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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General

Capítulo 02

CAPÍTULO 2 - DESENHO TÉCNICO DE AERONAVES

Trocar ideias é essencial para todos, não importando sua vocação ou posição.
Normalmente essa troca é executada através da palavra falada ou escrita, mas
em algumas condições o uso apenas de palavras é impraticável. A indústria
descobriu que não poderia depender inteiramente das palavras escritas ou
faladas para troca de ideias, pois entendimentos e interpretações errôneas
acontecem frequentemente. Uma descrição escrita de um objeto pode ter seu
sentido alterado apenas pela colocação de uma vírgula em lugar errado. O
significado de uma descrição oral pode ser completamente mudado pelo uso
de uma palavra errada. Para evitar esses possíveis erros a indústria usa
desenhos para descrever objetos. Por esta razão o desenho é chamado de
"linguagem do desenhista".

O desenho, da maneira como nós o utilizamos, é um método de expressar as


ideias que dizem respeito à construção ou montagem de objetos. Isto é feito
com a ajuda de linhas, notas, abreviações e símbolos. É muito importante que
o mecânico de aviação que vai fazer ou montar o objeto entenda o significado
das diferentes linhas, notas, abreviações e símbolos que são usados em
desenhos. (Para detalhes vide seção "Linhas e seus Significados" deste
capítulo).

Gráficos Computadorizados

Desde o início da aviação o desenvolvimento de aeronaves, motores para


aeronaves e outros componentes contaram muito com os desenhos. Por quase
todo o século 20 os desenhos foram criados na prancheta de desenho com
caneta ou lápis e papel. Contudo, com a introdução e os avanços da
computação nas últimas décadas do século 20 a maneira com que os
desenhos são criados mudou drasticamente. Os computadores eram usados
não somente para criar os desenhos, mas também para exibir itens em
“realidade virtual” sob qualquer ângulo possível. Mais recentemente foram
desenvolvidos programas de computador capazes de montar partes que foram
criadas separadamente para verificar seu encaixe adequado e possíveis
interferências. Além disso, com a capacidade de compartilhamento de
informações quase que instantaneamente através de redes de computador e a
Internet ficou muito mais fácil para os projetistas compartilharem seus trabalhos
com outros projetistas e fabricantes de maneira virtual a qualquer hora e em
qualquer lugar do mundo. Utilizando novas técnicas de fabricação controlada
por computador é literalmente possível projetar uma peça e tê-la precisamente
produzida sem que ela tenha sido colocada no papel. Novos termos e siglas se
tornaram lugar-comum. Os termos mais comuns são:

 Gráficos Computadorizados – desenhos com o uso de um computador,


 Desenho de Projeto Assistido por Computador (Computer Aided Design
Drafting - CADD) – onde um computador é utilizado no processo de
desenho e projeto,
 Projeto Assistido por Computador (Computer Aided Design - CAD) –
onde um computador é utilizado no projeto de um produto,
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 Fabricação Assistida por Computador (Computer Aided Manufacturing -
CAM) – onde um computador é utilizado na fabricação de um produto, e,
 Engenharia Assistida por Computador (Computer Aided Engineering –
CAE) – onde um computador é utilizado na engenharia de um produto.

Como os hardwares e softwares de computadores continuam a evoluir há uma


grande quantidade de CAE sendo feita em menos tempo e com custo menor.
Além de projetar produtos o CAE também é usado para análise de produto,
montagem, simulações e informações para manutenção. [Figura 2-1]

Finalidade e Função dos Desenhos Técnicos de Aeronaves

Os desenhos e as impressões são o elo entre os engenheiros que projetam o


avião e os trabalhadores que o constrói, mantém e consertam-no. Uma
impressão pode ser a cópia de trabalho de um desenho para uma peça ou
conjunto de peças, ou para projeto de um sistema ou grupo de sistemas. Elas
são feitas colocando um traçado do desenho em papel vegetal sobre uma folha
de papel quimicamente tratado, expondo-o a uma intensa luz por um curto
período de tempo.

Figura 2-1. Estação de trabalho de computação gráfica.

Quando o papel exposto é revelado, ele fica azul onde a luz penetrou. As linhas
desenhadas do traçado em vegetal, como bloquearam a passagem da luz,
mostram linhas brancas sobre um fundo azul. Existem também outros tipos de
papéis reveladores. Algumas cópias podem ter um fundo branco com as linhas
coloridas ou um fundo colorido com linhas brancas.

Os desenhos criados com o uso do computador podem ser visualizados


através do monitor do computador ou podem ser impressas em uma cópia
física através de uma impressora jato de tinta ou laser. Desenhos maiores
podem ser impressos em uma plotadora ou outra impressora para grandes
formatos. Impressoras maiores podem imprimir desenhos de até 42 polegadas
de altura por 600 polegadas de largura se utilizado um rolo de papel contínuo.
[Figura 2-2]

Figura 2-2. Impressora para grandes formatos.

Uso e Cuidados com os Desenhos

Os desenhos são caros e valiosos, por isso devem ser manuseados com
cuidado. Abra os desenhos lentamente e com cuidado para evitar que o papel
rasgue. Quando o desenho estiver aberto, suavize as linhas de dobra com as
mãos ao invés de dobrá-las ao contrário.

Para proteger os desenhos contra danos nunca os abra sobre o chão ou


superfície coberta com ferramentas ou outros objetos que possam provocar

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furos no papel. As mãos devem estar limpas, sem óleo, graxa ou outra
substância que possa sujar ou manchar a cópia.

Nuca faça anotações ou marcas na cópia para não confundir outras pessoas e
provocar erros no trabalho. Somente pessoas autorizadas podem fazer
anotações ou mudanças nas cópias e elas devem assinar e datar quaisquer
alterações que fizerem.

Quando não estiver mais utilizando um desenho, dobre-o e coloque-o de volta


em seu devido lugar. As cópias são originalmente dobradas em um tamanho
adequado para arquivamento, portanto cuide para que estas dobras sejam
sempre obedecidas.

Tipos de Desenhos

Os desenhos têm que dar informações como o tamanho e o formato do objeto


e todas as suas peças, especificações para o material a ser utilizado, como o
material deve ser acabado, como as peças devem ser montadas e qualquer
outra informação essencial para fazer e montar um determinado objeto.

Desenhos de trabalho podem ser divididos em três classes: (1) detalhamento,


(2) montagem e (3) instalação. [Figura 2-3]

Desenhos de Detalhamento

O desenho de detalhamento é a descrição de uma única peça, descrito pelas


linhas, notas e símbolos as especificações para tamanho, formato, material e
métodos de fabricação a serem usados para fazer a peça. Os desenhos de
detalhamento são normalmente simples e quando as peças individuais são
pequenas, vários desenhos de detalhamento podem ser exibidos em uma
mesma cópia. (Vide desenho de detalhamento no topo da Figura 2-3).

