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História, princípios

e fundamentos da homeopatia
Felipe Hugo Alencar Fernandes
Conteúdo
• Histórico.
• Conceito saúde-doença.
• Farmacologia homeopática.
• Medicamento homeopático.
• Farmácia homeopática.

Felipe Hugo Alencar Fernandes


Graduação em Farmácia (UEPB)
Mestre em Ciências Farmacêuticas (UEPB)
Doutor em Ciências Farmacêuticas (FCFar Unesp)
Professor do curso de Medicina da UNIFACISA
Docente do PPGCF/UEPB e PPGDITM/UFPB
O ensino da medicina na antiguidade
Hipócrates
• Filósofo;
• Pai da medicina;
• Hipócrates concluiu que existem três maneiras de se tratar:
• “contraria contaris curentur” (sejam os contrários curados
pelos contrários) - base da Alopatia. ƒ
• “similia similibus curentur” (sejam os semelhantes curados
pelos semelhantes)- base da Homeopatia. ƒ
• “vis medicatrix naturae” – força de cura natural, a
defesa do organismo.
Galeno
• Anatomista e fisiologista;
• Não aceitava a concepção hipocrática de “poder curativo
da natureza”.
• Concebia o corpo humano como um instrumento da alma.
• As doenças eram, para ele, localizadas em órgãos do corpo.
• Para ele toda alteração correspondia a uma lesão em
algum órgão.
• Propagou o método de cura pelos contrários, mas reconhecia
a existência do método dos semelhantes.
• Seus pensamentos dominaram a medicina durante séculos.
Visão da terapêutica

Mecanicismo Vitalismo
Renascimento
Thomas Sydenham
Paracelso Orientações higiênicas e
Doutrina das assinaturas dietéticas
A medicina tradicional
Samuel Hahnemann (1755-
1843)
• Estudou medicina em Leipzing depois em Viena;
• Traduziu vários livros na área de medicina;
• Propriedades curativas da Chinchona officinalis;
• Testou em si mesmo a substância e desenvolveu sintomas
semelhantes aos da doença.
Samuel Hahnemann (1755-1843)
• Testou outras drogas em si mesmo outras drogas;
• Publicou, em 1796, o importante ensaio ‘Um novo método para
averiguar os princípios curativos das drogas”;
• Hahnemann começou seus tratamentos aplicando grandes doses;
• Mas, devido a efeitos colaterais, procurou desenvolver um
procedimento para proteger o paciente e evitar intoxicações;
• A nova terapia era uma opção aos tratamentos primitivos e sem base
científica, como a prática de sangrias, ingestões de purgantes e
substâncias tóxicas..
O Organon
• O livro ORGANON DEL HEILKUNST (Organon
da arte de curar), publicado na Alemanha em
1810 de autoria de Hahnemann;
• O nome “Organon” vem do grego e significa
“instrumento”
• É também o nome dado por Aristóteles ao seu
conjunto de tratados sobre lógica.
• Interessante ressaltar que Hahnemann não
batiza seu livro de Organon da Homeopatia,
mas sim de “Organon da Medicina” (arte de
curar). .
Homeopatia no Brasil
Julies Benoit Mule
21 de Novembro 1840 Nilo Cairo da Silva
Homeopatia no Brasil
• 1844 – Fundação da Escola de Homeopatia no Brasil;
• 1912 – Nasce a Faculdade Hahnemaniana de medicina e, em 1916, o
Hospital Hahnemaniano do Brasil;
• 1952 – Torna-se obrigatório o ensino de técnicas de farmácia
homeopática nas faculdades de farmácia do Brasil;
• 1976 – Farmacopeia Homeopática Brasileira;
• 1980 – Homeopatia é reconhecida, no Brasil, como especialidade
médica pelo Conselho Federal de Medicina;
• 1988 – Manual da farmácia Homeopática;
Quatro pilares da homeopatia

Lei dos Experimentação


semelhantes em homem são

Doses mínimas Medicamento


único
1. Lei dos semelhantes

• Toda substância capaz de


provocar determinados
sintomas numa pessoa sadia
é capaz de curar sintomas
semelhantes que se
apresentam numa pessoa
doente.
• “similia similibus curantur”
2. Experimentação em homem são

