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FORMAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MANEJO DE PASTAGENS

Waldson Sebastião Duarte Rocha

Coronel Pacheco - MG
MANEJO DE SOLO - SISTEMA
Solo/ água/ planta/ ambiente
• Conhecer a propriedade;
• Escolha da área para pastagem;
• Amostragem e Análise do Solo;
• Interpretação dos resultados da análise;
• Preparo da área;
• Práticas de Conservação.
RELAÇÃO PRODUÇÃO / DEMANDA
CONHECER A PROPRIEDADE

Aptidão de uso do solo

• 1 – Relevo;

• 2 – Profundidade do solo.
O QUE, ONDE, E COMO PLANTAR?
• 1- Escolha da área e da cultura/sistema;

Morro Topo de morro

Meia Encosta
Terraço

Leito maior
Leito menor

Topossequência (adaptado de Resende, 1995)


O QUE, ONDE, E COMO PLANTAR?

• 2 - Amostragem do solo;

• 3 - Preparo do solo (ou plantio direto);

• 4 – Calagem;

• 5 - Adubação de plantio e cobertura/manutenção.


AMOSTRAGEM DO SOLO
• Por que amostrar?

– Eficiência produtiva;
Benefício
• Maior relação =
Custo
– Corrigir e adubar de forma eficiente (“racional”)

• Utilizar somente o necessário e distribuição correta.


AMOSTRAGEM DO SOLO

• Qual é mais importante?

– Amostragem ou Análise laboratorial?

– Massa de solo em 10 ha (20 cm de


profundidade):

• 24.000 toneladas
SELEÇÃO DA ÁREA PARA AMOSTRAGEM
TIPOS DE AMOSTRAS

• Amostra composta?
– Número?

• Amostra simples (ou subamostra)?


– Número? Por quê?
COMO RETIRAR AS AMOSTRAS SIMPLES?

Figura. Coleta de 20 amostras simples por caminhamento em ziguezague


EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

enxadão cavadeira pá
trado
de de de
trado
boca rosca corte
holandês
ÉPOCA E FREQUÊNCIA

• Realizar a amostragem após a época chuvosa.


Por quê?

• Recomendado: Todos os anos.


Por quê?
ATRIBUTOS DETERMINADOS
• O que é analisado?

– Atributos físicos: Areia, silte e argila;


– Matéria orgânica;
– Macronutrientes: P, K, Ca, Mg. Pode analisar S e N;
– Atributos responsáveis pela acidez: H (pH), Al, H+Al;
– Micronutrientes: Cu, Mn, Zn, Fe e B.
EXEMPLOS DE RESULTADOS DE ANÁLISE
Tabelas. Análise do material de solo na camada de 0 a 20 cm.

Ca Mg Al H+Al SB CTCpH7,0 argila


pHH2O -3
V% m%
.................................cmolc dm ................................ g kg-1
4,8 1,0 0,5 1,5 6,2 1,55 7,75 20,0 49,2 510

pH MO Argila P K K Ca Mg Al H+Al SB CTC V M


CaCl2 H2O ----- g/kg ----- -- mg/dm3 -- ----------------------- cmolc/dm3 --------------------- --- % ----
4,3 4,9 22 161,3 6,8 39,1 0,1 1,8 0,7 2,1 7,06 2,6 9,66 27 45
Por que a acidez interfere na
adubação?
ACIDEZ E DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTE
2+ 2+ 2+ 2+
MoO42-
Cl -

• Por que corrigir?


Fe(OH)3
Cu(OH)3
Mn(OH)3
Al(OH)3 Zn(OH)3

Figura. Relação entre o valor de pH e a disponibilidade dos elementos no solo


INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS PARA ACIDEZ

• 5ª aproximação (CFSEMG, 1999):

Tabela. Classes de interpretação para a acidez ativa do solo (pH)

Classe Muito baixo Baixo Bom Alto Muito alto

pH < 4,5 4,5 – 5,4 5,5 – 6,0 6,1 – 7,0 > 7,0
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS PARA ACIDEZ

• Boletim Técnico 100 (IAC):

Tabela. Classes de interpretação para a acidez ativa do solo (pH)


