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Triângulo Dramático de Karpmam

Baixa Maturidade/Jogo Psicológico

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Ex: Por vc não falou comigo? Eu já falei com vc para fazer isso. Não sei por que vc ainda discute
comigo....

No papel do perseguidor não estamos dispostos a olhar para nossa vulnerabilidade, a emoção
que estamos sentindo, simplesmente canalizamos o nosso descontentamento na outra pessoa
e assim a criticamos. Isso pode acontecer em uma fofoca, piada de bastidor, um superior
criticando o trabalho de um liderado de forma grossa e arrogante a ponto do liderado se sentir
humilhado. O perseguidor é um controlador e arrogante.

O perseguidor ativa no outro a personagem da vítima.

A Vitima está em busca de alguém que venha ajuda-la, se coloca em uma situação de
impotência.

Ex: Para mim tudo é difícil, eu não consigo, as pessoas não me ajudam., é muita
responsabilidade, eu tenho muitas coisas para fazer sozinho, como eu vou dar conta de tudo
isso.

A vitima sente que as circunstâncias da vida estão fazendo ela sofrer. Ou seja o que acontece
do lado de fora, é o que outrso dizem ou fazem que me fazem sofrer, sentir o que estou
sentindo é isso que me faz comportar. Eu justifica o mesmo comportamente baseado no que
os outros disseram , fizerem ou no que aconteceu ( pouco tempo , muita responsabilidade,
incapacidade, nos recursos que me faltam). Eu não me responsabilizo. No jogo da vitima a
pessoa está reclamando e se justificando.

A vítima ativa no outro o personagem do salvador.

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Ex: Deixa que eu faço isso para vc, pode deixar que eu vou lá resolver isso , passa aqui que eu
faço o relatório, se precisar conta comigo, estou aqui para te ajudar.

O salvador para se sentir bem e amado ele precisa da vítima, ele precisa de ajudar alguém para
sentir que ele tem valor. Gosta de fazer a diferença na vidas das outras pessoas, ele deixa de
fazer para ele para fazer para as outras pessoas. Na hora que vc aciona a personagem do
salvador vc atraí a vitima. O salvador sente-se culpado se não ajuda a vítima e quando não
obtém o que espera na relação tornar-se o perseguidor.

Como os 3 personagem estão dentro da gente, em momentos diferentes vc pode ser a vitima,
o perseguido ou o salvador.Dependendo a pessoa que estamos relacionamento trocamos a
personagem.

As vezes vc é o salvado e desperta no outro o perseguidor. O perseguidor quer um culpado.

Todo dia acontece essa dinâmica.

Qual a sua predominância e qual a predominância de cada um na sua equipe?

No triângulo agimos com imaturidade.

Para sair do jogo , observe de fora – Olhe de cima do trono.

Como sair do triângulo?

Quando vc ativa o perseguido vc está:

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O que fazer?

Convide a pessoa a analisar o contexto: Será que a pessoa, tinha todas as informações, será
que estava capacitada para realizar aquilo, será que ela tinha os recursos necessários, vc
acompanhou adequadamente. Mostre que é possível ajudar a pessoa que vc está criticando,
assumir a responsabilidade. Qual a minha parte nessa história?

Como o acima vc tira a pessoa que está na posição de arrogente superior para uma pessoa que
está disposta a contribuir e colcarar e tira a pessoa da posição de perseguidor para a posição
de alguém que vai fazer a diferença. Ajudar a pessoa a se responsabilidade por fazer a
diferença, a ser altruísta

Quando vc ativa a vitima vc está:

O que fazer?

Empodere a pessoa para buscar o aprendizado. Quem pode te ajudar com isso? Que curso vc
poderia fazer? Como vc aprender com essa situação? Se vc não fizer nada de diferente o

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resultado não vai mudar. Ajudar a pessoa a se responsabilizar por uma nova atitude, de buscar
aprendizagem, buscar se desenvolver. Ajude a pessoa assumir o proteganismo da vida dela. A
esponsabilidade é dela.

Quando vc ativa o salvador vc está:

Correndo para resolver o que não é seu.

Querendo ajudar alguém para ser especial.

O que fazer?

Ajudar a pessoa a crescer por ela, seja um educador, ajude a pessoa a crescer de dentro para
Fora. Como que no lugar de entregar o peixe ensine a pescar, ensine a fazer o relatório, ensime
a buscar a informação. No lugar de dizer o que ela devia falar para a outra pessoa, faça
perguntas , ajude-a a chegar na resposta.

Perseguidor – Responsabilização - Nega vulnerabilidades

Vítima – Aprender – Nega Capacidades

Salvador – Ensinar – Nega Necessidades

 A vítima deve ser encorajada a resolver problemas, a desenvolver


autoconsciência, orientada para buscar resultados, tirando o foco do
problema e estimulado a escolher a sua resposta para os desafios da
vida, enfrentando-os.
 O perseguidor a ser assertivo ao invés de punitivo, desenvolver
comportamentos flexíveis, fazer justiça a si mesmo, respeitando sua
vontade e com coragem enfrentar seus medos. Delegar tarefas e
responsabilidade, focar na solução ao invés de identificar quem causou o
erro e buscar experiências positivas para elevar seu humor.
 O salvador resolver seus próprios problemas, demonstrar preocupação e
atenção sem extrapolar e sem resolver os problemas dos outros. Utilizar
o papel de treinador, ver a vítima com capacidade para fazer escolhas e
resolver problemas. Fazer perguntas para que permitam ao outro ver
possibilidades de ação positiva e concentrar-se no que o outro realmente

Como sair do triângulo se você é a vítima

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1. Pare de se queixar da sua vida. E de tudo. Dedique esse
tempo procurando oportunidades para melhorar as
situações que não lhe agradam.
2. Lembre-se de uma vez por todas: ninguém lhe deve nada.
Nem mesmo se alguém prometeu algo, se ofereceram
ajuda. As circunstâcias sempre mudam, assim como os
desejos das pessas. Ontem a pessoa queria te dar algo,
hoje não mais. Pare de esperar uma salvação.
3. Você é responsável por todas as suas escolhas e
decisões. Além disso, tem todo o direito de tomar outra
decisão, se a anterior não tiver sido boa.
4. Não se justifique nem critique a si mesmo se acha que não
atende às expectativas de alguém. As expectativas dos
outros são exclusivamente deles e você não é obrigado a
atendê-las.
Como sair do triângulo se você é um perseguidor
1. Pare de culpar as outras pessoas ou circunstâncias por
seus problemas.
2. Ninguém é obrigado a cumprir suas noções de certo e
errado. As pessoas são diferentes, as situações também.
Então, se você não gosta de algo, apenas não faça.
3. Resolva suas desavenças de forma pacífica, sem raiva ou
agressão.
4. Pare de querer se autoafirmar às custas daqueles que são
mais fracos do que você.
Como sair do triângulo se você é um salvador
1. Se as pessoas não pedirem sua ajuda, não se intrometa.
2. Pare de pensar que você sabe mais do que os outros, que
sua maneira de viver é melhor e que, sem suas valiosas
recomendações, o mundo deixará de existir.
3. Não faça promessas sem pensar.
4. Pare de esperar que as pessoas lhe agradeçam e lhe
exaltem. Afinal, você está ajudando porque quer ajudar,
não para receber elogios ou prêmios, certo?
5. Antes de realizar algum ato de bondade, pergunte-se
honestamente: a sua interferência é realmente
necessária?
6. Pare de se autoafirmar às custas daqueles que passam o
tempo reclamando sobre a vida.

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É possível transformar o triângulo desta forma:

Se você pretende sair desse triângulo, as mudanças não


acontecerão sozinhas e é bom começar o quanto antes. É
preciso tomar uma atitude. Você terá mais tempo e força,
respirará melhor e sua vida se tornará mais interessante. A
tensão em seu relacionamento será reduzida.
1. A vítima torna-se um herói. Agora, ao invés de reclamar sobre
o destino, a pessoa luta contra problemas, porém não se sente
exausta, mas motivada. Ao solucionar seus problemas, não
reclama, mas sente prazer em poder resolvê-los.
2. O perseguidor transforma-se em filósofo. Ao observar as
ações do herói, ele não mais critica, não se preocupa com o
desfecho. Aceita qualquer resultado. Ele sabe que, no final, tudo
vai mudar para melhor.
3. O salvador transforma-se em motivador. Incentiva o herói a
realizar seus atos heróicos, descrevendo as perspectivas
brilhantes. Procura oportunidades para aplicar a força do herói
e maneiras de inspirá-lo.
Este modelo de relacionamento é muito mais saudável e muito
mais feliz.

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O modelo perfeito do triângulo

Nesse triângulo, há ainda mais felicidade e energia.


1. O herói torna-se um ganhador. Realiza atos heróicos não por
louvor, mas para aplicar sua energia criativa. Não precisa de
fama, aproveita o processo de criatividade e a oportunidade de
mudar algo neste mundo para melhor.
2. O filósofo torna-se um observador. Vê as conexões e relações
neste mundo que são incompreensíveis para os outros.
Encontra novas oportunidades e tem muitas ideias.
3. O motivador torna-se um um estrategista. Sabe bem como
realizar as idéias do observador.
É importante avaliar a situação de forma correta e genuína.
Perceber quando alguém está tentando manipulá-lo e não cair
no drama de um relacionamento desgastante. Não aceite o
papel que alguém quiser impor; aprenda a levantar-se e seguir
em frente quando perceber que algo está errado.
Você conhecia esses cenários do triângulo de Karpman? Acha
que está passando por isso? Sabe de alguém que precisa ler
esta matéria? Conte suas experiências para nós e não esqueça
de compartilhar com seus amigos e familiares!

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TRIÂNGULO DO DRAMA
O triângulo do drama de Stephen Karpman é um modelo de interações
humanas destrutivo que pode surgir em situações de conflito. No drama os
participantes assumem diferentes papéis, como vítima, perseguidor ou
salvador e se engajam num ciclo que se perpetua e não resolve os problemas
subjacentes. Nas palavras de Callahan (2007), “a única coisa que acontece no
triângulo do drama é que envelhecemos”.

A base do triângulo é a vítima, o papel mais poderoso. Uma boa vítima pode
fazer de qualquer um ou qualquer coisa um perseguidor. A (falsa) vítima se
diz incapaz de resolver seus próprios problemas e demanda que alguém
intervenha para apoiá-la, buscando um salvador. Ela também acusa uma
pessoa ou circunstância de ser responsável por colocá-la nesta situação, o
perseguidor (Emerald, 2009). Frases da vítima comuns são “pobre de mim” ou
ainda “não posso fazer nada”. A vítima não reconhece sua parcela de
responsabilidade na situação que vive atualmente, e por isso sente-se “vítima”.

Algumas vítimas atuam de maneira “aparentemente” responsável. Elas


parecem se comportar como adultos, porque fazem as suas tarefas, limpam a
casa, cumprem com suas responsabilidades. Mas no entanto isso parte de uma
motivação externa: querem mostrar para alguém (o perseguidor) que são
responsáveis, porque é “a coisa certa a se fazer” ou porque alguém mandou.
Essa situação, no entanto, não se sustenta porque a vítima se sente injustiçada
ou então se frustra quando não obtém o reconhecimento que espera. O
resultado é ela se tornar perseguidora em algum momento (Callahan, 2007).

O perseguidor assume uma atitude autoritária, agressiva e culpa a vítima pela


sua situação. Sua motivação oculta é que geralmente percebe na vítima algo
de si próprio, por isso assume essa atitude e oculta de si próprio sua
insegurança (Emerald, 2009). Ao culpar a vítima não precisa lidar com os seus
próprios problemas. A vítima e o perseguidor alternam os seus papéis
frequentemente, já que geralmente o perseguidor quando vê o seu próprio
comportamento autoritário se sente culpado e se vitimiza. A vítima também ao
ser oprimida sente vontade de se vingar e passa a perseguir a pessoa que antes
era seu perseguidor.

O salvador aparece como uma resposta à postura da vítima. Suas motivações


são nobres na superfície e ele oferece “ajuda” à vítima, geralmente esperando
algo em troca (reconhecimento, por exemplo). O salvador sente-se culpado se

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não ajuda a vítima e quando não obtém o que espera na relação tornar-se o
perseguidor.