Desenhos de Montagem

Um desenho de montagem é a descrição de um objeto feito de duas ou mais


partes. Observe o desenho de montagem no centro da figura 2-3. Ele descreve
o objeto dando uma ideia geral de tamanho e forma. Seu objetivo principal é
mostrar a relação entre as diversas peças. Um desenho de montagem
normalmente é mais complexo e é geralmente acompanhado por desenhos de
detalhamentos das diversas peças.
Glossário
assembly: conjunto
bend: dobra
cut out: corte
details: detalhes
forward: para frente
installation: instalação
note: observação
opposite: oposto
plate: base
radius: raio
rivets: rebites
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shown: mostrado
side: lado

Figura 2-3. Tipos de desenhos.

Desenho de Instalação

O desenho de instalação é o que inclui todas as informações necessárias para


a posição de instalação final de uma peça ou conjunto na aeronave. Ele mostra
as dimensões necessárias para a localização de peças específicas em relação
a outras peças e dimensões de referência que são úteis para o trabalho
posterior na oficina. (Vide desenho de instalação no pé da Figura 2-3).

Desenho de Vista Seccional

Uma vista da seção ou seccional é obtida através de um corte em um objeto


para mostrar sua forma e constituição em um plano cortado. A peça ou peças
seccionadas são mostradas por linhas de corte (tracejado). Nos seguintes
parágrafos estão descritos tipos de seção.
Seção total

Uma vista de seção total é utilizada quando a construção interior ou


características ocultas de um objeto não podem ser claramente observadas
pela vista externa. Por exemplo, a Figura 2-4 mostra na vista seccional de um
conector de cabo coaxial, a construção interna do conector.

Meia seção

Em uma meia seção o plano cortado se estende apenas até a metade do


objeto, deixando a outra metade do objeto com a vista exterior.

As meias seções são usadas com vantagem com objetos simétricos para exibir
tanto o interior quanto o exterior.

A Figura 2-5 é uma vista de meia seção de um conector de rápida desconexão


utilizado em sistemas de fluído de aeronaves.

Seção transversal

Uma seção transversal retirada diretamente da vista exterior mostra o formato


do corte através da peça, como os raios de uma roda. Um exemplo de seção
transversal é mostrado na Figura 2-6.

Glossário
clamp: grampo
gasket: gaxeta
nut: porca
plug body: corpo do plugue
washer: arruela
Figura 2-4. Vista seccional de um conector de cabo.
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acoplamento de rápida desconexão


Figura 2-5. Meia seção.

Figura 2-6. Seções transversais.

Seção Deslocada

Uma seção deslocada ilustra peças específicas de um objeto. Ela é retirada


como uma seção transversal, porém é posicionada no lado e traz detalhes
pertinentes, frequentemente retirados de uma escala maior do que a vista na
qual está indicada.

A Figura 2-7 é uma ilustração de uma seção deslocada. A seção A-A mostra o
formato de uma seção de corte de um objeto em uma linha de plano de corte
A-A. A seção B-B mostra o formato de corte transversal na linha de plano de
corte B-B.

Figura 2-7. Seções deslocadas.

Estas vistas seccionadas são retiradas da mesma escala da vista principal.


Note que elas são normalmente retiradas em uma escala maior para ressaltar
detalhes pertinentes.

Quadros de Título

Toda impressão precisa ter algum modo de identificação. Isto é feito com o
quadro de título. [Figura 2-8]. O quadro de título consiste em um número de
desenho e outros dados relativos ao desenho e o objeto que ele representa.

Glossário
approval: aprovação
Todas as informações contidas neste documento são check: conferência
de propriedade da Duncan Aviation e não podem ser drafter: desenhista
reproduzidas parcial ou totalmente sem a permissão da drawing no.: número do desenho
Duncan Aviation. engineer: engenheiro
full: total
make: fabricante
model: modelo
registration: registro
signature: assinatura
title:título

Figura 2-8. Quadro de Título.

Estas informações são agrupadas em um lugar proeminente da impressão,


normalmente no canto inferior direito. Algumas vezes o quadro de título está
em formato de tira ao longo de toda a parte de baixo da folha.

Apesar de os quadros de título não seguirem um padrão quanto a sua


disposição, todos contêm essencialmente as seguintes informações:
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1. Número do desenho para identificar a impressão para fins de


arquivamento e para evitar confundi-lo com outra impressão.
2. O nome da peça ou conjunto.
3. A escala na qual está desenhada.
4. A data.
5. O nome da firma.
6. O nome do desenhista, verificador, e a pessoa que aprovou o desenho.

Números do Desenho ou da Impressão

Todas as impressões ou cópias são identificadas por um número que aparece


no quadro de número no canto inferior direito do quadro de título. Também
pode aparecer em outros lugares como próximo a linha da margem no canto
superior direito ou no lado oposto da impressão em ambas as pontas para que
o número apareça também quando a impressão estiver dobrada ou enrolada. A
finalidade do número é a identificação rápida da impressão. Se uma impressão
ou cópia tem mais de uma folha e cada folha tem um número, esta informação
precisa constar no quadro de número, indicando o número da folha e o número
de folhas em série.

Números de Referência e Extensões

Os números de referência que aparecem em um quadro de títulos informam o


número de outras cópias. Quando mais de um detalhe é mostrado em um
desenho são utilizadas extensões. Ambas as peças tem o mesmo número de
desenho mais um número individual como, por exemplo, 40267-1 e 40267-2.
Além de aparecer no quadro de títulos, as extensões podem aparecer no
desenho próximo às peças que identificam. Os números de extensões também
podem ser utilizados para identificar peças direitas e esquerdas.

Em uma aeronave muitas peças do lado esquerdo são parecidas com as peças
correspondentes do lado direito só que invertidas. A peça esquerda sempre
aparece no desenho. A peça direita é citada no quadro de título. Acima do
quadro de títulos existe uma anotação como: 470204-1LH exibida; 470204-2RH
oposta. Ambas as peças possuem o mesmo número, mas a peça desejada é
diferenciada pelo número de extensão. Algumas cópias têm números ímpares
para peças esquerdas e números pares para peças direitas.

