Você está na página 1de 22

Anatomia, Análise de Cenário e Biossegurança

Conteudista: Prof. Me. Edson Elias


Revisão Textual: Esp. Vinicius Oliveira

Objetivos da Unidade:

Reconhecer o local exato de uma lesão em uma vítima;

Estabelecer um possível diagnóstico clínico ou traumático;

Reconhecer os potenciais riscos em um local de acidente;

Entender as medidas preliminares de biossegurança.

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
1 /3

ʪ Material Teórico

Introdução
Anteriormente, deixamos a seguinte pergunta de encerramento: "Como você descreveria a
localização das lesões que uma vítima apresenta?"

A resposta você vai descobrir durante a nossa conversa nesta Unidade. Chegou o momento de
relembrarmos aquelas aulas de Ciências no ensino fundamental e de Biologia no ensino médio.
Naquele tempo ouvíamos falar de anatomia humana e nem sequer imaginávamos que um dia
iríamos precisar desse conhecimento. Enfim, aqui estamos.

Imagine que você solicitou socorro especializado para o atendimento de uma vítima de acidente
que apresenta várias lesões pelo corpo e o atendente acabou de lhe perguntar: você poderia, por
gentileza, descrever os locais das supostas lesões no corpo da vítima?

E aí? Como você agiria?

Responderia que não sabe como se chamam as partes do corpo com os ferimentos? Diria
qualquer coisa para não demonstrar desconhecimento? Lembre-se de que suas informações
podem fazer toda a diferença para o tipo de atendimento que a vítima receberá.

Bom, então é melhor começarmos logo a tratar de entender como se divide o corpo. Está
preparado?

Antes, porém, é necessário rever algumas definições básicas; afinal, você sabe a diferença entre
anatomia e fisiologia humana? Sabia que uma está diretamente ligada à outra?
Anatomia é a ciência da estrutura e de suas relações. Fisiologia é a ciência das funções do corpo,
ou seja, é o estudo de como as partes do corpo atuam.

Planos Anatômicos
Cada estrutura do nosso corpo exerce uma função específica. O corpo humano possui seis níveis
de organização estrutural: químico, celular, tecidual, de órgãos, de sistemas e de organismo.

Vamos iniciar nossa conversa a partir do nível dos órgãos, onde as células dos diferentes tipos
de tecidos já estão unidas, formando a estrutura dos respectivos órgãos, que são facilmente
reconhecidos, os quais, por sua vez, formam os sistemas, que compõem o organismo. Com você
sabe, o coração se localiza na caixa torácica, enquanto o estômago e os intestinos estão na
região abdominal.

É como se tivéssemos um mapa corporal para saber a localização exata de cada órgão.

Vamos fazer uma dinâmica... Se você se posicionar de frente para um espelho em que possa se
ver de corpo inteiro, ficando com os pés juntos, em paralelo, voltados para a frente, e com os
braços estendidos ao longo do corpo, com a palma das mãos virada para o espelho, você estará
exatamente na posição chamada anatômica.

Dessa posição anatômica é mais fácil entender alguns pontos específicos de referência, como
direita, esquerda, inferior, superior, anterior e posterior. Esses pontos ficam muito bem
definidos quando se divide o corpo humano em três planos, chamados planos anatômicos:
plano sagital, que se estende verticalmente ao longo do corpo, dividindo-o nas partes direita e
esquerda; plano frontal ou coronal, que passa longitudinalmente e divide o corpo nas partes
anterior (frontal) e posterior (dorsal); e, por último, plano transversal, também chamado plano
horizontal, que divide o corpo nas partes superior e inferior.
Figura 1 – Planos anatômicos
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Três desenhos de uma mulher em pé em cima de um círculo


vermelho, com a frente voltada para a direita e um maiô vermelho, dispostos
lado a lado. Nos desenhos a mulher está com os braços estendidos ao longo do
corpo com a palma das mãos voltada para a frente. Na parte superior, no centro,
com letras grandes e pretas, está o título, escrito em inglês: “Anatomical
Planes”. Abaixo do desenho mais à esquerda, está escrito, em preto e com letras
menores, “Sagital”. Abaixo do desenho do meio, está escrito, também em preto
e com letras menores, “Transverse”. Abaixo do desenho mais à direita, está
escrito, também em preto e com letras menores, “Frontal”. Fim da Descrição.

