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ANAIS DO 8º CONGRESSO
BRASILEIRO DE SAÚDE MENTAL

Democracia, antropofagias e potências da luta


antimanicomial

São Paulo/SP – UNIP


21 a 24 de julho de 2022

ISBN
978-65-982891-1-9

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SUMÁRIO

DIRETORIA E COMISSÕES ...................................................................................................................... 5


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................... 6
MINICURSOS................................................................................................................................................ 7
COMUNICAÇÃO ORAL .................................................................................................................................. 8

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Universidade Paulista
Campus Indianópolis, São Paulo/SP

Diretoria ABRASME
Leonardo Penafiel Pinho - Presidente
Ana Paula Guljor – Vice-presidente
Rogério Giannini – 1º Secretário
Daniel Oliveira de Souza – 2º Secretário
João Mendes de Lima Junior – 1º Tesoureiro
Rosangela Maria Soares dos Santos – 2º Tesoureiro

Paulo Amarante - Presidente de Honra


Ana Pitta - Presidente Emérita

Diretoria Regional ABRASME


Francisco Cordeiro - Dir. Reg. Centro-Oeste
Ana Lourdes Schiavinato – Dir. Reg. Centro-Oeste
Janete Valois – Dir. Reg. Nordeste
Rossana Rameh – Dir. Reg. Nordeste
Marilda Couto – Dir. Reg. Norte
Gibson Alves dos Santos – Dir. Reg. Norte
Dipaula Minotto – Dir. Reg. Sul
Rafael Wolski – Dir. Reg. Sul
Aisllan Assis – Dir. Reg. Sudeste
Nicéia Malheiros – Dir. Reg. Sudeste

Conselho Deliberativo ABRASME


Sônia Barros
Ricardo Albuquerque
Marcelo Antônio Parintins Masó Lopes

Comissão Organizadora
Ana Paula Freitas Guljor
Ana Lourdes de Castro Schiavinato
Chaiane dos Santos Comissão Científica
Daniel Oliveira de Souza Ana Maria Fernandes Pitta
João Mendes de Lima Júnior Ana Paula Freitas Guljor
Francisco Cordeiro Adriana Leão
Gibson Alves dos Santos Francisco Cordeiro
Leonardo Penafiel Pinho João Mendes de Lima Júnior
Marilda Nazaré Nascimento Barbedo Couto Leonardo Penafiel Pinho
Miraci Mendes Marilda Nazaré Nascimento Barbedo Couto
Miriam Senghi Soares Nicéia Maria Malheiros Castelo Branco
Nicéia Maria Malheiros Castelo Branco Paulo Amarante
Rogério Giannini Sônia Barros
Rosangela Maria Soares dos Santos Rafael Wolski de Oliveira
Rafael Wolski de Oliveira Rogério Gianinni

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APRESENTAÇÃO

O 8º Congresso Brasileiro de Saúde Mental reuniu trabalhadores(as), pesquisadores(as), familiares e


usuários de serviços de saúde mental, estudantes e autoridades. O evento ocorreu de 21 a 24 de julho
de 2022 na cidade de São Paulo-SP, nas instalações da Universidade Paulista (UNIP), campus de
Indianópolis.

O 8º CBSM teve como objetivo discutir a política de saúde mental, seus avanços, sua potência, seus
impasses, a luta antimanicomial e o futuro das políticas de saúde e de proteção social no Brasil. Foi
um momento para uma profunda reflexão sobre os destinos da democracia no Brasil, a garantia de
direitos, o exercício da cidadania dos/das usuários/as da RAPS, a inclusão socioeconômica pela via
da economia solidária, os processos de valorização e reconhecimento social das pessoas com
experiências de sofrimento mental, as diversas formas de cuidado e o porvir da Reforma Psiquiátrica
Brasileira.

O Congresso foi um espaço de trocas de conhecimentos sobre as problemáticas cotidianas e as


diferentes formas de enfrentamento criativamente construídas no cotidiano das práticas no campo da
saúde mental nas diferentes regiões do país.

Esse evento tem se consolidado como um dos maiores espaços integração de toda comunidade do
campo da saúde mental no Brasil. Dada a sua relevância, também tem se tornado uma referência
internacional com importante repercussão na América Latina e Caribe.

O 8º CBSM contou com 10 eixos temáticos abrangendo as várias discussões que caracterizam a
complexidade e a diversidade desse campo, diversas mesas redondas, 3 grandes debates,
conferências, oficinas, minicursos e dezenas rodas de conversa. Além disso, contou com feiras de
economia solidária, espaço para as artes, feira de livros e outros espaços integrativos.

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MINICURSOS
MC01 - Novos direitos e protagonismo de usuárias/os e familiares no campo da saúde mental

MC02 - Prevenção ao suicídio: elementos para uma política de prevenção ao suicídio

MC03 - Aquilombamento da RAPS

MC24 - CAPS III e as "crises das situações": direito ao cuidado em liberdade nas redes substitutivas
e territoriais de atenção psicossocial do SUS

MC05 - Saúde mental e Economia Solidária: estratégias de enfrentamento da fome e da miséria

MC06 - Suporte de pares para pessoas que usam drogas

MC07 - A prática clínica do enfermeiro no Processo Desinstitucionalização

MC08 - Saúde mental da pessoa idosa: desafios para o cuidado

MC09 - Raça, gênero e classe social, interseccionalidades na atenção psicossocial antimanicomial


antirracista

MC10 -A reforma da saúde mental e os direitos humanos na América Latina: diálogos entre a
experiência do Brasil, Argentina e Uruguai

MC16- Conceitos e estratégias da Reforma Psiquiátrica

MC20 - Metodologia Moradia Primeiro: Introdução ao modelo Moradia Primeiro (Housing First)

MC13 - Irradiando reflexões com Maturana e Morin: a recursividade como releitura do fenômeno
"recaída" de drogas.

MC04 - Saúde mental e Atenção Primária: estratégias para a gestão do cuidado

MC15 – Nas Trincheiras da Luta Antimanicomial nos Manicômios Judiciários

MC14 – Arte, cultura e práticas emancipatórias em saúde mental

MC17 – Saúde mental e movimento LGBTQIA+

MC18 – Práticas Integrativas e Complementares - estratégias de autocuidado

MC19 – A prática da Terapia comunitária integrativa na atenção psicossocial

MC12 – Loucos e Condenados: A urgência do cuidado em liberdade e sua incompatibilidade com as


medidas de segurança

MC11 - Uso da Tecnologia Grupal no cuidado psicossocial em Saúde Mental

MC21 - Princípios teórico-clínicos e ético-políticos da Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil no Brasil


das redemocratizações

MC22 - Mental e Internet: Tem Usuário na Rede

MC23 - Patologização da função materna para mulheres/mães com o uso da Lei de Alienação Parental
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COMUNICAÇÃO ORAL

EIXOS TEMÁTICOS

1. Antropofagias e insurgências: arte, cultura e práticas emancipatórias.

2. Clínicas e práticas de cuidado na atenção psicossocial.

3. Atenção psicossocial, interseccionalidades e decolonialidade: classes, gêneros, orientações sexuais,


racismos e etnias.

4. Determinação social em saúde mental: desigualdades sociais, iniquidades, exclusão social,


violências e sofrimento social.

5. A política da Reforma Psiquiátrica e o SUS: financiamento, gestão, redes de serviços, formação,


processos de trabalho, intersetorialidade, monitoramento e avaliação, contrarreforma - análises e
enfrentamentos, saúde mental na Universidade, saúde mental e trabalho.

6. Democracia, Participação Social e Movimentos Sociais: controle social, lutas antimanicomiais e


movimentos antiproibicionista, movimentos anticapacitistas, movimentos ambientalistas,
movimentos estudantis.

7. Estratégias de desinstitucionalização e Direito à Cidade: Reabilitação Psicossocial,economia


solidária, trabalho e geração de renda, centros de convivência, redes solidárias de usuários e
familiares, despatologização, desmedicalização.

8. A Reforma Psiquiátrica e as populações vulnerabilizadas: povos encarcerados, povos tradicionais


e originários, população em situação de rua, imigrantes, refugiados, vítimas de desastres.

9. Análises da política sobre álcool e outras drogas no Brasil: legislação, financiamento, serviços,
ideologias, retrocessos e vanguardas.

10. Pandemia, pós-pandemia e a saúde mental: aspectos sanitários, impacto epidemiológico, rede
assistencial, repercussões psicossociais, memória e reparação.

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A construção de uma Enfermaria de Saúde Mental em um Hospital Geral integrada à RAPS:
desafios e potencialidades

Julia Ribeiro
Ana Carina Rosa de Souza
Tássia Ghissoni Pedroso
Natália Cintra Faria

RESUMO
Em 2019 foi inaugurada a Enfermaria de Saúde Mental de um Hospital Geral referência para a DRS
XIII (SP). O serviço foi construído pela equipe multiprofissional formada por psicóloga, médico
psiquiatra, terapeuta ocupacional, assistente social e enfermagem com o objetivo de ter um modelo
antimanicomial, que valoriza a visão holística do paciente e onde as decisões possam ser tomadas de
forma a considerar os aspectos psicossociais, ocupacionais e relacionais dos usuários. As internações
são solicitadas através do sistema de regulação médica (CROSS) e ocorrem quando pessoas em
sofrimento mental podem oferecer risco para si e para outros, como em quadros psicóticos, ideação
suicida, auto ou heteroagressão, dentre outros. Faz parte do fluxo de trabalho do serviço: reuniões de
equipe, construção do Projeto Terapêutico Singular, atendimentos individuais e grupais (grupos de
autocuidado, atividades, cinema e apoio), reuniões de rede intersetorial, reuniões familiares e de alta.
Existe um esforço importante em integrar o serviço aos demais equipamentos da RAPS, a equipe
mantém contato constante com os serviços de saúde e assistência social do município de origem
visando a garantia dos direitos, a continuidade do tratamento e o fortalecimento do suporte social. A
maior parte dos usuários do serviço recebem alta após curto período de internação (média de 15 dias),
quando há necessidade de continuidade do tratamento hospitalar é realizada transferência para demais
hospitais da rede.
Objeto do Relato
Enfermaria de Saúde Mental de um Hospital Geral, unidade da RAPS da DRS XIII (SP).
Objetivos
Descrever sobre a construção de uma Enfermaria de Saúde Mental de um Hospital Geral realizada
por uma equipe multiprofissional e refletir sobre potencialidades e desafios na integração deste
serviço à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Análise Crítica
No período analisado foi possível perceber aumento da demanda por internações hospitalares como
também reinternações em curto intervalo. Acredita-se que, como principais fatores, estão a
precarização dos serviços da RAPS, especialmente durante a pandemia do coronavírus, em que
muitos equipamentos passaram a ter funcionamento reduzido (interrupção de grupos, por exemplo),
assim como, os aspectos sociais e a fragilidade de suporte dos usuários. Observa-se, frequentemente,
que a lógica de cuidado em momentos de crise centraliza a internação hospitalar e desvaloriza
intervenções que poderiam ser oferecidas pelos demais serviços da RAPS, de forma mais alinhada
com as propostas antimanicomiais.
Conclusões/Recomendações
Percebe-se os benefícios da construção de um serviço de saúde mental hospitalar humanizado, que
valoriza o olhar multiprofissional e a integração à RAPS. Apontamos a necessidade da articulação,
ampliação e fortalecimento da RAPS da DRS XIII, a fim de que a internação tenha indicação
adequada.
Palavras-chave: RAPS; Hospital Geral; Saúde Mental.

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A graduação em psicologia e o processo de desmistificação da loucura

Sabrina Cristina Silva - Be Growth


Paloma Guedes Vieira Gomes - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

RESUMO
A visita técnica ao Centro de Convivência teve por intuito conhecer o espaço, sua função e objetivos
sociais. Ele faz parte da Rede de Saúde Mental e foi desenvolvido com o intuito da inserção social a
partir de trabalhos socioculturais e oficinas que podem se tornar uma fonte de renda; assim, o serviço
se torna uma alternativa para a vida do louco, onde o convívio social fora de um hospital psiquiátrico
é possível.
Alguns frequentadores estavam presentes e faziam suas produções artísticas. Essas pessoas, muitas
vezes, chegam ao serviço através do Centro de Referência em Saúde Mental-CERSAM. Além disso,
notamos que, desde as falas ditas, até aos próprios desenhos ou pinturas, o inconsciente se fazia
presente como algo do cotidiano que se arrasta entre as palavras ditas e não ditas, como o próprio
Lacan, em seu seminário 05, nos explica.
É importante dizer ainda sobre o papel desempenhado pelo próprio sujeito, ao se deparar dentro
daquele espaço, que se refere à possibilidade dele ser o autor da própria história. Ali, ele pode se
colocar da forma que quiser, ciente de que os profissionais irão escutar e acolher. Prova disso é a fala
de uma frequentadora que disse mais ou menos o seguinte: ficar perto de uma pessoa cheirosa é fácil;
agora, ficar perto de uma pessoa que não toma banho há 3 dias é difícil, mas aqui eu fui cuidada. E é
isso que foi visto de forma bastante sensível na visita, as pessoas lá dentro têm a real possibilidade
de serem tratadas como humanas.
Objeto do Relato
Uma visita ao Centro de Convivência São Paulo, que faz parte da rede de Saúde Mental em BH -
MG.
Objetivos
Esse relato parte do campo da Psicologia Social em intersecção com a Psicanálise, com objetivo de
entender a vivência da loucura como comum no dia-a-dia e aproximá-la da sociedade. Para isso, será
considerada a visita ao Centro de Convivência como forma de dar visibilidade aos grupos identitários
que não foram vistos e escutados historicamente.
Análise Crítica
Pensar sobre a visita ao Centro de Convivência leva a refletir sobre a inclusão social do louco e a
tentativa de se criar uma sociedade igualitária de direitos que inclua, dentre outros, a liberdade e o
trabalho. Podemos pensar, nesse sentido, que esse espaço é reflexo da dinâmica institucional proposta
pela lei 10.216 de 2001, que visa um tratamento antimanicomial por meio de serviços substitutivos.
No entanto, embora o trabalho seja feito com veemência no Centro, em outros espaços, como o
mercado de trabalho, isso ainda não é pensado. Portanto, cabe-nos desenvolver medidas para que o
sujeito não esteja presente apenas no imaginário social, mas sim suas próprias narrativas sejam vistas.
Conclusões/Recomendações
Com a experiência relatada, tivemos encontro com aquilo que deveria ser naturalizado socialmente:
a loucura como parte do cotidiano. Houve avanços institucionais significativos na saúde mental,
contudo a figura do louco em outros campos ainda carece de rupturas.
Palavras-chave: Saúde mental; Loucura; Reforma psiquiátrica; Centro de Convivência.

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A Interface entre o Sofrimento Psíquico e o Sofrimento Social: experiência dos usuários dos
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em João Pessoa/Pb

Alecsonia Pereira Araujo - UFPB


Eduardo Sérgio Soares Sousa - UFPB
Rafael Nicolau Carvalho - UFPB
Ana Paula de Rocha Sales Miranda - UFPB
Danielle Viana Lugo Pereira - UFPB

RESUMO
Na sociedade contemporânea vivenciamos um contexto generalizado, de que a população apresenta
diversas expressões do sofrimento psíquico. Este entendido como as dificuldades que os indivíduos
encontram para conviver com a multiplicidade contraditória de significados, provocados pelo
antagonismo da subjetividade e objetividade. Nesse sentido, sintetizam-se a estreita relação do
sofrimento psíquico com o sofrimento social, indicando sua vinculação subjetiva às várias dimensões
da vida coletiva, que consequentemente resulta do processo social. Portanto, para melhor
compreensão necessita-se de um olhar que não separa o sofrimento psíquico das dimensões físicas,
psicológicas, mentais e espirituais, nem dos impactos do conjunto de forças sociais, econômicas,
políticas e culturais.
Objetivos
Assim, tem-se o presente trabalho, que é um recorte da tese intitulada: (Des) sentidos da Loucura:
experiência do sofrimento das pessoas com problemas de saúde mental em João Pessoa/Pb, e teve
como um dos objetivos específicos compreender a experiência do sofrimento a partir dos
acontecimentos da história de vida dos participantes, enquanto marco desencadeador da primeira
crise.
Metodologia
Na perspectiva de atender aos objetivos, utilizou-se diferentes metodologias de pesquisa, como: a
pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e as entrevistas com a metodologia da história oral.
Contudo, o presente estudo é um recorte da pesquisa empírica das entrevistas realizadas com 22
usuários dos CAPS III em João Pessoa. A coleta de dados transcorreu no período de 08 de julho de
2019 a 19 de março de 2020. A pesquisa atendeu aos pressupostos da resolução 510 de 2016.
Resultados
A investigação teórica fortaleceu o entendimento do sofrimento como produto do processo social.
Porém, foi apenas com a aproximação no campo de pesquisa, sobretudo, com as histórias de vida,
que identificamos as bases concretas para definir com mais precisão a manifestação do sofrimento
social e sua interface com o sofrimento psíquico, sobretudo, quando constatamos os motivos sociais
desencadeadores do sofrimento enquanto primeira crise. As histórias de vida dos nossos entrevistados
apontam claramente que o seu problema de saúde mental teve um motivador social, que se desenvolve
como um continuum de crise e de sofrimentos determinados pelos múltiplos acontecimentos da
complexidade de se viver em uma sociedade excludente. Portanto, daí decorreu a nossa proposta em
compreender a loucura a partir dos elementos que compõe o que denominamos de sofrimento
psicossocial, constituindo-se enquanto uma possibilidade de um caminhar que busca a superação para
outras formas de compreender o sofrimento humano para além dos diagnósticos psiquiátricos,
reconhecendo esse sofrimento como experiências singulares dos indivíduos, determinadas no e pelo
contexto social.
Palavras-chave: Sofrimento Psíquico; Sofrimento Social; Saúde Mental; Sofrimento Psicossocial.

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A precarização da cobertura territorial pela APS durante a pandemia e suas consequências
para o tratamento em saúde mental: Uma pesquisa documental de uma cidade do triângulo
mineiro

Ewerton Donis de Melo

RESUMO
A pandemia de COVID-19 trouxe consequências para diversos aspectos, incluindo a saúde mental. O
trabalho e cuidado em saúde mental, devido à sua complexidade, deve ser tratado de forma
multidisciplinar e intersetorial, perpassando por diversos profissionais e níveis de atenção à saúde.
Tal perspectiva de cuidado possibilita a realização de um cuidado integralizado que, além de
compartilhar o cuidado, também compreende e acompanha o sujeito dentro de seu território, como é
feito na APS. Seguindo esta linha, a APS se torna de extrema importância para que seja ofertado um
cuidado integralizado ao sujeito, sendo que sua precarização traz consequências para o cuidado em
saúde mental de toda a rede de saúde, além de fortalecer uma lógica manicomial de marginalização e
cuidado centralizado.
Objetivos
Objetivou-se, a partir deste trabalho, o levantamento de dados provenientes de prontuários de
pacientes que inciciaram seus tratamentos nos anos de 2020 e 2021 no Centro de Atenção Psicossocial
do município de Ituiutaba-MG, a fim observar a quantidade de pacientes em cada bairro do município
e seus respectivos ESF de referência.
Metodologia
Tal pesquisa parte de uma natureza quantitativa e, para a realização do mesma, os pesquisadores
utilizaram, como recurso metodológico, a análise documental, considerada por Gil (2002) como uma
fonte de dados rica e estável. Foram coletados dados referente à bairros e ESF referência de 502
prontuários de pacientes que deram entrada no CAPS nos anos de 2020 e 2021, sendo os anos mais
críticos da pandemia ocasionada pela COVID-19. Posteriormente, os dados foram tratados dentro de
uma planilha do excel, separando-os por categorias.
Resultados
Dentro dos dados coletados, observamos um número de 197 pacientes de territórios que não são
cobertos pela abrangência da APS, o que representa 39,24% dos pacientes que procuraram ou foram
encaminhados para os serviços do CAPS durante o período pesquisado. Além disso, também é
possível observar um número consideravelmente alto de procura do serviço do CAPS a partir
demanda espontânea, chegando a representar 45,82% dos atendimentos realizados, utilizando o
CAPS (Atenção especializada), em diversos casos, como porta de entrada do SUS.
Tomando como base o contexto pandêmico e suas consequências, juntamente com os dados coletados,
observa-se como a precariedade e a falta de cobertura da APS dentro de diferentes territórios dificulta
o trabalho em rede e o cuidado integral e compartilhado, sobrecarregando os serviço do CAPS e seus
profissionais. Além disso, também observa-se como a saúde mental deve ser trabalhada nos diferentes
níveis de atenção à saúde em suas diferentes complexidades, o que perpassa, também, pelo
investimento no âmbito da saúde pública, como também na organização e estruturação dos serviços
públicos de saúde.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; CAPS; Pandemia.

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A produção de sentidos acerca da medicalização do sofrimento psíquico na infância, por
profissionais de saúde

Tatiana Tarrão dos Santos - UNIVASF - Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco

RESUMO
Este trabalho é um recorte da pesquisa social que está em desenvolvimento no programa de pós-
graduação strictu sensu da UNIVASF-Pe. O fenômeno da medicalização pode ser entendido como
um processo em que questões da vida social (complexas e multifatoriais) são reduzidas a um tipo de
racionalidade organicista, tendo a prescrição farmacológica como forma primordial de cuidado
(C.F.P., 2015). Compreender ações patologizantes nos convoca a pensar como a trajetória das práticas
de cuidados vem sendo construída ? quais os repertórios interpretativos mobilizados por profissionais
de saúde ao produzir sentidos acerca do sofrimento psíquico de crianças? Assim, o estudo visa
analisar a produção de sentidos sobre a medicalização de crianças, através das práticas discursivas de
profissionais do SUS
Objetivos
Analisar a produção de sentidos referentes à medicalização do sofrimento psíquico na infância,
através de práticas discursivas de profissionais de saúde; -Identificar disputas de sentidos no campo
e na literatura acerca do fenômeno da medicalização do sofrimento psíquico da infância; -Visibilizar
repertórios interpretativos mobilizados na produção de sentidos acerca do sofrimento psíquico de
crianças
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa, tendo fundamento teórico-metodológico as Práticas Discursivas,
filiado ao Construcionismo Social (SPINK, 2010). Na primeira etapa deste estudo, está a pesquisa
bibliográfica em bancos de dados: CAPES, SciELO, BVS/PSI, etc. Para segunda etapa, a coleta:
técnicas de observação participante, diário de campo e entrevistas semiestruturadas, aplicadas a
profissionais de saúde que atendem crianças em situação de sofrimento psíquico. A análise de dados
ocorre por meio da elaboração de mapas dialógicos. Obedecemos exigências da Resoluções
nº466/2012 e a nº 510/2016.
Resultados
A análise dos resultados foca na produção de sentidos acerca da medicalização de crianças a fim de
refletir como isso incide nos cuidados ofertados no SUS destinados à infância. Ressalta-se, entretanto,
que estes resultados são decorrentes, por ora, da investigação bibliográfica. Foucault (1974, p.5)
assinala que El cuerpo es una realidad biopolítica; la medicina es una estrategia biopolítica. Com base
neste saber-poder, a cientificização dos discursos sobre a criança contribui não somente para a
construção de um discurso normalizador, mas também valida um saber sobre a criança no campo das
especialidades: psicologia, fonoaudiologia, psicopedagogia, neuropediatria, psiquiatria etc. (Guarido,
2007). A biologização do comportamento de crianças e práticas discursivas individualizantes e
totalizantes, muitas vezes encobrem problemas maiores de ordem social, cultural e econômica
(FERREIRA, 2015). Conclui-se que a medicalização do sofrimento psíquico através do crivo do
discurso psiquiátrico, produz efeitos na vida da criança em todos os âmbitos (individual, familiar,
escolar, dentre outros) e é urgente repensar a desmedicalização de crianças.
Palavras-chave: medicalização da infância, sofrimento psíquico e medicalização, práticas
discursivas.

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A psicanálise como moradora de uma Residência Terapêutica: Possibilidades de
transformação e edificação da subjetividade

Inara Carla Piva Leme da Silva

RESUMO
O tratamento em psicanálise procura a recuperação da autonomia do indivíduo ou da sua capacidade
de agir em sua própria vida. Trata-se de aumentar seu poder de ação e autonomia, oferecer ao sujeito
possibilidades de habitar o mundo em que ele vive. Essa também é uma das propostas do Serviço
Residencial Terapêutico (SRT). Há muito o que ser resgatado: histórias, vínculos afetivos e projetos.
A desinstitucionalização, a reintegração e autonomia de pessoas que apresentam grave sofrimento
mental é uma tarefa que o SUS vem se dedicando com muito empenho nos últimos anos e a
Psicanálise também mora nesse espaço. Um espaço que busca e oferece liberdade, saúde, cuidado,
vínculo, autonomia e possibilidades. Onde tem vida humana, onde tem sofrimento, tem motivo para
haver psicanálise.
Objetivos
Apontar semelhanças entre a psicanalise e a luta antimanicomial, e os benefícios de um espaço de
escuta entre os moradores de um Serviço Residencial Terapêutico com possibilidades de intervenção
e manejo através de uma perspectiva psicanalítica. Propor abertura de um espaço que busca e oferece
reintegração, saúde, cuidado, vínculo e autonomia, um espaço onde a psicanálise também pode morar.
Metodologia
Neste trabalho, procuro trazer o conceito dos Serviços Residenciais Terapêuticos como um espaço
que possui características de um espaço potencial para a escuta, intervenção e manejo psicanalítico.
A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e se caracteriza por ser uma pesquisa em psicanálise.
Foram selecionados trabalhos incluindo dissertações, teses e artigos científicos publicados em
bibliotecas virtuais e nos acervos de universidades brasileiras, nos últimos dez anos, buscando
proximidade com a realidade atual.
Resultados
Por seus objetivos e funções, vi a possibilidade de relacionar o Serviço Residencial Terapêutico com
o conceito de tratamento em psicanálise, definido como o fortalecimento do indivíduo para que ele
possa ser mais autônomo, fortalecer o seu eu(ego), sem que isso signifique a eliminação de todos os
conflitos. A psicanálise pode existir em todos os lugares com possibilidades infinitas, ela é necessária
e faz muito sentido em todos os espaços. Em 1911, Freud escreve a Ferenczi: "não se deve lutar por
eliminar os complexos, mas por colocar-se de acordo com eles: os complexos são, legitimamente,
aquilo que dirige a conduta de um homem no mundo". O tratamento em psicanálise pretende
fortalecer o indivíduo para que ele possa ser mais autônomo, fortalecer o seu eu(ego), sem que isso
signifique a eliminação de todos os conflitos. Encontramos semelhanças nos objetivos do tratamento
em psicanalise e o movimento da luta antimanicomial, e possibilidades infinitas desse vínculo na
prática da desinstitucionalização.
Palavras-chave: Psicanálise; Residência Terapêutica; Autonomia; Desinstitucionalização.

14
A Rádio COMversar: um dispositivo promotor de convivência e saúde

Peder de Faria Salles


Victor Gabriel Martins da Silva - UFRJ
Victória Benfica Marra Pasqual - UFRJ
Rayane Stephany dos Santos Magalhães - UFRJ
Maria Clara Germano Quintino Conforto Teldeschi - UFRJ
Ana Carolina Freitas Meirelles - UFRJ
Jéssica Rodrigues Soares - UFRJ
Lucas Moura Santos Silva - UFRJ
Luiza Pereima Conde - UFRJ
Thiago Benedito Livramento Melicio - UFRJ

RESUMO
O Coletivo Convivências é um projeto de estágio, pesquisa e extensão vinculado ao Instituto de
Psicologia da UFRJ. Buscamos articular redes de afeto e de convivência e promover vínculos entre
os atores da rede de saúde mental em conjunto com Centros de Convivência e Cultura (CECOs) do
estado do Rio de Janeiro. Nossas ações estão voltadas para o conviver, a promoção de saúde e de
autonomia, e para a elaboração e construção coletiva de um plano comum de vivências. Na pandemia
de COVID-19, os desafios de articular redes e promover cuidado ganharam novas densidades,
gerando a necessidade de nos reinventar. A partir da ideia de um convivente da rede de saúde mental
surge o Centro de Convivência Virtual (CECOV), projeto que articula diversos serviços e atores que
desenvolvem atividades, agora, em âmbito virtual. Nós do Coletivo Convivências nos tornamos
parceiros do CECO Virtual e passamos a atuar em conjunto. A partir de nossas discussões coletivas
no CECOV compreendemos que nem todas as pessoas tinham acesso às oficinas remotas e seria
interessante ampliar o alcance às ações que vínhamos desenvolvendo nesta plataforma. Surgiu então
a proposta da Rádio COMversar. Nossa rádio (que é de formato podcast), inspirada em tantas outras
rádios construídas em serviços de saúde mental, tem desejo de nos colocar para conversar, recolher e
trocar produções e mensagens dos CECOs, convidar pessoas para proporem atividades de cuidado, e
construir episódios de conversas e debates.
Objeto do Relato: O processo de criação-produção da Rádio COMversar e suas respectivas
articulações com outros atores.
Objetivos: Mapear redes de saúde e cuidado entre os Centros de Convivência do RJ e outros serviços
de saúde, e integrar diferentes atores no projeto, visando uma produção comum; Promover uma
experiência estética de cuidado ao ouvinte, a partir de uma polifonia cartográfica; Possibilitar uma
transmissão virtual da política de convivência praticada nos CECOs.
Análise Crítica: A rádio se articula com parceiros diversos em seu processo de construção, como o
CECO Fazendo Arte e o CECO Niterói, além de sempre buscar participação de usuários e
profissionais da rede de saúde mental. Assentado na cartografia de Deleuze e Guattari, valorizando a
alteridade e reconhecendo a importância dos processos e não apenas dos resultados, buscamos,
buscamos uma construção polifônica, de múltiplas vozes. Produzimos assim 4 episódios e 1
instalação sonora com temas da luta antimanicomial, práticas de convivência e rede de atenção.
Fazemos, com a rádio, um convite para a escuta em coletivo, mergulhando na experiência de uma
cartografia sonora que busca mapear redes de saúde e cuidado.
Conclusões/Recomendações: A rádio acaba por configurar, no momento de sua produção e de escuta,
um espaço de criação coletiva. Tivemos como parceiros usuários e profissionais de CECOS, CAPS e
Hospital dia, o que possibilitou viabilizar diversidade de vozes e territorialidades que a promoção de
saúde pode assumir.
Palavras-chave: Atenção Psicossocial; Saúde Mental; Cartografia; Rádio; Polifonia.
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A Saúde Mental Dos e Das Estudantes Da Universidade Federal Do Paraná - Campus Toledo
em Tempos Da Pandemia Covid 19

Diuslene Rodrigues da Silva - UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná


Maria Isabel Formoso Cardoso e Silva - UNIOESTE
Lucir Reinaldo Alves - UNIOESTE
Thiago Rafael Mazarollo - Universidade Federal do Paraná
Jaqueli Budny - Universidade Federal do Paraná
Bruno Scopel - Universidade Federal do Paraná

RESUMO
A pesquisa objetiva analisar as condições de saúde mental dos estudantes universitários da UFPR
campus Toledo, compreendendo a Política de Assistência Estudantil como um mecanismo para a
prevenção e preservação desta saúde. Parte-se do pressuposto de que os ambientes universitários, nas
sociedades capitalistas, reproduzem a lógica do mercado. A partir do momento em que os e as
estudantes se inserem no meio acadêmico devem ser subsidiados através de políticas públicas, para
que estes possam ter condições de permanência e conclusão do Ensino Superior. A Pesquisa considera
ainda a particularidade vivenciada pelos estudantes durante o período da Pandemia COVID 19.
Objetivos
Apresentar dados referentes a Saúde Mental dos(as) acadêmicos(as) da Universidade Federal do
Paraná Campus Toledo e as possibilidades de intervenção via Assistência Estudantil.
Discutir a Saúde Mental a partir da perspectiva da Saúde Ambiental.
Discutir a importância da Política de Assistência Estudantil enquanto mecanismo de prevenção e
preservação da Saúde Mental.
Metodologia
Primeiramente será realizada consulta bibliográfica e posteriormente pesquisa de campo. Os dados
serão coletados através de questionário com questões abertas e fechadas num universo de 350 sujeitos
com livre adesão. Os dados coletados serão analisados, interpretados, organizados e tabulados, e será
feita uma análise quantitativa e qualitativa das informações, utilizando-se do referencial bibliográfico
para fundamentar teoricamente as informações obtidas, estabelecendo assim uma relação entre os
dados coletados e o teórico.
Resultados
A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, no entanto alguns resultados parciais podem ser
elencados: a) A compreensão, tanto do ponto de vista teórico como empírico, sobre a relação entre
saúde mental e política de assistência estudantil a partir da qual se evidencia que a maior oferta de
serviços, programas e projetos (moradia, alimentação, transporte, lazer) são fatores de proteção à
vulnerabilidade dos sujeitos. b) O ambiente universitário por conta das cobranças e dificuldades
encontradas pelos(as) acadêmicos(as) ao se inserirem nesse espaço, propicia o agravamento de
transtornos mentais. c) a falta de Assistência Estudantil enquanto direito, também contribui para o
agravamento desses transtornos, principalmente pelo fato de que nem todos(as) os(as) estudantes
universitários e suas famílias têm condições financeiras para tratamentos, terapias, medicamentos,
entre outros. Uma vez que, o Plano Nacional de Assistência de Estudantil (Art. 2º), não compreende
apenas a Assistência a Saúde, mas também a Moradia Estudantil, Alimentação, Transporte, Inclusão
Digital, Cultura, Esporte, Creche e Apoio Pedagógico.
Palavras-chave: Saúde Mental; Pandemia COVID-19; Assistência Estudantil.

16
Abismos e brechas para o cuidado entre as ruas e a instituição

Marla Marcelino Gomes - secretaria de saude


Graziela Ferreira da Silva Pinto - Agente Social Consultório na Rua
Chirleny Francisca da Silva - Enfermeira Consultório na Rua

RESUMO
O relato que aqui se inscreve refere-se a experiências em uma equipe Consultório na Rua. O serviço
opera a partir de um trabalho multiprofissional (assistente social, enfermeira, técnica de enfermagem,
psicóloga e dois agentes sociais), na Atenção Básica. Visa o atendimento in loco a pessoas em situação
de rua, garantindo o acesso a saúde. Nessa perspectiva, a equipe costuma atender tanto usuários que
transitam pelas ruas, quanto aqueles que, porventura, estão institucionalizados, de forma provisória,
como em abrigamentos noturnos. A perspectiva do senso comum leva a crer que estar
institucionalizado é o desejo de todos, ignorando a singularidade de cada caso. Dadas essas condições
a equipe observa com cuidado os atravessamentos e repercussões do intramuros sobre as
subjetividades em jogo. Goffman (1974) auxilia-nos nessa discussão, ao apontar sobre o caráter de
fechamento em toda e qualquer instituição, o que iminentemente, tende a produzir o apagamento do
sujeito e de tudo aquilo que marca sua singularidade em alguma medida. A equipe passa a visualizar
esses efeitos da instituição sobre os sujeitos, como as dificuldades na adaptação a uma rotina em
ambiente fechado e de pouca liberdade em relação às ruas, bem como relatos sobre sensação de
abandono e tristeza.
Objeto do Relato
Profissionais e usuários da equipe Consultório na Rua do município de Petrolina-PE.
Objetivos
Problematizar as inquietações advindas das experiências como trabalhadora do SUS, dentro de uma
equipe Consultório na Rua, propondo articulações entre teoria e vida. Visando assim, a abertura de
espaços para a construção de uma clínica não apenas na (como advérbio de lugar) mas com a rua.
Análise Crítica
O trabalho na e com a rua nos ensina cotidianamente, a implicação com uma clínica extramuros,
considerando esta, para além de seu sentido concreto, ou seja, as escutas que se dão fora das quatro
paredes de uma sala ou consultório, mas nas esquinas e meios-fios das ruas da cidade, mas também
levando em consideração, sobretudo, sua dimensão existencial e subjetiva. Isso implica dizer que a
mudança não é só no território de cuidado mas garantir ainda a mudança na lógica de cuidado, modos
de pensar e operar o cuidado, viabilizando uma clínica viva, que promova desvios às práticas
normatizadoras.
Conclusões/Recomendações
Diante da urgência da produção de novos caminhos no cuidado, a equipe vem buscando construir
ofertas que tenham como mote norteador o aparecimento dos sujeitos em suas singularidades como
efeito terapêutico, utilizando como disparadores, recursos lúdicos, dentro e fora das instituições.
Palavras-chave: Cuidado; Ruas; Instituição; Clínica.

17
Adaptação e validação do inventário de fatores psíquicos protetores para o envelhecimento

Helena Camargo Porto


Leonardo Carvalho de Souza - Centro Universitário São Camilo
Maria Elisa Gonzalez Manso - Centro Universitário São Camilo
Renata Laszlo Torres - Centro Universitário São Camilo

RESUMO
Com a finalidade de comprovar a relação entre um envelhecer saudável e às questões derivadas da
psiquê ao longo da vida, em 2015, Zarebski e Marconi desenvolveram um instrumento denominado
Inventario de factores psíquicos protectores para el envejecimiento (FAPPREN) , o qual permite
avaliar os fatores psíquicos protetores para um bom envelhecer. Acredita-se que esta validação do
FAPPREN para realidade brasileira poderá indicar a inclusão de importante ferramenta não só para o
estudo do processo de envelhecer, mas para a prática terapêutica, por trazer fatores que podem ser
apreendidos, repensados e ressignificados, propiciando melhor qualidade de vida no andar a vida em
direção à velhice.
Objetivos
Esta pesquisa possui como objetivo apresentar a adaptação transcultural e validação para a população
brasileira do FAPPREN, a fim de correlacionar os fatores psíquicos protetores no envelhecimento
através de um questionário que inicialmente era composto por 80 questões.
Metodologia
Para tradução e validação do FAPPREN, tradutores certificados em português e espanhol realizaram
os seguintes procedimentos: preparo, tradução, conciliação de traduções, retrotradução, revisão, pré-
teste e validação. A validação ocorreu via Google Forms®, em abril de 2021, disponibilizando o link
via rede social pelo WhatsApp®. Foram obtidas 239 respostas no total. Foi avaliada a consistência
interna e confiabilidade de cada item. O nível de significância adotado no estudo foi de 5%. Como
último passo, os resultados foram submetidos à equipe que construiu o questionário original.
Resultados
Após avaliação psicométrica o Inventario de factores psíquicos protectores para el envejecimiento na
versão brasileira resultou em um questionário com 47 itens que foram considerados relevantes na
avaliação. Apesar da redução no número de perguntas do inventário, a ferramenta apresentou
significativa confiabilidade e consistência interna (α de Cronbach= 0,71). Estas exclusões
apontam para vivências do envelhecer diferentes entre os dois países, Brasil e Argentina. O domínio
onde ocorreu maior número de exclusões, restando apenas uma questão do instrumento original,
refere-se à antecipação sobre a finitude, parecendo indicar visões psíquicas e culturais bem diversas
entre as populações. Já para os domínios riqueza psíquica e criatividade e perdas e compensações
somente uma questão foi excluída, o que parece demonstrar maior proximidade. O fato de reduzir o
número de questões também tornou a pesquisa menos cansativa e demorada para ser respondida pelos
participantes. Diante desse cenário, a escala adaptada transculturalmente poderá auxiliar nos estudos
sobre o envelhecimento.
Palavras-chave: Longevidade; Psiquiatria geriátrica; Escala de qualidade de vida.

18
Análise dos registros das ações dos Centros de Atenção Psicossocial do Estado de Goiás
durante a pandemia da COVID-19

Lucilene Santana Fernandes de Paula - UFG - Universidade Federal de Goiás


Monica de Sousa Silva Jardim - Universidade Federal de Goiás
Camila Cardoso Caixeta - Universidade Federal de Goiás
Nathália dos Santos Silva - Universidade Federal de Goiás
Fernanda Costa Nunes - Universidade Federal de Goiás

RESUMO
Os processos de trabalho dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) preveem ofertas de cuidado
comunitário em liberdade com atividades individuais e coletivas, dentro e fora dos serviços.
Considerando a necessidade de dados padronizados no contexto dos CAPS, foram alterados e
incluídos procedimentos que deverão ser informados no Sistema de Informação Ambulatorial
(SIA/SUS). Para o monitoramento e avaliação das ações psicossociais, o uso dos dados visa a gestão
da melhoria da atenção psicossocial. A pandemia da COVID-19 produziu inúmeras perturbações
psicossociais na população, provocando adoecimento mental e mudanças nos processos de trabalho
dos CAPS. Portanto, ressalta-se a necessidade de analisar os processos de trabalho dos CAPS neste
contexto.
Objetivos
Analisar os registros das ações de atenção psicossocial realizadas pelos CAPS do Estado de Goiás,
no período de 2018 a 2021 durante a pandemia da COVID-19.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo e retrospectivo, realizado entre 2018 e 2021. Para a coleta de dados
utilizou-se os dados sobre os procedimentos informados pelos CAPS do Estado de Goiás no SIA/SUS
por meio de três instrumentos sistematizados pelo Ministério da Saúde: Registro das Ações
Ambulatoriais de Saúde (RAAS), e os Boletins de Produção Ambulatorial Individualizado e
Consolidado (BPA-I e BPA-C). Analisou-se os dados por meio de estatística simples.
Resultados
Em 2021, o acolhimento diurno e noturno bem como o atendimento em grupo teve redução em relação
aos anos anteriores, entretanto o atendimento individual, atendimento familiar, atendimento
domiciliar e atendimento à crise aumentaram, destacando-se o registro quase triplicado de
atendimento a crise. Houve significativo aumento de acolhimento inicial realizado pelos CAPS no
ano de 2021 quando comparado aos anos estudados. O registro de acompanhamento de residências
terapêuticas pelos CAPS apresentou redução em 2020 com relação aos anos anteriores e um aumento
significativo em 2021. Os resultados evidenciaram que, durante a pandemia, houve alterações no
funcionamento dos CAPS com redução das principais ações de atenção psicossocial coletivas
principalmente as ações de atendimento em grupo. Em contrapartida ocorreu aumento do número de
todos os tipos de acolhimento de caráter individual e no registro de manejo de crise. Ressalta-se a
necessidade de qualificar o registro dos dados.
Palavras-chave: Sistemas de Informações; Atenção Psicossocial; COVID-19.

19
Articulação da Rede de Proteção Social e Saúde: Possibilidades em tempo de contrarreforma

Thiago Lusvardi – FSP -USP


Carlos Botazzo – FSP - USP

RESUMO
Este trabalho diz respeito a constituição e articulação da Rede de Proteção Social. A sociedade, ao
longo da história, criou mecanismos para manter afastados os indesejáveis. A loucura é exemplo que,
para Foucault, ocupa um lugar que denuncia aspectos de valor e moral a serem considerados em uma
crítica dos processos de exclusão. Tais aspectos, em tempos atuais, nos levam a compreensão do
campo micropolítico que perpassa a construção da Rede de Proteção Social, uma vez que, entende-
se que os profissionais não são agentes protocolares e trazem consigo uma subjetividade a ser
considerada aqui, onde buscaremos compreender como tem se constituído as rede de Proteção Social
em tempos de contrarreforma, insistindo ou resistindo, de fato, em práticas de cuidado inclusivas.
Objetivos
Analisar o processo de construção/ articulação de Rede de Proteção Social na Região Norte de
Campinas. Para tal, buscaremos reconhecer os Serviços que atuam no território onde ocorrerá tal
pesquisa; compreender quem é o sujeito que chega para atendimento e quem é o sujeito trabalhador
que o atende; levantar os desafios no diálogo entre os serviços de tal Rede, e entre Rede e atendidos.
Metodologia
Teremos no Diário de Pesquisa um organizador de tensões, descrições e afetos que emergem do
campo e da relação deste com o pesquisador e sujeitos envolvidos. O campo de pesquisa é também
campo de atuação técnica do pesquisador, logo, o Diário conterá o cotidiano do pesquisador, como
relatos de reuniões de rede, discussões de caso, e participação em outros espaços, possibilitando um
- fazer ver - dos conflitos e tensões presentes no campo que buscamos conhecer. É com foco nas
práticas discursivas, na linguagem, que compreenderemos o campo da pesquisa, como sendo físico,
histórico e político.
Resultados
A pesquisa encontra-se em andamento, na construção do repertório teórico das temáticas que
atravessam o campo da pesquisa já identificadas em diário. Pautados por referenciais psicanalíticos,
da filosofia da diferença, bem como da saúde coletiva, localiza-se o desafio vivido pela Rede na
medida em que os casos considerados mais emblemáticos são aqueles que transbordam o jeito de ser-
humano neoliberal- os que serão considerados marginais, vagabundos, loucos, usuários de SPA. São
usuários que ocupam o lugar de indesejável, abjeto, ou como pensará a Psicanálise, o lugar de - resto
-, na medida em que ficam fora de uma matriz identificatória de constituição do sujeito neoliberal.
Parte-se então do pressuposto de que quando pensamos no acolhimento da Rede de serviços, é
importante termos em mente o tensionamento existente entre tais sujeitos, que falam de lugares
diferentes dentro de um mesmo regime. Importa termos clareza também do lugar da Política em tal
racionalidade que atravessa o processo de subjetivação em tempos atuais, com desdobramentos
práticos na relação cotidiana entre trabalhadores e atendidos, no encontro e na alteridade que a
atravessa, para além de decretos e normativas.
Palavras-chave: Proteção Social; Saúde Mental; Subjetividade; Exclusão social.

20
Assistência à saúde mental de indivíduos com esquizofrenia durante a pandemia de COVID-
19: revisão integrativa de literatura

Bruna Tais Zack


Gicelle Galvan Machineski - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Andrea Maria Rigo Lise - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Tatiane Camargo - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Stefani Michelon Silva - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

RESUMO
Em março de 2020 a Organização Mundial de Saúde caracteriza como estado de pandemia o surto
mundial da doença causada pelo SARS-coV-2. Medidas necessitaram ser tomadas, e recomendações
para atenuar o efeito do COVID-19 em pessoas com esquizofrenia e formas de continuidade da
assistência dessas começam a ser discutidas. Considerando que os indivíduos com esquizofrenia
necessitam de assistência em saúde mental contínua, bem como que a pandemia ocasionou e
necessidade de medidas para diminuição das taxas de contaminação e restruturação no fluxo de
atendimento, tem-se como pergunta de pesquisa: Como foi a assistência à saúde mental de indivíduos
com esquizofrenia durante a pandemia de COVID-19 de acordo com a literatura?
Objetivos
Identificar na literatura a descrição de aspectos relacionados a assistência à saúde mental de
indivíduos com esquizofrenia durante a pandemia de COVID-19.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, documental de revisão integrativa de literatura, realizada em maio de 2022, na
base de dados Biblioteca Virtual em Saúde, por meio dos descritores Assistência à Saúde Mental,
Esquizofrenia, COVID-19, Coronavírus, com o operador boleano end. As informações extraídas
foram: ano de publicação, local de publicação, tipo de pesquisa, resultado e conclusão dos autores
sobre o tema. O critério de exclusão foi não atender ao tema na fase de leitura de títulos e resumos.
O Tratamento dos dados qualitativos se deu mediante análise de conteúdo das publicações
encontradas.
Resultados
Como resultados, foram obtidas 10 publicações. Após o processo de triagem, 7 preencheram os
critérios de inclusão, 2 de exclusão por não abordar sobre o tema e 1 por não estar disponível na
íntegra. Das incluídas, todas eram na língua inglesa, publicadas em 2020 (n=4) e 2021 (n=3),
principalmente em revistas científicas de psiquiatria (n=3) ou específicas sobre esquizofrenia (n=3).
Houve heterogeneidade quanto ao tipo de pesquisa, a mais presente foi a série de casos (n=2/Nível 5
de evidência). Como resultados, houve preocupação dos autores quanto a continuidade da assistência
ao paciente com esquizofrenia nesse período. Dois focos foram presentes, são eles quanto ao maior
risco nessa população em relação a morbimortalidade por COVID-19 e a necessidade da
reorganização da assistência para garantia da eficácia e continuidade. Questões como a exacerbação
dos sintomas, ajustes em medicações e riscos foram levantadas e discutidas. Como conclusão, os
autores ressaltaram a importância da equidade de acesso e flexibilidade de atendimento nesse período
devido seus fatores de risco exacerbados. Outro ponto muito citado foi o uso da telepsiquiatria para
o acompanhamento desses pacientes.
Palavras-chave: Esquizofrenia; COVID-19; Saúde Mental.

21
Avaliação de variáveis neurobiológicas e psicopatológicas em pacientes com transtornos
alimentares em tratamento no Hospital de Clínicas da Unicamp

Ermilo Bettio Junior - Hospital de Clínicas da Unicamp


Amilton dos Santos Junior - Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP
Paulo Dalgalarrondo - Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP

RESUMO
A mortalidade associada aos transtornos alimentares é a mais alta dentre as patologias psiquiátricas e
os riscos de suicídio aumentam conforme a cronicidade da doença. Padrões de comportamentos
alimentares desviantes afetam negativamente a saúde física e/ou mental do indivíduo e podem ser
associados a diversos transtornos, tais como ansiedade, depressão e abuso de substâncias. Respostas
explicando a gravidade da doença, resistência ao tratamento, a neuroprogressão, a neuroproteção,
plasticidade cerebral, recuperação, prognóstico e tratamento estão em abertos. A identificação de
biomarcadores, a compreensão de alvos terapêuticos e a identificação de ações psicogênicas e
comportamentais é fundamental para a garantia do processo de re-nutrição.
Objetivos
Pesquisar possíveis associações psicopatológicas presentes em pacientes com transtornos alimentares
com a avaliação clínica, antropométrica e laboratorial; Identificar potenciais neuromarcadores
biológicos em pacientes com transtornos alimentares.
Metodologia
Após revisão sistemática, utilizando Biblioteca Virtual de Saúde, Embase, PubMed e Psycinfo, foram
selecionados participantes em seguimento clínico no Hospital de Clínicas da Universidade Estadual
de Campinas. Foram realizadas análises laboratoriais, medidas antropométricas e aplicação das
seguintes escalas: Escala de Compulsão Alimentar Periódica; Teste de Atitudes Alimentares; Escala
de Autoestima de Rosenberg; Body Shape Questionnaire; Escala de Impulsividade de Barratt e Body
Attitudes Questionnaire. Análise de dados estatísticos utilizando SPSS Statistics e ensaio
imunoenzimático.
Resultados
Na amostra de 28 pacientes, 85,7% eram do gênero feminino e 28,5% eram menores de 18 anos.
Diagnóstico mais prevalente foi anorexia nervosa (60,7%), seguido por bulimia nervosa (14,3%). As
principais comorbidades encontradas foram: transtorno depressivo (42,9%) e transtornos de
personalidade (32,1%). Os dados neurobiológicos estão em análise e tabelas mostram as associações
entre variáveis e instrumentos pesquisados. Seus estágios são: subsindrômico e síndrome completa
(precoce e primeiro episódio, persistente, remissão parcial, remissão e episódio de repetição). Os
resultados parciais apresentaram 64,28% dos pacientes com comportamento alimentar de risco;
21,42% apresentaram insatisfação grave com relação à sua percepção corporal; 75% apresentaram
atitude alimentar saudável e 28,57% dos participantes apresentaram insatisfação leve e moderada com
relação às atitudes relacionadas à imagem corporal. Alterações clínicas nos transtornos alimentares
permeiam o estado de fome crônica, promovendo distúrbios endocrinológicos múltiplos e profundos,
variando em idade, estágio de desenvolvimento, duração e curso da doença. São alterações múltiplas,
adaptativas, reativas e etiológicas.
Palavras-chave: Anorexia Nervosa; Biomarcadores; Transtornos da Alimentação e da Ingestão de
Alimentos; Transtorno da Compulsão Alimentar; Bulimia Nervosa.

22
Coletivo Ô da Brasa: produzindo saúde por meio da geração de trabalho e renda

Marisa de Jesus Rocha - associação saude da familia

RESUMO
O Coletivo Ô da Brasa tem como intuído a construção de uma rede de acesso a renda e trabalho como
forma de reabilitação psicossocial sendo sua história marcada pela pandemia de COVID como um
impulsionador de sua potência, pois antes desse momento vivenciava oficinas de trabalho e renda de
culinária, bazar e artesanato no CAPS. O uso de máscaras faciais apresentou-se como uma alternativa
de trabalho, que buscava garantir os cuidados em saúde mental, como processo de ressignificação do
momento, de resistência socioeconômica, de geração de renda, então o grupo iniciou a confecção de
máscaras com os recursos disponíveis. A concessão de um edital de incentivo da FioCruz contribuiu
para que essa história se desenvolvesse a ponto de tornar-se impactante no território, movimentou a
RAPS e construiu pontes entre os serviços, tecendo a rede de saúde em prol da geração de trabalho e
renda.
O coletivo funciona com três frentes de trabalho em cooperação mútua entre CAPS Adulto, AD e
Infantojuvenil, CER, SIAT, estimulando as atividades de produção e comercialização no território e
outros locais, como o Ponto de Economia Solidária da Benedito Calixto e a Feira de artesanatos do
Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, multiplicando as parcerias e ampliando repertório social e
cultural do/a trabalhador/a.
Objeto do Relato
Trabalho e acesso a renda como reabilitação psicossocial e garantia de direitos
Objetivos
Gerar trabalho e renda para usuárias/os dos serviços de atenção psicossocial no território
FÓ/Brasilândia; Ampliar repertório social e cultural das/os trabalhadoras/es do Coletivo Ô da Brasa;
Articular a rede de economia solidária do território; Reduzir agravos das condições de vulnerabilidade
social no cuidado de pessoas em sofrimento psíquico.
Análise Crítica
O coletivo Ô da Brasa criou possibilidades de saídas pelo movimento social de resistência contra as
violências e contradições já existentes e agora agravadas no mundo do trabalho contemporâneo para
a população em sofrimento psíquico. Inspirado em exemplos de tantos outros coletivos, grupos e
associações da saúde mental, buscamos formas populares de trabalho e de vida social, com relações
autogeridas do processo de trabalho, produção, comercialização, buscando o respeito a subjetividade
dos trabalhadores na luta coletiva por trabalho não alienado na atualidade, sendo então o trabalho um
eixo de promoção de saúde e vida aos nossos usuários.
Conclusões/Recomendações
A experiência do Coletivo Ô da Brasa demonstrou repercussões de âmbito psicossocial na vida das/os
participantes permanência, aprofundar o pertencimento ao grupo, direito ao trabalho, possibilidade
de adaptar o trabalho à pessoa e enraizamento cultural. O Coletivo criou possibilidades de resistência
contra as violências e contradições já existentes e agora mais agravadas no mundo do trabalho
contemporâneo para a população em sofrimento psíquico. Inspirado em exemplos de tantos outros
coletivos, grupos e associações da saúde mental, buscou-se formas populares de trabalho e de vida
social, com relações autogeridas do processo de trabalho, produção, comercialização, buscando o
respeito à subjetividade dos trabalhadores na luta coletiva por trabalho não alienado na atualidade,
sendo um eixo de promoção de saúde e vida às/aos nossas/os usuárias/os.
Palavras-chave: Reabilitação; Cidadania; Trabalho; Economia Solidária.

23
Comunidade Terapêutica ou Manicômio? Fragmentos de uma pesquisa realizada na cidade de
Porto Velho- RO

Amanda Ely - UNIRON - Faculdade de Educação de Porto Velho


Paulo Renato Vitória Calheiros - Universidade Federal de Rondônia- UNIR

RESUMO
A partir da Lei 11.343 de 2006, as comunidades terapêuticas passaram a integrar a Política Nacional
sobre Drogas, sendo então elegíveis para o recebimento de subsídios públicos para realização destes
atendimentos. Nos últimos anos, acompanhamos uma ampliação destes serviços, em contraponto a
um desinvestimento em outros equipamentos como CAPS e residenciais terapêuticos. Este panorama,
somado à falta de fiscalização adequada destes serviços, tem fortalecido um cenário preocupante,
com o crescimento de instituições que se intitulam como comunidades terapêuticas mas que
fomentam práticas excludentes, estigmatizantes, pautadas no fundamentalismo religioso e com
características manicomiais.
Objetivos
O objetivo deste estudo é apresentar e discutir de forma crítica dados parciais da pesquisa de mestrado
intitulada: Violência de Gênero na trajetória de mulheres usuárias de crack, em desenvolvimento na
Universidade Federal de Rondônia-UNIR, com ênfase na análise do cotidiano de uma comunidade
terapêutica feminina na cidade de Porto Velho-RO.
Metodologia
Neste estudo serão apresentados dados com enfoque qualitativo e descritivo, provenientes da primeira
fase da pesquisa citada, onde a partir de visitas a uma comunidade terapêutica feminina em Porto
Velho-RO, e por meio da utilização técnicas de observação participante e registro sistemático em
diário de campo, reuniu-se dados que descrevem o cotidiano desta comunidade, sua organização e
público atendido. Os dados foram analisados a partir do método de análise qualitativa de Minayo.
Resultados
A comunidade terapêutica em questão localiza-se em um bairro afastado da área central da cidade. É
administrada por uma igreja evangélica e coordenada por uma pastora que já foi residente da casa.
No local não há profissionais de saúde, assistência social ou mesmo administrativos ou operacionais.
A comunidade oferece vagas para 30 mulheres, e entre as residentes não haviam apenas mulheres que
realizavam tratamento para transtorno por uso de substâncias, mas também egressas de internações
psiquiátricas, adolescentes, idosas, mulheres com aparente comprometimento cognitivo, pessoas que
estavam em situação de rua, jovens mães, grávidas ou com crianças pequenas. O local se apresenta
como um grande abrigo com características asilares e até mesmo manicomiais. O tratamento
oferecido é predominantemente religioso, com vistas à salvação . A ausência de profissionais na área
de saúde mental, a diversidade de demandas sociais e psicológicas e o enfoque religioso compulsório,
trazem um cenário de violação de direitos sob o rótulo de um possível local de tratamento, que na
verdade opera por meio do afastamento do indivíduo da sociedade.
Palavras-chave: Comunidade Terapêutica; Centros de Tratamento de Abuso de Substâncias;
Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias.

24
Construção de um roteiro para grupo de acolhimento em um Centro de Atenção Psicossocial
Álcool e outras Drogas

Yuri Fontenelle Lima Montenegro - UECE - Universidade Estadual do Ceará


Thaís Brandão Carvalho de Oliveira - Projeto Mais Médicos para o Brasil

RESUMO
As atividades foram desenvolvidas no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas da área
sanitária de maior extensão territorial do município de Fortaleza, Ceará, Brasil, em um grupo
terapêutico denominado Grupo de Acolhimento , mediado por uma médica e um terapeuta
ocupacional e com quantidade variável de participantes. O grupo acontecia semanalmente e era
voltado para pessoas que se encontravam nos estágios motivacionais iniciais pré-contemplação,
contemplação e determinação que passaram pela triagem do serviço e construíram o seu projeto
terapêutico singular com um profissional do serviço. Em geral, o grupo tinha entre dez e vinte
participantes.
Observou-se que muitos participantes do grupo não conseguiam identificar de forma assertiva o
prejuízo do uso abusivo de drogas e apresentavam bastante ambivalência quanto ao tratamento.
Assim, os mediadores começaram a abordar o prejuízo do uso de drogas e a construir um roteiro
semiestruturado para os encontros seguintes com a contribuição dos participantes. Os temas
abordados foram: 1. Impactos biopsicossociais do uso abusivo de drogas; 2. Apoio familiar; 3.
Dinâmica familiar e padrão de consumo; 4. Alternativas para lidar com sentimentos e emoções; 5.
Abstinência e redução de danos; 6. Fatores de risco e proteção; 7. Motivação para o tratamento; 8.
Definição de metas; 9. Construção de projeto de vida. Os temas foram propostos aos participantes
para encontros futuros à medida que emergiam na discussão grupal.
Objeto do Relato
Elaboração de roteiro semiestruturado para nortear discussões em um grupo terapêutico em CAPSad.
Objetivos
Descrever o processo de construção de um roteiro de atividades desenvolvidas em um grupo
terapêutico voltado para pessoas nos primeiros estágios motivacionais no cuidado devido ao
transtornos e/ou necessidades decorrentes do abuso de substâncias psicoativas.
Análise Crítica
A construções de intervenções estruturadas e objetivas podem causar estranheza para o campo plural
da atenção psicossocial. O roteiro, porém, emergiu das discussões entre participantes e mediadores
do grupo à medida que se almejava uma maior tomada de decisão em vista da mudança de estilo de
vida segundo os estágios motivacionais. Os pontos do roteiro foram registrado de forma a serem
abordados novamente à medida que a configuração do grupo passasse por maiores mudanças sem
necessariamente seguir uma ordem de forma rígida. O ritmo diferente entre cada participante rumo
ao Grupo Manutenção e a abertura a novos membros foram desafios para o uso do roteiro de forma
mais fluida.
Conclusões/Recomendações
A construção de um roteiro com pontos-chave pode contribuir com o trabalho em grupo em CAPSad
segundo os estágios motivacionais. Contudo, deve-se evitar o seguimento de intervenções
excessivamente rígidas em detrimento da singularidade e contribuição proveniente dos participantes
do grupo.
Palavras-chave: Centros de Atenção Psicossocial; Intervenção Psicossocial; Substância Psicoativa.

25
Construindo a Inteligência Emocional: Enfrentamentos emergidos da linha de frente de
assistência a COVID-19

Juliana Semião de Melo


Paula Isabella Marujo Nunes da Fonseca - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rejane Eleuterio Ferreira - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Beatriz Soares da Silva - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Lilian Maria da Costa Gonçalves - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
Durante a pandemia da COVID-19, os profissionais de saúde foram os grandes responsáveis no
combate ao vírus SARS-CoV-2, e como resultado, tornaram-se parte da estatística de óbitos e
afastamentos durante o serviço. Tal cenário gerou impactos consideráveis para a saúde mental destes
trabalhadores, visto que, geralmente não possuem suporte psicológico e emocional no ambiente de
trabalho.
Objetivos
Analisar como profissionais de saúde, da linha de frente no enfrentamento da COVID-19, tem
manejado as emoções diante dos enfrentamentos laborais.
Metodologia
Estudo de abordagem qualitativa, de natureza descritiva exploratória, norteada pela abordagem
metodológica da Sociopoética. Realizou-se entrevistas semiestruturadas e oficina online para a
produção dos dados. Participaram 35 profissionais de saúde que prestaram assistência a pacientes
com diagnóstico COVID-19 no CTI/UTI de um hospital universitário da cidade do Rio de Janeiro.
As entrevistas ocorreram entre Janeiro e Março, enquanto a oficina aconteceu em Abril/22. Análise
dos dados foi por conteúdo, proposta por Bardin (2011).
Resultados
Foram identificados manejos relacionados a situações marcantes boas/positivas e situações marcantes
ruins/negativas vividos na vida dos participantes. Relacionados a situações marcantes boas/positivas:
Leitura e descanso; confraternizar e comer; fazer sexo virtual; momento para chorar; enxergar
oportunidade de aprendizado no que foi vivido e ser grato à Deus. Os manejos de situações marcantes
ruins/negativas: busca do apoio de amigos e familiares; espiritualidade, parar de fumar; paciência e
sabedoria para esperar e lidar com a situação; resiliência. A entrevista e a oficina levaram aos
participantes a autoconscientização de suas emoções, levando-os a conectarem a emoção ao
pensamento. Este exercício leva ao autoconhecimento e a construção da inteligência emocional, pois
ao terem contato consciente dos manejos utilizados como passíveis de serem utilizados novamente,
sobretudo as laborais, os participantes ficaram mais conscientes das ferramentas que já dispõem para
lidarem melhor com as questões emocionais advindas do trabalho. Assim, puderam visualizar que
permitir viver suas emoções integralmente, significa dar vazão a elas de modo mais inteligente
emocionalmente.
Palavras-chave: Pessoal de Saúde; Saúde Mental; Inteligência Emocional; COVID-19.

26
Construindo alteridades recíprocas: os Centros de Convivência na contramão da serialidade

Pamella Rothstein

RESUMO
O presente trabalho se propõe a apresentar os dispositivos dos Centros de Convivência como
produtores de alteridades recíprocas e de relações grupais, opondo-se não só às práticas
institucionalizantes no cuidado em saúde, mas ao próprio paradigma hegemônico de relações
serializadas e da constituição de um outro reificado. A investigação se debruça sobre a experiência da
oficina Próxima parada, Central 22 - Delirando Territórios realizada pelo projeto de extensão, estágio
e pesquisa Coletivo Convivências (IP/UFRJ) no Centro de Convivência Virtual (CECO Virtual),
projeto organizado no contexto da pandemia de COVID-19 abarcando os Centros de Convivência do
Estado do Rio de Janeiro.
Objetivos
O objetivo consiste então em explorar a vivência dessa sociabilidade grupal e alteridade recíproca nas
oficinas realizadas no CECO Virtual, questionando em quais momentos apareciam reciprocidades
mediadoras de vínculos entre os participantes, e em quais momentos o encontro era mediado pelo
papel institucional dos conviventes - estudantes, profissionais, usuários -.
Metodologia
Os diários cartográficos produzidos pelos extensionistas do Coletivo Convivências sobre a oficina
foram explorados por meio do método fenomenológico-existencial, selecionando trechos nos quais
emergiram os pontos comuns da experiência. A escolha dos trechos foi realizada a fim de contemplar
a polifonia do grupo na percepção da atividade, bem como a implicação no encontro com o campo
pela via da escrita. Os trechos analisados compuseram uma síntese, criando um diálogo entre os
relatos individuais e as convergências perceptivas do fenômeno em questão: os encontros da oficina.
Resultados
Dentre as considerações fundamentais sobre a alteridade e a grupalidade na Central 22 está a tensão
entre os lugares institucionais envolvidos na dinâmica da oficina -profissional da saúde, usuário da
rede, estudante - e o lugar de convivente. Essa tensão é central para compreender o esforço de
desinstitucionalização promovido pela Reforma Psiquiátrica Brasileira, pela RAPS e pelo próprio
dispositivo do Centro de Convivência, o qual aposta na horizontalidade com o intuito de borrar as
fronteiras entre esses papéis institucionais. Tal movimento contribui no combate à serialidade, visto
que os conviventes passam cada vez mais a construir reciprocidades nas relações entre si,
contrariando à mediação institucional como elemento coesivo primário das relações. Outra
consideração é o impasse entre a facticidade dos conviventes e os possíveis desejados, auxiliando a
vislumbrar o quanto a compreensão reificada e serial da alteridade atinge materialmente as
possibilidades dos participantes da oficina. Nesse sentido, a Central 22 pôde recolher falas sobre os
desafios do cotidiano dos conviventes, assim como recuperar pontos de desejo, mediando o encontro
com um projeto de futuro comum.
Palavras-chave: Centros de Convivência; Alteridade; Perspectiva fenomenológico-existencial;
Serialidade; Grupos.

27
Contribuições da Gestão Autônoma da Medicação e da Terapia Ocupacional para a
construção de projetos de vida de usuários da saúde mental

Mary Augusta Nardes de Oliveira - UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas


Ana Luiza Ferrer - UFSM

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica trouxe uma perspectiva de cuidado que vem orientando as políticas e práticas
do campo da saúde mental, amparado pelo referencial da Reabilitação Psicossocial(RP). A RP tem
como diretrizes protagonismo, autonomia e a cidadania, objetivando um cuidado ampliado da pessoa
com sofrimento psíquico, visando o cuidado territorial e a inclusão social. Indo ao encontro desse
paradigma, a Gestão Autônoma da Medicação(GAM), criada no Canadá, traduzida e adaptada para a
realidade brasileira, chega para efetivar espaços de promoção da autonomia, protagonismo e cogestão,
possibilitando aos usuários novas perspectivas em seus projetos de vida. Têm-se ainda a Terapia
Ocupacional como uma profissão que desenvolve sua prática no campo da saúde mental alicerçada
nestes pressupostos.
Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo compreender os efeitos da estratégia GAM nos projetos de vida dos
usuários participantes, mapeando esses projetos de vida e identificando, a partir dos apontamentos
dos usuários, os impactos do grupo GAM neles. Além disso, a pesquisa também visou relacionar
esses pontos com a prática da terapia ocupacional no campo da saúde mental.
Metodologia
Tratou-se de uma pesquisa qualitativa e fenomenológica, que contou com a participação de dois
sujeitos. A técnica de coleta foi de histórias de vida, uma vez que procurou compreender a trajetória
desses sujeitos na condição de pessoas com sofrimento psíquico e seus projetos de vida. Os
participantes da pesquisa foram usuários do CAPS, frequentadores do grupo GAM há pelo menos um
ano. A partir da coleta das histórias de vida, foram realizadas transcrições e construído narrativas com
base nos objetivos do trabalho. A análise foi feita sob a perspectiva hermenêutica dialética.
Resultados
A partir das histórias de vida, percebe-se um impacto positivo nos projetos de vida dos usuários que
participaram dos grupos GAM. O conhecimento sobre seus direitos, o exercício da cidadania, a
circulação por novos espaços e a ampliação de redes foram pontos relevantes para esse trabalho sobre
os efeitos dessa estratégia. Além disso, as histórias de vida trouxeram reflexões que foram sendo
feitas pelos sujeitos, a partir da participação nos grupos, que diz respeito sobre o reconhecimento de
suas experiências e de seus saberes como legítimos, consumando seu protagonismo, na vida e no
tratamento. Através da identificação de novas atividades que foram sendo realizadas diante da
participação dos usuários nos grupos GAM, é percebido uma ressignificação das mesmas,
influenciando na inserção desses sujeitos no mundo e impactando diretamente em seus projetos de
vida. Com isso, têm-se a GAM como uma ferramenta potente no cuidado em saúde mental,
possibilizando um cuidado pautado no protagonismo e na cidadania, indo ao encontro com o fazer do
terapeuta ocupacional na área, prezando pela subjetividade e inserção social, temas esses que também
são preconizados pela Reabilitação Psicossocial.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional; Saúde Mental; Autonomia Pessoal.

28
Cuidado e arte: as contribuições do cinema para o campo da saúde mental

Camila Ribeiro de Oliveira


Mariana Tavares Cavalcanti Liberato - Universidade Federal do Ceará

RESUMO
Este trabalho advém de um estudo ensaístico realizado para o Trabalho de Conclusão de Curso da
autora. Nele, partiu-se do pressuposto que uma clínica-política, ou seja, uma clínica em sua
inseparabilidade com uma política de produção de outros modos de subjetivação em detrimento de
adequação dos corpos às normas vigentes, se alinha a produção de uma nova sensibilidade cultural
para a loucura, o que envolve, entre outras coisas, a ruptura com narrativas e imagens que configuram
esse fenômeno como doença mental e que ajudam a sustentar a lógica manicomial no campo da saúde
mental. Posto isto, faz-se, aqui, uma apresentação da sétima arte como uma aliada desse processo de
ruptura, a qual nos lança para a composição de formas ético-estético-políticas de se relacionar com
sofrimento psíquico.
Objetivos
Esse trabalho objetiva apresentar as possíveis contribuições da arte cinematográfica para a construção
de um cuidado clínico-político em saúde mental.
Metodologia
Para alcançar o seu objetivo, o estudo, de caráter ensaístico, dividiu-se em etapas. Primeiramente,
voltou-se aos estudos das imagens, a fim de rastrear a potência emancipatória e subversiva desse
objeto, em especial para o campo da saúde mental. Com base nisso, dedicou-se às especificidades da
imagem cinematográfica, apontando as suas potencialidades artístico-políticas, as quais se fazem
fundamentais para a construção de um cuidado clínico-político em saúde mental. Nessa etapa, foram
utilizados como analisadores dois filmes, a saber, Bicho de Sete Cabeças (2000) e Epidemia de Cores
(2016).
Resultados
A partir desse estudo, foi possível enunciar que as imagens de controle produzidas sobre a loucura
são sustentadas e sustentam discursos dominantes que impedem que esta crie sentidos que escapem
da sua equivalência com a doença e o internamento. No entanto, foi possível também indicar que as
imagens estão inseridas em uma complexa operação de produção de referenciais e modos de ser
operantes do mundo, mas também de resistências e ruptura com parâmetros vigentes devido o seu
potencial de provocar a nossa imaginação e deslocar o nosso pensamento para além do instituído. Da
mesma forma, vimos que o cinema consegue, também, produzir essas fissuras, servindo como
ferramenta potencializadora da clínica-política ao se constituir como espaço de experimentação onde
é possível o encontro com outros possíveis e a fabulação de outros sentidos para a loucura. Portanto,
a sétima arte carrega esse potencial emancipatório que pode ser explorado na atualidade da reforma
psiquiátrica para enriquecer práticas clínico-políticas em saúde mental, criando espaços de
experimentação e produção de novas formas de se relacionar com a loucura, bem como de resgate da
imaginação como ferramenta política.
Palavras-chave: Imagens; cinema; clínica-política; cuidado; arte.

29
Defensoria Pública na luta antimanicomial: ações interdisciplinares no enfrentamento da
judicialização das demandas de álcool e outras drogas no município de Barretos/SP

Livia Valim Nicolino - Defensoria Pública do Estado de São Paulo


Luiz Carlos Fávero Junior - Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Fernanda Geraldo Jorge - Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Gustavo Samuel da Silva Santos - Defensoria Pública do Estado de São Paulo

RESUMO
A Defensoria Pública de Barretos/SP concentra elevado número de atendimentos a cidadãos que
buscam, no sistema de garantia de direitos, alívio e solução para o sofrimento de familiares que fazem
uso nocivo de substâncias psicoativas. Esses atendimentos chegam caracterizados como pedido de
internação involuntária . Embora nem sempre configurada hipótese para internação, os pedidos são
legitimados pela situação de estresse vivenciada, pela descrença no sistema de saúde e principalmente
pela falta de suporte adequado da rede, o que abre campo ao apelo de conteúdos conservadores e
moralizantes que envolvem a questão da droga. A preocupação com a expressividade das demandas
impulsionou a construção de estratégias de trabalho interdisciplinar para assegurar coletivamente os
direitos da população. O Centro de Atendimento Multidisciplinar da Defensoria elaborou estudo
diagnóstico da rede de saúde mental, evidenciando a ausência da oferta de serviços conforme
preconizado pela legislação. Neste estudo, observou-se a construção tácita de um fluxo paralelo,
conservador e coercitivo, de cuidados em saúde mental, através do qual a atuação do judiciário parece
substituir a rede de saúde mental. O relatório elaborado subsidiou a instauração de uma Ação Civil
Pública pretendendo a estruturação da RAPS, que ainda está em curso.
Objeto do Relato
Estratégias interdisciplinares da Defensoria Pública para fortalecimento da RAPS em Barretos/SP
Objetivos
Evidenciar a potência do atendimento interdisciplinar no enfrentamento da alta judicialização de
demandas por meio de pedidos de internação involuntária envolvendo pessoas em uso de substâncias
psicoativas. Tem como perspectiva a estruturação da RAPS no município e a construção de uma
lógica de atendimento antimanicomial.
Análise Crítica
A incipiência de recursos e a falta de estruturação da rede de saúde mental do município trazem
consequências para a vida dos pacientes e de seus familiares, fragilizando vínculos sociais,
comunitários e, algumas vezes, impondo um contexto de violência e instabilidade a uma população
já agressivamente espoliada em seus direitos sociais. Tais consequências são identificadas no
cotidiano de atendimento da Defensoria Pública através da atuação do CAM que, a partir da acolhida
e escuta qualificada, pode trazer a vida concreta e as contradições presentes no sofrimento dos
usuários que recorrem ao Sistema de Garantia de Direitos.
Conclusões/Recomendações
A iniciativa permitiu problematizar a não adesão e o deslocamento na análise da questão que, se antes
tinha como foco a judicialização das demandas individuais, agora pretende um olhar amplo para a
construção de estratégias de cuidado, através da estruturação da RAPS. Defensoria Pública na luta
antimanicomial: ações interdisciplinares no enfrentamento da judicialização das demandas de álcool
e outras drogas no município de Barretos/SP
Palavras-chave: Defensoria Pública; Judicialização; Rede de Atenção Psicossocial; Atuação
Interdisciplinar.

Desafios da Clínica Psicológica no atendimento online de migrantes e refugiados

30
Eduardo Cristiano Althaus - AESC
Fernando Henrique de Lima Sá - AESC
Felipe Wagner da Silva - AESC
Alessandra Rudiger Matzenauer - AESC
Rafaela Pereira Silva - AESC
Bruna Ferreira Muniz - AESC

RESUMO
A AESC - Associação Educadora São Carlos, oferece serviços hospitalares e ambulatoriais de alta e
média complexidade, para os segmentos de saúde suplementar e de saúde complementar, integrando
o Sistema Único de Saúde SUS, em articulação com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e o
Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Todas as atividades realizadas são orientadas pelas
diretrizes e estratégias do Ministério da Saúde. No âmbito da saúde mental, há 12 anos realiza a gestão
de três CAPS AD III, um CAPS AD IV (modelo 24 horas) e duas unidades de internação para usuários
de álcool e outras drogas, uma masculina e outra feminina.
Na área de responsabilidade social, é responsável pela gestão do Centro de Atendimento ao Migrante
(CAM), um serviço de referência no atendimento aos imigrantes e refugiados, que realiza assessoria
em mais de 57 municípios, que fazem parte da circunscrição da Polícia Federal de Caxias do Sul, no
estado do Rio Grande do Sul. O serviço executa ações especializadas voltadas para a defesa e garantia
de direitos da população migrante, acesso às políticas públicas e regularização migratória, com
atendimento jurídico gratuito e assessoria a instituições e órgãos públicos e privados.
Em 2021, com o objetivo de enlaçar os trabalhos da instituição, foi criado o Legame - serviço de
teleatendimento em saúde mental, que passou a realizar atendimentos clínicos e construir estratégias
de cuidado em saúde mental para migrantes e refugiados.
Objeto do Relato
Construção de um serviço de teleatendimento em saúde mental para migrantes e refugiados.
Objetivos
Contextualizar o histórico institucional de trabalho na assistência aos migrantes e refugiados;
Descrever a metodologia utilizada no atendimento da equipe;
Interrogar acerca dos desafios observados na clínica com migrantes e refugiados.
Análise Crítica
O atendimento em saúde mental de migrantes e refugiados produz interrogações importantes para a
clínica psicológica e convoca a pensar sobre a metodologia de trabalho nesse campo, em especial,
como produzir o laço social de sujeitos impelidos a realizar um deslocamento forçado.
A proposta de trabalho do Legame é a de criar um espaço de intervenção onde o sujeito possa narrar
sua história de vida, onde o processo de deslocamento é parte importante e constitutiva de sua
trajetória, mas não reduz e assujeita aquele sofre nesse percurso de migrar. Há um deslocamento
geográfico, mas também subjetivo e o protagonismo torna-se fator indispensável para situar o sujeito
nessa relação.
Conclusões/Recomendações
É crucial que a clínica com migrantes seja política, ancorada em uma ética do sujeito, comprometida
com o laço social, com o cuidado em liberdade e com os direitos humanos. É possível operar com
tecnologias para construção de um espaço de intervenção onde o sujeito construa um saber sobre si.
Palavras-chave: Teleatendimento; migrantes e refugiados; clínica psicológica.

31
Desinstitucionalização como dever do estado e garantia e direitos humanos: um percurso de
trabalho e de resistência

Tiy de Albuquerque Maranhão Reis - Governo Do Estado


Estela Mara Rabelo - Servidora Pública Estadual

RESUMO
Trata-se de trabalho realizado em unidade do SUS, com intuito de promover a desinstitucionalização
de todo o contingente de pacientes que se encontrava internado na unidade por um período médio de
18 anos. As ações se desenvolveram durante 5 anos sendo atendidos 166 pacientes com histórico de
internações de longa permanência, tanto no âmbito da saúde mental, quanto no desenvolvimento
social. Importante notar que, seguindo padrão recorrente em instituições de longa permanência e
conforme fartamente apontado na literatura, também se encontravam institucionalizadas pessoas sem
diagnóstico psiquiátrico ativo, o que demonstra de maneira inequívoca a subsistência, mesmo que
residual, de pessoas submetidas a internações sem qualquer critério clínico Outro ponto que merece
destaque e enseja discussão é o fato de que como a instituição apresentava ótimas condições
estruturais, extensas áreas verdes, onde os pacientes permaneciam instalados em casas amplas e
ajardinadas, foram inúmeras as propostas de perpetuação da permanência dos pacientes na unidade
vindas, inclusive, de órgãos de direitos humanos. Contudo, o trabalho articulado de atores de esferas
estaduais, municipais e do judiciário garantiram que fosse dado cumprimento aos pressupostos do
cuidado em liberdade e do direito a vida em comunidade aos pacientes que se encontravam
institucionalizados na unidade e mais de 90% dos processos de reinserção social foram concluídos
com encaminhamento a Serviços Residenciais Terapêuticos.
Objeto do Relato
Trabalho de desinstitucionalização desenvolvido em instituição de longa permanência estatal.
Objetivos
Apresentar resultados de desinstitucionalização de pessoas com histórico de internação psiquiátrica
de longa permanência, resultando na reinserção social de praticamente 100% das pessoas
institucionalizadas na unidade em média por 18 anos. Discutir a desinstitucionalização como prática
de resistência e luta pelo exercício de direitos fundamentais.
Análise Crítica
Demonstrar experiências práticas e em número significativo a respeito da desinstitucionalização de
pessoas a longo tempo alijadas do convívio social, ainda que vivendo em instalações humanizadas,
contribui para reafirmar que todos têm o direito a participação social efetiva, e que zelar por esse
direito é dever do Estado e de toda a sociedade. Outro ponto a ser discutido é a noção de que
instituições podem ter funcionamento total, ou seja, podem exercer controle demasiado e diversos
tipos de restrição as liberdades individuais das pessoas que se encontram sob seus cuidados, mesmo
tendo uma infraestrutura arquitetônica bonita e sem muros ou grades.
Conclusões/Recomendações
Face o momento vivido no país onde a relativização de direitos e garantias fundamentais vem se
intensificando, sobretudo no tocante a populações com histórico de marginalização social, concretizar
processos de reinserção social demonstra a força de resistência da política de saúde mental brasileira
Palavras-chave: desinstitucionalização; cuidado em liberdade; direitos humanos.

32
Determinação social do processo imigratório de uma família Venezuelana: uma cartografia

Alexandre Coutinho de Melo - UFSJ - Universidade Federal de São João Del Rei
Lorena Fernandes Millard - Universidade do Estado de Minas Gerais
Virginia Raimunda Ferreira - Universidade do Estado de Minas Gerais
Camila Souza de Almeida - Universidade do Estado de Minas Gerais

RESUMO
A crise sociopolitica venezuelana teve inicio em 2010 e perdura até a atualidade e tem causado revolta
civil, desacordos internacionais e problemas na exportação de petróleo. Diante a crise, muitos
cidadãos venezuelanos migraram para outros países, principalmente para os da América Latina. O
Brasil contabilizou cerca de 287 mil imigrantes por meio da Operação Acolhida , cuja a mesma
oferece atendimento humanitário na fronteira. Contudo, o grande fluxo de imigrantes e refugiados
fizeram com que o governo Brasileiro criasse um processo de interiorização. Processo que conta com
o auxilio do terceiro setor, principalmente da igreja.
Objetivos
A pesquisa teve como objetivo analisar a determinação social da rede de cuidados de uma família de
imigrantes venezuelanos, em um município do centro-oeste Mineiro, no ano de 2019/2020.
Metodologia
A estratégia metodológica utilizada foi a cartográfica, que ocorreu mediante o acompanhamento da
família e sua rede social, esses foram entrevistados por meio de roteiros semiestruturados, construídos
com base no referencial teórico da determinação social. Buscou-se assim, discutir o processo de
imigração da família, seu percurso e integração social, preocupando-se com o processo de saúde-
doença.
Resultados
Como resultado foi perceptível que a forma como ocorre a recepção e integração social pode ser
considerada fator decisivo para um bom funcionamento social dos imigrantes, sendo que no caso da
família cartografada, o auxílio de uma instituição religiosa facilitou todos os percursos dos imigrantes,
mas que a longo prazo pode tornar esses indivíduos dependentes dessa instituição, minimizando sua
rede de socioassistêncial. O papel do Estado como promovedor de estratégias e fluxos não aparece
com grande relevância, sendo fragmentada e ambivalente, sugerindo relações de poder e interesse
com outros atores políticos e sociais, demonstrando o avanço de políticas neoliberais que dificultam
o cumprimento da legislação que prevê o bem-estar e permanência dos imigrantes no país. Os grandes
empecilhos para a real inserção dos imigrantes é a morosidade assistencial do Estado, mas essa
realidade também é vivenciada por muitos brasileiros, e a necessidade de fortalecer sua rede social
com inclusão de outros imigrantes que perpassam pela mesma problemática, fato que poderia auxiliar
no sentimento de bem estar e pertencimento social.
Palavras-chave: Migração; Venezuela; Acesso aos serviços de saúde.

33
Dialogando sobre o trabalho com grupos: um relato de experiência sobre oficina ministrada
aos residentes da RAPS da Secretaria de Saúde do Recife

Giselle Nadine Cavalcanti de Oliveira - Secretaria de Saúde do Recife

RESUMO
A aula-oficina foi ministrada de modo online, com a participação da turma de residência da RAPS da
Secretaria de Saúde do Recife, ano de 2021: duas psicólogas, duas assistentes sociais, duas
enfermeiras e dois professores de educação física.
A experiência foi planejada pelas psicólogas residentes a partir de um roteiro de apresentação. Este
continha informações em tópicos que seriam abordadas de modo ampliado durante a aula, além de
orientações que passaríamos aos colegas tanto previamente quanto durante o momento. Foi solicitado
aos colegas que pensassem em experiências que tiveram com grupos, seja durante a residência ou
não, como facilitadores, espectadores ou participantes, e quais dificuldades encontraram para a
realização destes. Como a aula-oficina foi ministrada de forma online, através da plataforma Google
Meet, foram orientados que se preparassem previamente, pois solicitaríamos que ligassem suas
câmeras.
Estruturação do roteiro: 1) momento de chegada, socialização da proposta; 2) início da apresentação,
sendo elencados os principais tópicos teóricos a serem abordados, incluindo também cada etapa do
planejamento de um grupo e a especificidade da articulação de um grupo nos CAPS; 3)
compartilhamento de experiências dos presentes com planejamento e coordenação de grupos e
momento tira-dúvidas; 4) encerramento. As orientações foram tiradas de um livro de recursos e
técnicas teatrais realizadas em grupos de diversos formatos e com diferentes objetivos.
Objeto do Relato
Oficina sobre planejamento de grupos na Atenção Básica e na Saúde Mental.
Objetivos
O objetivo do presente relato é mostrar o desenvolvimento da experiência e retratar a importância
desta capacitação no contexto da residência multiprofissional em Saúde Mental, levando em conta
que, sendo os principais campos de prática os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nossa
principal ferramenta é o trabalho com grupos.
Análise Crítica
Um dos principais objetivos da aula-oficina foi promover o diálogo sobre a importância de se ter um
planejamento adequado para executar atividades com grupos e enfatizar o papel do facilitador na
condução. Ofertar um momento de reflexão sobre a prática grupal no contexto da atenção psicossocial
foi bastante importante e despertou maior interesse entre os colegas participantes. O principal desafio
da atividade foi ministrar a aula-oficina em formato virtual, visto que seria mais cativante e proveitoso
ensinar sobre processos grupais de forma vivencial, explorando aspectos mais físicos e sensoriais.
Conclusões/Recomendações
É necessário que haja uma formação mais contundente e propositiva em relação aos processos grupais
dentro do contexto das residências em saúde mental, visto que é perceptível a carência de discussões
sobre o tema e o consequente prejuízo na atuação das/os profissionais em seus campos de prática.
Palavras-chave: Grupos; Saúde Mental; RAPS.

34
Diálogos entre Psicanálise e o Teatro do Oprimido (T.O) de Augusto Boal: O Teatro do
Oprimido pode ser uma terapia complementar dentro da Seguridade Social?

Giancarlo Gonzales Varjão Gian Gonzales - Clínica Desenvolver e Aprender


Gabriel Rodrigues Moreira - UFMG
Gabriela Alves Feitosa - UNIMAR

RESUMO
Augusto Boal propõe o teatro como forma de terapia, reformulando o Teatro do oprimido para dar
conta do sofrimento psíquico do sujeito. Segundo o autor, ser humano é ser artista . Teatro é imaginar-
se em ação: o Eu que desdobra-se sobre si mesmo. Este é o ator: aquele que vive em sociedade,
atuando e pensando sobre sua atu(ação) na maquinaria da sociedade.
A este sofrimento psíquico, Freud correlacionou um mal estar necessário, uma troca gerada entre a
aceitação de uma repressão social e o ganho de sobreviver em sociedade, propondo uma ética que
tivesse por interesse olhar o sofrimento do sujeito por uma via do inconsciente. E desse olhar, de uma
escuta de si, possibilita as discussões acerca do teatro quanto uma prática terapêutica grupal
complementar a área da saúde mental.
Objetivos
A pesquisa busca compreender as possibilidades e limites em que as técnicas do T.O , podem auxiliar
como forma de terapia complementar à clínica psicológica, podendo o T.O estar dentro da própria
seguridade social. Investigando as aproximações e os distanciamentos daquilo que Boal propõe
enquanto prática terapêutica, e as necessidades do manejo Psicanalítico dentro desse ambiente.
Metodologia
A presente pesquisa deu-se como continuidade de uma I.C entre os diálogos: teatro e Psicologia. A
partir de vivências ligadas à docência, práticas teatrais, discussões entre as perspectivas políticas,
filosóficas, estéticas, pedagógicas e psicológicas.
Utilizando de análises bibliográficas dos textos: "A estética do Oprimido"; "O arco-íris do desejo";
"O id e o Ego" e "Mal estar na civilização delimitar o papel do teatro como dispositivo complementar
à Psicologia Clínica.
Resultados
O T.O, como uma possibilidade terapêutica, pode ser investigado como observação de si, dentro do
que Boal situou enquanto spectator, síntese do espectador (escuta) e ator (Ação) de si mesmo. Por
lidar com relações vindas de um mal-estar na cultura, a utilização do teatro como uma forma de
produção de saúde mental apresenta dois pontos que são de grande interesse para a saúde mental.
O primeiro ponto está ligado a uma nova experimentação dos conflitos, que podem circular de
maneira mais ampla por justamente ocuparem o lugar de uma suposta ficção (supõe-se enquanto
ficção), possibilitando talvez, um alívio próximo a cura pela fala, auxiliando na produção de novos
significantes ao ver-se em ação.
O segundo, refere-se aos desdobramentos emocionais de ser espectador de si, na qual o manejo
correto das situações e o entendimento daquilo que é cabível de manejo, são cruciais.
Conclui-se por fim, que há uma possibilidade do uso do teatro enquanto forma terapêutica
complementar dentro da Seguridade Social, cabível dentro de serviços públicos de saúde, não
substituindo ou solucionando as questões clínicas individuais.
Palavras-chave: Psicanálise e teatro; Teatro do oprimido; Teatroterapia.

35
Dificuldades na atenção à crise de usuária de CAPS II internada em Hospital Pisquiátrico

Bruna Bernardes Vieira Maia - Caps Neusa


Raphael Rabello - UERJ / Caps Neusa Santos Souza

RESUMO
Mulher negra, casada, superior incompleto, autônoma. É acompanhada em CAPS II, na Zona Oeste
do Rio. Possui um diagnostico de Transtorno Bipolar, inúmeras internações psiquiátricas. Em
novembro de 2021, começa a apresentar alterações comportamentais, humor eufórico, insônia,
agitação psicomotora, evolui rapidamente com delírios religiosos, de grandeza e persecutórios.
Apesar da intensificação do cuidado no território, devido aos riscos que se colocava, foi levada por
sua família para internação psiquiátrica em Hospital Geral, depois é encaminhada para Hospitais
Psiquiátricos. No primeiro Hospital Psiquiátrico, permaneceu por 3 semanas, em episódio maniforme,
com pouca resposta as medicações prescritas, recusa ativa de água e alimentos. Foi encaminhada para
um segundo hospital psiquiátrico, que dispões de serviço de Eletroconvulsoterapia (ECT), e ao final
da primeira semana de internação neste Hospital, foi indicada a realização de ECT, sob argumento de
situação de risco. Foi realizada uma reunião com o Hospital (5 médicos)e equipe do CAPS (3
técnicos- que conhecem a usuária e suas crises), onde apesar do relato da equipe do CAPS sobre as
crises e sua temporalidade, fica marcado o discurso hospitalar ECT salva vidas . Usuária permaneceu
com recusa alimentar, e em nova reunião, foi articulada transferência para leito de psiquiatria em
Hospital Geral, onde foram identificadas complicações clínicas primárias, após estabilização,
permanece em CAPS III e depois, sai de alta.
Objeto do Relato
caso de uma usuária de CAPS, em internação psiquiátrica devido a agudização sintomas psicóticos
Objetivos
relatar a experiência da equipe de cuidado longitudinal de um CAPS no acompanhamento de uma
usuária em crise internada em hospital psiquiátrico. Analisando de forma crítica as dificuldades e
entraves no cuidado multidisciplinar
Análise Crítica
Relato de quadro clínico grave, evidenciando falha na articulação do cuidado. Dificuldades foram ser
secundárias a estrutura de funcionamento da saúde mental precária na Zona Oeste do Rio, mau
distribuída, onde temos ainda um hospital psiquiátrico em funcionamento, núcleos asilares de longa
permanência, poucos CAPS III concentrados em algumas regiões que não abrangem todo o território
da zona oeste. Os hospitais psiquiátricos seguem a lógica manicomial, com predomínio de decisões
médicas sobre a individualidade do sujeito. Apesar do entrave entre a equipe de cuidado longitudinal
e os representantes dos Hospitais Psiquiátricos, foi possível construir alternativa eficaz a realização
da ECT.
Conclusões/Recomendações
Apesar da reforma psiquiátrica, observa-se a persistência de discurso manicomial em Hospitais
Psiquiátricos, negligência à integralidade no cuidado. Distribuição de serviços de saúde mental no
Rio fragmenta o cuidado ao usuário.
Palavras-chave: atenção à crise; internação psiquiátrica; eletroconvulsoterapia.

36
Dificuldades na integralidade do cuidado em saúde mental no SUS: relato de uma experiência
de estágio em serviço de média complexidade

Marina Buriol Zampirolo


Luccas Poerschke Pippi - Universidade Franciscana
Diogo Faria Corrêa da Costa - Universidade Franciscana

RESUMO
O local onde o estágio foi realizado é um ambulatório de especialidades médicas vinculado a um
hospital geral que compõe a rede de atenção à saúde do referido município. Trata-se de um
equipamento de saúde para onde são encaminhados usuários cujas doenças ou agravos não puderam
ser solucionados na atenção primária, sendo necessária a consulta com médico especialista, na média
complexidade. Quando, no atendimento médico, nota-se que o adoecimento do paciente está
associado a um quadro de sofrimento psíquico ou é dele decorrente, o serviço de psicologia, composto
por estagiários de um curso de graduação, é acionado. Em sua maioria, são pacientes com transtornos
mentais moderados mais prevalentes, como transtornos de humor, transtornos de ansiedade,
dependência química, etc. Com a proximidade do fim do ano letivo, os estagiários que vinham
assumindo os cuidados em saúde mental na instituição encontram o desafio de encaminhar os
pacientes mais graves - com risco de suicídio, com episódios de automutilação, etc. - para outros
pontos da rede de atenção psicossocial. Não raro, os encaminhamentos não ocorrem devido à carência
de serviços para esse público. Desse modo, com as férias letivas, tais pacientes, que em sua maioria
dependem exclusivamente da oferta de serviços públicos para o cuidado à sua saúde, voltam à
margem do cuidado em saúde mental. Logo, a garantia à integralidade do cuidado em saúde não é
cumprida, o que fere o disposto na legislação do Sistema Único de Saúde.
Objeto do Relato
Dificuldades na integralidade do cuidado em saúde mental no SUS, em especial na média
complexidade.
Objetivos
Discutir os desafios à efetivação da integralidade do cuidado em saúde mental no SUS, demonstrando
as dificuldades encontradas por estagiários de psicologia no encaminhamento de usuários com
transtornos mentais moderados à RAPS em um município do interior do RS. Apontar possíveis
soluções para minorar a carência de serviços para esse público.
Análise Crítica
O atendimento integral à saúde está presente no art. 198 da CF e constitui-se como um dos princípios
do SUS, prevendo a garantia da assistência à saúde em todos os níveis de atenção. Entretanto, tal
direito é negado aos usuários em situações em que a RAPS não dispõe de equipamentos suficientes
para o tratamento de determinadas condições.
O intenso fluxo de pacientes encaminhado ao serviço de psicologia do ambulatório comprova a
necessidade de a RAPS da referida região de saúde atender uma população que carece de serviços
adequados ao tratamento de transtornos moderados, que não são atendidos nem pela atenção básica
nem pelos serviços especializados em saúde mental.
Conclusões/Recomendações
Consideramos urgente a garantia da integralidade em saúde mental no SUS e recomendamos a
implantação de uma ou mais Equipes Multiprofissionais de Atenção Especializada em Saúde Mental
como parte da RAPS, conforme propõe a Portaria n.º 3588/2017 do MS, ainda pouco discutida desde
a sua publicação.
Palavras-chave: integralidade; saúde mental; Sistema Único de Saúde; média complexidade.

37
Direitos humanos e produção de subjetividade: entre o cuidado, a clínica e a política

Alice De Marchi Pereira de Souza - UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
Vive-se, no Brasil e no Rio de Janeiro, um profundo agravamento das violações de direitos humanos
e da violência estatal vinculado à agenda implementada pelo governo federal, abertamente
ultraconservadora, racista, machista, avessa às minorias. Nesse contexto necrobiopolítico, preocupa
o impacto sobre a saúde mental de determinadas populações. Os jovens negros são os mais
frequentemente presos e assassinados, e é notório o efeito sobre as mulheres negras e periféricas -
seja como familiares dos jovens ou como vítimas diretas em decorrência da falta de acesso a direitos
básicos. Além disso, cada vez mais ativistas e militantes vêm adoecendo. Urge, pois, investigarmos
as implicações desse quadro nos processos de subjetivação desses grupos e como têm se criado
estratégias de cuidado.
Objetivos
Pesquisar efeitos da violência estatal no Rio de Janeiro na produção de subjetividade das populações
afetadas direta e indiretamente e em ativistas e militantes de direitos humanos. Investigar, numa
perspectiva crítica e ético-estética-política, como tem se produzido o cuidado com tais sujeitos e como
pode-se contribuir para a saúde mental e outros modos de existir que resistam à necrobiopolítica.
Metodologia
A perspectiva teórico-metodológica da Análise Institucional brasileira guia esta pesquisa, abrindo-se
constantemente às vicissitudes do campo e ao questionamento de verdades absolutas. A cartografia,
tomada como metodologia de pesquisa-intervenção, se oferece como ferramenta para acompanhar os
processos subjetivos e atravessamentos que aparecem nos dispositivos grupais criados. Também
trabalhamos com referenciais feministas latino-americanas e negras que propõem novas discussões
sobre o cuidado e o autocuidado como estratégia política de proteção e cuidado de ativistas de direitos
humanos.
Resultados
A pesquisa está em fase inicial, portanto elencamos alguns resultados esperados: a) Levantamento e
sistematização de produções em psicologia relacionando violência de Estado, produção de
subjetividade e estratégias de cuidado; b)Mapeamento das iniciativas de promoção de saúde mental
para pessoas afetadas por violência de Estado, material que subsidie encaminhamentos de casos
advindos das políticas públicas e organizações de direitos humanos, gerando maior articulação dessa
rede; c) Realização de Rodas de Escuta com pessoas atingidas por violência de Estado, de modo a
acolher e coletivizar experiências e fortalecer comunidades, e identificar as demandas, efeitos
subjetivos e possibilidades de construção de estratégias de cuidado nos territórios: d)
Acompanhamento de Grupos de Acolhimento, para adensar a experiência clínico-política grupal e
seus efeitos; e)Realização de Oficinas de Cuidado voltadas para ativistas e militantes de direitos
humanos; f)Fortalecer indivíduos e coletivos de favelas e periferias; g) Formação de estudantes numa
perspectiva crítica, ético-clínico-política que os qualifique para atuarem em diferentes áreas; h)
Contribuição para o debate ampliado sobre o tema.
Palavras-chave: direitos humanos; violência de Estado; militância; cuidado; dispositivos clínico-
políticos.

38
Dispositivo clínico do acompanhamento terapêutico AT: uma aposta na diferença e no cuidado
em liberdade

Thiago de Souza Santos

RESUMO
A experiência ocorreu numa cidade de médio a grande porte, contemplada por uma Rede de Atenção
Psicossocial com específicos pontos de atenção. Em meio a uma rede de atenção à saúde fragilizada
pela ameaça da contrarreforma, o AT foi iniciado no contato com os familiares que buscaram o
acompanhamento, concordaram com esse dispositivo, até que se iniciasse o processo de vínculo e
referência deste com a pessoa. A Reforma Psiquiátrica Brasileira e o Movimento da Luta
Antimanicomial contribuíram para a construção de estratégias de cuidado em Saúde Mental, e, o AT,
alinha-se à uma destas alternativas de atenção às pessoas em sofrimento psíquico. A construção do
cuidado foi iniciada num momento de experiência radical do sofrimento psíquico, pois a pessoa se
encontrava em crise, com importante perda de poder contratual, dificuldades de contato com a família,
de trabalhar e ficou sozinho em sua casa. A experiência da crise o levou a internação no leito de saúde
mental do hospital geral. O primeiro contato, acompanhamento e construção do vínculo ocorreu nesse
espaço do hospital. onde foi possível acompanhá-lo, construir a proposta do AT, fazer as articulações
e compartilhar com outros serviços estratégicos. Após a alta, o AT continuou em sua casa. Entre as
várias demandas, destaca-se as suas produções de pensamentos , estes ligados à sua experiência
religiosa e aos temores que lhe provocavam impotência. O espaço da casa tornou-se o lugar escolhido
para os encontros.
Objeto do Relato
AT com uma pessoa em sofrimento psíquico, de forma ampliada e compartilhada.
Objetivos
Apresentar o AT com uma pessoa em sofrimento psíquico, a fim de elucidar as ações deste, aliando
referências teóricas que possibilitam o balizamento dessa prática. Destaca-se o conjunto de formas
de construção do cuidado, como acolhimento, vínculo, referência e disponibilidade para estar com a
pessoa, no lugar ou espaço que ela demandar.
Análise Crítica
O AT precisa necessariamente estar em trânsito pelas ruas e espaços da cidade? O cuidado é tecido
em linhas e espaços subjetivos. Analisando o conceito de AT, entende-se que os processos são
diferentes e horizontalizado e tem a necessidade de compor e tecer possibilidades de cuidado. A
atuação se dá a partir do lugar que a pessoa demanda, seja para acolher sua crise, no vínculo que
sustenta as ações, na referência e no compromisso ético com o cuidado. A experiência de cuidado em
liberdade contrapõe-se às produções de saúde hegemônicas. Buscou-se efetivar a clínica peripatética,
nômade, construindo com a pessoa maneiras de circular, movimentar ou até mesmo parar num lugar,
para poder cuidar.
Conclusões/Recomendações
O AT vai ao encontro, favorecendo acompanhar as dificuldades, mas também suas potencialidades.
Portanto, o AT se constrói enquanto possibilidade de sustentar a diferença, de afirmação da loucura,
à medida que enseja a experiência do sujeito frente a suas questões, inquietações e produções de vida.
Palavras-chave: Acompanhamento Terapêutico - AT; Desinstitucionalização; Saúde Mental.

39
Escuta itinerante na UFPR como estratégia de prevenção em saúde mental no período de
retorno presencial das atividades

Amanda Marchioro Muniz - UFPR


Lis Andrea Pereira Soboll - UFPR
Maria Eduarda Fand Muraro - Faculdades Pequeno Príncipe
Miriese Guedes da Silva - UFPR
Gabriel Ribeiro Leoncio - UFPR
Juliana Ortiz Kay - UFPR
Lígia Müller Martins - UFPR

RESUMO
As ações são realizadas pela Equipe do programa, em colaboração com intervenções culturais, que
tem o objetivo de promover espaços de convivência mais acolhedores na Universidade. Nesse
período, construímos parcerias com estudantes e instâncias da instituição, desenvolvendo
apresentações de dança, música e poesia, enquanto realizamos a ação de escuta itinerante. Até o mês
de Abril, percorremos cinco Campus da universidade, dialogando com a comunidade interna,
principalmente com os estudantes, sobre temas voltados ao suporte emocional. Dentre esses temas,
foram contemplados as expectativas e desafios acerca do retorno presencial, as redes de suporte
(pessoais e na universidade), a convivência universitária e apoio mútuo, intitulado "como dar suporte
emocional sem ser psicólogo" visando a ampliação do suporte mútuo. Levantamos questionamentos
como: você conhece alguém que está precisando de ajuda? e você já teve que ajudar alguém que
estava precisando de suporte emocional? , a fim de oferecermos um espaço de escuta dessas vivências.
A partir desse movimento de estar onde a comunidade está, a comunidade relatou vivências de
sofrimento, redes de fortalecimento e também usou deste espaço para solicitar ajuda. Para estes casos,
realizamos acolhimentos imediatos e encaminhamentos para a rede de especialistas interna e externa.
Tendo isso em vista, a partir da aproximação com a comunidade, foi realizado também a divulgação
das redes de suporte disponíveis.
Objeto do Relato: Ação preventiva em saúde mental do programa UFPR Convida, vinculado ao
Gabinete da Reitoria - UFPR.
Objetivos: Descrever como ocorre a estratégia de prevenção em saúde mental e fortalecimento de
vínculos no pós-pandemia, a partir da ação intitulada Psiu, eu te escuto , caracterizada pela escuta
itinerante nas filas dos restaurantes universitários, acolhendo demandas cotidianas da comunidade
interna da Universidade.
Análise Crítica: O isolamento social acentuou o contexto de vulnerabilidade psicossocial e dos
vínculos da comunidade universitária. Ações como o Psiu, eu te escuto , se caracterizam como
estratégias de prevenção da saúde mental por oferecerem espaços de diálogos, acolhimentos e suporte,
possibilitando que as pessoas falem sobre como estão se sentindo, troquem experiências e construam
redes de suporte e apoio mútuo diante das demandas emocionais cotidianas. Esta prática se
fundamenta no modelo dos Primeiros Socorros Psicológicos. A partir da experiência, foi possível
alcançarmos pessoas que estavam em situação de maior vulnerabilidade e que desconheciam as redes
de suporte na Universidade.
Conclusões/Recomendações: A ação possui relevância para o ambiente institucional no pós-
pandemia, sendo uma ferramenta de aproximação com a comunidade, mediadora de diálogos e de
promoção de saúde. Essa escuta tem permitido mapear pessoas em situação de vulnerabilidade
emocional e identificar as demandas da comunidade UFPR.
Palavras-chave: escuta itinietrante; prevenção em saúde mental; suporte institucional.

40
Grupo online de pais de crianças da primeira e segunda infâncias durante a pandemia

Bruna de Paula Candido - Escola de Enfermagem da USP


Nathalia Nakano Telles - Escola de Enfermagem da USP
Julia Carolina de Mattos Cerioni Silva - Escola de Enfermagem da USP
Priscilla de Oliveira Luz - Escola de Enfermagem da USP
Gabriela de Albuquerque Fernandes Machado Galvão - CAPSij II Piração
Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - Escola de Enfermagem da USP
Heloísa Garcia Claro Fernandes - Universidade Estadual de Campinas

RESUMO
Até meados de março de 2020, o CAPSij realizava atendimentos grupais para diversas crianças e
adolescentes com transtorno mental grave e/ou sofrimento psíquico que necessitavam de
acompanhamento intensivo concomitante aos grupos de seus familiares. Durante a quarentena, o
CAPSij continuou funcionando e precisou reinventar-se para dar continuidade ao cuidado dos
usuários e familiares. Os familiares que, até então, não passavam tanto tempo com as crianças em
casa, muitas vezes morando em espaços pequenos, começaram a ligar com alta frequência solicitando
orientação e acolhimento. Com isso, pensou-se em realizar grupos à distância com os familiares via
aplicativo de vídeo chamadas a fim de continuar a proposta de cuidado grupal, antes presencial.
Foram realizados três grupos com quatro cuidadores cada e com atendimento semanal por aplicativo.
O espaço teve como proposta acolhimento, orientação, compartilhamento de angústias e troca de
experiências entre os cuidadores, sendo coordenado por terapeuta ocupacional e fonoaudióloga do
CAPSij. Por semana, as coordenadoras compartilhavam vídeos com atividades e orientações para o
cuidado das crianças no ambiente domiciliar e deixavam espaço livre para troca entre os pais.
Objeto do Relato
Grupo de família realizado à distância para acolher e orientar cuidadores de crianças pequenas.
Objetivos
Compartilhar sobre experiências e potências do grupo de família online realizado com cuidadores de
crianças pequenas devido à pandemia de COVID-19 em CAPSij.
Análise Crítica
O período de realização do grupo foi curto devido às dificuldades institucionais de se manter um
grupo à distância que demandava recursos que antes da pandemia não existiam no CAPSij (por
exemplo, celular com acesso à internet e câmera para ligações de vídeo). Os cuidadores que foram
inseridos nos grupos participaram ativamente da proposta e realizavam devolutivas sobre a
importância de ter tido esse espaço logo no início da pandemia, uma vez que se tratava de espaço
incerto quanto à duração e desdobramentos. Estes cuidadores, mesmo após o encerramento do grupo,
não buscavam o CAPSij tão angustiados quanto outros pais que não participaram desta estratégia de
cuidado.
Conclusões/Recomendações
A estratégia contribuiu para o acolhimento e orientação no período inicial da pandemia e continuou
como rede de apoio entre os cuidadores. Cuidar e fornecer orientação para os familiares proporcionou
melhora na dinâmica familiar e consequentemente da qualidade de vida para estas crianças.
Palavras-chave: práticas de cuidado; pandemia; grupo de família.

41
Grupos de Terapia Ocupacional como cuidado em saúde mental: A percepção de familiares
cuidadores de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia

Lígia Beatriz Romeiro Rôse - HCFMRP


Leonardo Martins Kebbe – FMRP - USP

RESUMO
A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que pode alterar a cognição, as relações afetivas, o
funcionamento ocupacional e tornar a pessoa dependente para a realização de atividades de vida
diária, como o autocuidado e a higiene pessoal. Após a Reforma Psiquiátrica, junto à rede substitutiva
de saúde mental, a família assume papel relevante no cuidado do parente acometido pelo referido
transtorno. Contudo, na maioria das vezes o familiar cuidador se mostra despreparado ao se deparar
com as dificuldades cotidianas do parente sob seus cuidados, seja na oferta do auxílio necessário para
o desempenho ocupacional ou no modo em lidar com as crises.
Objetivos
Considerando as proposições da literatura científica sobre programar estratégias psicossociais de
atenção ao cuidador e ao grupo familiar, este estudo teve como objetivo analisar, na perspectiva dos
familiares cuidadores, como os Grupos de Terapia Ocupacional os auxiliam nos cuidados de pessoas
com diagnóstico de esquizofrenia.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em uma Associação de apoio à pessoa com transtorno mental de um
município do interior do estado de São Paulo, Brasil. Teve como participantes 6 familiares cuidadores
de pessoas com esquizofrenia, usuárias da Associação. Foram realizados Grupos de Terapia
Ocupacional em 5 encontros semanais, com duração de 50 minutos, com abordagem predominante
sobre a vida ocupacional. Além disso, responderam um Questionário Autoaplicável, antes e depois
das intervenções com os Grupos. Os dados coletados foram gravados, transcritos e analisados à luz
da análise de conteúdo.
Resultados
Como resultados os conteúdos deram origem a três categorias: Ocupações; Papel de Cuidador e
Percepções sobre os Grupos de Terapia Ocupacional. Na perspectiva das cuidadoras, os Grupos as
auxiliaram nos cuidados de seus familiares à medida que forneceram escuta e informações referentes
ao transtorno mental, as auxiliando na elaboração de estratégias para enfrentamento de dificuldades
cotidianas. Proporcionaram maior percepção do papel desempenhado no grupo familiar através das
ocupações e promoveram o cuidado para elas mesmas, que demonstraram se perceberem mais
instrumentalizadas após a participação nos Grupos, facilitando as tarefas de cuidados. Como
limitações, pode-se apontar o número relativamente pequeno de encontros grupais e o número
relativamente pequeno de participantes. Portanto, conclui-se que Grupos de Terapia Ocupacional com
um número maior de encontros, e voltados a um número maior de familiares cuidadores de seus
parentes com esquizofrenia, podem mostrar resultados ainda melhores e com benefícios a mais
familiares com características semelhantes à das participantes da presente pesquisa.
Palavras-chave: Cuidadores; Família; Saúde Mental; Grupos; Terapia Ocupacional.

42
Guardiões em Saúde Mental: Uma Jornada de Cogestão na Atenção Primária à Saúde

Leilany de Moraes Frauches - Hospital Israelita Albert Einstein


Maira Rodrigues da Silva - Hospital Israelita Albert Einstein
Aline Santos Silva Macedo - Hospital Israelita Albert Einstein

RESUMO
A manutenção do cuidado em SM é desafiadora, porém necessária no contexto da APS e cenário pós-
reforma antimanicomial. Tem como cenário uma Unidade Básica de Saúde da região sul de SP, em
que a vulnerabilidade socioeconômica e diversos tipos de violência são eventos cotidianos. Os casos
de SM são monitorados por uma ferramenta institucional de gestão de dados, que mapeia usuário com
demandas nessa linha de cuidado abordando aspectos como medicações em uso e seguimento em
outros serviços da rede. Este fluxo é essencial para o cuidado, mas foi prejudicado durante a pandemia
Covid-19 devido à pressão das Equipes de Saúde por atendimento aos Sintomáticos Respiratórios e
adequação da nova rotina. Em fevereiro de 2021, foi proposta pela gestão um novo projeto,
denominado Guardiões , com o objetivo do serviço se produzir na lógica da cogestão e retomada das
linhas de cuidado prioritárias na APS. Dado este desafio de cogestão, o grupo Guardiãs em SM é
composto por uma enfermeira, médica e psicóloga, que realizam reuniões mensais de uma hora, para
discutir ações de monitoramento e estratégias de cuidado em SM. Ressalta-se que entre algumas ações
do grupo, uma das propostas foi o envio dos dados extraídos sobre divergências apontadas pelo
sistema e sinalização às equipes de ESF, evidenciando casos que necessitem de atualização no
acompanhamento. Tais ações fortalecem o cuidado e vínculo dos usuários com equipes ao mesmo
tempo em que otimizam resultados institucionais.
Objeto do Relato
Descrever o trabalho do grupo Guardiãs para ações de vigilância em saúde mental na APS.
Objetivos
Descrever o processo de construção do grupo de cogestão em saúde mental. Apresentar as estratégias
empreendidas para operacionalização das ações de vigilância em saúde mental. Demonstrar a
funcionalidade do processo e sua potência.
Análise Crítica
A experiência tem se demonstrado promissora, podendo assegurar a continuidade no cuidado. O envio
de e-mails periódicos às equipes, estimulando a inserção de dados, assegura a atualização do
mapeamento e facilita o reconhecimento de demandas em SM atuais, estreitando o vínculo entre a
equipe e esses usuários, tendendo a facilitar o cuidado. A criação do grupo estimulou o sentimento de
pertencimento dos colaboradores com relação a gestão do cuidado, aumentando a satisfação ao
exercer seu trabalho, empoderando as equipes. As reuniões mensais também contribuíram para a
educação permanente da equipe ampliada e troca de experiências, fortalecendo a lógica de
matriciamento em Saúde Mental.
Conclusões/Recomendações
O grupo Guardiãs proporcionou um novo olhar ao dispositivo de cogestão e para monitoramento dos
casos de SM, se configurando como uma estratégia promissora e com potencial para ser replicável
em outros cenários, bem como para o mapeamento de usuários em outras linhas de cuidado sensíveis.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Medicina de Família; Saúde Mental.

43
Mudanças na atenção psicossocial a partir do ano de 2016 na perspectiva de uma pesquisa
documental

Ana Maria Ferreira Soares - Prefeitura De Itaperuna-RJ

RESUMO
O cuidado qualificado ofertado pela atenção psicossocial tem suas bases nas diretrizes da reforma
com vistas a garantir o direito de ser tratado em condições dignas e em liberdade. E até o ano de 2015
a área de saúde mental seguiu uma dinâmica de ampliação de sua rede com fluxos contínuos e
regulares de implementação. Consta que com a justificativa de que a área necessita de
aprimoramentos nos últimos anos o governo federal vem instituindo medidas e legislação sobre o
funcionamento da área que interferem nessa lógica de cuidado. A proposta do trabalho é uma
discussão das mudanças na atenção em saúde mental, que tem como referência teórica o paradigma
da atenção psicossocial em função dessa normativas governamentais emitidas.
Objetivos
Identificar e analisar os documentos legais emitidos pelo governo federal a partir do ano de 2016 que
dispõem sobre a reformulação da atenção em saúde mental no Brasil, apresentando as mudanças
operadas na área de saúde mental em relação ao paradigma da atenção psicossocial.
Metodologia
Com abordagem qualitativa, foi realizada uma pesquisa documental com a finalidade de identificar e
analisar os documentos legais do período, que dispõem sobre a reformulação da atenção em saúde
mental no Brasil, apresentando as mudanças operadas em relação ao paradigma da atenção
psicossocial. Os documentos analisados e que serviram de base para delimitação das mudanças foram
as portarias ministeriais, leis, resoluções e demais normativas instituídas na política de saúde mental
no período. Foi realizada análise de conteúdo com categorização e reflexão das informações obtidas
Resultados
Em seus resultados a pesquisa identificou que as normativas alteram a estrutura dos serviços com a
inclusão na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) dos hospitais psiquiátricos, do Hospital Dia, das
Equipes Multiprofissionais Especializadas em Saúde Mental para atuar em Ambulatórios; com a
criação de nova modalidade de Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas do Tipo IV
e inclusão na rede da Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental e
Hospitais Psiquiátricos Especializados, fortalecimento da parceria e o apoio intersetorial entre
MS/MJ/MDS/MT em relação as Comunidades Terapêuticas. A análise categorizada e reflexiva
realizada apontaram que o teor e fundamentação dos documentos identificados se contrapõe às bases
paradigmáticas da Reforma Psiquiátrica incidindo diretamente nos fluxos e dinâmicas de
implementação de ações que até então apresentavam certa regularidade. Os documentos são
fundamentados por conceitos e lógica diversos do modelo até então instituído.
Palavras-chave: saúde mental; atenção psicossocial; políticas públicas de saúde.

44
O Ministério Público do Acre e os Diálogos Intersetoriais: Governanças em Redes de Proteção
e Cuidado

Bruna Oliveira da Silva - Ministério Público Do Acre


Allan Gabriel de Souza Silva - Ministério Público Do Acre
Diego Costa de Oliveira - Ministério Público Do Acre
Patrícia de Amorim Rêgo - Ministério Público Do Acre

RESUMO
Diálogos Intersetoriais é um projeto do Ministério Público do Acre, desenvolvido pelo Núcleo de
Apoio e Atendimento Psicossocial (Natera) que possibilita fortalecer a implantação e execução de
Políticas Públicas, promovendo a aproximação do Sistema de Justiça com as temáticas de saúde
mental, situações de vulnerabilidades e violações de direitos. Por meio de etapas, o processo dialógico
é construído com gestores locais, trabalhadores e usuários dos serviços visando o aprimoramento das
ofertas públicas para este segmento populacional. O vasto campo da Saúde Mental possibilita uma
variada forma de atuação, seja com a própria rede de saúde ou outros dispositivos como assistência
social, geração de emprego e renda, direitos humanos, etc. Diante de casos mais complexos e críticos
envolvendo os direitos fundamentais não há outra alternativa que não o diálogo aberto, franco, que
estabeleça laços de proximidade, mas fundamentalmente compromissos. A materialização do projeto
se dá por meio das ferramentas para discussão de casos, elaboração de protocolos de atendimento
comuns, plataformas de construção dialogada e acordos. O desmonte das políticas, a fragilização de
serviços públicos existentes, bem como o aumento da judicialização da saúde têm sido fatores que
colaboram para a desassistência e desorganização dos atendimentos, além de gerar uma ilusão na
busca de soluções rápidas para demandas complexas.
Objeto do Relato
Fortalecimento dos vários serviços públicos, através do diálogo para atuação integrada e resolutiva.
Objetivos
Fortalecimento e Reorganização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS);
Aproximação do Sistema de Justiça com a Política de Saúde Mental.
Horizontalidade na tomada de decisões por meio do diálogo interinstitucional de acordo com a
realidade de cada território.
Análise Crítica
O diálogo Intersetorial proporciona a horizontalidade na tomada de decisões de acordo com as
características cada território, bem como a aproximação do sistema de justiça (MP, TJ, DPE) com
temáticas relacionadas à proteção social de pessoas com transtornos mentais, usuárias da álcool e
drogas, além de incorporar ao trabalho ministerial a lógica da proteção e redução de danos como
diretriz de atuação na política sobre drogas e saúde mental. A Fragilidade dos serviços da rede em
trabalhar de forma integrada e resolutiva no campo da Saúde Mental é um desafio a ser enfrentado,
além da alta exigência ao sistema de justiça de casos não resolvidos pelas redes de atendimento.
Conclusões/Recomendações
Busca-se por maior eficácia no âmbito de políticas sociais face à grande demanda de situações que
envolve a saúde mental. A resolutividade materializa-se pela busca de atuação mais estratégica, com
recurso humano adequado, orçamento público compatível, legislação, fluxos e procedimentos
operacionais
Palavras-chave: Diálogos Intersetoriais; Políticas Públicas; Saúde Mental; Sistemas de Justiça.

45
O Movimento da Educação Permanente em Saúde no Município de Piraí no contexto do
COVID-19: Atualizações e Ativações

Carolina Oliveira Forastieri


Flávia Helena Miranda de Araújo Freire - UFF
Letícia Martinez Miguel - UFF
Giovana Cardoso Citeli Jordão - UFF

RESUMO
Este trabalho é o relato do projeto de extensão Formação e Educação Permanente em Saúde Mental
desenvolvido pelo departamento de psicologia da UFF de Volta Redonda com a Secretaria Municipal
de Saúde do município de Piraí/RJ, atuando na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Com a
Estratégia da Atenção Psicossocial como eixo norteador do trabalho e com referência a Educação
Permanente em Saúde, o projeto propõe a interferência no mundo do trabalho da equipe do CAPS
Reviver, convidando a participação dos trabalhadores e gestores para uma reflexão e análise da
micropolítica do trabalho, sobre as práticas no cuidado integral com o usuário e na criação de
estratégias para o trabalho em rede. Como forma de sustentar o trabalho desenvolvido, o projeto já
existente foi adaptado ao formato on-line devido à COVID 19. Deste modo, de abril de 2020 até abril
de 2022 foram realizados encontros remotos mensais com a equipe e a gestão do CAPS e semanais
entre as extensionistas e a coordenadora do projeto. No mês de maio de 2022 os encontros voltaram
a ocorrer presencialmente no espaço físico do CAPS. O processo analítico se dá de forma processual
com estudos teóricos e compartilhamento dos Diários de Campo entre as extensionistas e a
coordenadora, com análises e reflexões do que foi vivenciado nos encontros. As anotações são de
observações feitas, bem como percepções da realidade vivida e os sentidos que se encontra no que
está desenvolvendo.
Objeto do Relato
Relato do trabalho desenvolvido com os profissionais de um CAPS a partir de um projeto de extensão.
Objetivos
O projeto de extensão mostra a dimensão do cuidado, e tem por objetivo criar um espaço de escuta e
de apoio à equipe do CAPS na reformulação do processo de trabalho e do cuidado em saúde mental,
atentando para a criação de um espaço de apoio com os cuidadores do serviço.
Análise Crítica
Ao longo do projeto, foram realizados encontros com a gestão, com a equipe do CAPS, com outros
dispositivos da RAPS e com serviços intersetoriais. Esses encontros trouxeram a análise de questões
e demandas importantes, como; a atenção à crise, a desinstitucionalização, a ambulatorização do
cuidado em saúde mental, a gestão dos processos de trabalho, a construção de novos dispositivos de
saúde. A partir de cada encontro e da identificação das demandas e problemas enfrentados no
cotidiano do trabalho, foram desenvolvidas estratégias e intervenções juntos às equipes, em formato
de oficinas, expressões artísticas e discussões de textos onde tais questões pudessem ser refletidas e
analisadas.
Conclusões/Recomendações
O trabalho propõe processos analíticos no CAPS e na RAPS, com foco no trabalho na produção do
cuidado, levando em consideração o modo como é produzido, bem como a aposta na sustentação de
um movimento de reforma psiquiátrica antimanicomial e de uma política de saúde mental
desinstitucionalizante.
Palavras-chave: Atenção Psicossocial; Educação Permanente; Saúde Mental.

46
O protagonismo estudantil e a promoção de debates críticos na área da Saúde Mental em
espaços coletivos de um curso de psicologia

Maria Fernanda Reis Queiroz


Daniela de Figueiredo Ribeiro - Centro Universitário Municipal de Franca

RESUMO
No dia 20 de abril, quando fiquei sabendo das iniciativas Pré-Congresso da ABRASME que estavam
acontecendo nos municípios, cheguei até a minha professora, Daniela de Figueiredo Ribeiro, com a
intenção de fazermos essa iniciativa também em nossa instituição - Centro Universitário Municipal
localizado no município de Franca. Na mesma hora, Daniela sugeriu de fazer um evento no Fórum
Multidisciplinar, que iria ocorrer, sobre saúde mental. Portanto, ao conversarmos com a coordenação,
ficou decidido que seria dia 27. De encontro a isso, até chegar este dia, outras iniciativas como roda
de leitura do Manifesto Bauru e oficinas de cartazes, aconteceram partindo dos estudantes como
esquenta . Além disso, novas ideias foram surgindo conforme fui fomentando a importância da causa,
assim, mobilizando outros estudantes por meio da arte para protagonizarmos na construção do Fórum.
No dia 27 de maio, as seguintes atividades foram executadas: Releitura teatral do filme Nise,
protagonizada pelos próprios estudantes; Mesa de Debate com convidados sobre Políticas Públicas
de Saúde Mental; Apresentação Poética dos alunos; Vivência Esquizodramática com os estudantes.
No final das atividades artísticas e críticas, Daniela e eu criamos um formulário que foi enviando aos
alunos, para que pudessem expressar os impactos que sentiram logo após as experiências. Os
resultados obtidos serão expostos no próximo tópico.
Objeto do Relato
Protagonismo estudantil e promoção de vivências construídas por alunos em um Fórum anual.
Objetivos
Verificar o quanto a inserção do protagonismo estudantil, dentro de um curso de psicologia, pode
ampliar a formação dos alunos partindo tanto do ponto de vista de uma compreensão crítica e reflexiva
sobre políticas públicas em saúde mental, quanto na promoção de uma ciência e experiência
decolonial.
Análise Crítica
Entre as perguntas feitas aos estudantes, duas foram marcantes: Em reação ao que você já sabia sobre
Políticas Públicas e questões relativas a Saúde Mental, o quanto aprendeu? Cite um aspecto que se
sentiu transformado , e O que compreendeu da vivência esquizodramática . Isso porquê, houveram
respostas em como nós estudantes ainda temos muito o que fazer dentro da universidade, afinal, os
futuros profissionais seremos nós. Além de apontarem que não tinham noção da falta de amparo da
saúde na realidade brasileira. Agora, sobre a segunda pergunta, foi unanime em como viveram a
correlação da psicologia com a arte, por nos libertar das prisões subjetivas e deixar o corpo sem
amarras.
Conclusões/Recomendações
O protagonismo estudantil é fundamental para que se inicie um movimento no qual o local não tinha
costume de ter, como o debate crítico sobre saúde mental. A resposta da construção do Fórum
realizado por alunos foi de se iniciar uma Liga Acadêmica de Saúde Mental.
Palavras-chave: Protagonismo estudantil; Arte; Saúde Mental.

47
Os sentidos de pobreza para psicólogos que atuam no CAPS: Relatos de como a determinação
social da saúde atravessa e paralisa a atuação profissional

Julianna Sampaio de Araújo - UNIFSA - Centro Universitário Santo Agostinho

RESUMO
A inserção da Psicologia em Políticas Públicas no país aconteceu principalmente a partir da década
de 80, com o SUS. Entretanto, não se pode afirmar que a entrada nas Políticas Públicas tenha
significado transformação nos modelos teóricos e práticos que fundamentam a atuação profissional.
Quando se propõe a ser exercida em locais que tem questões como a fome, a pobreza, o desemprego
e a violência, o psicólogo é convocado a manejar situações cujos determinantes são estruturais e tem
íntima relação com a saúde mental. Dessa forma é importante discutir a concepção que os
profissionais de Psicologia que atuam na Atenção Psicossocial têm sobre pobreza, identificando o
repertório teórico e de ações que estes profissionais recorrem quando precisam atuar frente as
determinações sociais da saúde.
Objetivos
Este estudo tem como objetivos compreender os sentidos de pobreza para psicólogos que atuam nos
CAPS II e CAPS AD de uma cidade da planície litorânea do Piauí. Buscou-se também conhecer o
exercício profissional dos psicólogos, descrever as percepções desses profissionais sobre pobreza e
sinalizar como a pobreza afeta o exercício profissional destes psicólogos.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo cuja estratégia epistemológica se alinha com a perspectiva
construcionista com base em Spink e Menegon. Para coleta de dados realizou-se entrevista
semiestruturada, cujo roteiro continha questionamentos a respeito da formação, da atuação
profissional em saúde e aos sentidos atribuídos à pobreza. Participaram do estudo quatro psicólogos
cuja lotação está distribuída da seguinte forma: dois psicólogos do CAPS II e dois do CAPS AD.
Como procedimentos de análise e tratamento dos dados apoiou-se na técnica de Análise de Sentido
com base em Spink.
Resultados
Os participantes do estudo afirmam a ênfase no desenvolvimento de atividades coletivas nos
dispositivos de saúde em que atuam. Quanto à compreensão de pobreza a afirmam como a ausência
não só de recursos financeiros, mas também da possibilidade do desenvolvimento e a privação de
acesso a serviços, sendo a educação o mais mencionado. A escuta, o acolhimento e os
encaminhamentos foram as principais estratégias de trabalho adotadas frente as demandas de pobreza.
Nas falas, os profissionais afirmam certa naturalização da pobreza na medida em que relatam que as
queixas diárias dos usuários só se tornam evidentes quando realizam visitas domiciliares. Alguns
profissionais relataram não fazer visitas para evitar o confronto com a vulnerabilidade social em que
os usuários vivem. Todos os psicólogos entrevistados relatam não acreditar que a pobreza provoca ou
dispara o transtorno mental. A maioria dos profissionais relatou que a formação não os preparou para
atuar com a pobreza. Os resultados sinalizam que a profissão precisa avançar na aquisição de recursos
técnicos e teóricos frente a esse fenômeno de forma que a determinação social não seja vista como
algo deslocado e desligado da saúde.
Palavras-chave: Pobreza; Atenção Psicossocial; Psicólogos.

48
Perfil do consumo de álcool entre mulheres durante a pandemia de COVID-19 na cidade de
São Paulo

Rosa Maria Jacinto Volpato - USP - Universidade de São Paulo


Divane de Vargas - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Erika Gisseth León Ramírez - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Caroline Figueira Pereira - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Dionasson Altivo Marques - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

RESUMO
A pandemia da COVID-19 provocou alterações no comportamento das pessoas em todo o mundo.
Fatores relacionados a saúde mental são apontados para o aumento do consumo de álcool, inclusive
entre as mulheres. O consumo de bebida alcoólica entre as mulheres já apresentava crescimento antes
da pandemia. As mulheres são mais vulneráveis aos danos relacionados ao álcool devido aos fatores
biológicos, e esses danos podem ocorrer com níveis de consumo baixos.
Objetivos
Identificar o perfil do consumo de álcool entre mulheres atendidas na Atenção Primaria a Saúde
durante a pandemia de COVID-19 na cidade de São Paulo
Metodologia
Estudo transversal baseado em ligação telefônica, a amostra foi composta por mulheres das unidades
básicas de saúde da cidade de São Paulo, > 18 anos e com compreensão da língua portuguesa.
Utilizou-se um questionário para caracterização sociodemográfica, questão sobre a preferência do
tipo de bebida alcoólica e a versão simplificada do Alcohol Use Disorders Identification Test para
identificação do uso nocivo de álcool nos últimos três meses. Os dados foram coletados no período
de novembro de 2020 a março de 2022 através da plataforma eletrônica REDCap.
Resultados
Participaram 3252 mulheres, com média de idade de 46,89, brancas (43%), solteiras (34%), ensino
médio completo (39%) e empregadas (42%). O consumo de álcool foi relatado por 29% das mulheres,
sendo a cerveja a bebida de preferência (54%). Dessas 22% relataram a frequência de consumo
mensalmente ou menos, 40% consumiram de 2 a 3 doses tipicamente e o consumo de beber pesado
episódico (42%). O consumo de bebidas alcoólicas esteve presente entre o comportamento das
mulheres durante o período da pandemia de COVID-19 e principalmente o consumo nocivo (beber
pesado episódico), esse tipo de consumo provoca danos como, a intoxicação e o aumenta da
probabilidade de ocorrência das doenças crônicas atribuídas ao álcool. Evidenciando a
vulnerabilidade dessas mulheres atendidas na Atenção Primaria, e a necessidade de implementação
de ações para mitigar os riscos e promoção da saúde.
Palavras-chave: COVID-19; Atenção Primária à Saúde; Consumo de Bebidas Alcoólicas;
Mulheres.

49
Ponto de cidadania: Saúde mental nas ruas da cidade de Salvador

Araton Cardoso Costa - Fundação Estatal Saúde da Família


Tamires Silva de Sousa - Ponto de Cidadania - SMS/Salvador
Teófanes de Assis Santos - Instituto de Saúde Coletiva - UFBA

RESUMO
O PC surgiu a partir da identificação das necessidades da PSR em Salvador, no ano de 2014, após a
interrupção do Ponto de Encontro, vinculado às secretarias estaduais e OSC. Após interrupção, é
reeditado em 2021, ligado à Secretaria de SMS de Salvador. Idealizado e sob responsabilidade da
assistente social e psicóloga Patrícia Flach, o PC foi implementado para estar junto aos usuários,
buscando promover a saúde mental na rua, amparado no pressuposto da clínica ampliada. Articulando
a prática de buscas ativas e cuidado in loco/em ato nos espaços de maior concentração e permanência
desta população, os territórios foram escolhidos a partir do vínculo com uma usuária, que foi
indicando quais eram os espaços de maior circulação e, portanto, proveitosos no acesso da PSR. Foi
formada uma equipe multiprofissional, sediada em um container com estrutura para chuveiro e
sanitário, organizada de forma que parte da equipe mantinha esse local disponível para acolhimento
enquanto outra saía em itinerâncias pelo território, vinculando aos usuários. A reinstalação do
container na região (conhecida como a sombra da cidade) não foi isenta de tensões. Esse processo
implicou a necessidade de uma reavaliação pela equipe, para abertura de novos campos, onde fosse
possível a fixação do espaço físico sem, contudo, desamparar os antigos espaços. A partir do
mapeamento e territorialização da região, a equipe torna-se referência para parte desta população, já
distante da rede de serviços do território.
Objeto do Relato
Tratamos da implantação do Ponto de Cidadania (PC), serviço vinculado à SMS (RAPS) de Salvador.
Objetivos
Descrevemos o processo de inserção do serviço no município de Salvador/BA, refletindo sobre
potencialidades e desafios no trabalho com a população em situação de rua (PSR) que faz uso abusivo
de álcool e outras drogas em contextos de vulnerabilidade social, identificando repercussões dessa
inserção para usuários, serviços e trabalhadores da rede.
Análise Crítica
Percebemos que o PC se efetiva como único serviço de permanência integral na rua, realizando
trabalho de acompanhamento e emancipação da PSR; o que levou ao reconhecimento do serviço
como elo pela própria rede. A aposta no encontro e vínculo como meios para garantia do acesso à
direitos sociais, a partir do cuidado em ato nos territórios onde vivem os usuários, permitiu sua
reorganização baseada na produção de saúde mental na rua. Apesar disso, o contexto de avanço
neoliberal nas políticas públicas tem dificultado o envolvimento dos serviços da rede, notadamente
precarizados, afetando tanto o trabalho em equipe quanto a manutenção do serviço, eventualmente
carente de recursos.
Conclusões/Recomendações
Avaliamos que a ampliação dessa experiência em outros territórios/cidades pode aproximar a rede de
serviços da PSR. Torná-la política pública pode contribuir na efetivação de direitos sociais, retomando
o ideário da Reforma Psiquiátrica e da luta antimanicomial pela produção de saúde mental na rua.
Palavras-chave: Direitos humanos; população em situação de rua; rede de atenção psicossocial;
saúde coletiva; saúde mental.

50
Possibilidades de atenção psicossocial à crise suicida em emergência de hospital geral: relato
de estágio

Paula Cardoso de Schueler


Ivânia Jann Luna - Professora do departamento de psicologia da Universidade Federal de Santa
Catarina
Luciana Bohrer Zanetello - Psicóloga da unidade de emergência do Hospital Universitário
HU/UFSC

RESUMO
Realiza-se um estágio supervisionado de psicologia em emergência adulto do Hospital Polydoro
Ernani de São Thiago (HU/UFSC) com objetivo de atendimento à saúde nos níveis secundário e
terciário, atendendo demandas de crises psicológicas de usuários da rede SUS relativas ao
adoecimento e/ou sofrimento psíquico. Sendo a emergência uma das portas de entrada da Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS), são recorrentes as admissões de casos de tentativa de suicídio nesta
unidade hospitalar, sobretudo visto que o Centro de Informação e Assistência Toxológica de Santa
Catarina (CIATox/SC) localiza-se dentro da instituição. Na experiência neste campo pode-se refletir
sobre alguns casos de crise suicida atendidos visando compreender sua complexidade. Tais usuários
têm perfil de demandas complexas, em comum a realização de tentativas de suicidio por meio da
intoxicação exógena e em situações de vulnerabilidades psicossociais e com idades, raças,
sexualidades e gêneros diversos. A ação da equipe possui caráter emergencial, tendo o suporte
psicossocial por meio do atendimento multiprofissional de saúde mental, em especial da psicologia,
psiquiatria e serviço social. No momento de alta, realizam-se orientações de cuidado à rede de apoio
e encaminhamentos para outros dispositivos da rede. Tendo como objetivo a universalidade, equidade
e integralidade, busca-se integrar conhecimentos da equipe em vista de singularizar cada vez mais os
atendimentos de acordo com as necessidades do sujeito.
Objeto do Relato
A atenção aos usuários admitidos por tentativa de suicídio em emergência de hospital geral do SUS
Objetivos
Compreender o fenômeno da crise suicida em seus aspectos individuais, relacionais, sociais e
políticos e analisar as alternativas de atenção psicossocial aos usuário com tentativa de suicídio a
partir da apresentação de reflexões sobre os atendimentos realizados na unidade de emergência
hospitalar.
Análise Crítica
Os desafios incluem a sobrecarga de demandas psicológicas no setor, restrição de encaminhamentos
pelo sucateamento da RAPS de Florianópolis, instituição do trabalho interdisciplinar e prevenção da
reincidência de pacientes suicidas crônicos. Isso reflete a necessidade de promover constantes
análises dos determinantes sociais e psíquicos envolvidos no fenômeno da crise suicida e viabilizá-la
no hospital no contexto de urgências e emergências. Essa complexificação da atenção à crise suicida
é pensada desde o atendimento emergencial, visando incluí-los na RAPS e priorizando ações
terapêuticas em território para além do olhar biomédico individualizante.
Conclusões/Recomendações
O estágio propôs a atuação de maneira singular e integral, pondo o sujeito em contexto -
compreendendo suas relações, história, cultura e marcadores sociais- e visando iniciar a inserção na
RAPS e no projeto terapêutico singular, seguindo os princípios da clínica ampliada e da reforma
psiquiátrica.
Palavras-chave: Crise Suicida; Urgências e Emergências; RAPS; Atenção Psicossocial; Reforma
Psiquiátrica.

51
Prevenção e defesa dos Direitos Humanos no combate à tortura: atuação do Conselho
Regional de Serviço Social 3º Região/CE em parceria com os movimentos sociais

Emilie Collin Silva Kluwen - SPS


Cynthia Studart Albuquerque - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará -
IFCE

RESUMO
Em novembro 2021, o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) por meio de sua representação
no Comitê Estadual de Combate à Tortura (CEPCT), a assistente social do Centro de Referência em
Direitos Humanos/SPS-CE e que compõe a Comissão Integrada de Saúde Mental, vinculada ao
Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDDH), participou da Missão do Conselho
Nacional de Direitos Humanos (CNDH) em parceria com a Comissão de Direitos Humanos da
Assembleia Legislativa do estado do Ceará. No propósito de apuração às denúncias de medidas
contrárias à Reforma Psiquiátrica Antimanicomial ocorridas na Casa de Acolhimento Feminino Água
Viva no Crato/CE, na qual 34 mulheres foram encontradas em situação de cárcere privado e maus
tratos. O CRESS participou da Missão no município do Crato/CE. A Missão e os movimentos sociais
indagaram aos órgãos públicos sobre as problemáticas enfrentadas. Regulamentado pela Lei
15.350/2013, o CEDDH e sua Comissão Integrada de Saúde Mental atuam no acompanhamento,
apuração de denúncias e encaminhamentos no sentido de coibir violações de direito. A atuação do
CRESS segue os princípios do Código de Ética do/a Assistente Social e a deliberação coletiva da
categoria profissional que se manifesta pela defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do
arbítrio e do autoritarismo; e recomenda o fortalecimento da luta pela efetivação da reforma
psiquiátrica, dos direitos humanos articulado com o controle social e aos movimentos sociais.
Objeto do Relato
Descrever a participação do CRESS nos movimentos sociais de direitos humanos e combate à tortura.
Objetivos
Relacionar a atuação do Conjunto de Conselhos Federal de Serviço Social (CFESS) e Regional de
Serviço Social (CRESS 3ª região) com a luta e defesa dos Direitos Humanos e da Saúde Mental
Antimanicomial; Descrever a atuação das Assistentes Sociais no Conselho Estadual de Direitos
Humanos (CEDDH) na Comissão de Saúde Mental.
Análise Crítica
É indicação de prioridades do CFESS-CRESS para o triênio (2020-2023) fortalecer a luta da
efetivação da reforma psiquiátrica, em articulação com o controle social na perspectiva da ampliação
e consolidação de uma rede substitutiva. De acordo com o Mecanismo Nacional de Combate à
Tortura, o Ceará possui um histórico conhecido de violação de direitos às pessoas privadas de
liberdade. Assim, os espaços de controle social, como o CEDDH e CEPCT são essenciais no
acompanhamento das denúncias das violações de direitos humanos. O acompanhamento do caso
trouxe à luz um quadro de condições de tratamento cruel, desumano, degradantes e práticas de tortura.
Conclusões/Recomendações
O conjunto CFESS-CRESS tem construído uma perspectiva de defesa dos direitos humanos e da
reforma psiquiátrica somando-se aos movimentos sociais em favor da democracia e participação
social. O acompanhamento do caso continua através do trabalho em rede intersetorial por meio do
CEDDH e CEPCT.
Palavras-chave: Direitos Humanos; Saúde Mental; Movimentos Sociais.

52
Processo de adoecimento de mulheres em tratamento no CAPS: um caso emblemático

Debora Ortolan Fernandes de Oliveira


Tomiris Forner Barcelos - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Tania Mara Marques Granato - Pontifícia Universidade Católica de Campinas

RESUMO
A reforma psiquiátrica, assim como o movimento da luta antimanicomial, promoveu, ao longo das
últimas décadas, avanços significativos no campo assistencial, proporcionando às pessoas com
transtornos mentais atendimentos mais dignos e eticamente coerentes com a garantia dos direitos
humanos. O debate nos serviços de saúde mental voltado às questões de gênero é relativamente
recente, de forma que são necessárias investigações que aprofundem a temática. Considerando que a
sociedade contemporânea é estruturalmente sexista, sendo as mulheres fortemente oprimidas, ao
mesmo tempo em que também é heterogênea e complexa, o sexismo conforma-se diferentemente nos
múltiplos contextos sociais. Diante disso, interessamo-nos em refletir sobre o sofrimento feminino na
intersecção com a saúde mental.
Objetivos
O presente estudo objetiva apresentar resultados preliminares derivados de uma pesquisa de
doutorado em andamento, que visa investigar o imaginário de mulheres em tratamento em um CAPS
III sobre o processo de adoecimento, na perspectiva das próprias participantes. No recorte aqui
apresentado, refletimos acerca de um caso emblemático, a partir das entrevistas realizadas com uma
das participantes.
Metodologia
A partir da perspectiva da psicologia psicanalítica concreta, referencial que articula o uso do método
psicanalítico e de teorizações vinculares, realizamos três entrevistas psicológicas individuais, com
uma mulher usuária de um CAPS III. Os encontros com a participante foram estruturados ao redor de
uma pergunta norteadora O que você imagina que aconteceu para você estar aqui no CAPS? e do uso
do recurso mediador do Procedimento de Desenho-Estória com Tema para facilitar o diálogo e a
comunicação emocional no encontro inter-humano, favorecendo o gesto espontâneo da participante.
Resultados
A partir da interpretação psicanalítica das três entrevistas realizadas, deparamo-nos com um quadro
de significativa precariedade social e de esgarçamento de vínculos familiares. A participante relata
uma história de vida com muitos atravessamentos por intensa falta de recursos, tanto concretos quanto
emocionais. O sofrimento desta mulher se organiza em torno da maternidade, tendo sido a perda da
guarda de seus filhos gêmeos, quando tinham cerca de um ano, um evento traumático. Dada a relação
conflituosa com a própria mãe e a falta de uma rede de apoio que sustentasse a então mãe no estado
de preocupação materna primária, esta mulher se desestrutura, passa por diversas internações
psiquiátricas, não consegue mais trabalhar e passa a viver de doações de roupas e comida. Tanto as
internações, quanto sua condição precária parecem alimentar nesta mulher o sentimento de
desamparo, que hoje atravessa suas vivências. Diante disso, podemos pensar como as situações de
vulnerabilidades acentuam as dificuldades emocionais, desencadeando quadros de adoecimento
mental graves.
Palavras-chave: Sofrimento feminino; saúde mental; psicologia psicanalítica concreta; pesquisa
qualitativa.

53
Projeto Baobá, cultivando histórias ancestrais, um relato de experiencia

Pedro Vitor Rodrigues Estima - Espaço Rizoma

RESUMO
O projeto conta com equipe multiprofissional, como Psiquiatria, psicologia, Terapeuta Ocupacional,
Enfermagem, Tec. Enfermagem, Musicoterapia, e o trabalho dos estagiários.
É um espaço terapêutico, que proporciona cuidado a saúde mental a idosos com demência, não
funciona com reabilitação física, contudo, entendendo os estímulos cognitivos e afetivos, como
importantes e fundamentais para cuidado e atenção à saúde mental.
Busca oferecer espaço de socialização, onde a fala, escuta e validação de suas potencialidades se
encontram. Trabalha com atividades, que lançam mão de recursos expressivos, dando a possibilidade,
de estimular o campo criativo.
Atualmente, o Projeto oferece assistência a um total de 16 usuários, desses, 5 são do sexo masculino
e 11 do sexo feminino. A idade está entre de 61 anos a 87 anos. Os quadros variam, entre Demência
na doença de Alzheimer, maioria, demência frontotemporal, demência ocasionada por lesão física,
comprometimento cognitivo leve.
O Projeto Terapêutico está em constante reinvenção, cada caso clínico é uma nova vivencia e prática.
Não traçamos rotas lineares, cada história é uma história viva.
Cada um apresenta suas individualidades e necessidades, todo caso, exige de nós uma nova prática,
estratégias, um novo olhar, a isso manter vivo o potencial criativo, a capacidade de criar, e estar
sempre cuidando e abrindo novas possibilidades do nosso fazer. Cultivamos a história de cada um,
como possibilidade de formação de vínculo terapêutico.
Objeto do Relato
Projeto Baobá, que oferece assistência e cuidado a saúde mental de longevos em processos
demenciais
Objetivos
O presente relato está na descrição do Projeto Baobá, que funciona no espaço RIZOMA em Recife-
Pe. apresentando a atuação multiprofissional, no cuidado a saúde mental de idosos em processos
demenciais, nele, estratégias de cuidado atuação e atenção a saúde mental desse público longevo.
Análise Crítica
A importância do acompanhamento multiprofissional no projeto Baobá, está para contribuir com a
melhoria nos campos clínico e social do sujeito. Portanto, pensando em uma intervenção eficaz que
traz ganhos consideráveis na saúde global do idoso com Demência. A atuação do Projeto diretamente
com o idoso dá-se tanto pelo modelo individual, grupal e como também sob um olhar psicossocial,
interferindo significativamente na qualidade de relacionamentos com os membros da família, seus
impactos mostram-se efetivos tanto na maneira do idoso encarar as dificuldades de mudanças da vida
quanto na forma como irá se relacionar com o mundo e com as pessoas.
Conclusões/Recomendações
Percebemos o quanto o projeto vem acrescentando na melhoria do cuidado aos longevos com
demência. As mudanças são visíveis, no campo cognitivo, afetivo e social. Possibilitando espaço de
socialização de construção e manutenção de formação de novos laços.
Palavras-chave: Cuidado, Saúde mental, Demências.

54
Projeto de Intervenção: Cine Educação e Arte com as Mareenses - Oficinas Diálogos sobre o
SUS; Saúde Mental; Controle Social e Auto Cuidado

Priscila Fernandes da Silva - Redes da Mar


Jurema Barros Dantas - Universidade Federal do Ceara

RESUMO
O projeto de intervenção Cine educação e arte com as Mareenses Oficinas Diálogos sobre o SUS,
Saúde Mental, Controle Social e Autocuidado se torna relevante. As oficinas serão espaços para a
troca de dialogo com as atendidas sobre como funciona o SUS suas divisões e porta de entrada, como
e porque tratar a saúde mental, o que é controle social e como trazer para a luta das mães a importância
e como realizar o autocuidado. Dentro dos direitos que são violados na atual conjuntura e as metas
do atual governo para desmontar suas articulações.
É de suma importância à participação popular na construção e manutenção dos serviços oferecidos a
sociedade. A Redes de desenvolvimento da Maré tem através do Maré de Direitos, o espaço ideal para
que os usuários deste serviço se apodere, para reivindicar por seus direitos sobre a precariedade das
politicas públicas. Almejamos o protagonismo das mulheres negras Mães, e coletivamente é possível
unir forças para mudar determinada situação, pensando nas diversas instancias do controle social.
Objeto do Relato
Mães vítimas dessa violência de Estado, adoecem e perdem a própria vida no curso dessa trajetória.
Objetivos
Elaborar estratégias de autocuidado em saúde mental com as usuárias da redes da maré ampliando a
participação das usuárias nas ações educativas desenvolvidas pela equipe do Maré de Direitos e
Promover um espaço democrático e dialógico de troca de experiências.
Análise Crítica
Diante disso, os direitos humanos no Brasil são violados por meio da violência policial e a falta de
acesso à justiça se tornam dois graves problemas nacionais com altas taxas de mortalidade de uma
determinada população que habita áreas periféricas e faveladas do país e que tem a cor da pele negra.
(GUIADOESTUDANTE, 2022/ IPEA, 2021) Como referido anteriormente à saúde do ser humano
não se limita a ausência de doenças, contempla todas as áreas necessárias à sobrevivência do
individuo em que diferentes fatores podem afetar a saúde mental do mesmo, como condições
socioeconômicas, violências e violações de direitos, dentre outros fatores a serem considerados.
Conclusões/Recomendações
Afirma-se a necessidade de construir políticas públicas efetivas para a população negra, sendo
indispensável o diálogo sobre um novo modelo de política de segurança pública.
Palavras-chave: Mulheres Negras; Racismo; Violência Letal; Adoecimento.

55
Protagonismo do Usuário de Saúde Mental na Gestão Compartilhada da Medicação

Iracilda de Castro Machado Paranhos - CAPS II


Luciana Ribeiro Barbosa - FACITEC
Roberto Carlos Pires Júnior - FACITEC
Luciana Cardoso Nogueira Londe - FACITEC

RESUMO
A Reforma psiquiátrica brasileira, iniciada em meados dos anos 70, promoveu o fechamento gradual
de manicômios e hospitais psiquiátricos e promoveu a criação de uma rede substitutiva de serviços
de base comunitária, como os CAPS Centros de Atenção Psicossocial. O hospício foi concebido como
um lugar de troca zero, em que os sujeitos são mortificados e despojados de sua subjetividade tendo
a sua função terapêutica questionada. Na atualidade, os desafios consistem em sustentar um cuidado
em liberdade que promova a garantia de direitos fundamentais, como o fortalecimento do
protagonismo e a co-responsabilização pelo tratamento. Neste sentido, a GAM Gestão Autônoma da
Medicação, se apresenta como um importante dispositivo de compartilhamento de poder e cuidado
em saúde
Objetivos
Este trabalho busca analisar em que medida as concepções teórico-práticas dos profissionais
promovem ou dificultam o exercício da autonomia de usuários de CAPS, no que diz respeito à gestão
da medicação. E em que medida a GAM pode contribuir para fortalecer o protagonismo de usuários
e familiares na gestão de medicações.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório a que apresenta resultados parciais de uma
investigação realizada no CAPS II Janaúba MG, por meio de encontros entre trabalhadores,
estagiários e pesquisadores que buscou conhecer as ferramentas teóricas-práticas utilizadas pelos
profissionais no cuidado medicamentoso a portadores de sofrimento mental. Foram realizados grupos
de estudos dos Manuais GAM usuários e profissionais, entre os trabalhadores do CAPS com registro
em diários de campo para posterior análise de conteúdo.
Resultados
Os resultados parciais evidenciam que a assistência ainda é marcada por uma centralização do
cuidado nos profissionais, tendo os usuários e familiares poucas participações no processo decisório
das medicações. O serviço de saúde mental é percebido pelos usuários como uma referência valiosa
para a gestão do uso das medicações, em detrimento de outros pontos de apoio da Rede de Atenção
Psicossocial, (RAPS). Os profissionais salientam ainda que um fator que contribui para a centralidade
do cuidado em saúde mental nos serviços especializados, do tipo CAPS, deve-se à sobrecarga de
demanda, dificuldade da atenção básica em se afirmar como porta de entrada para rede e o vazio
sanitário de dispositivos intersetoriais para fazer frente à lógica medicalizante. É esperado que ao
final deste processo os profissionais do CAPS II - Janaúba possam reavaliar suas produções teórico-
práticas sobre o processo saúde-doença, implementando ações cogestivas consonantes com os
princípios da reabilitação psicossocial. Seus efeitos podem repercutir em planos de cuidados e
projetos terapêuticos que promovam a autonomia e emancipação dos usuários.
Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica, autonomia, protagonismo do usuário de saúde mental,
gestão autônoma da medicação.

56
Proyecto de Extensión Universitaria de Alimentación y Salud Mental en Uruguay

Andrea Echegoyen Ron - Universidad de la República


Isabel Petronio - Universidad de la República
Lucía Hernández - Universidad de la República

RESUMO
El origen del Proyecto de Extensión de Nutrición en Salud Mental, se originó en el año 2013. El
equipo de trabajo estuvo conformado desde el inicio por estudiantes de la licenciatura en nutrición,
docentes licenciados en nutrición y licenciados en psicología, de la Escuela de Nutrición y los
técnicos de los Centros de Rehabilitación Psicosocial (CRP).
Desde el año 2013, se han planificado, desarrollado y evaluado acciones en tres CRP del país, entre
las que se destacan: instancias de acercamiento de los estudiantes a la problemática de la
esquizofrenia, socialización con los usuarios, diagnóstico alimentario nutricional y actividades
educativas. La experiencia fue muy motivadora tanto para los estudiantes y usuarios de los CRP,
dándose un vínculo de respeto y confianza, que fue esencial como punto de partida para abordar los
temas de alimentación y nutrición. Las actividades desarrolladas fueron integradas a las habituales de
los CRP, como ser: talleres de expresión plástica, talleres de estimulación cognitiva y talleres de
calidad de vida. Las mismas fueron planificadas de acuerdo a los intereses de los usuarios y valoración
del equipo del Proyecto, entendiendo que estuvieron focalizadas en mejorar la calidad de vida desde
una postura ética y altamente comprometida de los estudiantes.
Disculpen (se que no es el casillero) pero no pude ingresar a las coautoras, porque me indicaba que
el valor CPF era inválido. Sus nombres son: Isabel Petronio; Lucía Hernández.
Objeto do Relato
La intervención nutricional en el proceso de rehabilitación psicosocial desde lo grupal.
Objetivos
Describir la experiencia de la promoción de hábitos alimentarios saludables en adultos con
esquizofrenia que se encuentran en un proceso de rehabilitación psicosocial, con la finalidad de
contribuir a mejorar la calidad de vida.
Análise Crítica
Por la situación de pandemia, en el año 2020 no se pudieron realizar las actividades, retomandolas en
el 2021, con todo lo que implicó luego de más de un año de aislamiento social, tanto para los usuarios,
como para el equipo del proyecto. Considerando la trayectoria de este proyecto, la nueva Ley de
Salud Mental (N°19.529) del año 2017 y la responsabilidad de la Universidad de la República para
contribuir a su implementación, se entiende que el mismo es un ámbito fértil de formación de
profesionales de la nutrición, priorizando una formación integral e interdisciplinaria, basada en el
trabajo en equipo y orientada al cambio de paradigma del modelo de atención en salud mental.
Conclusões/Recomendações
Se considera que es esencial que se continúen desarrollando acciones que promuevan cambios en la
alimentación, para contribuir a mejorar la calidad de vida y favorecer la inclusión social de las
personas con esquizofrenia.
Palavras-chave: alimentación; esquizofrenia; rehabilitación psicosocial.

57
Relato de Experiência - Sextouuuuu com reunião de equipe e Educação Permanente em
Saúde, na Amazônia

Ana Cristina Sales de Messias - Secretaria Estadual de Saude do Acre


Bruno Pereira da Silva - Universidade Federal do Acre - UFAC. PPGESIA, Universidade Federal
de São Paulo - UNIFESP
Ândrea Cardoso de Souza - Universidade Federal Fluminense – UFF

RESUMO
De 2005 a início de 2014, o funcionamento do CAPS Náuas foi predominantemente ambulatorial,
médico centrado, sem articulação para o trabalho em equipe. Em maio de 2014, com novos
profissionais (gerência e assistência), iniciamos reuniões semanais de equipe para organização do
serviço e busca da mudança do modelo assistencial. Inicialmente, as reuniões ocorriam as segundas-
feiras, das 12 às 13 horas, durante troca de turno manhã e tarde. Logo percebemos a potência deste
momento para problematização e reorganização dos processos de trabalho e discussões/decisões para
manejo de casos, com os diversos saberes pensando e atuando juntos. Com a necessidade de refletir
e discutir os casos da semana e planejar as atividades futuras, as reuniões passaram a ocorrer às sextas
feiras. O tempo inicial de 01 hora passa a ser de 05 horas, dadas as intensas trocas, na busca do
consenso e implicação da equipe. Reorganizamos o serviço para não ter atendimento externo neste
dia, e utilizamos toda a carga horária para os encontros, com a presença de todos os profissionais,
inclusive médicos. As reuniões ainda estão em curso, com discussão dos processos de trabalho e casos
pautados durante a semana na troca diária de turno; Estudo de casos com a rede intra e intersetorial;
Formações, e; momentos para Cuidar do cuidador com oferta de PICS e passeios. As atividades são
pautadas, de acordo com a demanda apresentada pela equipe e organizadas e realizadas por ela. Em
2020, as reuniões foram on-line.
Objeto do Relato
Reunião semanal de equipe como potente espaço de Educação Permanente em Saúde.
Objetivos
Relatar a experiência das reuniões de equipe do CAPS Náuas que se transformaram em espaço de
reflexão crítica e tomada de decisões coletivas e gerou mudança no modelo de cuidado, como
preconiza a Educação Permanente em Saúde.
Análise Crítica
Ao longo destes 08 anos foi muito desafiador organizar e planejar este processo tanto do ponto de
vista da defesa deste espaço dentro da gestão estadual, da motivação da própria equipe e ainda, da
facilitação dos processos intra-reuniões, dada as subjetividades e modos de intervenção terapêutica
ainda pouco influenciada pelos princípios da reforma psiquiátrica. Mas a problematização dos
processos de trabalho e decisões coletivas, em tempo real, trouxe melhor compreensão e
internalização dos referenciais teóricos, implicação e maior criatividade da equipe na resolução e
reorganização do cuidado e do serviço.
Conclusões/Recomendações
O processo produziu efeitos positivos na equipe e gerou práticas mais colaborativas e comprometidas
com o usuário e o serviço, culminando na mudança do modelo de cuidado, alinhado aos princípios
da Saúde Mental e Atenção Psicossocial e da Educação Permanente em Saúde.
Palavras-chave: Centro de Atenção Psicossocial; Reunião de Equipe; Educação Permanente em
Saúde.

58
Relato de experiência de um evento sentinela: o olhar para o sujeito no processo de cuidado de
pessoas em situação de rua e pacientes de saúde mental na atenção primária de Belo
Horizonte

Ana Flávia Dias de Andrade - PBH

RESUMO
T. chega ao centro de saúde São Francisco e se mantém na pré recepção, dormindo, no aguardo do
atendimento pela equipe. As demandas clínicas são atendidas e é liberada pela médica. Neste
momento a equipe chama a profissional de psicologia para conversar com a paciente. Estava arredia,
sonolenta e sem intenção de comunicar-se, após uma conversa breve a paciente foi levada para dormir
na sala de curativos, durante o horário de almoço. Na troca de turnos, os profissionais do turno da
tarde não estavam cientes do caso e acordaram a paciente. A equipe comunicou a equipe de saúde
mental sobre terem acordado a paciente e esta que já estava irritada não quis conversar. No momento
em que a equipe de saúde mental estava discutindo o caso, foram comunicados que a paciente foi
embora, sem maiores orientações. T. é uma mulher de 29 anos, mãe de 4 filhos teve 10 gestações e
atualmente é uma pessoa em situação de rua. Ela tende a circular pelo território de BH, atualmente
está ficando na região do CSSF. Paciente é usuária de drogas, com um uso abusivo de substâncias.
Ela procura os serviços de saúde, sendo que utilizar com maior frequência o CERSAM AD. O evento
foi discutido na reunião de matriciamento de forma a possibilitar que os profissionais elaborassem
alternativas de manejo, mais eficientes e que contemplem os princípios e diretrizes do SUS. O estudo
do caso em questão está sendo utilizado como modelo que serve de referência para o atendimento de
outros usuários no serviço.
Objeto do Relato
Evento sentinela ocorrido em uma unidade básica de saúde de Belo Horizonte
Objetivos
A proposta envolve a sistematização das informações obtidas a partir da experiência da autora em um
evento sentinela ocorrido no centro de saúde, em que houve problema na condução, comprometendo
a resolubilidade. Contempla o processo de reflexão dos profissionais, desde o dia do ocorrido até a
elaboração de um plano de ações no matriciamento.
Análise Crítica
Para a execução de um trabalho centrado na pessoa, separado de estigmas sociais, torna-se importante
que as condutas dos profissionais sejam respaldadas por um conjunto de saberes e técnicas referentes
à sua área profissional e experiência atuando no SUS, assim como estar sensíveis às contingências da
situação de cada caso. O trabalho em equipe é essencial de forma que os profissionais possam elaborar
juntos o melhor caminho possível para aquele usuário. O cuidado para além da demanda inicial requer
um olhar sensível dos profissionais, olhar este que pode ser associado à perspectiva de uma clínica
ampliada. Desta forma, o foco direciona para o sujeito, em um fluxo de cuidado biopsicossocial.
Conclusões/Recomendações
Os pacientes em situação de rua e de saúde mental podem vir buscar atendimento apenas uma vez no
serviço. Isto torna ainda mais evidente a importância de dar um desfecho para o caso, amarrando os
cuidados de forma que o paciente saia da APS devidamente assistido, seja por alta ou
encaminhamento.
Palavras-chave: saúde mental; SUS; atenção primária.

59
Sofrimento mental vivenciado por pessoas trans, travestis e não-binárie na perspectiva das
necessidade de saúde

Nayla Rodrigues Pereira - Associação Saúde da Família


Ana Lucia de Moraes Horta - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Magnus Régios Dias da Silva – EPM -UNIFESP
Mônica Antar Gamba - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

RESUMO
Apesar da maior evidência midiática referente as demandas de saúde de pessoas travesti, transgênero
e não binário, estudos na área da saúde, especificamente na enfermagem, ainda não contemplam a
diversidade de demandas e as especificidades dessa população. No Brasil, a atenção à saúde dessa
população é conhecida como Processo Transexualizador e pauta-se no diagnóstico médico da
transexualidade. Observando a atenção à saúde de uma perspectiva coletiva, pouco se sabe sobre as
necessidades dessa população em uma perspectiva despatologizante no âmbito da saúde mental.
Objetivos
Descrever o sofrimento mental vivenciado por pessoas trans, travestis e não-binárie na perspectiva
das necessidade de saúde.
Metodologia
Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, dividido em três fases. A seleção de participante foi por
amostragem com propósito, com ênfase na variação. A coleta de dados foi realizada com entrevista
semiestruturada. As entrevistas foram realizadas no segundo semestre de 2018, posteriormente
transcritas e a categorização dos dados foi realizada com o software MAXQDA. A análise utilizada
foi temática. Participaram do estudo 20 pessoas, todos vivendo em São Paulo.
Resultados
Os resultados sob a ótica das NS foram sistematizados considerando a interseccionalidade (REF) dos
DSS na produção das especificidades em saúde mental. Destaca-se que viver trans/ travesti e não-
binárie não constitui condição patológica de qualquer natureza(1719,38,61), porém vivemos em
ambientes de discriminação e hostilização perpetradas pela sociedade cisnormativa*.
Não que ser trans é algo que te deprima [...] mas como a sociedade, como as pessoas lidam com isso
(Karla)
A disforia de gênero, demonstrou-se vinculada à rejeição social, discriminação e a violência(62). Com
isso, o estresse vivenciado pode agir em sinergia com a disforia. Assim, sintomas de ansiedade e
depressão, combinados, ou não com a ideação suicida, são frequentes(38). Por vezes, o isolamento
social é vivenciado pela não conformidade com as expectativas culturais da sociedade.
Eu pensei em me suicidar algumas vezes [...] É um sofrimento muito grande, não entender o que você
é. (Caio - homem trans).
A afirmação de gênero é descrita como importante intervenção em saúde mental para essa população.
Conclui-se que o sofrimento mental evidenciado é relacionado com o contexto transfobico social.
Palavras-chave: Pessoas Transgênero; Travesti; Saúde Mental; Necessidades de saúde; Não-
binárie.

60
Tarja Branca ou Tarja Preta: O Impacto da Medicalização na Infância em Tempos de
Pandemia

Thamíres Bessa Alves - PUCPR


Natanael Eduardo Tosin - PUCPR
Maria Vitória Valoto - PUCPR
Natália Aparecida Barzaghi - PUCPR

RESUMO
O confinamento derivado da pandemia da COVID-19 alterou radicalmente as relações ambientais de
crianças, tais como escolar, social e o familiar, trazendo impactos ainda maiores ao desenvolvimento
biopsicossocial.
Nessa perspectiva o documentário Tarja Branca aborda a temática da medicalização na infância bem
como a importância do brincar, abrindo margem para uma possível reflexão da temática e sobre o
diagnóstico precoce de transtornos ou ainda sobre a existência ou não deste transtorno.
Objetivos
A pesquisa buscou relatar quais impactos causados pelo isolamento oriundo da pandemia da COVID-
19 e qual a relação dessas consequências sobre o desenvolvimento das crianças, visando questionar
até que ponto a medicalização na infância se relaciona com a temática.
Metodologia
O estudo foi feito a partir de uma proposta da disciplina de Psicopatologia da Infância e Juventude
do 5º período do curso de Psicologia. Buscou-se justificar os impactos da medicalização na infância
na vivência dos sujeitos envolvidos, além de correlacionar como o ambiente externo alterou a
vivência de crianças, devido às mudanças ocorridas durante a pandemia. A metodologia empregada
foi revisão de literatura e análise crítica e comparativa do longa metragem Tarja Branca. Deste modo,
realizou-se a correlação entre diferentes perspectivas, a infância e a psicopatologia.
Resultados
A partir do estudo realizado, é possível identificar a importância de zelar por um ambiente livre para
o desenvolvimento da criança, uma vez que tal ambiente tem influência direta no desenvolvimento
de comportamentos identificados como sintomas de transtornos. É importante, também, darmos voz
às crianças quando se observa comportamentos divergentes do que seria o normal na classificação de
adultos, que intensifica a medicalização na infância. Salienta-se ainda, a importância do brincar para
a infância, inclusive, para o desenvolvimento de ferramentas para a vida adulta, tais como a
criatividade.
O ciclo do brincar, na contemporaneidade, só é vivenciado em seu fim, uma vez que o desejo da
brincadeira não é construído, é dado pela indústria via publicidade infantil. Dessa forma, é possível
concluir que com o isolamento social, todo desenvolvimento biopsicossocial da criança foi afetado
de forma abrupta, prejudicando, acentuadamente, o processo saudável da construção do Eu.
Palavras-chave: Medicalização; Infância; Pandemia

61
Tecendo a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS): a importância da intersetorialidade na saúde
mental

Milene Ramalho de Lima - Prefeitura Municipal de Cambuí


Wellinton Moreira Lopes - Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais

RESUMO
O município de Cambuí, no sul de Minas Gerais, conta com um Centro de Atenção Psicossocial CAPS
I regional, pactuado com outros quatro municípios. Sendo que no município a Atenção Primária à
Saúde (APS) tem 100% de cobertura.
Para oferecer uma atenção psicossocial, o município vem se organizando através de propostas de
ações intersetoriais com os diversos setores da sociedade, tais como o desenvolvimento social, a
cultura, a educação, a segurança pública, o judiciário, e ainda articulações com os serviços de saúde
existentes.
São algumas dessas ações intersetoriais a construção de um documento acerca da atuação humanizada
da polícia militar (PM) frente aos casos de intenso sofrimento mental (crise), visto que o SAMU local
exige a participação da PM nas abordagens. Também são realizadas articulações junto a delegacia de
polícia civil para que os casos de crise não sejam intimados às oitivas, evitando assim as prisões e
judicializações. Além de matriciamento com a APS e com municípios pactuados, também oferecido
ao hospital geral, que ainda apresenta resistência diante da demanda, são feitas reuniões ampliadas
com CRAS, CREAS mensais e Conselho Tutelar, Ministério Público quando necessário.
Com isso, a RAPS de Cambuí vem se organizando diante do diálogo e aproximação dos diversos
setores. Um dos indicadores que reflete esta organização é a taxa de internação zero em hospitais
psiquiátricos, há mais de cinco anos, de usuários do município.
Objeto do Relato
Avanços da RAPS através do trabalho intersetorial.
Objetivos
Demonstrar os avanços da RAPS no município de Cambuí através do trabalho intersetorial e
problematizar as lacunas que precisam ser trabalhadas.
Análise Crítica
Apesar articulações realizadas na RAPS, a rede não fica pronta, é tecida no cotidiano e tem muito a
evoluir. No atual cenário de crise econômica e de vulnerabilidade social, a demanda de usuários em
sofrimento mental tem aumentado. Dessa forma, o trabalho articulado e intersetorial é fundamental
para superar a lógica medicalizante do modelo biomédico frente as questões sociais que estão no
cerne dos sofrimentos mentais. Ficando cada vez mais evidente a importância da rede dialogar e
propor discussões e ações acerca das articulações e das políticas públicas de saúde mental.
Conclusões/Recomendações
O trabalho articulado e intersetorial é fundamental para fortalecer a RAPS, proporcionando uma
atenção psicossocial de qualidade, singular e no território. Construindo em conjunto propostas e ações
que permitam o cuidado humanizado e em liberdade.
Palavras-chave: saúde mental, intersetorialidade, RAPS.

62
Tecendo o Cuidado: Atenção Farmacêutica aos Moradores do Serviço de Residência
Terapêutica

Camila Ferreira Freire – SAS - SECONCI


Eloise Alarcon Gazzaneo – DTAS - SAS-SECONCI
Rogério Sandalo Nery Talhares - UBS Vila Granada
Carolina Viana Tosetto - CAPS Adulto III Vila Matilde

RESUMO
Trata-se de relato de experiência de um projeto de acompanhamento clínico desenvolvido por
farmacêuticos de uma UBS tradicional, com moradores em sofrimento psíquico, egressos de hospitais
psiquiátricos com histórico de, no mínimo, 20 anos de internação, que residem em um Serviço de
Residência Terapêutica, Tipo II, na região da Penha. O Cuidado Farmacêutico é definido como um
conjunto de ações e serviços realizados por este profissional levando em consideração as concepções
do indivíduo, rede de suporte, comunidade e equipe de saúde com foco na prevenção e resolução de
problemas de saúde, além da sua promoção, proteção, prevenção de danos e recuperação. O projeto
considera o perfil epidemiológico dos moradores e principais necessidades de seguimento na UBS
com ênfase no manejo medicamentoso para resgate/fortalecimento da independência e autonomia
deles. O protocolo municipal dos SRT considera como um dos indicadores a necessidade de saúde do
acompanhamento clínico dos moradores na Atenção Básica.
Objeto do Relato
Assistência farmacêutica a moradores de uma residência terapêutica tipo II Mista.
Objetivos
Realizar o acompanhamento farmacoterapêutico e das necessidades de saúde dos moradores da SRT
o alcance de melhores resultados associados à farmacoterapia e melhoria de qualidade de vida;
proporcionar atendimento integral promovendo independência nas atividades diárias relacionado a
terapia medicamentosa; fortalecer o vínculo com a UBS.
Análise Crítica
A partir da análise da terapia medicamentosa em consulta farmacêutica, foi identificado problemas
de adesão medicamentosa (não utilização de insulina devido ao uso da seringa), segurança (uso de
corticoide oral sem higienização após uso), necessidade (exame alterado com necessidade de terapia
medicamentosa). Tem sido observada a melhor adesão medicamentosa, diminuição de reações
adversas, controle dos níveis de glicemia adequados, independência nas tomadas dos medicamentos,
melhorias relacionadas à aceitabilidade dos moradores aos cuidados na UBS, garantia de equidade,
integralidade e continuidade do cuidado favorecido pela interlocução dos farmacêuticos com equipe
da UBS.
Conclusões/Recomendações
A experiência tem possibilitado a ampliação da rede suporte dos moradores, a produção de sujeitos
de escolhas, uma vez que possuem acesso a informação, desenvolvendo segurança e autonomia no
uso medicamentoso e cuidados de saúde.
Palavras-chave: SRT; UBS; assistência farmacêutica; autonomia; independência.

63
Trajetórias de vida de jovens brasileiros negros e pardos: racialização e construção de
identidades

Paula de Souza Kurlander


Natália de Oliveira Santos - PUCPR
Hernani Pereira dos Santos - PUCPR
Laura Barbosa Belkiman - PUCPR

RESUMO
Tem-se por tema a trajetória de vida de jovens pardos brasileiros e os efeitos da racialização na
construção dessas identidades. É reconhecido que os estudos sobre a identidade racial no Brasil levam
pouco em consideração a experiência subjetiva do pardo. Nas pesquisas psicológicas, enquanto as
experiências de alguns grupos ficaram, historicamente, à margem das explorações habituais, as
formas hegemônicas de existência moldaram como pesquisadores e terapeutas respondem à
experiência humana. Então, a representação de seu sofrimento não foi representada pelo discurso
científico predominante e a queixa de sofrimento racial não foi formulada como uma demanda
psicoterapêutica, apesar de haver pesquisas dedicadas ao sofrimento racial e aos impactos do racismo
sobre o sofrimento e à saúde.
Objetivos
Analisar os efeitos do processo de racialização na construção da identidade de jovens brasileiros
negros e pardos.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa narrativa de cariz qualitativo, que considera trabalhar com os significados
atribuídos pelos sujeitos às suas experiências subjetivas e com as negociações de sentidos entre estes
sujeitos e o mundo social. Para tanto, foram recrutados, quatro indivíduos autodeclarados negros, de
sexo masculino e feminino, e dois autodeclarados pardos, também de sexo masculino e feminino, a
fim de analisar, situar e comparar as suas narrativas e trajetórias de história de vida. A análise segue
o método fenomenológico.
Resultados
Os resultados obtidos na pesquisa demonstram, até o momento, que os entrevistados apresentam
vivências comuns que contribuíram para a construção de sua identidade por meio das situações que
foram por eles vividas e que conferiram significado às suas experiências. Pode-se concluir, também,
que a percepção social do outro demonstrou grande relevância para que o jovem desenvolva sua
autoimagem em uma série de nuanças fenomenológicas. Com base nestas constatações, é possível
entrever que os efeitos do racismo estrutural podem ser avaliados em termos de racismo internalizado
na construção da identidade destes jovens, tanto na atitude positiva quanto negativa; que eles
encontraram vínculos propagadores de diversas formas de racismo ao longo da vida, o que parece tê-
los suscetibilizado ao sofrimento racial; e, por fim, que a ausência de espaços ou dispositivos para a
elaboração destas questões pode um deflagrador desta forma de sofrimento e do que já foi conceituado
na literatura como sofrimento ético-político.
Palavras-chave: Decolonialidade; experiências; identidades; racialização; racismo.

64
Trovadoras do Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO):As serenatas nas Residências
Terapêuticas Mia no municipio de São Paulo

Christiane Mery Costa - Prefeitura do Município de São Paulo


Mara Tuzzolo Quintanilha - Prefeitura do Município de São Paulo
Maria Rita Rossi Salvia - Prefeitura do Município de São Paulo

RESUMO
A Oficina de Canto do Cecco Bacuri promove aproximação com a música brasileira, acolhendo quem
gosta de cantar, tocar, ouvir música. Dela participam moradores das SRT e a comunidade local. Os
participantes constroem o repertório, abrindo espaço para afetos, emoções, identificações, memórias.
Para os moradores das SRT, que passaram por anos de exclusão do convívio social, é recurso que dá
lugar de escuta às histórias muitas vezes não verbalizadas pelos sujeitos. Instrumentos de percursão
garantem a participação de todos na atividade.
No início da determinação de isolamento social pela COVID-19 e a consequente suspensão das
atividades grupais, a equipe do Cecco passou a gravar músicas do repertório do Canto, enviando para
frequentadores da oficina por aplicativo de mensagem de celular. Como os moradores das residências
terapêuticas têm grande dificuldade de acesso aos recursos tecnológicos, as profissionais da oficina
passaram a realizar, a partir de junho de 2020, serenatas na rua das SRT, utilizando o mesmo repertório
cantado na oficina para trazer à memória dos moradores o vínculo com o serviço e com as pessoas.
Munidos do repertório musical, violão, máscaras, aventais e alegria, foram realizadas diversas
cantorias nos portões das residências, levando musicalidade e descontração aos moradores no período
de maior isolamento social.
Objeto do Relato
Descrever o trabalho do Cecco na realização de serenatas nas SRTs durante o isolamento social.
Objetivos
Os Ceccos realizam atividades culturais, criando espaços de sociabilidade para pessoas em
vulnerabilidade promovendo a sustentação comunitária de diferenças e singularidades. Com a
pandemia do COVID-19 e a suspensão das atividades grupais, a serenata no portão se configurou
como instrumento de manutenção de vínculo com os moradores das SRT.
Análise Crítica
O cuidado às pessoas vulneráveis depende de dispositivos que assegurem pertencimento,
acompanhamento sistemático, vinculação. Moradores de residências terapêuticas tiveram no
distanciamento social determinado pela pandemia, uma ruptura importante com serviços que realizam
este trabalho no território.
As Trovadoras do Cecco Bacuri e a Serenata no Portão, resgataram os repertórios da Oficina de Canto
e produziram, após meses de afastamento, uma reconexão com o serviço e com a equipe. A
importância da escolha do repertório, bem como a conexão com a memória que produziu, levou os
moradoes a cantar e dançar ao ouvir a sua música no repertório. Houve muitos pedidos de bis.
Conclusões/Recomendações
Foi uma experiência positiva para os moradores, incluindo os que não participavam da oficina,
despertando interesse para a música. Durante a apresentação, vizinhos e pessoas que passavam pela
rua se aproximaram, cantaram, dançaram num exercício delicado de inclusão pela música e pela
alegria.
Palavras-chave: Arte na pandemia; Saúde Mental; Residência Terapêutica.

65
Vacinação contra a Covid-19 na cidade de Curitiba: Uma perspectiva de apoiadores do
Movimento Nacional da População em Situação de Rua

Julia Mezarobba Caetano Ferreira - CRP PR


João Victor da Silva - FPP PR
Joana Schenatz Trautwein - UFPR
Mariana Melli - UFPR

RESUMO
A PSR é classificada como grupo prioritário no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação
contra a Covid-19 (PNO) desde sua primeira edição, publicada em 16/12/2020, por ser grupo com
elevada vulnerabilidade social . Acontece que o Anexo II do documento, onde deveriam constar as
especificações dos grupos prioritários e as recomendações para a vacinação destes, não havia sequer
menção à PSR. A segunda edição do documento estimava 66.963 pessoas em situação de rua no Brasil
a serem contempladas pela vacinação, mas ainda não apresentava recomendações de fato para a
vacinação . Na cidade de Curitiba, a imunização da PSR contra a Covid-19 começou em junho de
2021. Na época, alguns municípios brasileiros já haviam imunizado parte da PSR com as duas doses
da vacina. Em Curitiba, pouco sabíamos sobre a incidência e a mortalidade da Covid-19 na PSR.
Mas, quando a vacina chegou, sentimos a dificuldade de sensibilizar as pessoas a aceitarem a vacina.
O portal da prefeitura de Curitiba apresenta o dado de 1.143 pessoas em situação de rua vacinadas
com a D1, 744 com a D2 e 988 com a DU, totalizando 1.732 pessoas totalmente imunizadas em
17/05/2022. Mas um levantamento realizado no CadÚnico em 17/04/2021 demonstrou que a cidade
tinha 2.843 famílias cadastradas em situação de rua, e vinha numa crescente, tendo aumentado em
50,98% a quantidade de pessoas em situação entre 2018 e 2021 . As estimativas da sociedade civil
ultrapassam o número de 6.000 pessoas em situação de rua.
Objeto do Relato
Vacinação da população em situação de rua (PSR) contra a Covid-19 na cidade de Curitiba.
Objetivos
Discutir algumas das dificuldades enfrentadas e debater o impacto dos processos de segregação e
estigmatização no acesso da PSR à vacinação contra a Covid-19 na cidade de Curitiba, ponderando
o alcance dessa política e a confiabilidade da PSR sobre os modelos estatais de proteção, a partir da
perspectiva de apoiadores do MNPR.
Análise Crítica
A sociedade civil, lutando para que o exercício desse direito fosse assegurado rapidamente, foi
procurada em junho de 2021 para auxiliar na articulação da vacinação da PSR. A prefeitura ainda não
havia elaborado uma estratégia, apenas divulgado que iria promover a imunização extra-muros. Ao
iniciarmos, percebemos resistência da PSR, tendo faltado um plano para sensibilização à vacinação.
Em muitos casos, a recusa vinha justificada com desconfiança, entendendo o imunizante como forma
de extermínio. Ou que se a PSR era grupo prioritário, certamente seria cobaia. Esse é o reflexo de
uma população que não se vê protegida pelo Estado, mas como alvo de suas ações violadoras e
higienistas.
Conclusões/Recomendações
O processo de vacinação evidenciou algumas consequências da segregação que a PSR sofre por parte
do Estado e da sociedade e demonstra como a desconfiança, embasada em inúmeros episódios de
violações, pode impedir que pessoas em situação de rua exerçam o direito à vacinação.
Palavras-chave: População em situação de rua; Covid-19; Vacinação.

66
Vida acadêmica e saúde mental: a construção de um dispositivo de ESCUTA-AÇÃO em saúde
mental para estudantes

Andréa Acioly Maia Firmo - IFCE

RESUMO
O estudo descreve a experiência de constituição e efetivação de um serviço de atenção em saúde
mental para estudantes de ensino médio da rede federal de ensino, que se organiza a partir do
acolhimento institucional e multiprofissional e do perfil biopsicossocial dos estudantes que dela
fazem parte. Sabemos que a saúde mental do estudante vem sendo uma temática cada vez mais
ressaltada no contexto escolar e educacional e considerado um aspecto importante da política de
assistência estudantil das universidades federais brasileiras e institutos federais de educação, ciência
e tecnologia. O acolhimento institucional ESCUTA-AÇÃO e as ações institucionais correlacionadas
à promoção da saúde mental dos estudantes são construídas à luz do perfil do público atendido e do
território em que o campus está localizado.
Objeto do Relato
Adolescentes e jovens de uma instituição pública de ensino médio e técnico do Estado do Ceará.
Objetivos
Estabelecer um ponto de ancoragem ao estudante, a constituição de um lugar de referência que relance
a aposta na escuta do sujeito, seus efeitos e desdobramentos. Por consequencia, dar suporte ao
discente, realizar ações de prevenção e promoção da saúde mental, primeiros atendimentos em casos
de crise e indicar encaminhamentos, além de oferecer um pronto atendimento em situações de crises
emocionais.
Análise Crítica
O caráter limitado das intervenções é sugerido para atender ao perfil do público em questão, composto
por pessoas na faixa dos 15 aos 18 anos, ou seja, jovens que podem apresentar dificuldades transitórias
relacionadas à passagem da infância para vida adulta, que podem estar agravadas pelas
vulnerabilidades socio-econômicas e fragilidades na aprendizagem e nas relações sociais, entre pares,
no convívio familiar e até mesmo do ponto de vista interpessoal. A entrada em um Instituto Federal
de Educação, muitas vezes, acarreta a necessidade de adaptação a novos ambientes, nova rotina e
modificando o sistema de suporte social, o que pode contribuir para aumentar o sofrimento psíquico
discente.
Conclusões/Recomendações
O dispositivo de acolhimento em saúde mental requer uma postura ética, advertida e engajada. A
excessiva exposição do íntimo, a exigência de desempenho e a proliferação de relatos de si,
principalmente nos meios virtuais, tendem a explorar a constituição superficial do individuo.
Palavras-chave: Promoção da saúde mental; Saúde mental na escola; Adolescência e Juventude;
Política de assistência estudantil.

67
Vozes das ruas: A experiência do Centro de Integração Arte, Cultura, Educação e Saúde
Movimento nacional população rua

Darcy Costa - Movimento Nacional População de Rua


Eroy Aparecida da Silva - Associado Abrasme

RESUMO
O CISARTE visa ser uma referência na criação de um paradigma no trabalho com a população em
situação de rua, através de uma atuação pautada pela justiça social, garantia de direitos e direitos,
redução de danos, práticas solidárias colaborativas, visando a garantia de direitos desta população
com respeito, ética, solidariedade e transparência, através da participação coletiva da própria
comunidade. Trata-se de um espaço de acolhimento e inclusão as pessoas vulneradas vivendo na rua,
onde estes podem ler, participar de oficinas, laboratório de informática, descanso. Além disso tem
como aspiração congregar a história dos movimentos das lutas por moradia na cidade, tanto através
dos arquivos documentais como propiciando espaços de articulação e organização através de
encontros das lutas organizativas desta população invisibilizada. É um espaço, porta-aberta as pessoas
que estão vivendo nas ruas, voltado para as seguintes pautas de lutas: Enfrentamento à desigualdade
e exclusão social; construção e ou resgate da cidadania, redução de danos, luta moradia digna, porta
de saída através do trabalho, geração de renda, educação e arte-cultura. O relato de experiência será
realizado de forma descritiva e crítica.
Objeto do Relato
Cuidados em saúde mental dos viventes de rua, garantia direitos humanos através da arte-cultura
Objetivos
O CISARTE é um espaço de 1600 metros, e está localizado embaixo no Viaduto Pedroso, n.111, no
Bairro da Bela Vista no centro da cidade de São Paulo. Neste mesmo espaço também e a sede do
Movimento Nacional da População de Rua (MNPR). Este relato de experiencia irá apresentar os
trabalhos desenvolvidos no CISARTE, junto aos viventes de rua.
Análise Crítica
Neste espaço solidário as atividades são realizadas através de portas abertas, para o cuidado da
população vulnerada viventes de rua, muitos deles com uso de substâncias. O trabalho acontece
respeitando a autonomia das pessoas com a finalidade de cuidar em liberdade, premissa básica da luta
antimanicomial. O CISARTE defende as bandeiras de lutas no sentido de garantia de direitos, luta
por moradia e inclusão pela arte, cultura e educação, contando com auxilio tanto de pessoas físicas,
órgãos dos governamentais, universidades, sindicatos. Além disso vem somando esforços para
aperfeiçoar e cuidar de suas instalações para que a população vulnerada possa sentir bem estar.
Conclusões/Recomendações
Desde 2016, o espaço tem sido um polo transformador da realidade dos viventes de rua. É referência
na criação de um novo paradigma no trabalho, através de uma atuação pautada pela justiça social e
democracia.
Palavras-chave: população rua; saúde; democracia; inclusão.

68
Eu quero algo que me diga quem eu sou - Um percurso afetivo junto ao grupo teatral Nau da
Liberdade

Vinicius Charqueiro Bürgel - Escola de Saúde Pública/RS


Maria de Fátima Bueno Fischer - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

RESUMO
O coletivo teatral Nau da Liberdade surgiu em 2013 no intramuros de um Hospital Psiquiátrico da
cidade de Porto Alegre/RS. Criado por artistas, usuários e trabalhadores da saúde, residentes,
andarilhos e sonhadores, o grupo produz uma fissura na lógica manicomial, ao usar a arte como forma
de revelar as violações de direito. Encontro de diferentes pessoas, com diversos papéis sociais,
histórias e visões de mundo. Em meados de 2015, o trabalho dentro do Hospital Psiquiátrico tornou-
se inviável. O movimento do barco dependia diretamente da saída do manicômio e da ocupação da
cidade, radicalidade necessária para o rompimento das estruturas manicomiais. Desde então, de forma
autônoma, o coletivo andarilha por praças, teatros, cinemas, festivais, congressos, percorrendo
caminhos onde a vida encontrar canais para escorrer, em um processo de desinstitucionalização em
movimento. O coletivo de artistas faz um convite para habitar a cidade de outras formas, produzir
uma outra inserção com o cotidiano, e assim, uma outra relação da sociedade com a loucura. Desde
2013 o grupo trabalha com produção teatral e formação e, a partir de 2018, também é um bloco de
carnaval da cidade de Porto Alegre. O grupo lançou alguns espetáculos teatrais, fez participação em
filmes, ensaios fotográficos, congressos, tendo viajado por mais de 23 municípios no RS, em Santa
Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, além de ter forte relação com a formação, atuando nas
principais universidades gaúchas.
Objeto do Relato
Será relatada uma breve história do grupo, explorando cartograficamente suas produções artísticas.
Objetivos
Relatar a história do grupo Nau da Liberdade, relacionando o trajeto afetivo do grupo com a potência
transformadora da criação artística, os processos de desinstitucionalização, a construção de cidadania
e a criação de outras formas de se relacionar com a vida.
Análise Crítica
O grupo entendeu desde o início a potência política e transformadora da arte. Ao colocar a vida em
cena, o coletivo dá corpo aos afetos, desvelando discursos e práticas que ocultam a violência
cotidiana. Num processo de efetiva construção coletiva institui a desacomodação, o questionamento
à lógica manicomial e colonial, fazendo emergir outros vínculos afetivos possíveis. O teatro como
transgressão move o grupo para o encontro com a cidade e com a cidadania, deixando para trás o
pátio do hospício, lugar de produção de morte, e tomando a cidade, na experimentação da vida em
seu processo de acontecer, tornando possíveis novas contratualidades sociais.
Conclusões/Recomendações
Em um processo de navegação afetiva, o coletivo continua seu percurso ético-estético, produzindo a
desinstitucionalização em Ato, possibilitando as mais diversas formas de ser e estar na vida, numa
busca onde o eu torna-se plural, coletivo. Lançam-se ao mar dos afetos, onde a vida ganha passagem.
Palavras-chave: Arte; Cultura; Cidadania; Cidade.

69
A internação psiquiátrica e a não garantia de acesso aos bens de cidadania: perspectiva das
pessoas entrevistadas usuárias de um CAPS I

Daisy Aparecida Alves Franco - Prefeitura Municipal de Santa Vitória - MG

RESUMO
No campo da saúde mental a ocorrência da internação psiquiátrica pode estar associada a crises
derivadas de eventos da vida não acolhidos pelos serviços substitutivos. A partir da percepção das
pessoas entrevistadas (usuárias de um CAPS I) cinco categorias de análise foram discutidas, sendo
que uma delas analisou que as crises que levaram à internação foram desencadeadas por contextos de
vida geradores de sofrimento social em razão da não garantia de acesso aos bens de cidadania como
alimentação, renda, trabalho, mediação de conflitos familiares. Situações complexas foram reduzidas
a categorizações diagnósticas, transformando férteis experiências de vida em rótulos e reforçando a
perspectiva individual em detrimento da valorização das condições concretas de vida das pessoas.
Objetivos
Compreender, a partir da percepção das pessoas entrevistadas usuárias de uma CAPS I, a relação
entre a ausência de acesso aos direitos de cidadania e a internação psiquiátrica uma vez que as
dificuldades concretas de vida geradoras de sofrimento podem desencadear crises e derivar para uma
situação de exclusão social ainda mais grave: a internação psiquiátrica.
Metodologia
Pesquisa qualitativa. Entrevista semidirigida com perguntas norteadoras, realizada no segundo
semestre de 2019 e início de 2020, com seis pessoas adultas (de 27 a 52 anos), com histórico de
internação psiquiátrica em seus itinerários terapêuticos, usuárias de um CAPS I localizado em
município distante dos grandes centros urbanos. Após transcrição, as entrevistas foram analisadas
num primeiro momento seguindo a teoria de análise temática de Laurence Bardin e para a defesa da
dissertação, segundo a teoria de indicadores de Fernando González Rey.
Resultados
Condições sociais concretas de existência reveladoras da falta de acesso aos bens de cidadania foram
explicações dadas pelas pessoas entrevistadas como causadoras de crises que derivaram para
internação psiquiátrica. Como por exemplo: o receio de que uma filha pequena pudesse passar fome;
a insegurança de renda originada pela demissão da entrevistada e o decorrente desespero por não ter
recursos para cuidar da mãe idosa e enferma; a indignação por conflitos com a filha causando uma
ruptura radical que impediu a convivência com a neta; eis alguns dos eventos de vida que terminaram
em uma internação psiquiátrica. Os resultados demonstraram a forte presença de uma lógica
manicomial nos itinerários terapêuticos das pessoas entrevistadas. Dentre as seis pessoas
entrevistadas, 50% delas foram internadas antes de se esgotarem os recursos extra hospitalares,
contrariando a política de saúde mental; e 50% já frequentavam o CAPS I quando ocorreu a
internação, revelando que este equipamento não tem cumprido sua vocação legal de dar contorno à
crise, impedindo a internação.
Palavras-chave: Internação psiquiátrica; CAPS I; bens de cidadania.

70
A luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica sob o olhar do cinema: uso de recursos
audiovisuais e o paradigma ético-estético-político

Rafael Mendonça Dias - UFF


Flavia Helena M. A. Freire - UFF
Bianca Guandelini Bandeira - UFF
Paula Mayumi Isewaki - PUC-RJ
Sofia Iara Penido Esparza - UFF
Luiza Baccarini Frigo - UFF

RESUMO
Consideramos o uso de ferramentas audiovisuais como um caminho promissor para a pesquisa sobre
a história da reforma psiquiátrica no Brasil. O audiovisual permite a produção de novas narrativas da
luta antimanicomial e os embates constitutivos ao campo da saúde mental para a instituição de
políticas públicas.
Na pesquisa em andamento na UFF-VR, identificamos quatro momentos relevantes para entender o
processo da luta antimanicomial, tendo a Lei 10.216/01 como um marcador importante e analisamos
algumas obras audiovisuais associadas a esses períodos.
As produções audiovisuais evidenciam as questões políticas e sociais emergentes da reforma. No
curso da pesquisa fizemos também o levantamento de algumas obras audiovisuais que tratam das
violações operadas pelas instituições psiquiátricas.
Objetivos
O principal objetivo da pesquisa é analisar os efeitos da Reforma Psiquiátrica e da luta antimanicomial
no Brasil a partir de narrativas audiovisuais. Realizamos a seleção de algumas produções estéticas
que abordam o tema da da luta antimanicomial no Brasil. Essas produções indicam novas formas de
pesquisar o movimento reformista e as questões éticas, políticas e estéticas atuais.
Metodologia
Nos aliamos ao paradigma ético-estético-político proposto por Félix Guattari. Essa proposição indica
que a subjetividade, os movimentos sociais e sua relação com a história pode ser entendida numa
perspetiva criativa e inventiva. Desse modo, podemos pensar na produção de novas narrativas sobre
a reforma psiquiátrica. Entendemos a narrativa como uma produção polifônica a partir de um
agenciamento coletivo de enunciação. Com Walter Benjamin, entendemos as narrativas enquanto
faculdade de intercambiar experiências vividas, que apresenta uma nova forma de considerar os
recursos audiovisuais.
Resultados
Na pesquisa identificamos quatro momentos relevantes para entender o processo da luta
antimanicomial e do movimento reformista no campo da saúde mental. O primeiro deles surge como
Momento do movimento social (1978-89). O filme relacionado a esse período é: Em nome da Razão
de Helvécio Ratton sobre o Hospital Colônia de Barbacena. O segundo é o Momento instituinte
(1989-2001) com a tramitação do projeto de lei 10.216/01. O filme destacado nesse contexto é Bicho
de Sete Cabeças''. Já o terceiro, é o Momento institucional no período de 2001-2013 (promulgação
da lei 10.216/01) com o documentário Estamira'', dirigido por Marcos Prado.
O Momento da contra-reforma (2016-atual) começa com o golpe institucional e segue em curso.
Nesta fase da pesquisa, buscamos identificar materiais para contar o processo de desmonte das
políticas públicas de Saúde Mental. Até o momento ainda não encontramos uma produção audiovisual
atual que reflita esse período. No entanto, consideramos que o filme Azyllo Muito Louco (1970),
dirigido por Nelson Pereira dos Santos durante o período mais violento da ditadura militar, serviria
de alegoria estética para esses tempos sombrios.
Palavras-chave: cinema; luta antimanicomial; pesquisa; saúde mental; reforma psiquiátrica.
71
A rede de saúde mental e economia solidária de Curitiba e região metropolitana -
LIBERSOL: uso das redes sociais para divulgação de ações e saberes

Allana Karoline Chaves da Silva - UFPR -


Luis Felipe Ferro - UFPR
Caíque Lima Sette Franzoloso - UFPR
Joabe Michael Batista dos Santos - UFPR
Nathalia da Rosa Kauer - UFPR
Maurício Marinho Iwai - UFPR

RESUMO
O presente relato é fruto das atividades, ainda em curso (2022), que estão sendo desenvolvidas por
alunos de Iniciação Científica (IC) do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do
Paraná em parceria com a Rede LIBERSOL. A realização de posts em mídias sociais, prevista como
parte do plano de trabalhodos alunos de IC, possui o objetivo de divulgar as atividades da Rede
LIBERSOL e contribuir para o seu fortalecimento por meio da disseminação de conhecimento sobre
ECOSOL. As publicações produzidas nas páginas institucionais da LIBERSOL (Instagram e
Facebook) foram de dois tipos: 1) Posts informativos com o intuito de explicar ludicamente conceitos
relativos à ECOSOL, voltados para público com ou sem conhecimento prévio acerca do tema, e; 2)
Posts de divulgação das ações da Rede, tais como: cursos, capacitações, reuniões e etc. As postagens
de caráter explicativo foram realizadas sobre quatro temas: sugestões de vídeos e canais do Youtube;
conceitos e aproximações acerca da ECOSOL; filmes; cartilhas e websites que compartilham
materiais sobre ECOSOL. Para a produção das publicações houve a preocupação de levar ao público
informações confiáveis, de maneira simples, clara e objetiva para se adequar ao formato das mídias
sociais. Quanto as postagens sobre ações da LIBERSOL, de maneira geral foram sobre suas
capacitações, feiras de ECOSOL, reuniões com gestores públicos e presença em conselhos, com o
intuito de levar ao público maior conhecimento sobre seu trabalho.
Objeto do Relato
Realização de publicações nas mídias sociais de uma rede de economia solidária.
Objetivos
Descrever o uso das mídias sociais para a divulgação das ações realizadas pela rede LIBERSOL e
para a disseminação de conhecimento sobre Economia Solidária (ECOSOL) e Saúde Mental (SM),
através de publicações informativas nas diferentes páginas da LIBERSOL.
Análise Crítica
As postagens nas mídias sociais da LIBERSOL buscam se aproximar de quem já gosta de conteúdos
similares e também daqueles que de alguma forma chegaram em sua página sem conhecimento
nenhum acerca da temática. Estrategicamente, a indicação de vídeos e canais no Youtube, filmes e
cartilhas teve o intuito de levara o público um conhecimento acessível sobre ECOSOL. Em
postagenssobre conceitos de ECOSOL, foi feita busca em artigos em fontes confiáveis para a
confecção de posts de modo que um conteúdo denso se tornasse fácil. As publicações sobre ações da
LIBERSOL tiveram objetivo de transparência e aproximação com o público mostrando o trabalho
realizado em prol da comunidade.
Conclusões/Recomendações
As publicações no perfil da LIBERSOL buscam levar conhecimento sobre ECOSOL para o espaço
informal das mídias sociais, de modo a popularizar esse saber e atingir mais pessoas. Dessa forma, as
postagens explicativas e divulgando as ações da rede trazem teoria, mas também a prática sobre
ECOSOL.
Palavras-chave: Economia Solidária; Saúde Mental; Redes Sociais.

72
A utilização das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) no cuidado aos
trabalhadores de saúde mental de Resende

Felipe Jesus Dadam - Prefeitura Municipal de Resende


Marci Luciani Souza de Lucena - Prefeitura Municipal de Resende
Daniel Luzia da Silva - Prefeitura Municipal de Resende

RESUMO
Em 2019, iniciamos de uma forma bem incipiente no Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras
drogas (CAPSAD) a realização de auriculoterapia, isso foi possível com a inserção do psicólogo com
a formação. A técnica foi realizada inicialmente com os usuários que eram selecionados após
identificar um quadro de ansiedade, insônia, dores crônicas e que com essa técnica puderam se
beneficiar e melhorar a qualidade de vida. Em concomitante, ocorreu um grupo terapêutico que visava
trabalhar aspectos que pudessem dar suporte aos usuários, para que os mesmos fortalecessem as suas
estratégias de proteção para não recair. Em paralelo, iniciou-se os atendimentos com os profissionais
do CAPSi (Centro de Atenção Psicossocial infanto-juvenil), a partir da aproximação de uma
profissional inserida neste serviço das práticas relacionadas a Medicina Tradicional Chinesa (MTC)
Acupuntura e Auriculoterapia.
Objeto do Relato
Profissionais da rede de Saúde Mental do município de Resende-RJ
Objetivos
Atendimento dos profissionais da rede de saúde mental do município de Resende-RJ em suas
demandas de saúde física e emocional, visando bem-estar e melhoria da qualidade de vida,
consequentemente melhor desempenho profissional.
Análise Crítica
De janeiro de 2019 a março de 2022 foram realizados, em ambos dispositivos, aproximadamente
1.885 atendimentos, onde foram trazidos como resultados: melhoras na ansiedade, sono, dores físicas,
dores de cabeça/enxaqueca e alguns casos com a diminuição do uso de álcool e outras drogas.
Atualmente com a vinda da Pandemia se acentuaram as queixas emocionais e físicas dos profissionais
atuantes na saúde mental, especialmente nos centros de atenção psicossociais. Em vista disso, foi
pensado em intervenções integrais, que acolham, promovam a saúde, previnam e tratem possíveis
agravos gerados pela exposição à agentes agressores.
Conclusões/Recomendações
A partir dos resultados alcançados observamos a necessidade da continuidade do projeto, bem como
inserção de outras Práticas Integrativas e Complementares (PICS) e ampliação para outros
dispositivos de saúde mental. Com o propósito de se tornar um Programa da Saúde Mental (Cuidados
ao Cuidador).
Palavras-chave: Auriculoterapia; Acupuntura; Cuidado.

73
Awon Obirin - Cuidando de Quem Cuida

Maria Cristina Silveira Prado Martins - Associação Beneficente Educacional e Cultural Ilê Asé
yalode Oyo
Thais Cristine Prado Martins - Associação Beneficente Educacional e Cultural Ilê Asé Iyaode Oyo
Danielle Oliveira Bargas - Associação Beneficente Educacional e Cultural Ilê Asé Iyaode Oyo
Micaela Carolina Ciryno - Associação Beneficente Educacional e Cultural Ilê Asé Iyaode Oyo

RESUMO
Awon Obirin em iorubá, significa Mulheres, no contexto social, para além das questões biológicas.O
projeto é voltado para a prática do autocuidado em especial as mulheres negras e não negras vivendo
e convivendo com HIV/Aids e outras ISTs, respeitando a saúde integrativa onde se reconhece o
indivíduo pela tríade corpo, mente e espírito, ora reforçando, ou modificando as experiências
individuais de cada mulher com o objetivo estruturar uma rede pensando na qualidade de vida desse
público específico, além de trazer o hábito desta prática. Sua relevância se dá em compreender o que
dificulta/propicia a adesão do autocuidado, a manutenção do tratamento e a prevenção a outras ISTs,
uma vez que há um empenho orçamentário e de políticas públicas no combate e prevenção ao
HIV/AIDS, qualificando as informações sobre a Política Nacional de Saúde da Mulher com ênfase
nos direitos sexuais e reprodutivos, estimular nos espaços internos e externos aos terreiros o
desenvolvimento de ações de promoção da igualdade de gênero, e de promoção e proteção dos direitos
e da autonomia das mulheres dentro das questões da saúde especializada em IST/AIDS. A enfase foi
modificar o projeto que era presencial e interpessoal, para virtual e nos cuidados do MS e OMS. e
Fomos felizes em transformar, os cuidados e acolhimentos para rodas de conversas virtuais coletivas,
e se necessário individuais com as terapeutas( psicoterapeutas, massoterapeutas, arte terapeutas,
terapia natural com as ervas medicinais.
Objeto do Relato
Montar uma rede de proteção para que as mulheres do projeto possam reverberar as trocas de saberes.
Objetivos: Promover cuidados e acolhimento para mulheres HIV, negras e não negras, jovens, trans
e travestis, saúde integral, educação, arte e cultura por meio dos saberes populares e assistência
profissional adequada, prevenção combinada à outras doenças; Potencializar a sabedoria empírica,
baseada na aprendizagem ativa e vivência pessoal; formação e autonomia em educação popular, nos
conceitos de equidade.
Análise Crítica
Considerando que é preciso pensar e criar novas formas de práticas de cuidados para além da
medicação e prevenção básica de doenças como método de prolongamento da vida, tirando o espectro
da morte como único resultado de uma vida soropositiva. As campanhas de prevenção e tratamento
ainda veiculam esta imagem das pessoas vivendo com HIV, como indignas de uma vida saudável,
feliz e produtiva, trazendo a exclusão social, e maior índice de doenças mentais e psicossomáticas,
intensificado o suicidio na condição feminina, e mais ainda quando se trata da mulher negra
soropositiva
Conclusões/Recomendações
Considerando que este projeto foi efetivado em final de 2019 e que tivemos que transformar em ações
de cuidados, acolhimentos em autoestima, dentro de plataformas virtuais, onde as partilhantes(termo
usado para acolher as mulheres que partilham suas necessidades), efetivamos a rede de proteção.
Palavras-chave: Awon; Cuidando de Quem Cuida.

74
CAPS IJ II São Mateus: Cuidado e reabilitação psicossocial em tempos de pandemia

Leonardo Silva do Nascimento - CRESS


Raquel Meirelles Pedreño Penha - CAPS II IJ São Mateus
Laís Vignati Ferreira - CAPS II IJ São Mateus
Rafaela Moreti de Oliveira - CAPS II IJ São Mateus

RESUMO
Em meio às contradições sociais, o serviço passa por uma reestruturação de atividades, buscando
ampliar o acesso dos usuários, tendo como referência um local para além do cuidado psíquico: uma
alternativa de espaço onde floresçam novos atores que experienciem suas vidas de forma plena e
autônoma. Para alcançar este objetivo, a reestruturação foi norteada pelos grupos de integração. Eles
foram organizados territorialmente, considerando a faixa etária dos usuários e buscando ouvir as
demandas reprimidas e expectativas para o CAPSIJ com a coo responsabilidade para construção de
processos de trabalho, visando as necessidades singulares e coo participação, em direção a uma
construção não impositiva.
Objetivos
Descrever sobre a retomada dos cuidados em portas abertas, ações integradas usuários/equipe gestão.
Metodologia
Mediante a crise humanitária, em um contexto sóciopolítico desfavorável para a saúde pública, a
reorganização dos serviços de saúde mental teve seu cerne comunitário questionado.
Sendo assim, a equipe do CAPSij compreendeu como vital a participação ativa dos usuários e
familiares com ocupação da reestruturação dos processos de trabalho, espaços públicos, fóruns,
congressos e demais recursos pra a participação social, objetivando ampliar o debate sobre defesa dos
direitos garantidos na Constituição Federal de 1988 e a Reforma Psiquiátrica, na Lei 10.216/2001.
Resultados
O Caps IJ II São Mateus fica localizado zona leste de S.P. abrangendo os distritos São Mateus, São
Rafael e Iguatemi, territórios de alta vulnerabilidade social.
O isolamento social modificou as relações sociais nisso houve a reorganização dos serviços de saúde
mental, com a retomada da possibilidade dos grupos, a proposta de integração possibilitou a
participação dos usuários/familiares além dos trabalhadores e gestão, focada na atenção psicossocial.
Dentre as idéias levantadas, mediante um compromisso com a Política Nacional de Humanização e a
Rede atenção psicossocial (RAPS), foram levantados alguns norteadores e ações que já vem
acontecendo, como: retomada da ambiência e acolhimento inicial, com participação ativa e sem
agendamento dos usuários; atividades culturais e coletivas passaram a ser inseridas cotidianamente;
levantamento do uso de medicações, em um protótipo de estruturação de estratégias de gestão
autônoma da medicação ij e ampliação das ações compartilhadas com a rede socioassistencial ij.
Palavras-chave: Reabilitação Psicossocial; Caps IJ; COVID 19.

75
Caracterização da saúde mental em trabalhadores da saúde do HU-UFSCar no contexto da
pandemia da Covid-19

Sergio Fernando Lozano


Juliana de Almeida Prado - Universidade Federal de Sao Carlos

RESUMO
Covid-19 é o nome dado à doença causada pelo vírus SARS-Cov-2, uma pandemia que nunca teve
um alcance global dessas proporções. Ela tem impactado de forma dramática em diversos aspectos
de nossa sociedade e tem levado ao esgotamento dos recursos psíquicos de enfrentamento das
dificuldades e aumentando os índices de sofrimento mental. Sob a perspectiva da saúde mental no
contexto da Covid-19, e segundo estudos atuais, os profissionais da saúde são um grupo populacional
bastante vulnerável aos transtornos relacionados ao trauma e aos estressores das vivências. O cuidado
da saúde desses profissionais deve ser uma prioridade e conhecer os fatores associados ao seu
adoecimento mental é importante para elaborar medidas de prevenção e cuidado.
Objetivos
Caracterizar a saude mental em trabalhadores da saúde de um hospital universitário do Estado de São
Paulo durante a pandemia da Covid-19 e observar se experiências traumáticas precoces são fatores
de risco para desfecho de sofrimento mental
Metodologia
Estudo transversal, quantitativo, com 93 profissionais de saúde de um hospital universitário do estado
de São Paulo que trabalham na assistência do COVID-19. Coleta em questionário on-line (Google
Forms). Desfechos estudados foram: ansiedade (BAI), depressão (BDI) e transtorno relacionado ao
estresse (PCL-5). Variáveis exploratórias foram dados socioeconômicos, características ocupacionais
e outros dados clínicos relevantes, incluindo ocorrência de experiências adversas na infância
(QUESI). Estatística por meio de testes de Kruskal-Wallis, correlação de Spearman e ANCOVA,
considerado p<0,05.
Resultados
Predominância de mulheres (82%), com média de idade de 41,1. As prevalências dos desfechos
foram: ansiedade 40,8%, depressão 51,6% e transtorno relacionado ao estresse 24,7%. Os
trabalhadores que apresentaram os piores desfechos em saúde mental (ansiedade, depressão ou
transtorno relacionado ao estresse de severidades moderada/severa) foram mulheres e aqueles que:
prestaram assistência direta a pacientes com covid-19, aumentaram a carga horária de trabalho
(faziam horas extras com regularidade), tinham pior qualidade de sono (questionário de Pittsburg) e
tinham registros de experiências adversas na infância (QUESI >50) (p<0,05). Na regressão logística
univariada (ANCOVA), mesmo considerando a experiência adversa precoce um co-fator de risco para
os desfechos severos, a associação com as variáveis exploratórias descritas acima se mantiveram
fortes e estatisticamente significantes (p<0,01). Os resultados deste estudo apontam para a relevância
de conhecer os fatores associados ao sofrimento mental moderado e severo dos trabalhadores da saúde
no contexto da covid-19 para respaldar estratégias de prevenção e cuidado eficientes e assertivas a
essa população.
Palavras-chave: saude-mental; Profissionais de saúde; covid-19; Experiencias-traumaticas; fatores
de risco.

76
Do isolamento ao acolhimento; a reorganização de trabalho de dois CAPS ADs do Rio de
Janeiro frente a pandemia de COVID19

Daniella Silva Oliveira - Caps Ad Mané Garrincha


Priscilla Dos Santos Peixoto Borelli Tavares - Caps III Fernando Diniz
Diego Fernando Do Nascimento - Caps Ad Antônio Carlos Mussum
Jean Da Cruz Santos - UAA Cacildis

RESUMO
Desde que se instaurou a pandemia de Coronavírus o distanciamento social foi indicado como medida
para diminuir a propagação do vírus, órgãos de saúde sugeriram que os serviços de saúde focassem
estritamente suas ações para a pandemia. Entretanto, os CAPSADs identificaram que isso geraria
barreira de acesso, e para que não ocorresse precisaram readequar o seu processo de trabalho,
estabelecendo fluxos, atendimentos em espaços aberto e triagem para diagnóstico precoce dos de
COVID-19. Nesse período em que muitos serviços fecharam suas portas, percebemos que os usuários
passaram a procurar os CAPS com demandas variadas como; alimentação, cuidados clínicos, suporte
para acesso a benefícios sociais, ressaltamos aqui os usuários em situação de rua, que tiveram drástica
redução da rede de suporte. Nesse contexto de isolamento as crises se intensificaram e as dificuldades
no manejo se deu pela redução do número de equipe, que se contaminou pelo vírus, além da realização
de manejos individuais, que vai de encontro a lógica dos CAPS de espaços coletivos e socialização
como forma de cuidado muito potente.
Conquanto a partir da permanência das portas abertas e das ações no território desses CAPS foi
possível garantir o acesso ao cuidado em saúde, realizando testes sorológicos dos usuários e o cuidado
para os positivados; vacinação para os usuários em cenas de uso de drogas, acolhimento noturno para
os casos em crises e articulação em rede para os casos com maior vulnerabilidade social
Objeto do Relato
O acolhimento à crise no CAPSAD no contexto da pandemia do COVID 19
Objetivos
Relatar a experiência de acolhimento à crise em dois CAPSAD (tipo II e III) do município do Rio de
Janeiro, identificando os desafios e as potencialidade do cuidado desses dispositivos, além de analisar
o aumento da procura e as mudanças das demandas direcionadas ao CAPSAD durante esse período.
Análise Crítica
Os CAPS como dispositivos da Reforma Psiquiátrica devem oferecem um cuidado territorial e em
rede, logo os CAPSAD são fundamentais para que a população que faz uso nocivo de drogas tenha
acesso à saúde. Esses serviços ao mitigarem as barreiras para o cuidado durante a pandemia foi de
encontro a necropolitica do Estado, visto que seus usuário, na grande maioria negros, puderam ter
acesso à ações em saúde e a articulações intersetoriais que buscaram reduzir os danos causados pela
diminuição das suas rede formais e informais desde o início da pandemia.
Conclusões/Recomendações
Este relato tem como princípio fundamental a Universalidade do acesso à saúde no SUS, pois nos
períodos de crise sanitária como o que vivenciamos os usuários de drogas não devem permanecer
isolados das ações de promoção de saúde e da garantia do direito à vida.
Palavras-chave: CAPS AD; cuidado;COVID19.

77
Estratégia para o autocuidado dos usuários de CAPS III no munícipio de Santos-São Paulo

Cely de Oliveira - Prefeitura Municipal de Santos


Paula Helena Prioste Pertence - Prefeitura Municipal de Santos
Leticia Katarine Ferreira dos Santos - Prefeitura Municipal de Santos
Eduardo Calmon de Moura - Prefeitura Municipal de Santos

RESUMO
O CAPS é muito mais que apenas um local físico. É, na verdade, um complexo de produção de ações
de cuidado feitas em rede com abrangência muito além dos seus limites físicos, interagindo e
crescendo junto com outras instituições e serviços, funcionando como um dos principais dispositivos
de desinstitucionalização e de fortalecimento do sujeito. Considerando que as ações devem estar
pautadas no autocuidado, este projeto tem como objetivo enfatizar a importância de estimular o
autocuidado dos usuários do CAPs III.
O cuidado corporal e a higiene constituem em uma necessidade humana básica psicobiológica,
conforme já apontava Wanda de Aguiar Horta, em 1979, em sua Teoria das Necessidades Humanas
Básicas. Muitas são as condições que afetam a habilidade do indivíduo em manter sua higiene pessoal
sobretudo quando se apresenta em situação de extrema vulnerabilidade, necessitando, portanto, de,
orientações para estimular seu autocuidado.
Objeto do Relato
O grupo teve início na segunda quinzena de Novembro/21 reunindo ás segundas-feira os usuários
para que pudéssemos discutir a percepção de cada um relacionado aos facilitadores e dificultadores
para o autocuidado
Objetivos
Identificar a percepção dos usuários do CAPS sobre os facilitadores e dificultadores acerca do próprio
autocuidado
Analisar a percepção dos usuários do CAPS sobre os facilitadores e dificultadores acerca do próprio
autocuidado
Análise Crítica
Pudemos identificar e analisar após os relatos dos participantes que os dificultadores segundo as
percepções dos usuários sobre seu autocuidado estão atrelados as vulnerabilidades relacionadas a
moradia, saneamento básico.
Conclusões/Recomendações
Concluímos que apesar das vulnerabilidades percebidas pelos usuários, eles se comprometem com o
próprio autocuidado. E ainda pudemos observar mudanças no comportamento de alguns usuários
após a participação ativa nos grupos de autocuidado.
Palavras-chave: Autocuidado; Cuidado em liberdade;Autoestima.

78
Nas tramas da virtualidade pandêmica: a Escuta Humanizada dos profissionais da saúde,
educação e administrativo da UNIFESP

Henrique Andrade Furtado Leite


Fernando de Almeida Silveira - UNIFESP

RESUMO
Para os atendimentos psicológicos, foi utilizado o Google Meets, visto que eram encontros online.
Priorizou-se o atendimento em grupos, formados geralmente pelos usuários, dois psicólogos e um
estudante de psicologia. O objetivo era o de criar apoio e acolhimento aos participantes, buscando
compreender as dificuldades advindas do momento histórico e das condições de trabalho, visto que o
público alvo são profissionais da saúde que participaram do combate ao COVID-19. Às sextas-feiras
são realizadas supervisões em grupo, em que participam tanto psicólogos quanto estudantes
Objeto do Relato
Será relatada a experiência do atendimento aos profissionais de saúde durante a pandemia
Objetivos
O objetivo do relato de experiência é enfatizar as experiências dos atendimentos psicológicos online,
que tiveram o objetivo de focalizar as dificuldades advindas das atividades no atendimento ao
COVID-19, procurando assim entender a importância do acompanhamento e apoio aos profissionais
da saúde.
Análise Crítica
Para o atendimento, foram desenvolvidas as seguintes abordagens: Abordagem Centrada na Pessoa
ACP - e Psicoterapia Breve, focalizando os sofrimentos psíquicos advindos da pandemia, como
sentimentos de impotência, situações de fadiga, stress , ansiedade e depressão. A escolha da
abordagem é motivada pelo caráter acolhedor, importante para o empoderamento dos beneficiários.
Como resultado, foram observadas reflexões críticas sobre as condições existenciais e de trabalho,
impostas pelas contingências da pandemia. O caráter grupal foi essencial para a construção de uma
rede de apoio e de afetos entre os beneficiários, visto que uma ajuda mútua estava em
desenvolvimento durante as sessões.
Conclusões/Recomendações
Verificou-se que a extensão é importante para: o apoio às condições emocionais dos participantes; o
desenvolvimento das potencialidades psicossociais para enfrentar as dificuldades durante a pandemia;
construção de vínculos psicoafetivos e no desenvolvimento de estratégias de autocuidado.
Palavras-chave: Escuta; acolhimento; psicologia; pandemia.

79
Possibilidades e desafios da psicologia em UBS rurais: relato de experiência a partir da
Residência Multiprofissional em Saúde da Família

Lucas Monteiro Pellá - Prefeitura/Saúde São José dos Pinhais-PR


Aline Maria de Sordi - Escola de Saúde Pública de São José dos Pinhais

RESUMO
Este relato parte da experiência de uma psicóloga residente e preceptor do programa de Residência
Multiprofissional em Saúde da Família de São José dos Pinhais PR. A atuação está ocorrendo em 6
Unidades Básicas de Saúde rurais e o público participante são os profissionais das equipes e as
pessoas atendidas pelos profissionais relatados. A frequência de trabalho é semanal ou quinzenal a
depender do porte da UBS e das demandas solicitadas. Defendemos o NASF enquanto modelo de
atenção produzindo um olhar multidisciplinar e cuidado compartilhado com os integrantes das
equipes do território, ações de matriciamento e de prevenção/promoção em saúde. No território
atendido, há um alto índice de pessoas que fazem uso problemático de substâncias, violência
doméstica, sobrecarga feminina, fragilidade dos vínculos e pouca rede de apoio com queixas de saúde
mental associadas. Foi possível perceber que quando as pessoas apresentavam algum sintoma do
sofrimento psíquico o cuidado em saúde mental reduzia-se à medicalização, limitando o
acompanhamento em saúde mental ao tratamento farmacológico. Diante desse contexto, os autores
pensaram formas de inserção da psicologia a contribuir com ampliar as possibilidades de cuidado em
saúde mental no contexto rural abordando conceitos e diretrizes como: acolhimento e escuta
psicossocial, vínculo, prevenção e promoção de saúde, cuidado compartilhado e multiprofissional,
articulação intersetorial com a rede de proteção e de atenção psicossocial.
Objeto do Relato
Experiência de psicóloga residente e preceptor em Unidades Básicas de Saúde rurais.
Objetivos
A ênfase será sobre a caracterização da atuação de psicólogos na APS em território rural, a partir da
experiência de Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Enfatizaremos as demandas
encontradas nesses territórios e articularemos com os Determinantes Sociais (DS) em Saúde Mental.
Análise Crítica
Em contextos rurais é necessário que o cuidado em saúde mental tenha uma perspectiva
multidimensional pautada nos DS em Saúde Mental, pois a experiência de sofrimento articula-se às
determinações que atravessam a vida. Além disso, considerando esses aspectos e as heterogeneidades
das populações rurais, as estratégias de cuidado devem ser sensíveis a esse conjunto variado de fatores
que marcam as condições de vida e saúde mental (BELARMINO, 2016, p. 105). Portanto, não deve
haver uma simples transposição do trabalho realizado em contextos urbanos para o contexto rural,
visto que o rural é marcado por uma diversidade socioeconômica, cultural e política (CARNEIRO,
2008 apud RONZANI, 2021).
Conclusões/Recomendações
A experiência situa a importância de uma clínica psicossocial contextualizada nos territórios rurais
para garantir um cuidado integral e qualificado em saúde e recomenda a formação, educação
continuada e pesquisas científicas sobre esse campo de práticas em saúde.
Palavras-chave: Residência Multiprofissional; Saúde da Família; Território Rural; Saúde Mental;
Atenção Primária à Saúde.

80
Produção de narrativas como estratégia de cuidado: dando voz e visibilidade ao que está
naturalizado

Cristiane Marchiori Pereira - Secretaria de Estado da Saúde - SES/SP


Ana Virginia Bortoloto Sossai – SES/SP
Elânia Maria Ferreira e Ferreira - SES/SP
Lucia Aparecida de Souza - SES/SP

RESUMO
Era uma estranha no ninho, quase uma intrusa, até que alguém disse: 'Você está lá dentro, você tem
as chaves. Abra as portas!'. Nossa luta era a mesma, ainda que, naquele momento, ocupássemos
lugares antagônicos". O Núcleo Técnico de Humanização SES/SP ao longo dos anos tem
experimentado diversos modos de registrar o trabalho em Política de Humanização, e desde o segundo
semestre de 2020 tem estimulado a produção de narrativas como expressão de vivências na gestão e
nas práticas de saúde. A ideia de narrativa é dar expressão às diretrizes da Política de Humanização.
Pequenas cenas cotidianas vivenciadas em serviços de saúde ganham relevo e visibilidade,
possibilitam reflexão sobre os processos de trabalho e o modelo de cuidado, e formação à equipe de
Apoiadores, Articuladores de Humanização e de serviços de saúde. O Sr. Joaquim tropeçou e caiu
enquanto caminhava tocando sua gaita pelas ruas daquele lugar, e ao ver aquele paralelepípedo
manchado de sangue um horror súbito se instalou: quanto sangue já fora derramado naquele lugar?!
Narrativas convidam ao encontro com a vida que está em todo lugar, e, infelizmente, ainda há
centenas delas em Hospitais Psiquiátricos. Com a Reforma Psiquiátrica ainda em curso, e com
ameaças da contrarreforma, dar voz e visibilidade a ações naturalizadas que perpetuam a lógica
manicomial faz-se necessário e pode ser uma estratégia para análise, enfrentamento e formação aos
profissionais que vivenciam violência e sofrimento em seu cotidiano.
Objeto do Relato: Narrativas para problematizar a produção de (des)cuidado, ainda em tempos de
hospital psiquiátrico.
Objetivos:
- Dar voz e visibilidade a ações naturalizadas em hospital psiquiátrico que contribuem para perpetuar
a lógica manicomial; - Possibilitar reflexão sobre processos de trabalho e modelo de cuidado, a fim
de romper com a lógica de (des)cuidado; - Ser um recurso para formação, análise crítica e
enfrentamento aos que vivenciam violência e sofrimento.
Análise Crítica
Essa história de Reforma Psiquiátrica só dá certo na teoria mesmo
Uai, a gente tá fazendo o que aqui então?!
Uma narrativa fala do que é comum, do que não tem glamour nenhum. E são justamente essas ações,
cotidianas e corriqueiras, que carregam em si, sem que a gente perceba, o poder de perpetuar ou de
romper com processos de trabalho e o modelo de cuidado vigente. Colocar essas cenas nas narrativas,
dar voz e visibilidade ao que está naturalizado, sobretudo no hospital psiquiátrico, possibilita, além
de análise crítica e formação à equipe, fortalecer o protagonismo dos envolvidos. Assim, ainda dentro
de um hospital psiquiátrico as práticas podem contribuir para o seu desmantelamento.
Conclusões/Recomendações
Produzir narrativas é dar expressão a aspectos naturalizados, de maneira em que se destaquem as
forças da vida e o atravessamento de forças que nos contagiam, e assim, ter a possibilidade de
reinventar outras perspectivas (novos processos de trabalho e práticas de cuidado).
Palavras-chave: Narrativas; formação;processos de trabalho; produção de cuidado; reforma
psiquiátrica.

81
Reafirmação da Liberdade: Os desafios da desinstitucionalização em um Hospital
Universitários do Rio de Janeiro

Thayna Teixeira Farias - UERJ


Anália da Silva Barbosa - UERJ
Valkíria Tardan Cavalheiro - UERJ

RESUMO
A desinstitucionalização é uma das principais políticas da Rede de Atenção Psicossocial, como
preconizada através dos princípios da Reforma Psiquiátrica brasileira. Na cidade do Rio de Janeiro,
uma das instituições psiquiátricas que ainda abriga internações de longa permanência encontra-se na
Área Programática 2.2, correspondente aos bairros de Tijuca, Praça da Bandeira, Alto da Boa Vista,
Vila Isabel, Maracanã, Andaraí e Grajaú. A partir disso é da experiência de desinstitucionalização,
após uma internação compulsória, de um usuário internado por longo período e morador da Tijuca,
que tratará o presente relato. Neste esforço estão envolvidos residentes e técnicos do Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS) UERJ e da UDA de Psiquiatria, dentre eles assistentes sociais,
psicólogos e enfermeiros.O trabalho desenvolvido por esses profissionais objetiva promover a
reabilitação psicossocial do usuário, através da retomada de seu vínculo, contratualização no seu
território e suas relações sociais, promovendo sua autonomia e construindo outras estratégias de
cuidado na perspectiva da Atenção Psicossocial.
Objeto do Relato
Desinstitucionalização de usuário internado compulsoriamente, em longa permanência, na Unidade
Docente Assistencial de Psiquiatria (UDA) do Hospital Universitário da UERJ.
Objetivos
Apresentar os efeitos adversos da institucionalização após uma internação compulsória e os desafios
e ações presentes na desinstitucionalização que priorize a direção do trabalho na perspectiva da
Atenção Psicossocial frente ao desmonte das Políticas Públicas.
Análise Crítica
A Reforma Psiquiátrica brasileira institui que internações psiquiátricas devem possuir caráter
emergencial e findar-se em curto tempo, para a continuidade do cuidado no território geográfico e
relacional. Contudo, o desfinanciamento da política de Saúde promove uma desproteção dos cidadãos
que gera agravamento do sofrimento psíquico e diversas formas de internação. Observa-se, nesta
experiência, uma desassistência ao usuário que impulsiona uma internação compulsória e grave
comprometimento de seus recursos financeiros e sociais, além de perdas significativas subjetivas e
objetivas . Assim, cabe aos serviços territoriais a promoção de sua desinstitucionalização e
reabilitação psicossocial.
Conclusões/Recomendações
Essa experiência comprova a importância do desenvolvimento da desinstitucionalização, atualmente
atravessado pelo conservadorismo e ultraneoliberalismo que marca o nosso país. Com isso,
reafirmamos a retomada dos princípios da Reforma Psiquiátrica frente à ameaça biologizante da
Saúde Mental.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Reabilitação Psicossocial; Internação Compulsória;
Cuidado em Liberdade.

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Saúde mental e bem estar psicológico dos técnicos de enfermagem no contexto da pandemia
de COVID-19: Um relato de pesquisa

Eduarda Gusmão Arruda de Mello Santos - Abrigo Cristo Redentor, Imip e Faculdade
Pernambucana de Saúde
Waleska de Carvalho Marroquim Medeiros - Faculdade Pernambucana de saúde

RESUMO
A pandemia da COVID-19 surpreendeu toda a população, e convocou os profissionais de saúde a
atuarem na linha de frente sem que houvesse preparo técnico e emocional. Pode-se perceber sintomas
como medo, ansiedade, tristeza, depressão, estresse, além das mudanças de rotina laboral, nas
relações familiares e sociais, falta de equipamentos de proteção individual, de suporte psicológico e
do cansaço destes profissionais devido ao longo período da crise sanitária. Assim, compreendendo o
contexto de pandemia atual, a falta de conhecimentos, treinamentos e a escassez de referencial
teórico, destaca-se a necessidade da realização desta pesquisa de mestrado multiprofissional no intuito
de identificar tais problemáticas envolvendo os técnicos de enfermagem.
Objetivos
Compreender a saúde mental e bem estar psicológico de técnicos de enfermagem durante sua atuação
na linha de frente da COVID-19 da região metropolitana do Recife identificando seus conteúdos
emocionais, suas estratégias de enfrentamento, sua relação com equipe de saúde e relações sociais.
Metodologia
Pesquisa de campo, exploratório-descritiva, qualitativa, estratégia de bola de neve, com a participação
de 6 técnicos de enfermagem, sendo 1 homem e 5 mulheres lotados em diferentes serviços de saúde
da cidade do Recife e região metropolitana. Além disso, atendendo às recomendações sanitárias para
evitar o contágio, as entrevistas semiestruturadas e o questionário sociodemográfico foram realizados
em ambiente virtual por meio da ferramenta de vídeo chamada, as entrevistas foram transcritas e
analisadas a partir da análise de conteúdo temática de Minayo à luz do pensamento sistêmico.
Resultados
Através das narrativas dos participantes, foi possível perceber a potencialidade do impacto causado
nos diversos âmbitos e sistemas desses profissionais da saúde e as estratégias de enfrentamento
utilizadas para encarar os desafios lançados por esta pandemia. Em decorrência deste novo patógeno
e da escassez de EPI 's, foram desencadeados sentimentos de medo do contágio, da morte e de
contaminar entes queridos que se agravaram pela falta de contato, suporte e afeto.
A Teoria Sistêmica, contribuiu para uma melhor percepção e compreensão dos fenômenos observados
nas falas dos participantes deste estudo, os diversos âmbitos sociais presentes na vida destes sujeitos
e como estes se viram afetados e contribuindo diretamente na dinâmica destes sistemas. Foram
percebidas estratégias de enfrentamento semelhantes utilizadas pelos participantes, como: apoio da
família, suporte psicológico e a espiritualidade, desencadeando sentimentos de esperança e superação.
Espera-se contribuir, a partir deste estudo, no desenvolvimento de novas pesquisas que reforcem a
compreensão das repercussões na saúde mental e proporcionar adequadamente o acolhimento e o
cuidado de todos os profissionais de saúde.
Palavras-chave: Saúde mental; COVID-19; Técnicos de enfermagem.

83
A assistência à saúde mental de crianças e adolescentes usuários de álcool e outras drogas em
uma unidade de internação hospitalar durante a pandemia

Gicelle Galvan Machineski - Universidade Estadual do Oeste do Paraná


Bruna Bruna Fatima Sczepanhak - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Liliane Emília Bugança - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Tatiane Camargo - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Andrea Maria Rigo Lise - Universidade Estadual do Oeste do Paraná

RESUMO
No Brasil, o tratamento voltado a pessoas com transtornos psíquicos e o uso abusivo de álcool e outras
drogas deve garantir a cidadania, os direitos dos indivíduos e a participação ativa da família. O abuso
de drogas traz vários prejuízos para a vida do indivíduo, afeta a saúde física, psíquica e as relações
interpessoais do dependente químico, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes. As
terapêuticas para esse transtorno podem ser baseadas na abstinência e/ou na redução de danos. Assim,
o tratamento hospitalar é baseado na desintoxicação para a estabilização do paciente e sua reinserção
na Rede de Atenção Psicossocial e na sociedade. E devido à ocorrência do SARS-CoV-2 e do
momento pandêmico esses serviços precisaram se adequar ao novo cenário.
Objetivos
Compreender a assistência à criança e ao adolescente usuário de substância psicoativa durante o
período de pandemia em uma ala de desintoxicação de um hospital universitário do oeste do Paraná,
por meio da percepção dos trabalhadores da saúde.
Metodologia
Trata-se de pesquisa descritiva, qualitativa, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com a
equipe multiprofissional da referida unidade. Foram incluídos profissionais que atuaram na ala
durante a pandemia. As entrevistas foram gravadas, transcritas na íntegra e analisadas pela técnica de
análise de conteúdo de Minayo. A pesquisa faz parte do projeto intitulado O cuidado em saúde mental:
aspectos relacionados às políticas, aos serviços, às redes de apoio, aos profissionais e aos
usuários , aprovado pelos CAAE.
Resultados
Participaram da pesquisa 19 profissionais, dentre eles sociólogo, assistente social, psicóloga,
psiquiatras, enfermeiras, auxiliar e técnicos de enfermagem. Sendo 15 do sexo feminino; com faixa
etária entre 33 e 62 anos. Identificaram-se as seguintes unidades temáticas: 1) Os profissionais
percebem como dificuldades para a assistência: a fragilidade da rede de apoio para os adolescentes
antes e após a internação hospitalar; falta de preparo para lidar com o cenário pandêmico; falta de
equipamentos de proteção individual; demora para obter os resultados dos testes para SARS-CoV-2
no início da pandemia; impedimento da visita familiar; dificuldades em diferencias sinais e sintomas
da COVID-19 de outros problemas de saúde e; necessidade de readaptação da equipe. 2) Os
profissionais percebem como facilidade para a assistência: a redução do número de pacientes
internados. Sendo assim, compreende-se que a pandemia trouxe dificuldades para esse tipo de
assistência demonstrando fragilidades novas e já existentes, reforçando a necessidade de integração
dos serviços de atendimento à saúde mental mantendo a integralidade e a continuidade da assistência.
Palavras-chave: Substâncias psicoativas; Serviços de Saúde Mental; Pandemia.

84
A cronicidade da esquizofrenia: considerações a partir da Reforma Psiquiátrica Brasileira

Clara de Oliveira Papa


Melissa Rodrigues de Almeida - Universidade Federal do Paraná - UFPR

RESUMO
Considerando a prevalência de esquizofrenia na população, sua cronificação tomada como
característica intrínseca e o manicômio como o local historicamente destinado à intervenção, o
presente trabalho teve como centro a discussão sobre as características diagnósticas da esquizofrenia
após a reforma psiquiátrica brasileira, particularmente as que são descritas como sintomas crônicos.
Partindo da hipótese de que essas características se modificam à medida que as formas de cuidado
também se alteram, pretendeu-se investigar como o processo de desinstitucionalização, ainda que
heterogêneo em suas bases teórico-conceituais e práticas e incompleto em sua realização, interfere no
curso, desenvolvimento e cronicidade da esquizofrenia, bem como os impactos na vida das pessoas
diagnosticadas.
Objetivos
O objetivo principal é discutir se as características diagnósticas, principalmente as crônicas, da
esquizofrenia se alteram após a reforma psiquiátrica brasileira. Como meio para alcançá-lo, buscamos
caracterizar historicamente a esquizofrenia, recuperar o movimento da reforma, seus princípios e
práticas e sistematizar os impactos desse processo sobre as pessoas com esquizofrenia e sua
cronicidade
Metodologia
Esta pesquisa resulta de um trabalho de monografia que teve como metodologia uma pesquisa teórico-
bibliográfica com seleção, leitura e análise de materiais de referência do campo da saúde mental,
saúde coletiva e da psiquiatria. Destacamos as dificuldades enfrentadas no acesso a parte desses
materiais, particularmente os que não possuem versões digitais, visto que as bibliotecas encontravam-
se fechadas, devido ao contexto da pandemia da COVID-19.
Resultados
Entende-se que o curso crônico deteriorante da esquizofrenia é resultado da institucionalização e não
um processo natural. A reforma psiquiátrica brasileira produziu mudanças fundamentais no modelo
de cuidado, deslocando-o para o território, mas a convivência da rede substitutiva com o modelo
biomédico e manicomial permite a reprodução dessa lógica mesmo em serviços territoriais, o que
conflita com a atenção psicossocial. Com isso, parece surgir uma nova forma de cronicidade,
resultado de uma rede inacabada, contraditória e precarizada, somada a uma marcante concepção
organicista dos transtornos mentais pela rede e profissionais da saúde. Assim, as características
diagnósticas da esquizofrenia parecem alterar-se em parte, mas mantendo-se no geral. O uso de
antipsicóticos como tratamento principal para a maioria dos usuários diagnosticados com
esquizofrenia e o recurso aos hospitais psiquiátricos e serviços de porta fechada não contribuem para
um cuidado integral no território, o que ampliaria as relações do indivíduo, suas possibilidades de
circulação e de produção de subjetividade e autonomia, por meio do contato com profissionais,
usuários e sociedade em geral.
Palavras-chave: Esquizofrenia; Cronicidade; Reforma Psiquiátrica; Desinstitucionalização.

85
A estruturação de um consultório na rua (CnR) por meio do planejamento estratégico
situacional (PES): um relato de experiência

Aline Pereira de Souza


Maria José Sanches Marin - Famema
Marcella Maria Pereira Caprari - Famema
Jurandir Gelmi Júnior - Famema

RESUMO
O PES foi realizado em um município do interior paulista. Integra-se à rede de atenção à saúde o
Consultório na Rua (CnR). O atendimento à PSR envolve o Sistema Único de Assistência e
Desenvolvimento Social (SUAS). Participaram da elaboração do PES todos da equipe do CnR, além
da apoiadora da Atenção Básica. Partindo da necessidade de estruturação do processo de trabalho do
CnR para organização da Atenção à Saúde da PSR, apresenta-se os resultados de acordo com cada
momento do PES. No momento explicativo, foi possível selecionar e analisar os problemas
considerados relevantes. Na sequência, realizou-se a definição dos macroproblemas identificados,
sendo estes, Incipiente estrutura e organização dos processos de trabalho da eCR; Desarticulação da
RAPS com a RAS e demais setores de atendimento à PSR que operam formal ou informalmente;
Preconceito/estigmas social determina abordagem inadequada da PSR e Insuficiente preparo dos
profissionais em geral, para a atenção psicossocial à saúde da PSR. Após, realizou-se a priorização
do problema, sendo: Incipiente estrutura e organização dos processos de trabalho . Partiu-se para
identificação dos nós críticos, sendo definidos: NC1 - Pouca compreensão da equipe acerca do papel
do CnR e NC2 - Pouco apoio da gestão para estruturação do serviço. Determinou-se as ações, os
agentes responsáveis, os resultados esperados e resultados obtidos no decorrer de um ano de atuação
da equipe.
Objeto do Relato
Trata-se de um relato de experiência que descreve a elaboração de um Planejamento Estratégico
Situacional (PES) que visa direcionar as ações de uma equipe de um Consultório na Rua (eCnR).
Frente a necessidade de organização da Atenção à Saúde da População
Objetivos
Frente a necessidade de organização da Atenção à Saúde da População em Situação de Rua (PSR)
para implementação do programa Consultório na Rua (CnR), remete-se ao PES como uma ferramenta
para sua estruturação. descrever o desenvolvimento de um PES realizado com a Equipe de
Consultório na Rua (eCnR) de um Município do interior paulista.
Análise Crítica
Ao passo que a eCnR foi se constituindo e fortalecendo seus processos de trabalho, a aproximação
com a PSR foi aumentando, tornando ainda mais significativo a percepção de toda complexidade que
envolve o cuidado à PSR, sobretudo pela necessidade de estar alinhada e articulada com outros
serviços no intuito de estabelecer um cuidado integral. Na perspectiva da intersetorialidade é
fundamental a articulação entre os trabalhadores de diferentes áreas que atuam com a PSR,
principalmente entre as equipes de saúde e assistência social. Nesse sentido, a eCnR encontra como
grande aliado o Centro Pop, por ser um serviço de referência à PSR com centralidade no
fortalecimento da autonomia e a potencialidades dessa população e à contribuição para a construção
de novas trajetórias de vida. Neste contexto, a eCnR considerou ser um espaço potente para o
desenvolvimento das ações de educação em saúde, atendimentos e acompanhamentos, além do apoio
matricial para equipe desse serviço. Evidencia-se que produzir um serviço de saúde que ultrapasse o
esperado, o programado, dentro de uma equipe, torna-se um grande desafio, sobretudo porque um
CnR não trabalha isoladamente, ele necessita da rede de saúde e intersetorial para contemplar o

86
cuidado integral, universal e igualitário preconizado pelo SUS. Desta forma, ao objetivo das eCnR
(instituído na PNAB), que consiste em ampliar o acesso destes usuários a rede de atenção e ofertar
de maneira mais oportuna cesso integral à saúde agrega-se ao desenvolvimento de ações articuladas
dos serviços municipais, para a garantia do acesso a um conjunto de direitos constitucionais que
possibilitem a transformação das condições de vida e, consequentemente, as condições de saúde dessa
população. Assim, a eCnR buscou estruturar e organizar seus processos de trabalho nessa direção,
iniciando com um conjunto de ações de apresentação da proposta de trabalho nos diversos serviços
do município e tangenciando o desenvolvimento de diálogos com outros setores da sociedade. Frente
aos resultados apresentados no presente relato, compreende-se que embora tenham existido avanços
na atuação da eCnR, uma vez que fez reconhecimento das necessidades da PSR, estabeleceu
parcerias, definiu instrumentos de auxílio no processo de trabalho e fez a solicitação dos recursos
necessários, coloca-se como limitação o fato de muitas atividades, especialmente as de caráter
coletivo, serem inviabilizadas em decorrência da pandemia da covid 19. Neste processo, o
desenvolvimento do PTS se constituiu como uma importante ferramenta, pois possibilitou tanto a
sistematização do cuidado, como permitiu uma visão ampliada das necessidades de saúde das
situações de maior complexidade, envolvendo interdisciplinaridade e a intersetorialidade. Coaduna-
se, assim, que esta prática, além de estimular uma abordagem integral do indivíduo, contribui para o
compartilhamento de saberes, ampliando o arsenal de competências e habilidades necessárias às
práticas colaborativas.
Conclusões/Recomendações
A experiência de realizar um planejamento sob os preceitos do PES possibilitou a implementação da
estratégia de cogestão, de modo a garantir uma postura mais consciente e comprometida com a
realidade. Percebeu-se que processos de construção coletiva e democráticos diminuiu o
distanciamento entre os profissionais e fortalece os vínculos de uma equipe que vem se constituindo,
bem como entre equipes de saúde e de assistência e desenvolvimento social a gestão local; entre estes
e as PSR e comunidade em geral. Observa-se durante o primeiro ano de atuação da eCnR, que
diversos foram os avanços. Neste período, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia da
covid 19, a PSR passou a, gradativamente, ser atendida, orientada, encaminhada e acompanhada pela
eCnR e serviços da rede munici¬pal. O trabalho desenvolvido, além de garantir o direito a saúde da
PSR, por meio das ações de cuidado em saúde ofertadas pela eCnR no contexto da APS, promoveu
acesso à direitos que ultrapassam o campo da saúde. Assim, evidencia-se que a eCnR se constitui em
um dispositivo da saúde que funciona como porta de entrada tanto para os serviços de saúde, como
para o acesso a um conjunto de direitos sociais mais amplos.
Palavras-chave: Planejamento Estratégico Situacional; Consultório na Rua; População em
Situação de Rua.

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A experiência de um Grupo de Integração em um Ambulatório de Saúde Mental: promoção
da autonomia e protagonismo no tratamento

Pedro Henrique Moraes - Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG


Jordana Gabriela Murmel - Universidade Estadual de Ponta Grossa -UEPG

RESUMO
Este relato de experiência refere-se ao trabalho desenvolvido em um Grupo de Integração no
Ambulatório de Saúde Mental do município de Ponta Grossa/PR, realizado até o momento cinco
vezes. Foi planejado e executado por residentes de saúde mental da Universidade Estadual de Ponta
Grossa - UEPG, devido à grande fila de espera para atendimento psicológico e psiquiátrico e alto
índice de desistência no serviço. Em vista disso, foi avaliada a necessidade de apresentar o serviço
para os usuários e sua função no cuidado à saúde mental. O grupo se constitui em cinco encontros,
com periodicidade semanal e estrutura fechada. O primeiro encontro tem como objetivo informar os
usuários sobre as redes de saúde prioritárias e rede socioassistencial, funcionamento do ambulatório
e locais para busca de informações sobre a saúde mental. O segundo visa trabalhar temáticas de
autoconhecimento, reconhecendo e destacando aspectos da história dos usuários como importantes
para o cuidado em saúde mental. O terceiro encontro procura promover o empoderamento e
protagonismo do sujeito, trabalhando temas como rede de apoio, fatores de risco e protetivos para a
saúde mental. O quarto encontro tem como objetivo promover o reconhecimento de aspectos da
personalidade e características do transtorno mental, bem como informar sobre como funciona o
tratamento farmacológico. Por fim, o quinto encontro busca estimular a participação social dos
usuários e orientá-los quanto aos seus direitos sociais.
Objeto do Relato
Grupo de integração no Ambulatório de Saúde Mental no município de Ponta Grossa/PR.
Objetivos
Integrar os usuários no serviço; promover a autonomia, empoderamento e protagonismo do sujeito;
discutir sobre as propostas terapêuticas ofertadas no serviço; informar a respeito de dispositivos de
saúde/socioassistênciais e sobre os direitos sociais; estimular a participação e controle social dos
usuários; reduzir a fila de espera do serviço.
Análise Crítica
Até o momento observamos pouca articulação entre o Ambulatório e a Atenção Básica, o que resulta
em encaminhamentos burocratizados via Sistema de Regulação. Devido a falta de matriciamento no
município, alguns encaminhamentos ocorrem de modo desresponsabilizado, ocasionando a
desistência dos usuários devido à grande fila de espera. Também observamos que há dificuldade de
produzir ações com invenção de novas formas de sociabilidades na comunidade. Diante disso, o grupo
tem servido como suporte para os usuários buscarem atividades coletivas no território e outros
serviços que atendam melhor às suas demandas, promovendo a autonomia e protagonismo dos
sujeitos.
Conclusões/Recomendações
O Grupo buscou ampliar as ações de cuidado para além dos muros do serviço e do modelo
ambulatorial. Apesar disso, consideramos urgente o investimento em serviços de base territorial e a
capacitação das equipes da atenção básica, no município, para qualificar o cuidado prestado em saúde
mental.
Palavras-chave: Saúde Mental; Assistência à Saúde Mental; Autonomia Pessoal.

88
As potencialidades da clínica e do acompanhamento terapêutico na questão da violência
doméstica

Isabella Dias dos Santos - UFF - Universidade Federal Fluminense


Gabriela Cesar DaMatta - UFF Campos
Luana da Silveira - UFF Campos
Bruna Pinto Martins Brito - UFF Campos

RESUMO
O território em questão é a cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, uma cidade no interior do norte
fluminense, a qual tem seu histórico de racismo e sexismo arraigado. As atoras envolvidas são
estagiárias e supervisoras da UFF Campos que acompanham uma mulher preta e mãe de 25 anos que
carrega um histórico familiar de violências e abusos diversos. Atualmente vivencia um
relacionamento abusivo com o pai de seu filho em que a violência física e psicológica é recorrente.
Devido a tal realidade, a acompanhada tem baixa autonomia no seu viver e o nosso trabalho visa
promover sua independência para que seja possível desvencilhamento de tal violência. A dinâmica do
trabalho em rede é feita a partir da escuta clínica individual, a qual é um espaço seguro para que haja
a elaboração das vivências traumáticas enquanto o acompanhamento terapêutico promove a
realização de atividades cotidianas diminuindo a presença de seu abusador em seu dia a dia. Além
disso, a construção dessa rede é importante para a acompanhada da mesma forma que é significativa
para as acompanhantes pela complexidade e observação do desenvolvimento do caso a partir de
diferentes dispositivos terapêuticos.
Objeto do Relato
Articulação de dispositivos clínicos para o cuidado de mulher em situação de violência doméstica.
Objetivos
Apresentar de que maneira o trabalho em rede tem potencialidade maior a um trabalho terapêutico
isolado do cotidiano, considerando que a violência doméstica atravessa a vida da mulher
acompanhada e somente a escuta clínica não abarcaria a dimensão necessária para promover sua
autonomia da forma que o acompanhamento terapêutico viabiliza.
Análise Crítica
O sexismo e o racismo são marcadores de violências para as mulheres, principalmente em Campos.
O que se irradia para a maternidade, condição que exige determinadas posturas e responsabilidades,
tornando inaceitável o desvio ou diferença do que é esperado pela norma social. A história da jovem
acompanhada não é um caso isolado, pois ainda que sendo vista, ouvida e relatada de forma singular,
se repete para tantas outras. A clínica é um espaço de escuta diferenciada e segura, que se amplia para
atender a necessidade que essa mulher tem de se deslocar no território sem a presença do seu agressor,
promovendo efeitos terapêuticos a partir dessa rede criada para o enfrentamento da violência.
Conclusões/Recomendações
É de extrema relevância analisar a temática e o conjunto de dispositivos utilizados como essenciais
para se pensar uma prática de cuidado potente. Explorar e discutir essas questões são uma forma de
propagar tais meios de atenção psicossociais para o enfrentamento de violência contra a mulher.
Palavras-chave: Acompanhamento terapêutico; clínica; violência doméstica.

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Cartografando o delirar coletivo de territórios em um convite à Próxima Parada, Central 22

Maria Clara Germano Quintino Conforto Teldeschi


Thiago Benedito Livramento Melicio - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
André Bochetti - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

RESUMO
Este trabalho é fruto de uma composição entre uma pesquisa PIBIC/UFRJ, vinculada ao projeto
Corpo-em-comum: produção de corporeidade em situações educacionais de grupo , e o projeto de
pesquisa/estágio/extensão Coletivo Convivências do Instituto de Psicologia da UFRJ. Tendo como
orientação a cartografia enquanto ethos e a perspectiva antimanicomial dos modos de promoção de
saúde e de vida e, conversando com teorizações de Deleuze, Guattari e Rolnik, busco trazer as
ressonâncias vividas em encontros da oficina Próxima Parada, Central 22 - delirando territórios
construída pelo Coletivo. Nela, convidamos os participantes, através de práticas corporais, conversas,
reflexões e da convivência, a compartilharem suas histórias, afetos e experiências em seus múltiplos
territórios existenciais.
Objetivos
Ao afirmar que o pleno funcionamento do desejo é uma fabricação incansável de mundo, implicando
em processos de territorialização, ou seja,nascimento de mundos e desterritorialização: territórios
perdendo a força de encantamento;mundos que se acabam (ROLNIK,2016), busco acompanhar a
insurgência de tais processos na oficina e se estes se configuram ou não como vetores de
potencialização da vida.
Metodologia
Neste sentido, me lanço, através da Cartografia enquanto postura e ferramenta metodológica, a
mapear e a habitar territórios existenciais (ALVAREZ & PASSOS, 2009) que puderam emergir nos
quatro encontros do segundo ciclo da oficina, o qual se deu de maneira presencial e remota, com a
participação do grupo do Coletivo Convivências, de profissionais e usuários de um CAPS AD III do
Rio de Janeiro e outros participantes. A discussão ocorrerá a partir da produção e da análise de diários
de campo cartográficos, de modo a observar quais paisagens psicossociais puderam emergir nos
encontros.
Resultados
Ao convidarmos os participantes da oficina a embarcar na viagem para delirar coletivamente,
convidamos a uma produção desejante. De acordo com Deleuze, desejar é delirar e os movimentos
do desejo conformam políticas de subjetivação assim como constituem plano de incidência do
macropolítico, podendo orientar-se no sentido da reprodução de mundos vigentes ou permitir a
insurgência de outros possíveis. Neste sentido, apostando na oficina enquanto dispositivo que faz ver
e falar a diluição de mundos e a produção de outros possíveis, pudemos nos aproximar desses
movimentos a partir de manifestações carregadas de afetos. Sejam de raiva e impotência diante de
contextos de desassistência social, de estigmatização e violências diversas, como quando uma usuária
diz "Estado é teoria" dando coro à fala de um usuário que, enquanto homem negro e egresso do
sistema prisional, não consegue emprego formal há 5 anos. Sejam de revolta e desejo por
transformações, como termos uma presidente negra e trans entoado por outra usuária. Expressões do
desejo que puderam se constituir como ruídos em territórios que não mais fazem sentido e como
vetores de força para a produção de novos mundos.
Palavras-chave: Território Existencial; Cartografia; Convivência; Comum.

90
Contribuições materiais de uma oficina virtual: a extensão universitária como potência para
luta

Rejane Ribeiro
Vivian Nunes Nogueira - UERJ
Guilherme Bernardo Peixoto - UERJ
Renata Forain de Valentim - UERJ
Taynara Maria da Silva Gomes - UERJ
Eduardo Torres - FIOCRUZ/UFF
Lula Wanderley - CAPS EAT

RESUMO
A oficina surgiu em março de 2021, a partir da junção de duas oficinas que já eram realizadas
presencialmente no CAPS EAT/ Severino dos Santos, e tiveram de ser interrompidas pelo advento da
pandemia. A primeira conduzida por funcionários da instituição e a segunda, fruto da extensão
universitária do curso de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pensando na
necessidade de contribuir de alguma forma para a redução de mal-estar produzido pelo
distanciamento físico e social, e para dar continuidade ao processo de formação dos alunos, nasce a
oficina Cooperança Digital, realizada semanalmente através da plataforma Google Meet.
Desde o seu início já se somam mais de 12 meses de oficina, com mais de 80 horas de encontros e
atividades. As reuniões ocorrem semanalmente com duração de aproximadamente 90 minutos, e já
foram abordados os mais diversos temas contando com a média de 12 participantes em cada encontro.
A partir de propostas semiestruturadas, que por vezes ganharam outro curso para além do pensado,
surgiram diversas produções artísticas e acadêmicas, individuais e coletivas. Sempre prezando pela
autonomia e protagonismo dos usuários.
Objeto do Relato
Compartilhar a experiência de mais de um ano de uma oficina virtual com usuários de um CAPS.
Objetivos
A experiência da oficina virtual Cooperança Digital, projeto de extensão iniciado durante período
pandêmico. As estratégias utilizadas, as dificuldades encontradas nos encontros. Será discutida ainda
a importância da extensão universitária na formação dos futuros trabalhadores em saúde e sua
contribuição para o fortalecimento das ações do SUS.
Análise Crítica
Sabemos que a luta se faz face a face, mas esta experiência demonstrou que mesmo à distância,
através dos novos meios tecnológicos, ainda é possível obter avanços no que se refere à autonomia,
à sociabilidade e ao cuidado. Foi fundamental que os atores agenciados no grupo de extensão: CAPS,
comunidade, familiares e usuários, caminhassem no mesmo sentido de cuidado e cidadania. Os
avanços conseguidos neste período de intervenção, puderam ser percebidos tanto individualmente,
por cada participante, quanto pela coletividade, que se fortaleceu para resistir não só à pandemia, mas
também aos desmontes que as políticas de saúde mental vêm sofrendo nos últimos anos.
Conclusões/Recomendações
Esta oficina virtual, teve uma contribuição ímpar para nossa formação, e para a continuidade do
tratamento dos usuários, que não se resumiu à mera distribuição de medicamentos, durante o período
de isolamento. Hoje, eles não apenas propõem atividades, como também coordenam a própria
reunião, gerenciando os aplicativos de WhatsApp e da reunião virtual.
Palavras-chave: Extensão universitária; Oficina terapêutica; Luta antimanicomial.

