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29/01/2021 O futuro já aconteceu.

E o livre-arbítrio não existe | Super

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Ciência

O futuro já aconteceu. E o livre-arbítrio não


existe
Não é misticismo. É a última fronteira da ciência – e ela diz que o futuro, de certa forma, já está escrito. Entenda.
Por Alexandre Versignassi 8 Jan 2018 18h24

Existe um lugar mágico, onde o tempo não passa no mesmo ritmo pra todo mundo. Nenhum relógio marca a
mesma hora. E o futebol é um caos. Enquanto um torcedor vê o Messi deles partindo para a grande área com
a bola dominada, outro já viu o gol acontecer. Para alguns, o jogo ainda nem começou; para outros, já
aconteceu há 50 anos. Um nó.

Num mundo desses, o que ainda é futuro para você já estaria gravado na memória de outro. Seu lho pode
nem ter nascido, mas para o vizinho da direita ele já tem seis anos. Para o da esquerda, 20, e foi contratado
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pelo Barcelona.
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Se isso já aconteceu para outra pessoa, não tem mais como ser mudado. É o passado dela, que já está escrito.
Se o seu futuro zer parte desse passado alheio, não há o que fazer: esse futuro também está escrito.

Nesse mundo mágico, a liberdade de escolha, a sensação de livre-arbítrio, é absolutamente ilusória. As


pessoas têm tanto poder para determinar seu amanhã quanto uma pedra tem para escolher o dela.

Esse mundo, por sinal, foi desvendado em 1905 por um funcionário público alemão, e desde lá vem
inspirando algumas das teorias cientí cas mais radicais da história.

Ah, mais dois detalhes: o nome do tal descobridor é Albert Einstein. O do lugar mágico, em que o destino de
todos já está decido, nem precisa dizer: a gente vive nele.

Para explicar tal insanidade, a SUPER conversou com alguns dos maiores físicos da história recente: Roger
Penrose, Anton Zeilinger, Gerardus t’ Hoo , David Deutsche, Dieter Zeh. Vamos embarcar com eles neste
mundo incompreensível – o nosso mundo.

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O SONHO DE EINSTEIN

Você vive, sim, num mundo mágico. Só não temos esse problema com jogos de futebol e vizinhos que
moram no futuro porque as distorções do tempo na realidade que a gente enxerga são in nitesimais. Mas
todas as propriedades do mundo mágico lá estão aqui mesmo: no fundo, nenhum relógio marca a mesma
hora, ninguém vive o mesmo presente.

Ou, como disse Einstein numa carta de 1955: “A distinção entre passado, presente e futuro é só uma
ilusão, ainda que persistente”. Mas por que ilusão? Poucas coisas são mais concretas que a passagem do
tempo. A gente nasce sabendo que as horas passam no mesmo ritmo pra mim e pra você, que corremos
para o futuro juntos.

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Mas Einstein descobriu que não: no mundo de verdade a gente viaja pelo tempo toda hora. Seu próprio

corpo é uma máquina do tempo. Bem menos potente que o De Lorean de De Volta para o Futuro, mas é. 
Einstein explicou que o tempo não é uma coisa etérea, mas um lugar. Uma dimensão por onde a gente
caminha sem parar. Tipo: enquanto você está sentado, lendo este texto, os segundos continuam
passando, certo? Então é como se você cruzasse o tempo num trem invisível agora mesmo.

Einstein descobriu que a velocidade com que você se move pelo tempo pode ser medida em
quilômetros por hora – 1,08 bilhão de km/h

Até aí, nada demais. Agora é que vem a sacada: o alemão estipulou que esse trem anda a uma velocidade
que pode ser medida em quilômetros por hora: exatamente 1,08 bilhão de km/h, a velocidade da luz.

E viu algo mais perturbador ainda: tempo e espaço são basicamente a mesma coisa. O casamento dos
dois forma uma paisagem invisível: a do espaço-tempo. Então agora mesmo você pode dizer que está
correndo à velocidade da luz através desse espaço-tempo. Claro que todo o 1,08 bilhão de km/h está
sendo usado para mover só o tempo mesmo. Mas que você está a essa velocidade agora, está.

