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VITALISMO

Para a Homeopatia, toda doença é fruto de uma disritmia da força vital, princípio imaterial
que permeia os seres vivos e é responsável pela homeostase do organismo humano. Isto
ocorre porque antes do corpo material ser afetado, já ocorreu urna alteração no corpo
energético.

Devido a Homeopatia atuar diretamente sobre a energia vital, provocando uma reação da
mesma no sentido de restaurar o equilíbrio perdido, faz-se necessário entendermos o que
vem a ser este princípio vital, a fim de compreendermos o caminho de cura e as
possibilidades do mesmo.

Inicialmente; veremos a concepção hahnemanniana da vis medicatrix naturae (caminho


natural de cura), ou seja, a reação natural defensiva do organismo, entregue a si mesmo,
como meio de cura para algumas enfermidades passageiras, de duração apenas breve,
como algumas doenças agudas e outras doenças medicamentosas. Critica o sistema de
Brown, que dizia haver uma única força fundamental, a vida, e que esta força nada fazia a
não ser diminuir ou aumentar, esgotar-se ou acumular-se nas enfermidades, as quais
deveriam ser entendidas sob o ponto de vista da debilidade ou do excesso de força.

Quanto à natureza da força vital ou força natural, Hahnemann é claro ao compará-la com
a vis medicatrix naturae, força curativa da natureza", conceito de cura hipocrático pelos
movimentos naturais do organismo vivo.

Criticando o tratamento alopático de sua época, tanto para doenças agudas como
crônicas, que evoluiriam mais seguramente se abandonadas a si mesmas, à vis
medicatrix naturae ou força vital, defende um tratamento mais rápido e mais completo que
os empregados até então, como verdadeiro método de cura.
Vitalismo e enfermidades

A alteração da saúde, chamada de doença, consiste em uma condição alterada


originalmente apenas nas suas sensibilidades e funções vitais, independente de toda
consideração química ou mecânica, através da qual ocorre uma mudança nas
propriedades das partes materiais componentes do corpo, expressando-se por sintomas
manifestos externamente.

O distúrbio interior da força vital, manifesta-se no exterior através da totalidade dos


sintomas, sendo através desta a única forma de escolhermos o medicamento correto.
Toda doença, segundo a Homeopatia, ocorre apenas porque a força vital, de caráter
dinâmico, imaterial, presente em todo o organismo, foi afetada por uma influência
dinâmica, imaterial, morbífica.

Toda doença natural ocorre pela perturbação da força vital imaterial que anima o corpo
físico, através de influências dinâmicas morbosas de mesmo caráter. Para Hahnemann,
existia uma especie de contagio imaterial para que isto ocorresse, ficando clara esta
concepção ao explicar como os miasmas tomam conta do organismo vivo através das
terminações nervosas. Esta distonia vital manifesta-se aos nossos sentidos através da
totalidade sintomática, objetivo a ser perseguido por todo homeopata que busque a
verdadeira cura das enfermidades.
Vitalismo e a Cura
Utilizando-se do princípio da semelhança hipocrático (similia similibus), Hahnemann nos
traz a idéia de que os medicamentos efetuam a cura de doenças por meio do mesmo
poder dinâmico de alterar o estado de saúde, por meio dó mesmo poder de desarranjar o
caráter vital de nosso organismo em relação às suas sensações e funções

A força vital perturbada, causa das doenças, só pode se restabelecer através da energia
vital dos medicamentos homeopáticos, que, funcionando como um modelo indutor da
reação vital, conduzem-na ao equilíbrio perdido: é a força vital orgânica de nosso corpo
que cura diretamente e sem quaisquer sacrifícios as doenças naturais de todos os tipos,
tão logo seja favorecida por meio de remédios (homeopáticos) corretos para alcançar a
vitória.
Através do processo de dinamização dos medicamentos (diluições e sucussões), alicerce
da farmacotécnica homeopática, são despertadas as propriedades dinâmicas e imateriais
latentes nas substâncias naturais enquanto em estado bruto, após o quê tornam-se
capazes de agir de maneira quase que espiritual (imaterial) em nossa vida, sobre nossa
fibra irritável sensível.

O medicamento homeopático funciona como uma doença artificial, semelhante à


doença natural, que, segundo Hahnemann, tomaria o lugar desta e a extinguiria do
princípio vital, por ser mais forte que a mesma.

Todo medicamento causa uma perturbação na força vital, chamada de ação primária
(sintomas surgidos na experimentação com o homem sadio). A esta ação, nossa força
vital se esforça para opor sua própria energia, atividade automática, instintiva e de
conservação, chamada ação secundária ou reação. Seguindo o princípio da semelhança
na escolha do medicamento homeopático, direcionaremos a força vital, na ação
secundária, a desalojar o seu desequilíbrio inato, que lhe é imperceptível pela ausência
de razão e reflexão.

Na cura das doenças pelo medicamento homeopático, realizamos um confronto da força


dinâmica orgânica desequilibrada com a energia medicamentosa de tipo semelhante, mas
um pouco mais forte, promovendo com isto uma reação vital do organismo contra o
distúrbio morboso que lhe e próprio, mas imperceptível. A força vital irracional, que tem
como função manter o organismo em harmonia apenas no estado de saúde, não tem
discernimento para perceber um desequilíbrio que se lhe incorporou no estado de doença
Simplificando e como se mostrássemos a força vital a natureza da sua distonia, que ela
não consegue enxergar por ser destituída de raciocínio e reflexão, direcionando a reação
vital contra a enfermidade em si.
Discussões e Metafísica
Desde o início de seus escritos, Hahnemann critica o excesso de especulações, que não
auxiliem a cura do doente. Na citação abaixo, apesar de aceitar uma espécie de
explicação que a aplicação forçada dos axiomas da antropologia à patologia nos permite,
afasta-os terminantemente de sua prática clínica, dizendo que se estes são válidos no
indivíduo sadio, não o são no indivíduo doente.

Frisando ser a Homeopatia um método terapêutico com fundamentos simples e claros, diz
não haver necessidade de perder-se em discussões metafísicas e escolásticas sobre a
impenetrável causa primária das enfermidades.

Assim como Sócrates não procurava conhecer a natureza metafísica de tal ou qual vício
da alma, Hahnemann não se interessava por especular sobre a natureza metafísica do
terror, do medo, da aversão, da cólera, do pesar, etc., pois em nada auxiliaria na busca do
medicamento correto que cure suas consequências. Evitando qualquer especulação
metafísica acerca da teoria miasmática, a qual ancorou em patologias físicas conhecidas,
diz que os miasmas mórbidos nos são tão desconhecidos em sua essência íntima, como
os mesmos males que deles dependem; ainda quando Deus nos revelasse as mudanças
invisíveis que um miasma crônico determina no interior das partes mais sutis de nosso
corpo, ainda quando nosso espírito fosse capaz de receber uma instrução tão
transcendental, este conhecimento intuitivo não nos conduziria todavia ao remédio
específico, o único que nunca deixa de produzir seu efeito.

Critica o uso exclusivo da razão para estabelecermos modelos e explicações sobre a


natureza das coisas, sobre causa e efeito, dizendo que toda e qualquer de suas
conclusões deve sempre basear-se em evidências palpáveis, em fatos e experiências, se
quiser extrair a verdade. No aceitando os devaneios da imaginação, acrescenta que, se
na sua operação, desviar-se, um único passo, da orientação do perceptível, ela perder-se-
á na região ilimitada da fantasia e da especulação arbitrária - mãe de ilusões perniciosas
e absoluta nulidade.

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