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Jornal da República

Quarta-Feira, 12 de Abril de 2017 Série I, N.° 14

$ 2.00 PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR - LESTE

social ou mesmo num ato espontâneo de heroicidade ou


altruísmo tenham contribuído significativamente em benefício
SUMÁRIO de Timor-Leste, dos timorenses ou da Humanidade.

Assim, o Presidente da República, sob proposta do Conselho


PRESIDENTE DA REPÚBLICA : de Agraciamentos e Ordens Honoríficas, criado através do
Decreto do Presidente da República N.° 12 / 2017 de 12 de abril ......................... 575
Decreto do Presidente da República n.º 13/2013, de 24 de julho,
Decreto do Presidente da República N.° 13/ 2017 de 12 de abril ........................ 576 e no uso das suas competências previstas na alínea j) do artigo
85.º da Constituição da República Democrática de Timor-Leste,
GOVERNO : conjugado com o artigo 2.º e n.º 1 do artigo 4.º do Decreto-Lei
Decreto do Governo N.º 15 /2017 de 12 de Abril n.º 20/2009 de 6 de maio, decreta:
Remuneração do Diretor Executivo, do Fiscal Único e dos membros do Conselho de
Administração do Centro Nacional Chega, I.P. .......................................................... 576
São condecorados, com a Medalha da Ordem de Timor-Leste
Resolução do Governo N.º 18 /2017 de 12 de Abril
Aprova a Política Nacional para uma Educação Inclusiva .......................................577
os seguintes cidadãos e instituição:

a) Alexandre da Silva Tilman, de nacionalidade timorense;


MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PESCAS E MINISTÉRIO DO
COMÉRCIO, INDÚSTRIA E AMBIENTE :
Diploma Ministerial Conjunto N.º 18/MAP/MCIA /II/2017 de 12 de Abril b) Anabela Vieira dos Santos Góis Cohen, de nacionalidade
Lista das Espécies Aquáticas ............................................................................................ 593
portuguesa;
CONSELHO DE IMPRENSA :
Regulamento N.º 3/2017, de 4 de Abril
c) Aurora Maria da Silva, de nacionalidade timorense;
Procedimento de mediação do Conselho de Imprensa ............................................... 596
d) Bernardo dos Reis, de nacionalidade timorense;
Regulamento N.º 4/2017, de 4 de Abril
Procedimento para Exercício de Direito de Resposta e Rectificação ....................... 599
e) Carlos Pereira “Pipito”, de nacionalidade timorense;
Regulamento N.º 5/2017, de 4 de Abril
Procedimento Disciplinar Contra Jornalistas e Publicações .................................... 600
f) Maria Aurora Neves dos Reis, de nacionalidade timorense;
REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE OÉ-CUSSE AMBENO
(RAEOA) : g) Maria Teresa Henriques da Cunha Martins, de nacionali-
Deliberação da Autoridade N.o 2 /2017 de 31 de Março dade portuguesa;
Valores a Compensar Pelos Bens (Árvores de Frutos e Outros) afetados com o Projeto
de Alargamento Das Estradas Na Região Administrativa Especial de Oé-Cusse
Ambeno, Timor-Leste ............................................................................................................... 604 h) Mindo Rajaguguk, de nacionalidade indonésia;

i) Olga Corte Real, de nacionalidade timorense;

j) Phil Goff, de nacionalidade neozelandesa;

k) Saskia Kouwenberg, de nacionalidade holandesa;

DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA N.° 12/ 2017 l) Victoria Markwick Smith, de nacionalidade australiana;

de 12 de abril m) Liga dos Amigos de Timor, com sede em Portugal.

A Ordem de Timor-Leste foi criada através do Decreto-Lei n.° São condecorados, com a Insígnia da Ordem de Timor-Leste
20/2009, de 6 de maio, para, com prestígio e dignidade, os seguintes cidadãos:
demonstrar o reconhecimento de Timor-Leste por aqueles,
nacionais e estrangeiros, que na sua atividade profissional, a) António Maria de Araújo, de nacionalidade timorense;

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b) Berta dos Santos Pereira, de nacionalidade timorense; O Presidente da República, sob proposta do Conselho de
Agraciamentos e Ordens Honoríficas, criado através do
c) Jacinto Hermenegildo Soares, de nacionalidade timorense; Decreto do Presidente da República n.º 13/2013, de 24 de julho,
d) Marie Leadbeater, de nacionalidade neozelandesa; e no uso das suas competências previstas na alínea j) do artigo
85.º da Constituição da República Democrática de Timor-Leste,
e) Padre Jaime Coelho, de nacionalidade japonesa; conjugado com o artigo 2.º do Decreto-Lei n.° 15/2009, de 18
de março, decreta:
f) Peter Gordon, de nacionalidade inglesa;
É condecorado com a Medalha de Mérito, Carlos Monjardino,
g) Steve Cox, de nacionalidade inglesa.
cidadão de nacionalidade portuguesa, presidente da
Fundação Oriente.
Publique-se.

Publique-se.
O Presidente da República,

O Presidente da República,
______________
Taur Matan Ruak
_______________
Taur Matan Ruak

Assinado no Palácio Presidencial Nicolau Lobato, aos 6 de


abril de 2017
Assinado no Palácio Presidencial Nicolau Lobato, aos 6 de
abril de 2017

DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA N.° 13 / 2017

de 12 de abril
DECRETO DO GOVERNO N.º 15 /2017

A Medalha de Mérito foi criada através do Decreto-Lei n.º 15/ de 12 de Abril


2009, de 18 de março, para reconhecer e agradecer aos civis e
militares, nacionais e internacionais, que tiveram um contributo REMUNERAÇÃO DO DIRETOR EXECUTIVO, DO
significativo para a paz e estabilidade nacional. FISCAL ÚNICO E DOS MEMBROS DO CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO DO CENTRO NACIONAL CHEGA,
A Medalha de Mérito simboliza a gratidão para com os I.P.
nacionais e aqueles que, de várias partes do mundo,
desempenharam um papel ativo e crucial no desenvolvimento
da democracia da República Democrática de Timor-Leste. O Decreto-Lei n.o 48/2016, de 14 de Dezembro, criou o Centro
Nacional Chega!, I.P. “da Memória à Esperança”, que tem
Carlos Augusto Pulido Valente Monjardino é um apoiante de por missão promover a implementação das recomendações da
longa data da causa de Timor-Leste, tendo disponibilizado CAVR e CVA no que diz respeito à construção de um centro
fundos através da Fundação Oriente e organizados diversas nacional de memória, pesquisa e aprendizagem.
iniciativas como conferência, exposições de natureza cultural
e histórica. De acordo com o artigo 8.o do referido Decreto-Lei, os órgãos
do Centro são o Conselho de Administração, o Diretor
Carlos Monjardino foi responsável pela instalação de uma Executivo e o Fiscal Único.
delegação da Fundação Oriente na cidade de Díli para apoio
de emergência ainda durante a fase de transição. No ano de Nos termos do artigo 15. o do Decreto-Lei n.o 48/2016, de 14 de
2001 assumiu o compromisso de reabilitar o atual Hotel Timor Dezembro, os valores das senhas de presença, assim como as
a tempo de o mesmo estar disponível no dia da Restauração da remunerações do Diretor Executivo e do Fiscal Único são
Independência a 20 de maio de 2002. fixados por Decreto do Governo.

Carlos Monjardino foi, ainda, nomeado Embaixador da Boa Importa assim fixar os valores relativos à remuneração e às
Vontade do povo timorense. senhas de presença nos termos da norma referida, atendendo
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nomeadamente às responsabilidades a assumir e à conexão RESOLUÇÃO DO GOVERNO N.º 18 / 2017
política e sensibilidade das matérias constantes das atribuições
do Centro. de 12 de Abril

Assim, APROVA A POLÍTICA NACIONAL PARA UMA


EDUCAÇÃO INCLUSIVA
O Governo decreta, nos termos do artigo 15.o do Decreto-Lei
n.o 48/2016, para valer como regulamento, o seguinte:
A visão do VI Governo Constitucional da República
Artigo 1.º Democrática de Timor-Leste para uma educação inclusiva
Âmbito consiste em garantir o direito universal a oportunidades de
aprendizagem equitativas, com qualidade e a longo prazo,
O presente decreto fixa o valor da remuneração do Diretor tendo especial atenção àqueles que encaram os maiores
Executivo e do Fiscal Único do Centro Nacional Chega! I.P., desafios nesta jornada.
bem como o valor das senhas de presença a atribuir aos Apesar de verdadeiros avanços na educação, ainda é possível
membros do Conselho de Administração. encontrar diferenças substanciais no acesso e sucesso escolar,
as quais podem ser, em grande parte, remediadas com a
Artigo 2.º realização de intervenções específicas para assegurar a
Remuneração igualdade efetiva ao direito à educação. As intervenções
exigidas para atingir uma igualdade efetiva na educação são
1. O Diretor Executivo tem direito a uma remuneração de acor- de natureza interdisciplinar, e, por tal, requerem um esforço
do com o Decreto do Governo n. o 6/2015, de 18 de concertado de um número de órgãos públicos.
Novembro.
Através da aprovação desta política enseja o Governo
2. O Fiscal Único, em regime de dedicação exclusiva, tem reconhecer inequivocamente que a educação inclusiva é um
direito a uma remuneração de acordo com o Decreto do dever do Estado, e um direito inerente à sociedade. Portanto, a
Governo n.o 6/2015, de 18 de Novembro. inclusão na educação deve resultar de políticas públicas e
3. O Fiscal Único, quando nomeado em regime parcial, tem ações concretas, que viabilizem o desenvolvimento do
direito a uma remuneração de setenta e cinco dólares por potencial de cada um.
sessão de trabalho ou no dobro quando tiver de exercer a Por conseguinte, é essencial promover uma Política Nacional
suas funções fora do local habitual de trabalho. de Educação Inclusiva que reflita a universalidade do direito à
4. Entende-se por sessão de trabalho o desempenho das educação.
funções por período não superior a oito horas. Assim,
5. O Presidente e os membros do Conselho de Administração, O Governo resolve, nos termos da alínea o) do nº1 do artigo
têm direito a uma remuneração, através de senhas de 115.º e das alíneas a) e c) do artigo 116.º da Constituição da
presença, no valor de cem dólares americanos por participa- República, o seguinte:
ção em cada reunião do Conselho de Administração ou o
dobro dessa quantia quando as atividades tenham lugar 1. Aprovar a Política Nacional da Educação Inclusiva em
fora do local habitual de trabalho. anexo a esta Resolução da qual faz parte integrante.
6. Para efeitos do presente artigo, entende-se por local habitual 2. Solicitar que os órgãos do Governo diretamente relevantes
de trabalho aquele onde rotineiramente se trabalha, para assegurar a implementação da política aprovada por
incluindo outras instalações na mesma localidade. esta resolução demonstrem o compromisso necessário para
promover a educação inclusiva e cooperem com o
Artigo 3.º Ministério da Educação como órgão coordenador desta
Entrada em vigor política.

O presente Decreto do Governo entra em vigor no dia seguinte 3. A presente resolução entre em vigor no dia seguinte ao da
ao da sua publicação, produzindo efeitos a 4 de Abril de 2017. sua publicação.

Aprovada em Conselho de Ministros em 17 de Janeiro de 2017.


Aprovado em Conselho de Ministros em 4 de Abril de 2017.
Publique-se.

O Primeiro-Ministro,
O Primeiro-Ministro

____________________
Dr. Rui Maria de Araújo ___________________
Dr. Rui Maria de Araújo
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ANEXO todas as políticas e os programas sejam inclusivos, que a
infraestrutura responda às necessidades dos alunos
portadores de deficiência, que o recursos humanos da
POLÍTICA NACIONAL PARA UMA EDUCAÇÃO educação seja um real reflexo das características da
INCLUSIVA comunidade, incluindo o envolvimento de professores
portadores de deficiência, e que a capacidade dos professores
seja fortalecida para que estes possam implementar as
A educação é um bem social que deve ser acessível a todos em estratégias da educação inclusiva. Ao nível da comunidade
condição de igualdade. É através da educação que um poderá escolar, há inúmeras ações que devem ser tomadas pelos
ter o seu potencial desenvolvido, podendo beneficiar dos gestores e professores para garantir a participação e o sucesso
avanços realizados em Timor-Leste independente, e participar de todos os alunos na escola: a procura das crianças que
na reedificação do país. Tais asserções não representam abandonaram a escola e o encorajamento destas para o seu
somente o reflexo dos direitos (e deveres) já previstos na retorno, a realização de aulas de reforço, o diálogo com os pais
Constituição, tratados internacionais e legislação nacional, mas ou responsáveis dos alunos com respeito e paciência, o uso
representam, ainda, a expectativa da sociedade em geral, e de medidas não violenta para a gestão do comportamento dos
daqueles que apoiam o fortalecimento da igualdade de acesso alunos, a implementação de programas que permitam os alunos
e sucesso na educação, como evidenciado em Maio de 2010 mais velhos apoiarem os mais novos, a criação de oportuni-
nas margens da realização da Conferência Internacional sobre dades para que todos os alunos possam dominar alguma
a Educação Inclusiva realizada em Díli. habilidade cognitiva, quer seja a literacia, a matemática, o
desporto, a arte, habilidades interpessoais, e a valorização dos
Timor-Leste fez avanços marcantes na educação, tendo em 15 talentos individuais dos alunos, realizando atividades que
anos evidenciado um aumento no número de alunos de mais celebram o seu esforço, resultado e sucesso.
de 150 mil - de 238,6 mil para 391,6 mil, o que equivale a um
crescimento de 64% da população estudantil neste período. Com base nisto, a Política Nacional para uma Educação
Em 2016, Timor-Leste tinha 1 715 estabelecimentos de educação Inclusiva tem como principais objetivos: o aumento da
pré-escolar, básico e secundário, um acréscimo de 772 (mais frequência na educação pré-escolar, a garantia de uma taxa
82%) dos 943 existentes no ano letivo de 2001. real de matriculação universal no ensino básico, principalmente
nas áreas rurais e remotas, a diminuição da taxa de repetição e
Os avanços alcançados não traduziram em benefício a todos abandono escolar, o desenvolvimento e fortalecimento de
em condição de igualdade, notando-se diferenças marcantes programas de aprendizagem não-formais, incluindo
em relação ao acesso, permanência e sucesso daqueles que alfabetização e o ensino recorrente, a expansão dos programas
residem em áreas rurais e remotas, das crianças com de ensino técnico e profissional, o aumento da taxa de
necessidades educativas especiais e da população feminina e matriculação no ensino secundário, a promoção de um
alunas, entre outros. Por exemplo, enquanto a taxa real de ambiente saudável e capaz de oferecer a proteção aos direitos
escolarização/taxa líquida de matrícula do ensino básico nas das crianças, a criação de um ambiente centrado no aluno em
áreas urbanas chega a quase 100%, nas áreas rurais esta é de todos os níveis do ensino, o fortalecimento da capacidade
somente 60%. Ainda, a taxa nacional de alfabetização entre dos recursos humanos da educação para implementar as ações
adultos é menor dentre a população feminina, notando-se necessárias para uma educação inclusiva, a integração dos
marcadamente um impacto duplo negativo desta em relação à princípios da educação inclusiva no recrutamento e colocação
alfabetização das mulheres residentes em área rural, com uma de professores, o reforço do sistema de recolha, monitoria e
diferença de quase 20% na taxa de alfabetização entre as análise de dados relevantes para a educação inclusiva, a
mulheres residentes na zona rural e na zona urbana, sendo que promoção da participação do sector privado e a efetiva
no geral as mulheres possuem um nível de alfabetização menor coordenação entre os diversos órgãos e entidades do Governo
de 6% que os homens. Dentre as crianças de 6 a 14 anos com relevantes para promover positivamente a inclusão no sistema
necessidades educativas especiais, por serem portadoras de educativo.
deficiência física ou mental, estima-se que quase 60% destas
não participam no processo educativo formal. Apesar desta política ter como âmbito todo o sistema educativo,
esta possui um foco específico nos alunos e indivíduos que
No momento atual do desenvolvimento da educação no país, são sujeitos à exclusão ou que possuem um desafio maior para
mostra-se essencial identificar e promover um consenso aceder à educação em condições de igualdade, nomeadamente
político no seio do Governo em relação à essencialidade de aqueles com necessidades educativas especiais, os que vivem
uma educação inclusiva, sem distinção com base no estado na pobreza e em áreas remotas, os pertencentes a diversos
civil, sexo, origem étnica, língua, posição social ou situação grupos etnolinguístico, as raparigas grávidas e mães jovens e
económica, instrução e condição física ou mental. Sem este, é as crianças trabalhadoras. Para além de definir os objetivos a
possível que os avanços na educação acabem por, num futuro serem alcançados no âmbito de uma política de educação
próximo, acentuar estas diferenças, criando ainda mais inclusiva, esta ainda identifica um número de ações que são
dificuldades para que o Estado cumpra com o seu dever necessárias para atingir estes objetivos, assegurando, assim,
constitucional de assegurar o acesso à educação em condições a relevância desta para o planeamento dos programas e medidas
de igualdade. relevantes à educação.

