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COMPONENTE SOLOS EM SILPFS

FERTILIDADE DO SOLO – PARTE 1

Dr. Manuel Claudio Motta Macedo


SUMÁRIO
Componente solos – Parte 1
1. Introdução
2. Ordens e classes de solos mais importantes
3. Os solos: características, propriedades e potencialidades produtivas
4. Pastagens em degradação: componente solo e alternativas de
recuperação
5. ILP como alternativa de recuperação e renovação
6. Componente solo: como se adequar para a ILP e ILPF
7. Conclusões
PRINCIPAIS ORDENS DE SOLOS DO BRASIL
 LATOSSOLOS
 ARGISSOLOS
 NEOSSOLOS
 NITOSSOLOS
 PLINTOSSOLOS
 GLEISSOLOS
 ORGANOSSOLOS
DISTRIBUIÇÃO DOS LATOSSOLOS NO BRASIL

Embrapa, 1981
DISTRIBUIÇÃO DOS ARGISSOLOS (PODZÓLICOS) NO
BRASIL

Embrapa, 1981
DISTRIBUIÇÃO DOS NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS
(AREIAS QUARTZOSAS) NO BRASIL

Embrapa, 1981
PRINCIPAIS CLASSES DE SOLOS DA REGIÃO DO CERRADO

Adaptado de Correia et al, 2004


LATOSSOLO VERMELHO DISTRÓFICO
LATOSSOLO VERMELHO ESCURO

Embrapa, 1999
ARGISSOLO VERMELHO AMARELO EUTRÓFICO
PODZÓLICO VERMELHO AMARELO

Embrapa, 1999
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO
AREIA QUARTZOSA

Embrapa, 1999
CRITÉRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS EM
CLASSES TEXTURAIS

CLASSE TEXTURAL TEOR DE ARGILA


%
ARENOSA < 15
MÉDIA 16 - 35
ARGILOSA 36 - 60
MUITO ARGILOSA > 60
DIAGRAMA TRIANGULAR PRINCIPAIS CLASSES
TEXTURAIS DO SOLO

SISTEMA BRASILEIRO DE
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
– EMBRAPA,1999
CLASSE TEXTURAL: CARACTERÍSTICAS E
PROPRIEDADES DOS SOLOS
Classe Interpretação Características Implicações para
textural pedológica do solo o manejo

Argila %
Muito arenosa < 15 Elevada susceptibilidade a erosão Parcelamento de N e K
CTC baixa Menores doses herbicidas
CTC dependente da MO Menor lotação animal
Drenagem excessiva Maior risco agric. sequeiro
Poros grandes Menor requerimento de P
Baixa retenção de agua
Ds≈1,40
Média 16-35 Menor susceptibilidade a erosão Solos mais fáceis de manejo
Ds≈1,30 Comportamento intermediário
entre arenoso e argiloso
CLASSE TEXTURAL: CARACTERÍSTICAS E
PROPRIEDADES DOS SOLOS – CONT.
Classe Interpretação Características Implicações para
textural pedológica do solo o manejo

Argila %
Argilosa 36-60 Baixa susceptibilidade a erosão Cuidado preparo solo – umidade
Drenagem boa a acentuada Solo seco – torrões
Ds≈1,00 Máquinas e compactação
Alta adsorção de P Maiores doses de P

Muito argilosa >60 Idem Idem aos argilosos, porém mais


Elevada adsorção de P difíceis de serem trabalhados
Pegajosidade elevada
CAPACIDADE DE ÁGUA DISPONÍVEL (CAD) ATÉ 1,20 M DE PROFUNDIDADE
EM DIFERENTES CLASSES DE SOLOS NA REGIÃO DO CERRADO
CAD (mm)
500

400

300

200

100

0
Areia Latossolo Latossolo Roxo
Quartzosa Vermelho- Amarelo 69% argila
11% argila 30% argila
TEORES MÉDIOS DE FERTILIDADE E ARGILA EM
SOLOS DO MATO GROSSO DO SUL E DO CERRADO
Solos Solos do MS Níveis adequados
Variável dos e tolerados
Cerrados LV LV NIT NQ
L. roxo LVd TR AQ
Soja Gramíneas
- -
pH 5,0 4,80 4,50 6,30 5,30

M.O. % 2,2 2,80 1,50 7,20 1,72 - -

Ca 0,25 1,10 0,30 13,40 0,17 1,5 1,0


Mg 0,09 0,60 0,10 6,90 0,15 0,5 0,5
Al cmolc / dm3 0,56 1,80 1,10 0,00 0,43 - -
K 0,80 0,25 1,13 0,69 0,09 - -
CTC ef. 1,10 3,75 1,50 20,90 0,85 - -

K 31 98 51 270 35 40-80 40-50


mg / dm3
P* 0,4 1 1 2 2 9-40 3-21

Sat. Al. 59 47 65 0 51 20-30 50-60


%
Argila - 45 18 58 11 - -
EVOLUÇÃO DA ÁREA DE PASTAGEM E DE LAVOURA
NO BRASIL
FATORES DE CRESCIMENTO DA PECUÁRIA (1950-2006)

