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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Curso – Engenharia Civil


PROJETO E CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS – HPCE9

Classificação MCT

Solos Tropicais

Prof. Omar Barros


Classificação de solos para fins rodoviários

 Por que classificar solos?


 Previsão de propriedades
 Representação do universo das amostras em questão
 Facilitar a comunicação entre técnicos
 As classificações geotécnicas de solos
 HRB (Highway Research Board)
 Granulometria, Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade
 USCS (Unifield Soil Classification System)
 Granulometria, Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade
 MCT (Miniatura, Compactado, Tropical)
 Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão
A Classificação de Solos pelo HRB (AASHTO)
CLASSIFICAÇÃO GERAL MATERIAIS GRANULARES MATERIAIS SILTOSOS
(35 % ou menos passando na peneira n.º 200) E ARGILOSOS
(mais de 35% passando na
peneira de nº200)
A-1 A-3 A-2 A-4 A-5 A-6 A-7
GRUPOS A-1-a A-1-b A-2-4 A-2-5 A-2-6 A-2-7 A-7-5
A-7-6
Porcentagem que passa nas peneiras
de abertura nominal igual a
2,00 mm
50 máx - - - - - - - - - -
0,42 mm
30 máx 50 máx 51 mín - - - - - - - -
0,074 mm
15 máx 25 máx 10 máx 35 máx 35 máx 35 máx 35 máx 36 mín 36 mín 36 mín 36 mín
Características da fração que passa
na peneira de abertura nominal igual a
0,42 mm
Limite de liquidez (%)
- - - 40 máx 41 mín 40 máx 41 mín 40 máx 41 mín 40 máx 41 mín
Índice de Plasticidade (%)
6 máx 6 máx NP 10 máx 10 máx 11 mín 11 mín 10 máx 10 máx 11 mín 11 mín
Índice de Grupo (IG) 0 0 0 0 0 <4 <4 <8 < 12 < 16 < 20
Materiais predominantes Pedra britada, Areia Areia e areia siltosa ou Solos siltosos Solos argilosos
pedregulho e areia fina argilosa
Comportamento geral como subleito Excelente a bom Regular a mau

Solos do grupo A-7: se IP≤ LL-30 será A-7-5; se IP > LL-30 será A-7-6
A classificação pelo USCS (ASTM, 1990)
Critérios para Estabelecer Símbolos de Grupos e Nomes de Grupos Usando Ensaios de Classificação do Solo
LaboratórioA
Grupo Nome do GrupoB
Solos de Pedregulhos Pedregulhos Limpos Cu  4 e 1  Cc  3E GW Pedregulho bem graduadoF
granulometria grossa mais que 50 % Menos de 5 % de Cu < 4 e/ou 1 > Cc > 3E GP Pedregulho mal graduadoF
finosC
mais de 50 % de fração grossa Pedregulhos com Finos classificam-se como ML ou GM Pedregulho siltosoF, G, H
finos MH
do solo retido retida na peneira Mais de 12 % de Finos classificam-se como CL ou GC Pedregulho argilosoF, G, H
nº4 finosC CH
na peneira n º 200 Areias Areias Limpas Cu  6 e 1  Cc  3E SW Areia bem graduada
50 % ou mais Menos de 5 % de Cu < 6 e/ou 1 > Cc > 3E SP Areia mal graduado
finosD
da fração grossa Areias com finos Finos classificam-se como ML ou SM Areia siltosaG, H, I
MH
passa na peneira Mais de 12 % de Finos classificam-se como CL ou SC Areia argilosaG, H, I
nº4 finosD CH
Solos de Siltes e argilas Inorgânicos IP > 7 e sobre ou acima da linha CL Argila pouco plásticaK, L, M
“A”J
granulometria fina Limite de liquidez IP < 4 e abaixo da linha “A”J ML Silte
50 % do solo menor que 50 Orgânicos LL − sec o em estufa OL Argila orgânicaK, L, M
 0,75
LL − não sec o em estufa
ou mais passa Silte orgânicoK, L, M, O
na peneira n º 200 Limite de liquidez Inorgânicos IP sobre ou acima da linha “A” CH Argila muito plásticaK, L, M
maior ou igual a 50 IP abaixo da linha “A” MH Silte elásticoK, L, M
Orgânicos LL − sec o em estufa OH Argila orgânicaK, L, M P
 0,75
LL − não sec o em estufa
Silte orgânicoK, L, M Q
Solos altamente Principalmente matéria orgânica, escura na cor e com odor orgânico PT Turfa
orgânicos
Gráfico de Plasticidade (ASTM, 1990)
70
Linha "U"
60