Saturação por cátions
Acidez pH em CaCl2* V%
básicos

Muito alta < 4,3 Muito baixa 0 – 25

Alta 4,4 – 5,0 Baixa 26 – 50

Média 5,1 – 5,5 Média 51 – 70

Baixa 5,6 – 6,0 Alta 71 – 90

Muito baixa > 6,0 Muito alta > 90


Modelos para a
recomendação de calcário
CÁTIONS TROCÁVEIS
• Métodos de calagem:
A) Neutralizar a acidez trocável (Al) e elevar Ca e de Mg
   t  
NC(t/ha)  Y  Al  mt      X  Ca  Mg. PRNT  100%
   100  
NC = {Y ´ Al + [X – (Ca + Mg)]} ´ 100/PRNT
mt: máxima saturação por Al (m%) tolerada pela cultura (tabelado);
t: CTC efetiva (Al + Ca + Mg + K), cmolc/dm3;
X: requerimento de Ca e Mg (tabelado);
Y: Depende do poder tampão do solo
Y = 0,0 a 1,0 (Solos arenosos: <15 % de argila)
Y = 1,0 a 2,0 (Solos de textura média: 15 a 35 % de argila)
Y = 2,0 a 3,0 (Solos argilosos: 35 a 60 % de argila)
Y = 3,0 a 4,0 (Solos muito argilosos: > 60 % de argila)
ATRIBUTOS PARA UTILIZAR NO MODELO
• A) Neutralizar a acidez trocável (Al) e elevar Ca e de Mg. *1: 5ª aprox. *2: IAC
Cultura mt X V2*1 V2*2
% cmolc/dm3 %
Milho e Sorgo 15 2,0 60
Arroz sequeiro 25 2,0 50
Soja e feijão 20 2,0 50
Cana-de-açúcar 30 3,5 60
Capim Elefante (Pennisetum purpureum) 20 2,0 50 70-60
Tifton e Coast-cross (Cynodon sp) 20 2,0 50 70-60
Tanzânia e Colonião (Panicum maximum) 25 1,5 45 70-60
Mombaça (Panicum maximum) 25 1,5 45 60-50
Marandú (Brachiaria brizantha) 25 1,5 45 60-50
B. decumbens, Gordura, Batatais 30 1,0 40 40-40
Alfafa, soja-perene 15 2,5 60
Estilosantes, Arachis 25 1,0 40
Eucalipto 45 1,0 30
SATURAÇÃO
• Métodos de calagem:
B) Método da saturação por cátions básicos (V%)
 V2  V1 
NC(t/ha)     CTCT PRNT  100%
 100 

V2: saturação por cátions básicos desejada (tabela);


V1: saturação por cátions básicos atual – Análise
V = [(Ca+Mg+K)/(Ca+Mg+K+H+Al)] ´ 100;
CTCT: capacidade de troca de cátions total, pH 7,0 (cmolc/dm3).
Por que o método da saturação
foi considerado capaz de alterar
a acidez do solo?
RELAÇÃO ENTRE PH E V%
80
Saturação por cátions básicos (V%).
r = 0,95, P<0,001
70
60
50
40
30
20
10
0
5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

pH H2O
Figura. Relação entre o valor de pH em água e a saturação por cátions básicos (V%).
Tabela. Relação entre valor de pH e as saturações de cátions básicos (V%) e
de alumínio (m%)

V m pHH2O pHCaCl2
.................................%...............................
< 15 > 40 < 5,0 < 4,3
16 a 30 15 a 40 5,0 a 5,4 4,3 a 4,7
31 a 45 0 a 15 5,4 a 5,8 4,7 a 5,0
46 a 60 0 5,9 a 6,3 5,1 a 5,5
61 a 75 0 6,4 a 6,8 5,6 a 6,0
Gessagem
GESSO (CASO4 . 2H2 O)
Amostrar a camada de 20 a 40 cm ou de 30 a 60 cm

Ca2+ ≤ 0,4 cmolc/dm3 e, ou,


Al3+ > 0,5 cmolc/dm3 e, ou,
m% > 30%
CaSO4.2H2O + H2O Ca2+sol + SO42-sol + CaSO40sol
+
vai para a camada
Colóide _X + Ca2+sol __Ca2+
+ X+sol mais profunda,
colóide
pois não é retido.

Al3+sol + SO42- ⇄ AlSO4+sol


Al(OH)2+sol + SO42- ⇄ AlOHSO4
GESSAGEM – EXEMPLO DE RECOMENDAÇÃO
NG (kg/ha)  Teor de argila (%)  60

NG (kg/ha)  14%  60 NG (kg/ha)  840 kg/ha

Argila NG
% t/ha
0 a 15 0,0 a 0,4 Considerando uma camada
15 a 35 0,4 a 0,8 subsuperficial de 20 cm
35 a 60 0,8 a 1,2 de espessura.
60 a 100 1,2 a 1,6
GESSAGEM

Figura. Efeito do gesso no crescimento radicular


GESSAGEM

Figura. Desenvolvimento de milho após 25 dias de veranico, com e sem gesso


RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO

• Como é definida?