Produção 3,36 % aa

X
Área de pasto Produtividade animal

~ 21% ~ 79%

Desempenho animal X Taxa de lotação

~ 38% ~ 62%
Martha Jr. et al. (2012).
Sem estes
ganhos, para se
obter a mesma
produção, um
adicional de 525
milhões de
hectares teriam
que ser
incorporados à
produção

Foto: Armindo Kichel


Fonte: Lourival Vilela
PASTAGENS DEGRADADAS NO CERRADO

Pastagem plantada (ha) Degradadas


Região
Em boas condições Degradadas Total (%)

Cerrado 40.989.751 4.284.712 45.274.463 9,5

Brasil 91.594.484 9.842.925 101.437.409 9,7

Elaborada por Lourival Vilela, 2011.


TAXA DE LOTAÇÃO, REBANHO E ÁREA DE
PASTAGEM DO CERRADO
Taxa de lotação Porcentagem de área
Rebanho (cab.) Área (ha)
(cab/ha) (UA/ha)1 Parcial Acumulada
0,50 0,35 2.556.207 6.513.003 10,6% 10,6%
1,00 0,70 19.601.119 24.564.493 39,9% 50,4%
1,25 0,88 22.001.987 19.845.094 32,2% 82,6%
1,50 1,05 9.715.454 7.175.505 11,6% 94,3%
1,75 1,23 3.630.266 2.247.329 3,6% 97,9%
2,00 1,40 1.260.656 685.951 1,1% 99,0%
2,25 1,58 645.178 308.002 0,5% 99,5%
>2,25 >1,58 825.938 277.521 0,5% 100,0%
Total 60.236.807 61.616.898
1/ UA= 450 kg de peso vivo.
Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2009), elaborada por Lourival Vilela, 2011.
O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO DAS PASTAGENS
CAUSAS IMPORTANTES DA DEGRADAÇÃO DAS PASTAGENS
Germoplasma inadequado ao local –
Má formação inicial –
causada pela ausência ou mau uso de:
▶ práticas de conservação e de preparo do solo;
▶ correção da acidez e/ou adubação;
▶ sistemas e métodos de plantio;
▶ manejo animal na fase de formação ;
Manejo e práticas culturais -
▶ uso de fogo como rotina;
▶ métodos, épocas e excesso de roçagens;
▶ ausência ou uso inadequado de adubação de manutenção;
CAUSAS IMPORTANTES DA DEGRADAÇÃO DAS
PASTAGENS – CONT.
Ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras-
Manejo animal –
excesso de lotação;
sistemas inapropriados de pastejo;
Ausência ou aplicação incorreta de práticas de conservação do solo
após uso relativo ou uso prolongado de pastejo.
AS CAUSAS MAIS IMPORTANTES DA DEGRADAÇÃO
DAS PASTAGENS
Manejo animal- excesso de lotação Práticas culturais – ausência ou uso
inadequado de reposição de nutrientes
“ Componente solo:
‘um fator determinante relacionado a
degradação das pastagens’

SISTEMAS DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA E
LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA E RECUPERAÇÃO DE
PASTAGENS DEGRADADAS
 Histórico da degradação
 Custos de recuperação
 Lavouras e amortização de custos da recuperação
 Melhoria da fertilidade
 Sistemas de rotação: quebra de ciclo de pragas, doenças e invasoras
 Integração lavoura-pecuária como alternativa de recuperação: solos e
pastagens
CONCEITO

A integração lavoura-pecuária-floresta é uma estratégia de


produção sustentável, que integra atividades agrícolas, pecuárias e
florestais, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em
sucessão ou rotacionado, e busca efeitos sinérgicos entre os
componentes do agroecossistema, contemplando a adequação
ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica.

Marco referencial: ILPF, 2011


TERMINOLOGIA
ALTERNATIVAS DE RECUPERAÇÃO E RENOVAÇÃO
DE PASTAGENS DEGRADADAS
PAST. ANUAL PAST. REC.
INDIRETA ILP e ILPF
LAVOURA PAST. REC.
RECUPERAÇÃO
NENHUMA PAST. REC.

DESTRUIÇÃO
DIRETA PARCIAL PAST. REC.

TOTAL PAST. REC.

P. ANUAL PAST. REN.


INDIRETA ILP e ILPF
LAVOURA PAST. REN.
RENOVAÇÃO

DIRETA TRAT.QUIM PAST. REN. Macedo,2002


ALTERNATIVAS DE RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS
DEGRADADAS – COM ILP

Macedo,2002
ALTERNATIVAS DE RENOVAÇÃO DE PASTAGENS
DEGRADADAS – COM ILP

Macedo,2002
SUGESTÃO DE ROTEIRO PARA ANÁLISE DO ESTADO
DA PASTAGEM
Histórico da área - Visão do todo, quando, como, quanto

Componente clima - Regime de chuvas , temperatura, balanço hídrico

Componente animal - Categoria, Lotação , Produção

Componente vegetal
Cobertura: forragem, solo, invasoras
v taxa acúmulo
Produção: disponibilidade,
Teores macro e micronutrientes: folha índice
Valor nutritivo: dieta animal

Componente solo
Conservação do solo
Fertilidade: 0 a 20; 0 a 10; 20 a 40 cm
Compactação , Infiltração Macedo,2013
“ O estado atual e o potencial do componente
solo é um dos fatores determinantes para uma
implantação de
sucesso dos SILPs e SILPFs

DINÂMICA DO FÓSFORO NO SOLO SOB PASTAGENS DE B.DECUMBENS COM
E SEM ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO, E OFERTA DE FORRAGEM
CONTROLADA – CAMADA DE 0 A 20 CM
5

3
P- Mehlich 1
mg dm-3

1 Past. c/ad. man.


Past. s/ad. man.