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Economia solidária e saúde mental: reflexões sobre os desafios e das experiências brasileiras
presentes nas mídias sociais

João Pedro Nogueira da Rocha Freire


Paulo Duarte de Carvalho Amarante – LAPS – ENSP - FIOCRUZ
Ana Paula Freitas Guljor – LAPS – ENSP - FIOCRUZ

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica no Brasil envolve a construção de políticas públicas que fortaleçam a
participação social dos usuários de saúde mental e potencializem a garantia de direitos. As
experiências de geração de renda fazem parte deste arcabouço de estratégias, sendo marcos históricos
a lei 9.867 e a criação da SENAES em 2003. O crescimento de experiências de cooperativismo
solidário no campo da saúde mental é significativo, apesar de sua distribuição não homogênea e
fomento público incipiente. As mídias sociais, principalmente a partir de 2020 com o advento da
pandemia de covid-19, se constituíram como lugar de formação crítica e politização do campo,
configurando-se também em instrumento de divulgação e de fortalecimento de ações no
cotidiano dos empreendimentos solidários.
Objetivos
Realizar um levantamento das experiências de economia solidária em saúde mental em curso no
Brasil que utilizam as redes sociais para divulgação de sua produção e, analisar os principais temas
debatidos sobre a intersecção economia solidária e saúde mental por atores da reforma psiquiátrica.
Metodologia
A metodologia utilizada foi uma pesquisa de levantamento nas redes sociais: Facebook, Youtube e
Instagram. Como. A partir dos resultados da busca pelos descritores Economia Solidária
,Cooperativismo Social no cruzamento com os descritores Saúde Mental e Reforma
Psiquiátrica foram coletados os perfis e os seguidores e/ou amigos destes perfis o que possibilitou
acesso às redes de contatos destas experiências e a sistematização destes registros. Quanto aos debates
encontrados nas redes sociais foram destacados os principais desafios e perspectivas no campo da
economia solidária abordados.
Resultados
Foram encontrados no Facebook e Instagram perfis que envolviam experiências de economia
solidária em saúde mental. Observou-se um arcabouço de atividades ligadas ao comércio de
artesanatos diversos, alimentos, publicização de feiras presenciais e virtuais ligadas a dispositivos de
saúde mental ou desenvolvidos em áreas de circulação na cidade e comunidades. O resultado foi
sistematizado em planilha de excel e tratado a partir do detalhamento de conteúdo por local e/ou
dispositivo da RAPS, região do país, tipo de produção e endereço/link de mídia. Ao analisar os perfis
foi possível analisar também as redes de seguidores e relacioná-los através de pessoas e grupos em
comum de forma semelhante a metodologia snowball. Concluiu-se que a distribuição de experiências
pelo país não é feita de forma homogênea, logo, as redes sociais têm sido utilizadas como um
instrumento potente de publicização dessas experiências e também de apresentação dos produtos, já
que com o isolamento social muitas atividades presenciais foram interrompidas. No que tange aos
debates sobre o tema, as três mídias investigadas foram utilizadas por diversos atores como usuários,
cooperativas, parlamentares e entidades representativas do campo da reforma psiquiátrica. Os
principais desafios discutidos foram relacionados à legislação e a dificuldade de fomento público.
Palavras-chave: Economia Solidária; Saúde Mental; Inclusão Social.

92
Educação em Saúde como Estratégia de Promoção do Cuidado em Saúde Mental na Atenção
Básica

Ana Leticia Ferro Back - AMS

RESUMO
Tratou-se de uma ação multiprofissional de Educação em Saúde nomeada como Introdução aos
Primeiros Socorros que foi realizada por profissionais residentes do Programa de Atenção Básica do
município de Apucarana-PR. O evento teve como propósito geral a instrumentalização do público
quanto a noções básicas de primeiros socorros, abrangendo e integrando as diferentes áreas do
conhecimento. Um dos focos prioritários abordou a Saúde Mental utilizando-se como estratégia a
psicoeducação. Esta operou como disparadora do diálogo sobre o adoecimento mental, promovendo
assim, a reflexão e o compartilhamento de experiências sobre a patologização e o bem estar psíquico.
O convite foi divulgado para a ampla comunidade e contou com sete participantes que foram
dispostos em semicírculo para facilitar a horizontalidade e favorecer o diálogo.Inicialmente,
utilizando apresentação de slides, foi discorrido sobre os primeiros socorros psicológicos: como
realizar o acolhimento sem julgar ou invalidar o sujeito; o que é e como opera o Transtorno depressivo
Maior, Transtorno de Ansiedade Generalizada e o mecanismo do circuito da ansiedade.
Para abordar as estratégias de enfrentamento, para crises de ansiedade e pânico, foram realizadas
demonstrações práticas associadas a exercícios com os participantes apresentando duas técnicas: 1)
respiração em 4/2/4; e 2) técnica do olhar periférico. Posteriormente foi aberta uma roda de conversa.
Objeto do Relato
Educação em saúde com ênfase na saúde mental e os desdobramentos de uma roda de conversa
Objetivos
A iniciativa objetivou utilizar a educação em saúde como estratégia para desmistificar e promover a
reflexão sobre a saúde mental; orientar sobre como realizar um acolhimento; reconhecer os principais
sofrimentos psíquicos, as estratégias para enfrentá-los e como buscar ajuda, além de acolher relatos
pessoais e promover a troca de experiências.
Análise Crítica
O diálogo sobre saúde mental ultrapassa o caráter estritamente informativo, visando não apenas
desmistificar, como também, promover a reflexão e estimular a participação ativa da comunidade.
Percebeu-se no relato dos participantes que as crises, antes não identificadas, puderam ser nomeadas,
possibilitando a compreensão e ressignificação sobre os sinais de ansiedade. Também, acredita-se que
a orientação sugerindo estratégias para minimizar tais crises e onde procurar por ajuda especializada
sejam ferramentas potentes para a vinculação entre comunidade e serviço. Além disso, abordar tais
temáticas em grupo viabiliza e estimula a formação de um espaço de reconhecimento e acolhimento.
Conclusões/Recomendações
A Educação em Saúde com ênfase na Saúde Mental é uma estratégia de desmistificação,
esclarecimento e orientação. Instrui o participante no manejo do sofrimento psíquico, apresentando
recursos de enfrentamento e opera como um mecanismo que estimula diálogos e compartilhamento
de saberes.
Palavras-chave: Educação em Saúde; Atenção Básica; Saúde Mental.

93
Gênero e Relações Raciais: uma experiência clínica de roda terapêutica de mulheres negras
em psicologia sócio-histórica

Mariana Xavier Ortega


Beatriz Borges Brambilla - Professora Doutora
Aya Tamashiro Kitadai - Graduanda

RESUMO
Esse trabalho pretende se debruçar sobre o sentido de cuidado e de afetividade na clínica a partir das
narrativas de mulheres negras, para assim construir subsídios para o manejo, acolhida e a prática
clínica em Psicologia Sócio-Histórica. Ao analisar criticamente os elementos que sustentam nossa
sociedade moderna, como raça, gênero e classe, busco reconhecer, a partir de uma visão
interseccional, ou seja, das sobreposições de sistemas de explorações, opressões e discriminações
(racismo, patriarcalismo, opressão de classe), como os processos historicamente desiguais estruturam
as subjetivações de mulheres, em especial buscando entender quais os sentidos, significados e
significações de afetividade, cuidado e autocuidado assumidos por elas.
Objetivos
Analisar e compreender como a categoria Afetividade aparece e como ele se dá na clínica da
Psicologia Sócio-Histórica a partir dos atravessamentos de raça e gênero.
Metodologia
O estudo se trata de um caso clínico, no ímpeto de produzir um conhecimento indissociado da prática
para fundamentar o fazer clínico. Dessa forma, visamos apreender os fenômenos sociais em sua
complexidade, assim como os processos clínicos em sua concretude. O procedimento de análise parte
de narrativas, que acordo com Clandinin e Connely (2000, p.20) são uma forma de entender a
experiência em um processo de colaboração entre pesquisador e pesquisado.
Resultados
Compor um espaço de cuidado afrocentrado tem na sua essência o potencial de romper com a
reprodução da colonialidade, que subalterniza uma parcela da população garantindo sua dominação,
exploração e ignorando seus conhecimentos e experiências.
Tinha receio de que eu as fizesse sentir investigadas, retraídas, que minha presença ali, sendo uma
mulher de pele clara, que usufrui da branquitude em diversos momentos, fosse violenta a elas. Me
acolheram e fortaleceram. Assim como eu viria a presenciar, durante todo o processo, elas se
fortalecendo e acolhendo.
Construiu-se nos nove encontros nos quais estive, um fazer clínico implicado e afetivo, que transitou
pela experiência naquelas mulheres. E mesmo partindo das feridas causadas por uma sociedade
racista, ali criou-se um espaço de produção de cuidado para e por mulheres negras.
Participei me permitindo ser afetada por elas, estado muito presente, rindo, me emocionando,
ouvindo.
O mais potente do grupo era isso, poder trocar. Ao final dos encontros todas traziam em sua fala a
importância de terem tido um espaço no qual pudessem ouvir outras mulheres e se identificar com
elas ou sentir-se apoiadas.
Palavras-chave: Interseccionalidade; Afetividade; Clínica em Psicologia Sócio-Histórica.

94
Mulheres em Situação de Rua: Cartografias, Narrativas, Resistência

Fernanda Carla de Moraes Augusto - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo


Flávia Liberman - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Luciana Vieira Caliman - Escola Superior de Educação de Lisboa e UFES

RESUMO
Esta pesquisa com mulheres em situação de rua, que está em andamento, propõe um movimento de
pensamento com suas narrativas de vida, seus modos de viver, sua inventividade na instauração de
modos de resistência. Histórias que potencialmente tensionem o instituído, o hegemônico, a ordem
violenta colonial, capitalista, sexista, racista, produtora de misérias, assujeitamentos, relações
assimétricas de poder entre os gêneros. São inúmeras as políticas públicas que precisam estar
articuladas intersetorialmente na busca por afirmação da vida e de direitos. A Atenção Psicossocial
no SUS implica em uma contínua criação conjunta de estratégias territoriais, em rede, especialmente
em meio à pandemia de Covid-19. A população em situação de rua tece suas redes, seus cuidados,
seus movimentos nômades.
Objetivos
Cartografar estratégias de resistência de mulheres em situação de rua; acompanhar as relações
estabelecidas com organizações coletivas e seus efeitos; problematizar os atravessamentos de
políticas públicas nas singularidades de vida e as implicações da pandemia de Covid-19; analisar
linhas de macro e micropolítica, na produção de realidade psicossocial, e conexões promotoras de
transformação.
Metodologia
A cartografia compõe um método de coemergência de teoria e prática, de acompanhamento de
processos, no plano da experiência. A intervenção da pesquisa faz emergir de realidades, sendo o
conhecimento um ato criador, que produz efeitos. A análise se orienta por problematizações, a análise
de implicações é desestabilizadora e desnaturalizadora, visibiliza forças que atravessam, percepção
de devires, afirma processualidades e singularidades. Uma aposta de que as narrativas podem ser
potenciais produtoras de processos de subjetivação e de analisadores de políticas públicas e de
cuidados em saúde.
Resultados
Experimentamos pensar a potência da vida em resistência ao poder sobre a vida. A política da
narratividade e sua implicação na produção de conhecimentos. A produção de saberes localizados,
situados, de perspectiva parcial, interseccional, em redes de conexão, com responsabilização por
práticas de visualização. Uma bússola ética como guia. Devir-minoritário. Cartografias de territórios
existenciais, de encontros com a diferença. Um convite ao cultivo de palavras, à reativação do
encantamento como transgressão, invenção, como potência ética-estética-política de existência.
Nesses percursos, propomos problematizar os atravessamentos de políticas públicas, com olhares
atentos à saúde mental, atenção psicossocial, proteção social e aos efeitos da pandemia. Sondar pistas
para o reencantamento de discursos, práticas, saberes, pesquisas, na produção de outras histórias, de
rupturas em relações de poder e na potencialização da vida.
Palavras-chave: Mulheres em situação de rua; resistência; cartografia; atenção psicossocial;
narrativas.

95
No limite da dor e do amor

Ana Carolina Ferreira Castanho Castanho - UNIP


Gracielle C. Nilsen de Andrade - UNIP

RESUMO
O caso faz parte do estágio em Práticas Psicológicas em Contextos Específicos: Psicologia Jurídica
da Universidade Paulista (UNIP), Ribeirão Preto - SP. Este caso foi encaminhado ao estágio de
Psicologia Jurídica da UNIP pelo serviço de Acolhimento Institucional do município de Ribeirão
Preto. O atendimento em modalidade de psicoterapia breve foi realizado por uma aluna do 9º semestre
do curso de psicologia. A paciente usuária de vários anos de inúmeros serviços municipais de
assistência social, quando criança, morou na mesma instituição em que os filhos foram acolhidos, o
acolhimento se deu por demanda da própria paciente que reconhecendo sua desorganização e
impossibilidade para cuidar dos filhos, os entregou para o conselho tutelar. A mesma não possui rede
de apoio, possui uma história de poucos vínculos. Quando criança morou em instituição de
acolhimento que prematuramente a devolveu para a família. Aos 12 anos já estava em situação de
rua, aos 15 já era mãe, foi vítima de inúmeras violências de natureza sexual, física, psicológica.
Reproduzia em seu comportamento negligencia materna e violência. Quando sóbria oscilava de um
humor deprimido a uma personalidade forte e resiliente. Sua aparência denunciava a vida sofrida e
precária, perdera seus dentes da frente em uma surra perpetrada por seu padrasto ainda na infância.
Sua comunicação verbal era agressiva passando uma imagem inadequada, suas vestes denunciava a
vivência de rua e prostituição.
Objeto do Relato
Atendimento psicológico de uma mãe, cujos filhos estavam em situação de acolhimento institucional.
Objetivos
Apresentar a experiência de uma estudante de psicologia em atender uma paciente, cujos filhos foram
acolhidos institucionalmente devido a situações de risco; uso de substancias psicoativas, álcool e
violência.
Análise Crítica
O encontro terapêutico objetivava trabalhar a capacidade protetiva da mãe e a reabilitação
psicossocial. A paciente era hostilizada pelos serviços devido ao tempo prolongado de
institucionalização dos filhos, falta de condições e estrutura da mesma. Confiar era um ato
desconhecido para a paciente, sendo um grande desafio para a estagiária que precisou ser persistente
na relação terapêutica. Durante o processo a paciente conseguiu um trabalho formal, a inabilidade
social, ocasionou a perda do trabalho, refletindo a dificuldade da reinserção social. A recolocação dos
filhos não é um processo fácil, a mãe possível nem sempre é suficiente e o amor sozinho não sustenta
a relação.
Conclusões/Recomendações
O trabalho psicoterapêutico é de suma importância nas populações vulneráveis. Compreender estes
pacientes e suas subjetividades se faz necessário, o encontro com a estagiária possibilitou a paciente
um espaço de cuidado negligenciado em sua vida por sua família de origem.
Palavras-chave: Acolhimento Institucional; Violência; Repetição Intergeracional.

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O trabalho profissional das assistentes sociais no fortalecimento da luta antiproibicionista

Priscilla Dos Santos Peixoto Borelli Tavares - Centro de Atenção Psicossocial

RESUMO
Esse relato discute as respostas profissionais das assistentes sociais nos Centros de Atenção
Psicossocial para pessoas com consumos nocivos de álcool e outras drogas, dispositivo de base
territorial e comunitária essencial para Reforma Psiquiátrica brasileira no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS). O paradigma do cuidado em liberdade defendido pela luta antimanicomial é
questionado para aqueles indivíduos socialmente tomados como perigosos, principalmente como
consequência do proibicionismo às drogas, mas também do racismo. A partir de 2017, no Brasil,
intensificam-se mudanças nos marcos normativos da política sobre drogas rumo a uma desvinculação
da saúde mental em um perspectiva neoconservadora, marcada pelo aumento do isolamento dessa
população nas ditas comunidades terapêuticas.
Objetivos
O objetivo da pesquisa é apreender a direção do trabalho profissional das assistentes sociais alinhada
às lutas antiproibicionista e sua interlocução com a política de álcool e outras drogas no Brasil. E das
apreensões dadas às expressões da questão social e sua relação com as questões de gênero e raça,
além da importância do território no processo de trabalho dos Caps-AD.
Metodologia
A pesquisa é fruto da dissertação O trabalho profissional da assistente social nos Centros de Atenção
Psicossocial álcool e outras drogas Caps-AD no município do Rio de Janeiro , defendida e aprovada
em 2020, na qual foram entrevistadas oito assistentes sociais num universo total de dez profissionais
do Serviço Social lotadas nos serviços, com no mínimo um ano de atuação. As entrevistas foram
analisadas através da análise do discurso e sua relação com categorias teóricas centrais para o tema
como trabalho, processo de trabalho, Serviço Social, práxis, drogas e redução de danos.
Resultados
Nas entrevistas identificamos que o racismo atrelado ao proibicionismo possibilita o encarceramento
e o assassinato dos usuários dos CapsAd, na maioria negros. Visto que, os coloca como alvo
prioritário das políticas de segurança e não da saúde, [...] uma escuta mais atenta ao sofrimento
causado pela questão de raça [...] é muito forte no serviço aos usuários de saúde mental que eu atendo
(Assistente social de CapsAD). No que se refere às mulheres negras, a opressão do patriarcado
articula-se com o racismo e aparece nas violências narradas pelas mulheres as profissionais, entre
elas, a retirada do poder familiar das mulheres que chegam as maternidades relatando o consumo de
drogas. As assistentes sociais referem que os usuários nos territórios conhecidos pelo consumo e
venda de drogas são aqueles que tem menos acesso as políticas sociais e, portanto, o trabalho
territorial é essencial para fortalecer a perspectiva do cuidado em liberdade em contrapartida ao
isolamento e à necropolítica do Estado. Desta forma, o trabalho profissional pode contribuir para a
luta antiproibicionista, na defesa dos direitos constitucionais e na luta ampliada pela defesa da
democracia no país.
Palavras-chave: Serviço Social; saúde mental; política de drogas; antiproibicionismo; território.

97
Patologização do aprendizado: reconhecimento do corpo como prática emancipatória

Manoela Freitas e Franco - ABPp

RESUMO
Assim como atravessar a pandemia foi desafiador, retomar atividades, principalmente as escolares,
configurou-se também um grande desafio. Muitas crianças e adolescentes apresentaram, nesse
retorno, sintomas ansiosos que refletiam diretamente no aprendizado. Diagnosticadas com TDAH,
TDDH e TDO, possivelmente, sem que fosse considerado todo o contexto pandêmico, uma situação
nunca antes vivida, neste século, nem por elas, nem por ninguém.
Como psicopedagoga, não trabalho com diagnósticos e sim com o que a criança ou adolescente
expressa, o que muitas vezes é, simplesmente, um pedido de ajuda. Assim, acompanhei, virtualmente,
sete crianças e adolescentes, sigo acompanhando cinco, com idade entre oito e quatorze anos, bem
como os(as) respectivos(as) pais e mães, oferecendo as ferramentas do conhecimento somático. O
trabalho consiste em orientar o reconhecimento dos estados corporais, com base nos princípios da
Somatic Experiencing® e da neurociência, por meio de rastreio, identificando pontos de conforto e
desconforto, angariando recursos internos e externos, registros com ilustração e exercícios
vitalizadores, o que proporciona a ampliação dos níveis de consciência e presença.
Um dos exercícios resume-se a fazer dois desenhos, um antes e outro depois de praticar auto toque,
percebendo os efeitos da pausa e do toque. Após cinco encontros, já foi possível vislumbrar benefícios
das práticas tanto nas crianças e adolescentes, quanto em pais e mães, independentemente dos
diagnósticos.
Objeto do Relato
Utilização da sensopercepção e autorregulação para reconhecimento e gestão de estados corporais.
Objetivos
A apreensão do conhecimento somático por meio da sensopercepção e ferramentas de autorregulação,
como prática emancipatória de corpos em processos patologizantes do aprendizado, contribuindo para
o reconhecimento e gestão dos próprios estados corporais e compreensão dos estados corporais de
quem convivemos ou acompanhamos, em especial, aprendentes.
Análise Crítica
Essa experiência é uma insurgência à sociedade que nega o corpo. Como disse uma das crianças,
antes eu boiava, agora eu sei onde está meu pé . Não deveríamos ser uma mente perambulando num
corpo oprimido, mas um corpo que se expressa com uma mente conectada à sua condição material de
existência, o próprio corpo.
Segundo Damásio (2012), não compreender essa condição nos impõe a reprodução de repertórios
adaptativos disfuncionais, seguimos sendo comandados por estados cronificados por desconsiderar
que existimos porque sentimos, não porque pensamos. Suscita-se, assim, a possibilidade de sujeitos
atuantes sobre si, capazes de acessar o discurso do próprio corpo, para agir, não mais reproduzir.
Conclusões/Recomendações
Infere-se da experiência que conhecimento somático é revolução, quanto mais for divulgado e
apreendido, mais poderemos usufruir de uma existência plena, rompendo com os ciclos
patologizantes, que limitam e condicionam as relações, o aprendizado, o viver, incompatíveis com a
sabedoria inata ao corpo.
Palavras-chave: Conhecimento somático; Sensopercepção; Autorregulação; Aprendizagem.

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Produções da margem: a arte de rua e a resistência na produção de subjetividades periféricas

Maria Eduarda Cruz Oliveira - PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Luiz Estevão Moreira Paiva - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Bruno Vasconcelos de Almeida - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

RESUMO
A arte possui uma potência de criação e invenção importante para a sociedade, porém é consumida e
cooptada pelo sistema capitalista-neoliberal, que dita regras de funcionamento, tal como o que é e o
que não é arte. Nesse sentido, certos tipos de arte são descartadas e/ou colocadas em locais de
subalternidade, à margem, como é o caso do graffiti, que, surgido na cultura hip-hop, era realizado
por pessoas negras nos guetos e periferias das grandes cidades.
Objetivos
Buscamos investigar a potência do pixo e do graffiti enquanto arte de rua e a forma com que produzem
modos de (r)existência e modificam, enquanto arte menor, a relação de sujeitos e grupos com a cidade
de Belo Horizonte.
Metodologia
Utilizamos um tripé metodológico composto por levantamento bibliográfico, entrevista narrativa e
acompanhamento de campo dos processos de criação, registrado por meio do diário de campo,
adotando a cartografia como método de inserção e condução do trabalho. Além das(os) pixadoras(es)
e grafiteiras(os), entrevistamos pessoas que se relacionam, de distintas maneiras, com estas formas
de expressão, como pesquisadores, produtoras culturais e vereadoras.
Resultados
Os resultados iniciais demonstram as diferentes maneiras pela qual o pixo e o graffiti se inserem no
circuito econômico capitalista e neoliberal. Enquanto o pixo rompe, de maneira mais intensa, com a
hegemonia no campo da arte, o graffiti acaba por adentrar na lógica econômica. Compreendemos que
resistir às políticas culturais hegemônicas e excludentes, que invisibilizam populações minoritárias e
periféricas, produzem novas possibilidades de existir, de habitar e ocupar a cidade o que altera os
fluxos e processos de subjetivação vigentes. O olhar crítico e político para o contexto brasileiro e
latinoamericano dessas expressões da rua denuncia as violências e desigualdades estruturais
constituintes da nossa história que produzem e gerenciam o sofrimento psíquico de certos grupos.
Encontramos, em um mesmo campo, práticas neoliberais gestadas de modo a marginalizar e adoecer
determinados corpos; e maneiras as quais tais corpos buscam subverter essa ordem a partir da criação
de fissuras por onde escapam artes da rua, de modo que se engendram subjetividades periféricas
inventivas que (r)existem ao projeto de produção do adoecimento psíquico destas populações.
Palavras-chave: Pixo; graffiti; cidade; arte menor.

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Projeto de Formação e Apoio de Lideranças Para Suporte Emocional no Pós-Pandemia no
Contexto Acadêmico

Gabriel Ribeiro Leoncio - UFPR


Lis Andrea Pereira Soboll - UFPR
Juliana Ortiz Kay - UFPR
Amanda Marchioro Muniz - UFPR
Miriese Guedes da Silva - UFP
Maria Eduarda Fand Muraro - Faculdades Pequeno Príncipe
Lígia Müller Martins - UFPR

RESUMO
O Diálogos ConVida é um dos projetos do Programa UFPR ConVida, vinculado ao Gabinete da
Reitoria da UFPR. É composto por ações psicoeducativas de prevenção em Saúde Mental, voltadas à
comunidade da UFPR, e principalmente lideranças da comunidade, incluindo lideranças estudantis
(líderes de empresas juniores, centros acadêmicos e movimentos estudantis). Nesse sentido,
desenvolvemos oficinas abertas à comunidade interna (estudantes, técnicos e servidores) sobre Como
dar suporte emocional (sem ser psicólogo) como estratégia de prevenção em saúde mental. Nessas
oficinas, construímos diálogos sobre o papel da escuta, como realizar acolhimentos, sobre a
importância de estar atento às vulnerabilidades emocionais do outro e de ter conhecimento sobre as
redes de suporte que existem na Universidade. As ações têm como objetivo sensibilizar e capacitar a
comunidade para apoio mútuo e suporte emocional, como acolhimento emocional não-técnico e
encaminhamento para redes de suporte psicossocial. A mediação dessas oficinas foi realizada em
conjunto entre a coordenadora e os estagiários do programa. Até o momento, realizamos 5 edições,
alcançando aproximadamente 50 estudantes. Há outra frente do projeto que contempla ações com
gestores, docentes e técnicos, não contempladas neste resumo.
Objeto do Relato
Ações psicoeducativas de saúde mental do Diálogos ConVida , projeto do Programa UFPR ConVida.
Objetivos
Descrição de ações psicoeducativas de prevenção em saúde mental, que foram inicialmente
planejadas considerando os impactos já em curso da pandemia. Com a identificação da necessidade
e potencialidade de psicoeducação e capacitação coletiva com a retomada das atividades presenciais,
foram desenvolvidas ações voltadas às lideranças estudantis.
Análise Crítica
Identificamos a necessidade de ações psicoeducativas voltadas à capacitação da comunidade
universitária sobre a temática da saúde mental, entendendo que ocorreu uma intensificação da
vulnerabilidade psicossocial da comunidade no contexto pandêmico. Compreendendo a importância
de fornecer capacitações sobre demandas de saúde mental para pessoas que não são profissionais da
saúde, o Projeto Diálogos possibilitou iniciarmos uma descentralização de saberes na universidade
ao oferecermos diálogos sobre como prestar suporte emocional e realizar encaminhamentos
imediatos. A capacitação incentiva a construção de uma rede de apoio entre pares e a responsabilidade
coletiva de cuidado na instituição.
Conclusões/Recomendações
Diálogos ConVida demonstrou ser uma iniciativa possível para responder necessidades de
transformação organizacional no contexto educacional. Promoveu uma capacitação da comunidade
universitária por meio de ações psicoeducativas ao oferecer diálogos formativos promotores de bem-
estar e saúde mental
Palavras-chave: Psicoeducação; prevenção; saúde mental e lideranças.

100
Redes de Apoio Social na Comunidade de Vila Vintém

Bethania Mota da Silva


Paulo Amarante - ENSP FIOCRUZ

RESUMO
Refletir sobre a construção territorial da rede de cuidado de pessoas em sofrimento psíquico em sua
residência com sua família, em contraposição ao modelo hospitalocêntrico que antes existia. Deste
modo, propõe-se, na rede de saúde, a atuação territorial, estando mais próximo dos usuários do
serviço, conhecendo melhor a sua realidade, um novo olhar aos cuidados considerando a realidade de
cada pessoa. Nos propomos a refletir sobre as redes de apoio que pessoas com transtorno mental
encontram dentro da comunidade da Vila Vintém. Buscar junto aos dispositivos do território: o Posto
de Saúde, Escolas de Samba, Igrejas e Associação de Moradores o fortalecimento de vínculos sociais.
Objetivos
Possibilitar o acesso à rede de apoio e à atenção psicossocial para a população com problemas de
saúde mental, independente de sua idade, gênero ou raça. Possibilitando o vínculo das pessoas com
transtornos mentais e com necessidades decorrentes de sofrimento psíquico com o serviço de saúde,
de lazer, criação de renda e religioso.
Metodologia
A Partir da Revisão de literatura, busca-se produções científicas nas seguintes bases de dados:
SciELO, OMS/OPAS, Biblioteca FIOCRUZ, Ministério da Saúde.
Deste modo, utilizou-se o descritor rede social , combinado com apoio social a saúde mental ,
associado à visita as Raps do território, Vila Olímpica, Quadra da escola de samba, ONG’s e
associação de moradores na Vila Vintém, para construção de parcerias e conhecer os trabalhos que já
são ofertados.
Resultados
A ampliação do acesso regular às práticas de atividade física e corporais; estímulo à criação de grupos
de educação em saúde que promovam modos de vida saudáveis; estímulo à participação comunitária,
rodas de convívio social; integração com a rede intersetorial de serviços de apoio no território, com
foco não só no controle das doenças crônicas, mas na melhoria da qualidade de vida dessa
população.Tais práticas reforçam que o apoio dentro da própria casa, na comunidade, educação e na
saúde mudam o comportamento das pessoas que passam por problemas de saúde mental.Como
Desviat (2018) afirma, precisamos viver num processo contínuo de coabitar a diferença e esse
processo deve ser inserido mesmo que aos poucos, num trabalho de formiguinha, agregando,
ensinando, mostrando e partilhando que o diferente também é igual, reconhecendo a diversidade e
abandonando o preconceitos, criando novas possibilidades de ser, de existir.
As mudanças não são apenas necessárias, mas possíveis; a começar pelas pequenas, que estão ao
nosso alcance, pois se encontram na área da nossa governabilidade, e que poderá crescer com o
sucesso das nossas ações em um processo contínuo de aprendizagem.
Palavras-chave: Rede; Saúde Mental.

101
Saúde mental de estudantes do curso de nutrição de uma universidade federal do oeste da
Bahia

Giovanna Carla Castro Sena


Bruno Klecius Andrade Teles - UFOB

RESUMO
Ultimamente registros de problemas de saúde mental em estudantes tornaram-se alarmantes em todo
o país. As universidades passaram a preocupar-se com o tema, realizando estudos e implementações
de serviços de bem estar na instituição visando sanar a dificuldade. A saúde mental é intrínseca ao
período universitário, o qual exige a capacidade de intelecto em sua melhor performance para o
aprendizado. O conceito de saúde mental é amplo, e pode ser estendido a outros vieses que
sobrepassam o bem estar, mas abarcam a produtividade, o poder de decisão, independência,
autonomia e exercícios dos direitos humanos de cada indivíduo.
Objetivos
Este trabalho teve por objetivo analisar a saúde mental de estudantes do curso de nutrição de uma
universidade federal do interior da Bahia.
Metodologia
Tratou-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado com acadêmicos veteranos
(não ingressantes), regularmente matriculados no curso de Nutrição da Universidade Federal do Oeste
da Bahia, em Barreiras-BA. Foram aplicados um questionário socioeconômico, a Escala Hospitalar
de Ansiedade e Depressão (E-HAD) e um questionário para a análise da Qualidade de Vida, o
WHOQOL-Bref. A coleta foi realizada presencialmente, em sala, por uma equipe de pesquisadores
devidamente treinados, durante o segundo semestre de 2017.
Resultados
Foram entrevistados 112 estudantes. 15 alunos (13,4%) tem provável chance de possuir sintomas
depressivos, percentual acima da média nacional para o público universitário e população, que é de
10%. 45 alunos (40%) têm provável chance de possuir sintomas ansiosos, e 39 estudantes (45%)
afirmaram sentir-se tenso ou contraído em boa parte do tempo. O percentual para ansiedade é alto e
maior que as médias nacionais demonstrando que os estudantes estão expostos a muitos fatores
estressantes. 63 (56%) estudantes avaliaram sua qualidade de vida como boa ou muito boa. No que
diz respeito à satisfação com a saúde, 46 (41%) estudantes consideraram-se satisfeitos ou muito
satisfeitos. Todos os quatro domínios (físico, social, ambiental e psicológico) da qualidade de vida
apresentaram resultados regulares . De forma geral, a qualidade de vida dos estudantes do curso de
Nutrição é regular , e há um indício forte de muitos casos de depressão, o que é preocupante. Com
isso, é imprescindível direcionar ações e políticas visando o aprimoramento das estruturas físicas,
ambientais, do apoio pedagógico, sociais e psicológico para os estudantes do curso de Nutrição da
UFOB.
Palavras-chave: Saúde Mental; Estudantes de Nutrição; Qualidade de Vida; Transtorno de
Ansiedade; Transtorno Depressivo.

102
Terapia Comunitaria Integrativa: Uma prática de acolhimento e inclusão social com viventes
de rua usuários de drogas psicoativas

Marlete Bomfim Lima - Cisarte


Eroy Aparecida da Silva - Cisarte
Darcy da Silva Costa - Coordenador Cisarte

RESUMO
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI), é uma modalidade nacional de cuidado, respeito e
autonomia das pessoas, principalmente as vulneradas. Será apresentado a experiência desenvolvida
no Cisarte, com pessoas que vivem na rua. A comunidadede é envolvida na partilha de experiências
de enfrentamento e superação no que se refere ao problema contextualizado e escolhido para se
debatido.
Objeto do Relato
Espaço de escuta generosa dos vulneraveis, seus conflitos, dificuldades e desenvolver competências.
Objetivos
Apresentar a TCI aos viventes de rua em um espaço de redução de danos, arte-cultura e educação.
Reforçar a união do grupo a partir das experiências comuns, para fortalecimento das pessoas, na luta
por garantia de direitos.
Análise Crítica
Na TCI junto aos viventes de rua, o espaço de escuta, fala e acolhimento, propicia a trocaq de
experiências, onde as pessoas vão gradativamente se conscientizando, a despeito das vulnerações em
que vivem, sofrendo estigmas e preconceitos os mais diversos, tem direito legítimo de sonhar com
uma vida mais digna, que cada vez mais é possivel a partir de uma luta coletiva e não do fatalismo
e/ou assistencialismo.
Conclusões/Recomendações
Durante as práticas executadas no Cisarte, podemos observar queixas conflitantes comuns a outras
classes sociais como: ansiedade, dificuldades relacionais, medo do adoecimento, uso de drogas e
solidão. Somado as condições adversas da rua. Recomenda-se manter ações humanitárias e
integrativas.
Palavras-chave: Viventes de rua; drogas; terapaia comunitária.

103
A Economia Solidária como proposta de inclusão pelo trabalho: potencialidades e barreiras
na mobilização de um grupo de geração de renda em um CAPS II

Nathalia da Rosa Kauer - UFPR


Luís Felipe Ferro - UFPR
Maurício Marinho Iwai - UFPR
Caique Lima Sette Franzoloso - UFPR
Allana Karoline Chaves Da Silva - UFPR

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica redirecionou a assistência em saúde mental no Brasil a partir de propostas de
cuidado comunitário, inclusão social e promoção de direitos humanos. A Rede de Atenção
Psicossocial, têm como um de seus objetivos a promoção da reabilitação de pessoas em sofrimento
psíquico por meio do acesso ao trabalho. A Economia Solidária se apresenta como estratégia
importante para inclusão pelo trabalho e geração de renda no campo da saúde mental. Nesse contexto,
em 2017 foi inaugurada a Rede de Economia Solidária e Saúde Mental de Curitiba e Região
Metropolitana (LIBERSOL). A LIBERSOL congrega diferentes instituições, pessoas e
empreendimentos solidários com a proposta de articular ações de apoio a inclusão social pelo trabalho
no âmbito da saúde mental.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo analisar as potencialidades, barreiras e estratégias utilizadas pela
rede LIBERSOL para mobilizar uma oficina de geração de renda e trabalho em um Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS)
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa-ação de abordagem qualitativa. Os dados foram obtidos por meio da
anotação sistemática, em diário de campo, de vivências, percepções, ações articuladas pela rede,
assim como suas repercussões no período de abril a dezembro de 2021. Os dados foram analisados
por meio da matriz proporcionada pela análise hermenêutico-dialética.
Resultados
Os CAPS são dispositivos que fazem frente à complexidade das demandas de inclusão e promoção
da autonomia dos usuários. A inclusão social no âmbito do trabalho vem ocorrendo por meio do
vínculo do campo da Saúde Mental com a ECOSOL. Os principais desafios enfrentados pela
LIBERSOL na mobilização do grupo de geração de renda foram: a falta de sensibilização e
capacitação da equipe, a fragilidade da articulação intersetorial, às restrições da pandemia do
Coronavírus e a ausência do respaldo legislativo. Para superar essas dificuldades foram promovidas:
estratégias de educação permanente com a equipe, com objetivo de sensibilização e formação na
temática; o uso do controle; ações intersetoriais para o cumprimento da normativa da Política de
Saúde Mental e a comercialização de produtos confeccionados pelos usuários. Essas estratégias
permitiram a instauração do grupo de geração de renda no CAPS e evidenciou que a prática da
reabilitação psicossocial exige dos profissionais de saúde o desafio diário da superação de ações
centradas na doença, procurando construir intervenções que visem o desenvolvimento da autonomia
e protagonismo dos sujeitos.
Palavras-chave: Reabilitação Psicossocial; Economia Solidária; Geração de Renda; Políticas
Públicas; Saúde Mental.

104
A família possível

Giulia Raissa de Oliveira sousa


Flávia Ferreira Mariano Corrêa - UNIP
Karla da Silva Coelho - UNIP
Igor Fessina Siffoni - UNIP
Ana Carolina Ferreira Castanho - UNIP
Ana Paula Parada - UNIP

RESUMO
Este relato de experiência faz parte do estágio de Práticas Psicológicas em contextos específicos:
Psicologia Jurídica, da Universidade Paulista (UNIP), de Ribeirão Preto - SP. Os alunos realizam o
estágio semanalmente, acompanhando os técnicos nas atividades cotidianas em uma instituição de
acolhimento para crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social. Os estagiários
perceberam a partir da vivência na instituição que as famílias dos acolhidos estão no sistema sócio
assistencial há anos, e que em muitos casos o acolhimento institucional é uma repetição
intergeracional. Nas inúmeras discussões do grupo de estagiários, alguns entraves apareceram como:
falta de manejo técnico em relação ao acolhimento das famílias, falta de políticas públicas e de redes
de apoio.
Objeto do Relato
As características de famílias com crianças institucionalizados a partir da experiência de estagiários
em uma instituição de acolhimento.
Objetivos
Refletir sobre características familiares que permeiam a institucionalização de crianças e adolescentes
em situação de risco e vulnerabilidade social.
Análise Crítica
O acolhimento institucional para crianças e adolescentes é um tema complexo, pois é um mal
necessário em algumas situações, ao mesmo tempo que propõe retirar a criança e o adolescente do
risco (violência, abandono e outros), fragiliza o vínculo familiar. O perfil, as dinâmicas familiares e
as características complexas dessas famílias, ocasionam a reinstitucionalização. É de extrema
relevância um trabalho em rede com as famílias, pois acolher crianças e adolescentes sem este
trabalho se resume apenas a fragilização do vínculo e ao sofrimento da institucionalização.
Conclusões/Recomendações
O olhar para as características das famílias de crianças e adolescentes acolhidos institucionalmente,
é de extrema relevância, pois as práticas técnicas precisam levar em consideração o contexto para ter
maior efetividade no acolhimento institucional evitando a reinstitucionalização. É necessário
reflexões que abordem a família real, desconstruindo as fantasias de uma família idealizada ou
perfeita.
Palavras-chave: Família; instituição; criança; adolescente.

105
A Supervisão Clínico-institucional em CAPS de Minas Gerais: cuidado, (des)contrução e
resistência em saúde mental

Cecylia Moreira da Silva - Centro de Atenção Psicossocial

RESUMO
Em Minas Gerais, a Resolução SES/MG Nº 7.168/2020 possibilitou que diversos municípios
recebessem, em caráter excepcional, financiamento para contratação de supervisor clínico-
institucional para as equipes dos CAPS. Os processos descritos nesta proposta estão relacionados à
supervisão clínico-institucional em dois municípios mineiros, Ibertioga e Miraí, onde as ações estão
sendo desenvolvidas desde 2021. Ambos possuem CAPS I e iniciaram as ações em março e maio do
ano passado, respectivamente. Tratam-se de duas equipes que vivenciam, em sua maioria, a primeira
experiência no campo da saúde mental e atenção psicossocial e a supervisão clínico-institucional tem
representado potencialidade para esse campo, enquanto ferramenta de fortalecimento da RAPS, da
Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial, uma vez que atua na discussão de casos clínicos,
considerando o sujeito contextualizado, isto é, suas vicissitudes e relações, a instituição, o território,
a gestão, a comunidade, as redes assistenciais e as políticas públicas, em seus âmbitos micro e macro.
Também apoia e contribui no processo de integração da equipe na construção de projetos terapêuticos
que articulem sujeito-rede-território e na atual conjuntura de crises sanitária, social, política e
econômica tão delicadas e promotoras de 'descuidado', a inserção desse profissional constitui-se
resistência e possibilita cuidado em ato para com os trabalhadores e em relação para com os usuários
dos serviços.
Objeto do Relato
Processos de supervisão clínico-institucional em Centros de Atenção Psicossocial de Minas Gerais.
Objetivos
Os objetivos da supervisão clínico-institucional são assessoramento, discussão dos casos clínicos a
luz do contexto institucional, o serviço, a rede, a gestão, mediante as diretrizes e premissas de cuidado
em saúde mental previstas na Política Estadual de Saúde Mental, álcool e outras Drogas, em
consonância com o SUS e a Reforma Psiquiátrica.
Análise Crítica
Embora a Supervisão Clínico-Institucional nos CAPS tenha objetivos definidos, as experiências
vivenciadas têm mostrado que a potência do processo está no extrapolamento da proposta. Na
dinâmica do processo, ora ele se dá como apoio institucional, ora como processo de formação, ora
como saúde do trabalhador, ora como espaço de acolhimento de afetos, ora como (des)construção de
conceitos. São processos que perpassam por afetos e acontecimentos da vida, possibilitando ações
que transitam por conteúdos de subjetividade dos sujeitos envolvidos. Na atual conjuntura, o cuidado
em saúde mental demanda que nossos modos de fazer que levem em consideração afetividade,
liberdade e criatividade.
Conclusões/Recomendações
Na saúde mental e luta antimanicomial tudo é processo e a supervisão clínico-institucional segue esse
curso. Representa possibilidade de potência do trabalho, serviços e equipes no cuidado em liberdade,
enquanto investimento na direção que vimos construindo há 35 anos e a qual precisamos fortalecer.
Palavras-chave: Supervisão Clínico-Institucional; CAPS; Saúde Mental;

106
Acompanhamento terapêutico Grupal no CAPS Maria Boneca: a cidade como palco para o
cuidado e a formação em Saúde Mental

Rosimár Alves Querino - Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM


Raquel Bessa Martins Andrade - CAPS Maria Boneca
Roberta Cristian Reis - UFTM
Julia Couto Bueno - UFTM
Maria Carolina Fioroto - UFTM
Thamires Daniela Leite da Silva - UFTM
Ana Júlia Fernandes Ribeiro – UFTM
Cristina Soares Procópio - UFTM
Maria Luiza Ferreira Crosara - UFTM
Letícia Aparecida Souza Tomaz - UFTM

RESUMO
O programa de extensão Ter.Vida envolve graduandos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
e é desenvolvido no Centro de Atenção Psicossocial Maria Boneca, de Uberaba-MG. O
acompanhamento terapêutico (AT) grupal ocorre semanalmente e tem seu destino e roteiro definidos
pelos usuários. A documentação da experiência é ancorada em diferentes perspectivas: extensionistas
produzem diários de campo e usuários fotografam. O AT enseja andanças pelo tecido urbano, a
ocupação de espaços pelos usuários e o exercício da autonomia. Incide, também, na apropriação da
cidade pelos acadêmicos que, guiados pelos desejos e rotas dos usuários, (re) descobrem cenários e
cenas urbanas. Igrejas, praças, parques, exposição agropecuária, sítio paleontológico, universidade,
shopping, calçadão e mercado municipal são povoados e despertam novos olhares. A cidadania ganha
as ruas e expande os horizontes.
Objeto do Relato
Apresentar o AT grupal e as contribuições da fotografia e da etnografia para a construção de outros
olhares sobre a cidade.
Objetivos
Ampliar o acompanhamento terapêutico grupal realizado no CAPS Maria Boneca; criar espaços para
formação de acadêmicos no campo da Saúde Mental; produzir documentação iconográfica sobre os
usos e ocupações do tecido urbano pelos usuários de serviço comunitário de saúde mental; promover
exposições fotográficas divulgando a experiência do AT grupal.
Análise Crítica
O AT não compõe a organização curricular e vivenciá-lo no programa Ter.Vida tem se desdobrado
em projetos de iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso e exposições artísticas na
universidade. O AT grupal é mostrou-se solo fértil para a construção de relações horizontalizadas
entre profissionais do CAPS, usuários e acadêmicos. Cuidar e ser cuidado no cotidiano do AT demarca
outros settings terapêuticos e outras relações com a cidade, pouco exploradas na formação.
Conclusões/Recomendações
O contexto pandêmico e o distanciamento social colocaram na pauta do dia a circulação pelo tecido
urbano e o convívio social. A experiência do AT acena para a potência do coletivo no encontro com a
cidade e na produção do cuidado. Incita-nos a quebrar os muros dos preconceitos e construir
encontros ternos com a diferença. Formação acadêmica, cuidado e exercício do direito à cidade
encontram no AT potente aliado.
Palavras-chave: Serviços Comunitários de Saúde Mental; Acompanhamento Terapêutico;
Formação de Profissionais de Saúde.

107
As contribuições de Marcus Vinicius de Oliveira Silva por uma Reforma Psiquiátrica
Antimanicomial

Yasmin de Sousa Pereira


Elisa Zaneratto Rosa - PUC SP

RESUMO
Em fevereiro de 2016, movimentos sociais, entidades da Psicologia Latino Americana e tantos outros
campos associados à luta pelos direitos humanos, receberam consternados a escabrosa notícia do
atentado que retirou a vida de um dos grandes expoentes militantes do campo de luta pela saúde
mental. Marcus Vinicius de Oliveira Silva, conhecido popularmente como Marcus Matraga, foi vítima
aos 57 anos de idade, de uma emboscada no município de Jaguaripe, no interior baiano. O psicólogo
que dedicou sua vida enquanto estudioso, militante e provocador em nome das transformações
sociais, nos deixou grandiosas contribuições, que são aqui objeto de estudo dessa pesquisa de
doutoramento, no qual se desdobra em outras frentes de investigação que buscaremos abordar.
Objetivos
Objetivo geral: analisar o pensamento do autor em sua obra e suas principais contribuições teórico-
práticas em prol de uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. Específicos:Mapear em sua trajetória
os aportes realizados para entidades, movimentos sociais e RAPS, bem como identificar as
colaborações do psicólogo para uma formação radicalmente antimanicomial de profissionais da rede.
Metodologia
Pesquisa de delineamento qualitativo, a partir da pesquisa documental, no qual consiste num amplo
e aprofundado exame de diversos materiais audiovisuais que estão disponibilizados no acervo digital
memorial do autor (vídeo-aulas, palestras, congressos, marchas, audiências públicas), e material
textual disponível (como registros online de entidades e movimentos sociais). Para compreensão do
material, tomaremos por base a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2008),constituída das
seguintes etapas: a) pré análise; b) exploração do material e por fim, c) tratamento dos resultados.
Resultados
A partir de uma incursão inicial pela obra do psicólogo e militante incansável, Marcus Vinicius de
Oliveira Silva, é possível destacar que suas principais contribuições para a construção de uma
Reforma Psiquiátrica Antimanicomial estão, sobretudo, nos movimentos de fortalecimento e destaque
dos espaços que validem os usuários da RAPS e familiares, como protagonistas desse processo.
Assim, encontra-se nesse conjunto, que não há possibilidade de uma sociedade aliada à
antimanicomialidade sem a centralidade na experiência do usuário, de acordo com o autor. Podemos
identificar esses movimentos de fomentar tais espaços (e discussões nessa direção), por exemplo, a
partir dos coletivos que Matraga compunha, não apenas no campo da militância, mas entre outros que
tangenciam a organização da categoria dos psicólogos e psicólogas, bem como no campo das
universidades. Nesse curso, o psicólogo tensionava e questionava sobre os tipos de Reformas
Psiquiátricas em curso, de modo a pensar a sustentação das políticas públicas, a luta pelos direitos
humanos e a redução das desigualdades sociais, como elementos importantes de análise para a
efetivação de uma sociedade verdadeiramente sem manicômios.
Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica Antimanicomial; Luta Antimanicomial.

108
COVID-19: Ensino Superior, Renda Familiar e Saúde Mental de Estudantes

Caio San Rodrigues


Eliany Nazaré Oliveira - Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
Ravena Silva do Nascimento - UVA
Letícia Mara Cavalcante Lima - UVA

RESUMO
A pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) acarretou em diversas consequências na saúde da
população global. Nota-se que as medias de contenção da doença, a exemplo do isolamento social,
favoreceram o agravamento e o surgimento de transtornos mentais, bem com a diminuição da
qualidade de vida devido a crise financeira mundial advinda com a interrupção das atividades
presenciais. Destaca-se ainda a população universitária, visto que se trata majoritariamente de um
público jovem, o qual está vivenciando novas experiências a partir da transição do fim da adolescência
ao início da vida adulta. Trata-se de um período significativo no desenvolvimento de novas
habilidades, bem com na concepção de novas características que integrarão a moral e personalidade
desses indivíduos.
Objetivos
Avaliar a influencia da pandemia de COVID-19 na saúde mental de estudantes do ensino superior do
Estado do Ceará, de acordo com tipo de instituição e renda familiar.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem transversal. A pesquisa contou com a
participação de 3.691 estudantes, no período de 6 julho a 10 setembro de 2020. Para a coleta de dados,
foram utilizados os seguintes instrumentos: um questionário sociodemográfico e o Inventário de
Saúde Mental (Mental Health Inventory - MHI-38). Devido as medidas de contenção da COVID-19,
os instrumentos foram aplicados através de um formulário eletrônico, via Google Forms, e a
abordagem dos participantes aconteceu de forma virtual pelo Facebook, Instagram, Twitter,
WhatsApp e E-mail.
Resultados
Em relação ao dimensão bem-estar positivo (Afeto positivo + Laços Emocionais) os estudantes das
Instituições de Ensino Superior (IES) privadas demostraram 54,8% e os das públicas 50,5%. Quanto
ao Distresse (Perda de Controle Emocional/ Comportamental + Ansiedade + Depressão), obteve-se
como média 52,2% para IES privadas e 51,3% para IES públicas. Logo, o estado de saúde mental
global e em todas as dimensões é superior para as entidades privadas. Quanto a saúde mental e sua
relação com as maiores instituições na amostra, a entidade UNINTA-Sobral apresenta melhor média
de bem-estar positivo (47,3%), enquanto a Universidade Federal do Ceará - UFC possui a menor
média de todas, com 39,4%. Para o Distresse, a Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA tem
maior média (54%) e a UFC possui novamente a menor (47%). O MHI-38 e a renda familiar foram
outros fatores analisados. Com exceção do rendimento mais baixo (Até R$500), a média da escala
global, de Bem-Estar Positivo e Distresse mostra tendencia de crescimento conforme o aumento da
renda familiar. Logo, evidencia-se que a instituição de ensino e a renda familiar são pontos relevantes
a se considerar no enfrentamento da pandemia.
Palavras-chave: Impacto Psicossocial; Instituições de Ensino Superior; Pandemias.

109
Cuidado em liberdade: o impacto da Pandemia de COVID-19 nas práticas dos serviços
substitutivos de saúde mental

Isabela Leite Concilio - PUC-SP


Elisa Zaneratto Rosa - PUC-SP

RESUMO
Neste trabalho apresentaremos investigação de mestrado em andamento. As inquietações para a
pesquisa, surgem após a trajetória da pesquisadora como trabalhadora em um CAPS AD II no
município de São Paulo, no ano de 2019 a 2022. Esse período é contextualizado pelo surgimento da
pandemia e inicialmente, em circunstâncias mais agravantes, a equipe enfrentou desafios no cotidiano
relacionados a crise na saúde sanitária, nas políticas de públicas e no agravamento da desigualdade
social. O conjunto dos fatores coloca em risco a população mais pobre, pois devido a lógica capitalista
em que vivemos, na pandemia esta foi a população que esteve mais exposta ao contágio do vírus
devido às condições de trabalho e maior dificuldade ao acesso aos serviços saúde, trazendo novas
configurações para o CAPS.
Objetivos
O objetivo geral é analisar as práticas do serviço CAPS no território da Brasilândia, após impactos
significativos da pandemia COVID-19, compreendendo as transformações na atuação dos serviços
no contexto da pandemia e suas potências e limitações frente às demandas do território na
desigualdade social.
Metodologia
A metodologia adotada na pesquisa parte da Psicologia Sócio-Histórica, perspectiva que visa superar
dicotomias sujeito-sociedade, tendo a compreensão do materialismo histórico e dialético como
epistemologia e método.
Em termos de produção de dados, pretende-se realizar entrevistas semi-estruturadas, por meio de
grupos de discussão e reflexão com equipes do CAPS Álcool e outras Drogas do território da
Brasilândia, com o objetivo de compreender quais os desafios e as ações/estratégias de cuidado pelo
serviço nesse contexto.
Resultados
A pesquisa está em andamento, portanto não há resultados finais. Em revisão de literatura, é possível
afirmar que a desigualdade é uma questão para a saúde pública e que há uma intensificação do
sofrimento psíquico da população, considerado, inclusive as questões de raça e classe, que
complexificam o olhar para a saúde mental. A partir disso, compreender quais as práticas
antimanicomiais que os serviços de saúde puderam reinventar nesse contexto e quais as limitações.
Há o interesse em dialogar com os demais participantes do congresso para trocas de experiências e
de pesquisa, afim de potencializar o processo investigativo.
Palavras-chave: Saúde Mental; RAPS; Pandemia

110
Esperança do verbo esperançar: fortalecimento dos vínculos comunitários para a promoção
de saúde no Território Paulo Freire II

Tamiris Cardoso Costa - UNESC


Thalita da Silva Felisberto - UNESC
Andressa da Silveira Quarti - UNESC
Filipe Alexandre Creaste - UNESC
Lauriane Pizzoni - UNESC
Dipaula Minotto da Silva - UNESC
Flávia Karine Rigo - UNESC
Fabiane Ferraz - UNESC
Lucas Vieira Machado - UNESC

RESUMO
O projeto iniciou com o desenvolvimento do mapeamento psicossocial participativo, realizado em
três momentos: aproximação da comunidade; diálogo e produção do mapa; ações de educação popular
em saúde. O mapeamento objetivou identificar as necessidades e potencialidades com a comunidade,
previamente reconhecido como território de vulnerabilidade social. Mapeamos aspectos subjetivos e
relacionais, sentidos atribuídos à saúde e ao território e organização da rede socioassistencial local. A
primeira etapa ocorreu com uma análise mais genérica sobre o contexto do território, devido às
limitações provocadas pela Covid-19, com caminhadas pelo bairro acompanhadas de uma ACS,
apropriação teórica e reuniões remotas. Na segunda etapa foram realizadas reuniões, visitas,
entrevistas, com os dispositivos da rede intersetorial, lideranças comunitárias e moradores. No diário
de campo e no mapa sistematizamos as informações, possibilitando o planejamento das ações em
saúde da terceira etapa, que são: produção da história da comunidade com moradores; prevenção de
diabetes, hipertensão e sofrimento psíquico; e pesquisa-intervenção com estudantes do 4º ano do
ensino fundamental sobre projeto de vida e perspectiva de futuro. Como estratégias de encontro são
realizadas rodas de conversa e práticas integrativas e complementares. Além da escola, as ações têm
acontecido no centro comunitário e CRAS, com maior participação de mulheres.
Objeto do Relato: Configura-se como projeto de extensão nas comunidades Paraíso e Tereza Cristina,
Criciúma/SC.
Objetivos: Promover o fortalecimento dos vínculos comunitários para a promoção da saúde no
território, contribuindo para o desenvolvimento comunitário a partir do estímulo ao exercício da
autonomia e da cidadania; e fortalecendo a formação acadêmica no diálogo interdisciplinar e no fazer
com as pessoas a partir de suas realidades.
Análise Crítica: Identificamos como necessidades: fragilidade no diálogo intersetorial, precarização
de alguns serviços públicos, a fome, a pobreza, a criminalidade e o estigma social atrelado ao lugar;
potencialidades: laços solidários e luta pelos direitos entre as pessoas, memória afetiva do lugar pelos
moradores mais antigos, presença de serviços essenciais das políticas públicas e a abertura da
comunidade para produção de saúde junto ao projeto. Analisamos o sofrimento ético-político como
um fator determinante da produção de saúde/doença, fruto das desigualdades sociais, afastando as
pessoas do seu potencial transformativo, produzindo práticas medicalizantes no campo da saúde
mental.
Conclusões/Recomendações: As ações de educação popular em saúde tem buscado romper com os
modos patologizantes e medicalizantes na atenção à saúde mental. O vínculo em construção tem
promovido mudanças no olhar dos estudantes. Propomos promover espaços dialógicos entre os
serviços do território entre si e com a comunidade.
Palavras-chave: Educação popular em saúde; extensão universitária; promoção de saúde; saúde
mental; sofrimento ético político;
111
Formação de educadores sociais de casas de acolhimento infantojuvenil: construindo
demandas e propostas de ação

Maria Julia Felix Huber - UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas


Maria Fernanda Barboza Cid - UFSCAR

RESUMO
Quando uma criança ou adolescente tem seus direitos violados, no que se refere à convivência
familiar, o ECA prevê em caráter de excepcionalidade e provisoriedade, a medida de acolhimento
institucional- trata-se de um serviço que integra o Sistema Único de Assistência Social, em sua alta
complexidade. Aos educadores sociais, cabe a responsabilidade de desenvolver ações de cuidado
básico e socioeducativas . No entanto, quando não há clareza de seu papel, não é realizado o trabalho
de forma segura, o que influencia e impacta negativamente na dinâmica do trabalho; prejudicando
sua funcionalidade de trabalho, havendo assim a necessidade de seleção, capacitação e
acompanhamento de todos os profissionais responsáveis pelo cuidado das crianças e adolescentes
acolhidos neste serviço.
Objetivos
O presente estudo teve como objetivo identificar as percepções de educadores sociais de uma casa de
acolhimento infantojuvenil a respeito do trabalho desenvolvido na instituição, suas potências e
desafios e sobre as demandas relacionadas à formação teórico-prática de educadores.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada virtualmente
pelos instrumentos de formulário de identificação dos participantes e questionário virtual via
plataforma Google Forms®, devido a impossibilidade de encontros e entrevistas presenciais em razão
da Pandemia da COVID-19. Os dados foram analisados de forma descritiva, a partir da técnica de
análise temática de Bardin.
Resultados
Foi possível apreender as percepções de educadores sociais de uma casa de acolhimento
infantojuvenil a respeito do trabalho desenvolvido, suas potencialidades e desafios e, ainda sobre as
demandas de formação e de educação permanente para os profissionais de serviços de acolhimento
institucional às crianças e adolescentes, como é apontado pelas Orientações Técnicas destes serviços
(BRASIL, 2009) e pela literatura. Considera-se que essa pesquisa contribui, levantando subsídios
para a reflexão, planejamento e execução de políticas de formação continuada de educadores(as)
sociais de casas de acolhimento infantojuvenil, pautados nas percepções dos(as) próprios(as)
trabalhadores(as). Acredita-se que, com melhor formação e espaços de participação e
aperfeiçoamento, nos quais as realidades locais sejam ouvidas e consideradas, estes serviços poderão
melhorar o cumprimento de sua função de garantir os direitos às crianças e adolescentes que
necessitam do acolhimento. Há uma escassez de estudos envolvendo as percepções a respeito das
informações teórico-práticas, a participação colaborativa dos educadores no processo de se realizar a
prática profissional e na sua capacitação.
Palavras-chave: Acolhidos infantojuvenil; Casa de Acolhimento; Educadores Sociais.

112
Geração de renda no SUS? Sim. Autonomia também é saúde!

Ana Laura Ribeiro Piske


Adriana Moro - Universidade do Contestado - Secretaria Municipal de Saúde de Mafra
Saulo Silva Vieira - Secretaria Municipal de Saúde de Mafra
Helen Jéssica Silva - Universidade do Contestado/ Secretaria Municipal de Saúde de Mafra

RESUMO
Tendo como ponto de partida a Constituição Federal de 1988, a qual referendou o trabalho como um
direito social, nossa experiência buscou fortalecer a participação dos usuários de nosso serviço no
complexo mundo do trabalho, o qual pode ser percebido enquanto prática que integraliza e legitima
socialmente o sujeito, pois é reconhecido nas diferentes classes sociais, grupos e comunidades. A
oportunidade de voltar a integrar o mundo do trabalho ou, em muitos casos, iniciar essa integração
amplia as possibilidades de alcance da inserção social e de melhores níveis de saúde e de qualidade
de vida.
A oferta de diversos cursos como de produção de horta, artesanato e floricultura em parceria com o
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, assim como as oficinas de geração de renda e a
exposição dos produtos confeccionados pelos usuários do Caps I Casa Azul, na feira municipal dos
agricultores têm sido experiências que apontam inovações na organização regional do cuidado
psicossocial. Essa atividade se justifica porque o novo modelo assistencial, de atenção psicossocial,
deve deslocar o objeto de intervenção da doença (modelo psiquiátrico) para a vida cotidiana dos
sujeitos. Ou seja, o cuidado deve estar centrado no sujeito, este compreendido como cidadão de
direitos, e protagonista de sua própria vida.
Objeto do Relato
Superar a falta de autonomia e acesso ao mundo do trabalho por meio de geração de renda.
Objetivos
O objetivo da referida experiência tem sido a redução do estigma da doença mental, caracterizado
pela marginalização das pessoas com transtornos mentais por meio da autonomia conseguida pela
geração de renda.
Análise Crítica
Com a cooperação de outros setores da gestão municipal e organizações não governamentais o CAPS
I Casa Azul da cidade de Mafra (SC) se viu capaz de superar problemas como a exclusão social das
pessoas com transtornos mentais. Os usuários passam a ter uma relação de troca com o território, o
que possibilita que eles sejam vistos enquanto sujeitos que possuem capacidades.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que, promover saúde mental implica em desenvolver conhecimentos e competências,
apoiar concretamente a reintegração social, incentivar o protagonismo dos usuários. Dessa forma
promover autonomia pela geração de renda também é promover saúde, e isso pode ser feito no SUS.
Palavras-chave: Renda; Saúde Mental; SUS.

113
Grupalidades e juventudes em contexto pandêmico

Lais França Santos Martins - Prefeitura de Itanhaém


Juliana de menezes almeida - Universidade Federal De São Paulo

RESUMO
Itanhaém é um município de cem mil habitantes localizado no Litoral Sul Paulista. Seu centro possui
casas de veraneio enquanto nas regiões mais periféricas, onde está a maioria dos habitantes, há falta
de saneamento, prédios da CDHU e sítios. A cidade possui CAPS II, CAPSi e CAPS AD. Dentre as
atividades ofertadas, destacaremos a experiência de um grupo de jovens no CAPS II.
O grupo se inicia a partir da observação de demandas comuns relatadas por jovens encaminhados ao
serviço, como: solidão, conflitos familiares, dificuldade de ingresso no mercado de trabalho e
perspectiva de futuro. Sendo assim, visou-se trabalhar de modo coletivo questões comuns,
considerando o impacto da pandemia de COVID-19 sobre tais questões.
Para isso, foi criado um grupo no whatsapp para realização de encontros semanais. Os participantes
foram convidados de forma individual onde inicialmente 6 pessoas aceitaram participar, do gênero
feminino e masculino, entre 18 e 32 anos. Hoje, temos 16 participantes, de modo presencial e/ou
online. Iniciamos a grupo com duração de 1h, percebendo em conjunto que o tempo mais adequado
à dinâmica e necessidades do coletivo era de 1h30.
Inicialmente, houve ênfase na compreensão de quais eram as expectativas e propostas dos
participantes em relação ao grupo. A dinâmica do grupo é fluida, mas em geral começamos
descrevendo como estamos chegando ao grupo. E a partir de reflexões e experiências trazidas,
destacamos algumas temáticas e tecemos as discussões.
Objeto do Relato
Grupo de jovens iniciado na pandemia de COVID 19 no Centro de Atenção Psicossocial II de
Itanhaém
Objetivos
descrever o percurso de um grupo de jovens que iniciou durante a pandemia de COVID-19 a partir
da perspectiva de duas psicólogas que mediam o grupo, e analisar as potencialidades e desafios
encontrados ao longo desse processo.
Análise Crítica
Dentre os desafios na produção de cuidado estão a incerteza e tensão que o contato com o outro
passou a significar; espaços inadequados; uso de equipamentos eletrônicos, etc. Todavia, percebe-se
a construção de uma grupalidade através de escuta acolhedora, processos de identificação de
problemas comuns e expectativas em relação ao grupo. Destaca-se a diversidade de relatos,
atravessados por interseccionalidades de gênero, racial, classe, território, etc. sendo proposto diálogo
a partir de tais diferenças. Salientamos ainda os laços afetivos e de convívio construídos entre os
participantes do grupo culminando em ações e encontros para além do espaço e tempo designado
dentro do serviço.
Conclusões/Recomendações
O grupo enquanto dispositivo se revela potente sobretudo em contexto pandêmico. Percebemos que
o trabalho realizado direciona-se ao fenômeno da grupalidade, facilitando o pertencimento e
identificação entre os participantes e culminando em ações e encontros que extrapolam os muros do
serviço.
Palavras-chave: CAPS; grupo; juventude; pandemia; atenção psicossocial.

114
Imagem e movimento: Caminhos e andanças na cidade com um grupo de redução de danos

Liora Souza Geiger - UFF - Universidade Federal Fluminense


Pedro Gayoso de Carvalho Gonçalves - UFF

RESUMO
Localizado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, o CAPS III Maria do Socorro compõe estratégias
de atenção à saúde junto à população. Considerando que se trata de um território atravessado pela
presença das drogas, o grupo de redução de danos se faz um dispositivo potente, que vem tecendo
redes com pessoas que fazem uso de drogas. Semanalmente o grupo se encontra e acontece a partir
das histórias que os participantes trazem de si, seja em crises ou situações de risco, mas também do
modo como vêm levando a vida, compartilhando cuidados, em coletivo. Enquanto estagiários, que
acompanhamos o grupo, propusemos junto aos participantes práticas em fotografia, apostando nesta
enquanto modo de experimentação de si e de mundo, que não só transforma, como (re)inventa o real
com a imagem, que se torna movimento por sua composição de sentidos, passagens e caminhos.
Começamos nossa jornada ouvindo músicas sobre o tempo e conversamos sobre nossas memórias a
partir de imagens. Em seguida, tiramos fotos do espaço do CAPS e as vimos, reparando em como
estar em um espaço que ocupamos cotidianamente se transfigura a partir do ato de fotografar.
Entendemos, juntos, que essa experiência poderia então continuar, agora fora do CAPS. Fomos à
praia de São Conrado e à duas exposições de artes, fotografando não só paisagens, mas trajetos pela
cidade. A experiência se estendeu ao longo dos encontros, quando percebíamos nossas transformações
subjetivas a partir da experiência artística.
Objeto do Relato
Vivências em fotografia com um grupo de redução de danos no espaço de um CAPS III e na cidade.
Objetivos
Relatar a experiência artística enquanto invenção de si e de mundo que se funda a ética do cuidado
na atenção psicossocial. Explorar a cidade como via de coletivização da saúde, a partir da fotografia
enquanto produção de imagem e movimentos que expressam e recriam territórios subjetivos.
Análise Crítica
Percebemos que nossa experiência se deu a partir de criações em movimento: Não como um projeto
previamente feito almejando um resultado, mas uma experimentação na qual o próprio caminho nos
guiava, para vivermos juntos o próximo trajeto. Surgiram potentes narrativas de vida dos
participantes, afirmando terem transformado sua relação com o CAPS, com as drogas e,
fundamentalmente, com a cidade, seja a partir de percursos nunca antes feitos, como pela
transfiguração que a fotografia produziu em um cotidiano conhecido. Assim, a clínica e a política se
transversalizaram com a redução de danos como modo de afirmação da vida e dos territórios como
produtores de saúde.
Conclusões/Recomendações
Concluímos que a experiência produziu importantes transformações subjetivas entre os participantes
envolvidos e contribuiu para a ampliação ao acesso e direito à cidade, potencializando assim, a ética
da atenção psicossocial e a luta por uma sociedade sem manicômios.
Palavras-chave: Arte; Fotografia; Território; Redução de danos; Clínica.

115
Isolamento social, mulheres idosas e saúde mental: retomada de encontros presenciais e a
demanda de acolhimento terapêutico

Laura Meira Bonfim Mantellatto - UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho

RESUMO
Proponho considerações a respeito da pesquisa de campo que integra minha tese de doutorado.
Realizei visitas individuais a casa de mulheres idosas (faixa etária média de 75 anos), no período
posterior à imunização contra a Covid-19. O local de realização deste estudo foi no interior do Estado,
em Assis/SP. Orientando-me pelo trabalho clássico de Ecléa Bosi (1994), minha proposta era de ouvir
a histórias de vida dessas idosas, atentando-me para o plano de fundo do processo de modernização
dado na cidade interiorana. Assim, o referencial metodológico adotado, à princípio, era o da História
Oral. No entanto, a pandemia implicou num rearranjo metodológico. Pela seguinte razão: ao encontrar
as idosas, constatei a demanda por acolhimento terapêutico e convivência interpessoal presencial.
Objetivos
Discutir o rearranjo metodológico da prática de pesquisa de campo frente ao extenso período de
isolamento social enfrentado pelas mulheres idosas que compuseram a amostragem do estudo.
Isolamento dado em função do longo período de quarentena, como também, pela falta de
familiaridade com o uso de smartphones (ou computador), para manter redes de contato.
Metodologia
Amostra composta por 4 idosas, sendo: 3 viúvas e 1 casada; 2 moram sozinhas; todas são de cor de
pele branca; todas são mulheres-cis heterossexuais; todas pertencem à classe trabalhadora. As visitas
domiciliares foram realizadas semanalmente, ao longo de um mês. Cada encontro teve a duração
mínima de 2h e máxima de 6h. Importantes atividades de convivência social tal como as oferecidas
pela Universidade Aberta à Terceira Idade UNATI e Centro de Convivência do Idoso CCI, foram
suspensas pelo período de 2 anos em razão da pandemia, fragilizando, assim, a rede de relações das
idosas.
Resultados
Seguindo as normas do Comitê de Ética em Pesquisa CEP, ofereci abertura de escuta. Dessa forma,
se desdobravam relatos sobre experiências de luto, embotamento afetivo e solidão. No entanto, as
próprias participantes acabavam retomando os assuntos pertinentes à pesquisa de campo em si
mesma, utilizando como gancho os eventos mais recentes pelos quais estavam passando.
A reparação do prolongado período de isolamento se deu com minha adaptação, já em campo, para a
dupla função de acolhimento terapêutico e de pesquisadora. Para tanto, adotei como referencial
teórico-técnico o conceito de holding, de Winnicott. A sustentação oferecida, ao longo do processo
de elaboração dos eventos mais recentes, proporcionou o sentido de continuidade do ser, fortalecendo
a integração da imagem de si e a autoestima das idosas. Conclui que os encontros representaram a
constituição de um espaço potencial, nos termos winnicottianos, no contexto de retomada dos
contatos presenciais após dois anos de recolhimento. Minha presença e escuta terapêutica
proporcionaram uma zona intermediária entre o isolamento e a abertura para retomada dos processos
de socialização presenciais.
Palavras-chave: Isolamento social; idosas; saúde mental.

116
O mundo da loucura na ficção e na realidade: raça e gênero

Celso Ricardo Bueno - Universidade Municipal de São Caetano do Sul

RESUMO
A literatura e o cinema são formas de lidarmos com histórias indigeríveis. dois contos surgem em
minha cabeça, "Só vim telefonar" de Gabriel García Márquez e "Sorôco, sua mãe, sua filha" de
Guimarães Rosa e uma série televisiva "Colônia"(2021). Nossos disparadores (Maria de La Luz,
Sorôco-sua-mãe-sua-filha e Elisa) têm algumas coisas em comum: são mulheres, são silenciadas e
apagadas socialmente. O cenário espanhol da era do franquismo está repleto de mulheres e dissidentes
políticos, e o manicômio de Barbacena (destino da mãe e filha de Sorôco e de Elisa) está
permanentemente superlotado de mulheres, homossexuais, dissidentes políticos, negros e minorias
sociais. A forma da escrita e as fotografias se tornam uma ponte dialógica com a dura realidade das
mulheres e negras nos hospitais
Objetivos
Discutir, através de uma perspectiva decolonial e interseccional, como a loucura é ilustrada em dois
contos da literatura internacional e em um série televisiva
Metodologia
Análise interseccional
Resultados
As mulheres foram e ainda são vítimas do processo de psiquiatrização. O diagnóstico e a medicação
atuais funcionam como silenciadores de um duro processo de diferença social. Essas duas mulheres
ameaçam o estereótipo de gênero. Além disso, urge uma cor nesses manicômios que em Colônia e
Sorôco são retratados como figuras miseráveis. Mulheres e raça são categorias que aparecem como
fundamentais em uma prática excludente da psiquiatria. Quando, em Colônia, não se optou por
explorar o universo da mulher negra, isso reforça o destino indesejável desses corpos e sinalizam o
corpo negro como uma ameaça ou perigo, a branca dentro desse cenário se torna a possibilidade de
reconhecimento pelo expectador, como se tornasse mais convincente do sofrimento. através da
experiência do sofrimento dessas mulheres podemos construir pontes para refletir sobre o
enquadramento da loucura e como isso afeta diferentemente os corpos, mesmo que a branquitude
ainda conquiste mais empatia de sofrimento, é impossível negar que nessa história quem gritou mais
foram as de cor no fundo das cenas em preto-e-branco da série televisiva.
Palavras-chave: Interseccionalidade; racismo; gênero; manicômio; decolonialidade.

117
O papel do estudo compartilhado dos escritos psiquiátricos de Frantz Fanon para análise da
determinação entre contexto sócio-econômico, relações étnico-raciais e saúde mental

Margoth Mandes da Cruz


Dafne Drumond Boni - UFPR

RESUMO
Graduadas na mesma instituição, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), vinculadas ao
Laboratório de Psicologia Histórico-Cultural (Lapsihc-UFPR) e histórico profissional na atenção
psicossocial e prática clínica, fomos construindo uma parceria proveniente dos interesses em comum
na temática da luta antimanicomial e as relações étnico-raciais, baseadas no materialismo histórico-
dialético.
Decidimos iniciar o estudo compartilhado pelo psiquiatra, filósofo e revolucionário martinicano
Frantz Fanon, autor que ganhou destaque no país em diversos campos do conhecimento nos últimos
anos. Especificamente a Coletânea Alienação e Liberdade - Escritos Psiquiátricos produzido nos anos
50 e lançado sua tradução no Brasil em 2020, por trazer sua defesa, por meio de reflexões teórico-
práticas na área da saúde mental, de que há uma relação intrínseca entre as relações étnico-raciais e
o contexto econômico-social no processo saúde-doença. Sendo assim ele torna-se relevante na
retomada histórica e na atualização dos estudos e práticas condizentes com a reforma psiquiátrica em
âmbito mundial e nacional.
O estudo compartilhado iniciou no modelo online, pela plataforma Google Meet, diante das condições
sanitárias do momento e deu continuidade neste formato pelo início do mestrado de uma das
participantes em outro estado. Em geral são realizados encontros quinzenais com duração média de
1h30. Até o momento ocorreram leituras conjuntas e reflexões do eixo II e eixo III da obra
supracitada.
Objeto do Relato
Estudo compartilhado entre pares dos escritos psiquiátricos de Frantz Fanon
Objetivos
Compartilhar uma experiência de atividade educacional informal e sua importância na capacitação
profissional como pesquisadoras do mestrado, no campo da atenção psicossocial, nas áreas de saúde
coletiva e psicologia clínica.
Análise Crítica
Partindo da nossa familiaridade em estudos conjuntos como uma técnica de assimilação, esta foi a
alternativa encontrada para compreender a complexidade da obra de Frantz Fanon: um autor em um
contexto histórico-cultural pouco conhecido a nós - os colonialismos na Argélia - com suas análises
construídas a partir de diferentes marcos teóricos. Sendo assim, as trocas têm sido um auxílio
significativo no aprofundamento de nossa leitura e conexão com nossas pesquisas no campo da saúde
mental. Com as reflexões do autor, reafirmamos a importância de analisar a relação entre as relações
raciais e o contexto sócio-econômico na reforma psiquiátrica e atenção psicossocial em âmbito
mundial e nacional.
Conclusões/Recomendações
Avaliamos a importância de um fundamento teórico comum para compreender, como diz Deivison
Faustino, as encruzilhadas teóricas de Fanon; recomendamos atividades informais de estudo
compartilhado para auxiliar na capacitação profissional por meio de técnicas democráticas de
apreensão do conteúdo.
Palavras-chave: Estudo compartilhado; Frantz Fanon; Relações étnico-raciais; Saúde Mental;
Atenção psicossocial.

118
O Serviço Social no Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas- CAPSAD-
Paulo Delgado. Relato de experiência em período de pandemia, COVID-19

Sandra Regina de Souza - Estat

RESUMO
O Movimento da Reforma Psiquiátrica contribuiu para a atuação do Serviço Social em Saúde Mental,
na formação socio política. CAPSad, Público alvo: adultos com transtornos mentais em crise, usuários
de álcool e outras drogas, entrada livre, funciona de segunda à sexta feira de 8 às 17h, equipe
multiprofissional que visa a reinserção iniciada na acolhida no projeto terapêutico singular. Em março
de 2020, Pandemia de coronavírus (COVID-19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mudou-
se a dinâmica de atendimento, enfrentamentos no agravamento das expressões da questão social. O
atendimento em tempos de isolamento social foi primordial com o uso da tecnologia, os que não
dispunham dessa, também foram monitorados por contatos telefônicos. Realizamos registros,
sistematização, reunião online de equipe, visitas domiciliares na estratégia de cuidados dentro das
possibilidades respeitando o distanciamento conforme preconiza o Ministério da Saúde, articulação
em rede, dentre outros. O Assistente Social identifica estratégias para um fazer humanizado e com
atendimento integrado, promoção aos direitos socio políticos e econômicos. Os decretos, protocolos,
o distanciamento social dificultou, mas não nos impediu de dispensar a atenção aos usuários do
serviço CAPSAD e suas famílias que também demandaram atenção, embora, a mudança de rotina e
estratégias na atenção houve respostas objetivas. A escuta qualificada foi essencial para informar,
refletir, intervir, dentre outros.
Objeto do Relato
Estratégia dinâmica de intervenção na efetivação de direitos no equipamento Saúde Mental-
CAPSAD.
Objetivos
Informação, reflexão, divulgar experiência sobre o serviço no equipamento de saúde mental, oferta
de cuidados com ênfase na abordagem de compreensão no suporte a fim de contribuir na garantia do
cuidado centrado nos usuários dos serviços do CAPSAD, a intervenção junto a comunidade,
fortalecimento dos vínculos familiares.
Análise Crítica
A análise crítica institucional CAPSAD implica saberes e práticas no contexto socio histórico
determinado. Perceber a correlação de forças instituintes e instituídas constituídas na história, o
serviço no campo da análise, a prática de gestão, organização, planejamento, execução e avaliação
das atividades realizadas no equipamento CAPSAD.
A instituição em análise. Política Municipal de Saúde Mental em 2003. Implantação de ambulatório
de Saúde Mental, CAPS1 e CAPSAD Regional (regulamentado em 2005). CAPSAD Microrregional
do Estado do Rio de Janeiro.
A demanda de atendimento e de acolhimento de crises no CASPSAD aumentou no período pós
pandemia, o que implica análise da conjuntura também.
Conclusões/Recomendações
Apreender determinantes, articular, perceber expressões no campo da Saúde Mental.
Identificar dificuldades enfrentadas, clareza que o problema vivenciado pode estar ligado a questão
estrutural. Investir, expandir o acesso ao suporte a alcançar usuários, familiares e sociedade como
todo.
Palavras-chave: Serviço Social; CAPSAD; usuários famílias.

119
Projeto de Extensão Permane (Ser) - você não está só: experiência de promoção à saúde
mental para estudantes universitários em Iguatu/CE.

Cynthia Studart Albuquerque - IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do


Ceará
Myrla Alves de Oliveira - IFCE
Antônio Dheck de Freitas Pinheiro - IFCE
Mariana de Moraes Almeida - IFCE
Jessica Aline Rodrigues – IFCE

RESUMO
O Projeto de Extensão Permane(Ser) - você não está só teve como objetivo promover a saúde mental
e a qualidade de vida de estudantes de ensino superior da cidade de Iguatu, especialmente, do IFCE,
URCA e UECE, por meio de estratégias, soluções e tecnologias sociais (de jovens, para jovens e com
os jovens) no âmbito da informação, mobilização e promoção à saúde mental; contribuindo para o
êxito, a permanência, o bem-estar e a qualidade de vida destes sujeitos. A metodologia da proposta
foi inspirada nas técnicas de educação popular e no protagonismo juvenil com base numa perspectiva
dialógica e problematizadora dos aspectos que envolvem a saúde mental juvenil. Utilizou-se da
mediação das redes sociais, com valorização da arte e da cultura pra produção e difusão de conteúdos
críticos sobre saúde mental, por meio de perfis nas plataformas Instagram, Facebook e WhatsApp;
Realizou-se grupo de estudos e rodas de conversas interinstitucionais sobre educação, subjetividade
e saúde mental, totalizando-se 60h no semestre, através de 15 encontros, com participação de 52
estudantes das três IES públicas da cidade; Produziu-se 04 Podcasts com abordagem crítica da saúde
mental e suas intersecções de classe, raça e gênero; Desenvolveu-se um levantamento sobre as
condições de saúde mental dos estudantes no póspandemia. Conclui-se, que as instituições de ensino
superior podem e devem ser espaços de produção do cuidado coletivo e promotores de saúde mental.
Objeto do Relato: Socializar a experiência do Projeto de Extensão Permane(Ser): você não está só.
Objetivos: Promover a saúde mental aos estudantes de ensino superior da cidade de Iguatu,
especialmente, do IFCE, URCA e UECE; construir estratégias e tecnologias sociais (de jovens, para
jovens e com os jovens) no âmbito da informação, mobilização e promoção à saúde mental; contribuir
para o êxito, a permanência e a qualidade de vida destes sujeitos.
Análise Crítica: A saúde mental tem se colocado como um desafio às instituições educacionais.
Segundo Bleicher e Oliveira (2016, p. 546-547), os estudos na área, apontam alguns fatores correlatos
à alta incidência dos transtornos mentais em estudantes universitários como [...] o excesso de
atividades, que causa alteração do padrão de sono dos estudantes, gerando situações de ansiedade
mais frequentes; a perspectiva de futuro em relação à formação e ao papel social e especialmente a
não-convivência com a família . Soma-se a isto, a situação econômica, política e sanitária do país,
que tem produzido insegurança social e medo, diante da evidente ameaça à vida causada pela Covid-
19 e as incertezas do futuro.
Conclusões/Recomendações: O debate público sobre o pós-pandemia é de suma importância, assim
como a construção de tecnologias sociais de promoção à saúde mental protagonizada pelos próprios
jovens, através da articulação de diversas áreas de conhecimento e múltiplas linguagens para
coletivamente enfrentarmos esse desafio.
Palavras-chave: Educação; Saúde Mental; Cuidado; Promoção; Permanência.

120
Promoção da Saúde Mental e prevenção do suicídio a partir de grupos operativos utilizando
técnicas do psicodrama.

Rosangela Albuquerque de Queiroz - Fas-Faculdade Ari de Sá


Isabel Regiane Cardoso do Nascimento - Faculdade Ari de Sá

RESUMO
A atuação se deu duas vezes por semana no período da tarde e o grupo foi composto por pacientes
que, predominantemente, apresentavam transtorno de personalidade boderline, assim como outras
psicopatologias como transtorno de ansiedade e depressão. As intervenções foram ancoradas a partir
do método operativo utilizando o psicodrama como a abordagem de referência, visando assim
oportunizar a experiência do aqui e agora aos participantes. Durante o período de estágio foi possível
identificar a relevância que a atividade grupal desenvolvida desempenhava na vida dos participantes
que, com frequência, mencionavam sentimentos de dor, angústias e sensação de vazio, trazendo em
seus discursos, muitas vezes, o desejo de por um fim a própria vida. Foram relatadas tentavas de
suicídio anteriores, com pensamentos constantemente precedidos de choro, sendo possível inferir que
o indivíduo que vivencia determinada experiência é um sujeito que se encontra em condição
existencial de intenso desespero e sofrimento psíquico.
Objeto do Relato
pacientes que apresentaram ideação de suicídio atendidos no Centro de Atenção Psicossocial.
Objetivos
O objetivo do trabalho é relatar a experiência no estágio profissionalizante III realizado com um grupo
de prevenção ao suicídio que utilizava como base de intervenção técnicas da abordagem
psicodramática.
Análise Crítica
Durante o período de estágio foi possível identificar a relevância que a atividade grupal desenvolvida
desempenhava na vida dos participantes que, com frequência, mencionavam sentimentos de dor,
angústias e sensação de vazio, trazendo em seus discursos, muitas vezes, o desejo de por um fim a
própria vida. Os relatos constantemente eram precedidos de choro. O Estágio em saúde mental
possibilitou um novo olhar para as intervenções relacionadas ao manejo do suicídio, trazendo a
perspectiva da importância de se falar abertamente sobre a temática e proporcionar a ampliação do
repertório do sujeito que percebe a morte como única alternativa viável para o cessar de sua dor.
Conclusões/Recomendações
As estatísticas revelam a urgência de se desenvolver atividades que proporcionem a redução dos casos
de suicídio. Sendo necessário a elaboração de intervenções que limitem a incidência de novos casos
e criem estratégias para ampliar espaços de falar aberta sobre o tema do suicídio na sociedade.
Palavras-chave: Saúde mental; Suicídio; grupo operativo; psicodrama.

121
Teleatendimento em Saúde Mental - A construção de um serviço para trabalhadores e seus
familiares durante a pandemia da Covid-19

Alessandra Matzenauer - AESC


Eduardo Cristiano Althaus - AESC
Rafaela Pereira Silva - AESC
Bruna Ferreira Muniz - AESC
Felipe Wagner da Silva - AESC
Fernando Henrique de Lima Sa - AESC

RESUMO
A partir da percepção dos impactos da pandemia na saúde mental e reconhecendo a necessidade de
ofertar suporte ao sujeito em sofrimento psíquico no contexto da Covid-19, a AESC - Associação
Educadora São Carlos, inicia em 2020 a construção de um serviço de acompanhamento psicológico
online para os trabalhadores e seus familiares. A AESC é uma instituição que atua na área de saúde
com serviços hospitalares e ambulatoriais de alta e média complexidade, para os segmentos de saúde
suplementar e de saúde complementar, integrando o Sistema Único de Saúde em articulação com a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Além disso, a
AESC ainda atua na área da educação e responsabilidade social, no Centro de Atendimento ao
Migrante. O Legame - Serviço de Teleatendimento em Saúde Mental iniciou seus atendimentos em
abril de 2021, com realização de teleconsultas com uma equipe de psicólogos e psiquiatras, atendendo
profissionais de todas as unidades de trabalho da AESC e seus familiares, com enfoque nos agravos
decorrentes do contexto da pandemia. Os agendamentos são realizados por telefone e, mais
recentemente, também por whatsapp. Tendo como um dos principais protocolos de controle do
contágio o isolamento social, o serviço utiliza-se das ferramentas tecnológicas como modalidade
terapêutica central, realizando 100% de seus atendimentos na modalidade online, respeitando as
orientações e normas técnicas dos conselhos de psicologia e psiquiatria.
Objeto do Relato
Construção de um serviço de teleatendimento em saúde mental no contexto da pandemia.
Objetivos
O presente relato de experiência visa descrever sobre a implementação de um serviço de
teleatendimento psicológico para trabalhadores, dentre eles majoritariamente trabalhadores da área
da saúde, embasando e descrevendo as ações de escuta e cuidado singularizado a partir as implicações
na saúde mental decorrentes da pandemia da Covid - 19.
Análise Crítica
Identificou-se, desde o início da pandemia, uma intensificação de sintomas de ansiedade, depressão,
burnout e estresse agudo entre profissionais da saúde, familiares e comunidade em geral. Em um
contexto em que o isolamento social tornou-se imperativo de manutenção da vida, os vínculos sociais
constituem-se como elos capazes de sustentar as angústias diante do medo, insegurança e luto.
Através da escuta e cuidado em saúde mental, é possível construir um percurso de travessia das
situações de sofrimento psíquicos vivenciadas nesse período. Por conta disso, o Legame (palavra que
nos enlaça à ligação, laço, aliança) é uma janela para construção de um vínculo capaz de produzir
novos respiros.
Conclusões/Recomendações
Após mais de um ano de efetivação do serviço, a partir das escutas e dispositivos construídos de
forma singular, observamos a importância da oferta de cuidado em saúde mental para profissionais
da saúde e seus familiares, ampliando o escopo de intervenção para além dos enquadres da pandemia.
Palavras-chave: Saúde mental; pandemia; teleatendimento.

122
"Mãe é mãe!"?

Juliana Roberta De Paulo Antoneli - CAPS


Ricardo Sparapan Pena - UFF

RESUMO
Esta pesquisa se inicia a partir de inquietações de um trabalhadora de um Centro de Atenção
Psicossocial Infanto-juvenil da cidade de Campinas. A prática de escuta de mães de um CAPSij me
colocou frente à frente à pergunta "o que é ser mãe?". A nossa sociedade de alta performance,
atravessada por um "ideal materno", me fez questionar o que esperamos das mulheres mães. A
maternidade aqui é entendida como uma construção social, e visa-se desmitificar o ideal materno, a
partir do Feminismo, para encontrarmos mães possíveis, com dores, arrependimentos, sofrimentos e
vivências maternas difíceis de serem escutadas. Deste modo, busca-se o encontro com experiências
maternas tidas com "inadequadas" pela Saúde em busca do resgate de saberes menos normativos e
menos governáveis.
Objetivos
Analisar, através de narrativas de mães de crianças e adolescentes frequentadores de um CAPSij, suas
vivências de sustentação da maternidade e os discursos que produzem e atravessam as subjetividades
destas mães.
Analisar e articular os discursos presentes aos recortes de raça, classe, escolaridade e profissão, a fim
de analisar as relações de poder na produção de subjetividades mães.
Metodologia
A metodologia escolhida foi a da pesquisa-intervenção em Saúde, a qual se localiza na área das
pesquisas qualitativas como meio de tornar dizíveis questões subjetivas. Foram realizadas 6
entrevistas com mães que possuem filhos inscritos em um CAPSij de Campinas, e a partir das
entrevistas foram produzidas 6 narrativas em terceira pessoa, que tem como objetivo contar a vivência
de sustentação de maternidades que fogem à norma. A análise das entrevistas foram feitas à partir do
referencial da genealogia Foucaultiana.
Resultados
Esta pesquisa ainda se encontra em andamento, deste modo as análises dos dados coletados ainda se
encontra em processamento. Contudo, a partir das narrativas já analisadas pela genealogia, foram
identificados discursos normativos que atravessam as vivências de maternidade tidas como
inadequadas inscritas em um regime de verdade que as colocam em um lugar de subalternidade e
exclusão. Nota-se que o discurso médico (mãe adequada), religioso (mãe santa), discurso midiático
(mãe idealizada) estão presentes nos sentimentos de inadequações de mulheres que não possuem
vivências normativas de como ser mãe. A culpa, o arrependimento, as dores maternas não encontram
lugares possíveis de serem ditos e elaborados em espaços sociais, e principalmente, de Saúde,
governados por um ideal de mãe a ser alcançado. Deste modo, estas mulheres se encontram em um
local de sofrimento pouco compartilhado, encontrando-se extremamente solitárias. Além disso, a
ausência de políticas públicas que sustentem o cuidado das crianças e adolescentes, aumentam a
responsabilidade das mulheres mães, deixando-as mais solitárias neste cuidado, produzindo uma
grande injustiça social a partir da experiência da procriação.
Palavras-chave: Maternidade; Governamentalidade; Saúde Mental.

123
A olho nu

Elisete Gonçalves de Azevedo - UNIFESO - Centro Universitário Serra dos Órgãos


André Luiz Marques Teixeira - UNIFESO- Centro Universitário dos Orgãos
Adriana Quirino Siliprani – UNIFESO - Centro Universitário dos Orgãos
Carlos Vinicius de Carvalho Canha. - UNIFESO- Centro Universitário dos Orgãos

RESUMO
Guapimirim, município com pouco mais de sessenta mil habitantes, fica localizada no estado do Rio
de Janeiro, na baixada fluminense, na Serra dos Órgãos. Cerca de nove mil pessoas estão cadastradas
nos dispositivos de saúde mental. O serviço de saúde mental do município é coordenado atualmente
por Ana Cloe Loques Marelli, que também ocupa a função de supervisora de estágio básico em
psicologia social no (CAPS) de Guapimirim. Nosso grupo de alunos da (UNIFESO) é composto por
oito estagiários que se dirigem ao (CAPS) de Guapimirim para o estágio básico em psicologia social.
Nossa supervisora de estágio nos inseriu nas dinâmicas das rodas de conversas com os usuários do
(CAPS),com o objetivo de favorecer as expressões de sentimentos e espaço de fala para os usuários.
Existem várias formas de se expressar e uma delas é a arte, através dela conseguimos transmitir
sensações e emoções que talvez fossem impossíveis através de palavras.
Com esta premissa foi idealizado o projeto A Olho Nu . Um projeto que mobilizou a equipe técnica
do (CAPS), usuários do serviço, familiares dos usuários, estagiários da (UNIFESO), a prefeitura e
suas secretarias. Todos em prol da luta antimanicomial, na busca de garantir apoio e acolhimento às
pessoas que sofrem de transtornos mentais. Foi descartada a possibilidade de a exposição acontecer
no próprio (CAPS), justamente para não restringir os usuários, evitando perpetuar a ideia de que
somente nos dispositivos de saúde mental suas obras seriam aceitas.
Objeto do Relato
Ressignificação dos pacientes do CAPS, pois suas produções ganharam visibilidade de forma
positiva.
Objetivos
A portaria 3.088/2011, institui a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), buscando consolidar e
favorecer a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, pela comunidade e
pela cidade. O projeto "A Olho Nu", usuários se expressam diretamente para sociedade através da
arte, fora dos dispositivos de saúde mental.
Análise Crítica
Na construção do evento acima citado, conseguimos observar algumas dificuldades para conseguir
sincronizar os diversos saberes profissionais. Produzir um evento que falasse todas as línguas de
forma com que não se tornasse um conteúdo excludente, foi uma tarefa árdua e de muito estudo. Mas
como isso, tivemos a possibilidade de aprender a valorizar a troca entre os saberes, possibilitando um
olhar diferente do que já tínhamos construído como ideal. Apesar das adversidades e contratempos
encontrados na sucessão do projeto, tivemos um saldo positivo pela alta adesão da população local,
autoridades e os próprios usuários do serviço.
Conclusões/Recomendações
Por fim, esse projeto é baseado nos conceitos que norteiam a construção da saúde mental após a
reforma psiquiátrica (Lei 10.216), assegurando a integralidade no cuidado ao sujeito, permitindo-nos
o desafio de um olhar fenomenológico, provocando ao público se despir dos pré-conceitos.
Palavras-chave: Ressignificação; Centro de Atenção psicossocial (CAPS); Arte.

124
O necrotério ficava ao lado do pátio de recreação : o processo de mortificação do eu e a
supressão do futuro em uma comunidade terapêutica

Rodrigo Lira da Silva


Deison Fernando Frederico

RESUMO
Este trabalho surge a partir de uma pesquisa de mestrado em andamento que tem como proposta geral
investigar as trajetórias de vida de um jovem frente aos processos de significação sobre o seu próprio
diagnóstico psiquiátrico. Discute-se, aqui, um período de internação deste jovem em uma comunidade
terapêutica, após uma tentativa de suicídio. Foi desenvolvida uma metodologia de pesquisa
qualitativa, a partir de entrevistas longitudinais, tendo como concepção a ideia de centralidade do
sujeito (KILOMBA, 2019).
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo discutir, de forma crítica, como a prática manicomial em comunidade
terapêutica corrói as possibilidades de construção de futuro e resulta no processo de mortificação do
eu, proposto por Goffman (1961).
Metodologia
Os procedimentos metodológicos ocorreram a partir de quatro entrevistas longitudinais com um
jovem usuário de um serviço de saúde mental. Através delas foi possível traçar suas trajetórias de
vida, diante de um tempo que não é necessariamente cronológico (SATO et al, 2009). Nesta
perspectiva contemplamos o que é mais significativo para o jovem, independente do que foi vivido
ou não (LYRA et al, 2018). As análises foram construídas a partir de uma abordagem dialógica, ao
compreender que as trajetórias são construídas a partir de uma interdependência do eu com o outro
(AVELING et al, 2015).
Resultados
O jovem, em seu período de internamento, perdeu seus pertences pessoais; não tinha ciência dos dias
e das horas; ficou desnutrido; não teve acesso à psiquiatria e psicologia; ingeria três vezes por dia
remédios desconhecidos e visualizou corpos mortos ao lado do pátio de recreação. Refletimos que as
comunidades terapêuticas representam uma reatualização das práticas manicomiais (CFP, 2018).
Reatualização essa que não se justifica. Desde a Reforma Psiquiátrica, entende-se que internações
psiquiátricas devem ser o último recurso a ser utilizado, ainda assim, respeitando os Direitos
Humanos dos sujeitos, almejando construir estratégias de cuidado, ao considerar parâmetros da
atenção psicossocial. As comunidades aniquilam subjetividades, destituindo o sujeito de si mesmo.
As suas práticas suprimem as construções de futuro que um indíviduo pode ter para si. Concluímos,
que as práticas em comunidade terapêutica definem uma realidade para o sujeito em sofrimento,
desenvolvendo um tratamento monológico e não dialógico. Reforçando práticas de cunho moral como
castigos e práticas espiritualistas, não garantindo o cuidado em saúde necessário para a autonomia e
reinserção dos sujeitos.
Palavras-chave: mortificação do eu; significação; comunidade terapêutica.

125
O que vocês sabem que eu não sei? : O vínculo como tecnologia no acompanhamento de
sujeito com esquizofrenia paranoide.

Beatriz D`arck Santana Santos


Andréa de Passos Machado - Clinica Apice

RESUMO
M.S, masculino, 62 anos, solteiro, desempregado, tem um filho, é natural e procedente de Salvador.
Filho caçula de uma família de quatro irmãos, pais falecidos e reside sozinho. História de adoecimento
há mais de 30 anos, diagnosticado com esquizofrenia paranoide, com relatos de inúmeras crises com
heteroagressividade e delírios persecutórios. Está em acompanhamento no Hospital Dia da Clínica
Apice desde que saiu da internação integral em 2018. Desde o início do acompanhamento nega
veemente o uso de medicação e a proposta foi se configurando a partir de método de escuta
diferenciada. Nunca aceitou participação em grupos e oficinas, rejeitando qualquer abordagem
direcionada ao seu diagnóstico, permitindo aos poucos o contato individual. Passa por diversas
situações de crise dentro da instituição, em uma delas, apresentou um episódio de agitação e
agressividade, chegando a chamar um paciente de gay e bater na porta. Após manejo da equipe e
através do vínculo estabelecido, o mesmo desculpou-se e conseguiu ter autocrítica do seu
comportamento. O vínculo possibilitou que M.S. permitisse o acesso da equipe ao seu domicílio, e
que a mesma o ajudasse na organização das atividades da vida diária e no cuidado com seu gato de
estimação. No dia do seu aniversário (jamais antes comemorado), M.S. recebeu os profissionais em
sua casa, e a partir de então passa a se estabelecer um vínculo mais próximo e diferenciado, inclusive
com os familiares que antes o excluíam.
Objeto do Relato
Intervenção na psicose usando o vínculo como recurso.
Objetivos
Discutir o papel do vínculo enquanto tecnologia de cuidado em um caso de esquizofrenia paranoide,
bem como compartilhar os avanços e repercussões desta tecnologia no tratamento com o sujeito
paranoide e sua família.
Análise Crítica
A esquizofrenia paranoide é um diagnóstico difícil de lidar, já que para o indivíduo há prejuízo
significativo no funcionamento em geral, principalmente nas relações interpessoais, com forte
isolamento social, logo a vinculação é um obstáculo. Nesses casos, os antipsicóticos são vistos como
tratamento mais eficaz. O que vocês sabem que eu não sei? , frase repetida diariamente pelo paciente
direcionada inicialmente a família e a equipe técnica. Pelo vínculo, foi possível conhecer a história
de M.A, saber sobre a pessoa, independente do diagnóstico, escutar e acolher o sofrimento, que
possibilitou manejo de crises, apresentando caminhos e espaços para o cuidado, com ênfase no afeto.
Conclusões/Recomendações
O Vínculo é uma tecnologia que facilita trocas de saberes entre o técnico/sujeito, confluindo para atos
terapêuticos a partir das particularidades do indivíduo. Nesta relação com M.A. criou uma construção
da autonomia mediante responsabilização compartilhada entre os sujeitos nessa terapêutica.
Palavras-chave: Vínculo; tecnologia; esquizofrenia.

126
A formação de uma rede intersetorial de saúde mental indigena: dialogos e interculturalidade
para o cuidado territorial.

George Amaro Andrade - SEMSA/AM


Luciana Oliveira Lopes - SEAS/AM
Maria Antonieta Soares Dias - SEMSA/AM

RESUMO
No final de 2016, em decorrência de um processo iniciado a partir de uma articulação entre órgãos
federais, por meio do GT Saúde Mental e Povos Indígenas (FUNAI e Ministério da Saúde -Sesai e
CGMAD/Dapes/SAS), a FUNAI Manaus e o CAPS ad III começaram uma articulação intersetorial ,
em Manaus, para pensar o cuidado aos povos indígenas em sofrimento devido ao uso de álcool e
outras drogas. O processo iniciou-se, principalmente, sobre o diálogo de dois aspectos: 1) o
reconhecimento da invisibilidade dessa população, em um cidade em que o censo do IBGE (2010)
apresenta 4.020 indígenas autodeclarados, representando 92 povos, que falam 36 línguas, distribuídos
em 62 bairros, contrastado por dados de organizações indígenas que fazem referência a 20 mil
indígenas na cidade de Manaus; 2) a reafirmação da proposta do cuidado em liberdade, da reforma
psiquiátrica, como única possível para contemplar o cuidado em respeito a diversidade cultural e
cuidado singular, no território.
Observou-se que em um cenário local de desafios de baixa cobertura assistencial do serviço
especializado comunitário em saúde mental, bem como a invisibilidade da população indígena nos
serviços de saúde, a estratégias de cuidado intersetorial com aproximações dialógicas e práticas sobre
a problemática, emerge como um trabalho que se apresenta como estruturante para continuidade de
cuidado a essa população especifica.
Objeto do Relato
Articulação da rede intersetorial para o cuidado da saúde mental dos povos indígenas.
Objetivos
Apresentar, na perspectiva da gestão, experiências de espaços dialógicos que problematizem a
questão da reforma psiquiátrica, redução de danos e a interculturalidade no cuidado aos povos
indígenas, na cidade de Manaus/Estado do Amazonas, viabilizando e fazendo pensar os processos de
cuidado saúde-doença no território.
Análise Crítica
Essa experiência destacou a importância de se fomentar a possibilidade de trabalho entre culturas nos
cuidados em saúde mental, valorizando a comunicação entre pares em que ambas as culturas e modos
de vida sejam respeitados e valorizados. Essa perspectiva pode contribuir para uma saída da disjunção
e da falta de diálogo entre culturas na prática cotidiana.
Outro aspecto destacado foi o reconhecimento de que existem outras formas de compreensão dos
processos de saúde-doença, e que a ontologia desse conhecimento se baseia em práticas tradicionais
válidas para também pensar a problemática, e que devem ser respeitadas e representadas nessas redes
intersetoriais.
Conclusões/Recomendações
A vivência da experiência possibilitou fomentar espaços para a construção e fortalecimento de uma
rede de cuidados intersetorial que possa dialogar sobre o cuidado aos povos indígenas a partir de um
olhar intercultural, que minimizem relações de poder e reforcem o cuidado em liberdade.
Palavras-chave: Saúde mental; rede intersetorial; povos indígenas.

127
A gestão clínico-política da RAPS no município de Campos dos Goytacazes-RJ: o
redirecionamento da assistência e os caminhos do cuidado em liberdade.

Elisa Lima Mayerhoffer Peralva - Prefeitura de Campos dos Goytacazes

RESUMO
O percurso como psicóloga no campo da saúde mental e a experiência como gestora da Rede de
Atenção Psicossocial no município de Campos dos Goytacazes (2017-2020), configuram-se como
ponto de partida desse relato de experiência, que busca analisar criticamente a concepção de cuidado
às pessoas em sofrimento psíquico grave, a partir da dinâmica assistencial da rede de serviços
psicossociais, no maior município da região Norte Fluminense. Considerando as dimensões clínica e
política que constituem o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, este relato visa elucidar as
estratégias fundamentais de gestão que promoveram e sustentaram a direção antimanicomial da
RAPS, resultando na redução significativa das internações e no fechamento de um hospital
psiquiátrico.
Objeto do Relato
A gestão da RAPS municipal.
Objetivos
Descrever as estratégias clínico-políticas fundamentais de gestão da RAPS de Campos dos
Goytacazes, entre o período de janeiro de 2017 a dezembro de 2020 que possibilitaram o
redirecionamento da assistência em saúde mental e priorizaram os serviços psicossociais
comunitários na centralidade do cuidado aos usuários.
Análise Crítica
O município de Campos dos Goytacazes apresenta desafios para as ações reformistas, uma vez que
traz em sua história a marca de um passado colonial, de exploração da população negra escravizada
pelas grandes usinas de cana-de-açúcar e pelo extermínio dos povos indígenas. A sustenta, ainda hoje,
o mandado social de controle e afastamento da loucura, atribuindo ao adoecimento mental os estigmas
de incapacidade e periculosidade. Dessa forma, um movimento de desconstruções e reconstruções de
novas possibilidades de cuidado foi empreendido pela gestão e serviços da RAPS, buscando sustentar
a desinstitucionalização da doença mental e a radicalidade do cuidado em liberdade.
Conclusões/Recomendações
A assistência ofertada nos serviços está intimamente relacionada às diretrizes sustentadas pela gestão
da RAPS na organização dos mesmos e nos processos de trabalho. Portanto, é preciso que essa rede
tome a responsabilidade pelo cuidado, em especial nas situações de crise.
Palavras-chave: gestão; reforma psiquiátrica, desinstitucionalização.

128
A importância do olhar ao cuidador no contexto da psico-oncologia

Leticia de Andrade Lima - UNIP - Universidade Paulista


Clara Sostena Bell. - UNIP
Ana Paula Parada - UNIP

RESUMO
O trabalho foi realizado pela parceria com uma Associação de Combate ao Câncer Infantil e Adulto
que oferece assistência à pacientes em tratamento oncológico, que também busca difundir
informações sobre a prevenção do câncer. A equipe é composta por 150 voluntários e uma diretoria
técnico-administrativa. O público-alvo são pacientes encaminhados pelo setor de Assistência Social
de diferentes hospitais públicos da cidade. Foram realizados atendimentos psicológicos individuais,
de forma remota, durante o período de isolamento social, tanto com os pacientes, quanto familiares.
De início, foram realizadas entrevistas clínicas para investigar as queixas principais e oferecer melhor
modelo de intervenção. Entendeu-se que, em alguns casos, o atendimento dirigido ao familiar-
cuidador seria o mais adequado. Esta experiência ocorreu no estágio curricular na disciplina de
Psicologia da Saúde da Universidade Paulista. Os atendimentos foram realizados pelos estagiários,
em dupla, semanalmente, com duração media de 1 hora cada. Estes foram posteriormente transcritos
e supervisionados pela docente responsável, sob a perspectiva psicanalítica.
Objeto do Relato
Experiência de atendimento psicológico online oferecido ao cuidador de paciente oncológico.
Objetivos
Descrever a experiência clínica do atendimento online, oferecido durante o período pandêmico, à
familiares de pacientes oncológicos assistidos por uma Associação de Combate ao Câncer, localizada
na cidade de Ribeirão Preto. Além disso, buscaremos elencar os resultados alcançados, os limites e
os desafios enfrentados no processo.
Análise Crítica
A psicologia da saúde pode ser aplicada de forma flexível e adaptada aos contextos. Na pandemia, a
modalidade online mostrou-se eficaz, especialmente à população de alto risco, que ficou privada de
acessos aos serviços. Encontramos dificuldades na manutenção do setting terapêutico, especialmente
quanto ao sigilo do ambiente em que a paciente se encontrava. Foi trabalhado com a paciente em
questão sua concepção idealizada sobre o cuidado, o esforço empregado em manter-se numa postura
inabalável com a ilusão que esta ajudaria na recuperação do paciente, sua sobrecarga de tarefas e a
perda de sua individualidade. O medo de perda e o sentimento de impotência mostraram-se
subjacentes.
Conclusões/Recomendações
Esta experiência nos possibilitou identificar demandas de cuidadores que necessitam ser acolhidas.
Oferecer suporte emocional aos mesmos é poder contribuir para promoção de um ambiente acolhedor
ao paciente oncológico, para o enfrentamento das etapas do tratamento e das angustias consequentes.
Palavras-chave: psicologia da saúde; atendimento on-line; cuidadores.

129
A Saúde Mental de migrantes e refugiados: diálogos entre a psicologia e migração

José Miguel Silva Ocanto

RESUMO
Com o objetivo de contribuir para o processo de autonomia e emancipação de migrantes e refugiados
no Brasil, participantes da comunidade intercultural de aprendizagem do Projeto LER (PUC Minas)
e dos encontros de escuta psicológica do SJMR - BH, foram construídos espaços para possibilitar
discussões sobre temas relacionados à migração, ao refúgio, aos processos de chegada em novos
territórios, às diversas culturas. Os encontros são realizados em um ambiente seguro que permita o
acolhimento sócio-emocional e a reflexão coletiva sobre as diferentes circunstâncias que os
integrantes do grupo tragam para o encontro.
Considerando as singularidades da relação intercultural e os atravessamentos sociais das pessoas
migrantes, porquanto sujeitos que pertencem a grupos minoritários ou, por vezes, minorizados, como
são em grande contingência, como por exemplo, as mães solos, pessoas idosas, deficientes físicos e
pessoas em sofrimento mental; ou membros de grupos ou comunidades como LGBTQIA + e dos
povos originários. Estes grupos têm sido vulnerabilizados e violentados não apenas por estarem em
mobilidade humana internacional, mas por formar parte de outros recortes que vão dizer também do
lugar social que ocupam estas pessoas e da violência à que são expostos. Violências, sejam elas
subjetivas ou pelo modo que são negligenciados pelo Estado, deixando-os à margem da exclusão.
Esses conjuntos de violência reverberam no adoecimento psíquico do sujeito migrante.
Objeto do Relato
Acompanhamentos grupais e individuais na inserção de migrantes e refugiados na sociedade
brasileira.
Objetivos
Apresentar e refletir sobre as potencialidades da psicologia social comunitária e latinoamericana no
trabalho com a população migrante e refugiada em projetos de Belo Horizonte, bem como refletir
como a produção e gestão do sofrimento psíquico atravessam essa população.
Análise Crítica
Percebemos a maneira pela qual a saúde mental das pessoas migrantes e refugiadas é atravessada por
lógicas e práticas excludentes, xenófobas e aporófobas. Ao se realizar uma prática de maneira
descontextualizada e colonizadora, acaba-se por produzir um fazer que produz e gere o sofrimento
psíquico de migrantes e refugiados. Em contraponto, acreditamos que a psicologia deve buscar o fazer
que possibilite, de forma alinhada com a transformação social, o protagonismo dos migrantes em sua
inserção na sociedade, assim como políticas duradouras que reafirmem o lugar de cidadão e
possibilitem a ocupação de novos territórios e espaços sociais historicamente negados.
Conclusões/Recomendações
No entendimento da saúde mental na perspectiva integral e coletiva, apostamos no encontro
comunitário com a diferença para a produção de uma psicologia crítica, ética e política, que coloca a
diversidade e a pluralidade como valores humanos constitutivos a serem potenciados e preservados.
Palavras-chave: Migração; Refugio; Minorias; Comunitario; Interseccionalidades.

130
Ações em Economia Solidária e Saúde Mental: inauguração da Cantina da Rede de Economia
Solidária e Saúde Mental de Curitiba e Região Metropolitana - LIBERSOL enquanto espaço
comunitário.

Maurício Marinho Iwai


Nathalia da Rosa Kauer - UFPR/Libersol
Caíque Lima Sette Franzoloso - UFPR/Libersol
Roberta Alves da Rosa - UFPR/Libersol
Luis Felipe Ferro - UFPR/Libersol
Joabe Michael Batista dos Santos - UFPR/Libersol
Allana Karoline Chaves Da Silva - UFPR/Libersol

RESUMO
Previamente, a co-autora Roberta Alves da Rosa (estágio de graduação) esteve por seis meses
coordenando um grupo no CAPS III Cajuru na cidade de Curitiba-PR, neste processo o objetivo foi
trabalhar com os usuários os princípios e valores da Economia Solidária. Na sequência, a partir de
Abril de 2022, o grupo inaugurou o espaço da cozinha e cantina da LIBERSOL, em que os usuários
passam a ser reconhecidos como trabalhadores, e que é fruto de esforços e projetos dos últimos anos
do Grupo de Estudos e Pesquisa Loucura em Liberdade (GEPEL) que congrega estudantes de
extensão, graduação e pós-graduação da UFPR. O proponente deste relato de experiência participa
do grupo por meio de seu projeto de pesquisa-ação (mestrado) e como trabalhador-coordenador, um
papel a partir do qual se coloca horizontalmente como trabalhador do grupo ao mesmo tempo em que
contribui com sua expertise. Desta mesma forma e também com outros papeis participam os co-
autores deste relato, além da participação e parceria dos profissionais do CAPS. Atualmente o grupo
de culinária está em fase inicial e ainda não foi batizado enquanto um Empreedimento Econômico
Solidário (EES), mas já iniciou sua produção culinária semanal com comercialização nas Feiras
Solidárias da LIBERSOL e outros espaços, gerando inclusão, trabalho e renda aos trabalhadores. Os
principais produtos até o momento são de confeitaria (cookies, brownies e bolos) e caldos e sopas.
Objeto do Relato
Inauguração da cantina e cozinha da LIBERSOL com experiências em Economia Solidária e Saúde
Mental
Objetivos
Foi inaugurada recentemente a cantina e cozinha da LIBERSOL em um espaço universitário e um
grupo de geração de renda e ECOSOL constituído por usuários de um CAPS III do município de
Curitiba está ocupando este espaço com assessoria e apoio de atores da rede. O objetivo é promover
inclusão social pelo trabalho à pessoas em sofrimento mental.
Análise Crítica
A experiência reflete a necessidade de superação das desigualdades impostas pelo capitalismo às
pessoas em sofrimento mental, bem como apresenta um desafio: como tecer integração e trabalho em
rede entre a universidade, outros setores, gestão e serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
em tempos em que a atenção e cuidado em saúde se mostram cada vez mais reduzida à lógica
ambulatorial e médico-centrada?
Conclusões/Recomendações
Tem sido fundamental o processo de corresponsabilização de diferentes setores da sociedade,
principalmente em tempos de fragilidade das políticas públicas. Nesse sentido, este projeto visa
mobilizar os mais diversos atores em um trabalho que a ser reconhecido como Reabilitação
Psicossocial.
Palavras-chave: Economia Solidária; Reabilitação Psicossocial; Atenção Psicossocial; Saúde
Mental; Políticas Públicas.
131
Atavismos contra o gênero feminino no caos psicossocial aprofundado pela Covid-19

Natasha Cabral Ferraz de Lima - UFPA - Universidade Federal do Pará


Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel - Universidade Federal do Pará

RESUMO
As pessoas podem circular sem máscaras em espaços abertos: é março de 2022, foi emitido pelos
governos estaduais e municipais brasileiros mais um decreto para outorgar a mais recente prescrição
sanitária para o enfrentamento da Covid-19. A medida é mais um ato de aliteração de governos sem
políticas públicas duradouras, que adotaram a função de legislar em resposta ao poder executivo
federal, entre outros motivos pelo embate político e científico com a gestão nacional, e a do ministério
da saúde. Como resultado se deu o aprofundamento no caos vivido por mulheres pretas, idosas,
economicamente desprovidas de recursos materiais, de habitação, e de rede de suportes para manter
os filhos.
Objetivos
Tais mulheres vivenciam na pandemia de Covid-19 uma realidade de sofrimentos de gênero ligados
à atual conjuntura e aos jugos historicamente presentes no cotidiano e nas suas relações. O estudo é
composto como revisão integrativa da literatura científica fenomenológica sobre as repercussões
psicossociais na vivência de mulheres na pandemia da Covid-19.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com estratégia integrativa de artigos publicados de março/2020
a março/2022 nas bases de dados em saúde: Lilacs, Paho, Medline e Scielo, com os descritores
mulheres, gênero, fenomenologia, negra, covid-19, psicossocial.
Resultados
Nos resultados identificou-se: diferenças na divisão de tarefas cotidianas como cuidado dos filhos,
estar disponível às demandas emocionais da família são influenciadores da sobrecarga de trabalho; o
isolamento social como fator de risco em saúde mental; uma em cada quatro mulheres afirmaram ter
sofrido algum tipo de violência, o aumento de notificações pela maior convivência com o agressor;
precarização de programas de apoio às mulheres (creches, serviços de atenção); Também o
adoecimento relacionou-se à maior exposição ao vírus por a maioria dos profissionais de saúde serem
do sexo feminino. Ao estabelecer uma analogia entre as características do caos mencionado e o
significado do termo latino vírus: veneno, conjeturamos que a pandemia da Covid-19 reifica o
controle da sexualidade das mulheres; a restrição a livre circulação; o impedimento a estudar, ao lazer
são venenos presentes na transmissão da atávica tentativa de manter mulheres em cativeiros
psicossociais. Elas mascaram o seu controle e a objetivação, semelhante às medidas de
distanciamento e isolamento social para reduzir o impacto da covid-19, na ausência de projetos de
prevenção a saúde integral individual e coletiva.
Palavras-chave: mulheres; covid-19; impacto psicossocial; fenomenologia.

132
Conhecimento dos participantes de uma ações virtual de saúde mental sobre o uso de drogas
entre a população idosa

Jucélia Moraes de Lima - Secretaria Municipal de Saude


Ronaldo Bezerra de Queiroz - UFPB
Alisséia Guimarães Lemes - UFMT
Suzicléia Elizabete de Jesus Franco -UFPB
Elias Marcelino da Rocha - UFMT/CUA
Alisséia Guimarães Lemes - UFMT/CUA

RESUMO
segundo os indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil há um aumento significativo da
população idosa. Diante desse crescimento um dos problemas preocupante de saúde pública é o uso
de substancias psicoativas por essa população.
Objetivos
Descrever sobre o conhecimento dos participantes de uma ação virtual de saúde mental sobre o uso
de drogas entre a população idosa.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva quantitativa realizada no mês de dezembro de 2021 com 18
integrantes de um projeto de pesquisa e extensão em saúde mental da Universidade Federal de Mato
Grosso em Barra do Garças, Mato Grosso, Brasil. Os dados foram coletados por meio de um
formulário eletrônico contendo questões de caracterização dos participantes e de avaliação sobre o
uso de drogas entre idosos, aplicado anterior a reunião de capacitação dos membros do projeto e
analisados de forma descritiva.
Resultados
Participaram do estudo 18 pessoas, com idade de 20 a 53 anos, em sua maioria do sexo feminino
(94%), com ensino superior incompleto (33%), universitários (39%), enfermeiros (33%) e discentes
de pós-graduação (17%). Cerca de 67% dos membros conheciam sobre a Política Nacional do Idoso.
A maioria dos participantes reconheceram o álcool como a droga de primeira escolha dos idosos
(100%), seguido dos derivados do tabaco (80%) e da maconha (13%). Para 80% dos participantes o
uso de drogas influencia diretamente o modo de viver da pessoa idosa. Além disso, o uso prejudicial
de álcool e outras drogas pode interferir e contribuir para fragilizar laços familiares (73%), causar
exclusão social e isolamento (73%), depressão (93%); ansiedade (93%); suicídio (87%) e fobia
(40%). Cerca de 53,3% dos participantes concordaram que os idosos são mais vulneráveis aos efeitos
iatrogênicos do consumo de drogas e a dependência. Diante do exposto torna-se de suma importância
a adoção de medidas preventivas e investimento em políticas públicas, contribuindo para melhoria da
qualidade de vida, com vistas a inclusão social e a quebra de estigmas associados a pessoa idosa que
fazem uso de drogas.
Palavras-chave: Droga; Idoso; Saúde Mental.

133
Demanda do cuidador por internação psiquiátrica de longa permanência: relato de
experiência do desafio antimanicomial em uma enfermaria de curta permanência.

Diego Gardenal Alcantara - USF


Juliana Marim - Universidade São Francisco
Luiz Fernando Ribeiro da Silva Paulin - Universidade São Francisco

RESUMO
O relato é sobre a vivência em uma enfermaria psiquiátrica inserida dentro do Hospital Geral
Universitário São Francisco - Bragança Paulista, caracterizado como ambiente de cuidado ao usuário
e acadêmico. A essência do serviço é a luta antimanicomial - o primeiro hospital-dia do município
(1995). Após alguns anos tornou-se necessário a enfermaria para casos agudos. Desde a sua formação,
a proposta é que a coordenação do cuidado seja embasada na não institucionalização do usuário,
através da articulação da internação com o serviço de seguimento longitudinal. Porém um embate
recorrente é o questionamento da família em relação ao tempo de internação, que é em média 15 dias.
Durante a alta da enfermaria nota-se a insatisfação dos cuidadores e a tentativa de culpabilizar os
profissionais caso haja algum dano ao usuário, pois é lido como um descuido o plano terapêutico ser
baseado na liberdade precoce. Além disso, é compreensível o sofrimento existente na rede de apoio
pois há demanda do cuidado constante e isso pode levar a um esgotamento psíquico do cuidador.
Porém, em todos os cenários é claro, para equipe, que a internação prolongada não traz benefício para
nenhum dos participantes do processo. Os recursos adotados são: acordo com o responsável durante
a admissão sobre o tempo reduzido, contato profissional continuado com os cuidadores durante a
internação, atendimento em conjunto durante as visitas com objetivo da internação ser parte e não
fim.
Objeto do Relato
Percepção do cuidador sobre internação psiquiátrica de tempo reduzido, angústias e dificuldades.
Objetivos
Discutir a percepção do cuidador acerca da internação psiquiátrica. Compartilhar a experiência
observada na troca com as famílias: demanda por internações prolongadas, insatisfação com
seguimento de tratamento aberto com melhora parcial do quadro e percepção de impotência dos
dispositivos do SUS. Por fim propor estratégias para rever este sistema.
Análise Crítica
Durante o processo da internação psiquiátrica é essencial a coparticipação dos cuidadores e da rede
de apoio. A presença e a importância da família ou responsável na gestão do cuidado da pessoa em
situações de incapacidade deliberativa é determinante, já que essas figuras externas irão determinar
de forma mais incisiva a direção do tratamento neste momento. É recorrente o questionamento por
prolongamento da internação, ou seja, da exclusão do louco da sociedade. Com isso se traduz a
manutenção da lógica manicomial e a ausência de clareza da função da enfermaria psiquiátrica para
os cuidadores. A psicofobia reside, ainda, desde os núcleos sociais mais primitivos e essenciais dos
usuários.
Conclusões/Recomendações
O papel da internação precisa estar claro para os cuidadores e a coordenação do cuidado longitudinal
bem articulada com a rede assistencial. A loucura pode ser compreendida como uma condição
determinada a partir do controle social do corpo, que pode ser agressivo. Cura é liberdade em suas
dimensões.
Palavras-chave: Internação psiquiátrica; cuidador; institucionalização; cuidado longitudinal.

134
Desafios para educação inclusiva: Experiência de estágio em mediação escolar.

Gabriella Pinho Martinez Dominguez - UFF - Universidade Federal Fluminense


Taynara da Glória Martins - UFF CAMPOS
Laura Zimmermann Coelho - UFF CAMPOS
Beatriz de Almeida Sales - UFF CAMPOS
Luana da Silveira - UFF CAMPOS

RESUMO
Inseridas em instituições públicas de ensino que estão localizadas em territórios periféricos do
município, com os maiores índices de violência, nos deparamos com os atravessamentos da
invisibilidade destinada a essas crianças, que são, sistematicamente, postas em uma posição de
subalternidade em sala de aula. Dessa forma, desenvolvemos atividades que visem maior autonomia
e protagonismos dessas crianças, contribuindo para o seu pleno desenvolvimento, com dinâmicas
adaptadas, com recursos de audiovisual e psicopedagógico que envolve toda a turma e professores.
Contudo, desde o início do estágio, observamos a prevalência de posturas estigmatizantes com esses
alunes, seja por pré-noções capacitistas, seja por desconhecimento teórico. Somadas todas essas
questões, compreendemos o processo de ensino-aprendizagem como importante elemento no
processo de constituição subjetiva desses sujeitos, de promoção de saúde mental e/ou no adoecimento
desses corpos. Essa experiência de mediação tem se constituído enquanto dispositivo de inclusão e
desinstitucionalização de crianças com deficiência, passando a serem vistas como sujeito de direitos
e de possibilidades, de convivência, aprendizado e autonomia.
Objeto do Relato
Experiência em mediação em sala de aula como estágio de psicologia para inclusão escolar.
Objetivos
Pretende-se problematizar o recurso da mediação escolar e criar possibilidades de expansão das
estratégias de reabilitação psicossocial e desinstitucionalização para o processo de educação
inclusiva. Para tal pretende-se questionar quais são os impactos na saúde mental e subjetividade dos
estudantes mediados na turma e com os profissionais.
Análise Crítica
A mediação funcional no contexto escolar, para que seja produtora de possibilidades com alunes com
deficiência, é urgente que haja estímulo à prática da comunicação aberta, diálogo, além de criar
autonomia e maior convivência com os outros alunos e professores. Entretanto, não é essa a realidade,
visto que as escolas, onde estamos inseridas, são extremamente capacitistas, não há mediação com
instrumentos e atividades inclusivas. Logo, a mediação sem nenhuma inclusão e estratégia de
reabilitação psicossocial é um trabalho de cuidado e contenção disciplinadora, e não de inclusão de
alunes na escola. Reforça-se a institucionalização das deficiências ao invés da desinstitucionalização.
Conclusões/Recomendações
O processo de mediação requer inclusão e intervenção com diferentes atores na escola, já que é
entendida como reforçadora do sistema capacitista e manicomial. Há necessidade de equidade e
reconhecimento de diferenças nesse processo. Sendo também pauta na atenção psicossocial e reforma
psiquiátrica.
Palavras-chave: crianças com deficiência; capacitismo; educação inclusiva; mediação

135
Diálogo entre Assistência Social e Saúde Mental

Bruna Renata Scarduelli Vieira - Municipio De Ourinhos


Silvio Jose Benelli - Unesp - Julio de Mesquita Filho

RESUMO
A pesquisa em andamento propõe evidenciar criticamente as ações e técnicas ofertadas pelos
equipamentos da Proteção Social Básica Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e
medidas que visam equacionar e subverter as demandas para além do plano individual, de forma a
incluir a questão social e política na perspectiva dos sujeitos de direitos. O que tem sido produzido?
Filantropia, dependência e docilização (FOUCAULT, 1999) ou efetivação de direitos sociais? No
recorte apresentado como relato de pesquisa, prender-se-á discutir sobre a pobreza e seus efeitos como
fenômeno multidimensional (CRESPO; GUROVITZ, 2002), complexo e latente, no constructo do
pensar, dialogar e discutir sobre o impacto da desigualdade social, pobreza e vulnerabilidade na saúde
mental das pessoas.
Objetivos
Utilizar o recorte de uma pesquisa em andamento permeada pela pandemia e seus desdobramentos
como sinalizadores importantes, que permitem ter indícios de que os aspectos psicossociais da
pobreza podem influir no processo saúde-doença mental, bem como, de que forma a pobreza e as
vulnerabilidades se apresentam como um fator produtor de singularidades e dos modos de ser, ler,
sentir e agir.
Metodologia
A estratégia teórico-metodológica utilizada é o Dispositivo Intercessor (DI), desenvolvido por Abílio
da Costa-Rosa (2019), que visa romper com a divisão social do trabalho, pois considera que todas as
pessoas envolvidas, a partir do seu lugar social e também de sua posição profissional têm um saber e
um fazer sobre a ação que executa. A profissional parte então da vivência e práxis, da inserção
institucional concreta, localizada na ética alicerçada em seu lugar de classe, com direção a produzir
um saber, uma teorização que reflita sobre a prática e dialogue com ela.
Resultados
Hillesheim e Cruz (2012) utilizam o conceito de biopolítica de Foucault, para demonstrar como a
Assistência pode compor uma ampla estratégia de normalização da população pobre, um modo de
regulação do Estado sobre a vida, moldando determinadas formas de subjetividade. Enquanto
assistentes sociais da Proteção Social Básica (PSB), a maioria das trabalhadoras pouco tem a oferecer
de concreto aos usuários dos serviços, sendo possível disponibilizar acolhimento e escuta. São tempos
de precarização da política e de acirramento da pobreza e da vulnerabilidade, concretizando a
necessidade de interlocução entre as políticas públicas, o fortalecimento do trabalho em rede, a
humanização e singularização dos atendimentos aos usuários. Refletir sobre os efeitos da pobreza e
das vulnerabilidades na PSB, na saúde mental e na produção de cuidado supõe problematizar a
intersecção entre a Saúde Mental e a Assistência Social e o que têm sido produzido e ofertado nos
CRAS. Há necessidade de ampliação do cuidado em rede, da reflexão sobre o conceito de Saúde
Mental, com ênfase no fato de que as desigualdades sociais, a pobreza e as vulnerabilidades são
também produtoras de sofrimento psíquico.
Palavras-chave: Proteção Social Básica; CRAS; pobreza; saúde mental; cuidado.

136
Estado, Família e Saúde Mental: familismo ou cuidado no território?

Maria Isabel Formoso Cardoso e Silva - Universidade Estadual do Oeste do Paraná

RESUMO
Estudo teórico-bibliográfico e documental desenvolvido junto ao PPGSS - UNIOESTE/Toledo-PR,
abrigando outras pesquisas relacionadas ao tema da Saúde Mental, enquanto campo de proteção
social, e família. Ela parte das contradições presentes na própria legislação relativa à Política de Saúde
Mental no Brasil, teoricamente pautada na concepção de cuidado no território, mas que em sua
efetivação prática, dá brechas a concepções familistas, seja: a partir da organização e estrutura dos
serviços e cuidados; pelas noções estereotipadas e estigmatizadoras sobre a família e aos papéis
familiares frente ao transtorno mental, nutridas pelos próprios profissionais da área; pela
determinação política de centralização das ações e dos recursos em situações mais limites do que em
situações cotidianas
Objetivos
Compreender relações e ações desenvolvidas pelo Estado no âmbito da Proteção Social,
especialmente na política de atenção à Saúde Mental, tendo como recorte a inserção da instituição
familiar nos programas, projetos e serviços da área, com base nas diretrizes da Lei 10.216/2001,
analisando-se a produção de contradições entre a lógica territorial e a concepção familista das
políticas sociais
Metodologia
A metodologia envolve: a) Estudo teórico-bibliográfico relativo às categorias teóricas fundantes do
campo estudado, como Saúde Mental, Estado e Proteção Social, Política Social e lógica territorial,
Política de Atenção à Saúde Mental, Família, familismo, cuidado no território dentre outras; b)
Pesquisa documental atinente à legislação em Saúde Mental, a partir da Lei 10.216/2001 e outras
legislações subsequentes (Portarias, Decretos, Resoluções etc.), para se compreender suas
contradições quanto às concepções e orientações relativas ao cuidados no território e os limites
colocados a isso
Resultados
Conforme os princípios da Reforma Psiquiátrica, a família deve exercer seu protagonismo na
promoção do cuidado à pessoa com transtorno mental, o que normalmente acontece no ambiente
doméstico ou no serviço/programa de Saúde Mental comunitário e aberto, substitutivo ao
abrigamento em asilo ou hospital psiquiátrico, pautando-se pela concepção de que essa promoção de
cuidados se dê no território. Isso é semelhante às políticas sociais em geral, pois segundo vários
estudos, elas têm se configurado de acordo com a lógica territorial e se orientam pela centralidade da
família e pelo protagonismo familiar nas ações de proteção social de seus membros; assim, no âmbito
da Saúde Mental, o território e a família também ostentam destaque. Entretanto, devido à concepção
familista presente nas políticas sociais de um modo geral, desenvolvidas na América Latina, e
especialmente no Brasil, tem-se observado, conforme a literatura, que tanto o protagonismo familiar,
como a lógica do cuidado no território em que fundamentam a política de atenção em Saúde Mental,
sucumbem ao controle e à desassistência do Estado, convertendo-se em mera reprodução da ordem
médica (higienista) e da lógica ambulatorial.
Palavras-chave: Saúde Mental; Família; Cuidado no Território.

137
Eu vou sentir o calor da rua: Experiências itinerantes de cuidado em Saúde Mental

Amanda Araujo Mendes - Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz Brasília

RESUMO
A pesquisa abordou a rua como espaço de construção de cuidado em saúde mental a partir de
vivências nas ruas de Brasília/DF, enquanto cenário de prática de um Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. É um trabalho de conclusão de curso,
tendo como principal questionamento quais as possibilidades de construção de cuidado em saúde na
rua, considerando as particularidades desse espaço, a partir do modelo da itinerância? . O estudo
dialoga com autores como Lancetti, Merhy, Nery, Spinoza, Yasui, Costa-Rosa, Foucault e Mbembe e
se posiciona politicamente sobre a importância da rua como campo prático na formação em Saúde
Mental, especialmente com o contexto de desmontes de políticas públicas voltadas para a populações
vulneráveis, agravado com a pandemia.
Objetivos
O objetivo geral foi discutir possibilidades de construção de cuidado em saúde mental na rua, com o
caráter transitório dos modos de viver e ocupar esse espaço. Os objetivos específicos foram apresentar
experiências vividas como residente na rua e discorrer a respeito desse cenário e suas
vulnerabilidades, pressupondo que por meio da itinerância e da Redução de Danos é possível produzir
cuidado.
Metodologia
O estudo toma como materialidade experiências e reflexões vivenciadas no cenário de prática da
residência: o Setor Comercial Sul, região central da cidade, relatadas pela metodologia da
autonarrativa. Parte-se de quatro cenas de produção de cuidado vividas no encontro com as
populações atendidas: pessoas em situação de rua e profissionais do sexo que moram e trabalham no
referido território. A análise do material construído em diários de campos está ancorada em discussões
teóricas sobre Território, Racismo de Estado, Necropolítica, Cuidado, Itinerância, Encontro, Amor e
Redução de Danos (RD).
Resultados
A estruturação da pesquisa em uma autonarrativa permite que o leitor vivencie parte da experiência
em campo. A partir das cenas, o estudo discorre sobre as ruas de Brasília, com discussões sobre esse
território como cenário e ator dos processos de cuidado. Apresenta-se uma reflexão sobre a relação
entre corpo e território, com articulações teóricas que demonstram o quanto a rua passa a ser um
território de exceção onde se normaliza violências e opera uma política de morte e exclusão para
certos corpos que não são acessados pelo cuidado das políticas públicas institucionais. Assim, o
estudo posiciona a atenção psicossocial como trabalho vivo e relacional que tem o corpo do
profissional como principal ferramenta e a itinerância como tecnologia leve necessária para
acompanhar a transitoriedade do espaço rua e os estigmas e situações vivenciados pelos usuários,
tendo o vínculo e a abordagem ética acolhedora da RD como condições de possibilidade para o
cuidado. A pesquisa traz, então, o conceito de práticas de cuidado norteadas pela Ética do Encontro ,
que se disponham a despir-se de certezas e estar em movimento, na rua, buscando promover encontros
com amor, afeto e potência de vida.
Palavras-chave: Redução de Danos; Itinerância; Cuidado; População em Situação de Rua;
Profissionais do Sexo.

138
Grupo Terapêutico: um espaço de acolhimento e de suporte para o final de semana, através
da técnica da auriculoterapia.

Raquel Ferreira de Oliveira Alves - CAPS AD


Felipe Jesus Dadam - CAPS AD Resende
Daniel Luzia da Silva - CAPS AD Resende
Viviane Ferreira de Souza - CAPS AD Resende

RESUMO
Configura-se em um espaço livre de fala, mediada pelas intervenções dos técnicos a fim de
compartilhar e partilhar as experiências e histórias que permeiam a vida de cada indivíduo. Para isso,
são utilizadas técnicas de psicoterapia em grupo, escuta qualificada, e vivências orientadas.
Também contamos com a técnica da auriculoterapia, como importante método terapêutico de suporte
para o final de semana, sendo que estimula pontos situados na orelha, que correspondem a todos os
órgãos e funções do corpo. Ao efetuar a estimulação desses pontos, o cérebro recebe um impulso que
desencadeia uma série de fenômenos físicos, relacionados com a área do corpo, produzindo assim o
equilíbrio. É possível observar, no decorrer dos encontros do grupo, através das falas dos usuários,
que há resposta positiva em quadros de ansiedade, insônia, compulsão, abstinência, dores musculares
e tensionais, dentre outros.
Além disso, utiliza-se a música e o violão como estratégias de acesso às memórias, às emoções e às
experiências vivenciadas pelos indivíduos ao longo da vida. O objetivo é proporcionar, através da
música, uma visita a lugares, objetos, rostos, significados, valores. Desse modo, visamos ao
acolhimento, ao dinamismo, à criatividade e à espontaneidade.
Objeto do Relato
Exposição de atividades realizadas no grupo terapêutico com os usuários do Caps Ad de Resende RJ.
Objetivos
Tem como objetivo oferecer um espaço de acolhimento e de reflexões em grupo, a partir das questões
trazidas, de modo que possa criar uma rede de apoio e de compartilhamento entre os participantes
Análise Crítica
Compreendemos que a grupo terapêutico é uma ferramenta que pode vir a subsidiar, através do
compartilhamento semanal das experiencias de seus participantes, a construção singular de respostas
aos impasses que causam sofrimento que esses possam vir a encontrar. Tal instrumentalização acentua
que haver um espaço confiável, aberto e coletivo é muito importante para o fortalecimento do vinculo
tanto entre os próprios usuários quanto entre eles e os profissionais. Além disso, ressalta-se a
importância dos encontros acontecerem especificamente todas as sextas-feiras, visto que as
experiencias e reflexões trocadas no grupo servem como suporte para o fim de semana.
Conclusões/Recomendações
Entendemos que o grupo terapêutico é um espaço de acolhimento, em que se acentua o cuidado dos
usuários e é proporcionado participação em atividade dinâmica e integrativa para aqueles que estão
em acompanhamento dentro dos serviços de atenção psicossocial.
Palavras-chave: Psicossocial; Grupo; Terapêutico.

139
Intersecções e suicídio de adolescentes: o dito e o não dito por profissionais da RAPS

Camila Nied - UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

RESUMO
Estudos indicam que os adolescentes jovens negros e/ou homossexuais estão mais expostos a violação
de direitos humanos, a diferentes tipos de violência e ao risco de suicídio. Logo, este artigo consiste
em um recorte de pesquisa de dissertação, a qual entrevistou profissionais da Rede de Atenção
Psicossocial, para analisar como eles trabalhavam a prevenção do suicídio de adolescentes. A partir
da análise das entrevistas para a dissertação, constatou-se a oportunidade de analisar lacunas e
reproduções de estigmas nas falas dos profissionais. Logo, surgem questionamentos: como os
profissionais avaliam (ou não) as relações de sexualidade, gênero e raça em relação ao suicídio de
adolescentes? Como aparecem as intersecções em seus discursos sobre prevenção do suicídio?
Objetivos
Discutir as lacunas dos discursos sobre suicídio de adolescentes; analisar como os profissionais
relacionam as questões de sexualidade, gênero e o suicídio.
Metodologia
Este trabalho é um recorte de pesquisa de dissertação, realizada em 2020-2021, a qual utilizou
abordagem qualitativa exploratória e como ferramenta analítica a análise temática. A pesquisa foi
desenvolvida em um município da região metropolitana de Porto Alegre. Foram entrevistados em
profundidade onze profissionais da RAPS que atuam na assistência a adolescentes. A dissertação
analisou a atenção à saúde adolescentes com comportamento suicida na RAPS de um município do
sul do Brasil, a partir do ponto de vista dos profissionais, e a presente pesquisa consiste em um recorte
dos achados.
Resultados
Em relação ao não dito pelos profissionais, destaca-se a invisibilidade de falas sobre raça,
vulnerabilidades, o suicídio de adolescentes e as possíveis intersecções entre as opressões sofridas
por este público. Sexualidade e gênero apareceram como problemas que poderiam estar relacionados
ao comportamento suicida, elucidando a reprodução de discursos heteronormativos. Portanto, utilizar
a interseccionalidade como lupa analítica para pensar a intersecção de exclusões, desigualdades de
gênero e raça, violências e invisibilidades, as quais, por vezes, ficam em segundo plano nas discussões
e na produção de saberes sobre suicídio, abre a oportunidade de compreender como essas opressões,
que são reproduzidas inclusive pelo sistema de saúde, impactam frente ao fenômeno e à vida dos
adolescentes.
Palavras-chave: Suicídio; Adolescentes; Interseccionalidade.

140
O acolhimento a crise no dia a dia de um CAPSi: un relato de experiência

Ingrid Meneses Sampaio - SMS-RJ Secretaria Municipal de Saúde

RESUMO
O presente estudo é um trabalho de conclusão de estágio (TCE), que tem por objetivo relatar as
experiências obtidas em um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi), CAPSi II Eliza
Santa Roza, na zona oeste do Rio de Janeiro, cuja a inserção neste ambiente ocorreu através de estágio
não obrigatório. A escolha do CAPSi surgiu da vontade de trabalhar com crianças e adolescentes na
área de cuidado em saúde mental, em um serviço que tenha como lógica de funcionamento os
princípios do SUS e da clínica ampliada. Os Centros de Atenção Psicossocial surgem a partir da
reforma psiquiátrica, numa lógica antimanicomial, fazendo-se necessário pensar e repensar as práticas
de cuidado a todo instante. Sendo assim, o tema deste estudo foi escolhido de acordo com o interesse
de descrever como se dá o acolhimento à crise neste ambiente e descrever os serviços oferecidos para
este acolhimento, ressaltando a importância de trabalhar em rede. A clínica ampliada neste serviço se
dá devido ao reconhecimento de que o cuidado em casos de maior complexidade pode ser muito mais
potente ao ser compartilhado tanto na própria equipe como na rede intrasetorial: redes do mesmo
setor, instituições de saúde e intersetorial como escolas, abrigos, etc. Esta forma de organização do
trabalho se caracteriza como trabalho em rede. O atendimento nesses espaços, voltados mais para os
casos de complexidade e gravidade, faz-se necessário para pensar o contexto da crise nesse
dispositivo.
Objeto do Relato
Acolhimento à crise no CAPSi
Objetivos
Relatar como se dá o acolhimento à crise no CAPSi e descrever os serviços oferecidos para este
acolhimento, ressaltando a importância de trabalhar em rede.
Análise Crítica
O contexto da crise no CAPSi deve ser entendido como um momento de pensar o cuidado no
território, entendendo a complexidade da crise. Ademais os dispositivos do CAPSi se mostram
potentes recursos para manejo da crise, apesar da falta de recursos humanos e materiais.
Conclusões/Recomendações
O fechamento deste trabalho se faz diante da reflexão que deve ser feita mediante as práticas em
saúde mental, em uma lógica antimanicomial, visto que esta luta ainda vigora nos dias de hoje. A
reforma psiquiátrica ainda acontece, desconstruindo no cotidiano o estigma, e garantindo direitos.
Palavras-chave: saúde mental; atenção psicossocial; acolhimento à crise, infância.

141
O cuidado integral na perspectiva dos enfermeiros que atuam na saúde mental

Edna Gurgel Casanova - UERJ Faculdade de Enfermagem


Diego Adolar dos Santos Siqueira - Secretaria Municipal de Saúde
Tiago Braga do Espírito Santo - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Alexandre Vicente da Silva - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
Historicamente a enfermagem em saúde mental orientada pelo modelo biomédico centrava seu
processo de trabalho no cuidado aos aspectos biológicos da doença do usuário, afastando-se das suas
necessidades enquanto sujeito completo, holístico e, portanto integral. Além disso, priorizava
questões relativas à gestão do ambiente hospitalar. Isso teve como conseqüência, a ocupação da maior
tempo do seu trabalho com inúmeras atividades administrativas. Estas atitudes da equipe de
enfermagem implicaram em uma clínica reducionista e ineficaz, A integralidade tem como ponto
central, a recusa do reducionismo e da objetivação dos sujeitos. Assim, a Enfermagem que atua em
serviços de saúde mental deve perceber a multidimensionalidade humana para melhor cuidar das
necessidades dos usuários.
Objetivos
Identificar a percepção do cuidado integral para os enfermeiros que trabalham em dispositivos de
saúde mental
Analisar o cuidado dos enfermeiros em dispositivos de saúde mental sob a ótica da integralidade
Metodologia
Estudo descritivo exploratório com abordagem qualitativa. Os cenários foram uma enfermaria
psiquiátrica de um hospital universitário e um Centro de Atenção Psicossocial localizados no Rio de
Janeiro. Ambos vinculados a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, sendo que o CAPS também
é conveniado à Secretaria Municipal de Saúde. Os sujeitos foram dez, entre enfermeiros e residentes
de enfermagem. A coleta de dados foi através da entrevista, e na análise dos dados utilizou-se a análise
de conteúdo segundo Bardin. Teve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UERJ sob o n
41883020.4.0000.5282
Resultados
O estudo possibilitou que um tema tão complexo e relevante como a integralidade na prática da
Enfermagem em saúde mental, ratificasse a importância do trabalho interprofissional e em rede.
Vários desafios e potencialidades foram evidenciados na pesquisa, sempre com uma leitura ampliada
das necessidades de saúde das pessoas, reconhecimento da sua autonomia e singularidade. A
variedade de abordagens referidas sobre o cuidado integral demonstrou que o trabalho relatado por
alguns enfermeiros produz fragmentações no cuidado. Assim, a integralidade do cuidado realizado
por determinados participantes apesar da reorientação provocada pela Reforma Psiquiátrica ainda
convive e dialoga com um fazer herdado do modelo biomédico. Também foi evidenciada a
necessidade de rompimento da soberania de algumas profissões na área da saúde. Os dados colocaram
em cena que é imperativo reconhecer que o fortalecimento da RAPS é fundamental para o alcance da
integralidade do cuidado. Na formação e capacitação de profissionais de saúde, todo o processo
educacional deveria dialogar com a multiprofissionalifdade para o alcance de uma clínica integral e
ampliada.
Palavras-chave: Saúde mental; Integralidade em Saúde; Enfermagem psiquiátrica; Cuidados de
enfermagem.

142
Os Desafios da Implementação da Assembleia de Usuários no CAPSi de Maricá/RJ

Priscila Heusner Gonçalves de Sousa - CAPSi Maricá


André Luiz Souza da Silva - CAPSi Maricá

RESUMO
A experiência ocorre no CAPSi de Maricá/RJ, dispositivo inaugurado em setembro de 2018. Único
serviço de saúde mental infantojuvenil do município, que atende aos quatro distritos do território.
Nos dois primeiros anos de implantação o CAPSi seguia uma prática ambulatorial, onde os usuários
recebiam atendimento pontual para suas questões, fossem elas de ordem médica ou subjetiva. Faltava
a aposta na continuidade do cuidado, no trabalho no território, na construção coletiva, na atenção à
crise dentro ou fora do serviço, em suma, na lógica da atenção psicossocial. Dentre as ações faltantes
estavam aquelas voltadas para o protagonismo juvenil, e foi com a pretensão de dar resposta a essa
falta que no início de 2021 um grupo de profissionais recém chegados ao serviço começou a propor
um redirecionamento do modelo de trabalho. Assim, surge um importante dispositivo de cuidado: a
convivência, que permite que crianças e adolescentes circulem pelo serviço
por mais tempo e/ou mais dias, de forma autônoma e ao mesmo tempo mais organizada entre eles.
Suas falas, pedidos e críticas culminaram na implementação da assembleia dos usuários que ocorre
quinzenalmente. Desde o início, conta com bom engajamento, chegando a ter, em média, 15
participantes (10-18 anos) por encontro. É um espaço desafiador, de reivindicação, de busca de
melhorias para o serviço, onde expressam o tédio na dinâmica do CAPSi, o desejo por novas oficinas
ou retorno de outras e por atividades no território.
Objeto do Relato
Os desafios enfrentados por técnicos de saúde mental na implementação da assembleia em um CAPSi.
Objetivos
Narrar os desafios na construção da assembleia dos usuários enquanto dispositivo de cuidado e as
dificuldades na sua condução e manejo devido aos diversos atravessamentos que se apresentam no
cotidiano do CAPSi de Maricá/RJ.
Análise Crítica
Percebemos resistência por parte da maioria da equipe em participar da assembleia, o que entra como
complicador importante. Primeiro, porque a voz do usuário não é ouvida por todos, o que diz muito
sobre o desdobramento ou não de suas reivindicações. Segundo, que dificulta seu manejo e condução,
pois aqui falamos não só da maneira pouco convencional dos adolescentes ocuparem os espaços, mas
também de diferentes categorias diagnósticas, de idade e de gênero. Reunir um grupo grande e tão
heterogêneo implica em dificuldade de escuta, em conflitos, brigas ou mesmo crises. Como pensar
no cuidado quando a assembleia conta com dois ou, por vezes, apenas um profissional?
Conclusões/Recomendações
Com toda dificuldade ainda colocada, entendemos a assembleia como espaço potente, tensionador e
norteador de novas práticas. Nossa aposta é em sua continuidade e futura autogestão. Busca-se aqui
expor os entraves e abrir a discussão para novas reflexões e possibilidades do fazer.
Palavras-chave: CAPSi; Assembleia; Desafios; Cuidado; Protagonismo.

143
Para além dos muros: a arte e a cultura como ferramentas balizadoras do processo de
reinserção social

Welerson Silva Carneiro - celetista

RESUMO
A Associação "Andorinhas - Artes e Culturas" é uma organização sem fins lucrativos e se dedica a
projetos e ações de inclusão social por meio da arte, cultura e economia solidária de pessoas com
transtorno mental associado, ou não, ao uso prejudicial de álcool e outras drogas. Ela atua como
prestadora de serviços de saúde no CAPS AD III, em Ubá-MG. A experiência que presente trabalho
abordará diz respeito à melhora da autoestima e da qualidade de vida dos associados, visto que através
dos projetos de reinserção social promovidos pela Andorinhas eles são reconhecidos pela sociedade
de um outro lugar para além de seu transtorno ou do uso que fazem da droga. A arte e a cultura tem
sido ferramentas balizadoras de todo este processo de reinserção social através do projeto "Entre Ruas
e Pincéis" (que consiste na pintura a óleo sobre telas e que, após produzidas, são expostas e o recurso
adquirido pela venda é dividido com o associado como forma de valorizar seu trabalho através da arte
e manter a compra de materiais para o projeto com a parte que fica na associação) e do projeto
"Viagem Cultural" (que consiste em passeios culturais realizados em museus, cidades históricas e a
lugares que transmitem a essência da cultura brasileira levando os associados a lugares que ele não
tem o costume de circularem devido aos estigmas neles postos pela sociedade).
Objeto do Relato
Os projetos de reinserção social "Entre ruas e pincéis" e "Viagem cultural"
Objetivos
Abordar a maneira pela qual a arte e a cultura sustentam e balizam a reinserção social. Apontar as
contribuições da Andorinhas com seus projetos na vida das pessoas em sofrimento mental que fazem,
ou não, uso de álcool e outras drogas.
Análise Crítica
A arte e a cultura transmitem saberes impossíveis de se obter apenas pela linguagem. Através delas é
possível dirimir, sublimar e ressignificar o sofrimento psíquico que afeta cada pessoa de modo
singular. Muitos avanços foram alcançados com a luta antimanicomial, no entanto, apenas
medicalizar e internar não devolve e nem contribui para a dignidade, autonomia e reinserção social
de ninguém. É preciso ir além dos muros das instituições, pois cuidamos de pessoas que possuem
necessidades muitos mais complexas do que só medicamentosas. Para tanto, a arte e a cultura são
essenciais para todo este processo de reinserção social.
Conclusões/Recomendações
Todos os projetos da Andorinhas são custeados através da venda dos produtos produzidos e de
parcerias com empresários da cidade. Os projetos executados pela Andorinhas é destinado a pessoas
de ambos os sexos e que estejam em tratamento em um dos dispositivos de saúde mental do município
de Ubá-MG.
Palavras-chave: Saúde mental; reinserção social; arte; cultura; Andorinhas - Artes e Culturas.

144
Projeto Integralidades: Oficinas Expressivas no Território com Adolescente e Familiares

Maurenia Lopes Fereirra - capsi


Daniel Delvano Silva Cunha - CAPSII
Alexandre Geraldo Nunes de Araújo - Musicoteraputa

RESUMO
Este artigo narra uma experiência do Projeto Integralidades (premiado pela Sedh) o qual oferta
Oficinas expressivas no território com adolescentes e familiares. O presente trabalho mostra parte dos
resultados dos encontros, refletindo sobre a inserção da Musicoterapia Social e Comunitária no campo
da Atenção Psicossocial com viés de prevenção do uso abusivo de álcool e outras drogas. Utilizou-se
a Cartografia enquanto método para mapear os processos e os efeitos produzidos nos encontros e na
escrita deste artigo. Concluiu-se que a convivência entre/com adolescentes e familiares mediados pela
arte contribuíram para a participação social, na prevenção em Saúde Mental e no fortalecimento dos
vínculos com a rede de cuidados.
Objetivos
Fomentar a formação de oficinas nos territórios enquanto dispositivos de cuidado e suporte social,
fator de promoção de saúde, prevenção e cuidado a adolescentes e seu entorno sociofamiliar e ao uso
abusivo e precoce de álcool e outras drogas na região 5 de Vila Velha-ES (Grande Terra Vermelha),
bem como de outras necessidades em Saúde Mental que o território viesse apresentar.
Metodologia
Operamos com o método da cartografia e da esquizoanálise enquanto construção de pontes entre as
áreas aqui articuladas. Foram realizadas revisões bibliográficas, registros fotográficos, de áudio e de
vídeo visando compor as análises e mapear os processos ocorridos. Destaca-se que todas as
ferramentas, dispositivos, tratamentos e serviços inclui os usuários, sendo eles os protagonistas na
escolha de cada atividade envolvendo-os afim de fomentar a autonomia, capacidades e contribuições.
(SILVA, MORAES e AMARANTE, p.113).
Resultados
As oficinas potencializaram as redes de apoio enfatizando que os participantes são multiplicadores
das ações em sua comunidade e em suas famílias. Deste modo, nota-se que o trabalho coletivo
favoreceu a convivência social, sendo um dos impactos alcançados o aumento da participação social
dos adolescentes a partir do conhecimento de novas possibilidades e vivências no território.
As atividades propostas propiciaram uma rica experiência para todos os sujeitos envolvidos,
intervindo de modo a disseminar valores e prática em defesa dos direitos civis, o reconhecimento
positivo das peculiaridades individuais e sociais, o respeito à diversidade racial, étnica e cultural. A
oferta de Oficinas de Musica indica um caminho possível em direção da reinserção social e um projeto
em defesa dos Direitos Humanos e Cultura de Paz.
Durante as oficinas observou-se melhora na comunicação entre os adolescentes, aumento progressivo
no grau de envolvimento, integração e apoio mútuo para desenvolver as propostas. Inclusive houve
relatos de melhora no rendimento escolar e na relação familiar. Deste modo, conclui-se que a proposta
ação produz efeitos transversais e intersetoriais.
Palavras-chave: Prevenção ao uso de drogas; adolescentes; musicoterapia social e comunitária;
atenção psicossocial; participação social.

145
Promoção de Saúde Mental: A compreensão dos profissionais da atenção primária

Luana Brito Guedes - SPDM


Thiago da Silva Domingos - UNIFESP
Danila Cristina Paquier Sala - UNIFESP
Fernanda Pimentel - UNIFESP

RESUMO
Movimentos internacionais têm, há aproximadamente seis décadas, argumentado a favor da
integração da promoção à saúde na assistência e nas políticas públicas de saúde. Esse marco tem se
estendido a diferentes áreas de concentração, em especial, a saúde mental. A OMS, em seu plano de
ação em Saúde Mental 2013-2020, apresentou como um dos objetivos estratégicos a implementação
da promoção de saúde mental. No SUS, considerando o modelo de cuidado proposto para a Atenção
Primária à Saúde, importa investigar os saberes e sua articulação às ações que os trabalhadores têm
produzido, nesse contexto, em alinhamento à promoção de saúde mental.
Objetivos
Compreender a articulação entre a concepção e a prática da promoção de saúde mental por parte dos
trabalhadores da Atenção Primária à Saúde.
Metodologia
Pesquisa qualitativa de caráter descritivo e exploratório, realizada em duas Unidades Básicas de
Saúde da zona leste do município de São Paulo. Foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas com
onze trabalhadores e uma entrevista piloto. A questão norteadora foi: Diga-me com suas palavras o
que você compreende por promoção de saúde mental. Conte-me observando em sua prática
profissional quais ações melhor representam a promoção de saúde mental. As entrevistas foram
gravadas e transcritas na íntegra. O corpus qualitativo foi analisado por meio da Interpretação de
Sentidos.
Resultados
Evidenciou-se o entendimento sobre promoção de saúde mental e exemplos de ações, a discussão
sobre o especialismo na saúde mental, os atravessamentos institucionais, a tensão entre lógicas
individuais e coletivas e as repercussões da pandemia de COVID-19. Os entrevistados demonstraram
ter conhecimentos sobre promoção de saúde mental, mas enfrentam desafios para articular concepção
e prática, destacando-se os profissionais que atuavam com apoio matricial. Apesar do enfoque
internacional para o incentivo da promoção de saúde mental, o que vemos atualmente é o desmonte
de estratégias reconhecidas pelos seus resultados na promoção e na prevenção, a exemplo o Núcleo
Ampliado de Saúde da Família. O método utilizado contribuiu para que os profissionais pudessem
exercitar o pensamento crítico, identificar os problemas e suas possíveis causas, e principalmente,
puderam reforçar a importância do tema, pensar nas contribuições que realizam e o que mais podem
realizar. Como limitações do estudo identificamos os atravessamentos da pandemia de COVID -19.
Palavras-chave: Promoção da Saúde; Saúde Mental; Atenção Primária à Saúde; Apoio Matricial

146
Trabalho remoto e a saúde mental dos servidores técnico-administrativos de uma
universidade pública no brasil durante a pandemia de covid-19

Tatiana dos Anjos Magalhães - UFF


Lúcia Rotenberg - IOC/FIOCRUZ

RESUMO
A pandemia de Covid-19 provocou mudanças profundas no modo de trabalhar, tornando as demandas
de saúde mental e trabalho cada vez mais urgentes. As universidades públicas brasileiras adotaram o
trabalho remoto como tentativa de conter o avanço da pandemia em território nacional a partir de
março/2020. Algumas pesquisas sobre o tema da saúde mental e trabalho durante a pandemia
relataram exaustão emocional, medo de ser contaminado, aumento da demanda de trabalho,
depressão, estresse, ansiedade encontrados na população dos trabalhadores das universidades. Tais
achados demonstram a urgência de realizar pesquisas que discutam o trabalho remoto e saúde mental
para auxiliar o planejamento de ações futuras de apoio aos trabalhadores.
Objetivos
Identificar aspectos referentes à saúde mental mencionados por servidores técnico-administrativos de
uma universidade pública em trabalho remoto durante a pandemia de Covid-19 e categorizar os
servidores conforme a Escala DASS-21- Depressão, Ansiedade e Estresse.
Metodologia
Trata-se de resultados parciais da pesquisa Depressão, ansiedade e estresse entre os servidores
técnico-administrativos de uma universidade pública no Rio de Janeiro em trabalho remoto durante
a pandemia de Covid-19 . Adota abordagem mista, composta por um questionário e pela Escala DASS
-21 (etapa quantitativa) e entrevistas semiestruturadas (etapa qualitativa) ambas na modalidade on-
line. Os dados quantitativos foram analisados mediante estatística descritiva. Para a análise das
entrevistas foi utilizada a Análise de Conteúdo, conforme Bardin (2016).
Resultados
A etapa quantitativa contou com 264 participantes: mulheres cis (61%), homens cis (36%), não
binários (2%) e preferiu não se identificar (1%), brancos (60%), pardo e preto (48%) e amarela (1%).
Com relação à Escala DASS-21, o estresse foi o sintoma que sobressaiu na categorização muito grave
e grave (33%), seguido pela ansiedade (31%) e a depressão (29%). Sobre o sono, houve redução na
duração (50%), aumento na duração (29%) e não houve alteração (21%). Sobre o uso de medicação
para dormir durante a pandemia, não usaram (68%), passaram a usar (17%), já usavam e aumentaram
a dose (12%) e já usavam e diminuíram a dose (3%). Na etapa das entrevistas, as categorias elencadas
foram: ansiedade, angústia, medo, crise de choro, frustração, tensão e insegurança. A mudança
drástica de modalidade de trabalho associada à gravidade da pandemia e à insegurança causada pelo
fato de ser uma doença nova, intensificaram os problemas de saúde mental relacionados ao trabalho.
Com o retorno à modalidade presencial devido ao cenário epidemiológico recente, faz-se urgente
debater a experiência do trabalho remoto, para planejar ações futuras de proteção à saúde mental dos
trabalhadores.
Palavras-chave: universidade; trabalho remoto; saúde mental.

147
Uso da estratégia Audit and Feedback: diálogos e lições em uma Pesquisa de Implementação

Maria Giovana Borges Saidel - UNICAMP


Ana Laura Salomé Lourencetti - UNICAMP
Carlos Alberto dos Santos Treichel - UNICAMP
Rodrigo Fernando Presotto - UNICAMP
Rosana Onocko Campos - UNICAMP
Débora de Souza Santos - UNICAMP

RESUMO
Práticas Baseadas em Evidências podem levar até dezessete anos para serem incorporadas aos
serviços de saúde, essa lacuna sinaliza urgência em esforços para sua resolução. Pesquisas de
Implementação (PI’s) podem ser aliadas a essa resolução ao investigar fatores e estratégias para
superar as barreiras nos processos de implementação. No presente estudo, a Estratégia de Audit and
Feedback (A&I) corresponde a devolutivas sobre dados levantados durante a Fase de Pré-
Implementação da pesquisa. Na literatura, tal estratégia é amplamente utilizada ao supor que, ao se
deparar com informações de uma prática ou resultados inconsistentes com o esperado, os
profissionais são estimulados a refletir sobre alternativas para mudança, levando à maior
aceitabilidade de intervenções subjacentes.
Objetivos
Avaliar, a partir do discurso de profissionais da Atenção Básica, como o uso da estratégia Audit and
Feedback contribuiu para a geração de tensão por mudança e aceitabilidade de intervenções para a
implementação do apoio matricial e para o cuidado articulado em rede em um município paulista de
médio porte.
Metodologia
A pesquisa foi realizada com profissionais vinculados a cinco serviços de Atenção Básica do
município, a inclusão esteve condicionada à autorização da áudio-gravação dos encontros. A
estratégia se constituiu na síntese de dados coletados acerca da assistência em saúde mental,
apresentados por dois pesquisadores através da metodologia de Grupos de Apreciação Patilhada
(GAP’s). Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo com categorias advindas dos desfechos de
implementação associados à tensão por mudança: aceitabilidade, adoção e adequação.
Resultados
Percebeu-se uma certa comoção dos profissionais frente aos dados apresentados, reconhecendo a
necessidade de capacitação, propondo a aceitabilidade da intervenção proposta. Ainda, relataram
dificuldades em relação ao cuidado e ao acompanhamento dos usuários, como a perpetuação do olhar
biológico, deficiência no sistema de contrarreferência, falta de continuidade do cuidado,
compartilhamento de casos, encaminhamentos e trocas de informações. A análise das falas dos
profissionais durante as discussões propiciadas pela estratégia através dos desfechos de
implementação de aceitabilidade, adequação e adoção, revelam uma tensão por mudança gerada a
partir da assimilação e discussão dos dados apresentados. Dessa forma, sugere que a estratégia Audit
and Feedback pode ser uma ferramenta importante para viabilização de processos de implementação
que venham a ser futuramente conduzidos. Entre os aprendizados com a experiência, destaca-se a
potência da utilização de metodologias participativas, uma vez que a horizontalização desse processo
parece ter contribuído para o rompimento das resistências frequentemente presentes na relação entre
a academia e os serviços.
Palavras-chave: Ciência de Implementação; Saúde Mental; Atenção Primária à Saúde.

148
Vozes do sufoco: como usuários do CAPS II de Itanhaém percebem os processos de cuidado a
pessoas com ideação suicida e tentativa de suicídio

Juliana de Menezes Almeida - CAPS II - Itanhaém/SP

RESUMO
O suicídio é uma questão de Saúde Pública. Ao longo dos anos, estatísticas mostram a crescente do
número de suicídios e tentativas, apesar da ampliação do acesso a psicotrópicos e psicoterapias -
principais estratégias presentes no discurso hegemônico sobre prevenção ao suicídio. Nesse contexto,
também estão inseridos os Centros de Atenção Psicossocial. Pesquisas ressaltam os desafios
enfrentados por profissionais no atendimento a pessoas com ideação e tentativa de suicídio - que,
frequentemente, relatam uma experiência de sofrimento tão intenso em que a única saída aparente é
acabar com a própria vida. Um dos desafios, inclusive, é desenvolver práticas de cuidado ligadas ao
fenômeno do suicídio alinhadas às contribuições da Luta Antimanicomial, Atenção Psicossocial e
Clínica Ampliada.
Objetivos
Geral: compreender como usuários percebem processos de cuidado a pessoas com ideação suicida e
tentativa de suicídio. Específicos: mapear e descrever junto com os usuários como são organizadas
ações relativas ao fenômeno do suicídio no município; compreender como estes tem sido afetados
pelos fluxos e processos de cuidado; produzir conhecimentos sobre o tema por meio de estratégias
participativas.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo descritiva exploratória. Para a produção
dos dados utilizaremos observação participante, diário de pesquisa e grupo focal, com a participação
de 10 a 12 pessoas, que sejam usuários do CAPS e em algum momento da vida tenham apresentado
ideação suicida e realizado tentativas de suicídio. A análise dos materiais produzidos será realizada
através da Análise Institucional do Discurso (AID), proposta por Marlene Guirado.
Resultados
Este projeto de pesquisa encontra-se em curso. Nossa hipótese é que os usuários sentem-se
insatisfeitos com a maneira como profissionais, familiares e outros atores do território lidam com
pessoas em sofrimento psíquico que apresentam pensamentos e comportamentos autolesivos. Posto
que o foco da atenção destes é voltada para o sintoma e, por tabela, há uma ênfase na busca por
estratégias para convencer a pessoa a viver. Em contrapartida, ficam em segundo plano o acolhimento
à pessoa em sofrimento e a atuação sobre as condições em que o sofrer emerge. Ao longo da pesquisa,
tais hipóteses serão acareadas, a fim de produzir dados junto com os usuários por meio de estratégias
participativas, tendo como horizonte os objetivos deste projeto de pesquisa.
Palavras-chave: Suicídio; Saúde Mental; Atenção Psicossocial; Prevenção.

149
(Des)atenção à mulher cis nas políticas públicas de álcool e outras drogas

Manuella Santini Maranhão - CRP


Roberta Brasilino Barbosa - Programa de pós graduação em psicologia PPGP/UFRJ

RESUMO
As mulheres cis são impactadas de diferentes maneiras pelas características atuais das políticas
públicas sobre álcool e outras drogas: alto índice de encarceramento e estigmatização social são os
principais efeitos que vêm sendo relatados na literatura. Diante desse cenário, e para nos
aprofundarmos nesses impactos das políticas públicas sobre álcool e outras drogas nos cuidados
destinada às mulheres cis, nos aproximamos do Fórum Maternidade, Uso de Drogas e Convivência
Familiar, um espaço formado por trabalhadoras de diferentes áreas do saber, atuantes em políticas
públicas de saúde, assistência social e justiça no Rio de Janeiro, que vem, desde 2013, produzindo
pensamento crítico sobre a temática no município.
Objetivos
Entender características do cuidado ofertado pela rede de saúde, assistência social e justiça às
mulheres cis que fazem uso de substâncias psicoativas tornadas ilícitas na cidade do Rio de Janeiro,
e ressaltar como as políticas públicas de álcool e outras drogas vem promovendo atenção/desatenção
em relação a esse segmento da população brasileira.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, executada a partir de entrevistas realizadas no início de 2022
com profissionais da Psicologia, Enfermagem e Assistência Social com experiência na atuação em
políticas públicas da saúde, da assistência social e da justiça no Rio de Janeiro. Utilizando o método
da cartografia, foram efetuadas seis entrevistas, a partir das quais se destacou o importante papel
exercido pelo Fórum Maternidade, Uso de Drogas e Convivência Familiar na produção de
pensamentos críticos acerca das especificidades da atenção a mulheres cis que fazem uso de
substâncias psicoativas.
Resultados
A partir do contato com as profissionais entrevistadas se torna explícito que existem violências e
omissões significativas no que tange a atenção destinada às mulheres cis nas políticas públicas de
álcool e outras drogas vigentes. Destacaram que o espaço do Fórum Maternidade, Uso de Drogas e
Convivência Familiar foi de grande importância para debates críticos acerca das legislações, na
desnaturalização de violências e sobre a relevância da intersetorialidade e multidisciplinar para a
construção de um trabalho efetivo, promotor de autonomia e cidadania a essas mulheres.
Fica evidente que o público composto por mulheres cis apresenta demandas específicas para um
efetivo cuidado, visto que suas necessidades se diferenciam de outros públicos; nesse ponto o fórum
se mostra como um espaço potente de incentivo a um fluxo de trabalho que abarque a realidade
brasileira, levando em consideração a interseccionalidade de classe, gênero e raça e auxiliando a
capacitação de profissionais atuantes nos dispositivos de saúde, assistência social e justiça do Rio de
Janeiro.
Palavras-chave: mulher cis; políticas públicas; drogas.

150
Tinha um vírus no meio do caminho : relato de uma psicóloga na Atenção Básica

Dailza Pineda - Prefeitura de Barueri

RESUMO
Cheguei para trabalhar no SUS meses antes da Pandemia, por vezes a experiência de adentrar um
campo abrangente como este é, ao mesmo tempo, paralisante pela necessidade de se inteirar a respeito
do volume de saberes e práticas já produzidos e, inspirador pela constatação militante de que muito
ainda se deve avançar. A rota inicial de uma psicóloga na Unidade Básica de Saúde (UBS) parece
mais ou menos trilhada: leituras das normativas e documentos técnicos, observações das práticas
cotidianas, discussões de caso, reconhecimento da equipe e do território, familiarização com os
instrumentais e rotinas, pactuações com a gestão e por aí vai. Porém, como a vida imita a poesia:
tinha um vírus no meio do caminho , melhor seria dizer que o tal do vírus estava mesmo em todos os
caminhos. Toda a ideia, construída arduamente, de que a população precisava ser estimulada a
frequentar a UBS, os atendimentos, grupos e outras atividades ali realizadas no sentido de produzir
saúde e qualidade de vida e, paralelamente, de que a unidade de saúde precisava estar integrada ao
território, explorar seus espaços, se colocar porta pra fora… entre uma semana e outra, em meados
de março de 2020, tudo isso caiu por terra e o que se desejava e orientava enfaticamente era
justamente o oposto, que as pessoas ficassem em suas casas! Esse relato pretende fazer ecoar, a partir
da minha experiência, as possibilidades de atuação e as necessidades da revisão das práticas em
psicologia por ocasião da Covid-19.
Objeto do Relato
A experiência como psicóloga na UBS em meio à pandemia e o exercício de criar chances de escuta.
Objetivos
O propósito de trazer à luz cenas institucionais é tencionar a psicologia, exercitar seus movimentos,
as possibilidades, construções e reinvenções a que o cotidiano e, mais ainda, este cenário caótico nos
convocou, sem os quais corremos o risco de nos entregar às burocracias, apatias e ao tédio que se
projeta sobre o serviço público brasileiro.
Análise Crítica
Talvez um dos pontos cruciais de um momento como esse seja a constatação de que somos
vulneráveis e precários: nós, nossos saberes e nossas práticas. Perguntamo-nos quais proveitos
poderíamos tirar desta observação em um momento em que as perdas decorrentes delas se mostram
assustadoramente irreparáveis. Nesta empreitada, entendemos que o fazer clínico, por exemplo, teria
muito a ganhar com o abalo das certezas e das estabilidades, por constituir-se um campo propício a
isso: antes da pandemia, Antonio Lancetti (2016, p. 51) apontava que a clínica é obrigada a operar
onde os protocolos conhecidos já fracassaram . Afinal, a clínica, como a entendemos, atua mais
perspicaz quando se amplia. Conclusões/Recomendações
As possibilidades aqui aventadas de se entender o lugar do psicólogo nas políticas públicas, sempre
instável e disposto à invenção, nos atiça inspiração para enfrentar os novos desafios impostos por essa
pandemia à clínica. A construção multidisciplinar é uma ferramenta na compreensão de mundo.
Palavras-chave: Atenção Primária; Clínica Ampliada; Pandemia.

151
1ª Conferência Municipal de Saúde Mental em Sapucaia do Sul- RS: espaço de garantia do
controle social e de potência e qualificação do cuidado na RAPS

Gabriela Radin Piesanti - Escola de Saúde Pública- RS


Josué Barbosa Sousa - Escola de Saúde Pública- RS
Lucas Vieira de Galisteo - Escola de Saúde Pública- RS
Daniela Osório Neves - Secretaria Municipal de Saúde de Sapucaia do Sul-RS
Isabella do Nascimento Barbosa - Escola de Saúde Pública- RS
Luiza dos Santos Mattos - Escola de Saúde Pública-RS
Giordano Larangeira Dias - Secretaria Municipal de Saúde de Sapucaia do Sul-RS
Naiuri Braga - Secretaria Municipal de Saúde de Sapucaia do Sul-RS

RESUMO
Após vários anos, o Conselho Nacional de Saúde convocou a 5ª Conferência Nacional de Saúde
Mental. A 1ª CMSM de Sapucaia do Sul contou com a participação de profissionais, usuários e
gestores, para dialogar e refletir como se desenvolvem os serviços e as ações de saúde mental no
município, bem como para elaborar estratégias para a qualificação desses no SUS. Pela manhã houve
o credenciamento dos participantes e cerimônia de abertura do evento. À tarde, os participantes foram
divididos em grupos correspondentes aos eixos do documento norteador do Conselho Estadual de
Saúde para as CMSMs. Nessa oportunidade surgiram diálogos e reflexões sobre a atenção a saúde
das mulheres privadas de liberdade; a importância da educação permanente em saúde mental; política
de redução de danos; a organização dos NASFs; necessidade de implementação de CAPS III;
promoção de garantias aos profissionais da saúde para a sua ancoragem e valorização nos serviços;
criação de espaços de convivência para a população e serviços para geração de renda mínima às
pessoas em situação de vulnerabilidade, entre outros. Em um terceiro momento, coletivo, foi realizado
debate e adequações das propostas que iriam para a plenária estadual, assim como eleição de
delegados representantes do município. Ao final da conferência ocorreu um espaço cultural com
música e declamação de poemas entre os presentes. Momentos como esses oportunizam conexões,
pontes que formam vínculos, identidades, significados e afetos.
Objeto do Relato
1ª Conferência Municipal de Saúde Mental de Sapucaia do Sul (CMSM).
Objetivos
relatar a experiência da 1ª CMSM de Sapucaia do Sul e evidenciar a potência desse espaço para
expressão dos diversos atores que participam da produção de sentidos na saúde mental.
Análise Crítica
Sendo a conferência um ato de controle social, percebeu-se que os discursos no início desse evento
não foram centrados no seu objetivo, promovendo dispersão do propósito e pouco diálogo que
incluísse os usuários, sendo pouco atrativa a sua participação. No entanto, compreende-se que essa
foi à primeira conferência de saúde mental organizada pelo município, sendo uma experiência de
aprendizagem para possibilitar o melhor acolhimento. Também foi notável que, apesar da proposta
de paridade, a participação dos usuários foi tímida, cabendo o questionamento do que de fato significa
a participação da comunidade no fazer do SUS e como impulsionar o controle social.
Conclusões/Recomendações
Espaços como esse são fundamentais para que a construção do SUS seja feita de maneira participativa
e reflexiva. A conferência é ferramenta e oportunidade de potencializar e transformar o SUS em sua
dimensão social.
Palavras-chave: Participação Social; Saúde Mental; Conferência de Saúde.

152
A medicalização da loucura": Um embarque à deriva da nau dos loucos

Leticia Lages Assunção

RESUMO
A reflexão estabelecida pretende problematizar esse percurso histórico de adestramento da loucura ,
enquanto resultado de processos construídos historicamente, mediante uma esfera da visibilidade a
qual a medicina se assegurou para definir padrões de normalidade, pautada em discursos científicos
privilegiados, e de um saber-poder médico capaz de situar o louco e a loucura no centro dos jogos de
verdade e de poder. É traçado um elo em direção ao adestramento da loucura (no sentido de condução
dos corpos) até às práticas autoritárias de medicalização da loucura (enraizadas e socialmente aceitas),
em nome da normalidade e da racionalidade como única via da verdade a ser seguida prioritariamente.
Nesse sentido, essa é uma discussão para promover formas de reflexão e resistências múltiplas.
Objetivos
Analisar como as práticas de saber, poder e subjetivação produziram/produzem o louco e a loucura
na contemporaneidade, através de discursos e práticas de medicalização excessivas- enquanto
condução para uma normalidade que enquadra até chegar em limites aceitáveis socialmente.
Metodologia
É no intuito de acompanhar as descontinuidades e analisar práticas de saber, poder e subjetivação que
se fundamentam análises de transições consolidadas pela arqueogenealogia. Foram analisadas as
obras e cursos que tratam sobre o percurso histórico da loucura desde a institucionalização até a
desmedicalização da loucura que são: História da Loucura, O poder psiquiátrico e Os anormais, e
obras e cursos que tratam da constituição dos mecanismos disciplinares e da docilização dos corpos
pelas sansões normalizadoras como: Vigiar e Punir e Microfísica do Poder.
Resultados
As reflexões abordadas se tornaram um ecoar, uma movência dos gritos, um metamorfosear. Foi um
(re)pensar de quem escuta os gritos da loucura? quem os aprisiona? Quem os silencia?
Essas indagações são importantes para construção de um cenário rico em inquietações tão necessárias
que nos exige cautela e cuidado para com as mudanças conceituais que são do nosso tempo. Portanto,
é colocar em xeque a apreensão de um diagnóstico do presente, da normalização de traços
considerados desviantes, analisando o nosso cotidiano.
Aberturas foram feitas para discussão sobre o papel da medicina institucionalizada com seus
privilégios e domínios de saber-poder, aniquilando as diferenças e o controlando os corpos pela
medicalização. Tal que, o diagnóstico é atribuído a partir de critérios dentro do que se considera
normal ou anormal, como uma estampa dada aos que questionam e mergulham em seus devaneios.
Esses rótulos fortalecem a padronização e homogeneização de condutas, colocando no sujeito
etiquetas, o deixando contido, fortalecendo uma sociedade disciplinar, em que se manter dentro das
demandas é não só uma construção social, mas vias de adestramento e domesticação dos corpos.
Palavras-chave: Loucura; Medicalização; Normalidade.

153
A decolonialidade e o pensamento polifônico na criação de um curso de graduação em
musicoterapia na Universidade Federal do Rio de Janeiro

Francisca Mariana Abreu Mayerhoffer - UFRJ


Marly Chagas Oliveira Pinto - UFRJ
Bianca Bruno Bárbara - UFRJ
Beatriz Salles - UFRJ
Marcus Vinicius de Almeida - UFRJ

RESUMO
Descreveremos o processo de criação de um curso de graduação na Universidade Federal do Rio de
Janeiro, a partir do eixo das políticas públicas de saúde que norteiam a elaboração e execução das
políticas no país. Trata-se do curso de graduação em musicoterapia, disciplina que tem em sua origem
e prática a transdisciplinaridade, característica a fim da diversidade, tanto no que diz respeito à
singularidade quanto à coletividade, e a relação contínua entre uma e outra nos dá a direção ética da
política. A musicoterapia se origina tanto do campo da arte quanto da clínica, donde a abertura para
o que Wisnik (1989) chama de pensamento polifônico, capacidade de acolher elementos
aparentemente heteróclitos. Nós da coordenação e professores do curso de graduação em
musicoterapia da Ufrj traremos algumas balizas sobre as quais o curso se funda e se constrói no dia a
dia da universidade a partir do enodamento entre ensino, pesquisa e extensão, tomando a função social
desta última como valor príncipes de compartilhamento de construção do saber com a comunidade.
A decolonialidade epistêmica e o pensamento polifônico serão assim os dois eixos conceituais desta
apresentação de nosso curso, junto às diretrizes das políticas públicas de saúde, para as quais nossa
graduação se direciona: no entendimento de que saúde é muito mais que ausência de doença e se
constitui como o valor que pauta toda a luta por direitos sociais, dando o tom da polifonia necessária
ao viver comum.
Objeto do Relato
Universidade e decolonialidade epistêmica na formação em musicoterapia.
Objetivos
Transmitir os desafios e possibilidades da criação da graduação em musicoterapia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, no que tange sua polifonia e algumas práticas decoloniais nela inseridas.
Análise Crítica
Analisaremos a prática no ensino, pesquisa e extensão da graduação em musicoterapia da UFRJ, a
partir das possibilidades de decolonialidade epistêmica no cotidiano da formação universitária,
incluindo em aliança com esta análise o pensamento polifônico proposto por Wisnik (1989) no livro
O som e o sentido, quando analisa a história dos sons e define tal pensamento como o que é capaz de
aglutinar elementos aparentemente heteróclitos. Traremos para análise, por exemplo, uma experiência
na qual uma de nossas docentes trabalhou na disciplina Comunidades Indígenas, Tradicionais e
Quilombolas a diversidade entre os discentes numa roda de vivência que descreveremos em seus
efeitos.
Conclusões/Recomendações
A universidade deve estar em consonância com a polifonia e a decolonialidade necessárias ao viver
comum do território. Mais que o discurso presente no mandado epistêmico da função social da
extensão, ensino e a pesquisa devem pautar-se na indissociabilidade do compartilhamento do saber
comunitário.
Palavras-chave: Musicoterapia; ensino;universidade; decolonialidade; polifonia.

154
A dimensão espiritual na saúde mental: Um caminho para a decolonização do cuidado

Luciana Silverio Alleluia Higino da Silva - Fiocruz


Cláudia Mara de Melo Tavares - UFF
Matheus Marques Ferreira - UFF
Laís Mariano Paiva - UFF

RESUMO
Introdução: Ao pensar dimensão espiritual no campo da saúde e na saúde mental percebe-se que os
profissionais apresentam pouca apropriação e conhecimento para lidar com essa dimensão de forma
singular e decolonial, ou seja, não cristã. Entretanto, essa dimensão precisa ser compreendida como
um cuidado humano o qual o sujeito se nutri de uma filosofia de vida pautada na fé e na religiosidade.
O cuidado espiritual decolonial, deve ser respeitoso e singular para que sirva como um recurso
terapêutico à pessoa em sofrimento (GUSSI&DITZ,2008; MURAKAMI&CAMPOS,2012).
Objetivos
Compreender a importância da dimensão espiritual na construção do cuidado decolonial para as
pessoas internadas em sofrimento psíquico.
Metodologia
Metodologia: Pesquisa descritiva sociopoética e de abordagem qualitativa, os dados foram
produzidos em um hospital especializado com 8 participantes, realizado no ano de 2017. Os dados
foram analisados conforme a análise temática de conteúdo e discutidos a partir dos conceitos de
cuidado ampliado e recovery. Pesquisa aprovada pelo CEP: CAAE: 62135716.9.3001.5263 - parecer
de aprovação sob o registro: 1.962.116.
Resultados
Durante a produção dos dados a temática espiritualidade emergiu das pessoas internadas como
fundamental para si e para pensar o cuidado entre eles. Os participantes apresentaram como sugestão
encontros ecumênicos, licenças para cuidarem da dimensão espiritual e os desencontros sobre o
manejo com as religiões de matriz africana, sendo essas preteridas em relação às cristãs. Conclusão:
Ao abarcar a dimensão espiritual para as pessoas internadas em sofrimento psíquico, como uma
ferramenta de recovery, foi possível constatar a relevância na vida de todos os participantes. Este fato
nos faz pensar ser esta uma discussão imprescindível é pouco explorada pelos profissionais de saúde
mental. Acreditamos que os espaços de educação permanente constituem uma possibilidade de
discussão e capacitação para ao aprimoramento desta questão entre os profissionais.
Palavras-chave: Saúde Mental; Espiritualidade; Integralidade; Recovery; Enfermagem
Psiquiátrica.

155
A escrita terapêutica como formas de expressão de sentimentos no CAPSad

Thaís Mulatinho Rosado - FPS - Faculdade Pernambucana de Saúde


Luisa Da Rocha Roma - FPS - Faculdade Pernambucana de Saúde
Larissa Monteiro Lopes de Oliveira - FPS - Faculdade Pernambucana de Saúde
Michele Gomes Tarquino - FPS - Faculdade Pernambucana de Saúde / IMIP

RESUMO
O trabalho seguiu o Método do Arco de Maguerez, que problematiza a realidade para aplicar soluções
(PRADO et al., 2012).
Observou-se no CAPSad referido que os usuários, na atividade do Grupo de Sentimentos,
apresentavam certa dificuldade para falar sobre o assunto. A partir da literatura, uma intervenção foi
pensada objetivando suscitar uma reflexão acerca da importância de expressar-se, contando com
cinco passos: 0 - Dinâmica de apresentação; I - Jogo de mímica para sensibilizá-los acerca da
importância da fala; II - Roda de conversa para escutar o grupo sobre a dinâmica, com perguntas
disparadoras sobre a importância da fala, levando ao ponto sobre expressar os sentimentos; III - Cada
participante recebeu um balão havendo um papel dentro com um sentimento escrito, o qual não
poderia cair até a música parar, quando deveriam "colocar para fora" o que estava dentro - ou seja,
estourá-los; IV - A partir dos sentimentos em mãos, receberam um caderno e então, foram convidados
a expressar-se com foco na escrita; e V - Exposição das produções e reflexão sobre como foi produzi-
las.
Participaram 7 usuários. Chegado o passo IV, alguns tiveram dificuldade em expressar o sentimento
referido e um deles não conseguiu elaborar, emocionando-se ao ser abordado por uma das estudantes
facilitadoras. Sua palavra era perdão . No passo V, 5 usuários compartilharam sua produção. Na
reflexão final, mesmo os que escolheram não partilhar, contribuíram com feedback positivo acerca
da intervenção.
Objeto do Relato
Desenvolvimento de uma oficina para usuários do CAPSad.
Objetivos
Apresentar o desenvolvimento da oficina em um CAPSad da região metropolitana do Recife, a partir
da prática vinculada à Oficina em Saúde Mental; discutindo a importância da atividade para os
usuários como prática de cuidado e, para os estudantes, como um espaço de formação profissional,
potencializando o aprendizado acerca da atenção psicossocial.
Análise Crítica
Em Ribeiro (2004), as oficinas terapêuticas são catalisadores da produção psíquica dos sujeitos
envolvidos , capazes de reinserção social; exercitam o respeito, afeto, sentimentos para si e com o
outro.
O uso da escrita procura refletir o registro, gerando agnição acerca do sentido propiciado. Este projeto
a utilizou como meio de expressão, reflexão e mediação de vínculo, ajudando a expressar emoções
reprimidas e a catarse, vitais para vivência terapêutica positiva (BENETTI; OLIVEIRA, 2016).
O projeto visa proporcionar ao usuário um lugar para tirar do corpo, na direção oposta da experiência
de introduzir substâncias químicas e sentimentos, explorando outras formas de retratar emoções.
Conclusões/Recomendações
Provocou-se reflexão acerca da importância de expressar sentimentos, gerando catarse e identificação
entre os usuários - fator agregador para estabelecimento do vínculo. Enquanto espaço de formação,
mediar esta oficina no CAPSad constituiu um momento potente para o aprendizado em saúde mental.
Palavras-chave: CAPSad; escrita terapêutica; formação; oficina em saúde mental.

156
A escuta oportuna interprofissional como forma de cuidado aos frequentadores do CECCO
Bacuri

Bárbara Dos Santos Chagas - USP


Luiza Yasumura Salles - USP
Henriette Tognetti Penha Morato - USP
Rosângela Neves Santana - USP
Daianni Éllen Vieira Santos - USP
Júlia Folchito Lacerda - USP
Luísa Pelachin Borges da Silva - USP
Tiago Campos Pitol - USP
Felipe Ramos Suzuki - USP
Pedro Caetano Oliveira Gonçalves - USP
Erika Priscila Silva dos Santos - USP

RESUMO
A experiência de escuta dos frequentadores do Centro de Convivência e Cooperativa CECCO Bacuri
pode ser dividida em dois momentos, sendo o primeiro durante o período em que as oficinas
presenciais não estavam sendo realizadas e, posteriormente, no momento de retorno presencial às
atividades. Durante o período de impossibilidade de encontros presenciais, foi possível a criação de
um espaço de acolhimento e escuta para os frequentadores mapeados pelos profissionais do CECCO,
que teriam demonstrado maior necessidade de acompanhamento durante o isolamento. Nesse sentido,
foi acordado que as escutas seriam feitas por telefone ou Google Meets, com câmera ou apenas por
voz. A ideia inicial era ter um contato semanal com os frequentadores, de forma a criar um espaço em
que eles pudessem falar e, mais importante, serem escutados. Após a flexibilização do isolamento
social e o retorno parcial das oficinas, os alunos puderam, além do acompanhamento online, participar
de algumas atividades presenciais e ter contato com os frequentadores em contextos de grupo. Diante
disso, constata-se o grande desafio de cartografar clinicamente o novo território a ser explorado, a
fim de compreender o contexto, a singularidade da instituição e de seus atores sociais para a
elaboração de possíveis intervenções.
Objeto do Relato: Relatar a experiência da escuta interprofissional no CECCO e seu impacto na
formação de alunos USP.
Objetivos: Na pandemia, com a impossibilidade de realizar as oficinas no CECCO Bacuri, surge a
demanda de novas formas de acompanhamento aos frequentadores do serviço. Desse desafio,
constitui-se a proposta de um projeto com a participação de alunos de cursos de saúde da USP, com
o objetivo de promover a escuta oportuna como forma de cuidado e bem estar.
Análise Crítica: Para além do acompanhamento de frequentadores do CECCO pelos alunos, é
importante frisar que a experiência permitiu o entendimento da saúde situada dentro de um escopo
político, sendo o CECCO um ambiente de combate ao silenciamento e ao estigma que acompanham
algumas existências. Para os alunos, inserir-se em tal ambiente permitiu a compreensão sobre como
os dispositivos de tratamento usuais (como a sala de atendimento ou o consultório) são insuficientes
para a promoção da saúde de uma pessoa completa.
Conclusões/Recomendações: A experiência foi agregadora tanto para os alunos quanto para os
frequentadores e profissionais do CECCO. O projeto possibilitou a inserção dos alunos na instituição,
permitindo a ampliação de visão sobre as possibilidades e modos de atuação dos profissionais de
saúde, além da oferta de cuidado.
Palavras-chave: formação interprofissional; integração ensino-serviço-comunidade; cuidado em
saúde; escuta.

157
A implementação do Projeto Terapêutico Singular em um residencial terapêutico

Leticia Passos Pereira - UFRGS


Fabiane Machado Pavani - UFRGS
Idilso Kirch - Lótus Residencial Terapêutico
Júlio César Travi Wortmann - UniAmérica Centro Universitário
Agnes Olschowsky - UFRGS

RESUMO
O residencial terapêutico privado, local deste relato, acolhe adultos com transtornos mentais e conta
com nove residentes, entre 42 a 64 anos, com diagnósticos de Transtorno do Humor Bipolar,
Transtorno de Personalidade Dependente, Esquizofrenia, Depressão e Alzheimer. O processo de
construção dos Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) ocorreu a partir da avaliação das
singularidades de cada morador e, por isso, demandou reflexões da equipe multidisciplinar sobre cada
caso. Os saberes diversos compuseram arranjos que somaram-se na elaboração do projeto de ação à
determinado fator terapêutico, como socialização, atividades físicas e reabilitação psicossocial. O
protagonismo do morador, no movimento de corresponsabilidade, foi um facilitador nos processos de
decisão e planejamento, embora, em alguns casos, a divergência entre expectativas da equipe e do
morador fez com que ambas as partes precisassem refletir sobre o processo de cuidado para chegar a
um acordo. A participação da família e da rede intersetorial se mostrou insuficiente, à medida que a
atuação no cotidiano do residencial foi inabitual. Desse modo, a construção e elaboração do PTS
foram majoritariamente elaboradas a partir das ideias e reflexões dos profissionais do residencial
terapêutico em conjunto com cada morador, num processo criativo de coprodução.
Objeto do Relato
Elaboração de Projetos Terapêuticos Singulares em um residencial terapêutico privado
Objetivos
Descrever as particularidades e potencialidades dos Projetos Terapêuticos Singulares em um
residencial terapêutico privado.
Análise Crítica
A elaboração de PTS ainda é incipiente em residenciais terapêuticos, embora sejam locais com
potencial para desenvolve-los pois a equipe está próxima do residente, a relação e o vínculo costumam
ser fortes. A presença no cotidiano permite que a reavaliação seja contínua e modificações possam
ser feitas assim que forem necessárias. A corresponsabilização do residente incentiva a autonomia e
evidencia os significados que cada um confere às suas particularidades e necessidades. Ainda é
necessário que os PTS contemplem as dimensões familiares, culturais, econômicas, sociais e
programáticas e isto pode ser iniciado com a aproximação da família e a rede intersetorial ao cotidiano
do residencial.
Conclusões/Recomendações
A implementação do PTS em residenciais terapêuticos é uma ferramenta potente no cuidado em saúde
mental. A aproximação da equipe com o residente facilita que o processo seja contínuo e
compartilhado, favorecendo o protagonismo deste em seu projeto, evidenciando o conceito de
corresponsabilidade.
Palavras-chave: Saúde mental; Assistência integral à saúde; Intervenção Psicossocial; Projeto
Terapêutico Singular.

158
A importância da consolidação de uma clínica política feminista para efetivação dos direitos
das mulheres

Lais Santiago Decev - Prefeitura Municipal de Guarulhos

RESUMO
A experiência de ser mulher na sociedade brasileira é marcada por exclusão, violação dos direitos
sociais, econômicos, políticos e civis. Tal condição tem sido possível devido à aplicação de
mecanismos violentos de controle e repressão social. Durante seu processo histórico, a clínica
psicológica contribuiu para manter os sistemas desiguais e opressivos, dificultando a mudança. As
teorias feministas devem fazer parte do repertório de formação de psicólogas/os/es como área legítima
de produção acadêmica, saindo da margem, para que as práticas sejam repensadas. A escolha de não
se apropriar das desigualdades de classe, raça e gênero na atenção psicológica é uma decisão política
de manutenção das violações de direitos.
Objetivos
Descrever o que pode ser uma Clínica Política, a partir das teorias feministas e Psicologia Feminista.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa teórica exploratória na base de dados SciELO e Biblioteca Virtual de
Saúde.
Resultados
A "Clínica Política Feminista" ainda foi pouco descrita, mas pode-se construir definições a partir de
referenciais teóricos consolidados na literatura, sendo este trabalho uma discussão sobre o tema, sem
o propósito de esgotá-la.
Uma clínica feminista opõe-se a privatizar os sofrimentos gerados pela dominação patriarcal, propõe
entender as articulações sociais que a mantêm e que a construção das identidades é impactada por
este meio social e cultural. Problematizar os papéis e normas sociais é um limiar, é necessário que se
entenda a complexidade que envolve o gênero, mas não assumir uma posição sexista (GONTIJO,
PEREIRA, TIMM,2011).
Em contexto clínico, pode se utilizar os conteúdos que emergem no setting para engajar a mulher na
sua própria emancipação das relações desiguais e seu direito à cidadania. Para isto é importante que
as psicólogas tenham conhecimento interdisciplinar, crítico e ampliado que o sofrimento é coletivo.
O uso das teorias feministas na clínica psicológica não se faz para direcionar manejos clínicos, mas
permite que a pessoa atendida tenha um reconhecimento sócio histórico de acordo com um
pressuposto científico.
Palavras-chave: desigualdade de gênero; direitos das mulheres; psicologia social; psicologia
feminista.

159
A música como recurso de intervenção não medicamentoso no acolhimento de crianças com
comportamentos hiperativos.

Cristiana Clara de Freitas Gouveia - Autônomo

RESUMO
Na atualidade, é fato o aumento do número de casos classificados como transtornos de saúde mental.
Alguns comportamentos infantis tem sido classificados como patológicos e o que antes eram
comportamentos típicos da infância, como agitação e curiosidade pelo novo, são classificados como
desviantes, como a hiperatividade, por exemplo. Muitas são as questões que estão implicadas nessa
classificação, dentre elas a medicalização da vida. Questionando essa lógica e pensando a infância
como uma época de experimentação do novo em fase de construção do desenvolvimento, a música,
por sua vez, se apresenta como um recurso artístico que autoriza as livres formas de expressão.
Enquanto a sociedade reduz a expressão da criança em padrões medicalizantes, a música alarga tais
possibilidades.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre como a música pode servir como um recurso de
intervenção não medicamentoso no acolhimento não medicalizante de crianças com comportamentos
tidos como hiperativos.
Metodologia
Buscaremos apresentar os resultados de algumas atividades musicais realizadas com crianças, na
faixa etária entre 6 e 10 anos, diagnosticadas com hiperatividade, refletindo sobre como estas podem
tornar-se efetiva na redução da dosagem medicamentosa dessas crianças. Além disso, um
levantamento bibliográfico será realizado, a fim de trazer uma pesquisa qualitativa bibliográfica
narrativa sobre o que ja vem sendo estudado a esse respeito.
Resultados
Concluímos enfatizando a música como um benefício no desenvolvimento infantil, sobretudo, como
linguagem de expressão humana.
Palavras-chave: intervenção musical; medicalização; TDAH.

160
A pandemia e seus impactos na saúde mental de psicólogas(os) nas políticas de saúde e
assistência social

Pedro Henrique Antunes da Costa - UNB - Universidade de Brasília


Kíssila Teixeira Mendes - UFJF

RESUMO
Pesquisa de caráter misto (qunati-quali), em que analisamos os impactos da pandemia na saúde mental
de psicólogas(os) trabalhadoras(es) das políticas de saúde e assistência social. Cento e vinte e três
psicólogas(os) participaram por coleta online. Os resultados apontaram para os efeitos deletérios
objetivos e subjetivos do sucateamento das políticas às(aos) profissionais, com tolhimento de suas
práticas e intensificação do sofrimento psíquico. Reforça-se a premência de responsabilização do
Estado no apoio às(aos) psicólogas(os) e demais trabalhadoras(es) , ao passo que saúde e saúde mental
estão consubstanciadas. Tal responsabilização pela saúde das(os) profissionais está implicada em um
projeto de fortalecimento das próprias políticas, com melhores condições de trabalho e assistência.
Objetivos
Analisar os impactos da pandemia na saúde mental de psicólogas(os) trabalhadoras(es) das políticas
de saúde e assistência social
Metodologia
Recorte de uma pesquisa que analisou as implicações da pandemia no trabalho de psicólogas(os) das
diferentes políticas públicas setoriais no Brasil. Estudo exploratório-descritivo, de abordagem quanti-
quali conduzido entre maio e junho de 2020, com coleta de dados por Google forms. Dados
quantitativos foram analisados descritivamente (medidas de tendência central, frequências e
porcentagens) e dados qualitativos por Análise de Conteúdo temática. Ao todo, 123 psicólogas(os)
participaram do estudo. Pesquisa aprovada no Comitê de Ética da Universidade de Brasília.
Resultados
Os resultados evidenciaram o aumento da demanda em relação ao cuidado em saúde mental por
usuárias(os) e pelas(os) próprias(os) psicóloga(os). Tem-se o aumento da demanda de acolhimento e
atendimento de usuárias(os) e das(os) profissionais das políticas, dada a intensificação do sofrimento
que também as(os) afeta, gerando um ciclo vicioso de defasagens e precarização objetivo-subjetiva
que, no caso da saúde mental, centra o atendimento na Psicologia. Destaca-se o reposicionamento
da(o) profissional psicóloga(o), também afetada(o) pelo momento.
Ademais, constatamos um cenário de precarização das condições de trabalho, com falta de recursos
e estrutura e desresponsabilização estatal com super-responsabilização das(os) profissionais. Para
além da precarização objetiva, há também o desgaste subjetivo, resultando em sofrimento não só de
usuárias(os), mas também das(os) psicólogas(os). Essas lacunas fazem com que as(os) profissionais
das políticas não se sintam preparadas(os) para lidar com a pandemia e a precarização de suas
condições de trabalho e vida convergindo com o aumento do sofrimento. Contudo, o suporte em
termos de saúde mental a elas(es) também é precário ou inexistente
Palavras-chave: Psicologia; políticas sociais; saúde mental; pandemia; Brasil.

161
A produção do cuidado em saúde mental no território: a experiência de Barbacena-MG

Carolina Morais Simões de Melo - Prefeitura Municipal de Barbacena - MG


Marco José de Oliveira Duarte - Universidade Federal de Juiz de Fora

RESUMO
A pesquisa é parte do Projeto de Tese submetido ao Programa de Doutorado da Pós-Graduação em
Serviço Social da UERJ. Surgiu a partir da inserção no Centro de Atenção Psicossocial Infanto-
Juvenil, na cidade de Barbacena-MG.
A primeira questão, relaciona-se aos desafios da desinstitucionalização, proposta pela Reforma
Psiquiátrica, entendendo que esta engloba tanto a desospitalização e a criação de novos serviços,
quanto carece de mudanças nos modos de pensar e cuidar. A segunda refere-se ao território como a
base de uma nova prática em saúde mental, entendendo que as diversas concepções de território
podem gerar práticas de cuidado em liberdade ou podem ser institucionalizantes e manicomiais.
Objetivos
A pesquisa objetiva analisar o processo de implementação da Reforma Psiquiátrica em
Barbacena/MG e como se configura a construção de uma nova lógica de cuidado. Busca-se
compreender as transformações ocorridas no processo de organização e produção do cuidado em
saúde mental após a Reforma Psiquiátrica e a produção da lógica de cuidado territorial nos Centros
de Atenção Psicossocial CAPS.
Metodologia
A primeira etapa da pesquisa trata de pesquisa teórico-bibliográfica e documental para conhecer o
processo de implantação da Reforma Psiquiátrica em Barbacena-MG e as mudanças nos serviços e
no território.
A segunda busca identificar as noções de território presentes nos discursos de gestores e trabalhadores
e como orientam o cuidado em saúde mental. Contará com entrevistas semiestruturadas com os
gestores dos três Centros de Atenção Psicossocial do município (CAPS III, CAPS AD III, Capsi) e
com a gestora municipal de saúde mental, e com grupos focais com os trabalhadores.
Resultados
O processo de reforma psiquiátrica no Brasil ainda está em curso e enfrenta desafios tanto na
estruturação dos serviços quanto na construção de um novo modelo de cuidado. Uma nova lógica de
cuidado necessita de uma mudança de paradigmas, do biomédico para o da atenção psicossocial,
envolvendo uma transformação nos processos de trabalho, nos parâmetros éticos, nas formas de
compreender o processo de saúde-doença.
A construção de uma nova lógica de cuidado necessita da construção de novos saberes e práticas,
tendo como eixo central o cuidado territorial em substituição ao modelo asilar. Existem diferentes
concepções de território que podem tanto potencializar o cuidado em liberdade como podem
institucionalizar os sujeitos em novas estruturas.
A desinstitucionalização, em sentido amplo, demanda uma transformação da clínica, da política, da
cultura e das estruturas sociais, apontando a necessidade de construção de um novo projeto
civilizatório.
Palavras-chave: Território; Reforma Psiquiátrica; Desinstitucionalização; Atenção Psicossocial.

162
A relação entre um CAPS Ad e Comunidades Terapêuticas no Recôncavo da Bahia: elementos
de um retrocesso

Joyce Souza Dantas


Jonathan Oliveira Santos - UFRB
Jaimara Santos Silva - UFRB
Rafael Coelho Rodrigues - UFRB

RESUMO
Em 2011, através do decreto 3.088, do Ministério da Saúde, foi instituída a rede de atenção
psicossocial(RAPS) com a finalidade de ampliar e articular os pontos de atenção à saúde à pessoas
com sofrimento psíquico, transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras
drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre os serviços de saúde da RAPS, as
comunidades terapêuticas diferenciam-se, trata-se de instituições pautadas por estratégias
terapêuticas baseadas na internação de média e longa duração, pela abstinência obrigatória do uso de
substâncias psicoativas, são instituições privadas sem fins lucrativos, na maioria das vezes, possuem
vinculações religiosas e, ainda, se tornam atividades dentro das alternativas ditas terapêuticas, assim
como, a laborterapia.
Objetivos
Sinalizando que as comunidades terapêuticas hoje, se encontram como estabelecimentos centrais na
disputa pela direção e sentido das atuais políticas de atenção ao uso de drogas no Brasil, objetiva
compreender e intervir neste cenário, através de mapeamento da relação entre as comunidades
terapêuticas existentes na região do recôncavo da Bahia e o Caps/d da cidade de Santo Antônio de
Jesus, Bahia.
Metodologia
Foi feita uma pesquisa documental, de análise qualitativa. Os documentos analisados foram os
prontuários de usuários do Caps/ad que, no momento do atendimento no serviço, estavam internados
em CTS do entorno da cidade analisada. Os dados foram sistematizados em tabelas, a partir das
categorias: Sexo? Idade? Raça/cor? Quantos atendimentos? Início deste atendimento? Qual o período
em que está internado/a? Qual a CT? Faz uso de medicação? Qual? De quais atividades do Caps/ad
a pessoa internada participa?. O referencial teórico foi o conjunto de preceitos e diretrizes do SUS e
da RP brasileira.
Resultados
Foram analisados cerca de 1100 prontuários, o recorte de busca foi usuários do serviço entre os anos
de 2018 e 2019. Nesse período, 82 usuários com vínculo ativo no CAPS/ad estiveram em
internamento, destes, 10 eram do sexo feminino e 72 do sexo masculino, com idades que variavam
entre 15 e 72 anos, a maioria de cor negra: 46 pardos, 9 pretos, 6 brancos, 21 sem registro. Os
atendimentos no serviço durante o tempo de internação na CT variava entre 1-9 atendimentos, estes
centralizados em consultas psiquiátricas (71), e no uso da farmácia (45), outras modalidades de
atendimento (7). Todos em abstinência. As internações variaram entre mais de 3 anos e 1 mês, destes,
13 estavam a mais de 9 meses, o indicativo de maior tempo de internamento em uma CT. Foi
observado um uso do serviço de saúde de forma errônea, o que nos faz pontuar que mesmo com a
diminuição do financiamento dos serviços do SUS há, através deste um apoio à instituições privadas,
é mais um caso de desmonte da "nova/velha política de drogas" no Brasil, com sobressalto da
abstinência impositiva e diminuição dos espaços de redução de danos e uma abordagem de saúde
psicossocial e territorial, contrários aos direitos humanos.
Palavras-chave: Comunidades Terapêuticas; Rede de Atenção Psicossocial; Políticas Públicas;
Substâncias Psicoativas.

163
A Residência Multiprofissional como fortalecedora da RAPS na cidade de São José dos
Pinhais/PR: Relato de experiência

Aldiney Ramos de Melo - Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais


Larissa Correa Portezan - Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais
Igor Luige dos Santos Andretti - Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais

RESUMO
A Residência Multiprofissional (RM) em Saúde da Família (SF) de SJP/PR traz como proposta uma
formação em serviço e o fortalecimento da rede de saúde como um todo. A cidade de SJP, localizada
na região metropolitana de Curitiba, conta com residentes de SF nas áreas de psicologia, enfermagem,
farmácia e odontologia, estimulando a lógica de trabalho interprofissional nas Equipes de Saúde da
Família (ESF). Entendendo a APS como porta de entrada da RAPS junto aos CAPS e UPA, é relevante
o fortalecimento dessa ponta para contemplar as ações de prevenção de doenças/agravos e promoção
à saúde, muitas vezes negligenciadas pela necessidade de recuperar a saúde já fragilizada. Há o
planejamento e realização de ações coletivas pelos residentes em caráter multiprofissional, como
grupos de terapia comunitária, acolhimento, caminhada, reuniões de equipe e de rede para capacitação
no manejo de questões relativas à saúde mental, interconsultas, além da retomada do matriciamento
na APS, descontinuado após o desmonte da lógica NASF. Sendo o extinto NASF composto por
profissionais de apoio às ESF, a ideia é reestruturar os trabalhos coletivos para superar a fragmentação
dos serviços de saúde, principalmente no que se refere à RAPS. Nesse sentido, também estão
ocorrendo encontros de grupos de trabalho para estruturar as diretrizes de saúde mental do município
de SJP, definindo os fluxos e critérios para a qualificação dos encaminhamentos e transferências de
cuidado na rede intra e intersetorial.
Objeto do Relato
A experiência da Residência Multiprofissional em Saúde da Família em São José dos Pinhais
(SJP)/PR
Objetivos
Compreender as potencialidades da Residência Multiprofissional (RM) em Saúde da Família (SF) na
cidade de SJP/PR; entender as contribuições da RM no fortalecimento da RAPS e da Reforma
Psiquiátrica Brasileira (RPB); analisar os desafios e entraves percebidos dentro da RAPS para o
desenvolvimento das ações ampliadas em saúde mental.
Análise Crítica
Considera-se a Residência Multiprofissional em Saúde da Família como propiciadora de
tensionamentos produtivos para a rede de saúde. Levando em consideração o histórico manicomial
de São José dos Pinhais, a entrada de profissionais plurais e com uma visão de saúde ampliada
proporciona possibilidades de ações que vão ao encontro das propostas pela Reforma Psiquiátrica
Brasileira e pela Atenção Psicossocial, focando na redução de agravos em saúde mental e em
fortalecer a Rede de Atenção Psicossocial para ampliação de ações de acompanhamento longitudinal
no território de vivência e cuidado, visando também o fim das internações em hospitais psiquiátricos.
Conclusões/Recomendações
O tensionamento causado pela RM escancara falhas da rede e remete a necessidade de novos
investimentos na RAPS, reduzindo a fragmentação das ações de cuidado, tirando o foco da internação
para o cuidado em liberdade. Assim, crê-se que os residentes fortalecem a RAPS junto aos
profissionais da rede.
Palavras-chave: Residência Multiprofissional; Saúde da Família; RAPS; APS.

164
Acolhimento Institucional de Recém-Nascidos de Mulheres Usuárias de Drogas na
Maternidade do HUCAM/UFES

Gediane Laurett Neves Rangel - HUCAM/UFES

RESUMO
A perda da guarda legal de recém-nascidos de mulheres usuárias de drogas ainda nas Maternidades,
também chamada de "sequestro de bebês" é uma realidade no Espírito Santo, assim como em outros
estados brasileiros, tais como Minas Gerais e Santa Catarina. Nesta pesquisa, desenvolvida a partir
da Maternidade do Hospital Universitário Cassiano Antônio Mores (HUCAM/UFES) e apresentada
como dissertação de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Política Social da UFES em 2018,
mostramos que o acolhimento institucional desses bebês, ainda que sob a égide da doutrina de
proteção integral à criança, se dá por influência de ideologias conservadoras, que historicamente
orientam a intervenção do Estado sobre as mulheres, especialmente aquelas negras e pobres.
Objetivos
Analisar os acolhimentos institucionais impostos a recém-nascidos de mulheres usuárias de drogas,
referenciadas em Vitória ES, ocorridos na Maternidade do HUCAM/UFES entre os anos de 2008 e
2017, visando refletir as repercussões desta medida para os sujeitos (mulheres e crianças) envolvidos.
Metodologia
Trata-se de pesquisa documental que recorreu a cinco fontes: os registros das assistentes sociais da
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Maternidade do HUCAM, os prontuários das mulheres e
dos recém-nascidos no HUCAM, os prontuários eletrônicos do sistema de Saúde do município de
Vitória (Rede Bem Estar), os registros eletrônicos do sistema de Assistência Social municipal
(SIGAFWeb) e os processos judiciais que tramitam/tramitaram na 1ª Vara da Infância e Juventude de
Vitória. Também foram utilizados dados fornecidos pela Secretaria de Habitação do município.
Resultados
Os resultados da pesquisa com 17 bebês, de 15 mulheres, mostram que apenas uma criança foi
reintegrada à mãe; oito foram adotadas e oito foram entregues aos cuidados da família extensa. Apesar
de transitarem nos serviços de Saúde e Assistência Social do Município, a maioria das mulheres nunca
recebeu acompanhamento sistemático, nem foi incluída em Programas de Renda Mínima ou
Habitação Social. Tratam-se de mulheres pobres e negras, fortemente subjugadas ao padrão de boa
mãe , ao qual elas não correspondem. Concluímos que o acolhimento institucional, defendido sobre
o prisma de proteção integral da criança, não vislumbra que desprotege mães, afetos, relações e
direitos. O Estado, ao responsabilizar as mulheres por seus comportamentos e penalizá-las com a
perda dos filhos, não assegura os direitos sociais e humanos a que ambos fazem jus, eximindo-se de
sua responsabilidade de prover condições para que as mulheres possam permanecer com seus filhos.
Palavras-chave: Acolhimento Institucional; Maternidade; Crack.

165
Afetos Atípicos: Persona e a Experiência em uma Comunidade de Pessoas com Deficiência
Intelectual.

Izadora Pinheiro Mariano - CRP

RESUMO
Baseando-se em uma experiência de residir durante três meses em uma comunidade para pessoas com
deficiência intelectual, o presente trabalho é composto por reflexões e questionamentos acerca da
maneira como os indivíduos se colocam no mundo, mais especificamente no que se refere ao uso que
fazem de máscaras para se ocultar e expor apenas o que desejam. Tal questionamento surgiu da
percepção da percepção, tida pela autora a partir da convivência e relações construídas com as pessoas
com desenvolvimento atípico da comunidade, de que estas detêm menos máscaras do que aqueles
com desenvolvimento típico. Para explorar essa questão, utiliza-se o conceito de persona, de C.G.
Jung. Como resultado da pesquisa, são apresentados questionamentos sobre a maneira como nos
relacionamos na sociedade.
Objetivos
O objetivo da pesquisa é interpretar, com base no conceito de persona de C.G. Jung a percepção da
autora sobre como as pessoas com desenvolvimento atípico, se colocam no mundo diferentemente
das pessoas com desenvolvimento típico, com questionamentos, problemáticas e hipóteses sobre o
tema. Além de fazer o leitor vislumbrar, por meio do modo de ser atípico, novas possibilidades de
estar no mundo.
Metodologia
A pesquisa segue o paradigma qualitativo e dentro disso, se caracteriza como uma metodologia de
observação participante modificada . Modificada, pois a intenção de escrita da pesquisa se dá
posteriormente a ida ao campo, fazendo com que o material consultado fossem lembranças e afetos
mobilizados. A observação participante conta com a inserção do pesquisador na realidade a qual se
propõe investigar, convivendo no dia-a-dia daquele grupo e no caso deste trabalho a participação da
pesquisadora foi plena, na qual ocorre um envolvimento completo em todas as dimensões da vida do
grupo.
Resultados
A pesquisa permitiu que fossem encontrados novos questionamentos e inquietações acerca da forma
de estar no mundo, tendo em vista que não buscava inicialmente responder a uma questão específica.
Foi possível a partir da exploração da vivência tida, junto do estudo do conceito de persona, gerar
questões ao leitor, como: seria possível viver em um mundo sem máscaras? Baseado em uma maneira
mais atípica de viver, poderia se aproximar mais de quem se é, não precisando tanto da persona para
enrijecer o contato com o mundo externo? Como ao se desmascarar pode-se proporcionar que o outro
questione suas próprias máscaras, tendo na relação com o outro a ferramenta para que se seja mais si
mesmo?
Ademais, emergiu a questão de o sistema capitalista influenciar diretamente a relação do indivíduo
demasiada com a persona, priorizando o funcionamento típico, não abrindo espaço para que o atípico
possa se desenvolver na sociedade, fazendo com que as pessoas com deficiência fiquem assim
marginalizadas na sociedade, de modo que haja poucas oportunidades de se compartilhar espaços
com elas e assim ser afetado pela troca da relação. Como se poderia então, tornar o mundo mais
atípico?
Palavras-chave: deficiência intelectual; máscara; persona.

166
Agenciamentos antimanicomiais: Prática da e na cidade como determinante social de saúde
mental.

João Gabriel Trajano Dantas - UECE - Universidade Estadual do Ceará


Naila Pereira - IFRJ

RESUMO
A implementação do Sistema Único de Saúde culminou junto ao processo de redemocratização do
Brasil. As Reforma Sanitária e Psiquiátrica iniciaram uma reorientação do modelo de atenção à saúde
e uma transformação da atenção prestada às pessoas com transtornos mentais. Em um contexto de
oposição às práticas de exclusão e segregação social no cuidado em saúde mental, percebeu-se o
fortalecimento das práticas com e na cidade. Neste sentido as ações protagonizadas pelos
profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e seus usuários produziram diferentes relações
com o espaço urbano, relações estas que potencializaram o cuidado em saúde mental numa logica
antimanicomial. Podem elas serem consideradas como determinantes sociais de saúde mental?
Objetivos
Explorar e analisar como a prática da e na cidade, dos e nos espaços urbanos podem se caracterizar
como determinantes sociais de saúde mental.
Metodologia
Este trabalho, que é uma intersecção dos temas de pesquisa dos autores, se apresenta como dado
parcial das pesquisas de doutoramento e se caracteriza como uma produção ensaística. Este método
propõe uma análise crítica e reflexiva sobre um determinado tema (LIMA, 1946), o que inclui
articulações entre a teoria e a prática com a finalidade de apresentar os desdobramentos possíveis
sobre as reflexões dos temas propostos.
Resultados
O cotidiano urbano é resultado de uma complexa rede de espaços e pessoas que, influenciados por
aspectos culturais, sociais, econômicos e políticos, interagem entre si e ao fazê-lo, redimensionam a
própria ideia de cidade e coletividade. A prática dos espaços (CERTEAU, 2012), resulta numa relação
que presentifica o corpo na cidade, atua na produção de experiências e memórias que permitem às
pessoas com transtornos mentais diferentes formas de pertencer, circular, habitar e de se relacionarem
com o mundo a céu aberto. Neste sentido, o termo "determinantes sociais da saúde" - que resume os
determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais que influenciam na saúde da
população - e seu diálogo com as ações na e com a cidade nos ajuda a compreender como tais práticas
podem configurar outras possibilidades de cuidado em saúde mental. Neste sentido, reiteramos que a
prática dos e nos espaços urbanos podem ser considerados como determinantes sociais de saúde
mental, pois a sua prática opera na ampliação da inclusão e participação social, do exercício da
cidadania e da emancipação social das pessoas que acompanhamos no cotidiano dos serviços.
Palavras-chave: Cidade; Saúde Mental; Determinação Social; Território.

167
Ambiência em CAPS tipo II no contexto da pandemia e suas transformações

Luiza dos Santos Mattos - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Lucas Vieira de Galisteo - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Gabriela Radin Piesanti - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Josué Barbosa Souza - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Naiuri Braga - Secretariaria Municipal da Saúde de Sapucaia do Sul

RESUMO
Na vivência enquanto residentes do programa de Saúde Mental Coletiva da ESP/RS, inseridos na
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), possibilitada pelo contínuo processo de Reforma Psiquiátrica,
foi possível entrar em contato com o dispositivo de ambiência, que se propõe como modo de cuidado
diário em liberdade, de promoção de autonomia e como espaço de convivências, auxiliando também
a reduzir o risco de internações psiquiátricas. Ocorre no serviço de saúde CAPS II em Sapucaia do
Sul - RS, podendo também operar em outros espaços. A característica de espaço aberto ao
imprevisível, mais livre a proposições e de diversidade de atividades, altera-se como efeito das
medidas de cuidado sanitário relacionadas a pandemia de Covid-19, ocorrendo atualmente debates
entre a equipe e junto aos usuários para reflexão e novas pactuações visando sua ampliação,
considerando sua potencialidade enquanto espaço coletivo, construído no dia a dia com os usuários.
Antes da pandemia ocorriam cafés da manhã coletivos preparados pelos usuários, almoço, propostas
de caminhada, entre outras atividades, que estão em processo de retomada. É reconhecido no serviço
como integrante do Plano Terapêutico Singular, em que participam usuários que no momento se
encontram com necessidade de cuidado intensivo, e/ou de convivência, e os profissionais da equipe
multiprofissional, geralmente em duplas.
Objeto do Relato
Ambiência, dispositivo de cuidado em um CAPS II, considerando os efeitos da pandemia de Covid-
19.
Objetivos
Este relato de experiência visa compartilhar reflexão sobre a ambiência como locus de cuidado e
promoção de autonomia, abordar os impactos gerados pela pandemia de Covid-19 neste dispositivo
e as transformações atuais visando a retomada da potência deste espaço.
Análise Crítica
A proposta da ambiência relaciona-se às proposições da Política Nacional de Humanização, e
constituem algo característico dos CAPSs no que diz respeito ao uso e apropriação do espaço físico
do serviço de saúde, modos de vivenciar que foram afetados pelo contexto pandêmico, trazendo
também o manejo entre o cuidado com o sujeito, vínculos e o cuidado sanitário. Assim emergiu a
necessidade de debruçar-se sobre a ambiência, que foi concretizado em momento de reflexão dos
processos de trabalho, sendo discutido significações, possibilidades, aspectos institucionais, passando
por temas mais práticos como a volta da preparação dos cafés, tendo em conta o avanço da vacinação.
Conclusões/Recomendações
A partir da inserção na ambiência e com o percorrer nas ressignificações possíveis deste dispositivo,
é percebido que ele se ressalta como espaço de movimento e criação em ato, processos de permanente
construção dos atores do CAPS II de Sapucaia do Sul.
Palavras-chave: Ambiência; Atenção psicossocial; Centro de Atenção Psicossocial.

168
Análise do processo de implantação de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil
(CAPSij) em um Município de grande porte da região Sudeste

Késia da Silva Marques - Residente em Saúde Mental


Alinny Entringer Lopes - Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação (ICEPi)
Danielle Oliveira de Souza - Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação (ICEPi)
Crystian Moraes Silva Gomes - Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação (ICEPi)

RESUMO
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) propõe uma rede substitutiva de serviços que atue de forma
integrada, articulada e efetiva em diferentes pontos de atenção à saúde, articulando-se com outras
políticas sociais. Historicamente, crianças e jovens foram incluídos tardiamente na agenda das
políticas públicas de saúde mental, reverberando na escassez de serviços voltados para esse público.
Na atenção à saúde mental infantojuvenil, os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil
(CAPSij) são o ponto de atenção prioritário e estratégico para o cuidado em saúde mental. Todavia,
apesar de sua relevância, o processo de implantação deste serviço, alinhada com os princípios da
Reforma Psiquiátrica, pode ser caracterizado como um grande desafio para gestores, profissionais,
usuários e familiares.
Objetivos
Descrever e analisar o processo de implantação de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil
(CAPSij) em um Município de grande porte localizado na região Sudeste brasileira.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental, de caráter descritiva e exploratória do tipo qualitativa. Para
coleta dos dados foram utilizadas consultas a informações registradas em Atas de Audiências
Públicas, reportagens em veículos de informações locais disponibilizadas em websites e registros das
reuniões do Grupo Condutor Municipal para a implantação do CAPSij. Os documentos foram
agrupados e analisados através de uma linha do tempo, para melhor compreensão das etapas do
processo de implantação do serviço. Utilizou-se como ferramentas de processamento dos dados o
software IRAMUTEQ.
Resultados
O corpus textual submetido a classificação hierárquica descendente apresentou cinco categorias
temáticas: Classe 1 - Encaminhamentos do Grupo Condutor (14,9%); Classe 2 - Provimento de
profissionais (23,7%); Classe 3 - Organização do CAPSij (22,8%); Classe 4 - Funcionamento do
serviço (15,6%); Classe 5 - Gestão Municipal (22,8%). Os resultados revelaram que embora o
Município preenchesse os critérios para a implantação do CAPSij, tal processo só ocorreu por meio
de judicialização, após uma Ação Civil Pública, conduzida ao longo de 6 anos (2013/2019). Destaca-
se a importância do grupo condutor enquanto articulador com a gestão no processo de implantação,
frente aos principais pontos para operacionalização do equipamento como o provimento de
profissionais, a organização e funcionamento do serviço. Sendo importante salientar a participação
da comunidade neste processo. Este estudo evidenciou a necessidade de ampliação dos serviços de
saúde mental infantojuvenil e o fortalecimento da RAPS para efetivação das ações de saúde mental
no Município. Embora a pesquisa tenha como limitação a análise de uma realidade local, acreditamos
que ela possa auxiliar na implantação de outros CAPSij.
Palavras-chave: Saúde mental; Crianças; Adolescentes.

169
Ansiedade e depressão em crianças e adolescentes Uma revisão literária

Juliene Azevedo Oliveira - UNB


Dayane Briere - UNICEPLAC
Caroline Rodrigues da Cunha Abbott Galvão - UNICEPLAC
Beatriz Vilela Palazzo - UNICEPLAC

RESUMO
Depressão e ansiedade têm se destacado dentro dos cenário da psicologia e psiquiatria principalmente
desde a década de 60, quando foi observado um aumento constante no número de casos que persiste
até hoje. Crianças e adolescentes têm sido diagnosticadas em idades precoces de forma crescente,
também foi observado que a depressão nessa faixa etária pode persistir até a idade adulta se não
tratada, e afeta múltiplas funções do desenvolvimento do indivíduo, causando danos psicossociais
consideráveis. Os tratamentos para a redução das repercussões da ansiedade e da depressão se
mostraram mais eficazes quando feitos assim que o quadro clínico é diagnosticado (Lopes, 2018),
apresentando abordagem multidisciplinar que envolve além do paciente, a família e o ambiente, em
especial o escolar.
Objetivos
Discutir a importância da ansiedade e depressão em indivíduos jovens de 10 a 19 anos. Levando em
consideração a importância das características individuais de cada fase do desenvolvimento infanto-
juvenil e suas manifestações clínicas associadas a ansiedade e depressão.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de literatura de artigos das bases PubMed e Scielo. Foram usadas as palavras
adolescente, criança, depressão e ansiedade. Foram selecionados 3 artigos entre os períodos de 2002
e 2018, para uma sintetização dos principais achados nos textos a partir de uma leitura aprofundada
acerca do tema trabalhado.
Resultados
Como observado, mesmo que a depressão na adolescência venha constituindo em um crescente e
preocupante problema de saúde pública, ainda se vê poucos estudos epidemiológicos sobre o tema
(Bahls, 2002), e as pesquisas sobre o desenvolvimento natural do adolescente são ainda escassas, o
que torna plausível admitir a necessidade de mais bem conhecer as modificações psíquicas dessa fase
da vida (J.Bras, 2007). Apesar disso, as manifestações clínicas da depressão em adolescentes, crianças
e adultos, aparentam manifestar-se de formas não muito diferentes. Contudo, existe a necessidade de
se destacar a relevância das características próprias de cada fase do desenvolvimento infanto-juvenil.
Com isso, o transtorno depressivo, por conta da apresentação heterogênea desde a infância (Bahls,
2002), requer cuidadosa avaliação diagnóstica de profissionais envolvidos com crianças e
adolescentes. Evidências atuais reforçam o emprego da terapia cognitivo-comportamental (com suas
várias modalidades) e da terapia interpessoal na fase aguda da depressão infanto-juvenil (Lopes ,
2018). Todo o resto são somente indagações, pois precisam de mais pesquisas relativas ao tratamento
de crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Ansiedade; depressão; adolescentes.

170
Apresentação do Observatório Estadual de Direitos Humanos da População em Situação de
Rua do Paraná.

Mariana Melli
Isabele Cristine Gulisz - PUCPR
Joana Schenatz Trautwein - UFPR
João Victor da Silva - FPP
Julia Mezarobba Caetano Ferreira - PUCPR
Rodrigo Alvarenga - PUCPR

RESUMO
Decorrente da necessidade de judicialização das violações de direitos e da ausência de políticas
públicas voltadas à população em situação de rua (PSR) durante a pandemia no Paraná, o ODH POP
RUA-PR é resultado da luta do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) e do Instituto
Nacional de Direitos Humanos da População de Rua (INRua) em articulação com Conselho Estadual
de Direitos Humanos do Paraná (COPED) e o Núcleo de Direitos Humanos da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, em parceria com a Casa de Acolhida São José, a Organização Mãos
Invisíveis, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná, a Rede de Saúde Mental e Economia
Solidária (Libersol) e o Grupo Práxis Itinerante da Universidade Estadual de Londrina. Com sede na
cidade de Curitiba, esse órgão funciona de segunda a sexta no período matutino e vespertino através
de plantões de representantes do MNPR e de algumas entidades parceiras e conta com atividades nas
quintas-feiras na Casa de Acolhida São José. Em suas ações, busca o recolhimento de denúncias de
violações de direitos humanos da PSR declaradas pelas próprias vítimas através de oitivas ou pelas
testemunhas por meio de relato escrito em uma plataforma virtual. Considerando que a maioria das
denúncias são de violência física e recolhimento de pertences que envolvem agentes de segurança
pública e servidores da rede de assistência social, estas podem ser realizadas de forma anônima caso
o declarante sinta temor de ser perseguido.
Objeto do Relato
Atuação do Observatório Estadual de Direitos Humanos da População em Situação de Rua do Paraná.
Objetivos
Relatar a experiência de implementação do Observatório Estadual de Direitos Humanos da População
em Situação de Rua do Paraná (ODH POP RUA-PR) no segundo semestre de 2021 e o
desenvolvimento de ações de monitoramento e defesa de direitos desse órgão ao longo de quase um
ano de atuação.
Análise Crítica
O Observatório não tem a intenção de executar o papel do Estado. Logo, todas as denúncias são
oficiadas às instituições públicas do sistema de justiça que atuam na busca pela garantia dos direitos
fundamentais. Desse modo, o Observatório acaba por executar um trabalho de articulação entre os
operadores do direito ou representantes do governo e a PSR, pois as entidades voltadas ao
atendimento da população domiciliada não consideram as particularidades de acompanhamento de
um caso na ausência de endereço e/ou telefone fixo.
Conclusões/Recomendações
Por fim, destaca-se que, além do monitoramento de denúncias e/ou solicitações, enquanto um órgão
de defesa dos direitos humanos, o Observatório se constitui como um espaço de incidência política e
de controle social, na medida em que contribui no combate às inúmeras violências vivenciadas pela
PSR.
Palavras-chave: População em situação de rua; direitos humanos; violação de direitos.

171
As LIVES De Saúde Mental no Canal Profissional da Escola Municipal de Saúde: Um
dispositivo

Harete Vianna Moreno - SMS


Claudia Regina de Moraes e Abreu - Escola Municipal de Saúde - Prefeitura de São Paulo
Paula Pavan Antonio - Escola Municipal de Saúde - São Paulo
Camilla Toledo Smith de Vasconcellos - Escola Municipal de Saúde - São Paulo

RESUMO
A Especialização em Saúde Mental, voltada a técnicos de enfermagem, farmácia e vigilância em
saúde, ligada à Escola Técnica do SUS de São Paulo (ETSUS-SP), sob coordenação do Prof. Paulo
Amarante, em parceria com profissionais da EMS. As aulas iniciaram em Maio/2019 com 11 turmas
presenciais, terminando em Outubro/2020. A pandemia parou tudo. Tal interrupção nos levou a um
grande desafio sobre a retomada das aulas, que aconteceu em julho. O convênio acabaria no final de
2020, impedindo que a atividade se estendesse até 2021. Sem retorno presencial e tempo hábil para
uma prorrogação, além do reforço nas atividades em EaD, definimos pela realização de lives de
disciplinas já previstas no curso. As lives estavam aparecendo no YouTube e no Instagram como uma
maneira de reunir pessoas em grandes plataformas, permitindo uma comunicação síncrona, e nesta
perspectiva iniciamos a série de lives dentro do Canal Profissional da EMS, com a proposta de
servirem como disparador para as reflexões dos alunos, que participavam do momento ao vivo e
posteriormente discutiam em sala de aula com o docente-tutor, em aulas síncronas através da
plataforma zoom. Iniciamos com Saúde do Idoso em Tempos de Pandemia , seguimos com Saúde
Mental da População Negra - Uma Questão Manicomial e depois Um olhar sobre a trajetória das
residências terapêuticas no município de São Paulo . Tivemos Cultura, Diversidade e Saúde Mental
finalizando com Economia Solidária como caminho para a Cidadania .
Objeto do Relato
Lives transmitidas pelo YouTube pelo projeto REDE SAMPA da Escola Municipal de Saúde (EMS).
Objetivos
Relatar a produção de lives transmitidas pelo YouTube como estratégia de ensino-aprendizagem
durante a pandemia, na Especialização de Nível Médio em Saúde Mental do projeto REDE SAMPA
Saúde Mental Paulista.
Análise Crítica
Estratégia restrita a tempos pandêmicos, revelou-se dispositivo no combate ao afastamento. As lives
possibilitam o acesso em diferentes momentos, transpondo barreiras geográficas, democratizando o
conteúdo. Em tempos onde proliferam dizeres desconectados de sentido, coerência, informação, onde
fascismos e negacionismos seguem em fluxo contínuo, as redes são contraponto e convite à reflexão
e produção de ideias. Elas também se constituem em arquivo. Registros históricos de um momento
onde o mundo não sabia o que fazer, num país cujo governo obstruiu o SUS, trabalhadoras,
trabalhadores, gestoras e gestores da saúde continuaram a fazer saúde pública, saúde mental e
educação permanente em saúde.
Conclusões/Recomendações
A utilização do dispositivo lives transmitidas pelas redes digitais como estratégia de ensino-
aprendizagem, revelou-se potente, cumprindo seu papel articulador e aglutinador da rede
psicossocial. E vai além, pois ampliou seu uso em outras temáticas dentro do Canal Profissional.
Palavras-chave: EAD; live; pandemia; ambiente virtual; ensino-aprendizagem

172
Aspectos psicossociais da Pandemia da COVID-19 no sistema prisional

Claudia Regina de Oliveira Vaz Torres - UNIFACS ANIMA


Sabrina Vitória dos Santos Carneiro – FESF -SUS - FIOCRUZ
Sabrina Vitória dos Santos Carneiro – FESF -SUS - FIOCRUZ
Wesley Santana de Carvalho - UNIFACS - ANIMA
Corine Vieira Torres - UNIFACS - ANIMA

RESUMO
Este projeto tem como objetivo analisar as ações desenvolvidas com internos do sistema prisional e
usuários de saúde mental institucionalizados no Hospital de Custódia e Tratamento no período da
pandemia. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo cujos objetivos serão alcançados através de
Estudo de Caso (cenário epidêmico da população do HCT-BA). O estudo também caracterizou o
enfrentamento e os efeitos da pandemia da COVID-19 nas ações de saúde do sistema prisional. Este
estudo está em consonância com a pesquisa Impacto epidemiológico do COVID-19 no Sistema
Prisional na cidade de Salvador, Bahia, Brasil (CNPQ), CAAE 39951720.0.0000.5033 com o objetivo
de caracterizar o impacto da pandemia do COVID-19 nos serviços de atenção à saúde no sistema
prisional de Salvador.
Objetivos
Analisar as ações desenvolvidas com internos do sistema prisional e usuários de saúde mental
institucionalizados no Hospital de Custódia e Tratamento no período da pandemia.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo cujos objetivos serão alcançados através de Estudo de
Caso (cenário epidêmico da população do HCT-BA). O estudo também caracterizou o enfrentamento
e os efeitos da pandemia da COVID-19 nas ações de saúde do sistema prisional. Iniciamos com a
revisão de literatura sobre o tema, com consulta as bases de dados do PUBMED e SCIELO,
utilizando-se descritores como COVID-19; SARS-COV-2; cárcere ou prisão ou hospital de custódia.
A pesquisa documental foi fundamental para ter acesso aos dados extraídos dos documentos do
DEPEN e SEAP quanto ao Plano de Contingência e protocolos de enfrentamento a COVID-19 e a
pesquisa de campo, com estudo observacional no Hospital e Custódia e Tratamento (SEAP-BA) e
análise de prontuários.
Resultados
O estudo também tem aproximação com pesquisas desenvolvidas sobre o sistema prisional e tem
como foco gerar subsídios para auxiliar o setor público a aperfeiçoar sua atuação em situações de
crise, discutir o direito a assistência à saúde no sistema prisional. Na análise dos prontuários de
internos (2020 e 2021) foram encontradas dificuldades com o manejo em razão de registros
superficiais, discrepância de informações e incompatibilidade entre instrumento de coleta de dados
com os documentos analisados. Constatou-se também o sofrimento dos trabalhadores diante da
precariedade das condições de trabalho, o distanciamento dos familiares dos internos em razão da
diminuição das visitas (Plano de contingência), a testagem muito inferior a demanda de casos
sintomáticos e aumento de medicação psiquiátrica (antidepressivos) para os internos da unidade
prisional pesquisada. Foram encontrados registros de participação de internos em ações de
autocuidado, comunicação virtual e grupos terapêuticos e informativos.
Palavras-chave: Pandemia; Saúde mental; Sistema prisional

173
Atenção Psicossocial durante a pandemia da Covid-19: inserção de residentes numa equipe
multiprofissional de um CAPS II

Josué Barbosa Sousa - CAPS II Sapucaia do Sul


Gabriela Radin Piesanti - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Luiza dos Santos Mattos - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Lucas Vieira de Galisteo - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Natália Klauck de Souza - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Laura Anelise Faccio Wottrich - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Rose Teresinha Mayer da Rocha - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Giordano Larangeira Dias - SMS Sapucaia do Sul

RESUMO
O programa de Saúde Mental Coletiva da Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública
do Rio Grande do Sul prevê, dentro do percurso formativo dos residentes, a vivência em diferentes
cenários, sendo um campo fixo no primeiro ano, e volante no segundo. Nesse trajeto,oportuniza-se
experienciar os diferentes espaços da rede de saúde do município. É um espaço de transformação,
conflito e curiosidades, onde se interpõem as expectativas sobre o próprio processo como aprendizes
e como trabalhadoras e trabalhadores dos espaços, em relação à realidade transpandêmica que
acentuou a lógica ambulatorial nos serviços de saúde mental, por conta dos protocolos de isolamento
social. Este relato retrata a inserção de residentes em saúde mental coletiva no Centro de Atenção
Psicossocial do tipo II em um município da região metropolitana gaúcha. A realidade encontrada pelas
e pelos residentes foi de esvaziamento do serviço devido à restrição das atividades coletivas, o que
descaracterizou o espaço físico e a proposta de trabalho do CAPS, ensejando transformações e
alternativas em articulação com a equipe frente a este momento. A partir de discussões em preceptoria
e reuniões com trabalhadoras e trabalhadores foram elaboradas estratégias de cuidado, tendo em vista
a necessidade de reinvenção do serviço para acolher as necessidades e demandas de saúde da
população, tanto novas quanto antigas, seja por meio de teleatendimentos ou realização de grupos
virtuais.
Objeto do Relato: Processo de trabalho de residentes em um CAPS II durante a emergência sanitária
da Covid-19.
Objetivos: Descrever aspectos associados à inserção de residentes na equipe multiprofissional de um
Centro de Atenção Psicossocial tipo II de um município da região metropolitana de Porto Alegre, no
contexto da pandemia da Covid-19.
Análise Crítica: As expectativas sobre o trabalho em saúde mental coletiva, segundo a perspectiva da
Reforma Psiquiátrica, foram confrontadas com a nova realidade de crise sanitária que afetou
diretamente as trabalhadoras e os trabalhadores da RAPS do município. Tal situação evidenciou
também a precarização dos serviços, dos processos e vínculos de trabalho que vêm ocorrendo ao
longo dos últimos anos no contexto da saúde pública. Essa experiência impactou as e os residentes,
de modo que os espaços de preceptoria, tutoria, Educação Permanente e trocas com a equipe
tornaram-se importantes meios de fortalecimento, pois, coletivamente, puderam encontrar formas
alternativas de atuação de ensino em serviço.
Conclusões/Recomendações: A despeito desse momento históricos, a experiência da resiliência, da
crítica, das necessidades e atitudes advindas dos processos de trabalho circulantes nos diferentes
espaços da rede, são imprescindíveis para munir os residentes nas futuras inserções, construções e
debates sobre a saúde no Brasil.
Palavras-chave: Saúde Mental; Centros de Atenção Psicossocial; Pandemia COVID-19;
Residência Integrada em Saúde.

174
Atenção Psicossocial e formação em Psicologia: diálogos em uma experiência de monitoria em
saúde

Ricardo Sparapan Pena - UFF - Universidade Federal Fluminense


Ana Elisa Constantino Rezende - Universidade Federal Fluminense
Gabriela Vieira Brasil de Araújo - Universidade Federal Fluminense

RESUMO
RESUMO: O projeto de monitoria "O ensino das políticas públicas de saúde e a relação com a
Psicologia , desenvolvido no curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (Volta
Redonda), oferece suporte às disciplinas de Saúde Coletiva presentes na grade curricular. Estas
disciplinas demandam atividades que transversalizem a construção de saberes. Nesta linha,
complementamos a formação em Psicologia experimentando diálogos com as políticas que
constituem e permeiam os campos da Atenção Básica e da Saúde Mental, enfocando a Atenção
Psicossocial através de estudos de casos fictícios construídos pela monitoria. Estes casos
problematizam o trabalho da Psicologia nas equipes interdisciplinares e a sua atuação nas múltiplas
políticas e iniciativas intersetoriais que compõem a Atenção Psicossocial. Assim, dispositivos como
a Educação Permanente em Saúde, o Apoio Matricial, a Unidade Básica de Saúde, o CAPS, o
Consultório na Rua, entre outros, são incorporados ao aprendizado através das discussões destes
casos, os quais também interseccionam classe, raça e gênero. Buscamos, com isso, uma formação em
Psicologia conectada à construção dialogada de Projetos Terapêuticos Singulares articulados em rede.
Consideramos, então, que é necessário para esta formação experimentar leituras, discussões de caso
e diálogos que abordem a atuação da Psicologia em rede, transformando o ensino em sala da aula, e,
quando possível, também nas visitas a serviços e encontros com trabalhadores da saúde.
Objeto do Relato
Formação em Psicologia no diálogo com as políticas de saúde no SUS.
Objetivos
Apresentar uma experiência de formação em Psicologia na qual, através de um projeto de monitoria
que promove a discussão de casos, ofereça suporte às disciplinas obrigatórias e optativas da área de
Saúde Coletiva oferecidas no curso.
Análise Crítica
O projeto tem suscitado a busca por referenciais teórico-práticos que avancem nas leituras de textos
do campo da Saúde Coletiva e das experiências em Saúde Mental, e também de outros campos, nos
levando a construir propostas, através dos casos fictícios, que abordem o sofrimento psíquico no
contexto da determinação social da saúde, o território como espaço de produção de saúde, a intrínseca
relação entre saúde mental e atenção básica e a importância do conhecimento dos princípios e
diretrizes do SUS, assim como das políticas de saúde que o compõem, analisando o papel das ações
em saúde tanto na expansão como no controle da vida.
Conclusões/Recomendações
Continuaremos apostando nessa proposta de complementação da formação em Psicologia, pois já no
início de sua caminhada vem mobilizando necessidades de transformação nos modos de conhecer, as
quais certamente se ampliarão.
Palavras-chave: Educação em Saúde; Política de Saúde; Saúde Mental; Saúde Coletiva;
Psicologia.

175
Atuação da Equipe de Desinstitucionalização no Município de Niterói/RJ (2021)

Bárbara Nicodemos Martins - CAPS Casa do Largo/ Niterói-RJ

RESUMO
O presente trabalho é resultado do desenvolvimento da pesquisa de nosso Trabalho de Conclusão de
Curso de graduação em Serviço Social. Pretendemos abordar o processo de desinstitucionalização no
município de Niterói/RJ, mais especificamente sobre a atuação da Equipe de Desinstitucionalização
da Coordenação de Saúde Mental. Historicamente, tal equipe cumpriu um relevante papel, no
processo de desinstitucionalização de usuários da saúde mental há muito tempo internados em
instituições de longa permanência. Consideramos importante resgatar, como era desenvolvido o
trabalho no ano de 2021, ano em que realizamos estágio na Equipe.
Objetivos
A aproximação com tal temática se deu através da inserção no estágio no Hospital Psiquiátrico de
Jurujuba-HPJ, onde pudemos identificar demandas de usuários que desejavam morar em Residências
Terapêuticas e posteriormente, no estágio na Equipe de Desinstitucionalização, onde foi necessário
um resgate histórico do trabalho desenvolvido para a elaboração do Plano de Estágio e o Relatório
Final.
Metodologia
Além da utilização do Plano de Estágio e Relatório final, utilizamos como fonte o livro ata da Equipe,
que tem descrito a relatoria das reuniões de equipe, entre 09 de janeiro de 2006 à 06 de abril de 2018
e que me foi disponibilizado por ocasião do estágio, como forma de me aproximar e conhecer um
pouco da trajetória que a equipe vinha desenvolvendo. Como forma de reafirmação do compromisso
ético da pesquisa, não relatarei os nomes dos profissionais envolvidos no processo, como forma de
preservar as suas identidades, me atendo somente ao relato dos fatos e ações empreendidas pela
equipe.
Resultados
A Equipe multiprofissional dividia entre os profissionais casos do HPJ, do Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo e casos indicados à Niterói na Clínica Nossa Senhora das
Vitórias em São Gonçalo e o Hospital Psiquiátrico Penal Roberto Medeiros no Rio de Janeiro.
Dentre as atividades realizadas destacam-se: pesquisa através de leitura de portuários; elaboração do
Projeto Terapêutico Singular, visando refletir as estratégias de cada caso; estabelecer um vínculo com
o usuário referência, visando o incentivo à ida ao CAPS e na participação em atividades de lazer, para
que ele possa começar a se familiarizar com o espaço fora do hospital.
Após a sistematização da história do usuário, é discutido o caso na Reunião da Equipe, onde são
realizadas reflexões para então, ser encaminhada uma direção de trabalho, podendo ser ou de retorno
à família ou de ida para Residência Terapêutica. É realizado também uma busca aos familiares do
usuário, para se saber a possibilidade ou interesse desses familiares em se reaproximarem.
A partir do exposto, identificamos o processo de trabalho desenvolvido pela Equipe em 2021.
Identificamos as particularidades da atuação num município, onde há apenas o HPJ para casos em
crise, como é Niterói.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica.

176
Atuação da Psicologia nas Políticas Públicas de Saúde Mental

Maria Júlia Vieira Dantas


Ravenna Alves Ferreira - Psicologia do Centro Universitário Paraíso - UNIFAP.
Orlando Júnior Viana Macêdo - Professor do Curso de Psicologia do Centro Universitário Paraíso
- UNIFAP

RESUMO
O Centro de Atenção Psicossocial - CAPS é um serviço de atenção em Saúde Mental que se propõe
a substituir as internações de longos períodos e possibilitar um tratamento humanizado para os
usuários portadores de sofrimento mental. O estudo justifica-se em função de uma conjuntura social
política e econômica que tem impactado negativamente nas políticas de saúde mental e pela
necessidade de reafirmar a importância de uma presença efetiva da Psicologia no CAPS, de forma a
promover saúde e qualidade de vida dos portadores de sofrimento mental, em detrimento de práticas
violentas e excludentes. Foi eleita como questão norteadora do estudo: quais os desafios enfrentados
pela psicóloga em seu exercício profissional nos CAPS?
Objetivos
O estudo tem como objetivo geral investigar os desafios no exercício de uma psicóloga no Centro de
Atenção Psicossocial - CAPS. Especificamente objetivou-se identificar a relevância da
intersetorialidade para atuação da psicóloga no CAPS; compreender as principais demandas que
chegam para a Psicologia no CAPS e; identificar as principais práticas numa semana típica de
trabalho.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo realizado por meio de um estudo de caso. A coleta de dados deu-se
por meio de uma entrevista semiestruturada, cujo roteiro contemplou os temas: intersetorialidade,
demandas, desafios e formas de atuação da profissional de Psicologia. A entrevista foi realizada com
uma profissional de Psicologia, que atua em um CAPS de um município do interior do Ceará, nordeste
brasileiro. A entrevista foi gravada, transcrita fielmente à fala da participante e analisada por meio da
tecnica de análise de conteúdo.
Resultados
Segue os temas e respectivas categorias que emergiram a partir dos dados empíricos acessados.
Demandas todo tipo; prática profissional numa semana típica de trabalho - atendimento psicológico
individual e atendimento psicológico em grupo; Intersetorialidade bom relacionamento com a rede
socioassistencial; Dificuldades excesso de demanda. Percebe-se grande relevância da Psicologia na
operacionalização dos serviços ofertados pelo CAPS, por outro lado identifica-se, que questões
inerentes à própria política e limitações de outras políticas, contribuem para uma sobrecarga de
trabalho para a profissional de Psicologia, o que pode comprometer a qualidade de sua atuação
profissional. Conclui-se chamando atenção para a importância de maiores investimentos, por parte
do Estado, nas Políticas Públicas, de forma a possibilitar condições de trabalho, para a Psicologia e
demais profissionais que compõem a equipe do CAPS, que viabilize oferta de serviços dentro dos
padrões de qualidade que os portadores de sofrimento mental merecem.
Palavras-chave: Sáude mental; Psicologia; CAPS.

177
Audiências de Custódia, sistema de justiça e sua interface com as políticas de direitos
humanos e saúde pública

Carlos Rubens de Freitas Oliveira Filho - Ministério Público do Mato Grosso

RESUMO
Este trabalho visa analisar e criar mecanismos de promoção de direitos humanos e de saúde pública,
pela atuação do sistema de justiça nas audiências de custódia. Primeiramente, faz-se necessária uma
análise da legislação que criou a obrigatoriedade de realização das audiências de custódia no Brasil,
bem como das normas de direito internacional que tratam do tema, não descurando-se da análise da
legislação que trata da saúde pública no país. Assim, o trabalho visa criar uma rotina para os
promotores de justiça, utilizando mecanismos já previstos em lei, para o fomento à dignidade humana
e acompanhamento das medidas diversas do cárcere concedidas ao cidadão.
Objetivos
- Revisar práticas e propor formas distintas das costumeiramente utilizadas que possam qualificar a
porta de saída das audiências de custódia;
- Promover ações de direitos humanos e fundamentais àqueles que possuem problemas decorrentes
do uso ou abuso de álcool ou drogas, ou estejam em sofrimento mental decorrentes de transtornos ou
doenças mentais;
Metodologia
Partindo do método indutivo, observou-se como o sistema de justiça pode agir na promoção de
direitos humanos, pela via da saúde pública, àquelas pessoas que estão tuteladas pelo Estado, quando
de sua colocação em liberdade, após a realização da audiência de custódia.
Para embasar cientificamente o que vem sendo feito, há uma revisão da legislação e também da
bibliografia existente sobre o tema. Importante buscar na vasta literatura sobre saúde pública, pontos
já existentes sobre o cuidado às pessoas com problemas decorrentes do uso ou abuso de álcool ou
outras drogas.
Resultados
- instauração de procedimento administrativo para a tutela de direitos individuais indisponíveis;
- orientações das corregedorias;
- criação de rotinas para juízes e promotores de justiça.
Palavras-chave: Direitos Humanos; Audiência de Custódia; Saúde Mental; Saúde Pública.

178
Avaliação e intervenção em um caso de primeiro episódio psicótico após infecção de COVID-
19: Relato de Caso

Leonardo Hideki Asato - Hospital Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha


Fábio Moraes Corregiari - Hospital Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha
Roberta Candal de Macedo Shibaki Souza - Hospital Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha
Matheus Eduardo Rodrigues - Hospital Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha
Yan Santos Leonello - Hospital Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha

RESUMO
A pandemia de COVID-19 está causando um impacto na saúde física e mental, levando a um aumento
na incidência de transtornos mentais. Apesar de ainda não haver evidências de uma relação direta, há
diversos relatos de psicose em indivíduos previamente hígidos. Objetivo: descrever o caso de um
paciente sem antecedentes que desenvolveu um primeiro episódio psicótico após infecção por SARS-
CoV-2.
Objetivos
Descrever o caso de um paciente sem antecedentes que desenvolveu um primeiro episódio psicótico
após infecção por SARS-CoV-2.
Metodologia
paciente 45 anos, ex-etilista, abstinente há 7 anos, apresentou infecção por COVID-19 (RT-PCR
positivo), sendo tratado inicialmente com azitromicina. Iniciou prednisolona 10 dias depois do início
dos sintomas (20 mg/dia por 3 dias) associado a claritromicina. Após o 3º dia de prednisolona iniciou
discurso e comportamento delirante, desorganizado, com alucinações audioverbais, insônia e
heteroagressividade, sendo levado para o Hospital. A família negou uso de substâncias psicoativas
naquele momento. Na entrada foi levantado hipótese diagnóstica F06.8/F30.
Resultados
Investigação: Exames laboratoriais, sem sinais infecciosos. RNM Crânio e Análise de Líquor sem
alterações. Evolução: Iniciou tratamento com risperidona, valproato de sódio e diazepam. Evoluiu
com melhora da agitação psicomotora e heteroagressividade, melhora parcial do quadro psicótico,
aceitando proposta terapêutica, sendo encaminhado para Ambulatório do Hospital Dr. Fernando
Mauro Pires da Rocha (HDFMPR) para seguimento. Seguimento Extra Hospitalar: Evoluiu com
manutenção dos sintomas de hipomania e delírios místico-religiosos, mas sem heteroagressividade
ou agitação psicomotora, mesmo em uso de Valproato de Sódio 500mg/noite e Risperidona 4mg/dia
Conclusão:Faz-se necessário mais pesquisas para esclarecer qual correlação entre o surgimento de
condições neuropsiquiátricas em indivíduos sem antecedentes psiquiátricos que se infectaram pelo
COVID 19, além de pesquisas a respeito da influência dos corticoide nos pacientes com
sintomatologia semelhante ao do paciente avaliado nesse caso clínico, além de aprofundar as
pesquisas sobre tratamentos eficazes dirigidos a essas condições.
Palavras-chave: Pandemia COVID-19; Transtornos Psicóticos; corticoide; trastorno afetivo
bipolar; SARS-CoV-2.

179
Caminhos da desinstitucionalização: apontamentos sobre a formação de cuidadores e suas
práticas em Serviços Residenciais Terapêuticos

Livia Prado Muniz - Servidora pública da Prefeitura Municipal de Salto de Pirapora/SP

RESUMO
A desospitalização e a implantação de Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) são ações
importantes no processo de desinstitucionalização, e devem ser acompanhadas pela desconstrução
dos estigmas associados à loucura, pela superação de práticas tutelares reproduzíveis fora dos
manicômios e pelo rompimento com diversos mecanismos de opressão. Esta pesquisa é realizada em
um município com histórico de elevado número de leitos do SUS em hospitais psiquiátricos e que a
partir de 2013 iniciou um processo de desinstitucionalização, com o fechamento destes hospitais e a
implantação de quatro SRTs. A investigação explora aspectos da formação e das práticas de trabalho
dos cuidadores destas moradias, dada a importância desta categoria profissional no processo de
desinstitucionalização em curso.
Objetivos
Considerando que os cuidadores dos Serviços Residenciais Terapêuticos são profissionais
fundamentais para a concretização das propostas de reabilitação psicossocial dos sujeitos com
histórico de manicomialização, o objetivo da pesquisa em andamento é analisar como seus saberes e
práticas de trabalho refletem neste processo de desinstitucionalização.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, feita a partir de revisão bibliográfica sobre a temática, seguida
de entrevistas exploratórias e entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores dos Serviços
Residenciais Terapêuticos do município em questão. Inicialmente foram feitas entrevistas com a
coordenadora dos SRTs e o próximo passo da pesquisa é a realização de entrevistas com um cuidador
que possui experiência de trabalho em manicômio e com um cuidador sem esta vivência.
Resultados
Há ainda pouca literatura sobre o trabalho do cuidador de SRT e as portarias do Ministério da Saúde
não fazem menção ao grau de qualificação exigido para a contratação deles. Também não há consenso
sobre a necessidade de formação específica para o cargo. Nas entrevistas a serem realizadas, acredita-
se ser possível entrar em contato com saberes plurais, construídos tanto com formações na área do
cuidado ou da saúde mental, como também a partir do senso comum, do conhecimento prático e do
conhecimento popular. Evidenciando as práticas de cuidado desses trabalhadores, elas serão
contextualizadas e problematizadas. Espera-se que esta pesquisa possa revelar tensões, contradições,
potencialidades e desafios encontrados nesta constante reinvenção das práticas relacionadas ao
cuidado em saúde mental de ex-moradores de hospitais psiquiátricos, e que desta forma, ela possa
contribuir para a sustentação de práticas antimanicomiais neste contexto dos retrocessos políticos e
da contrarreforma psiquiátrica em andamento no país.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Cuidadores em Saúde; Serviços Residenciais
Terapêuticos.

180
Ciclo Formativo: Contribuições teórico-práticas para atuação de profissionais de nível médio
e técnico em Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas

Camila de Albuquerque Alves da Silva - CAPS AD III Campo Limpo


Juliana Fonseca Mesquita de Oliveira - CAPS AD III Campo Limpo
Melina Alves de Camargos - CAPS AD III Campo Limpo
Alessandra de Jesus Pereira - CAPS AD III Campo Limpo
Marcio Wellington de Souza - CAPS AD III Campo Limpo
Raquel do Lago Fávaro - CAPS AD III Campo Limpo

RESUMO
A partir da avaliação por competências - instrumento institucional utilizado para o desenvolvimento
profissional e organizativo da unidade de saúde percebeu-se a necessidade de espaços formativos para
profissionais de nível técnico e médio ao que concerne o cuidado aos usuários em um CAPS AD.
Percepção esta, evidenciada também pelo esvaziamento e não posicionamento destes profissionais
em espaços coletivos.
Alinhado a isto, o NLPMP aplicou um questionário online, anônimo, por meio do formulário Google
Forms para 19 profissionais: artesão, técnicos de farmácia e enfermagem, agente redutor de danos,
copeiro e auxiliar técnico administrativo. O instrumento contém 11 questões que avaliam o nível de
contato destes profissionais com os seguintes temas: Constituição do SUS, reforma psiquiátrica e
RAPS; Constituição das políticas de álcool e drogas e RD; Estigmas e preconceitos; Reabilitação
Psicossocial; Convivência e acolhimento; Manejo de Crise; Ferramentas de cuidado; Exame
Psíquico; Manejo de síndromes de abstinência e fissuras. Além de quatro perguntas descritivas sobre
temáticas de apoio a prática, potencial de contribuição para o cuidado ofertado no CAPS AD e
identificação de barreiras e dificuldades neste serviço.
A partir disso, elaborou-se o ciclo formativo com três eixos: Bases Teóricas e Conceituais das
Políticas Públicas de Saúde; O cuidado às pessoas com necessidades decorrentes do consumo de
álcool e drogas no âmbito do SUS e Práticas e ferramentas de cuidado.
Objeto do Relato
Construção do ciclo formativo que visa contribuir na prática profissionais de nível médio e técnico
em CAPS AD.
Objetivos
Relatar a experiência de identificação de nó crítico relativo à formação dos profissionais de nível
médio e técnico para atuação em CAPS AD III e descrever a construção de um ciclo formativo que
busca fortalecer a prática profissional orientada pela Redução de Danos e Reabilitação Psicossocial.
Análise Crítica
Os resultados que apontam maior fragilidade no processo formativo indicam que 58% dos
profissionais nunca tiveram contato com o tema Ferramentas de Cuidado, 37% nunca tiveram contato
com o tema de constituição de políticas de Álcool e Drogas e 32% nunca tiveram contato com o tema
da Redução de Danos. Estes dados corroboram com a evidência e a percepção da ausência e/ou
precariedade da inserção dessas temáticas nos processos formativos e no cotidiano dos serviços.
Conclusões/Recomendações
É imprescindível que estes profissionais se sintam qualificados e pertencentes à gestão do cuidado
visto que são maioria dos trabalhadores e atuam diretamente no manejo cotidiano dos usuários.
Portanto, o ciclo formativo busca contribuir para a qualificação coletiva do cuidado em CAPS AD
III.
Palavras-chave: Redução de dados; reabilitação psicossocial; SUS; álcool e drogas; CAPS AD III.