Há outras formas de definir pontos específicos em nosso corpo, como distal, medial e proximal,
tendo como referência o coração. Podemos afirmar que nossas mãos estão na posição distal,
nossos ombros estão na posição proximal e a articulação dos cotovelos está na posição medial.
Figura 2 – Posição anatômica
Fonte: Adaptada de Getty Images

#ParaTodosVerem: Dois desenhos de uma mulher em pé, dispostos lado a lado,


com indicações. No centro da imagem, uma seta azul que aponta para cima e
para baixo separando os desenhos. Acima da seta está escrito “Superior” e
embaixo está escrito “Inferior”. A mulher veste roupas íntimas de cor bege. No
desenho da esquerda, ela em cima de um círculo cinza, de perfil, com a frente
voltada para a esquerda. Abaixo dos pés está escrito “Visão Lateral” em azul-
claro. Os braços estão estendidos ao longo do corpo, com a palma das mãos
voltada para dentro. Uma seta azul vertical, apontando para cima e para baixo,
vai da cabeça até a cintura. Na extremidade superior da seta, está escrito
“Cranial” em azul-claro. Na extremidade inferior da seta, está escrito “Caudal”,
também em azul-claro. Uma seta azul horizontal, apontando para a direita e
para a esquerda, atravessa a mulher na altura da cintura. No interior do
segmento esquerdo da seta, está escrito “Anterior” e, logo abaixo, entre
parênteses, “Ventral”. No interior do segmento direito da seta, está escrito
“Posterior” e, logo abaixo, entre parênteses, está escrito “Dorsal”. No desenho
da direita, a mulher está de frente, em cima de um círculo cinza, e logo abaixo
dos pés está escrito “Visão Anterior” em azul-claro. Os braços estão estendidos
ao longo do corpo, com a palma das mãos voltada para dentro. Uma linha
tracejada do pescoço até a genitália divide o corpo em dois: do lado direito da
linha está escrito “Medial” e “Lateral”, na parte de cima da linha está escrito
“Linha média” em azul. Na altura da cabeça, há uma seta curta de cada lado: a
seta do lado direito da cabeça aponta para a direita e nela está escrito “Direita”; a
seta do lado esquerdo da cabeça aponta para a esquerda e nela está escrito
“esquerda”. Ao lado do braço direito há uma seta vertical azul que aponta para
cima e para baixo. Na ponta perto do ombro direito está escrito “Proximal”. Na
ponta perto do punho direito está escrito “Distal”. Ao lado da perna direita
também há uma seta vertical azul que aponta para cima e para baixo. Na ponta
perto da coxa direita está escrito “Proximal” e na ponta perto dos pés está
escrito “Distal”. Fim da descrição.

Vídeo
Introdução à Anatomia: Posição Anatômica e Termos de Relação |
Anatomia etc
Assista ao vídeo a seguir e conheça mais sobre os termos e
nomenclaturas anatômicas:

Introdução à Anatomia: posição anatômica e termos de relação | …


Órgãos e Sistemas
Bem, agora que já sabemos um pouco mais sobre os pontos de referência em nosso corpo,
podemos voltar a falar dos órgãos e suas respectivas posições.

Você já observou, por exemplo, que os órgãos vitais (coração e pulmões) são os únicos
protegidos por uma armadura de ossos, ou seja, os doze pares de costelas na caixa torácica, que
funcionam como um amortecedor de impactos. Não é incrível?

Percebeu também que, apesar de a maioria dos órgãos se localizar na região abdominal, não têm
nenhuma proteção? Isso significa que qualquer golpe ou impacto nessa região afetará
diretamente algum órgão e, dependendo da lesão, a vítima poderá apresentar um quadro grave
com risco à sua vida.

Entende agora a importância de saber diagnosticar não só uma possível lesão na vítima
acidentada, mas principalmente sua localização anatômica?