Em primeiro momento parece que o papel do salvador é justificável (assim


como todos os papéis do drama), mas se analisarmos a fundo perceberemos
que ele parte da mesma premissa do perseguidor. Tanto o salvador quanto o
perseguidor avaliam que “estão bem”, enquanto que a vítima “não está bem”.
Essa é a assimetria do triângulo: a vítima está numa situação de inferioridade,
os outros dois papéis são superiores.

DISFUNÇÕES DO DRAMA
A grande ilusão do drama é que a situação vai mudar. Ele é baseado em uma
lógica de escassez, ou seja, os participantes acreditam que não há recursos
para todos, e portanto cada um tem que agir por si próprio (Callahan, 2007).
Nesse sentido, se assemelha ao modelo do “Controle Unilateral” do Roger
Schwarz que já abordamos no texto sobre manipulação.

O triângulo do drama de Karpman faz parte de uma área da psicologia


chamada *Análise Transacional*, que estuda os diferentes jogos psicológicos
que se desenrolam nas relações. O fundador da AT chama-se Eric Berne, e
também criou outra lente bastante conhecida, chamada de 3 modelos de
estados de ego – pai, adulto e criança natural ou adaptada.

Nenhum papel do triângulo do drama assume responsabilidade pelas suas


necessidades e sentimentos. Também não percebem sua contribuição para a
situação e utilizam a culpa para ocultar a si próprio. Nesse sentido essa

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dinâmica oculta mais do que revela, e por isso ela é tão ofensiva quando
consideramos o objetivo da facilitação.

Quando tomei contato com o triângulo pela primeira vez, entendi que era
necessário 3 pessoas para que a dinâmica se estabelecesse. Depois ficou mais
claro que 2 pessoas eram suficientes, dado que os papéis alternavam e que não
era necessário ter os 3 papéis simultaneamente, mas apenas as duplas vítima-
perseguidor ou vítima-salvador. Mais tarde então percebi que o mínimo
necessário não são 2 pessoas, mas 1 só. Ao prestar atenção nos meus conflitos
internos, eu mesmo posso por vezes me colocar no papel de vítima, e também
“salvar-me” com algum tipo de recompensa que me mantenha nesse lugar
irresponsável.

ATENÇÃO COM A FALÁCIA DOS MODELOS


O triângulo do drama, como qualquer outro modelo, é uma representação
incompleta e limitada da realidade. Por isso ele está sujeito a um mal uso, que
na minha perspectiva seria uma tentativa de diagnosticar e classificar as
pessoas, reduzindo elas aos papéis do drama. O ser humano é muito mais do
que um papel, a realidade (númeno) é muito mais do que qualquer tentativa de
compreendê-la (fenômeno). Leia sobre a falácia dos modelos para entender
mais.

EXEMPLOS
Numa reunião de um grupo que está experimentando autogestão, João traz
uma proposta para criar um acordo que dá exclusividade ao time dele sobre
relacionamento com instituições financeiras, o que implica que outros times
da organização terão que pedir permissão para ele antes de se relacionar com
estas organizações.

A facilitadora do grupo, Cristina, dá espaço para que os demais participantes


façam perguntas de esclarecimento e ofereçam sugestões ao João. Depois
disso, ela abre uma rodada de objeções, que na autogestão representam um
motivo pelo qual a proposta não é segura o suficiente para ser aprovada.

Paulo levanta uma objeção, dizendo que a forma como a proposta está escrita
causa confusão, sendo que ele não sabe ao certo que tipos de situação ele deve
pedir permissão para o time do João. Cristina relembra os critérios de
objeções válidas – um acordo do grupo – e Paulo conclui que sua objeção é
pertinente e que deverá seguir em frente para a etapa de integração (é um
momento em que Paulo deve sugerir uma contraproposta).

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Nessa hora a facilitadora se sente muito desconfortável, porque um conflito se
instalou no grupo e o clima está tenso. Ela fica preocupada com a exposição
que esse processo está gerando para o Paulo e decide intervir. Ela diz: talvez a
gente devesse tratar isso em outro momento… Já se passou 1h e existem
outras pautas para a reunião. Algumas pessoas se posicionam a favor de
continuar, outras contra. A facilitadora resolve então deixar de lado a proposta
e pede para João tratar por fora da reunião diretamente com Paulo. João fica
furioso que sua questão não foi tratada, Paulo sente-se frustrado por ter
interrompido o processo e ser o “culpado” por a proposta não seguir em
frente.

Eu estava nessa reunião observando a situação e minha leitura é a seguinte:

 Salvadora: Cristina ficou preocupada com a exposição do Paulo e para


salvá-lo não seguiu até o final da integração. Também se sentiu
constrangida e responsável pelo “climão” que o conflito revelou.
 Vítima: João sentiu-se exposto pelo processo (mencionou isso algumas
vezes). Talvez estivesse buscando algum tipo de proteção. Não sei se
ele se enxergava como vítima, mas certamente a Cristina estava vendo-
o dessa forma.
 Perseguidor: O grupo todo, e em alguns momentos específicos, o
próprio Paulo que levantou a objeção eram os vilões da história, que a
salvadora buscava combater para resgatar a vítima.

EVITANDO O DRAMA
Para evitar o drama é necessário tomar consciência de si próprio e reconhecer
suas necessidades e motivações. Quando enxergamos o outro como incapaz,
inferior ou superior a nós, também estamos engajando no drama e vivendo
uma situação desequilibrada. Por isso que a vítima está “abaixo” do
perseguidor e do salvador na representação gráfica do triângulo: justamente
para simbolizar essa assimetria na relação.

Depois que entramos em contato com o triângulo, é comum enquadrarmos as


pessoas nos papéis durante as inúmeras situações que vivemos no trabalho e
na vida pessoal. “Olha aí essa pessoa se comportando como vítima”. Com o
tempo me dei conta que se eu passasse a agir a partir desse julgamento sem
questioná-lo, eu mesmo entraria no drama. Quando enxergamos alguém como
vítima, incapaz de gerenciar sua própria vida, é muito provável que nos
tornemos o perseguidor ou salvador dessa pessoa.

Para mim dois passos são importantes para fugir do triângulo do drama:

Conexão: Para escapar dessa postura preciso sustentar uma perspectiva


positiva e empática com a pessoa que percebo inicialmente como vítima.
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Primeiro eu penso: Olha aí essa pessoa se comportando como vítima. No
instante seguinte já tento: Não, espera aí. Essa pessoa está apenas tentando
atender suas necessidades. Quando nos damos conta que todo o
comportamento disfuncional é apenas uma tentativa automática e desastrosa
de sair do drama, e que aquela pessoa está precisando de algo que nós também
já precisamos em algum momento (compreensão, afeto, escuta, aceitação,
etc), estabelecemos essa conexão.

Distinção: Depois que consigo me conectar com a pessoa que antes


classifiquei como vítima, eu posso também avaliar se a postura dela me causa
algum tipo de incômodo. Se sim, é possível que eu também tenha alguma
necessidade não atendida – algo que me falta na relação, talvez. Nessa hora eu
traço uma distinção entre o que eu preciso e o que ela precisa, o que é meu e o
que é dela. Feito isso é mais fácil eu perceber se tenho condições de oferecer
algum tipo de ajuda legítima a ela ou não.

Esse processo que acabei de descrever é exatamente o mesmo que utilizo na


facilitação para distinguir uma necessidade da outra e facilitar uma tensão de
cada vez.

TRIÂNGULO DA EMANCIPAÇÃO
Alguns autores propuseram soluções para o triângulo do drama. Há uma delas
que gosto bastante e inclusive recomendo a leitura do livro. Chama-se “The
Empowerment Dynamic”, que traduzo aqui como “triângulo da
emancipação”. Também se apresenta na forma de um triângulo e possui 3
papéis antagônicos ao drama, que resumo a seguir:

Criador (creator): Antagônico à vítima, o criador é uma pessoa que passa por
uma situação desafiadora, mas sustenta uma postura de
autorresponsabilização. O criador percebe que é também autor do seu próprio
momento (e da vida) e reconhece sua capacidade de criar o seu futuro a partir
do que percebe. O criador pode procurar apoio de um mentor ou desafiador
para isso.

Desafiador (challenger): Antagônico ao perseguidor, o desafiador provoca o


criador trazendo perspectivas novas e valiosas para os problemas que o
criador enfrenta, nem sempre confortáveis. Revela a verdade que enxerga nua
e crua, não com o objetivo de punir o criador, mas no sentido de fortalecê-lo e
provocá-lo. Difere do perseguidor porque tem consciência de si próprio e
oferece aquilo que acredita que verdadeiramente pode apoiar o criador no seu
percurso. Quando comparado ao questionador, sua tônica está mais
em revelar coisas do que perguntar.

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Questionador (coach): Antagônico do salvador, o mentor ajuda o criador a
partir de ricas explorações. Ele faz perguntas abertas que permitem o criador
obter mais clareza e explorar nuances das suas questões. Muitos terapeutas se
encaixam bem nesse papel. É diferente do desafiador, porque suas
intervenções estão mais concentradas em perguntar do que revelar coisas.

O triângulo da emancipação representa uma mudança sutil, porém


fundamental em relação ao drama. Acredito que conseguimos nos engajar nele
quando nos conectamos com o outro e distinguimos nossas necessidades,
como descrevi no bloco anterior.

COMO FACILITAR O DRAMA


Assumindo que a dinâmica dramática também se manifesta em interações de
times, como podemos facilitar esses momentos em que percebemos o
triângulo acontecer?

Escute e ofereça empatia: A conexão empática com as pessoas envolvidas no


drama é fundamental. Por isso, fazer perguntas de verificação, paráfrases e
revelar sentimentos e necessidades pode ser útil. No exemplo
anterior: Cristina, me parece que você ficou preocupada com o

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constrangimento que o processo pode estar gerando no Paulo e está
preferindo adiar essa decisão. É isso ou perdi algo?

Esclareça necessidades: No drama as tensões e necessidades das pessoas


estão misturadas, por isso distingui-las é fundamental. No exemplo
anterior: Cristina, parece que você está apreensiva em optar por um caminho
que não permita que outras pessoas possam tratar das suas questões nesta
reunião, certo? Paulo, vejo que você está frustrado com o caminho que a
Cristina escolheu porque gostaria que essa decisão fosse tomada hoje.

Quando trabalho com reuniões estruturadas e uma pauta dinâmica, sempre


inicio cada item da pauta perguntando: o que você precisa, fulano? Depois que
a pessoa fala, tento parafraseá-la, dizendo que tipo de interação parece que ela
espera do grupo naquele momento. Me parece que você gostaria de ouvir a
opinião das pessoas aqui sobre isso, certo? Ou ainda: Entendi que você quer
apenas comunicar isso e dar ciência para todos que podem te procurar caso
um problema aconteça. Caso a pessoa não tenha deixado isso claro,
pergunto: O que você espera das pessoas nesse grupo aqui e agora? Essa
estrutura de facilitação é uma forma de prevenir o drama e já elaboramos
melhor no texto sobre uma tensão de cada vez.

Localize o narrador na história: Quando alguém está engajando no triângulo


do drama, geralmente conta uma história como se não fosse participante dela.
É como se a pessoa vivesse um problema mas não conseguisse reconhecer que
esse problema é também dela. Uma forma de lidar com isso é fazer perguntas
que ajudem a “localizar o narrador na história”: Onde está você nessa história?
Como isso te afeta? O que é importante para você? Qual é o seu interesse?

Ajude a expressar pedidos: Perseguidores e vítimas costumam demandar


coisas dos outros, na forma de exigências ou pedidos velados. Uma exigência
é quando espero que o outro faça algo sem dar condições dele dizer não. Se eu
dissesse: “Paulo, você tem que sustentar a sua objeção até o final” estaria
fazendo uma exigência. Um pedido velado é quando uma pessoa espera que
alguém faça algo mas não nomeia isso (e portanto não se responsabiliza).
Típico das vítimas. Seria bom se tratássemos essa objeção depois… Uma
forma de tornar o pedido velado é coletivizando ele, como acontece no
fenômeno a-gente-tem-que. Ao ouvir exigências ou pedidos velados, tente
traduzi-los como pedidos. Estou entendendo que você gostaria que o Paulo
sustentasse a objeção dele até o final, correto? Paulo, como é isso para
você? Quando você diz que seria bom se tratássemos essa objeção depois,
isso é uma sugestão para a facilitadora ou outra coisa?

