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Sophia, um exemplo de sabedoria

Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de novembro de 1919, no Porto. Era filha de João
Henrique Andresen e Maria Amélia de Mello Breyner. Sophia era neta de Jan Andersen o proprietário da
Quinta do Campo Alegre, atual Jardim Botânico do Porto. Sophia tem descendência dinamarquesa por
parte do seu avô. Desembarcou um dia na cidade Invicta tendo comprado a quinta onde Sophia viveu
durante a sua infância.
Sophia foi criada na antiga aristocracia portuguesa e foi educada com os princípios da moral cristã e
iniciou os estudos no Colégio Sagrado Coração de Jesus. Mais tarde, foi dirigente de movimentos
universitários católicos quando frequentava o curso de Filologia Clássica na Universidade de Lisboa, entre
1936 e 1939, que não chegou a concluir. Tornou-se uma das figuras mais representativas da política,
opondo-se ao regime salazarista.
O avô materno deu-lhe a ler Camões, mas foi o pai quem
pagou a edição do seu primeiro livro.
Sophia começou a escrever bastante cedo e, em 1940,
participou na revista “Cadernos de Poesia” onde publicou os
seus primeiros versos. Mais tarde, em 1933, dedica-se
exclusivamente à literatura. As memórias da sua infância
levam--na a escrever poemas como “O Jardim e a Casa”, “Casa
Branca”, “O Jardim Perdido” e “Jardim e a Noite”. Sophia viajou
pela Grécia, com Agustina Bessa Luís, e pelo mediterrâneo,
lugares de que gostava muito.
Anos mais tarde, casa-se, em 1947, com o jornalista, advogado e político Francisco Sousa Tavares, com o
qual teve cinco filhos: Isabel, Maria, Miguel, Sofia e Xavier.
Na verdade, foram os seus filhos o motivo pelo qual Sophia de Mello
Breyner Andresen começou a escrever, como a própria já contou. Começou a
escrever para crianças quando os seus filhos tiveram uma doença, chamada
sarampo. Ela tinha de os entreter com alguma coisa, pois eles tinham de estar
quietos e, com tantas histórias que leu começou a ficar irritada com a linguagem
sentimental e depois com a linguagem «ta-te-bi-ta-te». Decidiu começar a contar
histórias sobre ela mesma lembrando-se de factos e de lugares da sua infância. Os
seus filhos também ajudavam “primeiro porque não me deixavam parar e segundo
porque perguntavam: «E o peixe o que é que fazia? E o caranguejo?»”. Sophia foi
motivada por eles a escrever, em 1958, “A Menina do Mar” e “A Fada Oriana”. No ano seguinte, em 1959,
escreveu “A noite de Natal” e outras obras narrativas como, “O Cavaleiro da Dinamarca” (1964), “O Rapaz
de Bronze” (1965) e algumas peças de teatro. Traduziu para o português as obras de Eurípedes,
Shakespeare, Dante e Claudel. Para o francês traduziu Camões, Mário Sá-Carneiro, Cesário Verde,
Fernando Pessoa, entre outros.
Participou ativamente na oposição ao Estado Novo. Em 1968, foi candidata pela oposição
Democrática nas eleições legislativas. Foi, também, quem fundou a Comissão Nacional de Socorro aos
Presos Políticos e, após a Revolução do 25 de Abril de 1974, candidatou-se, pelo Partido Socialista, à
Assembleia Constituinte em 1975.
Sophia foi contemporânea dos poetas Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, entre outros. A sua obra
ouve-se, muitas vezes, como uma voz de liberdade. Sophia era também apaixonada pela cultura grega. Nas
suas obras, são constantes os temas como “a cidade”, “o tempo”, “a natureza” e “o mar”. O que escreveu
para crianças, tornou-se um clássico de literatura infantil em Portugal, passando
de geração em geração.
Sophia foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX.
Em 1999, foi a primeira autora portuguesa a receber o Prémio Camões, o
mais importante da nossa língua. Passado dois anos, em 2001, foi-lhe atribuído o
Prémio Max Jacob Étranger e, em 2003, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-
americana, entre outros tantos.
Infelizmente Sophia já não se encontra entre nós. Faleceu no dia 2 de Julho de
2004, aos 84 anos no Hospital Pulido Valente, em Lisboa.
Os mais diversos artistas, políticos e culturais renderam-se à literatura de
Sophia de Mello Breyner Andresen e prestaram homenagem àquela que é a maior
poetisa dos nossos tempos e das maiores de Portugal.
Sophia não está sepultada, antes vive entre nós com a sua poesia, a sua
arte: “A poesia... pede-me que viva sempre...” e, quando se fala de Sophia nunca se diz tudo...
Ao ler poemas escritos por Sophia de Mello Breyner Andresen reparamos que as palavras são
cristalinas, o texto foi feito no momento ideal, as ideias parecem acabadas de surgir. Tudo isto parece fácil,
mas é uma tarefa dificílima.
Esta é uma das razões por que Sophia de Mello Breyner Andresen é uma escritora conhecida e
premiada. Ela é tão especial que até a chamamos apenas de “Sophia” e toda a gente sabe de quem
estamos a falar.
Sophia amava o mar, por isso, em 2005, os seus poemas foram colocados para leitura permanente
nas zonas de descanso do Oceanário de Lisboa, o que faz com que os visitantes possam absorver a força da
sua escrita enquanto estão imersos de uma visão do fundo do oceano.
A Assembleia da República, decidiu, por unanimidade, homenagear a poetisa com honras no
Panteão Nacional em 2 de Julho de 2014.
Sophia de Mello Breyner Andresen deixou por concluir o texto “Os Ciganos” que, mais tarde, o seu
neto Pedro Sousa Tavares publicou, em 2012. O filho Miguel Sousa Tavares afirma "Não há um único dia
em que não me lembre da minha mãe", todos os filhos doaram um espólio da mãe, mas é principalmente a
sua filha Maria Sousa Tavares que se dedica ao estudo e divulgação da obra da mãe Sophia.
Dizia ela: “o verdadeiro artista não inventa, vê”.
Sophia Mello Breyner Andresen estará sempre presente em nós, uma vez que, tal como todos os
alunos, estivemos em contacto com as suas obras no 1º e 2º ciclos com histórias que nos encantaram pela
sua magia, simplicidade e beleza. A escrita de Sophia, tanto a prosa como a poesia, é simples e bonita e
permite que qualquer um a possa entender.
Bibliografia:
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Filha de Sophia de Mello Breyner dedicou parte da vida a estudar obras da mãe. Available at:
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