Como dissemos anteriormente, os órgãos formam os sistemas, então daí podemos dizer que um
sistema consiste em um conjunto de órgãos relacionados com um mesmo propósito. Por
exemplo, o sistema digestivo tem como principais órgãos: boca, faringe, esôfago, estômago,
fígado, pâncreas, vesícula e os intestinos grosso e delgado. Todos atuam no metabolismo dos
alimentos.
Figura 3 – Órgãos do sistema digestivo
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: Ilustração de uma silhueta do corpo humano até a metade
das pernas, com a cabeça voltada para o lado esquerdo e a palma das mãos
voltada para a frente. Na imagem um desenho mostra a boca, a faringe, o
esôfago, o estômago, o fígado, o pâncreas, a vesícula e os intestinos grosso e
delgado, órgãos que compõem o sistema digestivo humano. Fim da descrição.

Você Sabia?
A pele é o maior órgão do corpo humano e responsável por 16% do peso
corporal. Reveste uma superfície de aproximadamente dois metros
quadrados. É a principal barreira física contra o meio externo e exerce
diversas funções, entre elas a de manter o controle da temperatura
corporal.

Além do sistema digestivo (ou digestório), há outros sistemas, como o respiratório, o


circulatório, o nervoso, o excretor, o linfático, o endócrino, o esquelético, o muscular, o
reprodutor etc. Cada um deles tem uma função, porém todos interagem de forma harmônica
para manter as condições mais favoráveis para o funcionamento equilibrado, ou saudável, do
corpo.

Em caso de acidente ou mal súbito, o organismo da vítima fica em desequilíbrio. Um dos


principais objetivos do atendimento pré-hospitalar é restabelecer a normalidade o quanto antes.

Quando se fala de hemorragia, o que nos vem logo à cabeça é um vazamento de sangue. É preciso
lembrar também que nesse momento o sistema circulatório da vítima está comprometido e que,
dependendo do vaso sanguíneo afetado, o organismo da vítima vai apresentar diversos sinais e
sintomas (adiante vamos falar mais a respeito desses termos).

É claro que, em caso de artéria ou veia lesionada, é necessário estancar o sangramento o quanto
antes. Porém, como as artérias conduzem sangue rico em oxigênio e nutrientes do coração para
as células e as veias recolhem das células o sangue rico em gás carbônico, conduzindo-o ao
coração e deste para os pulmões, onde ocorrerá a troca gasosa chamada hematose, uma
hemorragia arterial é muito mais grave e prejudicial do que uma hemorragia venosa, além de o
volume de perda ser bem maior, porque o sangue arterial é bombeado pelos impulsos cardíacos.

Você percebeu que acabou de ler uma descrição bem suscinta do sistema circulatório humano?
Lembre-se de que a grande circulação ocorre do coração para as células e vice-versa e que a
pequena circulação acontece entre o coração e os pulmões e vice-versa.

Outro sistema que se deve levar em conta em um acidente ou mal súbito é o esquelético,
responsável pela sustentação e proteção do corpo, produção e armazenagem das células
sanguíneas, além de fixar o sistema muscular, auxiliando nos movimentos. Pense em uma
vítima com suspeita de fratura, ou seja, de interrupção da continuidade de um dos 206
segmentos ósseos do corpo, e na possibilidade de um osso fraturado atingir e perfurar uma
artéria, o que potencializa sobremaneira a gravidade e a necessidade de intervenção imediata.
Com o conhecimento sobre a anatomia e a fisiologia humana, você passa automaticamente a ver
o atendimento pré-hospitalar sob uma nova ótica.

Agora que você entendeu bem a relação de um acidente com a parte anatômica e fisiológica da
vítima, imagine os danos causados por uma fratura de fêmur (o maior osso do corpo humano)
com perfuração da artéria femoral?

Já sofre só de pensar, né?

Para concluir o assunto, voltemos a falar sobre os seis níveis de organização estrutural do corpo
humano. Lembre-se de que o organismo é o mais alto nível, pois é a combinação de todos os
sistemas, e qualquer alteração no equilíbrio de qualquer um dos sistemas se reflete diretamente
no organismo.
Cinemática do Trauma
A palavra “cinemática” vem do grego kinema, que significa “movimento”. A cinemática é a parte
da mecânica que se ocupa da descrição dos movimentos de pontos, corpos ou sistemas de
corpos, sem se preocupar com a análise das causas.