CONCLUSÃO

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Lidar com drama começa por reconhecermos quando ele acontece,
especialmente com nós mesmos. Ao conseguirmos estabelecer essas
distinções, entre eu e o outro, os diferentes atos de fala de uma conversa, as
necessidades envolvidas, exigências e pedidos velados, podemos ajudar os
outros a também enxergá-las. E quando todos enxergam, torna-se mais fácil e
desejável uma intervenção, propor por exemplo tratar um ponto de cada vez,
assumir a responsabilidade pelos nossos atos, ter conversas difíceis, etc. E isso
já é um aumento da capacidade do grupo de perceber e responder, que é o
grande objetivo da facilitação.

REFERÊNCIAS
EMERALD, David. The Power of TED (The Empowerment Dynamic).
Polaris Publishing Group, 2009.

CALLAHAN, Clinton. Radiant Joy, Brilliant Love: Secrets for Creating


an Extraordinary Life and Profound Intimacy with Your Partner. Hohm
Press, 2007.

https://targetteal.com/pt/blog/facilitando-o-drama/

As três faces da Vítima -


Uma visão geral sobre o
Triângulo da Vítima
PERSEGUIDOR: NEGANDO SUAS VULNERABILIDADES
SALVADOR: NEGANDO SUAS NECESSIDADES
VÍTIMA: NEGANDO SUAS CAPACIDADES
Quer saibamos ou não, a maioria de nós reage à vida como Vítima. Sempre que
nos recusamos a assumir responsabilidade por nós mesmos, nós
estamos inconscientemente escolhendo ser Vítimas. Isso inevitavelmente cria
sentimentos de raiva, medo, culpa ou inadequação e nos faz sentir traídos e injustiçados.
A Vitimização foi lindamente descrita em um diagrama desenvolvido por um respeitado
psiquiatra e professor de Análise Transacional chamado Stephen Karpman. Ele chamou
o diagrama de “Triângulo Dramático, e eu chamo de "Triângulo da Vítima”. Tendo
descoberto essa teoria a mais de trinta anos, ela se tornou uma das mais importantes
ferramentas em minha vida pessoal e profissional.
Quanto mais eu ensino e aplico o Triângulo da Vítima nos relacionamentos, mais cresce
a minha profunda admiração por este instrumento poderosamente acurado, ainda que
simples.

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Às vezes eu chamo o Triângulo da Vítima de “máquina da culpa”, pois através
dela inconscientemente reencenamos temas dolorosos da vida que criam vergonha.
Isso tem o efeito de reforçar crenças antigas e dolorosas que nos mantêm presos em uma
versão limitada da realidade.
Acredito que toda interação disfuncional, seja nos relacionando com os outros ou
conosco mesmo, acontece dentro do Triângulo Dramático. Mas até que
nos conscientizemos dessas dinâmicas, não conseguimos transformá-las. E até que
as transformemos, não conseguimos seguir em frente em nossa jornada
reivindicando nosso bem estar emocional, mental e espiritual.
Os três papéis no Triângulo Dramático são Perseguidor, Salvador e Vítima. Karpman
colocou esses três papéis em um triângulo invertido e os descreveu como sendo os três
aspectos ou faces da Vítima.
Não importa onde comecemos no Triângulo Dramático, o papel de Vítima é onde
nós sempre terminamos, portanto não importa qual o papel que estamos
interpretando no triângulo, estamos sempre em Vitimização. Se estamos no triângulo,
estamos vivendo como vítimas, pura e simplesmente!

Cada um de nós tem um papel que prefere ou lhe é mais familiar, que chamo de porta de
entrada ou posição inicial. Esse é a "posição" onde geralmente entramos no triângulo.
Nós aprendemos nossa posição inicial em nossa família de origem.
Apesar de cada um de nós ter um papel com o qual mais nos identificamos, nós também
atuamos em outros papéis, rodando o triângulo, por vezes em questão de minutos, ou até
mesmo segundos, várias vezes por dia.
Os que entram inicialmente no papel de Salvador vêem a si mesmos como “ajudantes
(helpers)” e “cuidadores”. Eles precisam de alguém para Salvar (Vítima) para
se sentirem vitais e importantes. É difícil para os Salvadores reconhecer-se
como estando em posição de Vítima - afinal, são eles que têm as respostas.
Os que entram inicialmente no papel de Perseguidor, por outro lado, identificam-se
principalmente como Vítimas. Eles geralmente estão em completa negação sobre suas

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táticas de acusação (culpar os outros). Quando é apontado para eles, eles argumentam
que o ataque é justificado e necessário para a autoproteção. Esses dois - o Salvador e o
Perseguidor - são os dois extremos opostos da Vítima. Mas, novamente,
independentemente de onde começamos no triângulo, todos os papéis acabam sendo
vítimas. É inevitável.
Você pode perceber que tanto o Perseguidor quanto o Salvador estão nos
vértices superiores do triângulo. Esses papéis assumem uma posição de “superioridade”
em relação aos outros, o que significa que eles se relacionam como se fossem melhores,
mais fortes, mais inteligentes do que a Vítima. Mais cedo ou mais tarde, a vítima, que
está na posição mais baixa na base do triângulo, desenvolve uma "torcicolo no pescoço"
(metaforicamente falando), sempre olhando para cima.
Sentindo-se “menosprezado” ou “menos do que” os outros, a Vítima
constrói ressentimento e, mais cedo ou mais tarde, a retaliação acontece. Uma
progressão natural da Vítima para o Perseguidor segue. Isso geralmente move o
Perseguidor ou o Salvador para a posição de Vítima. Lembrando um "jogo-das-
cadeiras" sem música, todos os jogadores mais cedo ou mais tarde mudam de posição.
Um exemplo: Um Pai chega em casa e encontra a mãe Perseguindo Júnior,
com ameaças como: “Arrume esse quarto ou…”. Ele imediatamente vem para Salvar:
“Mãe, pegue leve com o garoto. Ele ficou na escola o dia todo”.
Muitas possibilidades poderiam seguir este cenário. Talvez a mãe, se
sentindo vitimizada pelo pai, se vira contra ele. Nesse caso, o pai se moveu de
Salvador para Vítima. Eles poderiam dar algumas voltas no triângulo tendo Júnior
como coadjuvante.
Ou talvez Júnior se junte ao pai, em uma Perseguição: “Vamos ficar contra a Mamãe!”,
e então eles criariam o triângulo em outro ângulo, ou Júnior poderia se virar contra o
pai, Salvando a mãe: “Fica na sua pai, eu não preciso da sua ajuda!”. E assim vai, com
inúmeras possibilidades, mas sempre dando a volta no triângulo. Para muitas famílias,
esta é a única forma através da qual conseguem se comunicar.
Nossa posição inicial no triângulo da vítima não é apenas onde mais frequentemente
entramos no triângulo, mas também o papel pelo qual realmente nos definimos. Torna-
se uma parte importante da nossa identidade. Cada posição inicial tem sua própria
maneira particular de ver e reagir ao mundo. Todos nós temos crenças fundamentais
inconscientes adquiridas na infância, derivadas de nossa interpretação dos primeiros
encontros familiares. Estes se tornam “temas da vida” que nos predispõem à seleção
inconsciente de uma determinada posição inicial no triângulo.
A mãe de Sally era fisicamente deficiente e viciada em remédios controlados.
Da memória mais antiga de Sally, ela relatou sentir-se responsável por sua mãe. Em vez
de receber cuidados apropriados de uma mãe que deveria estar preocupada com
seu bem-estar, ela se tornou a “pequena mãe” de uma mãe que fazia o papel de
uma criança indefesa. Este cenário de infância colocou Sally com um “roteiro de vida”
que a predispôs a se tornar uma Salvadora. Cuidar dos outros se tornou seu principal
meio de se relacionar com os outros.
Os Salvadores, como Sally, têm uma crença inconsciente que pode ser algo
assim; “Minhas necessidades não são importantes ... só sou valorizado pelo que
posso fazer pelos outros.” É claro que acreditar nessas idéias exige que ela tenha alguém

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em sua vida que possa resgatar (uma vítima). De que outra forma alguém como Sally
sentirá que tem algum valor?
Sally nunca admitiria ser uma vítima, porque em sua mente ela é quem deve ter
as respostas. No entanto, ela, de fato, gira através do Triângulo da vítima regularmente.
Um Salvador no papel de vítima torna-se um mártir, reclamando em voz alta: "Depois
de tudo que fiz por você ... este é o agradecimento que recebo!"
Os Perseguidores, por outro lado, vêem a si mesmos como vítimas que precisam de
proteção. É assim que eles podem tão facilmente justificar seu comportamento vingativo
... "Eles pediram e conseguiram o que mereciam". É assim que eles vêem. Sua crença
central pode ser algo assim; "O mundo é perigoso, as pessoas não podem ser confiáveis,
então eu preciso pegá-las antes que elas me machuquem." Essa atitude as leva a pensar
que elas devem atacar a fim de defender-se contra ataques inevitáveis.
Considerando que um Salvador pode assumir o papel de Perseguidor retirando o
seu cuidado, ("É isso - eu não estou fazendo mais nada por você!") Um
Perseguidor "salva" de uma maneira que é quase tão dolorosa quanto quando ele
persegue.
Bob é um médico que muitas vezes justifica ferir os outros. O ataque era o seu principal
meio de lidar com a inconveniência, a frustração ou a dor. Uma vez, por exemplo, ele
mencionou ter encontrado um paciente dele no campo de golfe. Nosso diálogo foi algo
assim;
"Lynne, você acredita que o paciente teve a coragem de me pedir para tratar seu joelho
ruim, ali mesmo, no meu único dia de folga?"
"Sim", respondi, "algumas pessoas simplesmente não têm limites apropriados.
Como você lidou com isto?"
"Oh, eu dei a ele um tratamento, tudo bem", ele riu, "eu o levei para o meu escritório e
lhe dei um tiro de esteróide que ele nunca esquecerá!
Em outras palavras, Bob Salvou seu paciente imprudente, mas de uma maneira que o
“puniu” por ousar ser tão ousado. Para Bob, sua ação parecia racional, até justificada.
Seu paciente havia infringido seu tempo livre, portanto, acreditava ele, seu paciente
merecia o tratamento rude que ele recebia. Este é um excelente exemplo do pensamento
do Perseguidor. Bob não percebeu que ele poderia ter recusado o pedido de tratamento
de seu paciente. Ele não precisava se sentir vitimado, nem precisava Salvar seu
paciente. A definição de limites nunca ocorreu a Bob como uma opção. Em sua mente,
ele havia sido tratado injustamente e, portanto, ele tinha o direito, até mesmo a
obrigação, de se vingar.
As vítimas também têm crenças fundamentais que as preparam para a sua
posição inicial no triângulo. Vítimas acreditam que não podem cuidar de si mesmas.
Eles se veem consistentemente incapazes de lidar com a vida. Eles até "salvam" de
uma posição inferior, dizendo coisas ao seu potencial Salvador como "Você é o
único que pode me ajudar". Estas são palavras que qualquer Salvador deseja ouvir!
Posições iniciais são geralmente configuradas na infância. Por exemplo, se um pai ou
mãe não pediu aos seus filhos que se responsabilizassem por coisas que
eram apropriadas à sua idade, eles podem se tornar adultos que se sentem
inadequados para cuidar de si mesmos (Vítima) ou se tornarem adultos ressentidos que

