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:
Crise ecológica, crise psíquica e Novembro
o fim do progresso
Vladimir Safatle  LEIA
24 de fevereiro de 2023

(https://revist (HTTPS://R
acult.uol.com
.br/home/cat EVISTACU
egoria/edicoe
s/cult-299/) LT.UOL.CO

M.BR/HOM

E/CATEGO

RIA/EDICO

ES/CULT-

Poderíamos contar esta como a história da maneira pela qual 299/)


nosso desejo de emancipação se realizou paulatinamente
como catástrofe. Ou poderíamos ser um pouco mais precisos e
dizer que essa é também outra história, a saber, a história de
como a emancipação efetiva começou quando entendemos ASSINE
que, até agora, nosso desejo de emancipação se realizou como
catástrofe. Teríamos uma dupla história, então. Ou teríamos a (HTTPS://
história cujo verdadeiro começo começa quando ela enfim
termina.
WWW.CUL
“O progresso acontece lá onde ele termina”, era uma frase de
Adorno. Para quem passou à história como incapaz de pensar TLOJA.CO
a dimensão prática da ação política, essa era a enunciação
adequada de um horizonte fundamental de ação: parar o M.BR/CAT
progresso, para que ele possa começar. Ou antes: parar o
progresso, não para operar alguma forma de retorno à origem
EGORIA-
ou regressão, mas para realizar o desejo de que, assim, o
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progresso enfim comece. Todas essas seriam variações de
(https://sobreuol.noticias.uol.com.br/normas-de-seguranca-e-privacidade.html) e, um
ao continuar
OK
PRODUTO/
mesmo tema: navegando,
o temavocê
do concorda
colapso com estas condições.
do progresso como o
primeiro movimento real de seu início.
REVISTA-
No início dos anos 1970 apareceram relatórios que mostravam
a inevitabilidade da articulação entre progresso e catástrofe.
CULT/EDIC
Um deles, talvez o mais conhecido, chamava-se exatamente:
“Os limites do crescimento”, de Dennis Meadows, Donella
Meadows e Jorgen Randers. Relatórios como esses alertavam OES/ASSI
que a concepção de progresso que organiza o desenvolvimento
de nossas sociedades terminaria em catástrofe ou, se NATURA/)
quisermos ser mais precisos, em algo que poderíamos chamar
de “catástrofe do crescimento exponencial em um mundo de
recursos finitos”, com as sequências de crise econômica,
social, ecológica e política que isso pode produzir. COMPRE

Seria o caso então de explorar mais essa articulação entre


(HTTPS://
progresso e catástrofe, explorar sua inevitabilidade para
tentar abordar a questão sobre o que fazer diante de uma
dinâmica de progresso que conseguiu misturar, em um WWW.CUL
mesmo movimento, promessa de emancipação e devastação.
Há de se colocar a questão nesses termos para expor mais TLOJA.CO
claramente o fato de não podermos simplesmente abandonar
a noção de progresso, da mesma forma que não podemos
M.BR/PRO
simplesmente preservá-la. Além do que, não é possível
“limitar seus efeitos negativos” porque, até hoje, os “bons”
resultados do progresso não puderam deixar de se apoiar no DUTO/CUL
:
“lado ruim”. Por isso, é necessário inicialmente negar o
progresso e ouvir o que tal negação denuncia. Só depois de
T-299-
negá-lo completamente podemos afirmá-lo.
NOVEMBR
Uma autocrítica do progresso começaria por lembrar que ele
foi, até agora, o nome de um fracasso.
O-2023/)
De fato, a associação entre progresso e catástrofe é muito
mais presente do que gostaríamos de admitir. Essa catástrofe
representada pelo crescimento, pela exaustão de recursos em
um meio ambiente finito e crise ecológica, é apenas uma de
suas figuras. Na verdade, as várias figuras da relação entre
progresso e catástrofe apontam para uma articulação orgânica
(https: (https: (https:
entre progresso e violência. Por exemplo, seria relevante
//revis //revis //revis
explorar a articulação contínua entre progresso e guerra, a
tacult. tacult. tacult.
ponto de nos perguntarmos se a história do progresso, até
uol.co uol.co uol.co
agora, não foi a história da sua relação à guerra. Sabemos
como passos fundamentais do desenvolvimento técnico são m.br/ m.br/ m.br/
normalmente realizados dentro dos esforços de guerra. A home home home
guerra é um campo de aperfeiçoamento técnico. Essa é uma /categ /categ /categ
das mais dramáticas certezas de nossa experiência histórica, a oria/e oria/e oria/e
saber, a de que as guerras não podem ser vistas simplesmente dicoe dicoe dicoe
como momentos de destruição, mas como operadores de s/cult- s/cult- s/cult-
progresso, ao menos se pensarmos no que o progresso até 298/) 297/) 296/)
agora significou.