• Como descobrir possíveis efeitos curativos


de determinada substância?
• Ao utilizar animais teremos sempre
resultados parciais, falsos ou pobres em
detalhes em virtude das características
peculiares ao seres humanos;
• Ao utilizar pessoas doentes não
saberíamos quais ações são devidas à
droga e quais são devidas à doença;
• Utilização de pessoas sadias de ambos os
sexos para verificação das alterações
(sintomas).
3. Doses mínimas

• Doses altas – toxicidade;


• Passou então a diluir as
substâncias para que fossem
ministradas em pequenas
quantias;
• Os sintomas se mantinham,
sem os efeitos tóxicos;
4. Medicamento único

• Um medicamento de cada vez é a


matéria medica reúne os sintomas
de uma só substância em cada
patogenesia (conjunto de sintomas);
• O medicamento ensaiado pode ser
simples, complexo, natural ou
artificial ou uma mistura de
substâncias que se combinam;
• Homeopatas Unicistas X
Homeopátas complexistas;
O fenômeno vital
• A complexidade do fenômeno vital não pode ser
desconsiderada.
• A realidade viva é indescritível com base apenas no
reducionismo físico-químico da biologia molecular.
Vitalismo
• É uma doutrina filosófica, segundo
a qual os seres vivos possuem uma
força particular que os mantém
atuantes, o princípio ou força vital,
distinta das propriedades físico-
químicas do corpo.
Força Vital
• É o agente imaterial que
automaticamente anima o organismo
material, conferindo-lhe todas as
sensações e funções, tanto na saúde
como na doença.
• É a força vital que mantém o organismo
em harmonia e sem ela, ele não age, não
sente e se desintegra (Hahnemann,
Organon, 6ª Ed., § 10).
Saúde e doença
• A homeopatia define saúde como
um estado de equilíbrio dinâmico
que abrange as realidades física
e psicomental dos indivíduos em
suas interações com o ambiente
natural e social.
• A doença reflete, mediante os
sintomas, o esforço da força vital
na tentativa de restabelecer o
equilíbrio.
Cristalização sensível de Pfeiffer
Níveis dinâmicos
• O ser humano apresenta três
níveis dinâmicos identificáveis: o
físico, o emocional e o mental. Mental
Sobre eles age a força vital.
• O homem pensa por meio do seu
nível mental, sente por seu nível Emocional
emocional, age pelo seu nível
físico e encontra-se coeso em
seus três níveis pela ação Físico
integradora da força vital.
Supressão
• A supressão decorre da ação
medicamentosa paliativa, que irá
acarretar a inibição ou remoção
dos sintomas antes da cura do
problema original, fazendo com
que ocorra o retorno dos mesmos
ou de outros mais graves.
Metástase mórbida
• São as perturbações causadas
pela supressão, que ao eliminar os
sintomas faz uma reversão da
ação mórbida a níveis mais
profundos e perigosos.
Processo de cura
• Refletem os mecanismos de cura
estimulados pela força vital;
• Os homeopatas procuram reforçar
os mecanismos de defesa naturais
aos agir na mesma direção da
força vital;
• Não suprimem sintomas;
Processo de cura
• Os pacientes são analisados em função de suas
respostas específicas.
• São sempre os sintomas, que pertencem ao paciente, e
não à doença, que indicarão o medicamento específico
de um homem-enfermo.
“Leis de cura” ou “Leis de Hering”
Matéria Médica Homeopática
• A matéria médica homeopática é a obra que reúne as patogenesias
desenvolvidas pelas drogas e pelos medicamentos homeopáticos quando
administrados, nas suas diferentes doses, a indivíduos sadios e sensíveis.
Exemplo
Patogenesia da Belladonna
• Sintomas físicos: olhos vermelhos, pupilas dilatadas, latejos na cabeça
com cefalalgia intensa, rubor facial, boca seca com aversão à água,
extremidades frias, insônia, etc
• Sintomas emocionais: angústia, irritabilidade excessiva, etc.
• Sintomas mentais: superexcitação mental, embotamento da mente,
delírios com alucinações visuais, etc..
Repertório Médico
• Repertório é a obra que reúne os sinais e sintomas, seguidos pelas drogas
e pelos medicamentos, em cuja experimentação no homem sadio eles se
manifestam.
Literatura usada

