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Michelle Agnes tem se dedicado à composição desde seu primeiro contato com o professor H.J. Koellreutter, em 1994. (Imagens: Divulgação)
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Por Luiz Carlos Prestes Filho –

Em entrevista exclusiva para a Tribuna da Imprensa Livre, a compositora Michelle Agnes Magalhães afirmou: “As
mulheres sempre criaram, sempre escreveram música mesmo em períodos em que essa atividade não era
reconhecida socialmente destinada a mulheres. Nesse sentido existe uma atualização a ser feita, outras versões da
História a serem contadas, toda uma discussão sobre a questão da representatividade.” Ao ser questionada a
respeito de seus estudos/pesquisas sobre a obra do cineasta soviético, Dziga Vertov, a compositora respondeu:

“Toda a obra de Dziga Vertov merece ser vista e ouvida hoje, pela sua inventividade que vai além das questões
políticas da época. Sua vontade de incluir a construção sonora e de elevá-la ao mesmo nível da pesquisa visual,

” (tudo isso no início dos anos 30!) me impressionou muito. Muito antes da música concreta ele havia elaborado
uma maneira estética de construir com materiais documentais – sons e imagens do cotidiano.”
Michelle Agnes Magalhães é doutora pela USP, tendo desenvolvido pesquisa sobre três obras do compositor Luigi Nono. Interessa-se também pela
pesquisa entre relações entre som e imagem, o que a levou a realizar pesquisa de mestrado sobre o primeiro filme sonoro de Dziga Vertov. Em 2003
foi premiada com a bolsa Unesco-Aschberg para jovens artistas com residência no IMEB (Institut Internacional de Musique Electroacoustique de
Bourges), França, para a composição de uma obra. Como compositora tem se dedicado à música instrumental, eletroacústica e mista, e colaborado
com vários cineastas brasileiros e grupos como Percorso Ensemble e East Coast Contemporary Ensemble. Em 2006 ganhou o prêmio de melhor
música na Jornada de Cinema da Bahia, e em 2011, sua tese ganhou o prêmio ECA de dissertações e teses. Como pianista desenvolve intensa
atividade junto à improvisação musical. Vive em São Paulo onde ensina na Faculdade Santa Marcelina e na Academia da Orquestra Sinfônica do
Estado de São Paulo.

Luiz Carlos Prestes Filho: Música de Concerto, Música Erudita ou Música Clássica?

Michelle Agnes Magalhães: Eu prefiro “música” simplesmente. As práticas musicais atuais são bastante diversificadas, e
tem sido muito fascinante vivenciar essa heterogeneidade que muitas vezes resiste à classificação. Tenho me sentido
bastante próxima à uma prática que evidencia o fenómeno perceptivo, a recepção sensorial da música maneira global
envolvendo também o elemento visual, táctil e tudo que pode ser associado à escuta musical.
Prestes Filho: Música Eletrônica, Música Eletroacústica ou Música Acusmática?

Michelle Agnes: Creio que é uma questão de contexto histórico no qual a criação musical se insere e de filiação também.
Todas essas experiências envolvendo meios eletrônicos modificaram nossa percepção e inevitavelmente foram assimiladas
pela escrita instrumental. Elas moldaram também a nossas ferramentas de composição. No meu caso tenho buscado uma
integração e o que me interessa é ter uma diversidade de meios disponíveis que possam enriquecer o processo de
composição, o chamado “atelier”. Hoje minha produção se situa mais no campo da chamada música “mixta”: recursos
instrumentais e eletrônicos caminhando de mãos dadas, por vezes se influenciando, outras vezes ressaltando suas
especificidades.

Michelle Agnes na Universidade de Harvard, cidade de Cambridge, Massachusetts (EUA)

Prestes Filho: Beber na fonte da cultura brasileira foi importante para o surgimento da sua linguagem na música? Você
disse recentemente que hoje reconhece que o “Brasil foi mais importante do que imaginava” e que “a formação no Brasil
ajudou a você perceber a música como um fenômeno social”. Em quais de suas obras encontramos o Brasil, sua origem,
seu chão? Na “Dialética do Cajú”, uma obra realizada para piano e sons eletrônicos?