181
Clínica do espaço - o acompanhamento de um caso de autismo inspirado no pensamento de
Fernand Deligny

Pedro Rodrigues de Almeida

RESUMO
Clínica do Espaço" é uma prática terapêutica que desenvolvemos na UFF através das pesquisas da
pós graduação. A tese de título "Clínica do espaço - infância, autismo e cartografia pretende discutir
o problema do espaço e sua relação com a problemática da inadaptação na saúde mental. A noção de
adaptação surgiu na década de 40 no campo médico-jurídico com objetivo de diagnosticar e readaptar
aqueles que não se adaptavam às exigências sociais e jurídicas, entre tantos, autistas, delinquentes e
psicóticos. Deligny inseriu-se nesse meio problematizando a noção e desenvolvendo práticas de
acompanhamento que não são readaptativas, mas criadoras de circunstâncias em liberdade. Seu
pensamento inspira a tese e a prática clínica em questão nesta apresentação.
Objetivos
Inspirados no Deligny apresentaremos um caso de autismo onde assistimos a desinstitucionalização
e sua adaptação ao espaço da casa. Pretendemos apresentar o panorama de sua adaptação construída
singularmente, mais próxima do humano do que de uma imagem idealizada do homem-que-somos .
Faremos isso através da apresentação de alguns conceitos fundamentais de Fernand Deligny e da
história do paciente.
Metodologia
Inspirados pela Esquizoanálise de Deleuze, Guattari e Deligny, propomos pensar o que chamamos
clínica do espaço a partir da perspectiva de um caso de autismo acompanhado pelo dispositivo
residencial terapêutico criado entre pesquisadores entre Niterói e Rio de Janeiro. A inspiração
metodológica são as publicações dos referidos autores e também aquelas sobre o Acompanhamento
Terapêutico, realizada por pesquisadores brasileiros em relação com a Reforma Psiquiátrica e a Luta
Antimanicomial. Para isso, pretendemos mostrar algumas imagens deste trabalho e apresentar a linha
argumentativa oralmente, demonstrando como pensamento o caso e como funciona o trabalho
Residencial Terapêutico.
Resultados
Nessa perspectiva da clínica do espaço, o autismo não é uma patologia, mas um modo de existência
fora ou à margem da linguagem. Por essa razão elas não precisam ser adaptadas e sim as instituições
e as práticas é que devem ser adaptar a elas, seguindo seus trajetos e suas linhas de errância. É por
essa razão que o dispositivo residencial terapêutico está sempre se transformando na medida em que
os pacientes passam por ela.
Nesse sentido, cabe perguntar: quais as implicações de assumir essa perspectiva do espaço? Que
transformações são possíveis quando fazemos a afirmação de que o autismo não é uma patologia?
Trata-se de criar outros espaços - utopias efetivamente realizadas - que não sejam regidos pelo
binarismo normal-anormal, espaços perspectivados pelo ponto singular através do qual os diferentes
autismos experimentam o espaço.
Palavras-chave: Autismo; esquizoanálise; cartografia; residência terapêutica.

182
Como um Girassol: acolhendo pais e/ou responsáveis por crianças e adolescentes com
adoecimento mental

Angela Maria Rodrigues Caripuna - Secretaria Municipal de Saude Abaetetuba


Leonilson Dias Valente - Secretaria municipal de Saude - CAPS 2
Roselina Gonçalves da Costa - Secretaria municipal de Saude - CAPS 2
Cleber Cardoso dos Santos - Secretaria municipal de Saúde de abaetetuba

RESUMO
O projeto iniciou com 30 pais/responsáveis por crianças e adolescente com transtornos mentais graves
no CAPS em Abaetetuba, a iniciativa nasceu através das escutas onde os pais/responsáveis
manifestavam seu desespero e anulações para cuidar do filho (a), sem entender o processo que o
adoecimento mental causa quando você não tem a compreensão. A maioria dos pais/responsáveis que
atendemos vem da extrema pobreza e seus níveis de escolaridade é quase nenhum.
Através do projeto, organizamos um grupo de pais que se encontra a cada quinze dias, para
participarem de alfabetização, palestras, cursos de empreendedorismo, acolhimento nos serviços
oferecidos pelo CAPS (clínicos, psicológico, visita domiciliar.) Percebemos uma evolução
significativa no fortalecimento das relações familiares e principalmente na evolução do tratamento
do paciente. O projeto vem salvando vidas: "salvou a minha vida porque tava a ponto de me matar eu
tava ficando doida, meus 3 filhos doentes e eu e eles abandonados a própria sorte, Depois que comecei
a participar do projeto, minha vida e dos que tão aqui mudou pra melhor " (mãe de usuário). Na
verdade o conhecimento e a empatia está fazendo a diferença na vida dos usuários. Observamos que
os CAPS na sua constituição podem criar um espaço acolhedor onde a família do usuário possa
também manter sua qualidade de vida através das inserções e empoderamento no contexto social e
comunitário, através de grupo terapêutico.
Objeto do Relato
Sensibilizar a comunidade sobre a relevância no cuidado dos cuidadores de crianças e adolescentes.
Objetivos
Oferecer atendimento aos pais e/ou responsáveis cuidadores de crianças e adolescentes com
adoecimento mental severos e graves, promovendo a inserção social, lazer, exercício dos direitos civis
e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Resgatando a autoestima dos responsáveis
cuidadores, através dos serviços oferecidos pelo CAPS.
Análise Crítica
A necessidade que os pais/cuidadores tem em conhecer as limitações de suas crianças e adolescentes
com adoecimento mental, a fragilidade das famílias de baixa renda, é um fator que muito influencia
no tratamento e na recuperação dos mesmos. Avaliamos que em dois meses de atendimento do
Projeto, o quanto vem transformando a vida de uma comunidade inteira, promovendo bem estar e
harmonia no ambiente familiar onde o usuário sente o conforto de um espaço compreensivo para sua
recuperação. Os desafios são grandes, o preconceito com o doença mental ainda perdura na sociedade
cruel, mas a determinação e o conhecimento fazem com que os cuidadores se enxerguem como
agentes de transformação social.
Palavras-chave: Acolhimento; saúde; conhecimento.

183
Concepções de Arteterapia no Cuidado a Pessoas Portadoras de Esquizofrenia ou Outras
Psicoses

Emanuelle Marie Cassin Passarini - USP - Universidade de São Paulo


Thiago Yuji Nakao Hatanaka - USP
Emily Hitomi Ywahashi Shimabuku - USP
Rafael Casali Ribeiro - USP

RESUMO
A Reforma psiquiátrica teve seu início nos anos 1970, com desinstitucionalização manicomial e
reinserção e tratamento em comunidade como pauta. Atualmente, baseado nos princípios deste
movimento, é essencial pensar as práticas em saúde mental tendo a pessoa como sujeito histórico e
protagonista de sua vida, mesmo em sua condição de loucura. A Arte permite a expressão individual,
sendo para Costa (2016) a área do conhecimento que lida com a expressão das emoções, abstrações,
paixões, vivências e facetas. Nesse contexto, a arteterapia foi incluída na Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares, sendo praticada em diversos centros. Assim, cabe a pergunta: que
valores são considerados durante a produção intelectual de arteterapia, e quais paradigmas norteiam
tais práticas?
Objetivos
Compreender como intervenções artísticas são aplicadas no campo da saúde, notadamente no cuidado
às pessoas portadoras de esquizofrenia e transtornos psicóticos, considerando os pressupostos teóricos
adotados, explícita ou implicitamente, que norteiam quais as transformações do sujeito ao longo do
processo, as representações sociais produzidas.
Metodologia
Trata-se dos resultados parciais de uma revisão de escopo, que consistiu na pesquisa bibliográfica em
periódicos e livros de interesse, por meio de Bases de Dados, analisados em um período de 20 anos.
A revisão foi realizada seguindo as etapas: elaboração da pergunta norteadora, levantamento da
literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e
mapeamento das informações coletadas. A pesquisa bibliográfica foi feita em português, espanhol e
inglês, com os descritores relacionados a: Transtornos Psicóticos, Terapia pela Arte e Esquizofrenia.
Resultados
A partir dos artigos levantados, nota-se que a arteterapia é diversa em suas teorias e práticas,
estendendo-se desde a visões utilitaristas até àquelas que propõem uma visão emancipatória e
respeitam a subjetividade dos sujeitos. Identificamos 5 agrupamentos com conceitos convergentes
presentes nos artigos, sendo eles: arte como ferramenta terapêutica em serviços de saúde;
transformação interna do sujeito através da arteterapia; habilidades sociais, de auto expressão e
comunicação; conscientização social em saúde mental e inclusão; conceitos de arte e humanidade.
O paradigma de arte como instrumento medicalizante com o objetivo de reduzir sintomas busca
assimilar o participante na sociedade, sem preocupações com suas subjetividades. A verticalidade do
cuidar, com uma estabelecida dinâmica de poder entre cuidador e cuidado, e uma visão da loucura
como algo a ser consertado é evidente neste viés.
Em contraste, em outros grupos, a arteterapia foi abordada como instrumento emancipador e formador
do cidadão, sendo uma prática em que é possível exercitar sua autonomia sobre o cuidado e ser
protagonista de seu tratamento com uma preocupação que vai além da materialidade do que é
produzido.
Palavras-chave: Arteterapia; Esquizofrenia; Arte; Psicoses.

184
Construindo um morar no SRT2 de Araruama/RJ: mulheres, protagonismo e um café

Lyvia Bernardes Seabra - Prefeitura Araruama


Helen Cristina Serra do Nascimento - CAPS II/RT - Araruama/RJ
Estela Mara de Vargas Silva - CAPS II - Araruama/RJ
Lucia Helena da Silva Minguta dos Santos - CAPS II- Araruama/RJ

RESUMO
O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) é uma moradia para egressos de internações psiquiátricas
de longa permanência que não possuem rede de suporte social ou familiar que viabilize sua inserção
social. Em Araruama possuímos 2 SRTs, em um deles, dentro da sala de estar ocorreram as reuniões
onde quatro moradoras mulheres foram protagonistas, com a participação das profissionais técnicas
de referencias do CAPSII, uma cuidadora, a acompanhante terapêutica e a coordenadora do SRT2.
Esse espaço objetivou a organização e a forma de como as moradoras gostariam de estar convivendo
no ambiente coletivo, preservando suas escolhas e seus desejos. Entendendo que para elas, que por
muito tempo foram institucionalizadas, o falar em coletivo, e o respeitar o tempo de escuta, dentre
outras questões, são processos que requerem manejos dos profissionais e apostas distintas para que
fortaleçam os laços sociais. Podemos citar os momentos onde percebemos a importância da fala e
escuta a cada tempo dos sujeitos, incluindo ai as resistências do falar ou não, emergindo questões
sobre suas identidades e identificações. Durante as reuniões ocorreram dificuldades em expressarem
seus desejos e verbalizarem situações do cotidiano, o que foi aos poucos se desfazendo, pois passaram
a suportar o espaço de convivência que se construiu com e a partir do outro. Apostamos em uma nova
forma de morar, dividir e construir o espaço coletivo.
Objeto do Relato
Reuniões quinzenais com as moradoras no Serviço Residencial Terapêutico tipo II.
Metodologia
Objetivos
Apresentar a experiência que possibilitou: Promover a autonomia e o exercício da cidadania das
moradoras; construir espaço singular com produção de significados; estabelecer vínculos e ações que
respeitem as singularidades das moradoras do SRT.
Análise Crítica
Percebemos que o trabalho no grupo de mulheres em sofrimento mental, possibilitou a construção de
uma abordagem de cuidado que responda às suas singularidades no âmbito de suas diferenças. O
trabalho expõe a necessidade de espaços singulares, de privacidade, de voz, de socialização e de
reconfiguração de suas histórias. Elencamos outros aspectos de igual importância, como o
protagonismo feminino no compartilhamento de suas identificações agregando as diferenças,
resgatando os seus valores e fortalecendo a autoestima. No decorrer das atividades foram avançando
no protagonismo de suas vidas, com sentimento de segurança e se permitindo expressar interesses,
desejos, dores e emoções.
Conclusões/Recomendações
A realização do trabalho possibilitou o pensar em ações individuais e construindo ações coletivas
diante das questões apresentadas. O trabalho singular com as mulheres do SRT2 pode potencializar
as relações sociais e afetivas não apenas entre elas, mas em relação ao seu lugar enquanto cidadãs.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; cuidado em saúde mental; cidadania em Saúde mental;
protagonismo feminino; Residência Terapêutica.

185
Cooperança digital, uma oficina terapêutica no ambiente virtual.

Vivian Nunes Nogueira


Rejane Ribeiro - UERJ
Guilherme Bernardo Peixoto - UERJ
Renata Forain de Valentim - UERJ
Taynara Maria da Silva Gomes - UERJ
Eduardo Torres - FIOCRUZ- UFF
Lula Wanderley - CAPS EAT

RESUMO
O primeiro passo foi o contato com os usuários do CAPS para criar um grupo de WhatsApp. Para
isso, estabelecemos contato com o psicólogo e o psiquiatra da instituição, e articulamos em conjunto
o atendimento individual aos usuários que necessitavam de uma orientação mais diretiva no uso da
plataforma Google Meet, onde seria realizada a oficina virtual. Feito isso, iniciamos os encontros,
que ocorrem até hoje às sextas-feiras, sempre das 10h às 11:30h. Quando a oficina iniciou, eles
puderam se ver e falar, depois de um ano sem contato, a emoção era nítida, cada um querendo contar
as experiências que viveu no isolamento, sempre relatando muita saudade e a alegria do reencontro.
As atividades propostas pela oficina são semiestruturadas, mas o curso de sua realização é decidido
coletivamente por todos os partíciples , palavra originada de uma atividade do grupo, que quer dizer
participante/cúmplice. O território de trabalho é o campo virtual, e o grupo é constituído: pelos
usuários e familiares de diversos bairros do Rio de Janeiro e de alguns clientes que viajaram para a
Espanha e São Paulo e que conseguiram se reunir mesmo à distância; por alunos da extensão
universitária do curso de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; por funcionários
da instituição e uma pesquisadora que reside nos Estados Unidos. As atividades utilizam a arte,
poesia, música e jogos para o fortalecimento de laços sociais, promoção de uma cidadania ativa e a
expressão da subjetividade.
Objeto do Relato
Relatar a adaptação de uma oficina presencial para o formato online, durante a pandemia de COVID
19.
Objetivos
A importância das oficinas terapêuticas para os usuários do CAPS EAT e a necessidade do
afastamento social na pandemia. A reunião de duas oficinas presenciais na realização de uma oficina
virtual. O processo de adaptação aos meios digitais, bem como alguns dos resultados e o impacto
desta atividade e no encontro e na sociabilidade dos participantes.
Análise Crítica
Desses 15 meses de oficina, originaram-se produções artísticas individuais e coletivas, bem como
diversos trabalhos acadêmicos. Usuários que no início necessitavam de auxílio para participar dos
encontros, atualmente participam da condução das atividades realizando inclusive a moderação da
sala virtual. É notório não apenas a autonomia do uso tecnológico, mas também de sua integração
social, articulação da fala e suas perspectivas para o futuro.
Conclusões/Recomendações
Diante de todos os ganhos desta parceria, percebe-se que a oficina digital se configura um recurso
valioso, que não substitui as atividades presenciais, mas que pode mitigar a ausência destas, seja por
questões sanitárias, por intercorrências da vida, como mudanças, ou mesmo parcerias de trabalho.
Palavras-chave: Pandemia; Projeto de Extensão; oficina terapêutica virtual.

186
Corpos gordos na atenção básica: diálogos entre saúde e patologização.

Ingrid Cristina de Souza Colaço - Associação Saúde da Família


Jessica Almeida da Cruz Ferreira - Associação Saúde da Família

RESUMO
A patologização da obesidade, um fato descrito pela organização mundial da saúde mas muito
questionado entre pesquisadores (Paim; Kovalesk; 2020), permeia atendimentos e entendimentos em
saúde. O constante aumento da prevalência de obesos mundialmente também é visto no Brasil,
mesmo em estado de fome. Ações para redução desses dados estão intensificadas na atenção primária
visto cenário de descontrole pandêmico. Porém, estratégias simplistas, como orientação de exercício
e dietas de exclusão, se mantém. É um paradoxo, nunca se falou tanto em dietas e ao mesmo tempo
números tão crescentes de obesidade. (DERAM, 2018) Pessoas gordas são menos suscetíveis a
tratamentos adequados em saúde devido ao estigma do peso, causando insegurança física e
psicológica. A ótica perversa de que o tamanho do corpo é uma escolha e que pode ser totalmente
reversível por escolhas voluntárias impactam futuros desdobramentos de seu cuidado. (RUBINO et
al,, 2020) Neste entendimento, a equipe multidisciplinar junto a preceptores médicos vem
sensibilizando a equipe técnica da Estratégia Saúde da Família (ESF) da Atenção Primária por meio
de ciclos de formação para que o indivíduo seja visto em sua integralidade e contexto biopsicossocial.
Objeto do Relato
Cuidados em saúde de pessoas gordas na Atenção Básica.
Objetivos
Discutir de que forma os cuidados em saúde de pessoas gordas são pensados e realizados na Atenção
Básica pelos profissionais que compõem a Estratégia Saúde da Família (ESF). Quais são os
parâmetros usados pelas equipes ao falarem em saúde do usuário? De que forma esse cuidado é
articulado e compactuado com o usuário?
Análise Crítica
A palavra gordofobia significa: Aversão a pessoas gordas que se efetiva pelo preconceito, intolerância
ou pela exclusão dessas pessoas. A cultura da dieta vem crescendo com promessas milagrosas sem
embasamento científico, que em sua maioria, estão vinculadas a um lobby neoliberal capitalista. O
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em pesquisa realizada em 2019, 60,3% dos
brasileiros, com 18 anos ou mais, estavam acima do peso. A pergunta que fica é: se mais da metade
da população brasileira é acima do peso, porque continuamos fazendo práticas em saúde norteadas
por condutas gordofóbicas, excludentes, patologizantes e pouco efetivas em relação a qualidade de
vida?
Conclusões/Recomendações
Fica claro que corpos gordos são atravessados por diversas violências, inclusive na saúde. Cabe aos
profissionais de saúde pensarem se a sua prática aproxima ou afasta o usuário, se ela é ética,
respeitadora e cuida de forma digna. Se não, temos um compromisso em mudar essa lógica
excludente.
Palavras-chave: Saúde; Gordofobia; SUS.

187
Dança integrativa com idosos em um ambiente de universidade da terceira idade

Jose Henrique de de Souza - Health Di Dance


Mônica de Rezende - UFF
Heloísa Garcia Claro Fernandes - Universidade Estadual de Campinas
Nathalia Nakano Telles - Universidade de São Paulo
Priscilla de Oliveira Luz - Universidade de São Paulo
Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - Universidade de São Paulo

RESUMO
A Dança Integrativa e os signos africanos oferecem a aprendizagem e expressão por meio de
movimentos e signos africanos que compõem o Mapa Vital dos participantes. Estes mapas mentais
são constituídos por Cabeça = Filosofia afro-perspectiva, Placenta = Dança Integrativa (integra a
cabeça, pés e equilíbrios), Equilíbrio = De um lado mito e encantamento, do outro Promoção da saúde
e Pés = Corpo-terreiro / corpo-território. Nestas práticas, o participante é convidado a expressar
corporalmente o signo encontrado. Oficinas de práticas corporais desenvolvidas com os participantes
para aflorar o talento artístico, ampliação da rede social, expressão e melhoria da qualidade de vida.
Nesta experiência, os grupos são formados com pessoas a partir de 55 anos e os grupos mudam a cada
semestre. O espaço utilizado é sempre na Unicamp, mas com possibilidade de experimentação em
diferentes cenários da universidade, como o espaço de entrada do curso de Medicina, sala da
Faculdade de Enfermagem e a tenda de exercícios físicos.
Objeto do Relato
Relação entre o Mapa Vital dos signos africanos e performance nas Danças dos Orixás.
Objetivos
Apresentar algumas vivências da dança integrativa com o uso dos signos africanos do projeto de
extensão da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, parte do Programa Universidade da Unicamp.
Análise Crítica
É crucial que o local da atividade possa acolher as pessoas envolvidas. Há a necessidade, por exemplo,
de que o piso seja de EVA, pois no processo e na aprendizagem da técnica de práticas corporais de
Dança Integrativa, a performance vai perpassar pelos diferentes níveis (baixo, médio e alto). Ainda
há dificuldade em achar espaços com potência para colaborar com encantamento dos signos africanos
encontrados no Mapa Vital. Seria interessante pensar na elaboração de um aplicativo ou e-book com
detalhes explicativos para poder replicar o Programa de Dança Integrativa.
Conclusões/Recomendações
O autoconhecimento é primordial para uma vida com qualidade, podendo trazer mudanças de hábitos
na alimentação, nas práticas corporais e no cuidado com o outro. A cosmovisão africana é uma
educação com vários aprendizados na diversidade, principalmente na corporeidade e na promoção da
saúde mental.
Palavras-chave: Dança Terapêutica; Saúde Mental; inclusão; consciência ternária.

188
Deixando o anonimato: a conquista de um lugar social por meio da participação em uma
associação de sujeitos com diagnósticos de transtornos mentais

Adriana Moro - Sectetaria Municipal de Saúde Mafra


Paulo Amarante - FIOCRUZ

RESUMO
Para Amarante et al (2021) o movimento da Reforma Psiquiátrica não se trata somente de superar um
modelo assistencial, sendo ele manicomial, asilar, segregador e violento, mas também de transformar
as relações e de produzir novos lugares sociais. Na experiência da Associação Esperança Casa Azul
que funcionou no município de Mafra-SC na década de 1990 pode ser observado essa potência, esse
protagonismo assumido por antigos pacientes , agora denominados de participantes e com tal
denominação passaram de meros objetos das intervenções políticas e técnicas para serem fazedores
de suas próprias histórias.
Objetivos
Investigar de que forma a Associação Esperança Casa Azul colaborou na melhora da saúde global de
seus participantes
Metodologia
Foram entrevistadas 25 pessoas que participaram da Associação Esperança Casa Azul entre os anos
de 1993 à 2005; 16 profissionais que fizeram parte do início da Associação e 10 familiares. Essas
entrevistas respeitaram as normas de distanciamento social e uso de máscara, sendo que foram
realizadas no período de fevereiro de 2020 à maio de 2022. As entrevistas foram gravadas e transcritas
para serem analisadas por meio do método de análise temática.
Resultados
Pode-se inferir que os participantes da Associação Esperança Casa Azul conquistaram um lugar
social, mesmo com todas as dificuldades encontradas, a participação nos projetos culturais, de
organização dos bazares, bingos, passeios eram uma realidade para eles que estava posta e noticiada
para toda a sociedade. Também na possibilidade de conhecer novos lugares, na realização de passeios.
Que esta participação, o sentir-se parte de algo e a interação social em prol de um objetivo foram
fatores determinantes na diminuição do número de internações psiquiátricas que os profissionais e
familiares perceberam no decorrer do tempo. E não estando mais internados por tantas vezes tiveram
mais chances de estar na comunidade e ser protagonista da sua própria história.
Palavras-chave: Saúde mental; participação social; protagonista.

189
Desafios e Potências na Construção e Condução do Projeto Terapêutico Singular em Saúde
Mental.

Érika Regina de Oliveira Colato - CAPS


Isabela Aparecida de Oliveira Lussi - Universidade Federal de São Carlos

RESUMO
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) apresenta-se como um instrumento que organiza o cuidado,
levando em consideração a singularidade da pessoa em seu contexto de vida. A Reabilitação
Psicossocial, engloba a pessoa com sofrimento psíquico, rede de apoio social e familiares em uma
proposta de cuidado compartilhado, negociado, buscando autonomia, protagonismo e inclusão social.
Para a construção e condução do PTS há necessidade de uma equipe interdisciplinar, articulada a uma
rede intersetorial, envolvendo os serviços, usuários e familiares em todas as fases deste processo.
Desta forma, se faz necessário investigar as potências e os desafios na construção e implementação
dos PTS nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) a partir da perspectiva dos profissionais.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi identificar potências e desafios na construção e condução dos PTS, sob a
ótica de terapeutas ocupacionais que atuam em CAPS.
Metodologia
Trata-se de estudo exploratório e qualitativo, do qual participaram 21 terapeutas ocupacionais de
CAPS de 5 municípios pertencentes à Diretoria Regional de Saúde VII, da região de Campinas S.P.
A coleta de dados foi realizada por meio de protocolo de informações profissionais e dos serviços e
roteiro de entrevistas, de forma remota, pelo aplicativo Google Meet. A análise dos dados oriundos
do protocolo foi realizada de forma descritiva e aqueles provenientes da entrevista foram analisados
por meio da análise de conteúdo.
Resultados
A maioria dos participantes é do gênero feminino, branca, com idade entre 26 e 46 anos, formada em
universidades privadas, com formação complementar em saúde mental e tempo de atuação no serviço
atual entre 1 ano e 2 meses a 14 anos. Os resultados da análise temática explicitaram a percepção e
caracterização do PTS coerentes com as propostas da Reabilitação Psicossocial, o instrumento foi
apontado como um direcionador das ações e dos serviços, essencial na prática do CAPS, que traz
resolutividade aos objetivos propostos. As famílias e usuários são considerados importantes atores na
composição do PTS, entretanto, ausentes em algumas ações no serviço. O maior desafio apontado foi
a pandemia da COVID-19. Outros aspectos evidenciados foram: vulnerabilidades sociais e
territoriais, pouca participação dos familiares, ausência de rede de apoio, dificuldade de acesso aos
serviços, racismo, estigmatização do usuário na rede intersetorial e no território, burocratização do
trabalho, sucateamento dos serviços e a não continuidade da execução dos PTS pela equipe do CAPS.
Esperamos que esta pesquisa traga contribuições importantes para os debates que se aquecem no
campo da Atenção Psicossocial.
Palavras-chave: Projeto Terapêutico Singular; Reabilitação Psicossocial; Centro de Atenção
Psicossocial.

190
Dispositivos de Rádio na Construção de Ferramentas de extensão universitária e saúde
mental: o programa Vozes da Voz e o podcast Café sem Pauta

Fabricio Gobetti Leonardi - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo


Wagner Yoshizaki Oda - Universidade Federal de São Paulo

RESUMO
O programa Vozes da Voz , de início 2016, é gravado semanalmente e exibido na Rádio Silva da
Unifesp. Ocorre como um bate-papo sobre assuntos pautados pela equipe, constituída por usuários de
CAPS, trabalhadores docentes e técnicos da universidade e estagiários/as da área de Serviço Social e
Psicologia. A cada programa foram convidados usuários, familiares, trabalhadores, professores ou
estudantes com percurso pela saúde mental, que escolhem de 5 a 7 músicas para serem tocadas
durante a conversa. No ano de 2020, diante da impossibilidade de gravação presencial e da
emergência de novas questões em saúde mental, decorrente da pandemia, o podcast Café sem Pauta
foi produzido a partir de gravações realizadas em aparelhos celulares, sendo posteriormente editadas
e disponibilizadas em plataforma de streaming. Outra modalidade realizada, a Ocupação da Rádio
Silva , na qual os equipamentos tecnológicos necessários são levados até os serviços de saúde mental
e a transmissão ocorre ao vivo e in loco, com a participação de todos os presentes. Nestas ocasiões,
realizam-se, previamente, uma ou duas atividades preparatórias nos serviços, em que trabalhadores/as
e usuários/as são convidados/as a construírem a programação e o conteúdo da transmissão. Essas
ações são desenvolvidas na região da Baixada Santista, mas, com as possibilidades de realização
online e síncronas, já foram gravados programas com convidados/as internacionais
Objeto do Relato
apresentar o programa de webrádio Vozes da Voz e o podcast Café sem Pauta da Unifesp.
Objetivos
Ampliar os espaços de protagonismo e problematizar a compreensão sobre concepções sociais do
sofrimento mental, suas dimensões, potências e limites, a partir da luta antimanicomial e direitos
humanos, representando pontos de apoio na construção de sentidos, em que diferentes narrativas são
compartilhadas, tornando-se voz de distintos grupos sociais
Análise Crítica
foi possível revisitar temas e contextos envolvendo uma dimensão social e subjetiva complexa que
precisa ser mediada a cada programa, dadas as exposições das trajetórias de vida dos participantes,
suas condições, pensamentos, posições políticas, etc. Essa mediação é articulada com a discussão de
temas relevantes, como o resgate dos processos históricos da reforma psiquiátrica, o controle social
e protagonismo dos usuários. Vale destacar que profissionais e pesquisadores/as puderam trazer suas
trajetórias em um movimento que permitiu o resgate das memórias e a reflexão a partir de uma
releitura das experiências vividas
Conclusões/Recomendações
Foram mais de 60 programas gravados, transmitidos e disponibilizados na internet na página
https://www.mixcloud.com/radiosilva/. Participaram cerca de 120 convidados/as e o processo revela
um caráter instigante de relações, encontros e potencialidades dos mesmos.
Palavras-chave: extensão universitária; webrádio; saúde mental.

191
Educação Permanente em Saúde como Estratégia para o Cuidado em Saúde Mental na
Atenção Primária à Saúde

Milena Oliveira Lopes Cândia - SESAU/CG

RESUMO
Esta experiência foi realizada nas quatro unidades de saúde da família do município de Campo
Grande/MS apoiadas pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF AB)
Seminário B, como requisito para obtenção do título de especialista em Saúde Mental e Atenção
Psicossocial pela Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser e enquanto ações de saúde mental
do NASF AB que devem ajudar as equipes a trabalhar a dimensão do sofrimento psíquico. Assumir
esse compromisso é uma forma de responsabilização em relação à produção de saúde, à busca da
eficácia das práticas e à promoção da equidade, da integralidade e da cidadania, efetivando os
princípios do SUS. Essas experiências nasceram como propostas do projeto de intervenção a partir
das dificuldades do fluxo de critérios e prioridades no atendimento psicológico na APS uma vez que,
havia uma enorme lista de espera para a consulta em psicologia e algumas vezes os pacientes já
estavam em atendimentos nos outros equipamentos da RAPS, dificultando o acesso daqueles que
realmente precisam do atendimento. A OMS reforça que o manejo e o tratamento de transtornos
mentais no contexto da APS são passos fundamentais para possibilitar a um maior número de pessoas
o acesso mais facilitado e rápido ao cuidado em saúde mental. Sendo assim, a EPS apresenta-se como
uma estratégia de educação na saúde. Foram realizados quatro encontros de EPS, cerca de sessenta
profissionais estiveram envolvidos.
Objeto do Relato
O Cuidado Compartilhado do paciente com Transtorno Mental entre os equipamentos da RAPS.
Objetivos
Propor ações para que o atendimento psicológico nas USF´s ocorra no momento em que o paciente
precisa no aspecto do sofrimento psíquico, identificar casos com alto risco para o suicídio, melhorar
o atendimento prestado aos usuários com transtorno mental e transformar as práticas profissionais
para o atendimento mais acolhedor e qualificado.
Análise Crítica
Como produto dos encontros de EPS foi possível observar a importância de os profissionais de saúde
estarem atentos e comprometidos no atendimento ao paciente com Transtorno Mental e/ou com
histórico de tentativas de suicídio, atendendo de forma qualificada e em rede. É de tal relevância a
problemática, que o Ministério da Saúde do Brasil (MS) em 2005 (Brasil, 2005), criou um grupo de
trabalho para elaborar uma Estratégia Nacional de Prevenção ao Suicídio, por meio da Coordenação
de Saúde Mental, por recomendação da OMS. As estratégias visam reduzir as taxas de suicídio e
mesmo a tentativa dele, através da promoção da qualidade de vida, protegendo e recuperando a saúde
e prevenindo danos.
Conclusões/Recomendações
Pactuação do fluxo de encaminhamento para o atendimento psicológico, maior frequência de
discussões de casos, trocas de conhecimentos e experiências com as equipes, tendo sempre em foco
a equipe multiprofissional e o usuário. Bom como, a reabilitação psicológica e social do usuário de
saúde mental.
Palavras-chave: Educação Permanente em Saúde; Saúde Mental; APS; NASF.

192
Educação popular em saúde mental: uma intervenção psicossocial

Giovana Maranezi - PUC MINAS - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais


Amanda Cordeiro Leite - PUC Minas
Sara Beatriz Fioranti de Souza - PUC Minas
Katia Maria Pacheco Saraiva - PUC Minas

RESUMO
O presente relato discorre a respeito de uma intervenção psicossocial realizada por alunas do curso
de psicologia da PUC-MINAS campus Poços de Caldas- MG, na qual consiste em um projeto de
educação popular em saúde mental. Se inscreveram através do formulário Google Forms, 30
participantes, dentre eles a maioria do curso de psicologia, mas contou também com marketing,
geografia, direito, medicina e engenharia, constando alunos de outras instituições de ensino. A
intervenção foi realizada de modo online pela plataforma Google Meet em quatro encontros de uma
duas horas e meia em média de duração. Utilizou-se as rodas de conversa e o método de educação de
Paulo Freire durante os encontros, visando uma horizontalidade nas relações com os participantes e
partindo das realidades de cada um para efetivar a troca de saberes. Nesses encontros, foram refletidas
temáticas abordadas pelos estudantes, tais como a produtividade no sistema capitalista e adoecimento
psíquico, biopoder sob os corpos, os papeis sociais, hipermedicalização, patologização do sofrimento
psíquico na sociedade neoliberal, dentre outros. Sendo assim, o objetivo dos encontros foi de
promover um olhar crítico a respeito do adoecimento psíquico, bem como conscientizar a respeito da
hipermedicalização e sobre o reducionismo acerca dos transtornos mentais a partir da hegemonia do
saber biomédico, visando a despatologização do sofrimento psíquico.
Objeto do Relato
Será relatada a experiência de educação popular em saúde mental
Objetivos
Promover um espaço dialógico para dinamizar diferentes saberes acerca de saúde mental e da
despatologização, a fim de romper com os estigmas prevalentes e com a lógica biomédica,
patologizante e manicomial. Objetivo específico: Identificar quais saberes predominam no grupo a
fim de problematizá-los e promover reflexões críticas para conscientização
Análise Crítica
As falas do grupo demonstraram a importância de se realizar uma educação popular com viés
libertador a fim de propiciar um espaço acolhedor para manifestar troca de saberes, afetos e vivências
com fins de conscientização. Essas reflexões apontaram que na contemporaneidade há um
aprisionamento dos corpos para além do espaço físico do manicômio, ocorrendo então, um
encarceramento de individualidades através da categorização em manuais psiquiátricos e,
consequentemente, pela hipermedicalização do sofrimento psíquico. O caráter grupal foi fundamental
para efetivar essa troca e criar uma práxis crítica, visando a despatologização dos processos de
subjetivação.
Conclusões/Recomendações
Infere-se que a educação popular em saúde mental é uma prática crucial para a libertação e
conscientização tanto dos profissionais e estudantes da área quanto de pessoas leigas, pois visa a
autonomia dos sujeitos e a reflexão crítica a respeito dos processos de saúde e adoecimento psíquico.
Palavras-chave: Educação popular; saúde mental; despatologização.

193
Efeitos da pandemia para a produção de vínculos entre equipes de Saúde da Família e
usuários com sofrimento psíquico em Belo Horizonte.

Marcela Ribeiro Lima Sant'Ana


Geovanna Ferreira Carazza - UFMG
Geísa Gonçalves de Castro - UFMG
Cláudia Maria Filgueiras Penido - UFMG

RESUMO
A característica da Atenção Primária à Saúde (APS) como serviço de base territorial que provê
cuidado longitudinal, o que é estrégico para condições crônicas, a torna potencialmente produtora de
cuidado em saúde mental, sendo estratégica para a desinstitucionalização. A qualidade da produção
de vínculos entre usuários com sofrimento psíquico e trabalhadores é, por sua vez, estratégica para a
longitudinalidade do cuidado. A partir da pandemia da COVID-19, as ações e serviços da APS foram
redefinidas, com significativa redução de ofertas de ações em saúde, a fim de evitar a transmissão do
vírus. A suspensão dos atendimentos, atividades grupais e visitas domiciliares ao longo de dois anos
configuraram barreiras de acesso e modificações nas condições de produção desses vínculos.
Objetivos
O objetivo desse estudo, que integra pesquisa guarda-chuva que analisa a produção de vínculos entre
usuários com sofrimento psíquico/familiares e equipes/trabalhadores da saúde da família, é analisar,
sob a perspectiva dos trabalhadores, quais foram os efeitos da pandemia para a produção de vínculos
entre usuários com sofrimento psíquico e as Equipes de Saúde da Família (eSF) em Belo Horizonte.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, de caráter exploratório. A técnica de produção de dados foi a entrevista aberta.
Foram entrevistados dois médicos, duas enfermeiras, duas técnicas de enfermagem e duas agentes
comunitárias de saúde, totalizando oito entrevistas, realizadas em três distritos sanitários. Todos os
participantes compunham equipes de saúde da família e trabalharam durante o período da pandemia
no município de Belo Horizonte. As entrevistas foram analisadas por meio de análise de conteúdo
temática.
Resultados
Os resultados preliminares indicam que, na visão dos trabalhadores, a priorização de atendimento aos
casos de COVID-19 levou a uma descaracterização da APS como serviço de porta aberta. Se antes a
Unidade Básica de Saúde representava lugar de acolhimento, na pandemia passou a ser considerado
lugar de risco de contaminação a ser evitado por quem não apresentava sintomas respiratórios, o que
fragilizou a relação entre usuários e eSF. Além disso, as agentes comunitárias de saúde foram
inicialmente orientadas a não realizar visitas domiciliares, o que segundo algumas entrevistadas
dificultou o acompanhamento dos usuários com sofrimento psíquico e repercutiu negativamente na
continuidade do tratamento medicamentoso por parte de alguns destes. No que se refere ao impacto
para os trabalhadores, consideraram que o contexto de sobrecarga de trabalho associado ao medo de
infecção produziu adoecimento nas eSF, o que interferiu nas condições de acolhimento às demandas
de usuários com sofrimento psíquico na APS. Assim, eles consideraram que os efeitos da pandemia
foram, sobretudo, deletérios para a produção dos vínculos entre usuários com sofrimento psíquico e
eSF.
Palavras-chave: Saúde Mental; Vínculo; Pandemia.

194
Encontro entre educação e cuidado em saúde mental: Uma estratégia para o fortalecimento
da luta Antimanicomial

Juliana Barbosa da Silva - HUOL- UFRN


Wanessa Cristina Tomaz dos Santos Barros - UFRN
Débora Câmara Rolim - HUOL/UFRN
Márcia Jordana Freire Gomes - HUOL
Adriana Silva da Cruz - HUOL

RESUMO
Como atividade de educação permanente, a experiência descrita emerge das necessidades observadas,
vividas e/ou relatadas às autoras e teve como objetivo qualificar o cuidado de enfermagem à pessoa
em sofrimento mental, entendendo-a como estratégia para o fortalecimento da luta antimanicomial.
Após levantamento das necessidades, a equipe do trabalho reuniu-se para concepção e planejamento
da atividade traçando-se objetivo, metodologia, desenvolvimento e avaliação, norteados por
referenciais dialógicos. As atividades foram desenvolvidas pelas residentes de enfermagem na sala
de prescrição da própria enfermaria, no horário de plantão da equipe, nos meses de março e abril de
2022 com objetivo de contribuir com o conhecimento da equipe de enfermagem nos temas
administração de medicamentos em pessoas em sofrimento mental e manejo do paciente em agitação
psicomotora.
Ambos encontros contaram com a participação de todos da equipe de enfermagem do plantão, que
foram reunidos em forma de roda. Iniciou-se a exposição dialogada do tema, o compartilhamento de
experiencias e dúvidas, seguidas de seus esclarecimentos e consequentes sugestões para melhoria da
qualidade do cuidado. A ação foi avaliada de forma positiva pela equipe e compreendida como um
espaço de construção de um ambiente pedagógico sensível e empático aos usuários e profissionais.
Para as residentes tratou-se de um importante momento da formação e fortalecimento do papel do
enfermeiro especialista em atenção psicossocial.
Objeto do Relato
Apresentar atividade educativa com profissionais da enfermaria psiquiátrica de hospital geral.
Objetivos
Relatar a experiência de residentes de enfermagem do programa de atenção psicossocial em
atividades educativas junto a equipe de enfermagem no que concerne aos cuidados as pessoas
internadas na enfermaria psiquiátrica em hospital geral.
Análise Crítica
A educação permanente é um encontro entre o mundo do trabalho e da educação. Na saúde mental
essa estratégia se reveste de ainda mais importância uma vez que assistência é permeada por estigmas,
preconceitos e déficits na formação. Nesse contexto, destaca-se que as atividades educativas descritas
ajudam a qualificar e acolher a equipe de enfermagem, responsável pelo cuidado contínuo e direto,
fazendo e coordenando a prestação da assistência. Ou seja, a educação dessa equipe certamente
influencia em um cuidado seguro e humanizado ao paciente em sofrimento mental e fortalece a luta
antimanicomial e a garantia de direitos dos usuários da Rede de Atenção psicossocial.
Conclusões/Recomendações
Acolher dúvidas e receios e educar a equipe de enfermagem aproximando concepções teóricas e ações
assistenciais para um cuidado humanizado e integral aos pacientes em sofrimento mental é uma
ferramenta de cuidado que pode evitar a repetição de práticas manicomiais e por isso deve ser
estimulada.
Palavras-chave: Capacitação Profissional; Cuidados de Enfermagem; Assistência à Saúde Mental.

195
Enfrentamento da pandemia da covid-19 no Centro de atenção psicossocial

Thuany Cristine Santos da Silva


Camila Biscacio Falco - Universidade Federal Do Rio de Janeiro
Jusley da Silva Miranda - Universidade Federal Do Rio de Janeiro
Ellen Thallita Hill Araujo - Universidade Federal Do Rio de Janeiro
Maria Angélica de Almeida Peres - Universidade Federal do

RESUMO
A pandemia exigiu mudança no cotidiano dos serviços de saúde e na atuação dos profissionais que
precisaram se adequar a realidade imposta pela disseminação da covid-19, de forma a manter o
atendimento respeitando as exigências sanitárias. No momento que foi decretada a pandemia, o Brasil
enfrentava tensões relacionadas à mudanças na Política de Saúde Mental, que preocupava os
profissionais dedicados ao cuidado psicossocial. Através da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) os
profissionais de saúde mental poderiam se apoiar, uma vez que um serviço ofereceria apoio ao outro
visando a realização de ações integrais de saúde, através da condução da pessoa em sofrimento pela
rede de saúde, de acordo com suas necessidade, evitando um cuidado focado somente nas questões
psíquicas.
Objetivos
Descrever os pontos críticos na integração do Centro de Atenção Psicossocial com a Rede de Atenção
Psicossocial durante a pandemia da COVID-19.
Metodologia
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo e envolverá profissionais de saúde
que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial durante a pandemia da COVID-19. A técnica
metodológica incluirá a aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturado. Os dados por sua vez
serão analisados através da análise de conteúdo de Bardin. A discussão ocorrerá a partir das produções
desenvolvidas sobre a temática e pela legislação vigente.
Resultados
RESULTADOS PRELIMINARES: Os profissionais que atuam em CAPS perceberam dificuldade
dos profissionais que atuam no CAPS em contar com suporte das RAPS em relação a
instrumentalização, construção de estratégias de enfrentamento e manejo dos casos da COVID-19. A
falta de suporte técnico-teórico, a limitação do acesso ao território e a precarização do trabalho
ocasionou sentimentos de medo, insegurança e desmotivação profissional. O protagonismo dos
profissionais de saúde mental em busca de articulação entre os serviços de saúde, o apoio mútuo entre
trabalhadores e pessoas em sofrimento psíquico foram essenciais para promover o acesso aos serviços
de saúde e cuidado voltados à não transmissão da COVID-19 e manutenção do tratamento
psicossocial, respeitando o contexto pandêmico.
Palavras-chave: Enfermagem; Saúde Mental; Atenção Psicossocial; Coronavírus.

196
Entre flores e encontros: Relato de experiência de passeio coletivo junto a moradores de
Serviços Residenciais Terapêuticos

Letícia Betini - Prefeitura do Município de Araras-SP

RESUMO
No mês de setembro de 2019 fomos juntos à cidade das flores. Na movimentação comum àquela
época de primavera havia em nós, técnicos do CAPS, uma preocupação: manter o grupo próximo
para que ninguém se perdesse. No entanto, estávamos lá, construindo juntos, como ouso nomear: uma
clínica do encontro . Encontro destes sujeitos com o território, com as pessoas e com a vida
acontecendo. Na hora do almoço, cada um escolheu o que gostaria de comer: Mas a gente pode
escolher o que comer? nos perguntavam. Respondíamos: Sim, vocês podem! E assim, partilhamos
juntos as refeições, as descobertas e o dia. Próximo à praça de alimentação havia um parque de
diversões e um dos sujeitos, que em poucos momentos demandava algo, nos disse: Quero ir no chapéu
mexicano! Quando o brinquedo começou a girar, ele abriu os braços e assim permaneceu, como se
estivesse voando. Brincou, cantando sua música preferida: Era um garoto como eu, que amava os
Beatles e os Rolling Stones. Naquela cena, que para muitos poderia parecer trivial, abriu-se espaço
para que aquele sujeito, marcado pelo estigma da loucura, pudesse brincar. Para quem esteve
internado por mais de 20 anos atrás de muros manicomiais, aquilo era novo. Na hora de ir embora,
um dos sujeitos perdeu-se do grupo. Passamos horas procurando-o pelo parque. A equipe técnica, um
tempo depois, o encontrou, sentado em um banco, assistindo a uma apresentação musical. Quando
nos viu, ele disse: Bonito aqui né ‘fia'? Não quero ir embora não .
Objeto do Relato
Passeio em grupo à exposição de flores com moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs).
Objetivos
Apresentar práticas de cuidado que considerem a importância da circulação no território de sujeitos
egressos de longas internações psiquiátricas, moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos.
Evidenciar a necessidade de construção de um cuidado antimanicomial que considere estes sujeitos
enquanto cidadãos e promova o reencontro destes com a vida
Análise Crítica
No que tange ao trabalho com sujeitos moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos, um dos
grandes desafios coloca-se em garantir que estes retomem direitos básicos como o convívio social e
a circulação no território, por exemplo. Mas, anteriormente a isso, faz-se primordial sustentar práticas
que os devolvam o direito à palavra. É comum que estes sujeitos, marcados por longas internações
psiquiátricas, tenham também perdido o direito de falar sobre si. Nessa direção, o intuito do trabalho
desenvolvido na Atenção Psicossocial, junto a estas pessoas, se dá a partir da sustentação de práticas
que garantam a elas a retomada de seu estatuto de sujeitos singulares, desejantes e cidadãos.
Conclusões/Recomendações
A autora abordou possibilidades de práticas antimanicomiais que garantam aos moradores de SRTs a
retomada do direito à liberdade, convocando os atores da Atenção Psicossocial, usuários e
trabalhadores, a sair dos espaços institucionais e aventurarem-se juntos em deslocamentos pelos
territórios.
Palavras-chave: Saúde Mental; Centro de Atenção Psicossocial; Desinstitucionalização

197
Entre o cuidado e a tutela: reflexões em hospitais psiquiátricos

Jessica Taiane da Silva


Bruno Lopes Lima - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Erika Rodrigues Silva - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Monique Lima dos Santos Bezerra - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
Desde o início do período letivo da residência multiprofissional em saúde mental pelo IPUB/UFRJ,
o presente grupo que passa a ocupar diariamente a rotina das enfermarias masculina e feminina da
instituição se debruça em intervenções que nos convocam a repensar as relações sociais desenvolvidas
em seu interior, em especial, aquelas que geram impacto direto no cuidado em saúde de um/a
usuário/a. Com a pandemia de covid-19 no Brasil e no mundo, em março de 2020, medidas de
distanciamento social foram adotadas como forma de prevenção, iniciando uma redução no número
de leitos das enfermarias e redução na ocupação dos espaços coletivos, em especial, a organização do
pátio de forma binária por turnos durante o dia, medidas estas que tornam as práticas cotidianas mais
enrijecidas. Após dois anos com poucas tentativas de retorno ao modelo de organização do pátio em
seu formato anterior, iniciamos o ano de 2022 com a realização de seminários internos que
envolveram a direção, corpo docente, discentes, profissionais e usuários para a discussão do retorno
do pátio misto e seus embates relacionados ao contato direto das distintas enfermarias. Durante o
processo, nos debruçamos sobre a importância do debate sobre o cuidado relacionado aos riscos que
envolvem as relações sexuais no interior dos hospitais psiquiátricos, e consequentemente, nos
questionamos sobre os limites entre a tutela e o cuidado.
Objeto do Relato
O relato se dá a partir da relação tênue entre cuidado e tutela em uma enfermaria psiquiátrica.
Objetivos
Nos deparamos com a preocupação advinda dos profissionais com relação ao exercício da sexualidade
de usuários dos serviços de saúde mental, considerando os determinantes sociais que se apresentam,
desdobrando-se em uma conduta de controle de corpos e subjetividades. Muitos/as jovens, em período
de vida sexual ativa que estão internadas por meses.
Análise Crítica
A psiquiatria em sua origem tem como objetivo a adequação moral do sujeito através do controle das
subjetividades produzidas no espaço institucional. Essa relação tutelar (AMARANTE, 1995) inibe a
construção de alternativas de cuidado que apontem para a autonomia e reinserção social da pessoa
em sofrimento mental. É necessário pensar o cuidado de forma que este produza a autonomia e a
separação binária do pátio, sendo este um espaço terapêutico e de socialização, empobrece as
possibilidades de construção de relações e diminui as perspectivas de uma vida em comunidade para
além dos muros do hospital, limitando as perspectivas de viver fora dos circuitos de
institucionalização (SARACENO,2019).
Conclusões/Recomendações
Reconhecemos a importância da educação permanente relacionada a gênero e sexualidades na saúde
mental, sobretudo em instituições de acolhimento a crise, considerando os determinantes sociais do
público atendido. Consideramos que o cuidado em saúde se faz em prol da vida cotidiana em
liberdade.
Palavras-chave: Saúde Mental; Determinantes Sociais; Cuidado.

198
Entre ruas e conversas de pé-de-muro: uma etnografia no cotidiano de pessoas que consomem
drogas em uma cidade do nordeste brasileiro

Ana Karenina de Melo Arraes Amorim - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Leandro Roque da Silva - UFRN

RESUMO
Há tempos conhecidas e fazendo parte das relações humanas, as drogas encerram diferentes
significados e saberes em seu entorno a partir do ponto de vista como são olhadas e experienciadas.
Reconhecemos a complexidade do campo das drogas, incluindo os cuidados polissêmicos oferecidos
na dimensão organizativa da RAPS. E entendemos que para potencializar as redes de cuidado é
necessário, ao mesmo tempo, pensar nos modos de vida, refletindo junto a estes atores as próprias
histórias e os seus modos de existência. Desta forma, o presente relato de pesquisa faz parte de uma
primeira imersão no campo de investigação (ocorrida entre julho e dezembro de 2021), realizada em
um bairro periférico de João Pessoa/PB onde vivem e circulam usuários de um Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS AD III).
Objetivos
Objetivo Geral: conhecer os modos de produção do cuidado das pessoas que frequentam um CAPS
AD III, no contexto institucional e nos territórios de vida na cidade.
Objetivos específicos: analisar as relações entre as práticas cuidado desenvolvidas no serviço e no
território e conhecer as estratégias de resistência inventadas pelos usuários em redução de danos
frente ao cenário conservador.
Metodologia
Trata-se de um estudo etnográfico urbano no cotidiano de usuários de um CAPS AD III em João
Pessoa/PB, lançando um olhar de perto e de dentro capaz de perceber e refletir, a partir dos arranjos
dos próprios atores sociais, como estes transitam na cidade, como acessam os serviços e como os
utilizam, descrevendo os suportes territoriais que eles ocupam e as práticas que criam no cenário
pesquisado (Magnani, 2002). Está sendo utilizado o diário de campo como uma ferramenta central
desta prática, como forma de registro do campo e de análise de implicações na prática de pesquisa
(Lourau, 1993).
Resultados
Por se tratar de uma fase inicial da pesquisa, os resultados são preliminares, assim como a dinâmica
que encontramos junto a convivência com os participantes, que são em sua maioria homens com uma
relação prejudicial com as drogas e todos acima de 18 anos. Encontramos narrativas que descrevem
estratégias para a diminuição de um lugar de estigma e preconceito diante do consumo. Tais narrativas
nos revelam práticas inventadas de cuidado executados na rotina diária para o enfrentamento das
situações problemáticas vivenciadas. Concordamos com Correa-Urquiza (2012) quando se refere a
práticas que vivem escondidas, que prestam mais atenção a uma lógica de ultrapassagem, no sentido
de que emergem apesar da opressão. São práticas que inventam o cotidiano e produzem fissuras no
próprio sistema (Certeau, 1998). Até o momento, a pesquisa indica que para desconstruir lugares de
marginalidade, estigma e heteronomia no campo da drogadição se faz necessário evidenciar os
sentidos dos usos, abusos e reduções para os usuários, apontando formas de cuidado em seus
cotidianos e trajetórias de vida. Estes caminhos que são construídos na etnografia pode contribuir
com o cuidado em liberdade.
Palavras-chave: Uso de drogas; cotidiano; práticas de cuidado; etnografia.

199
Entrelaçando fios: a saúde mental na atenção primária

Rachel de Siqueira Dias - Secretaria de saúde de Abaetetuba


Manuella Dandara de Araújo Gomes - Coordenação de saúde mental
Lucenilda de Sousa Ribeiro - Coordenação de saúde mental
Alan Quaresma Macedo - Coordenação de saúde mental
Francineti Maria Rodrigues Carvalho - Prefeita do município de Abaetetuba e psicóloga do
Hospital de Clínicas

RESUMO
Um dos principais desafios da área da saúde mental e da reforma psiquiátrica tem sido a articulação
entre saúde mental e atenção primária, consistindo em um conjunto de ações de base comunitária,
voltado para promoção da saúde, prevenção de agravos e tratamento em geral, articulando esses
pontos que podem ser tanto pontos de encontro, como de tantos desencontros. As práticas de saúde
mental no município eram fragmentadas, baseadas em transferências do usuário onde a
responsabilidade pelo cuidado era centrada apenas nos CAPS os usuários são do CAPS . O cuidado
da saúde mental na atenção primária no município de Abaetetuba, vem acontecendo gradativamente.
No diagnóstico realizado nas unidades de saúde, tínhamos baixa integração entre as redes de atenção
psicossocial, o único serviço realizado nas unidades e pelas equipes era a dispensação de
medicamentos e a renovação da receita , trazendo consequências negativas importantes no
acompanhamento dos usuários que necessitavam de continuidade do cuidado. Se fez necessário
intervir nesse contexto e potencializar as intervenções. Diante disso, o apoio matricial foi fundamental
para superar a fragmentação das condutas. Contando ainda com a criação de uma equipe
multiprofissional volante, que em conjunto com as Equipes de Saúde da Família, ficaram
responsáveis pelo acolhimento, acompanhamento e tratamento dos usuários da saúde mental no seu
território.
Objeto do Relato
Potencializar as intervenções em saúde mental para os usuários na atenção primária à saúde.
Objetivos
Articulação entre saúde mental e atenção primária evitando a fragmentação do cuidado dispensada
aos usuários, sendo desenvolvidas atividades de apoio matricial, contribuindo para um processo
contínuo e progressivo na ampliação da responsabilidade entre os serviços do município e visão do
usuário como transtorno mental de forma integral.
Análise Crítica
A Reforma Psiquiátrica prevê a desinstitucionalização do paciente psiquiátrico e a consolidação de
bases territoriais para este cuidado. As transformações relativas ao pensar e fazer saúde mental estão
amplamente descritas na literatura nacional e internacional. No Brasil, sendo um marco importante a
promulgação da Lei 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental (Lei nº 10.216, 2001). O projeto visa o
cuidado em saúde mental, onde a prioridade fosse o facilitar o acesso equanime do usuário para além
de Caps, criando recursos coletivos e individuais, identificando suas dificuldades e potencialidades.
Conclusões/Recomendações
Observamos o aumento da demanda, a necessidade de capacitação permanente. Embora o cuidado na
atenção primária tenha potencial para lidar com as demandas de saúde mental, tem diversos limites,
sendo necessária fortalecer essa construção na lógica da autonomia dos usuários e produção de vida.
Palavras-chave: Atenção primária; saúde mental; cuidado.

200
Envelhecer no capitalismo: Um estudo psicanalítico sobre o mal-estar e a reificação da velhice

Alba Caroline Tavares dos Santos

RESUMO
Geralmente, no contexto da saúde, associar-se a velhice com bilógico, uma fase da vida e ao
desenvolvimento. No entanto, durante meu encontro com uma mulher, nomeada pela sociedade como
idosa, a velhice se apresentou para mim de um outro lugar, do lugar na narrativa, do dizer e em
especial, da história. É mais comum o tema da velhice aparecer como consequência orgânica.
Todavia, como menciona Mucida (2014), não se trata de negar os efeitos do tempo sobre o corpo, as
transformações e rupturas peculiares desse momento da vida. Porém, será que a velhice é só um efeito
de tempo cronológico, logo, biológico? Durante um período ouvindo uma mulher me contando sobre
a sua experiência com a velhice, foram abertos trilhamentos inéditos, para mim, naquele momento,
sobre a velhice.
Objetivos
A pesquisa não é um estudo de caso, mas o que a fala da Margarida ensina sobre os efeitos da dinâmica
do capital sobre os corpos, e no caso deste trabalho, do corpo da pessoa idosa. Por esse motivo o
método escolhido para a pesquisa é a Narrativa. Sem a intenção de analisar a Margarida e muito
menos de fazer da experiência um exemplo para uma teoria, mas o que ela pode ensinar sobre a
velhice.
Metodologia
Este estudo tem como referência seis meses de experiência na enfermaria geriátrica de um hospital
psiquiátrico na cidade de São Paulo. Para esta pesquisa, pensou-se como proposta de método teórico
a narrativa, apresentada por Walter Benjamin e Paulon (2017) com objetivos de fazer costuras com a
prática da escuta em psicanálise em contextos diferentes do setting analítico tradicional. No entanto,
mesmo com a Margarida sendo a guia da elaboração deste trabalho, a trajetória a ser apresentada é
com a velhice.
Resultados
Margarida ensinou os limites impostos a todo ser falante, a castração, no entanto, mesmo diante dos
cortes inerentes a velhice, que diz respeito aos limites do corpo, também ensina a presença do desejo
frente ao poder da verdade mortífera embutida pelo saber de um outro a respeito de seu sofrimento.
Em seu Artigo, Hernáerz (2009) menciona dos corpos fabricados pelos avanços das tecnologias e
efeitos da cultura do capital de maneira a criar dinâmicas para promoção, a palavra promoção não é
um acaso, de corpos produtivos e promovendo mecanismos outros de relação social com os corpos e
o consumo. Deste jeito não no lugar de afirmativa, mas de reflexão quando a lei do estado cria poder
sobre o corpo de uma pessoa e lhe mitiga o poder sobre o que se fazer com o mesmo, não estaria
nesse lugar do capital, das necessidades humanas estarem intrinsecamente ligadas ao modus operandi
da produção e da mercadoria? Quando há adoecimento, quando o corpo mostra a impotência humana
que fura o lugar da potência da mercadoria?
Lembra Márquez (2004), que muitas vezes só percebe que algo se modificou com o envelhecimento
a partir do outro, é pela voz de alguém que se percebe velho.
Palavras-chave: Velhice; Psicanálise; Capitalismo.

201
Envolvimento dos usuários dos serviços comunitários de Saúde Mental nas decisões da
terapêutica medicamentosa

Eurides Santos Pinho - SMS


Giulia Chalub Santoro - Departamento de Enfermagem. PUC Goiás.
Nathália Santos Silva - Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Goiás.
Ana Lúcia Queiroz Bezerra - Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Goiás

RESUMO
A qualidade do cuidado depende do envolvimento do usuário no processo de cuidado. Com os ideais
da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB), autonomia e autogestão, os Centros de Atenção
Psicossociais (CAPS) são instituições que contribuem para a completa efetivação destas questões.
Nestes espaços, uma das estratégias de cuidado em saúde mental, talvez a mais utilizada, é a
prescrição de uso contínuo de psicofármacos. O aumento do consumo de medicamentos e de forma
indiscriminada, pode configurar o uso desenfreado de psicofarmacos e na perda da participação do
usuário nas decisões do próprio tratamento medicamentoso (SURJUS, et. al., 2020). Envolver o
usuário no processo de cuidado e valorar sua participação vai ao encontro de possibilidades de
promover o protagonismo e autonomia do sujeito.
Objetivos
Descrever o envolvimento dos usuários dos serviços comunitários de saúde mental nas decisões da
terapêutica medicamentosa.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo exploratório de abordagem qualitativa que utiliza-se do método da
Análise de conteúdo de Bardin (BARDIN, 2016). Estudo realizado nos CAPS do município de
Aparecida de Goiânia/Go, com profissionais que compõem a equipe multidisciplinar. Foram
incluídos profissionais com experiência profissional de pelo menos três meses em CAPS. Coleta de
dados realizada por meio da aplicação de entrevistas com questões abertas, a fim de aferir as ações
desenvolvidas para o envolvimento dos usuários quanto a terapêutica medicamentosa.
Resultados
O presente estudo considera percepções relevantes, tais como a relação do usuário com o uso da
medicação, envolvimento e autonomia do usuário como estratégias de cuidado seguro e a relação
terapêutica e de confiança entre o usuário, família e profissionais. Percebe-se que o consentimento
esclarecido não é reconhecido e fortalecido, muitas vezes os usuários usam o medicamento por que
foi dito que deveria fazê-lo. Além da incompreensão por parte desses profissionais das nuances da
terapêutica medicamentosa que envolvem aspectos biológicos, psicossociais e culturais, mantendo
essa terapêutica como de responsabilidade médica, fatos que inviabilizam ações de envolvimento dos
usuários. Contudo envolvimento dos usuários na terapêutica medicamento ocorre de modo incipiente.
As medicações são fornecidas e as informações sobre ela são insuficientes. A escolha de não fazer
uso de determinada medicação prescrita encontra resistência diante dos profissionais. Assim, os
médicos foram apontados como detentores dos principais conhecimentos sobre os possíveis efeitos
adversos que os psicotrópicos podem causar, de modo que são considerados os principais
responsáveis pelo envolvimento dos usuários.
Palavras-chave: Autonomia pessoal; Saúde mental; Centros Comunitários de Saúde Mental;
Psicotrópicos.

202
Estágio curricular no suporte à pessoa com transtorno mental em conflito com a lei:
experiência antimanicomial intersetorial

Amélia Belisa Moutinho da Ponte - UEPA


Ingrid Bergma da Silva Oliveira – SESPA; UEPA
Lucivaldo da Silva Araújo - UEPA
Alan dos Santos Reis - SESPA

RESUMO
Atualmente existem cerca de 60 pacientes custodiados no Hospital Geral Penitenciário (HGP), antigo
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), o único manicômio judiciário em atividade
no Estado do Pará. Quando uma pessoa diagnosticada com algum tipo de transtorno mental está em
conflito com a Justiça e ela se torna inimputável, ou seja, não é passível de culpa e não pode receber
uma pena, é aplicada uma medida de segurança . Antes de 2014 os custodiados eram levados para o
HGP, a partir daquele ano houve uma mudança nesse entendimento com a criação do Serviço de
Avaliação e Acompanhamento de Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com Transtorno Mental
em Conflito com a Lei (EAP) pelo Ministério da Saúde e que se configura enquanto um dispositivo
de conexão entre o Poder Judiciário e os Sistemas SUS e SUAS, e atua a fim de redirecionar para o
território as práticas de atenção às pessoas com transtorno mental que possuem conflito com a lei.
Dentre as práticas desempenhadas pelo serviço, destacamos a experiência que ocorre em parceria
com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), através de Estágio Supervisionado em Saúde Mental
do curso de Terapia Ocupacional. Esse relato objetiva compartilhar a experiência realizada pela EAP
e UEPA em parceria, que aborda processos de desinstitucionalização de pessoas com transtorno
mental em conflito com a lei no período pós-manicômio, algumas em preparação para ingresso em
Residência Terapêutica (RT).
Objeto do Relato
Apresentar processos de instauração de medidas de segurança e desinternação de manicômio
judiciário.
Objetivos
Apresentar relato de profissionais de saúde, docentes e estagiários de um curso de graduação da saúde
que aglutinou esforços para construir estratégias de ressocialização de egressos de manicômio
judiciário, e outros que já cumpriam medidas de segurança no território. Esta prática, na interface
saúde e justiça, apresenta resultados satisfatórios.
Análise Crítica
Os manicômios no Brasil foram paulatinamente fechados a partir da Lei da Reforma Psiquiátrica
promulgada em 2001. Entretanto, as mudanças não chegaram na mesma velocidade aos manicômios
judiciários. A EAP não desempenha ações de cuidado, mas direciona ações de desinstitucionalização
de internos no manicômio judiciário ou aqueles que já foram desinternados. O trabalho de articulação
intersetorial realizado pela EAP foi o responsável pela parceria com a UEPA e pela manutenção de
uma rede de pares que advogam em favor de ideais antimanicomiais e com foco no cuidado no
território, desburocratizando as iniciativas de desinstitucionalização.
Conclusões/Recomendações
Destacamos a importância de ações em rede, além da necessidade de ampliação dos espaços da Rede
de Atenção Psicossocial (RAPS), com abertura de novas Residências Terapêuticas, e ainda a
necessidade de ampliação de parcerias entre Universidades e Secretarias de Saúde, como ocorre nesta
experiência.
Palavras-chave: Saúde Mental; Terapia Ocupacional; Educação; Intersetorialidade.

203
Estratégias baseadas na política de redução de danos no tratamento de um usuário do CAPS
AD

André Alencar Lobo - Secretaria Municipal de São paulo


Bruna Fernanda Barros de Morais - Hospital Israelita Albert Einstein
Roberta Candal de Macedo Shibaki Souza - Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da
Rocha
Matheus Eduardo Rodrigues - Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha
Yan Santos Leonello - Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha

RESUMO
A Redução de Danos é a política de saúde que propõe reduzir os prejuízos causados pelo uso de
drogas, com o foco no respeito ao indivíduo que consume drogas. No Brasil, em 2006, foi sancionada
a Lei nº 11.343 que, em seu artigo 20, diz: constituem atividades de atenção ao usuário e dependente
de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade
de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. Sendo que a partir desse
momento o usuário de drogas teve seu direitos e autonomia garantidos.
Objetivos
Esse artigo tem como objetivo fazer uma breve discussão sobre possíveis intervenções no tratamento
de indivíduo com uso problemático de álcool de outras drogas, em acompanhamento no CAPS AD
III Campo Limpo, com foco na política de redução de danos.
Metodologia
Trata-se de relato de caso de um usuário em tratamento, com intuito de redução de danos, realizado
no Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Droga (CAPS AD III) - Campo Limpo, da cidade de
São Paulo.
Resultados
M.A.S, 47 anos, ensino fundamental incompleto, auxiliar de serviços gerais, vínculos rompidos com
familiares. Buscou acolhimento no CAPS AD III. Estava em situação de rua. Histórico de uso de
álcool e múltiplas drogas desde os 19 anos, apresentava padrão de uso diário de cocaína, tabaco e
lança perfume. Teve tentativas de tratamento, porém sempre ocorrendo recaídas. Referência assume
o cuidado do usuário, priorizando as demandas mais importantes, respeitando a sua subjetividade e
autonomia, com abordagem centrada no sujeito e em sua realidade psicossocial, alcançando avanços
importantes no cuidado baseado na estratégia de redução de danos, como diminuição do uso de
drogas, melhoria nas relações interpessoais e possibilidade de moradia. Como conclusão, fica
evidente o benefício causado em vários setores de sua vida e que esses objetivos só foram possíveis
devido ao engajamento de uma equipe multidisciplinar ao realizar de um PTS abrangente baseado na
política de redução de danos, sendo, portanto, necessário mais estudos sobre o tema redução de danos
a fim de que esse tipo de estratégia possa ser cada vez mais utilizado nas unidades de tratamento de
saúde mental em todo o mundo.
Palavras-chave: Redução de danos; dependência química; estratégias de tratamento.

204
Estudantes da área da saúde e suas percepções sobre o processo de Reforma Psiquiátrica

John Victor dos Santos Silva - Universidade de São Paulo


Yasmin Maciel Ramos Loureiro - Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
Luciane Sá de Andrade - Universidade de São Paulo
Thyara Maia Brandão - Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

RESUMO
Formar profissionais de saúde para o campo da saúde mental implica em conhecer os preceitos da
Reforma Psiquiatria, que contribuíram para as mudanças no tratamento das pessoas com transtornos
mentais, e nas políticas que norteiam a construção do cuidado no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Objetivos
Conhecer a percepção dos estudantes da área da saúde sobre a Reforma Psiquiátrica.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, exploratória, realizada no período de Agosto a Dezembro de 2021, com 29
estudantes dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina e Terapia Ocupacional
de uma Instituição de Ensino Superior Pública de uma capital do Nordeste do Brasil. A produção de
dados deu-se por entrevista semiestruturada online, por meio do aplicativo WhatsApp®, com
utilização de roteiro elaborado pelos pesquisadores. A Análise dos dados deu-se com uso da técnica
de Análise de Conteúdo, proposta por Bardin.
Resultados
de acordo com a percepção dos estudantes, 1) a Reforma Psiquiátrica representa o ato ou ação de
fechamento dos hospitais psiquiátricos e manicômios e o aumento dos serviços comunitários e
abertos, como os Centros de Atenção Psicossocial; 2) representa, também, a mudança de tratamento
das pessoas com transtornos mentais para um modelo de cuidado humanizado, no qual os direitos dos
pacientes e usuários são respeitados e valorizados, como parte da sociedade. Na percepção dos
estudantes, 3) esse processo anda a passos lentos ou passos de tartaruga , quando esses alunos entram
em contato com a realidade dos serviços de saúde mental durante o processo de formação. Esse estudo
revela que os estudantes possuem uma visão alinhada com os princípios da Reforma Psiquiátrica,
mesmo que não consigam descrever esse processo a partir de uma compreensão teórico-científica
aprofundada, e ainda identificam as fragilidades na sua implementação nas práticas de saúde e na
realidade dos serviços.
Palavras-chave: Estudantes de Ciências da Saúde; Educação Superior; Serviços de Saúde Mental.

205
Estudo de Percepção Sobre as Alterações na Política Nacional de Saúde Mental de 2016 a 2019

Nelson Falcão de Oliveira Cruz - CAPS

RESUMO
Este trabalho apresenta um dos três eixos de análise de uma pesquisa, desenvolvida no mestrado em
Atenção Psicossocial do IPUB/UFRJ, que examina as alterações realizadas na Política Nacional de
Saúde Mental (PNSM) no período de 2016 a 2020. Trata-se de um estudo da percepção dos atores-
chave afetados pelo conjunto dessas mudanças. O segundo eixo consiste de um estudo dos dados de
gestão do Ministério da Saúde relativos à rede de saúde mental e seu financiamento e o terceiro
examina normativas e outros documentos do governo federal, emitidos nos três poderes da República,
que compõem ou se opõem à série de modificações objeto da pesquisa. Toma-se o referencial da
Reforma Psiquiátrica Brasileira e de seus fundamentos, apontando que as mudanças implementadas
seguem na direção oposta a ela.
Objetivos
Compreender como aqueles que são atingidos pelas mudanças percebem este processo. Foram
ouvidos usuários/familiares, profissionais, gestores e pesquisadores de saúde mental acerca de como
vivenciam e se posicionam diante das alterações. Trata-se de um recorte numa pesquisa qualitativa,
sem intenção de produzir dados estatísticos, mas de ampliar a visão sobre os impactos das medidas
tomadas.
Metodologia
Foi utilizada a técnica da SWOT Analysis, com um questionário enviado por meio eletrônico, no qual
o participante atribuiu nota, em escala Likert, aos Avanços, Barreiras e Estratégias Úteis relativos à
PNSM e à forma como esta foi modificada no período estudado. Além das respostas objetivas, era
dada a opção de comentar espontaneamente cada resposta.
Participaram do estudo 60 pessoas dos grupos descritos, oriundos de todas as regiões do território
nacional, sendo 20 da região Sudeste, 26 da região Nordeste, 6 da região Sul, 5 da região Centro-
Oeste, e 3 da região Norte.
Resultados
O estudo da percepção das pessoas afetadas pela PNSM aponta para uma indignação intensa com o
que está acontecendo, ampliada pela noção de que os serviços da RAPS já estavam precarizados
mesmo antes deste processo, e para um grande temor do que está por vir no campo da Atenção
Psicossocial. Isto pode afetar a perspectiva de tratamento, usuários podem ter sua saúde mental
prejudicada e a desmotivação dos profissionais pode afetar suas potencialidades. A impossibilidade
de credenciar novos serviços no MS afetou orçamentos municipais, onerados com algo que caberia
ao governo federal. Isto gerou insegurança nos gestores municipais em ampliar suas RAPS.
De modo geral, todos os grupos de participantes condenam veementemente as transformações.
Verificou-se que algumas questões específicas tiveram um nível de coesão ainda maior. Neste sentido
destacam-se: a oposição às internações psiquiátricas, especialmente às de longa duração; a defesa do
financiamento dos serviços de caráter territorial; a importância do protagonismo dos usuários na luta
por seus direitos e na elaboração das políticas; e a percepção de uma intensa precarização nos serviços
da RAPS atualmente.
Palavras-chave: Política de Saúde; Saúde Mental; Contrareforma; Atenção Psicossocial; Estudo de
Percepção

206
ExpressArtes - Oficinando a terapêutica pela arte num hospital psiquiátrico universitário no
Rio de Janeiro

Paula Isabella Marujo Nunes da Fonseca - UFRJ


Andréa Damiana da Silva Elias - UFRJ
Rafael Bordallo de Figueiredo Raposo - UFRJ
Lucas Costa Marins Barbosa - UFRJ
Alexia Toledo - UFRJ
Thamires Leticia Azevedo de Arêde - UFRJ
Denise de Souza Villela da Silva - UFRJ
Andreis Aureliano Bonifácio - UFRJ
Victor Hugo Amorim de França - UFRJ
Rita Pereira Dias Soares - UFRJ

RESUMO
A Oficina Terapêutica de Expressão e Artes acontece nas dependências de um hospital psiquiátrico
universitário carioca, que atende demandas de crise psiquiátrica, com frequência de uma vez por
semana, e é destinada às pessoas internadas. Principal objetivo é a aposta terapêutica que vai ao
encontro de reivindicações políticas antimanicomiais: como a tomada da pessoa com transtorno
psiquiátrico internada como cidadão de diretos e sujeito de seu tratamento, laço social como direito
inegociável e elemento imprescindível ao cuidado, valorização da diversificação de saberes
individuais e do grupo. A atividade se vale do fazer artístico como forma de possibilitar a expressão
subjetiva e agenciar o compartilhamento de narrativas entre seus participantes. Acontecem atividades
de pintura, desenho, escultura com massa de modelar, confecção de artesanatos, além de música
solicitada a partir do desejo dos participantes. Conta-se para seu desenvolvimento, com facilitadores
que são estudantes da UFRJ extensionistas das áreas de saúde, humanas e artes, da residência e da
pós graduação latu sensu na área de saúde mental, além de uma enfermeira staff local e uma docente
da EEAN/UFRJ. Os participantes são convidados a expor suas produções, e ao final, os facilitadores
estabelecem discussão clínica do vivido na oficina. (Re)construção dos limites sociais individuais e
grupais, organização cognitiva por meio da arte expressa, e potencialização dos afetos são algumas
das recolhas desta oficina. Objeto do Relato: Trabalho vivido por equipe em um ano de vida da
Oficina Terapêutica de Expressão e Artes". Objetivos: Caracterizar o trabalho desenvolvido na oficina
terapêutica de Expressão e Artes com usuários internados e equipe de estudantes multiprofissionais
em um hospital psiquiátrico universitário no Rio de Janeiro; Compartilhar sobre as principais recolhas
observadas nos usuários a partir das atividades realizadas no espaço da oficina. Análise Crítica: Parte-
se do argumento de que não é contraditório investir na qualidade da assistência, ainda que esta se dê
dentro de um hospital psiquiátrico. Nesta direção, nos ancoramos nas ideias de Saraceno (2021) ao
dizer que é preciso construir uma melhor qualidade de vida para aqueles que não tem seu tratamento
em liberdade, pois qualquer mudança para melhor, é uma mudança, ainda que microscópica. Ademais,
a terapêutica pela arte praticada por Nise da Silveira, guia e engrossa as discussões clínicas, dando
foco à produção simbólica enunciada pelo inconsciente dos participantes. Assim, possibilita-se uma
via outra de avaliação e acompanhamento da evolução do usuário em crise.
Conclusões/Recomendações: A aceitação dos usuários à atividade deve ser destacada, levando à
compreensão do lugar significativo da oficina na instituição, não somente para os usuários, mas
também para a formação dos estudantes que atuam como facilitadores, o que levou a transformação
desta atividade em projeto de extensão.
Palavras-chave: Terapia pela Arte; Trabalho Multidisciplinar; Formação Universitária; Arte;
Oficinas Terapeuticas.

207
Fatores de risco para o adoecimento mental entre universitários da área da saúde

Larissa Cristina Gomes - UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso


Rosa Jacinto Volpato - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo - EE/USP. São Paulo,
São Paulo, Brasil.
Rosa Maria Jacinto Volpato - USP - Universidade de São Paulo
Margarita Antonia Villar Luis - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo - EERP/USP. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
Alisséia Guimarães Lemes - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo - EERP/USP. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.

RESUMO
O adoecimento mental, entre eles os Transtornos Mentais menores (TMM) referem-se a quadros de
distúrbios psiquiátricos de menor gravidade que acarretam significativo impacto à vida dos sujeitos.
Sua sintomatologia inclui irritabilidade, fadiga, insônia, dificuldades de concentração, memória e
tomada de decisões, além de queixas somáticas como tremores, cefaléia, ansiedade, depressão, entre
outros. (SILVA et al., 2019). Em universitários, esses sintomas podem ocasionar prejuízos ao
desempenho acadêmico em atividades como provas, trabalhos, estágios e também, falta de interesse
nos estudos (GOMES et al., 2020), apresentando comprometimento em seu rendimento pessoal e
profissional. (SILVA et al., 2019).
Objetivos
Teve como objetivo avaliar os fatores de risco para o adoecimento mental entre universitários da área
da saúde.
Metodologia
Estudo transversal quantitativo, realizado no segundo semestre de 2021 com 109 universitários dos
cursos da saúde de uma instituição de ensino superior no interior de Mato Grosso, Brasil. A coleta de
dados foi realizada por conveniência de forma online, por meio do autopreenchimento de um
questionário semiestruturado contendo questões sociodemográficas, acadêmicas e referente aos
fatores de risco para o adoecimento mental. Os dados quantitativos foram analisados de forma
descritiva. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFMT/CUA, sob parecer Nº 4.526.452.
Resultados
Dos 109 acadêmicos participantes do estudo, (31.2%) são do curso de Enfermagem, (18.3%) de
Farmácia, (27.5%) de Biomedicina e (22.9%) de Educação Física; cursando em sua maioria o 6º
(25.9%) e 8º (18.5%) semestres, em período integral (81%). Predominou universitários do sexo
feminino (78%), com faixa etária entre 18 a 23 anos (71.6%), solteiros (78.9%). Entre os fatores de
risco para adoecimento mental, (56%) dos universitários tem sentido ausência afetiva, (35%)
relataram morte de alguém importante, (50%) passaram por adoecimento de pessoa importante em
seu ciclo familiar. Também demonstraram vivenciar discriminação (42%), violência física (11%),
psicológica (57%), moral (42%) e sexual (13%). Após o ingresso na universidade houve privação do
lazer (68%), pressão do meio acadêmico (96%), mudança de cidade para ingressar na universidade
(51%), cansaço/esgotamento físico (83%) e mental (97%). Os resultados apontam para a necessidade
de desenvolver políticas de atenção à saúde mental de universitários no que tange ao apoio de uma
equipe multidisciplinar dentro da academia e ainda mudanças estruturais nos cursos, capazes de
oportunizar um equilíbrio entre estudo, lazer e a família.
Palavras-chave: Estudantes; Saúde Mental; Transtornos mentais.

208
Fórum Sul-Mato-Grossense de estudantes de Saúde Mental e Núcleo de Estudos sobre Luta
Antimanicomial: protagonismo estudantil na Luta Antimanicomial.

Giovana Pavoni Hipólito


Alberto Mesaque Martins - UFMS
Amanda Macena Reis - UFMS
Geovana Weis Straliotto - UFMS
Luiz Felipe Faria Rodrigues - UFMS

RESUMO
O Núcleo de Estudos sobre Luta Antimanicomial (NesLA) surgiu em junho de 2021, proposto e
autogerido por acadêmicos de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O NEsLA
busca incentivar discussões de temáticas da Luta Antimanicomial brasileira, visando um olhar
interdisciplinar, a fim de contribuir para a formação de futuros profissionais da saúde mental. As
reuniões são quinzenais e abordam diversos materiais de estudo e debate, como artigos, vídeos,
podcasts, filmes, notícias e pautas políticas. O grupo conta com 53 participantes com encontros
mediados apenas por estudantes, reforçando seu caráter horizontal e democrático. O protagonismo
estudantil no NesLA fomentou o desejo de ampliação desse agir, buscando a articulação dos
acadêmicos frente aos desmontes do SUS e da RAPS, e resultando na fundação do Fórum Sul-Mato-
Grossense de estudantes de Saúde Mental, em parceria com o CRP14/MS. Este novo dispositivo foi
criado em março de 2022, unindo todas as instituições de ensino com cursos de Psicologia no estado
(8 universidades), e contando com 121 colaboradores. O Fórum busca criar uma rede de informações
e discussões acerca da temática da Saúde Mental no estado de Mato Grosso do Sul e na luta por
políticas justas de saúde mental para todos. Os coletivos são autogeridos e autoanalisados por
estudantes, demonstrando um futuro promissor no que diz respeito à formação de profissionais
capacitados e moldados por ideais da Luta Antimanicomial.
Objeto do Relato: Construção e implementação de dois coletivos de estudantes de saúde mental em
Mato Grosso do Sul.
Objetivos: Apresentar e analisar a experiência de construção e desenvolvimento de dispositivos que
possibilitam o protagonismo de estudantes de saúde mental no estado de Mato Grosso do Sul, a saber:
o Núcleo de Estudos sobre Luta Antimanicomial (NesLA) e o Fórum Sul-Mato-Grossense de
estudantes de Saúde Mental.
Análise Crítica: As ações de mobilização e militância estudantil do NEsLA e do Fórum Sul-Mato-
Grossense de estudantes de Saúde Mental são importantes formas de participação social,
especialmente no âmbito da Luta Antimanicomial. Estes coletivos estudantis têm em comum o
objetivo de mobilizar os estudantes a proporcionar o debate e o amadurecimento teórico e político
quanto à defesa da Reforma Psiquiátrica. O Fórum, aliado ao CRP14/MS, possibilita propor meios
de luta frente ao sucateamento das Políticas Públicas de Saúde Mental. É notável a participação dos
estudantes envolvidos em fomentar e divulgar uma prática psicológica emancipadora, que rompe com
os saberes cristalizados no modelo hospitalocêntrico.
Conclusões/Recomendações: O protagonismo estudantil em coletivos autogeridos na estratégia de
saúde mental torna oportuno o debate, a troca de experiências e saberes entre estudantes de diferentes
instituições do estado. É primordial que esses grupos se mantenham engajados na resistência e na
defesa da Luta Antimanicomial.
Palavras-chave: Saúde mental; Luta antimanicomial; Movimentos estudantis.

209
Gam- Grupo com pais e Filhos: A discussão sobre medicalização

Maria Cristina Coelho - Caps IJ Piração Capela do Socorro


Gabriela de Albuquerque Fernandes Machado Galvão - Caps IJ Piração Capela do Socorro
Rejilane Souza dos Santos - Caps IJ Piração Capela do Socorro
Andréa Guedes da Silva - Caps IJ Piração Capela do Socorro

RESUMO
desde o ano de 2020, temos estudado e nos aproximado da experiência GAM através dos fóruns
GAM. Em setembro de 2021, iniciamos o Grupo GAM com pais e filhos no CAPSij II Piração -
Capela do Socorro. Os grupos acontecem semanalmente às quartas-feiras. Neste processo, utilizamos
o Guia GAM e adaptamos aquilo que era necessário para o universo infantojuvenil. Durante o grupo,
pudemos observar e trabalhar junto às crianças e famílias a experiência da medicalização, pudemos
ouvir os relatos das crianças a respeito de tomar a medicação e como se sentiam com isso não gosto,
tem gosto ruim (sic), ou não gosto porque na minha escola falam que quem toma remédio é lelé da
cuca (sic). Em contrapartida, a resistência das famílias em reduzir ou até mesmo retirar a medicação
das crianças, com um pedido frequente de que não era possível que estes ficassem sem a medicação.
A percepção entre as mães do grupo a respeito das outras crianças e o processo de identificação entre
os pares produziram novas considerações acerca da relação entre pais e filhos. As famílias relataram
maior aceitação sobre a condição dos filhos ao longo da participação do grupo, bem como passaram
a questionar condições que as escolas vinham impondo para a presença dos filhos na escola, mediante
o uso da medicação.
Objeto do Relato
grupo GAM em um CAPSij.
Objetivos
contar sobre a experiência realizada em um CAPSij de um Grupo GAM junto às crianças e seus
familiares e a repercussão das discussões realizadas ao longo dos encontros sobre a medicalização da
infância e seus desdobramentos no cotidiano.
Análise Crítica
o Grupo GAM é uma ferramenta potente de construção e percepção acerca da medicalização de
crianças e adolescentes e contribui no campo da infância para pensar as várias facetas da infância, a
relação com as famílias e a relação com a escola.
Conclusões/Recomendações
falar sobre a medicalização e colocar a criança como centro do debate é fundamental para a
desconstrução da ideia da medicalização, sendo fundamental promover o protagonismo e autonomia
da criança, contribuindo para que as famílias também reconheçam e escutem as crianças a respeito
do tema.
Palavras-chave: GAM; medicalização; infância; família; escola.

210
Grupo de Apoio à Familiares e Amigos de pessoas que ouvem vozes: relatos de uma potente
partilha entre Brasil e Portugal

Priscilla de Oliveira Luz


Raquel Ribeiro da Silva Fernandes de Carvalho - Movimento Ouvir Vozes Portugal
Julia Carolina de Mattos Cerioni Silva - Escola de Enfermagem da USP
Bruna de Paula Candido - Escola de Enfermagem da USP
Nathalia Nakano Telles - Escola de Enfermagem da USP
Gabriela de Albuquerque Fernandes Machado Galvão - CAPSij II Piração
Heloísa Garcia Claro Fernandes - Universidade Estadual de Campinas
Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - Escola de Enfermagem da USP

RESUMO
Seguimos a perspectiva do Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes de que ouvir vozes e/ou
ter visões é uma experiência humana que pode ser vivenciada com maior ou menor intensidade por
algumas pessoas. O grupo oferece um espaço de partilha e entreajuda online. Por meio de trocas de
experiências e partilha, as situações problemas são acolhidas e, por vezes, ressignificadas. O GAFA
Brasil/Portugal conta com duas facilitadoras, que têm experiências como ouvidores de vozes, sendo
uma de cada país. A quantidade de participantes varia de acordo com a disponibilidade de cada um,
atualmente o grupo tem quinze membros. Os encontros são realizados no formato remoto, por meio
de uma sala privada que é disponibilizada na página do grupo alocado na rede social facebook.
Acontecem quinzenalmente e tem cerca de uma hora e trinta minutos de duração. Não há um
direcionamento de como o encontro deve acontecer, os temas, partilhas e as narrativas se dão no
decorrer dos encontros e são associadas às vivências.
Objeto do Relato
Evidenciar a estratégia grupal como poderoso recurso a ser utilizado na prática de cuidado em saúde
mental.
Objetivos
Contar algumas experiências possíveis com o Grupo de Apoio aos Familiares e Amigos de pessoas
que ouvem vozes e/ou tem visões (GAFA), uma partilha entre Brasil e Portugal.
Análise Crítica
Entre as potências estão as partilhas pessoais sobre as estratégias de enfrentamento das facilitadoras
frente ao fenômeno de ouvir vozes e/ou ter visões, assim como das vivências dos familiares e/ou
amigos que partilham situações com pessoas que também experimentam os fenômenos. Entre as
limitações está o número de pessoas que podem participar, já que grupos muito grandes dificultam o
processo de confiança mútua e a oportunidade de todos terem espaços para partilhar a sua vivência.
Conclusões/Recomendações
Grupos como estes contribuem para o campo da saúde mental ao garantir espaços em que familiares
e/ou amigos conheçam outras formas de compreender as experiências relacionadas ao fenômeno de
ouvir vozes e/ou ter visões para além da perspectiva da doença psiquiátrica.
Palavras-chave: Práticas de cuidado; Atenção Psicossocial; Grupo de partilha; Ouvidores de Vozes.

211
Grupo de crianças pequenas em CAPSij para avaliação e articulação com a rede

Nathalia Nakano Telles - USP - Universidade de São Paulo


Julia Carolina de Mattos Cerioni Silva - Escola de Enfermagem da USP
Priscilla de Oliveira Luz - Escola de Enfermagem da USP
Bruna de Paula Candido - Escola de Enfermagem da USP
Gabriela de Albuquerque Fernandes Machado Galvão - CAPSij II Piração - SP
Heloísa Garcia Claro Fernandes - Universidade Estadual de Campinas
Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - Escola de Enfermagem da USP

RESUMO
Durante a pandemia de COVID-19, as crianças foram bastante afetadas, uma vez que a escola, espaço
importante de aprendizagem e socialização, teve suas atividades interrompidas. Sendo assim, as
crianças ficaram reclusas ao seu ambiente domiciliar; muitas vezes com pouco convívio com pares
da mesma faixa etária. Este distanciamento trouxe prejuízos nas relações sociais e de linguagem para
uma grande porção de crianças abaixo de 4 anos. Com a retomada das atividades presenciais, o
CAPSij começou a receber diversas crianças menores de 4 anos e seus familiares por demanda
espontânea, encaminhados por serviços de saúde e de outros setores. Diante do aumento da demanda,
com queixas similares (atraso no desenvolvimento e alterações de comportamento e das relações),
profissionais do CAPSij se organizaram para atender esta demanda. O grupo de avaliação é realizado
por terapeuta ocupacional, neuropediatra e fonoaudióloga ou psicóloga. As crianças participantes do
grupo mudam a cada duas semanas: a primeira semana é destinada à avaliação das crianças por meio
de atividades lúdicas e na segunda semana é realizado grupo com os familiares a fim de dar devolutiva
da avaliação aos pais, realizar encaminhamentos e acolher dúvidas e angústias. A partir da avaliação
realizada no grupo, caso a criança não se beneficie, no momento, de atendimento no CAPSij, é feita
uma articulação com diferentes serviços da rede de saúde e intersetorial a fim de garantir o apoio e
cuidado necessário a cada caso.
Objeto do Relato
Grupo de avaliação de crianças na primeira infância em CAPSij.
Objetivos
Contar sobre o desenvolvimento do grupo de avaliação de crianças que visa avaliar e compreender as
necessidades de saúde, assim como articular a rede com outros serviços para cuidado integral da
criança.
Análise Crítica
Este grupo apresentou-se como espaço para atendimento mais eficaz de crianças pequenas que
chegam ao CAPSij, uma vez que crianças nesta fase da vida devem ter atendimento adequado rápido
para melhor prognóstico. Ressalta-se o quão interessante seria se essa proposta fosse realizada em
serviços da Atenção Básica, considerando-a como matriciamento realizado em ato; uma vez que as
Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a porta de entrada de crianças pequenas e responsáveis pela
puericultura. Assim, as UBSs conseguiriam direcionar com mais eficiência os casos mais complexos
para os serviços especializados adequados às demandas apresentadas.
Conclusões/Recomendações
O grupo de avaliação vem conseguindo articular o cuidado das crianças com os serviços adequados
para as necessidades apresentadas, assim como tem sido espaço potente para aproximação entre o
CAPSij e serviços das redes intra e intersetorial, buscando compor uma linha de cuidado da primeira
infância.
Palavras-chave: Atenção psicossocial; Infância; Trabalho em rede

212
Grupo de estudos Juliana Pacheco: a potência de referências feministas na construção coletiva
da luta antimanicomial

Letícia de Amorim Mota Coelho - ESCS - Escola Superior de Ciências da Saúde


Clara Correa Lima - ESCS
Aline Almeida da Silva - UnB
Gabriela Fernandes Chaves Lira - UnB
Allice Rejany Nogueira Carvalho - ESCS

RESUMO
A proposta de realização do grupo surgiu como uma extensão da Coletiva Utopia Viva; Coletiva de
mulheres antimanicomiais que residem em sua maioria em regiões administrativas do Distrito
Federal, porém com algumas integrantes de outros estados. O grupo teve como objetivo fomentar
reflexões acerca do cuidado em saúde mental de maneira crítica. No primeiro momento, a divulgação
ocorreu através da rede social Instagram da Coletiva, apresentando a proposta de grupo de estudo, na
modalidade online, uma vez que ainda estávamos vivenciando momentos críticos com relação a
pandemia da Covid-19. Foi elaborado um google forms para que as pessoas interessadas em participar
do grupo de estudo pudessem se inscrever, levantar interesses e expectativas. A divulgação por meio
do Instagram foi a maneira mais viável e possibilitou maior alcance de pessoas, inclusive em outros
países. O grupo de estudos se apresentou como um caminho para discutir a luta antimanicomial em
uma perspectiva revolucionária com subsídio da leitura da tese de doutorado da Dra. Juliana Garcia
Pacheco, intitulada: Representações sociais da loucura e práticas sociais: o desafio cotidiano da
desinstitucionalização . As discussões possibilitaram trazer ao centro do debate a figura de uma
mulher que construiu a história da luta antimanicomial no Distrito Federal. Além da discussão central
do texto, os encontros foram costurados com outras leituras e experiências a partir da realidade das
participantes.
Objeto do Relato
O objeto deste relato concerne à experiência de desenvolvimento de um Grupo de Estudos online.
Objetivos
Relatar a construção de um espaço de formação crítica conforme os preceitos da Reforma Psiquiátrica
Brasileira.
Principais aspectos a serem discutidos: possibilidade de manter viva a militância e a memória de uma
militante, trabalhadora e pesquisadora do território do Distrito Federal durante a pandemia por meio
de um Grupo de Estudos.
Análise Crítica
A virtualidade traz desafios, mas também permite o encontro entre territórios. Manter viva a
militância em um momento de tantas fragilidades é desafiador. O processo da Contrarreforma
Psiquiátrica não arrefeceu durante a pandemia; na verdade, se intensificou nesse período. A pandemia
trouxe a urgência em nos direcionarmos a partir de uma radicalidade crítica ao modelo neoliberal. Se
a Luta Antimanicomial se direciona à revolução, não podemos perder de vista o machismo estrutural,
que atravessa também a produção de conhecimento. Por meio da visibilização do legado de Juliana
Pacheco, o grupo buscou destacar referências femininas na formação crítica em saúde mental.
Conclusões/Recomendações
A avaliação realizada pelas participantes demonstrou que o grupo atingiu os objetivos, cumprindo a
função de um espaço de reflexão crítica. Possibilitou aproximar mulheres na militância e transmitir
os estudos de Juliana Pacheco, apesar da pandemia. Evidenciou a potência do afeto como parte da
luta.
Palavras-chave: luta antimanicomial; saúde mental; afeto; grupo de estudos; pandemia

213
Grupo de Trabalho para reflexão e construção da atuação do psicólogo em equipe
multidisciplinar no Consultório na Rua em Belo Horizonte.

Rafaela Alves Marinho - Prefeitura de Belo Horizonte / Consultório na Rua


Clara Gomes Machado - Secretária Municipal de Saúde - Prefeitura de BH
Marina França de Souza - Prefeitura de Belo Horizonte

RESUMO
A partir das especificidades do trabalho do CR, foi visto a importância de pensar o fazer psi,
juntamente com a ampliação do número das equipes em BH. Foi retomado o grupo de trabalho
realizado mensalmente, com duração média de 3 horas, entre os psi das 8 equipes e, por vezes, com
a presença da referência técnica, também psicóloga.
Os encontros foram realizados para vincular os trabalhadores e pautar o fazer psi nos diferentes
territórios do município, na experiência em campo e as possibilidades e os desafios desse cuidado.
Discutiu-se, inicialmente, a angústia do trabalhador frente ao estigma que o usuário vivencia na rua
e em outros pontos de atenção da rede. Ao dizer sobre a urgência das vulnerabilidades das pessoas
em situação de rua (PSR), foi colocado em foco o acompanhamento da mulher gestante e os desafios
da articulação intersetorial nesses casos. A partir disso, foram realizadas buscas de aporte teórico e
técnico que pudessem auxiliar nessa reflexão e elaboração de novas ferramentas de cuidado. O espaço
foi se solidificando, sendo discutidas a mobilização dos usuários para conferências municipais, a alta
demanda de buscas ativas vinda de outros pontos da rede e a necessidade de uma atenção integral ao
usuário, buscando possibilidades de escuta na realização de grupos operacionais e de práticas lúdicas
com o arte-educador. Diante dos temas levantados, foi pautada a realização de documento norteador
do fazer psi no CR para orientar e avançar nesse campo do cuidado.
Objeto do Relato
Grupo de trabalho com os psicólogos das equipes do Consultório na Rua (CR) de Belo Horizonte
(BH).
Objetivos
Serão apresentados as reflexões obtidas através da realização do grupo de trabalho para construir a
prática do profissional psicólogo realizada no Consultório na Rua, sendo esta perpassada pela Clínica
a céu aberto, in loco e em equipe multidisciplinar.
Análise Crítica
O fazer psi, por vezes, é ensinado durante a formação enquanto uma prática a ser realizada pelos
moldes clássicos da clínica e com delimitação específica do setting terapêutico e institucional. Sendo
assim, para o trabalho do psicólogo em uma equipe do CR, a formação deve ser repensada sob outro
ângulo de modo a construir um novo fazer integrado à concepção de clínica ampliada, à céu aberto e
em uma equipe multidisciplinar. Diante disso, o grupo de trabalho mostra a importância de pensarmos
as práticas psi no CR partindo da ideia dos locais em que esta acontece e em todos os atravessamentos
que perpassa a PSR, como por exemplo, situações de violência e negação de direitos básicos.
Conclusões/Recomendações
Não é possível dissociar o fazer de uma profissão do contexto em que ele se dá e de seu público alvo.
Com o grupo de trabalho observamos a potência de construirmos com os pares as possibilidades do
cuidado, visando a autonomia do usuário, a perspectiva do usuário-guia e a ética da redução de danos.
Palavras-chave: Psicologia; População em situação de rua; Consultório na Rua

214
Grupo Terapêutico como Proposta de Redução do Sofrimento Psíquico em Acolhimento
Institucional Adultos Conveniada do Rio de Janeiro

Katiane Alves Fontes dos Santos - Associação Maranatha do Rio de Janeiro


Marcos Henrique Matos de Souza - Associação Maranatha do Rio de Janeiro
Kelly Cristina dos Santos Gomes - Associação Maranatha do Rio de Janeiro

RESUMO
Os grupos terapêuticos são realizados em uma unidade de Acolhimento Institucional. Sendo parte do
serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS). Seu principal objetivo é promover o acolhimento de indivíduos com vínculos familiares
rompidos ou fragilizados, de forma a garantir sua proteção integral. Acolhendo 50 pessoas do sexo
masculino, de 18 anos à 59 anos, em situação de extrema vulnerabilidade pessoal e social, cujo os
vínculos afetivos com familiares estejam rompidos. Os usuários são encaminhados via Central de
Recepção Adultos e Família CRAF Tom Jobim (Ilha do Governador-RJ). As atividades em grupo são
realizadas pela equipe interdisciplinar formada por Assistente Social, Psicologia e Educadores
Sociais. Como dinâmicas, músicas, filmes, debates após os filmes, entre outras. Os temas são
pensados pela equipe a partir da dinâmica da instituição. São estratégias com o objetivo de possibilitar
a troca de experiências, a resolução de conflitos comuns ao grupo. Promover o fortalecimento de
vínculos, favorecendo a afetividade e a reinserção social. Utilizando como referencial teórico o tato
psicológico de Ferenczi (1928) compreendido como o sentir com, ou seja, estar em sintonia com o
usuário dentro de uma perspectiva do encontro, por meio de uma escuta sensível. Contribuindo para
a construção e/ou reconstrução da autonomia; e redução das violações dos direitos socioassistenciais,
seus agravamentos ou reincidência.
Objeto do Relato
Atividades em grupo com 50 acolhidos na rede socioassistencial com dinâmicas, músicas e filmes.
Objetivos
Refletir o grupo como dispositivo clínico, acolhimento e continência. Reconhecimento e elaboração
de experiências traumáticas. A afetividade como ferramenta de ação transformadora, onde as emoções
podem conduzir o percurso da passividade para a potência de ação ampliada. Sendo necessária no
dispositivo de Acolhimento Institucional.
Análise Crítica
Questiona-se como sujeitos ou grupos mais vulneráveis vivenciam eventuais transtornos mentais em
vulnerabilidade social. Sawaia (1999) analisa a ambiguidade da exclusão a partir do enigma da coesão
social, subjetiva, física e mental. A exclusão social descrita na perspectiva ético-psicossociológica,
ou seja, socio-hostórica em todas as esferas da vida social, e vivido como necessidade do eu, com
sentimentos, significados e ações. O sofrimento ético-político incorporado a ética, a felicidade e o
humano como critérios que se entrelaçam com o econômico e o político. Acredita-se na
potencialidade do sujeito de lutar contra esta condição social e humana, sem desconsiderar a
determinação social.
Conclusões/Recomendações
A partir de grupos terapêuticos realizados em Acolhimento Institucional apresenta-se reflexões
teórico-metodológicas sobre cotidiano, afetividade, representação social e projeto de vida, e por meio
delas, desvelar as artimanhas da exclusão e desigualdade social na relação com a saúde mental.
Palavras-chave: Acolhimento Institucional; rede conveniada; grupo terapêutico; desigualdades
sociais; sofrimento social.

215
Ideações e Tentativas de Suicídio: Atuação Profissional na Atenção Primária

Daniela Bruno dos Santos


Daniela Dias Medrado Rogério - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Renata Bellenzani - Universidade Federal do Paraná (UFPR)

RESUMO
O suicídio é um problema social e de saúde no Brasil e no mundo, em especial entre jovens de 15 a
29 anos, a nível mundial já ocupa a segunda principal causa de óbito nessa faixa. Políticas
intersetoriais, com participação da área da saúde, para fazer frente à determinação social deste
fenômeno crescente nas sociedades industrializadas contemporâneas, são escassas, sobretudo no
Brasil e em países capitalistas periféricos. Isso, juntamente com uma baixa capacidade de acolhimento
e oferta de cuidados primários nos sistemas de saúde, diante de situações de risco, quando as pessoas
apresentam ideações ou tentativas de suicídio, configura uma situação de negligência em saúde
pública com graves consequências ao desenvolvimento humano e ao bem-estar social.
Objetivos
Este estudo, tem como objetivo explorar, descrever e analisar a atuação da Atenção Primária à Saúde
(APS) no Brasil nas situações de maior risco de suicídio (ofertada pelas equipes de saúde da família,
com o apoio de psicólogos/as das equipes de Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica
- NASF-AB), partindo da perspectiva desses profissionais, suas concepções, práticas e reflexões.
Metodologia
Trata-se de um estudo bibliográfico e exploratória descritivo (qualitativa) - em andamento -. Por meio
de uma revisão da literatura, os principais achados consoantes com a temática, servem ao
direcionamento da pesquisa de campo em curso (será realizado entrevista com 14 psicólogos que
atuam em unidades de saúde, pelo NASF-AB, em Campo Grande/MS). A base de dados utilizada, até
o momento, foi o periódico CAPES, a partir dos descritores suicídio e atenção primária . A base
teórico-metodológica que sustenta o estudo é a psicologia histórico-cultural e psicologia social em
saúde.
Resultados
Do estudo de revisão retornaram um total de 137 artigos, esses tiveram seus títulos e resumos lidos
com a finalidade de selecionar os que tratam do problema de pesquisa, o que correspondeu a somente
08 estudos. Pode-se extrair das análises destes os seguintes aspectos: tema pouco pesquisado;
predomínio de estudos quantitativos, para caracterizar o perfil das pessoas suicidas e os fatores de
risco (a depressão o mais apontado), e pouco sobre programas e práticas de atendimento em saúde;
estudos que entrevistam profissionais a respeito são muito genéricos na abordagem das categorias
profissionais, não podendo serem extraídas informações mais específicas sobre cada categoria
profissional, como no caso, os profissionais de psicologia em conjunto com as equipes de saúde da
família justamente com o que a presente pesquisa pretende contribuir; os que tratam a respeito,
mesmo que de modo genérico, destacam a falta de formação e preparo dos profissionais para lidar
com as situações de risco de suicídio, e que o encaminhamento a outros níveis (sem necessariamente
oferta de cuidados primários) e a medicalização são práticas/enfoque mais comuns.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Tentativa de suicídio; Suicídio.

216
Inspeção Sanitária em Comunidades Terapêuticas: Novos Olhares

Wellinton Moreira Lopes - Secretaria De Estado De Saúde De Minas Gerais

RESUMO
As políticas sobre drogas, no Brasil, foram construídas sob a perspectiva de guerra às drogas . O
consenso mais recente acerca da questão das drogas culminou na elaboração da Lei nº 11.343/2006,
permitindo que instituições civis de atuação no âmbito da saúde ou assistência recebam recursos
financeiros do Estado, abrindo precedente para que as Comunidades Terapêuticas (CTs) fossem
inseridas na Rede de Atenção Psicossocial. Para seu funcionamento, as CTs precisam obter alvará
sanitário junto à Vigilância Sanitária (VISA) seguindo as normas estabelecidas na RDC nº 29/2011.
As inspeções sanitárias, da forma como estão organizadas e respaldadas, não dão conta de contemplar
todos os processos envolvidos no cotidiano das CTs, não garantindo a segurança dos usuários
acolhidos nessas instituições.
Objetivos
Discutir a necessidade de parceria permanente entre Vigilância Sanitária e entes do poder público
(Ministério Público, Coordenação de Saúde Mental, etc) para qualificar o trabalho de inspeção
sanitária nas Comunidades Terapêuticas.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa teórica de natureza qualitativa, de caráter exploratório, realizada através de
pesquisa de publicações nas bases de dados da Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Google
Scholar, utilizando os descritores comunidades terapêuticas e inspeção sanitária , para identificar a
literatura que trata sobre a temática.
Resultados
Em inspeções de rotina em CTs, para emissão de alvará, há evidências de que não se fiscalize o que
a CT oferece como terapia. A inspeção geralmente não avalia pontos essenciais, como o dia a dia da
CT e o processo terapêutico em si inspeciona-se tão somente o local onde ocorre uma terapia, mas
não há órgão de qualquer natureza que inspecione a terapia em si (LOECK, 2021). O grande desafio
é regular e fiscalizar entidades que fazem o que genericamente se chama acolhimento. Há facilidade
para que qualquer indivíduo, em um espaço minimamente estruturado e com pouca visibilidade
pública, passe a receber pessoas, alheio ao conhecimento dos órgãos de fiscalização. As inspeções
sanitárias, da forma como estão organizadas e respaldadas, não dão conta de contemplar todos os
processos envolvidos no cotidiano de uma CT. Especialmente quando as inspeções ocorrem, como é
o padrão, sem parceria com outros entes do poder público. Sendo assim, a parceria permanente dessas
entidades com a VISA nas inspeções de CTs poderia unir forças para que se consiga monitorar,
fiscalizar e responsabilizar essas instituições das irregularidades constatadas para além daquelas
previstas na RDC nº 29/2011.
Palavras-chave: Inspeção Sanitária; Comunidades Terapêuticas.

217
Limites e implicações do Acompanhamento Terapêutico frente às barreiras institucionais dos
dispositivos públicos de saúde em Campos dos Goytacazes

Caroline Helena Cassanti - UFF


Julia Almeida da Conceição Silva - UFF
Pamella Vilibor Ramos de Moraes - UFF
Isabella Maria Silva Dias dos Santos - UFF
Luana da Silveira - UFF

RESUMO
O acompanhamento terapêutico (AT) se dá com uma família interracial constituída por seis pessoas,
curateladas judicialmente, que residem em um bairro periférico da cidade de Campos dos Goytacazes,
localizada no interior do estado do RJ. O AT é realizado por estudantes de psicologia, da UFF Campos
que integram o Grupo de Pesquisa e Intervenção em Saúde Mental e Justiça e orientadora. As
acompanhantes têm o intuito de construir com eles autonomia a partir de suas singularidades, assim
como a garantia de direitos básicos que muitas vezes são negligenciados pelos dispositivos, que
deveriam promover saúde e acabam por promover desassistência e sofrimento. O território que
residem é distante do centro, no qual a população convive com o lixo e com animais soltos, como
porcos, cabras e cavalos, é marcado por barreiras físicas do tráfico, consequências do racismo
geográfico que é muito presente na cidade. Com isso, alguns serviços públicos não se fazem
presentes, gerando ainda mais desigualdade social e agravamento de vulnerabilidades e, apesar da
residência se localizar em frente a um CRAS, são excluídos socialmente e dos serviços. Através de
visitas domiciliares semanais, as acompanhantes estabelecem um contato muito próximo com os
acompanhados, que trazem suas demandas, sendo a maioria relacionadas à saúde básica, o
acompanhamento é marcado por presenciar violências e exclusão dos dispositivos, e buscar
articulação intersetorial para afirmar direitos e construir redes de cuidado.
Objeto do Relato
Implicações do AT diante de limites acerca das violências testemunhadas nos serviços de saúde.
Objetivos
Colocar em análise as violências sofridas pela família em vulnerabilidade socioeconômica que tem
seus corpos estigmatizados socialmente e sentem o reflexo nos serviços públicos de saúde em que
buscam atendimento. Propiciar, através do grupo de acompanhantes terapêuticas, a promoção de
autonomia e acessar direitos para a desinstitucionalização.
Análise Crítica
O AT é uma clínica-política, que através da atuação em território busca desenvolver, junto aos
acompanhados, sua autonomia, o entendimento de direitos básicos e a busca por eles. O AT nos
convoca a lidar com o imprevisível do cotidiano de forma coletiva, traçando e refazendo rotas que
facilitem o acesso à saúde e à plena cidadania, com reflexões, tensionamentos e articulações que têm
como princípio o corpo tido como louco em seus acessos à cidade e às suas respectivas instituições
de saúde, que deveriam dar subsídio para que os sujeitos supram suas demandas, das mais simples às
mais emergentes, promovendo qualidade de vida em múltiplas dimensões sociopolíticas, econômicas
e culturais.
Conclusões/Recomendações
O discurso hegemônico sobre a loucura e a deficiência se manifesta nas práticas institucionais, e
somado à falta de articulação entre os dispositivos da rede, culmina na desassistência da família. O
que requer intervenções com eles e serviços para contemplar as diversas singularidades e demandas.
Palavras-chave: Acompanhamento Terapêutico; violência institucional; exclusão social.

218
Medida De Segurança E Saude Mental No Pará: Uma análise sobre processo de
desinstitucionalização da pessoa com transtorno mental em conflito com a lei no período de
2019 a 2021.

Alan dos Santos Reis - SESPA


Ingrid Bergma da Silva Oliveira - SESPA
Shyrlenne Farhat Sozinho - SESPA
Fabricio Eduardo Rodrigues Duarte - SESPA

RESUMO
No Estado do Pará, a situação das pessoas que tem sofrimento psíquico e cometem crimes em
decorrência do mesmo, vem passando por mudanças significativas, pois nos últimos dois anos,
especificamente de 2019 a 2021, a Vara de Execução Penal da Região Metropolitana de Belém, ligada
ao Tribunal de Justiça do estado do Pará, proporcionou a desinternação progressiva de mais de 70
pessoas submetidas a Medida de Segurança de Internação no Hospital Geral Penitenciário da
Secretaria de Administração Penitenciária do Pará. Tal realização teve uma participação direta do
Serviço de avaliação e Acompanhamento de Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com
Transtorno Mental em conflito com a Lei - EAP, o qual foi instituído pela portaria 94 de 2 de janeiro
de 2014 (BRASIL, 2014), do Ministério da Saúde, que tem como incumbência auxiliar no processo
de desinternação progressiva de pessoas custodiadas em estabelecimentos de custódia e tratamento
psiquiátrico. Ressalta-se que o Estado do Pará através da Secretaria de Estado de Saúde Pública
constituiu o referido serviço que passou a atuar na colaboração junto ao judiciário para a
desinternação de pessoas custodiadas no HGP. De 2014 a 2018 o serviço contribuiu para a
desniternação de 25 pessoas, contudo a partir de 2019 houve um salto significativo no numero de
desinternações evidenciando num período de 2 anos a liberdade de 72 pessoas submetidas a Medida
de Internação, que hoje tem seu Projeto Terapêutico Singular sustentado no território.
Objeto do Relato
Analisar um período especifico como marcador da reorientação do modelo de atenção ao louco
infrator.
Objetivos
Evidenciar a atuação resolutiva da EAP na proposição de medidas terapêuticas diversas da prisão para
pessoas que cometeram delito em função do surto psicótico. Revelar quantos Projetos Terapêuticos
foram construídos e apresentar quais serviços da RAPS foram determinantes para o processo de
desinternação.
Análise Crítica
Analisar o processo de desinstitucionalização de pessoas custodiadas no Hospital Geral Penitenciário
no Pará, apresenta como condição sine qua non rever a atuação da equipe da EAP no tensionamento
junto ao Poder Judiciário do Pará, para demonstrar que é possível que o sujeito que cometeu delito
em decorrência do sofrimento psíquico seja cuidado com os serviços de saúde mental de sua cidade,
sem precisar ser encarcerado. No período de 2019 a 2021 a EAP construiu 72 Projetos Terapêuticos
de Acompanhamento de Medida Ambulatorial que foram acatados pelo Magistrado e com isso estes
sujeitos puderam retornar as suas cidade e dar continuidade em seus projetos de vida.
Conclusões/Recomendações
Entendemos como necessário a proposição ao Poder Judiciário, do redirecionamento do cuidado de
um ambiente fechado e asilar, para um local que possua sentido e possibilidade de reprodução social
para o sujeito que comete um delito em decorrência de um surto psicótico, que é a Rede Territorial.
Palavras-chave: Internação; Desinstitucionalização; Cuidado em Liberdade.

219
Monitoreo de los procesos de adecuación de los servicios de larga estadía y externación de los
hospitales neuropsiquiátricos públicos de la provincia de Buenos Aires, año 2021.

Analia Zanatta - Ministerio de Salud

RESUMO
La Ley Nacional de Salud Mental 26.657 ordena al Estado la sustitución total de los manicomios,
hospitales neuropsiquiátricos. La provincia de Buenos Aires, adhiere por medio de la Ley provincial
14.580.
El ministerio de salud de la provincia de Buenos Aires inició un proceso de reforma de los hospitales
neuropsiquiátricos públicos con el fin de dar cumplimiento a la normativa vigente. Así, se creó en el
mes de diciembre de 2020 un programa de apoyo a los procesos de externación sustentable destinado
a las personas institucionalizadas en los hospitales neuropsiquiatricos, denominado Buenos Aires
Libre de Manicomios.
Una de las líneas priorizadas por el programa implica un sistema de registro y monitoreo periódico
de carácter obligatorio para evaluar los procesos de trasformación.
Objetivos: Realizar una caracterización de la población de los servicios de larga estadía y de los
dispositivos con diferente nivel de apoyo para la vida en comunidad, con énfasis en las unidades
residenciales; Construir y describir indicadores relativos a los procesos de externación.
Metodologia
La información presentada surge del procesamiento y análisis de los datos informados por los
hospitales neuropsiquiátricos públicos de la provincia de Buenos Aires en diferentes cortes
temporales, al remitir el instrumento de relevamiento y monitoreo periódico de los procesos de
atención y adecuación de carga obligatoria.
La herramienta de monitoreo periódico se elaboró a partir de la revisión de instrumentos
internacionales de evaluación de programas y servicios de salud mental, y de la normativa vigente en
materia de salud y derechos humanos a fin de poder definir indicadores.
Resultados
Los vacíos de información son un problema a atender en el ámbito de la salud pública de la provincia
de Buenos Aires. Generar cultura y cambios en el sistema de registros de las prácticas en los servicios
de salud mental son uno de los desafíos más urgentes.
En los primeros resultados pudimos observar un crecimiento de los dispositivos intermedios
comunitarios y una reducción sostenida de las camas de los servicios de larga estadía en los hospitales
bajo programa.
Ha sido innovador e inédito para el sistema de salud de la producción de información que permitan
ir evaluando los avances y obstáculos de la adecuación y sustitución de acuerdo a lo enunciado en la
ley nacional de salud mental de los hospitales neuropsiquiátricos públicos.
Palavras-chave: Desinstitucionalización; monitoreo; Buenos Aires Libre de Manicomios.

220
Mulher Negra: Racismo, desafios e a construção da identidade diante dos padrões de beleza

Juberto Alves dos Santos - Microempresario


Adriana Aparecida Almeida de Oliveira - Centro Universitário Sudoeste Paulista

RESUMO
A identidade cultural dos negros brasileiros é construída a partir da escravidão (SANTOS e
SCHUCMAN, 2015), que teve início na metade do século XVI. A partir da abolição foram criados
estereótipos que permanecem até os dias atuais, estes constituem a identidade do povo negro como:
superpotência sexual, feiura, irracionalidade, esteticamente e intelectualmente inferiores e de caráter
duvidoso, entre outros. As mulheres negras também sofrem discriminação por motivos de imagem e
beleza além dos estigmas acima citados. Intimamente ligado à sua identidade social, esse preconceito
permeia muitos aspectos de suas vidas, incluindo escolhas de consumo e vontade de se afastar dos
padrões negros para seguir os padrões de beleza brancos (ROSA, 2014).
Objetivos
O objetivo da pesquisa consistiu em problematizar os padrões de beleza e seus impactos junto as
mulheres negras e desse modo ressaltar a relação existente entre os padrões de beleza e o racismo.
Metodologia
Como metodologia utilizou-se da revisão de literatura, tendo por base os anos de 2013 a 2021. Nesta
pesquisa buscou-se descrever alguns dos principais conceitos e análises de autores renomados sobre
como pode-se relacionar o racismo junto a padronização de beleza observados atualmente no mercado
mundial. Foram realizadas buscas nas plataformas digitais: Google Acadêmico, CAPES portal de
periódicos, Scielo Scientific Electronic Library Online e livros. Utilizando os descritores: Racismo;
Padrões de Beleza e Mulher.
Resultados
Durante a pesquisa foram encontrados 32 artigos, dado relevante é que apesar das mulheres
constituírem mais da metade da população brasileira, ainda são hierarquicamente inferiorizadas e
necessitam de políticas públicas e ações eficazes para a redução das desigualdades. A mulher negra
encontra em sua jornada a união entre racismo, machismo e o enfrentamento de um padrão de beleza
europeu, o que ocasiona: dor, discriminação, abandono, solidão e morte. Hooks (2014) afirma que
uma etiqueta
racial existe na sociedade americana e serve como um conjunto de códigos interpretativos e
significados raciais que se tornam uma forma de compreender, explicar e agir no mundo. Atitudes
racistas sistêmicas e representações negativas de pessoas de cor persistem no mundo e são
perpetuadas por filmes contemporâneos, publicidade, notícias de televisão, jornais e outros meios de
comunicação. Os estereótipos raciais encontrados na mídia podem afetar a forma como as pessoas
negras são percebidas e tratadas pelos outros. Pode-se concluir que os padrões de beleza introduzidos
no campo da moda, assim como em outras esferas sociais são impactantes e determinantes para
compreensão do racismo.
Palavras-chave: Racismo; Padrões de beleza; Mulher.

221
Musical O Curupira e os animais da floresta: Relato de experiência com pessoas em
sofrimento mental do hospital dia da Clínica Apice

Ricardo Antonio Romanha Sousa - Hospital dia Apice


Andréa Sousa Coelho Dos Santos - Hospital Dia Apice

RESUMO
Trata-se de um trabalho realizado pela equipe de Arteterapia e Musicoterapia do Hospital Dia da
Clínica APICE, em Salvador, Bahia, como atividade da oficina ENCENA. A oficina trabalha as
expressões através de técnicas do teatro. A atividade foi desenvolvida de 2017 a 2019. A metodologia
é participativa e foi selecionada uma lenda do folclore brasileiro: o Curupira. Foi feita uma leitura
dinâmica, e três equipes montaram histórias coletivas do personagem. Então, foi construída uma única
história, desenvolvida em formato de cordel. A leitura era realizada estimulando a vivência dos
sentimentos de cada personagem, expressando-os verbalmente e corporalmente. Foram construídas,
coletivamente, cenas e músicas, com a ampla participação dos membros, que deram vida a
apresentação em forma de um musical. As potencialidades de cada membro da oficina foram
valorizadas e estimuladas, promovendo uma participação ativa. Além de representar, dançar, cantar e
tocar, os participantes também desenvolveram funções como direção, produção, construção de
figurinos, cenário e músicas. Essa construção resultou em uma apresentação para os familiares de
todos os pacientes da rede Apice, em um teatro. Além de trabalhar a criatividade e potencialidades
dos participantes, num ambiente lúdico, que reporta à saúde e não à doença, a equipe experimentou
um espaço terapêutico transformador através do sinergismo da Arteterapia e da Musicoterapia para a
construção e finalização do projeto.
Objeto do Relato
Oficina de Teatro com pessoas em sofrimento mental, promovida pela Arteterapia e Musicoterapia.
Objetivos
O presente trabalho tem o objetivo de descrever a experiência das atividades realizadas na Oficina
Encena. Essas atividades foram desenvolvidas pela Musicoterapia e Arteterapia que se propõem a
fornecer um espaço para que o indivíduo possa expressar sua subjetividade através das linguagens
artísticas: teatro, música e dança.
Análise Crítica
O grupo propõe-se a estimular o indivíduo em sofrimento mental a se reconhecer como sujeito e
apropriar-se do seu potencial criativo e artístico, talentos e habilidades promovendo a expressividade
do corpo emissor e receptor de mensagens, ideias e emoções. Durante as atividades, os participantes
puderam compreender a criatividade como potencial humano capaz de transformações pessoais e de
maior entendimento para lidar com as intempéries da vida. E promover a sociabilidade dos integrantes
a partir de relações interpessoais construídas no decorrer do grupo
Conclusões/Recomendações
A atividade promoveu a potencialização e valorização de formas singulares do processo de livre
criação dos membros. O grupo se apropria de experiências subjetividade através da expressão
artística, alcançando a adesão e propiciando autocuidado nos campos afetivos, interpessoal, relacional
e social.
Palavras-chave: Transtorno mental; Arte; Musicoterapia;

222
Narrativas (im)possíveis: Relatos de experiência de um grupo de acolhimento trans

Taynara da Glória Martins - UFF - Universidade Federal Fluminense


Gabriella Pinho Martinez Dominguez - UFF CAMPOS
Erickah Gomes Ribeiro - SIRDH
Luana da Silveira - UFF CAMPOS

RESUMO
O projeto é um processo vívido, que se constitui a partir de um estágio de saúde mental na
Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SIRDH), localizada no município de Campos
dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro. Tal dispositivo, que outrora, era nomeado como Fundação
Municipal Zumbi dos Palmares, tinha como escopo de trabalho a população preta, periférica,
comunidades quilombolas, povos de terreiro e outras religiões de matriz africana e afro-brasileira.
Contudo, em 2021, torna-se SIRDH, ampliando o acolhimento de outras demandas, como as de
pessoas não cisheteronormativa. Inseridas na Chefia de Direitos Coletivos, Difusos e Individuais,
somos atravessadas, cotidianamente, por relatos de situações de negação existencial e afetiva,
necessidade de redes de apoio e impossibilidade de acesso a direitos. Dessa forma, tornou-se
fundamental a criação de um espaço seguro, cujo protagonismo não se encontra em ensinar sobre
transexualidade e nem falar somente sobre suas dores. Mas em constituir um espaço onde possam ser
cultivadas outras possibilidades de narrativas, posto que essas pessoas são mais do que a violência
que sofrem, sendo preciso conhecer e articular redes, modos de sobrevivência e resistência. A partir
da troca e análise de vivências o grupo cria fissuras na malha sufocante de uma realidade
cisheteronormativa e concebe a possibilidade de novas vias, em um movimento de autogestão,
racialização de corpos e intervenções.
Objeto do Relato
Tendo como escopo o Grupo de Acolhimento Trans (GAT), fruto de um estágio clínico-institucional.
Objetivos
Pretende-se colocar em análise a experiência de estágio enfocando o acolhimento em grupo com
pessoas trans. O GAT é uma proposta-aposta de uma experiência rizomática que produz autonomia e
saúde coletiva, considerando os aspectos psicossociais desencadeadores de adoecimento em corpos
de pessoas trans que fujam da lógica cisheteronormativa.
Análise Crítica
Desde o início do estágio o comprometimento com a temática racial tornou-se pauta e prática, posto
ser o elemento central da subsecretária. Entretanto, observamos nos discursos dos diferentes sujeitos,
a partir de uma perspectiva pautada na interseccionalidade de gênero, raça e outros marcadores, há
prevalência dos atravessamentos da vivência da identidade e/ou expressão de gênero desses sujeitos.
Outro fator importante diz respeito às demandas recorrentes desses sujeitos, que são a insegurança
alimentar e desemprego, evidenciando o quanto pessoas trans e travestis além de precisarem lidar
com o lugar de marginalização e elevadas estatísticas de morte física, precisam reivindicar o mínimo
para sua sobrevivência.
Conclusões/Recomendações
É crucial a existência de dispositivos como o GAT, para que corpos que não sigam a norma cisgênero
e branca continuem vivos e resistindo a uma sociedade que os violenta e mata. Além disso, é preciso
fomentar possibilidades para que outras iniciativas sejam implementadas como política pública
Palavras-chave: Transexualidade; Grupo de Acolhimento; Redes Afetivas; Igualdade Racial.

223
No olho do furacão: reflexões sobre o trabalho da(o) assistente social no CAPSad durante a
pandemia da COVID-19

Elizabete Souza Dantas - CAPS

RESUMO
Inúmeros foram os desafios impostos pela pandemia da COVID-19 às políticas públicas (educação,
previdência, segurança pública, assistência social) e, principalmente, à saúde. No âmbito da saúde
mental, observou-se, dentre outras questões, um significativo aumento do uso de álcool e outras
drogas que coincide com um cenário de ampliação do desemprego, da desproteção social e da falta
de uniformização nas respostas por parte do Governo Federal.
Dessa forma, a atuação do Serviço Social no CAPSad foi também permeada por tais contradições,
que podem ser divididas em: 1) desafios estruturais, que referem-se à agudização das demandas do
campo "social" na saúde; 2) intensificação do trabalho a partir da centralidade do uso das Tecnologias
de Informação (TIC); e 3) sucateamento estrutural da RAPS.
Objetivos
O presente artigo tem por objetivo tecer algumas considerações sobre a atuação do(a) assistente social
no CAPSad durante a pandemia da COVID-19. Nesse sentido, chama atenção para o processo de
precarização do trabalho favorecido pelo contexto de crise estrutural do capitalismo (DRUCK, 2021).
Também, destaca a centralidade do racismo para fragilização das políticas públicas, especialmente na
RAPS.
Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida durante o segundo semestre do ano de 2021, como requisito da disciplina
Trabalho e Questão Social, ofertada pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Consiste em articular a experiência de trabalho e a pandemia
com as discussões realizadas em aula. Assim, foi realizada a sistematização dos registros de
atendimento do Serviço Social do CAPSad Gregório de Matos, localizado em Salvador/BA, de março
de 2020 a dezembro de 2021, a fim de resgatar as principais questões que se apresentaram como
desafios no período.
Resultados
Observou-se uma sensível ampliação de demandas visando o acesso à documentação, alimentação e
orientações sociais sobre benefícios eventuais e de prestação continuada. Desemprego, subemprego
e fome também se fizeram ainda mais presentes nos atendimentos, bem como demandas de pessoas
recém-chegadas às ruas e/ou com dificuldades para custear o aluguel.
A articulação intersetorial foi profundamente afetada devido a suspensão inicial de atividades dos
demais equipamentos. Destaca-se, ainda, o quantitativo insuficiente de CAPSad no município de
Salvador/BA - apenas três -, para uma população de quase três milhões de habitantes. Paralelamente,
serviços como Comunidades Terapêuticas vêm ampliando significativamente.
Outrossim, importante refletir sobre a intensificação do trabalho através do uso das Tecnologias de
Informação (RAICHELIS E VICENTE, 2021). Reuniões, formações e discussões de caso, antes
intervalados, passaram a ocorrer "entre uma reunião e outra".
Por isso, parafraseamos Merhy (2004) ao afirmar que o Serviço Social atuou no "olho do furacão".
No entanto, apesar desafios, há também espaço para criatividade e resistências, pois a realidade revela
possibilidades de intervenção
Palavras-chave: Coronavírus; Serviço Social; Saúde Mental.

224
Nuevos caminos investigativos y de formación en el ámbito de la salud mental en uruguai, en
el marco de la nueva ley 19.529 del año 2017

Gonzalo Giraldez - Facultad de Enfermería

RESUMO
Uruguai, cuenta desde el año 2017 con una nueva ley de salud mental, n° 19.529. En igual sentido
que varios países de la región (Brasil, 2001, Argentina 2010, Colombia 2013, Perú 2019, Chile 2021,
entre otros casos), se promueve y garantiza una atención basada en derechos humanos y que entre
complejas connotaciones pretende dejar atrás un módelo de atención perimido. La mencionada ley
cuenta con 48 artículos en diferentes apartados. Nuestro punto de partida serán 4 artículos: 10, 18, 19
y 20 respectivamente que promueven la investigación, el fortalecimiento de redes territoriales, la
conformación de equipos interdisciplinarios y la capacitación permanente de todos los involucrados,
en ese orden. Desde mi formación como Geógrafo y Maestrando en Metodología de la Investigación,
así como desde mi función en la gestión de la información del hospital Vilardebó, centro nacional de
referencia en psiquiatría en el país desde 1996, y con el apoyo de diversos actores sanitarios
(académicos y gestores), así como de la Universidad, hemos realizado y desarrollado propuestas
enfocadas a la investigación desde la Geografía y otras orientadas a la capacitación en investigación
de profesionales y actores involcrados en la salud mental. Un proceso que involucró e involucra a
muchas personas, iniciado hace años. Haremos referencia brevemente a experiencias investigativas y
de formación (institucional y universitaria) y sus implicancias con los cuatro articulos referidos.
Objeto do Relato
Lo interdisciplinario en investigación, capacitación institucional y formación universitaria.
Objetivos
-Describir la incorporación de la geografía en temáticas de salud mental en el ámbito institucional y
universitario en Uruguai.
-Mencionar experiencias del primer y segundo curso en metodologia de la investigación aplicada en
salud mental realizados desde el hospital Vilardebó.
-Recuperar lo interdisciplinario en el abordaje de la salud mental.
Análise Crítica
Lo simple ya no lo es. La salud mental de las poblaciones es una muestra de ello, considerada desde
la OMS, OPS u otras entidades como un complejo. Ello significa que no es posible construir saberes
en torno a la temática sin un abordaje por lo menos interdisciplinario, alejado de compartimentos
estancos. Más aún, existen quienes consideran que el enfoque debiera ser transdisciplinario, hacía allí
vamos. Lo intersectorial, lo inter-trans- disciplinario y lo territorial han encontrado bajo este nuevo
contexto normativo, social, académico y sanitario, tierra fertil. Hay mucho por aprender aun para
desapegarnos de visiones que impiden ver la real complejidad de la cuestión.
Conclusões/Recomendações
Insistir y reforzar la formación, el trabajo en equipo; asi msmo, estimular a las nuevas generaciones
en la construcción de conocimiento científico, y que éste puede aportar momentaneas respuestas a
problemas que van cambiando día a día, iluminando hechos de tan sentida problemática.
Palavras-chave: Investigación; salud mental; interdisciplinario; capacitación; equipos de salud.

225
O Grupo de Ouvidores de Vozes enquanto instrumento de cuidado em saúde mental

Pedro Henrique Flóride Pires

RESUMO
A história do Movimento Internacional Intervoice (M.I.I), bem como do Grupo de Ouvidores de
Vozes (G.O.V), perpassa pela história dos movimentos de rupturas com a psiquiatria, visto que parte
da premissa de que há formas alternativas ao discurso psiquiátrico sobre o fenômeno de ouvir vozes
(Corradi-Webster; Leão & Rufato, 2018). Sua origem se constitui no seio das movimentações de
ouvidores e profissionais, desencadeando um novo posicionamento acerca da experiência de ouvir
vozes (Trevisan & Baroni, 2020). Mesmo que não se tratem, por definição, de um grupo terapêutico,
as experiências mostraram a importância do grupo enquanto um espaço de reelaboração conjunta dos
conteúdos psíquicos e de afeto (Trevisan & Baroni, 2020).
Objetivos
Apresentar o Grupo de Ouvidores de Vozes e o Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes
como um instrumento de cuidado em saúde mental, uma alternativa ao discurso psiquiátrico sobre o
fenômeno de ouvir vozes.
Metodologia
O presente trabalho é uma revisão bibliográfica realizada no mês de abril de 2022. As bases de dados
utilizadas foram a Scielo, Pepsic, CAPES e Biblioteca Digital de Teses e Dissertações. Ademais, o
descritor utilizado para a pesquisa foi Ouvidores de Vozes , sem restrição de data de publicação e teve
como critério de inclusão a relação com o tema. Por fim, contamos com a revisão de 2 dissertações e
11 artigos.
Resultados
Patsy Hage, ouvidora, após confrontar seu médico psiquiatra, Marius Romme, estruturaram ações em
conjunto com demais ouvidores de vozes, a fim de dar visibilidade e acumularem relatos sobre a
experiência de ouvir vozes, em contraposição à postura tradicional de calá-las como sintomas de
doença (Trevisan & Baroni, 2020). Após o primeiro congresso de 1987, sobre questões relativas a
ouvir vozes e elaborações de fases para lidar com elas, surgem os Grupos de Ouvidores de Vozes
(Fernandes, 2017).
Sendo assim, tendo valores com ponto de partida de normalizar o fenômeno de ouvir vozes, o respeito
aos significados atribuídos, o G.O.V se constitui enquanto uma possibilidade de instrumento de
cuidado em saúde mental para pessoas em sofrimento psíquico. Visto que o grupo também se
caracteriza enquanto um espaço de reelaboração conjunta dos conteúdos psíquicos e de afeto
(Trevisan & Baroni, 2020). O M.I.I enfatiza que a escuta de vozes precisa ser vista como uma
experiência do ser humano e fundamenta sua intervenção buscando desmistificar essa escuta,
promovendo oportunidades para que os ouvidores signifiquem as vozes e adquiram controle de sua
experiência. (Silva & Maciazeki-Gomes, 2021).
Palavras-chave: Grupo de ouvidores de vozes; Reforma Psiquiátrica; Cuidado em saúde mental.

226
O Perfil do Profissional enfermeiro frente ao Alcoolismo

Josiane Cavanha Guimarães - IMESA - Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis


Mariana Carolina vastag Ribeiro de Oliveira - Unoeste faculdade de Medicina

RESUMO
Introdução: O abuso de álcool está relacionado com diversos problemas, físicos, psíquicos, sociais, o
que o torna um relevante problema de saúde pública. Objetivo: Compreender e identificar as
necessidades dos profissionais de enfermagem que atuam no cuidado ao cliente alcoolista ou portador
da Síndrome de Dependência do Álcool. Metodologia:Utilizou-se como metodologia uma análise
teórica, em que o tema em questão foi explorado e discutido por meio da revisão bibliográfica.
Constatou-se por meio de fontes bibliográficas que o cuidado de Enfermagem a pacientes alcoolistas
está permeado por uma relação estigmatizada dos profissionais com esses pacientes, mesmo com a
percepção do alcoolismo como uma doença crônica que necessita ser tratada.
Objetivos
Objetivo geral
Compreender e identificar as necessidades dos profissionais de enfermagem que atuam no cuidado
ao cliente alcoolista ou portador da Síndrome de Dependência do Álcool.
Objetivos específicos
Analisar a relação entre o enfermeiro e o SUS na busca da integralidade da assistência ao cliente
alcoolista ou portador da dependia do álcool.
Metodologia
Utilizou-se como metodologia uma análise teórica, em que o tema em questão foi explorado e
discutido por meio da revisão bibliográfica.
Para Marconi e Lakatos (2003) a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, por meio de publicações impressas ou
online.
O levantamento bibliográfico foi realizado no período de setembro de 2013 a abril de 2014, em
periódicos e livros da Área da Saúde.
Resultados
A Síndrome de Dependência do Álcool, atualmente é um problema de saúde pública e como tal,
requer um modelo de atenção incluindo a promoção da saúde, o enfoque na prevenção do uso e abuso
visando produzir as transformações sociais que propiciem uma melhor qualidade de vida da sociedade
como um todo.
É imprescindível que, o enfermeiro conheça a dimensão dos problemas relacionados ao alcoolismo,
os instrumentos utilizados para sua avaliação, as possíveis complicações, as terapias existentes e,
principalmente, buscando obter padronização da assistência de enfermagem, bem como do plano de
cuidados, e que conheçam o diagnóstico de enfermagem e suas devidas intervenções.
Além de tudo isso, se faz necessário, que o enfermeiro se dissocie do estigma de preconceitos e
recriminações que o acompanham e passe a adquirir e valorizar seus conhecimentos, colocando-os
em prática e disseminando-os para os demais membros da equipe.
Vale ressaltar que estes conhecimentos possibilitam ao enfermeiro atender ao paciente alcoolista, para
que ele receba tratamento integral, favorecendo, assim, um melhor prognóstico.
Palavras-chave: equipe de enfermagem; enfermeiro; humanização; alcoolismo.

227
O que tem no meu futuro? - discussão de aspectos do desenvolvimento emocional em
adolescentes no pós-pandemia e o contexto escolar

Raquele Aparecida da Costa Vilalta - privada


Gisele Maria da Costa Vilalta - educativa

RESUMO
A experiência foi vivenciada por uma profissional da Psicologia e uma educadora de Filosofia e
Sociologia de alunos do Ensino Médio em escola privada no interior de SP. Com a retomada das aulas
presenciais, controlada a pandemia, os alunos compartilharam angústias e temores frente ao futuro,
desde assuntos relacionados à diferença de valores geracionais familiares, vínculos interpessoais e
intimidade consigo mesmo, até angústias relativas à formação profissional e escolar/pedagógica.
Ainda que atravessados por um contexto pandêmico e tendo se submetido à adaptações tecnológicas
para que o andamento do calendário escolar, as temáticas levantadas por eles relacionaram-se à
angústias pertinentes à fase do desenvolvimento a qual se encontram, a adolescência.
Concomitantemente, foi identificado pela educadora na prática cotidiana um sentimento de
indiferença e desvalia desses adolescentes para com seu tempo presente, acentuado neste período de
longas quarentenas e aulas em ambiente virtual. Essas aparentes contradições identificadas geraram
o trabalho que pretendemos apresentar no congresso.
Objeto do Relato
Angústias da adolescência no contexto escolar pós-pandemia.
Objetivos
Debater acerca do desenvolvimento emocional da adolescência sob o ponto de vista da teoria do
amadurecimento winnicottiano, relacionando as angústias levantadas pelo grupo de alunos e aquelas
identificadas pela educadora em sua função pedagógica. Debater os efeitos colaterais do período
pandêmico para o desenvolvimento destes adolescentes.
Análise Crítica
A partir desta experiência, foi identificado o quão benéfico pode ser a parceria entre múltiplos
profissionais no âmbito educacional com estudantes do Ensino Médio, a partir da compreensão de
aspectos básicos do desenvolvimento emocional da adolescência aliada à uma leitura social mais
ampla do problema em questão, considerando o contexto pandêmico. Nesse sentido, uma aliança de
maior embasamento teórico e prático entre Psicologia, Filosofia e Sociologia se faz necessário no
contexto escolar/educacional tanto para contribuir com o desenvolvimento emocional dos
adolescentes como para fundamentar e desenvolver o processo educativo.
Conclusões/Recomendações
Efeitos adversos no desenvolvimento emocional dos adolescentes subsequentes à experiência do
longo período de privação social foram identificados. Efeitos tais que podem se manifestar no
ambiente escolar, trazendo à tona a necessária discussão sobre saúde mental de adolescentes no
processo educativo
Palavras-chave: Adolescência; Saúde Mental; Educação; Sociologia; Psicologia

228
O Suicídio na Política Pública de Saúde Mental A Dimensão Clínica na Assistência

Denise Saleme Maciel Gondim - PMCG

RESUMO
A pesquisa de doutorado apresentada no Programa de pós-graduação em Políticas Sociais da UENF
em julho de 2021 trata da política de atenção ao suicídio no município de Campos, RJ. O interesse
em pesquisar o tema surgiu a partir da nossa prática durante vinte anos como psicóloga no Hospital
Ferreira Machado, onde os casos de tentativas de suicídio sempre nos causavam desconforto pela
forma como eram assistidos: de forma burocrática, religiosa, sem considerar a importância da clínica,
seja na urgência ou na assistência primária e secundária. A relevância do tema se mostrou ainda maior
à medida em que percebemos que a atenção ao suicídio muitas vezes é negligenciada em razão do
preconceito dos profissionais de saúde e de sua invisibilidade na rede de saúde mental.
Objetivos
- Discutir as práticas atuais de assistência a tentativas de suicídio desenvolvidas no interior da Política
Pública de saúde no município, identificando as unidades de saúde que recebem essas pessoas;
- Analisar a representação social dos profissionais acerca do problema, as mudanças ocorridas entre
os anos de 2015 e 2019 e as principais dificuldades no acesso dos sujeitos que procuram um serviço.
Metodologia
Como pesquisa qualitativa, a metodologia partiu de uma ampla revisão bibliográfica considerando o
sistema de saúde a principal referência para entender o fenômeno do suicídio. Foram feitas entrevistas
semiestruturadas com 23 profissionais de diferentes categorias e setores da saúde, educação e
assistência social a fim de examinar as ações desenvolvidas em relação aos casos de tentativa de
suicídio. A Análise de Conteúdo foi a técnica utilizada para tratamento das entrevistas, a fim de
possibilitar o levantamento de indicadores para a pesquisa.
Resultados
Concluímos que o campo da atenção ao suicídio nas políticas públicas é amplo, muitas vezes invisível
para os próprios profissionais que lidam com o assunto, carecendo de estratégias de atenção, seja de
saúde, de educação ou outras. Percebemos que a atenção prestada às tentativas de suicídio no
município ainda é pontual, apesar de existirem dispositivos que atendem a esta demanda, mas não há
integração entre a rede de saúde pública, a rede de saúde mental e ações de outros setores do
município. Ou seja, rupturas em função da falta de integralidade e intersetorialidade. Dessa forma,
apostando em uma transformação apontada pela OMS como imperativa no enfrentamento ao suicídio,
concluímos que essa atenção no município deve ser inserida na política pública intersetorial, não só
de saúde, mas nos diferentes campos em que o problema se estabelece. Para isso, além de propormos
ações destinadas ao problema por meio de uma linha de cuidado, defendemos a necessidade de uma
mudança no modelo de clínica baseada na ampliação de seus propósitos. Não mais uma clínica
exercida na direção individual e sim uma clínica ampliada, a partir da ética de cuidado, de inclusão
social.
Palavras-chave: Política Pública; Atenção ao suicídio; Clínica;

229
Oficina de Fotografia com Adolescente

Caroline Teles Valeriano - UFSJ


Nathália Maximiano Soares Maciel - UFSJ
Alexandre Coutinho de Melo - UFSJ
Rúbia Lima Brandão - UFSJ
Douglas Francklin Santos Carvalho - UFSJ
João Paulo Santana da Silva - UFSJ
Elaine Cristina Dias Franco - UFSJ

RESUMO
A oficina foi realizada pela equipe de Residência Multiprofissional em Saúde do Adolescente
(REMSA), da Universidade Federal de São João Del Rei em parceria com a Secretaria Municipal de
Saúde de Divinópolis, Minas Gerais, a qual atua acompanhando adolescentes do território do bairro
Icaraí, com sede na unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF). O programa tem como objetivo
a melhoria da assistência à saúde do adolescente, da família e da comunidade nas áreas de atuação da
assistência social, da enfermagem, da fisioterapia, da odontologia, da nutrição e da psicologia, a partir
dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. A partir da ideia de que a adolescência é
marcada por intensas transformações, sendo uma transição da infância e idade adulta e no sistema de
saúde podemos perceber uma negligência aos cuidados do adolescente, um ofuscamento dessa fase
dentro da saúde, o objetivo da oficina foi resgatar o espaço e ofertar atenção. A oficina ocorreu com
um adolescente acompanhado pela residência; buscou-se no primeiro momento compreender a visão
do mesmo sobre seu território e seu vínculo. Analisou-se sua relação com o território e sua
sensibilidade em relação a arte que envolve todo o processo dessa oficina. Por fim, organizou-se uma
exposição na ESF para que o adolescente mostrasse suas fotos correlacionando o território de onde
elas foram tiradas, trazendo à população participante a reflexão do espaço e suas potencialidades.
Objeto do Relato
Oficina foi realizada com adolescente assistido pela equipe REMSA.
Objetivos
A fotografia permite notar lugares, pessoas e circunstâncias, sendo da ordem subjetiva. Através da
oficina desenvolve-se expressão artística, considerando como recorte que caracteriza valores,
escolhas e referências. Por meio da experiência dar-se espaço e voz ao adolescente, revelando a
percepção em relação ao território e às redes comunitárias.
Análise Crítica
A arte serviu como instrumento de intervenção para promoção da saúde, bem como trouxe a
percepção do adolescente com o território, permitindo que os envolvidos também pudessem refletir
sobre o meio em que vivem através da sua perspectiva. Assim, foi possível que a fotografia diluísse
as barreiras sociais impostas em relação ao adolescer e ao processo de saúde-doença, visto que o
adolescente ao buscar atendimento por demandas seguindo a lógica biologicista encontrou
acolhimento e outras formas de cuidado, mesmo que eles transgredissem os protocolos pré
estabelecidos, pois usamos de tecnologias leves para aproximar o usuário com a Unidade bem como
a realidade em que se encontra.
Conclusões/Recomendações
A oficina proporcionou a construção de vínculos que propiciam o compartilhamento de histórias,
afetos e questionamentos, sendo de suma importância para ser aplicada em acolhimentos com outros
adolescentes para aproximar esses usuários da rede e também desofuscar a adolescência no sistema
de saúde.
Palavras-chave: Fotografia; Adolescente Saúde; Território.

230
Oficina de Saúde Mental: Ipojuca Pela Defesa do Cuidado Em Liberdade, Rumo a Avanços e
Garantia dos Serviços de Atenção Psicossocial do SUS.

Amanda Patrícia da Silva Pimentel - Secretaria Municipal de Saúde Ipojuca

RESUMO
O Município do Ipojuca, faz parte da Região Metropolitana de Recife, possui uma extensa Zona
Rural, e de acordo com o último, Ipojuca tem uma pop. de 94.533 habitantes. No que se refere aos
dispositivos da RAPS, contamos com 22 equipes de Saúde da Família, 1 equipe de Academia da
Saúde, 2 equipes NASF, 1 CAPS II, 1 UPA 24h, 5 SPA, 1 equipe SAMU, 01 Residência Terapêutica,
5 Psiquiatras e 8 Psicólogos. Foram conduzidas em todo Município, através da Diretoria de Atenção
à Saúde e Conselho de Saúde, mobilizações em formato de diálogos, convites, reuniões presenciais e
online, para realização da Oficina. Que aconteceu em 10 de maio de 2022, com duração de 9 horas,
com participação de 150 pessoas, por representações diversas, tais quais: Usuários, Secretaria de
Educação, Secretaria da Política sobre Drogas, trabalhadores da Saúde, CRAS, CREAS, Seguimentos
religiosos, Comissão Rural, dentre outras. Foi discutido sobre o modelo Municipal da Política de
Saúde Mental, no contexto de pós-pandemia, reafirmando a importância de uma Política Universal,
Integral e Democrática, para implementação e estruturação da Política Municipal, baseando-se nos
eixos Norteadores do Tema Central da V CNSM . Contamos com a Palestra de um Usuário e Militante
da Luta Antimanicomial, falas de Usuários do CAPS II do Ipojuca, entre outras. A tarde, dividimos 4
grupos para discussão das problemáticas referente aos eixos norteadores e a partir delas, criou-se
estratégias para resolutividade das mesmas.
Objeto do Relato
Relato de experiência sobre a realização da Oficina de Saúde Mental do Município do Ipojuca.
Objetivos
Analisar as práticas de Saúde Mental no Território, refletir sobre os processos de trabalho da RAPS
Municipal, Definir estratégias para o fortalecimento da rede.
Análise Crítica
A oficina foi um marco importante para o processo de implementação de uma política de Saúde
Mental efetiva no Município, assim como para análise do modelo de fazer Saúde no território. A partir
das discussões em grupo, as estratégias lançadas foram compartilhadas dentro dos seguintes núcleos
de sentido: Capacitação dos profissionais da rede, ampliação dos serviços ofertados, assim como,
fortalecer os processos de trabalho já existentes, estimular a participação social, promover práticas
para promoção e prevenção da Saúde.
Conclusões/Recomendações
A partir da análise das estratégias lançadas e das propostas estabelecidas, definimos como meta
principal o fortalecimento do processo de construção compartilhada entre Trabalhadores e usuários,
para Implementação da Política Municipal de Saúde Mental.
Palavras-chave: Saúde Mental; SUS; Cuidado em Liberdade; RAPS.

231
Oficina peripatética: a arte e a preparAÇÃO do 18 de Maio

Salomão Mendonça de Oliveira


Camila Bahia Leite - CAPS Maria Boneca
Rosimar Alves Querino - UFTM
Camila dos Reis Juvenil Limírio - UFTM
Julia Couto Bueno - UFTM
Maria Carolina Fioroto - UFTM
Beatriz Chiapina Ambrósio - UFTM

RESUMO
No CAPS Maria Boneca as ações realizadas na semana da Luta Antimanicomial foram construídas
pelo coletivo de usuários, profissionais, estagiários e apoiadores. Desenvolveu-se uma vivência
coletiva esquizodramática com os componentes da Rede de Atenção Psicossocial que resultou na
proposta de que a intervenção anual fosse "arte na rua". Tendo como pano de fundo a construção
coletiva, os usuários-artistas e a equipe do Programa de Extensão Territórios de Vida: inserção
comunitária e saúde mental se mobilizaram para o desenvolvimento da produção artística em oficinas
de arte que compôs a caminhada da Luta Antimanicomial em 2022. Como método de intervenção
foram distribuídos no dia da luta diversos marcadores de página, cartões com frases, desenhos e
colagens. A potência das oficinas contribuíram para sua expansividade. Nas semanas próximas ao
evento ocorreram, também, na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Os marcadores
foram riscando arte pela cidade, da caminhada do CAPS até a principal praça da cidade. O trajeto foi
percorrido pela bateria do curso de Psicologia e colorido pelos cartazes, bandeiras e pessoas. Os
caminhantes iam dançando, cantando e segurando os cartazes. Na praça, com o microfone aberto,
usuários deram depoimentos de luta, relataram como o cuidado em liberdade os beneficia. A praça
pública foi ocupada, revelando as singularidades que habitam a cidade. Assim, marcando o território
com quadros e narrativas, a vida foi celebrada.
Objeto do Relato
Construção de cartazes e marcadores de página em oficinas de arte para o dia 18 de maio.
Objetivos
Cotidianizar a luta antimanicomial realizando ações libertárias, terapêuticas e ocupacionais; Expandir
os espaços institucionais - CAPS e Universidade - e rua; Produzir, junto aos acadêmicos, profissionais
e usuários cartazes e marcadores de página; Ocupar espaços no tecido urbano em prol de novos
lugares para a loucura.
Análise Crítica
A desmontagem do manicômio passa tanto pelo fechamento das estruturas manicomiais, quanto pela
desconstrução do imaginário social da loucura na cidade. Os processos artísticos funcionam como
interlocutores das questões latentes, anunciam e denunciam questões coletivas e sociais. Na
experiência relatada, os marcadores de página e cartazes traziam temas como: liberdade, trancar não
é tratar , manicômios nunca mais . Neste sentido, a extensão universitária e práticas como a descrita
têm se revelado contexto fundamental para a articulação com a comunidade e produção crítica de
conhecimentos o que passa pela ocupação do espaço privado e coletivo; trocas e a cidade como um
lugar do cidadão.
Conclusões/Recomendações
Os marcadores e cartões produzidos durante as oficinas e distribuídos anunciam que a arte é um
espaço de criação de novas relações. O fazer artístico provoca brechas, linhas de fuga que escapam à
lógica manicomial. No caminhar pela cidade é ecoado novos territórios de vida dos usuários-artistas.
Palavras-chave: Saúde Mental; Direito à cidade; serviços Comunidades de Saúde Mental.

232
Oficinas multidisciplinares no cuidado em saúde mental: reflexões a partir da perspectiva da
equipe responsável

Roberta Dornelas Miranda - Agros - Instituto UFV de Seguridade Social


Isabella Ferreira de Figueiredo - Univiçosa
Carolina de Ioshua Soares costa - Univiçosa
Guilherme Pereira Oliveira - Agros
Valéria Cristina de Faria - Agros
Leandro Bicalho Lopes - Univiçosa
Vanessa Rodrigues Martins de Freitas - Agros
Vanilda Helena Sales Tibúrcio - Agros

RESUMO
O Serviço Agros de Atenção à Saúde Mental - Semente - foi criado em 2004 pelo Agros - Instituto
UFV de Seguridade Social, entidade de previdência complementar e operadora de plano de saúde
autogerida, fundada pela Universidade Federal de Viçosa em 1980. Os profissionais integrantes da
equipe são das áreas da psicologia, psiquiatria, serviço social, enfermagem e educação física, e os
atuais estagiários são graduandos em dança, psicologia, arquitetura e cooperativismo. Os
beneficiários do plano de saúde com transtornos mentais graves e maiores de 18 anos são o público
alvo do serviço. Hoje, são 16 usuários, homens e mulheres, entre 28 e 75 anos. As oficinas
multidisciplinares têm como nortes o projeto terapêutico do serviço e os planos terapêuticos
singulares, Nelas, desenvolve-se atividades de pintura, colagem, escultura, escrita, leitura, dança,
atividade física, além de discussões e deliberações sobre o serviço. As oficinas de criação e escritas
têm por objetivo trabalhar a criatividade e ampliar horizontes - quem antes dizia não se interessar, ao
ver seus trabalhos concluídos, tem a curiosidade despertada para outras atividades. Nas reuniões de
comunidade, os usuários expressam suas opiniões, escutam uns aos outros e constroem soluções para
os conflitos. Em uma perspectiva terapêutica, as oficinas de expressão corporal são processos
educativos pelo movimento, instauração do diálogo tônico-corporal, olhar, gestos e posturas, mímicas
e imitações entre outros instrumentos.
Objeto do Relato: Oficinas de criação, escritas, expressão corporal e reuniões de comunidade
desenvolvidas no Semente.
Objetivos: Apresentar as oficinas integrantes do serviço Semente e discorrer sobre as percepções dos
facilitadores sobre efeitos individuais e coletivos de participação dos usuários nas atividades, durante
o período de tempo considerado.
Análise Crítica: As atividades do Semente contribuem para o aumento da autonomia e autoconfiança
dos usuários, a construção de senso de responsabilidade e coletividade, o enfrentamento de estigmas
e a maior participação e adesão ao tratamento. A estrutura do ambiente auxilia no acolhimento e
pertencimento, pois se trata de uma casa sem muros, com separação de ambientes que favorece a
quebra de hierarquização entre o grupo e também a organização psíquica dos usuários. Pela arte,
movimento e ampliação da cidadania, busca-se melhorar a relação do indivíduo com seu interior
(psique) e exterior (cidade e sociedade), em consonância com o modelo comunitário de atendimento
à saúde mental.
Conclusões/Recomendações: A proximidade geográfica e cronológica de passados violentos como o
do Hospital Colônia de Barbacena faz com que serviços como o Semente sejam iniciativas caras à
sociedade. É compromisso ético-político da equipe aprimorar o serviço, buscar qualidade de vida para
os usuários e inclusão na sociedade.
Palavras-chave: saúde mental; reforma psiquiátrica; multidisciplinaridade

233
Os efeitos da contrarreforma na saúde mental das trabalhadoras e seus possíveis
enfrentamentos

Barbara Correa Belamio - PUC-SP


Raquel de Andrade Santana - Centro Universitário São Camilo
Isabela Leite Concilio - PUC- SP
Luísa Basso Netto - Trabalhadora do SUS
Emiliano de Camargo David - AMMA Psique

RESUMO
Somos um grupo de trabalhadoras do campo da Saúde Mental que reúne-se em encontros quinzenais
supervisionados, composto por psicólogas, psicanalista e supervisor clínico-institucional, que atuam
em consultórios e equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial na cidade de São Paulo- SP. Nosso
coletivo se propõe a pensar a partir de uma lógica transdisciplinar, partindo de epistemologias
feministas, antirracistas, antimanicomiais, psicanalistas, sócio-históricas e marxistas. Também nos
ancoramos em experiências desde uma práxis construída coletivamente pelas mais diversas áreas que
habitam o campo da Saúde Mental em nosso país. Partimos da premissa que o manicômio não se
reduz ao equipamento asilar hospitalocêntrico e se expressa no cotidiano das mais diversas
instituições e, também nas relações interpessoais, através da reprodução de violências estruturais e
estruturantes na história da formação do nosso país, tais como: o racismo, o machismo, a exploração
do trabalho. A partir dessa premissa, compreende-se que a produção e instalação de sofrimento
psíquico no corpo das trabalhadoras é uma das sofisticadas formas de manicomialização neoliberal
contemporânea. Por meio dessa constatação nos baseamos nos seguintes conceitos-chave de René
Kaes: 1) sofrimento institucional, 2) tarefa primária e 3) alianças inconscientes e espaços seguros de
Hill Collins (2019) para buscar pistas para possíveis enfrentamentos dessa lógica manicomial que
vem sendo atualizada em nossos corpos.
Objeto do Relato
A retomada do sentido de luta e coletividade como tarefa primária dos equipamentos da RAPS.
Objetivos
Discutir como a retomada do sentido de luta e coletividade pode contribuir para o reposicionamento
da tarefa primária dos equipamentos atores da luta antimanicomial.
Análise Crítica
Para Kaes (1991) toda instituição possui uma tarefa primária e quando há o afastamento dessa tarefa
observa-se o sofrimento dessa instituição e de tudo o que envolve a instituição. Nos equipamentos da
RAPS essa tarefa consiste em promover relações que reabilitem psicossocialmente sujeitos e
territórios e para isso encontros na diferença são produzidos; quando ocorrem
impedimentos/dificuldades em fomentar esses encontros devido à burocratização de práticas -
característica da lógica de produção capitalista neoliberal reproduzida pelas OSSs- a tarefa primária
está sendo afastada/perdida. Portanto, é fundamental a compreensão da reprodução da lógica
neoliberal como estratégia da Contrarreforma.
Conclusões/Recomendações
Considerando que o campo da saúde mental é majoritariamente constituído por mulheres apostamos
na construção de espaços seguros, que para Collins (2019) são lugares protegidos das formas de
dominação e no compartilhar das vulnerabilidades e potências como forma essencial de
enfrentamento.
Palavras-chave: contrarreforma; saúde do trabalhador; neoliberalismo.

234
Os estranhos no ninho

Igor Fessina Siffoni - UNIP - Universidade Paulista


Flávia Ferreira Mariano Corrêa - UNIP - Universidade Paulista
Karla da Silva Coelho - UNIP - Universidade Paulista
Giulia Raissa de Oliveira Sousa - UNIP - Universidade Paulista
Ana Carolina Ferreira Castanho - UNIP - Universidade Paulista
Ana Paula Parada - UNIP - Universidade Paulista

RESUMO
Este relato de experiência faz parte do estágio de Práticas Psicológicas em contextos específicos:
Psicologia Jurídica, da Universidade Paulista (UNIP), de Ribeirão Preto - SP. Os alunos realizam o
estágio semanalmente, acompanhanhando os técnicos nas atividades cotidianas em uma instituição
de acolhimento para crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social. A referida
instituição apresenta condições adequadas, boas instalações, possui técnicos (psicólogo e assistente
social). Os estagiários entraram pela primeira vez em contato com a realidade de institucionalização
de crianças e adolescentes, foram observadas marcas devido ao processo de institucionalização, não
notadas pelos profissionais, o que gerou várias discussões no grupo de supervisão. Embora a
instituição respeite todas as questões éticas e cuidados, observou-se que as marcas institucionais
atravessam os acolhidos, que com o passar do tempo vão se moldando aos cenários que vão sendo
apresentados em um processo de despersonificação.
Objeto do Relato
Apresentar a experiência de um grupo de estagiários em uma unidade de acolhimento institucional
Objetivos
Apresentar a experiência de um grupo de estagiários em uma unidade de acolhimento institucional e
o impacto emocional diante a esta realidade.
Análise Crítica
Qualquer institucionalização, mesmo não tendo por objetivo, resulta em uma despersonificação do
individuo como um todo, afetando principalmente sua subjetividade, no caso do acolhimento
institucional de crianças e adolescentes, trás danos ao desenvolvimento de sua afetividade,
relacionamento social, além de retrocessos na construção da própria identidade e estabelecimentos de
papeis sociais.
Foi possível pensar no processo que profissionais da saúde denominam como calosidade psíquica nos
trabalhadores da referida instituição, com o passar do tempo os profissionais vão se enrijecendo,
dessensibilizando, mantendo práticas robotizadas desprovidas de afeto, como mecanismo de
autodefesa.
Conclusões/Recomendações
O presente trabalho reflete a importância dos profissionais de instituições totais ficarem alertos a
questão do processo de institucionalização nos acolhidos e nas suas próprias práticas
Palavras-chave: instituição; trabalhadores; crianças; adolescentes.

235
Painel De Saúde Mental 20 anos da Lei nº 10.216

Nicola de Campos Worcman - DESINTITUTE


Renata Weber Gonçalves - Pesquisadora Nuppsam/IPUB/UFRJ
Lucio Costa - DESINSTITUTE

RESUMO
O Painel Saúde Mental: 20 anos da Lei 10.2016/01 busca apresentar, através de uma série histórica,
dados gerais sobre a rede de cuidados na comunidade, a desinstitucionalização e o financiamento
federal das ações da Política de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas no país. De 2001 até; 2015
último ano em que dados federais sobre o campo da saúde mental foram apresentados de forma
organizada pelo Ministério da Saúde , o cenário nacional era, ainda que com enormes desafios, de
transição entre o cuidado centrado na assistência hospitalar e o cuidado em liberdade, com a
organização e qualificação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). O período iniciado em 2016
começa a indicar rupturas progressivas com a politica de saude mental anterior e o painel divulga os
resultados destes processos.
Objetivos
O Painel Saúde Mental busca recompor a maior parte das bases de dados do Saúde Mental em Dados,
com a apresentação e análise de dados federais sobre o campo da saúde mental desde a Lei 10.216,
promulgada em abril de 2001, através de sua série histórica dos últimos 20 anos. A pesquisa apresenta
dados sobre a gestão, financiamento, implementação e monitoramento dos serviços que compõe a
RAPS.
Metodologia
Os dados apresentados foram coletados de diferentes fontes: de 2001 a 2011 a própria publicação
Saúde Mental em Dados. A partir de 2012, a pesquisa compila atos oficiais praticados pelo Ministério
da Saúde em portarias de habilitação de serviços. Outros dados têm como fonte a Coordenação Geral
de Saúde Mental e o Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas/MS, seus Relatórios de
Gestão, ou as bases de dados do DATASUS. Algumas informações também foram fornecidas pelas
Coordenações Estaduais de Saúde Mental. Sempre que cabível, as séries históricas são apresentadas
por região.
Resultados
Os dados revelam que, desde 2017, há uma queda na velocidade de implantação anual dos CAPS.
Dos últimos 20 anos, 2018 foi o período com menos CAPS cadastrados: apenas 30, seguido de 2019
e 2020, com 78 e 94, respectivamente. Já os anos da série com mais serviços implantados pelo
governo federal foram 2006, com 272 unidades habilitadas, e 2012, com 196. Ainda, que os gastos
federais per capita com a Política de Saúde Mental passaram de R$ 16,90, em 2012, para R$ 12,40,
em 2019. Resultados demonstram dados sobre os crescentes investimentos públicos nas
comcunidades terapêuticas. Naquele primeiro ano, os gastos federais somavam R$ 12,86 milhões, em
2018, ultrapassou R$ 124 milhões. Já nos últimos anos, após a sanção de uma nova Política Nacional
sobre Drogas, foi reservado R$ 153,7 milhões, em 2019, e R$ 300 milhões, em 2020, para o
financiamento de CTs via editais. Por sim, um dos pontos de atenção é a suspensão do
PNASH/Psiquiatria, desde 2014. Isso representa, a interrupção do principal mecanismo de avaliação
dos hospitais psiquiátricos financiados pelo SUS. Mesmo sem essa avaliação, em 2017, o Ministério
da Saúde aumentou cerca de 60% o financiamento público para internações.
Palavras-chave: RAPS; Saúde Mental em Dados; Políticas Públicas.

236
Papel do ACS Frente ao Usuário em Sofrimento Psíquico

Adriana da Silva Barbosa


Gabriele Righetti Melo - UNASP
Karen R. S. Bigatto - UNASP

RESUMO
O Agente Comunitário de Saúde é fundamental na identificação e orientação dos pacientes em
sofrimento psíquico, com transtornos mentais comuns ou em uso de drogas lícitas e ilícitas. O ACS é
o profissional com vínculo, conhecimento e proximidade com a comunidade e, como líderes
comunitários, têm o potencial de identificar com maior facilidade, levar para as equipes, e até mesmo
intervir.
Objetivos
Objetivo geral - Descrever a atuação do Acs frente ao usuário em sofrimento psíquico.
Metodologia
Tipo de pesquisa - Trata-se de uma pesquisa de campo, qualiquantitativa exploratória
Resultados
O Agente Comunitário de Saúde é fundamental na identificação e orientação dos pacientes em
sofrimento psíquico, com transtornos mentais comuns ou em uso de drogas lícitas e ilícitas. O ACS é
o profissional com vínculo, conhecimento e proximidade com a comunidade e, como líderes
comunitários, têm o potencial de identificar com maior facilidade, levar para as equipes, e até mesmo
intervir. Trata-se de uma pesquisa de campo, qualiquantitativa. Os campos de estudo desta pesquisa
serão duas UBS da Zona Sul de São Paulo. Os participantes serão Agentes Comunitários de Saúde.
Será aplicado um questionário através da ferramenta Google Forms. A Análise das respostas será feita
através da tabulação dos dados quantitativos e as questões dissertativas serão analisadas através da
análise de conteúdo. Descrever o papel do Acs frente ao usuário em sofrimento psíquico. Esperamos
identificar o conhecimento e as dificuldades e barreiras que os ACS enfrentam ao saibam lidar com
os indivíduos em sofrimento psíquico, bem como identificar suas estratégias de atuação e eventuais
necessidades.
Palavras-chave: Agentes Comunitários de Saúde; Saúde mental; Angústia Psicológica.

237
Para além da doença e limites impostos: relato de caso de uma paciente com sequelas pós
COVID-19

Angela Cristina Ferreira Cortez


Carolina Salles Carvalho - UNIP
Ingrid Michele de Oliveira - UNIP
Gabriela Aparecida Cravero Freitas - UNIP
Bruna Koreyasu de Souza - UNIP
Larissa Lima Leão - UNIP
Ana Paula Parada - UNIP
Ana Carolina Ferreira Castanho - UNIP

RESUMO
O SERERP é um serviço que foi implantado pela parceria da Prefeitura e Universidades da cidade
em nov/2021, com o objetivo de proporcionar o tratamento para minimizar as sequelas de pacientes
que sofreram COVID-19. A equipe é multiprofissional, contendo fisioterapia, fonoaudiologia,
enfermagem, nutrição, terapia ocupacional e psicologia. Os pacientes são encaminhados por
instituições de saúde da rede pública da cidade, com demandas múltiplas como disfunções músculo
esqueléticas, alterações motoras, distúrbios neurocinético-funcionais sem complicações sistêmicas.
As demandas psicológicas se concentram na experiência de luto, stress pós-traumático, sintomas
depressivos, ansiosos e conflitos familiares. O presente trabalho trata-se de uma experiência de
estágio curricular em Psicologia da Saúde, ofertado pela Universidade Paulista. O atendimento foi no
modelo de Psicoterapia Breve Individual, com sessões semanais e presenciais, realizadas em dupla
pelas estagiárias. Todos os atendimentos foram transcritos e supervisionados pelas docentes
responsáveis. A paciente em questão é uma mulher com 45 anos, divorciada, mãe de dois filhos, que
se contaminou em maio/2021, momento em que a família foi infectada e ela perdeu a mãe por
COVID-19. A paciente, ao longo de sua vida, exerceu o papel de cuidadora principal dos familiares.
Seu adoecimento impôs uma mudança de papel, pois passou a depender de cuidados, devido à
dificuldade de locomoção, decorrente de tontura e desequilíbrio.
Objeto do Relato: Experiência clínica em Psicoterapia Breve no Serviço de Reabilitação de Ribeirão
Preto (SERERP).
Objetivos: O objetivo principal é apresentar um estudo de caso de uma paciente atendida pela
Psicologia no SERERP devido sequelas da Covid-19. Apresentaremos as demandas principais e os
ganhos terapêuticos, relativos a ressignificação do luto real e simbólico, conquista de autonomia e
recuperação de papéis.
Análise Crítica: No início, a paciente chegou amparada, não conseguia levantar-se e caminhar.
Apresentava-se com roupas largas e sujas, pouco asseio pessoal, letárgica, com embotamento afetivo
e dificuldade de comunicação. Ao longo dos atendimentos, entendemos sua história psiquiátrica
prévia, com diagnóstico de depressão e TOC, sendo acompanhada há 20 anos. A paciente pouco
relatou sobre si, de forma individual, se referindo sempre ao seu papel de cuidadora. Os resultados
foram significativos e reconhecidos pela equipe multiprofissional, que relataram mudanças
importantes na sua postura corporal, na marcha e equilíbrio. O que resultou na aquisição de maior
autonomia em seu cotidiano e melhoras na autoestima
Conclusões/Recomendações
O trabalho da Psicologia na equipe multiprofissional mostrou-se relevante para melhoria do quadro
geral da paciente, que tem resgatado autonomia em suas atividades cotidianas, apesar das limitações
impostas pelas sequelas. Seu papel de cuidadora foi compreendido para além dos limites atuais
Palavras-chave: Luto; Covid-19; SUS; Psicoterapia Breve.

238
PENSANDO A VIDA COM MÚSICA: estratégia para a condução de grupos terapêuticos

Anderson Funai - UFFS


Grasiela Marcon - UFFS
Vanessa Neumann Silva - UFFS
Cristiane Freire de Avila - Prefeitura Municipal de Chapecó
Igor de Oliveira Silva - UFFS
Andressa Vendruscolo dos Santos - UFFS
Dyelle Hingrid Gonçalves Gontijo - UFFS
Dheicy Luana Gomes - UFFS
Daniela Feliciano - UFFS
Ingrid Pujol Hanzen - Prefeitura Municipal de Chapecó

RESUMO
A experiência é desenvolvida na região oeste de Santa Catarina em parceria instituída entre a
Universidade, através de Programa de Extensão Universitária e os CAPS II e CAPS AD III. Temos 1
estudante de graduação em enfermagem, 2 estudantes de medicina e 2 estudantes de agronomia, sendo
4 bolsistas de extensão e 1 voluntário. A equipe é constituída por Coordenadores dos Serviços,
profissionais assistenciais (2 psicólogos, 1 psiquiatra, 2 artesãs, 1 assistente social) e 3 professores da
Universidade Federal da Fronteira Sul (1 enfermeiro psiquiátrico, 1 psiquiatra e 1 engenheira
agrônoma). O público alvo são os usuários dos CAPS que aceitam participar dos grupos terapêuticos
vinculados ao Programa. O Grupo Pensando a Vida com Música tem duração média de 60 a 90
minutos, limite de até 15 pessoas, ofertado semanalmente no turno da manhã do CAPS II e no turno
noturno do CAPS AD III, uso de violão e instrumentos de percussão que são ofertados para uso
daqueles que sabem tocar e também que desejam experimentar os instrumentos de percussão (bongô,
pandeiro meia lua e 2 caxixis) e tem sido dividido em 3 momentos: início com o canto de duas a três
músicas livres/indicadas pelos coordenadores do grupo, processo de reflexão sobre os pensamentos,
memórias, sentimentos experimentados com as músicas utilizadas e associação com o processo de
vida e o encerramento com mais duas ou três músicas que contribuam para suavizar o momento
anterior.
Objeto do Relato: Experiência desenvolvida junto a um CAPS-ad III através de Programa de
Extensão Universitária.
Objetivos: Apresentar a estratégia adotada para a condução de grupo terapêutico junto a pessoas em
atendimento ao CAPS II e CAPS-ad III da Região Sul do país através de Programa de Extensão
Universitária.
Análise Crítica: A experiência se caracteriza como proposta exitosa. Os estudantes que participam do
Grupo Pensando a Vida com Música referem desenvolver habilidades na condução de grupos
terapêuticos, que o uso da música favorece o estabelecimento de acolhimento e vínculo facilitam a
abordagem; os profissionais referem que a abordagem tem sido avaliada positivamente pelos usuários
dos serviços e os que estavam em acolhimento em leito para desintoxicação solicitam a oferta de
possibilidade de continuidade no grupo. Os participantes concluem que embora comecem a participar
acreditando ser uma roda de violão qualquer, os processos reflexivos desenvolvidos durante os
encontros têm sido terapêuticos.
Conclusões/Recomendações: A Extensão Universitária permite a contribuição de professores em
dedicação exclusiva na formação e assistência em saúde em serviços de saúde. A experiência relatada
tem contribuído no tratamento em saúde mental e no desenvolvimento de habilidades no manejo de
grupo dos estudantes participantes.
Palavras-chave: Atendimento em Grupos; Reabilitação Psicossocial; Extensão Universitária;
Música; Saúde Mental.
239
Percepções de trabalhadores sobre efeitos e gestão do tratamento farmacológico para usuários
do CAPS II em uma cidade norte mineira

Roberto Carlos Pires Júnior - FACITEC - Faculdade de Ciências e Tecnologia de Janaúba


Fabrine Costa Marques - UNIMONTES
Shayane Ribeiro Torres - UNIMONTES
Lucas Fonseca Silva e Lima - UNIMONTES
Cristina Andrade Sampaio - UNIMONTES

RESUMO
A reabilitação psicossocial, finalidade permanente dos serviços que compõe a RAPS, propõe ações
de promoção das oportunidades de recuperação e autonomia da pessoa com sofrimento mental
(PITTA, 2001). Todavia, verifica-se que o pleno exercício da contratualidade pelos usuários, mesmo
que almejado, pode ser dificultado pelos próprios trabalhadores (ONOCKO-CAMPOS et al., 2013).
Observa-se a reprodução do modelo biomédico, herança do paradigma manicomial, traduzido em
relações de poder no cuidado, estando os usuários sujeitos à regulamentação e tutela; assim como
perspectivas medicalizantes que enfatizam imoderadamente o tratamento farmacológico
(RODRIGUEZ DEL BARRIO; POIREL, 2007). Essa dinâmica contradiz aos propósitos da Reforma
Psiquiátrica, inibindo o processo emancipatório dos usuários.
Objetivos
O objetivo da pesquisa foi de compreender a percepção dos trabalhadores quanto à utilização de
medicamentos psicotrópicos pelos usuários e sobre a gestão compartilhada do cuidado.
Metodologia
Trata-se dos resultados parciais de um estudo qualitativo, na configuração de pesquisa-intervenção,
que pretende implantar um grupo de Gestão Autônoma da medicação (GAM) no CAPS II de uma
cidade do Norte de Minas Gerais. Anterior à etapa de implantação, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com seis profissionais deste serviço. As entrevistas gravadas foram transcritas na
íntegra e submetidas à análise de dados por meio de ciclos de codificação (SALDAÑA, 2013), através
do software Atlas.ti 9. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa, no parecer nº 35505309
de 15/09/2021.
Resultados
Na equipe há divergências sobre a função dos fármacos, principalmente nas crises. Concorrem linhas
de cuidado que tendem a prorrogar a sua inserção visando preservar a produção subjetiva; em
oposição ao viés da praticidade e urgência que resulta em intervenções medicamentosas unilaterais e
imediatas.
Há consenso de que, mesmo importante, a centralidade no tratamento farmacológico pode dificultar
a vinculação do usuário a outras terapêuticas. Na relação de cuidado, trabalhadores podem reproduzir
precauções que visam a proteção do usuário, mas que limitam a sua autonomia.
Profissionais não-médicos minimizam o seu envolvimento no tratamento farmacológico. Todavia,
são os que trazem maior conhecimento da vivência do usuário, identificam primeiramente sinais de
uso inadequado e efeitos colaterais. Tendem a mediar e negociar os interesses do usuário na tomada
de decisão sobre a prescrição.
O acolhimento, o vínculo, a tomada de decisão compartilhada e a ampliação da rede social aparecem
como estratégias para evitar a hipermedicação. O acesso de usuários a informações do tratamento foi
considerado benéfico, no aumento de sua autopercepção, segurança e participação no cuidado.
Palavras-chave: Saúde Mental; Centro de Atenção Psicossocial; Medicalização; Tomada de
Decisão Compartilhada; Gestão Autônoma da Medicação.

240
Perfil sociodemográfico de mulheres idosas com transtorno mental comum no municipio de
Santa Cruz- rn

Débora Câmara Rolim - UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte


Juliana Barbosa da Silva - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Luciane Paula Batista Araújo de Oliveira - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Wanessa Cristina Tomaz dos Santos Barros - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Emanuele Muniz da Silva - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO
Os dados atuais sobre a saúde mental dos idosos constatam que os transtornos mentais constituem
uma porcentagem significativa da carga total de doenças dessa faixa etária. Dentre estes, destacam-
se os Transtornos Mentais Comuns (TMC) que correspondem a um conjunto de sintomas que
englobam ansiedade, insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e
queixas somáticas.
As mulheres têm duas vezes mais chance de apresentar o TMC do que os homens. A diferença pode
estar relacionada à discrepância na realização dos papeis sociais, sobrecarga de trabalho e violências.
Conhecer as características dessa população poderá ajudar a subsidiar estratégias de prevenção e
cuidado e a formulação de políticas públicas efetivas para esse tema.
Objetivos
O objetivo desse estudo é caracterizar o perfil sóciodemográfico de mulheres idosas que apresentam
transtorno mental comum no município de Santa Cruz, RN.
Metodologia
Estudo descritivo, exploratório, transversal com abordagem quantitativa, composto por uma amostra
de 54 mulheres idosas residentes no município de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte-RN. O estudo
obedeceu aos princípios da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovado pelo
Comitê de Ética. CAAE: 67834917.0.0000.5568.
A coleta de dados foi realizada nos meses de julho e Agosto de 2018. Foi utilizado o Self Reporting
Questionnaire (SRQ-20) com questões abertas e fechadas sobre características sociodemográficas.
Optou-se por uma análise descritiva.
Resultados
Dentre os resultados encontrados evidencia-se a prevalência maior entre idosas com faixa etária entre
65 e 74 anos (48,2%), não alfabetizadas (40,7%), casadas (50%) e aposentadas (96,3%). Quanto à
renda mínima em salários observa-se que 85,2% das idosas ganham de 1 a 2 salários mínimos e a
religião católica apresenta-se em maior número quando comparada as outras, sendo 74,1%.
Os resultados trazem ainda que 85,2% das idosas não frequentava grupos de idosos. Moravam em
casa com seus familiares filhos, netos e ou cônjuges (94,4%). A maioria (79,6 %) não apresentou
labilidade emocional durante a entrevista. Em relação ao uso de álcool e tabaco, a resposta que
predominou foi a de não fazer uso de tais substâncias. No que diz respeito aos problemas de saúde,
as doenças cardiovasculares (66,6%), foram mais prevalentes na população avaliada.
Conclui-se que conhecer o perfil de idosas com transtorno mental comum, pode colaborar na
orientação e execução de estratégias para a prevenção e cuidado dessa população além de contribuir
na redução de impactos na qualidade de vida dessas mulheres.
Palavras-chave: Transtorno mental; saúde do idoso; saúde mental.

241
Perspectivas da arte e cultura em um Centro de Atenção Psicossocial- CAPS

Mariana Rodrigues Buarque de Vasconcelos


Camila Teixeira Lima - Instituto Federal de Pernambuco
Cândida Maria Rodrigues dos Santos - Universidade Federal de Pernambuco
Nycolle Santana dos Santos - Universidade Federal de Pernambuco
Lupércio Francisco Da Silva - Centro de Atenção Psicossocial ll - Casa da Primavera

RESUMO
Trata-se de um relato de experiência de um projeto, desenvolvido em contexto de crise sanitária no
CAPS do tipo II, em Camaragibe-PE. Em que foram realizadas 15 oficinas de arte-cultura
experienciadas por pessoas em sofrimento mental. As atividades foram efetuadas uma vez por
semana, com duração de duas horas e, em média, cinco integrantes por grupo. A participação nesse
espaço se deu de acordo com o Projeto Terapêutico Singular (PTS) e respeitando as normas sanitárias
vigentes no período pandêmico. As oficinas foram planejadas, sendo ancoradas no conhecimento
teórico científico encontrado na literatura disponível, e nas necessidades advindas do grupo de
participantes em questão, tornando-os co-participantes de seu processo terapêutico. Nessa
perspectiva, os integrantes do grupo desenvolveram, ao longo de todo o projeto, ações artístico-
culturais por intermédio das artes plásticas, leitura, música e culinária. Nesse contexto, o uso da
cultura e arte como estratégia de cuidado, podem interferir, de maneira significativa, na saúde
humana, fazendo com que os usuários consigam obter melhorias em sua qualidade de vida ou em
quadros clínicos específicos. Reitera-se, ainda, que o projeto da discente foi apoiado e financiado pelo
Programa de Estímulo à Cultura (PEC), por meio da Bolsa de Incentivo à Criação Cultural (BICC).
Objeto do Relato
15 oficinas de arte-cultura vivênciadas por usuários de um CAPS do tipo II, distribuídas em 6 meses.
Objetivos
A arte e cultura são consideradas, aqui, não como cura, mas como promoção de vida. Objetivou-se,
então, relatar a relevância da arte e cultura no processo de cuidado do usuário na reabilitação
psicossocial, percebendo-os em suas singularidades, direitos e autonomia, de acordo com os
pressupostos da reforma psiquiátrica e do Sistema Único de Saúde.
Análise Crítica
A partir dessa experiência, é perceptível que a cosmovisão racional, tecnocapitalista da sociedade
atual suprime a diversidade, nega a pluralidade das formas de vida e absorve o múltiplo pelo uno,
como se existisse um jeito certo de estar na terra, uma verdade, um único tipo de sujeito. Tal supressão
da diversidade costuma coisificar a diferença. No caso dessas pessoas, congela-as como se elas
fossem passivas e meras receptoras. Como responder a tal silenciamento que desencanta o mundo e
suprime a diversidade? Um dos caminhos, talvez, seja justamente ouvir as vozes da não-razão ,
mostrando a heterogeneidade que marca as diversas experiências, como visualizado no decorrer das
oficinas.
Conclusões/Recomendações
As oficinas de arte e cultura proporcionaram uma vivência terapêutica, em um espaço de troca
evidenciado pelas vozes, olhares e criações construídas durante as atividades. Sendo assim, acredita-
se que as oficinas terapêuticas se constituem em lugares fundamentais para promoção de estratégias
de reabilitação psicossocial.
Palavras-chave: Arte; Cultura; Saúde Mental.

242
Política Nacional sobre Drogas e Direitos Humanos

Marcela de Barros Origuella Caçador


Flávia Blikstein - Universidade Presbiteriana Mackenzie

RESUMO
Este trabalho tratou sobre as mudanças na Política Nacional sobre Drogas, abordando as principais
questões que atravessam o tema, além de verificar o impacto nos direitos humanos. Para isso, foi
realizada uma pesquisa qualitativa através de entrevistas semiestruturadas com profissionais da área.
Observou-se que as principais diferenças na política nacional foram: a promoção e manutenção da
abstinência e o foco nas comunidades terapêuticas, incluindo maior financiamento. Isto acarreta
diversos pontos como o efeito no funcionamento da RAPS, manutenção de uma ideia de hegemonia
psiquiátrica, discussão sobre as estratégias de redução de danos e abstinência e os impactos nos
direitos humano. Conclui-se que as mudanças na Política Nacional sobre Drogas agravaram as
violações de direitos humanos.
Objetivos
Objetivo Geral: Descrever e analisar a atual Política Nacional sobre Drogas e avaliar possíveis
impactos para a garantia de direitos da população.
Específicos:
Descrever as mudanças na Política Nacional sobre Drogas
Mapear os diferentes discursos e práticas de atenção que compõem o campo
Entrevistar representantes de diferentes movimentos políticos e comparar suas percepções sobre a
atual política
Metodologia
No estudo foi realizada uma pesquisa qualitativa, com entrevistas semiestruturadas. Estas entrevistas
foram feitas com representantes de discursos e movimentos diferentes em relação às novas políticas
públicas de drogas. O participante 1 é psicólogo, que atua com a estratégia de redução de danos; o
participante 2 é advogado e estudioso sobre o tema; a participante 3 é psicóloga, que atua em uma
comunidade terapêutica. As entrevistas foram realizadas de forma online, através da plataforma
Google Meets. Foram gravadas e posteriormente transcritas, sendo analisadas através da análise de
conteúdo.
Resultados
Diante dos resultados obtidos, foi possível observar que a avaliação dos entrevistados 1 e 2 em relação
a atual Política Nacional de Drogas é semelhante, já que ambos consideram um retrocesso; por outro
lado, a participante 3 enxerga como um avanço.
Observou-se afirmações, tanto no que foi relatado pelos participantes 1 e 2, quanto em documentos
oficiais, a fragilidade das comunidades terapêuticas como serviço seguro e efetivo, diante de diversos
casos de denúncias.
Outro aspecto, é que o tema das drogas e tudo o que o envolve não está sendo tratado como uma
questão relacionada à saúde e sim, algo que passou pelo quesito jurídico e atualmente, está sendo
tratado pelo Ministério da Cidadania. É interessante pontuar que nenhuma outra questão relacionada
à saúde mental é tratada sem ser pelo Ministério da Saúde.
Pode-se afirmar que a violação de direitos humanos foi agravada devido o governo apoiar e financiar
instituições, como as comunidades terapêuticas, que têm diversos relatos de maus tratos e tortura, que
não respeitam a laicidade do Estado. Esta violação de direitos é reforçada quando é financiado de
maneira abundante estas instituições e hospitais psiquiátricos.
Palavras-chave: Política pública; drogas; direitos humanos.

243
Práticas de cuidado e redução de danos: um giro sobre a construção do cuidado em cenas de
uso Jd. São Luiz

Larissa Gonçalves Correa

RESUMO
Considerando a proposta de inserção social dos usuários de álcool e outras drogas na política de Saúde
Mental, o trabalho e o cuidado extramuros se torna essencial para o resgate da dignidade, da
autoestima e do acesso aos direitos humanos da população mais vulnerada. Nesse sentido, a promoção
do cuidado em cenas de uso de álcool e outras drogas espalhadas pelo perímetro do Jd. Ibirapuera na
região do Jd. São Luiz tem sido uma das estratégias de atuação do CAPS AD III JD. São Luiz, que
busca atender a população que tem mais dificuldade de chegar até o serviço e articular o cuidado da
mesma com os demais serviços do território.
Desde Janeiro de 2022, foi realizado ações semanais de vinculação com os usuários em cenas de uso
na região, sendo ofertado insumos, especialmente piteiras de silicone e protetores labiais para
minimizar o uso do crack, alimentação e água para diminuição dos impactos do consumo. A partir da
distribuição de tais recursos e do estabelecimento da rua como setting terapêutico, foi possível acolher
demandas básicas dos usuários, como a dificuldade de acesso a vacinação, ao tratamento
odontológico e a falta de acesso a cultura na região. Diante isso, foi construído junto com os usuários
uma ação intersetorial, envolvendo a UBS, a assistência social e equipamentos culturais do território,
a fim de promover a inserção social dos usuários em cenas de uso em espaços de cuidado no seu
território afetivo, construindo assim caminhos para cidadania dos usuários.
Objeto do Relato
Ações de redução de danos em cenas de uso de álcool e outras drogas na região do Jd. São Luiz.
Objetivos
Objetivo geral: Compartilhar os potenciais terapêuticos das práticas de cuidado em cenas de uso na
periferia de São Paulo
Objetivos específicos: Apresentar a rua como setting terapêutico para promoção do cuidado em saúde
mental; Apontar a importância das ações de redução de danos feitas extramuros pelo CAPS AD para
criação de rede de suporte social.
Análise Crítica
As práticas de cuidado referenciada pela redução de danos ancoram valores intrínsecos a reforma
psiquiátrica, entre eles, a construção de cidadania dos sujeitos que fazem uso abusivo de álcool e
droga e a construção do cuidado voltado para a comunidade e no território afetivo. Nesse sentido, no
contexto das cenas de uso, considerando as vulnerabilidades no cenário periférico, que tem como
pano de fundo a falta de oferta de serviços em geral, associado a exclusão do sujeito que faz uso de
droga, as contratualidades do cuidado envolvem a criação de rede para redução dos riscos sociais e à
saúde. Ampliando o suporte social na comunidade e com isso favorecer as oportunidades de
reinserção social
Conclusões/Recomendações
As práticas de cuidado promovidas em cena de uso de droga buscam reinserir a pessoa vulnerada nas
políticas públicas disponíveis no território, seja na área da saúde, da assistência ou da cultura. Dessa
forma, a rua como setting terapêutico tem se demonstrado como uma potencia na criação de redes.
Palavras-chave: Saúde mental e o uso de drogas; Território; Redução de danos na periferia.

244
Práticas integrativas: complementares ou substitutivas aos cuidados em Saúde na Assistência
Estudantil?

Tais Bleicher - UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos


Raiane Silva Sousa - Universidade Federal de São Carlos

RESUMO
A saúde do estudante universitário é, há mais de um século, objeto de pesquisa. No entanto, no Brasil,
tanto as pesquisas como as práticas ainda são incipientes. O Programa Nacional de Assistência
Estudantil a prevê, como um de seus eixos. No entanto, a maioria das universidades, mesmo as
federais, não apresenta política normativa e gerencial para o eixo de Saúde da Assistência Estudantil.
Esforços diversos de instituições, docentes e técnicos têm sido realizados, para modificar esta
situação. A realização das ações neste campo, entretanto, só podem ser realizadas a partir de
diagnósticos situacionais. Diante do exposto, realizou-se uma pesquisa sobre itinerários terapêuticos
de estudantes universitários em situação de sofrimento psíquico na Universidade Federal de São
Carlos - UFSCar.
Objetivos
A pesquisa que originou este produto tinha como objetivo geral compreender os itinerários
terapêuticos de graduandos quanto aos cuidados relativos ao sofrimento psíquico e, como objetivos
específicos descrever as narrativas trazidas por graduandos em situação de sofrimento psíquico que
tenham procurado por cuidado e investigar as potências ou impedimentos que atravessam essa busca.
Metodologia
Foi realizada pesquisa qualitativa. A coleta de dados foi realizada através de entrevista
semiestruturada, interpretada à luz da História de Vida. Foram entrevistados cinco estudantes que
estivessem há, pelo menos, seis meses na graduação da UFSCar, campus São Carlos, com mais de 18
anos, e com relato de sofrimento psíquico durante a graduação. Mapeou-se seus itinerários
terapêuticos.
Resultados
No nível macro assistencial, os dados apontam para a ausência de programas destinados ao público
universitário no Sistema Único de Saúde, que é população especialmente vulnerável para o
sofrimento psíquico. No nível meso assistencial, os entrevistados não entendiam que o Departamento
de Atenção à Saúde do campus da UFSCar era um equipamento com o qual pudessem contar, pois,
seus psicólogos seriam hostis e farmacológicos. O serviço não possuiria ações de acolhimento, seria
inacessível, ineficaz, e apresentaria longa fila de espera. Não encontrando assistência tanto na Rede
de Atenção Psicossocial quanto na própria universidade, os entrevistados partiram para estratégias
individuais de cuidado, como busca por rede de apoio, centros religiosos e práticas integrativas
complementares. Os dados apontam para o uso de estratégias profanas, em detrimento das técnico-
assistenciais, não por opção do usuário, mas, por ausência de acesso a serviços, equipamentos e
profissionais com formação em Saúde. Destarte, não se pode afirmar que as práticas integrativas se
configurariam como complementares em Saúde, uma vez que não há possibilidade de escolha do
usuário pelo atendimento técnico.
Palavras-chave: Práticas Integrativas e Complementares em Saúde; Estudantes Universitários;
Sofrimento Psíquico.

245
Prevalência de problemas internalizantes e externalizantes em diferentes etapas da vida:
Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste

Teresa Helena Schoen - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo


Graziela Sapienza - PUC-PR
Luan Flávia Barufi Fernandes - UNIP
Sandra Regina Gimeniz-Paschoal - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -
UNESP, Campus de Marília
Nancy Ramacciotti de Oliveira-Monteiro - Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada
Santista

RESUMO
As questões de saúde mental manifestam-se por meio de um amplo espectro de problemas de
comportamento, sendo que em alguns transtornos, os desvios de comportamento indicam prejuízos
graves em várias áreas do desenvolvimento e ao longo de toda a vida. Investigar a prevalência destes
problemas poderá gerar indicadores de cuidados, auxiliar na gestão de serviços e fomentar políticas
públicas no país.
Objetivos
As questões de saúde mental manifestam-se por meio de um amplo espectro de problemas de
comportamento, sendo que em alguns transtornos, os desvios de comportamento indicam prejuízos
graves em várias áreas do desenvolvimento e ao longo de toda a vida. Investigar a prevalência destes
problemas poderá gerar indicadores de cuidados, auxiliar na gestão de serviços e fomentar políticas
públicas no país.
Metodologia
Utilizaram-se dados provenientes de 9.007 protocolos de indivíduos de 1,5 ano a 59 anos, das regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, compartilhados por pesquisadores colaboradores. Após a
unificação e uniformização dos bancos de dados, os T escores das escalas Internalizante,
Externalizante e Total de Problemas (que estão presentes em todos os instrumentos) foram analisados
por sexo e faixa etária.
Resultados
Os T Escores da escala Internalizante foram maiores que os da escala Externalizante, sendo os mais
altos encontrados no período da adolescência (inicial e final). As crianças de 6 a 10 anos foram
avaliadas como tendo mais problemas externalizantes que as demais faixas etárias. Até os 24 anos, a
média do T Escore da escala internalizante foi maior no sexo masculino, na faixa do adulto jovem foi
maior no sexo feminino e no adulto de meia idade as médias foram iguais em ambos os sexos. As
referências ao sexo masculino apresentaram médias mais altas na escala externalizante, menos na
adolescência final e adultos de meia idade. Observando indicativos de problemas internalizantes e
externalizantes ao longo da vida, este estudo transversal reafirma a utilidade do uso de uma bateria
padronizada na avaliação psicológica. Os resultados sugerem a necessidade de se observar as
diferentes faixas etárias ao se pensar em saúde pública.
Palavras-chave: Saúde mental; Criança; Epidemiologia.

246
Processo ensino aprendizagem e saúde mental de estudantes do ensino superior durante o
isolamento social

Emília do Nascimento Silva


Eliany Nazaré Oliveira - Universidade Estadual Vale do Acaraú
Lídia Cristina Monteiro da Silva - Universidade Estadual Vale do Acaraú
Ravena Silva do Nascimento - Universidade Estadual Vale do Acaraú

RESUMO
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o estado de pandemia do novo
coronavírus, em virtude da rápida disseminação da doença.
O isolamento social é defendido pelos pesquisadores como a principal medida de contenção do vírus,
sendo assim, foi decretado estado de quarentena, exigindo o fechamento generalizado de escolas,
universidades, igrejas, boates e todos os lugares com aglomeração de pessoas.
No cenário acadêmico, o calendário letivo, de início suspenso em todas as universidades do país,
retornou a ser implantado de forma remota trazendo a necessidade de modificar rotinas e a forma de
aprender e ensinar. Nesse contexto, muitos estudantes enfrentaram apreensão e ansiedade em relação
a seu futuro acadêmico e tiveram dificuldades para seguir sua formação.
Objetivos
Este trabalho objetiva analisar a relação entre o processo de ensino aprendizagem e a saúde mental
dos estudantes do ensino superior do Ceará, durante o isolamento social.
Metodologia
Estudo exploratório, descritivo, transversal, realizado com 3.691 estudantes universitários no ano de
2020. Ressalta-se que este trabalho é um recorte da pesquisa: "Repercussões da pandemia do novo
coronavírus na saúde mental de estudantes do ensino superior do Ceará". Para esse estudo, foram
associadas, através da Correlação de Pearson, com a Escala global: MHI-38 e as suas dimensões , as
variáveis : preocupação com a continuidade de seu curso de forma presencial, condições de acesso a
internet e satisfação em relação a sua participação nas atividades pedagógicas durante o isolamento.
Resultados
Verificam-se relações positivas (r>0) e estatisticamente significativas (p<0,001) entre a Escala global:
MHI-38, as suas dimensões Bem-Estar Positivo e Distresse, e as dimensões primárias, com as
melhores condições de acesso a internet e com a satisfação em relação à participação nas atividades
pedagógicas de sua instituição neste período, em contrapartida, verificamos relações negativas (r<0)
e estatisticamente significativas (p<0,001) com a preocupação com a continuidade de seu curso de
forma presencial. Dessa forma, os resultados sugerem que a mudança no modelo de ensino
aprendizagem impactou de forma significativa a saúde mental dos acadêmicos e que melhores
condições de acesso às atividades tendem a melhorar o quadro, bem como o intenso cenário de
preocupação torna o adoecimento psíquico mais expressivo. Conclui-se que o estado geral de saúde
mental dos estudantes do ensino superior do Ceará foi afetado pelas mudanças no processo de ensino-
aprendizagem instaladas em virtude da pandemia, sendo assim, cabe às instituições a criação e o
fortalecimento das políticas de assistência aos discentes no âmbito da saúde mental.
Palavras-chave: Saúde mental; Ensino superior; Pandemia.

247
Projeto "Você Importa: cuidando de si e do outro : iniciativa da UFPR para a promoção de
saúde mental no contexto de pandemia

Miriese Guedes da Silva - UFPR


Lis Andrea Pereira Soboll - UFPR
Lígia Müller Martins - UFPR
Amanda Marchioro Muniz - UFPR
Gabriel Ribeiro Leôncio - UFPR
Maria Eduarda Fand Muraro - FPP
Juliana Ortiz Kay - UFPR

RESUMO
O Projeto Você Importa , do Programa Institucional UFPR ConVida, vinculado ao Gabinete da
Reitoria da UFPR, nasceu da importância de realizar ações de cuidado emocional em contexto de
crise para promoção de saúde mental frente à possibilidade de sofrimento psíquico desorganizador.
Por meio de canais não-presenciais, de forma acessível, interativa e dinâmica, e contando com a
contribuição de estudantes, docentes e profissionais parceiros, realizamos suporte emocional às
comunidades interna e externa à UFPR, tendo como base o trabalho colaborativo e princípios de
primeiros socorros psicológicos. De início, organizamos as intervenções em três modalidades: 1)
Produção de materiais educativos e de acolhimento coletivo, voltados para o público em geral, na
forma de vídeos, entrevistas, seminários, conteúdo para redes sociais, entre outros; 2) Realização de
oficinas e rodas de conversa virtuais centradas na possibilidade de fala e de escuta compartilhadas;
3) Acolhimento individual para casos identificados como de maior vulnerabilidade durante as outras
ações. Abordamos temas como luto, convivência e isolamento, drogadição, sofrimento, rotina,
ansiedade, entre outros. Em 2022, com o retorno das aulas presenciais, as atividades foram
redesenhadas e voltaram-se para comunicação para comunidade externa e acolhimento coletivo por
meio das redes sociais, do e-mail institucional e da rádio UniFM. Também abrimos um espaço de
convivência para acolhimento e aproximação dos estudantes.
Objeto do Relato
Ações promotoras de saúde mental e de suporte coletivo do Projeto Você Importa .
Objetivos
Descrever ações realizadas pelo projeto, na modalidade remota, que visam oferecer espaços de
acolhimento e trocas e psicoeducação para um melhor cuidado de si e do outro, tendo em vista o
fortalecimento das redes de apoio para o enfrentamento da crise instaurada pela pandemia.
Análise Crítica
Percebemos que o Projeto atua no(a): fortalecimento e na integração da rede de suporte da UFPR;
divulgação da rede de acolhimento interna e externa; fortalecimento de vínculos entre profissionais e
estudantes de diversos setores da universidade; divulgação e popularização de conhecimento
científico e de psicoeducação ao público em geral; promoção de espaços de escuta e de vínculo afetivo
dos estudantes com as atividades acadêmicas e com o contexto universitário, promovendo sentido e
pertencimento; e na aproximação da universidade pública da comunidade não acadêmica; sendo
promotor de acolhimento e de saúde mental para a equipe, para a comunidade acadêmica e não
acadêmica.
Conclusões/Recomendações
A experiência demonstra que, com o fortalecimento e a integração das redes de acolhimento e de
suporte da universidade, é possível atuar com uma perspectiva de cuidado e de escuta compartilhados,
promovendo saúde mental a toda comunidade e cumprindo o papel social da universidade pública.
Palavras-chave: Saúde mental; Acolhimento; Suporte coletivo.

248
Projeto Perséfone: psicoterapia com mulheres vítimas de violência doméstica

Soraya da Silva Sartori - APA


Clarissa Moreira Enderle - DEPCAMI

RESUMO
O Projeto Perséfone visa oferecer atendimento psicológico gratuito voltado para a retomada da saúde
psicológica de mulheres vítimas de violência doméstica.
O projeto foi criando no ano de 2019 pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e
Idoso - DPCAMI de Tubarão/SC, que realiza o cadastro de psicólogos voluntários e media os espaços
de atendimento, cedidos pela Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal.
Os casos são encaminhados pela DPCAMI diretamente ao profissional, que se encarrega de agendar
com a paciente, ficando a cargo de cada profissional a escolha das abordagens e técnicas que serão
utilizadas. É previsto em torno de 8 sessões para cada paciente, podendo se estender, caso o
profissional julgue necessário.
O objetivo dos atendimentos tem sido os de minimizar os danos psicológicos causados pelas situações
de violência física e psicológica vivenciada e/ou o acompanhamento das mulheres com o objetivo de
ajudá-las a romper com o ciclo de violência em que, porventura, ainda se encontram presa ou que
tenham acabado de se desvencilhar. Com isso, pretende-se evitar uma retomada da relação violenta.
Objeto do Relato
projeto social no qual são realizados apoio psicológico com mulheres vitimas de violência doméstica
Objetivos
Compartilhar com a comunidade acadêmica um relato de prática bem sucedida de atenção à saúde
mental voltada ao atendimento de vítimas de violência doméstica.
Demonstrar como a psicoterapia pode contribuir para amenizar o sofrimento psíquico de mulheres
vítimas de violência de gênero.
Análise Crítica
Observou-se a importância de acompanhar essas mulheres para romper o ciclo da violência e questões
relativas à dependência emocional, considerada um dos fatores que dificulta a se desvincular do
agressor, de modo a auxiliá-la no processo de retomada de uma vida independente, estabelecendo
padrões de relacionamento mais saudáveis. Além disso, os profissionais auxiliam as mulheres a
desenvolver a autoestima pois, entende-se que a pessoas consegue superar o sofrimento psíquico
quando possui uma boa autoimagem, a delimitar seus limites e impor suas vontades encontrado sua
capacidade de critica e assim reconhecer futuras relações abusivas
Conclusões/Recomendações
Observamos que quanto maior o tempo de exposição da mulher à situação de violência, maiores os
danos emocionais, e com o passar do tempo, apresentam transtornos psiquiátricos. Em função disso,
o apoio psicológico, pode ser fundamental para a retomada do bem-estar das vítimas de violência
doméstica
Palavras-chave: Psicoterapia; projeto social; violência doméstica.

249
REDE RUA: Articulação de movimentos sociais no enfrentamento da COVID-19 diante do
contexto de situação de rua no município de Fortaleza.

Rafaela Barros de Sousa - ESPCE


André Luiz Barbosa de Souza - Coletivo aRUAça
Emilie Collin Silva Kluwen - Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e
Direitos Humanos.
Lívia Mota Veras - Secretaria Municipal de Saúde-Ceará.
Nicole Sousa Pompeu de Saboya - Unifor
Miguel Mayer Vaz - UFC
Jamile Jacinto Queiroz - UECE
Vitória Silva de Aragão. - ESPCE
Francisca Luciana Almeida Colares - ESPCE
Maria Nice Almeida Alencar - UNIFOR

RESUMO
Durante a pandemia da COVID-19,a sociedade civil, composta por coletivos e movimentos sociais,
formaram a REDE RUA com atuação junto à População em Situação de Rua (PSR).A REDE RUA
foi composta por Coletivo ArRUAça, Grupo Espírita Casa da Sopa, Rede Nacional de Médicas e
Médicos Populares, Coletivo Raízes da Periferia, Pastoral do Povo da Rua, Instituto Compartilha, O
Pequeno Nazareno, Associação de Amparo ao portador com Tuberculose e Núcleo de Psicologia
Comunitária/UFC. Movidos pela emergência frente ao caos urbano estabelecido na cidade durante a
pandemia, a PSR foi afetada de forma violenta, submetida ao isolamento social na própria rua, uma
espécie de sub-cidade sitiada. Devido às precárias condições de vida, ausência de acesso à higiene
pessoal, insegurança alimentar, adoecimento psíquico, dentre outras questões, a articulação da REDE
RUA ocorreu no intuito de subsidiar as lacunas sociais da insuficiência de Políticas Públicas para a
PSR. Através da atuação direta com a PSR, percebemos como as desigualdades sociais e os não
acessos à direitos básicos desencadeiam processos de adoecimento psíquico, levando um corpo ao
seu limite físico, mental e espiritual. Nesse âmbito, o Projeto Teia do Cuidado surge para também
garantir o cuidado em saúde mental daqueles que atuaram na REDE RUA, nesse período.
Fortalecendo tecnologias leves de cuidado ao cuidador, reconhecendo a dimensão
biopsicossocioespiritual dos sujeitos como também fundamentais na promoção de equidade social.
Objeto do Relato: Compartilhar experiência e sensibilizar para que ações semelhantes ressoem em
território nacional. Objetivos: Experienciar novas tecnologias em saúde mental no campo do cuidado
à população em situação de rua na pandemia COVID -19;Descrever as potencialidades do controle
social através do Fórum de Rua -Ceará. Análise Crítica: Os impactos do não isolamento da PSR na
pandemia e as fragilidades de Políticas Públicas efetivas nos estimularam para a criação da articulação
REDE RUA. A ausência da garantia de direitos para a PSR exige a realização de trabalhos em rede
que construam tessituras interdisciplinares e intersetoriais. Ressaltamos que, os grupos sociais que se
encontram em situação de rua, estão inseridos em contextos de violações acarretadas pela
invisibilidade do Estado que não promove Políticas Públicas efetivas. Este trabalho visa refletir sobre
como a sociedade civil organizada pode atuar nas lacunas deixadas pelo Estado e quais estratégias de
cuidado em saúde para a PSR. Conclusões/Recomendações: Desse modo, reafirmamos a força da
participação direta e do controle social realizado por coletivos da sociedade civil. Bem como, a
importância do legado crítico-reflexivo dessa experiência no que tange à compreensão do sujeito
holístico e os atravessamentos em questões sociais e saúde mental.
Palavras-chave: População em Situação de Rua; Saúde Mental; Rede Intersetorial.

250
Redução de danos ou ampliação da vida? Vicissitudes da produção de autonomia em um
CAPSad

Lívia Geoffroy Barbosa Soares Ferreira


Thiago Benedito Livramento Melício - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mariana Martelo Rodrigues - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III - Antônio Carlos
Mussum

RESUMO
A garantia da autonomia e estratégia de Redução de Danos são preconizadas como diretrizes para o
funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental
e com necessidades decorrentes do uso de crack e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de
Saúde (BRASIL, 2011). Apesar de comporem parágrafos diferentes no texto apresentado pelo
Ministério da Saúde, as diretrizes entretecem uma mesma trama quando ganham corpo e voz nas
equipes de trabalho dos serviços de saúde para pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e drogas.
Assim, o presente trabalho parte da experiência de estágio multidisciplinar em Saúde Mental como
da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ), em um Centro de Atenção Psicossocial
Álcool e Drogas III (CAPSad III).
Objetivos
O objetivo traçado é investigar como a co-construção da autonomia, pautada na estratégia de Redução
de Danos, encontra caminhos e barreiras em um CAPSad III, produzindo ou não efeitos de ampliação
das possibilidades de viver dos usuários.
Metodologia
A pesquisa se organiza por dois eixos. O primeiro de revisão bibliográfica, base para a discussão
teórica de conceitos que envolvem o campo prático. O segundo trata-se de pesquisa de campo
orientada pela cartografia a qual teve como dispositivo de análise dois casos acompanhados pelo
CAPSad III. Foi analisado como as diretrizes da autonomia e da Redução de Danos podem se articular
quando são incorporadas micropoliticamente nos discursos, saberes, afetos e relações entre usuários
e profissionais. Para tanto, houve envolvimento em todo o repertório atribuído à dinâmica de trabalho
da unidade.
Resultados
A cartografia desvela analisadores de estudo (PASSOS, KASTRUP, ESCÓSSIA, 2009), isto é,
acontecimentos inusitados que fornecem pistas sobre os nós que aparecem ao orientar o trabalho pelas
diretrizes da autonomia e redução de danos. Assim, partimos dos dois casos acompanhados no
serviço, os quais são pormenorizados nos analisadores da baixa exigência e baixa crítica. A baixa
exigência (low threshold), termo conhecido na saúde, diz respeito a usuários cuja adesão ao próprio
Projeto Terapêutico Singular está fragilizada. Já a baixa crítica aparece no vocabulário dos
profissionais do CAPSad e se caracteriza pelo baixo domínio do usuário sobre seu tratamento,
evidenciando o fenômeno da porta-giratória (revolving door). A pesquisa registra em seus
analisadores aspectos micropolíticos das conduções desses casos: apostas exitosas e fracassadas,
flexibilizações criativas ou makarenkadas (LANCETTI, 2016), limites no apoio da comunidade
externa e co-construção da autonomia, a qual é tensionada em gradientes a cada momento. Ainda
assim, as diretrizes apontam para um cuidado em saúde voltado a usuários de drogas que pode
potencializar a ampliação no olhar dos mesmos sobre a própria vida.
Palavras-chave: Redução de Danos; Autonomia; Atenção Psicossocial; Cartografia.

251
Relato de experiência de um sobrevivente do hospício na protagonização de vida

Ivon Fernandes Lopes - AUSSMPE


Liamara Denise Ubessi - Universidade Federal do Pampa, Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozes,
Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Pelotas, Associação de Saúde Mental de
Uruguaiana, Fórum Gaúcho de Saúde Mental
Larissa Dall' Agnol da Silva - Universidade Federal de Pelotas, Fórum Gaúcho de Saúde Mental,
Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozes, Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de
Pelotas, Fórum Municipal em Defesa da Saúde Mental, da Luta Antimanicomial e do SUS
Francisca de Jesus - Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozes; Fórum Gaúcho de Saúde Mental;
Fórum Municipal em Defesa da Saúde Mental, da Luta Antimanicomial e do SUS
Roberta Antunes Machado - Instituto Federal do Rio Grande, Coletiva de Mulheres que Ouvem
Vozes, Fórum Municipal em Defesa da Saúde Mental, da Luta Antimanicomial e do SUS,
Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Pelotas

RESUMO
Minha vida na Marinha se deu quando estava temporariamente na Fundação Nacional do Bem-Estar
do Menor, e um sargento reformado dava aulas para menores sobre entrar nas Forças Armadas. Aos
18 anos entrei na Marinha, e num dia, depois de várias ordens absurdas, entrei em surto com meus
superiores, as vozes de comando me levaram a dar vários tiros pra cima, me internaram no Pinel de
Botafogo/RJ e fiquei lá por seis meses. Depois cumpri a punição no ‘Azul’ que fica na Ilha das
Cobras.Tive internações em São Paulo, no Hospital Mental Dia antes mesmo da criação dos CAPS.
Depois, minha Mãe com câncer, fui para Pelotas/RS cuidar dela. Faleceu, mas criamos raízes na
cidade. Meus filhos foram casando, trabalhando e estudando. Tive internações nos dois manicômios
de Pelotas e depois fui encaminhado para o CAPS. O médico que me atendia no CAPS, era o mesmo
que atendia no hospício e eu vivia dopado, sempre sonolento. Do CAPS, me dei alta há 8 anos. Foi
na época de 2000, que estavam criando os CAPS em Pelotas, e fui convidado pra participar da
construção da Associaçao de Saúde Mental - AUSSMPE, fiquei desconfiado, demorei um tempo pra
aceitar, mas foi gratificante conseguir ajudar os colegas e fazer visitas ao CAPS, pra verificar o que
faltava e o que precisava mudar. Eu já tinha diminuído em 70% o uso das minhas medicações. Minhas
crises diminuíram, as vozes ficaram mais distantes. Sou um sobrevivente do hospício.
Objeto do Relato: Relatar a experiência de vida de um sobreviventte do hospício, que ouviu vozes,
passou por manicômios e atenção psicossocial e que protagoniza sua história produzindo vidas,
criando espaços de resistência e de cidadania.
Objetivos: Experiência de um sobrevivente do hospício que ouviu vozes de comando, resistiu e
protagoniza vidas.
Análise Crítica: É importante contar minha história, por mim e pelos outros, para não ser esquecida
e nem se repetir. Fui várias vezes presidente da Aussmpe, atualmente sigo participando da mesma,
integro o coletivo gestor da Rádio Com 104.5 FM, atuo na Luta Antimanicomial, contribuo na
formação de profissionais na área da saúde e sou Assistente Social. Eu consegui. Outros também
podem assumir a vida em suas mãos. Mostro para o Brasil e o mundo, que é possível perseguir sonhos,
construir realidades, graças a Reforma Psiquiátrica, ao cuidado em liberdade, ainda que se tenha
muitos desafios no cotidiano, nas políticas públicas e enfrentamento da política de governo fascista.
Conclusões/Recomendações: Quem disse que não poderia foi o discurso da psiquiatria sobre um
sujeito tipificado como louco e quem diz que pode, é justamente esse sujeito que mostra a psiquiatra
e a sociedade que se equivocaram no percurso histórico, pois o que cada pessoa precisa é espaços de
liberdade e emancipação.
Palavras-chave: Protagonismo; Reforma Psiquiátrica; saúde mental.

252
Relato de experiência sobre a participação no apoio psicossocial à familiares e sobreviventes
durante o julgamento da tragédia da Boate Kiss

Natália Klauck de Souza


Priscilla da Silva Lunardelli - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Josué Barbosa Sousa - Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
Fernanda Barreto Mielke - Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul

RESUMO
O cuidado em saúde mental nas situações de traumas e lutos é uma área de atuação profissional
importante. O apoio psicossocial durante o julgamento do caso Kiss oportunizou experiências e
aprendizados únicos. A tragédia ocorrida na boate Kiss há 9 anos foi um acontecimento que mobilizou
a todos, resultando na morte de 242 jovens, entre 18 e 30 anos. O julgamento dos réus acusados de
crimes, que por dolo eventual, resultaram no incêndio, aconteceu entre os dias 1 e 10 de dezembro de
2021. A participação no apoio psicossocial dos familiares e sobreviventes da tragédia, durante os dias
de julgamento no Foro Central de Porto Alegre ocorreu de maneira voluntária. Os voluntários
participaram das atividades escalados em turnos de trabalho, foram recebidos por psicólogos da
associação dos familiares e vítimas da tragédia, que realizaram orientações e distribuíram os
voluntários e atividades dentro do Foro. A prática de apoio ocorreu de várias formas: auxílio na
alimentação, escuta em saúde mental, acompanhamento terapêutico e orientação. Apesar da tensão
que pairava sobre os espaços do Foro, pelos sentimentos de medo, angústia e revolta, os familiares e
sobreviventes apoiaram-se naquele ambiente protegido, e puderam ali expressar seus sentimentos,
participar de rodas de conversa, de refeições coletivas e confraternização bem como foram acolhidos
nos momentos de tristeza. Foi possível observar a forma como cada indivíduo foi afetado por aquela
fatídica noite de 27 de janeiro de 2013.
Objeto do Relato
Atuação no apoio psicossocial à familiares e sobreviventes no julgamento da tragédia da Boate Kiss.
Objetivos
Relatar a atuação de residente e tutora da Residência Integrada em Saúde (RIS), da Escola de Saúde
Pública do Rio Grande do Sul (ESP/RS) e suas percepções no contexto da saúde mental, na oferta de
apoio psicossocial à familiares e sobreviventes durante o julgamento para responsabilização da
tragédia da Boate Kiss, em Porto Alegre/RS.
Análise Crítica
Realizar o apoio psicossocial a familiares e sobreviventes de uma tragédia desse porte foi um dos
maiores desafios profissionais que tivemos enquanto enfermeira e assistente social. A força do
sentimento solidário entre os participantes mostrou-se muito forte, e pudemos apoiar a potencialidade
da coletividade (Associação dos Familiares) enquanto a tragédia era revivida com detalhes. Foram
momentos intensos, os quais geraram fortes emoções e questionamentos sobre erros,
(ir)responsabilidades e culpa. Este trabalho voluntário de acolher indivíduos em situação de trauma
demonstra a importância do trabalho interprofissional em saúde.
Conclusões/Recomendações
Estar com familiares e sobreviventes, ofertando presença e escuta qualificada, além da partilha de
momentos coletivos foi uma experiência ímpar para a formação como enfermeira residente e
assistente social tutora. A escuta é clínica ampliada e reafirmação política da ocorrência da tragédia.
Palavras-chave: Saúde Mental; Impacto Psicossocial; Luto.

253
REMÉDIO PARA QUÊ? (Des)medicamentalização das práticas em saúde mental e atenção
psicossocial

Antonio Germane Alves Pinto - Universidade Regional do Cariri


Paulo Duarte de Carvalho Amarante - FIOCRUZ

RESUMO
Assume-se o envolvimento ético-político sobre os prejuízos ocasionados pela utilização de
medicamentos psicotrópicos na contemporaneidade. As implicações com esse objeto de estudo se
dimensionam pelo consumo excessivo de drogas psiquiátricas, necessidades de tratamento pelos
usuários, condutas terapêuticas hipermedicamentalizadas e, em síntese, a medicalização da vida em
sociedade. Para tanto, a clínica psicossocial sucumbe aos saberes ditados pela medicamentalização
do cuidado. A transformação destas práticas se envolve nas competências para a desprescrição,
protocolos clínicos ampliados à subjetividade e monitoramento de efeitos adversos e/ou dependência
do fármaco ao longo prazo.
Objetivos
Analisar as práticas de medicamentalização e desmedicamentalização em saúde mental e atenção
psicossocial, na literatura publicada por especialistas da área.
Metodologia
Opta-se por um ensaio crítico e reflexivo com base na literatura especializada em saúde mental e
atenção psicossocial. Enfatizaram-se as concepções aportadas na obra de Robert Whitaker, intitulada
de Anatomia de uma epidemia: pílulas mágicas, drogas psiquiátricas e o aumento assombroso da
doença mental ; na obra de Paulo Amarante, com ênfase no capítulo Psychiatric Reforms and Coming
off Prescribed Psychotropic Drugs in Brazil, a Global South Country , publicado no livro organizado
por Peter Lehmann & Craig Newnes, e, nos artigos disponibilizados pelo site Mad In Brasil".
Resultados
Em discussão, consideraram-se que as práticas de consumo são semelhantes em sua essência, porém
os sentidos são bem distintos. Na crise sindêmica da COVID-19, explicitou-se que embora em uma
situação problemática, global e uníssona, a proteção, o amparo e as condições de sobrevivência não
foram as mesmas. A psiquiatria e seus modelos apresentam historicamente tentativas de ampliação
subjetiva, mas ainda indica uma clínica limitante pelo medicamento como opção terapêutica. A
resistência se deparou com esse bloco legitimado por instituições profissionais, científicas e pelo
desejo da demanda social. A medicalização social dissocia todos os determinantes da saúde para
componentes silenciados e delimitados à plenificação do fármaco com única opção terapêutica.
Considerou-se que existe uma demanda para coerência e ética cuidadora no campo psicossocial que
requisita estudos sobre os efeitos da desmedicação e da abstinência de drogas psiquiátricas, bem
como, a necessidade de alternativas com foco no sujeito e suas relações com a cultura e sociedade
para o equilíbrio e bem-estar.
Palavras-chave: Medicalização; Psicotrópicos; Assistência à Saúde Mental.

254
Repercussões da Pandemia de Covid-19 nas Ocupações no Cotidiano de Usuários do Centro
de Convivência

Heldevam Pereira Campos Junior - UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais


Adriana de França Drummond - Universidade Federal de Minas Gerais
Simone Costa de Almeida - Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO
Os Centros de Convivência são dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial que realizam a
intersecção entre políticas públicas de Saúde Mental e Cultura e se propõem a oferecer espaços de
convivência e sociabilidade para pessoas em sofrimento psíquico. As investigações sobre o cotidiano
permitem compreender as relações sociais de forma situada histórica, política e culturalmente e, ao
ser analisado de forma articulada com as ocupações, permite avançar no entendimento das práticas
sociais e culturais que compõem a tessitura da vida dos usuários do Centro de Convivência. Nessa
perspectiva, o adoecimento psíquico foi apontado como uma das possíveis fontes de ruptura deste
cotidiano, assim como a Pandemia da Covid-19.
Objetivos
Investigar a repercussão da pandemia da Covid-19 nas ocupações desempenhadas no cotidiano de
frequentadores do Centro de Convivência São Paulo CCSP, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa qualitativa no formato de Estudo de Caso com 14 usuários/as que
frequentam o CCSP desde antes da Pandemia, por meio de entrevistas semiestruturadas, abordando
aspectos sociodemográficos e ocupacionais dos/as usuários/as antes e durante a Pandemia. As
entrevistas foram transcritas e analisadas a partir da análise de conteúdo.
Resultados
A pandemia, ao impingir o isolamento social, fere a proposta do CCSP, restringindo a vida de pessoas
que já tinham poucos espaços de existência. Houve redução na oferta das oficinas que eram realizadas
no serviço com limitação da quantidade de usuário/a que pudesse frequentá-las, impactando a
participação e os espaços pelos quais circulavam. Sobre os cotidianos fora do CCSP, constatou-se que
os cuidados domésticos absorveram a maior parte do tempo vivenciado em casa em detrimento de
quaisquer outras atividades. Concluiu-se que, já num contexto anterior à pandemia, havia tempo
extenso gasto no ambiente doméstico, em especial dentro do quarto, com pouca circulação na cidade,
e uma centralidade do Centro de Convivência como único outro espaço de produção de vida. A
situação da pandemia exacerbou a defasagem do repertório pessoal dos entrevistados, reafirmando
que ações intersetoriais precisam ser conduzidas junto a esse público.
Palavras-chave: Cotidiano; Saúde Mental; Covid-19; Centros de Convivência.

255
Sarau (R)Existimos: tecendo prosas, versos, cantorias e autonomias como cuidado em saúde
mental

Gardenia de Souza Furtado Lemos - UFG - Universidade Federal de Goiás


Heitor Martins Pasquim - Universidade Federal de Goiás

RESUMO
A organização deste dispositivo aconteceu em plena pandemia de Covid-19, por isso exigiu a
concentração da participação em ambientes virtuais, a partir do apoio local dos serviços de saúde
mental. Os encontros remotos agendados para acontecer de 15 em 15 dias buscaram planejar
atividades para a semana de luta antimanicomial, que ocorreu de 17 a 21 de maio de 2021. Ao todo,
participaram ativamente pessoas ligadas a serviços da saúde mental de 08 municípios goianos,
representantes discentes e docentes de 06 unidades da UFG, entre outras parcerias, garantindo sempre
o protagonismo dos(as) usuários(as) dos serviços de saúde mental. Foram atingidas mais de 1200
contas e mais de 1800 interações nas redes sociais. O projeto promoveu e divulgou as produções de
arte e de cultura (na forma de pinturas, poesias, músicas, danças, jogos, entre outras), oriundas das
unidades da RAPS e parcerias, valorizando e resgatando histórias, biografias e produções de pessoas
em sofrimento psíquico. Ao fazer isso, o Sarau deu visibilidade a RAPS e foi canal de publicização
de denúncias contra as tentativas reacionárias de distorção da Política Nacional de Saúde Mental.
Assim como oportunizou sucessivas aproximações entre os serviços, a comunidade e a academia,
fomentando o conhecimento científico crítico, a formação acadêmica comprometida e referenciada
socialmente. O projeto enfrentou inúmeras dificuldades, algumas diretamente ligadas à pandemia e
ao acesso à internet.
Objeto do Relato
Dispositivo auto-organizado apoiador da RAPS goiana que visa fortalecer o cuidado em liberdade.
Objetivos
Este relato busca dar visibilidade a experiência goiana do Sarau (R)Existimos 2021, que, como
dispositivo apoiador da RAPS, compartilha saberes e encontros, por meio de atividades culturais e
artísticas, oportunizando diversas formas de expressão coletiva e individual que ocupam espaços
públicos, em uma aposta no direito à cidade.
Análise Crítica
A produção de cultura por pessoas ligadas a serviços da saúde mental é praticamente invisibilizada.
Há um empobrecimento da cultura e da vida, assim como um enrijecimento de corpos e vínculos.
Contudo, a cultura pode integrar estratégias de desinstitucionalização, desde que sejam restauradoras
da criatividade e da espontaneidade. De fato, faz-se necessária a desconstrução da cultura que sustenta
a violência, a segregação e o aprisionamento da loucura. Entretanto, para desconstruir uma cultura, é
preciso a construção de outras tantas experiências que a confrontem. Entende-se aqui que à medida
que se promove o direito à cultura, e à cidade, produzimos também novas formas de subjetivação.
Conclusões/Recomendações
Os objetivos propostos foram parcialmente alcançados. Criamos encontros sensíveis, e demos
visibilidade para a produção artística e para a própria RAPS. Todavia, a participação mais intensa
ainda é daqueles profissionais/ usuários que já produziam arte e cultura no cotidiano dos serviços.
Palavras-chave: Saúde mental; Desinstitucionalização; Arte.

256
Saúde Mental dos Adolescentes: Percepção e Ação dos Profissionais da Atenção Básica

Cláudia Mara de Melo Tavares - UFF - Universidade Federal Fluminense


Marcelle Ignácio Rebello - Universidade Federal Fluminense
Aline Dias Gomes - Fundação Municipal de Saúde de Niterói
Marilei de Melo Tavares - Universidade de Vassouras

RESUMO
Introdução: A oferta de ações direcionadas à promoção da saúde mental do adolescente na atenção
básica em saúde (ABS) é baixa. Um conjunto de fatores contribuem para isso - procura dos
adolescentes pelo serviço de saúde motivada pela doença; serviços voltados para a prática
assistencialista; déficit na formação acadêmica dos profissionais de saúde sobre saúde mental;
dificuldades na condução clínica quando as demandas do adolescente não se encaixam em alguma
ação programática já realizada na ABS. Frente ao exposto é prática comum o referenciamento dos
adolescentes para serviços especializados de saúde mental. A questão norteadora do estudo é: Como
os profissionais da ABS percebem as demandas emocionais dos adolescentes e a sua capacidade de
agir com esta clientela?
Objetivos
Descrever o conhecimento dos profissionais da ABS sobre a saúde mental dos adolescentes e as
estratégias de apoio implementadas no serviço.
Metodologia
Pesquisa descritiva realizada no ano de 2021 no município de Niterói. Os dados foram obtidos por
meio de questionário contendo questões abertas e fechadas, enviadas via Google Forms aos
profissionais de saúde da ABS da região oceânica de Niterói, após um contato prévio com os mesmos
via WhatsApp. Após 15 dias de disponibilização, 22 profissionais (19 enfermeiros, 2 agentes
comunitários de saúde e um odontólogo) responderam ao questionário. Os dados foram tabulados,
tratados por meio da análise temática de conteúdo e discutidos com base na literatura vigente sobre o
assunto.
Resultados
Os resultados descrevem os problemas e demandas emocionais dos adolescentes para a ABS; os
principais problemas de saúde mental e de conduta identificados nos adolescentes pelos profissionais;
as situações de crise emocional mediadas no serviço; e as formas de ação dos profissionais junto aos
adolescentes. Conclui-se que os profissionais da ABS atendem às demandas dos adolescentes com
problemas relacionados a saúde mental predominantemente por meio de consultas individuais e não
desenvolvem atividades de promoção à saúde mental do adolescente na UBS de forma regular. O
estudo confirma a necessidade de formação, capacitação e educação permanente dos profissionais da
ABS, relacionada a saúde mental do adolescente.
Palavras-chave: Adolescente; Saúde Mental; Promoção da Saúde; Atenção Básica à Saúde

257
Saúde Mental e Economia Solidária: Desafios e Potencialidades a partir da vivência da
Trabalharte

Chena Kim Huruta

RESUMO
Criada em 2001, a Trabalharte é composta por usuários da Rede de Atenção Psicossocial, familiares,
voluntários e trabalhadores da área de saúde mental. Realiza atividades artísticas, artesanais e
comunicacionais objetivando a reabilitação psicossocial e geração de trabalho e renda. Sediada desde
2006 no Centro de Convivência da cidade, precisou em 2019 encerrar o vínculo de parceria com este
serviço. Buscou-se novamente então o apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
da Universidade Federal de Juiz de Fora (Intecoop/UFJF), que já a havia incubado antes.
Diante disso, os esforços voltaram-se para aproximá-la das demais iniciativas e grupos do movimento
de Economia Solidária (EcoSol) da região e para criação de novas parcerias, visando manter sua
atuação e protagonismo. Assim, além da continuidade das oficinas produtivas em uma sede provisória
e sob uma perspectiva metodológica participativa, fomentou-se a participação dos associados em
encontros mensais do Fórum Municipal de Economia Solidária; em oficinas formativas referentes à
EcoSol e ao Associativismo promovidas pela incubadora; em reuniões de planejamento e de
prospecção de parcerias com instituições públicas e privadas; e em feiras solidárias, presencial e
online. Durante o distanciamento social decorrente da pandemia de COVID-19 e paralisação das
oficinas produtivas, foram realizadas reuniões online, mantendo a mobilização e vínculo do coletivo.
Ao todo, estiveram envolvidos cerca de 20 associados.
Objeto do Relato
São apresentadas as ações de um projeto de extensão junto a uma associação de saúde mental.
Objetivos
O presente trabalho tem como objetivos fomentar e subsidiar discussões acerca das potencialidades
e dos desafios encontrados pelas associações de saúde mental em sua integração com a Economia
Popular Solidária no atual contexto, considerando-se a experiência da Trabalharte Associação Pró-
Saúde Mental, de Juiz de Fora MG.
Análise Crítica
A Trabalharte fortalece o protagonismo e a cidadania dos envolvidos, servindo de exemplo para outros
grupos de EcoSol pelo seu funcionamento coletivo coeso e valorização das singularidades. A saída
da associação de um dispositivo de saúde e aproximação de outros grupos de EcoSol resultou na
ocupação de novos espaços político-sociais, ampliando a visibilidade das pautas de saúde mental.
Como desafios tem-se os retrocessos das conquistas da Reforma Psiquiátrica e da Luta
Antimanicomial; o sucateamento dos dispositivos de saúde mental do município; falta de
investimento público para esse tipo de empreendimento; encargos fiscais e jurídicos desproporcionais
ao retorno financeiro da associação.
Conclusões/Recomendações
A Economia Solidária constitui-se como uma valiosa ferramenta para a inclusão social e reabilitação
psicossocial, no entanto ainda há muitos desafios a serem superados. Recomenda-se a união e a troca
de experiências dos coletivos e empreendimentos de saúde mental como forma de fortalecer essa luta.
Palavras-chave: Economia Solidária; Saúde Mental; Inclusão Social.

258
Saúde mental e práticas integrativas e complementares (PIC): um arranjo potente para o
cuidado no território

Rita de Cássia Ferreira Lourenço - Prefeitura do Município de Osasco


Luciana Togni de Lima e Silva Surjus - Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP

RESUMO
A pesquisa em questão se desenhou a partir da prática enquanto terapeuta ocupacional que compõe
uma equipe de saúde mental na atenção básica no município de Osasco, região metropolitana da
cidade de São Paulo, estado de São Paulo, onde é desenvolvida, desde 2012, a atividade Oficina Tai
Chi como grupo aberto, tanto para usuários com demandas da saúde mental quanto para qualquer
pessoa que deseje participar da atividade. Os encontros aconteciam num Centro de Referência da
Assistência Social (CRAS) no território atendido. Atravessados pela pandemia da Covid-19, os
encontros passaram a acontecer de forma síncrona, virtualmente via Google Meet, assim como
também seguiram as Oficinas de Pesquisa.
Objetivos
O objetivo geral da pesquisa foi compreender, pela ótica do usuário do SUS, se o Tai Chi, enquanto
prática integrativa no território, potencializa a autonomia dos usuários na gestão do seu cuidado.
Metodologia
O método proposto foi uma pesquisa qualitativa, sob a perspectiva da hermenêutica crítica e narrativa,
já que a pesquisadora é parte integrante dos processos a serem pesquisados. Foram utilizadas Oficinas
de Pesquisa no formato virtual para a recolha de sentidos. Em seguida foram trabalhados os núcleos
argumentais e a construção da narrativa coletiva. Percebemos, através desta metodologia, a
convergência entre a concepção de saúde no Tai Chi e na Terapia Ocupacional em saúde mental, como
também a repercussão dessa prática numa percepção de um cotidiano mais autônomo para os
participantes.
Resultados
Encontramos pistas que apontam para o entendimento do Tai Chi enquanto prática que sustenta uma
autonomia e autocuidado subjetivos, relacionais, que proporciona bem-estar e qualidade de vida.
Observamos, entretanto, que ainda persiste a forte influência do modelo biomédico hegemônico sobre
o entender-fazer cuidado. Observamos as desigualdades de acesso às formas digitais de comunicação,
que prejudicaram a participação de parte dos/as usuários/as. Ao mesmo tempo, os encontros
sustentaram vínculos e cuidado entre participantes. A partir das discussões nas Oficinas de Pesquisa
emergiu a proposta de construção de um Zine: Liberdade para fazer Tai Chi!
(https://www.unifesp.br/campus/san7/images/pdfs/Zine%20Uma%20producao%20coletiva%20202
1-.pdf), como Produto Técnico derivado da pesquisa. Pretende-se que os resultados possam contribuir
para o fortalecimento das ações de saúde mental na Atenção Primária à Saúde e das Práticas
Integrativas e Complementares- PIC no SUS.
Palavras-chave: saúde mental; terapia ocupacional; práticas integrativas e complementares

259
Saúde Mental e Psicologia: em busca de um olhar desmedicalizante para a formação do
psicólogo.

Claudia da Costa Guimarães Santana - FAETERJ Três Rios


NicoLle Oliveira Barbosa - UNIFASE - UFJF
Nicolle Oliveira Barbosa - UFF/UFJF
Isis de Andrade Aráujo - UFJF

RESUMO
Quando analisamos o campo da saúde mental, vemos que os processos de medicalização consideram
o sofrimento psíquico como resultado de disfunções neuronais que carecem de um ajuste bioquímico
para se estabilizar. Ou seja, a psicopatologia, oriunda de uma narrativa medicalizante, entende o
sofrimento mental como uma expressão patológica de processos biológicos com pouca ou nenhuma
relação com os atravessamentos sociais subjacentes às vivências humanas. Tal compreensão a-
histórica é representada por uma hegemonia no campo da saúde mental que privilegia procedimentos
de análise e conduta que naturalizam a ideia de que a origem do sofrimento psíquico está no próprio
indivíduo. Esse tipo de epistemologia privatiza o campo da saúde mental esfumaçando seu caráter de
um campo em disputa.
Objetivos
1) identificar a proximidade da psicologia com as questões oriundas do campo da saúde mental
historicamente produzidas; 2) analisar os pressupostos teóricos dos artigos de psicologia que abordam
o tema da saúde metal; 3) refletir de que forma esses artigos podem intervir no processo de formação
de estudantes de psicologia na medida em que servem comumente de importante fonte de consulta e
estudo.
Metodologia
Neste trabalho fizemos um levantamento da produção científica relacionada ao ensino de saúde
mental nos cursos de graduação em psicologia. Foram realizadas pesquisas nas plataformas Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS), no banco de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do caribe em
Ciências da Saúde e SCIELO (Scientific Eletronic Library Online) com os descritores: ensino; saúde
mental e psicologia
Resultados
No total foram encontrados 25 artigos que, mesmo passando por uma análise ainda em andamento,
já apresentam questões que nos levam a considerar a forte influência dos pressupostos medicalizantes
nas abordagens apresentadas. Temas relacionados as patologias comportamentais se sobressaem
àqueles oriundos das reflexões sobre a reforma psiquiatra e atenção psicossocial. Para nós, isso é um
forte indício para pensarmos o perfil de formação dos psicólogos no que tange ao campo da saúde
mental, na medida em que os dados mostram um hiato na apropriação de conhecimentos
imprescindíveis que historicamente configuraram o campo da saúde mental em nosso país. Se
apropriar desses conhecimentos representaria um posição político-crítica dos psicólogos diante dos
atravessamentos econômicos, ideológicos e culturais que permeiam a saúde mental. Neste sentido,
olhar para a formação do psicólogo significa entender não só as matrizes teóricas que estão
explicitamente presentes nos diferentes projetos acadêmicos pedagógicos. Mas, sobretudo,
reconhecer que tais matrizes representam uma compreensão de ser humano e normalidade que é
marcada pelas expressões histórico-culturais do momento considerado.
Palavras-chave: Saúde mental; ensino; psicologia.

260
Saúde Mental em Movimento: Novos acessos, mais cuidado!

Selma Alcantara de Bragança Ferreira - prefeitura


Ronne Peterson de Souza dos Santos - Prefeitura Municipal de Araruama-RJ
Monik de Oliveira Marinho - Prefeitura Municipal de Araruama - RJ

RESUMO
Diante do desafio de pensarmos que a Reforma Psquiátrica não se restringe à ideia de serviços, foi
necessário no munícipio de Araruama/RJ pensar em estratégia do cuidado, através da ocupação dos
espaços abertos da cidade, onde os sujeitos circulam estabelecendo laços, e seus territórios.
Planejamos encontros periódicos, oferecendo atividades desenvolvidas dentro do equipamento, como
oficinas de música, de expressão corporal, espaço de convivência, acolhimento e outros dispositivos
clínicos que acontecem dentro dos Centros de Atenção psicossocial. Estabelecendo diálogos e
apresentado as múltiplas formas de cuidado em saúde mental, assumindo nos territórios um modelo
de atenção com ênfase na base territorial e comunitária. Além disso, através desse movimento,
buscamos, também apresentar os dispositivos da Saúde Mental para a população, e ao interagir com
ela, dialogar sobre o direito das pessoas em sofrimento psíquico atuarem na sociedade como qualquer
outro indivíduo.
Objeto do Relato
Estimular a circulação da loucura na cidade de Araruama/RJ e potencializar os recursos clínicos.
Objetivos
Promover um acolhimento acessível, qualificado de abordagem territorial as pessoas; desenvolver a
função cuidadora nas relações com os territórios; possibilitar a prática entre vários; tratar o sujeito no
território; ofertar a atenção psicossocial como apoio e acesso; potencializar a desinstitucionalização
da cidade;
Análise Crítica
Quando se fala sobre o campo da Saúde Mental e da Atenção Psicossocial, deve-se levar em
consideração todo um conjunto de transformações e inovações que contribuem para a construção de
uma nova imagem social para os sujeitos em sofrimento mental, superando assim o preconceito, o
alisamento e a violação dos Direitos Humanos, desassistência, a medicalização, e a internação como
intervenções únicas e primeiras. Diante disso, oferecer essa estratégia de cuidado se traduz na
inclusão de "novos sujeitos de direito e novos direitos para os sujeitos em sofrimento mental."
Conclusões/Recomendações
Assim, numa ação de articulação entre o interno e externo, numa interlocução com os territórios de
vida, ampliamos novos espaços de convivências dos usuários, com novos laços e outro modos de se
relacionar, para tanto isso deve ser construído e compartilhado na realidade do dia a dia do território.
Palavras-chave: Acolhimento; cuidado; território; desinstitucionalização; comunidade.

261
Saúde Mental no Brasil e Sistema Interamericano de Direitos Humanos: estudo do caso
Hospital Psiquiátrico São Pedro e Hospital Colônia Itapuã

Rafael Wolski de Oliveira - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS


Marcelo Andrade de Azambuja - American University Washington College of Law
Károl Veiga Cabral - Universidade Federal do Pará
Sandra Maria Sales Fagundes - Fórum Gaúcho de Saúde Mental
Maria de Fátima Bueno Fischer - UNISINOS
Larissa Dall’Agnol da Silva - Unversidade Federal de Pelotas
Roque Jr - Fórum Gaúcho de Saúde Mental

RESUMO
O presente relato de experiência tem como objetivo compreender o impacto de uma denúncia ao
Sistema Interamericano de Direitos Humanos à proteção e promoção de direitos humanos de pessoas
com transtornos mentais no território brasileiro. Para tanto, é realizado o estudo do caso de surto de
COVID19 entre pacientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro e do Hospital Colônia Itapuã ambos
localizados na região metropolitana de Porto Alegre e sob gestão pública estadual em julho de 2020
e das denúncias de movimentos sociais e organizações da sociedade civil em sua defesa. Como
resultado percebeu-se o impacto imediato e positivo do Sistema à situação de direitos humanos em
território brasileiro, mesmo quando suas decisões demoram e são negativas.
Objeto do Relato
Trata-se de um estudo de caso a partir das denúncias sobre maus-tratos e negligência
Objetivos
Apresentar, a partir de um estudo de caso, a importância das instâncias garantidoras de direitos em
níveis locais, regionais e internacionais para os movimentos sociais em defesa dos usuários e
familiares.
Análise Crítica
Este estudo de caso evidenciou o sucesso do efeito bumerangue e do litígio estratégico à proteção de
direitos humanos de pessoas em jurisdição brasileiro. Percebeu-se o impacto imediato e positivo do
SIDH à situação de direitos humanos no Hospital Psiquiátrico São Pedro e no Hospital Colônia Itapuã
e no território brasileiro como um todo.
Conclusões/Recomendações
Por fim, essa ação foi o início de movimento para realização de audiência temática na CIDH, que
chamou a atenção pública internacional não apenas sobre a situação de direitos humanos nos
Hospitais metropolitanos, mas sobre todos os Hospitais Psiquiátricos e Comunidades Terapêuticas no
território brasileiro.
Palavras-chave: Direitos Humanos; Saúde Mental; Sistema Interamericano de Direitos Humanos;
Covid-19.

262
Saúde mental, arte e desinstitucionalização: um relato estético-poético-teatral de uma
ocupação da cidade

Glauber Weder dos Santos Silva - Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte
Júlia Monteiro Schenkel - UFRN
Ana Clara Paiva de Almeida - UFRN Maxwell Menezes Silva - UNIFACEX
Sara Eloise Argimiro Ribeiro - UFRN

RESUMO
Trata-se de um relato de experiência dentro do campo da desinstitucionalização da loucura e da saúde
mental a partir do Centro de Convivência e Cultura (CECCO) de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil,
em parceria com o projeto de extensão da UFRN Oficina de teatro e saúde mental no Centro de
Convivência e Cultura de Natal/RN e da Fundação Capitania das Artes. A intervenção urbana O
Pequeno Príncipe ocupa a Ribeira foi inspirada na obra do escritor Saint-Exupéry. Abandonamos a
ideia tradicional de palco, na qual público e atores estão bem separados e demarcados e passamos a
construir uma ocupação artística urbana, na qual efeitos estéticos foram produzidos em encontros não
previstos e inusitados pela cidade. Apresentamos cinco atos: (1) A Galeria de Arte B-612; (2) O
encontro do pequeno príncipe e a rosa; (3) A vendedora de pílulas no planeta da medicalização; (4)
Batuqueiros pássaros selvagens das emoções; (5) O planeta das mulheres rendeiras. Experimentamos
nessa intervenção os alcances de uma clínica-estética que, ao se abrir para a rua e para a arte, se
amplia e se tece no território, instrumentalizado pelo teatro, dança, poesia, percussão, artesanato e
ocupação da cidade. Buscamos nos distanciar de uma lógica manicomial para inventar uma clínica
antimanicomial que através da força dos coletivos, da convivência e da arte, se conecte com o chão
da cidade, construindo uma clínica que se dá na imanência com os territórios de existência dos
convivas.
Objeto do Relato
intervenção estética, poética e teatral na cidade a partir do Centro de Convivência de Natal
Objetivos
relatar a experiência de uma produção estética, poética e teatral de ocupação da cidade a partir de um
dispositivo da Rede de Atenção Psicossocial, com vistas a oferecer espaço de sociabilidade, produção
e intervenção cultural.
Análise Crítica
A realização da intervenção-estética demandou alterações no cotidiano do serviço e produziu efeitos
de desinstitucionalização, assim como esforços de toda a equipe e convivas ao desacomodar sua
organização cotidiana e sua grade de horários de oficinas . Aprendemos que a desinstitucionalização
não se dá sem uma certa disposição a entrar em contato com o caos, com a recusa a responder
facilmente à pergunta O que devo fazer? , colocada por muitos convivas e recolocada de outro modo:
O que podemos/queremos criar? . O movimento que a intervenção estética gerou no coletivo de descer
do palco em direção à rua se conecta com a torção da clínica que buscamos sustentar no cotidiano do
CECCO.
Conclusões/Recomendações
Recomendamos a manutenção de espaços, como dos Centos de Convivência, para o protagonismo e
capacidade de criação dos convivas e ocupação da cidade de forma a interferir na rotina, causar
estranhamentos e a ressignificação do espaço, da população presente e da cultura já estabelecidos
Palavras-chave: Saúde Mental; Desinstitucionalização; Cidades

263
Serviço social na atenção psicossocial e o tratamento do álcool e outras drogas: um relato de
experiência

Cleber Eduardo Ribeiro

RESUMO
A experiência relata a vivência de um profissional da área da assistência social inserido em um
Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental. A prática se deu em serviços
especializados na área de uso de álcool e outras drogas (Unidade Básica de Saúde, CAPSAd, Serviço
de Atenção e Referência em Álcool e Drogas (SARAD)- internação). De forma geral, o assistente
social é procurado para atuar na investigação da conjuntura familiar, tendo como matéria prima do
seu trabalho as múltiplas questões da expressão social no campo da saúde mental ou em outro espaço
sócio ocupacional. As intervenções mais comuns solicitadas são: grupo de família, orientações sobre
BPC e articulação com a rede. As intervenções na UBS foram as mais difíceis, pois o usuário vem
desprovido de sua vida de cidadão e, neste contexto, o serviço social concentra suas ações no
acolhimento em suas singularidades, por meio da leitura do contexto em que este está inserido para
encaminhar, orientar ou iniciar o acompanhamento programado. No CAPS, a atuação se dá
prioritariamente no acolhimento e escuta e aplicação de instrumentos como AUDIT. No modelo de
internação (SARAD) percebe-se que a atuação profissional é mais centrada no trabalho dos vínculos
familiares e articulações em rede.
Objeto do Relato
Refletir sobre a atuação do serviço social na área de álcool e outras drogas.
Objetivos
Promover a discussão sobre a vivência do Assistente Social no Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde Mental, e o enfrentamento no tratamento do álcool e outras drogas.
Análise Crítica
Embora haja um alinhamento entre os pressupostos do código de ética do Assistente Social, SUS e
da Atenção Psicossocial, no que se refere à promoção da autonomia, emancipação, equidade, justiça
social, universalidade de acesso aos bens e serviços, eliminação de todas as formas de preconceito,
respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das
diferenças, as intervenções aqui relatadas mostraram que a prática do Serviço Social na área necessita
de uma reflexão a fim de promover maior integralidade e diversidade de ações. A formação
profissional permite ampliar os espaços de atuação para além do que se entende como sendo
especifico da área.
Conclusões/Recomendações
Trabalhar com a questão do uso de álcool ou outras drogas exige múltiplas tarefas do assistente social,
no entanto, os serviços de uma forma geral, parecem entender que a investigação da conjuntura
familiar e benefícios sociais é a área de maior habilidade do serviço social.
Palavras-chave: Serviço social; Saúde Mental; álcool e outras drogas.

264
Sobrediagnóstico em Saúde Mental: um estudo da depressão

Aline Mendonça Lima Degrave - ENSP

RESUMO
A psiquiatria tem como iniciativa abranger novas formas de sofrer, refletida no aumento de categorias
diagnósticas numa tentativa de rastrear o mal-estar na subjetividade, apagando condições próprias à
experiência humana e aspirando à universalidade. A depressão é caracterizada como um distúrbio de
humor e considerada pela OMS como um dos maiores fardos atuais à saúde global e a principal causa
de incapacidade no mundo, afetando 264 milhões de pessoas no mundo. No campo da saúde mental,
o sobrediagnóstico aparece em quadros onde identifica-se um mal-estar que pode ser proveniente de
experiências de vida que não precisariam de intervenção médica ou medicamentosa, quando essas
sensações aparecem em função de eventos da vivência humana e são percebidas como doença e
medicalizadas.
Objetivos
A partir da hipótese de que o sobrediagnóstico biomédico na depressão sofre influência de aspectos
teóricos, econômicos, sociais, culturais, políticos e circunstanciais dominantes, afastando-se da
experiência pessoal do usuário atendido, buscou-se investigar como o fenômeno sobrediagnóstico se
manifesta na depressão, discutindo a partir da literatura científica contemporânea em revisão de
escopo.
Metodologia
O método proposto para esta pesquisa consiste em uma Revisão de Literatura de Escopo, abordagem
emergente e de crescente popularidade. A Revisão de Escopo teve como bases de dados selecionadas
Scopus, Web of Science, Pubmed e Lilacs, buscando os termos sobrediagnóstico, sobretratamento e
sobremedicação em casos de pessoas com diagnóstico de depressão sem comorbidades. Foram
consideradas produções em inglês, português e espanhol, no período de publicação dos últimos dez
anos, publicados em formato de artigo, capítulo, dissertação ou tese, de estudos de fonte primária ou
secundária.
Resultados
Os dados coletados foram inicialmente tratados em exclusão de duplicatas, seguido de leitura de
títulos e resumos por dois revisores. Finalmente, os critérios de elegibilidade foram aplicados para a
composição da amostra final de documentos, que selecionou 22 elementos textuais finais dos 363
elementos iniciais. Os procedimentos de análise de dados contaram com o uso dos programas
Mendeley e Excel, e suas etapas foram coerentes com as Normas PRISMA para Revisões de
Literatura de Escopo e com o Manual de Síntese de Evidências JBIC. Posteriormente, os dados foram
categorizados utilizando o método de análise temática categorial, agrupados de acordo com os
principais temas comuns aos textos e codificados para discussão teórica aprofundada com a literatura
em saúde mental e psicopatologia. Os resultados serão discutidos a partir do campo da saúde coletiva.
Palavras-chave: depressão; sobrediagnóstico; sobretratamento; sobremedicação; medicalização.

265
Tecendo práticas grupais em meio a pandemia por COVID-19: uma experiência em rede
universitária interinstitucional a partir da sociopoéticaCA

Ana Kalliny de Sousa Severo - UFRN


Ana Karenina de Melo Arraes Amorim - UFRN
Antônio Vladimir Félix da Silva - Universidade Federal do Delta do Parnaíba
Flávia Helena Miranda de Araújo Freire - UFF
Shara Jane Holanda Costa Adad - Universidade Federal do Piauí

RESUMO
O contexto da COVID-19 teve inúmeros efeitos na vida e na saúde mental da população brasileira. A
necessidade do distanciamento social produziu mudanças nos espaços em que se operam as políticas
públicas, dentre elas, na saúde, cultura, e educação, dentre outras. Particularmente nos espaços
universitários, o distanciamento social trouxe o desafio da continuidade da formação com um caráter
participativo, além dos efeitos na saúde mental de estudantes e docentes universitários. Desse modo,
fez-se necessário a reinvenção de práticas de educação e de cuidado que possibilitassem a
continuidade de práticas grupais. Em uma ação interinstitucional envolvendo três universidades do
Nordeste e Sudeste, realizamos um curso utilizando a sociopoética. Frente ao contexto de pandemia
o curso foi desenvolvido em nove meses no ano de 2020, por meio das tecnologias digitais de
comunicação. O público-alvo foi: estudantes de graduação e pós-graduação das universidades e
profissionais com atuação nas Políticas Públicas de saúde, assistência social, educação e cultura. Os
encontros foram quinzenais, com oficinas tecidas a partir de elementos do campo da arte, estimulando
a criatividade grupal para a construção dos confetos (conceitos+afetos) em torno dos Sonhos. Após a
realização das oficinas, desenvolvemos três encontros de discussão do grupo para análise coletiva do
material produzido. Foram construídos diário de itinerância e os encontros foram gravados.
Objeto do Relato
As produções desenvolvidas ao longo de nove meses a partir da perspectiva da sociopoética.
Objetivos
Analisar os efeitos produzidos por meio de um curso de extensão em sociopoética e suas repercussões
para práticas formativas e de cuidado em saúde mental em contextos universitários.
Análise Crítica
Os confetos e o processo vivenciado permitiram a expressão daquilo que singularizou o grupo perante
outras práticas grupais, com questionamentos em torno do gênero, de raça, da produção racionalizada
acadêmica em detrimento a uma produção sensível. A experiência possibilitou também a construção
de inovações nas práticas grupais, por meio da invenção e experimentação de tais práticas no contexto
remoto até então não vivenciados pelos participantes. Assim, ocorreu o fortalecimento de redes de
apoio entre os sujeitos, produzindo percursos formativos de cuidado em saúde mental a partir dos
processos universitários.
Conclusões/Recomendações
Estimular práticas grupais a partir da sociopoética no campo intersetorial da saúde mental pode
mobilizar grupos-sujeito, favorecer a construção e o fortalecimento de saberes não acadêmicos
historicamente desvalorizados, e atuar na construção de redes de solidariedade e de saúde mental.
Palavras-chave: Educação universitária; saúde mental; sociopoética; práticas grupais.

266
Violência Sexual Contra Crianças E Adolescentes: Impactos Sobre Trabalhadores De Serviço
Público Hospitalar

Ailton de Souza Aragão - Universidade Federal do Triângulo Mineiro


Miriam Queiroz Braga Costa e Silva - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Rosimar Alves Querino - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Mariana de Andrade - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Camila Okubo - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Silvia Rosa Prieto Urzêdo - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Priscila Queiroz de Almeida Bonatelli - Universidade Federal do Triângulo Mineiro

RESUMO
A violência se apresenta como grave problema de saúde pública e as crianças e adolescentes figuram
como suas maiores vítimas, às quais incorrem, majoritariamente para os serviços públicos de saúde.
Uma variável dessa problemática se dirige aos trabalhadores de serviços de referência hospitalar, os
quais nem sempre contam com a retaguarda institucional para acolhimento do sofrimento
experimentado nos acolhimentos e atendimentos. Ainda que haja uma Política Nacional de Promoção
da Saúde do/da Trabalhador/a, esta passa ao largo desse cenário e ainda, um panorama de referência
teórico-político-assistencial poderia contribuir com a promoção integral da saúde desses
trabalhadores.
Objetivos
Analisar os efeitos dos atendimentos aos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes
realizados por uma equipe multiprofissional de um Hospital de Clínicas no Triângulo Mineiro.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva realizada em um hospital público regional de referência
em Minas Gerais. Após os convites, a amostra fora composta por 9 trabalhadores, atuantes em
diferentes setores. Após o Consentimento, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, presenciais,
em local de escolha do participante, e on line, via plataforma Google Meet; os depoimentos foram
gravados e transcritas na íntegra. Adotou-se a análise de conteúdo temática.
Resultados
Os profissionais integram os serviços de Pronto Socorro, Unidade Ambulatorial, Unidade de Atenção
Psicossocial e Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente. A maioria são mulheres e a
profissão majoritária fora o Serviço Social. Dentre os temas emergentes: Limitações do processo
laboral dilemas para a práxis , marcados pela escassez de força de trabalho, insuficiência de estrutura
física, falta de cursos de capacitação. Saúde mental: cuidando-me externamente , na qual os
profissionais procuram ajuda psicológica particular. Diante das ameaças ao SUS, faz-se urgente agir
efetivamente para promoção integral da Saúde do Trabalhador/a hospitalar que atendem crianças e
adolescentes vítimas de VS. A avaliação participativa dos espaços físicos e dos processos de trabalho
podem resultar em projetos e programas que promovam o cuidado de si, enquanto corpo coletivo, que
repercuta em melhorias na qualidade de vida no trabalho, destes, o aspecto psíquico, garantindo,
assim, a oferta humanizada de serviços às crianças, adolescentes e à comunidade.
Palavras-chave: Violência sexual; Crianças; Adolescentes; Saúde do/a trabalhador/a. Atendimento
hospitalar.

267
Vivências de uma psicóloga residente em um estágio optativo na RAPS de João Pessoa/PB

Isabela Dantas da Silva - Hospital Municipal Dr Moyses Deutsch


Cristiane Lara Mendes-Chiloff - FMB/UNESP

RESUMO
A iniciativa pela realização do referido estágio decorreu do interesse da psicóloga residente em
conhecer a articulação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município de João Pessoa, cuja
rede possui uma pluralidade de serviços de saúde mental.
O trabalho realizado possuiu caráter observacional e teve duração de 17 dias, com carga horária de
152 horas. Foram percorridos os seguintes equipamentos de saúde: Centros de Atenção Psicossocial
(sendo 1 na modalidade III adulto e 2 na modalidade III Álcool e Drogas), 1 Consultório na Rua, 1
Unidade de Saúde da Família e Secretaria Municipal de Saúde.
Observou-se que os serviços visitados efetuaram práticas de cuidado em saúde mental que
promoveram autonomia e vinculação dos usuários e familiares, tais como: escuta qualificada,
acolhimento, Projeto Terapêutico Singular (PTS), oficinas educativas, grupos temáticos, rodas de
musicalidade, ações em saúde comunitárias, estratégias de Redução de Danos (RD), Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde, atividades de lazer extramuros e atendimentos
multiprofissionais de promoção, prevenção e reabilitação da saúde.
As ações foram dirigidas aos usuários e familiares dos serviços de saúde mental e à população do
território em que estavam inseridos, oferecendo-lhes cuidado ampliado, integral e articulado com os
equipamentos da rede, como é preconizado pelo Ministério da Saúde através da Portaria nº 3.088, de
23 de dezembro de 2011, que institui a RAPS e direciona o seu funcionamento.
Objeto do Relato
Estágio optativo realizado na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de João Pessoa/PB.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é propor uma descrição crítica-reflexiva de uma Rede de Atenção
Psicossocial. Intenta-se apresentar práticas de cuidado promovidas por equipamentos de saúde bem
como a percepção de uma psicóloga residente em Saúde do Adulto e do Idoso sobre as potencialidades
e fragilidades de cada serviço.
Análise Crítica
As práticas de cuidado nos equipamentos visitados foram desenvolvidas de formas coletivas e
comunitárias, promovendo incentivo à autonomia dos usuários e reinserção social. Foi notória a
presença de humanização no cuidado em todos os serviços visitados, importante diretriz para
assistência e gestão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Todavia, foi constatado precariedade na organização do trabalho em alguns cenários (infraestruturas
inadequadas, falta de recursos físicos e materiais) que dificultaram a execução das práticas de cuidado
pelos profissionais. Entretanto, apesar dos fatores mencionados, foi possível efetivar o cuidado em
rede com os atores sociais.
Conclusões/Recomendações
O cuidado realizado na RAPS do território foi produzido pela articulação dos equipamentos de saúde.
Apesar da amplitude da rede, considera-se imprescindível mais serviços de bases territoriais e
comunitárias, além de novas práticas de cuidado em saúde mental, para um cuidado integral à
população.
Palavras-chave: Rede de atenção psicossocial; Saúde mental; Estágio optativo.