– Disponibilidade do nutriente no solo;

– Resposta da cultura.
MATÉRIA ORGÂNICA X NITROGÊNIO

N total:
% M.O.  20  % N

N mineralizado:
2% do N total
por ciclo da cultura

Figura – Resposta à aplicação de N, em função da %M.O.. (*) = número


de experimentos
5ª APROXIMAÇÃO
Tabela. Classes de interpretação da disponibilidade para fósforo e para potássio (Extrator: Mehlich-1)
Muito Baixo Médio Bom Muito bom
Argila
baixo

% ------------------------------- mg/dm3 ----------------------------

Fósforo disponível

60 – 100  2,7 2,8 – 5,4 5,5 – 8,0 8,1 - 12,0 > 12,0

35 – 60  4,0 4,1 – 8,0 8,1 – 12,0 12,1 – 18,0 > 18,0

15 – 35  6,6 6,7 – 12,0 12,1 – 20,0 20,1 – 30,0 > 30,0

0 - 15  10,0 10,1 – 20,0 20,1 – 30,0 30,1 – 45,0 > 45,0

Potássio disponível

 15 16 - 40 41 - 70 71 - 120 > 120


BOLETIM TÉCNICO 100
Tabela. Classes de interpretação da disponibilidade para fósforo e para potássio (Extrator: Resina)

P resina
+
Teor K trocável
Florestais Perenes Anuais Hortaliças

mmolc/dm3 --------------------- mg/dm3 ------------------

Muito baixo 0,0 – 0,7 0 – 2 0– 5 0– 6 0 – 10

Baixo 0,8 – 1,5 3 – 5 6 – 12 7 – 15 11 – 25

Médio 1,6 – 3,0 6 – 8 13 – 30 16 – 40 26 – 60

Alto 3,1 – 6,0 9 – 16 31 - 60 41 – 80 61 – 120

Muito alto > 6,0 > 16 > 60 > 80 > 120


ADUBAÇÃO FOSFATADA DE PLANTIO / ESTABELECIMENTO

12000
M atéria s ec a (k g/ha)

11000

10000

9000
Y=6316,2+50,377x-0,11798x*x
8000

7000

6000
0 40 80 120 160
Dose de P2O5 (kg/ha) - DE=113,12

Figura. Produção de matéria seca de capim-elefante em função das doses de fosfato, em Latossolo Vermelho-Amarelo argiloso e
dose estimada de fosfato (DE) necessária para 90% da produção máxima (Saraiva & Carvalho, 1991 – Adaptado).
ADUBAÇÃO FOSFATADA DE MANUTENÇÃO
10
Pro d. de leite (kg/vaca/dia)

6
20 40 60 80
Doses de P2O5 (kg/ha)

Figura. Produção média de leite (kg/vaca/dia), em 300 dias de lactação, em pastagem de capim-elefante submetida a quatro níveis
de adubação fosfatada de manutenção (1ª lactação - ano de 1991 a 1992) (MARTINS, 1993).
Adubação com “resíduo”
orgânico
TABELA – ADUBO ORGÂNICO SÓLIDO - COMPOSIÇÃO
Fertilizantes Matéria seca N P2 O 5 K2O C/N
------------------------- % -----------------------
Casca de café 80-90 0,6-1,2 0,2-5,0 2,1-3,8 50-120
Gramíneas (capins) 85-95 0,8-1,3 0,2-0,5 0,4-0,7 40-80
Palhada de milho 80-95 0,4-0,6 0,2-0,4 0,9-1,7 60-120
Palhada de leguminosa 85-95 1,5-5,0 0,3-1,0 0,6-3,0 30-120
Bagaço de cana 70-90 0,8-2,0 0,1-0,3 0,5-1,6 200-800
Serragem de madeira 90-95 0,05 0,02 0,03 15-30
Esterco de bovinos 20-85 0,3-3,5 0,3-2,0 0,3-2,0 15-30
Esterco de eqüinos 40-80 0,3-2,0 0,4-2,5 0,3-2,0 15-30
Esterco de ovinos 40-80 0,3-4,0 0,6-2,1 0,3-3,0 10-20
Esterco de aves 20-80 0,3-5,0 0,2-4,0 0,3-4,0 15-25
Esterco de suínos 40-90 0,3-3,0 0,2-3,0 0,3-3,0 10-20
Tortas 65-95 0,8-2,0 0,5-2,0 0,3-1,0 30-50
Lixo urbano 60-90 0,3-1,3 0,2-1,5 0,2-1,5 -
Farinha de osso 85-95 1,0 18,0 - -
Farinha de sangue 85-95 10,0 - - -
TABELA – ADUBO ORGÂNICO LÍQUIDO - COMPOSIÇÃO