Linha "A"
50
Índice de Plasticidade (%)

CH ou OH

40 Linha "B"

30

CL ou OL
20
MH ou OH

CL - ML
10
ML ou OL
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Limite de Liquidez (%)
Limitações das Classificações Tradicionais

 Estas classificações consideram fundamentalmente a


granulometria, o limite de liquidez e o índice de plasticidade
 Condições ambientais diferentes das encontradas no Brasil;
 Podem classificar solos de gênese ou comportamento
geotécnico diferentes como sendo pertencentes à mesma
classe;
 Repetibilidade dos ensaios e limitações quanto a correlação
entre as propriedades-índices (granulometria, limite de
liquidez) e o comportamento geotécnico (propriedades
mecânicas e hidráulicas) observado.
 Enfim, classificam e hierarquizam os solos tropicais de
maneira inapropriada
Solos Tropicais (O que é?)

 Solo tropical é aquele que apresenta diferenciação em


suas propriedades e em seu comportamento em
comparação aos solos não tropicais, em decorrência da
ação do intemperismo nas regiões tropicais úmidas.

 Clima tropical: temperatura média anual supera 200C e


índices pluviométricos acima de 1.000mm/ano
Solos Tropicais

 Na classificação tradicional, algumas limitações ocorrem em


razão das diferenças das frações de areias e argilas de solos de
regiões tropicais e de solos de regiões temperadas
 A fração de argila dos solos tropicais lateríticos possuem
óxidos de ferro e de alumínio hidratados e argilo-minerais que
conferem baixa expansibilidade e alta capacidade de suporte,
não sendo encontrados em solos não lateríticos
 A fração arenosa dos solos lateríticos pode conter elevada
porcentagem de concreções de resistência inferior à da areia
tradicional
 A presença de mica e/ou feldspato nos solos saprolíticos reduz
a capacidade de suporte e o índice de plasticidade
Solos Tropicais
Solos Tropicais

Ocorrência de solos lateríticos


no Brasil (Villibor, 1980)
A Classificação MCT

 A metodologia MCT visa classificar adequadamente os


solos tropicais permitindo melhores critérios técnicos de
escolha e dosagem para uso em pavimentação
 Baseia-se numa série de ensaios e procedimentos que
reproduzem as condições reais de camadas de solos
tropicais compactadas aferindo melhor suas
propriedades geotécnicas
 Veio para suprir uma limitação dos métodos tradicionais
em caracterizar os solos com base na granulometria e
nos limites de Atterberg.
A Classificação MCT

 A designação MCT (Miniatura Compactada Tropical) é


proveniente da utilização de ensaios de dimensões
reduzidas (CP’s com 50mm de diâmetro) com solos
tropicais compactados

 Esta metodologia abrange dois grupos de ensaios:


 Mini CBR e associados
 Mini MCV e associados
A Classificação MCT
A Classificação MCT

 A partir dos ensaios de Mini-CBR pode-se obter as


características dos solos apropriados para bases em
pavimentos. Após compactação dos CP’s, determina-se
uma série de propriedades:
 Capacidade de suporte (Mini-CBR)
 Expansão
 Contração
 Infiltrabilidade
 Permeabilidade
A Classificação MCT

 A partir dos ensaios de Mini-MCV são fornecidos


parâmetros para a determinação dos coeficientes c’ e
e’ que permitem a classificação dos solos conforme
MCT, além de permitirem a determinação de todas as
propriedades obtidas nos ensaios Mini-CBR e associados.
A Classificação MCT
A Classificação MCT
Ensaio de Compactação (em equipamento miniatura)
A Classificação MCT
Ensaio de Compactação (em equipamento miniatura)
A Classificação MCT

Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água

 Desenvolvido para distinguir os solos tropicais com


comportamento laterítico daqueles com comportamento
não laterítico.