Mas ainda há outro sentido para a relação entre guerra e VER TODAS +
progresso. Ele está presente no próprio conceito de ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T. U O L . C O M . B R / H O M E / E D I C O
“crescimento exponencial”: “O crescimento exponencial é um
processo comum em sistemas biológicos, financeiros e em
vários outros no mundo”. Esse era o tipo de frase que se lia
nos anos setenta. Ela está no relatório acima citado. Mas seria ARTIGOS
RELACIONADOS
possível criticar essa noção de crescimento exponencial como
se fosse um fator biológico e, por isso, natural. Seria possível
GENOCÍDIO
compreender a própria noção de “crescimento exponencial” PALESTINO E O
como uma aberração social, e não como a expressão de um GRITO DE
princípio natural. Pois devemos lembrar que crescimento ANTÍGONA
exponencial é uma realidade totalmente dependente de um
certo tipo muito específico de sociedade submetida ao O CONFLITO ISRAEL-
processo de acumulação capitalista, da produção feita para PALESTINA: UMA
gerar excedente e ampliar exponencialmente o consumo. PERSPECTIVA
CRÍTICA PARA ALÉM
Etienne Balazs, em um livro sobre a China intitulado “A DO CORREDOR
MORAL DA
burocracia celeste” lembrava, mais ou menos à mesma época, ESQUERDA
que a China tinha todas as condições tecnológicas e científicas
para inventar o capitalismo no século 13. Se não o fez é, entre
ENTREVISTA | O FIM
outras coisas, porque o estado fechava as minas quando as
DO CAPITAL NA ERA
reservas de metal eram suficientes. Ou seja, faltava-lhes a DA INFORMAÇÃO
noção de crescimento exponencial como extração contínua de
mais-valia.
O GENOCÍDIO
Esse crescimento exponencial, quando aparecer, será PALESTINO E AS
PALAVRAS QUE
indissociável do desenvolvimento de mercados mundiais cada MATAM
vez maiores, da sujeição colonial, da exploração das condições
de trabalho, do uso de trabalho não-pago, com toda a
GUERRAS E
violência que isso implica. Isto nos explica porque as eras
OUTROS LÉXICOS
vistas como momentos históricos de aperfeiçoamento técnico
e perfectibilidade humana foram compreendidas, por outros
seres humanos, como momentos de espoliação e destruição. O
que para uns é visto como crescimento exponencial, para
outros significa destruição contínua, significa uma guerra TV CULT
contra eles, seus saberes e modos de produção.

Quando Celso Furtado leu “Os limites do crescimento” ele não


pode deixar de salientar ainda outro ponto, a saber, que o O que é fascism…
relatório involuntariamente mostrava que o padrão de
desenvolvimento e consumo dos países centrais do
:
capitalismo não poderia ser generalizado para todo o mundo,
o que mostrava como o progresso, além de estar até agora
organicamente vinculado à guerra era, no fundo, um mito.
Nunca houve e nunca poderia haver progresso para todos:

“Limites do crescimento” fornece uma clara demonstração


de que o estilo de vida criado pelo capitalismo industrial (https://revistacult.uol.com.br/h
sempre será o privilégio de uma minoria. O custo desse ome/lugar-de-fala-cult/)
estilo de vida em termos de degradação do mundo físico é
tão alto que qualquer tentativa de generalizá-lo levaria
necessária a civilização inteira ao colapso, colocando em
risco a sobrevivência da espécie humana. Nós temos então a
evidência clara de que desenvolvimento econômico – a ideia (https://revistacult.uol.com.br/h
de que pessoas pobres podem um dia desfrutar do estilo de
ome/onde-vende-revista-cult/)
vida das atuais pessoas ricas – é simplesmente inalcançável.
Sabemos de maneira incontroversa que as economias
periféricas nunca serão desenvolvidas, no sentido de serem
similares às economias que constituem o centro do sistema
capitalista.