268
A cannabis é complemento ou substituto do uso de álcool e opioides? Uma revisão de escopo
de estudos longitudinais

João Ariel Bonar Fernandes - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

RESUMO
Desde o começo da guerra às pessoas que usam drogas até o momento presente, o uso da cannabis é
colocado como "porta de entrada" para o uso de drogas mais nocivas, sugerindo um mecanismo de
complementaridade entre drogas. Nesta revisão de escopo, fruto de uma parceria entre pesquisadores
do Brasil e Canadá, investigamos a influência do uso de cannabis nos padrões de consumo de
substâncias associadas a altas taxas de mortes nestes dois países: álcool e opioides. O uso nocivo de
opioides pode ser substituído pelo uso de cannabis, e há condições que influenciam o uso substitutivo
ou complementar entre cannabis e álcool. Ademais, discutimos a importância da legalização da
cannabis e do preparo de profissionais de saúde, e o desenvolvimento de uma promissora ferramenta
de redução de danos.
Objetivos
Esta revisão de escopo reuniu estudos longitudinais de coorte e randomizados duplo-cego (RCT) que
demonstram a relação de substituição e/ou complementaridade entre o uso de cannabis e/ou álcool.
Metodologia
Nosso mecanismo de busca foi aplicado pelo autor principal no PubMed e em repositórios de autores
e laboratórios notáveis desta área de pesquisa no Google Scholar e Research Gate, até Dezembro de
2021. Incluímos estudos publicados em inglês, longitudinais, com dados de nível individual, que
examinou o uso da cannabis como substitutivo e/ou complementar ao uso de álcool e/ou opioides. A
escala de avaliação da qualidade de estudos Cochrane e Newcastle-Ottawa foram utilizadas. O estudo
segue os requisitos do manual PRISMA-ScR.
Resultados
A busca inicial reuniu 317 artigos; 32 atenderam o critério de inclusão 28 estudos de coorte e 3 RCTs
com um total de 24532 participantes. A maioria dos estudos com opioides demonstraram padrões de
substituição, especialmente em casos de acesso legal à cannabis e sob orientação médica, e entre
pacientes com dor crônica ou em tratamento para transtornos por uso de opioides. Em estudos com
álcool, ambos os padrões foram observados nas coortes encontradas. Padrões de complementaridade
foram associados ao uso ilegal de cannabis, sintomas de transtornos de saúde mental e à frequentação
de festas e contextos similares. Padrões de substituição foram associados ao uso legal de cannabis,
fatores de personalidade, e estar em tratamento por uso de substâncias. O uso de cannabis legal, sob
orientação de profissionais de saúde preparados e programas de prevenção, parece estar associado à
diminuição do uso de opioides e álcool, e pode ser especialmente útil para pessoas em tratamento por
uso de drogas. Mais estudos com rigor metodológico, investigando as cepas apropriadas e as
características das populações, são necessários para o avanço desta promissora ferramenta de redução
de danos.
Palavras-chave: Cannabis; Substituto; Complemento; Álcool; Opioides.

269
A Clínica nos Territórios: escutando as políticas de sofrimento

Daniel Oliveira Silva - Consultório e Coletivo Escuta na Praça


Laura Carneiro Amieiro - Coletivo Escuta na Praça - Juiz de Fora-MG
Aline Eiterer de Souza - Coletivo Escuta na Praça - Juiz de Fora-MG
Cássio Ricardo M. Ferreira Castelani - Coletivo Escuta na Praça - Juiz de Fora-MG

RESUMO
O projeto Escuta na Praça é uma proposta de ocupação e atendimento psicológico em praça pública
no município de Juiz de Fora - MG estruturado a partir da busca por furar a lógica mercadológica e
individualizante nas políticas de saúde mental. O grupo composto por psicólogos e psicanalistas conta
com três frentes de trabalho: grupo de formação aberto sobre clínica, política e território; plantão
semanal de escutas psicológicas gratuitas na Praça da Estação; e plantão online iniciado durante a
pandemia que se mantém ativo ainda hoje.
O grupo teve início no Congresso da Abrasme 2018, a partir da fala do psicanalista Thales Ab´Saber
sobre sua experiência na Clínica Aberta da praça Roosevelt em São Paulo. Ali a semente foi plantada,
mas apenas no ano seguinte, com a crescente agressividade que cercava os debates eleitorais em 2018,
um grupo de psicólogos inquietos diante dos rumos políticos decide se organizar em um coletivo
intitulado Psicólogos pela Democracia . Após debates, estratégias foram pensadas para acolher e
intervir a partir dessas afetações e dentre elas, surge a proposta do projeto que viria a ser intitulado
''Escuta na praça''.
Desde então, o grupo segue se reunindo semanalmente para estudar e sustentar a prática de uma
clínica indissociável do contexto político que reverbera nos processos de saúde e padecimento dos
mais diversos sujeitos, se atentando para os engodos do neoliberalismo que prescreve a
individualização desses processos.
Objeto do Relato
A (re)construção do coletivo Escuta na Praça através da problematização de sua prática.
Objetivos
Objetiva-se organizar e destrinchar o acolhimento da agressividade gritante nos debates políticos e
nas relações sociais, mas não só nestes, para reconhecermos também a escuta enquanto um direito
fundamental emancipatório, visando acolher o que a violência denuncia: a dificuldade em se
reconhecer e ser reconhecido no território em que se circula.
Análise Crítica
A partir da possibilidade de escuta mediada por equipamentos de telecomunicações, que iniciou
durante a pandemia, e com as trocas de experiências com outros coletivos de escuta gratuita no Brasil,
observamos que Juiz de Fora - MG apresenta impasses nos processos de escuta à diversidade de
demandas dos sujeitos sociais, talvez por seu histórico manicomial e colonial marcante ainda em sua
cultura atual. Observa-se em relatos verbais e corporais, certo constrangimento para se
disponibilizarem nas escutas presenciais. Assim a disponibilidade da escuta traz consigo a
necessidade da interação ativa com toda ecologia que cerca esta prática.
Conclusões/Recomendações
A escuta na praça precisa também ser da praça, enquanto território físico e subjetivo dos sujeitos que
por ali circulam, como também do território físico e cultural onde a praça está, pois esta é signo
norteador para promoção de uma escuta promotora de trocas e subjetivações.
Palavras-chave: Escuta; Território; Política.

270
Acompanhamento Terapêutico e a resistência às práticas manicomiais e institucionalizantes
na cidade do Rio de Janeiro

Catherine Ruiz Marques Ferreira da Cunha - Clínica Locus/NEPP-DH


Gabriel de Almeida Belmonte - Clínica Locus/IPPES Brasil

RESUMO
A Locus, coletivo clínico de psicanálise localizado no Rio de Janeiro, oferece a prática de AT por
psicólogos nos setores públicos e privados, alicerçados pela formação em psicanálise, prática clínica
do consultório, do acompanhamento terapêutico e do próprio trabalho em coletivo. Na clínica do ato,
o acompanhamento terapêutico carrega enquanto estrutura de sua práxis a provocação e resistência
ao lugar de segregação dado ao diferente. Junto à Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, há no
lugar do AT aquele que, em território, aposta com seu próprio corpo no sujeito subjugado e, por vezes,
reduzido à loucura e ao sofrimento. Se propondo ao agora da clínica, aos acontecimentos da rua e à
incumbência da clínica ampliada, o acompanhante está atribuído, entre diálogos e pactuações
possíveis, a pensar a vida do acompanhado junto a ele, construindo a corporeidade do sujeito e
pensando o que é de necessidade social para estar na vida, assim como, aquilo de individual que
precisa ter lugar. Ao pensarmos pacientes institucionalizados por longas datas e/ou submetidos à
cárceres e práticas familiares manicomiais, o AT provoca, aposta e expande em ato as nomeações e
percursos do sujeito psicótico e/ou pacientes cronicamente adoecidos. Em constante articulação de
rede — instituições de saúde, instâncias do SUS, rede familiar, escolar, atores de impacto no
individual e na história do acompanhado — atuamos no auxílio, resgate e construção do cuidado a
partir do protagonismo do sujeito.
Objeto do Relato
Desinstitucionalização do cuidado à saúde mental pela prática do Acompanhamento Terapêutico
Objetivos
Discutiremos as potências e dificuldades encontradas no trabalho atravessadas pela historicidade,
teoria e prática do acompanhamento terapêutico (AT) contemporâneo. Pensaremos e proporemos o
campo do cuidado, criação e sua manutenção em ato, prezando o acolhimento e protagonismo dos
acompanhados, bem como suas diversas formas de estar no mundo.
Análise Crítica
Em construção clínica coletiva, a função do acompanhante terapêutico em cada caso não está dada a
priori. Ocupando lugar privilegiado pelo não saber, a prática oferece espaço para um cuidado baseado
de forma individual, humanizada e no território. Os praticantes tendem a encontrar dificuldades na
recepção e interpretação do trabalho a ser realizado, bem como empecilhos de sua inserção e
tessituras, devido ao esvaziamento da prática e troca das lógicas do cuidar — considerando o destaque
brasileiro no desenvolvimento da prática de AT na América Latina da década de 70. Demandando,
assim, embasamento teórico, histórico e supervisionado para acompanhar e propor novas inserções.
Conclusões/Recomendações
O dispositivo clínico do AT, crítico e antenado, na história e no contemporâneo, tem potência a
desinstitucionalizar, resistindo à lógica manicomial. Assim, é possível traçar estratégias de cuidado
em constante formação, supervisão clínica, acionamento e tessitura de redes do sujeito.
Palavras-chave: Acompanhamento Terapêutico; Práticas de Cuidado; Saúde Mental;
Desinstitucionalização; Clínica Ampliada.

271
Assistência de Enfermagem aos Indivíduos com Transtornos Mentais: da Reforma à
Atualidade Psiquiátrica

Uiasser Thomas Franzmann - UNIRITTER - Centro Universitário Ritter dos Reis


Francielle Santos Cardoso - UNIRITTER
Camila Neumaier Alves - UNIRITTER
Andreia Saneski - UNIRITTER
Jean Silva de Paula - UNIRITTER

RESUMO
A trajetória do cuidado em saúde mental retrata a fragilidade assistencial aos indivíduos em
sofrimento psíquico, sendo estigmatizada, marcada pela discriminação e isolamento do sujeito.
Considerando a deficiência do cuidado e a necessidade de mudanças, surgiram movimentos que
criticavam a violência asilar e o modelo hospitalocêntrico adotado.1
Tendo em vista as mudanças ocorridas em prol dos direitos dos portadores de transtornos mentais, o
processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira caracteriza-se por desconfigurar o modelo psiquiátrico
clássico, efetivar a integralidade do cuidado, visando a desinstitucionalização e valorização do
indivíduo.2 Assim, vê-se a necessidade de trazer à discussão se a assistência de enfermagem atual,
articula-se ou não com os preceitos da reforma psiquiátrica.
Objetivos
O presente trabalho tem o objetivo de analisar se a assistência de enfermagem aos indivíduos com
transtornos mentais está estruturada de acordo com os preceitos da reforma psiquiátrica.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa, realizada em outubro de 2021, na Biblioteca Virtual Em Saúde
(BVS), sendo utilizado como método a combinação dos seguintes descritores: Saúde Mental OR
Reforma Psiquiátrica AND Enfermagem .
Identificaram-se 88.230 artigos, a partir dos quais foram realizados a aplicação de filtros: textos
completos, idioma português, últimos 10 anos, sendo identificados 698 artigos. Após a leitura de
títulos, foram selecionados 21 artigos, após foi realizada a leitura dos resumos, resultando em 19
artigos. A partir da leitura na íntegra, 15 artigos foram selecionados.
Resultados
Foram encontrados estudos que descrevem as questões referentes ao cuidado prestado aos portadores
de transtornos mentais, às competências e habilidades dos profissionais enfermeiros na área, assim
como seu entendimento sobre a saúde mental.
O estigma direcionado a pessoas com sofrimento psíquico, tanto pela sociedade, quanto pelo próprio
profissional de enfermagem ainda é bastante evidente, entranhando-se aos padrões da psiquiatria
tradicional, afetando de forma negativa a qualidade assistencial prestada.3
A assistência de enfermagem ao paciente com transtorno mental é ineficiente, devido à falta de
capacitação, a insegurança dos profissionais e na compreensão discordante em saúde mental, assim
como pela falha no entendimento das condutas estipuladas pela reforma psiquiátrica, o que resulta
em um cuidado nos moldes da psiquiatria tradicional.4,5
Conclui-se que, se faz necessário a alteração na postura do profissional enfermeiro em relação aos
portadores de transtornos mentais, a fim de promover o acolhimento, a inclusão e fortalecer o vínculo
para um resultado assistencial positivo.
Palavras-chave: Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica; Enfermagem.

272
Construção da demanda e trajetórias nas buscas de cuidados de usuários da Rede de Atenção
Psicossocial de Fortaleza-CE

Daiana de Jesus Moreira - CAPS


Maria Lucia Magalhaes Bosi - Universidade Federal do Ceará

RESUMO
Os itinerários terapêuticos percorridos em busca de cuidados para o alívio do sofrimento psíquico nos
revelam como se produz a demanda dos usuários e os processos pelos quais os indivíduos ou grupos
sociais escolhem, avaliam e aderem (ou não) a determinadas formas de tratamento, já que estes
encontram diferentes maneiras de resolver os seus problemas de saúde, possibilitadas por uma
variedade de serviços terapêuticos, no sentido geral do termo, e estes ainda desenvolvem diferentes
métodos e premissas para explicar as aflições dos pacientes. Além disso, a decisão de procurar certas
formas de tratamento e os modos como os sujeitos vão se comportar em relação à terapêutica adotada
depende, em grande parte, dos significados associados à experiência da doença mental.
Objetivos
Analisar a construção da demanda e as trajetórias nas buscas de cuidados percorridos pelos usuários
da RAPS em busca da resolução de seu sofrimento psíquico.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa crítico-interpretativa, desenvolvida por meio de análise de
prontuários, observação sistemática e entrevistas narrativas com usuários (e seus familiares) em três
serviços da RAPS: um CAPS Geral, um Hospital Psiquiátrico e leitos psiquiátricos em hospital geral
de Fortaleza-CE.
Resultados
Os resultados apontaram que a decisão de procurar certas formas de tratamento e os modos como os
sujeitos vão se comportar em relação à terapêutica adotada depende, em grande parte, dos significados
associados à experiência da doença mental. Um indivíduo pode acionar diferentes recursos de cura
para a mesma ou diferentes perturbações concomitantemente, que funcionam em uma lógica de
complementaridade em relação a sua eficácia e a busca de cuidados perpassou os diversos serviços
da RAPS, as instituições psiquiátricas e os espaços religiosos. Fundamental foi o papel da família
neste processo de escolha, cuidado e busca de tratamento. Acreditarmos ser necessário que os serviços
de saúde da RAPS aprofundem discussões acerca do real papel de cada um para com os sujeitos em
sofrimento psíquico, sobretudo por se tratarem de equipamentos substitutivos e a necessidade de
reposicionar a proposta de tratamento para o lugar do cuidado, além de desconstruir a noção de cura
para propor a melhoria da qualidade de vida por meio da reabilitação psicossocial.
Palavras-chave: Serviços de saúde mental; acesso; Itinerário Terapêutico.

273
Crise e cidade: construções para a cidadania

Cristhian Ricardo Schieck - CAPS III Adulto Lapa


Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - Professora Sênior da Escola de Enfermagem da USP.
Líder do Grupo de Estudos em Álcool e Drogas.

RESUMO
Lurdes esteve em crise e em acolhimento integral no CAPS há cerca de um mês, onde em diversas
situações evidenciou-se o quanto sua crise estava atrelada à sua existência complexa e que colocava
o serviço que a cuidava em crise junto dela. A desorganização parecia estar atrelada ao existir
complexo junto das relações afetivas fragilizadas - o companheiro, os familiares, a ausência da mãe
que faleceu e a casa, herdada da mãe e ameaçada pela relação conflituosa com as irmãs. Em meio à
delicada situação, o companheiro de Lurdes recebe a informação de que ela deveria fazer a prova de
vida do INSS para continuar recebendo o benefício. L é uma mulher de 70 anos, branca, com os
cabelos pintados de castanho escuro e as raízes brancas, à mostra. Gosta de usar vestidos floridos e
aparenta ser muito mais jovem. Ela mora com o companheiro, com quem vive a 20 anos em uma
pequena vila localizada em uma das fronteiras da cidade. Acompanho Lurdes até o Poupatempo do
bairro. Lurdes entra no prédio e, em meio à multidão, passa a agir diferente: seus olhos ficam grandes,
estagnados. Percebo-a mais inquieta, passa a repetir as mesmas frases e começa a andar rápido por
um longo corredor central. Vai reto nos consultórios médicos localizados no fim desse longo corredor,
falando em alto e bom tom: buceta, buceta, buceta, buceta . Eu vim fazer exame de buceta!! Eu e uma
colega estamos juntos com Lurdes tentando acalmá-la, enquanto seu companheiro fala com um
atendente...Continua.
Objeto do Relato
Uma cena clínica que questiona os limites da atenção à crise no território frente à cidadania.
Objetivos
Discutir aspectos do cuidado em liberdade, sobretudo em situações inesperadas que podem instaurar
crise nos processos de trabalho de profissionais; fomentar a troca de experiências e reafirmar como o
diálogo com a sociedade e o criar como sustentação do cuidado em liberdade podem ampliar os efeitos
do trabalho em saúde mental.
Análise Crítica
A tomada de responsabilidade pelas equipes de serviço de saúde mental não tem lugar definido para
acontecer. Trata-se do entendimento de que é necessário conhecer as diversas formas e momentos das
pessoas que sofrem naquele território de referência, possibilitando que não sejam olhadas somente a
partir das situações de crise ou em situações de emergência, e realizadas práticas de acompanhamento.
Essas práticas se constroem no encontro, nas necessidades observadas pela equipe ou nas demandas
trazidas pela pessoa que é acompanhada. É a partir da relação tecida ao longo do acompanhamento,
em movimento que o prosseguimento da vida e dos projetos terapêuticos construídos coletivamente
se dão.
Conclusões/Recomendações
É com cuidado em liberdade que acompanhamos Lurdes e outras pessoas em suas andanças pelas
ruas e lugares que lhe são importantes, que com o passar do tempo os lugares e as questões que
emergem nas vivências se atualizam, prosseguindo a vida e o acompanhamento da vida em vez da
doença.
Palavras-chave: Atenção Psicossocial; Desinstitucionalização; Saúde Mental.

274
Desejo de internação versus cuidado em liberdade : Análise de caso

Camila Gabrielle dos Santos Mota


Edilson de Jesus Santos - Universidade Federal do Sul da Bahia
Alexandre da Cunha Peixoto - Universidade Federal do Sul da Bahia

RESUMO
O estágio no CAPS AD apresenta um desafio: lidar com o desejo da internação, que se apresenta
fortemente no cotidiano dessa instituição. Acreditamos na proposta do cuidado em liberdade, que é
um dos objetivos do CAPS AD. A escuta, nesse caso, buscou acolher, entender as motivações que
mobilizavam no usuário o desejo pela internação numa comunidade terapêutica, bem como
problematizar para refletir e elaborar sobre a decisão de apostar na internação ou no cuidado em
liberdade. O rompimento de vínculos familiares e o uso de substâncias psicoativas, levou o usuário a
buscar ajuda. As intervenções com o usuário e com o grupo diziam sobre se implicar com a vida,
responsabilidades, enfrentar problemas, o uso de drogas e o significado da internação. Nesses
encontros, foi possível perceber que o usuário reproduzia o discurso que permeia o imaginário social
de que a única solução para a abstinência é a reclusão, daí sua decisão inicial pela internação. Ao
passo que o usuário se vinculava ao CAPS, buscamos incluí-lo nos grupos psicoterapêutico.Este
usuário tem participado das atividades e repensado a respeito da necessidade de internação e se
envolver em seu processo de cuidado em liberdade.
Objeto do Relato
Trata-se da experiência com um usuário do CAPS AD a qual dialogamos sobre cuidado em liberdade.
Objetivos
Objetivos: Relatar a experiência no Estágio de Psicologia em Processos Psicossociais e Comunitários,
demonstrar a postura dos estagiários frente ao desejo de internação de um usuário do Centro de
Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, a importância do cuidado em liberdade e a desmistificação da
internação.
Análise Crítica
Percebemos que há uma recorrência de internação dos usuários, pois o discurso existente é que a
única possibilidade reabilitação para dependentes químicos é a internação, isso também circula no
CAPS AD (dispositivo, que se propõe ao cuidado em liberdade com abordagens que consideram o
sujeito em sua complexidade biopsicossocial). Diante disso, foi importante problematizar e discutir
sobre o que é a internação e cuidado em liberdade.Este usuário, ao experimentar as possibilidades de
cuidado e amparo que o CAPS AD proporciona, constatou que a internação não é a única alternativa.
O incômodo nos mobilizou para intervir e fazer da prática do cuidado uma prática ética.
Conclusões/Recomendações
É necessário explorar as potencialidades do cuidado que o CAPS AD proporciona, ao trabalhar com
o sujeito as formas de enfrentamento dos problemas, este assumiu a responsabilidade com seu
processo de reabilitação e de auto cuidado
Palavras-chave: Cuidado em liberdade; caps ad; saúde mental.

275
Educação Ambiental: Uma proposta a partir do cuidar

Arthur Daniel Pereira Borsato


Nicolle Oliveira Barbosa - Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto
Gabriella Maria Arndt Seikel - Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto
Gabriela Moraes Arêas - Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto
Eduarda Branco da Costa - Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto
Amanda Gonçalves de Oliveira Carvalhaes - Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto
Milena de Souza Meireles - Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto
Paola Lemos Quaresma - Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto

RESUMO
Com o crescente consumo e modelo de vida no qual o ser humano está inserido na atualidade, debates
em torno das temáticas de sustentabilidade tornam-se cada vez mais indispensáveis. Nesse cenário,
diante da oportunidade de uma parceria para trabalhar um projeto de Sustentabilidade com crianças
e adolescentes em uma ONG na cidade de Petrópolis, como estudantes de Psicologia da UNIFASE,
no contexto de um Programa de Educação Ambiental, optamos por apresentar a Educação Ambiental
(EA) por meio da conscientização e discussão a partir da categoria do Cuidado. Para elaborar a
sustentação teórica do projeto, recorremos ao trabalho de Leonardo Boff na medida em que este
elucida tal categoria como necessária à constituição do ser humano. Nesse sentido, nossa proposta é
resgatar essas atitudes uma vez perdidas e descuidadas através de proposições de novas formas de
pensar e agir em conjunto. A partir dessa perspectiva, o projeto ocorreu em dois turnos, com um grupo
de crianças no período da manhã e dois grupos na parte da tarde, um de crianças e outro de
adolescentes, em uma média de 8 alunos por grupo. Fomos ao todo oito estudantes de psicologia. Ao
longo de quatro encontros utilizamos de diálogos, dinâmicas e atividades lúdicas para buscar as
representações do cuidado nas vidas das crianças, qual era o sentido por trás desse conceito, onde
percebiam sua ausência ou presença, além de trazermos enfoque para a responsabilidade social que
possuem.
Objeto do Relato: A execução de um projeto de Educação Ambiental a partir do eixo do Cuidado com
alunos de uma ONG.
Objetivos: ampliar a percepção das crianças e adolescentes acerca do tema Cuidado; reconhecer a
prática do cuidado nas dimensões das relações intra e interpessoais, bem como na relação com o
ambiente; promover um ambiente para reflexão, debate e partilha para repensar práticas de cuidado
no dia a dia
Análise Crítica: O projeto realizado trouxe a oportunidade de criar um espaço de escuta e troca sobre
as formas de cuidado e descaso, que as crianças e jovens da ONG percebiam no espaço a sua volta
apostando, na possibilidade de melhoria dessa realidade, através da educação ambiental. Buscamos
ressaltar a relevância de cada ação individual dentro da coletividade, no ambiente e como as relações
em comunidade os afetam. Dentre os desafios a serem superados havia uma alienação contundente
que fazia com que os alunos tivessem dificuldade de se enxergarem afetados pela realidade, rodeada
de descaso, na qual se encontravam, e que teve de ser acolhida, trabalhada e transformada em um
potencial criador e modificador
Conclusões/Recomendações: Observamos no campo prático a importância de um espaço para
acolhimento e troca, possibilitando estabelecer diálogos sobre os sentidos do cuidado em suas vidas,
bem como, elaborar novas perspectivas sobre suas práticas e relações. Reforçamos a necessidade da
continuidade e aprofundamento do trabalho
Palavras-chave: Cuidado; Educação Ambiental; infantojuvenil; atividades socioeducativas.

276
Experiência de mulheres que ouvem vozes na afirmação da vida

Liamara Denise Ubessi - UNIPAMPA


Roberta Antunes Machado - Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozes/CMOV; IFRS
Luana Ribeiro Borges - Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozez/CMOV; Associação de Saúde
Mental de Uruguaiana AMU; UNIPAMPA
Thylia Teixeira Souza - Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozes/CMOV; UNISINOS
Larissa Dall’Agnol da Silva - Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozes/CMOV; Fórum Gaúcho de
Saúde Mental/FGSM; UFPEL
Francisca Mesquita Jesus - Coletiva de Mulheres que Ouvem Vozes/CMOV; Fórum Gaúcho de
Saúde Mental/FGSM; Fórum Municipal em Defesa da Saúde Mental, da Luta Antimanicomial e do
SUS

RESUMO
Nós, mulheres que ouvimos vozes, dos municípios de Pelotas e Uruguaiana no sul do Brasil, a partir
do contato com o Movimento Internacional de Ouvidores MIOV em 2017, muitas de nós saímos da
clausura de nós mesmas, do silenciamento que nos foi imposto na vida por ouvirmos vozes e por
resistirmos a denominação de doentes mentais. Sofremos muitas vezes por não encontrar eco nos
modos de conviver com as nossas vozes, e que não nos fossem tão danosas. Também, percebemos
que há várias interpretações sobre o que vivemos, não por nós, mas pelos outros, pela ciência
hegemônica, pela psiquiatria, pelo discurso religioso, pela sociedade e que nós podemos ser as
protagonistas das interpretações de nossa experiência, se assim o quisermos, pois, esta experiência
nos pertence. Ao falar de nossa experiência fomos encontrando outras companheiras, que também a
viviam. Deste modo, nós mulheres decidimos operar na afirmação da vida, criamos a Coletiva de
Mulheres que Ouvem Vozes - CMOV, espaços para difusão de outra concepção sobre a audição de
vozes, quais são: em 2018 - o Grupo de Ouvidoras e Ouvidores de Vozes ‘Voz as nossas Vozes’ na
comunidade, o Programa de Ouvidores de Vozes em uma rádio comunitária; 2020 - a criação do grupo
virtual de Auto Mútua Ajuda - AMA Ouvidor/a; 2021 - a criação do Grupo Vozes entre Nós, pesquisas
de teses de mestrado e doutorado. Essas iniciativas alcançam pessoas que como nós, ainda são
silenciadas, rotuladas, patologizadas e medicalizadas por ouvirem vozes.
Objeto do Relato: Experiência de mulheres que ouvem vozes na disseminação de outra abordagem
sobre a escuta das vozes.
Objetivos: Coletivizar a experiência de mulheres que ouvem vozes na ressignificação de si a partir
do encontro com o Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes (MIOV) e na criação de espaços
de difusão de outras abordagens sobre a audição de vozes.
Análise Crítica: Na difusão de outra abordagem sobre ouvir vozes, como inerente a condição humana,
percebe-se que é possível conviver com as vozes, mesmo as mais difíceis. Há estigma e preconceito
e na ajuda mútua, o suporte para seguir com este trabalho. Ouvir vozes é comum e cada pessoa
alcançada, ouvidora ou não, a reverbera como um rizoma. Somos filhas da Reforma Psiquiátrica, pois
em contrário, devido a essa experiência de vozes em nossas vidas, poderíamos estar
institucionalizadas, cronificadas, sem perspectivas de vida. Seríamos talvez mais um corpo nos
manicômios de alguma cidade do país, subjugadas e violentadas até pelos discursos, como o
hegemônico da psiquiatria, mais ainda, por sermos mulheres.
Conclusões/Recomendações: A difusão de outra abordagem sobre ouvir vozes, não como alucinação,
é libertadora na vida da pessoa que passa da condição de - doente mental - para sujeita da própria
existência. Protagonizar nesta difusão é ressignificar a si, mulher ouvidora, empoderamento, reformas
na Reforma e afirmação da vida.
Palavras-chave: Audição de vozes; mulheres; outras abordagens em saúde mental; protagonismo;
Reforma Psiquiátrica.
277
Experiências na pele: psicodrama com adolescentes sobre lgbqiafobia

João Paulo Santana da Silva - UFSJ - Universidade Federal de São João Del Rei
Caroline Teles Valeriano - Universidade Federal de São João del-Rei
Alexandre Coutinho de Melo - Universidade Federal de São João del-Rei
Elaine Cristina Dias Franco - Universidade Federal de São João del-Rei

RESUMO
A oficina foi realizada pela equipe de Residência Multiprofissional em Saúde do Adolescente, da
Universidade Federal de São João Del Rei em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de
Divinópolis, MG, a qual atua acompanhando adolescentes do território do bairro Icaraí, com sede na
unidade de Estratégia de Saúde da Família. O programa tem como objetivo a melhoria da assistência
à saúde do adolescente e da família nas áreas de atuação da assistência social, da enfermagem, da
fisioterapia, da odontologia, da nutrição e da psicologia, a partir dos princípios e diretrizes do Sistema
Único de Saúde. A oficina aconteceu em três momentos, inicialmente uma técnica de relaxamento
para que todos pudessem entrar em sintonia. Em segundo momento foi proposto uma história com
personagens principais do drama, frente a uma situação de homofobia, envolvendo todos os
participantes incorporados e os espectadores, com interrupções para acrescentar as possíveis
instituições que implicam no caso, como também a análise da história. E por último, os participantes
relatam o que aconteceu entre os personagens, como eles se sentiram, os motivos e quais possíveis
providências podem ser tomadas. Para mais, foi compartilhado histórias, experiências e afetos da
realidade em que eles vivem, convidando para que eles desenvolvam empatia e atitudes que podem
tomar diante de situações de homofobia, como experimentaram dentro do psicodrama.
Objeto do Relato
Adolescentes do Centro de Artes e Ofício do município de Divinópolis, Minas Gerais.
Objetivos
Utilizar do grupo como um espaço para que o indivíduo se colocasse como sujeito envolvido
diretamente, mesmo que no campo simbólico, em situações relacionadas à LGBTQIA+fobia.
Análise Crítica
A intervenção dos psicodramistas nessas relações grupo-organizacionais propõe-se a trilhar, junto
com os participantes, o desenho do como, onde, quando e por que esse processo de reprodução
acontece. A diversidade de técnicas e recursos que ele fornece facilita o acesso a temas de grande
complexidade, como questões relacionadas à sexualidade e à violência. O Psicodrama também
possibilita a expressão dos sujeitos de forma contextualizada e não isolada. As definições da do
psicodrama corroboram com a interação que os adolescentes tiveram com a equipe. Ao estar na
posição de sujeito refém e agredido de uma lógica de violência, o adolescente foi estimulado a pensar
e se colocar no contexto
Conclusões/Recomendações
A partir do psicodrama, foi possível propiciar aos adolescentes o reconhecimento de conflitos e das
diferenças. Os sujeitos buscaram alternativas para solução dos problemas, levando a uma expansão
dos recursos disponíveis para o adolescente lidar e entender a sua realidade e a de outros indivíduos.
Palavras-chave: Lgbtqi; lgbtqifobia; adolescente; psicodrama.

278
Mulheres, saúde mental e Reforma Psiquiátrica: contribuições feministas a partir da prática
como residente

Vanessa Crumial Herdy de Andrade - UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
Este trabalho parte de uma reflexão a partir da experiência como residente multiprofissional em Saúde
Mental, tendo como cenários de prática alguns dispositivos que compõem a RAPS. Do encontro com
muitas mulheres no cotidiano nestes serviços, fui
recolhendo impressões e afetações sobre a relação entre gênero, sofrimento psíquico e social e as
possibilidades de cuidado na RAPS. É possível pensar que os avanços do desmonte do manicômio,
enquanto instituição de captura das condutas desviantes e perpetuação de uma normatividade
heterossexual e cisgênero, foram acompanhados de um avanço nas discussões sobre as desigualdades
de gênero e seus impactos sobre a saúde mental, além do tensionamento das práticas que reforçam e
reproduzem a discriminação e violência contra as mulheres?
Objetivos
O presente trabalho se propõe a uma reflexão acerca das relações de gênero e o sofrimento psíquico
e social de mulheres usuárias da rede de Atenção Psicossocial (RAPS), assim como respostas e
caminhos encontrados nessa rede para fazer frente a essa realidade.
Metodologia
A discussão emerge das narrativas construídas a partir da experiência como residente em programa
de residência multiprofissional em Saúde Mental. Foi realizado um levantamento bibliográfico a
partir de contribuições teóricas dos feminismos interseccionais e epistemologias feministas, que
trazem os aportes dos estudos de gênero para compor o debate com o campo da saúde mental.
Resultados
Concluo atentando para a necessidade de avançarmos com o debate sobre as relações sociais e as
condições de vida e produção de saúde, uma vez que a luta antimanicomial é também a luta contra a
desigualdade e as opressões de gênero, raça e classe. É preciso que essas discussões façam parte da
agenda do campo da atenção psicossocial. Em tempos de retomada dos investimentos em espaços
asilares e a disseminação de um discurso cada vez mais conservador, se faz ainda mais necessário
repensar as estratégias de luta para que nossas práticas estejam a serviço da liberdade e da promoção
de melhores condições de vida. E para que esse tipo de abordagem possa ser implementado no âmbito
de uma macropolítica, é preciso que esse tema se torne pauta na formação dos profissionais, assim
como dos espaços onde se discutem as políticas públicas. Mas também é preciso pontuar que há ainda
muito o que avançar para que essa temática seja incorporada pelos atores que seguem na luta
antimanicomial e pela efetivação da Reforma Psiquiátrica no Brasil como parte de uma agenda
prioritária.
Palavras-chave: Mulheres; Reforma Psiquiátrica; Atenção Psicossocial.

279
NADA SOBRE NÓS SEM NÓS: Empoderamento da População em Situação de Rua nas
Políticas Sociais no Brasil

Tatiana Matias Lopes


Leonardo José da Silva - Prefeitura de Itajaí
Javier Ignácio Vernal - UFSC

RESUMO
Investigamos como a categoria de empoderamento proposta pelas políticas sociais se operacionaliza
nas práticas com a População em Situação de Rua (PSR), se usuários empoderados tendem a sofrer
retaliações nos serviços. A partir da experiência em serviços como CAPSad e CentroPop, constatamos
que o exercício da autonomia dos usuários, quando vai de encontro com visões de mundo e
julgamentos morais dos servidores, além de não aceito, é punido.
Pobreza e loucura, que guardam estreita relação com a PSR, foram historicamente criminalizadas. A
partir dos movimentos sociais, foram sendo construídas políticas públicas que preconizam a
humanização, estimulando o protagonismo dos usuários. A reforma psiquiátrica demarca o direito à
rua, em detrimento do manicômio, mas com consequências sociais outras
Objetivos
A pesquisa busca, de forma ampla discutir a construção das políticas sociais no Brasil, especialmente
as voltadas para a PSR, levando em consideração o contexto neoliberal. Tem como objetivo tensionar
as categorias de empoderamento, protagonismo e autonomia da PSR, sobretudo nas políticas de
Assistência Social e Saúde, refletindo sobre suas práticas, por meio das conceituações teóricas de
poder.
Metodologia
Contrariando a racionalidade neoliberal, que invalida subjetividades contrárias aos padrões por ela
impostos, assumimos o compromisso ético de respeitar o lema do Movimento Nacional da PSR nada
sobre nós sem nós . A pesquisa exploratória, de base qualitativa, propõe uma diferenciação teórica
entre as significações de empoderamento para as políticas públicas e para a racionalidade neoliberal.
Por outro lado, abrimos espaço para as percepções sobre empoderamento, protagonismo e autonomia
através de uma história de vida de uma mulher, negra, militante, que possui trajetória de vida nas
ruas.
Resultados
Vivemos numa sociedade predominantemente capitalista, colonial e patriarcal, regida pelo imaginário
da meritocracia, do desempenho, da concorrência e consequente individualização das formas de viver
e do consumo como parâmetro de qualidade de vida. O contraponto entre políticas sociais e sociedade
neoliberal lança luz ao nosso problema, uma vez que a operacionalização das categorias de
empoderamento, autonomia e protagonismo nas políticas públicas, esbarra na racionalidade
neoliberal. Racionalidade esta, que se orienta por tais noções individualistas, que determina uma
dicotomia entre o que é dado como sucesso e fracasso, culpabilizando quem não obtém êxito e
desconsiderando qualquer noção de coletividade.
Dentro da razão neoliberal, é contraditório ofertar dignidade ao sujeito da rua, o sujeito que rompe
com os padrões de cidadão de bem , o louco, o vagabundo. As narrativas apresentadas nos
demonstram que os usuários, quando suficientemente empoderados, podem recusar a compreensão
de sucesso como poder de compra, por exemplo, e buscar outras formas de expressão de suas
subjetividades, levando em consideração as especificidades de suas próprias existências.
Palavras-chave: Empoderamento; Políticas Públicas; Pessoas em Situação de Rua.

280
Ocupa, Cuida e Brinca: parcerias e (re)encontros na Praça da República Niterói/RJ

Ranulfo Cavalari Neto - USP


Sonia Maria Dantas Berger - UFF
Enilce de Oliveira Fonseca Sally - UFF
Paola Vargas – ERIJAD/ Prefeitura Municipal de Niterói
Paula Kwamme Latge -ERIJAD/ Prefeitura Municipal de Niterói
Marlene Merino Alvarez - UFF
Letícia de Freitas Portugal - UFF
Emanuel Brick Ribeiro - ERIJAD/ Prefeitura Municipal de Niterói
Elizabeth Falcão Clarkson - UFF

RESUMO
A experiência relata o encontro de uma rede (atenção psicossocial e universidade pública) que se
articulou remotamente durante todo o período de 2020/2021 com o desejo de retornar com uma
atividade já conhecida em Niterói de ocupação dos espaços públicos, o Ocupa Praça- para construir
estratégias de cuidado com crianças, adolescentes e jovens em situação de rua. Tal ação faz parte do
Projeto de Extensão e Pesquisa Niterói-uma cidade inteira para todas as crianças, adolescentes e
jovens, vinculado ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense em parceria
com a Prefeitura de Niterói, o qual visa enfrentar o agravamento das situações de vulnerabilidade e
ser um potencializador do acesso da população infantojuvenil aos serviços essenciais ao cuidado e à
proteção social. O encontro presencial e afetivo nos trouxe novas realidades, resultantes dos impactos
da COVID-19. Antes do encontro, foram realizadas as Rodas de Conversa: cuidados na infância,
adolescência e juventudes , que inicialmente foi um espaço de acolhimento entre os trabalhadores/as
do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, e depois foi se transformando em
espaço de formação. Junto desses encontros foi construída a ocupação da praça pública. O local tem
localização estratégica no centro de Niterói, um território de circulação de famílias em situação de
vulnerabilidade, que fica em frente à Câmara Municipal de Niterói, uma biblioteca pública, uma
escola e uma delegacia.
Objeto do Relato: Encontro do Ocupa, Cuida e Brinca em dezembro de 2021, na Praça da República
em Niterói/RJ.
Objetivos: Relatar o retorno do Ocupa, Cuida e Brinca - uma ação coletiva de cuidado e de promoção
à saúde mental de crianças e suas famílias que estão em situação de rua em Niterói
Análise Crítica
A experiência nos trouxe novas reflexões, o que já era esperado, pois estávamos com novas
conformações políticas, estruturais, sanitárias e de pessoal. O senso de urgência por cuidado, comida,
brincadeiras, roupas, escola e escuta foram notados. Assim, voltamos ao planejamento das
OCUPações com novas perspectivas e ainda mais articulações a serem feitas, (re)feitas e realinhadas.
Atualmente Niterói, passa por mudanças de vínculos empregatícias dos trabalhadores no da saúde e
da assistência social. Novos projetos e programas em implementação temos a mesma sensação de que
essa população ainda continua, ainda, sendo inviabilizada e invisibilizada, com inúmeros direitos
violados.
Conclusões/Recomendações
A ocupação de espaços públicos não tem um sentido único, por meio da ação é possível construir
outros desdobramentos. Torna-se dispositivo, nada mais que possibilidades de uma responsabilização
coletiva, junto a propostas de ações com crianças, adolescentes, jovens e suas famílias em situação
de rua
Palavras-chave: Crianças e adolescentes em situação de rua; Cuidado em saúde; Direito à cidade;
Luta por moradia.
281
Parceria entre CAPS AD II e UAA: uma decisão clínico-política em defesa do SUS e da
Reforma Psiquiátrica Antimanicomial

Marina Fernandes Santos - CAPS AD II Cangaíba


Rafael Morganti Pinheiro - Associação Saúde da Família

RESUMO
Em virtude da Pandemia de COVID-19 o CAPS AD e a UAA por onde Ferro circulou tiveram suas
rotinas e cotidianos intensamente atravessados pelo desconhecido, pelo medo do adoecimento
repentino, pela presença da morte, enfim, por tudo o que a Pandemia nos convocou a viver, rever,
redescobrir e a reinventar. Foi através de um dos protocolos de biossegurança do CAPS AD que
detectamos uma saturação de O2 abaixo de 90% em Ferro e, mediante o constatado, a encaminhamos
para um pronto atendimento para COVID-19 onde foi detectado um grave quadro clínico de Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica DPOC com a necessidade de fazer uso de oxigênio permanente.
Durante a internação, a equipe do CAPS começou a problematizar a importância de Ferro estar numa
moradia, tanto para entender como viveria sua vida nessas novas condições clínicas, quanto como
uma oportunidade para intensificar seus cuidados, visto que, até o aquele presente momento, Ferro
residia num carro abandonado no território do Cangaíba/São Paulo/SP. Foi a partir desse contexto
clínico e social de Ferro que iniciamos a construção de sua inserção na Unidade de Acolhimento
Adulto - UAA. Durante sua presença na unidade também foi possível acompanhar Ferro numa
construção coletiva CAPS AD, UAA e Unidade Básica de Saúde (UBS) na perspectiva de retomada
de seu lugar na vida como cidadã e sujeito de direitos fundamentais como no refazer de alguns
documentos essenciais para esses lugares de vida.
Objeto do Relato
A produção de cuidado a partir de uma parceria entre um CAPS AD e uma Unidade de Acolhimento
Adulto.
Objetivos
Esse relato de experiência tem por objetivo compartilhar o caso de uma moradora de uma Unidade
de Acolhimento Adulto - UAA que é acompanhada por um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e
outras Drogas - CAPS AD II e como se deu sua produção de cuidado.
Análise Crítica
Durante a vivência na UAA, Ferro retomou contatos com pessoas com as quais se relacionou ao longo
da vida, pois dizia que tinha um endereço e onde ser encontrada (sic), voltou a cozinhar e comer
refeições que estavam atrelados a sua memória afetiva, pôde partilhar uma ceia de natal, comemorar
seu aniversário, entre outras atividades. Acreditamos que ao experimentar esses fatos singulares,
Ferro teve a oportunidade de ressignificar vivências com as quais não entrava em contato há muito
tempo ou que nunca havia experienciado, ou seja, algo que está no campo do afeto e da experiência
de estar viva e não da ordem da hipótese. Condição primordial para a construção de vida e relações
saudáveis.
Conclusões/Recomendações
A potência que uma UAA em parceria com o CAPS AD pode ter ficou marcado pela produção de
cuidado desenvolvida com Ferro e, posto isso, sabemos que ao investirmos dessa maneira podemos
produzir um cuidado ético para o qual toda vida vale a pena.
Palavras-chave: CAPS AD II; UAA; Reforma Psiquiátrica Antimanicomial

282
Publicidade na produção de diagnósticos das (neuro)identidades compartilhadas no Tiktok

Tamires Pereira Dias


Thylia Teixeira Souza - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

RESUMO
A partir da patologização da vida e comportamentos, particularmente no tempo histórico que estamos
situados, presenciamos um fenômeno de (neuro)narrativas compartilhadas por usuários do Tiktok que
buscam endereçar talvez seu próprio sofrimento psíquico como forma de pertencimento à uma
comunidade, mas também de justificar comportamentos através de (neuro)identidades
(pré)determinadas por diagnósticos psiquiátricos. Paralelamente, há uma quantidade expressiva de
anúncios de farmacêuticas, start ups de saúde e terapias virtuais, intercalados com a produção de
conteúdo de influenciadores digitais patrocinados por essas corporações, incentivando o auto
diagnóstico através da generalização e biologização de sintomas de sofrimentos psíquicos com o
intuito de mercantilização a saúde mental.
Objetivos
Investigar como a publicidade predatória na plataforma Tiktok influencia nas narrativas e na produção
de (auto)diagnósticos, como Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), através
da patologização de comportamentos cotidianos, conectando o público alvo à provedores médicos e
fabricantes de medicamentos, mercantilizando o sofrimento psíquico.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva-exploratória e reflexiva que tem o objetivo de gerar familiaridade
com o fenômeno investigado a fim de identificar as relações existentes entre as (neuro)identidades,
publicidade e monetização da saúde mental capturada pelo discurso psiquiátrico hegemônico a partir
da análise de reportagens denunciando anúncios feitos do Tiktok e produção de conteúdo de usuários
da própria plataforma que incentivam ao (auto)diagnóstico.
Resultados
Os anúncios e produção de conteúdo direcionados principalmente a usuários mais jovens,
patologizam um conjunto muito amplo de comportamentos, como esquecer um compromisso, onde
tudo passa a ser lido como sinal ou sintoma. As (neuro)narrativas surgem em nichos específicos onde
os usuários compartilham suas vivências a partir de um diagnóstico como TDAH, que acaba se
tornando a identidade dos sujeitos que buscam endereçar o sofrimento psíquico com causas
psicossociais e políticas, a partir de um reducionismo biológico e individualista que responsabiliza o
indivíduo pelo seu próprio sofrimento através de categorias diagnósticas que têm aumentado nos
últimos anos, ancorados na justificativa de dispormos melhores recursos técnicos, científicos para a
detecção diagnóstica e tratamento, ignorando o caráter histórico dos diagnósticos e a publicidade
predatória de corporações farmacêuticas e start ups da telepsiquiatria/psicologia que estimulam a
produção do (auto)diagnóstico com o intuito de monetizar o sofrimento e, assim, mercantilizar a
saúde mental. Incita que a Política de Saúde Mental e o SUS precisam considerar os cenários virtuais
na produção e atenção ao sofrimento psíquico.
Palavras-chave: Saúde Mental; Diagnósticos; TDAH; Tiktok.

283
Racismo e teorias das degenerescências: uma análise das obras de Nina Rodrigues e seus
efeitos para as políticas de saúde mental, álcool e outras drogas

Mayara Aparecida Bonora Freire - Centro Universitário de Ourinhos


Silvio Yasui - UNESP/Assis

RESUMO
Ao adentrarmos no cenário da construção de políticas de saúde mental no Brasil, nos deparamos,
necessariamente, com o racismo como estruturante de tais formulações. Acompanhamos, no século
XX, o esforço da Liga Brasileira de Higiene Mental em nomear fatores a degenerescência dos
sujeitos: à mulher negra era atribuída a promiscuidade e, ao homem negro, o alcoolismo. Décadas
depois, quando o uso das chamadas drogas psicodélicas por parte da classe média acentua-se, o
discurso jurídico, influenciado pelo discurso médico da época, passa a diferenciar o doente do
delinquente , ou a classe média branca da classe pobre preta . Embora reconheçamos as incontáveis
conquistas da Reforma Psiquiátrica, intensificaram-se as opressões extramuros, cuja raça e classe
social é bastante específica.
Objetivos
Dessa maneira, este trabalho como um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento busca
analisar a influência do racismo nas políticas de saúde mental, álcool e outras drogas no Brasil, nos
séculos XIX e XX, destacando os discursos e as produções científicas de Raimundo Nina Rodrigues
e seus efeitos para as práticas
Metodologia
Para este trabalho em questão, vem sendo realizadas análises documentais e pesquisas bibliográficas,
a partir de um estudo aprofundado das produções científicas de Raimundo Nina Rodrigues (1862
1906). A escolha desse autor se deu em razão de suas influências, concordâncias e dissonâncias no
que se refere à busca pela compreensão e localização das possíveis causas das degenerescências .
Resultados
Nina Rodrigues foi médico legista e psiquiatra, considerado o fundador da antropologia criminal
brasileira. Suas ideias foram influenciadas pelos evolucionistas e , a partir dessa compreensão, tratava
como higiene social a busca de traços da degenerescência nos negros, uma vez que estes, por
pertencerem a uma raça naturalmente ainda não civilizada , estariam predispostos a atos e
comportamentos antissociais e ao alcoolismo. Realizou estudos clínicos e antropométricos em negros
internados em manicômios, bem como praticantes de atos infracionais, defendendo que tais
manifestações seriam herança de uma raça inferior. Nina também desenvolveu um longo trabalho
acerca da paranoia dos negros. Mais de um século após as publicações deste autor, ainda
acompanhamos um conjunto de práticas de embranquecimento e de necropolítica, nas quais a
população negra segue sendo colocada como o objeto nas relações; sobre esses corpos, criam-se
narrativas para sua banalização e, se não morrem de bala perdida , são internados compulsoriamente
em Hospitais Psiquiátricos ou Comunidades Terapêuticas. Certamente, o racismo científico de Nina
Rodrigues ainda segue vigente.
Palavras-chave: racismo; saúde mental; álcool e outras drogas, teorias da degenerescência; Nina
Rodrigues.

284
Saúde Mental de Trabalhadores de Saúde em Tempos de Pandemia: Programa Cuidando de
Quem Cuida

Ticiana Graziele Tortorelli - FUNGOTA - Maternidade Gota de Leite


Sonia Regina Zerbetto - UFSCar
Lucia Regina Ortiz Lima - FUNGOTA
Angélica Martins de Souza Gonçalves - UFSCar
Mariana Barbosa Ferreira Albers - UFSCar
Larissa Santos Nogueira - UFSCar

RESUMO
A atividade consistiu na implantação de programa Cuidando de quem Cuida , no hospital de
campanha ao atendimento de pacientes com COVID-19 em munícipio do interior paulista, com
aproximadamente 200 funcionários de diversas áreas da saúde, serviços administrativos e gerais. O
programa foi criado e desenvolvido por uma psicóloga da Secretaria Municipal de Saúde, com o
objetivo de reduzir os impactos da pandemia na saúde mental destes trabalhadores, por intermédio de
ações para minimizarem o estresse, tensão e sintomas depressivos. O público alvo envolveu
profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, profissionais da limpeza entre
outros) do referido hospital. As ações estratégicas fundamentaram-se no pressuposto de acessar os
órgãos do sentido e gerar sensações positivas aos trabalhadores de saúde que atuavam na linha de
frente no período pandêmico. As intervenções consistiram em atendimento psicológico por telefone
para promover escuta qualificada individual; fixação de cartazes/banners com imagens coloridas e
frases motivacionais em vários ambientes do hospital, bem como mural no refeitório com exposição
de fotos dos profissionais de saúde, para reforçarem o sentimento de pertença, senso de equipe e
reconhecimento; melhoria na qualidade e variedade das refeições com apoio de empresa terceirizada
pela nutrição do hospital, promovendo momentos agradáveis.
Objeto do Relato
Trabalho desenvolvido com profissionais de saúde em hospital paulista no combate à COVID-19.
Objetivos
Descrever as ações de promoção à saúde mental desenvolvidas com profissionais de saúde da linha
de frente de hospital de campanha na luta contra COVID-19 no interior paulista, durante o auge da
evolução pandêmica, por intermédio da implantação de programa de saúde mental do trabalhador.
Análise Crítica
As estratégias realizadas foram percebidas de forma positiva pelos funcionários, os quais interagiram
ativamente nas atividades e relataram alegria, alívio, relaxamento e reconhecimento. Os
cartazes/banners tornaram-se recurso visual de apoio em momentos difíceis e fonte para recordações.
As fotos dos próprios profissionais nos murais proporcionaram-lhes sentimentos de reconhecimento
e orgulho. O sabor prazeroso dos alimentos durante as refeições proporcionou momento agradável e
de acalento. O espaço de escuta foi reconhecido como recurso para expressão de sentimentos, apesar
da pouca adesão, justificada pela falta de tempo.
Conclusões/Recomendações
A experiência proporcionou ambiente laboral acolhedor aos profissionais, frente ao contexto caótico
da pandemia. Recomenda-se investimento dos serviços de saúde no cuidado à saúde mental destes
profissionais que atuaram no cenário pandêmico, visando minimizar os impactos futuros pós-
pandemia.
Palavras-chave: Saúde mental; COVID-19; trabalhadores de saúde.

285
Saúde mental na universidade: experiência do Núcleo de Apoio Psicológico ao estudante do
UNINTA (NAPSI)

Marcelo Franco e Souza - UNINTA - Centro Universitário Inta


Leidiane Carvalho de Aguiar - UNINTA
Jeciane Lima da Silva - UNINTA
Maria Aparecida de Paulo Gomes UNINTA
Eliza Angelica Rodrigues Ponte - UNINTA

RESUMO
Apresenta-se os desafios e as potencialidades de atendimentos psicológicos clínicos, de forma remota,
durante a pandemia de COVID-19, em Instituições de Ensino Superior (IES) privadas do grupo
AIAMIS: Centro Universitário INTA (UNINTA), com polos nas cidades de Sobral/CE e
Itapipoca/CE, Faculdade Alencarina (FAL), sediada em Sobral/CE e Faculdade Ieducare (FIED),
localizada na cidade de Tianguá/CE. Essa abrangência só foi possível devido ao modelo de
atendimento psicológico on-line. Para ter acesso aos atendimentos, o critério era o estudante estar
regularmente matriculado em algum curso das instituições de ensino supracitadas. Os atendimentos
foram realizados por uma equipe composta por quatro psicólogas. Estas utilizaram métodos de
comunicação síncronos e assíncronos para os atendimentos. Foi estabelecido um fluxo para melhor
organização e controle das solicitações de atendimento. Inicialmente, as solicitações e
encaminhamentos eram realizados via e-mail do serviço, no qual os alunos informavam o nome e
telefone para contato. O psicólogo gestor do serviço ficou responsável pelo controle das solicitações
de alunos via e-mail e de solicitações de coordenações e diretorias, para posterior encaminhamento
aos demais profissionais, conforme a demanda. Após marcar o atendimento, era compartilhado, com
o aluno, um formulário eletrônico que funcionou como um Contrato Terapêutico, que se denominou
Termo de Compromisso.
Objeto do Relato: Experiência de atuação de psicólogos no Núcleo de Apoio Psicológico ao Estudante
do UNINTA (NAPSI)
Objetivos: Pretende-se contribuir com o compartilhamento de experiências e estudos na área e
ressaltar a importância do trabalho psicológico nas instituições de ensino superior, como forma de
suporte aos alunos, cujos índices de sofrimento psíquico foram crescendo e se intensificaram diante
do contexto pandêmico.
Análise Crítica: Foi perceptível, durante os atendimentos, que, dado o contexto da pandemia, muitas
demandas surgiam referentes a conflitos familiares, conflitos amorosos, dificuldade de concentração
e aprendizagem, sobrecarga de atividades acadêmicas e domésticas, cansaço físico e mental,
necessidade de autoconhecimento, dificuldade de manter vínculos afetivos com amigos devido a
necessidade de distanciamento social.
Outro fator que merece atenção é que muitos estudantes não possuíam um local adequado, em casa,
para o atendimento. Isso influenciava, não apenas no momento dos atendimentos, mas também
refletia em questões associadas à dificuldade em acompanhar as aulas e em realizar provas de forma
remota.
Conclusões/Recomendações: Constata-se a importância do serviço de telepsicologia como suporte de
promoção de Saúde Mental para os alunos da instituição, por atender demandas de urgência e por
proporcionar apoio e orientação em um contexto de isolamento social, onde surgiram, dentre outras,
queixas de ansiedade e depressão.
Palavras-chave: Saúde Mental; Estudantes; COVID-19.

286
Território do Cuidar: cuidar de si, do outro e do mundo

Martha Morais Minatel - Ufscar


Giovana Garcia Morato - Ufscar
Aline Barreto de Almeida Nordi - Ufscar Elisangela Gomes Barbosa dos Reis - Prefeitura
Municipal de São Carlos
Maria Fernanda Barbosa Cid - Ufscar
Amanda dos Santos Pereira - Ufscar
Gabriela Lambais - Ufscar
Marina Speranza - Ufscar
Amanda Dourado Souza Akahosi Fernandes - Ufscar
Ana Cristina Cassiano de Campos - Rede Solidária e de Apoio

RESUMO
O Território do Cuidar emergiu da problematização da realidade vivenciada por uma comunidade
periférica, no interior do estado de São Paulo, de ausência ou pouco alcance de serviços e ações
territoriais e comunitárias que promovam a saúde mental para e com crianças, adolescentes e suas
famílias, diante de uma crescente onda de sofrimento e aumento do número de adoecimento psíquico,
potencializado pelo contexto da pandemia da Covid-19, aumento da pobreza, da não garantia das
necessidades e dos direitos básicos e negligência do poder público. O projeto foi idealizado, projetado
e tem sido executado por diferentes atores: moradores da comunidade, terapeutas integrativos,
profissionais da saúde, educadores populares, professores e alunos de uma universidade federal.
Executado via extensão universitária, que integra em sua equipe de trabalho os diferentes atores,
acontece semanalmente em um espaço público, o Centro da Juventude, e de forma itinerante em
outros pontos do território. A proposta do projeto, orientada pela Atenção Psicossocial e pela
Educação Popular em Saúde, organiza-se pela oferta de tendas de cuidado, inspiradas nas Tendas
Paulo Freire. Atualmente, acontecem as tendas de cuidado com crianças, adolescentes e mulheres,
integrando diferentes práticas individuais e coletivas de cuidado, por meio das práticas integrativas e
complementares (meditação, reiki, auriculoterapia, Terapia Comunitária Integrativa), dentre outras
atividades artístico culturais e expressivas.
Objeto do Relato: Promoção de saúde mental às crianças, adolescentes, famílias, desde o território
com a comunidade
Objetivos: Obetiva-se compartilhar a experiência da construção e desenvolvimento de um projeto
comunitário, integrando diferentes sujeitos e coletivos, na oferta de um cuidado a partir do território
e com as comunidades.
Análise Crítica: Problematizar o uso da dimensão territorial e comunitária nas práticas orientadas
pela atenção psicossocial nos convoca a questionar qual relação temos estabelecido com essas
dimensões e implica a radicalização do cuidado como um ato político, na defesa de um projeto
participativo e emancipador. A partir da Atenção Psicossocial e Educação Popular em Saúde, em sua
perspectiva problematizadora, dialógica e emancipadora, tem sido possível um cuidado a partir do
quefazer, que percebe, problematiza e transforma, tecendo uma rede que parte do encontro. Para tanto
são necessárias epistemologias de cuidado que valorizam a cultura popular, a ecologia de saberes, o
afeto e o resgate da humanização.
Conclusões/Recomendações: Cuidar do outro, de mim e do mundo tem sido possível por meio do
cuidado, atento às iniquidades, injustiças sociais e sistemas opressores. A construção compartilhada
de práticas, a partir da realidade percebida pela população, tem possibilitado a cidadania,
corresponsabilização e formação de redes.
Palavras-chave: CAPSIJ; Educação Popular em Saúde; Participação popular; Saúde mental
comunitária.
287
A experiência da Comissão de Fiscalização e Orientação do Conselho Regional de Psicologia
9ª Região

Marco Aurélio da Silva Lima – CRP-09


Ana Lourdes de Castro Schiavinato - CRP-09
Cândido Renato Alves de Oliveira - CRP-09
Ana Flávia Vieira de Mattos - CRP-09

RESUMO
Fiscalizações realizadas pela Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) do CRP/09, em
Comunidades Terapêuticas na cidade Anápolis/GO. Durante o período de isolamento e
distanciamento social imposto pela Pandemia da COVID-19,o CRP/09 continuou a receber denúncias
de possíveis infrações éticas de psicólogas(os) atuantes em Comunidades Terapêuticas, Clínicas,
Casas de Recuperação, entre outras, que funcionavam ilegalmente, praticando crimes de violação de
direitos humanos, remoção compulsória ilegal, tortura, cárcere privado e agrupamento indiscriminado
de homens e mulheres, de diferentes idades e tipos de transtornos, alocados em ambiente insalubres
e sob a tutela de pessoas desqualificadas. Mediante sua função precípua de orientar, fiscalizar e
disciplinar o exercício de profissionais de psicologia e conforme Resolução CFP Nº 10/2017, em que
estabelece a Política de Orientação e Fiscalização dos Sistemas Conselhos de Psicologia, que visa
averiguar denúncia, informação ou notícia que possa indicar irregularidade ou exercício ilegal da
profissão e também no Código de Ética da(o) Profissional Psicóloga(o),nas normativas e legislações,
e na Declaração Universal dos Direitos Humanos a COF registrou tais denúncias junto ao Ministério
Público de Anápolis, que criou um Grupo de Trabalho composto por representantes do CRP-09, da
Vigilância Sanitária, da Polícia Civil, da Gerência de Saúde Mental, demais órgãos para fiscalizar as
instituições denunciadas.
Objeto do Relato
Fiscalização da atuação da/o psicóloga/o em Comunidades Terapêuticas em Anápolis-GO.
Objetivos
Compartilhar experiência da COF na fiscalização sobre possíveis infrações éticas no exercido da
função em Comunidades Terapêuticas, Clínicas, Casas de Recuperação, entre outras, que
funcionavam legal/ilegalmente,no município de Anápolis-GO, praticando violação de direitos às
pessoas com transtornos mentais e em uso de álcool e outras drogas.
Análise Crítica
Destaca-se a gravidade de que a maioria das instituições ilegais possuíam profissional de psicologia.
O perfil destes profissionais era diversificado, inexperientes, ou que sempre atuou, ou que atuava em
mais de uma instituição irregular. Quando interpelados, a primeira reação foi de resistência e de
questionamento da legalidade da fiscalização da COF, comprovando não apenas o desconhecimento
da legislação profissional, bem como da legislação penal brasileira. Fato é que após a fiscalização
diante de tais arbitrariedades praticadas, alguns profissionais respondem processo judicial, acusados
de maus tratos, violação dos direitos humanos, cárcere privado e formação de quadrilha.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que os Direitos Humanos é pauta crucial na atuação dos serviços de saúde mental, público
e privado, e principalmente na formação e atuação dos profissionais em psicologia, tendo como pano
de fundo a Reforma Psiquiátrica Brasileira resultando na Política Nacional de Saúde Mental.
Palavras-chave: Desinstitucionalização;Luta Antimanicomial;Violação de direitos Humanos.

288
A intervenção coletiva com familiares como forma de cuidado e atenção a crise no Centro de
Atenção Psicossocial para Uso de Álcool e Outras Drogas CAPSAD/ Resende/ RJ

Tatiana Figueiredo Ferreira Conceição - PMR


Samir Gaione de Faria – CAPS AD
Larissa Fagundes Costa – CAPS AD
Katielly Melo da Silva - CAPS AD
Ingrid de Assis Camilo Cabral - CAPS AD
Raquel Ferreira de Oliveira Alves - CAPS AD

RESUMO
A intervenção coletiva realizada pela equipe do dispositivo possui a intenção de promover cuidado
em saúde mental aos familiares de pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas,
mesmo que este não encontre-se em acompanhamento do dispositivo de saúde mental, pois
compreendemos que o acompanhamento pode-se iniciar com o familiar e cuidado não é exclusivo da
pessoa que encontra-se em situação de uso prejudicial. Iniciamos a atividade em Janeiro de 2022 de
forma presencial e semanal. O grupo possui duração de 2hrs, com atividades lúdicas, gustativas ou
práticas corporais, e tem o objetivo de criar um ambiente de aproximação e de confiança entre os
integrantes. O processo de diálogo é de forma horizontal, onde os familiares possuem o centro na
abordagem e os profissionais constroem análises e reflexões sobre o tema abordado, no intuito de
promover intercâmbio de ideias e experiências.Os encontros com os familiares trazem a importância
do cuidado compartilhado, onde a família é acolhida e a escuta é uma importante ferramenta de
acolhimento. Assim, há nestes encontros a construção de uma co-responsabilização do cuidado,
compartilhada entre profissionais, usuários e familiares, onde nos indica uma assistência mais
humanizada e redução das situações de crise que se estabelecia em âmbito familiar, pois a família
torna-se participe neste processo de acolhimento e cuidado.
Objeto do Relato
Familiares de pessoas em situação de uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Objetivos
Proporcionar diálogo, trocas e cuidado através de intervenção coletiva com familiares; Ofertar
acolhimento, construção de vínculos, informações, suporte emocional e construção de estratégias de
cuidado em saúde.
Análise Crítica
As práticas de cuidado e acolhimento e o grupo a familiares tornam-se um dos principais elementos
condutores desta ação, pois este torna-se um dos elementos principais do cuidado, o cuidado consigo.
Os dispositivos vêm trazer a perspectiva de liberdade, cuidado e acolhimento no território e formação
enquanto sujeito. Assim, a construção e práticas de cuidado humanizado são fios condutores,
inclusive para equipe de saúde mental, que reflete a cada encontro as experiências vividas e relatadas
pelos familiares e constrói de forma coletiva saberes para além do cientifico, mas o saber popular e
das vivências do sujeito que naquele momento encontra-se como familiar.
Conclusões/Recomendações
O acolhimento não centra-se no sujeito em acompanhamento nos dispositivos de saúde mental, mas
estende aos familiares. Estes compõe uma das bases do cuidado e se torna essencial o olhar de que a
família está para além de cuidar de um sujeito e a compreensão que o familiar é sujeito da sua história.
Palavras-chave: Família; Acolhimento; Cuidado; Álcool e Outras Drogas.

289
A Perspectiva de Moradores dos Serviços Residenciais Terapêuticos Sobre os Aspectos
Facilitadores e Dificultadores no seu Processo de Inclusão Social

Fernanda Rodrigues Vieira - Prefeitura Municipal De Salto De Pirapora


Isabela Aparecida de Oliveira - Universidade Federal de São Carlos

RESUMO
A criação dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) significou importante avanço para a
consolidação da desinstitucionalização brasileira garantindo às pessoas egressas de longos períodos
de internação psiquiátrica o acesso à cidadania, à moradia e à vida em comunidade. A literatura
evidencia a escassez de pesquisas desenvolvidas com os próprios moradores dos SRTs e que pouco
se sabe o que eles pensam sobre seu cotidiano. Ressaltamos a necessidade de maior aprofundamento
de reflexões sobre a vida cotidiana dos moradores dos SRTs e os processos de inclusão social nas
diferentes regiões do país, visto a complexidade da vida cotidiana relacionada às diferenças culturais
tão marcantes num país de dimensões continentais como o Brasil. Trata-se de recorte de pesquisa de
mestrado.
Objetivos
Investigar a compreensão de moradores dos SRTs sobre os limites e as possibilidades encontrados no
seu processo de inclusão social.
Metodologia
Trata-se de estudo qualitativo, participativo, exploratório e documental, dividido em 2 fases, a
primeira constituída por um estudo documental e a segunda realizada por meio de entrevistas
semiestruturadas. Participaram 8 moradores de 3 serviços residenciais terapêuticos (tipo II), de um
município do interior do estado de São Paulo. Os dados oriundos da pesquisa documental foram
analisados de forma descritiva e os coletados por meio das entrevistas foram submetidos à análise
temática.
Resultados
Houve uma diversidade com relação à participação e engajamento em atividades realizadas no
território entre os participantes. A criação de situações de participação e interação para além do que é
ofertado pelos funcionários das SRTs fica evidente para 4 dos 8 participantes. O acesso à renda, obtida
através do Programa de Volta para a casa (PDVC) e pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC),
são mencionados pelos participantes como fator decisivo, não somente para a compra de itens que
desejam, mas para a participação e interação com as pessoas da comunidade resultantes do
estabelecimento de rituais, como tomar café na padaria diariamente. A dificuldade de frequentar os
lugares sozinhos, de pedir ajuda, de lidar com as limitações/dores físicas decorrentes da idade
avançada, ou dos sintomas da doença mental, a falta de vínculos e rede de apoio, também surgiram
como fatores que inibem ou diminuem a participação. Conclusão: Fica evidente o quanto os
funcionários dos SRTs e dos CAPS são responsáveis pela criação de situações de acesso e participação
para os moradores, por sustentar arranjos e promover estímulos para que essa participação aconteça.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Inclusão Social; Serviço Residencial Terapêutico.

290
Abordagem Noturna para Pessoas em Situação de Rua: Cuidado em Saúde pelo CAPSAD

Larissa Fagundes Costa - PMR - RJ


Samir Gaione de Faria – PMR - CAPSAD
Katielly Melo da Silva – PMR - CAPSAD
Ingrid de Assis Camilo Cabral – PMR - CAPSAD
Raquel Ferreira de Oliveira Alves – PMR - CAPSAD

RESUMO
O CAPS AD Resende iniciou a realização das ações no território de modo a oferecer a atenção
psicossocial para pessoas em situação de rua, com foco nas questões relacionadas ao uso de drogas.
As abordagens noturnas ocorrem duas vezes durante a semana (segunda e quarta) composta por uma
equipe de assistentes sociais, técnicos de enfermagem, enfermeiros, psicólogos e motoristas.
As ações realizadas junto ao território não estão centradas na saída do sujeito da situação de rua e uso
prejudicial de SPA, mas sim um processo de conscientização e formação enquanto sujeito com
escolhas e desejos. Salientamos, que as ações no território implicam em atividades de prevenção e
divulgação do serviço de saúde mental voltado para este público.
Durante a abordagem os profissionais colhem a demanda, oferecem orientações, escutam e
apresentam as propostas do CAPS Ad. E estão abertos para acolher outras questões que possam surgir.
Este trabalho visa oferecer atendimento psicossocial à população de rua do município, construindo
vínculo com os usuários e ofertando cuidado com foco nas questões psicossociais. Deste modo,
alguns usuários procuram o a unidade para atendimento e outros optam por serem acompanhados pela
equipe in loco. Após essa avaliação, nos articulamos intersetorialmente com outros serviços da
política de Saúde e da Assistência Social, tais como, o Consultório na Rua e o Serviço Especializado
de Abordagem Social, para dar seguimento aos direcionamentos das demandas apresentadas.
Objeto do Relato
Pessoas em situação de rua em uso prejudicial de álcool e/ou outras drogas e ações de prevenção no
território.
Objetivos
Oferecer atendimento, cuidado e atenção psicossocial para a população em situação de rua no
município de Resende, com foco no público Ad e ofertar ações de promoção em saúde, além de
prevenção ao uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Análise Crítica
Entendemos que a abordagem é uma ferramenta de articulação, promoção e prevenção em saúde, que
a atenção deve ocorrer em sua totalidade e não deve centrar no atendimento dentro do dispositivo,
objetivando desvincular de uma lógica institucional e engessada que necessita estar dentro da
unidade, proporcionando o acesso a um serviço universal. A intervenção na abordagem noturna nos
oportunizou identificar, outros atravessamentos possíveis nos aproximando de outros públicos para
além da demanda inicial, a exemplo dos invisibilizados, trabalhadores do sexo e pessoas LGBTQIA+.
O que nos implica uma maior articulação em rede e reconhecimento destes indivíduos enquanto
sujeitos de direitos.
Conclusões/Recomendações
Compreendemos que a abordagem noturna é um espaço de acolhimento, havendo como tecnologia o
cuidado às pessoas com necessidades de atenção decorrentes do uso de drogas, onde o conceito de
clínica ampliada é implementado através de uma reorganização do processo de trabalho in loco.
Palavras-chave: Caps-Ad; Abordagem Noturna; Cuidado No Territporio; Pessoa Em Situação De
Rua.

291
Acessibilidade em Tempos de Pandemia - O telefone como oportunidade de ofertar cuidado e
enfrentar o risco de desassistência em decorrência do isolamento social

Gabriela dos Santos - crefito


Luena Matheus de Xerez - SEMSA Manaus
Luciana Oliveira Lopes - SEMSA Manaus

RESUMO
Considerando a necessidade da reorganização da oferta de serviços para promover o
acompanhamento continuo e integral dos usuários do CAPS e seus familiares de modo a não limitar
as intervenções à atendimentos individuais e medicamentoso, inclusive em situações de crise e a
necessidade de diversificar as estratégias de atendimento que dessem direcionamento e conhecimento
a população geral sobre a rede de atendimento psicossocial foram implantadas as ações de
telemonitoramento e teleatendimento.
Entendido Telemonitoramento como o acompanhamento dos casos de usuários já vinculados ao
CAPS e com projetos terapêuticos (PTS) já pactuados e Teleatendimento o atendimento a população
em geral, incluindo outras instituições.
Organizou-se os terapeutas de referência (TR) em plantões telefônicos que atendiam as ligações e
davam direcionamento sobre o funcionamento, telefone e endereço dos dispositivos da rede de
atenção à saúde mental, medicamentos disponíveis na rede e horário de funcionamento da farmácia.
Acolhiam as demandas dos usuários do CAPS e quando não solucionadas na ligação eram
direcionadas aos TR's dos usuários em questão através de formulário para posterior retorno ao
usúario. As anotações eram feitas em livro de registro e em forrmulário de acompanhamento que
depois eram anexados aos prontuários. Em paralelo, os TR's faziam contato com seus pacientes para
realizar o acompanhamento e o monitoramento de sua condição de saúde e do desenvolvimento e
realização do PTS.
Objeto do Relato
Implantação do telemonitoramento e teleatendimento no CAPS no momento de pandemia.
Objetivos
Acompanhar os pacientes vinculados ao CAPS com projeto terapêutico pactuado para fortalecer
protagonismo e autocuidado através de contato remoto via telefone
Acolher, via telefone, demandas de usuários do SUS que não tem vinculo com o CAPS e instituições
que não conhecem nosso processo de trabalho e buscam orientações de funcionamento da rede
Análise Crítica
Este serviço embora tenha sido implantado em razão da necessidade de isolamento social durante a
pandemia da COVID -19 é considerado super importante para promover autonomia dos usuários,
reduzir os deslocamento desnecessários a este serviço, além de ter-se demonstrado super útil para
clarear os caminhos na rede de saúde mental aos usuários ainda não vinculados a nenhum serviço que
como demonstrava nossa experiência, peregrinariam em busca do melhor ponto de atenção. Como só
existe uma linha telefônica e grande demanda, por vezes o usuário precisa realizar mais de uma
tentativa para conseguir o atendimento, o que em alguns casos gera algumas reclamações.
Conclusões/Recomendações
Este serviço foi de fundamental importância para atender as demandas durante o período de
isolamento social. Se mostrou eficaz, de fácil uso e manutenção, por ser uma tecnologia leve, tendo
sido adotada para a continuidade dos serviços ofertados pelo CAPS pois facilita e qualifica a
comunicação
Palavras-chave: Teleatendimento; saúde mental; pandemia; acessibilidade.

292
Análise da Lei 10.216 sob a luz do filme "Bicho de sete cabeças"

Ana Clara Fernandes de Sá - Laboratório de Educação em direitos Humanos do Colégio Pedro II

RESUMO
O presente trabalho analisa criticamente a relação do tratamento do atendimento em saúde mental das
pessoas no Brasil. Destaca-se a visão estigmatizada da sociedade em relação aos indivíduos que
destoam da dita "normalidade" . Assim, conforme a abordagem foucaultiana em "A história da
loucura", o trabalho traça um paralelo entre o filme "Bicho de sete cabeças" e a segregação e a
desumanização do personagem principal, Neto. Insta dizer que a escolha do filme decorreu, além da
excelente qualidade da obra e a pertinente matéria, devido curto espaço de tempo da data de sua
estreia e a aprovação e entrada de vigor da Lei 10.216, a Lei da Reforma Psiquiátrica.
Objetivos
Objetiva-se apresentar a forma como o atendimento em saúde mental era realizado anteriormente a
Lei 10.216, apresentando o modelo hospitalocêntrico e manicomial, com características excludentes
e opressoras. Em seguida, uma contraposição, o modelo proposto pela Lei da Reforma Psiquiátrica
que, em tese, substitui o antecessor por um modelo assistencialista e desinstitucionalizado
Metodologia
O presente trabalho baseia-se em uma pesquisa qualitativa. Unindo a obra cinematográfica " O bicho
de sete cabeças em conjunção com bibliografia de artigos, os livros "A história da loucura" e
"Manicômios, prisões e conventos", a pesquisa se desenvolveu. A trama do filme supracitado se
adequou na forma de estabelecer um paralelo entre a ficção e a realidade brasileira. Os livros e artigos
permitiram um estudo aprofundado sobre a temática da Lei Reforma Psiquiátrica e a exclusão dos
usuários de saúde mental na sociedade brasileira.
Resultados
Conclui-se que o trabalho apresenta o retrato da marginalização dos portadores de assistência de saúde
mental . O filme indicado apresenta como a família e a sociedade carecem de formas efetivas de
atender os indivíduos que não se encaixam no padrão de "normalidade social". A falta de diálogo dos
pais com o filho, Neto, no filme, "Bicho de sete cabeças", demonstra a falta de apoio e entendimento
que as famílias possuem relacionada a essa matéria na sociedade brasileira. Nesse sentido, percebe-
se que ao longo da história da sociedade até a presente data, há a instituição da segregação e exclusão
dos usuários de saúde mental. Consequentemente, existe um estigma do vício, da "loucura". Por fim,
objetivando mitigar tal tema, aprovou-se a Lei 10.216, instituindo as diretrizes do SUS com base no
sistema de assistência. Em seu teor, a substituição do sistema manicomial pelos modelos
desinstitucionalizados apresentam um tratamento mais humanizado para os pacientes. Constata-se,
portanto, que segregar não é tratar, a resposta é a integrar, por meio do convívio da família e da
comunidade.
Palavras-chave: Saúde mental; lei.10.216; filme; estigmatização.

293
Atenção a População LGBTI+ na Abordagem Psicossocial: Relato de Experiência.

Marina Lolis Silva - Autarquia Municipal de Saúde de Apucarana


Jackeline Lourenço Aristides - Programa de Residência da Autarquia Municipal de Saúde de
Apucarana
Dayene Patrícia Gatto Altoé - Programa de Residência da Autarquia Municipal de Saúde de
Apucarana
Íris Cochak Gracioli de Oliveira - Municipal de Saúde de Apucarana

RESUMO
A pretensão desse resumo é relatar a experiência como residente, vinculada ao Programa de
Residência Multiprofissional em Saúde Mental no município de Apucarana (PR) voltada ao cuidado
a comunidade LGBTI+. Tivemos como cenário de atuação à atenção primária em saúde como equipe
itinerante para ativação de rede e os centros de atenção psicossocial da região. Observou-se que a
população LGBTI+ que acessou os serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi limitado,
muitos tinham conflito com seus familiares, alguns não tinham nenhum apoio da rede interpessoal e
dificuldade de criar vínculo com a RAPS. No acolhimento a transexuais e travestis constataram-se
violações no uso do nome social e falas com termos relacionados a sexualidade desatualizados, sem
apresentar distinção entre orientação sexual e identidade de gênero, levantando duvidas dos
profissionais. Levando a inquietações, somadas as práticas que não condiziam com as discussões
teóricas realizadas, buscando ativa por atividades realizadas no município que tratassem sobre as
especificidades da comunidade, identificando apenas uma ação como cuidado psicossocial. Surgiu-
se como proposta a implantação de uma frente para a atenção e cuidado a comunidade LGBTI+. Com
o escopo da ativação e articulação da rede e instrumentalização dos profissionais, resultado também
das demandas levantadas por representantes de movimentos sociais organizados, priorizando a
inserção e o cuidado da comunidade nos serviços da RAPS de Apucarana.
Objeto do Relato
A atuação como residente em saúde mental na temática da comunidade LGBTI+: Relato de
experiência.
Objetivos
Relatar a experiência relacionada a temática de sexualidade e comunidade LGBTI+ da enfermeira
residente em saúde mental no município de Apucarana, que levaram a implantação de uma frente para
o cuidado para comunidade LGBTI+.
Análise Crítica
Durante a atuação percebeu-se que a enfermagem ainda trabalha no modelo assistencial com
perspectiva biomédico centrada focada na medicalização. Deve-se promover o debate do ensino
baseado em competência, especificamente na formação de profissionais da enfermagem,
desenvolvendo o senso crítico no contexto sociopolítico da atenção à saúde. Para atuar na atenção
psicossocial e contribuir para a efetivação do processo de Reforma Psiquiátrica, deve-se estar ciente
de que este é um processo social complexo, com necessidade de discussões de contextos teóricos,
ressaltando que como enfermeira, tive proximidade com o saber crítico reflexivo, somente nas
discussões teóricas da residência.
Conclusões/Recomendações
Diante disso, as etapas iniciais de implantação da frente de ativação a rede revelam um processo
complexo, faz-se necessário conhecer as especificidades dessa comunidade, aspectos que contribuem
e prejudicam sua implantação e para obter êxito destaca-se a importância do apoio da gestão do
município.
Palavras-chave: Comunidade LGBTI+; Equipe Multiprofissional; Saúde Mental.

294
Casa de ferreiro, espeto de pau

Janaina Cavalcanti
Cristiane de Carvalho Guimarães - UNESA - Universidade Estácio de Sá
Roberta murta da Silva - UNESA
Gabriela Pontes Benvindo da Silva - UNESA
Stephany Carvalho La Torre - UNESA

RESUMO
Dentre os critérios para a formação do psicólogo está a realização de estágios estruturados em dois
níveis: básico e específico. A Universidade Estácio de Sá (UNESA) oferece aos alunos do curso, duas
disciplinas de Estágio Supervisionado Básico e três obrigatórias de Estágio Supervisionado
Específico. Os SPA atendem duas demandas: dos alunos e às da comunidade. Apesar de sua
importância não há pesquisas sobre como os(as) alunos(as) estagiários percebem a proposta de
integração dos conhecimentos do curso no estágio supervisionado. Assim foi planejada uma pesquisa
para percepção do(a) aluno(a) estagiário(a) do curso de psicologia sobre a integração dos
conhecimentos adquiridos ao longo do curso com a prática no estágio supervisionado no spa que tem
o objetivo de analisar essa percepção.
Objetivos
A pesquisa tem objetivo de analisar a percepção dos(as) alunos(as) estagiários do SPA sobre a
integração dos conhecimentos do curso com a prática seu estágio supervisionado. Acredita-se que
conhecendo esse público e suas demandas podemos proporcionar uma melhoria no seu serviço e
proporcionando reflexões sobre a adequação da proposta pedagógica do curso e o aprimoramento da
formação acadêmica.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, de abordagem quali-quantitativa. Utilizando o
procedimento técnico de aplicação de questionário a todos os estagiários do SPA. Considerando o
perfil do serviço hoje, a amostra foi composta de 91 alunos que forneceram dados que foram tabulados
e analisados. Questões fechadas e abertas, uma das perguntas foi se o estagiário estava em processo
de psicoterapia, segundo Mira e Nunes (apud ANXOLIN e SILVEIRA, 2003) O psicólogo precisa
pensar na sua saúde mental e na necessidade de fazer terapia pessoal, o que não pode ser imposto.
Resultados
Os dados obtidos 43% responderam que não estão em processo psicoterapêutico. Não foi encontrada
na amostra, seja por motivo econômico ou de outra natureza, a razão de um número expressivo de
estagiários que não estão em processo terapêutico. Por questões éticas os estudantes de Psicologia
não deveriam fazer psicoterapia em seu campus original onde está matriculado, entre alguns motivos
que esse estagiário pode conhecer, interagir e até conhecer colegas que participem do cotidiano
estudante e assim o sigilo perde sua característica fundamental. Podemos levantar várias hipóteses,
uma delas é que com a pandemia muitas instituições, incluindo a UNESA passaram as aulas para a
modalidade remotas o que levou estudantes se matricularam em disciplinas em outros campi
(Importante salientar que a instituição possui outros campi onde pode ser cursado Psicologia e seus
respectivos SPA). Proporcionando a integração desses alunos com outras localidades quase sem
fronteiras, também trouxe a probabilidade de que esse estagiário conhecer e interagir com outros
estagiários do SPA de outros compus e impossibilitando a inscrição como paciente dos SPA de outros
campi.
Palavras-chave: Psicoterapia; Estagiário; SPA.

295
Coletivo Recifree - redução de danos em contextos de rua e festas rave

Marcela Cordeiro dos Santos


Ivana Rodrigues Vaz - FACHO
thainá cássia de oliveira anjos - UNIFG

RESUMO
Somos um coletivo de Redução de Danos, composto por voluntárixs, que pretende realizar ações em
festas rave na cena de Recife-PE. Em tais ações, o coletivo propõe um trabalho informativo de
conscientização e educação a respeito do uso de substâncias lícitas e ilícitas, promovendo um discurso
antiproibicionista e de promoção de saúde para xs usuárixs.
Objeto do Relato
informação promovendo liberdade aos usuários de drogas e frequentadores de raves
Objetivos
Compartilhar relatos de experiências com usuários e profissionais de saúde mental, bem como
ampliar o repertório de intervenções antimanicomiais/antiproibicionistas.
Análise Crítica
Vivemos um momento histórico quando falamos sobre o paradigma das drogas, seja na forma de lidar
com seus usos, como na representação social que ela ocupa em nossa sociedade. Nesse contexto, a
Redução de Danos se coloca para além de uma abordagem de saúde, marcando território na luta pelos
direitos das pessoas que usam drogas e se posicionando publicamente pelas mudanças nas Políticas
sobre Drogas.
Conclusões/Recomendações
O Recifree surge a partir de uma ação realizada pelo BalanCeará no final do ano de 2015, onde
frequentadorxs da cena do Recife se articularam junto ao coletivo convidado e a partir desta
experiência reconheceram a necessidade de haver um coletivo de Redução de Danos que incluíssem
as festas rave.
Palavras-chave: Redução de danos; antiproibicionismo, antimanicomial; saúde mental.

296
Como instaurar o campo do desejo: toxicomania e novo amor

Stéfani Cristina de Souza Santos

RESUMO
Foi realizada uma Oficina de Poesia no CAPS-ad (Centro de Atenção Psicossocial para álcool e outras
drogas) de Ribeirão Preto-SP, de julho de 2021 a fevereiro de 2022, as terças-feiras à tarde, na qual
de 06 (seis) a 08 (oito) participantes puderam dizer-se a partir de contos, poemas e músicas trazidos
por esses e pela psicóloga/coordenadora voluntária.
Objeto do Relato
Participantes da Oficina de Poesia no CAPS-ad.
Objetivos
Fazer(-se) dizer em sua própria língua.
Análise Crítica
A psicanálise fora inventada para responder a um mal-estar do sujeito mergulhado em uma civilização
que, para fazer existir a relação sexual, refreava e recalcava o gozo e a psicanálise furava com isso.
Hoje, como diz Miller, a inexistência da relação sexual está mais escancarada e os sujeitos encontram-
se desbussolados em direção ao sem medida, onde a ordem de ferro é gozar e senão gozar disso goze
daquilo, empuxo ao excesso.
Conclusões/Recomendações
O desejo do analista consiste aí em fazê-lo dizer, mesmo aquele que não diz ou o que diz que não
sabe o que dizer dizendo, em sua própria língua, desse impossível, como bem diz a letra de uma das
músicas de Chico Buarque: o que não tem nome e nem nunca terá .
Palavras-chave: Toxicomania; Amor; Desejo.

297
Comportamento Suicida: Matriciamento em Saúde Mental para Abordagem na Atenção
Primária

Daniele Cristina Ribeiro dos Santos - Caps


Mateus Henrique Bevilacqua Nascimento - Santa Casa de Misericórdia de Adamantina na
Providência de Deus
Jéssica Moreira Fernandes - Centro Universitário de Adamantina - UNIFAI
Hellen Halivercy de Souza Janegitz - UNESP

RESUMO
O suicídio é uma questão de saúde publica e multifatorial com aumento significativo tentativas de
suicídio durante a pandemia de Corona Vírus no município de pequeno porte no interior paulista,
identificados pelo aumento de notificação de tentativas de suicídio pelo setor de psicologia da Santa
Casa de Misericórdia do município, e aumento do atendimento de casos de tentativa de suicídio e
ideação no centro de atenção Psicossocial.
Objetivos
Objetivo desta experiencia foi capacitar os trabalhadores da Atenção Primária sobre a abordagem a
respeito da pessoa em sofrimento psíquico com comportamento suicida para prevenção de casos de
suicídio.
Metodologia
A pesquisa ação possibilita solucionar e a conduzir práticas que modifiquem a compreensão dos
participantes possibilitando que os profissionais trabalhem como pesquisadores para analisarem as
situações e problemas e busca a participação dos mesmos nas identificações e soluções dos
problemas.
Resultados
Foram realizados matriciamento em todas as ESFs do município, que ocorreram no período de
novembro de 2020 a fevereiro de 2021, os matriciamentos ocorriam durante a reunião de equipe das
estratégias de saúde da família, pois a equipe toda estava presente, os matriciadores que faziam parte
da equipe eram profissionais da equipe do Centro de Atenção Psicossocial, residentes de Saúde
coletiva do Centro universitário de Adamantina, foram contemplados as onze unidades de ESF do
município, foram realizadas orientações sobre a abordagem dos usuários em consultas de rotina,
escuta qualificada pela equipe da ESF em relação a pessoas com comportamento suicida, e discussão
sobre transtornos mentais, com mais risco para comportamento suicida e a importância da realização
da ficha de notificação compulsória em casos de tentativa de suicídio. Considerações finais: Maior
sensibilização e conhecimento dos profissionais da atenção primária sobre o comportamento suicida,
diminuição do número de encaminhamentos para atendimento do comportamento suicida no CAPS
e promoção de discussão intersetorial dos casos de comportamento suicida.
Palavras-chave: Suicídio; Atenção Primária à Saúde; Saúde Mental.

298
Contribuições da Educação Popular em Saúde no Cuidado em Saúde Mental

Gabriela Alves Feitosa


Profa. Karla Cristina Rocha Ribeiro - Universidade de Marília - UNIMAR
Giancarlo Gonzales Varjão - Universidade de Marília - UNIMAR
Kemilly Tebaldi Pereira - Universidade de Marília - UNIMAR

RESUMO
Frente aos atuais desmontes nas políticas públicas de Saúde Mental, a pesquisa buscou reunir
informações com o intuito de analisar como a Educação Popular em Saúde (EPS) pode contribuir
com as lutas da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) para a ampliação do cuidado em saúde mental
no contexto do SUS. O trabalho traz discussões a fim de demonstrar que os princípios éticos e
políticos da EPS também são destacados nas políticas públicas formuladas a partir da RPB. Ambas
valorizam a individualidade dos sujeitos, autonomia, participação popular, práticas populares de
cuidado e a construção compartilhada do conhecimento. Acredita-se, portanto, que a utilização da
EPS no âmbito da saúde mental, favorece o movimento de desinstitucionalização da loucura e
fortalece a Luta Antimanicomial.
Objetivos
A pesquisa teve por objetivo demonstrar como a Educação Popular em Saúde pode contribuir para a
ampliação do cuidado em Saúde Mental.
Metodologia
Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa acerca
da utilização da Educação Popular em Saúde no cuidado em Saúde Mental. Realizou-se um
levantamento bibliográfico nas plataformas Google Acadêmico e SciELO.org, buscando
compreender, descrever e relacionar a EPS e a Reforma Psiquiátrica Brasileira, para então analisar a
hipótese de que a convergência de ambas amplia o cuidado em saúde mental no âmbito do SUS.
Resultados
Muitas práticas atuais utilizadas no campo da Saúde Mental foram formuladas tendo como referência
as experiências comunitárias com a EPS. Todavia, essa aproximação ficou mais evidente a partir das
políticas públicas de saúde entre os anos de 2011 e 2013. A partir delas observou-se que as diretrizes
da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foram contempladas com uma ou mais diretrizes da Política
Nacional de Educação Popular em Saúde, visto o histórico de luta e de caminhada pelo movimento
social da reforma psiquiátrica. Além disso, a utilização da EPS potencializa a participação de
trabalhadores, usuários e familiares no cuidado em Saúde Mental. Dessa forma, enquanto no sistema
manicomial os pacientes perdiam sua liberdade de ser, dizer e participar em nome da cura terapêutica
e seus familiares sofriam severas restrições quanto a participação no tratamento, o alinhamento da
EPS com a RP fortalece ainda mais o protagonismo, a emancipação popular e a autonomia objetivada
em ambos os campos. Assim, concluiu-se que a Educação Popular em Saúde enquanto prática na
RAPS, contribui para ampliação do acesso a saúde, qualificando a garantia dos direitos a saúde mental
e a participação popular.
Palavras-chave: Educação Popular; Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica.

299
Da Favela ao Asfalto: diferentes perspectivas territoriais na Atenção Psicossocial

Beatriz Ramos Brega - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro


Gabriela Brito Souto Maior - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
O território carioca, cuja construção se deu mediante perspectivas racistas e eurocêntricas, se
caracteriza por um lugar de realidades antagônicas, que impactam diretamente nas relações e no modo
de viver na cidade. Para Milton Santos, o território é tido como um lugar dinâmico, no qual se dão as
múltiplas relações e onde a vida acontece. Para a Saúde Mental, ainda, é possível entendê-lo como
um determinante social do processo saúde-doença dos sujeitos. Vale considerar, assim, as dimensões
territoriais e seus desdobramentos para potencializar a produção do cuidado em liberdade na
perspectiva da atenção psicossocial.
Objetivos
Relatar, sob o olhar de duas estudantes de Terapia Ocupacional, pontos de divergência e convergência
que territórios contrastantes apresentam na oferta do cuidado aos usuários de dois CAPS da Zona Sul
do Rio de Janeiro, sendo eles o CAPS III Franco Basaglia e o CAPS III Maria do Socorro Santos,
respectivamente localizados em Botafogo e na Rocinha, que constituíram os campos do estágio.
Metodologia
Trata-se de um relato de experiência, apoiado pelos diários de campo das estudantes, no qual as
características dos usuários, os sentidos subjetivos atribuídos ao território, as implicações das
vulnerabilidades e violências no cotidiano dos dispositivos, os atravessamentos no espaço da
convivência e a questão de acesso às atividades de lazer foram elucidados, buscando reunir, a partir
das informações coletadas em campo e vivenciadas na prática das estudantes, características passíveis
de comparação das dinâmicas de cada território.
Resultados
A experiência enquanto acadêmicas bolsistas nos proporcionou vivências singulares, que
demonstraram na prática o empenho de se consolidar a lógica do cuidado em liberdade, da defesa dos
direitos humanos e do acesso à cidade enquanto direito fundamental de todos, inclusive dos usuários
de Saúde Mental. As realidades antagônicas vivenciadas nos campos de estágio, que resultaram na
percepção acerca da existência de duas Zonas Suis , elucidaram a necessidade de validação do
sofrimento dos usuários de ambos os CAPS, considerando os estigmas de se morar na Zona Sul do
Rio de Janeiro, seja na favela, seja no asfalto. Além disso, as dinâmicas territoriais tanto de locais de
maior vulnerabilidade, como a Rocinha, quanto de territórios privilegiados de recursos, mas com
intenso preconceito, como Botafogo, podem representar a potência do cuidado e da produção de vida
para os usuários que acessam esses dispositivos, ilustrando a diligência dos profissionais engajados
às estratégias de Atenção Psicossocial e promoção de saúde.
Palavras-chave: Território; Cidade; Vulnerabilidade; Atenção Psicossocial; Contraste Territorial.

300
De dentro para fora: navegar é preciso, territorializar também. O processo de reorganização
do processo de trabalho de uma equipe CAPS I de um município do Vale do Paraíba/SP

Pedro Ivo Yahn - Apoiador Institucional


Patrícia Novaes Dornelas - Psicóloga
Natasha Delfino dos Santos Rodrigues - Articuladora de saúde mental Prefeitura Municipal de
Lorena

RESUMO
O presente relato é sobre os efeitos e desdobramentos de um processo de supervisão clínico-
institucional ocorrida entre os anos de 2018 e 2019 junto a uma equipe de um Centro de Atenção
Psicossocial tipo 1 situada num município de médio porte no Vale do Paraíba, estado de São Paulo.
Dentre inúmeras questões clinicas e institucionais que atravessaram este processo um ponto forte que
sempre voltava para cena era o relato constante da equipe CAPS da sensação de isolamento em
relação aos demais pontos de atenção. Como serviço de referência em saúde mental da rede, o
processo de trabalho estava organizado para tentar responder as inúmeras demandas de cuidado que
chegavam diariamente no serviço. A partir da supervisão clínico institucional alguns pontos de
inflexão foram sendo desenhado. Problematizando a função do CAPS na rede de atenção à saúde e a
premissa de ser um serviço de base comunitária e que deve funcionar conforme a lógica do território,
foi se desenhando um processo de trabalho que reorganizou a equipe com base na divisão territorial
dos serviços de saúde, principalmente a rede de atenção básica. A partir daí o processo e supervisão
investiu em dois movimentos: apoiar a equipe do CAPS na organização de processo de trabalho tendo
como princípio a territorialização por meio de miniequipes de referência territorial e articular o Grupo
Condutor Municipal da RAPS em articulação com outros pontos de atenção da rede.
Objeto do Relato
Relatar o processo de reorganização do processo de trabalho de uma equipe CAPS.
Objetivos
Apoiar a equipe do CAPS e a gestão municipal de saúde mental na articulação e fortalecimento da
Rede de Atenção Psicossocial municipal para a produção do cuidado integral e humanizado às pessoas
com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso do crack, álcool e outras
drogas.
Análise Crítica
Em muitos lugares a RAPS ainda é muito incipiente e o atual retrocesso na política nacional de saúde
mental escancaram ainda mais os vazios assistenciais. Além disso, o modo de organização do
processo de trabalho do CAPS analisado não priorizava o trabalho e a articulação em rede e estava
centrado em procedimentos tradicionais que reduzem o fazer clínico a ações curativas e
individualizantes. O processo relatado, ao acolher a equipe e suas angustias, deslocou-a do lugar de
queixa para o lugar propositivo. Por meio da análise e reorganização do processo de trabalho
articulou-se miniequipes por território, dando força às agendas de territorialização e articulação de
redes.
Conclusões/Recomendações
Ao reorganizar a equipe CAPS em miniequipes de base territorial, a aposta é na consolidação de
agenda voltada para a articulação de redes, com foco nos pontos de atenção que integra o componente
de atenção básica da RAPS, ampliando o escopo de ofertas de cuidado em saúde mental nos
territórios.
Palavras-chave: Territorialização; Redes de promoção da saúde; Apoio matricial; Saúde Mental na
Atenção Básica, Supervisão clínico institucional.

301
Desafios e experiências do trabalho de redução de danos no território na pandemia de
COVID-19 num município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Pedro Henrique Muniz de Araújo - Fundação Municipal de Saúde

RESUMO
o trabalho de redução de danos acontece no centro de um município da Região Metropolitana do Rio
de Janeiro e é desenvolvido pelo único CAPS AD da cidade. Eram realizadas abordagens à população
em situação de rua e de vulnerabilidade no Centro do município e eram feitas ações de redução de
danos como distribuição de preservativos e lanches, articulação com equipamentos da saúde e da
assistência social e orientações a respeito do uso de álcool e outras drogas. O trabalho se iniciou em
2016 e era estruturado desta forma: no primeiro ano a equipe era formada por uma articuladora
intersetorial, estagiários e residentes, principalmente de psicologia. Em 2017 a equipe se estrutura
com os profissionais da equipe técnica do caps, uma articuladora intersetorial, uma redutora de danos,
uma psicóloga e um enfermeiro. O objetivo de tais ações era atingir uma parcela da população que
não chegava ao CAPS AD ou a outros dispositivos de saúde, sendo uma forma de articulação e de
presença no serviço no território. Com o começo da pandemia, várias atividades precisaram ser
suspensas, sendo mantidas as ações de orientação, atendimento à população, articulação e distribuição
de insumos. Alguns dos desafios encontrados foram: como sustentar e reinventar o cuidado dessa
população de modo a não recuarmos diante do nível de exposição ao coronavírus a que usuários e
profissionais estariam expostos em contextos os mais diversos dadas as diferentes circunstâncias do
território?
Objeto do Relato
Os desafios de realizar um trabalho de redução de danos no território durante a pandemia de COVID-
19
Objetivos
Os objetivos consistem em: apresentar o trabalho de redução de danos e atenção psicossocial
realizado no território, enfatizando como o contexto pandêmico produziu desafios inéditos para
profissionais e para a população atendida, além de evidenciar lacunas pré-existentes no cuidado
ofertado a tal população pelo poder público.
Análise Crítica
A experiência do trabalho no território durante a pandemia evidenciou elementos que já compunham
um cenário de vulnerabilidades a que a população assistida era exposta e que diz respeito a diversas
outras problemáticas que ultrapassavam a questão da crise sanitária produzida pelo coronavírus. A
fragilidade dos vínculos e do poder de contratualidade dessa população, que se expressava na
dificuldade do acesso a dispositivos de saúde e assistência, precedia a pandemia e mostrava o quão
fundamental era a necessidade de manutenção do trabalho de redução de danos e atenção psicossocial
no território que era e ainda é realizado.
Conclusões/Recomendações
A pandemia foi um desafio para o trabalho no território e demandou a reinvenção das ações até então
realizadas. Destacamos que não era possível recuar, uma vez tal trabalho é uma forma de afirmar e
garantir o acesso à saúde de uma população atravessada por múltiplas violências e exclusão social.
Palavras-chave: Redução de danos; território; pandemia.

302
Desmedicalização do Feminino: Uma Perspectiva Integral de Cuidado e Promoção da Saúde
da Mulher no SUS

Rebecca Ledo Moreira

RESUMO
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), criado em 2004, fora um
grande marco no que tange à esfera da promoção da saúde da mulher no Brasil ao identificar que os
problemas de saúde nas mulheres surgem majoritariamente do seu lugar social de desigualdade frente
aos homens e não de particularidades da anatomia feminina. Quinze anos após a implementação da
PNAISM, esta pesquisa parte da inquietação frente à prevalência feminina nos serviços de Atenção
Psicossocial. Explora-se como tal fenômento pode está relacionado com a medicalização daquilo que
historicamente se constitui como feminino e, ainda, investiga-se as interferências do olhar
medicalizante nas relações entre saúde e gênero nesses serviços e na promoção de um cuidado integral
às usuárias do SUS.
Objetivos
Discutir a promoção da saúde da mulher no SUS e seus impasses frente à lógica de medicalização do
feminino. Buscou-se sumarizar a construção histórica dos saberes que formentam as políticas voltadas
para a Atenção à Saúde da Mulher e investigar as interferências do viés da medicalização sob as
práticas em Atenção Psicossocial à Mulher nos dias de hoje, quinze anos após a implementação do
PNAISM.
Metodologia
Esta pesquisa teve como campo de estudo o Ambulatório Central de Adultos do Instituto Municipal
Nise da Silveira. Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter exploratório, que tem como abordagem
teórico-metodologica a Psicologia Fenomenológica-Existencial. A pesquisa se deu, em primeiro
lugar, a partir da realização da revisão documental na base de dados do endereço eletrônico do
Ministério da Saúde do Brasil e de revisão bibliográfica na base Scielo e de livros acerca da temática.
Posteriormente, analisou-se quantitativamente dados estatísticos acerca dos atendimentos em saúde
mental do ACA.
Resultados
A pesquisa revela que a medicalização do feminino surge da necessidade de se esquadrinhar os corpos
das mulheres, sobretudo de mulheres negras, em busca de um controle social, legitimado pela
compreensão de que a mulher estaria destinada à reprodução e que sua anatomia seria uma
deformidade em relação a do homem. A naturalização, nesse sentido, de uma deformidade e loucura
feminina ainda se faz presente nas práticas da Atenção Psicossocial à mulher, quinze anos após o
PNAISM. A análise de tais achados à luz do existencialismo de Simone de Beuvoir possibilitou
concluir que o problema da medicalização do feminino não só não fora superado como também pode,
em alguns momentos, invisibilizar questões estruturais e singulares de mulheres que chegam ao
serviço. Isto, pois, o viés medicalizante pode dificultar a compressão das influências que as condições
sociais do "ser mulher" exercem sobre tais corpos. Negar essas realidades adoecedoras, no entanto,
configura-se como grave contradição ao PNAISM. Por tal motivo, reafirmou-se a necessidade de um
entrelaçamento entre gênero e saúde nas práticas dos trabalhadores do SUS, de modo a garantir a
promoção e o cuidado integral da mulher.
Palavras-chave: Saúde da Mulher; Atenção Psicossocial; Medicalização; PNAISM.

303
Implantação das Residências Multiprofissional em Saúde Mental e Médica em Psiquiatria no
CAPAAC

Taismane Clarice Coimbra Ricci Vieira Schiavo - Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo
(SESA-
Rachel Bicalho de Lima - CAPAAC/SESA

RESUMO
Em 2019, num amplo movimento de modernização e reestruturação da atenção em saúde, a Secretaria
de Estado da Saúde do Espírito Santo (SESA-ES) criou o Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e
Inovação em Saúde (ICEPi), cujo principal objetivo é a formação, o desenvolvimento e o provimento
de profissionais para o trabalho no SUS. A expansão das Residências em Saúde, que constitui uma de
suas macroestratégias, transversalizou a trajetória na Saúde Mental das autoras através da participação
em grupos de trabalho para construção e implantação do Programa de Residência Multiprofissional
em Saúde Mental (PRM-SM) e, mais tarde, do Programa de Residência Médica em Psiquiatria
(PRPsiq). Esta aproximação decorreu como representação do Centro de Atendimento Psiquiátrico Dr.
Aristides Alexandre Campos (CAPAAC): hospital psiquiátrico estadual localizado em Cachoeiro de
Itapemirim-ES, que é cenário de prática para ambos os Programas e o local de trabalho das autoras.
Apesar dos vieses históricos conformados ao hospital psiquiátrico, o presente relato é vocalizado
neste contexto. O que as muitas participações em mesas de negociação/pactuação, processos
formativos, construção de documentos, atividades de preceptoria/tutoria têm revelado neste
interstício 2019-2022, é a potência dessas Residências como mecanismos de resgate dos princípios
da Reforma Psiquiátrica, numa possibilidade de concretude e (re)estruturação das práticas/serviços
capixabas à luz da Atenção Psicossocial.
Objeto do Relato
Residências Multiprofissional em Saúde Mental e Médica em Psiquiatria do ICEPi/SESA-ES.
Objetivos
Descrever a experiência da implantação das Residências Multiprofissional em Saúde Mental e
Médica em Psiquiatria no Centro de Atendimento Psiquiátrico Dr. Aristides Alexandre Campos,
enquanto ferramenta de transformação de práticas para o fortalecimento do SUS e da Reforma
Psiquiátrica Brasileira no Espírito Santo.
Análise Crítica
Apesar dos avanços legais e técnico-operativos, é perceptível que as práticas manicomiais persistem
no cotidiano das Redes de Atenção Psicossocial (RAPS) no ES, especialmente sob formato velado,
sutil, encoberto pelos discursos dominantes e dominadores, de resistência em favor do instituído.
Assim, balizados em processos educacionais crítico-reflexivos e na integração ensino-serviço-
comunidade, os PRM-SM e PRPsiq têm se consolidado como estratégias de intenção de ruptura desse
modus operandis, promovendo o resgate das raízes da Reforma Psiquiátrica e dos princípios/diretrizes
da Atenção Psicossocial para tensionar e alcançar alguma porosidade nos muitos enrijecimentos das
RAPS capixabas.
Conclusões/Recomendações
Espera-se que estes Programas sigam consistentes em seu objetivo finalístico de formar profissionais
com competências para o cuidado em Saúde Mental, desenvolvendo habilidades técnicas,
socioemocionais e político-humanistas para construir uma assistência em conformidade com a
Atenção Psicossocial.
Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica; Atenção Psicossocial; Educação Permanente em Saúde;
Residências em Saúde; Formação para o SUS.

304
Manejo do Profissional Psicólogo na Intubação Orotraqueal de Paciente Covid19:
Necessidade de Reinvenção dos Processos de Trabalho

Ana Rita de Cassia Vieira de Moraes - Centro Universitário Sudoeste Paulista


Adriana Aparecida Almeida de Oliveira - Centro Universitário Sudoeste Paulista

RESUMO
Um novo desafio apresentou-se para Psicologia na pandemia, em que pese o ramo em questão já
tenha percorrido grande percurso nos hospitais. A Covid19 trouxe contextos insólitos que exigiram
uma visão panorâmica do que ocorre em torno da pessoa e de sua doença e das especificidades do
processo de intubação. Novas demandas como as intervenções durante as fases da intubação
orotraqueal, a qual era realizada comumente em pacientes inconscientes. Os profissionais psi neste
contexto tiveram como imperativo a criação de estratégias criativas e efetivas no combate ao
adoecimento mental, na contribuição com o enfrentamento da crise pela população em geral (VIEIRA
et al, 2021, p. 2).
Objetivos
O objetivo da presente pesquisa foi discutir a respeito da importância do psicólogo nas Unidades de
Terapia Intensiva voltadas a esses pacientes, mais especificamente na intubação orotraqueal.
Metodologia
Foi realizado um estudo fundamentado em uma revisão da literatura técnico-científica produzida, em
que foram utilizadas as palavras-chave: Covid19 , Psicologia Hospitalar e Intubação , nas quais foram
utilizadas diversas combinações de termos relacionados ao tema, objetivando-se reunir, analisar,
discutir e sintetizar os dados compilados. A pesquisa foi realizada nas bases de dados Scielo, Pepsic,
BVS, nas quais foram utilizadas diversas combinações de termos relacionados ao tema, objetivando-
se reunir, analisar, discutir e sintetizar os dados compilados.
Resultados
A revisão bibliográfica trouxe vários dados em um primeiro momento faz-se importante pontuar que
a intubação otraqueal é a colocação de um tubo dentro da traqueia, seja através da via oral ou da via
nasal. É um procedimento comum nas unidades de emergência, cuidados intensivos e centros
cirúrgicos. Ocorre que, nas fases de intubação orotraqueal o paciente poderá se encontrar com a fala
comprometida, então como podemos intervir nesse momento? O profissional deve vencer o desafio
por meio da linguagem não verbal, inventando novas formas (SIMONETTI, 2016, p. 154). Segundo
Almeida, sobre as técnicas e adaptações para o atendimento psicológico, afirma que as demais
práticas como a lousa mágica, cartões e lâminas de comunicação alternativa devem fazer parte de um
kit de atendimento, e deveriam estar à mão do psicólogo a todo tempo, já que a demanda psicológica
não pede licença nem tão pouco escolhe momento para ser atendida (ALMEIDA, 2014, p. 42). Nesta
direção o presente trabalho buscou problematizar o manejo do psicólogo na intubação orotraqueal,
suas dificuldades, sugerindo novas formas de trabalho, assim como, levantou aspectos relacionados
ao sofrimento mental do paciente.
Palavras-chave: Psicologia hospitalar; Intubação; Covid19.

305
Masculinidades e Homicídio-Suicídio: perspectivas e reflexões

Gabriel de Almeida Belmonte - IPPES


Aryelle Patricia da Silva - UFPE/IPPES BRASIL
Leonardo Oliveira Muniz da Silva - UFRJ/IPPES Brasil

RESUMO
Este trabalho surge a partir dos encontros do Grupo de Estudos em Saúde Mental e Segurança Pública
do Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES), ao longo de 2021 e meados de
2022. O grupo se estabelece como um espaço de discussões sobre temáticas que integram as linhas
de pesquisa do Laboratório de Estudos de Violência e Saúde Mental do IPPES, cujos participantes
têm formação nas áreas de sociologia, segurança pública, psicologia, psiquiatria e educação, de forma
geral. O relato se firma na discussão dos comportamentos de homicídio-suicídio (h/s) buscando
compreendê-lo no contexto brasileiro contemporâneo e nos debates sobre saúde mental e segurança
pública, recorrendo às notificações entre agentes de segurança pública e a formação de sua identidade.
Objetivos
Como objetivo, busca-se realizar uma reflexão sobre os comportamentos de h/s a partir dos
desdobramentos da masculinidade hegemônica, seus atravessamentos e impactos na saúde mental das
vítimas, a partir das discussões trazidas pelo grupo em articulação com estudos encontrados na
literatura especializada.
Metodologia
O grupo de trabalho iniciou suas discussões a partir de estudos de referência acerca do h/s, como
Violanti (2007) e Teixeira (2009), e em articulação com os encontros mensais do grupo
compartilhando reflexões, vivências, notícias relacionados aos temas centrais ou relacionados, e
colaborações científicas individuais e multidisciplinares advindas de cada formação. A saber, foram
treze encontros do grupo de trabalho, com média de oito participantes por encontro, e uma duração
de 90 a 120 minutos.
Resultados
Com as discussões, fez-se necessário discernir o h/s das definições comuns de homicídio e suicídio
trazendo as especificidades para sua compreensão e formas de atuar. Associados a elementos de poder,
os homicídios seguidos por suicídio podem ser entendidos no encontro com a cultura patriarcal. São
violências atravessadas por questões de gênero e sexualidade visto que, em maioria, são cometidas
por homens contra mulheres e sendo elas suas parceiras. Apontam um histórico social e imaginário
de dominação sobre o corpo e o significado feminino, além de um fator agravante: o ethos de herói
na formação do sujeito homem e no discurso de eliminação como mecanismo de defesa (Souza,
2020). Com isso, pelos homens (não só policiais), há uma negação de direito à administração dos
sentimentos próprios reduzindo sua capacidade de mediar conflitos por meio dialógico, avançando a
um direito à violência (Santos, 2017). Assim, em perspectiva, deve-se: 1) criar espaços de diálogo e
prevenção baseada em habilidades socioemocionais; 2) formular e executar ações de promoção em
saúde mental; e 3) gerar conhecimento para subsidiar programas protetivos contra o h/s e a violência
doméstica.
Palavras-chave: Suicídio-homicídio; masculinidades; cultura patriarcal; violências de gênero;
saúde mental.

306
Matriciamento em Saúde Mental na Atenção Básica: relato de experiência do município de
São Sebastião do Oest/MG

Welker Marcelo Moura - Prefeitura de São Sebastião do Oeste


Wender Rodrigo Faria - Faculdade Pitágoras
Matheus Henrique Assunção - Faculdade Pitágoras

RESUMO
Com esforços de subverter a lógica dominante do modelo biomédico nos serviços de saúde, a criação
do Apoio Matricial (Campos & Domitti, 2007) possibilitou o fortalecimento das ações de saúde
mental no campo da Atenção Básica, pois a sua dinâmica favorece a emergência de novas formas de
subjetivação nos trabalhadores de saúde, consequentemente, permitindo novas práticas de cuidado
que levem em consideração a integralidade e a singularidade dos sujeitos (Prado, 2016). Dessa forma,
as equipes de saúde são estimuladas a desenvolver uma visão ampliada do sujeito frente a suas
diferentes necessidades de saúde, incorporando em sua práxis as dimensões subjetiva e social do ser
humano. A troca de conhecimentos e qualificação dos profissionais que atuam na Atenção Básica, via
apoio matricial tem-se mostrado fundamental para a consolidação de uma rede mais efetiva no
cuidado em saúde mental. Ampliando o olhar, esta ferramenta de apoio e articulação entre cuidados
em saúde mental e Atenção Básica permite maior resolutividade e menor institucionalização dos
pacientes, estando em sintonia com a Reforma Psiquiátrica brasileira, que reorientou os sentidos e as
ações desse cuidado.
Objeto do Relato
Matriciamento em saúde mental na atenção básica
Objetivos
Relatar a experiência do município de São Sebastião do Oeste na prática do matriciamento em saúde
mental na atenção básica.
Análise Crítica
A prática do matriciamento no município tem privilegiado a articulação do trabalho multiprofissional
e intersetorial, caracterizando-o como poderosa ferramenta de qualificação das equipes de Atenção
Básica e aproximação entre os níveis de atenção, fortalecendo o cuidado em saúde mental. Além
disso, as trocas de saberes potencializadas por esta ferramenta - o matriciamento - vem contribuindo
para a ampliação do acesso do cuidado, a diminuição de estigmas , o desenvolvimento da autonomia
dos usuários e oportunizando maior qualidade técnica às equipes de saúde.
Conclusões/Recomendações
Diante exposto, constata-se que o matriciamento tem contribuído para o cuidado em saúde mental na
atenção básica, no entanto, ainda percebe-se a predominância do modelo biomédico nas práticas de
saúde, a resistência de profissionais de acolher as demandas relativas às da saúde mental e a
desarticulação da rede intersetorial. Também é importate destacar a necessidade de implantação de
outros serviços no município, tais como o Centro de Convivência e Cultura e o CAPS, para que se
possa contar com uma Rede de Atenção Psicossocial mais efetiva e articulada com a atenção básica,
e consequentemente, ampliando o escopo das ações e intervenções em saúde mental.
Palavras-chave: Matriciamento; Saúde Mental; Atenção Básica

307
O COVID-19 e o sofrimento dos profissionais de saúde mental na área hospitalar: angústias e
impasses

Anahi Canguçu Marfinati - secretaria municipal de saude


Aryel Ken Murasaki - Universidade de São Paulo
Caroline Polizeli - UNESP

RESUMO
Este trabalho parte de um relato de experiência efetuado a partir de um hospital público situado na
zona leste do município de São Paulo, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e ao SUS.
Com o advento da pandemia pelo COVID-19 os hospitais precisaram realizar uma série de
modificações nos protocolos dos equipamentos de saúde, gerando sentimentos diversos nos
profissionais de saúde, angustiados frente a uma doença ainda desconhecida e marcados pelo estigma
de cuidar de pessoas contaminadas pelo coronavírus. No âmbito da saúde mental, encontramos logo
no início da pandemia um extenso material norteando sobre o modo de nossa atuação. Instalou-se, a
partir disso, o imperativo da urgência pelo não saber fazer . Como atuar em face ao novo contexto
que se firmava? Acostumados a lidar com as urgências psíquicas da população atendida tivemos que
enfrentar as angústias de uma realidade desconhecida: escolas, restaurantes e bares fechados, somente
os serviços essenciais em funcionamento. No hospital, compartilhávamos do mesmo sentimento:
estávamos diante do imponderável. Por meio do trabalho em equipe foi possível realizar um cuidado
em saúde mental aos pacientes e familiares contaminados. Para tanto, foi necessário enfrentarmos as
nossas próprias angústias, muitas vezes negada ao profissional de psicologia e áreas psi em geral,
cujo imaginário social, via de regra, sustenta-se na suposição que essas categoria profissionais estão
imunes ao sofrimento.
Objeto do Relato
Refletir acerca das angústias dos profissionais de saúde mental no hospital público na COVID-19.
Objetivos
Nessa discussão, visamos dar ênfase ao sofrimento que os trabalhadores de saúde mental no âmbito
hospitalar enfrentam em seu cotidiano no contexto pandêmico. A reflexão é colocada tanto pelo
silenciamento em relação as nossas próprias angústias, quanto pela escassez de recursos aos nossos
pacientes que repercutem diretamente em nossa saúde mental.
Análise Crítica
A pandemia do COVID-19 firmou-se como um grande desafio para a saúde pública brasileira já
marcada por desigualdades de acesso. As diferenças existentes nos diversos hospitais, cujos recursos
destinados não ocorrem de modo equitativo, acarretaram sofrimento dos trabalhadores que atuam em
realidades mais desfavoráveis. Assim, a angústia do profissional se sobressai quando lida diretamente
com escassez de recursos e com uma população em vulnerabilidade atravessadas por marcadores
sociais, de gênero, de raça, entre outras. Não se trata, por outro lado, de tecer uma analise comparativa,
nos moldes de quem sofre mais, mas de colocar em discussão os impasses derivados de tais
atravessamentos.
Conclusões/Recomendações
Os profissionais de saúde mental da rede hospitalar não estão imunes aos impactos emocionais
oriundos a pandemia. Assim, faz-se necessário expandir espaços de acolhimento para que possam
tecer planejamentos de cuidado e atuar coletivamente frente às disparidades vivenciadas na saúde
pública.
Palavras-chave: Sofrimento psíquico, Saúde Mental, Hospital, COVID-19.

308
O Espaço das Oficinas Virtuais no Pós-Isolamento

Guilherme Bernardo Peixoto


Rejane Ribeiro - UERJ
Vivian Nunes - UERJ
Taynara Maria da Silva - UERJ

RESUMO
O projeto do Cooperança Digital foi elaborado por funcionários do CAPS EAT em parceria com a
equipe do projeto de extensão Oficina de Discurso do Instituto de Psicologia da UERJ. O objetivo
era oferecer um espaço de contato possível durante o isolamento social, fomentar debates, produções
artísticas e práticas corporais, que proporcionassem alguma socialização e pudessem implicar em
mais bem-estar em um momento tão conturbado de pandemia, com reuniões semanais através da
plataforma digital Google Meet durante de 2 horas. Nesse período, foi recorrente a demanda pelo
tema do retorno das outras oficinas presenciais e o sentimento de falta de acolhimento entre os
usuários, pela limitação do CAPS a emergências e a distribuição de medicação, gerando uma
percepção de abandono e segregação pela falta de contato pessoal. A oficina se mostrou um dos
poucos lugares para esse contato. Após o retorno das atividades presenciais a partir do início de 2022,
a organização do projeto decidiu manter o ambiente virtual, principalmente por uma possível
necessidade, e pela pandemia ainda não ter terminado. Mesmo com a oferta de oficinas presenciais,
a oficina permanece com usuários recorrentes, possibilitando mais contato com usuários e familiares
do serviço, representando uma extensão do cuidado ofertado pela instituição, não pretendendo
substituir práticas presenciais, mas atender a uma parte dos usuários que por qualquer motivo, se vê
impossibilitada de estar presencialmente no local.
Objeto do Relato
As experiências são da oficina Cooperança Digital, no CAPS Severino dos Santos ou EAT
Objetivos
Mesmo com a flexibilização das normas sanitárias e o retorno das oficinas presenciais no CAPS, a
oficina digital ainda aparece como uma ferramenta útil e que possa ser interessante de ser mantida,
por permitir à instituição alcançar usuários para além de seu espaço físico.
Análise Crítica
Dessa forma, o espaço digital, mesmo com suas várias limitações de acessibilidade e contato, ainda
se mostra um ambiente terapêutico importante de ser mantido, mesmo depois do fim do
distanciamento social. Clientes que precisam percorrer grandes distâncias para chegar no CAPS ou
se mudaram para outras cidades, estados ou até países, podem ainda entrar em contato e participar de
atividades terapêuticas com profissionais. O cuidado vai para além dos muros da instituição. Até a
facilitação do contato entre eles, com o grupo de Whatsapp, foi observada como sendo benéfica, com
vários momentos de troca de saberes e cuidado entre eles, auxiliando uns aos outros em momentos
de crise, por exemplo
Conclusões/Recomendações
Portanto, um ambiente virtual se mostra bastante interessante como ferramenta em todos CAPS,
possuindo vários benefícios. Quanto aos obstáculos de acessibilidade tecnológica, muitos podem ser
superados em certa medida com o trabalho da equipe e apoio dos familiares.
Palavras-chave: Pós-pandemia; Oficina Terapêutica; Cuidado Virtual; Saúde Mental.

309
O gênero enquanto determinante social para experiência emocional do luto

Luís Henrique Fuck Michel

RESUMO
O luto pode ser definido existencialmente como um fenômeno essencialmente relacional e que
emerge da supressão abrupta da corporeidade de um ente querido com quem o enlutado se
relacionava. Em razão disso, ao abordarmos o luto, importa reconhecer aquilo que caracterizava esta
relação, bem como os contextos históricos e culturais que marcam o modo como a experiência da
perda será experienciada. Ao considerarmos os processos de medicalização da morte e do luto que
avançam nas sociedades ocidentais contemporâneas, fundamentados em uma perspectiva
biologizante, mecanicista e individualista, urge devolver o luto ao contexto social em que este emerge.
Nesse contexto, o gênero se apresenta como um elemento fundamental para a compreensão da
experiência emocional de pessoas enlutadas.
Objetivos
Diante desse contexto, o presente trabalho se propõe a compreender de que maneira o gênero estrutura
a experiência emocional de pais e mães enlutados. A partir da vivência comum da perda de um filho
ou uma filha, almejamos aceder aos modos particulares como pais e mães são atravessados pelas
diferentes dimensões da estrutura social de gênero, bem como revelar os efeitos decorrentes das
diferentes trajetórias de gênero percorridas pelos e pelas participantes.
Metodologia
O estudo foi realizado adotando uma abordagem qualitativa, em nível micro social, com a utilização
de entrevistas semiestruturadas aplicadas à pais e mães enlutados, maiores de 18 anos e que
estivessem de luto por seis meses ou mais. Ao todo, foram entrevistadas nove pessoas (sete mães e
dois pais) que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa e assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido. As entrevistas foram gravadas, transcritas e os dados coletados foram submetidos
a uma análise de conteúdo.
Resultados
Os resultados do estudo apontam para a necessidade de uma compreensão social do luto, indicando a
necessidade de uma avaliação clínica que transcenda a mera leitura de sintomas indicados nos
manuais estatísticos diagnósticos. A estrutura de gênero em suas dimensões individual, interacional e
institucional demonstram ter influência na relação entre pais/mães e filhos falecidos, o que influencia
o modo como percebem a perda e expressam suas emoções relacionadas ao luto. A socialização em
um cultura de sentimentos marcada por estereótipos de gênero, a divisão entre o trabalho e o cuidado
dos filhos, bem como a ideologia vigente em uma sociedade patriarcal são elementos fundamentais
para que o sofrimento de enlutados e enlutadas não seja patologizado, nem invisibilizado. Ainda
assim, ressalta-se a diversidade nos modos de expressão das emoções apresentado por homens e
mulheres, evidenciando a pluralidade atualmente presente em termos de masculinidades e
feminilidades, rompendo com padrões disseminados pelas teorias dos papéis de gênero e apresentado
possibilidades de superação dos padrões impostos pela estrutura social de gênero.
Palavras-chave: Luto; Gênero; Emoções; Saúde Mental.

310
O modelo etapista e a alternativa Housing First para o cuidado em saúde mental de pessoas
em situação de rua

Rafaella Riesemberg De Souza


Luis Felipe Ferro - UFPR
Tomás Henrique De Azevedo Gomes Melo - INRUA
Vanessa De Souza Lima - INRUA

RESUMO
Atualmente estão definidos três modelos de intervenção para a população em situação de rua: modelo
assistencialista; etapista e o Housing First. O modelo etapista vê o acesso à moradia como resultado
de um processo longo dos serviços ofertados pelo Estado. O Housing First, por sua vez, coloca o
acesso à moradia como prioritário e não como resultado. Os dois modelos estão sendo aplicados à
realidade brasileira, porém com alcances diferentes. O primeiro enquanto principal modelo de
referência e o segundo de forma experimental. Tendo em vista que as precárias condições de vida nas
ruas colaboram para o agravamento dos transtornos mentais, entende-se que o acesso à moradia é
fator primordial para a atenção em saúde mental, pois as ruas continuam sendo opção de habitação
para muitas pessoas.
Objetivos
O presente trabalho tem por objetivo apresentar e discutir o paralelo entre o modelo etapista vigente
e o modelo de metodologia Housing First, enquanto políticas públicas e estratégias de cuidado em
Saúde Mental de pessoas em situação de rua no Brasil.
Metodologia
A pesquisa se desenvolveu a partir de uma revisão bibliográfica narrativa, tendo como foco analisar
os modelos de atendimento à população em situação de rua vigentes e as questões que envolvem a
saúde mental.
A análise dos dados advindos da bibliografia foi congregada à apresentação das vivências pessoais
dos autores, enquanto participantes de um projeto piloto de metodologia Housing First no Brasil.
Resultados
Ao afirmar a falta de moradia como fator importante no agravamento de transtornos mentais, destaca-
se a importância de políticas públicas e metodologias de atendimento que priorizem o acesso à
moradia e que visem solucionar a problemática da vida nas ruas, de maneira a enfrentar diferentes
nuances ao processo de adoecimento em saúde mental. A partir das pesquisas realizadas e das
vivências de atendimento à essa população, sublinha-se diferentes das limitações ao modelo etapista,
principalmente no que diz respeito ao cuidado em saúde mental. Sabe-se que a atenção em saúde é
pensada, primordialmente, para pessoas domiciliadas e que, na maioria dos casos, as formas de
atendimento tradicionais não são eficazes para as pessoas que vivem nas ruas. A falta de um espaço
para armazenar remédios, a vulnerabilidade às condições climáticas e a dificuldade de acesso aos
equipamentos e tratamentos, são algumas das problemáticas enfrentadas por essa população. Neste
sentido, o desenvolvimento de políticas e projetos que englobem a metodologia Housing First é
fundamental, pois pensar o atendimento dessa população envolve primordialmente a superação da
situação de rua como estratégia prioritária.
Palavras-chave: Etapismo; população em situação de rua; Housing First; saúde mental; políticas
públicas.

311
O que é ser antimanicomial no campo da infância e juventude?

Fernanda de Almeida Pimentel Argento - UNIFESP

RESUMO
O município de São Paulo realiza mensalmente o Fórum Municipal de Saúde Mental infantojuvenil,
sendo um fórum itinerante, tendo os CAPS infantojuvenis como responsáveis por receber e organizar
os encontros. Usuários, familiares, trabalhadores e gestores, além de atores da rede intersetorial, se
encontram para debater e trocar experiências/ideias/conhecimentos sobre a atenção psicossocial
voltada a esse público. A partir desses encontros busca-se produzir norteadores e enunciados para a
sustentação das práticas cotidianas na direção antimanicomial. Este trabalho pretende trazer a
experiência da autora, que foi convidada a participar de um encontro do referido fórum,
compartilhando suas reflexões acerca do que é ser antimanicomial na infância e juventude. A partir
dessas reflexões e do debate produzido coletivamente, pretende evidenciar elementos que possam
contribuir para reflexões e ações no campo, ampliando o debate em torno do tema.
Objeto do Relato
Debate Fórum Municipal Saúde Mental infantojuvenil(ij) de São Paulo acerca da Luta
Antimanicomial ij.
Objetivos
Apresentar reflexões acerca da Luta Antimanicomial no campo da infância e juventude (ij), a partir
do debate no Fórum Municipal de Saúde Mental infantojuvenil da cidade de São Paulo, tendo como
norteadoras as questões: O que é ser antimanicomial na ij? Como seguir com essa luta? Pretende
trazer contribuições para reflexões e ações no campo.
Análise Crítica
Historicamente crianças e adolescentes com sofrimento psíquico foram objeto de exclusão,
desconhecimento e invisibilidade, culminando na desassistência, abandono e negligência de
cuidados. Tivemos avanços no cenário nacional, mas muitos ainda são os desafios. É preciso
debruçarmo-nos sobre as necessidades de crianças/adolescentes e suas famílias e desenvolver
referenciais/ estratégias/ práticas específicos para o campo, incluindo na luta antimanicomial a
perspectiva da infância e juventude. Faz-se necessário escutar crianças e adolescentes e não tomar o
seu lugar de fala/expressão, combatendo a medicalização e patologização que incide sobre esse
público.
Conclusões/Recomendações
Atuar na atenção psicossocial ij é sustentar o cuidado antimanicomial. Crianças, jovens,
trabalhadores, gestores, rede intersetorial, comunidade devem participar dessa construção. O fórum é
o espaço para legitimação disso, resgatando a potência de um movimento social que se dá no e para
o coletivo
Palavras-chave: Atenção psicossocial infantojuvenil; luta antimanicomial; intersetorialidade.

312
Políticas Públicas de Economia Solidária e Saúde Mental: a experiência da rede LIBERSOL
em incidência política

Caique Lima Sette Franzoloso - UFPR


Luís Felipe Ferro - UFPR
Nathalia da Rosa Kauer - UFPR
Maurício Marinha Iwai - UFPR
Joabe Michael Batista dos Santos - UFPR

RESUMO
No Brasil, a partir de 1970 ocorreram mobilizações que tinham por objetivo denunciar violações de
direitos que pessoas em sofrimento mental vivenciavam em instituições psiquiátricas. Nesse contexto,
emerge o Movimento da Reforma Psiquiátrica, propondo um novo paradigma de atenção em Saúde
Mental (SM), baseado no cuidado em liberdade e reinserção social. Paralelamente, a Economia
Solidária (ECOSOL) se apresenta como uma forma de organização da vida material e das relações de
trabalho, baseada no cooperativismo, na autogestão na primazia do respeito pelo ser humano. Em
confluência entre os campos, iniciativas de ECOSOL vêm sendo desenvolvidas no âmbito da SM,
fornecendo subsídios para construções teóricas, legislativas e para a práxis da inclusão social de
pessoas em sofrimento psíquico.
Objetivos
Dessa forma, apoiado no conceito de advocacy enquanto articulação de pessoas e grupos de interesse
para influenciar em políticas públicas, este trabalho tem o objetivo de apresentar as estratégias
utilizadas pela rede LIBERSOL para cobrança e fiscalização de políticas públicas de ECOSOL, com
o intuito de fortalecer as ações de inclusão social de pessoas em sofrimento psíquico.
Metodologia
De abordagem qualitativa, a presente pesquisa foi estruturada pelo método da pesquisa-ação, que
propõe a integração do pesquisador com o fenômeno a ser pesquisado numa união intrínseca, com o
intuito de contribuir com ações e práticas para a transformação de determinada realidade. A técnica
adotada para a coleta de dados foi o diário de campo, que consiste em uma ferramenta de registro de
dados e informações. Esta pesquisa foi tramitada e aprovada pelo comitê de ética do Setor de Ciências
da Saúde da UFPR sob o número 05574918.7.0000.0102.
Resultados
A interface entre os campos da ECOSOL e da SM vem sendo construída por meio de experiências de
inclusão social pelo trabalho, cujos substratos possibilitam a elaboração de constructos teóricos e
legislativos. Contudo, para que problemáticas sociais possam ter a atenção necessária, faz-se mister
a organização comunitária em grupos de interesse para ampliar a visibilidade destas questões, para
que sejam pautadas e impactem na agenda pública. Nesse sentido, membros da LIBERSOL
debruçaram esforços para a confecção de ofícios para cobrança de ações efetivas no que tange à
interface em tela. Tais documentos foram entregues para legisladores, gestores municipais e estaduais
e para entidades de fiscalização, como o Ministério Público. Dentre as solicitações, destacam-se a
qualificação e destinação de carga horária de profissionais para desenvolver iniciativas de ECOSOL
em diferentes pontos da RAPS além da implementação de um Centro de Convivência e Cultura em
Curitiba/PR. Como resultado, está em fase de confecção (2022) um curso de 36h voltado para
profissionais e usuários, com objetivo de fomentar novas iniciativas de ECOSOL na RAPS e
fortalecer as existentes.
Palavras-chave: Políticas Públicas; Economia Solidária; Saúde Mental.

313
Psicologia das emergências: pronto socorro psicológico cognitivo-comportamental em
situações de catástrofes

Yvanna da Silva Brito

RESUMO
A psicologia das emergências é caracterizada por expandir o trabalho da psicologia para além do
setting do consultório, visando uma adaptação para as situações emergenciais. Dessa forma, surge o
Pronto Socorro Psicológico (PSP) que visa evitar que dados psicológicos se expandam para além das
reações consideradas normais , bem como apoiar o enfrentamento da situação através de técnicas
específicas, além de realizar um trabalho também pelo âmbito coletivo. Tendo em vista o atual
momento pandêmico, os efeitos causados na população geral e nos profissionais de saúde serão
evidenciados, bem como os desafios de realizar intervenções psicológicas nesse momento, já que no
Brasil há muitos anos não ocorre um evento emergencial dessa magnitude.
Objetivos
Por meio da pesquisa bibliográfica qualitativa, será abordada a relação da psicologia das emergências
e a teoria cognitivo-comportamental, além de explicitar as reações psicológicas que acometem a
população em tempos de pandemia pelo COVID-19, bem como ações com o objetivo de prevenir que
transtornos psicológicos sejam desencadeados nos casos de emergências e catástrofes.
Metodologia
O tema foi abordado através das práticas em estágios obrigatório e não-obrigatório, a psicologia das
emergências atravessou situações emergenciais ocorridas na cidade de nova Iguaçu, onde a chuva de
granizo e outras situações de calamidade pública ocorreram, bem como, a pandemia a partir do ano
de 2020. Dessa forma, foi realizada uma pesquisa bibliográfica qualitativa, a fim de unir informações
sobre as práticas da psicologia nesse âmbito, além da pesquisa sobre a área, que é muito recente.
Resultados
Evidencia-se a importância da psicologia nessa área, obtendo resultados positivos nas intervenções
psicológicas, através do Pronto Socorro Psicológico, comprovando sua eficácia na prevenção da
evolução de transtornos psicológicos. Para além de intervenções individuais, são sugeridas ações
coletivas, através de um trabalho multidisciplinar, como explicitado nas situações de desastres, onde
o trabalho com o luto vai do pessoal para o comunitário, aplicando ações e técnicas que possibilitem
que o coletivo trabalhe em busca de alternativas para ressignificação do estado em que se encontram.
Também se pode observar que ações preventivas possuem melhor êxito, já que ao auxiliar o indivíduo
a lidar com a situação, dificulta que transtornos sejam suscitados. A área, além de ser nova e ter
discussões abertas somente em tempos recentes no Brasil, a falta de divulgação sobre tais assuntos é
o principal fator observado. Ficou evidente que o PSP não se restringe à psicóloga, e, desta forma,
outros profissionais poderiam discorrer sobre tal problemática. A atual circunstância mundial pode
servir como ponto de partida para estudos de diferentes áreas sobre o PSP e a Psicologia das
Emergências.
Palavras-chave: Psicologia das emergências; Pronto socorro psicológico; Pandemia.

314
Qualidade de vida dos profissionais de Centros de Atenção Psicossocial álcool e drogas da
região do Triângulo Mineiro

Erika Renata Trevisan - UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro


Andrea Ruzzi Pereira - Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM
Sybele de Souza Castro - Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM

RESUMO
O conceito de qualidade de vida (QV) tem características complexas e subjetivas que propiciam
diferentes definições científicas e metodológicas. Nas últimas décadas, esse conceito tem sido muito
discutido nas ciências sociais e da saúde que visando a valorização da saúde, a minimização dos
sintomas e doenças, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida.
A QV no trabalho em saúde mental deveria objetivar a melhoria da qualidade da assistência e a
satisfação com o trabalho, esses objetivos estão correlacionados, e incluem-se, neste aspecto, as
questões referentes à saúde, ao bem-estar físico e social, à segurança e à organização do trabalho,
como um fator determinante na qualidade de vida dos trabalhadores.
Objetivos
Investigar a qualidade de vida dos profissionais que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial
Álcool e Drogas (CAPSad) da região do Triângulo Mineiro do estado de Minas Gerais.
Metodologia
Estudo descritivo, quantitativo, transversal realizado nos três CAPSad da Região do Triângulo
Mineiro, com população assistida de 920.033 habitantes. A realização da pesquisa ocorreu após
aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Foi
aplicada a escala do WHOQOL-BREF constituída de 26 perguntas, tipo Likert, com quatro domínios
que são: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Todos os profissionais atuantes (n=66)
nos três CAPSad foram convidados para participarem da pesquisa, aceitaram 42 profissionais.
Resultados
O WHOQOL-BREF descreve uma escala positiva, quanto maior o escore, melhor a QV, e não existem
pontos de corte que possam avaliar a QV como ruim ou boa. O domínio físico apresentou o maior
escore médio (75,59), que avalia: dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; mobilidade;
atividades da vida cotidiana; dependência de medicação ou de tratamentos; capacidade de trabalho.
O domínio relações sociais obteve escore médio (72,35) e avalia as relações pessoais; o suporte e/ou
apoio social; atividade sexual. O domínio psicológico aparece em terceiro (68,31), ele avalia os
sentimentos positivos, o pensamento, aprendizagem, memória e concentração; a autoestima; imagem
corporal e aparência; sentimentos negativos; espiritualidade/religião/crenças pessoais. O domínio
meio-ambiente apresentou o menor escore médio (62,56), esse domínio verifica a segurança física e
proteção; ambiente no lar; recursos financeiros; cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e
qualidade; oportunidades de adquirir novas informações e habilidades; participação e oportunidades
de recreação e/ou lazer; ambiente físico como poluição, ruído, trânsito, clima, entre outros; e
transporte.
Palavras-chave: Saúde Mental; Serviços de Saúde Mental; Saúde e Trabalho.

315
Quando as instituições se juntam, a saúde mental ganha: um relato de experiência de um
Projeto de Lei Municipal

Marilene Kovalski - Clínica


Maria Leonete Simioli da Paz Louzan - Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande/MS
Victor Rocha Pires de Oliveira - Câmara Municipal de Campo Grande/MS

RESUMO
O Conselho Regional de Psicologia 14ª Região MS está localizado no Mato Grosso do Sul, com sua
sede na capital Campo Grande, cenário em que surgiu como demanda, a partir das(os) psicólogas(os)
que atuam em saúde mental, assegurar os serviços de Saúde Mental, ampliar a melhoria dos mesmos
e defender contra os ataques que a Rede de Atenção Psicossocial vinha sofrendo diante dos desmontes
e revogações de portarias, além de garantir que se cumpra a política e as conquistas já consolidadas.
O CRP14/MS levou a demanda ao Poder Legislativo. Assim junto a Câmara Municipal de Campo
Grande, coordenação municipal e os técnicos que atuam na área de Saúde Mental iniciaram a
elaboração de uma proposta de um texto que serviu de base para um Projeto de Lei (PL) que assegure,
defenda e que avance em melhorias nas Políticas Públicas de Saúde Mental independente da mudança
de gestores municipais. A partir de uma reunião dos técnicos e vereadores foi definido a elaboração
de um texto contendo as políticas, serviços e as equipes multidisciplinares que atuariam. Após muitas
reuniões durante um ano de trabalho conjunto, o texto foi discutido, revisado e finalizado em reunião
na Câmara Municipal com vereadores, assessoria jurídica da casa e vários técnicos da área médica,
Serviço Social e Psicologia, uma equipe de cerca de 20 pessoas. Este PL foi encaminhado ao
Executivo, entregue ao Secretário Municipal de Saúde em reunião, uma vez que deve partir do
Executivo para aprovação no Legislativo.
Objeto do Relato
Construção do Projeto de Lei Municipal de Saúde Mental na capital Campo Grande/MS.
Objetivos
O objetivo deste relato é apresentar a articulação entre diferentes instituições a fim de elaborar um
Projeto de Lei voltado para a defesa, manutenção e melhoria das Políticas Públicas de Saúde Mental,
com ênfase em uma perspectiva antimanicomial, com liberdade e direito aos usuários, respeitando a
territorialidade.
Análise Crítica
Ao levar a demanda ao Poder Legislativo, notou-se acolhimento e a formação de uma parceria para a
produção do documento. Os técnicos que estão na ponta e toda a coordenação da saúde mental do
município se disponibilizaram e atuaram de forma ativa, decisiva e participativa para a concretização
do projeto. Houve uma aproximação entre os atores envolvidos e protagonismo dos profissionais que
atuam na ponta, conhecendo a realidade do território no contato diário com os usuários. O processo
entre o Poder Executivo e Legislativo mostrou-se burocrático, no entanto, o protagonismo dos
profissionais se sobressaiu em detrimento aos desafios que se apresentaram.
Conclusões/Recomendações
Atualmente, o PL está tramitando na área técnico/jurídico da prefeitura. Espera-se que essa
experiência e futura consolidação do PL em Lei, sirva como referência para a implantação de leis
municipais no interior do estado, de acordo com as especificidades de cada território.
Palavras-chave: Campo Grande/MS; Interdisciplinaridade; Políticas Públicas; Projeto de Lei.

316
Reforma Psiquiátrica: percurso histórico e atravessamentos

Yara Maria de Campos - PUC MINAS - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Luiz Estevão Moreira Paiva - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas
Maria Eduarda Cruz Oliveira - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas
Karina Fideles Filgueiras - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas

RESUMO
A história da loucura é marcada por uma crescente validação da medicina como ciência detentora do
saber sobre o louco e da instituição psiquiátrica como local ora de recolhimento de marginais, como
na Idade Clássica, ora de esquadrinhamento e classificação do louco, que passou a representar a
periculosidade social, como a partir da segunda metade do século XVIII. Em um longo processo
histórico, a medicina se tornou o locus do saber competente sobre da loucura, sendo necessário um
percurso igualmente longo - que se desdobra até hoje - para que tal saber passasse a ser questionado.
Assim, este trabalho se desdobra em três momentos e locais que criticaram o aparelho médico e
psiquiátrico: o contexto internacional, o movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira e o cenário
atual.
Objetivos
Este trabalho teve o objetivo de traçar o percurso histórico da reforma psiquiátrica nacional e
internacionalmente, identificando elementos sociais, teóricos e institucionais na perspectiva
internacional, bem como seus atores e organizações mais marcantes, que influenciaram a reforma
psiquiátrica brasileira.
Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa de literatura na qual se faz uma busca de artigos nas bases de
dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library (SciELO) e Portal de
Periódicos CAPES utilizando os descritores reforma psiquiátrica e história. A partir de critérios de
inclusão e exclusão, selecionou-se dez artigos. Os dados coletados foram submetidos à análise
temática, a partir da qual foram discutidos nos resultados três núcleos da reforma psiquiátrica: o
panorama internacional, nacional, e a reforma atualmente.
Resultados
Identificou-se a passagem da psiquiatria como o saber competente acerca da loucura para o advento
de uma série de críticas sobre tal psiquiatria e suas instituições, dando início à reforma psiquiátrica e
ao seu processo de desinstitucionalização. No âmbito internacional, esse processo foi atravessado
pelos movimentos da comunidade terapêutica, da psicoterapia institucional, da psiquiatria de setor e
da psiquiatria comunitária que, embora tenham tecido críticas aos modelos de atenção vigentes, não
questionaram a função das práticas psiquiátricas. Este movimento ocorreu, essencialmente, a partir
da antipsiquiatria, na Inglaterra, e da Psiquiatria Democrática Italiana. No Brasil, verificou-se o forte
caráter político da reforma, dada a conjuntura do processo de redemocratização e da reforma sanitária
que ocorriam concomitantemente no país. Pensando no cenário atual, apontamos para a necessidade
da atualização constante do movimento da reforma e da Luta Antimanicomial, bem como a
constituição de dispositivos de resistências à lógica neoliberal, sempre tendenciosa à individualização
e à retomada da lógica manicomial.
Palavras-chave: Reforma psiquiátrica; Saúde mental; Psicologia; Serviços de saúde mental.

317
Rolê Cultural: uma construção comunitária para ampliação de recursos de vida
infantojuvenis em São Mateus

Alice Dias Lima de Santana - CAPS IJ São Mateus


Victoria Guilherme Assis da Silva - CAPS IJ São Mateus
Mirna Rosangela Barboza Domingos - CAPS IJ São Mateus
Karen Silva de Jesus Alves Nóbrega Luz - Familiar - CAPS IJ São Mateus
Filipe Matheus dos Santos Amâncio - CAPS IJ São Mateus
Ivanete Aiello - SAICA São Mateus 5
Vanessa Aparecida Galdino Cardoso - SPVV Enorme Abraço
Laís Vignati Ferreira - CAPS IJ São Mateus
Raquel Meirelles Pedreño - CAPS IJ São Mateus
Rafael Oliveira Rosa - CAPS IJ São Mateus

RESUMO
O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil São Mateus (CAPS IJ), localizado na zona leste de
São Paulo, com sua equipe multidisciplinar, um grupo de assistidos e seus familiares, desenvolveram
um projeto chamado Rolê Cultural - Tamo aí na Luta! tendo por finalidade o exercício da liberdade
de expressão artística e cultural, através de músicas, poesias, desenhos, pinturas, brincadeiras e outras
formas de manifestações livres do ser. A primeira edição ocorreu em Maio de 2022, em alusão à
Semana da Luta Antimanicomial. O I Rolê Cultural Tamo aí na Luta! foi um nome construído em
parceria com a Casa de Cultura de São Mateus, que colaborou com o espaço e recursos. O primeiro
"rolê" iniciou como proposta inicial de ressignificar a história da luta antimanicomial por
contribuições artísticas, através do cuidado em liberdade e valorização do território - proporcionaram
reflexão, autonomia e protagonismo dos envolvidos. Esta proposta foi concretizada de forma exitosa,
encorajando todos os atores envolvidos em organizar eventos neste mesmo espaço com a frequência
trimestral. Desta forma, o território de São Mateus constrói uma ferramenta para ampliar o repertório
social das crianças, adolescentes e familiares.
Objeto do Relato
Atividade cultural tematizando assunto de relevância social construída coletivamente no território.
Objetivos
Realizar um relato de experiência sobre o processo de construção do evento: Rolê Cultural - Tamo aí
na Luta! produzido comunitariamente e possibilitando a experiência artística em ato com usuários,
familiares e profissionais da rede socioassistencial do território de São Mateus, Zona Leste de São
Paulo.
Análise Crítica
O processo de desenvolvimento levou aproximadamente 40 dias, no qual foram realizadas reuniões
para alinhamento dos serviços e pessoas envolvidas, Realizamos também encontros com os usuários
do CAPS IJ em atendimentos coletivos (ambiência), atendimentos individuais e familiares. De uma
forma geral, o "I Rolê Cultural - Tamo ai na Luta!", desenvolveu as seguintes atividades: uma roda
de conversa sobre saúde mental infantojuvenil, a construção de um quadro vivo, oficinas de stencil,
apresentações de música e poesia, exposição de artes visuais produzidas pelos usuários e seus
familiares, brincadeiras e jogos infantis, contação de histórias e leitura.
Conclusões/Recomendações
Desta experiência, concluímos que a arte e a cultura são uma formas de validar conteúdos internos
dos usuários e aproximar o serviço do território, o que é compromisso central do CAPSij.
Palavras-chave: Saúde Mental; Infância; Juventude; Arte; Cultura.

318
Saúde mental e os desafios em tempos de pandemia: saberes e fazeres local.

Francineti Maria Rodrigues Carvalho - Servidora Pública Estadual


Rachel de Siqueira Dias - Coordenação De Saúde Mental
Rachel de Siqueira Dias - Secretaria De Saúde De Abaetetuba
Maria Francineti Carvalho Lobato - Secretaria de Saúde

RESUMO
Abaetetuba, no estado do Pará, com populações tradicionais quilombolas e ribeirinhos, um padrão
urbano amazônico com disparidades e demandas por políticas sociais, sofreu sobremaneira com a
combinação de instabilidade econômica e catástrofe sanitária, atingindo fortemente a saúde mental.
Foram criados dois projetos o Cuidado em linha com escuta terapêutica de forma emergencial
auxiliando na travessia das dificuldades psicológicas deste período e minimizando os impactos na
saúde mental gerados pelas dúvidas, medo, luto, problemas financeiros, proporcionando apoio,
orientação de natureza didática, através do WhatsApp, realizado por duas psicólogas. O I Webnar da
saúde mental, visou debater e propor estratégias de enfrentamento sobre o impacto da pandemia na
saúde mental e o desenvolvimento de ações e estratégias de organização do cuidado em saúde mental
voltada à saúde integral e intersetorial. Através de transmissão ao vivo pela rádio, TV e redes sociais,
que atingem cidade e regiões das ilhas e estradas. Os palestrantes das áreas da psicologia, pedagogia,
psiquiatria, serviço social, direito, nutrição, falaram sobre implicações da Covid na saúde mental e
estratégias para o seu fortalecimento. Foram tratados temas como ansiedade, estresse, a fala como
alívio da dor, abuso de álcool e drogas, violência doméstica, favorecendo a identificação e o
reconhecimento de sintomas gerados pelo cenário atual e ações para amenizá-los e orientação sobre
onde buscar ajuda na rede de apoio.
Objeto do Relato
Promoção de estratégias de prevenção e cuidado em saúde mental para população do município
Objetivos
Auxiliar na travessia das dificuldades psicológicas deste período, minimizar os impactos na saúde
mental da população atendida diante da COVID-19, debater e informar a população sobre o impacto
na saúde mental e onde encontrar atendimento, criando estratégias de prevenção e de organização do
cuidado utilizando recursos e saberes locais.
Análise Crítica
As plantonista através da escuta ativa fizeram emergir nos usuários a fala sobre suas experiências
durante a pandemia, suas narrativa, suas dores, potencializar a reflexão perante o sofrimento. Ao se
ofertar esse espaço se promoveu um reposicionamento das questões trazidas, se possibilitou enxergar
outra perspectiva, tornando o usuário mais autônomo frente a sua vida, facilitando com que dessem
continuidade ao cuidado e fossem encaminhados para outros serviços. O número expressivo de
atendimentos diários (4 a 8 ligações) refletiu a grande importância do Projeto, sugerindo a
necessidade da manutenção de serviços e aprimoramento das políticas públicas de promoção e
amparo à saúde mental.
Conclusões/Recomendações
O atendimento emergencial proporcionou a possibilidade do encontro com o profissionais
qualificados facilitando o reconhecimento de conflitos ainda não identificados, gerando apoio,
orientação e esclarecimento. A oferta do ter com quem falar indicou a pertinência de dispositivos
simples de encontro.
Palavras-chave: Pandemia; saúde mental; cuidado; informação.

319
Serviço de Apoio Psicológico On-Line no município de Manaus durante a pandemia do novo
Coronavírus

Sâmilly Costa Dantas de Albuquerque - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus


Efthimia Simões Haidos - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
Dieny da Silva Lira - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
Hillene Freire Freitas - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus

RESUMO
O serviço de apoio psicológico, realizado pelos profissionais psicólogos da Secretaria Municipal de
Saúde de Manaus, ocorreu por meio de acesso ao aplicativo de mensagens Whatsapp, com
criptografia de ponta a ponta, que garante o sigilo e a privacidade dos interlocutores. Sabe-se que a
situação de pandemia pelo novo Coronavírus exigiu a adoção de medidas visando à minimização da
disseminação do vírus, ao passo que é dever ético do profissional de Psicologia, como profissional de
saúde, atuar nessa situação de emergência e calamidade pública. Assim, foi realizada a assistência
psicológica de maneira virtual a fim de que os serviços psicológicos pudessem continuar a ser
ofertados à população de maneira segura e adequada ao cenário de pandemia. O Apoio Psicológico
on-line tratou-se de uma modalidade de atendimento psicológico único e centrado na pessoa e em
suas necessidades específicas no momento, oferecido pela SEMSA no momento de pandemia por
COVID-19, e tinha como objetivo oferecer acolhimento e orientação àqueles que estavam
manifestando desconforto/sofrimento emocional, especialmente em decorrência do cenário
pandêmico.
Objeto do Relato
Serviço de Apoio Psicológico on-line no município de Manaus durante a pandemia do novo
coronavírus.
Objetivos
Realizar apoio psicológico on-line, com desenvolvimento de estratégias psicológicas que viabilizem
o suporte necessário às pessoas em situação de desconforto/sofrimento emocional em decorrência do
momento de pandemia do COVID-19, contribuindo para o processo de restabelecimento da saúde
mental a partir das condições pessoais de cada usuário.
Análise Crítica
Considerando a situação de pandemia pelo novo coronavírus, bem como o papel estratégico que a
SEMSA Manaus desempenhou no enfrentamento local deste cenário, tendo em vista recomendação
contida no Ofício 40/2020/Gtec/CG-CFP de 23/03/ 20 que faz recomendação aos gestores públicos,
empregadores e usuários de serviços de psicólogos , a saúde mental da população naquele momento
mais crítico de calamidade pública, foi desenvolvido o Serviço Psicológico on-line entendendo a
necessidade da população de atendimento psicológico, necessidade acentuada pelas circunstâncias,
uma vez que a principal estratégia adotada para enfrentamento ao vírus, o isolamento social, afetou a
saúde mental da população.
Conclusões/Recomendações
Consideramos que o Serviço de Apoio Psicológico on-line facilitou o acesso ao profissional de
Psicologia, mantendo-se o necessário distanciamento social que o momento requeria, sem deixar de
prestar a assistência em saúde mental para as demandas suscitadas pela situação de pandemia.
Palavras-chave: atenção psicológica on line; pandemia; intervenções em situação de pandemia.

320
Tratamento do tabagismo: experiência de roda de conversa na atenção secundária

Letícia Barros Simão


Andreia da Silva Stenner - Psicóloga da Prefeitura de Juiz de Fora
Leandro Pereira Matos - Faculdade Metodista Granbery

RESUMO
O Departamento de Clínicas Especializadas - PAM Marechal - atende pessoas que residem em toda
a cidade de Juiz de Fora, envolve equipe de médicos, assistentes sociais e serviço de psicologia. O
objetivo da integração entre o Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo
(SECOPTT) e a Psicologia é auxiliar a pessoa que quer parar de fumar e não consegue aderir ao
tratamento convencional, a partir de uma perspectiva da psicanálise aplicada e da psicologia da saúde
na abordagem de redução de danos. A pessoa que está interessada no tratamento é encaminhada à
Psicologia e acolhida pelos estagiários responsáveis; logo em seguida é inserida ao grupo de
WhatsApp para que possa acompanhar as reuniões que acontecem online uma vez por semana por
uma plataforma digital em horário pré-estabelecido. Nessas reuniões as usuárias têm um espaço
aberto para retratar as questões que os atravessam e trocar experiências entre si que envolvam o uso
do cigarro ou não. As trocas são muito ricas e através da palavra que circula, as participantes
conseguem elaborar melhor suas questões subjetivas e psíquicas, chegando ao entendimento, auto
responsabilização e gerência da própria vida e da relação com o tabagismo. Há também uma
conscientização no sentido dos danos que o cigarro causa à saúde física e os aspectos sociais que
atravessam o sujeito e seu modo de estar no serviço e na sociedade.
Objeto do Relato
Retrataremos a experiência com as rodas de conversa online com tabagistas no DCE em Juiz de Fora.
Objetivos
Abordar a implementação da psicologia no Serviço de Controle e Tratamento do Tabagismo de Juiz
de Fora na modalidade/formato de rodas de conversa online, de frequência semanal, que têm por base
teórica a Psicanálise e a Psicologia Social.
Análise Crítica
Dentre os aspectos que se destacam durante os encontros, percebemos que as participantes veem o
cigarro como um companheiro para suas angústias e problemáticas. Muitos se enxergam em uma
relação dicotômica entre o apego ao objeto do cigarro e a vontade de deixá-lo, pelas questões de saúde
e sociais que ele acarreta. O incômodo que pessoas próximas expressam se repete em muitas falas.
Muitos temas vêm à tona nos encontros, como ansiedade, depressão, relacionamento, sexualidade,
questões com o corpo, problemas financeiros. A proposta do grupo online é trabalhar todas essas
questões remotamente a fim de que essas pessoas não fiquem sem suporte psicológico durante seu
processo de parar de fumar.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que a roda de conversa online foi a melhor modalidade disponível para o momento
histórico de isolamento físico necessário que estamos passando, e a devolutiva das pacientes é de que
as conversas têm as ajudado e fortalecido para deixar de fumar com mais autonomia, consciência e
saúde.
Palavras-chave: Tabagismo; atenção secundária; roda de conversa; psicologia da saúde; sáude
pública.

321
Um lar esquizo na pandemia - desafios e processos em um dispositivo residencial terapêutico
durante o período da COVID-19

Mario Santos Morel


Anna Carolina Hypolito - UFF
Danichi Hausen Mizoguchi - UFF

RESUMO
Em março de 2020 foram anunciados os primeiros casos de COVID-19 no Brasil. A chegada do vírus
letal em nosso país teve como consequência uma série de medidas restritivas e recomendações
sanitárias. O contato, a proximidade e o encontro tornaram-se sinônimos de risco de vida. Tal situação
fez emergir uma série de desafios para os que trabalham com saúde mental, para aqueles que, filiados
desejantemente à luta antimanicomial, acreditam que o lugar da loucura é na cidade. Tomaremos a
experiência de duas residências terapêuticas localizadas em Niterói- RJ como material empírico para
nossa exposição. Os dois dispositivos clínicos, chamados por nós de casa e complementados pela
localização (a casa de São Francisco, a casa de Pendotiba) juntos chegam a ter quatorze moradores e
treze clínicos. Sua marca maior, desde sua fundação é a direção clínica do Acompanhamento
Terapêutico (AT). Os tempos pandêmicos provocaram uma mudança paradigmática na clínica como
um todo, mas, especificamente em nosso caso, indagávamos: como operar uma clínica pautada no
território quando a rua se torna letal? Quais os desafios de uma (com)vivência louca com uma
restrição de movimentos tão grande? Como diminuir o grau de exposição ao vírus letal com um
número de moradores e de clínicos tão extenso? O relato dessa loucura de experiência pretende
compartilhar os arranjos e criações clínicas nesse momento tão desafiador de nossa história recente.
Objeto do Relato
Relato de experiência clínica em uma residência terapêutica durante a pandemia de COVID-19.
Objetivos
Trocar com os colegas sobre os desafios e os processos da clínica durante o período da pandemia de
COVID-19, jogando luz principalmente sobre a da clínica da psicose, tomando como catalisadora da
discussão a experiência de (co)habitar com quatorze pacientes psiquiátricos.
Análise Crítica
Immanuel Kant definiu a crítica como a saída de um estado de menoridade para um estado de
maioridade. Isto é, quando deixamos de seguir o que os outros dizem e passamos a pensar por nós
mesmos. Enquanto clínico e morador de uma das casas, gostaria de ecoar uma ética clínica, já
defendida por alguns apesar de ainda marginal, da clínica do espaço como paradigma da clínica como
um todo. Tendo como intercessores para tal proposta, a clínica do habitar defendida por Fábio Araújo
(fundador das casas), a construção da Casa Jangada narrada por Bruna Pinna e o conceito de presença
próxima apresentado por Fernand Deligny a partir de sua experiência com crianças autistas em
Cévennes.
Conclusões/Recomendações
Se há uma conclusão de tal experiência é a de que a clínica e a vida equivocam todas as conclusões,
todos os especialismos e todas as certezas. O que pretendemos narrar, mais do que as conclusões, são
os movimentos, já que estes parecem nos ajudar mais em nosso ofício.
Palavras-chave: saúde mental; clínica; residência terapêutica; clínica do habitar; COVID-19.

322
Uma Revisão Crítica Sobre As Relações Entre (Bio)Psiquiatria E Neoliberalismo: Brechas
Possíveis Para Uma Outra Psiquiatria?

Fabricio Donizete da Costa - Prefeitura Municipal de Campinas


Nelson da Silva Junior - Universidade de São Paulo

RESUMO
Este trabalho propõe uma leitura crítica da literatura, em tom ensaístico, sobre as articulações entre
(bio)psiquiatria (BP) e neoliberalismo (NL). Inicialmente, realizamos uma extensa revisão da
literatura e descrevemos os pontos de amarração entre BP e NL. Em seguida, expusemos o avesso
dessa amarração, ou seja, os pontos de contradição e as fissuras desse casamento por conveniência
entre BP e NL. Assim, ao final, reiteramos os pressupostos éticos e políticos dessa revisão crítica ao
destacarmos nossa aposta, presente também em parte da literatura investigada, de uma certa
emergência de uma outra psiquiatria possível na hiância entre BP e NL.
Objetivos
Compreender a articulação contemporânea entre BP e NL, localizando seus pontos de ruptura, aqui
vistos como brechas possíveis para uma outra psiquiatria . Com isso, fomentamos a discussão em prol
de uma clínica psiquiátrica menos totalitária, advertida dos princípios de seu poder, aberta a um
diálogo renovado com a psicanálise, a medicina social e a biologia não-reducionista.
Metodologia
Realizamos uma revisão crítica da literatura, em tom ensaístico. Partimos de uma leitura em
profundidade dos trabalhos selecionados, propondo um resgate sócio-histórico da relação entre BP e
NL. Nosso recorte selecionou os estudos publicados nos últimos 20 anos. Como ferramentas
metodológicas, apostamos na arqueologia do saber foucaultiana, na análise de discurso de Pêcheux e
na psicanálise freudo-lacaniana. Dessa triangulação de métodos emergiu nosso corpus discursivo, que
tomou a relação entre BP e NL aos modos de sintoma de nossa época, com suas amarrações íntimas,
contradições e hiâncias.
Resultados
Em nossa revisão crítica da relação entre BP e NL vimos que essa relação vai além de uma afinidade
eletiva. Localizamos o caráter prescritivo e normalizante dessa articulação. Contudo, pontuamos que
a psiquiatria contemporânea continua sendo um campo em disputa. Por isso, destacamos a emergência
de uma outra psiquiatria possível , uma espécie de sonho lúcido, um desejo de despertar .
Conclusões/considerações:
Apostamos nessa outra psiquiatria, não toda, crítica, dialeticamente articulável com a psicanálise, a
medicina social, a democracia, a justiça social, os pressupostos decoloniais, o cuidado em liberdade,
amparada também pelas ciências da vida (não reducionistas e não essencialistas). Cabe também
destacar a nossa posição ético-política enquanto pesquisadores, advertidos dos princípios do poder
inerentes à essa relação entre BP e NL, que toma o bem-estar como um novo imperativo
mercadológico, uma nova commodity ou bem de consumo. Assim, nosso trabalho traz em seu
horizonte de possibilidade uma versão não toda da psiquiatria, que possa sustentar projetos e apostas
da atenção psicossocial, em meio à crise civilizatória que enfrentamos no contemporâneo.
Palavras-chave: Psiquiatria; Neoliberalismo; Revisão.

323
Uso de terapias complementares para a saúde mental de servidores de uma instituição
estadual de ensino superior de Belém/PA: relato de experiência

Bruno Jáy Mercês de Lima - UEPA


Auriele Cristine de Souza da Costa - UEPA
Rita de Cássia Souza Soares - UEPA
Lucineia Ferreira Ferreira - UEPA
Lorena Santos da Rocha - UEPA
Letícia Rodrigues Balieiro - UEPA
Charles Victor Gomes de Souza - UEPA
Leilane Correa Cantão - UEPA

RESUMO
A experiência foi realizada numa instituição de ensino superior, localizada em Belém. Para o
desenvolvimento da atividade, participaram acadêmicos do curso de enfermagem e o docente do
componente curricular Saúde Mental. Outrossim, como público, foram selecionados servidores da
instituição para compreender as implicações da dinâmica de trabalho à saúde mental, orientá-los sobre
as terapias complementares e os seus efeitos para a promoção da saúde mental, além de demonstrar
a aplicação prática. Para a realização da atividade, foram reservadas salas com ambiente calmo e
climatizado, uma para realização de auriculoterapia, outra para musicoterapia e aromaterapia. No
decorrer da aplicação, os acadêmicos fizeram instruções quanto ao modo de uso, as recomendações
de cada uma delas, tal qual sanavam dúvidas dos servidores relativas à temática. Conforme as sessões
de auriculoterapia eram finalizadas, ocorria rotatividade dos servidores entre as salas. Durante a
realização da ação, participaram 22 servidores, os quais foram questionados sobre a relação da rotina
de trabalho com a saúde mental. Com isso, os trabalhadores relacionaram a dinâmica trabalhista a
episódios de cansaço excessivo, ansiedade, estresse, preocupação em atender as demandas do
trabalho, dores de cabeça, entre outros fatores de saúde mental. No final de cada prática, os servidores
descreveram a experiência e os efeitos imediatos desta, destacando-se o alívio do estresse, cefaleia e
dores nas demais regiões do corpo. Objeto do Relato: Uso de terapias complementares em servidores
de uma instituição pública de ensino de Belém/PA. Objetivos: Relatar a experiência de acadêmicos
de enfermagem com a aplicação de terapias complementares em servidores de uma instituição
estadual de ensino, bem como relatar as alegações do público-alvo quanto os impactos da rotina
trabalhista na saúde mental e os efeitos imediatos das práticas de auriculoterapia, musicoterapia e
aromaterapia sobre as queixas apresentadas durante a atividade. Análise Crítica: Apesar de tratar-se
de um método de ascensão econômica e social, o ambiente de trabalho pode desencadear o sofrimento
mental e físico dos indivíduos, tendo em vista a crescente exigência por produtividade, o que, por sua
vez, gera sobrecarga e redução de atividades de lazer da rotina dos trabalhadores. Dessa forma,
episódios de estresse e depressão inerentes a dinâmica do trabalho têm sido evidenciados com maior
frequência. Tendo em vista o contexto supracitado, há a necessidade de fomento a estratégias de
prevenção do sofrimento mental dos trabalhadores. Sendo assim, o uso das Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde mostra-se como um método efetivo para redução de sinais de esgotamento
mental, como o estresse, o que, por sua vez, auxilia na qualidade de vida geral e profissional.
Conclusões/Recomendações: Com a realização da atividade, tornou-se possível compreender a
relação da dinâmica laboral com o estado de saúde mental. Ademais, para os acadêmicos, a
experiência mostrou-se benéfica no que tange o aperfeiçoamento das práticas de terapias
complementares voltadas a um público-alvo específico, atendendo as suas demandas.
Palavras-chave: Terapias complementares; Saúde mental; Ambiente de trabalho.

324
“Tem coisas que a gente não sabe como falar": Percepções, sentimentos e cuidados aos
tentantes de suicídio

Jeremias Campos Simões - Centro Universitário Salesiano - UNISALES


Ana Carla Gonçalves de Andrade - Centro Universitário Salesiano - UNISALES
Evanilson Junior Pautz - Centro Universitário Salesiano - UNISALES

RESUMO
O suicídio é um fenômeno complexo, multicausal e atinge diferentes idades, etnias, classes sociais e
culturas, afetando não só o individual, mas também o coletivo deixando um sentimento devastador
nas pessoas que sobreviveram ao suicídio de alguém importante. O suicídio corresponde ao caso que
resultou em morte do indivíduo como consequência de um ato direto ou indireto em que foi executado
pela própria pessoa. Estima-se que de 5 a 10 pessoas são afetadas gravemente em cada morte
consequente de um ato suicida. Já as tentativas de suicídio que estão relacionadas aos
comportamentos autodestrutivos não fatais onde há evidências de que a pessoa pretendia morrer,
sendo essas evidências manifestadas de forma implícitas ou explícitas (SADOCK; SADOCK; RUIZ,
2017; OMS, 2018; BRASIL, 2021).
Objetivos
Identificar a percepção dos técnicos em enfermagem, atuantes em um pronto socorro de referência
em Urgência e Emergência, quanto aos sujeitos tentantes de suicídio.
Metodologia
Estudo exploratório, de abordagem qualitativa. Para a produção dos dados foi utilizado entrevista
individual, questionário com questões semiestruturada e abertas. A análise dos dados foi realizada por
meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin, sendo geradas as seguintes classificações temáticas:
fenômeno espiritual; fenômeno doença; fenômeno sentimentos gerados; fenômeno entendimento
sobre suicídio; fenômeno dor/sofrimento; fenômeno de escuta ativa e fenômeno preparo profissional.
Foi respeitado todos os aspectos éticos (parecer de nº 4.302.825.) para a realização desse estudo.
Resultados
Após a análise de conteúdo, estabeleceram-se cinco categorias, sendo elas: Percepções dos técnicos
em enfermagem quanto ao comportamento suicida; Percepções dos fatores de risco que levam ao
suicídio; Assistências de enfermagem ao sujeito tentante de suicídio; Impactos do fenômeno suicídio
nos técnicos em Enfermagem e Percepção da importância do preparo profissional. O suicídio é algo
complexo. Os profissionais de enfermagem participantes do estudo possuem ciência do fenômeno
suicídio e do impacto desse nos processos de atendimento no pronto socorro. Os participantes também
entendem a importância de um preparo profissional adequado para uma abordagem e atendimento ao
sujeito tentante de suicídio, assim como um preparo emocional do profissional. É possível observar
que os próprios profissionais identificam suas limitações e entendem que a educação permanente, ou
seja, a realização de treinamentos educativos auxiliaria no seu processo de assistência, sendo assim,
o serviço precisa ter essa sensibilidade para com os profissionais, visto que os mesmos já demonstram
interesse em maior aprendizado e compreensão em relação ao comportamento suicida.
Palavras-chave: Suicídio; Tentativa de Suicídio; Pronto-Socorro; Cuidados de enfermagem.

325
A História Por Trás Do Estigma: Reflexões de uma Experiência no Trabalho com o Louco
Infrator

Bruna dos Santos Mattos de Araujo - RioSaude

RESUMO
Este trabalho visa abordar a importância de um tratamento, pautado pela Reforma Psiquiátrica, ao
louco infrator, a fim de desconstruir o estigma de periculosidade direcionado a este público. Para isto,
tem como objetivos específicos: a) reforçar a importância de ouvir a história de vida destes sujeitos,
para que, desta forma, seja possível entender o seu adoecimento mental a partir do contexto
socioeconômico no qual está inserido; b) considerar a influência da construção da sociedade brasileira
na criminologia deste país, visto que, estas particularidades influenciarão diretamente sobre o tema
abordado; c) discorrer sobre este assunto a partir da experiência vivida neste campo. Para tanto,
acompanharemos, de forma breve, a transformação do conceito de loucura até chegar à construção
do estigma de periculosidade e a sua apropriação pela psiquiatria. Acreditamos que o racismo
estrutural no Brasil se expressa de forma feroz sobre este campo, logo, observaremos que a
seletividade penal está presente nas instituições manicomiais brasileiras. Além disto, entenderemos a
relação da Reforma Psiquiátrica com o louco infrator e os avanços que estão sendo possíveis. Ao fim,
observaremos a experiência em campo e as transformações possibilitadas através do trabalho com
este público.
Objetivos
Objeto do Relato
O louco infrator que, historicamente, é estigmatizado como um ser perigoso.
Objetivos
Buscar desconstruir a figura do louco criminoso, reconstruindo a história de um sujeito em sofrimento
psíquico que cometeu um delito. Problematizando, desta forma, a desassistência gerada por
problemas diversos, que possibilita que a assistência prestada a este público seja através do sistema
de segurança pública do estado.
Análise Crítica
Reforço a importância de trazer à tona a história dos indivíduos estigmatizados como loucos infratores
. É necessário buscar entender a individualidade deste sujeito inserida na totalidade, fazendo uma
crítica a construção da loucura como sinônimo de periculosidade. Ou seja, é necessário que o contexto
socioeconômico desses sujeitos seja entendido para que haja uma melhor compreensão de seu
adoecimento metal. Para isto, defendo a relevância de abordar as particularidades do contexto
brasileiro que influenciarão na construção de sua criminologia, visto que, tal assunto influenciará
diretamente este público.
Conclusões/Recomendações
Busco contextualizar a construção do estigma de periculosidade direcionado a este publico, para
apontar o quanto essa direção está fundamentada em ideias moralistas. Entendendo, desta forma, que
o louco infrator só deixará de ocupar este lugar de ser perigoso, através da clínica psicossocial.
Palavras-chave: Louco infrator; estigma; Reforma Psiquiátrica.

326
A inclusão da estratégia GAM e formação de grupo de trabalho em um CAPS AD

Marianne de Camargo Barbosa - FMS - Niterói


Ana Claudia Chaves Mello - CAPS Bem Viver/Secretaria Municipal de Saúde/Prefeitura Municipal
de Itaguaí
Camilla Figueiredo da Costa Malheiro - CAPS AD Alameda/FeSaude
Jean Rodrigues Luciano - Gnoses /prefeitura Rio de Janeiro / caps 3 Maria do Socorro e Rpa /
prefeitura São Gonçalo/ caps3 Francisco da Siqueira

RESUMO
Iniciamos em 2020 um processo de aproximação da estratégia Gestão Autônoma da Medicação
(GAM) através de um seminário e dos fóruns GAM. Em 2021 formamos o grupo de apoio - GAM
Álcool e outras drogas - na modalidade online com outro Centro de Atenção Psicossocial Álcool e
Outras Drogas (CAPS AD) de outro município e contamos também com a participação de um
apoiador para construção do processo formativo referente à GAM. A GAM é uma estratégia na qual
somos convocados a refletir sobre nossa relação com medicamentos e seus efeitos na vida, como
princípio a autonomia processo de compartilhamento nas relações, que se diferencia de um fazer
solitário. Considerando a proposta da GAM como uma ferramenta potente de trabalho e formação,
profissionais da equipe do CAPS AD Alameda passam a apostar no dispositivo como parte do
trabalho. É formado então um grupo composto por um técnico de enfermagem, uma psicóloga da
equipe de redução de danos, uma terapeuta ocupacional e um farmacêutico que, após inserção no
grupo de trabalho, iniciam encontros semanais para leitura e discussão do Guia Moderador. O guia é
uma ferramenta que tem o objetivo de oferecer aos trabalhadores instrumentos que auxiliem a
implementação da GAM nos serviços de saúde. A partir da leitura do guia são estimuladas questões
e promovido o aprofundamento das discussões, entendendo a cogestão compartilhamento de saberes
como princípio orientador para a formação do grupo entre os profissionais.
Objeto do Relato
Estratégia GAM e o processo de formação de um grupo de trabalho entre os profissionais de um
CAPS AD
Objetivos
Refletir sobre a formação e práticas dos profissionais de um CAPS AD a partir do processo de
implementação do grupo GAM no serviço; promover a análise dos processos de trabalho e seus
norteadores, tais como o poder de contratualidade do usuário e a construção de grupo entre os
profissionais.
Análise Crítica
Alinhados aos princípios da reforma psiquiátrica brasileira, a estratégia GAM reafirmou e
potencializou práticas de trabalho já realizadas no CAPS AD Alameda na direção da autonomia. O
grupo de estudo e o grupo de trabalho foram importantes para sustentar a permanência dos
profissionais no trabalho e fortalecer o vínculo entre os mesmos. Durante os encontros, incluídos na
rotina de trabalho no CAPS AD, os profissionais podiam compartilhar suas angústias e pensar os
próximos passos para implementação do grupo GAM no serviço.
Conclusões/Recomendações
A partir do relato, consideramos importante a continuidade do grupo de estudos e grupo de trabalho
entre os profissionais como parte do trabalho, ampliando as discussões para toda a equipe do CAPS
AD. Tal processo se mostrou essencial para reflexão e fortalecimento dos processos de trabalho.
Palavras-chave: Gestão autônoma da medicação; saúde mental; álcool e drogas; processo de
trabalho.

327
A morte na maternidade: Relato de experiência sobre a atuação da psicologia diante do óbito
fetal

Carolina de Nunes Oliveira -


Rosangela Albuquerque Queiroz - Faculdade Ari de Sá- FAS
Isabel Regiane Cardoso do Nascimento - Faculdade Ari de Sá- FAS

RESUMO
As práticas de estágio ocorreram em dois turnos matutinos semanais, sendo realizados atendimentos
com mulheres que possuíam gestação de alto risco e passaram por processo de óbito fetal no período
de internação hospitalar. Nos discursos dos acompanhamentos psicológicos, ficou evidente a
prevalência de sentimentos de tristeza, de culpa com o parceiro, sentimento incapacidade no papel de
mãe e mulher, e autonegação do luto. Além disso, em alguns casos, foi possível perceber o impacto
psíquico mais profundo, de forma em que o OF gerou psicopatologias como depressão e ansiedade e
agravou o quadro clínico nas mulheres que já possuíam psicopatologias pré-existentes. Vale salientar
que essas mulheres ficavam presentes nas enfermaria junto a outras pacientes que estavam em
puerpério com filhos saudáveis, o que provavelmente pode agravar essa experiência. Os atendimentos
foram de triagem, anamnese, e de seguimento a beira do leito, visando estabelecer o vínculo
terapêutico e proporcionar intervenções voltadas para desenvolvimento e recuperação de métodos de
enfrentamento, permissão e aceitação de sentimentos característicos do luto que, por vezes, não são
legitimados socialmente frente a perdas fetais.
Objeto do Relato
Foco em atendimento ao óbito fetal em maternidade e suas implicações na saúde mental das mães.
Objetivos
O objetiva-se relatar a experiência de estágio profissionalizante I do curso de psicologia e discutir o
sofrimento psíquico presente em mulheres que vivenciaram o óbito fetal (OF) em enfermaria
obstétrica em hospital de referência do Estado do Ceará.
Análise Crítica
É valido destacar a incidência de OF, pois por se tratar de um hospital de referência, semanalmente
surgiam novos casos. Aquino e Souza (2019) apontam que a taxa de OF é de 5,3 a cada mil nascidos
no período de 2000 a 2016, número significativo considerando a taxa anual de natalidade do Brasil.
No entanto, a quantidade numérica, por si só não reflete a extensão da problemática, pois as mulheres
que perderam seus filhos passam momentos de crise vinculado a um luto não legitimado, que quando
não enfrentados com adequada terapêutica pode evoluir para um luto patológico, geralmente
vinculado a depressão maior.
Conclusões/Recomendações
O estágio neste âmbito possibilitou novos conhecimentos teóricos e práticos de uma situação
recorrente e com discussão ainda incipiente. Ademais com a experiência foi possível perceber a
necessidade do psicólogo atuando em casos de perdas e OF, visto sua complexidade psíquica.
Palavras-chave: Saúde Mental; Óbito Fetal; Saúde da mulher; Luto.

328
A Psicologia na Atenção Primária À Saúde

Carolina Freitas de Mendonça


Cassia Viera Lima - Universidade Tiradentes - UNIT
Taís Fernandina Queiroz - Universidade Tiradentes - UNIT

RESUMO
A inserção do psicólogo no primeiro nível de atenção tem como objetivo a realização de atividades
voltadas para a prevenção e promoção de saúde, tendo como foco atender as demandas comunitárias
e fomentar a criação e manutenção de políticas públicas de saúde. Por ser uma atuação diferente da
tradição psicológica no Brasil, que se voltou historicamente a clínica individual, é o nível que mais
se percebe maiores inadequações dessa profissão, visto que a prática ainda está em construção. Dessa
forma a pesquisa bibliográfica buscou compreender os possíveis motivos que levam a
desconformidade da atuação. Como pergunta norteadora foi formulada a seguinte questão: Como está
inserida a psicologia na atenção primária da saúde? , buscando um trabalho unificado da psicologia
nesse nível de atenção.
Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar o trabalho de profissionais de psicologia na atenção
primária à saúde, e como objetivos específicos identificar como ocorreu à inserção da psicologia no
setor de saúde pública, analisar as contribuições do trabalho do psicólogo no campo da saúde e
promover uma discussão a respeito das lacunas existentes na atuação do psicólogo na atenção
primária.
Metodologia
O estudo compreende uma revisão integrativa de literatura. Para a análise qualitativa foram utilizados
ensaios e cartilhas divulgados entre os anos de 2001 e 2021, juntamente com artigos publicados em
periódicos. Foram utilizados os descritores: psicologia da saúde , psicologia na atenção primária ,
atenção primária à saúde . Também foi utilizado sites governamentais do Ministério da Saúde. Foram
excluídos artigos que não integrassem o tema proposto ou que tinham como método relato de
experiência ou que estivessem voltados a nichos populacionais.
Resultados
Os frutos dessa pesquisa propõem que há uma baixa efetividade em relação ao papel do psicólogo
dentro desses serviços, assim como no ensino e na produção de conhecimentos sobre uma psicologia
da saúde coletiva. Esta deficiência concretiza-se na persistência de práticas clínicas individualizadas,
majoritariamente distantes do contexto sócio comunitário.
Sendo assim, percebe-se que a presença do profissional de psicologia nas redes de saúde se faz
fundamental para a construção de um serviço de saúde que possa atuar na prevenção de adoecimentos,
assim como no cuidado precoce dos sofrimentos psíquicos. Através da rede de atenção básica, é
possível ofertar aos sujeitos um espaço de acolhimento, acompanhamento e tratamento com a
capacidade de manejar com eficácia as demandas em saúde mental da população.
Logo, é necessário que se discuta mais a respeito da deficiência em pesquisas e publicações a respeito
da Psicologia na APS, assim como de que modo a prática psicológica na atenção primária pode se
desenvolver e fortalecer não só nos ambientes acadêmicos de ensino, mas nas redes de saúde, com as
equipes que atuam nesses serviços assistenciais, a fim de se construir uma prática.
Palavras-chave: Saúde Pública; Atenção Primária; Psicologia da Saúde; Psicólogo na Atenção
Primária.

329
Análise das vivências da maternidade: a potência do espaço em grupo para mães de crianças
autistas

Ana Helena Galassi Gobesso


Giovana Medeiros Monteiro - UFTM
Vilma Valéria Dias Couto - UFTM

RESUMO
O autismo tem sido tema de debates das políticas públicas de saúde mental, que reiteram o
compromisso de cuidados voltados para autonomia dos autistas e apoio às famílias. O autismo
interpela o exercício da maternidade e a vida da mãe, deixando-a imersa na rotina de cuidados e
exposta a intensa sobrecarga emocional. Na psicanálise, a partir da elaboração de sua história e do
impacto do diagnóstico do filho, cada mulher atua de forma única à maternidade. O processo de
subjetivação necessário à formação da parentalidade exige um trabalho psíquico que pode produzir
problemas de saúde mental principalmente quando vivem a sobrecarga e a solidão. Assim, este
trabalho apresenta os resultados parciais de um projeto de pesquisa intervenção que visa ofertar um
espaço de escuta para mães de autistas
Objetivos
Acolher e analisar as vivências maternas e os significados da maternidade para mães de crianças
autistas, além de verificar a incidência dos discursos sociais na posição das mães, por meio de um
espaço grupal.
Metodologia
Pesquisa interventiva conduzida por meio de grupo operativo, que visa fornecer espaço de partilha de
experiências de forma horizontal, favorecendo a discussão e atuando de maneira interventiva. O grupo
é formado por cinco mulheres que têm filhos autistas e conduzido pela pesquisadora estudante de
Psicologia sob supervisão de um docente. Os encontros são virtuais, de frequência semanal e têm
duração de 1h30min. Estão previstos 10 encontros. A análise dos registros dos encontros é realizada
pelo método de Análise de Conteúdo e o trabalho de discussão apoia-se em autores de viés
psicanalítico.
Resultados
Foram realizados sete encontros, até o momento. No geral, as análises têm relevado que as
participantes do grupo tendem a ser cometidas por vivências de cansaço, ineficiência, culpa,
desamparo e solidão que a maternidade atípica impõe. Em decorrência, elas ressentem de mais
suporte e investimento em si mesma, valorizando o tempo do estar só e os outros papeis sociais
desempenhados por elas para além da maternidade, olhando para as outras relações além da criança.
Acreditamos que a oferta de um espaço grupal para mães de autistas possibilita encontro consigo
mesma e com outras mulheres com experiências semelhantes, além de propiciar às mães a sustentação
das suas próprias funções maternas. Por outro lado, estamos observando que as falas das mães
compõem uma rede discursiva sobre as crianças, tem-se o risco de que o encontro entre mães de
crianças autistas possa reproduzir os discursos que tendem a uma unificação e objetalização da
criança autistas, aspecto que demanda atenção do coordenador do grupo. A experiência de intervenção
tem potencial para promover bem-estar e aprendizados significativos, amenizando o peso emocional
que as vivências em torno da maternidade comportam.
Palavras-chave: Maternidade; Autismo; Grupo.

330
Apostar no conviver: um estudo cartográfico dos Centros de Convivência no município do Rio
de Janeiro

Bruna de Oliveira Bizarro


Thiago Benedito Livramento Melicio - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
A pesquisa destinou-se a abordar as potencialidades da convivência como instrumento central na
promoção de saúde, em especial na Rede de Atenção Psicossocial. Nesse sentido, elege-se os Centros
de Convivência (CECOs) vinculados à rede pública do município do Rio de Janeiro como campo de
análise, partindo da experiência que tive em contato com o Fórum dos CECOs do estado do Rio de
Janeiro. O trabalho visa, assim, a realização de uma cartografia psicossocial que lance luz às práticas
e narrativas agenciadas junto aos conviventes dos CECOS. O estudo propõe-se a pesquisar como a
convivência se incide nos processos de desinstitucionalização da loucura e de integração à cidade,
apoiando-se em uma reflexão geral sobre a produção de cuidado em saúde que seja territorializado e
intersetorial.
Objetivos
A pesquisa busca cartografar ações, atividades e narrativas agenciadas junto aos Centros de
Convivencia e Cultura do Rio de Janeiro. Refletindo sobre os desafios e a potencialidades do cuidado
em saúde por meio de tecnologias leves, pautadas na criação de espaços de encontro. Visando a
qualificacao do cuidado em saude mental que perspective uma maior abertura na intersetorialidade.
Metodologia
Interessa a pesquisa cartografar acoes de acolhimento aos conviventes, com insercao da arte e cultura
nas atividades, observando se ocorre ou não diaalogo aberto na criacao de novos vinculos e trocas de
experiencias entre profissionais, oficineiros e usuarios. Buscando seguir os rastros sensiveis nas
construções micropolíticas e nos impasses presentes ou não no dia-a-dia carioca, dentro do recorte da
Rede de Atenção Psicossocial. Para isso, foram utilizadas entrevistas semi estruturadas, a revisao
bibliografica relacionada ao tema e os diarios de campo.
Resultados
Nessa perspectiva, a pesquisa investigou a relacao da centralidade da convivencia nos processos de
desinstitucionalizacao da loucura e de integração a cidade, colocando em analise as acoes e as
inserções destes dispositivos na Atencao Basica e na Rede de Atencao Psicossocial. Procura-se
demonstrar dialeticamente que: para que haja de fato a mudanca de paradigma almejada para a saude
mental, deve-se fortalecer a compreensao de que nenhum saber isolado podera realizar uma
abordagem integral, devendo assim caminharmos em direção a intersetorialidade a fim de assegurar
uma promoção de saúde efetiva e de qualidade. A qualidade aqui sendo lida, portanto, como uma
atenção aos processos que se constroem cotidiana e dialogicamente entre todos. Além de desenvolver
sobre como a construção das políticas públicas de saúde mental vinculam-se a uma demanda
antimanicomial; a forma com que a convivência, alinhavada com a arte e a cultura, pode vir a se
configurar como dispositivo de promoção de saúde; e como os centros de convivencia tem a potencia
de construir redes de afeto, levando a uma sensibilizacao do cuidado, tanto para os usuarios, quanto
para os proprios profissionais.
Palavras-Chave: Centros de Convivência; Coletividade; Conviver; Cuidado em Saúde; Rede de
Atenção Psicossocial.

331
Arranjos e inovações no enfrentamento da covid: revisão integrativa em saúde mental

Amanda Seraphico Carvalho Pereira da Silva


Arthur Chioro - UNIFESP
André Luiz Bigal - UNIFESP
Luís Fernando Nogueira Tofani - UNIFESP
Larissa Maria Bragagnolo - UNIFESP
Lumena Almeida Castro Furtado - UNIFESP
Letícia Bucioli Oliveira - UNIFESP
Amanda da Cruz Santos Vieira - UNIFESP
Carolina Loyelo Lima - UNIFESP

RESUMO
A presente revisão integrativa é parte de um projeto de pesquisa intitulado Enfrentamento da
pandemia de COVID-19: produções, invenções e desafios na gestão do cuidado em rede , que é
financiado pela FAPESP e conta com apoiadores do COSEMS-SP e da SES-SP. Com a eclosão da
pandemia de COVID-19, o isolamento, o medo e o luto se constituíram como disparadores para
aumento significativo da demanda por cuidado em saúde mental, assim, a assistência em saúde mental
teve de se reorganizar para garantir a continuidade da oferta de cuidados de modo antimanicomial,
assegurando as medidas de prevenção à disseminação do vírus, como quarentena e distanciamento
social. Frente a isso, ficou o questionamento acerca de quais produções de cuidado em saúde mental
que foram realizadas ao redor do mundo.
Objetivos
Esta pesquisa tem por objetivo responder a seguinte questão: Quais foram os arranjos de cuidado em
saúde mental produzidos na pandemia de COVID-19?
Metodologia
Foi realizada a revisão de literatura nas bases de dados: SCIELO, PubMed e LILACS, a partir dos
descritores [SAÚDE MENTAL AND COVID-19 ], no período de 2020-2021, em inglês, português e
espanhol, no dia 18/01/2022. Foram encontradas 3451 produções e selecionados 43 artigos. Foram
analisados a partir das seguintes categorias: tipo de estudo; público alvo; abrangência; nacionalidade;
modalidade de arranjo; finalidade do arranjo; natureza do arranjo; integração com rede de assistência
à saúde; abrangência na rede de saúde; arranjo com participação comunitária; período da intervenção.
Resultados
Os resultados parciais reuniram publicações de todos os continentes, sendo o Brasil, o país com mais
publicações. O tipo de estudo principal foi de Relatos de Experiência, com intervenções em 2020 e o
público mais estudado foi de profissionais da saúde. Destacaram-se nas produções o uso de arranjos
de cuidado por meio digital com finalidade terapêutica e integrados à rede de atenção à saúde. Esses
achados apontam desafios e potências para o cuidado em saúde mental durante a pandemia. O uso
dos meios digitais se fez necessário para evitar a disseminação da COVID e as formas de cuidado
produzidas virtualmente variaram conforme os países e acessos das populações locais a tais
tecnologias. A partir das medidas restritivas, as questões de saúde mental despontaram, o que também
se refletiu na resposta da área, vista pelo número realçado de produções de arranjos com finalidade
terapêutica. O número de arranjos que atuaram em diálogo com a rede de assistência em saúde aponta
para a construção de soluções em saúde mental de forma mais integral e acessível. Futuras análises
dialogarão com o modo de produção desses arranjos, que se deu, majoritariamente, sem a participação
comunitária.
Palavras-chave: arranjos de cuidado; saúde mental; covid-19.

332
Articulação em rede no cuidado de paciente internado em um centro de atenção psicossocial
(CAPS III) devido transtorno psicótico grave e ideação suicida com diagnóstico prévio de
tumor hipofisário

Yan Santos Leonello


Matheus Eduardo Rodrigues - Hospital Municipal do Campo Limpo Dr. Fernando Mauro Pires da
Rocha
Roberta Candal de Macedo Shibaki Souza - Hospital Municipal do Campo Limpo Dr. Fernando
Mauro Pires da Rocha

RESUMO
Trata-se de um relato de experiência no diagnóstico, tratamento e acompanhamento de um paciente
do sexo masculino, 38 anos, sem histórico psiquiátrico prévio. Em julho de 2020, foi admitido em
Unidade de Pronto Atendimento psiquiátrico (UPA) onde foi internado involuntariamente devido
ausência de crítica mórbida, risco de hetero e autoagressividade e risco de suicídio. Paciente havia
sido diagnosticado em maio do mesmo ano com acromegalia secundária a um tumor hipofisário e
iniciado tratamento com octreotide (OCT). Após internação na UPA, paciente foi transferido para
acolhida noturna em CAPS III onde foram levantadas as hipóteses diagnósticas de psicose induzida
por medicação, psicose secundária ao transtorno mental orgânico e episódio depressivo grave com
sintomas psicóticos. Graças a articulação em rede com os serviços do caps III, pronto atendimento
psiquiátrico e o serviço de endocrinologia de referência do paciente, foram excluídas as duas
primeiras hipóteses chegando a conclusão que o quadro psiquiátrico tratava-se de episódio depressivo
grave com ideação suicida associado a não aceitação de diagnóstico de tumor hipofisário, sendo
abordado tais aspectos para uma terapêutica adequada no CAPS por meio de equipe multiprofissional
assim como a manutenção do tratamento do tumor hipofisário por equipe especializada.
Objeto do Relato
Descrever o acompanhamento de um caso de depressão grave em paciente portador de tumor
hipofisário.
Objetivos
Essa experiência destina-se a descrever o caso clínico de paciente portador de condição clínica rara e
transtorno mental e a articulação da rede de atenção à saúde visando o diagnóstico, a abordagem
terapêutica e o acompanhamento em conjunto do paciente na rede de saúde pública em um município
brasileiro.
Análise Crítica
Não é raro, na nossa prática clínica, a concomitância de transtornos mentais e transtornos orgânicos.
Em casos raros, como o relatado, diversas dúvidas e perguntas ainda não são bem estabelecidas em
literatura. Sendo assim, o acompanhamento de diversos instrumentos da rede de atenção a saúde se
mostra necessário para melhor manejo do paciente. Importante salientar que não só os serviços de
saúde mental, como pronto atendimentos, hospitais e CAPS, devem se articular entre eles mas
também, a interlocução entre diferentes especialidades médicas mostra-se um importante aliado na
atenção global oferecida ao usuário.
Conclusões/Recomendações
Visto a complexidade do caso clínico do paciente mostra-se necessário a organização e a estruturação
de uma rede de saúde que atenda as necessidades clínicas e psicossociais da população.
Palavras-chave: depressão grave; tumor hipofisário; redes atenção a saúde.

333
As emoções dos profissionais da saúde que atuaram na linha de frente na assistência a
pacientes hospitalizados com diagnóstico de COVID-19

Beatriz Soares da Silva


Paula Isabella Marujo Nunes da Fonseca - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rejane Eleuterio Ferreira - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Juliana Semião de Melo - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
O coronavírus (COVID-19) é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2. Sua elevada
transmissibilidade levou o Ministério Público a declarar Emergência de Saúde Pública de Importância
Nacional (ESPIN), em março de 2020. Devido às altas taxas de óbito e transmissibilidade num
período muito curto, gestores e equipes de profissionais de saúde tiveram que lidar não somente com
as novas dinâmicas laborais, mas também com as dúvidas, ansiedades e incertezas que envolvem a
doença.
Objetivos
caracterizar as emoções vivenciadas pelos profissionais de saúde da linha de frente no enfrentamento
da COVID-19.
Metodologia
estudo de abordagem qualitativa e natureza descritiva, realizado com profissionais da área da saúde
que prestaram assistência a pacientes com diagnóstico COVID-19 em um hospital universitário da
cidade do Rio de Janeiro. A coleta de dados se deu através de entrevistas semi estruturadas, realizadas
por meio de videoconferência. Apenas os áudios das entrevistas foram gravados e transcritos. Foi
realizada Análise de Conteúdo segundo Bardin (2011) e a discussão dos resultados foi feita à luz dos
referenciais teóricos de Inteligência Emocional; Educação Emocional; e de Cuidado Transpessoal.
Resultados
Entre janeiro e março de 2022, foram realizadas 35 entrevistas com profissionais da saúde, dentre
eles: enfermeiros, técnicos em enfermagem e médicos. Foi possível caracterizar as emoções
vivenciadas por profissionais da saúde enquanto atuavam na linha de frente da assistência a pacientes
com diagnóstico de COVID-19. As principais emoções emergidas foram: tristeza, medo e alegria. Já
as características de emoções, foram: angústia, ansiedade, apreensão e terror. Também foram
observadas nas entrevistas a dificuldade que muitos participantes tiveram de nomear suas emoções,
utilizando-se de sinais do corpo para dizer como estavam emocionalmente, como: cansaço; desgaste
físico e mental. Vale ressaltar a necessidade dos profissionais da área da saúde buscarem a
autoconscientização para compreender como se manifestam as emoções, mental e fisicamente, bem
como perceberem mais claramente como enfrentam e manejam suas emoções, suas vulnerabilidades
e potencialidades, a fim de conseguirem lidar melhor com elas e respeitar suas limitações de modo
global, além de contribuir para a manutenção de sua saúde mental e a construção da inteligência
emocional.
Palavras-chave: Pessoal de Saúde; Saúde Mental; Inteligência Emocional; COVID-19.

334
Autoritarismo, privação de liberdade e violências: as Comunidades Terapêuticas no Espírito
Santo

Fabiola Xavier Leal - Universidade Federal do Espírito Santo


Giovanna Bardi - UFES
Mirian Cátia Vieira Basílio Denadai - UFES
Edineia Figueira dos Anjos Oliveira - UFES
Maria Lúcia Teixeira Garcia - UFES

RESUMO
No ES diversas são as semelhanças com o cenário nacional no que se refere às situações de violações
de direitos encontradas nas Comunidades Terapêuticas. A partir de 2013, por meio do lançamento do
Programa Estadual de Ações Integradas sobre Drogas, o Governo estadual previu parcerias entre o
terceiro setor, prefeituras, Governo federal e as famílias. Em pesquisa realizada no estado, de 268
entidades, 97 relataram como seus objetivos institucionais o aspecto religioso. Propomos discutir
sobre as situações de violência e/ou violação aos direitos humanos vivenciadas por indivíduos que
passaram por internação nas CTs, visando adensar o debate sobre o fenômeno do crescimento destas
entidades no cenário das políticas mental e sobre drogas.
Objetivos
Discutir sobre as situações de violência e/ou violação aos direitos humanos vivenciadas por
indivíduos que passaram por internação nas CTs, visando adensar o debate sobre o fenômeno do
crescimento destas entidades no cenário das políticas mental e sobre drogas.
Metodologia
Os dados compõem os dados da tese de doutorado Entre a ‘cruz’ e a ‘caldeirinha’: doses diárias de
alienação nas comunidades terapêuticas religiosas , defendida em dezembro de 2019. Envolveu
entrevistas semiestruturadas com indivíduos com histórico de uso de drogas e egressos de CTs.
Realizadas 28 entrevistas entre outubro de 2017 e março de 2018. Para análise dos dados, utilizamos
a Análise de Discurso (BAKHTIN, 1997). Garantidos todos procedimentos éticos.
Resultados
Os entrevistados eram majoritariamente do sexo masculino (20), com idades variando entre 21 e 56
anos; 12 possuíam o ensino fundamental incompleto (nove) ou completo (três), 14 possuíam o ensino
médio incompleto (três) ou completo (11), e quatro possuíam o ensino superior incompleto (três) ou
completo (1). Em sua maioria, os entrevistados eram negros. O tempo de internação e quantidade de
internações variou entre os participantes. 20 relataram situações de violência e/ou violação aos
direitos humanos. O não reconhecimento por parte dos dirigentes das instituições de que era
necessário um cuidado em saúde. O autoritarismo que os obrigavam a realizar determinadas tarefas.
Situações de maltrato e violência verbal e psicológica. Obrigatoriedade de realização de tarefas de
cunho religioso. As visitas ocorriam em datas específicas e eram monitoradas. A programação que
podia ser acessada na televisão era, muitas vezes, apenas religiosa. Acesso aos livros, restringia-se à
Bíblia. As péssimas condições do espaço físico e da comida. Obrigatoriedade de realizar trabalhos
para a instituição sem que recebessem nenhuma remuneração.
Palavras-chave: Comunidades Terapêuticas; Política sobre drogas; Direitos Humanos.

335
CAPSAD, em movimento a experiência da oficina de jogos!

Ingrid de Assis Camilo Cabral - CAPSAD


Samir Gaione de Faria - CAPSAD
Samir Gaione de Faria - Prefeitura de Resende
Jéssika de Souza Mendonça - CAPSAD

RESUMO
Trata-se de uma oficina terapêutica realizada semanalmente. Que são desenvolvidos uso de jogos em
seus diversos tipos relacionando com o grau de dificuldade (comprometimento físico, cognitivo)
apresentado pelos usuários que fazem parte. Sendo realizadas atividades que estimulem as memórias
afetivas, percepção de posturas, comportamentos, atitudes conservadoras, respeito entre os membros,
treino de espontaneidade, criatividade, elevação da autoestima, autoconfiança e rapidez no raciocínio.
Assim como pensar o fomento da autonomia e da (re) inserção social/comunitária. Além de gerir as
dificuldades com sentimentos de vitória, perda, regras e atritos, assim como a possibilidade de
construir conversações satisfatórias, livres de julgamentos.
A oficina de jogos possibilita apontar que a experiência de jogar pode oferecer novas condições para
a experimentação de si, possibilitando a instituição de uma função normativa, capaz de produzir
outras normas de vida e de relação. O Jogar implica coordenar ações e compartilhar sentidos com o
jogo e com os demais participantes do mesmo, seja para vencer ou para construir alternativas de
existência nesse mundo. Esse processo demanda treino e afinação, o que faz que os iniciantes, por
vezes, explorem muitos jogos antes da imersão tornar-se efetiva. Essa exploração, que pode ser
interpretada como dificuldade de concentração ou baixa resistência à frustração modos de avaliação
recorrentes quando se trata de usuários da saúde Mental.
Objeto do Relato
Oficina terapêutica de forma direcionada utilizando os jogos como instrumental
Objetivos
Espaço de convívio aos usuários que proporcione se expressar socialmente. Os jogos, aproximam
elaboram vínculo sendo um recurso terapêutico. Estas atividades desenvolvidas objetivam a
expressão de sentimentos e emoções, desenvolvimento de habilidades, da autonomia, exercício da
cidadania e a socialização familiar e social dos usuários.
Análise Crítica
Os usuários através de uma aproximação com o material (jogos) de maneira sutil abandonam a lógica
formal e imerge na lógica da fantasia, resgatando conteúdos inconscientes que dificilmente seriam
percebidos, sem ser alto direcionado e focado no uso da droga e sim estabelecendo a forma que estes
indivíduos se encontram na vida. Em alguns momentos pode também ocasionar sentimento de tristeza
quando há a perda, mas logo estimulamos o processo e não o resultado final.
Conclusões/Recomendações
O jogo vai além do sentido biológico e apresenta diversos significados proporciona uma pausa na
rotina, traz alegria e entusiasmo, refere-se a divertimento e satisfação na execução de uma atividade,
é um elemento importante, mas não deve ser confundido com ele. É cuidado ofertado, não
padronizado.
Palavras-chave: oficina; lúdico; recurso; expressar; cuidado.

336
Coletiva Utopia Viva: A experiência da criação de um coletivo de mulheres antimanicomiais
no contexto de pandemia

Allice Rejany Nogueira Carvalho - CRP


Marina - Coletivo Utopia Viva
Clara Correa Lima - Coletivo Utopia Viva
Gabriela Fernandes Chaves Lira - Coletivo Utopia Viva

RESUMO
A Coletiva Utopia Viva nasceu diante da motivação e experiência de mulheres de programas de
Residência Multiprofissional em saúde mental no Sistema Único de Saúde do DF. A partir da vivência
em serviços de saúde da Rede de Atenção Psicossocial do Distrito Federal, e do compartilhamento de
incômodos e anseios, iniciamos a construção de um movimento social antimanicomial. A princípio,
a ideia era dar continuidade à luta que foi gestada no âmbito da especialização e das práticas
profissionais, buscando dar continuidade às perspectivas coletivas. Os primeiros passos perpassaram
pelo questionamento compartilhado de quais seriam as indagações e as motivações que cada uma
carregava e que nos levava ao que nem ao menos denominávamos como Coletiva Utopia Viva.
Iniciamos pelo nome, que surge como uma demonstração de que de fato sonhamos com um futuro
diferente, no qual há uma transformação radical da realidade, e que nós, mantendo viva a utopia, nos
comprometeríamos com essa concretização. Sem intenção anterior, foi notório que, tal como entre
trabalhadoras da saúde de modo geral, éramos nós, todas mulheres. Além de mulheres, residentes e
ex-residentes, somos todas trabalhadoras que acreditamos na luta antimanicomial como a luta por
uma sociedade sem opressão, exploração e qualquer forma de dominação. Com isso, a coletiva foi
crescendo, desenvolvendo atividades no âmbito político, teórico e prático, e abrindo espaços para
novas ideias e novas integrantes.
Objeto do Relato
A experiência da construção de um coletivo de mulheres antimanicomias no contexto de pandemia.
Objetivos
Relatar a experiência da construção de um coletivo de mulheres antimanicomiais. Demonstrar a
importância dos movimentos sociais no campo saúde mental. Apresentar a potência das articulações
coletivas como caminho para pensar saúde mental. Valorizar as trajetórias de mulheres trabalhadoras
do SUS e seu histórico de luta.
Análise Crítica
Mesmo em tempos bárbaros o afeto nos une, nos levanta e nos movimenta. Diante de um contexto de
imobilização, a coletiva fez surgir e reavivar o desejo por uma sociedade que abra espaço para a
alteridade. A possibilidade da luta social organizada traz possibilidade para a materialização de uma
sociedade sem manicômios, principalmente os manicômios mentais. A Coletiva, mesmo em contexto
de pandemia, tornou possível um grupo de estudos, atos políticos e o despertar do desejo de engajar
outras pessoas no movimento social. Fazer nascer uma coletiva, em um contexto político e sanitário
desfavorável para a coletivização e potência da luta social, foi desafiador e potencializador.
Conclusões/Recomendações
A experiência vivida entre mulheres na construção de um coletivo antimanicomial mostrou-nos a
potência da luta. Entre o desmonte das políticas públicas, da saúde mental e das próprias existências,
continuar lutando com outras mulheres nos dá fôlego na caminhada da transformação radical na
sociedade.
Palavras-chave: Saúde Mental; Luta Antimanicomial; Mulheres; Movimentos Sociais; Pandemia.

337
Covid-19 enquanto fenômeno sócio-político complexo e plural

Lucas Braga Martins

RESUMO
A pesquisa iniciou através da contextualização epistemológica da covid-19 no território nacional e do
estado do Paraná, percorrendo os dados de contaminação e óbito até o mês de junho de 2021, mês em
que já havia certa progressão na vacinação (16% da população com 2 doses), mas com uma taxa
acentuada de mortes, chegando à 540 mil mortes no país. Desta forma mostrando os impactos na
saúde, entretanto são evidentes os efeitos não só epidemiológicos e sanitários neste cenário, mas
também sua interferência sobre a sociedade de modo geral tendo influencia no desemprego, nas
políticas públicas, nos processos subjetivos, na educação, assistência social e saúde, na lógica do
trabalho, entre outras que circunscrevem, de forma plural e desigual, a vivência humana durante a
pandemia.
Objetivos
Articulada com preceitos da abordagem multirreferencial, a pesquisa foi articulada com o objetivo de
evidenciar a covid-19 enquanto um fenômeno complexo e plural. os objetivos específicos se
dispuseram em aproximar a dimensão subjetiva para com a experiência pandêmica, expor trabalhos
da psicologia do Paraná que ampliam frente a Covid-19 e explorar a abordagem enquanto ferramenta
epistemológica
Metodologia
O estudo é de caráter teórico, apoiado na abordagem multirreferencial, auxiliando na compreensão
do fenômeno da covid-19 enquanto fenômeno social complexo e plural, envolvendo exploração de
biografia de forma narrativa e não-sistêmica. Assim, o estudo se organizou em 4 eixos de análise:
Perspectiva multirreferencial: ampliando o olhar; As contribuições das ciências sociais e humanas na
interface com a saúde; A subjetivação pandêmica e A ampliação do olhar e das práticas de cuidado
no contexto da Covid-19, sendo os dois últimos aqui simplificados em seus títulos, pela
disponibilidade textual
Resultados
Compreende-se, a partir da pesquisa, a experiência subjetiva durante a pandemia sendo um processo
heterogêneo marcado pelas dimenções sociais e de desigualdade e seus marcadores, enquanto centrais
na movimentação subjetiva, trazendo outras dimensões para com a compreensão sobre a pandemia,
que inclui o campo sócio-político-subjetivo. Apoiado nesta perspectiva e postura, o estudo se propôs
a trabalhar com a abordagem multirreferencial, pois assume a pluralidade frente aos fenômenos
associada ao campo referencial dos pesquisadores e diferentes disciplinas científicas, construindo
uma ciência implicada e multirreferencial que se afasta do movimento positivo-cartesiano. Desta
forma e a partir da dimensão social apresentada, ficou evidente a partir das discussões a falta de
perspectiva social e ampliada pelo combate a pandemia por parte das estratégias governamentais,
dimensionadas por uma política negacionista e sua influencia no discurso, em oposição à OMS. Em
corroboração, foi apresentado um estudo demográfico que cruzou dados de mortalidade,
contaminação e vacinação em São Paulo durante a pandemia que evidenciou contradições na
efetividade da vacinação, escancarando desigualdades.
Palavras-chave: Saúde-Coletiva; Covid-19; Multirreferencialidade.

338
Exercício física enquanto prática de cuidado em um residencial terapêutico

Idilso Kirch - Lótus


Leticia Passos Pereira - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem. Escola de Enfermagem.
Fabiane Machado Pavani - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem. Escola de Enfermagem.
Júlio César Travi Wortmann - UniAmérica Centro Universitário

RESUMO
Este relato traz a experiência de um residencial terapêutico privado que acolhe nove residentes entre
42 a 64 anos, com diagnósticos de transtorno de humor bipolar, transtorno de personalidade
dependente, esquizofrenia, depressão e Alzheimer e incluiu a prática de exercícios físicos na rotina.
A partir do Projeto Terapêutico Singular elaborado pela equipe multidisciplinar, a prática de
exercícios físicos é desenvolvida duas vezes por semana, no residencial ou em locais externos, de
maneira coletiva. Os residentes, em geral, têm histórico de sedentarismo, baixa autoestima,
dificuldades na coordenação motora, no equilíbrio e força diminuída nos membros. Isto, associado a
aspectos dos diagnósticos psiquiátricos, contribuem para que demonstrem resistência na participação
das atividades, alegando que não se sentem em condições ou não são capazes de realizá-las. Utiliza-
se de exercícios baseados na funcionalidade, para que o treinamento impacte na atividades de vida
diária. É imprescindível o estímulo e orientação do profissional para que o exercício físico seja
realizado de forma a compor as práticas de autocuidado e cuidado integral. Entre os benefícios,
destacam-se os ganhos motores, com aumento na resistência e força muscular, melhora na
coordenação motora e equilíbrio, além de redução da ansiedade, de sintomas depressivos e melhora
na memória recente. Percebe-se que aqueles com maior facilidade na execução dos exercícios tornam-
se referência para aqueles com dificuldades.
Objeto do Relato
Prática de exercício físico realizada em grupo com moradores de um residencial terapêutico.
Objetivos
Evidenciar os benefícios biopsicossociais da prática de exercícios físicos em grupo de pessoas com
transtornos mentais em um residencial terapêutico, orientada por profissional de educação física.
Análise Crítica
Exercícios físicos melhoram a condição física, elevam a autoestima e a sensação de bem-estar.
Diversos transtornos mentais têm como sintoma o isolamento e dificuldade de interação; muitas
pessoas usam medicamentos com efeitos colaterais como ganho de peso, alterações no sono e apetite.
Assim, a percepção de indisposição e mal-estar é aumentada e a prática de exercícios regulares se
torna necessária como regulador da saúde, para a manutenção do bem-estar e da disposição para
realização de atividades diárias. Ainda estimula as relações de convívio social e permite a utilização
de espaços da cidade, fazendo com que as pessoas sintam-se ativas, estimuladas e pertencentes a um
grupo e território.
Conclusões/Recomendações
A prática de exercícios físicos integra o processo terapêutico e, oferecida em um residencial, se faz
tão importante na rotina dos residentes quanto outras práticas de cuidado. Compreender as
resistências e criar estratégias para superá-las compõe as práticas de cuidado integral e de
autocuidado.
Palavras-chave: Exercício Físico; Transtornos Mentais; Intervenção Psicossocial.

339
Experiência interprofissional em enfermaria psiquiátrica

Carolina Zandavalli Steinacker - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo


Alessandra Ramos Rodrigues - UNIFESP
Isabela Monteiro Nicolau de Moraes - UNIFESP

RESUMO
A experiência relatada ocorreu em um contexto de estágio de residência multiprofissional em saúde
mental e residência médica de psiquiatria, que se passou em uma unidade de internação psiquiátrica
em um Centro de Atenção Integral à Saúde Mental. O grupo foi formado por cinco residentes
médicos, uma psicóloga, uma terapeuta ocupacional e uma enfermeira. O objetivo do estágio foi
capacitar os profissionais para compreenderem e atuarem frente às demandas de saúde mental da
população, através de uma dinâmica de trabalho interprofissional. Para tal, os oito profissionais
permaneceram quatro meses na unidade, nos quais trabalharam em conjunto com os supervisores na
construção de projetos terapêuticos singulares para cada usuário internado, que encontravam-se em
crise em relação a sua saúde mental. Para que fosse possível realizar um trabalho interprofissional
foram pensados espaços semanais de reflexão sobre as relações profissionais. O trabalho foi
organizado em duplas de referência para cada caso e os mesmos eram responsáveis por estruturar a
proposta terapêutica, que deveria ser discutida com toda a equipe em supervisões semanais. Além dos
espaços programados e propostos pelos supervisores, os residentes organizaram espaços autônomos
para dialogar sobre a experiência no setor, principalmente quando necessário pensar sobre uma
vivência desafiadora que tinham participado. Com isso, buscou-se uma formação profissional que
respondesse às demandas de saúde mental de forma integral.
Objeto do Relato
Será relatada a experiência de trabalho interdisciplinar entre residentes de saúde mental.
Objetivos
Nesse relato serão abordados os encontros e desencontros ocorridos em uma experiência de trabalho
interprofissional, em um espaço formativo de residência médica de psiquiatria e residência
multiprofissional de saúde mental. Priorizando os aspectos que podem ser replicados nos demais
cenários de prática da RAPS.
Análise Crítica
O trabalho na enfermaria psiquiátrica, historicamente medicalocêntrico, precisou ser repensado para
possibilitar a construção de novas práticas que pudessem se aproximar de um trabalho
interprofissional. As supervisões foram os espaços onde as tensões práticas e teóricas puderam ser
evidenciadas e, assim, propor novas ações de cuidado para além da centralidade das determinações
médicas. Ainda assim, a formação superior dos residentes foi marcada, majoritariamente, por um
modelo educacional uniprofissional. Dessa forma, os desafios são grandes para evitar a fragmentação
do cuidado e a comunicação entre profissionais.
Conclusões/Recomendações
Os participantes perceberam que o trabalho conjunto, acompanhado de supervisões teóricas que
permitem o repensar das práticas de saúde vigentes, tem sido eficaz na construção dessa lógica
interprofissional. Porém, ainda existe muito a ser construído.
Palavras-chave: Residência multiprofissional; Residência médica; interprofissional; saúde mental

340
Feminicídio e orfandade: história de vida narrada por uma sobrevivente

Stephanie Cordeiro Papes


Roberta Scaramussa - UFSB
Camila Gabrielle dos Santos Mota -
Camila Gabrielle dos Santos Mota - UFSB

RESUMO
A violência de gênero perpetrada contra as mulheres é desde 1990 considerada uma questão de Saúde
Pública pela Organização Mundial de Saúde. No Brasil, foi sancionada em 2015 a Lei 13.104
denominada de Lei do Feminicídio, que qualifica o homicídio de mulheres por condição de gênero
como hediondo. Embora o mais grave dos efeitos desse tipo de violência seja, sem dúvida, a sua
letalidade, ou seja, a morte o feminicídio produz outro efeito perverso ainda pouco visibilizado social
e academicamente, a orfandade de crianças e adolescentes. Na mídia tais sujeitos são intitulados:
órfãos do feminicídio, vítimas invisíveis do feminicídio e até mesmo sobreviventes do feminicídio.
Objetivos
O objetivo desta pesquisa é analisar a narrativa produzida por uma órfã do feminicídio - que vivenciou
a perda materna em sua adolescência - a respeito de sua trajetória de vida. De modo mais específico
intentamos conhecer os principais efeitos da violência em sua trajetória emocional bem como as
estratégias de enfrentamento e proteção encontradas para lidar com os desafios encontrados.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e de campo que utilizou da metodologia da Entrevista Narrativa
como proposta por Shutze. A entrevista conduzida para este estudo foi realizada por meio de um
encontro presencial entre pesquisadora e informante e durou 46:55 minutos. Para tanto foi utilizada
uma questão disparadora: Conte-me sua história de vida . A participante foi indicada por atender aos
objetivos propostos. O procedimento de análise utilizado também seguiu os caminhos apontados por
Shutze para o estudo de entrevista narrativa.
Resultados
A trajetória de vida de Vitoria é marcada por sentimentos negativos, sintomas físicos e psicológicos
e mudanças comportamentais bruscas que de acordo com a literatura vão ao encontro do que se
denomina transtorno do estresse pós-traumático. Além disso, em sua narrativa evidencia-se a
reprodução de relações abusivas seja conjugais ou maternas que podem ser compreendidas numa
perspectiva de violência intergeracional. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, aponta a maternidade e
a conjugalidade como importantes elementos para enfrentamento das adversidades. De modo geral a
trajetória de Vitória parece ser marcada pelo abandono seja ele de ordem parental, familiar ou
comunitária. O Estado não aparece no discurso de Vitória, a única política pública mencionada é a
educação. No entanto, aparece mais como um sonho a ser atingido do que como um direito a ser
exercido. Vitória pode ser considerada uma sobrevivente invisível do feminicídio que, por um lado
precisa conviver com os atravessamentos das inúmeras violências as quais é cotidianamente
submetida, por outro, resiste e permanece em busca de contrariar os estigmas sociais traçados para
ela.
Palavras-chave: Feminicídio; Orfandade; Violência de gênero; Narrativa.

341
Grupo de Ouvidores de Vozes no Sistema Único de Saúde: ferramenta de reconhecimento e
pertencimento

Loraine Oltmann de Oliveira - UFPR


Deivisson Vianna Dantas dos Santos - UFPR
Chayanne Federhen - UFPR
Sabrina Stefanello - UFPR

RESUMO
O Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes surgiu na década de 80 como luta pela
desinstitucionalização, autonomia e respeito com relação às pessoas que ouvem vozes. Busca
compreender que as pessoas que ouvem vozes têm direito a serem ouvidas, e despatologiza o
fenômeno de ouvir vozes, entendendo essa vivência enquanto condição humana e importante.
A principal forma de atuação do movimento é criando grupos de ouvidores de vozes, que atuam como
grupos de mútua ajuda, onde todas as vozes são respeitadas.
Em 2017 iniciaram em Curitiba Grupos de Ouvidores de Vozes em Centros de Atenção Psicossocial,
sendo que um deles foi construído pela pesquisadora em conjunto com alunos de um projeto de
extensão da UFPR, juntamente com os próprios usuários dos serviços em questão.
Objetivos
A pesquisa buscou compreender o que os participantes do grupo de ouvidores de vozes pensam acerca
da vivência do grupo em si.
Metodologia
Tratou-se de pesquisa qualitativa, do tipo de pesquisa-ação. A pesquisadora era também trabalhadora
dos locais de pesquisa. A coleta de dados foi realizada em 2020 com entrevistas em profundidade e
produção do diário de campo. As entrevistas foram audiogravadas e depois transcritas. Por fim, os
dados foram analisados pela metodologia de análise do conteúdo. Os participantes das entrevistas
foram pessoas com mais de 18 anos, que estavam em tratamento em um Centro de Atenção
Psicossocial em Curitiba, e participaram do grupo de ouvidores de vozes por pelo menos um mês.
Resultados
Foram realizadas 4 entrevistas e uma reentrevista, com duração entre 15 a 45 minutos, sendo que os
participantes foram dois homens e duas mulheres, com idade média de 50 anos.
Nos relatos os participantes descreveram os grupos como um espaço para conversar e socializar, onde
podiam realizar trocas com seus pares; e que além disso passaram a não se sentir mais sozinhos, por
perceber que existem pessoas que experienciam vivências semelhantes. Também correlacionaram o
grupo a um espaço seguro, ao qual podiam recorrer e falar livremente, ao mesmo tempo funcionando
como fonte de informação sobre a experiência de ouvir vozes. Exploraram inclusive o vínculo com a
mediadora, afirmando-o como positivo. Surgiu um aspecto atribuído como negativo ao grupo que foi
o fato dos participantes se sensibilizarem com algumas das histórias de vida compartilhadas.
Pode-se concluir que o grupo de ouvidores de vozes estudado se constitui enquanto espaço de
reconhecimento, pertencimento e apoio para os participantes; atuando contra o isolamento e a
estigmatização do fenômeno de ouvir vozes.
Palavras-chave: Ouvidores de Vozes; mútua ajuda; psicose; grupos; esquizofrenia.

342
Grupo Voz as Nossas Vozes Na Agência De Sujeitos Que Ouvem Vozes

Roberta Antunes Machado - IFRS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul
Liamara Denise Ubessi - UNIPAMPA
Thylia Teixeira Souza - UNISINOS
Tamires Pereira Dias - UFPEL

RESUMO
Ouvir vozes que outros sujeitos não ouvem quando compreendida dentro de uma perspectiva
biológica, minimiza o sujeito e a sua experiência, sendo comumente interpretada como sintoma de
adoecimento mental, que deve ser investigado e tratado com medicamentos, reduzindo o sujeito a um
diagnóstico a fim de silenciar a experiência e aqueles que a experienciam. Em 1987 surge na Holanda
o Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes (MIOV), que compreende a audição de vozes
como uma experiência humana natural, cabendo a ela diferentes explicações, e interpretada a partir
do contexto de vida e das narrativas dos sujeitos que a vivem . O movimento aposta no suporte
coletivo de pares como meio para ajudar as pessoas a compreenderem e a lidar com as vozes.
Objetivos
Investigar a contribuição de um grupo de Ouvidores de Vozes para a agência dos sujeitos que têm, na
sua história de vida, a experiência de ouvir vozes.
Metodologia
Pesquisa-intervenção, que resultou na implementação de um grupo comunitário de ouvidores de
vozes. Entre julho de 2019 a julho de 2020, realizou-se observação participante nos encontros
semanais do Grupo Voz as nossas Vozes, situado no município de Pelotas/RS, com duração de duas
horas. Foi utilizado um diário de campo para registar os dados observados em campo físico e virtual
do grupo. As informações foram analisadas à luz do conceito de agência da filósofa Judith Butler. A
pesquisa seguiu todos os preceitos éticos da Resolução CNS 466/12 e foi aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa.
Resultados
O Grupo, a partir de uma postura não prescritiva, desarticulada da lógica de mercado e não reguladora,
permitiu que os sujeitos que ouvem vozes se desloquem do papel de protagonista da experiência para
o de escritora/escritor roteirista do seu processo de (re)significação, elaboração e
enfrentamento/convivência com a experiência. Esse deslocamento pode ser entendido como agência,
ou seja, como uma prática de ação do sujeito de subversão do poder que o discurso psiquiátrico produz
sobre a experiência de ouvir vozes, ao explicá-la como uma doença . O grupo estimulou os sujeitos
que ouvem vozes a se apropriarem de suas narrativas e experiências, contribuindo para que pudessem
construir coletivamente o próprio discurso e práticas de cuidado despatologizantes e
desmedicalizantes . Assim, o grupo configurou-se como espaço seguro para compartilhar a sua
experiência de ouvir vozes compreendendo a circularidade dos saberes que vão além das trajetórias
acadêmicas, respeitando a complexidade da vida psíquica, promovendo estratégias de lidar e conviver
com as vozes, com transformações significativas na autoconfiança, autoestima e emancipação desta
captura discursiva da psiquiatria.
Palavras-chave: Ouvidores de Vozes; Grupo; Saúde Mental.

343
HABITAR A CIDADE: Uma perspectiva possível aos moradores dos Serviços Residenciais
Terapêuticos?

Ana Laura de Matos Moraes - Psicóloga


Alice De Marchi Pereira de Souza - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica Brasileira tem como um dos eixos o processo de desinstitucionalização
(desins) como desconstrução dos aparatos manicomiais . Uma alternativa para a dissolução de
paradigmas hegemônicos que reduzem a loucura ao estatuto de doença. Entre as Políticas de Saúde
que coadunam com tal eixo e são interesse desta pesquisa, está a criação dos Serviços Residenciais
Terapêuticos (SRT), introduzidos no âmbito do SUS no ano de 2000.
O modelo de Atenção em Saúde Mental, também traz consigo alguns desafios e lacunas. A saída do
espaço do manicômio para um SRT não garante a desins. Partir do pressuposto da clínica de deslocar
a ênfase na doença para centrá-la no sujeito, em sua complexidade, diz também da relação entre
direito à cidade e cuidado em liberdade pensado no território.
Objetivos
Analisar tensionamentos presentes nas práticas de cuidado, a partir do conceito de território. Analisar
se a vida na cidade possibilita seguir na contramão de uma lógica manicomial de anulação dos sujeitos
e a favor da garantia de direitos e afirmação da vida. Cartografar práticas para entender como e se as
políticas da Reforma Psiquiátrica interferem na produção de cuidado com base no território.
Metodologia
A pesquisa vale-se tanto de pesquisa bibliográfica, quanto da pesquisa-intervenção e, a qual incluirá
o recolhimento de vivências, para trabalhar o tema e as questões aqui levantadas que nos faz ocupar,
enquanto pesquisadora, uma posição que também é política. Vem-se utilizando a Análise Institucional
e algumas de suas ferramentas como o diário de campo e a análise de implicações para construir uma
base teórica e um campo de análise que auxilie também a entrada no território (campo), através do
dispositivo das Residências Terapêuticas na cidade do Rio de Janeiro.
Resultados
O país conta com mais de duas décadas de experiências na desinstitucionalização de egressos de
hospitais psiquiátricos. Este projeto nasce de um desejo de não somente se pensar sobre o dispositivo
SRT, mas também de pensar se até aqui foi possível delinear, em alguma medida, um novo lugar
social para a loucura, ou se, apesar da mudança de paradigma, nos serviços substitutivos ainda é
possível presenciar e como- vestígios manicomiais nas práticas de cuidado. Além disso, entender
como o crescente sucateamento dos serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
e as novas diretrizes e ações delineadas podem interferir na produção de vida e direito à cidade dos
moradores dos SRT. Este é um projeto de pesquisa vinculado ao Mestrado Profissional de Psicanálise
e Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Residências Terapêuticas; Território; Saúde Mental.

344
Implicações, estratégias de residência e enfrentamento na assistência em saúde mental a partir
do desfinanciamento e o atual panorama pandêmico nos CAPS

Jéssica Loureiro da Silva - UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
Desde a emergência do SARS-COV-2, medidas restritivas passaram a direcionar ações a fim de conter
a propagação do vírus. Com isso, observou-se impactos na saúde mental(SM) da população, tendo
uma crescente na procura por estes dispositivos. Assim, neste estudo focaremos no CAPS, que desde
2017 vem sofrendo sequentes desfinanciamentos, o que gera diversas dificuldades de manutenção da
oferta deste serviço. Portanto, partiremos da perspectiva do financiamento da SM, até os pontos que
marcaram os retrocessos, levando a impactos nos CAPS e na RAPS. Assim, as perguntas norteadoras,
são: A partir do desfinanciamento do CAPS, quais as implicações na assistência em SM? e Frente ao
desfinanciamento dos CAPS que estratégias de enfrentamento foram utilizadas na manutenção da
assistência? .
Objetivos
Descrever as implicações da assistência em saúde mental frente ao desfinanciamento e a pandemia
da COVID-19 nos Centros de Atenção PSicossocial; e, identificar estratégias de resistência e
enfrentamento das implicações na assistência em saúde mental a partir do desfinanciamento e do atual
panorama pandêmico nos CAPS.
Metodologia
Recorreu-se a análise documental de vídeos de domínio público, disponibilizados no canal Frente
Estamira de CAPS , iniciativa que emergiu do I Congresso de CAPS do estado do Rio de Janeiro,
realizado em 2019, pelo Núcleo de Pesquisa em Políticas Públicas de Saúde Mental do Instituto de
Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os Dados coletados compreenderam o recorte
temporal de 2020 a 2021. As perguntas norteadoras foram elaboradas, com auxílio do mneumônimo
PCC. Ademais, os resultados foram analisados segundo o conteúdo de Bardin e contemplaram os
aspectos éticos.
Resultados
Revelaram impactos na assistência em saúde mental internos e externos aos CAPS, tal como prejuízos
tanto a usuários quando a equipe de profissionais componentes do serviço. Quanto as estratégias de
resistência e enfrentamento, estas estão relacionadas a aspectos internos aos CAPS, ações e atores
externos ao CAPS, aquelas relacionadas ao apoio psicossocial que os CAPS oferecem no contexto da
pandemia, relacionadas à falta de insumos nos CAPS, e as parcerias intersetoriais estabelecidas com
os CAPS. O desfinanciamento e a pandemia reverberam retrocessos no campo psíquico, somente a
união de base poderá ressignificar o cuidado nos preceitos da Rede de Atenção Psicossocial. Portanto,
o desfinanciamento da saúde mental, gera impactos tanto aos usuários quanto nos profissionais
atuantes. Somado a isto, a pandemia agravou ainda mais esse cenário de incerteza. Logo, somente a
diligência social, com movimentos de base criando parcerias e buscando uma reestruturação na rede,
será possível garantir a permanência de uma assistência qualificada em saúde mental.
Palavras-chave: Financiamento da Assistência à Saúde; Centro de Atenção Psicossocial; Epidemia
pelo novo Coronavírus(2019-nCoV); Enfermagem Psiquiátrica; Saúde Mental.

345
Leitos de Saúde mental em Hospital Geral e CAPS: um estudo sobre as articulações entre os
dispositivos e a continuidade do cuidado

Fabiana Érica de Souza - UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora


Telmo Mota Ronzani - Universidade Federal de Juiz de Fora

RESUMO
A implantação dos leitos de saúde mental em hospitais gerais, tem por base a crítica ao modelo
manicomial de exclusão e a necessidade de integração do cuidado em saúde mental com outras
clínicas (HORTA et al., 2015). Estes equipamentos nascem com a proposta de constituírem-se em
espaços de cuidado do portador de sofrimento mental e pessoas em uso abusivo de álcool e outras
drogas, mediante a necessidade de práticas éticas, humanizadas e comprometidas com a manutenção
dos usuários próximos de seus territórios a partir do direcionamento dos cuidados pelos dispositivos
da Rede de Atenção Psicossocial (ECHEBARRENA, 2018). Porém, mudanças recentes na Política
Nacional de Saúde Mental têm fragilizado a possibilidade de manutenção e novas implantações destes
dispositivos.
Objetivos
Analisar os fatores relacionados às internações em Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral
(LSMHG) e à continuidade do cuidado em saúde mental pelos serviços CAPS;
Identificar a existência de processos de referência, contra-referência e articulações entre leitos de
saúde mental em hospitais gerais e serviços CAPS dos territórios;
Metodologia
A pesquisa coletou dados em espelhos de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) de 5 hospitais
gerais localizados nas microrregiões de saúde de Ubá e Muriaé, com leitos de saúde mental
habilitados. Na primeira fase de coleta foram identificados 622 usuários que passaram por internação
entre janeiro de 2018 a julho de 2019. Na segunda etapa da pesquisa, dados foram levantados junto à
dez serviços CAPS das microrregiões de saúde de Ubá e Muriaé visando identificar aqueles usuários
nos CAPS e as ações realizadas com as equipes hospitalares durante e depois da internação.
Resultados
Participaram deste estudo 5 hospitais gerais, sendo que dois deles tinham 7 leitos e outros 3 com 2
leitos cada. Este cenário é representativo dos demais LSMHG implantados no Estado, onde 86,25%
destes serviços encontram-se em hospitais com menos de 8 leitos. Atualmente estes, não seriam mais
passíveis de implantação pelas regras da port. 3588/2017. No período avaliado foram realizadas 759
internações correspondendo a 622 usuários. 101 usuários foram internados mais de uma vez. 58,5%
foram do sexo masculino e 58,3% foram internados devido a situações de saúde relacionadas ao uso
de álcool e outras drogas. 16,9% das internações ocorreram como propositivas de manejo de situações
de risco de suicídio demonstrando a importância destes dispositivos como locais de acesso para as
demandas de saúde mental que envolvem uso de SPA e tentativas de autoextermínio. Dos 622
usuários, 58,2% possuíam prontuários nos serviços CAPS de referência. Para 15,8%, foi a partir da
internação que se iniciou o acompanhamento junto à equipe.
Palavras-chave: hospital geral; CAPS; cuidado na RAPS.

346
O abuso em voz alta - "Eu sonhei que não deveria te contar nada disso"

Flávia Ferreira Mariano Corrêa - Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto


Ana Carolina Ferreira Castanho - Unip Ribeirão Preto
Giulia Raissa de Oliveira Sousa - Unip Ribeirão Preto
Igor Fessina Siffoni - Unip Ribeirão Preto
Maria Eduarda Pereira - Unip Ribeirão Preto

RESUMO
O caso faz parte do estágio em Práticas Psicológicas em Contextos Específicos: Psicologia Jurídica
da Universidade Paulista (UNIP), de Ribeirão Preto - SP. Este caso foi encaminhado ao estágio de
Psicologia Jurídica da UNIP pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS). O atendimento em modalidade de psicoterapia breve está sendo realizado por uma aluna
do 9º semestre do curso de psicologia. A adolescente é a primeira filha de uma prole de dois, sendo o
filho mais novo filho do padrasto (agressor), a mãe da adolescente engravidou aos 14 anos, o
relacionamento com o pai da paciente foi breve e o vínculo com o mesmo é quase inexistente. A
adolescente relatou ter sofrido diversas violências cometidas pelo padrasto, violências de natureza
física, sexual, psicológica permeadas por uma crença religiosa da família. O agressor dizia ouvir
espíritos e justificava seus atos como sendo pedidos das entidades para purificação. A mãe da
adolescente acreditava no companheiro, negligenciando os cuidados com a filha, a expondo a
contínuas violências que duraram 4 anos, acabando somente após a adolescente conseguir mostrar
para a mãe conversas de Whatsapp com conteúdo pornográfico com outras mulheres, evidenciando
traições. Com o término do relacionamento veio a saber sobre os abusos sofridos pela filha, fez
boletim de ocorrência e obteve uma medida protetiva. Por descumprimento desta, o padrasto foi preso
e faleceu na cadeia.
Objeto do Relato
Apresentar um atendimento psicológico de uma adolescente vítima de violência de natureza sexual.
Objetivos
Apresentar a experiência de uma estudante de psicologia em atender uma adolescente vítima de
violência sexual, as consequências desta na vida da adolescente e o encontro terapêutico, como uma
possibilidade de elaboração e ressignificação do sentido da vida.
Análise Crítica
A paciente e sua mãe encontravam-se em situação de vulnerabilidade social quando a mãe iniciou o
relacionamento com o abusador. À primeira vista o relacionamento com o companheiro era
promissor, pois tinha status social. A história de negligência materna foi uma repetição intergeracional
que refletiu na pouca capacidade protetiva da mãe. A adolescente no segundo atendimento relatou ter
sonhado que não deveria contar nada para a estagiária, que disse para a paciente ficar tranquila e só
relatar quando se sentisse bem, mesmo chorando muito, sentiu-se livre para contar em detalhes o que
havia acontecido. A partir deste momento ganhou vida e voz nas sessões encontrando um espaço de
acolhimento.
Conclusões/Recomendações
O atendimento terapêutico é uma possibilidade de ressignificação da história, neste processo a vítima
sai do lugar passivo para o lugar de protagonista possibilitando novas narrativas acerca de si mesmo.
Palavras-chave: Violência; Vítima; Atendimento psicológico.

347
O ambivalente processo de adesão de professores a um Treinamento Sentinela sobre
prevenção do comportamento suicida: um relato de experiência

Laura Manzano Corrêa


Paola Longo Mantovani - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Tatiana Slonczewski - Pontifícia Universidade Católica de Campinas

RESUMO
O relato de experiência refere-se ao processo de adesão de professores ao Treinamento Sentinela
(gatekeeper training) realizado em escola pública localizada em contexto vulnerável da região
metropolitana de Campinas. A proposta constitui parte das atividades do Projeto Girassóis de
Extensão Universitária da PUC-Campinas. A OMS (2014) considera o Treinamento Sentinela como
uma das práticas de intervenção recomendadas para apoiar a prevenção do comportamento suicida
em contextos comunitários. As atividades aconteceram em oito encontros, de periodicidade semanal
e duração aproximada de duas horas cada, contando com a participação de, aproximadamente, 48
professores (Ensino Fundamental II e Médio), divididos em oito grupos. Os encontros foram
desenvolvidos com auxílio de recursos audiovisuais, discussões, reflexões e esclarecimentos de
dúvidas. A proposta oferecida à gestão da escola, para participação em caráter voluntário, objetivou
a conscientização acerca da relevância e necessidade da prevenção do comportamento suicida e da
qualificação das ações do corpo docente quanto às competências de reconhecimento de risco, escuta
qualificada e condução a cuidados especializados. O treinamento considerou a etiologia multifatorial
do suicídio e o paradigma psicossocial de atenção em saúde, bem como tomou por base os achados
da literatura científica especializada que ressaltam o crescimento das taxas de suicídio entre
população de crianças e jovens nos últimos anos no Brasil.
Objeto do Relato
O processo de adesão de professores ao Treinamento Sentinela para prevenção do comportamento
suicida
Objetivos
Descrever e analisar o processo de adesão de professores a um Treinamento Sentinela desenvolvido
em escola pública, considerando a sensibilização e a construção de conhecimento acerca da prevenção
do comportamento suicida.
Análise Crítica
A adesão ao Treinamento Sentinela configurou-se enquanto processo ambivalente composto por
aproximações e afastamentos, os quais emergiram de distintas formas nos grupos. Os afastamentos,
compreendidos como resistências esperadas pelo tema ser um tabu, e relacionados ao histórico
pessoal/familiar de sofrimento mental, explicitaram-se por meio de tendência em falar sobre temas
transversais; dificuldades de engajamento; despreparo emocional; e realização de outras atividades
simultâneas. Por outro lado, as aproximações se evidenciaram por meio de disponibilidade para
aprender e compartilhar experiências; engajamento; motivação crescente; e apoio da instituição para
oferecer o treinamento.
Conclusões/Recomendações
Os encontros possibilitaram um espaço de construção de conhecimento e ações que promovem saúde
mental. Os afastamentos refletem os tabus acerca do tema e as aproximações, refletem interesse e
necessidade de aprender, além de inclinação de alguns para continuar a prevenção do suicídio na
escola.
Palavras-chave: Suicídio; Comportamento autodestrutivo; Prevenção do suicídio; Treinamento de
professores.

348
O Consultório na Rua e o apoio matricial: um relato de experiência

Carolina Albuquerque Alves - Prefeitura Municipal de Piracicaba


Flavia Stoco - Prefeitura Municipal de Piracicaba
Elaine Aparecida Alves - Prefeitura Municipal de Piracicaba
Lara Tinto Herling - Prefeitura Municipal de Piracicaba
Marília Mastrocolla de Almeida Cardoso - HCFMB

RESUMO
Em decorrência das problemáticas no cuidado de pessoas em situação de rua, foi proposto que uma
vez ao mês um serviço seria matriciado pela equipe do CnaRua/Piracicaba. O apoio matricial surge
como via de escuta, diálogo, orientação e capacitação dos profissionais que diariamente atuam com
pessoas em situação de rua. O primeiro encontro ocorreu com um serviço especializado da assistência
social, possibilitando apresentar o CnaRua, dialogar sobre potencialidades e dificuldades, troca de
experiências, discussão de casos e a construção de possíveis práticas colaborativas. O segundo
encontro, contemplou uma entidade de interesse à saúde que presta apoio e busca prevenir IST's,
iniciando com ações realizadas pelos diferentes serviços, a integralidade e particularidades dos
sujeitos atendidos, complexidades da rede e a partilha de saberes e experiências no atendimento. A
atividade começou com a apresentação dos presentes, em seguida partiu para conhecimentos prévios,
frente ao funcionamento e a expectativa do serviço oferecido pelo CnaRua. A partir desses relatos,
iniciamos a apresentação do trabalho realizado, procedimentos, casos compartilhados e os
atravessamentos existentes em nossa atuação. A vivência proporcionou a troca de saberes,
experiências, angústias e possibilidades no trabalho intersetorial e colaborativo, como via de
aperfeiçoar os serviços prestados, construindo novas formas de cuidado e dialogando com
fundamentos teóricos que potencializam a prática profissional.
Objeto do Relato
Vivência em atividades de apoio matricial oferecidas pelo Consultório na Rua (CnaRua).
Objetivos
Este relato visa evidenciar a prática de apoio matricial realizada pela equipe do Consultório na Rua
(modalidade 1) aos serviços existentes na rede deste município, que prestam cuidado às pessoas em
situação de rua.
Análise Crítica
O Consultório na Rua é uma unidade móvel, com equipe multiprofissional, que surge a partir da
Portaria n*122/2012, pertence à Atenção Primária à Saúde e promove o acesso de pessoas em situação
de rua aos serviços de saúde, através do cuidado integral, extramuro e intersetorial (Silva, 2014). O
apoio matricial, busca fortalecer ações compartilhadas, discussão de casos, educação permanente,
sendo este um suporte técnico-pedagógico, que almeja melhorar a qualidade do atendimento ofertado
(Gonçalves, 2011).
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que a prática permite reconhecer saberes, espaços de educação permanente e a construção
de atividades compartilhadas. Sendo um recurso potente na garantia do cuidado adequado, que
acontece no território, em liberdade e pode estimular o protagonismo de profissionais e seus usuários.
Palavras-chave: Consultório na Rua; Pessoa em Situação de Rua; Atenção Primária à Saúde;
Apoio Matricial; Saúde Mental.

349
O Cuidado de Enfermagem à pessoa com conduta suicida na emergência: um desafio no
cotidiano

Manoela Alves - Universidade de Vassouras


Edna Gurgel Casanova - Faculdade de Enfermagem da UERJ
Brenda da Silva França - Universidade de Vassouras
Marilei de Melo Tavares - Universidade de Vassouras

RESUMO
Considerando o aumento de casos de suicídios noticiados diariamente, houve uma motivação em
pesquisar o cuidado de enfermagem as pessoas com conduta suicida atendidas na emergência. O
profissional de enfermagem do serviço de emergência costuma ser o primeiro contato do paciente
com o sistema de saúde após uma tentativa de suicídio ou episódio de autolesão. A avaliação e
planejamento de cuidado adequados desse paciente são fundamentais para prevenir futuros
comportamentos suicidas. Portanto, os profissionais frequentemente tem uma atitude negativa perante
esses pacientes, com falta de habilidades interpessoais para atendê-los e, ainda, por avaliação
inadequada. Assim, faz se necessária à compreensão de como a equipe de enfermagem percebe o
cuidado prestado às pessoas com conduta suicida.
Objetivos
Conhecer o cuidado da enfermagem as pessoas com conduta suicida atendidas na emergência; apontar
o cuidado de enfermagem às pessoas com conduta suicida atendidas na emergência e identificar como
a equipe de enfermagem lida com o potencial suicídio.
Metodologia
Trata de uma pesquisa de campo de caráter descritiva e abordagem qualitativa. A coleta de dados foi
realizada por meio de questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas. Os sujeitos da
pesquisa foram 7 enfermeiros e 7 técnicos de enfermagem do setor de emergência de um hospital
geral situado em um município da Baixada Fluminense credenciado pelo Sistema Único de
Saúde/SUS. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa.
Resultados
Identificou-se que há a necessidade de educação permanente para toda a equipe de enfermagem, visto
que a temática suicídio ainda é um pouco desconhecida no contexto da assistência na emergência.
Constatou-se que o protocolo para atendimento para pacientes com conduta suicida existe na
Instituição, mas não é de conhecimento de todos os profissionais de enfermagem que atuam na
emergência. Em maioria os profissionais apresentam saber a importância de se prestar assistência de
qualidade ao paciente com conduta suicida. E mesmo com algumas discordâncias em relação à
conceituação dos fatores de risco para o suicídio, em maioria os profissionais tentam dar um bom
atendimento . No entanto, sentem falta de uma equipe multidisciplinar e um serviço de atendimento
especializado para essa clientela para continuidade do cuidado.
Assim sendo, a equipe de enfermagem da emergência, necessita de educação continuada sobre a
temática de emergências psiquiátricas, em especial sobre a temática suicídio, e que os mesmos julgam
importante a implantação de uma equipe especializada em saúde mental para melhoria da qualidade
do cuidado de enfermagem prestado.
Palavras-chave: Suicídio; Conduta suicida; Cuidado de enfermagem; Saúde mental.

350
O uso das atividades expressivas como meio emancipatório no cuidado em saúde mental: um
relato de experiência

Julia Machado Silva - UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Marília Mastrocolla de Almeida Cardoso - Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de
Botucatu
Marcela Pachelli Nardo - Centro de Atenção Psicossocial I - Rede Viva
Eduardo Gabriel Cassola - UNESP - FMB

RESUMO
Foram propostas a usuários adultos do serviço de saúde na Atenção Primária três atividades por uma
terapeuta ocupacional. A Ida ao Museu aconteceu em um espaço público local, com objetivo de
trabalhar o eixo habitar , para apropriação de um espaço desconhecido e coletivo. Uma proposta de
vivenciar o contato com as artes visuais antecedeu a atividade de produção de uma pintura. O contato
com imagens que proporcionaram desconforto possibilitaram recordações de dificuldades nas aulas
de artes, lembranças do sofrimento gerado pelas falas da professora, percepção de afetos e sensações.
A Pintura em Tela aconteceu na Unidade de Saúde e possibilitou trabalhar o eixo rede social . Durante
o processo de pintar livremente ocorreram trocas concretas de sentimentos, história de vida e seus
impactos. A atividade sensorial da escolha da tinta e do tema possibilitou a invenção de novas formas
de pensar o eu no mundo e a ressignificação de imagens. A atividade Mapa da Corporeidade aconteceu
no serviço de saúde possibilitando um processo terapêutico que facilitasse a expressão não verbal. A
proposta foi desenhar a silhueta de um corpo, pintando com cores os impactos de situações vivenciais
que marcaram física e psiquicamente. A vivência proporcionou um espaço de reflexão sobre o ser em
seu papel social, sentimentos, inseguranças, sintomas físicos e psíquicos.
Objeto do Relato
Vivência com a arte como expressão e emancipação de usuários de uma Unidade de Atenção Primária.
Objetivos
A ênfase será no relato de experiências do cuidado utilizando processos artísticos como recursos para
assegurar os sujeitos no mundo, reativar os sentidos e convidar o corpo para a experiência do encontro
consigo mesmo, as emoções, confidências subjetivas na ausência das resistências formais e
associações naturais sem estereotipação do pensamento.
Análise Crítica
O fazer humano apresenta-se como território de modos de existir (Quarentei, 1999), sendo as
atividades expressivas não verbais um instrumento para a reorganização e reconstrução de realidades
com as quais o indivíduo interage (Nise da Silveira apud Castro; Lima, 2007). A arte pode, em muitos
contextos, promover o alívio de sentimentos e o empoderamento dos usuários dos serviços de saúde
mental (Correia; Torrenté, 2016), neste sentido, uma rediscussão do modelo de cuidado na atenção
psicossocial pode contemplar as subjetividades e as densidades emocionais (Braz et al, 2020)
presentes na arte fortalecendo-a como um potente recurso por si mesma, em sua matéria de criação e
expressão.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que o contato com a arte em suas diferentes linguagens se constitui um recurso terapêutico
importante na atenção psicossocial, que amplia as formas de expressão dos sujeitos em suas vivências
nos eixos habitar, redes sociais e trabalho, com o intuito de produzir vida e novos sentidos.
Palavras-chave: Recurso terapêutico; Arte; Terapia Ocupacional; Saúde Mental; Atenção
Psicossocial.

351
O uso do Diário de Bordo na residência de psiquiatria em práticas de Matriciamento em
Sobral, Ceará: Relato de Experiência

Lucigleyson Ribeiro do Nascimento


Mônica Sales Farias - Escola de Saúde Publica de Sobral
Narceli América de Alencar Azevedo - Secretaria de Saúde de Sobral
Francisco Ítalo Barboza e Silva - Universidade Federal do Ceará

RESUMO
Os serviços de Saúde Mental em Sobral se distribuem em diferentes arranjos que constituem uma
Rede de atenção psicossocial coesa, capaz de garantir a integralidade dos cuidados em saúde
especializada. A cidade é referência da Macrorregião Norte do Estado do Ceará, formada pela Sede
(composta por bairros) e Distritos com ampla cobertura de UBS. Deste modo, somos, enquanto
Residentes de Psiquiatria, alocados a partir do segundo ano do nosso programa em quatro territórios
para a realização do apoio matricial, tendo a oportunidade de visitar cada um dos territórios uma vez
por mês. A equipe matricial a qual passamos a fazer parte é composta de dois profissionais de
referência da atenção especializada em geral: enfermeiros, educadores físicos, assistentes sociais e
psicólogos. Nesse processo, passamos a experimentar um modo de realizar a atenção em saúde de
forma compartilhada com vistas à integralidade e à resolubilidade da atenção, por meio do trabalho
interdisciplinar, operando em conjunto a uma equipe de saúde da família. Nesse contexto, foi iniciado
o uso do Diário de Bordo na proposta de se fazer um registro crítico e dialogado como um processo
formativo dos residentes desse programa. O registro é realizado em um Diário de Bordo formatado
como um instrumento que além de suscitar a descrição das atividades realizadas nos convida a refletir
sobre os pontos positivos da experiência, desafios de aprendizagem e elaborar questões e propor
soluções para as práticas.
Objeto do Relato
O uso do Diário de Bordo como um instrumento de registro da prática da atenção matricial.
Objetivos
Apresentar percepções enquanto Médicos Residentes em Psiquiatria com relação ao Diário de Bordo,
sob o ponto de vista de formação e prática em Saúde Mental no cenário do apoio matricial em
Sobral/CE.
Análise Crítica
O uso do diário de bordo nos permite de forma dinâmica estruturar uma experiência prática sob o
ponto de vista reflexivo. Ela não se mostrou uma mera forma de anotar fatos e ocorrências. A partir
dessas ferramentas passamos a focar principalmente em nossos desafios de aprendizagem, o que nos
levou a uma posição ativa em nossa formação e nos potencializou como sujeitos ativos dentro do
território que fazemos prática: registramos inquietações e refletimos sobre soluções. As inquietações
estão em torna da acessibilidade aos serviços, de como anda o processo de territorialização em saúde
mental em cada UBS, do papel da multiprofissionalidade e da construção do cuidado, como também
da dificuldade das equipes de atenção básica em se apropriar dos seus casos e do adoecimento dos
profissionais de saúde.
Conclusões/Recomendações
A partir dessa experiência, constatamos que o Diário de Bordo é um instrumento de auxílio ao
residente de psiquiatria em seu processo de aprendizagem, bem como uma ferramenta de
identificação de demandas nos territórios de saúde. Assim, encorajamos a replicação por outros
programas de residência e residentes das mais diversas áreas.
Palavras-chave: Psiquiatria; saúde mental; atenção primária; matriciamento.

352
Oficinas terapêuticas: Tempo, espaço e demandas do sujeito

Wender Rodrigo Faria - Prefeitura De São Sebastiao Do Oeste - MG


Welker Marcelo Moura - Prefeitura de são sebastiao do oeste - MG
Matheus Henrique Assunção - Prefeitura municial de são sebastiao do oeste - MG

RESUMO
O projeto de oficinas terapêuticas se mostra com o intuito de promover a autonomia e o cuidado em
liberdade do sujeito que faz o uso. É o indivíduo quem da forma e andamento as atividades que são
desenvolvidas. Tem como uma de suas principais ideias, a criação de vinculo entre profissionais,
integrantes do grupo e a rede. No ano de 2022 o grupo deu inicio no dia treze de abril, onde nesse
primeiro encontro foi discutidas possibilidades para ser desenvolvida em cada encontro, apresentação
de todos ali presentes e o que cada um esperava desse grupo no qual estava sendo formado novamente.
Posteriormente em um próximo encontro, foi criado um "contrato" onde nele se apresenta
determinadas condições para um bom convívio entre os membros do qual fazem parte. Todos leram
o que foi escrito e firmaram acordo assinando o seu nome no final do contrato. Ainda nos primeiros
encontros foi desenvolvido por eles, crachás com seu nome, colagens, pinturas ou desenhos da
maneira com que cada um encontrava de se expressar. O local dos encontros também era da escolha
de seus participantes, sendo que contava com um salão, praça ao ar livre, parque ecológico ou mesmo
uma tenda na UBS. Sendo sempre prioridade a escola, liberdade e autonomia dos integrantes, são eles
que direcionam para as atividades e o caminhar do projeto. Os profissionais aparecendo apenas como
apoio e um suporte caso seja necessário para algum sujeito.
Objeto do Relato
Grupo de saúde mental: oficinas terapêuticas.
Objetivos
O objetivo da oficina é promover a autonomia, o cuidado em liberdade, o fortalecimento de vínculo
e possibilidades de circular em diferentes espaços de sua comunidade.
Análise Crítica
Como crítica um olhar mais atento a expansão que esse grupo pode sofrer, já que tem como foque a
qualidade e não quantidade de pessoas que participam. Não que outras pessoas não possam fazer
parte, mas de alguma forma um certo cuidado para não se perder o objetivo inicial do grupo. Colocar
os sujeitos em territorialização e em movimento no espaço em que ocupa.
Conclusões/Recomendações
O projeto tem mostrado seus impactos no integrantes e na comunidade, uma vez que quando é feito
os encontros na praça, algumas pessoas se aproximam para saber do que se trata. A liberdade como
opção é sem duvidas uma das ou se não a melhor forma de lidar com o sujeito que de alguma forma
se encontra em sofrimento psíquico.
Palavras-chave: oficinas; terapêuticas; liberdade; autonomia.

353
Percepção de Profissionais de uma Unidade de Acolhimento sobre as Estratégias que Auxiliam
no Cuidado à Crianças e Adolescentes Usuárias de Drogas

Natalliê Maçanário dos Santos


Julia Corrêa Gomes - Universidade de São Paulo
Clarissa M Corradi-Webster - Universidade de São Paulo

RESUMO
A literatura aponta que a adolescência é uma fase de maior vulnerabilidade para o consumo de drogas.
Políticas públicas que visem proteger e cuidar do adolescente com problemas relacionados ao uso de
drogas são recentes no Brasil. Nos últimos anos, temos assistido a um crescimento de internações de
usuários de drogas, sobretudo de jovens. Unidades de Acolhimento Infanto-Juvenis são modalidades
apontadas pela legislação atual como opções de cuidado a esta população. Contudo, há escassez de
estudos nessas instituições.
Objetivos
Compreender a percepção de profissionais de uma Unidade de Acolhimento Infanto-juvenil do
interior de São Paulo sobre as práticas que auxiliam no cuidado de crianças e adolescentes acolhidos,
mais especificamente conhecer as atividades desenvolvidas no serviço e compreender, a partir da
experiência dos profissionais, o que auxilia no cuidado da população atendida.
Metodologia
Estudo de caráter qualitativo e descritivo, realizado na Unidade de Acolhimento Infanto-Juvenil
(UAi) de Ribeirão Preto- SP. Participaram 8 profissionais da unidade. A coleta de dados foi feita por
meio de entrevistas semi-estruturadas. Os dados foram analisados pela Análise de Conteúdo
Temática, com foco e prioridade às interpretações próprias dos participantes, sem usá-las como base
para outras interpretações teóricas.
Resultados
Atividades realizadas: (a) Grupos Terapêuticos; (b) Atendimento Psicoterápico Individual. (c) Oficina
Psicopedagógica. (d) Atividade Física. (e) Momento de Reflexão. Práticas que auxiliam: (1) Postura
Acolhedora da Equipe: há uma preocupação com o respeito às crianças e adolescentes de forma
integral, nos aspectos biopsicossociais. Para isso, atuam utilizando da ferramenta do diálogo entre as
partes, proporcionando a construção de um vínculo entre a equipe e os acolhidos. (2) Foco na Criança/
Adolescente: as atividades são estruturadas trabalhando temas que sejam relevantes aos jovens e
tendo-os como foco, confluindo para a ampliação de perspectivas futuras.(3) Reconstrução do
Vínculo Familiar: buscam a inclusão das famílias nas atividades por meio de estratégias que
aumentam sua adesão e trabalham com elas questões que objetivam a reconstrução do vínculo com
os jovens. Conclusões: a UAi se constrói como uma instituição que objetiva a independência dos
acolhidos, preparando-os para a saída de forma a introduzi-los a questões que sejam significativas em
seu desenvolvimento. Nesse sentido, o cuidado se dá não apenas como algo protetivo, mas também
como preparador e transformador.
Palavras-chave: crianças e adolescentes; uso de drogas; cuidado; tratamento; Unidade de
Acolhimento Infanto-juvenil.