A educação inclusiva é pertinente em todos os sectores e O Governo, através de um esforço consertado dos seus órgãos
níveis da educação. Ao nível nacional, deve-se assegurar que e entidades relevantes, sob a liderança do Ministério da
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Educação, e com o apoio dos parceiros de desenvolvimento e Por vezes, a menção da expressão “educação inclusiva” traz a
da sociedade civil, possui a responsabilidade de garantir iguais consideração de que esta relaciona-se a questões de
oportunidades a todos os alunos, de modo a que estes sejam infraestrutura para aqueles que possuem desafios físicos para
bem-sucedidos e vejam as suas diferenças não como uma acederem em condições de igualdade às instalações escolares
desvantagem, mas antes como uma habilidade. O valor de uma (como rampas, instalação de barra de apoio nas casas de banho,
educação inclusiva reflete a esperança de que os filhos e filhas etc.), ou ainda à criação de escolas especiais para aqueles
de todos tenham a respeito, aceitação e valorização durante alunos que portam alguma deficiência mental acentuada que
todo o percurso educativo. cria desafio para que estes frequentem adequadamente os
estabelecimentos escolares da rede de escolas pública.
CAPÍTULO I Intervenções desta natureza são parte importante de um sistema
INTRODUÇÃO educativo inclusivo, no entanto estas isoladamente não têm a
capacidade de assegurar uma educação inclusiva.
A. Introdução
A educação inclusiva é um conceito que deve encontrar prática
Timor-Leste mostra-se como uma nação que reconhece o diária nas escolas. Mostra-se ainda necessário que os
mesmo valor para todos os seus cidadãos. Como esperado, professores identifiquem as habilidades cognitivas e os
encontramos diferenças entre as pessoas – quer pela língua desafios de cada aluno, e procurem desenvolver o mecanismo
que dominam, sua cor e seu grupo étnico, o nível de educação necessário para apoiar o amplo desenvolvimento dos mesmos,
que possuem, a opinião política, crença e religião, condição de acordo com o potencial individual de cada um. A educação
física e mental, social e económica, local de residência, entre inclusiva exige a consideração das instalações físicas escolares
outros. Para que a nação se desenvolva com força, é essencial e das salas de aula, do programa educativo e currículo para
que sejam explorados mecanismos para tirar o máximo proveito assegurar que todos os alunos possam participar, aprender e
das habilidades de todos os indivíduos, assegurando e sentirem-se valorizados. A inclusão refere-se à procura da
fortalecendo a “inteligência múltipla” encontrada na sociedade. maneira mais adequada do ensino, para garantir a participação
Tal como conceitualizado por Gardner., todas as pessoas são ativa de todos os alunos na sala de aula, através da construção
inteligentes, mas não possuem, necessariamente, o mesmo tipo de relacionamentos fundados no respeito mútuo entre os
de inteligência1. E esta variedade de habilidades cognitivas gestores, professores e aluno, e entre os alunos e seus pares.
humanas não preclude considerá-las todas de real importância
e necessárias para um efetivo funcionamento da sociedade. O conhecimento da matemática é um aspeto importante da
De acordo com Gardner qualquer pessoa possui ao menos educação, mas a cooperação mútua também é de grande
dois dos diversos tipos das habilidades cognitivas: relevância neste sector, como é a persistência, a paciência e a
habilidade musical. A diversidade de talentos é necessária para
assegurar que todos coletivamente podem contribuir para o
desenvolvimento da nação. Não se pode esperar que um
número limitado de indivíduos possam prover tudo aquilo que
uma comunidade saudável precisa.

B. Definição de Educação Inclusiva

A 1.ª Conferência Nacional sobre Educação Inclusiva, realizada


em Díli, em maio de 2010, definiu a educação inclusiva como “a
educação que é disponível para todos em Timor-Leste, sem
qualquer tipo de discriminação.”

Esta encontra-se moldada na definição prevista no


Enquadramento para o Desenvolvimento da Educação no
Pacífico (2009-2015), o qual considera que:

“A educação inclusiva é uma abordagem que procura dar


resposta às necessidades de aprendizagem de todas as
crianças, jovens e adultos com um foco específico sobre
aqueles que são vulneráveis à marginalização e à exclusão. A
educação inclusiva assume que todos os alunos com ou sem
deficiência são capazes de aprender em conjunto através do
acesso às disposições comuns à educação infantil, escolas e
ambientes educacionais da comunidade com uma rede
adequada de serviços de apoio.”
Assim, a educação deve considerar cada um dos alunos como
indivíduos, e encorajá-los para desenvolver o seu talento, e A educação inclusiva não é um conceito abstrato, mas sim um
ter confiança em relação ao tipo de habilidade cognitiva que conceito que deve ser praticado por todos estabelecimentos
possui, reconhecendo que cada um tem a capacidade de escolares na sua gestão diária e no processo de ensino-
contribuir positivamente para o desenvolvimento da sociedade. aprendizagem, o que não exige que todos tomem exatamente
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as mesmas ações e que todos sejam tratados exatamente da Com base nestas garantias, o Governo possui o deverde definir
mesma maneira. Quando se é utilizada a língua nacional para e implementar políticas públicas para assegurar uma educação
apoiar a aprendizagem do conteúdo curricular, inclusivamente inclusiva, capaz de prover igual oportunidade de acesso e de
o ensino das línguas oficiais, ou quando um professor sucesso na educação a todos.
determina que um aluno com problemas visuais deve sentar
na frente da sala de aula, ou quando um aluno repete aquilo O Governo de Timor-Leste, juntamente com outros países,
que é dito pelo professor para um outro aluno com dificuldade organizações não-governamentais e organismos internacionais
auditiva que está a seu lado, estes são exemplos de ações de para o desenvolvimento, subscreveu os Objetivos de
educação inclusiva. Observa-se que intervenções desta Desenvolvimento Sustentável (ODS) decorrentes da
natureza estão no cerne da educação inclusiva, e não Declaração de Desenvolvimento do Milénio apresentada em
representam somente um apoio ao aluno que enfrenta os 2010 nas Nações Unidas. Como resultado, o Governo
desafios em ser tratado com igualdade, mas, como ilustrado desenvolveu o seu próprio plano de ação dos Objetivos de
no último exemplo, a intervenção também traz resultados Desenvolvimento Sustentável (ODS). Apesar de não ter
positivos ao aluno que presta o apoio, pois este acaba por participado no Fórum Mundial sobre Educação de Dakar em
desenvolver sua habilidade analítica ao determinar aquilo que Abril de 2000, Timor-Leste também abraçou as metas do
é necessário ser repetido ao colega com dificuldades, e a sua compromisso Educação para Todos (EPT) em 2015. Os ODS e
habilidade de comunicação e expressão. E, o mais importante, a EPT promovem a garantia do acesso à educação a todas as
é que este aluno e toda a sala de aula acaba por desenvolver pessoas, especialmente àquelas que vivem em áreas remotas,
uma compreensão das dificuldades dos outros alunos, uma membros de grupos étnico-linguísticos, a mulheres e a crianças
habilidade de tamanha importância para assegurar o do sexo feminino, a pessoas com dificuldades físicas ou
desenvolvimento da nação a partir do respeito pelo próximo e cognitivas ou aquelas em situação de pobreza extrema, e a
de valores de solidariedade. todos os que se encontrem numa situação de exclusão social
ou económica. Tais princípios estão a ser reforçados através
CAPÍTULO II do fórum existente para os Objetivos de Desenvolvimento
CONTEXTO Estratégicos (ODE) com a respetiva Agenda de
Desenvolvimento Pós-2015, que destaca o direito universal a
Fundamentação Lógica oportunidades de aprendizagem equitativas, com qualidade e
ao longo da vida.
O Governo de Timor-Leste acredita que a educação constitui
uma prioridade nacional, quer para o crescimento Os compromissos assumidos, pela sua complexidade e
socioeconómico quer para o desenvolvimento dos recursos importância, colocam vários desafios na sua concretização. É,
humanos do país. Cidadãos com um nível de instrução mais portanto, necessário um maior empenho em ultrapassá-los,
elevado possuem os valores, os conhecimentos e as particularmente num país onde quase metade da população
competências necessárias para contribuírem para o progresso tem menos de 18 anos de idade.
do país e, assim, poderem mais facilmente dar resposta às
necessidades nacionais de desenvolvimento económico e Por conseguinte, é essencial uma Política Nacional para a
social e de integração regional e internacional. Educação Inclusiva que seja um reflexo do compromisso
nacional de promover a universalidade do direito à educação.
Um dos principais direitos fundamentais sociais incluídos na Mais especificamente, esta política centra-se em reiterar o
Constituição é o direito à educação (artigo 59.º), o qual prevê, compromisso e a responsabilidade assumidos pelo Governo,
especificamente no seu número 2, que “todos têm direito a bem como promover a compreensão por parte da sociedade,
igualdade de oportunidade de ensino e formação profissional”. identificar estratégias e diretrizes, criar um sistema de
Ainda, a Constituição determina como um dos seus princípios monitorização robusto, reforçar a coordenação entre os vários
o princípio da não discriminação, o qual determina que todos ministérios e outros agentes relevantes, e ainda garantir a
devem gozar dos mesmos direitos, não podendo ser adequabilidade dos recursos e a sua utilização de uma forma
discriminados com base na cor, raça, estado civil, sexo, origem mais eficaz e eficiente.
étnica, língua, posição social ou situação económica,
convicções políticas ou ideológicas, religião, instrução ou II. A SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM TIMOR-LESTE
condição física ou mental.
A. Âmbito do Sistema Educativo Atual
Ainda, o direito à educação e à não discriminação são garantias
no direito internacional dos direitos humanos, nomeadamente, Dados sobre a Educação
do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e
Culturais (PIDESC), da Convenção sobre os Direitos das 1. Educação pré-escolar (Não obrigatória; Idades dos 3 aos 6
Crianças (CDC) e da Convenção sobre a Eliminação de Todas anos)
as Formas de Discriminação contra as Mulheres. Considera-
se que o direito à educação é composto por quatro caracterís- Matrícula – A educação pré-escolar constitui um fenómeno
ticas inter-relacionadas e fundamentais: disponibilidade, recente em Timor-Leste. De acordo com dados do Sistema de
acessibilidade, aceitabilidade e adaptabilidade. A Informação da Gestão da Educação (SIGE) de 2015, a Taxa Real
disponibilidade do direito à educação exige que este comporte de Escolarização/Taxa Líquida de Matrícula (TRE) na educação
uma dimensão de não discriminação, de acessibilidade física e pré-escolar em crianças entres os 3 e os 6 anos de idade foi de
económica1. 14,26% (rapazes 13,62%; raparigas 14,95%). A baixa TRE revela
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que o objetivo de 2030, de 100% de cobertura na faixa etária 4. Alfabetização
dos 3 a 5 anos, continua a representar um grande desafio.
De acordo com o Censo Demográfico de 2015, a taxa nacional
2. Ensino Básico (1º Ciclo, 2º Ciclo e 3.º Ciclo) (Obrigatório) para todos os adultos foi de 63% (sexo masculino 65,6%; sexo
feminino 58,9%, com um percentual de diferença de quase 6%
Matrícula– A taxa real de escolarização/matrícula (TRE/TRM) entre o sexo masculino e feminino), esta superando a taxa de
para todo o ensino básico é de 81,96% (SIGE 2015). A TRE 57,8% em 2010. No que diz respeito a esta taxa, evidenciou-se,
mostra-se mais elevada para as raparigas, com mais de 6% de no entanto, uma diferença de quase 6% percentual entre
diferença (85,33% para as raparigas e 78,84% para os rapazes – mulheres e homens, com a alfabetização dos adultos do sexo
SIGE 2015). feminino de 58,9% e chegando a 65,6% dentre os homens.
Nos dois primeiros ciclos do ensino básico, a taxa real de Há uma ampla diferença entre a taxa de alfabetização da
escolarização chega quase aos 90% (87,95% - SIGE 2015), população urbana (86,2%) e a população rural (52,5%).
enquanto no 3.º Ciclo – 7.º, 8.º e 9.º anos - há um verdadeiro
Notando-se, ainda, que a diferença é mais acentuada dentre as
decline de mais de 50%, chegando a menos de 45% (43,65% -
mulheres que residem nas áreas rurais (46,6%) comparada com
SIGE 2015).
àquelas nas áreas urbanas (84,3%).
Existem muitas crianças abaixo e acima da idade apropriada no
1.º e 2.º Ciclos, uma vez que apenas 32,72% das crianças de 6 Revelou-se, ainda, que a taxa de alfabetização entre os 15 e os
anos de idade entram no 1.º ano escolar com a idade prevista 24 anos de idade era de 83,2%, um aumento de um 5% desde
em lei2. 2010, com uma diferença de 0,5% entre o sexo masculino e o
sexo feminino (83,5% masculino comparado com 83% feminino).
Apesar daTRE ser próxima dos 100% nas áreas urbanas, nas
áreas rurais a média é de apenas 60,5% (Relatório de Inquérito A taxa de alfabetização mais elevada na população jovem
Escolar, Banco Mundial, 2012). revela ainda progressos consideráveis na última década, com
um aumento de matrículas no ensino básico. O desafio, no
Repetição, Passagem e Abandono – O SIGE 2015 revela uma entanto, continua a residir em assegurar a igualdade de acesso
taxa de repetição no 1.º ano de 27,62%. Os rapazes repetem o a estes progressos pela população rural, em particular, as
primeiro ano de escolaridade mais que as raparigas mulheres.
(respetivamente, 29,9% e 25,21%). Revelando-se esta tendência
até o término do segundo ciclo (com 17,72% dos rapazes que B. Disparidades na Educação
repetem algum ano durante os 1.º e 2.º ciclos, comparado com
13,57% das raparigas). Quase 35% dos alunos do primeiro ano Localização: O SIGE 2015 indica que, em 2015, cerca de 5 557
não passam para o segundo ano escolar, o que significa que crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os 14 anos,
são forçados a repetir o ano ou acabam por simplesmente estavam fora da escola. O Município de Ermera (794 crianças)
abandonar os seus estudos. Para muitas crianças, claramente, regista o maior número de crianças entre os 6 e os 14 anos em
os primeiros anos escolares são de grande dificuldade. situação de abandono escolar, seguindo-se Díli, Baucau e
Abandono no 3º ciclo – No 3.º ciclo a taxa de abandono é de Oecusse (651, 582 e 573 crianças, respetivamente).
3,15% (rapazes 3,63%; raparigas 2,67%) (SIGE 2015). Esta taxa
é um pouco superior que a taxa para os 1.º e 2.º Ciclos (total de Posição económica. A frequência escolar está diretamente
2,67%). relacionada com o poder económico familiar. De acordo com o
Demographic and Health Survey (DHS) 2010, as crianças de
Transição do 2º para o 3º Ciclo – O SIGE 2015 mostra uma taxa famílias mais abastadas são mais propensas a frequentar a
de transição de 74,37% (rapazes 72,54%; raparigas 76,2%) entre escola básica do que as de famílias mais desfavorecidas
o 6.º e o 7.º ano de escolaridade. economicamente, comprovando que a limitação de meios
financeiros pode constituir um forte entrave no acesso à
Transição do 3º Ciclo para o Secundário – O SIGE 2015 registou educação.
uma taxa de transição de 77,74% (rapazes 75,99%; raparigas
79,49%) entre o 3.º Ciclo do ensino básico obrigatório e o Género. A paridade de género na taxa real de escolarização/
ensino secundário não obrigatório (do 10.º ao 12.º ano). taxa líquida de matrícula no ensino básico foi alcançada. A taxa
bruta de escolarização e a taxa líquida de matrícula segundo o
3. Ensino Secundário (Não obrigatório; do 10.º ao 12.º ano) Censo de 2015, bem como nos dados do SIGE de 2015, mostram
um nível ligeiramente superior na frequência escolar das
· Matrícula- De acordo com o SIGE 2015, a TRE está em raparigas relativamente à dos rapazes durante todo o ensino
28,76% (rapazes 24,65%; raparigas 33,24%), encontrando- básico. Contudo, a violência baseada no género, dentro e fora
se a taxa bruta em 62.4% em 2015. da escola, bem como a gravidez precoce de alunas adolescentes,
continuam a representar verdadeiros obstáculos à conclusão
· Repetição - A taxa de repetição é de 1,7% (rapazes 2,04%; do ensino básico pelos alunos do sexo feminino.
raparigas 1,37%) (SIGE 2015).
Crianças com necessidades educativas especiais. Não há no
· Abandono – O SIGE 2015 revela um abandono escolar de momento estatísticas específicas relacionadas aos alunos com
2,66% (rapazes 2,79%; raparigas 2,53%). necessidades educativas especiais no sistema educativo atual.
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No entanto, o Censo Demográfico de 2015 identifica um · Acesso limitado a programas educativos e de desenvolvi-
percentual aproximado de 3,5% da população de mais de 3 mento da primeira infância (incluindo a educação pré-
anos sendo portadora de alguma deficiência (37 651 de 1 089 escolar)
672 da população acima de 3 anos de idade). Deste número de
pessoas portadoras de deficiência, revelou-se que É cada vez mais globalmente evidente a importância de
aproximadamente 68% nunca frequentaram estabelecimentos programas de qualidade que tenham como objetivo os
escolares. cuidados, o desenvolvimento e aprendizagem na primeira
infância. Está comprovado que os benefícios de uma educação
Das 326697 pessoas registados no Censo como participantes pré-escolar de qualidade proporcionam um retorno do
em tempo integral em todos os níveis de ensino (da educação investimento maior do que em qualquer outro nível de ensino.
pré-escolar ao universitário)3, foi identificado que quase 1,3% Todavia, existe uma grave escassez na oferta de escolas de
eram portadores de deficiência (um total de 4 378), o qual ensino pré-escolar em todo o país, sendo que apenas uma em
representa um acréscimo pequeno do percentual revelado pelo cada dez crianças dos 3 aos 5 anos as frequenta atualmente. A
Censo de 2010 (0,8% em 2010). elevada percentagem de abandono e repetição nos primeiros
anos do Ensino Básico é indicador de fortes desigualdades no
Um inquérito realizado em 2007 pela Plan International acesso adequado ao sistema educativo durante este período
estimava que aproximadamente 1 em cada 100 crianças nos 1.º crítico do desenvolvimento educativo e social;
e 2.º Ciclos do ensino básico possui uma necessidade
educativa especial. · Escolas/salas de aula inadequadas