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culpam os outros quando não cuidam dele da maneira que eles acham que deveriam ser.
(um papel de perseguidor). De qualquer forma, eles são criados para a vida inteira no
triângulo da vítima.
Existem muitas variações e cada caso precisa ser considerado individualmente. Nós não
somente atuamos nesses papéis triangularmente distorcidos em nossas relações diárias
com outras pessoas, mas também internamente. Nós nos movemos em torno do
triângulo tão rapidamente dentro de nossas próprias mentes como fazemos no mundo
exterior. Nos enredamos no triângulo com um diálogo interno desonesto e disfuncional.
Por exemplo, podemos nos perseguir por não termos concluído um projeto. Talvez nos
enxerguemos como sendo preguiçosos, inadequados ou defeituosos, causando uma
espiral de sentimentos de raiva e auto-desvalorização. Internamente, ficamos
acovardados por esta voz perseguidora, com medo de que ela esteja realmente certa.
Finalmente, quando não aguentamos mais, nos retiramos nos justificando, minimizando
ou cedendo a alguma forma de fuga. É assim que nos salvamos. Isso pode durar
minutos, horas ou dias.
Às vezes, salvamos a nós mesmos e aos outros, negando o que sabemos - mais
ou menos como; “Se eu olhar para o outro lado e fingir não notar, ele irá embora”. A
negação ou o drama interior de qualquer tipo perpetua um ciclo vicioso de vergonha e
auto-aversão. Movimentar-se pelo triângulo mantém as mensagens auto-depreciativas
em execução. O triângulo da vítima se torna nossa própria máquina de fazer vergonha.
Cabe a nós aprender como desligar essa máquina mental barulhenta.
Não podemos sair do triângulo até reconhecermos que estamos nele. Uma vez que
o tornamos consciente, observamos nossas interações com os outros como uma
maneira de identificar nossa própria posição inicial. Fazemos perguntas como: “O que
me prende? De onde eu entro no triângulo uma vez que fui fisgado? Nós começamos
a treinar nosso Observador Interno para notar, sem julgamento, nossas conversas com
entes queridos, especialmente aqueles momentos mais“ pegajosos ”(onde nós pisamos
em cascas de ovos).
É útil saber quais são os custos e as compensações para cada uma das três funções. Cada
papel tem sua própria linguagem, crenças e comportamento - é benéfico conhecê-los.
Isso nos ajuda a identificar quando estamos no triângulo. Estudar os papéis também
promove um reconhecimento mais rápido de quando estamos sendo atraídos para jogar.
Com tudo isso em mente, vamos examinar cada papel com mais cuidado.
Salvador
O Salvador pode ser descrito como o princípio da sombra maternal. Em vez de uma
expressão apropriada de apoio e carinho, o Salvador tende a “sufocar”, controlar e
manipular os outros - “para seu próprio bem”, é claro. Deles é uma compreensão
equivocada do que é encorajar, capacitar e proteger.
Um salvador é o clássico co-dependente. O Salvador tende a ser
capacitante, excessivamente protetor - aquele que quer “consertar” os problemas.
"Salvar" é um vício que vem de uma necessidade inconsciente de se sentir valorizado.
Não há melhor maneira de se sentir importante do que ser um Salvador! Cuidar dos
outros pode ser o melhor plano para o Salvador se sentir valorizado.
Os Salvadores geralmente crescem em famílias onde suas necessidades de dependência
não são reconhecidas. É um fato psicológico que nos tratamos da maneira como fomos
tratados quando crianças. O recém-nascido Salvador cresce em um ambiente onde suas

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necessidades são negadas e, assim, tendem a se tratar com o mesmo grau de negligência
que sentiram quando crianças. Sem permissão para cuidar de si mesmos, suas
necessidades são deixadas de lado e eles se empenham em cuidar dos outros.
Um Salvador geralmente obtém grande satisfação ao se identificar com seu papel de
cuidador. Eles geralmente têm orgulho quando são “úteis” e "consertadores”. Muitas
vezes eles são aclamados socialmente, até mesmo recompensados, pelo que pode ser
visto como “atos altruístas” de cuidado. Eles acreditam em sua bondade como
Salvadores e se vêem como heróis.
Por trás disso tudo está uma crença mágica que, em voz alta, pode soar como: "Se eu
cuidar deles por tempo suficiente, então, mais cedo ou mais tarde, eles cuidarão de mim
também". Mas, como já aprendemos, isso raramente acontece. Quando resgatamos os
necessitados, não podemos esperar nada de volta. Eles nem conseguem se cuidar -
muito menos estar lá para nós!
Muitas vezes a decepção resultante conduz o Salvador a uma espiral de depressão. Eles
não conseguem ver que eles mesmos estão indo direto para a posição de vítima através
de suas respostas capacitadoras e incapacitantes. Tendo negado as conseqüências
malévolas do "salvamento", esses “benfeitores” acham muito difícil ver a si mesmos
como vítimas, mesmo quando se queixam do quanto são maltratados! Mártir é o que um
Salvador se transforma quando ele se move para a posição de vítima no triângulo.
Sentir-se usado, traído e sem esperança são sentimentos marcantes da fase de vítima da
dança de um Salvador ao redor do triângulo. Frases comuns para o Salvador martirizado
são; “Depois de tudo o que fiz por você, este é o agradecimento que recebo?” Ou “Não
importa o quanto eu faça, nunca é suficiente”; ou, "Se você me amasse, não me trataria
assim!"
O maior medo de um Salvador é que eles acabem sozinhos. Eles acreditam que
seu valor vem do quanto eles fazem pelos outros. É difícil para eles ver o seu valor além
do que eles têm a oferecer na forma de “coisas” ou “serviço”. Os
Salvadores inconscientemente encorajam a dependência porque acreditam: “Se você
precisar de mim, não vai me deixar”. Tornar-se indispensável para evitar o abandono.
Os Salvadores estão alheios à dependência incapacitante que eles fomentam. Eles não
estão cientes das mensagens debilitantes que enviam através de sua interação permissiva
com os outros. Quanto mais eles salvam, menos a auto-responsabilidade é assumida por
aqueles que eles salvam ... Quanto menos responsabilidade os que ele salva assumem,
mais eles salvam ... é uma espiral descendente que muitas vezes termina em desastre.
Uma mãe Salvadora de dois filhos adolescentes fora de controle a descreveu bem. Ela
disse: “Eu achei que o meu papel como uma boa mãe era garantir que meus filhos
fossem educados - eu pensei que deveria ter certeza de que eles fizeram a coisa certa.
Porque eu acreditava que eu era responsável pelas escolhas que eles faziam, eu disse a
eles o que fazer e constantemente tentei controlar o comportamento deles ”.
Deveria ela se surpreender, então, que seus filhos culpem todos ao seu redor pelas
consequências dolorosas que experimentam como resultado de suas próprias más
escolhas? Como ela, eles aprenderam a pensar que o comportamento deles
é responsabilidade dela, não deles. Suas tentativas incessantes e fúteis de controlá-los
causam uma batalha constante entre eles, facilitando aos rapazes culpar a mãe pelos
problemas criados por sua própria irresponsabilidade. Por sua própria necessidade de ser

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vista como uma “boa mãe”, essa mãe co-dependente inconscientemente ensinou seus
filhos a se verem como vítimas infelizes cuja infelicidade sempre foi culpa de alguém.
Há uma boa possibilidade de que pelo menos um desses garotos se torne um
Perseguidor. Certamente a configuração está em vigor para que isso aconteça.
Esta mãe, como é frequentemente o caso, estava convencida de que seus filhos eram
incapazes de fazer boas escolhas. Ela tinha uma longa lista de evidências para respaldar
suas preocupações. Essa evidência acumulada justificava sua “obrigação” de controlar
as escolhas de seus filhos. Mas, como eram adolescentes, ela não podia mais forçar a
obediência deles como podia quando eram mais jovens. Inevitavelmente, ela acabaria se
sentindo impotente, inadequada e como um fracasso como mãe (posição de vítima). Ela
iria ceder às suas demandas ou "persegui-los" por não obedecer. De qualquer forma, ela
(e eles) se sentiam mal. Então viria a culpa ou o remorso que a motivariam a tentar
"consertar” mais uma vez. E ela se encontra de volta em sua posição original
no Salvador para o ciclo começar de novo.
Nós conhecemos Sally mais cedo, que cresceu vendo sua mãe como fraca, impotente e
ineficaz. Desde cedo, ela sentiu uma grande responsabilidade em cuidar de sua mãe
frágil e dependente de drogas. Seu próprio bem dependia disso! Com o passar dos anos,
no entanto, ela mal podia conter a raiva interior que sentia em relação à mãe por ser tão
carente e fraca. Como um Salvadora, ela faria tudo o que pudesse para sustentar sua
mãe, apenas para sair de novo e de novo, sentindo-se derrotada (vítima) porque nada do
que ela tentava funcionava.
Inevitavelmente, o ressentimento tomaria o controle, levando-a a recorrer ao desprezo
da mãe (perseguidora). Isso se tornou seu principal padrão interativo, não apenas com
sua mãe, mas também com seus outros relacionamentos. No momento em que nos
conhecemos, ela estava emocionalmente, fisicamente e espiritualmente exausta por ter
passado a vida cuidando de uma pessoa doente e dependente após a outra.
Torna-se o trabalho do Salvador manter os outros apoiados - “para seu próprio bem”, é
claro. Ter uma Vítima é essencial para que o Salvador mantenha a ilusão de ser superior
e independente. Isso significa, então, que sempre haverá pelo menos uma pessoa na vida
de cada Salvador que esteja perturbada, doente, frágil, inapta e, portanto, dependente
dele. Se a principal vítima do Salvador começar a assumir a responsabilidade por si, o
Salvador terá que encontrar uma nova vítima ou resolver suas próprias necessidades
sombrias.
Independentemente das circunstâncias da pessoa que o Salvador se sente compelido a
resgatar - não importa o quanto a vítima precise de ajuda, o resgate só pode levar a um
único lugar - a vítima. Se você é um Salvador, isso não significa que você não possa ser
amoroso, generoso e bondoso. É certamente possível ser útil e solidário sem ser um
Salvador. Há uma diferença distinta entre ser verdadeiramente útil e resgatar.
Ajudantes autênticos agem sem expectativas de reciprocidade. Eles capacitam em vez
de incapacitar aqueles a quem servem. O que eles fazem será feito para incentivar a
auto-responsabilidade, ao invés de promover a dependência. Os verdadeiros defensores
acreditam que o outro pode lidar com seu próprio problema. Eles acreditam que todo
mundo tem o direito de cometer erros e aprender através de conseqüências difíceis. Eles
confiam que o outro tem o que é necessário para seguir através de tempos difíceis, sem
que eles, como Salvadores, precisem “salvá-los”.

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Os Salvadores, por outro lado, não se responsabilizam por si mesmos. Em vez disso,
eles fazem pelos outros em uma tentativa de obter validação ou se sentirem importantes
ou como uma forma de promover a dependência.
Perseguidor
Como os outros papéis, o Perseguidor é baseado em vergonha. Este papel é mais
frequentemente assumido por alguém que sofreu abusos mentais e/ou físicos durante a
infância. Como resultado, muitas vezes eles secretamente fervilham dentro de uma ira
baseada na vergonha que acaba conduzindo a vida deles. Os Perseguidores, por questão
de sobrevivência, reprimem sentimentos profundos de inutilidade; eles escondem sua
dor por trás de uma fachada de ira indignada e indiferença descuidada. Eles podem
optar por imitar seus abusadores primários da infância, preferindo se identificar com
aqueles que vêem como tendo poder e força - em vez de se tornarem os “perdedores
perdidos” no final da vida. Os Perseguidores tendem a adotar uma atitude que diz; “O
mundo é duro e malvado… só os implacáveis sobrevivem. Eu serei um desses. ”Em
outras palavras, eles se tornam perpetradores. Eles se “protegem” usando métodos
autoritários, controladores e punitivos.
Da mesma forma que o Salvador é o princípio da sombra maternal, o Perseguidor é o
princípio da sombra paternal”. O trabalho de um pai saudável é proteger e sustentar sua
família. Em vez de fornecer orientação e incentivo, o Perseguidor tenta “reformar” e
disciplinar os que o rodeiam usando manipulação e força bruta.
O Perseguidor supera os sentimentos de desamparo e vergonha ao subjulgar os outros.
A dominação se torna o estilo de interação mais predominante. Isso significa que eles
devem estar sempre certos! Seus métodos incluem intimidação, pregação, ameaças,
culpas, repreensão, interrogatórios e ataques diretos. Eles acreditam em ficar ainda,
muitas vezes através de atos agressivos. Assim como o Salvador precisa de alguém para
consertar, o Perseguidor precisa de alguém para culpar. Os Perseguidores negam sua
vulnerabilidade da mesma forma que os Salvadores negam suas necessidades. Seu
maior medo é a impotência. Porque eles julgam e negam sua própria inadequação, medo
e vulnerabilidade, eles precisarão de algum outro lugar para projetar esses sentimentos
renegados. Em outras palavras, eles precisam de uma vítima. Eles precisam de alguém
que eles percebam como fraco para provar a si mesmos que sua própria história
dolorosamente destrutiva sobre o mundo é verdadeira. Tanto Salvadores quanto
Perseguidores inconscientemente “precisam” de uma Vítima para sustentar sua ideia de
quem eles são e como é o mundo.
O Perseguidor também tende a compensar os sentimentos internos de inutilidade,
demonstrando ares grandiosos. Grandiosidade inevitavelmente vem da vergonha. É uma
compensação e camuflagem de uma profunda inferioridade. Superioridade é a tentativa
de se mover para o outro lado de "menos que" para parecer "melhor que".
É mais difícil para alguém no papel de Perseguidor assumir a responsabilidade pela
forma como feriu os outros. Na sua opinião, outros merecem o que recebem. Esses
indivíduos em guerra tendem a ver a si mesmos como tendo que lutar constantemente
pela sobrevivência. Deles é uma luta constante para se proteger no que eles percebem
como um mundo hostil.
Joseph era de uma família importante e rica. Seus pais se divorciaram e seu
pai era bravo, distante e usava seu dinheiro para controlar os outros. Sua mãe era uma
alcoólatra que trazia para casa homens que abusavam dela e de Joseph durante todo o

