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A PLENITUDE DA VIDA CRISTÃ

Texto base: 15 : 1 - 10

INTRODUÇÃO

Seiva: Líquido contendo substâncias nutritivas que as raízes absorvem do seio da terra e que
circula através dos vasos do vegetal.

No texto, Jesus usou a figura da videira e seus ramos para ilustrar o tipo de relação que deve
existir entre Ele e o crente, a fim de que este produza fruto. Não há necessidade de ser um
agricultor para constatar que o mais importante na videira é a qualidade do seu fruto. Isto pode
ser observado nitidamente no ensino de Jesus sobre os ramos e a videira. Vejamos o que
acontece no relacionamento entre eles.

I. A VIDEIRA E SEUS RAMOS

1. Os ramos que não produzem fruto são arrancados (Jo 15.2). O propósito do ramo é produzir
fruto. Se isto não ocorre, o ramo perde sua valia, por isso o lavrador o tira. Um triste exemplo
deste tipo de sentença é encontrado na história de Israel. Este povo foi designado para ser a
videira de Deus, a fim de refletir o amor, a misericórdia, a bondade e a glória de Deus entre as
nações. Mas fracassou, e veio o julgamento (Is 5.1-7; Rm 11.21).

2. Os ramos que não permanecem ligados à videira são lançados no fogo (Jo 15.6). O ramo, ao
ser arrancado do tronco, começa a secar e a morrer, porquanto, ao afastá-lo da videira, o fluxo
da seiva é imediatamente interrompido, ou seja, a ligação vital entre eles cessa, ocasionando a
morte do ramo, recolhido e queimado depois.

Através da salvação, somos ligados a Jesus Cristo; isto abrange um compromisso pessoal e
um relacionamento contínuo com aquEle que é a videira, e nós, os ramos (Jo 15.5). Estar em
Cristo é comprometer-se com Ele e transformar-se em Sua imagem mediante a ação do
Espírito Santo.

3. Os ramos que dão fruto são podados (Jo 15.2). O desejo do lavrador é que o fluxo da seiva
seja transportado até aos ramos produtivos, e não aos estéreis e inúteis. A podadura do ramo é
um processo indispensável porque objetiva produzir maior quantidade e melhor qualidade de
fruto. A frase “limpa toda vara que dá fruto” se refere à santificação (2Ts 2.13), iniciada após o
novo nascimento, e baseada na Palavra de Deus. É a forma pela qual o crente torna-se parecido
com Cristo paulatinamente.

II. AS CONDIÇÕES PARA A FRUTIFICAÇÃO ESPIRITUAL

Ao examinarmos os ensinamentos registrados em João 15 acerca da frutificação espiritual,


percebemos que há pelo menos três condições para uma abundante colheita:

1. A poda feita pelo Pai. Como estudamos anteriormente, a poda é necessária para a produção
do fruto do Espírito. Depois de sermos salvos, o Espírito Santo nos convence de áreas em
nossa vida que precisam progredir em santificação (1Ts 5.23; Hb 12.10-14; 2Co 7.1). Na vida do
cristão, este processo é efetuado pelo Pai através de circunstâncias que resultam em
amadurecimento e dependência de Deus.

2. A permanência em Cristo. Jesus usou o verbo permanecer quando descreveu a relação entre
ele e seus seguidores. Ele asseverou: “Estai [permanecei] em mim, e eu, em vós” (Jo 15.4).

A primeira parte desta frase: “Estai [permanecei] em mim”, diz respeito à nossa posição em
Cristo. Permanecer em Cristo refere-se a nossa unidade e comunhão com ele (Ef 2.6).
Meditando na partícula em, chegamos à conclusão de que onde estamos é de grande
significância. Devemos estar em Cristo, assim como o ramo permanece no tronco da videira.
Este enxerto ou ligação do crente com Cristo é a base pela qual o cristão frutifica.