Fertilizante N P2O5 K2O


................... kg/m3 *..........................
Chorume 1,0-6,0 2,0-5,0 1,0-3,0
Vinhaça 0,3-1,2 0,1-0,3 1,0-8,0
Dejeto líquido de bovino *2 0,55 2,52 2,58
3 2
* kg/m = g/L * Fonte: Mori (2008).
ADUBAÇÃO COM N EM PASTAGEM
Época chuvosa (outubro a março – 180 dias)

Neste período uma vaca libera  16 kg de N

Se forem 3 vacas/ha: 3 x 16 = 48 kg de N
Um saco de uréia tem 22 kg de N

48 kg de N  2 sacos de uréia
Pastagem de B. brizantha, cv. Marandu (braquiarão):
recomendado 150 a 200 kg/ha de N (7 a 9 sacos de uréia)
ADUBAÇÃO COM N EM CANA
Época chuvosa (outubro a março – 180 dias)
Neste período uma vaca libera 1.242 kg de MS
Se forem 10 vacas: 10 x 1.242 = 12.420 kg de MS
Se 5 t liberam 20 kg/ha de N, 12,4 t liberam 49,6 kg/ha de N

Um saco de uréia tem 22 kg de N

49,6 kg de N  2 sacos de uréia


Cana soca:
recomendado 60 a 100 kg/ ha de N (2,7 a 4,5 sacos de uréia)
AO INTERPRETAR O RESULTADO DA ANÁLISE PODEMOS
RECOMENDAR

• Calagem

• Gessagem

• Adubação

• Plantio/Estabelecimento

• Cobertura/Manutenção
Preparo do solo
PREPARO DO SOLO – PASTAGEM E CAPINEIRA

• Aração e gradagem:
– Incorporar calcário;
– Incorporar adubo fosfatado (antes
da gradagem);
– Preparo do solo em nível e/ou em
faixa;
– Plantio direto (ILP ou ILPF).
PREPARO DO SOLO – PASTAGEM E CAPINEIRA

• Plantio direto:

– Verificar situação favoráveis e


recomendadas;
– Calagem e adubação
diferenciadas.
Conservação da “fertilidade
do solo”
CAPACIDADE DE SUPORTE
EROSÃO – PERDA DE RECURSO NATURAL
QUAL É A CULTURA?
PERDA DE SOLO E ÁGUA - EROSÃO
Solo erodido - t/ha/ano Água perdida (% da chuva)

68

37

11 9 10
7

Solo Exposto Braquiária Milho + Braquiária


Fonte – Carvalho (Dissertação de mestrado – Resultados parciais Embrapa/UFJF)
PERDA DE SOLO E ÁGUA - EROSÃO

Fonte: Alvarenga et al, 1998


PRÁTICAS PARA CONTROLE DA EROSÃO

• Vegetativas: utiliza a vegetação para defender o solo contra a


erosão;

• Edáficas: modificações no sistema de cultivo;

- controle do fogo, calagem e adubações verde, orgânica e química.

• Mecânicas: aração e gradagem seguindo as curvas de nível,


construção de terraços, tanto base estreita, quanto base larga.
ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO
MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

“A lucratividade é dependente do conhecimento do sistema


solo/água/planta. Sendo o seu manejo fundamental para a produtividade
e conservação dos recursos naturais.”

Wadson Sebastião Duarte da Rocha


MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO!
Equipe:
Pesquisadores: Alexandre Magno Brighenti dos Santos; Carlos Augusto de Miranda
Gomide; Carlos Eugênio Martins; Carlos Renato Tavares de Castro, Domingos Sávio
Campos Paciullo; Fausto de Souza Sobrinho; Fermino Deresz; Flávio Rodrigo
Gandolfi Benites; Francisco José da Silva Lédo; Jackson Silva e Oliveira, Juarez
Campolina Machado; Marcelo Dias Müller e Wadson Sebastião Duarte da Rocha.

Assistentes: Éder Ribeiro do Nascimento Júnior, Raymundo César Verassani de


Souza, Reginaldo Neves dos Santos e Ronaldo Assis.

Estagiários: Ítalo Lopes Goulart, Pedro Henrique de Queiros Carlos e Rafael


Agostinho Ferreira.

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