Realizando uma estimativa básica por alto com base no Uma barreira sistémica e crucial continua a ser a carência de
resultado do Censo de 2015, é possível estimar um número de escolas e a restrição no número de salas de aula, especialmente
quase 9 000 crianças entre 6 a 14 anos portadora de alguma em áreas remotas, bem como as condições inadequadas de
deficiência. Considerando a população de alunos do Ciclo 1.º muitas das instalações existentes.
e 2.º do ensino básico de quase 250 000 e o percentual estimado
de 1.3% de crianças portadoras de deficiência frequentando o Por virtude de terem salas insuficientes, um número de escolas,
ensino, poder-se-ia estimar um número provável aproximado principalmente aquelas que proveem o 3.º ciclo, têm que recorrer
de 3 200 crianças frequentando estes ciclos de ensino. Tal, à implementação de 2 ou 3 turnos num mesmo dia escolar. Os
mesmo sendo uma estimativa por alto e sem uma base alunos nestas escolas acabam por participar no processo
verdadeiramente sólida, mostra uma participação na educação educativo em condições inferiores àqueles que frequentam
das crianças portadores de deficiência nestes ciclos de ensino escolas de 1 turno só durante as manhãs. Aqueles que estudam
de menos de 40%. no turno da tarde acabam por encarar desafios específicos,
como o tempo (chuvas torrenciais na época da chuva) e o
Apesar da inexistência de dados confiáveis, é inquestionável anoitecer, que traz inevitavelmente riscos relacionadas à
que o sistema educativo não provê o acesso adequado àqueles segurança. Ainda, na maioria das vezes, as escolas com mais
que possuem necessidades educativas especiais por de um turno não são capazes de assegurar a carga horária
consequência de portarem deficiência física ou mental. exigida para a implementação integral do currículo.

Mães adolescentes. De acordo com uma pesquisa feita pelo · Distância das escolas em áreas remotas e isoladas
Ministério da Educação e UNFPA em 2010, quase metade das
3 569 mães adolescentes em Timor-Leste (47,9%) deixaram de As crianças residentes em áreas remotas têm muitas vezes de
estudar, comparativamente com apenas 12,8% de todas as percorrer longas distâncias para poderem frequentar a escola,
raparigas. Além disso, a maioria das mães adolescentes nunca mesmo no caso de escolas do ensino básico. Esta situação é
havia frequentado a escola, em comparação com a população particularmente problemática para crianças de tenra idade,
feminina global da mesma idade dado este que enfatiza o papel desencorajando a sua matrícula com a idade de entrada
essencial da educação na prevenção da gravidez durante a sugerida, bem como a transição destas para anos de
adolescência. escolaridade superior, cujas escolas estão tendencialmente a
uma maior distância do seu local de residência;
Crianças Trabalhadoras. Aquando da realização do Censo de
2015, existiam em Timor-Leste 5621 crianças trabalhadoras (com · Custos da educação
idades entre os 10 e os 14 anos). Destas, a maioria era do sexo
masculino (3,085) e quase todas residiam em zonas rurais (2885, Embora o ensino básico seja gratuito em Timor-Leste,
ou 93,5%). Nas zonas rurais, onde a grande maioria das crianças acrescidos custos informais de educação continuam a
trabalhadoras reside, não existe uma diferença significativa representar um obstáculo à escolaridade. Entre eles incluem-
entre a frequência escolar de rapazes e a de raparigas se outros custos escolares diretos (livros escolares,
trabalhadores. uniformes), custos indiretos (transporte), e, ainda, o rendimento
não obtido pelo facto das crianças estarem na escola e não a
trabalhar;
C. Obstáculos à Educação
· Escolas com condições insalubres
1. Oferta: limite ao acesso ao sistema educativo e à escola,
incluindo: As escolas existentes são muitas vezes pouco saudáveis e
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impróprias para as crianças, não dispondo de instalações de oficial, e irá analisar se esta nova estratégia foi capaz de alterar
água e saneamento adequadas, nem de áreas externas seguras. as dificuldades atualmente encaradas. Ainda, o Ministério da
Educação está implementando um Programa-Piloto de
2. Oferta: limites à qualidade no sistema educativo e nas Educação na Língua Materna (EMBLI), o qual irá recolher
escolas, incluindo: dados sobre práticas de qualidade para o ensino em contextos
multilingues em Timor-Leste.
· Número insuficiente de professores qualificados
Estas iniciativas para a melhoria educativa possuem um grande
O país sofre de acentuada escassez de professores com as potencial para reforçar a qualidade do ensino, mas por existirem
qualificações adequadas, especialmente em áreas remotas e fatores subjacentes importantes com os quais o sistema de
mais economicamente vulneráveis do país. Embora a maioria ensino se depara, tais como limites na capacidade para o ensino
dos professores tenha obtido a habilitação exigida por lei da progressão linguística, será, ainda, necessária a
através de cursos de qualificação, verifica-se que um grande implementação dum número de ações relevantes.
número dos professores contratados ainda não possui a
habilitação necessária. Além disso, apesar do Ministério ter
expressamente determinado a não utilização de professores 3. Procura: características dos alunos, famílias, comuni-
voluntários, esta realidade constitui ainda uma prática corrente. dades, e da sociedade, incluindo:
De salientar que a maioria dos professores ainda está no início
de uma curva de aprendizagem de metodologias pedagógicas · Pobreza
mais eficazes. Entretanto, disciplinar as crianças através do
uso da violência ainda constitui um problema e, Num país novo e ainda em desenvolvimento como Timor-Leste,
consequentemente, um obstáculo à frequência escolar das a pobreza continua a ser um importante obstáculo, a longo
mesmas. Paralelamente, uma formação específica sobre como prazo, ao acesso a serviços sociais, incluindo a educação.
lidar com crianças com necessidades educativas especiais
constitui uma prioridade de elevada importância. · Género

· Inadequação/Falta de relevância dos programas curricu- Apesar da Lei de Bases da Educação(LBE) declarar que deve
lares do Ensino Secundário existir “igualdade de oportunidades para ambos os géneros”
(artigo 5.º), os rapazes/homens e as raparigas/mulheres
Como indica o Plano Estratégico Nacional da Educação (PENE) deparam-se com vias de ensino diferentes. Esta situação pode
2011-2030, baixas taxas de matrícula no ensino secundário são ser atribuída a regras sociais, a fatores económicos ou a outras
também causadas pela desatualização e pela qualidade condições que constituem desafios diferentes para rapazes/
insatisfatória do programa curricular que é ministrado. Por homens e raparigas/mulheres nas várias fases do ensino.
conseguinte, o Plano Estratégico realça a importância de
reformas fundamentais e de qualidade ao nível do ensino · Necessidades Educativas Especiais
secundário, que atendam às verdadeiras necessidades dos
alunos. Os dados acima mencionados revelam que até mesmo pequenas
deficiências podem constituir uma barreira considerável no
· Recursos e materiais de ensino inadequados acesso à escola e, especialmente, à aprendizagem escolar.
Persiste um forte estigma social no que toca ao investimento
Perante a recente atualização dos programas curriculares, a na educação das crianças com necessidades especiais, sendo
elaboração, a impressão e a distribuição de novos livros este estigma por vezes pouco ou muito manifesto. Alguns
escolares e de outros materiais de ensino estão ainda aquém alunos portadores de deficiência são admitidos na escola, mas
das necessidades. Por tal, um número elevado de escolas depois não recebem a atenção especial que as suas
deparam-se com frequentes faltas de material didático e de necessidades especiais exigem. Entre estas dificuldades
ensino, incluindo livros escolares. incluem-se não só as físicas, mas também as cognitivas e outras
dificuldades de aprendizagem.
· A língua de instrução e o ensino de línguas
· Baixo nível de instrução e motivação dos pais ou responsáveis
Muitos alunos não dominam uma das duas línguas oficiais –
Tétum ou o Português. Quanto menos os professores Se os pais ou responsáveis, especialmente as mães, possuem
entenderem e utilizarem a primeira língua dos alunos na sala de um nível baixo de instrução, a probabilidade dos seus filhos
aula, maiores dificuldades terão os alunos em perceber o prosseguirem com os estudos é reduzida. Dado o historial
conteúdo que é ensinado. Evidenciando esta dificuldade, um educativo em Timor-Leste, muitos pais tiveram poucas
estudo do Banco Mundial em 2012 constatou que 15,9% dos oportunidades de estudo, e assim possuem um nível de
diretores de escola consideravam que as crianças repetiam instrução baixo.
anos por não entenderem a língua de instrução.
· Atitudes culturais da comunidade em relação à educação
Em Abril de 2015, o Ministro da Educação aprovou regras
obrigatórias para a regulação do uso das línguas nas escolas, As atitudes comunitárias de amplo cariz cultural que atribuem
a fim de assegurar o balanço do uso da língua mais dominada uma importância menor à educação, quando comparada às
pelos alunos, quando necessário, e a aprendizagem de língua necessidades económicas e culturais das famílias, constituem
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um desincentivo à educação das gerações mais jovens, garantido o direito à educação e à cultura” (artigo 2.º, n.º
contribuindo para a manutenção da falta de instrução. 1). Este direito destina-se a promover a “igualdade de opor-
tunidades e a superação das desigualdades económicas,
· Órfãos ou crianças separadas das suas famílias devido ao sociais e culturais” (artigo 2.º, n.2, al. b)),”garantindo o
conflito direito a uma justa e efetiva igualdade de oportunidades
no acesso e sucesso escolares” (artigo 2.º, n. 4), e ainda
A migração e a separação das famílias, a morte dos pais e o considera-se como um dos objetivos fundamentais da
subsequente aumento de órfãos são também fatores que educação “contribuir para a correção das assimetrias
incitam a evasão escolar, ou até mesmo a falta de qualquer tipo regionais e locais, devendo concretizar, de forma
de escolaridade. equilibrada, em todo o território nacional, a igualdade de
acesso aos benefícios da educação” (artigo 5.º, al. g)). “O
III. CONTEXTO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCA- ensino básico é universal, obrigatório e gratuito e tem a
ÇÃO INCLUSIVA duração de nove anos.” (artigo 11.º, n.º1). Ainda, determina-
se na Lei de Bases que o ensino básico tem como um de
A. Base Jurídica para a Política seus objetivos “assegurar às crianças com necessidades
educativas específicas, devidas, designadamente, as
Como referido anteriormente, as garantias constitucionais, as deficiências físicas e mentais, condições adequadas ao seu
declarações internacionais, as normas legislativas, e as atuais desenvolvimento e pleno aproveitamento das suas
políticas e programas para a inclusão em Timor-Leste capacidades” (artigo 12.º, n.1, al. i)). Ainda, o artigo 29.º
testemunham o compromisso do país em proporcionar uma determina normas específicas relacionadas aos alunos com
educação de boa qualidade para todos os cidadãos. Entre as necessidades educativas especiais;
várias garantias incluem-se:
· Decretos-Lei n.º 03/2015 e 04/2015, de 14 de Janeiro:
Instrumentos Internacionais sobre o Direito à Educação Currículo Nacional de Base da Educação Pré-Escolar e do
Primeiro e Segundo Ciclos do Ensino Básico – destacam
Esta Política Nacional sobre a Educação Inclusiva é consistente especificamente a importância da inclusão de todas as
com diversas convenções e declarações internacionais de crianças, garantindo as suas necessidades educativas e o
direitos humanos que o Governo de Timor-Leste assinou, conteúdo que lhes é ensinado. O n.º 2 do artigo 9.º do
ratificou ou às quais aderiu, tais como a Declaração Universal Decreto-Lei n.º 3/2015 prevê especificamente que “o
dos Direitos Humanos (DUDH), a Convenção sobre os Direitos conteúdo e a implementação do currículo garantem a
da Criança (CDC), a Convenção sobre a Eliminação de Todas integração das crianças com necessidades educativas
as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW). A especiais, nomeadamente aquelas que possuem
ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com dificuldades de aprendizagem ou no acesso a materiais e
Deficiência está, no momento, pendente. Especificamente o estruturas de ensino, através da definição de estratégias
dever dos Estados em relação à educação das pessoas para assegurar a igualdade de oportunidades na
portadoras de deficiência já foi alvo de intervenção pelo Relator aprendizagem”. O n.º 3 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 4/
Especial para o direito à educação em 2007. 2015 também prevê que “o conteúdo e a implementação do
currículo devem garantir o respeito pelas pessoas com
Estes instrumentos vinculativos são completados por necessidades educativas especiais, nomeadamente
declarações de compromissos ao nível internacional, que aquelas que possuem dificuldades de aprendizagem ou no
apoiam a determinação de medidas práticas para a acesso a materiais e estruturas de ensino, e valorizar o seu
implementação dos deveres dos Estados, tal como os Objetivos contributo, preparando os alunos para atuarem como
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a Educação para agentes promotores da inclusão de todas as pessoas na
Todos (EPT) e a Resolução da 48ª Conferência Internacional sociedade, em condições de igualdade”.
sobre Educação em Genebra relativa à Educação Inclusiva
(2008). · Decreto-Lei n.º 42/2015, de 16 de Dezembro: Lei Orgânica
do Ministério da Educação - estipula como uma das
Base Constitucional e Legislativa para a Inclusão competências principais do Ministério da Educação a de
“desenvolver e implementar uma política de educação
Uma série de documentos constitucionais e legislativos inclusiva, capaz de assegurar o acesso à educação e o
apoiam os princípios da educação inclusiva. Entre estes sucesso em condições de igualdade, incluindo a igualdade
incluem-se: de género, e dar resposta às necessidades especiais de
educação” (artigo 2.º, al. j)).
· Constituição de Timor-Leste - “O Estado reconhece e ga-
rante ao cidadão o direito à educação e à cultura” e “todos B. Base Programática para a Política
têm direito a igualdade de oportunidades de ensino e
formação profissional” (artigo 59.º, n.º 1 e 2). Cabendo ao Conforme especificado na Parte II desta Política, são várias as
Estado “garantir a todos os cidadãos, segundo as suas dimensões que realçam o facto de muitas crianças serem
capacidades, o acesso aos graus mais elevados do ensino” deixadas à margem das oportunidades de acesso a uma
(artigo 59.º, n.º 4); educação de qualidade.