3. A permanência de Cristo em nós. A segunda parte da frase: “E eu [permanecerei] em vós” (Jo


15.4b) está relacionada a nossa semelhança com Cristo aqui na terra, isto é, à manifestação do
perfeito caráter de Cristo em nós por intermédio do Espírito. É a santidade de Cristo refletindo-
se através de nossa vida. Vejamos alguns exemplos:

a) O lavrador. Os lavradores compreendem a importância de ter uma abundante fonte de vida


fluindo da videira até ao fruto.
b) O fruto. A qualidade do fruto é proporcional à quantidade de seiva recebida da videira e por
ele conservada. Nossa natureza é transformada à medida que Cristo permanece em nós (2Co
3.17,18).

c) A seiva. É a seiva que conserva os ramos vivos e frutíferos. Da mesma maneira, é Cristo que
nos sustenta, mediante a presença do Espírito Santo, e faz-nos viver de modo consistente e
frutífero. A vida frutífera só é possível por meio desta relação: o cristão EM Cristo.

III. OS FATORES INDISPENSÁVEIS PARA UMA COLHEITA ABUNDANTE

As plantas frutíferas precisam ser apropriadamente cuidadas a fim de termos uma farta
colheita. O mesmo princípio se aplica à vida espiritual. Depois de haver recebido o Espírito
Santo como seu hóspede constante, é necessário o crente cooperar com Ele para que haja
mais fruto. Vejamos alguns fatores indispensáveis a uma colheita abundante.

1. Cultivar a comunhão com Deus. Cultivar significa cuidar da planta, provendo as condições
essenciais para o seu crescimento. Antes das primeiras flores aparecerem ou dos frutos serem
vistos, há um longo provimento de zelo, carinho e atenção chamado de cultivo. Com o objetivo
de alcançarmos um bom resultado, é indispensável cultivarmos a nossa relação com o Pai, pois,
é Ele quem nos proporciona um bom desenvolvimento (1Co 1.9; 2Co 13.13; 1Jo 1.3).

2. Cultivar a comunhão com outros cristãos. Para o lavrador, é conveniente ter plantas
agrupadas de acordo com o fruto que cada uma produz: as laranjeiras, os pés de milho, todos
são plantados juntos, porquanto este procedimento facilita o cultivo e a colheita. Através da
comunhão com outros crentes, encorajamos uns aos outros a viver de maneira santa. Os
primeiros cristãos possuíam íntima comunhão entre si, fato que atraía as pessoas e conduzia a
uma colheita diária de almas (At 2.46,47).

3. Aceite o ministério de líderes piedosos. Deus usa seus líderes para alimentar e nutrir seu
povo. Efésios 4.11-13 enfatiza o propósito destes na igreja: edificar os servos do Senhor tendo
em vista o amadurecimento deles. Paulo expressa a mesma verdade em 1 Coríntios 3.6, cujo
tema são os diferentes papéis que ele e Apolo desempenharam no desenvolvimento dos
coríntios: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”. Quando aceitamos e
praticamos os ensinos bíblicos ministrados por líderes piedosos, somos conduzidos a um lugar
mais fértil.
4. Exercite a vigilância e a defesa. Existem alguns perigos que ameaçam a vida do crente, por
isso, ele precisa ter cuidado com tudo que possa ameaçar o seu pleno desenvolvimento
espiritual: maus hábitos, atitudes e associações erradas, pensamentos destrutivos, desejos
errôneos etc. Quando os israelitas entraram na Terra Prometida, receberam uma ordem para
destruir as nações que ali viviam, todavia, desobedeceram-na. Por seguinte, foram seduzidos
pelos maus caminhos desses povos (Sl 106.34-36). Como os espinhos que Jesus descreveu na
Parábola do Semeador (Lc 8.14), o secularismo pode sufocar a Palavra de Deus e impedir que
tornemo-nos crentes frutíferos.

CONCLUSÃO

O fruto do Espírito é composto de diversas virtudes, mas é único; não pode ser separado
porque é um produto final. Podemos resumi-lo na palavra amor, pois, o amor é a dimensão
unificadora do fruto espiritual. Na próxima lição, examinaremos o significado espiritual da
palavra amor.

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