Sistema de Numeração Universal

O sistema de numeração universal é um meio os meios de identificação de


desenhos de tamanho padrão. Nesse sistema de numeração universal cada
número de desenho consiste de seis ou sete dígitos. O primeiro dígito é
sempre 1, 2, 4 ou 5 e indica o tamanho do desenho. Os demais dígitos
identificam o desenho. Muitas firmas têm modificado este sistema básico para
adequa-lo às suas necessidades particulares. Letras podem ser usadas em
lugar dos números. A letra ou número que representa o tamanho do desenho
padrão pode prefixar o número, separando-o por um traço. Outros sistemas de
numeração trazem um campo separado antes do número do desenho para
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Capítulo 02
identificar o seu tamanho. Em outras modificações deste sistema, o número da
peça do conjunto representado é designado igual ao número do desenho.

Lista de Material

Uma lista de materiais e peças necessárias à fabricação ou montagem de um


componente ou sistema é frequentemente incluída no desenho. A lista é
normalmente formatada em colunas onde são listados os números das peças,
o nome, material que deve ser construída, quantidade necessária e origem da
peça ou material. A Figura 2-9 mostra uma típica lista de materiais. Nos
desenhos que não tem uma lista de materiais estas informações são indicadas
diretamente no desenho.

Nos desenhos de montagem cada item é identificado por um número em um


círculo ou quadrado. Uma seta conectando o número ao item ajuda a localizá-
lo na lista de materiais.

Glossario
bill: lista
connector: conector
part: peça
required: requisitado
source: origem
stock: estoque

Figura 2-9. Lista de material.

Outras Informações sobre Desenhos

Quadro de Revisão

Revisões em um desenho são necessários quando há alterações de


dimensões, modelo ou materiais. As mudanças são normalmente listadas em
colunas adjacentes ao quadro de título, ou em um canto do desenho. Todas as
mudanças aprovadas para um desenho devem ser cuidadosamente anotadas
em todas as cópias existentes daquele desenho.

Quando um desenho contém correções elas devem ser destacadas por letras
ou numeração e então listadas pelo símbolo no quadro de revisão [Figura 2-
10].

REV ZONA REVISÃO DESCRIÇÃO DATA APR.


TODAS
A LANÇAMENTO INICIAL 12/05/05 RL
FOLHAS
PG 2
B INCLUÍDOS PONTOS DE MONTAGEM ADICIONAL 12/05/05 RL
C-2
PG 2
C INCLUÍDO 01/02/06 RL
A-1
Figura 2-10. Quadro de revisão.

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O quadro de revisão contém o símbolo de identificação, a data, a natureza da
revisão, a autoridade para a mudança e o nome do desenhista que fez a
mudança.

Para diferenciar o desenho corrigido da sua versão anterior muitas firmas estão
incluindo um espaço para a inserção do símbolo apropriado no quadro de título
para designar que o desenho foi alterado ou revisado.

Observações

Observações são incluídas aos desenhos por diversos motivos. Algumas


observações referem-se aos métodos de conexão ou construção. Outras dão
alternativas de utilização do desenho em diferentes estilos do mesmo objeto.
Outros ainda listam modificações disponíveis. As observações podem ser
encontradas ao longo do item ao qual se referem e, caso sejam extensas, elas
podem ser colocadas em qualquer parte do desenho e identificadas por letras e
números. As observações são utilizadas somente quando a informação não
puder ser transmitida de maneira convencional ou quando for necessário evitar
poluir o desenho. A Figura 2-3 ilustra um método de notas descritivas.

Quando a observação refere-se a uma peça específica uma linha leve com
setas nas extremidades indicam a peça com a observação. Se ela se aplica a
mais de uma peça a observação é descrita de maneira a evitar ambiguidade
em relação às peças a que se refere. Caso haja diversas observações, elas
são normalmente agrupadas e numeradas consecutivamente.

Números de Zoneamento

Os números de zoneamento nos desenhos são similares aos números e letras


impressos na borda de um mapa. Eles ajudam a localizar um ponto. Para
localizar tal ponto desenhe mentalmente uma linha horizontal e vertical a partir
das letras e números especificados. O ponto de interseção dessas linhas é a
área procurada.

O mesmo método pode ser utilizado para localizar peças, seções e vistas em
desenhos grandes, especialmente em desenhos de montagem. As peças
numeradas no quadro de título podem ser localizadas no desenho através da
localização dos quadros ao longo da borda. Os números de zoneamento são
lidos da direita para a esquerda.

Números da Estação e Identificação de Localização na Aeronave

Um sistema numérico é usado em grandes conjuntos para aeronaves para


localizar as estações, como as estações da fuselagem. A estação da
fuselagem 185 indica uma localização que está a 185 polegadas da informação
da aeronave. A medida é normalmente tirada do nariz ou da estação zero, mas
em alguns casos pode ser tirada a partir da parede corta fogo ou algum outro
ponto determinado pelo fabricante. Assim como as localizações da parte da
frente da aeronave são feitas pela referência, as localizações da esquerda e
direita do eixo longitudinal da aeronave são feitos pela referência na linha
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traseira e são chamadas estações traseiras. As localizações verticais na
aeronave são feitas tendo como referência a linha de flutuação.

O mesmo sistema de numeração de estação é usado para estruturas da asa e


estabilizador. A medida é tomada a partir da linha de centro ou estação zero da
aeronave. A Figura 2-11 (na página 2-8) mostra como são utilizadas as
estações da fuselagem (FS), localização da linha de flutuação (WL), e linha
traseira esquerda e direita (RBL e LBL).

Compensações e Tolerâncias

Quando uma dimensão determinada em uma impressão possui uma margem


de variação o sinal de mais (+) indica a variação máxima e o sinal de menos (-)
indica a variação mínima permitida. A soma das compensações é chamada de
tolerância. Por exemplo, quando for usado 0,225 + 0,0025 – 0,0005, o sinal de
mais e de menos indicam que a peça é aceitável se não estiver maior do que
0,0025 em relação à dimensão dada de 0,225, ou 0,0005 menor do que a
dimensão dada. A tolerância neste exemplo é de 0,0030 (0,0025 de máximo
mais 0,0005 de mínimo).

Caso as compensações para mais e para menos sejam a mesma elas são
apresentadas dessa maneira: 0,224 ± 0,0025. A tolerância neste caso seria de
0,0050. A compensação pode ser indicada tanto na forma de fração ou
decimal. Quando são necessárias dimensões muito precisas são utilizadas
concessões decimais. As concessões fracionárias são o suficiente quando não
são necessárias tolerâncias precisas. As tolerâncias padrão de -0,010 ou 1/32
podem ser dadas em um quadro de título de muitos desenhos para ser
aplicada em todo o desenho.