Mas tem um problema: para Einstein, nada pode atravessar o espaço-tempo mais rápido que a luz. Então
se você já corre a 1,08 bilhão de km/h na “metade tempo” dessa paisagem, não tem de onde tirar
velocidade para a “metade espaço”.

Mas espera aí. E se você levanta pra pegar um copo d`água? Vai precisar de uns 5 km/h na “metade
espaço” para andar até a cozinha, pelo menos. Essa velocidade tem de sair de algum lugar. Mas de onde?
Da única fonte disponível: os motores que empurram o tempo.

Então você tira 5 km/h de lá pra andar até a cozinha. E a velocidade com que você atravessa o espaço-
tempo ca redistribuída: 10 km/h vão para o espaço e 1,07999… bilhão de km/h para a do tempo. A
velocidade do tempo funciona que nem um banco. Ela empresta quilômetros por hora para tudo o que se
move. Mas essa agiotagem tem preço: faz seu relógio perder velocidade. O tempo começa a passar mais
devagar para você. E é aí que o mundo mágico de Einstein começa a dar as caras.

Olha um exemplo de verdade: sentado na poltrona, você atravessa o tempo a 1,08 bilhão de km/h, já que
seu trem está correndo a todo vapor, ok? Isso signi ca que 30 segundos vão passar em 30 segundos
mesmo, sem mistério. Mas aí você arruma um Porsche e resolve sentar o pé na estrada. Chega a 180
km/h, por exemplo. Para Einstein, isso quer dizer que você pegou 180 km/h emprestados lá do banco do
tempo.

Então seu relógio ca andando mais lento: um período que durava 30 segundos cravados quando você
estava imóvel vai ter passado em exatamente 29,99999999999952 segundos. Enquanto a Porsche acelera
você, ela freia o seu relógio. Mas só o seu. Do lado de fora do carro a velocidade do tempo continua igual.
E o resultado é insólito: depois de uma hora com o pé embaixo no carro você vai ter envelhecido
0,0000000576 milésimo de segundo a menos do que tudo o que está lá fora. Isso mesmo. Seu relógio
“biológico” também andou mais devagar. Tudo envelheceu um pouco mais rápido que você. As pessoas,
as pedras, o Sol, a galáxia de Andrômeda… Tudo. E em que “lugar” tudo é mais velho do que hoje? No
futuro. Depois de uma hora a 180 km/h, você viaja 0,0000000576 milésimo de segundo para o futuro.

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Depois de uma hora a 180 km/h, você viaja 0,0000000576 milésimo de segundo para o futuro.

Mas caramba. Tanta falação pra chegar nessa miséria? Pois é. O problema é que as velocidades que a
gente vive no dia-a-dia são pequenas demais. Não dá para perceber esse efeito minúsculo delas sobre a
passagem do tempo. Nem astronautas que já experimentaram velocidades de 40 000 km/h conseguiram
fazer um rombo marcante no relógio deles. O crédito de 1,08 bilhão de km/h é generoso.

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Mas quando a velocidade aumenta muito, o empréstimo começa a fazer diferença no caixa. Se esse
Porsche andasse a mais ou menos 1 bilhão de km/h, por exemplo, o seu “banco do tempo” entra à beira
da falência. Agora o mundo mágico aparece de vez.

Assim: imagine que alguém esteja num bar de beira de estrada. Chega um ladrão. São 12h15 e o bandido
está nervoso, com um revólver apontado para o rosto do cara, pronto pra atirar. Então você passa com o
Super Porsche pela rodovia, a 1 bilhão de km/h. Nesse momento, seu relógio também marca 12h15.
Então o que você enxerga pela janela quando passa em frente ao bar? O homem sendo ameaçado? Não.