354
Pode o psicólogo atuar no aqui e agora do pronto-atendimento hospitalar?

Bruno Henrique Souza Brandão -


Adriana Aparecida Almeida de Oliveira - UNESP
Giovana Tomé Furquim Landgraf - UMESP
Giovani do Amaral Pompeu - UniFsp
Luiza Gabryele Rosa - UniFsp
Juberto Alves dos Santos - UniFsp
Ana Rita de Cassia Vieira de Moraes - UniFsp
Caoê da Silva Imero - UniFsp
Carlos Eduardo Ayres Vieira - UniFsp

RESUMO
A presença de psicólogos no contexto hospitalar não é novidade, porém, diante da pandemia de
Covi19 houve a necessidade de os hospitais modificarem a assistência a saúde em decorrência de
novas demandas, inclusive na esfera psicológica. Com o isolamento para evitar a propagação do vírus
ocorreu um agravamento no prejuízo no desempenho de toda a sociedade, exposta ao risco de
contaminação, vulnerabilidades, perdas pessoais, econômicas e de toda ordem. O papel da psicologia
em tempos dessa pandemia é fundamental, assim os profissionais desta área precisam estar
capacitados para lidar com as demandas emergentes, criar estratégias criativas e efetivas no combate
ao adoecimento mental, na contribuição com o enfrentamento da crise pela população em geral
(VIEIRA et al, 2021, p. 2).
Objetivos
Compartilhar a experiência de estágio no pronto-atendimento de um hospital particular do interior de
São Paulo.
Metodologia
Foram realizados oito plantões de três horas no período de abril a junho do corrente ano em que sete
estagiários, atuando cada um em um período da semana, realizaram acolhimento no pronto-
atendimento hospitalar junto a equipe de enfermagem. A metodologia utilizada pautou-se na
Psicanálise em Situações Sociais Criticas (BROIDE & BROIDE, 2016), fundamentada na escuta
qualificada e no processo transferencial que ocorre entre o técnico estagiário e a pessoa atendida. O
que significa dizer, acolher a queixa e permitir o deslocamento de sentimentos à pessoa do
analista/instituição/equipe.
Resultados
A presença de estagiários de Psicologia nos corredores do Hospital no Pronto-Atendimento
fundamentou a hipótese levantada no início da atividade sobre a extrema importância da humanização
do atendimento em saúde, assim como, a presença do psicólogo neste contexto. As intervenções se
deram tanto diretamente com o público que procurava a enfermaria desde questões fisiológicas a
emocionais quanto junto a equipe que mostrou as sequelas do período crítico da pandemia. Dessa
forma, disponibilizou-se para pacientes, familiares e para profissionais da equipe de saúde o
conhecimento psicológico que pode contribuir para identificar as particularidades de cada pessoa,
suas necessidades, emoções, crenças (BRUSCATO, 2004), facilitando a elaboração subjetiva do
paciente, oferecendo suporte diante da situação de adoecimento. A cada plantão e durante as
atividades de supervisão várias questões foram levantadas: qual o limite entre o físico e o psíquico?
É possível um diálogo entre o modelo biomédico e a Atenção Psicossocial? Concluímos que para
atuação contexto hospitalar é necessário que o indivíduo esteja disposto a olhar além da doença, olhar
para o indivíduo em sua integralidade.
Palavras-chave: Psicologia; COVID-19; Hospital; Acolhimento.

355
Projeto DelirARTE: Construção de oficinas artísticas e terapêuticas em uma Residência
Terapêutica de Campo Grande - MS

Luiz Felipe Faria Rodrigues


Alberto Mesaque Martins - UFMS
Elódia Hermínia Maldonado - Secretária Municipal de Saúde
Vinicius dos Santos Rocha - UFMS
Geovana Weis Straliotto - UFMS

RESUMO
O projeto DelirARTE: arte, cultura e saúde mental é uma ação de extensão, desenvolvida por
acadêmicos do curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em
parceria com os usuários e os trabalhadores do Serviço de Residência Terapêutica Moinhos de Vento
de Campo Grande-MS que conta com 11 moradores. A proposta se ancora nos pressupostos da Luta
Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica e busca, por meio da arte, valorizar o potencial criativo e
a cidadania das pessoas que convivem com o sofrimento psíquico, contribuindo para ressignificação
do lugar que esses sujeitos ocupam na sociedade. Desde junho de 2020, estão sendo desenvolvidas
oficinas artísticas e terapêuticas, construídas de forma dialógica e pactuada com os moradores e
cuidadores, voltadas para a expressão artística, estética e cultural dos participantes. Por meio de
técnicas de artesanato, música, culinária, fotografia, teatro, dança, dentre outras, são abordadas
temáticas pessoais, relacionadas ao Projeto Terapêutico Singular dos moradores, bem como demandas
do grupo, relacionadas à inserção dos sujeitos no território e na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Durante os encontros, os participantes podem conversar sobre as obras produzidas, relacionando-as
às suas histórias de vida, às suas memórias, aos seus sentimentos e suas percepções de si e do mundo,
possibilitado assim o diálogo e trocas intergrupais.
Objeto do Relato
Construção de oficinas artísticas e terapêuticas em uma Residência Terapêutica de Campo Grande -
MS.
Objetivos
Apresentar e analisar uma experiência de intervenção em saúde mental voltada à promoção da
cidadania e da expressão artística e criativa de usuários do Serviço de Residência Terapêuticas
Moinhos de Vento em Campo Grande Mato Grosso do Sul.
Análise Crítica
As oficinas artísticas e terapêuticas são importantes recursos para a garantia da clínica ampliada em
saúde, especialmente por deslocar a ênfase sobre os sintomas psiquiátricos, dando visibilidade às
potencialidades individuais e coletivas dos moradores. As intervenções contribuem para a
ressignificação dos delírios, considerando-os como uma outra possibilidade de organização da
realidade, capaz de promover o exercício da criatividade e da expressão pessoal. As intervenções
ocuparam um papel importante durante a pandemia de Covid-19, auxiliando na elaboração de
angústias e possibilitando novos modos de enfrentamento das medidas que limitaram a circulação
dos moradores no território.
Conclusões/Recomendações
O projeto configura-se como uma importante estratégia de cuidado em saúde, incentivando o
protagonismo e a expressão artística dos moradores. Ademais, tem sido possível viabilizar novas
práticas de formação em Psicologia, pautadas nos princípios da Luta Antimanicomial e da Reforma
Psiquiátrica.
Palavras-chave: Arte; Oficinas; Saúde Mental.

356
Refletindo sobre os cuidados em saúde mental de adolescentes em tempos de pandemia:
contribuições da arte e da cultura

Fernanda Pereira Nogueira

RESUMO
A partir do cenário pandêmico, surgiu a motivação para a escrita de um projeto de pesquisa diante
dos desafios e das vulnerabilidades psicossociais dos usuários do CAPSi de um município do Estado
do Rio de Janeiro, a partir do observado na vivência profissional neste serviço, principalmente diante
da grande incidência de casos de adolescentes com quadro de ideação suicida e casos de violência
autoinfligida. Neste contexto, procura-se resgatar algumas reflexões sobre a importância de ações
vinculadas à arte e à diversidade cultural, articuladas à política de saúde mental infanto-juvenil. Este
projeto está em fase de construção, como proposta de dissertação de mestrado acadêmico, na linha de
pesquisa em Ciência e Arte. Portanto, o relato de experiência deste estudo descreverá esse processo
de construção de projeto junto às propostas de cuidado em saúde mental ofertadas pelo serviço
durante e a pandemia para adolescentes, principalmente em relação às oficinas expressivas de arte e
as ações socioculturais desenvolvidas neste serviço.
Objeto do Relato
Este relato tem como objeto a saúde mental de adolescentes de um Capsi durante a pandemia.
Objetivos
A partir da observação das demandas de cuidado que emergiram de forma contundente no período
pandêmico, propõe-se o objetivo principal de descrever as contribuições da arte e da cultura nos
cuidados e na promoção da saúde mental de adolescentes a partir da experiência profissional
vivenciada num Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil.
Análise Crítica
A realidade da pandemia de covid-19 vem trazendo diversos desafios e a necessidade de mudanças
de comportamentos tanto no âmbito individual, quanto na esfera coletiva, trazendo transformações
importantes na dimensão sociocultural em todos os lugares do mundo. Consequentemente, tais
mudanças trazem impactos nas condições de saúde mental de adolescentes, principalmente os mais
expostos aos agravantes da exclusão social das classes mais pobres, que ficaram mais expostos às
vulnerabilidades sociais durante esses tempos de crise. Deste modo, deve-se propor a construção de
estratégias de cuidado que estejam em consonância com a clínica da atenção psicossocial
infantojuvenil.
Conclusões/Recomendações
A partir da vivência no Centro de atenção Psicossocial infantojuvenil em estudo durante a pandemia,
foi possível identificar empiricamente o aumento significativo de adolescentes com quadros de
ansiedade, casos de automutilação e risco de suicídio.
Palavras-chave: saúde mental; adolescentes; pandemia; arte; cultura.

357
Reflexões sobre o acolhimento em saúde mental a partir de uma reunião de equipe

Iris Clemente de Oliveira Bellato - Instituto Raul Soares


Ketly Paula Alves Campos - Instituto Raul Soares
Yasmim Oliveira Gaigher - Hospital Metropolitano Odilon Behrens
Lana Estefane de Oliveira Braga - CERSAM Nordeste

RESUMO
A experiência se dá em um CAPS III (Centro de Atenção Psicossocial), em Belo Horizonte no estado
de Minas Gerais que, apesar de estar espacialmente localizado em um bairro de classe média, atende
a segunda maior regional de saúde da capital, englobando bolsões de miséria e pessoas em situação
de vulnerabilidade. Por se tratar de uma porta de entrada do SUS, conta com o acolhimento enquanto
dispositivo tanto institucional, quanto de cuidado. Percebeu-se, ao longo de dois meses de prática de
residência, que o acolhimento muitas vezes ocupa lugar mecânico na rotina do serviço, seja pela
própria dinâmica cotidiana da instituição, visto se tratar de um serviço de urgência e emergência
psiquiátrica, seja por angústias e/ou resistência dos profissionais. Ocorre semanalmente na instituição
a reunião de equipe, um espaço para discussão de casos e reflexões sobre a prática cotidiana do
serviço. Participam da reunião profissionais de nível superior, gerência e técnicos de enfermagem. A
atividade proposta em uma dessas reuniões teve como objetivo discutir sobre o lugar do acolhimento
no CAPS, suscitando discussões e reflexões, buscando uma forma crítica de se pensar a prática do
cuidado em saúde mental. Para tanto, foram apresentadas perguntas disparadoras e fragmentos de
textos sobre o tema.
Objeto do Relato
Discussão sobre acolhimento como abordagem reflexiva e participativa numa reunião semanal de
equipe.
Objetivos
A partir de uma discussão sobre o tema acolhimento, realizada em uma reunião de equipe
multiprofissional do serviço de saúde mental, busca-se analisar a importância do acolhimento nos
serviços de Saúde Mental e refletir sobre a importância da discussão em equipe para sustentar
acolhimento nos serviços de urgência psiquiátrica.
Análise Crítica
As falas dos profissionais envolvidos na discussão giraram em torno de dois grandes eixos que se
conectam diretamente: 1) problematizações sobre a diferença entre triagem e acolhimento e 2)
sobrecarga do processo de trabalho. Por se tratar de um serviço de urgência psiquiátrica com leitos
de Hospitalidade Noturna e usuários em Permanência Dia, muitas vezes o acolhimento acaba sendo
relegado a segundo plano devido à sobrecarga de trabalho. E, pela alta demanda cotidiana e recorrente
dos usuários já inscritos no serviço, o acolhimento acaba caindo no lugar de fazeção automática,
ocupando o papel triagem, perdendo força enquanto dispositivo de cuidado e operador de efeitos.
Conclusões/Recomendações
Diante da discussão, é reafirmado que a saúde mental tem o acolhimento como uma de suas principais
estratégias, e é fundamental que os profissionais reconheçam que a clínica se qualifica através dos
encontros entre os sujeitos, pois assim será possível promover mudanças significativas na assistência
Palavras-chave: saúde mental; acolhimento; processo de trabalho.

358
Segurança Virtual: combate ao abuso e exploração sexual online de crianças e adolescentes

João Gustavo Farias Ribeiro - ESPP


Adriana Cristina Zielinski do Nascimento - UFPR
Brenda Passos Hladkyi - ESPP

RESUMO
O Projeto Segurança Virtual foi criado através do Programa de Residência Multidisciplinar em Saúde
Mental da ESPP e construído a partir das ações relacionadas ao Dia Nacional do Combate ao Abuso
e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O tema proposto surgiu a partir da problemática
da violência e exploração sexual que acontecem no ambiente online contra as crianças e adolescentes
e do levantamento de temas satélites como abuso sexual online; cyberbullying; responsabilização dos
agressores e desculpabilização da vítima; cuidados e segurança virtual; os impactos psicossociais do
uso da internet; e promoção de uso consciente e redução de danos. O objetivo do projeto foi alertar
as crianças e adolescentes sobre as formas de violência que podem ocorrer através das redes sociais.
O projeto visou prevenir os impactos negativos do uso da internet, por meio de discussões e atividades
com educandos de uma escola estadual da região metropolitana de Curitiba. A intervenção foi
direcionada para alunos do sétimo ano dado que a maioria das vítimas de violência sexual online são
crianças e adolescentes entre 11 e 12 anos de idade. A intervenção ocorreu em duas etapas. Na
primeira delas foi realizada uma roda de conversa para construir um espaço de diálogo, troca de
informações, e para buscar compreender a representação social que os adolescentes possuem sobre o
uso da internet. Na segunda etapa foi realizada uma dinâmica de expressão artística com o tema
orientado.
Objeto do Relato
Projeto piloto sobre o combate à exploração e abuso sexual online de crianças e adolescentes.
Objetivos
Este relato tem o objetivo de descrever a aplicação do Projeto Segurança Virtual. A intervenção
promoveu o diálogo com os estudantes de uma escola estadual através de roda de conversa e de
produção artística, buscou-se promover saúde e reduzir danos através da conscientização sobre o uso
da internet.
Análise Crítica
Os resultados do projeto apontaram que a internet é um fato social e, portanto, um determinante social
de saúde. A ênfase na informação demonstrou impacto significativo na identificação e prevenção de
situações de violência sexual online. No combate à exploração e abuso sexual online dos
adolescentes, evidenciou-se a necessidade de propagar políticas de educação sexual e de redução de
danos de cunho antiproibicionista em relação ao contato com o ambiente digital. Mostrou-se o caráter
integral de proteção à criança e adolescente que se faz na Escuta Especializada, reforçando a política
de não revitimização.
Conclusões/Recomendações
A intervenção evidenciou que falar sobre o tema proposto pode reduzir impactos psicossociais
negativos. Ressalta-se a importância de prevenir danos e promover conhecimento, informação e saúde
com o público vítima deste tipo de violência. O projeto piloto em segurança virtual deve ter
continuidade.
Palavras-chave: proteção da criança e adolescente; saúde mental infanto juvenil; e segurança
virtual.

359
Silenciamento da loucura na obra de Gabriel García Márquez: o homem e a árvore, a mulher
e o telefone

Bruna Vanessa Dantas Ribeiro


Ana Paula Fritas Guljor - Fundação Oswaldo Cruz

RESUMO
A fábula oriental do homem e da serpente foi citada e analisada por Basaglia, e posteriormente por
Paulo Amarante em sua relação com a saúde mental. De forma semelhante a obra O alienista, de
Machado de Assis, é amplamente citada em debates brasileiros acerca dos processos de medicalização
em saúde mental e psiquiatrização. Nos espelhando nestes exemplos propomos pensar a saúde mental
a partir de uma breve aproximação com duas produções literárias de Gabriel García Márquez.
Visamos refletir acerca das relações sociais da loucura, em específico da comunicação e da
perpetuação de um modelo de silenciamento e violência simbólica historicamente institucionalizado.
A análise irá compor a pesquisa de doutorado da autora.
Objetivos
Refletir acerca do silenciamento da loucura na obra Cem anos de Solidão e no conto Só vim telefonar
de Gabriel García Márquez e compreender o potencial da literatura para proporcionar reflexões sobre
as a história dos sujeitos em sofrimento mental
Problema de pesquisa - de que forma o silenciamento da loucura é apresentado pelo autor nessas
obras?
Metodologia
Revisão bibliográfica e análise de obras literárias. Foram selecionadas duas obras do autor que tratam
da temática da loucura e elas foram analisadas à luz da atenção psicossocial tendo como foco de
análise o silenciamento da loucura. Para isso foram analisados um trecho do livro Cem anos de
solidão, publicado em 1967, e o conto Só vim telefonar, escrito em de 1978 e publicado em 1962 no
livro Doze contos peregrinos.
Resultados
Em Cem Anos de solidão, José Arcádio, o patriarca da família Buendía, passa a se comunicar de
forma estranha. Todos pensam que ele havia enlouquecido, por isso é amarrado a uma árvore. Depois,
descobre-se que o idioma incompreensível era latim. Ainda assim, ele permanece amarrado até a sua
morte
Em Só vim telefonar, após pegar carona em um ônibus, Maria de la Luz vai parar em um manicômio.
Mesmo sem diagnóstico ou registro, ela é entendida como paciente, repetindo a frase que dá nome ao
conto. Assim começa sua internação psiquiátrica, que termina com seu desaparecimento.
José Arcádio e Maria são faces ficcionais da opressão, objetificação e silenciamento do louco. No
romance encontramos a metáfora da árvore que o aprisiona e isola, mesmo ao ar livre, cobrindo-o
com sua razão e silenciando-o. No conto, a metáfora para o processo de despersonalização sofrido
por Maria ao tentar se expressar, sem, no entanto, ser compreendida.
Os exemplos levam a pensar a História única, de Chimamanda Ngozi Adiche, e a Ausência de
História, de Michael Foucault, conceitos que permitem uma compreensão do silenciamento como
ponto importante do apagamento histórico e social do sujeito em sofrimento mental.
Palavras-chave: Loucura; Silenciamento; Comunicação; Literatura.

360
Vivência de Enfermeiros em um CAPS AD III potencialidades e desafios na clínica da Atenção
Psicossocial

Jalmes Silva Pereira dos Anjos - CAPS ad III Antônio Carlos Mussum
Eduardo Lúcio Cordeiro - Universidade Estácio de Sá
Raphaela Freitas Carvalho - Universidade Estácio de Sá
Rogério da Silva Ferreira - Secretaria Municipal de Saúde

RESUMO
A partir de vivências no encontro com a clínica das adições, surgem desafios significativos relativos
à atuação do enfermeiro no CAPS AD III. As articulações desenvolvidas na RAPS possuem dinâmica
que denotam a necessidade de se superar a lógica vertical, burocrática e hierarquizada desse processo,
visto que esta resulta em uma dinâmica de trabalho que caminha para uma inócua capacidade
resolutiva. Bem como o encaminhamento da continuidade do tratamento do usuário do serviço AD
no contexto territorial também representa um momento de dificuldade, considerando que existe o
receio de que, frente a melhora de seu quadro, ainda existam demandas que os serviços de atenção
básica não consigam ofertar contornos. Por fim, a antagonia que o modelo psicossocial sustenta,
diante do limitado modelo de saúde mental, composto pela conduta excludente, moral, punitiva,
patologicista e proibicionista, intrínseca à sociedade, por vezes inviabiliza o estabelecimento do
cuidado, devido ao estigma carregado por este indivíduo e as consequências desse processo histórico.
Objeto do Relato
Relato das vivências percebidas por Enfermeiros na clínica da Atenção Psicossocial em um CAPS
ADIII.
Objetivos
Relatar os desafios e potências vivenciadas por Enfermeiros do CAPS AD III na garantia do cuidado
de base territorial e comunitária. Para tal, os aspectos das articulações da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), bem como a continuidade do acompanhamento em outros pontos da RAPS, são
elementos essenciais para se pensar a práxis dos enfermeiros.
Análise Crítica
Levando em conta estes processos da atenção psicossocial, infere-se que esta é uma clínica que requer
o intenso questionamento e crítica às construções históricas, sociais e culturais sobre as formas
predominantes de produzir saúde. O profissional que atua na prática psicossocial é altamente exigido,
ao passo que está diariamente lidando com intervenções minuciosas, delicadas, e que requerem
constante adaptação e aprendizado.
Conclusões/Recomendações
A assistência em Saúde Mental é composta por diversos desafios. A atuação em um serviço que se
orienta pela Reforma Psiquiátrica, à medida que busca o enfrentamento à concepções e práticas
estabelecidas historicamente, gera no trabalhador a necessidade de inevitável desconstrução e
reinvenção.
Palavras-chave: Atenção Psicossocial; Prática Clínica; Assistência Psicossocial.

361
Vivências Pretas: Saúde Mental da População Racializada

Ketelin da Silva Maciel - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo


Evelyn Sampaio Alves - Centro Universitário Sagrado Coração - Unisagrado

RESUMO
O presente trabalho, aborda o experienciar de uma palestra intitulada como Saúde Mental do Povo
Preto que realizou-se de forma virtual através da plataforma do Instagram, na página do Coletivo
Negro Vivências Pretas que tem como intuito refletir as relações étnico raciais, negritude e seus
fortalecimentos e foi ministrada pela Luana Alves - psicóloga, ativista do movimento negro, feminista
e LGBT, militante da Rede Emancipa e política brasileira. É formada em Psicologia pelo Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo e em Saúde Coletiva e Atenção Primária pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
Nesse sentido, a atividade buscou configurar um ambiente de debate e análise crítica, objetivando a
democratização do acesso ao ensino sobre as relações raciais através da educação popular
compreendendo a importância de espaços de diálogos e aprendizagem, sendo assim, sua dinâmica de
desenvolvimento concebeu-se com a interação dos ouvintes por meio das redes sociais do Coletivo,
fazendo uma transmissão online e ao vivo para todos aqueles interessados em participar, visando
discentes de ensino superior ou regular e militantes do movimento negro, bem como, os seguidores
da plataforma, sendo mediado pelas organizadoras, sendo assim, tais processos de organização
indicam o aquilombamento dessa população e a importância da educação no combate ao racismo.
Objeto do Relato
Saúde mental da população negra frente aos impactos do racismo na vivência dos sujeitos
Objetivos
Teve como objetivo analisar como o racismo se edifica, identificar sua instrumentalidade no
atravessamento da subjetividade do sujeito negro e quais os impactos nocivos que afetam a saúde
mental da população racializada.
Análise Crítica
O sofrimento psíquico causado pelo racismo reforça a necessidade de discutirmos seus efeitos na
saúde mental e subjetividade da população negra, visto que, o racismo é estrutural e estruturante.
Sendo assim, compreende-se tais violações, como a não aceitação da identidade racial, isolamento
social e sentimento de inferioridade, que articulam-se como um instrumento de dominação do Estado,
contribuindo para política de massacre diário da identidade e ancestralidade afetando o psicológico
desta população, sendo eles determinantes sociais que afetam as condições de saúde. Logo, não
abordar temas como a saúde da população negra contribui para a manutenção da hierarquia racial
presente.
Conclusões/Recomendações
Em suma, por meio deste projeto, vê-se que as ações realizadas coletivamente são de grande
relevância social, para amplitude e inserção da temática em espaços de debate e reflexões, bem como,
a conscientização da importância da discussão sobre a saúde mental da população negra.
Palavras-chave: racismo; saúde mental; movimento negro.

362
A construção de uma equipe: a clínica e os processos de trabalho

Mayara Yamauti Possari - Dom Quixote


Vera Lucia Alves dos Santos - Equipe de Acompanhamento Terapêutico Dom Quixote

RESUMO
A equipe de acompanhamento terapêutico Dom Quixote realiza uma clínica na cidade do Rio de
Janeiro há seis anos. Trata-se de uma iniciativa privada no campo da saúde mental que trabalha de
acordo com os princípios da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial. Ela surgiu do desejo de
realizarmos uma clínica na cidade que levasse em conta o território do sujeito. A iniciativa de
construirmos uma equipe ocorreu a partir da nossa formação pela Residência Multiprofissional em
Saúde Mental da UERJ que nos inspirou a experimentarmos as contribuições e os desafios do trabalho
em equipe. Nesse processo de construção, percebemos que essa forma de trabalhar produz efeitos na
clínica, seja na discussão dos casos, seja no acompanhamento de modo compartilhado. Ao longo
desses anos de funcionamento, já contamos com 3 formações profissionais, as quais pudemos
perceber que seus diferentes componentes formam constituições grupais diversas. Atualmente a
equipe é composta por 6 psicólogos com diferentes orientações teóricas. Nós realizamos reuniões
semanais para discussão de casos e projetos da equipe e alternamos quinzenalmente a supervisão com
o grupo de estudos. Esses espaços coletivos nos levantaram algumas questões que nos motivaram a
escrever esse trabalho: Como nos tornamos uma equipe? Como ocorre o encontro entre o singular e
o coletivo dentro desses espaços? De que maneira a relação entre os processos de trabalho e a clínica
se interlaçam na constituição de uma equipe?
Objeto do Relato
O processo de construção de uma equipe de acompanhamento terapêutico.
Objetivos
O objetivo do relato é pensarmos de que maneira a formação de uma equipe pode se dar a partir da
intersecção entre o singular e o coletivo e como abarcar o singular de cada um (tanto dos
acompanhantes terapêuticos quanto dos acompanhados) na construção conjunta de um trabalho em
saúde mental.
Análise Crítica
Para pensarmos o trabalho em equipe é importante diferenciarmos as relações que se estabelecem
entre seus componentes. Encontramos diversos modos de funcionamento, dentre eles destacamos
três: profissionais que trabalham individualmente e que partilham apenas um espaço geográfico; o
modelo de grupo que se constitui e funciona a partir da figura de um líder; e o trabalho em equipe
que ocorre de maneira horizontal e coletiva. Nesta forma de organização, a equipe é construída em
uma via de mão dupla entre os processos de trabalho e a clínica de cada caso. É a partir desse trabalho
coletivo que queremos abordar a construção de uma equipe e seus efeitos no cuidado em saúde
mental.
Conclusões/Recomendações
Uma equipe horizontal e coletiva depende da singularidade de cada integrante, mas também nos
coloca o desafio de lidar com essas particularidades. Ainda assim, essa forma de fazer clínica nos
proporciona uma pluralidade de estilos que engendram sentidos que uma clínica individual não
alcança.
Palavras-chave: clínica; processos de trabalho; acompanhamento terapêutico; equipe.

363
A crise, a comunidade e a crítica: uma perspectiva arqueogenealógica das "comunidades
terapêuticas"

Amanda Milani de Oliveira Araujo

RESUMO
A presente proposta de apresentação expõe partes de minha dissertação de mestrado que, ainda em
andamento, já apresenta importantes dados sobre a utilização o termo "comunidades terapêuticas" e
ao seu emprego, sobretudo no contexto brasileiro, para referir-se as alterações teóricas, éticas,
epistemológicas e morais na utilização do termo comunidade terapêutica, desde as suas concepções
originárias até a atual configuração evidenciam uma mudança substancial e, portanto, torna-se
importante compreender as formas pelas quais elas acabaram por assim se apresentarem no cenário
brasileiro, representando o retrato do dramático passado manicomial, ainda tão atual.
Objetivos
Trilhar os percursos que influenciaram tais transformações desde os seus modelos originais até os
atuais num exercício de compreensão das condições sociais, políticas, econômicas, culturais e
discursivas que circundam o uso do termo comunidades terapêuticas, bem como
Metodologia
Em consonância com a análise recomendada por Foucault (1972), esta investigação é feita passando
os conhecimentos ditos universais pela lente da prática, numa procura pelas regras que organizam
discursos enquanto praticas complexas em seus saberes produzidos e sobre suas estruturas. A
compreensão sobre o como e sobre o porque estes saberes são construídos e passam a ter relevância
na sociedade são os pontos principais da investigação arqueogenealógica e, assim, o presente método
trata-se de um conjunto de questões que se apresentam como ponto de partida, ao colocar entre aspas
o termo.
Resultados
As Comunidades Terapêuticas surgiram na Inglaterra como um desdobramento das crises sociais,
políticas e econômicas da época que denunciavam a falência das instituições psiquiátricas
tradicionais, falência esta evidenciada por uma crise teórico-conceitual que colocava em xeque o
objeto de saber da psiquiatria. Nos EUA, com o movimento da Psiquiatria Preventiva,
estabelecimentos que se colocavam neste lugar de assistência à população começaram a ser
disseminadas e com isso, novas características de atendimento surgiram. Hoje, é possível perceber
que muitas são as formas de funcionamento e recursos teóricos e práticos das intituladas comunidades
terapêuticas que se encontram em funcionamento no território brasileiro, o lobby em torno da
indústria de leitos de internação e da hegemonia do saber médico é novamente fortalecido, o que
trouxe prejuízos à visão de uma rede intersetorial com base no cuidado comunitário e em liberdade.
Cada uma das experiências trazem consigo características relacionadas ao contexto sócio, histórico e
cultural nas quais as comunidades terapêuticas foram inseridas e se estabeleceram, evidenciando
assim a multiplicidade de formas discursivas que a circula.
Palavras-chave: Comunidades terapêuticas; arqueogenealogia; politicas públicas.

364
A terapia ocupacional e o cotidiano de pessoas que fazem uso problemático de substâncias
psicoativas

Ana Luisa de Moraes Sombini - UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos


Paula de Fátima Oliveira Faria - UFSCar
Isabela Aparecida de Oliveira Lussi - UFSCar

RESUMO
O uso de substâncias psicoativas (SPAs) é socialmente condenado, o paradigma proibicionista gera a
exclusão social de indivíduos e a ação punitivista a todos que estejam envolvidos na cadeia de
produção, venda e consumo. No Brasil, o cuidado em saúde a pessoas que usam drogas ocorre por
meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), colocando o Centro de Atenção Psicossocial Álcool
e outras Drogas (CAPS ad) em um papel central na atenção proporcionada a esta população. A Terapia
Ocupacional é uma profissão que direciona suas ações ao cotidiano das pessoas, promovendo inserção
social e autonomia, por meio de atividades significativas. Portanto, este profissional pode auxiliar na
reconstrução de cotidianos e novas formas de compreender as relações com as SPAs.
Objetivos
O estudo teve como objetivo investigar a atuação de terapeutas ocupacionais em CAPS ad com
pessoas que fazem uso problemático de álcool e outras drogas focalizando o cotidiano.
Metodologia
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa que se deu a partir da investigação da atuação dos
terapeutas ocupacionais do estado de São Paulo focalizando o cotidiano das pessoas que fazem uso
problemático de álcool e outras drogas vinculadas a CAPS ad. Após a aplicação de um questionário
semi estruturado, os dados oriundos das questões fechadas foram analisados descritivamente e as
questões abertas foram submetidas à Análise Temática, permitindo a identificação de categorias de
análise.
Resultados
Foram identificadas três categorias de análise, evidenciamos neste estudo apenas uma: O Cuidar, o
uso problemático de substâncias psicoativas e a prática de terapia ocupacional. Os participantes
relataram características da clínica álcool e drogas e a prática da Terapia Ocupacional com este
público. Os terapeutas ocupacionais apontam como o consumo problemático de substâncias impacta
na vida do usuário, levando a perda de papéis sociais e ocupacionais, em que a substância adquire
centralidade no cotidiano da pessoa, as atividades desempenhadas estão em função da substância,
gerando sofrimento. Uma pessoa que faz uso problemático de substância psicoativa não tem um
cotidiano ausente, nem precisa interromper o uso de substância para ter a sua cotidianidade valorizada
ou validada, pois os aspectos que compõem a motivação humana no cotidiano ocorrem de maneira
espontânea e não hierárquica. O cuidado a esta pessoa configura-se em ofertar possibilidades criativas
de novas formas de fazer, entendendo que o impacto adoecedor na vida não é apenas a substância,
mas todo o contexto em que se está inserido.
Palavras-chave: Terapia ocupacional; cotidiano; substâncias psicoativas; atividades cotidianas;
reabilitação psicossocial.

365
América Latina e Insurgências Decoloniais: (Re)pensando a epistemologia e práxis da
Psicologia

Cyndi Lauper Silva de Freitas - Elos Consultoria: Assessoria, Capacitação Educacional e Pós
Graduações

RESUMO
No processo de colonização das Américas, inicia-se uma guerra contra a vivência e os saberes dos
povos tradicionais; esta por sua vez se perpetua na modernidade através da dimensão da colonialidade
do poder, do saber e do ser, eixos estruturantes da alienação e perpetuação da opressão e da violência
estrutural direcionada às maiorias populares dos países latino-americanos, em específico, do Brasil.
Diante desse processo surgem resistências, como a dos povos quilombolas, onde se constroem opções
críticas e de desconstrução da lógica da colonialidade, culminando em um movimento chamado de
decolonial (Quijano, 2005 apud Silva & Sousa et al, 2018). A vista disso, se evidencia enquanto
urgente ampliar a discussão com e na psicologia, pautada na narrativa e vivências do povo latino
americano.
Objetivos
Investigar a partir da realidade social da América Latina e especialmente do Brasil, o papel que a
Psicologia pode exercer diante das especificidades dos processos de resistências forjados pelos povos
tradicionais, com enfoque nos povos quilombolas; buscando repensar a epistemologia e práxis da
Psicologia, de modo a abrir caminhos para a construção do pensamento decolonial.
Metodologia
Trabalho de revisão de literatura, com artigos publicados em português, de 2015 a 2020. Na primeira
etapa foi realizado um levantamento, selecionando os termos: psicologia e povos tradicionais,
psicologia e quilombolas, categorias coloniais e colonialidade, psicologia e descolonização,
eurocentrismo e apropriação. Posteriormente, foi feita uma busca de artigos nas bases de dados:
SciELO, LILACS, Psicologia USP e google acadêmico. Na terceira etapa, foi realizada uma leitura
crítica e reflexiva dos artigos selecionados, contemplando aqueles que se relacionavam com os
interesses de pesquisa.
Resultados
A pesquisa possui limitações, uma vez que foi utilizado o recorte temporal de cinco anos,
determinados descritores e seleção de bases consideradas como sendo as mais pertinentes para o
objeto de investigação, podendo ter limitado o alcance da totalidade de produções sobre os objetivos
delineados. Todavia, tais limitações desta pesquisa não anulam sua importância e contribuições para
o saber psicológico. Por fim, com a reprodução de lógicas coloniais e constante resistência dos povos
tradicionais, sobretudo dos quilombolas, se evidencia o dever ético, social e político de fomentar a
elaboração de políticas públicas e sociais capazes de abranger a realidade plural brasileira, bem como
contribuir para o combate de desigualdades. Desse modo, se deve questionar: a Psicologia serve para
quê e quem? É urgente repensar a práxis dos profissionais, bem como a formação inicial e continuada
dos mesmos, capaz de abarcar as especificidades do contexto brasileiro e conflitos diários das
maiorias populares de modo a não reproduzir relações de exploração e/ou uma psicologia
individualizante incapaz de atuar a partir da realidade dos sujeitos.
Palavras-chave: Psicologia e epistemologia; quilombolas; colonialismo e colonialidade;
eurocentrismo.

366
Análise da Implantação da Rede de Atenção Psicossocial no Estado de Minas Gerais

Carlos Alberto Pegolo da Gama - Universidade Federal de São João Del Rei
Denise Alves Guimarães - UFSJ
Leonardo Isolani e Andrade - UFSJ
Mariana Arantes e Silva - UFSJ
Fernanda Aparecida Bernardo - UFSJ
Vívian Andrade Araújo Coelho - UFOP

RESUMO
No Brasil, a construção de uma Política de Saúde Mental começou na década de 80, impulsionada
por movimentos sociais, apostando no modelo comunitário de assistência. Nos últimos 30 anos,
constatam-se avanços ligados à implementação de serviços territoriais e às práticas clínicas baseadas
na atenção psicossocial. Paralelamente, foram adotadas medidas para a regionalização da assistência
visando a redução da fragmentação e a superação das desigualdades. Em 2011 foi criada a Rede de
Atenção Psicossocial visando a integração da saúde mental nos diversos pontos de atenção do SUS.
Estudos recentes demonstram sua expansão e regionalização. No entanto,apontam a existência de
vazios assistenciais ligados principalmente à dificuldade de colaboração entre os municípios e ao
subfinanciamento.
Objetivos
Objetivo Geral é analisar a implantação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Estado de MG.
Objetivos específicos: Mapear os serviços de saúde mental implantados em MG e desenvolver
indicadores para avaliação da implantação. Avaliar a implantação da estrutura e processo da RAPS
nos municípios de MG, classificando-as quanto ao grau de implantação (GI).
Metodologia
Pesquisa avaliativa da implantação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) nos 853 municípios que
compõem as 13 Macrorregiões e as 77 Regiões de Saúde do estado de Minas Gerais (MG). O estudo
foi desenvolvido nas seguintes etapas: 1) Coleta de dados disponíveis em sites governamentais
(DATASUS e e-GESTOR). 2) mapeamento e validação estatística de indicadores em relação à
cobertura dos serviços da RAPS nas Macrorregiões e Regiões de Saúde; 3) Aplicação do questionário
IMAI-RPS por meio eletrônico para os responsáveis pelas ações em saúde mental de cada um dos
municípios mineiros.
Resultados
A análise da oferta dos serviços da RAPS mostrou a implantação de uma rede robusta, com cobertura
de ESF próxima a 80% e de equipes do NASF dentro do preconizado na maior parte das
macrorregiões. Os CAPS estão presentes em todo o estado, demonstrando uma capilarização e
interiorização da atenção psicossocial em MG. Percebeu-se carência de serviços para infância e
adolescência (CAPSi), para sujeitos em sofrimento devido ao uso problemático de álcool ou outras
drogas (CAPS Ad) e de serviços com funcionamento de 24 horas (CAPS III e CAPS Ad III e Leitos
de Saúde Mental em Hospitais Gerais) o que fragiliza a atenção à crise. Na aplicação do IMAI-RAPS,
obteve-se respostas válidas de 785 municípios (92%), A análise do GI demonstrou uma média geral
de implantação parcialmente adequada (63,0%), sendo que 22,2% dos municípios apresentaram uma
implantação adequada (GI: 75 a 100%), 60,6% implantação parcialmente adequada (GI:50 a 75%),
15,9% implantação não adequada (GI: 25 a 50%) e 1,3% implantação crítica (GI; <25%). Foram
detectadas dificuldades para implantação de atividades de reabilitação psicossocial, inserção
produtiva e protagonismo do usuário.
Palavras-chave: Rede de Atenção Psicossocial; Regionalização.

367
Assistente social não é terapeuta: relato de experiência

Vitoria Batista de Lima - UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa


Erimar Amara de Carvalho Pereira - Universidade Estadual de Ponta Grossa

RESUMO
A entrada em Março/2022 no Programa de Residência Multiprofissional em Atenção a Saúde Mental
do HU/UEPG, com a respectiva inserção nos cenários de prática Caps II e Caps Ad na cidade de
Ponta Grossa/PR, trouxe nos últimos três meses uma série de desafios as assistentes sociais residentes,
ao deparar-se com a terminologia ‘terapeuta de referência’ e ‘a prática de terapia' para descrever sua
atividade profissional. Pois que munidas de arcabouço teórico e compreendendo a incorporação em
equipes multiprofissionais na atenção psicossocial pública, caberia o termo ‘técnico de referência’
como disposto em outras normativas e resoluções do SUS sobre a RAPS. Se fosse pactuada a prática
de psicoterapia como disposição profissional do assistente social ou das equipes que compõem a
RAPS, ainda assim caberia discussão e revisão desta, uma vez que dispomos, primeiramente, de
profissionais habilitados e capacitados para tal, como psicólogos, e segundo, que ultrapassamos o
fazer clínico há alguns anos quando construímos e consolidamos um novo projeto ético-político
condizente com um horizonte de transformação social. Desta forma, assimilando o caráter pedagógico
e acadêmico da Residência, trouxemos a discussão dentro dos serviços, nas disciplinas do Eixo
Específico e Transversal do programa, entre outros residentes da HU/UEPG, no Encontro Nacional
do Fórum Nacional de Residentes em Saúde/FNRS e junto a Coordenação do Programa de Saúde
Mental HU/UEPG.
Objeto do Relato
Atuação dos profissionais assistentes sociais nos CAPS e a nomenclatura de seus cargos.
Objetivos
Objetiva-se com este relato alertar acerca da utilização equivocada do termo terapeuta aos
profissionais assistentes sociais, além de embasar juridicamente os motivos para a não utilização da
terminologia.
Análise Crítica
Dentre as normativas propostas pelo CFESS tem-se a Resolução 569/2010, que Dispõe sobre a
vedação da realização de terapias associadas ao título e/ou ao exercício profissional do assistente
social. (CFESS, 2010) Embasado nesta, e não enxergando separação entre teoria e prática entende-se
que a vedar a realização de atividades terapêuticas por assistentes sociais está ligada ao PEP. Não há
nas atribuições privativas do Assistente Social bases teóricas para a realização do serviço social
clínico, CRESS (2009) afirma que o profissional que exerce tais práticas restaura o conservadorismo
que identifica a profissão como uma forma de ajuda, vocação ou conforto terapêutico (CRESS, 2009,
p. 26).
Conclusões/Recomendações
A concepção de que o trabalho multiprofissional ao criar atividades associadas tenha suas atribuições
fluidas na equipe é errônea. Cabe, ao inserir-se nestes espaços a mediação com a equipe, e no seu
trabalho demarcar as questões ético-políticas, a fim de evitar implicações jurídicas sobre si.
Palavras-chave: Terapeuta; pratica profissional; Assistente Social.

368
Capacitação em Psiquiatria para médicos da Atenção Primária do município de Manaus

Efthimia Simões Haidos - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus


Sâmilly Costa Dantas de Albuquerque - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
Hillene Freire Freitas - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus
Dieny da Silva Lira - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus

RESUMO
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada, coordenadora do cuidado e
ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede (SAÚDE, 2017), incluindo as de saúde
mental. Para que as ações de saúde mental sejam desenvolvidas na APS, é fundamental a qualificação
das equipes, seja por meio da troca de conhecimentos ou pela discussão dos processos de cuidado.
Necessário se faz, portanto, prover os profissionais médicos que possuem o primeiro acesso e
encontram-se atuando e vinculados ao território do usuário com sofrimento psíquico, de
conhecimentos técnicos para conduta clínica junto a este usuário.
Desta forma, a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus promoveu a Capacitação em Psiquiatria
para médicos da APS, com carga horária total de 30h, composta por 24h divididas em 6 (seis) módulos
mensais de 4h, além de 6h de estudo de caso.
Esta foi ministrada pelo médico Leandro Fajardo, psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial
Benjamin Matias Fernandes da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA). A composição
desta ação de formação se constituiu como uma forma de reconhecimento da produção local de
saberes, permitindo potencializar, no decorrer dos encontros mensais e nas interlocuções
estabelecidas em grupo virtual, práticas colaborativas de aprendizagem e de entrelaçamento de
saberes a partir de experiências construídas no contexto da saúde pública amazônica.
Objeto do Relato
Capacitação em Psiquiatria para médicos com as principais demandas clínicas encontradas na APS.
Objetivos
Promover a qualificação do atendimento em saúde mental de médicos da Atenção Primária da Rede
Municipal de Manaus, viabilizando maior capilaridade e resolutividade na assistência, tendo como
foco as necessidades dos usuários, a produção de saúde, o próprio processo de trabalho em saúde e a
valorização dos trabalhadores.
Análise Crítica
Houve grande interesse dos profissionais em relacionar o conhecimento ministrado às situações
vivenciadas em suas práticas, além de crescente movimento para a melhoria da atuação. Assim, a
RAPS pode contar com pontos de atenção mais disponíveis e atentos para atenção a saúde mental,
gerando maior capilaridade para casos leves e estabilizados e permeabilidade aos serviços
especializados.
Também foi possível subsidiar a gestão sobre as potencialidades e dificuldades da APS na atenção
em saúde mental.
Com a avaliação de eficácia utilizada verificou-se percepções sobre resultados positivos alcançados
individualmente quanto as mudanças vislumbradas na própria prática clínica.
Conclusões/Recomendações
Um importante alcance dessa experiência foi uma rede composta por pontos de atenção primária em
saúde mais acessíveis e qualificados para a atenção em saúde mental e mais articulada para o cuidado
compartilhado entre APS e serviços especializados de atenção psicossocial.
Palavras-chave: Qualificação; rede de atenção psicossocial; saúde mental.

369
Conviver, pertencer e ser cidadão

Caroline Rodrigues Gomes - CAPS I - Antônio Carlos Alves Novas


Tatiana Avelar Oliveira - CAPS I - Antonio Carlos Alves Novas

RESUMO
Frente aos danos causados pela privação e negação ao convívio social às pessoas em sofrimento
psíquico, este trabalho busca lançar luz e trazer uma provocação desse modelo de cárcere, que
devastou psiquicamente e socialmente diversa pessoas. Que não nos esqueçamos jamais daqueles que
tiveram seu direito de ir e vir negado em detrimento de sua condição de sofrimento mental. Nosso
trabalho enquanto dispositivos do SUS, é promover espaço de debate, intervenção, re(invenção) e
reflexão sobre as práticas de cuidado. No caso do presente trabalho, trazendo a importância do serviço
de convivência dentro de um dispositivo substitutivo ao modelo hospitalar e seus efeitos para saúde
e cidadania.
Objetivos
Apresentar a ampliação do olhar para o usuário de saúde mental, como aquele que não se reduz ao
sintoma, masque comporta a potência do ser. Objetiva-se trazer a lógica do trabalho no território,
compartilhando modos de cuidado entre usuários, equipe técnica e rede. Ressaltar que as ações e atos,
buscam implicar, o fortalecimento da política de saúde mental e garantir a cidadania dos usuários.
Metodologia
Esta pesquisa foi desenvolvida por duas profissionais técnicas de um CAPS I Antônio Carlos Alves
Novas, localizado no município de São João da Barra RJ, utilizando o método descritivo, através da
observação exploratória, de caráter qualitativo. Os dados analisados possuem por referência a revisão
bibliográfica que respalda o presente trabalho.
Resultados
O espaço de convivência é a potência máxima de um CAPS, no qual se objetiva trabalhar o sujeito,
para além de uma lógica em que o discurso medicalizante tende a reduzir estes sujeitos e a
complexidade dos fenômenos vivenciados por este como um simples mecanismo da doença.
(AMARANTE, 2017). Aqui, se reconhece o sujeito para além da dimensão de doença e sim como
aquele que comporta a potência no seu ser. Trazemos que o espaço de convivência permite "um lugar
de reinvenção cotidiana de suas práticas e da descoberta de vida para cada um que chega. " (Novaes
e cols., 2008, p. 164). Traçamos com nosso trabalho implicações para o espaço de convivência, o qual
sustenta também a aposta do cuidado em liberdade, e reafirmação da potência deste, para o
reconhecimento e pertencimento dessas pessoas em seus territórios e promovendo com isso saúde,
cidadania e autonomia. Para isso, fundamentamos que através de assembleia, reuniões com a rede
intersetorial, visamos consolidar junto dos usuários, espações de vivências no território que confiram
cidadania. É um trabalho árduo, mas que permite e garante que eles possam se reconhecer em seu
existir em seu território.
Palavras-chave: Convivência; saúde mental; cidadania; cuidado; território.

370
Cuidado em Liberdade

Renata Louzada Mota de Oliveira - Prefeitura Municipal de Resende

RESUMO
Promover cuidado em liberdade para usuários que vem de um histórico de privação de liberdade
muito grande, de isolamento. Desafio de promover a inclusão na rede e nos próprios serviços de saúde
mental. Esse desafio é permanente, porque você continua fazendo um trabalho de desconstrução da
lógica manicomial que é poder realmente inserir esse usuário no contexto em que ele vive: na cidade,
no território, na rede, nos vínculos possíveis que puderam ser resgatados ou construídos. Desafios em
relação à institucionalização, de muitos não sustentarem a existência da loucura no território. Aí
encontramos mais desafios, pois estamos com usuários em que as famílias estão envelhecendo,
morrendo. Usuários que as vezes não conseguiram desenvolver ao longo do tempo uma autonomia
necessária pra conseguir viver sem o suporte desse familiar, desse tutor. Desafios que nos movem e
que estejam sob a luz do direito do usuário poder circular pela cidade, pelo território, acessar os
serviços, a ser, a existir, a não precisar ficar isolado ou afastado do convívio, porque esse é o
imaginário da lógica manicomial, ai ninguém lida com isso, a família não lida, os dispositivos de
saúde e de assistência não lidam, a sociedade não lida com isso. Sendo que hoje, dentro da perspectiva
da inclusão, é que o usuário possa ter direito de estar no território e não mais ter como destino de uma
crise uma institucionalização.
Objeto do Relato
Usuários dos dispositivos de Saúde Mental, com foco nos moradores da Residência Terapêutica.
Objetivos
Promover discussões acerca do cuidado para aqueles que estão inseridos nas RT's, como para àqueles
que não conseguiram adquirir autonomia necessária para conseguir viver sem o suporte do seu
familiar que está envelhecendo, morrendo. Desconstruir a lógica da "instituição total"
manicomializante e excludente.
Análise Crítica
Desafios em relação à institucionalização, seja no uso que tentam fazer da RT, seja no que acontece
nos leitos psiquiátricos. Sempre que a loucura incomoda encaminham pra uma instituição. As vezes
fica numa internação pra além do tempo necessário ou as vezes até uma indicação para uma RT pra
além dos critérios. Também observamos a interrupção do cuidado que às vezes acontece quando o
usuário vai para a rt, como se ele não fosse precisar de mais nada - "instituição total". É aí que a rede
as vezes acaba se colocando num papel de passividade. Então essa lógica manicomial tá tão
entranhada no imaginário, na história, que não percebem que estão recuando no cuidado.
Conclusões/Recomendações
A desconstrução da lógica antimanicomial precisa ser sustentada coletivamente. A instituição não é
uma instituição total. A instituição total era o manicômio, e a proposta da RT é de poder dar suporte
dentro da sua especificidade, contando fundamentalmente com a articulação da rede, da sociedade.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Cuidado; Liberdade.

371
Demanda de usuários de substâncias psicoativas atendidas na atenção primaria à saúde em
tempos de pandemia da COVID-19

Liliane Santos da Silva


Alisséia Guimarães Lemes - Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Rosa Jacinto Volpato - Universidade de São Paulo (USP)
Maria Aparecida Sousa Oliveira Almeida - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (EERP/USP)
Margarita Antonia Villar Luis - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo (EERP/USP)

RESUMO
no contexto de pandemia é possível observar mudanças nos padrões de consumo de Substancias
Psicoativas (SPA). Diante disso, a Estratégia de Saúde da Família (ESF), se tratando de um serviço
de base territorial, de maior proximidade com a comunidade, e que compõe a Rede de Atenção
Psicossocial tem o potencial de identificar este tipo de mudança em tempo oportuno. Nesse cenário
o enfermeiro é a peça chave, por se tratando de um profissional que possui formação baseada na
ciência do cuidado humano, através da promoção e prevenção das doenças e agravos, sendo essencial
na identificação dos elementos que prejudicam a saúde da população.
Objetivos
identificar a existência de demandas de usuários de substâncias psicoativas atendidas na atenção
primaria à saúde em tempos de pandemia da COVID-19.
Metodologia
estudo transversal, com abordagem quantitativa, realizado nas ESF de uma cidade localizada no
interior de Mato Grosso. Foram convidados a participar do estudo todos os enfermeiros atuantes nas
19 ESF localizadas em zona urbana, que atenderam os critérios de inclusão (atuação de no mínimo
seis meses) e exclusão (estar em afastamento do trabalho). Os dados foram coletados através de um
questionário semi-estruturado, lançados e analisados no programa Microsoft Excel 2016. O estudo
foi aprovado pelo CEP da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
sob o parecer n 4.859.63.
Resultados
participaram do estudo 16 enfermeiros, sendo 94% do sexo feminino, idade entre 28 a 55 anos, com
mais de 10 anos de formação (88%), e atuantes em ESF a mais de 5 anos (75%). Destes, 93,7%
referiram atender demandas de usuários de SPA, seja com frequência mensal (37,5%), anual (31,2%),
semanal (12,5%) e diário (12,5%). A pesquisa revelou ainda que durante a pandemia da COVID-19
houve um aumentou de 31% na demanda de usuários atendidos em decorrência do uso de SPA nas
ESFs. Conclusão: considerando os inúmeros agravos que o uso de SPA causa na vida; se tratando de
um problema de saúde publica onde o numero de usuários crescem anualmente; e os dados do presente
estudo que evidencia o aumento desta demanda em algumas unidades durante a pandemia da COVID-
19. Considera-se importante para a oferta de uma assistência efetiva, uma atenção especial aos
profissionais que atendem estes usuários, a fim de identificar possíveis fatores que dificultam a
assistência. Ao conhecer as necessidades dos profissionais, desenvolver capacitações e incentivar o
funcionamento da articulação da equipe matriciadora com os demais serviços da rede podem
contribuir para a qualidade do cuidado ofertado.
Palavras-chave: Substancias Psicoativas; Estratégia Saúde da Família; COVID-19.

372
Desconstruindo a antiga Colônia Juliano Moreira no Rio de Janeiro

Alexander Garcia de Araujo Ramalho - SMS/RJ - Instituto Municipal Juliano Moreira


Luciana da Cruz Cerqueira - SMS/RJ - IMAS Juliano Moreira
Marcos Eduardo Pereira de Lima - SMS/RJ - IMAS Juliano Moreira

RESUMO
O Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (IMAS JM), antiga Colônia Juliano
Moreira, mantém como diretriz de trabalho o resgate da autonomia e integração social dos usuários,
em seu processo estruturação avançou no aprimoramento e desenvolvimento do Núcleo de
Documentação Histórica do Instituto, incrementando a estrutura do Museu Bispo do Rosário de Arte
Contemporânea, bem como da expansão das ações de geração de trabalho, renda e cultura, doravante
denominado Polo Experimental de Convivência, Educação e Cultura , dando sequência assim ao
planejamento definido pela Política de Saúde Mental do Município do RJ. Desde a época de sua
inauguração, em 1924, a Colônia Juliano Moreira, passou por vários processos de transformação, sem
que seu perfil manicomial fosse alterado. A instituição era o destino final para pacientes que
chegavam de várias partes do país, com história de muitas internações e perspectiva muito remota de
retorno ao convívio social. A partir de sua municipalização em julho de 1996, operou-se um cuidadoso
processo de redefinição dos núcleos assistenciais existentes, assim várias unidade foram desativadas
e transformadas em outros serviços, como exemplo temos: O Núcleo Mário Pinote (1997), Núcleo
Agrícola (2000), Núcleo Ulisses Vianna (2012), Núcleo Rodrigues Caldas (2019), Núcleo Teixeira
Brandão (2021), restando os Núcleos Franco da Rocha ( fim das internações 2022), e o Hospital
Jurandyr Manfredini com fechamento para 2022.
Objeto do Relato
Apresentar dados de saída de usuários de longa permanência para SRT e retorno familiar.
Objetivos
Apresentar a desconstrução das práticas manicomiais no Instituto Municipal de Assistência à Saúde
Juliano Moreira, através do trabalho de desinstitucionalização realizado no Núcleo Franco da Rocha,
com a saída de usuários para retorno familiar ou residências terapêuticas. Encerrando assim as
atividades de internação de longa permanência.
Análise Crítica
Ao longo de 4 anos tivemos um trabalho voltado para o encerramento das internações de longa
permanência no IMAS JM e os dados levantados demonstram a eficácia do trabalho de saída dos
usuários. No anos de 2018 haviam 280 pessoas internadas e atualmente temos 50, sendo que cerca de
40 usuários estão em trabalho para ter alta com acompanhamento de CAPS para as SRTs da Cidade
do Rio de Janeiro, encerrando as internações.
Conclusões/Recomendações
O investimento em profissionais qualificados e comprometidos com a Reforma Psiquiátrica,
associado a planejamento das ações e captação de recursos, proporcionou a realização do sonhado
fim da Colônia Juliano Moreira que está planejado para ocorrer até Dezembro de 2022.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Reforma Psiquiátrica; Gestão em Saúde Mental.

373
Desigualdades sociais nos transtornos mentais comuns: um desafio que persiste

Lhais de Paula Barbosa Medina - UNICAMP


Margareth Guimarães Lima - UNICAMP
Marilisa Berti de Azevedo Barros - UNICAMP

RESUMO
Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) caracterizam-se por um conjunto de sintomas como
depressão, ansiedade, irritabilidade, insônia, fadiga e outras queixas somáticas. A presença de TMC
causa sofrimento psíquico, tem impacto econômico e social e contribui para fatores como o baixo
desempenho no trabalho e nos estudos e para a mortalidade. O rastreamento da presença de TMC em
inquéritos de saúde tem especial relevância por permitir identificar os fatores associados à ocorrência
de TMC, mas também mensurar a magnitude das associações, destacando os grupos mais vulneráveis.
A literatura já documenta desigualdades sociais relacionadas à presença de TMC, mas o
monitoramento destas iniquidades permite compreender os novos cenários e identificar avanços ou
retrocessos.
Objetivos
Avaliar a prevalência de TMC e as desigualdades sociais nesta prevalência em adultos com 18 anos
ou mais residentes na área urbana do município de Campinas-SP, comparando os resultados dos
inquéritos ISACamp realizados em 2008/09 e 2014/15.
Metodologia
Este é um estudo transversal, de base populacional que analisou, de forma independente, amostras da
população de adultos de Campinas-SP a partir dos dados dos inquéritos ISACamp 2008/09 e 2014/15.
O instrumento Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) foi utilizado para caracterizar a presença de
TMC (8 sintomas ou mais). As variáveis de comparação foram sexo, faixa etária, raça/cor, nível de
estudo, renda per capita e posse de plano privado de saúde. Foram estimadas as prevalências e,
posteriormente as razões de prevalência, ajustadas por sexo e idade, pelo método de Regressão de
Poisson.
Resultados
Detectou-se prevalência de TMC de 12,1% (9,8%-14,7%) em 2008 e de 15,7% (13,7%-17,9%) em
2014, com crescimento significativo apenas para o segmento com 12 anos ou mais de estudo (de 4,3%
para 9,8%). Expressivas desigualdades foram observadas na prevalência de TMC nos dois anos
pesquisados, com destaque para as disparidades de gênero, de idade e de escolaridade, em que as
mulheres, os idosos e os menos escolarizados apresentaram maior prevalência de TMC. Os grupos
de menor renda tiveram em 2008 e 2014, respectivamente, prevalência 1,68 (1,19-2,38) e 2,88 (1,84-
4,49) maior de TMC. Já as desigualdades de raça/cor e de plano de saúde foram encontradas apenas
no ano de 2014, em que a população negra (RP=1,40) e aqueles que não tinham plano (RP=1,65)
apresentaram maior prevalência de TMC, sinalizando uma ampliação de fatores sociodemográficos
associados à presença de TMC. Estes resultados corroboram a literatura prévia, que já indicava
importante desigualdade social na ocorrência de TMC, mas alertam para o fato de que o cenário de
desigualdades sociais na saúde mental, ainda persiste. A redução destas desigualdades segue sendo
um desafio para as políticas de equidade.
Palavras-chave: transtorno mental comum; desigualdades sociais em saúde; inquéritos de saúde.

374
Determinantes da participação de usuários de substâncias psicoativas em situação de rua em
um estudo longitudinal

Gabriella de Andrade Boska - UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro Oeste


Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - EEUSP
Paulo Rosário Carvalho Seabra - Escola Superior de Enfermagem de Lisboa - ESEL; Centro de
Investigação, Inovação e Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa - CIDNUR
Heloísa Garcia Claro - UNICAMP
Júlia Carolina de Mattos Cerioni Silva - EEUSP

RESUMO
A situação de rua e o uso de substâncias são fenômenos de interesse para pesquisas em saúde mental
e saúde pública. Dados nacionais e internacionais evidenciam as dificuldades de concluir pesquisas
significativas com esta população, devido aos determinantes sociais da saúde e a dinâmica de vida.
Com relação a estudos longitudinais, espera-se taxas de retenção amostral (conclusão da pesquisa) de
pelo menos 70% dos participantes ao final do acompanhamento, o que dificilmente ocorre em estudos
com a população usuária de substâncias psicoativas em situação de rua. Conhecer os determinantes
da participação deste grupo nestes estudos, pode contribuir para o planejamento de delineamentos
mais efetivos e previsíveis.
Objetivos
Analisar a retenção amostral de usuários de substâncias psicoativas em situação de rua em um estudo
longitudinal.
Metodologia
Estudo de coorte prospectiva, não controlada, de abordagem quantitativa. Foi realizado em dois
Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas 24 horas (CAPS AD III) de São Paulo, entre
fevereiro de 2019 a fevereiro de 2020. Teve como amostra inicial 122 usuários, que foram
acompanhados em dois tempos de follow-up: T1 - após 14 dias do acolhimento integral e T2 - após
3 meses. Para analisar os fatores que determinaram a conclusão da participação no estudo pela
amostra acompanhada, realizou-se análise estatística descritiva e longitudinal por modelos lineares
de efeitos mistos.
Resultados
A taxa de retenção amostral dos usuários de substâncias psicoativas em situação de rua incluídos na
coorte foi de 55% no T1 e de 40% no T2. Os participantes que concluíram o estudo, comparando com
os que não concluíram, tinham escolaridade cerca de um ano menor, melhor rede de apoio, o dobro
do tempo de tratamento no CAPS AD III, mais acolhimentos integrais anteriores, maior uso de álcool
e cocaína nos últimos 30 dias e haviam frequentado grupos de autoajuda como alcoólicos e narcóticos
anônimos antes de iniciar o tratamento no CAPS AD III. Entre os que não concluíram o estudo, a
maioria (45%; n= 55) não participou da entrevista no T1. Diante desses achados, importa discutir as
implicações para a pesquisa. Estratégias inclusivas, de busca ativa e ampliação dos espaços de coleta
de dados no território, são possíveis alternativas para conduzir estudos longitudinais com usuários de
substâncias psicoativas em situação de rua.
Palavras-chave: Estudos Longitudinais; Pessoas em Situação de Rua; Transtornos Relacionados ao
Uso de Substâncias.

375
Diálogos sobre Depressão e Ansiedade com jovens em uma escola pública de ensino médio em
Fortaleza

Antonia Janiele Felicio de Matos - Secretaria de Proteção Social

RESUMO
A ideia de falar sobre Depressão e Ansiedade com os alunos surgiu a partir dos relatos do professores
e da gestão da escola acerca da incidência de alunos que diariamente relatavam crises de ansiedade,
depressão, ideação e até tentativas de suicídio. Considerando isso resolvemos propor diálogos sobre
a temática durante o horário da aula de Formação Cidadã. Os diálogos eram realizados por mim e
pela minha colega de estágio Ana Beatriz, ambas estudantes dos últimos semestres do curso de
Psicologia. Para facilitar esse momento de conversa buscamos inicialmente referencial teórico e antes
disso já estávamos estagiando na escola há 6 meses, então já conhecíamos a realidade da escola, e as
questões de vulnerabilidade presentes naquele território, além disso mapeamos a rede de apoio
próxima da escola. Então dividimos os momentos de diálogo por turma, para aproveitar melhor o
tempo e incentivar a fala dos alunos. Fizemos um slide com alguns tópicos para nortear o momento,
mas deixamos bem aberto para troca de vivências dos jovens. Houve bastante interação e participação
deles, fizeram perguntas, trouxeram questionamentos importantes sobre globalização, redes sociais,
pandemia, além de pensarmos juntos estratégias de enfrentamento e formas de buscar ajudar. Além
disso demostraram o interesse de ter mais momentos assim, e de terem possibilidade de ter suporte
psicológico de acolhimento e orientação na escola.
Objeto do Relato
Dialogar sobre Depressão e Ansiedade com jovens no contexto escolar.
Objetivos
Proporcionar diálogos e reflexões acerca da depressão e ansiedade para alunos de ensino médio.
Análise Crítica
Percebemos que os jovens tem conhecimento sobre Depressão e Ansiedade, porém muitas vezes não
sabem como e onde buscar ajudar. Outro ponto interessante é o relato do agravamento de sintomas
de depressão e ansiedade Duran e no pós pandemia, e a ausência do apoio familiar em questões assim.
Conclusões/Recomendações
Concluímos os diálogos e sentimos a necessidade de criar um espaço no qual fosse possível um
acolhimento de forma periódica dos alunos, bem como fazer encaminhamentos para a rede quando
necessário.
Palavras-chave: Depressão; Ansiedade; Jovens; Saúde mental.

376
Diários de campo: por uma aposta na política de escrita encantada

Luiza Pereima Conde


Peder de Faria Salles - UFRJ
Rayane Stephany dos Santos Magalhães - UFRJ
Victória Benfica Marra Pasqual - UFRJ
Thiago Benedito Livramento Melicio - UFRJ

RESUMO
O mundo constrói a linguagem, ao passo que a linguagem constrói o mundo. Como pesquisadores da
área de saúde, visamos refletir sobre a forma como descrevemos o encontro com o humano e a
subjetividade através da escrita, e pensar: que política de narratividade podemos defender? Como
conseguimos sustentar na escrita o encantamento (Simas & Rufino, 2019) do que vivenciamos?
Partimos da experiência de composição do Coletivo Convivências, projeto de estágio, pesquisa e
extensão do Instituto de Psicologia da UFRJ, que se organiza pautado nos Centros de Convivência e
Cultura previstos na Rede de Atenção Psicossocial, onde, em uma perspectiva antimanicomial,
articulamos arte, cultura, território e produção de saúde através da convivência.
Objetivos
Este trabalho se propõe a trazer questionamentos e apostas no sentido de um compromisso ético-
estético-político da escrita acadêmica, com base na experiência dos integrantes do projeto com diários
de campo, produzidos a partir das oficinas construídas em parceria com Unidades Básicas de Saúde
e Centros de Atenção Psicossocial, que integram a Agenda COMviver, do Centro de Convivência
Virtual.
Metodologia
A partir de Deleuze e Guattari (1997), assumimos o ethos cartográfico como metodologia de nossas
práticas e produções. Com isso, iniciamos uma revisão bibliográfica e um processo de escrita de
diários de campo que não existem como um caminho individual ou apenas uma descrição de fatos,
mas são criados junto ao processo dos encontros, construídos em uma narrativa das afetabilidades,
como ferramentas singulares-coletivas produzidas dentro das oficinas, incluindo as várias vozes dos
conviventes (Slomp Júnior et al, 2020).
Resultados
Durante o compartilhamento e a discussão sobre o processo de escrita dos diários de campo,
observamos ser comum nos relatos a angústia e a solidão que a escrita ocupa no espaço acadêmico.
Tal processo apontou que isso se dá pelo enrijecimento das normas e as expectativas de um fazer
científico-neutro que condiciona a diversidade e a potência criativa da escrita. Desse modo, buscamos
traçar outros caminhos que, de acordo com Simas e Rufino (2019), só são possíveis a partir da lógica
do encantamento Assim, na perspectiva do cruzo, nos deixamos afetar por um caminho de
encruzilhadas aberto às múltiplas expressões e práticas do saber, postura essa que reverbera, para
além da nossa presença nas oficinas, na nossa política de escrita dos diários de campo. Apostamos,
portanto, em uma desinstitucionalização da escrita acadêmica reificada de modo a alargar as
possibilidades de texto e lançar luz às linhas de fuga inventivas no ato de escrever. Assim sendo, nos
esforçamos no sentido de realizar um trabalho vivo no campo da saúde e de sustentar esse
encantamento vivido em nossas produções textuais, nos pautando na política de narratividade.
Palavras-chave: Cartografia; diários de campo; política de narratividade; saúde; convivência.

377
Enfermeiros no atendimento a população em situação de rua durante a pandemia do COVID-
19

Carla Félix dos Santos - GHC


Cíntia Nasi - UFRGS

RESUMO
A circulação de um novo Coronavírus surge no final do ano de 2019 e é declarado como pandemia
da COVID- 19 em março de 2020, declarando-se assim uma Emergência de Saúde Pública de
importância internacional. Baseando-se que Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de
entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), e também é uma importante via de acesso da População
em Situação de Rua (PSR) é de suma importância relatar sobre o trabalho desenvolvido no
Consultório na rua durante a pandemia. A atuação do enfermeiro como integrante potente dos serviços
do Consultório na Rua (CnaR) vem se constituindo como modelo assistencial focado na integralidade
do cuidado, nas práticas de promoção da saúde e prevenção da saúde e da qualidade de vida.
Objeto do Relato
O ser/fazer enfermeiro de um CnaR, que se dedica ao atendimento à PSR, durante o cenário
pandêmico.
Objetivos
Relatar a experiência de trabalho de uma enfermeira do Consultório na Rua, durante a pandemia da
COVID-19. Metodologia: Relato de experiência de caráter descritivo, construído a partir da vivência
enquanto enfermeira de um CnaR, no município de Porto Alegre, durante a pandemia da COVID-19
Análise Crítica
Diferente da população não específica, em que a atenção à saúde das pessoas passa pela contenção
da disseminação do vírus, através de estratégias como o isolamento social, a PSR não o consegue
fazer por não ter um domicílio. Juntamente com a criação de estratégias de enfrentamento ao vírus
surge o desafio do trabalho do enfermeiro com a PSR neste cenário, pois para quem vive ou sobrevive
nas ruas a exposição ao vírus é constante, pelas próprias dificuldades de acesso a moradia.
Observando estas necessidades durante a atuação profissional nas ruas foi necessário atuar de forma
preventiva nas abordagens, com a estratégias de entrega de sabão líquido, máscaras, kits de higiene
pessoal e bucal.
Conclusões/Recomendações
Pode-se afirmar que o direito aos serviços de saúde também se tornou fragilizado para a PSR na
pandemia, pois além de todos os fatores sociais eles também sofrem preconceitos pelas equipes de
saúde. No atendimento à PSR foi possível perceber que a prática do enfermeiro também é uma prática
social.
Palavras-chave: Enfermagem; Pessoa em Situação de Rua; COVID-19.

378
Especificidades do Acompanhamento Terapêutico de uma mulher curatelada pela justiça

Marina Silva Balarini - UFF - Universidade Federal Fluminense


Luana da Silveira - UFF Campos

RESUMO
A partir de uma aposta no acompanhamento terapêutico (AT) realizado em dupla através do grupo de
pesquisa e intervenção de saúde mental e justiça pela UFF Campos com uma mulher usuária do CAPS
em Campos dos Goytacazes, RJ, surgem analisadores e desafios no processo de
desinstitucionalização com uma rede ainda manicomial e medicalizante. A mulher acompanhada tem
46 anos, diagnosticada com esquizofrenia desde os 20, e passa por um processo de reversão da
curatelada financeira pela justiça, para que possa gerir suas contas com mais autonomia. Foi internada
compulsoriamente em dois manicômios da cidade, e na terceira vez teve como destino a internação
no CAPS, onde passou duas semanas sendo muito medicada, vendo-o como manicômio.
Atualmentebmora sozinha na casa herdada da família e o trabalho do AT se dá nas idas ao fórum para
prestar contas de seus gastos e receber sua pensão, visitas domiciliares e consultas psiquiátricas,
articulação com equipe da justiça. A desinstitucionalização e reversão da curatela consiste em
produzir autonomia perdida nas instituições psiquiátricas, construção de vínculos com vizinhos,
auxílio na administração dos gastos e tornar a sua casa um lar acolhedor e funcional. Ela busca uma
normalidade o tempo todo para não ser internada novamente e isso se torna um desafio porque ela
procura uma organização não a partir do desejo, mas para performar uma normalidade para que a
justiça e o psiquiatra a considerem normal e capaz de ser uma mulher autônoma.
Objeto do Relato
Acompanhamento de uma mulher em processo de reversão de curatela e efeitos na
desinstitucionalização
Objetivos
Colocar em análise os desafios de sustentar a autonomia de uma mulher em processo de
desinstitucionalização e reversão de curatela que tem sua subjetividade atravessada pelos poderes da
psiquiatria e justiça.
Análise Crítica
A partir dessa experiência fica evidente como os serviços de Campos ainda trabalham na lógica do
controle e da medicalização, colocando a pessoa em sofrimento psíquico como incapaz de administrar
a própria vida. Percebe-se como há um desejo de manicômio, de controle e uma imposição de
normalidade. Dessa forma, podemos pensar como o tratamento passa por uma construção de uma
normalidade imposta pela sociedade e reproduzida pelo CAPS e pela justiça. A reversão de curatela
torna-se fundamental para a dignidade e desinstitucionalização, incluindo o judiciário e o próprio
serviço, se estendendo pelo território de relações, circulação e direito à cidade.
Conclusões/Recomendações
Dessa forma, o AT como dispositivo clínico e também amigo qualificado, aposta em caminhar junto,
no cuidado sem tutela e controle, que possa desencadear nova subjetividade e mundos possíveis para
sua realidade. Desponta como crucial ao processo de reversão de curatela e desinstitucionalização.
Palavras-chave: Curatela; desinstitucionalização; acompanhamento terapêutico.

379
Espectro do Autismo? Não somos fantasmas, somos pessoas!

Felipe Mendes da Silva


Adelma Pimentel - Universidade Federal do Pará
Alessandro Silva - Universidade Federal do Pará

RESUMO
Por mais de dois anos atuei em clínicas particulares e serviços públicos de saúde realizando
intervenções junto a crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista. Diversas
inquietações acerca do modelo de intervenção surgiram. Observei, ainda que colegas de profissão
compartilhavam os sentimentos, e os incômodos com a limitação da terapia comportamental em
manter o foco da intervenção somente no ensino de habilidades que, muitas das vezes ensinadas fora
do contexto em que essa habilidade é esperada por parte da criança prejudicava o desenvolvimento
de uma relação interpessoal autêntica, e interações com o meio mais criativas. Dessa maneira,
realçando o olhar para as dificuldades, o diagnóstico e os problemas de comportamento, excluem-se
as potencialidades e possibilidades que, enquanto seres humanos, essas crianças podem ter para se
desenvolver sem a exigência de se comportarem da forma que é socialmente aceita. Nesse sentido,
crianças que apresentavam muitos prejuízos na comunicação e na interação social conseguiam, por
meio da Terapia ABA, desenvolver habilidades básicas que auxiliam na aprendizagem, porém pouco
avançavam na interação com o aplicador, com outras crianças e com a família.
Objeto do Relato
Experiência como Aplicador ABA, modelo de Ensino por Tentativas Discretas com crianças autistas
Objetivos
Relatar as percepções da relação desenvolvida entre aplicador e criança; refletir sobre a limitada
valorização das iniciativas das crianças; propor um trabalho de conclusão de curso em Psicologia
baseado no enfoque gestáltico, no contato autêntico e não apenas na aplicação de uma grande
quantidade de tentativas de ensino pré-determinadas.
Análise Crítica
A Análise do Comportamento é uma das formas de tratamento do TEA mais eficaz devido a lógica
de suscitar resultados para o ajustamento da pessoa que se expressa sem os parâmetros da sociedade.
Nisso, os prejuízos na interação social e na comunicação são descritos como limitação no repertório
comportamental. Assim como a codificação que recebe nos manuais diagnósticos como espectro
representando um conjunto de sintomas; enquanto que na Gestalt-Terapia, enfatiza-se a relação
dialógica, a identificação de autossuportes e intervenções sem rótulos, trabalhando-se com o que é
manifestado pela criança em dado momento, observando de que forma a criança estabelece ou evita
contato com o meio.
Conclusões/Recomendações
Além de focar no diagnóstico, nas dificuldades de aprendizagem, as intervenções com pessoas
autistas requerem que encontremos formas para o desenvolvimento integral; de uma relação
acolhedora e autêntica que a estimule a explorar novas experiências na forma de se relacionar com o
outro e consigo.
Palavras-chave: Autismo; Gestalt-terapia; Análise do Comportamento.

380
Função social das prisões, manicômios e comunidades terapêuticas em relação à
periculosidade

Maynar Patricia Vorga Leite - Secretaria da Administração Penitenciária

RESUMO
A partir da Lei nº 11.343/06 aumentou o encarceramento de usuárias/os de drogas acusados de tráfico
ou associação ao tráfico. Concomitantemente ocorreu a inserção das Comunidades Terapêuticas (CT)
na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de modo bizarro, não se constituindo como equipamentos
de saúde nem de assistência. Igualmente, o Governo Federal, em 2020 e 2021, precarizou o
atendimento em saúde mental no âmbito prisional, fortaleceu Hospitais de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico (HCTP) e aumentou investimentos em Hospitais Psiquiátricos e CTs para recolher
usuárias/os de drogas. A partir de marcadores de raça, classe e gênero cabe indagar se prisões,
manicômios e comunidades terapêuticas seriam instituições organizadas pelo dispositivo da
periculosidade, para além dos HCTP.
Objetivos
Analisar o dispositivo da periculosidade no caso brasileiro a partir do racismo estrutural, do sexismo
e da segregação de classe. Analisar Comunidades Terapêuticas, estabelecimentos prisionais
(incluindo Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico) e Hospitais Psiquiátricos enquanto
estabelecimentos de segregação necropolítica organizados e sustentados pelo dispositivo da
periculosidade.
Metodologia
Levantamento e análise genealógica de documentos governamentais históricos e atuais, revisão
bibliográfica sobre posicionamentos da psiquiatria e da psicologia em relação à periculosidade, ao
racismo e ao aprisionamento, estudo genealógico das comunidades terapêuticas e da sua expansão no
brasil em relação às mudanças de políticas de drogas. Relação entre essas análises e relatos de
experiência de trabalho no sistema prisional.
Resultados
Trata-se de investigação em andamento como parte da pesquisa de doutorado, que está apontando as
possíveis relações entre hospitais psiquiátricos (incluindo os HCTP), estabelecimentos prisionais
(também incluindo os HCTP) e comunidades terapêuticas a partir da periculosidade produzida pelo
racismo estrutural, o sexismo e a segregação de classe no Brasil.
Palavras-chave: periculosidade, saúde mental, sistema prisional, medida de segurança.

381
Gestão do silêncio: o medo como afeto central para o aparelhamento dos serviços substitutivos
em saúde mental no contexto da contrarreforma

Paulo Ricardo de Araújo Miranda – COREMU - SBC


Geovana de Alcântara Cheloni Souza – COREMU - SBC

RESUMO
O que resta do cuidado em saúde mental quando os profissionais têm medo de manifestar seus
pensamentos? Como promover o cuidado em liberdade quando o campo da palavra aparece
interditado pela lógica perversa da fragilização das relações de trabalho? É possível questionar
determinações organizativas quando o vínculo de trabalho está em risco? Desde o ingresso na
condição de residentes no programa de saúde mental no município de São Bernardo do Campo, há
um afeto incômodo que circula nas relações de trabalho: nem tudo pode ser dito. Nódulos do dizer.
Fica entre nós . A lógica do silêncio que permeia os fluxos institucionais na rede de atenção
psicossocial ancora-se no suposto princípio de neutralidade da gestão atual. Sob a égide da não-
parcialidade, o discurso biomédico centrado na doença ganha um novo empuxo. Em nome da razão
&#8213; novamente &#8213;, não mais a contenção física, mas a contenção química. Para estar em
acompanhamento do CAPS é necessário fazer uso de medicação psiquiátrica . A gestão organizada
em torno do medo produz sintomas institucionais específicos: (I) Procedimentalização e
aparelhamento do processo de cuidado; (II) Metrificação e avaliação de desempenho com base no
imperativo quantitativo; (III) Supressão das discussões políticas que envolvem o avanço da RAPS e
do cuidado em liberdade; (IV) Interdição da participação ativa dos profissionais na construção
coletiva do processo de trabalho. No limite, o desiderato da produtividade produz o seu avesso.
Objeto do Relato
Analisar o modo como o processo de trabalho na saúde mental tem sido aparelhado pela
contrarreforma.
Objetivos
O escrito objetiva refletir sobre a forma como o medo emerge como categoria fundamental para o
rebaixamento dos princípios da Reforma Psiquiátrica. Será abordado o modo como a fragilização dos
vínculos de trabalho pelas Organizações Sociais posiciona o medo como afeto primordial na
experiência cotidiana dos serviços substitutivos em saúde mental.
Análise Crítica
A contrarreforma produz efeitos através da despolitização da saúde mental. O cuidado, enquanto
categoria em disputa, perde seu valor em detrimento das injunções produtivistas impostas aos
profissionais da saúde contratados por organizações sociais. A ameaça subliminar de demissão pelo
não cumprimento de metas ou por falar demais posiciona o medo como afeto central nas relações de
trabalho. Não mais lutar pelo SUS que queremos, mas preservar o emprego que se tem. Não mais
atender a demanda de cuidado dos usuários, mas atender a demanda por números da gestão. A
validade de um serviço público quando vinculada à produção faz do risco permanente de perda o
motor do trabalho despolitizado.
Conclusões/Recomendações
O cuidado em liberdade está ameaçado. Hoje, o manicômio não apresenta necessariamente estruturas
rígidas de segregação. Ele pode estar, invisível, na gestão do medo entre trabalhadores. Se a Reforma
Psiquiátrica começou, foi porque o campo da palavra ousou cindir o silêncio. Ante ao medo, falemos.
Palavras-chave: Saúde mental; Contrarreforma; Gestão do silêncio; Medo; Organizações sociais.

382
Gestão participativa: o cotidiano como norteador comunitário de um CAPSij

Laís Vignati Ferreira - CAPSij São Mateus

RESUMO
Em um período de decisões importantes de gestão sobre um CAPSij localizado na periferia da região
leste de São Paulo, territorio reconhecido de luta para garantia do direito à saúde, pairava uma questão
central: como definir direções de gestão com a participação desta população historicamente
envolvida? Para tanto, foi preciso abrir mão de pressupostos e tomar como base a escuta ativa do
movimento social. Foram legitimados os espaços formais de controle social, realizada a reabertura
do espaço de convivência para os atendidos e interlocuções em rede, especialmente no que era
considerado "pequeno". A partir da ocupação do espaço do CAPS com essas intervenções, foi possível
realizar conjuntamente atividades que marcaram o início de uma gestão comunitária. Um dos
exemplos, que será grifado aqui, é a remoção do balcão da recepção da unidade, que escondia
fisicamente os recepcionistas e afastava trabalhadores e usuarios. Essa ação foi realizada juntamente
ao movimento solicitante, como uma quebra simbólica e física do distanciamento. Uma ação com sua
sutileza e aparente desimportancia diz da política pública que só se reafirma e endossa no cotidiano.
A partir da retirada da barreira física é que foi possível que gestão, trabalhadores e usuários se
enxergassem e pudessem traçar os próximos passos para o CAPSij de modo compartilhado. Fazer em
conjunto é também reconhecer a grandeza das ações ditas pequenas que abrem a escuta e confiança
no projeto comum.
Objeto do Relato
A gestão participativa como norteador institucional do CAPSij, incluindo familiares e crianças.
Objetivos
Descrever o inicio do processo de parceria entre gestão instituída, crianças e adolescentes atendidos
e movimento social de familiares de crianças com deficiência na organização institucional de um
CAPSij a partir do foco em uma ação compartilhada.
Análise Crítica
A participação social é base da formação em atenção psicossocial. No entanto, é preciso dar luz aos
processos de tomada de decisão cotidianos nas instituições que se voltam à população em sofrimento
psíquico, pois estes são fundamentais para garantia de pertencimento, continuidade, construção de
referências e possibilidade de realização do mandato psicossocial e comunitário. Os relatos de
pequenas decisões diárias são fonte de leitura do que de fato se constrói enquanto política pública. O
processo da tomada de decisão é também fundamental para avaliar a direção psicossocial das
instituições, inclusive borrando as margens entre gestão, trabalhadores e usuários.
Conclusões/Recomendações
A politica pública em saúde mental se da no cotidiano. É possível observar a construção do mandato
coletivo para organização de um CAPSij a partir de uma tomada de decisão sobre ambiência, que
aconteceu em escuta ao movimento social. Relatos desse modo podem impulsionar desenhos de
futuro.
Palavras-chave: Gestao participativa; cotidiano; participação social; CAPSij; atenção psicossocial.

383
Grupo de Família: as múltiplas interfaces do cuidado dirigido às pessoas consumidoras

Rafael Rosa Plastino - CAPS AD


Camila Cristina de Oliveira Rodrigues - CAPS AD Norte
Jane Regina Qualva Coelho Macedo - CAPS AD Norte

RESUMO
Sabe-se que a grande parte das pessoas consumidoras chegam aos serviços de saúde mental com
vínculos familiares desgastados e/ou rompidos e que tal problemática está relacionada a uma série de
outros danos associados ao consumo problemático de drogas, entre eles as situações de violência
doméstica e as vivências de situação de rua. Por esta razão, entende-se que é prioritário que os
diferentes serviços desenvolvam uma atenção especializada às famílias visando o cuidado, a
preservação e a recuperação de vínculos sociais e afetivos. Neste sentido, este trabalho apresenta as
experiências de grupos de família desenvolvidos há muitos anos no CAPS AD Norte da cidade de
São José do Rio Preto (SP).
Objeto do Relato
São realizados dois grupos em diferentes horários visando atender as especificidades das famílias.
Objetivos
Objetiva-se apresentar os grupos de família realizados no CAPS AD e discutir os resultados deste
trabalho e suas repercussões no tratamento dos usuárias de drogas. De maneira específica, se busca
descrever as estratégias de intervenção utilizadas para realização destas atividades e compartilhar
pequenos relatos das participantes dos grupos.
Análise Crítica
Os grupos de família são reconhecidos pelos seus participantes como um espaço de autocuidado. O
compartilhamento e troca de experiência entre as participantes é valorizado como estratégia de
reflexão e aprendizado. Além disso, nota-se que o cuidado às famílias gera impactos positivos no
tratamento das usuárias, principalmente daqueles mais resistentes à adesão a um acompanhamento
sistemático. O espaço dos grupos em alguns casos também colabora com a identificação de processos
de adoecimento mais graves entre as familiares, possibilitando a construção de encaminhamentos
qualificados dos mesmos a outras ofertas de cuidado.
Conclusões/Recomendações
Por todo o exposto, conclui-se que é fundamental para o desenvolvimento de uma atenção
psicossocial integral às pessoas consumidoras realizar um trabalho com as famílias dentro dos CAPS
AD.
Palavras-chave: Rede de Atenção de Psicossocial; CAPS AD; Família.

384
Implantação do CAPS III Regional no município de Itapetinga Bahia

Maria Betania Oliveira Gama - Prefeitura Municipal


Jadira Gomes - Prefeitura Municipal

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica brasileira foi um marco na história da saúde pública do país. Resultante dela
surge os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como parte da composição do Sistema Único de
Saúde (SUS), exercendo um papel decisivo no processo da luta antimanicomial. Apresentar os
desafios, os avanços e os elementos que estão por trás da construção dessa rede de cuidados integral
e intersetorial se coloca como essencial apresentar as experiências vivenciadas por um projeto
desafiador em tempo de pandemia COVID19, evidenciando aspectos importantes e essenciais na
implantação de um CAPS III regional no município de Itapetinga localizada no Sudoeste da Bahia,
trazendo a contextualização do cenário atual e discussões acerca do processo de
desinstitucionalização, promovendo uma reflexão sobre a dimensão cultural da Reforma Psiquiátrica
e um balanço das potencialidades e dos desafios vivenciados. Sendo assim, enfatiza-se nesse trabalho
a necessidade de manutenção das instituições tais como os CAPS, e a continuidade de projetos que
prezam pelo tratamento em liberdade a fim de fortalecer vínculos e novas redes de apoio.
Objeto do Relato
Evidenciar aspectos importantes e essenciais na implantação de um CAPS III regional no município
de Itapetinga localizada no Sudoeste da Bahia, trazendo a contextualização do cenário atual e
discussões acerca do processo de desinstitucionalização.
Objetivos
Apresentar os desafios, os avanços e os elementos que estão por trás da construção dessa rede de
cuidados integral e intersetorial se coloca como essencial apresentar as experiências vivenciadas por
um projeto desafiador em tempo de pandemia COVID19, evidenciando aspectos importantes e
essenciais na implantação de um CAPS III regional no município de Itapetinga localizada no Sudoeste
da Bahia.
Análise Crítica
Por ser um projeto desafiador em tempo de pandemia COVID19, evidenciando aspectos importantes
a contextualização do cenário atual e discussões acerca do processo de desinstitucionalização,
promovendo uma reflexão sobre a dimensão cultural da Reforma Psiquiátrica e um balanço das
potencialidades e dos desafios vivenciados.
Conclusões/Recomendações
Enfatiza -se nesse trabalho a necessidade de manutenção das instituições tais como os CAPS, e a
continuidade de projetos que prezam pelo tratamento em liberdade a fim de fortalecer vínculos e
novas redes de apoio.
Palavras-chave: Desafio; desinstitucionalizaçao; fortalecimento de vínculos.

385
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em um hospital
psiquiátrico: desafios para a clínica ampliada

Rodrigo Oliveira de Carvalho da Silva - IPUB/UFRJ


Adriana Santos de Mello - IPUB/UFRJ
Leiliana Maria Rodrigues dos Santos - IPUB/UFRJ

RESUMO
De acordo com a Resolução COFEN-358/09 para o desenvolvimento da SAE, o Processo de
Enfermagem (PE), que é composto de 5 etapas, deve ser realizado de modo deliberado e sistemático,
em todos os ambientes em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem. Portanto, foi
estabelecido um Grupo de Trabalho (GT) responsável por analisar e escolher o suporte teórico a ser
utilizado além de capacitar todas as enfermeiras e enfermeiros sobre a SAE e o PE. Foram escolhidas
duas teorias: o modelo de Joyce Travelbee através da Relação Pessoa-a-Pessoa (1971) e a de Virginia
Henderson, que se insere na linha das necessidades humanas básicas, de acordo com uma perspectiva
holística (1969).cNo início do ano 2020, com a inesperada pandemia do novo coronavírus, todos os
recursos institucionais disponíveis foram deslocados para atender às necessidades provocadas por
esta condição calamitosa, adiando a progressão do processo de implementação da SAE. Entre agosto
de 2020 e maio de 2022, a chefia do serviço de enfermagem e as coordenações das enfermarias são
completamente modificadas, impactando o processo de desenvolvimento da SAE e do PE. Ainda
assim, foram criados instrumentos para a coleta de dados de enfermagem e registros por turnos de
trabalho por parte dos profissionais de nível médio, além de outro instrumento diagnóstico de
enfermagem, utilizando a classificação diagnóstica CIPE® (Classificação Internacional para a Prática
de Enfermagem) com o suporte teórico anteriormente citado.
Objeto do Relato
Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em um hospital psiquiátrico.
Objetivos
Descrever o processo de implementação da SAE em um hospital psiquiátrico, analisando criticamente
os desafios enfrentados: dimensionamento de pessoal inferior ao recomendado pelo COFEN,
pandemia de COVID-19, transições na equipe de gestão e o conflito teórico no campo da Saúde
Mental entre protocolização do cuidado e a garantia das singularidades.
Análise Crítica
O número de profissionais disponíveis para atuarem junto à coordenação de enfermagem com o
objetivo de implantar a SAE é inferior ao recomendado na Resolução COFEN 543/2017, impactando
diretamente no processo. Houve redução mais dramática em virtude do afastamento de profissionais
durante a pandemia de COVID-19 e, mesmo após seus retornos, ainda mostra-se defasada frente ao
desafio da implementação da SAE. Entende-se como essencial a permanente discussão sobre a adoção
de uma classificação diagnóstica de enfermagem em comparação com uma estratégia assistencial
apoiada na clínica ampliada, na subjetividade dos usuários e nas intervenções oriundas de uma escuta
ativa refinada e assertiva.
Conclusões/Recomendações
A implantação da SAE é um desafio institucional. Além de questões operacionais e de recursos
humanos, o próprio campo da saúde mental/psiquiatria gera uma ambiguidade entre a formalidade de
um modelo pré-formatado de diagnósticos de enfermagem e a valorização da clínica do sujeito.
Palavras-chave: Enfermagem; Assistência de Enfermagem; Saúde Mental; Gestão.

386
Infância e pandemia: O Aumento dos casos de abuso sexual infanfil durante o período de
isolamento social

Beatriz de Almeida Sales - UFF - Universidade Federal Fluminense


Laura Zimmermann Coelho - UFF Campos
Gabriella Pinho Martinez Dominguez - UFF Campos
Bruna Pinto Martins Brito - UFF Campos
Luana da Silveira - UFF Campos

RESUMO
A crise sanitária impactou as necessidades emergenciais que possuíamos enquanto coletivo, fazendo
com que em todo lugar houvessem diligências como fique em casa . As crianças, por sua vez, foram
impedidas de vivenciar experiências comuns à infância, como as brincadeiras coletivas, o contato
para além do núcleo doméstico e a escola. Nesse sentido, o confinamento tamponou problemáticas
pré-existentes, como a negligência estatal, a violência, e o abuso sexual intrafamiliar. O cenário de
retorno gradual às atividades presenciais evidencia os impactos do isolamento e a vulnerabilidade na
infância. Contudo, as questões de gênero, raça e classe impactam diretamente o acesso e a vivência
dessa concepção. De que infância falamos quando dizemos sobre o fique em casa enquanto
preservação da vida?
Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo comparar os dados disponíveis sobre denúncias de abuso
sexual infântil antes e durante o período de isolamento social, uma vez que a volta as aulas presenciais
evidenciou o aumento dos casos durante o confinamento, mostrando a importância do papel da escola
como ambiente de garantia do direito à segurança e proteção social.
Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida de forma documental (Disque 100 e MP do Paraná) à partir de uma
inquietação a respeito de como o isolamento impossibilitou a percepção do abuso em outros
ambientes de convivência da criança, e redes de proteção, como a escola. Por conta disso, foi feita a
comparação de dados de denúncias durante o confinamento e anteriores à pandemia, notícias de
veículos de comunicação confiáveis (G1) e a análise dos levantamentos já realizados pelas
instituições responsáveis (UNICEF, 2021; Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2020).
Resultados
No período anterior à pandemia, o Disque 100 (2018) já estimava que a maior parte dos abusos
sexuais infantis ocorriam dentro da casa da vítima, por pessoas da própria família. Frente a esse
cenário, as denúncias diminuíram durante o período de confinamento, voltando a crescer a partir do
momento em que essas crianças retornam ao ambiente escolar. Nesse sentido, seria ingênuo
considerar que a diminuição das denúncias no período pandêmico representam uma real melhora na
segurança e na proteção à infância. Os dados apresentados explicitam, portanto, a negligência para
com as diversas realidades socioculturais que as crianças experienciam no Brasil. Posto isso, a
psicologia deve se fazer presente na disputa política de espaços e atuar ativamente na proteção da
infancia, visto que os debates sobre a cultura da pedofilia são ignorados pela academia. Além disso,
a falta de implicação na produção e divulgação de materiais que denunciassem essa problemática
também colaborou para a compreensão da urgência de se ampliar essa discussão em espaços de
produção de saber, a fim de mobilizar novas práticas e possibilidades de transformação social.
Palavras-chave: abuso sexual; pandemia; infancia; isolamento social.

387
Iniciativas e estratégias culturais como produção de saúde e vida no território de
Manguinhos/RJ: pesquisa de Cooperação Internacional Brasil-UK

Eduardo Torre - ISC/UFF – LAPS – ENSP - FIOCRUZ


Paulo Duarte de Carvalho Amarante - FIOCRUZ
Ana Paula Guljor - FIOCRUZ
Bruna Vanessa Dantas Ribeiro - FIOCRUZ
Silvia Monnerat Barbosa - CPDOC-FGV
Felipe Rodrigues Siston - FGV
Rafael Losada Martins - FGV
Paul Heritage - People's Palace Projects -QMUL
Mariana Steffen - People's Palace Projects - QMUL
Franciele Campos - QMUL
Luiz Soares - QMUL
Aline Navegantes - QMUL

RESUMO
Este trabalho busca refletir sobre o impacto das iniciativas e atividades culturais na vida da
comunidade e nos modos de resistência e produção de saúde mental, e também compreender as
diversas formas dos grupos culturais se constituírem e sua importância na construção de práticas de
solidariedade e cidadania. Assim, buscamos os artistas, produtores e criadores culturais de
Manguinhos/RJ para conhecer o que as pessoas fazem e como fazem, o papel político e social dessas
atividades e grupos culturais, e como repercutem na vida da comunidade, entendendo como nasceu
cada projeto, quais os propósitos e principais ações, o público atendido e as memórias do projeto; e
ainda como são gerenciadas as redes sociais, e se o grupo/projeto se comunica ou colabora com outros
grupos culturais locais. Objetivos: - Construir um catálogo das iniciativas culturais do território; -
Desenvolvimento de uma visão teórico-metodológica sobre saúde mental e cultura, e uma reflexão
sobre a produção cultural como processo de participação social e solidariedade; - Mobilizar as
iniciativas culturais por meio de lives e webinário, para articulação de discussões e propostas de ação
na comunidade. Metodologia: Com a reformulação da pesquisa no período da pandemia, esta se
constituiu como investigação e coleta de informações públicas de acesso irrestrito, publicizadas por
meios digitais em sites, redes sociais e matérias jornalísticas, e outros meios públicos existentes, e de
mobilização dos grupos, projetos e coletivos culturais e artísticos do universo comunitário do
complexo de Manguinhos, e esse processo permitiu a identificação de 42 experiências ou projetos
culturais, no território de Manguinhos, que transitam em diferentes linguagens culturais, perfis e tipos
de atividades e público-alvo. Resultados: As matrizes de informação produzidas serviram como uma
aproximação da realidade cultural local, dando origem a um catálogo das estratégias culturais em
Manguinhos, além de três encontros virtuais com os grupos pesquisados, em formato de lives , ou
encontros virtuais transmitidos ao vivo, em que foi possível reunir participantes e fundadores de mais
de 20 experiências e projetos de importante relevância sociocultural e comunitária. A produção do
catálogo digital e a realização de um seminário virtual (webinário) de lançamento do catálogo com a
participação dos grupos e projetos envolvidos, foram dois produtos centrais da equipe da pesquisa.
As iniciativas culturais revelaram-se como intervenções de grande importância no processo de auto-
organização das comunidades, de produção de saúde, produção de subjetividades, emancipação e
cidadania, e potentes como estratégias de reorganização de vida dos sujeitos em situação de
vulnerabilização social, confirmando como os processos de participação em coletivos de arte e cultura
se tornam referências de transformação, de apoio e de construção de redes sociais. Projeto de
cooperação internacional FIOCRUZ-FGV-Queen Mary University of London.
Palavras-chave: Saúde Mental; Estratégias Culturais; Diversidade Cultural.
388
Nada de Nós, sem Nós: o Cuidado na Percepção de Usuários de CAPS ad

Elizabeth Christina Ávila Pereira de Oliveira - NASF


Vanessa Alvez Mora da Silva - Universidade Federal do Pampa
Luana Ribeiro Borges - Universidade Federal do Pampa

RESUMO
As tecnologias leves, no campo da saúde mental, possibilitam a inclusão e estímulo da autonomia do
usuário no cuidar de si, possibilitando resgate da cidadania dos sujeitos em sofrimento psíquico,
aprimoramento de conquistas políticas e construção de novas práticas, provocando mudanças
culturais na sociedade, contribuindo assim com o fortalecimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira
em curso e com a exclusão imposta durante anos à loucura. Nessa perspectiva e acreditando que o
cuidado deve ser centrado nas necessidades do usuário despertam-se inquietações sobre: Como o
usuário de substâncias psicoativas percebe o cuidado recebido no CAPS ad? .
Objetivos
Compreender o cuidado psicossocial aos(às) usuários(as) de substâncias psicoativas em um Centro
de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas através da percepção e da voz destes(as)
usuários(as).
Metodologia
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa com caráter exploratório. O campo deste estudo foi
o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas da cidade de Sant'Ana do Livramento
Rio Grande do Sul. A coleta dos dados ocorreu através da técnica de Grupo Focal Narrativo, realizado
com 9 usuários(as), sendo o áudio gravado e transcrito na íntegra. Os dados foram analisados sob a
luz da hermenêutica crítica.
Resultados
O estigma se fez presente na postura dos profissionais e estabelece uma relação de cuidado por muitas
vezes fragilizada e moralizante com os(as) usuários(as) de substâncias psicoativas. As experiências
positivas de acolhimento, trazem o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas como
espaço de cuidado, tratamento e escuta. Através do fortalecimento da relação profissional-usuário(a)
e a construção de vínculos se sentem representados pelos profissionais de saúde mental frente aos
espaços de gestão, rede Intersetorial e na própria Rede de Atenção Psicossocial. As percepções de
cuidado que os(as) usuários(as) do Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Outras Drogas trazem,
tratam da integralidade do cuidado e as tecnologias leves, que vão ao encontro aos preceitos da
Reforma Psiquiátrica Brasileira, que atualmente sofre diversos ataques, desmontes e retrocessos.
Palavras-chave: Saúde Mental; Usuários de drogas; Assistência Integral à Saúde.

389
Níveis de Ansiedade em Residentes Multiprofissionais em Saúde durante a pandemia de
COVID-19

Eder Samuel Oliveira Dantas - Hospital Universitário Onofre Lopes


João de Deus de Araújo Filho - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Karina Cardoso Meira - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Glauber Weder dos Santos Silva - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO
A pandemia de COVID-19 trouxe inúmeros problemas psicossociais para a população mundial. Os
profissionais de saúde que atuaram na linha de frente assistencial estiveram expostos a elevados níveis
de estresse ocupacional e sobrecarga psicoemocional que reverberam negativamente na saúde mental
desse grupo. Igualmente aos demais profissionais de saúde do Brasil, os residentes multiprofissionais
em saúde estiveram inseridos nos cenários de assistência a população acometida por COVID-19. As
exigências sobre esses profissionais-estudantes, pautadas pelo estado de emergência em saúde pública
pode relacionar-se ao surgimento ou aumento de sintomas ansiosos. Portanto, torna-se imperioso
conhecer potenciais problemas psicossociais entre residentes multiprofissionais em saúde.
Objetivos
Estimar a prevalência e os fatores associados à níveis de ansiedade entre residentes multiprofissionais
em saúde de um hospital universitário durante a pandemia de COVID-19.
Metodologia
Estudo transversal realizado em um hospital universitário de grande porte no estado do Rio Grande
do Norte, Brasil, que conta com 242 leitos de internação. Coleta de dados realizada em julho de 2020.
Estudo realizado com todos os residentes Multiprofissionais em Saúde do hospital. Utilizou-se
questionário contendo variáveis sociodemográficas, perfil de saúde mental antes e depois do ingresso
na residência e sobre a atuação no enfrentamento da COVID-19. Ainda foi utilizado o Inventário de
Ansiedade de Beck. Pequisa aprovada por Comitê de ética em Pesquisa do referido hospital.
Resultados
A maioria dos residentes eram do sexo feminino, viviam sem companheiro, enfermeiros, do programa
de residência em Terapia Intensiva Adulta, na faixa etária de 21 a 25 anos e estavam no primeiro ano
da residência. 31,30% dos residentes apresentaram níveis de ansiedade moderado/grave e 68,70%
níveis de ansiedade mínimo/leve. Além disso, 31,30% dos residentes necessitaram de
acompanhamento psicológico após entrar na residência e 14,90% faziam uso de medicação
psicotrópica. Durante a pandemia, 68,70% dos residentes relataram ter sofrido assédio moral (44,8%).
Evidenciou-se que os residentes multiprofissionais em saúde apresentaram níveis de ansiedade
elevados durante a pandemia da COVID-19, associados às seguintes variáveis: faixa etária,
necessidade de acompanhamento psicológico após entrada na residência e uso de psicofármaco. Esses
fatores parecem indicar que os residentes tiveram sua saúde mental prejudicada durante a pandemia,
no entanto, o estudo também indica que o grupo pesquisado buscou ajuda para controle da ansiedade.
Palavras-chave: Ansiedade; Internato e Residência; Hospitais Universitários.

390
O Cotidiano de pessoas em uso problemático de álcool e outras drogas e a invisibilidade

Paula de Fátima Oliveira Faria - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira


Isabela Aparecida de Oliveira Lussi - UFSCAR
Ana Luisa de Moraes Sombini - UFSCAR

RESUMO
O uso problemático de álcool e outras drogas é considerado um desafio na saúde pública e na
sociedade contemporânea mundial, consequentemente é necessária uma rede estruturada e
intersetorial, embasada nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Em composição
ao SUS, tal realidade envolve outras áreas como da justiça, da educação, da assistência social e de
desenvolvimento, exigindo assim uma compreensão dos aspectos que estão presentes no cotidiano
das pessoas que fazem o uso problemático de álcool e outras drogas. Dessa forma, a pesquisa realizada
dedicou-se a compreender o cotidiano das pessoas em sofrimento mental decorrente do uso de álcool
e outras drogas sob a perspectiva crítica de Agnes Heller.
Objetivos
A pesquisa foi desenvolvida por meio de dois estudos que se complementaram, neste resumo
apresentaremos dados de um dos estudos, que teve como objetivo investigar compreender o cotidiano
das pessoas em sofrimento mental decorrente do uso de álcool e outras drogas vinculadas a um CAPS
AD, sob a ótica das mesmas.
Metodologia
O Estudo se deu a partir de contato com pessoas que fazem uso problemático de álcool e outras drogas
vinculadas a um CAPS AD de um município do interior de São Paulo por meio da observação
participante. Os participantes do Estudo foram 06 pessoas que fazem uso problemático de álcool e
outras drogas. A coleta de dados se deu entre os meses de junho e dezembro de 2019, totalizando seis
meses. Este CAPS AD conta em média com 350 usuários inseridos e acompanhados.
Resultados
O preconceito, está presente nas narrativas das pessoas em sofrimento mental decorrente do uso de
álcool e outras drogas, por meio de suas invisibilidades, no acesso ao trabalho formal, na perspectiva
capitalista e nas violências sofridas nas abordagens policiais. Heller defende não ser executável
compreender sobre os preconceitos sem que seja a partir da esfera da cotidianidade. Tendo em vista
que a esfera do cotidiano é impregnada por estereótipos e pouco elaborada. As vivências de violência,
estão presentes no cotidiano das pessoas em uso problemático resultado, por exemplo, das abordagens
da guarda municipal à esta população em específico, assim como as violências de gênero que também
são narradas como presentes em seus cotidianos. Verificamos que a teoria do cotidiano de Agnes
Heller, contextualiza a atenção ao usuário fazendo uso das possibilidades e não daquilo que foi
danificado, destruindo. O foco está na construção de vida, de outros fazeres significativos que não
estejam relacionados ao uso de drogas, sendo assim a questão principal não é tirar a substância de seu
cotidiano, mas sim produzir a vida.
Palavras-chave: Cotidiano; Centro de Atenção Psicossocial; Usuários de Drogas.

391
O papel das políticas públicas na saúde física e mental de mulheres em situação de violência

Graciele Sobreira de Oliveira - Fundacao Julita


Edina Ribeiro de Souza Brito - Universidade Anhanguera
Diego Rodrigues Silva - Universidade de São Paulo

RESUMO
A violência contra a mulher se caracteriza como física, moral, patrimonial, psicológica e sexual, está
presente durante toda sua vida e em todos os espaços, partindo tanto de pessoas próximas quanto
desconhecidas. Suas sequelas vão desde o óbito a transtornos mentais, impactando diretamente na
qualidade de vida. Medidas foram criadas para o enfrentamento dessa violência, como as delegacias
especializadas, Centros de Convivência e Abrigos. Este é serviço de média complexidade oferecido
a mulheres com foco no atendimento a situações de violência doméstica, cujo objetivo é romper com
o ciclo de violência a partir de oficinas, rodas de conversas e um espaço de convivência. Como parte
da matriz curricular do curso de Psicologia, foi realizado um estágio em um Centro de Defesa e
Convivência (CDCM) sediado na cidade de São Paulo. Neste foi realizado um levantamento da
legislação e bibliografia da área, entrevistas semi-estruturadas (remotas e presenciais) e observações
em duas visitas ao Centro de Defesa e Convivência. Os dados foram analisados de maneira qualitativa
e considerando a articulação entre legislação, teoria e prática.
Objeto do Relato
O papel das políticas públicas na saúde física e mental de mulheres em situação de violência.
Objetivos
Conhecer e discutir as políticas públicas voltadas ao enfrentamento de violências de gênero,
analisando a contribuição de um serviço de atenção a mulheres em situação de violência.
Análise Crítica
Nota-se que a teoria muito se aproxima da prática. Seja nos relatos, no trabalho desenvolvido e no
planejamento da instituição, cada etapa se mostrou coerente com o que é preconizado na literatura e
disposto na legislação. As questões socioeconômicas e étnico-raciais aparecem com nitidez na prática
das profissionais, visto que as mulheres atendidas pelo serviço em sua maioria são de baixa renda,
imigrantes e não brancas. Cabe destacar que seu horário de funcionamento é de segunda à sexta das
8h00 às 17h00, período inviável para as mulheres que trabalham. Considerando que as violências se
intensificam aos finais de semana, o serviço fica limitado em sua potência.
Conclusões/Recomendações
Políticas públicas por si só não garantem a proteção necessária, é preciso repensar o modelo de
funcionamento para um serviço mais assertivo. O acesso e visibilidade dos CDCMs necessita maior
amplitude para maior alcance, como campanhas publicitárias, fomento a debates entre outros.
Palavras-chave: Violência contra mulher; Políticas públicas; Gênero e Raça.

392
O trabalho com sentido em uma oficina de geração de renda: o processo de criação de uma
linha de produtos de futebol

Barbara Pegoraro Silveira Gomes - Serviço de Saude Dr Cândido Ferreira


Bruno Ferrari Emerich - Universidade Estadual de Campinas
Rosana Teresa Onocko Campos - Universidade Estadual de Campinas
Giovana Pellatti - Profissional de apoio ao ensino e pesquisa

RESUMO
Durante minha passagem enquanto residente de Saúde Mental pela Oficina de Vitrais do Núcleo de
Oficinas e Trabalho, Estratégia de Reabilitação Psicossocial de Campinas/SP, me aproximei dos
oficineiros e da dinâmica de trabalho. Observei que era produzida uma grande quantidade e variedade
de produtos, e que os produtos tinham uma similaridade, todos eram decorados com flores e mandalas
e sempre muito coloridos e que havia um padrão de compradores, em sua maioria mulheres de meia
idade. Em conversa com os oficineiros pensamos que as peças que eram produzidas pela oficina eram
confeccionadas pensando em uma população específica e que isso afunilava as possibilidades de
venda. Também pensamos sobre como seria interessante produzirmos peças para outro público.
Concomitantemente a isso, aconteciam discussões e problematizações a respeito do valor recebido
pelos oficineiros (bolsa oficina). Surgiu então a sugestão de criação de uma linha de produtos
relacionados ao futebol. Como teste, a oficina produziu a primeira peça, comprada por um dos
oficineiros para decorar sua casa, o que trouxe boas repercussões e aumento do interesse de outros
públicos. A linha de futebol provou-se comercialmente viável e a produção foi aprovada pelo coletivo
da oficina. Durante a confecção das peças pudemos vivenciar a autonomia nos processos de trabalho
e venda, autorrealização com o trabalho e aumento da renda, evidenciando sentido no trabalho.
Objeto do Relato
O desenvolvimento de uma linha de produtos de futebol em uma oficina de geração de renda.
Objetivos
Discutir o desenvolvimento de uma linha de produtos em uma oficina de geração de renda na qual o
trabalho faça sentido para os trabalhadores (oficineiros).
Análise Crítica
O sentido do trabalho, além do significado - individual, coletivo e social -, agrega a utilidade da tarefa
executada para a organização a que se pertence. O prazer e o sentimento de realização que podem ser
obtidos na execução de tarefas dão um sentido ao trabalho. Logo, o sentido no trabalho nesta oficina
de geração de renda se deu quando a criação e o desenvolvimento da linha de produtos de futebol
trouxeram para esse grupo, autonomia nos processos de criação e produção, satisfação e aumento da
renda.
Conclusões/Recomendações
A criação da linha de futebol, da ideia às vendas, possibilitou que o futebol (algo cotidiano) trouxesse
desejo de produção, interesse pelas discussões de processo de trabalho, conhecimento sobre todas as
etapas as quais as peças passam para ficarem prontas, aumento dos ganhos mensais.
Palavras-chave: Trabalho; Geração de renda; Economia solidária.

393
Oficina de cartografia social com adolescentes acompanhados pela REMSA

Nathália Maximiano Soares Maciel - UFSJ - Universidade Federal de São João Del Rei
Caroline Teles Valeriano - UFSJ
Alexandre Coutinho de Melo - UFSJ
Rúbia Lima Brandão - UFSJ
João Paulo Santana da Silva - UFSJ Douglas Francklin Santos Carvalho - UFSJ
Elaine Cristina Dias Franco – UFSJ

RESUMO
A oficina foi realizada pela equipe de Residência Multiprofissional em Saúde do Adolescente
(REMSA) da Universidade Federal de São João Del Rei em parceria com a Secretaria Municipal de
Saúde de Divinópolis, Minas Gerais. Com sede na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro
Icaraí, a REMSA tem por objetivo melhorar a assistência à saúde do adolescente, família e
comunidade nas áreas de atuação da assistência social, enfermagem, fisioterapia, nutrição,
odontologia e psicologia a partir dos princípios e diretrizes do Sistema único de Saúde. A oficina
ocorreu com 4 adolescentes no período da manhã e com 21 adolescentes no período da tarde; foi
proposto aos adolescentes que se dividissem em grupos para que esses grupos desenhassem, de acordo
com suas percepções, o meio onde vivem. A partir dos desenhos analisou-se suas relações com o
território considerando as paisagens para além da físicas mas também da ordem subjetiva e culturais.
Por fim, os adolescentes escolheram um representante de grupo para apresentar a cartografia social
para os demais participantes e, desse modo, os adolescentes puderam discutir os sentidos da
cartografia, o que implicou nesse processo, como visualizar a si mesmo dentro desse espaço, os locais
que eles frequentam, compreendendo-o dentro de sua própria realidade, como também foi possível
discutir o que eles esperam e gostariam de melhorar dentro da comunidade.
Objeto do Relato
Adolescentes assistidos pela Residência Multiprofissional de Saúde do Adolescente (REMSA).
Objetivos
A cartografia social tem a capacidade de acionar leituras e interpretações de realidades sociais por
meio de práticas culturais, artísticas e educativas. Assim, o objetivo foi permitir através da cartografia
que os adolescentes interpretassem a realidade diária trabalhando com movimento e mudança.
Análise Crítica
Com a oficina, o adolescentes se perceberam como sujeitos de ação e transformação na comunidade.
Através das reflexões do espaço e suas potencialidades, foi possível desfazer as limitações sociais
impostas em relação à adolescência e ao processo de saúde-doença, dando autonomia aos
adolescentes para se aproximarem do território. Promover essas oficinas na ESF fortalece o vínculo
entre profissionais e adolescentes, pois pode-se utilizar a arte para compreender dimensões da vida
humana que não são expressas ou veiculadas por outros dispositivos, visto que as paisagens
psicossociais também são cartografáveis e desfazem o conceito de que certos mundos são corretos,
previsíveis e inamovíveis.
Conclusões/Recomendações
A cartografia propiciou reflexões sobre o que os adolescentes buscam no território, como são afetados
e o que aprendem durante os percursos. Compreende-se o quanto essas atividades implicam na
promoção da saúde, visto que essa investigação nos aproxima do objeto da pesquisa fortalecendo
vínculos.
Palavras-chave: Adolescentes; cartografia social; oficinas.

394
Os Efeitos Clínico-Institucionais de uma Oficina de Arte em um Serviço Residencial
Terapêutico no contexto da pandemia de Covid-19

Olga Damasceno Nogueira de Sousa - Psicóloga Clínica


Leônia Cavalcante Teixeira - Profa Titular do Programa de Pós Graduação em Psicologia da
Universidade de Fortaleza

RESUMO
Os Serviços Residenciais Terapêuticos constituem equipamento oriundo da Reforma Psiquiátrica
brasileira destinado à moradia de pessoas que, por muito tempo, estiveram em situação de
institucionalização hospitalar. Já o recurso oficina é amplamente utilizado no contexto da saúde
mental. Apesar das ações terapêuticas em um SRT serem priorizadas na rede intersetorial, lançou-se
mão do dispositivo de oficina dentro de um SRT devido ao contexto da pandemia, especificamente
do lockdow, momento em que ficou inviável a circulação dos moradores na cidade. A relevância do
estudo se deve a centralidade do SRT para o processo de desinstitucionalização. Ancorou-se
teoricamente, nos estudos de Lacan e Freud, além de referência do campo da saúde mental como
Dimenstein e Figueiredo.
Objetivos
A pesquisa objetivou investigar na perspectiva psicanalítica os efeitos clínicos institucionais da
realização de oficinas artísticas em um serviço residencial terapêutico no contexto da pandemia de
covid 19. Trata-se de um recorte da dissertação intitulado: Psicanálise e Psicose: os efeitos clínicos
institucionais do dispositivo construção do caso clínico em um serviço residencial terapêutico.
Metodologia
O estudo é qualitativa de cunho empírico com o viés psicanalítico, realizado no Serviço Residencial
Terapêutico situado na Cidade de Fortaleza CE. Utilizou-se como instrumento o diário de campo.
Realizou-se 11 oficinas artísticas semanais com duração 2 horas com 7 moradores, sendo 4 do sexo
feminino e 3 do sexo masculino. A análise dos dados seguiu método psicanalítico conforme propõem
Lacan que está interessada investigar o particular se atendo aos significantes dos sujeitos
investigados. A pesquisa foi submetida à apreciação e autorização conforme parecer n. 4.363.491.
Resultados
No decorrer das oficinas artísticas foram utilizados os recursos da pintura e da fotografia. Percebeu-
se que por se tratar de oficinas com sujeitos psicóticos, a oficina de fotografia operou no resgate da
construção da autoimagem, remetendo ao que Lacan sistematizou como Estágio do Espelho.
Momento psíquico este, que o eu é construído com base em imagens fornecidas pelo Outro. Na
psicose há entraves na construção da imagem o que frequentemente é vivido como despedaçamento
do corpo e invasão. No que tange aos efeitos institucionais, a presença das oficinas realizada por
pesquisador externo a instituição, funcionou como terceira instância, que pode abrir novos olhares
em relação aos moradores. Possibilitou modificar lugar tutelar que os cuidadores assumiam,
possibilitando enxergar as potencialidades dos sujeitos que estavam encobertas pelo processo de
institucionalização . Como a exemplo: uma moradora que sabia assinar o nome, entretanto ninguém
da equipe a sabia até ela assinar sua produção artística. Conclui-se que as oficinas permitiram
recolocar os sujeitos nas trocas socais. Clinicamente as oficinas permitiram uma reorganização
subjetiva.
Palavras-chave: Saúde Mental; Psicanálise ;Serviço Residencial Terapêutico.

395
Os serviços residenciais terapêuticos e o lugar da loucura na metrópole contemporânea

Darcio Antonio Argento - SESI - São Paulo

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal investigar os mecanismos de produção social do espaço e
suas relações com a loucura na metrópole contemporânea, tomando como referência os pressupostos
oriundos da Geografia crítica na sua vertente marxista-lefevbriana. A diversidade de interpretações
sobre o fenômeno da loucura, no contexto urbano, por muitas vezes deixou em suspensão os possíveis
nexos entre a questão espacial, as enfermidades mentais e as possibilidades de reabilitação e
reinserção sociais dentro do paradigma do tratamento comunitário, ou, então, foram considerados a
partir de uma certa compreensão do espaço assumida pelas diversas áreas que compõem o campo da
saúde, especificamente da saúde mental.
Objetivos
Buscamos compreender os nexos entre a produção do espaço na metrópole contemporânea e a
inserção dos sujeitos estigmatizados pelos transtornos mentais, investigando as relações existentes
entre o estabelecimento de novos equipamentos de saúde direcionados para o cuidado no território,
especificamente os Serviços Terapêuticos Residenciais (SRT’s), e a dinâmica da vida cotidiana de
bairro.
Metodologia
Para proceder aos objetivos desse trabalho, entendemos que a pesquisa em curso se orienta para uma
perspectiva qualitativa, pois o universo das relações humanas é atravessado por muitas variáveis e
requer um olhar atento para dimensões da vida que podem escapar a simples operacionalização de
variáveis. Partindo do campo da geografia crítica, na sua vertente marxista-lefebvriana, a dialética
não poderia deixar de compor a metodologia trabalhada, ela propiciou traçar as relações entre a
quantidade dos dados coletados e qualidade dos fatos e fenômenos observados.
Resultados
De acordo com os objetivos estabelecidos os resultados do trabalho de campo, com entrevistas
(moradores, trabalhadores e vizinhos), observações participantes, circulação com os moradores dos
SRT’s pela cidade indicam que o processo de reabilitação psicossocial ainda encontra muitas barreiras
relacionadas com o estigma social direcionado às pessoas com transtornos mentais graves. Estas
pessoas ainda precisam lidar com os dois estigmas que classificaram os ‘loucos’ desde o advento da
modernidade e da psiquiatria moderna, são eles: a associação com a violência e ideia consolidada de
que a doença mental se manifesta em tempo integral nesses indivíduos, ou seja, o chamado ‘louco’
não possuiria, dentro desse esquema nenhum momento de lucidez, ele seria ‘louco’ em tempo integral.
Além do estigma, outra barreira para o processo de reinserção e reabilitação psicossocial é a dinâmica
contemporânea da vida na metrópole que se reflete numa vida de bairro empobrecida de contatos e
trocas sociais.
Palavras-chave: Serviço Residencial Terapêutico; Produção do espaço; Tratamento comunitário.

396
Os Sobreviventes da Psiquiatria e o direito de recusa aos medicamentos na Saúde Mental

Andreza Silva dos Santos


Martinho Braga Batista e Silva - IMS/UERJ

RESUMO
Os Sobreviventes da Psiquiatria são ativistas pelos direitos das pessoas em sofrimento mental, que
geralmente possuem histórico de internação em instituições psiquiátricas e reivindicam a condição
de experts por experiência para discutir as práticas assistenciais dentro do campo da Saúde Mental.
Desde a década de 70, eles se organizam nos Estados Unidos e em alguns outros países de língua
inglesa em torno da pauta da abolição dos tratamentos involuntários e de qualquer prática coercitiva
na Psiquiatria, contestando o poder e a legitimidade dessa especialidade médica a partir do trabalho
de suporte mútuo, da advocacy e de propostas de cuidado controlado por pares.
Objetivos
Esta proposta de trabalho é um recorte de um projeto de pesquisa de mestrado em andamento que tem
como tema ‘a recusa aos psicofármacos’. Ela tem como objetivo discutir a especificidade das recusas
articuladas por esse movimento em relação ao modo como o direito de recusa aos psicofármacos era
discutido dentro do campo médico e jurídico, na mesma época de seu surgimento.
Metodologia
A visita ao movimento dos Sobreviventes da Psiquiatria e ao debate em torno do direito à recusa
medicamentosa no contexto dos Estados Unidos se deu na etapa da pesquisa bibliográfica do referido
projeto. O acesso a esse material foi realizado majoritariamente a partir de um levantamento no
PubMed, tendo sido acompanhado de uma posterior revisão dos artigos encontrados. A etapa seguinte
desse projeto, que não será incluída neste trabalho, consiste em uma pesquisa de campo em um CAPS
III do município do Rio de Janeiro.
Resultados
O direito de recusa aos psicofármacos foi muito discutido no contexto estadunidense na década de 70
a partir da judicialização de alguns casos em que havia o uso forçado de medicamentos dentro de
hospitais psiquiátricos. Essa discussão atravessou o âmbito médico e jurídico mobilizando uma série
de divergências principalmente em relação aos aspectos clínicos e legais da questão. A posição da
psiquiatria hegemônica da época costumava associar a recusa estritamente a um aspecto da condição
psicopatológica do sujeito, não vendo nela uma manifestação de sua autonomia. Apesar de ter surgido
nesse mesmo período, o movimento dos Sobreviventes da Psiquiatria não é citado nesse debate, o que
é curioso já que ele é um exemplo emblemático de uma recusa associada a uma reivindicação política
por autodeterminação. De todo modo, a recusa exercitada politicamente por esse coletivo não resume
os diferentes tipos e motivos de recusa ao tratamento dentro da Saúde Mental. Portanto, distinguir
essas recusas, naquilo que as provocam e naquilo que elas provocam é importante para situar as
diferentes formas de pensá-las na assistência e na luta antimanicomial. É por esse caminho que
pretendemos seguir.
Palavras-chave: Movimento Social; Recusa Terapêutica; Saúde Mental; Psicofármacos.

397
Percepção de alunos de Medicina sobre práticas sexuais não-reprodutivas

Victória Luísa Pereira Aguiar


Celso Ricardo Bueno - USCS - São Paulo
Fatima Ali Saleh - USCS - São Paulo
Rafaela Moriconi Jorge - USCS - São Paulo
Natália Maria Schincariol - USCS - São Paulo

RESUMO
O ensino médico contempla o ensino sobre parafilias e perversões, ressaltando o patológico existente
na sexualidade e moralizando as práticas de diversas formas. O ser é lançado a uma medicina pouco
emancipatória e de caráter docilizante, funcionando como um "panóptico" de suas condutas sexuais
a partir do diagnóstico e dos exames, que são chamados de vigilância epidemiológica em pacientes
tidos como sexualmente adoecidos. Essa discussão da medicina como uma vigilante sobre o corpo
(FOUCAULT, 1976) gera muitos questionamentos a serem debatidos ainda na educação médica e
formação do futuro médico, que possui significados de seu mundo na consulta, mas que deve estar
atento e com olhar aberto para a caracterização da sexualidade do corpo que lhe chega, quando isto é
sua demanda.
Objetivos
Os objetivos foram revisar o tema da sexualidade humana e suas implicações na medicina,
compreender a opinião dos alunos de medicina sobre a prática sexual não reprodutiva, problematizar
a formação médica nas questões relativas à sexualidade humana, especificamente às práticas de
controle dos corpos, a ênfase nas questões normativas da sexualidade e o diálogo em relação à
diversidade sexual.
Metodologia
A metodologia usada foi qualitativa por meio de grupo focal em que se fazia a análise do discurso a
partir da teoria Queer. Os participantes da pesquisa para o GF foram selecionados entre os estudantes
de medicina do campus Bela Vista da USCS por meio de ampla divulgação. Os estudantes tinham no
mínimo 18 anos e no máximo de 30 anos, cursavam do primeiro ao quarto ano de medicina e estavam
pelo menos no 2o semestre do curso. A análise do conteúdo foi dividida, portanto, em três etapas,
sendo elas a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos dados.
Resultados
A maioria dos discursos coloca a sexualidade e as práticas não-reprodutivas necessitando de
intervenção médica, com o processo saúde-doença a partir da quebra da heteronormatividade.
Menciona-se a judicialização da prática sexual, bem como a necessidade de encaminhamento para
resolução do problema. Há a transposição da moralidade pessoal para o discurso enquanto na posição
de médico com juízo de valor que o respalda e atribui um tom de retificação da prática com padrões
pré-determinados que são determinados por entidades como a religião, a família e a cultura. Em
algumas falas, a necessidade de diagnosticar fica evidente para que se inicie um tratamento para a
situação. Não se problematiza o julgamento moral do estudante, mas a prática discursiva: o papel do
médico como um orientador - que antecipa as demandas e manifesta sua própria visão de mundo que
não está descolada da cisheteronormatividade. A consequência da docilização médica das práticas
sexuais não-reprodutivas têm papel disciplinar e é um mecanismo regulatório da subjetividade e da
individualidade do paciente. Assim, faz-se necessário um afastamento dos juízos que circundam a
avaliação médica do ato sexual.
Palavras-chave: perversão; medicalização; sexualidade humana.

398
Planificação da Atenção à Saúde e Mental Health Gap: estratégia para fortalecimento da
linha de cuidado de saúde mental na Atenção Primária à Saúde para a organização da rede

Ana Alice Freire de Sousa - Hospital Israelita Albert Einstein


Ilana Eshriqui - Hospital Israelita Albert Einstein, CEPPAR
Valmir Vanderlei Gomes Filhos - Hospital Israelita Albert Einstein, CEPPAR

RESUMO
O projeto Saúde Mental na APS será executado entre 2021 e 2023 via Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Institucional do SUS pelo Hospital Israelita Albert Einstein em parceria com o
Conselho Nacional dos Secretários de Saúde e Ministério da Saúde. São elegíveis a participar regiões
de saúde e respectivos serviços de APS que executam a metodologia da PAS há pelo menos 2 anos.
O projeto compreende: 1 etapa preparatória (alinhamentos com as secretarias estaduais e municipais),
1 etapa controle (ao final do projeto, para monitoramento); e 4 etapas operacionais com as temáticas:
i) Organização da linha de cuidado em SM na APS; ii) Território e estão de base populacional em
SM; iii) Acesso à rede de atenção psicossocial pela APS; iv) Gestão do cuidado em SM. A
operacionalização, por meio de apoio ao corpo técnico das secretarias e processo de tutoria
envolvendo 100% dos profissionais dos serviços de APS participantes, compreende a continuidade
do processo de implementação da PAS, porém com ênfase no escopo de aplicação dos processos já
organizados para atenção às condições de SM na APS. Em cada região, será conduzido o treinamento
de multiplicadores para uso do manual de intervenções do Programa de Ação para reduzir as Lacunas
em SM, com previsão de formação de 80 multiplicadores, os quais replicarão o treinamento para
profissionais dos serviços da APS. As capacitações são divididas em módulos que enfatizam cuidados
e práticas essenciais para condições prioritárias em SM.
Objeto do Relato
Descrever a proposta e resultados preliminares do Projeto Saúde Mental na APS .
Objetivos
A experiência é realizada com o objetivo de apoiar a gestão estadual na organização da linha de
cuidado de Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde por meio da metodologia da Planificação da
Atenção à Saúde e do treinamento para uso do manual de intervenções do Programa de Ação para
reduzir as Lacunas em Saúde Mental, da OPAS.
Análise Crítica
A etapa preparatória, em execução, já apresenta os seguintes resultados: i) Adesão ao projeto por 6
regiões de saúde, sendo 3 em Goiás, 2 em Rondônia e 1 no Maranhão; ii) Formação de grupos
condutores, compostos por gestores e técnicos que apoiarão e monitorarão a execução do projeto nos
níveis estadual e regional. Atualmente, os serviços de APS que atuarão como laboratório para as
atividades propostas estão sendo selecionados, inicialmente 1 por município, sendo previstos 2 ciclos
de expansão. O protagonismo dos grupos condutores é essencial a fim de garantir a viabilidade das
atividades e treinamentos propostos, possibilitando a customização de acordo com as necessidades
de cada região.
Conclusões/Recomendações
A iniciativa representa oportunidade para ampliar a discussão de SM na APS, possibilitando
capacitação de trabalhadores, produção de materiais técnicos, pesquisas e qualificação de processos
para fortalecimento da assistência às condições de SM de forma equitativa e integral.
Palavras-chave: Saúde mental; Atenção Primária à Saúde; Mental Health Gap; Planificação; Saúde
Pública.

399
Ponto de Cidadania dos Girassóis de Rua: estratégia inovadora de redução de danos em
Salvador, um relato de experiência

Manoela de Ary Pires Galdino Campos - UFRJ

RESUMO
O trabalho proposto é parte da experiência vivida entre os dias 11 e 20 de abril de 2020 junto aos
Girassóis de Rua, rede de cuidados biopsicossociais da população em situação de sua de Salvador.
Idealizado pelo professor e médico Antônio Nery e pela professora e psicóloga Patrícia Flach, a rede
de cuidado conta com cinco Consultórios na Rua, dois Pontos de Cidadania e uma Unidade de
Acolhimento Adulto (UAA). Este relato se concentra nos Pontos de Cidadania, espaços inovadores
que atuam na perspectiva da redução de danos. Com uma equipe multiprofissional, trabalha de forma
fixa e itinerante no território de referência, encontrando as pessoas, dialogando e fortalecendo as redes
comunitárias. Tem como estrutura física um contêiner, instalado próximo aos locais de moradia da
população assistida e que oferta o uso de sanitário, com acesso a banho e, especialmente,
trabalhadores disponíveis a escuta qualificada e ao cuidado psicossocial. A visita se deu dentro do
contexto da realização do Mestrado Profissional em Atenção Psicossocial (Meppso) do IPUB/UFRJ,
através da mediação do diretor do Projad Marcelo Santos Cruz com intuito de colher dados para
projeto relativo à questão de álcool e drogas relacionada à prática da Arteterapia. Foram realizadas
entrevistas livres com a equipe e com os usuários, assim como o acompanhamento durante buscas
ativas, convivência e atendimentos às zonas onde os usuários, em sua maioria de crack, vivem.
Objeto do Relato
Pontos de cidadania da Rede Girassóis de Rua como proposta inovadora de estratégia de RD hoje
Objetivos
O objetivo da experiência foi conhecer os atores e os modos de trabalho do projeto Girassóis de Rua,
em especial os Pontos de Cidadania e suas práticas inovadoras de tecnologia leves em atenção à
saúde, com ênfase na utilização da arte e da convivência como estratégia fundamental para o
acolhimento e escuta ao usuário de drogas em situação de rua.
Análise Crítica
Antonio Nery foi o criador dos Consultórios de Rua, que se transformaram nos Consultórios na Rua
incorporados à PNAB em 2011. Analisamos como e porque os Ponto de Cidadania também tem
potencial de se tornar política pública, como objetivam seus criadores. Com uma estrutura integrada
à cidade, através de uma tecnologia simples e de fácil instalação, leva assistência multiprofissional,
acolhimento, escuta e atividades artísticas para dentro das cenas de uso de drogas, aproximando o
trabalhador do usuário, promovendo vínculos fortes, que potencializam a assistência. Analisamos
seus modos singulares de atenção, e como a arte é protagonista durante o acolhimento e a convivência
nestes contextos.
Conclusões/Recomendações
Dentro de um panorama atual de desmonte da Reforma Psiquiátrica, principalmente no tocante às
drogas, visitar, estudar e dar visibilidade a projetos inovadores que se estruturam dentro do modelo
psicossocial territorializado se faz necessário e fortalece a continuidade da luta antimanicomial.
Palavras-chave: Redução de danos; Arteterapia; atenção psicossocial; Girassóis de rua; crack.

400
Preditores de problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas no cuidado em
CAPSad

Guilherme Correa Barbosa - fmb -unesp


Heloísa Garcia Claro Fernandes - Faculdade de Enfermagem - Universidade de Campinas
Gabriella De Andrade Boska - Universidade Estadual do Centro Oeste.
Júlia Carolina De Mattos Cerioni Silva - Escola de Enfermagem - USP
Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - Escola de Enfermagem - USP

RESUMO
No Brasil, aproximadamente 12,3% da população faz uso problemático de álcool e outras drogas.
Perceber a necessidade de tratamento para o abuso de álcool e drogas é um forte preditor para que o
pessoa acesse os serviços de saúde mental. Com isso, faz-se necessário conhecer os preditores de
gravidade do consumo de substâncias para que ações efetivas sejam propostas. Instrumentos de
triagem como o AGNI-SS (Avaliação Global de Necessidades Individuais - Triagem Curta), podem
contribuir com essa avaliação. Este instrumento é capaz de avaliar fatores preditores não apenas do
consumo de álcool e outras drogas, mas de problemas de internalização e externalização e de crime e
violência.
Objetivos
Analisar os preditores de problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas entre usuários de
um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad).
Metodologia
Estudo transversal de abordagem quantitativa. Amostra de 200 usuários de um CAPSad do interior
paulista. Os dados foram coletados por meio de um questionário sociodemográfico e do instrumento
AGNI-SS. Realizou-se análise descritiva e regressão linear múltipla de mínimos quadrados
ordinários, em busca de preditores para a variação no escore da escala.
Resultados
O perfil dos usuários foi de 84% do sexo masculino, com idade média de 38,97 anos, brancos (85%),
vivendo com familiares (43,5%) e com vínculo de trabalho informal (53%). Os preditores de
gravidade dos problemas relacionados ao uso de substâncias foram: problemas de internalização e
externalização, crime e violência, escolaridade e padrão de uso. Com relação a escala total,
encontramos que sexo (feminino), idade (inversamente proporcional, os mais novos possuem mais
problemas), pessoas que vivem na rua, que usam diariamente ou semanalmente (quando comparados
aos que usam eventualmente) possuem maior gravidade de sintomas totais avaliados pela escala
completa. Os preditores identificados apontam para fatores de vulnerabilidade que devem ser
considerados no processo de cuidado desta população. Tais resultados destacam a necessidade de uma
abordagem interprofissional, interdisciplinar intersetorial, que pode ser norteada pelo projeto
terapêutico singular.
Palavras-chave: Saúde Mental; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias; Rastreador de
Transtorno de Substância.

401
Prevalência de Transtornos Mentais Comuns e uso de psicotrópicos em trabalhadores da
Atenção Básica: diálogos para efetivação da Atenção Psicossocial

Lívia Penteado Pinheiro - UNICAMP


Maria Fernanda Lirani dos Reis - UNICAMP
Rosângela Santos Oliveira - UNICAMP
Bruno Ferrari Emerich - UNICAMP
Rosana Onocko Campos -UNICAMP

RESUMO
Diversas são as razões para a vulnerabilidade ao adoecimento psíquico e ao sofrimento no que
concerne aos trabalhadores da Atenção Básica (AB). Dentre elas, são apontadas: as exigências
diversificadas aos trabalhadores, o atendimento a necessidades de saúde de difícil resolução e a
grande quantidade de demandas psicossociais, expondo-os a intenso conteúdo emocional e a situações
geradas pelas desigualdades sociais. Associado a esses fatores, a insuficiência de recursos públicos e
as deficiências dos demais níveis do sistema de saúde fazem com que as demandas nem sempre
possam ser atendidas, o que pode promover sentimentos de incapacidade nos profissionais e também
contribuir para o stress relativo a descontinuidade dos processos de trabalho.
Objetivos
O presente estudo teve como objetivo identificar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns
(TMC) e o uso de psicotrópicos em trabalhadores da AB de um município de médio porte, e comparar
os achados aos encontrados na literatura. Compreendendo a importância desses achados para uma
reflexão sobre a inserção desse nível assistencial na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Metodologia
Este é um estudo transversal, que corresponde a um recorte da etapa de pré-implementação de uma
pesquisa de implementação de dispositivos de integração de rede em um município de médio porte.
Participaram deste estudo 158 trabalhadores de diferentes categorias profissionais de 13 Unidades de
ESF no ano de 2019. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário autoaplicado relacionado
ao processo de trabalho em saúde e também foi aplicada a versão brasileira validada do Self-Report
Questionnaire (SRQ-20). A análise dos dados foi realizada por meio do pacote estatístico Stata 11.
Resultados
Neste estudo, a prevalência de TMC encontrada entre os trabalhadores da AB foi de 35%. Destaca-
se maior prevalência nos profissionais com 11 anos ou mais de trabalho (50%) e nos profissionais
que estão insatisfeitos com os serviços oferecidos aos usuários (56,1%). Observou-se também taxas
elevadas em ACS e naqueles que avaliam sua formação como insuficiente. Nas pesquisas já realizadas
sobre o tema, entre os anos de 2010 e 2017, a prevalência de TMC em trabalhadores da AB variou de
16% a 42,6%, sendo a média de 28,64%. Nelas, os fatores que interferiram significativamente na
prevalência foram similares aos encontrados nesta pesquisa. Em relação ao uso de psicotrópicos,
20,2% afirmam fazer uso. Apareceram correlações importantes com o tempo no serviço nos
profissionais com mais de 11 anos (35%), assim como naqueles que consideram sua formação
insuficiente (29,5%) e que apresentaram insatisfação com sua participação no serviço (28,8%).
Segundo a literatura, a prevalência geral do uso de psicotrópicos na população &#8805; 20 anos é de
8,7%. Os dados propõem uma reflexão sobre as condições de trabalho na Atenção Básica e sobre os
desafios de sua inserção efetiva na RAPS.
Palavras-chave: Atenção Básica; Transtorno Mentais Comuns; Psicotrópicos.

402
Primeira semana da luta antimanicomial de São Sebastião do Oeste-MG

Matheus Henrique Assunção


Wender Rodrigo Faria - NASF (São Sebastião do Oeste-MG)
Welker Marcelo de Moura - NASF (São Sebastião do Oeste-MG)

RESUMO
O evento foi apresentado na cidade de São Sebastião do Oeste-MG, que possui uma população
estimada em 7.000 habitantes, e contou com o apoio e a participação de toda a rede de saúde do
município e também da escola estadual. O objetivo do evento foi de resgatar a história recente da
"loucura", trazendo a realidade dos manicômios à população e aos profissionais da rede,
desconstruindo o conceito de loucura do censo comum e o lugar do sujeito em sofrimento psíquico
na sociedade. A abertura do evento aconteceu no dia 16/05, com a exibição do documentário
"Holocausto Brasileiro" aos alunos do EJA da escola estadual, seguido por roda de conversa. No dia
17/05, a equipe do NASF se dividiu para realizar intervenções nas salas de espera das ESF's e na
escola estadual com a apresentação do documentário "Em Nome da Razão", seguido por roda de
conversa. No dia 18/05, foi feita a exposição de faixas e cartazes na praça da cidade, contando com a
presença do grupo de saúde mental do município, que realizou atividades no local. No dia 19/05, foi
realizado o Primeiro Seminário de Saúde Mental do município, com a participação dos profissionais
da rede, como forma de treinamento em cuidado. No dia 20/05, foi realizado o encerramento do
evento com a caminhada da luta antimanicomial, que contou com a presença dos profissionais da
rede, os grupos terapêuticos da cidade, e os alunos do terceiro ano da escola estadual, que entregaram
flores de papel crepom confeccionadas nos crupos.
Objeto do Relato
Primeira Semana da Luta Antimanicomial de São Sebastião do Oeste-MG
Objetivos
Apresentar as formas de cuidado ao sujeito em sofrimento psíquico tanto à rede quanto à população.
Evidenciar as diferentes formas de tratamento entre os hospitais psiquiátricos e a RAPS. Trazer ao
conhecimento da população os motivos do movimento da Luta Antimanicomial.
Análise Crítica
Através do projeto apresentado foi possível perceber as pobreza de informações sobre o tema
apresentado ao público, onde a maioria das pessoas desconhecia o modelo de tratamento do sujeito
nos manicômios. Ao fim da exibição dos documentários o silêncio tomou o ambiente e posteriormente
foram levantadas várias questões pelo público. Algumas pessoas relataram ter vivido ou conhecido
pessoas que tiveram experiências parecidas em hospitais psiquiátricos durante as atividades. Contudo,
torna-se importante destacar o empenho e deddicação de toda a equipe durante a produção dos
materiais e da organização.
Conclusões/Recomendações
Através dos resultados do evento realizado, conclui-se que o assunto é pouco conhecido e trabalhado
tanto com a população quanto com a equipe, e se faz necessária a contextualização da problemática
na cidade.
Palavras-chave: Antimanicomial; Luta; Cuidado; Liberdade.

403
Racismo, Colonialidade e Saúde Mental: Influências na Patologização da Vida

Tatiana Martins Fernandes


Thalya da Costa Carvalhaes - IPUB

RESUMO
Será falado de dois casos que ao decorrer da internação pôde-se perceber que são atravessados pelas
mesmas problemáticas. O caso de A., mulher de 26 anos, negra, moradora de comunidade, possui
fortes vínculos com seu território. Tem como referências, no campo da diversão o baile funk, na esfera
estética roupas curtas, mas que ao longo de sua história, nunca pôde ter autonomia sobre suas escolhas
de roupas, cabelos e sobre seu corpo. E também o caso de J., mulher de 23 anos, negra, que no
momento de internação circulava pelas diversas favelas do Rio de Janeiro. Bem convicta de seu
território e cultura, a todo momento dava ênfase nos seus objetos de identificação: tranças, roupas
características de seu território, músicas, críticas, que muitas vezes eram colocados em segundo plano
pelo resto da equipe, mas que ao final foram fundamentais para construção de seu PTS. Considerando
esses casos, iremos intruduzir uma análise bibliográfica que nos explicite a influência da
Colonialidade não somente na auto-imagem de corpos negros e marginalizados, mas também na
imagem do saber médico em relação a esses corpos. Historicamente, no desenrolar do Renascimento,
expropria-se e reprime-se tudo que advém dos povos colonizados e, quando possível, torna
hegemônico a cultura e a religião, criando um modelo para tudo que é intersubjetivo: o modelo branco
europeu, que representava a modernidade pregada pelo eurocentrismo, o que é reproduzido até os
dias atuais.
Objeto do Relato
Relato crítico de dois casos que são atravessados pelo racismo estrutural e pela colonialidade.
Objetivos
Será trazido o debate do racismo estrutural e as implicações da colonialidade na construção do projeto
terapêutico singular e no modo de tratamento e estigmas previamente concedidos a duas pacientes
negras do IPUB/UFRJ, moradoras de territórios violentados, dando ênfase aos aspectos psicossociais
e para elas o protagonismo de suas visões de mundo.
Análise Crítica
Para justificar a colonização, segundo Quijano (2005) raça e identidade racial foram estabelecidas
como instrumentos de classificação básica da população . Ao mesmo tempo, as formas de trabalho,
seus recursos e sua produção foram manejadas em prol de sustentar e desenvolver o capitalismo
mundial, criando um novo padrão global de controle do trabalho (Q, 2005). Além do viés econômico,
cria-se um padrão subjetivo. No Brasil o racismo é estrutural e historicamente determinado,
expressado no cotidiano. Ou seja: como explica Kilomba (2019), o racismo não se dá de forma
pontual, mas está presente de modo padronizado no dia a dia das pessoas, repetindo-se por toda sua
vida, em diversos momentos.
Conclusões/Recomendações
Através da bibliografia, iremos discutir o caso de A e de J, de modo a explicitar no decorrer do
trabalho viés do racismo estrutural e da colonização que se reatualiza diariamente no neoliberalismo,
demonstrando as implicações em seus tratamentos e perspectivas de normalidade previamente
impostas.
Palavras-chave: Racismo; Colonialidade; Patologização.

404
Retorno de ações em grupo desenvolvidas com usuários de um CAPS II após a queda de casos
de COVID-19

João Henrique Santos Souza - UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa


Katariny kristian da Silva Bastos - UEPG
Vitoria Batista de Lima - UEPG

RESUMO
A impermanência da pandemia do COVID-19 provocou modificações significativas no cotidiano de
serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Este relato descreve a reorganização em curso de
ações coletivas no CAPS II da cidade de Ponta Grossa-PR. É importante notar que a experiência
descrita está em movimento, assim como a curva de contágio do COVID-19, sendo tais ações
passíveis de mudanças. Anterior à inserção dos autores no serviço, as estratégias desenvolvidas para
a manutenção de ações coletivas, foram a criação de grupos online, nos quais eram trabalhadas
questões como o manejo de crises e uso racional de medicamentos. Observou-se a necessidade do
retorno dos grupos presenciais, devido às dificuldades de muitos usuários ao acesso a esse tipo de
ação. Então, ao final do mês de abril, com o declínio dos casos de COVID-19, foi feito o retorno de
grupos presenciais, que inicialmente foram organizados para o acompanhamento conjunto dos
Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) de usuários de um dos territórios atendidos pelo CAPS,
realizados em três horários na semana, a cada semana tratando um tema distinto, podendo o usuário
escolher o melhor horário para comparecer, sendo pactuada presença quinzenal. Durante as 3
primeiras semanas compareceram 32 usuários do total de 108. As ações dos primeiros encontros
consistiram em acolhimento inicial, apresentações, pactuação das funções e objetivos do grupo, e,
posteriormente, atividades relativas ao tema da autoestima.
Objeto do Relato
Retorno de ações em grupo desenvolvidas com usuários de um CAPS II com a queda de casos de
COVID-19.
Objetivos
Analisar as mudanças de perfil dos usuários atendidos no CAPS II, destacar as dificuldades
encontradas para a realização das atividades de grupo no CAPS II e identificar as transformações na
implementação das atividades em grupo após queda de casos de COVID-19.
Análise Crítica
O retorno dos grupos presenciais é um desafio devido a mudança de perfil dos usuários do serviço e
ao longo período com seu funcionamento modificado. Na pandemia acentuou-se a incidência de
usuários com quadros ansiosos e depressivos. Antes a prevalência era de usuários com quadros
psicóticos. Além disso, ocorreu o afastamento de usuários, devido ao risco de infecção, e também a
prevalência de ações de cuidado individual e remoto, que limitaram o acesso ao CAPS. Por conta
disso, o retorno dos usuários a ações coletivas gera questões, trazendo à tona desafios na criação de
novas abordagens, para um novo perfil de usuários, o que decorre de problemas impostos e
acentuados na pandemia.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que a pandemia trouxe desafios na modificação do funcionamento do CAPS-II e que com
a flexibilização das medidas sanitárias novos desafios surgem. Faz-se importante criar novos manejos
no que se refere às ações coletivas, devido às mudanças de perfil dos usuários e do contexto atual.
Palavras-chave: Saúde Mental; Pandemia do COVID-19; Reabilitação Psicossocial.

405
Samba e Saúde Mental: Relato de Experiência sobre uma roda de samba em uma Unidade de
Saúde da Família no município de Salvador

Vagner Santos Nunes - Instituto Provida


Juliana Ferreira Bassalo - Universidade de Pernambuco

RESUMO
A dinâmica pensada para esta atividade, foi uma roda de conversa promovida pelos profissionais da
equipe multiprofissional da USF (Terapeuta Ocupacional, Psicológo, Fisioterapeuta e Nutricionista),
para abordar diferentes práticas para manutenção de saúde mental, a importância do engajamento em
ocupações significativas, rotina funcional, alimentação saudável e prática de exercícios regulares,
sendo a dança e a música o ponto de partida. A atividade teve como pontos positivos, proporcionar
um outro olhar sobre saúde mental e fortalecer vínculo USF- Comunidade- Atores e movimentos
culturais e sociais da comunidade. Como ponto negativo, ainda há a baixa adesão da maior parte da
população nos espaços de promoção e proteção de saúde mental. A partir desta experiência, fica a
reflexão sobre a importância de se compreender o sujeito em sofrimento psíquico não só como a soma
de sintomas, mas como um sujeito pertencente a um território, com sua história de vida subjetiva,
com afetos, vínculos e imersos em processos culturais e sociais. O samba foi o mediador dessas
vivências, levando em consideração o seu papel ativador das memórias afetivas e a sensação de
pertencimento.
Objeto do Relato
População de uma região adstrita da cidade do Salvador que sobrevive da atividade pesqueira.
Objetivos
Ampliar formas de cuidado; Valorizar o saber popular nas práticas de saúde mental; Demonstrar os
benefícios da dança e da música para a qualidade de vida.
Análise Crítica
Na atualidade, o cuidado em saúde mental é visto e compreendido sob diferentes perspectivas nos
espaços coletivos. Pensar em saúde mental, muitas vezes, é produzir cuidados que remetem remissão
de sintomas psíquicos. Entretanto, esse cuidado deve ser compreendido como tratamento, respeito e
acolhimento ao sujeito e seu sofrimento sob um olhar integral (PINHEIRO, 2009). O território em
questão, tem muito forte em suas raízes o samba, que para além de um ritmo musical, representa
pertecimento a seu lugar de origem, identificação com seu contexto, espaço de promoção de interação
e fortalecimento de vínculos assim como resgate de marcos importantes da história de vida de cada
indivíduo.
Conclusões/Recomendações
A equipe multiprofissional ao final desta experiência, percebe a atividade proposta como potente, no
sentido de que os participantes puderam experenciar novas práticas de cuidado, identificar e/ou
resgatar atividades prazerosas e compartilhar experiências e fortalecer vínculos com a comunidade.
Palavras-chave: Território; Samba; Saúde Mental.

406
Saúde mental e novas tecnologias: Audiolivros e podcasts enquanto recursos terapêuticos em
um Hospital de Custódia durante a pandemia de Covid-19

Camilla Kelly Alves dos Santos - Hospital das Clínicas UFPE


Walesca da Conceição Oliveira - Universidade Tiradentes
Dayanne Souza Figueiredo - Universidade Tiradentes

RESUMO
O trabalho apresentado trata-se de uma intervenção realizada por estudantes do 8º período de
Psicologia durante o estágio supervisionado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de
Sergipe (HCTP-SE). Com o advento da Pandemia de Covid-19, e das medidas restritivas utilizadas
para conter o vírus, o estágio anteriormente presencial converteu-se em remoto e surgiu um desafio:
Como levar saúde mental à estes indivíduos que antes mesmo da pandemia já viviam isolados da
sociedade? A ideia de utilizar audiolivros e podcasts enquanto recursos terapêuticos e educativos
surgiu a partir das informações prévias, coletadas no segundo semestre de 2019 através de observação
participante. Sabia-se que a maioria dos pacientes dispunha de um aparelho de som e um pendrive,
muitos deles nutriam o gosto pela leitura, e frequentemente dúvidas eram apresentadas por eles acerca
da própria internação no HCTP. Foi informado também que, com a pandemia, as visitas e o banho de
sol (principais atividades de lazer) foram suspensas por tempo indeterminado, confinando os
pacientes ao ócio de suas próprias celas. Com isto em mente foram gravados 8 podcasts sobre saúde
mental e o tratamento dentro da RAPS, e baixados 5 audiolivros de clássicos da literatura brasileira
disponibilizados no site audiocult.com.br. Todo esse material foi então enviado para a Psicóloga
atuante no HCTP naquele período, e ela encarregou-se de distribuir o conteúdo no pendrive dos
internos (os quais assim desejassem).
Objeto do Relato
Intervenção remota realizada em um Hospital de Custódia durante a pandemia de Covid-19
Objetivos
O relato pretende expor, sobretudo, uma possibilidade de reinvenção das práticas de saúde diante de
situações adversas que exigem dos profissionais criatividade para atuar frente ao desconhecido.
Análise Crítica
A impossibilidade de ir a campo, a falta de literatura sobre intervenções remotas em ambientes
prisionais/hospitalares como o HCTP, e os limitados recursos disponíveis na instituição foram
empecilhos que dificultaram a aplicação deste projeto de intervenção. Infelizmente também não foi
possível às estagiarias retornar ao ambiente de intervenção e colher diretamente as impressões e
considerações dos pacientes sobre a atividade realizada. Contudo, apesar das dificuldades, o projeto
mostrou-se exitoso na medida que os pacientes demonstraram interesse em ouvir os audiolivros e
podcasts disponibilizados, permitindo a gravação em seus pendrives, e tendo assim acesso à
informação, cultura e lazer.
Conclusões/Recomendações
Embora realizada de maneira remota, o contato inicial e a construção de vínculo com os pacientes foi
crucial para a boa adesão à atividade proposta. A experiência em si não se propõe a ser conclusiva,
mas suscita ideias de atuação com estes sujeitos esquecidos à margem da Reforma Psiquiátrica.
Palavras-chave: Pandemia; Audiolivros; Podcasts; Hospital de Custódia.

407
Saúde mental nas favelas do Rio de Janeiro: Atendimento psicológico para mulheres vítimas
de violência doméstica

Erika Thimoteo Lopes


Thiago Benedito Livramento Melicio. - UFRJ

RESUMO
Este trabalho refere-se a um relato de experiência, de natureza qualitativa, elaborado e estruturado
através do método de cartografia psicossocial (Deleuze e Guattari, 1997), que busca analisar e
compreender os modos de subjetivação atualizados pelas mulheres vítimas de violência doméstica a
partir dos espaços em que se encontram, das temáticas emergentes nos atendimentos, da perspectiva
do cuidado e da articulação com a rede realizada por um projeto de extensão. Através da Agência
Nacional de Favelas, ONG situada no Rio de Janeiro, e o corpo discente da UFRJ, a ação analisada
oferece atendimentos psicoterapêuticos orientados pela corrente da esquizo-análise. Partindo das
discussões em supervisão, tem-se que as temáticas mais prevalentes perpassam machismo, questões
étnico-raciais e também de classe. Assim, o manejo clínico das integrantes do projeto é assentado na
clínica ampliada e compartilhada, buscando, para além do acolhimento e acompanhamento, facilitar
o acesso com as unidades básicas de saúde, para continuidade e garantia da integralidade do cuidado.
Nesse sentido, são realizados discussão de casos com o NASF, buscando construir estratégias que
atendam as demandas dos usuários de forma extensa, assegurando não só a sobrevivência do
indivíduo como também o acesso a formas de cuidado historicamente elitizadas, como fisioterapia,
psicologia e arte educação, na tentativa de potencializar, na prática, o conceito de uma saúde integral
e coletiva.
Objeto do Relato
Mulheres vítimas de violência doméstica nos territórios do Jacarézinho, Prazeres e Providência.
Objetivos
O presente relato tem o objetivo de discorrer sobre a experiência de atendimento psicológico prestado
a mulheres vítimas de violência doméstica situadas nas comunidades cariocas do Jacarézinho, morro
dos Prazeres e da Providência e as implicações desses territórios em suas vivências.
Análise Crítica
No que tange ao desenvolvimento do projeto, observa-se a importância do trabalho das agentes de
território, que figuram como pessoas chave para a articulação com as clínicas da família e com outros
dispositivos de promoção de saúde e cuidado do território. Estar situado no mesmo ambiente que os
usuários e usuárias é fundamental, pois o conhecimento acerca do funcionamento e das dinâmicas
que se dão em cada um desses espaços viabiliza a criação, o fortalecimento e a concretização de redes
entre as potencialidades da comunidade e a oferta técnico-assistencial, perante as necessidades de
saúde locais.
Conclusões/Recomendações
A pesquisa observa que as ações do projeto analisado reforçam o caráter artesanal do trabalho em
saúde, apontando para a importância de iniciativas universitárias e de outras áreas não ocorrerem de
forma isolada, mas sim articuladas e integradas à rede, contribuindo para a continuidade do cuidado.
Palavras-chave: Cartografia; Saúde Mental; Território; Rede.

408
Sofrimento e prazer no trabalho dos profissionais do Consultório na Rua do Município de Rio
de Janeiro

Ludmila Maria del Luján Abramenko


Edinilsa Ramos de Sousa - ENSP FIOCRUZ

RESUMO
O presente projeto é uma pesquisa de Doutorado que tem o intuito de conhecer as vivencias no
trabalho dos trabalhadores que conformam as equipes multiprofissionais que atendem á população
em situação de rua. Os Consultórios na Rua (CnaR) são equipes criadas no ano 2011, como resultado
de anos de luta de movimentos sociais. As equipes de Consultório na Rua formam parte da política
da atenção básica e estão destinadas a acolher as demandas das pessoas em situação de rua, que são
sujeitos negligenciados, invisibilizados socialmente. Essas equipes atuam em todo o território
Nacional, realizando os atendimentos na rua, tem sede numa Clínica da família. A pesquisa se propôs
conhecer o vivenciar desde os próprios trabalhadores que cuidam dessa população.
Objetivos
Conhecer as vivencias de prazer e sofrimento dos trabalhadores dos Consultórios na Rua do
Município de Rio de Janeiro.
Metodologia
estudo qualitativo exploratório, estudo de casos múltiplo. A partir da psicodinâmica do trabalho de
Cristophe Dejours se buscou conhecer o sofrimento e prazer no trabalho dos trabalhadores dos CnaR
de Acari, Manguinhos e Centro 1, de RJ. Como técnicas de coleta de dados foram realizadas
entrevistas individuais, entrevista grupal e acompanhamento das práticas. Formaram parte da
pesquisa 24 trabalhadores que realizam atendimento direto para a população em situação de rua. A
técnica de análise de dados utilizada foi a análise de discurso.
Resultados
os principais motivos de sofrimento que vivenciam os trabalhadores são: problemas para o trabalho
em rede, os trabalhadores consideram que o preconceito para com as pessoas em situação de rua
impede a construção de estratégias em conjunto com outros dispositivos de saúde, essa situação gera
sensação de solidão e está atrelada a uma falta de reconhecimento do seu trabalho. A precarização
laboral afeta aos trabalhadores pelas condições laborais, e incide na alta rotatividade dos profissionais
e na falta de recursos para trabalhar o que produz um sofrimento ético. Como consequência do
sofrimento no trabalho os profissionais vêm afetada sua saúde física e mental agravado por sentirem
um descuido por parte da gestão por cuidar da saúde do trabalhador. Em relação ao prazer que
amortiza o sofrimento no trabalho, aparecem destacados a relação com os usuários, a relação de
equipe, os trabalhadores se sentem reconhecidos e retribuídos pelos usuários e reconhecidos e
amparados pelos colegas. Outra motivação é ser parte do SUS, sentir que estão fazendo um trabalho
importante, que podem fazer a diferença na vida de alguém e o desejo de trabalhar no CnaR.
Palavras-chave: Pessoas em situação de rua; Pessoal de saúde; saúde do trabalhador.

409
Supervisão Clínico-Institucional: história, usos e sentidos na Reforma Psiquiátrica

Disete Devera - UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho


Silvio Yasui - UNESP Assis

RESUMO
O desmonte do projeto de bem-estar social, a pauperização, a privatização do Estado e o acirramento
da desigualdade mostram o contexto sócio- histórico e político-econômico atual. Defender a
democracia é de ordem imediata, bem como combater a fragilização do SUS é a tarefa. Aos atores
sociais do campo da Atenção Psicossocial diretamente implicados nos serviços cabe sustenta o
exercício cotidiano, reafirmando práticas coerentes com os princípios e parâmetros da Atenção
Psicossocial. Nesse sentido, levantar e sistematizar a história, os usos e sentidos da Supervisão
Clínico-Institucional(SCI), investigando-a como dispositivo de fortalecimento para a transição
paradigmática, apresentou-se, no atual cenário, importante para consolidar os princípios do
paradigma da Atenção Psicossocial.
Objetivos
A pesquisa buscou, através de revisão bibliográfica e documental e de entrevistas com atores sociais
do processo histórico de institucionalização da SCI, investigar os recursos teórico-metodológicos
desse dispositivo com ênfase na dimensão formativa da RAPS, em busca de identificar, nas narrativas
colhidas, os eixos temáticos pertinentes ao seu processo de institucionalização no Brasil.
Metodologia
Por meio de Revisão Integrativa de Literatura, respondeu-se às questões: como as instâncias de
formulação de políticas públicas tratam do tema? Quais os instrumentos normativos que
possibilitaram sua institucionalização? Quais referenciais teórico-metodológicos embasam a prática?
Com entrevistas audiogravadas não estruturadas e construção de biografemas, destacaram-se cenas,
memórias e histórias trazidas por oito protagonistas da SCI. Após leitura e releitura das transcrições,
transformadas em narrativas que foram validadas junto aos entrevistados.
Resultados
Consideramos as narrativas como meio de produção de conhecimento onde que ciência e pesquisa
devem ser transversalizadas pela macro e micropolítica. Ao colocar em questão a história, os usos e
sentidos da SCI, pudemos fazer dessa pesquisa-intervenção dispositivo para acompanhar a dimensão
processual da institucionalização da SCI. Os resultados da RIL indicam que a Portaria 1.174, de 7 de
julho de 2005, constitui marco histórico da sua institucionalização. As narrativas mostram que a SCI
se constitui como importante dispositivo de formação e qualificação das práticas de saúde mental, a
fim consolidar a atenção psicossocial. Entrelaçando a RIL às narrativas, construiu-se um
caleidoscópio onde a SCI acontece nas teias e arranjos da própria história da Reforma Psiquiátrica,
não tendo, portanto, sua nascente na portaria de 2005. Olhar para o lugar do supervisor como quem
exerce função de terceiro e que opera cuidado e compromisso com o enunciar do não dito. Assim, é
ator do fomento de mudanças institucionais, bem como potente pra resistência micropolítica aos
retrocessos.
Palavras-chave: Supervisão Clínico-Institucional; Análise Institucional; Atenção Psicossocial;
Saúde Mental Coletiva; Reforma Psiquiátrica.

410
Tecnologia de intervenção no território: visita domiciliar em Saúde Mental aos usuário de um
CAPS Ad

Antônia Lúcia da Costa Jucá - Prefeitura


Elem Costa dos Santos - Coordenação do Caps Ad Abaetetuba
Lauryjane Magno Cunha - Caps ad
Rachel de Siqueira Dias - Coordenação de saúde mental de Aabaetetuba

RESUMO
A visita domiciliar faz parte das possibilidades de intervenção terapêutica, é uma tecnologia leve,
produtora de comunicações e que favorece a integralidade, pautada na redução de danos, o que
envolve a atenção aos usuários sem impor a abstinência. Ao implementar o cuidado e transcender os
muros do caps, se incorpora a noção de território vivo, produtor das relações sociais, tensões e
subjetivações. Essa estratégia de cuidado apresenta-se como capaz de promover a articulação da
equipe com o usuário, família e o território, potencializando a construção de vínculos e a compreensão
da estrutura e dinâmica familiar o que favorece sobremaneira o tratamento e a adesão ao mesmo.
Sendo imprescindível no cuidado como instrumento facilitador na abordagem desse usuário e sua
família e uma ferramenta importante que permite acompanhar os usuários de forma individual e
proporcionar a inserção da família no autocuidado, promovendo uma aproximação dos usuários aos
serviços. Por meio deste recurso podemos entender a dinâmica familiar, verificar as possibilidades de
envolvimento da família no tratamento oferecido ao usuário, fornecer suporte para a continuidade do
tratamento evitando assim a reinternação. As visitas domiciliares fazem parte da rotina deste serviço,
ocorrem semanalmente, são solicitadas principalmente, de acordo com as observações da equipe
multiprofissional durante os atendimentos de seguimento do paciente.
Objeto do Relato
Visita domiciliar como tecnologia usada na rotina do cuidado no território ao usuário e familia.
Objetivos
Promover a articulação da equipe com o usuário, e sua família no seu território; Implementar o
cuidado no território, transcendendo os muros, incorporando a noção de território vivo. Ofertar nas
visitas cuidado através da articulação da equipe multiprofissional com o usuário, a família e o
território.
Análise Crítica
O abuso de álcool e outras drogas implica consequências em todas as áreas da vida do usuário e de
sua família, conhecer in loco as diferentes realidades de vida do usuário e sua família tem ajudado,
numa intervenção mais ativa em seus tratamentos, atuando como um elo efetivo entre o serviço o
usuário e a família. O domicilio muitas vezes transforma-se em espaço de abandono e privação de
cuidados, onde os familiares que ali vivem podem ser tanto um fator de risco como um fator de
proteção no que se refere à dependência química, sendo primordial o conhecimento dessa relidade.
Conclusões/Recomendações
Embora as visitas não sejam uma novidade, ainda é um desafio no ad, fazer com que essa estratégia
seja realizada de maneira rotineira e crítica. Apesar de demandarem tempo e recursos logísticos,
contribuem enoremente para melhorar o tratamento do usuário e a qualidade de vida dos familiares.
Palavras-chave: Visita domiciliar; cuidado; caps ad; território.

411
Transtorno por uso de opioide no Brasil: Proposta de protocolo de tratamento baseado em
revisão integrativa

Matheus Eduardo Rodrigues - Hospital Municipal


Roberta Candal de Macedo Shibaki Souza - Hospital Municipal do Campo Limpo Dr. Fernando
Mauro Pires da Rocha
Yan Santos Leonello - Hospital Municipal do Campo Limpo Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha

RESUMO
O Brasil é o país latino-americano que mais faz uso de opioides e um estudo recente mostrou um
alarmante avanço nas prescrições no país, com um aumento de 465% em sua comercialização, no
período de 2009 a 2015. (KRAWCZYK; GREENE; ZORZANELLI; BASTOS, 2018). O Transtorno
por uso de opioides se configura como uma condição crônica que apresenta graves consequências no
que tange à saúde pública, a problemas socioeconômicos e ao indivíduo, podendo levar à intoxicação
com desfecho fatal. O tratamento de primeira linha para casos moderados a graves são os agonistas
opioides em combinação com terapias comportamentais e atenção a fatores psicossociais que
frequentemente influenciam o uso dessas substâncias. (CENTRE FOR ADDICTION AND MENTAL
HEALTH, 2021).
Objetivos
Elaboração de um protocolo para tratamento do transtorno por uso de opioide a partir de uma revisão
integrativa de literatura
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa, utilizando os descritores guia de prática clínica (Clinical
Guidelines) e Transtornos Relacionados ao Uso de Opioides (Opioid-Related Disorders) nas bases de
dados SciELO, LILACS e MEDLINE no período entre os anos de 2017 e 2022. Foram selecionados
artigos em inglês e português que apresentavam especificidade com o tema e problemática do estudo.
Resultados
Baseados na metodologia proposta, foram encontrados duas diretrizes de prática clínica sendo uma
canadense e outra estadunidense, elaboradas, respectivamente, pela Canadian Research Initiative on
Substance Misuse (CRISM) e American Society of Addiction Medicine (ASAM), ambas publicadas
em 2020. Até este momento, esta pesquisa está na fase de análise do material a fim de elaborar um
protocolo clínico visando um tratamento que inclua farmacoterapia, estratégias de gerenciamento de
casos e intervenções psicossociais para pacientes que apresentam transtornos relacionados ao uso de
opioides com o intuito de ser utilizado dentro da realidade do Sistema único de saúde (SUS) em um
hospital geral que atende a população na cidade de São Paulo.
Palavras-chave: Opioide; protocolo de tratamento; Transtornos Relacionados ao Uso de Opioides.

412
Um chamado para a luta: Sala de espera sobre o Movimento de Luta Antimanicomial

Rúbia Lima Brandão - UFSJ - Universidade Federal de São João Del Rei
Caroline Teles Valeriano - UFSJ
Alexandre Coutinho de Melo - UFSJ Nathália Maximiano Soares Maciel - UFSJ João Paulo
Santana da Silva - UFSJ Douglas Francklin Santos Carvalho - UFSJ Elaine Cristina Dias Franco -
UFSJ

RESUMO
A equipe da Residência Multiprofissional em Saúde do Adolescente (REMSA) atua acompanhando
adolescentes, suas famílias e a comunidade adscrita no território da Estratégia de Saúde da Família
(ESF) do bairro Icaraí, em Divinópolis/MG. A sala de espera é um espaço ocupado por usuários que
aguardam por atendimento no serviço de saúde e constitui um ambiente favorável para o
desenvolvimento de ações de promoção da saúde, construção de saberes e fortalecimento de vínculo
entre usuários e profissionais. A ação foi desenvolvida pelos profissionais da REMSA com 20
usuários na sala de espera da ESF objetivando sensibilizá-los sobre o Movimento de Luta
Antimanicomial no Brasil. A atividade foi realizada inicialmente com uma encenação. Três
profissionais permaneceram com suas mãos amarradas, representando como os pacientes de hospitais
psiquiátricos eram contidos, enquanto outros dois profissionais cantaram e tocaram no violão a
música Sujeito de Sorte , do artista Belchior. Ao término da apresentação musical um profissional
explicou o motivo daquela ação aos usuários e abordou sobre a história da Reforma Psiquiátrica
Antimanicomial até os dias atuais, apontando a necessidade da defesa dos direitos das pessoas com
sofrimento mental. Em seguida, as cordas que amarravam as mãos foram cortadas, simbolizando a
liberdade e o direito que essas pessoas têm de viver em sociedade. Um dos usuários apontou sobre a
importância destas ações para o conhecimento da população.
Objeto do Relato
Ação realizada na sala de espera de uma ESF pela equipe da REMSA acerca da Luta Antimanicomial.
Objetivos
Sensibilizar os usuários na sala de espera da Estratégia de Saúde da Família do bairro Icaraí, no
município de Divinópolis/MG acerca do Movimento de Luta Antimanicomial no Brasil, abordando a
história da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial até os dias atuais e; apontar a necessidade da defesa
dos direitos das pessoas com sofrimento mental.
Análise Crítica
Cada elemento da encenação, desde as amarras nas mãos até a canção, faz uma provocação contra a
repressão e os maus-tratos sofridos pelos pacientes nos hospitais psiquiátricos. Assim, utilizando-se
de metodologia ativa na prática de educação em saúde, buscou-se chamar a atenção dos usuários e
permitir a reflexão sobre a importância do Movimento da Luta Antimanicomial, convidando-os a
exercerem a participação social no movimento.
Conclusões/Recomendações
A ação proporcionou o conhecimento da história da Reforma Psiquiátrica no Brasil; promoveu a
conscientização sobre a importância da Luta Antimanicomial e; criou condições para que ocorra o
fortalecimento da participação social dos usuários no movimento.
Palavras-chave: Luta Antimanicomial; Sala de Espera; Estratégia de Saúde da Família; Saúde
Mental.

413
Uso abusivo de benzodiazepínicos: um estudo sobre a medicalizacao do sofrimento e o papel
do psicólogo na atenção básica

Jackeline Maria da Conceição Silva - Prefeitura de Jaboatao dos Guararapes

RESUMO
presente artigo apresenta o relato de experiência da autora, enquanto integrante de um NASF, pelo
programa de Residência Multiprofissional da Universidade de Pernambuco (UPE). Teve como
objetivo compreender como os profissionais de Psicologia inseridos na Atenção Básica trabalham
junto a pessoas dependentes de benzodiazepínicos. A partir de uma investigação bibliográfica
realizou-se um levantamento dos principais estudos dentro da literatura sobre o assunto. O fio
condutor desse percurso foi a Política Nacional de Humanização proposta pelo Ministério da Saúde.
Concluiu-se que o acolhimento é o principal dispositivo utilizado pelo Psicólogo como estratégia para
que os dependentes de benzodiazepínicos encontrem saídas para minimização de seu sofrimento e
consequentemente desenvolvam propostas de cuidado mais efetivo em suas vidas.
Objeto do Relato
Com o grupo, buscou-se promover um espaço garantido para a fala, onde essas pessoas pudessem
aprender umas com as outras novas formas de enfrentamento de seus problemas e alternativas
terapêuticas
Objetivos
A ideia de realizar um grupo para usuários de benzodiazepínicos emergiu a partir da necessidade
discutida pelo profissional médico da USF, residentes da UPE e psicóloga do NASF.
Análise Crítica
O grupo com dependentes de benzodiazepínicos proporcionou a escuta da fala carregada de
significados a respeito do sofrimento, levando cada participante a transformar o sentido de seu
sofrimento em aprendizado interno, enriquecendo e ampliando o pensamento destes indivíduos.
Possibilitou por via da expressão da fala a manifestação das subjetividades que transformada em
experiência, deu significado a vida.
Conclusões/Recomendações
Este trabalho teve como proposta identificar como o psicólogo poderia intervir junto a pessoas
dependentes de benzodiazepínicos na Atenção Básica. Visando este objetivo foi necessário
compreender a relação entre benzodiazepínicos, medicalização e sofrimento psíquico a fim de
identificarmos o lugar do profissional de psicologia neste processo. Consequentemente, isso nos
mostrou que os benzodiazepínicos são os medicamentos mais prescritos pelos médicos.
Palavras-chave: Benzodiazepínicos; Sofrimento psíquico; Atenção Básica.

414
ViverCOM na cidade: intervenção como ferramenta para a criação de vínculos e promoção de
saúde no território

Jéssica Rodrigues Soares - UFRJ


Lucas Moura Santos Silva - UFRJ
Ana Carolina Freitas Meirelles - UFRJ
Maria Clara Germano Quintino Conforto Teldeschi - UFRJ
Suellen Alexandre da silva - UFRJ
Victoria de Oliveira Bomsuccesso Moreira - UFRJ
Luana Almeida dos Santos - UFRJ
Esthela Gil de Sá Neto - UFRJ
Taís Alvarez Soares - UFRJ
Thiago Livramento Melicio - UFRJ

RESUMO
O trabalho integra o projeto de estágio/extensão "Coletivo Convivências" do Instituto de
Psicologia/UFRJ, tendo como orientação metodológica a cartografia e a perspectiva antimanicomial
dos modos de promoção de saúde. Com o objetivo de articular redes de afeto e de convivência, o
Coletivo se apoia no escopo dos Centros de Convivência, articulando-se a dispositivos da Atenção
Básica e Rede de Atenção Psicossocial. Este trabalho primeiramente trata da realização de oficinas
com usuários da rede para, em seguida, apresentar e discutir práticas de intervenção artísticas na
cidade provenientes das ressonâncias das primeiras. Assim, realizamos ciclo de atividades remotas
chamado Próxima Parada, Central 22 - delirando territórios , ocorrida com usuários de Clínica da
Família e CAPS AD, pela Plataforma do Centro de Convivência Virtual. A ideia central da oficina é
compreender o cuidado em saúde no território. Nos encontros pudemos produzir duas propostas de
intervenção, em ressonâncias com temáticas levantadas: desigualdade social; corpo, loucura e
vivências da cidade. O Coletivo, com dois usuários da rede, realizou uma ação de prática corporal,
em espaço público próximo ao campus universitário. A ação foi uma oportunidade de vivenciar os
corpos em estéticas dissonantes às habituais. Uma segunda intervenção refere-se à colocação de
lambe lambe pelo campus, com imagens e dizeres de importantes personagens que perpassaram os
manicômios cariocas, como Lima Barreto e Bispo do Rosário.
Objeto do Relato: Pretende-se apresentar e discutir oficinas e práticas de intervenção artísticas na
cidade.
Objetivos: Buscamos construir redes e vínculos grupais, tendo oficinas e intervenções em espaços
públicos como dispositivo, para promover o cuidado em saúde no território. Partindo de diferentes
formas de expressão, músicas, práticas corporais e registros artísticos - cartografamos singularidades
para observar criação ou não de planos comuns.
Análise Crítica: Partindo da postura cartográfica e sua implicação sensível no campo da pesquisa-
intervenção, observamos a importância de não apenas Pesquisar-Com, como também Viver-Com,
compondo o território com uma postura efetiva e de atenção às corporeidades, afetando e sendo
afetado. A cartografia configurou-se como ferramenta que possibilitou mapeamento situacional que
faz ver e falar um plano de inteligibilidade e integração ao mundo. Tal processo possibilitou ampliar
os efeitos das oficinas, ressonando seus encontros também para reterritorializações estéticas da
cidade, que ampliam as margens de ocupação da diversidade.
Conclusões/Recomendações: Nos lançamos em intervenções pela cidade, que figuram como vetores
de existencialização atrelados à produção de vida (RAUTER, 2000), buscando a elaboração de
atividades que se orientam pela construção conjunta de autonomia e produção de um plano comum a
partir do encontro com a diferença.
Palavras-chave: Convivência; território; promoção de saúde; intervenção.
415
"Qual lugar no social para a loucura?" A busca pelo direito à cidade a partir de um serviço
residencial terapêutico

Vitória Carolina Alves Ricciardi - Serviço Residencial Terapêutico

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica Brasileira como processo social complexo, busca superar o pensamento
reducionista dos paradigmas psiquiátricos, restituindo à pessoa em sofrimento psíquico o direito à
vida e a cidadania. Trata-se de uma transformação cultural que precisa ocorrer concomitante à
mudança de modelos assistenciais, objetivando a construção de um novo lugar social para a "loucura".
Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) se destacam enquanto uma das mais potentes
tecnologias de cuidado a serviço da desinstitucionalização e desospitalização das pessoas que
vivenciaram períodos de longa internação. Enquanto lugar de moradia os SRT devem ocupar a cidade
viabilizando que a novos laços se construam, rompendo com a lógica manicomial e questionando o
lugar marginal da doença mental.
Objetivos
Pensar o Serviço Residencial Terapêutico em seu caráter de reabilitação para o social em que se insere.
Bem como, explicitar sua efetiva a função de moradia, questionando a função da nomeclatura "serviço
residencial terapêutico"
Metodologia
A presente pesquisa se desenvolve com base na metodologia de Relato de Experiência enquanto
acompanhante terapêutica vinculada a um Serviço Residencial Terapêutico no Município do Rio de
Janeiro. Tomando como alicerce á superação do paradigma manicomial.
Resultados
O estigma de ter um diagnostico psiquiátrico tem desdobramentos que permeia toda a vida de uma
pessoa. Isso diz sobre as projeções da sociedade acerca da loucura, estas que por sua vez, obedecem
à lógica do paradigma racionalista que engendra o modelo da normalidade das sociedades modernas
hegemonicamente capitalista onde há de se subtrair os anormais e sua condição de cidadania.
Essa questão se destaca ao titularmos um lugar de moradia como serviço. Tal nomeclatura alerta para
um antigo enigma: haverá lugar no social para o "louco" além da loucura? As pessoas com
diagnósticos psiquiátricos haverão de circular para além de seu CID? É inegável o valioso serviço
prestado por este dispositivo, sendo possível caracteriza-lo como linha de frente da Reforma
Psiquiátrica Brasileira, contudo faz-se necessário entender que o desafio é mais do que reestruturar
serviços. O sucesso de uma transformação para uma assistência humanizada, acontecerá em
consequência de princípios e estratégias que lhe antecipam, entre estes, o principal, de pensar o campo
da saúde mental e atenção psicossocial como um processo indissociável da cultura.
Palavras-chave: SRT; desinstitucionalização; cidadania.

416
(Con)viver na Atenção Psicossocial

Nicole Cabral Cardoso Malheiros - UERJ


Beatriz Martins Viveiros - UERJ
Jéssica Loureiro da Silva - UERJ
Mariana Galvão - UERJ
Sthefani Coutinho Assis dos Santos - UERJ
Tatiana Elias da Silva Ribeiro - UERJ
Thayna Teixeira Farias - UERJ
Valkíria Tardan Cavalheiro - UERJ
Vinícius Pinto de Araújo Santos - UERJ

RESUMO
A Convivência no CAPS UERJ é um local de acesso de usuários, familiares, trabalhadores e
residentes da saúde mental durante todo o horário de funcionamento deste espaço. Nesse ambiente,
os frequentadores desenvolvem diversas atividades diariamente: acontece o café da manhã, o almoço,
lanche da tarde, as atividades musicais coletivas, os jogos de futebol, vôlei, as produções de cartazes,
também é nesse espaço que os usuários conversam entre si, aguardam os atendimentos, as oficinas e
as demais atividades cotidianas. O que é desenvolvido nesse espaço não é fruto de ideias pré-
concebidas, mas sim, um ato de criação junto ao outro, através de trocas, constituindo um espaço de
empoderamento. Esse espaço potencializa o vínculo entre os usuários e também dos usuários com os
profissionais. Através da escuta ativa, a convivência possibilita distintas formas de intervenção,
acolhimento e constrói novos cenários de escuta. É necessário ressaltar que se caracteriza enquanto
um local horizontal e democrático, onde cabem as distintas formas de existir dos sujeitos, que
exercem plenamente sua autonomia para realizar atividades quaisquer e potencializar vínculos.
Objeto do Relato
Convivência do Centro de Atenção Psicossocial da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é ressaltar a importância da convivência do Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) enquanto instrumento da saúde mental
que revela a potencialidade do espaço coletivo, através de ferramentas que extrapolam a rigidez
clínica e garantem a horizontalidade no cuidado.
Análise Crítica
O CAPS é um ponto de atenção especializada e tem suas atividades pautadas prioritariamente em
espaços coletivos, sendo um espaço substitutivo aos hospitais e a lógica asilar. Dessa forma é
necessário pensar um cuidado territorial e comunitário. Consideramos que a convivência dentro do
CAPS é um potente dispositivo de cuidado, desde que articule as dimensões de ética, clínica e política.
Esse espaço está fora dos convencionados pelo modelo biomédico e permite uma flexibilização e uma
maior espontaneidade nas trocas, além de promover horizontalidade no vínculo profissional-usuário.
Defendemos o fortalecimento de um espaço no qual possamos promover as singulares formas de ser
e estar no mundo.
Conclusões/Recomendações
Atualmente enfrentamos retrocessos na política de saúde mental e lidamos com o desfinancimento
do SUS. Agora, mais do que antes, é preciso estarmos atentas e fortes para não cedermos à lógica
produtivista que mais valoriza a realização de um procedimento do que o estar-com disponível em
ato.
Palavras-chave: Convivência; Atenção Psicossocial; Cuidado em Liberdade; Território.

417
A gente tá aqui pra compartilhar, dizer sim à vida : a experiência da oficina de Café e Poesia
em um serviço de saúde mental universitário do Rio de Janeiro na pandemia de Covid-19

Renata Gomes da Costa De Marca - UERJ


Aída de Souza Dutra - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Cristiane Bueno Iatauro Rosso - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

RESUMO
A oficina de Café e Poesia é um dos dispositivos terapêuticos de grupo, oferecidos na Casa-Ateliê,
espaço voltado para o cuidado, a formação e a construção coletiva através da arte, inspirado nos
trabalhos pioneiros de Nise da Silveira, em um serviço de saúde mental (com ambulatório e
enfermaria), em um HG, que recebe usuários da RAPS. O serviço localiza-se em uma área
programática (AP) da zona norte do Rio de Janeiro, referida a sete bairros, cujo território conta
também com um CAPS II e um CAPS AD, porém nenhum CAPS III, não havendo, portanto, leitos
para acolhimento noturno e apoio à crise, oferecendo, então, leitos para saúde mental na RAPS.
Contudo, com os retrocessos nas políticas de saúde e de saúde mental, aliadas à pandemia, o serviço
passou a receber um aporte muito maior de encaminhamentos, incluindo outras AP de áreas distantes.
Com o aumento da vulnerabilidade social, da precarização e sobrecarga da rede e do sofrimento
psíquico, durante a pandemia, onde inúmeras perdas foram vivenciadas, a oficina de Café e Poesia
despontou como um espaço aberto coletivo potente. Nela, semanalmente, usuários (internos e
externos) e profissionais sentam-se em roda e declamam poesias (autorais ou não), compartilhando
vivências, afetos e sensações despertados pela leitura, seguida de uma parte expressiva (desenhos,
colagens e pinturas) e café, em torno do qual circulam afetos e constroem-se vínculos, formas de lida
com a dor e estratégias de luta e resistência política.
Objeto do Relato
Fragmentos de experiências vivenciadas na oficina terapêutica Café e Poesia , a partir da pandemia.
Objetivos
Objetiva-se trazer reflexões sobre o caráter criativo e de resistência da oficina de Café e Poesia ,
durante a pandemia, desenvolvida na Casa-Ateliê, de um serviço de saúde mental de um hospital
geral (HG) universitário público, na cidade do Rio de Janeiro, a partir de trechos de falas das
experiências compartilhadas pelos participantes.
Análise Crítica
A oficina de Café e Poesia tem viabilizado, através da arte, um espaço de construção coletiva do
cuidado e de estratégias de enfretamento e resistência não só em relação à pandemia, mas também ao
desmonte da saúde mental (contrarreforma) e do SUS e à violação de direitos. Por meio das atividades
poéticas e expressivas, são tecidas redes de afetos, que dão sustentação a reflexões sobre cuidado e
projetos terapêuticos, perdas e sofrimentos, alegrias e prazeres, medos e inseguranças, problemas
sociais e políticos, saúde mental e luta antimanicomial, estigmas e preconceitos, etc., fazendo nascer
saraus, exposições e ocupações, que dão luz à vida em meio às políticas de morte: eis a poiesis.
Conclusões/Recomendações
Na oficina de Café e Poesia , inspirados na força e no caráter insurgente do trabalho de Nise da
Silveira e no potencial criativo dos cantos poi-éticos, apostamos que na polissemia das vozes entoadas
seja possível criar em uníssono um grito pela liberdade de viver, existir e resistir na diferença.
Palavras-chave: saúde mental; oficina terapêutica; poesia; arte; pandemia.

418
Abrindo cenas : Consultório na Rua e Apoio Matricial

Thais dos Santos Marques - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro


Quésia Ferreira da Silva - Enfermeira no Consultório na Rua do Jacarezinho

RESUMO
Atualmente o Consultório na Rua (CnaR) do Jacarezinho fica localizado na Clínica da Família
Anthidio Dias da Silveira e seu território de abrangência corresponde a toda a Área Programática
(A.P) da 3.2, na Zona Norte do Município do Rio de Janeiro. Este território é composto historicamente
por um grande contingente de pessoas em situação de rua, que aumentou expressivamente após a
Pandemia de Covid 19. Atualmente, cada vez mais o CnaR tem sido demandado para atender e acessar
novas as cenas de uso e as que já estão ao longo dos bairros desse A.P. Além disso, também há os
atendimentos da população em situação de rua que circula por esse território. Compreendendo que
somente o dispositivo do CnaR não consegue propiciar o atendimento dessa população que está nas
ruas e nas cenas de uso, foi necessário pensar em ações de matriciamento que visasse oportunizar
acessos em outros dispositivos da saúde, como a atenção básica e psicossocial, mas também de
assistência, entendendo que por diversas vezes essa população é invisibilizada e não consegue acessar
a serviços, mesmo quando estes estão geograficamente mais próximos dos usuários do que o local da
clínica onde o CnaR se localiza. Assim o apoio matricial pauta a importância de levar a outros serviços
quem é essa população, os auxiliando a perceber que estes sujeitos também podem ser atendidos e
escutados em outros espaços, provocando a rede no sentido de abrir cenas e possibilidades acerca dos
usuários que precisam de acesso.
Objeto do Relato
ações de apoio matricial realizadas pelo consultório na rua
Objetivos
Pautar as ações de matriciamento realizadas pelo Consultório da Rua do Jacarezinho. Este dispositivo
atualmente é responsável por uma área que abrange 23 clínicas da família. É através do apoio
matricial nessas clínicas que vem sendo possível propiciar o atendimento da população em situação
de rua e que não foi possível ainda abrir a cena .
Análise Crítica
As ações de matriciamento realizadas pelo CnaR estão ainda em curso e (re) construindo uma atuação
na rede da A.P 3.2, pois apesar delas já terem sido pactuadas em outros momentos nesses territórios,
há uma demanda constante de atualização. Além disso as necessidades vão mudando e se atualizando
de acordo com as urgências, pois a população em situação de rua transita por entre diversos locais,
fazendo com que seja fundamental repensar de acordo com as particularidades do momento em que
o território se encontra.
Conclusões/Recomendações
Assim pode-se perceber que o trabalho pautado em ações de matriciamento é fundamento para que
possamos propiciar um atendimento a população em situação de rua de forma ampla. Através do
trabalho em rede é possível propiciar acesso a sujeitos em situação de extrema vulnerabilidade social.
Palavras-chave: matriciamento; saúde; redução de danos; consultório na rua.

419
Lugar de poesia é na calçada : Reflexões sobre expressões carnavalescas na luta
antimanicomial

Israel Dias de Castro - ESP-PB


Paulo Duarte de Carvalho Amarante - ENSP-FIOCRUZ

RESUMO
O Carnaval como uma festa pública, gratuita e como uma experiência majoritariamente urbana
convoca as pessoas a reivindicar os territórios de suas cidades (ou mesmo de outras), seja a rua, a
praça, a quadra ou onde possa se acender uma faísca, bater palmas e dançar. Nesse ínterim, buscando
compreender a Reforma Psiquiátrica Brasileira como processo complexo, incidindo sobre a dimensão
socio-cultural, os blocos de Carnaval com caráter de luta antimanicomial se caracterizam como lócus
de atuação com relevância para compreender as intersecções entre o direito à saúde, a luta
antimanicomial, o direito à cidade, o livre acesso à cultura.
Objetivos
O objetivo do presente trabalho é compartilhar reflexões sobre expressões carnavalescas na luta
antimanicomial em quatro experiências vivenciadas e observadas (Porto Alegre, João Pessoa, Brasília
e Rio de Janeiro), tendo como marco comum a luta por uma sociedade sem manicômios e a ocupação
de ruas e espaços públicos como forma de trazer esse debate em suas cidades.
Metodologia
Os relatos apresentados foram desenvolvidos ao longo dos últimos cinco anos, entre processos
formativos em residências multiprofissionais e atuação na agitação cultural e política da militância
antimanicomial. Atualmente se insere num contexto de doutoramento em saúde pública onde o
projeto de tese está em elaboração.
Resultados
A experiência gaúcha do grupo de teatro Nau da Liberdade caminhou na elaboração de diversas
produções audiovisuais, a primeira delas sendo um clipe do samba-canção Eu não me encaixo de sua
experimentação enquanto bloco carnavalesco. A experiência carioca entre os blocos Tá Pirando,
Pirado, Pirou e Loucura Suburbana realizou inúmeras atividades como rodas de conversa, oficinas
musicais, bem como encontro entre blocos da saúde mental. A experiência candanga do bloco
Rivotrio realizou intervenções estéticas nas ruas e praças de Brasília. A experiência paraibana do
grupo BatuCAPS realizou cortejo nesse eminente retorno dos atos públicos na semana de luta
antimanicomial neste ano de 2022. A percepção radical de que o Carnaval é uma das mais genuínas
expressões culturais de nosso povo, sua sobrevivência e resistências, proporciona a esse trabalho o
desejo e disposição de que algo a mais precisa ser dito no campo da saúde pública. Juntando
imunidade, folia e ousadia, nosso povo pode caminhar para um breve futuro em que esse luto e
desilusão em que estamos colocados possa caminhar para um breve futuro que se amadureça em lutas
e resistência popular.
Palavras-chave: Luta Antimanicomial; Carnaval; Arte e Cultura.

420
O que as publicações sobre saúde mental têm a nos dizer sobre as emoções vivenciadas no
período da pandemia da COVID-19? revisão integrativa

Patrícia Duarte Da Silva


Paula Isabella Marujo Nunes da Fonseca - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Paula Marujo Fonseca - UFRJ

RESUMO
No Brasil durante a pandemia diversas medidas foram adotadas segundo recomendações da OMS
para evitar a disseminação da doença e achatar a curva de transmissão do coronavírus. Assim, a
repercussão dessas medidas gerou uma mudança no estilo de vida da população, afetando
principalmente a saúde mental das pessoas (MALTA et al,2020).A partir deste fato, iniciou-se um
montante de publicações sobre saúde mental queforam surgindo ao longo do período pandêmico. Pois
à medida que a doença ia se alastrando em nível mundial, observava-se o agravamento da pandemia.
Portanto, neste contexto, é que foi se desvelando a intensidade das emoções emergentes neste período
e os possíveis manejos que foram surgindo ao longo do tempo(WANG et al, 2020).
Objetivos
Identificar os elementos que caracterizam pesquisas que investigam as emoções da população no
período da pandemia da COVID-19; Descrever as emoções dispostas nas publicações analisadas por
segmentações populacionais e/ou profissionais no referido período; e Apontar os principais manejos
em saúde mental para segmentações populacionais emergentes no período supracitado.
Metodologia
Trata-se de estudo de abordagem qualitativa, de natureza descritiva e exploratória, do
tipo revisão integrativa de literatura. A busca de publicações científicas para compor a coleta de dados
aconteceu a partir do acesso Café ao Portal de Periódicos CAPES, onde foram consultadas as
seguintes bases de dados: MEDLINE COMPLETE, Lilacs e SciELO. Também foi incluída na busca,
a base Google Scholar. Foram utilizados os seguintes descritores: COVID-19, isolamento social,
pandemias, emoções e saúde mental. Para analise do conteúdo utilizou-se o conteúdo de
Bardin(2011).
Resultados
O presente estudo veio esclarecer as principais emoções humanas emergidas com a pandemia e os
possíveis manejos por segmentação etária(criança, adolescente, adulto/profissionais de
saúde e idosos). Assim este estudo também contribuiu para um aprofundamento em relação ao papel
da construção da inteligência emocional e educação emocional como estratégias de enfrentamento
das emoções emergidas na pandemia, através da autoconsciência e consciência emocional. Os termos
saúde/mental/psíquica foram os termos mais utilizados nos estudos demonstrando que a pandemia
está diretamente relacionada com a saúde mental nos segmentos etários analisados. Foi possível
identificar também os métodos mais utilizados nas publicações que foram de abordagem qualitativa
e quantitativa, sendo o questionário online a técnica de coleta mais utilizada nos estudos. As principais
emoções que surgiram em todos os segmentos etários foram medo, ansiedade e raiva. E os respectivos
manejos identificados demonstraram que todos os segmentos etários conseguiram identificar
caminhos para lidarem melhor com as emoções emergidas na pandemia.
Palavras-chave: Saúde Mental; Pandemia COVID-19; Enfermagem em Saúde Mental; Emoções;
Inteligência Emocional.

421
Onde está a psicologia nos abrigos que não ajuda as pessoas a crescerem? uma experiência em
psicologia institucional em um centro de acolhida

David Guiti Pereira Nascimento - Banco PAN


Michel Gouveia de Lima - UNICID - Universidade Cidade de São Paulo
Leonardo Blanco dos Santos - UNICID - Universidade Cidade de São Paulo

RESUMO
Em um dos encontros, os estagiários foram indagados por uma das frequentadoras: Onde está a
psicologia nos abrigos que não ajuda as pessoas a crescer? . Um dos principais papéis da Psicologia
Institucional reside na promoção da saúde das pessoas que frequentam a instituição, a partir de sua
organização, objetivos, estrutura e relações sociais (BLEGER, 1984). A indagação levou a geração
da hipótese da introjeção como bloqueio de contato predominante na instituição, uma vez que as
regras são muito enfatizadas em sua dinâmica cotidiana. A introjeção é o processo pelo qual os
indivíduos aceitam e obedecem a normas e valores de outros, engolem coisas sem querer, sem
conseguir defender seus direitos (PINTO, 2015; RIBEIRO, 2007). Observa-se também a projeção,
quando funcionários e frequentadores projetam nos outros seus desvios da regra. O indivíduo,
sentindo-se ameaçado, atribui aos outros dificuldades e defeitos semelhantes aos seus, não assumindo
a responsabilidade (RIBEIRO, 2007).
Objeto do Relato
A prática foi desenvolvida em instituição de acolhimento temporário para adultos em situação de rua.
Objetivos
O estágio teve como objetivo realizar o diagnóstico institucional a partir de observações e relatos
colhidos em campo, com apoio teórico na Psicologia Institucional, na abordagem gestáltica e na saúde
mental.
Análise Crítica
Ressalta-se a ligação perversa entre a inclusão/exclusão e a economia. Excluídos seriam aqueles que
não pudessem gerar mais-valia, sendo vistos como aquém da humanidade, não tendo um lugar no
mundo (VERAS, 2014). A partir da indagação da frequentadora sobre o não crescimento na
instituição, vê-se ali a nova exclusão , envolvendo mais do que carência material, ausência de
reconhecimento como sujeito (MARTINS, 1997). Complementa-se também com a ideia de
sofrimento ético-político e de inclusão perversa (SAWAIA, 2014), relacionando-os a formas sutis de
espoliação humana por trás de uma aparência de integração social.
Conclusões/Recomendações
Verifica-se que os frequentadores, tendo de adaptarem-se excessivamente a regras rígidas para terem
acesso e permanecerem abrigados, não são vistos como sujeitos, impossibilitados de crescer. Faz-se
necessário o desenvolvimento de ações para flexibilização das regras e participação dos moradores.
Palavras-chave: Psicologia Institucional; Gestalt-terapia; Inclusão perversa.

422
1ª Conferência Livre de Saúde Mental do CECCO Arte de Ser: estratégia para o
fortalecimento da participação social no processo da V Conferência Nacional de Saúde Mental

Amanda Schoenmaker - Governo do Estado do Acre

RESUMO
A experiência que se pretende relatar é a realização da 1ª Conferência Livre de Saúde Mental do
Centro de Convivência e Cultura Arte de Ser, de Rio Branco, Acre. Ideia saída de uma Assembleia
mensal entre usuáries e equipe do serviço, teve sua metodologia construída coletivamente. Foi
composta de 4 encontros preparatórios, que aconteciam presencial e virtualmente, culminando com
uma plenária final. O documento orientador do CNS, bem como a experiência vivida na 1ª
Conferência Popular Nacional de Saúde Mental foram base e inspiração para sua realização. A cada
encontro, eram convidadas pessoas (trabalhadorxs, gestoras, usuáries, militantes, artistas),
incumbidos de partilhar informações e disparar reflexões sobre cada um dos eixos propostos pelo
CNS, ao que se seguia um momento de partilha de experiências e apontamento de propostas, que iam
sendo registradas, para serem levadas à votação na Plenária Final, juntamente com as sugestões de
monções. Buscou-se, também, ampliar a participação de diversos atores nesta construção, sendo
feitos convites para todos os serviços da RAPS, além de outros serviços, instituições e entidades afins,
movimentos sociais, faculdades, etc. Deste processo, surgiram propostas de avanço efetivo da
reforma psiquiátrica em Rio Branco e Acre, estado que ainda mantém um manicômio em pleno
funcionamento. As propostas foram levadas e defendidas por usuáries e trabalhadorxs na Conferência
Municipal de Rio Branco, sendo, em sua maioria, aprovadas.
Objeto do Relato
Construção, realização e impactos da 1ª Conferência Livre de Saúde Mental do CECCO Arte de
Ser/Acre.
Objetivos
Descrição breve do processo de realização da 1ª Conferência Livre de Saúde Mental do CECCO Arte
de Ser, pontuando elementos que foram base para sua efetivação, alguns de seus impactos imediatos,
bem como reflexões suscitadas quanto aos desafios para uma maior participação no cenário social e
político que vivemos.
Análise Crítica
A experiência da 1ª Conferência Livre de Saúde Mental revelou a importância de haver, nos serviços,
espaços permanentes de reflexão e deliberação coletiva (Assembleias), bem como a contribuição dos
eventos online dos movimentos nacionais para a mobilização local, na defesa da RPB e do SUS. Ao
mesmo tempo, se esta construção coletiva teve impacto positivo na compreensão e qualidade das
propostas levadas e aprovadas na Conferência de Rio Branco, apontou também limites para uma
participação mais ampla, que vão da impossibilidade de acesso presencial ou online, à falta de
formação em educação popular, potencial ferramenta para lidar, inclusive, com a polarização política
dos tempos atuais.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que espaços de deliberação coletiva devem compor as atividades dos serviços da RAPS,
para ampliar a participação social preconizada pelo SUS. Devem ser debatidas formas de garantir o
acesso de usuáries aos serviços. A educação popular deve estar presente na formação das equipes da
RAPS.
Palavras-chave: Centro de Convivência; Conferência Livre; Saúde Mental; Participação social;
Reforma Psiquiátrica.

423
A formação pedagógica nos programas de Residencia Multiprofissional em Saúde Mental

Laís Mariano de Paiva - Universidade Federal Fluminense


Claudia Mara de Melo Tavares - Universidade Federal Fluminense
Luciana Silvério Alleluia Higino da Silva - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
O enfermeiro é formado para ser capaz de atuar em todas as áreas onde se estabelece a profissão.A
formação para o trabalho interdisciplinar, embora desejável em face aos desafios postos pelos
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) para o trabalho nos serviços de saúde, ainda não
constitui uma realidade na formação dos profissionais de saúde. O SUS é uma escola e,
consequentemente, seus trabalhadores são corresponsáveis pela formação dos novos profissionais de
saúde. A falta da formação pedagógica para conduzir processos de ensino aprendizagem fará com que
esses futuros profissionais do SUS passem a exercer seu papel de formadores com base em suas
experiências pessoais-profissionais, reproduzindo a experiência.
Objetivos
O presente estudo tem como objetivo verificar se, no curso de especialização na modalidade de
Residência Multiprofissional em saúde mental existente na cidade do Rio de Janeiro, existem
conteúdos nos seus PPPs que contemplem a formação pedagógica e que venham a sustentar a sua
atuação como preceptores nesse campo.
Metodologia
Para este estudo, realizou-se uma pesquisa documental, por compreender a riqueza de informações
que se pode extrair e resgatar de documentos. Foram analisados documentos dos três cursos de
especialização na modalidade Residência Multiprofissional em Saúde Mental em funcionamento na
cidade do Rio de Janeiro. As estratégias para obtenção dos documentos foram: busca nos sites das
instituições; envio de e-mail aos coordenadores de programas de Residência solicitando os projetos
político-pedagógicos dos cursos, disciplinas oferecidas, ementas de disciplinas e carga horária teórica
dos cursos.
Resultados
Com base na análise dos programas selecionados, identifica-se que não há conteúdo relacionado à
formação pedagógica para os futuros especialistas em saúde mental para atuar como preceptor nesse
campo, o que reproduz a lógica atual, em que os enfermeiros não têm o preparo específico para
receber os residentes. Esse fato interfere profundamente na qualidade da formação do especialista em
saúde mental que, assim que formado, irá ser preceptor em seu campo de trabalho. A falta da formação
pedagógica para conduzir processos de ensino e aprendizagem fará com que esses futuros
profissionais do SUS passem a exercer seu papel de formador com base na sua experiência pessoal-
profissional, reproduzindo a experiência. Existe uma gama de conhecimentos disponíveis para
intensificar esse processo de ensino-aprendizagem que não lhes foi ofertado durante a carga horária
total de 5.760 (cinco mil, setecentos e sessenta) horas, sendo 60 (sessenta) horas semanais e com
concessão de uma bolsa de estudos mensal. Consideramos como limitação desse estudo a falta de
acesso aos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Residência analisados, por sua indisponibilidade ao
público.
Palavras-chave: Enfermagem; Saúde Mental; Curso de capacitação; Residência e Internato.

424
A atenção aos usuários de álcool e outras drogas em tempos de pandemia por Covid-19 no
Norte Fluminense do Estado do RJ

Késsia Ramos Ferreira - UFF - Universidade Federal Fluminense


Juliana Desiderio Lobo Prudencio - UFF
Paolla de Almeida Barreto - UFF
Letícia de Souza Machado - UFF

RESUMO
Com a implementação da Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de
Álcool e Outras Drogas, em 2003, que se inaugura a intervenção no âmbito da saúde pública sobre a
estratégia de redução de danos (RD). Diante isso, O presente trabalho pretende trazer algumas
reflexões acerca da política de saúde mental, álcool e outras drogas na pandemia por covid-19
trazendo como recorte espacial o Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, uma pesquisa
iniciada em setembro de 2021 e que ainda está andamento. O trabalho propõe pensar como os serviços
substituíveis em saúde mental garantiram o cuidado aos usuários de álcool e drogas no período
pandêmico, com o fechamento do território e novas orientações sanitárias.
Objetivos
Compreender a atenção psicossocial aos usuários de álcool e outras drogas no contexto da pandemia
por Covid- 19 na rede de atenção psicossocial (RAPS) do Norte Fluminense do Estado do Rio de
Janeiro no período de março/2020 até setembro/2021.
Metodologia
Pesquisa qualitativa através de levantamento bibliográfico e documental acerca do objeto de pesquisa;
entrevistas semi estruturada com os gestores de saúde mental e questionário eletrônico destinado aos
profissionais de saúde mental de nível superior. Destaca-se ainda que a pesquisa conta com três
serviços de saúde mental para coleta de dados: Unidade de Atendimento Infanto Juvenil UAI (01) e
Centro de Atenção Psicossocial- Álcool e outras Drogas (Caps Ad Campos dos Goytacazes e Macaé-
02).
Resultados
Como resultados parciais, nota-se que a atuação profissional dos trabalhadores de saúde mental
durante a pandemia por Covid-19 foi imprescindível para continuidade do cuidado dos usuários de
drogas no período de isolamento e distanciamento social.&#8239; Tais ações se qualificaram no
campo da busca ativa no território, atendimento/acolhida mediado por tecnologias; apresentação de
informações adequadas sobre a covid-19; orientação dos usuários com práticas norteadas pela
estratégia de redução de danos e o incentivo do cuidado em rede. Ainda cabe pontuar que é notório
sobre os desafios enfrentados pelos trabalhadores nesse período pandêmico tendo em vista as novas
estratégias e práticas para o exercício profissional em saúde mental para enfrentar o agravamento das
expressões da questão social fomentadas pelo vírus e para manter o trabalho no território junto aos
usuários desses serviços nesse período atípico.
Palavras-chave: atenção psicossocial, usuário de drogas, pandemia, redução de danos.

425
A clínica extra-muros: a experiência do Capsad Mané Garrincha na comunidade do Borel -
Rio de Janeiro

Maria Lenz Cesar Kemper - SMS - RJ


Daniella - CAPS AD Mané Garrincha
Marcia Regina Altanazia Da Silva - CAPS AD Mané Garrincha

RESUMO
Tendo em vista que o CAPSad tem como mandato o cuidado além dos muros institucionais, foram
iniciadas atividades de estreitamento dos vínculos com o território. Essa aproximação do serviço com
a comunidade foi facilitada pelo Ocupa Tijuca movimento social local, que apresentou à equipe
projetos comunitários na região do serviço. A partir da demanda de cuidado relacionado ao uso
abusivo de drogas, escolheu-se iniciar esse trabalho territorial pela JOCUM, instituição localizada no
cerne da favela do Borel. Em agosto de 2021 iniciou-se rodas de conversas quinzenais com usuários
de substâncias psicoativas na sede da JOCUM. Esses encontros contavam com a participação de dois
técnicos do CAPS e um da JOCUM e os participantes variavam a cada um dos sete encontros: eram
homens, alguns jovens, outros idosos, que inicialmente tiveram uma frequência animada, com
cantoria, disputa pela palavra e piadas. Diante do esvaziamento que sucedeu, planejou-se mudar o
formato das ações territoriais, o que foi precipitado por um conflito entre polícia e traficantes quando
a equipe subia a comunidade. O novo formato consistiu numa abordagem semanal nas cenas de uso
da comunidade com a proposta de uma presença despretensiosa, para oferecer troca, escuta, cuidado
ou o que adviesse a partir daí. Essa outra iniciativa de vinculação e promoção do acesso da população
local aos cuidados em saúde começou em abril de 2022 e ainda está se delineando, contando agora
com a presença da Clínica da Família local
Objeto do Relato
Ações de saúde mental promovidas pelo CAPSad Mané Garrincha na favela do Borel (Rio de Janeiro)
Objetivos
Relatar ações de saúde mental para a população em vulnerabilidade decorrente do uso abusivo de
álcool e outras drogas e enfatizar a necessidade de levar o trabalho do CAPS para além dos muros
institucionais.
Análise Crítica
Esse projeto desafiou a equipe a sair das barreiras muradas da Instituição, o que foi ainda mais difícil
pelo contexto pandêmico e de violência local. Se barreiras físicas, políticas e geográficas entre asfalto
e favela acentuam as desigualdades e dificultam o acesso equânime ao sistema de saúde, transpô-las
apresenta a potência das parcerias e da promoção de universalidade, corresponsabilidade e
integralidade do cuidado. O trabalho também favorece a intersetorialidade, com discussões e
encaminhamentos das demandas relativas à identificação civil, escolarização, trabalho, renda, cultura,
arte e lazer.
Conclusões/Recomendações
A presença territorial e regular de profissionais da Rede Municipal de Saúde oferece a perspectiva de
vinculação com a comunidade, reduzindo as barreiras de acesso. Faz-se necessário fortalecer esses
espaços de cuidado, redução de danos e vinculação dos usuários com a Rede de Atenção Psicossocial.
Palavras-chave: Álcool e outras drogas; Território; Redução de Danos.

426
A Construção de Grupos Antinormativos Atravessados por Processos Artísticos Dentro de
uma Unidade Básica de Saúde no Município de Apucarana-PR

Beatriz Dzierva Sobania - Autarquia Municipal de Apucarana


Renan Garcia Guilherme - Autarquia Municipal de Apucarana
Camila Sighinolfi de Moura - Autarquia Municipal de Apucarana

RESUMO
O grupo de arte foi desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde localizada em Apucarana/PR. A
construção dos grupos deu-se pela iniciativa da psicóloga residente, que identificou o interesse dos
adolescentes e jovens do território por diversas manifestações artísticas, eis que fazem parte de uma
parcela da população mais invisilibilizada dentro da sociedade: indígenas, negros, pessoas com
deficiência, lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBTs). A atividade foi proposta para buscar a
promoção de saúde fora da lógica de atendimento clínico e meramente curativo, pensando
possibilidades de intervenções e de produção de sentidos por meio da arte. No primeiro grupo
desenvolveu-se atividade com música, de modo que todos pudessem tocar e cantar músicas de suas
preferências e, em seguida, dialogar sobre as emoções geradas pelos ritmos e letras. No segundo
grupo, o interesse foi voltado às artes visuais. Os próprios participantes propuseram a construção de
um baralho pintado manualmente com as cores da bandeira LGBT, representando a identidade do
grupo. Nesse mesmo grupo, demonstrou-se o interesse pela escrita. Alguns participantes escreveram
textos narrativos e poemas, sendo estes recitados coletivamente. A produção se pautou tanto em
temática livre como em propostas da psicóloga ou em dinâmicas com palavras que serviam como um
disparador para a construção de textos.
Objeto do Relato
O grupo, atravessado por arte, composto por negros, indígenas, LGBTs e pessoas com deficiência.
Objetivos
Promover um espaço de expressão de subjetividades para corpos dissidentes através de processos
artísticos.
Análise Crítica
Os participantes dos grupos frequentemente queixaram-se da escassez de espaços de lazer, relatando
dificuldades de viver em uma cidade interiorana, conservadora e com características provincianas.
Ressalta-se a falta de espaços que acolham e contemplem suas demandas e que permitam emergir as
pautas antinormativas de gênero, raça e orientação sexual. A existência de um grupo artístico, em uma
UBS, que produza sentido para esses corpos dá visibilidade ao invisível e lugar àqueles que não são
usualmente convidados aos espaços coletivos. As produções artísticas foram construídas a partir da
experiência desses sujeitos e permitiram que pautas pertinentes a essas realidades fossem
evidenciadas.
Conclusões/Recomendações
No contexto da experiência relatada a arte demonstrou ser uma potente ferramenta para promoção de
saúde e produção de sentidos e significados. Percebeu-se então a necessidade da ampliação de espaços
de convívio, lazer e expressão destes corpos dissidentes no município em questão.
Palavras-chave: Arte; Corpos Dissidentes; Processos Grupais.

427
A cultura do proibicionismo: a atuação do Estado brasileiro frente aos usuários de drogas

Dayana Barbosa Furtado

RESUMO
O presente trabalho buscará apresentar de forma concisa (levando em consideração, que se trata de
uma pesquisa em construção), o caminho percorrido até o momento pela autora de sua análise a
respeito do proibicionismo na conjuntura brasileira, de modo a acompanhar todo processo sócio
histórico que cunhou as políticas nacionais de atenção aos usuários de drogas.
Nesta perceptiva, tratar a temática envolve a consciência da historicidade do proibicionismo; sua
funcionalidade para o capital; bem como para as classes dirigentes na construção do monopólio
capitalista, e sua hegemonia nas diversas culturas ocidentais. Se tratando do proibicionismo, o mesmo
fará o papel de um projeto coercitivo e moralizante do Estado para travar sua guerra às drogas .
Objetivos
Contextualizar o proibicionismo desde sua origem até a atualidade enfatizando a guerra às drogas ;
compreender que o proibicionismo se trata de um projeto hegemonicamente burguês; estender estes
esclarecimentos para a via do direito legal desde sua gênese até os dias atuais com vistas ao cenário
politico que reafirma no território nacional suas raízes conservadoras/reacionárias.
Metodologia
Para que seja alcançado o que se propõe apresentar no presente trabalho, será utilizado o método
crítico - dialético capaz de nos ajudar a compreender o objeto de estudo em sua totalidade e
contradições presentes na dada realidade social. A pesquisa se desenvolverá sobre a abordagem
qualitativa, utilizando referências bibliográficas que retratam a temática.
Resultados
Evidenciamos que as primeiras ações sobre indivíduos que consomem drogas, surgiram capitaneadas
pelo Estado norte americano como meio para conter as classes subalternas de modo a moralizar os
sujeitos por suas condutas. O Estado adotara mecanismos coercitivos para controle de substâncias no
país, contando com predomínio hegemônico das ideologias da classe dominante.
As intervenções aos sujeitos que consomem drogas no Brasil, se alinham ao projeto proibicionista do
monopólio estadunidense, dando continuidade ao modus oporandi coercitivo do Estado às
manifestações das classes subalternas quanto ao agravamento de suas condições miseráveis de vida
advinda da estrutura orgânica de expropriação do capital sobre a classe trabalhadora.
A partir da conjuntura social e histórica inaugurada no século XX e seus desdobramentos diante de
mudanças significativas no sistema econômico vigente, bem como nas relações sociais que permeiam
esta sociabilidade, o imprescindível (o que não deve ser largado de mão) é a forma como o Estado
moderno tem articulado com as classes dirigentes a efetivação de políticas sociais para usuários de
drogas desde suas primeiras intervenções até a contemporaneidade.
Palavras-chave: Proibicionismo; drogas; realidade brasileira.

428
A descoberta de si através da escrevivência enquanto tecnologia de cuidado terapêutico
durante a residência em saúde mental e atenção psicossocial

Matheus Marques Ferreira


Claudia Mara de Melo Tavares - Universidade Federal Fluminense
Luciana Silvério Alleluia Higino da Silva - Universidade Federal Fluminense

RESUMO
Este trabalho nasce a partir das vivências experienciadas enquanto residente da atenção psicossocial
no município do Rio de Janeiro entre 2020 e 2022, período de maior complexidade da pandemia da
covid-19, que intensificou bruscamente o processo de cuidar em saúde mental. Em tempos que o afeto
através do corpo, como o abraço, eram proibidos, pensar e produzir afetos outros com e no corpo foi
a forma pela qual se resistiu a dureza imposta. Tanto no ambiente hospitalar quanto nos dispositivos
territoriais, a lógica de cuidado precisava perpassar caminhos nunca antes vivenciados. É assim que
a arte acalentadora e libertadora entra em cena. Tecnologias relacionais como a escuta ativa, o vínculo
terapêutico e o cuidado em ato ganham potencialidade com as tecnologias artísticas como a música,
o teatro de fantoches e a fotografia. Tecnologias ofertadas na tentativa exitosa de apresentar novos
recursos aos usuários dos serviços. Recursos de fala, de escuta, de cuidado e, principalmente, de
exteriorizar questões subjetivas e silenciadas no cotidiano de uma sociedade alicerçada na herança
escravocrata. Observando em ato que a maior parte dos corpos que adentravam os serviços de saúde
mental tinham cor de pele específicos, ao produzir vinculo com estes, relatos da dureza rotineira que
enfrentavam impactaram o residente que, através da vida dos usuários, descobre-se preto e precisa se
haver com as informações que seu corpo graduado informa aos pacientes em crise psico-socio-racial.
Objeto do Relato
A escrevivência como recurso metodológico e artístico de produção do cuidado de si em saúde
mental.
Objetivos
1)Discutir a potência da escrevivência no processo de descoberta de si enquanto corpo preto;
2)Compreender, por meio da escrevivência, como os determinantes sociorraciais impactam e
acarretam sofrimento psíquico nos sujeitos;
3)Refletir sobre as afetações e inquietações produzidas, no processo de cuidar, a partir das
reverberações no residente.
Análise Crítica
A escrevivência apresentou-se como leitura/escrita emancipatória para o residente que se descobre
preto a partir da própria intervenção dos usuários. Aquele que ofertava tecnologias artísticas para que
os usuários experimentassem formas outras de estarem na vida, depara-se com o ato de escreviver
como forma dele (re)existir. Parafraseando a criadora deste método, escreviver, para Conceição
Evaristo é a oportunidade de tomar o [...] lugar da escrita, como direito, assim como se toma o lugar
da vida. (EVARISTO, 2005, p. 7, grifos da autora). Escreviver os encontros, afetações, emoções e
reverberações foi a forma pela qual o residente pôde se (re)constituir, enquanto ser, na vida.
Conclusões/Recomendações
As tecnologias artísticas do cuidado mostraram potência como eixo norteador do vínculo terapêutico.
Para além, transformar experimentações em linhas de um relato tornou-se a forma de (re)existir.
Ressalta-se a necessidade de mais estudos que relacionem a escrevivencia com o cuidado em saúde
mental.
Palavras-chave: Escrevivência; Saúde Mental; Decolonialidade.

429
A discricionariedade na Política Pública de desinstitucionalização

Elaine da Silva Siqueira

RESUMO
Neste trabalho nos interessa investigar acerca de um processo de desinstitucionalização - desins,
enquanto política pública e seus aspectos discricionários. Formalizada pela Portaria nº 2840 de 2014,
que indica a formação da equipe técnica, a desins pode ser entendida pela literatura como um processo
complexo que busca a produção de autonomia daqueles que passaram por internações de longa
permanência, uma lógica de cuidado que visa promover a garantia do exercício da cidadania, além da
realização de um trabalho de revinculação social (VENTURINI, 2016; AMARANTE, 2016;
DESVIAT, 2015; ROTELLI, LEONARDIS, MAURI, 2001). Garantir que os sujeitos possam advir
através de sua imersão em uma rede de relações e espaços que se interconectam e que conectam os
sujeitos ao mundo (AMARANTE, 2007).
Objetivos
Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é investigar a respeito dos aspectos discricionários da atuação
dos profissionais que colocaram em prática a política de desinstitucionalização no cenário do
fechamento do Hospital Psiquiátrico Henrique Roxo, em 2017, localizado em Campos dos
Goytacazes, Norte do Rio de Janeiro.
Metodologia
Para isso foram realizadas entrevistas semi estruturadas com as profissionais que trabalharam
diretamente na aplicação da política pública, que são aquelas que fizeram parte da equipe de
desinstitucionalização do município no momento de seu fechamento. Para a análise das mesmas, foi
utilizada a metodologia de histórias de vida para que acessar as particularidades de cada trajetória
profissional diante deste acontecimento.
Resultados
Na Portaria que formaliza o Programa de Desinstitucionalização são apontados os objetivos da desins:
apoiar e desenvolver ações de desins de pessoas em sofrimento psíquico ou em sofrimento devido ao
uso de álcool e outras drogas em situação de longa permanência em hospitais psiquiátricos;
desenvolver ações e estratégias que visam a reabilitação psicossocial no território das pessoas em
processo de desins, visar a produção de autonomia, garantia de direitos e efetiva participação e
inclusão social, além de fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS (BRASIL, 2014).
Ao lançarmos mão da literatura de burocracia de nível de rua (LIPSKY, 2019), entendemos que
muitas vezes aquilo que é delineado na lei não é o suficiente para direcionar a aplicabilidade da
mesma, é preciso considerar a complexidade e particularidade de cada caso de aplicação de políticas
públicas, para que estas, estejam adaptadas à realidade local, sem que perca seus objetivos.
Identificamos, a partir das entrevistas na experiência de Campos dos Goytacazes, que liberdade
administrativa permitida pela lei foi fundamental para que se efetivasse o fechamento do hospital
psiquiátrico em questão. Além disso, o processo de tomada de decisão das profissionais que atuaram
no fechamento do hospital, parte de uma prática pautada pelos preceitos da Reforma Psiquiátrica.
Podemos concluir que parte fundamental da aplicação de políticas públicas são aquelas pessoas que
as fazem operar, seu comprometimento e ética.
Palavras-chave: Discricionariedade; Política Pública; Desinstitucionalização.

430
A elaboração da individualização na adolescência

Bruna Koreyasu de Souza


Larissa Lima Leão - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto
Angela Cristina Ferreira Cortez - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto
Carolina Salles Carvalho - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto
Jucélio da Silva - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto
Ingrid Michele de Oliveira - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto
Gabriela Aparecida Gravero Freitas - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto
Ana Carolina Ferreira Castanho - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto
Ana Paula Parada - Unip - Universidade Paulista de Ribeirão Preto

RESUMO
O caso faz parte do estágio em Estratégias Psicológicas em contextos específicos: Saúde, da
Universidade Paulista (UNIP), de Ribeirão Preto - SP. Os atendimentos se deram em uma unidade
básica de saúde, foram realizados por uma estagiária e supervisionados em grupo. O encaminhamento
foi realizado pela escola. A adolescente 17 anos, é filha adotiva, sua mãe já possuía três filhos
biológicos quando a adotou. A adoção se deu por dificuldades financeiras da mãe biológica que
manteve contato com a mesma e acompanhou seu crescimento. A adolescente recentemente começou
um relacionamento amoroso com uma amiga da escola, e contou para a mãe sobre sua orientação
sexual, encontrou muita resistência, emergindo várias revivências de rejeição, inclusive em relação a
questão de gênero, pois um dos irmãos em um determinado momento da vida se envolveu com coisas
ilícitas e teve aceitação por parte da mãe adotiva por ser homem. A adolescente também conversou
com a mãe biológica que hoje é muito religiosa, a mesma se mostrou aversiva em sua comunicação
desqualificando a adolescente se referindo a mesma como uma coisa que precisa ser concertada ,
reforçando a fragilização do vínculo.
Objeto do Relato
Um caso clínico de uma adolescente em busca de aceitação familiar de sua orientação sexual.
Objetivos
Apresentar a experiência de atender uma adolescente em busca de aceitação de sua família pela sua
sexualidade, quebrar tabus em relação ao preconceito, mostrar o atendimento psicológico como uma
possibilidade de manejo e cuidado frente ao sofrimento psicológico de uma adolescente por rejeição
familiar pela sua orientação sexual.
Análise Crítica
O caso em questão perpassa questões da sexualidade, a adolescente está em desenvolvimento, a
rejeição foi atravessada no início de sua vida quando a mãe a entregou para adoção. A mãe adotiva
embora às vezes converse mais com a mesma, demonstra dificuldade em compreender sua
sexualidade, levando a adolescente a vários conflitos acerca da sua existência, a mãe biológica é
radical em seu posicionamento embasada em questões religiosas. Seu sofrimento é aparente, afeta
sua saúde, não consegue dormir, se alimentar, sente-se culpada. A psicoterapia se configurou como
um espaço de acolhimento que olhou para a mesma além de sua sexualidade, acolhendo sua
existência.
Conclusões/Recomendações
A psicoterapia proporciona a adolescente um lugar de acolhimento, em que a mesma pode se
expressar e se reconhecer na sua totalidade. Tal espaço se diferencia das relações familiares em que
a mesma se sente julgada e excluída reforçando sua marca de rejeição que perpassa a questão da
sexualidade.
Palavras-chave: Adolescência; sexualidade; rejeição.

431
A escuta do Racismo na prática clínica em Ambulatório de Saúde Mental

Gisele dos Santos da Hora Werneck – IPUB


Nuria Malajovich Munoz - IPUB-UFRJ

RESUMO
Entendendo o racismo como um determinante em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),
pretendemos pautar a temática racial na prática psicanalítica, sob a perspectiva crítica e abrangente
da relação do racismo na sociedade. Abordamos o contexto histórico e social brasileiro e seus efeitos
na subjetividade, a fim de promover diálogos entre a clínica psicanalítica no SUS e as formas de laço
social hoje. Para tanto, discutiremos questões relativas à racismo estrutural, surdez colonial e
sofrimento social, a partir das noções de lugar de fala e silenciamento. Propomos assim, compromisso
ético de profissionais de saúde com práticas que visem a não perpetuação do racismo.
Objetivos
A partir da experiência coletiva de grupo e atendimento individual a mulheres no ambulatório de
saúde mental do SUS, propomos direções a serem seguidas para uma clínica racializada que
vislumbre a não perpetuação do racismo. Objetivamos, pensar o lugar da mulher negra e a construção
de uma escuta racializada que promova torções entre singular e coletivo em articulações com o social
e o subjetivo.
Metodologia
A pesquisa resulta de trabalho de monografia de conclusão do curso de especialização em clínica
psicanalítica do Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ. Trata-se de estudo clínico-qualitativo que
apresenta vinhetas clínicas, visando refletir sobre como o tema do racismo comparece na prática
psicanalítica, a partir da experiência de atendimento individual e em grupo de mulheres. Discutem-
se os desafios da prática profissional de uma mulher, negra, periférica, no atendimento de mulheres
silenciadas pelas marcas do racismo.
Resultados
A discussão de situações vivenciadas na prática clínica possibilita apontar modos de escuta que
privilegiam a fala de mulheres sobre raça e sofrimento social. Visa-se assim à produção de um cuidado
em saúde mental que acolha produções subjetivas que refletem angústias e aflições que derivam do
modo como o laço social se estrutura na atualidade. O compromisso ético ao não silenciamento e ao
reconhecimento do sofrimento social deve se alinhar a práticas anti-segregativas que incluam as mais
diversas formas de mal-estar. O estabelecimento da transferência é condição para que um trabalho
aconteça e a cor do profissional e do usuário está posta como questão nessa relação. Para alguns
sujeitos, as feridas e marcas provocadas pelo racismo podem estar tão abertas e doloridas que solicitar
atendimento a um profissional negro pode ser a única possibilidade de se dispor a um trabalho de
historização da existência.
Palavras-chave: racismo; psicanálise; silenciamento; laço social; mulheres.

432
A escuta terapêutica como aposta das potencialidades da pessoa com transtorno mental:
relato de experiência em um CAPS

Ellen Sara Negreiros


Vivian Rafaella Prestes - Faculdade Adventista Paranaense
Marta Maria Gonçalves Balbé Pires - Faculdade Adventista Paranaense

RESUMO
O CAPS III de Maringá está localizado no bairro Santa Felicidade, caracterizado pela desigualdade
espacial e social. Em seu entorno, há muitos condomínios horizontais, o que torna o bairro foco de
interesse imobiliário, principalmente para transformá-lo em um espaço que mantenha o ideário
urbanístico da cidade. Em 2017, o bairro foi submetido ao Programa de Aceleração do Crescimento,
resultando na destituição das casas de 72 famílias, as quais foram removidas para outros bairros,
comprovando que o programa foi um pacto de ajuste entre o mercado, a política e o financiamento
público. O CAPS III, inserido nesse contexto, foi o lugar em que um grupo de alunos do 8º semestre
do curso de Psicologia da Faculdade Adventista Paranaense, juntamente com a professora
responsável, realizou o estágio em Saúde Mental. Os acadêmicos realizaram um grupo de escuta com
aproximadamente 10 usuários, a maioria da residência terapêutica masculina e feminina. No total,
foram efetivados 9 encontros. O principal objetivo das ações foi proporcionar um espaço-momento
de acolhimento e escuta terapêutica, promovendo trocas afetivas, entendendo a fala como uma
ferramenta de potência quando encontra reconhecimento e legitimação por meio da escuta, facilitando
o processo de apropriação de si. A partir das demandas dos usuários, temas como identificação de
emoções, memórias afetivas e atividades do dia a dia da residência terapêutica foram abordados.
Objeto do Relato
Experiência com um grupo de escuta formado por usuários do CAPS-III do município de
Maringá/PR.
Objetivos
- Compartilhar as experiências vividas com um grupo de escuta realizado com os usuários do CAPS
III; - Refletir a respeito da potência da escuta enquanto ferramenta de promoção de saúde e de
reconhecimento das produções subjetivas.
Análise Crítica
Apostar na escuta é uma forma de luta contra as práticas de silenciamento em tempos de valorização
do discurso médico-científico, pois valoriza a narrativa do sujeito. Na prática, as dinâmicas
disparavam a conversa sobre algum tema, mobilizando lembranças e emoções que eram pensadas em
grupo. Percebeu-se que alguns usuários tinham resistência em reconhecer sentimentos entendidos
como negativos, como raiva e tristeza. A partir da reflexão sobre fazer parte da vida não se sentir feliz
o tempo inteiro, muitos conseguiram expor as emoções positivas e negativas, ressignificando-as.
Além disso, as identificações com os discursos resultaram em maior integração e posicionamento
ativo dos usuários.
Conclusões/Recomendações
Atividades que conferem importância à fala dos usuários são potentes, na medida em que se reconhece
o sujeito como autor de sua própria identidade, resgatando seu poder de produção subjetiva. Apostar
na escuta é romper com a visão reducionista do diagnóstico, considerando o sujeito para além do
CID.
Palavras-chave: Saúde mental; Grupo de escuta; Atenção psicossocial.

433
A experiência com Rodas de Conversa com Adolescentes na Atenção Secundária do Município
de Juiz de Fora - Minas Gerais

Leandro Pereira Matos - Graduando em Psicologia pela Faculdade Metodista Granbery


Andréia da Silva Stenner - Psicóloga da Prefeitura de Juiz de Fora
Letícia Barros Simão - Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário Estácio Juiz de Fora

RESUMO
A experiência a ser relatada surgiu a partir das observações realizadas nos encontros do grupo de
apoio e acolhimento voltados aos adolescentes do serviço de Psicologia do Departamento de Clínicas
Especializadas DCE, vinculados ao Serviço de Práticas Integrativas e Complementares (SPIC) da
Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora - MG, popularmente conhecido como "PAM
Marechal". As reuniões com o grupo dos adolescentes ocorrem uma vez por semana, às terças-feiras,
no horário das 17 horas, na modalidade híbrida (1 encontro semanal on line, via aplicativo Google
Meet, e um encontro presencial mensal). O grupo de atendimento aos adolescentes surgiu ainda
durante a pandemia, no segundo semestre de 2021. As atividades são desenvolvidas no âmbito do
projeto intitulado Humanizapam , que visa contribuir para um ambiente mais humanizado e acolhedor
tanto aos profissionais que atuam neste setor da Secretaria de Saúde, quanto aos próprios usuários do
Sistema Único de Saúde que necessitam utilizar os serviços da atenção Secundária. O projeto surgiu
da demanda do atendimento realizado pelo DCE, tanto pelo encaminhamento médico, quanto pela
assistência social, e também pelo atendimento de outros programas existes no PAM Marechal , como
o Serviço De Práticas Integrativas E Complementares SPIC, que direcionam os adolescentes que
precisam de algum acompanhamento psicológico.
Objeto do Relato
Experiência com grupo de adolescentes atendidos pelo Serviço de Psicologia do DCE em Juiz de
Fora.
Objetivos
Serão apresentadas e analisadas as principais questões e demandas trazidas pelos adolescentes,
usuários do Serviço de Psicologia, e a maneira como eles têm elaborado suas angústias e conflitos ao
longo dos encontros em grupo (rodas de conversa), que ocorrem uma vez por semana, de forma on
line, e uma vez ao mês, de forma presencial.
Análise Crítica
Dentre os aspectos que se destacaram durante os encontros do grupo, destacamos a percepção
negativa que os adolescentes possuem de si mesmos, de suas autoimagens, observada na constante
recusa em abrir as câmeras (e microfones) durante os encontros on-line e também nos comentários
autodepreciativos que faziam durante as conversas pelo chat. Durante os encontros, outros temas
sensíveis e importantes também vieram à tona, revelando grande sofrimento psíquico e conflitos por
parte dos adolescentes. Assuntos como bullying, gênero e sexualidade, ansiedade, fobia social,
pânico, pensamentos conflituosos e distorcidos sobre si mesmos, auto imagem negativa, dentre
outros.
Conclusões/Recomendações
Espaços de acolhimento e escuta de adolescentes são escassos em nossa sociedade (quase inexistentes
nos ambulatórios do SUS). O adoecimento e o sofrimento psíquico pelo qual nossos adolescentes têm
sido submetidos, deixa evidente a necessidade de um debate amplo e responsável por toda a
sociedade.
Palavras-chave: Adolescentes; Atenção Secundária; Saúde Mental.

434
A experiência da Gestão Autônoma da Medicação com Moradores e Trabalhadores em um
Residencial Terapêutico em Porto Alegre/RS

Julio César Travi Wortmann - Prefeitura Municipal de Porto Alegre

RESUMO
Este relato de experiência ocorre há quatro anos no cotidiano de um residencial terapêutico, em Porto
Alegre, RS. A Gestão Autônoma da Medicação, foi implementada como um dos objetivos do plano
de trabalho. Diferentemente do que sugere o GUIA GAM brasileiro, a metodologia utilizada não foi
desenvolvida em grupos, mas individualmente com cada morador, de acordo com suas singularidades,
desejos e percepções sobre seu tratamento medicamentoso. Os moradores da residência são oriundos
de longos períodos em hospitais psiquiátricos apresentam transtornos mentais graves, com níveis de
autonomia prejudicados, em decorrência do confinamento imposto por tantos anos. O processo de
desinstitucionalização foi precedido ao direito à liberdade, trânsito pela cidade e exercício cidadão.
Após, vislumbrando a maior apropriação possível, por parte dos moradores, sobre suas vidas e
decisões, iniciou-se o trabalho com a GAM. Inicialmente, o estímulo foi no sentido de que o próprio
morador fosse buscar seus medicamentos na farmácia. Após, um ou dois trabalhadores, junto com o
morador, fizeram discussões sobre o(s) medicamento(s) e a maneira de usá-lo(s) (como separar,
horários, quantidades, etc.). Esse processo ocorre de maneira gradual e fez com que alguns moradores
deixassem de precisar do auxílio para separação e uso correto de suas medicações, enquanto outros
optaram por não tomarem mais medicações, o que foi respeitado dentro de um espaço para reflexões
acerca da decisão tomada.
Objeto do Relato
Experiência da Gestão Autônoma da Medicação com moradores e funcionários no residencial
terapêutico.
Objetivos
Descrever a experiência com a Gestão Autônoma da Medicação com moradores e trabalhadores num
residencial terapêutico, destacando as potências e dificuldades dessa tecnologia em saúde mental e os
impactos na autonomia e no cotidiano dos moradores.
Análise Crítica
A experiência em acompanhar os moradores do residencial no estímulo da autonomia em relação ao
uso de medicamentos psiquiátricos, é um desafio aos trabalhadores e moradores, devido ao estigma
e questionamentos sobre as capacidades de pessoas com transtornos mentais em gerirem suas vidas
de forma mais autônoma. No relato, pôde-se constatar que a maioria dos moradores se beneficiou da
GAM, à medida que exerceram maior protagonismo de suas vidas. Porém, uma moradora que optou
pelo não uso de medicamentos, ficou prejudicada e necessitou do hospital. Isso demonstra o desafio
que é a implicação do trabalhador em propor um cuidado em liberdade que atenda as premissas da
Reforma Psiquiátrica.
Conclusões/Recomendações
É desafiador usar abordagens que considerem as capacidades de autonomia. Evidenciou-se, a
possibilidade de autonomia, em algum nível, no tratamento medicamentoso. Isso mostra que a
Reforma Psiquiátrica necessita de maiores apostas por parte dos profissionais que atuam nesse
contexto.
Palavras-chave: Gestão Autônoma da Medicação; Cuidado Em Liberdade; Reabilitação
Psicossocial.

435
A experiência do cuidado compartilhado à crise: desafios na construção da integralidade a
partir do leito-noite de usuários do CAPS AD em um CAPS III

Patrícia Aymberé Bello - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira


Eliane Nascimento Fantinatti - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira
Ana Luzia Lemes Pinto - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira
Aldair Weber - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira
Lucas de Souza Camilo - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira.
Mariana Rossi Avelar - Prefeitura Municipal de Campinas
Cláudia Regina Campos Rodrigues - Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira.
Fernanda Vitória Chirinea Donida - UNICAMP

RESUMO
O CAPS AD Sudoeste e o CAPS III David Capistrano compartilham usuários do mesmo território
(Distrito Sudoeste de Campinas), o qual é marcado pela alta vulnerabilização social. Apesar do CAPS
AD ser intitulado como CAPS AD III, o funcionamento do espaço físico ocorre de 2ª a 6ª feira das
8h às 18h. Mediante definição dos órgãos de saúde municipais, das sete vagas de leitos disponíveis
no CAPS David para receber usuários em crise psíquica, duas são reservadas a usuários do CAPS AD
para pernoite. Há indicativos de que o CAPS AD passe a ter leitos-noite disponíveis em sua própria
sede, mas ainda sem previsão para tal. No compartilhamento de leitos-noite, algumas diferenças entre
os serviços complexificam o cuidado e podem gerar sua fracionalidade. Dentre elas, destacamos: os
serviços têm rotinas de trabalho distintas, formas de gestão diferentes (o CAPS AD é gerenciado pela
Prefeitura Municipal e o CAPS David através de Associação Filantrópica conveniada à Prefeitura),
além de o primeiro estar fora do território adscrito e, o segundo, no centro do território. Como
estratégias cotidianas para o trabalho compartilhado, temos realizado passagens de plantão referentes
aos usuários em leito duas vezes ao dia, reuniões periódicas entre os serviços, além de ter sido criado
um instrumento (ficha de leito-noite) com resumo de informações sobre os usuários. Como forma de
qualificar o cuidado, também foi realizada educação permanente em redução de danos e supervisão
clínico-institucional.
Objeto do Relato: A experiência do cuidado à crise a partir do leito noite de usuários do CAPS AD
em um CAPS III.
Objetivos: Tem-se como objetivo tratar da interseccionalidade das clínicas entre CAPS III e CAPS
AD com base em uma experiência de Campinas/SP, na perspectiva de trabalhadores dos dois serviços,
descrevendo os desafios, potências e estratégias utilizadas para desenvolver o cuidado.
Análise Crítica: Compreende-se que o arranjo realizado para garantir a atenção à crise dos usuários
do CAPS AD é inusitado e não foi problematizado junto às equipes para a implementação. Porém, a
obrigatoriedade desse compartilhamento disparou reflexões para a garantia da integralidade do
cuidado. Considerando a integralidade como prerrogativa da clínica do sujeito, as equipes precisaram
reorganizar os seus processos de trabalho. Assim, construiu-se uma clínica compartilhada com mais
olhares, escutas, reflexões e possibilidades de incremento dos PTS’s. Contudo, há a necessidade de
que os leitos no CAPS AD sejam efetivados pelas políticas públicas municipais para maior cuidado
através da equipe de referência.
Conclusões/Recomendações: Construir o cuidado compartilhado, entre CAPS, de usuários em
período de crise, provoca reavaliar as práticas e estruturas destes dispositivos, que muitas vezes
fracionam o sujeito entre sofrimento mental e uso de drogas. Incentiva-se a reflexão e ação sobre a
garantia da integralidade no cuidado.
Palavras-chave: Integralidade em saúde; Centros de atenção psicossocial; Rede de saúde
comunitária.

436
A FeSaude e seus Impactos na Política de Atenção Psicossocial em Niterói (RJ)

Juliana Moitinho Luzia - Câmara Municipal de Niterói


Tathiana Meyre Da Silva Gomes - Universidade Federal Fluminense

RESUMO
No contexto de crise do capital após o golpe parlamentar de 2016 no Brasil, novas formas de expansão
das taxas de lucro se fazem necessárias para a manutenção do poder de diversos setores da burguesia
nacional e internacional, com a constante retirada de direitos acirra ainda mais a vida da classe
trabalhadora. A despeito do processo de contrarreforma do Estado (BEHRING, 2008) não ser recente,
é neste bojo que Fundações Estatais de Direito Privado iniciam sua atuação na Rede de Saúde Mental
do município de Niterói (RJ) especificamente tratada neste relato - tendo neste campo um nicho mais
que atrativo de exploração econômica e financeira da saúde e da saúde mental.
Objetivos
Neste sentido, o presente relato apresenta sínteses da pesquisa em andamento, cujo objetivo é analisar
o processo de privatização da política de saúde mental da cidade; por meio da atuação da Fundação
Estatal de Saúde de Niterói (FeSaude) na gestão e ordenamento da RAPS na cidade no contexto de
aprofundamento das reformas ultraneoliberais implementadas no pós-golpe de 2016.
Metodologia
Trata-se de pesquisa em andamento, de cunho qualitativo, tendo como método o materialismo
histórico dialético baseada em estudo bibliográfico de natureza teórica. Para coleta de dados utiliza-
se de bases públicas de acesso livre, tais como os documentos disponíveis produzidos pela Câmara
Municipal de Niterói - âmbito de atuação profissional de uma das autoras e ponto de partida de
interesse de pesquisa do objeto - referentes ao processo de aprovação e implementação da FeSaude
no município.
Resultados
O processo de análise do material é orientado pelos seguintes questionamentos: a FeSaude se coloca
de fato à serviço do SUS na promoção de saúde mental pública, gratuita, universal e socialmente
referenciada à população? Como se configuram as medidas de participação e controle social a que
deve estar sujeita? Como se darão a manutenção dos serviços e dos vínculos empregatícios dos
trabalhadores no atual contexto de precarização do trabalho? Até o momento o que se verifica na
cidade de Niterói expressa a desassistência da população usuária e a desorganização dos serviços,
com substituição dos trabalhadores, repercutindo na agudização dos quadros clínicos dos usuários,
refletindo o atual momento de desesperança e fragilização da vida e das relações sociais.
Por fim, o que a análise parcial permite inferir é que a FeSaúde pode se constituir como um analisador
do processo de privatização não clássica (GRANEMANN, 2011) na saúde mental de Niterói, no
contexto de destruição dos sistemas universais de saúde na América Latina.
Palavras-chave: políticas sociais; reforma psiquiátrica; contrarreforma do Estado; fundações
estatais de direito privado.

437
A Gestão Autônoma da Medicação (GAM) como jogo em um Centro de Atenção Psicossocial

Everson Rach Vargas - UFF - Universidade Federal Fluminense


Carolina Jaloto Lima Lacana
Paula Parada Oliveira - UFF
Carolina Jaloto Lima Lacana - UFF
Gabriela Ribeiro Santos da Silva - UFF
Rafael Mendonça Dias - UFF

RESUMO
O projeto inicia-se no contexto da pandemia, em um CAPS II (Centro de Atenção Psicossocial), a
partir de um Grupo GAM, que foi pensado como espaço para se falar sobre as experiências dos
usuários que fazem uso dos psicofármacos. O Guia GAM, criado no Canadá e adaptado para o
contexto brasileiro, é constituído por informações a respeito de psicofármacos e direitos dos usuários,
tendo como seus principais norteadores a noção de autonomia e cogestão. Desse modo, o grupo
intenta favorecer a autonomia do usuário apresentando as diferentes propostas e atividades que estão
presentes no território, e a ampliação de sua rede de apoio, estimulando também o seu protagonismo
na construção do seu PTS (Projeto Terapêutico Singular). Além disso, buscava também uma
ampliação no seu poder de negociação com os profissionais do serviço. Assim, na tentativa de
viabilizar a realização do grupo, que se inicia no estágio remoto, foi desenvolvido um jogo em formato
de roleta, virtual e física, contendo elementos presentes no guia GAM. Para tanto, contamos com o
apoio da equipe do CAPS II e também da equipe de saúde da UBS (Unidade Básica de Saúde) Vila
Terezinha da cidade de São Paulo, que já havia iniciado uma experiência parecida. O formato jogo
amplia as possibilidades de debate, por seu caráter lúdico e acessível, fomentando a lateralidade
proposta pela GAM. O público alvo foram os usuários do serviço que usam psicofármacos e se
interessaram pela proposta.
Objeto do Relato
Estágio realizado em um CAPS II, vinculado ao curso de Psicologia da UFF, em Volta Redonda - RJ.
Objetivos
Tratar do desenvolvimento e utilização de um jogo para uso remoto e presencial na rede de saúde
mental a partir do Guia do Usuário e do Moderador da Gestão Autônoma da Medicação (GAM).
Análise Crítica
A proposta cogestiva do grupo, aliada ao jogo, têm favorecido a troca de experiências e o diálogo
entre os presentes no grupo, contribuindo para a construção de uma lateralidade, que por sua vez,
influencia na formação da autonomia. Ainda assim, levando em conta o histórico ambulatorial e
prescritivo da unidade, o grupo demanda de mais integração com a equipe para que sua proposta se
capilarize no serviço, enquanto processo de cuidado em saúde mental.
Conclusões/Recomendações
Temos percebido que o jogo tem operado junto com as propostas da GAM, mas seus efeitos ainda
estão sendo observados, pois o grupo é recente e ainda está em curso. Atualmente, visa uma relação
mais estreita com a equipe do serviço, no intuito de consolidar o grupo.
Palavras-chave: medicação; jogo; atenção psicossocial; autonomia.

438
A gestão das iniciativas de economia solidária em saúde mental: Caso "Makeba Bijus"

Patricia Nassif da Cruz - Servidora Pública

RESUMO
A Oficina geração de renda Makeba Bijus fundada em julho de 2018 desenvolve as suas atividades
dentro do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Makeba, Ramos no Rio de Janeiro, por isso
Makeba Bijus. Essa iniciativa baseia-se nos princípios da economia solidária (auto gestão,
cooperação, solidariedade). Hoje são em média 10 a 12 usuários do respectivo CAPS que participam,
sendo em alguns períodos alternados. Inicialmente as vendas eram mais específicas para a equipe do
próprio CAPS. Depois abriram para as vendas on line onde postam os modelos de bijuterias
confeccionados no dia, por meio das redes sociais (Instagram e Facebook), que é o diferencial. Um
outro diferencial dessa iniciativa está na auto gestão, podendo ser vislumbrado por meio das trocas
de saberes e experiências entre os participantes, onde um aprende com o outro o processo de
produção.
A Oficina criou o Contrato de Participação que funciona como uma ferramenta para alinhar melhor
os processos de trabalho. Um dos requisitos descritos neste é a forma de distribuição aos participantes
do valor arrecadado com as vendas mensais; outro ponto é a frequência aos locais de trabalho com
horários especificados e carga horária de trabalho para orientar a forma de pagamento, ou seja, precisa
ter o mínimo de presença para recebimento dos honorários. Esse contrato funciona como uma espécie
de normatização dos processos diários para alcance dos resultados.
Objeto do Relato
Desafios na gestão de iniciativas de economia solidária (ES) em saúde mental
Objetivos
Compreender os desafios na gestão da Oficina de geração de renda Makeba Bijus , tendo em vista a
sua sustentabilidade, destacando os aspectos dos processos de trabalho e de produção, divulgação dos
produtos à luz dos princípios da ES e das Redes Atenção Psicossocial (RAPS)
Análise Crítica
Segundo Lisboa (1999) muitas iniciativas de economia solidária em saúde mental encontram desafios
para manter sua sustentabilidade. Sendo desenvolvidas de forma pouco organizadas, algumas com
desconhecimento de questões administrativas e burocráticas. O Makeba Bijus por ser uma associação
informal apresenta hoje alguns entraves para efetivação de vendas para organizações públicas e
privadas, pois precisam emitir nota fiscal. Neste caso, a formalização e o registro com CNPJ geram
oportunidades e ganhos para a iniciativa, pois tem mais chances de ampliar parcerias, acessar linhas
de créditos, participar de editais para obtenção de financiamentos e até mesmo poder re
Conclusões/Recomendações
Apesar das dificuldades e desafios, os usuários conseguem no dia a dia superar barreiras, encontrando
soluções na gestão. A busca coletiva através de relações horizontalizadas e solidárias garantem não
apenas a sustentabilidade, mas também o acolhimento das inseguranças do grupo.
Palavras-chave: Economia solidária; saúde mental; gestão; geração de renda e trabalho.

439
A implantação de Ambulatório de Saúde Integrativa em uma Universidade Pública para a
efetivação da ODS Saúde e Bem-estar da agenda 2030

Milene Zanoni da Silva - UEPG


Jeverson Nascimento - UEPG
Gilmar Mazurek - UEPG
Cleunice Castorina de Souza - UEPG

RESUMO
O ASI está lotado no Departamento de Qualidade de Vida da Universidade Estadual Ponta Grossa-
Paraná. O processo de implantação envolveu a conquista de 2 espaços físicos e estruturação,
composição da equipe de trabalho que conta com serviço social, enfermagem, farmácia, educação
física em articulação com Residências Multiprofissionais, com integração da pesquisa, extensão,
ensino e assistência. A população atendida são os estudantes, servidores, docentes, profissionais da
saúde e educação, usuários do SUS. Temos a oferta de atendimento psicológico; projeto Calma na
Crise , projeto Em sintonia com o Coração ; Projeto Ouvir&Autocura , práticas integrativas em saúde:
terapia comunitária integrativa, auriculoterapia, dança circular, tai chi chuan, yoga, terapia floral,
meditação, entre outros; Formação em práticas integrativas em saúde (PIS). Para a realização de tais
atividades foram necessárias parcerias locais como Secretaria Municipal de Saúde e Educação, ONGs
como ONG Centro de Valorização da Vida e SOS Alegria Doutores Palhaços, Instituições como
Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa e Associação Brasileira de Psiquiatria
Social e Instituto Visão Futuro. Mais de 4000 pessoas já participaram de atendimentos clínicos, de
rodas de terapia comunitária integrativa, de eventos sobre saúde integrativa, de vivências de
acolhimento e resgate de autoestima, formação, orientados para SUS e com valorização de saberes
tradicionais e populares.
Objeto do Relato
Implantação, assistência, avaliação e monitoramento do Ambulatório de Saúde Integrativa.
Objetivos
Descrever o processo de implantação do Ambulatório de Saúde Integrativa (ASI) da Universidade
Estadual de Ponta Grossa (Paraná), bem como relatar as ofertas de Práticas Integrativas em Saúde,
sua articulação com a rede de atenção à saúde do município de Ponta Grossa, sua importância e
impacto na promoção da saúde mental da comunidade
Análise Crítica
O ASI tem convergência com diversas políticas públicas como de Saúde Mental; Práticas Integrativas
e Complementares (PIC); de Humanização; Promoção da Saúde e Educação Popular em Saúde. O
ASI tem tido importância no controle social, com participação da Conferência Municipal de Saúde
mental, promovendo pautas como PIS, desmeticalização e despatologização do sistema de saúde local
e regional. Tem-se realizado articulação no município para a aprovação do projeto de Lei Municipal
de PIC em Ponta Grossa. Outro ponto tem sido a disseminação de informações de qualidade sobre o
tema para diversos públicos, gestores, secretarias para que as PIC sejam desmistificadas e
implementadas.
Conclusões/Recomendações
A implantação, acesso e oferta de ações de cuidado em saúde mental, física, espiritual, social e
planetária ou seja de saúde integrativa como o do ASI apresentam como recurso de construção da
cidadania e resgate de autoestima promissor na efetivação do alcance da ODS 3 - Saúde e Bem Estar
Palavras-chave: saúde integrativa; saúde mental, práticas integrativas e complementares em saúde;
universidade; sistema único de saúde.

440
A implementação dos Centros de Atenção Psicossocial e as internações psiquiátricas
hospitalares nas regiões brasileiras: um estudo histórico

Ana Carolina Hornos Carneiro - Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre


Rita de Cassia Nugem - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

RESUMO
O campo da saúde mental é legado de uma longa história atrelada à loucura e às formas de tratar as
pessoas acometidas por transtornos mentais. Ao final de 1970, o desenvolvimento de uma Política de
Saúde Mental no Brasil se mostrou imperativo: os hospitais psiquiátricos prestavam cuidados de baixa
qualidade e havia denúncias sobre situações de violência. A Reforma Psiquiátrica objetivou,
sobretudo a substituição progressiva dos leitos em hospitais psiquiátricos por hospitais gerais e a
constituição de uma rede de serviços de base territorial e comunitária, tendo os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) como núcleos organizadores. O presente trabalho investigou a implementação
dos CAPS no Brasil e relação do processo de Reforma com o número de internações psiquiátricas
hospitalares.
Objetivos
Comparar o número de internações psiquiátricas hospitalares e os atendimentos ambulatoriais
realizados em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), de 1995 a 2020, a fim de verificar se a
implementação dos Centros produziu impacto no número de internações psiquiátricas hospitalares
nas regiões brasileiras.
Metodologia
Tratou-se de uma pesquisa comparativa e descritiva de cunho quantitativo-qualitativo, baseando-se
na coleta e análise dos dados: número de CAPS; população, procedimentos ambulatoriais nos CAPS
e número de internações psiquiátricas hospitalares nas regiões brasileiras, de 1995 a 2020.
Resultados
O número de CAPS nas regiões do Brasil é proporcional à população: a Sudeste possui maior número,
seguida por Nordeste, Sul, Norte e Centro Oeste. As regiões Nordeste, Sul e Sudeste apresentaram
taxa de cobertura muito boa como parâmetro, ainda que consideremos que as taxas podem não refletir
a real situação. A região Sudeste apresentou maior número de atendimentos, seguida por Nordeste,
Sul, Norte e Centro Oeste, o que se relaciona com o número de CAPS nas regiões. O decréscimo nos
atendimentos a partir de 2019 pode se relacionar com a fragilização institucional e crise política no
Brasil desde 2016, traduzindo-se em uma precarização da rede de serviços. A região Sudeste
apresentou o maior número de internações por motivos psiquiátricos, seguida por Sul, Nordeste,
Centro Oeste e Norte. À medida que os CAPS foram sendo implementados, as internações
apresentaram queda nacional de 40,95%. A implementação dos CAPS produz impacto no número de
internações psiquiátricas, garantindo o cuidado em meio aberto. Existem dificuldades e desafios para
a plena implementação da Política: ampliação dos serviços, melhorias no financiamento da saúde
mental e qualidade das informações produzidas.
Palavras-chave: Centro de Atenção Psicossocial; Internações Psiquiátricas; Reforma Psiquiátrica.

441
A importância da cultura no ODS 3 para assegurar uma vida saudável e promover o bem-
estar!

Manuel Gama - Universidade do Minho

RESUMO
A análise da Agenda 2030 permite-nos perceber de forma inequívoca que, não obstante a ausência
explícita da cultura nas três dimensões do desenvolvimento sustentável e nos 17 ODS, e a presença
explícita residual da cultura nas 169 metas elencadas no documento e nos indicadores entretanto
definidos para aferir o seu cumprimento, a cultura atravessa veementemente todo o documento, tanto
mais que o seu plano de ação está centrado nas pessoas, no planeta, na prosperidade, na paz e nas
parcerias. No ano de 2019 a ONU designou 2020-2030 como a Década da Ação da Agenda 2030 e a
Unesco apresentou os indicadores Cultura 2030. Mas, apesar da importância da cultura para a saúde
e o bem-estar, a Unesco não considerou a dimensão cultural do ODS3...
Objetivos
Com o objetivo de sensibilizar e capacitar profissionais do setor cultural para a importância de
desenvolver projetos culturais enquadrados na Agenda 2030, o PolObs da Universidade do Minho
começou a desenvolver, em 2020 no Brasil, o projeto Cultura e Desenvolvimento , que integra a
dinamização das Oficinas 2CN-CLab Projetos Culturais em Rede e a Agenda 2030 .
Metodologia
Utilizando uma metodologia ativa, colaborativa e participativa de construção coletiva de
conhecimento, as Oficinas 2CN-CLab visam contribuir para a apropriação da Agenda 2030 pelos
profissionais do setor cultural. As Oficinas têm 25 horas de duração: 7 webinars para aproximação à
Agenda 2030, através da discussão teórico-prática realizada a partir de textos, documentos
internacionais e depoimentos vídeo que debruçam sobre a relação da cultura com a Agenda 2030; 3
workshops com uma dimensão eminentemente prática, que visa gerar ideias de projetos culturais em
rede a partir da Agenda 2030.
Resultados
No âmbito das oficinas foi solicitado aos participantes para identificarem projetos culturais que
pudessem ser enquadrados na Agenda 2030. Sendo que na componente prática das oficinas foram
geradas novas ideias de projetos culturais com o enquadramento da Agenda 2030. Assim, no trabalho
desenvolvido no Brasil entre maio de 2020 e maio de 2022, foram dinamizadas 18 turmas, tendo sido
possível identificar 1583 projetos culturais e gerar 117 ideias de novos projetos culturais. A análise
do enquadramento dos 1700 projetos na Agenda 2030 permite concluir que o desenvolvimento de
projetos culturais relacionados com a saúde e bem-estar ainda pode ser residual: apenas 2,5% dos
projetos identificados e 0,9% das ideias de projeto geradas selecionaram como ODS principal o ODS
3 (sendo a meta 3.4 - reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso
de drogas e o uso nocivo do álcool - a mais selecionada pelos participantes). Com o presente trabalho
pretendemos sublinhar a urgência do processo de insurgência que é necessário implementar para
potenciar a relação entre os fazedores de cultura e os profissionais de saúde, nomeadamente para o
cumprimento do ODS 3!
Palavras-chave: Cultura; Agenda 2030; Saúde Mental e Bem-estar; ODS3.

442
A importância dos benefícios sociais no processo de reinserção dos egressos de hospital de
custódia e tratamento psiquiátrico

Solange Silva Souza - SES


Kelly Cristina Oliveira de Albuquerque - SESPA
Humberto Pinheiro de Souza Júnior - SESPA
Ariane Helena Coelho Raiol - UNAMA

RESUMO
O Serviço de Avaliação e Acompanhamento de Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com
Transtorno Mental em Conflito com a Lei (EAP), instituído pela Portaria GM/MS nº 094/2014,
acompanha a realidade dos usuários que já cumpriram medida de segurança no Hospital de Custódia
e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), no município de Santa Isabel do Pará, visando identificar as
dificuldades enfrentadas após a desinternação.
Destacamos a reinserção social, tanto no âmbito familiar (a maioria dos crimes praticados, durante o
momento do surto, é contra alguém da família), quanto na comunidade (por serem crimes de ampla
comoção social), onde muitos obstáculos são enfrentados pela EAP e serviços da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) para o retorno ao seu território de origem, a recusa é engendrada pelo medo que
existe em relação à pessoa com transtorno mental, sendo acentuada, quando esta pratica um crime.
Durante o período de cárcere, estas pessoas perderam a identidade e autonomia, uma vez que o
atendimento direcionado a elas estava pautado na lógica da segurança pública (contenção) e não no
resgate da saúde (tratamento), durante o período que estiveram no HCTP, ficaram enclausurados em
celas, recebendo um atendimento equiparado a um preso comum. Assegurar benefícios sociais (BPC,
PVC e Passe Livre) aos egressos do HCTP, constitui uma importante ferramenta capaz de garantir
emancipação e empoderamento no processo da desinstitucionalização e reinserção social.
Objeto do Relato
Acompanhar o processo de reinserção social de pessoas egressas de HCTP.
Objetivos
Observar a importância do acesso aos benefícios sociais, em especial, o Benefício de Prestação
Continuada (BPC), o Programa de Volta pra Casa (PVC) e o Passe Livre, concedidos para egressos
de longa permanência em HCTP, agregando emancipação, empoderamento e reinserção social destas
pessoas.
Análise Crítica
O HCTP foi construído na contramão da lei nº 10.2016/2001, promovendo violação de direitos do
portador de transtorno mental. A vida destas pessoas no momento da sua internação , muda de forma
drástica, do início ao fim do cumprimento da medida de segurança, todos ficam internados por um
período superior ao tempo de um preso comum que pratica delito semelhante. Quando perdem os
vínculos familiares, são levados para um dispositivo de caráter transitório, chamado de República
Terapêutica de Passagem (RTP). Neste período, a EAP inicia as articulações para garantir os
benefícios sociais, onde o maior entrave está na ausência da documentação, comprometendo a
solicitação dos benefícios.
Conclusões/Recomendações
Os benefícios sociais representam melhoria na qualidade de vida das pessoas egressas de instituições
de longa permanência, promovendo a reinserção familiar e comunitária, melhorando o orçamento
doméstico de famílias, resgatando a autoafirmação perdida durante o período de internação .
Palavras-chave: Transtorno Mental; Medida de Segurança; Benefícios Sociais.