Marcas de acabamento

Marcas de acabamento são usadas para indicar as superfícies que devem ter
um acabamento à máquina. As superfícies acabadas têm uma aparência
melhor e permitem um encaixe mais justo com outras peças. Durante o
processo de acabamento, os limites e tolerâncias exigidos devem ser
observados. Não confundir acabamento à máquina com pintura, esmalte,
cromagem e revestimentos semelhantes.

Escala

Alguns desenhos são feitos exatamente do mesmo tamanho da peça e sua, ou


seja, em escala 1:1, mas outras escalas também podem ser utilizadas. Quando
feitos no computador o tamanho do desenho pode ser facilmente aumentado
ou diminuído com as funções zoom in e zoom out. Algumas impressoras
também possuem as mesmas funções. Além disso, quando uma cópia 1:1 é
feita de uma impressão o tamanho da cópia pode ter uma pequena diferença
em relação ao original. Para a informação precisa use as dimensões mostradas
no desenho.

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Aplicação

Quando trazidas próximos ao quadro de título a aplicação pode se referir a


aeronave, conjunto, sub conjunto ou instalação própria onde a peça seria
usada.

Métodos de Ilustração

Geometria Aplicada
A geometria é um ramo da matemática que lida com as linhas, ângulos, figuras
e certas propriedades de espaço. A geometria aplicada quando usada em
desenhos faz uso dessas propriedades para representar graficamente objetos
de maneira precisa e correta. No passado o desenhista utilizava uma variedade
de instrumentos com várias escalas, formas e curvas para fazer os desenhos.
Hoje os computadores com softwares de programas gráficos mostram os
desenhos em qualquer escala, formato e curvas imagináveis, dispensando a
necessidade de outros instrumentos.

Uma variedade de métodos é utilizada para ilustrar objetos graficamente. Os


mais comuns são projeções ortográficas, desenhos pictóricos, diagramas e
fluxogramas.

Desenhos de Projeção Ortográficas

Para mostrar o tamanho e formato exato de todas as peças de um objeto


complexo são necessárias várias vistas. Para este sistema é o utilizado em
projeção ortográfica.

Na projeção ortográfica são possíveis seis vistas do objeto porque todos os


objetos têm seis lados – frente, topo, base, traseira, lado direito e lado
esquerdo. A Figura 2-12(a) mostra um objeto colocado em uma caixa
transparente articulado nas extremidades. As projeções nos lados da caixa são
as vistas diretas do objeto de cada lado. Se os contornos de um objeto são
desenhados em cada superfície e a caixa é aberta como mostrada em (b),
depois deitada como mostrada em (c), o resultado é uma projeção ortográfica
de seis vistas.

É raramente necessário mostrar todas as seis vistas para retratar um objeto


claramente e, portanto somente são desenhadas as vistas que ilustram as
características requeridas de um objeto.

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Glossário
buttock line: linha
traseira
fuselage: fuselagem
station: estação
typical: típico
waterline: linha de
flutuação

Observação:
A referência está
localizada na estação
0.0 da fuselagem.
Figura 2-11. Números das estações e identificação de localização na aeronave.

Glossário
bottom: fundo
front: frente
left side: lado esquerdo
object: objeto
rear: trás
right side: lado direito
rotated: rotado
top: topo

Figura 2-12. Projeção ortográfica.

Desenhos de uma, duas ou três vistas são as mais comuns. Independente do


número de vistas usadas o conjunto é normalmente mostrado como na Figura
2-12, com a vista frontal como sendo a principal. Se a vista do lado direito é
mostrada será a vista direita em relação à vista frontal. Se a vista esquerda é
mostrada, será a vista esquerda em relação à vista frontal. As vistas do topo e
da base, quando incluídas serão mostradas nas suas respectivas posições em
relação à vista frontal.

Desenhos de uma vista são normalmente usados para objetos de espessura


uniforme como gaxetas, calços e placas. Uma observação quanto à dimensão
traz a espessura conforme mostrado na Figura 2-13. Desenhos de uma vista
também são comumente usados para peças cilíndricas, esféricas ou quadradas
quando todas as dimensões necessárias podem ser adequadamente
mostradas na vista.

Quando há limitação de espaço e são necessárias duas vistas, os objetos


simétricos normalmente são representados por meias vistas, conforme
ilustrado na Figura 2-14.

Desenhos de aeronave raramente mostram mais do que duas vistas principais


ou vistas completas de um objeto. Ao invés disso elas normalmente são uma
vista completa e uma ou mais vistas de detalhe ou vistas seccionadas.

Vista de Detalhe

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Uma vista de detalhe normalmente mostra uma parte do objeto, mas em maior
detalhamento e em uma escala maior do que a vista principal.

Figura 2-13. Desenho de Uma Vista.

Figura 2-14. Objeto simétrico com meia vista externa.


espessura

Figura 2-15. Vista do detalhe.

A peça que é mostrada no em outra parte do desenho é normalmente circulada


por uma linha grossa na vista principal. A Figura 2-15 é um exemplo de uso de
vistas de detalhes.

A vista principal mostra a roda de direção completa, enquanto que a vista do


detalhe é um desenho aumentado de uma parte da roda de direção.

Desenho Pictórico

Um desenho pictórico [Figura 2-16] é semelhante a uma fotografia. Ele mostra


um objeto como ele é visto pelo olho humano, mas não é satisfatório quando se
trata de mostrar formas e formatos complexos. Os desenhos pictóricos servem
para mostrar o aspecto geral de um objeto e são muito utilizados com
desenhos de projeção ortográfica. Desenhos pictóricos são utilizados na
manutenção, revisão, e numeração de peças. Três tipos de desenhos
pictóricos são frequentemente utilizados por engenheiros e técnicos de
aeronaves: (1) perspectiva, (2) isométrico e (3) obliquo.

Desenho em Perspectiva

Uma vista em perspectiva [Figura 2017(a)] mostra um objeto como ele se


mostra para um observador. Ele lembra o aspecto que o objeto teria se visto
em uma fotografia. Devido à perspectiva algumas linhas do objeto não são
paralelas e por isso os ângulos e dimensões não são precisos.

Desenho Isométrico

Uma vista isométrica [Figura 2-17(b)] utiliza a combinação das vistas de uma
projeção ortográfica e inclina o objeto para frente para que partes das três
vistas possam ser observadas em uma vista, oferecendo ao observador uma
visão tridimensional do objeto. Diferente do desenho em perspectiva onde as
linhas convergem em dimensões que não são reais, as linhas de um desenho
isométrico são paralelas e dimensionadas como se estivessem em uma
projeção ortográfica.