Michelle Agnes: Isso se tornou bastante claro para mim depois de alguns anos morando no exterior. A
influência dos encontros que tive durante a minha formação no Brasil permeia, sem dúvida, toda a minha

” produção. Essa influência vêm também da diversidade (no que tange à abordagem, sentido, estilos, origens das
práticas musicais no país) e dos deslocamentos (o modo como uma prática é influenciada por uma outra, se
reinventando e abrindo caminho para interpretações).
Prestes Filho: Tenho formação em direção de filmes documentários, pelo Instituto Estatal de Cinema da União Soviética.
Por esta razão, a sua tese de mestrado “Música, Futurismo e a Trilha Sonora de Dziga Vertov” me chamou a atenção. Você
estudou um filme marcado pelo estilo artístico oficial da URSS, o realismo socialista: “Entusiasmo, Sinfonia de Donbás”
(1931). As músicas de Timofeev e de Shostakovich, respectivamente, “A Sinfonia de Donbás” e “A Sinfonia de Primeiro de
Maio”, são obras que merecem serem ouvidas hoje? Vertov, Timofeev e Shostakovich marcaram sua formação?

Michelle Agnes: Sim, toda a obra de Dziga Vertov merece ser vista e ouvida hoje, pela sua inventividade que vai além das
questões políticas da época. Sua vontade de incluir a construção sonora e de elevá-la ao mesmo nível da pesquisa visual,
(tudo isso no início dos anos 30!) me impressionou muito. Muito antes da música concreta ele havia elaborado uma maneira
estética de construir com materiais documentais – sons e imagens do cotidiano.

Vertov é também um pioneiro em relação ao meiostecnológicos desenvolvidos para os seus projetos na URSS. A

” poesia e a grande liberdade da sua escrita audio-visual, que preserva a autonomia dos elementos visuais e
sonoros assim como sua sua polifonia são para mim uma grande fonte de inspiração.

Agnes entre compositoras – desde a idade Média até os dias de hoje

Prestes Filho: Quem acompanha sua trajetória encontra obras como “Cine-Concerto: Brecht e Beckett no Cinema”; a
experiência de acompanhamento, ao vivo, do filme de Febo Mari; a trilha para o filme “Primavera”, de Maurício Osaki; e
muitos e muitos outros trabalhos. O cinema é uma expressão artística que potencializa a sua invenção? Como o cinema
está para a arte da composição?

Michelle Agnes: O contato com esses cineastas foi toda uma escola para mim. Foi o prazer de acompanhá-los em todas as
etapas de criação, desde a batalha quotidiana para conseguir o financiamento para os projetos até a fase de finalização, a
capacidade de administrar todo um trabalho coletivo me ensinou muitas coisas. Podemos fazer muitos paralelos com a
composição, a abstração e formalização do roteiro que é uma espécie de partitura, a montagem pode ser comparada
também à um tipo de escrita.

Esta última exerce um certo fascínio sobre mim, principalmente em relação ao agenciamento do tempo, ao

” ritmo visual.
Michelle Agnes e Lola Malique apresentam ‘Ouvido Suspenso’

Prestes Filho: O piano tem espaço central na sua obra. Conte sobre sua formação e estudo do piano. Muitas de suas
composições são feitas para as cordas deste instrumento. Será que por esta razão você é autora de obras para harpa?

Michelle Agnes: O piano é minha paixão desde os 6 anos de idade. Depois veio a descoberta do repertório e de todas as
possibilidades de preparação, provocar harmonicidades, diferentes afinações. Sim, a experiência direta com as cordas, e a
vontade de continuar esta exploração me levaram a incluir a harpa na instrumentação de “Jogo e teoria do duende” e “Lorca
Fragments”. As diferenças também começaram a aparecer, a harpa é um instrumento no qual abafamos os sons com as
mãos, esta maneira de tocar condiciona muito a escrita e cria também efeitos de timbres, uma “ritmicidade” que me
interessa muito.
IRCAM – 2019

Prestes Filho: Cite nomes de compositores que foram fundamentais para a sua formação. Cite nomes de compositores de
Música Eletroacústica que você acompanha no Brasil e no mundo. Também, algumas obras que tem importância
estruturante para sua formação.

