos os lugares, a doença e a morte prosperavam. A chuva é benfazeja, mas não
pode durar para sempre, sabia muito bem Oxumaré.

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Então, o jovem filho de Nanã, que nunca tinha tido simpatia pela Chuva,
apontou seu punhal de bronze para o alto e com ele fez um grande corte em arco no
céu, ferindo a Chuva e interrompendo sua ação. A Chuva parou de cair e alagar tudo
aqui embaixo, e o sol pôde brilhar de novo, refazendo a vida. Desde então, quando
chove em demasia, Oxumaré risca o céu com seu punhal de bronze para estancar as
águas que caem das alturas.
Quando isso acontece, todos podem ver o belo príncipe no céu vestido com
suas roupas multicoloridas. Todos podem vê-lo na forma do arco-íris. Na língua
de Oxumaré, aliás, seu nome quer dizer isso: o Arco-Íris.
[...]

PRANDI, Reginaldo. O dia em que o Arco-Íris espantou a Chuva. In: Oxumaré, o Arco-Íris. São Paulo: Companhia das
Letrinhas, 2007. p.9-10. Fragmento.

Glossário
Para ajudá-lo a compreender o texto, procure inferir o sentido das
palavras abaixo:

iorubás (l. 3): povo africano do Sudoeste da República Federal da Nigéria,


trazido em grandes levas para o Brasil, onde recebeu a denominação de nagô.

tradições (l. 7): costumes transmitidos de geração a geração ou aquilo que se


faz por hábito.

adivinho (l. 12): que ou quem supostamente tem faculdades divinatórias,


desvendando o que está oculto ou predizendo o futuro.

imemoriais (l. 15): que recua a uma época de que não se tem memória por
causa de sua imensa antiguidade.

B. Planejamento das atividades


complementares

1 Desenvolvendo habilidades de leitura

1. Como se chamava o filho mais formoso de Nanã?


A) Ifá.
B) Oxalá.
C) Omulu.
D) Oxumaré.
D1 – Localizar informações explícitas em um texto.

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2. Com base nesse texto, pode-se afirmar que Oxumaré, pelos seus feitos,
era
A) arrogante.
B) egoísta.
C) criativo.
D) poderoso.
D4 – Inferir uma informação implícita em um texto.

3. Nesse texto, Ifá era chamado de adivinho porque


A) ajudou a criar a humanidade.
B) conhecia as histórias que iam acontecer.
C) foi caçado na África e trazido para o Brasil.
D) vivia na antiga África negra.
D8 – Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do
texto.

4. No trecho "... dizem que ele costuma aparecer ora na forma de uma cobra,
ora como o próprio arco-íris enfeitando o céu." (l. 27-28), as palavras
destacadas exprimem ideia de
A) adição.
B) alternância.
C) explicação.
D) oposição.
D12 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por
conjunções, advérbios etc.

5. No trecho "... ferindo a Chuva e interrompendo sua ação." (l. 36), a palavra
destacada sugere que Oxumaré
A) alcançou a chuva.
B) encontrou a chuva.
C) espalhou a chuva.
D) golpeou a chuva.
D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

2 Compreendendo o texto

6. Quem era Ifá?


O adivinho.

7. Como era chamado o filho feio de Nanã?


Omulu.

8. Qual era o nome do filho bonito de Nanã?


Oxumaré.

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9. Como Oxumaré costuma aparecer?
Costuma aparecer ora na forma de uma cobra, ora como o próprio arco-íris.

3 Interpretando o texto

10. Por que Oxumaré era tão invejado?


Porque usava roupas vistosas tingidas de todas as cores, que realçavam
ainda mais sua beleza.

11. Qual a relação de Oxumaré com o arco-íris?


O colorido das roupas e a beleza.

4 Pensando sobre o texto

12. Quantas cores tem o arco-íris? Cite-as.


O arco-íris tem sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil (ou
índigo) e violeta.

13. O que é preciso para aparecer um arco-íris?


Gotículas de água no ar.

14. Por que a função do Ifá era importante?


Porque conhecendo as histórias antigas e as que ainda iam acontecer, ele
preservava a tradição de seu povo contando essas histórias.

5 Explorando a gramática no texto

Tempos verbais (presente, pretérito e futuro)

Uma ação pode ocorrer no passado, no presente ou no futuro. Os tempos


verbais indicam o momento em que ocorre essa ação.

Ação no passado (pretérito): ocorreu antes do momento da fala.


Ação no presente: ocorre no momento da fala.
Ação no futuro: ocorrerá depois do momento da fala.

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15. O narrador traz ao leitor memórias do tempo da escravidão. Qual é o


tempo verbal predominante nessa narrativa?

Tempo passado.

Observe esse trecho.

“O príncipe Oxumaré usava roupas vistosas tingidas de todas as cores, que


realçavam ainda mais sua beleza e o faziam invejado por todos.” (l. 23-26)

16. Reescreva o trecho acima, passando todos os verbos para o tempo


presente.
O príncipe Oxumaré usa roupas vistosas tingidas de todas as cores, que
realçam ainda mais sua beleza e o fazem invejado por todos.

17. Reescreva novamente o trecho, passando todos os verbos para o tempo


futuro.

O príncipe Oxumaré usará roupas vistosas tingidas de todas as cores, que


realçarão ainda mais sua beleza e o farão invejado por todos.

Desenvolvendo a escrita
6 Atividade para casa

www.pexels.com

Descreva um passeio que fez a um local com cachoeira. De repente, você


olhou para o céu e viu um lindo arco-íris. Descreva o seu passeio e conte que
sensação teve ao ver o arco-íris.

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7 Conhecendo o gênero textual

Conto
O conto é uma narrativa curta. Corresponde a um momento da vida
do personagem, ou dos personagens. O conto cria um universo de seres
e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de
ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e
enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena
extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma
estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax.
Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não
acontece com o conto. O conto é conciso.

8 Conhecendo o autor

Reginaldo Prandi
Nasceu em Potirendaba, São Paulo. Leciona sociologia na USP e é autor
de diversos livros sobre sociedade e cultura brasileira. Em 2001, recebeu do
Ministério da Cultura, CNPQ e SBPC o prêmio Érico Vannucci Mendes por sua
contribuição à preservação da cultura afro-brasileira; e, em 2003, da Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o prêmio Melhor Livro Reconto, por Ifá, o
Adivinho.

Sugestões de leitura
1. Oxumaré, o Arco-Íris, 2. Contos africanos,
Reginaldo Prandi, Ernesto Rodríguez,

O C
Companhia das Abad, Editora Callis.
Letrinhas, 2007.

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