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seu período pré-adolescente e adolescente. Ele aprendeu desde cedo que sua única
chance de sobrevivência era lutar. Joseph atravessou a vida da mesma forma que um
touro enfurecido com uma bandarilha. Ele construiu sua vida para que sempre houvesse
um inimigo que precisasse ser combatido.
Para os que viam de fora, Joseph exibia uma personalidade de “eu não dou a mínima” -
ele estava sempre pronto para jogar ou assumir riscos descuidados com sua saúde. Mas
por dentro, ele era amargo e infeliz. Ele compartilhou comigo como se sentia exausto
pela crença de que precisava manter uma vigilância constante; ele sentia uma
necessidade desesperada de manter um olhar atento para aqueles que queriam machucá-
lo ou seus entes queridos.
Joseph estava constantemente envolvido em batalhas judiciais e até mesmo intensas
brigas físicas. Ele estava sempre tendo que sair de um "arranhão" após o outro. Para seu
modo de pensar, essas ocorrências sempre foram culpa de alguém. Ele não podia resistir
ao que ele achava ser uma retaliação justificável. "Eu não posso deixá-los escapar
disso!" Era sua resposta mais comum.
Joseph se via como alguém que não recebeu a proteção que merecia. Essa crença
justificava fazer justiça com suas próprias mãos. Pelo menos é assim que ele via. Ele
não confiava em ninguém. Nem mesmo seus pais eram confiáveis, então, de quem ele
poderia depender? Essa atitude levou-o a estar em constante modo de defesa. Ele tinha
que estar pronto para o próximo ataque.
Joseph é um exemplo de um clássico Perseguidor. É fácil pensar que os perseguidores
são pessoas "más". Eles não são. Eles são simplesmente indivíduos feridos que vêem o
mundo como perigoso. Isso requer que eles estejam sempre prontos para revidar. Eles
vivem em constante reação defensiva.
É sempre difícil para os Perseguidores se perceberem como perseguidores. É muito
mais fácil justificar a necessidade de perseguição (identificando-se assim com a vítima)
do que assumir o papel de opressor. O ciclo do Perseguidor é algo parecido com: “Eu
estava apenas tentando ajudar (Salvador), e eles se voltaram contra mim (Vítima), então
eu tive que me defender revidando (Perseguidor).”
Pode parecer muito ameaçador para alguém preso na consciência do Perseguidor ser
realmente honesto consigo mesmo. Fazer isso parece culpar a si mesmo, o que apenas
intensifica sua condenação interna. O Perseguidor precisa ter uma situação ou pessoa
que possa culpar para que possa ficar com raiva. A raiva, para um Perseguidor, pode
agir como um combustível dentro da psique para energizá-los. Pode ser a única maneira
de lidar com a depressão crônica. Os Perseguidores freqüentemente precisam de um
choque de raiva da mesma forma que outras pessoas dependem de uma dose de cafeína.
Ele inicia seu dia e fornece a energia necessária para mantê-los em pé.
Assim como com os outros papéis, para o Perseguidor assumir as conseqüências de suas
escolhas é a única forma de sair do Triângulo. É necessário que haja um grande impacto
pessoal para que eles passem a desejar fazer a sua parte. Infelizmente, por conta de sua
enorme relutância em fazê-lo, pode ser necessário que isto aconteça na forma de uma
grande crise..
Ironicamente, a saída principal do triângulo para todos os envolvidos é através da
posição de Perseguidor. Isso não significa que nos tornaremos eternos Perseguidores.
Isso significa, no entanto, que uma vez que decidimos sair do triângulo, provavelmente

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haverá quem nos veja como Perseguidores. ("Como você pode fazer isso comigo?")
Uma vez que decidimos nos auto-responsabilizar e dizer a nossa verdade, aqueles que
ainda estão no triângulo provavelmente nos acusarão de vitimizá-los. "Como você ousa
se recusar a cuidar de mim", uma vítima pode chorar. Ou “O que você quer dizer com
você não precisa da minha ajuda?”, um Salvador pode dizer quando sua vítima decide
cuidar de si mesma. Em outras palavras, para escapar da vitimização, devemos estar
dispostos a ser percebidos como o “vilão”. Isso não significa que seja assim, mas
devemos estar dispostos a ficar com o desconforto de sermos percebidos como tal.
Vítima
O papel de Vítima também tem um aspecto sombrio. É a sombra ferida de nossa criança
interior; aquela parte de nós que é inocente, vulnerável e carente. Esse self infantil
precisa de apoio de vez em quando - isso é natural. É só quando nos convencemos de
que não podemos cuidar de nós mesmos, que nos movemos para a Vítima. Acreditar
que somos frágeis, impotentes ou com defeito nos mantém carentes de um Salvador.
Isso nos relega a uma vida inteira de dependência incapacitante em nossos
relacionamentos.
A Vítima aceitou uma definição de si mesma como sendo intrinsecamente danificada e
incapaz. A Vítima projeta uma atitude de ser fraca, frágil ou pouco inteligente;
basicamente, "Eu não posso fazer isso sozinho". O maior medo deles é que eles não
consigam. Essa ansiedade os obriga a estar sempre à procura de alguém mais forte ou
mais capaz de cuidar deles.
A Vítima nega tanto a capacidade de resolver problemas quanto o potencial de gerar
energia própria. Em vez disso, eles tendem a ver a si mesmos como ineptos em lidar
com a vida. Sentindo-se derrotado, dependente, maltratado, intrinsecamente defeituoso
ou "errado", eles se vêem como quebrados e inconcertáveis. Isso não impede que se
sintam altamente ressentidos com aqueles de quem dependem. Por mais que insistam
em ser atendidos por seus principais Salvadores ... eles, no entanto, não gostam de ser
lembrados de sua inadequação.
A única coisa que um Salvador procura (validação e apreciação) é a coisa que as vítimas
mais se ressentem de dar porque é um lembrete para elas de suas próprias deficiências.
Em vez disso, eles se ressentem da ajuda que é dada. As Vítimas acabam se cansando de
estar em posição inferior e começam a encontrar maneiras de se sentirem iguais.
Infelizmente isso geralmente envolve alguma forma de "se vingar".
Para uma Vítima, se mover no Triângulo Dramático para o papel de Perseguidor
geralmente significa sabotar os esforços feitos para Salvá-la, muitas vezes através de
comportamento passivo-agressivo. Por exemplo, eles são habilidosos em jogar um jogo
chamado "Sim, mas ..."
Funciona assim…
O Salvador da Vítima oferece uma sugestão útil para alguma reclamação ou problema
expresso pela Vítima. A Vítima imediatamente responde à sugestão ouvida com um
"Sim, mas isso não vai funcionar porque ...". A Vítima então prossegue com um “sim,
mas” para qualquer e todas as sugestões, conforme o Salvador tenta, em vão, chegar a
uma solução. A Vítima está determinada a provar que seu problema é
insolúvel, derrotando assim o Salvador e deixando-o sentir-se tão impotente
quanto a Vítima sempre se sente. Eles também podem recorrer ao papel de Perseguidor
como forma de culpar ou manipular os outros para que tomem conta deles.

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Convencidas de sua incompetência intrínseca, as Vítimas vivem em uma espiral
perpétua de vergonha, frequentemente levando ao auto-abuso. O abuso de drogas, álcool
e comida, bem como o jogo e gastos descontrolados são apenas alguns dos
comportamentos auto-destrutivos praticados pela Vítima. A Vítima se comporta de
forma muito parecida com o personagem Pig-Pen do desenho Charlie Brown em seu
redemoinho de poeira, exceto que as Vítimas vivem em um turbilhão de vergonha que
elas mesmas criaram. Essa nuvem de defeitos se torna sua identidade total.
Linda era a segunda filha de sua família. Desde o nascimento, ela teve problemas. Linda
era uma criança que estava sempre em apuros de um tipo ou outro. Ela tinha
dificuldades de aprendizado, era problemática e muitas vezes doente. Não foi surpresa
para ninguém quando ela adolescente se envolveu com drogas. Sua mãe, Stella, era uma
Salvadora obstinada. Convencida da inépcia de Linda e achando que estava sendo
prestativa, Stella Salvou Linda todas as vezes que teve problemas. Constantemente
aliviando as consequências naturais das escolhas de Linda, a postura zelosa e e
permissiva de Stella privou Linda da oportunidade de aprender com seus erros. Como
resultado, Linda se viu cada vez mais incompetente e se tornou mais dependente dos
outros. O bem-intencionado resgate de sua mãe enviou uma mensagem incapacitante
que promovia uma postura vitalícia da Vítima para Linda.
Como as Vítimas são geralmente identificadas como problema em sua família, é natural
que a família procure primeiro ajuda profissional externa. Muitas vezes as Vítimas são
arrastadas para sua primeira sessão de aconselhamento por membros angustiados da
família. As Vítimas tendem a estar sempre em busca de mais um Salvador, e o Salvador
é abundante entre os profissionais que ajudam. Nesse caso, o profissional pode ficar
inadvertidamente viciado no triângulo com uma Vítima experiente e muito convincente.
Isso significa que o problema real nunca é abordado.
Aqueles que desempenham papéis primários de Vítima devem aprender a assumir
responsabilidade por si mesmos e a iniciar o autocuidado, em vez de buscar um
Salvador fora de si. Eles devem desafiar a crença arraigada de que não podem cuidar de
si mesmos se quiserem escapar do triângulo. Em vez de se verem impotentes, devem
reconhecer sua resolução de problemas e suas capacidades de liderança.
Pois é verdade que não importa quem tente “nos salvar”, como uma Vítima - não
importa quanto dinheiro eles dêem ou quão sinceras as intenções de “fazer melhor”
possam ser, desempenhar o papel de vítima sempre leva a apenas um lugar - direto de
volta para a vítima. É um ciclo interminável de sentimentos de derrota e inutilidade.
Não há escapatória a não ser assumir total responsabilidade por nossos próprios
sentimentos, pensamentos e reações.
Crenças de cada uma das 3 posições iniciais
Cada posição inicial tem um “script” feito sob medida para sua dança particular ao redor
do triângulo. Esses “scripts” consistem em um conjunto particular de crenças através
das quais o mundo e nós mesmos somos vistos.
A história do Salvador
Os Salvadores acreditam que suas necessidades não são importantes e irrelevantes. Isso
significa que a única maneira pela qual eles podem se conectar legitimamente com os
outros, sentir-se valorizados e ter suas necessidades satisfeitas é pela porta dos fundos
do serviço de "cuidar do outro". Salvadores se castigam quando não estão cuidando dos
outros. Sua história posição inicial é; “Se eu cuidar dos outros bem o suficiente e por