443
A inserção no campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial e a formação acadêmica:
reverberações e lacunas

Raquel Poeys Rodrigues


Letícia Oliveira Silva - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Mariana Agatha Silva do Carmo - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
Os CAPS aqui abordados estão localizados um na Zona Oeste e o outro na Zona Norte, ambos CAPS
II, os quais têm como direcionamento atender e cuidar de sujeitos maiores de 18 anos em grave
sofrimento psíquico, encaminhados ou não por outros serviços. Como serviços voltados ao território,
ambos se propõem e foram percebidos pelas estagiárias como espaços de produção de vida, além de
permitir, minimamente, a formação de algum laço social a sujeitos com fragilidade psíquica e nas
relações. A composição da equipe é um aspecto relevante desses dispositivos, pois considera-se a
pluralidade de profissionais presentes a ocupá-los para, assim, não centralizar os cuidados nas mãos
de um único saber e sim permitir que todos os trabalhadores sejam referenciados como técnicos de
Saúde Mental, atuando em prol da desinstitucionalização de manicômios e hospitais psiquiátricos.
Sendo aqui três estagiárias do curso de Psicologia, o trabalho terá como objetivo discorrer sobre as
impressões destas ao se inserirem neste campo de experiência e também apontar para a pouca
abordagem ou nenhuma da Saúde Mental nos cursos de graduação.
Objeto do Relato
O objeto do relato são as práticas de estágio das autoras em dois CAPS da cidade do Rio de Janeiro.
Objetivos
O trabalho constitui-se a partir de reflexões das autoras, estudantes de Psicologia da UERJ, e sua
inserção no campo da Saúde Mental, as relações estabelecidas com a formação acadêmica, as
contribuições da concepção do cuidado em saúde de base comunitária e as consequências da
defasagem na grade curricular em relação a este campo de atuação.
Análise Crítica
Os CAPS, tendo em seu bojo a proposta de serem serviços substitutivos aos modelos manicomiais e
assim manterem o compromisso com a reforma psiquiátrica e seu processo de construção para um
modelo de atenção psicossocial, tem como um de seus vários desafios a formação dos profissionais
que neles atuam. A assistência em Saúde Mental, para se constituir como um novo modelo e superar
o paradigma asilar/manicomial, conta com a prática de diferentes profissionais e se afasta da lógica
ambulatorial de atendimento. Na psicologia, sobretudo, descentraliza os atendimentos dos
consultórios e abrange sua prática para além daquela vigente.
Conclusões/Recomendações
Para as transformações no campo da Saúde Mental ocorrerem em uma dimensão ideológico-política
e estarem atreladas à dimensão teórico-técnica, há de ser necessário ter na composição curricular dos
cursos de graduação em Psicologia temas relativos ao campo da Saúde Mental.
Palavras-chave: Psicologia; Saúde Mental; Atenção Psicossocial; CAPS; Formação acadêmica.

444
A interseccionalidade no cuidado em saúde mental: uma análise de acompanhantes de
usuários/as do Centro de Atenção Psicossocial do município do Rio de Janeiro em tempos de
Covid-19

Beatriz de Farias Sales


Deivi Ferreira da Silva Matos - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
Este trabalho é fruto da pesquisa realizada pela autora na especialização em Políticas Sociais e
Intersetorialidade, do Instituto Fernandes Figueira, com contribuições do co-autor que investiga a
temática em sua pesquisa de mestrado em Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Propõe-se investigar a importância da questão racial, de gênero e classe social enquanto objeto de
análise a estrutura sócio-familiar dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial na conjuntura de
pandemia, decorrente da Covid-19. O cuidado atribuído diante dos processos de produção e
reprodução social na sociedade capitalista é analisado e é avaliado como as desigualdades de gênero,
raça e classe geram impactos sociais e apontar a importância da construção de políticas públicas
interseccionais.
Objetivos
Investigar o modo como se operam os marcadores de gênero, raça e classe social no cuidado
promovido por acompanhantes de usuários/as do Centro de Atenção Psicossocial do município do
Rio de Janeiro da área programática 3.1, diante do impacto da pandemia de Covid-19.
Metodologia
Essa pesquisa utiliza da investigação bibliográfica qualitativa, por intermédio da análise de fontes
primárias. Será investigado a produção teórica que aborda a interseccionalidade na perspectiva da
totalidade e um levantamento bibliográfico qualitativo. Para tanto, explorar e articular sobre as
categorias de gênero, raça e classe social a partir de uma análise sócio-histórica. A produção do
cuidado em saúde mental é observada a partir da interseccionalidade, usada como ferramenta analítica
que indica múltiplas dimensões do aumento da desigualdade global.
Resultados
Antes da chegada da pandemia de Covid-19, o mundo já enfrentava o contexto de regressão social,
com o desemprego massivo, a intensificação da precarização no mundo do trabalho, o aumento das
desigualdades sociais, a concentração de renda, o aumento da população em situação de rua,
sucateamento dos serviços sociais públicos, entre outros rebatimentos advindos de políticas
neoliberais. O isolamento social agudizou e potencializou tais condições, compreendidas como
expressões da questão social . Observar o cuidado aos/às usuários/as dos serviços de saúde mental
partindo da análise interseccional, tendo em vista que no isolamento social há uma sobrecarga e
compulsoriedade de trabalho domiciliar que recai sobre os/as cuidadores/as. O cuidado em saúde
mental requer refletir as singularidades na produção do cuidado e as dificuldades apresentadas por
acompanhantes dos/as usuários/as dos serviços de saúde mental. Analisar os desafios à reforma
psiquiátrica no cenário contemporâneo para os/as familiares dos sujeitos em sofrimento mental, com
ênfase no cuidado desenvolvido na esfera privada e o vínculo com os serviços do campo é crucial.
Palavras-chave: Saúde Mental; Interseccionalidade; Cuidado.

445
A Luta Antimanicomial dentro de um hospital psiquiátrico: um relato de experiência dos
efeitos e tensionamentos de transgredir os muros

Alice Costa de Barros Lisboa - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro


Maria Eduarda Batista Nolasco Vargas - Instituto de Psiquiatria da UFRJ - IPUB
Andréa Damiana da Silva Elias - Instituto de Psiquiatria da UFRJ - IPUB

RESUMO
A experiência envolve três saídas coletivas com: pessoas internadas em um Hospital Psiquiátrico,
localizado no município do Rio de Janeiro, um grupo de trabalho coletivo, staff do serviço, e
residentes multiprofissionais em saúde mental. Vale ressaltar que a internação marca um momento de
reclusão em enfermarias e, organizar saídas implica em estar fora quando o contexto social impele ao
contrário. A construção prévia ao dia nacional pela luta antimanicomial envolveu espaços coletivos
como assembleias, oficinas, rodas de conversa e ocupações no território com aproximadamente 15
pessoas em cada uma delas. As atividades foram denominadas neste trabalho como Purpurinas e
Confetes , Manifestar na Cidade e Ocupa Campinho e, de cada uma, elegemos um caso ilustrativo
que explana a potência do cuidado em liberdade. Purpurinas e Confetes retrata a ida a gravação de
um bloco de carnaval, que se deu em uma praia, e o encantamento com o mar, o circular entre
transeuntes e o sambar na areia foram manifestados como potência de vida. Manifestar na Cidade
retrata a presença dos atores envolvidos no ato pelo dia nacional da luta antimanicomial, ocorrido em
uma das praças principais do centro do munícipio, trocar os uniformes por roupas próprias, usar o
transporte coletivo, participar de uma roda de samba, contribui para o projeto de saída e retorno para
casa. Por fim, Campo Ocupado , atividades em espaço aberto que desdobra no projeto de uma futura
festa junina.
Objeto do Relato
Saídas com pessoas internadas: bloco de carnaval, ato antimanicomial e ocupação da cidade.
Objetivos
Narrar a potência de vida produzida através de atividades extramuros, na direção do cuidado em
liberdade no contexto da internação de um Hospital Psiquiátrico. Descrever a importância da
organização participativa e coletiva entre usuários e profissionais.
Análise Crítica
Percebemos o que há de tutelar em nós, mesmo que operando na lógica antimanicomial, nos
reposicionando frente a esse aspecto. Vivências como essas escancaram o tensionamento cotidiano
da atuação da residência multiprofissional em saúde mental no contexto de um serviço, que possui
em princípio, uma lógica hospitalocêntrica, se fazendo fundamental na luta por uma sociedade sem
manicômios. Evidenciamos que a propagação de atividades extramuros promoveram aquilo que o
hospital afirma querer produzir, a saúde e o bem-estar, incitando o desafio de torná-las menos
pontuais, e na direção de um cuidado biopsicossocial em confluência com os princípios da Reforma
Psiquiátrica.
Conclusões/Recomendações
A partir das experiências relatadas e levando em conta o aumento do investimento em leitos para
hospitais psiquiátricos por parte do atual governo, constatamos mais uma vez a importância de uma
perspectiva promotora de vida dentro de uma instituição total, visando a desinstitucionalização.
Palavras-chave: Sistema Único de Saúde (SUS); Reforma Psiquiátrica; Luta Antimanicomial;
Hospital Psiquiátrico; Residência Multiprofissional.

446
A luta antimanicomial na percepção dos profissionais que realizaram a vistoria dos hospitais
psiquiátricos em 2018

Bianca Naiara Regis Bona - UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí


Gustavo da Silva Machado - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

RESUMO
Os hospitais psiquiátricos, têm uma longa trajetória que inclui violação de direitos, tortura, entre
outros. Essas violações foram observadas e denunciadas principalmente por movimentos da reforma
psiquiátrica e da luta antimanicomial, que geraram diversos avanços no país no cuidado em saúde
mental. Porém, apesar desses avanços, ainda conseguimos observar violações de diversos direitos dos
indivíduos que se encontram internados nesses hospitais. Nessa perspectiva, o presente estudo surge
da relevância em abordar a questão da luta antimanicomial nos dias atuais, nas quais as políticas de
saúde mental sofrem ataques constantes que ameaçam os avanços conquistados ao longo dos anos
por movimentos sociais de luta e resistência política.
Objetivos
Com essa pesquisa, tivemos como objetivo compreender a percepção das condições dos hospitais
psiquiátricos e das pessoas que lá se encontram internadas, segundo a perspectiva dos profissionais
que participaram das vistorias de 2018, a fim de discutir as políticas públicas de saúde mental
vigentes, bem como os efeitos da luta antimanicomial, na garantia dos direitos humanos das pessoas
internadas.
Metodologia
A pesquisa utilizou a metodologia qualitativa, de carácter exploratório e para determinar a amostra
da pesquisa utilizamos o método Bola de Neve . Os participantes desta pesquisa foram os psicólogos
que participaram da vistoria técnica dos hospitais psiquiátricos, feita para elaboração do relatório de
inspeção nacional em 2018. Para a coleta de dados aplicamos uma entrevista com o roteiro semi-
estruturado com um total de 12 perguntas, partindo das hipóteses relacionadas ao tema de pesquisa,
e fizemos uso da metodologia clínico qualitativa para análise do discurso.
Resultados
A partir da categorização dos pontos emergentes das entrevistas realizadas, observamos que os
participantes relatam vigilância excessiva, atrelado ao uso portas e grades para controle, bem como
punições aos que não agem como exigido pela instituição, além do excesso de medicalização, que
resultava em perda da capacidade de fala, desorientação, entre outros. Ainda, através das conversas
dos psicólogos com os pacientes, constatou-se a relutância deles em permanecerem naqueles locais.
Notou-se também que os participantes da pesquisa apontam o desmonte das políticas públicas de
saúde mental, observado principalmente no aumento do repasse de verbas para manter essas
instituições, ação que se contradiz com a própria prática da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS),
que se apoia no tratamento do usuário junto a comunidade. Por outro lado, a luta antimanicomial foi
apontada como um dos meios de promover a garantia de direitos aos internados. Com base nessas
informações, concluímos que cada vez mais presenciamos retrocessos nas políticas públicas de saúde
mental, e que também órgãos de fiscalização e novas práticas são necessárias nesses contextos, além
do fortalecimento do movimento social.
Palavras-chave: Direitos humanos; hospital psiquiátrico; luta antimanicomial; saúde mental;
vistoria.

447
A música como instrumento de reabilitação social em oficinas terapêuticas

Mariana Favorido Sant'Ana - Instituto do Coração (Incor) - HC FMUSP


Osvaldo Gradella Junior - Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - UNESP

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica, resultado de lutas e movimentos sociais, apresentaram grandes avanços para
o cuidado em saúde mental, garantindo condições dignas de tratamento, com inserção social e o
cuidado em comunidade. Para tanto, as oficinas terapêuticas são instituídas no trabalho em saúde
mental, para proporcionar a reabilitação psicossocial através de atividades, que possibilitem a
promoção de autonomia, liberdade de expressão e inserção social, além de estar atento ao contexto
social dos indivíduos. Nesse sentido, a música possui grande importância e potencial terapêutico, pois
permite a expressão do indivíduo, representando a mediação entre o seu mundo interno e o mundo
externo, além de ter um sentido para cada sujeito, dependendo este de sua história de vida e seus
diversos contextos.
Objetivos
Investigar as contribuições de oficinas terapêuticas que utilizam a música para a reabilitação
psicossocial dos usuários dos serviços de saúde mental.
Metodologia
Os participantes da pesquisa foram dois usuários de um serviço de saúde mental (V1/V2) membros
da oficina de música e as duas técnicas responsáveis (T1/T2). A coleta de dados foi através de
entrevistas semiestruturadas com dois eixos centrais: motivo da participação no grupo e a história
pessoal com a música, e com as técnicas teve o objetivo de contextualizar o funcionamento da oficina.
A pesquisa teve autorização do CEP e seguiu os protocolos de saúde da COVID-19. Os resultados
foram analisados através dos Núcleos de Significação, metodologia referenciada na Psicologia
Histórico-Cultural.
Resultados
A partir da interpretação das entrevistas pelos Núcleos de Significação, chegou-se a três núcleos: 1-
A música e sua relação com a afetividade; 2- Reabilitação social; e 3- Promoção de autonomia. Foi
evidenciado que a música evoca sentimentos e sensações de acordo com vivências e contextos (tem
música que toca no coração da gente - V1). Ela também é utilizada no cotidiano para alívio de tensão,
como forma de enfrentamento e auxílio em atividades da rotina. A música é mediadora dos conteúdos
internos, contribuindo com a terapêutica proposta pelos serviços de saúde mental, porém sem se
restringir a estes (acho que estava faltando alguma coisa pra me engajar, para me sentir melhor - V1).
Ademais, favorece a interação social, possibilitando a formação de vínculos entre participantes e com
a comunidade. Ainda, auxilia na promoção de autonomia, estabelecimento de planos futuros,
mudança de papéis sociais (aprendi a tocar guitarra, violão, teclado - V2), além de estimular a
participação coletiva, democrática e a cidadania. As oficinas de música se revelaram como um potente
instrumento de trabalho no cuidado integral em saúde mental.
Palavras-chave: Saúde Mental; Música; Reabilitação Social.

448
A pandemia de COVID-19 e seus impactos na saúde mental da população em medida de
segurança no Hospital de Custódia e Tratamento do Estado da Bahia

Sabrina Vitória dos Santos Carneiro - Fundação Estatal Saúde da Família - FESF-SUS e
Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ
Cláudia Regina de Oliveira Vaz Torres - Universidade Salvador - UNIFACS - Universidade do
Estado da Bahia - UNEB

RESUMO
Na pandemia de COVID-19 o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), juntamente com a
Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP), elaboraram um Plano de
Contingência ao vírus da SARS-CoV-2 no Sistema Prisional. As medidas de distanciamento social
para combate e prevenção da doença resultam em uma superposição de confinamentos. O contato
presencial com as redes jurídicas e sociais passam a ocorrer por intermédio das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs), tornando o contato com redes de apoio ainda mais difícil.
Reconhecendo a inserção relacional como um forte fator de proteção à saúde, é fundamental ponderar
a respeito das condições de saúde mental dos internos do Hospital de Custódia e Tratamento do Estado
da Bahia (HCT-BA) frente a pandemia de COVID-19.
Objetivos
Assim, o objetivo principal deste estudo é analisar o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde
mental de pacientes com transtornos mentais que estão cumprindo medida de segurança no HCT-BA.
Metodologia
Foi utilizado como proposta metodológica a revisão integrativa de literatura sobre a matéria em
perspectiva nacional, análise de prontuários e, uma terceira etapa, que usou de métodos qualitativos
para examinar e interpretar os resultados organizados previamente. Este estudo está em consonância
com a pesquisa Impacto epidemiológico do COVID-19 no Sistema Prisional na cidade de Salvador,
Bahia, Brasil (CNPQ), CAAE 39951720.0.0000.5033 com o objetivo de caracterizar o impacto da
pandemia de COVID-19 nos serviços de atenção à saúde no sistema prisional de Salvador.
Resultados
Segundo dados da SEAP, em julho de 2021, as unidades prisionais do Estado da Bahia encontravam-
se com 958 pessoas excedendo a capacidade total. No HCT-BA, apenas 12 pacientes apresentaram a
COVID-19, dois deles precisaram ser internados em outro hospital da rede. O estudo evidenciou que,
diante dos dados de superlotação e precariedade das políticas públicas vigentes, é necessário se pensar
nas repercussões psicológicas da conjuntura estrutural e logística dos presídios para atuar frente a
pandemia de COVID-19. É imprescindível refletir sobre as vulnerabilidades psicossociais que
compõem a população carcerária do HCT-BA para que se entenda como a pandemia pode constituir
um fator de risco à saúde mental dos internos. Logo, constatou-se a prevalência de relatos de
sentimentos de desamparo, preocupações em relação à situação jurídica, sintomas de ansiedade,
sintomas de transtornos do humor, queixas em relação à ruptura no contato presencial com as redes
de apoio social e jurídica e aumento de 86% no uso de antidepressivos.
Palavras-chave: COVID-19; Saúde mental; HCT.

449
A patologização do sofrimento psíquico de crianças e adolescentes

Anna Carolina Cardoso de Abreu - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro


Sarah Silva do Nascimento - IPUB/UFRJ
Joyce de Oliveira Patarraz - IPUB/UFRJ
Ana Gabriela Ribeiro da Silva - IPUB/UFRJ

RESUMO
Há na saúde mental e, de certa forma, no imaginário social uma pretensa neutralidade e universalidade
das descrições clínicas e, por conseguinte, de seus diagnósticos. A partir de tal pretensão, os
transtornos mentais são entendidos como algo natural, sem gênese. Os transtornos, nessa visão,
existiriam independentes de questões sociais e das peculiaridades de cada época, bem como seus
diagnósticos e a medicalização seriam igualmente naturais e espontâneos. Assim, a "universalidade"
e "neutralidade" se refletem no esvaziamento do âmbito social da questão. Contudo, essa visão não
se sustenta quando refletida no contexto no qual está inserido: os diagnósticos têm gênese social
diretamente atrelada às exigências comportamentais do modelo de organização social/econômico em
questão.
Objetivos
Este trabalho tem o objetivo de problematizar a redução de experiências de sofrimento psíquico de
crianças e adolescentes, atravessada por diversos fatores, à dimensão psicopatológica que são
comumente respondidas por intervenções farmacológicas.
Metodologia
Trata-se de um estudo, de caráter exploratório, de base qualitativa, que adotou o levantamento
bibliográfico como ferramenta metodológica. Para o presente trabalho, foram selecionados artigos e
capítulos de livros publicados entre os anos de 2005 a 2017, usando como critérios para inserção a
pertinência ao tema, para fonte da escrita.
Resultados
O processo de medicalização da vida tem especificidades delicadas na clínica infanto-juvenil. O
mandato biomédico regulamenta os modos de existência e autoriza intervenções cada vez mais
precoces. Sinais de sofrimento ou inadequação tão logo são percebidos, já são endereçadas às
intervenções especializadas. Isso ocorre, em muitos casos, sem que seja possível se atentar e trabalhar
os possíveis fatores produtores de sofrimento. Tais intervenções levam a crianças e jovens que têm
seus modos de estar na vida e nas relações medicalizados. Sustenta-se o paradigma de que crianças e
jovens que não se adequam socialmente são assim por algum desajuste. Essa visão é sustentada por
instituições sociais formativas, como Família e Escola. Os encaminhamentos realizados para a
avaliação e acompanhamento na rede de saúde mental, reduzem questões complexas à medicalização.
O direcionamento a uma hipótese diagnóstica atribui esperanças de que há algo a ser resolvido e cada
vez mais a sociedade designa o sofrimento humano enquanto demanda a ser solucionada por
interferência de ato médico para inibir os desvios e rupturas de determinado comportamento com o
intuito de uma adequação inalcançável.
Palavras-chave: Infantojuvenil; medicalização; diagnóstico; saúde mental; neoliberalismo.

450
A política de redução de danos e a aplicabilidade do cuidado em uma unidade de saúde
especializada às pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas

Maria Antonieta Soares Dias - SEMSA/AM

RESUMO
A modernização e as mudanças sociais, culturais e econômicas ocorridas durante a modernidade
trouxeram transformações na relação dos sujeitos com o consumo de álcool e outras drogas. A busca
pelo prazer imediato, a compulsão pelo uso e o abuso dessas substâncias colocam o consumo de
álcool e outras drogas como um dos principais problemas de saúde pública no Brasil e no mundo
(RONZANI; FURTADO, 2010). Existem dois grandes grupos políticos que discutem o enfrentamento
do uso de drogas: o Proibicionista e a Redução de Danos. Optou-se pela abordagem da Redução de
Danos por entender que este modelo reconhece o sujeito em suas singularidades e constrói com ele
estratégias para diminuir os danos ocasionados pelo consumo abusivo de álcool e outras drogas
(ALVES,2009).
Objetivos
Analisar o caso de um usuário acompanhado por um Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras
drogas (CAPSADIII) sob o paradigma da Redução de Danos.
Metodologia
Este é um estudo qualitativo que utilizou como método a observação participante, por ser esse o que
possibilita a participação de pesquisadores no processo de ações terapêuticas cotidianas. Nessa
proposta, o foco de interesse são os sentidos e as significações que as práticas terapêuticas apresentam
para o usuário (TURATO, 2003). Os instrumentos de pesquisa utilizados foram o prontuário do
usuário e uma entrevista semi-estruturada para dirimir dúvidas relativas às significações de momentos
vivenciados pelo paciente durante o desenvolvimento de sua proposta terapêutica.
Resultados
Ao se considerar a melhora do usuário, três fatores podem ser destacados no que tange à atenção dada
ao paciente sob a ótica da Redução de Danos: 1)Melhora da Qualidade de Vida mesmo em uso de
álcool; 2)vinculação com o CAPSad; 3)Importância da intersetorialidade. Assim, pode-se inferir que
fatores sociais, de escolarização, emprego e renda podem ser utilizados para avaliar a melhora do
paciente, ultrapassando a lógica reducionista e biologizante que avalia o sucesso do tratamento
pautado apenas na abstinência.
Quando nos abrimos à experiência do outro, torna-se possível ouvir para além dos discursos
normalmente autorizados. A redução de danos propõe não apenas a escuta das vozes interditas, como
a ampliação das práticas e da população assistida. Afinal, quando nos restringimos à abstinência,
anulamos a possibilidade de promoção de saúde para pessoas que não conseguem ou não desejam tal
objetivo. Além disto, a ampliação do foco permite atender demandas para além dos problemas
relacionados diretamente ao uso de drogas em si mesmo (PETUCO, 2011). O caso evidencia a
valorização do processo de cidadania, prevalecendo o olhar biopsicossocial em detrimento de práticas
estigmatizadoras.
Palavras-chave: Redução de Danos; Uso abusivo de álcool; Saúde Mental.

451
A promoção da autonomia em usuários com sofrimento mental: inserção da estratégia GAM
em um CAPS II de uma cidade do Norte de Minas Gerais

Emanuely Mendes Noronha


Larissa Mairink Veloso - FACITEC
Roberto Carlos Pires Júnior - FACITEC
Cristina Andrade Sampaio - UNIMONTES

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica Brasileira marcou a promoção da saúde, estabelecendo um novo modelo de
cuidado para pessoas com sofrimento mental. A criação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
visa promover um espaço de direito para essa população (BRASIL, 2004). Prevista nas políticas de
saúde mental, a autonomia diz da capacidade dos sujeitos em gerir sua vida diante dos enfrentamentos
(KINOSHITA, 1996). Porém, observa-se que esse direito não é sempre garantido. A Gestão
Autônoma da Medicação (GAM) é uma estratégia que viabiliza aos usuários um novo sentido sobre
o cuidado. A promoção da autonomia surge a partir da consolidação de laços sociais, oferta de
informações sobre o tratamento e os direitos, mas, principalmente, o conhecimento experiencial do
sujeito no cuidado (CAMPOS; CAMPOS, 2008)
Objetivos
A pesquisa teve como objetivo investigar o processo de promoção de autonomia de usuários com
sofrimento mental utilizando o dispositivo GAM.
Metodologia
A pesquisa qualitativa, no formato de pesquisa-intervenção, envolveu a inserção da estratégia GAM
no CAPS II em uma cidade do Norte de Minas Gerais. Os participantes foram 10 usuários e 4
trabalhadores. O processo envolveu 15 encontros no período de 7 meses, com a formação dos
trabalhadores e, em seguida, o início do grupo GAM. Para a coleta de dados foi usada a observação
participante, redigidas em diários de campos e os dados analisados através da análise de conteúdo
(BARDIN, 2016). Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), parecer nº
35505309 de 15 de setembro de 2021.
Resultados
No primeiro momento de formação dos trabalhadores, os profissionais relatam a dependência dos
usuários em relação ao cuidado no CAPS. Outro ponto é que os usuários não possuem acesso a
informações sobre o tratamento e medicação, o que propicia dificuldades em lidar com os efeitos
colaterais e a presença de ocorrências de interrupção do medicamento sem acompanhamento. Os
sujeitos costumam se articular para recorrer ao serviço, contudo, não compreendem os aspectos que
englobam o seu tratamento.
Com o início do grupo GAM, observou-se o aumento da participação dos usuários nas discussões
sobre o tratamento, compartilhando as suas experiências e contribuindo para as percepções de outros
usuários. Houve momentos de diálogos entre os próprios usuários sobre os efeitos colaterais dos
psicotrópicos. Assim, é verificado como as relações sociais contribuem para os mesmos,
proporcionando momentos em que a dependência do serviço abre espaço para o exercício da
autonomia coletiva entre os usuários na gestão de suas vidas. Identifica-se, então, a promoção de
autonomia exercida na GAM através da construção dos vínculos à medida que compreendem a
própria relação com o cuidado (CAMPOS; CAMPOS, 2008).
Palavras-chave: Autonomia; sofrimento mental; GAM; saúde mental; CAPS.

452
A psicopatologização de crianças em situação de acolhimento institucional

Vanessa de Oliveira Gomes Gonçalves


Clara Martins D'Avila de Aquino - Desmedicalização da Vida/UFJF

RESUMO
A infância é uma condição social da criança e, sendo assim, o mais correto seria falar sobre crianças
vivendo as suas diferentes infâncias. É neste sentido que abordaremos a temática das crianças que
vivem em situação de acolhimento institucional. As crianças institucionalizadas em abrigos vivem as
conseqüências das desigualdades sociais, da pobreza e da exclusão. Isso as expõe a uma condição de
risco social, resultando no afastamento de sua família de origem, quando esta não possui condições
de suprir os cuidados básicos para sua sobrevivência ou quando as expõe a situações de violência
intrafamiliar em suas diferentes manifestações.
Objetivos
Nosso objetivo é analisar de que forma as condições de uma infância institucionalizada tem servido
de dispositivo para os processos de patologização da infância. Na medida em que essas patologias
justificam os comportamentos das crianças, elas atuam como ferramentas de controle dos
comportamentos não tolerados socialmente
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa de cunho bibliográfico com vistas a cotejar textos que tratam da situação
das crianças em situação de vulnerabilidade social com aqueles discutem a infância a partir de uma
perspectiva patologizada. Para isso, foi realizada uma pesquisa nas bases de dados Sciello e Biblioteca
Virtual de Saúde, utilizando como descritores: vulnerabilidade infantil; acolhimento institucional; e
patologias da infância.
Resultados
Observamos um reduzido número de publicações que tratam as patologias da criança
institucionalizada a partir de uma perspectiva critica que considere os atravessamentos sociais nas
quais estas crianças estão inseridas. Em geral as analises reduziam-se puramente aos aspectos
descritivos dos comportamentos infantis. O conceito de uma infância ideal não é tencionado nestas
publicações e em geral, não consideram as condições sócio-culturais que marcam a forma como as
crianças dão sentido as suas vivências pessoais. No entanto, observamos uma tendência nestes textos
relacionada aos processos de patologização dessas crianças por elas não corresponderem, muitas
vezes, aos paramentos definidos socialmente.
Palavras-chave: Infância institucionalizada; vulnerabilidade social; psicopatologias.

453
A Rede Intersetorial no cuidado em Saúde Mental: micropolítica, agenciamentos e desafios de
articulação

Amanda Dal Santo


Maria Clara Valente - Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
Gustavo Zambenedetti - Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO

RESUMO
A experiência ocorreu através de um estágio profissionalizante em Psicologia, realizado no CAPS I
de uma cidade de 50.000 habitantes do centro-sul do Paraná. A adolescente foi encaminhada ao CAPS
pela escola e Conselho Tutelar, com queixas de agressividade e dito comportamento sexual
exacerbado. Foi proposto um acompanhamento por estagiárias de psicologia, sendo o caso
compartilhado semanalmente com a equipe do serviço. Diferentes estratégias foram utilizadas no
atendimento à adolescente: escutas, recursos musicais, acompanhamento terapêutico e visita
domiciliar. A partir de seus relatos, foi constatado um histórico de abuso sexual, iniciação sexual
precoce e situação de vulnerabilidade social, com fragilização dos vínculos primários, evidenciando
as articulações entre sofrimento psíquico e determinantes sociais. A compreensão ampliada de sujeito
evidenciou a necessidade de articulações com a escola, o CT, o CREAS e a UBS, visando à formação
de uma rede de proteção e cuidado, além da adoção de estratégias que fomentassem o protagonismo
da adolescente e problematizassem as estratégias tutelares. Essas articulações foram feitas através de
contatos telefônicos, culminando na proposição de uma reunião de rede. Na primeira tentativa de
reunião, os serviços não compareceram. Através de estratégias de sensibilização, houve uma segunda
tentativa de reunião, onde todos compareceram e pactuaram estratégias de cuidado e
responsabilidades de cada serviço, constituindo um PTS ampliado.
Objeto do Relato: Tecimento de uma rede de atenção para uma adolescente em situação de
vulnerabilidade psicossocial.
Objetivos: Apresentar os agenciamentos produzidos para o cuidado de uma adolescente com
sofrimento psíquico e em situação de vulnerabilidade psicossocial no SUS e discutir esse caso como
um analisador das tensões e potencialidades da rede intersetorial, com foco na micropolítica e no
desafio de articulação entre os serviços.
Análise Crítica
O trabalho em rede possibilita a circulação do caso e construção interdisciplinar de um projeto de
cuidado aos sujeitos, exigindo um fazer micropolítico que envolve articulação e criação. Entretanto,
no tecimento da rede podem existir tanto movimentos de captura, observados na estigmatização,
medicalização e culpabilização, expressas na expectativa de alguns serviços de que o CAPS
consertaria a adolescente com soluções biofarmacológicas; como podem haver movimentos de
criação de linhas de fuga, onde a rede atua como disparadora de agenciamentos que ampliam o
protagonismo e possibilidades de existência da adolescente, articulando proteção psicossocial,
cuidados em saúde e projetos de vida.
Conclusões/Recomendações
As redes devem ser interrogadas constantemente, visando questionar suas (des)articulações e seus
efeitos. O trabalho em rede não está dado, sendo uma construção cotidiana que evidencia a
importância da disponibilidade das/os profissionais para efetivar compartilhamentos, reuniões
em/entre equipes.
Palavras-chave: rede; intersetorialidade; cuidado; micropolítica; saúde mental.

454
A residência de psiquiatria no matriciamento em saúde mental: diálogo intersetorial e projeto
terapêutico singular

Mônica Sales Farias


Narceli América de Alencar Azevedo - Secretaria de Saúde de Sobral
Lucigleyson Ribeiro do Nascimento - Escola de Saúde Pública Visconde de Saboia
Leandro de Lyra Lemos - Escola de Saúde Pública Visconde de Saboia
Francisco Ítalo Barboza e Silva - Universidade Federal do Ceará

RESUMO
Os Residentes de Psiquiatria que atuam Rede de Atenção Psicossocial de Sobral (RAPS) tem um
turno semanal de matriciamento, além de encontros quinzenais com a Preceptora de Psiquiatria e os
demais residentes, onde ocorrem aulas teóricas com metodologias ativas e trocas de experiências
vivenciadas. Cada residente é designado a dois a quatro territórios de Unidade Básica de Saúde
(UBS), de uma mesma macroárea de Sobral. O município possui essa divisão territorial em quatro
macroáreas, cada uma delas irá receber uma equipe multidisciplinar de referência em Saúde Mental
para o matriciamento, os residentes integram essas equipes. Um caso de alta complexidade de uma
usuária vinha sendo discutido frequentemente no matriciamento de uma UBS. Ela também tinha
acompanhamento no CAPS infantil, mas havia baixa resolutividade nas ações propostas e
fragmentação do cuidado. Foi realizada uma reunião intersetorial na escola da usuária, com a presença
da equipe do CAPS infantil, da equipe da UBS, da equipe pedagógica escolar e do projeto de extensão
da UFC. Foi possível dialogar sobre o caso, entender suas fragilidades e potencialidades e construir
um Projeto Terapêutico Singular. Com as relações interdisciplinares estabelecidas, identificou-se
onde cada equipe poderia agir, realizando pactuações, com designações para cada equipe presente.
Foi colocado um período para a realização das pactuações, até a realização de uma nova reunião
intersetorial, que ainda irá ocorrer em agosto de 2022.
Objeto do Relato
A articulação intersetorial de um caso do matriciamento em saúde mental.
Objetivos
Mostrar, sob a perspectiva da Residência de Psiquiatria da Rede de Saúde Mental de Sobral, a
importância do diálogo intersetorial na articulação de casos em saúde mental e da realização do
Projeto Terapêutico Singular através da experiência matricial no município de Sobral.
Análise Crítica
A visão de uma única equipe ou categoria é restrita, sendo necessária a contribuição de outras esferas,
para uma melhor compreensão sobre os nossos usuários, dinâmica familiar e vida na comunidade. A
corresponsabilização de outros setores nos casos de Saúde Mental é necessária, principalmente em
casos complexos. A saúde mental vai além do CAPS, deve ser promovida no território através de
medidas psicossociais. O modelo biomédico de tratamento não prioriza o diálogo interdisciplinar, o
que torna o cuidado verticalizado, sendo contraditório com o modelo de reforma psiquiátrica que foi
estabelecido, então, urge fugir de modelos tradicionais e hierárquicos de atendimento.
Conclusões/Recomendações
O diálogo intersetorial com a construção do Projeto Terapêutico Singular possibilita o
compartilhamento do cuidado do usuário, utilizando medidas psicossociais dentro da comunidade,
tornando o cuidado amplo e não-institucionalizado.
Palavras-chave: matriciamento; intersetorial; projeto terapêutico singular.

455
A sala de espera no Planejamento Estratégico Situacional: Uma ferramenta de Controle
Social para o serviço de saúde mental

Lucas de Almeida Modesto - CAPS


Letícia Marlene dos Santos Figueiredo - Universidade Federal do Pará - UFPA

RESUMO
Fora realizada no Centro de Atenção Psicossocial CAPS uma intervenção no modelo de sala de espera
conduzido por um psicólogo e uma assistente social, tendo como participantes usuários deste serviço
e seus familiares que aguardavam consulta médica. Os dias foram escolhidos por apresentarem maior
fluxo de pessoas no serviço. A atividade teve a finalidade de levantar problemáticas acerca de quatro
eixos para subsidiar o plano de ação a ser executado no primeiro semestre de 2022, visando contribuir
para melhorias na assistência aos usuários e seus familiares neste período . As intervenções tiveram
cerca de 1h (uma hora) e como recursos foram utilizados quadro branco, pincel-piloto, caixa de
sugestões, papel e caneta para que os usuários pudessem escrever, sem ter que se identificar, caso não
se sentissem à vontade para verbalizar. Os eixos elencados foram: Serviço; Equipe; Estrutura: Grupos.
Acerca do serviço, foram levantados questionamentos acerca da falta de determinados medicamentos
que reverbera no aspecto econômico das famílias assistidas, bem como a necessidade de atividades
que pudessem contribuir para a permanência dos usuários por mais tempo no serviço. No tocante a
equipe compareceram queixas de atrasos e necessidade de informação, no que tange a estrutura foram
sugeridos espaço infantil e espaço de informática e acerca dos grupos foram sugeridos: música,
pintura, crochê, educação ambiental. Além de temas para sala de espera como: programas e benefícios
do INSS.
Objeto do Relato
Experiência profissional em Centro de Atenção Psicossocial CAPS na região metropolitana de Belém
Objetivos
Descrever experiência da utilização da sala de espera para o levantamento de demandas no
planejamento estratégico situacional como ferramenta de controle social em serviço de saúde mental.
Análise Crítica
Após a atividade foi produzido um relatório acerca da mesma e se propôs uma discussão com a equipe
multiprofissional sobre quais problemáticas poderiam ser resolvidas a partir da equipe, a nível local,
e quais seriam demandas encaminhadas à gestão. Para dar continuidade no Planejamento Estratégico
Situacional, convocou-se a gestão superior para discutir demandas a partir de suas perspectivas,
aspectos políticos e econômicos que possibilitem ou não a resolução das demandas apresentadas,
integrando a equipe, os usuários e a gestão, para assim dar continuidade no Planejamento em suas
etapas posteriores.
Conclusões/Recomendações
Notou-se que a etapa prévia do PES se apresentou como um instrumento de aproximação e
acolhimento entre usuários e o CAPS, proporcionando maior participação social, todavia, sabe-se que
por aspectos políticos, administrativos e econômicos, não há possibilidade de responder plenamente
ao demandado.
Palavras-chave: Saúde mental; Planejamento Estratégico Situacional; Sala de Espera.

456
A saúde mental nas produções acadêmicas na Universidade: presença ou ausência da
dimensão social da saúde?

Debora Holanda Leite Menezes - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro


Tayara Felippe Pinheiro Sassaro - Fiocruz
Matheus Oliveira de Paula -
Matheus Oliveira de Paula - UFF

RESUMO
Nos estudos sobre saúde pública, a saúde mental aparece, ainda, de maneira secundária nas análises
que fazem a conexão com a determinação social da saúde. As pesquisas mais recentes têm
intensificado as abordagens que relacionam a saúde mental às determinações históricas, culturais,
sociais, políticas e econômicas que interferem no processo saúde-doença. As jornadas de iniciação
científica são espaços essenciais para a comunicação e divulgação do conhecimento produzido na
universidade baseada em produções do tripé ensino, pesquisa e extensão. Investigar esses resumos,
durante um determinado período histórico, é um movimento importante para se compreender o que
está sendo debatido, prioritariamente no espaço acadêmico, articulado com o cotidiano das
instituições de saúde.
Objetivos
Interpretar quais são os temas relacionados à saúde pública, com foco na saúde mental, que estão
sendo abordados na formação universitária, a partir das Jornadas de Iniciação Científica em uma
universidade pública federal do Rio de Janeiro, com a finalidade de ampliar a construção de debates
sobre a política de saúde dentro da universidade no cenário contemporâneo.
Metodologia
A pesquisa é de abordagem qualitativa, sendo realizado uma seleção e levantamento bibliográfico
sobre: formação em saúde; saúde pública; determinação social da saúde. Foi realizado um
levantamento dos cadernos de resumos das jornadas de iniciação científica da universidade pública
federal, disponíveis no endereço eletrônico da própria universidade. O período escolhido foi de 2004
até 2014, e a busca se deu através do descritor saúde , nos cadernos de resumos do Centro de Filosofia
e Ciências Humanas (CFCH), sendo estratificado, classificado e analisado cada temática que envolvia
o descritor.
Resultados
Dentre o período delimitado na pesquisa foram encontrados 124 resumos, na categoria saúde mental
, desse universo 34 trabalhos apresentam temáticas relacionadas com a dimensão social da saúde,
atreladas através da interseccionalidade de gênero, raça e classe. Dentre os resumos supracitados,
aparecem com maior frequência os atravessamentos que abordam: as desigualdades, violência,
pobreza, desproteção social e os adolescentes; questões de violência e as relações de gênero, raça e
classe; questão de álcool e outras drogas e o contexto social; e as dimensões sociais, culturais,
psíquicas e a relação com a comunidade. Em uma análise total, qualitativamente, o resultado da
pesquisa na categoria de saúde mental aponta que apenas 27,41% da produção científica apresentam
debates com os determinantes sociais da saúde e a perspectiva interseccional de gênero, raça e classe.
Diante desses dados, observamos um grau de deficiência dessas temáticas na formação acadêmica e
profissional, o que pretende corroborar para significativos impactos para a atuação profissional.
Palavras-chave: divulgação científica; saúde mental; universidade; dimensão social da saúde;
determinação social da saúde.

457
A supervisão clínico-institucional no munícipio de Várzea Grande - MT: a transição de CAPS
II para CAPS III.

Soraya Danniza Barbosa Miter Simon - Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande
Marilia Belfiore Palacio-Arruda - UNIVAG e Secretaria Municipal de Saúde de Varzea Grande

RESUMO
Este relato apresentará a experiência da supervisão clínico-institucional como proposta da
Coordenação de Saúde Mental, do munícipio de Várzea Grande MT. A supervisão compreende
atividades com a equipe do serviço como discussão de casos, dos processos de trabalho e suas
mudanças com a transição de CAPS II para CAPS III, reorganização do serviço em período de
pandemia, matriciamento e trabalho em rede, problematizando também as situações vivenciadas no
cotidiano do CAPS, através do fortalecimento das ações pautadas nos princípios da Reforma
Psiquiátrica para que o CAPS exerça seu papel de dispositivo importante para Luta Antimanicomial.
Diante da mudança de tipologia para funcionamento 24 horas, a supervisão foi essencial na
reformulação do Projeto Terapêutico Institucional e na compreensão da equipe sobre a ampliação das
possibilibidades de ofertar acolhimento integral as usuárias e usuários que estejam em situação
vulneradas e de sofrimento mental.O trabalho visa apresentar as contribuições da supervisão para a
rede de atenção psicossocial, e analisando criticamente seus desafios, principalmente em conseguir
manter a supervisão como instrumento permanente de educação/formação profissional em serviço e
qualificação da atenção.
Objeto do Relato
A supervisão clínico-institucional em CAPS, como estratégia para qualificar processo de trabalho.
Objetivos
Discutir criticamente as possibilidades e desafios da supervisão clínico-institucional de um serviço
de atenção psicossocial, em período de pandemia. Especificamente, analisar a transição deste serviço
de CAPS II para CAPSIII.
Análise Crítica
A supervisão clínico-institucional recomendada a partir da portaria GM 1.174, de 7/7/2005,
atualmente depende dos estados e munícipios seu financiamento. O município conta com supervisores
nos 3 CAPS, através de recurso estadual. A supervisão tem objetivo de formação permanente da
equipe. Neste CAPS II, a transição para CAPS III e a necessária reorganização do serviço durante
pandemia, mudança de sede, novos integrantes da equipe e transição para CAPS III, tem sido até
então o principal assunto do trabalho. Assim, possibilita a discussão sobre os processos de trabalho
pautados nos princípios da Reforma Psiquiátrica, matriciamento e compartilhamento do cuidado,
especialmente casos de crise.
Conclusões/Recomendações
Dentre os desafios apontamos o engajamento nas reuniões de equipe, e a necessidade dos estudos de
casos, como disparador da discussão de estratégias para o cuidado integral ao usuário, sendo o
trabalho de supervisão importante dispositivo para educação permanente dos trabalhadores e do
serviço.
Palavras-chave: Supervisão Clínico-institucional; Atenção Psicossocial; Trabalho em Equipe.

458
A vida se refaz: Terapêuticas de Cuidado e Vivências de Dependências

Fernanda Caldas Rabelo de Oliveira - Espaço Rizoma

RESUMO
Pretende-se apresentar um relato de experiência desenvolvido no Espaço Rizoma, situado na cidade
do Recife/PE, sendo este um serviço de cuidado em saúde mental. Esse serviço de hospital-dia tem
como um dos eixos de cuidado o Programa de Atenção às Dependências (AD) que visa através da
Redução Danos ampliar a conscientização da relação que a pessoa estabelece com o uso de
substâncias psicoativas, e assim, buscar maior criticidade, possibilidades de escolhas e ampliação do
repertório de vida. Esse programa estimula também, através do processo criativo e da Arteterapia, a
produção de novas subjetividades acerca de si. Compreender o ser humano em uma perspectiva
integral é um dos fundamentos do Espaço Rizoma. O cuidado e o acolhimento se tecem utilizando a
arte e a criatividade como potencial de saúde.
Objeto do Relato
Relatar experiências realizadas no Programa de Atenção às Dependências com público adulto misto.
Objetivos
Esse relato de experiência tem como objetivo compartilhar algumas práticas do cotidiano do hospital-
dia, mais especificamente do Programa AD. As atividades terapêuticas ocorrem semanalmente a partir
das experiências em grupo onde a troca e a partilha acontecem, construindo juntos maneiras para que
o indivíduo seja e se expresse.
Análise Crítica
Entendendo a dependência como um estreitamento da vida, uma vivência unilateral e de uma relação
que ficou enrijecida entre o sujeito e a substância de prevalência, acreditamos que o sucesso do
tratamento não é avaliado apenas pelo critério de parar ou não de usar. Alinhados com as perspectivas
da Redução de Danos, priorizamos o cuidado no respeito das necessidades e projetos de cada sujeito.
Buscando também fortalecer e ampliar o potencial criativo embasados pelo viés da Arteterapia.
Conclusões/Recomendações
Pretendemos trilhar modos de cuidado não aprisionantes, buscando fortalecer os processos de
autonomia e de protagonismos da própria vida. Bem como, estimular a ampliação do repertório de
vida, a possibilidade de escolhas e ressignificar o sentido e o lugar também da droga na sua história
pessoal.
Palavras-chave: Dependência Química, Cuidado, Arteterapia, Hospital-dia.

459
A(O) psicóloga(o) na Rede De Atenção Psicossocial (Raps) em Minas Gerais: como sustentar a
lógica antimanicomial em tempos de novas clausuras?

Leiliana Aparecida de Sousa - Conselho Regional de Psicologia 4ª Região - Minas Gerais -


CRP04-MG
Cecília Sepulveda Del Rio Hamacek - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-
MG
Géssica Claudino Alves - Sem filiação institucional no momento
Déborah David Pereira - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - HC-
UFMG/Ebserh

RESUMO
A Psicologia apresenta-se como uma das protagonistas da Luta Antimanicomial, seja pela atuação de
instâncias representativas ou pela militância de profissionais que assumiram a defesa de um modelo
de assistência a pessoas em sofrimento mental que preconize o respeito aos direitos humanos e o
tratamento em instituições que priorizem o convívio social. Atualmente, a conjectura política, por
meio de redução de verbas e de normativas que colocam em curso um processo de remanicomização,
traz reflexos para a conformação da RAPS.
Objetivos
Neste estudo, objetiva-se investigar a atuação de psicólogas(os) na RAPS em Minas Gerais, buscando
compreender potencialidades e desafios encontrados na efetivação dessa rede.
Metodologia
Trata-se de um extrato da pesquisa Atuação de psicólogas(os) na RAPS realizada nacionalmente pelo
Crepop em 2019. A metodologia abrange o levantamento de marcos legais relativos à RAPS, o
mapeamento dessa rede nos 32 municípios mais populosos do estado e a realização de grupos de
discussão (GDs) com psicólogas(os) que nela atuam. Realizou-se cinco GDs referentes aos cinco
municípios em que a RAPS está mais consolidada com até 10 profissionais de diferentes pontos da
rede de uma mesma localidade. Os grupos foram transcritos e analisados a partir da metodologia de
análise do conteúdo.
Resultados
A análise dos dados do mapeamento e as narrativas construídas nos diferentes grupos realizados
indicam que a atenção psicossocial concentra-se demasiadamente nos CAPS. Uma das fragilidades é
a articulação destes com a Atenção Básica à Saúde (ABS). Em muitos casos, os CAPS não conseguem
efetivar o matriciamento e a ABS parece não ter se apropriado do cuidado em saúde mental,
comprometendo a continuidade deste. Apesar das mudanças trazidas pelas normativas mais recentes
relacionadas à RAPS, que têm reflexo nas configurações locais desta rede e no trabalho de
psicóloga(os), no geral, a atuação destas(destes) profissionais permanece pautada na lógica
antimanicomial. Os relatos das(os) psicólogas(os) descreveram um trabalho realizado no território,
articulando as famílias e diferentes saberes e dispositivos da rede, de modo a efetivamente substituir
internações psiquiátricas e garantir à(ao) usuária(o) um atendimento singular e ampliado, que preze
por sua dignidade e autonomia.
Palavras-chave: rede de atenção psicossocial; trabalho do psicólogo; saúde mental.

460
Abuso sexual e adolescência: impactos na saúde mental

Thainara Julia Franco

RESUMO
O abuso sexual é compreendido em perspectivas históricas, políticas, sociais, culturais, psicológica,
jurídica e de saúde, assim, o atendimento a esse público caracteriza um constante desafio.
Adolescentes que sofreram abuso sexual podem desenvolver intenso sofrimento psíquico, a
comunicação através do desenho é relevante nesse contexto, pois a partir da interpretação dos traços
e signos pode se dizer da realidade psíquica do indivíduo. A pesquisa visou contribuir para a
compreensão das consequências psicológicas dos participantes, através do enfoque ao estudo da
personalidade e questões emocionais. Também traz contribuições no campo da pesquisa para o Centro
de Atenção Psicossocial infantojuvenil, pensando em estratégias de acolhimento e atendimento de
adolescentes sob essas situações.
Objetivos
O objetivo foi compreender os impactos na saúde mental de adolescentes vítimas de abuso sexual em
um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil de Minas Gerais. Para isso, foi necessário analisar
os prontuários do serviço, aplicar dois instrumentos projetivos em três adolescentes atendidos no
CAPS e levantar as possíveis consequências psicológicas.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de campo, a qual buscou uma compreensão por meio da testagem
psicológica. Com isso, três adolescentes que sofreram abuso sexual, duas meninas de 15 anos e um
menino de 16 anos, foram submetidos ao teste HTP e ao instrumento Desenho da Família. Também
foi realizado a análise de prontuários para mensurar a quantidade de crianças e adolescentes que
chegaram ao CAPS i no ano de 2021 e sofreram algum tipo de abuso sexual, foram analisados 304
prontuários. A análise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo e a partir dos manuais dos
respectivos instrumentos.
Resultados
Mediante a análise de 304 prontuários, foram identificados 24 crianças e adolescentes que
vivenciaram o abuso sexual. Evidenciou-se que a maioria eram meninas e 92% dos abusos foram
intrafamiliares. A prevalência de sintomas foram, automutilação, ideação suicida, tentativa de
suicídio, ansiedade e distorções corporais. A interpretação dos desenhos resultou que os três
vivenciaram situações traumáticas, representando a incapacidade de simbolizar e transformar. A partir
dos desenhos, constatou-se consequências como retraimento, insegurança, dificuldades na
identificação e na formação da identidade de gênero e possibilitou a compreensão de que o abuso
sexual repercute diretamente no contexto familiar. A pesquisa corroborou para identificação do
adoecimento psíquico desses adolescentes, sugerindo transtorno de ansiedade, transtorno de estresse
pós traumático e transtorno depressivo. Conclui-se que, através das técnicas projetivas foi possível
perceber indicadores emocionais na saúde mental. Assim, os CAPS devem atuar diante a
ressignificação do sofrimento, através do cuidado psicossocial e acolhimento de adolescentes e seus
familiares, visando a reconstrução dos vínculos afetivos.
Palavras-chave: Abuso sexual; Adolescência; Saúde mental.

461
Acidente por motor com escalpelamento nos rios Paraenses: Um drama que atinge os Povos
das Águas

Anne Caroline Dias Pragana - Prefeitura Municipal de Moju


Paulo Amarante - ENSP/Fiocruz

RESUMO
Identificar a temática acidente por motor com escalpelamento nos Rios Paraenses se dá de forma
necessária, a fim de entender, criar e corroborar com mecanismos de defesas que possam ser utilizados
para a diminuição dos casos e/ou extinção desse problema que é predominante dentre alguns estados
da Região Norte. O escalpelamento por motor de embarcação é uma lesão grave não somente de
cunho físico, este acidente trás consigo outros tipos de lesões e agravos tanto para suas vítimas quanto
para seus familiares. As vítimas vem por acarretar não somente sequelas físicas (do couro cabeludo,
sobrancelha, orelha e afins) como também psicológicas, sociais e financeiras tendo em vista que esses
outros segmentos da vida são afetados devidos os traumas irem além do exterior, do visível e do
palpável.
Objetivos
Identificar a problemática de acidente de motor com escalpelamento na Região Norte a fim de
minimizar esse tipo de ocorrência nos rios Paraenses.
Metodologia
O trabalho foi desenvolvido por meios de procedimentos de um estudo histórico-bibliográfico de
revisões de literaturas, artigos, sites de cunho científicos tais como SCIELO, monografias e teses
disponíveis nas Bibliotecas da Universidade Federal do Pará e documentos da Secretaria de Saúde do
Estado do Pará bem como na Fundação Sta Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP) a fim de trazer
dados secundários para uma possível pesquisa de intervenção posterior. Tem em sua natureza a
pesquisa básica para gerar um avanço no conhecimento que seja útil para a população destinada e
seguimentos envolvidos.
Resultados
O acidente de motor de embarcação com escalpelamento é uma temática de suma importância na
região amazônica em especial o Pará que infelizmente lidera os casos. É necessário continuar
promovendo e intensificar as ações como campanhas de educação em saúde para conscientizar a
população quanto a necessidade de mudanças culturais pertinentes ao uso desse tipo de barco por
parte dos condutores e seus usuários, aos aspectos de prevenção e cuidado com os cabelos. Apesar de
o estado do Pará já ter sua Política de enfrentamento a mais de uma década infelizmente não existe
em sua estrutura organizacional verbas orçamentárias destinadas para isso; sendo este segundo o
Gestor Municipal o principal entrava para as ações de fiscalização e responsabilidade diária in loco.
É necessário identificar e relacionar os impactos do escalpelamento na saúde pública tendo em vista
seu alto custo nas cirurgias reparadoras e o incalculável custo a vida da vítima em sua saúde mental
e as suas famílias.
Palavras-chave: Escalpelamento; Políticas Públicas; Saúde Mental.

462
Acolhe: grupo de apoio aos servidores afetados direta e indiretamente pelas chuvas em
Petrópolis

Julia Bomfim Felippe dos Santos - Prefeitura de Petrópolis


Rui Carlos Stockinger - UCP/Prefeitura de Petrópolis
Daniella Carias Madeira - UNIFASE/Prefeitura de Petrópolis

RESUMO
A cidade de Petrópolis possui um histórico de catástrofes naturais, que afetaram muitas pessoas,
dentre elas muitos servidores. Este ano, com as chuvas de 15 de fevereiro e 20 de março, não foi
diferente. Sabe-se que o município vem fazendo o possível para disponibilizar profissionais
capacitados para atuação com toda população afetada, e de igual modo, o Núcleo de Medicina do
Trabalho disponibilizou este espaço de apoio e acolhimento aos servidores, que por sua vez, estão em
constante atuação para prestação de serviços de qualidade e efetividade para toda população,
principalmente aos afetados pelas chuvas, dentre os quais, muitos deles mesmos. Foram realizados 8
encontros por grupo. Objetivou-se prestar acolhimento aos servidores que vivenciaram perdas
materiais, humanas e/ou apresentam sofrimento psicológico referente às chuvas, por meio de grupos
de apoio, escuta e compartilhamento de experiências e orientações, tendo em vista que processos
terapêuticos com esta finalidade tendem a ter por objetivo lidar com situações traumáticas que
percorrem necessariamente a recordação da situação, sendo de extrema importância o relato verbal
como ponto inicial, com o objetivo de clarificar e organizar o processo terapêutico. A tendência do
comportamento humano é tentar reduzir o que é doloroso e desagradável, visando afastar-se da
experiência traumática. Portanto, é fundamental o apoio para o enfrentamento, elaboração e
ressignificação do trauma em vias a novas proposições de vida.
Objeto do Relato
Projeto Acolhe, grupo de apoio aos servidores municipais afetados pelas chuvas em Petrópolis.
Objetivos
Este relato pretende apresentar o Projeto Acolhe, sua aplicação e as observações da prática, além dos
resultados alcançados nos encontros e no projeto de modo geral.
Análise Crítica
A partir das atividades realizadas, percebeu-se o desenvolvimento de consciência do espaço/tempo e
da realidade vivenciada por todos os integrantes. A partir destas percepções próprias e singulares, os
indivíduos puderam ter acesso às emoções que afloraram a partir de tais vivências, assim como as
lembranças e crenças que as mesmas mobilizaram dentro de si, entendendo que este era um espaço
seguro e respeitoso. Foram levantados os descritivos das experiências centrais e possíveis significados
em uma perspectiva fenomenológica, fosse nos processos individuais ou no grupal emergente.
Percebeu-se também uma cooperação do próprio grupo para resolução de problemas e processo de
resiliência.
Conclusões/Recomendações
Tendo em vista que este espaço possibilitou o acolhimento, a conscientização do ocorrido e um
ambiente seguro para que pudessem relatar suas vivências, conclui-se que tais atividades obtiveram
sucesso, atingindo o objetivo proposto, com o apoio ao enfrentamento e ressignificação das vivências.
Palavras-chave: Acolhimento, Promoção da Saúde, Saúde do Trabalhador, Desastres Naturais,
Petrópolis.

463
Acompanhamento da Subnotificação dos Dados da Violência: Desafios da Rede de Atenção
Psicossocial nos Territórios Paraenses

Vera Lucia Fonseca de Souza - Secretaria Estadual de Saúde Pública


Jeanne Vinagre Alcântara - Secretaria Estadual de Saúde Pública
Elisena Uchôa Medeiros - Secretaria Estadual de Saúde Pública
Maria Ildeney Cardoso Morais - Secretaria Estadual de Saúde Pública

RESUMO
O Estado do Pará é conhecido por sua extensão continental, configurando assim, um dos maiores
desafios nas visitas técnicas e consequentemente nos monitoramentos realizados pela equipe da
CESMAD, visto que, o deslocamento no território paraense para a realização das ações de saúde
mental ocorrem via terrestre, aérea e fluvial, sendo que, em alguns momentos, utiliza-se até três meios
de transporte diferentes para chegar ao destino final, levando-se cerca de 30h para concluir um
percurso. Contudo tais dificuldades, apesar de configurar-se como barreiras pontuais para efetivação
das ações de monitoramento, tem conduzido a equipe a buscar novos arranjos estratégicos de ação de
assessoramento e qualificação dos profissionais atuantes da RAPS nos territórios paraenses. Tais
arranjos, geralmente, ocorrem por meio de visitas técnicas in loco nos municípios polos de cada região
de saúde, através de Rodas de Conversas, Oficinas, Seminários Intersetoriais de Atenção Psicossocial
da Rede Municipal, a fim de atender as necessidades de assessoramento, nivelamento conceitual e
educação permanente dos profissionais de saúde da RAPS. Nesse contexto, tais ações visam
incentivar o preenchimento da Ficha de Notificação de Violência Interpessoal e Autoprovocada nos
diversos dispositivos da RAPS. Com o objetivo de melhor direcionar estratégias de prevenção aos
agravos de violência nos diversos contextos estadual.
Objeto do Relato
A experiência do monitoramento e qualificação da Rede de Atenção Psicossocial do Estado do Pará.
Objetivos
Trata-se do fortalecimento da RAPS junto às 13 regiões administrativas de saúde, voltados à
ampliação e qualificação do acesso aos serviços, e ênfase na necessidade da notificação pelos diversos
dispositivos da RAPS, aumentando o número de unidades notificadoras de violência e dados
epidemiológicos satisfatórios.
Análise Crítica
Diante do exposto, observa-se que a questão da subnotificação de violência reporta não somente a
insuficiência de qualificação dos profissionais da RAPS referente à notificação compulsória dos casos
suspeitos de violência interpessoal e autoprovocada, mas resulta também, na dificuldade de
compreensão da importância desse instrumental para o reconhecimento dos dados epidemiológicos
do território, possibilitando a elaboração de ações preventivas de agravos de violência. Os dados de
monitoramento e qualificação dos profissionais da saúde revelam que há um expressivo déficit entre
os fatos relatados e os dados notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação -
SINAM/MS.
Conclusões/Recomendações
Assim, debater a importância da notificação sobre violência, seja pública ou privada, resulta na
necessidade de não banalização da política assediosa e autoritária que retira do sujeito sua potência
participativa, condicionando-o a um mero expectador de desmontes de direitos e exclusões sociais.
Palavras-chave: Violência; Subnotificação; Monitoramento.

464
Acompanhamento Terapêutico em Grupo em um Caps - ad II

Taís Elene Juqueira Neme


Isabel Cristina Carniel - UNIP - RP

RESUMO
O Acompanhamento Terapêutico (AT), como prática clínica, iniciou-se na Argentina e no final da
década de 70, essa prática foi introduzida no Brasil, com experiências bem sucedidas. Essa
intervenção, com o AT foi realizada no CAPS ad II de uma cidade no interior de São Paulo.
Participaram desses atendimentos cinco usuários, com idades entre 40 e 60 anos, sendo quatro
homens, com comorbidades psiquiátricas e uma mulher, que permaneciam no Programa de Semi-
Internação Integral, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, há mais de um ano e que estavam em
abstinência. O AT foi conduzido por uma psicóloga e dois auxiliares de enfermagem. No primeiro
encontro foi estabelecido contrato, objetivos com o grupo e também os locais a serem conhecidos. As
visitas foram realizadas com os seguintes objetivos e locais: (1) Acessar cursos profissionalizantes,
com visitas ao Sesc, Sesi, duas ONGs e no Posto de Atendimento ao Trabalhador; (2) Ampliar os
espaços de socialização, com visitas ao Bosque Municipal, três Parques Municipais, uma praça
pública, dois Museus, centro da cidade, Feira do Livro, teatro Pedro II, dois bailes no Núcleo da
Terceira Idade e um shopping-center; (3) Acesso à bens de cidadania, com visitas à Câmara Municipal
para participar de discussões sobre o Plano Plurianual (4) Interação Familiar, com a realização de
visitas domiciliares, buscando maior integração com os familiares; (5) Buscar informações sobre
tratamentos de saúde em um centro de reabilitação para um usuário.
Objeto do Relato
Compartilhar a experiência para consolidar as hipóteses que serão objetivo de um futuro mestrado.
Objetivos
Implementar o trabalho de Acompanhamento Terapêutico em Grupo (ATG) no Caps-ad; Resgatar o
bem estar, a cidadania e os vínculos familiares dos usuários; Aumentar a ressocialização; Estimular
autonomia, inclusão social e cultural; Reduzir a frequência de participação dos usuários no Programa
de Semi-Internação, liberando vagas para novos usuários.
Análise Crítica
No livro "Novos andarilhos do bem" (2012), Luciana Chaui, relata que o AT fortaleceu com a
desinstitucionalização, no final de 70, tornando-se prática importante na assistência aos pacientes
psiquiátricos.
Em "Possíveis intervenções e avaliações em grupos operativos" (2008), Isabel C. Carniel, segundo
Pichon-Rivière (1994), todo grupo operativo se reúne em torno de uma tarefa, sendo o principal
motivo de existência.
No livro Loucura e transformação social (2021), Paulo Amarante, mostra os 40 anos de
transformações na saúde mental, alertando para não ter um retorno do investimento da política pública
a equipamentos privados baseados na ambulatorização, na medicalização e na exclusão social.
Conclusões/Recomendações
Percebe-se que o Acompanhamento Terapêutico em Grupo, é uma modalidade terapêutica que pode
ser implantada nos diversos CAPS ad, pois contribui para a ressocialização e reabilitação dos usuários
e para a diminuição do tempo de internação e cronificação, conforme contexto da reforma
psiquiátrica.
Palavras-chave: acompanhamento terapêutico; grupo operativo; dependência-tratamento.

465
Adaptação do jogo educativo InterRaps para ambiente virtual

Maria Gabriela Rodrigues de Souza - UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa


Rafaela Gessner Lourenço - UFPR - Universidade Federal do Paraná

RESUMO
O jogo InterRaps surgiu como produto do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-
Saúde/ Interprofissionalidade 2019-2021), desenvolvido por estudantes, professores e tutores, com a
intenção de preencher lacunas no ensino acerca da Rede de Atenção Psicossocial, esclarecendo o que
é a RAPS quais serviços a integram e como estes se articulam para promover o cuidado integral ao
usuário em sofrimento mental. Com o advento da pandemia de COVID-19 fez-se necessária a
adaptação do jogo de tabuleiro físico para sua versão online. A adaptação foi realizada por meio de
design das cartas-pergunta, tabuleiro, caderno de perguntas e cartas de casos clínicos, previamente
elaborados para formato físico, desenvolvidos na plataforma Canva e a construção do tabuleiro no
repositório de jogos de tabuleiro digitais Tabletopia, onde as partidas se fazem possível de forma
gratuita. A partir da aprovação em Comitê de Ética a adaptação passou a ser testada por estudantes de
cursos de graduação da área da saúde, com a intenção de avaliar a percepção sobre a dinâmica e o
conteúdo do jogo digital InterRaps pelos graduandos,
Objeto do Relato
Desenvolvimento de jogo educativo virtual InterRaps
Objetivos
Relatar o processo de desenvolvimento de jogo educativo virtual para o aprendizado interprofissional
acerca dos pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial.
Análise Crítica
O desenvolvimento da parte visual do jogo apresentou-se como um desafio, visto que não são
competências trabalhadas no ensino superior da área da saúde. Ao romper com o modelo de educação
vertical e compartimentalizada, o uso da gamificação do ensino na perspectiva da
interprofissionalidade torna possível a discussão acerca dos desafios sobre o encaminhamento dos
usuários e questões sobre os diferentes serviços da RAS, possibilitando a formação de profissionais
com pensamento crítico para atuar no âmbito do SUS.
Conclusões/Recomendações
O desenvolvimento do jogo propiciou aos envolvidos um aprofundamento no conhecimento acerca
da RAPS e do uso de metodologias ativas, possibilitando o rompimento com o modelo de educação
vertical e compartimentalizada e a formação de profissionais que assistam aos usuários do SUS de
forma integral.
Palavras-chave: Educação interprofissional; Saúde mental; Jogos experimentais.

466
Afetos e violências estruturais: uma experiência de intervenção psicossocial na saúde mental

Luiz Estevão Moreira Paiva - PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Maria Clara de Souza Vaz - PUC Minas
Maria Eduarda Cruz Oliveira - PUC Minas
Yara Maria de Campos - PUC Minas
Márcia Mansur Saadallah - PUC Minas

RESUMO
Este é um relato da experiência decorrente da prática do estágio A Psicóloga na Comunidade, parceria
da PUC Minas com a rede de atenção psicossocial de um território em Belo Horizonte em situação
de extrema vulnerabilidade. A partir da indicação do Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS) e Centro de Saúde, os estudantes visitam o território e fazem o acolhimento de famílias em
suas casas, trabalho, praças ou locais públicos nas proximidades. Tendo como princípio uma escuta
acolhedora, buscamos estabelecer vínculos com a família por meio do afeto, criando-se assim um
espaço de confiança e acolhimento. A partir disso, objetivamos fortalecer e potencializar os/as
moradores/as da comunidade, investindo no desenvolvimento da autonomia e uma postura
emancipatória. Nesse sentido, suscita-se, nos encontros semanais, reflexões acerca das estruturas
sociais as quais as famílias estão envolvidas, que são atravessadas por diversas violências,
vulnerabilidades, desmonte das políticas públicas. Tais reflexões geram impacto nos próprios
vínculos familiares, que se fortalecem com a prática, além de refletir na capacidade de ação de cada
sujeito, ampliando o repertório de pensamentos e respostas frente às problemáticas. Dessa forma,
agenciamos processos de subjetivação não-hegemônicos, pautados na psicologia social comunitária,
visando uma mudança na relação entre sujeito e suas condições atuais, tendo em vista a constante
preocupação com as desigualdades sociais e estruturais.
Objeto do Relato
Acompanhamentos individuais e familiares, em estágio, em um território em vulnerabilidade de BH.
Objetivos
Apresentar as potencialidades da psicologia social comunitária dentro de territórios atravessados pela
vulnerabilidade, violência e desmonte das políticas públicas, bem como pelas estruturas sociais que
se interseccionalizam; propor uma Psicologia movida pelos afetos enquanto (r)existência às lógicas
necropolíticas e neoliberais.
Análise Crítica
Ao adentrarmos a comunidade, seus espaços públicos e nas casas de moradoras/es, percebemos, junto
às pessoas acompanhadas, as formas com que as políticas de morte contra a população negra, pobre
e periférica são estabelecidas no cotidiano da população; a maneira pela qual a misoginia estrutura a
sociedade brasileira; e o modo pelo qual a luta de classes é estabelecida em nosso dia a dia. Buscando
romper com práticas reproduzidas, excludentes e violentas, utilizamo-nos da construção da psicologia
latinoamericana para criar novas formas de habitar os territórios e (r)existir à lógica burguesa-
neoliberal que dita as formas dos corpos.
Conclusões/Recomendações
A partir de uma Psicologia pautada no estabelecimento de vínculos, que se implica nos campos
sociopolítico e econômico, buscamos fortalecer as famílias acompanhadas e tecer, com elas, modos
de vida mais potentes. Entendemos que a (r)existência só pode vir de uma psicopolítica dos afetos.
Palavras-chave: Psicologia latinoamericana; Vulnerabilidade; Psicologia social comunitária.

467
Alterações ocupacionais relacionadas à educação, expressas em grupos temáticos: segredos
universitários de uma rede social online

Sergio Antonio Mendes Reche - UFS


Jair Borges Barbosa Neto - UFSCar
Taís Bleicher - UFSCar
Heloísa Cristina Figueiredo Frizzo - UFscar

RESUMO
Estima-se que 15% a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de transtorno
psiquiátrico durante sua formação. Com o avanço tecnológico e o uso constante das redes sociais
online, o monitoramento do conteúdo expresso e experienciado pelos usuários vem tornando-se
relevantes para os estudos em Saúde Mental. Estudos realizados com ferramentas para identificação
de sintomas depressivos mostraram percentuais significativos na identificação e em um posterior
tratamento da depressão. Diversos estudos mostram que os sofrimentos psíquicos prejudicam o
desempenho no trabalho e em atividades educacionais, incluindo a redução de produtividade, o
aumento do absenteísmo e danos à saúde, que impactam no pleno exercício das ocupações, causando
problemas sociais, econômicos e de bem-estar.
Objetivos
Identificar alterações ocupacionais relacionadas à educação e com a vida acadêmica, expressas em
grupos temáticos: segredos universitários.
Metodologia
Utilizando-se a ferramenta Crowdtangle, postagens públicas, anônimas e anonimizadas em grupos de
segredos universitários do Facebook, foram anotadas para identificação de alterações ocupacionais.
A anotação de corpus visou identificar trechos destas postagens que possuem indicativos de alterações
ocupacionais, e identificar quais tipos de alterações. Para identificação de alterações ocupacionais,
utilizou-se o referencial teórico Domínio e Processo da Terapia Ocupacional versão portuguesa 2021.
Serão apresentados os resultados das alterações ocupacionais relacionadas à área de educação.
Resultados
Foram analisadas 300 postagens (2364 sentenças), 37 possuíam indícios de alterações ocupacionais
(301 sentenças), e destas 30 postagens (111 sentenças) estavam relacionadas à educação. A análise de
conteúdo destas alterações ocupacionais, resultou nas seguintes categorias: Queda no desempenho
acadêmico devido a sofrimentos psíquicos; Ambiente universitário como causador de sofrimentos
psíquicos; Falta de motivação e sentido em relação ao conteúdo estudado; Falta de apoio social,
empatia dos professores, comunidade acadêmica e colegas; Problemas financeiros, com sobrecarga
de trabalho e estudo; Preocupações com futuro profissional e identidade pessoal, com prejuízo no
desempenho acadêmico. A análise dos resultados permite considerar que os estudantes identificam a
intensificação dos sofrimentos psíquicos mediante questões relacionadas à vida acadêmica e à
universidade, relacionando-os, em sua maioria, ao ingresso no curso. Nos casos de sofrimento
psíquico preexistentes, os estudantes indicam que a universidade intensificou esta circunstância.
Assim considera-se que, o ambiente universitário tende a ser um agente de causa e agravo ao
sofrimento psíquico comprometendo a saúde mental.
Palavras-chave: Saúde mental; Estudantes Universitários; Redes Sociais Online.

468
Ambulatório Rivadávia Côrrea: Propagação do discurso eugênico na profilaxia de doenças
mentais e nervosas na população suburbana e carioca no séc.XX

Pedro Henrique Abreu da Silva - UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Renata Patricia Forain de Valentim - UERJ- Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Vitor Oliveira Braga - UERJ- Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Rafaela Antunes Fernandes Petrone - UERJ- Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
Em 1920 é inaugurado o Ambulatório Rivadávia Corrêa. A instituição ficou conhecida como a
primeira, da América Latina, a oferecer uma profilaxia das doenças mentais e nervosas, representando
uma forte intersecção entre o saber psiquiátrico e os discursos de interesse republicano. Dentre tais
discursos, a eugenia, que atribuía à mistura de raças um fator propulsor para diversos problemas na
sociedade, inclusive a loucura. Com isso, o Ambulatório Rivadávia Corrêa buscou não apenas ter
como um dos seus princípios a educação eugênica, como também torná-la uma política pública,
acreditando desta forma estar contribuindo para a prevenção de doenças mentais e nervosas e o
consequente engrandecimento da nação baseados na eugenia.
Objetivos
Este trabalho tem por finalidade apresentar, com base em periódicos populares lançados na época,
como o Ambulatório Rivadávia Corrêa buscou instruir especialistas e a população suburbana do Rio
de Janeiro através de uma educação baseada na eugênia, como modo de profilaxia das doenças
mentais e nervosas.
Metodologia
Para tal análise, foram utilizadas fontes primárias provenientes da Hemeroteca Digital da Biblioteca
Nacional, como alguns periódicos: Correio da Manhã, A Época,Gazeta de Notícias,Jornal do Brasil,A
Noite, O Malho,A Manhã e Gazeta Suburbana.
Resultados
Foi possível constatar a partir das mencionadas publicações, que faziam propaganda do ambulatório,
não apenas uma intensa preocupação com uma suposta descendência sadia, fruto do pensamento
eugênico, mas também a presença de médicos do Ambulatório Rivadávia Corrêa proferindo palestras
em outros espaços estratégicos, tais como associações e sociedades urbanas na região suburbana do
Rio de Janeiro. Tais incursões buscavam promover uma educação a respeito das supostas causas da
loucura e como evitá-las no indivíduo ou até mesmo no ambiente familiar, havia aqui uma intensa
propaganda da eugenia. A psiquiatria do séc. XX adere ao discurso da degenerescência, onde as
doenças mentais, o alcoolismo e até mesmo a epilepsia passam a ser vistos como fruto da mistura de
raças. Assim, é possível observar que as medidas profiláticas com fundamentação eugênica não
ficaram restritas apenas ao âmbito da saúde, impactando toda a sociedade no início do século XX. Tal
discussão pode servir, inclusive,para que se possa pensar de forma crítica a existência da neutralidade
em intervenções psiquiátricas ainda na atualidade.
Palavras-chave: Eugenia; Psiquiatria; Degenerescência; Educação.

469
Análise da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em João Pessoa-PB: dando voz aos sujeitos

Rafael Nicolau Carvalho – UFPB - Universidade Federal da Paraíba


Alecsonia Pereira Araújo - UFPB
Patrícia Barreto Cavalcanti - UFPB
Edna Tânia Ferreira da Silva - UFPB
Katiusca Torres Medeiros - UFPB

RESUMO
Este trabalho é um recorte do projeto de pesquisa aprovado no Edital Nº 28/2018, Chamada Universal
do CNPq. A pesquisa centra-se na interpretação dos atores sociais (usuários dos serviços, seus
familiares e profissionais) sobre as ações de cuidado desenvolvidas na rede. O estudo assume um
caráter de avaliação da RAPS, levando em conta a participação desses atores na construção desse
cuidado, de forma a contextualizar o campo de opiniões, valores e condições sociais de produção do
cuidado em saúde mental. Este estudo rompe com perspectivas estanques de avaliação que
consideram apenas indiciadores de atendimentos, custos, produtividade etc. Portanto, trata-se de uma
investigação qualitativa que leva em o significado das ações de cuidado para os usuários e sua
avaliação sobre a rede.
Objetivos
A pesquisa tem por objetivo analisar a implementação da RAPS, a partir da interpretação dos atores
sociais sobre as ações de cuidado. Como objetivos específicos: 1) Analisar a percepção deles sobre o
papel da RAPS e do CAPS no desenho da rede; 3) Avaliar a qualidade do cuidado a partir de suas
interpretações; 5) Compreender como a organização da RAPS interfere no itinerário terapêutico.
Metodologia
O método de investigação contemplou uma abordagem mista, que inclui dados qualitativos e
quantitativos. Procedeu-se com a identificação dos serviços de saúde que desenvolvem ações em
saúde mental dentro do seu nível de complexidade. Delimitou-se todos os serviços do componente
Atenção Psicossocial Estratégica e uma seleção de serviços estratégicos dentro dos demais
componentes. Desta feita, realizou-se levantamento de dados nos prontuários dos usuários,
observações sistemáticas, aplicação de questionários, realização de entrevistas e grupos focais com
os participantes.
Resultados
Como mencionado, este trabalho é um recorte e contempla as análises realizadas a partir das
entrevistas com os usuários dos dois CAPS III e dos grupos focais realizados com seus familiares.
Foram realizadas 22 entrevistas nos dois serviços e dois grupos focais com os familiares. Sobre as
entrevistas, os participantes relatam histórico de múltiplas internações psiquiátricas e das violências
que sofreram nas instituições manicomiais. Reconhecem a importância do CAPS e estabelecem
diferenças significativas entre as duas experiências. Descrevem o CAPS com uma sua segunda casa
expressão muito recorrente nas entrevistas. No entanto, percebem dificuldades recentes na
manutenção dos serviços, como falta de recursos, diminuição da oferta de atividades terapêuticas e
redução da equipe. Sua participação está centrada nesse nível de atenção tendo pouca entrada em
outros serviços. Os familiares participam do CAPS ativamente, expressam culpa pelas internações
dos seus entes e temem o desmonte da política de saúde mental. Percebeu-se que a RAPS alterou a
busca pelo cuidado e o contato com a narrativa da reforma promoveu um reconhecimento delas como
sujeitos de direitos, fortalecendo o cuidado.
Palavras-chave: Avaliação; Atenção Psicossocial; Reforma Psiquiátrica; Saúde Mental.

470
Análise do documentário "Crônicas (des)medidas : A (in)visibilidade dos pacientes em
Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico no Pará

Ana Carolina Oliveira da Silva - Centro de Atenção Psicossocial

RESUMO
Mesmo com todos os avanços alcançados ao longo do tempo, a segregação de portadores de
transtornos mentais ainda é um discussão atual e frequente na realidade social. Quando ocorre a
correlação do transtorno à um ato delituoso, esse contexto excluidor se estabelece de forma ainda
mais forte. Os portadores de transtorno mental são categorizados como inimputáveis, pessoas
desprovidas de juízo crítico no momento do delito, como prevê o art. 26 do Código Penal Brasileiro.
O debate desse tema é necessário para a sociedade civil à medida que deflagra o caminho percorrido
por aquele que cometeu uma infração penal e sua consequente punição, já que o Brasil é regido pelo
sistema punitivo e concomitantemente vive o contexto da Reforma Psiquiátrica e suas políticas
públicas cada vez mais efetivas.
Objetivos
Análise da vivencia dos participantes do filme em instituições como o manicômio judiciário, que
tiveram internações de longa duração. Relacionar a realidade do Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico do Pará com história da reforma psiquiátrica. Identificar como o HCTP-PA se caracteriza
enquanto instituição e investigar acerca das consequências de uma internação prolongada no HCTP-
PA.
Metodologia
A pesquisa de revisão bibliográfica qualitativa para embasar a análise de documentário. Para Gil
(2007, p. 17) a pesquisa é definida como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo
constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos
resultados .
Resultados
Por meio deste trabalho, que teve como instrumento a análise do documentário Crônicas
(Des)medidas , foi possível observar e constatar o quanto o interno de Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico ainda é invisível não só para a sociedade civil, mas também para os órgãos
que deveriam garantir a cidadania desses sujeitos. A construção desse conhecimento proporciona
observar que, não somente pelas estruturas físicas o HCTP-PA se torna um local com lógica
manicomial, mas principalmente, pelas relações ali estabelecidas. A contraposição de um lugar que é
predominantemente prisional ser considerado um lugar onde tratamento possa ser oferecido se torna
possível a partir do momento em que é pensado o que significa cuidado e para quem ele está sendo
oferecido cuidado. Além da realidade da saúde mental, refletir sobre um lugar onde a subjetividade é
colocada como objeto de controle e coerção para aqueles que, na verdade são vítimas de um sistema
negligente na garantia de direitos, são conclusões importantes. É interessante pensar que esses
indivíduos se tornam visíveis somente quando são considerados reagentes de algum perigo ou risco
social.
Palavras-chave: Internação prolongada; Hospital de Custódia; (In)visibilidade; Transtorno mental;
Exclusão.

471
Análise documental do papel da Redução de Danos na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
para os Usuários de Substâncias: Avanços e Retrocessos

Mayara Dandara Barbero - Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz


Eroy Aparecida da Silva - Universidade Federal de São Paulo

RESUMO
A Redução de Danos representa grande avanço para as políticas de drogas ao redirecionar a atenção
e o cuidado em saúde aos usuários, considerando-os como direitos não condicionados à abstinência.
A despeito de seus trinta anos no Brasil, tal concepção não é hegemônica e sua implementação não
foi estabelecida linearmente, possuindo momentos de avanços e recuos que evidenciam
ambivalências, disputas e a coexistência de paradigmas opostos. O descompasso nos campos da
segurança e saúde pública reflete o debate histórico acerca do tema,demonstrando a persistência do
paradigma proibicionista. Diante do atual e crescente desmonte da RD no país, a análise em
retrospecto permite resgatar suas origens, situá-la no contexto atual e fortalecer seus horizontes,
apresentando suas contribuições ao campo.
Objetivos
A pesquisa buscou investigar e analisar o papel da estratégia de Redução de Danos na Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS) através de um percurso crítico, delineando seu estabelecimento,
identificando as formas de implementação nos diferentes níveis de atenção à saúde, além de apontar
e analisar seus possíveis avanços e retrocessos na saúde e Políticas Públicas.
Metodologia
Trata-se de um estudo de caráter qualitativo que utiliza como metodologia a Análise Documental para
examinar a trajetória legal da Redução de Danos. Foram selecionados 10 documentos, entre
normativas e legislações oficiais, compreendidos entre os anos de 2001 e 2019, que se destacaram ao
longo das três décadas da Redução de Danos no país e que representam importantes marcos para a
estratégia e pontos nodais acerca das orientações e práticas voltadas aos usuários de substâncias
psicoativas.
Resultados
Observou-se que a Redução de Danos enquanto estratégia e política pública se construiu repleta de
sinuosidades, modificando-se ao longo dos anos, atravessada pelas circunstâncias sociais e políticas
vigentes. A análise dos documentos demonstra uma progressiva ampliação do conceito de RD e
expansão do seu escopo que, paulatinamente, envolvem e articulam outras políticas públicas,
demonstrando a transformação e adaptação da RD, que ultrapassa a alçada da prevenção e configura-
se enquanto ética do cuidado. Os documentos desvelam incongruências e disputas de poder entre as
esferas da saúde e segurança pública, tensionadas por paradigmas opostos norteadores das políticas.
Entre os anos 2002 e 2016 houveram avanços em relação à estratégia e o surgimento de diversas
iniciativas no sentido de superação do paradigma proibicionista. Porém, diante da tendência mundial
de ascensão do conservadorismo, há uma conjuntura antirreformista que repercute nos documentos
mais recentes e representa retrocessos no cuidado à essa população, à política de RD e o modelo de
atenção psicossocial, que têm obtido importantes resultados e benefícios para as pessoas que usam
drogas, suas famílias e a comunidade.
Palavras-chave: Redução de Danos; Saúde Pública; Rede de Atenção Psicossocial.

472
Ansiedade ou cisheteronormatividade? Um estudo de caso na clínica em Psicologia Sócio-
Histórica

Luisa Brandão Costa


Júlia Pagano Costa - PUC - SP

RESUMO
O presente trabalho se inicia apresentando as noções de gênero e sexualidade como construções
sociais, e explica com mais profundidade os conceitos de cisheterosexismo, cisheteronormatividade
enquanto sistemas de controle e opressão, naturalizando violências estruturais e institucionais.
Depois, se discute como a psicologia hegemônica, em seu histórico de patologizar e individualizar
questões sociais e coletivas, se relaciona com a cisheteronormatividade.
Objetivos
O trabalho teve como objetivo analisar um caso clínico a partir da perspectiva da Psicologia Sócio-
Histórica.
Metodologia
A metodologia utilizada foi o estudo de caso, sendo feito a partir de atendimentos clínicos em uma
clínica escola. O cliente foi atendido primeiramente por uma psicoterapeuta, e, depois, por uma dupla
composta por uma psicoterapeuta e uma estudante de psicologia. O estudo foi feito a partir dos
prontuários e relatórios construídos por elas. Apresenta-se o caso, e são construídas reflexões sobre
como a população LGBTQIA+ experiencia vivências de violência, invisibilidade e negação, o que
produz sintomas de ansiedade.
Resultados
Questiona-se a noção de ansiedade, que aparece como principal queixa do cliente em questão no
processo psicoterapêutico, pensando que esses sintomas na verdade podem indicar processos
históricos, sociais e culturais que estão camuflados e naturalizados na sociedade capitalista
globalizada como problemas pessoais e singulares. O trabalho propõe como hipótese de manejo e
raciocínio clínico, a partir do estudo de caso, que a ansiedade apresentada por indivíduos da população
LGBTQIA+ está associada a situações específicas que todo esse grupo está mais vulnerável para
viver, como a falta de suporte, o estigma da sociedade, família e amigos, a vergonha e o medo por
não seguir padrões heteronormativos. Concluindo, propõem-se que para se construir efetivamente
uma psicologia de combate à LGBTQIA+fobia, é necessário que tais discussões se estruturem a partir
de uma percepção crítica; somente assim será possibilitado que o espaço de escuta e reflexão não se
torne mais um ambiente de violência, opressão, deslegitimação e invisibilização.
Palavras-chave: ansiedade; cisheteronormatividade; Psicologia Sócio-Histórica; manejo clínico.

473
Aprendizagem da arte como ferramenta para atuação da enfermagem no contexto da
internação psiquiátrica: a experiência de residentes de enfermagem em saúde mental e
psiquiátrica

Flávia Fonseca Venancio - FMUSP


Isabela Pechinim - FMUSP
Kaine Felipe - FMUSP
Luana Gasparelli - FMUSP
Marina Peres - FMUSP
Joana Lage - FMUSP
Cassia Fellet - FMUSP
Eliana Ciasca - FMUSP
José Gilberto Prates - FMUSP
Carmen Santana - FMUSP

RESUMO
As atividades ocorrem adjuntas ao serviço terciário, em uma enfermaria de pacientes agudos e
semiagudos em um hospital de referência em atendimento psiquiátrico na cidade de São Paulo. As
práticas são oferecidas por cinco residentes de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica,
juntamente com uma arteterapeuta. As residentes receberam um embasamento teórico sobre arte,
saúde mental e integralidade do cuidado, para que só então começassem a prática com os pacientes.
As oficinas ocorrem uma vez por semana, com aproximadamente uma hora de duração. Os pacientes
da enfermaria são convidados a participar, tendo uma média de cinco participantes por encontro. São
utilizados como materiais papel A4, cartolina, lápis de cor, giz, tintas, pincéis entre outros. Os
encontros são pautados essencialmente no acolhimento e na escuta dos participantes, permitindo a
criação de um espaço aberto de troca de narrativas e livre expressão. Nesse contexto, a arte é utilizada
como um instrumento terapêutico que enriquece e valoriza a expressão do sujeito, além de auxiliar
na descoberta das potencialidades singulares de cada um. Os encontros permitem a reabilitação do
indivíduo através da expressão de subjetividades, desenvolvimento de atividades produtivas, diálogo,
reflexão e ressignificação de novas experiências. Com isso, a arteterapia traz uma interação direta dos
participantes e os residentes, pois possibilita identificar as emoções, sentimentos e percepção dos
pacientes sobre sua realidade.
Objeto do Relato: Experiência de residentes na aprendizagem da arte como ferramenta de
acolhimento psicossocial.
Objetivos: Apresentar a vivência de residentes de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica na
aplicação da arteterapia como instrumento de intervenção psicossocial e construção de
relacionamento terapêutico.
Análise Crítica: A experiência permitiu o aprimoramento da prática profissional dos residentes
através de técnicas de arteterapia em contexto de internação psiquiátrica de pacientes agudos. Além
da aproximação e criação de vínculo entre os pacientes envolvidos e as residentes. Ainda, observou-
se os benefícios para os pacientes, proporcionando um ambiente acolhedor e terapêutico de
autorreflexão, recuperação e reabilitação através do estímulo à criatividade e engajamento social.
Como dificultadores, foram presenciadas a falta de conhecimento e entendimento por parte de outros
profissionais da enfermaria, além de atividades simultâneas realizadas no mesmo ambiente.
Conclusões/Recomendações: O ensino do cuidado de enfermagem na assistência à saúde mental não
deve focar apenas no manejo da doença e sim transcender o modelo biomédico. A arte como
ferramenta de atenção psicossocial durante a internação psiquiátrica é fundamental para o
estabelecimento e continuidade do vínculo.
Palavras-chave: Pós Graduação; Saúde Mental; Terapias Sensoriais.
474
Aproximações com a Saúde Mental e a (Des)Construção de um Manual de Práticas Corporais
e Atividades Físicas

Bruna Maria de Araújo Marinho


Filipe Ferreira da Costa - UFPB

RESUMO
Esse estudo relata como novas aproximações com a Saúde Mental impactaram na problematização
de um manual sobre práticas corporais e atividades físicas, proposto para um CAPS/AD no município
de Caicó/RN. O período de realização foi entre 2020 e 2022. As considerações sobre o manual foram
possíveis a partir de um maior contato com a luta antimanicomial e com a Reforma Psiquiátrica, a
partir do meu ingresso em um programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental da UFPB
e tiveram como passo inicial o retorno à proposta do manual. Para facilitar as considerações, o
material foi dividido em três partes: 1) Conceitual, composta pelo próprio nome do material e as
modalidades que nele estão presentes; 2) Avaliativa com a utilização de escalas de percepção de
esforço e algumas formas de avaliação qualitativa das ações dos profissionais; 3) Parcerias Externas
apresentando possibilidade de ação nos territórios e a articulação com outros setores e pessoas que
não estão diretamente ligadas ao CAPS, mas que podem participar de momentos de construção com
os usuários. As considerações sobre as partes levaram a discussão dos temas: promoção da autonomia,
cuidado em liberdade, desejos manicomiais, RD e ações no território. No contexto de superação do
manual, sugere-se a importância da Educação Permanente em Saúde, a necessidade de ações de
compartilhamento do cuidado e a emergência de pautar as propostas sob a lógica da luta
antimanicomial e dos preceitos da reforma psiquiátrica.
Objeto do Relato
A problematização de um manual de orientação sobre práticas corporais e atividades físicas
Objetivos
Relatar como novas aproximações com a Saúde Mental, através da Educação Permanente em Saúde,
impactaram na problematização e reflexão de um manual sobre práticas corporais e atividades físicas.
Pautar as discussões necessárias para o cuidado em Saúde Mental; Reforçar a importância da
Educação Permanente em Saúde
Análise Crítica
Para facilitar as considerações, o material foi dividido em três partes: 1) Conceitual, composta pelo
próprio nome do material e as modalidades que nele estão presentes; 2) Avaliativa com a utilização
de escalas de percepção de esforço e algumas formas de avaliação qualitativa das ações dos
profissionais; 3) Parcerias Externas apresentando possibilidade de ação nos territórios e a articulação
com outros setores e pessoas que não estão diretamente ligadas ao CAPS, mas que podem participar
de momentos de construção com os usuários. As considerações sobre as partes levaram a discussão
dos temas: promoção da autonomia, cuidado em liberdade, desejos manicomiais, RD e ações no
território
Conclusões/Recomendações
No contexto de superação do manual, sugere-se a importância da Educação Permanente em Saúde, a
necessidade de ações de compartilhamento do cuidado e a emergência de pautar as propostas sob a
lógica da luta antimanicomial e dos preceitos da reforma psiquiátrica.
Palavras-chave: Redução de Danos; Centro de Atenção Psicossocial; Atividades Físicas.

475
Arte e luta antimanicomial: imaginando e semeando outros mundos possíveis

Andréa Graupen - Espaço Rizoma


Dulce Carolina de Barros - Espaço Rizoma- Atenção em Saúde Mental
Paula Fernanda Fonsêca de Araújo Santos - Espaço Rizoma- Atenção em Saúde Mental
Letícia Souto Ribeiro de França - Espaço Rizoma - Atenção em Saúde Mental

RESUMO
A experiência artivista de intervenção urbana (IU) aconteceu na zona norte da cidade do Recife, em
dois locais distintos, no intuito de fomentar a discussão sobre a luta antimanicomial para além da
instituição. Tal discussão foi iniciada no serviço, mas extrapolou nossos muros e ganhou a rua.
Compreendemos que a arte, na sua potência poética e política, é a maneira adequada para promover
a discussão sobre o tema em questão, visto que a arte é libertária por excelência, possibilita a
expressão da singularidade, estimula o imaginário, abre espaço de semear ideias de mundos possíveis.
As linguagens artísticas escolhidas (lambe-lambe, panfleto e papel semente com palavras) são
adequadas para a intervenção urbana, que tem como premissa ocupar a cidade, numa compreensão
de que a cidade é, por excelência lugar de todos, de poéticas diversas e também de ocupações e
disputas políticas. Ao longo da semana foram realizadas rodas de conversa na instituição em várias
atividades de grupo, com diversos usuários onde a partir de palavras-frases disparadoras, que
remetiam ao cuidado, liberdade, manicômio e outras. Os participantes foram convidados a elaborar
lambe-lambes, panfletos e escrever em papel semente, as palavras que desejam semear para um
mundo sem manicômios. Os lambe-lambe foram colados no dia da luta, durante o ato e os demais
materiais foram distribuídos no mercado público próximo a instituição.
Objeto do Relato
Intervenção urbana realizada por usuários de serviço substitutivo de atenção em saúde mental.
Objetivos
Propor uma discussão sobre como a arte, o artivismo/intervenção urbana, são potentes dispositivos
de promoção de saúde, com seu caráter criativo e político se mostram como recursos adequados para
expressar ideias e provocar trocas sobre temas como liberdade, cuidado, saúde e temas correlatos,
tanto para usuários/as como para a população geral.
Análise Crítica
Fomentar espaços de exercício crítico e criativo de si e do mundo, através das linguagens artísticas
mostra-se imperativo para que possamos assegurar, na prática, um local de cuidado, de liberdade,
onde aqueles que estão em sofrimento psíquico são sujeitos ativos da construção, reflexão e
manutenção de seus processos de promoção de saúde. Através do artivismo/ intervenção urbana
podemos ocupar espaços com uma poética própria e promover uma reinserção de pessoas que, ao
longo dos tempos, têm sido excluídas desses espaços.
Conclusões/Recomendações
Ao articular luta antimanicomial e arte, podemos potencializar uma maneira libertária de cuidar. É
um cuidado sem contraindicação, acessível e de baixo custo. A arte, em seu caráter transgressor,
possibilita o deslocamento, a circulação, a desconstrução e a horizontalidade de saberes.
Palavras-chave: arte; artivismo; cuidado; intervenção urbana; luta antimanicomial.

476
As consequências do atravessamento da violência territorial no ambiente escolar

Maria Weysianne Sousa Borges - Secretária Executiva sobre Drogas

RESUMO
O mais papo mais atitude é um projeto realizado em escolas públicas do ensino médio, com o objetivo
de criar um espaço seguro de escuta e acolhimento, desenvolver o protagonismo juvenil, a fim de
evitar ou reduzir, o uso ou dependência de substâncias psicoativas e realizar o encaminhamento de
casos que surgem espontaneamente para o atendimento nos equipamentos adequados, utilizando
metodologias ativa. O projeto é realizado dentro da EEFM São Francisco de Assis, atravessada pela
violência territorial. Na primeira reunião com a gestão escolar informaram que os alunos eram pouco
engajados, e sem sonhos para o futuro e que isso poderia afetar no sucesso do projeto. Após acordarem
que os encontros deveriam acontecer no contra turno, deu-se início à divulgação das inscrições para
os alunos resultando em cinco inscrições. Desta forma fez se necessário mudar a abordagem e as
divulgações foram feitas com a dinâmica do novelo de lã para que fosse possível a construção de
vínculo com os estudantes, derivando em dezoito inscrições.
Na segunda etapa foi realizado as escutas sensíveis, e marcado o primeiro encontro em que apareceu
três alunas, neste dia foi construído o acordo de convivência e o levantamento de quais temas seriam
abordados nas próximas rodas. Nos encontros seguintes não houve a presença dos alunos, deste modo
as ações foram redirecionadas para as aulas de plano de vida, ações formativas para toda a escola com
temáticas que foram apresentadas nas escutas sensíveis.
Objeto do Relato
Estudantes do ensino médio em escola pública do estado do Ceará, na periferia de Fortaleza.
Objetivos
Apresentar a vivência como estagiária de psicologia no ambiente escolar;
Descrever os atravessamentos dos determinantes sociais no processo de subjetivação e aprendizagem
das juventudes;
Refletir a prática da profissional de psicologia no ambiente escolar que é atravessado por
vulnerabilidades territoriais
Análise Crítica
A violência territorial que permeia as relações interpessoais dos estudantes dificulta o acesso ao
conhecimento de oportunidades, e políticas públicas, isso atravessando seu processo de subjetivação
causando desesperança por falta de representatividade que fomente a imaginação das possibilidades
de existir. Durante a realização das dinâmicas de divulgação com os alunos, foi percebido que alguns
deles almejam cursar graduação e outros cursos apesar do seu rendimento na escola. Destacou-se nas
escutas sensíveis que a motivação entre os inscritos foi o desejo de aprender, o espaço de acolhimento,
e a carência de ferramentas de autoconhecimento para lidar com as próprias emoções.
Conclusões/Recomendações
A juventude periférica é assombrada pelos estereótipos de serem pessoas difíceis de lidar, portanto é
importante que a profissional da psicologia desfaça-se da reprodução do que é aceitável,
transgredindo esses estereótipos e criando um espaço potencializador para o protagonismo juvenil
Palavras-chave: Protagonismo Juvenil; Autoconhecimento; Escuta sensível; Roda de conversa.

477
As disciplinas de ênfase e o estágio obrigatório: um desafio institucional com infinitas
possibilidades de êxito

Roberta Murta da Silva


Cristiane de Carvalho Guimarães - UNESA
Janaína Cavalcanti - UNESA

RESUMO
Atualmente, no curso de graduação de Psicologia da Universidade Estácio de Sá existem três
currículos vigentes (116, 118, 220) e dependendo do currículo ao qual o aluno esteja vinculado, os
estágios obrigatórios deverão ser cursados em três ou quatro semestres. A pesquisa Percepção do (a)
aluno (a) estagiário (a) do curso de Psicologia (Campus João Uchôa/ UNESA) sobre a integração dos
conhecimentos adquiridos ao longo do curso com a prática no estágio supervisionado no SPA , por
meio do envio de questionários a 92 alunos matriculados nos estágios obrigatórios, verificou que
percentual considerável dos participantes (39,13%) destacou a importância de se cursar as disciplinas
de ênfase relativas à abordagem escolhida para o estágio obrigatório, anteriormente ao ingresso no
estágio.
Objetivos
Conhecer e analisar a percepção dos participantes acerca da importância de se cursar as disciplinas
de ênfase anteriormente ao início do estágio obrigatório, bem como os aspectos negativos que
inviabilizam que tais disciplinas sejam cursadas anteriormente ao período do estágio.
Metodologia
Utilizou-se o método descritivo considerando que os dados analisados foram obtidos a partir da
pesquisa Percepção do (a) aluno (a) estagiário (a) do curso de Psicologia (Campus João Uchôa/
UNESA) sobre a integração dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso com a prática no estágio
supervisionado no SPA . Foram analisadas as respostas obtidas através dos questionários enviados
aos alunos, bem como, às transcrições relativas aos quatro grupos focais.
Resultados
A partir da análise dos dados obtidos através das respostas aos questionários enviados aos
participantes, bem como, das transcrições das informações levantadas em quatro grupos focais
realizados em supervisões de abordagens diferentes (TCC, Jung, Humanista e Gestalt), verificou-se
que, nos quatro grupos focais, a temática acerca das disciplinas de ênfase foi muito debatida e
questionada por um percentual considerável de participantes (39,13%). Com base nas informações
obtidas, as demandas foram redistribuídas em quatro subcategorias: a) estrutura curricular e
disponibilização das disciplinas de ênfase pela instituição; b) disciplinas de ênfase oferecidas x
disciplinas de ênfase desejadas; c) estágio básico 1 e 2: settings de preparo para as disciplinas de
ênfase; d) disciplina de ênfase como pré-requisito para o ingresso no estágio obrigatório. A partir da
análise das subcategorias, foi sugerida a realização de palestras visando apresentar aos alunos, desde
o estágio básico 1, conteúdos relativos às disciplinas de ênfase, bem como a confecção de uma cartilha
on line com orientações acerca do tema. Por fim, dialogar com a coordenação acadêmica acerca da
demanda apresentada.
Palavras-chave: Psicologia; Disciplinas de Ênfase; Clínica Escola.

478
As interfaces entre sofrimento psíquico e gênero: uma revisão de escopo

Iara Rocha Barros - UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos


Sabrina Helena Ferigato - Universidade Federal de São Carlos
Bárbara de Fátima Depole - Universidade Federal de São Carlos

RESUMO
A questão do gênero não se caracteriza somente como algo puramente biológico, pois este determina
papéis sociais, experiências e maneiras simbólicas de como os indivíduos devem se apresentar ao
mundo e são identificados por ele. Tendo em vista a mulher, o papel que ela desempenha e o que é
esperado dela na sociedade, podemos observar que as relações de gênero podem produzir e reproduzir
práticas hierárquicas e assimétricas, marcando a inferioridade das mulheres em diversas esferas do
seu cotidiano e podendo restringir ou dificultar o seu acesso ao trabalho, à cultura, ao controle do
próprio corpo e à tomada de decisões. Essas relações desiguais podem causar situações de violência
e conflitos, gerando sofrimento e adoecimento psíquico às mulheres.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivos: mapear as produções brasileiras acerca da temática sofrimento
psíquico e gênero; identificar quais temas são abordados nessa produção científica, bem como suas
lacunas; identificar a rede de serviços de saúde expressa nos textos e especificar ações de saúde que
incorporam a atenção à saúde mental das mulheres.
Metodologia
A revisão de escopo consiste em um mapeamento do que é relevante na literatura, com o objetivo de
sintetizar o conhecimento sobre o tema investigado. A pergunta que orientou essa pesquisa foi: O que
os estudos em português trazem acerca da saúde mental das mulheres? . A base de dados escolhida
foi a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), com os descritores (saúde mental) OR (sofrimento mental)
AND (mulheres) e o período de tempo foi de 2010 a 2020. A literatura cinza não foi incluída no
estudo. A partir dos critérios de seleção e exclusão de artigos, foram selecionados um total de 59
artigos.
Resultados
Os resultados vão ser apresentados em dados quantitativos e dados qualitativos a partir da extração
de dados dos estudos. Em relação aos dados quantitativos, houve um grande número de publicações
sobre sofrimento psíquico da mulher no ano de 2019 (14 artigos) em comparação aos anos de 2012,
2014 e 2017 (1 artigo em cada ano). O principal nível de atenção à saúde envolvido nos estudos foi a
atenção hospitalar e somente 7 artigos (14%) se tratavam de relatos de intervenção em saúde mental
da mulher. Em relação aos resultados qualitativos, foram encontrados como principais temas
ocasionadores de sofrimento psíquico para as mulheres: o cotidiano familiar (17%) e de trabalho
(15%), os determinantes sociais da diferença combinados ao gênero, sendo eles: raça, etnia, classe
social, sexualidade e identidade de gênero (25%) e o sofrimento psíquico relacionado ao seu próprio
adoecimento (37%). Conclui-se que os fatores relacionados ao sofrimento psíquico das mulheres são
plurais, com influências socioculturais e relacionadas ao seu estado de saúde. Outro ponto encontrado
é a grande maioria das publicações terem como foco os fatores de sofrimento em contraposição às
estratégias de cuidado.
Palavras-chave: saúde da mulher; saúde mental; gênero; interseccionalidade.

479
As marcas das desigualdades sociais no sofrimento psíquico: um relato de experiência

Jéssica Pereira Manelli


Dinar Ferreira Machado - UNESP-FMB
Aline Domiciano Godeghesi - UNESP-FMB
Cleber Eduardo Ribeiro - UNESP-FMB
Gustavo Henrique Soares Pereira - UNESP-FMB
Letícia Isabel Ferreira Silva - UNESP-FMB

RESUMO
Trata-se de um relato de experiência de uma psicóloga residente da Residência Multiprofissional de
Saúde Mental da FMB-UNESP. O relato teve como foco um acompanhamento individual de uma
mulher, negra, 45 anos, vivendo com HIV, ficou por anos em situação de rua, faz uso crônico de
álcool, encontra-se em situação de violência doméstica e sem nenhuma rede de apoio. A demanda
chegou para equipe de saúde mental devido a não adesão ao tratamento para HIV em serviço
especializado. O contato com a mulher possibilitou desvendar as marcas da exclusão, do estigma, da
pobreza e das múltiplas violências que se revelaram ao olhar para o sofrimento psíquico entrelaçado
ao lugar social imposto a ela, enquanto mulher, negra, usuária de substância e com HIV. O trabalho
com ênfase em sua autonomia, protagonismo e exercício de cidadania perpassou diversas ações dentre
elas: o acolhimento, redução de danos, acompanhamento terapêutico, atividade de arterapia e
organização da rotina, foi realizado ainda um trabalho interprofissional e intersetorial através das
reuniões de rede. Ações essas que possibilitaram no estreitamento de vínculo com a unidade, na
retomada do cuidado para o HIV, na adoção de ações de redução de danos no cotidiano, no desejo de
cuidado em saúde (odontológica e oftalmológica), interesse em atividades territoriais e desejo de
busca por familiares.
Objeto do Relato
Relatar a trajetória de atendimento de Saúde Mental em Unidade de Saúde Escola do interior paulista.
Objetivos
A experiência partilhada terá como ênfase a determinação social no processo saúde-doença,
considerando o sofrimento psíquico como fenômeno social, instituído e fortalecido pelas múltiplas
formas de desigualdade, exclusão e violência que estruturam a organização societal.
Análise Crítica
Considerando que os sujeitos se desenvolvem socialmente, a saúde-doença é aqui compreendida
como processo social. Nesse sentido, ao falar sobre a saúde mental faz-se necessário o olhar e a
análise do contexto social, histórico, cultural, econômico e político, em que as condições de vidas
das/os usuários/as escancaram as mais duras e violentas desigualdades. O presente caso revelou sobre
o sofrimento psíquico advindo dos rebatimentos de uma sociedade organizada em classes, estruturada
pelo capitalismo, racismo e patriarcado; que distanciam, cada vez mais, os sujeitos de seus direitos
fundamentais.
Conclusões/Recomendações
Observou-se que a desigualdade social impactou diretamente na saúde mental dessa mulher, deixando
claro as interseções entre gênero, raça e classe social enquanto determinação social do processo saúde
e adoecimento psíquico.
Palavras-chave: Sofrimento psíquico; Saúde mental; Determinação social.

480
As subalternas podem falar? Análise da produção poética de Stella do Patrocínio e sua
potência em produzir fissuras nos muros manicomiais

Natalia Estrope Beleze

RESUMO
Esta pesquisa tem o objetivo de analisar, de uma perspectiva decolonial, imagens de controle
presentes na obra poética Reino dos bichos e dos animais é o meu nome , produzida por Stella do
Patrocínio, mulher negra e interna de um hospital psiquiátrico. Em diálogo com o campo dos
feminismos subalternos, proponho investigar também modos de resistência (auto-nomeação) a estas
prerrogativas. É necessário considerar o marcador de gênero como analisador nos processos de
produção de sofrimento psíquico. Sendo assim, analiso nesta pesquisa imagens de controle
construídas acerca de mulheres negras e que compõem o dispositivo da loucura. Esta pesquisa se
articula à noção de interseccionalidade, que propõe o caráter estrutural e inseparável entre racismo,
capitalismo e cis-heteropatriarcado.
Objetivos
Analisar, desde uma perspectiva decolonial, imagens de controle e perspectivas de autodefinição
presentes na obra Reino dos bichos e dos animais é o meu nome , produzida por Stella do Patrocínio,
alinhando os presentes conceitos com a luta antimanicomial.
Metodologia
A metodologia que subsidia esta pesquisa qualitativa está respaldada na análise documental
(Alessandra Pimentel, 2001), que possibilita a problematização de documentos de domínio público
segundo os objetivos da investigação proposta. A pesquisa tem como pressuposto epistemológico o
campo dos estudos decoloniais, mais especificamente dos feminismos subalternos (Luciana
Ballestrin, 2017). Assim, me aproximo da produção poética de uma mulher negra que esteve internada
em um manicômio. O livro que respalda a análise foi elaborado no ano de 2001, após a morte de
Stella, por Viviane Mosé.
Resultados
A importância dos processos de autonomeação para populações subalternizadas se dá pela
possibilidade de resistirem à opressões estruturais e desafiar imagens de controle presentes no
contexto brasileiro, substituindo-as pelo conhecimento autodefinido. Isso implica em processos
singulares e coletivos de produção de saúde em cenários manicomiais, já que, ao potencializar o
discurso desses sujeitos, cria-se outras possibilidades existência. Além disso, interseccionalizar as
lutas e demandas sociais, é considerar a luta pela saúde mental e antimanicomial entrecruzada com
pautas feministas e antirracistas, na tentativa de subverter leituras individualizantes do sofrimento
psíquico e promover análises e ações críticas e coletivas. A luta antimanicomial se tece em aliança a
perspectiva de autonomeação, ao entender que os tidos como desviantes da normalidade passaram a
reivindicar o seu espaço de fala, e exigir mudanças ideológicas, físicas, estruturais e sociais frente ao
modelo manicomial, na tentativa de substituir o discurso psiquiátrico hegemônico e patologizante por
propostas de reinserção na sociedade e potência de criação e expressão de modos múltiplos de viver.
Palavras-chave: Saúde mental; Gênero; Raça.

481
Assembleia no CAPSII Araruama/RJ: A voz que ninguém cala!

Lucia Helena da Silva Minguta dos Santos -


Prefeitura de Araruama
Lyvia Bernardes Seabra - Prefeitura de Araruama - RJ CAPSII/RT
Estela Mara de Vargas Silva - Prefeitura de Araruama - RJ CAPSII
Luciana Macedo Duarte - Prefeitura de Araruama - RJ CAPSII

RESUMO
A realização das Assembleias Gerais partiu da necessidade da construção de um espaço coletivo e
democrático. A iniciativa surgiu a partir das demandas dos trabalhadores, do gestor, dos usuários e
familiares do dispositivo. As Assembleias ocorrem quinzenalmente e são discutidas questões que
impedem e/ou dificultam o cuidado do sujeito com transtorno mental, identificam-se as principais
demandas e apresentam-se propostas. A condução das reuniões é realizada pelos próprios usuários
e/ou familiares e os trabalhadores permanecem como apoiadores onde, muitas vezes, se ocupam dos
registros no livro ata. Nessas reuniões a participação dos usuários sempre é incentivada e, dessa
forma, há a promoção ao protagonismo dos sujeitos porque participar também é uma forma de
cuidado. Esse espaço de exercício da cidadania objetiva que todos os envolvidos reconheçam esse
lugar de reivindicações, de fala e de transformação da realidade, como próprio. Dessa forma, é um
espaço de mobilização política que possibilita que todos esses atores saiam da invisibilidade perversa
e se faça ouvir nas suas necessidades muitas vezes provenientes da questão social. Em uma das
reuniões, a Assembléia Geral deliberou pela formação de uma Comissão Organizadora, responsável
pela formulação de documentos a serem votados nas reuniões. Tais como elaboração de atas,
organização de ações de mobilização e outras atividades necessárias. A comissão é formada por três
trabalhadores, dois usuários do serviço e um familiar.
Objeto do Relato
Assembleias Gerais do CAPSII - Araruama/RJ.
Objetivos
Fortalecer o protagonismo e a participação na condução da política de Saúde Mental; Promover
reflexões que possibilitem mudanças no CAPSII; Envolver a comunidade, a família e o Poder Público
local na rede de cuidado aos usuários.
Análise Crítica
A Assembléia é um instrumento de organização onde se prioriza a defesa dos direitos e a participação
popular. Esse é um dos instrumentos do CAPS que possibilita a escuta, promove a informação no que
se refere ao cuidado dos usuários, familiares e cuidadores. O direito à informação está previsto na Lei
10.216/2001 da Reforma Psiquiátrica. No artigo segundo, inciso VII dessa Lei observamos que é
direito do sujeito: ...receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu
tratamento . Um desafio, sustentar a participação ativa dos usuários e de seus familiares. Um avanço,
os trabalhadores passaram a reconhecer que a construção do cuidado deve acontecer de forma
participativa.
Conclusões/Recomendações
Considerando que a participação popular possibilita a construção do exercício da cidadania.
Entendemos que o fortalecimento do controle social se faz fundamental para garantia dos direitos das
pessoas em sofrimento mental frente aos retrocessos do atual governo federal ultraneoliberal.
Palavras-chave: Democracia; controle social; participação popular; cidadania e Saúde Mental.

482
Assistência jurídica gratuita e articulação com a rede de atenção psicossocial: análise de caso
na perspectiva de garantia de direitos em saúde mental

Daniela Barbom Sorpilli - Defensoria Pública do Estado de São Paulo


Marco Antonio de Oliveira Branco - Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

RESUMO
Relato de caso atendido pela equipe técnica do Centro de Atendimento Multidisciplinar CAM da
Regional Araçatuba da Defensoria Pública do Estado de São Paulo (DPESP), composta pelas/os
autoras/es e estagiárias/os de psicologia e serviço social no período de 2014 a 2018. A usuária
procurou a DPESP em 2014 a fim de solicitar vaga em uma instituição permanente para o filho de 32
anos, diagnosticado com esquizofrenia e em suposto uso de álcool e outras drogas, com um longo
histórico de internações psiquiátricas em hospitais do município e região. A família, composta
também pelo pai, não reunia condições objetivas e subjetivas para a manutenção dos cuidados com o
filho, além de viverem em um contexto de violência doméstica. Em 2014 não existia rede substitutiva
consolidada no município, que contava com um hospital psiquiátrico (fechado em 2015), um
Ambulatório Regional de Saúde Mental e um CAPS Ad, além das Unidades Básicas de Saúde - UBS,
SAMU e pronto-socorro municipal, que não trabalhavam de forma coordenada na perspectiva da
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A equipe técnica realizou atendimentos multidisciplinares
com a família, onde buscou-se refletir sobre a importância do tratamento ambulatorial na perspectiva
da Reforma Psiquiátrica. Foram realizadas visitas domiciliares e institucionais para a articulação da
rede de serviços de saúde e assistência social. O usuário hoje está Serviço de Residência Terapêutica,
implantado em 2017.
Objeto do Relato
Intervenção multidisciplinar à usuária que demandava a institucionalização permanente do filho.
Objetivos
Discutir as potencialidades e desafios do trabalho multidisciplinar frente às vulnerabilidades da
família em tela e à lógica manicomial como norteadora dos cuidados em saúde mental, refletindo
acerca de novas estratégias de atenção psicossocial.
Análise Crítica
O relato mostra que a vulnerabilidade da família e a inexistência de uma rede substitutiva alinhada
causa ainda mais adoecimento aos seus membros. A perspectiva manicomial ainda é vista pelos
familiares como única estratégia de tratamento e o sistema de justiça, como garantidor dessa
estratégia. A falta de alternativas efetivas reforçam essas práticas. A superação da perspectiva
hospitalocêntrica de atenção à saúde mental nas políticas públicas e no Sistema de Justiça e a
efetivação de atuação intersetorial que reconheça o cuidado das/os usuárias/os e suas famílias como
responsabilidade de todas as políticas públicas, isto é, não restrita a ações de saúde, é ainda um grande
desafio.
Conclusões/Recomendações
Concluímos que com o atendimento focado em reflexão crítica com familiares e usuárias/os e ainda,
articulação intersetorial entre os serviços existentes, é possível oferecer atendimento extra-hospitalar
às pessoas, na perspectiva da Reforma Psiquiátrica e garantia de direitos.
Palavras-chave: Assistência Jurídica; Reforma Psiquiátrica; Articulação intersetorial.

483
Atenção à crise nos CAPS e internações psiquiátricas no município do Rio de Janeiro.

Ana Paula de Oliveira Figueiredo Alexandre - PR

RESUMO
Segundo a Lei 10.2016 os CAPS são os principais dispositivos extra-hospitalar no cuidado aos
usuários com transtorno mental grave e persistente e analisar a sua eficiência na atenção à crise através
dos procedimentos realizados comparando com as internações em igual período se faz necessário para
avaliar se os CAPS estão cumprindo o seu papel como serviço substitutivo à internação psiquiátrica
como preconizado na lei. Para tal, realizou-se uma pesquisa qualitativa, descritiva, documental e
aplicada, onde foram obtidos dados relativos aos procedimentos de atenção à crise dos CAPS no
período de janeiro de 2019 a dezembro de 2019 da plataforma TabNet Municipal Rio. Portanto, o
pesquisa torna-se relevante, pois através dos indicadores encontrados a gestão pode planejar as ações
do serviço.
Objetivos
Comparar o quantitativo de procedimentos de atenção à crise dos CAPS, ou seja, o acolhimento dos
usuários em crise no ambiente extra-hospitalar com o total de internações por sofrimento mental em
unidades hospitalares.
Metodologia
Cenário: Plataforma TabNet Municipal – Rio. Participantes: Autor. Período de realização do estudo:
janeiro de 2019 a dezembro de 2019. Também foram obtidos os dados relativos ao quantitativo de
internações psiquiátricas e dados relativos aos procedimentos de atenção à crise dos CAPS dos anos
de 1996 e 2013. Os dados levantados permitiram o reconhecimento dos procedimentos relacionados
ao acolhimento à crise e com isso foram produzidos indicadores de atenção à crise nos CAPS e
realizou-se um comparativo com o número de internações.
Resultados
Obteve-se 61.133 procedimentos realizados e 3.129 internações. O que permitiu afirmar que o
acolhimento à crise nos CAPS foi 1.953 % maior que o número de internações psiquiátricas e em
leitos de saúde mental-clínica no município do Rio de Janeiro. O resultado encontrado demonstrou
que o acolhimento à crise no ano de 2019 no município do Rio de Janeiro foi eficaz e endossa a
política de saúde mental brasileira que preconiza a internação como último recurso a ser utilizado.
Palavras-chave: Saúde metal; Indicadores; Procedimentos.

484
Atenção em Saúde Mental em Criciúma/SC de 2001 a 2016: os impactos do movimento de
(contra) Reforma Psiquiátrica brasileira

Dipaula Minotto da Silva - UNESC


Fabiane Ferraz - Docente do Curso de Graduação em Enfermagem, do Programa de Residência
Multiprofissional, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Mestrado profissional.
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)

RESUMO
Criciúma/SC inaugurou em 1968 a Casa de Saúde Rio Maina, substituído a partir de 2001 pela rede
de saúde mental baseada na Reforma Psiquiátrica antimanicomial. Em 2016, ao iniciar a presente
pesquisa, evidenciávamos retrocessos na atenção em saúde mental municipal. A proposta de
desenvolver uma pesquisa com a metodologia de história oral teve como pano de fundo a
compreensão de que era preciso oportunizar: a) espaço de fala para sujeitos que protagonizaram
movimentos de transformação; b) acesso à história dos serviços e da rede aos novos trabalhadores.
Era preciso compreender também, se o processo em análise teria relação com o processo de
contrarreforma apontado por Vasconcelos (2008; 2016) que periodizou a Reforma Psiquiátrica
brasileira em 4 grades fases, de 1978 aos dias atuais.
Objetivos
Objetivamos compreender a história da atenção em saúde mental no município de Criciúma/SC, no
período de 2001 a 2016, analisando seus processos em relação aos períodos da Reforma Psiquiátrica
brasileira.
Metodologia
O presente estudo, resultado da dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva (UNESC), exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa, teve como referencial
metodológico os pressupostos da História Oral (MEIHY, 2005). Os dados foram obtidos a partir de
fontes documentais e orais com a colaboração de sete trabalhadores e gestores da saúde mental. As
entrevistas foram analisadas à luz da narrativa histórica a partir de Clandinin e Connelly (2011) junto
ao método indicatório de Ginzburg (1999). A periodização (linha do tempo) foi criada com base nas
narrativas.
Resultados
No Período 1 (2001 a 2006): Transformações iniciais na assistência em saúde mental na perspectiva
da Reforma Psiquiátrica em Criciúma-SC , apresentamos as primeiras investidas de transformações
das práticas assistenciais em saúde mental no município com intensões à desinstitucionalização,
evidenciando a crítica à hegemonia do Hospital Psiquiátrico local e criação do CAPS II. No Período
2 (2006 a 2013): Desafios para formação da Rede de Atenção Psicossocial de Criciúma no SUS, na
perspectiva da Reforma Psiquiátrica brasileira , evidenciamos o surgimento do CAPS II ad, CAPS
III, CAPS i, Consultório na Rua, projeto de geração de renda e do movimento de protagonismo de
usuários e familiares. Os desafios e tensões deste período deram início à desaceleração do processo
de desinstitucionalização. No Período 3 (2013 a 2016): Mudanças no modelo de gestão municipal em
saúde mental e a crise dos leitos psiquiátricos: na contramão da Reforma Psiquiátrica brasileira ,
analisamos o panorama no qual a política de saúde mental é concebida pelo modelo ambulatorial e
de práticas medicalizantes em saúde mental no município, entre outros indícios de contrarreforma.
Palavras-chave: antimanicomial; atenção psicossocial; desinstitucionalização; história oral;
reforma psiquiátrica.

485
Atenção psicossocial e covid19: Fortalecimento coletivo para garantia de cuidado para
pessoas com uso abusivo de substância na pandemia Covid19

Danielle kaminskas da Silva - INTS


Eroy Silva - Unifesp

RESUMO
Criar um espaço de escutar e tensionar a garantia de direitos durante a pandemia Covid19. Tantas
vezes eu precisei me esvaziar de mim para dar voz ao outro. Escutar que os ferimentos do corpo
também são da alma e só é possível continuar quando dividido. Foram inúmeras rodas de conversa,
kits de higiene e absorventes para as mulheres, vacinas, cuidado com as feridas e as dores,
encaminhamento para o Caps e demais pontos da Raps.Escutar também é propor mudanças, propor
melhorias e a chegada da água potável, permitiu muitas outras coisas. Nos profissionais de saúde
mental, precisamos em alguns momentos nos esvaziar para poder se encher do outro, se atravessar.
Ter como prioridade no momento o rastreamento de pessoas com sintomas da Covid19 e o não
agravamento do quadro de saúde, bem como informações e rede de apoio.
Objeto do Relato
Propor estratégia de avançar o cuidado integral para pessoas com uso abusivo de drogas.
Objetivos
Uma tenda foi montada na entrada da comunidade sucupira com atendimento aos usuários da
comunidade. Espaço de convivência e organização para garantias de direitos básico de vida.
Análise Crítica
Chegar na comunidade Sucupira, talvez tenha sido o primeiro contato com um lugar que se vive em
rede. As pessoas dividem da droga ao carrinho de reciclagem. Foram criando um jeito de sobreviver,
funcional. O local não possui saneamento básico. Com muito custo conseguimos por interlocução do
serviço de saúde Caps e Sabesp um ponto de água potável no início da pandemia. A pandemia
viabilizou insumos, água potável.
Conclusões/Recomendações
Construção de perspectivas, a partir da contribuição mútua e dos aspectos comunitários, culturais,
sociais e econômicos que permeiam esses usuários. Realizar práticas de promoção à saúde e
construido e fortalecendo estratégias de autocuidado, assim como, autonomia e redução do consumo
de drogas.
Palavras-chave: Covid19; Cuidado; Escuta.

486
Atravessamentos: uma experiência da escuta do não-dito na graduação em psicologia.

Paloma Guedes Vieira Gomes - PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Sabrina Cristina Silva - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

RESUMO
Durante as disciplinas ministradas na faculdade foi possível o conhecimento da teoria, a formulação
de debates e a própria construção de uma visão a respeito da loucura, dos sintomas e como isso
aparece no dia-a-dia. Contudo, foi apenas durante a realização de um estágio da clínica da psicose
dentro da universidade, responsável pelo primeiro contato com o campo, que a importância da história
da luta antimanicomial e a desmistificação da loucura se presentificaram. Entretanto, a experiência
não é ofertada a todos os estudantes, o que dificulta o diálogo entre prática e teoria dentro da
formação. Com as visitas técnicas realizadas ao Centro de Convivência São Paulo em Belo Horizonte
- MG, ao Centro de Referência em Saúde Mental do mesmo território, entrevistas com profissionais
da saúde mental e a participação do cortejo da luta antimanicomial de 18 de maio, a escuta e o olhar
foram ampliados para aquilo que não havia sido dito pela literatura, pois com contato humano é
possível a troca e a transformação daquilo que estava engessado. É entender também que o tratamento
é realizado a partir de uma rede territorial responsável pelo cuidado e pelo processo de inserção do
louco dentro da sociedade. Sendo assim, é possível notar que o desenvolvimento de profissionais a
partir do campo é fundamental para a quebra de paradigmas e para a construção de uma visão
ampliada e multiprofissional da saúde mental.
Objeto do Relato
Atravessamentos e implicações a partir de visitas técnicas aos serviços de saúde mental em BH.
Objetivos
Esse relato parte da vivência de um estágio da clínica da psicose, se apoiando na Psicanálise, e vai
pontuar a importância da experiência no campo durante a graduação como uma forma de entrar em
contato com a loucura, na intenção de desmistificar e desenvolver a escuta para o sensível da prática
e da individualidade para além do diagnóstico/teoria.
Análise Crítica
Com a experiência relatada podemos pensar que os moldes da formação dentro da universidade ainda
carecem de desenvolvimento, já que a clínica da psicose se dá a partir de uma construção
teórica/prática que nem sempre é oferecida de forma ampliada para todos os estudantes. Paralelo a
isso, é preciso questionar sobre os possíveis reflexos de nossa formação (ou a carência dela) no
cenário sociopolítico, já que, em matéria de saúde mental, sabemos que sofreu, nos últimos tempos,
grande retrocesso, com as alterações feitas. Como bem menciona Nise da Silveira, "há dez mil modos
de pertencer à vida e de lutar por sua época". Qual é a forma com que estamos lutando?
Conclusões/Recomendações
Diante do exposto, é observado que a formação, especialmente voltada para os considerados loucos
de nossa época e sociedade, ainda carece de ampliação. Assim, refletimos sobre a importância de se
falar e ocupar espaços para que uma mudança social e um olhar que acolha seja possível.
Palavras-chave: Saúde mental; Centro de Convivência; Loucura; Psicologia.

487
Atuação da Psicologia Junto aos Profissionais de Saúde em um Hospital Pediátrico de
Fortaleza/CE

Victória Neves da Silva - Colégio Ari de Sá Cavalcante


Bianca Maria Sales Rodrigues - Faculdade Ari de Sá
Isabel Regiane Cardoso do Nascimento - Faculdade Ari de Sá
Benevides José Silva dos Santos - Hospital Infantil Luis França
Tiffany Bastos Shimabukuro de Menezes - Universidade 7 de Setembro
Marina Freitas Rocha Cavalcante - Instituto Gestalt do Ceará

RESUMO
O presente relato é referente à experiência do estágio profissionalizante I realizado em um Hospital
Pediátrico de referência. A atuação se deu durante três dias na semana, em turnos alternados, com o
objetivo de levar o projeto criado ao alcance do maior número de profissionais. Foram realizados
atendimentos individuais na modalidade de psicoterapia breve, os quais tiveram um momento de
anamnese e duração de no máximo 8 encontros, e plantão psicológico. Além disso, semanalmente
aconteciam grupos terapêuticos abordando assuntos acerca da saúde mental, autocuidado e rotina dos
colaboradores em questão. Durante o período de estágio foi possível observar o alarme das situações
psicológicas desses profissionais, e que a atenção fornecida a eles pelo Projeto Entrelinhas foi
benéfica, tanto para a qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho quanto para os momentos
extra-laborais.
Objeto do Relato
Ênfase na psicologia hospitalar com foco em saúde do trabalhador de um Hospital Infantil.
Objetivos
Fazer uma síntese das atividades realizadas durante o estágio supervisionado durante aplicação de
projeto voltado para a saúde do trabalhador, sendo possível resgatar alguns dos registros de atividades,
analisar de forma crítica o processo de experiência e comunicar a importância e aprendizagem
extraída durante o período de experiência.
Análise Crítica
Pensando na atuação do Estágio Supervisionado Profissionalizante com ênfase em Psicologia,
Processos Clínicos e Promoção em Saúde, foi produzido o Projeto Entrelinhas, voltado para os
colaboradores de um hospital infantil da rede privada situada em Fortaleza, no estado do Ceará,
abrangendo tanto os setores correspondentes à assistência como para de manutenção e administração.
O hospital em questão implementou uma UTI Covid para dar suporte aos casos que estavam surgindo,
aumentando as atividades dos profissionais. Com isso, o psicólogo do hospital viu a necessidade de
uma atenção intensificada aos colaboradores que permaneceram com suas atividades durante esse
período.
Conclusões/Recomendações
O Projeto Entrelinhas estuda e possibilita melhora na saúde mental dos colaboradores a partir das
demandas individuais e de grupo. Acessar a saúde mental desses profissionais e seu nível de
percepção de estresse é essencial para a identificação e preservação de sua saúde mental e física.
Palavras-chave: saúde mental; trabalho; pandemia; psicologia.

488
Atuação da psicologia nas unidades de acolhimento para pessoas em situação de rua no
Sistema Único de Assistência social (SUAS)

Erika Aparecida de Oliveira - UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso


Amailson Sandro de Barros - Universidade Federal de Mato Grosso

RESUMO
Este estudo objetiva traçar o percurso das produções científicas a partir de levantamento bibliográfico
de artigos, dissertações e teses para a pesquisa de mestrado em desenvolvimento no Grupo de Estudos
e Pesquisas em Psicologia Social Comunitária/Comuni, junto ao Programa de Pós-Graduação em
Psicologia (PPGPsi) da Universidade Federal do Mato Grosso, campus Cuiabá UFMT, referente a
temática da prática profissional da psicologia nas unidades de acolhimento para pessoas em situação
de rua no Sistema Único de Assistência (SUAS) em Cuiabá. Observa-se a escassez de estudos que
abordam diretamente o saber-fazer da psicologia no atendimento e acolhimento de pessoas adultas
em situação de rua em unidades de acolhimento, o que sinaliza a necessidade e a importância da
presente pesquisa.
Objetivos
A revisão bibliográfica se dedica à compreensão de como se materializa as práticas da psicologia na
proteção social especial de alta complexidade, em especial nos serviços de atendimento e acolhimento
a pessoas adultas em situação de rua, vinculados à Política de Assistência Social, com o intuito de
compreender a lacuna de estudos que versem sobre o objeto de pesquisa.
Metodologia
A princípio o levantamento bibliográfico de artigos científicos foi realizado nas seguintes bases de
dados eletrônicas, Scielo, Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePsic),utilizada a técnica
da garimpagem manual , foram selecionados 14 artigos. Para a busca de dissertações e teses foi
executado o levantamento na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e Catálogos e
Dissertações da (CAPES), a partir de descritores, pessoas em situação de rua; prática do psicólogo;
acolhimento institucional adulto e selecionadas para análise 5 dissertações e 2 teses.
Resultados
A maioria dos textos aborda a importância da política de assistência no atendimento e garantia dos
direitos sociais às pessoas em situação de rua, mas destacam a morosidade da implantação da PNPSR
nos municípios e estados,falta de intersetorialidade entre SUS e SUAS, precarização nas condições
de trabalho para o atendimento,destaque na perspectiva da saúde e foco nas substâncias psicoativas.
Observa-se que as contribuições acerca do que deveriam fazer as (os) psicólogas (os) que atuam no
SUAS evidencia serviços de proteção social básica, proteção social especial de média complexidade
e os serviços especializados CENTRO Pop e consultório na rua. Os resultados, indicam uma ausência
de estudos com descrição da atuação da psicologia nas unidades de acolhimento a pessoas em situação
de rua, quais práticas profissionais, instrumentos, técnicas a psicologia tem utilizado ao longo destes
anos de inserção no SUAS e a serviço de quem?
Palavras-chave: Atuação em psicologia; Unidades de acolhimento; Pessoas em situação de rua;
Assistência social.

489
Autonomia e Cidadania: Efeitos da Participação Política na Reabilitação Psicossocial?

Raiany Neves Silva - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo


Luciana Togni de Lima e Silva Surjus - Professora da Universidade Federal de São Paulo

RESUMO
O processo em curso da Reforma Psiquiátrica Brasileira é marcado desde o seu início pela ampla
participação social de usuários da saúde mental e seus familiares por meio dos movimentos sociais.
Com o passar do tempo, a participação social foi incorporada à gestão do Sistema Único de Saúde
mediante a participação em duas instâncias colegiadas, a Conferência e o Conselho de Saúde. Com a
desmontagem do manicômio, todos os espaços possíveis no território são considerados lugares de
cura, incluindo os espaços de participação política, uma vez que a noção de ato terapêutico é
transformada e ampliada e a cura é compreendida no sentido de emancipação, autonomia e cidadania
ativa. A cidade de Santos foi palco de um momento importante da psiquiatria brasileira com a
intervenção no Hospital Anchieta.
Objetivos
Esta pesquisa teve o objetivo de identificar os espaços de participação política existentes no campo
da saúde mental da cidade de Santos/SP e investigar como a participação de usuários dos serviços de
saúde mental reflete nos processos de reabilitação psicossocial, com contribuição na ampliação da
autonomia e cidadania dessas pessoas.
Metodologia
Utilizando a pesquisa qualitativa de abordagem hermenêutica crítica e narrativa, foi realizado um
encontro, no qual foi aplicado o instrumento do grupo focal com quatro usuários da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) da cidade de Santos que participam de espaços políticos ligados à saúde mental,
para fins de produção de dados, e posteriormente produzida uma narrativa que foi validada pelo grupo
em um segundo encontro, chamado de momento hermenêutico. Os critérios de inclusão foram o
desejo e a disponibilidade em participar.
Resultados
Constatou-se a falta de lugares no território onde os usuários da saúde mental possam ter uma
participação ativa, que inclua a tomada de decisões, sobressaindo-se nesse sentido o Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS). Os espaços de participação política ligados à saúde mental estão
fragilizados desde antes da pandemia e atualmente enfrentam desafios como dependência da gestão
municipal, desrespeito às deliberações, baixa participação ativa e falta de acesso à internet. Desse
modo, os usuários da saúde mental exercem a cidadania na perspectiva da reivindicação do direito a
ter direitos e mostram estarem a postos para ocupar lugares de maior potência na sustentação do
cuidado em liberdade. Percebeu-se a relevância da construção de lugares que possibilitam a tomada
de decisões e a construção de redes sociais amplas. Nessa perspectiva, a universidade pública se
destacou como um lugar privilegiado de inclusão social, sociabilidade, produção de autonomia e
construção de novas identidades, incidindo no eixo rede social e no eixo morar/habitar da reabilitação
psicossocial, repercutindo terapeuticamente na vida dos participantes de um grupo de extensão
voltado para o tema da saúde mental.
Palavras-chave: saúde mental; participação política; reabilitação psicossocial.

490
Avaliação das práticas em saúde mental acerca do trabalho com a família de adolescentes em
CAPSi

Fabiane Machado Pavani


Letícia Pereira - UFRGS
Christine Wetzel - UFRGS
Agnes Olschowsky - UFRGS

RESUMO
O contexto familiar é considerado uma das dimensões do objeto de trabalho nas práticas em saúde
mental voltadas aos adolescentes nos Centros de Atenção Psicossociais infantojuvenil (CAPSi),
transpondo práticas que impediam o convívio social e familiar do louco, para a valorização e a
inclusão da família no cuidado em saúde mental de adolescentes. As práticas voltadas às famílias são
parte integrante da produção de cuidado em saúde mental, tornando-se ainda mais pertinentes quando
voltadas ao público adolescente, pois é na instância familiar que vivem os maiores conflitos, sendo
uma das instituições sociais que desempenha papel fundamental no seu desenvolvimento. Dessa
maneira, questiona-se como os profissionais olham para essas famílias de modo a incorporarem-nas
na produção de cuidado?
Objetivos
Avaliar as práticas de cuidado produzidas pela equipe de um CAPSi na inclusão da família no cuidado
em saúde mental de adolescentes.
Metodologia
Estudo qualitativo, com percurso teórico-metodológico da Avaliação de Quarta Geração e a
perspectiva da Atenção Psicossocial como parâmetro avaliativo das práticas. Avaliação participativa,
formativa com enfoque hermenêutico-dialético, conduzido pelas etapas: contato com o campo;
organização da avaliação; identificação do grupo de interesse; desenvolvimento e ampliação das
construções conjuntas; preparação e execução da negociação. Realizou-se entrevistas com 15
profissionais do CAPSi e 300h de observação participante. A análise foi concomitante à coleta pelo
Método Comparativo Constante.
Resultados
O CAPSi tem avançado na construção de práticas para trabalhar melhor com famílias de adolescentes.
Mesmo que alguns profissionais trabalhem especificamente com os familiares/cuidadores e outros
com os adolescentes, no cotidiano, conversas e encontros são realizados entre todos que atenderam o
mesmo caso para discussão e compartilhamento de informações e de percepções. Entre as práticas
ressaltadas encontram-se: a tentativa de compreender os processos familiares que influenciam os
adolescentes em determinadas situações, em que as intervenções correspondem à promoção de
diálogo capaz de auxiliar família/cuidadores na reorganização das relações. Há também a necessidade
de ampliar e flexibilizar o acolhimento da demanda familiar, ou seja, considerar os processos que os
próprios pais e cuidadores passam, relacionados aos sentimentos de culpa, de cobrança e de
sobrecarga emocional. Logo, as famílias dos adolescentes auxiliam no cuidado, principalmente,
extraCAPSi, quando o adolescente não está no serviço. No entanto, o desenvolvimento de práticas
junto às famílias são um desafio e um caminho a ser percorrido no serviço, acerca do cuidado voltado
as mesmas.
Palavras-chave: Adolescentes; Saúde mental; Família; Avaliação em Saúde; Enfermagem.

491
Avaliação multiprofissional do estado mental: um quesito relevante no serviço de atenção
domiciliar de São Luís do Maranhão

Fabiana Araujo Bastos Passos - SEMUS São Luís


Brendon S Santana - SEMUS São Luís

RESUMO
O trabalho relata uma abordagem multiprofissional de uma senhora de 56 anos com diagnóstico
hospitalar suspeito de acidente vascular encefálico isquêmico, sem comprovação de exame de
imagem. Em domicílio, à avaliação inicial do serviço de atenção domiciliar pelo médico e pela
terapeuta ocupacional, observou-se clínica típica de depressão maior, com catatonia. Foi encontrada
acamada, com quadro de embotamento afetivo, hipoativa, hipotímica, não contactante, apática,
inexpressiva, disfágica, com GTT, hipotrófica, com mobilidade reduzida, parésica e subnutrida. À
realização da anamnese junto ao filho, observou-se poucas informações. A inatividade ocorria há
cerca de dois anos, tendo passado por avalições médicas anteriores, sem resultado, inclusive
psiquiátrica. Iniciou-se medicação específica, sertralina, lorazepam e lítio, orientação de cuidados da
enfermagem, intervenção terapêutica ocupacional acerca da ambiência, dos estímulos sensoriais, dos
auto-cuidados relacionados a identidade de gênero e mobilidade e da nutricionista. Os cuidadores
seguiram as orientações prestadas. Fortaleceu-se um trabalho de auto-percepção, auto-imagem, de
mobilidade passiva e ativa e de socialização. Após um ano de tratamento, totalmente independente a
cliente recebeu alta. A avaliação do estado mental permitiu delimitar a capacidade mental ativa da
cliente. O exame psíquico por pelo menos dois profissionais foi fundamental na conduta terapêutica
e melhora da qualidade de vida da cliente.
Objeto do Relato
Avaliação do estado mental em equipe multiprofissional.
Objetivos
Objetivo geral: Relatar a importância da avaliação do estado mental em equipe.
Objetivos específicos: Mostrar que as avaliações do estado mental foram primordiais na definição do
diagnóstico e condutas terapêuticas; Enfatizar a relevância da abordagem em equipe na melhora
global; Confirmar o efeito positivo da participação da família no tratamento.
Análise Crítica
Cada serviço e equipe profissional apresenta uma forma de trabalhar. O serviço hospitalar ainda que
com estrutura tecnológica avançada mostra falhas na avaliação diagnóstica. É necessário trabalhar
com clínica ampliada e diagnóstico diferencial, principalmente em relação aos transtornos mentais e
neurológicos que por vezes são confundidos. A Atenção domiciliar trabalha com uma complexidade
de sinais e sintomas oriundos da história de vida do cliente, da sua família e do seu cenário social. É
necessário a ampliação da clínica. As avaliações de cada profissional integram a rede de necessidades
de cada cliente. a avaliação do estado mental é parte relevante na busca do sujeito ativo.
Conclusões/Recomendações
O cliente domiciliar, ainda que apresente avalição diagnóstica proveniente de internação hospitalar,
deve ser precisamente avaliado pela equipe multiprofissional do serviço domiciliar, visto que o cliente
é visualizado em seu todo, fazendo-se fundamental a avaliação do estado mental.
Palavras-chave: avaliação; estado mental; domicílio.

492
Barmácia CAPS Álcool e Drogas III (BRINDE À BOA IDEIA) Incentivo, Empoderamento e
Autonomia pela Socialização e Convivência Isenta de Álcool, por meio Lúdico

Paulo Rogério Gomes dos Santos - CEJAM

RESUMO
O alcoolismo é um problema de saúde pública que mata, todos os anos 3,3 milhões de pessoas em
todo o mundo, número que representa 5,9% das mortes. Os dados, da Organização Mundial da Saúde
(OMS), mostram que o consumo da bebida chegou a 8,9 litros/ano, por habitante no Brasil em 2016,
superando a média internacional de 6,4 litros. Pensando na promoção de conhecimento, e
empoderamento dos usuários nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS AD), lançamos mão desta
ferramenta lúdica, interativa e educativa, onde o usuário participa e aprende as diversas
possibilidades, de uma socialização racional e congruente para com seu tratamento. A estratégia
terapêutica BARMÁCIA Drinks sem álcool , une o clima descontraído do BAR , que muitas vezes é
o ambiente algoz no tratamento de nossos usuários, somando a racionalidade terapêutica da
FARMÁCIA , os drinks receberam nomes associativos aos medicamentos, ou ações pertinentes ao
dia-dia deste equipamento de saúde, portanto bem familiar aos nossos usuários. Tal projeto foi criado
e executado pelo setor farmacêutico em meados de julho de 2020, com apoio da equipe
multidisciplinar, tendo o paciente como principal ator e beneficiário deste cenário, alinhado ao ideal
da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que através dos equipamentos de saúde especializados, dentre
eles os CAPS, visa acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes,
procurando preservar e fortalecer os laços sociais" do usuário em seu território
Objeto do Relato
Incentivo e empoderamento aos pacientes da saúde mental, à uma ressocialização isenta de álcool.
Objetivos
Incentivar os usuários sob o tratamento in CAPS , (sob supervisão farmacêutica), a confecção de suas
próprias bebidas, drinks frutados sem álcool , de forma descontraída e interativa concedendo ao
alcoolista, a autonomia e o empoderamento para uma reinserção e ressocialização, pelo viés do
entretenimento saudável.
Análise Crítica
Promoção da estratégia terapêutica BARMÁCIA Drinks sem álcool , união do clima descontraído do
BAR , que muitas vezes é o ambiente algoz no tratamento de nossos usuários, somado a racionalidade
terapêutica da FARMÁCIA , todos os drinks receberam nomes associativos aos medicamentos, ou
ações pertinentes ao dia-dia deste equipamento de saúde, portanto bem familiar. Visando Incentivar
os usuários sob o tratamento in CAPS , (sob supervisão farmacêutica), a confecção de suas próprias
bebidas, drinks frutados sem álcool , de forma descontraída e interativa concedendo ao alcoolista, a
autonomia e o empoderamento para uma reinserção e ressocialização, pelo viés do entretenimento
saudável
Conclusões/Recomendações
Constatou se através dos depoimentos colhidos, pesquisas de opiniões e quantidade de elogios em
SAU (Serviço de Atenção ao Usuário), e pesquisas de opinião destes pacientes, que direta e
indiretamente conseguimos atingir os objetivos propostos com o desenvolvimento da ação terapêutica
Barmácia.
Palavras-chave: Empoderamento; Ressocialização; Ressignificação; Autonomia; Isenção
Alcoólica.

493
Capacitação em Emergências Psiquiátricas para Profissionais da Saúde e Segurança Pública
de 06 (Seis) Municípios do Acre

Márcia Aurélia dos Santos Pinto - SESACRE


Ismália Oliveira da Silva - CAPS AD III - SESACRE
Maria das Graças Alves Pereira - IFAC
Maria Stelita Bento Nogueira - SESACRE
Patrícia Satrapa Silva - SESACRE
Sheila Lima Garcia - Secretaria de Estado de Saúde do Acre

RESUMO
A Rede de Atenção Psicossocial RAPS do Acre, encontra-se incipiente até o momento, com alguns
componentes implantados, principalmente na Capital Rio Branco. Nos demais municípios a
implantação tem sido lenta, provocando alguns vazios assistenciais. As portas dos serviços para
atenção à crise vêm apresentando dificuldades, que muitas vezes se tornam barreiras de acesso, tanto
na comunicação, quanto na atuação junto a segurança pública, com conflito de papéis. As várias e
constantes reclamações dos usuários e outros setores, como os componentes da Rede da Assistência
Social e Educação também tem merecido muito a atenção. Em contexto de pandemia, os casos de
saúde apresentaram um aumento considerável, trazendo preocupação à instituição e aos
trabalhadores. O perfil das pessoas com comprometimento em saúde mental sofreu algumas
mudanças, sendo ressaltados os transtornos mentais desencadeados por perda de familiares, amigos
e colegas de trabalho. Em resposta a esta demanda, o Núcleo de Saúde Mental do Departamento de
Atenção Primária em Saúde e o Departamento de Ensino e Pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde
do Acre ofereceram Capacitações em Emergências Psiquiátricas para seis municípios, e atualmente
em fase preparatória para a execução na Regional do Baixo Acre e Juruá. A parceria com o Ministério
Público - MPAC, profissionais da SESACRE e Instituto Federal do Acre- IFAC foi fundamental para
a realização do evento.
Objeto do Relato
Capacitação em Emergências Psiquiátricas para profissionais de Saúde e de Segurança Pública.
Objetivos
Capacitar profissionais de Hospitais, Unidades Mistas, Atenção Básica, CAPS, Corpo de Bombeiros,
Polícia Militar e Polícia Federal dos municípios de Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia, Manoel
Urbano, Sena Madureira e Xapuri sobre urgência e emergência de pessoas com sofrimento mental,
com ou sem uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Análise Crítica
A capacitação envolveu uma equipe multiprofissional: psicólogas, enfermeiros, médica psiquiatra,
médico de Saúde da Família e Comunidade e Promotor de Justiça do MPAC. Os diversos saberes se
somam na potência do encontro formativo, buscando a transformação de práticas e da própria
organização do trabalho, através de conceitos como Legislação da Política de Saúde Mental, Ética,
Religiosidade, Epidemiologia e Fluxos Regionais. A realidade enfrentada por estes trabalhadores,
suas forças e desafios nos mostram a necessidade de acolhimento e cuidado às várias dimensões e
necessidades de saúde mental das pessoas, dos coletivos e das populações.
Conclusões/Recomendações
A Política Nacional de Saúde Mental busca consolidar um modelo de atenção aberto e de base
comunitária. A proposta é garantir a livre circulação das pessoas com transtornos mentais e/ou que
fazem uso abusivo de álcool e outras drogas, pelos serviços, pela comunidade e pelas cidades
Palavras-chave: Saúde Mental; Crise; Intersetorialidade; Emergência.

494
CAPS infantil na trilha do cuidado no território: Relato de experiência no município de
Maranguape/CE

Nathália Medeiros Mesquita


Amanda Lorena Santos de Freitas - Saúde Mental de Maranguape
Morganna Rangel Silva de Oliveira - Secretaria de Meio Ambiente
Pedro Marinho dos Santos Junior - CAPS Maranguape
Marina de Araújo Ferreira Cordeiro - Saúde Mental de Maranguape
Antonio Marcos Falcão Júnior – IFCE; Secretaria de Meio Ambiente

RESUMO
O Centro de Atenção Psicossocial infanto juvenil -CAPS infantil caracteriza-se enquanto um
equipamento da rede de atenção psicossocial voltado para o cuidado em saúde mental de crianças e
adolescentes em situação de sofrimento psíquico moderado e/ou severo e persistente com a proposta
de cuidado humanizado em seu território. O projeto CAPS na trilha do cuidado surge em atendimentos
da psicologia, no desejo de adolescentes saírem do CAPS juntos. Desta forma, foram organizadas
trilhas no Parque Ecológico Renato Braga, onde situa-se a Secretaria de Meio Ambiente municipal,
visando estratégias para a promoção da saúde mental fora das paredes do serviço. Tivemos como foco
os usuários do CAPS infantil e seus familiares em que era realizada uma caminhada nas dependências
do parque com duração de 30 minutos. O percurso foi nomeado caça aos tesouros da natureza , no
qual a caminhada era direcionada por uma ficha de elementos naturais no modelo check list aos quais
as crianças eram estimuladas a buscar com os olhos em seu entorno e completar a ficha, de maneira
a guiá-las em sua imersão no ambiente natural e criar um ritmo de interesse. Após a caminhada foram
realizadas a plantação de sementes e para concluir a manhã era realizado um piquenique entre todos
os envolvidos. Foram realizados 8 encontros, com no máximo 8 usuários por encontro, e contou com
profissionais do CAPSi e da secretaria de meio ambiente para a realização de toda atividade, com
duração total de1h30min.
Objeto do Relato
Relatar práticas de promoção em saúde com usuários do CAPS infantil e seus familiares no território.
Objetivos
Relatar a experiência de promoção de saúde mental no território com usuários do CAPS infantil e os
seus familiares através da parceria de profissionais da saúde mental e da secretaria de meio ambiente
do município de Maranguape/CE.
Análise Crítica
A relação entre promoção e produção de cuidados no território são pontos centrais da rede de atenção
psicossocial, estruturada a partir da reforma psiquiátrica brasileira e o movimento da luta
antimanicomial. Os CAPS atuam de forma territorializada e compreendem um cuidado em saúde
mental integral, intersetorial, interdisciplinar. No contexto de isolamento social pela COVID-19,
usuários diminuíram as idas ao equipamento e mantiveram-se ainda mais isolados. Buscou-se no
projeto "CAPS na trilha do cuidado", romper com o isolamento social estruturado no trajeto
casa/CAPS, criar ocupação e circularidade por novos espaços, ampliar as possibilidades de inserção
social e das habilidades sociais
Conclusões/Recomendações
Podemos perceber a potência de práticas de cuidado no território para uma melhora na qualidade de
vida dos usuários e seus familiares ao perceberem que ocupando espaços públicos podem diminuir
os estigmas que atravessam as pessoas em sofrimento psíquico grave e contribuem para a promoção
de saúde.
Palavras-chave: Território; Cuidado em liberdade; Crianças; CAPS infantil.

495
Características sociodemográficas dos usuários atendidos em um centro de atenção
psicossocial no interior de Mato Grosso

Deyse Carolini de Almeida - UFMT


Maria Aparecida Sousa Oliveira Almeida - Universidade de São Paulo
Alisséia Guimarães Lemes - UFMT
Liliane Santos da Silva - Universidade de São Paulo
Naianne Alves de Lima Araújo - Secretária Municipal de Saúde. Centro de Atenção Psicossocial II
Alisséia Guimarães Lemes - UFMT

RESUMO
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um importante serviço que oferece tratamento em saúde
mental especializado. O CAPS é um dos componentes vinculados a Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS), que presta atendimento a comunidade, sendo aberto a todos que procuram por atendimento;
possui uma equipe multiprofissional capacitada a atender pessoas com transtornos mentais em
diferentes estágios. Assim, conhecer as características dos usuários deste importante espaço de
cuidado torna-se de suma relevância para contribuir com a gestão dos serviços de saúde no
planejamento estratégico de cuidados voltados a população. Pensando nisso, este estudo foi elaborado
para responder a seguinte pergunta do estudo: Qual as características sociodemográficas dos usuários
atendidos em um CAPS II?
Objetivos
Identificar as características sociodemográficas dos usuários atendidos em um Centro de Atenção
Psicossocial II no interior de Mato Grosso.
Metodologia
pesquisa retrospectiva, descritiva e quantitativa, realizada a partir do levantamento de dados de
usuários ativos, atendidos em um CAPS II em Barra do Garças, Mato Grosso, Brasil. Os dados
sociodemográficos dos pacientes foram obtidos a partir de um levantamento realizado no segundo
semestre de 2020, das informações existentes nos prontuários dos usuários admitidos no CAPS no
período de 2011 a 2020. Os dados foram lançados e analisados no programa Microsoft Excel 2020.
A Pesquisa foi aprovada pelo CEP da UFMT Campus Araguaia, sob parecer: 4.526.452.
Resultados
no CAPS II haviam 184 usuários ativos no tratamento, ou seja, em acompanhamento da equipe, com
destaque para os usuários inseridos no serviço de 2011 até 2020, com destaque para os inseridos em
2019 (51%) e 2020 (29%). As características sociodemográficas foram compostas por pessoas com
idade de 18 a 83 anos, com destaque para 18 a 29 anos (34%) e 40 a 49 anos (26%), majoritariamente
sexo feminino (65%), brancas (40%) ou pardas (35%) e solteiras (51%). Quanto a escolaridade,
destaca-se usuários que cursaram o ensino médio completo (29%) e o ensino superior incompleto
(13%), sem ocupação (27%), Do lar (15%) ou estudante/universitário (9%), que residiam nas cidades
do interior do Estado de Mato Grosso, como Barra do GarçasMT (98%), Pontal do Araguaia e
Torixoréu (1% cada). Diante do exposto conhecer o perfil dos usuários atendidos em um serviço de
saúde mental contribui significativamente no planejamento de estratégias de cuidado voltado a esse
perfil da população, podendo contribuir para um atendimento mais eficaz o que amplia a qualidade
de vida dos usuários e contribuiu para um trabalho de equipe mais estruturado e focado nas demandas
dos clientes.
Palavras-chave: Perfil; Serviços de Saúde Mental; Saúde Mental.

496
Caracterização dos Sentimentos e Emoções Manifestados pelos Enfermeiros diante do
Cuidado a Pacientes com COVID-19

Nathalia Martins de Morais


Ester Lorrane Borges Barreto - Universidade Federal de Goiás
Camila Cardoso Caixeta - Universidade Federal de Goiás
Nathália dos Santos Silva - Universidade Federal de Goiás

RESUMO
Apesar de se tratar de uma doença nova, já foram observados os efeitos negativos da COVID-19 na
saúde mental dos profissionais de saúde. A enfermagem tem maior suscetibilidade ao adoecimento
psíquico. Isso se deve ao maior tempo gasto e interação com os pacientes; pressão para realizar suas
atividades com qualidade; e o enfrentamento do processo de morte e morrer. A alta carga de trabalho,
sensação de apoio inadequada, alta taxa de infecção pela COVID-19 entre os trabalhadores, medo de
contaminar familiares e casos de óbitos na própria equipe de saúde são fatores para problemas de
saúde mental e aumento de casos da Síndrome de Burnout. Destaca-se a necessidade de apontar
medidas para o enfrentamento emocional dos profissionais, considerando a vulnerabilidade e
complexidade ocupacional.
Objetivos
Caracterizar os sentimentos e emoções manifestados pelos enfermeiros diante do cuidado a pacientes
com COVID-19.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva qualitativa, desenvolvida em um Hospital de Campanha à
COVID-19, do estado de Goiás, realizada em outubro de 2021. Foram incluídos neste estudo, 16
enfermeiros que atuavam na assistência direta ao paciente COVID-19. Para a construção dos dados,
foram realizadas entrevistas online semidirigidas com os enfermeiros. A análise do perfil
profissiográfico foi feita por estatística simples e as entrevistas foram submetidas à Análise de
Conteúdo, de Bardin, que buscou compreender as tensões emergentes nos enunciados dos
participantes da pesquisa.
Resultados
Pretendeu-se destacar a complexidade subjetiva do trabalho do enfermeiro: os sentimentos e emoções,
desvelando as diferentes faces da sua atuação profissional no contexto de um Hospital de Campanha.
Sobre o perfil profissiográfico, a média de idade dos entrevistados foi de 36 anos. Sendo 68,8% do
sexo feminino. A metade possuíam o tempo de atuação entre 1 a 2 anos, e 100% deles investiram na
pós-graduação lato sensu. Nenhum dos entrevistados possuía pós-graduação stricto sensu. A forma
de contratação é por cooperativas e, em relação à quantidade de vínculos empregatícios, 62,5% deles
possuíam mais de um vínculo. Na análise do conteúdo, foram evidenciados unidades de contexto
relacionadas aos sentimentos de medo do desconhecido e de se contaminar e contaminar familiares,
alívio pelas evoluções positivas de alguns pacientes, altruísmo por poder ajudar, gratidão pela
oportunidade de salvar vidas, saudade dos familiares, satisfação pela oportunidade de emprego e
impotência diante da morte. Considera-se que esses resultados podem contribuir para a gestão
desenvolver estratégias de cuidado para o fortalecimento, amadurecimento e melhorias nas condições
de trabalho da Enfermagem.
Palavras-chave: Saúde mental; Enfermeiros; COVID-19.

497
Cartografia dos corpos (des)habitáveis: Pelo direito à vida

Francisca Ramilly Rodrigues Roza - Psicologo


Lívia Geoffroy Barbosa Soares Ferreira - UFRJ

RESUMO
Esta experiência evidenciou no tocante ao cuidado com os usuários e usuárias que adentram o
CAPSadIII e UAA que em sua maioria são corpos/as alvos de políticas de morte. Expressas em suas
inúmeras complexidades, como: a falta de moradia e empregabilidade, negação do acesso à cidade e
a dispositivos culturais, barreiras de acesso aos cuidados clínicos básicos. Nesse sentido, os serviços
da RAPS voltados às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes
do uso de crack e outras drogas, por vezes, podem reproduzir essas lógicas de violência, com manejos
punitivistas, de baixo protagonismo dos usuários e usuárias, tutela ou alta taxa de medicalização dos
mesmos. Pensar no habitar para e com usuários e usuárias implica em olhar para algo anterior: o
(des)habitar. Esta categoria analítica, cunhada pela filósofa Judith Butler (2006), é aqui tomada como
referência na tentativa de nomear essa vivência de negação ao habitar, quando impedidos ao acesso
aos direitos humanos básicos à vida. A experiência aponta que essa negação opera em diversas
camadas: na negação à maternidade e à convivência familiar as/os usuários/as que fazem uso de
substâncias psicoativas, na negação ao direito à infância e adolescência e até mesmo na negação ao
direito à morte digna, ou seja corpos e corpas que são lidos socialmente como indignos de luto. Não
ocorrendo de tal modo com os brancos, ficando nítido nos veículos midiáticos quando o uso de
substâncias é dito com outros termos.
Objeto do Relato
Se localiza no campo do cuidado com as pessoas que fazem uso prejudicial de Álcool e outras Drogas.
Objetivos
Tem como objetivo trazer uma narrativa com inspirações cartográficas sobre o habitar e suas
complexidades dentro da experiência formativa da Residência Multiprofissional em Saúde Mental,
realizada no município do Rio de Janeiro pelo IPUB/UFRJ que teve em seus cenários de prática um
CAPSad III e UAA.
Análise Crítica
O (des)habitar (Butler, 2006) fala desse espaço de mundo forjado pela necropolítica (Mbembe, 2018)
e todo o proibicionismo envolto na questão do uso de substâncias psicoativas no Brasil. Se faz
necessário interseccionalizar o debate do cuidado operado em dispositivos como o CAPSad e UAAs,
trazendo os elementos de raça, classe e gênero constantemente para a construção dos PTS. Os corpos
marcados pelo (des)habitar são, sobretudo, pretos, pobres, moradores de periferias, travestis, assim
como a população trans. A estratégia da Redução de Danos se faz necessária, enquanto dispositivo
para produzir cuidado pautado na autonomia, indo na contramão da lógica de encarceramento e
(re)manicomialização.
Conclusões/Recomendações
Portanto, é urgente a abertura para o debate sobre as diversas formas de opressões que podem aparecer
na ponta dos serviços da RAPS, importante para o fortalecimento da Redução de Danos e a produção
de uma clínica eminentemente alinhada com o habitar e todas as lutas políticas, ligadas a esse campo.
Palavras-chave: Atenção Psicossocial; Interseccionalidades; Drogas, Redução de Danos,
(Des)Habitar.

498
Chegar com delicadeza: A construção da entrada da equipe de Consultório na Rua na
Regional Barreiro, em Belo Horizonte - MG

Joelson Rodrigues de Souza - Prefeitura de Belo Horizonte


Rafaela Alves Marinho - Fiocruz Minas - Instituto René Rachou e Prefeitura de Belo Horizonte
Wakyla Cristina Amaro Corrêa - Instituto René Rachou - Fiocruz/MG
Priscilla Victoria Rodrigues Fraga - Fiocruz Minas - Instituto René Rachou e Prefeitura de Belo
Horizonte

RESUMO
Em janeiro de 2022 ocorreu a ampliação das equipes CR do Sistema Único de Saúde (SUS) de BH.
Anteriormente a equipe atuava na regional Oeste e ampliou sua abrangência para a regional Barreiro,
território geograficamente extenso e elevado índice de vulnerabilidade. A equipe possuía pouco
conhecimento do território, sendo necessário elaborar estratégias para o reconhecimento territorial e
desenho da atuação do serviço em campo, tendo como orientador o diálogo com a rede SUS/BH.
Foram realizadas articulações intersetoriais e campos conjuntos com serviços volantes que atuam
com a PSR da regional, para reconhecimento dos territórios e processo de construção de vínculos da
equipe com os usuários e o território. Foi pensado um momento de diálogo e apresentação do CR
para os gestores regionais dos equipamentos do SUS/BH, para construção de estratégias de
articulação que repercutissem na assistência direta à PSR, para ampliação do reconhecimento deste
equipamento no território, identificando a rede como parceira na construção do cuidado
compartilhado, bem como provocar a reflexão da rede sobre as especificidades da PSR e a
necessidade da construção de um cuidado singular para essa população, a partir da diretriz da
equidade. Dentre essas ações de aproximação foi realizado um alinhamento técnico com profissionais
de um CS referência para importante quantitativo de PSR. Dentre os temas abordados versava o
cuidado à PSR e populações vulneráveis, a redução de danos e a luta antimanicomial.
Objeto do Relato
A chegada do Consultório na Rua no território do Barreiro, regional de BH.
Objetivos
Relatar sobre a entrada da equipe CR de Belo Horizonte (BH) na regional Barreiro, conhecida na
cidade como região de elevado índice vulnerabilidade. Será apresentada a metodologia utilizada para
o reconhecimento de território, articulação intersetorial e implantação do serviço na construção do
cuidado em saúde das pessoas em situação de rua (PSR).
Análise Crítica
O CR é um serviço volante com uma clínica a céu aberto, atuando em pontos com maior concentração
de PSR, e estrategicamente em cenas públicas de uso de drogas e casas de uso com PSR. A
metodologia de reconhecimento territorial, descrita acima, demandou articulações intersetoriais para
avaliar os pontos estratégicos de atuação, leitura da dinâmica territorial, identificação dos dispositivos
existentes na rede intersetorial e articulação de território. Nomeamos esse processo como abertura de
campo, buscando a atuação efetiva desse serviço no novo território, mitigando as barreiras simbólicas
de acesso da PSR para os serviços de saúde existentes previamente nesta regional.
Conclusões/Recomendações
Considerando a complexidade desses territórios, a chegada do CR precisou ser delicada, construída
a partir da articulação em rede com lideranças locais, inclusive do tráfico. A metodologia descrita foi
fundamental para a construção efetiva da atuação desse serviço no Barreiro.
Palavras-chave: Sistema Único de Saúde; Situação de Rua; Intersetorialidade.

499
Clínica Ampliada e Acolhimento de Saúde Mental em Unidade Básica de Saúde

Laís Ladeia Borborema da Rocha - FUABC

RESUMO
Localizada no distrito de São Mateus, Zona Leste de São Paulo, a Unidade Básica de Saúde em
questão compõe o atendimento da atenção básica em território de extrema vulnerabilidade social,
marcada por muitas moradias em ocupações com falta de recursos básicos. Questões de Saúde Mental
são emergentes nesse contexto, pois há grandes taxas de desemprego, falta de acesso ao lazer e a
cultura, uso de substâncias psicoativas e violências diversas, culminando num número expressivo de
quadros de transtornos mentais, desde quadros leves de depressão e ansiedade, até quadros mais
graves envolvendo tentativas de suicídios e quadros psicóticos. Soma- se a isso a falta do
acompanhamento psiquiátrico necessário. Com o objetivo de suprir a demanda de Saúde Mental da
população que sofre com a falta de acompanhamento e também com objetivo de desafogar as agendas
médicas de pedidos de renovação de receita, foi pensado o espaço de Acolhimento em Saúde Mental.
Para tanto, compõe a escuta a psicóloga e os médicos clínicos. São disponibilizados dois dias, um no
período da manhã e outro no período da tarde, com dez vagas cada, visando alcançar o máximo de
acompanhamentos possíveis. Tal atendimento é feito de modo compartilhado em abordagem
interdisciplinar com a dupla de psicologia e medicina, promovendo troca de saberes, capacitação e
responsabilidades divididas, tal como preconiza a clínica ampliada do SUS.
Objeto do Relato
Clínica ampliada voltada aos usuários de saúde mental
Objetivos
Relatar a experiência da construção de um espaço de Acolhimento em Saúde Mental dentro de uma
Unidade Básica de Saúde tradicional na cidade de São Paulo, com foco na interlocução da
participação da clínica médica e psicológica em consonância com a diretriz de Clínica Ampliada da
Política Nacional de Humanização do SUS.
Análise Crítica
A clínica ampliada é uma das diretrizes da Política Nacional de Humanização e tem como foco
qualificar o modo de fazer saúde pública, envolvendo o cuidado compartilhado entre as
especialidades por entender que o sujeito é um ser biopsicossocial, bem como fortalecer o processo
de autonomia e participação dos usuários e famílias nessa construção coletiva de cuidado. Dessa
forma, percebemos os êxitos que foram tecidos nessa experiência relatada visto que historicamente o
usuário da saúde mental é dado como um desafio nas equipes. O atendimento compartilhado dessa
prática pode construir uma visão integrativa, aumentar o repertório de manejo dos profissionais e
diminuir o estigma dado ao tema.
Conclusões/Recomendações
Recomenda-se que outras categorias profissionais também façam esse compartilhamento de cuidado,
tendo em vista que o tema saúde mental está em todo lugar e não dissocia-se do ser humano, quer ele
tenha um diagnóstico ou não.
Palavras-chave: clínica ampliada; saúde mental; acolhimento; unidade básica de saúde.

500
Clínica móvel como cuidado em saúde para a população migrante e refugiada venezuelana no
estado de Roraima

Caobe Lucas Rodrigues de Sousa - Médicos Sem Fronteiras (MSF)


Suzy Shingaki - MSF
Natalia Melo Lira da Costa - MSF
Fernando Pena Miguel Martinez - MSF
Gabriela Sad Serenato - MSF
Gladys Vásquez Infante - MSF
Heloisa Silva Coelho Cesar - MSF
Aléxia Manduca Ribeiro - MSF

RESUMO
Considerando os obstáculos no acesso a serviços de saúde encontrados por migrantes e refugiados/as
venezuelanos/as em Roraima, MSF iniciou em 2018 sua atuação no estado, inicialmente com
promoção de saúde, saúde mental e fortalecimento da rede de saúde pública local. Em 2020, criou-se
o dispositivo da Clínica Móvel (CM), constituído por uma equipe multidisciplinar (psicólogas/os,
enfermeiras/os, mediadoras/es culturais, médicas/os, promotoras/es de saúde e logística) que oferta
cuidado em locais estratégicos onde se concentram pessoas na cidade de Boa Vista, capital de
Roraima, e em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. A CM tem atuado em comunidades
indígenas transfronteiriças também, o que tem exigido uma maior reflexão sobre como desenvolver
práticas de saúde que não reproduzam processos colonizadores. Por isso, a equipe intercultural,
representada por brasileiras/os, venezuelanas/os e indígenas Taurepang, Warao e Macuxi, contribui
para promover o tema da saúde mental com olhar crítico sobre modelos etnocêntricos de saúde. Para
lidar com o desafio de atender uma população em deslocamento, as intervenções únicas, breves e
primeiros auxílios psicológicos se apresentam como ferramentas eficazes de atenção em saúde
mental. Os profissionais se atentam para adaptar o trabalho de acordo com os diferentes contextos
dos territórios e considerando a heterogeneidade da população atendida nas especificidades de gênero,
sexualidade, raça e etnia.
Objeto do Relato
Clínica Móvel junto à migrantes/refugiados/as venezuelanos/as em Roraima e suas especificidades.
Objetivos
Compartilhar a experiência da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na facilitação do acesso
para a promoção, prevenção e cuidado psicossocial para a população migrante venezuelana através
do modelo de clínicas móveis.
Análise Crítica
Os impactos psicossociais no processo migratório podem ocorrer em diferentes níveis, trazendo
consequências a curto e longo prazo na vida das pessoas. Uma atenção especial para esse tema é
urgente, por se tratar de uma população por vezes negligenciada e alvo de constantes ataques
discriminatórios, racistas, xenófobos e LGBTIfóbicos. Levar o cuidado de saúde integral para a
população no local onde se encontram pode ser um primeiro passo para visibilizar a problemática
enfrentada, porém ainda é necessário aperfeiçoar a prática para garantir atenção especializada em
casos complexos e a sustentabilidade do apoio, com o trabalho conjunto com a rede local.
Conclusões/Recomendações
A CM se apresenta como uma ferramenta para alcançar populações desassistidas que se encontram
em um novo país. Nas comunidades indígenas, é necessário rever o modelo de atenção para se
aproximar de uma abordagem comunitária com maior protagonismo e autonomia da população.
Palavras-chave: Migração; Xenofobia; Racismo; Emergência humanitária; Atenção psicossocial.

501
Coletivo de coletivos: a experiência da rede do fundão do Grajaú

Gabriela de Albuquerque Fernandes Machado Galvão - Caps ij Piração Capela do Socorro


Amanda Livia Santos - Caps Ij Piração
Maria Cristina Coelho - Caps Ij Piração
Priscilla de Oliveira Luz - Escola de Enfermagem USP

RESUMO
A Rede Fundão do Grajaú reflete, mobiliza e desenvolve propostas intersetoriais para necessidades
coletivas. Trata-se da experiência de organização de serviços da saúde, educação, assistência social e
coletivos de cultura, defesa dos direitos humanos e meio ambiente. Criada em 2018, tem como
objetivos: promover o encontro dos profissionais para discussão e proposição de ações de
enfrentamento de temáticas coletivas: violência, defesa do meio ambiente, oferta de Cultura, de
qualificação profissional e Saúde Mental. Pretende-se fomentar a troca de informações na Rede e a
formação dos profissionais. Os integrantes se reúnem uma vez por mês e as pautas são construídas
coletivamente. Em 2019 a Rede organizou cerca de oito eventos, com as temáticas mencionadas,
dando visibilidade às questões do território. Os serviços de Saúde constituíram pontos fortes da rede
e a partir de ações intersetoriais enfrentaram de forma criativa e potente os desafios colocados pelos
princípios do SUS: a oferta de cuidado integral, universal, com equidade e a participação social.
Serviços envolvidos: UBS Cantinho do CEU, UBS Gaivotas, UBS Pq. Residencial Cocaia, Caps
Adulto III Grajaú, Caps IJ Piração, CEU Navegates, dentre outros serviços que compõem a Rede
Assistencial de Saúde e serviços de Educação, Assistência Social e Coletivos de Cultura, Meio
Ambiente e Defesa de Direitos das Mulheres (Centro de Convivência da Mulher - CCM Grajaú) e
população trans, presentes na região do Grajaú.
Objeto do Relato
Apresentar a Rede Fundão do Grajaú, um grupo intersetorial de serviços do distrito do Grajaú/SP.
Objetivos
Relatar o processo de construção, organização e desenvolvimento da Rede do Fundão do Grajaú/SP,
que promove o encontro de profissionais que atuam na região, para discussão, reflexão e proposição
de ações que promovam o enfrentamento de necessidades coletivas.
Análise Crítica
As contradições e desafios da vida cotidiana nas periferias são inúmeras e complexas. No território,
diferentes serviços atendem às mesmas famílias, que vivenciam necessidades semelhantes. Neste
contexto é fundamental o trabalho intersetorial em rede, que vêm se mostrando como um princípio
ordenador das políticas sociais na atualidade
Conclusões/Recomendações
Nessa experiência, os serviços de Atenção Básica à Saúde e os Centros de Atenção Psicossocial,
constituíram pontos fortes da rede e a partir de ações intersetoriais enfrentaram de forma criativa e
potente os desafios colocados pelos princípios do SUS
Palavras-chave: Controle Social; Saúde Mental; Cuidado em Saúde.

502
Colhendo Vidas: Interação entre Estudantes de Medicina e Usuários da Política Públicas da
Saúde Mental na Pandemia Covid-19

Marina de Oliveira albino - USF

RESUMO
Este relato baseia-se nas vivências adquiridas por meio do projeto de extensão "colhendo vidas"
realizado por estudantes de Medicina da Liga de Saúde Mental, na enfermaria psiquiátrica masculina
do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus (HUSF), situado em Bragança
Paulista - SP. O projeto promove espaços de interação social seguros e alternativos, mutuamente
benéficos para os usuários e estudantes, considerando a crise sanitária. Nesse cenário, a experiência
de contato direto do estudante com usuários e a estrutura do serviço de saúde mental transforma
percepções e atitudes dos futuros médicos, quebrando tabus e paradigmas quanto às características
do indivíduo em sofrimento psíquico, proporciona troca de saberes e a amplia o olhar sobre o cuidado
em saúde mental dentro do contexto da Rede de Atenção Psicossocial - RAPS. O projeto procurou
contemplar as necessidades de saúde dos usuários em tratamento na enfermaria do HUSF, com o
objetivo de contribuir na autonomia e cidadania na continuidade do cuidado em saúde mental, por
meio de atividades em ambiente aberto, utilizando como recurso uma horta localizada em espaço do
próprio hospital. O projeto de extensão se fez valioso para os estudantes e para usuários do serviço,
pois as atividades realizadas, ao utilizar-se do espaço da horta, incitou práticas criativas, a expressão,
a espontaneidade, o conhecimento das potencialidades e das limitações dos usuários como também
dos estudantes.
Objeto do Relato
Estratégias no Cuidado em saúde mental em hospital universitário em contexto da Covid-19.
Objetivos
Contribuir na autonomia e cidadania na continuidade do cuidado em saúde mental dos usuários em
tratamento na enfermaria psiquiátrica masculina do Hospital Universitário São Francisco na
Providência de Deus, através de espaços de interação social seguros e alternativos, mutuamente
benéficos para usuários e estudantes de medicina em contexto da Covid-19.
Análise Crítica
A pandemia da Covid-19 adensou novos desafios para assegurar a continuidade do cuidado às pessoas
com sofrimento psíquico com bases no modelo da atenção psicossocial, especialmente devido ao
processo de recrudescimento de medidas regressivas na política pública de saúde mental. Devido à
insegurança sanitária, os diferentes serviços de saúde, dentre os quais as enfermarias de saúde mental
em hospitais gerais, foram adaptados para garantir os cuidados a fim de impedir a contaminação pela
covid-19 sem deixar de oferecer assistência integral em saúde mental. A realização de estratégias
interventivas adaptadas ao contexto pandêmico, a exemplo do projeto de extensão "colhendo vidas",
mesmo não sendo suficientes, são dispositivos com potencialidades de intervenções pautadas no
modelo antimanicomial, que pese pelo cuidado em liberdade e na garantia de direitos humanos.
Conclusões/Recomendações
O projeto de extensão possibilitou enriquecedora troca humanizada de experiências, vivências e
conhecimento aos usuários e alunos, permitindo um contato para além das equipes de saúde, ao
mesmo tempo que se constituiu em estratégia segura na assistência em saúde mental, em contexto de
cuidados sanitários.
Palavras-chave: Saúde Mental; Covid - 19; Cuidado em Liberdade; Sistemas de apoio
psicossocial.

503
Como o espaço grupal pode ajudar o indivíduo a lidar com o fenômeno de ouvir vozes?

Heloísa Moschen de Paula Nascente - UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos


Taís Bleicher - Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Leonardo Cardoso Portela Câmara - Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

RESUMO
O Movimento de Ouvidores de Vozes (Hearing Voices Movement - HVM) surge na Holanda, nos
anos de 1980, a partir de indagações sobre o fenômeno de ouvir vozes, feitas pelo psiquiatra Marius
Romme, a sua então paciente Patsy Hage, e a pesquisadora Sandra Escher. O Movimento nasce com
uma prerrogativa revolucionária, uma vez que se coloca como uma alternativa radical à psiquiatria
tradicional e a todas as outras práticas que consideram o ouvir vozes um sintoma patológico, o qual
precisa ser erradicado para o paciente ser curado . Os grupos de ouvidores de vozes são uma forma
dessas ideias do movimento serem colocadas em prática, em qualquer lugar do mundo.
Objetivos
Considerando isso, o objetivo da pesquisa foi identificar as estratégias desenvolvidas por pessoas que
ouvem vozes, e que fazem parte de algum grupo de ouvidores de vozes, para o enfrentamento da parte
negativa de tal vivência. Porém, aqui decidiu-se focar nas estratégias grupais, ou seja, aquelas que
são executadas justamente na partilha entre membros, construída durante as reuniões.
Metodologia
A fim de atingir esse objetivo, fez-se a observação simples das reuniões de um grupo de ouvidores de
vozes com funcionamento online, com registro em um diário de campo das estratégias comentadas
pelos ouvidores. Os participantes do estudo atenderam os seguintes critérios: estavam participando
do grupo de ouvidores de vozes; tinham mais de 18 anos; demonstraram interesse em participar da
pesquisa; assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. Por fim, utilizou-se da
Análise de Conteúdo de Bardin e da psicanálise para analisar e interpretar os dados.
Resultados
A partir da análise de dados, criou-se seis categorias: 1) ocupar a mente; 2) estabelecer um diálogo
com as vozes; 3) adotar uma interpretação para as vozes; 4) obter controle sobre as vozes; 5) falar e
ser escutado; e, por último, 6) aceitar as vozes. Neste trabalho, focou-se na categoria falar e ser
escutado, uma vez que ela é, dentre todas, a estratégia definida como grupal, isto é, que era exercida
justamente durante as reuniões do grupo de ouvidores de vozes.
Assim, descobriu-se que é muito importante para a lida grupal do fenômeno que o ouvidor tenha um
espaço onde possa falar e ser genuinamente escutado, sem que sua experiência seja necessariamente
patologizada. Concluiu-se que, para se enfrentar as vozes, é preciso de um outro que ampare com sua
escuta radical, e que realize a função de continente para as questões do outro. Dessa forma, o falar e
ser escutado é o que torna o grupo de ouvidores um local terapêutico, no qual ocorre o acolhimento,
a transformação e o fortalecimento de seus membros.
Palavras-chave: Despatologização; Movimento de Ouvidores de Vozes; Estratégias de
Enfrentamento.

504
Compaixão no Estudante de Medicina: do Individual ao Coletivo.

Inglid Souza Santos - PUCSP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo


Márcia Braga Cliquet - PUCSP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Victória Augusta da Cunha - PUCSP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RESUMO
A saúde mental dos estudantes de medicina é um tema com ampla literatura referindo-se às altas taxas
transtornos mentais¹. A autocompaixão tem um importante papel na desativação do sistema de defesa
contra ameaça², além de estar envolvida na gênese dos principais transtornos mentais comuns. Dito
isso, a inserção de técnicas para aumentar a autocompaixão, como o protocolo Mindfulness-based
stress reduction (MBSR), poderia trazer benefícios individuais e coletivos, proporcionando uma
melhora da relação médico-paciente³.
Objetivos
Os objetivos desse trabalho consistem em desenvolver o bem-estar mental dos estudantes de
medicina, diminuindo suas taxas de transtornos de ansiedade e depressão, por meio da promoção de
autocompaixão com a prática do Mindfulness.
Metodologia
Estudo longitudinal quantitativo-qualitativo, divulgado para a comunidade acadêmica de medicina
do Campus Sorocaba. Foi realizada a separação dos participantes em grupo experimental, que
realizou o protocolo MBSR, e o grupo controle, que paralelamente realizou aulas semanais de
Ashtanga Yoga, ambos durante 8 semanas. Ambos os grupos responderam à Escala de Ansiedade de
Beck; Escala de Depressão de Beck e Escala de Auto-Compaixão antes, imediatamente depois e 90
dias após a aplicação do programa.
Resultados
No grupo experimental, foi observado diferenças significativas na comparação do pré-teste com a
testagem após 90 dias da intervenção quanto às escalas de: Bondade Consigo, sendo a comparação
do pré-teste com o pós-teste não significativa (p=0,22); Autocrítica Severa, estando a comparação do
pré-teste com o pós-intervenção próxima da significância (p=0,056); Mindfulness, sendo a
comparação do pré-teste com o pós-intervenção não significativa (p=0,091). Efeito similar foi
observado no Total de Autocompaixão, com uma diferença próxima da significância na comparação
do pré-teste com o pós-intervenção (p=0,059) e uma diferença significativa após 90 dias, que teve
aumento, com uma variância associada de aproximadamente 26,4% (r=0,514; Z=-2,621; p=0,009).
Apesar de não ter se encaixado na faixa de 95% de IC, os resultados relativos ao total de
Autocompaixão estiveram próximos da significância no pós-intervenção (p=0,059), que representa
menos de 6% de chance desta diferença ter sido oriunda do acaso, dada a hipótese nula.
Portanto, pode-se considerar que os objetivos de estimular o autocuidado e autocompaixão dos
estudantes de medicina, através da prática do Mindfulness, foram alcançados.
Palavras-chave: Saúde Mental; Estudante de Medicina; Autocompaixão; Mindfulness.

505
Comportamentos internalizantes e externalizantes e violência no percurso amoroso de
adolescentes e adultos jovens

Ohana Cunha do Nascimento - UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana


Maria Conceição Oliveira Costa - UEFS
Magali Reis Teresópolis Amaral - UEFS
Felipe Souza Dreger Nery - UEFS
Marcos Antonio Oliveira de Santana - Centro Universitário Nobre
Dailey Oliveira Carvalho - UEFS

RESUMO
As relações de intimidade contribuem significativamente nos vínculos e sensação de pertencimento
de adolescentes e jovens no período de integração com os pares. Nesse sentido, tratam-se de conexões
gratificantes quando os parceiros desenvolvem o senso de segurança, apoio, companheirismo e
carinho. Existem interações conflituosas nessa fase, principalmente no contexto familiar e padrões de
relações pregressas desses adolescentes. No núcleo familiar podem surgir os primeiros indícios de
problemas emocionais e de comportamentos desajustados, assim pode-se suspeitar o quão a relação
entre a saúde mental de adolescentes e adultos jovens e a ocorrência de violência nas relações afetivo-
sexuais pode ser intensa. Tais comportamentos classificam-se em dois grupos: internalizante e
externalizante.
Objetivos
Desse modo, este estudo visa analisar a relação entre os comportamentos internalizantes e
externalizantes de adolescentes e adultos jovens com a direcionalidade da ocorrência violenta, na
condição de vítima ou agressor, nas relações afetivo-sexuais de adolescentes e adultos jovens.
Metodologia
Estudo de corte seccional, com desfecho de direcionalidade violenta (vítima e agressor) nos
relacionamentos íntimos de estudantes de escolas públicas de Feira de Santana, Bahia. A amostragem
foi representativa e estratificada por conglomerado, com alunos nas faixas etárias da adolescência (14
a 19) e juventude (20 a 24), totalizando 1703. Para o presente estudo, foi selecionada uma subamostra
de 904 sujeitos com antecedentes de relacionamento afetivo-sexual pregresso atual. Os dados foram
avaliados a partir de análise bivariada, com cálculo de Odds Ratio e intervalos de confiança/IC em
95%.
Resultados
A presente pesquisa evidencia proporção equitativa entre meninas e meninos para amostra estudada,
em sua maioria na faixa etária de 17 a 19 anos, com alguma religião. Metade dos adolescentes e
adultos jovens estão cursando o ensino médio e moram com os pais na mesma casa ou separados,
consideraram-se mestiço/ pardo/ negro/ moreno. Os comportamentos internalizantes e
externalizantes, aumentam, em média duas vezes, a probabilidade de violência na condição de vítima.
Identifica-se que, para o desfecho de agressor, dentre os comportamentos externalizantes, destacam-
se fugiu de casa , estragou ou destruiu algo que não pertencia a si e levou uma arma para usar numa
briga , com risco de quase três vezes maior para a ocorrência de agressividade nos relacionamentos.
Para os comportamentos internalizantes, há associação estatisticamente significante entre todos os
comportamentos e o desfecho de agressor no relacionamento. Os resultados levam a inferir que os
aspectos emocionais são preditores de ocorrências violentas no namoro, o que requer dos
profissionais de saúde e educação, sensibilidade para o manejo e percepção dos comportamentos
desajustados.
Palavras-chave: Violência intima entre parceiros; adolescência; comportamentos.

506
Condições do isolamento social e o ensino superior no Ceará: Passos e descompassos

Letícia Mara Cavalcante Lima - UVA - Universidade Estadual do Vale do Acaraú


Eliany Nazaré Oliveira - UVA
Caio San Rodrigues - UVA
Emilia do Nascimento Silva - UVA
Lídia Cristina Monteiro da Silva - UVA

RESUMO
Considerando os diversos desafios impostos pela pandemia de COVID-19 aos sistemas de saúde e à
sociedade em geral, a maioria dos países em todo o mundo impôs medidas de confinamento
domiciliar em massa, incluindo quarentena e distanciamento físico. Os sistemas educacionais foram
afetados pela pandemia, sendo interrompidas as atividades presenciais, acarretando no fechamento
de instituições de ensino em mais de 150 países. Considerando o contexto de pandemia da Covid-19,
houve necessidade de mudanças com relação à prática de atividades não presenciais por meios
digitais. A Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) declarou a
substituição das aulas presenciais por aulas remotas, com o auxílio dos meios digitais durante a
pandemia de COVID-19.
Objetivos
Apresentar as condições de isolamento social vivenciadas por estudantes do ensino superior do estado
do Ceará, durante a pandemia do COVID-19.
Metodologia
Trata-se de um estudo do tipo descritivo exploratório com delineamento transversal, contando com a
participação de 3691 estudantes depois de terem sido eliminadas as respostas de menores de 18 anos
e quem não aceitou o termo de consentimento, coleta realizada entre 6 de julho e 10 de setembro de
2020. Aplicou-se um questionário do perfil sociodemográfico e situacional em relação à pandemia e
isolamento social. E também o Mental Health Inventory (MHI- 38), a pesquisa foi realizada de forma
online, com o instrumento disponibilizado no google forms.
Resultados
O ensino a distância (EAD) se mostra relevante à forma de atividades pedagógicas. A maioria dos
participantes estava satisfeita com as atividades, as condições de acesso à internet eram boas para
1113 (30,2%) participantes, 2519 (68,6%) usavam internet pelo celular. 1803 (48,8%) estudantes se
mostraram muito preocupados com as aulas presenciais, a maioria tinha parentes infectados pela
COVID-19 e 2832 (76,7%) tinham medo de se infectar, eles se sentiam preocupados ao precisar sair
de casa, confirmaram que o isolamento social interferiu na rotina, e o que mais preocupou durante o
isolamento social, foi morrer alguém próximo infectado pelo Covid-19, 2849 (77,2%) estudantes
assinalaram isso. Assim, notam-se adversidades para os estudantes, que tinham que se adaptar às
novas condições de ensino. As Instituições de Ensino Superior tiveram que ter um olhar atento às
condições que os estudantes estavam vivendo, pois não eram todos que tinham acesso à internet e
meios digitais. Portanto, aconselha-se uma apuração sobre condições físicas, psíquicas e emocionais
em que os estudantes se encontraram durante o isolamento social e estratégias para melhorar a
qualidade de vida e saúde mental.
Palavras-chave: COVID-19; Educação Superior; Isolamento Social.

507
Considerações sobre o uso da arte/teatro como instrumento prático de promoção de saúde na
área da drogadição: uma revisão bibliográfica

Roberto de Aguiar Junior - Clinica Particular


Ana Paula Parada - UNIP

RESUMO
O fenômeno drogadição tem crescido em âmbito global. Em 2021 houve um aumento representativo,
com 275 milhões de pessoas usuárias de drogas e mais de 36 milhões com transtornos associados ao
consumo de drogas (UNODC, 2021). Medidas tem sido implementadas pelo Ministério da Saúde do
Brasil, para a atenção aos usuários de álcool e outras drogas, como a oferta de acolhimento, atenção
integral (práticas terapêuticas, preventivas, de promoção de saúde, educativas e de reabilitação
psicossocial) e estímulo à sua integração social e familiar. Os modelos de trabalho tradicionais são: o
modelo médico/ hospitalocêntrico com terapias farmacológicas e o modelo moral seguindo viés
religioso, que propõe ao usuário tornar-se abstêmio, moldando-se ao comportamento desejado e,
alcançando a cura.
Objetivos
Investigar as práticas de atuação psicológicas para intervenção e promoção de saúde utilizadas com
pessoas usuárias de drogas em processo de reabilitação, visando identificar e compreender
especialmente as práticas alternativas, que envolvam o teatro como instrumento prático para alcançar
expressões emocionais e fenômenos psicológicos, que podem alcançar efeito terapêutico.
Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão não-sistemática da literatura. Para tanto, foram utilizados os
indexadores Google Acadêmico, Scielo e BVS, usando palavras chaves: teatro , promoção de saúde ,
psicanalise e drogadição , além de livros psicanalíticos. Como critérios de elegibilidade, estudos
publicados entre 1997 e 2021. Foram encontrados inicialmente cerca de 500 artigos, e após leitura
dos títulos e resumos, 41 artigos foram selecionados, pois propunham uma compreensão abrangente
da temática a ser explorada.
Resultados
Tem sido ofertado como tratamento à drogadição no Brasil modelos como o hospitalocêntrico e o
modelo religioso, ambos objetivando a cura do usuário. As comunidades terapêuticas surgiram como
tentativa de romper com a ideologia de que há algo a ser curado no paciente, procurando colocar o
usuário químico em reabilitação psicossocial, evitando a estigmatização do diferente/anormal, tão
presente nas terapias convencionais. Junto a esse processo terapêutico, surgiram intervenções
psicológicas como: a Psicoterapia Cognitiva Comportamental; as Psicoterapias Clínicas; os Grupos
de Mútuo-Ajuda; Apoio Matricial e Grupo de Vivências. Nesse seguimento, surgiram terapias
inovadoras, em que o teatro se destaca como uma delas. Pode-se pontuar a Teoria dos Campos de
Herrmann, enquanto encenação literária como instrumento transferencial; o Psicodrama de Moreno,
enquanto dramatização protagonizada pelo sujeito-paciente; o Teatro do Oprimido de Boal, e o Jogo
Teatral Winnicottiano . Entretanto, ainda há poucos estudos sobre a temática na literatura, indicando
ser um campo novo e emergente como processo alternativo ao tratamento junto à reabilitação.
Palavras-chave: teatro; promoção de saúde; drogadição.

508
Construção de Acompanhamento Terapêutico durante a pandemia de Covid-19 em uma
Residência Terapêutica de Campo Grande -MS

Geovana Weis Straliotto


Luiz Felipe Faria Rodrigues - UFMS
Alberto Mesaque Martins - UFMS
Elodia Herminia Maldonado - Secretaria Municipal de Saúde

RESUMO
A pandemia de COVID-19 e as medidas de distanciamento social impactaram, negativamente, a saúde
mental da população, restringindo a circulação nos territórios. Esse contexto também alterou o
cotidiano dos usuários dos serviços de saúde mental, os quais já sofriam com processos de exclusão.
Assim, em janeiro de 2021, a partir da diminuição da curva de contágio, iniciou-se uma parceria entre
acadêmicos do curso de Psicologia da UFMS e o Serviço de Residências Terapêuticas Moinhos de
Vento, através da construção de práticas de Acompanhamento Terapêutico (AT). Os moradores
participaram ativamente do delineamento da proposta, escolhendo os acadêmicos que os
acompanhariam e participando da construção dos Projetos Terapêuticos Singulares (PTS). As ações
envolviam a circulação em espaços do território (praças, parques, mercados, etc), a inclusão dos
moradores nas redes de saúde, a articulação com os diversos atores do território, bem como o
desenvolvimento de atividades na própria residência oferecendo uma escuta compreensiva sobre o
cotidiano dos moradores e acerca dos desafios vivenciados durante a pandemia e nos períodos de
distanciamento social.
Objeto do Relato
Acompanhamento terapêutico na pandemia de Covid-19 em uma Residência Terapêutica de Campo
Grande -MS
Objetivos
Apresentar e analisar uma experiência de construção de acompanhamento terapêutico de usuários do
Serviço de Residências Terapêuticas Moinhos de Vento em Campo Grande Mato Grosso do Sul,
durante a pandemia de COVID-19 e em meio às medidas de distanciamento social, destacando seus
limites e potencialidades.
Análise Crítica
A prática do Acompanhamento Terapêutico revelou-se como uma estratégia potente para manutenção
do cuidado aos usuários da SRT, especialmente em um período marcado por incertezas quanto ao
futuro e de fragilidades nos vínculos sociais. O vínculo construído entre os acadêmicos e os
moradores apresentou-se como um importante elemento capaz de dar espaço para expressão e
elaboração de angústias, contribuindo para a estabilização dos sujeitos, ao mesmo tempo que
favoreciam uma constância de ações em meio a um período de grande instabilidade. Além disso, a
ênfase nos PTS também possibilitou a integralidade do cuidado e a articulação com outros serviços
de saúde e dispositivos do território.
Conclusões/Recomendações
O AT configura-se como uma importante estratégia de cuidado em saúde mental, possibilitando o
reconhecimento das especificidades dos usuários. A proposta tornou-se ainda mais potente em meio
à pandemia de COVID-19, garantindo a manutenção do cuidado e o fortalecimento do vínculo entre
os sujeitos.
Palavras-chave: Arte; Oficinas; Saúde Mental.

509
Consultoria psiquiátrica como apoio do enfermeiro no atendimento de saúde mental na
atenção primária a saúde

Maria Aparecida Sousa Oliveira Almeida - USP - Universidade de São Paulo


Margarita Antonia Villar Luis - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
Alisséia Guimarães Lemes - Universidade Federal de Mato Grosso
Deyse Carolini de Almeida - Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do
Araguaia. Barra do Garças, Mato Grosso, Brasil.
Alisséia Guimarães Lemes - Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do
Araguaia. Barra do Garças, Mato Grosso, Brasil.

RESUMO
A Consultoria Psiquiátrica de ligação de enfermagem (CPEL) constitui uma subespecialidade de uma
prática avançada de enfermagem psiquiátrica, que se desenvolveu nas quatro últimas décadas em
resposta ao reconhecimento da importância das inter-relações psicofisiológicas e seu impacto no bem-
estar e recuperação de pessoas com doenças.
Objetivos
Implantar um modelo de consultoria psiquiátrica de ligação de enfermagem para apoiar enfermeiros
durante sua assistência a usuários que apresentem demandas de saúde mental na atenção primaria a
saúde.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional, exploratório e prospectivo com abordagem quantitativa e
qualitativa, desenvolvido em 19 serviços de saúde com enfermeiros. A pesquisa será dividida em
etapas a coleta de dados foi realizada por meio de aplicação de questionários semiestruturado,
contendo questões abertas e fechadas. Os dados quantitativos serão avaliados por estatística descritiva
no programa estatístico IBM SPSS Statistics versão 24. Os dados qualitativos serão transcritos e
tratados através do uso do software Analyse Lexicale par Context d’um Ensemble de Segmentsde
Text (ALCESTE).
Resultados
Participaram do estudo 16 profissionais de enfermagem. As características sociodemográficas
encontradas foram compostas por pessoas com idade de 26 a 55 anos, com destaque para as idades
de 32 e 50 anos (12,50%), majoritariamente sexo feminino (43,75%), brancas (37,50%) e pardas
(35%). Quanto ao vinculo empregatício, destaca-se os profissionais concursados (78,25%) e
contratados (31,25%), sendo que (18,75%) desses profissionais possuem outro emprego para
complementar renda, todos os 16 enfermeiros entrevistados fizeram outras especializações, tendo
destaque em pós em saúde pública e qualidade de vida (6,25%). 100% dos enfermeiros disseram
atender no seu serviço usuários com problemas de saúde mental diagnosticados, quando questionado
como é atender um paciente que apresenta problema de saúde mental tais como transtornos mentais,
ou uso de álcool e outras drogas 68% afirmam ser difícil, e 93,75% dos enfermeiros disseram aceitar
ajuda da equipe de consultoria realizada por um enfermeiro com conhecimento em saúde mental
porém 6,25% deles foram indiferentes nesse quesito.
Palavras-chave: Atenção Básica; Consultoria; Enfermagem Psiquiátrica; Saúde Mental.

510
Contribuições da enfermagem para o bem-viver dos povos indígenas nos tempos de pandemia
da COVID-19.

Priscila Dias da Silva - UFG - Universidade Federal de Goiás


Nathália dos Santos Silva - Universidade Federal de Goiás

RESUMO
A atenção à saúde mental dos povos indígenas está sendo um desafio constante e há uma preocupação
com a promoção de cuidado culturalmente apropriado e intercultural, baseado na articulação e
complementaridade entre saberes em saúde. A pandemia da COVID-19 causou grande impacto na
saúde, condições sociais e economia dos países, sem precedentes. A partir deste contexto, a saúde
mental dos povos indígenas tem sido de extrema necessidade o cuidado da equipe multiprofissional
para o atendimento à comunidade, enfatizando-se os enfermeiros como os profissionais que possuem
maior contato com os indígenas. Portanto, identificar as contribuições da Enfermagem brasileira para
o bem viver dos povos indígenas em tempos de pandemia da Covid-19 de 2020 a 2021.
Objetivos
Descrever as contribuições dos enfermeiros (as) do DSEI Araguaia, para o bem-viver dos povos
indígenas em tempos de pandemia da covid-19 de 2020 a 2021.
Metodologia
Estudo descritivo exploratório, de abordagem qualitativa, realizado com 05 (cinco) enfermeiros do
DSEI Araguaia que atuam diretamente com a saúde da população indígena. Para coleta de dados, foi
realizada uma entrevistas presenciais e online com auxílio de um roteiro com questões norteadoras.
Os dados obtidos por meio das transcrições das entrevistas foram submetidos à análise temática de
conteúdo. O tratamento dos resultados obtidos e interpretação, com inferências, apoio da literatura
específica e associado com a experiência da pesquisadora. Esse projeto foi apreciado pelo comitê de
ética.
Resultados
A maioria dos enfermeiros entrevistados destacou a ausência ou insuficiência de conteúdos sobre
saúde indígena no período da graduação. A maioria deles não possuía formação específica, mas
participaram de algumas ações de educação continuada com foco na saúde mental e/ou saúde
indigena. As principais demandas relacionadas à saúde mental dos povos indígenas durante a
pandemia da Covid-19 foram as questões referentes ao isolamento social dentro da aldeia, ansiedade,
medo, desconhecimento da doença, pânico (medo do tubo ) e baixa adesão às vacinas e tratamentos
decorrentes das fake news. Dentre as ações de enfermagem à saúde mental dos povos indígenas
mencionaram: rodas de conversa da enfermagem juntamente com o psicólogo, identificação do
problema e sinalização a equipe para os devidos encaminhamentos. As atividades com foco na
promoção e prevenção ficarão prejudicadas com relação a pandemia. Os dados deste trabalho
apontam para a necessidade de incluir o conteúdo sobre cuidado culturalmente adaptado à saúde
indígena e que os enfermeiros podem ser estratégicos para ampliar a integralidade do cuidado
considerando que estão muito presentes, em número e tempo, nas aldeias.
Palavras-chave: Saúde Mental; Povos indígenas; Enfermagem; COVID-19.

511
Contribuições teórico-práticas antimanicomiais, antiproibicionistas e desmedicalizantes na
graduação de um curso de medicina

Sérgio Seiji Aragaki - Universidade Federal de Alagoas

RESUMO
Este relato compartilha desafios encontrados para inserção e desenvolvimento de discussões teóricas
e práticas alinhadas à Reforma Psiquiátrica e à Luta Antimanicomial, junto a estudantes de um estágio
obrigatório curricular internato em Saúde Mental em um curso de graduação em Medicina de uma
universidade federal pública, situada no nordeste brasileiro. Traz estratégias adotadas para superar
esses desafios, com escolhas de materiais e recursos didáticos, assim como identificando fragilidades
e potências no campo de práticas poucos CAPS existentes e com profissionais disponíveis para
realizarem preceptoria não remunerada -, com negociações e avaliações compartilhadas e contínuas
para os redirecionamentos necessários e possíveis, entre estudantes, pessoas que trabalham e as que
fazem gestão e o docente. Ao final, pretende-se trazer interrogações e propostas para fortalecimento
de uma formação antimanicomial, antiproibicionista e desmedicalizante não somente nesse curso,
mas em outros da área da saúde algumas dessas possibilidades já em curso.
Objeto do Relato
Compartilhar a formação que tem sido realizada junto a estudantes do curso de graduação em
Medicina.
Objetivos
Serão compartilhados os desafios encontrados e as estratégias que têm sido utilizadas para incluir e
desenvolver em um curso de graduação em Medicina questões teóricas e práticas alinhadas à Reforma
Psiquiátrica, proporcionando reflexões e aprendizados antimanicomiais, antiproibicionistas e
desmedicalizantes.
Análise Crítica
Apesar da reconhecida importância da formação na área da saúde mental ser alinhada à Reforma
Psiquiátrica, com fortalecimento da Atenção Psicossocial e dos Direitos Humanos, no contexto
relatado ela ainda é bastante frágil e incipiente. Tais problemas existem, em boa parte, pelo interesse
e ação manicomiais, patologizantes e estigmatizadoras, além da necessidade de manter relações de
saber-poder hierarquizadas. Fazer análise do contexto local, conhecer a história e as pessoas que
compuseram e compõe o campo da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial, estabelecendo parcerias
e compartilhando estratégias e conquistas fortalece a Luta.
Conclusões/Recomendações
Apesar das dificuldades encontradas para formação antimanicomial, antiproibicionista e
desmedicalizante é possível encontrar brechas que se fazem possibilitam incluir e fortalecer práticas
alinhadas à Reforma Psiquiátrica e à Luta Antimanicomial. Tecer, ampliar e potencializar redes é
necessário.
Palavras-chave: Formação em saúde; Medicina; Integração ensino-serviço-comunidade.

512
CorpOralidades: grupo de experimentação em saúde, arte e corporeidade

Lorena Schalken de Andrade - Psicologa


Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel - Universidade Federal do Pará

RESUMO
O projeto iniciou em abril de 2021 e prossegue até os dias atuais. O público alvo são estudantes da
graduação e pós-graduação em psicologia e de áreas da saúde da Universidade Federal do Pará. Em
enfoque fenomenológico gestáltico desenvolveu-se uma compreensão da noção de corpo como senso
de identidade plena, que realiza contato consciente e expressa os sentimentos vividos de modo
integrado; e de corporeidade implicando a vivência criativa com saúde. A facilitação do grupo ocorreu
visando praticar o diálogo, reconhecimento, identificação e suportes para as participantes. Foi
desenvolvida com o compromisso ético-político de refletir sobre as consequências do sofrimento
psíquico, do consumo exagerado de produtos de beleza, e do uso das redes sociais virtuais. Foram
realizadas 12 oficinas; cada uma com duração de 12 sessões de experimentação corporal de forma
holística e interdisciplinar. Devido a restrição da circulação no ano de 2021, os encontros ocorreram
via plataforma Zoom, em função do período de distanciamento social e suspensão das aulas na
Universidade federal do Pará; em 2022, com a vacinação e a volta as aulas realizou-se oficinas nos
espaços verdes e sagrados da instituição; e também no Horto Municipal de Belém do Pará. As práticas
são facilitadas em três momentos: a sensibilização corporal e contato com a natureza, as posturas do
yoga e ao final uma breve roda de partilha utilizando a linguagem verbal e a expressão com desenhos,
escritos e poesias.
Objeto do Relato
Articulação entre Corpo e Linguagem artística organizado no projeto de extensão CorpOralidades.
Objetivos
oferecer aos participantes psicoterapia em grupo para ampliação do diálogo interpessoal e do
autocuidado e atividades artísticas por meio de registros biográficos em fotografia; praticar atividades
de Yoga, meditação e respiração. criar rede de suporte no enfrentamento da ansiedade provocada pela
Covid-19 e no contexto pós-pandêmico.
Análise Crítica
Das atividades ofertadas a Yoga e a meditação foram as mais apreciadas pelas participantes pela
potência de ampliar a consciência corporal, relacional e de nossa forma de ser e estar no mundo.
Considera-se que o corpo-metáfora pode evidenciar a potência do adoecimento para a criação de
saúde, partindo da ideia de que um sintoma é uma expressão de vitalidade e também pode ser uma
defesa contra esta mesma vitalidade.
Conclusões/Recomendações
Tendo em vista a importância da experimentação e dos movimentos corporais para a autonomia em
saúde, estar em grupo proporciona o compartilhamento de comunicação entre a graduação e a pós-
graduação, e contribui para a inserção de práticas integrativas na área da saúde e na Universidade.
Palavras-chave: corporeidade; saúde; psicologia; yoga; arte.

513
Covid-19 e transtornos mentais comuns em familiares de um serviço de psiquiatria

Olívia de Andrade Guerra - CAPS III Manoel de Barros


Lorrane Pinheiro Moreira Ferreira - Hospital Universitário Pedro Ernesto
Elias Barbosa de Oliveira - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Tiago Braga do Espírito Santo - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
A família é entendida como uma instituição social composta por pessoas ligadas por laços afetivos,
consanguíneos e afinidades. É reconhecida pela função de socialização, cuidado, proteção e
sobrevivência de seus membros, mas também se caracteriza como um espaço de disputas e de
conflitos. Com a Reforma Psiquiátrica, observou-se o retorno dos pacientes em sofrimento psíquico
ao convívio familiar. Por outro lado, na medida em que os usuários passaram a conviver com seus
familiares, observou-se sobrecargas emocional, social e financeiras. Partindo do pressuposto de que
as famílias de indivíduos com transtorno mental vivenciam o sofrimento em seu processo de cuidar,
acredita-se que a pandemia do Covid-19 tenha agravado esse quadro e contribuído para a suspeição
de Transtornos Mentais Comuns.
Objetivos
Verificar a suspeição de transtornos mentais comuns em familiares de usuários de um ambulatório de
saúde mental durante a pandemia do Covid-19 e analisar as queixas.
Metodologia
Estudo transversal que teve como campo um ambulatório de saúde mental de um hospital
universitário situado no município do Rio de Janeiro. A amostra foi de 31 familiares. Os dados foram
coletados no período de set a nov de 2020, individualmente e em local privativo. Foram respeitados
os preceitos éticos de que dispõe a Resolução nº 466/12. Na coleta de dados utilizou-se 2 instrumentos
elaborados pelos autores, com questões sociodemográficas e repercussões psicossociais do Covid-19
na família. A variável dependente ou desfecho foi coletada por meio do Self-Report Questionnaire.
Resultados
A frequência de suspeição de TMC na amostra encontra-se bem acima de estudos anteriores a
pandemia do Covid-19 e com importantes repercussões psicossociais na família. As queixas mais
frequentes foram: sentir-se tenso, nervoso e preocupado , sentir-se triste ultimamente e tem dores de
cabeça frequentes . Essas, na percepção dos familiares, mantêm relação com as repercussões
psicossociais da pandemia, principalmente no que diz respeito às seguintes variáveis: cuidado do
familiar com transtorno mental durante a pandemia , problemas financeiros e mudanças na rotina
familiar devido ao Covid-19 . Os resultados podem contribuir para a reflexão acerca do acolhimento
das famílias por parte dos serviços de psiquiatria e/ou matriciamento na RAPS, pois com a
reestruturação dos serviços de saúde mental e as restrições do acesso durante a pandemia,
intensificaram-se as cargas psíquica e social dessas pessoas com risco de recaídas dos usuários e
adoecimento familiar.
Palavras-chave: Covid-19; Relações familiares; Estresse psicológico; Saúde mental.

514
COVID-19, Trabalho & Saúde Mental: Experiência Exitosa de Cooperativa Social em Centro
de Atenção Psicossocial

Luany Gonçalves Netto - ESCS - Escola Superior de Ciências da Saúde


Júlio César de Oliveira Vallú - ESCS
Mércia Correia Lazzaretti - ESCS
Natália Macário dos Santos - ESCS
Filipe Willadino Braga - ESCS
Jamila Zgiet - Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF)
Cristiane Pereira dos Santos
Amanda de Oliveira Mota - SES-DF
Thais Vilela de Sousa - SES-DF

RESUMO
Residentes Multiprofissionais do Programa de Saúde mental do Adulto (PRMSMA) da Escola
Superior de Ciências da Saúde (ESCS) do Distrito Federal (DF) realizaram uma intervenção grupal
que possibilitasse a reabilitação psicossocial por meio da economia solidária e geração de renda em
uma perspectiva centrada na autonomia, inclusão social e protagonismo do sujeito. A criação da
oficina terapêutica voltada para a geração de renda aos moldes de um projeto de cooperativa foi
motivada pela baixa opção de grupos terapéuticos em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no
DF, decorrente da situação sanitária do país causada pela pandemia de COVID-19 e, principalmente,
pela vulnerabilidade socioeconômica que este momento histórico trouxe aos usuários do serviço.
Partimos, então, da demanda real dos usuários em obter meios de prover sua subsistência e da
dificuldade de acesso ao mercado de trabalho por esses sujeitos estigmatizados. Foi então realizado
o convite para algumas usuárias do serviço para a participação da oficina que teria como objetivo a
criação de um bazar. Estipulou-se assembleias semanais em que as usuárias decidiram como seria a
realização da ação. Após alguns encontros, foi decidido que o bazar seria inaugurado em um grande
evento num parque público no DF e, para isso, as usuárias se dividiram em três grupos de trabalho:
arrecadação de itens para o bazar, divulgação do evento e precificação dos objetos que seriam
vendidos no dia da inauguração do bazar.
Objeto do Relato: Criação de uma oficina voltada para geração de renda aos moldes de uma
cooperativa Social.
Objetivos: Relatar a experiência de criação de oficina terapêutica voltada para a geração de renda aos
moldes de uma cooperativa social durante a pandemia de COVID-19.
Análise Crítica
A vulnerabilidade socioeconômica está frequentemente associada ao sofrimento mental.
Especialmente durante a pandemia de COVID-19, a desesperança e insegurança financeira têm
levado a piora ou aparecimento de quadros psiquiátricos. Além do estímulo à geração de renda, a
iniciativa promoveu interação, fortalecimento de vínculo e socialização, ampliou o acesso à
informação e à cidadania, o direito ao convívio comunitário e à participação popular de acordo com
os princípios da reforma psiquiátrica brasileira que redireciona o modelo assistencial em saúde
mental. Trata-se de intervenção replicável, com efeito terapêutico e potencial de reabilitação
psicossocial.
Conclusões/Recomendações
Esse tipo de intervenção em saúde não só constitui dispositivo de cuidado, como também promove
vínculo, acolhimento, co-responsabilização e autonomia entre profissionais, usuários e comunidade,
tornando o serviço mais resolutivo e exitoso em sua proposta de atenção em saúde mental.
Palavras-chave: Comportamento Cooperativo; Redes Comunitárias; Serviços de Saúde Mental;
COVID-19; Economia Solidária
515
Covid-19: O impacto na saúde mental de estudantes do ensino superior

Eliany Nazaré Oliveira - UEVA


Letícia Mara Cavalcante Lima - Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
Emília do Nascimento Silva - Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
Gleisson Ferreira Lima - Escola de Saúde Pública Visconde de Saboia

RESUMO
A rápida disseminação da Covid-19 e a grande quantidade de informações divulgadas no contexto da
pandemia (algumas não confiáveis) geraram mudanças no comportamento da população, sofrimento
psicológico e doença mental. Ao mesmo tempo, houve mudanças na educação, tais como suspensão
do calendário escolar, introdução de novas metodologias de ensino e incorporação de tecnologias
digitais. Este cenário de ensino-aprendizagem, que está carregado de tensão, ansiedade e incertezas,
desencadeia desequilíbrios emocionais e problemas de saúde mental. Para alguns especialistas, esta
ação pode gerar consequências psicológicas negativas entre os estudantes universitários.
Objetivos
Avaliar as repercussões da Covid-19 e do isolamento social sobre a saúde mental dos estudantes de
educação superior no estado do Ceará, Brasil.
Metodologia
Estudo exploratório, descritivo, utilizando uma abordagem transversal, com 3.691 estudantes
universitários. Os critérios de inclusão foram a idade, 18 anos ou mais, e matrícula ativa em uma
instituição de ensino superior no Ceará. Um questionário de perfil sociodemográfico e situacional em
relação à pandemia e ao isolamento social, além da versão adaptada do Inventário de Saúde Mental.
O teste Anova foi aplicado para correlacionar os resultados do Inventário de Saúde Mental e o gênero.
A comparação de médias foi realizada usando, seguido de múltiplas comparações pelo teste Games-
Howell.
Resultados
O estado global de saúde mental global (48,8,4%), distresse (51,5%), bem estar positivo (44,2%),
ansiedade (48,26%), depressão (50,8%), perda de controle (55,5% ), afeto positivo (42,4%), laços
emocionais (51,1%). Os dados sugerem que a saúde mental dos estudantes foi consideravelmente
abalada. O resultado geral sugere que a saúde mental dos estudantes foi afetada pelo isolamento social
imposto pela pandemia, com maior intensidade entre as mulheres. Conclui-se que os universitários
do Ceará foram negativamente afetados pela pandemia de Covid-19 e cabe às instituições
educacionais promover estratégias para a proteção da saúde mental deste grupo por meio de projetos
para identificar estudantes com problemas de adaptação à situação pandêmica e criar redes de
assistência a esses estudantes. Os órgãos educacionais podem apresentar alternativas para minimizar
os impactos negativos na saúde mental dos estudantes. É essencial criar ou melhorar centros de apoio
psicossocial para monitorar os estudantes no cenário atual.
Palavras-chave: Ensino superior: Pandemia; Saúde mental; Covid-19.

516
Cruzamentos entre gênero e saúde mental na reabilitação psicossocial de mulheres

Mariana Coronato Fernandes


Maria do Perpetuo Socorro de Sousa Nóbrega - Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo

RESUMO
Beauvoir coloca a mulher na categoria de Outro, já Crenshaw aponta as diversas formas de Outro que
podem haver nessa mesma categoria, trazendo o conceito de interseccionalidade onde inúmeras
avenidas identitárias se cruzam e colocam algumas mulheres em posições mais subalternizadas que
outras. A categoria mulher é irreal, pois pressupõe que todas são iguais quando na realidade é
impossível nomear todas as formas de mulheridades. No modelo psiquiátrico as mulheres sempre
estiveram restritas ao papel de suscetíveis à loucura, com estudos atuais apontando maiores taxas de
depressão e abuso de benzodiazepínicos entre elas. A mulher e a loucura, relação historicamente
presente, ainda é pouco discutida de forma crítica, sendo reduzida às razões orgânicas e à medicação
de suas mazelas sociais.
Objetivos
Apresentar articulações teóricas sobre o cruzamento entre gênero e saúde mental e suas implicações
no processo de reabilitação psicossocial de mulheres.
Metodologia
Estudo teórico-reflexivo construído a partir da concepção marxista interseccional e da leitura da
produção existente sobre gênero e saúde mental.
Resultados
A partir do conceito de existência-sofrimento é possível enxergar além da patologia do sujeito e ir
para o campo do sofrimento em suas vivências. O fato de ser mulher na sociedade ocidental é
considerado um risco à saúde mental, e este se intensifica com os processos traumáticos sofridos pelas
que também são negras e pobres. Estes cruzamentos são significativos no processo de construção do
sofrimento psíquico e devem ser abordados no processo de reabilitação psicossocial desses sujeitos.
A mulher no contexto da saúde mental se encontra em mais uma avenida que a culpabiliza por seus
sofrimentos, mesmo que esta seja frequentemente pobre, negra, vítima de violências e mãe solo. A
mulher usuária de substâncias se encontra em um local ainda mais subalterno, onde é também
colocada como indigna de respeito. A invisibilização do sofrer destas mulheres por parte dos serviços
de saúde mental, através de terapêuticas sem viés crítico histórico-cultural, se torna mais uma forma
de manutenção da opressão de gênero, portanto é essencial que os profissionais da área coloquem a
patologia de lado e reconheçam os cruzamentos que levam ao sofrer feminino.
Palavras-chave: Mulheres; Atenção Psicossocial; Necessidades Específicas do Gênero.

517
Cuidar, ato coletivo: a reconfiguração da dor vivida em solidão para o acolhimento e a ajuda
mútua entre mulheres cuidadoras

Eliana Mara de Freitas Chiossi - UFBA - Universidade Federal da Bahia


Daniela Costa Bursztyn - IPUB-UFRJ
Vanessa Felisbino - Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC
Stefani dos Santos - IPUB-UFRJ
Cintia Souza - IPUB-UFRJ

RESUMO
Em julho de 2021 foram iniciados grupos online de acolhimento, para mulheres cuidadoras de
usuários(as) de serviços públicos de saúde mental, como uma ação do Núcleo de Política Pública de
Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(NUPPSAM/IPUB/UFRJ). Seguindo a metodologia de grupos de apoio mútuo, os encontros
acontecem quinzenalmente pela plataforma Google Meet, com mediação e modulação de uma equipe
interdisciplinar formada por mulheres pesquisadoras, profissionais, alunas e familiares cuidadoras de
usuários(as). Mensalmente, há o encontro de acolhimento para aquelas que se interessem em integrar
o grupo fixo. Mulheres de diferentes estados foram se integrando. A presença exclusiva de mulheres
familiares evidenciou a necessidade da perspectiva de gênero para compreender a sobrecarga do
cuidado e o trabalho reprodutivo como causa de maior sofrimento, confinadas em suas próprias casas,
sem poder acessar espaços presenciais de assistência e cuidados, tendo de lidar com seus
familiares/usuários praticamente sozinhas. Nesse espaço seguro e acolhedor, ocorre a partilha de
histórias e troca de experiências, com relatos contundentes de sofrimento e angústia. Os saberes e
vivências compartilhados fortalecem a ajuda mútua e a constituição de relações de amizades. Esse
espaço de sororidade, que alcança suas casas e seu cotidiano, fortalece o protagonismo e o auto-
cuidado que se transforma em renovação e esperança.
Objeto do Relato
A experiência de mulheres cuidadoras como integrantes da equipe interdisciplinar do projeto.
Objetivos
Apresentar a participação de mães de pessoas em sofrimento mental como integrantes da equipe do
Projeto de Extensão e Pesquisa Mulheres Cuidadoras na Atenção Psicossocial (IPUB/UFRJ), por
meio de um relato de experiência sobre sua atuação nos grupos online voltado para mulheres
cuidadoras de usuários(as) de serviços de saúde mental.
Análise Crítica
Enquanto mães/familiares de pessoas em sofrimento mental, integrar a equipe interdisciplinar do
projeto compõe um espaço de pertencimento e de atuação numa posição privilegiada. É lugar de
encontrar sentidos para a vivência como mulher cuidadora e de propor e criar junto com a equipe
caminhos e estratégias de superação. O convívio diário com um familiar em sofrimento mental traz
muita dor e angústia. Estar sozinha nesse papel é desigualmente perverso e causa adoecimento. Fazer
parte da luta para que as mulheres cuidadoras sejam vistas e atendidas em suas demandas é uma
jornada de cura, de exercício de uma prática da cidadania dentro de uma ética amorosa de
solidariedade e cuidado coletivo.
Conclusões/Recomendações
As ações de acolhimento online vem se expandindo para encontros presenciais no Instituto de
Psiquiatria da UFRJ. O projeto divulga conteúdos de autocuidado e solidariedade nas redes sociais.
Cuidar das mulheres cuidadoras é dizer sim à vida e reafirmar a luta por direitos e justiça social.
Palavras-chave: Sobrecarga de gênero; protagonismo; sororidade; feminização do cuidado;
acolhimento.

518
Da loucura como experiência de desrespeito à fabricação do artista como forma de
reconhecimento : um olhar sociológico sobre a arte, a loucura e a Luta Antimanicomial (RJ,
2019-21)

Fabiane Helene Valmore


Maria Tarcisa Silva Bega - Universidade Federal do Paraná

RESUMO
Arte e (Lou)cura: o transitar pelos caminhos da arte como forma de desconstrução da loucura e
fabricação do artista (RJ, 2019-21), defendida nas Ciências Sociais da UFPR, é uma autoetnografia
que buscando narrar histórias de pacientes psiquiatrizados e discutir como insurge da loucura o artista,
trouxe uma outra questão: insurgido da loucura o artista, o que fazer com isso? Foi realizada no
interior de cinco dispositivos artístico-culturais públicos de saúde mental do Rio de Janeiro, incluindo
entrevistas em profundidade com 21 artistas, usuários dos serviços públicos de saúde mental. Com
Honneth (2003) e Canguilhem (1995) foi possível ver a loucura como experiência de desrespeito, a
fabricação do artista como forma de reconhecimento e a desconstrução da loucura como
normatividade vital
Objetivos
Refletir: Uma vez insurgido da loucura o artista, o que fazer com isso fora do espaço protegido da
saúde mental, quando eles próprios, os usuários, pautados pela Luta Antimanicomial e atravessados
pela doutora Nise da Silveira, passam a desejar viver da arte? Como romper os limites do processo
de formação de agenda e de formulação de políticas públicas de saúde mental na garantia desse
direito?
Metodologia
A entrada da pesquisadora no tema da loucura a partir da própria condição de pessoa em sofrimento
psíquico permitiu a escrita de uma autoetnografia que a acolheu como sujeito de pesquisa. Dados os
laços construídos naquilo que se definiu como campo de pesquisa, foi possível realizar e analisar
entrevistas em profundidade, composta por 12 questões abertas, num contexto de confiança e
compreensão mútuas. Ademais, o ingresso da pesquisadora na luta antimanicomial ampliou o alcance
analítico a partir dos autores já citados e O Trabalho da Citação, de Compagnon deu primazia às falas
dos artistas.
Resultados
A loucura como experiencia de desrespeito capaz de desmoronar a identidade de uma pessoa brotou
na fala dos 21 artistas e ajudou a responder como insurge da loucura o artista: por meio do
reconhecimento intersubjetivo, possível de ser obtido pelas vias do amor, do direito e da
solidariedade. No bloco eu fui aprender o social, onde eu virei poeta, diretor de música. Em 2017, na
Av. Pasteur, 6 a 7 mil pessoas cantando meu samba, não surtei lá em cima do caminhão porque não
aguentei a emoção? Não foi um surto psicótico. Eu fiquei diferente pela emoção conduzida a mim
(Eneas, Tá Pirando). Por meio da desconstrução da loucura como normatividade vital: Desconstruir
ela é quando você passa a gostar da loucura, é quando você começa a ver as coisas diferente (Adilson
Tiamo, mBrac). Romper os determinantes sociais que levam à experiência da loucura exige a
ascensão social desses sujeitos da margem: por mais que arte, cultura, liberdade e afeto ressignifique
a loucura, o retorno pro local de sofrimento permanece um nó górdio a ser enfrentado. Afinal,
Ninguém pede pra ser louco. A pessoa se torna um associado à loucura pelos traumas que leva na
bagagem (Demétrius, Cancioneiros do IPUB)
Palavras-chave: Loucura; Arte; Artista; Reconhecimento Social; Luta Antimanicomial.

519
Dando voz ao vivido: construindo espaços e estratégias de cuidado

Matheus Bassan Alvino Brombim Lopes - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Pedro Marcus Rodrigues Valeijo Pinto - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Nádia Maurícia de Moraes Matos - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Elisabete Souza Ferreira - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

RESUMO
O Espaço Cuidar em Psicologia é um dispositivo de cuidado vinculado ao serviço de psicologia do
CCVP, unidade docente-assistencial localizada no bairro de Pau da Lima, em Salvador-BA. Nele
ocorrem ações de acolhimento psicológico, coordenação de cuidados e psicoeducação, além de se
configurar como a principal porta de entrada ao núcleo de psicologia da unidade. O acesso é oferecido
às pessoas do território vinculadas às famílias cadastradas no CCVP e ocorre tanto por demanda
espontânea, como por encaminhamentos internos do serviço. Os usuários são assistidos por
psicólogos residentes e estudantes de psicologia em internato, supervisionados por uma docente
preceptora. O atendimento envolve a escuta do usuário, exame do estado emocional, dados sobre
hábitos de vida, condições socioeconômicas e relações familiares. A análise conjunta desses fatores
busca auxiliar na melhor avaliação das demandas trazidas. Tal avaliação é orientadora de um plano
de cuidado integral que visa à promoção da saúde mental e a prevenção de agravos quando o usuário
se encontra em situação crítica. Dos atendimentos podem ocorrer: o acesso ao ambulatório de
psicologia, mediante uso de classificação de risco para priorização dos casos mais urgentes; o acesso
aos grupos terapêuticos da unidade; o encaminhamento a outros profissionais do serviço;
encaminhamentos à rede de saúde, dispositivos de educação, assistência social e de acolhimento à
mulher, à criança e outros grupos em situação de vulnerabilidade.
Objeto do Relato
Atuação dos residentes psicólogos no Espaço Cuidar no Complexo Comunitário Vida Plena (CCVP).
Objetivos
Descrever as atividades realizadas pelos residentes psicólogos no primeiro ano de psicologia do
programa de residência em Clínica da Pessoa e da Família inseridos no Espaço Cuidar, dispositivo de
cuidado que se caracteriza enquanto serviço oferecido pelo CCVP.
Análise Crítica
As principais queixas que chegam ao serviço envolvem sintomas relacionados ao estresse, ansiedade
e depressão a exemplo de irritabilidade, sentimento de insegurança, desamparo, falta de controle,
alterações no padrão de sono e alimentação. São relatadas situações de conflito intrafamiliar, lutos
não autorizados num contexto marginalizado e risco de suicídio. Nota-se também que a situação de
pandemia agravou vulnerabilidades sociais do território como desemprego, violência e insegurança
alimentar. A oferta de um serviço de apoio psicossocial orientado à pessoa e à família num território
atravessado por diversas vulnerabilidades sociais, pode atuar como fator de proteção à população
Conclusões/Recomendações
A experiência proporciona para a formação dos profissionais e estudantes que nela atuam uma visão
mais integrada dos processos de saúde ali construídos. É possível observar como tal espaço se
constitui como uma atividade proporcionadora de cuidado em saúde mental inserido na comunidade
assistida.
Palavras-chave: Saúde mental; Cuidado; Psicologia; Acolhimento.

520
De out-ismos à on-tismos: vozes, gestos e olhares de uma criança que vive entre mundos e vias
lácteas

Andréia Martinez Jozefczyk - INTS


Verônica de Magalhães Leal Bitencourt - INTS

RESUMO
Neste relato de experiência participaram três atores do CAPSIJ (São Paulo-SP/Brasil), sendo: duas
profissionais do serviço (técnica de enfermagem e psicóloga - autoras deste relato) e o usuário do
serviço, chamado aqui de Delta (7 anos), com grandes dificuldades em diversos âmbitos de sua vida.
O cuidado psicossocial foi realizado de forma que Delta tivesse a liberdade para realizar escolhas,
considerando vulnerabilidades e responsabilidades. Também reconhecemos o que é de cada uma de
nós nessa relação: ao apresentarmos e fazermos com ele ações a partir de nossa experiência de vida
(agenciamentos da vida cotidiana). Diante disso, Delta comunicou-se conosco através de balbucios,
músicas e palavras; ocupou espaços com contexto, visto que comia na cozinha, descansava no sofá e
jogava o lixo no lixo. Delta olhava em nossos olhos, sorria ao nos ver e pegar em nossas mãos ao
chegar. Ele nos mostrou espaços e cantinhos do serviço que não conhecíamos, texturas de superfícies
de diferentes objetos. Tal vínculo nos proporcionou que pudéssemos convocá-lo para
responsabilidades, como ao impedirmos que jogue os objetos no chão. Dentre as dificuldades,
tivemos: o trabalho ser considerado com ousadia, por não ficarmos restritas a um único ambiente; e
a dificuldade do contexto familiar em dar continuidade do cuidado na casa dele, ainda que tenham
sido feitas constantes articulações e acompanhamentos à esta família, pela rede de saúde e saúde
mental.
Objeto do Relato
O cuidado multiprofissional e psicossocial a uma criança com dificuldade nos laços sociais.
Objetivos
Relatar sobre as reinvenções e tensionamentos cotidianos na oferta de cuidado num CAPSIJ -
orientada pelo modo psicossocial - para uma criança que foi-lhe atribuído o diagnóstico do autismo.
Isso, a partir de uma perspectiva de duas terapeutas desse serviço.
Análise Crítica
Ao oferecermos cuidado psicossocial para Delta: ele pode exercer protagonismo, através de ocupar
muitos espaços no CAPSIJ, ao abrir a porta do microondas e apertar para ligar esse aparelho; sustentar
responsabilidades, ao reparar danos que tenha causado à outro; e fazer contatos em laço sociais, de
carinho, ao verbalizar mais palavras e cantarolar músicas. Há inúmeros desafios para tal
acompanhamento se dar, dentre eles o cultural, onde o usual na atenção a essa população é de
restringir espaços ; esse modo de cuidado exige bastante energia e desejo das terapeutas; das
dificuldades presentes, tanto na dinâmica familiar, quanto para ampliar as redes de atenção da saúde
e intersetoriais.
Conclusões/Recomendações
Notamos potência neste cuidado com Delta, alinhado ao modo do modo psicossocial, ainda que haja
muito a ser trabalhado, que lhe possibilite ocupar novos lugares sociais. Recomendamos compartilhar
experiências como essa, para que as mesmas possam ser melhor compreendidas, reconhecidas e
ampliadas.
Palavras-chave: Cuidado; psicossocial; CAPS IJ; autismo; crianças.

521
Delira personagens que deliram: Análise das práticas medicalizantes enquanto discurso de
verdade em um dispositivo de atenção psicossocial

Luna Singulani Oliveira - UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo


Maria Inês Badaró Moreira - UNIFESP

RESUMO
A presente pesquisa de mestrado busca através da luta antimanicomial no Brasil e a construção social
de loucura, discutir as práticas medicalizantes, nas quais muitas vezes dizem de práticas de
medicalização do social e dos desvios das normas impostas, entendendo a loucura como enquanto
construção social de doença. Busca-se discutir a legitimidade do discurso medicalizante que aprisiona
diante de uma política que revisa o cuidado em liberdade antimanicomial.
Objetivos
O principal objetivo da presente pesquisa é analisar as práticas dos discursos e das imposições
medicalizantes com usuários de um serviço de saúde mental, a fim de compreender a reverberação
dos modos de produção de discurso de verdade, controle social e subjetividade serializada.
Metodologia
Perante o exposto, a pesquisa busca utilizar-se na metodologia do escuro e da cartografia na pesquisa-
intervenção. O método cartográfico propõe o processo de pesquisa a partir de um método que não se
faz de modo prescritivo, com objetivos previamente estabelecidos anteriormente, contudo é no
percurso que se faz suas metas. Além disso, a pesquisa se faz no ato, no processo, entendendo que
toda pesquisa é intervenção, buscando alcançar os efeitos produzidos através das intervenções.
Resultados
Os resultados prévios da presente pesquisa mostram discurso dentro dos dispositivos que vieram para
substituir o hospício, ainda carregam uma lógica carcerária e apresentam formas manicomiais de
trabalho com o objetivo de controle dos corpos e das subjetividades em forma de medicalização da
loucura, da existência e do social. Com isso, discursos e práticas medicalizantes, que em nome de
uma verdade de um tratamento, servem-se de aprisionamento e de serialização de subjetividades.
Além disso, demonstram impactos diretamente na condução da vida desse usuário.
Palavras-chave: Medicalização; controle social; usuários.

522
Depressão, Ansiedade e Fatores Associados em Idosos da Comunidade Atendidos na Atenção
Primária: Uma Revisão Sistemática

Sara Raquel Marques Martins


Bruno Klecius Andrade Teles - Universidade Federal do Oeste da Bahia
Valéria Luíza Clemens Borges - Universidade Federal do Oeste da Bahia

RESUMO
O transtorno depressivo e o transtorno de ansiedade em idosos é um tema de grande importância para
tratar de um contexto de envelhecimento acelerado da população. Quando se trata de questões sobre
cuidados primários de saúde o foco ser primordial para questões de prevenção e promoção de uma
melhor qualidade de vida para essas pessoas.
Objetivos
O objetivo geral foi analisar o que diz a literatura científica acerca dos transtornos depressivos e de
ansiedade, e os seus fatores associados, em idosos de comunidade atendidos na APS.
Metodologia
O estudo foi feito no mês de agosto e setembro de 2021, por meio de uma Revisão Sistemática, a
partir da seleção de artigos originais, em língua inglesa, espanhola e portuguesa, com recorte temporal
de 20 anos, nas bases de dados: PUBMED , SCIELO, BVS e CAPES. Os descritores foram
consultados no DECS/MesH, sendo escolhidos no transtorno de ansiedade", "idoso", "atenção
primária à saúde", "transtorno depressivo", juntamente com os operadores booleanos. A busca foi
realizada por dois pesquisadores e ocorreu entre os meses de agosto e setembro de 2021.
Resultados
Foi identificada uma média da prevalência do Transtorno Depressivo de 17,5% a 18,3% e a
prevalência do Transtorno de Ansiedade ficou entre 15,5% a 16,6%. O presente estudo confirmou o
que já era consenso na literatura quanto aos fatores associados, como sexo feminino e idade avançada,
por exemplo. Foi constatada uma relação psicossocial e econômica que os idosos de comunidade
enfrentam, como o isolamento e questões financeiras. Cabe a APS, portanto, um olhar mais cuidadoso
em relação a esses fatores associados e uma atenção quanto à prevalência dos transtornos nessa
população. Sob essa ótica, estruturou-se um material que pode servir para o futuro de, principalmente,
profissionais da saúde que trabalhem na atenção básica com os idosos, a fim de auxiliar na promoção
da saúde dessa população.
Palavras-chave: Idoso; Transtorno de Ansiedade; Transtornos Depressivos; Atenção Primária à
Saúde.

523
Desafios e potências da construção dos fazeres em redução de danos infantojuvenil com o
olhar da gestão de um CAPSij: ocupança de dentros e foras

Mara Isa de Vasconcelos Coracini

RESUMO
Essa experiência se inicia com articulações a nível ético político para garantir um profissional redutor
de danos como parte da equipe de um CAPSij III, onde foram pautados pequenos mapas de um vazio
assistencial a crianças e adolescentes em situação de rua, trabalho e presentes em cenas de uso do
território de referência do CAPSij. Através de um plano de gestão que visava evidenciar o cuidado a
estes usuários e pautar o trabalho institucional e territorial nas práticas da política de redução de danos
foi possível estabelecer um processo de cuidado vivo, potente e cheio de desafios. r.Com a chegada
da pandemia, o deslocamento do cuidado coletivo, a saída foi estabelecer com a rede ações semanais
de redução de danos no momento mais crítico que a sociedade vivenciou. A nós não interessava
apenas as crianças e adolescentes, mas os encontros, as ações-afetos, o território e a precariedade
instalada. Foi preciso agenciamentos em diversas esferas de gestão para sustentação desse trabalho,
dentro e fora. Criou-se um mapa vivo, trouxemos para dentro do serviço esses menines. Entre
estratégias e reflexões, alinhamos e desalinhamos processos para bancar esse cuidado. As ações de
RD são realidades. O CAPSij está na cena, na quebrada, na rua. Essa sustentAção não é unânime, não
é lisa, não é simples. Não se trata de gestão apenas. trata-se de criação de sentido para uma equipe,
um território. Hoje se desdobra num início de pactuações com a rede territorial pautado em redução
de danos.
Objeto do Relato
Implementação de práticas antiproibicionistas, antimanicomiais em redução de danos infantojuvenil.
Objetivos
Problematizar a importância da gestão frente aos processos de intervenção institucional, político,
territorial na implantação de práticas de cuidado pautados na redução de danos infantojuvenil. A partir
de uma sustentação dentro do serviço, nas esferas da administração pública e no entendimento do
cuidado de crianças e adolescentes na rede.
Análise Crítica
A sustentação da gestão da redução de danos infantojuvenil se torna imprescindivel dentro de espaços
morais, tutelares e protetivos a essa população. Criar espaços de reflexão e problematização destas
delicadezas atravessam as paredes institucionais e se faz presente em toda rede de proteção à infância
e adolescência, que muitas vezes buscam saídas em internações involuntárias, judicialização e
criminalização dos usuários, abstinência, entre outros. Trata-se de um trabalho ético e político de
agenciamento de cuidado territorial em todas as suas interfaces. Não é liso, não é simples e necessita
de tempo para atuar nesse campo de complexidades.
Conclusões/Recomendações
A construção e instituição desta prática garante que o processo de cuidado seja agenciado pelos
menines com liberdade de escolha e responsabilização, garantindo que possam sair da invisibilidade
dada a essa população e construir com os outros serviços da rede possibilidades de cuidar em
liberdade.
Palavras-chave: redução de danos; infância; juventude.

524
Desafios na manutenção de um espaço de rede em saúde mental: articulação coletiva entre
residência e serviços de saúde de Camaçari/BA

Maryana Soares dos Santos Santana - Fundação Estatal de Saúde da Família


Araton Cardoso Costa - Fundação Estatal Saúde da Família

RESUMO
As reuniões de rede, compostas por serviços da atenção básica e especializada, tinham por objetivo
facilitar e intensificar o cuidado ofertado aos usuários de uma microrregião de saúde, propiciando
discussão de casos compartilhados entre as equipes, articulação de visitas domiciliares entre os
serviços, discussão de fluxos e diretrizes de saúde mental do município, além do levantamento de
demandas para matriciamento pelos CAPS, construindo cuidado em saúde mental de forma dialógica.
Após sete encontros mensais realizados por iniciativa de um grupo de residentes em saúde da família,
o espaço de reunião de rede sofreu um revés com o cancelamento do contrato entre o município e o
programa de residência. Nesse momento as reuniões passaram por uma reorganização, com os
serviços especializados de saúde mental (nomeadamente os CAPS) passando a fazer esforços e
articulações. Observamos, a partir da presença de uma residente na gestão, a mobilização dos
trabalhadores dos serviços, de forma protagonista, na tentativa de garantir a manutenção dos
encontros realizados mensalmente, inclusive com a aproximação da gestão de saúde mental. Notamos
que os serviços de saúde mental passaram a se mobilizar em torno de ações no território,
intensificando cuidados a usuários em situação de crise, efetivando espaços de matriciamento,
realizando atividades culturais e mobilizando uma rede que até então enfrentava dificuldade, algo que
acreditamos estar associado ao processo de manutenção dessa rede.
Objeto do Relato
trata de um espaço de reunião de rede de saúde mental na atenção básica em Camaçari/BA, e busca
Objetivos
descrever o processo da manutenção dos seus encontros, inicialmente disparado por residentes em
saúde da família, acompanhando a forma como os trabalhadores dos serviços sustentaram esse espaço
após a saída da residência, além das repercussões da existência dessa articulação para a rede e os
serviços.
Análise Crítica
O esforço alimentou processos de trabalho dos serviços de saúde mental e da própria atenção básica,
fortalecendo ambos setores na medida em que seus trabalhadores passaram a ter maior proximidade
com usuários acompanhados no território, potencializando articulações e o próprio cuidado, além da
aproximação entre ambos setores e a gestão de saúde mental. Entretanto, a precarização dos próprios
serviços, com barreiras para o acesso de seus trabalhadores a unidades localizadas em bairros
distantes, além de um quantitativo de profissionais reduzido, fragilizou as equipes, eventualmente
afetou a presença de serviços e andamento das reuniões, repercutindo no próprio cuidado ofertado no
território.
Conclusões/Recomendações
Há potência na presença de programas de residência, com a instituição de espaços de articulação,
disparando processos de mobilização que extrapolaram os próprios encontros, fomentando o
protagonismo dos trabalhadores, convocando maior presença da gestão e qualificando o SUS e o
cuidado ofertado.
Palavras-chave: Redes de atenção à saúde; residências em saude; saúde da família; saúde mental.

525
Descolonização de subjetividades como cuidado em liberdade

Flávia Cristina Silveira Lemos - UFPA - Universidade Federal do Pará


Ataualpa Maciel Sampaio - UFPA

RESUMO
Este trabalho é resultado de experiências na supervisão de estágios em Psicologia Social e em Saúde
mental e coletiva, realizadas na Universidade Federal do Pará. As práticas foram subsidiadas nos
saberes da clínica política e por meio de dispositivos descoloniais com atividades de grupo, oficinas,
instalações artísticas, rodas de conversa, acompanhamento terapêutico nas travessias e entremeios da
cidade de Belém do Pará. A atenção psicossocial foi articulada com diferentes equipamentos de saúde,
movimentos sociais, ONGS e conselhos profissionais. A promoção da equidade, da integralidade, da
intersetorialidade e da participação social era um norteador dos trabalhos em rede transdisciplinar e
transversais. Ações de educação popular em saúde foram construídas em praças públicas, feiras
populares, bibliotecas comunitárias, organizações legislativas e em escolas. As perspectivas
descoloniais foram ligadas à análise institucional e à filosofia da diferença na composição de uma
ativação dos saberes locais e das insurreições por meio de artifícios-artesanias dialógicas e múltiplas
de singularização. As contribuições de Paulo Freire, Martín-Baró, bell hooks, Butler, Franz Fanon,
Maria Lugones, Conceição Evaristo, Foucault, Deleuze, Guattari e Lourau foram algumas que nos
movimentaram no cotidiano dos trabalhos realizados. Também fizemos apostas com a História
cultural e oral ao formarmos vizinhanças com escrivivências e ações com as memórias políticas do
cuidado em liberdade.
Objeto do Relato
Supervisão de estágios em saúde na formação em Psicologia em Belém do Pará.
Objetivos
Formação em saúde mental e coletiva; articulação política com redes de cuidado; descolonização das
subjetividades e corpos; promoção da saúde por meio da educação popular.
Análise Crítica
Deslocamento das perspectivas de colonialidades em nós e na nossa formação em Psicologia
Conclusões/Recomendações
É possível salientar a relevância de um movimento de questionamento dos privilégios de branquitude
em nós e de problematizar os microfascimos que estão cristalizados em concepções preventivistas
em saúde e na educação.
Palavras-chave: Descolonizar; Cuidado em liberdad; Cidade; Memórias políticas; Saúde mental e
coletiva.

526
Desequilíbrio das necessidades humanas básicas: O Isolamento Social como fator de risco
para sintomas depressivos em idosos durante a COVID-19

Vitória Julia dos Reis


Marina da Silva Vaz - Universidade Ibirapuera
Vagner Mendes Cezar - Universidade Ibirapuera

RESUMO
A Teoria das Necessidades Humanas Básicas busca explicar o equilíbrio entre corpo,mente e espírito,
sendo elas interligadas,e o desequilíbrio de algumas delas poderá colaborar para o aparecimento de
doenças.O processo de envelhecimento torna o idoso mais vulnerável,a pandemia do COVID-19
contribuiu para uma instabilidade,principalmente em relação a sintomas depressivos em idosos,já que
os mesmos foram considerados um dos principais grupos de risco, sendo necessárias medidas de
isolamento social, o que acentuou sintomas como sentimentos de solidão e desamparo.Assim
questiona-se:A pandemia trouxe prejuízos à saúde mental de idosos?A hipótese deste estudo baseia-
se na ideia de que o isolamento social tenha colaborado para o aparecimento de sintomas depressivos
nos idosos e alteração das NHB.
Objetivos
Objetivo geral: Investigar na literatura a relação entre o isolamento social da pandemia do COVID-
19 com aparecimento de sintomas depressivos em idosos e o desequilíbrio das Necessidades Humanas
Básicas (NHB). Objetivos específicos: Conceituar a depressão e seus sintomas; levantar os principais
sintomas depressivos em idosos durante o isolamento social e quais as NHB afetadas.
Metodologia
Trata-se de uma revisão bibliográfica com abordagem quantitativa, analisando artigos científicos do
período de 1979 a 2022 nas bases de dados Scielo, BVS e nos sites do Instituto Butantã e OMS, além
de literatura histórica. Após levantamento, os sintomas foram lançados em planilha Excel, divididos
em categorias segundo as NHB, gerando um total de 34 sintomas. Posteriormente, foi feito cálculo
de FA e FR, com as seguintes variáveis: NHB psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais.
Resultados
Segundo Horta (1979) as NHB estão intimamente inter-relacionadas, ou seja, quando ocorre o
desequilíbrio de uma destas necessidades, outras poderão ser diretamente afetadas, gerando até
mesmo o aparecimento de alguma patologia. Este fato é visto quando comparado as variáveis deste
estudo, em que 38,2% (FR) dos sintomas que afetam as NHB psicobiológicas possuem número
próximo as psicossociais, que apresentaram 44,1% (FR). Estas necessidades se manifestam por meio
do aparecimento de sinais e sintomas. Nesse contexto notou-se que a rotina dos idosos seguiu
angustiante e sozinha, houve a cessação da vida social e a limitação de suas AVDS, e
consequentemente surgiram sintomas psicobiológicos como alteração do sono, dores, e até mesmo
um risco maior de quedas. Verificou-se também que o medo do adoecimento e morte estava
diretamente ligado a constante exposição dessa população aos noticiários sobre a doença durante o
período de quarentena. Considerações finais: A pandemia do COVID-19 trouxe prejuízos à saúde
mental dos idosos devido ao isolamento social ter colaborado para a manifestação de sintomas
depressivos e o desequilíbrio das NHB.
Palavras-chave: Depressão; Idoso; Isolamento Social.

527
Desmitificação de Andarilhos de estrada e seus riscos cotidianos

Alexandre Espósito

RESUMO
Este trabalho apresenta um recorte dos resultados da pesquisa de doutorado intitulada "Andarilhos de
estrada e riscos da vida errânte". Andarilhos de estrada são sujeitos que andam a pé pelas rodovias e
estradas do país fazendo movimentos sem rumo, sem rotas, sem planejamentos e sem destino final.
Essa forma de se movimentar é conhecida como errância. Tanto o senso comum quanto as instituições
que fazem gestão de segurança das rodovias acreditam que os andarilhos de estrada sejam loucos que
necessitam de ser realocados para outros espaços e que suas condições de errantes representam um
perigo para eles. Conforme pudemos apresentar, a errância é um fenômeno multifacetado que envolve
questões ecônomicas e psicossociais ainda mais complexas que foram desmistificadas em nossa
pesquisa.
Objetivos
Compreender quais são os principais riscos que os andarilhos de estrada têm nas rodovias em suas
próprias perspectivas; Desmistificar quem são os andarilhos de estrada e suas razões para estarem
caminhando.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de carater etnográfico com entrevistas abertas e diário de
campo. Fomos a campo de carro e utilizamos a técnica da deriva para também dirigir sem rumo em
busca de nossos participantes. Os dados coletados foram analisados com a técnica de Análise de
Conteúdo.
Resultados
Ao contrário do que o senso comum pode imaginar, estar nas estradas e rodovias vai além de ter um
diagnóstico ou ter a necessidade de um. Como fenômeno multifacetado, a os errantes tem diversos
motivos para estarem andando nas estradas e rodovias, como vontade de ter aventuras, busca de
trabalho, ser espaços mais seguros do que as ruas da cidade e até mesmo sintomas de doenças mentais.
Isso não quer dizer que a loucura seja o único motivo para estarem nas estradas e rodovias, ou mesmo
que esta seja perigosa a eles. Para os andarilhos de estrada as rodovias são espaços importantes para
seus alívios de sofrimento psíquico e representam, na verdade, um espaço de segurança em
comparação aos centros urbanos por não serem roubados e violentados, terem melhor acesso a
alimentos e, ao contrário da polícia militar, afirmam que as polícias rodoviárias os ajudam da melhor
forma possível. O pior risco para eles está nas cidades e não nas estradas. Já se adaptaram para não
sofrer atropelamentos, e aqueles que tem diagnósticos de doenças mentais afirmam que sentem maior
bem-estar nas rodovias do que nas instituições que visitavam ou estavam trancafiados anteriormente.
Palavras-chave: Andarilhos de estrada; Psicologia social; Riscos.

528
Diálogos em equipe e a arte como intercessora: a Oficina dos Ditos

Letícia Martinez Miguel - Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro


Flávia Helena Miranda de Araújo Freire - Universidade Federal Fluminense
Carolina Oliveira Forastieri - Universidade Federal Fluminense
Giovana Cardoso Citeli Jordão - Universidade Federal Fluminense

RESUMO
O relato retrata uma oficina do projeto de extensão Formação e Educação Permanente com
Trabalhadores de Saúde Mental no Município de Piraí-RJ . Em parceria com a Secretaria Municipal
de Saúde de Piraí, o Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense de Volta
Redonda estruturou a oficina pela demanda dos trabalhadores do CAPS Reviver sobre o mal estar na
equipe. Se propôs então uma oficina em duas etapas através do método da Tenda do Conto como
prática integrativa de cuidado: na primeira, dever-se-ia trazer um objeto que remetesse a uma situação
vivida na equipe que causou algum incômodo, produzindo uma narrativa a partir do objeto. Ao mesmo
tempo, enquanto um dos profissionais falava os demais registravam frases que se identificavam e que
seriam compartilhadas posteriormente. Durante a oficina, criou-se em ato um desenho do encontro,
tendo a produção artística como intercessora. Após as intervenções produzidas e o compartilhamento
dos "ditos", os incômodos apareceram e, por meio dos objetos, surgiram metáforas e análises entre a
equipe, trazendo questões como a falta de espírito de equipe e de comunicação. Com o dizer dos não
ditos, foi possível que os incômodos fossem nomeados e dialogados. Quanto ao desenho, este
possibilitou aos trabalhadores um olhar diferente sobre a equipe ao conseguirem se localizar enquanto
membros de uma mesma equipe. Por meio da Educação Permanente em Saúde, o trabalhador pode
se ver como protagonista do seu processo de trabalho.
Objeto do Relato
O objeto é a possibilidade da comunicação entre a equipe para melhoria do bem estar e diálogo.
Objetivos
O objetivo do relato foi compreender o mal estar presente na equipe do CAPS em suas relações
interpessoais e nos não ditos. Dessa forma, a oficina dos ditos possibilitou o diálogo e a reflexão entre
os trabalhadores doravante a uma produção de subjetividade no trabalho em saúde para que este agisse
como um dispositivo para o trabalho em equipe.
Análise Crítica
Num primeiro momento, foi difícil os "não ditos" aparecerem. No entanto, aos poucos os incômodos
surgiram e, por meio dos objetos, pode-se relacionar com a equipe. Quanto ao segundo momento da
oficina, evidenciaram-se algumas questões: a falta de espírito de equipe, a falta de comunicação e a
dificuldade em conseguir conversar sobre situações que envolvam o trabalho de forma que não sejam
interpretadas de modo pessoal. Ao possibilitar o diálogo e a produção dos "não ditos", os incômodos
foram nomeados e conversados. Quanto ao desenho artístico em ato, este possibilitou aos
trabalhadores um olhar diferente sobre a equipe: conseguiram, ali, se enxergar e se localizar enquanto
equipe.
Conclusões/Recomendações
Com o intuito inicial de propor uma atividade para que os "não ditos" fossem desvelados, a "Oficina
dos Ditos" possibilitou o diálogo ao acolher os incômodos e produzir cuidado com o cuidador. Pelo
eixo da Educação Permanente em Saúde, o trabalhador enxergou-se como o protagonista do seu
trabalho.
Palavras-chave: Educação Permanente; saúde mental; trabalho em saúde.

529
Do corpo contido ao corpo sentido: a estética do oprimido na Atenção Psicossocial

Julio Cesar da Silva Alves Pereira - CAPS Ad Porto/Macaé-RJ - CAPS Rio das Ostras/RJ

RESUMO
O presente estudo será realizado no CAPS AD de Macaé, dispositivo assistencial da rede de saúde
mental de Macaé-RJ. Há, nesta experiência, um grupo de usuários, frequentadores do equipamento
de saúde mental, que se encontram semanalmente para participação no grupo de teatro do oprimido.
Com o avanço das práticas, iniciou-se realização de grupo de teatro do oprimido, que acontece uma
vez por semana, notava-se que os usuários, a partir da proposta metodológica, arriscavam-se adentrar
o fazer estético, conseguindo extrapolar os acontecimentos do grupo e produzindo novos sons,
imagens, músicas, fragmentos poéticos, além do protagonismo exercido pelas apresentações que
aconteciam e tinham como objetivo criar mobilização, debate e engajamento na transformação das
experiências referidas.
Objetivos
Pretende-se promover contracultura e aumento das conexões existenciais através da arte e do
compartilhamento de experiências. Através da aplicação de técnicas de improviso e criação (palavra,
som e imagem), constrói-se a maiêutica que se revelam capazes de perturbar fronteiras morais e
gestem reais mudanças às realidades de opressão experimentadas pelos usuários em uso prejudicial
de psicoativos.
Metodologia
Trata-se de um relato de experiência e inspiração cartográfica. Esta pesquisa-ação será utilizada para
investigar os processos de produção de subjetividade e conhecimento, além do engajamento nas
diversas linhas de expressividade do grupo de teatro do oprimido do CAPS AD de Macaé, que o
utiliza como intercessor de seus processos de criação. Importante destacar que este grupo reúne-se
uma vez por semanas, por 1 hora aproximadamente, para realizar diversos jogos de exercícios
referentes a esta metodologia.
Resultados
A experiência com o teatro do oprimido tem proporcionado a democratização dos meios de produção
estético e restituído o protagonismo e a autonomia aos usuários de saúde mental. Ao estimular, de
modo permanente, que os próprios usuários, os oprimidos desejosos por transformações, descrevam
por si quais às forças que dissipam a experiência de sofrimento, coletivizando-as por mecanismos
solidários, aciona-se a confrontação aos regimes de verdade que impõem teses diagnosticas,
proporciona-se o aumento das conexões existenciais, bem como o fomento das linhas de
expressividade.
Assim, a interação entre a atenção psicossocial e a estética do oprimido podem servir para operar
processos de subjetivação, que derivem em invenções coletivas, na produção de conhecimento pela
experiência e no consequente aumento de conexões existenciais. Ao superar codificações que
promovem imobilismo, tal qual a estigmatizadora ideia da dependência química , sustenta-se a
existência dos neurônios estéticos , através do arsenal de jogos e exercícios teatrais, numa analogia
feita com a teoria da neuroplasticidade, para desafiar seus próprios corpos, desmecanizando-os para
fazer acessar o devir-artista.
Palavras-chave: Atenção Psicossocial; Teatro do Oprimido; Tecnologias de cuidado.

530
Drogas e práticas de cura: uma história social do uso de substâncias psicoativas na
terapêutica psiquiátrica das décadas de 1950 e 1960 em São Paulo

Pedro Henrique Oliveira Coelho

RESUMO
O uso de substâncias psicoativas é uma constante na historiografia de práticas de cura, no campo de
tratamentos e terapêuticas desenvolvidas voltados para as dimensões subjetivas ou psicológicas, o
uso de drogas permeia contextos diversos, seja na medicina popular e tradicional, em rituais de cunho
religioso com o uso de plantas de poder ou nas práticas médicas oficiais psiquiátricas, via
psicofármacos. Em suma, o uso desse rol de substâncias se faz presente nas práticas de diferentes
atores sociais e com distintas finalidades
Objetivos
A presente pesquisa tem por objetivo analisar a formação social e histórica da dinâmica prescritiva
de psicofármacos em contraposição a intensificação da restrição de outras drogas no processo de
incorporação de substâncias psicoativas na terapêutica psiquiátrica das décadas de 1950-1960 em São
Paulo.
Metodologia
A historicização desse processo se deu pela construção de uma história social voltada para os atores
sociais subjugados, uma história vista de baixo, buscando silenciamentos, apagamentos e
ocultamentos de vozes e atores contidos em documentos oficiais, rompendo com a reprodução de
uma narrativa oficial e linear de exaltação de feitos e personagens médicos, para enfatizar relações
sociais materiais concretas e sua relação dialética com a estrutural social.
Resultados
Os resultados parciais tem apontado que dentro do debate sobre drogas em fontes primárias inseridas
na literatura médico-psiquiátrica do período pesquisado (décadas de 1950 e 1960) em São Paulo, há
uma diferença de posições e segmentos dentro da classe psiquiátrica, com setores distintos
defendendo diferentes ideias, alguns segmentos hegemônicos defendiam a reconfiguração da
terapêutica psiquiátrica via assimilação de drogas psiquiátrica e controle restritivo sobre outras drogas
psicoativas, outros setores defendiam a manutenção de terapias biológicas ou de choque como por
exemplo a eletroconvulsoterapia e a lobotomia, e outros setores minoritários defendiam tratamentos
de cunho mais social e comunitário sem intervenções mais invasivas. Ou seja, não foi um processo
linear e coeso, mas sim um campo de disputas entre diferentes segmentos com diferentes objetivos,
envolvendo diversos atores, que vão desde os médicos e psiquiatras, setores políticos e corporativos
interessados na possibilidade de novos mercados e os próprios sujeitos alvo dessas práticas.
Palavras-chave: Drogas; psiquiatria; história.