Figura 2-16. Desenho pictórico

Desenhos Oblíquos
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Capítulo 02

Uma vista oblíqua [Figura 2-17(c)] é semelhante a uma vista isométrica exceto
por uma diferença. No desenho oblíquo dois dos três eixos de desenho estão
sempre em ângulos retos em relação com o outro.

Desenho de Vista Explodida

Um desenho com vista explodida é um desenho pictórico de duas ou mais


peças que se encaixam quando montadas. A vista mostra a peça individual e a
sua posição em relação as outras peças antes da montagem.

Diagramas

Um diagrama pode ser definido como uma representação gráfica de uma


montagem ou sistema, indicando as diversas peças e mostrando os métodos e
princípios da operação.

Existem muitos tipos de diagramas, porém os tipos que serão utilizados pelos
mecânicos de aviação para a execução do seu trabalho podem ser agrupados
em quatro classes ou tipos: (1) instalação, (2) esquema, (3) bloco e (4)
diagrama de instalação elétrica.

Figura 2-17. Desenho (a) em perspectiva, (b) isométrico, e (c) oblíquo.

Glossário
altitude transducer: transdutor de
altitude

serials 1005 thru 1336 e 1337 and


subs w/o PDF: serial 1005 a 1336 e
1337 e subs w/o PDF

LEGENDA
1. Parafuso
2. Cabo conector
3. Seletor de velocidade
vertical/altitude
4. Programa/computador de
orientação de vôo

Figura 2-18. Exemplo de um diagrama de instalação (componentes de orientação de voo).

Diagrama de instalação

A Figura 2-18 é um exemplo de diagrama de instalação dos componentes de


controle de orientação de voo de uma aeronave. Ele identifica cada um dos
componentes no sistema e mostra sua localização na aeronave. Cada número
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Capítulo 02
(1, 2, 3 e 4) no detalhe mostra a localização dos componentes do sistema de
orientação de voo individual da cabina da aeronave. Os diagramas de
instalação são muito usados nos manuais de conserto e manutenção e são
imprescindíveis na identificação e localização de componentes e entendimento
da operação de diversos sistemas.

Glossário
accum. air gauges: indicadores de ar acumulado
brake accumulator: acumulador do freio
check valve: válvula de verificação
system pressure: pressão do sistema
engine pump suction: bomba de sucção do motor
from emergency sel. valve (brake): da válvula seletora
de emergência (freio)
gen.system accumulator: acumulador do sistema geral
hand pump: bomba manual
hand pump pressure: pressão da bomba manual
hand pump suction: sucção da bomba manual
hydraulic pressure gauge: verificador de pressão
hidráulica
idling circuit pump pressure: pressão da bomba de
circuito estacionário
land gear sel. valve: válvula seletora da marcha de
aterrisagem
LH engine pump: bomba do motor esquerdo
R and L engine cowl flaps sel. val.: válvula seletora
dos flaps do motor direito e esquerdo
reservoir: reservatório
return flow: refluxo
RH engine pump: bomba do motor direito
snubber: repulsor
to brake system: leva ao sistema de freio
thermal relief valve: válvula de alívio de temperatura
unloading and relief valve: válvula de descarga e alívio
vent line: passagem

Figura 2-19. Esquema do sistema hidráulico de aeronave.

Diagrama Esquema

Os diagramas esquemas não indicam a localização dos componentes


individuais na aeronave, mas localizam a relação entre os componentes de um
sistema. A Figura 2-19 ilustra um diagrama esquema do sistema hidráulico de
uma aeronave. O indicador de pressão hidráulica não está necessariamente
localizado acima da válvula seletora de marcha de aterrissagem na aeronave.
Ela está conectada ao linha de pressão que leva a válvula seletora.

Os diagramas esquema deste tipo são principalmente utilizados na resolução


de problemas. Observe que cada linha é codificada para facilitar a leitura e
rastrear o fluxo. Cada componente é identificado por um nome e sua
localização no sistema pode ser conferida pelas linhas que conduzem para
dentro e fora da unidade.

Diagramas esquema e diagramas de instalação são muito usados em manuais


de aviação.
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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02

Diagramas de Quadros

Diagramas de Quadros [Figura 2-20] são utilizados para demonstrar a relação


de um sistema mais complexo de componentes. Componentes individuais são
desenhados em retângulos (quadros) com linhas que conectam os
componentes (quadros) aos outros com que tem interface durante a operação.

Glossário
AC input: entrada AC
comparator: comparador
output relay: saída
phase: fase
power amplifier: amplificador de
potência
reference voltage: voltagem de
referência
signal conditioning and balancing:
balanceamento e condicionamento
do sinal
voltage selector: seletor de voltagem
Figura 2-20. Diagrama de Quadro.

Figura 2-21. Diagrama de Instalação Elétrica.

Diagramas de Instalação Elétrica

Diagramas de instalação elétrica [Figura 2-21] mostram a instalação elétrica e


circuito, codificado para identificação de todos os instrumentos e equipamentos
elétricos usados na aeronave. Estes diagramas, mesmo para os circuitos
relativamente mais simples, podem ser bem complicados. Para técnicos que
fazem consertos e instalações elétricos é essencial terem amplo conhecimento
de diagramas de instalação elétrico e esquemas elétricos.

Fluxogramas

Os Fluxogramas são usados para ilustrar uma determinada sequencia ou fluxo


de eventos.

Fluxograma de Resolução de Problema

Fluxogramas de resolução de problema são muito usados para a identificação


de componentes defeituosos. Eles normalmente consistem em uma série de
perguntas de resposta sim ou não. Se a resposta para uma pergunta for sim,
um curso de ação é seguido. Se a resposta for não, um curso diferente é
seguido. A solução lógica para um problema pode ser alcançada de maneira
simples. Outro tipo de fluxograma desenvolvido especificamente para
componentes e sistemas de controles digitais é o fluxograma lógico.

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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
Fluxograma Lógico

Um fluxograma lógico [Figura 2-22] usa símbolos padronizados para indicar


tipos específicos de portas lógicas e sua relação com outros aparelhos digitais
em um sistema. Assim como os sistemas digitais que utilizam a matemática
binária com 1s e 0s, voltagem ou não voltagem, uma luz que ascende ou não e
assim por diante, os fluxogramas lógicos consistem em componentes
individuais que tomam uma entrada e fornecem uma saída que é igual a
entrada ou seu oposto. Através da análise de uma entrada ou múltiplas
entradas é possível determinar a saída ou saídas digitais.

Figura 2-22. Fluxograma lógico.