 É também utilizado para classificar os solos tropicais


(MCT), sendo empregado para o cálculo do coeficiente e’
A Classificação MCT
Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água

256/94
A Classificação MCT
Ensaio de Perda de Massa por Imersão em Água
A Classificação MCT
 A metodologia MCT visa agrupar os solos tropicais de
acordo com suas peculiaridades de comportamento sob
o ponto de vista mecânico e hidráulico

PROPRIEDADE SOLOS LATERÍCOS SOLOS


SAPROLÍTICOS
Contração Elevada (argilas) Média a elevada
Baixa (areias)
Expansão Baixa Baixa a elevada
Suporte a seco Elevado a muito Médio a elevado
elevado
Permeabilidade Baixa Baixa a média
A Classificação MCT

 As principais aplicações práticas da Metodologia MCT:


 Classificação de solos
 Propriedades geotécnicas
 Critérios de escolha e priorização de solos para bases
 Dosagem de misturas com solos lateríticos
 Dosagem de imprimaduras asfálticas

 Esta classificação põe os solos tropicais em duas grandes


classes: os solos de comportamento laterítico e os de
comportamento não laterítico
A Classificação MCT
 Solos de comportamento laterítico, designado pela letra L,
sendo subdivididos em:
 LA - areia laterítica quartzosa
 LA’ - solo arenoso laterítico
 LG’- solo argiloso laterítico

 Solos de comportamento não laterítico (saprolítico),


designado pela letra N, sendo subdivididos em:
 NA - areias, siltes e misturas de areias e siltes com predominância de
grão de quartzo e/ou mica, não laterítico
 NA’- misturas de areias quartzosas com finos de comportamento não
laterítico (solo arenoso)
 NS’ - solo siltoso não laterítico
 NG’ - solo argiloso não laterítico
Classificação MCT
0,27 0,45 1,7
2,2
L = LATERÍTICO
2,0 N = NÃO LATERÍTICO
NS' A = AREIA
A' = ARENOSO
1,75 G' = ARGILOSO
ÍNDICE S' = SILTOSO
NA
e' 1,5
1,4 NA' NG'

1,15
1,0

LA LA' LG'

0,5
0 0,5 0,7 1,0 1,5 2,0 2,5
COEFICIENTE c'
Classificação MCT (Quadro-resumo)
Quadro das Propriedades dos Solos de cada Classe MCT
COMPORTAMENTO N= NÃO LATERÍTICO L= LATERÍTICO

Grupo MCT NA N A’ N S’ N G’ LA L A’ L G’

MINI CBR Sem imersão M, E E M, E E E E,EE E


Com imersão M, E M, E B, M E E E E

Propriedade EXPANSÃO B B E M, E B B B

CONTRAÇÃO B B, M M M, E B B, M M, E
COEF.PERMEABILIDADE (k) M, E B B, M B, M B, M B B
COEF. SORÇÃO (S) E B, M E M, E B B B

Utilização Base de Pavimento NR 4.º NR NR 2.º 1.º 3.º

(ordem de Reforço do Subleito 4.º 5.º NR NR 2.º 1.º 3.º

preferência) Subleito Compactado 4.º 5.º 7.º 6.º 2.º 1.º 3.º

NR: Não Aterro Compactado (corpo) 4.º 5.º 6.º 7.º 2.º 1.º 3.º

Recomen- Proteção à Erosão NR 3.º NR NR NR 2.º 1.º

dado Revestimento Primário 5.º 3.º NR NR 4.º 1.º 2.º

Corpos de prova Mini-CBR (%) Expansão (%) Coef.sorção Coef.permeab.


compactados na massa sobrecarga Contração (%)
específica aparente seca padrão (S) (K)
máxima próxima da log(cm/Vmin) log (cm/s)
energia normal

B = baixo(a) <4 < 0,5 < (-2) < (-6)

M = médio(a) 4 a 12 0,5 a 3 (-2) a (-1) (-6) a (-3)

E = elevado(a) 12 a 30 >3 > (-1) > (-3)