Michelle Agnes: Um primeiro encontro bastante marcante para mim foi com o professor Eduardo Gramani na semana de
música de Campo Grande (MS) em 1992. A forma como ele compreendia o ritmo, nos fazia dançar, mover, e como
inventava as suas poliritmias continua a me influenciar até hoje. Dois anos depois fiz uma viagem à Londrina que decidiu
todo o meu futuro. Eu tinha 14 anos, morava ainda em Campo Grande e me inscrevi em todos os cursos ministrados por H.
J. Koellreutter (composição, análise, harmonia e estética), de maneira condensada tive minha introdução à composição.

Foi também nessa ocasião que encontrei tantos amigos que foram diretamente responsáveis pela minha

” trajetória: Janete El Haouli, Valério Fiel da Costa e em especial André Luiz Gonçalves de Oliveira, um amigo
compositor-filósofo que continuou a me instigar durante anos por correspondência.
Pintura Gráfica – 2020

Meu professor de piano Evandro Higa, fundador do Centro de Arte Viva em Campo Grande foi também importantíssimo. Ele
me abriu as portas para o repertório dos séculos XX e XXI de modo muito natural, me transmitia as novidades de João
Guilherme Ripper, me mostrava que um futuro como compositora era possível. Eu estava atravessando a adolescência, me
preparando uma mudança para longe para prosseguir os estudos. A confiança que todas essas pessoas me transmitiram
alimentaram meus sonhos, me fizeram superar uma série de dificuldades. Depois vieram vários cursos com compositores
muito diferentes que encontrei durante o bacharelado na Unicamp (Almeida Prado, Livio Tragtenberg, Denise Garcia, José
Augusto Mannis, Jônatas Manzolli) e o doutorado na USP (Fernando Iazzetta, Silvio Ferraz). Depois fui descobrindo também
os compositores do Rio, graças ao meu amigo compositor Alexandre Fenerich (Mariza Resende, Rodolfo Caesar com quem
até pude fazer uma parceria!).

Apresentação de ‘Lorca Fragments’ de Michelle Agnes na França

Em 2013 me mudei para a França e tive um encontro muito importante com a compositora Chaya Czernowin. Nela
reconheci uma força, uma artista completa que não dissocia criação e técnica no seu modo de fazer e de ensinar. Ela foi
também uma das responsáveis por eu ter continuado nessa via, num momento em que eu estava dividida entre várias
atividades. Mais uma vez, como na minha adolescência a composição se abria como um mundo.

As aulas de Salvatore Sciarrino, sua leveza, sua visão humanista e seu lado hedonista veio complementar essa

” formação.

Michelle Agnes e Lola Malique apresentam conserto gratuito ‘Ouvido Suspenso’ em Campinas (SP)
Prestes Filho: A Música Contemporânea abraça o seu ambiente de trabalho. Você acompanha quais movimentos de
Música Contemporânea? Quais poderia destacar? Poderia citar os artistas brasileiros e estrangeiros da atualidade?

Michelle Agnes: O universo da música hoje é bastante rico, muitas vezes as descobertas se dão por acaso, encontros
casuais. Gosto dessa ideia porque aprecio muito a diversidade, a variedade na criação, então não me interesso por
correntes específicas. Não seria capaz de fazer uma lista exaustiva nessa entrevista, mas existem muitos compositores
atuais que têm estimulado minha vontade de criar como Giulia Lorusso, Julien Malaussena, Louis Bona, Flora Holderbaum,
Fernanda Navarro, Marcos Balter, Sérgio Rodrigo, Elżbieta Sikora, Valéria Bonafé, Diana Soh, Margareta Ferek-Petric,
Mauro Lanza, Pascale Criton, Bernardo Barros, Patricia de Carli, Luciano Leite Barbosa, Grégoire Lorieux e muito(a)s
outro(a)s.

Prestes Filho: A interseção audiovisual/teatro/música hoje é uma realidade. Em especial, por conta da atual revolução
científica e tecnológica que está transformando todas as áreas da cultura. Qual é o impacto da mesma na música
contemporânea?

Michelle Agnes: O impacto é sempre grande e essa associação da música com outras artes é bastante antiga. Acho
particularmente interessante o diálogo entre música e neurociências, especialmente o conceito de cérebro musicista, a
maneira de a analisar o fenômeno musical para além do julgamento estético e sobretudo de reconhecer a música como uma
necessidade vital. Não saberia como descrever o impacto das tecnologias hoje de maneira global.

