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Os “irmãos Ziborin” era nossa oficina, desde a morte de nosso pai, eu e Ziron, meu
irmão mais velho, tomamos conta do negócio. Aprendemos de um tudo com o velho, e
vendíamos todo tipo de traquitana mecânica. Admito que nossa raça nos dava uma
vantagem em publicidade, os ingênuos humanos sempre preferiam os geniais gnomos à
oficina dos humanos “Bernardi” quando precisavam de uma caixinha de música ou até
mesmo a fabricação de um trabuco, foi uma época de vacas gordas.
Aos 14 anos Alberto Fiorde foi coroado o novo conde de Chiavari, uma verdadeira
lástima para os negócios, a família preferiu o comércio com os humanos de nossa
oficina rival, a nós sobrou os serviços escusos da burguesia e dos navios do porto, não
que tenha sido uma época de todo ruim. Comecei a cuidar da divulgação entre os
capitães e artesãos, fiz muitos amigos, andei com muitas donzelas, joguei muitos jogos e
enchi muito a cara. Enquanto eu me ocupava das “coisas da vida” meu irmão tocava a
oficina com minha ajuda eventual.
Um certo dia o pequeno conte, agora com 16 anos, adentrou nossa oficina, pretendia
presentear sua noiva com algo extraordinário e nos deu a preferência, queria um
querubim mecânico capaz de cantar e tocar arpa para impressionar a donzela. Nos
ofereceu 600 ducados de ouro mais dinheiro do que víamos em anos.
Admito que deveria ter me dedicado mais, mas a bebida e as mulheres haviam se
tornado um vício insuperável. Passava dias e noites nos bordeis indo pouco ou quase
nada para casa. Meu irmão enquanto isso se aplicava feito louco para dar conta de todos
os trabalhos. Tomava tanto esporro que por um momento cheguei a pensar que meu
nome tinha mudado para vagabundo imundo.
Lembro de correr o mais rápido que podia para a oficina, a cabeça latejando de ressaca.
Em casa nenhum sinal de Ziron, tudo estava arrumado. Olhei para o querubim
inacabado e nem pensei no paradeiro de meu irmão, ou terminava aquilo ou estaríamos
mortos. Em três dias o pequeno anjo mecânico estava pronto, a tempos não trabalhava
tanto. Era certeza que tudo aquilo era o uma tramoia de Ziron para me fazer labutar.
Entreguei o pacote no castelo e parti em busca de meu irmão.
Por 8 dias vaguei pela cidade inteira, procurei nos bordeis, nas docas, na casa de
clientes, ninguém sabia o paradeiro de Ziron, não é como se um gnomo passasse
despercebido numa cidade humana, era como se ele tivesse simplesmente desaparecido.
Algo estava muito errado e minha preocupação só aumentava.