Ao imaginarmos como um acidente ocorreu, podemos supor as possíveis lesões sofridas pela
vítima e até os órgãos que provavelmente foram atingidos. Isso é chamado de cinemática do
trauma.

Vamos imaginar uma vítima que caiu de uma laje. Dependendo da forma que ela caiu, podemos
supor as lesões possivelmente sofridas e os órgãos provavelmente atingidos. Se ela caiu em pé,
podemos supor que tenha sofrido lesões nos membros inferiores (nos pés e nas pernas) com
potencial comprometimento da coluna vertebral. Se ela caiu de frente para o solo, as lesões mais
prováveis poderão estar localizadas no tórax, nos membros superiores e também na região da
face.

Observe as Figuras a seguir:

Figura 4 – Vítima de atropelamento por veículo pequeno.


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Ilustração de um homem de blusa amarela e calça azul


sendo atingido de frente, na altura na cintura, por um automóvel pequeno de cor
azul, do tipo hatch. Na imagem, uma estrela de cor vermelha com o centro
amarelo representa o ponto do impacto no local atingido. Fim da descrição.

Figura 5 – Vítima de atropelamento por veículo médio.


Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Desenho de um homem de blusa amarela e calça azul sendo


atingido de frente e lançado para cima por um veículo médio de cor azul, do tipo
SUV. Na imagem, desenhos em formato de raios em torno do homem atingido
sugerem os pontos de impactos. Fim da descrição.

As duas ilustrações mostram vítimas de atropelamento por veículo. As lesões provavelmente não
serão as mesmas nem os pontos atingidos, em razão do tipo de veículo (um é maior, mais alto e
mais pesado que o outro), do local do impacto e, claro, da velocidade dos automóveis.

A avaliação inicial da cinemática do trauma auxilia na decisão dos procedimentos a serem


adotados para dar o melhor atendimento à vítima acidentada.
Sinais e Sintomas
Para descrever a diferença entre esses dois termos, é muito mais fácil eu fazer duas simples
perguntas:

Olhando para uma pessoa a uns dois metros de distância, você conseguiria afirmar com toda
certeza que ela está com uma hemorragia no nariz?

Provavelmente, sim.

Mas conseguiria também afirmar, a essa mesma distância, que ela está com tontura e sede?

É bem mais difícil, né? E você já deve ter entendido o porquê.

A hemorragia no nariz é um sinal evidente, que você consegue observar na vítima, ao passo que
ela precisa lhe dizer que está com tontura e sede para você saber desses sintomas.

A diferença entre sintoma e sinal ficou mais clara agora?

Sinal: é toda informação que você obtém apenas observando a vítima.

São detalhes que você pode descobrir fazendo o uso dos sentidos – visão, tato, audição e olfato
– durante a avaliação da vítima.

Os sinais comuns de lesão incluem: sangramento, inchaço (edema), hematoma, aumento de


sensibilidade ou deformidade, sudorese, pele fria; já os sinais mais comuns de doença são pele
pálida ou avermelhada, suor, temperatura corporal elevada e pulso rápido.

Sintoma: é toda informação que você obtém somente através do relato da vítima.
São sensações que a vítima experimenta e é capaz de descrever. Às vezes pode ser necessário
perguntar à vítima consciente se sente dor e onde exatamente. Além da dor, existem outros
sintomas que podem ajudar no diagnóstico, como náuseas, vertigem, calor, frio, fraqueza e
sensação de mal-estar.

Análise de Cenário
Ao ouvir falar de análise de cenário em um local de acidente, você deve imaginar que se trata de
uma investigação após a ocorrência para identificar as possíveis causas. Realmente, esse é
mesmo um dos aspectos da análise de cenário. No entanto, também pode se concentrar em
evitar que o acidente ocorra de novo ou prevenir que aconteça pela primeira vez (alguns autores
chamam esses procedimentos de análise de risco).