531
Economia Solidária, Saúde Mental e Universidades: Potencialidades para a captação de
recursos

Joabe Michael Batista dos Santos - UFPR - Universidade Federal do Paraná


Allana Karoline Chaves da Silva - UFPR - Universidade Federal do Paraná
Caique Lima Sette Franzoloso - UFPR - Universidade Federal do Paraná
Maurício Marinho Iwai - UFPR - Universidade Federal do Paraná
Luís Felipe Ferro - UFPR- Universidade Federal do Paraná

RESUMO
A Rede de Saúde Mental e Economia Solidária de Curitiba e Região Metropolitana -LIBERSOL,
organiza ações para apoiar seus empreendimentos econômicos solidários (EES). Com o intuito de
desenvolver ações para seu fortalecimento, a LIBERSOL conta com a assessoria do Departamento de
Terapia Ocupacional e do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da UFPR, por meio dos
quais são desenvolvidos projetos de pesquisa e extensão. Nesse sentido, estudantes vinculados aos
projetos, desenvolveram a campanha de coleta de óleo usado, tampas de plástico e lacres de lata, para
captar recursos para o fortalecimento da rede e seus EES. A doação dos itens foi feita por estudantes,
docentes, servidores da universidade, membros da rede e apoiadores diversos. Outra ação foi o
envolvimento da LIBERSOL numa disciplina ministrada no curso de Terapia Ocupacional da UFPR,
cujos docentes responsáveis apresentaram a proposta para fortalecer a rede. A ação pensada pelos
estudantes foi a organização e realização de um bazar, definida a sua realização durante a XVI Feira
de Economia Solidária da LIBERSOL, que ocorreu nos dias 27 e 28 de abril de 2022, na UFPR. As
doações de roupas recebidas de estudantes, docentes, servidores da UFPR, membros da rede e
apoiadores diversos foram previamente selecionadas e catalogadas. No dia da feira, os estudantes
responsáveis se organizaram para operacionalizar as vendas, cuja receita foi integralmente revertida
para a LIBERSOL.
Objeto do Relato
Ações de captação de recursos para o fortalecimento da Rede LIBERSOL.
Objetivos
Apresentar a participação e engajamento de estudantes da graduação em Terapia Ocupacional e do
Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas da UFPR, no desenvolvimento de ações de
captação de recursos para o fortalecimento da Rede de Saúde Mental e Economia Solidária de
Curitiba e Região Metropolitana- LIBERSOL.
Análise Crítica
O papel da universidade em ações de fortalecimento de redes de Economia Solidária se mostra
essencial, pois contribui com a inclusão social através da captação de recursos humanos e financeiros,
capacitações técnicas, e autonomia dos empreendimentos econômicos solidários. Com essa
experiência foi possível vivenciar de forma breve os desafios enfrentados pelos EES da LIBERSOL,
no que diz respeito a captação de recursos, infraestrutura e logística durante a organização das feiras.
Ainda, o desenvolvimento dessas ações foi fundamental para ampliar a autonomia dos estudantes em
momentos de tomada de decisão, representando um exercício profissional para o futuro.
Conclusões/Recomendações
Refletir sobre o papel da universidade para o fortalecimento de redes de Economia Solidária se torna
mister, pois contribui para a consolidação do tripé ensino, pesquisa e extensão. Dessa forma, o
envolvimento de estudantes engajados em diferentes ações possibilita a construção do saber crítico.
Palavras-chave: Economia Solidária; Saúde Mental; Captação de Recursos.

532
Educação e o trabalho remoto: as repercussões da pandemia para docência

Silvia Segovia Araujo Freire - UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sonia da Cunha Urt - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Adaline Franco Rodrigues - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

RESUMO
A situação atípica instaurada pela doença infecciosa causada pela COVID-19 carregou incertezas,
medo e desespero para todos, inclusive aos profissionais de educação. O fato é que esse isolamento
tem levado ao mal-estar individual no trabalho e desafia as organizações sindicais a construírem novas
ações coletivas de resistências e lutas contra a nocividade do trabalho (SOUZA et al., 2020).
Por entendemos que a educação representa o principal potencial de aprimoramento da espécie humana
na edificação de relações conscientes, afetivas, de respeito e humanizadas, a sua valorização implica,
sobretudo, em dialogar e desnudar os processos e determinantes que causam mal-estar e prejuízos em
seus atores sociais.
Objetivos
O objetivo foi investigar a percepção do professor sobre o processo de trabalho durante a pandemia
e suas consequências. Esta investigação versa um recorte da pesquisa de doutoramento do Programa
de Pós-Graduação em Educação sob a orientação da Professora Doutora Sonia da Cunha Urt da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Campo Grande MS.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa em que empregamos um questionário contendo
cinco itens de investigação e duas escalas: o Questionário de estresse nos Professores - Ensino Básico
e Secundário (QSPEBS) e o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) disponibilizados por meio do
formulário online (Google forms). Devido às restrições impostas pela pandemia, os participantes
responderam aos instrumentos por meio do aplicativo WhatsApp e esteve disponível para
preenchimento de maio a agosto de 2021. Ao final, recebemos a devolutiva de 118 (12%) professores
de um total de 984.
Resultados
Investigamos o trabalho remoto durante a pandemia e os possíveis prejuízos à saúde dos professores.
A maioria 57 (49%) diz não ter sofrido prejuízos na saúde, mas um número significativo 31 (26%)
registra que houve prejuízos leves. Somando as respostas que obtiveram prejuízo na forma leve,
moderada ou grave, obtivemos 61 respondentes. Metade dos docentes afirmou ter dificuldade em
exercer o trabalho remoto e 17,46% relataram ansiedade, preocupação, exaustão, estresse e medo.
Sobre a disponibilização de recursos tecnológicos para o desempenho das atividades e sobre a
formação para utilização destes recursos, 57% assinalaram que não possuem. Em se tratando da
qualidade do trabalho durante o período de pandemia, para 62% dos entrevistados houve prejuízos.
Frente a esse contexto, a falta de empatia transbordou entre as cobranças e desvalorização com o
trabalho docente, o trabalho remoto ocasionou sentimentos e angústias que contribuíram para o
surgimento ou agravo dos problemas de saúde, e ainda, as contradições expostas durante a pandemia
reforçam a impetuosidade da sociedade neoliberal e preveem as desastrosas consequências físicas e
psíquicas para os sujeitos privados de educação.
Palavras-chave: Sofrimento/Adoecimento Psíquico; Docente; Educação; Pandemia.

533
Educação permanente como estratégia de prevenção aos comportamentos suicidas durante a
pandemia de Covid-19

Antônio Tiago da Silva Souza - UESPI - Universidade Estadual do Piauí


Cleiana Francisca Bezerra Mesquita - Universidade Federal do Piauí
Virgínia Elaine Pinheiro da Silva - Secretaria de Saúde do Estado do Piauí
Marianne dos Santos Pereira - Universidade Estadual do Piauí
Francisco Ricardo Nascimento Freitas - Universidade Federal do Delta do Parnaíba
Marisa Carla Silveira Alves - Centro Universitário Maurício de Nassau
Edmar José Fortes Júnior - Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba
Juarez Lobo Bessa - Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba
Malvina Thaís Pacheco Rodrigues - Universidade Federal do Piauí

RESUMO
O Grupo de Trabalho Interinstitucional de Prevenção ao Suicídio (GTI) é composto por profissionais
da saúde e educação e tem parcerias com universidades e conselhos de classe. O relato tem como
base os relatórios mensais utilizados pelos três grupos operativos: de qualificação, com a finalidade
de fomentar a educação permanente; de prevenção, com a confecção de materiais socioeducativos;
de articulação que visa reunir atores das redes e parceiros. Foram desenvolvidas as seguintes
atividades: a) debates virtuais abordando sobreviventes por suicídio e posvenção, comportamentos
suicidas entre adolescentes e práticas integrativas complementares; b) qualificação e nivelamento
sobre prevenção ao comportamento suicída para profissionais do GTI e da Rede de atenção
Psicossocial do Piauí (RAPS); c) elaboração de cartilha de posvenção e mapa mental, que foram
divulgadas por meio de redes sociais e sites institucionais. Todas as atividades foram realizadas de
forma virtual por meio das tecnologias digitais.
Objeto do Relato
Práticas de educação em saúde como estratégia de prevenção aos comportamentos suicidas.
Objetivos
Relatar a experiência de um Grupo de Trabalho Interinstitucional de Prevenção ao Suicídio (GTI)
acerca da promoção de educação permanente em saúde mental para prevenção e posvenção aos
comportamentos suicidas durante a pandemia de Covid-19, no estado do Piauí.
Análise Crítica
O Piauí, como um estado com elevadas taxas de suicídio, deve promover a integração da saúde mental
e do apoio psicossocial por meio de ações de prevenção e posvenção neste contexto pandêmico. Foi
necessário oportunizar estratégias de educação permanente adaptadas à realidade do distanciamento
social, a partir das tecnologias de informação, na qual requereu conhecimento e articulação para a
plataforma digital que pudesse suprir as necessidades do GTI. Apesar da intensa divulgação e
sensibilização, dos 12 territórios de desenvolvimento de saúde do Piauí, participaram das
qualificações e informações apenas quatro (Vale do Rio Guaribas, Carnaubais, Entre Rios e Vale dos
Rios Piauí e Itaueira).
Conclusões/Recomendações
As tecnologias em saúde são ferramentas inovadoras no contexto pandêmico. A educação permanente
oportunizou espaços virtuais de construção de saberes para incentivar práticas de cuidados,
qualificação e sensibilização sobre as questões relacionadas ao suicídio no cotidiano profissional.
Palavras-chave: Saúde mental; Suicídio; Promoção da Saúde.

534
Educação Popular e Saúde Mental: aproximando saberes e ampliando o cuidado

João Vinícius dos Santos Dias - Prefeitura Rio de Janeiro

RESUMO
O trabalho discute as aproximações entre saúde mental e educação popular, tomando como referência
as teorias decoloniais. Entendendo a lógica manicomial como derivativa da colonialidade e de seu
modelo hegemônico de ciência, discute-se que a institucionalização de uma perspectiva psicossocial
de saúde mental não garante, por si só, o rompimento com práticas normativas e fundadas em uma
concepção reducionista de sujeito, característica do paradigma biomédico e atualizada pela psiquiatria
e demais saberes psi. A educação popular na perspectiva de Paulo Freire é apresentada como uma
prática política, técnica e metodológica capaz de fomentar a construção de uma perspectiva de saúde
mental antimanicomial, pautada em práticas interseccionais antiracistas, antipatriarcais e
anticapitalistas.
Objetivos
Discutir as aproximações entre saúde mental, em uma perspectiva antimanicomial, e a educação
popular tomando como referência as teorias decoloniais.
Metodologia
A metodologia da investigação é baseada no arcabouço das pesquisas qualitativas de caráter
exploratório, sendo a revisão bibliográfica e as entrevistas semi-estruturadas as técnicas empregadas
para o levantamento de informações sobre o tema. Um objetivo da metodologia é buscar aproximação
com os referenciais das teorias decoloniais e da educação popular para a construção de possibilidades
metodológicas que dialoguem com o caráter crítico e inventivo dessas abordagens e se diferenciem
de uma perspectiva meramente exploratória de pesquisa.
Resultados
Com base na revisão da literatura e análise das entrevistas, foi discutida a possibilidade da educação
popular e a saúde mental, em uma perspectiva antimanicomial, se caracterizarem como processos de
descolonização epistêmica, abrindo horizontes para o reconhecimento de outros saberes e
experiências ignorados, ou mesmo apagados pelo modelo de ciência e de produção de conhecimento
até então hegemônicos no campo da saúde.
Para tanto, foi problematizado como a Educação Popular em Saúde, pautada na filosofia de Paulo
Freire, pode ampliar os caminhos e compreensões sobre cuidado em saúde mental de forma a propor
alternativas à hegemonia da biomedicina - incluindo a psiquiatria a qual situa o cuidado como um
conjunto de procedimentos técnicos centrados na doença.
Palavras-chave: Educação Popular, Saúde Mental, Decolonialidade, Saúde Pública.

535
Educação Popular na saúde mental: desconstruindo o paradigma da cisheteronormatividade

Amanda Schwantes Marinho - Secretaria Municipal de Saúde de Itaguaí


Rui Teixeira Lima Junior - Professor Do Curso De Psicologia Do Centro Universitário UDF -
Brasília/DF

RESUMO
Este trabalho refere-se a saúde mental das pessoas trans, a partir do qual toma-se como objeto de
estudo as práticas de cuidado ofertadas a este público nos centros de atenção psicossocial,
considerando o despreparo dos profissionais frente as demandas que se apresentam. Entende-se que
o sofrimento psíquico vivenciado pelo público em questão não está relacionado restritamente à
condição de serem pessoas trans, mas sim a um contexto de discriminação social decorrente de um
processo complexo de normatização da sexualidade humana, pautado na cisheteronormatividade. A
luta pela despatologização da população trans mostra os avanços nas políticas públicas de saúde para
garantir a qualidade do acesso a saúde. A educação popular é considerada uma estratégia para o
combate à discriminação social.
Objetivos
Objetivo geral: refletir sobre as práticas de cuidado em saúde mental da população trans no âmbito
dos Centros de Atenção Psicossocial.
Específicos: Analisar a relação entre sofrimento psíquico e discriminação social; analisar a
patologização da população trans a partir de um CIStema binário da sexualidade; Refletir sobre as
contribuições da Educação Popular em Saúde.
Metodologia
O presente estudo foi realizado a partir de revisão bibliográfica e estruturado na modalidade de ensaio
científico. Realizou-se uma revisão teórico conceitual a partir da investigação crítica de Foucault
sobre o regime de poder-saber-prazer que sustenta o discurso sobre a sexualidade humana na
sociedade desde a modernidade, um regime de poder se opera a partir das instituições de práticas e
discursos. Para compreender a diversidade de gênero buscou-se subsídios teóricos na obra
"Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade" de Judith Butler publicado em 1990.
Resultados
Este estudo reafirma que a condição trans não é o fator que causaria o sofrimento psíquico.
Entendendo que a cisheteronormatividade se opera através da discriminação social gerando impactos
à saúde mental desta população, torna-se imperioso pensar estratégias de cuidado que visem romper
com esta lógica de exclusão. Diante disso, deve-se considerar as instituições de saúde mental como
um conjunto de práticas e saberes, atravessados pelas ideologias e pelos discursos sócio-políticos
vigentes, inclusive pela instituição do preconceito. Logo, é urgente pensar sobre a qualificação dos
profissionais, de modo a garantir a efetivação do acesso ao sistema de saúde, a partir de um
atendimento acolhedor considerando as iniquidades. A educação popular em saúde, aqui tomada
como estratégia de cuidado, desempenha duas funções essenciais neste processo de desconstrução do
paradigma da cisheteronormatividade: primeiro enquanto dispositivo que
pretende aprimorar os entendimentos e percepções dos profissionais de saúde sobre suas práticas
assistenciais reprodutoras dos estigmas e preconceitos; segundo por reconhecer o protagonismo da
população trans, historicamente excluída.
Palavras-chave: População trans; Saúde Mental; Discriminação Social; Educação popular.

536
Em busca da clínica-território pelas águas co-fluentes dos trabalhadores da rede de saúde de
Volta Redonda

Eloa Nogueira de Souza


Túlio Batista Franco - Universidade Federal Fluminese

RESUMO
A pesquisa em andamento traz para o cerne das análises a temática do território no campo da saúde
mental no município de Volta Redonda. Fomos inspirados nas incursões de Antonio Lancetti,
experimentadas em 1998, sobre a criação de um serviço móvel, junto à equipe multidisciplinar que
coordenou em São Paulo, que encarava saúde mental a partir do território. A experiência trouxe o
território, ainda que não se soubessem concretamente o que era saúde da família e sem uma rede de
atenção de saúde mental implementada, impulsionando a equipe a ver o território como seu maior
aliado. Assim, debruçar sobre os sentidos de territórios para a equipe e para o usuário se torna nossa
bússola-constructo de uma clínica-território, distanciada do modelo asilar e afirmativa à loucura como
produção de vida.
Objetivos
Nosso objetivo principal é analisar como os diversos sentidos de território produzem clínicas e como
isso implicaria na interface entre os trabalhadores da saúde mental e os trabalhadores da Estratégia
de Saúde da Família. Assim, descreveremos, como as redes se organizam para o cuidado em saúde
mental e traçaremos as subjetividades que mobilizam e desmobilizam as práticas dos trabalhadores.
Metodologia
A cartografia é a pista para dar sentido aos afetos a partir das relações de forças que se dão no processo
de cuidado. A aposta se dá nas subjetividades como forma de identificar as articulações que conectam
ou não à realização de um cuidado territorial. Por isso, a ética envolve o campo macro e micro que
interpelam entre as equipes. Assim, acompanharemos um caso em um Centro de Atenção Psicossocial
e a participaremos de reuniões de equipes para compreender como o território direciona as
articulações entre as equipes. Para análise, os diários cartográficos auxiliarão no registro.
Resultados
Como a pesquisa está em processo de construção, esperamos nos afetar e produzirmos afetações sobre
possibilidades de clínicas sejam inventivas, trazendo novos agires e outros territórios.
Ao longo dessa pesquisa, três análises têm sido possíveis de identificar até então: a micropolítica do
trabalho em saúde, a compreensão da temática das redes e encontro com as mesmas e a dimensão do
desejo como motor propulsor dos trabalhadores no ato de cuidar. A primeira, referente à micropolítica
do trabalho, tem nos auxiliado a conhecermos como o trabalho se organiza para que o território ganhe
centralidade, entendermos como a dinâmica do processo de trabalho entre a Estratégia de Saúde da
Família e da Saúde Mental se dão e acompanharmos a dinâmica do trabalho vivo em ato. Já a segunda
análise, identificamos a necessidade do entendimento de redes como um processo singular, partindo
da ideia de que há planos com dimensões imanentes, múltiplas e rizomáticas. E, por último, a terceira
análise se encharca do estudo acerca do desejo como um motor propulsor que mobilizam os
trabalhadores a realizarem o cuidado em rede, a construírem uma clínica-território e o movimento de
desinstitucionalização
Palavras-chave: Território; clínica; saúde mental; cartografia.

537
Encontros entre psicólogas apoiadoras na Atenção Primária à Saúde de Belo Horizonte - MG:
Caminhos para a construção do Cuidado Integral

Héric Ferreira Fonseca - UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais


Giovanna de Araújo Bettoni - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Julia Costa de Oliveira - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
Claudia Maria Filgueiras Penido - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

RESUMO
Em Belo Horizonte, Minas Gerais, há duas equipes que realizam apoio matricial às Equipes de Saúde
da Família (eSF) na Atenção Primária (APS): a Equipe de Saúde Mental (EqSM) e o Núcleo
Ampliado de Saúde da Família (NASF). Em ambas, há a presença de psicólogas. Essa coexistência
acontece de forma desarticulada e é permeada por disputas, na qual é constante a tentativa de delimitar
quais casos cada psicóloga seria responsável. Porém, em um dos nove distritos sanitários do
município, há uma experiência inovadora em que as psicólogas apoiadoras se encontram
mensalmente para discutir temáticas em comum. Tendo em vista os impactos que o trabalho isolado
das psicólogas tem na concretização de um cuidado integral aos usuários, esse espaço se torna um
importante objeto de análise.
Objetivos
Analisar limites e potências de encontros entre psicólogas apoiadoras das EqSM e NASF,
considerando a produção de um cuidado integral na APS.
Metodologia
Pesquisa-intervenção tendo como marco teórico-metodológico a Análise Institucional. Realizamos 5
observações dos encontros entre psicólogas, com atenção cartográfica. Relatos foram produzidos. Em
seguida, entrevistamos 2 psicólogas do NASF, 2 psicólogas da EqSM e 1 psicóloga que trabalha em
ambas estratégias. A análise foi realizada coletivamente, com um Coletivo Ampliado de
Pesquisadores, composto por trabalhadores e gestores da APS de BH, além de membros da
universidade que se encontravam bimestralmente - concretizando, assim, o pressuposto de fazer com
, e não fazer sobre o campo.
Resultados
Nas observações, corroborou-se que há uma disputa para definição do público alvo entre as psicólogas
do NASF e da EqSM, o que dificulta o compartilhamento dos casos e a corresponsabilização junto à
eSF. Além disso, há a compreensão de que apenas as profissionais da EqSM possuem um perfil para
cuidar de usuários com sofrimento mental grave, remontando ao especialismo psi e à certa
fragmentação do cuidado. Isso pode implicar em uma barreira ao acesso dos usuários ao serviço, além
de deslocar a eSF do seu protagonismo, considerando que são as principais responsáveis pela
condução longitudinal de todos os casos. Porém, nas entrevistas, o encontro entre as psicólogas foi
entendido como uma oportunidade de enfrentamento a tal desafio, por permitir o estreitamento de
laços entre elas e o seu fortalecimento na função de apoio à eSF. Assim, ainda que haja limites, uma
articulação eficiente entre as psicólogas, a qual busque colocar o usuário e a eSF como protagonistas,
pode potencializar a APS belorizontina e qualificar o cuidado em saúde mental, rumo à integralidade.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Saúde Mental, Sistema Único de Saúde.

538
Entre fissuras, portas, brechas e desvios: Territórios existenciais, o entre o dentro e o fora na
clínica AD

Yohanna Gaiotto Monteiro - UNICAMP


Giovana Pellatti D Lopes - Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

RESUMO
Considerando o fora dos limites físicos do caps, delimitados pelo contexto sanitário, entre as
máscaras, pequenas brechas desenvolvidas: grupo de esportes no território- retomando encontros;
acompanhamentos terapêuticos nos cenários onde a vida acontece; ações de arte e cultura - com a
colagem de lambe-lambes sobre a luta antimanicomial e a redução de danos, dialogando com a
geografia da cidade- rua e realidades internas ;idas ao cinema, a parques- acionando o brincar, a
criatividade, construindo pontes de contato. No dentro, a convivência, espaço promotor de afetos e
trocas. Surge a festa junina e o halloween, construídas junto dos usuários, as delicadezas da
preparação das músicas, roupas temáticas, comidas e brincadeiras. Borram-se fronteiras entre
profissionais e usuários. Ao ar livre sob a grande árvore, emergem memórias de vida pulsante.
Brincando juntos; atendimentos em TO; grupo de música que ultrapassava limites físicos.
Convivência também dura. Contenção. Violência policial. Violência do Estado. O que há entre? O
entre. Onde o corpo terapeuta é passagem pra que o CAPS ainda seja lugar de infinitas subjetividades
e histórias. Sustentação político-clínica sentar na calçada com os quitudes da festa - juntos, já que
haviam limites instituídos. Dançar com os braços entrelaçados nas grades, frestas dando passagem
pro cheiro, o som, que se expandia, furando os muros institucionais. Movimento existencial de portas
abertas - olhar nas - pelas fissuras, a vida pede passagem.
Objeto do Relato
Clínica ad e ações realizadas a partir da inserção no caps ad, pensando o entre, o dentro e o fora.
Objetivos
Refletir sobre o CAPS enquanto território existencial e a desinstitucionalização. Como ser um serviço
porta aberta com tendências ao fechamento intensificadas pela pandemia? Quais dispositivos
possíveis para pensar o fora, entre e o dentro na clínica AD com a busca de brechas, desvios
considerando a produção de subjetividade e a redução de danos?
Análise Crítica
A inserção no caps permite questionar práticas e relações de poder com o constante fechamento de
portas que acontecem com as pessoas que usam drogas. A redução de danos enquanto ética-política
de cuidado, contra hegemônica, a partir dessa experiência, nos permite refletir sobre a importância de
ir de encontro ao território, favorecendo movimentos de resistência e porta aberta. A convivência, se
apresenta como dispositivo de afirmação da presença, de abertura ao inédito, vivo. O movimento de
manter-se de portas abertas, inclui a necessidade de operar pela micropolítica, pela experiência
estética, instaurando processos de transformação social, ampliação de redes e territórios existenciais.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que a instauração de práticas desinstitucionalizantes se deram através de movimentos que
operam a partir dos afetos, encontros e trocas, promovendo deslocamentos. Conhecendo a cidade,
pela voz e olhar dos usuários, possibilitando a construção de brechas, ampliando mundos e a clínica
AD.
Palavras-chave: Redução de danos; Território; Reabilitação psicossocial; Convivência.

539
Entre linhas e uma escuta qualificada: o ato de tecer outras práticas de cuidado

Karla Camacho da Cunha Leite - IPUB/UFRJ


Fernanda do Vale Santos - IPUB/UFRJ
Beatriz Bicalho Branquinho Coutinho - IPUB/UFRJ
Erika Rodrigues Silva - IPUB/UFRJ

RESUMO
Este é um relato do trabalho de residentes multiprofissionais no Instituto de Psiquiatria da UFRJ, com
uma mulher interna na instituição. M.R., mulher negra, chega transferida após atirar-se em um rio.
Apresentava discurso confuso e desorganizado, com pouca interação e mantendo-se no leito. M.R.
não sabia informar seu local de origem e onde viveu nos últimos anos. A respeito de familiares, trazia
informações incompletas e desconexas. Repetia, em sua fala, o nome piraquê . Após buscas, foi
localizada uma comunidade com o nome mencionado, e o contato com a associação de moradores,
que a reconheceu. Conhecida por apresentar questões de saúde mental, vivia por lá há cerca de 8 anos,
sem acompanhamento de saúde algum. Em uma tentativa de interação com M.R., atentamos para o
seu gosto por atividades domésticas e artesanais. Assim, incluímos em seu PTS atividades envolvendo
manualidades, como o crochê, bem como exercemos uma escuta qualificada e a construção de
narrativa através de ocupações significativas, a fim de trazer memórias e buscar traçar sua história.
Teria ela familiares vivos? Foi necessário aproximação, escuta e disponibilidade para a construção de
vínculo. Ela que comunicava-se de forma restrita, passa a relembrar sua infância e possibilita, numa
coleta de informações por cerca de 5 meses, resgatarmos a sua história, fazer documentações e
envolver a Fundação Leão XIII, Defensoria Pública, ONG Busco Minha família - com esta,
localizamos parte de sua família.
Objeto do Relato
A atuação da equipe multiprofissional no caso de M.R. na tentativa de traçar sua história.
Objetivos
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um cuidado possível de clínica ampliada, com o
que a usuária trazia de singular. Com isso, foram abertas possibilidades de intervenção, com um
tratamento e escuta qualificada a fim de criar vínculos e afetos na perspectiva de produção de vida
dialogando com os interesses e desejos da usuária.
Análise Crítica
M.R., mulher negra, com sua história silenciada por mais de 20 anos. Em sofrimento psíquico pelo
há no mínimo 8. M.R., a partir de atividades de forma compartilhada, passou a construir com
delicadeza e sutileza a sua trajetória. Trazia pontos soltos em sua narrativa, e aos poucos as residentes
passaram a direcionar perguntas específicas sobre a sua infância e família. Uma mulher do interior
da Bahia, que menor de idade foi levada para trabalhar no Rio de Janeiro por um casal de médicos,
sem a autorização de seus familiares que passaram todo esse tempo a lhe procurar reflete a sociedade
patriarcal, machista e racista que expressa relações de poder em corpos específicos, os corpos negros.
Conclusões/Recomendações
Para a criação de um PTS, é necessária uma perspectiva de fortalecimento de vínculos e produção de
vida. Na saúde mental nos são requeridos investimentos no plano teórico metodológico, técnico
operativo e ético político para além da perspectiva de psicologização ou psiquiatrização dos usuários.
Palavras-chave: Escuta; atividades; disponibilidade; saúde mental.

540
Entre Resistências e Afetos: a experiência da construção das Conferências em Saúde Mental
por um coletivo de mulheres antimanicomiais

Gabriela Fernandes Chaves Lira - Coletivo Utopia Viva


Letícia de Amorim de Amorim Mota Coelho - ESCS
Aline Almeida da Silva-Coletivo Utopia Viva
Clara Correa Lima - Coletivo Utopia Viva
Allice Rejany Nogueira Carvalho - Coletivo Utopia Viva

RESUMO
Diante de um contexto histórico e político de precarização da participação social nos espaços de
construção coletiva e do projeto de desmonte da Política Nacional da Saúde Mental, torna-se
imperativo construir conferências que demarquem posicionamentos antimanicomiais, antiprivatista e
sobretudo, um olhar para a saúde mental de maneira crítica. A Coletiva Utopia Viva se propõe a lutar
por uma saúde mental que preconize os direitos humanos, o cuidado em liberdade e a pluralidade de
corpos e existências. Formada por mulheres, entre psicólogas e assistentes sociais, trabalhadoras e
defensoras do SUS, a Coletiva esteve presente e participou dos momentos de formação, construção e
participação ativa do planejamento das Conferências Livres e Regionais de Saúde Mental no Distrito
Federal. Foram realizadas reuniões em períodos noturnos - em razão das participantes serem
trabalhadoras e cumprirem horários comerciais -, bem como fala de abertura da Conferência Livre,
articulação com outros coletivos, usuários e familiares da RAPS do Distrito Federal para engajamento
na produção e participação das Conferências; coordenação dos eixos centrais. Além disso, a partir de
uma proposta de abrangência midiática e de acesso democrático às informações verificadas e
verdadeiras, foram elaboradas postagens no Instagram com o objetivo de rememorar as quatro
Conferências Nacionais de Saúde Mental ocorridas no Brasil até agora.
Objeto do Relato
A experiência da construção das Conferências Livres e Regionais de Saúde Mental realizadas no DF.
Objetivos
Transmitir a dimensão afetiva envolvida na militância; apresentar o processo de construção de
espaços que viabilizam o acesso ao debate político em saúde - como as Conferências; demonstrar a
possibilidade permanente de reafirmar a potência da luta coletiva em saúde mental, para além de
resistir a retrocessos; e reivindicar os princípios do SUS.
Análise Crítica
A experiência na construção das Conferências possibilitou movimentar a participação social no
campo da saúde mental. Em um cenário em que os direitos estão sendo cada vez mais negados e
negociados como objetos do capitalismo, as políticas sociais passam por um processo de acentuado
desmonte. Para tanto, fomentar espaços de trocas coletivas é uma alternativa aos retrocessos
impostos. Além disso, é um caminho de potência aos corpos e vozes, permitindo a circulação e
continuidade da luta popular. Assim, participar enquanto um coletivo da elaboração do processo das
Conferências em um momento histórico, demonstra a importância e vivacidade dos movimentos
sociais pela transformação da sociedade.
Conclusões/Recomendações
Enquanto o processo de contrarreforma toma corpo e o aguçamento do neoliberalismo e do
conservadorismo buscam arrefecer o levante social, os movimentos sociais buscam manter viva a luta
por um novo lugar social para a loucura. Nessa direção, acreditar-construindo é a nossa potência.
Palavras-chave: Conferências em saúde mental; participação social; luta antimanicomial

541
Entre sons, ritmos e movimentos: as Danças Circulares como instrumento de cuidado no
campo da Atenção Psicossocial

Fabrice Sanches do Carmo - Pre

RESUMO
As Danças Circulares promovem saúde e constituem-se ferramenta de cuidado no campo da Atenção
Psicossocial. Este estudo tem por objetivo relatar a utilização das Danças Circulares como uma
Prática Integrativa e Complementar em Saúde (PICS) empregada no campo da saúde mental pública.
Pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional em Atenção Psicossocial (MEPPSO) do Instituto de
Psiquiatria (IPUB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo visa analisar e
divulgar o trabalho das Danças Circulares como uma prática de promoção da saúde e cuidado em
saúde mental, a partir do relatos de usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Betinho no
município de Macaé/RJ. Criadas em 1976 por Bernhard Wosien, as Danças Circulares prezam pela
solidariedade e cultura de paz.
Objetivos
Principais objetivos: Investigar a contribuição das Danças Circulares para o cuidado dos usuários do
CAPS Betinho e construir uma articulação teórica entre as Danças Circulares, enquanto PICS, e as
práticas de cuidado no campo da Atenção Psicossocial; discutir a contribuição das Danças Circulares
como ferramenta de sustentação dos princípios culturais e comunitários da Reforma Psiquiátrica.
Metodologia
Pesquisa qualitativa de abordagem descritivo-exploratória. A pesquisa foi organizada em três fases, a
primeira subdividida em duas etapas, empregando os seguintes instrumentos metodológicos: FASE
01: Definição do Problema: Revisão de Literatura e Descrição do Campo: observação participante e
levantamento de dados (diário de campo). FASE 02: Avaliação Participativa dos Usúarios: entrevistas
semiestruturadas. FASE 03: Produção de Conhecimento: vídeodocumentário. Foram entrevistados 04
usuários. Os relatos foram gravados, transcritos e posteriormente, analisados por categorização.
Resultados
O estudo sustentou a utilização das Danças Circulares enquanto instrumento de cuidado no campo da
Atenção Psicossocial. A partir das Rodas que acontecem no CAPS Betinho desde 2010, podemos
constatar que tal modalidade produz bem estar, melhorando a qualidade de vida dos usuários
participantes. As PICS que se caracterizam pela busca de cura ou equilíbrio por meio de intervenções
que induzem uma resposta natural do organismo e, por meio de procedimentos simples que incluem
as várias dimensões da vida, contrapõem-se ao modelo biomédico, conforme demonstrou a Revisão
de Literatura. Após as Rodas, é comum o relato dos usuários de sentirem seus corpos mais leves,
levando-nos a constatar o potencial desmedicalizante das Danças Circulares. As PICS possibilitam
maior protagonismo dos usuários no seu processo de cuidado, exigindo menos do SUS, no que diz
respeito à ações medicamentosas e tecnologias duras. É necessário consolidar a utilização das PICS
no Campo da Atenção Psicossocial, considerando os benefícios apontados nos poucos artigos que
descrevem tal experiência. Também são poucas as experiências da utilização das Danças Circulares
na saúde mental, tornando relevante este estudo.
Palavras-chave: Saúde Mental; Terapia Complementar; Danças Circulares; Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde.

542
Entrenós: Economia Solidária junto à usuários de um CAPS AD

Sabrina Basquera - CAPS


Mirella Gica Bortoleto - Oficineira
Zelia da Conceição Moreira do Amaral - Usuária
Damaso Marcos de Moura - Usuário

RESUMO
Paul Singer (2011) afirma que as cooperativas solidárias são organizações que buscam responder às
demandas que o sistema capitalista se nega a resolver. Para o autor, a pobreza é uma das mais
importantes problemáticas do sistema dominante, e também o é para nós, trabalhadores do projeto
Entrenós. Portanto, a partir do reconhecimento de um território constituído por corpos negros,
marcados pelas negligências e violências do estado, pelo racismo e estigma ao usuário de drogas,
surgiu a necessidade de construção de um projeto solidário, autogestionado e que gerasse renda aos
trabalhadores do empreendimento. O empreendimento se dedica à confecção de artesanias em
macramê. Artesanias, pautadas no cuidado artesanal, na (re) invenção de saídas possíveis aos modos
hegemônicos de existência, resistência, produzir cuidados ou encontros (OLIVEIRA, SANT’ANNA,
2017). Desta forma, nos reunimos semanalmente para confecção do produto. O nome, Entrenós, foi
escolhido pelo coletivo a partir da percepção do que fazemos: nós, uma vez que o macramê consiste
em uma técnica de nós feitos com as mãos e fios, e de como fazemos: entrenós. O jogo de palavra
insere no nome a proposta de se fazer junto, da horizontalidade entre os sujeitos que produzem as
artesanias, que engendram sentidos na produção de algo e na construção de autonomias coletivas. É
neste espaço, no entre que habita em nós que o projetamos as expectativas do empreendimento.
Objeto do Relato
O objeto do relato é o encontro dos trabalhadores do Entrenós.
Objetivos
Geração de renda através do trabalho digno, artesanal, coletivo e ecológico, na perspectiva da
economia solidária e cooperativismo; Investimento na produção de singularidades através da
alternância do lugar social do usuário de substância, através da ampliação de trocas;
Análise Crítica
Souza (2020), em estudo buscando traçar o perfil de usuários de álcool e outras drogas em situação
de rua, caracteriza o perfil ocupacional dos usuários de substâncias psicoativas, estando estes,
majoritariamente, em condição de desemprego ou em vínculos de trabalhos eventuais e sem garantias
de direitos trabalhistas, conhecidos popularmente como bicos. Neste sentido, há necessidade de
garantia de políticas públicas que favoreçam a inserção do sujeito usuário de substâncias no mercado
de trabalho formal, bem como ampliação de empreendimentos de economia solidária.
Conclusões/Recomendações
Atualmente, aquilo que produzimos é comercializado nos encontros com os sujeitos que circulam
pelo CAPS, nas feiras, nas trocas entre os sujeitos.
Palavras-chave: Saúde Mental; Economia Solidária; Reabilitação Psicossocial.

543
Envelhecimento no Serviço Residencial Terapêutico

Angelina Costa Baron


Monique Lima dos Santos Bezerra - IPUB

RESUMO
Os SRT consistem em moradias ou casas inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a
cuidar dos portadores de transtornos mentais , egressos de internações psiquiátricas de longa
permanência, que não possuam suporte social e laços familiares e que viabilizem sua inserção. Esses
dispositivos são considerados componentes-chave da Política Nacional de Saúde Mental, uma vez
que buscam, progressivamente, substituir os hospitais psiquiátricos a longo prazo e efetivar a
desinstitucionalização ao reinserir o sujeito na sociedade enquanto cidadão de direito, valorizando
sua singularidade e promovendo sua autonomia. Atualmente, existem duas modalidades de SRT -
tipos I e II. Ambas pressupõem o acompanhamento de equipes de seguimento, as quais contam com
um profissional de nível superior (Acompanhante Terapêutico), cuidadores e coordenador. Diferem,
no entanto, em relação ao grau de atenção dispendida, pois casas do tipo II, criadas somente em 2011,
exigem cuidado mais intensivo. A criação dessa segunda modalidade pode ser lida como uma pista
referente à população específica que vem crescendo nos dispositivos SRT: a população idosa.
Atuando como acompanhantes terapêuticas em 5 Residências Terapêuticas, foi possível observar o
alto percentual de pessoas idosas presentes nesses dispositivos, aliada a uma baixa taxa de saídas
(exceto óbitos), o que indica que as residências têm se configurado como moradias permanentes.
Objeto do Relato
Experiência de acompanhamento terapêutico de usuários do SRT e o processo de envelhecimento
desses
Objetivos
O trabalho tem como objetivo refletir sobre as questões suscitadas pelo envelhecimento da população
usuária de SRT para garantia da cidadania e saúde, bem como pensar os desafios e limites no cuidado
à população idosa no contexto dos SRT.
Análise Crítica
Uma vez que as equipes de saúde mental responsáveis pelo acompanhamento nos SRT estão
acompanhando o processo gradual de envelhecimento dos moradores, bem como a complexificação
dos cuidados a eles, cabe questionar: como tem se dado esse processo de envelhecimento nos SRT?
Quais questões o envelhecimento dessa população mobiliza? Quais são as estratégias e diretrizes de
organização dos SRT para a continuidade do cuidado de seus usuários nesse processo?
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que esse equipamento não deve tentar dar conta sozinho da complexidade que permeia as
questões de saúde mental e a diversidade de situações inerentes à experiência da loucura e do sujeito
na sua totalidade, mas sim construir formas múltiplas e capilarizadas de cuidado.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; envelhecimento; intersetorialidade; rede.

544
Equipe Reguladora de Fluxo da Psiquiatria

Maria Leonete Simioli da Paz Louzan - sesau

RESUMO
Equipe reguladora das 10 portas de entrada da urgência de pacientes psiquiátricos no município de
Campo Grande - MS. Esse projeto se baseia na observação por parte da gestão da necessidade de
articulação da rede de cuidado especializado, numa tentativa de minimizar as inseguranças das
equipes da urgência e emergência podendo oferecer apoio na resolução dos agravos à saúde mental
cuja demanda envolva o encaminhamento para a alta complexidade. É sabido que as situações de
urgência e emergência são momentos críticos para intervenções precoces e reordenamento das
demandas da rede de saúde, bem como de possibilidades de lidar com os agravos a saúde de forma
integral, resolutiva e segura. Atentando para a qualificação da atenção e da gestão por meio do
desenvolvimento de ações coordenadas e contínuas que busquem a integralidade e longitudinalidade
do cuidado em saúde. As ações e os serviços de saúde devem ser organizados para que funcionem de
forma harmônica e integrada, superando a lógica hegemônica de fragmentação da organização de
serviços de saúde dentro de programas isolados, avulsos e sem conexão.
Objeto do Relato
Ser resolutiva nos casos cuja intervenção da equipe possa evitar o encaminhamento hospitalar.
Objetivos
Qualificar os encaminhamentos para a alta complexidade diminuindo com isso os recursos
dispensados. Otimizar o acesso com um escalonamento de risco de maior fidedignidade.
Gerenciamento dos pontos de cuidados da rede gerando articulação para intervenção de crise nos
outros dispositivos da rede quando a equipe julgar possível.
Análise Crítica
A Equipe de apoio referencial (psiquiatra, assistente social e administrativo) contribui com o apoio a
alguns pontos de cuidados da RUE, criando um elo com a atenção especializada, atenção primária e
com o controle e avaliação, regulação de vagas/CORE. Essa equipe tem a base formada na sala da
SESAU, Campao Grande - MS. A abordagem deses profissionais in loco se faz necessária para
minimizar os impactos negativos das desordens mentais sobre a vida do paciente. Entre os resultados
negativos mais evidentes, o sofrimento psíquico, a perda da autonomia e o comprometimento da
função social adquirem mais relevância.
Conclusões/Recomendações
Acreditamos que esta modalidade de serviço inovadora e articulada pode gerar um impacto bastante
positivo tanto na articulação da rede de cuidado como na qualidade do atendimento ofertado.
Possibilitando também uma atividade contínua de apoio e supervisão as equipes envolvidas.
Palavras-chave: Fluxo; Longitudinalidade; cuidado.

545
Estado do conhecimento: saúde mental docente e ensino remoto na educação superior

Débora Luana Crestani Theodoro - UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná


Rosicleia Dalmazo - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Nandra Martins Soares - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Elisabeth Rossetto - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

RESUMO
Com o advento da pandemia da COVID-19, nos anos de 2020 e 2021, o Ministério da Educação
determinou o uso das tecnologias nos processos pedagógicos em substituição às aulas presenciais.
Com isso, as instituições de ensino superior continuaram as atividades substituindo o ensino
presencial pelo remoto (MUSSI; BRITO, 2020). Estudantes, professores e demais profissionais
tiveram suas rotinas de trabalho alteradas repentinamente, o que gerou impactos em sua saúde mental
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2020). As instituições de educação desenvolvem um
papel social e uma função fundamental no apoio à saúde mental e ao bem-estar dos seres humanos.
Assim, ao estabelecer tal relação poder-se-á contribuir para compreensão de tais conceitos, bem como
dos seus impactos sobre a saúde mental docente.
Objetivos
Este estudo, caracterizado como o estado do conhecimento, objetivou realizar uma busca de artigos,
analisando o que dizem as pesquisas atuais sobre a saúde mental de professores do ensino superior e
sua relação com o ensino remoto, verificando quais delas trazem a Psicologia Histórico-Cultural
como referencial teórico.
Metodologia
Revisão bibliográfica nas plataformas CAPES, SciELO e Google Scholar, utilizando ferramentas de
busca avançada com filtro de período, contemplando publicações realizadas de 2019 a 2021 e
respeitando os descritores: saúde mental , docentes , ensino remoto , "ensino superior", combinados
entre si pelo operador booleano AND. Realizamos a leitura dos resumos a partir de categorias
definidas a priori. No total encontramos 501 produções, 37 delas consideradas potencialmente
relevantes e, após a leitura na íntegra, 12 artigos foram selecionados para compor o presente estudo.
Resultados
No que tange aos 12 estudos selecionados, cinco pertencem à área da Educação, sete tanto à Educação
quanto a Psicologia e nenhum se refere à subárea da Psicologia Histórico-Cultural. Referente ao
ensino remoto e a sua contribuição para o adoecimento psíquico dos docentes universitários
observamos que sete estudos discorrem sobre aspectos psicológicos inerentes ao distanciamento
social no período de pandemia, nove analisam os impactos físicos e psíquicos decorrentes da
sobrecarga de trabalho e da escassez de tempo de lazer, dez discutem sobre o estresse decorrente do
uso da tecnologia e da preocupação com a qualidade dos processos ensino-aprendizagem no ensino
remoto e oito abordam a saúde mental de professores e o home-office. Entre os 12 estudos
selecionados, muitos trabalham com a mesma temática e se dedicam a objetos de estudo semelhantes.
Em última análise, evidenciamos a importância de investigar tal tema e destacamos a necessidade de
discutir, de forma crítica e humanizada, a relação entre as políticas educacionais, sociais e de saúde e
suas implicações no processo de adoecer de professores universitários.
Palavras-chave: Saúde Mental; Ensino Remoto; Ensino Superior.

546
Estagiando na saúde mental: desafios e aprendizagem em um CAPS I no interior de minas
gerais.

Alícia Ferreira de Paiva


Lais Mariano de Paiva - Universidade Federal Fluminense

RESUMO
Este trabalho nasce a partir das vivências experienciadas enquanto estagiária de Serviço Social em
um CAPS I no município de São Miguel do Anta/MG. A inauguração do CAPS I ocorreu em 2014 e
é fruto do consórcio entre as cidades de Araponga, Canaã e São Miguel do Anta, tendo dessa forma
uma população para atender aproximadamente 20 mil habitantes . A instituição é composta por uma
equipe multiprofissional. O estágio supervisionado é de extrema importância na construção da
formação profissional do estudante; é nesse espaço que acontece o primeiro contato com a prática,
fazendo com que o mesmo possa associar os aprendizados em sala de aula com a realidade. Durante
o processo de estágio as atividades desenvolvidas foram todas acompanhadas pela supervisora de
campo e demais profissionais do CAPS I, de modo com que o aprendizado foi direcionado também
em âmbito multiprofissional, aprendendo a analisar os casos em sua ampla completude em diversas
áreas. Dessa forma, foram realizadas visitas domiciliares aos pacientes e/ou familiares, que
aconteciam de forma inesperada, em busca de averiguar as condições desses; discussão de casos e
elaboração de planos terapêuticos realizados com demais profissionais; articulações com outros
órgãos, como CRAS, EMATER e setor de transportes, em prol de melhorias nas condições de vida e
dignidade do paciente; atendimentos individuais; relatório sociais; acolhimento; preenchimento de
prontuários e formulários administrativos.
Objeto do Relato
O estágio curricular obrigatório na formação do assistente social
Objetivos
1)Discutir a potência do estágio na Saúde Mental na formação do Assistente Social; 2)Discorrer sobre
a papel do assistente social em um caps; 3)Refletir sobre o estigma e cuidado na Saúde Mental;
Análise Crítica
A do neoliberalismo e o desmonte das políticas públicas, resultam em quadros de desemprego e fome.
O CAPS oferece atendimento visando auxiliar os usuários e sua família na garantia de benefícios
sociais da família. Os usuários são em sua maioria portadores de transtornos psíquicos, tendo os
pacientes adictos como minoria onde o serviço social é acionado pela família em grande parte, em
busca de internação como forma de tratar o vício. A equipe deve ser preparada para não cometer
julgamentos prejudicando os usuários e seus direitos, de forma a valorizar a autonomia e inserção na
sociedade. É necessário novas oportunidades de capacitação para os profissionais.
Conclusões/Recomendações
O estágio no CAPS I mudou minha vida acadêmica. É imprescindível o acompanhamento do
supervisor e do docente, visto que é onde o estudante constrói sua visão prática da profissão e
acompanha as atividades desenvolvidas analisando-as de forma crítica e reflexiva.
Palavras-chave: Estágio; saúde mental; serviço social.

547
Estágio em Psicologia em uma UBS de um bairro de baixa renda em Aracaju: promoção de
Saúde Mental na Atenção Básica, seus desafios, seus benefícios à população e sua relação com
a RAPS

Ian Ravih Rollemberg de Aragão

RESUMO
O presente relato versa sobre uma experiência de estágio em Psicologia em andamento na Atenção
Primária, na Unidade Básica de Saúde Roberto Paixão em Aracaju, Sergipe. Ela está localizada no
bairro 17 de Março, conhecido por ser um dos mais pobres e violentos da cidade. Sua população passa
por diversas violações diárias de direitos, estando em sua maioria em situação de alta vulnerabilidade
social. A proposta da atividade de estágio veio de uma necessidade premente na Rede de Atenção
Psicossocial de Aracaju: uma maior presença de Psicólogos na Atenção Básica, tanto no sentido de
prevenção da incidência de transtornos mentais, quanto no cuidado com eles quando não se tratam de
transtornos graves, em geral objetos de CAPS. Em Aracaju, eles acabam superlotados por conta de
uma centralização das demandas somente a eles e não a outros dispositivos da RAPS. Os estagiários
suprem essa ausência, permitindo que muitas pessoas que nunca tiveram acesso a qualquer tipo de
cuidado em saúde mental possam ser acolhidas, tanto em um processo de triagem diagnóstica para
possíveis encaminhamentos, quanto no fornecimento de consultas psicológicas focais que podem
auxiliá-las com demandas diversas que tragam ao consultório. O trabalho é multidisciplinar e envolve
diálogos com os outros profissionais presentes na UBS, na RAPS, no SUS e no SUAS, visando um
cuidado com esses sujeitos em sua totalidade. A população do bairro, nosso maior público-alvo, está
aderindo ao serviço em grande quantidade.
Objeto do Relato
O atendimento à população, sua relação com a RAPS e a Saúde Mental, e as dificuldades enfrentadas.
Objetivos
Relatar a experiência de estágio em Psicologia na Atenção Básica enfatizando o cuidado à uma
população que sofre violências estruturais e carece de qualquer tipo de cuidado em saúde mental,
apesar de possuir inúmeros fatores de adoecimento. Além disso, apontar dificuldades enfrentadas na
nossa prática frente a uma RAPS cada vez mais enfraquecida.
Análise Crítica
Considerando o processo constante de desmontes da RAPS, está cada vez mais difícil propor uma
atuação que se adeque aos moldes estabelecidos pela reforma psiquiátrica. Na nossa atuação, isso se
torna explícito ao percebermos que antes da realização do estágio na UBS, havia pessoas em
sofrimento que aguardavam há mais de três anos por atendimento em Saúde Mental. Conseguimos
diluir esse número. No entanto, quando precisamos realizar qualquer tipo de encaminhamento para
outros dispositivos da RAPS, a resposta na maioria das vezes é negativa com o argumento de que
estão lotados. Logo, a população se encontra cada vez mais impossibilitada de acessar cuidados em
saúde mental e está desamparada.
Conclusões/Recomendações
Nossa atuação na UBS consegue, mesmo que com diversas dificuldades, promover saúde mental aos
usuários. No entanto, quando necessitamos acionar qualquer outro dispositivo da RAPS, encontramos
um cenário de extrema dificuldade. Por isso, precisamos lutar para o fortalecimento da Atenção
Psicossocial.
Palavras-chave: Psicologia na Atenção Primária; Populações Vulneráveis; Rede de Atenção
Psicossocial.

548
Estratégias Adotadas no enfrentamento da COVID-19: Relato de Experiência em uma
Unidade de Internação Psiquiátrica.

Mariana Claudio da Silva Sartori Nakamura - Centro de Atenção Integral a Saúde (CAIS)
Fabiana Cristina Gonçalves - Centro de Atenção Integral a Saúde (CAIS) "Cantidio de Moura
Campos"

RESUMO
O desenvolvimento do trabalho em uma Unidade de Internação para atendimento de pacientes com
doença mental aguda, situado no município de Botucatu- SP, contava no inicio de 2020 com 40 leitos
de internação, sendo 2 enfermarias com 20 leitos cada, divididas por gêneros. Sem possibilidade de
restruturação de espaço físico. Neste contexto a pandemia se instala, exigindo esforços de diferentes
setores e atores envolvidos, direta e indiretamente, nos cuidados aos doentes. Destacando a
insegurança dos profissionais de saúde que prestam assistência direta. Algumas características
próprias do transtorno mental é a desorientação espacial, desorganização do comportamento e
agitação psicomotora. Frente a esses sintomas alguma indagações surgem. Como as medidas e
recomendação do órgão de saúde para prevenir e controlar da transmissão da COVID-19 poderiam
ser realizadas? Como evitar a propagação da COVID-19 dentro da enfermaria? Alem de questões
relacionadas a espaço físico, material e absenteísmo profissional. Considerando que o vírus da
COVID-19 tem um período de incubação e que não havia testes suficientes para realizar na população
que vinham para internação, fato que gerou extrema preocupação e até mesmo pânico entre os
profissionais. O objetivo foi a elaboração de um plano de contingência na Unidade buscando melhores
práticas recomendadas ao combate da disseminação da infecção considerando a realidade local e as
diretrizes publicadas pela OMS e Ministério da Saúde.
Objeto do Relato
Relatar experiência a cerca da estruturação das ações adotadas no enfrentamento da pandemia Covid-
19
Objetivos
Relatar a experiência da estruturação e ações para enfrentamento da pandemia da COVID-19 em uma
Unidade de internação de pacientes com doença mental em fase aguda, em Centro de Atenção Integral
a Saúde (CAIS), estadual no município de Botucatu São Paulo.
Análise Crítica
A elaboração de um plano de contingência se mostrou fundamental para a manutenção do
funcionamento da Unidade de Internação. Estabeleceu-se protocolos para definição de fluxos e
circulação no ambiente hospitalar. Norteando as ações da instituição frente a pandemia permitiu
atender, com algumas limitação, as recomendações de combate a COVID-19 emanadas pela OMS e
MS. A construção desses protocolos em parceria com os profissionais envolvidos na assistência
propiciou discussões necessárias a respeito de medidas que melhorem as condições de trabalho
durante a pandemia, assim como promoveu capacitações para o reconhecimento dos riscos e
aquisição de comportamento seguro.
Conclusões/Recomendações
As estratégias adotadas para o enfrentamento da COVID-19 na instituição permitiram que as
orientações definidas pela OMS e MS, na medida do possível, fossem implementada. Frente as
características especificas dos doentes mentais torna-se relevante um olhar dos governantes para essas
instituições.
Palavras-chave: Infecções por coronavírus; Internação psiquiátrica; pandemias; Prevenção e
controle; Saúde Mental.

549
Estresse e assistência à saúde da pessoa idosa no contexto da pandemia da Covid-19: Estudo
transversal

Maria Adelane Monteiro da Silva - UVA - Universidade Estadual do Vale do Acaraú


Andréa Carvalho Araújo Moreira - Universidade Estadual Vale do Acaraú
Maria do Livramento Lima da Silva - Universidade Estadual Vale do Acaraú
Maria Eliane de Paulo Albuquerque - Universidade Estadual Vale do Acaraú
Valdênia Cordeiro Lima - Universidade Estadual Vale do Acaraú

RESUMO
O isolamento social para a pessoa idosa acarreta danos físicos e sociais complexos, pois na fase da
velhice a interação social é um elemento significativo na qualidade de vida. Nesse sentido, acredita-
se que no contexto da pandemia da covid-19 a população idosa teve seu estado de saúde mental
afetado. Por se tratar de grupo de risco, as pessoas idosas sofreram com a determinação do isolamento
social como medida preventiva da Covid-19, tanto pelo medo do contágio da doença e consequente
morte, bem como com a necessidade de lidar com a interrupção de seus laços sociais e familiares.
Assim sendo, tais demandas devem ser identificadas pelos serviços de saúde voltados à pessoa idosa
afim de que se garanta uma assistência integral e resolutiva.
Objetivos
Conhecer indicativos de estresse vivenciados pela pessoa idosa durante a pandemia da Covid-19 e a
necessidade de utilização dos serviços de saúde.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de carácter transversal, realizada entre julho à dezembro de 2020 por meio
da internet, com 208 idosos cearenses. Utilizou-se questionário autoelaborado disponibilizado
eletronicamente pelo Google forms, abrangendo variáveis de perfil sociodemográfico e de saúde. Os
dados foram tabulados no Microsoft Excel 2019 e analisados de forma descritiva. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, sendo
aprovado pelo número 4.141.020.
Resultados
Predominou sexo feminino (63%), 60 a 69 anos (50%), casados (65,9%), sem escolaridade (23,5%),
renda entre 1 a 3 salários mínimos (46,2%), aposentados (82,7%), que autodeclararam não ter
ansiedade (87%) e nem depressão (94,7%). 52,0% aceitaram o isolamento social, mas sobre estar
tranquilo no último mês, 34,1% responderam raramente e 22,5% algumas vezes. Quanto aos sintomas
físicos do estresse, 37,0% melhoraram algumas vezes, entretanto, os participantes (28,8%)
frequentemente evitaram situações de estresse na pandemia e 31,2% algumas vezes. Observa-se que
a pessoa idosa vivencia circunstâncias estressantes em decorrência de fatores não controláveis, como
na pandemia. Vale ressaltar que 45,1% dos participantes utilizavam exclusivamente a rede pública de
saúde e 45,7% rede pública e privada. Apesar de 56,7% afirmarem não ter solicitado assistência à
saúde, 50,5% nunca obtiveram ajuda de um profissional durante a pandemia e nem atendimento
psicológico (98,5%). Embora apenas 18,3% tivessem diagnóstico de ansiedade e depressão, constata-
se que, sendo o idoso considerado grupo de risco, a saúde mental dessa população deve receber
atenção, de forma que não potencialize seu estresse.
Palavras-chave: idoso; saúde mental; pandemia; estresse; assistência à saúde.

550
Estudantes Universitários e Sua Saúde Mental no Contexto da Covid-19

Gleisson Ferreira Lima - UEV


Eliany Nazaré Oliveira - Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
Lídia Cristina Monteiro da Silva - Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
Ravena Silva do Nascimento - Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA

RESUMO
As consequências da pandemia vão além da contaminação pelo vírus, haja vista que o número de
pessoas psicologicamente afetadas é maior do que o número de pessoas acometidas pela doença em
questão. Estima-se que um terço da metade da população foir afetada psicologicamente. Em virtude
do alto potencial de disseminação da doença, a pandemia em curso suscitou, por parte dos governos,
medidas de proteção social e de contenção da propagação do vírus, sendo a principal dessas medidas
o isolamento social, o qual dificultou o acesso da população aos serviços e tornou mais complexa a
assistência no âmbito da promoção à saúde mental. Assim, urge compreender o impacto da pandemia
no cotidiano e na saúde mental da comunidade estudantil universitária.
Objetivos
objetivou-se analisar o impacto na saúde mental de estudantes universitários cearenses, ocasionado
após o início da pandemia pelo novo coronavírus, correlacionando com os principais fatos que
ocorreram, sob o ponto de vista dos seguintes eixos: desencadeamento ou agravamento de transtornos
mentais; sofrimento e (auto)medicação; e ideação suicida.
Metodologia
Este trabalho é um recorte de pesquisa mais ampla intitulada Repercussões da pandemia do novo
coronavírus na saúde mental de estudantes do ensino superior. Em termos de coleta de dados, utilizou-
se um instrumento que, na etapa final, apresentava três questões abertas, nas quais os participantes
poderiam expressar-se, escrevendo respostas em espaço sem limites de caracteres. A pergunta: Deseja
contar algo mais sobre sua saúde mental neste período de isolamento social? As respostas mais
significativas e com conteúdo importante, relacionado à situação de saúde mental dos estudantes.
Resultados
Os resultados apontam o impacto do cenário pandêmico sobre a saúde mental de estudantes
universitários. Emergiram quatro categorias de análise: acirramento dos sintomas e agravamento dos
transtornos, a descoberta de um transtorno mental, o sofrimento e a automedicação, adeação e
tentativa de suicídio. As quais podem sugerir, piora dos quadros existentes, surgimento de novos casos
e aumento das situações de automedicação e ideação/tentativa de suicídio. Desta forma, faz-se
necessário, no caso das Instituições de Ensino Superior, não somente reconhecer esse contexto, como
também identificar o impacto psicossocial e as repercussões que a pandemia provocou na comunidade
acadêmica, além de intervir, mediante ações que considerem a conjunção vivenciada, principalmente
pelo grupo em questão. Enfatiza-se que atenção à saúde mental, para se tornar adequada, implica
reconhecer as diferenças entre os grupos populacionais e as necessidades. Dessa forma, no caso das
Instituições de Ensino Superior, é necessário não somente reconhecer esse contexto, como também
identificar o impacto psicossocial e as repercussões que a pandemia provocou na comunidade
acadêmica.
Palavras-chave: Saúde Mental; Estudante; COVID-19.

551
Estudos em ambientes educacionais sobre Saúde Mental e pessoas que fazem o uso de drogas

Rossana Carla Rameh de Albuquerque - FPS


Pollyanna Fausta Pimentel de Medeiros - Uninassau
Jaqueline Galdino Albuquerque Perrelli - UFPE
Roberta Salazar Uchôa - UFPE
Gabriel Vinícius Souza de Vasconcelos - UFPE

RESUMO
O último levantamento sobre uso de drogas entre universitários foi realizado em 2010 e englobou
apenas capitais brasileiras, portanto, não investigou os campi de UFs e IFs localizados nos municípios
do interior. Existem diferenças regionais importantes que devem ser consideradas quando se trata de
drogas. É fundamental conhecer as diferentes realidades para elaboração de estratégias de prevenção
e promoção a saúde adequadas aos diversos contextos sociais, econômicos, bem como educacionais.
Assim, o Grupo de Estudos em Álcool e Outras Drogas/UFPE elaborou o projeto de pesquisa
intitulado Padrão de consumo de drogas e avaliação da saúde mental entre estudantes de nível superior
dos campi do Instituto Federal de Pernambuco IFPE , para aprofundar a realidade dos jovens
estudantes do IFPE.
Objetivos
Analisar dinâmica da coleta de dados sobre saúde mental e consumo de drogas entre estudantes do
IFPE a partir dos diários de campo utilizados na pesquisa e propor reflexões acerca da temática álcool
e outras drogas no âmbito da educação profissional.
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo, com abordagem qualitativa explicativa, baseado nos diários de campo
utilizados no processo de aplicação do protocolo da pesquisa (questionário autoaplicável). Cada diário
de campo foi transcrito na íntegra e foram realizadas leituras flutuantes com exploração exaustiva dos
conteúdos. Os conteúdos foram desmembrados, recortados em unidades significativas de respostas e
sistematizados através do programa Excel® identificando os aspectos mais relevantes apontados
pelos(as) envolvidos(as) no campo do estudo.
Resultados
A coleta ocorreu entre abril e dezembro de 2019. Foram acessados 14 cursos técnicos e 03 cursos de
graduação. Dos 1.792 estudantes matriculados nas 71 turmas do IFPE/Recife, 1.151 (64,2%) estavam
presentes em sala de aula no dia da aplicação dos questionários; destes, 999 (86,8%) aceitaram
participar do estudo, 61 (5,2%) recusaram participação e 33 (2,9%) eram menores de 18 anos e não
atenderam aos critérios de elegibilidade da pesquisa. Observou-se que 863 estudantes (86,38%) foram
provenientes dos cursos técnicos e 136 (13,62%) de cursos de graduação. A partir das análises
realizadas nos 71 diários de campo, foi possível identificar aspectos sobre receptividade dos
professores e estudantes, tempo de aplicação, material de apoio e negociação com os professores,
situações de adaptações juntos aos professores e alunos e as equipes de aplicação. Os resultados
apontaram a necessidade de adaptação organização e logística. Reforça a importância de uma política
de saúde e educação integradas, bem como, a participação dos gestores para definir estratégias para
realização de estudos no campo de saúde mental e o consumo de drogas em ambiente da educação
profissional.
Palavras-chave: Estudantes; Drogas; Saúde Mental.

552
Excluídos pelo consumo ou consumidos pela exclusão?

Daniela Dias Medrado Rogério - UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Daniela Bruno dos Santos - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Renata Bellenzani - Universidade Federal do Paraná

RESUMO
A Reinserção social, pelos documentos normativos que regulam as políticas sobre álcool e drogas,
um dos eixos centrais no cuidado às pessoas em uso abusivo de substâncias psicoativas. Mesmo com
uma ênfase expressa nas ações de prevenção, tratamento e reinserção social, essa a Política Nacional
sobre Drogas não apresenta definições nem diretrizes metodológicas que possam direcionar as ações
de reinserção social por parte dos profissionais, dos usuários ou da família. Dessa forma, é importante
trazermos à tona essas marcações, desvelando suas implicações na superação ou manutenção do
paradigma de adaptação e da visão manicomial, considerando também a dialética exclusão-inclusão
para analisar quanto o conceito está impregnado ideologicamente.
Objetivos
Analisar criticamente a reinserção social enquanto diretriz no cuidado em álcool e drogas, entendendo
o consumo de substâncias psicoativas por meio da Determinação Social do Processo Saúde-doença
e, através desse entendimento, verificar o quanto a prática está carregada ideologicamente sobre o
paradigma inclusão-exclusão.
Metodologia
Este estudo está em curso e se trata de uma pesquisa teórico-conceitual que se propõe a analisar
fontes, revisitar e articular conceitos buscando, as contradições, lacunas, imprecisões e contrassensos
nas políticas de saúde mental. Serão três eixos de discussão, sendo eles: 1. Análise das diretrizes de
atenção psicossocial em álcool e drogas, referente ao conceito de reinserção social; 2- Consumo de
substâncias enquanto fenômeno social; 3-Releitura da Reinserção através de uma discussão teórica
marxista do paradigma inclusão-exclusão em uma sociedade pautada na exploração da força de
trabalho.
Resultados
Por se tratar de um trabalho ainda em curso, as hipóteses levantadas são preliminares. Os textos
técnicos que descrevem as práticas de cuidado em álcool e drogas, uma vez sob a influência do
processo de desinstitucionalização hospitalar advinda da Reforma Psiquiátrica, utilizam
mecanicamente a reinserção quando tratam de pessoas com problemas de consumo abusivo de
substâncias. A tendência que se observa a partir da determinação social do processo saúde-doença, é
uma medicalização do consumo e a inserção superficial sem de fato questionar e alterar as condições
precedentes a ele. Esse enfoque aponta para uma análise ideológica e organicista de que o consumo
gera a exclusão, ignorando os aspectos sociais que determinam o adoecimento e o papel dessas
substâncias no entorpecimento de uma condição de exclusão anterior ao uso de álcool e drogas. Há
uma impropriedade ao se falar em reinserção em uma sociedade que exclui uma parcela da sociedade
de seus modos de produção de vida, sendo o adoecimento uma produção determinada por isso. Dessa
forma, o consumo de substâncias ocasiona uma dupla exclusão.
Palavras-chave: Reinserção social; atenção psicossocial; álcool e drogas.

553
Experiência de estágio de psicologia em um CAPS III: efeitos e reverberações a partir de um
grupo de memória

Marta Maria Gonçalves Balbé Pires - Faculdade Adventista Paranaense


Vivian Rafaella Prestes - Faculdade Adventista Paranaense
Ellen Sara Negreiros - Faculdade Adventista Paranaense

RESUMO
Essa experiência ocorreu no Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS III) do município de
Maringá/PR, inaugurado em 2017 e alocado no Complexo Maringaense de Saúde Mental. O CAPS
III está localizado no Conjunto Santa Felicidade. Esse bairro é caracterizado como periférico,
segregado do tecido urbano e foco de incômodo aos planejadores que avaliam os territórios pelo seu
potencial em investimentos imobiliários. O curso de Psicologia da Faculdade Adventista Paranaense
realizou o estágio básico em Saúde na referida instituição. Adentrar nesse espaço foi de grande
importância pela possibilidade de observar e intervir no serviço que é a grande aposta da Reforma
Psiquiátrica, contribuindo com a visão crítica dos alunos sobre a realidade psicossocial dos usuários.
Os estagiários do 8º período de Psicologia desenvolveram um grupo de memórias com
aproximadamente 8 usuários da residência terapêutica masculina. Foram realizadas 10 ações com
esse grupo, objetivando o resgate e (re)construção de memórias relacionadas à história de cada um,
além de estimular os vínculos afetivos. As atividades aconteceram todas as manhãs de terças-feiras,
com duração de uma hora cada encontro, com temas voltados à emoções, rotinas, memórias afetivas
e sensoriais. Eventualmente, era necessário buscar informações com a assistente social, além de
dialogar com o responsável da residência terapêutica para entender determinadas condutas do local,
comunicando os efeitos na organização psíquica dos usuários.
Objeto do Relato
Experiência com um grupo de memórias composto por usuários do CAPS III do município de
Maringá/PR.
Objetivos
- Relatar algumas ações realizadas com os usuários de um grupo de memórias; - Compartilhar a
experiência de resgate e (re)construção de memórias relacionadas à história de cada usuário; - Refletir
sobre as práticas de cuidado em Saúde Mental.
Análise Crítica
A atividade sobre emoção possibilitou a manifestação das emoções positivas e negativas que fazem
parte da vida. A ação sobre a memória da rotina dos usuários facilitou o reconhecimento de alguns
gostos, contribuindo com a construção da subjetividade de cada um. Na ação final, os usuários foram
levados até a faculdade, vinculando-os com um lugar novo e diferente do habitual. Destaca-se que,
apesar do serviço incentivar os usuários à iniciativa, houve a necessidade de intervir com a equipe
responsável pela residência terapêutica, pois haviam proibido dois usuários de levarem, como era de
praxe, alguns pertences, desorganizando-os emocionalmente.
Conclusões/Recomendações
O estágio com um grupo enfatizando a (re)construção de memórias possibilitou viver uma prática de
cuidado pautada no afeto e na aposta da autonomia. Foi possível subverter a lógica da nosografia
psiquiátrica ao enxergar o sujeito em seus (des)arranjos como sendo um recurso subjetivo criativo.
Palavras-chave: Saúde Mental; Grupo; Atenção Psicossocial.

554
Experiência do ciclo de debates sobre (des)medicalização promovida pelo eixo de Políticas
sobre Álcool e outras Drogas do Conselho Regional de Psicologia (CRP/RJ).

Camila Motta Gomes - CRP/RJ


Lucas Rocha Gonçalves - CRP/RJ
Victoria Antonieta Tapia Gutiérrez - CRP/RJ
Artur Junior Santos Cardoso - CRP/RJ

RESUMO
O ciclo de debates tem acontecido mensalmente, dividindo-se em três mesas que aconteceram de
maneira remota (online) e uma jornada que acontecerá no formato presencial, como forma de finalizar
o ciclo sobre (des)medicalização. O público alvo são psicólogo(a)s, tanto estudantes como
profissionais, de qualquer parte do Rio de Janeiro ou fora dele, que tenham se inscrito para assistir às
mesas. O ciclo foi organizado e desenvolvido pelo Eixo de Política sobre Álcool e outras Drogas para
fomentar dois debates: O primeiro para repensar a influência do modelo biomédico psiquiátrico em
nosso fazer Psi , e em segundo, que as drogas psiquiátricas também sejam entendidas como parte do
outras drogas , já que estudos recentes apontam que seu uso excessivo tem levado inúmeras pessoas
a ficarem adictas e apresentarem dificuldades com sua retirada. Dessa forma, teve por objetivo
introduzir o debate entre o(a)s profissionais de psicologia visando a construção de caminhos possíveis
para a ação dos profissionais. Entre os temas debatidos estão: medicalização, infância e
patologização, sociedade e psicotrópicos. Há a parte expositiva e logo são abertas para perguntas e
discussão dos participantes. Almeja-se organizar e disponibilizar para o público em geral livros,
artigos e pesquisas sobre o tema, compilado em um só lugar, visando o fácil acesso dos profissionais
que queiram continuar se aprofundando no tema.
Objeto do Relato
O ciclo de debates sobre (des)medicalização promovido pelo Conselho Regional de Psicologia (RJ)
Objetivos
Relatar as experiências do ciclo de debates sobre o tema da (des)medicalização organizado pelo
Conselho Regional de Psicologia (Subsede Serrana), através de seu eixo de Política sobre álcool e
outras drogas (Comissão de Direitos Humanos), bem como os desdobramentos de tais debates
promovidos para os profissionais e estudantes de Psicologia.
Análise Crítica
Apesar de identificar a captura de muitos profissionais pelo discurso organicista e objetificante do
poder-saber médico psiquiátrico sobre o sofrimento psíquico percebe-se nas/nos participantes do ciclo
de debates um forte interesse acerca do tema. Dessa maneira, pretende-se introduzir e fortalecer o
debate sobre (des)medicalização entre as/os profissionais de psicologia enquanto Conselho que
representa tal categoria, como início de outros desdobramentos dentro da temática. Identificamos que
o modelo de divulgação dos ciclos precisam ser repensados para o alcance de um quórum maior.
Conclusões/Recomendações
O debate sobre medicalização/(des)medicalização é extremamente relevante para a Psicologia e deve
ser ampliada e desdobrada de diferentes maneiras para potencializar a luta por uma sociedade e
serviços de saúde mental menos medicalizante e mais humanizada.
Palavras-chave: desmedicalização; medicalização; patologização; drogas psiquiátricas.

555
Experiências de cuidado disruptivas com o paradigma manicomial e o direito a cidade

Leticia Paladino Rezende - ENSP


Paulo Duarte de Carvalho Amarante - ENSP/Fiocruz

RESUMO
O processo de Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) tem em seu cerne propostas de transformações
que abarcam os campos assistenciais, culturais e sociais a um só tempo. Em um contexto de
construção da cidadania e de retomada e ampliação de direitos, a RPB teve como grande marco
prático o compromisso de extinção de leitos e o futuro fechamento de hospitais psiquiátricos,
esmorecendo, assim a dinâmica manicomial. Ao mesmo passo, uma rede de cuidado substitutiva de
base territorial ia sendo construída. Assim, ao longo desse processo social complexo, a
desinstitucionalização, (re)construção da cidadania e o direito do louco a cidade tornaram-se
fundamentais para a ruptura do paradigma manicomial e para a construção de um cuidado em espaços
que rompessem com essa lógica e estrutura.
Objetivos
Essa pesquisa teve como objetivo analisar as primeiras experiências de cuidado em saúde mental
surgidas em contexto de Reforma Psiquiátrica Brasileira que romperam com a lógica e a arquitetura
manicomial.
Metodologia
A partir de revisão da literatura e de análise documental de projetos e entrevistas de atores
importantes, analisamos a primeira experiência especializada em atendimento à Saúde Mental fora
de um espaço hospitalar, o Centro de Atenção Psicossocial Itapeva (1987); o Espaço Aberto ao Tempo
(1988), no Rio de Janeiro, que propõe uma abordagem do processo de cuidado e construção de
cidadania pela arte; e o Núcleo de Atenção Psicossocial de Santos (1989), uma experiência extra-
hospitalar, intensiva, não-manicomial e de base territorial que se construía em pontos estratégicos da
cidade.
Resultados
Até então relegado a uma peça arquitetural específica da cidade, o manicômio, desde a deflagração
do processo de RPB, o louco e a loucura passaram a ocupar outros espaços da cidade. A partir das
análises das experiências propostas, identificamos que elas propõem: a superação das estruturas
cronificantes das instituições manicomiais; a cobertura estratégica dos serviços, respeitando os
territórios existenciais; a inserção dos espaços de cuidado na dinâmica da cidade, privilegiando o
arquétipo da casa; fortalecer a autonomia, a cidadania e a interação do usuário dos serviços com o
território da cidade. Por fim, constatamos que tais experiências tiveram importância na ruptura com
o paradigma manicomial através de novos espaços de cuidado; leis e políticas do setor foram
influenciadas por essas experiências como a Portaria Ministerial nº336/2001, que define e
regulamenta os CAPS em todo o território nacional; e que elas proporcionaram ao louco e a loucura
um novo lugar na cidade. Em meio a um contexto recente de contrarreforma, recuperar essas
experiências de centralidade de direito a cidade e cidadania pode nos ajudar a traçar novas estratégias
disruptivas com o paradigma manicomial.
Palavras-chave: Saúde Mental; Cidadania; Desinstitucionalização.

556
Explorando o "inexpressivo"/"inexpressivel" e reelaborando o fantasma de ser diferente: O
uso do brincar de contação de histórias e composição de personagens como técnica de
intervenção em Psicanálise com crianças portadoras de fissura labiopalatina

André Bourroul Romanelli - PUCSP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RESUMO
Este foi um trabalho de conclusão de curso (TCC) e, ao mesmo tempo, é resultado dos desafios
específicos de uma iniciação da prática clínica. O atendimento de uma criança de 9 anos (idade de
admissão) impôs a necessidade de aplicar teorias e técnicas até então acumuladas para compreendê-
la além dos dados da sua história e demandas relatados pelos pais. O brincar, definido enquanto ato
específico da infância e fundamental para o desenvolvimento infantil, foi identificado também como
linguagem de expressão e instrumento de aproximação para a experimentação da abordagem
psicanalítica desta criança.
Objetivos
Partindo dos princípios da Psicanálise, através do brincar de contação de histórias, composição de
personagens e desenhos, foi possível estabelecer uma aproximação do seu psiquismo e desencadear
a reelaboração das suas experiências traumatizantes na condição de "ser fissurado".
Metodologia
descreveu-se um caso clínico em psicoterapia: atendimento de um menino de 9 anos de idade, com
fissura labiopalatal.
Para conhecer o perfil biopsicossocial e o impacto psíquico das crianças portadoras de fissura lábio
palatinas, fez-se um levantamento de publicações e revisão bibliográfica teórica e de método sobre
temas da Psicanálise: desenvolvimento egóico, brincar, desenhos, a contação de histórias, recortes da
ludoterapia, ou seja, instrumentos clínicos à reelaboração psíquica do sofrimento da criança.
resultados, experiência clínica, conforme a teoria e método interventivos.
Resultados
Ser portador da fissura labiopalatal impõe questões biopsicossociais.
O paciente nasceu diferente do desejo da mãe (impacto negativo), diminuindo preocupação materna
primária, comprometendo a adaptação empática/criativa. Dificultou o ajuste às necessidades do bebê.
A fissura labiopalatal marcou seu desenvolvimento biopsicossocial, estigmatizando-o, por
preconceitos e sofrimento psíquico. Reação. Tratamento anterior do paciente: centro de referência a
fissurados. Profissionais envolvidos: médicos de diversas especialidades, ortodontistas e
fonoaudiólogos. A saúde mental: postergada, sofrimento cristalizado, agressividade, sem
intervenções ainda na primeira infância, teria um bom vínculo parental e formação de subjetividade.
O vínculo paciente- psicanalista foi essencial. O brincar: entender sofrimentos por portar a fissura
labiopalatal, meio de expressão da criança. O brincar à distância: possibilidade do "espaço potencial"
e transferência. desenho/ composição de histórias e personagens do paciente/ interação com o
psicanalista: expressão de vivencia anomalia, angústias.
O brincar: essencial no trato com crianças.
Palavras-chave: Criança; Fissura Labiopalatal; Psicanálise; Constituição do Ego; Brincar.

557
Expressões coletivas sobre ser negro na universidade: reinventando os grupos operativos de
Pichon Rivière

Camila dos Reis Juvenil Limírio


Carolina Cassiano - Universidade Federal do Triângulo Mineiro

RESUMO
Inicialmente foi realizada uma atividade inicial para entender como o corpo daqueles alunos negros
estava chegando no grupo, as expectativas, sentimentos. Se apresentaram revelando suas produções,
dentre as palavras escritas, emergiram: trocas, interesse, curiosidade, compartilhamento,
pertencimento, identificação, aprendizado e reconhecimento. No segundo encontro, aprofundamos as
questões do primeiro, apesar do tema proposta ter sido falar sobre a universidade, foi sintomático a
maneira como o pertencimento (a falta dele) que os alunos trouxeram extrapolou a universidade e a
falta de se perpetua em vários espaços. O terceiro encontro, foi marcado por relatos da importância
do grupo, e dor de se reconhecer negro como um processo de dor e delícia e o quanto os encontros
ressoaram durante os outros dias, em especial no seu processo de lidar às questões raciais. No último
encontro, trabalhamos a criação do ser humano por meio do barro, através do livro Clínicas de Fuga
e Cura e partir dessa história, foi proposto um exercício de reflexão como moldar esse corpo? O que
desejam? O que os atravessa? Os participantes tiveram a oportunidade de expor, sentimentos, frases,
música e que faça sentido nesse novo corpo por meio do desenho ou colagens. Evidenciou-se ainda
o despertar para a consciência racial e a necessidade de criação de mais espaços de discussão sobre a
temática na universidade e a potência da vivência coletiva como continente de transformação e
ressignificação.
Objeto do Relato
Descrever a experiência de construção de um grupo operativo com estudantes universitários negros.
Objetivos
Construção de um espaço para expressão vivencial de maneira on-line aos alunos negros inseridos
em uma universidade pública; inserção de espaços temáticos sobre negritude na Universidade.
Análise Crítica
Os encontros foram construídos tendo como ferramentas de intervenção conceitos para de
aquilombamento e negritude, enquanto reinvindicação criadora do negro, como movimento de
singularização político-subjetiva. A experiência coletiva é importante enquanto criação de um espaço
próprio, que possibilite a expressão da sensibilidade e estéticas próprias a partir da experiência negra.
Coordenar o grupo foi também compartilhar as experiências, pois, no contexto da diáspora negra,
falar do mundo a partir de si, por si só é uma prática de resistência, e a partir dessa perspectiva que
os corpos negros ali criaram condições para estarem no mundo como sujeitos.
Conclusões/Recomendações
A experiência de aquilombamento foi uma vivência de aprendizado, que possibilitou um espaço de
expressão, aquilombamento , fortalecimento e criação de outras invenções para ser negro.
Palavras-chave: Negritude; Universidade; Aquilombamento.

558
Fazendo História: os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis III da cidade de São
Paulo

Beatriz Rocha Moura - Centro Universitário FMABC


Thelma Simões Matsukura - PPGTO - UFSCar

RESUMO
As políticas públicas de saúde mental infantojuvenil se consolidaram tardiamente no cenário da saúde
pública brasileira, iniciando sua construção apenas em 2002, com a criação dos Centros Atenção
Psicossocial Infantojuvenis (CAPSij). Apesar dos avanços realizados nas últimas duas décadas,
verifica-se que a atenção à crise de crianças e adolescentes é brevemente abordada nos documentos
norteadores do Ministério da Saúde, evidenciando uma lacuna de cuidado na Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) a essa população. O CAPSij III, com funcionamento 24 horas, tem se
apresentado como um potente equipamento para esse cuidado, e apesar de não ser previsto nas
portarias ministerias, a cidade de São Paulo tem investido na implantação destes serviços.
Objetivos
Esta pesquisa objetivou resgatar a história de implantação dos CAPSij III na cidade de São Paulo e
compreender a função destes equipamentos na atenção à crise de crianças e adolescentes na RAPS
paulistana.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que faz uso da Triangulação de Métodos e que é composta por
2 estudos. No Estudo 1 utilizou-se do método História Oral Híbrida e contou com a participação de
9 componentes da Área Técnica de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e 1
das primeiras gerentes do primeiro CAPSij III. O Estudo 2 é do tipo levantamento, exploratório e
descritivo e contou com a participação de seis gerentes de CAPSij III. Para ambos os estudos o método
de análise de dados utilizado foi a Análise de Conteúdo.
Resultados
Os resultados do Estudo 1 revelam que o primeiro CAPSij III foi idealizado por componentes da Área
Técnica que apostaram na construção deste equipamento como um substitutivo à internação de
crianças e adolescentes, possibilitando a oferta de um cuidado integral e territorial. Após essa primeira
experiência foi proposta a expansão dos CAPSij III, com a implantação de 1 CAPSij III por
Coordenadoria Regional de Saúde, uma proposta convergente com outros investimentos que
qualificaram a rede de saúde mental infantojuvenil (SMIJ) na cidade de São Paulo, como o
fortalecimento do Fórum de SMIJ e das ações de Educação Permanente. Já o Estudo 2 traz uma
caracterização dos atuais CAPSij III de São Paulo, além de apresentar como se dá o processo de
acolhimento integral nos serviços, o fluxo de acesso, a dinâmica de trabalho, as estratégias de cuidado
e o compartilhamento dos casos com os CAPSij II, revelando as potências e as dificuldades
vivenciadas por estes serviços. Que esta pesquisa possa inspirar a implantação de mais CAPSij III em
todo Brasil, oferecendo respaldo para a construção de políticas públicas condizentes com as
necessidades de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico.
Palavras-chave: políticas públicas de saúde mental; centro de atenção psicossocial infantojuvenil;
atenção à crise.

559
Ferramentas para o empoderamento dos movimentos de usuárias e usuários da saúde mental
em tempos de contrarreforma e crise neoliberal

Felipe Lobo dos Santos


Roselí Aquino Sá Barreto - Escola Bahiana de Medicina

RESUMO
Com a sucessão de governos de matiz neoliberal e de políticas contraditórias por parte dos governos
populares, organizou-se uma ofensiva sem precedentes da contrarreforma psiquiátrica que resultou
no desinvestimento na Rede de Atenção Psicossocial e na intensificação do tratamento em reclusão
nas comunidades terapêuticas. Além disso, a pandemia de COVID-19 agravou a desigualdade social
piorando as condições de vida das usuárias e dos usuários tornando-os ainda mais dependentes dos
serviços de saúde mental. É este cenário que torna premente o empoderamento dos participantes dos
movimentos sociais de luta antimanicomial e a ocupação dos espaços políticos. A Associação
Metamorfose Ambulante de familiares e usuários dos serviços de Saúde Mental da Bahia AMEA tem
sido ponta de lança desse movimento e o único dos movimentos baianos composto exclusivamente
por pessoas com sofrimento mental e suas famílias. Desde seu início em 2007, que este coletivo conta
com o apoio de profissionais, estudantes, acadêmicos e demais simpatizantes da causa que atuam
colaborando com o empoderamento e aumento do poder contratual dos seus membros. A atuação
ocorreu na produção de diagnóstico organizacional através de uma análise climática do convívio nos
espaços organizativos e políticos da AMEA. Observou-se a necessidade da constante mediação de
conflitos e crises para que seus participantes possam engajar-se plenamente nas atividades
relacionadas às pautas do movimento da Luta Antimanicomial.
Objeto do Relato
Espaços de convívio, comunicação e operativos tais como reuniões e representação como conselhos.
Objetivos
Realização de uma análise climática através da participação como apoiador institucional e político
em espaços de convívio, operativos e de comunicação tais como redes sociais e construir um espaço
de troca de experiências com mediação apropriada pelos membros da AMEA, promover autonomia
organizativa e representativa e ampliação do poder contratual.
Análise Crítica
A história dos movimentos deu-se entorno da pauta do empoderamento de usuárias e usuários e de
sua participação política nas instâncias de representatividade, no entanto, as limitações de poder
contratual e organização tolhem fortemente suas ações. Por outro lado, a luta não pode ser sem a
crítica dos lugares sociais em instituições adoecedoras e adoecidas. Cabe, portanto, avaliar a
experiência das pessoas mentalmente adoecidas através de práticas que possam emoldura-las como
uma estética da existência. Permitir que usuárias e usuários, membros da AMEA, assumam como
legitimo o seu empoderamento, para que não se considerem desempoderados dados seus próprios
saberes-poderes.
Conclusões/Recomendações
A instituição de ferramentas que colaborem na operacionalização da luta antimanicomial é de suma
importância para a efetividade desses movimentos sociais. Neste sentido propõe-se a promoção de
intervenção que paute o empoderamento a exemplo da organização dos grupos nos moldes da ajuda-
mútua.
Palavras-chave: Saúde Mental; Movimentos sociais; Empoderamento.

560
Fortalecimento de mulheres em sofrimento mental contra todo tipo de violência

Cristiane Otoni gomes - Prefeitura de Belo Horizonte/MG


Silvia Maria Soares Ferreira - Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas
Gerais

RESUMO
Encontro de mulheres em um CAPS III, localizado em uma regional bastante populosa de uma cidade
mineira. O atendimento é, prioritariamente, para uma população mais vulnerável, de baixa renda,
baixa escolaridade e de frágil suporte familiar, em sua maioria. A proposta deste encontro foi uma
parceria entre a Associação de Usuários de Saúde Mental de Minas Gerais (ASUSSAM), através da
participação de um de seus membros como coordenador em conjunto com um trabalhador do CAPS
III. O objetivo foi possibilitar o acolhimento e cuidado às mulheres que sofreram qualquer tipo de
violência por serem mulheres. Foram realizados cinco encontros no período de junho e julho de 2021.
A dinâmica inicial foi a apresentação de cada participante que depois escolhia uma palavra que a
representava naquele momento, a discussão sobre as palavras apresentadas e, a partir de então, ouvir
os relatos sobre a violência sofrida e como poder desmitificar os tabus em falar sobre este tema e
construir saídas coletivas para o enfretamento das violências. Também foram utilizados recursos
como músicas escolhidas pelos coordenadores do grupo e seus membros que se alinhava à temática
e produção de cartazes que expressavam as reflexões produzidas no encontro.
Objeto do Relato
Encontro de mulheres em um CAPS III e seus relatos sobre as violências sofridas por serem mulheres.
Objetivos
Dar voz às mulheres em acompanhamento em um CAPS III para que falassem sobre suas vivências
de violência de gênero e como elas as percebem. E, desta maneira, no encontro grupal, construir um
espaço de acolhimento e empoderamento para que possam se fortalecer e se defender de novas
situações de violência.
Análise Crítica
Estes cinco encontros possibilitaram que estas mulheres atravessadas pelo sofrimento psíquico,
muitas vezes, causado por violências diversas como o machismo e racismo estrutural, lesbofobia e
transfobia pudessem espontaneamente contar suas vivências. Elas refletiram sobre os mecanismos
que produziram tais sofrimentos. Mulheres que, por vezes, tiveram uma trajetória de vida solitária,
sem amparo emocional e em situação de dependência financeira dos companheiros ou dos familiares.
Muitas demoraram para reconhecer e identificar o ciclo de sofrimento que viveram até adoecer e,
com o tempo, até o normalizaram. Culminando no adoecimento psíquico e uso de medicações para
suportar seu sofrimento.
Conclusões/Recomendações
É fundamental que espaços como este, de voz às mulheres em sofrimento mental expostas às
violências diversas, sejam criados nos dispositivos substitutivos para gerar e estimular a
conscientização dos mecanismos geradores destas violências propiciando apoio mútuo e para
enfrentar estas situações.
Palavras-chave: Mulheres; violência; apoio mútuo.

561
Fragilidade Social e Depressão de Cuidadores Familiares de Pessoas com Deficiência Física
e/ou Intelectual durante a Pandemia de COVID-19

Cleanderson Costa da Silva - UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos


Ana Laura Oliveira Dias - Universidade Federal de São Carlos
Joice Marques Pallone - Universidade Federal de São Carlos
Diana Gabriela Mendes dos Santos - Universidade Federal de São Carlos
Fabiana Souza Orlandi - Universidade Federal de São Carlos

RESUMO
Mediante as alterações presentes na vida dos indivíduos, a fragilidade social é evidenciada pelo
declínio de relações sociais e do suporte social que estão diretamente ligadas as razões de idade,
educação, rendimento, sexo, etnia, estado civil, ambiente residencial, estilo e eventos de vida e
questões biológicas (GOBBENS, ASSEN, 2010). Essas mudanças geradas pela fragilidade social,
demonstra a necessidade do cuidado, em específico, às pessoas com deficiência, necessitando do
apoio de cuidadores, em sua maioria informais. Em razão desse processo de cuidado, aumentos nos
níveis de sobrecarga pode ocorrer a quem o presta, podendo surgir a depressão por conta das
complicações geradas na saúde mental desses. Assim, as alterações sociais podem sofrer um impacto
devido a COVID-19 (SANTOS, 2020).
Objetivos
Desta forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar e verificar a relação da fragilidade social e
da depressão de cuidadores familiares de pessoas com deficiência física e/ou intelectual, no contexto
de pandemia da COVID-19.
Metodologia
Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, correlacional e de caráter transversal. A amostra
foi composta por 31 indivíduos em atendimento em uma Organização Não Governamental, do interior
do estado de São Paulo. Foram aplicados os instrumentos de Caracterização Sociodemográfica,
econômica e de estado de saúde, Patient Health Questionnaire-2 e a escala HALFT. Tendo e vista as
análises dos dados, foram realizadas a tendência central, medida de dispersão, testes de
Kolmorogovmirnov e o coeficiente de correlação de Spearman.
Resultados
A maioria era, sexo masculino (56,70%), sem parceiro fixo (61,30%), branco (76,70%), com ensino
fundamental incompleto (54,80%), a maioria ainda classificou seu estado de saúde geral como bom
(36,70%). Tendo em vista as atividades relatadas pelos cuidadores como uma estratégia para
minimizar o estresse no transcorrer da pandemia da COVID-19, 39,62% relatou assistir TV, 37,73%
relatou conversar com um amigo por telefone e 15,09 relatou realizar caminhada. Em relação a
fragilidade, 61,5% eram frágeis, 32,0 pré frágeis e 6,50% não frágeis socialmente. Quanto ao humor
depressivo, 35,5% dos cuidadores familiares tinham provável depressão. Ainda houve correlação
positiva de forte magnitude, estatisticamente relevante entre a fragilidade social e a depressão
(r=0,604; p<0,001). Conclui-se que houve prevalência da fragilidade social entre os participantes,
além disso, a fragilidade social se correlacionou de forma positiva com forte magnitude com a
depressão nos cuidadores familiares de pessoas com Deficiência Física e/ou Intelectual no contexto
de pandemia de COVID-19.
Palavras-chave: Fragilidade Social; Cuidador; Deficiência física e/ou intelectual; Depressão;
COVID-19.

562
Gastos com comunidades terapêuticas: o caso do Espírito Santo

Mirian Cátia Vieira Basílio Denadai - UFES - Universidade Federal do Espírito Santo
Lara da Silva Campanharo - Universidade Federal do Espírito Santo
Fabíola Xavier Leal - Universidade Federal do Espírito Santo
Edineia Figueira dos Anjos Oliveira - Universidade Federal do Espírito Santo
Maria Lúcia Teixeira Garcia - Universidade Federal do Espírito Santo
Giovanna Bardi - Universidade Federal do Espírito Santo

RESUMO
Nos últimos anos várias normativas foram publicadas fortalecendo as Comunidades Terapêuticas no
Brasil, colocando essas instituições para desempenhar um papel central na rede de serviços em saúde
mental e na obtenção de investimentos. O que significa um retrocesso nas conquistas históricas da
Reforma Psiquiátrica, ao utilizar-se desse tipo de estabelecimento manicomial, que defende premissas
de abstinência, internação prolongada e privação de liberdade dos indivíduos, como referência. Só
em 2019, o Ministério da Cidadania repassou aproximadamente R$ 150,5 milhões a 487 CTs
contratadas em diversos estados do país. É nesse panorama que acontecem as disputas de concepções
no interior das Políticas de Saúde Mental e sobre drogas e as CTs se colocam na disputa pelos recursos
públicos.
Objetivos
Analisar os gastos públicos da Política estadual sobre drogas para o financiamento das Comunidades
Terapêuticas de 2013 a 2020, visando compreender a correlação de forças no campo dessa política na
disputa pelos recursos.
Metodologia
A pesquisa é documental de abordagem qualitativa. Os dados foram coletados no Portal da
Transparência do ES, nas atas do Conselho estadual sobre drogas e os Editais de Credenciamento
publicados no Diário oficial do Governo do ES. O recorte temporal de 2013 a 2020 se deu, por ser o
primeiro ano da implementação do Programa Rede Abraço específico para financiamento das CTs
por Edital - e pela disponibilidade de acesso aos dados. Para a análise dos dados qualitativos
utilizamos análise de conteúdo e para os dados quantitativos a análise estatística descritiva com
medidas de tendência central.
Resultados
Os recursos de 2014 destinados à gestão da Política sobre drogas no ES aumentaram em quase 400%
em relação ao ano de 2013. Em 2014 foram destinados R$ 8.343.561,23 às CTs, o que representou
65,24% do montante destinado à gestão da política. Esse foi o ano com maior número de CTs
credenciadas. Entre 2015 e 2019, observa-se redução na habilitação das CTs e dos gastos por meio
dos Editais. Porém, apesar dessa tentativa de redução, constata-se que no ano de 2020 o governo
manteve, com tendência crescente, os recursos destinados à gestão da Política sobre drogas,
retomando uma lógica de ampliação da oferta de vagas nas CTs. Identificamos 26 CTs que receberam
recursos, dessas 66% tem origem após o ano 2000. Somente 1 instituição recebeu por todos os 8 anos
estudados e sobre a localização 15 estão em municípios da Região Metropolitana; 5 na Região Sul; 5
na região Central/Norte e 1 em São Paulo. Os dados revelam que a partir da implementação do
Programa Rede Abraço (2013) as gestões estaduais privilegiaram o financiamento de CTs religiosas
seguindo a lógica nacional e, ainda expõe que um conjunto de recursos poderiam ser direcionados
para os serviços assistenciais antimanicomiais do SUS.
Palavras-chave: Política sobre drogas; Comunidades Terapêuticas; Financiamento.

563
Geração de renda a usuários do CAPS TM por meio da Economia Solidária e Psicologia
Social

Verena Garcia de Viaud


Bruno Lopes Saling - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
Fernanda Reis - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
Caíque Lima Sette Franzoloso - Universidade Federal do Paraná - UFPR
Thainara Granero de Melo - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
Luís Felipe Ferro - Universidade Federal do Paraná - UFPR

RESUMO
Trata-se das atividades de um estágio em Psicologia Social desenvolvido no curso de Psicologia da
PUCPR e rede LIBERSOL. A operacionalização do estágio no CAPS II TM nasceu do
encaminhamento de uma demanda da LIBERSOL, de impulsionar iniciativas de Economia Solidária
(ECOSOL) nos CAPS regionais. Estabeleceu-se, como meta, a organização do grupo de seis usuários
em uma feira no Evento Comemorativo da Luta Antimanicomial e Sem Tabagismo. Para isso, durante
sete encontros semanais realizados nas dependências do CAPS, foram trabalhados alguns objetivos
para a construção, fortalecimento e participação do grupo na feira: a) apresentação da ECOSOL e
LIBERSOL; b) escolha do produto a ser elaborado e vendido; c) decisão do nome do
empreendimento; d) identificação dos insumos necessários; e) custo de produção e valor de venda; f)
treinamento da produção do produto; g) discussão dos processos de trabalho e funções de cada
membro a serem desempenhadas; h) gestão do dinheiro e reembolso de valores investidos pelos
membros. Os encontros resultaram na escolha do bolo enquanto produto de empreendimento,
intitulado de Banquinha do CAPS II TM . Os usuários sentiram-se motivados a participar de outros
eventos com o fim da feira. Por iniciativa dos membros, o excedente ganho foi guardado para tal
investimento. Pontos indispensáveis, como as normas de participação do grupo, ainda serão
trabalhados futuramente, enquanto próxima etapa do estágio que dará continuidade à incubação do
empreendimento.
Objeto do Relato
Nucleação de um Empreendimento de Economia Solidária em um CAPS II TM (Piraquara - PR).
Objetivos
Descrever uma experiência de estágio na Rede LIBERSOL operacionalizado no CAPS II TM.
Análise Crítica
O tempo entre a nucleação e a participação na feira conferiu celeridade à experiência. De um lado,
focou-se no desenvolvimento dos produtos e preparação para o evento. De outro, dedicou-se menos
à identidade coletiva e acordos internos de funcionamento. As especificidades dos usuários do CAPS
TM demandaram eventual condução dos encontros pelos estagiários e técnicas, por vezes conflitando
com princípios da ECOSOL de autonomia e autogestão do coletivo, desafio também à Psicologia
Social ao repensar práticas individualizantes e estigmatizantes. A presença na feira foi importante
para motivar as participantes, para autoavaliação do grupo e para surgimento de novas oportunidades
e objetivos.
Conclusões/Recomendações
Constatamos a relevância do presente relato de experiência de fortalecer a exigência da Lei Nº 10.216
em conjunto com a Portaria Nº 3.088. Sendo assim, a experiência ressalta a necessidade de fortalecer
iniciativas de inclusão pelo trabalho, tendo nos CAPS vetores potentes.
Palavras-chave: Economia Solidária; Saúde Mental; Psicologia Social.

564
Gerenciamento das Emoções como estratégia de promoção da saúde mental para professores
da educação básica da região de Jequié-Ba

Roselí Aquino Sá Barreto - EBMSP - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

RESUMO
Trata-se de um relato de experiência proveniente de Educação em Saúde no âmbito da Psicologia,
resultante das ações desenvolvidas pelo Programa de Atenção à Saúde e Valorização do Professor
PASVAP, da Secretaria de Educação do Estado da Bahia SEC e gerenciado pela Superintendência de
Recursos Humanos SUDEPE. A atuação sucedeu nas escolas públicas da educação básica vinculadas
ao Núcleo Territorial de Educação 22 (NTE-22) de Jequié, responsável pelos 16 municípios do
Território do Médio Rio de Contas. As atividades ocorreram por intermédio da profissional de
Psicologia responsável pelo núcleo em parceria com a equipe multidisciplinar (Fonoaudiologia,
Nutrição, Serviço Social e Fisioterapia), através de oficinas e rodas de conversa na modalidade à
distância direcionado ao público de educadores. A proposta foi atuar com a gestão das emoções. A
apropriação da temática com essa ênfase, tornou-se oportuna e importante mediante diagnóstico
situacional da comunidade escolar pertencente à área geográfica supracitada. Com base nos relatos,
frente às queixas de sobrecarga física e emocional excessivas das atividades laborais do cotidiano
escolar, percebeu-se, sobretudo, dificuldades dos educadores lidarem com demandas da dimensão
psicológica desveladas nas relações-interpessoais entre eles e estudantes, e estudantes e seus pares.
Com a realização da proposta, pretendeu-se favorecer o empoderamento dos docentes para atuarem
como agentes colaborativos na promoção da saúde mental.
Objeto do Relato
Corpo docente da rede pública estadual de ensino do município de Jequié e microrregião.
Objetivos
Com este trabalho, objetiva-se apresentar ações promovidas e implementadas pelo Governo do Estado
da Bahia, visando a promoção da saúde mental no contexto escolar, mediante a estratégia de
gerenciamento emocional.
Análise Crítica
Pôde-se constatar interesse dos educadores na busca de subsídios que favorecem do conhecimento
sobre os aspectos socioemocionais com o intuito de acolher, informar e orientar aos estudantes que
demandarem suporte inerente a saúde emocional e psíquica. Muitos docentes se mostraram engajados
acerca de questões que culminam na necessidade de desenvolver estratégias de enfretamento para o
cuidado em saúde mental, reconhecendo a escola como um espaço promotor de saúde. Contudo, outra
parcela se mostrou desengajada quanto a articulação entre a educação e saúde no que se refere ao
desempenho do seu papel, demonstrando ainda conceber a escola como um espaço que se restringe
ao ensino-aprendizagem.
Conclusões/Recomendações
Diante das condições de vulnerabilidades que impactam na qualidade de vida dos atores envolvidos,
evidencia-se a necessidade de intensificar a proposta a fim de atingir o público mais abrangentemente
e de propiciar o desenvolvimento de uma consciência coletiva e da efetividade das ações.
Palavras-chave: Saúde mental; Promoção da Saúde; Educação básica; Educação Emocional.

565
Grupo Acolhida: Atenção integral ao paciente em unidade especializada em saúde mental

Evanir Regina de Albuquerque - Hospital de Clínicas de Passo Fundo/RS


Elsa Cristine Zanette Tallamini - Hospital de Clínicas de Passo Fundo/RS
Débora Cherobini - Hospital de Clínicas de Passo Fundo/RS

RESUMO
Na Política Nacional de Saúde Mental, a internação é uma medida terapêutica utilizada para o
esbatimento da crise aguda e tão logo possível, promove o retorno do sujeito ao seu território, com a
continuidade da assistência nos serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial-RAPS. O
Grupo Acolhida foi elaborado para desmistificar a internação, que gera impactos na rotina de vida do
sujeito, oferecendo um espaço de acolhimento, participação e integração. As rodas de conversa
ocorrem semanalmente para os usuários do serviço de um hospital especializado em saúde mental de
uma cidade no norte do estado do Rio Grande do Sul. Aborda-se temas relacionados a ambientação,
relações familiares e com a equipe do hospital, além de dificuldades encontradas na internação. As
perguntas são abertas e é estimulada a participação de todos. Inicialmente, era mediado pelos
profissionais de Serviço Social e de Terapia Ocupacional. Neste ano foram vinculados os profissionais
residentes vinculados ao Programa de Residência de Atenção à Saúde Mental, com vistas a
proporcionar um ambiente de escuta, interação e socialização das rotinas institucionais no processo
de internação. A partir das demandas específicas que surgem são realizados os devidos
encaminhamentos.
Objeto do Relato
Relata o acolhimento de pacientes internados em uma unidade especializada em saúde mental.
Objetivos
Descrever o acolhimento, utilizando a roda de conversa como estratégia de saúde; construir um
espaço para compartilhar angústias, dificuldades, vivências; promover o vínculo de pacientes com a
equipe; socializar as rotinas da instituição; reconhecer o paciente como protagonista e estimular o
processo de produção em saúde, no cenário da internação.
Análise Crítica
O ato da escuta e a produção de vínculo é uma ação terapêutica que, conforme a Política Nacional de
Humanização, se transforma em uma construção da prática da co-responsabilidade e da autonomia
dos sujeitos. Desse modo, fomentar estas práticas de saúde evidencia a formação do protagonismo
dos usuários em seu tratamento, a partir da compreensão de suas necessidades. O Grupo Acolhida
representa um espaço potente que permite ressignificar seu papel diante de sua hospitalização. Aos
profissionais cabe ter uma postura de escuta ativa, com conduções adequadas e resolutivas. Este
modelo de intervenção, ratifica que as práticas de saúde e de sujeitos são indissociáveis.
Conclusões/Recomendações
As intervenções grupais, como a roda de conversa, proporcionam um espaço potencializador de
cuidado nas práticas de saúde, criando um ambiente de acolhimento e de expressão de sentimentos e
dificuldades, reconhecendo o sujeito como participante ativo e protagonista no processo de
hospitalização.
Palavras-chave: Acolhimento; Estratégias de saúde; Equipe de Assistência ao Paciente.

566
Grupo de crianças - experiência de atendimento em saúde mental na atenção básica

Ana Claudia Francklim Rocha - Prefeitura Municipal de Osasco


Rita de Cássia Ferreira Lourenço - Prefeitura de Município de Osasco - Universidade Federal de
São Paulo, UNIFESP - Campus Baixada Santista.

RESUMO
O grupo se formou sob a ótica das políticas públicas, em especial da Política Nacional de
Humanização (PNH), Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS) e da Política Nacional em
Saúde Mental (PNSM), valorizando o conceito de Saúde Ampliada como a formação vínculos, escuta
e afetos, fomentando redes e coletivos na perspectiva da promoção de saúde. O município de Osasco
fica situado na grande São Paulo e conta com 697 mil habitantes. O grupo aconteceu em região
periférica da cidade com usuários de unidades Básicas de Saúde (UBS). O grupo se formou com
crianças de ambos os sexos, com idade entre 6 e 12 anos encaminhadas a partir do acolhimento em
Saúde Mental, das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e pelos profissionais do Centro de
Referência da Assistência Social (CRAS) do território. A frequência do grupo foi semanal com
presença em média de 6 crianças. Os objetivos do grupo foram propiciar a experiência da escuta
qualificada e a formação de vínculos e melhorar a funcionalidade da comunicação. As crianças
frequentaram os grupos semanalmente. Nos encontros realizaram atividades lúdicas enfatizando a
grupalidade, o respeito às diferenças, a nomeação de sentimentos e a produção de narrativas. As
crianças foram estimuladas a discutir e registrar impressões a cada encontro, através de escrita e/ou
desenhos. Os pais e/ou responsáveis foram chamados em momentos distintos, para discutir as
expectativas, bem como refletir sobre o desenvolvimento infantil e ações.
Objeto do Relato
Grupo de crianças com demandas relacionais e comunicativas na Atenção Primária de Saúde (APS)
Objetivos
O objetivo deste relato é refletir sobre uma estratégia de grupo terapêutico que pode ser usada na APS
em trabalho com crianças visando a promoção da funcionalidade comunicativa, sua interferência na
saúde mental e no relacionamento interpessoal.
Análise Crítica
Ao longo do processo observamos uma participação bastante importante das crianças e com boa
aceitabilidade dos pais/responsáveis, que trouxeram as crianças regularmente para os encontros.
Observamos que a possibilidade de um lugar de fala-escuta experimentado por estas crianças trouxe
mais segurança e alívio para as tensões familiares e escolares. Há como desafio o estreitamento e
aprofundamento das Políticas Públicas de aproximação Atenção Básica-Escola, bem como a
importante discussão e posicionamento referente à desmedicalização na infância.
Conclusões/Recomendações
Percebemos mudanças nos comportamentos e linguagem das crianças. Observamos aumento de
vocabulário, comentários e pedidos de informações; trocas de turnos e participação mais ativa numa
aparente construção do seu lugar junto ao grupo. Estes achados foram coerentes com os relatos dos
pais/cuidadores.
Palavras-chave: Saúde Mental; Infância; Políticas Públicas.

567
Grupo de escuta em um Centro de Acolhida Especial para Mulheres em situação de
vulnerabilidade: Relato de experiência.

Andrezza Elias de Oliveira


Victoria Melo da Silva - Universidade Cruzeiro do Sul
Roosevelt Vilar Lobo de Souza - Universidade Cruzeiro do Sul

RESUMO
O Centro de Acolhida Especial (CAE) é responsável pela construção da autonomia das mulheres, com
o propósito de ser espaço de reestruturação social - local de ponte entre a extrema vulnerabilidade
social e conquistas pessoais. Entretanto, muitos desafios são encontrados para que os objetivos de
transformação social sejam alcançados. Alguns deles, se situam na carência de serviços de escuta para
acolhimento do sofrimento e expressão de necessidades. Nesta direção, um grupo de escuta
terapêutica foi idealizado para que as mulheres pudessem discutir temas que vivenciam dentro e fora
do ambiente do CAE - como preconceito quanto a gênero, orientação sexual e raça, relacionamentos
afetivos, autocuidado e inspirações - trazendo além de reflexões, aprendizagem e mudanças no
convívio entre elas. Junto com as mulheres, os encontros foram nomeados Chá com Conversa . O
objetivo era proporcionar um espaço acolhedor que se assemelhasse a um encontro entre amigas para
tomar chá e conversar. Este espaço foi importante, pois por serem de diferentes culturas, criações e
vivências individuais, o respeito, cuidado e aceitação podem ser atravessados. Tivemos 7 encontros
com uma média de 20 participantes por encontro e usamos frases disparadoras para iniciar as
reflexões, que sempre resultaram em amplo engajamento entre as conviventes. Observou-se que os
temas que as mulheres mais engajaram foram sobre preconceito e relacionamento. Esses achados
serão discutidos sob uma perspectiva psicossocial.
Objeto do Relato
Promover reflexão sobre a falta de escuta e solidão que perpassa a vida das mulheres em um centro
de acolhida.
Objetivos
O objetivo dos encontros foi trabalhar as demandas que apareceriam na escuta das falas, por meio de
dinâmicas de grupo em rodas de conversa. Mais especificamente, buscou-se estabelecer uma reflexão
diante aos temas levantados pelas próprias mulheres, visando sempre um local de escuta acolhedora
que reverberasse para além do espaço/tempo do grupo.
Análise Crítica
Entendemos que mesmo cercadas de pessoas no ambiente institucionalizado, as mulheres se sentem
sozinhas - pouco se dialoga. A cada encontro proposto, as mulheres ouviam mais umas às outras, o
que proporcionou mais vínculos e potencializou as relações entre elas. Os temas que apresentaram
maior engajamento - preconceito e relacionamentos - estão entrelaçados com as suas próprias
experiências. Destaca-se a vivência da mulher preta em um contexto de grande desigualdade social
como o Brasil. Com frequência, são vidas desenhadas em cima de violência, exclusão social, pobreza
extrema e relacionamentos conflitantes com ex-parceiros e familiares que as deixam em situação de
vulnerabilidade social.
Conclusões/Recomendações
Há grande carência das mulheres em situação de vulnerabilidade em falar e serem ouvidas. Com isso,
ressaltamos a importância de promover mais lugar de escuta terapêutica e discussões em grupo,
viabilizando mais respeito, tolerância às diferenças e a integração, e proporcionando mais saúde
mental.
Palavras-chave: Centro de Acolhida; Vulnerabilidade Social; Grupo Operativo; exclusão social.

568
Grupo de Família Online: estratégias de cuidado para familiares de usuários de um Centro de
Atenção Psicossocial em tempos de pandemia

Flaviane Rocha da Silva Vieira - Servidora Estatutária


Daniela Costa Bursztyn - Profa. Adjunta do Instituto de Psiquiatria da UFRJ

RESUMO
Com a mudança na assistência em saúde mental no Brasil nas últimas décadas e o aumento da oferta
de serviços territoriais e de base comunitária, os familiares dos usuários destes serviços assumiram o
protagonismo no cuidado, o que no decorrer do processo da reforma psiquiátrica tem sido desafiador.
Além disso, devemos considerar o advento da pandemia da COVID-19 e as mudanças ocorridas nas
dinâmicas de atendimento nos CAPS. Nota-se que a oferta de apoio a esses familiares durante este
momento atípico é fundamental. Diante de tal conjuntura, elaboramos uma nova proposta de atenção
aos familiares, fruto do trabalho de pesquisa do mestrado profissional em Atenção Psicossocial
IPUB/UFRJ. Consiste no Grupo Online de Familiares, criado como alternativa aos encontros
presenciais suspensos.
Objetivos
Descrever e analisar a estratégia de ação ofertada em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da
Região Metropolitana no estado do Rio de Janeiro aos familiares de usuários deste serviço, que
participaram do grupo de família no formato virtual, no período de isolamento social imposto pela
pandemia da COVID-19, com recorte entre junho a dezembro de 2020.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa dos dados e com técnica descritiva. A análise
proposta ocorre em dois tempos, sendo o primeiro por meio do levantamento de dados objetivos sobre
o grupo no período entre junho a dezembro de 2020; e o segundo tempo, em que ocorrem as
entrevistas semi-estruturadas, a fim de conhecer a perspectiva dos participantes sobre as reuniões
online. Os encontros online ocorrem na frequência quinzenal por meio do aplicativo WhatsApp.
Resultados
O Grupo de Familiares Online consiste em encontros, com frequência quinzenal, com os familiares
que participavam regularmente do grupo de familiares presencial, antes do período da pandemia.
Diante do cenário de ruptura e descontinuidade das atividades coletivas oferecidas pelos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) imposto pelo contexto do isolamento social, o Grupo de Familiares
Online se mostrou como uma potente ferramenta de cuidado no campo da atenção psicossocial. Seu
intuito é de ofertar o acolhimento com empatia entre os participantes e equipe; fortalecer os vínculos
de amizade e proporcionar o apoio mútuo com compartilhamento e troca de estratégias de manejo na
convivência com o usuário no dia-a-dia; fortalecer o vínculo com o serviço; além de estimular
reflexão sobre problemas comuns entre os participantes. Conclui-se que o grupo online é uma
ferramenta potente para a produção do cuidado psicossocial, possibilitando uma continuidade do
acompanhamento dos familiares pelos serviços da Atenção Psicossocial em tempo de pandemia, e
indicando possíveis efeitos no cuidado extensivo aos usuários deste serviço.
Palavras-chave: famílias; CAPS; online; apoio.

569
Grupo de Promoção de Saúde Mental da Pessoa Idosa

Marianna de Francisco Amorim - UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

RESUMO
Nas últimas décadas, o envelhecimento da população brasileira vem trazendo muitos desafios para a
qualidade de vida da pessoa idosa. O grupo de promoção de saúde mental tem como objetivo ser um
espaço potente de escuta, acolhimento e reflexão sobre temáticas pertinentes ao processo do
envelhecimento humano, tais como: família, diversidade, etarismo, gênero, sexualidade, história e
projeto de vida, representações sobre o envelhecimento, saúde mental dentre outros. O referencial
teórico que subsidia a intervenção é o grupo operativo, proposto por Pichon-Rivière, tendo como foco
organizador do trabalho uma tarefa pré-definida. A partir disso, são utilizados objetos mediadores
(como, por exemplo, fotografia, conto, vídeo, música) para facilitar o diálogo e a expressão dos
sentimentos mobilizados. O grupo é fechado e homogêneo quanto à idade (homens e mulheres acima
de 60 anos), composto por dez participantes e coordenado por uma psicóloga. Os encontros são
semanais, com duração de 1 hora e 30 minutos, ocorrendo no contexto de parceria entre a
Universidade Aberta à Pessoa Idosa (UnAPI) e o Serviço Escola de Psicologia (SEP), ambos da
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Objeto do Relato
O relato abordará a experiência de um grupo de promoção de saúde mental de pessoas idosas.
Objetivos
O grupo de promoção de saúde mental da pessoa idosa tem como objetivo ser um espaço de escuta,
acolhimento e reflexão sobre temáticas pertinentes ao processo do envelhecimento humano, tais
como: família, diversidade, etarismo, gênero, sexualidade, história e projeto de vida, representações
sobre o envelhecimento, saúde mental, dentre outros.
Análise Crítica
O grupo de promoção de saúde mental contribui para o enfrentamento do isolamento social,
potencializado pela pandemia de COVID-19. Os participantes têm relatado uma ampliação da rede
de relações. Evidencia-se a importância do estímulo à autonomia, do acesso à direitos, da não-
invisibilização e da não-infantilização dessa população. Além disso, as trocas entre os participantes
contribuem para uma ampliação do autoconhecimento e da autoestima. O grupo fortalece laços de
identificação e pertencimento, sendo potente para a promoção de saúde mental e, consequente,
minimização dos possíveis impactos futuros nos serviços de saúde mental e atenção psicossocial da
rede.
Conclusões/Recomendações
O dispositivo grupal caracteriza-se como uma ferramenta estratégica para a promoção de saúde
mental nos mais diferentes contextos territoriais, ampliando o cuidado, para além dos modos de
atuação clínico-tradicionais.
Palavras-chave: Promoção de Saúde Mental; Grupo; Idoso.

570
Grupo online com Ouvidores de Vozes: Relato de experiência de um estágio de psicologia
durante a pandemia de COVID-19

Victória de Biassio Klepa - UFPR - Universidade Federal do Paraná


Clara de Oliveira Papa - UFPR
Melissa Rodrigues de Almeida - UFPR

RESUMO
O grupo foi desenvolvido com base nos princípios do Movimento Internacional de Ouvidores de
Vozes (INTERVOICE) como atividade de estágio do curso de Psicologia e vinculado ao Centro de
Psicologia Aplicada (CPA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ocorreu de forma online
através do WhatsApp em decorrência da pandemia da COVID-19. A divulgação foi realizada por
meio do contato com psicólogas que atuam em serviços da RAPS de Curitiba e região metropolitana
e de redes sociais. Das seis inscrições obtidas, três pessoas participaram: um homem de 46 anos que
mora em Brasília e duas mulheres de 64 e 58 anos, ambas residentes em Curitiba; todos possuíam
vínculo com algum serviço de saúde de seu território ou acompanhamento psicológico. Antes de dar
início ao grupo foram realizadas entrevistas individuais. O grupo teve ao total 12 encontros com cerca
de 1h30. Os principais temas discutidos foram: a experiência de ouvir vozes, os sentidos, conteúdo e
contexto envolvidos; as estratégias para lidar com as vozes além da medicação; a relação com a
família; os diagnósticos psiquiátricos e a medicalização; e as implicações da pandemia na vida. Os
encontros eram temáticos, composto por três momentos, sendo o primeiro um relato sobre como
estavam os participantes e suas vozes; o segundo consistia em um debate acerca do tema previamente
definido em supervisão, dialogando sempre com o encontro anterior e com as sugestões dos
participantes; finalizando com uma síntese do encontro.
Objeto do Relato
Experiência com Grupo Online de Ouvidores de Vozes como atividade de estágio em Psicologia e
Saúde.
Objetivos
Compartilhar as experiências sobre audição de vozes, seu conteúdo, características, sentido atribuído
às vozes; construir uma rede de apoio entre ouvidores de vozes; desenvolver grupalidade entre os
participantes em um contexto de distanciamento social; problematizar os estereótipos de loucura
associados ao diagnóstico de esquizofrenia.
Análise Crítica
Os contextos e histórias de vida estão relacionados com a experiência de ouvir vozes. Aspectos como
crenças religiosas, eventos significativos, presença de sofrimento psíquico prévio, diferenças
culturais e formas de representação de si influenciam no sentido atribuído. O estigma do louco e a
medicalização da experiência de ouvir vozes foram bastante discutidas, logo que todos faziam uso de
antipsicóticos. Avalia-se que isso restringe a assunto exclusivo da psiquiatria e aponta para uma
invisibilização da história de vida dos sujeitos. Nota-se a potencialidade na proposta de intervenção
com ouvidores de vozes ao se oferecer um lugar para discussão do sentido e conteúdo das vozes.
Conclusões/Recomendações
Houve limitações no atendimento remoto, devido à impossibilidade do acesso ao território dos
participantes. No entanto, o grupo permitiu a criação de um espaço de compartilhamento de vivências,
de pertencimento e compromisso, e de desenvolvimento de maior consciência sobre as vozes.
Palavras-chave: Ouvidores de vozes; Saúde mental; Atenção psicossocial.

571
Grupo terapêutico de adolescentes e a construção de sentidos através do cuidado em saúde

Giovanna Cristina Fogaça


Maria Luisa Vichi de Campos Faria - Faculdade de Medicina de Botucatu
Guilherme Correa Barbosa - Faculdade de Medicina de Botucatu

RESUMO
O grupo de adolescentes teve seu início a partir da alta demanda de casos novos de jovens na faixa
dos 14 a 18 anos com queixas diversas, das quais as manifestações ansiosas se destacavam pela maior
quantidade. Cada usuário era convidado para uma entrevista individual com as duas terapeutas
responsáveis pela condução do grupo, a fim de conhecer a demanda individual de cada um e já iniciar
a vinculação, na tentativa de garantir a adesão. Sua direção se baseou nas demandas trazidas pelos
participantes. Houve a necessidade de usar recursos não verbais como mediação para que conteúdo e
grupalidade pudessem emergir. Como recursos não verbais foram utilizados jogos de tabuleiro
diversos, atividades artísticas, confecção de máscaras de gesso, pintura em tecido, estêncil, culinária,
dentre outros sugeridos pelos próprios ou pelas terapeutas. Algum tempo depois os encontros se
estenderam para fora do da UBS em busca do território. Piqueniques, exposições, bibliotecas, sebos,
sorveteria: todo lugar aberto a receber o grupo era uma potência. Aos poucos se mostravam esses
jovens e como eles gostariam de estar no grupo. As atividades propunham organização, alívio das
angústias e identificação. Observou-se a sutil transformação de um grupo silencioso em um local no
qual se dividia problematizações, angústias, artes e a trilha sonora. Alguns usuários escolheram a
própria alta, pois todos eram convidados a pensar o próprio cuidado com autonomia e
responsabilidade.
Objeto do Relato
Grupo terapêutico de adolescentes coordenado pelas profissionais psicóloga e terapeuta ocupacional.
Objetivos
O grupo tinha como objetivo acolher e ofertar espaço de escuta e assistência aos usuários adolescentes
que buscavam de forma espontânea ou que, por motivos diversos, eram encaminhados à área de saúde
mental, uma vez que o público dessa faixa etária era pouco contemplado pelas ofertas de cuidado no
Centro de Saúde Escola.
Análise Crítica
Aspectos como grupalidade, ajuda e cuidado foram elencados de forma recorrente pelos adolescentes
frequentadores do grupo, o que propõe que a perspectiva de cuidado em coletivo é eficaz diante das
demandas trazidas por aquele grupo. Outro aspecto diferencial foi como as práticas artísticas, a
culinária, o alcance do território e a música proporcionaram o deslocamento da angústia e circulação
da fala. O grupo de adolescentes apontou, dentro da unidade de saúde, a possibilidade de acolhê-los
na individualidade. Fez-se, inclusive, o apontamento de que as demandas não atendidas pela pediatria
ou pela saúde da mulher, no caso das meninas, chegavam, invariavelmente, como queixa à saúde
mental.
Conclusões/Recomendações
A experiência apontou para eficiência das práticas terapêuticas grupais. Salienta-se a necessidade da
flexibilização das práticas saúde voltadas à adolescência e a potência do uso de recursos criativos que
acabam por colocar profissionais e usuários em encontro efetivo para a produção de cuidado.
Palavras-chave: Adolescência; Atenção Básica, Grupo Terapêutico.

572
Grupo Terceirão: Estratégias de Intervenção com o idoso dependente de substâncias
psicoativas

Sabrina Pereira da Silva Slivinskis - APS Santa Marcelina


Diana Santana do Nascimento Ribeiro - APS Santa Marcelina - Assistente Social CAPS AD II Jd
Nélia
Ricardo Santoro - APS Santa Marcelina - Apoiador Institucional
Renata dos Humildes Oliveira - APS Santa Marcelina - Interlocutora Institucional

RESUMO
O envelhecimento populacional é uma realidade mundial. Estimativas apontam que até 2050, o
número de idosos será maior que o de jovens, pela primeira vez na história da humanidade.
Culturamente o uso de substâncias psicoativas (SPA) esteve relacionado aos indivíduos mais jovens.
Em decorrência dos estigmas acarretados pela velhice, o uso de SPA nesse ciclo de vida, torna-se uma
temática invisibilizada. Refletindo que uma parcela dos usuários de SPA pode manter o consumo na
terceira idade, o uso por idosos crescerá gradativamente e de forma silenciosa. A falta de notoriedade
para a questão torna-se um problema de saúde pública, visto a dependência associada à ocorrência
das condições crônicas nessa faixa etária. Após aumento na procura de idosos no CAPS AD, foi
pensada uma estratégia direcionada. O nome do Grupo Terceirão foi uma escolha em alusão ao termo
Terceira Idade , originário na França quando a política de integração social visava uma transformação
positiva da imagem da velhice. O Grupo foi realizado semanalmente ao ar livre, no Parque Central
do Itaim Paulista, coordenado por uma assistente social e enfermeira contando com o uso de máscaras
e número restrito de participantes pelos protocolos vigentes da pandemia. As atividades envolveram
dinâmicas, músicas, textos, debates, estratégias de redução de danos, ampliação do acesso aos
serviços destinados aos idosos, além do fortalecimento ao protagonismo social.
Objeto do Relato
Grupo em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas direcionado para a terceira
idade
Objetivos
Através do relato de experiência do Grupo Terceirão vivenciado no CAPS AD II Jd Nélia, trazer
notoriedade sobre a importância de intervenções direcionadas para pessoa idosa que fazem uso de
substâncias psicoativas.
Análise Crítica
Propiciar a cada idoso a possibilidade de se reconhecer como parte importante e potencial da
sociedade, trazer legitimação de um espaço para compartilhar sua história de vida, conhecimento
adquirido na sua trajetória e principalmente suas fragilidades, sofrimentos, dificuldades e
potencialidades. O grupo alcançou o objetivo sobre a melhora da qualidade do processo de
envelhecimento da pessoa idosa usuária de substância psicoativa e inserida na rede de cuidado em
saúde. Assim como a construção do termo Terceira Idade, o Grupo Terceirão possibilitou repensar a
prática articulando intervenções sistêmicas e traduzindo positivamente a visão da velhice através de
seus recursos e potencialidades.
Conclusões/Recomendações
Através do Terceirão entendemos a importância de ações direcionadas para o uso de SPA na terceira
idade, reconhecendo as singularidades envolvidas nesse processo, fomentando ações de ampliação
do repertório social e ocupacional, de redução de danos e legitimação do protagonismo social desses
idosos.
Palavras-chave: CAPS AD; Substância Psicoativa; Terceira Idade.

573
Grupos de Acolhida em Saúde Mental na Pandemia COVID-19

Elivandra Franco Mendes


Luana Kelly Lima Santana
Lorena Lima da Silva
Cleza Maria Braga Gonçalves
Ernandes Matias da Silva
Marcela Pessoa Silva
Edilson Álvaro Custódio Junior
Ana Cristina Furtado de C. Regis
Arlene Neri de Oliveira
Raquel Siqueira de Carvalho
Marilene dos Santos Cardoso
Débora Ramos de Barros Brandão
Cláudio Ladys da Silva
SEMSA Manaus

RESUMO
Os grupos de acolhida (GASM), do tipo grupo focal, tiveram como principal objetivo ofertar espaço
de acolhimento, escuta e compartilhamento de experiências aos usuários e familiares do CAPSi Sul
durante a pandemia e, ao mesmo tempo, mapear as necessidades de cuidado psicossocial pós-
pandemia mais relevantes para planejamento das estratégias de intervenção no 2º semestre 2020. Fez-
se a reorganização da agenda semanal de trabalho dos terapeutas de referência (TR) do CAPSi no
mês de julho/2020 para a inclusão dos GASM de modo a contemplar, pelo menos, 02 (dois) dias na
agenda semanal para realização dos grupos. Identificou-se um facilitador e um relator para condução
do grupo e registro dos encontros, respectivamente. Participaram dos grupos de acolhida os usuários
de referência dos TRs envolvidos, bem como os usuários que compunham os grupos terapêuticos
conduzidos por cada TR à época. Cada grupo foi composto por 05 (cinco) usuários, 05 (cinco)
familiares e 02 (dois) TRs, organizados por faixa etária, a saber, pré-escolar (3 - 5 anos), escolar (6 -
9 anos), pré-adolescente (10 - 12 anos), adolescente I (13 - 15 anos) e adolescente II (16 - 18 anos
incompletos). Cada teve duração média de 60 a 90 min e os participantes utilizaram crachás e/ou
adesivos para facilitar a identificação dos participantes e os registros dos encontros. Ao final de cada
grupo, os TRs realizaram rápida discussão entre a dupla para trocar impressões e enriquecer o
relatório. Objeto do Relato: Grupos de acolhida em Saúde Mental na Pandemia COVID-19 num
CAPSi na cidade de Manaus/AM. Objetivos: Apresentar a metodologia utilizada para a organização
dos grupos de acolhida em saúde mental no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Sul
(CAPSi Sul) e os principais resultados obtidos nos relatórios consolidados dos grupos focais. Análise
Crítica: O processo de escuta nos grupos pautou-se três momentos: pré-pandemia; pandemia; pós-
pandemia. E, em todos os momentos, os participantes dos grupos relataram sentimentos e
comportamentos desadaptativos, bem como a presença de sofrimento psíquico em intensificação
gradativa, especialmente, os cuidadores. Em relação às crianças, houve relatos de agitação,
agressividade e dificuldade no acompanhamento das aulas on-line. De outro lado, relatos de uma
aparente apatia/indiferença dos pré-adolescentes e adolescentes que não demonstraram preocupação
ou reatividade ao momento pandêmico e sentiram-se entediados. No momento pós-pandemia, espera-
se dias melhores e o novo normal. Conclusões/Recomendações: Necessária a abertura de mais
espaços coletivos de compartilhamento e suporte psicossocial mútuo para os familiares das crianças
e adolescentes que relataram intenso sofrimento psíquico no GASM. Crianças e adolescentes
manifestam sofrimento de forma diferenciada e também necessitam de cuidados.
Palavras-chave: Acolhimento; Atenção Psicossocial Infantojuvenil; COVID-19.
574
Histórico de violência psicológica sofrida por mulheres transexuais e travestis

Naíde Teodósio Valois Santos - Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz


Adson Belém Ferreira da Paixão - OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde
Iracema de Jesus Almeida Alves Jacques - Secretaria de Saúde do Recife
Daianny de Paula Santos - Instituto Aggeu Magalhães
Renata Barreto Fernandes de Almeida - UniFBV Wyden
Ana Maria de Brito - Instituto Aggeu Magalhães, Fiocruz

RESUMO
A violência psicológica resulta em danos à saúde mental, comprometendo a autoestima, a identidade
e o desenvolvimento pessoal. Dentre as vítimas, as mulheres transexuais e travestis são
desproporcionalmente afetadas. A transfobia pode ser definida como a discriminação, aversão ou
violência relacionadas à identidade de gênero de pessoas transexuais. Dados oficiais, como registros
no Sinan e nos canais de denúncia de violações de direitos humanos, ainda são insuficientes para
avaliar a transfobia no Brasil. A OMS recomenda que pesquisas sobre violência, em especial contra
grupos em situação de maior vulnerabilidade, sejam realizadas por meio de estudos de base
populacional, a fim de enfrentar as dificuldades de acesso a informações pelas áreas da Saúde e da
Segurança.
Objetivos
Avaliar o histórico de violência psicológica sofrida por mulheres transexuais e travestis em uma
capital do Nordeste do Brasil.
Metodologia
Trata-se de recorte dos dados coletados em Recife-PE, em 2017, no estudo nacional Pesquisa
Diversidade e Valorização da Saúde - Divas . Foram entrevistadas 350 travestis e mulheres
transexuais, que responderam a questionário sociocomportamental, recrutadas por meio da
amostragem Respondent Driven Sampling, amplamente utilizada na estimação de prevalências em
populações conhecidas como ocultas. O histórico de violência psicológica foi avaliado a partir das
perguntas sobre Discriminação, violência e violação de direitos humanos . O estimador RDS II foi
utilizado para ponderação dos dados.
Resultados
Quase a totalidade das entrevistadas já sofreram violência psicológica em algum momento da vida
(n=345; 98,5%), inlcuindo discriminação, insultos, humilhação e ameaças relacionadas à violência
física e à revelação da identidade de gênero contra a sua vontade. Os agressores foram em sua maioria
desconhecidos das vítimas (n=225; 64%), seguidos de vizinhos, colegas ou conhecidos (n=157;
44,5%). Após sofrer a violência, a maioria das vítimas (n=216; 62,5%) não buscou nenhum tipo de
suporte ou fez denúncia das agressões. O estigma associado às mulheres transexuais e travestis, vistas
como pessoas que abdicam do ideal masculino, perpassa toda sua história de vida, com negação de
direitos, dificuldade de acesso à educação, saúde e trabalho, e altos índices de violência. Combater a
transfobia só é possível com o fortalecimento de políticas públicas intersetoriais e com participação
social. Nesse sentido, estudos de base populacional e qualificação dos sistemas de informação da
Saúde e da Segurança, com inclusão de dados sobre identidade de gênero, também são fundamentais
para a elaboração e avaliação de políticas públicas pautadas nas reais necessidades das pessoas
transexuais e travestis.
Palavras-chave: Mulher transgênero; Violência psicológica; Transfobia.

575
Identidades trans e mudanças no campo da despatologização dos corpos

Victória Maria Pinto Cordeiro - Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba


Gabriele Cristina de Pontes Chagas - Faculdades Pequeno Príncipe
Letícia da Silva Leite - Faculdades Pequeno Príncipe
Suelen de Oliveira Maas - Faculdades Pequeno Príncipe
Luciana Elizabete Savaris - Universidade Federal do Paraná

RESUMO
A transexualidade e a travestilidade são temas em destaque no meio científico e social na atualidade.
No Brasil, há políticas direcionadas a estas populações, com destaque ao acesso ao processo
transexualizador através do Sistema Único de Saúde (SUS). Para Butler (2003), gênero é
compreendido como performatividade, construído pelo discurso e estabelecido na cultura. Nessa
perspectiva, os corpos trans são vistos como corpos-abjetos, ou seja, corpos sem espaço de existência
por se diferenciarem da lógica normativa. Pessoas trans e travestis foram consideradas doentes até
2018, quando a Organização Mundial da Saúde desconsiderou a transexualidade como transtorno
mental (VIEIRA & PEREIRA, 2019). Este estudo se propõe a discutir se os corpos trans passam por
um processo de despatologização.
Objetivos
Compreender se os corpos trans estão passando por um processo de despatologização.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, a qual objetiva mapear conhecimentos e ampliar
uma determinada questão. As buscas foram realizadas na base de dados da Biblioteca Virtual em
Saúde, Scielo e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações com os descritores:
transexualidade, saúde e despatologização utilizou-se o operador booleano AND. Quanto aos critérios
de elegibilidade foram incluídos textos completos, disponíveis em português e publicados nos últimos
10 anos e excluídos textos duplicados e sem metodologia definida. Após leitura e análise foram
incluídos 18 textos.
Resultados
Emergiram da análise os eixos temáticos: a. Sistemas classificatórios e resoluções técnicas que
problematiza como os manuais diagnósticos podem ser marcos patologizantes das transidentidades.
Identifica-se que atualizações nos sistemas classificatórios são precursoras de mudanças sociais
(CANNONE, 2019). b. Conquistas e limitações no processo transexualizador no SUS neste eixo,
reconhece-se que ofertas de intervenções cirúrgicas destinadas às pessoas trans são regularizadas e
ofertadas no SUS desde 2008. Contudo, ainda encontram-se várias barreiras de acesso aos
procedimentos (GIROTTO et al, 2021) e c.Transidentidades e sofrimento psíquico - a narrativa do
sofrimento psíquico em pessoas trans é atrelada à marginalização, estigma e invisibilidade e não a
uma condição patológica intrínseca (ALBERTI et al, 2021). Conclui-se que o corpo trans está
passando por um processo de despatologização, com alguns avanços identificados, mas ainda
circunscrito numa representação social que coloca este individuo num lugar de vulnerabilidade, fato
que convoca o psicólogo a legitimar subjetividades e trabalhar em prol da despatologização.
Palavras-chave: Transidentidades; Despatologização; Normatividade.

576
Impactos da pandemia da Covid-19 nas narrativas de usuários da Atenção Psicossocial do
Projeto de Extensão Trajetórias

Bruna Almeida Silva


Ana Clara de Castro Ralize Augusto - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Maria Inês Badaró Moreira - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

RESUMO
Essa pesquisa conecta-se com as realidades das pessoas que usufruem dos serviços de saúde mental
do município de Santos/SP, participantes do projeto de Extensão Trajetórias: "Protagonismo de
usuários de serviços de saúde mental nas ações de ensino-aprendizagem em saúde", permitindo-lhes
o compartilhamento de suas experiências durante o cenário pandêmico e de isolamento social.
Objetivos
O trabalho buscou, através do uso de narrativas, compreender de que modos essa nova realidade
afetou a vida e saúde mental dos participantes do projeto e seus familiares, com o intuito de promover
questionamentos acerca das questões sociais que os envolvem e como isso impacta em suas
vulnerabilidades, emoções, pensamentos e percepções de passado e futuro.
Metodologia
Para isso, utilizou-se a abordagem qualitativa pautada em entrevistas narrativas, gravadas e
transcritas, com os participantes do projeto em questão, para posterior análise e destaque para os
temas comuns ou convergentes que apareceram nas falas dos entrevistados, a partir do referencial
teórico que sustenta a pesquisa.
Resultados
Como resultados parciais, observa-se que o isolamento social e a restrição das atividades nos CAPS,
afetaram negativamente os usuários, visto que nem todos puderam participar das atividades online,
tendo em vista as dificuldades em utilizar os recursos tecnológicos. A falta dos amigos, dos
profissionais, dos passeios, das atividades nos CAPS e das atividades do projeto Trajetórias também
apareceu com bastante frequência na fala dos usuários. Além disso, observou-se questões como o
aumento de crises, sentimento de solidão e, em alguns casos, agravo de transtornos mentais. No
entanto, mesmo com todas as dificuldades, os encontros online contribuíram, na medida do possível,
para um sentimento de coletividade e união. Sendo assim, como efeito direto desse trabalho,
aspiramos dar voz e visibilidade aos nossos protagonistas, além de possibilitar a construção de
iniciativas e propostas que possam embasar políticas públicas, a fim de contribuir para o cuidado em
saúde mental neste momento de retomada de atividades pós-pandemia e para luta e resistência frente
a constante ameaça sobre o cuidado pautado na liberdade, no apoio, no acolhimento, na luta por
direitos e na participação social.
Palavras-chave: Saúde Mental; Narrativas; COVID-19; Pandemia; Sofrimento psíquico.

577
Implantação de Grupos de Gestão Autônoma da Medicação com usuários da Rede de Atenção
Psicossocial cearense no contexto da COVID-19

Saiane Silva Lins - Prefeitura Municipal de Pacoti


Antonio Germane Alves Pinto - Universidade Regional do Cariri - URCA
Vanina Tereza Barbosa Lopes da Silva - Prefeitura Municipal de Itapipoca
Maria Neyde Gomes Ximenes - Prefeitura Municipal de Itapipoca
Daiana de Jesus Moreira - Universidade Federal do Ceará
João Victor Castro Gomes - UNINTA Itapipoca

RESUMO
No contexto da COVID-19, as implicações psicossociais são contundentes diante da precarização da
vida e os efeitos do isolamento social. No campo da Atenção Psicossocial, a Reforma Psiquiátrica
Brasileira propõe mudanças paradigmáticas, com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), para a
desinstitucionalização da loucura. Porém, há desafios para efetivação do cuidado em saúde mental
territorial. Entre eles, o crescente, exclusivo e crônico uso de psicotrópicos como estratégia de
intervenção, sendo grave problema de saúde pública. Na contramão de práticas manicomiais, as
estratégias coletivas ampliam a participação social e protagonismo de usuários e familiares. A Gestão
Autônoma da Medicação (GAM) é uma ferramenta que auxilia o usuário a repensar sua relação com
o uso de psicotrópicos.
Objetivos
Descrever a implantação dos grupos de Gestão Autônoma da Medicação (GAM) na Rede Atenção
Psicossocial (RAPS) dos municípios no Estado Ceará, Brasil.
Metodologia
Pesquisa-intervenção com abordagem qualitativa, ancorada nas bases teóricas da participação social.
Realizada em quatro municípios do estado do Ceará, são eles: Fortaleza, Iguatu, Itapipoca e Tianguá.
Os cenários da pesquisa foram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Em ciclos de
aproximação e implantação, foram realizadas reuniões com os CAPS que foram intencionalmente
escolhidos, e firmaram interesse em participar da experiência e com grupos ou associações de
usuários, para apresentação da proposta GAM e identificação de possíveis usuários e familiares
interessados na experiência.
Resultados
Enfatizaram-se as demandas e necessidades nos processos de trabalho de cada equipe, com acordo
para a realização das atividades em relação ao cronograma, participação de usuários e profissionais,
residentes e estudantes. Disparado o processo formativo para realização de Grupos GAM, com
encontros iniciais sobre a pesquisa, objetivos, métodos e resultados esperados, foram discutidos a
implementação da pesquisa no cotidiano do serviço. Em cada cenário, foram pactuados caminhos
para o aprendizado a partir da realidade local. O manual do moderador GAM foi utilizado como
norteador das discussões. Ainda, a implicação dos participantes nos grupos GAM em andamento
apontam para as possibilidades emancipatórias da experiência GAM, no processo de autonomia
coletiva no cuidado em saúde mental. Com ênfase na cogestão da pesquisa, a implantação dos grupos
GAM esteve implicada com a sistematização da análise dos efeitos narrados pelos usuários, com o
reconhecimento subjetivo para o protagonismo destes e das equipes nas práticas de cuidado em saúde
mental no contexto da COVID-19.
Palavras-chave: Saúde Mental; Centro de Atenção Psicossocial; COVID-19; Gestão Autônoma da
Medicação.

578
Incidências do fora: o social em ação

Tatiaine Teixeira da Silva - Psicóloga Clínica


Yanini Magna de Souza Ribeiro - Psicóloga Clínica

RESUMO
Trata-se da experiência como Acompanhante Terapêutico (AT) de três estudantes de Psicologia
atuantes em RTs. As casas são habitadas por moradores egressos de manicômios e hospitais
psiquiátricos que foram retirados do convívio em sociedade e privados de seus direitos. Diante disso,
o objetivo do AT é a ressocialização e a apropriação desses moradores ao território que agora
pertencem, ou seja, atuar como cidadãos ativos na sociedade, no bairro e na cidade em que moram.
Uma das principais atividades para essa apropriação são os passeios realizados com os moradores
para explorar o ambiente que possuem acesso. Nos passeios é onde ocorrem a maior interação com o
fora , ou seja, é aí que o social atua. É necessário pensar em como a sociedade enxerga e se comporta
diante da pessoa dita louca , por vezes com medo, receio, ou ignorando completamente sua existência,
transferindo a fala para o AT, anulando a pessoa, como se o morador não estivesse em cena. Um breve
relato para exemplificar: uma moradora de 44 anos, autônoma e articulada entra no mercado do bairro
para comprar um refrigerante, porém não tem o dinheiro suficiente e começa a pedir o que falta para
as pessoas na fila. As pessoas demonstram incômodo com a situação e uma certa senhora fala com
indignação com a AT que ela está causando desconforto nas pessoas e que era para ela dar um jeito
na moradora. Ora, dar um jeito em que? Ao mesmo tempo em que um rapaz, super solicito, comprou
seu refrigerante.
Objeto do Relato
Experiência de 2 estagiárias como Acompanhantes Terapêuticos em diferentes Residências
Terapêuticas.
Objetivos
O relato tem como cenário a cidade de Belo Horizonte - MG, onde a partir da vivência em duas
diferentes Residências Terapêuticas (RT) as estagiárias se propõem a discorrer sobre a atuação do
social no cotidiano da vida dos moradores. Como se dá a vivência fora de casa, para além dos muros?
Análise Crítica
A partir deste exemplo e diversos outros vivenciados pelas estagiárias, pode-se perceber um
movimento que, infelizmente, ainda é muito comum em nossa sociedade: o estigma de que o louco é
agressivo, não responde por si e que deveria continuar trancado, ser contido de alguma forma.
Porém é desconhecido, para a população em geral, este serviço dentro da rede de saúde. As pessoas
ficam curiosas de como funciona e como se trata uma pessoa com transtorno que convive em
sociedade. Por vezes o nosso papel nestas cenas é de esclarecimento, somos convocados a responder
o porquê desta pessoa estar ali, sendo necessário algumas vezes apresentar a elas as possibilidades de
tratamento em liberdade.
Conclusões/Recomendações
Observa-se a importância do AT apenas como acompanhante, alguém que está ali para secretariar e
não agir em torno de resolver as questões. É necessário se afastar para que o social possa agir e a
partir dos seus recursos, o morador se articular e criar saídas, promovendo assim sua autonomia.
Palavras-chave: Acompanhamento Terapêutico; Residência Terapêutica; Saúde Mental; Social;
Ressocialização.

579
Interface Saúde e Ambiente: reflexões sobre Cidadania e Desenvolvimento Social

Ana Izabel Nascimento Souza - SMS

RESUMO
Este trabalho bibliográfico tem por finalidade principal explorar a interface saúde e ambiente a partir
dos conceitos-chave de cidadania, desenvolvimento e saúde. A evolução histórica social, pela
perspectiva capitalista, coloca o meio como um recurso a ser moldado e governado, separado do
caráter codependente com a natureza. Pensar em cidadania aplicada a saúde é compreender que se
necessita ir além das garantias legais e da participação na governança para uma participação nas
politicas públicas. O Terceiro Setor - enquanto instrumento paraestatal que permite organizações civis
- surge como alternativa para fortalecer a autonomia do sujeito e da coletividade contrapondo
fragilidades estatais (Primeiro Setor) e interesses da iniciativa privada (Segundo Setor).
Objetivos
Correlacionar o conceito de Saúde e Ambiente a partir da evolução socioambiental nas instâncias
global, nacional e municipal em Aracaju/SE e refletir sobre seus impactos na cidadania em saúde.
Metodologia
Pesquisa de abordagem qualitativa, de finalidade exploratória a partir de levantamento bibliográfico.
Resultados
Ao compreender que o controle e a participação social são ferramentas que potencializam a cidadania
em saúde, é possível estabelecer a relação de que os grupos humanos precisam se apropriar dos
tabuleiros e por em xeque as perspectivas que não aprofundem iniquidades sociais. O caráter
exploratório deste trabalho permite inferir que a integração entre o desenvolvimento da cidadania e a
saúde deve ser uma confluência de setores sociais pautados na criação de novas agendas, nas quais
as deficiências sociais/estatais impulsionem sociabilidades, progressivamente, menos seletivas e
desvinculadas com o ambiente em se desenvolvem.
Palavras-chave: Saúde; cidadania; desenvolvimento.

580
Intervenções da Residência em Saúde Mental em um Caps AD: Uma experiência sobre
produção de estratégias de cuidado

Maria Cecília Gonçalves Brandão


Patrícia Oliveira Lira - Professora Adjunta da Universidade de Pernambuco

RESUMO
Este relato é fruto da experiência vivida na residência multiprofissional em Saúde Mental, enquanto
psicóloga, atuando em um Caps AD da Região Metropolitana do Recife, durante a pandemia de
COVID-19. Diante do desmonte das políticas públicas de saúde nos últimos anos, agravado pela
pandemia, houve importante impacto no funcionamento do CAPS AD e, consequentemente, o desafio
de reinventar suas práticas de cuidado. Nesse contexto, atuar enquanto residente exigiu o engajamento
na proposição de novas estratégias de ação, em parceria com as trabalhadoras do serviço e com o
programa de residência, promovendo intercâmbio de práticas e saberes entre essas instituições.
Dentre as estratégias desenvolvidas, destacam-se: discussões sobre os processos de trabalho do Caps
AD e a situação da rede de atenção psicossocial do município, mobilizando as trabalhadoras a
retomarem ações interrompidas nos primeiros meses da pandemia e propondo práticas de cuidado
para o serviço; realização de atividade de territorialização e diagnóstico da situação de saúde,
componente curricular do programa de residência, com objetivo de mapear dificuldades e
potencialidades do território, contribuindo para melhor elaboração de estratégias de cuidado;
realização de atividades terapêuticas e formativas com profissionais (agentes de apoio, redutores de
danos e auxiliares de serviços gerais) da Unidade de Acolhimento Adulto da cidade, como forma de
atender a demandas de seus moradores e das trabalhadoras do Caps AD.
Objeto do Relato
Intervenções realizadas durante a Residência Multiprofissional em Saúde Mental em um Caps AD.
Objetivos
Relatar o cotidiano de práticas profissionais em um Caps AD da Região Metropolitana do Recife a
partir do exercício da Residência Multiprofissional em Saúde Mental, durante a pandemia da COVID-
19, apontando as interferências micropolíticas operadas pela atividade da residência e apresentando
sua potência na produção de estratégias de cuidado.
Análise Crítica
A experiência da residência no Caps AD ampliou os olhares para os efeitos do desmonte das políticas
públicas, sentidos no enfraquecimento da potência criativa das trabalhadoras pela burocratização dos
processos de cuidado. Foi possível vivenciar o jogo entre formas de conservar ações já instituídas e
forças de inovação e experimentação de novas práticas. Somando-se a tais forças, a residência
contribuiu para a avaliação e reelaboração dos processos e das práticas já instituídas, colaborando
com o desenvolvimento de um serviço alinhado aos princípios de cuidado em liberdade e do respeito
às singularidades, em diálogo com o território e orientados pela estratégia de Redução de Danos.
Conclusões/Recomendações
A experiência aponta para a importância de desenvolver um olhar crítico e postura criativa sobre os
processos de trabalho do Caps AD, destacando as residências em saúde mental como potentes aliadas
para a produção de novas estratégias de cuidado, sendo fundamental o fortalecimento desses
programas.
Palavras-chave: saúde mental; Caps AD; residência multiprofissional.

581
Laboratório de Inclusão

Amanda Lívia Santos - Associação Saúde da Família


Lucas Gomes Bezerra - Universidade de Pernambuco
Valeriana de Jesus Santos - E.E. Tancredo Neves

RESUMO
O laboratório de inclusão iniciou em 2018 e está em curso até o momento com frequência semanal.
Objetivo do relato: Trata-se de um espaço aberto para as escolas da região e para toda a rede de
atenção psicossocial - RAPS da Capela do Socorro, com os profissionais do CAPS Infantojuvenil
Piração Capela do Socorro - na perspectiva de proporcionar diretamente aos educadores, espaço de
fala e capacitação sobre as questões pertinentes a seus alunos, as questões dos transtornos mentais e
uso abusivo de drogas, bem como indiretamente aos alunos (usuários), ganhos tanto na relação com
o outro quanto na dinâmica escolar. O Laboratório de Inclusão oferece para os professores e
educadores a possibilidade de troca com seus pares e com a equipe do CAPSij, o reconhecimento da
dificuldade na relação com as crianças e adolescentes com transtornos mentais ou não e uma posição
de implicação, uma posição ativa no processo da inclusão. Descrição da experiência: realizamos uma
intervenções coletivas no formato de rodas de conversa sobre diversos temas que atravessam
intersetorialmente a saúde mental e educação, proporcionando um espaço de construção coletiva de
dispositivos de cuidado que sustentam a lógica antimanicomial e promovam a inclusão. . Deste modo,
conclui-se que há uma angústia que atravessa os profissionais da educação que sentem déficits em
sua formação e que por falta de apoio dos saberes diversos restringem o acesso dos infantes usuários
de CAPSij no espaço escolar.
Objeto do Relato
Espaço de construção de cuidado entre Capsij e Educação e toda a RAPS.
Objetivos
o Laboratório de Inclusão oferece para os professores e educadores a possibilidade de troca com seus
pares e com a equipe do CAPSij, o reconhecimento da dificuldade na relação com as crianças e
adolescentes com transtornos mentais ou não e uma posição de implicação, uma posição ativa no
processo da inclusão.
Análise Crítica
Compreendendo a educação como um direito básico da infância e juventude e articulando com a
dinâmica social deste território, o laboratório de inclusão surge na perspectiva de acolher a demanda
educacional e ampliar o olhar sob uma perspectiva antimanicomial garantindo os seus direitos.
Conclusões/Recomendações
Sendo assim, com as discussões propostas pelo laboratório de inclusão percebe-se uma alteração
significativa onde facilita aos educadores o acesso a formação continuada e garante a inserção integral
das crianças e adolescentes usuárias do CAPSij no espaço da educação.
Palavras-chave: Saúde mental; infância; adolescência; educação; inclusão.

582
Levantamento bibliográfico sobre classes de Comportamentos Constituintes do Manejo de
Luto Infantil no contexto escolar

Maria Vitória Valoto - PUCPR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná


Gislayne de Souza Carvalho - PUCPR
João Victor Macedo de Oliveira - PUCPR

RESUMO
O luto é definido como um processo vivenciado em reação à uma perda, que se inicia quando uma
situação significativa cessa. Dadas as condições sanitárias no mundo desde o início de 2020, em
função da pandemia de Covid-19, a temática do luto infantil tornou-se ainda mais relevante e presente.
Isso porque a pandemia aumentou significativamente o número de mortes como consequência da
doença, expondo crianças a condições de mudanças drásticas e vulnerabilidade emocional. Neste
sentido, é importante a presença de pessoas sensíveis e receptivas dentro das escolas, como
professores e demais profissionais da educação, para que o risco de desenvolver problemas
significativos em relação à saúde mental nessas crianças seja minimizado, tornando temática do luto
infantil de extrema relevância.
Objetivos
Realizar um levantamento bibliográfico acerca de trabalhos disponíveis na literatura que abordam
comportamentos constituintes da classe manejar luto infantil em contexto escolar por parte de agente
escolares.
Metodologia
A metodologia do projeto baseou-se na definição de termos de pesquisa por meio de consulta a
plataforma Thesaurus. Foi realizada a seleção e recuperação de fontes de informação que abordam o
tema Luto e Educação pelo portal da CAPES, a partir da combinação de palavras-chave e critérios de
inclusão e exclusão. Após recuperar os arquivos pela análise de título, os mesmos tiveram seus
resumos lidos e passaram pela terceira análise de seleção que consistiu na leitura dos arquivos na
íntegra, destacando aqueles que se relacionam aos critérios previamente estabelecidos.
Resultados
A definição dos descritores utilizando o Thesaurus resultou em 12 palavras-chave que foram
combinadas entre si e utilizadas no portal de periódicos da CAPES: Child Grief; Children Grief; Child
Mourning; Children Mourning; Child Death; Grief Counseling; Partner Death; Separation Reactions;
Regret; Suffering; Traumatic Loss; e Behavior Analysis. A tradução literal para língua portuguesa das
palavras-chave foi feita para a busca na plataforma de teses e dissertações da CAPES. Utilizando as
palavras-chave na plataforma, foi possível recuperar 12 trabalhos pela leitura do título. Dentre os 12,
10 foram selecionados pela leitura dos resumos, sendo 6 deles artigos científicos (4 escritos na língua
inglesa e 2 em português); e 4 dissertações de mestrado. Os 10 arquivos foram lidos na íntegra e
apenas 1 correspondeu aos critérios de inclusão, apresentando componentes de comportamentos da
classe de manejar luto infantil. Dessa forma, a partir do levantamento bibliográfico realizado, é
possível concluir que há poucos estudos na literatura que evidenciem como o agente escolar pode
auxiliar no manejo de luto da criança dentro do contexto escolar, temática tão importante a ser
estudada.
Palavras-chave: Luto Infantil; Luto na escola; Manejo de Luto.

583
Loucura nas tramas da cidade: rumores de violência e caminhos da salvação

Lais Medeiros Amado - Caps


Danichi Mizoguchi - Professor Programa de Pós Graduação em Psicologia

RESUMO
A experiência como psicóloga em um CAPS localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro e responsável
por assistir regiões extremamente militarizadas da cidade, traz à tona, inúmeras questões que
atravessam a relação entre violência e loucura. A narrativa de que usuários de saúde mental estão em
risco e/ou ameaçados pelo tráfico de drogas tem se tornado frequente e gerado uma busca expressiva
pelas Comunidades Terapêuticas - CT's. Geralmente localizadas em regiões afastadas dos grandes
centros, fundamentadas em uma lógica de internação prolongada e de fácil acesso à população, as
CT's emergem no imaginário social como espaços de salvação frente aos riscos experimentados na
cidade. A diversidade de facções e/ou milícias que atuam no território em questão, com maior ou
menor grau de tolerância à loucura, práticas de castigo mais ou menos severas, modulam o trabalho
territorial dos serviços que não raro se veem convocados a agir diante de situações limites. As
demandas por internação e práticas de contenção ainda se fazem fortes. O cenário aponta para os
sentidos múltiplos e singulares da violência e indica a necessidade de discussão e invenção de novas
práticas de desinstitucionalização da loucura.
Objeto do Relato
Experiências vividas como profissional em um CAPS II situado na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Objetivos
Promover reflexões acerca da relação violência e loucura a partir da atuação dos Centros de Atenção
Psicossociais situados em territórios militarizados pela polícia e/ou tráfico de drogas na cidade do
Rio de Janeiro. Contribuir, assim, para construção e manutenção de práticas alinhadas a perspectiva
antimanicomial.
Análise Crítica
A relação entre violência e loucura, fruto de inúmeras reflexões ao longo dos últimos anos, é
frequentemente pensada a partir do hospício e suas diferentes expressões de violação de direitos.
Depois de 21 anos da lei 10.216 que redireciona o cuidado em saúde mental e da consolidação, cada
vez maior, dos CAPS como serviços centrais no processo da Reforma Psiquiátrica, os desafios são
muitos. A militarização crescente da cidade do Rio de Janeiro, expressa tanto pelo tráfico de drogas
quanto pela polícia, atravessa o cuidado territorial em saúde mental e incita a pensar novas formas de
produzir desinstitucionalização da loucura.
Conclusões/Recomendações
Cientes da complexidade e da necessidade de ampliação das discussões sobre a relação violência-
loucura nas cidades que sofrem processos de militarização, a experiência aqui relatada, se torna
pesquisa de doutorado, ainda iniciante, e quer contribuir para o campo de debates antimanicomiais.
Palavras-chave: Saúde mental; violência; território.

584
Marcadores raciais no atendimento a crianças e adolescentes vítimas e/ou testemunhas de
violência na zona sul da cidade de São Paulo

Edna Rosa Celes Luiz


Everton Borges Ribeiro - Organização Social Associação Comunitária Monte Azul (OS Monte
Azul).

RESUMO
Na cidade São Paulo, a Equipe Especializada no Atendimento a Crianças e Adolescentes Vítimas ou
Testemunhas de Violência (EVV) compõe a atenção secundária em Saúde, no atendimento a casos
graves dos Núcleos de Prevenção à Violência da rede do território, através da Secretaria Municipal
de Saúde. Esta equipe têm o objetivo de oferecer cuidado especializado, a pacientes que apresentam
sofrimento psíquico intenso e vulnerabilidade psicossocial, com prioridade aos casos de abuso sexual.
Se tratando da infância negra e o racismo, faz-se necessário a problematização e materialização deste
debate que intrinsecamente implica na relação com as múltiplas violências vividas pelas crianças e
adolescentes e os impactos quanto o contexto de vulnerabilidade e desenvolvimento seguro.
Objetivos
Apresentar os principais dados dos marcadores raciais presentes na atenção psicossocial de crianças
e adolescentes vítimas ou testemunhas de violências sexuais pela EEV na Região de M’Boi Mirim na
zona sul de São Paulo.
Perceber como marcadores raciais se interseccionam com outros marcadores sociais na
vulnerabilidade de crianças e adolescentes negras;
Metodologia
Esta pesquisa aprovada pelo CEP/SMS do Município de São Paulo, N° 5.4555.694, propôs uma
análise epidemiológica dos dados de 192 pacientes da Equipe Especializada, atendidos entre abril de
2019 à julho de 2021. Os dados foram extraídos de planilha Microsoft Excel própria, considerando
indicadores populacionais, econômicos e características da violência praticada. O indicador raça/cor
foi determinante para esta análise, seguindo as variações branco, indígena, amarelo, preta ou parda.
Sendo que, as variações pretas ou pardas, são entendidas como raça negra.
Resultados
Com base nos dados dos atendimentos, a maioria dos pacientes foram meninas, com 65%. Em relação
ao tipo de violência, 66% dos casos foram de violências sexuais. Na questão raça/cor, 70% foram
identificados como negras, entre estas vítimas negras, há 81% são meninas, sinalizando o marcador
racial como um agravante de gênero. Sendo dois pacientes de cor amarela, tendo ausência de
indígenas. No que tange a renda mensal familiar dos atendidos, há uma concentração de 52% que não
possuem renda ou tem renda até R$1.039, apontando a mulher como a principal responsável pelo
suporte financeiro, somando 67%. Revela ainda, que nas famílias, 39% são de pacientes negros. A
intersecção de marcadores raciais e sociais, como: gênero, classe social e geracionais, indicam
componentes de um racismo estrutural e da vulnerabilidade infância negra, especialmente as meninas,
expostas às violências sexuais. Impactando significante em sua identidade e subjetividade enquanto
sujeito em desenvolvimento. Assim, este estudo sustenta a importância de mais políticas públicas de
enfrentamento e prevenção a violência frente os impactos psicossociais na infância e adolescer.
Palavras-chave: Criança; adolescente; racismo; violência.

585
Matriciamento em ato: Uma experiência de produção de cuidado em saúde mental entre o
CAPS AD III Grajaú e UBS Varginha na Zona Sul de São Paulo

Isabelle Araujo Varvelo Soares - CAPS AD III GRAJAÚ


Thainara Costa Belmiro - NASF Jd. Varginha - Associação Saúde da Família
Antonio Laercio da Costa - UBS Jd. Varginha - Associação Saúde da Família
Eleoterio de Almeida Vaz - NASF Jd. Varginha - Associação Saúde da Família
Marcia Alves da Silva - CAPS AD III Grajaú - Associação Saúde da Família
Robson Mariano Machado - CAPS AD III Grajaú - Associação Saúde da Família
Dalliane Freitas da Silva - UBS Meninópolis - Associação Saúde da Família

RESUMO
O território Varginha se encontra no distrito do Grajaú. Com aproximadamente 26000 habitantes é
reconhecido na RAS pela alta complexidade e número de casos de pessoas com sofrimento psíquico,
pela distância geográfica até os CAPS e consequente barreira de acesso e pelo perfil de alta
vulnerabilidade socioeconômica somada ao grande número de casos de violência atendidos pela UBS.
Com a suspenção atendimentos coletivos presenciais a equipe do CAPS AD encontrou como forma
de dar continuidade às suas ações de cuidado em saúde mental e redução de danos a atuação no
próprio território em conjunto com as equipes Multi e da ESF. Os principais objetivos foram a garantia
de acesso a estratégias de cuidado em saúde mental durante a pandemia para a população, redução da
barreira de acesso geográfica para a atenção especializada, redução do estigma em torno do cuidado
em saúde mental para pessoas com uso prejudicial de álcool e outras drogas, além da capilarização
do saber da saúde mental através dos profissionais da atenção básica para atuação no território. A
aproximação que acontece semanalmente pelo CAPS no território proporcionou a interferência na
lógica de encaminhamento através do apoio matricial no ato do cuidar, já que o CAPS não trazia a
perspectiva de ditar condutas especializadas, assumir ou passar casos, mas sim de participar de uma
troca de saberes e aprendizados que proporcionassem a construção de alternativas de cuidado à
população do território de forma integral.
Objeto do Relato: Atuação compartilhada entre CAPS Álcool e Drogas Grajaú e NASF e UBS Jd.
Varginha (Zona Sul de São Paulo) desde abril de 2020 e em curso atualmente.
Objetivos: Experiência de atuação conjunta entre equipes da Estratégia Saúde da Família,
Multidisciplinar (atenção básica) e do CAPS AD como estratégia de garantia de acesso ao cuidado
em saúde mental sobre o princípio da integralidade frente barreiras impostas por um território
altamente vulnerável no período da pandemia de COVID-19 no estado de São Paulo.
Análise Crítica: Como resultado deste trabalho houve aumento de número de casos acompanhados
pelo CAPS (mesmo sem presença no espaço físico); a UBS realizou manejos e intervenções de crises
de usuários em sofrimento psíquico agudo com apoio remoto do CAPS; o CAPS passou a ser mais
acionado para o cuidado intensivo de casos agudizados através de avaliações qualificadas em saúde
mental; novos fluxos de rede foram desenhados (UBS > CAPS, ao invés de UBS > UPA); a UBS
ampliou o acompanhamento e cuidado clínico de usuários dos serviços de saúde mental; houve
diminuição de abandono de acompanhamento ou perda de contato com usuários acompanhados e
desenvolvimento de ações de saúde coletivas em praças públicas.
Conclusões/Recomendações: Em alguns meses de intervenção as articulações de rede se ampliaram
a outros serviços da saúde mental e da rede intersetorial, sob a ótica de uma rede de apoio viva de
sustentação do cuidado em saúde da população num momento de tamanha fragilidade, isolamento
social e privação de direitos.
Palavras-chave: Apoio Matricial; Saúde Mental; CAPS Álcool e Drogas; Atenção Básica; RAPS.

586
Matriciamento em saúde mental no município de Vitória/ES: potencialidades outras
possibilidades de produção de cuidado em saúde mental

Pedro Henrique Cunha Duque - Prefeitura Municipal de Vitória


Teresinha Cid Constantinidis - Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

RESUMO
O apoio matricial é um dispositivo assimilado pelo campo da saúde mental como estratégia de
fortalecimento das equipes da atenção básica no cuidado aos usuários com intenso sofrimento
psíquico e/ou transtornos mentais. Até junho de 2018, no município de Vitória/ES, o matriciamento
era realizado separadamente por cada CAPS de referência da equipe de atenção básica em questão
(adulto, infantojuvenil e álcool e outras drogas). A partir de então, o matriciamento passou a ser
organizado conjuntamente com os três CAPS de referência. Nesta pesquisa nos interessou discutir as
potencialidades desta prática conjunta, de modo a construir um cenário atual do apoio matricial no
município e contribuir para o fortalecimento deste arranjo organizacional na potencialização do
cuidado em saúde mental.
Objetivos
Descrever a atual configuração de organização das ações do matriciamento em saúde mental no
município e descrever, a partir da perspectiva de trabalhadores, as potencialidades da atual dinâmica;
compreender as repercussões na organização de trabalho no cuidado em saúde mental, decorrentes da
alteração realizada na organização do matriciamento.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada através de grupos focais online. Os participantes da pesquisa foram
trabalhadores de saúde que participam do matriciamento em saúde mental há, pelo menos, três anos,
e que participaram das ações de matriciamento antes da mudança de modelo ocorrido em 2018. Foram
realizados quatro sessões de grupos focais com contribuição de um total de 18 participantes de
diferentes categorias, tanto das UBS quanto dos CAPS. O material foi transcrito e analisado
utilizando-se a análise de conteúdo, sistematizando-se as potencialidades que emergiram durante as
discussões.
Resultados
Apreendeu-se que a mudança da organização do matriciamento associada a uma maior regularidade
nas reuniões contribuiu para ampliar o olhar das equipes da atenção básica sobre as questões
relacionadas ao sofrimento psíquico, aos familiares e território. Os trabalhadores associaram essa
mudança como um facilitador para a aproximação entre os serviços da rede, refletindo em um melhor
entendimento dos fluxos internos de trabalho dos diferentes serviços, além do encontro presencial
entre os trabalhadores com consequente fortalecimento de vínculo entre eles. A educação permanente
se deu por experiências de discussões de textos e artigos, assim como o próprio caráter pedagógico
de discussão de caso. Além disso, verificou-se o fortalecimento das discussões sobre as transições
entre as diferentes modalidades de CAPS com a corresponsabilização da UBS de referência do
território. O apoio matricial em saúde mental compartilha dos preceitos e é uma ferramenta da
Reforma psiquiátrica, na busca da superação do modelo psiquiátrico tradicional em direção ao
cuidado pautado pela lógica da atenção psicossocial e antimanicomial.
Palavras-chave: Atenção psicossocial; Matriciamento; Atenção básica; Apoio matricial; Saúde
mental.

587
Memória, Racialidades, Cidade: uma pesquisa psicanalítica com adolescentes de um CAPSij
em Santos/SP

Tahamy Louise Duarte Pereira - USP - Universidade de São Paulo


Roselene Ricachenevsky Gurski - Prof. Associada do Departamento de Psicanálise e
Psicopatologia do Instituto de Psicologia da UFRGS

RESUMO
O trabalho relata uma pesquisa de mestrado em andamento, que teve origem ao longo dos anos de
trabalho da autora na atenção psicossocial do município de Santos/SP, os últimos dois em CAPSij. A
circulação pelos diferentes territórios da cidade produziu questão sobre a desigualdade e suas
repercussões no sofrimento psíquico de pessoas que buscavam o serviço de saúde mental. Em
especial, destacamos o racismo e seus efeitos no que temos chamado de dimensão sociopolítica do
sofrimento psíquico (ROSA, 2016) destes adolescentes acompanhados pelo CAPSij. Que relação
haveria entre esses sofrimentos e o processo de apagamento da memória produzido pelas políticas de
branqueamento da população e da cultura (GONZALEZ, 1988)? De que forma a História da cidade
e as histórias singulares estão articuladas?
Objetivos
Considerando a escuta uma das ferramentas de trabalho mais importantes na atenção psicossocial e
apostando na potência da escuta do inconsciente como um dos modos de produção de
reposicionamento subjetivo, essa pesquisa tem por objetivo investigar que efeitos produz um
dispositivo de escuta psicanalítica que esteja articulado aos princípios da equidade e territorialidade
do SUS (BRASIL, 2014).
Metodologia
A metodologia são os métodos de investigação psicanalítica no campo social (ROSA, 2004; 2016;
GURSKI, 2019). Em específico, o dispositivo clínico-político da escuta-flânerie, que articula a
atenção flutuante freudiana com a noção de experiência em Walter Benjamin (GURSKI, 2019).
Formou-se um grupo com adolescentes acompanhadas por um CAPSij cuja proposta é a escuta-
flânerie nas ruas: ir a lugares de interesse na cidade para caminharmos sem rumo definido, trocando
impressões e sensações conforme surjam. Como ferramenta de registro a pesquisadora constrói um
diário de experiência (GURSKI, 2019).
Resultados
O grupo vem ocorrendo semanalmente e teve três encontros até esse momento. Até aqui nota-se que
tem sido um espaço de criação de laços entre as adolescentes e de escuta sobre o tema das racialidades:
as adolescentes falaram das composições miscigenadas de suas famílias, de experiências que
nomearam como de preconceito racial na escola, da decisão de alisar o cabelo e as reflexões sobre
isso. Apareceu também a relação de desconhecimento da cidade, pouco frequentada durante a
pandemia de COVID-19 e o grupo como um espaço para conhecê-la mais, inclusive vivendo novas
experiências e seus efeitos, como molhar os pés em uma grande poça d’água. A previsão é de
realizarmos até 12 encontros. Os dados produzidos serão analisados a partir de conceitos da teoria
psicanalítica, dentre eles a escuta e a transferência. Para discussão da experiência da pesquisa,
utilizaremos também textos benjaminianos e a noção de amefricanidade de Lélia Gonzalez (1988).
Palavras-chave: Psicanálise; Racialidades; Atenção Psicossocial; Adolescência; Memória.

588
Movimentos Sociais e Saúde: Fórum Local de Saúde e Saúde Mental - UniRio na pandemia de
covid-2019

Susidarley Fideles da Mota - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO


Raquel Cruz da Silva - Coordenação de Área de Planejamento em Saúde 2.1/SUBPAV/SMS-RJ
Felipe Amorim de Souza - Escola de Serviço Social - Unirio
Fernanda Isabela da Costa - Escola de Serviço Social - UNIRIO

RESUMO
O projeto de extensão adotou a modalidade remota e online em 2020, aproximando a universidade e
seu público-alvo em âmbito nacional. Nas reuniões presenciais era limitado o contato com os
protagonistas (usuárias/ usuários e familiares) do movimento da luta antimanicomial, outros
profissionais de saúde e educação, parlamentares, juristas, comprometidos com os princípios dos
Movimentos da Reforma Psiquiátrica e Reforma Sanitária. As rodas de conversa aconteceram por
meio de lives pelo youtube , via Google meet e OBS Studio , sem apoio técnico e material, marcadas
por improviso. Contou-se com a disponibilidade de aprendizagem no uso de ferramentas digitais
das/os membros do fórum, além da assessoria de experientes profissionais do campo da Saúde e
Saúde Mental. Entre 2020 e 2022 abordaram-se, mensalmente, os temas: ações em Saúde Mental
diante da Pandemia de COVID-19; coletivos: comunidade de fala e ouvidores de vozes; movimentos
populares de luta na Saúde Mental; extensão em Saúde Mental da UFRJ; música e luta; arte, cultura,
inclusão e crítica; ações do CVV e o setembro amarelo; Migração e Saúde Mental; protagonismo e
empoderamento das/ os usuários. Ainda, teremos fóruns alternados tratando dos temas da análise de
conjuntura, eleições e Saúde Mental; as conferências de Saúde Mental e seus dilemas; e a experiência
do Movimento Nacional de Usuárias/os da Luta Antimanicomial - MONULA: novos atores e o
cadastro nacional das associações e coletivos de usuários e familiares.
Objeto do Relato
desafios da modalidade remota/ online adotada pelo fórum em tempos de pandemia.
Objetivos
Analisar a relevância das tecnologias da informação e comunicação (TIC) aproximando a
universidade e os movimentos populares, representados pelos movimentos de usuárias/ usuários e
familiares da luta antimanicomial e seu protagonismo na contracorrente das tendências normativas e
políticas governamentais de privatização dos serviços públicos.
Análise Crítica
As novas modalidades de intervenção remota/ online impostas pela crise sanitária global ampliaram
o escopo e a criação de estratégias e alternativas ao modo presencial de reunião no campo da Saúde
e Saúde Mental graças ao desenvolvimento permanente e revolucionário das forças produtivas do
capital. Entretanto, trata-se de solução provisória que poderá ser acionada em momentos de
emergência. O contato humano e os conflitos, seja na universidade ou nas reuniões comunitárias, não
deixou de ser relevante, especialmente no campo da Saúde Mental.
Conclusões/Recomendações
A pandemia de COVID-19 nos desafiou a inovar no uso, não alienado, das tecnologias de informação
e comunicação. A vida social, eivada de discordâncias, nem sempre comporta consensos. Assim,
propõe-se adotar soluções que aproximem e promovam o protagonismo das/os usuárias/os de Saúde
Mental.
Palavras-chave: Movimentos populares; Pandemia; Protagonismo das/os usuárias/os.

589
Mulheres e drogas: sentidos produzidos por profissionais de um CAPS AD no interior da
Paraíba

Ramonyele Gomes Franklin - FAPESQ


Thelma Maria Grisi Velôso - Universidade Estadual da Paraíba

RESUMO
Embora a quantidade de mulheres que fazem uso nocivo de substâncias psicoativas seja menor que a
de homens, esse número está em crescimento e aponta para o aumento da necessidade de pensarmos
sobre o lugar que as mulheres ocupam nas políticas públicas de saúde destinadas ao cuidado de
pessoas que consomem álcool e outras drogas, como é o caso dos CAPS AD. Como o sofrimento
mental das mulheres usuárias desse serviço também é produto das desigualdades de gênero,
acreditamos ser fundamental uma abordagem que considere sua complexidade, com o fim de
reconhecê-la na dimensão psicossocial. Por esse motivo, ressaltamos nesta pesquisa a necessidade de
analisar como os profissionais do serviço posicionavam em suas práticas discursivas as mulheres que
consomem álcool e outras drogas.
Objetivos
A pesquisa aqui exposta faz parte de uma dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Estadual da Paraíba. Ela foi realizada em um
CAPS AD no estado da Paraíba e teve como objetivo principal analisar como os profissionais do
serviço posicionavam em suas práticas discursivas as mulheres que consomem álcool e outras drogas.
Metodologia
Como fundamentação teórico-metodológica, utilizou-se a proposta de estudo da produção de
sentidos, a partir da análise das práticas discursivas por meio do uso de mapas dialógicos. A pesquisa
caracterizou-se como de natureza aplicada, exploratória e descritiva, com abordagem qualitativa, da
qual participaram sete profissionais. Foi adotado como critério de inclusão: ter formação de nível
técnico ou superior, pois esses profissionais são diretamente responsáveis pelos cuidados no CAPS
AD. Para coleta de dados, utilizamos entrevistas semiestruturadas, com base no critério de
acessibilidade.
Resultados
Os sentidos produzidos pelos profissionais do CAPS AD sobre as mulheres que consomem drogas
giraram em torno de um eixo comum: as demandas cotidianas delegadas a elas. Apesar de ter havido
algumas rupturas, os sentidos quase sempre apontaram para o discurso hegemônico de gênero. Esses
posicionamentos convergiram em uma direção: as mulheres são fortes. No entanto, a face positiva
desse posicionamento esmaece ao longo dos relatos, sobretudo quando se trata das mulheres usuárias
do CAPS AD, e dá lugar a construções que apontam majoritariamente para as dificuldades e as
vulnerabilidades enfrentadas por elas. Além de serem posicionadas como mães e esposas que levaram
a vida se dedicando aos outros, essas mulheres também foram referidas como pessoas que têm um
histórico de sofrimento muito mais pesado do que o dos homens, porque carregam particularidades
de gênero em suas histórias, como, por exemplo, abuso sexual, desrespeito e preconceito. Isso posto,
as informações que obtivemos são relevantes socialmente porque podem embasar e contribuir para a
elaboração de políticas públicas e práticas de trabalho mais estratégicas e alinhadas às necessidades
das mulheres.
Palavras-chave: Mulheres; drogas; produção de sentidos; CAPS AD; práticas discursivas.

590
Mulheres nos manicômios judiciários: um olhar interseccional sobre o campo do crime-
loucura

Jaqueline Sério da Costa - UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro


Roberta Brasilino Barbosa - UFRJ

RESUMO
A década de 80 impulsionou radicais mudanças na atenção à saúde mental no Brasil, sobretudo
através das lutas dos movimentos sociais no que ficou conhecido como Reforma Psiquiátrica. Apesar
do avanço na criação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e do fechamento de diversos
manicômios, muito pouco se modificou na relação do crime com a loucura, fazendo com que os
manicômios judiciários permanecessem sob os mesmos moldes aos quais foram concebidos. Tais
instituições que operam na junção do asilamento manicomial com o punitivismo penal em muito se
assemelham às prisões, com sua maioria de homens negros internados. As mulheres ali presentes, em
menor número e sob os estigmas do crime e da loucura, ficam invisibilizadas, aumentando sua
vulnerabilidade e ratificando sua exclusão social.
Objetivos
O presente trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado em curso e discute como o gênero, a raça e
a classe atravessam o manicômio judiciário de modo a impor particularidades que reforçam a
exclusão das mulheres ali internadas.
Metodologia
Realizou-se uma revisão bibliográfica sobre a loucura e o cuidado em saúde mental no Brasil,
principalmente no que diz respeito a interlocução entre o crime e a loucura. A cartografia e a
interseccionalidade foram utilizadas como ferramentas para a análise desse material encontrado. A
cartografia permitiu a compreensão do manicômio judiciário como uma forma cujo arranjo de forças
se desdobra para muito além dele e, em composição, a interseccionalidade contribuiu na análise da
relação entre as forças enquanto cruzamentos que se multiplicam, sem se hierarquizar.
Resultados
A eugenia e a criminologia positivista tiveram forte influência nos primeiros passos da psiquiatria
brasileira, delineando sob parâmetros racistas e sexistas os moldes de normalidade e doença mental.
Cem anos depois da criação do primeiro manicômio judiciário da América Latina, a permanência de
um enorme contingente de pessoas negras e pobres nesses espaços nos aponta a contínua função dos
manicômios judiciários de gestão daqueles e daquelas tidos como indesejáveis sociais.
Nesses espaços, as mulheres correspondem a 4% da população que cumpre medidas de segurança de
internação. Em quantitativo consideravelmente menor do que os homens, elas estão invisibilizadas
pelas demandas de um sistema marcadamente masculino, além de terem sob si o espectro de
criminosas com o agravante da loucura, ratificando-as enquanto duplamente desviantes. O atual
cenário de subfinanciamento e desmonte da RAPS se reverbera no acirramento das políticas
manicomiais, corroborando para a extrema segregação e apagamento das mulheres nos manicômios
judiciários.
Palavras-chave: Medidas de segurança; interseccionalidade; Reforma Psiquiátrica; manicômio
judiciário.

591
Multidisciplinaridade e cuidados às famílias de usuários de psicoativos: relato de experiência

Cleiana Francisca Bezerra Mesquita - CRESS-PI


Antônio Tiago da Silva Souza - Universidade Federal do Piauí-PI
Victor Guilherme Pereira da Silva Marques - Faculdade do Piauí-PI
Ana Raquel da Silva Melo - Faculdade Christus do Piauí
Elizandra Ferreira Pires de Carvalho - Fundação Municipal de Saúde- Teresina Piauí
Malvina Thaís Pacheco Rodrigues - Universidade Federal do Piauí

RESUMO
O cuidado às famílias dos usuários de psicoativos ocorreu no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS),
em Elesbão Veloso-Piauí. Na perspectiva da clínica ampliada, as ações ocorreram, inicialmente, por
meio de oficinas temáticas objetivando o acolhimento e promoção de cuidados. Informações sobre
direitos, saúde mental, tratamento e psicofármacos foram abordados nesse momento inicial. Além
disso, os profissionais realizaram escuta qualificada, interconsulta e construção do projeto terapêutico
singular. No início da implementação das estratégias de cuidado foi encontrada resistência pelas
famílias. Havia dificuldades relacionadas à compreensão da importância da família em todo o
processo de cuidado bem como do entendimento de que as problemáticas que circundam as pessoas
que usam psicoativos envolvem diretamente os familiares, sendo estes fundamentais para
continuidade do tratamento e reinserção social. Aspectos relacionados à saúde mental dos familiares,
condições de risco e vulnerabilidade social também foram explanados.
Objeto do Relato
Práticas de cuidado de uma equipe multidisciplinar às famílias de usuários de psicoativos.
Objetivos
Relatar as práticas profissionais e as principais barreiras na promoção de cuidados pela equipe
multidisciplinar às famílias de usuários de psicoativos.
Análise Crítica
Preconceito e estigma permeiam a promoção de cuidados às pessoas que usam psicoativos pelos
profissionais da saúde mental, sendo um fator condicionante para adesão ao tratamento. Durante a
experiência, observou-se que os usuários de psicoativos na qual as famílias participaram das ações de
cuidados, constatou-se diminuição de recaídas e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
Situações como choro fácil, ideação suicida e sobrecarga por parte de familiares foram presenciadas
e/ou relatadas durante o acolhimento e escuta qualificada. Tal realidade reforça a necessidade de
propor estratégias de cuidado nos dispositivos da RAPS, a partir da compreensão da subjetividade
das pessoas.
Conclusões/Recomendações
As práticas realizadas pela equipe multidisciplinar permitiram processos dinâmicos para
compreensão sobre o desafio de cuidar das famílias de pessoas que usam psicoativos. A
implementação das estratégias de cuidado contribuiu para diálogos e articulações a fim de atender as
demandas das famílias.
Palavras-chave: Serviços de Saúde Mental; Família; Promoção da Saúde.

592
Na medida dos meus possíveis: Experiencia de atuação remota da Redução de Danos em um
CAPSad II

Sirlei Silva Barreto - UFBA - Universidade Federal da Bahia

RESUMO
Em março de 2020, com a notícia da chegada da pandemia da COVID-19 no Brasil, uma parte da
equipe do CAPSad II Gregório de Matos, que é o serviço que adota a estratégia de redução de danos
como princípio, precisou ser afastada e trabalhar de maneira remota, por serem grupo de risco. Por
conta disso, o desafio foi precisar adaptar de trabalho, já que a atuação da redução
de danos é, especialmente, está no território. Dessa forma, foi preciso criar novas estratégias de
promoção a saúde, como por exemplo, realizar atendimentos por telefone, com escuta e manejo de
crise, estimular o paciente ao cuidado a saúde e a aderência ao tratamento, discussão de projeto
terapêutico singular, articulação dos serviços da rede em prol do cuidado compartilhado social e
jurídico (matricialmente), encaminhamentos, orientações aos familiares de pacientes reuniões
técnicas e dentre outros.
Objeto do Relato
As estratégias de cuidado remoto pautadas na redução de danos na pandemia da COVID-19.
Objetivos
Descrever as práticas de cuidado da redução de danos em período de distanciamento social durante a
pandemia da COVID-19 num CAPSad II no município de Salvador/BA.
Análise Crítica
A redução de danos promove uma ampliação radical na clínica com usuários de drogas. Para a
construção da clínica ampliada da população tão vulnerável, usuária de álcool e outras drogas, vítima
do racismo, homofobia, do machismo, intolerância religiosa e outros preconceitos e com difícil acesso
ao SUS, que vivem em situação de vulnerabilidade que vive em situação de rua. Por fim, há uma
ampliação no vinculo terapêutico, da escuta clínica e das possibilidades de expressão e elaboração.
Conclusões/Recomendações
Dessa maneira, é importante ressaltar o trabalho da Redução de Danos na pandemia da COVID-19
juntamente a resinificação das próprias experiências como Mulher Preta, de 53 anos e redutora de
danos.
Palavras-chave: Redutor de Danos na Fundação.

593
Narrando a Vida: Desafios e Alegrias do processo

Rosangela Ferreira Nery - SMS


Neide da Silva Soares Nogueira - GPI - Sistema Único de Ensino
Douglas Monteiro de Oliveira - IPUB - UFRJ

RESUMO
Desisntitucionalizar precisa estar carregado de sociabilidade, de outras formas de ocupar a cidade, de
produção de sentido, de produção de vida, e não estamos falando de cura. O presente trabalho
pretende abordar os caminhos possíveis para a desinstitucionalização na vida dos usuários(as)
internados(as) por longos anos no manicômio, a partir da interlocução de vários atores. Possibilidades
que consideram o retorno à família, como o melhor cenário possível para o fim de vida de exclusão,
privação de liberdade e sofrimento, no espaço inóspito que é o hospício, e para tal, L. B é a
protagonista dessa narrativa, que perpassa os chãos frios do Centro Psiquiátrico Pedro II, Instituto de
Assistência à Saúde Juliano Moreira ( Núcleo Franco da Rocha), com retorno a cidade de Arapeí SP.
Trata-se de um relato de experiência mediante observação participante, realizada a partir do trabalho
de desinstitucionalização no Núcleo Franco da Rocha IMAS JM. Para tanto, se utiliza do recurso da
narrativa como metodologia de pesquisa, e em paralelo, perpassa pelos caminhos da loucura, saúde
mental, Reforma Psiquiátrica, entre outros conceitos.
Objeto do Relato
Efeitos catastróficos do processo de exclusão que a internação acarretou na vida da usuária.
Objetivos
Apresentar a potência do trabalho intersetorial; Refletir sobre a aposta na clínica dos afetos como
investimento principal ao fortalecimento dos vínculos rompidos por longo período de internação,
muitas vezes ultrapassando a geografia.
Análise Crítica
A desconstrução do manicômio é um processo tecido por muitas mãos (Luciana Cerqueira).
Desisntitucionalizar precisa estar carregado de sociabilidade, de outras formas de ocupar a cidade, de
produção de sentido, de produção de vida, e não estamos falando de cura. O trabalho proposto, atuou
como minimizador dos efeitos catastróficos do processo de exclusão e separação que a internação de
50 anos acarretou na vida da usuária, bem como, a retomada dos vínculos familiares que seguem
sendo reinventados e fortalecidos.
Conclusões/Recomendações
O desafio da superação do manicômio não está apenas em cerrar suas portas, como propõe a Reforma
Psiquiátrica, mas, ao se pretender desinstitucionalizar a clientela internada, é necessário um cuidado
e atenção especial, a fim de não produzir novas formas de exclusão, o fortalecimento da RAPS.
Palavras-chave: Reforma psiquiátrica; desinstitucionalização; serviços residências terapêuticos.

594
Narrativas de familiares de usuários de serviços de saúde mental sobre vivências nos tempos
da COVID-19

Bruna Smirne de Mattos


Carla Guanaes-Lorenzi - FFLCRP-USP

RESUMO
Na recente exploração científica das questões referentes à saúde mental na pandemia da COVID-19,
se fazem evidentes as transformações nos serviços de saúde e no cotidiano das famílias, de seus
usuários e dos profissionais da saúde. Tais diálogos recorrentes na intersecção entre saúde mental e
democracia nesse período convidam ao histórico olhar para o SUS e a constante organização pós
Reforma Psiquiátrica. No pós-reforma, esperava-se que o cuidado com a pessoa adoecida seria
compartilhado entre a família e o Estado, porém, não fica claro até que ponto essa corresponsabilidade
se efetiva no cotidiano. Oferecer escuta às famílias de usuários de serviços públicos de saúde mental
durante esse período, portanto, permite uma construção democrática das abordagens institucionais de
saúde mental
Objetivos
Construir narrativas com familiares de usuários dos serviços de saúde mental do SUS sobre as
vivências da família nos tempos da COVID-19; Explorar dificuldades e recursos nomeados por esses
familiares sobre a relação mantida no âmbito doméstico nesse período; Conhecer o contato que
mantiveram com os serviços de saúde durante esse tempo, identificando formas de apoio recebidas
Metodologia
Estamos realizando um estudo qualitativo pela metodologia narrativa a partir do referencial teórico
construcionista social. A pesquisa ainda está andamento, sendo que realizaremos, ao todo, 7 a 10
entrevistas abertas com familiares de usuários do CAPS II, CAPS III e Hospital-Dia, os quais passarão
por uma entrevista aberta narrativa sobre as vivências familiares durante a pandemia da COVID-19,
considerando as relações que estabeleceram com os serviços de saúde nesse período.
Resultados
Como resultados parciais, observou-se que as narrativas dos participantes organizavam-se a partir de
vivências de recursos e dificuldades a nível das relações com os serviços de saúde mental e o convívio
familiar anteriores e posteriores à pandemia, contando o que a COVID-19 transformou e o que se
conservou da mesma maneira. Os participantes relataram que puderam aproveitar os recursos
oferecidos pelos serviços de saúde, porém os limites estavam presentes e deixaram os familiares
desejosos pela retomada do funcionamento integral dos serviços. Conclui-se, ainda parcialmente, a
importância dos serviços de saúde mental na percepção dos familiares de seus usuários e reforça-se a
necessidade de constante valorização e reconstrução desses espaços, de modo a contribuir com o
processo contínuo da reforma psiquiátrica e da constante construção do Sistema Único de Saúde
brasileiro.
Palavras-chave: Família; Saúde Mental; COVID-19; Construcionismo Social; Pesquisa Narrativa.

595
NASF Tamoios e o Grupo de Mulheres: uma proposta de olhar integrativo no cuidado em
saúde

Maria Clara Barroso Mantel - Prefeitura de Cabo Frio

RESUMO
O presente trabalho busca compartilhar as experiências de cuidado na proposta do grupo terapêutico
de mulheres, espaço esse pensado junto à equipe mínima ESF Florestinha ao traçar perfis de cuidado
no território. A partir da escuta, vínculo e apoio mútuo visa-se a integração do cuidado partindo da
troca de experiências pessoais e fortalecimento individual a partir do acolhimento dentro do grupo. A
experiência busca tratar de maneira aprofundada temas de violências sofridas por mulheres, no perfil
do grupo em sua maioria mães e chefes de família, portadoras de doenças crônicas como diabetes,
hipertensão e diagnóstico de fibromialgia. Vinculado à isso, quadros de depressão, ansiedade e
sintomas de pânico. A experiência de vínculo do grupo proporciona encontros de escuta
quinzenalmente, promovendo integração entre as mulheres participantes e a mediação de duas
psicólogas e uma assistente social da equipe NASF. A mediação de profissionais das áreas de
especialidades vinculadas à promoção em saúde e cuidado de violências visa a ressignificação de
momentos traumáticos de violências já sofridas, atenção psicossocial e apoio em situações latentes
na vivência presente dessas mulheres.
Objeto do Relato
Mulheres jovens e adultas, a partir dos 18 anos, cobertas pela área da abrangência de atenção básica
da ESF Florestinha, que apresentem algum tipo de vulnerabilidade social e/ou sofrimento psíquico.
Objetivos
O objetivo do grupo é a criação de um espaço integrativo com mulheres para fortalecimento e criação
de redes de apoio e comunitárias com função terapêutica, usando a fala, a escuta e a troca de
experiências como ferramenta de empoderamento e acolhimento para a promoção de saúde.
Análise Crítica
O grupo promove rápida vinculação entre as mulheres, porém se faz de grande importância a
manutenção desses vínculos. Entendendo o contexto de níveis de sofrimento e sobrecarga que as
mulheres do grupo vivenciam, se faz necessário à prática dos profissionais que estimulem as mulheres
a organizarem sua rotina, entendendo suas necessidades prioritárias, para que sigam vinculadas aos
encontros do grupo. Através de comunicação estabelecida no grupo do WhatsApp, a maioria das
mulheres se comunicam entre si nesse espaço de integração e a equipe tem o espaço de comunicação
garantido por essa ferramenta.
Conclusões/Recomendações
O vínculo das usuárias inseridas com a equipe NASF aproxima as mulheres do acompanhamento
longitudinal. Para além do espaço de escuta e fortalecimento da rede de apoio, esbarramos no aspecto
da vulnerabilidade econômica dessas mulheres e a necessidade de espaços de geração de renda.
Palavras-chave: Grupo de mulheres; Integralidade; Formação de vínculos sociais; Atenção
Psicossocial; Território.

596
No meio da pandemia tinha uma pedra? Retrocessos para a população em situação de rua
durante a pandemia

Kíssila Teixeira Mendes - UFJF


Pedro Henrique Antunes da Costa - UnB

RESUMO
Analisamos as mudanças nas políticas de cuidado à população em situação de rua (PSR) com
necessidades decorrentes do consumo de drogas durante a pandemia. É uma pesquisa qualitativa nos
seguintes documentos estatais: Nota Técnica 13/2020; Portaria 64/2020; Resolução 40/2020; e
cartilha Atendimento e Acolhimento Emergencial à população em situação de rua no contexto da
pandemia da Covid-19 . Os resultados foram organizados em: fundamentos e horizontes do cuidado
à PSR; recrudescimento de segregação, manicomialização e mercantilização, classistas e racistas,
com centralidade das Comunidades Terapêuticas. Nem a pandemia freou o modus operandi
higienista-segregatório à PSR. Sob argumentos de se retirar pedras do caminho, retiraram sujeitos
(tornados objetos) enquanto obstáculos indesejáveis.
Objetivos
Analisar as principais mudanças nas políticas orientadas ao cuidado à população em situação de rua
(PSR) com necessidades decorrentes do consumo de drogas no Brasil durante a pandemia
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa documental nos seguintes aparatos estatais: Nota Técnica nº 13/2020;
Portaria nº 64/2020; Resolução nº 40/2020; e cartilha Atendimento e Acolhimento Emergencial à
população em situação de rua no contexto da pandemia da Covid-19 - Informações e Recomendações
. O recorte temporal foi de março de 2020 a fevereiro de 2022. O tratamento e análise dos dados foi
feito pela Análise de Conteúdo temática, com: pré-análise e leitura flutuante; exploração do material
e início da categorização; e tratamento e interpretação dos resultados.
Resultados
Se um dos lemas da pandemia foi "fique em casa", para aqueles(as) que não tinham casa, a solução
foi: seja jogado nos manicômios ou em covas, com o vírus "encarregado" das políticas higienistas;
um higienismo "natural". Por mais que nada disso tenha surgido com a pandemia, aproveita-se dela
para passar a boiada: nas especificidades do campo da saúde mental, álcool e outras drogas, para
fortalecer a remanicomialização e mercantilização do cuidado em álcool e outras drogas. Plasmado a
isso, nas especificidades da PSR, temos a sofisticação e o recrudescimento do higienismo e
segregação classistas e racistas. Tais retrocessos encontram-se circunscritos ao conjunto de
retrocessos nas políticas sociais, não ficando restritos a uma política setorial. No campo da saúde
mental, álcool e outras drogas, atrelam-se à Contrarreforma Psiquiátrica, na esteira de recentes
modificações no ordenamento político-legal de novas-velhas políticas antidrogas. Nesse interregno,
as Comunidade Terapêuticas apresentam-se como sínteses; uma amálgama da ascensão conservadora
e do fundamentalismo religioso, com a lógica asilar-manicomial segregatória, higienista e mercantil.
Palavras-chave: População em situação de rua; drogas; políticas; pandemia.

597
Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial - NATERA: Uma experiência de atuação
ministerial integrada e articulação interinstitucional no Acre

Allan Gabriel de Souza Silva - MPAC


Bruna Oliveira da Silva - Ministério Público do Estado do Acre
Leila Katria Alencar de Santana - Ministério Público do Estado do Acre
Fábio Fabrício Pereira da Silva - Ministério Público do Estado do Acre

RESUMO
Este trabalho discute acerca das experiências do Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial
NATERA, a partir das práticas e percepção de sua equipe multidisciplinar. O NATERA trata-se de
uma inovação do Ministério Público do Acre -MPAC, é uma resposta aos anseios da sociedade
acreana por um órgão do sistema de justiça especificamente voltado sobre as questões afetas aos
problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas. O NATERA foi criado no ano de 2013, numa
proposta de um atendimento inicial às demandas encaminhadas pela Coordenadoria Criminal do
MPAC e vem atuando fortemente no tripé indivíduo/família, contexto social, e substância. Um dos
conceitos mais importantes, que cotidianamente está presente nas práticas do NATERA é o de acesso
à justiça, desse modo problematizou-se sobre o que é ou qual o conceito de justiça que se busca
acessar. O NATERA, desde o ano de 2017, vem trabalhando suas ações na lógica de uma atuação
direcionada por projetos, para além dos atendimentos e acompanhamentos individuais, familiares e
coletivos. Os projetos e iniciativas organizados pelo NATERA consistem no Projeto Direito Achado
na Rua ; Projeto Diálogos Intersetoriais ; Projeto Síndrome Alcoólica Fetal ; Projeto NATERA na
Prevenção . Em 2019, buscou-se iniciar a escrita, do ponto de vista científico e acadêmico, das
experiências do núcleo, como exposto na presente experiência.
Objeto do Relato
Indivíduos afetados com o uso e abuso de álcool e drogas, vulnerabilidades sociais e saúde mental.
Objetivos
Discorrer acerca das experiências do Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial NATERA, a partir
das práticas e percepção de sua equipe multidisciplinar. Por intermédio da construção desse trabalho
dialógico, objetivou-se também a construção de novas discussões de temáticas sociais no âmbito do
pensamento crítico sociojurídico.
Análise Crítica
Pautado pelas ferramentas de planejamento da instituição e atento à realidade social na qual está, o
Natera busca ter uma experiência de atuação ministerial integrada e articulação intersetorial no Acre,
tal articulação contribui para que as instituições colaborem na construção de uma prática integrada e
elaboração do saber científico. O núcleo tem relevância social, visto que ocorre envolvimento de
crianças e adolescentes no crime organizado, uso abusivo de drogas e ameaças por facções criminosas
à usuários e suas famílias, grande número de pessoas com saúde mental comprometida decorrente do
uso de drogas, acabam ficando em situação de rua demandando assim uma forte atuação integrada.
Conclusões/Recomendações
Atuar, dentro do sistema de justiça, com situações envolvendo públicos vulneráveis que demandam
intervenções e articulações complexas e intersetoriais e ainda com uma estratégia que dialoga de
dentro para fora da instituição, com a sociedade e, fundamentalmente com usuários atendidos.
Palavras-chave: Dependência Química; Sistema de Justiça; Atuação Intersetorial.

598
O uso de substâncias psicoativas na vida e após ingresso na universidade entre acadêmicos da
área da saúde

Mariana Santos Freitas - UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso


Rosa Jacinto Volpato - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo - EE/USP, São Paulo,
Brasil
Rosa Maria Jacinto Volpato - USP - Universidade de São Paulo
Alisséia Guimarães Lemes - Universidade Federal de Mato Grosso
Elias Marcelino da Rocha - Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do
Araguaia - UFMT/CUA. Barra Do Garças, Mato Grosso, Brasil.
Margarita Antonia Villar Luis - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo

RESUMO
O ingresso na universidade, pode trazer uma gama de sentimentos intensos que podem impactar de
diversas formas o que propicia maior vulnerabilidade para o acadêmico. O ambiente universitário
muitas vezes predispõe a vivenciar de situações de risco como: violência, sexo desprotegido e o uso
de Substância Psicoativa (SPA). O uso abusivo de SPA é considerado um problema de saúde pública
que afeta todas as dimensões na vida dos usuários com consequências biopsicossociais, como a menor
capacidade de julgamento, relações interpessoais prejudicadas e o desenvolvimento de sofrimentos
psiquiátricos.
Objetivos
Identificar o uso de substâncias psicoativas na vida e após ingresso na universidade entre acadêmicos
da área da saúde.
Metodologia
Estudo transversal quantitativo, realizado no segundo semestre de 2021 com 132 universitários
matriculados nos cursos da área da saúde do Campus Universitário do Araguaia da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT/CUA) de Barra do Garças, Mato Grosso, Brasil. A coleta de dados
foi realizada por conveniência de forma online, por meio do auto preenchimento de um questionário
semi-estruturado contendo questões sociodemográficas, acadêmicas e sobre o uso de SPA. Os dados
foram analisados de forma descritiva. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFMT/CUA
sob parecer 4.526.452.
Resultados
Participaram do estudo 132 acadêmicos, pertencentes ao curso de Enfermagem (33%), Farmácia
(25%), Biomedicina (21%) e Educação física (21%); que cursaram em sua maioria os dois primeiros
semestres dos cursos (30%) e o 7º e 8º semestre (30%) em período integral (81%). Predominou
acadêmicos do sexo feminino (76%), com faixa etária entre 18 a 23 anos (67%), pardos (52%),
solteiros (85%). Com relação ao uso de SPA, 26,5% dos estudantes já consumiram algum tipo de SPA
na vida, com predomínio do primeiro consumo de drogas lícitas (álcool e/ou tabaco) antes dos 15
anos (29%) e de drogas ilícitas antes dos 18 anos (21%). Após o ingresso na universidade houve o
início do uso de tabaco (7,6%), maconha (6,1%) e cocaína (1,5%); houve aumento no consumo de
hipnóticos e sedativos (3,0%), opioides (0,8%) e medicamentos controlados/psicotrópicos (6,8%);
manteve-se o mesmo nível do uso de álcool (32,6%) e crack (0,8%); ou cessaram o uso de
anfetamina/ecstasy (2,3%), inalantes (3,8%) e alucinógenas (3,0%). Os resultados apontam a
necessidade de se desenvolver na universidade estratégias voltadas à prevenção, promoção e
reabilitação no que diz respeito ao consumo de SPA entre a comunidade acadêmica.
Palavras-chave: Área da saúde; Estudante; Substâncias Psicoativas.

599
O Acesso aos Serviços de Saúde por Travestis e Mulheres Transexuais

Gabriela Barra Moreira


Karen Roberta Steagall Bigatto - Centro Universitário Adventista de São Paulo-UNASP
Sarah Guimarães Pará - Centro Universitário Adventista de São Paulo - UNASPio

RESUMO
Conhecido como ‘Público T’, este grupo abrange travestis, transgêneros e transexuais. É uma minoria
pouco levada em questão nas rotinas dos serviços de saúde. Essa é uma população que, dadas as suas
características específicas e vulnerabilidades, enfrenta dificuldades como preconceito e discriminação
no seu dia a dia, e pode também enfrentar dificuldades no acesso aos serviços de saúde e na garantia
do exercício dos seus direitos como cidadãs. Segundo o artigo 196 da Constituição Federal Brasileira,
a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é focar no ponto de vista desse grupo frente ao serviço que recebe como
usuárias do SUS, baseado em suas opiniões e referências teóricas já existentes.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa mista (qualiquantitativa), realizada junto a mulheres transexuais e travestis,
residentes de uma casa de acolhida especial de uma Organização não governamental (ONG), ou que
tinham algum tipo de relação com as moradoras do local, que utilizavam ou já haviam utilizado os
serviços de saúde do SUS. A residência situa-se na cidade de São Paulo, Brasil.
O instrumento de pesquisa foi um questionário contendo 17 questões, das quais dez são perguntas
fechadas e sete questões abertas. O questionário foi aplicado presencialmente, com a utilização da
ferramenta Google forms.
Resultados
Constatou-se que 93,8% das entrevistadas trabalham informalmente. Quando perguntadas sobre os
trabalhos formais, muitas relataram que não possuem educação formal, cursos ou qualificações que
ajudem no ingresso ao mercado de trabalho, então, veem a prostituição como alternativa. Mesmo não
sendo maioria, uma porcentagem considerável das participantes (43,8%) não entende alguns termos
técnicos utilizados na hora da consulta e 56,3% não tiveram suas dúvidas respondidas durante a
consulta com profissional de saúde. Entre as participantes, 62,5% se sentiram acolhidas pelos
profissionais de saúde que as atendem. Apesar do bom acolhimento pela maioria das entrevistadas,
56,2% revelam que já sofreram preconceito nos estabelecimentos de saúde. Relatam também que seus
nomes sociais e/ou os pronomes femininos não foram respeitados (50,4%).
Percebeu-se a partir dos dados obtidos nesta pesquisa que ainda existem pessoas desse público que
se sentem segregadas, como é mostrado nos dados (50,4%) ao procurarem estabelecimentos de saúde.
Palavras-chave: Mulheres transexuais; Travestis; Sistema Único de Saúde (SUS).

600
O Acolhimento como Estratégia de Cuidado a Pessoa com Ideação Suicida no CAPS II

Joelma do Socorro Lima Bezerra - CAPS II Abaetetuba


Rachel de Siqueira Dias - Coordenadora de Saúde Mental de Abaetetuba/PA
Ângela Maria Rodrigues Caripuna - CAPS II Abaetetuba/ PA

RESUMO
O acolhimento é a porta de entrada no serviço do CAPS II. É um dispositivo que possibilita a
construção de vínculos com os usuários e prática de cuidado. Durante o acolhimento o profissional
identifica as demandas das pessoas que buscam o serviço para receber atendimento. No CAPS II de
Abaetetuba o acolhimento acontecem de segunda às sextas-feiras, nos turnos da manhã e da tarde. Os
usuários são recepcionados e encaminhados para o técnico responsável pelo acolhimento no dia.
Atende-se crianças a partir dos 5 anos de idade, adolescentes e adultos. O CAPS II atende demanda
de sofrimento mental grave e persistente, porém o acolhimento, como porta aberta do serviço, atende
todas as demandas e faz os encaminhamentos, inclusive para outros serviços do município, quando
necessário. O acolhimento privilegia a escuta qualificada imediata, pois atende o usuário no momento
que busca o CAPS e acolhe o sofrimento apresentado. A partir da identificação das demandas, as
pessoas recebem as orientações e são direcionadas para as terapias e/ou consultas com os profissionais
do serviço. Dentre as demandas que o CAPS II recebe, além das demandas de doença mental, acolhe-
se situações de tentativa de suicídio ou ideação suicida. Nestes casos, são prioridade tanto no
Acolhimento quanto nas consultas com os profissionais, como uma estratégia de cuidado e vinculação
entre os profissionais e usuários.
Objeto do Relato
O acolhimento aos usuários do CAPS II como estratégia de cuidado e prevenção ao suicídio
Objetivos
Abordar o acolhimento enquanto modalidade de escuta qualificada das demandas dos usuários, no
momento que buscam o serviço do Centro de Atenção Psicossocial- CAPS II.
Análise Crítica
A partir da escuta qualificada, o profissional tem a possibilidade de estabelecer um vínculo com as
pessoas que procuram o CAPS. Neste sentido, o sofrimento recebe atenção e estabelece-se o contrato
terapêutico com os pacientes. Os usuários com ideação ou tentativa de suicídio são considerados
demandas urgentes de atendimento no CAPS II, onde são priorizadas as terapias que cada um
necessita, especialmente o atendimento médico e psicológico. Os atendimentos psicológicos são
ofertados a este público de modo imediato. Os retornos são agendados com menor intervalo possível,
para que os usuários recebem acompanhamento sistemático, por um período, enquanto estiverem
presentes a ideação suicida.
Conclusões/Recomendações
O acolhimento como dispositivo de escuta qualificada aos usuários com ideação suicida, possibilita
a escuta do sofrimento e a identificação das necessidades de cada pessoa que busca o serviço. Logo,
é uma estratégia de cuidado as pessoas em sofrimento intenso e que necessitam atenção.
Palavras-chave: Acolhimento; Prevenção ao Suicídio; CAPS II; Prática de Cuidado.

601
O Aumento da Inclusão Digital da População Idosa Durante a Pandemia De Covid-19: Uma
Revisão Integrativa

Isabel Chiara Batista do Nascimento


Maria Eduarda dos Santos Cordeiro - Centro Universitário do Distrito Federal - UDF
Camila Patricio Lopes - Centro Universitário do Distrito Federal - UDF
Andressa Fernandes Gonçalves - Centro Universitário do Distrito Federal - UDF
Albênica Paulino dos Santos Bontempo - Centro Universitário do Distrito Federal - UDF

RESUMO
A pandemia de COVID-19 fez com que diversas medidas de restrição fossem tomadas visando a
prevenção da contaminação pelo vírus, tais ações levaram ao isolamento social dos cidadãos,
principalmente dos idosos que representam o grupo de risco. Vale ressaltar que a nova dinâmica
impactou negativamente a rotina e o bem-estar das pessoas idosas. Diante deste cenário, a maneira
encontrada para diminuir a distância e interagir com as outras pessoas foi por meio das tecnologias.
Este cenário ocasionou um aumento no uso de recursos tecnológicos por parte dos idosos e
possibilitou a integração deste público no mundo digital.
Objetivos
A pesquisa busca investigar o processo de inclusão digital das pessoas idosas no período da pandemia
e verificar os fatores que contribuíram para a inserção tecnológica deste grupo.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada por meio das bases de dados Scientific
Electronic Library Online (SciELO) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), por intermédio dos seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeSC): Inclusão digital ,
idoso , isolamento social , tecnologia , pandemia . Combinados entre si pelo operador booleano AND.
A partir da busca inicial foram encontrados 1270 estudos nas bases selecionadas e após aplicar os
critérios de elegibilidade, foram selecionados 15 estudos para compilação dos resultados.
Resultados
Verificou-se que houve um aumento da inclusão digital da população idosa durante a pandemia por
COVID-19. Estas pessoas possuem interesse e procuram fazer parte do ambiente tecnológico, mas
encontram dificuldades na implementação das tecnologias, são elas: alto custo dos dispositivos, baixa
escolaridade, falta de orientação dos familiares e cuidadores. Apesar dos obstáculos, este grupo é
capaz de adquirir habilidades para operar os aparelhos. As tecnologias proporcionam a autonomia e
individualidade da pessoa idosa, resultam em benefícios cognitivos e auxiliam na saúde física por
meio dos videogames ativos.
Para a inserção dos idosos no mundo digital, é necessária a redução dos custos dos dispositivos e do
serviço de internet, elaboração de cursos que conheçam o perfil e a realidade dos sujeitos. É
fundamental que os cursos utilizem métodos adaptados para o público, contenham instruções sobre
os cuidados físicos e psíquicos que os idosos devem ter ao manusear os aparelhos. Por fim, ressalta-
se a importância de pesquisas referentes à temática em questão, a fim de analisar com níveis de
evidência mais elevados acerca da inclusão digital das pessoas idosas durante a pandemia.
Palavras-chave: Inclusão digital; Idoso; Isolamento social.

602
O corpo com danças e abordagem somática como estratégia para reduzir danos

Marcella de Oliveira - Fundação do ABC

RESUMO
Trata-se de um processo artístico-pedagógico constituído por oficinas de danças com abordagem
somática em uma cena de uso de substâncias psicoativas na Vila Maria, situada na zona norte da
cidade de São Paulo, realizado em parceria com profissionais de uma unidade de CAPS AD da região.
Iniciada em julho de 2021, a proposta despontou com minha aproximação às pessoas presentes no
território para, após um mês, anunciar a possibilidade das oficinas e discutir com tal população o
interesse, assim como a relevância da ideia para ela. Explicitado o interesse das pessoas, as oficinas
aconteceram entre julho e meados de novembro. Em cada encontro havia um momento de chegada
ao local, constatando as especificidades do dia, para, posteriormente, propor a prática corporal, já
considerando as necessidades principais que pudessem ser atendidos com o recurso metodológico.
As danças com abordagem somática estudam o corpo em movimento a partir do referencial anatômico
e do reconhecimento das potencialidades de cada pessoa, valorizando-a e fomentando a autonomia.
As explorações são pautadas em movimentações cotidianas, portanto não há restrições, ou seja,
qualquer corpo pode fazer. A hipótese central é o corpo (KATZ E GREINER), com as informações
da metodologia de danças com abordagem somática, como uma estratégia para reduzir danos
associados ao uso de drogas, por conta do aguçamento sensorial, do reconhecimento das percepções
e de recursos para recrutar qualidade intencional de atenção.
Objeto do Relato
Oficinas de danças com abordagem somática para pessoas em situação de rua em cena de uso de
drogas.
Objetivos
Os objetivos principais são: 1- realizar propostas que contribuam para a autonomia das pessoas na
criação de estratégias para reduzir danos atrelados ao uso de drogas ou outros; 2- propiciar
aguçamento sensorial e percepção do corpo em movimento, para reconhecimento dos estados
corporais do presente e dos efeitos das substâncias no corpo.
Análise Crítica
Quando as danças com abordagem somática sensibilizam as pessoas como prática de afeto em
criação, a redução de danos vê o corpo no tempo e no espaço, em fluxo de transformações espiraladas
pela comunicação entre as informações, segundo Antonio Nery Filho (2021). Com esta lente, a
complexidade dos processos psicossociais e dos estados corporais é levada em conta, porém a maioria
das informações que precisariam ser acolhidas passam desapercebidas e continuarão passando,
porque são muitas as informações em movimento que constituem o corpo e o ambiente. Um jeito de
ampliar as possibilidades para ver, intuir ou sentir o que acontece nos corpos, talvez seja a
sensibilização ao afeto, à empatia.
Conclusões/Recomendações
Quatro tópicos mapeiam pontos para serem esmiuçados em futuras intervenções: a atenção à dinâmica
das e as palavras enunciadas nas instruções orais das práticas dirigidas a pessoas sob efeito de drogas,
a noção de tempo da rua, o entendimento popular sobre dança e a frequência semanal dos encontros.
Palavras-chave: Danças com abordagem somática; corpo; redução de danos.

603
O cuidado com a saúde mental no acompanhamento as pessoas com IST’s

Izolda de Araujo Dias - Secretaria Municipal de Saúde de Maceió

RESUMO
A presente experiência do processo de trabalho se torna um meio de reflexão sobre os cuidados que
os serviços especializados precisam ter para com os seus usuários. Junto com todas as questões que
são relativas ao tratamento de HIV/AIDS, aproximadamente 70% dos pacientes relata ao menos sinais
de episódios depressivos (com ou sem o desencadeamento do transtorno) e 40% de sinais de
ansiedade (com ou sem o desencadeamento do transtorno). Uma boa porcentagem deles (50% em
pacientes que apresentaram episódios depressivos e 20% que apresentaram episódios ansiosos)
conseguiram reorganizar suas vidas utilizando como índice aconselhamento e uso de pelo menos 04
sessões com profissionais da Psicologia, os demais precisaram de mais sessões, em um intervalo de
5 a 10 sessões. Apenas 2% dos pacientes que apresentaram quadro depressivo e 5% dos que
apresentaram quadro ansioso passaram de 11 sessões. Nenhum deles evoluiu para mais que 20
sessões. Uma parcela significativa (25% dos depressivos e 18% dos ansiosos) necessitou de ajustes
psiquiátricos (medicamentosos), sejam eles modificação dos compostos usados anteriormente ou
mudança das doses utilizadas. Nenhum deles recorreu a serviços de internação psiquiátrica.
Objeto do Relato
Pacientes do Bloco I do PAM Salgadinho
Objetivos
Mapear a incidência de transtornos depressivos e de ansiedade em pacientes do Bloco I do PAM
Salgadinho, atendidos em decorrência de apresentarem quadros de patologias associadas à
contaminação por IST’s, especificamente HIV/AIDS no período de 2021 a 2022 pelo setor de
Testagem e Aconselhamento do setor supracitado.
Análise Crítica
A pandemia do COVID-19, em seu período de isolamento social se mostra um catalisador de questões
de saúde mental, ampliando o sofrimento humano e permitindo que quadros estáveis de tratamento
passassem para estágios pré-tratamento, com a acentuação de sintomas e complicações de fatores
ambientais, emocionais e cognitivos, com isso, pode-se verificar que pacientes que se encontravam
estáveis, em seu tratamento relacionado as doenças sexualmente transmissíveis, passaram a sofrer
alterações em seu quadro psíquico, que, por muitas vezes, já estão abalados pelo diagnóstico da
doença.
Conclusões/Recomendações
O cuidado efetivo é essencial em todos os seguimentos, uma vez que essas pessoas já estão
vulneráveis e a atenção com a saúde mental abrange um processo que fortalece esse indivíduo e o seu
bem-estar, é primordial que os serviços atuem de forma humanizada e um olhar singular para cada
indivíduo.
Palavras-chave: Saúde mental; Assistência a saúde; Serviços especializados.

604
O cuidado em Saúde Mental no território - o que dizem as terapeutas ocupacionais que atuam
na Atenção Primária à Saúde no município do Rio de Janeiro

Naila Pereira Souza - IFRJ - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de
Janeiro
João gabriel Trajano Dantas - UECE
Bruno Costa Poltronieri - IFRJ
Claudia Laís Teixeira Alves - IFRJ
Yona Magalhães de Paiva - IFRJ

RESUMO
A Atenção Primária à Saúde (APS) constrói uma relação próxima com o território em que se encontra,
mostra-se sensível aos problemas psicossociais que atravessam o cotidiano das pessoas. É
considerada a melhor estratégia para coordenação das diferentes redes de atenção à saúde e do
cuidado, dado sua proximidade com o território das pessoas. Nesse contexto, os terapeutas
ocupacionais (TO’s), profissionais cruciais no trabalho da APS, podem colaborar com ações que agem
nos problemas psicossociais, atuando na melhoria da qualidade de vida, ampliando as possibilidades
de participação social, atuando na garantia de direitos e nas possibilidades alternativas de geração de
trabalho e renda aos sujeitos que apresentam rupturas em seu cotidiano, para que se mantenham
atuantes em seus territórios.
Objetivos
Investigar de que forma tem se dado a atuação do terapeuta ocupacional na APS no município do Rio
de Janeiro no que se refere ao cuidado em saúde mental; Analisar quais as principais demandas
recebidas por esses profissionais nos seus locais de trabalho.
Metodologia
Pesquisa descritiva transversal de abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada em 5 etapas: 1.
Mapeamento dos terapeutas ocupacionais atuantes na APS via CNES; 2. Verificação juntos as CAP
sobre a presença de TO’s nos serviços; 3. Envio de um questionário online aos que aceitaram
participar da pesquisa; 4. Realização de entrevista semiestruturada; 5. Transcrição e análise das
entrevistas. Foi utilizado o software Iramuteq para auxiliar na categorização dos dados obtidos, estes
foram analisados conforme proposto por Bardin. Este estudo foi aprovado pelo CEP do IFRJ com o
parecer 2.900.209.
Resultados
Durante a leitura exaustiva do corpus textual, identificou-se a violência no território e o desmonte da
APS como interferências centrais na produção do cuidado em saúde mental. O principal desafio,
elencado pelas participantes, foi a desigualdade social e o impacto deste fenômeno na saúde, em
especial na condição psicossocial, da população. As principais demandas relatadas, no contexto da
saúde mental, foram os casos de transtorno de ansiedade, quadros depressivos e de pânico. Aspectos
que reforçam a relação entre as queixas relacionadas a saúde mental com a violência no território. O
alto índice de violência urbana traz diversos processos de luto e adoecimento, acarretando diversas
questões de saúde mental e emocional. Neste contexto, faz-se necessário compreender a
complexidade da violência urbana deflagradas nos territórios. Sendo assim, reiteramos a defesa
radical de consolidação do SUS e da APS, e o comprometimento para encarar seu sucateamento e seu
desmonte e, nesta resistência, reafirmamos o compromisso ético e político de terapeutas ocupacionais
na redução das iniquidades em saúde e na expansão da oferta de cuidado, na garantia de direitos e
dignidade aos usuários.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Assistência à Saúde Mental; Terapia Ocupacional.

605
O enclausuramento da palavra

Camila Melissa de Souza - CRP

RESUMO
Trata-se de uma pesquisa realizada no campo clínico, com uma jovem negra africana que após sofrer
múltiplas violências físicas e psíquicas, procura tratamento psicológico. Durante o percurso analítico
esbarra em questões nunca antes faladas e pensadas e, percebe que é através da fala que pode alcançar
a "cura", ou seja, restabelecer sua capacidade de trabalhar, estudar e amar. O texto trás questões acerca
dos efeitos psíquicos do racismo, da misoginia, da intolerância religiosa, da imigração e da imposição
social ao silenciamento feminino. Especificamente, atentando para os mecanismos psíquicos de
converter sofrimento mental em sofrimento/dor físico(a), expondo as vicissitudes dos sintomas, suas
consequências na vida amorosa, familiar e social.
Objetivos
Essa pesquisa busca apresentar os efeitos psíquicos de vivências sociais causadoras de sofrimento
mental, como o racismo, a intolerância religiosa, violências sexuais, dinâmicas familiares perversas
e a repressão sexual da mulher. A pesquisa apresenta os mecanismos psíquicos existentes, que atuam
como mecanismos de sobrevivência e resistência, através de uma leitura psicanalítica do caso clínico.
Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida através de escuta clínica, por um período de 1 ano e 6 meses com a
mesma paciente. Foi utilizado método de pesquisa qualitativa, utilizando a abordagem psicanalítica
na escuta, no levantamento de dados e na análise dos dados coletados. A pesquisa foi feita por duas
participantes, pela psicóloga e com a paciente. Foi utilizado análise de dados descritiva e diagnóstica
para a pesquisa e a elaboração do trabalho escrito.
Resultados
Concluiu-se que o enclausuramento da palavra, ou seja, a impossibilidade de anunciar o que sente
causa adoecimento físico e psíquico. Foi possível presenciar os resultados do silenciamento forçado
e as maneiras como o psiquismo humano se desenvolve em direção a sobrevivência, mesmo que essas
maneiras sejam as mais penosas e de difícil conciliação com a vida social. A pesquisa mostrou o que
a técnica da Psicanálise vem evidenciando há anos, mostrou que os sintomas são carregados de carga
afetiva e simbólicas e que, os traumas não aceitam o silenciamento. O caso provou que o
silenciamento pode parecer obter sucesso pela via da fala, mas que o corpo também anuncia e fala
por si só sobre suas profundas dores psíquicas, através do que chamamos conversão. Foi demonstrado
que a história da África resiste em solo brasileiro como forma de resistência e como possibilidade de
pertencimento. Concluiu-se que é através da possibilidade de nomeação do mal estar psíquico que o
mesmo perde força e abre novas possibilidades de existência.
Palavras-chave: Sofrimento psíquico; racismo; repressão.

606
O Fazer de uma Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde: Por uma Formação Participativa e
Engajada

Raul Fagundes Valério


Natália Fundador Mariano - Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE
Lucas Bondezan Alvares - Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE
Carolina Cavalheiro Pereira Martins - Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE

RESUMO
A Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde (LAPS) está presente em uma Universidade no oeste do
estado de São Paulo, o município de porte médio compõe um território importante para a região e foi
palco de importantes transformações em saúde mental, como o processo de desinstitucionalização
que segue sendo um desafio, a integração de moradores dos Serviços Residenciais Terapêuticos pauta
recorrente e a formação de profissionais conscientes uma meta. Nesse contexto, pensar a formação
de Psicólogos na maior universidade particular da região, em que contexto estes são inseridos e como
se dá o ensino no contexto da saúde, são objetos centrais no planejamento de uma educação integral,
contínua e implicada com o social. A ferramenta encontrada para lidar com estes elementos foi
formato de Liga Acadêmica, entendido aqui como movimento estudantil pautado em um tripé
composto por ensino, extensão e pesquisa. Os atores envolvidos são estudantes de graduação do curso
de Psicologia e o público alvo são alunos dos cursos de graduação da universidade em questão. Para
que os objetivos da LAPS sejam alcançados, organizam-se atividades com periodicidade pré-
determinada, os temas de interesse dos ligantes são levantados e o planejamento dos encontros é
traçado desta maneira. Destaca-se aqui que atividades fora do calendário pré-determinado também
são desenvolvidas, muitas vezes a comunidade e a rede são alvos de intervenções.
Objeto do Relato
O fazer de uma Liga Acadêmica de Psicologia da Saúde em direção a uma formação participativa.
Objetivos
O presente relato tem como objetivo descrever elementos cotidianos da organização estudantil em
uma liga acadêmica, aspectos teórico-práticos, atividades realizadas, desafios e questões enfrentadas
no percurso serão destacados com a finalidade de compreender o papel dos atores envolvidos.
Análise Crítica
Compreendendo o objetivo de ter um conhecimento teórico e prático mais aprofundado, a fim de
proporcionar uma postura crítica da atuação da psicologia no âmbito da saúde, adota-se a
multidisciplinaridade, fator esse que tem como propósito a integralidade do sujeito e a importância
da relação com outros saberes. Deste modo, a liga acadêmica assume uma participação social, em
virtude do objetivo de desencadear conhecimentos e práticas humanizantes com a intenção de atribuir
caráter crítico ainda na formação dos estudantes para a promoção, proteção e recuperação da saúde,
contrapondo lógicas verticais e de fragmentação do cuidado.
Conclusões/Recomendações
Dada as conjunturas descritas, entende-se a liga acadêmica como organização estudantil que visa a
construção de um espaço potente para a formação dos estudantes, visto que pautas acerca do campo
da saúde e suas multideterminações orientam as discussões, palestras e simpósios organizados pela
LAPS.
Palavras-chave: Liga Acadêmica; Ensino; Luta antimanicomial; Pesquisa; Saúde.

607
O GRAPsi, Grupo Reflexivo de Apoio Psicológico, numa clínica escola: prática de cuidado em
saúde mental

Fábio Uria Malveis - Centro Universitário Ibmr


Melissa de Oliveira Pereira - Centro Universitário IBMR

RESUMO
O GRAPSI - Grupo Reflexivo de Apoio Psicológico - constitui-se em um estágio específico em
atenção psicossocial e grupos reflexivos, na modalidade de psicoterapia breve, proporcionado aos
alunos de psicologia. Originalmente pensado como uma prática de cuidado voltada aos profissionais
de saúde durante a pandemia da COVID 19, foi implementado no SPA do Centro Universitário IBMR
no 1º semestre de 2021. Neste percurso, a abordagem se ampliou, originando grupos voltados para
professores da educação básica, pessoas enlutadas, maternidades atípicas, mães universitárias, além
de grupos com temática livre, ou seja, aberto a todas as pessoas interessadas em um compartilhamento
grupal de experiências. O GRAPsi proporcionou aos alunos experienciarem desde o estabelecimento
das temáticas dos grupos, divulgação, entrevistas e seleção de inscritos, gestão e coordenação dos
grupos e das práticas adotadas nos encontros, quer fossem por metodologias disparadoras ou por
dinâmicas coletivas, ao longo de oito encontros semanais, contado com até oito participantes e ao
menos dois estagiários da clínica escola, um no papel de mediador e o outro de observador. Aos
participantes observamos a vivência de compartilhamentos grupais, trocas de experiências e
elaborações mútuas tanto de sofrimentos quanto de construção de alternativas frente às condições
materiais e subjetivas de vida, além de possíveis encaminhamentos e acessos à rede de serviços de
saúde mental, assistência social, entre outros.
Objeto do Relato
Narrar a experiência de estudantes com prática de grupos reflexivos no SPA de clínica escola de IES.
Objetivos
Oferecer atendimento psicossocial coletivo, sob moldes de cuidado grupal, utilizando-se de práticas
de grupos reflexivos de variadas temáticas em encontros semanais.
Análise Crítica
A aposta nos processos grupais está presente em todas as experiências de Reformas Psiquiátricas,
desde as praticadas inicialmente em instituições totais como, posteriormente, nos serviços territoriais
e comunitários. Autores como René Kaës, Martin Baró, Silvia Lane, Heliana Conde, Cristina Rautter,
Regina Benevides e Antonio Lancetti, a partir de perspectivas teóricas distintas, destacam o grupo
como espaço privilegiado para o compartilhamento de experiências, a partir da atualização de
aspectos gerais da sociedade expressas nas contradições que ali emergem articulando aspectos
pessoais e coletivos, voltados para vivências subjetivas e realidades objetivas.
Conclusões/Recomendações
O avanço do neoliberalismo inclui como uma de suas bases a desorganização, fragmentação e
desmobilização dos coletivos sociais. Ganha, na saúde mental, ares de patologização e terapêutica
individual, sendo desafio para a Rpb a garantia de práticas grupalistas e da assistência em âmbito
comunitário.
Palavras-chave: Saúde mental; grupos; clínica; atenção psicossocial; estágio.

608
O impacto do acolhimento na saúde mental de meninas adolescentes

Andrea Ruzzi Pereira - UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro


Fernanda da Mata Leite - Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo - SP
Erika Renata Trevisan - Universidade Federal do Triângulo Mineiro

RESUMO
A adolescência é o processo no qual os indivíduos passam por diversas transformações. Quando o
desenvolvimento saudável da criança ou do adolescente não é possível por omissão ou negligência
da sociedade ou do Estado; omissão, violência ou abuso dos pais ou responsáveis, é necessário que o
Estado intervenha com medidas de proteção, sendo que o acolhimento, institucional ou familiar são
medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar
ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta (BRASIL, 2018). A experiência de
viver em um abrigo pode ser positiva para as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
ou negligência, mas em muitos casos influenciam na saúde mental dessas pessoas.
Objetivos
Investigar a percepção de meninas em situação de acolhimento acerca de sua saúde mental.
Metodologia
Estudo descritivo, qualitativo, realizado uma instituição de acolhimento, em município no interior de
Minas Gerais, que acolhe adolescentes com idade de 12 a 18 anos do sexo feminino, vítimas de
violências e negligências. A realização da pesquisa ocorreu após aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Foram realizado um grupo focal, com sete
adolescentes que estavam abrigada a época da coleta de dados, com questões norteadoras acerca de
como sentem-se ao morar no abrigo.
Resultados
As participantes observam que após o acolhimento passaram a ter dificuldades para dormir, sentem
medo, tristeza e ansiedade. Algumas adolescentes relatam sobre o medo da instituição, tendo impacto
significativo sobre o sono. O acolhimento institucional interfere na qualidade de vida da pessoa
acolhida. Em algumas situações essa interferência pode ser positiva, ao se garantir os cuidados
básicos de saúde, higiene e educação. Porém, adaptar-se a rotina do abrigo pode ser difícil, gerando
ansiedade, irritação, interferência na qualidade de sono, apetite e socialidade (ÁLVARES; LOBATO,
2013). Conclui-se que o acolhimento institucional exerce influência significativa sobre a saúde mental
das adolescentes, pois mesmo possibilitando o retorno ou a permanência na escola, rompe com os
laços familiares e de amizade, impedindo que estas vivenciem situações corriqueiras para esta fase
da vida. Assim, laços familiares, comunitários e de amizades fragilizados devido a uma miríade de
fatores, como a ausência de suporte reticular, gera um impacto negativo na saúde mental dessas
adolescentes, causando ansiedade, tristeza, distúrbios do sono, medo e mudanças no apetite.
Palavras-chave: Saúde Mental; Acolhimento; Adolescente.

609
O monitoramento da RAPS na região metropolitana do Rio de Janeiro: atuação aa Defensoria
Pública do Estado

Lucas Teixeira Reis Barbosa - Defensoria Pública do Rio de Janeiro


Marina Wanderley Vilar de Carvalho - Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
O Projeto de Fomento à Implantação, Expansão e Qualificação da Rede de Atenção Psicossocial , da
Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, aconteceu em cidades da Baixada Fluminense, que
abrange municípios populosos e de baixos IDH. A escolha pela região se deu em virtude de, numa
primeira etapa do projeto, termos encontrado um número significativo de munícipes dessa região em
longa permanência em hospitais da capital. A atuação se deu de forma interdisciplinar, com
profissionais do Direito, da Psicologia e do Serviço Social. Foram realizadas visitas aos CAPS e
Residências Terapêuticas, numa perspectiva de conhecimento da realidade e de contribuição para suas
melhorias. Após as visitas, conversas com os gestores municipais buscaram pactuar as mudanças
necessárias. Em síntese, nas conversas horizontais e na escuta sobre a dinâmica de trabalho e as
necessidades dos serviços, encontramos pessoas aguerridas e que eram obrigadas, para manter o
serviço em funcionamento, a usar de recursos materiais próprios, vivenciando, além disso, o acúmulo
de funções, vínculos empregatícios precários e atrasos salariais. A respeito do cenário nacional,
observamos como as mudanças normativas que vão de encontro aos princípios norteadores da luta
antimanicomial afetavam a rede. O estímulo ao retorno de hospitais psiquiátricos no rol de serviços
da RAPS e a crescente expansão e valorização de Comunidades Terapêuticas, impactavam a
organização da rede de saúde.
Objeto do Relato
Projeto de monitoramento da RAPS na região metropolitana do Rio de Janeiro pela Defensoria
Pública.
Objetivos
Análise das visitas aos CAPS e SRTs de nove municípios, em que foram observados os aspectos
estruturais e de recursos humanos, além do quantitativo real e ideal dos serviços, levando em conta
as normativas do Ministério da Saúde.
Análise Crítica
A equipe esteve em 9 municípios, visitando 23 CAPS e 24 SRTs, onde moravam 207 pessoas. Em
apenas uma cidade, Itaguaí, o número de CAPS está conforme as normativas; em duas, Itaguaí e
Seropédica, há CAPSi apesar de não ter população mínima indicada. Sobre a manutenção dos CAPS,
apenas três estavam com análise satisfatória. Sete deles estavam com fornecimento regular de
medicação e treze com alimentação regular e suficiente. Sobre os profissionais, nove CAPS possuem
a quantidade mínima em conformidade com a normativa. Em relação às Residências Terapêuticas,
todos os municípios possuíam ao menos um serviço e em três foi afirmado que não havia fila de
espera para vagas em SRTs.
Conclusões/Recomendações
Embora haja diversos problemas estruturais e, em geral, uma quantidade de pessoal e de serviços
abaixo do necessário, os dispositivos visitados efetivam a atenção psicossocial sob a lógica
antimanicomial. É preciso mais investimento para ampliar seus alcances.
Palavras-chave: Saúde mental; Serviços de Saúde Mental; Direitos Humanos; Projeto RAPS.

610
O uso do reiki na promoção da saúde mental

Elias Marcelino da Rocha - UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso


Cassio Soares Ribeiro - UFMT
Alisséia Guimarães Lemes - UFMT
Edson Antônio Silva Lima - UFMT

RESUMO
O Reiki é um energia vital universal e constitui método preventivo, natural de cura, que almeja
propiciar equilíbrio e harmonia da saúde física, mental, energética, emocional e espiritual.
Ultimamente o Reiki tem sido bastante difundido em todo mundo, por propiciar recursos de
autocuidado e autodesenvolvimento que podem auxiliar no alivio de adoecimento mental.
Objetivos
Descrever os impactos da Terapia Reiki em trabalhadores de saúde que atuaram durante a pandemia
em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Metodologia
Estudo de campo transversal, descritivo quantitativo, realizado com 37 servidores em uma cidade no
interior de Mato Grosso, no ano de 2021, sob aprovação ética Nº 4.526.452 e CAAE:
39835420.6.0000.5587.
Resultados
Prevaleceu a média de idade 36 anos, a maioria era do gênero feminino (78%), 19% eram técnicos de
enfermagem, 22% auxiliares administrativos, 24% enfermeiros, 54% já tinham ouvido falar sobre o
Reiki, 70% não conheciam essa terapia e 78% nunca tinham sido submetidos a essa técnica. Em
relação aos sentimentos antes das sessões de Reiki, 95% estavam cansados, 73% esgotados, 65%
exaustos, 49% tendo insônia, 87% com ansiedade, 51% sentindo triste, 49% decepcionados, 95%
preocupados e 41% com sentimento de impotência. Sobre os benefícios do Reiki, evidenciou que
76% sentiram aliviados, 97% manifestaram leveza, 43% expressaram serenidade, 95% verbalizaram
tranquilidade, 81% relataram estar em paz, 92% tiveram sensação de relaxamento, 40% mencionaram
equilibrado e 62% energizado. Notou que antes da Terapia Reiki os profissionais estavam
apresentando sinais de sofrimento mental. No entanto, após aplicação do Reiki foi possível evidenciar
os benefícios desta terapia como forma de auxiliar os servidores no equilíbrio físico e emocional, bem
como, o aumento da sensação harmoniosa, proporcionando bem estar e alivio no corpo e na mente.
Palavras-chave: Saúde; Terapia; Mente.

611
O papel do psicólogo hospitalar nos desafios do cuidado compartilhado de pacientes psicóticos
no hospital geral: uma leitura psicanalítica

Thaís da Silva Pereira - IEP/HSL - Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês


Maria Livia Tourinho Moretto - USP

RESUMO
O hospital geral recebe pacientes com diagnóstico de transtorno psicótico, como equipamento
intermediário de estabilização em situações de crise e /ou cuidado de comorbidades. A organização
hospitalar centrada na alta complexidade, no excesso de especialidades e afastada da história da
reforma psiquiátrica, mostra dificuldades no manejo hospitalar de pacientes psicóticos. Em
levantamento bibliográfico e análise de fragmentos clinico-institucionais, nota-se que a
especialização em saúde, a formação do profissional de saúde, o estigma social da loucura e as defesas
inconscientes diante da psicose são pontos de a serem. Cuidados para lidar com as dificuldades no
cuidado do paciente psicótico. Assim, qual o papel do psicólogo hospitalar neste cuidado
compartilhado com pontos críticos?
Objetivos
Relatar os resultados preliminares de uma Tese de doutorado que investiga o papel do psicólogo
hospitalar no cuidado compartilhado de pacientes psicóticos no hospital geral.
Metodologia
Revisão sistemática e análise de conteúdo de fragmentos clínicos-institucionais pelo referencial
teórico psicanalítico.
Resultados
- estudos evidenciam a presença de estigma da loucura nas narrativas de profissionais de hospitais;
- há uma sobrecarga de trabalho que prejudica o cuidado; - há um risco potencial de terceirização do
cuidado de pacientes psicóticos aos profissionais de saúde mental e negligência de diagnóstico e
tratamento de doenças orgânicas. - Risco de repetição da lógica manicomial. - há uma falha na
formação de profissionais de saúde em relação a saúde mental e super especialização na atenção
terciária que fragmenta o cuidado. - na análise de fragmentos clínicos institucionais evidencia-se um
mal estar da equipe no cuidado de pacientes psicóticos. Para o referencial teórico da psicanálise pôde-
se compreender: a) resistência inconsciente frente ao inconsciente a céu aberto exposto pela psicose;
b) dificuldades com o manejo pelas falhas na formação;- o psicólogo hospitalar como profissional de
saúde mental no hospital deve se atentar ao seu papel ético no cuidado compartilhado.
Conclusão:
O psicólogo tem o papel de inserir a singularidade e auxiliar na desconstrução de estigmas e manejos
da equipe que excluam a subjetividade e os direitos do paciente psicótico no hospital.
Palavras-chave: Psicose; psicologia hospitalar; saúde mental; psicanálise; equipe de saúde.

612
O Protagonismo dos Usuários de Saúde Mental e sua organização social em Movimentos
Sociais

Bianca Guandelini Bandeira


Flavia Helena M. A. Freire - UFF
Rafael Mendonça Dias - UFF
Luiza Baccarini Frigo - UFF
Brenda Milenda Ferreira Gomes - UFF

RESUMO
Este relato de pesquisa pretende apresentar parte de um trabalho realizado na Universidade Federal
Fluminense (Volta Redonda) sobre a genealogia da Lei 10.216, seus percursos e atores. Aqui,
especificamente, propomo-nos a relatar os passos mais recentes desta pesquisa, que foram voltados a
compreender os mecanismos de organização política de movimentos sociais engendrados por
usuários de saúde mental e seus familiares. Isso porque, em meio a problemática expressa na Contra-
Reforma Psiquiátrica que vem desmontando a política pública de saúde mental brasileira,
consideramos necessário ouvir e propagar a voz de quem é mais afetado por esse desmonte: os
usuários.
Objetivos
Essa fase da pesquisa objetiva analisar o protagonismo de usuários e a organização em movimentos
sociais, a fim de compreender como associações de militância vêm se organizando, principalmente a
partir de 2016. Ainda, investigar as articulações para uma luta antimanicomial, que envolve
amplamente os atores desse movimento, diante de uma disputa política pelo modelo de reforma
psiquiátrica no país.
Metodologia
Partindo da perspectiva metodológica da pesquisa intervenção cartográfica, realizamos uma roda de
conversa híbrida, com dois movimentos sociais: o NEMLA (Núcleo Estadual do Movimento de Luta
Antimanicomial/RJ) e AUFASSAM (Associação de Usuários, Familiares e Amigos dos Serviços de
Saúde Mental de Volta Redonda/RJ). O encontro foi realizado com pesquisadores, estagiários e
membros dos movimentos sociais e nos baseamos no manejo cartográfico da entrevista, que se trata
de experienciar no fazer, interferindo e implicando no campo. A roda de conversa foi gravada,
transcrita e registrada em diário.
Resultados
Os resultados dessa etapa indicam algumas questões emergentes oriundas da roda de conversa entre
os dois movimentos sociais. Destaca-se, por parte dos usuários da AUFASSAM, certa demanda de
autonomia do movimento, para além da gestão municipal de saúde e da prefeitura. Expressa-se,
também, a problemática de representatividade de participação dos usuários, como delegados na
Conferência Municipal de Saúde, devido a ausência de CNPJ da associação. Tais questões, indicaram
para a necessidade de articulação com outros movimentos de usuários e familiares, a fim de produzir
espaços de trocas de experiências e compartilhamentos de dificuldades vivenciadas, além de ressaltar
o papel de apoiador do NEMLA aos demais coletivos de usuários e familiares do interior do Estado
do RJ. Esse momento da pesquisa viabilizou a agenda da AUFASSAM em seu exercício de
protagonizar o desenvolvimento de atividades na semana da luta antimanicomial. Como continuidade
da pesquisa-intervenção, foi encaminhado a proposta de promover uma reunião com os usuários e
familiares dos dois movimentos sociais com a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da
Luta Antimanicomial do RJ.
Palavras-chave: luta antimanicomial; movimentos sociais; reforma psiquiátrica; protagonismo dos
usuários.

613
O que quer o homem negro ? A acentuação da necropolítica em tempos de Covid-19

Deivi Ferreira da Silva Matos


Beatriz de Farias Sales

RESUMO
O presente trabalho busca problematizar as desigualdades raciais e suas expressões oriundas do
racismo no Brasil durante a pandemia da Covid-19. Privilegiou-se a análise de indicadores sociais
para demarcar as injustiças e as condutas discriminatórias que influenciaram nas maiores taxas de
adoecimento e mortalidade para os homens negros. Buscamos apontar que, embora o impacto
desigual da Covid-19 sobre homens negros não tenha sido inevitável, ele não é surpreendente pois
existe um projeto que nega o direito de existir, e de exercer a prática e o desenvolvimento da
humanidade negra. Esse processo de negação se executa através de ideologias e práticas
discriminatórias que fixa o homem negro assim como toda a população negra na zona tortuosa dos
condenados da Covid-19.
Objetivos
O presente trabalho busca analisar a acentuação da necropolítica e seus impactos sobre os homens
negros oriundas do racismo no Brasil durante a pandemia da Covid-19.
Metodologia
Essa análise foi elaborada a partir dos dados produzidos pelo Instituto Pólis, sobre a mortalidade da
população negra e o aumento das desigualdades raciais durante a pandemia da Covid-19; e dos
relatórios acerca dos impactos sociais sobre a população negra apresentados pela Revista POLI-saúde,
educação e trabalho (FIOCRUZ, 2020). Adotou-se nesta revisão bibliográfica de natureza qualitativa,
as categorias genocídio da população negra, Covid-19, saúde pública e o conceito zona de não ser
trabalhado em Fanon (2008).
Resultados
A construção sócio-histórica brasileira, é marcada por inúmeras iniquidades contra a população negra.
Desde o Brasil colônia, negros e indígenas passam pelo etnocídio e genocídio sistemático, marcado
por violências estruturais que tem como principal resultado o sangue retinto e o sangue indígena caído
no chão. São processos que apostam na desumanização e na naturalização da morte de maiorias que
foram minorizadas, sobretudo a população negra. Fenômenos que se reproduzem e ganham ênfase no
Brasil moderno, e a pandemia da Covid-19, vem acentuando essas práticas racistas. Optamos por
abordar os impactos da covid-19 contra o homem negro. Segundo Fanon (2008, p.26) o negro não é
um homem. Há uma zona de não-ser, uma região extraordinariamente estéril e árida, uma rampa
essencialmente despojada, onde um autêntico ressurgimento pode acontecer . E esse não ser que nega
a humanidade negra é acentuado com a pandemia. Segundo o Instituto Pólis (2020) as taxas de
mortalidade por Covid, apontam que homens negros, têm 52% de chances a mais de morrer pelo vírus
do que homens brancos, mulheres negras também apresentam uma taxa maior de risco de mortalidade
que mulheres brancas 56%.
Palavras-chave: Covid-19; Saúde População Negra; Necropolítica.

614
O Ressurgir das cinzas o cuidado ao usuário na crise e sua continuidade pós-crise no
CAPSAD

Katielly Melo da Silva – CAPSAD -


Carlos Henrique Avelino dos Santos - Hospital de Emergência - Resende
Ingrid de Assis Camilo Cabral - CAPSAD - Resende
Samir Gaione de Faria – CAPSAD - Resende

RESUMO
B, 28 anos, realizava uso prejudicial de álcool, maconha, crack e cocaína, encontrava-se em situação
de rua. Vivia um relacionamento afetivo conturbado. E juntamente, com seus outros aspectos que
causavam sofrimento psíquico, não deu conta e realizou nova tentativa de suicídio, em frente à praça
da cidade ateou fogo em si. Deu entrada no Hospital de Emergência, sendo logo transferido ao CTI,
com um das adversidades mais complicadas em terapia intensiva, com diagnóstico de Grande
Queimado com 33% pela regra dos 9, mantendo estado grave e fragilizado com uso VM + drogas
vasoaminas com uma perspectiva apenas concentrada para manutenção da vida, mas com tentativas
de interação com o seu subconsciente, por abordagem verbal no paciente comatoso , a audição, último
sentido a ser perdido em situação de sedação com interação de opióides. Seguindo quadro grave em
toda internação neste CTI, não visando o controle emocional, mas mantendo acolhimento com
motivação verbal, até sua transferência para hospital especializado em queimados. Mantendo assim
um prognóstico de difícil cuidado a beira leito, com ênfase de manutenção a vida. O prognóstico era
muito ruim. Pelo CAPSAD, foi realizado contato com o pai e ex- mulher do usuário que tinha a
preocupação com o mesmo. mostraram-se receptivos e colaborarm no processo de internação. A
família ficou presente em todo processo, sendo o canal de informação posterior a transferência. E pós
alta , o suporte nas consultas ambulatoriais.
Objeto do Relato
Cuidado realizado entre serviços (CAPSAD e Hospital E) ao usuário de drogas em crise e pós crise
Objetivos
O trabalho trata-se do atendimento realizado ao usuário em tentativa de suícido. Com isso
compreender a importância de um atendimento rápido, investido, não baseado na moral.
Relacionando, o dialogo entre os serviços e com a família para identificar os aspectos a serem
trabalhados no processo de internação e após em sua recuperação no território.
Análise Crítica
B, apresentava cicatriz de vários cortes no braço, provenientes de tentativas de suicídio Histórico
familiar de etilista, sua mãe, se suicidou quando o mesmo era pequeno. O pai depois casou novamente
e usuário nunca aceitou esse segundo relacionamento. Por isso, saiu de casa se colocando em situação
de rua. Vivia um relacionamento abusivo. Fazia uso intenso e sentia muita tristeza. Iniciou uso de na
adolescência. Não aderente ao acompanhamento. O êxito no desfecho foi à diferença no
acompanhamento, o investimento de outro serviço da RAPS , numa perspectiva de cuidado em
totalidade. os usuários transitam pelo SUS, e precisam de modalidades de tratamento,caso não, o
sistema não se efetiva.
Conclusões/Recomendações
A importância da desconstrução de como esse usuário é visto dentro das unidades de emergência, fora
do ambito da SM, pois muitas vezes pautam a intervenção baseada na moral sem conhecer a história
de vida e acabam por não estabelecer a estratégias de cuidado em conjunto para além do emergencial.
Palavras-chave: Cuidado; acesso; atendimento.

615
O sorriso como didática: Relato de experiência sobre atividade de Educação em Saúde com
atividades circenses para crianças no interior do Rio de Janeiro

Denise Anjos de Oliveira - SESC RJ


Andreia Bizzo Carvalho - SESC RJ
Thais Castro Madeira - NEPP/UFRJ e SESC RJ

RESUMO
A experiência se deu no Município de Conceição de Macabu, interior do Estado do Rio de Janeiro,
onde a performance se voltou a realizar atividades circenses com duração de aproximadamente 1 hora
para 250 crianças de 3 a 11 anos, estudantes de quarto escolas municipais da cidade: Escola Municipal
Pau Brasil, Escola Municipal Rozendo, Escola Municipal Piteira e a Escola Municipal Capelinha,
esta última uma escola de assentamento do MST em que pela primeira vez as crianças tiveram contato
com palhaços, acrobacias e intervenções artísticas em saúde. A atividade foi desenvolvida pela equipe
do SESC Saúde Mulher, em parceria com as Secretarias de Educação e de Saúde, e com o Núcleo de
Educação Permanente em Saúde NEPS e teve como objetivo, além de levar informações, estimular
as crianças da escola a refletir sobre a saúde e o autocuidado. Para as mesmas foram contratados dois
artistas circenses, e os mesmos construíram um roteiro de apresentação pensado em cima do eixo de
orientações e cuidados em saúde e do bem-estar coletivo para as crianças envolvendo: higiene,
alimentação saudável, vacinação, saúde bucal entre outros, unindo o lúdico à mudança de hábitos e a
reflexão, transmitindo informação, conhecimento e cultura, de forma leve, alegre e didática. Em todas
as escolas houve uma ótima recepção com a atividade e a atenção nas orientações em saúde durante
a apresentação, tanto pelas crianças quanto pela equipe pedagógica
Objeto do Relato
Atividade Educação em Saúde em escolas municipais na cidade de Conceição de Macabu
Objetivos
A percepção dos profissionais de saúde envolvidos na organização e realização da atividade de
Educação em Saúde e autocuidados desenvolvida pela equipe do SESC Saúde Mulher, visando os
benefícios do uso da ludicidade através de atividades circenses para o público alvo.
Análise Crítica
Os artistas trouxeram uma estética extra cotidiana de elementos circenses para afetar o público
enquanto trocam informações sobre saúde, promoção de autocuidado e estimulam nas crianças um
caráter multiplicador. A arte circense é traz o signo do humor, do riso com o outro, em vez do riso do
outro, o que desperta a troca afetiva e empatia. As atividades circenses, enquanto metodologia, já são
utilizadas em ambientes hospitalares, e com resultados bem descritos, mas ainda pouco
experienciadas no que concerne à outros níveis de atenção à saúde. A prática é rica por articular a
saúde mental com as premissas da APS, como promoção, prevenção, proteção abrangente e com
enfoque sobre a comunidade.
Conclusões/Recomendações
A boa recepção e o afeto trazido pela atividade a todos os envolvidos denota a importância das ações
em Educação em Saúde menos verticalizadas e de ampla abrangência que cheguem a todos os
públicos, considerando a premissa da saúde em todos os âmbitos enquanto direito universal.
Palavras-chave: Arte circense; crianças; saúde.

616
O Sujeito Psicótico no Dispositivo da Redução de Danos: acolhimento e singularização pela
fala

Pedro Gayoso de Carvalho Gonçalves

RESUMO
Este relato surgiu como resultado de meu período de vivências quando acadêmico bolsista/psicologia
na saúde mental no Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS III) Maria do Socorro Santos,
localizado na comunidade da Rocinha, zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Dentre os dispositivos
presentes no CAPS, optei pelo enfoque no dispositivo da Redução de Danos (RD) enquanto maior
facilitador do trabalho clínico e/ou terapêutico ao longo do meu estágio, tendo como recorte o sujeito
nas psicoses em sua singularidade. A RD é um espaço que se circunscreve ao auditório do CAPS e
que tem como dinâmica de funcionamento a operação por meio de uma roda de conversa, focando-
se naqueles usuários com adição por algum tipo de droga, seja ela lícita ou ilícita. Assim, na atividade
de RD, os usuários, durante a hora de duração da reunião, ofereciam seus relatos aos demais ouvintes.
Nela, os sujeitos nas psicoses contavam suas experiências de vida, relatando aos ouvintes da roda
suas vidas cotidianas, bem como seus atravessamentos sociais, econômicos e culturais. A RD
funcionava com a cooperação dos estagiários, profissionais 'psis' e agentes redutores de danos, agindo
como um elemento que auxiliava na estabilização do psicótico, ao estabelecer uma torção: a droga
atuando no lugar de significante seria substituída por outros significantes menos danosos, por
intermédio da fala, criando novos sentidos mais partilháveis, favorecendo, assim, a construção de um
cuidado em saúde compartilhado.
Objeto do Relato
Encontros, sob o formato de rodas de conversa, promovidos pelo grupo de RD.
Objetivos
Objetivo principal: discutir e apresentar as interconexões possíveis, no âmbito do CAPS III Maria do
Socorro, entre o dispositivo terapêutico da redução de danos (RD) e o sujeito nas psicoses. Objetivo
secundário: investigar o laço que se forma entre o sujeito nas psicoses e o dispositivo da Redução de
Danos (RD).
Análise Crítica
Identificou-se que, no caso de sujeitos psicóticos que faziam uso de álcool e/ou outras drogas, o
emprego da Redução de Danos ampliava a possibilidade de aparecimento de novos significantes, com
a roda de conversa tendo papel preponderante para que os significantes pudessem circular, evitando
uma cristalização. Esse falar de si ao invés de ser falado pelo Outro, em um ambiente sem julgamentos
e com poucas pessoas, favorecendo o compartilhamento de experiências, possibilitou uma mudança
nos discursos ouvidos: o endereçamento de sua fala para os ouvintes permitiu a potencialização de
sua singularidade, tratando o excesso de gozo progressivamente e fortalecendo o vínculo profissional-
usuário.
Conclusões/Recomendações
O CAPS, ao surgir como um serviço que permite uma proposição de clínica ampliada, na qual se
inclui a clínica psicanalítica, proporcionou um afloramento dos sujeitos nas psicoses, em um
movimento de acolhimento e escuta, concebendo a singularização pela fala.
Palavras-chave: CAPS; redução de danos; psicoses.

617
O trabalho psicossocial às mulheres em situação de violência doméstica

Roberta Lindoni Salatiel Silva - GFWC CrêSer

RESUMO
O presente relato de experiência objetiva apresentar a atuação em Centro de Defesa e Convivência da
Mulher que opera por meio de Organização da Sociedade Civil, vinculado à Secretaria Municipal de
Assistência e Desenvolvimento Social do Município de São Paulo, relativo à Rede Socioassistencial
o serviço oferta atendimento às mulheres em situação de violência doméstica, que buscam suporte
para a superação da situação. Considerando a realidade do público alvo que são: mulheres, em
situação de violência doméstica, em risco social, a ferramenta remota torna-se um obstáculo. Trazer
a reflexão acerca dos conceitos de papéis de gênero, a violência empregada ao gênero feminino,
conceitos sobre a violência, os impactos da violência psicológica e ciclo da violência. Com base na
experiência, explicitar a compreensão acerca da dinâmica vivenciada pelas usuárias em situação de
violência, mediante possibilidades de trabalho da equipe, de modo a favorecer possibilidades de
escolha, qualidade de vida, garantia de direitos e suporte para superação da situação de violência.
Objeto do Relato
Percepção do atendimento com viés psicossocial às mulheres em situação de violência.
Objetivos
Destacar o significativo aumento da procura pela Rede de Enfrentamento da Violência Contra a
Mulher e da busca espontânea de mulheres durante a pandemia, que por muito ocorreu por meio de
via remota e atualmente segue em forma presencial, bem como considerar os aspectos psicossociais
das mulheres que se encontram em situação de violência doméstica.
Análise Crítica
Os serviços do eixo intersetorial Assistência Social-Saúde são majoritariamente composto por
mulheres. Essa observação denota que em sua maioria, como a violência reflete nas ações e como a
violência impacta e mobiliza as trabalhadoras. Já os serviços do Poder Judiciário em sua maioria são
compostos por homens, o que favorece à culpabilização da mulher e minimização da situação. Para
além das ações, faz-se necessário trabalhar as expectativas e anseios mediante o atendimento à
mulher, para que se sinta segura, apoiada, fortalecida e não pressionada. O acolhimento
necessariamente deve ser humanizado, ser empático e atento à condição emocional da mulher que
chega em busca de amparo.
Conclusões/Recomendações
O trabalho multidisciplinar potencializa a mulher que necessita do apoio, uma vez que a permanência
na relação abusiva ocorre pelos fatores socioeconômico e falta de apoio social. Quando os serviços
da rede articulam, favorece a emancipação e autonomia da mulher com o rompimento da violência.
Palavras-chave: Violência contra a mulher; garantia de direitos; trabalho psicossocial.