Os 1 bilhão de km/h zeram o tempo passar mais devagar para você, lembra? Quando o seu relógio
marcar 12h15 já vão ser 12h30 lá fora! A velocidade maior fez o seu tempo dar uma bela freada. Só o seu,
note bem. O do resto do mundo continuou correndo no ritmo de sempre. Você foi ultrapassado pelo
tempo. Em outras palavras: viajou para o futuro.

Então o que você enxerga quando passa em frente ao bar? Um cadáver. Ou o bandido preso… Seja o que
for vai ver uma coisa que, para o homem que está com um revólver na fuça, ainda não foi decidida.

Esse é o paradoxo: você e o rapaz ameaçado estão vivendo o mesmo instante. Um momento que os dois
chamam de “agora”. Mesmo assim, o que para ele é futuro é uma coisa que já está gravada na sua
memória. Faz parte do seu passado.

E dá para ir mais longe. Einstein mostrou que distâncias muito grandes também acabam com a idéia de
que exista um “agora” igual para todo mundo.

Para alguém em outra galáxia, por exemplo, o momento em que você lê essas palavras pode ser
entendido agora mesmo como um passado distante. “A concepção dele sobre o que existe neste momento
no Universo pode incluir coisas que parecem completamente abertas para nós, como o vencedor das
eleições presidenciais dos EUA de 2100. Os candidatos ainda nem nasceram, mas na idéia dele sobre o

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que acontece exatamente agora já vai estar o primeiro presidente americano do século 22”, escreveu o

físico Brian Greene, da Universidade Columbia, nos EUA, em seu livro O Tecido do Cosmos. Parece 
estranho, mas para a ciência o ponto de vista de alguém num carro a 1 bilhão de km/h ou em outra
galáxia é tão válido quanto o seu. Se ele é teoricamente possível, não pode ser desprezado.

“A concepção de alguém em outra galáxia E aí vem o ponto crucial. Se dá para dizer que o nosso
sobre o que existe neste momento no resto futuro já aconteceu. Que poder a gente tem para
do Universo pode incluir o vencedor das escolher como vai ser o dia de amanhã? Onde vai
eleições presidenciais dos EUA de 2100.” parar nosso livre-arbítrio?
Brian Greene, da Universidade Columbia
“Desaparece. O universo de Einstein, o da Teoria da
Relatividade, não aceita a liberdade de escolha. O jeito como as nossas vidas se desdobram, do
nascimento até a morte, está mesmo escrito. As escolhas que ainda vamos fazer já estão impressas no
tecido da realidade. Tão impressas quanto as escolhas que a gente fez no passado” diz o lósofo
especializado em física Oliver Pooley, do Centro de Filoso a da Ciência da Universidade Oxford, na
Inglaterra.

Não podemos fazer nada pra mudar o destino. Ok. Mas se coisas como o rosto dos seus netos e o dia da
sua morte estão “impressas” na natureza desde sempre, seria exagero pensar que, algum dia, a ciência
poderia usar a matemática e a física para prever isso e tudo o mais?

“Não teria como. Mesmo que cada evento do futuro seja baseado numa fórmula matemática já
determinada, e é o que eu acredito, não daria para a gente saber quais fórmulas são essas antes que os
próprios eventos acontecessem”, disse à SUPER o físico Gerardus t’ Hoo , da Universidade de Utrecht e
vencedor do Nobel de física de 1999. “Nenhum computador teria como decifrar a natureza, já que nada
pode computar mais rápido que o Universo”, completa o holandês.

“Mesmo que cada evento do futuro seja Roger Penrose, da Universidade de Oxford e
baseado numa fórmula matemática já considerado o maior especialista em Relatividade do
determinada, e é o que eu acredito, não planeta, concorda: “Caso a realidade seja
daria para a gente saber quais fórmulas completamente determinada, como diz a teoria, ela
certamente não é computável”.
são essas antes que os próprios eventos
acontecessem” É isso aí: os horoscopistas podem tirar seus cavalos da
Gerardus t' Hooft, Nobel de física chuva. Pelo jeito, o futuro vai continuar no breu, por
mais que já esteja escrito em algum lugar.