Em contexto laboral, a análise de risco busca identificar todas as ameaças que possam existir em
ambiente de trabalho, visando à implantação ou à correção de medidas que previnam todos os
envolvidos nas atividades, além de proporcionar a possibilidade de registrar, classificar e
comparar os variados níveis de riscos e impactos, auxiliando na tomada de decisão para a adoção
dos procedimentos de segurança mais adequados para cada atividade.

Um acidente de trabalho pode acarretar um enorme prejuízo financeiro para as partes


envolvidas, primeiramente para a vítima e seus familiares, pela perda ou redução de renda
familiar, e para a empresa, pelo período de afastamento do funcionário acidentado e pela
consequente redução da produção.

Tão importante quanto a cinemática do trauma é a análise de cenário de uma ocorrência. Isso
porque, além de contribuir para o entendimento dos fatos, tem a valiosa função de prevenção, na
medida em que, identificadas as possíveis causas do acidente, é possível prevenir-se e evitar que
haja outras vítimas.

Imagine a seguinte situação: em determinado setor da empresa, você vê um companheiro de


trabalho caído e, na ânsia de querer socorrê-lo o mais rápido possível, corre até ele, mas não
observa que a queda foi causada pelo derramamento de óleo no piso, devido ao rompimento de
uma mangueira de alta pressão, e com isso você também acaba escorregando e caindo antes de
chegar ao cole.

Podem parecer improváveis, mas acidentes assim são muito mais comuns do que você imagina.
Durante as minhas instruções, costumo exemplificar a importância da análise de cenário
fazendo a seguinte pergunta aos participantes:

Mesmo sem saber nadar, você pode tentar salvar alguém que esteja se afogando?

Geralmente, a primeira resposta é unânime e quase em coro: “Não!”.

No entanto, quando refaço a pergunta pela terceira ou quarta vez, alguns já mudam de opinião e
respondem que talvez, que depende, ou simplesmente dizem “Sim!”.

Então pergunto: por que mudaram a resposta se a pergunta foi exatamente a mesma todas as
vezes?

É simples... Na primeira vez, responderam por impulso, no calor da emoção, já nas vezes
seguinte tiveram um pouco mais de serenidade e calma para avaliar melhor a situação e definir a
melhor estratégia.

Percebeu que não detalhei as circunstâncias em que a pessoa se encontrava? Apenas disse que
estava se afogando, porém poderia ser em qualquer local, como em uma piscina, em um lago,
mas próximo à margem, ou até mesmo em alto-mar.

Para tentar salvá-la você talvez nem precisasse se molhar, você poderia, por exemplo, oferecer-
lhe uma boia, uma corda ou até um galho de árvore.

Essa história é apenas para lembrar você de que, diante de toda e qualquer situação de
emergência, a primeira atitude para não se expor a riscos desnecessários deve ser analisar o
cenário e agir com a razão. Nunca se deve deixar a emoção ficar em primeiro plano, porque isso
pode induzir você a tomar decisões no mínimo inseguras para você ou até mesmo para a própria
vítima que conta com sua ajuda.
Biossegurança
Para iniciarmos este tópico, é bom lembrarmos que, etimologicamente, o termo biossegurança é
composto pelo elemento de composição “bio” (do grego bíos), que significa “vida”, e por
“segurança”. A palavra, portanto, expressa a noção ou a ideia de segurança da vida. No caso,
estamos tratando da sua própria vida.

Se você já teve a oportunidade de viajar de avião, talvez se recorde das orientações passadas pelas
comissárias de bordo: “Senhores passageiros, em caso de emergência, cairão automaticamente
máscaras faciais de oxigênio. Coloque sua máscara primeiro e depois em quem estiver ao seu
lado precisando de ajuda”.

Talvez por não entenderem essa orientação, muitas pessoas não concordam com ela quando
consideram o caso de pessoas viajando com uma criança. Se pararmos para analisá-la,
reconheceremos que faz todo o sentido, em qualquer circunstância. Em uma situação real de
emergência, para que se possa cuidar de uma pessoa ou prestar atendimento a alguém, é preciso
estar em condições para tal. Se uma pessoa não colocar a máscara de oxigênio primeiro, pode
ser que não tenha tempo de colocá-la na criança antes de ficar inconsciente, e daí suas chances
de sobrevida passam a ser responsabilidade de outra pessoa qualquer (e, geralmente, em uma
emergência desse tipo, cada um se preocupa, sobretudo, com a própria sobrevivência e a dos
familiares).