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tempo suficiente, então me sentirei realizado. É a única maneira de sermos amados.”
Infelizmente, os Salvadores estão envolvidos com Vítimas eternas que não têm ideia de
como estar lá para eles. Isso reforça a história do Salvador que diz que eles não
deveriam ser carentes, o que produz mais vergonha e uma negação mais profunda em
torno de suas próprias necessidades.
A história da Vítima
Culpa e vergonha são as forças motrizes para a perpetuação do Triângulo. A culpa é
muitas vezes usada pelas Vítimas em um esforço para manipular seus Salvadores para
que cuidem delas: "Se você não fizer isso, quem será?" A história das Vítimas diz que
elas não podem fazer por conta própria e elas provam isso para si mesmas mais e mais
no triângulo. Acreditam que são intrinsecamente defeituosas e incapazes e, portanto,
passam a vida à espreita de alguém para “Salvá-las”. Embora isso seja o que eles sentem
que devem ter, ou seja, um Salvador, elas estão simultaneamente zangadas com seus
Salvadores porque se sentem subjugadas e desprezadas pelos cuidadores.
A história do Perseguidor
Os Perseguidores que acreditam que o mundo é perigoso usam o medo e a intimidação
como ferramentas para manter os outros em seu lugar. O que eles não vêem é como seus
métodos para fornecer "segurança" acabam provando a eles que a vida é realmente tão
perigosa quanto eles acreditam ser. Sua história diz que eles são espectadores inocentes
em um mundo perigoso, onde outros estão sempre para prejudicá-los. É a sobrevivência
do mais forte e sua única chance é atacar primeiro. Esta história os mantém em modus
operandi de defesa/ofensa perpétua.
Sombras da Vitimização
Colocar as três posições em linha reta com a Vítima no meio, é uma maneira de
demonstrar que Perseguidor e Salvador são simplesmente os dois extremos, ou aspectos
sombrios, da vítima.
Perseguidor - VÍTIMA - Salvador
Todos os três papéis são expressões distorcidas de poderes positivos que nós, como
humanos, possuímos, mas negamos ou reprimimos quando vivemos no triângulo.
Identificar qual é nossa posição inicial no triângulo pode nos ajudar a reconhecer os
aspectos de nós mesmos que negamos.
Por exemplo, quando nos vemos principalmente como mediadores e cuidadores,
negamos nosso próprio poder estabelecendo limites inadequados. Nós ocupamos a
posição de Salvador.
Os Salvadores têm uma capacidade natural de organização, além de uma maravilhosa
capacidade nutridora. Mas quando um Salvador nega a si mesmo o benefício dessas
habilidades - quando ele se recusa a nutrir ou estabelecer prioridades para si mesmo...
então ele se verá obcecado e intervindo (ou interferindo) na vida dos outros - na maioria
das vezes de maneira insalubre. Ele se torna alguém que assume a responsabilidade por
todos, menos por ela mesmo.
Essas características são comumente consideradas como sendo principalmente
características femininas - assim, o Salvador pode ser visto como uma expressão
distorcida do aspecto feminino.

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O Perseguidor, por outro lado, tem um profundo senso de justiça. Ele acredita no uso de
poder e assertividade. Não há nada de errado com essas habilidades; são, de fato,
importantes no autocuidado. No entanto, um Perseguidor exercerá esse dom de formas
distorcidas. Quando essas qualidades essencialmente masculinas de proteção, orientação
e fixação de limites não são plenamente reconhecidas e reivindicadas - quando são
negadas, acabam sendo expressas de maneiras inconscientes e irresponsáveis -,
portanto, um Perseguidor pode ser visto como uma expressão distorcida do aspecto
masculino.
O ataque, para o Perseguidor, torna-se a maneira aceita de expressar esses poderes e é
então justificado como uma defesa necessária. Simultaneamente, um Perseguidor se
verá apenas como a vítima inocente ... “Eles me machucaram - eu tive que me proteger
retaliando”. É difícil para qualquer um de nós admitir que maltratamos as pessoas. Os
perseguidores justificam seu comportamento prejudicial com “boas razões” (“... porque
fizeram algo comigo” ou “tiraram algo de mim”) e isso faz com que, em suas mentes,
esteja tudo bem que eles machuque “de volta”. Essa é uma mentalidade típica do
Perseguidor. Os Perseguidores suprimiram suas qualidades de cuidado e carinho e, em
vez disso, tendem a resolver problemas por meio de raiva, abuso e controle.
Este é um exemplo típico que pode aparecer facilmente no relacionamento ...
Don chegou em casa tarde para o jantar. Ann, sua esposa, estava com raiva. Ela
preparara uma boa refeição e ainda estava sentada, sem comida e fria, uma hora depois.
Como muitos Perseguidores, a tendência de Ann é assumir o pior ("Ele fez isso
comigo") e atacar. Então, ao invés de checar com o marido, ela imediatamente se lança;
“Você me disse que estaria aqui a tempo. Você mentiu! Eu nunca posso confiar em você
para me dizer a verdade." Quando Don tenta explicar que ele ficou preso no trânsito,
Ann não está escutando. Em vez disso, ela justifica sua reação: “Você sempre tem
desculpas! Você espera que eu acredite em você. Você é um mentiroso ..." Ela continua
a insultar, até recorrendo a xingamentos. Mais tarde, ela explica que ele tinha
machucado ela e, portanto, merecia o modo como ela o tratava. Esse é o raciocínio
clássico do Perseguidor.
Porque Ann se vê como uma vítima que não tem o direito de cuidar de si mesma ou
estabelecer limites. Em vez de dizer algo como “Oi, meu querido, eu jantei no horário;
quando você não chegou aqui, eu fui em frente e comi a minha e deixei a sua aquecida
no fogão ", ela recorre à retaliação. Sua crença de que ela está à mercê de alguém que
está tentando machucá-la a faz atacar em um esforço distorcido e desnecessário para se
proteger.
Quando suprimimos ambos os lados ... negando tanto a nossa capacidade inata de cuidar
de nós mesmos através do auto-incentivo saudável quanto o direito de tomar medidas
protetoras e assertivas, somos deixados em Vítima. De fato, uma boa definição para
uma Vítima pode ser; alguém que não sabe como definir prioridades ou limites, nem
nutre e se protege.
À medida que os indivíduos crescem em consciência e começam a alterar seu
comportamento, eles freqüentemente mudam suas posições iniciais. Tornando-se
conscientes de uma posição primária, eles podem comprometer-se a sair do triângulo,
mas muitas vezes apenas trocam de papéis. Embora possam estar operando a partir de
uma posição inicial diferente, eles ainda estão no triângulo. Isso acontece com

28
frequência e pode até ser uma parte essencial da aprendizagem do grande impacto de
viver no triângulo.
Consequências do viver no Triângulo
Viver no triângulo da vítima cria miséria e sofrimento não importando qual possa ser
sua posição inicial. O custo é enorme para todos os três papéis e leva a dores
emocionais, mentais e físicas. Esforços para evitar a dor, culpando ou procurando
alguém para cuidar de nós, só acaba gerando mais dor no final. Quando tentamos
proteger os outros da verdade, (Salvador), descontamos suas habilidades e isso cria mais
dor. Todos os envolvidos em dinâmicas triangulares acabam feridos e com raiva em
algum momento; ninguém vence. Existem características e consequências de estar no
triângulo que todos os três papéis têm em comum. Vamos falar sobre alguns deles.
Falta de Responsabilidade Pessoal
Sempre que deixamos de assumir responsabilidade por nós mesmos, acabamos no
triângulo. Nem mesmo os Salvadores, que se orgulham de serem responsáveis,
assumem a responsabilidade por si mesmos. Eles cuidam de todos os outros, mas não
têm ideia de como fazê-lo por si mesmos. Não assumir responsabilidade é um fator-
chave para identificar quando estamos no triângulo. Os Perseguidores mudam a
responsabilidade culpando os outros por sua miséria. As Vítimas procuram alguém para
assumir a responsabilidade por elas. Nenhum dos três papéis se responsabiliza por eles
mesmos.
Enquanto nos perseguirmos e aos outros ao redor do triângulo, nos relegamos a viver
em reação. Em vez de viver espontaneamente e libertar-nos por meio de nossa
responsabilidade e escolha pessoal, nos acomodamos em vidas maçantes e dolorosas,
regidas pelas agendas dos outros e por nossas próprias crenças inconscientes.
Experimentar uma vida plena requer uma disposição consciente de sair do triângulo e
estender a graça àqueles que ainda estão sobrecarregados por seu drama.
Regra das Crenças Dolorosas
Crenças doentias sobre nós mesmos e sobre o mundo, instiladas na infância, tornam-se
regras rígidas que talvez precisem ser violadas. Os ditados familiares como “não fale
sobre isso”, “não compartilhe sentimentos”, ou “é egoísmo cuidar de si mesmo”, são
algumas das velhas crenças que têm nos guiado e devem ser desafiadas se formos para
encontrar a paz interior. Podemos esperar, e até celebrar, sentimentos desconfortáveis
quando eles aparecem para nós, aprendendo a vê-los como oportunidades de nos
libertarmos das crenças dolorosas que nos mantêm presos no triângulo.
Às vezes, simplesmente precisamos nos sentar com um sentimento desconfortável -
como a culpa, sem agir sobre ela. A culpa não implica necessariamente que nos
comportamos de forma errada ou antiética. A culpa é frequentemente uma resposta
aprendida. Às vezes, culpa significa apenas que nos desvencilhamos de uma família
disfuncional.
Lembro-me de uma história que circulou entre os círculos terapêuticos durante anos
sobre a maneira de cozinhar um presunto. Talvez você se lembre disso também. É
assim:
Uma garotinha notou sua mãe cortando a ponta do presunto para prepará-lo para o jantar
de férias da família e perguntou: “Por que você cortou a ponta para cozinhá-lo?” A mãe,
sem pensar por um momento, respondeu: “Por que é assim que minha mãe sempre
cozinhou um presunto, então eu sei que é o jeito certo de fazer isso! ”Bem, a vó morava

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por perto, então ela a visitou e fez a mesma pergunta:“ Vovó, por que você corta a ponta
do presunto antes de cozinhá-lo? ”Sua avó respondeu que sua mãe lhe ensinara a
cozinhar um presunto assim. A bisavó estava visitando no feriado então a garotinha foi
até ela e fez a mesma pergunta - e dessa vez ela recebeu a resposta “real” - “Criança,
quando eu estava cozinhando presuntos naquela época, eu só tinha uma assadeira e era
pequena demais para caber um presunto inteiro, então eu cortava a ponta do presunto
para que coubesse na forma! ”
É assim que funciona. Seguimos, sem questionar, ditames familiares e crenças
internalizadas que geram nada além de miséria.
Sentimentos dolorosos
Freqüentemente nós entramos no triângulo através da porta de sentimentos dolorosos.
Parece que muitos de nós tendem a deixar que sentimentos dolorosos nos governem.
Refletimos sobre um pensamento e isso desencadeia culpa ou medo, o que nos leva a
reagir de uma forma que nos coloca de volta no triângulo. Nossa reação é geralmente
uma tentativa equivocada de controlar ou se livrar do sentimento doloroso para que
possamos "nos sentir melhor".
Por exemplo, podemos Salvar os outros como uma forma de evitar que nós mesmos e
eles se sintam mal. Dizemos a nós mesmos coisas como: "Ela não consegue lidar com
isso" ou "Vai ferir os sentimentos dele", então "lidamos com isso" para eles. Podemos
notar que nos sentimos melhor quando estamos consertando outra pessoa - isso nos dá
uma falsa sensação de estar no controle, o que parece temporariamente fortalecedor.
Podemos deixar de reconhecer que a nossa crescente sensação de poder é muitas vezes à
custa do outro, deixando-os sentindo-se sem poder e "menos do que".
Um exemplo
Sam acreditava que seu filho, Paul, era inapto. As palavras que ele realmente usou para
descrevê-lo foram: “Ele é estúpido. Ele nunca será bem sucedido no mundo ”. Como
resultado, o principal padrão de relacionamento de Sam com seu filho era como seu
Salvador. Acreditar que Paul era estúpido trouxe sentimentos de culpa, apreensão e
dever para com seu filho. "Ele é meu filho e eu tenho que prover ele ... Eu preciso guiá-
lo e aconselhá-lo e tirá-lo de todos os arranhões em que ele se mete, porque ele é burro
demais para administrar a própria vida. Eu só vou ter que fazer isso por ele. ”Estes
foram alguns dos pensamentos de Sam.
E assim ele fez.
Enquanto isso, Paul também havia comprado a história. Ele compartilhou a percepção
de seu pai que disse que ele não poderia fazer nada sozinho. Acreditando que ele era
basicamente carente de habilidades fundamentais para a vida, criou-se sentimentos de
inadequação e fracasso em Paul. Toda a relação entre pai e filho baseava-se na definição
severamente limitada que eles compartilhavam sobre a falta de capacidade de Paul de se
dar bem na vida.
Então, como você acha que alguém como Paul, que acredita que ele é verdadeiramente
inepto, viverá sua vida? Que tipos de escolhas você esperaria que alguém fizesse que se
considerasse incapaz e carente? Com tais crenças dolorosas sobre si mesmo, como
poderia Paulo fazer qualquer coisa senão escolhas “tolas”? E toda vez que ele faz, ele
acaba verificando a história do pai sobre Paul.