· Lei de Bases da Educação (2008) - “A todos os cidadãos é Não é difícil antever que o caminho a percorrer para a inclusão
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seja difícil, quer a nível financeiro quer ao nível da programação sua etnia, língua, religião, sexo, idade, nível de capacidade ou
ou mesmo político. Contudo, pode tornar-se mais fácil sendo situação socioeconómica, devem receber, equitativamente, uma
moldado por um quadro ou política abrangente, sistemático e educação de boa qualidade, adequada às suas capacidades
ambicioso e acompanhado por estratégias e ações específicas. individuais, bem como adquirir os conhecimentos, capacidades
Esta Política Nacional de Educação Inclusiva constitui uma e competências necessários, com a vocação adequada, para
tentativa de criar esse quadro. garantirem o seu sustento e o das suas famílias e para
participarem em todas as áreas do desenvolvimento nacional.
Políticas e Programas Atuais que Apoiam a Inclusão
Aquando da aprovação da Política Nacional para a Educação
Várias políticas governamentais apoiam diferentes aspetos da Inclusiva, esta será uma força política capaz de exigir a adaptação
educação inclusiva: de atitudes e do ambiente nas escolas. A mudança nas atitudes
é necessária ao nível dos governantes, gestores, professores,
· Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste alunos e comunidade educativa para assegurar uma educação
(PED) 2011-2030. O PED defende a visão de que “todas verdadeiramente inclusiva. Mostra-se, ainda, necessária a
as crianças timorenses devem ir à escola e receber uma realização de adaptações ambientais dos próprios
educação de qualidade que lhes dê os conhecimentos e as estabelecimentos escolares, assegurando o acesso igualitário
qualificações que lhes permitam virem a ter vidas saudáveis através da sua localização e das facilidades disponíveis no
e produtivas, contribuindo de forma ativa para o que toca a sua infraestrutura.
desenvolvimento da Nação” (Capítulo 2, Capital Social -
Educação e Formação). O mesmo destaca a “inclusão social O objetivo geral da Política Nacional de Educação Inclusiva é,
no sistema de ensino”, sublinhando a importância de por conseguinte, a concretização da política governamental
garantir a todos o direito à educação, com inclusão especial em matéria de desenvolvimento educativo, em especial, na
das pessoas mais vulneráveis, e de eliminar a exclusão, realização dos objetivos de um ensino básico universal e
seja por que razão for, como a situação económica, o género, obrigatório, bem como da prestação de uma educação de
a deficiência, a língua, etc.; qualidade a todos os alunos, sem discriminação, promovendo
também atitudes positivas orientadas para os princípios e
· Programa do VI Governo Constitucional 2015-2017. Reitera práticas da Educação Inclusiva.
o foco do Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED) na
educação universal de qualidade para todas as pessoas e B. Objetivos Específicos
reafirma o compromisso do Governo em alcançar esse
objetivo; 1. Resposta aos Desafios do Sistema Educativo

· Plano Estratégico Nacional da Educação (PENE) 2011- Os objetivos específicos e as ações propostas pela Política
2030. “Todos os indivíduos terão a mesma oportunidade Nacional de Educação Inclusiva são os seguintes:
de acesso a uma educação de qualidade que lhes permitirá
participar no processo de desenvolvimento económico, Objetivo 1: Aumentar a taxa de matriculação na educação pré-
social e político, garantindo a equidade social e a unidade escolar
nacional” (A Visão). A “Inclusão Social” é uma área
prioritária específica que estabelece o objetivo de “pro- Aumentar o número de matrículas pré-escolares através da
mover os direitos educacionais dos grupos socialmente implementação efetiva do Quadro da Política Nacional de
marginalizados (...) garantindo que estes têm pleno acesso Educação Pré-Escolar. Pretende-se, assim, criar uma política
às mesmas oportunidades, direitos e serviços que são nacional, holística e multissectorial de desenvolvimento da
acedidos pela sociedade em geral”; primeira infância, que abranja crianças até aos 8 anos de idade.

· Política Nacional para a Inclusão e Promoção dos Direitos


das Pessoas com Deficiência. Pretende garantir os direitos Ações
dos cidadãos com deficiência, inclusivamente na educação,
reafirmando a responsabilidade do Estado no atingimento Este objetivo pode ser atingido através da implementação das
desse objetivo; seguintes ações:

· Quadro da Política Nacional de Educação Pré-Escolar - · A promoção da preparação da criança para a escola através
Destaca o objetivo de proporcionar a todas as crianças da expansão e reforço de programas pré-escolares, com
dos 3 aos 5 anos de idade uma educação pré-escolar de especial atenção aos grupos excluídos, de modo a garantir
qualidade, conferindo particular atenção às crianças que o acesso universal a serviços de qualidade na primeira
vivem em áreas remotas e são portadoras de algum tipo de infância;
deficiência;
· A enfatização da individualidade da criança, nas suas
IV. Objetivos da Política Nacional de Educação Inclusiva interações com os colegas e os adultos, no respeito pelo
sexo oposto, na sua autoconfiança, nas competências
A. Objetivo Geral linguísticas, no pensamento crítico e na capacidade de
resolução de problemas, em vez de um mero investimento
Todos os residentes de Timor-Leste, independentemente da no conhecimento académico e na alfabetização;
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· A iniciação de um processo segundo o qual os educadores · Garantir que os alunos dos primeiros anos sejam ensinados
de crianças de tenra idade sejam capazes de detetar por professores com formação adequada nas abordagens
problemas de desenvolvimento básicos e implementar de alfabetização infantil;
estratégias de aprendizagem que lidem com os mesmos,
incluindo a comunicação com serviços de saúde e a · Com base nos próximos resultados do estudo-piloto em
divulgação de informações para pais e educadores; curso do Ministério da Educação sobre a “Educação
Multilíngue Baseada Na Língua Materna Para Timor-
· A instituição de políticas e apoios que permitam aos Leste”, desenvolver uma política de utilização da língua na
educadores do ensino pré-escolar ter um impacto positivo educação que promova a alfabetização inicial na língua
e solidário no desenvolvimento social e emocional dos materna, com a transição posterior para o tétum e português
seus alunos. após uma alfabetização plenamente desenvolvida;

· Garantir que as metodologias de ensino utilizadas tornem


Objetivo 2: Matricular todas as crianças no Ensino Básico as escolas em locais atrativos e eficazes de aprendizagem,
em todos os níveis de ensino, e que as estratégias
Alcançar uma Taxa Real de Escolarização/Taxa Líquida de disciplinares utilizadas sejam de não-violência, consistentes
Matrícula (TRE) de 100% no ensino básico, assegurando que e coletivamente acordadas.
todas as crianças estejam a frequentar, na idade devida, o
ensino obrigatório. Objetivo 4: Desenvolver e/ou fortalecer programas de
aprendizagem alternativos/não-formais de alfabetização e
Ações ensino equivalente ao ensino básico

Tal irá requerer a identificação ativa das crianças que se Deverá existir um mecanismo, funcional e eficiente, que permita
encontram fora do ensino e promover efetivamente tentativas que crianças e adolescentes em idade escolar e que não tiveram
de introdução na escola e na aprendizagem, incluindo as a oportunidade de concluir o ensino básico obrigatório, ou
seguintes ações: que se encontrem numa situação de exclusão, possam concluir
o ensino básico obrigatório, e estarem melhor preparados para
· Fazer das escolas espaços não apenas centrados nas um nível de ensino mais elevado ou que, em alternativa,
crianças, mas também que procuram as crianças, com consigam entrar no mercado de trabalho, e também assegurar
professores e comunidades que tentam, por um lado, um nível mínimo de alfabetização para todos os adultos.
identificar, de forma ativa, as crianças que não frequentem
a escola e que, por outro, acompanhem o processo junto Ações
das famílias quando essas não estejam matriculadas ou se
encontrem ausentes; Para assegurar uma educação inclusiva no âmbito deste
objetivo deve-se:
· Expandir as escolas através do estabelecimento de filiais de
pequeno porte em áreas remotas que cubram do 1.º ao 6.º · Fortalecer e expandir o programa de Educação Recorrente,
anos de escolaridade, incluindo a oferta de incentivos para equivalentes a programas formais do Ensino Básico, para
quem leciona em áreas remotas, a promoção de uma melhor crianças, jovens e adultos, com o fim de alcançar a literacia
formação para os professores locais, bem como e manter os benefícios trazidos pela alfabetização;
proporcionar abordagens inovadoras tendo em vista uma
cobertura alargada, como, por exemplo, o desenvolvimento · Garantir a continuidade do processo de alfabetização de
de um apoio de transporte escolar e de abordagens de adultos, assegurando que Timor-Leste esteja livre de
ensino que englobem anos de escolaridades diversos. analfabetismo.

Objetivo 3: Reduzir a repetição e as taxas de abandono Objetivo 5: Expandir os programas de ensino técnico e
profissional como uma alternativa aos fluxos académicos do
Atualmente encontram-se elevadas taxas de repetição e ensino secundário e superior
abandono em Timor-Leste, especialmente nos primeiros anos
de escolaridade. A repetição nos primeiros anos mostra-se Tendo em conta a escassez de trabalhadores qualificados e
como um verdadeiro fator desmotivante para a continuação semiqualificados que se sente em Timor-Leste, é necessário
dos estudos. preparar adequadamente os alunos para o mercado de trabalho,
em especial através do fortalecimento dos cursos técnico-
Ações vocacionais de nível secundário de ensino.

É necessário conferir uma atenção especial às seguintes ações: Ações

· A formação de professores na identificação de alunos em Tal objetivo será atingido ao se:


risco de reprovar ou de abandonar a escola, proporcio-
nando apoio adicional e remediação na escola ou, ainda, · Assegurar o equilíbrio de oportunidades no ensino
motivando as famílias de modo a garantir a permanência secundário procedendo, inclusivamente, e quando
dos alunos na escola; necessário, à conversão de estabelecimentos de ensino
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secundário geral em estabelecimentos de ensino técnico- · A formulação de políticas promotoras da saúde (incluindo
vocacional; a alimentação escolar);

· Garantir o acesso a facilidades de ensino secundário técnico- · O ensino de um programa curricular de saúde baseado em
vocacional, tornando-as mais próxima das comunidades; competências para a vida, incluindo conhecimentos e
comportamentos relacionados com a prevenção do VIH/
· Identificar e implementar programas que sejam relevantes SIDA;
para a comunidade local;
· Um melhor acesso a serviços de saúde e nutrição, tais como
· Assegurar a ligação com as autoridades responsáveis pela a alimentação escolar e programas contra parasitas e
gestão de empregos para promover a integração no
deficiências de vitaminas;
mercado dos estudantes, assegurando, ainda, a integração
dos alunos portadores de deficiência.
· A formação de professores na identificação e gestão de
problemas de saúde e nutrição dos seus alunos ou, quando
Objetivo 6: Aumentar a Taxa Real de Escolarização no Ensino
Secundário necessário, no encaminhamento para serviços adequados;

Um dos objetivos mais prementes da educação secundária é · A promoção da colaboração entre a escola e a comunidade
permitir que mais jovens efetivamente ingressem no ensino e os serviços de educação e serviços de saúde e nutrição.
secundário visto uma Taxa Real de Escolarização/Taxa Líquida
de Matrícula (TRE) verdadeiramente baixa, assegurando o Objetivo 8: Criar ambientes centrados ao aluno - inclusivos,
acesso ao ensino secundário igualitário em todo o território eficazes, protetores, sensíveis ao género e participativos -, em
nacional. todos os níveis do sistema de ensino

Ações O ambiente escolar deve ser sempre conducente a aprendiza-


gem de qualidade, assegurando a igualdade de acesso,
Com o intuito de assegurar a obtenção deste objetivo, será participação e sucesso de todos. Este objetivo tem, ainda, por
necessário tomar as seguintes medidas. fim a obtenção de resultados de aprendizagem de qualidade
que sejam capazes de superarem os padrões mínimos para a
· Construir mais estabelecimentos de ensino secundário, de acreditação de estabelecimento escolar.
modo a estarem mais próximo das comunidades e atrair os
jovens residentes fora dos centros urbanos para a Ações
continuação dos seus estudos, e tendo ainda a capacidade
de diminuir, assim, o número de alunos por sala de aula; Para tal, será necessário promover as seguintes ações:
· Melhorar a qualidade do ensino através do fortalecimento
· O desenvolvimento de normas de qualidade vocacionadas
das capacidades dos docentes e tornando o seu ensino
para a uma educação inclusiva e o fornecimento de serviços
mais adequado aos interesses dos jovens timorenses;
e instalações de ensino adequados às necessidades
especiais de crianças fora da escola e de alunos vulneráveis
· Garantir o acesso a facilidades de infraestrutura necessárias,
inclusivamente o acesso à água e saneamento, e a e com insucesso escolar;
equipamentos adequados ao currículo.
· Um ambiente escolar acolhedor, positivo e inclusivo, que
Objetivo 7: Garantir que as escolas sejam locais saudáveis e facilite a transição do ambiente familiar ou pré-escolar para
protetores o ensino básico;

As escolas devem garantir a saúde física e psicológico- · A formação e a nomeação de professores capazes e atentos
emocional dos professores e dos alunos, representar um às necessidades de desenvolvimento e diversos estilos de
ambiente saudável e capaz de garantir a proteção destes, aprendizagem das crianças pequenas;
especialmente das crianças vulneráveis, e de promover a saúde
e nutrição de professores e alunos. · A redução do tamanho das turmas e uma menor relação
professor-aluno, atendendo aos especiais cuidados que
Ações os primeiros anos de escolaridade requerem;

A obtenção deste objetivo irá requerer as seguintes ações: · A sensibilização dos diretores de escolas, dos professores,
das autoridades locais para a educação, da comunidade e
· A criação de ambientes escolares saudáveis (instalações de dos pais para a educação inclusiva. É igualmente importante
saneamento sensíveis ao género, com água potável e de sensibilizar as próprias crianças e alunos, para que as
boa qualidade, recintos escolares seguros, etc.); escolas se convertam, verdadeiramente, num local onde as
diferentes necessidades e características de cada criança
· O apoio à saúde psicológica e emocional das crianças por são apreciadas.
meio de políticas contra a intimidação e o castigo corporal;
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Objetivo 9: Prestar apoio técnico e reforçar a capacidade de tão eficiente quanto possível, de períodos de apoio
formadores, docentes, educadores e outros profissionais da individualizados semanais;
educação no que diz respeito à educação inclusiva
· Tenham a capacidade de analisar e refletir sobre os seus
O fortalecimento da capacidade dos recursos humanos da próprios comportamentos e métodos, procurando evitar
educação requer a transmissão de conhecimentos básicos uma maior exclusão ou combatendo-a (por exemplo,
sobre os direitos das mulheres, crianças e pessoas com tratando as raparigas de forma diferente dos rapazes,
deficiência e de outros grupos vulneráveis, e a formação das ignorando os alunos “difíceis” e “lentos”, não respon-
competências necessárias, de modo a poderem ensinar e ajudar dendo aos problemas das crianças que não entendam a
estes grupos vulneráveis (por exemplo, através da revisão do língua usada no ensino);
Modelo de Competências para Professores no sentido da
inclusão e do desenvolvimento profissional de professores · Compreendam documentos normativos essenciais,
orientados para a inclusão). internacionais e nacionais, que exigem a inclusão e
realização do direito à educação para todos;
O Modelo atual exige que o professor, de forma conveniente:
· Em contextos multilingues, adquiram competências
· Esteja ciente das diferenças existentes entre os alunos e linguísticas específicas, tanto na utilização da língua
ensine cada aluno tendo em conta as diferenças em termos primária enquanto língua de auxílio à instrução (quando
de estilos de aprendizagem, capacidades, géneros, idades, necessário), como na utilização da língua primária para o
conhecimentos prévios, necessidades e comportamentos domínio das línguas oficiais;
psicossociais;
· Dominem técnicas de ensino diferenciadas, e adquiram
· Selecione e aplique diferentes técnicas e estratégias, de competências gerais para o ensino, quer em salas de aula
acordo com as necessidades de cada aluno; grandes, onde muitas crianças podem ser ignoradas ou
negligenciadas, quer em ambientes de aula demasiados
· Reconheça e respeite as diferenças culturais e pessoais pequenos, onde poderá ser necessário o recurso a técnicas
entre alunos, pais e membros da comunidade, valorizando de ensino para vários anos, de modo a garantir que todas
a diversidade cultural e linguística e evitando qualquer as crianças tenham a mesma oportunidade de aprender.
ação de exclusão ou discriminação.
Objetivo 10: Recrutar e Colocar Professores Promovendo a
Ações Educação Inclusiva