Matéria Medicamentos Sintomas


Médica

Repertório Sintomas Medicamentos


• Doenças artificiais ou medicamentosas – Também
Classificação podem ser causadas por procedimentos médicos.
São as ditas doenças iatrogênicas;

das doenças • Enfermidades aparentes – São provenientes de


erros de higiene ou agressores que podem ser

segunda a evitáveis;
• Doenças crônicas naturais ou diáteses – são aquelas
Homeopatia determinadas pelas predisposições ou
susceptibilidade mórbida do indivíduo; provoca
desequilíbrio da força vital
Classificação das doenças
• Estados agudos periódicos (episódios miasmáticos): amigdalite aguda
recidivante, crise asmática, herpes, etc;
• Doenças epidêmicas e infecciosas específicas: febre amarela,
sarampo, gripe, etc;
• Doenças crônicas não miasmáticas: por abuso de drogas, hábitos de
vida insalubres, doenças ocupacionais, etc;
• Doenças crônicas miasmáticas: psora, sicose e sífilis;
• Indisposições e doenças traumáticas.
Miasmas
Efeito primário
• Também conhecida como ação primária;
• E a modificação de maior ou menor duração provocada por uma
substância na saúde do indivíduo;
• Consequência direta da ação química;
Efeito secundário
• Também conhecida como reação secundária;
• Reação do próprio organismo ao estimulo que o altera;
• Reação homeostática do próprio indivíduo;
Terapêutica dos contrários
• Após uma pequena pausa promovida pelos medicamentos alopáticos,
a doença piora;
• O efeito primário, promovido pela ação do medicamento paliativo,
induz à manifestação de um efeito secundário do organismo
semelhante à doença;
• O “efeito rebote” é a reação secundária de Hahnemann, tido como
indesejável, sendo assim pouco estudado;
• A ação medicamentosa antagônica tem alivio apenas temporário,
agravando-se sempre após sua ação.
Terapêutica dos contrários
• Uma droga é capaz de provocar no homem sadio sintomas
semelhantes aos que se deseja curar no doente;
• O organismo, por meio da reação secundária, reagirá contra a
doença artificial provocada pela droga, semelhante à doença natural,
eliminando-a e promovendo o equilíbrio orgânico;
• Exemplo: Codeína
• Indicação terapêutica: tratamento da dor
• Efeito rebote: dores generalizadas.
Terapêutica dos contrários
Droga “efeito
antidepressivo”

Melhora inicial dos


sintomas

Suspensão ou
eliminação da droga

Reação do organismo
– efeito depressor

Piora dos sintomas


Terapêutica dos contrários

Medicamento anti-inflamatório

Piora dos sintomas

Efeito Primário: Efeito


Agente Secundário:
causador da inflamação
inflamação
Terapêutica dos semelhantes
• Pode ser explicada pelo conceito de homeostase - tendência que os
organismos vivos apresentam de manter um estado de equilíbrio
interno, apesar das variações do meio ambiente externo;
• A força vital tem o papel de manter o equilíbrio entre os três níveis
dinâmicos: físico, mental e emocional.
Terapêutica dos semelhantes
• O medicamento dinamizado é o estímulo necessário para despertar a
reação vital no sentido da cura;
• Para evitar a agravação dos sintomas, são utilizados medicamentos
diluídos e potencializados pela dinamização, assim são raras as
agravações, a não ser em indivíduos muito susceptíveis;
• Com a diluição da droga, a agravação é controlada;
• Com a potencialização, a reação orgânica é estimulada ainda mais no
sentido da cura.
Terapêutica dos semelhantes
Droga “efeito
depressivo”

Piora inicial dos sintomas

Suspensão ou eliminação da
droga

Reação do organismo –
efeito antidepressor/rebote

Melhora dos sintomas


Terapêutica dos semelhantes

Piora dos sintomas

Efeito Primário: Efeito


Agente Secundário:
causador da inflamação
inflamação

Cura
Energia medicamentosa
Energia medicamentosa
Medicamento
homeopático

Informação
medicamentosa

Doente

Reação do organismo

Cura
Hipótese molecular
• Busca associar aos medicamentos homeopáticos alterações estruturais
nas moléculas do solvente(tamanho e ângulo), empregando técnicas de
ressonância magnética nuclear ou auto-organização das moléculas do
solvente.
Hipótese energética
• A informação contida em uma substância exerce papel significante
biológico capaz de gerar modificações fisiológicas, após sua
interpretação pelo organismo.
Prescrição medicamentosa
• Buscar o simillimum do paciente pela totalidade dos sintomas.
• Encontrar a potência, a frequência de administração e a dose
adequada, capaz de despertar a reatividade orgânica em um ótimo
nível;
• Isso depende da doença, do doente, do medicamento e de vários
outros fatores;
• Por isso o clínico deve acompanhar o paciente em suas reações para
escolher a dinamização mais indicada para o caso.
O medicamento homeopático