Linhas e Seus Significados

Todo desenho é composto de linhas. As linhas marcam limites, bordas e


intercessões de superfícies. Linhas são usadas para mostrar dimensões e
superfícies ocultas, e para indicar centros. É óbvio que, se o mesmo tipo de
linha for usado para expressar todas essas variações o desenho se tornaria
uma coleção de linhas em sentido. Por essa razão várias espécies de linhas
padronizadas são usadas em desenhos de aeronaves. Essas linhas estão
ilustradas na Figura 2-23 e seus empregos corretos são mostrados na Figura 2-
24.

A maioria dos desenhos usam três larguras ou intensidades de linhas: fina,


média ou grossa. Estas linhas podem variar um pouco em desenhos diferentes,
mas haverá sempre uma diferença perceptível entre uma linha fina e uma linha
grossa, com a largura de uma linha média entre as duas.

Glossário
break (long): quebra (longa)
center line: linha central
cutting plane: plano de corte
complex cutting plane: plano de corte
complexo
dimension: dimensão
extension line: linha de extensão
extra thick: muito expesso
hidden: oculta
medium: médio
phantom: fantasma
satum line: linha satum
sectioning: seção
stitch line: linha pontilhada
thick: espesso
thin: fino
visible line: linha visível
Figura 2-23. O significado das linhas.

Linhas de centro

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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
Linhas de centro são constituídas de traços longos e curtos. Elas indicam o
centro de um objeto ou parte de um objeto. Onde as linhas de centro se
cruzam, os traços curtos se cortam simetricamente. No caso de círculos muito
pequenos, as linhas de centro podem aparecer ininterruptas.

Linhas Dimensionais

Uma linha dimensional é uma linha sólida interrompida no meio para colocação
da indicação de medidas, e com as pontas em setas para indicar a origem e o
final da medida. Elas são geralmente paralelas à linha em que a dimensão é
dada e, são normalmente colocadas na parte externa da linha de contorno do
objeto e entre vistas, se mais que uma vista é mostrada.

Todas as dimensões e escritos são colocados de modo que elas sejam lidas da
esquerda para a direita. As dimensões de peças circulares são sempre dadas
pela letra D ou a abreviação DIA antes da dimensão. A dimensão de um arco é
dada em raio e é marcada pela letra R antes da dimensão. Dimensões
paralelas são colocadas de maneira que a dimensão mais comprida esteja
mais afastada do contorno e a dimensão mais curta esteja mais próxima do
contorno do objeto. Em um desenho que mostra várias vistas, as dimensões
serão colocadas em cada vista para mostrar o melhor detalhamento.

As distâncias entre orifícios em um objeto são normalmente dadas de centro


para centro e não da borda para a borda do orifício.

Glossário
break line: linha de quebra
center line: linha central
cutting plane line: linha de plano
de corte
dimension line: linha de
dimensão
extension line: linha de extensão
hidden line: linha oculta
leader line: linha guia
outline: contorno
phantom line: linha fantasma
section: seção
sectioning line: linha da seção
Figura 2-24. Uso correto das linhas.

Quando uma quantidade de orifícios de diversos tamanhos é mostrada o


diâmetro desejado é dado em um orifício de referência seguido por notas
indicando operações mecânicas para cada orifício. Se a peça deve ter três
orifícios de tamanhos iguais e com igual espaçamento esta informação é
colocada. Para trabalho de precisão os tamanhos são dados em decimais. Os
diâmetros e profundidades são dados para orifícios concêntricos. Para orifícios
excêntricos os ângulos para a borda excêntrica são dados os diâmetros.
Observe os exemplos mostrados na Figura 2-25.

As dimensões dadas para as tolerâncias significam a concessão possível entre


as partes móveis. Uma compensação positiva é indicada para uma peça que
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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
desliza ou gira em outra peça. Uma concessão negativa é dada para um
encaixe forçado. Sempre que possível a tolerância e concessões para ajustes
desejados estão em acordo com o Padrão Americano de Tolerâncias,
Concessões, e Indicadores para Encaixes Metálicos. As classes de encaixes
específicos de um padrão podem ser indicadas no desenho de montagem.

Linhas de Extensão

Extensões são usadas para prolongar a linha mostrando a lateral ou


extremidade de uma figura com o objetivo de colocar a dimensão para a lateral
ou extremidade. Elas são bem finas e tem um curto intervalo onde eles
prolongam do objeto e se estende até uma curta distância além da seta da
linha de dimensionamento.

Linhas Seccionadas

Linhas seccionadas indicam as superfícies expostas de um objeto em vista


seccionada. Elas são geralmente linhas finas e contínuas, mas podem variar de
acordo com o material mostrado na seção.

Linhas Fantasma

Linhas fantasma são linhas tracejadas compostas de um traço longo e dois


curtos espaçados igualmente. Elas indicam a posição de peças alternadas de
um objeto ou a posição relativa de uma peça faltando.

Linhas de Ruptura

Linhas de ruptura indicam que uma porção do objeto não está sendo mostrada
no desenho. Para pequenas rupturas linhas sólidas são feitas à mão livre.
Longas rupturas são feitas com linhas sólidas em zigue-zagues usando régua.
Eixos, hastes, tubos e outras peças que têm uma porção de seu comprimento
interrompido, têm o final da interrupção indicado como na figura 2-24.

Linhas Guia

As linhas guia são linhas contínuas com uma seta na ponta e indicam uma
peça ou porção onde uma observação, número ou outra referência é aplicado.

Figura 2-25. Dimensionando orifícios.

Linhas Ocultas

Linhas ocultas indicam margens ou contornos invisíveis. As linhas ocultas são


feitas de traços curtos espaçados regularmente e são frequentemente
classificadas como linhas tracejadas.

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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
Linhas de Contorno Visíveis

A linha de contorno ou visível é usada em todas as linhas do desenho,


representando as linhas visíveis do objeto.

Linhas Pontilhadas

Linhas pontilhadas indicam pontos como os de costura e consistem de uma


série de pequenos traços espaçados uniformemente.

Plano de corte e Linhas de Plano de Corte


Linhas de plano de corte indicam o plano no qual foi tirada uma vista
seccionada do objeto. Na Figura 2-24 a linha do plano A-A indica o plano do
qual a seção A-A foi tomado.

Linhas do plano de vista indicam o plano do qual uma superfície é vista.

Símbolos de Desenho

O desenho de componentes é composto por uma variedade de símbolos e


convenções que representam sua forma e material. Os símbolos são a legenda
do desenho. Eles retratam graficamente as características de um componente
com uma quantidade mínima de desenho.