Contudo, há ainda um longo caminho a percorrer na reforma Tendo como objetivo uma educação inclusiva, revela-se
do ensino e na formação de professores, prévia e em serviço. necessária a promoção de uma representação diversificada no
As ações principais para atingir este objetivo remontam-se à corpo docente, assegurando, assim, um reflexo real da
implementação de iniciativas de fortalecimento das sociedade.
capacidades, utilizando métodos diversos, mas que tenham
como foco específico as questões relacionadas com fatores Ações
de exclusão, de modo a garantir que professores novos e em
exercício: No âmbito deste objetivo devem ser tomadas as seguintes
ações:
· Acolham e tirem partido da diversidade da sua sociedade,
e compreendam os desafios de desenvolvimento daí · Promoção da informação acerca da importância de se obter
decorrentes (por exemplo, o número de línguas faladas em um corpo docente diverso, através da implementação de
Timor-Leste e a percentagem de pessoas com dificuldades campanhas de informação junto da comunidade;
físicas e cognitivas, as crenças e tradições dos seus alunos,
as desigualdades de género existentes no sistema · Recrutamento, aquando da abertura de vagas, de membros
educativo e na sociedade em geral, etc.); de grupos sub-representados (mulheres, grupos étnicos,
pessoas portadoras de deficiência);
· Aprendam a estruturar a diversidade natural da sua própria
sala de aula, a identificar as crianças excluídas da · Criação e implementação de incentivos, como bolsas de
aprendizagem (por exemplo, devido a pequenas dificulda- estudo, para o desenvolvimento profissional contínuo a
des, problemas de língua, absentismo frequente, etc.), e a professores que trabalham em circunstâncias difíceis (em
criar maneiras de as incluir novamente (por exemplo, áreas remotas ou escolas especiais).
movendo as crianças com problemas visuais e de audição
para a frente da sala, encaminhando-as para profissionais Objetivo 11: Reforçar os sistemas de recolha, monitorização
de saúde na comunidade, identificando as razões do e avaliação de dados
absenteísmo frequente, etc.);
Para que se alcance uma educação de qualidade, é necessário
· Desenvolvam uma instrução personalizada, vocacionada conhecer o âmbito do sistema educativo, o seu impacto e as
para alunos de diferentes capacidades, incluindo a suas limitações. Através destes instrumentos de gestão de
aprendizagem de estratégias específicas para uma utilização, política públicas pode-se assegurar, em tempo útil, uma melhoria
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do serviço, permitindo, assim, o acesso à educação de comunidade segura e saudável, acompanhado, ainda, por uma
qualidade a um maior número de alunos em condições de maior estabilidade económica das famílias.
igualdade.
Ações
Ações
No âmbito deste objetivo as seguintes ações mostram-se
Para atingir este objetivo, prevê-se a tomada das seguintes necessárias:
ações:
· Expandir o investimento da educação e na melhoria da sua
· Elaboração de indicadores de desempenho nos Planos e eficácia, com uma abordagem de planeamento e implemen-
outros instrumentos relevantes, capazes de promover a tação de uma política em prol da equidade;
educação inclusiva;
· Adequar o financiamento público da educação às
· Recolha, registo, tratamento e análise de dados, em todos necessidades do país e garantir a eficiência nos gastos
os níveis do sistema educativo, tanto para a educação públicos da área da educação;
formal como não formal;
· Reforçar a coordenação com os parceiros de desenvolvi-
· Discriminação dos dados por sexo, idade, etnia, dificuldade mento, de modo a mais facilmente se superar as metas de
educacional e outras características, de modo a apurar quais educação inclusiva.
são as áreas e os grupos que se encontram em desvantagem
no que diz respeito à educação.
2. RESPOSTAS AOS DESAFIOS ENCARADAS PELAS
Objetivo 12: Promover a participação do setor privado e das POPULAÇÕES NO SISTEMA EDUCATIVO
comunidades na implementação de programas de educação
inclusiva
As metas e objetivos seguintes relacionam-se com grupos
Este objetivo tem por fim reunir vários intervenientes da específicos frequentemente excluídos da aprendizagem:
sociedade timorense no esforço conjunto de alcançar uma
educação mais inclusiva. Objetivo 1: Alunos com necessidades educativas especiais
decorrentes de dificuldades físicas ou cognitivas - Assegurar
Ações a satisfação das suas necessidades educativas

As principais medidas a serem implementadas no âmbito deste Este objetivo tem em conta as delineações da Lei de Bases da
objetivo são: Educação (LBE), a qual determina que a “educação especial”
deva ser organizada “segundo modelos diversificados de
· Promover a sensibilização da comunidade sobre questões integração em ambientes inclusivos, quer nas escolas da
de igualdade, não discriminação, e inclusão social, especial- modalidade geral de educação escolar, nas turmas ou grupos
mente no que toca o sector da educação; ou em unidades especializadas, quer em estabelecimentos de
educação especial, de acordo com as necessidades do
· Reforçar as parcerias público-privadas e o envolvimento de educando” (artigo 29.º).
outros intervenientes locais no apoio da educação inclusiva
e na proteção de pessoas pertencentes aos grupos mais Ações
vulneráveis e desfavorecidos;
Por conseguinte, para garantir a educação dos alunos
· Encorajar contribuições financeiras e técnicas por parte de portadores de deficiência serão necessárias, tanto quanto
organizações sociais e do setor privado, quer ao nível possível, várias ações, entre elas:
nacional quer ao nível internacional;
· Incluir as crianças com necessidades educativas especiais
· Apoiar e capacitar as Associações de Pais e Professores em escolas do ensino regular;
(APP), enquanto força motriz eficaz na promoção da
educação inclusiva. · Assegurar o desenvolvimento e implementação de métodos
alternativos de avaliação dos alunos;
Objetivo 13: Reforçar o compromisso e a coordenação entre
os ministérios da tutela, bem como com os parceiros de · Quando necessário, aumentar a disponibilidade de escolas
desenvolvimento especiais para alunos com deficiências graves que sejam
incapazes de aprender numa modalidade integrada em
Conforme reconhecido no Plano Estratégico de Desenvolvi- ensino regular;
mento (PED) 2011-2030, a superação das metas de educação
inclusiva requer uma abordagem multissectorial, segundo a · Dar formação a professores e pessoal especializado para
qual cada ministério da tutela cumpre as respetivas respon- que disponham de conhecimentos e competências centra-
sabilidades de uma forma coordenada. Um sistema educativo das no ensino inclusivo, incluindo o de crianças portadoras
universal acessível e de qualidade tem de ser apoiado por uma de deficiência;
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· Prover apoio financeiro, logístico e técnico para as escolas Apesar do programa atual de bolsas escolares se destinar a
e organizações não-governamentais que oferecem tornar a educação gratuita e fortalecer uma educação
educação e prestam serviços especializados às crianças financeiramente mais acessível a todas as crianças, as famílias
com necessidades educativas especiais, e promover o que vivem em pobreza extrema ainda se deparam com muitos
fortalecimento da sua ligação e integração com o sistema desafios para assegurar a educação dos seus filhos. Entre
educativo formal; estes, incluem-se custos adicionais de escolaridade, tais como
uniformes e materiais escolares e despesas de transporte para
· Desenvolver centros de recursos com foco nas necessidades a escola e, relativamente a crianças mais velhas, a perda de
especiais, começando com um Centro de Recursos Central rendimento quando esta se encontra a estudar não a trabalhar.
na escola especial de Taibessi;
Ações
· Fornecer dispositivos de apoio a alunos com necessidades
especiais; Entre as ações específicas possíveis destinadas a face a este
problema incluem-se:
· Proporcionar formação dos pais, de modo a promover uma
deteção prévia de atrasos e dificuldades específicas de
· A concessão de subsídios ou transferências monetárias
desenvolvimento (e intervir no sentido de os amenizar);
condicionadas adicionais a crianças pobres, capazes de
cobrir todos os custos relacionados com a escola;
· Construir e desenvolver instituições de ensino modernas,
assegurando a acessibilidade das mesmas a alunos com
dificuldades físicas, baseados em critérios de construção · A melhoria e/ou alargamento dos mecanismos de assistência
previamente aprovados; social existentes, incluindo o programa Bolsa da Mãe e a
alimentação escolar, de modo a apoiar a matrícula e a
· Desenvolver materiais educativos e informativos que este- permanência das crianças na escola;
jam disponíveis em formatos acessíveis aos alunos com
deficiência (incluindo em Braille, “livros falantes” e uma · Fornecimento de uniformes e materiais escolares a crianças
linguagem gestual nacional ampla e avançada); que vivem em zonas especificamente identificadas como
de pobreza extrema.
· Melhorar o acesso a oportunidades de formação técnica e
profissional para pessoas com dificuldades físicas e Objetivo 3: Pessoas que vivem em locais remotos - Garantir o
cognitivas dentro de uma perspetiva de educação integrada, ingresso, frequência e conclusão com sucesso
porém também considerando, quando necessário, o
desenvolvimento de programas técnicos específicos para Após a restauração da independência, muitas das famílias que
prover formação superior equivalente para as pessoas tinham sido transferidas para os centros urbanos pelas
portadoras de deficiência; autoridades indonésias regressaram às suas antigas residência
em áreas isoladas e remotas do país. Esta situação tem
· Fomentar a ligação com os órgãos governamentais respon- dificultado a prestação de serviços sociais.
sáveis pela implementação de ações específicas no sector
social e de saúde, como o Ministério da Solidariedade Ações
Social e o Ministério da Saúde, e com organizações da
sociedade civil relevantes para garantir um esforço Entre as soluções que dizem respeito à educação podem-se
coordenador para prover o apoio e proteção necessários. incluir as seguintes ações:
Estas ações específicas dependem, todavia, de diversas ações · Proporcionar um ensino que abranja vários anos de
subjacentes, tais como:
escolaridade, assegurar a formação adequada de profes-
sores e o desenvolvimento de materiais que apoiem esse
· Desenvolver uma base de dados mais precisa das
ensino;
necessidades e dificuldades específicas dos alunos;
· Outras medidas de apoio, tais como o serviço de transporte
· Garantir a efetiva implementação da Política Nacional para a
Inclusão e a Promoção dos Direitos das Pessoas com escolar.
Deficiência coordenadas pelo Ministério da Solidariedade
Social, com a participação ativa dos ministérios da tutela,
incluindo o Ministério da Educação e o Ministério da Objetivo 4: Grupos étnicos, culturais e linguísticos - Garantir a
Saúde; manutenção e reforço da língua primária não oficial do aluno,
bem como adquirir o domínio das línguas oficiais do país
· Ratificar a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência. A diversidade étnico-linguística de Timor-Leste representa não
somente um desafio para a educação, mas tal diversidade é
Objetivo 2:Pessoas que vivem em pobreza extrema - Garantir também, sem dúvidas, uma oportunidade, tanto para a educação
que as crianças que vivem em pobreza extrema possam como para o desenvolvimento da Nação, e como tal não pode
frequentar e concluir com sucesso a educação formal ser desvalorizada.
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Ações · Realizar análises de representação de género e estereótipos
nos programas curriculares, livros escolares e outros
Proporcionar a educação e alfabetização inicial na série de materiais de ensino-aprendizagem do 3.º Ciclo do ensino
línguas primárias não oficiais existentes requer as seguintes básico, tanto em relação às escolas como às instituições
ações: de formação de professores, e desenvolver materiais mais
sensíveis ao género para esses níveis;
· Uma análise minuciosa do programa piloto do EMBLI, dos
programas curriculares e dos planos de aula pré-escolares · Promover em programas de ensino técnico e profissional a
e de 1.º Ciclo do ensino básico, de modo a utilizar matrícula de raparigas (com o objetivo da igualdade na
potencialmente os seus resultados para normalizar a matrícula em relação aos rapazes) e o desenvolvimento de
educação multilingue, baseada na língua primária do aluno, materiais de ensino-aprendizagem sensíveis ao género.
na primeira infância e nos primeiros anos da escola básica,
procurando alcançar, assim, uma alfabetização inicial na Objetivo 6: Raparigas grávidas e mães jovens - Garantir a sua
língua nacional não oficial e, posteriormente, uma transição frequência, o seu Regresso e conclusão com sucesso
bem-sucedida para as línguas oficiais e internacionais;

· O desenvolvimento da ortografia nas línguas nacionais que Tal como anteriormente referido, a gravidez precoce em alunas
ainda não a tenham, a preparação de materiais de adolescentes continua a representar um verdadeiro obstáculo
aprendizagem nas línguas nacionais não oficiais e o à conclusão do ensino obrigatório por parte das estudantes
recrutamento e formação de professores nos grupos étnico- do sexo feminino. Além disso, sabe-se que, de acordo com o
linguísticos; Censo de 2010, a maioria das mães adolescentes em Timor
deixa de estudar ou nunca frequentou a escola, pelo que se
· O desenvolvimento e implementação de intervenções ca- denota a importância da implementação de ações que possam
pazes de assegurar o aproveitamento máximo do conteúdo combater esta realidade e, em especial, garantir a frequência
curricular por aqueles que não possuem o domínio de uma escolar da rapariga grávida ao longo da sua gravidez e o
das línguas oficiais quando do início da educação pré- regresso, o mais cedo possível, à educação formal após o
escolar e nos primeiros anos do ensino básico. parto.

Objetivo 5: Raparigas e mulheres (e rapazes e homens) - Asse- Ações


gurar a igualdade de oportunidades para ambos os géneros
É importante assegurar as seguintes medidas:
As disparidades de género a nível nacional encontradas nos
diferentes níveis do sistema educativo de Timor-Leste não · Sensibilizar a comunidade educativa para o direito da rapariga
são tão acentuadas ou parciais a favor dos rapazes como em grávida de continuar a frequentar a escola, de ser respeitada
muitos outros países Asiáticos. Contudo, existem ainda e de ter as mesmas oportunidades, independente da fase
algumas disparidades tanto a favor das raparigas no ensino de gestação, eliminando, assim, o estereótipo existente;
básico, como a favor dos rapazes no ensino secundário. Essas
disparidades são particularmente evidentes quando da · Dar a conhecer à mãe adolescente as vantagens de regressar
comparação entre diferentes municípios. Note-se que as à educação formal e sensibilizar a comunidade escolar sobre
disparidades de género são também fortemente a favor dos a importância desse regresso;
homens nas posições de direção e chefia no Ministério da
Educação e estabelecimentos de educação e ensino. · Aprovar um plano de ação para a manutenção da frequência
da rapariga grávida e mãe no ensino formal;
Ações
· Reforçar a educação para a vida nas escolas, incluindo, o
A fim de reduzir tais disparidades, deverão ser tomadas as conhecimento que apoie a escolha de relacionamentos
seguintes medidas: saudáveis, o fortalecimento da auto-confiança e, ainda, o
conhecimento necessário sobre saúde reprodutiva;
· Promover a importância da educação das raparigas e uma
sensibilização nesse sentido, especialmente entre os · Prever em regulamento legal sobre a matrícula o dever dos
grupos étnicos e os mais vulneráveis economicamente, estabelecimentos de ensino de aceitarem a frequência e a
onde as taxas de matrícula e de transição femininas são (re)matrícula de meninas e jovens grávidas e de mães
baixas; adolescentes.
· Reforçar, desde tenra idade, a socialização orientada para a
igualdade de género, de preferência, em programas pré- Objetivo 7: Crianças trabalhadoras – Garantir a sua frequência
escolares; e conclusão com sucesso

· Proporcionar instalações físicas saudáveis, protetoras e De acordo com o Código do Trabalho, é proibido o trabalho
sensíveis ao género para raparigas; ou emprego de crianças com idades inferiores a 15 anos (artigo
68.º, n.º1 da Lei n.º 4/2012, de 21 de Fevereiro), porém ao mesmo
· Recrutar, dar formação e colocar professores do sexo femi- tempo é obrigatória a frequência do ensino básico até, no
nino e de grupos étnico-linguísticos sub-representados mínimo, no final do ano letivo em que o aluno completa
na educação; dezassete anos de idade (artigo 11.º, n.º 5 da Lei n.º 14/2008, de
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29 de Outubro). Há, assim, uma sobreposição de dois anos, Portanto, importa implementar políticas e programas que
dentre os quais pode ser exigido a um jovem a continuação da permitam a frequência escolar aos jovens envolvidos em
sua frequência e ao mesmo tempo o seu apoio no orçamento trabalho, nos momentos em que não estejam no trabalho, e
familiar. A necessidade de apoiar a condição financeira da que lhes permitam obter uma certificação equivalente à
família faz com que alguns jovens tenham que trabalhar e daquelas que estão na escola a tempo inteiro.
acabem por abandonar a escola.
Jovens fora da escola. O Relatório de Análise da Situação da
Ações Juventude (2014) indica que metade dos jovens abandonou
os estudos aos 19 anos, e cerca de 15% dos jovens de 19 anos
As principais medidas a serem tomada incluem: ainda se encontram no 3.º Ciclo do ensino básico. É importante,
portanto, criar programas de ensino não formais de modo a
· Incentivar o regresso à escola das crianças trabalhadoras, proporcionar uma educação equivalente e, se possível,
reforçando medidas como a Bolsa da Mãe, que permitam reintegrar estes jovens no sistema de ensino formal ao nível
dar apoio às famílias que assegurem a frequência escolar secundário e/ou superior.
dos seus filhos, sem que isso tenha um impacto negativo
nos recursos financeiros familiares; Crianças em conflito com a lei. As crianças detidas têm
oportunidades limitadas de continuar a sua educação, e esta
· Rever o currículo do 3º Ciclo do ensino básico, de modo a dificuldade persiste após a sua libertação. As restrições, tanto
que este promova o ensino de competências mais práticas das políticas escolares como culturais e tradicionais, fazem
e relevantes ao contexto local capazes de motivar a com que a sua reentrada no sistema se torne num desafio de
continuação dos estudos, tal como habilidades relacio- difícil resolução. A existência de programas de ensino não
nadas com a educação para a vida, e ainda conhecimentos formal nos estabelecimentos prisionais permitiria às crianças
e habilidades relacionados com o uso de tecnologias presas manterem-se a par dos seus estudos e estarem mais
informática, horta escolar, etc.. preparadas e com mais confiança para voltar ao sistema de
ensino formal após serem libertadas.
Objetivo 8: Outros grupos excluídos - Garantir o seu ingresso,
frequência e conclusão com sucesso em programas não-formais C. Estratégias Comuns para alcançar os Objetivos Gerais e
da Educação Específicos para uma Educação Inclusiva