EE = muito elevado(a) > 30


A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
 Ensaio mini-MCV é aquele em que a compactação é efetuada
em um equipamento de compactação miniatura, na qual,
para cada teor de umidade se aplicam, de maneira
padronizada, energias crescentes, até conseguir uma massa
específica aparente máxima (DNER 259-96).
A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
 Agrupa os solos tropicais em solos de comportamento
laterítico (L) e solos de comportamento não laterítico (N);
 Fundamenta-se nos resultados dos ensaios de Mini-MCV e
perda de massa por imersão (Pi)
 Os solos são classificados através dos coeficientes c’ e e’:

c’ =inclinação às curvas de afundamento e que passa


no ponto de afundamento igual a 2 mm e mini-MCV =
10

20 Pi
e' = 3 +
d' 100
A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
 Os ensaios de compactação mini-MCV e de perda de massa
por imersão seguem as etapas:
 afundamentos dos CP’s
 curvas de deformabilidade e compactação
 cálculo do valor mini-MCV
 coeficientes c’e d’
 massa específica aparente seca
 parâmetro Pi do solo
 índice de laterização e’
A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
 Cálculo dos afundamentos: durante o ensaio de compactação
mini-MCV medem-se as diferenças de alturas (afundamentos)
de cada CP através da equação: ∆𝑎𝑛 = 𝐴𝑛 − 𝐴𝐹
An = altura do CP correspondente ao número de golpes n
Af = altura final do CP
A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
 Plotagem da curva de deformabilidade: a partir de an e o
número de golpes, traçam-se as curvas de deformabilidade.
 Cálculo do mini-MCV por meio da curva de deformabilidade,
traçando-se uma linha correspondente a an= 2mm e
utilizando-se a seguinte expressão:
 Mini-MCV = 10. log n
 sendo n = número de golpes para an= 2mm
A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
 Procede-se aos demais cálculos:
 coeficientes c’e d’
 massa específica aparente seca
 parâmetro Pi do solo
 índice de laterização e’
A Classificação MCT (ensaio Mini-MCV)
Ver vídeo do ensaio:
O ensaio Mini-CBR

 Introduzido no Brasil por Nogami em 1972


 Limitações dos procedimentos tradicionais de previsão do CBR,
sobretudo com base nas propriedades índices dos solos
 Possibilitar um melhor aproveitamento de solos arenosos finos
lateríticos em pavimentação
 Ensaio de mini-CBR e expansão: DER SP M 192-88
 Ensaio de contração: DER SP M 193-88
 Aplicações
 Dimensionamento de pavimentos
 Escolha de solos para reforço do subleito, bases e acostamentos
O ensaio Mini-CBR
 Considera a capacidade de suporte em
várias condições
 Utilizam-se corpos de prova compactados
nas energias normal, intermediária ou
modificada
 Correlação com o CBR
 log (mini-CBR1) = - 0,254 + 0,896  log C1
 log (mini-CBR2) = - 0,356 + 0,937  log C2
 Expansão
 Permite avaliar o aumento de volume,
quando uma massa de solo estiver em
contato com água
 Pequena para solos lateríticos
 Solos saprolíticos siltosos: valor da
expansão relativamente elevados
 Contração
 Medida da variação axial da altura do corpo
de prova
Características dos Ensaios CBR e Mini-CBR
ENSAIOS CBR Mini-
CBR
Moldes • Diâmetro 152 mm 50 mm
• Volume do corpo de prova 2116 ml 100 ml
Amostras • Massa 5000 g 250 g (1)
• Diâmetro máximo dos grãos 19 mm 2 mm
Compactação • Normal  Soquete 2,5 kg 2,27 kg
 Altura queda 348 mm 305 mm
 Golpes, total 168 10 (1)
• Intermediária  Soquete 4,5 kg 4,5 kg
 Altura queda 457 mm 305 mm
 Golpes, total 130 (1) 12 (1)
Pistão de penetração (diâmetro) 49,5 mm 16 mm
Prensa • Capacidade recomendada 44,5 kN 3 kN
• Velocidade (mm/min) 1,27 1,27
Tempo de imersão (horas) 96 20
(1) valores aproximados
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PROJETO E CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS – HPCE9

Classificação MCT

Solos Tropicais

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