Ou seja, o progresso que conhecemos não apenas dependeu da


violência da exploração e da conquista. Ele se mostrou um
(https://www.sescsp.org.br/pro
mito inalcançável, para além de limites geográficos muito
gramacao/festas-sambas-e-
estritos. Por isso, a maneira mais consequente de se livrar
outros-carnavais/)
desse mito começa por negar o progresso, não mais procurar
fechar os olhos para sua matriz violenta, recuperar aquilo que
ele destruiu. Não há progresso sem a noção de atraso, sem a
noção de que haveria não apenas sociedades atrasadas, mas
sujeitos fora do progresso, presos a modos de relação a si
arcaicos e não-livres. Para sair desse ponto morto da história,
tais sujeitos deveriam se sujeitar a intervenções externas
violentas que os transformassem, que os educassem, que os (https://www.institutotomieoht
curassem. Nunca houve colonização que não tenha sido
ake.org.br/exposicoes/ate-a-
vendida como forma de vencer o atraso e abrir o caminho ao
amazonia-com-ailton-krenak/)
progresso. E esse progresso era também o fim da sujeição do
humano a um pensamento pretensamente fetichista,
animista, refratário ao desencantamento necessário do
mundo. Desencantamento esse que seria a condição para
sermos senhores da natureza e, claro, senhores de todos
aqueles que ainda estavam próximos demais da natureza. Por
isso, negar o progresso é uma estratégia para parar de pensar
diferenças antropológicas sob a figura do atraso e do
pensamento primitivo, condição fundamental para o
progresso poder enfim começar.
TWITTER
No entanto, há ainda um ponto a ser abordado se quisermos
efetivamente fazer uma autocrítica do progresso. Se o
primeiro ponto consiste em expor toda a extensão da relação Tweets by revistacult
entre progresso e violência, o segundo consiste em uma (https://twitter.com/revistacult?
consideração de ordem psíquica. Se a noção de progresso ref_src=twsrc%5Etfw)
esteve até hoje tão vinculada à ideia de dominar a natureza, de
desencantá-la pelo cálculo, pela mensuração e quantificação,
de poder organizar previsões que nos imunizariam contra a
escassez, de controlar o involuntário e o contingente, é porque
o desejo de progresso sempre esteve fundado no medo de
estarmos diante de forças que não controlamos, que colocam
em risco nossa autopreservação. Ou seja, o progresso até
agora foi fruto do medo, por isso ele pode e deve ser tão
violento. E nessas reversões irônicas da história, o que foi
feito em nome da autopreservação agora coloca em risco
nossa própria autopreservação. Ou seja, ao tentar
compulsivamente garantir nossa autopreservação criamos um
processo de autodestruição.

Livrar-nos desse medo seria uma condição necessária para o


progresso enfim começar. Pois isso significaria não mais
justificar a violência contra tudo o que para nós aparece como
:
insubmisso, involuntário e contingente. A crise ecológica,
crise na relação entre sociedade e natureza, sempre será
acompanhada de algo que poderíamos chamar de “crise
psíquica”. Sua superação não exige apenas uma negação do
desenvolvimento econômico, mas uma negação do tipo de
sujeito que nos tornamos. Não há pacto ecológico possível sem
algo como um outro pacto psíquico. A violência que fazemos
contra a natureza nunca foi dissociável da violência que
fazemos contra o que não é imagem da maturação em nós,
contra aquilo que aparece como natureza em nós.

Por fim, tudo isso é questão de “autocrítica” porque no


interior da ideia de progresso sempre houve um certo desejo
de insubmissão ao presente, sempre houve a crença de que
não necessitamos deificar o que atualmente somos ou o que já
fomos. Eu diria, esse desejo, constituinte da trágica história
do progresso, nunca foi tão necessário quanto agora, como se
devêssemos então nos apoiar no progresso para livrar o
progresso de seus próprios fantasmas.

Quando a noção de progresso apareceu no ocidente, ela


apareceu inicialmente em um debate estético, a Querelle des
anciens et modernes. Foi lá que pela primeira vez vimos a
utilização de “moderno”, “modernidade” como conhecemos
atualmente. A questão da querela era clara: devem as obras de
arte se submeterem aos padrões de avaliação do passado ou
elas trazem em si mesmas a recusa do que fomos até agora?
Se uma obra de arte traz em si o seu próprio valor, se ela é
sempre a instauração de um outro princípio de avaliação, é
porque ela é a expressão de um tempo insubmisso, de uma
insubmissão ao presente. Obras de arte mostram sempre
como o presente não é idêntico a si mesmo, como o tempo não
se esgotou. Há de nos apoiarmos nessa origem estética do
progresso contra aquilo que o progresso se tornou, contra a
maneira como ele moldou o que ainda somos e não queremos
mais ser.

Vladimir Safatle é Professor Titular da USP e atualmente


fellowship do The New Institute/ Hamburgo.

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