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MUNDOS PARALELOS

Mas tudo é determinado, então? Não exatamente. Existe mais um mundo mágico, onde o tempo e o
espaço não fazem sentido. Um jogo de futebol por lá, aliás, seria ainda mais bizarro que o do mundo de
Einstein: quando o Messi de lá parte com a bola dominada, ele se divide em 10, 20, 30 Messis. E cada uma
dessas cópias chega ao gol por um caminho diferente.

Mas aí vem o pior: nenhum torcedor consegue ver esse milagre da multiplicação. Cada um enxerga um
único jogador, dando uma única arrancada.

E agora, a bomba: nosso mundo também funciona desse jeito. Mas só na escala das coisas absurdamente
pequenas, a das partículas subatômicas. “Sub” mesmo: se um átomo fosse do tamanho da Terra, um
elétron não seria maior que uma bola de futebol.

A realidade de partículas que nem o elétron, a da física quântica, segue uma lógica que não faz sentido
aqui no mundo das coisas grandes: tudo vive em um monte de lugares ao mesmo tempo. Se você fosse
uma partícula subatômica, teria cópias-fantasma suas em Nova York, Paris e Plutão neste momento.
Vocês estariam em lugares diferentes mais seriam a mesma pessoa, com a mesma consciência.

Isso só não acontece porque as bizarrices do universo quântico não existem no mundo das coisas maiores
– o dos átomos inteiros, moléculas, planetas…

É como se a nuvem de cópias-fantasma das partículas fosse esmagada pelo “peso” das coisas grandes.
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Essa nuvem, a nal, é o que há de mais delicado e indeterminado. Os próprios equipamentos usados para

detectar partículas acabam com ela. E tudo o que os cientistas conseguem ver quando tentam olhar para
a nuvem de cópias-fantasma é uma partícula solitária. Essa sobrevivente aparece em qualquer parte da
nuvem, num lugar impossível de prever. E seus clones somem, como se tivessem sido só parte de um
sonho.

Ou não. Muitos físicos acham que o nosso mundo é tão onírico quanto o subatômico. Para eles, quando
algum pesquisador tenta olhar as in nitas partículas-fantasma da nuvem quântica e só consegue ver
uma, não é que as outras evaporaram: é que o cientista se dividiu em cópias in nitas, espalhadas por
universos paralelos.

Exatamente. É o que diz a teoria dos Mundos Múltiplos, moldada pelo físico norte-americano Hugh
Everett em 1957. Ela diz que, se a partícula solitária que surgiu daquela nuvem de clones pode aparecer
aqui, lá ou acolá, você também pode. Uma versão de você em um universo vai encontrar a partícula aqui.
Outra, em um segundo universo, encontra ela lá. Uma terceira, acolá. Sem limite nenhum.

A idéia é que a gente vive numa in nidade de universos, cada um com a sua realidade particular. E o
conjunto desses cosmos pode ser chamado de “Multiverso”: um lugar onde tudo o que pode acontecer vai
acontecer. Tudo mesmo.

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Se você encontrou alguém atraente numa festa, por exemplo, e não teve coragem de puxar conversa,
pode ter certeza que, em algum universo paralelo, uma cópia sua chegou nela. E levou um fora. Num
terceiro, a cantada deu certo. Num quarto mundo paralelo, vocês se casaram. E por aí vai: com um sem-
número de universos, as possibilidades da vida também seriam in nitas.

“A Relatividade não é compatível com o Viu o que a gente tem aí? Um futuro aberto pra
livre-arbítrio.” qualquer coisa. Justamente o que a Teoria da
Relatividade não aceita. “Nem a Relatividade nem
David Deutsch, da Universidade de Oxford

qualquer outra teoria em que uma decisão leva a um


só resultado são compatíveis com o livre-arbítrio. Já o Multiverso, com seus inúmeros mundos, não tem
esse problema”, diz o físico inglês David Deutsch, da Universidade de Oxford, maior defensor da teoria
hoje.