De um modo geral, é essencial garantir que o sistema educativo A fim de alcançar os diversos objetivos, o sistema educativo
seja suficientemente flexível para responder às necessidades deverá adotar uma série de estratégias comuns, que abranjam
de todas as crianças que venham a se encontrar em todos os níveis de educação e ensino e que prevejam o
circunstâncias difíceis e situações de risco. planeamento, orçamento e programação futuros. Entre estas
incluem-se:
Apesar de assegurar a adequação do sistema e implementar
um número de ações para assegurar a continuação dos estudos · O desenvolvimento de uma visão e de objetivos inclusivos
destes no sistema formal, a realidade é uma em que um número para o sistema educativo. Um sistema educativo que dê
significativo de indivíduos não consegue ter um acesso efetivo prioridade a políticas de educação inclusiva, tendo como
à educação formal. É, assim, numa perspetiva de educação foco uma educação centrada na criança, bem como a
inclusiva necessária a implementação de abordagens de ensino participação plena e democrática das comunidades, dos
não formal para assegurar a oportunidade de inclusão de todos. pais e dos próprios alunos.
Especialmente os seguintes grupos devem ser alvos de ações
específicas no âmbito da educação não formal. A visão e os objetivos inclusivos foram adotados em
documentos e políticas governamentais chave, incluindo o
Raparigas grávidas e mães jovens. Embora não existam Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional 2011-2030, o
restrições formais à matrícula contínua de raparigas grávidas e Programa do VI Governo Constitucional, e, ainda, o Plano
de mães jovens, as práticas escolares e as atitudes culturais Estratégico Nacional da Educação 2011-2030: “Em 2025, a
tornam a continuação da educaçãoverdadeiramente difícil na população de Timor-Leste será instruída, conhecedora e
maioria dos casos. Ainda, por vezes, o novo papel de mãe, por qualificada para viver uma vida longa e produtiva, respeitadora
virtude de um número baixo de serviços de cuidados das da paz, da família e de valores tradicionais positivos. Todos os
crianças pequenas, acaba por não permitir a continuação dos indivíduos terão as mesmas oportunidades de acesso a uma
estudos. Quando não for da escolha da rapariga grávida ou da educação de qualidade que lhes permitirá participar no
mãe jovem o retorno ao ensino formal dentro de processo de desenvolvimento económico, social e político,
estabelecimento de ensino, deve-se assegurar a oportunidade garantindo a equidade social e a unidade nacional”;
da sua participação em cursos de nível equivalente, estes que
possam preparar, ainda, para um eventual retorno ao ensino · A clarificação do princípio da educação inclusiva enquanto
formal no futuro. processo sistemático e contínuo de abordagem das diver-
sas necessidades de todos os alunos, reduzindo os obstá-
Jovens trabalhadores. A Lei de Bases da Educação estabelece culos no ambiente de aprendizagem, assegurando, ainda,
que deve ser “proporcionado aos trabalhadores-estudantes a plena integração desses alunos no sistema educativo;
um regime especial de estudos, que tenha em consideração a
sua situação de trabalhadores e de estudantes” (artigo 41.º). · A defesa deste conceito amplo de educação inclusiva, de
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modoa garantir que o Ministério da Educação e outros V. Observações Finais
ministérios relevantes da tutela e instituições
governamentais, outros intervenientes e a sociedade em Pese embora muitos vejam a educação inclusiva como uma
geral, reconheçam a importância de garantir uma educação área que afeta apenas aqueles que se encontram em
de boa qualidade a todos os cidadãos de Timor-Leste; circunstâncias diversas desfavorecidas, a diversidade é, em
si, um elemento que enriquece a experiência educativa de todos
· A internalização do princípio da educação inclusiva, aqueles envolvidos. Assegurar que todas as crianças recebam
devendo abranger todo o pessoal da área da educação, uma educação de qualidade é uma clara responsabilidade do
mas deve, ainda, implicar a institucionalização da educação Governo, através do Ministério da Educação e dos outros
inclusiva no Governo de Timor-Leste a nível nacional, organismos públicos relacionados. Tal não deverá ser encarado
municipal e escolar; como um fardo, mas antes como uma oportunidade. Uma
oportunidade de ajudar aos cidadãos a realizarem plenamente
No âmbito de todos os planos e programas relevantes do o seu potencial de modo a tornarem-se cidadãos contribuidores
Ministério da Educação, incluindo as normas de acreditação de valor, e também uma oportunidade para que, em especial,
todas as crianças aprenderem com as diferenças umas das
de estabelecimentos de educação e ensino, as Competências
outras, desenvolvendo atitudes de respeito e tolerância que
dos Professores, o Plano Estratégico Nacional da Educação e
lhes serão úteis ao longo das suas vidas.
os programas curriculares e livros escolares, podendo ser
necessário a revisão dos documentos quando já aprovados;
O sucesso do sistema educativo em Timor-Leste está altamente
dependente da forma como é abordada a questão da educação
· A descentralização da autoridade e da responsabilidade inclusiva em todas as frentes; se muitos forem excluídos, ou
para promover a análise e o desenvolvimento de soluções se lhes forem negadas oportunidades de educação de qualidade
para problemas da marginalização educativa nos níveis mais e relevante, a população inteira sofrerá com tais injustiças,
desconcentrados do sistema; sendo o provérbio “Uma corrente é tão forte quanto o seu elo
mais fraco”, de real pertinência nesta questão.
· A prioridade, a nível nacional, da política de educação
inclusiva, com o objetivo de melhor compreender os O Governo, através de um esforço consertado dos seus órgãos
padrões e as causas da marginalização educativa, e ser e entidades relevantes, sob a liderança do Ministério da
capaz de desenvolver estratégias e soluções específicas e Educação, e juntamente com o apoio dos parceiros de
implementar intervenções localizadas, através da criação desenvolvimento e da sociedade civil, possui a responsabili-
de mecanismos centrados na relação da escola com a dade de garantir iguais oportunidades a todos os alunos, de
comunidade, de maneira a identificar as crianças fora do modo a que estes sejam bem-sucedidos e vejam as suas
sistema educativo e assegurar a sua participação; diferenças não como uma desvantagem mas antes como uma
habilidade.
· A cooperação e o trabalho coordenado, de forma a garantir
que todos os intervenientes na educação inclusiva
colaborem, de forma eficaz e eficiente, e partilhem boas
práticas de educação inclusiva;

· A introdução e consolidação de perspetivas e componentes


da educação inclusiva nas políticas de educação, nos planos
setoriais, em programas e projetos existentes, incluindo as
componentes de monitorização e avaliação;

· O reforço das capacidades e a promoção da sensibilidade DIPLOMA MINISTERIAL CONJUNTO N.º 18/MAP/
cultural em todos os níveis do sistema, assegurando que MCIA /II/2017
os responsáveis pela realização do direito à educação
tenham conhecimento de quem não está na escola, por de 12 de Abril
que razão, e o que podem fazer a esse respeito;
LISTA DAS ESPÉCIES AQUÁTICAS PROTEGIDAS
· A capacitação das mulheres e raparigas, bem como de
outros grupos desfavorecidos, garantindo que estes
tenham um papel decisório ativo no planeamento e na Preâmbulo
implementação de programas de educação inclusiva.
A proteção de espécies aquáticas é fundamental para preservar
· O reforço do envolvimento dos pais e da comunidade na a biodiversidade nas águas marítimas nacionais, devendo
educação e aprendizagem das crianças, evitando o obedecer a critérios científicos e à necessidade de proteger
abandono escolar, identificando as crianças que se determinadas espécies.
encontram fora da escola e incentivando-as a voltar, e
promovendo a apropriação do processo educativo e da Para esse efeito, torna-se necessário harmonizar a lista das
gestão escolar de modo a garantir a qualidade do ensino. espécies aquáticas protegidas em Timor-Leste com os padrões
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internacionais atuais, tendo em conta as características Artigo 5.º
específicas da biodiversidade existente nas águas marítimas Sanções
nacionais, os valores culturais relacionados com essa
biodiversidade e traçar a linha entre as quais se consideram A captura das espécies constantes no presente diploma é
ameaçadas ou em risco de extinção. punível nos termos do artigo 161.º do Decreto-Lei n.º 6/2004,
de 21 de Abril, sem prejuízo de eventual responsabilidade
Assim, o Governo, pelo Ministro da Agricultura e Pescas e criminal.
pelo Ministro do Comércio Indústria e Ambiente, manda, ao
abrigo do artigo 137.º do Decreto do Governo n.º 5/2004, de 21 Artigo 6.º
de Julho, publicar o seguinte: Alteração

Artigo 1.º A lista das espécies aquáticas protegidas pode ser alterada
Objeto pelos membros do Governo com a tutela das pescas e do meio
ambiente através de diploma ministerial.
O presente diploma estabelece a lista das espécies aquáticas
protegidas dentro das águas marítimas nacionais, que consta Artigo 7.º
do anexo I, dele fazendo parte integrante. Revogação

Artigo 2.º É revogado o Diploma Ministerial Conjunto n.º 12/GM/2015,


Definições de 1 de Julho.

Os termos e conceitos empregues no presente diploma têm o Artigo 8.º


significado e o valor jurídico que lhes são atribuídos no Entrada em vigor
Decreto-Lei n.º 6/2004, de 21 de Abril e no Decreto do Governo
nº 5/2004, de 21 de Julho. O presente diploma entra em vigor no dia seguinte a sua
publicação.
Artigo 3.º
Capturas proibidas

1. A captura ou a apanha das espécies constantes da tabela Díli, aos 16 de 03 de 2017


em anexo está proibida a todo o tempo.

2. A tutela pode, ouvidas as instituições de investigação


científica marinha nacionais e/ou internacionais, autorizar
a captura de determinados exemplares das espécies O Ministro da Agricultura e Pescas
referidas na tabela em anexo para fins científicos, nas
quantidades e nos locais indicados por tais instituições.

3. A autorização da captura das espécies referidas na tabela


em anexo, para os fins referidos no número anterior é Estanislau Aleixo da Silva
registada em livro próprio e arquivada na Direcção-Geral
das Pescas juntamente com toda a documentação relativa
à concessão de autorização e identificação do respectivo
beneficiário.
O Ministro do Comércio, Indústria e Ambiente
4. Aquele que for autorizado a capturar espécies aquáticas
protegidas no âmbito deste artigo apresenta relatório sobre
as expedições realizadas para efeitos de captura no prazo
de 15 dias a contar de cada expedição.
Constâncio Pinto
5. Pode ainda ser permitida a captura ou apanha de crocodilos
ou ostras perlíferas no âmbito de explorações comerciais
de viveiros, desde que autorizados pela tutela.

Artigo 4.º
Espécies em desova

1. É proibida a captura de fêmeas de crustáceos em fase de


desova em qualquer altura do ano.

2. É proibida a captura de pescado em fase de desova e


agregação em qualquer altura do ano.
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ANEXO I
LISTA DAS ESPÉCIES AQUÁTICAS PROTEGIDAS

NOME
OBSERVAÇÃO
LOCAL PORTUGUÊS INGLÊS LATIM ESTADO

Niru baliun Bodião napoleão Maori wrasse Cheilinus Undulatus Ameaçada

Toninho Golfinho Dolphin Delphinidae Ameaçada - Todas espécies

- Exceto para
atividades recreativas,
mediante autorização

Baleia Baleia, Cachalote, Baleote Whale Balaenidae Ameaçada Todas espécies

Lenuk Tasi Tartaruga Sea turtle Chelonioidea Ameaçada Todas espécies

Ahu Ruin (funan no isin)/ Coral Coral Anthozoa Ameaçada Todas espécies
Ai-metan Tasi/ Esponja

Duju/Karau-Tasi Dugongo Dugong Dugong dugong Ameaçada Todas espécies

Sipu mutiara Ostra perlifera Pearl oyster Pinctada maxima Ameaçada Exceto ostras
perlíferas provenientes
de explorações
comerciais
devidamente
autorizadas

Sipu kima Ostra gigante Giant Clam Tridacna gigas Ameaçada

Sipu bo’ot Ameijoa gigante Small Giant Clam Tridacna maxima Ameaçada

Sipu Kuda Ain-Fatin Ameijoa gigante Horse hof Hippopus hippopus Ameaçada

Sipu Tarak Ameijoa gigante de Scaly Clam Tridacna squamosa Ameaçada


escamas

Sipu Sul Ameijoa gigante do sul Southem Giant Clam Tridacna derasa Ameaçada

Sipu Asafraun/kinur Ameijoa gigante cor de Saffron-Colored Tridacna crocoa Ameaçada


açafrão Giant Clam

Tubaraun Kadó Tubarão serra Sawfish Pristis Microdon Em extinção

Tubaraun Makikit Tubarão águia Porbeagle Shark Lamna nasus Ameaçada


Tubaraun Mutin Tubarão branco Great White Shark Carcharodon Carcharias Ameaçada
Tubaraun Koboy Galha-branca-oceânico Oceanic White tip Carcharinus Longimanus Ameaçada
Shark
Tubarão martelo Scalloped Sphyrna Lewini Ameaçada
Hammerhead Shark
Tubarão martelo Great Hammerhead Sphyrna Mokarran Ameaçada
Shark
Tubarão martelo Smooth Hammerhead Sphyrna Zygaena Ameaçada
Shark
Tubarão baleia Whale shark Rhincodon typus Ameaçada
Tubarão fera Breaking Shark Cetorhinus Maximus Ameaçada
Tubarão Espada Pelagic Thresher Alopias pelagicus Ameaçada
Shark
Bigeye Thresher Alopias superciliosus Ameaçada
Common Thresher Alopias vulpinus Ameaçada
Pari bo’ot tasi klean Raia Manta/ Jamanta Giant Manta Ray Manta birostris Ameaçada
gigante

Pari bo’ot tasi badak Manta/Jamanta Princepe Manta Ray (Alfredi) Manta alfredi Ameaçada
Alfred

Pari makerek Ratão pintado Spotted Eagle Ray Aetobatus narinari Ameaçada

Nautilus Nautilus Nautilidae Ameaçada Todas as espécies


Náutilo

Crocodilo/Lafaek Crocodile Crocodylidae Ameaçada - Todas as espécies


- Exceto crocodilos
provenientes de
Crocodilo explorações
comerciais
devidamente
autorizadas

Série I, N.° 14 Quarta-Feira, 12 de Abril de 2017 Página 595


Jornal da República
REGULAMENTO N.º 3/2017, de 4 de Abril de direito subjectivo ou um interesse legalmente
protegido no resultado do processo de mediação
PROCEDIMENTO DE MEDIAÇÃO DO CONSELHO DE atendendo o seu objecto;
IMPRENSA
d) “Mandatário” significa um advogado com mandato
forense para representação da parte;
A liberdade de imprensa e o direito dos cidadãos à informação,
é um dos princípios do estado de direito, sendo uma e) “Código de Ética” significa o Código de Ética Jornalística
responsabilidade do Estado garantir o acesso dos cidadãos à aprovado pelo Regulamento n.º 1/2017;
informação e a protecção dos profissionais de informação. De
acordo com a Lei n.º 5/2014 de 19 de Novembro, o Conselho de f) “Mediação” significa a forma de resolução alternativa de
Imprensa, enquadrado nos órgãos de comunicação social, tem litígios, realizada pelo Conselho de Imprensa, através
entre as suas competências, a competência de arbitrar e mediar do qual duas ou mais partes em litígio procuram
litígios que resultem do exercício da actividade jornalística, na voluntariamente alcançar um acordo com a assistência
relação entre os cidadãos, as organizações, os órgãos do do Conselho de Imprensa;
Estado e os órgãos da Comunicação Social. Posteriormente,
através do Decreto-Lei n.º 25/2015 de 5 de Agosto, o qual g) “Mediador” um terceiro designado pelo Conselho de
procede à criação do Conselho de Imprensa e aprovação do Imprensa, imparcial e independente, desprovido de
seu Estatuto o qual, na sua Secção III, artigos 44.º e 45.º, melhor poderes de imposição aos mediados, que os auxilia na
interpreta o âmbito do processo de mediação, indicando a sua tentativa de construção de um acordo final sobre o
aplicabilidade aos litígios que resultem do exercício da objecto do litígio;
actividade jornalística, na relação entre os cidadãos, as
organizações, os órgãos do Estado e os órgãos de Artigo 2.º
Comunicação Social, em resultado de comportamento Objecto
susceptível de configurar violação da Lei da Comunicação
Social, do Código de Ética dos Jornalistas ou de outras normas 1. O presente Regulamento é aplicável à mediação de litígios
jurídicas na área da comunicação social cuja supervisão seja ocorridos entre partes registadas junto do Conselho de
da competência do Conselho de Imprensa. Por outro lado, é Imprensa em Timor-Leste, em matérias dentro da
competência regulamentar do Conselho de Imprensa, entre competência do Conselho de Imprensa, nomeadamente
outras, a aprovação de regulamentos sobre a sua organização quando estes representem uma possível violação da Lei da
e funcionamento. Comunicação Social ou do Código de Ética;

Cumpre agora, nos termos do poder regulamentar do Conselho 2. O presente Regulamento estabelece:
de Imprensa, e em fiel respeito dos princípios constitucionais
de um estado de direito, da Lei n.º 5/2014 de 19 de Novembro, a) os princípios gerais aplicáveis à mediação realizada pe-
do Decreto-Lei n.º 25/2015 de 5 de Agosto, da Lei lo Conselho de Imprensa;
Administrativa e demais legislação vigente, aprovar em um
único Regulamento o processo a cumprir pelas partes em b) O regime jurídico da mediação realizada pelo Conselho
processos de mediação apresentados ao Conselho. de Imprensa.