618
O uso de psicotrópicos como meio de cuidado na atenção básica em interface com a
pandemia: uma análise crítica

Kemilly Tebaldi Pereira - UNIMAR - Universidade de Marília


Fabiola Colombani - Universidade de Marília - UNIMAR
Gabriela Alves Feitosa - Universidade de Marília - UNIMAR

RESUMO
A atenção básica em saúde (ABS) funciona como uma das primeiras formas de acesso da comunidade
aos serviços ofertados pelo SUS. Nesse contexto, a pesquisa buscou compreender se as intervenções
realizadas no tratamento de demandas de saúde mental na ABS, estão diretamente relacionadas à
prescrição de psicotrópicos, bem como a função política dessa prática e os impactos ao bem estar
geral da população atendida, além disso o trabalho propõe discorrer acerca do uso de psicofármacos
e suas implicações em interface a um cenário atual, no qual recentemente, em março de 2020, pela
OMS, foi decretado à pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), responsável pelo Covid-19.
Objetivos
A pesquisa teve por objetivo discutir se o uso de psicotrópicos é a principal estratégia de cuidado na
saúde mental, no âmbito da atenção básica de saúde (ABS), e as implicações sobre está prática em
interface a pandemia de covid-19.
Metodologia
Através da analise bibliográfica de livros, artigos e levantamentos de dados em plataformas digitais
de serviços públicos como o DATASUS, a pesquisa de caráter descritivo e explicativo ao decorrer
dos estudos teóricos utilizou como principais referenciais, autores que inseridos na área da filosofia,
sociologia, psicologia, medicina e saúde, contribuíram para a investigação proposta, citando em
especial Michel Foucault e Ivan Illich, bem como alguns contemporâneos estudiosos da área.
Resultados
Foi constatado que, propor como única estratégia de tratamento à prescrição de medicações em uma
área responsável pelo primeiro contato, criação de vinculo e acolhimento, que é a ABS, é uma
estratégia de sujeição do corpo biológico à medicina, da qual cumpre um papel político enquanto
exercício do poder e prática disciplinadora, buscando adequar o processo de cuidado e seus
instrumentos aos fins que a sociedade capitalista propõe, permitindo que o individuo seja governado
a partir de aspectos orgânicos, desconsiderando os demais elementos que compõe sua subjetividade,
essa deve ser contemplada através de uma visão integrada, ou seja, o sofrimento precisa ser pensado
em caráter biopsicossocial, entendendo as implicações do ambiente, vivências e da cultura na
construção desse. Verificou-se ainda que durante o cenário pandêmico nos anos de 2020 e 2021, o
enfoque no tratamento com psicotrópicos foi potencializado quando a população se deparou com um
contexto que agravou o sofrimento de modo geral, onde na realidade as debilidades encontradas
estavam majoritariamente relacionadas à vulnerabilidade social e não a causas fisiológicas que
deveriam ser respondidas por meio de fármacos.
Palavras-chave: Atenção Básica; Pandemia; Psicotrópicos; Biopolítica.

619
Objetos agenciadores: Por uma educação permanente em saúde mental

Tais Quevedo Marcolino - UFSCar


Isabela Pasqualotto Marques - Clínica Criança que Cresce
Fernanda de Cassia Ribeiro - UFSCar/Coletivo Unsquepensa
Carlos Alberto Gil Mazzante - Coletivo Unsquepensa
Ana Luisa de Moraes Sombini - UFSCar
Massimiliano Minelli - Universidade de Perugia
Paula Giovana Furlan - UFSCar

RESUMO
Desde 2011, os municípios de Araraquara e São Carlos têm vivenciado um intercâmbio com
antropólogos italianos das cidades de Perugia e Gubbio, na Itália. O projeto mais recente dessa
parceria foi desenvolvido entre 2018 e 2020 pela Universidade Federal de São Carlos e pela
Universidade de Perugia, com financiamento do CNPq, e possibilitou trocas entre profissionais,
familiares e usuários - brasileiros e italianos - sobre as práticas de cuidado em saúde mental em ambos
os países. Essas trocas se deram por meio de um curso de extensão universitária em saúde mental
comunitária, o qual propiciou conversas locais (entre os brasileiros/ entre os italianos) e interações
remotas (com os italianos/ com os brasileiros), produzindo rico material textual. Tomando-se os
actantes de Bruno Latour - objetos que, assim como os humanos, também são agentes no mundo e
possuem o potencial de interferir na nossa vida - recorremos à arte para criar objetos, decorativos
e/ou utilitários, que sediam algumas frases decorrentes das interações. São objetos em papel, feitos
para recortar, dobrar e colar, e que podem permanecer em nossos ambientes, nos serviços, instigando
novas reflexões sobre o cuidado comunitário em saúde mental. Os objetos estão disponíveis em um
blog (objetosagenciadores.blogspot.com/), em versões em português e em italiano; projetados pelos
artistas do Coletivo Unsquepensa.
Objeto do Relato
Apresentação dos objetos agenciadores de reflexões sobre a prática de cuidado em saúde mental.
Objetivos
Apresentar as potencialidades de objetos que contém frases, decorrentes da interação, em uma
pesquisa-ação, entre brasileiros e italianos interessados no cuidado comunitário em saúde mental,
como meio de divulgação dos resultados da pesquisa em si e promoção contínua da educação
permanente em saúde mental.
Análise Crítica
A reflexão sobre a prática é elemento essencial para a educação permanente em saúde, mas há
dificuldades concretas dos profissionais pararem para refletir, construir novos sentidos e,
consequentemente, novas ações de cuidado e gestão. A institucionalização do cuidado, a hegemonia
da psiquiatria e os desafios de construir uma prática coletiva, a mentalidade do encaminhamento
versus a da responsabilização e da promoção da saúde são algumas das temáticas das frases. Os
objetos agenciadores assumem um caráter inovador ultrapassando limites na divulgação da pesquisa
acadêmica, e agindo permanentemente e de modo inusitado como agentes provocadores de processos
de reflexão sobre a prática.
Conclusões/Recomendações
Convidamos que visitem o site desta mostra permanente, imprimam e montem os objetos
coletivamente; e os deixem expostos, agindo no mundo, provocando-nos para manter nossa prática
atenta e enriquecida com as potentes reflexões decorrentes do processo de troca oriundo de nossa
pesquisa.
Palavras-chave: Saúde mental; Educação Permanente em Saúde; Cooperação internacional;
Aprendizagem situada.
620
Oficina (radicalmente) de linguagem em um Centro de Convivência e Cooperativa: a
artesania da palavra

Elaine Herrero - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo


Ruth Ramalho Ruivo Palladino - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RESUMO
Esta tese versa sobre uma oficina nomeada como radicalmente de linguagem contextualizada em um
cenário singular, o Centro de Convivência e Cooperativa, que está situado na borda entre a clínica, o
social e a cultura, e trabalha na perspectiva da produção de saúde. Para isso privilegia a oficina como
tecnologia fundamental de convívio social, provocadora de desejos geradores de encontros que tecem
potência de vida. É ofertada a todos nas lógicas da heterogeneidade, inclusão e empoderamento social.
A oficina em questão, tem como provocador de desejo um tema popular que convoca a todos, por
meio do improviso, do inusitado na execução de atividades, à sua circulação no discurso; à construção
de narrativas que se constituem numa artesania da palavra; cujo resultado é um produto imaterial.
Objetivos
Investigar a potência, enquanto um dispositivo provocador de encontros entre diferentes sujeitos,
dessa oficina de linguagem cujo objetivo é promover a movimentação dos sujeitos no espaço
discursivo, ponto de origem e sustento da subjetividade. Procurou-se identificar e analisar,
especificamente, as interpretações dos participantes, acerca dos efeitos discursivos e subjetivos desse
dispositivo.
Metodologia
Foi feita uma pesquisa de natureza qualitativa. Durante 12 encontros subsequentes, filmados e
transcritos, utilizou-se a ferramenta roda de conversa no início da oficina com apresentação de
perguntas disparadoras referentes à relação entre a oficina e seus efeitos discursivos e subjetivos.
Estas propiciaram um jogo interativo cuja construção narrativa coletiva se constituiu no material de
análise. Foi empreendida a análise de conteúdo do tipo temática, inspirada em Bardin (2010). Foram
tomados como sujeitos para a análise, 10 frequentadores que apresentaram um número mínimo de 6
encontros.
Resultados
Da análise foram depreendidas 3 grandes categorias: enlaçamento social, circulação discursiva e
protagonismo subjetivo. Estas formadas por diversas sub-temáticas que se entrelaçam, porque
representam questões essencialmente humanas, da vida comum e seus conflitos, da vida em
vulnerabilidade, por solidão/doença/discriminação. Os relatos apontam transformações operadas na
quase totalidade desses 10 sujeitos em termos de mudanças, sobretudo, em suas posições discursivas
e empoderamento social relacionados aos bons encontros provocados na oficina. Os resultados
revelam que essa oficina de linguagem, ao convocar os participantes a construírem suas histórias no
coletivo, provoca jogos de interações, encontros que permitem a circulação da palavra, aquilo que
afeta radicalmente o humano. E quando a palavra circula, quando ocorre o empoderamento produzido
pela autoria e autonomia, quando os encontros geram afetos, alegria, os sujeitos podem produzir
novos modos de estar na vida, podem produzir saúde. As categorias depreendidas podem se constituir
como indicadores qualitativos para avaliação do serviço, uma vez que a oficina cumpre com a vocação
do Centro de Convivência descrita inicialmente.
Palavras-chave: Oficinas de linguagem; Saúde Mental; Centros de Convivência.

621
Oficina de Gestão de riscos emergências e desastres: A importância da capacitação dos
profissionais da psicologia.

Magaly Silva de Oliveira - Colaboradora


Cleibson Andre Nunes Torres - CRP24

RESUMO
Este relato de experiência é resultado da realização da oficina de primeiros socorros psicológicos,
realizado pelo Conselho Regional de Psicologia-CRP24 aos psicólogos de sua jurisdição, enfatizando
o acolhimento que é um apoio a ser executado imediatamente após a ocorrência de um desastre, sendo
destinado às pessoas que estejam em sofrimento psicológico. Não é considerada uma intervenção
clínica nem de emergência psiquiátrica , mas um suporte individual ou comunitário de acordo com a
necessidade apresentada. A oficina surgiu devido aos recorrentes episódios de enchentes nesses
estados. Sabe-se que a intensidade de um desastre não depende somente da magnitude do evento, mas
também do grau de vulnerabilidade da localidade atingida, tornando o desastre natural, em particular,
como um fenômeno socialmente construído, podendo gerar impactos na saúde mental dos afetados.
Diante dessa realidade dois objetivos foram postos: 1) Marco teórico Introdução a Psicologia das
emergências e desastres; 2) A atuação dos profissionais de psicologia no apoio psicossocial e
acolhimento. Essa oficina foi planejada para prepará-los para atender a população afetada, visando
minimizar os impactos na saúde mental dos mesmos. Os saberes que emergem nesse contexto ajudam
a dar eco nas questões emocionais e na saúde mental dos atingidos, que embora apresentem essa
demanda estão na maioria das vezes na invisibilidade. Retomar essas discussões é colocar em pauta
e em evidência essas demandas.
Objeto do Relato
Capacitar psicólogos para Primeiros Socorros Psicológicos - PSP
Objetivos
Capacitar e instrumentalizar os profissionais da psicologia do CRP24 visando melhor atuação dos
mesmos no contexto de emergências e desastres, minimizando o impacto na saúde mental dos
afetados
Análise Crítica
A proposta de realizar uma oficina, se deu porque a mesma é mais dinâmica e permite maior
envolvimento dos participantes, saindo do padrão vertical de aprendizagem. Essa forma mais
participativa de aprendizado, incentiva o diálogo, possibilita a troca de experiências entre os
profissionais entre si, e destes como os facilitadores, estimulando a integração e interação entre os
mesmos, além despertar o interesse para que possam aprofundar os conhecimentos nessa área da
psicologia. Um dos maiores desafios encontrados foi a distância entre os municípios, porque demanda
muito tempo de viagem. A receptividade e interesse dos participantes, serviram como estímulo para
superação desse obstáculo.
Conclusões/Recomendações
Recomenda-se a necessidade de otimizar espaços para instrumentalizar esses profissionais, visando
promover o conhecimento teórico e potencializar as habilidades técnicas. No que se refere ao tema
em questão, um acolhimento adequado pode minimizar os impactos na saúde mental da população
atingida
Palavras-chave: Emergencias e Desastres; Capacitacão; Psicologos.

622
Oficina musical participativa como instrumento de cuidado aos usuários em internação
psiquiátrica

Eduardo Gabriel Cassola - Faculdade de Medicina de Botucatu


Julia Machado Silva - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
Ingrid Christofalo Salvador - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
Guilherme Correa Barbosa - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
Thiago da Silva Domingos - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP

RESUMO
As práticas complementares são empregadas há anos em diversas culturas e sociedades. Pensando no
contexto da saúde mental, estas se traduzem como oposição ao modelo manicomial. Nesta pesquisa,
dentre as práticas complementares priorizou-se a música como recurso terapêutico no cenário da
internação psiquiátrica. A música se ocupa de um modo de expressão intrínseca ao ser humano, que
partilha de afetos, emoções e fortalece relações humanas. Favorece o desenvolvimento de conteúdos
subjetivos das pessoas com problemas de saúde mental agudos, produzindo ressignificações,
autoconfiança, autoimagem e criatividade.
Objetivos
Constatar as contribuições de uma intervenção musical participativa sobre o Bem-Estar Psicológico
e os Afetos Positivos e Negativos das pessoas com problemas de saúde mental agudos no período de
internação.
Metodologia
Pesquisa quase-experimental, do tipo antes e depois, efetuada numa instituição hospitalar. A
intervenção foi realizada por meio de quatro oficinas musicais participativas. Cooperaram dez pessoas
com problemas de saúde mental agudos durante a internação psiquiátrica. O repertório contou com
suas preferências e puderam escolher quais instrumentos de percussão desejariam tocar. Antes e após
cada oficina foram aplicadas as escalas de Bem-Estar Psicológico e a de Afetos Positivos e Negativos.
Os dados foram analisados considerando Intervalo de Confiança de 95%.
Resultados
Em relação à escala de Bem-Estar Psicológico, não foram observadas diferenças estatísticas entre os
valores encontrados antes e após a realização das oficinas musicais. Os desfechos relacionados ao
Bem-Estar Subjetivo se deram de forma mais linear, comparados ao Bem-Estar Psicológico,
ocorrendo aumento na pontuação dos afetos positivos e diminuição dos afetos negativos. Os
resultados são promissores para a percepção dos afetos positivos e negativos, uma vez que se
observou, respectivamente, aumento e diminuição das pontuações dos referidos desfechos.
Através da oficina musical participativa, possibilitou-se reconhecer as potencialidades de uma
intervenção musical no campo do bem estar subjetivo, mais precisamente nas esferas dos afetos
positivos e negativos de pessoas com problemas de saúde mental agudos numa internação
psiquiátrica. Esta tecnologia leve se traduz como grande potência para a atuação da enfermagem no
cuidado psicoemocional do usuário presente em internações psiquiátricas.
Palavras-chave: Música; Saúde Mental; Sofrimento Psíquico.

623
Oficina Terapêutica Deslocamentos Virtuais: A Presentificação No Espaço (Im)Possível
Durante a Pandemia de COVID-19

Letícia Souto Ribeiro de França - Rizoma


Andrea Graupen - Espaço Rizoma - Atenção em Saúde Mental

RESUMO
As oficinas aconteceram semanalmente através da plataforma Zoom, todas as sextas-feiras, às 10h00.
Tinham duração de 45 minutos. O público-alvo eram usuárias/os da Casa Girassol Espaço Rizoma,
serviço substitutivo no modelo de hospital dia, localizado na cidade do Recife/PE. A equipe enviava
o link de acesso para todas/os aquelas/es que tinham possibilidade de acessar a ferramenta. Ou seja,
usuárias/os com menos autonomia necessitavam de apoio de sua rede familiar. Nesse sentido, essa
premissa tornou-se critério de indicação terapêutica. As oficinas aconteceram no período de agosto a
dezembro de 2020. A proposta da oficina consistia em possibilitar que o público assistido no serviço
pudesse experienciar viagens virtuais, que chamamos de deslocamentos vituais . No Youtube,
selecionamos vídeos turísticos relacionados aos locais que visitávamos. Além disso, apresentávamos
a partir de mapas, as distâncias entre nosso local de partida e nosso local de chegada. Com isso era
possível exercitar junto às/aos usuárias/os as formas de acesso aos locais, o tempo de deslocamento
e as dificuldades encontradas. Em meio ao isolamento social decorrente da pandemia de COVID-19,
permitimos a realização de desejos, bem como também a possibilidade de se afastar da realidade dura
em que vivíamos à partir da imaginação. Os destinos eram escolhidos de maneira democrática, de
modo a atender as demandas coletivas e individuais do grupo.
Objeto do Relato
Como se ampliou repertórios sobre liberdade a partir da tecnologia da internet durante a pandemia.
Objetivos
Possibilitar que o público assistido no serviço pudesse experienciar viagens virtuais em meio ao
isolamento social decorrente da pandemia de COVID-19, que chamamos de deslocamentos vituais .
Proporcionar a realização de desejos, bem como também a possibilidade de se afastar da realidade
complexa em que vivíamos à partir da imaginação.
Análise Crítica
Em meio à pandemia da COVID-19, o isolamento social mostrou-se como forte alternativa ao
contágio, os serviços substitutivos de saúde mental precisaram se reinventar. Adentramos um tempo
e espaço desconhecidos, e ao caminhar construíamos um novo caminho. Nesse sentido, utilizamos a
criatividade como pista cartográfica. Proposta por Deleuze e Guattari, a abordagem cartográfica,
tomada como um mapa em constante processo de produção, instaurando um processo de
experimentação contínua . Poder deslocar os corpos à partir da imaginação de psicoterapeutas e de
usuárias/os, durante esse período produziu efeitos vigorosos de liberdade. Até onde nossa criatividade
nos leva?
Conclusões/Recomendações
O período de isolamento na pandemia de COVID-19 restringiu e impossibilitou algumas formas
conhecidas de cuidado e assistência em saúde mental. Entretanto, possibilidades criativas permitiram
a produção de dispositivos de cuidado que alimentaram a liberdade e a esperança em tempos de
incertezas.
Palavras-chave: pandemia; oficina terapêutica; hospital-dia; virtualidade.

624
Oficinas terapêuticas, projeto de renda e economia solidaria do CAPS II Dr. Alberto Walter
Pecoíts

Patricia Motter - CAPS

RESUMO
A geração de renda é fundamental para a qualidade de vida de familiares e usuários dos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS).O CAPS é um dispositivo importante na reorganização e estimulação
do protagonismo destas pessoas. O que pretendemos aqui, é apresentar um projeto de intervenção que
tem por objetivo incentivar o protagonismo e emancipação dos usuários do CAPS II Dr. Walter
Pecoíts, situado no município de Francisco Beltrão no PR, assim como o fortalecimento da Rede de
Atenção Psicossocial por meio da criação de oficinas de produção.
Objetivos
O que se espera com essa iniciativa é que os usuários possam se organizar em uma Cooperativa
tornando o projeto autossustentável, possibilitando alternativa de renda, desenvolvimento de
habilidades, promover o protagonismo, a autonomia e aproximar todos os atores envolvidos na RAPS
- Rede de Atenção Psicossocial.
Metodologia
Para a implementação da oficina, bem como o processo de comercialização dos produtos gerados por
ela, algumas etapas foram pensadas e já vem sendo executadas: 1ª Fase Diagnóstico. 2ª Fase
Planejamento. 3ª Fase Implementação. 4ª Fase Desenvolvimento. 5ª Fase Avaliação.
Resultados
A implantação do Projeto Doce-Art é uma alternativa viável de geração de renda alternativa para os
e usuários do Caps II e também respeita todos os preceitos do SUS, sendo uma possibilidade de
intervenção que embora não seja pioneira, é de fundamental importância para a qualidade de vida dos
usuários e para o sucesso das intervenções realizadas no equipamento.
Palavras-chave: Protagonismo; Geração de Renda; Saúde Mental.

625
Oportunidades e Desafios em Experiência Associativa para Pessoas em Sofrimento Mental

Liliam Magda Campos Costa - UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais


Cristiane Otoni Gomes - CAPS 3/RAPS do Município de Belo Horizonte - MG

RESUMO
O relato traz a experiência e percepções de duas técnicas sobre o processo de incubação de um
empreendimento associativo com pessoas em sofrimento mental (Associação de Trabalho e Produção
Solidária SURICATO) em Belo Horizonte MG entre os anos de 2007 e 2008. Esta associação era
composta por 60 empreendedores que estavam em tratamento nos serviços substitutivos da RAPS e
desejavam trabalhar. Estas pessoas possuíam baixa escolaridade e, eram em sua maioria, pertencentes
a famílias numerosas e de baixa renda (maioria com até 3 salários mínimos). Os profissionais que
acompanhavam essa experiência tinham formações diversas, dentre elas, uma economista e uma
terapeuta ocupacional, que aqui refletem sobre sua prática. O trabalho incluía o acompanhamento das
atividades de cerca de 60 membros da associação, divididos em 4 núcleos produtivos: costura,
marcenaria, mosaico e culinária. Para além, tinha as questões da gestão, decididas coletivamente em
reuniões colegiadas com a periodicidade quinzenal, a mediação de conflitos que o trabalho coletivo
apresenta e, principalmente, pensar recursos e parcerias que possibilitassem a perenizar essa
experiência Associativa. Sendo assim, o relato aqui proposto pretende discutir, na ótica de duas
trabalhadoras, quais os desafios e possibilidades que possuem as experiências de trabalho cooperativo
para as pessoas em sofrimento mental.
Objeto do Relato
Apresentar reflexões sobre o trabalho na incubação de associação com pessoas em sofrimento mental.
Objetivos
Problematizar quais os desafios e possibilidades que a inclusão da pessoa em sofrimento mental em
trabalho associativo apresenta. Além disso, refletir sobre o cenário atual de alternativas que estão em
curso no Brasil para incluir o sujeito em sofrimento mental no mundo do trabalho.
Análise Crítica
O trabalho de incubação da Suricato demonstrou que a construção de laços coletivos por sujeitos em
sofrimento mental em experiência associativa produziu ganhos de autonomia, reduções do consumo
de medicação e acréscimo na renda familiar, mesmo sendo inconstantes os ganhos. Demonstrou
também a importância da participação do Estado e de parcerias público-privado para fomentar essas
associações e possibilitar a autonomia e gestão do empreendimento. Mesmo que o objeto final não
seja o lucro previsto pelo modelo de produção capitalista, são necessários recursos para sua
sustentabilidade financeira. O cenário sociopolítico atual demonstra pouca mobilização para
estimular esse tipo de experiência.
Conclusões/Recomendações
Recomenda-se que os atores sociais do campo da saúde mental demandem do Estado investimentos
em recursos humanos e financeiros para fomentar experiências que garantam o direito ao trabalho
associativo/cooperativo do cidadão em sofrimento mental, conforme previsto pela Lei 10.216/2001.
Palavras-chave: Pessoas em Sofrimento Mental; Trabalho Associativo; Incubação.

626
Os desafios de fazer gestão no Sistema Conselhos de Psicologia em tempos de pandemia -
relato da experiência de Pernambuco

Alda Roberta Lemos Campos Boulitreau - CRP 02


Daniele Cristine Cavalcanti Rabello – CRP-PE
Telma Maria Albuquerque Gonçalves de Melo – CRP-PE
Larissa de Melo Farias - CRP 02
Norma Maria de Sousa Cassimiro – CRP-PE

RESUMO
Apresentamos a experiência da gestão do CRP02 durante a pandemia da covid19. Atuamos
coletivamente com o XVI Plenário, profissionais e colaboradoras, equipe do CFP, em parceria com
demais presidências dos CRP. Ao assumir a gestão sabíamos da necessidade de enfrentamentos,
principalmente, na atuação da psicologia nas políticas públicas e em defesa de uma psicologia
antirracista, antifascista, antiproibicionista e antimanicomial. No entanto, o maior desafio veio com a
pandemia da covid-19 (OPAS, 2022) ao evidenciar e agravar as fragilidades e desigualdades
psicossociais da população. Para enfrentamento desta realidade foram definidos dois eixos principais:
a revisão do processo de trabalho interno e a criação de um comitê de crise para planejar e definir
ações voltadas à categoria, reafirmando a psicologia como profissão essencial na saúde e na
assistência social. Quanto ao processo de trabalho foram incluídas atividades remotas, seguindo as
orientações das autoridades sanitárias e sempre em diálogo com a equipe. Dentre as ações realizadas
a partir do Comitê de Crise, foram construídos protocolos condizentes com a biossegurança para as
atuações profissionais, além da construção de uma agenda de Lives de acordo com as demandas da
categoria e do contexto. Foram realizadas ainda, diversas articulações e posicionamentos públicos,
visando orientar a sociedade e a categoria, reforçando o compromisso social da psicologia e a
importância da atenção à saúde mental para todas as pessoas.
Objeto do Relato: A gestão antirracista e antimanicomial do CRP e seus atravessamentos diante da
pandemia da covid19.
Objetivos: O trabalho tem como objetivo relatar a experiência da gestão do Conselho Regional de
Psicologia de Pernambuco - CRP 02 durante a pandemia da covid-19, a partir da perspectiva
antirracista, antiproibicionista, antimanicomial e em defesa dos direitos humanos, no período de
março de 2020 a abril de 2022.
Análise Crítica: A gestão do Sistema Conselhos demanda articulações em diversas instâncias, por
exemplo, a articulação com a categoria, com a equipe do CRP, com as Comissões, com o Fórum de
Conselhos de Saúde, órgãos colegiados e com diversas entidades da Psicologia. Internamente, foram
realizadas reuniões sistemáticas da gestão, que facilitaram a comunicação e a tomada de decisões.
Serviram também como oxigênio para continuarmos a nadar no mar de incertezas que estávamos
mergulhadas. As reuniões foram espaço para desabafos e sorrisos, com a certeza de que deveríamos
e queríamos continuar a nadar, como a peixinha Dóri do filme infantil ¨Procurando Nemo¨, que se
tornou inspiração lúdica ante os desafios.
Conclusões/Recomendações
As ações desenvolvidas pela gestão colegiada foram relevantes para visibilizar uma psicologia que
defende intransigentemente os Direitos Humanos. Tudo foi pensado no coletivo e para o coletivo sem
perder de vista as singularidades e sempre pautada nos princípios democráticos.
Palavras-chave: Psicologia Antirracista; Psicologia Antimanicomial; Psicologia Antiproibicionista;
Gestão de Conselho; Saúde Mental.

627
Os efeitos em ser o único CAPSI III da cidade do Rio de Janeiro. Um relato de experiência

Bruna Rodrigues Monte Christo - CAPSi III Maria Clara Machado


Bárbara Lima Dos Santos - CAPSI III Maria Clara Machado
Mariana Pereira Santos - CAPSI III Maria Clara Machado

RESUMO
O CAPSi aqui descrito, foi implantando em 2007 no Rio de Janeiro, fruto de um Hospital Psiquiátrico,
o qual realizava a internação de crianças e adolescentes vindas de todo o estado. A partir disso se deu
o cuidado de forma territorial e pautada na atenção psicossocial para crianças e adolescentes com
transtornos mentais graves e persistentes. Em 2021, este dispositivo torna-se um CAPSi III, sendo o
primeiro e único no Estado, tendo como mandato de realizar o AN de usuários já acompanhados pelo
serviço e de outras áreas do município, a partir da discussão e compartilhamento do cuidado. Este
compartilhamento do cuidado com outros serviços de saúde mental do município, por vezes, gera
questões aos profissionais do CAPSi III que acolhe a criança ou adolescente em AN sendo de outro
territorio. Facilmente a retirada do sujeito dos seus laços, seu território, e eventualmente, sem o
acompanhamento do seu serviço de referência, cai na logica manicomial. Porque a maioria dos
dispositivos de saude não consegue sustentar a crise durante o dia no seu espaço e encaminhar o
paciente a noite para o AN? Seria por falta de recurso de transporte, carro da instituição? Ou seria a
cola enraizada das práticas manicomiais tão presentes ainda na gente? Ou porque funcionários dos
dispositivos vão ao CAPSi de AN e acompanham por um curto tempo o usuário, sem possibilidade
de aproveitar o intensivo do cuidado para estreitar os laços do vínculo e pensar nas direções de
cuidado no território?
Objeto do Relato
Analisar questões que surgiram em ser o único CAPSi III do Rio de Janeiro.
Objetivos
Apresentar implicações clínicas e psicossociais em ser o único CAPSi III do Rio de Janeiro. As
questões que surgem na relação com outros dispositivos de saúde, no compartilhamento de casos com
outros CAPSi do município, na dificuldade sobre o cuidado no território quando se recebe crianças e
adolescentes para acolhimento noturno de toda a cidade.
Análise Crítica
Entendemos as dificuldades dos dispositivos, como falta de transporte, como território de origem
longe do território de AN, desmonte da saúde mental, retrocesso da luta manicomial. A ideia de
produzir esse trabalho é lançar uma analise critica a partir de reflexão gerada pela angustia dos
profissionais, e então, podermos pensar, de fato, nas nossas dificuldades diante da clinica e de
produzir um cuidado antimanicomial.
Conclusões/Recomendações
É importante a qualificação na contratação de profissionais nos serviços, na educação permanente da
equipe, nas discussões territoriais e institucionais. Estas ações podem minimizar os efeitos e práticas
manicomiais, sendo possível sustentar os mandatos da nossa luta e da atenção psicossocial.
Palavras-chave: Saúde mental na infância e adolescência; acolhimento noturno; rede intersetorial;
território.

628
Os impactos psicossociais na saúde mental de alunos e professores da rede pública do Distrito
Federal no retorno presencial

Noelma Silva - SEEDF

RESUMO
Por dois anos consecutivos, devido a ausência de políticas educacionais para o ensino remoto -
realização de atividades na plataforma digital ou impressas - os alunos da rede pública do Distrito
Federal foram promovidos para o ano/série subsequente, sem critérios educacionais instituídos. Se
houve aprendizagens durante este ensino, se deve muito mais ao esforço particular de professores e
ou coletivo de algumas escolas que por conta própria utilizaram dos seus conhecimentos, da sua rede
de contato, e dos seus recursos financeiros para fazer este ensino acontecer. Neste período,
professores, relatavam sinais de desânimo, em função da baixa adesão dos alunos, do desgaste em
função do abuso de certas autoridades que os acusavam de não quererem trabalhar, além de sobrecarga
financeira com o uso dos recursos próprios para fazer o ensino acontecer. Por parte dos alunos, os
pais relatavam sinais de depressão devido as dificuldades encontradas para aprender, para se
relacionar, visto que tinham apenas as telas, e ansiedade na medida em que havia as promessas de
retorno ao presencial não acontecia. O retorno presencial definitivo ocorreu em fevereiro de 2022, e
mesmo assim, ainda de forma aligeirada, sem nenhuma preparação dos professores e demais
profissionais da educação para lidar com as defasagens e dificuldades destes alunos, ocasionando
queixas, brigas entre alunos, desrespeito aos professores, choros na hora da prova, desânimos e busca
dos pais pelos serviços de saúde mental.
Objeto do Relato
Os efeitos das práticas do ensino remoto na saúde mental de professores e alunos de uma rede pública
Objetivos
Refletir sobre os impactos psicossociais das atividades remotas nas aprendizagens e comportamento
entre alunos e professores, os quais tem apresentado sinais de sofrimento mental ao retornarem para
as atividades pedagógicas presenciais na rede pública do Distrito Federal
Análise Crítica
Aparentemente, o que sobrou do ensino remoto, para alguns professores e alunos foram as queixas.
De um lado professores exauridos, sem chão, despreparados, pois se deparam com alunos
indisciplinados, desanimados, com graves defasagens. De outro, alunos, que se autoculpam, com
fragilidades decorrentes de defasagens cognitivas, com desenvolvimento emocional e psicossocial
comprometido. São sinais decorrentes da ausência de políticas preventivas para a transição do ensino
remoto para o presencial. Temos uma comunidade escolar que não se percebe acolhida nas suas
fragilidades. Apesar da pandemia ter estabelecido novas normas de convivência, a escola retornou
como se nada tivesse acontecido.
Conclusões/Recomendações
Apesar do período mais crítico da pandemia ter passado, seus impactos econômicos, sociais,
psicossociais permanecem e podem ser agravados, torna-se é imprescindível criar ações
interssetoriais de prevenção e redução de danos por parte da Rede de Atenção Psicossocial (VI art 3º
Portaria 3088/2011)
Palavras-chave: Ensino remoto; saúde mental; impactos psicossocial; alunos; professores.

629
Pandemia de COVID-19 e a implementação de teleatendimentos em saúde mental: um relato
de experiência na Atenção Básica

Maria Paula Bortoleti de Araújo


Roniel Ulisses da Silva - UNIP

RESUMO
Com o início da pandemia de COVID-19, todas as práticas clínicas que estávamos acostumadas a
estudar e executar na Atenção Básica se tornaram inviáveis.Com base nos novos desafios e na
impossibilidade de manter as práticas já conhecidas, precisamos nos reinventar para criar algo
emergencial, com o intuito de não deixar a população desassistida. Neste contexto, foi criada uma
equipe com objetivo de implementar estratégias de cuidado por teleatendimento aos usuários da
Saúde Mental do Centro de Saúde. Como ponto de partida, executou-se o levantamento de todos os
pacientes que efetuaram a retirada de medicações psicotrópicas, entre os meses de agosto de 2019 a
fevereiro de 2020, através do sistema informatizado da farmácia. Após a finalização desse
levantamento, a lista dos pacientes passou por uma triagem com intuito de excluir usuários que não
residiam no território e foi reduzida a 1407 pacientes. Apesar das dificuldades, foram executadas
1.135 ligações bem sucedidas e pudemos observar que essa intervenção foi bem recebida pelos
usuários. A partir dos teleatendimentos, sentimos a necessidade de estudarmos mais a fundo sobre o
coronavírus para conseguirmos responder dúvidas dos usuários. Percebemos assim que tínhamos um
compromisso em disseminar informações verídicas e embasadas na ciência para a população nesse
momento em que havia tanta exploração midiática a respeito da Covid-19, além de promover
acolhimento emocional em função do medo e do início da quarentena.
Objeto do Relato
A implementação de teleatendimentos com os usuários da saúde mental na Atenção Básica.
Objetivos
Apresentar as ações realizadas por duas residentes de saúde mental em um Centro de Saúde durante
a pandemia da COVID-19, por meio da descrição da implementação de teleatendimentos com os
usuários da saúde mental, a fim de garantir a manutenção do acompanhamento dos pacientes, dando
ênfase as limitações e potencialidades do projeto.
Análise Crítica
Compreende-se que a pandemia de COVID-19, tem um coeficiente significativo para o desgaste e a
ampliação dos sofrimentos mentais.Com isso, entende-se que esforços imediatos devem ser
empregados,a fim de minimizar resultados negativos na saúde mental da população e isso requer
reinvenção das práticas em saúde. A experiência com o teleatendimento em saúde se mostrou bastante
positiva, visto que foi um recurso eficiente, trazendo diversos ganhos, embora não deva excluir os
atendimentos presenciais, pode ser considerada uma estratégia alternativa para a prestação de cuidado
aos usuários no âmbito da Atenção Básica, visto que se mostrou um fator protetivo ao agravamento
de transtornos mentais.
Conclusões/Recomendações
Espera-se que este relato possa contribuir com a reflexão de como é possível ajustarmos nossas
práticas frente às adversidades. Além disso, notou-se que o uso da tecnologia, antes vista como uma
prática ineficaz, passou a ser uma forte aliada da Atenção Básica, pois cria proximidade com a
população.
Palavras-chave: Saúde Mental; Teleatendimento; Atenção Básica.
Para a crítica da ambulatorização na Saúde Mental: Por um CAPS matriciador na cidade do
Salvador/BA!

630
Martha Cardoso Machado dos Santos - UFBA - Universidade Federal da Bahia
Vinicius Pinheiro de Magalhães - UFBA
Bruna Bomfiglio Weber - UFBA

RESUMO
Inseridos na realidade de trabalho de um CAPS II da cidade do Salvador/BA, experiência de dois
meses viabilizada pela Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Hospital Universitário Prof.
Dr. Edgard Santos (HUPES/UFBA), pudemos observar seu funcionamento, o lugar que ocupa na
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), além de sua interlocução com a Atenção Básica (AB) e os
Centros de Saúde Mental (Ambulatórios). A delimitação de um perfil a ser assistido pelos serviços
semi/intensivos do CAPS qual seja, o de pessoas com sofrimento mental grave e persistente
contextualiza a expectativa de articular o cuidado com demais instituições do setor saúde. A
conjuntura pandêmica ratificou essa necessidade, posto o aumento significativo de transtornos
mentais leves decorrentes do cenário de reclusão, distanciamento físico e mortandade. Esse quadro
tem revelado as fragilidades da RAPS do Salvador/BA no que se refere à sua incapacidade de atender
demandas leves de Saúde Mental, principalmente quando propõe os Ambulatórios como estratégia de
atenção em detrimento da Saúde da Família territorial na Atenção Básica. O CAPS II de nossa
experiência seguiu tal tendência, uma vez que exposto a um território com cobertura reduzida de
equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), culminando na ambulatorização da estrutura
capsiana e na superlotação dos Ambulatórios de Saúde Mental, instituição de nível secundário,
centralizadora, destinada a suprir as lacunas de cobertura das ESF na AB.
Objeto do Relato
Os desafios do matriciamento num CAPS II e o fenômeno da ambulatorização na RAPS do
Salvador/BA.
Objetivos
Descrever a experiência de observação do funcionamento de um CAPS II, com atenção particular aos
desafios de realização do matriciamento territorial num contexto de supervalorização dos
Ambulatórios de Saúde Mental.
Análise Crítica
A crítica do fenômeno da ambulatorização na Saúde Mental é o enaltecimento da estratégia de
matriciamento como possibilidade de corresponsabilização das ESF/AB no território. O modelo
ambulatorial reatualiza a lógica médico-assistencial-privatista: atenção individualizada, restrita ao
consultório, às quatro paredes e à agenda médica. A atenção psicossocial, doutra sorte, aposta no
CAPS como instituição de referência, isto é, responsável pelos casos de saúde mental em sua área de
abrangência, não importando sua natureza, se leves ou graves, donde se anuncia a possibilidade do
matriciamento, da corresponsabilização das instituições setoriais e intersetoriais do território.
Conclusões/Recomendações
Na conjuntura de desmonte da AB e da RAPS, notadamente pela via do programa Previne Brasil, são
reduzidas as possibilidades do matriciamento territorial, apontando para o fato de que a superação do
fenômeno da ambulatorização passa pela retomada do financiamento dos serviços de saúde
territoriais.
Palavras-chave: Rede de Atenção Psicossocial; Reforma Psiquiátrica; Matriciamento em Saúde
Mental.

631
Para além da sala de aula: relato de experiência de pós-graduandas na disciplina de
Instrumentos de rastreamento em saúde mental da Unifesp

Simone Pereira Guedes - UNIFESP


Amanda da Silva Santos - UNIFESP
Marcos Vinícius Ferreira dos Santos - UFES.
Thiago da Silva Domingos - UNIFESP
Bruno Pereira da Silva – UNIFESP - UFAC
Roberto Ariel Albeldaño Zuñiga - Divsión de Estudios de Postgrado Universidad de la Sierra Sur -
UNSIS

RESUMO
Relatamos a experiência de estudantes de mestrado na primeira oferta da disciplina Instrumentos e
Rastreamento em Saúde Mental do Programa de Pós-graduação em Educação e Saúde na Infância e
Adolescência da Universidade Federal de São Paulo. A disciplina apresentou as principais
características dos instrumentos de rastreamento traduzidos, validados, de livre acesso e baixo custo
mais utilizados no Brasil. Disciplina com carga horária total 75 horas, com atividades remotas
síncronas e assíncronas. O conteúdo versou desde a definição de instrumentos de rastreamento , tipos
de instrumentos, indicadores de validade, escores até aplicação de instrumentos para rastreio de
sintomas ansiosos, depressivos, transtorno mental comum, estresse, qualidade de vida e consumo de
álcool - tabaco e outras drogas. Realizamos uma atividade de conclusão da disciplina avaliação
somática com apresentação de um estudo que reportou o uso de um instrumento de rastreio na
pesquisa ou na prática clínica, com dados da população, objetivo de estudo, sintoma rastreado,
indicadores de validade, custo, características dos aplicadores, cenário, área de conhecimento - saúde
ou educação. As aulas foram dialogadas e contaram com o protagonismo das estudantes, com
destaque para a identificação e o compartilhamento de experiências na utilização de diversos
instrumentos de rastreio que são utilizados no cotidiano, mas até então não eram assim
compreendidos.
Objeto do Relato
Experiência de cursar a disciplina optativa de Instrumentos e Rastreamento em Saúde Mental.
Objetivos
Relatar a experiência de cursar uma disciplina na pós-graduação strictu senso sobre instrumentos de
rastreamento em saúde mental e refletir sobre seu impacto na nossa formação de pesquisadoras que
atuam na interface saúde e educação.
Análise Crítica
A disciplina nos impactou positivamente, confirmando que os instrumentos de rastreio em saúde
mental são ferramentas auxiliares na compreensão dos sintomas investigados e complementam dados
clinicamente coletados, sobretudo na prática do profissional generalista. Destacamos quatro
instrumentos amplamente utilizados na atenção primária à saúde no Brasil: Sefl-Reporting
Questionnaire - SRQ-2, Inventário de Ansiedade Traço-Estado - IDATE, Alcohol Use Disorders
Identification Test AUDIT, e o CAGE Cut down, Annoyed by criticism, Guilty about drinking, and
need for an Eye-opener in the morning. Instrumentos que podem contribuir para plano individual de
cuidados e tratamento necessários de acordo com as singularidades de cada um.
Conclusões/Recomendações
Os instrumentos de rastreamento são ferramentas importantes para estimar ocorrências e
complementar dados clínicos e merecem atenção de pesquisadores profissionais. Sendo necessário o
treinamento e estabelecimento de protocolos assistenciais. A disciplina proporcionou trocas de forma
positiva em nossos protocolos de pesquisas e práticas profissionais.
Palavras-chave: Saúde mental; Transtornos Mentais; Escalas de Graduação Psiquiátrica.
632
Para nós que somos negras tudo é mais difícil: cartografia de uma mulher negra em
sofrimento psíquico

Tiago Braga do Espírito Santo - Faculdade de Enfermagem da UERJ


Karoline Nascimento Souza - UERJ

RESUMO
O racismo estrutural estabelece padrões institucionais que reproduzem no seu cotidiano regras que
privilegiam certos grupos raciais como resultado de uma prática racista de ordem social. A sociedade
é constituída por conflitos de classe, de raça e de gênero, o que significa que as instituições também
podem reproduzir o conflito e posicionar-se diante dele, naturalizando como uma engrenagem na
transmissão de privilégios e violências racistas, classistas e sexistas, ou tratando do racismo de
maneira ativa, com a adoção de políticas internas que visem a destruição do instituído. A aproximação
do cotidiano de uma enfermaria psiquiátrica em hospital geral universitário, cenário do estudo, faz
perceber sua orientação por um modelo biomédico, que tem como foco a doença e em uma estrutura
racista.
Objetivos
analisar a relação entre o racismo estrutural e o sofrimento psíquico da pessoa negra a partir da
produção de cuidado iniciada em um hospital universitário do município do Rio de Janeiro
Metodologia
Estudo qualitativo pautado pelo método cartográfico. Foram realizados encontros com a uma usuária-
guia-cidadã, internada em uma enfermaria psiquiátrica de um hospital geral universitário. A narrativa
de sua história de vida-sofrimento, bem como as conexões existenciais que foram criadas ao longo
de sua história proporcionou a refletir sobre a produção de cuidado ofertada e a relação entre o
racismo sofrido e o sofrimento psíquico. Foram utilizadas técnicas de entrevistas-encontros e um
Diário de Campo Cartográfico para o registro das vivencias nas cenas e cenário do estudo.
Resultados
Foram elaboradas 5 categorias analíticas: Ser negra e como a sociedade nós vê; Auto-ódio; Solidão
da mulher negra; Produção de cuidados nas instituições; e Territórios de exceção. Traremos apenas
reflexões mobilizadas pela primeira cena. A usuária guia relata o reconhecimento social como negra
suja, marginal e desonesta, agenciando a objetificação e desumanização, que instaura uma
sociabilidade que pré condiciona, estruturalmente, circulações e produz subjetividades. A vivencia é
marcada por mitos e estereótipos que permeiam o ser negro em uma sociedade branca. É
compartilhada a vivencia de não-lugar, como se o mundo não a pertencesse, interditando a
possibilidade de sonhar e viver. A analise visibiliza a importância de um olhar para experiências de
vida de pessoas negras. É urgente a visibilidade da questão como elemento motor de uma clínica
decolonial que subsidiará a produção do cuidado pela validação do lugar que o negro ocupa na
sociedade e os aspectos que influenciam seu sofrimento psíquico. É a partir de um modelo de atenção
em saúde mental que considera a subjetividade negra que podemos produzir cuidado alinhados aos
princípios da Reforma Psiquiátrica.
Palavras-chave: Racismo; Saúde Mental; População Negra.

633
Participação em fóruns sociais como estratégia de aprendizagem acadêmica: uma experiência
em mestrado profissional

Isabel Cristina Carniel - Universidade Paulista


Caroline Francisca Eltink - UNIP
Taís Elene Junqueira Neme - UNIP
Eleise Gálter Andreoli Lotito - UNIP
Paulo Eduardo Benzoni - UNIP

RESUMO
Contextualização do território: A experiência aqui relatada ocorreu durante o desenvolvimento de
uma disciplina cujo tema central eram as políticas públicas em saúde mental, inserida em um
programa de mestrado profissional de uma universidade privada, situada no interior do estado de São
Paulo.
Atores envolvidos: usuários, profissionais, estudantes, gestores e população geral do município.
Objetivo: Além das atividades previstas para o semestre letivo e, como forma de enriquecer o
aprendizado, articulando teoria e prática, como se espera em um programa de mestrado profissional,
foi oferecida a oportunidade a/os aluna/os no referido curso de participarem da Conferência
Municipal de Saúde Mental, ocorrida em março de 2022.
Público alvo: aluna/os matriculada/os em uma disciplina obrigatória de um programa de mestrado
profissional de uma universidade privada do interior do estado de São Paulo.
Dinâmica de desenvolvimento: A partir de relatos de duas alunas e apresentação de trabalhos, por
parte das mesmas, durante as aulas, foram observados saltos qualitativos de aprendizagem de assuntos
relacionados às políticas públicas, funcionamento e importância do Sistema Único de Saúde, bem
como da Declaração Universal de Direitos Humanos, ambos pilares da disciplina em questão e da
Conferência aqui citada.
Objeto do Relato
Articulação entre teoria e prática na aprendizagem de políticas públicas nacionais em saúde mental.
Objetivos
Apresentar a participação em fóruns de saúde mental como estratégia de ensino-aprendizagem dentro
de um programa de mestrado profissional; fomentar a participação em fóruns como meio de
transformação social; aproximar a academia das questões sociais emergentes.
Análise Crítica
Como docente responsável por uma disciplina sobre políticas públicas em saúde mental, a autora
deste trabalho avaliou que foi de suma importância a participação das alunas na Conferência
Municipal de Saúde Mental ocorrida durante o desenvolvimento da disciplina em questão.
As alunas estão inseridas em um programa de mestrado profissional e que participaram como
voluntárias da organização do evento, demonstraram uma apropriação e manifestação de
posicionamentos críticos sobre os temas abordados na referida conferência de modo diferenciado,
demonstrando que a experiência tácita favoreceu a compreensão do que vinha sendo discutido em
sala da aula.
Conclusões/Recomendações
Como foram significativas as transformações em posicionamentos políticos das participantes, alvo
deste relato, podemos afirmar que a participação em fóruns sociais, como as Conferências, em suas
diferentes instâncias, são decisivas para o aprendizado de políticas públicas em saúde mental.
Palavras-chave: Fóruns sociais; mestrado profissional; políticas púlicas; saúde mental.

634
Patrimônio Cultural, Direitos Culturais e um Outro Lugar Social para a Loucura: Da
Reforma da Saúde Mental à Patrimonialização

Joseane Maria Pereira da Silva - UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

RESUMO
O presente trabalho é a materialização do estudo que discute as experiências e práticas artístico-
culturais da RAPS, em especial, as contribuições das oficinas terapêuticas do dispositivo CAPS e
suas relações internas e externas com as referências e bens culturais e sua patrimonialização. Destaca-
se que as políticas de patrimonialização e dos Direitos Culturais somam-se a um espaço que
desmistifica o imaginário social da figura dos usuários dos serviços de saúde mental. Parte-se do
princípio de que os espaços em que circulam Arte & Cultura no campo da saúde mental e atenção
psicossocial também são ressignificações de fenômenos que envolvem a re/construção do sujeito em
sua individualidade e coletividade por meio das expressões culturais, simbólicas, artísticas e
identitárias.
Objetivos
Objetiva-se evidenciar as práticas artístico-culturais que acontecem nas oficinas terapêuticas do
CAPS e as expressões identitárias e culturais externas a essas, buscando diálogos que corroboram a
perspectiva de que as políticas do Patrimônio Cultural também auxiliam na autonomia, protagonismo
e emancipação dos usuários desses serviços.
Metodologia
Empregou-se a abordagem de cunho qualitativo; levantamento e análise de conteúdo bibliográfico,
documental, legislativo e de acervos audiovisuais; seleção de Organizações e/ou Coletivos que
contribuíam com a perspectiva sociocultural e de patrimonialização (total de 06); elaboração e
aplicação de dois questionários feitos a um familiar e integrante de uma associação de usuários da
capital do RJ e uma funcionária, assistente social, de um CAPS da baixada fluminense. A análise se
deu por ter como ponto de partida, pressupostos teóricos e não uma conveniência para responder
questões específicas.
Resultados
Cabe destacar que a interdisciplinaridade de conhecimento foi fundamental para o processo de
desenvolvimento das relações semânticas e epistêmicas deste estudo. Abre-se assim um diálogo
imponente entre Direitos Culturais, Direitos Humanos, diversidade cultural, práticas de cuidado em
saúde mental e atenção psicossocial e suas emancipações que fortalecem as diretrizes de integração
da Luta Antimanicomial. Contribuições que despertam um outro lugar social para a loucura e o
adoecimento psíquico e suas ressignificações por meio das políticas de patrimonialização. A
patrimonialização assegura a proteção à memória coletiva, ao debate de temáticas importantes para a
Luta Antimanicomial e ao reconhecimento da autonomia e do protagonismo dos usuários. Elevando-
se do papel social de usuários dos serviços de saúde mental, ganham novos arranjos sociais que os
intitulam: artistas, músicos, cineastas, poetas, cantores, pintores, desenhistas, poetas, violonistas,
foliã(o), trabalhador(a), livreiro(a), funcionária(o), voluntário(a), amiga(o), pai/mãe, filho(a),
sobrinha(o) e tantos outros, deixando para trás não só os estigmas de incapazes , mas também os de
violentos .
Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Saúde Mental; Atenção Psicossocial.

635
Pensando o cuidado em saúde mental na Atenção Básica à Saúde no contexto de pós-
pandemia

Paloma Meirelles Oliveira - UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

RESUMO
Este trabalho pretende abordar questões levantadas a partir da atuação de uma psicóloga através do
Programa de Residência Multiprofissional de Interiorização da Atenção à Saúde na cidade de Vitória
de Santo Antão, no interior de Pernambuco. O cotidiano de trabalho se dá em uma equipe
multiprofissional de Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica - NASF-AB do
município. Serão trazidas diferentes experiências que fazem parte das atividades realizadas pela
profissional psicóloga e pela equipe a partir deste intercessor comum que é o campo da saúde mental:
atendimentos individuais ou compartilhados; visitas domiciliares; grupos terapêuticos; ações de
matriciamento com as equipes de Saúde da Família sobre o tema. Nos atendimentos, sejam eles
individuais ou em grupo, bem como nas visitas domiciliares as demandas são, prioritariamente, de
quadros de ansiedade e depressão. Tanto os atendimentos quanto as ações de matriciamento são
realizados em Unidades Básicas de Saúde do território coberto por essa equipe NASF-AB.
Objeto do Relato
A experiência de uma psicóloga residente na Atenção Básica em Vitória de Santo Antão -
Pernambuco.
Objetivos
Em um cenário de pós-pandemia, este trabalho se dedica a pensar as dificuldades atuais e, sobretudo,
nas possibilidades para o cuidado em saúde mental na atenção primária. Defendemos que a conexão
entre os campos da clínica em saúde mental e da saúde coletiva se mostra cada vez mais fundamental.
Análise Crítica
As demandas por cuidado em saúde mental não se expressam apenas nos quadros graves de
adoecimento psíquico que são tratados nos Centros de Atenção Psicossocial -CAPS. A média
complexidade do SUS, a partir da lógica ambulatorial, não tem se mostrado suficiente para acolher
todos os usuários que necessitam de algum acompanhamento em saúde mental. Por isso, e, sobretudo,
após o advento da pandemia de Covid-19 - que provocou um aumento vertiginoso de quadros de
ansiedade e depressão - faz-se urgente nos debruçarmos sobre os desafios e possibilidades de cuidado
em saúde mental na atenção básica a partir de uma lógica territorial e comunitária.
Conclusões/Recomendações
Em contraposição ao desafio da fragmentação das ações em saúde, a aposta aqui tecida é a de pensar
em uma clínica da complexidade que se propõe a resgatar e/ou criar redes de sustentação para o
cuidado em saúde mental na atenção básica, afirmando uma postura ética e uma prática clínico-
política.
Palavras-chave: saúde mental; atenção básica; pós pandemia.

636
Percepções Acerca da Importância do Atendimento Qualificado em um CAPS, a Indígenas
com Tentativa de Suicídio: Relato de Experiência

Milena Nunes de Almeida - UFG - Universidade Federal de Goiás


Nathália dos Santos Silva - Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás
Camila Cardoso Caixeta - Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiáss

RESUMO
Optamos por apontar alguns elementos da construção da articulação de serviços, além de relatar
alguns casos atendidos pela psicóloga. Todos os pacientes atendidos eram jovens ente 15 e 22 anos e
relataram não querer morrer, mas que a tentativa se tratava de algo da qual não tinham controle como
se entrassem em um estado de transe ou recebessem algum comando que os levavam a tentar se
enforcar. A comunicação com os jovens era um tanto difícil, pois falam muito pouco, às vezes por
timidez ou desconfiança e alguns relatavam vergonha.
Foi possível perceber questões culturais na comunicação, como, quando nas rodas de conversa, os
homens que tinham a preferência da fala. Considerando isto, quando nós profissionais fazíamos
perguntas aos mais jovens ou mulheres, estes olhavam para os homens mais velhos presentes e eles
respondiam ou autorizavam o jovem ou a mulher a falar. Por isso, foi preciso a psicóloga desenvolver
um jeito próprio para se comunicar com eles, fortalecendo primeiro o vínculo, esclarecendo os
motivos do atendimento, falando um pouco sobre sua vida e trabalho, garantindo o sigilo do
atendimento e se colocando à disposição para ajudar. A profissional também utilizou formas outras
como fazer perguntas acerca da procura de atendimento, hábitos pessoais, rotina de vida para aos
poucos conseguir estabelecer um diálogo, como o uso do desenho e pintura, como forma de quebra
de resistência e expressão de sentimentos e costumes por parte dos indígenas atendidos.
Objeto do Relato
Descrever a analisar atendimentos a indígenas Karajás em CAPS, com tentativas de suicídio.
Objetivos
Relatar a experiência sobre as ações de cuidado e prevenção em saúde mental em indígenas do Distrito
Sanitário Indígena Araguaia a partir do atendimento de indígenas Karajás em um CAPS do município
de Goiânia, a partir do trabalho desenvolvido por uma profissional psicóloga do referido CAPS.
Análise Crítica
A psiquiatria pode ser caracterizada também como uma prática colonizadora, uma vez que reduz o
sujeito à condição de objeto manipulável por um campo eurocêntrico e precisaria passar por um
processo de descolonialização de suas práticas e pressupostos no cuidado e promoção de saúde mental
dos povos indígenas. A abertura por parte dos profissionais de saúde para o aprendizado de saberes
indígenas, práticas xamânicas e formas tradicionais de cada povo, numa construção dialógica e
coletiva de saberes complementares pode proporcionar formar outras de cuidado em saúde mental
indígena numa perspectiva interétnica e intercultural.
Conclusões/Recomendações
Estudos relacionados às formas de organização e de auto atenção dos sistemas de saúde próprios das
comunidades indígenas que consideram a interculturalidade e o Bem Viver dos povos indígenas são
essenciais como estratégias na formulação de abordagens de saúde mental para estas populações.
Palavras-chave: Saúde mental; Suicídio; Povos indígenas.

637
Percursos da psicologia entre o sistema socioeducativo e a saúde mental

Paula Mayumi Isewaki - Clínica

RESUMO
Este relato de pesquisa apresenta um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso de especialização
em Psicologia Jurídica pela Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro. A pesquisa busca
questionar o papel da psicologia no cuidado voltado aos jovens do sistema socioeducativo e como ela
atua no combate aos estigmas das construções sociais acerca dessa população. A escrita do trabalho
está baseada na experiência de estágio curricular da graduação em psicologia realizada entre os anos
de 2018 e 2019 no Centro de Atenção Psicossocial Infantil de uma cidade no interior do estado do
Rio de Janeiro. A partir disso foi possível realizar uma articulação entre a saúde mental e o sistema
socioeducativo da cidade, que abriu caminhos para essas reflexões.
Objetivos
O Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivos questionar como as práticas de assistência à
infância e juventude em situação de violência social são atravessadas pelos estigmas que essa
população carrega. Além disso, busca analisar as lacunas deixadas pela distância entre o que é
ofertado e o que é demandado no cuidado destinado à infância e juventude.
Metodologia
O método utilizado é a revisão da literatura através da articulação entre textos e autores. Apresenta
alguns caminhos que constituem a estigmatização e criminalização da juventude pobre, através dos
processos de subjetivação de Guattari e Rolnik. Além disso, aborda alguns conceitos de Foucault para
pensar os meios que sustentam e legitimam essa imagem construída da infância e juventude pobre.
Os textos de Maria Helena Zamora, Maria Livia do Nascimento, Cecília Coimbra compõe a
construção de uma abordagem atualizada do tema, através de uma perspectiva da realidade brasileira.
Resultados
A escrita do trabalho ainda está em curso, portanto a conclusão permanece em discussão, porém, com
o avanço do processo, é possível apresentar resultados parciais. O texto faz uma articulação entre
saúde mental e sistema socioeducativo sob a ótica da psicologia jurídica, que compõe essa análise. O
trabalho inicia com a construção do sentimento da infância de Philppe Ariès, que apareceu por conta
das desigualdades sociais. Guattari e Rolnik contribuem para a reflexão acerca da produção de
subjetividade e as noções de norma e risco de Foucault embasam a questão que envolve a imagem
construída socialmente que se tem dos jovens no sistema socioeducativo. Nesse momento, a
experiência de estágio exemplifica como as práticas de assistência a esse público são influenciadas
pelos estigmas que os cercam. Porém, com a atuação dos estágios no serviço de saúde mental, foi
possível perceber uma mudança na forma como os jovens do socioeducativo eram vistos e tratados
no CAPSi, passaram a ser vistos como usuários do serviço de fato. Isso aponta para a necessidade de
uma constante atualização e capacitação dos trabalhadores no cuidado com a população em violência
social.
Palavras-chave: Sistema Socioeducativo; Psicologia Jurídica; Infância e Juventude; Saúde Mental.

638
Permanência, pertencimento e travessia: reflexões sobre saúde mental na moradia estudantil
da USP

Vanessa Silva dos Santos - USP - Universidade de São Paulo


Pablo Castanho - USP - Universidade de São Paulo

RESUMO
A entrada na universidade se configura como um momento de ruptura e de reconfiguração da
identidade, no qual o sujeito se distancia de seus referenciais originários e entra em um novo mundo
que possui novos referenciais e novas regras. O confronto com essa nova realidade pode ser fonte de
uma crise que se manifesta de maneiras diversas e que reflete o contexto de mal-estar atual. A moradia
universitária, como parte das políticas de permanência estudantil, constitui-se como um espaço no
qual um estudante, ao ingressar na universidade pública, pode residir pelo período determinado em
que estiver cursando uma graduação ou pós-graduação. A possibilidade de pertencimento efetivo à
universidade para muitos estudantes está vinculada às condições de permanência estudantil,
especialmente a moradia.
Objetivos
Esta pesquisa de mestrado objetivou cartografar as múltiplas dimensões do sofrimento psíquico
universitário no território da moradia estudantil da USP, o CRUSP. Buscou-se, ainda, articular uma
compreensão sobre como o adoecimento vivido como individual é atravessado por questões sociais,
institucionais e da contemporaneidade.
Metodologia
Neste trabalho, utilizamos a psicanálise como perspectiva teórico-metodológica de pesquisa-
intervenção participativa, operando com procedimentos metodológicos tais como a cartografia,
entendida como um modo de escuta do território, e a entrevista operativa como dispositivo clínico.
Resultados
Observamos que existe no âmbito da moradia estudantil uma sobreposição de processos de transição:
da juventude para a vida adulta e do mundo de origem para o mundo da universidade. Tal transposição
"entremundos" pode se tornar ainda mais complexa quando reconhecemos a existência de questões
envolvendo classe social e raça, e o acesso à universidade configura-se também como a possibilidade
de mudança de lugar social. Notamos ainda a existência de uma crise em curso na atualidade que
atravessa e extrapola o contexto da moradia universitária, na qual há uma incerteza sempre presente
em relação à segurança e estabilidade que as instituições podem oferecer aos sujeitos. O efeito de
demandas primordiais cronicamente sem respostas pode levar a um estado crescente de desamparo,
algo que afeta a saúde mental dos estudantes-moradores. A escuta em transferência dos entrevistados
nos levou a pensar que existe no CRUSP algo da ordem do irrepresentável ou do traumático, que
demanda testemunho e interlocução. Desta forma, apontamos a importância da criação de dispositivos
de apoio e ancoragem aos estudantes para que a travessia universitária possa se efetivar de maneira
menos penosa.
Palavras-chave: Saúde dos estudantes; Universidade; Moradia Estudantil.

639
Pesquisa-intervenção no acompanhamento terapêutico e os dilemas na pandemia

Luana da Silveira - UFF - Universidade Federal Fluminense


Letícia dos Santos de Oliveira Barbosa - Universidade Federal Fluminense
Tamára Teixeira Mendes - Prefeitura de Duas Barras
Laila Tavares Mathias - Universidade Federal Fluminense

RESUMO
A pandemia atualiza a demanda do grupo de pesquisa-intervenção saúde mental e justiça da UFF
Campos, com acompanhamento terapêutico de pessoas em situação de sofrimento psíquico grave com
medidas judiciais. Novos desafios emergiram com a suspensão de território e posterior retomada, em
que se criou outros modos de presença, através do Acompanhamento Terapêutico (AT). O atrelamento
à periculosidade e a produção do medo, que legitimou o manicômio como lugar de cuidado, reeditou
com a pandemia, como forma de prevenção também da COVID para evitar as ruas e o contato. Com
a restrição de circulação em espaços coletivos, tem sido desafiado a contornar a lógica do medo e
construir novos contratos e contatos possíveis.
Objetivos
Ofertar atenção psicossocial e escuta aos usuários da rede de saúde mental em suas relações com o
território e vínculos sociais; Articular e rever com os serviços de saúde e da assistência social a prática
de cuidado ofertada por estes; Contribuir para formação de estudantes de Psicologia, engajada com
as demandas sociais, caráter indissociável da intervenção com pressupostos ético-políticos;
Metodologia
O método utilizado para a pesquisa-intervenção é a cartografia, que envolve acompanhar processos
através do acompanhamento terapêutico- AT, em dupla ou grupo, permitindo o compartilhamento das
angústias que fazem parte do processo de intervenção. Os casos chegam ao grupo encaminhados pelo
Ministério Público e RAPS. A atuaçãpo é com visitas domiciliares, encontros pela cidade, sem
quantidade de encontros semanais pré-determinado, estes são combinados com os acompanhados de
acordo com a demanda e a possibilidade de oferta dos ATs.
Resultados
A aposta é na clínica ampliada, pensando no cuidado em rede, numa perspectiva de co-
responsabilidade com quem se acompanha (BRASIL, 2007). Esses últimos que, de maneira generosa,
dividem suas vidas no cotidiano, assim como nos apresentam o seu próprio território existencial.
Embora o AT tenha nascido da iminência de se construir uma clínica da cidade, a premissa do
movimento pode permitir a continuidade da tentativa de redução de danos. Através do compromisso
ético que há possibilidade de continuar apostando nessa clínica, mesmo em um momento tão adverso
como o atual. A relação estabelecida com os serviços de referência se tornou primordial para que a
oferta de atenção se manter ativa, promovendo análises acerca da sobrecarga e precarização dos
serviços e das práticas em saúde mental. O público acompanhado é de pessoas com frágeis vínculos
e em intenso sofrimento. Com o distanciamento e a presença nos serviços substitutivos mais pontual,
sem a convivência grupal, demandas puderam ser retomadas. Por isso, acredita-se que a pandemia é
um momento de estar ainda mais próximo, pois a insegurança, solidão, vulnerabilidade e outras
questões que atravessam se intensificam nesse momento.
Palavras-chave: Pesquisa-intervenção; acompanhamento terapêutico; pandemia; novas
tecnologias.

640
Podemos falar em não adesão ao tratamento na RAPS?

Daniela Santos Bezerra - IPUSP


Júlia Kalinda de Oliveira Cardoso - Instituto de Psicologia da USP
Karen Alves Paz - Instituto de Psicologia da USP
Natália Lucas Pereira - Instituto de Psicologia da USP
Kaique Canalle Teixeira - Instituto de Psicologia da USP
Luigi Alaburda Vetere - Instituto de Psicologia da USP

RESUMO
Trata-se de um segmento da pesquisa de pós doc Da repetição da busca pelo dano e da não adesão ao
tratamento: contribuições da psicanálise ao cotidiano das equipes de saúde , vinculada ao LABPSI -
IPUSP. A pesquisa integra o Programa Unificado de Bolsas de Estudo para Apoio de Estudantes de
Graduação PUB USP com 5 alunos da graduação do IPUSP. É desenvolvida junto aos profissionais
das 6 macro regiões de saúde de MT, coordenada pela Área Técnica de Saúde Mental da SES, cuja
técnica é a pós doutoranda. A hipótese inicial referenciava-se a um mecanismo de auto-boicote dos
usuários dos serviços, que os levariam a não aderirem aos projetos terapêuticos propostos. As equipes
escolheram um caso difícil para a discussão em webreuniões em cronograma mensal para cada uma
das macro regiões.
Objetivos
O principal objetivo foi o de investigar, a partir da psicanálise lacaniana, os impasses clínicos por
parte das equipes de saúde mental em casos ou questões clínicas consideradas difíceis pelas equipes
componentes da RAPS de Mato Grosso, tentando situar em qual aspecto da relação transferencial
ocorre a não adesão ao tratamento.
Metodologia
Foi montado um cronograma para a participação em webreuniões das 6 Macro Regiões de Saúde,
cada qual uma vez ao mês. Os graduandos foram divididos em 2 grupos, participando semanalmente
e elaborando registro de memória, assim como realizaram revisão bibliográfica. Além disso, os alunos
confeccionaram relatório para subsidiar a escrita de artigo em escrita coletiva. A cada final da
webreunião era escolhida uma equipe que, na próxima reunião, apresentaria o caso difícil .
Resultados
A proposta de discussão de casos para muitas equipes foi uma atividade inovadora. Não somente pelo
fato de funcionar em formato virtual, na medida em que os CAPS em Mato Grosso não dispõem de
equipamento de tecnologia da informação que possibilitasse a plena participação de todos os
membros da equipe. Ficou claro que muitos dos serviços especializados (CAPS) não realizam
discussão de casos com a presença de todos os profissionais, não podendo construir projeto
terapêutico global, tampouco projeto terapêutico singular. Apesar do ponto disparador das discussões
ser a relação entre usuários/familiares/equipes, a maioria das questões que surgiram foram relativas
à gestão surgiram: de falta de qualificação técnica das equipes, falta de articulação de rede, falta de
compreensão do gestor municipal sobre o funcionamento da RAPS, falta de ações de matriciamento,
falta de investimento por parte dos gestores municipais nos CAPS, fragilidade do vínculo
empregatício, forte judicialização das demandas em saúde mental. Das poucas questões clínicas
relativas que surgiram, uma das que mais chamou nossa atenção foi "podemos falar em não adesão
ao tratamento na RAPS?".
Palavras-chave: RAPS; adesão ao tratamento; transferência.

641
Política sobre Drogas e as Comunidades Terapêuticas no Norte Fluminense do Estado do RJ:
olhares em curso

Juliana Desiderio Lobo Prudencio - UFF - Campos


Laís Santos Theodoro - UFF
Victória Lavignia Oliveira Baqueiro - UFF
Lara Raquel de Mattos Lima - UFF

RESUMO
A atenção psicossocial materializada na Rede de Atenção Psicossocial instituída pela Portaria nº
3.088/2011 e modificada com a Portaria nº3588/2017, sofre ameaças e modificações, fortalecendo
práticas manicomiais e proibicionistas, como o fortalecimento das Comunidades Terapêuticas na
RAPS. As CT´s objetivam promover mudanças no comportamento dos indivíduos que possuem usos
de drogas através da abstinência, trabalho forçado e prática religiosa. Logo, o tratamento está baseado
na premissa que mantendo esse indivíduo longe das drogas é possível salva-lo . O debate acerca das
comunidades terapêuticas ganha notoriedade diante da crescente convocação das CTs para acesso ao
financiamento público e ausência de esforços para manter a manutenção dos serviços de saúde mental
incorporados ao SUS.
Objetivos
Compreender o funcionamento das comunidades terapêuticas, credenciadas, existentes na Região
Norte Fluminense do Estado do RJ.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo,através de pesquisa bibliográfica nos
principais indexadores de literatura, levantamento documental acerca do objeto de pesquisa, e
levantamento das comunidades terapêuticas que compõem a Rede de Atenção Psicossocial no Norte
Fluminense do Estado do Rio de Janeiro.
Com a coleta de dados, será realizada a análise de conteúdo, não ordenada, com a categorização,
inferência, descrição e interpretação propõe reflexões sobre o processo de compreensão sobre as CTs
na região Norte Fluminense do RJ.
Resultados
Os resultados parciais da pesquisa sobre o estudo sobre as Comunidades Terapêuticas no Norte
Fluminense revelou através do levantamento inicial que há cerca de doze CT’s nessa região,
majoritariamente localizadas nas cidades de Campos dos Goytacazes e Macaé. Ao contrário do
imaginado, essas não estão localizadas apenas em espaços rurais como também nos territórios
urbanos. É percebido a dificuldade para obtenção de informações desses espaços, como
financiamento, organização interna, capacidade de usuários e terapêutica ofertada. Ainda assim,
observa-se um número expressivo de CT´s e com tendências a mais crescimento em detrimento da
quantidade de serviços Ad no âmbito do SUS, na região.&#8239; Ainda, é notória a incompreensão
do poder público quanto ao serviço prestado pelas Comunidades Terapêuticas, assim como a
fiscalização acerca das ações desenvolvidas pelas mesma. Diante disso, se faz urgente uma maior
aproximação com este espaço, sobretudo pelo crescente financiamento público nestes serviços, para
uma melhor fiscalização no que tange a oferta de cuidado e violação dos direitos humanos;
reafirmando assim a importância de práticas que coadunem com a Reforma Psiquiátrica.
Palavras-chave: Drogas; comunidades terapêuticas; antiproibicionismo; atenção psicossocial.

642
Ponto Benedito: Experiência do Trabalho Associado e Cooperado em uma Loja Social
Inserida na Rede de Atenção Psicossocial em São Paulo

Érica de Oliveira Loibel - CAPS Itapeva


Ana Luísa Aranha e Silva - Instituto de Estudos Avançados USP
Talita Dutra Ponce - CAPS IJ Heliópolis

RESUMO
Este estudo foi realizado na Loja Social do Ponto Benedito Economia Solidária e Cultura, localizado
na zona Oeste da cidade de São Paulo. Inserido no Eixo VII da Rede de Atenção Psicossocial, a Loja
Social do Ponto Benedito é um espaço de trabalho orientado pelos princípios da Economia Solidária.
Em antagonismo à ideia pineliana de trabalho como tratamento, este estudo parte da perspectiva da
Reabilitação como Cidadania, a qual define que o Trabalho é um Direito e um meio de aquisição de
bens materiais ou imateriais.
Objetivos
Analisar o impacto na vida dos associados-assistidos da Loja Social do Ponto Benedito - Economia
Solidária e Cultura proporcionado pela experiência do trabalho associado e cooperado.
Metodologia
Este estudo é descritivo e exploratório e tem como base conceitual a Economia Solidária. Os dados
quantitativos foram coletados através do Livro Caixa da Loja Social e de um formulário para
identificação de dados socioeconômicos e foram processados através de análise descritiva. Os dados
qualitativos foram coletados em 2 Grupos Focais com 5 associados-assistidos do Ponto Benedito e
foram submetidos à análise de conteúdo de Bardin.
Resultados
Os dados informam que a retirada média mensal de Agosto/2019 a Março/2020 foi de R$67,64, valor
zerado na Pandemia. Os participantes apontam que a convivência entre os associados-assistidos e a
interação com os clientes tem importância significativa na dimensão da sociabilidade. Afirmam que
apesar da tentativa de manter um ambiente autogestionado, há uma hierarquia no poder de voto nas
reuniões, apontando uma contradição neste aspecto. Todos consideram que o dinheiro recebido deste
trabalho é importante mas insuficiente para suprir suas necessidades. A maioria reconhece o Trabalho
como Direito, mas alguns trazem em suas falas a ideia de trabalho como tratamento. Em relação à
Pandemia, referem dificuldades financeiras e no acesso às reuniões remotas. A análise dos dados
apresentados demonstra que o trabalho na Loja Social não supre as necessidades de reprodução social
dos associados-assistidos, mas tem importância significativa na vida dos mesmos em relação ao
acesso ao jogo das trocas sociais. O estudo conclui que apesar dos desafios a serem superados, a
Economia Solidária é uma potente alternativa para a realização do processo de Reabilitação como
Cidadania.
Palavras-chave: Economia Solidária; Reabilitação Psicossocial; Reforma Psiquiátrica;
Cooperativismo Social; Enfermagem em Saúde Mental.

643
Potencialidades e desafios do serviço residencial terapêutico: Uma visão do Lar Rosa Blaya,
em Manaus, Amazonas

Ana Carolina Freitas Toyoda - Fundação Hospitalar Adriano Jorge - FHAJ


João Bosco Lopes Botelho - Universidade do Estado do Amazonas - UEA
Diego Monteiro de Carvalho - Universidade do Estado do Amazonas - UEA
André Luiz Costa - Universidade Nilton Lins - UNINILTONLINS
Lucas Pessoa - Universidade Federal do Amazonas - UFAM

RESUMO
Decorridos sete anos desde o início das atividades do primeiro e único serviço residencial terapêutico
do estado do Amazonas, Lar Rosa Blaya , os desafios para o cumprimento de seus objetivos, como
dispositivo da reforma psiquiátrica, ainda são numerosos. Atualmente, 24 pessoas dependem das
habitações do SRT. Entre os 24 residentes atuais, há 14 homens e 10 mulheres. Desses, 19 são egressos
do CPER e 5 do HCTP. A partir da Lei 3.177/2007, que designa a transição gradual entre os modelos
assistenciais, o estado do Amazonas abriu uma grande perspectiva para sua política em saúde mental.
Nesse sentido, vislumbrou-se a realocação de internos de longas institucionalizações para o Lar Rosa
Blaya, com o intuito de dar a eles a oportunidade de resignificar suas vidas por meio da
ressocialização.
Objetivos
Apoiada na visão dos profissionais inseridos no serviço, esta pesquisa busca apresentar os principais
entraves para o funcionamento adequado das residências terapêuticas, bem como os obstáculos que
se impõem à prática assistencial. Ademais, a pesquisa busca compreender a influência dos arranjos
terapêuticos, afetivos e institucionais sobre a reabilitação pós-manicômio dos residentes.
Metodologia
Para esta pesquisa, foram aplicados questionários semiestruturados à gestora do SRT, a um médico
generalista, a uma enfermeira e a uma assistente administrativa. As perguntas compreenderam:
operação do serviço; integração do SRT à rede do SUS; atividades exercidas por cada profissional;
compreensão individual acerca da desinstitucionalização; e contribuições na concepção do projeto
singular terapêutico - PTS. Os dados obtidos foram analisados utilizando a técnica de análise de
conteúdo. A realização desta pesquisa teve a aprovação do CEP/UEA pelo parecer no 4.363.022 de
26/10/2020.
Resultados
Sobre a desinstitucionalização, os profissionais argumentaram que a transição entre os modelos
assistenciais foi conturbada devido à desestruturação da RAPS, falta de preparo dos profissionais e
não-operacionalização em tempo hábil dos serviços substitutivos. Sobre relações interpessoais,
observou-se que a existência de laços afetivos, entre os residentes e equipe, conferem ao SRT enorme
potencialidade terapêutica, no que tange a adequada avaliação clínica e adesão aos tratamentos. As
dificuldades apontadas relacionam-se principalmente ao não recebimento de benefícios federais, por
pendência documental e mudanças administrativas na gestão dos órgãos assistenciais. Também é
relatado, sobre o PTS, a falta de terapia ocupacional e atividade física para os residentes. Ainda, a
participação do público externo nas oficinas implica na baixa adesão dos residentes, que se sentem
menos habilidosos comparativamente. Apesar dos claros benefícios à reabilitação dos egressos, ainda
há lacunas que prejudicam a efetividade do serviço, especialmente quanto à efetivação dos direitos
sociais, devido a profunda exclusão provocada pela institucionalização e pela desarticulação da
administração pública.
Palavras-chave: Desinstitucionalização; Assistência à Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica.

644
Práticas integrativas e complementares em saúde, educação médica e promoção de saúde
mental: relato de experiência de estudantes de Medicina

Lourrany Borges Costa - UNIFOR - Universidade de Fortaleza


Mateus Freitas Azevedo - UNIFOR
Mardhen Catunda Rocha Melo - UNIFOR
Gabriel Lima Abreu - UNIFOR
Felipe Albuquerque Colares - UNIFOR
Lucas Jussier Pinheiro Duarte - UNIFOR
Otavio Porto Valente - UNIFOR
Yuri Marques Teixeira Matos - UNIFOR

RESUMO
Durante o segundo período do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, em 4 dias no mês de
novembro de 2021, os estudantes, divididos em grupos e acompanhados de seus professores,
visitaram um centro de terapia comunitária, chamado Projeto 4 Varas, em Fortaleza-CE, para
vivenciar Práticas Integrativas e Complementares (PICS), como parte das atividades do módulo
"Ações e Práticas Integradas em Saúde", que tem como foco a Saúde Coletiva e a Promoção de Saúde.
O Projeto, filantrópico, fundado por um psiquiatra há 33 anos em uma comunidade de alta
vulnerabilidade social em Fortaleza, promove a terapia comunitária como forma de cuidado em saúde
mental. Após introdução teórica sobre PICS, os alunos foram encaminhados para a atividade de lava-
pés, na qual tiveram momento relaxante, a fim de diminuir a carga de estresse e aguçar a concentração,
imergindo os pés em água morna com ervas aromáticas, guiados por um terapêuta. Depois disso, os
estudantes foram levados para um espaço de terapia comunitária, com compartilhamento de traumas,
angústias, medos, sentimentos e sintomas físicos diversos, entre alunos e usuários do Projeto. Tal
ocasião proporcionou o desenvolvimento de habilidades de comunicação verbal e não-verbal e escuta
ativa, além de interação e firmamento de elos. Por fim, as turmas foram encaminhadas para atividade
de dança em espaço circular, para desenvolver noções de ritmo, dinâmica corporal e trabalho em
equipe.
Objeto do Relato
Vivência estudantil em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).
Objetivos
Relatar a experiência de alunos do segundo período do curso de Medicina da Universidade de
Fortaleza durante vivência em PICS em um centro de terapia comunitária em Fortaleza, Ceará, com
ênfase para a promoção da saúde mental.
Análise Crítica
A experiência foi extremamente positiva e enriquecedora, ampliando as perspectivas pessoais e
profissionais dos estudantes. Contribuiu para a formação médica humanizada, crítica, reflexiva e que
respeita os saberes populares. Percebeu-se pontualmente entre alguns estudantes um certo ceticismo
perante as técnicas ali apresentadas, marca do modelo hegemônico técnico, biomédico e
hospitalocêntrico ainda muito presente. Em contrapartida, muitos estavam bastante entusiasmados e
abertos à experimentação. Os alunos puderam perceber nas narrativas compartilhadas pelos usuários
do Projeto 4 Varas o quanto a atenção à saúde mental está muito além das práticas medicalizantes.
Conclusões/Recomendações
A experiência evidencia a importância das PICS na educação médica para formação de futuros
profissionais humanizados, capazes de respeitar o indivíduo em seu contexto sociocultural, familiar
e comunitário e de indicar ações de promoção de saúde mental e auto cuidado de forma holística.
Palavras-chave: Saúde Mental; Educação médica; Terapias complementares.

645
Práticas Transversais e o Cuidado como Criação

Bruna Pinna Sousa - UFF - Universidade Federal Fluminense


Danichi Hausen Mizoguchi - Universidade Federal Fluminense

RESUMO
Situada no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, a Casa Jangada é um espaço de trabalho
transdisciplinar formado por um coletivo de profissionais com diferentes atuações ligadas à saúde
mental. A experiência tem se dado a partir de um cotidiano de atendimentos clínicos de consultório,
grupos de criação, pesquisa e convivência. A aposta é desenvolver um dia a dia de atividades com um
forte grau de transversalidade, onde diversas práticas, saberes e funções coexistem dentro do mesmo
espaço, a partir de uma heterogeneidade de interesses na relação entre criação e processos subjetivos.
A intercessão e a convivência entre o trabalho clínico e o não-clínico se faz presente, singularizando
este trabalho como um espaço, ao mesmo tempo, de atendimento em saúde e também um território
de encontros e criações coletivas. Neste ambiente híbrido da Casa trabalham em composição: clínicos,
psiquiatras, acompanhantes terapêuticos e artistas. Participam do cotidiano da Casa: pacientes de
consultório, pacientes usuários de saúde mental, estudantes e pesquisadores de psicologia, arte,
filosofia, artistas em processos de criação. O trânsito entre estas funções e atuações constituem a
matéria-prima da própria clínica em andamento que vem apontando para uma insistência na produção
incessante de diferenças e forjando pistas para acompanhar processos de produção da subjetividade e
seus modos de resistência na vida contemporânea.
Objeto do Relato
Casa Jangada e o trabalho coletivo de criação e práticas de cuidado.
Objetivos
Formular possibilidades de trabalho em saúde mental que tomam a clínica, a arte e a política em uma
comunicação transversal constituindo práticas coletivas de cuidado. Relacionar os conceitos de uma
perspectiva transdisciplinar para traçar questões de uma prática em curso a partir de uma observação
participativa.
Análise Crítica
Como criar espaços ou pensar as instituições de saúde e cuidado não vinculadas necessariamente ao
âmbito médico ou circunscritas dentro do contexto de práticas psi? Quando trazemos a ideia de
criação para pensar práticas de cuidado, trata-se de uma experiência em si, antes da criação deste ou
daquele objeto. É a própria experiência de entrar em processos criativos fazendo diferentes mundos
se comunicarem que efetiva uma pragmática transversal . A tentativa de experimentação na Casa
Jangada tem sido fazer funcionar diferentes modos de atuar e conviver para colocar a própria clínica
em questão e ampliar modos estabelecidos e convencionais de acolhimento em saúde mental.
Conclusões/Recomendações
A ideia de transversalidade é algo a ser conquistado em uma pragmática. Investigar as experiências
de um espaço como a Casa Jangada tem nos ajudado a pensar e fazer da clínica um exercício inventivo
e inseparável da sua relação com a política, a ética e a estética.
Palavras-chave: Transversalidade; Clínica; Criação.

646
Prevalência De Sobrecarga Em Trabalhadores Da Rede De Atenção Psicossocial

Maria Fernanda Lirani dos Reis - UNICAMP


Sulamita Gonzaga Silva Amorim - UNICAMP
Michelle Chanchetti Silva - UNICAMP
Bruno Ferrari Emerich - UNICAMP
Rosana Teresa Onocko Campos - UNICAMP

RESUMO
O adoecimento físico e emocional decorrente das atividades profissionais tem aumentado de modo
significativo atualmente. A avaliação dos serviços de saúde, dentro da temática da saúde do
trabalhador tem investigado os efeitos do processo de trabalho e sua relação com o adoecer dos
trabalhadores do campo da saúde. Devido a sua categoria de atuação, os profissionais da saúde estão
naturalmente mais suscetíveis aos impactos do estresse, o que reflete não somente nas relações
interpessoais dos trabalhadores, mas também no atendimento aos usuários dos serviços de saúde e na
qualificação do trabalho que é prestado à comunidade, uma vez que um dos fatores atrelado a
qualidade do serviço prestado consiste na troca efetiva entre os profissionais e um bom
funcionamento da equipe.
Objetivos
O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de sobrecarga relacionada ao trabalho em
profissionais da RAPS de um município paulista de médio porte para obtenção de diagnóstico
situacional do município.
Metodologia
Este é um recorte da etapa de pré-implementação de uma pesquisa de implementação de dispositivos
de integração de rede de um município de médio porte. Caracteriza-se como um estudo transversal,
realizado em agosto de 2019, com a participação de 186 trabalhadores de diferentes categorias, de
diversos serviços da RAPS. Na coleta de dados, foi utilizado um questionário autoaplicado
relacionado ao processo de trabalho em saúde e também foi aplicada a versão brasileira validada do
Self-Report Questionnaire (SRQ-20). A análise dos dados foi realizada por meio do pacote estatístico
Stata 11.
Resultados
Como resultado, estabeleceu-se as médias relacionadas à sobrecarga dos trabalhadores do CAPSII,
CAPSad, Ambulatório e AB, agrupados nos subitens, respectivamente: grau de sobrecarga referente
aos efeitos ressentidos pela equipe na sua saúde física e mental (1,57; 2,23; 1,70; 1,92); grau de
sobrecarga com relação ao impacto do trabalho sobre o funcionamento da equipe (1,95; 2,47; 2,30;
2,36); grau de sobrecarga referente às repercussões emocionais do trabalho (2,17; 2,80; 2,70; 2,52) e
sobrecarga global (1,86; 2,38; 2,13; 2,16).
O CAPS ad foi serviço que apontou maior prevalência de sobrecarga em todos os subítens avaliados.
A sobrecarga referente às repercussões emocionais do trabalho, foi o subitem mais expressivo entre
os quatro serviços. A literatura também evidencia que tal aspecto pode estar relacionado ao trabalho
direto com vidas humanas em intenso sofrimento psíquico, atritos com os usuários e dificuldades no
relacionamento em equipe. Além disso, fatores como a instabilidade política, condições de trabalho,
fragmentação da rede, vulnerabilidades sociais e violações de direitos que atravessam especialmente
a clínica AD, impactam diretamente no cotidiano e carga de trabalho.
Palavras-chave: Sobrecarga de trabalho; Saúde Mental; Serviços de Saúde Mental.

647
Processo saúde-doença mental e a Representação Social de discentes do curso de Psicologia

Paula Hayasi Pinho - UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia


Natália Oliveira dos Santos - UFRB
Helena Moraes Cortes - UFSC

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica brasileira proporcionou novas concepções a respeito do adoecimento mental
produzindo novos meios de cuidado. A passagem do modelo psiquiátrico para a atenção psicossocial
trouxe a necessidade de uma mudança de olhar dos profissionais da saúde, sendo necessário a
desvinculação de um modelo biomédico para a realização de uma assistência humanizada.
Objetivos
Analisar a representação social acerca do processo saúde doença mental dos discentes do curso de
graduação em Psicologia de uma Universidade Federal baiana.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa narrativa, de abordagem qualitativa. A coleta dos dados ocorreu por meio
de um formulário no google forms, aberto entre os meses de maio e junho de 2021, composto por
uma pergunta norteadora e doze questões sociodemográficas. Para análise dos dados utilizou-se o
modelo da hermenêutica dialética.
Resultados
Participaram do estudo trinta e quatro estudantes do curso de Psicologia. Da análise dos dados
depreendeu-se a categoria modelo de determinação social do processo saúde e doença mental. Os
estudantes demonstraram um conhecimento de que o adoecimento psíquico está determinado
socialmente e classificam esses determinantes como sendo as condições de vida das populações, o
modo que vivem, trabalham, crescem, envelhecem e os meios para lidar com doenças, indo além do
modelo biomédico. Espera-se com este estudo contribuir com o processo de ensino aprendizagem,
visando formar futuros profissionais alinhados com os princípios da Reforma Psiquiátrica,
compreendendo que a representação social que o individuo tem afetará diretamente na assistência
prestada.
Palavras-chave: Representação social; Saúde-doença mental; Psicologia.

648
Produção técnico-cientifica do Serviço Social na atuação com pessoas que fazem uso abusivo
de drogas: uma aproximação

Bruno Lopes Lima

RESUMO
De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN) de junho de
2016, 20.160 pessoas foram presas por crimes relacionados ao tráfico de drogas. O número
corresponde a 28% das incidências penais pelas quais as pessoas privadas de liberdade foram
condenadas ou aguardavam julgamento naquele ano. Diante dos dados acima, somos convocados/as
a repensar o surgimento do Serviço Social, o perfil das profissionais, bem como também como são
convocadas a atuar e como esse posicionamento se transformou e, em alguma medida se mantém, até
chegarmos ao atual Projeto Ético Político e nas produções teórico-metodológicas, técnico-
interventivas e ético-políticas da categoria.
Objetivos
O objetivo desse estudo é analisar como o Serviço Social brasileiro contribui na atuação com pessoas
que fazem uso abusivo de substâncias psicoativas.
Metodologia
Buscamos através da construção de um estado da arte, discutir parte da relação da profissão com a
temática de drogas, debruçando também sobre as discussões historicamente produzidas sobre o tema.
Realizamos uma pesquisa quantitativa e qualitativa acerca das produções científicas do Serviço Social
no período de 2016 a 2019, buscando-as nas dissertações e teses da categoria, assim como nos
trabalhos técnico-científicos de assistentes sociais apresentados em alguns Congressos Brasileiros de
Assistentes Sociais (CBAS) e nos Encontros Nacionais de Pesquisadores/as em Serviço Social
(ENPESS)
Resultados
Quando identificamos o uso de substâncias psicoativas por povos originários como elemento também
profundamente arraigado culturalmente e, posteriormente, fizemos a exposição dos dados produzidos
pela GD em relação à população negra como parte de um projeto de sociedade, não foi possível
observar esse caminho reflexivo nas produções realizadas pela categoria. Consideramos assim que
cabe ao Serviço Social não apenas ampliar o debate sobre a política de drogas, mas adensá-lo através
principalmente de uma perspectiva interseccional que tome em conta as inflexões com o
pertencimento étnico-racial e com os estudos de masculinidade. É necessário que essa discussão
ganhe também maior diversidade geográfica e que ganhe maior relevância nos programas de pós-
graduação em Serviço Social.
Palavras-chave: Serviço Social; Politicas Sociais, Droga; Raça.

649
Programa de acompanhamento a cuidadores de crianças e adolescentes com transtornos
mentais

Manuela Carla de Souza Lima Daltro - UNIFIP


Roberto Alexandre Franken - Faculdades de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Karini Vieira Menezes de Omena - Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional -
CREFITO 1
Sayonara Queiroz Coelho - Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITO
1

RESUMO
Participaram da pesquisa 20 cuidadores, 10 docentes e 40 discentes dos cursos de medicina,
fisioterapia, educação física, psicologia, nutrição, enfermagem, biomedicina, odontologia e serviço
social do Centro Universitário UNIFIP que realizavam semanalmente encontros com os cuidadores,
contemplando atividades como acompanhamento psiquiátrico, aulas de Pilates, atividades de
fisioterapia dermato-funcional, técnicas de relaxamento, atividades físicas, rodas de conversas, entre
outras. Após 4 meses de intervenção foi possível observar que houve significância estatística em todos
os domínios do Woquol-Bref que avalia a QV, quando comparado as médias de antes e depois da
intervenção, em que antes do projeto os domínios mais comprometidos eram o psicológico
(m=37,65/dp 9,39) e relações sociais (m=48,60/dp=10,52). Após a intervenções ocorreram nos
domínios psicológico (m=52,15/dp= 13,83) e meio ambiente (m=53/dp=10,04). Em relação a QS
antes da intervenção do projeto 50% estavam na classificação de sono ruim e 50% com presença de
distúrbio de sono; após a intervenção, 35% possuíam sono bom e somente 15% foram classificados
com distúrbio de sono, com média inicial de 4,30 e final de 3,61 com p de 0,00. A partir de análise da
Escala de Beck que avaliou depressão verificou-se média inicial de 14,75 com dp de 13,38 e média
final de 12,20 com dp de 10,41, com p de 0,004
Objeto do Relato
Programa de acompanhamento a cuidadores de crianças e adolescentes com transtornos mentais
Objetivos
Descrever como trabalho de uma equipe interdisciplinar pode interferir na qualidade de vida (QV),
de sono(QS) e depressão dos cuidadores.
Análise Crítica
O modelo de atenção a pessoa com transtorno mental propõe que o seguimento e a evolução dos
tratamentos ocorram no contexto das dinâmicas familiares, devendo a família receber o suporte dos
serviços substitutivos em saúde mental e da Atenção Básica. Sabe-se, porém, que os serviços
existentes possuem dificuldades para assistir a totalidade das pessoas com transtorno mental no que
concerne à acessibilidade, como também, cuidar de um pessoa com transtorno mental constitui-se
tarefa complexa, em vista das singularidades apresentadas por esses indivíduos e esses cuidadores
também necessitam de suporte.
Conclusões/Recomendações
Após 4 meses de intervenção interdisciplinar foi possível observar melhoria na qualidade de vida, de
sono e depressão dos cuidadores. Este trabalho traz à tona discussões sobre o ensino na área da saúde,
sobretudo sob a perspectiva interdisciplinar.
Palavras-chave: Cuidador; criança; adolescente.

650
Projeto articulando miniequipes especializadas de saúde mental e miniequipes de saúde
mental da atenção básica: fortalecendo a RAPS de Jacareí

Andréa Batista de Oliveira - SMS de Jacareí


Daniel Freitas Alves Pereira - SMS Jacareí
Pedro Ivo Freitas de Carvalho Yahn - Apoiador Institucional
Rosana de Alvarenga Coutinho - CAPSij Jacareí
Milene Camila dos Santos - CAPS II Jacareí
Elaine Cristina Correa Alberigi - CAPSad Jacareí
Fritz Zucareli Rodrigues - CAPSij Jacareí
Solange Mendes Rodrigues Brocca - CAPSII Jacareí
Adriana Campos Gonçalves - CAPSij
Maria Luiza da Silva Rogerio Palharose - CAPS II Jacareí

RESUMO
A questão do território está presente nos princípios e diretrizes das políticas de saúde. A PORTARIA
Nº 3.088 de 2011 que institui a RAPS, enfatiza nas suas diretrizes o desenvolvimento de atividades
no território, e a ênfase em serviços de base territorial. O Projeto articulando miniequipes
especializadas de saúde mental e miniequipes de saúde mental da atenção básica, tem como objetivo
fortalecer e articular os CAPS II, CAPSij e CAPSad III do município de Jacareí para desenvolver
atividades nos territórios, aproximando os serviços especializados de saúde mental junto às unidades
de atenção básica e os serviços que compõe a rede intersetorial. Enquanto recursos metodológicos
adota princípios, diretrizes e dispositivos da Educação Permanente em Saúde e da Política Nacional
de Humanização do SUS. Adota como estratégia de matriciamento as miniequipes especializadas de
saúde mental composta por membros das equipes técnicas dos CAPS II, CAPSij e CAPSad III, e
enquanto equipe de referência, as miniequipes de saúde mental na atenção básica, composta pelos
profissionais psicólogos de cada unidade e mais 3 membros da equipe. Ao todo são 3 miniequipes
especializadas, Norte/Leste, Sul/Centro e Oeste e 18 miniequipes de saúde mental na atenção básica.
O projeto é coordenado por um grupo estratégico que é formado pela coordenação de saúde mental
do município, coordenadores e mais dois técnicos dos CAPS II, CAPSij e CAPSad III. O projeto está
organizado em 4 fases. Objeto do Relato: Descrever o processo de articulação e operacionalização
do Projeto citado. Objetivos: Articular e operacionalizar, por meio de processo de formação-
intervenção e educação permanente em saúde, 3 miniequipes especializada de saúde mental e 18
miniequipes de saúde mental na atenção básica com o objetivo de fortalecer a Rede de Atenção
Psicossocial do município de Jacareí. Análise Crítica: O projeto encontra-se em desenvolvimento
alternando períodos de participação e períodos de esvaziamento. Ao mesmo tempo que os
participantes relatam ganhos com o espaço de educação permanente também relatam uma certa
impaciência em relação ao processo, pois há uma lógica pragmática que atravessa as expectativas em
relação aos efeitos do projeto. O processo de articulação das mini equipes de saúde mental na atenção
básica ainda está incipiente devido à agenda das equipes de atenção básica que até a pouco estava
toda mobilizada para o combate à Pandemia da COVID-19. Um dos grandes desafios e objetivos do
projeto é introduzir de forma consistente uma agenda de saúde mental na de atenção básica.
Conclusões/Recomendações: O projeto está organizado em 4 fases. Até o momento foram executadas
a fase 01 (articulação do grupo estratégico) e fase 02 (articulação e ativação da miniequipe
especializada). Está sendo articulado o início da fase 03 que é a ativação das miniequipes de saúde
mental na atenção básica.
Palavras-chave: Territorialização; Redes de promoção da saúde; Apoio matricial; Saúde Mental na
Atenção Básica.

651
Projeto de Extensão Reeducando

Denyse Bontempo Vieira - CER

RESUMO
Trata-se do Projeto de Extensão Reeducando. O mesmo ocorreu entre os anos de 2016 á 2021, foi
idealizado pela Instituição de Ensino Superior - IES /UNIVAR e a Primeira Vara Criminal da Cidade
de Barra do Garças-MT. Em cada 12 horas de encontro , á um dia de remissão do pena. Cada encontro
durava cerca de 4 horas, ou seja, a cada três encontros o reeducando era premiado com a remissão de
um dia. A coordenadora do projeto durantes este período é a psicóloga e professora Denyse Bontempo
Vieira e o juíz Dr. Doglas. Em todos os encontros a cooredenadora esteve presente nas instalações do
Centro Universitário do Vale do Araguaia - UNIVAR - MT. Sempre aos sábados, das 13:00 ás 17:00hs,
ocorriam oficinas de diversos temas , afim de trazer informações uteis sobre os Direitos Humanos,
educação , reinserção social, saúde mental , meio ambiente, afins de trabalhar conteúdos que muitas
vezes se fez ausente na vida dos participantes do projeto, devido a pouca escolaridade, condições
financeiras, sociais... O encontros ocorriam entre a coordenadora do projeto, e os(as) reeducados (as)
, foram oferecidos oficinas como : Constelação Familiar, Economia do solidaria, Meio Ambiente,
Sociologia ... O acolhimento, vínculo, respeito, ações terapêuticas comuns a uma equipe
multidisciplinar (caderno 34. MS.) ream realizados constantemente . O participante que tivesse apto
ou desejasse entrar do 3° ano, o Centro Universitário premiava-se esse com um a bolsa integral ,
durante todo o curso.
Objeto do Relato
Multiplicar projetos que visam trabalhar direitos humanos, saúde mental e educação e não a exclusão
Objetivos
Trabalhar o ensino associado a pesquisa, abrindo espaço para a iniciação cientifica. Assim, como
cumprir com a meta do Centro Universitário em relação a responsabilidade social da Instituição de
Ensino Superior -IES. Além de proporcionar conteúdos que muitas vezes lhes foram negados pelo
estado , excluindo-os as margem da marginalização.
Análise Crítica
O Projeto de Extensão Reeducando, apesar de ter um nome pejorativo, é grade em suas propostas e
ações. As bolsas nos cursos superiores oferecidos é uma realidade que já graduou diversos integrantes,
que não teria esta opção se não fosse o projeto. Aqueles que não estão hábitos ou não desejam seguir
as estudos, frequenta os encontros e nele cria vínculo com a coordenação e demais colegas, conhecem
diversas pessoas , com os mais diversos dons que se oferecem a ministrar oficinas dobre o meio
ambiente, constelação familiar, filosofia, saúde, entre outras. É fundamental o acolhimento entre
todos, o respeito e a empatia.
Conclusões/Recomendações
O Projeto de Extensão Reeducando está em constante construção , ele só tornou-se o que é devido ao
princípios: direitos humanos, saúde mental, cidadania. Assim o grupo se sentia pertencente,
mobilizados para conhecerem temas que sempre ouviram falar, mas que pouco lhe foram privados.
Palavras-chave: Direitos Humanos; Reeducando.

652
Projeto de intervenção breve com adolescentes no município de São José dos Pinhais (PR), um
foco preventivo contra a automutilação; experiência da Residência Multiprofissional em
Saúde da Família

Igor Luige dos Santos Andretti - Psicólogo Residente


Aldiney Ramos de Mello - Escola de Saúde Pública de São José dos Pinhais

RESUMO
O relato que se segue partiu da experiência vivida no programa de Residência Multiprofissional em
Saúde da Família do município de São José dos Pinhais (SJP)/ PR, região metropolitana de Curitiba,
após surgir a demanda dos serviços em Psicologia do território durante uma reunião de rede
Intersetorial, organizada pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) para uma das
escolas na rede pública de ensino do município, onde representantes da mesma evidenciaram um
número considerável de adolescentes com comportamentos autolesivos. A intervenção em si está
sendo executada por um residente de Psicologia, após a elaboração de um projeto em conjunto com
seu preceptor de campo - uma Unidade Básica de Saúde (UBS). O projeto tem um caráter de
intervenção breve, com cronograma específico - porém adaptável - de um misto de oficinas
terapêuticas e atividades psicoeducativas de foco preventivo, fazendo jus aos objetivos da atenção
primária em saúde. As atividades são divididas em 4 eixos progressivos, sendo eles o de Preparação
(fortalecimento da confiança entre participantes); de Revelação (exposição de sentimentos); de
Aceitação (aceitação do lugar da dor) e de Prevenção (higiene em saúde mental), finalidade da
intervenção. Os encontros com os adolescentes acontecem no período da manhã para os estudantes
da tarde; e à tarde para os estudantes da manhã. Totalizam-se em média 14 adolescentes participantes.
A previsão de término das atividades é para o mês de Agosto de 2022.
Objeto do Relato
Experiência das atividades da Residência Multiprofissional em Saúde da Família na comunidade
Objetivos
bjetivos gerais: apoiar alunos em conflitos emocionais. Objetivos específicos: aplicação de técnicas
grupais com o foco na prevenção do sofrimento; sensibilização dos alunos e seus responsáveis quanto
à fases conflitivas na adolescência; integração da escola e da família enquanto serviços de proteção
ao jovem com conflitos emocionais;
Análise Crítica
Percebe-se que o projeto de intervenção breve em saúde mental está propiciando aos jovens um lugar
de fala/escuta diferente do oferecido pela família, ou instituição de ensino, considerando ainda que o
contato do adolescente com o ambiente familiar foi de grande intensidade durante a pandemia da
COVID-19 e a sua reclusão social impositiva. A duração de dois anos de desenvolvimento emocional
e psíquico não saiu indeterminado da vivência constante do adolescente com os pais ou responsáveis
em regime domiciliar, principalmente para jovens com consideráveis vulnerabilidades sociais,
fazendo dessa vivência uma frequente reclamação dos participantes do projeto enquanto causadora
de sofrimento.
Conclusões/Recomendações
Compreende-se que as ações executadas em nível preventivo de saúde mental com o grupo de
adolescentes está sendo efetivo, embora sendo aplicada apenas por uma categoria profissional da
UBS. Entende-se problemático o surgimento da demanda aos serviços de saúde mental somente em
situações alarmantes.
Palavras-chave: prevenção; automutilação; escola; adolescentes.

653
Projeto Enasf Em Movimento: promovendo saúde com qualidade

José Oseas de Oliveira Filho - Secretaria Municipal de Saúde de Maceió


Berto Gonçalo da Silva - Secretaria Municipal de Saúde de Maceió
Deusdeth Kelly Santos Marques Luz - Secretaria Municipal de Saúde de Maceió

RESUMO
O sedentarismo pode ser considerado uma epidemia mundial, pois compromete cerca de 73% da
população do planeta. É considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o inimigo número
um da saúde pública, associado a dois milhões de mortes ao ano globalmente e por 75% por mortes
nas Américas. É fator de risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), como diabetes
tipo 2, hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, obesidade, doenças cardiovasculares,
osteoporose e algumas formas de câncer. A qualidade de vida da população está relacionada com o
estilo de vida fisicamente ativo e representa investimento de baixo custo e alto retorno em saúde
pública. Estimativas econômicas de vários países consideram o sedentarismo responsável por 2% a
6% dos custos totais em saúde pública. No Brasil, não há dados sobre o custo do sedentarismo, mas
recente relatório elaborado pelo Banco Mundial atribuiu 66% dos gastos em saúde às DCNTs em todo
o país. A associação inversa do gasto calórico e do tempo total de atividade física com a mortalidade
e a incidência de doenças cardiovasculares, quantificada pela epidemiologia, enfoques estratégicos
que dão sustentação de saúde pública em defesa do estilo de vida. Diante disso, reforça-se a relevância
de que o fortalecimento destas ações em espaços de lazer dentro dos territórios permite envolver
dimensões fisiológicas, sociológicas e psicológicas do ser humano e também as Políticas Publicas de
Saúde no município de Maceió.
Objeto do Relato
Desenvolver hábitos saudáveis e práticas corporais com usuários de 8 Distritos Sanitários de Maceió.
Objetivos
Estimular o desenvolvimento de práticas corporais como fator determinante de promoção a saúde e
prevenção do sedentarismo. Possibilitar a redução da taxa de incidência de doenças e agravos não
transmissíveis na população através da realização de exercícios diários; Fortalecer as atividades
educativas em saúde já existentes na comunidade.
Análise Crítica
O eNasf em Movimento ratifica que o controle e prevenção das DCNTs é um processo lento, que
requer liderança firme e constante. É necessário manter a capacidade crítica e enfrentar os obstáculos
de maneira segura, visando à qualificação das iniciativas. O progresso do trabalho em prevenção será
visualizado e revisado constantemente, porém é necessário que o projeto tenha sustentabilidade
dentro dos territórios. Os resultados efetivos somente são alcançados com a formação de redes de
trabalho contínuo, cujo fortalecimento é um dos principais objetivos discutidos.
Conclusões/Recomendações
O eNasf em Movimento reforçou o controle a prevenção de doenças, mediante exercício diário de
práticas corporais, aliado a hábitos de vida. As ações são realizadas de forma contínua, promovendo
estilo de vida mais saudável, propondo estratégias de enfrentamento para problemas de saúde da
população.
Palavras-chave: Sedentarismo; Atividade Física; Saúde Mental; Políticas Públicas.

654
Projeto Liberdade: Equoterapia Aliada a Grupo Terapêutico no Tratamento de Vítimas de
Violência Sexual

Clarissa Moreira Enderle - ACADEPOL


Soraya da Silva Sartori - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE de Jaguaruna/SC

RESUMO
O objetivo deste projeto foi o de promover a retomada da saúde física e psicológica de adolescentes
vítimas de violência sexual por meio da Equoterapia, aliada a grupos terapêuticos. As participantes
foram 4 adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17 anos de idade, vítimas de violência sexual,
selecionadas pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de
Tubarão e submetidas a uma avaliação psicológica inicial. Todas apresentavam sintomas compatíveis
com estresse pós traumático e, em diferentes graus, sintomas de ansiedade e depressão. A Equoterapia
é um método terapêutico já bastante reconhecido, que utiliza o cavalo em uma abordagem
interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, tendo o cavalo como agente promotor de
ganhos físicos, psicológicos e sociais. A equipe de Equoterapia, foi formada de uma psicóloga e um
fisioterapeuta com formação em Equoterapia. Após cada sessão de Equoterapia, foi realizado um
grupo terapêutico, no qual as participantes compartilhavam experiências, sensações e emoções,
conduzido por duas psicólogas, com formação na área de grupoterapia. O encerramento se deu com
a participação dos pais e após, foi realizada uma entrevista final com os pais e cada adolescente
individualmente.
Objeto do Relato
Projeto de Equoterapia aliada a grupo terapêutico voltado a vítimas de violência sexual.
Metodologia
Objetivos
Compartilhar com a comunidade acadêmica um relato de prática inovadora e bem sucedida de
cuidado na atenção psicossocial. Difundir a contribuição da Equoterapia como tratamento alternativo
no campo da psicologia. Demonstrar como a Equoterapia aliada a grupos terapêuticos contribuiu para
amenizar o sofrimento psíquico de vítimas de abuso sexual.
Análise Crítica
O trabalho apresentou resultados positivos como auxiliar no tratamento dos traumas psíquicos
vivenciados pelas adolescentes. O vínculo com o cavalo, por constituir uma experiência de "amor
incondicional", proporcionou-lhes a confiança necessária para que conseguissem compartilhar
sentimentos e experiências. Além disso, na medida em que foram conseguindo elaborar os traumas e
expressar seus sofrimento, as crises de ansiedade e episódios de automutilação foram diminuindo até
serem substituídos por uma atitude mais assertiva e autoestima mais elevada. As adolescentes
relataram ter conseguido acreditar mais em si mesmas e avançar em áreas de suas vidas que se
encontravam estagnadas.
Conclusões/Recomendações
As adolescentes apresentavam queixas sobre o relacionamento intrafamiliar e percebeu-se que os
conflitos relatados estavam relacionados à dificuldade dos pais em lidar com a situação de violência
vivenciada. Assim sendo, recomenda-se que as famílias recebam acompanhamento psicossocial.
Palavras-chave: Equoterapia; grupo terapêutico; violência sexual.

655
Projeto Preto: processos criativos e o cultivo de sementes em saúde mental

Paula Fernanda Fonsêca de Araújo Santos - Espaço Rizoma


Marina Bernardo Angeiras da Silva - UFPE

RESUMO
Os encontros foram realizados semanalmente no Espaço Rizoma(Casa Jasmin), localizado na cidade
do Recife-PE, às segundas-feiras, com um número total de 7 participantes, tendo sido rotativo esse
número ao longo dos mesmos. O público-alvo foram usuárias/os negres do serviço. O convite às/aos
participantes se deu a partir do indicador identidade racial , tendo como ponto de partida a
autodefinição racial negra/o das/os usuárias/os e a percepção de que o Projeto Preto poderia ser um
espaço de fortalecimento identitário. A indicação terapêutica considerada pela equipe foi outro
indicador. Foram realizados ao todo 14 encontros, com duração de 2h15 cada um. Foram pensadas
propostas criativas nas quais o tema racial estivesse em evidência, bem como fomentada a
autoreflexão a partir de textos que foram sendo escolhidos pelas facilitadoras a partir da escuta dos
temas trazidos ao longo dos encontros. Foram utilizados diversos recursos expressivos(argila, carvão,
sementes, miçangas, contos, músicas, soul collage) bem como intervenções psicocorporais com foco
em análise bioenergética a fim de apresentar caminhos criativos e de promoção à saúde mental. O
objetivo foi favorecer a compreensão de como o atravessamento do racismo vivenciado pelas/os
usuárias/os participantes interfere e interferiu em seus processos identitários e de fluxos na vida, a
fim de promover o cuidado em saúde mental, visto que nomear a experiência do racismo possibilita
enfrentamentos e aquilombamentos psíquicos.
Objeto do Relato
Projeto Preto: Saúde Mental e plurais processos de fortalecimento identitário racial de usuáries
Objetivos
Apresentar as propostas terapêuticas utilizadas no Projeto Preto, tendo como referencial a
afrocentricidade, com o objetivo de promover o cuidado em saúde mental das/os usuárias/os negres
do Espaço Rizoma e favorecer a compreensão de como o atravessamento do racismo interfere e
interferiu em seus processos identitários e de fluxos na vida.
Análise Crítica
Compreendemos que o tema do racismo ainda parece ser de difícil abordagem direta. Djamila
Ribeiro(2018) nos convida a não termos medo de pronunciar a palavra negro, branco, racismo, racista,
entendendo que ao nomear podemos definir sentidos e suas implicações na luta antirracista. A
presença de práticas antirracistas nas instituições ainda estão em processo de (des)construção, e é a
partir da abertura de espaços para a realização de projetos como esse que se promove o que Grada
Kilomba chamou de processos de racialização de pessoas brancas e o fortalecimento identitário de
pessoas negras. O cuidado e a atenção à saúde mental da população negra é um direito e um
compromisso de todes.
Conclusões/Recomendações
Um dos efeitos do racismo é o adoecimento psíquico da população negra. Processos de racialização
e práticas antirracistas geram mudanças positivas em toda a comunidade, e a saúde mental de um
coletivo depende de cada sujeito. O cuidado e a atenção à saúde mental da população negra é um
direito.
Palavras-chave: saúde mental; identidade racial; práticas antirracistas; intervenções psicocorporais;
recursos expressivos.

656
Promoção de cuidados a partir da GAM: uma visão dos usuários e trabalhadores do CAPS II
de uma cidade do Norte de Minas Gerais

Larissa Mairink Veloso


Emanuely Mendes Noronha - FACITEC
Roberto Carlos Pires Junior - FACITEC
Cristina Andrade Sampaio - UNIMONTES

RESUMO
A Reforma Psiquiátrica Brasileira representou um avanço para a saúde mental. Devido as mudanças,
houve a necessidade de ampliar a inclusão social da população com sofrimento mental. Portando, foi
criada a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), tendo como objetivo a reabilitação psicossocial e
melhoria na promoção de cuidado (LUSSI, PEREIRA, PEREIRA, 2006). Porém, alguns estigmas
manicomiais persistem, entre eles, o cuidado voltado para o modelo tutelar, onde a relação
trabalhador-usuário é hierarquizada. O cuidado, segundo Ayres (2004), tem caráter genuíno na
intersubjetividade e para alcança-lo, é vital respeitar a experiência do sujeito. Como estratégia, a
Gestão Autônoma da Medicação (GAM) busca promover autonomia aos usuários ocasionando
melhorias na produção de cuidados (SANTOS, 2014).
Objetivos
O estudo teve como objetivo compreender a experiência de usuários e a percepção dos trabalhadores
acerca do processo de produção de cuidados, a partir da GAM.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa-intervenção com abordagem qualitativa. Realizou-se a observação
participante do processo de planejamento e inauguração do grupo GAM no CAPS II em uma cidade
do Norte de Minas Gerais, tendo a participação média de dez usuários e quatro trabalhadores. Foram
realizados quinze encontros, executados no período de setembro de 2021 a abril de 2022. Os dados
foram organizados em diários de campo e analisados por meio da análise de conteúdo (BARDIN,
2016). Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), sob o parecer nº 35505309
de 15 de setembro de 2021.
Resultados
Durante o grupo de planejamento com os trabalhadores, foi observado divergências entre as práticas
de cuidado. Foram manifestas orientações clínicas voltadas para autonomia. No entanto, revelaram-
se formas de cuidado que remetem ao modelo tutelar, manifesto de forma subentendida nas
perspectivas e práticas de cuidado. Nas análises foram encontrados elementos indicativos da pouca
participação e independência dos usuários na gestão de seu cuidado e na vida. No grupo GAM, por
um lado, os usuários manifestaram forte ligação com serviço e trabalhadores, porém, como
decorrência deste intenso vínculo, apresentou-se indícios de dependência ao CAPS e os trabalhadores.
Segundo Cruz e Fernandes (2012) alguns dos paradigmas do modelo manicomial ainda aparecem de
formas discretas, tendo pouca participação dos indivíduos, criando assim, laços de dependência com
o serviço. Nesse sentido, torna-se imprescindível adotar uma forma de cuidado que promova
autonomia desses usuários, para que haja maior participação dos sujeitos no seu próprio tratamento.
Palavras-chave: GAM; Cuidado; Saúde Mental.

657
Promovendo Saúde Mental: a música como instrumento de cuidado na Atenção Primária

Márcia Caroline dos Santos - FAMESP

RESUMO
O grupo de música de saúde mental acontece todas às quartas feiras no período da manhã, no serviço
de Atenção Primária, no município de Botucatu em São Paulo. Coordenado pela enfermeira do setor
e conta com a contribuição de outros profissionais. Tem a participação média de 10 pacientes que são
acompanhados no setor de saúde mental. O grupo tem a disponibilidade de diversos instrumentos, os
pacientes escolhem as músicas, realizam interação e produzem o som musical, interações.
Objeto do Relato
Relato de experiência sobre a inserção da música como ferramenta do cuidado, promovendo saúde
mental de usuários acompanhados na Atenção Primária.
Objetivos
Relatar a experiência vivenciada por um grupo musical na Atenção Básica, a qual por meio da música
e seus benefícios tem ampliado o cuidado aos pacientes que acompanham no espaço de saúde mental
na Atenção Primária em Saúde na cidade de Botucatu.
Análise Crítica
A promoção da saúde pode ser desenvolvida por meio de diversas ações, de maneira que trazem
qualidade de vida aos pacientes, trazem saúde para o biopsicossocial, acompanhados de felicidade,
bem estar, além do empoderamento, da observação do que como cidadão pode ser melhor para sua
saúde. A música como ferramenta de promover saúde no grupo apresentado proporciona um cuidado
ampliado em saúde, de inclusão, de fortalecimento das ações integrais proporcionado aos
profissionais envolvidos.
Conclusões/Recomendações
A metodologia usada para o cuidado em saúde denominado grupo e o uso da música como ferramenta
tem expandido a atenção à saúde dos pacientes inseridos na atenção primária. A inserção dos
profissionais de saúde neste tipo de ação contribui para a integralidade da assistência e de maneira
que contribui para a replicação da prática e aumenta as possibilidade de terapêuticas e ações de
promover saúde.
Palavras-chave: Saúde Mental; Música; Cuidado.

658
Psicologia e processos de prevenção e promoção em saúde

Vitória Marques da Silva


Natália da Rocha Valério - UNIFASE
Vanessa de Oliveira Gomes Gonçalves - Censupeg/ Desmedicalização UFF - UFJF
Nicolle Oliveira Barbosa - UNIFASE Desmedicalização UFF - UFJF

RESUMO
O presente relato diz respeito a um grupo de Promoção em Saúde realizado por alunos do décimo
período do curso de Psicologia, no ambulatório-escola de um centro universitário localizado no estado
do Rio de Janeiro. O público-alvo do grupo consistia em pacientes com doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), como hipertensão e diabetes. Foram abordados ao longo de 12 encontros
ocorrendo uma vez por semana e com duração de uma hora e meia, temas como: o que é saúde, adesão
ao tratamento, autocuidado em saúde e comunicação com os profissionais de saúde, dado os seus
impactos no cuidado em saúde dos pacientes crônicos. A metodologia utilizada foi a oficina em
dinâmicas de grupo, buscando mesclar aprendizagem sobre as doenças crônicas com as vivências
afetivas dos participantes. Desse modo, a fim de introduzir os temas de forma lúdica, foram utilizados
diversos recursos audiovisuais e dinâmicas tais como: trechos de filmes, músicas, jogos e
brincadeiras, corroborando para a promoção da saúde e autonomia dos participantes, os tornando mais
ativos no processo de cuidado em saúde. O grupo alcançou um total de cinco participantes, todas
mulheres, sendo que três foram mais frequentes, participando da maioria dos encontros.
Objeto do Relato
Grupo de promoção em saúde realizado por alunos de Psicologia em um ambulatório escola.
Objetivos
Ressaltar a importância do fortalecimento das redes sociais e comunitárias no cuidado em saúde
mental, bem como nos diversos aspectos sociais e coletivos que a influenciam, evidenciando a
necessidade de ampliar as formas de cuidado, além da perspectiva hegemônica de cuidado em saúde
pautada apenas em práticas individuais.
Análise Crítica
Apesar do grupo não ter como objetivo trabalhar questões relacionadas à saúde mental, foi possível
ver como o estabelecimento de uma rede entre as participantes as impactou, mudando até mesmo seu
comportamento no próprio grupo. Participantes que no início não interagiam, não ouviam nossas
perguntas e apenas traziam relatos negativos sobre suas vidas pessoais, se tornaram participantes
engajados no grupo e nas dinâmicas, de maneira mais comunicativa. Algumas relataram "ser uma
outra pessoa" depois da participação no grupo. Esse resultado aponta que há uma importância no
estabelecimento de redes comunitárias para o cuidado da saúde mental, mesmo que não seja esse o
objetivo direto.
Conclusões/Recomendações
A mudança gerada a partir da intervenção grupal foi potente, proporcionando identificação,
acolhimento e novas perspectivas para os sujeitos participantes, através de autonomia, reflexão e
cuidado. Assim, contribuiu para a prática no planejamento e execução de oficinas em saúde e
trabalhos grupais.
Palavras-chave: Comunidade; grupo; rede; saúde.

659
Qual o lugar do (in)imputável na sociedade do bandido bom é o bandido morto?

Maristela da Silva Francisco - Polícia Civil

RESUMO
A empiria profissional em vinte e nove anos de carreira Policial Civil, atuando como Agente e Escrivã
de Polícia, conduzindo a discussão acadêmica, no doutorado em andamento, em interseccionalidades
da Análise do Discurso materialista, Criminologia, Psicologia Social e Filosofia, remete às urgentes
demandas em Saúde Mental como saúde coletiva no Brasil. O volume de encarcerados após
procedimentos policiais, na atuação do Ministério Público e Judicário, apontam, em tese, para o
apagamento do sujeito em conflito com a lei e portador de transtorno mental. Tais sujeitos, "clientela"
de delegacias de polícia, são visados discursivamente como vidas sacrificáveis ainda mais que o
sujeito criminoso "comum".
Objeto do Relato
Casos reais midiatizados de crimes cometidos por sujeitos com transtorno mental
Objetivos
A hipótese possível, discursivamente considerada, é perquerir a ordem pública e social como
instrumentos de normalização das práticas de exclusão e apagamento do sujeito criminoso
considerado "louco", em contradição ideológica com a garantia constitucional de que a saúde é direito
de todas e todos os brasileiros (as).
Análise Crítica
A análise é ainda incipiente do ponto de vista da escritura da tese de doutoramento, visto que a
materialidade recortada para compor o corpus de pesquisa deverá progressivamente consuzir as
considerações e arremates teóricos possíveis à Análise do Discurso materialista. Diante da tentativa
de se levar a termo o "revogaço" proposto pelo então ministro da saúde Pazuello, no ano de 2020,
emerge a urgência de democratização e humanização dos sujeitos em conflito com a lei, encarcerados
no sistema da persecução penal.
Conclusões/Recomendações
Para efeito de conclusão preliminar, a recomendação de ampliação das interseccionalidades com
aproximações possíveis nos diversos campos das Ciências Humanas/Sociais e o campo jurídico
pautando as práticas policiais e das demais instituições pela garantia de Direitos fundamentais da
pessoa.
Palavras-chave: Discurso; Loucura; Crime.

660
Quando a boca cala, o corpo fala: práticas de cuidado em saúde em tempos pandêmicos

Virginia Soares Queiroz - OSS Pirangi

RESUMO
Em tempos de pandemia, as demandas em saúde têm sido voltadas à atenção à emergência da COVID
-19, e seus desdobramentos. A promoção e prevenção em saúde têm sido prejudicadas e fora do
planejamento das gestões de saúde. A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) enquanto uma Prática
Integrativa Complementar (PIC) é uma ferramenta de cuidado e apoio comunitário na realização de
vínculos e fortalecimento do coletivo, manifestação de cultura popular e prática de saúde mental. Em
um município do interior de São Paulo, a prática acontece em um dos Centros de Saúde Escola, teve
início em março de 2019. Ao início da pandemia em março/2020 teve pausa por um mês e retomada
da forma online desde abril do mesmo ano. Através das ferramentas online o grupo se manteve,
gerando vínculos, saúde e partilha entre os usuários e facilitadores. O uso das ferramentas remotas
foi uma das formas de manutenção e continuação de práticas coletivas durante o início da pandemia
e antes da vacinação da população. Trazendo também o fator limitante para aqueles que não tinham
acesso a internet. Para este público pudemos recebê-los na unidade de saúde participando de forma
remota juntos em uma sala da UBS. O público alvo da TCI neste município é de usuáries da saúde e
da saúde mental do serviço de saúde, de diversas idades. Tendo como foco o fortalecimento do
território, da cultura popular através de cantos, cantigas e músicas gerando pertencimento ao grupo.
Objeto do Relato
Atuação da roda de terapia comunitária integrativa durante a pandemia de COVID-19
Objetivos
- Fortalecimento do território e as práticas coletivas; - Espaço de escuta para a população em geral; -
Atuação na autonomia dos sujeitos, facilitando a escuta e o fortalecimento do coletivo;
Análise Crítica
A Roda de Terapia Comunitária Integrativa (TCI), enquanto um recurso online, trouxe os seus fatores
limitantes, como o uso de tecnologias remotas, o que dificulta o acesso para a população em geral. A
roda conduzida online traz dificuldades na concentração dos participantes, porém também expande a
participação àqueles que estão em outras cidades, e também em outros estados. A RTCI enquanto uma
PIC é uma ferramenta de ativação das potências do território, que atua também enquanto rede de
apoio, em um momento de isolamento social e enfraquecimento do laço social e vínculos familiares.
As PICs fortalecem o trabalho em saúde, trazendo o fortalecimento do território e das práticas
coletivas.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que a experiência trouxe imensos pontos positivos, ainda mais enquanto o único grupo
que permaneceu na unidade de saúde mesmo durante a pandemia e de forma remota. O grupo atuou
enquanto um suporte para os usuários e para os facilitadores em um momento de isolamento social.
Palavras-chave: terapia comunitária integrativa; cuidado; saúde.

661
Quando chegamos, tudo era muito diferente: cartografias sobre a construção de novos espaços
de formação no curso de Psicologia da UFRJ

Caique Azael - UFF - Universidade Federal Fluminense


Elisa Martins - Hospital Central do Exército - HCE
Iamara Peccin - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Luiza Contreira Pereira Mendes - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mykaella Moreira - Universidade Federal do Rio de Janeiro

RESUMO
Com o presente trabalho objetivamos discutir um dos produtos de tais explosões: as Semanas de
Saúde Mental e Luta Antimanicomial da UFRJ. Tais atividades são efeitos de inquietações dos
estudantes de Psicologia da UFRJ, organizados em sua entidade representativa - o Centro Acadêmico
Franco Seminério. O objetivo inicial era trazer para o dia a dia do curso e para a formação em
Psicologia os debates da Reforma Antimanicomial e, dessa forma, ampliar o acesso dos estudantes à
um conjunto de debates que não apenas apresentavam um campo de atuação profissional, mas uma
certa perspectiva de se pensar o sujeito, as relações entre a luta antimanicomial e demais lutas anti
sistêmicas como o antirracismo, o feminismo, as lutas LGBTs e as lutas anticapitalista. Assim, entre
os dias 16 e 20 de maio de 2016, vivemos a primeira semana de Luta Antimanicomial da UFRJ. O
evento conquistou o público e tem se repetido anualmente desde então, mobilizando centenas de
pessoas a debaterem e se apropriarem sobre a história e os desafios contemporâneos da Luta
Antimanicomial. Em suas quase 10 edições, os eventos tem reafirmado o papel do movimento
estudantil na defesa do Compromisso Social da Psicologia no Brasil.
Objeto do Relato
Preservação de memória das construções coletivas e reflexão sobre a formação em Psicologia.
Objetivos
Será relatada a construção das Semanas de Luta Antimanicomial da UFRJ, iniciadas em 2016 e
organizadas pelo Centro Acadêmico Franco Seminério (entidade representativa dos estudantes do
curso de Psicologia na UFRJ).
Análise Crítica
De que são feitos os processos que nos fazem psicólogas? A greve ocorrida em 2015 nas
Universidades Federais colocou na ordem do dia os debates sobre raça e classe, revelando uma
dinâmica cotidiana de violências vividas por parte das pessoas que ocupavam a UFRJ. Uma das
dimensões de questionamento à época se deu sobre a própria formação em Psicologia. Como, em um
país marcado pelo colonialismo e racismo, a discussão sobre desigualdades passava tão longe da
formação? Por que as políticas públicas, importante espaço de atuação da Psicologia, eram
praticamente inexistentes no currículo obrigatório da formação? Por que as lutas que produziram a
Reforma Antimanicomial eram apagadas da formação?
Conclusões/Recomendações
O fortalecimento dos espaços coletivos de associação, ação política e discussão - seja no movimento
estudantil, em movimentos sociais ou partidos políticos - é fundamental para a continuidade de lutas
sociais como a luta antimanicomial.
Palavras-chave: Formação; Luta Antimanicomial; Psicologia.

662
Racismo estrutural enquanto atravessamento na relação terapêutica

Marya Eduarda Coelho de Souza - UFF - Universidade Federal Fluminense


Marina Dutra Oliveira Santos - UFF Campos
Ana Carolina de Oliveira Nunes -
Ana Carolina de Oliveira Nunes - UFF Campos
Luana da Silveira - UFF Campos

RESUMO
Os usuários em questão são acompanhados pelo Grupo de Pesquisa e Intervenção Saúde Mental e
Justiça- UFF Campos através do dispositivo de acompanhamento terapêutico no território de Campos
dos Goytacazes, localizado no interior do Rio de Janeiro. Historicamente o município é marcado pela
perpetuação de violências raciais, sendo a última cidade do território nacional a acatar a abolição da
escravidão. Nesse sentido vemos reflexos desse contexto na atualidade quando o assunto é a
construção do projeto terapêutico singular dentro dos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial e
o modo com as relações terapêuticas se estabelecem. As atoras envolvidas são estudantes de
psicologia e acompanhantes terapêuticas (ATs) e orientadora, sendo duas acompanhantes de um
homem negro e periférico de 28 anos e outra acompanhante terapêutica de uma mulher branca de 41
anos, moradora da região central da cidade. Durante quase um ano de experiência de
acompanhamento percebeu-se uma evidente diferença nas práticas de cuidado realizadas pelos
profissionais da equipe de saúde do dispositivo. Entre essas diferenças as mais marcantes estão
ligadas ao acolhimento, na medida em que há uma culpabilização do homem preto por seu
agravamento e omissão de cuidado, em contrapartida, uma disposição de cuidado do corpo branco
docilizado, através de visitas domiciliares- VD, contato com outros dispositivos que compõem a rede
de cuidado de cada usuário e disponibilidade de profissionais para gerirem medicações.
Objeto do Relato
A implicação do racismo nas relações terapêuticas da Rede Atenção Psicossocial.
Objetivos
Analisar como se dá a implementação do projeto terapêutico singular de dois usuários do mesmo
dispositivo de referenciamento em saúde mental a partir da perspectiva de atravessamentos raciais.
Problematizar as diferenças de cuidado e demandas para o AT.
Análise Crítica
O racismo se desenvolve de maneira estruturada e velada nas instituições que realizam a
desumanização dos corpos marcados pela necropolítica, como acontece com o usuário negro. Já
quando direcionado a um corpo entendido como branco essa violência não acontece por
atravessamento racial, mesmo quando se reproduz a estigmatização da pessoa louca, sendo branca,
ela tem o cuidado como direito em detrimento do outro que constantemente é encaminhado e/ou
impedido de ser atendido. Outra diferença observada é de que a usuária branca recebe VD mesmo
quando nega ser atendida, enquanto o usuário negro tem atendimento negado mesmo estando com as
acompanhantes terapêuticas.
Conclusões/Recomendações
As experiências de acompanhamento terapêutico com um homem negro e uma mulher branca
denotam a urgência da racialização das práticas no campo da saúde mental, como também de
transversalizar com gênero e classe, questões que tardiamente tem ganhado relevância e interferem
no cuidado.
Palavras-chave: Acompanhamento terapêutico; racismo; saúde mental.

663
Rede de atenção psicossossial infanto juvenil articulando Educação e saúde mental

Nádia Maria Silva Pacheco - IPQ-USP


Poliana Martins - USP
Zulmira Maria Lobato - IPQ-USP
Cláudia Maria da Silva - CAPS
Karoline Gomes Tavares - UBS
Naiara Silva do Amaral - Hospital
Bruna Grassi Gomes - NPJ
Sheilla Andrade de Queiroz - Hospital
Daniel Péricles Arruda - Autonomo
José Gilberto Prates - IPQ-USP

RESUMO
A intervenção dividiu-se em cinco etapas. A primeira, consistiu em contactar os serviços, e as pessoas
envolvidas. Os serviços foram: Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) e Escola de
Período Integral (PEI), ambos localizados na região centro-sul de São Paulo. A segunda etapa, se deu
a partir do levantamento de dados de encaminhamentos feitos ao CAPSi, percebeu-se as maiores
demandas. A terceira, foram os levantamentos dos Nós Críticos da rede de atenção psicossocial e a
equipe responsável pela atividade, os diálogos entre os envolvidos na elaboração da intervenção
(cinco psicólogos, uma educadora física e uma assistente social) com a escola. A quarta etapa, foi
entregue de um questionário sobre conhecimento da rede, funcionamento e fluxograma do CAPSi,
preparação profissional e conhecimento sobre saúde mental, contando com 28 respondentes. A quinta
etapa, se deu através do material explicativo sobre a rede de atenção psicossocial infanto-juvenil,
elaboração fluxograma, e sumarização destes materiais em um e-book. Por fim, teve-se a devolutiva
ao CAPSi sobre as demandas apresentadas pelas escolas e do material confeccionado. Com a
intervenção teve-se a aproximação dos serviços, a demarcação das necessidades específicas do
território e a delimitação dos pontos da rede de atenção à saúde da região.
Objeto do Relato
Articulação fortalecimento da rede de atenção psicossocial infanto-juvenil educação e saúde mental
Objetivos
Reconhecimento educacional do funcionamento da rede de atenção psicossocial infanto juvenil;
investigando os nós críticos territoriais, tendo sido construído um fluxograma do funcionamento da
rede e procedimentos operacionais. Objetivando a elaboração de um e-book de instrumentalização.
Análise Crítica
A ação foi limitada à escola; a intervenção foi factível e viável. A inovação foi associar o trabalho
psicossocial multiprofissional, implementando ferramentas de gestão, otimizando o impacto da ação
no território. Os resultados dos questionários evidenciaram características emocionais: impotência,
despreparo em saúde mental e desconhecimento dos territórios disponíveis infanto-juvenil. Tendo
sido corroborados pela literatura. O recrudescimento da pandemia, promoveu mudanças efetivas na
gestão escolar. O auxílio da saúde mental foi constatado deficitário na Educação de Escola de Período
Integral (PEI).
Conclusões/Recomendações
Fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (RAPS-ij), auxiliando na elucidação
dos nós críticos, na articulação da atenção infanto-juvenil. Sugere-se a partir dos resultados aqui
encontrados promover sistemas de comunicação que sejam facilitadores entre a educação e saúde
mental.
Palavras-chave: Educação; Saúde Mental; Atenção Psicossocial infanto-juvenil e Articulação de
redes.
664
Redes Colaborativas na área de álcool e outras drogas em tempos de COVID19-Processo
formativo

Eroy Aparecida da Silva - Associacao Fundo de pesquisa


Ana Regina Noto - UNIFESP
Denise de Micheli - UNIFESP
Marcia Aparecida Ferreira Lima - UNIFESP
Juliana Yuri Taba - UNIFESP
Regina Esther de Araujo Celeguim Tuon - UNIFESP

RESUMO
É processo formativo para profissionais das Redes SUS e SUAS denominado Curso de Especialização
em Redes Colaborativas de Cuidados aos Usuários de Drogas nas Comunidades, promovido
DIMESD do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP. Participaram desse curso 45 profissionais
serviços da RAPS e da Assistência Social , que atendem a população em alta vulneração nas regiões
do Centro , Santo Amaro, Grajau e Jardim São Luís no município de São Paulo, totalizando 360horas.
. Considerando as restrições sanitárias diante da COVID19, todo processo formativo ocorreu com aos
recursos de Educação à distância ( Plataforama de vídeo conferência Zoom, Google sala de aula,
grupo no whatsapp ) que garantiram a realização do curso dentro de uma dinâmica participativa e
reflexiva, bem com o acesso ao material didático e avaliação acadêmica. As aulas virtuais ocorriam
com todos alunos as terças-feiras. Ao longo cada grupo territorial recebeu supervisão de um professor
da equipe. O curso também contou com encontros virtuais com os gestores dos respectivos serviços
para garantir a implementação dos conteúdos do processo formativos , fundamentados nos princípios
da bioética e da RAPS.O Curso foi realizado durante os ano de 2020 e 2021, ao final cada aluno
desenvolveu um monografia relativa à temática do curso.
Objeto do Relato
Processo formativo de Profissionais SUS E SUAS área de drogas com os princípios da bioética e
RAPS
Objetivos
Fornecer aos profissionais estratégias reflexivas e bioéticas para lidarem com os desafios do cotidiano
de trabalho população usuária de drogas. Capacitar os Profissionais para o desenvolvimento do
trabalho em rede colaborativa, permitindo a integração de pessoas, grupos e organizações, de forma
horizontalizada, inclusiva e de proteção social.
Análise Crítica
Curso de Especialização em redes colaborativas de cuidados aos usuários de drogas nas comunidades
foi uma experiência de educação permanente de profissionais num contexto de crise sanitária e
desmantelamento das polícias do SUS e SUAS. Na impossibilidade de realizarmos encontros
presencias com os alunos , procuramos criar espaços de encontros em tempo real, realizando grupos
focais e utilização as ferramentas virtuais , que garantissem o atendimento das demandas o cotidiano
de cada aluno, principalmente porque esses alunos continuavam a atender a população
presencialmente
Conclusões/Recomendações
O Curso em Redes Colaborativas na área de álcool e drogas apesar das limitações impostas crise
sanitária . pode auxiliar os profissionais a enfrentarem os desafios do cotidiano , de acordo com o
modelo Educação Permanente , que é uma conquista do SUS e da RAPS
Palavras-chave: Formação de Redes Colaborativas de Cuidados.

665
Redução de Danos e Riscos: o caso da rede de atenção às drogodependências de Barcelona

Camila Cristina de Oliveira Rodrigues - CAPS AD


Silvio Yasui - UNESP

RESUMO
Este trabalho apresenta a rede de atenção às drogodependências de Barcelona (Espanha) cujas práticas
de cuidado destinadas às pessoas que fazem uso problemático de drogas se desenvolvem a partir do
referencial da redução de danos e riscos. A Redução de Danos e Riscos é um paradigma
biopsicossocial que incentiva o ativismo das pessoas consumidoras e a organização de grupos
associativos de usuari@s y profissionais. Desta maneira, busca questionar o mito de que as pessoas
consumidoras de drogas são incapazes de participar tanto da produção como da execução das práticas
de cuidado. Além disso, a RDR tem contribuído com o fortalecimento do movimento de luta pelos
direitos das pessoas consumidoras de drogas e com um processo de reconstrução do papel das drogas
na sociedade.
Objetivos
De modo geral pretende-se apresentar a rede de atenção as drogodependências de Barcelona e discutir
o paradigma da redução de danos e riscos à luz deste caso. Descreve-se os principais dispositivos
utilizados, seus métodos de aplicação e os principais fundamentos teóricos e conceituais da redução
de danos e riscos.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utiliza o método de estudo de caso para desenvolver a análise
de dados (Shaw, 1999). A técnica do estudo de caso implica um processo de análise indutivo composto
pelas seguintes etapas: A realização do trabalho de campo, a organização dos dados, a codificação da
informação, a comparação dos dados com a literatura, a explicação do problema, a socialização e
ajuste dos resultados e a elaboração final.
Resultados
Há que destacar que a Catalunha é um território muito aberto a entender que o consumo de drogas
está se normalizando na sociedade e que é uma prática social que precisa ser menos condenada e
moralizada. A estruturação e o funcionamento da rede de atenção às drogodependencias, baseado na
Redução de Danos e Riscos, demonstrou que é possível trabalhar com diferentes grupos de população
consumidora e que este método tem êxitos. Quanto aos resultados, percebe-se que a RDR se foca na
abertura e disponibilidade de fazer adaptações no modelo biomédico de cuidado, priorizando
estratégias psicossociais e educativas, além do envolvimento ativo das pessoas consumidoras tanto
na produção como na execução dessas práticas. Em relação ao trabalho dirigido às pessoas com
maiores situações de vulnerabilidade, se entendeu que as estratégias de cuidado têm que focar em
processos de atenção mais facilitados, flexíveis e dinâmicos. Além disso, se deve aproveitar os
diferentes contatos para iniciar um processo de tratamento e construção de vínculo terapêutico. A luta
por direitos como educação, habitação, trabalho e renda, entre outros programas de fortalecimento e
vínculo faz parte deste trabalho.
Palavras-chave: Redução de Danos e Riscos; Rede de Atenção de Psicossocial; Subjetividade.

666
Redução de danos versus proibicionismo - Os impactos da nova política de álcool e outras
drogas na vida dos usuários dos serviços de Saúde

Sônia Maria Cardoso Rodrigues - UNESA - Universidade Estácio de Sá


Richard Harrison Oliveira Couto - UNESA - Universidade Estácio de Sá
Jorgelina Ines Brochier - UNESA - Universidade Estácio de Sá

RESUMO
Este trabalho apresenta como objetivo percorrer uma trajetória acerca da criminalização do uso de
drogas lícitas e ilícitas. Em primeira linha, destrincha-se a política de Redução de danos e o seu
impacto na vida do usuário, através do acolhimento, autonomia e diálogo, apresentando aqueles que
são considerados seus pilares, sendo estes o movimento da Reforma Psiquiátrica e Luta
Antimanicomial. Em seguida é realizada uma análise da abordagem de abstinência como forma
exclusiva de tratamento através do modelo proibicionista, punitivista e segregacionista das
comunidades terapêuticas, abordando os seus aspectos fundamentais, categorizados em moral-
religioso, sistemático-financeiro e higienista.
Objetivos
Entender o retrocesso evidenciado pelo investimento de recursos públicos para as comunidades
terapêuticas em detrimento ao cuidado em rede, com respeito a liberdade e singularidade dos usuários.
A implementação e investimento nas atuais Comunidades terapêuticas evidencia todo o plano de
necropolítica e se faz totalmente necessário o debate e a crítica a esse sistema autoritário e genocida.
Metodologia
Este é um estudo de revisão bibliográfica, onde foram utilizados sites de busca, como SCIELO,
documentos do Ministério da Saúde, do Conselho Federal de Psicologia e literaturas relacionadas ao
tema.
Resultados
Um dos grandes desafios da Psicologia no momento atual é consolidar-se como uma prática
emancipatória, voltada ao fortalecimento da autonomia e ao apoderamento do protagonismo dos
usuários de álcool e outras drogas, especialmente aquela que se encontra em condição de
vulnerabilidade. Várias experiências analisadas registram tais dificuldades e manifestam a carência
de apoio comunitário e político na implantação das propostas de Redução de danos e do não
sucateamento dos dispositivos de tratamento com tal temática em contraponto ao crescimento e
investimento sem fiscalização nas comunidades terapêuticas. A noção de que o uso abusivo de álcool
e outras drogas é resultado de fragilidades internas e individuais, relacionadas à história de vida, e o
indivíduo nessa condição passa a ser compreendido como um ser ativo, posicionado, que intervém
em seu meio social, capaz de transformar seu mundo e se transformar.
Palavras-chave: Redução de danos; Proibicionismo; Comunidades terapêuticas.

667
Reflexões sobre Masculinidades e Redução de Danos durante atendimentos em grupo: um
relato de experiência

Aline Domiciano Godeghesi - UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Leticia Isabel Ferreira Silva - Unesp- FMB
Jéssica Pereira Manelli - Unesp- FMB

RESUMO
Através da Residência Multiprofissional de Saúde Mental da Faculdade de Medicina de Botucatu,
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB/UNESP), esse relato será baseado
em atividades em grupos que estão sendo realizadas durante a passagem das residentes em saúde
mental de enfermagem e psicologia no Espaço Acolhedor Milton Francisco de Oliveira no município
de Botucatu/SP. Iniciado em maio de 2022 com prazo de finalização em setembro do ano de 2022, às
quintas-feiras, através do dispositivo municipal da rede de atenção à saúde, pela estratégia
Consultório na Rua (CNaR). Inicialmente tem-se como proposta realizar no mínimo 10 encontros,
tendo como população alvo, pessoas do gênero masculino, em situação de rua, acima de 18 anos de
idade, em uso de substâncias psicoativas (SPA), independente do padrão de consumo. As atividades
que estão sendo discutidas nos encontros, envolvem educação em saúde, saúde mental, escuta
terapêutica, acolhimento de demandas, realização de devolutivas, abordagem de temáticas sobre
masculinidades, o uso de SPA e redução de danos (RD).
Objeto do Relato
Relatar atendimento em grupo com população em situação de rua em unidade de acolhimento de
Botucatu.
Objetivos
Levantar debates coletivo referente a masculinidade e redução de danos, permitindo que seus
integrantes tenham voz, espaço e corpos presentes, que seja capaz de fazer com que os usuários se
sintam ativos, ouvidos em suas demandas, para então poder ouvir e colaborar com a demanda alheia.
Análise Crítica
Enquanto a sociedade reproduz os estereótipos e comportamentos de massa que faz com que homens
procurem menos os serviços de atenção integral à saúde na atenção primária, cria-se uma demanda
de atenção e discussão sobre os determinantes sociais da vulnerabilidade dos homens. É percebido
que a maioria dos brasileiros em situação de rua são predominantemente formada por homens,
associa-se a questão da masculinidade dificultadora do cuidado á saúde com as dificuldades do acesso
e a este direito. É importante destacar como questões adoecedoras o uso abusivo de substâncias
psicoativas, nos seus diversos tipos.
Conclusões/Recomendações
A potencialidade do espaço de troca coletiva, visando os princípios regentes do Sistema Único de
Saúde (SUS), procuram promover novas possibilidades de mudança e definição de estilos de vida,
sendo preciso ver o sujeito em múltiplas dimensões, incluindo seus desejos, anseios, valores e
escolhas.
Palavras-chave: Masculinidades; Redução de danos; Saúde do homem; Atendimento em grupo.

668
Reforma psiquiátrica: Avanços e desafios das práticas dos profissionais de um centro de
atenção psicossocial (CAPS)

Caroline Cusinato - Instituto Municipal de Ensino Superior de São Manuel - IMES-SM


Sueli Terezinha Ferrero Martin - UNESP

RESUMO
O movimento da Reforma Psiquiátrica vem na contramão da manutenção do modelo manicomial
propondo o modo de atenção psicossocial como um novo paradigma e novas estruturas que
substituem o modelo hospitalocêntrico. Os dispositivos propostos à partir da atenção psicossocial
estão orientados pela lógica de um novo modelo de cuidado, articulados em redes e territorializados.
É preciso entender como um CAPS se organiza compreendendo seus objetivos e finalidades, os novos
dispositivos devem criar espaços coletivos concretos em que circulem falas e escutas, promova a
autonomia, incentive a participação da família e da comunidade. Orientados por essas preocupações
propomos compreender se tais dispositivos superam a velha lógica manicomial garantindo o fim das
práticas manicomiais.
Objetivos
Analisar os avanços e os retrocessos da Reforma Psiquiátrica, assim como os desafios
contemporâneos que envolvam os progressos e/ou a reprodução da lógica manicomial nas práticas
profissionais dos trabalhadores de um CAPS.
Metodologia
Foi utilizada a abordagem teórica Psicologia Histórico-Cultural alicerçada no materialista histórico e
dialético. O local da pesquisa foi o CAPS I em um município de médio porte. Os participantes foram
os trabalhadores atuantes vinculados ao CAPS que apresentam curso superior. Foram realizadas
entrevistas individuais e semiestruturadas, cujo roteiro abrangeu temáticas que envolviam desde a
trajetória profissional, atividades cotidianas, reforma psiquiátrica e luta antimanicomial. A análise
materialista dialética contou com a identificação dos Núcleos de Significações das entrevistas.
Resultados
Os relatos indicaram a reprodução da lógica manicomial em algumas práticas e discursos, porém há
um movimento individual e coletivo dos trabalhadores para superação dessa lógica. Notamos a
presença do modelo de atenção psicossocial no cotidiano quando ouvimos os trabalhadores sobre suas
práticas grupais e um movimento de não reproduzir a cultura medicalizante e hospitalocêntrica.
Outros trabalhadores reproduzem e naturalizam a lógica manicomial que muitas vezes acontece pela
falta de conhecimento da política e/ou por não concordar com esta. É importante não reduzirmos a
lógica manicomial apenas a exclusão social do indivíduo, tal lógica acontece em práticas que anulam
as potencialidades e negam a eles seus direitos. Romper com a lógica é construir novos saberes e
práticas. Reafirmamos a necessidade de refletirmos sobre qual o modelo assistencial e quais as
propostas ético-políticas em que estamos baseados como compreender que a transformação das
práticas e a ruptura com o modelo manicomial não devem ser entendidas apenas como o fim do
hospital psiquiátrico, mas como a implantação de um modelo de cuidado psicossocial, que preze pela
dignidade das pessoas e por sua emancipação.
Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica; CAPS; Psicologia Histórico-Cultural.

669
Registro das subjetividades nos corpos das profissionais de saúde no contexto da COVID-19

Viviane Andrade Pinheiro - Fiocruz - Fundação Oswaldo Cruz


Denise Nacif Pimenta - Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ)

RESUMO
Com a pandemia inicia-se um cenário caótico, com um vilão que não pode ser visto, porém sabe-se
disperso no ar e capaz de interagir nas relações humanas e sociais. Causador de impactos nas
subjetividades, deixando marcas nos corpos adoecidos. As mulheres ocupam variados lugares de
cuidado, sendo ainda responsáveis pelos cuidados dos familiares doentes, idosos e crianças. Dados
apontam que as mulheres são 70% da força de trabalho em saúde no mundo, sendo expostas a diversos
fatores: risco de contaminação, trabalho excessivo, escassez de equipamentos de proteção individual,
falta de capacitação técnica, a lida diária com o novo vírus, adaptação a novos protocolos, desgaste
físico e psicológico, mortes de colegas de trabalho pelo vírus, além da demanda de controle emocional
e medo constante.
Objetivos
Trata-se de pesquisa de doutorado. Pretende-se compreender sobre os sentimentos despertados nas
profissionais de saúde, que atuam na linha de frente no combate à COVID-19, assim como, analisar
o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental e no corpo destas profissionais de saúde.
Metodologia
Pesquisa qualitativa empírica, realizada com 20 profissionais de saúde expostas à pandemia em Belo
Horizonte/MG. As técnicas e instrumentos utilizados serão questionários, entrevistas
semiestruturadas e observação participante. A análise das entrevistas se dará por meio da análise do
discurso. Primeira fase: investiga se a saúde mental destas profissionais foi afetada e se foi oferecido
algum cuidado em saúde. Segunda fase: perguntar-se-á às profissionais de saúde quais são as sequelas
ou traumas no corpo (se houver) acarretados pela vivência da COVID-19.
Resultados
A pesquisa encontra-se em processo de execução e, portanto, não possui resultados até o momento.
As entrevistas estão em processo de transcrição, para então, se dar o início das análises pertinentes.
Palavras-chave: Saúde mental; Corpo; COVID-19.

670
Relato de experiência de uma estagiária de Terapia Ocupacional em um CAPS Infantojuvenil
III

Gabriela Teixeira de Aguiar - ABRATO-SP - Associacao Brasileira de Terapeutas Ocupacionais -


Estadual Paulista
Beatriz Rocha Moura - UFSCar
Lara Carolina Ribeiro Vilanova - FMABC
Janaína Maria Ralo - UNISO

RESUMO
Este relato nasceu a partir de um estágio do curso de Terapia Ocupacional em um CAPS
Infantojuvenil III, no território da Zona Sul do estado de São Paulo. Um dos dispositivos de cuidado
que marcaram minha experiência foi a convivência, onde eu pude vivenciar a potência dos encontros
entre usuários e profissionais, e como, neste contexto, o afeto perpassa cada um que está ali presente,
abrindo espaço para cada um ser e estar singularmente naquele espaço, possibilitando o
fortalecimento mútuo e dos laços de amizade. Este percurso de abertura para encontrar o sujeito
sempre surpreende, tanto com as potencialidades, quanto com as vulnerabilidades, e eu, dentro dos
meus diversos privilégios de vida, me deparei com realidades muito difíceis e sofridas, as quais nem
sabia que era possível, ainda mais nas infâncias e adolescências, que quando atravessadas pela falta
de proteção social, vivenciam a violação de seu direito básico de se desenvolverem integralmente,
marcando-as pelo resto da vida. Foi a partir dessa experiência que vivenciei a importância dos
serviços CAPS e da articulação com outros serviços que compõem a Rede de Atenção Psicossocial e
a Rede Intersetorial, a fim de dar conta das demandas e complexidades que se apresentam e assim,
por meio das diversas micropolíticas produzidas no cotidiano, exercermos o nosso papel técnico e
político na saúde mental.
Objeto do Relato
Relatar a experiência de um estágio de Terapia Ocupacional em um CAPS Infantojuvenil III.
Objetivos
Este relato tem o objetivo de apresentar as reflexões de uma estagiária sobre atenção psicossocial,
clínica comum e ampliada, tecnologias leves, ferramentas de cuidado na saúde mental, além da
contribuição do núcleo da terapia ocupacional no campo da saúde mental e seu olhar para os diversos
fazeres e atividades desenvolvidos no cotidiano.
Análise Crítica
Dentre os diversos aprendizados desta experiência, posso destacar o distanciamento de uma
perspetiva positivista em troca da aproximação do sujeito e tudo o que pode ser gerado a partir de um
ambiente de encontros afetuosos que surgem do vínculo terapêutico, além da ampliação do meu olhar
para a atividade enquanto recurso terapêutico ocupacional, como mediadora das relações do sujeito
consigo, com o outro e com o seu território, e que tem o poder de ir se conectando com outros fazeres
que podem contribuir com o próprio processo terapêutico e que evidenciam que para a Terapia
Ocupacional no campo da saúde mental, o fazer atividades é capaz de produzir vida!
Conclusões/Recomendações
Concluo que, a experiência e o privilégio de ter passado por um CAPS Infantojuvenil III na formação
possibilitou a ampliação do meu olhar como futura terapeuta ocupacional para a potência das
atividades, do encontro, da convivência e tudo o que pode ser tecido a partir disso.
Palavras-chave: Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil III; Estágio Saúde Mental; Terapia
Ocupacional.

671
Relato de Experiência: Tessitura da Rede de Atenção Psicossocial de Sobral, Ceará

Bruna Kérsia Vasconcelos Santos - SMS


Ana Thiena Apoliano Gomes da Silva - ESPVS
Clara de Maria Oliveira Lopes - ESP
Francisco Eduardo Silva de Oliveira - ESPVS

RESUMO
Documento escrito por profissionais que compõem a Rede de Atenção Integral à Saúde Mental de
Sobral (RAISM). Criado a partir da necessidade de consolidar as estratégias utilizada pela Rede após
a condenação na Corte Interamericana de Direitos Humanos pela morte de Damião Ximenes Lopes,
durante acolhimento no Manicômio Guararapes. Esta experiência narra o percurso histórico da Rede
para superar os desafios postos pela Reforma Psiquiátrica, buscando uma atuação pautada no respeito,
no direito à liberdade, na desinstitucionalização da loucura. Discorre sobre a implantação da
Coordenadoria de Atenção Psicossocial, sendo esta a referência de gestão para pontos de atenção
estratégicos, adotando um modelo de gestão considerando a Política Nacional de Humanização e
produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar no território. Atualmente a Rede de Saúde Mental
de Sobral está organizada a partir da Coordenadoria da Atenção Psicossocial, contendo a Célula da
Rede de Atenção Integral à Saúde Mental, Célula de Política Sobre Drogas, Leitos de Saúde Mental
no Hospital Municipal Doutor Estevam Ponte, Ambulatório de Psiquiatria, Núcleo de Atenção e
Prevenção ao Suicídio, PNAISARI, Centros de Atenção Psicossocial, Residência Terapêutica,
Unidade de Acolhimento e em articulação com Atenção Primária e Atenção Urgência e Emergência.
Atuando na perspectiva interdisciplinar e intersetorial.
Objeto do Relato
Descrever sobre a organização da Rede de Atenção Psicossocial de Sobral e os mecanismos
necessários para garantir a efetivação dos princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica no cotidiano
das práticas do cuidado para pessoas com sofrimento e/ou transtorno
Objetivos
Relato da construção de um documento sobre a (re)organização da Rede de Atenção Psicossocial de
Sobral após condenação na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Análise Crítica
Ao descrevermos sobre a organização e diretrizes da Rede de Saúde Mental de Sobral, almejamos
que esse documento desperte nos coletivos coragem, força e militância para construção de uma saúde
mental capaz de cuidar e transformar realidades, fundamentados na clínica reformada, ampliada,
multiprofissional, pautada no diálogo, no respeito, no direito à liberdade, na desinstitucionalização
da loucura, no exercício de ir e vir, em território, incluindo o afeto como ferramenta de cuidado, não
numa perspectiva de apagar o passado, mas garantir a efetivação dos princípios do SUS, no cotidiano
das práticas de atenção e cuidado aos usuários
Conclusões/Recomendações
A criação deste documento foi de extrema relevância, pois possibilitou direcionar e efetivar os
princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão e garantir cuidado para pessoas com
sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas.
Palavras-chave: Saúde Mental; Atenção Psicossocial; Reforma Psiquiátrica.

672
Reordenamento do cuidado no CAPS AD de Itatiba/SP: relato de experiência de gestão

Rosângela Santos Oliveira - Prefeitura Municipal de Itatiba

RESUMO
Foi realizado um diagnóstico sobre a rede de saúde mental do município por uma pesquisa de
implementação de dispositivos de integração de rede desenvolvida pelo grupo Interfaces
(FCM/UNICAMP) e a Secretaria de Saúde em 2019. No CAPS AD foi possível identificar
fragilidades no cuidado ofertado aos usuários, alguns arranjos institucionais foram implementados, a
saber: Reformulação da lógica e fluxo de acolhimento ao usuário, disponibilizando um profissional
de plantão por turno efetivando tanto o acolhimento qualificado à casos novos quanto acolhimento
aos usuários do serviço em crise e em hospitalidade diurna. Profissional de referência , profissional
responsável pela população de um território adscrito, o que tem favorecido acolher e conduzir a
melhor proposta terapêutica com o usuário, apropriar-se da singularidade do território com a Atenção
Primária, principalmente através do Apoio Matricial. Busca ativa e visitas domiciliares eram
inexistentes, a implementação favoreceu o cuidado à casos graves e "não-aderentes". Intensificação
de atendimentos para familiares, proporcionando diminuição das solicitações judiciais de internações
involuntárias/compulsórias e de encaminhamentos à comunidades terapêuticas. Construção de
reuniões e fóruns intersetoriais para populações específicas. Tais reformulações no processo de
trabalho ocorreram em construção conjunta com a equipe através de reuniões semanais e
planejamento anual através da lógica da educação permanente.
Objeto do Relato
O processo de reorientação do trabalho num CAPS AD do tipo II.
Objetivos
Narraremos uma experiência de implementação de alguns arranjos institucionais num CAPS AD do
tipo II no município de médio-porte visando reorganizar o processo de trabalho para qualificação do
cuidado ofertado aos usuários e do trabalho em rede tendo o acolhimento como eixo central.
Análise Crítica
Indicamos que neste serviço vem ocorrendo um processo de mudança de paradigma, deixando de
funcionar numa lógica ambulatorial - focado na droga e tendo como única meta terapêutica, a
abstinência, para o paradigma da redução de danos na Atenção Psicossocial. Neste contexto de disputa
de narrativa no campo das drogas no Brasil, consideramos que esta experiência demonstra a
importância da universidade no processo de desvelamento das fragilidades da rede de saúde mental,
bem como a potência que a gestão compartilhada entre profissionais e usuários para o reordenamento
de práticas que estejam mais afinadas com a Reforma Psiquiátrica, a luta antimanicomial e o
antiproibicionismo.
Conclusões/Recomendações
Observa-se que houve ampliação no acolhimento e cuidado ofertado aos usuários , principalmente
àqueles em processo de crise. Ao final de 2021 uma nova coleta para diagnóstico da rede de saúde
mental foi realizada e os dados demonstraram melhoras significativas nos indicadores levantados.
Palavras-chave: CAPS AD; implementação em serviços de saúde mental; gestão; relato de
experiência.

673
Resposta à crise

Jamile Caleiro Abbud - CAPS III Adulto Brasilandia


Michele Gonçalves - CAPS III Adulto Brasilandia
Filipe Palermo - CAPS III Adulto Brasilandia
Carolina Albuquerque de Siqueira - CAPS III Adulto Brasilandia

RESUMO
O CAPS III Adulto Brasilândia propôs enquanto processo de trabalho o estabelecimento de núcleos
constituídos por trabalhadores e usuários, pautado na singularidade e complexidade dos casos
atendidos, promovendo laço social através do trabalho, arte, cultura e comunidade, visando maior
autonomia e protagonismo do usuário. O Núcleo de Crise atua dentro do plantão do CAPS na função
de resposta à crise, organizando as demandas de atendimento de usuários em acolhida integral ou em
crise no território. Articulando a continuidade do cuidado do usuário através do compartilhamento
com os outros núcleos, território e rede de suporte. As saídas da crise são dialogadas junto ao usuário
e sua rede de suporte. Realizamos reuniões semanais entre a equipe de crise onde relatamos nossas
observações da experiência prática e concomitantemente estabelecemos leituras e discussões teórico-
práticas. Tomamos de empréstimo ferramentas e estratégias que possibilitem uma gestão e
monitoramento das situações de crise, entre eles: o Kanban, dispositivo visual de comunicação entre
equipe, o modelo de atendimento do Diálogos Abertos, supervisão clínica e modelo teórico-prático
da desinstitucionalização. Dispomos também de grupos: ouvidores de vozes e grupo diário de atenção
à crise. Estamos implementando um Fluxograma de Resposta à Crise baseada nos princípios do
Diálogos Abertos e fomentação do uso do KANBAM como instrumento gerenciador dos casos e
fomentador de discussões entre a equipe.
Objeto do Relato
Equipe de crise em um serviço CAPS sem utilização de leitos hospitalares e de Urgência e
Emergência.
Objetivos: 1. Equidade no acesso dos usuários em crise ao serviço de base comunitária. 2. Resposta
rápida a situações de crise. 3. Abordagem baseada nos Direitos Humanos. 4. Cuidado centrado na
pessoa através do diálogo e ampliação da rede de suporte. 5. Saídas criativas que transcendam à lógica
hospitalocêntrica e medicamentosa da crise.
Análise Crítica
1. A assunção da responsabilidade da resposta à crise em um equipamento de saúde de base
comunitária. Considerando a vida do sujeito em sua complexidade. 2. Utilização do diálogo como
principal estratégia da atenção a crise, precedendo da utilização de medicação com principal resposta.
3. Maior circulação dos casos em Acolhimento Integral e utilização do recurso de atenção à crise fora
dos leitos. 4. Reconhecimento do CAPS III diante do território como suporte à crise, com isso maior
acesso e redução na procura dos serviços de urgência e emergência. 5. A priorização da rede de suporte
fortaleceu os vínculos e ampliou o repertório de vida e de resposta à situação de crise.
Conclusões/Recomendações
O estabelecimento de uma equipe de atenção à crise promoveu maior reflexão de novas formas e
manejo à crise. Através da polifonia, dialogismo e escuta clínica, estimulando o protagonismo do
usuário durante a crise. Acreditamos que seja um campo importante de pesquisa e analise da
experiência.
Palavras-chave: Equipe de crise em CAPS.

674
Rompendo os muros: relações territoriais como ferramenta de cuidado na atenção
psicossocial

Suelen de Aguiar Lopes


Leticia Paladino - Escola Nacional De Saúde Pública - ENSP - FIOCRUZ

RESUMO
O processo de Reforma Psiquiátrica tem como compromisso não só a reestruturação dos serviços,
como também, modificações em outros campos do saber, sendo assim, é entendido como um processo
social complexo (ROTELLI et al., 2001; AMARANTE, 2003). Na atual conjuntura, a Política
Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas vêm sofrendo diversos ataques e os direitos dos
usuários estão sendo ameaçados. Portanto, dentro desse cenário a pesquisa torna-se necessária para
evidenciar a potencialidade que o cuidado em liberdade provido pelos serviços substitutivos e de base
territorial em saúde mental tem na vida dos sujeitos em sofrimento psíquico, podendo servir de
arcabouço bibliográfico para auxiliar novas propostas de enfrentamento aos retrocessos vivenciados
na atualidade.
Objetivos
Investigar como as relações territoriais podem promover cuidado em saúde mental para os usuários
dos serviços da RAPS. Investigar como está sendo realizada a articulação territorial nos serviços
substitutivos em funcionamento na RAPS. Compreender como está sendo estabelecida a relação dos
serviços de saúde mental com o território de abrangência;
Metodologia
Revisão bibliográfica de cunho exploratório e de caráter qualitativo, foram utilizados artigos
indexados nas bases de dados, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Eletronic Library Online
(SCIELO) e livros. O percurso do desenvolvimento, iniciou-se com a reforma psiquiátrica brasileira
e a construção de novos espaços de cuidado; panorama da rede de atenção psicossocial: seus
dispositivos e estruturação; a raps e o seu funcionamento no território: a articulação territorial em
curso e territórios da vida: para além da organização da rede.
Resultados
Através da análise dos artigos percebe-se que o processo de articulação territorial ocorre a partir de
conexões realizadas com serviços presentes no território de abrangência. Sendo eles: equipamentos
de saúde, educação e assistência social. Podemos compreender que as interlocuções realizadas pelos
componentes da RAPS, são feitas com outros setores que formam a rede intersetorial, dessa forma o
território, não aparece como um componente que possa favorecer e fornecer ferramentas para o
cuidado em saúde mental. Podemos destacar propostas de uso do território que tiveram êxito,
provendo integração social, autonomia dos usuários e o principal a quebra de estigmas relacionados
ao louco e a loucura, evidenciando a potencialidade de territorializar o cuidado em saúde mental. É
importante ressaltar que, a pesquisa teve como proposta mostrar a resistência e a potência do cuidado
em liberdade, e, questionar alguns pontos com a pergunta: Até quando poderemos resistir?
Palavras-chave: território; RAPS; saúde mental.

675
Sartre, Pirandello e Infante: o teatro como emancipação

Lucrecia Corbella – LAPS – ENSP - FIOCRUZ

RESUMO
Para Sartre, a existência é um fato coletivo, pois as ações de uma pessoa singular produzirão efeitos
em toda a humanidade. Segundo Sartre, tanto a imaginação quanto a razão são fundamentais para a
constituição da subjetividade. Pirandello, dramaturgo italiano que inspirou Sartre, considera que a
constituição da subjetividade é feita com a razão, com as relações afetivas, com a fantasia e com as
expectativas dos outros. A peça Henrique IV apresenta a questão da constituição da subjetividade. O
teatro, para Sartre, coloca em cena o ser humano em situação, ampliando o seu horizonte existencial.
O grupo de teatro pioneiro na área da Saúde Mental, Andarilhos Mágicos, idealizado pelo psiquiatra
Raffaele Infante, acreditava que a sociedade se tornaria mais justa e solidária através do teatro.
Objetivos
Afirmar a memória do grupo de teatro pioneiro na área da Saúde Mental, Andarilhos Mágicos,
idealizado pelo psiquiatra Raffaele Infante, na década de 1990 no Rio de Janeiro.
Metodologia
Análise dos conceitos teóricos e das peças de teatro de Jean-Paul Sartre e Luigi Pirandello.
Levantamento da memória do grupo de teatro pioneiro na área da Saúde Mental, Andarilhos Mágicos,
idealizado pelo psiquiatra Raffaele Infante, na década de 1990 no Rio de Janeiro.
Resultados
A Companhia de Teatro Andarilhos Mágicos é um fato de memória da Dimensão Sociocultural da
Reforma Psiquiátrica Brasileira que precisa ser afirmado.
Palavras-chave: Sartre; Saúde Mental; Pirandello; Andarilhos Mágicos.

676
Saúde mental de estudantes dos cursos da área de saúde de uma universidade federal do
interior da Bahia

Bruno Klecius Andrade Teles - UFOB - Universidade Federal do Oeste da Bahia


Giovana Carla Castro Sena - UFOB

RESUMO
A saúde mental é essencial para o bom desempenho e aproveitamento do período universitário, visto
que a capacidade de aprender requer a habilidade cognitiva em sem funcionamento regular, saudável.
Uma boa saúde mental pode ser definida como um estado de bem-estar que permite que os indivíduos
lidem com os estresses normais da vida e funcionem produtivamente. Sem esta regulação não só o
ato de estudar é prejudicado, mas todas as decisões inerentes diariamente que podem interferir na
independência e autonomia dos sujeitos. É alta incidência de depressão e ansiedade em jovens no
Brasil, este dado revela a importância do tema, com recorrência de casos que se prologam ate a idade
avançada.
Objetivos
Este trabalho teve por objetivo analisar a saúde mental de estudantes dos cursos da área de saúde de
uma universidade federal do interior da Bahia.
Metodologia
Tratou-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado com acadêmicos veteranos
(não ingressantes), regularmente matriculados nos cursos de Farmácia, Medicina e Nutrição da
Universidade Federal do Oeste da Bahia, em Barreiras-BA. Foram aplicados um questionário
socioeconômico, a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (E-HAD) e um questionário para a
análise da Qualidade de Vida, o WHOQOL-Bref. A coleta foi realizada presencialmente, em sala, por
uma equipe de pesquisadores devidamente treinados, durante o segundo semestre de 2017.
Resultados
Foram entrevistados 350 estudantes. 40 alunos (11%) tem provável chance de possuir sintomas
depressivos, acompanhando a média nacional para o público universitário e população. 141 alunos
(40%) têm provável chance de possuir sintomas ansiosos e quando questionados sobre sentir-se tenso
ou contraído , 221 (63,5%) estudantes responderam na maior parte do tempo ou boa parte do tempo .
O percentual para ansiedade é alto e maior que as médias nacionais demonstrando que os estudantes
estão expostos a muitos fatores estressantes. 170 (50,5%) estudantes avaliaram sua qualidade de vida
como boa ou muito boa. No que diz respeito à satisfação com a saúde, 115 (34,3%) estudantes
consideraram-se satisfeitos ou muito satisfeitos. O domínio físico da Qualidade de Vida obteve o pior
resultado e o das relações sociais o melhor, demonstrando que é preciso intervir com ações que
possibilitem atividade física e autocuidado entre os estudantes.
Palavras-chave: Saúde Mental; Estudantes; Qualidade de Vida; Transtorno de Ansiedade;
Transtorno Depressivo.

677
Saúde mental docente no ensino superior: um estudo bibliográfico

Nandra Martins Soares - UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná


Débora Luana Crestani Theodoro - UNIOESTE
Rosicleia Dalmazo - UNIOESTE
Elisabeth Rossetto - UNIOESTE

RESUMO
apesar da rotina docente desgastante, característica da educação superior, pesquisas sobre saúde de
professores são embrionárias. as preocupações estão relacionadas principalmente ao impacto acerca
das exigências do trabalho, tais como: inovações constantes, bem como qualificação contínua e
aprimoramento intelectual, além da pressão por publicações periódicas. além disso, o docente
relaciona-se diariamente com grande número de pessoas, depara-se com inúmeras dificuldades no
exercício de seu trabalho. assim torna-se necessário ampliar o olhar neste contexto, entender os
fatores do trabalho que podem contribuir para o adoecimento psíquico, visto que estudos apontam
que nos últimos anos há um aumento no número de licenças e afastamentos em decorrência de
problemas de ordem mental e emocional.
Objetivos
O presente estudo busca investigar quais são os principais fatores no contexto do trabalho que
contribuem para o adoecimento psíquico de docentes universitários, a partir de uma revisão de
literatura, baseada em artigos publicados nos últimos 05 anos.
Metodologia
Realizou-se uma busca de artigos publicados entre 2017 a 2021 nas bases de dados Scielo, Periódicos
Capes, e Google acadêmico no idioma português, a partir dos descritores: saúde mental; ensino
superior; trabalho docente; professor, combinados por AND, nas áreas de Educação e Psicologia. No
total, 394 estudos foram encontrados e após a leitura dos títulos e resumos selecionou-se 43, e a seguir
com a leitura na íntegra incluiu-se 22 artigos para análise. Os demais foram excluídos por abordarem
a saúde mental de professores da educação básica e estudantes, bem como pesquisas duplicadas.
Resultados
Considerando os 22 artigos selecionados, 7 foram localizados na plataforma Scielo; 11 no Google
Acadêmico e 4 no Periódicos CAPES. A maioria foi publicado entre os anos de 2020 e 2021.
Referente ao trabalho docente pode-se elencar como elementos disparadores a sobrecarga de trabalho;
excesso de exigências burocráticas e administrativas; horas excedentes à jornada de trabalho; pressão
por produtivismo e quantidade de publicações; individualismo; competitividade; infraestruturas
precárias; falta de ambiente e mobiliário adequado; recursos escassos para pesquisa; falta de
autonomia em decisões; falta de reconhecimento no trabalho, remuneração incoerente; perda de
direitos na carreira; etc., isso configura-se em fatores que influenciam o adoecimento psíquico, visto
que estudos demonstraram queixas como fadiga crônica, estresse, insônia, falta de motivação, baixa
autoestima, ansiedade, tristeza, cansaço, dores crônicas; sintomas depressivos, síndrome de Burnout,
etc, dos docentes. Por fim, foi possível constatar que atualmente o trabalho docente é fator
desencadeante de adoecimento psíquico, implicando na qualidade de vida e no processo de ensino
aprendizagem na universidade.
Palavras-chave: Docente; Saúde Mental; Ensino superior; Trabalho.

678
Saúde mental e atenção básica: relato de experiência do diagnóstico situacional na UBS
Conceição, em Diadema - SP

Laura Milagres Teixeira - USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul


Bárbara Cristina de Oliveira Torres - Universidade Municipal de São Caetano do Sul
Gabriela Nobre Chan - Universidade Municipal de São Caetano do Sul
Marco Aurélio Penha Cardoso da Silva - Universidade Municipal de São Caetano do Sul
Juan Del Castillo Nunes - Universidade Municipal de São Caetano do Sul
Laís Cavalcante Alves Cordeiro - Universidade Municipal de São Caetano do Sul
Adriana Jimenez Pereira - Universidade Municipal de São Caetano do Sul

RESUMO
Em virtude do isolamento social e a ausência de ações de saúde mental na UBS, em parceria com a
universidade, houve a construção de um projeto de intervenção para identificar pessoas que
apresentavam intenso sofrimento psíquico. Foram realizadas visitas domiciliares junto com agentes
comunitárias para 26 moradores e aplicado questionário baseado em literatura científica, abordando
hábitos de vida, sintomas e histórico de internação prévia por transtornos mentais. Após o
levantamento dessas informações, os moradores foram classificados com base no Protocolo
Manchester, para estratificar a gravidade das condições como, por exemplo: tentativa de suicídio
(vermelho) e insônia (verde). Com base nessa ferramenta, identificou-se no total: 7 casos de baixo
risco, 13 casos não urgentes, 2 casos de moderado risco e 4 casos de alto risco. Ao final, os estagiários
realizaram uma reunião com a equipe da UBS para apresentar os resultados.
Objeto do Relato
Trabalho de busca ativa das pessoas com sofrimento psíquico para direcionar o cuidado.
Objetivos
Ressaltar a importância do trabalho de saúde mental no território onde se estabelece trama das
relações e da vida socioespacial dos usuários e identificar a situação de saúde mental no território da
UBS Conceição, em Diadema, no ano de 2020, com ênfase na potencialidade da estratégia de visitas
domiciliares.
Análise Crítica
Os profissionais da unidade e os estudantes decidiram sobre o direcionamento dos casos levantados,
seja para matriciamento, encaminhamento ao CAPS ou, ainda, consultas com o médico da unidade
básica. A maior parte dos transtornos mentais leves é atendida pela atenção básica e as visitas
domiciliares possuem elevada potencialidade na identificação de necessidades de saúde mental. Em
2020, o surgimento da pandemia de coronavírus, impactou a vida das pessoas, exigindo o isolamento
social e gerando sentimentos de incertezas e medo. Os transtornos e sofrimentos psíquicos se
intensificaram e não tiveram a atenção habitualmente oferecida pelos serviços de saúde.
Conclusões/Recomendações
A vivência permitiu acolher a demanda reprimida de saúde mental do território, prevenindo maiores
consequências. Recomenda-se o uso do diagnóstico situacional em saúde mental por meio de visitas
domiciliares como importante ferramenta para identificar as necessidades psicossociais dos usuários.
Palavras-chave: Saúde mental; Psicossocial; Atenção Básica; Diagnóstico Situacional.

679
Saúde mental e capitalismo : determinação social da saúde e os impactos na vida da classe
trabalhadora

Aline Fernanda de Oliveira Fogaça - UNIP - Universidade Paulista


Milena Almeida Benfica - Discente curso Serviço Social - Unip Campus Pinheiros/SP
Beatriz Gonçalves da Costa Araújp - Discente curso Serviço Social - Unip Campus Pinheiros/SP

RESUMO
Os desafios contemporâneos acerca da saúde mental e sua estreita relação com as condições de vida
dos/as trabalhadores/as, situam-se como elementos cruciais em torno do debate proposto nesta breve
explanação, a qual é fruto do trabalho de conclusão do curso de Serviço Social na Universidade
Paulista (Unip Campus Pinheiros/S). Este se estrutura em três eixos 1) a determinação social da saúde
e suas implicações na saúde mental dos/as da população em situação de vulnerabilidade, 2) o processo
de adoecimento massivo desta população num cenário de acentuação de desigualdades sociais,
violências e negligências do Estado, 3) as disputas em torno de um projeto de saúde mental que
consiga alcançar os sujeitos dos aspectos biológicos às condições sociais, econômicas, políticas, e
culturais.
Objetivos
Este trabalho tem por objetivo elucidar os impactos da crise social, econômica e política na saúde
mental dos/as trabalhadores/as, levando em consideração o debate sobre a determinação social da
saúde. Nesse sentido, aponta algumas reflexões sobre as correntes do pensamento Latino Americano
que visam questionar o paradigma biomédico, pautando-se no processo saúde-doença coletivo.
Metodologia
A pesquisa foi direcionada a partir de análise bibliográfica e documental, com ênfase em produções
interdisciplinares sobre a temática, pois segundo nossa compreensão, faz-se cada vez mais necessária
a aproximação entre as diversas áreas do saber para pensar, propôr e ampliar o debate sobre saúde
mental no processo saúde-doença e suas correlações com a sociabilidade contemporânea.
Resultados
Considerando as análises e reflexões obtidas no decorrer da pesquisa verificamos que é urgente a
ampliação do debate sobre o saúde mental a partir de sua correlação com a determinação social da
saúde, bem como a crítica aos retrocessos que vêm impondo o modelo biomédico como fator central
no processo de cuidado dos/as trabalhadores, sem levar em consideração os aspectos que compõe a
vida dos sujeitos para além de estigmatizar e/ou individualizar uma pauta coletiva, como é o caso da
produção de saúde mental.
Por fim, apontamos que as disputas no campo da saúde mental no tempo presente, está massivamente
relacionada ao contexto de crise do capital, em que a população, sobretudo os mais pobres, passam a
ser alvo de extermínio e negação de seu direito de existência, sendo novamente realocados nos nada
novos manicômios .
Que a saúde mental possa ser concebida de forma ampliada e disseminada enquanto possibilidade de
superação da perversidade imposta pelo modelo capitalista que se apropria de nossas vidas.
Palavras-chave: Capitalismo; condições de vida; saúde mental; trabalhadores/as.

680
Saúde mental e militância na realidade brasileira

Marina Thuane Melo da Silva - UNB - Universidade de Brasília


Pedro Henrique Antunes da Costa - Universidade de Brasília - UNB

RESUMO
Analisar os processos de produção de saúde mental de militantes requer a apreensão do que é saúde
mental . Partimos de uma perspectiva crítica que rejeita a compreensão clássica do sofrimento
enquanto doença, fragmentando os sujeitos e, consequentemente, justificando violências.
Entendemos a saúde mental como manifestação individual e coletiva de problemas históricos e que
elabora e efetiva sua existência na rede de relações sociais. A solução ou que chamam de cura consiste
não só na vivência da sociedade concreta, mas na ruptura com o sistema imperante no qual os seres
se produzem - inclusive, em termos de saúde mental -, ou seja, na desalienação e transformação
radical das relações sociais, a fim de que o sofrimento e estas relações sejam mais humanizados, pois
de seres humanizados
Objetivos
Analisar a produção acadêmica sobre as implicações à saúde mental de militantes no cenário nacional
Refletir criticamente acerca da saúde mental de militantes na realidade brasileira, identificando as
interfaces entre o horizonte da luta de organizações políticas e os sujeitos que nelas atuam pela
transformação social e a forma atual de produção de vida - e saúde mental, portanto
Metodologia
Para construção da pesquisa utilizou-se enquanto método a pesquisa bibliográfica, por meio de uma
revisão narrativa da literatura, com o material analisado dividindo-se em duas categorias: (1) textos
oriundos da pesquisa empírica, prática profissional e militância sobre Saúde Mental em contextos de
lutas sociais, com uma ênfase em movimentos sociais e organizações políticas (partidos, sindicatos);
(2) trabalhos teóricos elucidativos de processos grupais e perspectivas críticas e históricas sobre
Saúde Mental na realidade brasileira e latino-americana, como os da Psicologia da Libertação.
Resultados
Explorando as produções brasileiras, percebe-se, em um primeiro momento, um baixo volume de
trabalhos, o que pode indicar que, apesar de avanços, ainda há uma incipiência do debate sobre a
saúde mental entre militantes não só no meio acadêmico, mas também e especialmente nos próprios
movimentos sociais. Fica evidente que o fato de os sujeitos estarem engajados na luta pela
transformação da sociedade e pela superação de explorações e opressões, não os faz isentos(as) do
sofrimento psíquico, justamente por esta luta estar conformada na sociabilidade capitalista, suas
contradições e caráter desumanizante que se expressa na/pela saúde mental. Contudo, a organização
política e as próprias lutas - nas suas diversidades organizativas (partidos, sindicatos, movimentos
sociais etc.) - apresentam-se enquanto possibilidades terapêuticas, ainda que este não seja o fim em
si da luta política e considerando as variadas formas de organização. Por fim, sinalizamos como a
Psicologia da Libertação contribui com experiências concretas de atuação com movimentos e lutas
sociais, construindo inclusive modelos de atenção psicossocial para a classe trabalhadora organizada,
nas suas variadas frações.
Palavras-chave: saúde mental; movimentos sociais; militância.

681
Saúde mental e pandemia: construção coletiva de práticas entre profissionais da linha de
frente no hospital geral

Mateus Henrique Bevilacqua Nascimento - Santa Casa de Misericórdia de Adamantina na


Providência de Deus
Daniele Cristina Ribeiro dos Santos - Centro de Atenção Psicossocial
Glaucia Dellaqua Crepaldi - Santa Casa de Misericórdia de Adamantina na Providência de Deus
Liane Casaril - Santa Casa de Misericórdia de Adamantina na Providência de Deus

RESUMO
A dor de vivenciar o adoecimento e a impotência na oferta de cuidados mobilizaram os sujeitos
envolvidos na unidade de isolamento de Covid-19 deste hospital geral. Os profissionais da unidade
de isolamento observaram que os pacientes não respondiam ao tratamento quando as vivencias de
sofrimento se faziam presentes. Foi constatado também que os profissionais se frustravam diante da
impotência no combate da doença e nas constantes evoluções desfavoráveis. A unidade contava com
22 leitos, sendo 12 de enfermaria e 10 intensivos, atendendo 10 municípios diretos e outros indiretos.
A equipe era constituída por médicos, enfermeiros, psicólogo, nutricionista e fisioterapeutas. As ações
de humanização tiveram início por meio de espaços não planejados de discussão, onde eram tratadas
as rotinas de trabalho, dores e dificuldades. Foram realizadas ações no cotidiano de trabalho com
expressões de apoio, melhora nas condições ambientais, atuação multiprofissional, visitas à distância,
entre outras. As experiências descritas não foram minuciosamente elaboradas, mas surgiram em meio
às angústias dos sujeitos envoltos naquele ambiente. Foi de suma importância a articulação junto ao
Centro de Atenção Psicossocial o qual, por meio da enfermeira coordenadora, possibilitou a
articulação com o hospital e ofertou assistência psicossocial aos sujeitos, pacientes e profissionais,
envolvidos nesta experiência dolorosa.
Objeto do Relato
Ações de manejo do sofrimento em uma unidade de isolamento de Covid-19 de um Hospital Geral.
Objetivos
Objetiva-se apresentar as ações tomadas durante e pós vivência em unidade de isolamento por
profissionais e pacientes, bem como articulações intersetoriais que se fizeram exitosas na criação de
recursos aos sujeitos para lidar com as vivências de sofrimento psíquico advindos das experiências
de adoecimento.
Análise Crítica
As ações desenvolvidas pautaram-se exclusivamente na integração entre equipe, paciente, familiares
e comunidade. Fez-se necessária a ação humanizada para que os tratamentos ofertados surtissem
efeito e a sensação de missão cumprida pudesse ser sentida, superando a impotência e o fracasso. As
ações possibilitaram atenção para além do sofrimento físico dos pacientes, expandindo a atenção aos
conteúdos de sofrimento psíquico. Consequentemente as trocas entre a equipe fortaleceram o apoio
mutuo às expressões de desgaste, medo, angústia, frustração e até mesmo de raiva. Possibilitar
espaços informais de falas resultou na construção coletiva de manejos para lidar com o sofrimento.
Conclusões/Recomendações
A emergência sanitária desencadeou estados de sofrimento, mas também possibilitou ou exigiu a
criação de recursos para lidar com constantes de crise. Fazer saúde é uma construção coletiva, que
deve contar como base as experiências de cada sujeito envolvido nas situações de angústia.
Palavras-chave: Pandemia; Saúde Mental; Hospital Geral; Profissionais da Saúde.

682
Saúde mental e privação de liberdade: Construção de cuidado com jovens em cumprimento
de medida socioeducativa

Juliana da Silva Pinho - Coletivo BalanCeará

RESUMO
Este trabalho descreve uma experiência construção de cuidado em saúde mental com com jovens de
13 a 17 anos em uma unidade de internação no sistema socioeducativo do Distrito Federal, enquanto
campo de prática de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental, Álcool e outras
Drogas. A equipe de residentes era composta por psicologia, serviço social e enfermagem, com
supervisão de uma psicóloga servidora da unidade. As ações aconteceram com a implementação e
condução de grupos terapêuticos com frequência semanal, bem como com intervenções e
atendimentos individuais - solicitados sob demanda pelos jovens. Os grupos contavam com a
participação de 7 a 10 jovens e dois residentes e tinham como objetivo a promoção de acolhimento e
construção de práticas de cuidado em saúde mental. A principal metodologia dos encontros era a de
utilizar músicas escolhidas por eles como ferramenta de identificação, expressão e abertura de diálogo
sobre situações e sentimentos vivenciados dentro e fora daquele espaço, com os principais temas
sendo: a privação de liberdade, violência policial, racismo, uso de drogas, família e amizade. A partir
das discussões do grupo, os jovens solicitavam apoio individual e os residentes, além dos
atendimentos, também realizavam encaminhamentos e articulações com a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) acerca de diversas demandas, mobilização fortalecida pela atuação dos
residentes em equipamentos da rede, especialmente em Centros de Atenção Psicossocial.
Objeto do Relato
Construção de práticas de cuidado em saúde mental em uma unidade no sistema socioeducativo do
DF.
Objetivos
Descrever a implementação e condução de práticas de cuidado em saúde mental - individuais e
coletivas - com jovens em cumprimento de medida socioeducativa em uma unidade de internação
como campo de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental, Álcool e outras
Drogas no DF, analisando os limites e potencialidades dessas ações.
Análise Crítica
O sistema socioeducativo se mostrou como um potente campo no processo formativo em saúde
mental, gerando deslocamentos teórico-práticos para os residentes e trabalhadores da unidade. As
atividades em grupo abriram espaço para que os jovens entrassem em contato e expressassem os
sofrimentos vivenciados naquele contexto, fortalecendo o vínculo dos jovens com os residentes. Além
disso, as atividades propostas de forma dinâmica e acolhedora promoveram um espaço de
protagonismo para os jovens, possibilitando diálogos para trabalhar garantia de direitos e promoção
de saúde, bem como a construção de novos olhares e perspectivas de vida.
Conclusões/Recomendações
As atividades desenvolvidas pelo Programa de Residência tiveram a potência de construir uma
aproximação da unidade de internação com a RAPS, além disso, geraram uma oportunidade de maior
articulação e mobilização entre as gerências presentes nesse espaço - como a segurança, a escola e a
saúde.
Palavras-chave: Saúde Mental; Jovens; Socioeducativo; Privação de Liberdade; Grupos
Terapêuticos.

683
Saúde mental e universidade: experiências na produção coletiva de cuidados

Thaís Seltzer Goldstein - UFBA - Universidade Federal da Bahia

RESUMO
O trabalho aborda o processo de (re)produção de sofrimentos e adoecimentos no ensino superior. O
objetivo é compartilhar reflexões e experiências relacionadas à produção coletiva de cuidados
psicossociais na universidade, sob perspectiva crítica à medicalização, à meritocracia e ao
produtivismo que vigoram nas sociedades neoliberais. A Psicologia Escolar e Educacional de
perspectiva crítica, referências do pensamento descolonial e o campo da pesquisa-ação constituem a
proposta teórica e metodológica. Constatou-se a natureza processual e multifatorial da produção de
sofrimentos e adoecimentos, bem como das respectivas redes de cuidados. A análise de práticas
discursivas do cotidiano universitário evidenciou contradições. Inovações disputam espaço com
forças conservadoras em territórios sociais, institucionais e psíquicos. Diante do predomínio da
branquitude nas estruturas de poder, promover deslizamentos epistemológicos viabilizaria
possibilidades que contemplem, respeitosamente, a diversidade. A parceria entre gestores,
professores, técnicos e estudantes fortaleceria os vínculos e o reconhecimento de responsabilidades
individuais e coletivas.
Objeto do Relato
Três intervenções coletivas que buscam compreender sofrimentos e produzir cuidados na
universidade.
Objetivos
Discutir aspectos envolvidos no processo de (re)produção de sofrimentos e adoecimentos no ensino
superior. Compartilhar experiências e reflexões relacionadas à produção coletiva de cuidados, de uma
perspectiva crítica à medicalização, à meritocracia e ao produtivismo que vigoram nas sociedades
neoliberais.
Análise Crítica
Constatamos que a produção de sofrimentos e adoecimentos é processual e multifatorial. Também o
são as redes de cuidados e estratégias para lhes fazer frente, que podem ser tecidas politicamente,
entre pares, grupos e instâncias institucionais. Como os sofrimentos, as estratégias de enfrentamento
também têm natureza híbrida: psíquica e política; transcendem o psiquismo individual. A partir de
problematizações coletivas, pôde-se promover ressignificações e uma potência questionadora de
comportamentos vistos como problemáticos porque hesitantes, inquietos, agressivos, contestatórios
mas que, no fundo, recusavam-se a se adaptar a um sistema que nos adoece.
Conclusões/Recomendações
À universidade, caberia desenvolver pedagogias que não medicalizem o sofrimento e o adoecimento
como se fossem inescapáveis à formação acadêmica, optando por estratégias que dialoguem com a
realidade social concreta dos estudantes.
Palavras-chave: Cuidado; Sofrimento Psíquico; Cotidiano Universitário; Estratégias coletivas;
Desmedicalização.

684
Saúde mental na pós-graduação: experiências vividas de alunos de mestrado na universidade

Mylena Nahum Sousa Cardoso - Consultório


Patrícia do Socorro Magalhães Franco do Espírito Santo - Universidade Federal do Pará

RESUMO
Estudos sobre saúde mental no contexto da pós-graduação indicam um aumento significativo de
adoecimento no processo de formação de pesquisadores. Empiricamente sabemos que as experiências
na pós-graduação são atravessadas por condições que podem promover saúde e/ou adoecimento.
Objetivos
O objetivo desta pesquisa é compreender o significado da experiência vivida por alunos de mestrado
no contexto da pós-graduação.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo de orientação fenomenológica no qual foram entrevistados seis
orientandos de mestrado, vinculados à Programas de Pós-Graduação stricto sensu da Universidade
Federal do Pará, selecionados a partir do método bola de neve. Optou-se pela entrevista
fenomenológica norteada pela pergunta disparadora Peço-lhe que me conte como está sendo a sua
experiência na pós-graduação? . Como resultados, emergiram quatro categorias: Ingresso no
mestrado; Vivências na pesquisa; Orientação acadêmica e vivências de saúde e adoecimento. Elegeu-
se o Método Fenomenológico proposto por Amedeo Giorgi para a análise das experiências vividas
descritas pelos colaboradores da pesquisa, utilizando como aporte teórico a Fenomenologia Mundana
de Maurice Merleau-Ponty.
Resultados
Entre os resultados, destacamos a cobrança por desempenho, contexto da pandemia, bloqueio na
escrita e relação com orientador como condições que dificultam essas vivências. A boa relação com
os pares, os vínculos afetivos, a escuta e o acolhimento são percebidos como condições facilitadoras
nesse contexto. A partir dos resultados do presente estudo, espera-se contribuir para a reflexão e o
debate sobre uma temática diretamente ligada com as práticas acadêmicas, sendo um elemento a mais
para a construção de estratégias individuais e coletivas de enfrentamento, assim como práticas
estudantis mais efetivas no espaço da universidade.
Palavras-chave: Pós-Graduação; Saúde Mental; Experiência Vivida; Fenomenologia; Merleau-
Ponty.

685
Saúde Mental na Universidade: uma conversa com calouros sobre o adoecimento mental e
emocional

Julia Von Holleben - CRP


Lara Simone Messias Floriano - UEPG
Patricia Mudrey - UEPG
Simone Cristina Campos - UEPG

RESUMO
A universidade possui desafios próprios ao seu ambiente e seu funcionamento que podem gerar
adoecimento mental/emocional a seus usuários. Conhecer sobre este processo de adoecimento, como
se dá e em quais circunstâncias se faz importante, tendo em vista o sofrimento que tem sido
vivenciado por este grupo. Uma exposição oral a respeito desse tema foi apresentada a acadêmicos
calouros do curso de Engenharia de Software em uma Universidade Pública no município de Ponta
Grossa/PR. Tinha-se como objetivo auxiliar a compreensão da saúde mental na academia. Para isso,
a discussão girou em torno dos fatores de stress de estudantes do Ensino Superior; a relevância da
saúde mental para um bom desempenho acadêmico e algumas possibilidades de enfrentamento na
universidade. Além disso, um formulário online para os participantes da conversa foi desenvolvido
com intuito de analisar a compreensão deles a respeito da temática por meio das respostas deixadas.
Objeto do Relato
O objeto do relato trata-se de uma palestra sobre Saúde Mental na Universidade com calouros.
Objetivos
O objetivo da conversa foi contextualizar a questão da saúde mental na academia e o sofrimento
emocional/mental que ocorre nesse ambiente. Além disso, através de um formulário online criado
para os participantes da exposição, buscou-se analisar as respostas deixadas e contribuir para a
discussão sobre questão da Saúde Mental no Ensino Superior.
Análise Crítica
Devido à exposição à novos estímulos ambientais/sociais, determinadas emoções e pensamentos
podem ser eliciados e a integridade da saúde mental dos estudantes afetada, podendo trazer-lhes
riscos. Em relação ao questionário apresentado, as respostas que mais chamam atenção dizem respeito
ao acolhimento da Universidade às questões de Saúde Mental. Das respostas dadas, 31,6% afirmam
estarem muito satisfeitos e 42,1% satisfeitos. Isto representa 75% dos participantes e mostra como
uma conversa com estudantes sobre o tema já os permite sentir acolhimento vindos da instituição
frente a esta demanda.
Conclusões/Recomendações
Conclui-se que uma simples conversa sobre saúde mental pode fazer com que acadêmicos sintam-se
acolhidos pela instituição. Sendo assim, embora possa parecer irrelevante e despretensiosa, a
intervenção mostrou como o diálogo é importante ainda que inicial para enfrentar a demanda.
Palavras-chave: Saúde mental; Ensino Superior; Sofrimento emocional.

686
Saúde mental no campo: cuidados de profissionais atuantes em Unidades Básicas de Saúde
rurais à pessoas que fazem uso de álcool e outras substâncias

Aline Maria de Sordi - Escola de Saúde Pública de São José dos Pinhais - PR
Rafaela Carine Jaquetti - Prefeitura municipal de São José dos Pinhais

RESUMO
As populações que residem no campo configuram especificidades que geram demandas particulares
associadas às condições de vida e trabalho (DIMENSTEIN et al, 2016), e ao atendimento
especializado nos casos de transtornos mentais e uso de álcool e outras substâncias. As Unidades
Básicas de Saúde, por estarem mais próximas ao espaço territorial das/os usuárias/os são o principal
ponto de apoio e de cuidado. Conforme a Rede de Atenção Psicossocial (2011) esses serviços devem
ofertar ações voltadas à promoção de saúde mental, prevenção e cuidado dos transtornos mentais,
ações de redução de danos e cuidado para pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas (BRASIL., s/p). Por isso, é importante compreender como esses cuidados são
ofertados em contextos rurais.
Objetivos
A pesquisa, fruto de um trabalho de conclusão de Residência Multiprofissional em Saúde da Família,
busca compreender a partir da perspectiva de médicas/os e enfermeiras/os que trabalham em
Unidades Básicas de Saúde rurais, quais são as perspectivas e os cuidados dispensados à população
rural que faz uso de álcool e outras substâncias.
Metodologia
A pesquisa utiliza metodologia qualitativa (MINAYO, 2013) e está em curso. Para a coleta de dados
estão sendo realizadas entrevistas semiestruturadas com profissionais de nível superior atuantes em
seis Unidades Básicas de Saúde rurais de um município da região metropolitana de Curitiba- PR. A
escolha das UBS se deu em decorrência de ser o local de atuação na residência multiprofissional da
pesquisadora. Os dados serão analisados a partir da Análise de Conteúdo de Bardin (2011).
Resultados
Até o momento da submissão deste trabalho, foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas de
um total de oito trabalhadoras/es convidados para participar da pesquisa. Destaca-se que os contextos
rurais conformam-se enquanto espaços em movimento, marcados por imensa diversidade, formas
variadas de ocupação e uso da terra, condições e modos de vida também distintos (BELARMINO et
al, 2016). A pesquisa encontra-se na fase de análise de dados e como resultado preliminar evidencia-
se o foco em um cuidado descolado do contexto de vida das/os usuárias/as, atrelados a práticas
reducionistas que visam atendimento médico para introdução de medicação e/ou solicitação de vaga
de internamento em hospital psiquiátrico ou, ainda, encaminhamento ao atendimento especializado
psicóloga/o da UBS e CAPS AD. Os encaminhamentos ocorrem de forma desarticulada, perdendo-
se a noção de coordenação do cuidado da APS. Além disso, em nenhuma das entrevistas foi citada a
Redução de Danos como possibilidade de cuidado. Percebe-se que o cuidado está pautado em práticas
voltadas à abstinência, sem qualquer ênfase na prevenção e na promoção da saúde das/os usuários/as
dos serviços.
Palavras-chave: Saúde Mental; contexto rural; álcool e outras substâncias psicoativas; Unidades
Básica de Saúde; Atenção Primária à Saúde.

687
Se reconhecendo e (re)constituindo através da relação de cuidado com adolescentes de uma
Unidade de Acolhimento Infanto Juvenil-UAI de Campos dos Goytacazes

Joyce Aparecida Rebouças dos Santos - UFF - Universidade Federal Fluminense


Vania Maria dos Santos Viana da Silva - UFF
Lilian Monsores Moreira dos Santos - Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes
Luana da Silveia - UFF

RESUMO
Nossa vivência moveu-se baseada no estagio em uma Unidade de Acolhimento Infanto Juvenil na
planície campista, implicadas com quatro adolescentes com suspensão de território por conta de
dividas e brigas de facções, usuários de substâncias e dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial,
sendo três deles jovens negros nos quais dois passaram pela institucionalização. Diferente da política
de saúde mental, foi visível perceber o quão os técnicos da unidade são pegos pela lógica manicomial,
o quanto familiares, crianças e adolescentes, principalmente jovens negros usuários dos serviços da
rede sofriam e sofrem em consequência da configuração do racismo, do não considerar a intersecção
entre gênero, raça, classe e localização geográfica, funcionando muitas vezes como mais um
reforçador de um sistema de opressão. Decorrente da experiência do estágio, embora os adolescentes
possuem subjetividades, desejos e contextos diferentes, foi perceptível a diferença de cuidado entre
os jovens negros e brancos que estavam sendo assistidos, consequências do racismo estrutural. Apesar
da unidade possuir técnicos proibicionistas, racistas e implicados na lógica manicomial, é coordenado
por uma mulher negra que aposta na redução de danos como forma de produção de cuidado, rejeitando
a lógica da abstinência nos quais abraçam as diversas propostas de atenção ao acolhido, dessa forma,
passamos a ver a UAI como o serviço da RAPS com maior potência de Campos dos Goytacazes- RJ.
Objeto do Relato
O relato da experiência será a partir de quatro acolhidos que perpassaram pela UAI durante o estágio.
Objetivos
Este trabalho tem ênfase na vivência de duas mulheres negras enquanto estagiárias da rede de saúde
mental de Campos dos Goytacazes, partindo da compreensão, críticas, atravessadas por teorias
coloniais e por acreditar em um fazer psi que esteja implicado e considere trajetórias incursas pela
raça, classe, territorialização e que aposte no cuidado.
Análise Crítica
Embora a Rede de Atenção Psicossocial seja repleta de furos, de contradições, de produções de
violências e de reproduções do pacto narcísico da branquitude, por acreditar em uma psicologia
possível, interdisciplinar e implicada a raça e classe, a saúde mental e a rede de atenção psicossocial
é um eixo que vemos potência na atenção e acolhimento das populações mais vulneráveis. Além
disso, transversalmente essa experiência foi possível reafirmar a importância de trilhar trajetos em
conjuntos, promovendo as autonomias, subjetividades, principalmente com os usuários dos serviços,
a fim de que não perdemos as esperanças e que possamos (re) construir muitas estratégias de cuidado
em territórios.
Conclusões/Recomendações
Neste sentido, nossa intervenção foi através do que nos era possível no momento, bem como, estar
em contato com os adolescentes, como acompanha-los no território; fazer sessões de filmes; ouvir e
trocar sobre músicas; dialogar sobre a vida, o que eles gostavam e principalmente pelo meio do
cuidado.
Palavras-chave: Unidade de Acolhimento Infanto-juvenil; Rede de Atenção Psicossocial; Redução
de danos; Adolescentes; Racismo Estrutural.

688
Semana Lúdica: Vivência biopsicossocial, cultural e espiritual do CAPS -Braz Fernandes
Fontes/Boquim

Diléa Lucas de Carvalho - CAPS


Anne Durvalina Santos. Fontes – CAPS - Boquim
Adriana Monize R. N. M. Santos – CAPS -Boquim
Luís Rafael Passos Barreto Costa – CAPS -Boquim

RESUMO
A Semana Lúdica dividiu-se em: dia de beleza, karaokê temático e Yoga na praça. Na
operacionalização da atividade, independentemente do Projeto Terapêutico Singular (PTS)
estabelecido nos prontuários cadastrados no serviço, todos usuários participaram por critério de
escolha livre prevista na programação fixada nos murais do CAPS, bem como divulgação nas
assembleias e demais oficinas do serviço. Uma vez por mês, ofertava-se a Semana Lúdica coordenada
pelos profissionais de nível superior, respectivamente, enfermeira, assistente social e psicólogo, com
o apoio logístico de uma pedagoga do serviço. A atividade do dia de beleza ocorria com recursos
próprios, em maioria das profissionais de saúde nas próprias instalações do CAPS, contando com
outros usuários que também tinham habilidade com estética, além de parcerias com outros
profissionais também da Secretaria de Assistência Social. O karaokê também ocorria nas instalações
do CAPS, com recursos também de outras secretarias como TV, microfone, caixas de som e
congêneres, porém havia flexibilidade para atividades em outros locais. A Yoga na praça contava com
menos recursos materiais como colchonetes, mas tinha como espaço ideal os lugares públicos ao ar
livre. No geral, conseguiu-se integrar os diversos perfis presentes de profissionais e tal estratégia
terminou elevando as questões relacionadas às dimensões de Campo e Núcleo na saúde mental ao
patamar da concreticidade, potencializadas pela perspectiva interdisciplinar.
Objeto do Relato
Rotatividade de equipe e processo de trabalho permitiu reflexões sobre como diversificar o cuidado.
Objetivos
Qualificou as atividades do CAPS vistas ao papel de equipamento na rede substitutiva, graças à
inclusão de ações cujos valores ligados à diversidade ampliou o repertório sociocultural dos usuários,
bem como a contratualidade destes no território não somente com os novos trabalhadores que
adentram ao serviço, como também com entes municipais.
Análise Crítica
A alta complexidade dos equipamentos de saúde mental de porte I, dada às diferenças marcantes dos
públicos atendidos que se encontram em um único espaço de convivência, desvendou ao CAPS a
experiência no adensamento do vínculo terapêutico dos profissionais com os usuários de CAPS, além
de permitir a vivência marcante da dimensão humano-genérica que adentrou o cotidiano do serviço
despertando desde elementos linguísticos, artísticos aos espirituais nas atividades propostas. A
experiência cristalizou princípios do SUS relacionados a equidade ao procurar reduzir as
desigualdades nas relações de trabalho tanto entre profissionais quanto com usuário ao evidenciar o
componente humano subjetivo.
Conclusões/Recomendações
Foi um mecanismo útil na atração do público de baixa adesão ao serviço, pois considerou a
aproximação sistemática com a subjetividade de todos sujeitos e as diversas expressões humanas que
passam pelas impressões sensoriais como o tato, a visão, o olfato, a audição (Yoga, Dia de Beleza e
karaokê).
Palavras-chave: CAPS; processo de trabalho; lúdica; cuidado; adesão.

689
Serviço de Triagem Psicológica realizado em Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) utilizado
como estratégia para caracterização da demanda

Ana Paula Parada - UNIP


Tuani Aparecida da Silva - UNIP

RESUMO
O CAPS em questão trata-se do principal equipamento de saúde mental pública, atendendo pacientes
encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento, Clínica de
Especialidades, consultórios médicos particulares, e também aqueles que buscavam
espontaneamente. O serviço visa atender a todas as faixas etárias, voltando-se para casos com média
e alta complexidade, como pacientes com esquizofrenia, ideação suicida e vítimas de violência
sexual. Sua equipe é composta atualmente por 11 funcionários, sendo 3 médicos psiquiatras, 3
psicólogas clínicas, 2 enfermeiras, 1 auxiliar de enfermagem, 1 terapeuta ocupacional e 1 assistente
social. O objetivo do presente trabalho foi realizar atendimentos no modelo de Triagem Psicológica,
visando oferecer acolhimento aos pacientes que aguardavam por atendimento na fila de espera,
conhecer suas queixas principais e encaminhá-los para os serviços mais adequados. Como se tratava
de uma experiência de estágio curricular em Psicologia da Saúde, ofertado pela Universidade Paulista,
a carga horária se restringiu a 3 horas semanais aproximadamente. Ao todo, foram realizados 22
atendimentos individuais presenciais, com os pacientes que tiveram seu primeiro contato com a
instituição, seguindo todas as normas de proteção contra o vírus da COVID-19. Todos os
atendimentos foram transcritos e supervisionados pela docente responsável.
Objeto do Relato
Resultados encontrados a partir do Serviço de Triagem Psicológica realizado em um CAPS.
Objetivos
O objetivo principal é apresentar como o Serviço de Triagem Psicológica pode contribuir para
caracterização do perfil sociodemográfico e da demanda de saúde mental dos moradores de uma
pequena cidade na região de Ribeirão Preto/SP.
Análise Crítica
Os pacientes atendidos eram, na maioria, adultos com 31 a 59 anos (59,1%), seguidos de adolescentes
(27,3%). Houve predominância do sexo feminino (68,2%). As queixas principais estavam associadas
a Transtornos de Ansiedade (40,9%) e Depressão (31,8%). Os dados apontam que 50% foram
encaminhados pelas UBS e 22,7% pela UPA. Metade dos casos já fazia uso de psicofármacos e 77,3%
nunca tinha realizado acompanhamento psicológico. A maior parte dos casos triados (59,1%) foram
encaminhados para tratamentos conjuntos (Psicologia e Psiquiatria) e alguns (38,8%) apenas ao
Psiquiatra.
Conclusões/Recomendações
A triagem possibilitou caracterizar o perfil sociodemográfico dos usuários e conhecer suas principais
demandas psicológicas. Tais informações devem ser consideradas para elaboração de novas
estratégias de trabalho, nos demais equipamentos de saúde, voltadas para a prevenção e promoção de
saúde
Palavras-chave: Saúde Mental; CAPS; Triagem Psicológica.

690
Sexualidade no cotidiano de mulheres moradoras de uma Residência Inclusiva Regionalizada

Gabriela Walter Gonçalves


Amanda Dal Santo - UNICENTRO

RESUMO
Trata-se do recorte da experiência de um estágio profissionalizante do curso de Psicologia, de uma
Universidade Estadual no Paraná, numa cidade de médio porte. O campo é Assistência Social, e o
serviço é de alta complexidade, denominado Residências Inclusivas Regionalizadas. Nele, estão
acolhidas mulheres que possuem entre 18 e 59 anos, reconhecidas como pessoas com deficiência e,
na maioria dos casos, estão em situação de sofrimento psíquico. Todas possuem histórico de
internação em manicômios e/ou acolhimento em Casas-Lar. Em nossa inserção, percebemos que um
dos efeitos do isolamento social provocado pela pandemia do covid-19, em conjunto com um contexto
macropolítico brasileiro que financia a destruição do cuidado em liberdade e sustenta forças
manicomiais, foi o que Goffman (1961) conceituou como tendência ao fechamento. Portanto,
propusemos atividades que retomassem a singularidade de cada uma das mulheres, como uma
estratégia de enfrentamento das tendências manicomiais que as leem de forma universal, como um
grupo homogêneo: as acolhidas . As ferramentas utilizadas foram intervenções fotográficas, em que
cada uma das 7 moradoras escolheu um lugar da casa que gostava e fez o registro; momentos de dança
na cozinha, em que algumas delas escolhiam músicas -geralmente de funk- para dançarmos, e
elaboração de cadernos que se tornaram cartas, diários e álbuns de fotos. No decorrer das
intervenções, a sexualidade foi um elemento vivo que se tornou objeto de nosso olhar.
Objeto do Relato
Sexualidade de mulheres institucionalizadas nas Residências Inclusivas Regionalizadas.
Objetivos
Relatar o modo como o dispositivo da sexualidade se fez notar no encontro entre nós, estagiárias de
Psicologia, e as mulheres moradoras de uma instituição de acolhimento. Partimos de diálogos e cenas
observadas durante a realização de intervenções fotográficas e artísticas.
Análise Crítica
Ao ser mulher e considerada louca , existe uma série de intersecções que dificultam o acesso à garantia
de direitos e espaços em que seja possível vivenciar a sexualidade (ROEDER, 2014). Na história de
vida das moradoras, sexualidade é algo marcado pela violência. Entretanto, há uma dimensão da
experiência que apareceu, no decorrer de nosso estágio, para além disso: quando se olhavam no
espelho; quando nos contavam histórias sobre namorados, namoradas e antigas paixões; quando
dançavam funk, entre outros. A sexualidade acontece na vida de mulheres institucionalizadas, mas é
invisibilizada, inclusive, pelas práticas de cuidado infantilizadas de pessoas loucas e com deficiência.
Conclusões/Recomendações
A possibilidade de exercício da sexualidade é interseccionada e o capacitismo, racismo,
cisheteronormatividade, gordofobia, limitam o exercício desta e distanciam tais mulheres (pretas,
gordas, sapatonas e loucas) da prateleira do amor (ZANELLO, 2018, p.84).
Palavras-chave: Sexualidade; Mulheres; Residências Inclusivas Regionalizadas; Assistência
Social.

691
Simulação realística como estratégia de ensino-aprendizagem para a graduação de
enfermagem em saúde mental.

Caroline Moraes Soares Motta de Carvalho - Univeritas e Estácio de Sá


Rodrigo Oliveira de Carvalho da Silva - IPUB/UFRJ e UNIVERITAS Rio
Alexander Garcia de Araújo Ramalho - IMAS Juliano Moreira

RESUMO
Os alunos de graduação em enfermagem, ao cursarem a disciplina de assistência de enfermagem em
psiquiatria e saúde mental, precisam construir habilidades e competências teóricas e práticas, ao
iniciarem suas atividades em campo prático com usuários dos serviços de saúde mental, para
estabelecer uma relação terapêutica. Antes do início da atividade são aplicadas instrumentos pré-teste,
para identificar o nível de aproximação dos estudantes com as técnicas de acolhimento, escuta e
empática. Depois, através da mediação de docentes, os acadêmicos são orientados sobre as técnicas
de acolhimento e de escuta empática. Posteriormente são realizadas técnicas supervisionadas de
simulação realística em laboratório de semiologia, onde os acadêmicos são divididos em duplas,
sendo um deles o responsável por interpretar um determinado comportamento ou condição orientada
por caso clínico descrito (através de técnica empática) enquanto o outro simula o atendimento de uma
enfermeira em diferentes tipos de serviço de saúde, acolhendo este usuário sob a perspectiva da clínica
ampliada e da singularidade do sujeito. Após o atendimento simulado, os participantes são
estimulados a analisarem a dinâmica, devolvendo suas impressões para sua dupla e o docente
supervisor, refletindo sobre suas expectativas enquanto representantes das demandas do campo da
atenção psicossocial de um usuário e de uma enfermeira que propõe um cuidado integral e subjetivo.
Objeto do Relato
Técnica de simulação realística de relação terapêutica no ensino de enfermagem em Saúde Mental.
Objetivos
Proporcionar aos acadêmicos de enfermagem, durante a disciplina de assistência de enfermagem em
psiquiatria e saúde mental de uma universidade privada na cidade do Rio de Janeiro, estratégias para
construir uma relação terapêutica, no campo da atenção psicossocial, a partir de tecnologias leves do
cuidado, através do método de simulação realística.
Análise Crítica
A metodologia tem sido aplicada com bom feedbacks dos acadêmicos. Tal resultado surpreende os
docentes supervisores, visto que a expectativa era que fossem mais impactados pela atuação enquanto
enfermeiras na dinâmica proposta. Nota-se que esta menor sensibilização está relacionada a certa
inabilidade por parte dos alunos que atuam como enfermeiras, pois ainda se encontram construindo
suas habilidades e competências, sem recursos mais autônomos e seguros. Além disso, parte do
processo avaliativo analisa o envolvimento e a implicação dos acadêmicos na representação de
papéis, respeitando as histórias de vida simuladas e de acordo com os princípios do acolhimento em
saúde.
Conclusões/Recomendações
A simulação realística como estratégia de ensino, na formação de enfermeiros, tem mostrado um
recurso efetivo, sensibilizando os estudantes a qualificarem sua habilidades e competências com
tecnologias leve do cuidado, em detrimento de um modelo formativo que privilegia abordagens
biológicas
Palavras-chave: Enfermagem; Saúde Mental; Ensino-aprendizagem; Simulação realística.

692
Sociedade neoliberal e seus rebatismos na saúde mental discente: estudo a partir dos projetos
desenvolvidos pelas universidades públicas brasileiras.

Letícia Diniz Carneiro - UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

RESUMO
O interesse pela temática desenvolvida na presente pesquisa emerge da experiência das autoras na
atuação junto a unidade de saúde mental vinculada a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A
vivência no ambulatório e enfermaria do hospital universitário proporcionou observar inúmeros casos
de atendimento aos alunos. A assistência chamou atenção pelo fato de questões acadêmicas
aparecerem como fonte de sofrimento para os sujeitos. Relatos sobre dificuldade de adaptação à rotina
da universidade, sensação de fracasso e a sobrecarga das atividades aparecem como fatores que geram
ou potencializam o sofrimento psíquico. Evidenciou-se que o egoísmo social advindo da
racionalidade neoliberal que permeia a sociedade capitalista é vista na universidade e traz
consequências para os discentes.
Objetivos
O trabalho ora apresentado tem como objetivo central analisar as estratégias institucionais de
enfrentamento às questões de saúde mental vivenciadas pelos alunos das universidades públicas
brasileiras. Pretende-se compreender se os projetos desenvolvidos reconhecem as implicações do
modelo de organização das universidades no processo de adoecimento psíquico discente.
Metodologia
A investigação baseia-se numa abordagem dialética, levando em conta a historicidade dos processos
sociais. Parte de uma investigação qualitativa dos dados, pois centra-se na compreensão e explicação
da dinâmica da realidade social. A investigação parte de levantamento bibliográfico referente à
temática exposta e análise documental. Buscou-se investigar os projetos desenvolvidos pelas
universidades públicas através de pesquisas em sites oficiais das instituições, procurando identificar
se os projetos levam em conta o sofrimento advindo do modo de organização da sociedade capitalista.
Resultados
A presente pesquisa compreende que a política de educação está subordinada a uma política
macroeconômica que a coloca sob os interesses do capital. Assim, é preciso identificá-la como
fenômeno social, de construção histórica, subordinada à produção econômica. Compondo a política
de educação, temos as universidades que, segundo Chauí (2003), são instituições sociais, resultado
da organização da sociedade, cujas transformações acompanham as mudanças econômicas, sociais e
políticas. Logo, identificamos que há uma mudança na forma de organização das universidades em
decorrência da racionalidade neoliberal. Laval (2016) apontam que as instituições são permeadas por
interesses voltados ao capital, firmados na lógica gerencial e na tendência ao individualismo. Até o
presente momento, foram estudadas 51 universidades, dessas, 42 possuem projetos com temática de
saúde mental discente. Entretanto, não trazem diagnósticos relacionados à racionalidade neoliberal,
somente sinalizam números que demonstram demanda por atendimento como justificativa. Outro
ponto importante é que fica notório no estudo que há um aumento dessas atividades em decorrência
da pandemia de COVID-19.
Palavras-chave: Saúde Mental; Universidade Pública; Sofrimento estudantil; Educação Superior.

693
Tecendo trocas e saberes: a experiência da articulação de núcleo em uma residência em saúde
mental

Fernanda Fernandes Costa - Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ - Brasília


Amanda Araujo Mendes - Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ - Brasília
Franciely de Oliveira Ancelmo - Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ - Brasília
Victória Helen Ribeiro Lima - Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ - Brasília

RESUMO
A residência multiprofissional em Saúde Mental é caracterizada pelo acompanhamento sistemático
de diferentes núcleos profissionais, neste caso, serviço social, enfermagem e psicologia. Faz parte
deste processo a Tutoria de Núcleo, espaço para discussão ampliada de olhares específicos de cada
categoria profissional no campo da saúde mental, de modo a atrelar a prática ao conteúdo teórico.
Esta experiência foi desenvolvida no acompanhamento de residentes em um programa do DF, em que
são realizados encontros quinzenais em formato online, onde participam: residentes do programa,
articuladoras de núcleo egressas do programa, uma tutora de núcleo e um convidado externo de cada
categoria profissional, onde acontecem discussões separadas por categoria e, posteriormente,
discussão compartilhada entre todos para a troca e construção coletiva. O papel das articuladoras é
estruturar os encontros, conectando convidados com títulos de mestres e trabalhadores da saúde
mental com a residência, para discutir temas e casos reais acompanhados no território a partir da
perspectiva dos residentes, de modo a construir o conhecimento sobre a intersecção entre o núcleo e
o campo, além de apontar caminhos a serem percorridos no desenvolvimento do cuidado dos casos.
O objetivo é fomentar discussões estruturadas de acordo com as especificidades dos núcleos e
contribuir para a construção de uma perspectiva interdisciplinar de atuação no processo formativo de
especialistas em saúde mental.
Objeto do Relato
Articulação de diferentes núcleos profissionais em uma residência multiprofissional de saúde mental.
Objetivos
Descrever a implementação e articulação de uma tutoria de núcleo por uma psicóloga, duas
enfermeiras e uma assistente social, apoiadoras do processo formativo de um programa de residência
em Saúde Mental do Distrito Federal (DF), analisando as contribuições para a formação em serviço
e os limites e potencialidades destes encontros.
Análise Crítica
O processo de articulação de núcleo corrobora para deslocamentos teórico-práticos dos residentes e
especialistas, considerando o contraste entre formações acadêmicas tradicionais e a formação em
saúde mental, que é crítica e provocativa diante de inseguranças e sensações do não pertencimento
ao campo. Por isto, percebe-se a potência dos encontros nos espaços de acolhimento de dúvidas e
receios, no fortalecimento dos saberes específicos para a atenção psicossocial, no compartilhamento
das experiências entre especialistas e residentes, bem como, na construção e no fomento do olhar
interdisciplinar, essencial para a elaboração de um cuidado alinhado aos princípios da Reforma
Psiquiátrica.
Conclusões/Recomendações
Recomenda-se espaços nas residências em saúde para se pensar a própria prática - um desafio - a
partir de discussões teórico-práticas apoiadas por egressos, gerando identificação, acolhimento e
fortalecimento das categorias profissionais em meio a um processo formativo intenso e desafiador.
Palavras-chave: Saúde Mental; Residência Multiprofissional; Aprendizagem Baseada em
Problemas.

694
Telhado de estrelas: vida, acessibilidade e situação de rua.

Natalhia Catossi Rosa - CISVIR


Jackeline Lourenço Aristides - Autarquia Municipal de Saúde
Dayene Patrícia Gatto Altoé - Autarquia Municipal de Saúde

RESUMO
As Pessoas em Situação de Rua são fruto de um processo histórico e social que, com a chegada do
capitalismo e urbanização, acabaram invisibilizados, carregando muitos estigmas e sofrimentos. As
políticas públicas demoraram a abraçar esse público e, mesmo assim, ainda existe muita carência de
assistência.
Objetivos
Esse trabalho traz voz a uma pessoa falando da sua vivência na rua e as dificuldades encontradas no
dia a dia. Dessa forma, tem como objetivo trazer um pouco sobre a vida de uma Pessoa em Situação
de Rua e a acessibilidade em saúde através da história de vida.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa em que foi utilizada a entrevista
semiestruturada com apoio de questões norteadoras, e a História de Vida como ferramenta
metodológica. Para a apreciação dos discursos foi utilizada a análise de discurso.
Resultados
Como resultados foram observadas fragilidades na assistência tanto do âmbito social como também
na saúde, pois o processo saúde doença depende de vários determinantes. Concluímos que precisamos
olhar para as pessoas de forma integral, fortalecendo os espaços de luta como Conselhos e Saúde,
Fóruns Populares e incentivando a participação no Movimento Nacional de Pessoa em Situação de
Rua.
Palavras-chave: Pessoas em situação de rua; Direito á saúde; Exclusão social.

695
Terapia comunitária integrativa: uma prática de acolhimento e inclusão social de usuários de
drogas e familiares numa instituição de saúde

Regina Esther de Araujo Celeguim Tuon - UNIFESP


Eroy Aparecida da Silva - AFIP
Marilene Grandesso - Instituto Interfaci
Liz Veronica Vercillo Luisi - Instituto Interfaci
Sandra Grandesso - Instituto interfaci

RESUMO
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma modalidade brasileira de cuidado através da criação
de um espaço de conversação entre pessoas em situação de sofrimento psíquico e social sobre seus
problemas e estratégias de superação. As TCIs na UDED-UNIFESP são realizadas mensalmente
desde 2011 em parceria com o Instituo INTERFACI, tendo duração de duas horas. Durante a
pandemia foram organizadas pela plataforma zoom. Participam desses encontros dependentes de
drogas, familiares e pessoas da comunidade. As TCIs são conduzidas seguindo as etapas da TCI: 1)
Acolhimento: Os participantes são recebidos com hospitalidade, e acomodados em círculo. O
terapeuta explica sobre a terapia comunitária. São apresentadas regras para organizar a conversa como
escuta generosa, não julgar, não aconselhar, falar de sua experiência pessoal. Em seguida há um
momento de celebração de algum acontecimento que os participantes desejam compartilhar,
terminando com uma dinâmica de descontração. .2) Escolha do tema: Proposição e eleição pelos
participantes do tema organizador da conversação do dia; 3) Contextualização: O tema escolhido é
contextualizado no que se refere ao seu impacto sobre a pessoa que o apresentou; 4) Problematização:
A comunidade é envolvida na partilha de experiências de enfrentamento e superação no que se refere
ao problema contextualizado. 5) Encerramento: Os participantes se confraternizam num ritual de
processamento sobre o que estão levando daquele encontro
Objeto do Relato
Inclusão e fortalecimento de Redes de apoio para usuários de drogas e suas famílias
Objetivos
Apresentar a TCI como um espaço de cuidados para pessoas em situação de sofrimento Psicossocial,
visando a eliminação de estigmas. Enfatizar importância do fortalecimento das Redes de Apoio aos
Dependentes de Drogas. Promover a inclusão, participação, protagonismo, através de troca de
experiências valorizando a resiliência aprendizado comunitário
Análise Crítica
As TCIs na UDED-UNIFESP são alternativas de cuidado em liberdade. As situações de sofrimento
mental são partilhadas, discutidas entre todos os participantes (usuários de drogas, familiares,
terapeutas e comunidade). Isso ocorre num ambiente de respeito, escuta generosa e valorização da
experiência pessoal. Esse modelo permite desenvolvimento da empatia, a desconstrução de rótulos
estigmatizadores, principalmente aqueles destinados aos usuários de drogas. Em 2020, frente as
restrições impostas pela pandemia COVID19, as TCIs UDED/INTEFACI passaram a ser online, sem
comprometimento dos resultados. O retorno às atividades presencias será feito assim que essas
medidas sanitárias forem superadas
Conclusões/Recomendações
Além da formação de vínculos e fortalecimento de redes entre usuários de drogas e seus familiares,
as rodas de TCI UDED-UNIFESP/INTERFACI têm possibilitado a capacitação de terapeutas
comunitários para o exercício do cuidado em liberdade e na crença no poder transformador do
coletivo
Palavras-chave: Dependência de drogas; inclusão social; terapia comunitária integrativa.

696
Trabalho e saúde mental: a determinação social do adoecimento mental relacionado ao
trabalho.

Sara Izabeliza Moreira Lima - UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO
O presente trabalho é resultado de reflexão teórica decorrente da atuação da autora enquanto
Assistente Social em uma unidade de atenção à saúde do trabalhador. Esta realidade provocou o
interesse em refletir sobre o a relação que se estabelece entre trabalho e adoecimento, em específico,
o adoecimento mental. Considerando a centralidade do trabalho para a sociabilidade humana e as suas
transformações na contemporaneidade, que impactam diretamente no processo de saúde-doença dos
indivíduos. Busca-se promover uma investigação que reconheça a determinação social da saúde, e
que analise o processo de saúde-doença a partir de uma concepção ampliada de saúde enquanto uma
relação indissociável entre aspectos biológicos e sociais (ANTUNES, 2006) (LAURELL, 1982).
Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é analisar a relação entre as transformações no mundo do trabalho
e os impactos para a saúde mental dos trabalhadores. Investigar a determinação social do adoecimento
mental relacionado ao trabalho em seu caráter histórico, econômico e social.
Metodologia
A metodologia utilizada para alcançar este objetivo foi realizar uma pesquisa bibliográfica, com base
em material já elaborado e constituído principalmente de livros e artigos científicos (GIL, 2002),
cujos eixos norteadores do referencial teórico-metodológico foram formados pelas categorias:
Trabalho, Determinação social do processo saúde-doença, Saúde Mental. A análise da pesquisa foi
realizada à luz do método materialista histórico-dialético, que busca compreender o objeto para além
da aparência fenomênica/ imediata mas apreender a sua essência (sua estrutura e dinâmica) (NETTO,
2011).
Resultados
O modo de produção capitalista tem como fundamento central, para garantir seu desenvolvimento, a
apropriação do trabalho humano por meio da exploração com a finalidade de acumulação, é neste
processo que ocorre a captura da saúde física e mental dos trabalhadores (LOURENÇO, 2016).
De acordo com Dejours (2015) o trabalho possui centralidade na vida dos indivíduos, sendo a
presença ou a ausência dele, fator tanto de produção de saúde, como também de adoecimento físico
e/ou psíquico
Segundo Antunes et al. (2015) o processo de reestruturação produtiva gerou uma nova morfologia do
trabalho, estabelecendo novas formas de adoecimento a classe trabalhadora. A subjetividade destes
foi afetada pelas mudanças que ocorriam na produção e que se espraiavam em suas relações sociais
cotidianas.
O adoecimento mental reflete o sofrimento dos trabalhadores que resulta nos transtornos mentais que
se desenvolvem ou são desencadeados nos ambientes de trabalho, ou também, devido ao desemprego
intermitente ou prolongado. Nos últimos anos o adoecimento mental se manteve como a terceira
principal causa de incapacidade laborativa no Brasil (SILVA-JUNIOR et al, 2015).
Palavras-chave: Trabalho; Saúde mental; Determinação social.

697
Trabalho, Educação e Viveiro Educacional: construindo o PTS no CAPS AD III Regional -
Coronel Vivida PR (2022)

Juliano Marcelino Deitos - CAPS AD-III/CONIMS-PR

RESUMO
A experiência envolveu 88 acolhidos (as), de 16 municípios, da 7ª Regional de Saúde, do PR, e da
Regional de Saúde de Xanxerê, em SC. O contexto foi de diversidade desses acolhimentos, tais como
idade (18-72 anos), ocupação (agricultores, motoristas, funcionários públicos, pedreiros, pintores,
serventes, soldadores etc), escolaridade (não alfabetizados a estudantes de ensino superior) e CID
(dependência em álcool, cocaína, crack e outras). A experiência foi desenvolvida em encontros diários
(2-3 horas), alternando os dias de atividades predominantemente práticas (2 dias) e aulas
expositivas/dialógicas (3 dias), totalizando 10 dos 14 dias de acolhimento noturno, e 20 horas de
atividades educacionais direcionadas. No período de acolhimento, a organização das atividades foi a
seguinte: Tema/Conteúdo Programático; Horas; Trabalho e Educação - Os significados do trabalho; -
Os momentos decisivos do trabalho; necessidade, teleologia, objetivação-exteriorização,
generalização e casualidades; 4H. Viveiro Educacional - Planejamento, organização e disciplina; -
Execução, administração e gestão; - Experimentação e análise de resultados; 6H. Construção De Pts/-
Dependência química, vício e drogas; - Plano Terapêutico Singular e Recovery; - Resolução de
Problemas; - Identificação de Problemas por meio de Autoavaliação; - Definição de metas e prazos
para a Resolução de Problemas; - Reavaliação do PTS; 10H.
Objeto do Relato
As potencialidades do trabalho e da educação para a construção de Plano Terapêutico Singular - PTS.
Objetivos
Construir um Viveiro Educacional para potencializar a autonomia, o autogoverno e a autoconfiança;
Compartilhar conhecimentos mediante produção, manutenção e consumo de valores-de-uso;
Desenvolver formas de organização coletivas para orientar atividades educacionais pertinentes ao
Plano Terapêutico Singular (PTS).
Análise Crítica
A perspectiva de trabalho e de educação, aplicada no Viveiro Educacional do CAPS AD III, foi a
mesma utilizada para construção do PTS de cada acolhido(a). Nessa ontologia, ambas as construções
envolveram, sobretudo, os processos de: identificar necessidades, planejar a satisfação, realizar ações-
exteriorizações, reavaliar e generalizar os resultados. Nesse sentido, a educação e o trabalho serviram
de modelos para compreender os outros pores socioteleológicos, tais como a linguagem, a cooperação
e a divisão do trabalho. Uma vez que, quanto ao ser, ambos fazem parte da sua forma originária e,
portanto, podem auxiliar na construção de um PTS voltado à autonomia, autogoverno e
autoconfiança.
Conclusões/Recomendações
A saúde mental analisada e trabalhada enquanto saúde coletiva pode contribuir com experiências e
reflexões úteis para profissionais, gestores e usuários do SUS, principalmente, dos CAPS AD III.
Portanto, as recomendações expostas servem à expansão de novas ações da educação na atenção
psicossocial.
Palavras-chave: Educação; Trabalho; Viveiro Educacional; PTS; Caps AD III.

698
Tratamento interdisciplinar dos transtornos alimentares: a experiência do NAPTA/UERJ

Cristiane Marques Seixas - UERJ


Thamires Monteiro Laranjeira Mota - UERJ
Livia Barbosa Corrêa - UERJ
Mayara Cristhinne Cezário Porphirio - UERJ
Caroline Fernandes de Almeida - UERJ
Aruanna Cajaty Soares - UERJ
Gabrielle Gomes dos Reis - UERJ
Alessandra da Rocha Pinheiro Mulder - UERJ

RESUMO
O NAPTA é um serviço de atendimento para pessoas com Transtornos Alimentares (TA) criado em
2011 com a finalidade de capacitar profissionais a identificar TAs e proporcionar um atendimento
especializado. O NAPTA oferece atendimento gratuito aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)
como serviço integrado às atividades de assistência da Policlínica Piquet Carneiro/UERJ. A
reestruturação do serviço articula ensino, pesquisa e extensão e sustenta-se na construção de uma
equipe interdisciplinar formada por nutricionistas, psicanalistas e psiquiatras que se reúnem em torno
da proposta da construção do caso clínico (VIGANÓ, 2010). Visa-se reunir narrativas dos
profissionais de saúde sobre o sujeito e encontrar o ponto onde falta o saber, o qual paradoxalmente
evidencia o lugar do sujeito e da doença que o acometeu. Essa perspectiva inovadora tem se revelado
potente instrumento de avaliação e melhoria da qualidade clínica do trabalho interdisciplinar. Dadas
as dificuldades estruturais da universidade, o desafio inicial foi associar voluntários e captar bolsas
de extensão e pesquisa a fim de reiniciar os atendimentos ao mesmo tempo que se organizava o fluxo
interno de acesso ao serviço, de modo que não comprometesse o bom andamento da proposta. O
diálogo interdisciplinar sustentado na perspectiva da psicanálise tem se mostrado determinante na
escuta dos sujeitos com TA, tanto por psicanalistas quanto pelos demais profissionais de saúde.
Objeto do Relato
Reestruturação do Núcleo de Assistência e Pesquisa a Transtornos Alimentares (NAPTA/UERJ)
Objetivos
Apresentar a experiência de reestruturação do serviço de atendimento interdisciplinar a transtornos
alimentares NAPTA/UERJ; Apresentar os desafios para a recomposição da equipe do NAPTA/UERJ
a partir da perspectiva psicanalítica; Problematizar os efeitos da lógica neoliberal sobre a formação e
a prática do nutricionista e profissionais de saúde
Análise Crítica
A assistência nutricional sofre forte influência de abordagens baseadas em teorias comportamentais,
que prometem resultado rápido e eficaz. No contexto atual da formação em saúde, tanto a pesquisa
quanto as práticas de saúde correm o risco de se tornar mercadorias dedicadas a fazer cumprir a lógica
que visa em última análise a gestão neoliberal do sofrimento. Ao abordarmos as práticas a partir do
ponto de vista crítico, podemos observar que a recusa ao ponto de vista psicanalítico como alternativa
para o tratamento TAs deve-se ao fato de que a psicanálise opera em oposição à racionalização
exacerbada proposta pelas abordagens comportamentais, aspecto que muitas vezes é gerador de
angústias
Conclusões/Recomendações
Entende-se que a psicanálise, ao privilegiar as manifestações inconscientes como pivô para entender
os impasses no campo alimentar-nutricional, deve ser retomada como referência fundamental para o
tratamento interdisciplinar dos TAs e da obesidade
Palavras-chave: Transtornos Alimentares; Psicanálise; Interdisciplinaridade; Construção do caso
clínico.
699
Uma Rede de Atenção Psicossocial Estadual presente e participativa: trocando experiências e
cultivando saberes.

Daianny Garcia do Nascimento - Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso do Sul


Liliane Pinho de Almeida - Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul

RESUMO
Após um longo período com atividades parciais devido à pandemia do Covid19, os munícipios estão
retomando seus atendimentos de saúde. Assim, a equipe da Rede de Atenção Psicossocial do Estado
de Mato Grosso do Sul - RAPS, tem sido demandada pela rede de saúde dos municípios. As dúvidas
e solicitações pautaram-se no funcionamento, no papel e atendimentos do CAPS.
Frente a isso foi organizada a metodologia do trabalho, que pautou-se primeiramente na efetivação
de uma reunião on-line para levantamento das necessidades dessas equipes e agendamento da visita
técnica presencial da equipe estadual da RAPS, com a participação dos coordenadores do serviço e
da Atenção Primária/Saúde Mental e membros das equipes.
A visita presencial foi dividida em três momentos: Primeiramente era realizada uma roda de conversa
para acolher e escutar os profissionais da equipe, estabelecendo vínculo de confiança e escuta; em
um segundo momento era realizada a apresentação da RAPS, com a discussão das legislações
vigentes da Saúde Mental, o descritivo do CAPS, seu papel, funcionamento entre outros relacionadas
à organização deste serviço. Sendo estas possibilidades construídas em conjunto com a equipe; e o
terceiro momento constituiu-se de uma visita para a gestão local, de forma a ser incluído no processo
reflexivo e constitutivo dos trabalhos, objetivando proporcionar maior envolvimento e
corresponsabilização de todos. Sendo pactuadas a realização das reuniões on-line para
acompanhamento.
Objeto do Relato
Relato do apoio técnico, qualificado e instrumentalizado das equipes dos CAPS de Mato Grosso do
Sul.
Objetivos
Descrever como está acontecendo o suporte técnico ofertado pela RAPS/MS para as equipes
multiprofissionais dos CAPS, a partir da aproximação dessas equipes, da capacitação, das trocas de
experiências e instrumentalização destas. Produzindo assim, o cuidado em saúde mental e garantindo
aos usuários um atendimento de qualidade e resolutivo.
Análise Crítica
Um dos maiores desafios no desenvolvimento prático das Políticas Públicas de Saúde Mental no
Estado é a sua extensão territorial. Assim, a realização de reuniões à distância colaborou para acelerar
os trabalhos, aproximar as equipes e apoiá-las de forma constante. Outro desafio importante é a
insuficiência de profissional na equipe técnica da RAPS estadual para o acompanhamento do grande
número de CAPS (37), entre habilitados e não. No entanto, nos sete meses de seu desenvolvimento,
conseguiu-se avançar significativamente com nove serviços. Outros serviços também já se encontram
em fase inicial deste trabalho. Verifica-se que a RAPS/MS está se fortalecendo e evoluindo durante
este processo.
Conclusões/Recomendações
Por fim, considera-se que a experiência da RAPS/MS tem sido positiva no sentido da aproximação
dos serviços municipais, propiciando um olhar acolhedor, orientador e uma construção coletiva para
uma rede fortalecida, na qual o apoio constante, direcionado e corresponsável é vital para os serviços.
Palavras-chave: Saúde Mental; Acolhimento; Processos de Trabalho.

700
Uma trama de afetos, itinerâncias e cuidado em saúde mental

Priscila Calmon Garcia - Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II)


Andréa Damiana da Silva Elias - Instituto de Psiquiatria da UFRJ

RESUMO
Esse relato teve como território a cidade do Rio de Janeiro, nos arredores externos de uma instituição
psiquiátrica. O relato traz à cena o encontro de uma enfermeira com um usuário idoso que vivenciou
uma série de internações e, mesmo diante dos muros altos, rígidos e asilares, a proposta foi atravessá-
los a partir de trabalhos potentes, inventivos e afetuosos. Os demais atores envolvidos nesse percurso
eram da Enfermagem, Medicina, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional, que juntos
formavam uma Equipe Multiprofissional. As reflexões, inquietações e descobertas emergiram de
anotações pessoais, discussões em grupos pedagógicos e relatos em diário de campo. O desenrolar
dessa experiência fortaleceu a formação desses profissionais no campo da Saúde Mental e, também,
o processo de desinstitucionalização dos usuários que passavam pela internação neste cenário.
Ressalta-se que, devido à pandemia de coronavírus, fez-se necessário trazer criatividade e
inventividade à cena. O cuidado não deixou de ser corpo a corpo, como é de costume na saúde mental,
e foi incrementado com outras tecnologias de cuidado: espaços de escuta afetuosos, videochamadas
com familiares e grupos, caminhadas em dupla na praia, rodas de dança com distanciamento social,
jogos de tabuleiro laváveis com álcool a 70%, entre outros.
Objeto do Relato
A experiência de uma enfermeira numa Residência Multiprofissional em Saúde Mental durante a
pandemia.
Objetivos
Narrar a experiência sobre o tornar-se Enfermeira especialista em Saúde Mental a partir do cuidado
com o outro enfatizando seus próprios Itinerários Terapêuticos. Esse trabalho enfatiza a autonomia e
o protagonismo do sujeito na sua busca por cuidado, o cuidado em liberdade e de base territorial e a
relação desses aspectos com os afetos.
Análise Crítica
As Residências Multiprofissionais em Saúde constituem modalidades de ensino de pós-graduação
lato sensu destinada a profissionais da saúde e visa promover uma formação qualificada para atuar
no Sistema Único de Saúde. Em tempos de pandemia, no qual a prevenção e controle envolviam
medidas restritivas, como o distanciamento social, foi preciso pensar e elaborar novas estratégias de
cuidado para a população, especialmente aqueles que tem a itinerância como modo de cuidado de si.
No contexto da Saúde Mental, onde a reclusão e o isolamento vão de encontro às premissas da
Reforma Psiquiátrica, as práticas de cuidado requisitaram, em maior intensidade, a escuta, a troca de
olhares e os afetos.
Conclusões/Recomendações
Durante essa experiência foi possível afetar e afetar-se pelo outro e pelas suas itinerâncias. A formação
multiprofissional em saúde mental proporcionou evidências práticas e vivas, em ato, para reconhecer
a potência do afeto e do cuidado em liberdade, ambos caminhando juntos.
Palavras-chave: Saúde Mental; Itinerários Terapêuticos; Cuidado; Afeto; Enfermagem.

701
Uso de oficinas terapêuticas por usuários de Centros de Atenção Psicossocial e expressão no
cotidiano

Lorena Santanna - Servidor Público Estável


Nazareth Malcher - UnB

RESUMO
As oficinas terapêuticas são, segundo Ministério da Saúde, estratégias primordiais de assistência à
saúde mental para interação e engajamento em diversas atividades de pessoas com transtornos
mentais acompanhadas pelos CAPS. Visto que, esta condição altera de forma negativa o cotidiano de
pessoas, esta estratégia terapêutica se destaca, com o foco no sujeito e sua interrelação nos aspectos
do seu cotidiano. Nesse cenário, é importante conhecer como as oficinas terapêuticas dos CAPS estão
desenvolvendo suas práticas e principalmente qual a percepção dos usuários destes serviços sobre sua
expressão cotidiana a partir da participação desta estratégia terapêutica.
Objetivos
Esta pesquisa buscou conhecer a percepção de usuários de CAPS adulto sobre sua participação em
oficinas terapêuticas e expressão no seu cotidiano, e a partir desta análise, refletir sobre o uso desta
estratégia terapêutica neste cenário e de acordo com as diretrizes do modelo psicossocial de saúde
mental.
Metodologia
Este estudo foi aprovado pelo CEP/UFPA (nº 4.532.649 de 09/02/2021) sendo do tipo qualitativo e
fenomenológico, ocorrido em três etapas: estudo na literatura, em documentos governamentais e
pesquisa empírica no período de agosto a setembro de 2021, em ambiente virtual, por meio de um
questionário no Googleforms. Participaram 08 pessoas que se beneficiavam de oficinas terapêuticas
em CAPS do Brasil. O tratamento dos dados do estudo teórico e empírico foram de conteúdo temático,
e hermenêutica da linguagem de Paul Ricoeur, sendo os resultados das triangulados.
Resultados
Os 45 artigos mostraram a necessidade dos profissionais focarem em oficinas terapêuticas com
significado para o cotidiano dos usuários. Nos 13 documentos governamentais o cotidiano é
identificado como uma dimensão que não deve ser ignorada na assistência e que, portanto, deve ser
incluída nas estratégias terapêuticas. O perfil dos colaboradores foi de mulheres, solteiras, adultas,
católicas, com ensino médio, e profissões diversas, mas desempregadas ou recebendo benefícios, e
que estão ativas nos CAPS, participam de mais de 03 oficinas terapêuticas expressivas, de
aprendizagem e geração de renda, por um período de seis meses a um ano. Além disso, consideram
que sua participação repercute no seu cotidiano, como mudanças de rotinas, melhora do humor e na
tolerância, externalização de emoções e redução do isolamento. O estudo mostrou que os usuários
dos CAPS, encontram nas oficinas ressignificação no seu cotidiano para o bem-estar, interação social
e motivação para mudanças de hábitos e rotinas e para aprendizagem de novas habilidades. Faz
necessário mais estudos empíricos de evidências das oficinas terapêuticas para fortalecimento do
modelo psicossocial em saúde mental.
Palavras-chave: Oficinas terapêuticas; Cotidiano; Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

702
Uso indiscriminado de Benzodiazepinicos na atenção primária à saúde: uma revisão de
literatura

Marcos Antonio Araujo Campos - Secretaria Estadual Da Saude


Alexandre Agacir Silveira - Universidade Federal de Sergipe/EBSERH/HU
Clayne Mirelle Pereira Teixeira - Universidade Federal de Sergipe/UFS

RESUMO
Devido à proximidade com as famílias e a comunidade, a atenção básica, por meio de sua equipe, se
apresenta como um recurso estratégico para enfrentamento de importantes problemas de saúde, como
agravos vinculados ao uso abusivo de álcool, drogas, outras formas de sofrimento psíquico e no que
diz respeito ao uso racional de psicofármacos. O Brasil é o segundo maior consumidor de clonazepam
do mundo, medicamento este pertencente a classe dos benzodiazepínicos (BDZ), neste cenário a sua
prescrição e utilização ocorrem de forma abusiva, mesmo sendo um medicamento controlado e
dispensado somente com a apresentação de receita. É conhecido que os BZD’s promovem altas taxas
de tolerância e dependência, o que leva, respectivamente, ao aumento da dose necessária para o
mesmo efeito terapêutico
Objetivos
realizar um apanhado sobre o que se tem na literatura acerca do uso indiscriminado de
benzodiazepínicos na Atenção Primária à Saúde
Metodologia
O presente trabalho trata-se de um estudo de revisão de literatura narrativa, de natureza descritiva.
Utilizou-se as bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS): Lilacs, MEDLINE, CVSP
(Campus Virtual de Saúde Pública), BDENF (Base de dados de Enfermagem). Além destas, Scielo e
Google Acadêmico. A busca foi realizada no período de 2005 a 2019. Os descritores utilizados foram
Saúde Mental; Atenção Primária à Saúde; Psicotrópicos; Estratégia de Saúde da Família, todos eles
e as palavras-chave foram combinados entre si utilizandose do operador boleano.
Resultados
Resultados: Os estudos são unânimes em apontar as principais repercussões oriundas sobre o tema,
como: número elevado de prescrições e dispensação, dificuldades da Atenção Básica no processo de
empoderamento em relação à Saúde Mental, uso irracional e/ou abusivo dos psicofármacos,
prevalência de insônia, continuidade em longo prazo das prescrições, síndrome da abstinência,
prevalência da população mais atingida destacando-se o público feminino e os idosos, cuidado
fragmentado (desarticulação), poucos estudos sobre a temática, carência do que diz respeito à
investigação de perfil e uso dos psicofármacos na Atenção Primária. Conclusão: A assistência em
saúde mental no Brasil, na perspectiva da atenção primária à saúde, necessita de um aprimoramento
das práticas de saúde no que diz respeito ao ato de prescrever e consequente uso indiscriminado de
medicações psicotrópicas. O real seguimento de normas de prescrição, a medicalização racional, o
acompanhamento e compartilhamento de casos entre equipes de saúde mental e atenção básica são
estratégias que precisam ser revistas.
Palavras-chave: Saúde Mental; Atenção Primária à Saúde; Psicotrópicos; Estratégia de Saúde da
Família.

703
Vivas e livres: a aliança-coalizão como potência para uma resistência antimanicomial
interseccional em Sorocaba

Tamiris Cristina Gomes Mazetto – UFSCar - FLAMAS


Gelberton Vieira Rodrigues – UFSCar - Nós Diversos
Joice Bueno Ferreira - Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba
Thaís Lopes - Desinstitute - FLAMAS
Sarah Pedro Corrêa – UFSCar - Associação Transgênero de Sorocaba - Nós Diversos
Maria Teresa Ferreira – Projeto Enegrecendo - FLAMAS

RESUMO
Estamos na região que outrora foi reconhecida como o maior polo de manicômios da América Latina
e que vive a remanicomialização das políticas públicas de saúde mental. Sim, ainda manicômios;
ainda criminalização da loucura e pânico moral associado ao uso de álcool e outras drogas; ainda
LGBTIfobia, racismo e misoginia; ainda políticas higienistas e o rumor de que fechar hospital
psiquiátrico aumenta o número de pessoas vivendo em situação de rua; ainda a violência do
encarceramento de negros, mulheres e de pessoas que destoam das cisheterenormas, pobres e com
deficiência. A proliferação dos manicômios, em sua forma de comunidades terapêuticas, que maior
jus às suas práticas e ideologias seria feita se fossem nomeadas como centros de tortura ainda CT, dão
continuidade à lógica da punição, encarceramento, controle e extermínio de seus corpos-alvo,
conforme aqui já citados. O enfrentamento da tríade psiquiatria tradicional conservadorismo político
conservadorismo religioso nos convocou a uma aliança-coalizão entre FLAMAS e Nós Diversos
(comitê que reúne o Núcleo de Estudos de Gênero, Diferenças e Sexualidades, da UFSCar, a
Associação Transgêneros de Sorocaba e o Sesc Sorocaba). A primeira convidada para a qualificação
do debate foi Rachel Gouveia. Buscamos construir uma frente ampliada em defesa da saúde mental
antimanicomial em Sorocaba, no intento de defesa e ampliação da RAPS, a partir de uma agenda de
lutas contra as históricas relações de opressões sociais.
Objeto do Relato: Aliança-coalizão entre o Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba e o coletivo
Nós Diversos.
Objetivos: A luta constante pela liberdade e pela garantia de direitos, desafiando os limites da
universalidade destes conceitos, nos convoca à análise de nossos conflitos sociais como fontes de
sofrimento psicossocial, tais como a misoginia, o racismo, a LGBTIfobia, a patologização e a
desumanização de determinados grupos e identidades.
Análise Crítica: O manicômio permanece à espreita para a segregação dos corpos que não
correspondem ao humano universal , que é masculino, branco, proprietário, sem deficiência, cis-
heterossexual, cristão, conforme problematizado no encontro Vivas e Livres. Inclusive, é preocupante
a hipótese de que o polo manicomial da região de Sorocaba se reorganize, dessa vez com as CTs.
Concomitantemente ao avanço das CTs, observamos a destruição da RAPS e a permanência da lógica
manicomial nos serviços substitutivos, como CAPS e SRTs. As denúncias das pessoas frequentadoras
dos serviços e das trabalhadoras apontam para violações de direitos humanos e para a
remanicomialização da saúde mental no território.
Conclusões/Recomendações: O campo da saúde mental deve considerar como foco de seus debates e
de sua práxis as contribuições dos feminismos críticos, das lutas antirracista, LGBTI+,
antiproibicionista, anticapacitista e anticapitalista. Somente será antimanicomial, numa perspectiva
revolucionária, se for interseccional.
Palavras-chave: Luta antimanicomial; interseccionalidade; movimentos sociais; saúde mental.

704
Vivência na rotina de um Centro de Saúde em Belo Horizonte como atividade de formação do
psicólogo na Residência Multiprofissional em Atenção Básica

Luísa Bergara de Souza - Secretaria Municipal de Saúde - Belo Horizonte


Branca Eliane Bittencourt - Prefeitura de Belo Horizonte - PBH

RESUMO
Como primeira atividade proposta pela coordenação da Residência Multiprofissional em Atenção
Básica/Saúde da Família da Secretaria Municipal de Belo Horizonte (SMSA-BH) foi realizada uma
vivência da rotina de um CS. A vivência consiste em uma observação ativa e conversa com os
profissionais de cada setor do CS (como recepção, zoonoses, Academia da Cidade, farmácia, saúde
bucal etc), permitindo uma compreensão integrada dos processos de trabalho que lá ocorrem, para
além da Equipe de Saúde Mental, na qual a residente está inserida. A residente também pode participar
de reuniões locais e distritais que consistem em estratégias de qualificação do cuidado, além de
espaços de controle social, como fóruns municipais e distritais de saúde, comissão local do CS e a
Conferência Distrital de Saúde Mental. Com isso, foi possível conhecer os serviços ofertados à
população, tanto dentro do próprio CS quanto fora dele, estabelecendo relações entre os diversos
atores envolvidos no cuidado em saúde e no controle social. A inserção da residente em todos esses
espaços permitiu um aprofundamento ímpar das Redes de Atenção à Saúde (RAS) e da Rede de
Atenção Psicossocial (RAPS), que está em consonância com o papel da Atenção Básica de
coordenação do cuidado a partir da integralidade. Facilitar e articular o acesso a esses serviços e,
consequentemente, a inclusão do usuário com transtorno mental tanto nas RAS quanto na RAPS é
um dos principais papéis do psicólogo na Atenção Básica.
Objeto do Relato
Vivência da rotina de um Centro de Saúde como atividade de formação na Residência
Multiprofissional.
Objetivos
Destacar a importância da vivência da rotina dos setores de um Centro de Saúde (CS) na formação
do psicólogo para o trabalho na Atenção Básica (AB), por permitir visualizar os processos de trabalho
que compõem as linhas de cuidado na AB, qualificando assim o cuidado em saúde do usuário com
transtorno mental a partir do princípio da integralidade.
Análise Crítica
A experiência consistiu em um espaço privilegiado de formação por dois aspectos principais.
Primeiramente, porque contextualiza a atuação do psicólogo na Atenção Básica, função ainda pouco
discutida nos currículos de cursos de psicologia. Em segundo lugar, porque permite o conhecimento
do trabalho dos outros profissionais da saúde, no CS e fora dele, facilitando a atuação interdisciplinar,
em uma oportunidade que não ocorre quando se assume o cargo de psicólogo na RAPS. Sobre o
último ponto, ficou evidente que o não conhecimento dos processos de trabalho de trabalhadores de
outros núcleos profissionais prejudica o trabalho em rede, em detrimento do usuário.
Conclusões/Recomendações
Localizamos que seria indispensável promover capacitações inspiradas nesse modelo de experiência
para todos que chegam para trabalhar no SUS, o que qualificaria o trabalho de todos para a atuação
interdisciplinar, em rede e menos alienada dos processos de trabalho dos outros trabalhadores.
Palavras-chave: Residência Multiprofissional; Atenção Básica; Integralidade.

705
Vivências e sentimentos expressos por trabalhadoras do centro de atenção psicossocial álcool e
drogas de um município do extremo sul da bahia

Edilson de Jesus Santos


Camila Gabrielle dos Santos Mota - Universidade Federal do Sul da Bahia
Roberta Scaramussa - Universidade Federal do Sul da Bahia

RESUMO
Os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) são equipamentos de saúde pública
referência no cuidado em saúde mental para sujeitos em situação de dependência química. O CAPS-
AD tem como uma de suas principais características o cuidado em liberdade, com foco em
tratamentos humanizados e multidisciplinares que consideram as singularidades e complexidades dos
sujeitos. Apesar das potencialidades desses dispositivos são grandes os desafios a serem enfrentados
como o sucateamento das políticas de saúde mental, o modelo de guerra às drogas e, mais
recentemente a pandemia de covid-19. Tal cenário afeta diretamente a saúde física e mental de
trabalhadoras que vivenciam em seu cotidiano todos esses entraves.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo conhecer as experiências e sentimentos expressos por trabalhadoras
do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD) de um município do Extremo
Sul da Bahia bem como os desafios e estratégias do exercício profissional frente às demandas durante
a pandemia de COVID-19.
Metodologia
Foram entrevistadas quatro profissionais de nível superior fisioterapeuta, musicoterapeuta, assistente
social e psicóloga - atuantes no CAPS-AD durante o período crítico de restrições impostas pela
pandemia de COVID-19. A entrevista semiestruturada foi realizada individualmente, gravada e
transcrita para análise. Os dados foram submetidos a uma Análise Temático Categorial que
abordaram: 1) Trabalho durante a pandemia; 2) Retorno; 3) Carga física e emocional; 4) Estratégias
5) Dificuldade para exercer a função.
Resultados
No que se refere ao trabalho durante o período de restrições impostas pela pandemia, as profissionais
apontaram ter receio de perder trabalho já realizado com os usuários. Com o retorno das atividades
presenciais, a principal preocupação foi com a contaminação dos usuários ou de familiares. Alguns
relataram que os protocolos de segurança e a autocobrança chegaram a afetar a vida pessoal por conta
da carga emocional e física. Relataram ainda que com o período de isolamento social houve um
grande aumento no consumo de álcool e drogas além do aumento nas de reincidências. Muitas relatam
dificuldades de lidar com situações de vulnerabilidade socioeconômica, violência doméstica,
atendimentos com crianças e adolescentes população ainda mais vulnerabilizada com a pandemia. As
estratégias para lidar com a carga emocional variam de cada pessoa, seja nas realizações de atividades
de lazer, ou na busca de acompanhamento psicológico, ou apenas tomando consciência da separação
do trabalho e vida social. No que se refere às dificuldades para o exercício da atividade todas
concordam que a falta de recursos atrapalhava na melhoria das condições de trabalho e atendimento
para os usuários.
Palavras-chave: CAPS AD; saúde das trabalhadoras; pandemia.

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Viver a crise em liberdade: capacidade de manejo por Centros de Atenção Psicossocial Álcool
e outras Drogas III

Marianna Martins Pierini - Universidade Federal de São Paulo


Gabriella de Andrade Boska - Universidade Estudal do Centro-Oeste
Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira - Universidade Estadual de São Paulo
Heloísa Garcia Claro Fernandes - Universidade Estadual de Campinas

RESUMO
A crise em saúde mental pode ser definida como um momento crítico de desorganização do indivíduo,
desencadeada por diversas situações que envolvem um contexto de mudanças, perdas, ameaças e são
marcadas principalmente pelo sofrimento expressado, muito além da sintomatologia psiquiátrica.
Na clínica de álcool e outras drogas geralmente observa-se características específicas e os momentos
de crise demandam de acolhimento imediato por serviços especializados em saúde mental.
A capacidade dos Centros de Atenção Psicossocial em manejar situações de crise é considerada um
dos principais indicadores para garantir o espaço destes serviços, especialmente neste momento
histórico-político de retrocesso e desvalorização da atenção em saúde mental.
Objetivos
O objetivo do estudo é avaliar a capacidade dos CAPS AD III em manejar situações de crise dos
usuários no acolhimento integral, esta avaliação pode ser útil para gerar evidências sobre a atenção
psicossocial e para garantir investimentos adequados e diretrizes que subsidiem o cuidado extra-
hospitalar para usuários de álcool e outras drogas.
Metodologia
O estudo possui desenho avaliativo e longitudinal, com abordagem quantitativa. A amostra foi
composta por 121 usuários acolhidos nas camas noturnas, onde foram realizadas entrevistas em dois
momentos. O instrumento de coleta continha questões indicando a permanência do usuário no CAPS
AD III durante esse período e foi utilizado um indicador validado para mensurar a capacidade dos
serviços em manejar situações de crise. Os dados foram processados pelo software R 3.5.1. Este
estudo foi aprovado pelos comitês de ética e pesquisa com números de parecer 2.759.176 e 2.832.670.
Resultados
A partir da análise prospectiva dos dados, obtivemos que dos 121 usuários acolhidos nos leitos e
apenas nove precisaram ser encaminhados para outros serviços de saúde, ou seja, o estudo
demonstrou que a capacidade do CAPS AD III no acolhimento e manejo de situações de crise é de
86,6%.
Dentre os motivos dos encaminhamentos, sete foram por razões clínicas, situações que requerem
cuidados especializados que fogem das especificidades atendidas pelos CAPS AD III.
O perfil socioeconômico do estudo é composto por pessoas que vivem em condições de extrema
vulnerabilidade social, em sua maioria homens pardos e pretos, solteiros, em situação de rua, com
baixa escolaridade, desempregados, que recebem menos de um salário mínimo por mês com renda
proveniente de benefícios sociais.
Conclui-se que os CAPS AD III do território avaliado, são capacitados para o manejo de situações de
crise, com o recurso do acolhimento integral, sendo centralizadores desta demanda mas mantendo a
articulação com a RAPS para situações que requerem cuidados externos às especificidades do serviço.
Palavras-chave: Intervenção na Crise; Serviços Comunitários de Saúde Mental; Avaliação de
Resultados em Cuidados de Saúde.

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