• Promovem a cura mediante sua capacidade dinâmica de atuar a


vitalidade;

• Compreendido pela sua capacidade energética;

• Visa promover ou prevenir a cura mediante a capacidade de ativar


todo um complexo vital;

• Farmacotécnica homeopática;
O medicamento homeopático
• É toda forma farmacêutica de dispensação ministrada segundo o princípio da
semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa e/ou preventiva. É
obtido pela técnica de dinamização e utilizado para uso interno ou externo (FBH
2011);
• Medicamento homeopático composto:
• É preparado a partir de dois ou mais insumos ativos.

• Medicamento homeopático de componente único:


• É preparado a partir de um só insumo ativo.
Origem do medicamento homeopático

Reino Belladona
vegetal

Sulfur Reino
mineral

Reino Apis mellifica


animal
Origem dos medicamentos
Reino Fungi

Reino Monera

Reino Protista

Medicamentos imponderáveis
Vias de introdução e eliminação
• Os medicamentos não devem ser engolidos, mas deixados na boca
para que sejam absorvidos pela mucosa bucal;
• Desta foram, tem-se uma boa absorção sem influências do estômago e
do fígado;
• Por agir por meio da informação que veicula, o medicamento
homeopático não se acumula no organismo nem é eliminado;
• O medicamento homeopático pode provocar ou acelerar a eliminação
de toxinas pela pele e pelo suor.;
• Todavia, esses estados não representam sua eliminação do organismo.
Posologia
• A prescrição do medicamento homeopático não está relacionada à
ponderabilidade da dose, mas à sua capacidade de promover o
estímulo da reação do organismo, que é variável de indivíduo para
indivíduo, por meio da informação correta que o simillimum;
• A escolha da potência depende do caso clínico, apesar do simillimum
atuar em todas as dinamizações, em maior ou menor profundidade;
• O conceito de potência alta e baixa não é padronizado
internacionalmente;
Formas inertes

Glóbulos Microglóbulos Comprimidos Tabletes


Rótulos
Normas para o
funcionamento
• RDC 67/2007 - arcabouço
regulamentar para a prática da
manipulação magistral,
objetivando a segurança e a
qualidade das preparações
magistrais manipuladas, em
defesa da saúde da população.
Anexos
Anexo I Boas Práticas de Manipulação em Farmácia
Anexo II Boas Praticas de Manipulação de Substancias de Baixo índice Terapêutico
Anexo III Boas Práticas de Manipulação de antibióticos, hormônios, citostáticos e
substâncias sujeitas a controle especial
Anexo IV Boas Práticas de Manipulação de Produtos Estéreis
Anexo V Boas Práticas de Manipulação de preparações Homeopáticas
Anexo VI Boas Práticas de Preparação de Dose Unitária e Unitarização de doses de
medicamentos em serviços de saúde
Anexo VII Roteiro de inspeção para Farmácia
Anexo VIII Padrão mínimo para informações ao paciente, usuário de fármacos de baixo
índice terapêutico
O modelo de atenção da homeopatia

• Recoloca o PACIENTE no centro do


paradigma da atenção,
compreendendo-o nas dimensões
física, psicológica, social e cultural.
• Na homeopatia, o adoecimento é
a expressão da ruptura da
harmonia dessas diferentes
dimensões. Dessa forma, essa
concepção contribui para o
fortalecimento da integralidade da
atenção à saúde;
O modelo de atenção da homeopatia
• Fortalece a relação médico-paciente como um dos elementos
fundamentais da terapêutica, promovendo a humanização na atenção,
estimulando o autocuidado e a autonomia do indivíduo;
• Atua em diversas situações clínicas do adoecimento, por exemplo, nas
doenças crônicas não transmissíveis, nas doenças respiratórias e
alérgicas, nos transtornos psicossomáticos, reduzindo a demanda por
intervenções hospitalares e emergenciais e contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida dos usuários;
• Contribui para o uso racional de medicamentos, podendo reduzir a
farmacodependência.

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