Em nossa realidade, assim como em um avião em situação de emergência, temos de estar em


condições seguras e devidamente protegidos da melhor forma, na medida do possível, antes de
iniciarmos o atendimento a uma emergência, para que não venhamos a ter quaisquer
complicações durante ou após o atendimento.

E para isso se faz necessário o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs), que são
basicamente estes: luvas, óculos de segurança e máscara de proteção.
Figura 6 – Equipamentos de proteção individual (EPI)
Fonte: Getty Images

#ParaTodosVerem: Ilustração com três círculos de fundo azul, dispostos lado a


lado. O primeiro círculo contém uma máscara facial de proteção; o segundo, um
protetor facial transparente com uma faixa na parte superior, onde se lê
“Proteção Facial”, em azul; e o terceiro, uma mão de luva de cor branca. Fim da
descrição.

Com certeza, neste exato momento, você deve estar se perguntando: “E se eu não tiver esses
itens? O que eu posso ou devo fazer?”.

Simples, você se lembra anteriormente, quando falamos a respeito da omissão de socorro,


caracterizada no artigo 135 do Código Penal Brasileiro? Recorde que o texto do artigo diz o
seguinte: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em grave e iminente
perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”.

Cabe aqui então reforçar que, se você não se sentir em condições seguras para prestar o
atendimento à vítima, você não é obrigado a fazê-lo, porém isso não o impede de tomar algumas
ações que provavelmente poderão auxiliar na situação, como sinalizar o local, comunicar órgãos
públicos de serviços de emergência, oferecer apoio emocional à vítima. Qualquer uma dessas
atitudes vai ser muito bem vista e aceita por todos que estejam envolvidos na ocorrência.

Se você achar que pode fazer mais do que isso, lembre-se da nossa enorme capacidade de prover
recursos utilizando-se dos meios disponíveis. Contudo, um alerta: não queira ser um herói –
seja sempre um profissional, pois os profissionais vivem para narrar suas experiências e servir
como referências.
2/3

ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos

Planos Anatômicos e Eixos de Movimento: Introdução à


Anatomia
Conheça mais sobre planos anatômicos e eixos de movimentos humanos.

Planos Anatômicos e Eixos de Movimento: Introdução à Anatomia…


Principais Sistemas do Corpo Humano
Você saberia me dizer qual é o principal sistema do nosso corpo? Não?
Sem problemas, pois nesse vídeo você vai conhecer um pouco mais sobre
os sistemas do corpo humano e descobrir a resposta.

PRINCIPAIS SISTEMAS DO CORPO HUMANO APRENDA MAIS E D…

Leituras

Cinemática e Avaliação de Vítima de Trauma no Atendimento


Pré-hospitalar: um Relato de Experiência
Você quer saber como a cinemática do trauma pode influenciar o atendimento pré-hospitalar?
Então não deixe de ler esse artigo de Melina Even, no qual ela relata, com outros autores, uma
experiencia, no mínimo, interessante.
Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE

Biossegurança no Atendimento Pré-hospitalar


Esse artigo trata sobre a questão da biossegurança no atendimento pré-hospitalar, porém sob a
ótica de profissionais da área de saúde. Vale a pena a leitura!

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
3/3

ʪ Referências

BERNARDO, A. F. C.; SANTOS, K.; SILVA, D. P. Pele: alterações anatômicas e fisiológicas do


nascimento à maturidade. Revista Saúde em Foco, v. 1, n. 11, p. 1221-33, 2019.

DA COSTA, M. E. S. et al. Cinemática e avaliação de vítima de trauma no atendimento pré-


hospitalar: um relato de experiência. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 4, p. 11328-11336,
2020.

LIMA, C. C. C. M. et al. Biossegurança no atendimento pré-hospitalar. Rev do Instituto de


Ciências da Saúde, v. 25, n. 1, p. 15-22, 2007.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo Humano. Porto Alegre: Grupo A, 2017. (e-book).
Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713648/>. Acesso
em: 02/08/22.

Você também pode gostar