Bom, o que ninguém imagina é como a liberdade de escolha funcionaria nesse cenário sem bater de
frente com Einstein. Uma hipótese, levantada por Greene, é que nós “pularíamos” entre um e outro
universo paralelo cada vez que uma decisão fosse tomada. Tipo: se você resolve cantar aquela pessoa da

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festa, vai parar em um universo onde essa é a realidade já escrita. Se ela dá bola, vocês partem para um

cosmos onde os dois cam juntos. 

Como esses pulos transcendentais aconteceriam? Ninguém imagina. “O certo é que os conceitos de
identidade pessoal e de livre-arbítrio teriam de ser interpretados num contexto mais amplo, já que
in nitas cópias de você e de mim estariam espalhadas por universos paralelos”, escreveu o físico em seu
livro.

A PROVA FINAL
A teoria está aí, bonitinha. Mas cadê a prática? Bom, o jeito mais viável de tentar provar que os universos
paralelos existem mesmo, segundo os apoiadores da teoria, é veri car se outras formas de matéria se
comportam de um jeito tão bizarro quanto as partículas subatômicas, pelo menos em laboratório. Ou
seja: ver se coisas realmente grandes também podem car em vários lugares ao mesmo tempo.

Para alguns, isso seria como fazer as cópias que moram em outros cantos do Multiverso aparecerem por
alguns segundos. Mais: deixaria claro que nossa identidade pessoal pode mesmo se repartir por uma
in nidade de universos paralelos. Não faltam tentativas de fazer algo assim. O físico austríaco Anton
Zeilinger, pioneiro nesse tipo de experiência, e que já colocou moléculas grandes, formadas por dezenas
de átomos, em mais de um lugar ao mesmo tempo, estuda fazer isso com um vírus.

Cientistas renomados, como Max Tegmark, do MIT, acham que isso pode provar a viabilidade dos
universos paralelos. Para eles, se os vírus tiverem alguma forma primitiva de consciência, essa “mente”
deles apareceria repartida em vários mundos. Daí para repetir a experiência com um corpo maior, como
o meu ou o seu, seria questão de tempo.

“Caso a natureza seja completamente Fechou, não? Para vários físicos ouvidos pela SUPER,
determinada, como diz a Relatividade, ela não mesmo. O próprio Zeilinger é contra a idéia: “Pra
certamente não é computável”. mim, colocar luz, átomos ou até bactérias vivas em

Roger Penrose, da Universidade de Oxford


vários lugares ao mesmo tempo não prova nada sobre
universos paralelos. Essa teoria, aliás, me parece mais
uma tentativa desesperada de aplicar nosso conceito de realismo ao mundo quântico. Só isso”. O
austríaco está em boa companhia: “Penso que a estrutura dos mundos múltiplos só exista por um tempo
infinitesimal. Muitos consideram que o colapso deles é uma ilusão ou algo assim. Eu não: do meu ponto
de vista, ela é expulsa da realidade por um processo físico real”, nos disse Penrose.

Mas a teoria sempre teve partidários de peso, como o alemão Dieter Zeh (1932-2018), que formulou boa
parte da física quântica moderna: “É psicologicamente difícil para a maior parte dos cientistas aceitar
interpretações como a dos universos paralelos. Mas acho que ainda não existem muitas possibilidades de
derrubar essa hipótese”, disse o cientista, que lecionava na Universidade de Heidelberg.

Só que até David Deutsch está entre os que acham “psicologicamente difícil” lidar com a teoria, pelo
menos quanto ao poder que ela tem de abrir portas para o livre-arbítrio: “O Multiverso pode ser
compatível com a liberdade de escolha, mas não consegue explicá-la. Não estamos sequer perto de
entender o que é, no fim das contas, o livre-arbítrio”.

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E você? De que lado ca? Toda a liberdade de escolha do mundo está aí pra você decidir.
 
Ou não.

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