Glossário
alloys: ligas
aluminum: alumínio
aluminum alloys: ligas de alumínio
asbestos: amianto
babbitt: liga metálica babbitt
brass: latão
bronze: bronze
cast iron: ferro fundido
copper: cobre
cork: cortiça
electrical insulation: isolamento elétrico
fabric: tecido
fibre: fibra
lead: chumbo
magnesium: magnésio
plastic: plástico
rubber: borracha
steel: aço
wood (across grain): madeira (corte transversal)
wood (with grain): madeira com graduação
zinc: zinco
Figura 2-26. Símbolos padrão para materiais.

Símbolos de Material

Símbolos para linha seccionada mostram o tipo de material do qual a peça


deve ser construída. O material pode não estar indicado simbolicamente se a
sua especificação estiver indicada em outro lugar no desenho. Neste caso o
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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
desenho mais simplificado é o usado para a seção de ferro fundido, e a
especificação de material é listada na listagem de materiais ou indicada em
uma observação. A Figura 2-26 ilustra alguns símbolos padrões para materiais.

Símbolos de Formas

O uso de símbolos pode ser uma vantagem quando for necessário mostrar o
formato de um objeto. Símbolos típicos de formas usadas em desenhos de
aeronaves são mostrados na Figura 2-27. Os símbolos de forma normalmente
são mostrados no desenho como uma seção removida ou girada.

Símbolos Elétricos

Os símbolos elétricos [Figura 2-28] representam vários aparelhos elétricos ao


invés de um desenho das unidades. Uma vez sabido o que os diversos
símbolos significam fica relativamente simples olhar para um diagrama elétrico
e determinar o que cada unidade é, para qual função serve e como ela está
conectada no sistema.

Leitura e Interpretação de Desenhos

Os técnicos em aeronave não necessariamente precisam ser especialistas em


fazer desenhos, no entanto eles precisam ter conhecimento prático na
informação que os desenhos transmitem. Eles frequentemente se deparam
com desenhos para a construção e montagem de novas aeronaves e
componentes durante alterações e reparos.

Glossário
angle section: seção angular
channel section: canaleta
I beam: viga
metal: metal
round section: seção circular
solid: sólido
square section: seção
quadrada
tabular: tubular
wood: madeira
Figura 2-27. Símbolos de forma.

Glossário
ammeter: amperímetro
bimetalic thermal cut-out:
proteção térmica bimetálica
bus: barramento
condensers: condensadores
conductors: condutores
current limiter: limitador corrente
designated pins: pinos indicados
designated sockets: encaixos
indicados
fuse: fusível
ground: terra
intersecting elecrically: interseção

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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
elétrica
polarity: polaridade
relays: retransmissores
resistor: resistor
rheostat: reostato
splice: junção
switch type: interruptor

Figura 2-28. Símbolos elétricos.

Um desenho não pode ser lido todo de uma vez assim como uma página de
impressão pode ser lida com uma passada de olhos. Ambos precisam ser lidos
uma linha por vez. Para ler devidamente um desenho siga um procedimento
sistemático.

Ao abrir um desenho leia o número do desenho e a descrição do artigo. Depois


verifique o modelo em questão, a letra referente a última alteração e a próxima
montagem listada. Ao determinar que o desenho seja o correto inicie a leitura
da ilustração ou ilustrações.

Ao ler um desenho com diversas vistas, primeiro pegue uma ideia do formato
do objeto observando todas as vistas. Então selecione uma vista para estudar
mais detalhadamente. Observando a parte da frente e de trás da vista
adjacente é possível determinar o que cada linha representa.

Cada linha da vista representa uma mudança na direção da superfície, mas é


preciso consultar outra vista para determinar que mudança é. Por exemplo, um
círculo tomado por uma vista pode ser um orifício ou uma saliência, como na
sua vista de cima do objeto na Figura 2-29. Olhando a visão de cima veem-se
dois círculos. No entanto outra vista deve ser consultada para determinar o que
cada círculo representa.

Figura 2-29. Vistas de leitura.

Uma olhada em outra vista revela que o círculo menor representa um orifício e
que o círculo maior representa uma saliência. Da mesma maneira, a vista de
cima deve ser consultada para determinar o formato do orifício e da saliência.

Este exemplo é um exemplo de que a leitura de um desenho não pode basear-


se apenas em uma única vista quando mais do que uma vista é dada. Duas
vistas nem sempre descrevem um objeto, e quando são dadas três vistas,
todas as três devem ser consultadas para assegurar que o desenho foi lido
corretamente.

Após determinar o formato do objeto, determine o tamanho. Informações sobre


o dimensionamento e tolerâncias são dadas para que os requisitos do design
sejam cumpridos. As dimensões são indicadas por números com ou sem a
marca de polegada. Se não houver marca de polegada a dimensão é dada em
polegadas. É prática fornecer as dimensões das peças e dimensões gerais que

21
Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
indiquem o comprimento maior da peça. Se não há dimensão geral ela pode
ser determinada pela soma das dimensões das partes em separado.

Os desenhos podem ser dimensionados em decimais ou frações,


especialmente quando se trata de tolerâncias. Ao invés de usar o sinal de mais
ou menos para tolerâncias, muitos desenhos dão a dimensão completa de
ambas as tolerâncias. Por exemplo, se a dimensão é 2 polegadas com
tolerância para mais ou para menos de 0,01, o desenho mostra as dimensões
totais como:
2,01
1,99

A tolerância impressa (normalmente encontrada no quadro de títulos) é a


tolerância geral que pode ser aplicada para as peças onde as dimensões não
são críticas. Onde a tolerância é mostrada em uma linha dimensional, a
tolerância impressa deve ser aplicada.

Para finalizar a leitura de um desenho, leia as observações gerais e o conteúdo


do quadro de material, verifique e identifique as diversas modificações
realizadas e leia a informação especial dada na vista ou vistas ou seções
próximas.

Esboços de Desenho

Um esboço é um simples desenho de rascunho que é feito rapidamente e sem


muito detalhe. Esboços podem ter muitas formas de uma simples apresentação
fotográfica até uma projeção ortográfica com várias vistas. Os técnicos de
aeronave não precisam ter muita habilidade para fazer desenhos nem ter
habilidades artísticas. No entanto, em muitas situações ele precisa preparar um
desenho para apresentar uma ideia a um novo projeto, uma modificação, ou
um método de reparo. O esboço é uma maneira excelente para fazer isto.

As regras e práticas convencionais para a confecção de desenhos mecânicos


são seguidas, de forma que todas as vistas necessárias para representar um
objeto com precisão são mostradas em suas devidas proporções. Também é
necessário observar as regras para o uso correto das linhas [Figuras 2-23 e 2-
24] e dimensões.