Michelle Agnes e Frédéric Bevilacqua. (Crédito: Vanetin Bollay)

No meu caso a parceria com Frédéric Bevilacqua, músico e cientista que dirige a equipe Interação Som Música e Movimento
do IRCAM, assim como as residências artísticas que fiz no mesmo instituto me impulsionaram a criar uma música com
aberturas para a interação (utilizando sensores de movimento) e um dispositivo baseado na síntese concatenativa. Essa
utilização vai sempre no sentido de utilizar as ferramentas tecnológicas para criar um terreno mais flexível e oferecer ao
intérprete uma maior liberdade interpretava.
Lighter than air II para quarteto de cordas e eletrônica. (Crédito: Vanetin Bollay)

No meu último trabalho (Lighter than air II para quarteto de cordas e eletrônica) busco também oferecer a um grupo de
dançarinos a possibilidade de interagir musicalmente, de participar da organização sonora da peça, de interferir na duração
e no fraseado de todo um movimento do quarteto.

Na série Constella(c)tions o público também é convidado a interagir utilizando tecnologias móveis como

” telefones celulares.

“Constella(c)tions”. (Crédito: Vanetin Bollay)

Prestes Filho: Em 2018 o Talea Ensemble, apresentou concertos da sua obra “Herbarium” nos EUA. Este trabalho marcou
a sua exitosa passagem pela Universidade de Harvard. Você deu vida musical a uma coleção de flores secas. Outra vez na
sua obra a imagem dando origem a música? Este trabalho indicou novos caminhos? Para você desenhos, fotografias, artes
plásticas, colagens e maquetes feitas no computador servem de matérias primas para o desenvolvimento de sua música?

Michelle Agnes: Sim esse trabalho foi inspirado pela obra e pela maneira de escrever de Emily Dickinson. Ela escrevia em
fragmentos de cartas e envelopes e tinha também uma coleção de folhas e flores secas prensados em um caderno, um
Herbarium. Foi durante a minha residência em Harvard que tive contato com esse material que faz parte da coleção Emily
Dickinson da Houghton Library. Acho que a construção visual desses trabalhos foi mais um modelo, do que uma matéria
prima. A liberdade em relação aos espaços em branco, à pontuação, o papel foram estímulos que me resultaram em
“descobertas” formais para mim.

A partir dessa experiência comecei a combinar técnicas e passar livremente de um meio a outro de acordo com

” as necessidades do momento.
Prestes Filho: Qual sua opinião sobre a presença das mulheres em atividades musicais? O número de compositoras na
Academia Brasileira de Música (ABM) é muito pequeno. Seria possível uma reflexão sobre este tema?

Michelle Agnes: As mulheres sempre criaram, sempre escreveram música mesmo em períodos em que essa atividade não
era reconhecida socialmente destinada a mulheres. Nesse sentido existe uma atualização a ser feita, outras versões da
História a serem contadas, toda uma discussão sobre a questão da representatividade.

Sem falar que, poucas mulheres ocupam cargos de direção em Festivais, Escolas de Música, Instituições.

” Enquanto isso não mudar continuaremos a ser minoria, tanto nas artes quanto nas ciências também.

LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Diretor Executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Cineasta,
formado em Direção de Filmes Documentários para Televisão e Cinema pelo Instituto Estatal de
Cinema da União Soviética; Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico
Local; Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro
(2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009); É autor
do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).

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Daniel Mazola Fróes de Castro – Jornalista profissional (MTE 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa
Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional;
Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado,
especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da
Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI);
Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi Assessor de Imprensa da Federação Nacional dos Frentistas
(Fenepospetro) e do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ); Vice-presidente de Divulgação do
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013); Editor do jornal FAFERJ (Federação das Associações de
Favelas do Estado do RJ); Editor do jornal do SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal
Fluminense-UFF); Editor do jornal Folha do Centro (RJ); Editor do jornal Ouvidor Datasul (gestão empresarial e
tecnologia da informação); Subeditor de política do jornal O POVO, Repórter do jornal Brasil de Fato; Radialista e
produtor na Rádio Bandeirantes AM1360 (RJ). Também faz assessoria de Imprensa e projetos de Comunicação para
empresas e organizações, atuando na criação de conteúdo e arquitetura de informação de sites e blogs.

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