Capítulo I Capítulo II
Disposições Gerais Princípios

Artigo 1.º Artigo 3.º


Definições Princípio da voluntariedade

1. Na interpretação do presente Regulamento: 1. A aplicação do procedimento de mediação depende do


acordo expresso de todas as Partes, sendo de natureza
a) “Actividade Jornalística” significa a actividade de voluntária.
pesquisa, recolha, selecção, tratamento e difusão de
informação sob a forma de texto, som ou imagem, ao 2. Durante o procedimento, as partes podem, em qualquer
público, através da divulgação nos órgãos de momento, conjunta ou unilateralmente, revogar o seu con-
comunicação social; sentimento para a participação no referido procedimento;

b) “Queixa” significa para efeitos do presente Regulamento 3. O procedimento de mediação não tem por finalidade a
uma exposição de factos tendo como objecto uma resolução do litígio, visando, antes promover a negociação
Actividade Jornalística, , apresentada ao Conselho de de um acordo, e consiste:
Imprensa por um pessoa singular ou colectiva, para
fins de mediação nos termos do artigo 44.º do Decreto- a) Na consulta com as partes, em conjunto ou separada-
Lei n.º 25/2015 de 5 de Agosto; mente, para facilitar a comunicação entre elas;

c) “Partes” significa uma pessoa singular ou colectiva titular b) Na assessoria às partes para compreenderem as
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respectivas perspectivas, objectivos, constrangimentos Capítulo III
e factos relevantes; Processo de Mediação

c) Na orientação do processo de negociação e busca de Artigo 7.º


uma solução mutuamente aceitável para o litígio; e Prazos
d) Caso a resolução global do litígio não seja possível no
contexto da mediação, no esclarecimento das questões 1 - As partes podem recorrer à mediação para a resolução de
que possam ser resolvidas neste âmbito. qualquer litígio desde que não hajam apresentado o mesmo
litígio em tribunal;
4. A aplicação do procedimento de mediação não prejudica a
possibidade das partes recorrerem à arbitragem ou aos 2- O recurso à mediação não suspende os prazos de caduci-
tribunais, nos termos gerais. dade e prescrição;

3 - O Conselho de Imprensa, mediante um pedido unilateral de


Artigo 4.º mediação, pode contactar a contraparte convidando-a a
Princípio da Confidencialidade participar no processo.

1. O procedimento de mediação tem natureza confidencial, Artigo 8.º


devendo o mediador manter sob sigilo todas as Início do Procedimento
informações de que tenha conhecimento no âmbito do
procedimento de mediação, delas não podendo fazer uso 1 - O procedimento de mediação compreende um primeiro
em proveito próprio ou de terceiro. contacto para agendamento da sessão de pré-mediação,
com carácter informativo, na qual o mediador explica o
2. As informações prestadas a título confidencial ao mediador funcionamento do processo e as regras do mesmo,
por uma das partes não podem ser comunicadas, sem o esclarecendo qualquer dúvida que a parte apresente.
seu consentimento, às restantes partes envolvidas no
procedimento. 2 - O acordo das partes para prosseguir o procedimento
manifesta-se na assinatura de um protocolo de mediação.
3. Exceptuam-se do presente artigo aquelas informações que
na pendência da mediação revelem a prática de um crime 3 - O Protocolo de mediação deve indicar obrigatoriamente:
aplicando-se o disposto no artigo 211.º do Código de
Processo Penal e o artigo 39.º dos Estatutos do Conselho a) A identificação das Partes;
de Imprensa.
b) A identificação do mediador;
4. É permitido ao Conselho de Imprensa recolher dados para
utilização exclusivamente de fins estatísticos, melhorias c) A declaração de consentimento das Partes;
do sistema de gestão de litígios em mediação e investigação
científica, desde que salvaguardada a confidencialidade d) A descrição sumária do objecto de litígio;
do processo.
e) A determinação do prazo máximo de duração da media-
Artigo 5.º ção, ainda por passível de extensão;
Princípio da Igualdade e da imparcialidade
f) A data e data da próxima sessão;
1. As partes devem ser tratadas de forma equitativa durante
todo o procedimento de mediação, cabendo ao mediador Artigo 10.º
gerir o procedimento de forma a garantir o equilibrio de Presença das Partes
poderes e a possibilidade de ambas as partes participarem
no mesmo. 1 - Apenas podem estar presentes na sessão de mediação:

2. O mediador não é parte interessada no litígio, devendo agir a) As Partes;


com as partes de forma imparcial durante toda a mediação.
b) Os representantes legais das Partes quando estas
Artigo 6.º tenham natureza colectiva;
Princípio da Independência c) Os mandatários indicados pelas Partes para a sua
representação devidamente instruidas com procuração
1. O mediador tem o dever de salvaguardar a independência para o efeito;
inerente à sua função;
d) Técnicos que a Parte ou o Mediador considerem ser
2. O mediador deve pautar a sua conduta pela independência, necessária ao bom desenvolvimento do procedimento.
livre de qualquer pressão, seja esta resultante dos seus
próprios interesses, valores pessoais ou de influências 2 - Todos os intervenientes ficam sujeitos ao princípio da
externas; confidencialidade.
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Artigo 11.º a) Esclarecer as partes sobre a natureza e finalidade da
Fim do Procedimento de mediação mediação, assim como sobre o presente Regulamento e
demais normas aplicáveis à mediação;
O procedimento termina quando:
b) Abster-se de impôr qualquer acordo aos mediados, bem
a) Exista acordo entre as partes; como fazer promessas ou dar garantias acerta dos resultados
b) Se verifique a desistência de uma das partes; do procedimento, devendo adoptar uma atitude de
colaboração com as partes;
c) O mediador de conflitos, de forma fundamentada, assim o
decida por considerar a impossibilidade de obtenção de c) Garantir o carácter confidencial das informações que vier a
acordo; receber no decurso da mediação;

d) Se atinja o prazo máximo de duração do procedimento, d) Aceitar apenas conduzir processos para os quais se sinta
incluíndo eventuais prorrogações do mesmo. capacitado pessoal e tecnicamente;

Artigo 12.º e) Actuar de forma educada com as partes e demais membros


Acordo da mediação.

1 - O conteúdo do acordo é livremente fixado pelas partes e Capítulo V


deve ser reduzido a escrito, sendo assinado pelas partes e Disposições Finais
pelo mediador.
Artigo 16.º
2 - Independentemente do teor do acordo fixado pelas partes, Direito Subsidiário
o Conselho de Imprensa é livre de deliberar sobre a mesma
matéria nos termos do artigo 40.º do Estatuto do Conselho Em tudo aquilo que não for regulado no presente regulamento,
de Imprensa. aplica-se o Estatuto do Conselho de Imprensa e o Decreto-Lei
n.º 32/2008 de 27 de Agosto sobre o Procedimento
Artigo 13.º Administrativo.
Duração e Suspensão
Artigo 17.º
1 - O procedimento deve ser o mais célere possível e concen- Entrada em vigor
trar-se no menor número de sessões possíveis;
O presente Regulamento entra em vigor 30 dias após a sua
2 - O processo de mediação pode ser suspenso em situações publicação.
excepcionais com o acordo de ambas as partes, nomeada-
mente para efeitos de experimentação de acordos
provisórios. Aprovado pelo Conselho de Imprensa de Timor-Leste a 4 de
Abril de 2017
Capítulo IV
Da nomeação de mediador

Artigo 14.º Virgílio da Silva Guterres


Mediadores Presidente

1 - O mediador é indicado pelo Conselho de Imprensa nos


termos do número 1 do artigo 45.º do Estatuto do Conselho
de Imprensa. José Maria Ximenes
Membro
2 - Antes de aceitar a nomeação, o mediador deve indicar ao
conselho todas as circunstâncias que possam suscitar
dúvidas sobre a sua imparcialidade e independência.
Hugo Maria Fernandes
3 - O mediador e os técnicos nomeados nos termos do n.º1 do Membro
artigo 45.º, têm direito a remuneração pela tarefa de
mediação realizada, na medida em que exista cabimento
orçamental para o efeito, sendo ambos informados dessa Paulo Adriano da Cruz Araújo
situação no momento da nomeação. Membro
Artigo 15.º
Deveres
Francisco Belo Simões da Costa
São deveres do mediador e técnico nomeado: Membro
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REGULAMENTO N.º 4/2017, de 4 de Abril Artigo 2.º
Objecto
PROCEDIMENTO PARA EXERCÍCIO DE DIREITO DE
RESPOSTA E RECTIFICAÇÃO 1. O presente Regulamento determina os procedimentos para
o exercício do direito de resposta estatuído no Capítulo V
da Lei n.º 5/2014 de 19 de Novembro.
A liberdade de imprensa e o direito dos cidadãos à informação
correcta e precisa, é um dos princípios do estado de direito, 2. Estão excluídos do conceito de Publicações Periódicas, e
sendo uma responsabilidade do Estado garantir o acesso dos portanto do âmbito do presente Regulamento, os boletins
cidadãos à informação e a protecção dos profissionais de de empresa, relatórios, estatísticas, listagens, catálogos,
informação.Nesse sentido, encontra-se previsto na Lei n.º 5/ mapas, desdobráveis publicitários, cartazes, folhas
2014 de 19 de Novembro, capítulo V, o exercício do direito de volantes, programas, anúncios,avisos, impressos oficiais
resposta por parte de qualquer cidadão que sinta os seus e os correntemente utilizados nas relações sociais e
direitos ofendidos por parte dos órgãos de comunicação social comerciais.
através de informações inexactas ou ofensivas. Esta ferramenta
jurídica é de uma importância essencial enquanto mecanismo Artigo 3.º
para prevenir e evitar práticas abusivas da actividade Pressupostos dos direitos de resposta e de rectificação
jornalística. De facto, numa sociedade de informação, os danos
possivelmente causados por notícias e informações incorrectas 1. Tem Direito de Resposta nas publicações periódicas
ou falsas, dificilmente podem ser limitados se não existir uma qualquer pessoa singular ou colectiva, organização, serviço
actuação directa e praticamente imediata na restauração da ou organismo público, bem como o titular de qualquer órgão
verdade pertinente relativamente a factos relatados. Desta ou responsável por estabelecimento público, e devidos
forma, o direito de resposta criou um direito na esfera jurídica representantes legais, que tiver sido objecto de referências,
de todos os cidadãos complementar aos restantes direitos dos ainda que indirectas, que possam afectar a sua reputação,
cidadãos na defesa dos seus direitos. honra, bom nome ou imagem.

Por outro lado, é atribuição do Conselho de Imprensa velar 2. O Direito de Resposta apenas existe quando as referências
pela conduta ética e profissional dos meios de comunicação em causa sejam inverídicas ou erróneas.
social e assegurar o cumprimento das condições de exercício
da actividade jornalística. Nesse sentido, afigura-se útil a 3. O Direito de resposta pode ser exercido tanto em relação a
aprovação de um Regulamento para melhor esclarecer e textos como a imagens.
complementar no seu âmbito instrumental o regime do exercício
do direito de resposta previsto na lei o qual, naturalmente, 4. O direito de resposta deve ser exercido no prazo de 30 dias
prevalecerá sempre enquanto lei formal. a contar da data da publicação ou transmissão do conteúdo
alvo de resposta ou retificação. No caso de publicações
Artigo 1.º em linha, o prazo apenas termina 30 dias após a data em
Definições que as referências não se encontram mais disponíveis para
consulta pelo público em geral.
1. Na interpretação do presente Regulamento:
5. Se entretanto o autor tiver corrigido ou esclarecido o texto
a) “Direito de Resposta” significa o direito de cada pessoa ou imagem em causa, ou tiver facultado ao prejudicado
singular ou colectiva em ver publicada ou transmitida a outro meio de expor a sua posição, o Direito de Resposta
resposta a um conteúdo que divulgue factos ofensivos caduca automaticamente.
da sua honra, bom nome, reputação ou imagem;
6. O Direito de Resposta é independente do procedimento
b) “Publicações Periódicas” significa todas as reproduções criminal pelo facto da publicação, bem como do direito a
impressas de textos ou imagens disponíveis ao público, indemnização civil do Prejudicado.
quaisquer que sejam os processos de impressão e
reprodução e o modo de distribuição utilizado quando Artigo 4.º
editadas em série contínua, sem limite definido de Efectivação do Direito de Resposta
duração, sob o mesmo título e abrangendo períodos
determinados de tempo incluíndo publicações digitais 1. O texto da resposta, pode ser ou não acompanhado de
na internet, nomeadamente blogs de carácter noticioso, imagens, deve ser entregue, com assinatura e identificação
independentemente da regularidade destes; do autor, através de qualquer procedimento que comprove
a data da sua entrega, ao responsável máximo do órgão de
c) “Publicações Não Periódicas” significa todas as comunicação social em causa, invocando expressamente
reproduções impressas de textos ou imagens o direito de resposta.
disponíveis ao público, quaisquer que sejam os
processos de impressão e reprodução e o modo de 2. O conteúdo da resposta é limitado pela relação directa e útil
distribuição utilizado, editadas de uma só vez, em com o escrito ou imagem respondidos, não podendo
volumes ou fascículos, com conteúdo normalmente extravasar os limites de espaço ou tempo da parte do escrito
homogéneo; que a provocou, descontando a identificação, a assinatura
Série I, N.° 14 Quarta-Feira, 12 de Abril de 2017 Página 599
Jornal da República
e as fórmulas de estilo, nem conter expressões ofensivas Artigo 7.º
ou desprimorosas para qualquer das pessoas ou entidades Entrada em vigor
envolvidas.
O presente Regulamento entra em vigor 30 dias após a sua
Artigo 5.º publicação.
Publicação

1. O texto de resposta deve ser publicado ou transmitido na


edição seguinte à data de recepção, seguindo o mesmo Aprovado pelo Conselho de Imprensa de Timor-Leste a 4 de
critério de visibilidade do conteúdo que lhe deu origem. Abril de 2017

2. A publicação é gratuita e feita na mesma secção, com o


mesmo relevo e apresentação do escrito ou imagem que
tiver provocado a resposta ou rectificação, de uma só vez, Virgílio da Silva Guterres
sem interpolações nem interrupções, devendo ser Presidente
precedida da indicação de que se trata de direito de
resposta ou rectificação.

3. Quando a resposta se refira a texto ou imagem publicados José Maria Ximenes


na primeira página, ocupando menos de metade da sua Membro
superfície, pode ser inserida numa página ímpar interior,
observados os demais requisitos do número anterior, desde
que se verifique a inserção na primeira página, no local da
publicação do texto ou imagem que motivaram a resposta, Hugo Maria Fernandes
de uma nota de chamada, com a devida saliência, Membro
anunciando a publicação da resposta e o seu autor, bem
como a respectiva página.

4. No mesmo número em que for publicada a resposta só é Paulo Adriano da Cruz Araújo
permitido à direcção do periódico fazer inserir uma breve Membro
anotação à mesma, da sua autoria, com o estrito fim de
apontar qualquer inexactidão ou erro de facto contidos na
resposta, a qual pode originar nova resposta.
5. No caso de emissões de difusão sonora ou televisiva, a Francisco Belo Simões da Costa
emissão da resposta deverá ocupar o mesmo espaço de Membro
emissão que a emissão original.