Técnicas de Esboço

Para fazer um esboço, primeiro determine quais as vistas necessárias para


representar o objeto, então esboce estas vistas usando linhas de construção
finas. Depois complete com os detalhes, escureça o contorno do objeto e
desenhe as linhas de extensão e dimensão. Complete o desenho adicionando
as observações, dimensões, títulos, data e, quando necessário, o nome do
esboço. Os passos para fazer um esboço estão ilustrados na Figura 2-30.

Formas Básicas

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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
Dependendo da complexidade do esboço, formas básicas como o círculo ou
retângulo podem ser desenhadas a mão livre ou com o uso de moldes. Se o
esboço é complicado ou o técnico precise fazer esboços com frequência é
recomendado o uso de diversos moldes ou outras ferramentas de desenho.

Esboços de Reparo

Um esboço para reparos é geralmente desenhado para ser usado em


fabricação de uma peça de reposição. Esse esboço precisa conter todas as
informações necessárias para as pessoas que vão fazer a peça ou seu reparo.
O grau de detalhamento de um esboço depende da intenção do seu uso. Um
esboço que precisa apenas ser usado para ilustrar um objeto não precisa ser
dimensionado. Se uma peça precisa ser fabricada a partir de um esboço ele
deve conter detalhes de construção.

Cuidado com Instrumentos de Desenho

Bons instrumentos de desenho são ferramentas de precisão caras. Para


prolongar sua vida útil eles devem ser manuseados e guardados com cuidado.

Réguas "T", esquadros e réguas graduadas, não devem ser usadas ou


colocadas onde suas superfícies ou quinas possam ser danificadas. Use a
prancha de desenho somente para os propósitos pretendidos, e não de uma
maneira que danifique a superfície de trabalho.

Glossário
add dimensions: dimensões
incluídas
add detail: detalhe incluído
block in: bloco
darken views: vistas escurecidas
wedge: cunha
Figura 2-30. Passos para fazer esboços.

Compassos e canetas proporcionam melhores resultados com menos


aborrecimentos se possuírem forma correta, estiverem afiados e não forem
danificados por manuseio descuidado.

Guarde os instrumentos de desenho num lugar onde provavelmente não serão


danificados pelo contato com outras ferramentas ou equipamentos. Proteja as
pontas dos compassos inserindo-os num pedaço de borracha macia ou
material similar. Nunca guarde as canetas tinteiro sem primeiro limpá-las ou
secá-las por completo.

Gráficos e Quadros

Gráficos e quadros são normalmente usados para fornecer informação de


maneira gráfica ou com certas condições. Eles normalmente usam valores
mostrados nos eixos x e y que podem ser projetados para cima e através para
chegar a um resultado específico. Também, quando um dado é colocado em

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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
um computador, o programa pode criar uma variedade de gráficos em barras,
formato torta, e assim por diante para representar um dado graficamente.

Leitura e Interpretação de Gráficos e Quadros

Ao interpretar informações exibidas em gráficos e quadros é extremamente


importante que todas as anotações e informações de legenda sejam
completamente compreendidas para eliminar dúvidas quanto as informações
apresentadas.

Nomogramas

Um nomograma é um gráfico que consiste geralmente de três conjuntos de


dados. Ter conhecimento de pelo menos dois conjuntos de dados permite a
pessoa obter o valor correspondente ao terceiro valor desconhecido. Um tipo
de nomograma consiste de três escalas paralelas graduadas para diferentes
variáveis de maneir4a que quando uma linha reta conecte qualquer dois
valores o terceiro possa ser lido diretamente. Outros tipos podem usar valores
nos eixos x e y do gráfico com o terceiro valor correspondente determinado
pela intercessão dos valores de x e y de uma série formando uma linha curva.
A Figura 2-31 é um exemplo de nomograma que mostra a relação entre os
combustíveis do avião, peso específico e temperatura.

Microfilme e Microficha

A prática de gravação de desenhos, de catálogos de peças e manutenção de


revisão em microfilmes foi bastante utilizada no passado. O microfilme é um
filme regular de 16 ou 35 mm. O filme de 35 mm, por ser mais largo,
proporciona uma melhor reprodução do desenho. A microficha é um cartão
com páginas quadriculadas. Tanto o microfilme quanto a microficha dependem
de aparelho especial para sua leitura e impressão.

A maioria dos fabricantes modernos de aeronaves substituíram o microfilme e a


microficha por métodos de arquivamento digital que usam CDs, DVDs e outros
aparelhos de armazenamento digital. Boa parte das informações para o serviço
e conserto de aeronaves mais antigas foi transferida para meios de
armazenamento digitais. Se ainda houver a necessidade de acessar
informações através dos métodos antigos é preciso ter disponível
equipamentos de leitura de microfilme e microficha em bom funcionamento e
também um novo computador.
Imagens Digitais

Apesar de não ser um desenho uma imagem digital criada por uma câmera
digital pode ser muito útil para os técnicos de manutenção de aeronave na
avaliação e compartilhamento de informações no que diz respeito à
aeronavegabilidade e outras informações sobre a aeronave.

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Apostila 01 (OC 656) – Aviation Maintenance Technician Handbook – General
Capítulo 02
Glossário
average specific gravity: gravidade
específica média
AV gás grade: grade de gasolina de
aviação
aviation kerosene: querosene de
aviação
jet: jato
specific weight: peso específico
temperature: temperatura

Observação:
O indicador de quantidade de
combustível é calibrado para indicar
corretamente o consumo quando
estiver sendo usado Querosene de
Aviação Jet A e Jet A1. Quando
forem utilizados outros combustíveis,
multiplique o combustível indicado
em libras por 0,99 para Jet B (JP-4)
ou por 0,98 para Gasolina de
Aviação (100/130) para obter a
quantidade real de combustível em
libras.
Figura 2-31. Nomograma.

Figura 2-32. Imagem digital de dano causado por impacto.

Imagens digitais podem ser rapidamente transmitidas pela World Wide Web
(Rede Mundial de Computadores) como anexos a mensagens de e-mails.
Imagens de rachaduras de fadiga na estrutura, peças com defeito e outras
falhas assim como esquemas de pintura e projeto desejados são apenas
alguns dos exemplos de tipos de imagens digitais que podem ser
compartilhadas por qualquer usuário pela Internet. A Figura 2-32 é uma
imagem digital de um dano causado por impacto em uma estrutura composta
tirada com uma simples câmera digital. Para fornecer informação sobre a
extensão do dano uma escala de medida ou outro objeto como uma moeda
pode ser colocado próximo à área em questão antes da fotografia ser tirada.
Também através do texto do e-mail o técnico pode relatar a exata localização
do dano referenciando a estação da fuselagem, da asa, e assim por diante.

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