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Enquanto esses dois compartilharem uma história tão dolorosamente limitante sobre
Paul, o relacionamento deles permanecerá no triângulo - Paul “fazendo besteira” e Sam
consertando para ele.
Eu posso ouvir alguns de vocês perguntando: “Mas Lynne, e se for verdade? E se Paul
for totalmente incompetente?
Eu só sei disso ... são nossas crenças que fazem isso. Nós tratamos os outros de acordo
com o que acreditamos sobre eles. Quando desafiamos essas suposições, nossa interação
com essa pessoa muda.
Por exemplo, toda a dinâmica entre Sam e Paul mudou quando Sam começou a
examinar suas crenças sobre seu filho. Ele começou a tratar seu filho com um novo
respeito, uma vez que ele foi capaz de ser honesto consigo mesmo sobre sua
necessidade anteriormente negada de manter Paul dependente. Ele começou a deixar seu
filho experimentar as consequências naturais de suas próprias escolhas, em vez de
Salvá-lo e depois repreendê-lo por tomar “decisões estúpidas”. Como resultado, Paulo
começou a aprender com seus erros. O relacionamento de Sam com Paul se transformou
completamente porque Sam escolheu assumir a responsabilidade por seus próprios
sentimentos e crenças. Ao desistir de jogar, o Salvador Sam conseguiu sair do triângulo
para uma troca diária mais satisfatória e autêntica com o filho.
Podemos tentar administrar os assuntos emocionais dos outros, mantendo nossas
opiniões, sentimentos e pensamentos ocultos, até mesmo de nós mesmos às vezes. Isso
pode acabar nos custando nosso próprio bem-estar e inevitavelmente cria distância entre
nós e o outro. É apenas mais uma maneira de continuarmos a dança em torno do
triângulo.
O que fez Sam sair do triângulo foi o reconhecimento de que seus sentimentos foram
criados por suas próprias crenças. Ele chegou a compreensão de que seu comportamento
era sempre determinado por quaisquer pensamentos que ele estivesse acreditando na
época.
Isso é fundamental para sair do triângulo. Quando acreditamos em histórias dolorosas
sobre quem somos, como: "Sou amado apenas pelo que faço para os outros" ou "Não
importa" ou quando temos crenças distorcidas sobre os que nos rodeiam, como "Eles
está tentando me machucar ”ou“ eles não podem cuidar de si mesmos ”, essas
convicções pessoais nos levarão a agir como se fossem verdadeiras. Nossos sentimentos
dolorosos originam-se de nossas idéias limitadas sobre nós mesmos e os outros. Eles
nos levam a reagir de maneiras que acabam provando que o que acreditamos é verdade.
Este é o ciclo vicioso da vida no triângulo.
Negação
Sempre que negamos nossos sentimentos, nos preparamos para uma perspectiva de
vítima. Sentimentos são reais. Eles são "energia em movimento". Quando desprezamos
ou minimizamos nossas emoções, acabamos sendo ultrapassados por elas, tornando-nos
reativos impulsivos. Não podemos nos responsabilizar quando nos recusamos a
reconhecer nossos sentimentos, o que significa que esses "tiranos internos" vão
continuar conduzindo nosso comportamento por trás dos bastidores.
Embora seja verdade que nossos sentimentos são gerados pelo que acreditamos, os
sentimentos são importantes. Eles nos alertam quando estamos pensando pensamentos
infelizes; sentir-se "mal", por exemplo, nos permite saber que estamos pensando em

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uma crença muito infeliz, possivelmente distorcida. Em vez de negar o sentimento,
aprendemos a seguir o sentimento até a crença por trás dele. É aqui que a verdadeira
intervenção é possível. O sentimento se dissipa quando a crença por trás dele se torna
consciente e direcionada. Aprendemos a reconhecer que nossos sentimentos são o que
nos levam às crenças limitantes que nos mantêm presos no triângulo.
Os pais que nunca aprenderam que os sentimentos seguem o pensamento e que
cresceram sem permissão para reconhecer ou expressar sentimentos muitas vezes negam
aos filhos o mesmo direito. Eles podem ter decidido cedo na vida que certos
sentimentos são errados ou ruins, então eles negam e os reprimem sem examinar os
pensamentos dominantes por trás dos sentimentos.
Dizer a nós mesmos que nossos sentimentos são inaceitáveis não os faz ir embora.
Enquanto continuarmos a vincular crenças com histórias dolorosas sobre nós mesmos e
os outros, continuaremos a gerar esses mesmos sentimentos negativos. Quando
suprimidas, essas emoções negadas se tornam bolsões secretos de vergonha dentro da
psique. Eles só servem para nos alienar dos outros e nos condenar a uma vida no
triângulo.
Às vezes, negamos sentimentos em uma tentativa malfadada de evitar nos sentirmos
mal. Talvez nos digamos que não podemos lidar com nossos sentimentos, que eles são
demais para nós. Podemos pensar que estamos à mercê de nossa própria miséria porque
não sabemos de onde esses sentimentos vêm ou o que fazer ou sobre eles. Talvez seja
melhor ficar longe desses estados internos confusos sob tais circunstâncias.
Mas quando sabemos que são nossos pensamentos que produzem sentimentos
dolorosos; que, de fato, nossos sentimentos infelizes atuam como portais para uma
maior compreensão de nós mesmos - então, não temos mais a necessidade de suprimir
sentimentos desconfortáveis. Até que possamos reconhecer e compreender as
implicações dessas verdades simples, no entanto, podemos continuar tentando escapar
da dor usando várias táticas de supressão. Essas tentativas de evitar apenas nos mantêm
no triângulo onde o resultado garantido é sofrimento e miséria.
Desonestidade
Ser honesto consigo mesmo é o requisito mais básico para sair do triângulo. Sair do
triângulo é impossível sem auto-honestidade. Contar a nossa verdade é uma maneira
fundamental de assumir responsabilidades. Então, devemos estar dispostos a tomar as
medidas necessárias para o que a verdade revela.
Naturalmente, quando os sentimentos são negados, a honestidade é impossível. Lembre-
se que a negação vem do auto-julgamento negativo. Se tivermos decidido em algum
nível que não podemos aceitar nossos pensamentos, comportamentos ou sentimentos, as
chances são de que não seremos capazes de admitir que os temos. É muito doloroso
admitir algo sobre nós mesmos que julgamos inaceitável. Devemos praticar a auto-
aceitação se realmente formos capazes de ser honestos com nós mesmos e com os
outros.
Para que um Salvador seja honesto, por exemplo, ele precisa estar disposto a confessar
sua necessidade inconsciente de manter os outros dependentes dele. Isso significa
reconhecer que ser um Salvador é o que eles fazem para ter sua própria necessidade de
autovalorização. Enquanto o Salvador continuar a ver o outro como uma vítima fraca,
ineficaz e inepta, ele continuará a se auto enganar, acreditando que deve ser

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o resolvedor de problemas e o zelador. Suas próprias necessidades não serão
reconhecidas ou atendidas.
Da mesma forma, um Perseguidor está sendo desonesto quando ele insiste em culpar os
outros por sua miséria e sofrimento. Não há como escapar do triângulo para um
Perseguidor enquanto ele insistir em se ver como inocente que foi injustamente tratado.
Para que uma Vítima saia do triângulo, ela deve confessar seu esforço
em permanecer “pequena”, ou seja, dependente e necessitada. Isso significa ser honesta
sobre como ela manipula os outros, usando uma história auto-depreciativa de inépcia, a
fim de ser atendida. Caso contrário, ela cairá mais e mais em uma espiral descendente
de desespero e indignidade.
Viver na realidade requer verdade. Para dizer a verdade, primeiro precisamos primeiro
saber o que é. Quando reagimos aos sentimentos negados e à programação inconsciente,
não podemos conhecer nossa verdade pessoal. Isso significa que não estaremos em
contato com a realidade. Haverá agendas ocultas e desonestidade. Este é outro traço
principal de todos os jogadores no triângulo. Somente conhecendo a nossa verdade,
podemos começar a falar de um lugar de integridade pessoal. Então sair do triângulo se
torna possível.
Projeção
Tendemos a negar sentimentos e crenças que julgamos negativos ou inaceitáveis. Como
mencionado anteriormente, nos Salvamos ao empurrar essas partes inaceitáveis para o
inconsciente escuro. Eles não necessariamente ficam lá, no entanto. Quaisquer
pensamentos e sentimentos que não possuamos, isto é, nos responsabilizamos, acabarão
sendo projetados para o nosso mundo, geralmente para alguém que “amamos”. Assim
que julgarmos que algum pensamento ou sentimento dentro de nós é inaceitável,
inconscientemente, olhe ao redor e encontre alguém que tenha esses mesmos traços e os
odeie por isso. Isso é chamado de projeção e é uma força propulsora no triângulo. A
projeção garante que a dança da vítima continue.
Lisa e Ted vieram para aconselhamento de casais. Ao reunir sua história, aprendi que
Lisa tinha um pai que se enfurecia com frequência durante a infância. Ela ficou com
medo da raiva e não se permitiu sentir ou expressar seu próprio mau humor. Ela julgou
a raiva como "ruim" e negou que ela tivesse algum. Provavelmente não é surpresa,
então, que a maior queixa de Lisa sobre seu marido tenha sido seu "pavio curto". "Ele
está tão irritado o tempo todo", disse ela. "Ele só quer discutir sobre tudo!"
O marido dela, Ted, era sincero, aberto e comunicativo. Ele relatou que não se sentia
ouvido em sua família e expressou frustração com Lisa porque, “sempre que discordo
dela, não importa o quão calmamente eu me expresse, ela me acusa de estar com raiva e
se recusa a discutir isso. Acaba que a única maneira de ser ouvido é explodir!
Você pode colocar esses dois no triângulo? Vamos dar uma olhada:
Vamos começar com Lisa, que estava no triângulo antes de uma única palavra ser
pronunciada em voz alta entre ela e o marido. Ela começou julgando sua própria raiva
(perseguindo a si mesma) e depois negando (salvando a si mesma). Lisa está no
triângulo com ela mesma. Ela se salva através da negação. A negação é sempre uma
tentativa de nos salvarmos. Lisa aprendeu a calar sua raiva tão depressa que nem
registra isso conscientemente. Mas essa energia irada tem que ir a algum lugar.

