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DA AÇÃO

Aqui, ora, o que estou sentindo? Se sou apenas um herói, porque me aflijo?
Tudo está nos conformes e meus desvarios, não hão de me tirar do eixo. Isto
posto pelo que conservo em meu Eu o sensível e o particular, sendo o
sensível, pertencente ao universo, e o particular, pertencente a esta ciência
que vós podeis perceber. E dito isto, vou trilhando os meus pensares na
concordância do que é aqui exposto. E isso não é de somenos, porquanto trás
consigo toda a verve do autor que lhes prescreve.

De todo ato, podemos tirar uma consequência, seja ele passivo ou ativo.
Passivo quando se recebe de outro uma ação. E ativo quando se é originário
de si uma determinada ação volitiva. E daí se segue que nós todos agimos a
todo o momento, mas o que tirar disto de proveito, reverter à ação em Nada?
Não agir? Não, antes agir a cada instante possível, pois Tu só és na tua ação e
não no teu pensar, como propunha Descartes. E quanto mais vossa ação for
irracional, mais estareis próximos da Natureza das coisas particulares que só
dizem respeito a Ti.

Ora, se me proponho a um tratado sobre a ação, não seria Eu, o próprio objeto
a ser estudado, haja vista estar compondo um tratado e por isso mesmo,
agindo? Se sim, diríeis que sou objeto da ação, se não, estaríeis negando o
óbvio, ou seja: “Que toda ação propõe uma reação” e são vós os leitores que
terão a reação de minha ação. Portanto não importa se a negam, ou se antes,
a afirmam.

O que aqui importa é ação do autor, sua obra limpa, seu estilo literário, seu
labor, seu tempo gasto ao escrever estas linhas, sua hora de fome, que passa
no intento de escrever uma bela obra. Tudo isso deve ser visto como reação
por vós, ou estou enganado? Não, não me enganaria assim tão facilmente por
bagatelas. Pois é isto o que importa na ação, a saber: “A reação”. E é a reação,
ou seja: “A troca de espíritos”. Que estão irmanados, tanto naquele que
escreve, quanto naquele que lê a obra pronta. E esse “choque” é inevitável,
como já propunha Lutero.

Aqui o que se diz que seja feito como dito verossímil? Ou são antes, bagatelas
de um poeta filosofante que anseia ser lido por outrem, já que trata tanto da
reação, sendo que o titulo da obra é “ação”? Ora, sendo Eu o autor da ação de
escrever, não existe nada de errôneo em me preocupar com a reação de vós
leitores, pois é e será através desta que extrairei os louros de minha obra, de
meus exercícios, de minhas letras, que por mais moribundas que pareçam,
denotam o ser que sou. Não que eu seja moribundo, antes disso sou um ser
altivo, vivaz e alegre com as coisas enigmáticas do existir no Universo, do
Mundo, da Natureza, dos Outros, de meu ser, de minha Alma e de meu Corpo.
O que seria isso senão uma paixão denodada por si e por tudo que me
circunda? E de onde surgiria esta paixão, esta emoção, este amor, senão pelo
fato de simplesmente EXISTIR? De ser um “embrião campeão”, no jogo dos
embriões? Sim! Eu venci a batalha contra milhares de outros rivais, sim! Fui eu
quem entrou no Óvulo e agora, o que sou? Sim! Este vencedor e sapiente de
tudo isto, da história. Pois tudo tem um começo e um meio para um fim. E se
eu acreditar que não há fim, que este “meio” é apenas uma das muitas formas
de transmutação das coisas congêneres ao ser do sendo? Ao Devir? Seria
como crer que só existem “meios” para atingir determinados fins e o meio para
que eu atinja o fim de ser um escritor, sois vós que me leem. E será através
deste meio que alcançarei cada vez mais a sapiência para escrever cada vez
melhor o que faço não pertence a mim, mas ao Universo, pois, sendo apenas
uma partícula do imenso TODO, elaboro e faço apenas aquilo que minha
pequena e girante mente pode elaborar, como num círculo vicioso.

E valendo-se do que fora exposto até aqui, coloco sobre a baila de vós para
que esta pequena tese seja lida e apreendida no seu esquadrinhamento de
literatura que necessita ser lida. Vale saber que este é um pequeno ensaio,
pois este dando certo, poderemos escrever cada vez mais e melhor.

Agradecimentos

Aos meus pais e a todos que me influenciam a escrever

Noilson Abreu Benicio

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