0
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012

Anos Fonte: Macedo, dados não publicados


ALTERNATIVAS GERAIS DE RECUPERAÇÃO DE
PASTAGENS COM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
EXEMPLOS DE SILPS – SEQUÊNCIA DE CULTURAS
Anos Épocas Algumas possíveis opções de SILP

A B C D E
Verão Soja Soja Soja Sorgo+Past. Past.
Out. Milho+Past. Milho+Past. Milho+Past. Past. Past.
1º ano
Inv. Past. Past. Past. Past. Past.
Prim. Past. Past. Past. Past. Past.

Verão Soja Soja Soja Soja Soja


Out. Milho+Past. Milho+Past. Milho+Past. Milho+Past. Milho+Past.
2º Ano
Inv. Past. Past. Past. Past. Past.
Prim. Past. Past. Past. Past. Past.

Verão Soja Soja Milho+Past Soja Soja


Out. Milho+Past. Milho+Past. Past. Milho+Past. Milho+Past.
3º Ano
Inv. Past. Past. Past. Past. Past.
Prim. Past. Past. Past. Past. Past.

Verão Soja Milho+Past Past. Milho+Past Milho+Past


Out. Milho+Past. Past. Past. Past. Past.
4º Ano
Inv. Past. Past. Past. Past. Past.
Prim. Past. Past. Past. Past. Past.
EXEMPLOS DE SILPFS – POSSÍVEIS SEQUENCIAS DE CULTURAS
Fase de adequação do solo Sistema de produção ILPF
Eucalipto Pastagem recuperada
+ Eucalipto

Pastagem Pastagem recuperada


Pastagem Práticas
degradada +Eucalipto + Eucalipto
conservacionistas e
recuperação da
fertilidade Cultura +Eucalipto Pastagem renovada
+ Eucalipto

Cultura +Eucalipto Cultura + Pastagem


+ Eucalipto
POSSÍVEIS FORMAS DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-
PECUÁRIA-FLORESTA
1) Integração lavoura-pecuária – Agropastoril - SILPs

2) Integração lavoura-pecuária-floresta – Agrossilvipastoril - SILPFs

3) Integração pecuária-floresta – Silvipastoril - SIPFs

4) Integração lavoura-floresta – Silviagrícola - SILFs


POTENCIAL DO COMPONENTE SOLOS E SILPFS –
UM EXEMPLO – MS
SISTEMA SÃO MATEUS
Fase de adequação do solo Sistema de produção ILP

Pastagem Correção química, Soja


degradada práticas
conservacionistas

Pastagem Pastagem

Pastagem
Adequação
física do solo

Pastagem Pastagem

Soja em SPD
Soja

Fonte: Adaptado de
Salton et al 2013
ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO SOB PASTAGEM DE
DEGRADAÇÃO E EM ÁREA DE SOJA ILP – SÃO
MATEUS, AMOSTRAGEM 2012

Fonte: Adaptado de Salton et al 2013


PRODUTIVIDADE DA SOJA NO SISTEMA CONVENCIONAL
(PC), PLANTIO DIRETO (PD), E PD S. SÃO MATEUS

Fonte: Adaptado de Salton et al 2013


PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTAGENS
RECUPERADAS NO SISTEMA SÃO MATEUS

Fonte: Adaptado de Salton et al 2013


CONCLUSÕES
 Ordens de solos mais importantes no Brasil:
Latossolos, Argissolos e Neossolos;
 Principais atributos químicos e físicos e manejo da fertilidade do solo:
Fósforo é o nutriente mais limitante no solo para as pastagens, SILPs e SILPFs;
A textura é determinante na fixação do P, no armazenamento da água no solo
e no risco de erosão, e por conseguinte nas práticas de manejo em geral;
 Pastagens degradadas:
Um fator impulsionador para a introdução dos SILPs;
Excesso de lotação e falta de reposição de nutrientes as causas mais
importantes;
CONCLUSÕES – CONT.
 ILP como alternativa de recuperação e renovação:
Exigências para utilização vão além do componente solos, tais como
infraestrutura interna e externa, gestão e domínio da tecnologia, mão-
de-obra treinada e
mercado para comercialização;
 Como se adequar para a ILP e ILPF em função do componente solos:
Necessária análise do histórico da área, práticas de conservação, e
manejo da fertilidade do solo.
Obrigado
Dr. Manuel Claudio Motta Macedo
Pesquisador Embrapa Gado de Corte

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