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É aí que Ted entra. Lisa precisa de um lugar para projetar sua raiva reprimida. Ted é o
ajuste perfeito. Lisa vê em Ted a raiva que ela negou. É por isso que ela é tão rápida em
rotular a mais leve discordância dele como raiva "ruim". Ela então critica Ted pelos
sentimentos “ruins” que ela projetou e passa a criticá-lo duramente (perseguidor) da
mesma maneira que ela inconscientemente se julgou.
Ted, como quando era criança, sentia-se incompreendido e inaudito a princípio. Ele está
na vítima. Mas em pouco tempo sua raiva surge e ele se transforma em perseguidor
"explodindo" em Lisa. Isso leva Lisa à vítima, levando-a a lembrar o “pai furioso” de
sua infância. Tanto Ted quanto Lisa estão inconscientemente validando seus próprios
dramas de infância, projetando suas crenças dolorosas e julgamentos sobre si mesmos
uns sobre os outros. Esse tipo de interação é o motivo pelo qual eu chamo o triângulo da
vítima de “campo de atuação” para todas as disfunções.
Você pode se perguntar onde o salvador está em toda essa confusão. Às vezes, um papel
é desempenhado “abaixo da superfície”. Pode não ser evidente externamente, como no
caso descrito acima. Como Lisa não pode assumir a responsabilidade por sua própria
raiva (porque se ver como "ruim como o pai" seria muito dolorosa), ela se salva por
meio da negação. Ela se desprende, projetando seus sentimentos indesejados no marido.
Isso permite que ela finja que não está com raiva (ele é o zangado, não ela). Em um
nível, é melhor acreditar que ela não é mesquinha e irritada como o pai dela. As
conseqüências sombrias, no entanto, são que ela atribui a culpa e a perseguição a Ted e
permite que ela fique inconsciente sobre sua própria raiva pessoal. Essa é a natureza da
projeção no triângulo.
Ego e a história de quem somos
Nós interagimos com os outros através de crenças antigas, inconscientemente mantidas
e limitantes que geram vergonha. Cada posição inicial tem um tipo distinto de crença
central que impulsiona sua dança particular ao redor do triângulo. Essas crenças básicas
se combinam em histórias inconscientes. Acreditamos nessas descrições de nós mesmos
e dos outros sem jamais questioná-las. Deixadas para funcionar inabalavelmente na
mente, elas geram todo tipo de sentimentos dolorosos, incluindo inutilidade,
inadequação e defeitos. Reforçamos e perpetuamos essas crenças movendo-se ao redor
do triângulo.
O ego é aquela parte de nós que fabrica e acredita nessas histórias limitantes. O ego é
totalmente identificado com as histórias que conta e quer nos manter identificados com
eles também. O ego usa o triângulo para fortalecer essas identidades dolorosas e
limitadas de quem somos. Quando penso em nosso relacionamento com o ego, penso
muitas vezes na canção de ninar que diz:
“Peter, Peter, comedor de abóbora, tinha uma esposa e não podia ficar com ela. Então
ele a colocou em uma casca de abóbora e lá ele a manteve muito bem ”.
Esta é uma ótima metáfora para o nosso relacionamento com o ego. Peter comedor de
abóbora é o ego e a esposa que ele não pode manter é o nosso próprio Feminino Interior.
Ela é aquela parte de nós que se lembra de quem realmente somos. A única maneira de
o Ego controlar essa Essência Autêntica é mantê-la confinada na “casca de abóbora” de
uma história limitadora. Cada um de nós é mantido dentro dos limites de tal história. O
triângulo da vítima é o campo de jogo que o ego usa com o propósito de reforçar essa
história disfuncional.

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Nós certamente podemos ver isso com Ted e Lisa. Cada um deles estava preso em uma
história muito dolorosa; Ted acreditando que ele não será ouvido e, portanto, esperando
ter seus sentimentos julgados e desprezados. Ele está no papel de uma Vítima que,
inadvertidamente, age de uma forma que garante que ele sairá se sentindo envergonhado
e sem valor. Lisa é a Perseguidora que se vê como uma vítima. Ela acredita que Ted
está tentando machucá-la com sua raiva, o que justifica suas tentativas de controlá-lo.
Lisa pune Ted ignorando-o até que ele finalmente ataca, verificando assim sua história
sobre ele como sendo "bravo e cruel, assim como o pai". Ambos têm egos que estão
muito mais interessados em verificar uma história limitante do que em sentir harmonia
entre eles.
Intimidade fracassada
Embora a maioria de nós anseie por um senso de conexão com os outros, muitas pessoas
estão secretamente apavoradas com a intimidade. Permitir que alguém realmente nos
conheça pode ser assustador. A intimidade exige vulnerabilidade e honestidade.
Acreditando no coração que somos indignos de amor, defeituosos ou “menos que”,
torna difícil nos revelar. Queremos uma aceitação incondicional, mas quando não nos
aceitamos, é impossível acreditar que alguém possa nos amar. A necessidade de
esconder nossa indignidade torna imperativo a distância. Enquanto mantivermos
agendas ocultas e negarmos a nossa verdade, a intimidade é impossível. A vitimização é
projetada para garantir a alienação, não apenas dos outros, mas também de nós mesmos.
A intimidade não é possível no triângulo.
Em suma quando estamos prontos para prestar contas, começamos a classificar nossos
motivos e sentimentos genuínos em relação à nossa situação atual. Ficamos dispostos a
experimentar nossos próprios sentimentos desconfortáveis e permitimos aos outros
também seus sentimentos desconfortáveis, sem Salvá-los.
Se nossos entes queridos ou associados também estiverem dispostos a participar desse
processo de auto-realização, poderemos cultivar juntos um relacionamento mais
saudável. Como resultado, há cada vez menos interação baseada em culpa, medo ou
vergonha.
A boa notícia é que, independentemente de nossos entes queridos optarem por sair do
triângulo, podemos fazer essa escolha por nós mesmos! E isso vai mudar toda a
dinâmica entre você e eles. Nós nunca somos vítimas, exceto por escolha.
Descolar significa saber onde você está agora e estar disposto a negociar limites quando
necessário. Estabelecer limites não é sobre estar no controle ou manipular os resultados.
Nós às vezes confundimos os dois. Aprendemos a olhar atentamente para os nossos
motivos com uma atitude de curiosidade e o desejo de uma autocompreensão mais
profunda. E então o que fazemos, quando feito de um espaço conectado, mesmo que
seja para ir embora, terá uma chance melhor de se basear na verdade do que no drama.
Lembre-se que haverá momentos em que podemos ser vistos como o perseguidor.
Nosso desafio é ficar em contato com a nossa verdade e permitir que os outros tenham o
direito (e eles têm o direito) de ter sua história. As duas versões; sua história e a história
deles, não tem que corresponder para você ser feliz. Essa é uma ideia comum, mas
equivocada.
Na realidade, como os outros nos vêem não é nossa preocupação. Como nos vemos é o
que pode nos trazer transformação. Aprendemos a nos concentrar no que estamos

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acreditando. Percebemos o impacto na própria vida de acreditar nesses pensamentos
particulares e muitas vezes dolorosos - crenças como: "Sou tão importante quanto o que
posso fazer pelos outros" ou "Eles estão tentando me machucar" ou " Eu sou um
fracasso total ”. Estas são apenas algumas das histórias com as quais nos torturamos.
Lembre-se de que só porque acreditamos nessas histórias não as tornam verdadeiras.
Mas quando acreditarmos nelas, agiremos de maneira a torná-las verdadeiras! Este é um
mergulho profundo e simples de consciência que contém uma chave para a porta do
triângulo. Usados com desejo sincero e verdade rigorosa e auto-amável, esses passos
são o processo que nos leva por todo o caminho, direto para a saída do triângulo. À
medida que nos libertamos através da auto-responsabilidade e da verdade,
transformamos nossas vidas. Nós atualizamos nosso "Eu Observador" superior,
percebendo assim a possibilidade que reside dentro de cada um de nós de viver, não de
uma história de vítima-ego, mas de expandir-se para uma experiência de vida muito
maior e mais maravilhosa.
Sair do triângulo não é algo que fazemos de uma vez por todas. Nós entramos e saímos
o tempo todo. Compreender ferramentas como o Triângulo Dramático de Stephen
Karpman nos traz um mapa. Ele nos mostra onde estamos em nossa vida relacional e
para onde estamos indo. Estudar este mapa nos ajuda a encontrar a melhor rota para sair
do triângulo. Mais uma vez, é um processo, não um destino final. Convido-o a relaxar
no papel de curioso, explorador criativo e estudante disposto.
Que seus pensamentos e sentimentos sejam professores para você enquanto viaja pela
rota para a liberdade do triângulo.

Traduzido do artigo "The Three Faces of Victim – An Overview of the Victim Triangle"
de Lynne Forrest
https://jardinsdesofia.com.br/as-tres-faces-da-vitima-uma-visao-geral-sobre-o-triangulo-da-
vitima

Ross Rosenberg

A criação desses tipos de codependência ajuda as pessoas que normalmente negam sua
codependência/SLDD a se verem sob uma “luz” diagnóstica específica. É impossível
curar a codependência/SLDD se você não sabe o que é e como se manifesta dentro de
você.

Escrevi meus livros sobre Síndrome do Magneto Humano para ajudar as pessoas a
compreender e identificar sua codependência/SLDD. Com o propósito de curar e
superar o que antes era invisível e desconhecido para eles.

Codependência ou Transtorno de Déficit de Amor Próprio (SLDD) é um problema de


distribuição de amor, respeito e carinho, em relacionamentos próximos e/ou
românticos. Os codependentes dão preponderância ao amor, respeito e carinho (LRC),
na esperança de serem retribuídos. Todos os co-dependentes acreditam que seu parceiro

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narcisista perceberá seus erros e finalmente lhes dará o LRC que desejam e
precisam. Isso nunca acontece.

CODEPENDENTES PASSIVOS

São mais medrosos e evitam conflitos. Eles se dissociam de sua raiva e ressentimento
profundamente íntimos por meio de uma personalidade de admirável empatia,
compaixão e generosidade. Eles cedem à desigualdade de amor, respeito e
carinho. Esses mártires que se sacrificam nunca escapam à sua raiva ardente abaixo da
superfície.

A experiência do trauma de apego ensinou-lhes que não havia benefício em revidar, ou


que fazê-lo resultaria em consequências piores.

CODEPENDENTES ATIVOS

Eles tentam agressivamente, mas inutilmente, persuadir, controlar e manipular os


narcisistas para que os amem, respeitem e cuidem. Eles acreditam, delirantemente, que
tal vigilância e contra-agressão constantes são justificáveis e eficazes.

Codependentes ativos muitas vezes não ficam intimidados ou com medo de seu amante
narcisista. Como tal, confiam numa abordagem agressiva e de confronto para se
protegerem e obterem o que necessitam. Seu método controlador, antagonizante e
manipulador raramente é eficaz. Na verdade, muitas vezes resulta na retaliação do
narcisista patológico, o que muitas vezes prejudica ainda mais o co-dependente.

CODEPENDENTES CEREBRAL

Eles são os co-dependentes intelectuais. Os co-dependentes cerebrais devoram educação


e experiências “transformacionais” para superar o abuso narcisista. Eles acreditam que
quanto mais informações souberem, conseguirão resolver o problema.

Esta forma de dissociação nunca resolverá o trauma e a vergonha central que é


responsável pelo seu sofrimento.

CODEPENDENTES ABLIVIOSOS

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Eles vivem de acordo com o credo “a ignorância é uma bênção”. É um mecanismo de
defesa eficaz para mantê-los confortáveis. Eles não apenas ignoram ou negam os seus
problemas, mas também os compartimentalizam e racionalizam.

Ao dissociarem-se propositadamente das causas reais dos seus problemas e fingirem


cegueira, eles mantêm a crença delirante de que o que não é visto simplesmente não
existe.

CODEPENDENTES ANORÉXICAS

A anorexia da codependência ocorre quando um codependente se rende ao seu padrão


de relacionamento vitalício com narcisistas patológicos. O co-dependente muitas vezes
transita para a anorexia da co-dependência quando atinge o fundo do poço e não
consegue mais suportar a dor infligida pelo seu narcisista.

Esta é uma medida de controle para se sentirem protegidos, mas eles passam fome de
intimidade emocional e sexual normal. Além disso, assim que a “dieta” sem romance
terminar, sua “fome” insaciável por narcisistas prejudiciais retornará.

Assista a este vídeo para obter uma explicação mais completa das cinco categorias de
codependência de Ross: https://youtu.be/Dz6TBTvvAvE

A DANCA"

A “dança da codependência” inerentemente disfuncional requer dois parceiros opostos,


mas equilibrados: um co-dependente agradável e generoso e o narcisista necessitado e
controlador. Tal como numa parceria de dança campeã, os papéis da dança combinam
perfeitamente: o líder precisa do seguidor e vice-versa. Ou, em outras palavras, a
combinação de papéis de dança doador e recebedor permite que os dois dancem sem
esforço e sem falhas.

Normalmente, os co-dependentes dão de si muito mais do que seus parceiros dão em


troca. Como parceiros de dança “generosos”, mas amargos, eles ficam perpetuamente
presos na pista de dança, sempre esperando pela “próxima música”, momento em que
esperam ingenuamente que seu parceiro finalmente entenda suas necessidades; mas,
infelizmente, isso nunca acontece.

Os codependentes, por natureza, são doadores, sacrificadores e consumidos pelas


necessidades e desejos dos outros. Como seguidores naturais na “dança”, são passivos e
complacentes com os seus parceiros. Embora os narcisistas sejam tipicamente egoístas,
egocêntricos e controladores, quando emparelhados com um co-dependente, eles podem
se tornar dançarinos campeões. Como líderes e coreógrafos naturais da dança, as suas

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ambições concentram-se apenas em satisfazer as suas necessidades e desejos, ignorando
o mesmo para os seus parceiros.

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