6. Quando a resposta ou a rectificação forem intempestivas,


provierem de pessoa sem legitimidade, carecerem
manifestamente de todo e qualquer fundamento ou
contrariarem o disposto no n.º 6 do artigo 34.º da Lei da
Comunicação Social, o chefe da redacção, ou quem o
substitua, pode recusar a sua publicação, informando o
interessado, por escrito, acerca da recusa e do seu
fundamento, nos 10 dias seguintes à recepção da resposta.
REGULAMENTO N.º 5/2017, de 4 de Abril
7. No caso de, por sentença com trânsito em julgado, vir a
provar-se a falsidade do conteúdo da resposta e a PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
veracidade do escrito que lhes deu origem, o autor da CONTRA JORNALISTAS E PUBLICAÇÕES
resposta pagará o espaço com ela ocupado pelo preço
igual ao triplo da tabela de publicidade do periódico em
causa, independentemente da responsabilidade civil que A liberdade de imprensa e o direito dos cidadãos à informação,
ao caso couber. é um dos princípios do estado de direito, sendo uma
responsabilidade do Estado garantir o acesso dos cidadãos à
Artigo 6.º informação e a protecção dos profissionais de informação. Na
Direito Subsidiário realização deste garante, os jornalistas têm um papel fulcral na
medida em que sobre estes, enquanto veículos de informação,
Em tudo aquilo que não for regulado no presente regulamento, impende a responsabilidade de realizar um jornalismo eficaz,
aplica-se o Estatuto do Conselho de Imprensa e o Decreto-Lei sério e correcto.
n.º 32/2008 de 27 de Agosto sobre o Procedimento
Administrativo. De acordo com a Lei n.º 5/2014 de 19 de Novembro, o Conselho
de Imprensa, enquadrado nos órgãos de comunicação social,
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Jornal da República
tem entre as suas competências, a competência de exercer que por acção ou omissão, dolosa ou negligentemente,
poder disciplinar sobre jornalistas, a qual, por imperativo legal violem normas de natureza deontológica ou deveres legais
e por imperativo de estado de direito, requer um regulamento previstos no artigo 20.º da Lei da Comunicação Social.
específico que fixe as infracções, as correspondentes sanções
e o devido procedimento disciplinar. Posteriormente, através 2 - Os pedidos de cancelamento e de suspensão do título não
do Decreto-Lei n.º 25/2015 de 5 de Agosto, o qual procede à fazem cessar a responsabilidade disciplinar por infracções
criação do Conselho de Imprensa e aprovação do seu Estatuto, praticadas em data anterior ao da entrega do pedido.
foi o Conselho de Imprensa mandatado para aprovar o referido
Regulamento.até um ano após o dia 1 de Janeiro de 2016. Artigo 3.º
Responsabilidade Disciplinar
Cumpre assim, nos termos do poder regulamentar do Conselho
de Imprensa, e em fiel respeito dos princípios constitucionais A responsabilidade disciplinar coexiste com quaisquer outras
de um estado de direito, da Lei n.º 5/2014 de 19 de Novembro, previstas na lei, podendo todavia o processo ser suspenso
do Decreto-Lei n.º 25/2015 de 5 de Agosto, da Lei até à decisão a proferir noutra jurisdição.
Administrativa e demais legislação vigente, aprovar em um
único Regulamento o regime disciplinar a que os jornalistas Artigo 4.º
devem estar sujeitos Prescrição

Capítulo I 1 - O direito a iniciar processo disciplinar prescreve no prazo


Disposições Gerais de sessenta dias sobre a prática da infracção.

Artigo 1.º 2 - Quando a infracção disciplinar constitua simultaneamente


Definições ilícito penal o procedimento disciplinar prescreve no mesmo
prazo que o procedimento criminal, se este for superior.
1. Na interpretação do presente Regulamento:
3 - Quando o objecto do procedimento for uma publicação em
a) “Actividade Jornalística” significa a actividade de formato digital, o prazo prescricional não se iniciará
pesquisa, recolha, selecção, tratamento e difusão de enquanto a publicação se mantiver acessível ao público
informação sob a forma de texto, som ou imagem, ao em geral.
público, através da divulgação nos órgãos de
comunicação social; Artigo 5.º
Desistência do Processo Disciplinar
b) “Jornalista” significa todas as pessoas que detenham
uma carteira de jornalista; 1 - A desistência da queixa pelo participante extingue a
responsabilidade disciplinar, salvo se a falta imputada
b) “Mandatário” significa advogado, com inscrição activa afectar o prestígio da profissão.
na Ordem dos Advogados, devidamente mandatado
para a representação forense em processo instaurado 2 — A desistência só produz efeitos uma vez aceite pelo visado
nos termos deste Regulamento; e homologada pelo Conselho de Imprensa.

c) “Queixa” significa para efeitos do presente Regulamento Capítulo II


uma exposição de factos tendo como objecto uma Do Processo
Actividade Jornalística, apresentada ao Conselho de
Imprensa por um pessoa singular ou colectiva; Artigo 6.º
Instauração do processo
d) “Partes” significa uma pessoa singular ou colectiva titular
de direito subjectivo ou um interesse legalmente 1- A decisão de abertura do procedimento disciplinar compete
protegido no resultado do processo de mediação ao Conselho de Imprensa.
atendendo o seu objecto;
2 - A deliberação referida no número anterior é tomada:
e) “Código de Ética” significa o Código de Ética Jornalística a) Oficiosamente;
aprovado pelo Regulamento n.º 1/2017;
b) Na sequência de participação ao Conselho de Imprensa
f) “Decisão” significa a decisão final do processo previsto por pessoa, devidamente identificada, que tenha sido
no presente Regulamento; directamente afectada pelo facto susceptível de
consubstanciar uma infracção disciplinar;
Artigo 2.º
Âmbito c) Na sequência de participação assinada pelo Conselho
de Administração do órgão de Comunicação social em
1 - Estão sujeitos à acção disciplinar do Conselho de Imprensa que a eventual infracção foi cometida.
nos termos previstos neste Regulamento, todos os
Jornalistas e demais praticantes da Actividade Jornalística 3 - Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número anterior
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deste artigo, as participações têm que ser entregues em necessárias ao apuramento da verdade por iniciativa
forma escrita com preenchimento de requerimento, na sede própria, a requerimento do participante ou do arguido.
do Conselho de Imprensa e conter, nomeadamente, os
seguintes elementos: Artigo 11.º
Termo da Instrução
a) Descrição do acto susceptível de consubstanciar uma
infracção disciplinar, e nos casos em que for possível, 1 — Uma vez concluída a instrução e caso o relator conclua
cópia da publicação; pela inexistência de infracção disciplinar imputável ao
arguido, será elaborado relatório no prazo de cinco dias em
b) O autor, data e meio de difusão do acto susceptível de que proponha fundamentadamente o arquivamento do
consubstanciar uma infracção disciplinar. processo.
4 — Uma vez instaurado o procedimento disciplinar, o processo
será distribuído para instrução à Direcção da Unidade de 2 — Caso conclua pela existência de infracção disciplinar, o
Apoio Jurídico, Ética e Liberdade de Imprensa. relator deduzirá despacho de acusação no prazo de 10 dias.

5 — O método de distribuição deverá assegurar a repartição Capítulo IV


equitativa dos processos por cada um dos elementos da Da acusação, da defesa e da decisão
Direcção.
Artigo 12.º
6 — O relator designado deve pedir escusa, alegando Despacho de Acusação
impedimento temporário ou permanente, nomeadamente a
existência entre ele e o presumível infractor de relações O despacho de acusação deve conter indicação da identidade
que ponham em causa a sua independência na instrução. e demais elementos pessoais relativos ao arguido, a narração
dos factos constitutivos da infracção e das circunstâncias em
7 — Cabe ao Conselho apreciar e declarar a existência de que os mesmos foram praticados, bem como referência às
impedimento. normas infringidas, à sanção aplicável e ao prazo para
apresentação de defesa.
Artigo 7.º
Instrução Artigo 13.º
Notificação da Acusação
1 - A instrução deve iniciar-se no prazo de 14 dias contados
da decisão de instaurar o procedimento disciplinar. 1 — Após a finalização do despacho de Acusação, o o relator
notifica o arguido da acusação, podendo a notificação ser
2 - A instrução do processo é sumária, cabendo ao relator feita pessoalmente ou através de correio electrónico caso
determinar a realização das diligências convenientes ao este esteja disponível.
célere apuramento dos factos constantes da participação,
podendo recorrer-se a todos os meios de prova admitidos 2 — Com a notificação referida no número anterior é entregue
em direito. ou enviada uma cópia da acusação.

Artigo 8.º Artigo 14.º


Apensação de Processos Prazo para defesa

Decorrendo vários processos contra o mesmo jornalista, serão O prazo para apresentação da defesa é de 15 dias independen-
apensados àquele que primeiro tiver sido instaurado. temente da complexidade da questão.

Artigo 9.º Artigo 15.º


Local de Instrução Representação

A instrução decorre na sede do Conselho de Imprensa O arguido pode constituir Mandatário em qualquer altura do
podendo, todavia, o relator realizar diligências fora em outro processo.
local se as mesmas se afigurarem fundamentais para a
descoberta da verdade. Artigo 16.º
Apresentação da defesa
Artigo 10.º
Diligências Instrutórias 1 — A defesa deve ser apresentada por escrito, deduzida por
artigos e assinada pelo arguido ou por mandatário.
1 - O arguido será notificado para se pronunciar, querendo,
sobre a matéria da participação, sendo dado a este um 2 — Com a defesa, o arguido indica testemunhas, que não
prazo máximo de 15 dias independentemente da podem exceder duas por cada facto, num máximo de dez,
complexidade da questão. junta documentos e requer quaisquer outras diligências
de prova que considere relevantes para o apuramento da
2 - O relator deverá promover as diligências que considere verdade.
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Artigo 17.º Artigo 21.º
Realização de novas diligências Sanções disciplinares e profissionais

1 — Quando entender necessário para o apuramento da 1. As sanções disciplinares profissionais são as seguintes:
verdade, o relator pode ordenar a realização de novas
diligências. a) Advertência Registada;

2 — Se, na fase de produção de prova, surgirem elementos b) Suspensão do exercício da actividade profissional até
probatórios novos, o arguido é notificado para, no prazo 12 meses;
de 10 dias, se pronunciar sobre os mesmos.
c) Sanção Pecuniária;
Artigo 18.º
Consulta do processo d) Interdição definitiva do exercício da actividade
profissional.
Durante os prazos para apresentação da defesa ou das
alegações, o processo pode ser consultado na sede do 2. As sanções aplicadas no âmbito das alíneas b) e d) do
Conselho de Imprensa. presente artigo são publicadas em dois meios de
comunicação social.
Artigo 19.º
Relatório Artigo 22.º
Notificação da Decisão
1 — Nos 10 dias subsequentes à apresentação da defesa, ou
no termo do prazo para apresentação da defesa no caso de 1 - A decisão será notificada ao arguido e, quando exista,
esta não ter sido apresentada, o relator prepara um relatório participante, no prazo de 48 horas.
final do qual conste a descrição das diligências efectuadas
e os factos apurados, informando o Director Executivo do 2 - Da decisão cabe recurso para os tribunais nos termos gerais
Conselho de Imprensa. da lei.

2- O Director Executivo do Conselho de Imprensa, promoverá Artigo 23.º


pela inscrição na ordem do dia da reunião de plenário Da execução da Decisão
seguinte a necessidade de decisão no processo em causa,
independentemente das conclusões do relator. 1 - Compete ao Presidente do Conselho de Imprensa promover
a execução das decisões disciplinares, sendo dever do
3 — Se o relator concluir pela inexistência de infracção Presidente do Conselho de Impensa, utilizar qualquer meio
disciplinar, após a descrição das diligências efectuadas e judicial à sua disposição para garantir o cumprimento da
da apreciação dos factos, o relatório propõe o arquivamento decisão disciplinar em caso de incumprimento voluntário
do processo. por período superior a 30 dias.

4 — Se concluir pela existência de infracção disciplinar, o 3- Se à data da notificação da decisão disciplinar estiver
relatório referido deve indicar, para além da descrição das suspenso o título do arguido, o cumprimento da pena de
diligências efectuadas e dos factos apurados, os deveres suspensão do exercício da actividade profissional tem
profissionais violados e outros elementos tidos por início a partir do dia imediato àquele em que tiver lugar o
indispensáveis para adequar a medida da pena e propor a levantamento da suspensão do título.
sanção disciplinar a aplicar ao arguido.
4 - O título profissional do jornalista punido disciplinarmente
Artigo 20.º fica depositado no Conselho de Imprensa durante o
Decisão cumprimento da sanção de suspensão do exercício da
actividade.
1 - Cabe ao plenário do Conselho de Imprensa decidir após
exposição do relator, decisão que ficará consignada na Capítulo V
respectiva data, podendo a sua decisão não coincidir com Disposições Diversas
a proposta do relator.
Artigo 24.º
2 - Os votos de vencido são fundamentados. Direito Subsidiário

3 - O prazo máximo entre o início do procedimento e a decisão Aplica-se subsidiariamente ao que não se encontrar regulado
final não pode ser superior a noventa dias. Caso nenhuma no presente regulamento as normas gerais de direito penal e
decisão seja tomada nesse período de tempo, o processo é de processo penal.
obrigatoriamente arquivado.
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Artigo 25.º
Entrada em vigor

O presente regulamento entra em vigor trinta (30) dias após a sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Imprensa de Timor-Leste a 4 de Abril de 2017

Virgílio da Silva Guterres


Presidente

José Maria Ximenes


Membro

Hugo Maria Fernandes


Membro

Paulo Adriano da Cruz Araújo


Membro

Francisco Belo Simões da Costa


Membro

DELIBERAÇÃO DA AUTORIDADE N.o 2 /2017

de 31 de Março

VALORES A COMPENSAR PELOS BENS (ÁRVORES DE FRUTOS E OUTROS) AFETADOS COM O PROJETO
DE ALARGAMENTO DAS ESTRADAS NA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE OÉ-CUSSE AMBENO,
TIMOR-LESTE

Considerando o desenvolvimento na Região Administrativa Especial, de infra-estrutras públicas nomeadamente de Projeto de


construção das estradas enquanto um dos impulsos iniciais para o desenvolvimento da Região e implementação das Zona
Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) pautada pela promoção de qualidade de vida e bem-estar em benefício dos
habitantes e comunidades;
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Considerando que o Projeto de desenvolvimento de infraestruturas na Região, afeta alguns bens necessários à construção da
auto-estrada de ligação entre:

a) Sacato – Mahata – Sumlili – Oé-bau – Aeroporto – Lifau a Noefefan;

b) Sumlili – Cruz – Santa Rosa – Padimau – Numbey – Palaban a Aeroporto;

c) Sikluli – Numbey a Samoro;

d) Samoro – Padiae a Tono.

Considerando a difícil identificação dos respetivos proprie-tários, e tendo em conta as negociações entre a Autoridade da
Região, os particulares e as comunidades, relativamente aos termos e condição de tramitação dos direitos de propriedade sobre
os bens;

Considerando a premência de ver compensadas as perdas por forma a dar celeridade a implementação do projeto que é um
projeto de interesse nacional, de utilidade pública, em particular, para os habitantes e comunidades na Região;

Considerando a necessidade de determinar os montantes que a Autoridade da Região Administrativa Especial deverá pagar
pela cedência destes direitos sobre os bens e de compensar pelas respectivas árvores e culturas agrículas existentes nos
terrenos;

Considerando a existência no OGE (Orçamento Geral do Estado) de 2017 de fundos necessários para o efeito.

Assim, a Autoridade da Região Administrativa Especial de Oé-Cusse Ambeno, considera de grande interesse público, nacional
e local a criação de infraestruturas rodoviáriais, e outros, como sendo uma das atribuições da Região, segundo o artigo 4º, alínea
g), do Decreto-Lei nº 5/2015, de 22 de Janeiro que aprova o Estatuto da Região Administrativa Especial, em reunião ordinária no
dia 31 de Março de 2017, no uso das competências que lhe são conferidas pelo artigo 19.º, nº 1 alínea o), delibera o seguinte:

1. Aprovar o desembolso de um maximo total de USD 150.000 (cento e cinquenta mil dólares americanos), para compensar pela
perda de culturas e de árvores, a um total de número de pessoas e espécies de plantas afetadas pelo alargamento das
estradas conforme constante na tabela anexa à presente Deliberação e da qual é parte integrante.

2. Na determinação dos montantes a compensar aos titulares dos bens fixado no número anterior, teve-se em consideração o
previsto na Resolução do Governo N.º 20/2014, de 6 de agosto, que fixa os valores máximo a conpensar pelos bens no
projeto Tasi Mane em Suai.

Publique-se.

Pante Macassar, Oé-Cusse Ambeno, Timor-Leste, aos 31 de Março de 2017

O Presidente da Autoridade

_______________
Dr. Mari Alkatiri

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